kanban movimentaçao

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  • Rodrigo Marcelo Coelho

    IMPLANTAO E SIMULAO DO SISTEMA KANBAN

    DE MOVIMENTAO D E MATERIAIS:

    ESTUDO DE CASO NA IND STRIA ELETRN ICA DO

    SEGMENTO EMS.

    Dissertao apresentada ao Curso de P s-Gradua o em

    Engenharia de Produ o da UFMG como requisito

    para obten o do grau de Mestre em Engenharia de

    Produ o.

    Orientador: Prof. PhD. Samuel Vieira Concei o

    Belo Horizonte

    Escola de Engenharia da UFMG

    2003

  • 1

    AGRADECIMENTOS

    Esta disserta o tornou-se possvel atravs do convnio de coopera o cientfica e

    tecnol gica entre a Jabil Circuit do Brasil e o DEP UFMG. Os agradecimentos s o

    direcionados:

    diretoria da Jabil e s gerncias as quais este projeto esteve vinculado.

    Ao prof. orientador PhD Samuel Vieira Concei o, meu respeito e admira o.

    Ao prof. Darci Prado pela cordialidade e apoio nas li es dos modelos de simula o

    empregando o software ARENA .

    Paragon Tecnologia Ltda pelo empenho em disponibilizar o software

    ARENA .

    Ao prof. PhD Alexandre Bracarense que cedeu temporariamente a licena de uso

    do software ARENA para o desenvolvimento dos modelos de simula o.

    Ao prof. D.Sc. Luiz Ricardo Pinto pelas contribui es no desenvolvimento dos

    modelos de simula o do ARENA .

    Capes pelo apoio financeiro recebido durante o projeto.

  • 2

    Falando a respeito do avan o das tcnicas de manufatura japonesas: No human

    condition is ever permanent and we should not be overjoyed in good fortune .

    (Yasuhiro Monden, 1994)

  • 3

    SUM ` RIO

    LISTA DE QUADROS, FIGURAS E TABELAS .........................................................4 RESUMO......................................................................................................................5 ABSTRACT .................................................................................................................6 1 INTRODUO .........................................................................................................7 1.1 Contexto do problema .............................................................................................7 1.2 Objetivos...............................................................................................................10 1.2.1 Gerais.................................................................................................................10 1.2.2 Especficos .........................................................................................................10 2 REVISO DE LITERATURA.................................................................................13 2.1 Sistemas de manufatura .........................................................................................13 2.2 Lgicas de programao e controle da produo....................................................14 2.3 A funo Armazenagem e as atividades de picking ............................................20 2.4 Filosofia da manufatura Just in time JIT .............................................................23 2.5 Sistema Kanban ....................................................................................................25 2.6 Mecanismos de produo pull x push..............................................................28 2.7 Clculo do nmero de cartes kanbans...............................................................31 2.8 Modelagem de Sistemas utilizando Simulao.......................................................33 2.9 Mtodo de medio de tempos MOST.................................................................43 3 METODOLOGIA ....................................................................................................46 4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................50 4.1 Escopo do projeto/delimitao da pesquisa ............................................................50 4.2 Introduo .............................................................................................................51 4.3 Avaliao da estratgia de suprimento dos processos de produo.........................53 4.3.1 Matriz de macrofatores .......................................................................................53 4.3.2 Caractersticas da manufatura de PCI e PF em relao ao sistema JIC x JIT.......56 4.3.3 Introduo de novos produtos na empresa sob a tica dos sistemas JIC x JIT......57 4.3.4 Caractersticas da demanda de PCI e PF em relao ao sistema JIC x JIT...........60 4.3.5 Planejamento de materiais para produto fabricado sob encomenda......................62 4.3.6 Atividades de picking na armazenagem de materiais...........................................65 4.3.7 Concluso da avaliao da estratgia de suprimento interno................................67 4.4 Modelo Inicial de implantao do Kanban com buffer centralizado .......................68 4.5 Tcnica de simulao da linha de montagem usando ARENA..............................77 4.5.1 Clculo dos tempos de processamento usando mtodo MOST..........................78 4.5.2 Design do sistema de suprimento Kanban com buffer descentralizado ................79 4.5.3 Modelagem dos cenrios usando ARENA.........................................................85 5 RESULTADOS........................................................................................................90 5.1 Cenrio do Modelo 1 .............................................................................................95 5.2 Cenrio do Modelo 2.1 ........................................................................................101 5.3 Cenrio do Modelo 2.2 ........................................................................................104 6 CONCLUSO .......................................................................................................108 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................113 8 ANEXOS ...............................................................................................................118

  • 4

    LISTA DE QUADROS, FIGURAS E TABELAS QUADRO 1 Estratgias simples e combinadas de picking 22 QUADRO 2 Matriz de macrofatores 55 QUADRO 3 Os processos de PCI e PF em relao ao JIC x JIT 56 QUADRO 4 Introduo de novos produtos em relao ao JIC x JIT 59 QUADRO 5 Caractersticas da demanda de PCI e PF em relao ao JIC x JIT 61 QUADRO 6 Abordagem de planejamento de materiais 63 QUADRO 7 Anlise das estratgias de picking na empresa 66 QUADRO 8 Resumo dos ganhos nas estratgias de suprimento 110 FIGURA 1 Exemplo de carto kanban 26 FIGURA 2 Sistema de filas com fluxo pul l empregando kanbans 29 FIGURA 3 Sistema de filas com fluxo tradicional push 30 FIGURA 4 Esquema do Kanban centralizado 69 FIGURA 5 CI 95 % para o tamanho da fila no posto Mont 1 96 FIGURA 6 CI 95% para o tempo na fila no posto Mont 1 97 FIGURA 7 CI 95% para o tempo de trnsito no sistema 98 FIGURA 8 CI 95% para o desvio padro do tamanho da fila no posto Mont 1 98 FIGURA 9 CI 95% para o desvio padro do tempo na fila no posto Mont 1 99 FIGURA 10 CI 95% para o desvio padro do tempo no sistema 99 FIGURA 11 Grfico do No de operadores x tempo de trnsito 107 FIGURA 12 Layout e fluxo de material na linha de produo do POS 128 FIGURA 13 Foto do produto POS 129 FIGURA 14 Diagrama de blocos do Modelo 1 130 FIGURA 15 Diagrama de blocos do Modelo 2.1 131 FIGURA 16 Diagrama de blocos do Modelo 2.2 132 TABELA 1 Parmetros do sistema Kanban com buffer centralizado 72 TABELA 2 Custo de manuteno de estoque com suprimento por OPs 74 TABELA 3 Custo de manuteno de estoque com suprimento kanban 76 TABELA 4 Tempos operacionais obtidos pelo mtodo MOST 79 TABELA 5 Parmetros do sistema Kanban com buffer descentralizado 81 TABELA 6 Descrio do turno dirio de trabalho 85 TABELA 7 Relatrio simplificado do ARENA 94 TABELA 8 Tamanho e tempo mdio de fila para o Modelo 1 95 TABELA 9 Taxa de ocupao dos postos para o Modelo 1 96 TABELA 10 Tamanho e tempo mdio de fila para o Modelo 1 102 TABELA 11 Taxa de ocupao dos postos para o Modelo 2.1 104 TABELA 12 Tamanho e tempo mdio de fila para o Modelo 2.2 106 TABELA 13 Parmetros do MOST para o Movimento Geral 118 TABELA 14 Parmetros do MOST para o Movimento Controlado 119 TABELA 15 Parmetros do MOST com o uso de ferramentas manuais 120 TABELA 16 Parmetros do MOST para o posto de preparao 1 121 TABELA 17 Parmetros do MOST para o posto de preparao 2 122 TABELA 18 Parmetros do MOST para o posto de preparao 3 123 TABELA 19 Parmetros do MOST para o posto de preparao 4 124 TABELA 20 Parmetros do MOST para o posto de montagem 1 125 TABELA 21 Parmetros do MOST para o posto de montagem 2 126 TABELA 22 Parmetros do MOST para o posto de teste 127

  • 5

    RESUMO

    Esta dissertao um estudo de caso na indstria eletrnica do segmento EMS

    eletronic manufacturing service - prestadora de servios de manufatura para as

    empresas proprietrias das marcas originais.

    A volatilidade do setor e o elevado grau de obsolescncia dos produtos fazem com que a

    presso por custos baixos seja um fator de sobrevivncia no mercado globalizado. Logo,

    so bem vindas quaisquer intervenes no sistema de suprimento e manufatura que

    viabilizem aumento de produtividade ou reduo de custos.

    A integrao da rea de gesto de materiais com a funo manufatura para atingir este

    objetivo, viabilizada, neste estudo, atravs da definio da estratgia de suprimento

    interno mais adequada aos processos de manufatura da empresa, mediante ordem de

    produo convencional ou utilizando tcnicas do Just in time.

    Em um segundo momento, a modelagem do sistema de manufatura empregando tcnica

    de simulao e o software ARENA sero utilizados para avaliar a performance da linha

    de produo de um cliente particular. A performance mensurada pelo atendimento da

    demanda no tempo disponvel do turno de trabalho empregando sistema de suprimento

    JIT/Kanban e com alternativa de reconfigurao da linha de montagem variando o

    nmero de operadores.

    nfase nos mtodos para medio de tempos das operaes de montagem so fatores

    importantes na simulao, e aqui ser abordado com o uso do mtodo MOST.

  • 6

    ABSTRACT

    This writing is a case study in a special sector of eletronic industry well known as EMS.

    These eletronic manufacturing service firms provide its services of manufacturing for

    clients who are owners of the product original trademark.

    Volatility of this sector associated with a high degree of obsolescence of these products

    become pressure for low costs an important survival factor in the global market. So any

    practices in the supply system and manufacturing that increase productivity or reduce

    costs are encouraged.

    Integration of material management area with manufacturing function to reach that

    objective comes true in this study by defining the best internal supply strategy for

    manufacturing processes existing in the mill according to either the usual requisition

    orders or by using Just in time techniques with kanbans.

    Modeling of the manufacturing system will also be done by using simulation run

    technique with ARENA software in order to evaluate the performance of assembly

    line. That will be measured by demand fill rate during shift schedule using both

    JIT/Kanban system as a mean to supply assembly line and an alternative of change in

    layout by reducing number of operators.

    Time measurement methods used to collect the processing times of operations at the

    work stations are here emphasized as important factors in simulation studies and an

    approach by using MOST method will be discussed in details.

  • 7

    1 INTRODUO

    A seguinte seo apresenta uma introduo ao assunto da dissertao de Mestrado,

    incluindo o contexto ao qual o projeto de pesquisa est inserido e os objetivos da

    pesquisa.

    1.1 Contexto do problema

    O cenrio atual de intensa competitividade entre as cadeias de suprimento ultrapassa a

    competio pura e simples entre as empresas levando-as a reexaminar suas estratgias

    de gerenciamento de materiais, sistemas e mtodos de produo. Este contexto, que

    serve de base para introduzir o assunto da dissertao analisado por Bhattacharya et al.

    (1995).

    Diante deste fato, o papel da manufatura pode ser visto como uma arma de

    competitividade das empresas quando atua em sintonia com a estratgia da companhia,

    caso contrrio, pode se tornar um fardo pesado (Skinner, 1969, p. 136). O autor

    enfatiza a necessidade de romper pressupostos que tornam evidente, na grande maioria

    dos casos, o confronto entre a viso sistmica da alta gerncia e a viso um tanto mope

    da gerncia de manufatura. Eis a sua interpretao do relacionamento entre a funo

    estratgia e a manufatura:

    O propsito da manufatura servir a companhia; encontrar suas necessidades para a

    sobrevivncia, o lucro, o crescimento. A manufatura parte do conceito estratgico que conecta

    as foras e os recursos da companhia s oportunidades do mercado. Cada estratgia desenha um

    perfil nico para a manufatura e cabe esta gerncia de manufatura ter a habilidade para alcan-

    lo resultando da a chave do seu sucesso (Skinner, 1969, p.140).

    Ao longo das dcadas, percebe-se que alguma coisa mudou estreitando o

    relacionamento entre a mdia e a alta gerncia, mas a busca pela integrao entre a

    estratgia e a manufatura ainda parece presente e vlida nos dias de hoje. A dinmica do

  • 8

    mercado continua a criar demandas, a rea estratgica da empresa define o foco de

    atuao do negcio e cabe funo manufatura realiz-las.

    Nesta linha de pensamento, Papadopoulos et al. (1993) comentam que uma empresa de

    manufatura costuma lidar no dia-a-dia com problemas de tomada de deciso no mbito

    estratgico, ttico e operacional. No nvel estratgico, esto as decises relacionadas

    misso da empresa e os seus objetivos de longo prazo tais como a localizao de plantas

    industriais, aquisio de novos recursos e introduo de novas tecnologias e produtos.

    As decises de nvel ttico situam-se em um horizonte de planejamento mais estreito

    que varia de semanas a meses e servem geralmente de input para as decises de longo

    prazo. Elas dizem respeito ao tipo de sistema de fabricao (produo em massa ou em

    lotes), ao modelo de produto a ser fabricado e ao volume a ser produzido.

    Finalmente, as decises de nvel operacional tomadas no ambiente do cho de fbrica

    so aquelas de curto prazo podendo variar de horas at dias e geralmente esto

    relacionadas alocao dos recursos recuperveis (mquinas) para a transformao dos

    recursos irrecuperveis (matrias-primas e componentes) em produtos acabados -

    throughput 1. Os problemas de alocao de recursos envolvem as atividades de

    seqenciamento de lotes de produo scheduling - que competem por recursos

    escassos tambm comumente chamados de recursos com capacidade finita.

    O presente projeto de pesquisa caracteriza-se, ento, como um problema de tomada de

    deciso de carter essencialmente estratgico e ttico baseado no design do sistema de

    suprimento que, assim como todos os problemas de design, so decises que tm efeito

    de longo prazo e so planejadas em um horizonte de tempo superior com durao de

    anos. Esto includas neste exemplo as modificaes de layout na linha de montagem,

    bem como as mudanas no sistema de produo e controle de suprimento. O projeto de

    simulao da linha de montagem tem uma atuao mais direta na tomada de deciso de

    nvel ttico. Assim que forem propostos os modelos de layout da linha de produo e de

    alocao do buffer para o suprimento, procede-se simulao do modelo para avaliar as

    condies de operao da linha de produo. Este tipo de simulao de linha de

    1 Throughput transforma o de materiais e componentes em produto acabado.

  • 9

    montagem conhecido como simulao terminal com incio e trmino do turno bem

    definidos. Finalmente, o modelo proposto pode ser validado mediante um atributo de

    desempenho, decidindo pela sua implementao ou ento pode ser rejeitado.

    Uma introduo ao conceito dos principais tipos de sistemas de manufatura torna-se a

    partir deste ponto necessria para a compreenso do contexto, objeto de estudo da

    dissertao. Os sistemas de manufatura podem ser classificados em sistemas de

    fabricao em lote e sistemas de processo contnuo tais como os processos qumicos e

    petroqumicos. Nesta dissertao, apenas sero abordados os sistemas de fabricao em

    lotes de produo.

    O sistema convencional de manufatura JIC - Just in case - baseado nas configuraes

    clssicas da estrutura do processo produtivo como o modelo da linha de montagem em

    massa Fordista, o job shop2 e o flow shop3. A fabricao em massa caracteriza-se por

    manusear lotes de alto volume de produo e baixa variedade de produtos. O job shop

    capaz de lidar com um mix maior de produtos custa de um volume mais reduzido

    devido complexidade dos roteiros existentes no ambiente produtivo. A caracterstica

    principal do JIC empurrar o material ao longo do processo produtivo, resultando em

    excesso de inventrio no cho de fbrica.

    O sistema de fabricao alternativo chamado JIT - Just in time - apresenta lotes de

    menor volume de produo e capacidade limitada quanto variedade de produtos, com

    postergao da diferenciao do produto no final da linha de produo. Neste caso,

    explora-se a similaridade dos componentes empregados nos modelos que compem o

    mix de produtos. Por outro lado, h maior freqncia de suprimento da linha de

    produo e conseqentemente reduo na quantidade de inventrio em processo.

    2 Job shop um conjunto de mquinas diferentes que executa tarefas em um conjunto de lotes de produo (jobs) e cuja sequncia pode variar para cada job (Pinedo, 1994) 3 Flow shop um conjunto de mquinas que executa tarefas em um conjunto de lotes de produo (jobs) cuja sequncia de processamento a mesma para todos os jobs. (Pinedo, 1994)

  • 10

    Conectando o design de um sistema de suprimento mais adequado a um processo

    particular de manufatura e uma tcnica para avaliar o desempenho deste mesmo

    processo, ser apresentado uma introduo tcnica de simulao. Pode-se dizer que a

    simulao consiste em uma tcnica de modelagem de natureza descritiva que permite

    prever o comportamento e medir a performance de um sistema real em um ambiente

    virtual empregando um recurso computacional de hardware e software.

    1.2 Objet ivos

    Os objetivos desta dissertao esto classificados em objetivos gerais e especficos. Os

    primeiros descrevem o que ser feito ao longo da exposio deste trabalho de pesquisa,

    enquanto os objetivos especficos iro mostrar como os objetivos gerais sero atingidos.

    1.2.1 Gerais

    i. Avaliao da estratgia de suprimento interno mais adequada aos processos de

    fabricao do produto do cliente em uma empresa prestadora de servios de

    manufatura do segmento eletrnico.

    ii. Anlise de performance da linha de produo, mediante o sistema de suprimento

    JIT/kanban como modelo alternativo aos modelos tradicionais que visa reduo de

    inventrio em processo e a preveno de perdas. Em se falando principalmente de

    empresas prestadoras de servio de manufatura eletrnica, segmento de mercado

    altamente voltil cujos produtos apresentam alto grau de obsolescncia, a presso por

    custos baixos uma realidade.

    1.2.2 Especficos

    i. Elaborar uma metodologia para avaliar a estratgia de suprimento interno mais

    adequada ao processo de produo de placas de circuito integrado (PCI) e processo

    de montagem de produto final (PF), mediante a construo de uma matriz de

    direcionadores da estratgia de suprimento.

  • 11

    ii. Simular a rotina de uma linha de montagem de terminais de cartes magnticos,

    doravante denominados POS point on sale - FIG. 13 do Anexo 4. O objetivo da

    simulao analisar a performance da linha de produo, mensurada por meio do

    atendimento da demanda solicitada, durante o tempo disponvel do turno de trabalho,

    mediante alternativa de configurao da linha de montagem, alterando o nmero de

    operadores . A linha de produo utiliza sistema de suprimento Kanban e est sujeita

    a uma restrio de capacidade do buffer. Os parmetros do sistema que influenciam

    na taxa de produo da linha de montagem so:

    Nmero de operadores na linha de montagem.

    Nmero de cartes kanbans no sistema.

    Tamanho dos contineres ajustados aos kanbans.

    Tempos de processamento das operaes de montagem.

    Tempo entre chegada dos lotes de material na linha de produo.

    Tempo de ciclo da linha de montagem.

    Tempo disponvel no turno de trabalho.

    Tempo de segurana para proteo contra incertezas no sistema.

    Os modelos propostos constituem-se em modelos sem restrio de capacidade do buffer

    e com restrio de capacidade do buffer responsveis pelo suprimento da linha de

    preparao e montagem do produto POS padro. O nvel de material em processo -

    WIP - Work in Process 4 mensurado pelo tamanho mdio da fila de peas semi-

    acabadas que aguardam processamento nos postos de servio. Esta varivel ser

    parametrizada por meio de uma especificao de projeto do buffer. A reduo no nvel

    de WIP desejvel, haja vista que os postos de montagem do produto apresentam

    restrio de capacidade. Exatamente dois modelos de alocao de buffer sero

    apresentados:

    4 Work in process toda pea semi-acabada alocada nos postos de servio da rea de produo e que ainda no foi totalmente processada para atingir a condio de produto acabado.

  • 12

    A proposta inicial um modelo de suprimento sem restrio de capacidade do

    buffer em que o tamanho das filas e o tempo mdio de espera nas filas dos postos de

    servio no so fatores restritivos para o fluxo normal da linha de produo. Este

    modelo ser utilizado como uma aproximao inicial para avaliar o tamanho das

    filas.

    A proposta alternativa consiste na simulao de dois cenrios que apresentam uma

    restrio de tamanho para o buffer no posto identificado como gargalo na linha

    de montagem, propondo uma configurao de linha diferente ao variar o nmero de

    operadores.

  • 13

    2 REVISO DE LITERATURA

    A presente seo relaciona a teoria bsica que embasa o assunto da dissertao

    mencionando as principais fontes bibliogrficas consultadas para a elaborao da

    dissertao.

    2.1 Sistemas de manufatura

    Womack et al. (1990) relatam que o surgimento e a implementao do sistema de

    fabricao em massa se deu na linha de montagem da indstria automobilstica no incio

    do sculo XX, por Henry Ford. A linha de montagem em massa permitia a fabricao

    em larga escala, em substituio ao modelo quase artesanal de montagem do automvel

    at ento vigente na primeira dcada do sculo XX. O sistema de Ford produzia em

    massa o automvel - modelo T - fato que permitiu pela primeira vez na histria

    popularizar um bem de consumo, em uma sociedade que emergia com a mesma

    velocidade das mquinas que moviam em ritmo acelerado as fbricas, que se tornaram

    smbolo da segunda fase de industrializao da era moderna a partir de 1900.

    Esta sociedade renovada e em constante transformao do incio do sculo XX rompia

    definitivamente relaes de trabalhos arcaicas com a aristocracia decadente do final do

    sculo e estabelecia no ambiente de fbrica uma nova relao empregatcia entre patres

    e empregados. A nova classe trabalhadora estava disposta a enfrentar os desafios

    impostos pela especializao do trabalho nas linhas de montagem, mas, em

    contrapartida, reivindicava melhoria no poder de compra dos salrios e acesso aos bens

    que produziam. Henry Ford captou bem a necessidade daquele enorme potencial de

    mercado, antecipando-se aos seus concorrentes pronto atendimento para uma demanda

    reprimida.

    O sistema de fabricao em massa resistiu com sucesso durante as primeiras cinco

    dcadas como modelo bsico de produo e, j no incio da dcada de 1960, mostrava

  • 14

    sinais de desgaste de tal modo que outros modelos come aram a surgir como

    alternativa ao sistema de Ford.

    Monden (1994) comenta que o primeiro exemplo bem sucedido de manufatura

    alternativa ao modelo Fordista vigente foi implantado na f brica automotiva da Toyota

    Motor Company no Jap o, a partir da dc ada de 1960. As novas propostas de gest o da

    produ o implementadas pelo vice-presidente da companhia Taiichi Ohno geraram um

    arcabou o de teorias que foram reunidas e originaram um novo conceito de produ o,

    chamado sistema de manufatura Just in time.

    Os tp icos seguintes contrastam as principais id ias contidas no sistema de produ o

    JIT, concebidos inicialmente na montadora de autom veis Toyota, e os remotos

    modelos de produ o tradicionais.

    2.2 Lgicas de programao e controle da produo

    De acordo com Vollmann et al. (1991), os sistemas de planejamento e controle da

    produ o s o ferramentas de apoio tomada de decis o em rela o ao processo de

    manufatura, incluindo materiais, m quinas, m o-de-obra, fornecedores, etc. Tanto o

    processo de manufatura quanto os sistemas de apoio para planejamento e controle da

    produ o s o projetados para satisfazer as demandas do mercado e apoiar a estrat gia

    global da companhia tornando-a mais competitiva.

    Corr a et al. (2000) comentam que os sistemas de planejamento e controle da produ o

    - PCP - fazem parte de um sistema mais geral que coordena o fluxo de informa es

    dentro da empresa e chamado de ERP - Enterprise Resources Planning. Os sistemas

    ERP agregam mdu los para gerenciamento de informa es das seguintes reas:

    Compras, Engenharia, Controle de Invent rio, Gest o da Demanda;

    Planejamento Mestre da Produ o - MPS - Master Planning Schedule;

    Planejamento das Necessidades de Materiais - MRP e MRP II - Material Resources

    Planning;

  • 15

    Planejamento de Capacidade dos Recursos de Produo - CRP - Capacity Resources

    Planning;

    Controle de Fabricao - SFC - Shop Floor Control;

    Corra et al. (2000) explicam que o MPS um planejamento em nvel superior para

    atender s necessidades de produtos finais da linha de produo. A demanda do

    mercado sinalizada constantemente pelo departamento de vendas e marketing que

    repassa equipe de planejamento as informaes necessrias para organizar um plano

    de produo peridico em que os produtos agregados em categorias so efetivamente

    desdobrados em itens individuais.

    De acordo com o conceito da APIC - American Production and Inventory Control

    Society, o programa mestre de produo no uma previso de vendas que representa uma declarao

    de demanda. [...] uma representao combinada de previses de demanda, pendncias, o programa-

    mestre em si, o estoque projetado disponvel, e a quantidade disponvel para promessa (Corra et al.,

    2000, p. 197).

    Diante disto, entende-se que o plano mestre de produo representa mais uma inteno

    de atender a uma expectativa de mercado do que uma declarao concreta e firme de

    demanda. Isto se deve muito ao problema clssico de distoro e propagao da

    informao da demanda na cadeia de suprimento conhecido como Efeito Forrester e

    publicado no Industrial Dynamics por Forrester (1961). Este fenmeno tambm citado

    por Lee et al. (1997) como Bullwhip Effect e est relacionado com o efeito de propagar

    a distoro do verdadeiro parmetro de demanda ao longo da cadeia de suprimento

    (varejo, fornecedor, fabricante). O elo da cadeia de suprimento localizado numa posio

    a jusante (downstream) sinaliza a demanda de forma pouco precisa ao elo posicionado a

    montante (upstream) e isto se propaga ao longo da cadeia. Este fenmeno causa

    desequilbrios entre suprimento e demanda gerando necessidade de estoques

    intermedirios entre os elos da cadeia. E no entendimento da moderna Engenharia de

    Produo, os estoques so fatores que devem ser minimizados.

    Os registros do MPS contabilizam dados relativos demanda, ao estoque projetado e

    disponvel em determinada data futura e ao estoque j comprometido para atender a

  • 16

    uma demanda efetivada. As ordens de produ o planejadas OPs s o executadas

    pelo mdu lo de planejamento do sistema ERP. Uma ordem de produ o planejada se

    transforma em uma ordem de produ o confirmada para atender a uma necessidade em

    uma data predeterminada atrav s do aval do programador de produ o. Uma ordem de

    produ o confirmada aberta ou disparada para acionar um processo produtivo

    autorizando a aloca o de recursos para a fabrica o de um item.

    O conceito de c lculo das necessidades de materiais baseia-se na id ia de que, em se

    conhecendo todos os componentes que comp em a estrutura de um produto, o fator de

    uso e os tempos de obten o de cada um deles (lead times) pode-se, com base em um

    horizonte de planejamento futuro, calcular a quantidade de material estritamente

    necess ria para a fabrica o do item e o momento exato em que os materiais devem

    estar disponveis para a produ o. Logo o MRP uma ferramenta de planejamento das

    necessidades de materiais e componentes que fazem parte da estrutura de produto de

    itens finais e, assim como o MPS, faz parte do pacote computacional que integra os

    sistemas ERP.

    Os registros do MRP contabilizam as necessidades brutas de cada perodo

    correspondentes sada de material do estoque necess rio para atender uma ordem de

    produ o. Os recebimentos programados s o futuras entradas de material no estoque. A

    abertura de uma ordem planejada corresponde coloca o de uma ordem para cobrir

    necessidade futura. O recebimento de ordens planejadas a quantidade de material que

    dever estar disponvel no incio de cada perodo, caso naquela data o estoque projetado

    seja insuficiente para atender s necessidades brutas. O estoque projetado no final de

    cada perodo de programa o corresponde ao estoque do perodo anterior adicionado

    das entradas e deduzido das sadas de material. A fun o Planejamento e Controle de

    Produ o trabalha com a seguinte equa o de balan o entre estoque (I), produ o (P) e

    demanda (D):

    I0 + P = D + If

    As parcelas I0 e If representam, respectivamente, o estoque disponvel no incio e no

    final de cada perodo de planejamento da produ o. Vollmann et al. (1991) comentam

  • 17

    sobre as seguintes abordagens de planejamento de materiais empregadas no sistema de

    manufatura convencional e no sistema Just in time.

    O planejamento de materiais escalonado no tempo adequado para produto

    fabricado em ampla variedade e baixo volume. Esta opo de planejamento de

    materiais utiliza a base de dados do MPS e do MRP e baseia-se na exploso de

    necessidades, criando tanto ordens de compra de componentes quanto ordens de

    produo dos lotes em um ambiente de manufatura tipo job shop. O seqenciamento de

    uma variedade de lotes no cho de fbrica varia de acordo com a carga de trabalho de

    cada estao de servio; o material em processo mantido em alto nvel para maximizar

    a utilizao da capacidade do centro de processamento. O planejamento executado

    nvel a nvel na lista de materiais atualizando periodicamente em uma base diria ou

    semanal a entrada e sada de componentes do inventrio. Para isso leva-se em

    considerao os lead times de compra e de produo a fim de priorizar as atividades de

    seqenciamento dos lotes.

    O planejamento de mater iais baseado em taxas de produ o apropriado para

    ambientes de manufatura repetitiva JIT como as linhas de montagem e outros sistemas

    de produo em fluxo. O principal objetivo estabelecer metas de taxa de produo

    para cada centro de trabalho de modo a permitir um fluxo contnuo de materiais, sem

    paradas da linha de produo. Neste caso de baixa variedade de produtos, o

    planejamento se d em um nico nvel da lista de materiais que usada para converter o

    plano mestre de produo, baseado em taxa de produo em plano de materiais que

    especifica as taxas de fluxo apropriadas para cada componente.

    O MRP II uma extenso do MRP que leva em considerao a capacidade dos recursos

    disponveis (mquinas e equipamentos) no momento de executar o programa MRP. Os

    sistemas MRP baseiam-se nos lead times de compra dos materiais dos fornecedores para

    programar a produo no mdio prazo atravs do planejamento de produo escalonado

    no tempo, enquanto os lead times de fabricao so utilizados na liberao das ordens

    de produo.

  • 18

    Karmarkar (1987) comenta a vantagem de aferir a performance da manufatura em

    termos dos lead times de produo do que em relao ao percentual de utilizao da

    capacidade, haja vista que este costuma ser varivel ao longo do tempo. Alta utilizao

    de capacidade requer maior tempo de processamento em funo do tamanho maior do

    lote de fabricao, e indisponibilidade de capacidade do processo causa atrasos no

    processamento do lote. O pressuposto que os lead times de fabricao so o resultado

    direto das limitaes de capacidade. De uma maneira geral, quanto maior o lead time

    maior o nvel de inventrio em processo. Quanto maior a variabilidade do lead time e

    da previso de demanda maior o nvel de estoque de segurana. Atrasos (delays) de

    alta variabilidade dificultam a coordenao entre linhas de montagem de um produto

    que sucedem um processo de fabricao de peas. H casos em que delays entre

    fabricao e utilizao podem comprometer a qualidade do produto e aumentar as

    chances de perdas fsicas. Longos lead times podem comprometer a data planejada para

    entrega do lote levando perda de competitividade da empresa no mercado.

    Corra et al. (2000) reportam que outras lgicas alternativas ou uma combinao delas

    contriburam nos ltimos tempos para aprimorar o gerenciamento dos ambientes de

    manufatura como por exemplo o JIT/kanban e o sistema hbrido MRP/JIT.

    Segundo os autores, os sistemas hbridos de gesto da produo so aqueles que

    utilizam mais de uma lgica bsica e trabalham de forma integrada tais como MRP/JIT.

    Estes sistemas utilizam a lgica de programao do MRP para planejamento das

    necessidades de materiais necessrios para atender as ordens de produo provenientes

    do cho de fbrica. O JIT atua como a ferramenta de execuo responsvel pela

    movimentao interna e controle de material na linha de produo.

    Stockton & Lindley (1994) argumentam que o controle integrado de kanban e MRP II

    pode ser til em ambientes de manufatura com alta variedade e baixo volume. O MRP II

    utiliza dados do MPS e da lista de materiais para gerar as necessidades de componentes

    individuais. O lead time das clulas de produo usado como input para planejar as

    datas de liberao das ordens de produo no cho de fbrica, que recebe os materiais

    por meio de uma sinalizao de kanban.

  • 19

    Krajewski et al. (1987) utilizaram um mtodo de simulao para comparar a

    performance entre trs sistemas de inventrio: um deles gerenciado pelo MRP, o

    segundo gerencia o inventrio com base no ponto de ressuprimento e o outro emprega

    kanban. Foi utilizada uma matriz para avaliar o nvel de influncia de um conjunto de

    fatores em cada sistema de suprimento, de modo que cada fator composto por um

    conjunto - clusters - de dois ou mais indicadores. Dentre os fatores analisados tm-se a

    gesto da demanda, influncia do fornecedor, influncia dos mecanismos de estoque

    (buffers), estrutura de produto - BOM - bill of material, estrutura do processo quanto

    rota de seqenciamento nos meios de produo (flow shop, job shop), inventrio, alm

    de outros fatores. Cada fator tem um impacto diferente, exercendo maior ou menor

    intensidade na performance de cada sistema que medida por meio do nmero total de

    horas semanais exigidas, custo semanal de gesto de inventrio em processo e nmero

    total de semanas de suprimento de itens finais necessrio para satisfazer uma

    determinada previso de demanda. Como j era esperado, o sistema Kanban mostra-se

    atravs deste mtodo de simulao como uma ferramenta adicional para reduo de

    inventrio, aumento de produtividade e do nvel de atendimento ao consumidor.

    Ding & Yuen (1991) empregaram a linguagem de simulao GPSS para analisar o

    comportamento de sistemas de gesto da produo que empregam ambas as lgicas de

    programao do MRP e Kanban.

    O sistema MRP modificado em coexistncia com kanban necessita de um tratamento

    especial para lidar com os dados controlados pelo sistema Kanban, a fim de manter a

    acurcia do sistema MRP como um todo. No MRP modificado, a liberao de uma pea

    gerenciada pelo sistema kanban registrada no arquivo do programa MRP toda vez que

    um continer esvaziado em um sistema kanban composto de vrios cartes e com cada

    carto anexado a um continer. O kanban anexado ao continer vazio funciona como

    um gatilho que ordena a produo de peas de outro continer.

    No sistema que opera com carto nico para um lote de peas, o ponto de ressuprimento

    o gatilho que informa ao sistema MRP o momento da necessidade das peas. Os

  • 20

    pesquisadores simularam a explos o no MRP de peas controladas por meio de kanbans

    apresentando regras efetivas para se estabelecer o tamanho do lote.

    O estudo de Karmarkar (1986) citado pelos autores no presente trabalho de pesquisa,

    ao qual ele sugere uma estrutura de integra o entre o MRP e o sistema kanban de modo

    que a fun o do MRP apenas fazer ajustes no nmero de kanbans quando necess rio.

    Assim a explos o de pe as no MRP pode ser eliminada e todas as libera es de peas

    nos est gios de produ o s o feitas por meio de kanbans.

    Rees et al. (1989) simularam o seq enciamento de lotes em um ambiente de produ o

    composto por esta es de trabalho com apenas uma m quina. A linguagem FORTRAN

    foi utilizada para testar a efic cia do sistema kanban de suprimento em compara o ao

    sistema tradicional de abastecimento lote a lote gerenciado pelo MRP. A medida de

    performance para os dois sistemas baseou-se em uma abordagem de custos relacionados

    com invent rio, custos de setup e custos de falta. Os autores concluram que a

    implementa o de kanban neste ambiente especfico com tempos de ciclo pequenos

    reduziu tanto o tempo de setup quanto os custos totais . Da mesma maneira, quando o

    tempo de setup e o tempo de ciclo s o curtos em um ambiente gerenciado pelo MRP, os

    custos totais tamb m podem ser reduzidos.

    2.3 A funo Armazenagem e as atividades de picking

    A fun o armazenagem respons vel por receber os componentes e materiais externos

    f brica, acondicion -los em perfeitas condi es no dep sito e transferi-los para a

    produ o quando uma requisi o de material for solicitada. No mbito do suprimento

    interno, compreendem-se atividades de picking aquelas relacionadas com a separa o,

    coleta e transporte de materiais do dep sito at a rea de produ o. Mulcahy (1994)

    apresenta uma s rie de considera es a respeito de configura es de layout de

    armaz ns, formas de disposi o de materiais, tipos de transportadores mais adequados,

    mas n o ser aqui apresentada, pois vai al m do escopo deste projeto.

  • 21

    Entretanto, convm lembrar que o grau de complexidade das tarefas e o esforo exigido

    do operador de picking na execuo destas atividades esto relacionados principalmente

    com as distncias a serem percorridas no armazm de materiais, o mix de produtos, o

    layout do armazm, a disposio dos materiais nos racks, o tipo de transportador

    utilizado (paleteira motorizada, manual).

    Rodrigues (1999) comenta que cerca de 60% do tempo de um operador de picking so

    gastos com movimentao, 20% correspondem coleta dos produtos, 10% esto

    relacionadas procura do material no armazm e os 10% restantes dizem respeito

    documentao e contagem dos produtos que compem a lista da requisio de materiais.

    O autor sugere quatro estratgias de picking bsicas que podem ser combinadas

    permitindo um melhor desempenho da atividade de coleta. So elas:

    O picking discreto caracteriza-se por apresentar uma nica coleta durante o turno de

    trabalho do operador (um ou mais operadores) que visita sees do depsito com

    uma requisio de materiais composta por um mix de produtos, para apanhar

    individualmente cada um dos produtos.

    O picking por lote um tipo de coleta em que as requisies de material so

    agrupadas em lotes conforme o nmero de itens similares das requisies. Desse

    modo, cada operador pode executar mais de uma requisio por vez em um nico

    perodo de coleta.

    O picking por zona explora a coleta de acordo com o layout do depsito onde os

    produtos esto separados em zonas. Neste caso, cada operador responsvel por

    apanhar tipos de produtos diferentes da lista de materiais uma nica vez durante o

    turno de trabalho.

    O picking por onda utiliza mais de um perodo de agenciamento para executar a

    coleta das requisies de material durante o turno, e cada operador responsvel

    para apanhar um tipo de produto por vez.

  • 22

    O QUADRO 1 seguinte apresenta algumas estratgias para coleta de materiais

    (picking).

    QUADRO 1

    Estratgias simples e combinadas de picking

    Procedimento de Picking Caractersticas

    1. Discreto 1 operador para cada requisio de material

    1 produto por vez

    1 coleta por turno

    2. Zona mais de um operador por requisio

    1 produto por vez

    1 coleta por turno

    3. Lote 1 operador para cada requisio

    mais de um produto por vez

    1 coleta por turno

    4. Onda 1 operador para cada requisio

    1 produto por vez

    mais de uma coleta por turno

    5. Zona-Lote mais de 1 operador por requisio

    mais de 1 produto por vez

    1 coleta por turno

    6. Zona-Onda mais de 1 operador por requisio

    1 produto por vez

    mais de 1 coleta por turno

    7. Zona-Lote-Onda mais de 1 operador por requisio

    mais de 1 produto por vez

    mais de 1 coleta por turno

    FONTE RODRIGUES, 1999.

  • 23

    2.4 Filosofia da manufatura Just in time JIT

    Fullerton & McWatters (2001) desenvolveram uma pesquisa utilizando a tcnica de

    survey sobre os benefcios advindos na performance da produo com a implementao

    do JIT e, neste trabalho, apresentam o Just in time segundo a viso e a interpretao de

    alguns autores.

    O Just in time uma filosofia de manufatura desenvolvida pelos japoneses que

    representa um ideal esttico, um estado natural de simplicidade ao se referir

    eficincia da produo (Zipkin, 1991, p. 42).

    O JIT no um ritual oriental misterioso, mas ao contrrio disso uma maneira de

    operar a produo dando alta prioridade ao fator tempo como jamais se havia dado

    ateno antes (White & Rush, 1990).

    O conceito de Just in time, sem dvida, evoluiu de uma tcnica de manufatura para

    uma filosofia legtima de gesto, ou seja o JIT finalmente atingiu a maturidade

    (Gleckman et al., 1994).

    Monden (1981) argumenta que os pilares do sistema de produo Toyota foram

    construdos sobre um conjunto de prticas chamadas Just in Time e a concepo de um

    mecanismo de preveno de defeitos na linha de montagem (autonomation). Este

    mecanismo consiste em uma checagem autnoma do equipamento, a fim de identificar

    alguma anormalidade no processo, utilizando um dispositivo de instrumentao e

    controle.

    Monden (1994) comenta que o propsito das prticas Just in time na Toyota obter

    lucro com a atividade de manufatura atravs da reduo de custo ou melhoria da

    produtividade. Esta meta pode ser atingida por meio da eliminao de desperdcios

    relacionados ao excesso de recursos de produo (mo-de-obra, equipamentos, estoque

    de matrias-primas) e ao excesso de estoque de produto acabado. Este procedimento

  • 24

    associado a outras prticas como o controle de qualidade em todas as etapas de

    fabricao, a flexibilidade de mo-de-obra na execuo de tarefas multifuncionais e a

    organizao da rea de trabalho constituem uma busca de melhoramento contnuo do

    processo produtivo (kaizen). A Toyota enfatiza, ainda, combater as ineficincias

    geradas pelos altos custos provenientes do tempo excessivo gasto na preparao de

    mquinas (setup time), do tempo de parada programada de equipamentos (down time),

    em caso de manuteno e do tempo de parada relacionado com a quebra de mquinas

    (failure).

    A filosofia JIT se resume na implementao de algumas prticas de trabalho e mtodos

    que tornam a manufatura mais flexvel. Podem ser citados a taxa de produo suavizada

    e em fluxo contnuo, sinalizada de acordo com a demanda de mercado, pequenos lotes

    de produo que reduzem o lead time de fabricao, reduo do tempo de setup

    garantindo alcanar taxas de produo mais suaves, evitando atrasos nas datas de

    entrega do lote de fabricao, mo-de-obra multifuncional, layout modular ou celular

    flexvel que explora a similaridade de itens fabricados em uma mesma estao de

    trabalho.

    A recomendao do Just in time, quanto disposio celular do layout orientado ao

    produto, comentada por Schomberger (1983) que aponta cinco vantagens principais no

    uso de clulas de trabalho em forma de U, em oposio orientao em linha reta:

    flexibilidade de mo-de-obra, disponibilidade da equipe de trabalho para resolver

    problemas locais na clula de trabalho, retrabalho da pea defeituosa na mesma clula,

    desobstruo da rea de produo para trnsito de pessoal e veculos de transporte de

    materiais, trajetria curta para uso e manuseio de ferramentas.

    De uma maneira geral, pode-se dizer que a caracterstica principal do Just in time

    consiste em fornecer a quantidade estritamente necessria de um item, em tempo hbil e

    no devido centro de processamento, atendendo ambas as expectativas de qualidade e de

    integridade do item de consumo.

  • 25

    De acordo com Monden (1994), o princpio bsico do sistema Just in time ainda

    continua o mesmo desde a sua implantao na Toyota Motor Company, mas introduziu

    adaptaes ao longo das dcadas, tomando novas formas, e incorporou recursos

    provenientes da tecnologia integrada pelo uso do computador - CIM - Computer

    Integrated Manufactur ing com os sistemas de informao da empresa - ERP -

    Enterprise Resources Planning, interconectando em rede a funo manufatura com o

    marketing e fornecedores.

    2.5 Sistema Kanban

    O mecanismo de controle da produo ou de movimentao de materiais no sistema de

    manufatura Just in time o kanban. Esta palavra de origem japonesa significa um

    sinalizador visual tal como uma etiqueta ou carto. No contexto do sistema de

    manufatura Just in time, o kanban representa um carto contendo um cdigo

    alfanumrico que identifica o item, a descrio do item, a quantidade movimentada do

    item ou a quantidade a ser produzida em um posto de trabalho, podendo possuir ou no

    um cdigo de barras que faz a interface com o sistema de informao ERP.

    De acordo com Monden (1994), os principais tipos de kanbans utilizados no ambiente

    de produo JIT so: kanbans de retirada withdrawal kanbans que especifica o tipo

    e a quantidade de produto que o processo subseqente retira do processo antecedente. O

    segundo tipo o kanban de produo - production ordering kanban ou in-process

    kanban - que especifica o tipo e a quantidade de itens que devem ser fabricados pelo

    processo antecedente. Outro tipo bem conhecido o kanban de requisio de material -

    mater ial requisition kanban - responsvel pelo suprimento de material necessrio para

    a fabricao de um determinado lote de produo. Um outro modelo de kanban bastante

    utilizado o kanban visual signal kanban que vem anexado a um nico continer

    dentre todos aqueles que compem a pilha do lote total. Durante a operao da linha de

    produo, as retiradas de material so feitas normalmente at uma determinada posio

    correspondente ao ponto de ressuprimento do lote e que identificada por este kanban

    visual. A partir da, uma nova ordem de produo ou kanban deve ser emitido a fim de

    repor o lote. Outros tipos e variaes de modelos de cartes - kanbans - so

  • 26

    amplamente relatadas por Monden (1994) e no sero aqui comentados pois vo alm

    do escopo deste trabalho de dissertao. Convm lembrar que os principais tipos de

    kanban representam sempre uma ordem de produo de um item ou uma ordem de

    movimentao de materiais ou componentes.

    A FIG.1 a seguir mostra um exemplo de carto kanban - destinado movimentao

    de material do estoque para a linha de produo na empresa, foco de estudo deste

    projeto.

    FIGURA 1 - Exemplo de carto kanban

    O sistema de manufatura JIT procura trabalhar com lotes cada vez menores e maior

    freqncia de abastecimento da linha de produo. A implementao de kanbans no

    ambiente de produo JIT visa reduo gradativa no tamanho dos contineres at um

    limite ideal de maneira a obter um lote de tamanho unitrio. Isto equivale a uma perfeita

    sincronizao entre taxas de produo e suprimento com eliminao total de inventrio

    em processo.

    O autor sugere algumas regras usadas, em particular na Toyota Motor Company, e que

    do suporte para que o sistema Kanban possa atingir com eficcia o propsito do Just in

    time:

    C digo: BOX 1012

    Descri o do componente

    Quantidade: 50 Un

  • 27

    Regra 1: O est gio subseq ente deve retirar do est gio precedente apenas a quantidade

    necess ria do item de consumo e no momento exato da necessidade.

    Deste modo, devem ser proibido a es que se traduzam em retirada de material sem um

    kanban correspondente ou retirada de material em quantidades maiores que aquela

    solicitada no cart o e, finalmente, a todo kanban deve ser anexado um componente ou

    produto fsico.

    Regra 2: O est gio precedente deve produzir apenas a quantidade necess ria que ser

    retirada pelo processo subseq ente.

    Regra 3: Um produto ou material defeituoso nunca deve ser enviado ao est gio

    subseq ente.

    Regra 4: O n mero de kanbans no sistema deve ser minimizado.

    Regra 5: O sistema Kanban deve ser auto-ajust vel, ou seja, capaz de adaptar-se a

    pequenas varia es de demanda.

    A experi ncia da Toyota mostra que varia es de demanda de at 10 % podem ser

    contornadas mudando apenas a freq ncia de transfer ncia de material de um est gio ao

    outro no caso de kanbans de produ o, ou mudando a freq ncia de transfer ncia de

    itens do estoque de componentes para a linha de produ o no caso de kanbans de

    movimenta o de materiais. A inclus o ou retirada de cart es no sistema exige todo um

    procedimento de recalcular os par metros do sistema Kanban (demanda, tempo de

    seguran a, tamanho do cont iner) e por isso ela deve ser evitada sempre que for

    possvel. Logo, deve ser verificado se existe acurc ia nos dados de previs o de demanda

    no m dio prazo, a fim de ajustar a produ o di ria capacidade de produ o e manter

    sempre o foco em a es de melhoria no processo de manufatura.

  • 28

    2.6 Mecanismos de produ o pull x push

    Primeiramente, sero introduzidos alguns conceitos de tipologias de fabricao antes de

    caracterizar o mecanismo de puxar a produo pull - tpica do sistema de manufatura

    JIT em oposio ao mecanismo de empurrar a produo push - que identifica o

    sistema de manufatura convencional.

    De acordo com Papadopoulos et al. (1993) e Vollmann et al. (1991), so conhecidos

    basicamente trs tipos de fabricao de produtos destinados a atender um determinado

    nicho de mercado.

    O primeiro refere-se a produtos fabricados para estoque (make to stock) que so tpicos

    do sistema de manufatura convencional. Devido impossibilidade de previso exata da

    demanda de mercado, estes produtos geralmente exigem a presena de um estoque

    intermedirio (buffer) entre o mercado consumidor e a fbrica. Podem ser citados como

    exemplo os bens de consumo de higiene e limpeza em geral.

    O segundo tipo de produto aquele fabricado sob encomenda (make to order) para

    atender a um pedido especfico de determinado cliente e por esta razo a demanda

    conhecida com preciso. A fbrica mantm estoques de todos os materiais e

    componentes necessrios para a fabricao do produto, mas no h estoque de produto

    acabado at que um pedido seja colocado para atender a uma demanda personalizada de

    um cliente especfico. A fabricao de um lote de autopeas originais para um

    determinado modelo de automvel a pedido de uma montadora em particular um

    exemplo disto.

    Outro tipo de produto aquele cuja montagem final feita sob encomenda (assemble to

    order), sendo este customizado ao cliente a partir de um padro comum. Existem

    estoques de componentes e subconjuntos padronizados, mas nenhum produto

    totalmente acabado estocado antes de um pedido ser colocado. Este tipo de fabricao

    mais flexvel, pois permite produzir em maior escala e compor maior variedade de

    produtos finais. Os produtos eletrnicos compem esse nicho de mercado.

  • 29

    No que diz respeito ao mecanismo de produo, pode-se dizer que a manufatura Just in

    time caracteriza-se por puxar a produo pull. Cada estgio subseqente na linha de

    montagem solicita, conforme a taxa de produo, os componentes ou peas semi-

    acabadas de estgios precedentes. A demanda ajustada a uma taxa de produo diria

    conforme a configurao da linha de montagem. Esta demanda de produo diria

    representa determinada quantidade fixa de cartes kanbans no sistema e que

    periodicamente solicitam as peas das estaes precedentes.

    A FIG. 2 mostra o exemplo de um sistema de filas de espera em que o fluxo de material

    se d por meio de kanbans que requisitam peas do buffer de uma estao precedente,

    transferindo-as ao buffer da estao subseqente. A linha tracejada mostra o fluxo de

    informao por meio dos kanbans e a linha cheia mostra o fluxo das peas ao longo da

    linha de produo.

    FIGURA 2 - Fluxograma de um sistema de filas com fluxo pull empregando kanbans

    O fluxo da manufatura convencional caracteriza-se por empurrar a produo push -

    dos estgios precedentes aos estgios subseqentes da linha de montagem como pode

    ser visto na FIG. 3.

    Ordens de produo

    Estao 1 Estao 2 Estao 3 Estao 4

    Kanban 2

    Peas 1

    Kanban 3

    Peas 2

    Kanban 4

    Peas 3

  • 30

    FIGURA 3 - Fluxograma de um sistema de filas com fluxo tradicional push

    Neste caso, o nvel de material em processo - work in process - superior, haja vista

    que um volume maior de materiais e componentes flui ao longo das esta es de trabalho

    na linha de montagem. Em conseq ncia disto, o tempo de processamento do lote

    tamb m mais elevado quando comparado ao sistema de manufatura Just in time. Neste

    ltimo caso, como o tamanho do lote a ser processado menor, inclusive devido

    limita o de capacidade do buffer, verifica-se como via de regra uma redu o

    substancial no nvel de WIP no sistema, assim como do tempo de processamento do

    lote.

    Resgatando a id ia de que em oposi o ao sistema de produ o Just in time est o

    sistema de manufatura convencional, Corra et al. (2000) argumentam que a fun o dos

    estoques entre dois est gios de um processo de transforma o atuar como um

    mecanismo regulador, tornando-os mais independentes, haja vista que existe

    desequilbrio no fluxo de opera es5 entre os est gios do processo produtivo.

    Corroborando a id ia de que o estoque mesmo necess rio, o custo de gest o de

    invent rio vem a se tornar um fator de competitividade da empresa e que, portanto, deve

    ser bem administrado. Logo h um certo entendimento de que o estoque uma arma que

    pode se tornar um mal gerador de inefici ncias no processo, por m ele necess rio para

    garantir uma perfeita coordena o no fluxo do processo produtivo.

    Mas Shingo (1983) discorda desta tese e diz que, no sistema de produ o japon s, o

    estoque considerado absolutamente um mal. A estrat gia japonesa eliminar todos os

    fatores que necessitam de estoque. Seguindo esta linha de pensamento, o sistema de

    5 Opera es s o tarefas que agregam componentes s peas semi-acabadas em cada esta o de trabalho da l inha de produ o.

    Esta o 1 Esta o 2 Esta o 3 Esta o 4

    Ordens de produ o

  • 31

    manufatura Just in time procura justamente minimizar estes estoques entre estgios

    intermedirios do processo por meio de intervenes que se traduzem finalmente em

    reduo do nmero de cartes - kanbans - no sistema.

    2.7 Clculo do nmero de cartes kanbans

    Monden (1994) apresenta o clculo do nmero de kanbans para ambos os sistemas

    clssicos de gesto de inventrio. O primeiro caso se refere ao clculo do ponto de

    ressuprimento cujo tamanho do lote fixo 6. O segundo caso se refere reviso

    peridica cujo ciclo do pedido fixo 7.

    Este trabalho de dissertao uma combinao de ambos os modelos de inventrio, pois

    o sistema Kanban estudado apresenta as caractersticas de manter lotes com quantidade

    fixa e um ciclo de ressuprimento constante em intervalos regulares de tempo. Neste

    caso, o nmero de cartes para cada item que compe a estrutura de produto pode ser

    calculado em funo da demanda de produto acabado, utilizando a seguinte frmula:

    QFD

    NLT )1( +

    =

    onde,

    N: nmero de cartes kanbans do item de montagem ou componente que faz parte

    da estrutura do produto acabado.

    DLT: demanda exigida do produto acabado durante o tempo de ressuprimento.

    F: Fator de uso ou a quantidade utilizada de cada item na estrutura do produto acabado.

    : fator de segurana expresso em uma frao da demanda exigida e representa

    quantidade de material em excesso suficiente para atender uma demanda adicional alm

    daquela solicitada.

    Q: quantidade de itens por continer ou capacidade do continer.

    6 Monden, 1994. p. 281. 7 Ibidem. p. 284.

  • 32

    A mesma frmula pode ser escrita da seguinte maneira:

    ))(()1(

    QTCH

    NLT a+

    =

    onde,

    N: nmero de cartes kanbans do item de montagem ou componente que faz parte

    da estrutura do produto acabado.

    HLT: tempo disponvel para a produo durante o turno de trabalho.

    a: fator de segurana expresso em uma frao do tempo de durao do turno de trabalho

    TC: tempo de ciclo 8

    Q: quantidade de itens por continer ou capacidade do continer

    As tcnicas mais citadas na literatura para calcular o nmero de kanbans e implementar

    o JIT so a programao matemtica e a simulao. A seguir so apresentados

    comentrios de artigos tcnicos publicados por especialistas do assunto e que tratam a

    respeito do uso destas tcnicas na implementao de Kanban nos mais variados

    ambientes de manufatura.

    Philipoom et al. (1996) formularam o problema de determinao dos tamanhos de

    contineres, e nmero de kanbans para um seqenciamento multiproduto atravs de um

    algoritmo de programao inteira. A viabilidade da soluo obtida utilizando uma

    restrio de custo, mas a soluo tima global no pode ser garantida, pois o mtodo

    utiliza uma regra heurstica para gerar o estgio inicial do seqenciamento . O algoritmo

    uma boa ferramenta para ser usado no dia-a-dia do cho de fbrica, pois variaes de

    demanda no curto prazo tornam necessrio recalcular o nmero de kanbans e propor

    novo seqenciamento a partir do tamanho de contineres preestabelecidos. Entretanto, o

    algoritmo inapropriado para uso em ambientes que apresentam alta variabilidade de

    tempos de setup e tempos de processamento.

    8 Tempo de ciclo o intervalo de tempo entre sadas sucessivas de produto acabado no posto de servio final da linha de produo.

  • 33

    Bitran & Chang (1987) tambm utilizaram programao matemtica para modelar o

    sistema Kanban em uma linha de montagem de mltiplos estgios com restrio de

    capacidade. O problema de natureza no linear formulado como um modelo de

    programao linear inteira cujo objetivo determinar o nmero de kanbans e nvel de

    inventrio em cada estgio. O modelo no leva em considerao incertezas associadas

    s mudanas na previso de demanda, de modo que o programa tem que ser executado

    periodicamente para recalcular o nmero de kanbans no sistema. Entretanto, os modelos

    de programao linear inteira tm a vantagem de serem mais tratveis matematicamente

    e ainda fornecem o mesmo conjunto de solues viveis e timas que os modelos no-

    lineares em termos de variveis de deciso.

    2.8 Modelagem de Sistemas utilizando Simulao

    A evoluo da indstria de computadores nas ltimas dcadas permitiu a difuso da

    tcnica de simulao para os mais variados campos do conhecimento. Progressos

    notveis vm sendo obtidos na Engenharia Gentica atravs do desenvolvimento de

    modelos tridimensionais de macromolculas, na operao de sistemas de engenharia tais

    como os processos de manufatura, explorao e refino de petrleo, aplicaes em

    ensaios mecnicos de deformao e na Engenharia Aeroespacial empregando

    simuladores de vo, redes de distribuio, enfim quase tudo pode ser simulado.

    Mas o que simulao, afinal ? Banks & Carson (1984, p.2) definem que a simulao

    a imitao da operao de um processo real ou sistema ao longo do tempo . correto

    afirmar que a simulao uma tcnica de modelagem de sistemas, sem interveno

    direta no sistema real.

    Mihram & Mihram (1974), citado por Banks & Carson (1984, p.9) afirma que todo

    modelo de representao uma simplificao do sistema real. Isto quer dizer que o

    modelo de simulao uma rplica reduzida de um conjunto de variveis do sistema

    real. Cabe ao designer do sistema a rdua tarefa de identificar as variveis, extra-las do

    sistema, e correlacion-las para que, enfim, possa represent-las em um modelo terico

    experimental. Ento, pode-se dizer que a simulao antes de tudo uma tcnica

  • 34

    experimental que permite avaliar o efeito da mudana de uma vari vel de entrada ou

    par metro, no comportamento da vari vel controlada tamb m chamada de vari vel de

    sada do sistema.

    Kelton & Law (1991) comentam que os modelos de simula o podem ser

    determinsticos, probabilsticos ou estoc sticos, e ainda uma combina o de ambos.

    Situa es em que a taxa de chegada, tempo entre as chegadas, tempos de processamento

    acontecem de forma aleat ria, s o regidos por uma distribui o de probabil idade e s o

    considerados de natureza probabilstica. Caso contr rio, s o considerados eventos

    determinsticos. H modelos que contemplam tanto par metros determinsticos quanto

    estoc ticos e por isso as vari veis de sada do modelo tamb m s o de natureza

    estoc stica.

    Em se tratando da modelagem de sistemas utilizando a tc nica de simula o, cabe a

    seguinte defini o: um sistema um grupo de objetos que mant m uma intera o entre

    si, a fim de alcan ar algum propsito e ainda delimitado por uma fronteira no

    ambiente ao qual est inserido (Banks & Carson,1984, p.6).

    O sistema pode ser est tico quando as vari veis s o estacion rias, ou seja, n o variam

    com o tempo e, caso contr rio, o sistema tem car ter din mico e apresenta vari veis

    transientes. A modelagem din mica da simula o consiste em definir o estado do

    sistema, ou seja, o conjunto de vari veis que o descrevem, estabelecidos os par metros

    iniciais do modelo no instante de tempo t = 0 e a sua evolu o em um instante de tempo

    t > 0, n o importando as condi es anteriores.

    O sistema composto por servidores que prestam servi o para as entidades (clientes ou

    objetos que se movem no sistema). As entidades possuem propriedades que lhes

    conferem um car ter peculiar chamadas de atributos. Por exemplo, em uma linha de

    montagem de veculos, as autopeas e submontagens representam as entidades cujo

    atributo seguir uma rota particular na linha de montagem, passando por esta es de

    servi o especficas que atuam como servidores.

  • 35

    O software de simulao ARENA utilizado neste trabalho consiste em uma interface

    grfica em que os modelos so representados por meio de diagrama de blocos. A lgica

    do programa construda sobre a linguagem computacional SIMAN (Simulation

    Analysis) e o software ainda possui recursos de animao que fazem parte do mdulo

    CINEMA do pacote computacional de simulao.

    conveniente comentar que os resultados de experimentos obtidos com simulao de

    sistemas de manufatura ou qualquer outro sistema esto sujeitos a muitas restries

    impostas nas hipteses do modelo. Neste caso em estudo, existem restries do software

    ARENA ao codificar em uma linguagem computacional, atravs de uma interface

    grfica de diagrama de blocos, todos os eventos e situaes possveis de acontecer no

    sistema real.

    Outra restrio importante a percepo do analista ao extrair do sistema real as

    variveis relevantes e elaborar um modelo terico e reduzido que represente com

    exatido o sistema observado. A intimidade do analista com o software vai evoluindo

    desde o primeiro contato e, ao longo da trajetria, criam-se modelos que so desfeitos

    em seguida, devido a uma m interpretao daquilo que se pretende modelar e a

    possibilidade real que o software pode oferecer. A simulao tem se mostrado uma boa

    ferramenta de busca para respostas relacionadas s incertezas presentes nos ambientes

    de manufatura.

    A concepo destes modelos de simulao est sempre associada a um grau de risco

    relacionado ao conhecimento e ao nvel de certeza da informao disponvel a respeito

    dos processos. O resultado da simulao apenas um reflexo do risco que se dispe a

    enfrentar ao alimentar os dados de entrada em qualquer modelo que se pretende simular.

    Como j foi apresentado em tpicos anteriores, seguem alguns comentrios dos

    trabalhos de pesquisa publicados na literatura a respeito do uso da tcnica de simulao

    para resolver problemas diversos do cho de fbrica.

  • 36

    Abdou & Dutta (1993) desenvolveram um modelo utili zando simula o para resolver

    problemas de seq enciamento multiproduto e com m ltiplos est gios de produ o. O

    objetivo do modelo determinar para cada item o nmero timo de kanbans, a

    capacidade tima dos cont ineres e o intervalo de tempo timo entre chegadas do

    componente no posto de servi o. A simula o util izada para ajustar a faixa de tempos

    entre chegadas de material, estabelecer diferentes tamanhos de lote que minimizam o

    custo total de opera o da linha (setup + WIP + util iza o de m quina) calculando o

    n mero correspondente de kanbans.

    Lummus (1995) prope uma an lise de simula o util izando a linguagem

    SLAMSYSTEM para seq enciamento de dois produtos em uma linha de produ o com

    diferentes tempos de processamento e setup. Verificou-se que a dura o dos tempos de

    processamento e setup podem influenciar o seq enciamento resultando em gargalos que

    alteram a taxa de produ o do processo. Como as atividades relacionadas a setup

    geralmente apresentam dura o de tempo mais longa, verificou-se nos experimentos de

    simula o que os tempos de setup exercem uma influ ncia muito maior na taxa de

    produ o do que os acr scimos de tempo relacionados com atividades de

    processamento.

    Gupta & Gupta [1] (1989) simularam um processo JIT/kanban caracterstico, utilizando

    a linguagem de simula o DYNAMO. Foram executadas algumas simula es variando

    um ou outro par metro do modelo (tamanho do cont iner, n mero de kanbans,

    variabilidade na taxa de produ o, etc.), e o resultado da mudan a de um par metro nas

    vari veis de sada do modelo foi comparado com dados de uma simula o inicial

    tomada como um padr o de compara o.

    O resultado do trabalho de pesquisa sugere que o aumento na variabilidade da produ o

    n o afeta a produtividade haja vista que esta ltima suportada por um buffer de

    material em processo. Retra o de demanda conduz a excesso de capacidade e

    conseq entemente leva redu o de invent rio WIP, mas como o nvel de WIP foi

    similar em todas as simula es, isto leva a crer que o tempo ocioso n o foi provocado

    por redu o de invent rio. Os autores comentam ainda que a teoria cl ssica para

  • 37

    determinao do lote econmico til no clculo do tamanho do lote kanban haja vista

    que nas simulaes executadas no foi possvel estabelecer um tamanho de lote nico

    para todas as condies simuladas.

    Gupta & Gupta [2] (1989) desenvolveram um trabalho similar utilizando simulao

    dinmica para avaliar a performance do sistema kanban em linhas de produo

    mltiplas constitudas de mltiplos estgios. Baseado em dados constantes de uma

    simulao tomada como padro de comparao, foi investigado o comportamento do

    sistema avaliando-se o impacto da mudana de algumas variveis. Foram analisados o

    impacto provocado por paradas de produo em diferentes estgios, diferentes polticas

    de gesto de inventrio atravs da variao do nmero de kanbans e do tamanho dos

    contineres, variabilidade nas taxas de produo, variabilidade dos tempos de

    processamento, desbalanceamento da linha e aumento de capacidade de produo em

    diferentes estgios.

    Notou-se que a ao de aumentar apenas o nmero de cartes no sistema no

    suficiente para aumentar a taxa de produo quando outras variveis permanecem

    constantes. imprescindvel o balanceamento da linha de produo para que se

    verifique um fluxo contnuo e suave no ambiente de produo JIT. O custo adicional de

    movimentao e manuseio de inventrio necessrio para equilibrar variabilidade nos

    tempos de processamento e o custo de horas extras so variveis de deciso antagnicas

    - trade offs que devem ser analisadas com ateno.

    Berkley (1993) utilizou a linguagem de simulao SIMAN para verificar a relao entre

    estratgia de seqenciamento e a regra de servio que maximiza a taxa de produo e

    minimiza o nvel de inventrio em processo. A anlise do modelo demonstrou que a

    performance relativa das variveis estratgia de servio FCFS (first come - first served)

    e tempo de processamento mais curto SPT (shortest processing time) sensvel

    mudana de variabilidade nos tempos de processamento e de capacidade do buffer em

    linhas de produo controladas por meio de kanban com carto nico. A estratgia de

    servio FCFS apresenta maiores mdias de taxas de produo quando os tempos de

    processamento so normalmente distribudos e a capacidade do buffer maior. Em

  • 38

    contrapartida, a regra de seq enciamento SPT apresenta maiores m dias de taxas de

    produ o quando os tempos de processamento s o representados por uma distribui o

    exponencial e os buffers t m capacidade menor.

    Berkley (1994) tamb m utilizou a linguagem de simula o SLAM em uma linha de

    produ o controlada por meio de um sistema Kanban de dois cart es - kanbans de

    retirada e kanbans de produ o. O problema foi modelado utilizando cadeias de Markov

    para definir os estados de transi o vi veis nas esta es de servi o ao processar um

    cont iner completo de peas. O objetivo do estudo determinar nveis mnimos de

    performance em cada esta o de servi o, ou seja, a taxa de produ o de cada esta o, a

    fim de se obter a taxa de produ o di ria desejada. A taxas de produ o das esta es de

    servi o e o tempo de fila dos kanbans de retirada s o altamente dependentes do tempo

    de processamento em cada esta o. Foram executados dois experimentos em que os

    tempos de processamento foram ajustados por uma distribui o exponencial e por uma

    distribui o de Erlang. Verificou-se que possvel encontrar nveis de performance

    mnimos que fornecem condi es suficientes para garantir a taxa de produ o exigida

    independentes da m dia dos tempos de processamento utilizados em cada esta o de

    servi o.

    M itra & Mitrani (1989) formularam um modelo analtico, luz da teoria de filas em

    uma linha de produ o constituda de esta es ou c lulas de servi o em linha com

    buffers, compartilhados e controlada por kanbans. Utilizou-se dados obtidos por t cnica

    de simula o como base para comparar os resultados obtidos com a aproxima o do

    modelo analtico. V rias condi es foram testadas variando alguns par metros do

    sistema kanban enquanto outros permaneceram constantes. O principal objetivo deste

    trabalho consiste em alocar o nmero total de cart es para cada c lula a fim de

    maximizar a taxa de produ o throughput.

    Lee (1987) utilizou a linguagem de simula o SIMON para avaliar o efeito de regras de

    seq enciamento, tamanho do kanban, demanda e mix de produtos em um sistema de

    produ o Just in time. Verif icou-se que a pr tica comum de seq enciamento ao designar

    prioridade ao lote cuja demanda tem maior freq ncia menos eficiente quanto regra

  • 39

    de seq enciamento baseada no tempo de processamento mais curto. No sistema JIT,

    aumento de demanda n o garante alto nvel de utiliza o do processo. No experimento

    em quest o, o aumento no tamanho do kanban diminuiu o atraso de finaliza o do lote

    job tardiness 9 . O autor concluiu que, ao contr rio do que se pensa, um mix de produto

    maior, desde que n o seja excessivo, produz melhor util iza o do processo, pois garante

    maior ocupa o das esta es de servi o e em conseq ncia menos atraso na finaliza o

    do lote.

    Seppanem (1993) estudou um caso tpico de simula o utilizando linguagem SIMAN em

    uma linha de produ o constituda de tr s esta es de servi o em s rie e uma esta o

    final para expedi o do produto. Ambos os mecanismos de produ o, push ou

    tradicional e pull empregando kanbans, foram simulados avaliando-se o nvel de

    material em processo WIP work in process e o tempo de fluxo das peas entre a

    chegada na primeira esta o e a sada na esta o final. O modelo tradicional abordado

    luz da teoria cl ssica de filas e o lote de produ o segue um fluxo em s rie atrav s das

    esta es at o est gio final. O tempo de finaliza o do produto representa o tempo de

    processamento nas esta es de trabalho mais o tempo de fila em cada esta o.

    A abordagem do modelo util izando kanbans emprega dois sistemas de filas em que as

    submontagens finalizadas em uma esta o de servi o s o depositadas em um buffer

    denominado PEAS. Ordens de produ o que chegam de tempos em tempos em cada

    esta o s o depositadas em uma fila de espera denominada CARTES. Desse modo,

    sempre que houver disponvel um determinado nmero de submontagens que

    completam o buffer PEAS, este lote ent o enviado para uma esta o subseq ente e,

    em contrapartida, uma ordem de produ o de tamanho igual ao kanban retirado deve ser

    colocada na esta o precedente. Isto funciona de forma id ntica para a segunda e

    terceira esta es, pois considera-se que a primeira esta o tenha capacidade infinita de

    prover componentes para as esta es seguintes.

    9 Job tardiness o atraso entre a data efetiva de final iza o no processamento de um lote e a data programada no schedule. (Lee, 1987, pp. 1416.)

  • 40

    Estabelecidas as condi es de contorno iniciais tais como os tamanhos dos buffers de

    cada esta o, as distribui es estatsticas de tempos entre chegadas de ordens de

    produ o na fila CARTES e de tempos de processamento em cada esta o, procedeu-

    se an lise dos resultados da simula o comparando-se o nvel de material em processo

    e o tempo de fluxo. Concluiu-se neste caso especfico que o modelo empregando

    kanban exige maior nvel de WIP quando comparado ao modelo cl ssico. Entretanto,

    mostrou-se mais flexvel e capaz de atender a uma ordem de produ o muito mais

    rapidamente do que o modelo tradicional.

    Gravel & Price (1988) adaptaram o sistema kanban em um ambiente de manufatura de

    pequeno porte operando com job shop. A simula o foi utilizada para testar v rias

    condi es de opera o do sistema sob regras de seq enciamento especficas dos lotes de

    produ o, a fim de reduzir o nvel de WIP e o tempo m ximo de finaliza o do

    processamento do lote - makespan 10. Os autores sugerem que o tamanho do lote kanban

    um par metro que pode afetar a produtividade, mas necess rio experimentos in loco

    para determinar o nvel apropriado de WIP. Embora a regra de seq enciamento baseada

    no menor tempo de processamento tenha apresentado desempenho equivalente a outras

    regras mais complexas, os autores enfatizam que n o h suporte te rico suficiente que

    justifique o emprego desta regra neste caso especfico de simula o.

    Chan (2001) utilizou o pacote de simula o SIMPROCESS, para investigar o efeito do

    tamanho dos kanbans na performance de dois sistemas de manufatura JIT.

    O primeiro sistema do tipo JIT/kanban convencional destinado manufatura de um

    produto padr o em que a demanda da esta o de sevi o subseq ente puxa material da

    esta o precedente por meio de kanbans.

    O segundo sistema do tipo hbrido, ou seja, uma combina o de ambos os mecanismos

    de puxar e empurrar a produ o, destinado a fabricar um mix de produtos. Neste caso,

    apenas a ltima esta o utiliza sinaliza o de kanban para ativar o incio da produ o na

    10 Makespan a data m xima de final iza o do processamento de um lote de produ o desde a sua chegada no ch o de f brica.

  • 41

    primeira esta o e, a partir da, o fluxo do material na linha de produ o id ntico ao

    sistema de manufatura tradicional. As medidas de performance analisadas foram a taxa

    de atendimento da demanda solicitada, nvel de material em processo e o lead time de

    fabrica o. O ajuste de alguns par metros tais como a taxa de produ o, tempo de

    processamento e tamanho do kanban conduz a condi es mais favor veis de opera o

    da linha de produ o, ou seja, o sistema capaz de atender demanda exigida no menor

    tempo possvel. Os autores notaram que no sistema de fabrica o do produto padr o,

    aumentando o tamanho do kanban, houve redu o na taxa de atendimento da demanda e

    acr scimos tanto no nvel de WIP quanto dos tempos de processamento. Em rela o ao

    sistema de fabrica o multiproduto, notou-se que o aumento no tamanho do kanban

    tamb m provocou aumento na taxa de atendimento da demanda solicitada e reduziu o

    tempo de fabrica o.

    Phil lipoom et al. (1990) formularam um modelo de programa o linear inteira para

    determinar o tamanho dos lotes de um mix de produtos, em um ambiente job shop,

    empregando kanbans haja vista que o modelo do lote econmico multiproduto nem

    sempre funciona adequadamente no JIT shop. O modelo foi construdo sob ambas as

    abordagens, de minimiza o de invent rio e minimiza o de custo. Em seguida,

    utilizaram a linguagem de simula o Q-GERT para testar a efic cia do algoritmo

    proposto. A implementa o do sistema JIT/kanban exige que se tenha tempos de setup

    pequenos quando comparados com os tempos de processamento. Sem isso, podem

    ocorrer gargalos nas esta es de servi o que causam atrasos e, finalmente,

    comprometem o fluxo suave de produ o caracterstico do JIT. Para isso, um tipo

    especial de k anban visual signal kanban foi desenvolvido, para autorizar a

    produ o em est gios com tempos de setup relativamente altos. Este caso especial de

    kanban visual respons vel pela produ o de m ltiplos cont ineres que funcionam

    como um buffer eliminando setups nas esta es de servi o.

    Os autores concluem desta pesquisa que a dupla abordagem de minimiza o de custos e

    minimiza o de invent rio conduz a resultados mais substanciais na opera o do JIT

    shop, ao inv s de buscar apenas redu o de invent rio fsico. Em certas condi es, o

  • 42

    emprego do caso especial de kanban visual pode ser mais efetivo do que o sistema

    que utiliza apenas o kanban convencional.

    Farahmand (1994) utilizou a t cnica de simula o para rastrear invent rio em um

    sistema de manufatura cujo fluxo de produ o controlado por kanbans. O sistema

    constitudo por um processo que puxa a produ o de dois processos dedicados, de tal

    modo que varia es nas taxas de produ o de cada processo influenciam a produ o

    real di ria exigida para satisfazer a demanda solicitada. O trabalho de pesquisa examina

    o efeito da varia o de alguns par metros na vari vel controlada, ou seja, o tempo total

    de processamento do lote. Os par metros considerados na an lise s o o n mero de

    kanbans, o tempo de processamento do cont iner de peas em cada esta o de

    montagem e o tempo entre chegadas de lotes para ser processado na clula de trabalho.

    O autor sugere que o tempo de libera o entre os kanbans de produ o e o tempo de

    processamento do cont iner t m um efeito consider vel na taxa de produ o solicitada.

    O fator decisivo que otimiza o tempo total de produ o equivale ao produto do tempo

    entre chegadas dos lotes na linha de produ o e o nmero de kanbans necess rios. O

    n mero total de kanbans no sistema que minimiza o invent rio pode ser calculado como

    uma fun o do intervalo de tempo entre a libera o dos kanbans, do tempo de

    processamento do cont iner e do tempo entre chegadas de lotes.

    Farahmand (2000) desenvolveu um estudo de simula o utilizando a linguagem

    TAYLOR II, a fim de analisar o efeito da mudan a de layout na capacidade de produ o

    de uma clula de manufatura flexvel em substitui o a uma linha de montagem de

    fluxo contnuo.

    A performance do sistema foi analisada em fun o de alguns par metros tais como o

    lead time, taxa de produ o, work-in-process e a taxa de util iza o dos recursos. A

    configura o da linha de montagem com fluxo contnuo foi comparada a tr s cen rios

    de opera o da clula de manufatura, no intuito de aumentar a capacidade aumentando a

    velocidade do processo por meio de redu o do tempo de ciclo da c lula.

  • 43

    O primeiro cenrio prope aumentar o nmero de operaes de montagem em posies

    do processo que representam gargalos para o novo tempo de ciclo sugerido. Esta opo

    requer investimento extra em equipamento e mo-de-obra.

    O segundo cenrio prope a reduo do tempo de processamento identificando posies

    de gargalo na linha de montagem como, por exemplo, postos de testes e inspeo.

    O terceiro cenrio prope tirar vantagem do layout celular quanto utilizao dos

    equipamentos.

    Apesar do modelo de simulao somente ser validado para o propsito especfico deste

    estudo, os resultados mostraram ganhos bem superiores, obtidos com a clula de

    manufatura flexvel em relao linha de montagem em fluxo contnuo.

    2.9 Mtodo de medio de tempos MOST

    Zandin (1990) apresenta em seu livro, MOST Work Measurement System, o mtodo

    alternativo de medio de tempos que sucedeu as tcnicas do MTM (Methods Time

    Measurement) a partir de 1975 nos EUA. O mtodo consiste em uma tcnica orientada

    ao movimento do objeto ao se deslocar de um referencial ao outro, livre no espao com

    sua trajetria restrita apenas pela resistncia do ar, ou ento restrito em apenas uma

    direo, no caso de contato com uma superfcie.

    O mtodo MOST classifica qualquer tipo de movimento em geral, controlado, ou

    ento em movimento combinado de ambos. O uso de ferramentas manuais analisado

    atravs de uma seqncia de eventos da ferramenta na execuo da tarefa e que pode ser

    descrita como uma combinao dos dois movimentos geral e controlado. Os modelos

    descritos no MOST so representados por uma seqncia de atividades durante o

    movimento do objeto utilizando parmetros especficos. A cada parmetro associado

    um ndice igual ou mltiplo de 10 que representa uma resistncia a ser vencida ou grau

    de dificuldade para executar determinada ao. Os parmetros com os respectivos

    ndices de cada movimento esto descritos nas tabelas do Anexo 1.

  • 44

    No movimento geral, a seq ncia de atividades consiste respectivamente na obten o

    do objeto, movimenta o do objeto para coloc -lo no local de destino e retorno

    origem. A seq ncia de par metros do MOST que descreve esta atividade : [ A B G

    A B P A ], em que o par metro A representa uma a o de dist ncia horizontal a ser

    vencida para se ganhar controle do objeto, B diz respeito ao movimento vertical de

    membros do corpo que demonstram hesita o ou pausa ao se apanhar um objeto, G

    identifica variadas formas de se obter o controle do objeto (simult neo ou n o, coleta,

    pega, etc.) e o par metro P que est relacionado disposi o do objeto no local de

    destino (deixar de lado, colocar com cuidado, precis o, etc.). O par metro A final

    descreve o retorno do objeto p