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Karl Marx em sua teoria faz uma análise da sociedade capitalista. E usa em suas formulações o método dialético que cuida de apontar as contradições constitutivas da vida social que resultam na negação de uma determinada ordem. Segundo a proposta Marxista o fenômeno social deveria ser submetido a critica para que as suas potencialidades possam ser reveladas e assim atualizadas numa forma mais evoluída. E por que aplicar o materialismo histórico? Porque analisa a sociedade do ponto de vista material, ou seja, as relações que os homens estabelecem, o modo como produzem os seus meios de vida, formam a base de todas as suas relações. Segundo a perspectiva materialista todas as formas econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam, são transitórias e históricas; sendo o primeiro fato histórico a produção da vida material. Em se tratando de produção e reprodução Karl Marx difere a condição humana dos outros animais: Os homens interagem com a natureza de modo consciente já os animais de forma imediata, não cumulativa. E na busca de controlar as condições naturais, os homens criam novos objetos que são passados de geração onde o trabalho é a principal atividade humana, porque é através dele que o homem não só domina a natureza, como também cresce como indivíduo. Na reflexão da concepção da sociedade notamos em Marx que a mesma é o produto da ação recíproca dos homens. Sendo certa uma conexão na história dos homens porque cada geração posterior encontra forças produtivas adquiridas pela geração precedente que lhes serve de matéria-prima para a nova produção. Tudo isso que foi dito fica relacionado às forças produtivas e relações sociais de trabalho. Entretanto não bastaria, pois o pensamento Marxista é mais amplo quando conceitua forças produtivas afirmando serem elas um conjunto dos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais sendo o seu desenvolvimento cumulativo. Mas não ultrapassaria os limites

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Karl Marx em sua teoria faz uma análise da sociedade capitalista. E usa em suas formulações o método dialético que cuida de apontar as contradições constitutivas da vida social que resultam na negação de uma determinada ordem. Segundo a proposta Marxista o fenômeno social deveria ser submetido a critica para que as suas potencialidades possam ser reveladas e assim atualizadas numa forma mais evoluída.

E por que aplicar o materialismo histórico? Porque analisa a sociedade do ponto de vista material, ou seja, as relações que os homens estabelecem, o modo como produzem os seus meios de vida, formam a base de todas as suas relações. Segundo a perspectiva materialista todas as formas econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam, são transitórias e históricas; sendo o primeiro fato histórico a produção da vida material.

Em se tratando de produção e reprodução Karl Marx difere a condição humana dos outros animais: Os homens interagem com a natureza de modo consciente já os animais de forma imediata, não cumulativa. E na busca de controlar as condições naturais, os homens criam novos objetos que são passados de geração onde o trabalho é a principal atividade humana, porque é através dele que o homem não só domina a natureza, como também cresce como indivíduo.

Na reflexão da concepção da sociedade notamos em Marx que a mesma é o produto da ação recíproca dos homens. Sendo certa uma conexão na história dos homens porque cada geração posterior encontra forças produtivas adquiridas pela geração precedente que lhes serve de matéria-prima para a nova produção. Tudo isso que foi dito fica relacionado às forças produtivas e relações sociais de trabalho. Entretanto não bastaria, pois o pensamento Marxista é mais amplo quando conceitua forças produtivas afirmando serem elas um conjunto dos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais sendo o seu desenvolvimento cumulativo. Mas não ultrapassaria os limites Marxistas que conforme o autor a divisão do trabalho no sistema capitalista gera alienação.

Em Marx infraestrutura é a força produtiva e a relação social de produção; e superestrutura são as ideologias políticas as concepções religiosas, códigos morais e estéticos, que não tem forma material. A superestrutura existe para legitimar a infraestrutura. É possível ler em Marx que o surgimento das classes sociais se dá através do excedente de produção e o surgimento da propriedade privada dos meios de produção. Segundo ele esta forma de propriedade acentua a exploração da classe proletária.

Na leitura marxista, entende-se que as lutas de classes são o motor da história já que as principais transformações estruturais são impulsionadas por meio das lutas de classes. E a

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classe exploradora constitui-se no mais potente agente de mudança. Podendo acrescentar ainda que a luta de classes conduz a ditadura do proletariado e que esta ditadura não é mais que a transição para a abolição de todas as classes para uma sociedade sem classes.

A ideia central de Marx em O Capital é a sociedade capitalista, suas características aspectos e organização. Tendo esta sociedade como base de análise, podem-se compreender outras formas socioeconômicas. A expressão elementar da riqueza desta sociedade é a mercadoria, ou seja, os produtos e a própria força de trabalho, sendo composta, por dois: valor de uso e valor de troca. Ela satisfaz as necessidades humanas, se efetiva no consumo enquanto que aquilo que não é consumido não é mercadoria. Para calcular o valor de troca de uma mercadoria mede-se a quantidade da substância, ou seja, o tempo de trabalho socialmente necessário. O valor das mercadorias varia de acordo com os lugares e as épocas por isso as mercadorias distintas podem possuir preços diferentes. Ao final o que resta da mercadoria é ser produto do trabalho.

As relações de produção capitalista tem por base o mercado onde a força de trabalho é negociada. Para a sociedade capitalista a ideia de igualdade é essencial para estabilidade da mesma. De um lado está o trabalhador que oferece sua força de trabalho e do outro, o empregador que tem a força de trabalho por um salário. No entanto, o valor que o trabalhador produz é superior àquele pelo qual ele vende sua força.

Marx ao fazer a análise do surgimento do capitalismo mostra o papel da burguesia que incessantemente produz revoluções nos instrumentos de produção, e também no aperfeiçoamento dos homens, fazendo com que eles se incorporem a nova forma de produzir. A partir de sua ascensão no cenário da economia mundial a burguesia leva a todas as nações o modo de produção capitalista, com o desejo de encontrar novos mercados a leva a estabelecer-se em todas as partes.

Para Marx, da mesma forma que os antigos regimes econômicos foram extintos por causa do conflito entre as classes ele afirma que o capitalismo pode ser extinto através do processo de revolução social e atribui ao proletariado o papel de agente transformador da sociedade capitalista. Pois o trabalhador é personagem principal da exploração deste sistema. Marx afirma que o trabalhador torna-se hostil com relação à produção, ou seja, o trabalho não faz parte da sua vida, ela começa quando o mesmo termina. É apenas uma fonte de possuir um salário que lhe garanta a sobrevivência. O trabalho é uma forma de alienação, para Marx a atividade vital, é para ele nada mais que um meio de existir.

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Quando a necessidade de renovação das forças produtivas choca-se com o modelo econômico, político e social vigente favorece os aspectos revolucionários, e são estes que nos permite ver historicamente como ocorre à mudança de uma organização social para outra. Somente quando não existirem classes e antagonismos de classes é que as evoluções sociais deixarão de serem revoluções políticas. As referências à sociedade comunista serão reflexões com princípios de liberdade e não alienação. Marx afirma: o comunismo e a forma necessária e dinâmica para o futuro, que possibilita a criação dos homens, ao poder de indivíduos associados, e que a divisão de trabalho passe a atender aos interesses de toda a sociedade. Seria o resultado de uma reconstrução consciente da sociedade humana.

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KARL MARX

“O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais cresce sua produção em potência e em volume. O trabalhador converte-se numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz. A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas. O trabalho não apenas produz mercadorias, produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria, e justamente na proporção em que produz mercadorias em geral.”

Karl Marx

As formulações teóricas de Karl Marx acerca da vida social, especialmente a análise que faz da sociedade capitalista e de sua superação, provocaram desde o princípio tamanho impacto nos meios intelectuais que, para alguns, grande parte da sociologia ocidental tem sido uma tentativa incessante de corroborar ou de negar as questões por ele levantadas.

Mas a relevância prática de sua obra não foi menor, servindo de inspiração àqueles envolvidos diretamente com a ação política. Herdeiro do ideário iluminista, Marx acreditava que a razão era não só um instrumento de apreensão da realidade mas, também, de construção de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização de todo o potencial de perfectibilidade existente nos seres humanos. As experiências do desenvolvimento tecnológico e as revoluções políticas, que tornaram o Setecentos uma época única, inspiraram sua crença no progresso em direção a um reino de liberdade.

Além das dificuldades inerentes à complexidade e extensão da obra de Marx, o que aumenta o desafio de sintetizá-la, o caráter sucinto de algumas de suas teses tem dado lugar a interpretações controversas. Aliás, controversa é a própria sociedade, como Marx deixaria claro em seu discurso:

“Hoje em dia, tudo parece levar em seu seio sua própria contradição. Vemos que as máquinas, dotadas da propriedade maravilhosa de encurtar e fazer mais frutífero o trabalho humano, provocam a fome e o esgotamento do trabalhador. As fontes de riqueza recém-descobertas convertem-se, por arte de um estranho malefício, em fontes de privações. Os triunfos da arte parecem adquiridos ao preço de qualidades morais. O domínio do homem sobre a natureza é cada vez maior; mas, ao mesmo tempo, o homem se converte em escravo de outros homens ou de sua própria infâmia. Até a pura luz da ciência parece não poder brilhar mais que sobre o fundo tenebroso da ignorância. Todos os nossos inventos e progressos parecem dotar de vida intelectual as forças produtivas materiais, enquanto reduzem a vida humana ao nível de uma força material bruta ”.

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Este método de abordagem da vida social foi denominado posteriormente de materialismo histórico. De acordo com tal concepção, as relações materiais que os homens estabelecem e o modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas relações.

As formas econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam são transitórias e históricas. Ao adquirir novas forças produtivas, os homens mudam seu modo de produção, e com o modo de produção mudam as relações econômicas, que não eram mais que as relações necessárias daquele modo concreto de produção. As categorias econômicas não são mais que abstrações destas relações reais e são verdades unicamente enquanto essas relações subsistem.

Para Marx, tanto os processos ligados à produção são transitórios, como as idéias, concepções, gostos, crenças, categorias do conhecimento e ideologias, os quais, gerados socialmente, dependem do modo como os homens se organizam para produzir. Portanto, o pensamento e a consciência são, em última instância, decorrência da relação homem/natureza, isto é, das relações materiais.

Assim sendo, as noções de forças produtivas e de relações sociais de produção mostram que tais relações se interligam de modo que as mudanças em uma provocam alterações na outra. Em resumo, o conceito de forças produtivas refere-se aos instrumentos e habilidades que possibilitam o controle das condições naturais para a produção, e seu desenvolvimento é em geral cumulativo. O conceito de relações sociais de produção trata das diferentes formas de organização da produção e distribuição, de posse e tipos de propriedade dos meios de produção, bem como e que se constituem no substrato para a estruturação das desigualdades expressas na forma de classes sociais. O primeiro trata das relações homem/natureza e o segundo das relações entre os homens no processo produtivo.

No processo de produção os homens estabelecem entre si determinadas relações sociais através das quais extraem da natureza o que necessitam. Desde aí, Marx reflete sobre o significado - para o indivíduo e a sociedade - da apropriação por não-produtores (pessoas, empresas ou o Estado) de uma parcela do que é produzido socialmente, e desenvolve sua concepção de classe, exploração, opressão e alienação.

Ou seja, “numa época em que duas mãos não podem produzir mais do que o que uma boca consome, não existem bases econômicas” que possibilitem que uns vivam do trabalho de outros, seja na forma de trabalho escravo ou de qualquer outro modo de exploração. É o surgimento de um excedente da produção que permite a divisão social do trabalho, assim como a apropriação das condições de produção por parte de alguns membros da comunidade

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os quais passam, então, a estabelecer algum tipo de direito sobre o produto ou sobre os próprios trabalhadores.

A crítica feita pelo marxismo à propriedade privada dos meios de produção da vida humana dirige-se, antes de tudo, às suas consequências: a exploração da classe de produtores não-possuidores por parte de uma classe de proprietários, a limitação à liberdade e às potencialidades dos primeiros e a desumanização de que ambos são vítimas. Mas o domínio dos possuidores dos meios de produção não se restringe à esfera produtiva: a classe que detém o poder material numa dada sociedade é também a potência política e espiritual dominante.

Para o materialismo histórico, a luta de classes relaciona-se diretamente à mudança social, à superação dialética das contradições existentes. É por meio da luta de classes que as principais transformações estruturais são impulsionadas, por isso ela é dita o “motor da história”. A classe explorada constitui-se assim no mais potente agente da mudança.

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O livro “Um Toque de Clássico – Marx, Durkheim, Weber- Quintaneiro,Tania.” expõe um pouco sobre as obras de três grandes sociólogos: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Nessa resenha, falarei especialmente sobre Karl Marx. O livro, ao falar de Karl Marx, divide-se em alguns capítulos: introdução; dialética e materialismo; necessidades: produção e reprodução; forças produtivas e relações sociais de produção; estrutura e superestrutura; classes sociais e estrutura social; lutas de classes; a economia capitalista; o papel revolucionário da burguesia; a transitoriedade do modo de produção capitalista; trabalho, alienação e sociedade capitalista; revolução; comunismo e conclusões. Falarei sobre cada um deles.

Na introdução, o autor expõe brevemente sobre a complexidade da obra de Marx e qual impacto que ela teve no mundo. Ele cita, por exemplo, que para muitas pessoas a sociologia pós-Marx é um embate entre a corroboração e negação dos assuntos abordados por ele. E assim ele preparar o leitor para a exposição dos conceitos abordados por Marx.

Após o capítulo “Introdução”, vem o capítulo: “Dialética e Materialismo”. Nesse capítulo, o autor mostra como Marx rompeu com o conceito de dialética de Georg Wilheim Friedrich Hegel (1770-1831) e o conceito de materialismo de Ludwig Feuerbach (1804-1872), conceituando de maneira inovadora o que é chamado de materialismo dialético. Ao contrário de Hegel, que via nas idéias o propulsor do mundo, Marx via nas condições materiais o fundamento das transformações das coisas.

No terceiro capítulo “Necessidades: Produção e Reprodução”, o autor fala sobre as necessidades dos homens para Marx e como eles satisfazem essas necessidades através da produção. Para Marx, ao contrário dos animas que produzem apenas o que é necessário, os homens produzem mais do que o necessário, “o homem cria também segundo as leis da beleza”. Além disso, ao produzir para sua sobrevivência, o homem organiza-se socialmente e, consequentemente, gera necessidades que vão além das necessidades naturais e físicas. E essas necessidades, naturais e artificiais (criadas pela produção social), vão se incorporando às sociedades e vão se reproduzindo nas próximas gerações.

No capítulo “Forças Produtivas E Relações Sociais”, o autor define o conceito de forças produtivas e relações sociais de produção para Marx. O primeiro seria equipamentos e conhecimentos que o homem detém para dominar, controlar e transformar a Natureza com objetivo de produzir bens materiais, sendo que este se desenvolveria de maneira contínua, passando de geração a geração. Enquanto o segundo diz respeitos as relações entre os homens no processo de produção, como eles se organizam para produzir, como são distribuídos os equipamentos, as tecnologias, o conhecimento, o controle dos meios de produção e tudo aquilo que diz respeito ao processo de produção.

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No quinto capítulo “Estrutura e Superestrutura”, o autor demonstra que para Marx, a sociedade seria formada por uma estrutura, soma das forças produtivas e relações sociais de produção, e a superestrutura, aquilo que é produzido pelo homem que não é material (ideologias, concepções religiosas, conhecimento científico, entre outras coisas), sendo que a primeira gera a segunda.

No próximo capítulo, “Classe Social e Estrutura Social”, percebe-se que para Marx, o surgimento da divisão social do trabalho e da apropriação privada dos meios de produção se deu pelo excedente de produção, pois quando o homem só obtinha da natureza o necessário para sobrevivência não existe divisão do trabalho, muito menos a exploração de homem pelo outro. A apropriação privada dos meios de produção é o que criou as classes sociais, de um lado os proprietários dos meios de produção e do outro lado os não proprietários. Marx criticava veemente essa apropriação, pois existiria a exploração de quem detinha os meios de produção, mas não produzia, sobre os que produziam, mas não detinham esses meios. Além disso, quem detinha os meios de produção, detinha o controle político e religioso predominante.

No capítulo “Luta de Classes”, o autor demonstra como Marx acreditava que a luta de classes sempre esteve, e sempre estará, presente na história das sociedades em que houver a apropriação dos meios de produção. Isso porque, para ele, sempre haverá uma classe dominante, detentora dos meios de produção, exploradora do trabalho daqueles que não os detém. Assim, as relações entre essas duas classes antagônicas sempre serão conflituosas, até que a classe oprimida se organize e se rebele contra a classe opressora, tornando desta maneira a classe oprimida potencialmente um agente de mudanças. Um exemplo de classe oprimida como um agente de mudança foi a classe burguesa que através das revoluções da Idade Moderna mudaram as estruturas sociais da época.

No capítulo “Economia Capitalista”, o autor fala sobre a mercadoria, que seria o ponto chave do capitalismo. Ela seria tudo aquilo que o homem produz como também sua própria força de trabalho. A mercadoria teria dois componentes: valor de uso e valor de troca. O primeiro seria o valor dado a ela por sua utilidade. Enquanto o segundo seria o valor dado a mercadoria de acordo com habilidade utilizada e o tempo gasto na sua produção, e seu valor poderia variar no tempo e no espaço. Ainda nesse tema, o autor demonstrou que, segundo Marx, a divisão do trabalho é que cria a necessidade de mercado, produtores diferentes produzem mercadorias diferentes e precisam trocar essas mercadorias para o seu próprio consumo, mesmo que essa troca acontece através de moedas. Essa necessidade de troca de mercadorias faz com que a força de trabalho se torna uma mercadoria também, porém com algumas peculiaridades: “é a única que pode trazer mais riqueza que seu valor de troca”. Isso acontece porque o valor da força de trabalho do trabalhador vendida ao empregador é menor do que a capacidade de trabalho por ele produzida, isto é, existiria um trabalho excedente exercido pelo trabalhador que não era compensado pelo empregador. E isso, Marx denominou de mais-valia.

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E essa exploração só era possível porque o trabalhador era alienado, impedindo que ele percebesse que essa troca de mercadorias, força de trabalho pelo salário, que aparentemente era justa, na verdade era injusta.

Em “Papel Revolucionário da Burguesia”, décimo capítulo, o autor expõe como Marx fez uma análise do capitalismo, seu surgimento e evolução, e como esse surgimento destruiu o modelo medieval vigente. Nessa análise Marx percebeu o papel revolucionário que a burguesia teve na Idade Moderna. Ela destruiu e transformou todos os paradigmas medievais que impediam seu crescimento, tais como os tipos de processo produtivos, a organização social, os valores morais e religiosos, entre outros fatores. Além de observar que o capitalismo, tendo como característica a procura de novos mercados, possibilitou a burguesia levar essa revolução para todas as nações.

No capítulo “Transitoriedade”, entende-se que Marx percebeu que a burguesia ao se torna a classe dominante apenas substituiu os velhos paradigmas por novos. E assim, as lutas de classes ainda continuaram vigorando, uma vez que o capitalismo aumentava o antagonismo das classes, por haver uma maior exploração dos burgueses, detentores dos meios de produção, sobre o proletariado, não detentores dos meios de produção. Além disso, o capitalismo favoreceu a maior concentração do proletariado que, consequentemente, aumentou a “sua capacidade de organização e de luta e a consciência de sua situação social” , o que fez com que o proletariado fosse visto com uma classe revolucionária que deveria tomar o poder e fazer a transição de uma sociedade dividida em classes antagônicas para uma sociedade sem classes e sem poder político, uma sociedade comunista.

Já o capítulo “Trabalho, Alienação e Sociedade Capitalista” mostra que para Marx, o trabalho é o fundamento da alienação. Primeiro porque o trabalhador, com a divisão do trabalho, se torna um especialista no processo produtivo, sendo incapaz de visualizar seu trabalho no produto final. Segundo porque o trabalho é apenas fonte de sobrevivência e não de prazer. E por último, o fato do homem por valor em todas as coisas, até mesmo nas relações sociais. Marx vê uma sociedade comunista como uma solução para os conflitos entre as classes e para pôr fim à alienação.

No capítulo “Revolução”, percebe-se que Marx acreditava em um progresso da humanidade e via nas classes oprimidas os precursores desse progresso. Ele via o proletariado como uma classe de transformações e mudanças sociais. O proletariado tomaria o poder, sem ocorrer apenas uma inversão de posições (onde os oprimidos passariam a ser opressores e os opressores passariam a ser oprimidos), mas sim, uma mudança na sociedade e em suas bases.

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E no capítulo “Comunismo”, o autor diz que Marx via no comunismo essa nova sociedade que ele acreditava que o proletariado deveria criar. O comunismo possibilitaria a criação de uma sociedade sem classes, e consequentemente sem exploração de uma classe por outra, sem alienação, onde os homens seriam livres, onde a divisão do trabalho atendesse ao interesse coletivo, enfim, uma sociedade melhor.

Assim, o autor chega à conclusão, onde ele mostra como as obras de Marx serviram de fundamento para vários grupos, movimentos e pensadores contemporâneos.

Com esse texto, nota-se como a obra de Marx foi importante. Mesmo que a criação de uma sociedade comunista, o fim que tanto Marx almejava, tenha se tornado uma utopia, percebe-se que houve uma organização das classes oprimidas a fim de diminuir sua exploração pelas classes opressoras. Hoje em dia, por exemplo, na maioria dos países, a jornada de trabalho fica em torno de 8 horas diárias e isso só foi possível pela luta de alguns grupos sociais. Além disso, cada vez mais o trabalho tem deixado de ser uma fonte de alienação para se tornar uma fonte de prazer. Infelizmente ainda existem muitos países que apresentam a sociedade parecida com a que Marx viveu, mas percebe-se que, de alguma forma, todas as sociedades tende a se aproximar às sociedades em que as desigualdades entre as classes são menores ou mesmo que haja grandes desigualdades sociais, isto não impede que as classes não dominantes sejam felizes. Assim, percebe-se que o capitalismo contemporâneo muito se difere do capitalismo da época de Marx. E, além disso, ao se analisar a história, nota-se que todas as tentativas de implantar uma sociedade comunista fracassaram, nunca havendo a transição da “ditadura do proletariado” para a tão sonhada sociedade comunista. Assim, percebe-se o quanto as obras de Marx foram importantes, não por criar uma nova sociedade com novas bases (comunismo), mas sim por transformar a sociedade capitalista numa sociedade um pouco melhor.

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[ 2 ]. MARX. Manuscritos: economía y filosofía, p. 112.

[ 3 ]. QUINTANEIRO. Um Toque de Clássicos, p. 44.

[ 4 ]. QUINTANEIRO. Um Toque de Clássicos, p. 48.

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FICHAMENTO

QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de.Um toque de clássicos: marx, durkheim e weber. 2. ed., rev. e ampl. Belo Horizonte, MG:Ed. UFMG, 2002. 168 p. ; 23 cm ISBN 8570413173

INTRODUÇÃO

A reflexão sobre as origens e a natureza da vida social é quase tão antiga quanto a própria humanidade, mas a Sociologia, como um campo delimitado do saber científico, só emerge em meados do século XIX na Europa.Notadamente, o surgimento da Sociologia se deu a partir do advento decorrentes de pensamento como o racionalismo, o empirismo e o iluminismo e das transformações econômicas e sociais ocorridas principalmente a partir do século XVI, marcadas pela instabilidade e diversas crises que marcaram a Europa neste período. Sob este caótico panorama, a Sociologia nasceu como um norteador para tentar explicar e responder aos questionamentos da sociedade.

MUDANCAS RESULTANTES DA INDUSTRIALIZACÃO

As grandes transformações sociais acontecem de maneira quase que imperceptíveis para aqueles que nelas estão inseridos, por conseguinte, as transformações sociais resultantes do processo de industrialização são fruto de um processo lento iniciado na Renascença e que através de mudanças na organização política e jurídica, nos modos de produção e comercialização, propiciaram que um efeito multiplicador e geravam conflitos ideológicos e políticos. A nova forma de produção capitalista trouxe mudanças profundas em todos os campos da sociedade europeia, tanto material quanto nos princípios morais, religiosos e nas crenças que sustentavam o regime feudal. Estas transformações atingiram também a estrutura de classes e a organização estatal, enfraquecendo os estamentos tradicionais - aristocracia e campesinato - e das instituições feudais:servidão, propriedade comunal, organizações corporativas artesanais e comerciais.Notadamente, a partir da segunda metade do século XVIII, com a primeira revolução industrial e o nascimento do proletariado, estas mudanças passaram a ser mais evidentes e definitivas não só no ordenamento social, mas também na maneira de se relacionar das pessoas que começaram a conviver com situações contrastantes onde de um lado a oferta de trabalho, a modernização do processo produtivo industrial e agrícola, a intensa movimentação da economia e o crescimento das cidades, enfim, o progresso, se entrelaçava com uma série de experiências negativas e até agravadas pela nova ordem social como a poluição doar, a falta de infraestrutura fruto do crescimento desordenado das cidades com a migração em massa dos camponeses, a criminalidade, a violência, a promiscuidade,a pobreza, o alcoolismo e os nascimentos ilegítimos, mazelas sociais que imperava no carregado ambiente urbano. Logo, a cidade que acenava a todos com a

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possibilidade de maior liberdade, proteção, ocupação e melhores ganhos, também era omissa no cuidado aos membros mais frágeis desse novo sistema,particularmente os que ficavam fora da cobertura das leis e instituições sociais.Neste período, a alta densidade de população, aliada principalmente às precárias condições sanitárias, trazia consequências desastrosas para a saúde da população urbana, atingindo especialmente os mais miseráveis. O nascimento dessa nova ordem social encontrou as pessoas vivendo em condições desumanas em todos os aspectos, principalmente alimentar, de moradia, de saúde e de higiene. A expectativa de vida era muito baixa e as epidemias agravavam as taxas de mortalidade, o que só teve uma pequena melhoria no início do século XVIII, com o advento da revolução industrial e agrícola na Inglaterra, quando as pessoas puderam experimentar certa melhoria neste quadro. As condições de trabalho que caracterizam o início da revolução industrial eram assustadoras para os padrões atuais e eram responsáveis pela baixa expectativa de vida dos trabalhadores que cumpriam extenuante jornada de trabalho de até 18 horas, inclusive as mulheres e crianças.O salário dos aprendizes era em geral a metade do que se pagava aos operários, o das mulheres a quarta parte, e o das crianças... já se pode imaginar. Além dos baixos salários e das doenças devidas às péssimas condições de trabalho e das instalações, os trabalhadores também sofriam frequentes acidentes provocados pelo maquinário pesado que mutilava e matava, o que provocava revoltas violentas, como no chamado movimento ludista.Tanto na Europa como na América, a melhoria nas condições de trabalho e novos direitos foram sendo aos poucos conquistados e acrescentados à legislação social e trabalhista em diversos países.

Um avanço importante ocorreu no campo das relações afetivas, notadamente na formação familiar das camadas mais altas e médias da sociedade medieval,cujos critérios tinham por base a escolha dos parceiros por interesses políticos ou econômicos, dando lugar ao casamento por escolha mútua, fruto do amor romântico.Com essa nova sensibilidade, lançou-se um novo olhar sobre a criança e o adolescente, que antes eram considerados como adultos em miniatura. A industrialização trouxe modificações também na forma como as populações europeias percebiam o tempo, visto que passaram a depender menos dos fenômenos naturais - as estações, as marés, a noite e o dia, o clima para regular suas atividades produtivas. Com a inserção da tecnologia, passaram a fazer registros mais precisos do tempo, das tarefas laborais e também de adaptar a força de trabalho ao tempo de execução, fator este que trouxe um novo componente para as relações de trabalho, onde os operários perderam o controle do ritmo da produtividade e passaram a ser mais exigidos. Essa nova relação social trouxe também mais um motivo de reflexão para o estudo da Sociologia.

ANTECEDENTES INTELECTUAIS DA SOCIOLOGIA

Antes do século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento advinha do pensamento filosófico. Somente a partir deste período os saberes autônomos,incluída a Sociologia, passaram a ser sistematizados em disciplinas. A Reforma Protestante iniciada no século XVI, ao contestar a autoridade da Igreja Católica,devolveu ao homem o exercício da razão, que possibilitou as práticas do empirismo,do racionalismo cartesiano e o avanço das ciências experimentais que, no seu conjunto, caracterizarão a era moderna e o fervilhar de novas

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ideias. A Revolução Francesa, alimentada pelas ideias iluministas que se firmaram no pós revolução industrial, possibilitou a formação de um novo quadro sociopolítico,que teve um impacto decisivo na formação da Sociologia e na definição de seu principal foco: o conflito entre o legado da tradição e as forças da modernidade. A burguesia europeia ao pregar as ideias de liberdade, igualdade, progresso e incentivar a racionalidade, antecipava nuances do pensamento social que influenciaria diretamente os primeiros teóricos da Sociologia no século XIX.

Montesquieu (1689-1755) foi um filósofo que utilizou o conhecimento histórico e empírico, distanciando-se, assim, do raciocínio hipotético-dedutivo característico dos contratualistas. Talvez sua contribuição teórica mais importante refira-se à sua concepção de leis como relações necessárias que derivam da natureza das coisas.Sob esse ponto de vista, a liberdade é entendida como ³o direito de fazer tudo quanto as leis permitem´. Em síntese, a caracterização da esfera social como um campo diferenciado e a procura das leis que regem seu movimento representam o legado mais importante de Montesquieu à formação do pensamento sociológico.Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) concebeu um estado de natureza onde não existiriam desigualdades, e tampouco moralidade. Essa concepção modifica o conteúdo e o sentido do chamado pacto social´ o qual, ao fazer surgir o poder da lei, legitimou a desigualdade, a injusta distribuição da propriedade e da riqueza, e também a submissão, a violência, os roubos, a usurpação e todo tipo de abusos. O estado civil, além de ser um artifício, um ato de associação ao qual a vontade individual se submete, é o resultado de um processo histórico. Segundo Rousseau,os males da sociedade advêm dos efeitos nocivos da propriedade privada, que submetem o homem ao trabalho, à servidão e à miséria.O movimento iluminista acreditava na capacidade de progresso da humanidade a partir do uso da razão e logo, setores da sociedade iniciaram a divulgação de conhecimentos científicos e práticos com o intuito de tornar os descendentes mais instruídos, o que culminou com maravilhosas invenções e descobertas como a lançadeira que John Kay construiu, em 1733, e o tear mecânico produzido cinco anos mais tarde por John Wyatt e Lewis Paul que multiplicariam a produtividade da indústria têxtil; os projetos desenvolvidos entre 1761 e 1768 por James Watt que resultaram na máquina a vapor, fazendo surgir em 1813 a primeira locomotiva e, em 1821, o barco a vapor, construído pelo norte-americano RobertFulton.

PRIMEIRAS SOCIOLOGIAS: ORDEM, CAOS, CONTRADICÕES, EVOLUCÃO

A Revolução Francesa e seu ideário de liberdade, assim como o individualismo e o anticlericalismo presentes no pensamento iluminista, inspiraram também uma reação profundamente conservadora e de certo modo retrógrada no seio do pensamento social, ou seja, alguns pensadores como Edmund Burke,Joseph de Maistre e Louis de Bonald , também chamados de ³profetas do passado,

insistiam no resgate da vida comunitária e familiar e do processo artesanal de trabalho, próprios das sociedades medievais, destruídos pelo novo modo de produção e pela urbanização descontrolada. Esses precursores imediatos da Sociologia, consideram que o caos

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e a ausência de moralidade e solidariedade que as sociedades nascidas das duas grandes revoluções revelam eram fruto do enfraquecimento das antigas instituições protetoras, como a Igreja e as associações de ofícios, que haviam garantido ou expressado a estabilidade e a coesão social anteriores.Com a obra de Saint-Simon (1760-1825), A teoria social avança rapidamente na França. Ele foi um dos que primeiros percebeu a inutilidade da aristocracia no contexto da nova sociedade que ora estava nascendo, considerando que um dos fundamentos da sua análise sociológica residia na existência de classes dotadas de interesses conflitantes, logo, não haveria mais lugar para a aristocracia nesta nova ordem. Saint-Simon, adotando o método positivo das ciências, acreditava no industrialismo e nos avanços da ciência, sendo o progresso a característica fundamental da sociedade moderna.Saint-Simon buscou formular as bases de uma nova ciência, que chamou de Fisiologia Social. Ela deveria tratar da ação humana incessante, transformadora do meio, e adotar o método positivo das ciências físicas. A sociedade não seria ³umsimples aglomerado de seres vivos cujas ações, independentes de toda finalidade,não têm outra razão que a arbitrariedade das vontades individuais´, mas um verdadeiro ser animado, mais ou menos vigoroso, a cujas partes corresponderiam distintas funções´. As ideias saint-simonianas tiveram vigoroso impacto, tanto sobre a obra de Marx e Engels, como sobre a de Durkheim. Auguste Comte (1798-1857) foi o autor do termo Sociologia. Ele foi o grande divulgador do método positivo de conhecimento das sociedades, sintetizado numa máxima: ciência, daí previdência, previdência, daí ação. O método resumia-se em conhecer as leis sociais para poder prever racionalmente os fenômenos e agir com eficácia; explicar e antever, combinando a estabilidade e a atividade, as necessidades simultâneas de ordem e progresso - condições fundamentais da civilização moderna. A chamada filosofia positiva, segundo Comte, é fundamentalmente um sistema geral do conhecimento humano que se antepõe à³filosofia negativa com a pretensão de organizar, e não de destruir a sociedade.

Comte rejeitava a concepção contratualista de que a sociedade é formada de indivíduos, afirmando que tudo o que é humano além do nível meramente fisiológico deriva da vida social, o que evidencia o predomínio do coletivo. Para Comte, o individual não tinha nenhuma importância, apenas a Humanidade. Contrariamente às concepções iluministas e racionalistas do direito individual, Comte acreditava que³ninguém possui o direito senão de cumprir sempre o seu dever. A ordem, base das sociedades que alcançam o estado positivo, baseia-se no consenso moral, na autoridade. Por isso, rejeitava a revolução, por promover o progresso às expensas da ordem.Tanto Comte como Saint-Simon dedicaram-se também a analisar a necessidade da criação de uma religião - de fato uma moralidade consistente que fundamentasse a nova ordem social. Comte escreveu o Catecismo positivista, em que a Humanidade vem a substituir Deus, e o altruísmo ocupa o lugar do egoísmo.Do mesmo modo, o Novo cristianismo de Saint-Simon seria uma religião sem teologia e sem Deus, dedicada a aplicar os princípios da fraternidade à vida social.Com o intuito de constituir uma Sociologia científica com objeto e método de estudo claramente definidos, muitas hipóteses explicativas da natureza da vida social foram propostas. Nessa linha, a teoria evolucionista exerceu profunda atração sobre a Sociologia e a Antropologia, estimulando a utilização de analogias entre a sociedade e os organismos. Herbert Spencer (1820-1903) foi o sociólogo mais representativo dessa corrente. Ele difundiu o chamado darwinismo social - a teoria do evolucionismo biológico aplicada à compreensão dos fenômenos e,particularmente, das

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desigualdades sociais, através de conceitos como: evolução,seleção natural, luta e sobrevivência. A lei do progresso orgânico, acreditava Spencer, é a lei de todo progresso, que transforma o simples em complexo por meio de diferenciações sucessivas e da especialização de funções.Em meados do século XIX, Karl Marx (1818-1883), concentrou seus esforço sem compreender os homens de carne e osso, movidos por suas necessidades materiais. Ele procurou explicar a vida social a partir do modo como os homens produzem socialmente sua existência por meio do trabalho, e de seu papel enquanto agentes transformadores da sociedade. Isto trouxe de volta ao centro do debate político e intelectual o tema da desigualdade social, vinculando-o a processos histórico-sociais.

A Sociologia começou a se consolidar enquanto disciplina acadêmica e a inspirar rigorosos procedimentos de pesquisa a partir das reflexões de Émile Durkheim (1858-1917) e de Max Weber (1864-1920). Ambos se dedicaram não só a delimitar e a investigar um grande número de temas como a dar-lhes uma clara definição sociológica. Uma parcela considerável da produção desses autores esteve voltada à discussão do método de pesquisa adequado à Sociologia.Já na Alemanha de Weber a situação social e política era bastante distinta daquela que vigorava em boa parte do continente europeu. Sua industrialização foi retardatária em relação à da Inglaterra e à da França, faltando-lhe uma burguesia economicamente forte, politicamente audaz e com um certo grau de prestígio social. Assim é que os grandes proprietários agrícolas tomaram a direção do processo de unificação nacional que veio a ser concluído em 1870. Crítico do capitalismo – ou melhor, da sociedade racionalizada, burocratizada e desencantada ± Weber tem uma atitude resignada diante desses processos de evolução do dito sistema. É o chamado ³anti-capitalismo romântico que marca de forma definitiva seu pensamento.Em suma, foi a partir da obra realizada sobretudo por Marx, Durkheim e Weber que a Sociologia moderna se configurou como um campo de conhecimento com métodos e objeto próprios, ou seja, os valores preponderantes passaram a ser os humanos e não somente os institucionais. Desta forma, o ³olhar sociológico passaria a perceber temas próprios da humanidade, e a todos estes temas seria dado suma importância e poderiam a partir daí serem entendidos e explicados: o Estado, as religiões, os povos ³não-civilizados, a família e a sexualidade, o mercado, a moral, a divisão do trabalho, os modos de agir, as estruturas das sociedades e seus modos de transformação, a justiça, a bruxaria, a violência...Todos estes objetos seriam agora foco de uma nova ciência, e a razão passaria a ser vista como a luz que, promovendo a liberdade do indivíduo, orienta sábios e ignorantes em direção à verdade. Ao tratar de compreender a especificidade do que poderia ser chamado de sócial e dada a própria natureza de seu objeto, a Sociologia sofre continuamente as influências de seu contexto. Ideias, valores, ideologias, conflitos e paixões presentes nas sociedades permeiam a produção sociológica. Antigos temas -liberdade, igualdade, direitos individuais, alienação - não desaparecem, mas assumem hoje outros significados. A Sociologia era, e continua a ser, um debate

entre concepções que procuram dar resposta às questões cruciais de cada época.Por inspirar-se na vida social, não pode, portanto, estar ela própria livre de contradições.

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KARL MARX“O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz ... a desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas. O trabalho não apenas produr mercadorias, produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria...”Herdeiro de um ideário iluminista, Marx acreditava que a razão era não só um instrumento de apreensão da realidade, mas também de contrução de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização de todo o potencial de perfectibilidade existente.Teoria marxista articula a dialética e o materialismo sob uma perspectiva histórica, negando, assim, tanto o idealismo hegeliano quanto o materialismo dos neo-hegelianos.Marx e Engels questionam o materialismo feurbachiano que se limitava a captar o mundo como objeto de contemplação e não como resultado da ação humana. Por isso, não fora capaz de vê-lo como passível de transformação por atividade revolucionária ou crítico-prática.Enquanto para Hegel a história da humanidade nada mais é do que a história do desenvolvimento do Espírito, Marx e Engels colocam como ponto de partida. Posteriormente esse método de abordagem foi chamado de MATERIALISMO HISTÓRICO: as relaçãoes materiais que os homens estabelecem e o modo como produzem seus meios de vida formama a base de todas as suas relações. As formas econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam são transitórias e históricas.