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Junho/Julho de 2007

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Jornal da FENPROF / Sup - Junho/Julho de 2007

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2 SUP A O N .º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

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SUMÁRIOS u p e r i o rFENPROF ENSINO

E INVESTIGAÇÃO

Novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino SuperiorDirigentes sindicais apresentaram o Parecer da FENPROF

4

Ensino Superior e Investigaçãono 9º Congresso Nacional dos ProfessoresValores fundamentais ameaçados

12

EM FOCONovo Regime Jurídico das Instituições do Ensino SuperiorFENPROF divulgou parecer em conferência de imprensa . . . . . . . 5

Cinco críticas de Fernando Seabra Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

António Nóvoa: "Tendências de governamentalização das instituições" . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Estudantes de Braga e Guimarães soltam balões contra novo regime . 10

REPORTAGEMPlenário na Universidade de Coimbra"Asfixiar o Ensino Superior não é o caminho certo para construir o futuro de um País" . . . . . . . . . . . . 16

DOCUMENTONovo regime jurídico da avaliaçãodo Ensino SuperiorParecer da FENPROF . . . . . . . . . . . . . 18

INTERNACIONALSeminário em BerlimOutra Ciência e outras tecnologias são possíveis: responder aos desafios . . . . . . . . . . . 20

CULTURAFaro recebe mostra de arte contemporânea de Serralves . . . . . . 23

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JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP A O N .º 218 3

Anda por estes dias o Ministro MarianoGago a apelidar de conservadores todosquantos se encontram em desacordo comas opções "modernistas" da proposta delei do Regime Jurídico das Instituições

de Ensino Superior em que avulta a possibilidadede transformação das universidades e, até, desimples unidades orgânicas em "fundações públi-cas com regime de direito privado".

Estamos de acordo em que as instituições deensino superior não podem ser encaradas comoatum em lata de conserva. Há muito que efectiva-mente se justificavam alterações ao modelo degoverno em vigor, com vista atornar a gestão mais estratégica,menos pesada, mais eficiente eeficaz, mais responsabilizadora,com mecanismos mais exigen-tes de prestação de contas, masmantendo e reforçando o pri-mado do interesse público,garantindo as condições ade-quadas para o efectivo exercíciodo direito e do dever de partici-pação da comunidade acadé-mica na gestão democrática, emparticular da liberdade acadé-mica, e respeitando a autono-mia, como constitucionalmentese encontra consagrado.

Se, na terminologia do Ministro, ser "conser-vador" é proteger e promover estes valoresessenciais à prossecução das missões socialmenteconfiadas ao ensino superior e ser "moderno" épô-los em causa, arriscando colocar um bempúblico ao serviço de interesses privados e sub-metê-lo à preponderância da rentabilidade econó-mica, com base em critérios de mercado, entãoclaramente somos "conservadores", sem contudoaceitarmos a terminologia do Ministro.

As fundações podem ser, de facto, uma solu-ção muito moderna ao nível da Europa continen-tal, mas é muito duvidoso que as experiências emcurso estejam a produzir bons resultados, aten-

dendo ao diferente enquadramento político,social e cultural relativamente aos Estados Uni-dos da América, ao reino Unido e à Irlanda,designadamente quanto ao património e às fontesde financiamento, sobretudo aos seus montantes.

Em particular, o convite a que escolas, isola-damente, se transformem em fundações, sepa-rando-se das universidades de que agora fazemparte, vai no sentido oposto ao das próprias reco-mendações da OCDE, que sugerem a transforma-ção das universidades em fundações, mas nãoavançam no sentido do seu desmembramento, atéporque tal contrariaria muito claramente uma

outra recomendação que vai no sentido da cria-ção de massas críticas e da promoção da multi-disciplinariedade e da transdisciplinariedade.

Objectivamente, o Governo serve-se das difi-culdades que ele e os que o antecederam criaramàs instituições, com a aplicação de um cortejo derestrições orçamentais (cortes, cativações, conge-lamento de saldos, etc.), para aliciar apoios parao modelo fundacional que, supostamente, as iriaresolver. Mas não será que, em vez disso, aumen-tará a desresponsabilização financeira do Estadoa pretexto de que as fundações se devem auto-s u s t e n t a r, já que recebem valores elevados deverbas próprias?

Há valores a conservar,Senhor Ministro!

João Cunha Serra

EDITORIAL

Anda por estes dias o Ministro Mariano Gagoa apelidar de conservadores todos quantos seencontram em desacordo com as opções"modernistas" da proposta de lei do RegimeJurídico das Instituições de Ensino Superiorem que avulta a possibilidade de transforma-ção das universidades e, até, de simples unida-des orgânicas em "fundações públicas comregime de direito privado".

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4 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO/ JULHO 2007

EM FOCO

Novo regime jurídico do ensino superior aprovado com votos do PS e abstenção do PSD

Aproposta de lei do Governo sobreo novo regime jurídico das insti-tuições do ensino superior foi

aprovada na generalidade no Parla-mento, com os votos favoráveis do PS, aabstenção do PSD e os votos contra dosrestantes partidos.

O PSD justificou a sua abstençãocomo "um sinal e uma oportunidade"para o Governo adiar o prazo para apro-vação final da lei. "O PSD vai abster-sena votação como um sinal e uma oportu-nidade para obter consenso, na expecta-tiva de o rumo ainda se poder alterar",disse o deputado social-democrata Agos-tinho Branquinho durante o debate naAssembleia da República.

Manifestando a vontade do PSD emcolaborar na elaboração de "umareforma estruturante" do ensino superior,o deputado apontou o mês de Outubrocomo um prazo curto, mas suficientepara "formalizar o processo legislativode forma a fazer o debate de formaséria" (…)

O Governo pretende fazer o debatena especialidade do documento apro-vado pelo plenário até ao final do mêsdo Julho.

A alegada pressa manifestada peloGoverno foi, de resto, um ponto de con-senso em toda a oposição, com os comu-nistas a considerarem que a restrição dosprazos só pode ser entendida como "umatentativa de silenciamento das opiniõescríticas à proposta de lei do Governo",que são transversais a todos os partidos eaos vários parceiros do sector.

Na opinião do deputado do CDS-PPJosé Paulo de Carvalho, "o Governo ini-ciou uma desenfreada fuga para a frente,sem olhar consequências. Foi escolhidoo final do ano lectivo e a altura dos exa-mes para o debate final, o que é demaispara ser mera coincidência". O deputadoafirmou ainda, ironizando, que oGoverno conseguiu de facto "gerar umconsenso: da direita à esquerda, dos pro-

fessores aos alunos, dos reitores aos sin-dicatos, do ex-presidente da República[Jorge Sampaio] a constitucionalistas,todos estão de acordo. Trata-se de umamá lei, péssimo regime e dano irrepará-vel". (...)

Esta oposição generalizada no meioacadémico contra a lei é também motivode "preocupação" para o deputado do PSManuel Alegre, que entregou uma decla-ração de voto, da mesma forma que osocialista Vera Jardim. Em declaraçõesaos jornalistas, Manuel Alegre concor-dou que "deveria haver mais tempo paradiscutir" e disse-se preocupado com ofacto de "todas as elites universitárias"estarem contra a lei, aconselhando oGoverno a "uma atitude de maior pru-dência". (...)

Mariano Gago reconheceu a necessi-dade de ponderar todos os últimos con-tributos , mas reiterou que foi dadoespaço suficiente para a discussãopública. "Gostaria de reafirmar a minhainteira disponibilidade para, em sede deapreciação na especialidade em comis-são, analisar convosco todas as questões,designadamente aquelas identificadasnos pareceres já todos disponíveis",disse. "Estou convicto de que chegare-

mos muito rapidamente, se não a con-senso integral, pelo menos à total clarifi-cação das opções a tomar", acrescentou.

Em resposta, a oposição uniu-se nascríticas à proposta de lei, acusando oGoverno de querer "liquidar" a autono-mia universitária e silenciar a contesta-ção com um escasso debate público.

Numa acesa discussão na Assem-bleia da República, os partidos da oposi-ção tecerem duras críticas ao docu-mento, considerando que o seu objectivoé apenas a governamentalização das uni-versidades e institutos politécnicos.

A nomeação por parte do Executivodos membros do Conselho de Curadores,que irá gerir as futuras fundações, foi umdos aspectos mais criticados pelos parti-dos, que contestam a presença de "olhei-ros do Governo" no interior dos estabe-lecimentos de ensino. (...)

A alteração na forma prevista para aescolha do reitor – que deixará de sereleito para passar a ser designado porum conselho geral – foi também dura-mente criticada. (…)

A proposta de lei foi aprovada nageneralidade e baixará à Comissão deEducação para discussão na especialidade.

Lusa, 28.06.2007

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JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP AO N. º 218 5

Este é um extracto do Parecer que aFENPROF divulgou em conferên-cia de imprensa (26/06/2007)

sobre aquela proposta de lei do Governo,recentemente apresentado pelo MinistroMariano Gago, em sessões realizadas emLisboa e no Porto.

Como sublinhou João Cunha Serraneste encontro com os profissionais dacomunicação social, "a FENPROF exigemais tempo de análise e discussão doprojecto para se atingir um largo con-senso sobre as mudanças a realizar noEnsino Superior".

"O prazo de seis dias úteis fixadopelo Governo para a emissão de parece-res é manifestamente reduzido para odebate aprofundado de uma propostaque é muito abrangente (substitui quatroimportantes diplomas) e representa umaacentuada ruptura com a situação actual.Seria extremamente curto em qualquercaso, mas é-o, especialmente, quando,quer docentes, quer estudantes , seencontram em época de exames", des-taca o comunicado também divulgadonesta conferência de imprensa.

Para a FENPROF é indispensável"um significativo aumento do tempo dediscussão pública para criar condiçõespara que uma lei desta envergadurapossa obter o mais largo consensoquanto às mudanças necessárias para oaperfeiçoamento dos regimes de auto-nomia e de gestão, com vista à melhoriada eficácia, da qualidade e da relevân-cia social das instituições de ensinos u p e r i o r . "

Novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior

FENPROF divulgou Parecer em conferência de imprensaA FENPROF entende que a importância e a dimensão social da propostaapresentada pelo Governo para Regime Jurídico das Instituições de EnsinoS u p e r i o r deveria implicar o envolvimento do País na tomada de decisões,designadamente da comunidade de ensino superior, tendo a máxima consideração pelas posições das organizações sindicais docentes e não docentes,do CNE, do CRUP, do CCISP, das organizações representativas de estudantese de funcionários não-docentes, e das instituições do ensino superior.

Não ao modelo privatizador

A Federação rejeita "o modelo priva-tizador das fundações para as institui-ções públicas e a drástica redução daparticipação na gestão democrática" ("háo perigo de submissão a interesses parti-culares", abrindo as portas à privatiza-ção) ao mesmo tempo que apresenta pro-postas apontadas ao "reforço do primadodo interesse público e da autonomia" e à"garantia do direito e do dever de parti-cipação", que podemos sintetizar destaforma:

• Supressão da possibilidade detransformação de instituições públicasde ensino superior em fundações;

• Reforço da autonomia administra-tiva e financeira, e dos mecanismos deprestação de contas, passando as institui-ções para o âmbito da administraçãoautónoma do Estado;

• Garantia de atribuição a todas asinstituições de orçamentos plurianuais ede que estes ficarão ao abrigo de cativa-ções ou outros expedientes limitadoresda sua plena aplicação pelas instituições;

• Obrigatoriedade de existência de

Dirigentes sindicais apresentaram o Parecer da FENPROF sobre o novo Regime Jurídico das Instituiçõesdo Ensino Superior

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um Senado com reais competências, emparticular na gestão académica, comuma maioria de professores, mas assegu-rando representações dignas de estudan-tes e não-docentes;

• Eleição do reitor ou presidente porum colégio com uma larga representati-vidade das unidades orgânicas e dacomunidades académica nos seus dife-rentes corpos;

• Atribuição a representantes externosescolhidos pelas instituições de funçõesna definição das suas opções estratégicasde desenvolvimento, integrados numórgão em que não estejam em maioria;

• Aprovação dos novos estatutos porassembleias representativas das suas uni-dades orgânicas e dos corpos da comuni-dade académica.

6 SUP AO N. º 218 ■ JUNHO/ JULHO 2007

NACIONAL

"Muito grave é a possibilidade da criação de escolas-fundação que, por sua iniciativa, se venhama separar das suas instituições de origem, sem obterem o aval destas. Trata-se do lançamento degrande instabilidade no sistema público de ensino superior que ameaça o desmembramento e oenfraquecimento das suas principais universidades, ao completo arrepio das tendências internacio-nais e das próprias recomendações da OCDE".

FENPROF em conferência de Imprensa, 26/06/2007

Instabilidade à vista…

Cinco críticas de Fernando Seabra SantosPresidente do CRUP

O coordenador do Departamento deEnsino Superior e Investigação da FEN-PROF esteve acompanhado nesta confe-rência de imprensa por outros dirigentessindicais: Nuno Rilo (SPRC), docenteda Universidade de Coimbra; Sara Fer-nandes (SPZS), da Universidade deÉvora; e Hernâni Mergulhão ( S P G L ) ,

do ISEL. Nesta edição do JF/Sup (pág. 7)publicamos a versão integral do Parecerda FENPROF. Recordamos que emwww.fenprof.pt/superior encontra, entreoutros materiais de actualidade, a pro-posta (texto completo) apresentada peloGoverno, entretanto aprovada na genera-lidade na AR. / JPO

São os seguintes os aspectos que maisfortemente suscitam as nossas críticas (àproposta de Regime Jurídico das Insti-tuições, apresentada pelo Governo):

1. O excessivo detalhe na formataçãodas formas de governo das univer-

sidades, atitude que retira liberdade eque inibe a desejável diversidade, enten-dida como expressão das diferentes cul-turas institucionais, desenvolvidas combase em experiências, especificidades ecircunstâncias próprias;

2. A demasiada intervenção do Estado,cerceadora da autonomia adminis-

trativa e financeira das universidadesenquanto instituições públicas, indu-zindo-as a adoptar um estatuto jurídicomal definido, de fundações públicas dedireito privado com o qual, para ganharautonomia financeira, elas perdem emautonomia política e organizacional;

3. A possibilidade de secessão de umaunidade orgânica de ensino ou de

investigação feita sem qualquer inter-venção dos órgãos da universidade e,portanto, eventualmente contra a suavontade. Na sua redacção actual, a pro-posta confere ao Ministro do EnsinoSuperior competência para retirar, ou irretirando, unidades orgânicas às Univer-sidades, contra a vontade dos seusórgãos de governo o que pode, obvia-mente, representar a fragmentação dauniversidade portuguesa;

4. O "procedimento de selecção" doReitor reduzido a um mero con-

curso, realizado com auxílio de um"comité de selecção" ao qual compete"analisar e relatar sobre os méritos doscandidatos", entendendo o CRUP que aeleição do Reitor deve ser concretizadapor um colégio eleitoral alargado deforma a permitir uma consulta ampla à

comunidade universitária, dificultando--se a injunção de influências alheias aosinteresses da universidade;

5. O clima de instabilidade institucio-nal, em ambiente de campanha

eleitoral para Reitor, que caracterizará operíodo crucial da elaboração dos novosEstatutos, a concluir no prazo de seismeses, não se percebendo quem pode serresponsabilizado pelo eventual não cum-primento deste prazo, que pode ter comoconsequência o encerramento compul-sivo da universidade.

Da comunicação do Presidente do Conselho de Reitores das

Universidades Portuguesas (CRUP),Prof. Fernando Seabra Santos, reitor

da Universidade de Coimbra, na Convenção da Universidade de Lisboa, 21 de Junho de 2007

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AFENPROF considera que umareforma do ensino superior énecessária para a garantia do

direito constitucional dos portugueses aum ensino superior de qualidade, quepromova o desenvolvimento do país eque esteja ao serviço de todos os portu-gueses. Defende que o desenvolvimentodo ensino superior passa, de forma deter-minante, pela valorização do exercícioprofissional docente e de investigação,pela existência de entidades independen-tes de acreditação e avaliação das institu-ições do ensino superior, por um efectivofinanciamento público, por uma acçãosocial escolar que garanta uma frequên-cia de qualidade e constitua um incentivoao investimento dos jovens e das famíliasno prosseguimento de estudos.

A FENPROF entende, ainda, que aimportância e a dimensão social da pro-posta apresentada pelo governo paraRegime Jurídico das Instituições deEnsino Superior deveria implicar oenvolvimento do país na tomada de deci-sões, designadamente da comunidade deensino superior, tendo a máxima consi-deração pelas posições das organizaçõessindicais docentes e não docentes, doCNE, do CRUP, do CCISP, das organi-zações representativas de estudantes e defuncionários não-docentes, e das institui-ções do ensino superior.

Nesta linha, a FENPROF consideraprecipitada a aprovação da proposta deRJIES em Conselho de Ministros,depois de anos de silêncio e de inexis-tência de propostas concretas, num qua-dro em que, nos últimos dois anos, nãofoi criado um ambiente institucional dediálogo e negociação entre governo eorganizações sindicais e outras instân-cias de representação da comunidade deensino superior. Essa precipitação éainda mais evidenciada pelo facto de sepretender substituir de uma vez quatrodiplomas: a lei do Regime Jurídico doDesenvolvimento e Qualidade do EnsinoSuperior, as duas leis de autonomia rela-tivas às instituições públicas universitá-rias e politécnicas, o Estatuto do EnsinoSuperior Particular e Cooperativo(ESPC).

No que se refere ao Ensino SuperiorPúblico, a transformação de universida-des, ou de unidades orgânicas destas(escolas ou institutos de investigação),bem como de institutos universitários,em "fundações de regime de direito pri-vado", (artº 129º), e da radical e, porven-tura, inconstitucional modificação daestrutura dos órgãos de governo e gestãodas instituições e respectivas unidadesorgânicas, sobressaem no texto apresen-tado pelo governo.

1. Quanto à primeira questão, a FEN-PROF rejeita, inequivocamente, a

solução da passagem ao regime de fun-dações que abriria portas à subjugaçãodo primado do interesse público aosinteresses privados da gestão, pois per-mitiria que os objectivos e as missõesdas instituições universitárias passassema ser determinadas pelas necessidadesimediatas de grupos económicos esubordinadas a critérios exclusivos demercado, atendendo a que as instituiçõespassariam a ser governadas por elemen-tos externos – os curadores – represen-tando-se a si próprios ou representandointeresses que devem ser consideradosmas que não se aceita que venham aassumir o poder de determinar a gestãode instituições públicas. Ao mesmotempo, trata-se de uma proposta queincentiva à desresponsabilização doEstado e abre portas à privatização deinstituições públicas de ensino superior.

As instituições são aliciadas, semgarantias, por esta proposta de lei paraesta "solução" a partir da promessa deorçamentos plurianuais (vedados às res-tantes) e de uma maior flexibilidade degestão administrativa e financeira. OGoverno está, assim, a usar, perversa-mente, a instabilidade que vem criandonas instituições de ensino superior, comos violentos cortes orçamentais e com aslimitações ao uso dos saldos de gerência,para convencer os actuais responsáveispelas instituições a darem um passo noescuro – abraçarem as fundações. Masesta "solução", agora proposta peloGoverno, indicia ser mais um passo nosentido da desresponsabilização do

Estado pelo ensino superior público,conclusão reforçada pela ideia, entre-tanto construída, de que as fundações sóse aplicarão a instituições capazes deangariarem verbas próprias de montanteelevado.

A FENPROF considera, assim, que a"solução" das fundações poderá condu-zir, a breve prazo, a uma ainda maiorredução do financiamento do Estado apretexto de que as instituições estão emcondições de se auto-sustentar. Tal abri-ria caminho à desregulação das condi-ções de contratação, impediria a satisfa-ção das legítimas expectativas de car-reira de docentes, investigadores edemais trabalhadores, agravaria as con-dições de exercício efectivo da autono-mia académica e profissional, ao mesmotempo que promoveria a liberalização dafixação dos montantes de propinas paraos 1.º e 2.º ciclos.

De maior perversidade se revestiriaainda a possibilidade, aberta na alínea a)do nº 2 do artº 129º, de passagem a fun-dação por parte de uma escola, ou de uminstituto de investigação, sem que a uni-versidade de que agora faz parteseguisse idêntico caminho. Esta possibi-lidade ameaçaria estilhaçar o sistemauniversitário público e separar das uni-versidades os seus domínios disciplina-res mais rentáveis, i.e., com capacidadede estabelecer ligações com o tecidoempresarial no âmbito da investigação eda inovação, deixando nas universidadesquase exclusivamente os sectores dashumanidades e das ciências sociais quenão se inserem nas prioridades da lutapelos mercados globais.

A FENPROF considera de grandegravidade política o facto de o Governousar esta pressão inadmissível comoforma de quebrar a resistência internaque antevê a este caminho por partedaqueles sectores. Procura, assim, levá--los a aceitar, sob a ameaça de enfraque-cimento e para tentarem evitar maioresprejuízos, que as universidades venhama abraçar a "solução" das fundações,sem contudo virem a conseguir dessaforma evitar a marginalização dessasáreas no contexto da universidade/funda-

JUNHO /JULHO 2007 ■ SUP A O N .º 218 7

Proposta de Lei do Governo: Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior

Parecer da FENPROF

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ção, que estará mais preocupada com arentabilidade económica do que com ointeresse social mais amplo que aoEstado compete assegurar.

A FENPROF rejeita firmemente esta"solução" com recurso a fundações quenão se adequa à realidade nacional e atéà dominante experiência europeia e queofende o princípio do interesse público,que desvaloriza o trabalho de sucessorealizado, particularmente depois dareestruturação de 76, projectando-se paraalém fronteiras, apesar das dificuldadescriadas pelos sucessivos governos ao seudesenvolvimento, propondo um modelode gestão, de dependência exterior.

Quanto à nova estrutura proposta paraos órgãos de governo e de gestão das ins-tituições de ensino superior público (quenunca receberam os montantes previstospelas fórmulas de financiamento aprova-das, nem gastaram acima do orçamen-tado, tendo, ao invés, sido expropriadasdos saldos de gerência), a FENPROFentende que ela não corresponde às alte-rações que seria necessário introduzir,tendo em consideração a experiência degestão adquirida e as necessidades deadequação do modelo de gestão aos desa-fios de uma sociedade em mudança.

Se é justificável para a FENPROF aredução do excessivo peso da gestão emnúmero de órgãos e em número de mem-bros, bem como o reforço dos mecanis-mos de responsabilização e de prestaçãode contas, já não se concorda com:

• Concentração excessiva de poderesno Conselho Geral e nos órgãos unipes-soais (reitores das universidades, presi-dentes dos politécnicos e directores dasescolas);

• A excessiva redução do número demembros no Conselho Geral, limitandodrasticamente a sua representatividade;

• A não eleição do reitor ou presi-dente por uma assembleia que assegureuma larga participação da comunidadeacadémica;

• A não obrigatoriedade de existênciade um Senado com poderes efectivos nagestão académica.

Para o Governo, o enfraquecimentoda capacidade e autonomia de acção queos órgãos de gestão das instituições deensino superior possuem, que lhesadvém de mecanismos de representaçãoe participação das comunidades deensino superior, é uma prioridade evi-dente, desrespeitando, por esta via, trêsprincípios elementares da salvaguarda de

uma gestão democrática: elegibilidadedos órgãos, representatividade dos cor-pos, participação da comunidade escolare científica do ensino superior.

Também aqui, como na proposta dasfundações, o Governo objectivamente seserve das dificuldades que sucessivosgovernos criaram à gestão das institui-ções públicas de ensino superior parajustificar publicamente estas medidas,limitadoras do direito e do dever de parti-cipação da comunidade académica nagestão democrática, e a concentração depoderes em órgãos unipessoais, quando oactual modelo de gestão, embora suscep-tível de melhorias, permite que as insti-tuições sejam geridas de forma a assegu-rar, em geral, elevados padrões de quali-dade, num contexto de grande expansãono acesso e de elevados cortes orçamen-tais geradores de grande incerteza e ins-tabilidade na administração dos recursos.

A FENPROF defende o alargamentodo número de membros do ConselhoGeral por forma a assegurar:

• Uma mais ampla representatividadedas unidades orgânicas e da comunidadeacadémica;

• Obrigatoriedade de existência deum Senado com poderes sobre a gestãoacadémica;

• Eleição do reitor ou presidente porum colégio largamente representativo dacomunidade académica;

• Eleição do director ou presidente deuma escola por um colégio largamenterepresentativo;

• Ampliação do número de membrosda assembleia destinada à revisão dosestatutos das instituições.

As instituições públicas de ensinosuperior devem, entretanto, passar afazer parte da administração autónoma

do Estado que lhes possibilitará a gestãoflexível de que tanto necessitam, tor-nando desnecessária a figura das funda-ções para o efeito.

Finalmente, a FENPROF deseja cha-mar ainda a atenção para o facto de, pormuitos defeitos que apresente, o actualmodelo de gestão ter permitido tambémum largo período de sã e profícua convi-vência académica entre docentes, não-docentes e estudantes, condição indis-pensável à prossecução das missões doensino superior.

Este modelo, agora tão criticado, tempermitido a muitas instituições a suamodernização, a sua internacionalizaçãoe o aumento da qualidade das suas acti-vidades, apesar das dificuldades porquetêm atravessado, provocadas pela acçãodos sucessivos governos que não assu-miram o ensino superior e a investigaçãocientífica como efectivas prioridades.

Do ponto de vista da FENPROF, é pre-ciso fazer evoluir o actual modelo, simpli-ficando-o, tornando-o mais capaz para res-ponder em tempo oportuno às necessida-des sociais, não apenas à "economia", masàs do desenvolvimento sustentável do paísem todas as suas dimensões.

Mas, para isso, o capital de participa-ção, de envolvimento e de dedicação dacomunidade académica não pode serdesbaratado nem desvalorizado, comosucederia se a actual proposta de lei vin-gasse tal como está, sob pena de gravesprejuízos para o cumprimento da missãodo ensino superior e para a sã convivên-cia entre docentes, não-docentes e estu-dantes, valor inestimável que urge con-solidar e não enfraquecer.

2. A FENPROF discorda do aprofun-damento da dicotomia do sistema

binário, patente na proposta de lei, quetenta configurar um subsector politéc-nico público subalternizado, com remi-niscências do "ensino superior de curtaduração" de há 30 anos atrás.

3. A FENPROF considera que, a con-firmar-se, é positiva a proposta de

um aumento global dos requisitos indis-pensáveis à garantia de qualidade doensino superior, quer no sector público,quer no privado, e em particular noâmbito das qualificações e do regime deprestação do serviço dos docentes,embora permaneçam insuficiências gra-ves na proposta. Como se pode justifi-car, por exemplo, a evidente omissão

8 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO /JULHO 2007

NACIONAL

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quanto ao conceito de tempo integral noEnsino Superior Particular e Coopera-tivo, quando se sabe que há docentes queestão a 100% em três instituições?

A experiência tem, no entanto,demonstrado que uma coisa são as exi-gências legais e outra, frequentementemuito diferente, é a vontade política paraas fazer cumprir. Na realidade, muitassituações de instabilidade e de falta dequalidade que se têm verificado, emespecial no ESPC, ter-se-iam evitado se,por parte de sucessivos governos, tivessesido realizada uma rigorosa fiscalizaçãoe tivessem sido tomadas as medidas ade-quadas em prol da garantia dos pressu-postos do interesse público.

Em particular, não têm sido assegu-radas condições dignas de contratação ede carreira aos docentes do ESPC, con-trariando a declaração da UNESCO(1997) sobre a condição do pessoaldocente do ensino superior, aliás, assi-nada por Portugal, que dispõe sobre ascondições necessárias ao exercício efec-tivo da liberdade académica.

A actual proposta de lei (artº 53º)remete esta função para uma regulamen-tação colectiva de trabalho que até agoranenhum Governo foi capaz de forçar aentidade patronal do sector a implemen-tar, apesar dos esforços da FENPROFnesse sentido. Na realidade, o processode negociação de uma proposta de Con-trato Colectivo de Trabalho para o ESPC,apresentada pela FENPROF em Maio de2000, acabou por esbarrar em sede deconciliação no Ministério do Trabalho.

O referido artigo remete, ainda, parao Código de Trabalho, admitindo, con-tudo, especificidades a serem fixadas porlei especial. É de notar que nunca a legis-lação regulamentadora da contratação eda carreira no ESPC, exigida pelo ante-rior Estatuto, foi publicada. Atendendoàs reclamações que vêm sendo feitas pelaorganização representativa das entidadesinstituidoras, esta perspectiva de lei espe-cial levanta a fundada dúvida sobre se oque se pretende não será, ou protelar aactual situação por atraso na publicaçãoda lei, ou legalizar por essa via os atrope-los que vêm sendo realizados nos domí-nios da contratação de docentes, comvista à eternização e ao agravamento decontratações precárias e ao total arbítriono domínio das remunerações, e da atri-buição de cargas lectivas.

26/06/2007

JUNHO /JULHO 2007 ■ SUP AO N .º 218 9

António Nóvoa na Convenção da Universidade de Lisboa:

"Tendências de governamentalização das instituições"“Em tempos que parecem excessivamente marcadospor tendências políticas autoritárias e arrogantes,esta iniciativa prestigia a Universidade e diz, comclareza, que uma reforma para os próximos vinteanos não pode ser aprovada sem um debate sérioe informado. É este o nosso contributo para que a decisão política que venha a ser tomada o sejacom mais qualidade”.

As palavras são do Reitor da Uni-versidade de Lisboa, ProfessorAntónio Nóvoa. A iniciativa de

que fala é a Convenção da UL quedecorreu no passado mês de Junho. E areforma mencionada é o novo RegimeJurídico das Instituições de EnsinoSuperior, matéria que mereceu do presti-giado reitor esta primeira interrogação:"Porque é que, num momento em que asuniversidades de todo o mundo adoptammodelos diversificados de organização,se nos impõe um figurino único, unifor-mizador, extremamente rígido?"

"A universidade portuguesa precisade mudanças profundas. Por isso, temosvindo a fazer um caminho de renovaçãoe de recomposição orgânica da Universi-dade de Lisboa (como bem explicaramos Professores José Barata-Moura e Viri-ato Soromenho Marques). Este caminhopode ser prejudicado pela actual propostade lei", observou António Nóvoa, quedeixou outra interrogação:

"Porque é que não se consagramprincípios de liberdade organizacional,de acordo com projectos universitáriosdistintos, introduzindo-se, simultanea-mente, exigentes dispositivos de avalia-ção e de prestação de contas?"

Deixando o desafio de confiar "comhumildade na autonomia e na liberdade,

que conduzem à aprendizagem e amudanças efectivas", António Nóvoaafirmaria mais adiante:

"A presente proposta de lei, negandoaliás a sua própria retórica, vai contra astendências mais inovadoras que sevivem no plano internacional (e contraas próprias recomendações do relatórioda OCDE)."

A quem interessa a fragmentação da rede?

Noutra passagem, o reitor falou osobre o reordenamento da rede do ensinosuperior, destacando a dado momento:

"É inaceitável a proliferação de cur-sos e de instituições que se foramabrindo por todo o País. Fala-se muitosobre isto. Mas faz-se muito pouco."

"A Universidade de Lisboa temvindo a percorrer um caminho consis-tente de concentração e de articulaçãocom outras instituições, politécnicas euniversitárias, da região de Lisboa.Acompanhamos, neste aspecto, as expe-riências mais interessantes no planoeuropeu (na Holanda, na Bélgica, emFrança, na Alemanha…) no sentido decriar "massa crítica" e capacidade com-petitiva", salientou.

"Estranhamente", prosseguiu A.

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Nóvoa, "a proposta de lei vai no sentidooposto, promovendo, ainda mais, a frag-mentação da rede do ensino superior, emparticular com a "saída" de algumas facul-dades ou unidades orgânicas das suas res-pectivas universidades. Esta é a medidamais crítica da actual proposta de lei, mastambém aquela que verdadeiramentedefine a sua matriz, como aqui explicou oProf. Marcelo Rebelo de Sousa."

"A Universidade precisa de se dife-renciar, de promover as escolas e os cen-tros mais dinâmicos, de criar espaços deexcelência. A Universidade não precisaque lhe sejam "extraídas" as suas melho-res unidades (e muito menos por inicia -tiva avulsa de um qualquer ministro, quepassaria a ter um inacreditável poder deingerência na vida universitária), dei-xando que tudo o resto caia no poço semfundo da mediania ou da mediocridade",afirmou noutra passagem.

Uma lei que não serve o futuro

Lembrando palavras do Prof. DiogoLucena, o reitor da UL registou:

"O pior que nos poderia acontecer(como tantas vezes aconteceu no pas -sado) seria termos uma reforma que nãocontém instrumentos efectivos de gestãoda mudança e da inovação. Não nosserve uma lei que não pense o futuro,que não se pense no futuro".

E explicou ainda a este propósito:"Contrariando o relatório da OCDE,

a proposta de lei agrava as tendências degovernamentalização e de micro-regula-ção burocrática das instituições ( o v e r -regulation e micromanagement).

"Contrariando o relatório da OCDE,a proposta de lei não introduz qualquerdispositivo de financiamento plurianual

para as universidades públicas (comodizia o Prof. Diogo Lucena não se tratatanto do "montante" a transferir, massobretudo da autonomia e da flexibili-dade na utilização destas verbas).

"Contrariando o relatório da OCDE,a proposta de lei nada diz sobre o esta-tuto da carreira docente, que gera situa-ções inaceitáveis de endogamia, queimpede a necessária renovação das insti-tuições e que impossibilita uma gestãoflexível e adequada do tempo e das con-dições de trabalho de professores einvestigadores."

Ao realçar a necessidade de uma ver-dadeira reforma no ensino superior,António Nóvoa chamou a atenção dospresentes para as consequências de uma"reforma" que asfixia ainda mais as ins-tituições no seu funcionamento quotidi-ano; que não estabelece quaisquer regrasde financiamento, agora que até a céle-bre "fórmula de financiamento" deixoude existir; e que não fornece os instru-mentos básicos de promoção da mobili-dade, do mérito, de incentivo e de reno-vação do corpo docente."

"Parecem-me injustas as regras destejogo que nos querem impor", sublinhou.

O governo das Universidades

Sobre o modelo de governo das uni-versidades, António Nóvoa encontra"aspectos positivos na proposta apresen-tada pelo Governo": "Parece-me essencialuma maior abertura ao exterior e uma sim-plificação dos órgãos de gestão. Precisa-mos de estruturas mais leves e com maiorcapacidade de intervenção, de resposta, deiniciativa. Mas não precisamos – contraria-mente ao que disse anteontem o autor dalei – de "órgãos mais manejáveis".

Partilhando as opiniões dos Professo-res Filipe Duarte Santos, AugustoMateus e Helena Nazaré, que tambémfalaram nesta Convenção, o reitor afir-maria ainda:

"Não posso deixar de recordar queuma Universidade é, por definição, umespaço de diálogo, de partilha, de forma-ção do cidadanato (como aqui sucessiva-mente afirmaram, e bem, os estudantes).Estranha ideia esta, retrógrada, que setem enraizado na sociedade portuguesa,segunda a qual participação é igual ai n e f i c i ê n c i a. Parece-me evidente quealguns aspectos desta lei negam os pre-ceitos constitucionais e o próprio Pro-grama do Governo. Mas, sobre isto, oProf. Jorge Miranda disse tudo o quehavia para dizer: "num Estado de direitodemocrático a autonomia da universi-dade ou é uma autonomia democrática,plural e participada, ou não é".

Instituições em situação de ingoverna-bilidade durante mais de um ano

António Nova deixou ainda "umapalavra final para apoiar o que aqui foidito pelo Prof. Seabra Santos ( P r e s i-dente do CRUP)", realçando a propósito:

"Se esta lei tem como objectivo ver -dadeiro promover a inovação e o reforçodas universidades, então são inaceitáveisas "disposições transitórias" que coloca-rão as instituições em situação de ingo-vernabilidade durante mais de um ano."

"Depois de Bolonha, em 2006,depois dos cortes cegos no financia-mento, em 2007, o próximo ano, de2008, poderia tornar-se um período dra-mático para as universidades públicas.Estou certo de que esta não é a intençãodo Governo", concluiu. / JPO

1 0 SUP AO N. º 218 ■ JUNHO/ JULHO 2007

NACIONAL

Estudantes de Braga e Guimarães soltam balões contra novo regime jurídico

Cerca de uma centena de alunos dospólos de Braga e de Guimarães da Univer-sidade do Minho soltaram dezenas debalões em protesto contra o novo regimejurídico do ensino superior. O vice-presi-dente da Associação Académica disse que"como o ministério é surdo em relação aospedidos dos estudantes, pode ser que hajaalguém, lá no céu, que resolva ao menos

ouvi-los". O dirigente estudantil adiantouque a concentração de alunos nos dois pólosserviu quer para divulgação dos objectivosda luta contra o novo regime jurídico, querpara apoiar a marcha lenta feita por alunosde cinco universidades nortenhas até à AR.

Os estudantes da U. Minho, juntamentecom os das universidades de Aveiro,Coimbra, Porto, Trás-os-Montes e Alto

Douro viajaram a 50 quilómetros por horapela A1 entre o Porto e Lisboa.

O objectivo da marcha lenta foi "cha-mar a atenção para as preocupações dosalunos" que, segundo o presidente daAssociação Académica da U. Minho "fica-ram de fora neste novo regime jurídico nasinstituições do ensino superior".

Lusa, 27/06/2007

Page 11: Junho/Julho de 2007

Pode ler-se neste documento, apoi-ado por numerosos docentes einvestigadores de todo o País:

Há muito que se aguardava umanecessária reforma do ensino superior esaudamos o facto de esta matéria integrara agenda política do Governo. O projectoem análise apresenta aspectos positivos,que registamos. Contém porém váriosaspectos negativos, e tão graves quemerecem uma chamada de atençãopública por parte da comunidade acadé-mica, para que não venham a ser aprova-dos pela Assembleia da República.

Nenhum projecto de reforma na áreada educação deve ignorar a história e acultura dos povos e das instituições emque eles se organizam. Ora, a nosso ver,as soluções consagradas no documentodo MCTES não se adequam à nossa cul-tura e ao nosso desenvolvimento econó-mico e social, o que significa que areforma anunciada não poderá contribuirpara o necessár io desenvolvimentohumano dos portugueses.

Princípios democráticos ameaçados

O texto em análise revela uma leituraredutora da realidade do sistema univer-sitário português, secundarizando osprincípios democráticos da vida univer-sitária e prejudicando a diversidade desoluções aconselhável à luz da comple-

xidade e variedade das instituições actu-almente existentes.

Algumas das soluções encontradasdeixam-nos as mais fundadas razões parapormos em causa a sua conformidadecom os princípios constitucionais queconsagram o direito de participação,nomeadamente de professores, investiga-dores e estudantes, na gestão das escolase o direito das universidades à autonomia.

A investigação e o papel das Universidades

Na Universidade, ensino e investiga-ção são as duas faces da mesma moeda.Separar, em termos institucionais, asactividades de ensino das actividades deinvestigação só pode empobrecer umas eoutras. Este é um caminho errado e peri-goso. Impõe-se, por isso, que a futura leiseja absolutamente clara na afirmação deque as universidades são essencialmenteinstituições de investigação e de que apolítica nacional de investigação passaráfundamentalmente pelas universidades.

O governo das instituições

A criação intelectual só é possívelnuma atmosfera de plena liberdade e deprofundo sentimento de pertença. A cons-ciência da autonomia pessoal e institucio-nal é um factor essencial da libertação dasenergias criadoras determinantes do

JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP A O N .º 218 1 1

Tomada de posição de docentes da Universidade de Coimbra

“Este modelo fundacional privadoarrasta consigo perigos sérios deperda da autonomia universitária”Destacando que o projecto legislativo sobre o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) "anuncia profundas alterações na vida e no funcionamento das universidades portuguesas", um conjuntode docentes da Universidade de Coimbra elaborou e divulgou uma tomadade posição entretanto enviada ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, ao Primeiro Ministro, ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e aos Grupos Parlamentares.

sucesso da investigação científica. Por issoentendemos que a existência de um "Con-selho Geral" com competências no quetoca à definição dos objectivos estratégicosda universidade não pode anular drastica-mente – como o faz o presente projecto – aparticipação dos universitários no governodas universidades públicas, incluindo aparticipação na definição das linhas estra-tégicas de orientação e gestão.

Nas últimas décadas, os universitá-rios portugueses demonstraram abun-dantemente, no quadro da autonomiauniversitária, excepcional empenha-mento na (e inequívoca capacidade de)gestão das universidades públicas, mos-trando à saciedade que a gestão partici-pada não é incompatível com uma ges-tão eficaz. (...) ■

"Esta proposta prevêdois modelos: ummodelo geral em que oReitor é seleccionadopor via de um con-curso e um modeloespecífico fundacional,em que há o conselhode curadores nomeadopelo Governo. Em

qualquer dos casos, é o fim da autonomia dauniversidade", sustenta Jorge Miranda.

Lisboa, 21/06/2007

O fim da autonomia

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No Ensino Superior não se assistiuainda a nenhum ataque directo doGoverno à situação profissional

dos docentes e investigadores, ao contrá-rio do sucedido nos restantes sectores deeducação e ensino. Os ataques têm sidoindirectos, apoiando-se na autonomiadas instituições, e são realizados pela viados violentos cortes orçamentais, combi-nados com a aplicação, também semvisão estratégica nacional, do "processode Bolonha".

Prosseguem e intensificam-se os des-pedimentos, pela via da não renovaçãode contratos, num quadro em que perma-nece a não concretização do direito aosubsídio de desemprego, por decisão doGoverno e do Grupo Parlamentar do PS,e a redução das condições remuneratóriaspor alteração unilateral dos contratos nosdomínios da categoria de equiparação,dos regimes de prestação de serviço.

Esta situação continua a provocargrande instabilidade em muitas institui-ções e a postergar o aproveitamento raci-onal das capacidades instaladas noensino superior público, em equipa-mento e conhecimento altamente qualifi-cado, para melhorar a qualidade e a rele-vância social da sua actividade, em proldo aumento dos indicadores de desen-volvimento do país.

O próximo processo de revisão dos

estatutos das carreiras no ensino superiorpúblico e na investigação científica será,assim, previsivelmente, condicionadopelas políticas de contracção da despesapública, como sucedeu na revisão doECD do não superior, e pelas regras queirão ser aprovadas para o regime de vín-culos , carreiras e remunerações naAdministração Pública.

Mais precariedade

A situação profissional dos docentesno ensino superior público, incluindo oseu direito e dever de participação nagestão, será igualmente afectada pelapossibi lidade, já anunciada peloGoverno, de aplicação a algumas insti-tuições de regimes jurídicos de tipoempresarial que permitiriam uma gestãoautocrática, determinada por desígniosexteriores, e a plena aplicação do regimede contrato de trabalho privado, deacordo com Código do Trabalho.

Estará, nestes casos, em perspectiva,a completa desregulamentação ao nívelde vínculos, carreiras e remunerações,com uma ainda maior precariedade, oque porá em causa as liberdades acadé-mica, de opinião e de criação.

Estará, igualmente em causa a natu-reza universal do ensino superior, namedida em que seja incentivada e até

1 2 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

NACIONAL

Ensino Superior

Valores fundamentais ameaçados

O neoliberalismo, emépoca de globalização,a pretexto do crescentevalor económico dacontribuição do EnsinoSuperior Público, procura impor a subordinação da gestãoe da actividade das instituições ao mercadoe às necessidades dacompetitividade económica. Esta situação ameaçavalores fundamentaisque caracterizam a missão social do ensinosuperior: o primado do interesse público, a gestão democrática, a liberdade académicae a liberdade de opiniãoe de criação, essenciaisa uma participação responsável e eficaz,das escolas e dosdocentes e investigadores, nasmúltiplas dimensões do desenvolvimento.

Os cortes orçamentais, em especial os que foram impostos para 2007, que em média atingem os14%, têm vindo a levar os responsáveis pelas instituições a enveredar por expedientes, muitos dosquais ilegais e outros de legalidade muito duvidosa, com vista a reduzir a massa salarial. Muitosdocentes são enviados para o desemprego (sem qualquer protecção social) e outros têm visto redu-zidos os direitos salariais dos seus contratos. O regime de dedicação exclusiva é recusado a muitosdeles, ou por imposição contratual, ou por conversão dos contratos de tempo integral em tempo par-cial, aumentando, assim, a precariedade de emprego. A nomeação definitiva chega a ser perversa-mente encarada como uma forma de emagrecimento do corpo docente, dificultando-se, para além dorazoável, a sua concessão.

Esta tendência para o aumento da precarização das relações contratuais ofende gravemente osdireitos dos docentes, em particular o direito a uma carreira, bem como as condições necessáriaspara o exercício da liberdade académica que é um pressuposto básico para o cumprimento das mis-sões de interesse público confiadas ao ensino superior.

Do Plano de Acção, aprovado no 9º Congresso Nacional dos Professores, Abril 2007

Cortes orçamentais, desemprego,precariedade e liberdade académica

JOÃO CUNHA SERRA*

Page 13: Junho/Julho de 2007

promovida, como já o está a ser, a des-valorização de áreas do saber como asHumanidades e alguns sectores das ciên-cias sociais devido a um alegado menorvalor económico das suas contribuições,caminhando-se para a mercadorizaçãodo ensino superior e da investigação queimporta combater.

No ensino superior particular e coo-perativo, continua a agravar-se a situa-ção profissional dos docentes, em espe-cial dos que a ele se dedicam a tempointeiro, devido ao crescimento da insta-bilidade institucional deste sub-sector. Aprecariedade cresce, as arbitrariedadescontratuais acentuam-se, com a reduçãounilateral das horas lectivas pagas; ossalários em atraso multiplicam-se.

Reforçar a mobilização dos docentes e investigadores

Continua sem existir qualquer instru-mento regulador da contratação e da car-reira, por omissão cúmplice de sucessi-vos governos. Nos processos de aquisi-ção, fusão ou extinção de instituiçõesprivadas, os docentes continuam a servotados ao mais completo desinteressepelo Ministério.

No ensino superior, terá que se refor-çar a mobilização dos docentes e investi-gadores para as batalhas que se avizi-nham. Fiel ao seu princípio de combinarnegociação com mobilização e luta, aFENPROF terá que preparar os docentese investigadores para que acompanhem,informados e disponíveis para a luta,todo o processo de alterações legislati-vas no ensino superior que irá afectar asua situação sócio-profissional, a nívelde direitos de participação, de carreira(vinculação estável e promoção) e deremuneração (dedicação exclusiva).

Será ainda necessário continuar aconstrução da unidade na acção comoutras organizações sindicais, para refor-çar a resposta que os docentes e investi-gadores poderão dar àquilo que oGoverno possa querer-lhes impor e queponha em causa os princípios essenciais

JUNHO/JULHO 2007 ■ S UP AO N .º 218 1 3

do ensino superior, o primado do inte-resse público, a igual dignidade e valorsocial de todas as áreas do saber; e, emparticular, a liberdade académica, queapenas poderá ser plenamente exercidacom vínculos estáveis, com o direito auma carreira, incluindo oportunidades depromoção baseadas no mérito absoluto enão em limitações de carácter adminis-

trativo, e com sistemas de avaliaçãotransparentes e equitativos (…).

Da intervenção proferida no 9º Congresso Nacional dos Professores.

João Cunha Serra é coordenador do Departamento de Ensino Superior

e Investigação e do Secretariado Nacionalda FENPROF

João Cunha Serra no 9º Congresso Nacional dos Professores, realizado em Abril na Faculdade de Medi-cina Dentária de Lisboa, com a participação de 800 delegados: "Prosseguem e intensificam-se noensino superior os despedimentos, pela via da não renovação de contratos, num quadro em que perma -nece a não concretização do direito ao subsídio de desemprego, por decisão do Governo e do Grupo Par -lamentar do PS"

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1 4 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

NACIONAL

Governo quer abater os Sindicatos!

Proposta de alteração à Lei Sindicalé mais um atentado à democracia!

Hoje não restam dúvidas: oGoverno quer anular os Sindi-catos, através da imposição de

graves alterações à lei sindical! Oalerta é do Secretariado Nacional daFENPROF numa nota de imprensadivulgada no passado dia 28 de Junho.“Em todos os sectores da AdministraçãoPública”, observa a Federação, “os Sin-dicatos têm sido fundamentais no escla-recimento e mobilização dos trabalhado-res e no combate às medidas que visamdestruir vínculos laborais, introduzirmais precariedade no emprego, provocardesemprego e encerrar serviços públi-cos. Medidas que se enquadram numapolítica de desmantelamento da Admi-nistração Pública e de abate e privatiza-ção de inúmeros serviços que hoje sãocolocados à disposição dos cidadãos,num quadro de proximidade.”

Ao lembrar que “a acção dos Sindi-catos e a correspondente resposta dostrabalhadores, têm provocado atrasos edificuldades na aplicação de algumasdas medidas mais negativas, como têmsido decisivas para que se atenuassemalguns dos seus efeitos”, a nota que aDirecção da FENPROF fez chegar aosórgãos de comunicação social salientaque, por estas razões, “o Governo lançaum novo e fortíssimo ataque aos Sindi-catos pretendendo, agora, enfraquecer asua organização e capacidade de traba-lho, alterando a lei que regula o exercí-cio da actividade sindical na Administra-ção Pública, aprovando em Conselho deMinistros a Proposta de Lei nº 145/X,cuja votação final global na AR estáagendada para 18 de Julho.”

Direito à negociação

“A 1ª Comissão Parlamentar (Assun-tos Constitucionais, Direitos, Liberdadese Garantias) promoveu, no dia 26, aaudição de algumas organizações sindi-cais, mas parece esquecer-se de que aaprovação desta Lei não pode fazer-sesem a participação de todas quantas

r e p r e s e n -tam traba-lhadores daA d m i n i s -t r a ç ã oP ú b l i c a ,d e s i g n a d a-mente aF E N P R O F ,uma dasmais repre-s e n t a t i v a s .Tal obriga-ção decorreda Consti-tuição daRepública Portuguesa [Artigos 56º, nº 2,alínea a) e 54º, nº 5, alínea d)] e da Leinº 23/98, sobre negociação colectiva naAdministração Pública [designadamenteo seu artigo 6º, alínea h) ou, artigo 10º,nº 1, alínea m)]”, lê-se mais adiante.

“Esse parece não ser o entendimentodaquela comissão parlamentar, razão porque não terá convocado a FENPROFpara as referidas reuniões, como nãoconvocou outros Sindicatos (STAL, Sin-dicato dos Enfermeiros Portugueses,Federação Nacional dos Médicos, …)”,acrescenta a nota de imprensa, queregista em seguida:

“A FENPROF não prescinde dodireito legal de negociação destas altera-ções, nem das garantias que a lei reco-nhece relativamente ao exercício dessedireito, nomeadamente no que respeita aprazos e procedimentos. A FENPROF jácontestou esta discriminação junto doPresidente da 1ª Comissão Parlamentar,como já apresentou queixa desta ilegali-dade às Comissões de Educação e deTrabalho. Foi também apresentadaqueixa à Provedoria de Justiça.

O comunicado da FENPROF lembra,entretanto, que também a CGTP-IN járequereu, junto do Senhor Presidente daAssembleia da República, a discussãopública da Proposta de Lei, em confor-midade com o disposto constitucional-mente sobre a matéria.

Um Governo que convive mal com as regras da democracia

“Esta atitude”, realça a FENPROF,“só pode surpreender os que ainda nãotinham percebido que o actual Governodo PS, liderado por José Sócrates, con-vive mal com as regras da democracia e,por essa razão, não reconhece os Sindi-catos como pilares fundamentais dassociedades democráticas. Surpreendenteé que, apesar dos sucessivos ataquesmovidos pelo Governo aos Sindicatos, àliberdade de exercício da actividade sin-dical, às regras da negociação e, de umaforma geral, às mais elementares normasdo Estado de Direito Democrático, setenham deixado de ouvir os verdadeirossocialistas que é suposto existirem noGrupo Parlamentar do PS. Por ondeandarão?! Por que continuam a assumireste insuportável silêncio?!”

O Governo, por mais forte que seja oataque desferido contra os Sindicatos,pode contar que estes jamais se verga-rão, nem deixarão de defender e lutarpelos legítimos direitos e interesses querepresentam: os dos trabalhadores e, deuma forma mais geral, os fundamentosda própria sociedade democrática. Fize-ram-no em tempos mais difíceis, nãoseria agora que se calariam, conclui oSN da FENPROF. / JPO

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JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP AO N. º 218 1 5

Participaram nesta conferência deimprensa os dirigentes sindicaisJoão Cunha Serra e Mário Carva-

lho, pela FENPROF; e Paulo Peixoto eInfante Barbosa, pelo SNESup, organi-zações que "intensificam a cooperação"na defesa do ensino superior, da investi-gação, dos docentes e investigadores eque alertam para a necessidade de "pas-sar das palavras aos actos" em termos devalorização destes sectores, fundamen-tais para o futuro do País.

Esta acção de luta e de esclareci-mento, de amplitude nacional, prolon-gou-se pelo mês de Junho e incluiu reu-niões nas instituições de ensino superior(Universidades e Politécnicos), pratica-mente em todas as regiões do País

Como sublinharam os dirigentes sin-dicais presentes no encontro com os jor-nalistas, estão em causa matérias funda-mentais como a afirmação dos valores doprimado do interesse público deste sectorde ensino, a responsabilidade do Estadopelo financiamento do ensino superiorpúblico, a democratização do acesso e dafrequência, a qualidade e a relevânciasocial das formações, a participação nagestão democrática, a liberdade acadé-mica, incluindo as liberdades de criaçãoe de opinião; a estabilidade de emprego ea protecção social no desemprego; eainda o incentivo à obtenção de qualifi-

cações e à melhoria dos desempenhos.No diálogo com os jornalistas foi

salientada uma vez mais a grave situaçãode precariedade laboral que se vive noensino superior, nomeadamente no Poli-técnico. Os responsáveis sindicais cha-maram também a atenção para "as ten-dências de centralismo" que se vislum-bram na política do Governo para osector, de que é exemplo expressivo atentativa de esvaziamento da autonomiacientífica das instituições

Carta dirigida a Mariano Gago

A Federação Nacional dos Professo-res e o SNESup enviaram ao Ministrouma carta onde apresentam as condiçõesque consideram necessárias para que seprocessem efectivas negociações.Assim, quanto às negociações sobre car-reiras, reclamam, por um lado, urgênciano processo, evitando o período deférias, e, por outro, a discussão, numaprimeira fase, dos princípios orientado-res das alterações a introduzir nas carrei-ras e, só depois, dos articulados

As duas organizações sindicais soli-citam ainda que "as formulações quevenham a ser acordadas não sejam pos-tas em causa pelo novo sistema de Vín-culos, Carreiras e Remunerações daAdministração Pública"./ JPO

FENPROF e SNESup em Conferência de Imprensa

Iniciativas pelo Ensino Superior e pela CarreiraEm conferência deimprensa realizada emLisboa no dia 17 deMaio, a FENPROF e oSNESup anunciaram ainiciativa conjunta Mêsde Luta pelo EnsinoSuperior e pela Carreira,que se prolongou aolongo das últimassemanas. A acção tevecomo objectivo centralinformar e mobilizar os docentes do ensinosuperior e os investigadores, para asrespostas que seimpõem face às reformasem curso (propostas delei do regime jurídicodas instituições e daavaliação e às alteraçõesàs carreiras).

FENPROF e SNESup alertam para tentativas de esvaziamento da autonomia científica das instituições

Page 16: Junho/Julho de 2007

Esta iniciativa, que contou com apresença de perto de meia centenade docentes, integrou-se no con-

junto de reuniões que a FENPROF e oSNESup, realizaram nas últimas sema-nas um pouco por todo o País, abran-gendo docentes e investigadores. O"Mês de luta pelo ensino superior e pelacarreira" proporcionou debate, esclare-cimento e mobilização, tarefas funda-mentais num momento em que oGoverno e o Ministério de MarianoGago avançam rapidamente na tentativade imposição de modelos neoliberais,contrários à autonomia das instituições eà responsabilização do Estado.

Os plenários sindicais exigiram arevisão das carreiras e de valorização

1 6 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

REPORTAGEM

Plenário na Universidade de Coimbra

"Asfixiar e controlar o Ensino Superior não é o caminho certo para construir o futuro de um País"

JOSÉ PAULO OLIVEIRA *

"O projecto de regimejurídico das instituiçõesdo Ensino Superiorcondiciona tudo o quevem a seguir" – lembrou o plenário sindical de docentes e investigadores da Universidade de Coimbra, realizadono passado dia 30 de Maio, na históricaSala 17 de Abril, do Departamento de Matemática daFaculdade de Ciências.

No âmbito do "Mês de luta pelo EnsinoSuperior e pela Carreira" realizaram-se, umpouco por todo o país, plenários com a partici-pação de várias centenas de docentes e investi-gadores, entre os quais:

IST – 19/5 – Reunião de Docentes do Parti-cular e Cooperativo

IP Bragança – 24/5IP Beja – 25/5U Algarve (Campus de Gambelas) – 29/5U Algarve (Campus da Penha) – 29/5IP Castelo Branco, ESTG – 4/6IP Viseu – 5/6FC U Porto – Debate "Avaliação: uma Cul-

tura, um Instrumento de Gestão ou uma ArmaPolítica?" – 6/6

IP Porto – 12/6IP Portalegre – 12/6

IP Leiria, ESTG – 13/6U Beira Interior – 18/6U Trás-os-Montes e Alto Douro – 19/6U Aveiro – 27/6ES Hotelaria e Turismo do Estoril – 27/6U Madeira – 28/6 – Nesta reunião foi apro-

vada uma "Tomada de Posição" em forma deabaixo-assinado que reflecte a necessidade de aUMa prosseguir uma política de apoio à realiza-ção de doutoramento; de dar seguimento àspropostas de dispensa de serviço docente e deprorrogação contratual aprovadas pelas comis-sões científicas competentes; e de dar cumpri-mento ao disposto no ECDU sobre a contrata-ção, como Professores Auxiliares, dos docentesque realizem o seu doutoramento.

U Coimbra – 30/6; IP Tomar – váriosES Comunicação Social IP Lisboa – vários

Plenários em todo o país

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Representantes da FENPROF e doSNESup estiveram reunidos no 5 deJunho com o Ministro da Ciência, Tec-nologia e Ensino Superior (MCTES)com vista a procurar encontrar umametodologia e um calendário para arevisão dos Estatutos de Carreira.

O Ministro informou que irão serrevistos os três estatutos de carreira(universitária, politécnica e de investiga-ção) e que não serão fundidos num só,mas poderão prever intercomunicabili-dade.

Ficou claro que tanto as organiza-ções sindicais como o Ministério estãodispostos a trabalhar no sentido de,antes de se passar a uma negociação dearticulados, se discutirem grandes ori-entações sobre os objectivos a alcançarcom a revisão, sublinha uma nota divul-gada pelas duas organizações sindicais.

Por parte da FENPROF e do SNESupesse trabalho está em desenvolvimento,"inclusive através do debate nas reuni-ões que vêm sendo promovidas portodo o país em instituições de ensinosuperior, no entanto o Ministro afirmouque não iria divulgar um documento deorientações antes do início do mês deSetembro, uma vez que a equipa dasLaranjeiras está ainda absorvida (istonos primeiros dias de Junho) pela finali-zação do Regime Jurídico das Institui-ções do Ensino Superior (RJIES)."

Foram trocadas impressões com oMinistro sobre o documento que lhe foienviado pela FENPROF e pelo SNESuprelativamente a aspectos do RJIES sus-ceptíveis de condicionarem a revisãodos Estatutos de Carreira.

Abordados durante a reunião foramtambém o congelamento de admissões,que o Ministro não vai discutir com asorganizações sindicais, as dificuldadesfinanceiras de algumas instituições deensino superior e a imprescindibilidadede, no próximo ano, o financiamentoser adequado aos desafios e às necessi-dades das instituições. ■

FENPROF e SNESup em reunião comMariano Gago

profissional, a garantia do direito ao sub-sídio de desemprego, a autonomia cientí-fica, pedagógica e financeira das institui-ções, tendo revelado uma profunda preo-cupação com as alterações que oMCTES pretende introduzir no regimejurídico do ensino superior. Como foireferido por um dos participantes na ses-são realizada na Sala 17 de Abril, "asfi-xiar e controlar o Ensino Superior não éo caminho certo para construir o futurode um País".

As preocupações face às consequên-cias da "tirania financeira" e às ameaçasda empresarialização das instituições,percorreram este interessante debate rea-lizado em Coimbra.

Como realçou um dos docentes, apolítica deste Governo pretende "des-mantelar o sistema universitário portu-guês, sem ter uma real alternativa, sólidae coerente".

Os professores e investigadores pre-sentes no encontro de Coimbra e nosoutros plenários manifestaram preocupa-ção com todo o processo legislativo e,sensíveis à actividade que os Sindicatosestão a desenvolver, estão também arecorrer à Internet e ao correio electró-nico para fazer circular a informação.Para os presentes ficou clara a importân-cia que as alterações ao regime jurídicodo ensino superior terão em tudo o resto,designadamente no que diz respeito acarreiras e estabilidade de emprego, eassumiram ser importante prosseguir arecolha do abaixo-assinado contra a pre-cariedade laboral no sector, e em defesado subsídio de desemprego, iniciativaconjunta FENPROF/SNESup.

Foram também muitas as críticas aoministro Mariano Gago por ter estado

muito tempo sem reunir com as organiza-ções sindicais, o que trouxe inconvenien-tes para todo o processo de negociações.

Esvaziamento dos Conselhos Científicos

Os docentes presentes no plenário deCoimbra, dirigido por Nuno Rilo, doSPRC/FENPROF, e por Paulo Peixoto,do SNESup, manifestaram satisfação,ainda, pelas posições que as instituiçõestêm vindo a tomar em relação a estasmatérias, designadamente no Senado deCoimbra. Preocupação crescente foideclarada em relação à defesa dos postosde trabalho, mesmo os do quadro, relaci-onando com as alterações que o Governoestá a introduzir na AdministraçãoPública.

Foram também lançadas duras críti-cas em relação à política de MarianoGago, designadamente pelo que as suaspropostas trazem de esvaziamento dopapel dos Conselhos Científicos.

Outros aspectos mais salientes nodebate: a convicção de que a transforma-ção de instituições do ensino superiorem Fundações de direito privado viráintroduzir desequilíbrios e não melhoraro sistema, pois não se trataria mais doque gerir o ensino superior como se assuas escolas fossem empresas, e a sensa-ção de que se está a desmantelar o sis-tema universitário sem ter uma alterna-tiva credível. Para Nuno Rilo, sobre estamatéria, trata-se da confirmação de uma"filosofia política marcadamente neoli-beral, segundo o modelo americano, oqual se pretende desenvolver no conti-nente europeu".

* Com LUÍS LOBO

JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP AO N. º 218 1 7

Os plenários sindicais exigiram a revisão das carreiras e de valorização profissional dos docentes einvestigadores portugueses

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AFENPROF tem sempreapoiado a existência deum sistema de avaliação

do sistema de ensino superior,das instituições e dos cursos, quetenha por objectivo principal amelhoria da sua qualidade e dasua relevância social, bem comodo aumento da sua eficácia e dasua eficiência.

A avaliação deverá ter, noentender da FENPROF, umacomponente interna – a auto-ava-liação – processo que consideracentral para a consolidação deuma cultura de constante e sus-tentada melhoria da qualidade.

"Esta é a questão que mais preocupa a FENPROF…"

A componente de avaliação externa,essencial para o estabelecimento depadrões de exigência comuns, deve serrespeitadora da missão própria de cadauma das instituições e do ensino superiorem geral, em particular do primado dointeresse público, o apoio a todos osdomínios do saber, sem excepção, e anão subordinação da sua actividade aosinteresses imediatos da economia e àsregras de mercado, e deve ser indepen-dente quer de governos, quer das insti-tuições avaliadas.

Não é possível, naturalmente, peloenunciado do artº 4º, concluir quanto aomaior ou menor equilíbrio e adequaçãona utilização dos parâmetros descritos e

quanto à sua importância relativa naapresentação dos resultados da avaliaçãoe nos seus efeitos.

Esta é a questão que mais preocupa aFENPROF. De facto, só dos estatutos eda actuação concreta da futura Agênciade Avaliação e Acreditação se poderádeduzir se a avaliação vai ser efectiva-mente respeitadora das missões própriasde cada instituição e das relativas aoensino superior em geral.

Rankings oficiais

Avulta, no entanto, desde já, quantoa esta proposta de lei, a intenção muitonegativa de criação de "rankings" ofici-ais das instituições (artº 22º). A FEN-PROF opõe-se for temente a que ariqueza multifacetada da actividade dasinstituições possa ser reduzida a um sim-

ples número, para efeitos deseriação. Esta intenção contra-ria até o que o Governo pro-põem na alínea a) do nº 1, doartº 15º, onde fala apenas daatribuição de uma classificaçãoqualitativa e não de uma classi-ficação quantitativa exigidapela elaboração de qualquertipo de "rankings". A Propostada FENPROF é a de que sejael iminado o artº 22º, ass imcomo no nº 1, alínea b) do artº15 se deve eliminar a palavra"ordenar".

Independência

A questão da independência da avali-ação face ao governo e às instituiçõesdeveria, no parecer da FENPROF ficarclaramente estatuída no diploma, paraque depois a Agência de Avaliação e deAcreditação reflicta essa exigência legal,ao contrário do que sucede no projectode decreto-lei que o Governo pôs a dis-cussão pública.

Igualmente deveria ficar estabelecidona lei que os custos da avaliação externadeveriam ser totalmente contemplados noorçamento da futura Agência de Avalia-ção e de Acreditação, evitando-se, assim,que tais custos venham a onerar os orça-mentos de funcionamento das instituiçõesque têm sido tão castigados pelos violen-tos cortes orçamentais que têm sofridopor parte deste e de anteriores governos.

04/06/2007

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DOCUMENTO

Parecer da FENPROF sobre Proposta de Lei

Avaliação da Qualidadedo Ensino SuperiorDepois de um largo período em que o CNAVES esteve neutralizado e a avaliação das propostas de adequação a Bolonha dos novos ciclos de estudo, governamentalizada, surgiu uma proposta de lei do Governosobre a Avaliação da Qualidade do Ensino Superior, cerca de 6 meses após a apresentação do relatório da ENQA. No passado dia 4 de Junho, o Secretariado Nacional da FENPROF divulgou um Parecer, que aqui deixamos à apreciação dos nossos leitores.

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INICIATIVA

18 de Julho, frente ao MCTES, em Lisboa

Concentração nacional de bolseiros de investigação

Esta proposta foi enviada ao Minis-tério da Ciência, Tecnologia eEnsino Superior (MCTES); Minis-

tério do Trabalho e Solidariedade Social(MTSS); Fundação para a Ciência e aTecnologia (FCT); Comissão Parlamen-tar de Educação, Ciência e Cultura;Comissão Parlamentar do Trabalho edos Assuntos Sociais; e ainda aos Gru-pos Parlamentares.

Com o intuito de apresentar e discutira PAEBI foram igualmente enviados aoMCTES, MTSS, ao Presidente da FCT eàs Comissões Parlamentares, pedidos deaudiência, com carácter de urgência.

Durante os meses de Abril e Maio, aABIC foi recebida pelas duas ComissõesParlamentares e por diversos grupos par-lamentares.

Todavia, não recebeu da parte denenhuma das restantes três entidadesqualquer resposta ao seu pedido de audi-ência, facto que a levou a renovar, já emMaio, esse mesmo pedido.

Recorde-se que em Novembro de2006, o Presidente da FCT anunciou aapresentação pela tutela, até Abril de2007, de uma proposta para a revisão doactual Estatuto do Bolseiro (EBI), a seroportunamente discutida com a ABIC.Este mesmo anúncio foi reiterado, nou-tras ocasiões, na comunicação social.

Deve no entanto referir-se que até àdata, nem a FCT nem o MCTES apre-sentaram qualquer proposta de revisãodo EBI. Os sucessivos pedidos de reu-niões para discussão deste assunto, feitospela Direcção da ABIC, mantêm-se semqualquer resposta.

Neste cenário, e no seguimento deopiniões expressas por vários colegas, aDirecção da ABIC entende ser funda-mental manifestar publicamente o desa-grado dos milhares de bolseiros deinvestigação perante o atraso na divulga-ção das medidas anunciadas pela tutela ea falta de abertura ao diálogo. É igual-mente fundamental, nesta fase, renovar aexigência de que aqueles que trabalhamem ciência sejam encarados como acto-res centrais da política científica em Por-tugal, que não podem ser ignorados.

A Direcção da ABIC marcou para opróximo dia 18 de Julho, em frente aoMCTES (Palácio das Laranjeiras - Estradadas Laranjeiras, em Lisboa) uma concen-tração nacional de Bolseiros de Investiga-ção, onde irá simbolicamente entregar emmão a PAEBI, juntamente com as milha-res de assinaturas de apoio entretantorecolhidas, entre membros das comunida-des científica e académica.

"Iremos demonstrar o impacto daprodução científica realizada pelos bol-seiros, hasteando simbolicamente ummural de pano com demonstrações dotrabalho realizado pelos bolseiros, inclu-indo artigos científicos e outras ilustra-ções, sublinhando assim o lema centraldo PAEBI: Produzimos trabalho cientí-fico, somos trabalhadores, queremoscontratos de trabalho", assinala uma notada ABIC, que acrescenta:

"Ao longo dos próximos dias enviare-mos mais informação sobre esta iniciativa,incluindo formas de transporte para oscolegas de fora de Lisboa. Mas até lá, parao seu sucesso, precisamos da ajuda detodos: para composição do mural de pano,envia-nos a tua lista de artigos publicadosenquanto bolseiro, e se possível os pdfsdos mesmos, para geral@ abic-online.org;faz um apelo derradeiro para angariarmais apoios no abaixo-assinado (http://bolseiros.org/PAEBI. html), incluindo porparte de professores e outros investigado-res; para caracterizar o universo dos bol-seiros, indica-nos: a) o tipo de bolsa tensagora; b) o tipos de bolsas que já tiveste;c) o número de anos enquanto bolseiro; d)se és sócio da ABIC."

"Esta será a primeira vez que os Bol-seiros de Investigação se manifestarãoem frente ao MCTES. É importante queconsigamos atingir uma participação tãoampla quanto possível, com colegas domaior número de instituições e regiõesdo país, ilustrando que os Bolseiros sãouma componente motora incontornáveldo sistema científico e tecnológico naci-onal, que deve ser tratada com o devidorespeito institucional e que merece con-dições de trabalho e sociais dignas",conclui a Associação. ■

No início de Marçopassado, na sequênciade uma ampla discussãoprévia (que incluiuvárias reuniões e umfórum de discussão naInternet), a Associaçãode Bolseiros de Investigação Científica(ABIC) aprovou edivulgou publicamenteuma Proposta de Alteração do Estatutodos Bolseiros (PAEBI),que agora vai serlevada ao Ministério de Mariano Gago, em18 de Julho.

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2 0 SUP AO N. º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

INTERNACIONAL

Em Berlim, em finais de Maio,esteve reunido um conjunto repre-sentativo desses cientistas, que são

também cidadãos, em Seminário organi-zado conjuntamente pela FederaçãoMundial dos Trabalhadores Científicos(FMTC) e pelo International Network ofScientists and Engineers for Global Res-ponsibility (INES).

O propósito da reunião é explicadona nota de apresentação do Seminário aoafirmar que o papel da ciência não podeser determinado exclusivamente pelasdecisões de um número reduzido degrandes potências económicas, que comdemasiada frequência são apresentadas àopinião pública como as únicas decisõespossíveis porque seriam cientificamentefundamentadas.

Quando na verdade não só se mos-tram incapazes de dar solução aos pro-blemas que afirmam pretender resolvercomo ignoram muitos outros problemascruciais que a humanidade enfrenta e de

cuja solução depende a própria sobrevi-vência da espécie. Os promotores doSeminário afirmaram a convicção de queé indispensável questionar as orientaçõesneoliberais da economia global e as suasconsequências sobre a Ciência hoje e nofuturo.

A responsabilidade dos cientistasnum mundo carregado de perigos

A conferência de encerramento doSeminário esteve a cargo do Prof.Harold Kroto, cidadão britânico, um dostrês cientistas galardoados em 1996 como Prémio Nobel de Química pela desco-berta dos buckminsterfullerenes (C60) asestranhas macro-moléculas de carbonocom 60 átomos, organizadas numaarquitectura espacial característica.Harold Kroto falou da "Responsabili-dade dos cientistas num mundo carre-gado de perigos".

Da consciência destes perigos, de dife-

Seminário em Berlim

Outra Ciência e outras tecnologiassão possíveis: responder aos desafios

Nunca como hoje o conhecimento científico,nas suas diversas vertentes,e a transformação domundo físico e da sociedadeque aquele conhecimentoproporciona, tiveram um tão grande, directo e imediato impacte na vida do cidadãocomum. Para o bem e para o mal, assim é. Ao mesmo tempo, entre ostrabalhadores científicos,homens e mulheres quenos seus laboratórios, diariamente procuramalargar as fronteiras do conhecimento ou transmiti-lo aos jovens nasescolas e nas universidades,cresce e aprofunda-se aconsciência da necessidadeda intervenção cívica juntodos seus concidadãos nosentido de esclarecer e alertar para os inconvenientes e os perigos,reais ou potenciais, de certas aplicações que a Ciência torna possíveis.

FREDERICO CARVALHO*

Como sublinhou o recente Seminário de Berlim (FMTC e INES), o papel da ciência não pode ser determi-nado exclusivamente pelas decisões de um número reduzido de grandes potências económicas

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JUNHO/JULHO 2007 ■ S UP AO N. º 218 2 1

C a rta Europeia dos Investigadores CientíficosNo primeiro dia do Seminário organizado conjuntamente pela Federação Mundial dos Trabalhado-res Científicos (FMTC) e pelo International Network of Scientists and Engineers for Global Respon-sibility (INES), André Levy, da ABIC, e Frederico Carvalho, da FMTC e da OTC, apresentaram o temarelativo à situação dos estudantes e jovens investigadores, de manhã em plenário, e, à tarde, emsecção, conduzindo os debates no âmbito do Grupo de trabalho previsto no programa sobre omesmo tema. Nas conclusões, registou-se a importância de promover a divulgação da recomenda-ção da Comissão Europeia relativa a uma Carta Europeia dos Investigadores Científicos em que éestabelecido um conjunto de princípios e requisitos a respeitar nas relações de trabalho em activi-dades de I&D, e um Código de Conduta para o recrutamento de investigadores. Embora esta reco-mendação pareça começar agora a ser alvo de atenção por parte de algumas instituições de investi -gação e outros empregadores, entendeu-se que há ainda um longo caminho a percorrer até serreconhecida e efectivamente implementada por muitos dos organismos oficiais responsáveis pelosector público da I&D. / F. C.

rente natureza e diferentes origens, decor-rem os desafios que hoje se nos colocam eque foram objecto de debate ao longo dasvárias sessões de trabalho, em plenário eem secções, durante dois dias.

Para dar aos leitores uma ideia dostemas objecto de atenção, enumeram-sealguns: "Política científica e de investi-gação na Estratégia de Lisboa"; "A situa-ção dos estudantes e dos jovens investi-gadores"; "Liberdade académica e inves-tigação: o papel do sector público nosimpactos sociais do trabalho científico";"A militarização da Ciência: o que é ecomo devem os cientistas posicionar-seperante ela"; "A democracia na Ciência:quem deve participar nas decisões sobreos objectivos do trabalho científico? De

que modo devem os cientistas participarna gestão da Ciência?"; e, ainda, "QueCiência e que Investigação para quesociedade: serviço público vs privatiza-ção do conhecimento".

No segundo dia do Seminário mereceuparticular destaque a intervenção do Dr.Diether Dehm, membro do ParlamentoAlemão e porta-voz para as questõeseuropeias do Partido da Esquerda (LinkePartei), sobre os desafios que se colocamà Ciência e à Investigação no quadroeuropeu; e também o debate em painelsobre o papel das ONG na orientação daCiência e da Investigação na Europa,numa perspectiva de sustentabilidade, quereuniu representantes da Alemanha, Bél-gica, França, Turquia e Rússia.

Acção comum

Berlim, foi também a oportunidadepara reunir o 76º Conselho Executivo daFederação Mundial dos TrabalhadoresCientíficos em que esteve representada aFENPROF, por João Cunha Serra, e aABIC, por André Levy. Na reunião, diri-gida pelo Vice-presidente do ConselhoExecutivo da Federação Mundial, Frede-rico Carvalho, o Presidente, André Jae-glé, passou em revista as grandes ques-tões da actualidade na perspectiva dosseus reflexos sobre a orientação do tra-balho científico, os condicionalismos econstrangimentos que impõem, e anecessidade do permanente reexame daresponsabilidade social dos trabalhado-res científicos, das suas novas formas econteúdos.

Registou-se a necessidade de desen-volver uma acção organizada designada-mente ao nível sindical, no sentido deelevar o nível de consciência das amea-ças que pesam sobre o nosso futurocomum. Uma tal acção sendo naturalque partisse dos sindicatos representati-vos de investigadores e docentes-investi-gadores, deveria estender-se ao conjuntodas organizações sindicais isto é, aos tra-balhadores em geral.

* Vice-Presidente do Conselho Executivo da FMTC

Sócio nº 69635 do SPGL1 de Julho de 2007

Reunião do Conselho Executivo da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos (FMTC) em 30 de Maio: PascalJanots (Secretário-geral); Frederico Carvalho (Vice-presidente do Conselho Executivo), André Jaeglé (Presidente) eFrançois Blumental (Tesoureiro).

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Aproveitando o tempo das fériasescolares dos mais jovens, a Uni-versidade de Évora apresenta a

iniciativa UE-VERÃO, com a qual pre-tende proporcionar um conjunto deoportunidades destinadas a favorecer oconhecimento, a experimentação e aexploração de diferentes contextos denatureza cultural, científica, tecnológica,artística, desportiva, etc., ocupando cri-anças e jovens da região do Alentejocom propostas de actividades de grandevalor educativo para a sua formação edesenvolvimento pessoal, social e voca-cional. Estão abertas as inscrições.

Com a iniciativa UE-VERÃO pro-cura-se contribuir para despertar e/ouaprofundar gostos, interesses, sensibili-dades, capacidades e competências quepodem surgir quando os jovens têmoportunidade de experimentar, explorare criar em novos contextos.

Assim, a Universidade de Évora,

abre as portas dos seus Laboratórios,Centros de Investigação, Ateliers Artísti-cos, Hospital Veterinário, Campos deInvestigação (Geologia, Arqueologia,Botânica...), para que as férias ganhemnovos sentidos para crianças e jovens.

A inscrição na iniciativa UE-VERÃO pode ser apresentada e propostapelas famílias, pelas Escolas, Associa-ções e outras entidades ou pelos pró-prios, desde que tenham 18 anos oumais. As famílias ou as entidades quepromovem a participação dos jovensdevem responsabilizar-se pelo transportee/ou alojamento para as actividades.

Informações, inscrições e calendáriode actividades disponíveis em www.ueverao.uevora.pt.

C o n t a c t o s : Fundação Luís de Molina,Largo dos Colegiais, 2, 7000-803 ÉvoraTel: 266 746 514 Email: [email protected] Horário de contacto: segunda asexta-feira, das 14 às 17h30. ■

2 2 SUP AO N .º 218 ■ JUNHO/JULHO 2007

BREVES

Destinada a crianças e jovensUniversidade de Évora abre portas com a iniciativa UE-VERÃO

AFaculdade de Ciências Sociais eHumanas da Universidade Novade Lisboa organiza, em Julho e

Setembro, a segunda edição da suaEscola de Verão. Trata-se de um con-junto alargado de cursos intensivos e decurta duração, oferecidos por todas asáreas científicas da Faculdade, e destina-dos a um público diversificado, tantonacional como internacional.

A FCSH oferecerá este ano um con-junto variado de módulos nas áreas de:Antropologia, Comunicação, Culturas daEuropa e do Mundo, Educação, EstudosPolíticos, Filosofia, Geografia, História,História de Arte, Línguas, Linguística,Literatura e Cultura Portuguesas, Músi-ca, Sociologia e Informática.

Embora maioritariamente lecciona-dos em Português, alguns módulos daEscola de Verão 2007 serão leccionadosem Inglês. Para todas as informaçõessobre esta iniciativa, consultar: http://www.fcsh. unl.pt/escoladeverao/ ■

OLaboratório de Línguas do Departa-mento de Letras da Universidade daBeira Interior informa que se

encontram abertas as pré-inscrições docurso de formação livre de "Línguas eCulturas Africanas", que terá início nopróximo mês de Outubro. As pré-inscri-ções decorrem no Laboratório de Línguas.

Para mais informações, os interessa-dos devem contactar o Laboratório deLínguas: 275329107; Departamento deLetras: 275319777; e-mail: [email protected];[email protected]

AUniversidade dos Açores, como jávem sendo tradição na últimadécada, organizou um Curso de

Verão, a decorrer neste mês de Julho,nas ilhas de São Miguel, Faial e Terceira.

"O Curso destina-se a todos os quedesejarem iniciar ou aprofundar a suaaprendizagem na Língua e na CulturaPortuguesas e, simultaneamente, conhe-cer as ilhas deste paradisíaco arquipélago,pelo que foi organizado de forma a pro-porcionar um contacto directo com a Lín-gua através de aulas formais, de visitas deestudo, de passeios e do convívio com apopulação açoriana", referem os serviçosda Universidade, que acrescentam:

"Tanto a vertente pedagógica como avertente social foram pensadas tendo emconsideração o interesse dos candidatosdas mais diversas origens em conhecer a

realidade açoriana, com particular refe-rência para os luso-descendentes que,nos últimos anos, têm procurado na Uni-versidade dos Açores a oportunidade decontactar com a Língua e com a Culturados seus antepassados."

Constam, ainda, do programa conví-vios, visitas guiadas e deslocações apontos turísticos que "proporcionam umcontacto directo com a realidade açori-ana e permitem desenvolver a compre-ensão da língua falada. Em qualqueruma das modalidades, os alunos sãoacompanhados por professores da Uni-versidade dos Açores, nas diversas acti-vidades", sublinha a organização.

Em www.uac.pt encontram-se todasas informações sobre o programa, pré-inscrição, diploma, propinas, apoios eoutras informações complementares. ■

S. Miguel, Faial e TerceiraCurso de Verão da Universidade dos Açores

"Línguas e CulturasAfricanas" na UBI

Em Julho e SetembroEscola de Ve r ã ona FCSH/UNL

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JUNHO/JULHO 2007 ■ SUP AO N .º 218 2 3

CULTURAL

Na Galeria do "DN" até 26 de AgostoTrabalhos de Júlio Resende

A exposição "Encontro de Cores",que reúne obras recentes do presti-

giado pintor Júlio Resende, podeagora ser apreciada na galeria do "Diá-rio de Notícias", em Lisboa, até 26 deA g o s t o. Anteriormente, esteve insta-lada no "Jornal de Notícias", onde foivisitada por mais de 5 mil pessoas.

O certame inclui os 25 óleos sobre tela pintados em 2006 e2007, e ainda um inédito acrílico sobre papel colado em tela,"Presença", de 1985.

"Encontro de Cores" é uma exposição que reflecte asimpressões de viagens, por Goa, Brasil e África e tambémpelas ruas do Porto: Cordoaria, Foz e Ribeira, espaços intima-mente relacionados com a vida do artista.

Entretanto, no Porto, o "JN" apresenta na sua galeria, aexposição "Futuro" com obras de Nadir Afonso. / JPO ■

Sines, de 20 a 28 de JulhoFestival Músicas do Mundo

T rinta e dois concertos dos cinco continentes,em Porto Covo e Sines, fazem o coração do

programa do maior evento nacional na área da"world music".

Eleitos na última edição dos mais prestigia-dos prémios de "world music" do mundo – osBBC Radio 3 World Music Awards – como

melhor grupo das Américas, melhor artista africano e revelaçãode 2006, Gogol Bordello (EUA/Ucrânia), Mahmoud Ahmed(Etiópia) e K’Naan (Somália) são três destaques do programada nona edição do Festival Músicas do Mundo, uma organiza-ção da Câmara Municipal de Sines, que se realiza entre 20 e 28de Julho, neste concelho.

Bellowhead, o mais importante grupo da folk britânica doséc. XXI, Rachid Taha, uma das maiores figuras da músicacom raízes no Magrebe, e Darko Rundek, o grande cantautorcroata, são outros três espectáculos em evidência entre 32 quefazem o programa mais extenso de sempre do maior festivalportuguês deste género.

Repartido por quatro palcos, um na aldeia de Porto Covo(junto ao Porto de Pesca) e três na cidade de Sines (Castelo,Avenida da Praia e Centro de Artes), o FMM 2007 será,segundo os organizadores, uma das maiores festas da diversi-dade da música alguma vez realizadas no nosso país. A nãoperder! ■

Até 30 de Setembro

Faro recebe mostra de artecontemporânea de Serr a l v e s

A antiga Fábrica da Cerveja, em Faro, apresenta até ao finaldo Verão a colecção de obras de arte contemporânea da

Fundação Serralves, iniciativa da autarquia local em parceriacom o programa Allgarve.

A exposição Livre Circulação/Toll Free: Serralves noA l g a r v e engloba obras de destacados artistas plásticos comoRené Bertholo, João Penalva e Julião Sarmento, que utilizam aescultura, o vídeo e o filme como suportes.

A mostra, que tem como comissário o director do Museu deArte Contemporânea da Fundação de Serralves, João Fernandes,poderá ser visitada até 30 de Setembro.

Entretanto, a Fundação Serralves leva à capital algarviauma exposição de arquitectura intitulada Livre Circulação:Arquitectos Europeus em Trânsito, que reúne projectos dearquitectos portugueses realizados fora do país e de estrangei-ros feitos em Portugal.

O objectivo, segundo os responsáveis, é criar "um novoconceito de turismo de Verão", despertando "outras motivaçõesna ocupação dos tempos livres", com trajectos que interligam oambiente e a arquitectura. ■

"Um Cruzamento de Fronteiras"Distinguido pela AcademiaPortuguesa de História

O livro "Um Cruzamento de Fronteiras – o discurso dos con-celhos da Guarda em Cortes", da autoria de Maria Helena

da Cruz Coelho e Luís Miguel Rêpas, foi distinguido pela Aca-demia Portuguesa de História com o Prémio Calouste Gulben-kian – História Regional e Local.

Trata-se do nono volume da colecção "Iberografias" (umaparceria do CEI e da Editora Campo das Letras) resultado deum projecto de investigação desenvolvido no âmbito do CEI –Centro de Estudos Ibéricos intitulado "Os concelhos do distritoda Guarda nos Capítulos de Cortes" que visou o levantamento ea recolha dos capítulos especiais de Cortes solicitados pelosprocuradores dos concelhos da região da Guarda, entre os anosde 1385 e 1490.

Com esta obra os autores pretenderam dar a conhecermelhor a Região e os problemas das suas gentes em temposmedievais, informação que nos chega até ao presente pelosagravos que os procuradores dos concelhos apresentavam nasAssembleias de Cortes, tendo como pano de fundo os ecos dacomplexa problemática fronteiriça. A variedade dos temasapresentados nas Cortes que figuram nesta obra constitui umamais valia para o conhecimento e identificação das densasmemórias do passado multissecular desta região raiana. ■

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Os problemas e as aspirações de 60 milhões de edu-cadores e professores, dos diferentes graus de ensino,que existem hoje no Mundo (cálculos da UNESCO), a quese devem acrescentar outros 18 milhões necessários àconcretização do Objectivo "Educação para Todos", vãoestar em análise no V Congresso Mundial da Internacio-nal da Educação (IE), a realizar na histórica cidade deBerlim, de 22 a 26 de Julho próximo.

Ao longo dos trabalhos serão desenvolvidos os deba-tes em torno do tema central "Educadores: juntos poruma Educação de Qualidade e pela Justiça Social". Oprograma do Congresso inclui sessões plenárias e gru-pos temáticos.

Os documentos preparatórios abordam matérias devincada actualidade, como o avanço da mundialização eas suas expressões nos sectores do ensino e da educa-

ção, a persistência da pobreza, a insuficiência da ajudaoficial ao desenvolvimento, o papel crescente dos gruposde pressão neoliberal para a intensificação da privatiza-ção dos serviços públicos e ainda, entre outras, questõesrelacionadas com a cooperação entre sindicatos e ONGs(organizações não-governamentais) e com a defesa domeio ambiente.

A situação actual dos professores no Mundo, a suarealidade sócio-profissional e sindical, o alerta para asconsequências da pulverização sindical docente em mui-tos países, a luta por uma maior justiça social e o "papelprimordial dos docentes na organização e no futuro dasnossas sociedades", construído na base da sua unidade eda sua intervenção pela vitalidade da educação públicapara todos, atravessarão o grande debate de Berlim, emque a FENPROF estará representada.

O Mundo da Educação em foco na cidade de Berlim