6
Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao «(I P) (Camara Brasileira do livro, sr, Brasil) Fux, Luiz I N e ry lr., Nelson I Wambier, Teresa A r ru d a Alvim. Processo e Constituicao: e st ud os em homenagem ao professor Jose Carlos Barbosa M or e ir a / coordenacao L ui z F ux , Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda A lvim W amb ie r ~ Sao Paulo: Editors Revista dos Tribunals. 2006 .. Bib Ii ogr afia. 'SBN 85-203-2891-' "'" 1 . C o n st .t ui ca o 2. Processo (Direito) I. Fux, luiz. II. Nery Junior/ Nelson. HI ~ vvarnbier, Teresa Arruda Alvirn. · CD U 342.4:347.9 lndices para catalogo sistematico: 1. Constituicao e p roc es so : Direito 342.4:347.9 2. Processo e Constitu tc ;a o : Diretto 342.4 :34 7.9 . .... .... . . oil ,. oil . I , I , I . . ........ ~ ..... .. ,,. .... ... ~ ~ . \ J " c , ' { . ~ . l( (' ." ~ J-1 . ~ r. I '" ... ... . .. . . . t . ,' _' -t !... LUIZ Fux NELSON NERY JR. TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER . ~ . . . . , . . . I . . . . . ..... . . . . ada . , , '~~ . . oreira - COP'(LUX Copiadora EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAlS

KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 1/6

 

Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao «(IP)

(Camara Brasileira do livro, sr, Brasil)

F ux , Lu i z I N e ry l r. , N e ls o n IWambier, Teresa Ar ruda A l v im .

Processo e Constituicao: estudos em homenagem ao professor Jose CarlosBarbosa Moreira / coordenacao L ui z F ux , Nelson Nery Jr. e T e re s a Arruda

A lv im W amb ie r ~ Sao Paulo: Editors Revista dos Tribunals. 2006 ..

Bib Iiogr a f i a .

'SBN 85-203-2891-' •

"' "

1.Const .tuicao 2. Processo (Direito) I. Fux, luiz. II. Nery J u n i o r / Nelson.HI ~ vvarnbier, Teresa Arruda Alvirn. ·

CD U 342.4:347.9

lndices para catalogo sistematico: 1. Constituicao e p roc es so : Direito 342.4:347.9 2.

Processo e Constitu t c ;a o : Diretto 342.4 :34 7.9

. . . . .

. . . . ..

...oil

,.

oil

..

I

,

I

,

I

..

. . . . . . . . . ~ . . . . ... ,,. ..... ... ~ ~ . \ J " c , ' { .~ . l( (' . " ~ J-1 . ~• L ~. r.. I I '" •. .. .. .. .. .. .. . t . • , '_ ' L . " -t !...

LUIZ F u x

NELSON NERY J R .TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER

..

~ . . .' " • .

• I _

. ,

. . . I

I .. . I ' I

. ... . . . . .. .

. .

ada. ,

, '~~ . .

oreira

-

COP'(LUX Copiadora

EDITORAREVISTA DOS TRIBUNAlS

Page 2: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 2/6

 

... . . .. . .. . .. . . , ~ _ . . . , . . . .. . .. . ~ - . . .~ _ . - oJ ~ ~ ~ .~ ''' '~ . .. . ~ ~ I.p_~~- ~ - ~ o { • . .. .r .~ . • -~ . .! ~~ _~ ~ - .. A I r_ :" -" " - : . . . ~ ~ - .. ' : - - : - : : w . ~ r • ~ , _ , ' : t ' .. } ( t t . !. . . . .. . . . . • ' . _ ~ " ' : ' . .I = -1 . .. . , . . . .~. F ev...~,. . -~ ; . ' . . s, "'1 ; • • • • ~3 !~ :1 6'....~..." ,,~~~ " ~~ · ~ • ~ - . - ~: ~t ~" .~ ; , r : h" w I 1 ~l1~~ - _~. • , ~ " r -.~ - . . _ I

• ._ ,. .; }. .. .~ ~. .. · .. .. . ~. .. .: t.: .~ 'I ~r . .. .. ... ~ -. ~ p ' " - ~ ~ ~ _ .• ,. . _ . . ; . " _ _ . ..r.. "'-J.~P'''·.·''''''''I'''''''''· ~ '1"";'" r I ~ I ' _ 1 -p . I . I .

' .~ ~ . .~ . .- :r j- Li ll :: .t .. :: : _ ~ .~ ,- ,. , L 1 .•. ' ".. ' . .; 4 ; '. • ~ - ~ ~ ~ ," f ' > , . . . 't ; .. .- :. ' •• ~ '" ~ .', . .,..,.- i ;.,..~ " ' 1 ' . . . :: . ,. ~ ~ ~' " - . , . . , . . .. . .. .! .: :a !- " - ~ w . ~ ,

, .. . - - :~ i -~ - " ' ' ,,, ~ ~ " . ., .~ r -r . - - a _ . . . . . , I

I . 1 = . . ~ . . \. .. . i . . . . ~ - , • _ . r

- • - 1 : . .. .. , _. ~ • ~ ._ ,. . . .. r r-"I '' ' . . -. . . . •- . ~ . ~ I : . ~~ L ;. _ : . ~ .L~ " 1 . . . . . . . . . . .. ~ , . . ._ _ . .~ : ~ : p •• • p p • I " . . . . . . I • • _ 'Ii •• p •• .1 .

• . ~•I ~P ~. I • " . 1 . _ I . ~ ~ I _

_ . • ~ ~ • I ;_ .~ l ;: . . .'1 . ~ I I r . II " ' _ "' 1 . ~ I •_ I ~ I ~

. .. . • . , ' " 'I . . . . " ~ • • • J , , . . ' .

. _ , ; . . : : - . . ; . ' ~7; , . ' . . . . ' : . ; . :: . :: • . . . : .. . . : .. : .~ : . ~; " : ". ; :: ~ ; :" : ; .; : . . .. . ~ : ' : 4 .: · · - : ~ .. - . . .. , . : . .. . - ~ . ;': .'. '~-:<._ ' _ ,_ . _ . . ~ . ~ ~ ~• _~ ,~ T~'" . ~ .. .~ _. . ..

I ~ j . . . _ ~_ - . ,-

-~ "4--L~ . .. . • • 1 " " : " " i -P J . - . I 1 • . .. . _ ~ .. .. ; • I • • . •

.,.,.,.,."" .: ;,.-.. f • . ~ " ~ . , . . . - •, . y . ~ • - - _ .~ ' . . ~ 1I Ii • - . .. .. .

1 •. ~~ I • ~ • - . . · 1.

:-j ' · -· "T ~ ·? ~ ~~ ....__ .. .: .- ' r:. " • , '= - _ . . . . p . . . .....:.mIlllllP~,.:: !-t I • - • • • I •

. - I:_~~ ~ .u : _ ~ . . ' _ L ;-:-:-.~y'.~~Lf Il.~... .. .. . I - " " 4 - ,

. · ~I ~ ~.~-.,: :t.. - . . ~ ~ ~. 1. :- 1 ~ ._ . _ I•

I - - ~ :. I • , 0 ._ ~ •

• • ~. _ .. - o I I I ! ' " . . P~ . . p • • • ' :, . 1

- • • " , •• - ~ ; .- - .0 1 .,; ~ . • .. . ' .r.:,~.I • . , ~ - ~ . . .. . .~ " a : ~ ~.• _. ., , ,~ ~ - • ~ ... p ' • : " , _ I / . , t 1 . . J......... ~~ " , ~"~ .

: ~ ~ . . 1 - 1 ) . I. . I • • -tp p ~ . . t-r.:.!i-... P~ . ~ _ I~_ ~• , ~. J Ir _ . . . _

.. t • - .. ~ :: - ~ . : .,. . . .. . : . .+ ~ , ( \ . . . .~_ ~<; - I .r e - . ' . . . .f , " '5..~.\ ' 4 ". . . . . .I • . • I • • I : ~ . • . . I• ~ • I . . . I •

• ._ . .1 • . , ~ _ • _ . : ,1p.. '~ " " . ~ • p:.• { . I . ~ • •I . ~ I I .~ . ~~ I_ I - r . ~ . . . lel - •

• I I ~ - 1 ~ • I ; .: · .! " ~ I ·1 I p . :. . I ; II ~ ·.__.o\ ~ p

p P I 1I L . ~_ • : P _ , ~ I I . " ~.I I p . ~ - . I iI . " . . ~T : - _ " " ' 1 . . ( . . . . .. ~ ~ - . II • _ ·1I ~ • I. ": . , _.... .,.-,., '- . ~;t.ar, ( - :. . .. . -: :. r J, " ~ . ~ '; ' ,~ . . . ~ • . ~ ~ . . . ~ ~ . j .p ,,. . ' . , ,. -~ .v.',;u .. .. .~.~ ~.~ ~.~ \'.:.~:, _ _r " " • • : ~ ~- : • • '_ . .. . ; • • , _ ~: ~ : • •

. ~ . I I . . ~ • . • ~

~ • . . . p~ ·1 • I . . • • ~ I

- • . • - • • : • . I • .

I

fr

r

..

5 N EVE S E C AS TR O. F ran cisco A ug usto das~ Teoria

d a s p r ov a s e s u as a p li ca ~ o es aos a t o s c i v is . Sa o Paulo:

S e r v a n d a , 2 0 0 0 + p . 3 8 ~

6 Idem, p.38.

7 C OR DE RO } F ra nc ot 11giudizio d 1 o n o r c . Milano: Giuffrct

1959.p. 76.

A s ( PER IGOs i SS IMAS) DOUTRINAS DO "ONUS DINAMICO D A P RO VA "

E DA "SITUA"(AO D E S EN Sa COMUM" COMO INSTRUMENTOS

PARA ASSEGURAR 0ACESSO A JUSTI(A E SUPERAR A PROBATIO DIABOLICA

D A N IL O K N IJ N IK *

SUMARlO: 1. A importancia do direito proba t6rio - 2. A proibi\:ao de r e s t ric ; 6 es ocul ta s a garantia deacesso(ail a o P o de r J u di ci ar io - 3. A a p l ic a ca o na o -c on fonne a Consti tuic;ao Federal do art . 333 do e pc - 4. Ad inamiza~ao do onus p ro ba t6 ri o - 5 . A legitimidade da teoria do onus d i nami c o pe ra n t e 0direito brasileiro

- 6 ..A doutrina do sensa comum --Conclusoes~..

1~ A IMPORTANCIA DO DIREITO PROBATORlO Sem embargo~ nao se podem fechar OS oIhos

a experiencia, da qual se extrai qu e nem tuda eperfeito noambito do principio da livre convic~ao

do magi s t r ado . Pode ate se r trivial, m as 0qu e 'tpara

uns e claro, para outros e inconlpreensivel, e 0que

a uns parece justo, a outros~ injusto".,5 e por ai se

insinuam1 ao lade dos beneffcios, certos onus do

principio, como, par exenlplo, 0 risco do subje-

tivismo, circunsUlncia que levou alguns juristas a

defenderern a "necessidade de ser prescrito, pela

lei, 0maior nume ro de regras para a investiga\ao

da verdade a traves das provas, para sesubtra ir aos

juizes, quanta se possa, a possibilidade de errarenl

e de proferirem decisoes nlenos justasn•6

Que 0 imprevisivel desenvolvimento do pro-

cesso p o d e l ev a r a ur n resultado disfonne da s i tu a < ;a o .

juridica substancial e Ulna constatat;ao ate nlesnlO

b an al , s en do q ue as equivocos p od em d er iv ar t td e

UIU erro decis6rio ou dos infinitos acidentes que

sa o disseminados n a v id a d o p ro c es s o (a rnentira

de uma testemunha, a falsidade de Una pericia, a

impossipi lidade bbjet iva de fornecer a prova)". 7

Diante disso, 0sistema e 0aplicador devem estar,If ! I I I III

. +

condicionados a evita~ao do erro, monnenle enl. -se tra tando da analise da prova.

De Uill ponto de vi~til .historico, a doutrina

processua Ivislumbra tres sistemas de ava li a c ;ao das

provas- intima convic<;ao, prova legal e persuasaoracional-, enal tecendo-se , viade regra, aexcelencia

do ultimo, fundado que e na liberdade dojulgador.

Afirma-sc , inclusive, q u e " p ro v a e hberdade" e que,

Hsern l ib e rd ad e , n a o h a p r ov a ), . l

Nesse sentido, Q classico Nobili registrava,..

com inteiro acerto1 que aa justi<;a nao tern outro. ..

instruluento e outro 6 r ga o , s en a o 0 homem mesmo;

logo, e necessaria pesquisar a verdade, lllais no

convenciluento.de seu espirito, do qu e elU dedu< ; 6e s

extraidas de regras definidas na lei". 2 E, de nossa

parte , a rr iscamo-nos aafirmar que dif ic ilmente se

"7 poder a conceber sistelua lnais proprio que este ,

· fundado na razao, t iroc in io e intel igencia do jul-

gador. Assim prescrevem nossas leis de processo,dec la rando qu e 0uiz formani "sua convicc;ao pela

livre apreciayao da provan3 e apreciara "livrell1ente

a prova, atendendo aos f at os e circunstancias con-

stantesdosautos".4 ·

* Mestre pela UfRGS4 Doutor pela us ~ Professor do

programa de p 6 s- g ra d u a< ; a o em Direito da UFRGSp

Advogado.

1 S EN TIS MElENDO~ Santiago. La prueba . Buenos Aires:

EJEA~1979~ p. 29 t

2 N O BI LL , M ass im o. II principia dellibero CO J l v i n . c i J n e n lO .

Napol i : Giuffre~ 19 7 4 ~ p . 2 06 ~

3 Art . L57 do cpr4 Art~ 129do epe.

.

Cavallone, por exemplo, referiu-se a urn usa

"aberrante q u e n o ss a jurisprudencta fazdo principia

do livre convencirnento , excluindo aexistencia de

garantias racionais na formulacao dojuizo de fato". 8

E, exagerada OU naoa contundente assertiva, certo e

que "as leis ejurisconsultos de todas as epocas ede

todas as na<;6es tern estabelecido preceitos e regras

q u e s er ve m de luz ao s juizes, a tim d e q ue as su as

decisoes sejam 0menos arbitnirias passivel e0mais

confonnes com a justi~a e com a verdade" .9

Porem , "0t ema d a p r ov a constitui u rn d os menos

aprofundados pela ciencia do direito e,na o obstante,

o estudo ciaprova e urn dos mais interessantes e

frutiferos do direito processual, enquanto que nao

apenas constitui a essencia do processo, masabarca

com nlaior Oll menor influencia todo 0 ambi to do

p r oc e ss o '1 . lD Ve-se, p oi s, a enorrne responsabi l idade

do jurista, ao lidar conl os fenomenos do direito

probat6rio, de resto altamente problematicos.

ao interessado de valer-se dos instrumentos de

provagarantidosemgeral aquem eparte em ju tzo ' 7

argumento q ue t e ri a levado a Co r te Const i tucional

italiana a declarar ainconstitucionalidade decertas

limitacoes do direi to a prova e m l it ig io s c on tr a 0

fisco, por serem "ilegftimas aquebis normas que

estabelecenl limitac;oes probatorias em reIa~ao

a somen te uma parte do processo, quando J1ao

haja para tanto justificacao racional e de direito

substanciar _ 2Assim~a violac;ao do direito a provapode implicar, de UIn lado, a inutilidade da ac;ao

judiciaria, caracterizando, assim, v i o l a c . ; a o o c u l t a 13

it g ar an ti a d e acesso u til a jU 5t i{ a .

3. A APLICA(:Ao NAo-CONFORME A CONSTITU I < ;AO

FEDERAL DO ART..333 DO ep e

E s s a pe r sp e c li v a c o nduz-nos a certas situa<;oes

nas qua is a apl ica<;ao das regras sabre 0onus da

prova pode acarret.ar TIlanifesta injusti~a, a ponto

de inviabilizar 0 acesso util ao Poder Judiciario ,

violando-se~ ainda qu e de f o rm a oc u lt a1 0 art. 5.0,

XXXv, da CF

COl11 efeito, 0 direito brasileiro~ na este ira da ~

m a io ri a d as legisla<;6es da civil law 1 u ti li za -s e d e

criteria fixo para distribuir 0 onus probat6rio, eOITIa

se sabe 0ultimum refugiuln para evitar 0non liquet. 1

Assinl, confonne disposto no art. 333 do epe, "0onus cla prova incumbe ao autor, quanta 30fato con:'_

stitutivo do seu direito~ ao reu, quanta a existenciade fato impedit ivo~ nlodifica tivo ou ext in tivo do

d ir ei to d o autar" ..Em contexto tal, Haconsiderac;ao

dointerprete havenadedirigir- scl

basicaecumulati-

vamente~ (a) a posic;ao da P?rteem juizo ( seautorou

reu) e(b) a especiede rata (constitutivo, inlpeditivo)

modificativo ou extinti V o) " ~1 4distribuindo-se deste

Inodo as cargas de prova.

o dispositivo enl analise , va le re cord a r, C011-

sagraa chamada teoria das normas, cujo postulado

repousa na "tecnica de clescobrir a reparti~ao do

onus probandi nasintaxe da lei", 15 desimportando

2 .. ~ A .PRO[B!c:Ao DE RESTRI(OES OCULTAS A GAMNTIA

DE A C ES S O U TI L AO PODERjUDICIARIO

Essa ilnportancia esta consagrada ja na propria

Cons ti tu i ~ ao Fe d er a C qu e assegura 0acesso a justica(arL 5 . °, XXXV ), 0contradit6rio, a ampla defesa

(LV) e 0 direito a prova l ic ita (LIVe LVI). Nesse

sentido, 0denonlinado '~direito d e a g ir emjulzo"

nao se exaure no direito subjetivo de obter urn

provimento judicial q ualquer au simplesmente

em Inovin1entar a maquinajudiciaria, compreen~

dendo, isto sim, uma (~atividade judiCial minima,

dirigida a tutela de uma posic;ao substancial de

van t ag e nl ( . . . ), e nv oI vend~ conteudos ativos e

posi tivas II,Ildentre os quais avulta um procedi-

nlento probatorio adequado.

Nesse diapasao , eventual veda<;ao) l i lni ta<;ao

ou restri~ao excessiva quanto a s Cantes e meios

de prova disponibi lizados aos l it igantes pode

caracterizar-se COlTIO aplicac;ao inconstitucional

de norlnas processuais civis, por redundarem

n a c ha rn ad a i nu tt li da d e da at ;ao judiciaria. Nesse

sentido1 anolou Tosi que uma das formas de negar-

se acesso a jurisdi<;clO- flagrantemente.contniria a

Constituiyao Federal- o co rr e q ua nd o " se ilnpecle

t

8 t CAVALL.ONE, Bruno ..II giudice e la prova ne l processo. . . .

c i v i l e . Padova : Cedam't·1997. p. 396,. ..

9 NEVES E CASTRO. Op. cit., p~38~

1 0 S IER RA DOMINGUEZ. Apud BELTRAN,Jo rd i Ferrer.

Prueba y v e rdad e n e l de re cho . Barcelona ~Marcial POOSt

2000.p.15~

1 1 T )l TTR [C H ~ Lot t a r i o4 IIi miti sogget t i vi della prova

test imonialc. Milano~ Giuffre~ 2 0 00 . .p. 53.

12 10SI,Loris. u l J r edc(c r mi1 taz ion i 110 r ln ( l ll \ ' ene ll ' i nl pos ivonc

red i tu a . l e . .Milarlo: Gittffre, 1999..). iS3,

13 A expressao ~4viola(,10oClllta" e tornacia de emprestirrlo't

aq IIi,a MareQ Ga 11 1 ba [ele.Ila I II ((J'lt roll 0 del gi u d i c c pcnalc

sulla legalita amminis t ral ivQ, MilaI1l1: Giurrre~ 2()02~~1

158-161 t que a de fjne " enl rel-,:l\'ao a i TC lroati vidacie . COJ110

~~unl onjunto 11c te rogeneo desitlla~6es elTIque l)carater

absoillto do principia de irretroatividade e dimilll1ido~

j a que de modo nao explicito este e deITogadoH~

14 Da ll 'Ag n oI J ti ni or , D i st ri b u i \JO dos onus probat6rios,

RT 788/93~jun. 2001 num dos belos e. precllfsores

e srudos a respe i t( _) do aSSutll0 110 direito brasileiro~

15 MU RI A S, P ed ro Ferreira. Por uma d i s tr ibui t ;ao f unda -

men tada do o n us d a p ro v a~ Lisboa: Lex, 2000. p. 51.

"'Onus dinamico da prova" e "situa~. o de senso con7um'" 943

Page 3: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 3/6

 

asconsequencias dai advindas quanta a maio r au

menor dificuldade d e p r ova r , j ut zo q ue 0 Codigo

reservou, exclusivamente, para as convencoes Oll

contratos probatorios (art. 333, p a ra g ra fo u n ic o ,

II). 16Ai sim, 0legislador reputa "nula a convencao

que distribui de maneira diversa 0onus da prova

quando tamar exces s i vamen te di f idl a u m a parte 0

exercicio do d i re t ro " .17

Logo, pela letra da lei, distribuicao probat6ria

que torne excessivamente dificil 0 "exerctcio do.direito" podera ser controlada pelo juiz, caso esta-

belecida emconvencao. Fora disso, em tese deveria

p r ev al ec er a visao t radicional , segundo a qua l "a

incidencia do art. 333do (PC ostentar-se-ia inex-

oravel; easseptica, porque de r e so l u ca o em abstrato,

sem consideracao para com 0caso concreto" .18

Contudo,0 fa to de 0 legis lador ter cons iderado

tal situacao apenas em relacao a s convencoes pro-

\

bat6rias nao a fa sta a ocorrencia de situacoes em

,que a aplicacao das regras sabre 0onus da prova!

\I ler ta, perigosamente. corn a impossibilidade de

provar, beirando a inuti lidade daacao judiciaria,

corn a vedacao oculta de acesso efetivo a justica,

Em outros termos, em inumeros casos, verifica-se

que tambcrn a aplicacao das regras consagradasno caput do art. 333do Cl'C pode levar a situacao

considerada por seu paragrafo unico, II.

Poe-se em debate, assim, 0problema desaber

se a regra capitulada n o i nc . Io p ar ag ra fo u ni co

do art. 33 3 do Cl'C (mitigacao do onus da prova

em facede probat io diabo lica) e tarnbem aplicavel

a s hipoteses dos ines. I e II d e seu caput Cregras

legais do onus probatorio ).

4. A DiNAMIZACAo. DO ONUS PROBA1~6Ri()

A eclosao de resultados indesejaveis, quando

da apl icacao do caput do art. 333 do Cl'C, tern

sido considerada pelos processualistas d e l on g a

16 A s charnadas corivencoes ou contratos probatorios

constituern-se em "estipulacces relativas as provas;autonzando ou interdizend{cerlOs meios de provas

,.-

Cincluidas as presunc;oes), t axando- lhes 0valor, alte-

rando 0 formalisffio processual aplicavel, invertendo

ou atenuando 0onus probat6rio" ( A ND RADE , M a nu el .

No~6es e l emen ta r es d e p ro c e ss o civil. Coimbra: Ed.Co-

imbra, 1993. p. 212), va r iando de ordenamento para

ordenamento sua admissibi lidade , sendo entre nds

expressasua admissibilidade. Sabre issol v.:RANGEL ,

R u i M a nu el Freitas. 0o nu s d a prova no processo civil.

Coimbra: Almedina ) 2000. p. 177 e SS~

17 l\rt. 333, II,do CPC~

18 DALlAGNOLJUNIOR. Op. ciLl p. 95,

944

data.ja 0processo civil romano classico intentou

obviar a c ha m ad a probatio diabolica por meio rda acao publiciana. io Em s tnt ese , questiona-

se, fundamentalmente, se a re gra e rn analise e

f ixa ou pode admit ir apl icacao rnovel; se pode

altera-la 0 juiz , no caso concreto, afigurando-

se iniqua sua aplicacao, ou seja, quando tor riar

"excessivarnente diftcil a uma parte 0 exe rcicio

do direi to" ~

A discussao e antiga. Ros e nber g a f irm a va pe-

remptoriamenteque as regrassobre a onusda prova

deveriam ser fixase previas em nome da seguranca

jurtdica, Para 0autor, "o direito nao pode deixar

ao arbitrio do juiz a decisao sabre 0qu e pertence

ao fundamento dademanda e 0que per tence ao

Iundameruo das excecoes", pols "a regula<;ao do

onus da prova deve Iazer-se m ed ia nt e n o rr na s

jurtdicas cuja aplicacao deve estar submetida arevisao pelo tribunal corresporidente, eesta regu-

lacao deve conduzir aurn resultado dcterminado ,

independente das contingencias do processo par-

ticular, sendo urn guia seguro para 0u iz ( . .. ). Urna

d is rr ib u tc ao l iv re do onus daprova n ao e a li be r-

dade com que poder ia pensar uma magis tratura

bern acons e lhada . A distribuicao proporcionada I

e i nv ar ia ve l d a c ar ga da prova e u r n p o st u la d o de

seguranca juridica" .20

Ta l imo b i l i dade tern po r premissas urn p rocess o

civilllberal, tanto que justificada por Rosenberg

nos terrnos seguintes: "assim 0quer a finalidade

do processo civil: pa r mais qu e procure averiguar

a verdade, mais do que isto 0que importa e esta-

belecer e assegurar a paz juridica, e lirninan do de

fo rm a d ef in iti va a incer teza entre as partes ' ! ,21

percebendo-se c lar a a s in to ni a e nt re a f ix id e z

da d istr ib uicao do onus probat6rio e a ide ia de

que 0escopo da jur isdicao e apenas pacificar (c,

nao, como modernamen t e se entende, pacificar

com justica/").

Po r isso, nao espanta qu e a defesa da eventualmobilidade dessas rnesrnas regras tenha premissas

I

19 Acred ita-se que " a acao pub l ic i an a foi u s ad a p a ra prole-

ge r as pessoas que satisfaziam lodos osrequerilncntos

do usucapiao, exceto 0relativo a completa passagem

do tempo'l, visando-se precisamente afastar uma p r o ~

batia diabolica relativamente 30sucessor 113posse (Cr.:

N ICHOL S , D o u gl a s. T h e publician action. Tu l an e La w

R e vi el N 6 9/ 2 e 55., nov~ 1994).

20 R O S EN B E RG ) L eo . La cargade la prueba~ BuenosAires:

I B d eF , 2 0 02 ~ P7 86.

21 Idem, p~86.

2 2 D IN AM AR CO , C and id o Rangel. A i ns t rnmenta l i d a d e

do procfsso. Sa o Paulo: RT, 1987. p. 224.

4 •

:- ,• l·. . . . _.

substancialmente diversas, em especial a ideia

segundo a qual "0processo judicial na o pode

seguir aplicando regras inflextveis sobre a auto-responsabilidadeprobatorian ~23a rg ume n to a fi na l

assente em outros setores do processo civil como1

par exernplo, noambito dos poderes instrutoriosdo juiz. 24

~

E so b tal p an o d e fundo, para f a ze r f r en t e it

eventual iniquidade a que a aplicacao do art. 333~

caput, do Cl'C poderia conduzir, que seinsinuou

a teoria do onus dinarnico da prova, " ur na n ov a

doutrina que t ratou de flexibilizar a rigidez em que

haviam incidido as regras sabre 0onus da prova

e a consequente dificuldade que su a aplicacaoapresentava em certos cases". 25

De fato, parte-se da cornpreensao segundo

a qual a regra consagrada no art. 333 do Cl'C

estabeleceu uma distribuicao estatica do onus

probaror io, construida er n atencao a sintaxe da

norma e independentemente das circunstancias

do caso concreto} 0que nao excluiria, porern, a

distrihuicao dinarnica, na q ua l h av eri a u rn "giro

epistemo16gico fundamental no modo de obser-

var 0 Ie.norneno probat6rio, em que 0m~s_mQ.j

vis ta da perspectiva da finalidade d; p'r~cessoe do valor ju stic a, e nao so b 0 an gu lo d o mero

curnprimento de formas processuais abstratas". 26

N a o r es ta duvida de que a construcao em analise

pressupoe uma visao coope ratoria e public is ta

do processo.r"

...

\

..

•23 TORRES, Car los Berna rdo Medina. P r u eb a se n d e r ec h o

co tner c ia l . 3, ed . Bogota: Legis, 200-4. P4 26.

24 V, $0bre isso: MATTOS~ Sergio Lu lS Wetzel de. Da

ltliciativQ proba[or ia do j U1 Z n o processo c i v i l . Rio de

Ja 11e iro : Forcnsc, 200 1. p. 92 e 5 S.

25 W HITE , Ines L e po r i. C a rg a s probatorias dina rn ic a s .

In: PEI:'RA.NO,Jorge~W.Cargas probatotias d i n a m i c a 5 4

Argentina: R u b in z al -C u l zo n i, 2 0 04 . p. 60 e 5S.

26 R AM BA LD O Juan Alberto. Carga s probatorias dina rn i -

cas ; un giro episternologico. In: PEYRANO,Jorge. W

C a r ga s p r ob a t6 t ia s . .. cit, p. 33 e 55.

Ainda persiste con troversa a questao de sa ber se

vigora, no p r oce s so civil, urn proprio e verdade iro

clever geral de verdade: "a questao do deve r de dizer a

verdade ( tambem rnuitas vezes designada pela forma

negativa de proib i< ; ao de falsas alega~6es) e das ma~ter ias mais d iscu tidas na c lenc ia processualistica ~\,

sendo "inumeros os estudos e as investiga<;6es que

nadoutrina estral1geira abordam 0lema do de\ 'er de

dizer a verdaden(SOARES, Luso. A responsabilidade

processual civil. Coimbra: Almedina1

1987, p~169)~

Todav ia , parece cer to que 0direito brasileiro tende

a c o n fi g u ra rj em seu limite maximo, a e xi st en ci a d o

clever de colabora~ao e revela(:ao da ve rdade (art. 14~ ,

do epe). Outrossim, nao se pode desconhecer, como

27

A propos ito, a teoria tem encontrado duas

ordens de fundarnentacao. Comefeito, de ur n lado,

pode-se der ivar 0onus dinarnico do princtpio da -;;;:.-- -

19ualdade das partes em bases materiais. Sobre

isso, leciona Ines Lepori White que, "muitas vezes,

este ideal [ de igua ldade] nao se alcanca quando

aspartes que sao benefic iadas por e le nao seen-

contram em igualdade de condicoes" ,28 por isso

que "a aplicacao da doutrina em exame pressupoe

uma situacao de desigualdade. Desigualdadeque

(. . . ) deve se r transcendente ern relacao a s pos-s ibil idades probat6rias . Uma par te se posiciona

com dominante poder de apresentacao de provas

diante de outra que, sendo infer ior , esta irnpedida

deproduzi-la" ,29 como,porexemplo , d a -s e comos

erros cirurgicos, em que 0paciente esta inclusive

anestesiado no curso dos acontecimentos depois

introduzidos no processo. 30~31

Outra ordem de fundamentacao radica nos de -

veres d e l e al d a d e e colaboracao daspartes, ou seja, no

"clever queas partes tern decond uzir-se COIU lealdade

no process o1 probidade e b o a I e , no dever de colaborar

e nt re s i p a ra desentranhar a v e rd a d e dos f at es e n o

clever de cooperac;ao para com 0orgao jurisdicional,

para averiguar como ocorreram 05 fates para que a

28

bern anota Carlos Alberto Alvaro deOliveira, quetno

processo contemporaneo, "recupera-se assim 0valor Iessencial do dialogo judicial na formacao do juizo, !

fruto da c ol ab o ra ca o e cooperacao das partes com 0 ..

o rg ao j ud ic ia l e d e st e c om a s partes, segundo as regras

formais do processo' (A garan tia do con trad itor io ~

GarantiQs cons l i t uc i ona i s 0pr oce sso civi l . Sao Paulo:

RT~1997. p. 137).

y\ll-IITE, Ines Lepori. Cargas probatorias dinarnicas.In:

PEYRi\NO~Jorge . W. Cargas probal6riasH+, cit., p. 65 .

BARBERlO~Sergio J o s e . Cargasprobatorias dina rn ic a s :

q u e s e d e b e p r o ba relque no puede p r ob a r? I n : P E YRANO ,

Jorge. w. Cargas probat6rias.~. cit., p. 105.

Mas a teoria tambern pode recolher outras situacoes

derivadas do cornpor tamento extraprocessual das

partes. Nesse scnt ido , pense-se em acao aforada no

ul t imo dia do prazo prescrtcional, em situacac de

v e n ir e c o n tr a f a c tum proprium, quando, para 0 reu,

s ej a m i n al ca n ca v e is as provas ou t ro r a d i s po r uve i s.

NEsse caso, parece legitimo redistribuir 0onus, a partir

cia impossibilidade imposta ao dernandante diante do

comportamento da outra partet

Assimt porexempl0, decidiu 0STJ: t iResponsabi l idade

ci viI. Medico. C l fn i ca . C u l pa . Prova. Nao viola regra

sabre a prova 0acordao quclalemde aceitarimplicita~

mente 0principio dacargadinamica daprova, examina

o conjunto probat6rio e conclui pela comprova\=ao lda culpa dos reus~ ( 1 4 ~ ) . Inexistencia de o f e ns a a lei-e

divergencia nao-demonstrada. Recurso especial nao

conhecido" (ST] j 4 . : tT . , REs p 69.309/SC, rei. Min. Ruy

Rosado de Aguiar)~

2 9

30

31

/ /Onus dinarnico d a p ro vaNe " ' s it ua< ;ao de s en so c om u m

II945

fS W !2_ S L1 t . E I D_ • L 2s . S 1 &£

Page 4: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 4/6

I

I

}

j u iz p o s sa ditar uma sentencajusta l' 32 observando-se,

e claro, qu e ninguem p od e s er c om p el id o a produzir

prova c o n tr a s e .33

Nessa constelacao, onus estatico e dinarnico

~·/r , parecem repre sentar doi s pon tos de part ida d i-

.I~"r versos, aomesmo tempo val idos, na distribuicao

I. i~: da prova . No prirneiro, 0criterio e a natureza do

'," i Iato a ser provado (constitutivo, modificativc,

l extintivo ou impeditivo), a despeito de quem se. i encontre em melhores condicoes de faze-lo; no

: .segundo, as possibilidades de oferecer a prova do

~ fato, segundo a posicao dos litigantes no episodio,

. 0acesso a s provas relevantes ou algum cornpor-

tamento que tenha inviabilizado a prova pela

parte onerada.

Contudo, a ideia d e u rn o nu s dinamico nao

afasta, d e per silas regras legais a esse respeito

fixadas pelo legislador: ao contrarto, perststina 0

enfoque estatico, devendo ossujeitos processuais,

, ·na gene ra lidade dos casos, examiner asintaxe das

n orm as e a natureza dosfatosalegados segundo sua

posicao func iona l. A invocacao do onus dinamico

32 A lR A SC A , I vana Maria, Re f lex ione s s o br e l a d o c tr i na

de las cargas probatorias dinarnicas. In: PEYRJ\ NO't

Jorge. w . Ca r g a s p y o ba t 6 ri a s~ . . cit., P: 1411

Nesse sentido, Luso Soares Cop. cit., p. 169) indaga:

«mas sera que a exigencia da verdade pode ir ao ponto

de colocar a lguem a alegar contra sipropr io? Perderam

significado os broca rdos n o n a t en e tu r edera c o nt ra s e

enema t en et ur s e d e le g er e - au outros seme lhante s? nI

Respondendo. assevera 0 tratadista por tugue s : "ai-

n d a h o je e xi st er n s et or es d o ut ri na is que d efe nd em a

actualidade do principio de que n inguer n e obrigado

a articular a verdade contra s ip roprio - por exemplo ,

Jaeger, Bellavista, Alsina. Mas ateseparece nao collier .

Estou, efectivamente, com Castillo y Gomez, enquanto

afi rma que a logica do sistema processual impoe urn

amplo (eu diria quase plena) dever de verdade. A

conclusao e, alias, para nos, muiussirno clara face

aos n .3 dos a rt s, 264 e 456 do Cl'C: 0 l itiganle tern de

d i ze r a v er d ad e , mesmo q u e e la r e s u l t e contra si"~LusoSoares i n fo r m a, d e o u tr a parte, que a jur isprudenc ia do

Supremo T r ib un al d e lustica portugues reconheceria

tal dever., excetuado apenas nos casos em que a par t.e

admitiria urn fata torpet0qual, sendo torpe, nao teria

por que ser confessado. Assim, ucondena-se como liti-

gante de rn a £e 0investigado que negou as relat;6es conl

amae dainvestigada, que vieram a p r ov a r- s e" , d e ci d iu

aquela Corte. Nesse sentido, por exemplo" decidiu 0

TJRS, na Ap70009824251 ~reI. Des~Luis Felipe Brasil

Santos, 7,a Cam. Civ.,que ((a conduta do inve s t igado

que s e n e g a a realizarexame pericial, sabendo da rele-

vancia desse meio d e p ro v a para 0d es co br im en to d a

verdade, eque, ao depois, vern invocar emseu f avor a

deficiencia probat6ria, esta a caracterizar deslealdade

processual tipificadora de ma-fc, pais a n i ng u em elicito beneficiar·se da propria torpezall

.

33

..-.:~.' .f

:.~

9 ~r~ .~~.".. r.

i ~.. .. ...

- "I

+

AI,

. . . .'

946

entrada em jogo quando a aplicacao daquelas re-

gras iniciais conduzisse a uma p r o ba i io d i a bo l ic a ,

vindo a inutilizar a acao judiciaria e 0 acesso util

ao Estado-jurisdicao,

A proposito, bern anota Carlos Alberto Al-

varo de Oliveira que, "servindo 0processo para

a rea li zacao do direito materia l, nao pode a lei

processual estabelecer regulacao que~ por rno-

tivos meramente processuais, ponha em perigo,COIn r i s c o ate de elimina-la, a igualdade jundica

d · 1 " 34 T 1 ..ss egur a a na norma mate rial ". a ensma-

mente pode muito bern fornecer as bases pa ra a

relat ivizacao do art . 333 do Cl'C.

Tendo e m v is ta os objetivos do onus dinarnico 1

alguns autores o pt am , d e D ut ra banda, p or a lu d ir

a lima "teoria da facilidade probatoria", cornbi-

nando as t radi ci onais r eg ra s com a idci a de u rn

javorprobationis: "se bern que ecerta avigencia cia

conhecida regra incu.mbi t p ro b at io . .. , amesma nao

tern urn valor absoluto e axiornatico, matizando a

moderna doutrina 0alcance do principio do onus

probatorio , no sentido de q\le incumbe ao autor

a prova dos fatos norrnalmente constitutivos de

sua pretensao C . . ) e~ Iinalrnente , que a n or ma

distributiva da carga da prova nao responde a ur n

principia inflexivel, senao que se deve adaptar a

cada caso, seg un do a natureza dos fatos afirrnados

ou negados e a disponibilidadc ou faci l idade para

d h " 35..36provar que ca a parte ten a .

3 4 A LV AR O D E O L IV EIR Al

Ca r l os A l b e rt o . Do fonnalismo

no p r oc e ss o c i vi l . Sao Paulo: Saraiva, 1997~ pr 66~

35 CORTES, Julio Cesar Galan. Responsabi l i d a d civi l

med ica . Madrid: Aranzadi, 2005. p~131.

36 Com b as e n o favor probation IS , veja-se 0Ag70013615687,

14 ~a Cam. Civ. do T J R S , rel. pes. Isabel d e B or ba L u-

cas, verbis: t<A iustituicao financeira esta ohr igada a

exibicao do contrato celebrado entre aspartes, bern

como dos extratos relativos a relacao contratual sub

ju d i c e , ante 0princ ip io da carga di namica da prova.

Exegesedosarts.o.", V lI I, do C DC ,3 55 e3 81 d oC P C~ ' ~N o

mesma sentido: TJRS,9.3 Cam . CiV'1ApCiv 599306537 l

reI. Des. Mara Larsen Chechi: ~'(.~~)Principio da carga

d inamica da prova . Nas rela<;6es medico-paciente,

e normalmente 0 medico quem dispoe de rnaior

num ero e de melhore s dados sabre a fato, da i 0seu

dever processual de leva-los ao processo, fazendo

a prova da corre<;ao do seu comporlamento (~. . )~~~

T J RS , 9. II Cam. Cive I,ApCiv 70005145578, rel~

Des. Ad ao Cassiano: U ( . .. ) Independentemente da

inversao do onus da prova com base no CDC, deve-

s e na t u ra lmen te aplicar 0 principia processual da

carga dinamica da prova, de modo a impula r 0onus

respectivo aquele que eSla em melhores condi~6es

de rea l iza r a prova . ( . < 1 4 ) n•

..90~~.

J . .- - ( _ ~ •, . . ,. /" <Z . .

) > v · _ 1

Ir

I

L

r.

( ~ ' - 'I ' -... ~ .., ..v _t:. . . . J . . .~ (-, I,

:~ ~

-I .

•f

Foi ass im que doutr ina ejur isprudencia pas-

sararn a vis lumbrar dois pontos de par tida para a

solucao de u r n r n esmo p r ob l ema , q u al s ej a, a fixacao

das regras sabre 0onus probatorio... . .

Esse limite material, porern, deve sofrer ~igV----.

oroso escruunio processua l: 0onus dinamico nao '

pode se r aplicado para simplesmente compensar

a mercia au a inatividade processual do lit igante

inic ia lmente onerado, mas, unica e tao-sornente, ..~ "

p a ra e v it a r. a ~~ rma< ; ao cia p, robat io d i ab .o l i ca diante ) ; t.-,".

da impossibi lidade matenal que fecal sobre uma '

das partes, a luz da natureza do fa to e da s intaxe

da norma. Assirn, " na o bastara s us te nt ar o u p ro va r

que uma parte se encontra em melhor posicao

para a producao da prova se, assim mesrno, nao ~

s e t iv e r evidenciado qu e quem 0 invoca nao tern

modo s de produz i- la " . 39 Em outros terrnos, c on -

tinua em vigor 0 ultimum refugium previsto no

art. 333 do epe.

5 .. A LEGIT1MlDADE DA TEORIA DO ONUS DIN~~MICO

PERANTE 0 D IREI TO B RA S lLE IRO

Vistos, lado a lade, ambos os enfoques, urge

questionar: seria l eg tt im a , n o direito brasileiro, ateoria do onus dinamico? E,caso afirmativo, em

que terrnos e condicoes?

A resposta ao primeiro quesito parece-nos

positiva, a cornccar pela circunstancia de que 0direito brasileiro, de ha muito, reconhece aojuiz

iniciativas probatorias para garantir a i g u al d a d e

substancial entre as litigantes, nao havendo porque

essa mesma igualdade nao serefletir no plano doonus probatorio. 37

Ha, porern, limites imanerues a dinarnizacaoaf ir rnada, materiais e fonna is .

COIn e fe i to , de ur n lado, faz -se necessario, para

evitar 0 a rb tt ri o, q ue 0 litigante dinamicarnentc

onerado se encontre em posi(iio privileg iada. Jose

Barberio) a p r o po si t o d isso, questiona: "0que imp licaestar em melhores condicoes de produzir prova ?" .

Aseguir , responde qu e tal pressuposto configura-se

quando 0" s uj ei to a q u em se a t ri b u ia c a rg a p r o ba t 6r i a

revista urna POSi\=30 privilegiada ou destacada er n

r e la c a o ao m aterial p ro ba t6rio e em face de sua

contraparte. E dizer que) eITI virtude d o p ap e l que

desempenhou no Ia to gerador ciacontroversial por

estar deposse da coisa 04 instrumento probatorio, ou

pOI' ser D unico quedispoe da prova, se encontra em

melhor posicao p ar a r ev el ar a verdade, c seu dever

de colaboracao se acentua, a pont o de atribuir-lhe

urna carga proba toria que, em principio, segundo

a s r e gr a s classicas que mencionamos mais acuna ,

nao teria". 38 Eo casonpico domedico, em poder de

quemseencontra oprontuario, osexarnes oumesrno

o relatorio do que sucedeu na sala de cirurgia .

Outras duas circunstancias devem ser consid-

e ra d as : a m v ia b il iz a ca o c ia p r ov a (i) p ar Jato culposo

d a p a. rt e c o nt rd r ia ou (ii) p a r v io la {: do d o s d e ve r es .

de cooperac;ao p or u rn d os l i t igantes.

No primeiro case, pode-se convocar adinam-

izacao do onus, atentando-se p ar a a s circunstancias

do caso (n o sentido de cvitar a criacao de uma

probat io diabo l i ca reversa). sendo digno de no ta qu e

a doutrina inclusive autoriza 0juiz a lite ra lmcnteinverter 0onus probator io. 40·41

Ja no segundo caso, convent distinguir: se a

desobediencia a os d ev ere s d e cooperacao apenas

dif icul tou; .mas nao impediu a producao da prova

pela parte onerada , ou seja, se a recusa a colaborar

visa dificultar aposicao da outra parte naproducao

da prova, a solucao parece estar na cominacao das · ·

sancoes por C0 1 1 1 p o rt a nl e n to p r o ce s su a l Impropo:

pore rn, se a recusa inviabiliza a producao da prova ,

nova mente s e e s ta n o campo proprio da dinarnizacao,

passando-seda mitigacao do onus ( U s q u ae difficilioris

sunt probatoris l e v i a r e s probat iones admi t t u n tu r ) ainversao propriamente dita,42 solucao de que 0Cp-

digo Civil brasileiro ocupou-se incidenter tantum~ao

..

..

37

39 Idem, pt 104.

40 C f.: R AN G E L, RUl Manue l de Freitas. 0onus cia p ro va n o

p r o c c s S D civiL Co i ln b ra : A l me d ir la , 2 0 00 . p. 1 82 e ssp

41 No que se refere a pro'la dOCUlnental~ 0a rt . 359! I ,do

ep e d et er ln in a q ue ~ ~ ()uiz admitira como verdadeir(_)s

as falos que par rneio do documento ou da coisa, a

parte pretendia pro\'ar (I) se 0requerldo nao efetuar a

exibit;ao~ nem fizerqualquerdeclara\3o no prazo do art~

357u

l da i POf q ue j a s e d e ci di u q ue ~ ~ ev en tu al extravio

ou incillera~ao de parle dos dOCUlnentos autoriza 0

reconhecimento da illcidencia do art. 359~ 11 do epc"( TJ R S , 1 7 .a Call1 C(v<, ApC(v 70010648103~ r e t . Dcs~

Alexalldre Mussoi Moreira).

42 Nesse sentido, l op es d o Re,go~aplld Rui Manue l (Ie

Frei tas~0p~cit~p. 184~

38

Nessa ordern deidcias, a teo ria da carga d inamica corn-

btna -se corll 0fUlldafneIlto Ilorulalrrlente adotado para

~.\atribuir aojuiz iniciativas probatorias que a rigor nao se

coolpadece r ta lTI com a apl ica c ; ao estatlca do art . 333 do

C P C~ S e s e pode afirnlar q ue ~ 'ai n i ci a ti v a p r o b at 6 ri a do

magistrado, elTIbusca c ia vc "rdade real, com realizac:;ao

de provas d e o f ic io , e anlplissima~ ~)orque e feita no

illteresse publlco de efetividade dajusti~a" CST],3.a T~,

AgRg no REsp 738.5761D~ rei. rv1iIl. Nancy Andrighi)l

o meSIl la se pode r ia dizer relativarnente ao onus de

produzir prova a s e r a tn bu id o, n o processol

p e l o j u iz .

BARBER I 01 Sergio Jose . Cargas probalorias dinarnicas:

quese d e be p ro b a r eI q u e no puedeprobar? In :PEYR . i \NO~

Jorge~ y\Z Cargas p r o bal 6 r ia s . . .~ ,cit., p. 101~

" 'Onus dinan1ieo da prova I; e Nsi tuac ;ao de senso comum r 94 7

  __ _

_

Page 5: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 5/6

prescreverque "arecusa a pericia medica ordenada

pc l o j u i z podera suprir a prova qu e se pretendia obter

com 0exame" (art. 232). 0 onus dinamico permite

chegar ao mesmo resultado em via geral.

Convem re s sal v a r, e n t re t an t o , que a dinamizacao

do onusnao podederivarna consagracao de umapro-

bat io d i abo l ica reversa . Note-se que 0onus dindmico

nao fica autorizado pela 56 gravidade dos danos

reclamados, tampouco implica 0estabelecimento

de presuncoes de circunstancias ou fatos. 0que se

objetiva e apenas sua redistribuicao fundamentada

e racional, segundo a posicao dos litigantes na rela-

< ; 8 . 0 de direito material e no episodio Iatico. a luz de

eventuais transgressoes aosdeveres de colaboracao

ou, ainda, em face da inviabilizacao culposa da prova

em detrimento da parte onerada.

Ao lade dos requisites materials, convent ob-

servar-se por igual os requisitos procedimentais a

sua aplicacao. De faro, caso dinarnizado 0onus ap6s

o encerramento c ia instrucao, sem oportunizar aos

L- (tr l i t igan tesa p roducao de p rova, complementar au MO,

,~~",'1\(er-se-ia situacao de o fen s a ao principia do contra-~.

r ditorio. Confi ra-se , noponto,o magisterio de Carlos

Alberto Alvaro de Oliveira: "inadmisstvel s ej am o slitigantes surpreendidos por decisao que seapoie em

ponto fundamental, numa mao jundica deque naose tenham apercebido. 0 tribunal deve, portanto, dar

conhecimento previo de qual direcao 0direito subje-

tivocorte p e ri go ( . . . ). Dentro damesma orien tacao~a

liberdade concedida ao julgador C . .. ) nao dispensa a

previa ouv id ad a s partessobrc os n ov as r um o s a s c re m

imprimidos ao litigio em homenagern ao principia

do contraditorio'' .43E dizer, 0 juiz. casoentenda por

b em d in a m iz ar 0onus, devera previamente in t imar

as par tes a respeito, fundamentando sua decisao,

\ so b p ena d e c a ra c te r iz a r - s e re t roat i vid a d e o c u lt a . 50-

mente assim se podera conciliar a dinamizacao com

o principio da seguranya juIidica1 que, na nlateria,preconizava Rosenberg . 44

64 A DOUTRINA DO SENSO COMUM

~

I,

I

l

Restariam a lg umas p a la v ra s a r e sp e it o d a doutri -

nil do sensa comwn, freqiientenlen te,invocada quando

eln causa a prova de unl compor~anlento culposo.

Resumidamente, a doutr ina do sensa conlum

preconiza quedetenninadas circunstancias, compro-

43 ALVARO DE OLIVEIR .A~ C a rl o s A l be rt o, A garantia

do contraditorio, cit~, p~143..

44 ROSENBERG~Leo. La c a r :g a . . ~ cit., 85.

948

vadas nosautos, 45autorizam 0ulgadora concluir, no

p l an o d o l iv r e convencimento e conforme a s max i rna s

da experiencia, provada outra circunstancia, normal-

menteaculpa.sem necessidadede realizar-se pencia,

em que pese a natureza tecnica da materia.

Diversamente do que sucede na dinamizacao,

tal doutrina nao opera no plano do art. 333 do'

Cf'C, mas diretamente na valoracao da prova) aluz das maxirnas da experiencia (arts. 131 e 335

do mesmo Codex) . Nesse sentido, como ja acen-tuava Rosenberg, "quando 0juiz, com base num

principio fundado na experiencia t con vence-se da

verdade de uma caracteristica exigida pela lei,este

nao mudou ou inver teu acarga daprova, senao que

se the foi subminist rada a prova~ e nao ha espar;o

algum para a aplicacao das reg ras re la tivasao onus(. . . )" ,46 ou seja, permanecem incolumes asregras

do art. 333, caput, do ere.Referida doutrina tern sido invocada com maier

Ir equenc ia quando da prova de culpa de profis-

sionais liberais, par ter 0Codigo do Consurnidor

estabelecido ,em seu art . 14, § 2.o~que sua respon-

sabilidade "sera apurada mediante a verificacao de

culpa", sendo onus dodemandante dernonstra-la,"

ficando afastada uma p re su n (a o d e c ul pa que nadamais ser ia do que a transposicao, para 0processo,

de uma responsabilidade pelo risco. 48

]

r.. -. . . . -( ' '1 .,

: , - ' "

45 Deve- s e enfatizar a necessidade de p ro va a respeito

da circunstancia i n ic i al ~sob pena de caracterizar-se

a. chamada p re su mp tu m d e p re su mp to - presuncao da

p resu ri ca o au i nd ici os d e s egundo g rau - ua qual se

parte nao de umfato ccrto, mas de umJato incer to para

outro Ja to incerto, proccdirne nto que deve ser alasjado

(Cf.: RICCI; Gian Franco. Le prove atiptche. Milano:

Giuffre, 1999~ p. 335).46 R OSEN BER G~ Leo. La (arga~.~ it., p. 222.

47 N esse sentido t decid iu 0 T JRS : ~ .R e s p o ns a b il i d ad e

civil. Erro medico, imperic ia . Era da autora. a teor do

disposto no art. 333, I, do epe, 0onus de provar 0fata

constitutivo desell dire-ito" Na o tendo logrado dCrTI011Y·~ . . . . . .

s tr a r q u e do procedi rnento drurgico levado a deito

-p~lo r eu decor reu a lesao do (ronco do nervo cialico,

itnpunha-se 0d e cr et o d e improcedencia da demanda.

Apelo im provido" .Segu nd o 0voto cand u to r do aresto,

l'a impossibilidade d e p r o va r 0momento exato e 0fata

que deu causa a lesao do tronco do nervo chHico im -

punha a improcedenc ia da a<;ao 11 (6. a Cam. Civ" ApCiv

70001107523~ reI. Dr~NeyWiedemanIl Neto) ~

48 Sabre essa correlac;ao, v~:FRADA1 Manuel A.Carneiro.

C o n c r a t o e deveres de p r O ( e ~ l L O , Co imb ra : A lm ed i na ,

1994 . p. 19L Ou t r os s im , salienta Mauro Bussani (As

p ec ul ia ti da d es d a no,ao de culpa ; urn es tu do de direi to

comparado . Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.

p. 71) que, nesses casas, a prova da culpa " vem a de-

pender, exclusivamente. da delnonstrJ.~ao de qu e [0reu 1

..

i

Todavia, a "culpa" nao e uma co isa que se

possa provar ma te rialmente, sendo produ to de

inferencias e raciocmios, como, a lias, se disse a

outro proposito: "aboa fe ou r na f e nao sao coisas

que possam ser apreendidas pelos sentidos (...);0

mais que, quanta aisso, se pode fazer e concluir-se

por raciocmio" .49Ass im, do ponto de v is ta pro-

batorio, resta comprovar a culpa mediante prova

dire ta ou i n d i r e t a , S O decorrendo a primeira, via de

regra, da pericia.51

A respeito da culpa pro fissional, a juris-

prudencia acentua nao scr bastante evidenciar

que 0reu se afastara da posicao majoritaria eleita

pelos colegas de profissao, au que adotara pro-

cedimento isolado dentre os possiveis. Como ja

se dccidiu, nao e corre to "afirrnar que 0reu agiu

mal ao escol her a m inoria da m ina ria d a d o ut r in a

( . . . )", " so rne n te Iodendo] ser reputado erro

odonto16gico 0emprego de t e cn icas i nace it d v e is

pela dogma r ic a d a c la ss e a qu e pertence ( . . .) ,

na o , todavia ,0mero emprego de tecn ica que,

no entender do perit o nomeado ou de parte da

do u trina especial izada, nao seja a mais adequada

( . .. )'\ 52 l ernbrando-se que , e rn dominios espe-

cial izados, 0 art. 335 do Cl'C ressalva a perrcia ai nt roduc ao no processo das respectivas normas

..

d e ix ou d e u ti li za r- se d as qual idades de q ue d i s punha

para e vi ta r a ocorrencia do evento danese".

49 A LM EID A C OST A, Mario Ju l io de. Responsab i l i dade

civi l pela ruplura das negoc ia ( , o es preparal6rias de urn

cDntrato~ Coimbra: Almcdina, 1984~P L 19.

SO KI NG ,J oseph. T he l aw o fmedical malprac t ice . Minnesota: ·

West P b 4 1 1986. p~1 1 2 ~

5 1 Sobre isso: KIELMANOVICH~ .lorge. La prueba de

la responsab ilid ad m ed ica en la j u risprudencia es-

tadcu n idensc. La [ J F u eba e n e l proceso civi l. Buenos

Ai res: A be ledo-Perrot, 1985~p. 86. A esse rcspei to)

assinala Pontes de M i ra n da : { ~ se m p re qu e s e t er n de

apllrar a c u l IJ 3 do profissional~ profissionais deverrl

s e r O l t \/ i d os ~ 56 a a tenta conside ra \ao das normas

lecnicas, qlle deve[n ser l ) or e l e s c ump r id a ~ pode, na

maioria dos casos~a()anllar as circunstanciasem toda

a Slla delicada s ignin.ca\=uo ~1 (Tratado de d i rc i l o pri vado ,

" . 5 41 § 5. 53 1, p~ 28) 1 i550 porq ue ~~aregra tecnica

cria situa<;6es qu e a analise da s relac;oes induz regras

j tl rid ieas ~Podemos dizer q ue as pro fiss6es geranl a

cad a momen to , c orn a s i nven~6es t ·os enunciados

de cautela profissional1

de perfcia execut6ria, de

previdencia, elementos das regras j uridicas latentes:

q ua nd o s e t er n de v e ri fi ca r a culpa) tats flora~6es es-

p O l1 t an e as d a vida e da evolu\ao i n dus t ri a l ap a re cem

corno subsolo do direito~; (Tra ta do de direito privado,

v. 53 , § 5 . 5 0 2 , p" 116)4

5 2 T JRS , 5~ Cam+ ClV. , A p 7 0 00 51 25 4 3 0) reI. Des. Clarinda

Favretto~

de expertencia tccnica. 53-54 Pela mesma razao, a

literatura cient t iu:a, isoladamente considerada,

nao pode ser considerada prova conclusiva.P

Sem embargo, determinadas circunstancias

podem autorizar, ipso facto, a comprovacao da

culpa ou deurn fato qualquer. E justamente 0que

preconiza a doutrina do sensa cornum, derivada

do brocardo res i p sa loqu it u r: S6 "a culpa pode ser

infenda da ocorr encia de urn dano-inexplicavel,

ou do t ipo que norma lmente nao ocorre ri a caso

nao tivesse havido culpa}1.57·530 circunstancias

em que a culpa "sa lta a vista, como urn conheci-mento ordinar io que 0 leigo pode ter sobre a ma-

teria", como, por exemplo, esquecer-se 0medico

53 N esse sentido 1 vale c i t ar voto-venc ido, profe rido

pela ilustre Des. Marga Inge Bar th Tes sler nos E[AC

1999040 I0712170t

2~a Secao do TRF4£it Reg~Discutia-

s e a c o nf ig u ra c ao d a c u lp a de u r n p i lo t o na realizacao

d e m a n ob r a evasi va em razao de u m a p a ne d a a e r o na v e.

A maioria do t r ib u n al e rnpregou a doutrina do senso

COtTIUln, atribu indo a queda· da aeronavc a C a lh a d o

moto r, P or er n , 0 voto-vencida charnou a atencao

quanta a unpossibil idade de util izar-se 0sense co-ie . _ . , . • . . . 4

m um: nao ternos esse senso prattco aeronaunco, pOLS

a conducao de u m a vi ao exige urn conhecimento e

U[11adestramento bern maior eespectfico. Trata-se dosenso comum pratico dos aero nautas, porque urna

pane nao causa s elnpre uma queda do aviao, como

u r na p a ne de urn auromove l nao e causa necessaria de

urn acidente. Reconheco que a pane de urn autornovel

nao e causa neces sa ri a de urn acidente. Reconheco

que a pane pode s er c lass if icad a c omo u rn Io rt ui to

interne, e um risco que esd. sernpre presente. Nenhum

ae ro nauta ..como nenhum moto rista, pode ignorar a•

possibilidade de uma pane~ 56 que ele deve conduzir

o veiculo de mod o a 112 .0 sinistrar, nao colidir na ocor-

r encia de uma falha do motor. 1S50 e 0sensa pratico

cornurn ao d i r ig i r a u tomovel . Sei (lue se estiver em -

e xc es so d e velocidade e f u ra r u rn p tl eU , n a o conseguirei

rnanter 0controle do veiculo~ 15s0tne diz que exislem..

r egr as de ( on du (a o d e a e ro na ve s e q u e e sl as n os d C1 lem

s er t nu iii) e xp l t ca d as p ar a q ue p0SSam()s perfcitamentc

en lend er 0 qu e a c o nt e ce u (.~~)+ No 111eu modo de vert

este IJrocesso baixa p a ra f a ze r ~ se a perfcian

54 Nesses termos, Candido Range l Dinamarco assinala

que "e indispensavel a pro\ra tecnL~a quando 0 fato

depende r de conhecinlentos e spec ia li zados e mais

p ro fundos , conlO 0 proprio ~ rt . 3 35 ressatva e 0 art.

145exige" (Insti tui~6es de direito processuaI civi1. 3. ed~

Sao Paulo: Malheiros~ 2003~v~3~p. i22).

55 KING,Joseph. Th e l a w H 4 cit., p~110.

56 As common hn ow l e d g e situations indicam circunstancias

e m q ue [la culpa e compreensive! para 0homem comum ,

sem a indic3(:ao de um a p ro v a t ec n ic a~ " , que poderia,

portanto; ser dispensada~ 0julgador U autor iz ado a

basear-se no seu conhecimento COlnum para avaliar

a conduta d o r eu" ~

57 KING 1J oseph~ The l a w + . . cit., p. 112~

4

" "Onus dinamico d a p ro vaJ'I e ' ' 'situac;ao de senso comurn

N949

.1" ...

 

Page 6: KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao

5/10/2018 KNIJNIK-Doutrinas Do Onus Da Prova- Dinamizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/knijnik-doutrinas-do-onus-da-prova-dinamizacao 6/6

deurn artefato cinirgico nocorpo dopaciente (urn

.bistun, por exemplo). 58 1550 se mostra posstvel

"quando a negligenciado profissional ocorreu de

uma maneira tao evidente, que a prova pericial e

desnecessaria n•59

Seja, poremlconsignado: t rata-se de peri-

gosissima doutrtna, a exigir enorme cautela e

uma fundamentac;ao apurada, especialmente noambito do erro medico eda responsabilidade civil

.como urn todo: "apratica damedicina nao e um a

ciencia exata. Os procedimentos medicos moder-

nos e a smedicacoes implicam riscos inerentes. A

doutrina da res ipsa loquitur, a s vezes, ameaca comresponsabilidade ocorrencias inexplicaveis que

tenham causa mocente". 60 E dizer, "a doutrina

do senso comum deve ser reservada para casos

no s quais e totalmente obvto, para urn julgador

Ieigo, que 0 dano foi resultado da negligencia

profissional" ,61 construc;ao que, entre nos, pode

ser fac ilmente deduzida do a rt . 335 do Cl 'C , ou

seja, pelas maxirnas de experiencia do que ordi-

nariamente acontece.l"

E mister, porern, registrar que a 56 circunstan-

ciade sobrevirem danos significativosnao autoriza,

ipso facto, aplicar-se a doutrina do senso comum,63

destacando-se, dentre outros, dois requisi.tos

fundamentais: pr ime iro , a extsrencta de um dana

causado em razao de alga que esta sob 0controle

exclusivo do reu; segundo, a supervenH~ncia de

danos incompativeis com uma operacao cuidadosa

da coisa sob a posse deste.?" Nesse sentido, 0STJafastou atese segundo aqual "a responsabilidade

pela reparacau dos danos sofridos pelo paciente

surge da comparacao entre a situacao Itsica anterior

a cirurgia e a dela decorrente, presumindo-se a

culpa, a mmgua de outra causa excludente" , ja

que isso implicaria "decorrer a responsabilidade

do medico de ob ri g ac :a o de resultado, quando,

na verdade, a doutrina dominante caminha em

sentido contnirio, ou seja, a obrtgacao e de meic.

reso Ivcndc-se no campo da subjetividade! na

comprova<;ao de culpa (irnpericia, negligencia all

imprudencia) que, se nao caracterizada) ilnpedc 0

reconhecimento do dever de indenizar" .65

Oaf por que , nao obstante legftilua a doutrina

do senso comum a luz do art . 335 do CPC, sua

aplicacao deve ser reservada para cases excep- : ? 'J

cionalissimos ·

58 Nesse sentido. e m L aw s v .Haner, 534, S.W. 2d. , se-

gundo 0qual 0esquecimento de u r n ob jet o no corpo

do paciente constitui-se em prova da culpa pe r se.

59 BOUMIL , Marcia. Th e law of med i ca l malpractice.

Minnesota: West Ph., 1995. p. 44.

60 KING,Joseph. Th e l aw . . . cit, p. ll3.

- 61 B O UM IL , M ar cia . Th e luw.. cit. 1 46.

62 Coube aStein, emobra de 1893.enunciar 0 conceito

_ consagrado como verdadeira norma de sobredireito

processual pelo ere. Seguindo as consideraGoes do

citado autor, 0juiz, em todos os casos, depara-se

com afirrna(:oes a respeito d e u rn fata em r el ac ao a o

qual se i rnpoe umjuizo , uma rel l exao . Ate m esm o a

testemunha rnais confiavel exige do julgador a for-

mulacao de um a estrutura deraciocinio emque uma

max ima da experiencia e . aplicada. Dai dizer Stein

que as juizos faticos sao sempre 0resu l t ado de uma

conclusao que nunca pode f a l ta r . co r ic l u sao que usa• de premissas maiores (por exernplo. a testemunha

proba diz a verdade; essa testemunha disse "x";logo

"x' ocorreu). Essas prernissas sao as max imas da

experiencia1

na sua maioria teses hipoteticas que

expressam 0que e esperavel diante de certas ocor-

rencias : previsoes . a que se chega pela tnducao de

iniimeros casospantculares, ma s que nao se v incu lam

a nenhum c as o e m especial. Nos dizeres do aUlOT,

"sao defini~oes au jutzos h ipotet icos de conteudo

geral, desligados dos casas individuais julgados no

processo 1procedentes da experienda e independentcs

dos casos particulares qu e . f o r an l observados, e que

almejam ter validade para outros novos casas" ( S TE IN ,

Friedrich. E l conoc imienW prtvado de l juez. Madrid:Ramon Areces, 1990. p. 22).

+

CONCLUSOES

EUl conclusao ,adoutrina do onus dinarnico e

legftima perante 0direito brasileire, nos casos em

que a ap l ica< ;ao estauca do art. 333, I e II, do CPC

se revele desconfonne a Constituic;ao Federal, acar-

retando a inutilidadedaa<;ao judici<iria e a vedacao

oculta de acesso efeuvo aoPoder Judiciano. Em

Tj.$SO ocorrendo, deve-se aplicarao caput do art. 333

do ere seu paragrafo unico, inc. 11 ) dinamizando,

pois;o onus probat6rio.Sao pressupostos para sua aplicacao que a

tncidencia do onus cstauco redundc em proba-

t io d i a b ol i c a, estando 0 litigante estaticamente

nao-onerado em posicao privilegiada quanto ao

episodio controvertido, seja por deter conheci-

mento especial, seja por deter as provas relevan-

6 3 C f.: C AR PE NT ER , Charles. Th e doctrine of r es i ps a

l o qu it u r. Th e University oj Ch i cago Law Review , v. 520,

ano 1, p. 1.933-1.934, p. 519.64 Idem, p. 520. 0 autor arrola igualmentc como pres-

s u p o st o d a teoria a inexistencia d e u l 11 . 41 c a o volumaria

do reu, tendente a causar 0dano, porque, log icamen te,

nesse caso, estara provado inclusive 0dolo.

65 STJ14.a T.. REsp 196.306/SP, r e l .M i n . Fernando Gon-

calves.

1

II

! tes. Ainda, a di~amiza~ao podera ter lugar se a

prova tor nar-se inacessrvel a parte estaticarnenteonera.da, seja por forca de conduta culposa, seja

por vio la cao dos deveres de colaboracao pela

parte adversa.

A ~eo~iatern por limite a configuracao deuma

p :oba t lo d labo l i~a reversa, sendo quel do ponto de

vista formal, exige previa e fundamen tada decisao

facultando-se a producao de prova a luz desse

J-

~ressupos~to, para _3 c au t el a r a s partes dos perigos

merentes a.su~ aplicacao e como urn postulado de ' ,

seguranca jundica.

. ~D~res to , naoseha confund ir a teoria do onus

dln~mlc.ocom a dOD trina sensa comum. Enquanto

a primctra opera no plano do art. 333, capu t , do

CPC~ a segunda opera no ambito dos a rt s. 131 e

335 do mesmo Codigo, au seja, diretamente no

plano da valoracao das provas. ·

.. 10 •

..

•• •

. ..

• •

..

..

...

+

. ... . . I .

• - • I • ., ~ . '