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Justiça Federal define que cultos afro-brasileiros, como a umbanda e candomblé, não são religião. A Justiça Federal no Rio de Janeiro emitiu uma sentença na qual considera que os “cultos afro-brasileiros não constituem religião” e que “manifestações religiosas não contêm traços necessários de uma religião”. A definição aconteceu em resposta a uma ação do Ministério Público Federal (MPF) que pedia a retirada de vídeos de cultos evangélicos que foram considerados intolerantes e discriminatórios contra as práticas religiosas de matriz africana do YouTube. O juiz responsável entendeu que, para uma crença ser considerada religião, é preciso seguir um texto base – como a Bíblia Sagrada, Torá, ou o Alcorão, por exemplo – e ter uma estrutura hierárquica, além de um deus a ser venerado. A ação do MPF visava a retirada dos vídeos por considerar que o material continha apologia, incitação, disseminação de discursos de ódio, preconceito, intolerância e discriminação contra os praticantes de umbanda, candomblé e outras religiões afro- brasileiras. “Para se ter uma ideia dos conteúdos, em um dos vídeos, um pastor diz aos presentes que eles podem fechar os terreiros de macumba do bairro”, disse o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jaime Mitropoulos. Trecho da sentença expedida: “No caso, as manifestações de religiosidade não contêm os traços necessários de uma religião a saber, um texto base (corão, bíblia etc.) ausência de estrutura hierárquica e ausência de um Deus a ser venerado. Não se vai entrar, neste momento, no pantanoso campo do que venha a ser religião, apenas, para ao exame da tutela, não se apresenta malferimento de um sistema de fé. As manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em

Justiça Federal Define Que Cultos Afro

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Page 1: Justiça Federal Define Que Cultos Afro

Justiça Federal define que cultos afro-brasileiros, como a umbanda e candomblé, não são religião.

A Justiça Federal no Rio de Janeiro emitiu uma sentença na qual considera que os

“cultos afro-brasileiros não constituem religião” e que “manifestações religiosas não

contêm traços necessários de uma religião”.

A definição aconteceu em resposta a uma ação do Ministério Público Federal (MPF)

que pedia a retirada de vídeos de cultos evangélicos que foram considerados

intolerantes e discriminatórios contra as práticas religiosas de matriz africana do

YouTube.

O juiz responsável entendeu que, para uma crença ser considerada religião, é preciso

seguir um texto base – como a Bíblia Sagrada, Torá, ou o Alcorão, por exemplo – e ter

uma estrutura hierárquica, além de um deus a ser venerado.

A ação do MPF visava a retirada dos vídeos por considerar que o material continha

apologia, incitação, disseminação de discursos de ódio, preconceito, intolerância e

discriminação contra os praticantes de umbanda, candomblé e outras religiões afro-

brasileiras. “Para se ter uma ideia dos conteúdos, em um dos vídeos, um pastor diz

aos presentes que eles podem fechar os terreiros de macumba do bairro”, disse o

procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jaime Mitropoulos. Trecho da sentença

expedida:

“No caso, as manifestações de religiosidade não contêm os traços necessários

de uma religião a saber, um texto base (corão, bíblia etc.) ausência de estrutura

hierárquica e ausência de um Deus a ser venerado.

Não se vai entrar, neste momento, no pantanoso campo do que venha a ser

religião, apenas, para ao exame da tutela, não se apresenta malferimento de um

sistema de fé. As manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem em

religiões, muito menos os vídeos contidos no Google refletem um sistema de crença –

são de mau gosto, mas são manifestações de livre expressão de opinião”.