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Capacitação dos profissionais do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo (SIMASE) com base nos parâmetros de gestão, teórico-metodológicos do Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo do Município de São Paulo 1 TEXTO DE REFERÊNCIA AULA 5 O atendimento socioeducativo segundo parâmetros do SIMASE: individualização, socioeducação e plano individual de atendimento O PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO: PERSPECTIVAS GERAIS 1 Juracy José da Silva Decerto, para definirmos o Plano Individual de Atendimento PIA vamos recorrer a conceituação que extraímos do documento do SINASE: Do ponto de vista técnico-metodológico “é um instrumento pedagógico fundamental para garantia a equidade no processo de cumprimento da medida socioeducativa” (SINASE, item 6.1 – Diretrizes pedagógicas do atendimento socioeducativo diretriz 4) Do ponto de vista operacional constitui-se em “uma importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente na conquista de metas e compromissos pactuados com esse adolescente e sua família durante o cumprimento de sua medida socioeducativa” (SINASE, item 6.2.2 Dimensão básica do atendimento Desenvolvimento pessoal e social do adolescente). O PIA é o instrumento central da intervenção socioeducativa. A partir de sua elaboração, praticamente, todos os aspectos da vida do adolescente, ainda que na internação, tornam-se a ele vinculados. Isso ocorre porque o PIA contempla metas relacionadas a vários aspectos da vida do adolescente. A constituição do PIA passa pela análise interdisciplinar que contempla: Situação e desempenho escolar; Condição de saúde, necessidade de tratamento especializado; Interesses culturais, vínculo à religião, seita ou ritual religioso; Práticas e aptidões esportivas; Composição e dinâmica familiar; Referências familiares, sociais e afetivas do adolescente; Referências comunitárias e institucionais (técnicos de outras instituições pelas quais tenha passado anteriormente); Documentação existente e necessária; Situação processual. As técnicas e formas de intervenções devem ser discutidas e definidas coletivamente, respeitando a autonomia e a ética profissional, conforme a política de atendimento ao adolescente em conflito com a lei e as singularidades de cada sujeito envolvido. A elaboração do PIA requer a construção de instrumentais que possam contribuir na gestão, planejamento e avaliação das medidas socioeducativas (BRASIL, 2006). Nesse sentido, a ideia de que a intervenção a ser dirigida em face de um adolescente que pratica ato infracional deve ser rigorosamente planejada não é algo exclusivo do sistema brasileiro. Na verdade, no plano do Direito Internacional ela já aparece nas 1 Capitulo 1 da Dissertação de Mestrado de Juracy José da Silva: O Plano Individual de Atendimento (PIA) como instrumento de potencialização do projeto de vida do adolescente em conflito com a lei. Universidade Anhanguera de S. Paulo. São Paulo, 2015. pp.18-31

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Capacitação dos profissionais do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo (SIMASE) com base nos parâmetros de gestão, teórico-metodológicos do Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo do Município de São Paulo

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TEXTO DE REFERÊNCIA AULA 5 O atendimento socioeducativo segundo parâmetros do SIMASE: individualização, socioeducação e plano individual de atendimento

O PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO: PERSPECTIVAS GERAIS 1

Juracy José da Silva

Decerto, para definirmos o Plano Individual de Atendimento – PIA vamos recorrer a conceituação

que extraímos do documento do SINASE: Do ponto de vista técnico-metodológico “é um

instrumento pedagógico fundamental para garantia a equidade no processo de cumprimento da

medida socioeducativa” (SINASE, item 6.1 – Diretrizes pedagógicas do atendimento socioeducativo

– diretriz 4)

Do ponto de vista operacional constitui-se em “uma importante ferramenta no acompanhamento

da evolução pessoal e social do adolescente na conquista de metas e compromissos pactuados com

esse adolescente e sua família durante o cumprimento de sua medida socioeducativa” (SINASE,

item 6.2.2 – Dimensão básica do atendimento – Desenvolvimento pessoal e social do adolescente).

O PIA é o instrumento central da intervenção socioeducativa. A partir de sua elaboração,

praticamente, todos os aspectos da vida do adolescente, ainda que na internação, tornam-se a ele

vinculados. Isso ocorre porque o PIA contempla metas relacionadas a vários aspectos da vida do

adolescente. A constituição do PIA passa pela análise interdisciplinar que contempla: – Situação e

desempenho escolar; – Condição de saúde, necessidade de tratamento especializado; – Interesses

culturais, vínculo à religião, seita ou ritual religioso; – Práticas e aptidões esportivas; – Composição

e dinâmica familiar; – Referências familiares, sociais e afetivas do adolescente; – Referências

comunitárias e institucionais (técnicos de outras instituições pelas quais tenha passado

anteriormente); – Documentação existente e necessária; – Situação processual.

As técnicas e formas de intervenções devem ser discutidas e definidas coletivamente, respeitando a

autonomia e a ética profissional, conforme a política de atendimento ao adolescente em conflito

com a lei e as singularidades de cada sujeito envolvido. A elaboração do PIA requer a construção de

instrumentais que possam contribuir na gestão, planejamento e avaliação das medidas

socioeducativas (BRASIL, 2006). Nesse sentido, a ideia de que a intervenção a ser dirigida em face

de um adolescente que pratica ato infracional deve ser rigorosamente planejada não é algo

exclusivo do sistema brasileiro. Na verdade, no plano do Direito Internacional ela já aparece nas

1 Capitulo 1 da Dissertação de Mestrado de Juracy José da Silva: O Plano Individual de Atendimento (PIA) como instrumento de

potencialização do projeto de vida do adolescente em conflito com a lei. Universidade Anhanguera de S. Paulo. São Paulo, 2015.

pp.18-31

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Regras Mínimas da Organização das Nações Unidas (ONU) para Proteção de Adolescentes Privados

de Liberdade - Regras de Havana, (1990), mais especificamente no ponto 27.

Logo que possível, após a sua admissão, cada menor deve ser entrevistado e deve ser elaborado um

relatório psicológico e social que identifique quaisquer fatores relevantes quanto ao tipo de

tratamento e programa de educação e de formação requeridos pelo menor. Este relatório,

juntamente com o relatório elaborado pelo médico que examinou o jovem depois da sua admissão,

deve ser enviado ao diretor, para fins de determinação da colocação mais apropriada do menor

dentro do estabelecimento e do tipo de tratamento e programa de formação requerido.

Quando é requerido um tratamento de reeducação especial, e a duração de permanência no

estabelecimento o permite, o pessoal especializado do estabelecimento deve preparar, por escrito,

um plano de tratamento individualizado, especificando os objetivos do tratamento, a sua duração e

os meios, etapas e prazos com que os objetivos deverão ser prosseguidos (ONU, 1990). Também

na redação originária do Estatuto encontramos as bases da ideia do planejamento individual:

Art. 94 – obrigação das entidades que desenvolvem programas de internação: III -

atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos. XIII -

proceder a estudo social e pessoal de cada caso; XIV - reavaliar periodicamente cada

caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à

autoridade competente; XX - manter arquivo de anotações onde constem data e

circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável,

parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de

seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a

individualização do atendimento.

No Brasil, em 2006, surgiu, por Resolução do Conanda, o SINASE, documento que pela primeira vez

oficializou a proposta de atendimento socioeducativo governada por um plano individualizado:

A elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) constitui-se numa importante ferramenta

no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente e na conquista de metas e

compromissos pactuados com esse adolescente e sua família durante o cumprimento da medida

socioeducativa. Enfoca os interesses, potencialidades, dificuldades, necessidades, avanços e

retrocessos. Registra as alterações (avanços e retrocessos) que orientarão na pactuação de novas

metas. A evolução ou crescimento pessoal e social do adolescente deve ser acompanhado

diuturnamente, no intuito de fazê-lo compreender onde está e aonde quer chegar e seu registro

deve se dar no PIA.

A ação socioeducativa deve respeitar as fases de desenvolvimento integral do adolescente levando

em consideração suas potencialidades, sua subjetividade, suas capacidades e suas limitações,

garantindo a particularização no seu acompanhamento. Portanto, o Plano Individual de

Atendimento (PIA) é um instrumento pedagógico fundamental para garantir a equidade no

processo socioeducativo (SINASE 2006, p.48).

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O documento do SINASE, mencionando o plano em vários outros momentos, foi um forte indutor

da disseminação do uso dessa ferramenta aplicada ao contexto socioeducativo.

Todavia, foi a partir da transformação do SINASE em lei federal, que a ideia tomou corpo (Lei nº

12.594, de 18 de janeiro de 2012), agora de forma impositiva e incontornável, sendo mencionado já

em seu artigo 1º, e depois, especificamente em seu capítulo IV.

Definiu-se que a elaboração do plano é de responsabilidade da equipe técnica da unidade de

atendimento, tomando por base a participação do adolescente e do seu núcleo familiar, bem como

os estudos, relatórios e pareceres das equipes técnicas de todos os órgãos públicos, programas e

entidades que prestam atendimento e/ou orientação ao adolescente.

Trata-se de um instrumento que tem como inspiração central a individualização do atendimento,

traçando-se para isto um plano de metas e compromissos coerente com a atenção personalizada a

que tem direito o sujeito-adolescente.

O objetivo é o de garantir a compreensão de cada adolescente, enquanto pessoa revestida de uma

singularidade, faz jus a um plano construído com ele e para ele. Todas as esferas envolvidas no

atendimento ao adolescente (judicial, administrativa, pedagógica, de saúde, segurança, família e

comunidade) devem respeitar sempre a ideia de que cada um desses jovens é único, tal como será

o desenvolvimento de seu processo socioeducativo.

O PIA é definido como o plano de trabalho que dá instrumentalidade para o desenvolvimento

pessoal e social do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa, respeitando a visão

global e plena deste como ser humano e sua condição de pessoa em desenvolvimento, portanto de

alguém que está em processo de educação.

Nesse sentido, o PIA deve conter as estratégias e ações a serem desenvolvidas, segundo diretrizes

fixadas por eixos de garantia de direitos fundamentais (educação, saúde, convivência familiar e

comunitária e outros previstos pelo ECA) pactuando-se nele as responsabilidades e obrigações do

adolescente (e das políticas públicas a que tem direito) com seu processo de desenvolvimento e os

recursos que serão acionados para apoiá-lo em sua intenção de afastar-se da conduta infracional

desaprovada pela sociedade.

Sua objetivação começa por uma avaliação técnica interprofissional criteriosa na qual se busca

conhecer a singularidade da situação, das demandas, da trajetória, dos interesses e das

possibilidades de cada adolescente que configurem uma fonte profícua de informações para o

desenho de um novo percurso para o adolescente no programa socioeducativo e além dele.

É sobremodo saudável pensar em um Plano Individual de Atendimento pautado num pacto

pedagógico que, no decorrer do cumprimento da medida socioeducativa, consubstancia necessário

o entendimento de que o sujeito que conflitou com a lei, deve ser o centro desse programa, a

prioridade.

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Sendo assim, cabe sempre perguntar se o desempenho do plano está contribuindo para o

desenvolvimento do adolescente. Caso perceba-se que a metodologia está ineficaz e desacreditada

perante ele, o PIA deve ser remodelado para que se busque atingir o propósito para o qual foi

criado, devendo, portanto, recolocar o sujeito adolescente na centralidade do processo.

A trama principiológica constitucional, ao estabelecer o chamado princípio da prioridade absoluta,

nos termos do art. 227, da Carta Magna determina ser dever da família, da sociedade e do Estado

assegurar à criança e ao adolescente e o jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária. Tal princípio, como aponta Sotto Maior (2006, p.

130) tem ainda a potência preventiva do delito na compreensão de que o atendimento prioritário

levaria ao respeito pleno dos direitos e, portanto, e teria garantido oportunidades diferentes aos

adolescentes.

No momento em que o Poder Público responder concretamente ao seu dever institucional de

assegurar às crianças e adolescentes – com prioridade absoluta – o exercício dos direitos

elementares da cidadania, indiscutivelmente caminharemos para contexto real inibidor da

marginalidade e, por consequência, determinante de efetiva prevenção à criminalidade.

Reza o Art. 4.º, do ECA a maneira como se asseguraria a efetividade dos direitos e garantias, à luz

do preceito constitucional, senão vejamos:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público

assegurar, com absoluta prioridade2 a efetivação dos direitos referentes à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber

proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência do atendimento nos

serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na

execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos

públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Embora seja por demais explicativo ao definir o princípio da prioridade absoluta, este artigo supõe

compromissar o Estado, a família e a sociedade com o desenvolvimento da criança e do

adolescente. Supõe uma responsabilidade compartilhada que impactará a vida futura do

adolescente considerando que não apenas o indivíduo, mas também as forças externas formam os

contextos nos quais ocorre o desenvolvimento (Berger, 2003; Bronfenbrenner, 1999, Koller e

Polleto, 2008). Vale dizer: a prioridade absoluta é que irá construir um ambiente de azo e ensejos

que proporcionarão ao indivíduo estabelecer seus valores e idealizar seu futuro.

Discutindo as garantias processuais na apuração do ato infracional do adolescente, Digiácomo

(2006) pondera que a celeridade do processo que evita lapsos de tempo entre a prática infracional,

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a aplicação e a execução da medida socioeducativa pelo adolescente, como deve traduzir a

prioridade absoluta. E completa:

A respeito do tema, importante lembrar que, na forma do art. 4º, par. único, alínea “b” da Lei nº

8.069/90, a garantia legal e constitucional de prioridade absoluta que reveste a matéria,

compreende a “precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública”

(verbis), o que logicamente também se aplica à prestação jurisdicional (p.226).

É nesse sentido que a prioridade absoluta se revela como necessidade sine qua non, pois

entendemos que há que se conjugar esforços múltiplos na intenção de cobrir as variáveis

endógenas e exógenas que se presentificam na intensidade do momento de cumprimento da

medida socioeducativa e na elaboração do PIA como instrumento de consolidação do atendimento.

Eis a razão de se priorizar os direitos do adolescente durante o cumprimento da medida, pois se

reivindica que a partir de então ele se desenvolva com mais apoio para que possa enfrentar os

desafios pessoais e ambientais que interferem no curso harmônico de sua interação física e social.

Não é prioridade simplesmente, mas os reflexos dessa prioridade. Com efeito, ao mencionar a

precedência, estamos tratando da política socioeducativa, da saúde, da assistência, da educação.

Ou seja, todos os fatores devem contribuir para a eficácia (o atendimento aos objetivos da medida),

a eficiência (o cumprimento dos procedimentos e atividades previstas), e a efetividade (o impacto

deste processo na vida do adolescente).

Também inspiram o Plano individual de atendimento os princípios da solidariedade familiar e

paternidade responsável. De acordo com o SINASE o conceito de família é amplo e nele se

enquadra o grupo ou pessoa com as quais os adolescentes possuam vínculos afetivos, respeitando

os vários arranjos familiares existentes no Brasil.

O SINASE reconhece que a participação da família no processo socioeducativo é fundamental para a

consecução dos objetivos da medida socioeducativa aplicada ao adolescente. Nesse sentido, as

práticas sociais devem oferecer condições reais, por meio de ações e atividades programáticas à

participação ativa e qualitativa da família no processo socioeducativo, possibilitando o

fortalecimento dos vínculos e a inclusão dos adolescentes no ambiente familiar e comunitário. A

ação socioeducativa decorrente dos parâmetros legais deve propiciar ao adolescente o acesso a

direitos e oportunidades de superação de sua situação de exclusão bem como o acesso à formação

integral que inclui a escolarização, a profissionalização e a formação para o convívio pessoal e social

que permita sua participação na vida social nos marcos da cidadania, para o que deve concorrer de

modo importante a família deste adolescente.

Somamos com os que partem da premissa de que a família da qual se espera a proteção e o

suporte ao processo de integração social do adolescente também demanda apoio e orientação para

oferecer a segurança e contar com recursos sustentadores de uma educação familiar e social que

estará fragilizada e pressionada pela ocorrência da entrada no Sistema de Justiça que envolve um

de seus membros.

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A Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, alterada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011 dispõe

sobre a organização da Assistência Social e em seu Artigo 2º define entre os objetivos desta política

, “I- a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência

de riscos; II- a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade

protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;

e III - a defesa de direitos3, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das

provisões socioassistenciais.

Considerando-se que é na Política de Assistência Social que se ancoram muitos programas voltados

para a família é também em seus serviços, benefícios e programas que se poderá encontrar a rede

de apoio necessário para que a família responda solidariamente ao processo de socialização do

adolescente evolvido em delitos.

Há uma expectativa de que as ações socioeducativas oferecidas pelos serviços de execução das

medidas ofereçam condições reais para o cumprimento da medida pelo adolescente, objetivadas

nas atividades programáticas que devem priorizar a participação ativa e qualitativa da família no

processo socioeducativo.

Projeta-se nisto a possibilidade de fortalecimento dos vínculos e o acolhimento do adolescente no

ambiente familiar e comunitário, considerando-se a realidade em que vive a família, a trama de

seus vínculos, em geral já fragilizados, e a disponibilidade de recursos diferenciados em apoio ao

atendimento ao adolescente em suas reais necessidades.

Aliás, todo objetivo na formação do adolescente é extensivo à sua família, eis que a cidadania do

jovem não acontece plenamente se ele não estiver integrado à comunidade e compartilhando suas

conquistas com a sua família.

Desse modo, o adolescente que teve o cerceamento de sua liberdade não pode ser afastado

totalmente de sua família, uma vez que, diante do sofrimento natural imposto pela segregação, no

caso da medida de internação, ele poderá ficar exposto a uma série de dificuldades durante a

execução da medida. Nardi e Dell´Aglio (2012) estudando a percepção dos adolescentes em

conflito com a lei sobre a família destacam que há uma grande influência da família em seu

processo de formação e desenvolvimento, e enfatizam a importância de ações socioeducativas que

incluam a família.

Programas de intervenção para um adolescente em conflito com a lei, por melhor que sejam,

podem ter seu efeito minimizado se esse jovem viver em um ambiente pouco afetivo, com a

ausência de seus pais ou o distanciamento, ou ainda com a utilização de práticas educativas

inadequadas.

Por outro lado, torna-se importante reforçar vínculos com figuras que podem se constituir em fonte

de apoio e exercer um papel de proteção para um desenvolvimento saudável destes adolescentes.

Projetos de prevenção têm enfatizado a importância da atuação familiar. Peres et al., (2010)

apontam como estratégia de prevenção um atendimento mais abrangente em relação às famílias,

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como, por exemplo, um atendimento familiar em grupo, visando o desenvolvimento integral dos

adolescentes (NARDI; DELL‟AGLIO. 2012. p.189).

O histórico ideário de que a institucionalização era apropriada para determinado grupo de crianças

e adolescentes, aqueles considerados em situação irregular, justificou por muito tempo a separação

da criança e do adolescente da família e da sociedade dentro do modelo institucional correcional-

repressivo. Porém, o Estatuto da Criança e do Adolescente consagrou a Doutrina de Proteção

Integral sendo, a convivência familiar e comunitária um dos direitos fundamentais infanto-juvenis,

sepultando a antiga doutrina e, via de consequência, prestigiando a presença da família no

desenvolvimento do adolescente autor de ato infracional.

O Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária propõe em seu plano de ação que o

atendimento seja promotor da convivência familiar e que contemple o “estímulo ao contato dos

filhos com seus pais que se encontram privados de liberdade e garantia do contato dos pais com

seus filhos adolescentes submetidos à medida socioeducativa, principalmente, privativa de

liberdade” (BRASIL, 2006, p. 87). Portanto, mesmo que o adolescente em cumprimento de medida

socioeducativa de internação receba como sanção a privação da liberdade do convívio com a sua

família e comunidade, o programa deve garantir a participação da família no processo

socioeducativo para que os danos decorrentes dessa privação não sejam ainda maiores.

O Art. 53 da Lei 12594/12 define que o PIA será elaborado “com a participação efetiva do

adolescente e de sua família, representada por seus pais ou responsável” acrescentando no Art.54

(IV, V) que o PIA deve prever “atividades de integração e apoio à família” e “formas de participação

da família para efetivo cumprimento do plano individual”.

Muitos dos fatores que influenciam as relações familiares ocorrem fora do cenário doméstico

imediato, o que Bronfenbrenner chama de macrossistema e de exossistema. Os valores da

comunidade com relação aos papéis dos gêneros; as formas como as instituições vizinhas se

organizam afetam o funcionamento da família; as experiências passadas e presentes dos avós, que,

por sua vez, são influenciadas pelos hábitos e crenças essenciais de tempos anteriores – fazem

todas, parte do contexto social, mesmo que não façam parte diretamente do microssistema

familiar doméstico imediato.

Mas, certamente, é relevante o impacto do microssistema familiar na evolução do adolescente,

considerando-se que a família é o cenário da intimidade e dos afetos em que diferentes laços e

histórias conformam um ambiente primário de segurança e proteção.

Estas reflexões evidenciam a força no âmbito principiológico da proteção à criança e ao adolescente

e do Princípio da Solidariedade Familiar que passou a reger as relações familiares a partir da

entrada em vigor da Constituição Federal de 1988. O dito princípio sugere a solidariedade social

(artigo 3º, inciso, I, da CF.) e almeja um fenômeno angular, a saber: um ângulo interno e externo. Se

for observado externamente, pode-se dizer que cabe ao Poder Público, assim como à sociedade

civil, a promoção de políticas públicas que garantam o atendimento às necessidades familiares, cuja

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situação econômica e social está no crivo da vulnerabilidade para que possam responder- ter

responsabilidade solidária- no processo socioeducativo do adolescente.

Doutra banda, segundo Lisboa (2002, p. 47), sob o aspecto interno, percebe-se que cada membro

componente de um determinado grupo familiar tem a obrigação de colaborar para que os outros

membros da família obtenham o mínimo necessário para o seu completo desenvolvimento

biopsíquico. A perspectiva da reciprocidade aí prevista merece maior aprofundamento levando-se

em conta o momento de vida do próprio adolescente. A atenção da equipe técnica para inclusão da

família do programa é condição singular para a construção de um projeto de vida. Na conferência

na Nursery School Association, em julho de 1950, sob o tema “a criança desapossada e como pode

ser compensada pela falta de vida familiar”, D. W. Winnicott (2014) asseverou que:

[...] ao tema da assistência que à criança que foi privada de vida familiar, recordemos

o seguinte: a principal preocupação de uma comunidade deve ser por seus membros

saudáveis. É o funcionamento usual de bons lares que necessita de prioridade, pela

simples razão de que as crianças que estão sendo criadas em seus próprios lares são

as únicas que apresentam condutas satisfatórias e compensadoras; são os cuidados

dispensados a essas crianças que dão dividendos (WINICOTT, 2014, p. 195).

À míngua de entrar no mérito do debate do médico pediatra norte-americano, tem-se que a

privação de atenção paterna ou materna por parte da criança e do adolescente acaba por interferir,

sem dúvida nenhuma, no seu desenvolvimento. A Convenção Sobre os Direitos da Criança de 1989,

estabelece que toda criança terá direito, na medida do possível, de conhecer seus pais e de ser

cuidada por eles (CUNHA, 2001). Além disso, reza o artigo 226, §7º da Constituição Federal de 1988

que:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do estado: (...) §7º.

Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade

responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado

propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada

qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

A propósito, ao inaugurar o princípio em questão, objetivou a Lei Maior, principalmente, conservar

a convivência familiar e, pela via reflexa, dar efetividade ao Princípio da Proteção Integral à Criança,

vez que é dever da família, da sociedade e do Estado, com absoluta prioridade, assegurar à criança

e ao adolescente, dentre outras coisas, a convivência familiar, colocando-os a salvo de toda forma

de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Acerca do assunto

assevera Thiago José Teixeira Pires (2013):

O Princípio da Paternidade Responsável significa responsabilidade e esta começa na concepção e se

estende até que seja necessário e justificável o acompanhamento dos filhos pelos pais,

respeitando-se assim, o mandamento constitucional do art. 227, que nada mais é do que uma

garantia fundamental.

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Assim, a Paternidade Responsável deve ser exercida desde a concepção do filho, a fim de que o pai,

a mãe ou responsável, sejam eles biológicos ou afetivos, responsabilizandose pelas obrigações e

direitos daí advindos. Tal princípio possui estreita ligação com o princípio da dignidade da pessoa

humana e com o planejamento familiar, o qual deve ser exercido de forma igualmente responsável.

Outrossim, o Princípio da Paternidade Responsável reclama uma ideação familiar racional e

independente, para que os seus membros possam se desenvolver naturalmente. Além do mais, o

ECA impõe no artigo 27, que: “o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,

indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem

qualquer restrição, observado o segredo de justiça”. De sorte que, em suma, a paternidade, ou em

termos mais apropriados, o poder familiar deve ser responsabilizado por eventuais negligências na

manutenção, vigilância, cuidado da criança e do adolescente. Também de fundamental

importância para compreender a lógica do Plano Individual de atendimento é o princípio da

participação e da opinião da criança e do adolescente. É da essência do plano e condição para que

funcione que o alvo central para o qual se volta, o adolescente que cometeu uma infração,

participe ativamente de sua elaboração e seja um dos protagonistas de sua execução.

De outra forma não poderia deixar de ser já que o art. 12 da Convenção Internacional dos Direitos

da Criança prescreve que toda a criança tem direito a emitir sua opinião e tê-la levada em

consideração em todos os assuntos que a afetem. O reconhecimento de tal direito, como será

trabalhado com maior detalhamento adiante, foi uma grande revolução no tratamento

historicamente dispensado à criança, uma vez, taxada de incapaz, sempre foi tratada como objeto

passivo da tutela do mundo adulto, sem direito de voz. Outra ideia força do PIA é a incompletude

institucional. Com efeito, o sucesso do PIA está estritamente vinculado, à ideia de que sua

abordagem deve ser interdisciplinar e multisetorial.

É certo que o modelo constitucional brasileiro da Política Social se caracteriza pela universalidade

na cobertura; pelo reconhecimento dos direitos sociais; pela afirmação do dever do Estado; e por

uma atenção integral.

Embora esses preceitos estejam previstos na Constituição, vivencia-se, no cotidiano, programas e

ações relacionados às politicas sociais que não garantem os direitos sociais e não fornecem atenção

integral e qualificada as crianças e os adolescentes, enquanto cidadãos: Vincular os adolescentes

em conflito com a lei, após devidamente sentenciado a uma internação, aos serviços destinados a

atendê-lo é um grande desafio.

Assim, somente será possível sonhar com a intervenção positiva na vida do adolescente autor de

ato infracional, quando houver compreensão de que as ações devem se convergir para um mesmo

objetivo a ser alcançado, que surgem em forma de políticas sociais, como assistência social,

educação e saúde (políticas sociais (fruto), (rede de proteção (sementes), ou seja, fazer um esforço

para um contrato institucional por meio do qual partilhar as metas de enfrentamento das

desigualdades sociais, econômicas, regionais e, nelas, as de enfrentamento das forças,

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oportunidades, fraquezas e ameaças, aspecto do ambiente, ou dos processos proximais, que

levaram o adolescente ao universo da ilicitude.

Trata-se de se visualizar a articulação de cada serviço com a rede complexa composta pela

totalidade dos outros serviços e instituições. Nesta premissa é fundamental e necessário que os

articuladores das políticas setoriais - saúde, educação, assistência social, habitação, cultura, entre

outras – tenham diversas práticas profissionais interdisciplinares e se articulem através de

diferentes serviços e instituições (MIOTO; NOGUEIRA, 2006, p. 8).

Trata-se fundamentalmente de superar as estruturas verticais e setoriais sobre as quais,

historicamente, a administração pública se apresenta e os determinantes políticos e institucionais

que definem a alocação de recursos financeiros e humanos. De igual importância para o

funcionamento o PIA é o princípio do Superior ou Melhor Interesse da Criança e do Adolescente.

Tal princípio surgiu no âmago da doutrina da “situação irregular” do menor, pois desde o ano de

1959 tal princípio já estava previsto na Declaração Universal dos Direitos da Criança que, em suma,

determinava que todas as ações relativas às crianças deviam considerar, especialmente, o

“interesse maior da criança” (LÔBO, 2003, p. 44).

A defesa do melhor interesse vem mais explícita a bordo da Convenção Internacional dos Direitos

da Criança ratificada no Brasil pelo Decreto Executivo nº 99.710, em 21 de novembro de 1990, e,

portanto, ganha força de lei, como vemos em seu Artigo 3º:

Artigo 3º. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições

públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou

órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da

criança4.

Logo, o Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente se revela não mais numa mera

recomendação convencional, mas num direito fundamental, num forçoso e insigne mandamento a

ser considerado em todas as ações pela sociedade como um todo, incluindo-se aí o Estado, os pais,

a família, os magistrados, os professores, enfim, as pessoas em geral.

Assevera-se, portanto, que o melhor interesse da criança assume um contexto que em sua

definição o descreve como „basic interest‟, como sendo aqueles essenciais cuidados para viver com

saúde, incluindo a física, a emocional e a intelectual, cujos interesses, inicialmente são dos pais,

mas se negligenciados o Estado deve intervir para assegurá-los. Carlos Nicodemos (2006, p. 84) em

estudo sobre a natureza do sistema de responsabilização do adolescente afirma a necessidade de

se combinar a reclamada “e histórica defesa da sociedade” ao “interesse superior do adolescente”

propondo que se busque com ousadia “um norte revolucionário” de cumprimento efetivo do

Estatuto da Criança e do Adolescente.

Saraiva (2006, p. 204) discutindo as garantias processuais do adolescente em conflito com a lei

adverte que “a cultura menorista [que] se faz ainda atuante, suprimindo direitos e minimizando

garantias” tem-se valido da ideia de “um suposto interesse superior”. Considera-se a defesa do

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melhor interesse em nada conflita com a doutrina da proteção integral, ao contrário, é parte da

essência da consideração da criança e do adolescente como sujeitos de direitos em condição

peculiar de desenvolvimento.

Lembra Gonçalves (2011, p.4) que o princípio do melhor interesse percorre todo o tempo de

desenvolvimento da criança e adolescente, e acaba promovendo impacto na “própria concepção de

família como ambiente voltado ao desenvolvimento de seus membros, que privilegia a criança

como sujeito, com repercussões inclusive sobre o poder familiar”. Intimamente ligado ao princípio

da prioridade absoluta, encontra-se, por fim, o princípio da proteção integral, o qual, tanto quando

os demais, mas de forma mais abrangente, rege e elege toda a lógica do PIA. O Princípio da

Proteção Integral à Criança e ao Adolescente está previsto no artigo 227, caput, da Constituição

Federal de 1988 assim como no artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90.

O artigo 6º do mesmo Estatuto, erige que na interpretação desta Lei deverá ser levada em conta,

dentre outras coisas, a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em

desenvolvimento. Nota-se que foi presenteado este princípio status de prioridade absoluta, o que

suscitou a origem de um variegado espaço de proteção revelada numa garantia constitucional. Na

lição da Procuradora Federal do Trabalho, na sua obra “Criança e Adolescente Sujeitos de Direito”,

Santos arremata (2006, p. 130)

Registre-se que a ação estatal tem de ser permanente, com recursos garantidos no orçamento

público para sua realização. Sem essa ação contínua e crescente não há como garantir os direitos

inscritos constitucionalmente e, em decorrência, a proteção integral prevista, com a prioridade

requerida.

O preceptor Antônio Carlos Gomes da Costa completa:

A doutrina da proteção integral da criança e do adolescente afirma o valor intrínseco

como ser humano; a necessidade de especial respeito à sua condição de pessoa em

desenvolvimento; o valor prospectivo da infância e da juventude, como portadora da

continuidade de seu povo e da espécie e o reconhecimento da sua vulnerabilidade o

que torna as crianças e os adolescentes merecedores de proteção integral por parte

da família, da sociedade e do Estado, o qual deverá atuar através de políticas

específicas para promoção e defesa de seus direitos (COSTA. 1992, p.19).

Ocorre que, muito embora o conteúdo constitucional traga à tona que cabe ao Estado, à família e à

sociedade, é preciso refletir que o personagem estatal é o maior responsável pela proteção integral

da criança e do adolescente, de sorte que tange principalmente a ele promover, amiudadamente, a

execução de políticas públicas eficazes, capazes de propiciar o pleno desenvolvimento dessa

parcela vulnerável da população. Com efeito, materialmente compreender a criança e o

adolescente como sujeitos em desenvolvimento, na medida em que estão vivendo experiências

novas, transformações biológicas, sociais e psíquicas, foi o que levou a inserção do Princípio da

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Proteção Integral à Criança e ao Adolescente, que, uma vez concretizada, o retira ou pelo menos

diminui, a potencialidade da delinquência infantil e da criminalidade.

A bem da verdade, nesse sentido, sem deambular muito, à medida que lidam com a crescente

diversidade e complexos aspectos de sua personalidade, os adolescentes se defrontam com

desafios psicossociais classificados por Erikson (1968) como identidade versus confusão. Para os

seguidores desta teoria do desenvolvimento, a busca pela identidade leva à principal crise da

adolescência – uma crise na qual os jovens lutam para conciliar a busca pela “consciência de sua

própria individualidade”.

Nesse sentido, como afirmou Costa (1992), a doutrina da proteção integral da criança e do

adolescente afirma o valor intrínseco como ser humano e a necessidade de especial respeito à sua

condição de pessoa em desenvolvimento, pelo que esse momento tem que ser respeitado e

preservado através de uma proteção plena para que seus conflitos, enquanto sujeito em

desenvolvimento não venha a comprometer sua vida adulta. Essa é a tônica. Doutro lado, como

propõe Ramidoff (2007, p. 83) ao Direito da Criança e do Adolescente uma propedêutica jurídica-

protetiva transdisciplinar:

O desenvolvimento da teoria jurídico-protetiva reclama, pois, uma propedêutica de

viés transdisciplinar que lhe seja específica e particularmente própria, mas, isto não

significa isolamento, e, sim, possibilidade teórica e pragmática de autonomia e

eliminação falsificacionista de tudo aquilo que ameace ou viole as condições mínimas

de existência digna das pessoas que se encontram na condição peculiar de

desenvolvimento da personalidade: crianças e adolescentes.

A Teoria da Proteção Integral sustenta Veronese (2003, p. 439), desempenha papel estruturante no

sistema na medida em que o reconhece sob a ótica da integralidade, ou seja, o reconhecimento de

todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e, ainda, direitos especiais decorrentes

da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, que se articulam, produzem e reproduzem de

forma recíproca.

Assim, a proteção integral assimila dois aspectos importantes, a uma, o reconhecimento e a

aplicabilidade de todos os direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente. A duas, a

garantia substancial dos direitos, vale dizer: o respeito a crescente à diversidade e os aspectos de

sua personalidade, ou seja, a preservação da compreensão dos desafios psicossociais enfrentados

na sua condição de uma pessoa em desenvolvimento.

Do que foi visto, é crucial, portanto, que se entenda que o PIA é um instrumento de gestão

planejamento e monitoramento da execução de um projeto socioeducativo para cada adolescente.

Ele pode funcionar também como um instrumento de garantia do direito fundamental à

individualização da medida. Pode favorecer, ademais, o diálogo entre sistema de justiça e

programa de atendimento, em cuja relação, historicamente, sempre houve muita tensão,

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especialmente por terem, um e outro, expectativas diversas quanto ao que pode e dever ser

oferecido e imposto ao adolescente submetido à medida socioeducativa.

O PIA pode também funcionar para aliviar a angústia do adolescente em face da indeterminação

temporal das medidas, subtraindo a sensação de aleatoriedade quanto ao momento em que ela

terá fim. Em suma, o Plano é um instrumento que, bem aplicado, garante mais eficiência ao

atendimento socioeducativo e cuja construção, com a participação do adolescente, já funciona

como educação para a cidadania: conscientização de direitos, clareza quanto a quem cabe atendê-

los, instrumentos para fazê-los valer. Nos capítulos que seguem, buscar-se-á refletir sobre essa

potencialidade do instrumento, começando, e com mais ênfase, no seu papel enquanto definidor e

organizador de ações necessárias a viabilizar a integração social do adolescente, contribuindo para

que possa traçar e concretizar um projeto de vida dissociado da criminalidade.

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