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MAPA DO TRABALHO INFORMAL Perfil socioeconômico dos trabalhadores informais na cidade de São Paulo Quais as origens e as causas do trabalho informal? Mulheres, negros, crianças e idosos: a face da informalidade Trabalho informal ou desemprego camuflado? Como melhorar a situação dos trabalhadores informais? Kjeld Jakobsen, Renato Martins e Osmir Dombrowski (orgs.) Paul Singer e Márcio Pochmann

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MAPA DO TRABALHO INFORMALPerfil socioeconômico dos trabalhadores

informais na cidade de São Paulo

Quais as origens e as causas do trabalho informal?Mulheres, negros, crianças e idosos: a face da informalidade

Trabalho informal ou desemprego camuflado?Como melhorar a situação dos trabalhadores informais?

QUEM MORA nas grandes cidades acompanha o aumento contínuoda presença do trabalho informal. As calçadas estão repletas devendedores ambulantes e camelôs. As ruas ocupadas por pessoasvendendo todo tipo de produto.Famílias inteiras trabalham nas ruas da cidade. Homens, mulheres ecrianças vivem nos sinais de trânsito, revirando depósitos de lixo oupuxando carroças com material reciclável. Perueiros e motoqueirosencontram-se por toda a cidade. Trabalhadores sem registro emcarteira, empregadas domésticas, faxineiras... é o setor informal quenão para de crescer.Quem são esses trabalhadores? O que os levou a procurar esse meiode sobrevivência? Quais as origens do trabalho informal? O que podeser feito para melhorar a situação desses trabalhadores? Ajudara entender e a buscar soluções para essas questões é o objetivo doMapa do Trabalho Informal.O imenso contingente de trabalhadores cujas atividades encontram-se àmargem de qualquer regulamentação ou controle por parte do poderpúblico, constituindo o chamado setor informal, ocupa uma partesignificativa da economia brasileira e latino-americana.A Organização Internacional do Trabalho avalia que entre 1986 e1996, para cada cem novas ocupações criadas na América Latina,80 eram informais. A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, reali-zada nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, mostra quemetade da população ocupada nessas regiões encontra-se nainformalidade, quadro que se repete na cidade de São Paulo.O Mapa do Trabalho Informal é um retrato da evolução do trabalhoinformal na cidade de São Paulo. Sua meta é encontrar soluçõessolidárias para os problemas enfrentados pelos trabalhadores informais,sensibilizando os sindicatos, as organizações da sociedade civil e opoder público para a precariedade da situação desses trabalhadores.

Nas grandes cidades brasileiras, metade da populaçãoocupada encontra-se na informalidade, segundo o IBGE.

Enfrentar esta questão de modo democráticoe socialmente justo é um dos grandes desafios do país.

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MAPA DO TRABALHO INFORMALPerfil socioeconômico dos trabalhadores

informais na cidade de São Paulo

Quais as origens e as causas do trabalho informal?Mulheres, negros, crianças e idosos: a face da informalidade

Trabalho informal ou desemprego camuflado?Como melhorar a situação dos trabalhadores informais?

QUEM MORA nas grandes cidades acompanha o aumento contínuoda presença do trabalho informal. As calçadas estão repletas devendedores ambulantes e camelôs. As ruas ocupadas por pessoasvendendo todo tipo de produto.Famílias inteiras trabalham nas ruas da cidade. Homens, mulheres ecrianças vivem nos sinais de trânsito, revirando depósitos de lixo oupuxando carroças com material reciclável. Perueiros e motoqueirosencontram-se por toda a cidade. Trabalhadores sem registro emcarteira, empregadas domésticas, faxineiras... é o setor informal quenão para de crescer.Quem são esses trabalhadores? O que os levou a procurar esse meiode sobrevivência? Quais as origens do trabalho informal? O que podeser feito para melhorar a situação desses trabalhadores? Ajudara entender e a buscar soluções para essas questões é o objetivo doMapa do Trabalho Informal.O imenso contingente de trabalhadores cujas atividades encontram-se àmargem de qualquer regulamentação ou controle por parte do poderpúblico, constituindo o chamado setor informal, ocupa uma partesignificativa da economia brasileira e latino-americana.A Organização Internacional do Trabalho avalia que entre 1986 e1996, para cada cem novas ocupações criadas na América Latina,80 eram informais. A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, reali-zada nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, mostra quemetade da população ocupada nessas regiões encontra-se nainformalidade, quadro que se repete na cidade de São Paulo.O Mapa do Trabalho Informal é um retrato da evolução do trabalhoinformal na cidade de São Paulo. Sua meta é encontrar soluçõessolidárias para os problemas enfrentados pelos trabalhadores informais,sensibilizando os sindicatos, as organizações da sociedade civil e opoder público para a precariedade da situação desses trabalhadores.

Nas grandes cidades brasileiras, metade da populaçãoocupada encontra-se na informalidade, segundo o IBGE.

Enfrentar esta questão de modo democráticoe socialmente justo é um dos grandes desafios do país.

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Mapa do trabalho informalPerfil socioeconômico dos trabalhadores

informais na cidade de São Paulo

Kjeld Jakobsen – Renato Martins – Osmir Dombrowski(organizadores)

Paul Singer – Márcio Pochmann

EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO

Coleção Brasil Urgente

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Fundação Perseu AbramoInstituída pelo Diretório Nacional do

Partido dos Trabalhadores em maio de 1996

DiretoriaLuiz Dulci (presidente)

Zilah Abramo (vice-presidente)Hamilton Pereira (diretor)

Ricardo de Azevedo (diretor)

Diretoria Executiva daCentral Única dos Trabalhadores (CUT)

Presidente: João Antonio FelícioVice-Presidente: Mônica Valente

Secretário Geral: Carlos Alberto GranaPrimeiro Secretário: Remígio Todeschini

Tesoureiro: João Vaccari NetoSecretário de Relações Internacionais: Kjeld Aagaard Jakobsen

Secretária de Política Sindical: Gilda Almeida de SouzaSecretário de Formação: Altemir Antonio Tortelli

Secretária de Comunicação: Sandra Rodrigues CabralSecretário de Políticas Sociais: Pascoal CarneiroSecretário de Organização: Rafael Freire NetoDiretor Executivo: José Jairo Ferreira Cabral

Diretora Executiva: Maria Ednalva Bezerra de LimaDiretora Executiva: Elisangela dos Santos Araújo

Diretora Executiva: Luzia de Oliveira FatiDiretora Executiva: Rita de Cássia Evaristo

Diretora Executiva: Lúcia Regina dos Santos ReisDiretor Executivo: Jorge Luis Martins

Diretora Executiva: Lujan Maria Bacelar de MirandaDiretor Executiva: Temístocles Marcelos Neto

Diretor Executivo: José Maria de AlmeidaDiretora Executiva: Júnia da Silva Gouvêa

Diretor Executivo: Wagner GomesDiretor Executivo: Gilson Luis Reis

Diretor Executivo: Júlio TurraSuplente: José Gerônimo Brumatti

Suplente: Francisco AlanoSuplente: Aldanir Carlos dos Santos

Suplente: Wanderley Antunes BezerraSuplente: Rosane da SilvaSuplente: Dirceu Travesso

Suplente: Mônica Cristina da S. Custódio

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Sumário

APRESENTAÇÃO

Kjeld A. Jakobsen ................................................................................................ 5

INTRODUÇÃO

O trabalho informal no município de São PauloKjeld A. Jakobsen, Renato Martins, Osmir Dombrowski ................................... 7

PARTE 1 – TRABALHO INFORMAL: ORIGENS E EVOLUÇÃO

O trabalho informal e a luta da classe operáriaPaul Singer ....................................................................................................... 11A dimensão do trabalho informal na América Latina e no BrasilKjeld A. Jakobsen ............................................................................................. 13O excedente de mão-de-obra no município de São PauloMárcio Pochmann ............................................................................................ 18

PARTE 2 - MAPA DO TRABALHO INFORMAL NA CIDADE DE SÃO PAULO

Renato Martins e Osmir Dombrowski .............................................................. 24

PARTE 3 – ESTUDO DE CASOS

Renato Martins e Osmir Dombrowski .............................................................. 40

TABELAS ............................................................................................................ 52

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4MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Editora Fundação Perseu AbramoCoordenação editorial

Flamarion Maués

RevisãoCandice Quinelato Baptista – Maurício Balthazar Leal – Márcio Guimarães de Araújo

Capa, ilustrações e projeto gráficoGilberto Maringoni

Foto de capaAgência Estado

Editoração eletrônica Augusto Gomes

ImpressãoGráfica OESP

Equipe do Projeto Mapa do Trabalho Informal no Município de São Paulo

Coordenador geralKjeld Jakobsen

Coordenador técnicoRenato Martins

Equipe técnicaOsmir Dombrowski – Jorge Artur – Rita Maria Pinheiro

Selma Amaral Silveira – Maria Izabel Bezerra de Sá – Ricardo Dragão

ColaboradoresEquipe da vereadora Aldaíza Sposati

Anderson Kasuo – Marcos Toledo Barreto – Magdalena Alves – Francisco Macena

Equipe do deputado Paulo TeixeiraAltemir Antônio de Almeida

Parceria/Consultoria: SEADE/DIEESEMarise Hoffmann – Sinésio Pires Ferreira

AgradecimentosMuseu da Pessoa – Arquivo fotográfico Notícias Populares

Fundação SEADE – DIEESE – CESIT/UNICAMP

ApoioO Projeto Mapa do Trabalho Informal no Município de São Paulo conta com o apoio do

Centro de Solidariedade da American Federation of Labor – Confederation of Industrial Organizations (AFL – CIO) dos EUA

1a edição: novembro de 20001ª reimpressão: julho de 2001Tiragem: 1.500 exemplares

Todos os direitos reservados à Editora Fundação Perseu AbramoRua Francisco Cruz, 234

04117-091 – São Paulo – SP – BrasilTelefone: (11) 5571-4299

Fax: (11) 5573-3338Na Internet: http://www.fpabramo.org.br

Correio eletrônico: [email protected]

Copyright © 2000 by Editora Fundação Perseu AbramoISBN 85-86469-37-8

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5 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

São Paulo abriga um imenso contingente detrabalhadores cujas atividades encontram-se àmargem de qualquer regulamentação ou con-trole por parte do poder público, constituindoo chamado setor informal. Atualmente, os tra-balhadores informais representam quase a me-tade da população ocupada que trabalha e/oumora no município de São Paulo. Embora ocrescimento do desemprego seja um dos prin-cipais fatores responsáveis pelo aumento dainformalidade, ele não é o único. Nos últimosanos, a cidade de São Paulo vem passando pormudanças em seu perfil produtivo, tendo di-minuída sua capacidade industrial e converten-do-se numa cidade prestadora de serviços. Aessa mudança estrutural correspondem altera-ções no mercado de trabalho – e o aumento dainformalidade é uma de suas conseqüênciasmais visíveis.

O Mapa do Trabalho Informal no Municí-pio de São Paulo é um projeto de pesquisa co-ordenado pela Secretaria de Relações Interna-cionais da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e apoiado pelo Centro de Solidarieda-de da American Federation of Labor – Confe-deration of Industrial Organizations (AFL –CIO) dos Estados Unidos, que tem o objetivode acompanhar a evolução do trabalho infor-

mal na cidade de São Paulo. Nossa meta é en-contrar soluções solidárias para os problemasenfrentados pelos trabalhadores informais, sen-sibilizando os sindicatos, as organizações dasociedade civil e o poder público para a gravi-dade da situação desses trabalhadores.

Este projeto nasceu, originalmente, de umapreocupação de ordem política e está baseadona idéia de que a consolidação do regime de-mocrático não prescinde da igualdade de di-reitos econômicos, políticos, sociais e cultu-rais. O que pode parecer uma obviedade paraos países com tradição democrática consoli-dada não o é para o Brasil, um país marcadopor imensas desigualdades econômicas e soci-ais. Em nosso país, a condição de cidadanianão é universal e está associada ao modo deinserção dos indivíduos no mercado de traba-lho. A ruptura do vínculo empregatício formalrepresenta, na prática, a perda de direitos ebenefícios sociais. Ao ingressar no setor infor-mal, os trabalhadores se convertem numa es-pécie de “cidadãos de segunda classe”, per-dendo inclusive o acesso a direitos garantidospela Constituição brasileira.

A presente pesquisa é um primeiro passono sentido de desvendar a complexidade dosetor informal. De fato, o desconhecimento

Apresentação

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6MAPA DO TRABALHO INFORMAL

acerca da realidade dos trabalhadores infor-mais é evidente, tanto por parte do poder pú-blico, responsável por encontrar soluções parao problema, como por parte dos sindicatos,que vêem sua base social escoar-se, dia apósdia, para ocupações informais. Com essa pes-quisa procuramos iniciar uma reflexão siste-mática sobre o setor informal no municípiode São Paulo e, a partir das informaçõescoletadas, subsidiar a ação sindical e a elabo-ração de propostas para políticas públicas quevisem transformar a situação desses trabalha-dores. Esperamos que a metodologia desen-volvida também possa ser útil para aplicaçãoem outros municípios que se defrontam como mesmo problema.

A equipe responsável pela pesquisa teveacesso aos dados da Fundação Seade (SistemaEstadual de Análise de Dados), a registros doMuseu da Pessoa e ao Arquivo Fotográfico dojornal Notícias Populares. Gostaríamos de ex-pressar nossos agradecimentos a Pedro PauloM. Branco, diretor da Fundação Seade à épo-ca da realização da pesquisa. Também foi deextrema importância a consultoria do Depar-tamento Intersindical de Estatísticas e EstudosSócio-Econômicos (Dieese) por meio da par-ticipação da professora Marise Hoffmann. Oprofessor Márcio Pochmann, do Centro de Es-tudos Sindicais e de Economia do Trabalho daUniversidade Estadual de Campinas (CESIT/UNICAMP), e o professor Paul Singer, da Uni-versidade de São Paulo (USP), contribuíramcom a elaboração de artigos sobre a evoluçãodo mercado de trabalho no município de SãoPaulo, incorporados a esta publicação. Tam-bém contribuiu com valiosos comentários o

professor Gilberto Dupas, da USP. Sugestõesigualmente valiosas foram feitas por SinézioPires Ferreira, Anderson Kazuo Nakano, PaulaMontagner, Leila Blass, Antonio Prado, LauroIbañes, Suzana Sochaczwski, Solange Sanches,pela vereadora Aldaiza Sposatti e pelo depu-tado estadual Paulo Teixeira, ambos do Parti-do dos Trabalhadores de São Paulo. Finalmen-te, gostaríamos de registrar a contribuição dasvalentes Josefa Laurindo e Gabriela Leite, bemcomo o apoio do Sindicato dos Trabalhadoresda Economia Informal de São Paulo, da Fede-ração Nacional dos Urbanitários, do Sindicatodos Bancários de São Paulo e da Faculdade deArquitetura e Urbanismo da Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Agra-decemos sinceramente a todos.

O Projeto Mapa do Trabalho Informal noMunicípio de São Paulo não se encerra com apublicação dos resultados da presente pesqui-sa. Ao contrário: este é apenas o primeiro pas-so. Há ainda muitos aspectos relevantes a se-rem estudados, como o peso do setor informalna economia, sua conexão com as cadeias pro-dutivas dos diversos ramos econômicos e oaprofundamento da análise sobre o perfil so-cioeconômico das categorias de trabalhadoresinformais. O monitoramento do comportamen-to e da evolução dessas categorias e a apresen-tação de propostas para enfrentar essa situa-ção também fazem parte dos objetivos futurosdeste projeto. Com esta pesquisa, esperamoster contribuído para dar início ao trabalho.

Kjeld Aagaard JakobsenSecretário de RelaçõesInternacionais da CUT

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7 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

O trabalho informal nomunicípio de São Paulo

Este livro reúne um conjunto de informaçõessobre uma das dimensões pouco estudadas daprecarização do trabalho. Embora não desco-nheça nem a controvérsia em torno da concei-tuação do trabalho informal nem seus desdo-bramentos políticos, o estudo apresentado aseguir possui natureza empírica, visando tra-çar o perfil socioeconômico do trabalhador in-formal e comparar as condições de vida dasfamílias com pelo menos um membro na in-formalidade às das famílias sem nenhum mem-bro na ocupação informal.

A primeira parte – “Trabalho informal: ori-gens e evolução” – apresenta três textos quepermitem uma abrangente visão sobre como éconstituído o trabalho informal, suas causas es-truturais e os motivos de seu crescimento nosúltimos anos na cidade de São Paulo, no Brasile na América Latina. Os textos de Paul Singer,Márcio Pochmann e Kjeld Jakobsen propor-cionam uma breve, porém profunda, introdu-ção ao tema que é objeto do Mapa do Traba-lho Informal.

A segunda parte é constituída pelo Mapa pro-priamente dito e subdivide-se em duas seções.A primeira, sobre a dimensão e as característi-cas do setor informal, contém uma análise daevolução do mercado de trabalho no municí-pio de São Paulo nos anos 90. É também ana-lisada a situação do mercado informal a partir

dos atributos pessoais dos trabalhadores infor-mais e do perfil das principais categorias detrabalhadores informais.

A segunda seção se ocupa das condições devida dos trabalhadores informais e contém umaanálise comparativa entre as famílias que resi-dem no município de São Paulo com pelo me-nos um membro na informalidade e as famí-lias sem nenhum membro no setor informal.São avaliadas as condições de vida destes doistipos de família com relação a moradia, aces-so a serviços de saúde, nível de instrução, fre-qüência à escola, exposição à violência, rendi-mentos e participação no mercado de traba-lho.

A terceira parte do livro contém o “Estudo deCasos” realizado entre vendedores ambulantes,catadores de material reciclável e perueiros. Em-bora não tenham significância estatística, estesestudos colheram depoimentos pessoais sobre ocotidiano dos trabalhadores informais, enrique-cendo e ilustrando os dados quantitativos.

A mensuração do trabalho informal

Os estudos que compõem este livro se ba-seiam em critérios internacionais de definiçãodo setor informal. Para medir o trabalho infor-mal, a Organização Internacional do Trabalho(OIT) toma a unidade econômica como pontode partida. Tal unidade é caracterizada pelaprodução em pequena escala, pelo baixo nívelde organização e pela quase inexistente sepa-

Introdução

Kjeld A. JakobsenSecretário de Relações Internacionais da Cut

Renato MartinsPesquisador do Centro de Estudos de Cultura Comtemporânea

(CEDEC) e doutorando em ciência política na USP

Osmir DombrowskiProfessor da Universidade do Oeste do Paraná e doutorando

em ciência política na USP

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ração entre capital e trabalho. Este critério tam-bém embasa os estudos realizados pelo Pro-grama Regional de Emprego para a AméricaLatina e Caribe (PREALC) da OIT. Em am-bos, parte-se do pressuposto de que todos ostrabalhadores ocupados nas unidades econô-micas com estas características são informais,sem entrar no mérito de possíveis exceções.

A definição operacional de setor informal uti-lizada para a construção dos indicadores esta-tísticos deste estudo obedece aos critérios daOIT contidos na Recomendação aprovada na15ª Conferência de Estatísticos do Trabalho, em1993, além de acrescentar o segmento “assala-riados sem carteira de trabalho assinada”. Esteestudo compreende as seguintes categorias:• Assalariados em empresas com até cinco em-pregados:a) com carteira assinadab) sem carteira assinada• Assalariados sem carteira assinada em em-presas com mais de cinco empregados• Empregadores em empresas com até cincoempregados• Donos de negócio familiar• Autônomos:a) que trabalham para o públicob) que trabalham para empresas• Empregados domésticos• Trabalhadores familiares

Estas categorias obedecem às seguintes de-finições:• Assalariado: é o trabalhador que tem vínculoempregatício caracterizado pela legislação vi-gente, com ou sem carteira de trabalho assina-da. Sua jornada de trabalho é prefixada peloempregador e sua remuneração normalmenteé fixa, sob forma de salário, ordenado ou sol-do, podendo incluir adicionais por tempo deserviço, cargos de chefia, insalubridade epericulosidade. Em alguns casos, a remunera-ção pode estar composta por duas partes: umafixa, prevista no contrato de trabalho, e outravariável, sob a forma de comissão que podeser paga pelo empregador, pelo cliente ou porambos. Inclui também o indivíduo que prestaserviço religioso, assistencial ou militar obri-gatório com alguma remuneração.• Autônomo ou por conta própria: pessoa queexplora seu próprio negócio ou ofício e presta

seus serviços diretamente ao consumidor oupara determinada(s) empresa(s) ou pessoa(s).Esta categoria se subdivide em:• Autônomo para empresa: é o indivíduo quetrabalha por conta própria exclusivamente paradeterminada(s) empresa(s) ou pessoa(s), masnão tem uma jornada de trabalho prefixada con-tratualmente, nem trabalha sob o controle di-reto da empresa, tendo, portanto, liberdade paraorganizar seu próprio trabalho (horário, formade trabalhar e ter ou não ajudantes). Essa cate-goria inclui também o trabalhador vinculado auma empresa que recebe exclusivamente porprodução, cujo vínculo é expressamente for-malizado em contrato de autônomo.• Autônomo para o público: é identificadocomo a pessoa que explora seu próprio negó-cio ou ofício, sozinho ou com sócio(s) ou ain-da com a ajuda de trabalhador(es) familiar(es)e eventualmente tem algum ajudante remune-rado em períodos de maior volume de traba-lho. O indivíduo classificado nessa categoriapresta seus serviços diretamente ao consumi-dor, sem usar a intermediação de uma empresaou pessoa.• Empregador: é identificado como a pessoaproprietária de um negócio e/ou empresa ouque exerce uma profissão ou ofício e tem nor-malmente um ou mais empregados assalaria-dos, contratado(s) de forma permanente.• Dono de negócio familiar: é o indivíduo donode um negócio ou de uma empresa de sua pro-priedade exclusiva ou em sociedade com pa-rentes e que nunca trabalha sozinho. Normal-mente, neste tipo de negócio, só trabalham pa-rentes que não recebem remuneração salarial,podendo, porém, haver situações nas quais tra-balham um ou dois empregados de forma per-manente e remunerada.• Empregado doméstico: é o indivíduo que tra-balha em casa de família, contratado para rea-lizar serviços domésticos. Pode ser mensalistaou diarista. O primeiro caso refere-se ao em-pregado que recebe salário mensal e o segun-do à pessoa que trabalha em casa de uma oumais famílias recebendo remuneração por dia.• Trabalhador familiar: é a pessoa que exerceuma atividade econômica em negócios ou notrabalho de parentes sem receber um saláriocomo contrapartida, podendo, no entanto, rece-ber uma ajuda de custo em dinheiro ou mesada.

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As pesquisas utilizadas

Os dados utilizados nessa pesquisa foramextraídos da Pesquisa de Emprego e Desem-prego (PED) e da Pesquisa de Condições deVida (PCV) relativas a 1998. Também foramutilizadas as informações qualitativas prove-nientes do Estudo de Casos. A PED, produzi-da pela Fundação Seade em convênio com oDieese, constitui um levantamento mensal, poramostra de domicílios, que cobre a RegiãoMetropolitana de São Paulo. Seu escopo cen-traliza-se em vários aspectos do mercado detrabalho, inclusive o desemprego oculto pelotrabalho precário. A abrangência de seu ques-tionário, aliada às características da constru-ção de sua amostra, possibilitam um grandedetalhamento das distintas formas de inserçãoocupacional, que permitiram a utilização dadefinição de setor informal adotada neste tra-balho.

A PCV é também uma pesquisa domiciliarrealizada periodicamente pela Fundação Seade,mas com escopo bem mais amplo que o daPED. Esta pesquisa utiliza-se de um instrumen-to de coleta de dados com múltiplos propósi-tos, abrangendo temas como caracterizaçãosociodemográfica das famílias, educação, aces-so a serviços de saúde, condições habitacio-nais, inserção no mercado de trabalho, com-posição da renda e do patrimônio familiar, en-tre outros. Suas informações permitiram carac-terizar as famílias em que pelo menos um deseus membros trabalha no setor informal, bus-cando particularidades que auxiliem na com-preensão desse fenômeno e na definição deformas de atuação sobre ele.

O Estudo de Casos foi feito a partir de en-trevistas com trabalhadores informais, aplica-das pela equipe do Mapa do Trabalho Infor-mal, sobre as características pessoais, familia-res e do trabalho exercido; avaliação do negó-cio e perspectivas; exposição à violência e con-flitos no uso do espaço urbano; relações como poder público e participação nas decisõessobre a regulamentação das atividades infor-mais; experiência anterior como assalariado eexperiência de trabalho imediatamente ante-rior; acesso à seguridade social e, por último,seus vínculos familiares e associativos. As en-trevistas foram aplicadas aos trabalhadores das

categorias escolhidas em seus próprios locaisde trabalho.

Optamos por desenvolver o presente estudono município de São Paulo considerando, em

primeiro lugar, a dimensão e a vitalidade doseu mercado de trabalho, apesar de todos osproblemas conhecidos nesta área, como o de-semprego, a desindustrialização e outros. Talescolha permitiu a desagregação de dados daPED e da PCV, mostrando de modo mais deta-lhado a diversidade do setor informal. Tam-bém pesou nesta escolha o desejo de elaborarum trabalho que pudesse fortalecer iniciativasjá existentes de lidar com o problema, a exem-plo do recente acordo feito com a CPTM (Com-panhia Paulista de Trens Metropolitanos) pararegulamentar o comércio informal nas estaçõesde trens ou, ainda, as diversas incubadoras decooperativas de produção existentes em SãoPaulo.

Algumas características do trabalho informal

Os resultados alcançados mostram que o tra-balho informal no município de São Paulo temorigem nas causas apontadas pela OIT. Embo-ra alguns apreciem a “autonomia” do trabalhoinformal, a maior parte deles está na informa-lidade em razão do desemprego e a amplamaioria tem como demanda comum a regula-mentação da atividade.

A pesquisa mostrou que os trabalhadores in-formais têm um lugar na cadeia produtiva, sejaatuando no escoamento de produtos de todotipo, realizado pelos vendedores ambulantes ede ponto fixo, seja na apropriação e na reci-clagem dos restos advindos da produção, pormeio de catadores de papel, papelão, metais,lixo, ou ainda na prestação de serviços diver-sos para o público ou para empresas. Isto nãosignifica, porém, que esta inserção seja impor-tante na geração de renda. Pelo contrário, ela éextremamente precária e, além de não garantiro acesso aos direitos sociais e trabalhistas bá-sicos, para a maioria dos trabalhadores infor-mais ela se caracteriza por uma renda muitobaixa.

A pesquisa constatou que o crescimento dainformalidade é acompanhado pelo declínio donúmero de trabalhadores com carteira de tra-balho assinada e pelo crescimento dos que tra-

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10MAPA DO TRABALHO INFORMAL

balham sem registro, tanto nas pequenas em-presas como nas empresas com mais de cincoempregados. Mas isto é insuficiente para ex-plicar o fenômeno da informalidade. Emborao município de São Paulo ainda seja o maiormercado de trabalho urbano do país, seu nívelde desindustrialização vem crescendo. Hámuitos trabalhadores informais em São Pauloque estão inseridos na chamada economiamoderna, como a produção de vestuário e ou-tros trabalhos descentralizados em domicílioou diferentes esquemas terceirizados.

Os sindicatos e os trabalhadores informais

É necessário mencionar também o caráterestratégico dessa discussão para os sindicatos.Fala-se muito sobre a necessidade de organi-zar estes trabalhadores, sob pena de os sindi-catos perderem cada vez mais seu espaço deatuação e poder político, tendo em vista a di-minuição do número de trabalhadores formaisque formam sua base de representação. Noentanto, apesar de algumas tentativas de orga-nizar os trabalhadores informais – como o Sin-dicato dos Trabalhadores na Economia Infor-mal de São Paulo e seus similares em outrascidades – e da criação recente da Agência deDesenvolvimento Solidário da CUT, na ver-dade não se constituiu ainda uma verdadeiraestratégia de organização, nem uma políticapara o setor informal.

Este dilema não é novo para o movimentosindical. No início do século, com o surgimen-to das grandes fábricas com linhas de produ-ção, os artesãos foram aos poucos perdendoespaço no mercado de trabalho para os traba-lhadores industriais, que ninguém sabia comoorganizar no início, mas que acabaram por ge-rar o modelo de organização sindical atual, ado-tado posteriormente pelos trabalhadores naagricultura e no serviço público. O dilema vi-vido atualmente é semelhante. Além do des-conhecimento de como organizar um trabalha-dor por conta própria que não tem uma rela-ção de trabalho direta com um empregador, osdirigentes sindicais se perguntam se investir em

sua organização não seria reconhecer e perpe-tuar uma situação indesejável.

A presente pesquisa foi motivada pela con-vicção de que estes trabalhadores podem serorganizados. Internacionalmente, existem ini-ciativas e instrumentos para combater o traba-lho informal ou, no mínimo, para garantir aestes trabalhadores mecanismos de proteçãosocial, qualificação e renda – seja a partir deresoluções como as da Conferência Social deCopenhague, seja a partir de algumas Conven-ções e Recomendações da OIT, como, porexemplo, a Convenção 177, a Recomendação184 sobre “Trabalho em Domicílio” e a Reco-mendação 189 sobre “Emprego nas Pequenase Médias Empresas”. Propostas decertificações de produtos, como a SA 8000,também são válidas, pois o simples respeito apelo menos um de seus critérios, como o direi-to à negociação coletiva, significa a manuten-ção de relações formais de trabalho. Iniciati-vas como a criação da SEWA (Self EmployedWomen Assossiation) da Índia, reunindo e or-ganizando milhares de mulheres que trabalhampor conta própria, lhes garantem crédito e me-lhores condições de comercialização de seusprodutos, principalmente têxteis e vestuário.O mesmo acontece com a SEWU (SelfEmployed Women Union), da África do Sul,uma grande cooperativa de artesãs.

Parece ser este o caminho que devemos se-guir e aprofundar, mas que não pode ser umfim em si mesmo. Resgatar o papel do Estado,ainda mais num país como o Brasil, onde osdireitos mínimos de cidadania sempre estive-ram historicamente associados à inserção for-mal no mercado de trabalho, é fundamental,bem como a retomada do crescimento econô-mico sustentável. Estamos convencidos de que,na cidade de São Paulo, as forças políticas ca-pazes de levar esta concepção adiante estãopresentes, como sindicatos, partidos políticoscomprometidos com a cidadania, intelectuais euniversidades, além de organizações sociaisdiversas. Oferecemos os resultados desta pes-quisa aos que acreditam e estão dispostos a atuarem favor da transformação do setor informal.

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11 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

No debate sobre trabalho informal, convémlembrar que ele – como quer que o chame-mos: subemprego, desemprego disfarçado, es-tratégia de sobrevivência – é algo relativamenteantigo, datando dos primórdios da RevoluçãoIndustrial. Marx, n’O Capital (vol.1), denomi-nou a quarta seção do capítulo 23 de “Diver-sas formas de existência da população relati-vamente excedente”. Por que relativamenteexcedente? Porque ela excede momentanea-mente as necessidades do capital, ou seja, aprocura por mão-de-obra das empresas. Masela de modo algum é excedente, no sentido deredundante, desnecessária à economia comoum todo, inclusive ao modo de produção capi-talista. Este, para poder pagar salários compa-tíveis com a valorização do capital, precisapoder dispor de uma massa de trabalhadoresque esteja sendo demitida por algumas empre-sas e admitida por outras. É uma reserva mó-vel de trabalho, sempre disponível às empre-sas quando estas querem expandir rapidamen-te o número de empregados. Marx chamou estaparte da população excedente de “líquida”.

Parte 1

Trabalho informal:origens e evolução

O trabalho informal e a luta da classe operária

Paul SingerProfessor titular de economia da Universidade de São

Paulo (USP) e coordenador da Incubadora Tecnológicade Cooperativas Populares dessa universidade.

Uma segunda parte da população excedente,segundo Marx, é a “latente”, formada pelosmoradores do campo que estão em vias de serexpulsos da agricultura e só esperam uma con-juntura favorável para se dirigir às cidades embusca de trabalho. Mas é a terceira parte queaqui mais nos interessa. “A terceira categoriada população relativamente excedente, a estag-nada, forma parte do exército ativo do traba-lho, mas com ocupação inteiramente irregular.Ela oferece assim ao capital uma fonte inesgo-tável de força de trabalho disponível. Seu pa-drão de vida cai abaixo do nível normal da clas-se trabalhadora e é exatamente isso que a tornauma ampla base para ramos de exploração es-pecíficos do capital. Caracterizam-na o máxi-mo de tempo de trabalho e o mínimo de salá-rio” (Abril Cultural, São Paulo, 1982, p. 677).

Seria difícil resumir melhor os resultados dapesquisa Mapa do Trabalho Informal no Muni-cípio de São Paulo, realizada pela CUT epublicada neste livro. O “trabalho informal”corresponde ao segmento estagnado da popula-ção excedente que Marx tinha diante dos olhos,

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em Londres, em 1865-66, quando redigia o pri-meiro volume d’O Capital. Em primeiro lugar,trata-se do exército industrial ativo e não de re-serva, este formado pelos sem-trabalho, pelosdesempregados no sentido estrito do termo. Osdesempregados vivem do seguro-desemprego(enquanto dura) ou são sustentados por eco-nomias ou pelo que ganham outros membrosda família, enquanto ficam em tempo integralprocurando emprego. Os trabalhadores in-formais já desistiram de procurar emprego,como reiteram os entrevistados no Estudo deCasos desta pesquisa (ver p. 40). Eles saem àluta, tentando ganhar a vida de qualquer jeito.

Em segundo lugar, trabalham longas jorna-das para ganhar um mínimo. Mostra a pesqui-sa que “normalmente os vendedores em pontofixo trabalham de segunda a sábado, descan-sando aos domingos, mas em muitos casos tra-balham sem folga, de segunda a domingo. Ajornada de trabalho média entre os entrevista-dos é de 76 horas por semana”. A jornada se-manal média de trabalho dos vendedores emtrens é de 62 horas a dos vendedores em semá-foros é de 54 horas e a dos catadores de mate-rial reciclável é de 44 horas. Os ganhos sãoincertos e muito variáveis nestas profissões. Osvendedores em ponto fixo, certamente uma dasmaiores categorias de trabalhadores informais,ganham em média R$ 927 por mês, mas “comuma grande distância entre o menor ganho, queé de R$ 150,00 e o maior, de R$ 4.000,00”. Agrande maioria dos informais exerce ativida-des precárias, quase todas sujeitas a repressãopolicial, o que torna os ganhos extremamenteinstáveis e incertos.

Uma das características do trabalho infor-mal é que ele se restringe a poucos ramos deatividade. Convém lembrar que em 1998, con-forme a pesquisa, 48,2% dos ocupados naGrande São Paulo estavam neste setor. A gran-de maioria deles se dedica ao pequeno comér-cio e a serviços de baixa qualificação, inclusi-ve o doméstico. Estes serviços muitas vezesexigem experiência e conhecimentos, mas nãoescolaridade elevada. Os mercados do traba-lho informal são o desaguadouro de toda a forçade trabalho que desistiu de procurar empregoou deixou de contar com suporte material parafazê-lo. Por isso em todos eles há excesso deoferta. Sendo quase a metade da força de tra-

balho ocupada, os trabalhadores informais têmacesso a muito menos que a metade da econo-mia metropolitana, a maior parte da qual é do-minada pelo grande capital, sendo constituídapor mercados oligopolizados, ou seja, em quea oferta está concentrada em um pequeno nú-mero de empresas, que por isso têm meios deevitar que ela se torne excessiva.

Para resgatar o trabalho informal da pobre-za é necessário organizá-lo. Mas a forma deorganização não pode ser o sindicato clássico,porque os trabalhadores informais não têm em-prego regular, não são explorados por empre-sas em termos permanentes, sendo antes víti-mas da espoliação de intermediários, usurári-os, fiscais e policiais corruptos. Uma forma quese mostrou eficaz é a cooperativa, à qual per-tence parte dos catadores de material reciclável.A cooperativa tem por base a solidariedade en-tre os trabalhadores, que impede a concorrên-cia entre eles. No caso dos catadores, por exem-plo, ela lhes permite barganhar de igual paraigual com os recicladores e eventualmente atésubstituí-los pela própria cooperativa. Uma co-operativa que reunisse todos ou a maioria dosvendedores ambulantes poderia distribuí-los deforma racional pelos espaços da cidade, semimpedir a circulação dos clientes potenciais,organizar em parceria com o poder públicoshoppings populares e até desenvolver novasatividades para ocupar os excedentes.

A organização em cooperativa permitetransformar o trabalho informal em formal e apequena produção, fragilizada pelo tamanhoreduzido das unidades, em produção em escalamédia e grande. Isso, porém, exige capital, quepode vir de fonte pública (programas degeração de trabalho e renda) ou, melhor ain-da, da poupança da própria classe operária,depositada em cooperativas de crédito que seorganizem em bancos cooperativos. Se forpossível organizar em cooperativas umagrande parte do trabalho informal, ele deixaráde fazer parte da população relativamente ex-cedente e seus integrantes deixarão de estarcondenados a trabalhar jornadas máximas paraganhar um mínimo.

É do maior interesse dos trabalhadores for-mais e de seus sindicatos que os trabalhadoresinformais se organizem. Embora não concor-ram diretamente com os formais, os trabalhado-

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res informais em grande parte anseiam porempregos regulares (como deixa claro o Estudode Casos da pesquisa) e sua presença latenteno mercado de trabalho debilita o poder debarganha e a capacidade de luta das organiza-ções sindicais. Quanto mais eles se organi-zarem, tanto mais reforçarão a luta dos assala-riados formais por melhores salários e condi-ções de trabalho. Convém lembrar que as coo-perativas competem com as empresas capita-listas e, se estas pagam melhor seus trabalhado-res, o ganho dos cooperadores sobe na mesmaproporção, pois o preço no mercado é sempreregulado pelo custo médio do trabalho.

É, no entanto, difícil reunir trabalhadores queatuam isoladamente e em competição entre siem cooperativas, pois estas requerem profun-dos laços de confiança mútua e solidariedadeentre os companheiros. A cooperativa de tra-balhadores é uma organização autogestionária,em que cada sócio é proprietário de uma cotaigual do capital e tem direito a um voto na as-sembléia, em que todas as decisões importan-tes são tomadas e na qual são eleitos os direto-res e demais encarregados da administração.

A dificuldade provavelmente reside noreceio do trabalhador de abrir mão de sua auto-nomia para compartilhar o destino de outros,de cujo caráter e integridade ele não tem

provas. Este receio é superado, no entanto, sealguma cooperativa puder ser formada e o seuêxito demonstrar que trabalhadores informaissão capazes de criar empreendimentos com-petitivos no mercado e que remuneram otrabalho melhor e de modo mais sistemáticodo que a atividade individual. A experiêncianacional e internacional indica que aorganização cooperativa requer apoioconstante, ao menos em sua fase inicial, paraajudar os novos cooperadores a ganhar culturasolidária e capacitação gerencial.

É aqui que a solidariedade dos sindicatoscom os trabalhadores informais tem um vastocampo prático de aplicação. Hoje em dia já hávárias organizações que se dedicam a apoiarcooperativas de trabalhadores, como aANTEAG (Associação Nacional dos Traba-lhadores em Empresas de Autogestão e Parti-cipação Acionária), o MST (Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra), as Incu-badoras Universitárias de CooperativasPopulares e a Agência de DesenvolvimentoSolidário da CUT. Seria importante os sin-dicatos se engajarem nesta luta – vários já ofizeram –, estreitando os laços entre otrabalho formal e o informal e forjando as-sim uma frente unida contra a hegemoniaexploradora do grande capital.

O termo “setor informal” foi cunhado pelaOrganização Internacional do Trabalho (OIT)e utilizado pela primeira vez nos relatórios so-bre Gana e Quênia, elaborados no âmbito doPrograma Mundial de Emprego, em 1972. Umadas principais conclusões alcançadas nestes re-latórios foi que o problema social mais impor-tante naqueles países não era o desemprego,mas sim a existência de um grande número de“trabalhadores pobres”, ocupados em produ-zir bens e serviços sem que suas atividadesestivessem reconhecidas, registradas, protegi-das ou regulamentadas pelas autoridades pú-blicas.

A dimensão do trabalho informal na América Latina e no BrasilKjeld A. Jakobsen

Secretário de Relações Internacionais da [email protected]

Posteriormente, outros termos passaram a serutilizados para identificar as ocupações infor-mais, como “setor não-estruturado”, “setor não-organizado” ou “setor não-protegido”, revelan-do a existência de divergências conceituais paraa definição dessas ocupações. Da mesma for-ma que há nuanças na tentativa de definiçãodo setor informal, também existem visões di-ferenciadas sobre a origem e o papel do setorinformal na economia.

Segundo o Programa Regional de Empregopara a América Latina e Caribe (PREALC) daOIT, o setor informal é composto por peque-nas atividades urbanas, geradoras de renda, que

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se desenvolvem fora do âmbito normativo ofi-cial, em mercados desregulamentados e com-petitivos, em que é difícil distinguir a diferen-ça entre capital e trabalho. Estas atividades seutilizam de pouco capital, técnicas rudimenta-res e mão-de-obra pouco qualificada, que pro-porcionam emprego instável de reduzida pro-dutividade e baixa renda. O setor também secaracteriza pela falta de acesso aos financia-mentos e créditos normalmente disponíveis aosetor formal e pela baixa capacidade de acumu-lação de capital e riqueza.

América Latina

A origem do trabalho informal na AméricaLatina e no Caribe estaria relacionada à fortemigração de trabalhadores do campo para acidade após a Segunda Guerra Mundial, devi-do às transformações nos atrasados meios deprodução agrícolas, que dispensaram mão-de-obra neste setor, somadas à busca de melhorescondições de trabalho na nascente indústriaurbana. No entanto, esta não foi capaz, em ne-nhum momento, de oferecer empregos suficien-tes e bem remunerados a todos. Isto levou umaparcela expressiva destes migrantes a consti-tuir um excedente de mão-de-obra, que foiobrigado a “inventar” seu próprio trabalho –principalmente no comércio e no setor de ser-viços – como meio de sobrevivência.

A análise do PREALC/OIT colide com a vi-são dos economistas liberais, que afirmam quea economia informal não é um setor definidocom precisão, pois inclui todas as atividades

econômicas extralegais, inclusive a produçãoe o comércio orientados pelo mercado ou paraa subsistência direta. A origem da informali-dade é atribuída à excessiva regulamentaçãoda economia pelo Estado. Sob esse ponto devista, o trabalho informal seria a resposta po-pular às restrições legais, derrubando com su-cesso a barreira estatal legal, implantando adesregulamentação de fato e representando airrupção das forças do mercado contra a eco-nomia engessada pela regulamentação. Nestecaso, o empreendedor informal não seria umprodutor marginal de baixa produtividade,como afirma o PREALC/OIT, mas um heróieconômico que logra sobreviver e mesmo pros-perar, apesar da perseguição estatal contra suasatividades.

Uma terceira perspectiva, também chamada“estruturalista”, define o setor informal comoo conjunto de atividades geradoras de rendadesregulamentadas pelo Estado em ambientessociais em que atividades similares são regu-lamentadas. A origem do trabalho informal es-taria, em parte, nas formas alternativas de tra-balho utilizadas pelas grandes empresas for-mais, como o trabalho em tempo parcial ou ca-sual, os contratos de prestação de serviços e asubcontratação para pequenas e desregulamen-tadas empresas terceiras de produção de bense serviços. Isto significa que muitos empreen-dedores e trabalhadores informais são consi-derados integrantes da economia formal mo-derna, mas não contabilizados dessa forma,para burlar a fiscalização contábil e escaparda regulamentação do Estado.

Quadro 1Estrutura do emprego não-agrícola na América Latina

Fonte: Estimativas PREALC (%). Elaboração própria.

(1) Trabalhadores por conta própria, já subtraídos os técnicos e profissionais liberais(2) Trabalhadores em serviços domésticos(3) Trabalhadores em grandes empresas(4) Trabalhadores em pequenas empresas com mais de cinco ou dez empregados, conforme o país

SETOR INFORMAL SETOR FORMALSetor Privado

ANOTOTAL (1) (2) TOTAL Setor

Público (3) (4)1980 25,6 19,2 6,4 74,4 15,7 44,1 14,61985 30,4 22,6 7,8 69,6 16,5 36,5 16,61990 30,8 23,9 6,9 69,2 15,5 31,6 22,1

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De acordo com esta interpretação, o traba-lho informal não seria uma irrupção advindados de baixo, como defendem os liberais, mascorresponderia à estratégia de acumulação decapital das empresas formais modernas. As di-nâmicas sociais da utilização do trabalho, nocontexto da divisão entre o protegido e o não-protegido, ajudariam a explicar a persistênciae mesmo o crescimento do emprego informallatino-americano durante os anos relativamenteprósperos do período de industrialização dopós-guerra, criando até mesmo situações emque alguns proprietários de atividades infor-mais recebiam uma renda superior, em média,à dos trabalhadores do setor formal.

Mais recentemente, economistas neoliberaiscomo Rudiger Dornbusch atribuíram a expan-são do trabalho informal ao longo período dealtas taxas inflacionárias e aos descompassosdas economias dos países latino-americanos.Paul Krügmann chegou a afirmar que os paísesem vias de desenvolvimento teriam necessaria-mente de passar pela fase da desregulamentaçãoe da superexploração de mão-de-obra que ca-racterizou o início da Revolução Industrial,como hoje ocorre nas “maquiladoras” da Ásiae da América Central, como uma via paraacumulação de capitais e avanço tecnológicoindispensáveis ao desenvolvimento.

Independentemente da polêmica sobre a ori-gem do trabalho informal, o quadro que temosaponta para seu crescimento. A OIT avalia queentre 1986 e 1996, para cada 100 novas ocupa-ções criadas na América Latina, 80 eram in-formais.

Brasil

O Brasil não é muito diferente dos demaispaíses da América Latina no que tange ao fenô-

meno do trabalho informal, embora apresenteíndices inferiores aos deles, resultado de umesquema de industrialização mais vigoroso. Ain-da assim, a migração do campo para as cidadesentre 1950 e 1980 envolveu mais de 35 milhõesde pessoas: além de ser considerado um dosmaiores movimentos populacionais do mundo,contribuiu sobremaneira para a formação denosso excedente de mão-de-obra urbana.

No Brasil, há vários indicadores que permi-tem avaliar minimamente a dimensão e algu-mas características do trabalho informal, em-bora geralmente seus resultados variem devi-do à aplicação de metodologias diferentes.

Segundo o PREALC, o percentual de traba-lhadores informais no Brasil em 1980 era de24% da População Economicamente Ativa(PEA), contra 28,8% em 1990. Segundo aRAIS (Relação Anual de Informações Sociais)de 1981, o número absoluto de trabalhadoresformais atingiu o montante de 22,2 milhões detrabalhadores, equivalente a 49% da PEA da-quele ano, aproximando-se do número abso-luto de 1998 (22,3 milhões, projeção sobre aRAIS de 1996), porém, nesse caso, equivalen-te a apenas 29% da PEA.

Estes dados confirmam a contínua substitui-ção do trabalho formal pelo informal no Bra-sil, sem falar no crescimento do desempregoaberto que, em 1998, atingia cerca de 7 mi-lhões de pessoas contra menos de 2 milhõesno início da década. Os dados do CAGED/MTE (Cadastro Geral de Emprego e Desem-prego do Ministério do Trabalho e Emprego),por exemplo, confirmam esta tendência ao re-velar que a variação de emprego entre 1997 e1999 provocou a extinção de 813.485 postosde trabalho formais.

A PME/IBGE (Pesquisa Mensal de Empre-go do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-

Quadro 2Participação média dos empregados sem carteira assinada e trabalhadores por

conta própria na ocupação total das regiões metropolitanas

Fonte: PME/IBGE. Elaboração própria.

ANO 1991 1995 1999

Empr. sem carteira 20,81 24,08 26,39

Por conta própria 20,10 21,95 23,53

TOTAL 40,91 46,03 49,92

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tística) realizada em seis regiões metropolita-nas (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre,Belo Horizonte, Recife e Salvador) permitemedir a participação dos trabalhadores sem car-teira assinada e por conta própria no total deocupados, bem como comparar seus rendimen-tos com os dos trabalhadores registrados.

Pela PME verifica-se que o trabalho infor-mal cresceu 22% ao longo da década de 1990,alcançando hoje a metade dos ocupados dasseis regiões metropolitanas, sendo que o nú-mero de empregados sem carteira assinadaaumentou 27% enquanto os trabalhadores porconta própria cresceram apenas 17%. Consi-derando que, no mesmo período, o desempre-go aumentou 56%, a diferença entre a evolu-ção das duas categorias provavelmente se deveao fato de que, além da eliminação de postosde trabalho, há também uma destruição deli-berada dos empregos formais, e o trabalho porconta própria não tem sido capaz de ofereceruma alternativa para o conjunto dos desempre-gados. Em todos os anos da década, o rendi-mento dos empregados com carteira de traba-lho assinada foi mais elevado que o das duasoutras categorias, desmentindo que a desregu-lamentação do mercado de trabalho seja umaboa opção para o desenvolvimento econômi-co e para os trabalhadores, principalmente emanos de recessão, como foi o caso de 1992.

O próprio governo federal reconheceu arelevância do setor informal no Brasil,implementando uma pesquisa nacional, deno-minada Economia Informal Urbana – Ecinf,realizada pelo IBGE. Ela parte de amostrasem domicílio com base nas pequenas unida-des produtivas, porém não considera os tra-balhadores sem carteira de trabalho assinadaem empresas com mais de cinco empregadose os trabalhadores domésticos. A primeira

ECINF foi realizada em 1997 e a pesquisadeverá se repetir a cada cinco anos. Esta pes-quisa também apresenta muitos indicadoressobre as características e a dimensão da eco-nomia e do trabalho informal. Trataremos dealguns deles.

Comparando os dados do Quadro 4 com ototal de ocupados nacionalmente e por regiãomedidos pela PNAD (Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios) de 1997, verificamosa distribuição percentual dos trabalhadores in-formais no Quadro 5.

Os percentuais de trabalhadores informaisnas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste sãosuperiores à média nacional, seguramente de-vido à economia menos estruturada destas re-giões, comparados aos percentuais das regiõesSudeste e Sul, onde o nível de industrializaçãoe de estruturação do comércio e dos serviços émais consolidado.

A Ecinf também mostra que, em outubro de1997, estes trabalhadores estavam ocupadosem 9.477.973 empresas informais, sendo que86% destas pertenciam a trabalhadores porconta própria e 14% a pequenos empregadores.Destas, 80% ocupavam apenas uma pessoa. Aatividade produtiva era desenvolvida fora dodomicílio em 67% dos casos, o que demonstrao peso das atividades de comércio e serviçospara o público e as empresas. No que tangeaos empregados, verifica-se que seu rendimen-to médio mensal foi de R$ 240,00, sendo queos homens receberam em média R$ 253,00,contra R$ 218,00 pagos às mulheres.

Cidade de São Paulo

A informalidade no município de São Paulotende a se expandir. Segundo a Pesquisa deEmprego e Desemprego, o percentual de tra-

Quadro 3Diferencial médio dos rendimentos dos empregados com e sem carteira assi-

nada (1) e dos com carteira assinada e trabalhadores por conta própria (2) (%)

Fonte: PME/IBGE. Elaboração própria.

ANO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

(1) 38,01 52,39 54,05 47,33 33,28 34,90 32,78 32,26 27,38

(2) 41,15 58,02 55,93 38,34 15,84 16,36 16,86 22,43 26,26

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balhadores informais que moravam e/ou tra-balhavam no município de São Paulo em 1990era de 36,3%, índice que em 1998 saltou para48,2%, equivalente a aproximadamente 2,6milhões de indivíduos maiores de 10 anos. Ospaulistanos, há muito tempo, se acostumaramcom os comerciantes informais – sorveteiros,pipoqueiros, pamonheiros, vendedores de bi-lhetes de loteria e de tantos outros produtos.Da mesma forma, habituaram-se com peque-nas oficinas mecânicas, funilarias, marcenariase empresas familiares – bares, mercearias elojas, geralmente localizadas nos bairros. Tam-bém faziam parte deste cenário as pequenasindústrias com poucos empregados como as deconfecções, de vestuário e de peças em geral,além de prestadores de serviços diversos comomotoristas de táxi, afiadores de tesouras e fa-cas, esteticistas, eletricistas, pedreiros, enca-nadores etc. A atividade de catador de papel eoutros materiais recicláveis também é antiga,

assim como a de serviços domésticos de pro-dução de alimentos como salgadinhos, docese marmitas. Por último, citamos a empregadadoméstica, que, embora tenha sua profissão re-gulamentada e protegida por lei desde a Consti-tuição de 1988, ainda sofre com a desregu-lamentação de sua atividade na prática, e comfreqüentes violações de seus direitos.

É muito grave a dimensão e a contínua ex-pansão desse tipo de atividade, envolvendohoje quase metade dos ocupados que trabalhame/ou moram em São Paulo. A situação é visí-vel pela quantidade de vendedores – ambulan-tes e de pontos fixos, que em muitas ruasocupam a maior parte das calçadas –, pelaquantidade de pessoas revirando os depósitosde lixo, pela grande oferta de empregadas do-mésticas e faxineiras e, mais recentemente, peloadvento do transporte clandestino. Este últi-mo merece uma referência especial, pois a ca-tegoria dos “perueiros”, segundo a Associação

Quadro 4Pessoas ocupadas nas empresas do setor informal, por região

e posição na ocupação

Fonte: IBGE – Economia Informal Urbana (Ecinf) –1997. Elaboração própria.

Quadro 5Distribuição dos trabalhadores informais em relação aos ocupados (%)

Fonte: IBGE – PNAD e Ecinf – 1997. Elaboração própria.

POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO

REGIÃO TOTAL Conta Própria Empregador Empregado c/

carteira

assi-nada

Empregado s/

carteira

assi-nada

Não

remunerado

NO 661.698 468.689 66.911 18.308 77.386 30.404

NE 3.249.376 2.261.360 316.807 99.604 349.873 221.732

SE 5.944.577 3.921.640 780.695 471.424 596.292 174.526

SUL 2.048.474 1.343.875 266.239 220.540 157.630 60.190

CO 966.298 594.025 138.303 64.166 139.503 30.301

BRASIL 12.870.420 8.589.589 1.568.955 874.042 1.320.684 517.153

Região Ocupados Informais %

NO/CO 6.416.544 1.657.995 25,8

NE 11.847.430 3.249.376 27,4

SE 25.995.998 5.944.577 22,9

SUL 8.592.200 2.048.473 23,8

BRASIL 52.852.172 12.870.421 24,4

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de Perueiros de São Paulo, já ultrapassou onúmero de 30.000, ocupando um espaço im-portante aberto pela desregulamentação pro-posital do transporte urbano realizada duranteo mandato dos prefeitos Paulo Maluf (1993-96) e Celso Pitta (1997-2000).

O movimento sindical não pode mais fecharos olhos para esta realidade. É a sua base tra-dicional que se transfere em ritmo constantepara o trabalho desregulamentado, perdendo

sua relação tradicional com o Estado e os sin-dicatos, comprometendo, em última análise, aprópria força política do sindicalismo. Dife-rentes categorias de trabalhadores foram seexpressando e se organizando em sindicatosao longo do século XX – a saber, artesãos, tra-balhadores na indústria, empregados em co-mércio e serviços, trabalhadores rurais e, porúltimo, servidores públicos. Agora tem que sera vez dos trabalhadores informais.

O presente texto pretende analisar o reforçomais recente ocorrido nas formas de manifes-tação do excedente estrutural de mão-de-obrano município de São Paulo. O desempregocrescente, a expansão de diversas estratégiasde sobrevivência e a produção renovada deocupações precárias são aqui identificadoscomo formas adicionais de manifestação do ex-cedente estrutural de mão-de-obra.

Apesar de constituir um dos principais tra-ços intrínsecos do desenvolvimento capitalis-ta brasileiro, o excedente de mão-de-obra re-sultou da formação de um segmento significa-tivo da população que deixou de ser incorpo-rado pela dinâmica macroeconômica, mesmoquando o país alcançou a fase de expansão in-vejável de suas forças produtivas, ocorridadurante as décadas de 1940 e 1970. Todavia,nas últimas duas décadas do século XX, quesão consideradas “perdidas” devido ao baixodesempenho da economia, a manifestação dodesemprego aberto crescente e de formas re-novadas de ocupação, que dizem mais respei-to à estratégia de sobrevivência do que à in-serção produtiva da força de trabalho, termi-nou apontando para um novo cenário de pro-dução e reprodução de um excedente estrutu-ral ainda maior da mão-de-obra no municípiode São Paulo.

O excedente de mão-de-obra no município de São Paulo

Márcio PochmannProfessor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de

Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) naUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

[email protected]

A partir dessa perspectiva, interessa com-preender conceitualmente as categorias teóri-cas que podem melhor ajudar na identificaçãodas diversas formas de manifestação do exce-dente de mão-de-obra, assim como analisar aspossíveis razões que dão sustentação à produ-ção e à reprodução de mão-de-obra redundan-te no processo de acumulação de capital nomunicípio de São Paulo. O esforço de com-preensão desse fenômeno, contemporâneo aodesenvolvimento capitalista no Brasil – que temsido mais recentemente aprofundado nas maisdiversas formas de inserção das classes traba-lhadoras –, não apenas é urgente e necessário,mas apresenta-se desafiador para todos aque-les que se encontram comprometidos com osdestinos socioeconômicos da maior parte dapopulação brasileira.

Para tratar desta temática, procurou-se divi-dir o texto em três partes. A primeira trata daquestão conceitual relativa às formas de mani-festação do excedente estrutural de mão-de-obra no capitalismo, especialmente o brasilei-ro. A segunda parte busca resgatar sintetica-mente os elementos fundadores da recente ge-ração adicional do excedente estrutural de mão-de-obra na cidade de São Paulo, enquanto aterceira parte refere-se à evolução nas duasúltimas décadas do contingente de mão-de-obra

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19 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

que resulta da dinâmica econômica no espaçogeográfico do maior município do Brasil.

Uma referência conceitual necessária

A força de trabalho de um determinado paíspode ser compreendida como indicador daspotencialidades de produção social por parteda população. Mas, na dinâmica da acumula-ção de capital, não são todos os que estão emcondições de participar do processo de produ-ção social envolvidos diretamente. Apenas umaparte da força de trabalho, em maior ou menorescala, tende a ser incorporada tradicionalmen-te pelo desenvolvimento econômico.

Com isso, pode-se identificar imediatamen-te uma primeira consideração: a decisão departicipar na produção social por parte da for-ça de trabalho não é autônoma, pois encontra-se condicionada pelo processo de desenvolvi-mento econômico. Quanto maior o ritmo deexpansão das atividades econômicas, maisamplas tendem a ser as condições de produ-ção e reprodução ocupacional (KEYNES, 1992),ainda que o desenvolvimento das forças pro-dutivas torne, a longo prazo, parte da força detrabalho redundante. A substituição de traba-lhadores por formas renovadas de produzir,mediante novas tecnologias e gestão do traba-lho, e a intensificação do trabalho pelo ritmocrescente da organização capitalista da socie-dade seriam formas tradicionais de restriçãona participação de toda a força de trabalho noprocesso de produção social (MARX, 1982).

Ao mesmo tempo, cabe também ressaltarque, na história do desenvolvimentocapitalista, a manifestação do pleno empregoda força de trabalho foi, na maioria das vezes,ocasional e de curto prazo. Por ser umaexceção, mais que uma regra, verificou-seque, durante quase três décadas posterioresao final da Segunda Guerra Mundial, apresença de baixas taxas de desemprego naseconomias avançadas foi objeto da construçãopolítica daquelas sociedades. Ou seja, a buscado pleno emprego foi transformada emprioridade nacional, sendo tomadas todas asiniciativas com vistas à criação de umambiente econômico e social propício aofuncionamento do mercado de trabalho demaneira favorável aos trabalhadores.

Nesses termos, foi promovido um grandemovimento de distribuição de renda das clas-ses ricas para as pobres, tendo como interme-diário o Estado. Por meio de fundos públicosconstituídos a partir de profunda reforma tri-butária, que tornou obrigatório o pagamentode impostos pelas classes proprietárias, foi pos-sível financiar o tempo livre (inatividade) decrianças (escolas), de idosos (aposentadorias),de doentes e deficientes físicos e mentais(hospitais) e de desempregados (seguro-desem-prego). Sem mais precisar recorrer ao merca-do de trabalho para ter acesso à renda necessá-ria para o atendimento das necessidades bási-cas, um contingente expressivo da força de tra-balho deixou de ter emprego ou de ter queprocurá-lo.

Paralelamente, o desenvolvimento de ativi-dades complementares ao espaço econômicoocupado pelo setor privado, por intermédio dosetor público, mostrou-se essencial para a ge-ração de postos de trabalho em larga quantida-de. Assim, os setores vinculados à saúde, à edu-cação, aos transportes, ao lazer, às empresasestatais, entre outros, promoveram uma amplia-ção substancial do emprego público, absoluta-mente fundamental para garantir a quase ple-na ocupação da força de trabalho.

A partir disso, o capitalismo nas economiasavançadas evoluiu para a estruturação do mer-cado de trabalho, contemplando a cada dezocupados 8 a 9 assalariados. Este fato tornoupossível constatar a consolidação de socie-dades salariais relativamente homogêneas(CASTELS, 1998).

Disso pode-se destacar uma segunda consi-deração: o pleno emprego da força de trabalhono capitalismo depende de certos arranjos po-líticos e institucionais. Em outras palavras, éobjeto de construção social, não sendo, por-tanto, resultado da simples evolução das for-ças de mercado (OFFE, 1989; KALECKI, 1943).

Deixada ao livre funcionamento das forçasde mercado, a força de trabalho estaria sub-metida exclusivamente às vicissitudes daacumulação capitalista. Nesses termos, tendea haver, pelo menos, duas formas de inserçãoda força de trabalho.

A primeira diz respeito ao segmento da for-ça de trabalho necessário e diretamente envol-vido no processo de acumulação de capital, re-

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presentado pelos ocupados nos postos de dire-ção, administração e demais empregados nasatividades de produção e distribuição dos bense serviços.

A segunda forma de inserção da força de tra-balho diz respeito aos segmentos da força detrabalho que sobraram das necessidades dire-tas do processo de acumulação de capital. Nes-se caso, existe uma subdivisão no interior doexcedente de mão-de-obra em relação às ne-cessidades do capital: o desemprego aberto(visível) e as ocupações envolvidas com a pró-pria subsistência (desemprego invisível), emgeral formas capitalistas primitivas ou até pré-capitalistas (parte não-organizada do mercadode trabalho).

Enquanto o segmento de trabalhadores nacondição de desemprego aberto faz diretamen-te parte da concorrência no mercado de traba-lho, disputando vagas e, com isso, impondoresistências maiores à elevação salarial e àmelhoria das condições de trabalho, o segmen-to não-organizado do mercado de trabalho ter-mina quase por não interfer direta e sistemati-camente no acirramento da competição entreos trabalhadores pelo acesso a vagas. Suas es-tratégias de sobrevivência, ainda que rudimen-tares, evitam que recorrentemente este segmen-to tenha que depender exclusivamente da ven-da de sua força de trabalho.

Aqui surge uma terceira consideração: o ex-cedente de mão-de-obra é constituído por tra-balhadores que sobraram das necessidades di-retas do processo de acumulação de capital, sen-do formado tanto pelo desemprego aberto (vi-sível) como por trabalhadores que exercem ati-vidades no máximo associadas ao capitalismoprimitivo, mediante estratégias de sobrevivên-cia (mercado de trabalho não-organizado).

Embora não seja possível observar grandesrestrições ao funcionamento das atividades dosegmento não-organizado, não é convenienteentendê-lo como uma parte independente dosistema econômico capitalista. Tem sido a di-nâmica capitalista o fator que apresenta maiorou menor capacidade de determinar a existên-cia e a dimensão das atividades no segmentonão-organizado do mercado de trabalho.

Disso surge então uma quarta consideração:a parte do excedente de mão-de-obra que exer-ce atividades no segmento não-organizado do

mercado de trabalho é dependente da dinâmi-ca da acumulação capitalista, assim como dacapacidade de atuação do Estado. Tal capaci-dade repercute diretamente sobre a natureza,a qualidade e a dimensão das ocupações nosegmento não-organizado do mercado de tra-balho.

Mais recentemente, contudo, com a rápida eprofunda transformação no capitalismo – pormeio de uma nova onda de inovação noparadigma tecnológico e das modificações deprodução e organização do trabalho, sobretudona grande empresa – têm surgido condiçõesnovas de produção e reprodução de mão-de-obra excedente. Além do desemprego aberto,há novidades interessantes em relação àsoportunidades ocupacionais no segmento não-organizado do mercado de trabalho.

A terceirização e a subcontratação de mão-de-obra, a organização em redes de produção,a externalização de partes do processo produ-tivo contribuem para a simplificação de tare-fas e ocupações que anteriormente encontra-vam-se presentes no interior da grande empre-sa. Com isso, ganharam dimensão as ocupa-ções ligadas diretamente a esse tipo de empre-sa, alterando um pouco as características dosegmento não-organizacional.

Dessa forma, chega-se a uma quinta consi-deração: no interior do excedente de mão-de-obra podem ser encontradas, mais recentemen-te, as ocupações vinculadas diretamente aoprocesso capitalista de produção, especialmen-te à grande empresa. Com isso, o segmentonão-organizado poderia estar produzindo e re-produzindo não apenas formas ocupacionaisdo capitalismo primitivo, mas também vagasacionadas pelas grandes empresas.

Em relação às economias periféricas aodesenvolvimento do centro do capitalismomundial – que, em geral, jamais tiveram aexperiência de consolidação das chamadassociedades salariais –, prevaleceu a existênciade mercados de trabalho pouco ou quase nadaorganizados. Ou seja, a presença do assala-riamento, mesmo quando chegou a ser majo-ritária, jamais apresentou força suficiente paralevar à homogeneização das remunerações econdições de trabalho, conforme as naçõesavançadas.

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A recente geração do excedenteestrutural de mão-de-obra

No último quartel do século XX, a dinâmicaeconômica do município de São Paulo passoupor, pelo menos, duas alterações substanciais.A primeira encontra-se associada ao processode desconcentração da produção, sobretudoindustrial, que ganhou vigor a partir da segun-da metade dos anos 70, revertendo o que atéentão se conhecia como padrão de industriali-zação nacional concentrado nas regiões Sul eSudeste. Inicialmente, com o fortalecimento denovos centros industriais nas diversas regiõesmetropolitanas brasileiras, o município de SãoPaulo foi, lenta e gradualmente, perdendo suascaracterísticas de cidade industrial. Posterior-mente, com a interiorização da produção ma-nufaturada para algumas regiões administrati-vas do estado de São Paulo, o municípiopaulista teve sua condição de hegemonia in-dustrial esvaziada ainda mais.

A segunda alteração decorre da imple-mentação do novo modelo econômico desde1990, que terminou por impor um conjunto derestrições à produção e ao emprego nacional.De um lado ocorreu, primeiramente, a combi-nação entre a recessão de 1989-92 e a aberturacomercial abrupta e desorganizada que provo-cou a ruptura parcial em várias cadeias produ-tivas, diante da maior exposição dos setoreseconômicos à competição externa sem a pre-sença de condições isonômicas de compe-titividade.

A partir de 1993, com o início da recuperaçãoeconômica, aconteceu a introdução de dois no-vos ingredientes que iriam provocar a diminui-ção do grau de integração e diversificação daprodução nacional. Em outras palavras, a ado-ção de um regime cambial de valorização damoeda nacional e a condução da política mone-tária restritiva (juros reais elevados) terminarampor levar, simultaneamente, o setor produtivo aoscaminhos da reestruturação e da desestruturação.A continuidade na redução das barreiras alfan-degárias, já sob o ritmo de Mercado Comum doSul (Mercosul), somente fez avançar o rumo daespecialização produtiva no país.

De outro lado, o desmonte do setor público,mediante a revisão do papel do Estado, a re-forma administrativa, a contenção das políti-

cas públicas e a privatização, culminou com oacirramento da competição entre as interfacessubnacionais. Ou seja, o abandono das políti-cas de desenvolvimento regional levou váriosgovernos estaduais e municipais a praticaremações competitivas como a guerra fiscal (polí-ticas de favorecimentos à atração de empre-sas), assim como o programa de ajustes nasáreas fiscal, financeira e de endividamentopúblico para os governos estaduais e muni-cipais, implementado pelo governo federal,retirou graus de autonomia na tentativa de de-fesa da produção e do emprego no âmbitosubnacional.

O município de São Paulo concentrou osprincipais efeitos negativos na produção e noemprego decorrentes do novo modelo econô-mico. Como seus principais vetores direcio-navam-se em maior dimensão e profundidadepara o setor industrial, foi justamente o maiorcentro industrial do país o foco de absorção dequase todas as conseqüências nefastas da polí-tica macroeconômica nacional. A geração domaior excedente de mão-de-obra de toda a suahistória não deixou de ser o produto dos ele-mentos fundadores das alterações na dinâmicaeconômica e social da cidade de São Paulo.

É importante ressaltar que as modificaçõesdinâmicas ocorridas no principal municípiobrasileiro transcorreram num contexto socio-econômico marcado pelo pior desempenhodas forças produtivas durante o século XX.Depois de ter abandonado seu projeto de in-dustrialização nacional, ocorrido entre as dé-cadas de 1930 e 1970, o Brasil, do ponto devista econômico, passou a marcar passo nomesmo lugar.

No Brasil, a tendência de crescimento eco-nômico medíocre, principalmente se compa-rada à evolução da população brasileira (comtaxas anuais decrescentes), resulta no estacio-namento do Produto Interno Bruto per capitaem torno dos mesmos valores de 1980. Com aqueda da produção em 1998 e a previsão desua inalteração no ano de 1999, por exemplo,o PIB (Produto Interno Bruto) por habitanteatual pode ter voltado a ser muito próximo aode 1980, com estimativa de 3.140 dólares em1999 contra 3.079 dólares em 1980.

Essa situação de certa paralisia na evoluçãodo PIB per capita tende a ser uma marca ne-

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gativa e importante da economia brasileira noperíodo recente, que termina por repercutir demaneira combinada e desigual entre as diver-sas regiões geográficas nacionais. Entre 1950e 1980, por exemplo, a renda por habitante che-gou a crescer cerca de 4% ao ano, o que per-mitiu a quintuplicação, em apenas três déca-das, da renda por habitante.

Evolução do excedente estruturalde mão-de-obra

Desde 1981, assiste-se no município de SãoPaulo ao aprofundamento do movimento dedesestruturação do mercado de trabalho, ain-da que não registre piora tão acentuada comoa verificada no Brasil como um todo. O movi-mento de desestruturação tem ocorrido por for-ça da ampliação do desemprego aberto, dodesassalariamento (redução relativa do contin-gente de assalariados em relação ao total dosocupados) e da geração de postos de trabalhoprecários, em sua maior parte.

Em 1998, por exemplo, a taxa estimada dedesemprego aberto em São Paulo era de 14,9%,enquanto em 1979 era de apenas 3,4% da Po-pulação Economicamente Ativa. Ao mesmotempo, a taxa de assalariamento (relação entreo total de assalariados e o contingente de ocupa-dos) regrediu 11,5%, sendo o emprego assala-riado formal, em 1998, apenas 25,6% maiordo que era em 1979. Comparando-se com oano de 1989, o volume de emprego assalaria-do formal caiu 17,8% em 1998.

Já em relação à geração de postos de traba-lho precários, em grande medida vinculados àestratégia de sobrevivência, pode-se observara sua rápida expansão. Entre 1979 e 1998, aquantidade de trabalhadores ocupados foi maisdo que duplicada, pois aumentou em quase110%.

Com isso, pode-se concluir que a evoluçãomais recente do excedente de mão-de-obraocorreu muito mais estimulada pelo desempre-go aberto do que pelas formas de ocupação vin-culadas às estratégias de sobrevivência. Isto é,foi a parte visível, mais do que a oculta, doexcedente de mão-de-obra que se destacou noperíodo recente no município de São Paulo.

Em 1998, por exemplo, o excedente de mão-de-obra representava algo em torno de 39%da força de trabalho, enquanto em 1979 signi-ficava cerca de 18%. Essa ampliação do exce-dente de mão-de-obra em 158% nas duas últi-mas décadas revela o processo mais amplo deregressão socioeconômica a que está submeti-da a classe trabalhadora no Brasil.

Tomando-se como referência o perfil socio-econômico dos trabalhadores identificadoscomo excedente de mão-de-obra, percebe-seque a sua dinâmica de produção e reproduçãono espaço econômico paulista ocorre forçadapela maior seletividade patronal na contrata-ção e no uso da força de trabalho. Assim, combase nas informações apresentadas especial-mente pela Pesquisa de Emprego e Desempre-go do Dieese e da Fundação Seade para o anode 1998, percebe-se que o excedente de mão-

Grafico 1Brasil: evolução do excedente de mão-de-obra no município de São Paulo

1978-1998 (em %)

Fonte: IBGE. Censo demográfico e PNAD ajustadas. Elaboração própria.

109.9

607.7

157.8

050

100150200250300350400450500550600650700

Total Visível Oculto

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de-obra pesa relativamente mais entre as mu-lheres, o trabalhador de cor não-branca, commenos de 17 anos e com mais de 40 anos deidade, de menor escolaridade (abaixo do 1ºgrau) e nas atividades do comércio e da pres-tação de serviços servis, como ocupação detrabalho doméstico.

Por tudo isso, considera-se que o excedentede mão-de-obra, que não era uma novidade nopassado no principal município brasileiro, as-sume, na atualidade das duas últimas décadas,proporções significativas. À margem das for-mas modernas de proteção trabalhista e de in-clusão social, o contingente excedente de mão-de-obra segue sem perspectiva de reversão,considerando que a continuidade do atual mo-delo econômico e a permanência de baixas ta-xas de expansão do produto potencializam ain-da mais a capacidade do município de SãoPaulo de produzir e reproduzir força de traba-lho redundante.

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Dimensão do mercado de trabalho(Tabelas 1 a 4, p. 51 e 52)

A Região Metropolitana de São Paulo é for-mada por mais de 30 municípios conurbadose constitui uma das cinco maiores aglomera-ções populacionais do mundo. Apesar das mu-danças observadas em seu perfil produtivo aolongo das duas últimas décadas, essa regiãoainda é o principal pólo industrial do Brasil.Nela encontra-se um complexo mercado detrabalho, que tem sofrido o impacto da criseeconômica que o país atravessa desde o prin-cípio dos anos 80.

Em 1998, a População Economicamente Ati-va (PEA) da Região Metropolitana de São Pau-lo correspondia a aproximadamente 8,7 mi-lhões de pessoas, sendo 81,8% ocupados e18,2% desempregados. A grande maioria dapopulação ocupada (66%) residia na cidade deSão Paulo. O número de desempregados erade pouco mais de 1,5 milhão de pessoas, amaior parte das quais (60,7%) residia no mu-nicípio de São Paulo.

Renato Martins e Osmir DombrowskiRenato Martins é pesquisador do Centro de Estudos

de Cultura Contemporânea (Cedec)[email protected]

Osmir Dombrowski é professor na Universidade doOeste do Paraná. Ambos são doutorandos em ciência

política na Universidade de São [email protected]

Do conjunto dos ocupados na Região Me-tropolitana, 62,5% residiam e trabalhavam nacidade de São Paulo e 24,4% residiam e traba-lhavam em outros municípios. É significativoo número de pessoas que residem fora do mu-nicípio de São Paulo e trabalham nessa cida-de: em 1998, elas correspondiam a 9,6% dototal dos ocupados na Região Metropolitana,isto é, aproximadamente 684 mil pessoas. Estefato confirma a integração do mercado de tra-balho metropolitano, bem como o poder deatração de mão-de-obra exercido pela cidadede São Paulo em relação aos demais municípi-os da região. Um percentual menor, emboranão desprezível, era constituído por pessoasque residiam no município de São Paulo e tra-balhavam em outras cidades da Região Me-tropolitana: 3,5% do total dos ocupados. Em1998, encontravam-se trabalhando no municí-pio de São Paulo 72,1% dos ocupados da Re-gião Metropolitana, correspondendo, aproxi-madamente, a 5,13 milhões de pessoas.

Dos ocupados na Região Metropolitana queresidem ou trabalham no município de São Pau-

Parte 2

Mapa do TrabalhoInformal na Cidadede São Paulo

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25 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

lo, grande parte encontra-se em atividades con-sideradas informais. Na Tabela 3, pode-se verque 48,2% dos trabalhadores ocupados em1998, ou seja, cerca de 2,5 milhões de pesso-as, estavam nessa situação. No mais importan-te mercado de trabalho do país, portanto, qua-se a metade dos ocupados estão inseridos pre-cariamente.

Evolução do setor informal

Como se observa na Tabela 3, nos anos 90verificou-se um aumento contínuo do percen-tual de ocupados em atividades informais en-tre as pessoas que moram ou trabalham no mu-nicípio de São Paulo. Em 1990, o setor infor-mal respondia por 36,3% do total de ocupadose passou a responder por 48,8% em 1999, ex-perimentando um crescimento de 34,4% du-rante a década.

Essa tendência de crescimento do setor infor-mal foi acompanhada por outra, em sentidooposto, de diminuição do percentual de indi-víduos ocupados em atividades formais, que,em 1990, representavam 63,7% do total deocupados e caíram para 51,2% em 1999, apre-sentando uma redução de 19,6%.

A expansão do setor informal nos anos 90foi determinada pelo crescimento dospercentuais de assalariados sem carteira assi-nada em empresas com mais de cinco empre-gados, que cresceu 64,7%, passando de 5,1%para 8,4% da população ocupada; de donos denegócio familiar, cujo aumento atingiu 62,5%,passando de 1,6% para 2,6%; de empregadosdomésticos, que passou de 6,1% para 9,1%,crescendo 49,2%; de assalariados em empre-sas com até cinco empregados sem carteira as-sinada, que representavam 2,8% dos ocupados,em 1990, e passaram a representar 3,9%, em1999, com um aumento de 39,2%; e de autô-nomos, cujo percentual passou de 14,2% para17,9% dos ocupados, acumulando um cresci-mento de 26%.

Nesses anos, também se verificaram alteraçõesna composição do setor informal. Os autônomosse mantiveram à frente dos demais grupos, cons-tituindo o segmento mais numeroso do setor.Apesar dessa supremacia, trata-se de um seg-mento em declínio relativo. Em 1990, represen-tava 39,1% do total de ocupados no setor infor-

mal, contra 36,7%, em 1999, recuando 6,2%. Osegmento dos assalariados em empresas com atécinco empregados com carteira assinada foi oque sofreu a maior redução, diminuindo em31,2% sua participação no setor informal, aopasso que o segmento que mais cresceu foi odos assalariados sem carteira assinada em em-presas com mais de cinco empregados.

A Tabela 4 mostra a composição do setorentre 1990 e 1999, com a respectiva variaçãosofrida por cada segmento.

Ao mesmo tempo que cresceu, o setor infor-mal sofreu alterações importantes ao longo dadécada de 1990. Por um lado, houve umdeclínio da participação dos trabalhadores au-tônomos e uma queda acentuada do percen-tual de assalariados em pequenos negócios comcarteira assinada e, por outro lado, ampliou-sesignificativamente a participação de assalaria-dos sem carteira assinada e de empregados do-mésticos no mercado de trabalho no municí-pio de São Paulo.

Inserção no setor informal segundo atributospessoais (Tabelas 5 a 8, p. 52 e 53)

A inserção nas atividades informais varia se-gundo as características pessoais da popula-ção estudada. Embora um número crescentede trabalhadores venha ingressando no setorinformal, é expressiva a participação de negros,mulheres, pessoas acima de 40 anos de idade ecom menor grau de escolaridade.

Mais da metade das mulheres ocupadas nomunicípio de São de Paulo encontra-se em ati-vidades informais (52%). Também se encon-tra nessa situação mais da metade da popula-ção não-branca ocupada (53%). Observa-se,portanto, que os trabalhadores não-brancos eas mulheres, que são alvo de maior discrimi-nação e encontram mais dificuldade para con-seguir emprego regular, se dirigem com maiorfreqüência para o setor informal.

Também é expressiva a presença de traba-lhadores com 40 anos ou mais nas atividadesinformais: 53,5% das pessoas ocupadas comessa faixa de idade encontram-se no setor infor-mal. Isto confirma a maior dificuldade dessestrabalhadores de encontrar emprego regular.

Verifica-se, ainda, que entre as crianças e osjovens de 10 a 17 anos de idade ocupados no

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município de São Paulo, 75,2% estão no setorinformal. Este fato revela, por um lado, a gran-de presença do trabalho infantil nas atividadesinformais e, por outro, a dificuldade do jovemde encontrar o primeiro emprego regular, re-correndo à informalidade.

Por fim, constata-se que a população ocupa-da no setor informal caracteriza-se por um bai-xo grau de escolaridade: 64,4% dos analfabe-tos e 62,2% das pessoas com o 1º grau incom-pleto ocupadas no município de São Paulo es-tão no setor informal. Tais dados evidenciamos vínculos entre a baixa escolaridade e a par-ticipação no setor informal.

Inserção segundo sexo e cor*

Homens e mulheres apresentam uma inser-ção diferenciada no setor informal. Enquantomais da metade das mulheres ocupadas quemoram ou trabalham no município de São Pau-lo exerce atividades informais, a maioria doshomens encontra-se em atividade regulares.Como se observa na Tabela 5, 52% da mulhe-res estão na informalidade, contra 48% quepossuem ocupações regulares. Inversamente,54,7% dos homens encontram-se em ativida-des regulares, contra 45,3% que estão no setorinformal.

O maior contingente de mulheres na infor-malidade encontra-se no grupo dos emprega-dos domésticos (19,8%), seguido pelos autô-nomos (13,3%). Uma parcela minoritária é deempregadores em empresas com até cinco em-pregados (1,9%). O maior contingente de ho-mens, por sua vez, encontra-se entre os autô-nomos (20,9%), seguido pelos assalariadossem carteira em empresa com mais de cincoempregados (9,3%). Uma parcela minoritáriaé de empregados domésticos (0,5%).

Também é diferenciada a forma de inserçãoda população branca e não-branca no setorinformal. Enquanto mais da metade dos traba-lhadores não-brancos ocupados que moram outrabalham no município de São Paulo encon-tra-se no setor informal, a maioria da popula-

ção branca encontra-se em atividades regula-res. Como se observa na Tabela 51, 53% dosnão-brancos estão no setor informal, contra47% que estão no setor formal. Inversamente,54,2% dos brancos encontram-se em empre-gos regulares, contra 45,8% que estão no setorinformal.

Entre os trabalhadores brancos, os gruposmais numerosos são os dos autônomos(17,4%), o dos assalariados sem carteira emempresas com mais de cinco empregados (8%)e o dos empregadores e donos de negócio fa-miliar (6,3%). A menor parcela é constituídapelo grupo dos trabalhadores familiares(1,8%). Entre os trabalhadores não-brancos, osgrupos numericamente mais importantes sãoos dos autônomos (18,3%), dos empregadosdomésticos (14%) e dos assalariados sem car-teira assinada em empresas com mais de cincoempregados (8,2%). O grupo mais reduzido éo dos empregadores com empresas de até cin-co empregados (1,7%).

Inserção segundo a idade

Entre os ocupados que moram ou trabalhamno município de São Paulo e têm entre 10 e 17anos de idade ou 40 anos ou mais, a proporçãodos que se encontram na informalidade é mai-or do que a dos que possuem um emprego re-gular. Inversamente, entre os ocupados entre18 e 24 anos ou entre 25 e 39 anos de idade, émaior a proporção dos trabalhadores que seencontram no setor formal.

Como se observa na Tabela 6, 75,2% dascrianças e jovens ocupados entre 10 e 17 anosde idade encontram-se na informalidade, con-tra 24,8% que possuem um emprego regular.Do mesmo modo, 53,5% das pessoas com 40anos ou mais exercem atividade informais, con-tra 46,5% que estão no setor formal.

Em contraste, 52,7% dos jovens entre 18 e24 anos exercem atividades regulares, contra47,3% que estão no setor informal. Da mesmaforma, 58,2% dos adultos entre 25 e 39 anosencontram-se no setor formal, contra 41,8%que estão no setor informal.

As crianças e adolescentes se concentram nogrupo dos assalariados em empresas com atécinco empregados (20,4%); os jovens entre 18e 24 anos estão principalmente entre os assa-

*. Nesse trabalho foram utilizados os conceitos“cor” e população “branca” ou “não-branca” emrazão da classificação usada pela FundaçãoSeade na elaboração da PED.

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lariados sem carteira assinada em empresascom até cinco empregados (13,8%); os adul-tos entre 25 e 39 anos e com 40 anos ou maisconcentram-se entre os autônomos: 15,6% e25,1%, respectivamente.

A média de idade da população ocupada émais elevada entre os trabalhadores do setorinformal (36 anos) do que entre os trabalhado-res do setor formal (34 anos). Mais da metade,porém, dos trabalhadores ocupados que exer-cem atividades informais possui até 34 anosde idade. Trata-se, por conseguinte, de uma po-pulação relativamente jovem.

A expressiva presença de crianças e adoles-centes revela a disseminação da exploração dotrabalho infantil, também presente no setorinformal. O contrato sem registro em carteiraé a forma mais freqüente como se dá a inser-ção dos trabalhadores entre 10 a 17 anos nomercado de trabalho.

Inserção segundo o grau de instrução

A proporção de ocupados na informalidadeé tanto maior quanto menor é o grau de instru-ção. Como se observa na Tabela 7, encontram-se nas atividades informais 64,4% dos analfa-betos ocupados; 62,6% dos que têm o 1º grauincompleto; 50,2% dos que têm o 1º grau com-pleto ou 2º grau incompleto; 37,7% dos quetêm o 2º grau completo ou o 3º grau incomple-to; e 23,2 % dos que têm o 3º grau completo.Os trabalhadores informais possuem em mé-dia sete anos de escolaridade, contra nove anosdos trabalhadores com empregos regulares. En-quanto a metade dos trabalhadores ocupadosno setor formal tem 11 anos de escolaridade, ametade dos trabalhadores informais tem ape-nas sete anos.

Os analfabetos e os trabalhadores com 1º grauincompleto encontram-se distribuídos de for-ma semelhante: 25,9% dos primeiros e 23% dossegundos são autônomos. Ao mesmo tempo,23,4% dos analfabetos e 16,5% dos trabalha-dores com 1º grau incompleto são empregadosdomésticos. Estas são as principais ocupaçõesdos dois segmentos. Na faixa dos ocupados com1º grau incompleto é mais expressiva a presençados assalariados sem carteira assinada (13,6%soma dos assalariados em empresas com até cin-co empregados sem carteira com os assalaria-

dos sem carteira assinada em empresas commais de cinco empregados).

Os ocupados com 1º grau completo ou 2ºgrau incompleto estão divididos quase queigualmente entre informais e formais: 50,2% e49,8%, respectivamente. Na informalidade,eles estão presentes em todas as atividades,com destaque para o grupo dos autônomos, quereúne 18%, e para os assalariados sem carteiraassinada, que reúne 14,7%. Os ocupados com2º grau completo estão inseridos, majoritaria-mente, no setor formal: 62,3%, contra 37,7%que estão em atividades informais, assim comoos que concluíram o 3º grau: 76,8% no setorformal contra 23,2% no informal.

Apesar da vinculação entre escolaridade einformalidade evidenciada pelos dados, obser-va-se que a instrução não é uma garantia abso-luta contra o ingresso no setor informal, umavez que mesmo entre a população que concluiuo 3º grau encontra-se um percentual expressi-vo de 23,2% ocupados em atividades infor-mais, dos quais 5,4% são assalariados sem car-teira assinada em empresas com mais de cincoempregados.

Inserção segundo posição na família

A proporção de chefes de família ocupadosno setor formal é maior que a de chefes de fa-mília ocupados no setor informal: 54,8% dosprimeiros, contra 45,2% dos segundos. Comose observa na Tabela 8, dos chefes de famíliaocupados em atividades informais destacam-seos grupos dos autônomos (22%), seguido dosassalariados sem carteira assinada com 9,1%.

Ao contrário do que se observa com o chefede família, entre os cônjuges ocupados no mu-nicípio de São Paulo, 54,8% encontram-se nosetor informal, contra 45,2% no formal. Entreos cônjuges ocupados na informalidade, 18,5%são empregados domésticos e 17,1% são au-tônomos. Já os filhos estão, em sua maioria,ocupados no setor formal: 55,7%, contra 44,3%ocupados no informal. Entre estes destaca-sea grande presença de assalariados sem carteiraassinada (19,8%). Com relação aos outrosmembros da família, vê-se a maior presençade empregados domésticos (25,1%), seguidapelos assalariados sem carteira assinada(16,5%).

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Em suma, a distribuição dos ocupados se-gundo a posição na família revela a expressi-va presença de chefes de família em ocupa-ções informais. Por outro lado, supondo-seque a maiora de cônjuges seja formada prin-cipalmente por mulheres, este fato reafirma adiscriminação por gênero no mercado de tra-balho, expondo as mulheres de maneira maisintensa à informalidade. Também se observao alto percentual de filhos ocupados em ati-vidades informais, o que mais uma vez de-monstra que os jovens têm encontrado pro-blemas em sua inserção no mercado de traba-lho.

Características do trabalho informal(Tabelas 9 a 14, p. 53 a 55)

O trabalho informal no município de SãoPaulo está presente em todos os setores da ati-vidade econômica. O maior número de traba-lhadores informais encontra-se ocupado no se-tor de serviços, especialmente nas atividadesligadas ao comércio.

O rendimento médio do trabalho informal ébaixo. Ainda que ostente uma grande diferen-ciação interna, a maioria dos trabalhadores pos-sui um rendimento mensal médio igual ou in-ferior a três salários mínimos (base 1998), emjornadas semanais médias de 43 horas.

O setor informal é caracterizado, ainda, pelobaixo tempo de permanência no trabalho porparte dos trabalhadores, indicando que a in-certeza é uma das marcas mais fortes do setor.Esta incerteza é agravada pelo fato de que agrande maioria dos trabalhadores informais nãocontribui com a Previdência Social.

Rendimento médio

Como se observa na Tabela 9, a média dorendimento dos trabalhadores que exercem ati-vidades consideradas informais é de R$ 705,00contra uma média de R$ 1.188,00 obtida pe-los trabalhadores formais. No setor informal,os empregados domésticos constituem o seg-mento com menor rendimento médio, R$347,00; seguido dos assalariados em empre-sas com até cinco empregados sem carteiraassinada, R$ 397,00. O grupo de empregadorde empresas com até cinco empregados pos-

sui a maior média de renda entre os ocupadosno setor, R$ 2.134,00.

O cálculo da mediana, contudo, indica que ametade dos trabalhadores informais tem umarenda igual ou inferior a R$ 417,00, isto é, detrês salários mínimos, enquanto apenas algunssegmentos apresentam renda superior a 15 sa-lários mínimos, o que indica a desigualdadede rendimento no interior do próprio setorinformal.

Esta desigualdade é maior no caso dos em-pregadores de empresas com até cinco empre-gados, que recebem três vezes mais que a mé-dia do setor, e dos empregados domésticos eassalariados em empresas com até cinco em-pregados sem carteira assinada, cuja rendaequivale, respectivamente, a 49,3% e 56,3%do rendimento médio obtido no setor informal.

O caso extremo de desigualdade é o dos em-pregados domésticos, cujo rendimento equiva-le a 36,15% da média do total dos ocupados.

A Tabela 10 mostra que, excluindo-se o seg-mento dos empregadores, que constituem ogrupo com maior rendimento, a renda médiados trabalhadores ocupados no setor informalcai para R$ 609,00 contra uma renda média deR$ 1.188,00 no setor formal. Ou seja, os tra-balhadores informais recebem a metade da ren-da média recebida no setor formal.

Jornada de trabalho

Como se verifica na Tabela 11, a média dehoras semanais trabalhadas, considerando oconjunto dos ocupados em atividades infor-mais, é de 43 horas, a mesma encontrada entreos trabalhadores do mercado formal.

A menor jornada é a empreendida pelos tra-balhadores familiares, 37 horas semanais emmédia, e a maior é a dos donos de negócio fa-miliar, com uma média de 56 horas semanaistrabalhadas.

Excetuando-se o total de empregadores comaté cinco empregados e os donos de negóciofamiliar, que apresentam uma média de 54,5horas semanais, as médias de todas as outrascategorias estão muito próximas. As medianastambém se aproximam das médias, o que indi-ca uma certa homogeneidade dentro do setorinformal com relação à jornada de trabalho.Como se verá no Estudo de Casos, a jornada

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efetiva de trabalho pode ser em vários casosmuito mais extensa do que os que aparecemnos dados da PED, que correspondem ao nú-mero de horas efetivamente trabalhando nasemansa anterior.

Permanência no atual trabalho

O tempo médio de permanência no atual tra-balho das pessoas em ocupações informais éde 47 meses e a mediana é de 18 meses, ouseja, metade da população estudada está amenos de 18 meses no atual trabalho. Este éum forte indicativo da descontinuidade quecaracteriza a informalidade. Entre os trabalha-dores no setor formal, a média de permanên-cia no atual trabalho é de 72 meses, com medi-ana em 36 meses, duas vezes maior que a obti-da pelos trabalhadores informais.

Como se vê na Tabela 12, as menores médi-as são obtidas pelos assalariados sem carteiraassinada: 19 meses para os assalariados em em-presas com até cinco empregados sem carteiraassinada e 21 meses para os assalariados semcarteira assinada em empresas com mais de cin-co empregados. As medianas desses segmen-tos são ainda mais significativas: oito e seismeses, respectivamente. Ou seja, metade dostrabalhadores sem carteira assinada tem me-nos de seis meses de permanência no trabalhoem empresas com mais de cinco empregados emenos de oito meses em empresas com até cin-co empregados.

Na categoria de autônomos que trabalhampara empresas, a média de tempo de perma-nência no atual trabalho é de 43 meses, e a me-diana é uma das mais baixas do setor informal,12 meses. Isto significa que a metade dos au-tônomos que trabalham para empresas estava,em 1998, a menos de um ano no trabalho atu-al, ainda que a média de tempo de ocupaçãonessa atividade fosse de três anos e sete meses– 43 meses. Uma das razões para esse fato podeser encontrada no recente crescimento dessetipo de contratação.

Distribuição do trabalho informalpor setor de atividade

Como se observa na Tabela 13, a presençado trabalho informal encontra-se disseminada

em todos os setores da atividade econômica.Observa-se, contudo, uma variação importan-te segundo o setor de atividade.

Os trabalhadores informais constituem 100%dos trabalhadores ocupados nos serviços do-mésticos e 61,3% dos trabalhadores ocupadosno comércio. Nestes setores, o predomínio dainformalidade é a regra geral e o emprego re-gular é a exceção.

No setor de serviços, a presença da informa-lidade também é expressiva. Dos trabalhado-res ocupados nos serviços, 42% são constituí-dos por trabalhadores informais contra 58% detrabalhadores regulares.

Nos setores da indústria de transformação eda construção civil também se verifica a parti-cipação dos trabalhadores informais. Emboraem menor número, os trabalhadores informaisestão presentes nestes setores e representamaproximadamente um terço dos trabalhadoresocupados, dos quais 30,9% encontram-se naindústria de transformação e 34,4% na cons-trução civil.

Contribuição à Previdência Social

Como se observa na Tabela 14, os trabalha-dores informais constituem a imensa maioriados ocupados que não contribuem com a Pre-vidência Social (96,1%). Os autônomos são osque menos contribuem (39,2%), seguidos dosassalariados sem carteira assinada em empre-sas com mais de cinco empregados (20,3%) edos empregados domésticos (14,5%).

Entre os ocupados que contribuem com aPrevidência Social, os trabalhadores informaisconstituem uma minoria. Apenas 21,4% des-ses trabalhadores pagam a Previdência. Dostrabalhadores informais que contribuem coma Previdência, os autônomos constituem o gru-po percentual mais expressivo (5,8%), segui-do dos empregados domésticos (5,3%) e dosempregadores e donos de negócio familiar(4,5%).

Perfil das categorias informais(Tabelas 3, 9, 11, 12 e 15 a 22, p. 51 a 58)

Assalariados em empresas comaté cinco empregados

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A) Com carteira assinada

Os assalariados em empresas com até cincoempregados com carteira assinada formam umsegmento que está diminuindo: em 1990, re-presentava 2,8% da população ocupada no mu-nicípio de São Paulo, contra 2,6% em 1999.

Trata-se de um segmento constituído majo-ritariamente por homens (57,1%), embora sejaexpressiva a participação feminina (42,9%). Amaioria desses trabalhadores é branca (68,3%)e tem entre 18 e 39 anos de idade (73,8%). Demodo geral, apresentam um baixo grau de es-colaridade: 38,4% não concluíram o 1º grau,24,9% têm o 2º grau incompleto e 28,9% com-pletaram o 2º grau ou possuem o 3º grau in-completo.

Estes assalariados têm um rendimento mé-dio de 4,3 salários mínimos, sendo que a me-tade ganha até R$ 426,00, em jornadas médiasde trabalho de 44 horas semanais. O rendimen-to desses trabalhadores é inferior ao rendimentomédio dos assalariados sem carteira nas em-presas com mais de cinco empregados.

O tempo de permanência no emprego (mé-dia de 45 meses) é 2,5 vezes superior ao dostrabalhadores sem carteira. Apesar disso, ametade dos assalariados com carteira assinadaem empresas com até cinco empregados trocade emprego a cada dois anos. A maioria delesencontra-se no setor de Serviços (55,9%), se-guido pelo Comércio (31,2%) e pela Indústriade Transformação (12,1%), em funções de exe-cução, (46,6%) ou de apoio, (38,1%).

Considerando o registro em carteira e o des-conto automático, 100% dos trabalhadores dessegrupo são contribuintes da Previdência Social.

A maior parte desses assalariados não ocu-pa a posição de chefe da família: 58,2% sãoconstituídos por cônjuges, filhos ou outrosmembros das famílias.

B) Sem carteira assinada

Constituem um segmento em crescimento: em1990, representava 2,8% dos ocupados no mu-nicípio de São Paulo contra 3,9% em 1999,correspondendo a um aumento de 39,2%.

Trata-se de um segmento constituído majo-ritariamente por homens (63,3%), brancos(62,8%), com idade entre 18 e 39 anos (62,9%).

São indivíduos com um grau muito baixo deinstrução: 50,8% deles não concluíram o 1ºgrau, percentual superior ao dos demais indi-víduos ocupados em atividades informais quetambém não concluíram o 1º grau. Estes tra-balhadores têm um rendimento médio de 2,9salários mínimos, sendo que a metade ganhaaté R$ 315,00, em jornadas médias de traba-lho de 44 horas semanais.

Os assalariados sem carteira assinada emempresas com até cinco empregados apresen-tam o menor tempo de permanência no empre-go entre as demais categorias da população es-tudada. Enquanto o total dos indivíduos ocu-pados nas atividades informais têm um tempomédio de permanência de 47 meses na atualocupação, os assalariados sem carteira têm ape-nas 19 meses. Metade desses trabalhadores tro-cam de emprego a cada oito meses.

A maior parte desses trabalhadores encon-tra-se no setor de Serviços: 52,1%, vindo aseguir o Comércio, (31,5%) e a Indústria deTransformação (14,6%) e exercem funções deexecução (60,3%), apoio (19,8%) ou funçõesmal definidas (17,1%).

Um dos traços mais evidentes dessa catego-ria é o fato de não contribuir com a Previdên-cia Social: 96,4% desses trabalhadores não sãocontribuintes. Quase um terço deles (32,5%)são chefes de famílias, sendo que a maioria,entretanto, é constituída por filhos (42,4%).

Em suma, os assalariados em empresas comaté cinco empregados sem carteira assinadaencontram-se nos níveis mais baixos da escalasocial e econômica dos indivíduos ocupadosnas atividades informais. Eles se caracterizampor um grau muito baixo de instrução, baixossalários, alta rotatividade no emprego, insegu-rança no trabalho e desproteção previdenciáriano futuro.

Assalariados sem carteira assinada emempresas com mais de cincoempregados

Formam um dos segmentos de maior cresci-mento relativo na década passada. Em 1990,eles representavam 5,1% dos ocupados quemoram ou trabalham no município de São Pau-lo, contra 8,4% em 1999, o que corresponde aum crescimento de 64,7%.

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Trata-se de um contingente formado majo-ritariamente por homens (66,4%), brancos(66,6%), com idade entre 18 e 39 anos (69,8%).A participação feminina e de trabalhadoresnão-brancos é da ordem de um terço: 33,6% e33,4%, respectivamente.

Estes trabalhadores não apresentam um per-fil homogêneo quanto ao grau de instrução. Se,por um lado, a maior parte se caracteriza pelograu muito baixo de instrução – 39,4% não con-cluíram o 1º grau –, por outro, uma parcelaminoritária, mas não desprezível (10,4%), pos-sui o 3º grau completo, percentual superior aodos demais trabalhadores ocupados nas ativi-dades consideradas informais, que é de 7,5%.

Os assalariados sem carteira assinada emempresas com mais de cinco empregados têmum rendimento médio de 5,3 salários mínimos,sendo que a metade ganha até R$ 420,00 emjornadas médias de trabalho de 43 horas sema-nais. O rendimento médio desses trabalhadoresé ligeiramente superior à média do rendimentodos demais trabalhadores ocupados nas ativi-dades consideradas informais: R$ 723,00 dosprimeiros contra R$ 705,00 dos segundos.

A rotatividade no emprego é uma das prin-cipais características desses trabalhadores.Mais da metade deles troca de emprego a cadaseis meses. A maior parte está ocupada no se-tor de Serviços: 51,6%; 52% deles em funçõesde execução, 19% em funções de apoio e18,4% em funções mal definidas. Cumpre res-saltar, ainda, o expressivo percentual de traba-lhadores ocupados na Indústria (25,3%), su-perior ao do Comércio (15,5%) e ao da Cons-trução Civil (6,6%).

A maior parte desses trabalhadores, 61,5%não ocupa a posição de chefe da família e ape-nas uma minoria, (10,1%), contribui com a Pre-vidência Social.

Empregador de empresas comaté cinco empregados

Este não é um segmento numeroso, mas apre-senta crescimento durante os anos 90. Em 1999,representava 2,8% dos ocupados que moramou trabalham no município de São Paulo, con-tra uma participação de 2,5% em 1990.

Trata-se de um grupo constituído majorita-riamente por homens (74%), brancos (81,4%),

com mais de 40 anos de idade (54,3%). A par-ticipação feminina nessa atividade, (26%), é amenor entre as ocupações consideradas infor-mais. O mesmo ocorre com a presença de não-brancos, que é de apenas 18,6%.

Os empregadores de empresas com até cin-co empregados são bastante heterogêneosquanto ao nível de instrução. A maior parteapresenta alto grau de escolaridade, 11 anosem média; 32,6% possuem o 2º grau completoou o 3º incompleto e 31,1% têm o 3º grau com-pleto. Em contrapartida, uma minoria relevan-te de 20,8% é constituída por empregadorescom o 1º grau incompleto.

Este é o segmento de maior rendimento mé-dio entre as atividades informais (15,6 salári-os mínimos), sendo que a metade dos empre-gadores de empresas com até cinco emprega-dos recebe até R$ 1.584,00, isto é, três vezesmais que a metade dos indivíduos ocupadosnas atividades informais. A jornada média detrabalho desses empregadores é de 53 horassemanais e o tempo de permanência na ocupa-ção é bastante dilatado: 100 meses em média.

A maior parte encontra-se ocupada nos Ser-viços (56,9%) – seguido pelo Comércio(28,9%) e pela Indústria (13%) –, em funçõesde direção e planejamento (76,6%).

A maioria dos empregadores ocupa a posi-ção de chefe de família (69,2%) e é contribu-inte da Previdência (63,7%).

Dono de negócio familiar

Apesar de também não constituir um seg-mento muito numeroso, os donos de negóciofamiliar formam um grupo que se ampliou con-sideravelmente nos anos 90. Eles representa-vam 1,6% dos ocupados no município de SãoPaulo em 1990, aumentando para 2,6% em1999, um crescimento de 62,5% na década.

Os donos de negócio familiar são em suamaioria homens (65%) – mas é significativa apresença das mulheres nessa atividade (35%)– e majoritariamente de cor branca (71,2%).Constituem o grupo com a maior idade entre apopulação estudada, apresentando uma médiade idade de 42 anos; 57,6% deles têm 40 anosou mais.

São indivíduos com um baixo grau de ins-trução, possuindo em média oito anos de per-

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32MAPA DO TRABALHO INFORMAL

manência escolar. Embora a maioria (43%)possua apenas o 1º grau incompleto, é signifi-cativo o percentual dos que completaram o 2ºgrau ou têm o 3º grau incompleto: 23,4%. Ape-sar de minoritários, também se destacam osdonos de negócio familiar que completaram o3º grau: 10,8%.

Comparativamente aos demais ocupados ematividades informais, é um grupo com rendi-mento alto, 6,8 salários mínimos, sendo que ametade recebe até R$ 532,00 mensais.

Um dos traços marcantes desse segmento éa extensão das horas trabalhadas: em média,56 horas semanais. Trata-se da jornada maisextensa verificada entre as ocupações infor-mais. Também é expressivo o tempo de per-manência na atual ocupação: 87 meses emmédia.

Os donos de negócio familiar encontram-seocupados principalmente no Comércio (48,8%)e nos Serviços (40,9%), e desempenham fun-ções de direção e planejamento (48,6%) e deexecução (36%).

A maioria assume a posição de chefe de fa-mília, (59,8%), respondendo os cônjuges por28,5% do total de ocupados nessa atividade.Uma expressiva quantidade deles, (60,4%), nãocontribui com a Previdência Social.

Autônomos

A) Que trabalham para o público

Formam o segmento mais numeroso da popu-lação estudada. Também em crescimento, essesegmento representava 8,7% dos ocupados emSão Paulo em 1990 e passou a representar 9,6%em 1999.

Trata-se também de um segmento constituí-do majoritariamente por homens (68,2%),brancos (64,2%), com mais de 40 anos de ida-de (53,9%). A participação feminina de 31,8%é relevante, como também é significativa a pre-sença de 35,8% de população não-branca nes-sa atividade.

Os autônomos para o público apresentam umbaixo grau de instrução: possuem em médiaseis anos de escolaridade. A maioria deles(48,8%), não concluiu o 1º grau e o percentualde analfabetos (6,7%), é o segundo entre asocupações informais, só perdendo para os

empregados domésticos. Apenas 4,4% dos tra-balhadores que se encontram na categoria deautônomos para o público concluíram o 3º grau.

Eles têm um rendimento médio de 4,6 salári-os mínimos, e a metade ganha até R$ 422,00,em jornadas médias de trabalho de 44 horassemanais. O rendimento médio desses trabalha-dores é inferior à média geral de rendimento dostrabalhadores do setor informal, que, por suavez, é bastante inferior à média de rendimentodaqueles que estão ocupados no setor formal.

O tempo de permanência na atual ocupaçãoé de cinco anos em média, sendo que a metadetroca de ocupação a cada dois anos. Diferen-temente do que normalmente se imagina, a mai-oria desses trabalhadores encontra-se no setorde Serviços, (69,8%), seguido pelo Comércio,(24%), e pela Indústria de Transformação,(4,3%). Em geral, os autônomos para o Públi-co exercem funções de execução (65,4%), em-bora um percentual expressivo (24%) se en-contre em ocupações mal definidas.

A maioria dos autônomos para o público(63,7%) ocupa a posição de chefe de família ea maior parte deles (81,9%) não contribui coma Previdência Social.

B) Que trabalham para empresas

Este segmento experimentou um importantecrescimento em relação ao conjunto de ocupa-dos. Em 1990, representava 5,5% da popula-ção estudada contra 8,3 % em 1999 – cresci-mento de 50,9 %.

Estes trabalhadores formam um grupo cons-tituído majoritariamente por homens (68,5%),brancos (68,1%), com idade entre 25 a 39 anos(39,6%) ou mais de 40 anos (38%), sendo quemetade deles possui até 36 anos de idade. Aparticipação feminina nessa atividade é signi-ficativa (31,5%), como também é importantea presença de não-brancos (31,9%).

Os autônomos para as empresas possuem emmédia oito anos de escolaridade e grande par-te deles não concluiu o 1º grau: 39,4%. A maio-ria desses trabalhadores é formada por indiví-duos que iniciaram mas não concluíram o 2º eo 3º graus (46,8%). Um percentual de 10,4%completou o 3º grau, quantidade superior aoíndice encontrado entre o total da populaçãono setor informal, que é de 7,5%.

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33 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Estes trabalhadores têm um rendimento mé-dio de 6,5 salários mínimos, sendo que a me-tade ganha até R$ 515,00, em jornadas médiasde trabalho de 40 horas semanais. Desconsi-derando os empregadores, trata-se da catego-ria com o maior rendimento entre a populaçãoestudada.

O tempo médio de permanência dos autôno-mos para empresas na atual ocupação é de 43meses. É importante, contudo, ressaltar que ametade desses trabalhadores tem um ano depermanência na atual ocupação; esse dado podeindicar um crescimento acentuado do númerode pessoas nessa atividade no último ano.

A maioria dos autônomos que trabalha paraempresas encontra-se no setor de Serviços(56,8%), seguida pelos que trabalham no Co-mércio (21,2%) e na Indústria de Transforma-ção, (18,3%). Um percentual expressivo deles(24%) desempenha funções mal definidas, masa maior parte (65,4%) exerce atividades de exe-cução e uma minoria (9,5%) é responsável poratividades de direção e planejamento.

A maioria dos trabalhadores incluídos nessacategoria (53,5%) é constituída por chefes defamília, e um percentual expressivo (75,7%),não contribui com a Previdência Social.

Empregados domésticos

Constituem um segmento que também viveuum crescimento contínuo na última década: em1990, representavam 6,1% dos ocupados e pas-saram a 9,1% em 1999, acumulando um cres-cimento de 49,2%.

Estes trabalhadores formam um grupo cons-tituído quase que exclusivamente por mulhe-res (96,7%), na sua maioria não-brancas(53,8%), com idade entre 25 a 39 anos (42,9%)ou com mais de 40 anos (33,9%), sendo que ametade delas tem até 34 anos.

Os empregados domésticos possuem o maisbaixo grau de instrução entre a população es-tudada. Eles apresentam, em média, quatroanos de escolaridade. A maior parte não con-cluiu o 1º grau (72,3%), e entre eles verifica-se um alto índice de analfabetismo (9,8%).

Esse segmento apresenta um rendimentomédio de 2,5 salários mínimos, e a metadeganha até R$ 315,00, em jornadas médias detrabalho de 39 horas semanais. Trata-se do

menor rendimento entre a população estu-dada.

O tempo médio de permanência dos empre-gados domésticos na atual ocupação é de 43meses, sendo que metade deles tem até 21 me-ses de permanência na atual ocupação.

É grande o número de chefes de família en-tre os empregados domésticos (22,3%), em-bora a maioria seja constituída por cônjuges(77,7%). A maioria deles (60,4%) não contri-bui com a Previdência Social, embora um per-centual relevante de (39,6%) o faça.

Trabalhadores familiares

Formam o segmento menos numeroso no se-tor informal. Em 1999, representavam apenas1,6% da população ocupada, o que equivale a3,2% do setor informal no município de SãoPaulo.

Estes trabalhadores formam um grupo cons-tituído majoritariamente por mulheres (58,5%),brancas (67,1%), com idade entre 10 e 17 anos(32,5%), embora também seja significativa aparticipação de adultos entre 25 e 39 anos(21,8%) e de pessoas com mais de 40 anos(27,2%). A metade deles tem até 24 anos.

Os trabalhadores familiares possuem em mé-dia sete anos de escolaridade. A maior parte(46,4%) não concluiu o 1º grau e um percen-tual expressivo (26,5%) chegou a ingressar no2º grau, embora não o tenha concluído.

Estes trabalhadores não têm remuneraçãomensal definida, embora realizem jornadasmédias de 37 horas semanais de trabalho. Amaior parte deles encontra-se no Comércio(48,5%) e nos Serviços (40,6%), exercendofunções de execução (36,6%) ou mal defini-das (45,2%).

Na maioria dos casos, os trabalhadores fa-miliares são filhos (48,8%) ou cônjuges(40,8%); a imensa maioria deles (92,3%) nãocontribui com a Previdência Social.

Condições de vida

Esta parte da pesquisa contém uma análisecomparativa das condições de vida das famí-lias com pelo menos um membro no setor infor-mal e das famílias sem nenhum membro nosetor informal. Foram analisados, entre outros

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34MAPA DO TRABALHO INFORMAL

aspectos, caracterização das famílias, condi-ções habitacionais, acesso a serviços de saú-de, situação educacional, inserção no merca-do de trabalho, renda, condição física e expo-sição à violência. O contraste entre esses doistipos de famílias revelou a existência de forterelação entre informalidade e condições de vidamais precárias.

De fato, observou-se que a qualidade de vidadas famílias com pelo menos um membro nosetor informal é inferior, em todos os aspec-tos, às condições de vida das famílias em queninguém trabalha no setor informal. As primei-ras são freqüentemente maiores que as segun-das e entre elas existe uma maior proporçãode famílias monoparentais. Também se verifi-cou que, embora mais numerosas, as famíliascom pelo menos um membro na informalida-de apresentam uma renda familiar total inferi-or às das famílias em que ninguém trabalha nosetor informal. O rendimento per capita des-sas famílias também é comparativamente me-nor.

Em relação às condições de moradia, de saú-de e ao nível de instrução, verificou-se a mes-ma desigualdade. As famílias com pelo menosum membro no setor informal encontram-se emmoradias mais precárias, como barracos e fa-velas, ou habitações mais insalubres; têm me-nos acesso aos serviços de saúde e aos convê-nios médicos e apresentam média de anos deescolaridade inferior, além de um número mai-or de analfabetos e de membros com nível fun-damental incompleto. Finalmente, observou-se que entre as famílias com pelo menos ummembro no setor informal encontra-se maiornúmero de indivíduos que foram vítimas deroubos, furtos ou agressões, como também amaior incidência de indivíduos portadores dedeficiência ou dificuldades físicas.

Em síntese, as famílias com pelo menos ummembro na informalidade se encontram, demaneira geral, em piores condições de vida.

Distribuição das famílias(Tabelas 23 a 25, p. 58)

Mais da metade das famílias residentes nomunicípio de São Paulo possui algum mem-bro no setor informal. As unidades familiarescom algum membro trabalhando informalmen-

te correspondem a 51,7% das famílias estuda-das, contra 48,3% das famílias em que ninguémtrabalha neste setor.

Das famílias com algum membro no setorinformal, 34,2% possuem um membro na in-formalidade, 13,8% possuem dois membros e2,7% possuem três membros em ocupações in-formais. Há famílias com até quatro membrosna informalidade, embora esse percentual nãoseja significativo.

Caracterização e tamanhodas famílias

As famílias com pelo menos um membro nosetor informal têm, em média, 3,77 pessoas. Amaioria delas (60,7%) é composta por casaiscom filhos e/ou parentes e têm homens na con-dição de chefes de família (79%).

As famílias em que ninguém trabalha no se-tor informal têm em média 2,96 pessoas, sen-do que 46,3% são compostas por casal comfilhos e/ou parentes e 71,6% têm homens comochefes.

Entre famílias com pelos menos um mem-bro no setor informal, 16,4% são compostaspor cinco em que ninguém trabalha no setorinformal, há um grande número de famíliasconstituídas por apenas uma pessoa (17,4%).

Tipos de família

As famílias estudadas são constituídas, emsua maioria, por núcleos familiares formadospelo casal com filhos e/ou parentes: 46,3% dasfamílias em que ninguém trabalha no setorinformal e 60,7% das famílias com pelo me-nos um membro no setor informal apresentamesta conformação.

É elevado o percentual das famílias com pelomenos um membro no setor informal forma-das por chefes com filhos ou parentes, isto é,famílias monoparentais (17,4%).

Sexo do chefe de família

De modo geral, os homens ocupam a posi-ção de chefe nas famílias estudadas: 75,4%contra 24,6% de mulheres nessa condição. Essepercentual é maior entre as famílias em queexiste pelo menos um membro no setor infor-

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mal. Entre estas famílias, 79% têm homens nacondição de chefe, enquanto naquelas em queninguém trabalha no setor informal o percen-tual é de 71,6%. Inversamente, é menor o nú-mero de mulheres na condição de chefe em fa-mílias em que pelo menos um membro traba-lha no setor informal: 21% contra 28,4% dasfamílias em que ninguém trabalha no setorinformal.

Condições habitacionais(Tabelas 26 a 29, p. 59)

Entre as famílias com pelo menos um mem-bro no setor informal preponderam as mora-dias de tipo casa de alvenaria isolada e casa dealvenaria frente-fundos: 31,3%, no primeirocaso, e 33,2%, no segundo. Em famílias emque ninguém trabalha no setor informal, tam-bém verifica-se o predomínio de moradia dotipo casa de alvenaria frente-fundos: 30,7% doscasos. Observa-se, entretanto, que o percen-tual de famílias morando em apartamentos(29,1%) supera o percentual de famílias mo-rando em casa de alvenaria isolada (28,9%)nas famílias em que ninguém trabalha no setorinformal.

A moradia própria é ocupada por 59,8% dasfamílias em que ninguém trabalha informal-mente e por 51,7% das famílias com pelo me-nos um membro no setor informal. Um per-centual relativamente elevado dessas famílias(11,4%) habita moradias invadidas, contra6,9% das famílias sem nenhum membro traba-lhando no setor informal que vivem nesse mes-mo tipo de moradia.

Com relação à forma de obtenção, prepon-dera, para ambos os tipos de famílias, a mora-dia comprada. A autoconstrução, entretanto, éa forma de obtenção da moradia de 27,6% dasfamílias com pelo menos um membro no setorinformal, contra 17,8% daquelas em que nin-guém trabalha nesse setor.

As moradias com grau de salubridadesatisfatório também estão mais presentes en-tre as famílias em que ninguém trabalha nosetor informal do que entre as famílias com pelomenos um membro trabalhando informalmen-te: 77,7% das primeiras, contra 76,4% dassegundas.

Tipo de edificação

A maior parte das famílias estudadas moraem casas de alvenaria frente-fundos (32%), se-guida das famílias que moram em casas de al-venaria isolada (30,1%) e apartamentos(24,6%). O percentual das famílias com pelomenos um membro na informalidade que moraem barraco isolado e favela (10,9%) é maiordo que o das famílias em que ninguém traba-lha nesse setor e vive nas mesmas condições(6,8%). É maior o percentual das famílias emque ninguém trabalha no setor informal quevive em apartamentos: 29,1%, contra 20,2%.

Grau de salubridade da moradia

A maior parte das famílias estudadas (77%)vive de modo satisfatório quanto ao grau desalubridade da moradia, ao passo que 23% vi-vem em condições insatisfatórias. O percen-tual das famílias com pelo menos um membrona informalidade que vive em moradias comgrau de salubridade insatisfatório (23,6%) é li-geiramente superior ao percentual das famíli-as em que ninguém trabalha no setor informal(22,3%).

Forma de apropriação da moradia

A maioria das famílias estudadas vive emcasa própria (55,6%), seguida das famílias queresidem em moradia alugada (24%), cedida(11,2%) e invadida (9,2%).

Forma de obtenção das moradias próprias

Das famílias proprietárias de moradia, 57,8%compraram o imóvel em que vivem. Esta for-ma de obtenção da moradia é mais freqüenteentre as famílias em que ninguém trabalha nosetor informal (63,2%) do que nas famílias compelo menos um membro na informalidade(52%).

Acesso a serviços de saúde(Tabelas 30 a 32, p. 59 e 60)

A grande maioria (65,7%) das famílias emque ninguém trabalha no setor informal possuiconvênio ou plano de saúde, enquanto 34,3%

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36MAPA DO TRABALHO INFORMAL

não possuem. O mesmo não acontece entre asfamílias com pelo menos um membro no setorinformal: destas, apenas 49,8% possuem con-vênio ou plano de saúde, ao passo que 50,2%não possuem.

Talvez por isso a procura de atendimentomédico nos últimos 30 dias anteriores à pes-quisa tenha sido maior entre as famílias em queninguém trabalha no setor informal: 29,5%,contra 25,4% das famílias com pelo menos ummembro no setor informal. Entre estes últimos,51,1% tiveram atendimento gratuito no siste-ma de seguridade social, percentual que caipara 34,2% entre os primeiros.

Posse de convênio ou plano de saúde

Mais da metade das famílias estudadas pos-sui algum tipo de convênio ou plano de saúde(57,4%). É muito alto, no entanto, o percen-tual das que não possuem nenhum plano desaúde: 42,6% das famílias estudadas encon-tram-se nessa situação. Esse percentual é maiselevado ainda entre as famílias com pelo me-nos um membro na informalidade, em que maisda metade (50,2%) não possui nenhum convê-nio ou plano de saúde.

Procura de atendimento

O percentual dos que procuraram atendimen-to médico nos últimos 30 dias anteriores à pes-quisa é mais elevado entre os indivíduos defamílias em que ninguém trabalha no setorinformal do que entre os indivíduos de famíli-as com pelo menos um membro nesse setor:29,5%, entre os primeiros, contra 25,4% entreos segundos.

Tipos de serviços de saúde utilizados

Dos indivíduos que utilizaram serviços desaúde nos últimos 30 dias anterior à pesquisa,mais da metade (50,5%) utilizou o tipo pré-pago (medicina de grupo), seguido pelos ser-viços gratuito (seguridade social, 43,3%) epago (medicina privada, 6,2%).

Nota-se que a maioria dos indivíduos de fa-mílias com pelo menos um membro no setorinformal utilizou o serviço gratuito da seguri-dade social (51,1%) e que a maioria dos indi-

víduos de famílias em que ninguém trabalhano setor informal (59,3%) utilizou os serviçospré-pagos de medicina de grupo.

Situação educacional (Tabelas 33 e 34, p. 60)

Entre os indivíduos com 15 anos ou maispertencentes às famílias com pelo menos ummembro no setor informal, 5,2% são analfabe-tos e 43,2% apresentam o nível fundamental(antigo 1

o grau) incompleto, contra 4,6% e

34,8%, respectivamente, entre os indivíduos defamílias em que ninguém trabalha no setorinformal. Da mesma forma, 23,6% destes últi-mos possuem o nível superior, contra 14,9%dos primeiros.

Com relação ao tempo de escolaridade, vê-se que os indivíduos de famílias com pelo me-nos um membro no setor informal têm umamédia de 7,1 anos de escolaridade, enquantoos indivíduos de famílias em que ninguém tra-balha no setor informal apresentam em média8 anos de escolaridade.

Nível de instrução

É baixo o nível de instrução dos indivíduosde 15 anos ou mais das famílias estudadas. Elespossuem em média 7,4 anos de escolaridade,sendo que uma parcela significativa (39,6%)não concluiu o nível fundamental.

São marcantes as diferenças de instrução en-tre as famílias em que ninguém trabalha no se-tor informal e as que têm pelo menos um mem-bro na informalidade. As primeiras possuem emmédia 8 anos de escolaridade, contra 7,1 dassegundas; o percentual dos que não completa-ram o ensino fundamental também é maior nassegundas: 43,2% contra 34,8% das primeiras.

Ao mesmo tempo, enquanto 23,6% dos in-divíduos de 15 anos ou mais em famílias emque ninguém trabalha no setor informal con-cluíram o 3º grau , apenas 14,9% dos das fa-mílias com pelo menos um membro na infor-malidade o fizeram.

Freqüência à escola

A maioria dos indivíduos entre 7 a 24 anosdas famílias estudadas freqüenta a escola(67,3%). É expressivo, no entanto, o percen-

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37 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

tual dos indivíduos que não freqüentam(32,7%), ou seja, cerca de um terço das pes-soas em idade escolar no município de São Pau-lo não freqüenta a escola.

Nas famílias com pelo menos um membrono setor informal, o percentual dos indivíduosque não freqüentam a escola (33,9%) é maiordo nas famílias em que ninguém trabalha nainformalidade (30,8%).

Dos indivíduos que freqüentam a escola,47,4% encontram-se no Ensino Fundamental,14,1% no Ensino Médio (antigo 2

o grau) e 5,8%

no Ensino Superior. Esses percentuais relati-vos não são muito diferentes entre os dois ti-pos de famílias estudadas, exceto pelo percen-tual de indivíduos no Ensino Superior, que émaior nas famílias em que ninguém trabalhano setor informal.

Inserção no mercado de trabalho(Tabelas 35 a 37, p. 61)

Os indivíduos de famílias com pelo menosum membro no setor informal apresentam umataxa de participação no mercado de trabalho –como ocupados ou desempregados – de 70,2%.Esta taxa é bem menor nas famílias em queninguém trabalha no setor informal (51,8%).

Em contrapartida, nestas famílias existe umamaior proporção de desempregados (23,5%contra 12,4%), o que confirma a suposição deque o trabalho informal é uma forma camufla-da de desemprego.

A grande maioria dos indivíduos membrosde famílias em que ninguém trabalha no setorinformal é constituída por assalariados(90,1%). Entre os indivíduos pertencentes àfamílias com pelo menos um membro na in-formalidade, apenas 52,1% são assalariados,dos quais 22,9% são assalariados sem carteiraassinada.

Taxa de participação

A proporção dos indivíduos em idade ativaque participam do mercado de trabalho é bemmaior nas famílias com pelo menos um mem-bro no setor informal do que nas famílias emque ninguém trabalha no setor informal: 70,2%entre os primeiros e 51,8% entre os segundos.

Taxa de desemprego

As taxas de desemprego são maiores nas fa-mílias em que ninguém trabalha no setor infor-mal do que nas famílias com pelo menos ummembro nesse setor. Os dados da PCV indi-cam 15% de desemprego aberto e 8,6% de de-semprego oculto nas primeiras, enquanto as se-gundas apresentam índices de 7,8% e 4,6%,respectivamente. Observa-se que o setor infor-mal camufla uma parcela importante de desem-pregados.

Estrutura do emprego porposição ocupacional

Dos indivíduos ocupados entre as famíliasestudadas, 64,5% são assalariados, 17,1% sãoautônomos, 10,8% são empregadores e 7,6%são empregados domésticos.

Os assalariados constituem a imensa maio-ria dos ocupados nas famílias em que ninguémtrabalha no setor informal (90,1%). Em con-traste, eles representam apenas um pouco maisda metade dos ocupados nas famílias com pelomenos um membro no setor informal (52,1%).Entre esses indivíduos, é significativa a parti-cipação dos autônomos (25,5%) e dos assala-riados do setor privado sem carteira (22,9%),seguida da dos empregadores e da dos empre-gados domésticos (11,2% cada categoria).

Renda familiar (Tabelas 38 a 42, p. 61 e 62)

As famílias em que ninguém trabalha no se-tor informal possuem renda familiar total mai-or do que a das famílias com pelo menos ummembro no setor informal: R$ 2.153,00 con-tra R$ 1.978,00. O mesmo ocorre com a rendafamiliar per capita: R$ 854,00 nas primeiras eR$ 629,00 nas segundas. Entre as famílias compelo menos um membro no setor informal, aparticipação dos indivíduos que trabalham nes-se setor na renda familiar é de 88,8%.

As famílias com pelo menos um membro nainformalidade apresentam uma concentraçãode renda um pouco menor que a das famíliasem que ninguém trabalha no setor informal:índice de Gini de 0,56 para as primeiras e 0,60para as segundas. O mesmo ocorre com a dis-tância entre ricos e pobres: ela é menor nas

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38MAPA DO TRABALHO INFORMAL

famílias com pelo menos um membro no setorinformal.

Renda familiar total e per capita

A renda familiar total e a renda familiar percapita das famílias estudadas são de R$2.066,00 e R$ 741,00, respectivamente.

As famílias sem nenhum membro no setorinformal possuem renda total e per capita su-periores às das famílias com pelo menos ummembro no setor informal: R$ 2.153,00 e R$854,00, nas primeiras, contra R$ 1.978,00 eR$ 629,00, nas segundas.

Classes de renda familiartotal e per capita

A classificação por classe de renda familiartotal revela que a maioria das famílias estuda-das (25,3%) situa-se na faixa de mais de 5 a 10salários mínimos, seguido pelas famílias commais de 20 salários mínimos (21,9%) e pelasfamílias com mais de 10 a 20 salários mínimos(19,6%).

Por sua vez, a classificação por classe derenda familiar per capita mostra que a maioriadas famílias estudadas (29,2%) situa-se na fai-xa de mais de 2 a 5 salários mínimos, seguidapelas famílias com mais de 1 a 2 salários míni-mos (22,3%) e pelas famílias com mais de 5 a10 salários mínimos (16%).

Vê-se que a maioria das famílias residentesno município de São Paulo tem um rendimen-to total que varia de 5 a 10 salários mínimosmensais e um rendimento per capita que varia2 a 5 salários mínimos.

A maior parte das famílias em que ninguémtrabalha no setor informal (24%) situa-se naclasse de renda familiar total com Mais de 20salários mínimos. A maior parte das famíliascom pelo menos um membro no setor infor-mal (28%) situa-se na faixa de renda familiartotal de mais de 5 a 10 salários mínimos. Istoé: estas famílias têm um rendimento total pelomenos duas vezes menor do que as outras.

Grande parte das famílias em que ninguémtrabalha no setor informal (26,9%) situa-se naclasse de renda familiar per capita de mais de2 a 5 salários mínimos. A maior parte das fa-mílias com pelo menos um membro no setor

informal (31,4%) situa-se nesta mesma classe.Em contrapartida, é menor o percentual das fa-mílias com pelo menos um membro no setorinformal situado na classe de mais de 10 salá-rios mínimos: 10,5% contra 18,9%.

Contribuição dos membros narenda familiar

Dos indivíduos que contribuem com a rendafamiliar total nas famílias com pelo menos ummembro no setor informal, a grande maioria(88,8%) trabalha informalmente; apenas umaminoria (11,2%) não se encontra nessa condi-ção.

Rendimento familiar totale per capita

A renda familiar total dos 25% de famíliasmais ricas é 4,4 vezes maior do que a rendafamiliar total dos 25% de famílias mais pobres:R$ 2.390,00 das primeiras, contra R$ 536,00das segundas.

Nas famílias em que ninguém trabalha nosetor informal a distância entre as rendas dasfamílias mais ricas e as das mais pobres é de5,6 vezes. A desigualdade é menor entre as fa-mílias com pelo menos um membro no setorinformal, onde a diferença é de 3,7 vezes.

Os 25% mais ricos responsáveis pela rendafamiliar per capita ganham acima de R$865,00, contra R$ 171,00 dos 25% mais po-bres: a desigualdade da renda per capita dasfamílias estudadas é de cinco vezes.

Desigualdade da distribuiçãoda renda familiar

As famílias mais ricas têm uma renda percapita cinco vezes maior do que as famíliasmais pobres. Essa diferença é maior nas famí-lias em que ninguém trabalha no setor infor-mal (seis vezes) do que nas famílias com pelomenos um membro na informalidade (4,4 ve-zes).

A renda média dos 25% das famílias maisricas nas quais ninguém trabalha no setor infor-mal é 27,2 vezes maior do que a renda médiados 25% das famílias mais pobres em que nin-guém trabalha no setor informal e 22,8 vezes

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39 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

maior do que a renda média dos 25% das fa-mílias mais pobres com pelo menos um mem-bro nesse setor.

O Índice de Gini, por sua vez, revela que arenda é mais concentrada nas famílias em queninguém trabalha no setor informal (0,60) doque nas famílias com pelo menos um membrotrabalhando informalmente (0,56).

Portadores de deficiência(Tabelas 43 e 44, p. 63)

Não há diferença significativa entre o per-centual de indivíduos portadores de deficiên-cia nas famílias em que ninguém trabalha nosetor informal e nas famílias que possuem aomenos um membro na informalidade: 4,3%contra 3,8%. Estes dados relativizam uma pos-sível associação entre deficiência e informali-dade.

Portadores de dificuldades

A porcentagem média das famílias com pelomenos um membro portador de dificuldade éde 14,1%. Nas famílias com pelo menos ummembro no setor informal esse percentual éde 15%, superior, portanto, à média.

Vítimas de crimes (Tabelas 45 e 46, p. 63)

Os dados revelam que as famílias com pelomenos um membro no setor informal estão maisexpostas à violência. Elas apresentam maiorpercentagem de vítimas de roubos ou furtos etambém de agressões físicas.

Vítimas de roubo ou furto

É alto o percentual de vítimas de roubo oufurto: 21,4% das famílias estudadas tiveram pelomenos um de seus membros vítima dessa vio-lência. As famílias com pelo menos um mem-bro no setor informal estão mais expostas a essetipo de ocorrência: 22,9% delas tiveram pelomenos uma vítima, contra 19,7% das famíliasem que ninguém trabalha informalmente.

Vítimas de agressão física

Não é expressivo o percentual de vítimas deagressão física entre as famílias estudadas: ape-nas 5% das famílias possuem indivíduos nessasituação. Também nesse caso, é maior o per-centual de vítimas de agressão física entre asfamílias com pelo menos um membro no setorinformal.

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40MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Introdução

O estudo a seguir foi elaborado a partir deentrevistas com trabalhadores e trabalha-doras do setor informal realizadas no muni-cípio de São Paulo entre novembro e dezem-bro de 1999. Ao todo, foram feitas 58 entre-vistas em diversas regiões da cidade. A es-colha dos entrevistados foi realizada de for-ma aleatória, mas a opção pelas atividadesanalisadas levou em consideração a sua vi-sibilidade no espaço urbano, o grau de con-flito gerado pelo exercício da atividade – sejacom o poder público, seja com a comunida-de local – e o número estimado de pessoasenvolvidas. Foram selecionados para estudoos seguintes casos:• Vendedores ambulantes ou camelôs – Divi-didos em três grupos distintos: vendedores emponto fixo, vendedores em trens e vendedoresem sinal de trânsito. O primeiro grupo é o maisnumeroso e é constituído por trabalhadores ins-talados em bancas ou barracas localizadas empraças e logradouros públicos. Trata-se de ati-

Renato Martins e Osmir DombrowskiRenato Martins é pesquisador do Centro de Estudos

de Cultura Contemporânea (Cedec); OsmirDombrowski é professor na Universidade do Oeste

do Paraná. Ambos são doutorandos em ciênciapolítica na Universidade de São Paulo

vidades exercidas muitas vezes por crianças eadolescentes.• Catadores de material reciclável – Grupoconstituído por trabalhadores que realizam acoleta e a seleção de lixo reciclável nas ruasda cidade, utilizando-se para isso de cami-nhões, kombis ou carroças. Um grande núme-ro desses trabalhadores encontra-se organiza-do em cooperativas que os apóiam na coleta,na seleção e na venda do produto para as in-dústrias de reciclagem.• Perueiros e cobradores em perua – Segmen-to formado por trabalhadores que fazem otransporte urbano coletivo em veículos parti-culares, normalmente uma perua Van ou peruaKombi, derivando daí sua denominação. Os co-bradores são trabalhadores, geralmente meno-res de idade, que auxiliam os perueiros e têmcomo tarefa chamar o passageiro, informar odestino, realizar a cobrança da passagem e for-necer o troco.

O presente estudo não possui significânciaestatística, isto é, não é representativo do con-junto de trabalhadores ocupados nas ativida-

Parte 3

Estudo de Casos

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des consideradas informais. O que se segue éum estudo das condições de vida e de trabalhodas pessoas ocupadas em algumas atividadesinformais. O objetivo que orientou este estudofoi o de complementar os dados da Pesquisade Emprego e Desemprego e da Pesquisa deCondições de Vida analisados anteriormente.Por meio de depoimentos dos próprios traba-lhadores, procurou-se compreender como vi-vem e trabalham as pessoas que se encontramna informalidade, especialmente em relação aosmotivos que as levaram a esse tipo de ativida-de, às razões da perda do último emprego, àperspectiva de retorno ao setor formal e tam-bém a respeito de suas relações e expectativasno que tange aos poderes públicos, à Previdên-cia Social e à violência a que estão expostos.

Embora todos os trabalhadores façam partedo chamado setor informal, o estudo mostroua grande heterogeneidade socioeconômicaexistente no interior de cada grupo e entre osgrupos de trabalhadores entrevistados. O estu-do revelou ainda que o trabalho informal é, emgrande parte dos casos, uma forma camufladade desemprego. Vários entrevistados declara-ram que desejam ter novamente um empregoregular e reingressar no mercado formal detrabalho.

Considerações gerais (Tabelas 47 a 51)

Na Tabela 47, vê-se a distribuição dos tra-balhadores entrevistados segundo o tipo de ati-vidade e a região da cidade em que atuam.

O desemprego é uma das principais causasda informalidade. A maior parte dos entrevis-tados alegaram estar trabalhando no setor infor-mal em razão da ruptura do vínculo emprega-tício anterior, seja por terem sido demitidos ouporque optaram por este caminho, abandonan-do o emprego regular. A Tabela 48 mostra omotivo que levou os trabalhadores entrevista-dos a deixar o último emprego.

Como se observa, grande parte dos entre-vistados deixou voluntariamente o último em-prego, tendo declarado que se demitiu. Pode-se supor que, além do desemprego e das difi-culdades para encontrar emprego no setor for-mal, a baixa qualidade dos empregos regula-res, os baixos salários, a rotatividade e a eli-minação de benefícios legais estão empurran-do os trabalhadores para o setor informal, mo-vidos pela expectativa de melhores condiçõesde trabalho. Este é um aspecto que merece ummaior aprofundamento em estudos posteriores.

De modo geral, os entrevistados se caracte-rizam por um perfil de baixa qualificação pro-

Tabela 47Quantidade de entrevistas por Tipo de Atividade e RegiãoTipo de Conta Própria Total Centro Leste Norte Oeste SulCatador 7 6 1 – – –Cobrador de perua 4 – 2 1 1 –Perueiro 11 2 2 3 2 2Seletora 3 3 – – – –Vendedor em sinal detrânsito 4 – 2 – 2 –Vendedor em ponto fixo 22 3 5 5 3 6Vendedor em trem 7 – 4 – 3 –Total 58 14 16 9 11 8

Tabela 48Motivo de saída do último emprego

Motivo citado citaçõesDemitiu-se 21Foi demitido 17Empregador faliu/mudou-se 6Contrato alterado p/ prest. de serviço 2Não informou 1Total 47

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fissional, anterior ao ingresso no setor infor-mal. Como se verifica na Tabela 49, grandeparte dos entrevistados trabalhava em ocupa-ções que não exigem conhecimentos específi-cos ou escolaridade, como vigia, servente depedreiro, copeira, empregada doméstica, bal-conista etc.

Trata-se, de modo geral, de trabalhadores quevêem suas chances de emprego reduzidas emfunção da baixa qualificação profissional,agravada em muitos casos pelo avanço da ida-de. Muitos disseram que “depois dos 40 anos”é impossível obter alguma colocação. Por isso,a informalidade representa uma situaçãoirreversível para grande parte desses trabalha-dores, o que é comprovado pelo fato de muitosse encontrarem há mais de dez anos no setorinformal.

De fato, os entrevistados que se encontramhá muitos anos na informalidade já não alimen-

tam expectativas de reingressar no mercadoformal de trabalho. Para esses trabalhadores,há que se buscar alternativas que não impli-quem, necessariamente, o restabelecimento dovínculo empregatício, mas que possam garan-tir uma renda mínima e propiciar alguma se-gurança no futuro. A organização em coopera-tivas que lhes permitam, por exemplo, o aces-so a algum sistema de crédito e condições maisfavoráveis de negociação com fornecedorespode ser uma alternativa. A existência de vá-rias cooperativas de catadores de materialreciclável mostra a viabilidade desse tipo deorganização.

Nenhum dos entrevistados formulou qual-quer demanda relacionada a saúde, educação,transporte ou outros direitos sociais. Eles apon-tam a regulamentação da atividade como sen-do a principal – na maior parte das vezes, aúnica – ação esperada do poder público. A fal-ta de regulamentação afeta efetivamente qua-se todas as categorias estudadas e tem se reve-lado um fator de corrupção, violência e inse-gurança. Os trabalhadores informais, mesmoquando podem, deixam de fazer investimen-tos para melhorar seus negócios e aumentarseus ganhos, pois vivem em conflito com osagentes fiscalizadores e temem ser impedidosde trabalhar ou ter seus equipamentos e mer-cadorias apreendidos. Freqüentemente, essesconflitos evoluem da apreensão da mercado-ria para a agressão física e o confronto com apolícia.

A não-contribuição para a Previdência So-cial é uma característica marcante dos traba-lhadores informais. Entre os entrevistados,apenas os perueiros, um dos grupos mais capi-talizados e com maior escolaridade, contribuemcom a Previdência. Para a grande maioria, en-tretanto, não sobra dinheiro para isso. Alémde constituir um problema atual para a Previ-dência Social, a não-contribuição representauma verdadeira “bomba-relógio”, armada paraexplodir em poucos anos, já que o número depessoas ocupadas nas atividades informais temaumentado continuamente.

A família representa, para a maior parte dosentrevistados, a única possibilidade de apoio.É dela que vem a ajuda nas horas de necessi-dade, em caso de doença ou de problemas fi-nanceiros. A ocupação de um número cada vez

Tabela 49Último emprego/cargo

Emprego/cargo citado qde.Ajudante geral 1Ascensorista 1Aux. de almoxarifado 1Balconista 2Bordadeira 1Chefe de seção 1Copeira 2Costureira 2Eletricista de manutenção 1Empregada doméstica 3Empregada doméstico 1Gerente de vendas 1Gerente financeiro 1Inspetor de qualidade em metalúrgica 1Mensageiro 1Motorista 6Office-boy 1Operador de máquina 1Operador de som 1Prensista 1Sapateiro 1Servente 2Servente de pedreiro 2Taxista 1Técnico de manutenção de máquinas 1Vendedor de automóvel 1Vendedor de calçados 2Vigia em empresa 1Vigilante 1Total de citações 42

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maior de chefes de família em atividades in-formais é preocupante, pois é uma fonte de in-segurança para todos os membros da família.Esta dimensão da vida do trabalhador infor-mal merece estudos mais aprofundados.

Finalmente, a fraca presença de vínculosassociativos é outra característica dos traba-lhadores informais: apenas uma minoria dosentrevistados participa de algum tipo de asso-ciação. Embora numericamente pequena, a pre-sença de entrevistados que declararam partici-par de sindicatos ou cooperativas mostra quea organização desses trabalhadores, além denecessária, é possível.

Vendedores ambulantes ou camelôs

Vendedores em ponto fixo

Também conhecidos como ambulantes oucamelôs, são trabalhadores que exercem suaatividade em bancas ou barracas instaladas emdiversos pontos da cidade, sobretudo nos lo-cais de grande trânsito de pessoas, como esta-ções de metrô ou trens (ou seus arredores), ter-minais rodoviários ou regiões centrais da ci-dade por onde passa, diariamente, um grandecontingente de pessoas.

Estes trabalhadores comercializam umaimensa variedade de produtos, como artigosimportados do Paraguai (cigarros, relógios,brinquedos, produtos eletroeletrônicos etc.);artigos de confecção adquiridos principalmenteno bairro do Brás e imediações; doces e salga-dos comprados em atacadistas e distribuido-res na região da Luz; e refrigerantes, cervejasou água, que compram em supermercados edistribuidoras.

Os vendedores em ponto fixo costumam mu-dar o artigo com o qual trabalham, tendendo,entretanto, a buscar um artigo semelhante, deforma a manter o vínculo com seus clientes e,

também, o contato com seus fornecedores. Decerta forma, eles se especializam no comérciode uma linha de produtos.

Entre os vendedores em ponto fixo foramentrevistados nove mulheres e oito homens,entre 23 e 83 anos; dois são solteiros, um se-parado e os demais são casados ou moram comoutra pessoa. Entre eles, cinco são naturais daGrande São Paulo e 12 são migrantes que mo-ram na cidade de São Paulo há 24 anos, emmédia. A grande maioria sabe ler e escrever,porém, a escolaridade média é baixa: apenasquatro entrevistados concluíram o 1º grau edois são analfabetos.

Verificou-se uma disparidade de renda fa-miliar bastante acentuada entre os entrevista-dos: três declararam ter renda familiar de me-nos de R$ 500,00, oito entre R$ 501,00 e R$1.000,00; três entre R$ 1.001,00 e R$ 2.000,00;três entre R$ 2.001,00 e R$ 4.000,00; e trêsnão souberam informar a renda familiar.

Normalmente, os vendedores em ponto fixotrabalham de segunda a sábado, descansandoaos domingos, mas em muitos casos trabalham,sem folga, de segunda a domingo. A jornada detrabalho média entre os entrevistados é de 76horas por semana. Doze dos 17 entrevistadosrecebem a ajuda de parentes no trabalho, prin-cipalmente do cônjuge e dos filhos, ocorrendotambém a presença de sobrinhos, irmãos e tios.

A grande maioria dos vendedores em pontofixo é composta por revendedores (compramseus produtos para revender). Apenas dois en-trevistados produziam parte dos produtos quevendiam. A maioria dos vendedores entrevis-tados faz suas compras diariamente ou de duasa três vezes por semana; os outros as fazemquinzenalmente ou mensalmente. De qualquermodo, o capital de giro do vendedor em pontofixo é relativamente pequeno. Apenas um en-trevistado disse que costuma gastar, em mé-dia, R$ 1.500,00 em cada compra. A maioria

Tabela 50Tempo como trabalhador informal

Exclui crianças e adolescentes

Tabela 51Contribuição com o INSS

Exclui crianças e adolescentes

Quantidade de anos nº de citaçõesAté 1 ano 9De 2 a 4 anos 11De 5 a 10 anos 12Acima de 10 anos 15Total 47

Contribui nº de citaçõesNão 36Sim 11Total 47

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dispõe de menos de R$ 500,00 e isso acabaimplicando maior freqüência nas compras.Entre os entrevistados, somente três disseramque realizam compras a prazo, todos os outrospagam à vista.

Ao fim de um mês de trabalho, o ganho mé-dio entre os vendedores em ponto fixo é de R$927,00, mas com uma grande distância entre omenor rendimento, que é de R$ 150,00 e omaior, de R$ 4.000,00.

Em média, os vendedores entrevistados es-tão há 11 anos nessa atividade e consideram asituação hoje pior que há um ano: “Antes aspessoas do comércio de rua conseguiam com-prar carro, hoje não”, disse um entrevistado.Para muitos deles “as vendas caíram bastan-te”. Entre os motivos para a queda nas vendaseles apontam o desemprego como a causa prin-cipal: “Com a falta de emprego, as pessoascompram menos”, disse um deles. “Hoje exis-te mais concorrência e menos compradores”,disse outro entrevistado.

A grande maioria dos entrevistados afirmouque começou a trabalhar como camelô porqueficou desempregada e precisava trabalhar: “Fuimandado embora. Com 43 anos de idade, nãotinha outra opção”, disse um deles. Alguns,entretanto, viram essa atividade como umaoportunidade de “ganhar mais”.

Uma trabalhadora de 83 anos de idade, queestá há 42 anos trabalhando como vendedoraem ponto fixo, diz que quando começou “nãotinha emprego”. Outra entrevistada, com 23anos de idade e atuando há menos de um anonessa atividade, também afirmou que “não con-seguia arrumar outro emprego”. Atuando háseis anos como camelô, um trabalhador de 42anos de idade afirmou que, quando começou,preferia o emprego anterior, “mas agora nãodá mais”. Ele foi inspetor de qualidade em umametalúrgica durante 19 anos.

Praticamente todos os entrevistados tiveramalguma experiência como trabalhador assala-riado, tendo sido mencionadas diversasprofissões exercidas antes do ingresso nainformalidade: vendedor, balconista, servente,vigia, empregado doméstico, costureira ebordadeira, sapateiro, eletricista etc. Somenteum entrevistado nunca passou por essa expe-riência. Cinco deles foram demitidos, outroscinco demitiram-se por considerar baixo o sa-

lário que recebiam. Falência e mudança deempresas também foram citados como moti-vos de saída do último emprego.

Apesar de existirem, entre os entrevistados,seis pessoas com mais de 15 anos de contri-buição para a Previdência Social, hoje nenhumdeles é contribuinte. Sete entrevistados nãosouberam explicar por quê; outros seis decla-raram que não têm condições de pagar. Um en-trevistado disse que “não confia na políticaexistente no país”; outro, que “tem coisa maisimportante para pagar”; e outro, ainda, afir-mou que “não vale a pena pagar”. A grandemaioria dos entrevistados espera sobrevivertrabalhando durante a velhice. “Espero traba-lhar até quando for possível”, disse um deles.Outro afirmou que “está nas mãos de Deus,porque não tem emprego para os filhos”. Doisentrevistados esperam ainda pagar a Previdên-cia para ter uma aposentadoria.

Quando impedidos de trabalhar por causa dedoença ou acidente, os vendedores entrevista-dos ou recebem a ajuda de algum membro dafamília ou o negócio fica parado – “não montaa barraca” – e, nesse caso, o prejuízo é irreme-diável. Quando têm dificuldades financeiras,normalmente os entrevistados recorrem a pa-rentes ou a amigos. Três entrevistados disse-ram que recorrem a Deus, dois disseram quenão têm a quem recorrer, e um citou a figurado agiota.

Trabalhando na rua, sete entre os 17 entre-vistados presenciaram ou foram vítimas de vio-lências, roubo ou assalto em seus locais de tra-balho. Onze deles estiveram envolvidos ou pre-senciaram conflitos com a fiscalização muni-cipal e/ou com a guarda municipal, incluindoa apreensão de mercadorias e a retirada dosambulantes da área onde trabalhavam.

Quando perguntados sobre o que esperamdo poder público, a maioria dos entrevistadosdisse querer a “regulamentação do comércioambulante”. Outros declararam ainda que, alémda regulamentação, “os ambulantes precisamde locais decentes para trabalhar”.

Finalmente, entre os entrevistados, a grandemaioria declarou que não participa de qualquertipo de associação, embora três tenham afir-mado que participam de um sindicato ou asso-ciação profissional da categoria.

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Crianças e adolescentes

As crianças entrevistadas que trabalhamcomo vendedoras em ponto fixo têm entre 7 e16 anos de idade, sendo três do sexo masculi-no e duas do sexo feminino. Uma delas, com 7anos de idade, não sabe ler nem escrever; asoutras estudam: duas cursam a 6ª série, uma a4ª série e outra a 2ª série do 1º grau.

Uma das crianças trabalha com artigos deconfecção, que compra para revender. As de-mais vendem doces e salgados e lixas paraunhas. Das cinco crianças entrevistadas, amaior delas, com 16 anos, trabalha por contaprópria, comprando e revendendo artigos deconfecção, e sua irmã mais velha trabalha emoutra banca nas proximidades; duas trabalhamajudando pessoas da família: o cunhado e amãe.

Duas crianças (com 7 e 10 anos) trabalhampara terceiros, que são chamados “protetores”.Uma delas contou que “apanhava em casa enão tinha o que comer, quando vim para a ruao protetor me pegou para trabalhar”. A outrafoi colocada no “trabalho” pela mãe: “Minhamãe disse que precisava, senão não tinha o quecomer”.

Os dois mais velhos afirmaram queprecisavam ajudar em casa e não conseguiramachar outro emprego por causa da idade.Como têm parentes já trabalhando como am-bulantes, começaram também nessa ativida-de. Um dos entrevistados, com 11 anos, de-clarou que gosta de trabalhar “porque tenhomuitos amigos aqui e porque ajudo minha mãee minha irmã”.

Trabalhando nas ruas, apenas os dois peque-nos “protegidos” foram vítimas de violência:um deles falou que “os meninos apanham doprotetor” e o outro, de 7 anos, relatou o se-guinte: “Apanho às vezes porque como doces,peço dinheiro, se chego atrasado ou não entre-go o dinheiro das vendas”. Os outros três dis-seram que nunca foram vítimas ou testemunha-ram cenas de violência.

As duas crianças que trabalham para o “pro-tetor” informaram que recebem aproximada-mente entre R$ 180,00 e R$ 90,00 por mês. Ogaroto que trabalha por conta própria, com 16anos, ganha por mês cerca de R$ 400,00. Amenina de 15 anos que trabalha com a irmã

retira cerca de R$ 220,00 por mês. A meninade 11 anos que ajuda a mãe disse que ganhaR$ 60,00 por mês.

Vendedores em trens

Os vendedores em trens trabalham no interi-or dos trens metropolitanos que servem a Gran-de São Paulo ou nas estações ferroviárias. Porse tratar de uma atividade proibida pela em-presa que opera o transporte ferroviário e coi-bida por seus agentes de segurança, os vende-dores trabalham carregando seus produtos empequenas quantidades e dentro de sacos, saco-las ou caixas de isopor ou papelão e jamaisficam parados em um local; estão permanen-temente transitando. Normalmente vendemcomestíveis: doces, salgados, bolachas, cho-colates, balas, amendoim etc., aproveitando-se da falta de infra-estrutura do sistema detransporte ferroviário e da longa permanêncianos trens a que estão sujeitos os passageiros.Embora muitos vendam também artigos deocasião, como enfeites e cartões de Natal ouovos de Páscoa, trata-se sempre de artigos pe-quenos, que podem ser transportados nas mãose permitem o trânsito do vendedor pelos va-gões dos trens e facilitam a evasão nos casosde fiscalização.

Entre os vendedores em trens foram entre-vistados dois homens e duas mulheres entre 39e 41 anos de idade. Três são migrantes, embo-ra morem há bastante tempo na Grande SãoPaulo – dois há mais de 20 anos e um há oitoanos. Embora saibam ler e escrever, os entre-vistados têm baixa escolaridade: apenas umdeles concluiu o 1º grau , enquanto dois estu-daram até a 4ª série do 1º grau e um dos entre-vistados estudou apenas até a 2ª série do 1ºgrau. Todos são casados (um “mora junto”), amaioria tem uma renda familiar de menos deR$ 500,00 e apenas um deles disse ter rendafamiliar entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00.

O vendedor em trem trabalha sozinho, ape-nas um declarou que trabalha junto com a espo-sa. Eles trabalham de segunda a sábado, des-cansando aos domingos, e fazem uma jornadamédia de 62 horas de trabalho por semana.

Os artigos que vendem, a maioria doces, sal-gados e bebidas, são comprados diariamente nosatacadistas localizados próximos à Estação da

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Luz, região central da cidade, e docerias próxi-mas às estações do Brás e de Itaquera. Em suascompras diárias, gastam cerca de R$ 30,00 econseguem, ao final do mês, um ganho de apro-ximadamente R$ 200,00. Apenas um entrevis-tado informou que ganha R$ 400,00 por mês.

Dois deles estão nessa atividade há três anos,um há seis anos e outro há 12 anos. Todos de-clararam que estão trabalhando por conta pró-pria por causa do desemprego: “Cansei de pro-curar emprego”, afirmou um deles. Outro dis-se que trabalha no trem por causa da “facilida-de de começar”.

Para começar nessa atividade é preciso ape-nas algum dinheiro para comprar mercadoriase, se possível, uma caixa de isopor. Esse di-nheiro, os vendedores entrevistados obtiverampor meio da ajuda de familiares, de emprésti-mo com amigos e parentes, da venda de algumbem ou do FGTS (Fundo de Garantia por Tem-po de Serviço).

Três dos entrevistados afirmaram que que-rem deixar a atividade. “Tenho vontade de tra-balhar registrado, para ter direito a férias, as-sistência médica, além de um salário certo nofinal do mês”, disse um entrevistado. Outro,praticamente repetindo o primeiro, disse quedeixa o trem “se conseguir um emprego, quedê direito a aposentadoria, férias, seguro saú-de”. Ter um emprego “mais digno e seguro” éa esperança de outro. O entrevistado que afir-mou que não deseja deixar esta atividade estáhá 12 anos nela, e afirmou que “não tem comoarrumar emprego” por causa da idade e da fal-ta de estudo.

Todos já trabalharam como assalariados: fo-ram servente de pedreiro, operador de máqui-na, costureira e vigilante; alguns por poucotempo, menos de um ano, outros, porém, fo-ram assalariados por mais de 20 anos. Três dosentrevistados deixaram o último emprego porconsiderarem o salário baixo. Um deles disseque “recebia sempre atrasado e o valor nuncaestava certo”. Um deles foi demitido porque“a empresa mudou”.

Dentro do trem ou nas estações, metade dosentrevistados já testemunhou cenas de violên-cia, como roubos e assaltos. Um deles foi víti-ma de assalto. Três entrevistados relataram con-flitos com os agentes de segurança da CPTM(Companhia Paulista de Trens Metropolitanos),

envolvendo apreensão de mercadoria, agres-são verbal e espancamento. O outro entrevis-tado explicou que não esteve envolvido emconflito com os agentes de segurança “porquefoge”.

Quando perguntados sobre que tipo de açãoesperam do poder público, os entrevistados fo-ram unânimes ao citar a regulamentação da ati-vidade. “Se o negócio fosse regularizado da-ria para ganhar mais, haveria aumento na ofer-ta de mercadoria, o que hoje não acontece pelomedo de perder a mercadoria”, afirmou umdeles. Outro quer a “regulamentação e organi-zação da atividade, com limite de vendedorespor local” e também acredita que se deve “ti-rar as crianças, pois a maioria é explorada eobrigada a trabalhar”, disse.

Os vendedores em trem não pagam a Previ-dência Social porque, de acordo com os seuspróprios depoimentos, não têm condições.Usam os serviços públicos de saúde e contamcom a ajuda de amigos e parentes quando en-frentam problemas de saúde e dificuldades fi-nanceiras. Eles não participam de nenhuma es-pécie de associação e apenas um declarou queparticipa da igreja Assembléia de Deus.

Crianças e adolescentes

Nos trens, encontram-se trabalhando umgrande número de crianças e adolescentes.Foram entrevistadas duas crianças de 10 anos,duas de 11 anos e uma adolescente de 15 anosde idade.

Nos dias de calor, vendem bebidas – águaou refrigerante – e quando está mais frio ven-dem amendoim, chocolates, balas, bolachasetc., artigos que compram diariamente em gran-des docerias e mercados próximos às estações,principalmente Luz, Brás e Itaquera. Normal-mente, fazem compras diárias no valor de R$7,00 a R$ 40,00 e seus ganhos somam cercade R$ 200,00 ao final de um mês trabalhandode segunda a sábado, a partir das 12 ou 13 horasaté depois das 19 horas. As crianças são dei-xadas em seu local de trabalho pelas mães, queescolhem o local onde elas irão trabalhar.

A adolescente declarou que trabalha venden-do em trens e estações por “influência de ami-gos, além de não conseguir outro emprego porcausa da idade”. As crianças dizem que traba-

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lham para ajudar em casa. Todas, porém, pre-tendem ter outro emprego. “Quando crescerquero trabalhar em escritório”, disse uma de-las. “Tenho vontade de trabalhar num empre-go legal”, disse o outro.

A adolescente entrevistada está grávida e seumarido também é um vendedor em trens. Eladeclarou que tem vontade de arranjar um em-prego fixo “para poder ganhar melhor paracomprar as coisas que necessito, além de po-der cuidar melhor do filho que estou esperan-do e, acima de tudo, melhorar de vida”.

As crianças e os adolescentes encontram-seexpostos à violência e todos presenciaram bri-gas entre os marreteiros e a polícia ferroviária:“Já levei uma pedrada”, disse um deles.

Vendedores em sinais de trânsito

São trabalhadores que exercem a sua ativida-de nas ruas da cidade, principalmente nos cru-zamentos em que há trafego intenso de veícu-los. Estes trabalhadores vendem seus produtospara os motoristas: água, refrigerante, jornal,doces etc. Também vendem frutas, flores e arti-gos diversos que compram diariamente, em pe-quenas quantidades, nos mercados e armazéns.Outros vendem artigos mais caros, como caixasde ferramentas importadas, e outros, ainda, ex-põem na calçada ou em um canteiro públicoprodutos tão diversos como vasos de vidro paradecoração, ventiladores, bichos de pelúcia e atépequenos móveis de madeira.

Entre os vendedores em sinal de trânsito fo-ram entrevistados quatro homens, em médiacom 33 anos de idade, naturais da Grande SãoPaulo. Todos sabem ler e escrever, sendo queo menor grau de escolaridade encontrado en-tre eles foi a 4ª série do 1º grau e o maior a 2ªsérie do 2º grau. Dois são casados, um é viúvoe outro é solteiro. Dois declararam ter uma ren-da familiar mensal inferior a R$ 500,00, umdeclarou um rendimento familiar de R$ 501,00a R$ 1.000,00 e outro informou que tem rendafamiliar superior a R$ 1.001,00.

Trabalhando nos sinais de trânsito, eles ga-nham, em média, cerca de R$ 500,00 por mês.Um deles trabalha de segunda a sexta e os ou-tros três disseram que trabalham de segunda asábado, perfazendo uma jornada de trabalhode 54 horas por semana, em média.

Todos disseram que trabalham nos sinais detrânsito por que não conseguiram outro em-prego. Um disse que “estava desempregado hásete anos, sem conseguir nada”. Outro decla-rou: “Não sei fazer nada e fui despedido daempresa em que trabalhava”. Eles estão nessaatividade há períodos que vão de um a três anos.A maioria disse que, para começar, precisoude pouco dinheiro, entre R$ 100,00 e R$200,00, apenas para comprar a mercadoria e,dependendo do caso, um isopor para as bebi-das. Esse dinheiro veio de empréstimos comamigos ou da ajuda de parentes. Um dos en-trevistados começou pegando mercadoria emconsignação.

Todos os entrevistados afirmaram que pre-tendem mudar de atividade. Um deles quer “terum emprego fixo e mais digno, isso não é vida”.Outro disse que deseja um emprego “para po-der ter uma casa de verdade para criar os fi-lhos”.

Apesar de estarem nas ruas diariamente, ne-nhum deles declarou ter presenciado qualquercena de violência nos locais onde trabalham.Todos disseram, também, que nunca sofreramqualquer tipo de fiscalização. Dos poderes pú-blicos, esperam muito pouco ou quase nada:“Só se for para mudar de atividade”, disse umdeles; outro afirmou que “se vender muito,posso montar uma banca, isso pode me dar di-nheiro”.

Apenas um deles, o mais jovem, com 23anos, disse que nunca trabalhou como assala-riado; os outros foram office-boy, motorista eauxiliar de almoxarifado. Um perdeu o empre-go porque a empresa faliu, outro foi demitidoe o terceiro demitiu-se porque achava que es-tava ganhando muito pouco.

Um dos entrevistados contribui com a Pre-vidência: “A gente não sabe o dia de amanhã”,disse; os outros afirmaram que não têm condi-ções de pagar. Todos, entretanto, pensam queirão enfrentar a velhice trabalhando. Todos,também, declararam usar os serviços públicosde saúde e, quando enfrentam problemas des-sa ordem, ficam na dependência da ajuda deparentes ou amigos.

Nenhum dos vendedores em sinais de trân-sito participa de qualquer tipo de associação.

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Catadores de material reciclável

São trabalhadores que coletam material re-ciclável no lixo produzido pela cidade. Agên-cias bancárias, estabelecimentos comerciais emesmo residências colaboram com esses tra-balhadores, fornecendo-lhes o lixo reciclável.Muitas vezes, reviram o lixo depositado nascalçadas. Papel e papelão são o produto prin-cipal, bem como latas de alumínio e objetosde cobre. Há os que trabalham puxando umacarroça ou empurrando um carrinho e os queutilizam um saco para realizar a coleta. Algunspossuem caminhões ou peruas. O material co-letado também é chamado de sucata.

Foram entrevistados sete catadores com ida-de média de 39 anos. Quatro são homens e trêsmulheres; quatro são casados ou “moram jun-to” e três são solteiros. Na maior parte, sãomigrantes que residem na Grande São Paulohá mais de dez anos e quase todos são alfabe-tizados. Apenas um é analfabeto, e dois con-cluíram o 1º grau. Quatro entrevistados infor-maram ter uma renda familiar inferior a R$500,00 por mês; dois declaram renda familiarentre R$ 501,00 e R$ 1.000,00 e um disse quesua renda familiar é superior a R$ 1.001,00.

Também foram entrevistadas três seletoras,isto é, pessoas que separam o material coleta-do. As três entrevistadas estão iniciando a ati-vidade. Recebem por quantidade de materialselecionado e ganham em torno de R$ 200,00por mês, cumprindo uma jornada de trabalhoentre 40 e 50 horas por semana. São solteirasou separadas, ex-assalariadas, empregadas do-mésticas, copeiras, que ficaram desemprega-das há menos de um ano.

Normalmente, os catadores de lixo reciclá-vel trabalham de segunda a sexta e descansamaos sábados e domingos. Grande parte traba-lha nos períodos da tarde e da noite, raramenteparam antes das 20 horas, sendo que algunsestendem sua jornada até meia-noite ou mais.Eles dependem do lixo deixado por grandesempresas após o expediente diário. A jornadamédia de trabalho dos catadores é de 44 horassemanais.

A maioria dos entrevistados exerce essa ati-vidade há mais de dez anos, outros há cinco;apenas um deles exerce a atividade há menosde um ano. Uma catadora de 64 anos de idade,

que há 30 anos realiza a coleta do lixo reciclá-vel, declarou que tudo o que tem na vida conse-guiu com esse trabalho: “Criei os filhos compapel; construí nossa casa, tudo com papel”.

Embora citem o desemprego entre os moti-vos que os levaram a exercer a atividade decatador, alguns entrevistados mencionam ainsatisfação com a condição de empregado:“Cansei de bater cartão todo dia e chegar ofim do mês e receber mixaria”, afirma um de-les. “Eu cansei desse negócio e cheguei à con-clusão de que tinha que trabalhar por contaprópria.”

Quase todos os catadores de papel já foramassalariados, tendo exercido as funções de bal-conistas, serventes de pedreiro, motoristas,prensistas, copeiras. Grande parte deles disseque, trabalhando por contra própria, consegueganhar mais: “Trabalhando sem registro a pes-soa ganha mais. Um salário mínimo está R$150,00 e trabalhando por conta se ganha bemmais”, disse um deles. Apenas um dos entre-vistados ficou mais de um ano no último em-prego.

Para iniciar a atividade, é importante saberidentificar os materiais e selecioná-los confor-me a sua utilidade para a reciclagem. Normal-mente, isto é aprendido com os colegas. Algunsentrevistados mencionaram a existência de cur-sos de reciclagem oferecidos por entidades pú-blicas ou da sociedade civil, como o CentroGaspar Garcia ou a Prefeitura de Santos.

Além do conhecimento, é preciso tambémalgum dinheiro para comprar um “carrinho”ou carroça, equipamento que também pode ser“facilitado pelo patrão” (o comprador da su-cata) ou por uma das cooperativas de trabalhoque atuam no setor.

A maioria deles diz que não tem vontade nempretende deixar a atividade. Alguns têm expec-tativa de melhorar, “comprar uma perua”; ou-tros não vêem alternativas: “Não tenho maisidade, nem experiência, além de ser favela-do…”. Outros mostraram-se resignados: “Esseserviço de reciclagem é o meu ganha-pão”. Al-guns, porém, mudariam de trabalho, “se arru-mar outro ganho melhor”.

Perguntados sobre o tipo de ação que espe-ram dos poderes públicos, a maioria se referiuà necessidade de contar com um espaço ade-quado para o exercício da atividade. Estes tra-

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49 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

balhadores necessitam de um local onde pos-sam acumular e selecionar o material coleta-do; equipamentos como “prensas e máquinapara desfiar papel e papelão, lavagem de plás-tico e prensa para latinha e plástico” e peruasou caminhões, já que a coleta com a carroça éextremamente cansativa.

Os catadores de lixo reciclável não pagam aPrevidência Social e alegam, principalmente,que “não têm condição de pagar”. A maiorianão sabe como irá sobreviver na velhice. Al-guns afirmaram que não pensam “nisso”. Umacoletora de 30 anos afirmou que não quer che-gar à velhice: “Só vale a pena envelhecer commuita saúde”. Outros esperam poupar algumdinheiro ou ter alguma renda, sem explicarmuito bem como.

Em caso de doença, a maioria afirmou quenão recebe ajuda de ninguém. “Tem que traba-lhar doente mesmo…” ou “passar necessida-de”. Com relação a problemas financeiros, pou-cos recorrem a parentes ou a amigos, algunsnão têm a quem recorrer: “É triste, tem horasque bate o desespero”.

Os catadores entrevistados trabalham orga-nizados em cooperativas; fora isso, seus vín-culos associativos restringem-se à participaçãoem alguma Igreja, evangélica ou católica, sen-do que um deles declarou que participa da as-sociação de moradores da favela onde reside.

Perueiros

São trabalhadores que realizam o transporteurbano coletivo em veículos particulares. Essetipo de atividade, também conhecida como ser-viço de lotação, adquiriu nos últimos anos gran-de importância na Região Metropolitana de SãoPaulo, impulsionada pela baixa qualidade dostransportes coletivos, constituindo uma opçãomais rápida e confortável que os ônibus, quasesempre demorados e superlotados.

Esses trabalhadores atuam, na maioria doscasos, em situação irregular, sem nenhuma re-gulamentação dos poderes públicos. Eles pró-prios escolhem a região onde trabalhar e deci-dem os itinerários que irão percorrer. Orienta-dos por interesses particulares, os perueiros ele-gem para atuar, preferencialmente, as regiõesque oferecem maior número de passageiros eos itinerários mais curtos, que proporcionam

maior retorno financeiro. Os passageiros es-tão sujeitos aos riscos decorrentes da falta devistoria das condições gerais dos veículos. Osmotoristas tampouco têm qualquer responsa-bilidade sobre a segurança dos passageiros. Osperueiros contam com o auxílio de cobradores– geralmente menores de idade –, que chamamos passageiros, informam o destino, realizama cobrança e fornecem o troco.

Foram entrevistados 11 perueiros: dez ho-mens e uma mulher, com média de idade de 39anos, sendo quatro nascidos na Grande SãoPaulo e sete migrantes, que residem, em média,há 29 anos na Grande São Paulo.

Comparativamente aos demais entrevista-dos, os perueiros apresentam um alto nível deescolaridade: cinco completaram o 2º grau;dois possuem o 3º grau incompleto e um com-pletou o 3º grau. Apenas três não ingressaramno 2º grau: um possui o 1º grau completo edois não concluíram esse nível. Entre os en-trevistados, seis são casados, um é separado,um é viúvo e três são solteiros.

Cinco perueiros entrevistados declararamuma renda familiar entre R$ 1.001,00 e R$2.000,00; dois informaram rendas entre R$501,00 e R$ 1.000,00; dois afirmaram ter rendafamiliar entre R$ 2.001,00 e R$ 4.000,00; edois declaram mais de R$ 4.000,00.

A maioria dos entrevistados é proprietáriado veículo, sendo que três declararam ter só-cios. Os perueiros podem ser consideradosempregadores: com exceção de um dos entre-vistados, os demais mantêm pelo menos umcobrador contratado e cinco deles empregamtambém um motorista.

Normalmente, o perueiro trabalha de segun-da a sábado, descansando aos domingos, dedi-cando em média 72 horas por semana ao ne-gócio. Uma perua arrecada em média R$6.700,00 por mês, proporcionando uma rendamédia líquida de cerca de R$ 1.800,00 paracada perueiro.

Os perueiros entrevistados encontram-se, emmédia, há sete anos trabalhando por contaprópria. Sete exerceram outra atividade porconta própria antes de ser perueiros. Foramentregadores, motoristas ou caminhoneiros.Um deles trabalhou com ônibus clandestino eoutro foi proprietário de um pequeno estabeleci-mento comercial.

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50MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Praticamente todos, entretanto, foram ante-riormente assalariados e deixaram o empregoporque foram demitidos ou forçados a se demi-tir em processos de terceirização. Um deles de-clarou que o que ganhava “não dava para o sus-tento” e outro disse que deixou o último empre-go “para não ter patrão”. Alguns informaramterem sido assalariados por 30 ou 32 anos, per-fazendo uma média de 15,3 anos como traba-lhadores assalariados. Entre eles encontram-seantigos vendedores, motoristas, mensageiros ouajudantes gerais, técnicos e até gerentes.

Entre os entrevistados, quatro usaram oFGTS e outras verbas rescisórias para com-prar o veículo, seu instrumento de trabalho, eoutros quatro venderam bens. Alguns usarampoupança, fizeram empréstimos e outros, ain-da, receberam ajuda da família.

Apenas um dos entrevistados declarou quepretende ou tem vontade de deixar essa profis-são: “É apenas um bico”. Os outros estão sa-tisfeitos com os resultados obtidos: “Estou tra-balhando menos, ficando menos nervoso, paraganhar o mesmo ou um pouco menos do queganhava e tenho tempo para a família”. Ou-tros, porém, não vêem alternativa: “Na minhaidade, ninguém me quer” ou “Com minha ida-de não arrumo nada para fazer”.

Apenas um perueiro entrevistado declarouque não contribui para a Previdência Social:“Não serve para nada”. Todos os outros, en-tretanto, são contribuintes. Alguns “para nãoperder o tempo que paguei”, “para não perdero benefício da aposentadoria” ou “porque que-ro de alguma forma garantir meu futuro e o deminha família”. Em média, os entrevistados têm15,3 anos de contribuição para a Previdência.Com relação à assistência médica, sete entre-vistados declararam pagar convênio particularou plano de saúde.

A regulamentação da atividade é o que oitodos entrevistados declararam esperar do po-der público. Cinco deles relataram ter sofridoa ação da fiscalização da prefeitura. Segundoeles, existe “uma guerra com a prefeitura”, comperseguição pelas ruas (em alta velocidade) eapreensão do veículo, o que representa umgasto médio de cerca de R$ 2.000,00 entremultas e taxas.

Cobradores em peruas

Foram entrevistados três cobradores adultos(18, 19 e 24 anos) e três adolescentes (13, 15 e16), cinco deles nascidos na cidade de SãoPaulo e um no interior. Três entrevistados con-cluíram a 5ª série do 1º grau , dois a 1ª série do2º grau e um concluiu a 8ª série do 1º grau.

Os adultos recebem em média R$ 426,00por mês e os adolescentes R$ 340,00, sendoque dois adultos e dois adolescentes declara-ram ter uma renda familiar entre R$ 501,00 eR$ 1.000,00 mensais e um adulto e um ado-lescente informaram uma renda familiar menorque R$ 500,00.

Entre os cobradores adultos, dois tiveram umemprego anterior: um foi entregador e outroauxiliar “temporário” de escritório. Dois dosentrevistados disseram que foram levados aesta atividade pela falta de outro emprego eum disse gostar do serviço: gosta de “lidar como público”. Os adolescentes não conseguiramoutro emprego por causa da idade: “Porque alei não permite que menor trabalhe e, como euprecisava trabalhar, aceitei este emprego”, dis-se um deles.

Todos os cobradores adolescentes têm von-tade de mudar de emprego. “Quero um empre-go melhor, em que tenha mais garantias”, de-clarou um deles. Outro disse que “Só vou pa-rar quando encontrar um emprego melhor, se-não vou continuar, pois preciso trabalhar paraajudar minha família”. Um deles pretende con-tinuar estudando: “Quero ser advogado”. En-tre os adultos verificou-se resignação – “é oque sei fazer” – mas, ainda assim, a vontadede mudar de trabalho está presente: “Queroalgo melhor. Estou nesse (emprego) para nãoficar parado”, disse outro.

Considerações finais

É evidente a diferença entre os diversos tiposde trabalhadores informais. Sob o rótulo de in-formal ocultam-se desde trabalhadoresrazoavelmente capitalizados – como osperueiros, proprietários de seus veículos comacesso a financiamentos bancários – até ambu-lantes, vendedores em trens ou vendedores emfaróis, que compram diariamente pequenasquantidades de artigos para vender durante o

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51 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

dia. Para estes, a incerteza e a insegurança sãoconstantes e a sobrevivência é conquistada acada dia. Também há uma grande diversidadede trajetórias de vida: trabalham como infor-mais jovens, crianças e adolescentes, ao ladode pessoas idosas; muitos estão na informalidadehá mais de dez anos, outros há menos de umano; enquanto alguns são ex-assalariados, ou-tros jamais chegaram a ter o primeiro emprego.Esta diversidade demonstra a complexidade dochamado setor informal e coloca em questão osconceitos normalmente utilizados para estudá-lo. Em que pese essa dificuldade, algumas indi-cações de ordem geral podem ser feitas a partirdeste Estudo de Casos.

Regulamentação das atividades

Como se pôde ver, os trabalhadores infor-mais são quase unânimes em reivindicar a re-gulamentação de suas atividades. Com razão,pois a informalidade (clandestinidade) é a baseda insegurança que marca profundamente o tra-balhador desse setor, além de ser, como já foidito, fonte de corrupção e origem de inúmerosconflitos. A regulamentação é uma necessida-de, não apenas dos trabalhadores informais,mas também do conjunto de cidadãos que,como usuários de serviços, consumidores ousimplesmente como moradores da mesma ci-dade, têm suas vidas afetadas pelo trabalhoinformal. Essa é uma das tarefas urgentes co-locadas para o poder público.

A regulamentação, entretanto, é apenas umaparte do problema da informalidade. Ela não iráimpedir o crescimento da população ocupada ematividades informais, evitando o aumento contí-nuo da parcela da população que hoje se ocupaem trabalhos precários e incertos. Como se ob-servou, a maior parte dos trabalhadores infor-mais acabaram na informalidade porque nãoconseguiram outra ocupação; perderam seu em-prego, ou não conseguiram “trabalho melhor”.Isso significa que a dinâmica do setor informal éditada, em grande parte, pelo que ocorre no se-tor formal. Provavelmente, nesse ponto encon-tra-se a tarefa mais árdua dos poderes públicos:criar condições para a retomada do crescimentoeconômico; em outras palavras, acabar com odesemprego e gerar condições para a criação denovos postos de trabalho.

Organizações alternativas

A regulamentação e o crescimento econô-mico não são suficientes também para garan-tir o retorno ao mercado de trabalho regularde parte da população que hoje trabalha nainformalidade. Os estudos que foram apresen-tados aqui indicam que o baixo nível de qua-lificação profissional e a baixa escolaridade,às vezes agravados pela idade avançada dotrabalhador, dificultam sua recolocação. Mui-tos deles, inclusive, não desejam mudar deatividade, ou porque estão satisfeitos com osganhos que obtêm na atividade atual ou por-que sabem que dificilmente encontrariam tra-balho com remuneração melhor ou igual. Paraestes trabalhadores, é necessário o encami-nhamento de ações cujo objetivo deve ser amelhoria das condições atuais de trabalho e oaumento de suas possibilidades de ganho, di-minuindo a precariedade e a insegurança emque estão vivendo.

Ao lado da regulamentação, a destinação delocais apropriados para o exercício da ativida-de e a organização desses trabalhadores em as-sociações e/ou cooperativas que lhes garantamuma melhor posição na negociação com for-necedores e acesso a algum sistema de créditoparecem medidas viáveis e de efeitos positi-vos imediatos.

Educação para crianças, jovens e adultos

Parece claro, também, que a implantação deprogramas de renda mínima que mantenhamas crianças na escola é uma necessidade ur-gente. Não é novidade que as crianças são for-çadas a trabalhar para “ajudar a família”, comose revelou mais uma vez nas entrevistas comos menores. O estudo dos casos mostra que,apesar de a maioria dos trabalhadores infor-mais saberem ler e escrever, a escolaridadeentre eles é, geralmente, baixa, o que vem aser um obstáculo para a absorção desses tra-balhadores pelo mercado de trabalho regular,mesmo em períodos de crescimento econômi-co. Essa realidade coloca em questão a educa-ção de jovens e adultos: ela não pode ser ne-gligenciada, pois tem um importante papel aexercer na qualificação da mão-de-obra e naformação da cidadania em São Paulo.

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52MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabelas

Tabela 1Estimativa de População Economicamente Ativa, Ocupados e Desempregados,

e Percentual que Reside no Município de São PauloRegião Metropolitana de São Paulo – 1998

Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Tabela 2Distribuição dos Ocupados na Região Metropolitana de São Paulo segundo

o Município de Residência e de TrabalhoRegião Metropolitana de São Paulo – 1998

Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Tabela 3Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Posição na OcupaçãoRegião Metropolitana de São Paulo – 1990-1999 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da empre-sa em que trabalham.

Condição de Atividade Total da RMSP(em 1000 pessoas)

Residentesno MSP (em %)

População Economicamente Ativa 8710 65,0Ocupados 7125 66,0Desempregados 1585 60,7

Município de Residência e de TrabalhoTotal Residente 100,0Reside e Trabalha no Município de São Paulo 62,5Reside no Município de São PauloE Trabalha em Outro Município 3,5Reside fora do Município de São Pauloe Trabalha neste Município 9,6Reside e Trabalha fora do Município de São Paulo 24,4

Posição na Ocupação 1990 1994 1998 1999Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 5,6 6,1 6,4 6,4 Com Carteira Assinada 2,8 2,6 2,6 2,6 Sem Carteira Assinada 2,8 3,5 3,8 3,9Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 5,1 6,8 8,1 8,4Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono de Negócio Familiar 4,1 5,4 5,5 5,4 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 2,5 2,8 3,0 2,8 Dono de Negócio Familiar 1,6 2,7 2,5 2,6Autônomos 14,2 15,8 17,7 17,9 que Trabalham para o Público 8,7 8,6 9,9 9,6 que Trabalham para Empresas 5,5 7,1 7,9 8,3Empregados Domésticos 6,1 7,4 8,6 9,1Trabalhadores Familiares 1,2 1,7 1,8 1,6

Subtotal 36,3 43,2 48,2 48,8Ocupados Não Relacionados Acima (1) 63,7 56,8 51,8 51,2Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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53 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 4Evolução das Categorias de Trabalhadores Informais

Fonte: SEP, convênio Seade – Dieese. Elaboração própria(*) Soma de Assalariados em empresas com até 5 empregados sem carteira assinada + Ass. sem cart. assinada em empresas com mais de 5 empregados.

Tabela 5Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Sexo e Cor

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da empre-sa em que trabalham.

Tabela 6Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Idade

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregadoresque não informaram o tamanho da empresa emque trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregaçãopara esta categoria.

Segmentos 1990 1999 Variação 90/99Autônomos 39,1% 36,7% -6,2%Assalariados sem carteira assinada (*) 21,8% 25,2% +15,6%Empregados Domésticos 16,8% 18,6% +10,7%Empregados e donos de negócio familiar 11,3% 11,1% -1,8%Ass. em emp. C/ até 5 empregados – com carteira ass. 7,7% 5,3% -31,2%Trabalhadores familiares 3,3% 3,2% -3,1%

Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

IdadePosição na Ocupação Total 10 a

1718 a24

25 a39

40 emais

Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 6,4 20,4 11,1 5,0 3,8 29 25 Com Carteira Assinada 2,6 (2) 4,7 2,4 1,7 30 28 Sem Carteira Assinada 3,8 17,0 6,4 2,6 2,1 28 24Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Maisde 5 Empregados 8,1 19,0 13,8 6,8 5,0 30 26Total de Empregador c/até 5 Empregados e Donode Negócio Familiar 5,5 (2) 1,4 5,0 9,4 42 41 Empregador de Empresas com até 5Empregados 3,0 (2) (2) 2,9 4,9 42 41 Dono de Negócio Familiar 2,5 (2) (2) 2,1 4,4 42 42Autônomos 17,7 14,1 10,7 15,6 25,1 39 38 que Trabalham para o Público 9,9 (2) 3,9 8,4 16,1 42 41 que Trabalham para Empresas 7,9 9,7 6,9 7,2 9,0 36 35Empregados Domésticos 8,6 7,2 8,6 8,6 8,8 35 34Trabalhadores Familiares 1,8 13,8 1,7 0,9 1,5 30 24

Subtotal 48,2 75,2 47,3 41,8 53,5 36 34Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 24,8 52,7 58,2 46,5 34 33Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 35 33Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Sexo CorPosição na Ocupação Total Masculino Feminino Branca Não-

BrancaAssalariados em Empresas com até 5 Empregados 6,4 6,7 6,0 6,2 6,8 Com Carteira Assinada 2,6 2,6 2,7 2,7 2,5 Sem Carteira Assinada 3,8 4,1 3,3 3,5 4,3Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5Empregados 8,1 9,3 6,4 8,0 8,2Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono deNegócio Familiar 5,5 6,7 4,0 6,3 3,9 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 3,0 3,8 1,9 3,6 1,7 Dono de Negócio Familiar 2,5 2,9 2,1 2,7 2,2Autônomos 17,7 20,9 13,3 17,4 18,3 que Trabalham para o Público 9,9 11,6 7,5 9,4 10,7 que Trabalham para Empresas 7,9 9,3 5,9 8,0 7,6Empregados Domésticos 8,6 0,5 19,8 5,9 14,0Trabalhadores Familiares 1,8 1,3 2,5 1,8 1,8

Subtotal 48,2 45,3 52,0 45,8 53,0Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 54,7 48,0 54,2 47,0Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

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54MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 7Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de S. PauloSegundo Grau de Instrução – Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagre-gação para esta categoria.

Tabela 8Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de S. Paulo segundo Posição na Família

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da empre-sa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregaçãopara esta categoria.

Tabela 9Média e Mediana do Rendimento Real dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de S. Paulo

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (Em Reais)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da em-presa em que trabalham.Nota: Inflator utilizado – ICV do Dieese. Valo-res em reais de agosto de 1999. Exclusiveos Assalariados e os Empregados Domésti-cos Assalariados que não tiveram remunera-ção no mês, os Trabalhadores Familiares semremuneração salarial e os Trabalhadores queganharam em espécie ou benefício.

Grau de Instrução Anos deEscolaridade

Posição na Ocupação Total Analfa-beto

1º GrauIncom-pleto

1º GComp. +2ºG Inc.

2ºGCompl. +3º G Inc.

3º GrauCompl.

Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 6,4 (2) 7,8 8,6 5,8 (2) 7 8 Com Carteira Assinada 2,6 (2) 2,7 3,5 3,1 (2) 8 8 Sem Carteira Assinada 3,8 (2) 5,1 5,1 2,7 (2) 7 7Ass. Sem Cart. Assinada em Empresascom Mais de 5 Empregados 8,1 (2) 8,5 9,6 8,2 5,4 8 8Total de Empregador c/até 5Empregados e Dono de NegócioFamiliar 5,5 (2) 4,6 5,3 6,4 7,8 9 11 Empregador de Empresas com até5 Empregados 3,0 (2) 1,7 2,4 4,0 6,0 11 11 Dono de Negócio Familiar 2,5 (2) 2,9 2,8 2,4 1,8 8 8Autônomos 17,7 25,9 23,0 18,0 14,3 8,1 7 7 que Trabalham para o Público 9,9 18,6 14,8 9,1 6,1 2,8 6 5 que Trabalham para Empresas 7,9 (2) 8,3 8,9 8,2 5,3 8 8Empregados Domésticos 8,6 23,4 16,5 6,3 1,4 (2) 4 4Trabalhadores Familiares 1,8 (2) 2,2 2,5 1,5 (2) 7 8

Subtotal 48,2 64,4 62,6 50,2 37,7 23,2 7 7Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 35,6 37,4 49,8 62,3 76,8 9 11Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 8 8Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Posição na FamíliaPosição na Ocupação Total Chefe Demais Membros

Total Cônjuge Filho OutrosAssalariados em Empresas com até 5 Empregados 6,4 4,9 7,8 4,3 10,4 8,6 Com Carteira Assinada 2,6 2,3 2,9 2,0 3,6 3,0 Sem Carteira Assinada 3,8 2,6 4,9 2,3 6,8 5,5Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Maisde 5 Empregados 8,1 6,5 9,5 4,4 13,0 11,0Total de Empregador c/até 5 Empregados e Donode Negócio Familiar 5,5 7,5 3,7 6,7 2,3 (2) Empregador de Empresas com até 5Empregados 3,0 4,3 1,8 2,9 1,3 (2) Dono de Negócio Familiar 2,5 3,2 2,0 3,8 (2) (2)Autônomos 17,7 22,0 13,8 17,1 11,6 12,9 que Trabalham para o Público 9,9 13,2 6,9 10,3 4,5 5,8 que Trabalham para Empresas 7,9 8,8 7,0 6,8 7,1 7,1Empregados Domésticos 8,6 4,0 12,8 18,5 3,3 25,1Trabalhadores Familiares 1,8 (2) 3,2 3,8 3,7 (2)

Subtotal 48,2 45,2 50,9 54,8 44,3 59,4Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 54,8 49,1 45,2 55,7 40,6Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

RendimentoPosição na Ocupação Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 477 370 Com Carteira Assinada 587 426 Sem Carteira Assinada 397 315Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 723 420Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono de Negócio Familiar 1550 1051 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 2134 1584 Dono de Negócio Familiar 930 532Autônomos 753 424 que Trabalham para o Público 635 422 que Trabalham para Empresas 897 515Empregados Domésticos 347 315Trabalhadores Familiares – –

Subtotal 705 417Ocupados Não Relacionados Acima (1) 1188 672Ocupados Total 961 528Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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55 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 10Média e Mediana do Rendimento Real dos Ocupados que Moram ou Trabalham

no Município de São Paulo – Exclusive EmpregadoresRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (Em Reais)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregadoresque não informaram o tamanho da empresa emque trabalham.Nota: Inflator utilizado – ICV do Dieese. Valo-res em reais de agosto de 1999. Exclusive osAssalariados e os Empregados DomésticosAssalariados que não tiveram remuneração nomês, os Trabalhadores Familiares sem remu-neração salarial e os Trabalhadores que ganha-ram em espécie ou benefício.

Tabela 11Média e Mediana de Horas Semanais Trabalhadas dos Ocupados que

Moram ou Trabalham no Município de São PauloRegião Metropolitana de São Paulo – 1998

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da empre-sa em que trabalham.Nota: Exclusive os Ocupados que não Traba-lharam na Semana.Horas semanais trabalhadas: corresponde aonúmero de horas efetivamente trabalhadas nasemana anterior à entrevista.Para se obter a média, são somadas todas ashoras efetivamente trabalhadas e esta somaé dividida pelo número total de ocupados.Para se obter a mediana, são ordenados to-dos os ocupados de acordo com o tamanhode sua jornada. A mediana equivale ao núme-ro de horas efetivamente trabalhadas pelo ocu-pado que está no centro da escala, ou seja,que a divide em duas metades.

Tabela 12Média e Mediana de Tempo de Permanência no Atual Trabalho dos Ocupados que Moram ou

Trabalham no Município de São PauloRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (Em meses)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregadores quenão informaram o tamanho da empresa em que tra-balham.Tempo de permanência no trabalho atual: indica operíodo em que o trabalhador está na atual ocupa-ção, a duração do atual vínculo de trabalho.Para se obter a média, são somados, para todos osocupados, a duração da atual ocupação e este re-sultado é dividido pelo número total de ocupados.Para se obter a mediana, são ordenados todos osocupados de acordo com o tempo de permanênciano atual trabalho. A mediana equivale ao tempo depermanência no atual trabalho pelo ocupado queestá no centro da escala, ou seja, que a divide emduas metades.

RendimentoPosição na Ocupação Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 477 370 Com Carteira Assinada 587 426 Sem Carteira Assinada 397 315Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 723 420Autônomos 753 424 que Trabalham para o Público 635 422 que Trabalham para Empresas 897 515Empregados Domésticos 347 315Trabalhadores Familiares – –

Subtotal (exclusive empregadores e donos de negócio familiar) 609 372Ocupados Não Relacionados Acima (exclusive empreg. e dono neg. fam.) (1) 1188 672Ocupados Total 961 528Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Horas SemanaisTrabalhadas

Posição na Ocupação Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 44 45 Com Carteira Assinada 44 45 Sem Carteira Assinada 44 45Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 43 42Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono de Negócio Familiar 55 53 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 53 51 Dono de Negócio Familiar 56 54Autônomos 42 40 que Trabalham para o Público 44 42 que Trabalham para Empresas 40 40Empregados Domésticos 39 40Trabalhadores Familiares 37 36

Subtotal 43 42Ocupados Não Relacionados Acima (1) 43 40Ocupados Total 43 41Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Tempo de PermanênciaPosição na Ocupação Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 30 13 Com Carteira Assinada 45 24 Sem Carteira Assinada 19 8Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 21 6Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono de Negócio Familiar 94 60 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 100 60 Dono de Negócio Familiar 87 48Autônomos 53 18 que Trabalham para o Público 62 24 que Trabalham para Empresas 43 12Empregados Domésticos 43 21Trabalhadores Familiares 46 24

Subtotal 47 18Ocupados Não Relacionados Acima (1) 72 36Ocupados Total 60 24Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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56MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 13Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Setor de AtividadeRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagrega-ção para esta categoria.

Tabela 14Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Contribuição à PrevidênciaRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagrega-ção para esta categoria.

Tabela 15Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregadores que não informaram otamanho da empresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.Grupo Ocupacional: ocupação corresponde ao ofício, profissão, cargo oufunção exercido por cada ocupado em seu atual trabalho. Não é equiva-lente à formação profissional, pois um advogado, por exemplo, pode ter,em uma empresa, o cargo (ocupação) de gerente.Dependendo do tipo de tarefa envolvida no exercício da ocupação e desua posição na estrutura hierárquica da empresa, ela pertencerá a umdos seguintes grupos:Direção e planejamento: ocupações que envolvem tarefas de coordena-ção, supervisão e planejamento de todas as funções a serem executadasnas diversas atividades econômicas da empresa ou negócio;Execução: ocupações ligadas diretamente às atividades-fim da empresaou negócio. Dividem-se em qualificadas, semiqualificadas e não-qualifi-cadas, de acordo com o grau de complexidade envolvido nas tarefas exe-cutadas;Apoio: ocupações encarregadas de tarefas complementares àquelas quecaracterizam a atividade principal da empresa ou negócio. Dividem-se emserviços não-operacionais (tarefas administrativas, manutenção etc.), es-critório (secretária, recepção etc.) e serviços gerais (limpeza, portaria,segurança etc.).

Setor de AtividadePosição na Ocupação Total Indústria

deTransfor-mação

Constru-ção Civil

Comércio Serviços ServiçosDomésti-

cos

Outros

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 6,4 4,8 (2) 12,0 6,4 – (2) Com Carteira Assinada 2,6 1,8 (2) 4,9 2,8 – (2) Sem Carteira Assinada 3,8 3,0 (2) 7,1 3,7 – (2)Ass. Sem Cart. Assinada em Empresascom Mais de 5 Empregados 8,1 11,3 19,6 7,5 7,8 – (2)Total de Empregador c/até 5 Empregados eDono de Negócio Familiar 5,5 3,5 (2) 12,6 5,1 – (2) Empregador de Empresas com até 5Empregados 3,0 2,2 (2) 5,2 3,2 – (2) Dono de Negócio Familiar 2,5 (2) (2) 7,4 2,0 – (2)Autônomos 17,7 10,3 10,8 24,1 21,3 – (2) que Trabalham para o Público 9,9 2,3 (2) 14,1 12,9 – (2) que Trabalham para Empresas 7,9 7,9 (2) 9,9 8,4 – (2)Empregados Domésticos 8,6 – – – – 100,0 –Trabalhadores Familiares 1,8 (2) (2) 5,2 1,4 – (2)

Subtotal 48,2 30,9 34,4 61,3 42,0 100,0 76,4Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 69,1 65,6 38,7 58,0 – (2)Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Contribuição à PrevidênciaPosição na Ocupação Total Sim NãoAssalariados em Empresas com até 5 Empregados 6,4 4,3 10,2 Com Carteira Assinada 2,6 4,1 – Sem Carteira Assinada 3,8 (2) 10,2Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 8,1 1,3 20,3Total de Empregador c/até 5 Empregados eDono de Negócio Familiar 5,5 4,5 7,3 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 3,0 3,0 3,0 Dono de Negócio Familiar 2,5 1,6 4,3Autônomos 17,7 5,8 39,2 que Trabalham para o Público 9,9 2,8 22,6 que Trabalham para Empresas 7,9 3,0 16,6Empregados Domésticos 8,6 5,3 14,5Trabalhadores Familiares 1,8 (2) 4,6

Subtotal 48,2 21,4 96,1Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 78,6 3,9Ocupados Total 100,0 100,0 100,0Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

OcupaçãoPosição na Ocupação Total Direção e

Planeja-mento

Execução Apoio MalDefinidas

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 6,4 1,5 7,1 8,6 7,2 Com Carteira Assinada 2,6 (2) 2,5 5,0 (2) Sem Carteira Assinada 3,8 (2) 4,6 3,7 5,3Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 51Empregados 8,1 4,8 8,5 7,6 12,1Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono deNegócio Familiar 5,5 19,8 3,1 (2) 3,3 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 3,0 12,8 1,2 (2) (2) Dono de Negócio Familiar 2,5 6,9 1,9 (2) 2,9Autônomos 17,7 8,5 22,9 2,6 35,2 que Trabalham para o Público 9,9 5,2 13,0 (2) 19,3 que Trabalham para Empresas 7,9 3,3 9,9 2,1 15,9Empregados Domésticos 8,6 - 13,9 6,1 4,0Trabalhadores Familiares 1,8 (2) 1,3 (2) 6,6

Subtotal 48,2 35,1 56,7 26,6 68,2Ocupados Não Relacionados Acima (1) 51,8 64,9 43,3 73,4 31,8Ocupados Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego –PED.

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57 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 16Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Sexo e Cor

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

Tabela 17Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Idade

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da em-presa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregaçãopara esta categoria.

Tabela 18Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Grau de Instrução – Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagrega-ção para esta categoria.

Posição na Ocupação Total Masculino Feminino Branca Não-BrancaAssalariados em Empresas com até 5Empregados 100,0 60,8 39,2 65,0 35,0 Com Carteira Assinada 100,0 57,1 42,9 68,3 31,7 Sem Carteira Assinada 100,0 63,3 36,7 62,8 37,2Ass. Sem Cart. Assinada em Empresascom Mais de 5 Empregados 100,0 66,4 33,6 66,6 33,4Total de empregador c/até 5empregados e dono de negócio familiar 100,0 69,9 30,1 76,7 23,3 Empregador de Empresas com até 5Empregados 100,0 74,0 26,0 81,4 18,6 Dono de Negócio Familiar 100,0 65,0 35,0 71,2 28,8Autônomos 100,0 68,3 31,7 65,9 34,1 que Trabalham para o Público 100,0 68,2 31,8 64,2 35,8 que Trabalham para Empresas 100,0 68,5 31,5 68,1 31,9Empregados Domésticos 100,0 3,3 96,7 46,2 53,8Trabalhadores Familiares 100,0 41,2 58,8 67,1 32,9Fonte:

IdadesPosição na Ocupação Total 10 a 17 18 a 24 25 a 39 40 e

maisMédia Mediana

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 100,0 13,3 34,1 33,3 19,3 29 25 Com Carteira Assinada 100,0 (2) 35,1 38,7 20,8 30 28 Sem Carteira Assinada 100,0 18,8 33,4 29,5 18,3 28 24Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas comMais de 5 Empregados 100,0 9,8 33,8 36,0 20,4 30 26Total de Empregador c/até 5 Empregados eDono de Negócio Familiar 100,0 (2) 5,2 38,6 55,8 42 41 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 100,0 (2) (2) 41,4 54,3 42 41 Dono de Negócio Familiar 100,0 (2) (2) 35,3 57,6 42 42Autônomos 100,0 3,3 12,0 37,9 46,8 39 38 que Trabalham para o Público 100,0 (2) 7,7 36,5 53,9 42 41 que Trabalham para Empresas 100,0 5,2 17,2 39,6 38,0 36 35Empregados Domésticos 100,0 3,5 19,7 42,9 33,9 35 34Trabalhadores Familiares 100,0 32,5 18,6 21,8 27,2 30 24

Subtotal 100,0 6,5 19,4 37,3 36,7 36 34Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 2,0 20,1 48,3 29,6 34 33Ocupados Total 100,0 4,2 19,8 43,0 33,0 35 33Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Grau de Instrução Anos deEscolaridade

Posição na ocupaçãoTotal Analfabeto 1º grau

incompleto1º grau

comp. + 2º

grau inc.

2º graucompl. + 3º

grau inc.

3º graucompleto

Média Mediana

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 100,0 (2) 45,7 25,2 22,3 (2) 7 8 Com Carteira Assinada 100,0 (2) 38,4 24,9 28,9 (2) 8 8 Sem Carteira Assinada 100,0 (2) 50,8 25,3 17,7 (2) 7 7Ass. Sem Cart. Assinada em Empresascom Mais de 5 Empregados 100,0 (2) 39,4 22,5 24,9 10,4 8 8Total de Empregador c/até 5Empregados e Dono de NegócioFamiliar 100,0 (2) 31,0 17,9 28,4 21,8 9 11 Empregador de Empresas com até5 Empregados 100,0 (2) 20,8 15,2 32,6 31,1 11 11 Dono de Negócio Familiar 100,0 (2) 43,0 21,1 23,4 10,8 8 8Autônomos 100,0 5,2 48,8 19,1 19,8 7,1 7 7 que Trabalham para o Público 100,0 6,7 56,3 17,4 15,2 4,4 6 5 que Trabalham para Empresas 100,0 (2) 39,4 21,3 25,5 10,4 8 8Empregados Domésticos 100,0 9,8 72,3 13,8 4,1 (2) 4 4Trabalhadores Familiares 100,0 (2) 46,4 26,5 20,7 (2) 7 8

Subtotal 100,0 4,8 48,9 19,7 19,2 7,5 7 7Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 2,5 27,0 18,1 29,5 23,0 9 11Ocupados Total 100,0 3,6 37,5 18,9 24,5 15,5 8 8Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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58MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 19Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Contribuição à PrevidênciaRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagrega-ção para esta categoria.

Tabela 20Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Setor de AtividadeRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empre-gadores que não informaram o tamanhoda empresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagre-gação para esta categoria.

Tabela 21Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo segundo Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Emprega-dores que não informaram o tamanho daempresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagrega-ção para esta categoria.

Contribuição à PrevidênciaPosição na Ocupação Total Sim Não

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 100,0 43,2 56,8 Com Carteira Assinada 100,0 100,0 – Sem Carteira Assinada 100,0 (2) 96,4Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5 Empregados 100,0 10,1 89,9Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono de Negócio Familiar 100,0 52,6 47,4 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 100,0 63,7 36,3 Dono de Negócio Familiar 100,0 39,6 60,4Autônomos 100,0 20,9 79,1 que Trabalham para o Público 100,0 18,1 81,9 que Trabalham para Empresas 100,0 24,3 75,7Empregados Domésticos 100,0 39,6 60,4Trabalhadores Familiares 100,0 (2) 92,3

Subtotal 100,0 28,6 71,4Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 97,3 2,7Ocupados Total 100,0 64,2 35,8Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Posição na Ocupação Total Direção ePlaneja-mento

Execução Apoio MalDefinidas

Assalariados em Empresas com até 5 Empregados 100,0 4,3 54,6 27,3 13,8 Com Carteira Assinada 100,0 (2) 46,6 38,1 (2) Sem Carteira Assinada 100,0 (2) 60,3 19,8 17,1Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas com Mais de 5Empregados 100,0 10,6 52,0 19,0 18,4Total de Empregador c/até 5 Empregados e Dono deNegócio Familiar 100,0 63,7 27,4 (2) 7,2 Empregador de Empresas com até 5 Empregados 100,0 76,6 20,1 (2) (2) Dono de Negócio Familiar 100,0 48,6 36,1 (2) 13,9Autônomos 100,0 8,6 64,1 3,0 24,4 que Trabalham para o Público 100,0 9,5 65,4 (2) 24,0 que Trabalham para Empresas 100,0 7,4 62,4 5,3 24,9Empregados Domésticos 100,0 – 80,0 14,4 5,7Trabalhadores Familiares 100,0 (2) 36,6 (2) 45,2

Subtotal 100,0 13,0 58,4 11,2 17,4Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 22,3 41,4 28,7 7,5Ocupados Total 100,0 17,9 49,6 20,3 12,3Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Setor de AtividadePosição na Ocupação Total Indústria de

Transfor-mação

ConstruçãoCivil

Comércio Serviços ServiçosDomésti-

cos

Outros

Assalariados em Empresas com até 5Empregados 100,0 13,6 (2) 31,3 53,6 – (2) Com Carteira Assinada 100,0 12,1 (2) 31,2 55,9 – (2) Sem Carteira Assinada 100,0 14,6 (2) 31,5 52,1 – (2)Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas comMais de 5 Empregados 100,0 25,3 6,6 15,5 51,6 – (2)Total de Empregador c/até 5 Empregados eDono de Negócio Familiar 100,0 11,6 (2) 38,0 49,6 – (2) Empregador de Empresas com até 5Empregados 100,0 13,0 (2) 28,9 56,9 – (2) Dono de Negócio Familiar 100,0 (2) (2) 48,8 40,9 – (2)Autônomos 100,0 10,5 1,7 22,7 64,1 – (2) que Trabalham para o Público 100,0 4,3 (2) 24,0 69,8 – (2) que Trabalham para Empresas 100,0 18,3 (2) 21,2 56,8 – (2)Empregados Domésticos 100,0 – – – – 100,0 –Trabalhadores Familiares 100,0 (2) (2) 48,5 40,6 – (2)

Subtotal 100,0 11,6 1,9 21,3 46,6 17,9 0,6Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 24,2 3,5 12,5 59,7 – (2)Ocupados Total 100,0 18,1 2,7 16,7 53,4 8,6 0,4

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59 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 22Distribuição dos Ocupados que Moram ou Trabalham no Município de São Paulo

segundo Posição na FamíliaRegião Metropolitana de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive os Assalariados e Empregado-res que não informaram o tamanho da em-presa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregaçãopara esta categoria.

Tabela 23Distribuição das Famílias segundo Número de Pessoas

Município de São Paulo – 1998 (%)

Nota: Os valores entre parênteses estão su-jeitos a um erro amostral relativo superior a30%.

Tabela 24Distribuição das Famílias segundo Tipo de Família

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 25Distribuição das Famílias segundo Sexo do Chefe

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Posição na FamíliaPosição na Ocupação Total Chefe Demais Membros

Total Cônjuge Filho OutrosAssalariados em Empresas com até 5Empregados 100,0 36,3 63,7 12,9 38,4 12,4 Com Carteira Assinada 100,0 41,8 58,2 14,8 32,8 10,6 Sem Carteira Assinada 100,0 32,5 67,5 11,6 42,4 13,6Ass. Sem Cart. Assinada em Empresas comMais de 5 Empregados 100,0 38,5 61,5 10,6 38,2 12,7Total de Empregador c/até 5 Empregados eDono de Negócio Familiar 100,0 64,9 35,1 23,2 10,0 (2) Empregador de Empresas com até 5Empregados 100,0 69,2 30,8 18,7 9,9 (2) Dono de Negócio Familiar 100,0 59,8 40,2 28,5 (2) (2)Autônomos 100,0 59,2 40,8 18,6 15,5 6,8 que Trabalham para o Público 100,0 63,7 36,3 20,1 10,7 5,5 que Trabalham para Empresas 100,0 53,5 46,5 16,6 21,5 8,4Empregados Domésticos 100,0 22,3 77,7 41,4 9,2 27,1Trabalhadores Familiares 100,0 (2) 93,4 40,8 48,8 (2)

Subtotal 100,0 44,8 55,2 21,9 21,8 11,5Ocupados Não Relacionados Acima (1) 100,0 50,5 49,5 16,8 25,5 7,3Ocupados Total 100,0 47,7 52,3 19,3 23,7 9,3Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Número de Pessoas Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Uma 11,5 17,4 5,9Duas 20,6 25,1 16,5Três 22,5 20,8 24,1Quatro 24,1 23,2 25,0Cinco 13,1 9,5 16,4Seis ou Mais 8,2 (4,0) 12,1Tamanho Médio (em pessoas) 3,38 2,96 3,77

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tipos de Família Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Casal sem Filhos e/ou Parentes 13,6 15,8 11,6Casal com Filhos e/ou Parentes 53,7 46,3 60,7Chefe com Filhos e/ou Parentes 16,2 14,8 17,4Chefe e Parentes 5,0 5,6 4,5Pessoa Sozinha 11,5 17,4 5,9

Sexo do Chefe Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Homem 75,4 71,6 79,0Mulher 24,6 28,4 21,0

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60MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 26Distribuição das Famílias segundo Tipo de Edificação da Moradia

Município de São Paulo – 1998 (%)

Nota: Os valores entre parênteses estão sujei-tos a um erro amostral relativo superior a 30%.

Tabela 27Distribuição das Famílias segundo Grau de Salubridade da Moradia

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 28Distribuição das Famílias segundo Formas de Apropriação da Moradia

Município de São Paulo – 1998 (Em porcentagem)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 29Distribuição das Famílias Proprietárias de Moradia segundo Formas de Obtenção da Moradia

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 30Distribuição das Famílias segundo Condição de Posse de Convênio ou Plano de Saúde (1)

Município de São Paulo – 1998 (%)

(1) A Família é considerada possuidora de con-vênio ou plano de saúde se algum de seusmembros for titular de convênio ou plano desaúde.

Tipo de Edificação da Moradia Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Barraco Isolado e Favela 8,9 6,8 10,9Cortiço 4,4 (4,5) (4,4)Casa de Alvenaria Isolada 30,1 28,9 31,3Casa de Alvenaria Frente-Fundos 32,0 30,7 33,2Apartamento 24,6 29,1 20,2Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Grau de Salubridade da Moradia Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Satisfatório 77,0 77,7 76,4Insatisfatório 23,0 22,3 23,6

Formas de Apropriação daMoradia

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Própria 55,6 59,8 51,7Alugada 24,0 22,1 25,7Cedida 11,2 11,2 11,2Invadida 9,2 6,9 11,4

Formas de Obtenção Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Autoconstruída 22,5 17,8 27,6Construída por Terceiros 8,2 8,2 8,3Comprada 57,8 63,2 52,0Herdada 11,4 10,8 12,1

Condição de Posse de Convênioou Plano de Saúde

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Possui 57,4 65,7 49,8Não Possui 42,6 34,3 50,2Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

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61 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 31Distribuição dos Indivíduos segundo Condição de Procura de Atendimento de Saúde nos últimos 30 dias

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 32Distribuição dos Indivíduos que Utilizaram Serviços de Saúde nos Últimos 30 Dias

segundo Tipo de Serviço UtilizadoMunicípio de São Paulo – 1998 (%)

Nota: Os valores entre parênteses estão su-jeitos a um erro amostral relativo superior a30%.

Tabela 33Distribuição dos Indivíduos de 15 Anos ou Mais segundo Nível de Instrução

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 34Distribuição dos Indivíduos de 7 a 24 Anos segundo Condição de Freqüência à Escola e Nível de Ensino

Município de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclusive Supletivo.Nota: Os valores entre parênteses estão sujei-tos a um erro amostral relativo superior a 30%.

Condição de Procura deAtendimento de Saúde nosÚltimos 30 Dias

Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Procurou Atendimento 27,2 29,5 25,4Não Procurou Atendimento 72,8 70,5 74,6

Tipo de Serviço Utilizado Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Pago (medicina privada) 6,2 (6,5) (5,9)Pré-Pago (medicina de grupo) 50,5 59,3 43,0Gratuito (seguridade social) 43,3 34,2 51,1

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Nível de Instrução Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Analfabetos 5,0 4,6 5,2Fundamental Incompleto 39,6 34,8 43,2Fundamental Completo 10,8 10,5 11,1Médio Incompleto 7,8 7,5 8,0Médio Completo 18,2 19,0 17,6Superior 18,7 23,6 14,9Anos Médios de Escolaridade 7,4 8,0 7,1

Condição de Freqüência e Nívelde Ensino

Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Não Freqüenta 32,7 30,8 33,9Freqüenta 67,3 69,2 66,1 Ensino Fundamental (1) 47,4 48,2 46,8 Ensino Médio (1) 14,1 14,7 13,7 Ensino Superior 5,8 6,3 5,6

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

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62MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 35Taxa de Participação no Mercado de Trabalho dos Indivíduos de Dez Anos e Mais

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 36Taxa de Desemprego dos Indivíduos de Dez Anos e Mais segundo Tipo de Desemprego

Município de São Paulo – 1998 (Em porcentagem)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 37Distribuição dos Ocupados segundo Posição na Ocupação

Município de São Paulo – 1998 (%)

(1) Inclui assalariado que não informou o se-tor com vínculo institucional.(2) Inclui dono de negócio familiar e profissio-nal universitário autônomo.Nota: (–) a amostra não comporta a desagre-gação para esta categoria.

Tabela 38Renda Familiar (1) Total e Per Capita

Município de São Paulo – 1998

(1) Em reais de outubro de 1999, atuali-zado pelo ICV – Dieese.

Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Taxa de Participação 62,4 51,8 70,2

Total Indivíduos deFamílias Em Que

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Em QuePelo Menos Um

Membro Trabalhano Setor Informal

Total 16,3 23,5 12,4Aberto 10,3 15,0 7,8Oculto 6,0 8,6 4,6

Posição na Ocupação Total Indivíduos deFamílias Onde

Ninguém Trabalhano Setor Informal

Indivíduos deFamílias Onde

Pelo Menos UmMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Assalariado (1) 64,5 90,1 52,1 Do Setor Privado com Carteira 40,5 71,7 25,3 Do Setor Privado sem Carteira 15,4 – 22,9 Do Setor Público 8,5 18,3 3,8Autônomo 17,1 – 25,5Empregador (2) 10,8 9,9 11,2Empregado Doméstico 7,6 – 11,2Outras – – –Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Renda Familiar Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Renda Familiar Total 2066 2153 1978Renda Familiar per capita 741 854 629Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

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63 MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 39Distribuição das Famílias, segundo Classes de Renda Familiar Total e per capita

Município de São Paulo – 1998 (%)

(1) Salário mínimo de outubro de 1999.Nota: Os valores entre parênteses estão su-jeitos a um erro amostral relativo superior a30%.

Tabela 40Participação dos Indivíduos na Renda Familiar Total, segundo Condição de Trabalho no Setor Informal (1)

Município de São Paulo – 1998

(1) Somente famílias com pelo menos um membro trabalhando nosetor informal.

Tabela 41Rendimento Familiar (1) Total e per capitaMunicípio de São Paulo – 1998 (em reais)

(1) Em reais de outubro de 1999, atualizado peloICV – Dieese.

Tabela 42Medida de Desigualdade da Distribuição de Renda Familiar per capita

Município de São Paulo – 1998

(1) Razão entre o valor mínimo da renda dos 25% dasfamílias mais ricas sobre o valor máximo da renda dos25% das famílias mais pobres.(2) Inclui famílias com renda familiar igual a zero.(3) Razão entre a renda média dos 25% das famílias maisricas onde ninguém trabalha no setor informal sobre arenda média de cada grupo de família.

Classes de Renda em SaláriosMínimos (1)

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Renda Familiar Total 100,0 100,0 100,0 Até 2 10,3 13,9 6,8 Mais de 2 a 3 6,9 7,1 6,7 Mais de 3 a 5 15,9 15,6 16,2 Mais de 5 a 10 25,3 22,6 28,0 Mais de 10 a 20 19,6 16,8 22,4 Mais de 20 21,9 24,0 19,9

Renda Familiar per capita 100,0 100,0 100,0 Até 0,5 6,8 8,3 (5,4) Mais de 0,5 a 1 11,0 9,4 12,6 Mais de 1 a 2 22,3 21,0 23,6 Mais de 2 a 5 29,2 26,9 31,4 Mais de 5 a 10 16,0 15,5 16,5 Mais de 10 14,7 18,9 10,5Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Condição de Trabalho noSetor InformalNão Trabalha no Setor Informal 11,2Trabalha no Setor Informal 88,8Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Medidas de Posição Total Ninguém daFamília Trabalha

no SetorInformal

Pelo Menos umMembro

Trabalha noSetor Informal

Renda Familiar Total 25% mais ricos ganham acima de 2390 2677 2253 50% ganham até 1089 1072 1125 25% mais pobres ganham até 536 471 602

Renda Familiar per Capita 25% mais ricos ganham acima de 865 1041 750 50% ganham até 365 422 338 25% mais pobres ganham até 171 174 170Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Medidas de Desigualdade da Renda FamiliarRenda Familiar per Capita Distância entre Ricos e Pobres (1) 5,0 Ninguém da Família Trabalha no Setor Informal (1) 6,0 Pelo Menos um Membro Trabalha no Setor Informal (1) 4,4

Índice de Gini (2) 0,59 Ninguém da Família Trabalha no Setor Informal (2) 0,60 Pelo Menos um Membro Trabalha no Setor Informal (2) 0,56

Índice de desigualdade (3) Ninguém da Família Trabalha no Setor Informal 50% das famílias mais pobres 13,2 25% das famílias mais pobres 27,2 Pelo Menos um Membro Trabalha no Setor Informal 25% das famílias mais ricas 1,4 50% das famílias mais pobres 13,6 25% das famílias mais pobres 22,8Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

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64MAPA DO TRABALHO INFORMAL

Tabela 43Distribuição das Famílias segundo Condição de ter pelo Menos um Indivíduo Portador de Deficiência

Município de São Paulo – 1998 (%)

Nota: Os valores entre parênteses estãosujeitos a um erro amostral relativo su-perior a 30%.

Tabela 44Distribuição das Famílias segundo Condição de ter pelo Menos um Indivíduo Portador de Dificuldade

Município de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 45Distribuição das Famílias segundo Condição de ter pelo Menos um Indivíduo Vítima de Roubo

ou Furto nos Últimos Doze MesesMunicípio de São Paulo – 1998 (%)

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Tabela 46Distribuição das Famílias segundo Condição de ter pelo Menos um Indivíduo Vítima de Agressão Física

nos Últimos Doze MesesMunicípio de São Paulo – 1998 (%)

Nota: Os valores entre parênteses estãosujeitos a um erro amostral relativo su-perior a 30%.

Condição de ter pelo Menos umIndivíduo Portador de Deficiência

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Pelo Menos um Portador de Deficiência 4,1 (3,8) 4,3Nenhum Portador de Deficiência 95,9 96,2 95,7

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

Condição de ter pelo Menos umIndivíduo Portador de Dificuldade

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Pelo Menos um Portador de Dificuldade 14,1 13,2 15,0Nenhum Portador de Dificuldade 85,9 86,8 85,0

Condição de ter pelo Menos umIndivíduo Vítima de Roubo ou Furtonos Últimos Doze Meses

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Pelo Menos uma Vítima 21,4 19,7 22,9Nenhuma Vítima 78,6 80,3 77,1

Condição de ter pelo Menos umIndivíduo Vítima de Agressão Físicanos Últimos Doze Meses

Total Ninguém daFamília Trabalhano Setor Informal

Pelo Menos umMembro Trabalhano Setor Informal

Total 100,0 100,0 100,0Pelo Menos uma Vítima 5,0 (4,0) 5,9Nenhuma Vítima 95,0 96,0 94,1Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV 1998.

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