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 N om e o r i gi na l: LEI N. 4.320/64 COMENTADA COMENTADA UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR (§ DO ART. 165 DA CF/88) Lei nº 4.320/64 Comentada   Uma nova visão interpretativa de vários institutos desta Lei depois de mais de quatro décadas Metodologia específica permite propor alterações na Lei e apresentar interpretações diferenciadas para alguns de seus dispositivos

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    LEI

    N. 4.320/64 COMENTADA

    COMENTADA

    UMA CONTRIBUIO PARA A ELABORAO DA LEI COMPLEMENTAR ( 9

    DO ART. 165 DA CF/88)

    Lei n 4.320/64 Comentada Uma nova viso interpretativa de vrios institutos desta Lei depois de mais

    de quatro dcadas

    Metodologia especfica permite propor alteraes na Lei e apresentar

    interpretaes diferenciadas para alguns de seus dispositivos

  • 2

    PREFCIO

    com grande satisfao que apresento este livro, fruto de um trabalho cuidadoso, que

    traz comentrios inovadores e atualizados sobre a Lei n. 4.320, de 17 de maro de 1964, a

    qual se constitui na principal referncia da legislao financeira do Pas.

    Nesta obra, o mestre e professor Jair Cndido da Silva demonstra, comenta e prope

    alteraes de normas gerais de Direito Financeiro para a elaborao e controle dos oramentos

    e balanos da Unio, dos Estados, dos Municpios e do Distrito Federal, contemplando as

    alteraes advindas da Lei de Responsabilidade Fiscal.

    importante ressaltar que esta obra se diferencia das demais pela sua atualidade e

    praticidade, bem como por abranger alguns novos conceitos, com nfase nas matrias de

    receitas e despesas correntes e de capital; interpretao sistmica dos artigos 34, 35, 36, 38 e

    92 da Lei 4.320/64; tratamento contbil dos restos a pagar no processados; aspecto temporal

    do empenho (art. 60); apurao do supervit financeiro; e restabelecimento da dvida

    flutuante.

    Este livro tem o perfil necessrio para constituir pea fundamental de consulta para

    contadores, tcnicos nas reas de finanas e demais interessados no assunto da Administrao

    pblica Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal. indicado tambm para alunos

    dos cursos de graduao e ps-graduao das reas de Cincias Contbeis, Administrao e

    Economia, assim como para futuros funcionrios pblicos, sendo notrio que a cada ano que

    passa, mais, cresce o interesse de ingresso nas carreiras pblicas.

    A edio de uma obra com esse nvel tcnico bastante gratificante. O meu amigo Jair

    consegue fazer disso um prazer e um objetivo de vida. Aps anos de vida pblica, a

    experincia lhe confere esta capacidade, aliada ao sonho de melhorar o trato da coisa pblica.

    sem dvida, um importante livro para os interessados em finanas pblicas.

  • 3

    Edlson Felipe Vasconcelos

    Mestre em Contabilidade

    SUMRIO

    APRESENTAO .................................................................................................................... 7

    INTRODUO ....................................................................................................................... 10

    1 DISPOSIES GERAIS ..................................................................................................... 12

    1.1 Discriminao da receita e da despesa .................................................................................... 12

    1.2 Princpio da unidade ................................................................................................................. 13

    1.3 Princpio da universalidade ...................................................................................................... 13

    1.4 Princpio da anualidade ............................................................................................................ 13

    1.5 Sumrio geral da receita, por fonte e da despesa por funo do governo............................ 14

    1.6 Quadro demonstrativo da receita e da despesa ...................................................................... 14

    1.7 Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislao ................................... 15

    1.8 Quadro das dotaes por rgo do Governo e da Administrao ........................................ 15

    1.9 Quadro demonstrativo da receita e planos de aplicao dos fundos especiais .................... 15

    1.10 Universalidade da receita ....................................................................................................... 16

    1.11 Universalidade da despesa ...................................................................................................... 17

    1.12 Dotaes globais ...................................................................................................................... 18

    1.13 Universalidade da despesa ...................................................................................................... 19

    1.14 Exceo ao princpio da exclusividade .................................................................................. 21

    1.15 Crditos suplementares .......................................................................................................... 21

    1.16 Operaes de crdito por antecipao de receita ................................................................. 22

    1.17 Princpio do equilbrio ............................................................................................................ 23

    1.18 Operaes de crditos e alienao de bens mveis e imveis .............................................. 24

    1.19 Discriminao da receita ........................................................................................................ 25

    1.20 Identificao da receita e da despesa por cdigos ................................................................ 25

    2 RECEITAS E DESPESAS ORAMENTRIAS ............................................................... 27

    2.1 Receita derivada ........................................................................................................................ 27

    2.2 Destinao do tributo ................................................................................................................ 28

  • 4

    2.3 Categoria econmica da receita ............................................................................................... 28

    2.4 Receitas correntes ..................................................................................................................... 29

    2.5 Categoria econmica da despesa ............................................................................................. 34

    2.6 Despesas de custeio ................................................................................................................... 35

    2.7 Transferncias correntes .......................................................................................................... 35

    2.8 Das subvenes sociais e econmicas ....................................................................................... 36

    2.9 Investimentos ............................................................................................................................. 38

    2.10 Inverses financeiras ............................................................................................................... 40

    2.11 Transferncias de capital ........................................................................................................ 41

    2.12 Classificao da despesa por elemento .................................................................................. 42

    2.13 Unidade oramentria e administrativa ............................................................................... 42

    2.14 Material permanente e material de consumo ....................................................................... 44

    2.15 Da concesso de subvenes sociais ....................................................................................... 45

    2.16 Dos programas especiais de trabalho .................................................................................... 49

    2.17 Transferncias de capital ........................................................................................................ 50

    3 PROPOSTA ORAMENTRIA E PLANOS PLURIENAIS ............................................ 52

    3.1 Contedo e forma ...................................................................................................................... 52

    3.2 Projeto de lei oramentria segundo a LRF ........................................................................... 54

    3.3 Previses Plurienais .................................................................................................................. 58

    3.4 Quadro de aplicao de capital ................................................................................................ 60

    3.5 Quadro de recursos e de aplicao de capital atualizado ...................................................... 62

    4 PREVISES ANUAIS E PARCIAIS .................................................................................. 63

    4.1 Das previses anuais ................................................................................................................. 63

    4.2 Da base da estimativa da receita .............................................................................................. 64

    4.3 Mtodos e projeo de receitas ................................................................................................ 65

    4.4 Da reviso das propostas parciais ............................................................................................ 68

    4.5 Da elaborao da lei oramentria .......................................................................................... 68

    4.6 Das emendas ao projeto de lei .................................................................................................. 69

    5 DO EXERCCIO FINANCEIRO ........................................................................................ 72

    5.1 Do exerccio financeiro ............................................................................................................. 72

    5.2 Execuo oramentria ............................................................................................................ 73

    5.3 Destinao da receita e do saldo dos empenhos em 31 de dezembro .................................... 76

    5.4 Regime misto ............................................................................................................................. 78

    5.5 Restos a pagar ........................................................................................................................... 80

    5.6 Despesas de exerccios anteriores ............................................................................................ 83

    5.7 Anulao das despesas .............................................................................................................. 87

  • 5

    5.8 Dvida ativa ................................................................................................................................ 90

    5.9 Crditos adicionais .................................................................................................................... 93

    5.10 Fontes de financiamento ......................................................................................................... 97

    6 PROGRAMAO DA DESPESA ..................................................................................... 106

    6.1 Cotas trimestrais ..................................................................................................................... 106

    6.2 Fixao das cotas ..................................................................................................................... 107

    6.3 Da programao da despesa ................................................................................................... 108

    6.4 Alteraes das cotas ................................................................................................................ 108

    7 TIPOS DE LANAMENTOS DE TRIBUTOS SEGUNDO O CTN ............................... 111

    7.1 Lanamento dos impostos diretos .......................................................................................... 111

    7.2 Compensaes de dbitos e crditos contra a fazenda pblica ........................................... 114

    7.3 Recolhimento segundo estgio receita ............................................................................... 117

    8 EXECUO DA DESPESA .............................................................................................. 119

    8.1 Empenho da despesa ............................................................................................................... 119

    8.2 Do limite para empenhar ........................................................................................................ 120

    8.3 Despesa sem prvio empenho ................................................................................................. 125

    8.4 Do pagamento da despesa ....................................................................................................... 128

    8.5 Dos procedimentos de liquidao .......................................................................................... 128

    8.6 Liquidao de bens servios e demais despesas .................................................................... 130

    8.7 Do pagamento .......................................................................................................................... 131

    8.8 Dos rgos autorizados a efetuar pagamento ....................................................................... 132

    8.9 Adiantamento (Suprimento de fundos) ................................................................................. 137

    9 DOS FUNDOS ................................................................................................................... 140

    9.1 Da constituio de fundos ....................................................................................................... 140

    9.2 Receitas vinculadas a fundos .................................................................................................. 140

    10 CONTROLE ORAMENTRIO E CONTROLE INTERNO ....................................... 142

    10.1 Disposies Gerais ................................................................................................................. 142

    10.2 Dos controles a serem exercidos pelo Poder Executivo ..................................................... 144

    10.3 Tipos de controle da legalidade da execuo oramentria .............................................. 146

    10.4 Tomada e prestao de contas ............................................................................................. 149

    10.5 rgo responsvel pela execuo oramentria legalidade .......................................... 151

    10.6 Competncia sobre o controle das cotas trimestrais .......................................................... 151

    11 CONTROLE EXTERNO ................................................................................................. 153

    11.1 Da fiscalizao exercida pelo Poder Legislativo ................................................................. 153

    11.2 Da prestao de contas do Poder Executivo ....................................................................... 157

  • 6

    12 DA CONTABILIDADE ................................................................................................... 159

    12.1 Disposies gerais .................................................................................................................. 159

    12.2 Contas de resultado ............................................................................................................... 160

    12.3 Interpretao das contas de resultado................................................................................. 162

    12.4 Sistemas contbeis ................................................................................................................. 165

    12.5 Bens, direitos e obrigaes .................................................................................................... 166

    12.6 Dos responsveis pela arrecadao da receita e da despesa ou bens ................................ 167

    12.7 A Contabilidade e a tomada de contas dos agentes responsveis ..................................... 169

    12.8 Objetivos dos servios de contabilidade .............................................................................. 174

    12.9 Mtodo de escriturao ........................................................................................................ 174

    12.10 Direitos e obrigaes oriundos de Ajustes ........................................................................ 176

    12.11 Operaes ocorridas nos sistemas e sua contabilizao ................................................... 179

    12.12 Operaes oramentrias ................................................................................................... 180

    12.13 Registro contbil da receita e da despesa .......................................................................... 182

    12.14 Dvida flutuante ................................................................................................................... 184

    12.16 Registro analtico dos bens permanentes .......................................................................... 190

    12.17 Registros sintticos dos bens mveis e imveis ................................................................. 191

    12.18 Do inventrio dos bens ........................................................................................................ 191

    12.19 Registro das receitas patrimoniais ..................................................................................... 192

    12.20 Dvida fundada .................................................................................................................... 193

    12.21 Da obrigao da apurao dos custos................................................................................ 196

    12.21 Do registro contbil das receitas e despesas patrimoniais ............................................... 197

    12.22 Supervenincias e insubsistncia ativas e passivas ........................................................... 198

    12.23 Insubsistncias ativas e passivas ........................................................................................ 198

    13 OS BALANOS E A DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO ......... 199

    13.1 Balanos e demonstraes .................................................................................................... 199

    13.2 Balano oramentrio ........................................................................................................... 199

    Supervit de execuo .......................................................................................................... 201

    13.3 Balano Financeiro ............................................................................................................... 203

    Receita oramentria ........................................................................................................... 204

    Despesas oramentrias ....................................................................................................... 204

    Receitas extra-oramentrias ...................................................... Erro! Indicador no definido.

    Despesas extra-oramentrias ............................................................................................. 204

    Saldos do exerccio financeiro anterior .............................................................................. 205

    13.4 Saldo para o exerccio financeiro seguinte .......................................................................... 205

    13.5 Balano Patrimonial ............................................................................................................. 211

  • 7

    13.6 Avaliao dos elementos patrimoniais ................................................................................ 219

    14 CONTABILIDADE PBLICA ........................................................................................ 223

    14.1 Autarquias e outras entidades ............................................................................................... 223

    14.2 Oramento por incluso ....................................................................................................... 224

    15 DISPOSIES FINAIS .................................................................................................. 227

    15.1 Do conselho tcnico de economia e finanas ....................................................................... 227

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................ 231

    I ANEXOS ............................................................................................................................. 233

    1.1 Referencial bibliogrfico.............................................................................................223

    1.2 Plano de contas ........................................................................................................................ 236

    APRESENTAO

    Em todos os segmentos da cultura humana, h sempre novos caminhos a serem trilhados na

    busca incessante por descobertas. Aqueles que se dedicam a essa relevante ocupao tm

    sempre em mente o desejo de modificar, criar e implementar culturas que venham a satisfazer

    os anseios, quase sempre imensurveis, da populao.

    As grandes realizaes esto sempre relacionadas busca obstinada do objetivo e,

    principalmente, crena de que se pode alcanar o intento quando se conta com os recursos

    necessrios a esta finalidade, deixando-se, assim, de depender do acaso ou da coincidncia, se

    que esta existe.

    Gleiser (1998, p. 254), acerca da busca incessante da cultura, sinaliza: Apenas encontrar

    novas conexes no suficiente. Para que um pesquisador possa explorar novos territrios,

    necessrio que tenha a coragem de enfrentar os antigos. necessrio acreditar em suas

    prprias idias.

    Nesse contexto, o presente estudo visualiza trs ensinamentos distintos, que se interagem, por

    possurem os mesmos objetivos: bem informar e controlar o patrimnio de todos os entes da

    Federao; tratar os ensinamentos j conhecidos (oramento pblico, execuo oramentria,

    contabilidade pblica Lei n. 4.320/64), usando uma nova percepo; e formular novas

  • 8

    idias, no que tange ao enfoque, ao tratamento e forma de apresentar a informao, o que

    permite, em determinados casos, obter resultados diferenciados. No que essas idias venham

    impor nova ordem aos temas j estudados, mas devem fazer parte do patrimonial cultural das

    finanas pblicas em sua totalidade. Espera-se que, definitivamente, haja um entendimento

    sobre a reformulao de idias e a descoberta de outras, e, o que mais importante, embora

    no se pratique, sobre a disseminao do conhecimento.

    Nota-se, na atualidade, aparentemente, uma parcimnia tica por parte de muitos autores

    quanto a no evidenciarem os novos caminhos descobertos no universo cultural ao qual

    pertencem. Muitos dos conhecimentos alcanados bem que poderiam influenciar ou, at

    mesmo, mudar de forma marcante determinado segmento do conhecimento humano. Tal

    realidade, porm, torna-se inexistente, pois, conforme afirma Gleiser, esses conhecimentos

    so atirados nos pores, justamente pelo fato de seus descobridores no terem acreditado em

    seus prprios resultados, demonstrando, assim, uma atitude indigna de quem se dedica rdua

    misso de realizar pesquisas.

    Expor uma idia na forma de artigo cientfico ou de ensaio evidencia uma maior aproximao

    dos demais interessados que buscam o enriquecimento cultural necessrio em todos os setores

    da atividade humana. Essa eterna busca h de ser do conhecimento humano, mesmo que no

    venha de imediato representar o anseio de seu autor.

    Lakatos e Marconi (1991, p. 78), ao comentarem o conhecimento cientfico, estabeleceram

    que uma de suas caractersticas a falibilidade. Afirmaram que se trata de um mtodo que no

    definitivo, absoluto e tampouco final. Isto , ser uma verdade absoluta at que outra,

    mesmo utilizando materiais diferenciados e mais precisos, aparea para demonstrar uma nova

    realidade.

    Este estudo tem a pretenso de rever determinados assuntos j discutidos, porm introduzindo

    uma nova sistemtica de avaliao ou de argumentao e, sempre que possvel, estribadas em

    posies sustentveis.

    O reconhecimento dessas novas propostas est vinculado ao grau de aceitao de todos que

    atuam na Contabilidade, principalmente na Contabilidade Pblica. Essa anuncia deve ser

    uma qualidade daqueles que esto abertos a novas propostas, questionado-as sem nenhuma

    paixo, pois somente assim que poder haver mudanas nos enfoques que sero aqui

    apresentados.

  • 9

    Cabe antecipar, neste momento, os assuntos que mereceram uma abordagem diferenciada

    neste estudo e, em conseqncia, uma nova forma de interpret-los:

    a) o conceito de receitas e despesas correntes e de capital;

    b) a interpretao sistmica dos arts. 34, 35, 36, 58 e 92;

    c) o real significado de despesa, conforme definido no art. 60;

    d) a razo da criao dos restos a pagar no processados;

    e) a interpretao mais elstica do princpio da anualidade;

    f) a demonstrao do restabelecimento de uma dvida flutuante e seus

    reflexos no supervit financeiro;

    g) a demonstrao do cancelamento de uma dvida flutuante quando o

    balano patrimonial apresenta supervit ou dficit financeiro e seus

    reflexos na execuo oramentria;

    h) o conceito de dvida pblica, respaldado no balano patrimonial;

    i) a proposta de mudana na definio do supervit financeiro;

    j) a forma de escriturao dos adiantamentos e sua funo de caixa do

    Estado;

    l) o impedimento do dficit no balano oramentrio;

    m) a descaracterizao do regime misto, a partir do art. 35;

    n) escriturao dos precatrios, dos restos a pagar processados, porm no

    prescritos;

    o) a escriturao da despesa de pessoal em atraso;

    p) a escriturao das obrigaes a serem pagas a conta de exerccios

    anteriores;

    o) proposta de escriturao dos restos a pagar no processado, evitando

    seus reflexos na situao lquida; e

    p) a escriturao da baixa dos valores inscritos no grande grupo realizvel

    do ativo financeiro, sem interferncias nos resultados.

  • 10

    Ante todas essas proposies, alerta-se para o ensinamento de Descartes quanto aceitao de

    novas idias como verdadeiras, as quais devem ser analisadas individualmente e com

    percepo ampla, com a mente aberta s novas propostas e sentimento de aceitao, no

    obstante o lapso em que estas venham a pblico.

    O Autor

    INTRODUO

    No Brasil, a Lei n. 4.320/64, h mais de quarenta anos, estabelece as normas para a

    elaborao dos oramentos e balanos da Unio, dos Estados, dos Municpios e do Distrito

    Federal, assim como de suas autarquias e fundaes.

    Este trabalho tem por objetivo identificar, luz de um enfoque calado nos princpios da

    hermenutica e no princpio da segurana jurdica, o verdadeiro esprito de cada dispositivo

    introduzido pelo legislador nesta Lei.

    Com o passar dos anos, a necessidade de mudar alguns dispositivos da Lei tornou-se inadivel

    por motivos diversificados, como a concluso a que se chegou com este estudo, alcanando-se

    resultados que divergem das interpretaes j conhecidas.

    Com essas novas propostas, espera-se estimular o debate, pois por meio da troca de

    experincias que novos horizontes so alcanados e, por extenso, contribui-se, sobremaneira,

    para o crescimento da cultura em torno dos fenmenos ora pinado para este estudo.

    Para os desafeioados a mudanas, talvez os ensinamentos de Descartes sejam um alento a ser

    considerado quando da anlise de per se dos enfoques que sero mostrados.

    Para esse filsofo e matemtico, que ficou famoso com a obra Discurso do Mtodo, a

    aceitao de um determinado conhecimento deve atender a princpios de interioridade

    considerados bsicos, a saber:

  • 11

    [...] O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu no conhecesse claramente

    como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a preveno, e de nada fazer constar

    de meus juzos que no se apresentasse to clara e distintamente a meu esprito que eu no

    tivesse motivo algum de duvidar dele. [...]

    Algumas das interpretaes relativas aos dispositivos desta Lei j demonstram carncia de

    uma reviso, ao passo que outras, conforme restou claro, apresentam evidncias de que suas

    orientaes so incompatveis com as operaes realizadas, no representando, portanto, a

    inteno do legislador.

    Disposies preliminares

    Art. 1 Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaborao e

    controle dos oramentos e balanos: da Unio, dos Estados, dos Municpios e do

    Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5, inciso XV, letra b, da

    Constituio Federal.

    Destina-se este artigo a estabelecer o que a Lei deve regulamentar e identificar nos entes da

    Federao que devem submeter-se aos seus preceitos. Assim, so alcanados por esta Lei: a

    Unio, os Estados, os Municpios, e o Distrito Federal, assim como suas respectivas

    autarquias e fundaes.

    Este dispositivo no deixa dvida tambm quanto sua abrangncia, estabelecendo, desde

    logo, que de sua responsabilidade cuidar das diretrizes prescritas para a elaborao dos

    oramentos, de sua execuo e do levantamento dos balanos gerais dos rgos da

    Administrao Direta, os quais compreendem: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder

    Judicirio. Depois do advento do Decreto-lei n. 200/67, a Lei passou a alcanar,

    adicionalmente, as autarquias e fundaes. Quanto s empresas pblicas, isto ocorreu somente

    depois da promulgao da Carta Poltica de 1988. A elas foi imposta a obrigao de

    apresentar, da mesma forma que os rgos j mencionados, o oramento de investimento,

    para compor o oramento a ser encaminhado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo.

  • 12

    Embora o art. 1 no seja explcito quanto indicao do Poder se o Legislativo ou o

    Judicirio certo que ambos devem compor tanto o oramento quanto a prestao de contas

    que o Poder Executivo encaminha ao Poder Legislativo, anualmente.

    Assim, tanto o oramento quanto prestao de contas devem ser elaborados levando em

    considerao a necessidade de permitir a identificao das aplicaes de recursos desses dois

    Poderes de forma consolidada e isolada.

    1 DISPOSIES GERAIS

    Art. 2. A Lei de Oramento conter a discriminao da receita e despesa

    de forma a evidenciar a poltica econmico-financeira e o programa de

    trabalho do Governo, obedecidos aos princpios de unidade, universalidade

    e anualidade.

    1 Integraro a Lei de Oramento:

    I - sumrio geral da receita por fontes e da despesa por funes do Governo;

    II - quadro demonstrativo da receita e despesa segundo as categorias econmicas, na forma do

    Anexo n. 1;

    III - quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislao;

    IV - quadro das dotaes por rgos do Governo e da Administrao.

    2 Acompanharo a Lei de Oramento:

    I - quadros demonstraes da receita e planos de aplicao dos fundos especiais;

    II - quadros demonstraes da despesa, na forma dos Anexos nmeros 6 e 9;

    III - quadro demonstrao do programa anual de trabalho do Governo, em termos de realizao

    de obras e de prestao de servios.

    1.1 Discriminao da receita e da despesa

    A discriminao da receita e da despesa, embora a Lei1, neste artigo, no defina os seus

    significados, permite identificar o desdobramento da classificao de ambas. Dessa forma, a

    compreenso desses dois itens, assim como dos objetivos do governo em relao poltica

    econnico-financeira em seus detalhes receita e despesa por natureza , foi a forma

    visualizada pelos legisladores para evidenciarem a origem dos recursos (receitas) e a

    respectiva aplicao (despesas). Este desdobramento, pelo teor do dispositivo, deve ser

    1 O verbete Lei quando aparecer isoladamente no texto estar referindo-se Lei n. 4.320/64.

  • 13

    elaborado com respeito aos princpios enumerados no caput deste artigo. Com o advento da

    Constituio Federal de 1988 (CF), acrescentem-se os princpios de que trata o art. 37 da

    Carta Poltica nesta seo, no que couber.

    1.2 Princpio da unidade

    Este princpio parte da teoria de que o oramento deve ser uno, ou seja, composto de um

    nico documento, no qual constem as receitas previstas e as despesas fixadas, bem como o

    programa de trabalho para o exerccio financeiro a que se refere. Em razo da dualidade de

    entendimento, mesmo no declarada, esclarece-se que este princpio foi encampado pela Lei a

    partir do art. 73 da Constituio Federal de 1946, a qual estabelecia: O oramento ser uno,

    incorporando-se receita, obrigatoriamente, todas as rendas e suprimentos de fundos, e

    incluindo-se discriminadamente na despesa as dotaes necessrias ao custeio de todos os

    servios pblicos.

    1.3 Princpio da universalidade

    A universalidade, tanto da receita quanto da despesa, invoca a necessidade de que constem do

    oramento todas as receitas passveis de realizao e todas as despesas priorizadas pela Lei de

    Diretrizes Oramentrias (LDO). Nos limites das receitas, traados pelo rgo central de

    oramento e voltados para a poltica estabelecida pelo Poder Executivo, os rgos da

    Administrao Direta e da Administrao Indireta elaboram o oramento de aplicao de

    recursos para o exerccio financeiro seguinte ao da elaborao. Tais oramentos so

    encaminhados ao rgo central, o qual realiza a consolidao, no prazo previamente

    estabelecido, depois das discusses tcnicas mantidas com os rgos setoriais, sobre o

    aumento, ou no, do limite estabelecido e as necessidades do rgo setorial. Todas estas

    etapas devem ocorrer em consonncia com a Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e o

    plano plurianual (PPA). As despesas fixadas devem, pois representar os dispndios

    indispensveis poltica de governo e, por extenso, a necessidade da populao, tudo isso

    combinado com os limites das disponibilidades financeiras.

    1.4 Princpio da anualidade

    Historicamente, o princpio da anualidade tem abrangncia bem mais elstica do que a que lhe

  • 14

    atribuda no momento. Nos comentrios sobre o art. 34, esta abrangncia ser focada com

    profundidade. No momento, deve ficar apenas o entendimento de que este princpio refere-se

    ao perodo de durao do exerccio financeiro, que, no Brasil, de um ano mais

    precisamente, de 1 de janeiro a 31 de dezembro.

    1.5 Sumrio geral da receita, por fonte e da despesa por funo do governo

    A receita por fonte encontra-se amparada pela Portaria Interministerial n. 163/01 STN/SOF e

    alteraes posteriores. J as despesas por funo e subfuno encontram esteio na Portaria n.

    42/99, que, alm de relacion-las, estabelece os critrios para essa nova classificao. A fonte

    representa a origem das receitas, sejam elas derivadas ou ordinrias. As despesas representam

    as aplicaes, seja qual for a classificao. Tanto as receitas quanto as despesas, no que se

    refere aplicao e fonte, recebem os mesmos critrios didticos das contas de resultado da

    contabilidade privada. As despesas por funo representam as programaes do governo no

    seu mais alto nvel de agregao de gastos.

    Relativamente legislao mencionada na seo anterior, sobre a classificao da receita e da

    despesa, aconselha-se aos interessados acompanhar as alteraes elaboradas e publicadas pelo

    setor competente do Ministrio do Planejamento e Gesto Oramentria, em relao ao

    oramento, e pelo rgo tambm autorizado do Ministrio da Fazenda, quanto aos temas

    voltados para a contabilidade.

    1.6 Quadro demonstrativo da receita e da despesa

    Com relao s receitas e s despesas, como foi mencionado na seo anterior, parte da

    Portaria Interministerial n. 163/01 e verifica as alteraes posteriores ocorridas, em razo das

    mudanas que esto acontecendo com certa freqncia, o que no compensa a incluso desses

    dois itens nesta obra.

    O objetivo deste sumrio evidenciar os dficits e os supervits tanto corrente quanto de

    capital, por ocasio da elaborao do oramento. O dficit oramentrio previsto na Lei

    somente em sua elaborao, ao dispor:

    Art. 7 A Lei de Oramento poder conter autorizao ao Executivo para:

    I - Abrir crditos suplementares at determinada importncia obedecidas s disposies do

    artigo 43;

  • 15

    II - Realizar em qualquer ms do exerccio financeiro, operaes de crdito por antecipao

    da receita, para atender a insuficincias de caixa.

    1 Em casos de dficit, a Lei de Oramento indicar as fontes de recursos que o

    Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura. (Sem grifos no

    original.)

    Neste artigo, o 1 deixa claro que a elaborao do oramento pode ser deficitria, mas no

    vai alm disto. Ora, se h um oramento equilibrado, mesmo que deficitrio, compete

    autoridade to-somente execut-lo na forma elaborada, com as alteraes que normalmente

    ocorrem durante o exerccio financeiro. Se para cada despesa existe uma receita, somente nos

    casos de crditos abertos sem o respectivo financiamento justifica-se a existncia de dficit

    de execuo.

    1.7 Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislao

    Este quadro tem a finalidade de correlacionar cada receita prevista com a respectiva norma

    que a instituiu, atendendo, assim, ao princpio da legalidade, pois no pode existir receita

    que no seja criada por lei. Este quadro consiste em relacionar as receitas, agregando a elas a

    lei que lhes deu origem, indicando, at mesmo, o nmero e a data em que foi publicada.

    1.8 Quadro das dotaes por rgo do Governo e da Administrao

    A Lei ora menciona dotao, ora menciona crditos. A dotao representa o montante

    disponvel para a emisso do empenho no momento da consulta, ao passo que os crditos

    representam a soma do crdito inicial mais os crditos adicionais abertos durante o exerccio

    financeiro (ver comentrios do art. 90). Por esta razo que a dotao sempre ser igual ou

    inferior ao crdito autorizado.2

    1.9 Quadro demonstrativo da receita e planos de aplicao dos fundos especiais

    Refere-se apenas s receitas dos Fundos Especiais, j que os outros quadros demonstrativos

    que so exigidos no 1 referem-se s receitas em sua totalidade.

    O plano de aplicao trata-se da destinao que o Fundo pretende dar s receitas previstas

    para o exerccio de elaborao do oramento. necessrio, portanto, correlacionar as

    despesas fixadas e as despesas realizadas no exerccio financeiro.

    2 Os quadros e demonstraes que deixaram de ser apresentados foram extintos pela Lei de Responsabilidade

    Fiscal.

  • 16

    Com o advento da LRF, os quadros citados pelo artigo em comento foram extintos, dando

    lugar ao que determina a lei que regulamentou o art. 50 da LRF.

    1.10 Universalidade da receita

    Art. 3 A Lei de Oramento compreender todas as receitas, inclusive as de operaes

    de crdito autorizadas em lei.

    A Lei, neste artigo, estabelece o alcance da universalidade das receitas oramentrias. O

    artigo tem a finalidade de evidenciar a abrangncia deste princpio em relao aos recursos

    destinados a financiar as despesas. Isso fica manifesto na prpria operao, ao estabelecer que

    os recursos obtidos para financiar as despesas, embora representem obrigaes para o Estado3,

    no deixam, por isso, de ser uma receita oramentria, em razo de sua destinao.

    A escriturao dessa operao, a ttulo de exemplo, deve ocorrer da seguinte forma,

    contemplando a escriturao do oramento aprovado, o ingresso dos recursos e o registro da

    obrigao.

    a) oramento aprovado para o exerccio financeiro, no valor de R$20.000

    para as receitas previstas e de R$20.000 para as despesas fixadas;

    b) R$1.000 de operao externa de crdito, contratada com o FMI, j

    recebida; e

    c) crdito aberto de R$5.000, financiado pelo supervit financeiro.

    Pela escriturao do oramento do exerccio

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 1.9.1.01.001 Receita a Recebida 20.000 SO

    C 2.9.1.01.001 Previso Inicial da Receita 20.000 SO

    Pela escriturao do ingresso dos recursos

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 1.1.1.02.001 Banco do Brasil 1.000 SF

    C 4.2.0.00.000 Receita de Capital 1.000 SF

    3 O verbete Estado quando for usado isoladamente estar referindo-se aos entes da Federao.

  • 17

    Pela execuo do oramento da receita

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 1.9.1.02.001 Receita Recebida 1.000 SO

    C 1.9.1.01.001 Receita a Arrecadar 1.000 SO

    Pela escriturao da obrigao

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 5.1.1.01.005 Emprstimos Tomados 1.000 SP

    C 2.2.1.02.001 FMI 1.000 SP

    Pela escriturao do crdito suplementar

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 1.9.2.01.001 Crdito Suplementar 5.000 SO

    C 2.9.1.01.001 Dotao Disponvel 5.000 SO

    Balano oramentrio do ano (n1)

    Discriminao Previso Execuo Diferena Discriminao Fixao Execuo Diferena

    Receitas 20.000 1.000 -19.000 Crditos

    Iniciais e Suplementares 25.000 -25.000

    Subtotais 20.000 1.000 -19.000 Subtotal 25.000 -25.000

    Dficits 5.000 -24.000 Supervits 1.000 1.000

    TOTAL GERAL 25.000 1000 -24.000- TOTAL GERAL 25.000 1.000 -24.000-

    Balano Patrimonial do ano (no)

    ATIVO FINANCEIRO VALOR PASSIVO FINANCEIRO VALOR

    Disponvel 1.000

    PASSIVO PERMANENTE

    Operaes de Crdito 1.000

    Soma do Ativo Real 1.000 Soma do Passivo Real 1.000

    TOTAL 1.000 TOTAL 1.000

    1.11 Universalidade da despesa

    Art. 4 A Lei de Oramento compreender todas as despesas prprias dos rgos do

    Governo e da Administrao centralizada, ou que por intermdio deles se devam

  • 18

    realizar, observado o disposto no art. 2.

    A Lei cuida, neste artigo, da abrangncia da universalidade das despesas, ao relacionar os

    rgos que devem incluir estas aplicaes em seus oramentos. O alcance deste artigo est na

    determinao de que todas as despesas devem compor o oramento do rgo.

    Na ocasio em que este dispositivo foi elaborado, tinha-se um ponto de vista bastante

    diferenciado da realidade atual. Depois de 1988, com a promulgao da Constituio Federal,

    o oramento tornou-se obrigatrio para todos os rgos da Administrao Direta, alcanando

    tambm os rgos anteriormente no contemplados, a saber: autarquias, fundaes, fundos, e

    empresas pblicas, estas somente no tocante ao oramento de investimentos.

    O dispositivo da Constituio que obrigou a incluso desses rgos no oramento dispe:

    Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero:

    [...]

    5. A lei oramentria anual compreender:

    I - o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da

    administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder

    Pblico;

    II - o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente,

    detenha a maioria do capital social com direito a voto;

    III - o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela

    vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes

    institudos e mantidos pelo Poder Pblico.

    [...]

    1.12 Dotaes globais

    A utilizao de dotaes globais, de acordo com o teor deste artigo, fica proibida quando

    forem desdobradas em aplicaes de recursos que envolvam despesas de pessoal, material,

    servios de terceiros, transferncias, etc. Em seguida, este mesmo artigo arremessa para o art.

    20 a nica possibilidade para o uso destas dotaes (comentrios sobre o tema sero feitos

    Art. 5. A Lei de Oramento no consignar dotaes globais destinadas a atender

    indiferentemente as despesas de pessoal, material, servios de terceiros, transferncias

    ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no art. 20 e seu pargrafo nico.

  • 19

    quando da anlise deste artigo). As despesas que podem acorrer pelo processo normal de

    aquisio e utilizao sero consignadas em dotaes prprias.

    Esse pequeno desenvolvimento foi realizado com a inteno de posicionar o leitor quanto s

    dotaes globais, facilitando o entendimento de classificaes semelhantes. Este artigo, no

    entanto, j foi revogado.

    1.13 Universalidade da despesa

    Art. 6. Todas as receitas e despesas constaro da Lei de Oramento pelos totais,

    vedadas quaisquer dedues.

    1 As cotas de receitas que uma entidade pblica deva transferir a outra, incluir-se-

    o como despesa no oramento da entidade obrigada transferncia e como receita

    no oramento da que as deva receber.

    2 Para cumprimento do disposto no pargrafo anterior, o clculo das cotas ter por

    base os dados apurados no balano do exerccio anterior quele em que se elaborar a

    proposta oramentria do Governo obrigado transferncia.

    O caput deste artigo materializa o princpio da universalidade tanto da receita quanto da

    despesa. Faz esta incurso para dar sustentao aos seus pargrafos e, ainda, para que esses

    dois itens constem do oramento pelos seus valores brutos, evidenciando, assim, a

    importncia e a forma de apresentao das receitas e das despesas, as quais devem representar

    os reais valores que se antevem para o exerccio financeiro seguinte elaborao do

    oramento.

    Em face do disposto no art. 91 da Lei, a escriturao deve acompanhar a forma como o

    oramento for elaborado. Assim, a Contabilidade, que em seus princpios determina tambm

    essa forma bruta de tratamento das receitas e despesas, deve escriturar esses dois itens de

    acordo com o que determina o caput do artigo.

    Ao mencionar todas as receitas e despesas, a Lei quer deixar claro que devem ser feitas por

    meio de despesas oramentrias as transferncias a serem pagas s entidades beneficirias

    despesas fixadas , porquanto estas devem escriturar esses recursos a ttulo de receitas

  • 20

    oramentrias, as quais devem estar previstas no oramento.

    Quanto forma de clculo, deve, a princpio, ser cumprido o que determina o 2 deste

    artigo. comum, porm, a mudana desse critrio quando o Estado muda o foco e pretende

    que o rgo beneficirio das transferncias seja mais participativo nas aes do governo, em

    relao ao ano anterior.

    Com o objetivo meramente ilustrativo, sero apresentadas, a seguir, as escrituraes a serem

    feitas tanto na entidade pagadora quanto na recebedora. O exemplo abordar a escriturao do

    oramento e sua execuo.

    DADOS

    1. Transferncia da entidade cedente para a entidade beneficiria de

    R$1.000, para pagamento de pessoal. Para esse fim, considere o oramento

    j escriturado.

    Escriturao na entidade cedente

    Pelo empenho da despesa na entidade cedente

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 2.9.1.01.001 Dotao Disponvel 1.000 SO

    C 2.9.1.01.002 Dotao Empenhada 1.000 SO

    Pelo pagamento da despesa

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 3.1.0.00.000 Despesas Correntes 1.000 SF

    C 1.1.1.02.001 Banco do Brasil 1.000 SF

    Pela execuo do oramento da entidade cedente

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 2.9.1.01.001 Dotao Empenhada 1.000 SO

    C 2.9.1.01.002 Dotao Executada 1.000 SO

    Escriturao na entidade beneficiria

    Pelo recebimento dos recursos na entidade beneficiria

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

  • 21

    D 1.1.1.02.001 Banco do Brasil 1.000 SF

    C 4.1.0.00.000 Receita Corrente 1.000 SF

    Pela execuo do oramento da receita na entidade beneficiria

    D/C CDIGO NOME DA CONTA DBITO CRDITO SISTEMA

    D 1.9.1.02.001 Receita Recebida 1.000 SO

    C 1.9.1.02.001 Receita a Receber 1.000 SO

    1.14 Exceo ao princpio da exclusividade

    Art. 7 A Lei de Oramento poder conter autorizao ao Executivo para:

    I - Abrir crditos suplementares at determinada importncia obedecidas s

    disposies do artigo 43;

    II - Realizar em qualquer ms do exerccio financeiro, operaes de crdito por

    antecipao da receita, para atender a insuficincias de caixa.

    Este dispositivo foi absorvido pela Constituio Federal de 1988, passando a constar do 8

    do art. 165 da Carta Poltica, o qual prescreve:

    Art. 165. [...]

    8 A Lei Oramentria Anual no conter dispositivo estranho previso da receita e

    fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao para abertura de crditos

    suplementares e contratao de operaes de crdito, ainda que por antecipao de receita,

    nos termos da lei.

    1.15 Crditos suplementares

    Os crditos suplementares representam alteraes promovidas no oramento quando uma

    dotao inicial revela-se insuficiente para a concluso do programa de trabalho durante o

    exerccio financeiro. Em razo de todas as despesas serem autorizadas pelo Poder Legislativo,

    e para evitar que o Poder Executivo, ao iniciar a execuo oramentria, venha de imediato a

    solicitar abertura de crdito suplementar, o Poder Legislativo aprova no prprio oramento

    um determinado percentual, j com vistas a evitar os primeiros atropelos referentes falta de

    crditos nos primeiros meses de trabalho. Esses crditos, porm, nunca podero ser ilimitados.

    Ao final dessa autorizao, caso o Poder Executivo necessite abrir outros crditos

    suplementares, ter que submeter seu pedido ao Poder Legislativo.

  • 22

    A Lei, ao alertar para o que dispe o art. 43, est, na verdade, adiantando que esses crditos s

    podem ser abertos se houver fonte para financi-los.

    1.16 Operaes de crdito por antecipao de receita

    As operaes de crditos por antecipao de receita (ARO) so emprstimos considerados de

    curto prazo. So classificados como dvida flutuante (art. 92 da Lei), em face de no se

    destinarem ao financiamento das despesas oramentrias. Representam apenas entradas no

    ativo e no passivo financeiro (fato permutativo). Sua contratao pode ocorrer quando se

    constatar a insuficincia de recursos no caixa do Estado, por insuficincia de receita, em que

    fique constatada a dificuldade em cumprirem os compromissos assumidos a tempo e a hora.

    Essa contratao, porm, deve atender ao que prescreve a LRF sobre esse tema. Pode ocorrer

    tambm quando se pretende implementar algum programa que tenha receita vinculada, que ir

    se realizar somente meses depois. Esse procedimento, no entanto, no recomendvel, pelas

    suas prprias caractersticas, na medida em que sugere risco de no realizao da receita, alm

    dos juros que sero pagos. Somente cabvel nos casos de extrema necessidade e que possam,

    na prestao de contas, ser perfeitamente arrazoados.

    Uma insuficincia de caixa que no esteja relacionada realizao de programas vinculados a

    determinada receita no ocorre ao acaso. A ela precede sempre alguma falha. Pode ser de

    forma indireta, causada pela instituio de programas pelo Governo Federal, com reflexos nos

    Estados, Municpios e no Distrito Federal, ou, ainda, o que mais usual, por expectativas

    frustradas em relao a determinadas receitas, cujos motivos so diversificados.

    Em casos dessa natureza, importante que determinadas medidas sejam tomadas antes

    mesmo de se identificar a causa, para ento realizar um estudo profundo com vistas a

    identificar os motivos da queda na arrecadao. Alternativas urgentes devem ser apresentadas,

    cujo objetivo, alm da responsabilidade em si, cumprir o que estabelece a LRF, que a esse

    respeito determina:

    Art. 38. A operao de crdito por antecipao de receita destina-se a atender insuficincia

    de caixa durante o exerccio financeiro e cumpriro as exigncias mencionadas no art. 32 e

    mais as seguintes:

    I - realizar-se- somente a partir do dcimo dia do incio do exerccio;

    II - dever ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, at o dia dez de dezembro

    de cada ano [...]. (Sem grifos no original.)

  • 23

    V-se que as atribuies do Estado no tocante soluo desse tipo de problema exigem dos

    seus agentes uma altssima tecnicidade, em razo de o prazo que tm para recuperar o nvel de

    arrecadao e liquidar o emprstimo no exerccio de sua contratao.

    Trata-se, pois, de uma exceo ao princpio da exclusividade, em razo de esses dois temas

    no estarem diretamente relacionados s receitas e s despesas.

    1.17 Princpio do equilbrio

    1 Em casos de dficit, a Lei de Oramento indicar as fontes de recursos

    que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura;

    O teor deste pargrafo autoriza o Poder Executivo a indicar as contrapartidas de receitas

    oramentrias no caso de as despesas serem superiores s receitas, ou seja, no caso de

    ocorrncia de dficit na elaborao do oramento. O disposto neste pargrafo vem confirmar

    que na elaborao do oramento em primeiro lugar so previstas as despesas para, em

    seguida, serem indicadas as fontes que iro financi-las (ver comentrios sobre fontes de

    financiamento 1 do art. 43). Evidencia-se, assim, que um oramento, embora

    equilibrado, pode ser deficitrio no seu nascedouro.

    Observa-se, em razo dessa determinao, que h uma imposio indireta do princpio do

    equilbrio.4 Explica-se: no caso de dficit, necessrio indicar as fontes que iro financiar as

    despesas. No caso de supervit, porm, a Lei silente. O silncio, no caso do supervit,

    propicia uma pergunta: Pode o oramento ser superavitrio? Evidentemente que no. Por

    detrs desse silncio da Lei evidencia-se o princpio do equilbrio. A criao de impostos

    uma forma de responder a esta pergunta, uma vez que esses vm com objetivos previamente

    definidos. Caso contrrio, o Governo est sacrificando a populao sem nenhuma justificao

    real.

    Noutra tica, a existncia de um oramento superavitrio, se comparado s necessidades

    imensurveis da populao, evidencia uma dificuldade imperdovel do administrador pblico

    em bem aplicar os recursos que esto sua disposio.

    4 SILVA, Jair Cndido da. Dissertao para a obteno do grau de Mestre. Ttulo: Divergncias conceituais da literatura sobre a

    contabilizao do restabelecimento e cancelamento da dvida flutuante. Braslia-DF. Universit Degli Studi di Torino. 27.10.1999. p. 54.

    Volume n 1.

  • 24

    As receitas de um exerccio financeiro devem ser, em sua totalidade, destinadas ao

    financiamento dos programas de trabalho. Esses programas so fixados em numerrios para o

    exerccio financeiro a que se refere o oramento e no mesmo montante das receitas, o que

    evidencia o princpio do equilbrio.

    1.18 Operaes de crditos e alienao de bens mveis e imveis

    2 O produto estimado de operaes de crdito e de alienao de bens imveis

    somente se incluir na receita quando umas e outras forem especificamente

    autorizadas pelo Poder Legislativo em forma que juridicamente possibilite ao Poder

    Executivo realiz-las no exerccio.

    3 A autorizao legislativa a que se refere o pargrafo anterior, no tocante a

    operaes de crdito, poder constar da prpria Lei de Oramento.

    O 2 traduz a preocupao da Lei em relao previso das receitas que no venham a

    realizar-se no exerccio financeiro relativamente quelas oriundas da alienao de bens

    imveis e de emprstimos contrados operaes de crdito e outras operaes assemelhadas.

    As operaes de crdito podem ser autorizadas pela prpria Lei de Oramento. Os bens

    imveis, por sua vez, necessitam da desafetao, o que ocorre por meio da aprovao de lei

    especfica. Da a terminologia tcnica que sempre usada em casos dessa natureza: necessita

    de lei anterior. Neste caso, uma vez autorizada a sua venda por lei, passa, a partir da, a

    dispor de habilitao para constar do oramento nas previses das receitas receitas de

    capital , a ttulo de alienao de bens imveis.

    A LRF fiscal introduziu em seu texto um dispositivo de extrema importncia, alcunhado de

    regra de ouro. A redao deste dispositivo a seguinte;

    Art. 12. .....

    [...]

    2 O montante previsto para as receitas de operaes de crdito no poder ser superior ao

    das despesas de capital constante do projeto de lei oramentria.

    de extrema importncia o disposto no 2 da LRF, pois o oramento, ao apresentar um

    supervit de capital, e desde que haja previso de emprstimos, demonstra que o Estado, ao

    realiz-los, mostra que uma determinada parcela desses recursos est sendo destinada

    manuteno das operaes correntes, o que evidencia o empobrecimento do ente da

    Federao. Isto , em situaes assim evidenciam-se dificuldades de o Estado manter at

  • 25

    mesmo os servios criados, os quais requerem as despesas primeiras, pois estas se relacionam

    s atividades que no podem sofrer soluo de continuidade. Por essa razo que, embora o

    oramento comece pela fixao das despesas, em primeiro lugar devem-se prever as receitas

    que iro financiar a manuteno dos servios criados. No entanto, antes da LRF o que se

    observava era o contrrio; ou seja, s vezes, as receitas de capital eram compostas to-

    somente por operaes de crdito.

    1.19 Discriminao da receita

    Art. 8 A discriminao da receita geral e da despesa de cada rgo do ou

    unidade administrativa a que se refere o art. 2, 1, III e IV, obedecer

    forma do Anexo nmero 2.

    A discriminao tanto da receita quanto da despesa constantemente alterada. Da a

    necessidade de se acompanhar o rgo normativo desta rea para manter-se atualizado.

    O anexo citado pelo artigo em comento demonstra o desdobramento e os respectivos nveis

    que a receita e a despesa devem obedecer princpio da discriminao para tornar o

    oramento operacional, ou seja, em nvel de empenhamento da despesa e de escriturao da

    receita arrecadada.

    A despesa, no entanto, pode ter um desdobramento ainda mais abrangente e pode chegar ao

    item de despesa. A incluso do item de despesa, porm, ocorre somente em nvel de

    escriturao contbil. O nvel mximo em que deve ser desdobrado o oramento para torn-lo

    operacional o de elemento de despesa (princpio da discriminao art. 15).

    1.20 Identificao da receita e da despesa por cdigos

    1 Os itens da discriminao da receita e da despesa, mencionados nos artigos 11, 4, e

    13, sero identificados por nmeros de cdigo decimal, na forma dos Anexos nmeros 3 e

    4.

    2 Completaro os nmeros do cdigo decimal referido no pargrafo anterior os

    algarismos caracterizadores da classificao funcional da despesa conforme estabelece o

    Anexo nmero 5.

    3 O cdigo geral estabelecido nesta lei no prejudicar a adoo de cdigos locais.

  • 26

    O disposto nos 1 e 2 estabelece a forma como as receitas e as despesas devem ser

    discriminadas. Devem ser feitas por meio de cdigos numricos. A Lei estabeleceu os

    seguintes cdigos e suas correspondentes denominaes:

    Classificao econmica da receita e da despesa por cdigos

    DENOMINAO CDIGO INICIAL

    Receitas correntes 1

    Receitas de capital 2

    Despesas correntes 3

    Despesas de capital 4

    Assim, torna-se fcil a identificao, pois o cdigo numrico inicial que compe a natureza da

    despesa que vai determinar a categoria econmica da receita e da despesa, conforme

    demonstrado anteriormente. Essa classificao divide-se em: receitas correntes; despesas

    correntes; receitas de capital; e despesas de capital.

  • 27

    2 RECEITAS E DESPESAS ORAMENTRIAS

    Art. 9. Tributo a receita derivada, instituda pelas entidades de direito pblico,

    compreendendo os impostos, as taxas e contribuies, nos termos da Constituio

    e das leis vigentes em matria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio

    de atividades gerais ou especficas exercidas por essas entidades.

    2.1 Receita derivada

    Ocorre em face de sua origem, em razo de serem recursos oramentrios provenientes do

    patrimnio do particular, diferentemente da receita originria, que se origina do prprio

    patrimnio do Estado. Assim, impostos e taxas so exemplos de receita derivada, enquanto

    rendimentos de aplicao e aluguis so exemplos de receitas originrias.

    Somente os entes da Federao: Unio, Estados, Municpios, e o Distrito Federal tm

    competncia para instituir tributos criados pela Constituio, conforme os incisos I, II e III do

    art. 145 da CF 1988, a saber:

    Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os

    seguintes tributos:

    I impostos;

    II taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial,

    de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua

    disposio;

    III contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas.

    1 Sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a

    capacidade econmica do contribuinte, facultado administrao tributria, especialmente

    para conferir a efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e

    nos termos da lei, o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.

    2 As taxas no podero ter base de clculo prpria de impostos.

    Imposto

    o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer

    atividade estatal especfica em relao ao contribuinte. Isto , o pagamento do imposto no

    obriga o Estado a retribuir diretamente ao contribuinte o que foi pago em bens e servios.

  • 28

    Essa a principal caracterstica deste imposto.

    Taxa

    Impe a contraprestao de servios do Estado. Um bom exemplo a taxa de limpeza urbana.

    Outras caractersticas importantes das taxas so: o fato gerador, que se caracteriza pela

    utilizao efetiva ou potencial (utilizao ou no) dos servios postos disposio dos

    contribuintes; a forma de prestao do servio, que pode ser direta, quando voltado

    diretamente para um determinado contribuinte (especfico); ou divisvel, quando usado por

    todos que pagam. A taxa, porm, est vinculada a uma atividade a ser desenvolvida pelo

    Estado.

    Contribuio de melhoria

    o tributo cujo fato gerador est relacionado a obras que valorizam os imveis dos

    contribuintes. O limite mximo para sua cobrana o valor da obra e o limite individual a

    importncia relativa valorizao do imvel do proprietrio. Seja, por exemplo, uma obra

    cujo custo tenha sido de R$1.000,00 (mil reais), este teto que se pode usar para ratear entre

    os beneficirios. Se um determinado imvel valorizou 20%, seu proprietrio dever pagar

    R$200,00 (duzentos reais); se outro valorizou 10%, seu proprietrio dever pagar R$100,00

    (cem reais), e assim at chegar ao teto de R$1.000,00 (mil reais). Deve ter a participao de

    todos os beneficirios e, conseqentemente, 100% do valor da obra.

    2.2 Destinao do tributo

    O tributo destina-se manuteno dos bens e servios criados. Tal destinao deve ser de

    iniciativa do ente que receber o tributo. Assim, exceo de algumas vinculaes tributrias,

    os demais se destinam a financiar as despesas correntes de forma geral, por se tratar de uma

    receita de caracterstica continuada, em relao ao tempo de sua durao. Dessa receita, o que

    se destina aos investimentos o montante do supervit corrente, que uma receita de capital.

    Art. 10- (vetado).

    2.3 Categoria econmica da receita

  • 29

    Art. 11. A receita classificar-se- nas seguintes categorias econmicas: Receitas

    Correntes e Receitas de Capital.

    (Redao dada pelo Decreto-lei n. 1.939, de 20.05.82)

    As receitas foram relacionadas em dois grandes grupos, conhecidos por categorias

    econmicas, a saber: receitas correntes; e receitas de capital.

    A definio da Lei sobre os dois tipos de receitas puramente econmica. Receitas Correntes

    so aquelas cuja arrecadao contnua no tempo, pois podem ser destinadas ao

    financiamento das despesas com essas caractersticas. Receitas de capital so aquelas que tm

    fonte espordica e devem ser direcionadas para as despesas de capital, em razo de suas

    caractersticas. Em conseqncia, devem financiar despesas que possuam essas mesmas

    caractersticas portanto, financiam as despesas de capital que atendem a essas exigncias e

    so, s vezes, suplementadas pelo supervit corrente.

    Na categoria receitas correntes, os recursos criados por lei tm caractersticas de

    continuidade no tempo e destinam-se a financiar os programas que possuem estas mesmas

    caractersticas. Esse entendimento est diretamente relacionado s receitas ordinrias, as quais

    possuem essas propriedades.

    Na categoria receitas de capital, os recursos fazem-se presentes esporadicamente, ou seja, de

    forma extraordinria. Em face de se tratar de um fato descontinuado, sua classificao como

    receita de capital uma questo importante, pois na sua falta deixa-se de realizar o

    investimento ou a inverso financeira, o que no pode ocorrer, teoricamente, com as despesas

    correntes, por exemplo: falta de remdios, de mdicos em hospitais e de professores.

    2.4 Receitas correntes

    1 So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial,

    agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos

    financeiros recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando

    destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes. (Redao dada

    pelo Decreto-lei 1.939, de 20.05.82).

    V-se que a Lei preferiu relacionar as receitas correntes em vez de conceitu-las. O conceito

    daria a faculdade ao leitor de distinguir as receitas correntes das receitas de capital. Assim,

  • 30

    diante de uma operao em que se origina uma receita, deve-se enquadr-la corretamente

    numa das acepes descrita por esse 2.5 Receitas de capital

    2 So Receitas de Capital as provenientes da realizao de recursos financeiros

    oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; dos

    recursos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privados destinados a atender

    despesas classificveis em despesas de capital, e, ainda, o supervit do oramento

    corrente. (Redao dada pelo Decreto-lei n. 1.939, de 20.05.82).

    Recursos oriundos da constituio de dvidas

    Trata-se de recursos obtidos pelo Estado por meio de emprstimos contrados, os quais, antes

    do advento da LRF, denominavam-se operaes de crdito, interna ou externa. Com o

    advento da LRF, devem ser considerados como receita de capital os recursos oriundos:5

    Dvida pblica consolidada ou fundada

    O montante total, apurado sem duplicidade, das obrigaes financeiras do ente da Federao

    assumidas em virtude de leis, contratos, convnios ou tratados e da realizao de operaes

    de crdito para amortizao em prazo superior a doze meses. Este tema definido pela LRF

    da seguinte forma:

    Dvida pblica consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das

    obrigaes financeiras do ente da Federao, assumidas em virtude de leis, contratos,

    convnios ou tratados e da realizao de operaes de crdito, para amortizao em prazo

    superior a doze meses.

    Dvida pblica mobiliria

    Este tipo de dvida, depois do advento da LRF, passou a ser vista da seguinte forma: Dvida

    pblica mobiliria: dvida pblica representada por ttulos emitidos pela Unio, inclusive os

    do Banco Central do Brasil, Estados e Municpios.

    Operao de crdito

    Compromisso financeiro assumido em razo de mtuo, abertura de crdito, emisso e aceite

    de ttulo, aquisio financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da

    5 Definies estabelecidas pelo art. 29 da Lei n. 101/2000 (LRF).

  • 31

    venda a termo de bens e servios, arrendamento mercantil e outras operaes assemelhadas,

    at mesmo com o uso de derivativos financeiros. A LRF, sobre este tema, fez a seguinte

    insero:

    Operao de crdito: compromisso financeiro assumido em razo de mtuo, abertura de

    crdito, emisso e aceite de ttulo, aquisio financiada de bens, recebimento antecipado de

    valores provenientes da venda a termo de bens e servios, arrendamento mercantil e outras

    operaes assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.

    Refinanciamento da dvida mobiliria

    Emisso de ttulos para pagamento do principal acrescido da atualizao monetria. A LRF

    traz a seguinte definio sobre este refinanciamento: Refinanciamento da dvida

    mobiliria: emisso de ttulos para pagamento do principal acrescido da atualizao

    monetria.

    A assuno, reconhecimento ou confisso de dvidas pelo ente da Federao, sem prejuzo do

    cumprimento das exigncias dos arts. 15 e 16. Deve-se observar, no entanto, que a

    classificao neste grupo decorre da necessidade de se estabelecer um continusmo dos bens

    ou servios adquiridos. Uma aquisio espordica de um bem ou servio considerado uma

    despesa normal.

    Sobre esta equiparao, a LRF definiu: Equipara-se a operao de crdito a assuno, o

    reconhecimento ou a confisso de dvidas pelo ente da Federao, sem prejuzo do

    cumprimento das exigncias dos arts. 15 e 16.

    Ttulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil

    Ser includa na dvida pblica consolidada da Unio a emisso de ttulos de

    responsabilidade do Banco Central do Brasil. O entendimento da LRF o seguinte:

    Ser includa na dvida pblica consolidada da Unio a relativa emisso de ttulos

    de responsabilidade do Banco Central do Brasil.

    Operaes de crdito de prazo inferior a doze meses

    Tambm integram a dvida pblica consolidada as operaes de crdito de prazo inferior a

    doze meses cujas receitas tenham constado do oramento.

  • 32

    Sobre estas operaes, a princpio, fica o entendimento de no se tratar de um fato a ser

    escriturado no passivo permanente. Reafirma-se que este o passivo em que ela deve ser

    escriturada. A LRF deu a seguinte definio sobre esta operao: Tambm integram a dvida

    pblica consolidada as operaes de crdito de prazo inferior a doze meses cujas receitas

    tenham constado do oramento.

    Converso, em espcie, de bens e direitos

    Refere-se ao ingresso de recursos no caixa do Estado provenientes da alienao de bens mveis

    e imveis. Considera-se receita de capital ainda a alienao de direitos de uso, os quais tambm

    independem de lei anterior.

    Recursos recebidos de entidades pblicas ou entidades privadas

    Representam recursos recebidos de entes da Federao ou de empresas privadas destinados

    aquisio de bens que devem ser classificados em investimentos ou inverses financeiras e,

    ainda, ao pagamento do principal de qualquer dvida.

    Supervit do oramento corrente

    Corresponde diferena positiva entre as operaes de receitas e as despesas correntes, uma

    vez que esses recursos iro financiar o dficit das operaes de capital.

    Supervit do oramento corrente no constitui item de receita de capital

    3 O supervit do Oramento Corrente resultante do balanceamento dos totais das

    receitas e despesas correntes, apurado na demonstrao a que se refere o Anexo nmero 1,

    no constituir item de receita oramentria. (Redao dada pelo Decreto-lei n. 1.939, de

    20.05.82.)

    Este supervit no constitui item por no estar relacionado na codificao das receitas de

    capital, mas considerado receita de capital. Esse conceito por sinal, muito oportuno

    decorre dos recursos que so considerados excedentes nas transaes correntes. Em

    conseqncia, so canalizados para as transaes de capital, as quais dificilmente deixam de

    ser deficitrias. A demonstrao do supervit financeiro Anexo 1 da Lei n. 4.320/64 ,

    embora tenha sido elaborada com dados aleatrios, demonstra como essa inverso de

    recursos, com sua respectiva denominao, ocorre, facilitando a assimilao desse tema. Por

  • 33

    exemplo, tem-se o total das receitas correntes, que supera as despesas correntes em R$300

    (trezentos reais). Esse montante, por exceder suas obrigaes com as operaes correntes,

    pode ser usado no financiamento das despesas de capital, conforme evidencia o exemplo a

    seguir:

    Demonstrao do supervit corrente - Anexo I da Lei n.4.320/64 RECEITA DESPESA

    RECEITAS CORRENTES DESPESAS CORRENTES

    Receita tributria 500 Pessoal e Encargos Sociais 1.000

    Receita de Contribuies 400 Juros e Encargos da Dvida Interna 200

    Receita de Contribuies 100 Juros e Encargos da Dvida Externa -0-

    Receita Patrimonial 50 Outras Despesas Correntes 350

    Receita Agropecuria 20

    Receita Industrial 30

    Receita de Servios 100

    Transferncias Correntes 600

    Outras Receitas Correntes 50

    TOTAL 1.850 TOTAL 1.550

    Supervit do Oramento Corrente 300

    Supervit do Oramento Corrente 300

    RECEITA DE CAPITAL DESPESA DE CAPITAL

    Operaes de Crdito 80 Investimentos 180

    Alienao de Bens 20 Inverses Financeiras 70

    Amortizao Emprstimos 30 Amortizao da Dvida Interna -0-

    Transferncias de Capital 70 Amortizao da Dvida externa 150

    Outras Despesas de Capital 100

    TOTAL 500 TOTAL 500

    4 A classificao da receita obedecer ao seguinte esquema:

    (Redao dada pelo Decreto-lei n. 1.939, de 20.05.82.)

    Essa classificao recebeu vrias alteraes. V-se que tecer qualquer comentrio

    totalmente desnecessrio. A Portaria Interministerial n. 163/2001 STN/SOF e suas

    alteraes posteriores detalham com preciso a classificao da receita e da despesa usada

    atualmente. Assim, quando o tema relacionar-se a essas classificaes, os interessados devem-

    se valer desta Instruo, ou a que estiver em vigor no momento da consulta, no site do rgo

    prprio de que trata o art. 113 desta Lei.

  • 34

    2.5 Categoria econmica da despesa

    Art. 12. A despesa ser classificada nas seguintes categorias econmicas:

    DESPESAS CORRENTES

    Despesas de Custeio

    Transferncias Correntes

    DESPESAS DE CAPITAL

    Investimentos

    Inverses Financeiras

    Transferncias de Capital

    A classificao da despesa por categoria econmica est relacionada ao impacto que causa no

    setor econmico. Trata-se de uma viso voltada para a gesto das aplicaes dos recursos

    arrecadados e aplicados, cujo acompanhamento feito por rgo especfico de cada ente da

    Federao.

    O artigo desdobra-se em:

    Categoria econmica da despesa:

    Despesas correntes; e

    Despesas de capital.

    Subcategoria econmica das despesas correntes:

    Despesas de custeio; e

    Transferncias correntes.

    Subcategoria econmica das despesas de capital:

    Investimentos;

    Inverses financeiras; e

    Transferncias de capital.

  • 35

    2.6 Despesas de custeio

    1 Classificam-se como Despesas de Custeio as dotaes para manuteno de servios

    anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservao e

    adaptao de bens imveis.

    As despesas de custeio destinam-se ao funcionamento dos bens e servios anteriormente

    criados. Uma escola, depois de construda (servio criado), ao entrar em funcionamento,

    demandar gastos para que se iniciem suas atividades normais. Todos os recursos aplicados

    com essa finalidade so classificados neste ttulo. Por exemplo: limpeza e conservao,

    energia eltrica, salrios dos professores, salrios dos agentes administrativos, enfim, todo

    tipo de servio e material de consumo e demais dispndios cuja finalidade seja manter em

    funcionamento o estabelecimento escolar.

    2.7 Transferncias correntes

    2 Classificam-se como Transferncias Correntes as dotaes para despesas s

    quais no corresponda contraprestao direta em bens ou servios, inclusive para

    contribuies e subvenes destinadas a atender manifestao de outras

    entidades de direito pblico ou privado.

    As transferncias correntes so despesas realizadas com entidades da Administrao

    Indireta ou da iniciativa privada cujos recursos devem ser aplicados, pelo beneficirio, em

    despesas correntes. Em razo da natureza da despesa, no haver, em nenhuma hiptese, por

    parte do beneficirio, contraprestao em bens e servios. Em outras palavras, quem recebe

    uma transferncia corrente no tem a obrigao com o rgo que efetuou a transferncia de

    entregar bens ou de realizar a prestao de servios de forma direta, mas sim de fazer o bom

    uso desses recursos, na forma aprovada pelo rgo transferidor e constante do ajuste entre as

    partes.

    Logo depois de os recursos recebidos serem aplicados, o que deve ocorrer no prazo

    estabelecido no ajuste, a entidade beneficiria deve elaborar a prestao de contas, na forma

    estabelecida pelo rgo transferidor, e encaminh-la, na data legalmente estabelecida,

    juntamente com as demais exigncias constantes do acordo, se houver.

  • 36

    2.8 Das subvenes sociais e econmicas

    I - subvenes sociais, as que se destinem a instituies pblicas ou privadas de carter

    assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;

    II - subvenes econmicas, as que se destinem a empresas pblicas ou privadas de carter

    industrial, comercial, agrcola ou pastoril.

    Subvenes sociais

    Destinam-se s instituies pblicas ou privadas sem fins lucrativos. exceo de alguns

    entes da Federao, a maioria das entidades beneficiadas representada pelas denominadas

    organizaes sociais (OS), as quais devem dedicar-se, de acordo com os seus estatutos, ao

    ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preveno do

    meio ambiente, cultura e sade. So entidades de iniciativa privada, denominadas

    paraestatais, as quais realizam um trabalho de parceria com o Estado, em face do interesse

    deste, tendo em vista a qualidade dos seus resultados possuir uma desenvoltura bem mais

    acentuada quando esto sob a responsabilidade das OS.

    Trata-se de uma iniciativa perfeita sob os pontos de vista legal, poltico e humano. A nica

    ressalva que se faz quanto fiscalizao da aplicao desses recursos e s condies que

    devem possuir as entidades candidatas sua obteno, o que, obviamente, de

    responsabilidade de quem concede, por meio dos seus rgos fiscalizadores.

    As subvenes destinadas s entidades pblicas sem fins lucrativos so representadas pelos

    recursos transferidos s autarquias e fundaes pblicas, ambas pertencentes Administrao

    Indireta, juntamente com as empresas pblicas e s sociedades de economia mista.

    Subvenes econmicas

    Compreendem as transferncias de recursos do Estado para entidades de fins lucrativos, sejam

    elas pertencentes Administrao Indireta ou iniciativa privada.

    Relativamente s transferncias efetuadas s empresas estatais dependentes, h que se

    respaldar em lei para sua ocorrncia. Nesse caso, so cabveis as contribuies, que sero

    comentadas ainda neste artigo.

  • 37

    Quanto Administrao tanto Direta quanto Indireta, foram introduzidas por meio da reforma

    administrativa implantada pelo Decreto-lei n. 20067, que prescreve:

    Art. 4 A Administrao Federal compreende:

    I - A Administrao Direta, que se constitui dos servios integrados na estrutura

    administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios.

    II - A Administrao Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades,

    dotadas de personalidade jurdica prpria;

    a) Autarquias;

    b) Empresas Pblicas;

    c) Sociedades de Economia Mista.

    1 As entidades compreendidas na Administrao Indireta consideram-se vinculadas ao

    Ministrio cuja rea de competncia estiver enquadrada sua principal atividade.

    2 Equiparam-se s Empresas Pblicas, para os efeitos desta lei, as Fundaes institudas

    em virtude de lei federal e de cujos recursos participe a Unio, quaisquer que sejam suas

    finalidades.

    O art. 5 deste mesmo Decreto-lei define:

    I Autarquia o servio autnomo criado por lei, com personalidade jurdica, patrimnio

    e receita prprios, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica que requeiram,

    para seu melhor funcionamento, gesto administrativa e financeira descentralizada.

    II - Empresa Pblica a entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado,

    com patrimnio prprio e capital exclusivo da Unio ou de suas entidades da

    Administrao Indireta criada por lei para desempenhar atividades de natureza empresarial

    que o seja levado a exercer, por motivos de convenincia ou contingncia administrativa,

    podendo tal entidade revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito (ver nova

    denominao dada pela LRF).

    Na condio de proprietrio da empresa pblica, o Estado fica indiretamente obrigado a cobrir

    qualquer dficit, principalmente o corrente, pois est diretamente vinculado com a

    manuteno do funcionamento da entidade.

    Existem determinadas atividades que so peculiares s reas privadas, porm o Estado

    obrigado a intervir e desempenh-las quando a iniciativa privada demonstra desinteresse ou

  • 38

    fique comprovado que no existe a possibilidade de sua atuao em determinados servios

    que so de natureza essencial e estratgica. No obstante essas possibilidades, a de maior

    destaque est diretamente voltada ao atendimento populao, numa acepo ampla. A

    construo de Braslia evidenciou uma dessas necessidades ao criar a Sociedade de

    Abastecimento de Braslia (SAB) para a oferta de gneros alimentcios a preos facilitados s

    pessoas que aqui se estabeleceram, pois no houve interesse da iniciativa privada, o que

    revelou a importncia social e estratgica do Estado, at mesmo em atividades tpicas da rea

    privada.

    2.9 Investimentos

    4 Classificam-se como investimentos] as dotaes para o planejamento e a

    execuo de obras, inclusive, as destinadas aquisio de imveis considerados

    necessrios realizao destas ltimas, bem como para os programas especiais de

    trabalho, aquisio de instalaes, equipamentos e material permanente e

    constituio ou aumento do capital de empresas que no sejam de carter comercial

    ou financeiro.

    Dotaes para o planejamento e a execuo de obras

    Compreendem os dispndios com o planejamento e com a obra em si, que podem incluir:

    estudos preliminares, projetos e, at mesmo, a aquisio de imvel usado, se destinado

    realizao da obra, etc. Essa classificao decorrente do aumento de bens produzidos e

    colocados disposio da populao e, por dependncia, do aumento da ao do Estado, o

    qual dever manter esses servios criados em funcionamento. A disponibilidade de bens pode

    ocorrer por meio das empresas revendedoras de bens em geral, desde que sejam novos, ou do

    prprio Estado, ao realizar uma obra ou construir outro bem qualquer. O que difere,

    basicamente, investimentos de inverses financeiras que aqueles se referem aos bens

    produzidos e estas a bens usados.

    Dos programas especiais de trabalho

    Este programa j extinto no faz parte da classificao da natureza da despesa de que trata a

    Portaria n. 163/01 STN/SOF. Assim, as despesas realizadas com estas caractersticas tm

    seguir a legislao em vigor.

  • 39

    Obras e instalaes

    Sobre obras e instalaes, a Portaria Interministerial n. 163/01 STN/SOF dispe:

    Despesas com estudos e projetos; incio, prosseguimento e concluso de obras; pagamento

    de pessoal temporrio no pertencente ao quadro da entidade e necessrio realizao das

    mesmas; pagamento de obras contratadas; instalaes que sejam incorporveis ou inerentes

    ao imvel, tais como: elevadores, aparelhagem para ar condicionado central, etc.

    O verbete instalaes faz-se acompanhar por outro, obras, e ambos formam a classificao

    denominada: obras e instalaes, que representa um dos desdobramentos da classificao da

    despesa de capital por natureza da despesa. Assim, tem-se, por exemplo: elevadores que

    representam instalaes e so incorporados obra, cuja classificao econmica deve recair

    em obras e instalaes. As instalaes so representadas pelo conjunto de aparelhos ou de

    peas que compem uma determinada utilidade.

    Equipamentos e material permanente

    So bens que normalmente trazem dificuldades no momento da classificao da despesa. Os

    equipamentos representam bens que, no conjunto, do condies para que algum possa

    desempenhar suas atividades ou executar os seus servios.

    A dificuldade em distinguir material permanente de material de consumo fez com que a Lei

    estabelecesse uma forma que se tem mostrado eficiente para realizar tal distino. Assim, se o

    bem, em condies normais de uso, durar dois anos ou mais, considerado material

    permanente; caso contrrio, sua classificao material de consumo.

    Tem-se, assim, por exemplo, equipamentos: computadores e mquinas de calcular; e material

    permanente: cadeira, mesa e armrios.

    Constituio ou aumento de capital de empresas que no sejam de carter comercial

    ou financeiro

    V-se que neste item excluram-se dos investimentos a constituio ou o aumento de capital

    de empresa comercial e financeira. A Lei, nesse aspecto, ao comparar os investimentos com

    as inverses financeiras, fez simplesmente a seguinte diferenciao: o aumento do capital de

    uma empresa que produz bens representa um investimento, isto porque h uma

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    previso do aumento da produo de bens, em razo da expanso das atividades da empresa.

    J as empresas comerciais que no produzem, e sim repassam o que produzido, e as

    financeiras, que trabalham com recursos de terceiros, intermediando recursos, representam

    uma inverso financeira.