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Página 1/162  Assembleia Nacional LEI GERAL DO TRABALHO DE ANGOLA  A Lei Geral do Trabalho de 1981, revestiu-se de características que a fixaram num contexto histórico, sócio económico e político que hoje se mostram desajustados, face aos postulados jurídico - constitucionais em vigor, sendo de destacar:  O papel interventor da organização sindical em todos os domínios do desenvolvimento da relação jurídico - laboral;  A adopção de soluções jurídico - laboral, inadequadas à realidade sócio - laboral e económica;  O excessivo pendor de lei de bases, definidora dos princípios rectores do regime jurídico-laboral, mas inaplicáveis na vivência diária das relações  jurídico - laborais por ausência de regulamentação. Considerando que a presente lei visa superar as características negativas apontadas com o objectivo de se tornar imediatamente aplicável na generalidade dos casos. Considerando que a presente lei se aplica ao trabalho prestado no âmbito das empresas públicas, mistas, privadas e cooperativas, e de organizações sociais não 'integradas na estrutura da Administração Pública. Nestes termos ao abrigo da alínea b) do artigo 88.º da lei Constitucional a  Assembleia Nacional aprova a seguinte:

Lei Geral Do Trabbalho de Angolana

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    Assembleia Nacional

    LEI GERAL DO TRABALHO DE ANGOLA

    A Lei Geral do Trabalho de 1981, revestiu-se de caractersticas que a fixaramnum contexto histrico, scio econmico e poltico que hoje se mostram desajustados,face aos postulados jurdico - constitucionais em vigor, sendo de destacar:

    O papel interventor da organizao sindical em todos os domnios dodesenvolvimento da relao jurdico - laboral;

    A adopo de solues jurdico - laboral, inadequadas realidade scio -laboral e econmica;

    O excessivo pendor de lei de bases, definidora dos princpios rectores doregime jurdico-laboral, mas inaplicveis na vivncia diria das relaesjurdico - laborais por ausncia de regulamentao.

    Considerando que a presente lei visa superar as caractersticas negativasapontadas com o objectivo de se tornar imediatamente aplicvel na generalidade doscasos.

    Considerando que a presente lei se aplica ao trabalho prestado no mbito dasempresas pblicas, mistas, privadas e cooperativas, e de organizaes sociais no'integradas na estrutura da Administrao Pblica.

    Nestes termos ao abrigo da alnea b) do artigo 88. da lei Constitucional aAssembleia Nacional aprova a seguinte:

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    LEI GERAL DO TRABALHO

    TITULO IPRINCPIOS GERAIS

    Artigo 1.(mbito de Aplicao)

    1. A Lei Geral do Trabalho aplica-se a todos os trabalhadores prestando serviosremunerados por conta dum empregador no mbito da organizao e sob aautoridade e direco deste.

    2. A Lei Geral do Trabalho aplica-se ainda:

    a) Aos aprendizes e estagirios colocados sob a autoridade dum empregador;

    b) Ao trabalhador prestado no estrangeiro por nacionais ou estrangeirosresidentes contratados no Pas ao servio de empregadores nacionais, semprejuzo das disposies mais favorveis para o trabalhador e das disposiesde ordem pblica no local de trabalho.

    3. A presente lei aplica-se supletivamente aos trabalhadores estrangeiros noresidentes.

    Artigo 2.(Excluses do mbito de Aplicao)

    Ficam excludos do mbito de aplicao desta Lei:

    a) Os funcionrios pblicos ou trabalhadores exercendo a sua actividadeprofissional na Administrao Pblica Central ou local, num instituto pblico ouqualquer outro organismo do Estado;

    b) Todos os trabalhadores com vnculo permanente ao servio dasrepresentaes diplomticas ou consulares doutros pases ou de organizaesinternacionais;

    c) Os associados das cooperativas ou organizaes no governamentais, sendorespectivo trabalho regulado pelas disposies estatutrias, ou na sua falta,pelas disposies da lei comercial;

    d) O trabalho familiar;

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    e) O trabalho ocasional

    f) A actividade das pessoais que intervm em operaes comerciais, sepessoalmente obrigadas a responder pelo resultado das operaes assumindoo respectivo risco;

    g) Os consultores e membros do rgo de administrao ou de direco deempresas ou organizaes sociais, desde que apenas realizem tarefasinerentes a tais cargos sem vnculo de subordinao titulado por contrato detrabalho.

    Artigo 3.(Direito ao Trabalho)

    1. Todos os cidados tm direito ao trabalho livremente escolhido, com igualdadede oportunidades e sem qualquer descriminao baseada na raa, cor, sexo, origemtnica, estado civil, condio social ideais religiosos ou polticas, filiao sindical oulngua.

    2. O direito ao trabalho inseparvel do dever de trabalhar, excepto para aquelesque sofram diminuio de capacidade por razes de idade, doena ou invalidez.

    3. Todos os cidados tm direito livre escolha e exerccio de profisso, semrestries, salvo as excepes previstas por lei.

    4. As condies em que o trabalho prestado devem respeitar as liberdades e adignidade do trabalhador, permitindo-lhe satisfazer normalmente as suasnecessidades e da sua famlia, proteger a sua sade e gozar condies de vidadecentes.

    Artigo 4.(Proibio do trabalho obrigatrio ou compulsivo)

    1. O trabalho obrigatrio ou compulsivo proibido.

    2. No trabalho obrigatrio ou compulsivo:

    a) O trabalho ou servio prestado em virtude das leis militares ou de servio cvicode interesse geral;

    b) O trabalho prisional em instituies penitencirias;

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    c) Os pequenos trabalhos comunais ou de aldeia, considerados obrigaescvicas normais, decididos livremente pela comunidade ou desde que os seusmembros ou representantes directos tenham sido consultados sobre asnecessidades dos mesmos trabalhos;

    d) O trabalho ou servio exigido em casos de fora maior, designadamenteguerra, inundaes, fome, epidemias, invaso de animais, insectos ouparasitas prejudiciais e de modo geral todas as circunstncias que ponham emperigo ou apresentem o risco de pr em perigo as condies normais de vidado conjunto ou duma parte da populao.

    Artigo 5.(Obrigaes do Estado relativas ao direito ao trabalho)

    1. Para garantir o direito ao trabalho, compete ao Estado, atravs de planos eprogramas de poltica econmica e social, assegurar a execuo duma poltica defomento do emprego produtivo e livremente escolhido e a criao de sistemas deassistncia material aos que se encontrem na situao de desemprego involuntrio eem situaes de impossibilidade de, com o seu trabalho, angariarem meios parasatisfao das suas necessidades e da sua famlia.

    2. Na execuo da poltica de fomente do emprego, o Estado desenvolve, nostermos de lei prpria, actividade de:

    a) Colocao;

    b) Estudos do mercado de emprego;

    c) Promoao de emprego;

    d) Informao e orientao profissional;

    e) Formao profissional;

    f) Reabilitao profissional;

    g) Proteco do mercado de emprego para o cidado nacional.

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    Artigo 6.(Direitos conexos com o direito ao Trabalho)

    1. Alm do direito ao trabalho e ao livre exerccio da profisso, constituem direitosfundamentais dos trabalhadores:

    a) A liberdade sindical e consequente direito organizao e ao exerccio daactividade sindical;

    b) O direito de negociao colectiva;

    c) O direito greve;

    d) O direito de reunio e de participao na actividade da empresa

    2. Os direitos previstos no nmero anterior so exercidos no quadro dasdisposies constitucionais e das leis que especificamente os regulamentam.

    Artigo 7.(Fontes de regulamentao do direito ao trabalho)

    1. As condies relativas prestao do trabalho so reguladas por:

    a) Lei Constitucional;

    b) Convenes internacionais do trabalho regularmente ratificadas;

    c) Leis e seus regulamentos;

    d) Convenes colectivas do trabalho;

    e) Contrato de trabalho;

    f) Usos e costumes locais, profissionais e de empresa.

    2. A aplicao das fontes mencionadas no nmero anterior segue o princpio dahierarquia dos actos normativos, mas, em caso de conflito entre as disposies devrias fontes, prevalece a soluo que, no seu conjunto e em cmputo geral no querespeita s disposies quantificveis, se mostrar mais favorvel ao trabalhador, salvose as disposies de nvel superior forem imperativas.

    3. Os usos e costumes s so aplicveis no caso de falta de normas legais ouconvencionais ou por remisso destas.

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    CAPTULO IIConstituio da Relao Jurdico-Laboral

    SECO IContrato de Trabalho

    Artigo 8.(Constituio)

    1. A relao jurdico-laboral constitui-se com a celebrao do contrato de trabalho etorna mutuamente exigveis os defeitos e os deveres do trabalhador e do empregadorque so partes no contrato.

    2. Excepcionalmente, nos casos previstos nesta lei, a relao jurdico-laboralconstituiu-se por nomeao

    Artigo 9.(Relaes de carcter especial)

    1. So relaes jurdico-laborais de carcter especial as respeitantes s seguintesmodalidades de trabalho:

    a) Trabalho domstico;

    b) Trabalho prisional em instituies penitencirias;

    c) Actividades desportiva profissional;

    d) Actividade artstica em espectculo pblico;

    e) Interveno em operaes comerciais por conta duma ou mais empresas, semassuno do risco pelo resultado das operaes;

    f) Qualquer outro trabalho que por lei seja declarado coo relao jurdico-laboralde carcter especial.

    2. A regulamentao das relaes jurdico-laborais de carcter especial respeita osdireitos fundamentais reconhecidos na Constituio e nas leis e ainda os princpiossubjacentes Lei Geral do Trabalho.

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    Artigo 10.(Sujeitos)

    So sujeitos do contrato do trabalho e da relao jurdico-laboral o trabalhador eo empregador.

    Artigo 11.(Capacidades)

    1. vlida a relao jurdico-laboral estabelecida com menores de 14 18 anosdesde que autorizados pelo representante legal ou na sua falta pelo Centro deEmprego ou instituio idnea.

    2. O contrato de trabalho celebrado sem a autorizao prevista no nmero anterior anulvel a pedido do menor ou do seu representante.

    Artigo 12.(Objecto do contrato de trabalho)

    1. O contrato de trabalho confere ao trabalhador o direito a ocupar um posto detrabalho, em conformidade com a lei e as convenes colectivas de trabalho e quedeve ser, dentro do gnero de trabalho para que foi contratado, o mais adequado ssuas aptides e preparao profissional.

    2. O contrato de trabalho obriga o trabalhador a cumprir as funes e tarefasinerentes ao posto de trabalho em que foi colocado e a observar a disciplina laboral eos demais deveres decorrentes da relao jurdico-laboral.

    3. O contrato de trabalho obriga o empregador a atribuir ao trabalhador umacategoria ocupacional e uma classificao profissional adequada s funes e tarefasinerentes ao posto de trabalho, a assegurar-lhe ocupao efectiva, apagar-lhe umsalrio segundo o seu trabalho e as disposies legais e convencionais aplicveis e acriar as condies necessrias para a obteno de maior produtividade e para apromoo humana e social do trabalhador.

    4. A actividade a que ao trabalhador se obriga pelo contrato de trabalho pode serpredominantemente intelectual ou manual.

    5. Sem prejuzo da autonomia tcnica inerente s actividades normalmenteexercidas como profisso liberal, pode o respectivo exerccio, no havendo disposiolegal em contrrio, ser objecto de contrato de trabalho.

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    6. Quando a actividade do trabalhador implicar a prtica de negcios jurdicos emnome do empregador, o contrato de trabalho envolve a concesso dos necessriospoderes de representao, salvo nos casos em que a lei exija procurao compoderes especiais.

    Artigo 13.(Forma do contrato de trabalho)

    1. A celebrao do contrato de trabalho no est sujeita forma escrita, salvo noscasos que a lei expressamente determinar o contrrio.

    2. A prova da existncia do contrato de trabalho e suas condies pode ser feitapor todos os meios admitidos por lei, presumindo-se a sua existncia entre o quepresta servio por conta de outrem e o que recebe.

    3. O trabalhador tem sempre o direito de exigir a reduo do contrato a escrito,devendo este conter, pelo menos, as seguintes menes:

    a) Nome completo e residncia habitual dos contratantes;

    b) Classificao profissional e categoria ocupacional do trabalhador;

    c) Local de trabalho;

    d) Durao semanal do trabalho normal;

    e) Montante, forma e perodo de pagamento do salrio, e meno das prestaessalariais acessrias ou complementares e das atribudas em gneros, comindicao dos respectivos valores ou bases de clculo;

    f) Data de incio da prestao do trabalho;

    g) Lugar e data da celebrao do contrato;

    h) Assinatura dos dois contratantes.

    4. Nos casos em que por lei seja exigida a reduo do contrato de trabalho aescrito, pode o Ministro que tiver a cargo a administrao do trabalho ou a entidadeem que este elevar, aprovar os respectivos modelos.

    5. O contrato do trabalho com trabalhadores estrangeiros obrigatoriamentereduzido escrito.

    6. A falta de reduo do contrato a escrito, presume-se da responsabilidade doempregador.

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    7. Em todos os casos de celebrao de contrato de trabalho cuja duraopresumida seja superior a trs meses, independente da forma adoptada, deve oempregador, at o momento da celebrao ou durante o perodo experimental, exigirdo trabalhador documento mdico atestando que possui os requisitos fsicos e desade adequados ao trabalho ou submet-lo a exame mdico para os mesmosefeitos.

    Artigo 14.(Durao do contrato de trabalho)

    1. O contrato de trabalho celebrado em regra por tempo indeterminadointegrando o trabalhador no quadro do pessoal permanente da empresa.

    2. O contrato de trabalho pode ser celebrado por tempo determinado paraexecuo duma obra ou servio determinado e obrigatoriamente reduzido a escrito,incluindo, para alm das menes a que se refere a n 3 do artigo 13, a indicaoprecisa do seu termo ou das condies a que este fica sujeito, bem como das razoesdeterminantes da contratao por tempo determinado.

    3. Na falta de forma escrita ou das menes exigidas no nmero anterior, ocontrato considera-se por tempo indeterminado, salvo nas situaes que se refere on 3 do artigo seguinte.

    4. Salvo disposio expressa em contrrio, aos trabalhadores contratados portempo determinado aplicam-se todas as disposies legais ou convencionais relativas prestao de trabalho por tempo indeterminado.

    5. So proibidos os contratos celebrados por toda a vida do trabalhador.

    Artigo 15.(Contrato de trabalho por tempo determinado)

    1. O contrato de trabalho por tempo determinado s pode ser celebrado nasseguintes situaes:

    a) Substituio de trabalhador temporariamente ausente;

    b) Acrscimo temporrio ou excepcional da actividade normal da empresaresultante de acrscimo de tarefas, excesso de encomendas, razo demercado ou razoes sazonais;

    c) Realizao de tarefas ocasionais e pontuais que no entram no quadro deactividade corrente da empresa;

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    d) Trabalho sazonal;

    e) Quando a actividade a desenvolver, por ser temporariamente limitada, noaconselha o alargamento do quadro do pessoal permanente da empresa;

    f) Execuo de trabalhos urgentes necessrios ou para organizar medidas desalvaguarda das instalaes ou dos equipamentos e outros bens da empresade forma impedir riscos para esta e para os seus trabalhadores;

    g) Lanamento de actividades novas de durao incerta, incio de laboraoreestruturao ou ampliao das actividades duma empresa ou centro detrabalho;

    h) Emprego de diminudos fsicos, idosos, candidatos a primeiro emprego edesempregado h mais de um ano ou elementos doutros grupos sociaisabrangidos por medidas legais de insero ou reinsero na vida activa;

    i) Execuo de tarefas bem determinadas, peridicas na actividade da empresa,mas de carcter descontnuo;

    j) Execuo, direco e fiscalizao de trabalhos de construo civil e obraspblicas, montagem e reparaes industriais e outros trabalhos de idnticanatureza e temporalidade;

    k) Aprendizagem e formao profissional prtica.

    2. O contrato de trabalho por tempo determinado pode ser celebrado a termo cert,isto , com fixao precisa da data de sua concluso ou do perodo por que celebrado ou no caso das alneas a), c), d), e), f), i) e j) do nmero anterior, a termoincerto, isto , ficando o seu termo condicionado desnecessidade da prestao dotrabalho por cessao dos motivos que justificaram a contratao por tempodeterminado.

    3. No obstante o disposto no n 3 do artigo anterior, dispensado a reduo docontrato a escrito nas situaes a que se referem as alneas c), d) e) e f) do n 1.

    4. nula a estipulao de termo, certo ou incerto, feita em fraude lei.

    Artigo 16.(Durao do contrato por tempo determinado)

    1. O contrato de trabalho por tempo determinado no pode exceder:

    a) Seis meses, nas situaes a que se referem as alneas d) e f) do n. 1 do artigoanterior;

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    b) 12 meses, nas situaes referidas nas alneas b), c) e e) do mesmo artigo;

    c) 36 meses, nas situaes referidas nas alneas a), g), h) j) e k) do mesmo artigo.

    2. Nas situaes a que se referem as alneas a), h) e j) do n 1 do artigo anterior,pode a Inspeco Geral do Trabalho autorizar o prolongamento da durao docontracto para alm de 36 meses, mediante requerimento fundamentado doempregador, acompanhado de declarao de concordncia do trabalhador,designadamente se:

    a) O regresso do trabalhador temporariamente ausente no tiver lugar dentrodaquele prazo;

    b) A durao dos trabalhos de construo civil e actividades equiparadas for ou setornar superior a trs anos;

    c) As medidas legais de poltica de emprego dos grupos sociais a que se refere aalnea h) do artigo anterior estiverem ainda em aplicao data de termo dos36 meses do contrato.

    3. O requerimento a que se refere o nmero anterior deve ser apresentado at 30dias antes do termo do contrato.

    4. O prolongamento da durao do contrato, a que se refere o n 2,no pode serautorizado por mais de 24 meses.

    Artigo 17.(Renovao do contacto a termo certo)

    1. Sendo o contrato a termo certo celebrado por perodo inferior aos limitesestabelecidos no n 1 do artigo anterior, podem ser realizadas renovaes sucessivasat os limites acima referidos.

    2. A renovao do contrato por perodo de durao igual ao inicialmenteestabelecido verifica-se sempre que, at duas semanas antes do seu termo, oempregador no informe por escrito o trabalhador da caducidade e este no pretendaprevalecer-se dela.

    3. A renovao do contrato por perodo diferente do inicial, s pode ser feita porescrito, assinado pelas duas partes.

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    Artigo 18.(Converso do contrato)

    1. A continuao do trabalhador ao servio aps o perodo do prazo mximoaplicvel nos termos das alneas a) e b) do n. 1 do artigo 16., no caso dos contratosa termo certo ou a sua permanncia ao servio decorridos 15 dias sobre a conclusodos trabalhos ou o regresso do substituto sem ao trabalhador ter sido dado avisoprvio, no caso dos contratos a termo incerto, converte o contrato por tempodeterminado em contrato por tempo indeterminado.

    2. O aviso prvio devido ao trabalhador contratado a termo incerto de 15, 30 ou60 dias seguidos, conforme a execuo do contrato tenha durado at um ano, de uma trs anos ou mais de trs anos.

    3. A falta de cumprimento do aviso prvio no contrato a termo incerto, no todo ouem parte, constitui o empregador na obrigao de pagar ao trabalhador umacompensao calculada nos termos do artigo 257..

    4. Ocorrendo a converso a que se refere o n. 1, a antiguidade do trabalhadorconta-se a partir do incio do contrato por tempo determinado.

    Artigo 19.(Perodo de experincia)

    1. No contrato de trabalho por tempo determinado h um perodo experimentalcorrespondente aos primeiros 60 dias de prestao do trabalho, podendo as partes,por acordo escrito, reduzi-lo ou suprimi-lo.

    2. As partes podem aumentar a durao do perodo experimental, por escrito, atquatro meses, no caso de trabalhadores altamente qualificados que efectuemtrabalhos complexos e de difcil avaliao e at seis meses no caso de trabalhadoresque efectuem trabalhos de elevada complexidade tcnica ou que tenham funes degesto e direco, para cujo exerccio seja exigida formao acadmica de nvelsuperior.

    3. No contrato de trabalho de durao determinada s h um perodo experimentalse for estabelecido por escrito, no excedendo a sua durao 15 dias ou 30 dias,conforme se trate de trabalhadores no qualificados ou de trabalhadores qualificados.

    4. O perodo de experincia destina-se apreciao da qualidade dos servios dotrabalhador e do seu rendimento, por parte do empregador e por parte do trabalhador, apreciao das condies de trabalho, de vida de remunerao, de higiene esegurana e do ambiente social da empresa.

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    5. Durante o perodo de experincia qualquer das partes pode fazer cessar ocontrato de trabalho, sem obrigao de pr-aviso, indemnizao ou apresentao dejustificao.

    6. Decorrido o perodo de experincia sem qualquer das partes fazer uso dodisposto no nmero anterior, o contrato de trabalho consolida-se contando-se aantiguidade desde o incio da prestao do trabalho.

    Artigo 20.(Nulidade do contrato de trabalho e das clusulas contratuais)

    1. nulo e de nenhum efeito o contrato celebrado numa das seguintes condies:

    a) Ser o seu objecto ou fim contrrio lei, ordem pblica ou ofensivo dos bonscostumes;

    b) Tratar-se de actividade para cujo exerccio a lei exija a posse de ttuloprofissional e o trabalhador no for detentor do mesmo ttulo;

    c) Estar o contrato legalmente sujeito a visto ou autorizao prvia ao incio daprestao do trabalho e o mesmo no tiver sido obtido.

    2. So nulas as clusulas ou estipulaes do contrato que:

    a) Contrariem normas legais imperativas;

    b) Contenham discriminaes ao trabalhador em razoes da idade, emprego,carreira profissional, salrios, durao e demais condies de trabalho, porcircunstncia da raa, cor, sexo, cidadania, origem tnica, estado civil,condio social, ideias religiosas ou polticas, filiao sindical, vnculo deparentesco com outros trabalhadores da empresa e lngua.

    3. No caso da nulidade do contrato resultar da situao referida na alnea c) do n 1deste artigo, o empregador fica constitudo na obrigao de indemnizar o trabalhadornos termos estabelecidos no artigo 265..

    Artigo 21.(Efeitos de nulidade)

    1. A nulidade de clusulas do contrato no afecta a validade deste, salvo se a parteviciada no poder ser suprimida e no for possvel sem ela realizar os fins que oscontratante se propuserem ao celebr-lo.

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    2. As clusulas nulas so substitudas pelas disposies aplicveis das fontessuperiores referidas no n. 1 do artigo 7..

    3. As clusulas que estabeleam condies ou prestaes remuneratriasespeciais, como contrapartida de prestaes estabelecidas na parte nula, mantm-sesuprimidas, no todo ou em parte, na sentena que declare a nulidade.

    4. O contrato nulo ou anulado produz efeitos como se fosse vlido enquanto semantiver em execuo.

    5. A nulidade pode ser declarada pelo tribunal a todo tempo, oficiosamente ou apedido das partes ou da Inspeco-geral do Trabalho.

    6. A anulabilidade pode ser invocada pela parte em favor de quem a lei aestabelece, dentro do prazo de seis meses contados da celebrao do contrato. 7.Cessando a causa da invalidade durante a execuo do contrato, este fica comvalidade desde o incio. Mas se o contrato for nulo, a convalidao s produz efeitosdesde cessao da causa da nulidade.

    SECO IIModalidade Especiais de Contrato de Trabalho

    Artigo 22.(Contratos de trabalho especiais)

    1. So contratos de trabalho especiais:

    a) Contrato de Grupo;

    b) Contrato de Empreitada ou tarefa;

    c) Contrato de aprendizagem e o contrato de estgio

    d) Contrato de trabalho a bordo de embarcaes de comrcio e de pesca

    e) Contrato de trabalho a bordo de aeronaves

    f) Contrato de trabalho a domiclio

    g) Contrato de trabalho de trabalhadores civis em estabelecimentos fabrismilitares

    h) Contrato de trabalho rural

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    i) Contrato de trabalho de estrangeiros no residentes

    j) Contrato de trabalho temporrio

    k) Outros contratos como tal declarados por lei.

    1. Aos contratos de trabalho especiais aplicam-se as disposies comuns desta lei,com as excepes e especialidades estabelecidas nos artigos seguintes e emlegislao especfica.

    Artigo 23.(Contrato de Grupo)

    1. Se um empregador celebrar um contrato com um grupo de trabalhadores,considerando na sua totalidade, no assume a qualidade de empregador em relaoa cada um dos seus membros, mas apenas em relao ao chefe do grupo.

    2. O chefe do grupo assume a representao dos membros deste nas relaescom a empresa, respondendo pelas obrigaes inerentes mencionadarepresentao e qualidade de empregador em relao aos membros do grupo.

    3. A empresa solidariamente responsvel pelo cumprimento dos deveres decontedo econmico que o chefe do grupo tenha para com os membros deste.

    4. Se o trabalhador, autorizado por escrito ou conforme os usos e costumes,associar um auxiliar ou ajudante realizao do seu trabalho, o empregador doprimeiro s-lo- tambm do segundo.

    Artigo 24.(Contrato de tarefa)

    1. O empreiteiro ou o proprietrio responde solidariamente com o tarefeiro pelosvalores de salrios e indemnizaes de que os trabalhadores contratados por estesejam credores, tendo esta responsabilidade como limite os valores salariais e deindemnizaes que o empreiteiro ou proprietrio pratica em relao aos seustrabalhadores de idntica classificao profissional ou caso as no possua, os valoresmnimos obrigatrios.

    2. Em igual situao de solidariedade responde pelas dvidas de contribuies queo tarefeiro contraia para a Segurana Social, ficando isento desta responsabilidadese, at o incio da tarefa, tiver obtido da Segurana Social certido de que o tarefeiroest inscrito como contribuinte e no devedor ou se, requerida a certido, com aantecedncia mnima de 15 dias, esta lhe no for passada at ao incio da tarefa.

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    3. A responsabilidade do empreiteiro ou proprietrio pela dvida do tarefeiro aostrabalhadores tem como limite o valor dos crditos que pelos trabalhadores sejamreclamados at ao quinto dia posterior ao da concluso dos trabalhos, depois decorrigidos nos termos do n 2 deste artigo se, at sete dias antes dessa tiver feitoafixar nos locais onde os trabalhos so executados ou servios fornecidos, convidando os trabalhadores a apresentarem os respectivos crditos e advertindo-osde que a sua responsabilidade no abrange os crditos no reclamados.

    4. O proprietrio no fica solidariamente responsvel pelos crditos dostrabalhadores em relao ao tarefeiro, quando a actividade contratada respeiteexclusivamente construo ou reparao que um chefe de famlia mande executarpara ou na residncia da famlia ou quando o proprietrio da obra, estabelecimento ouindstria no exera actividade idntica ou semelhante do tarefeiro.

    Artigo 25.(Contrato de aprendizagem e contrato de estgio)

    1. Os contratos de aprendizagem e de estgios devem ser celebrados por escrito,com sujeio s regras estabelecidas nos artigos 33 37 e devem ser submetidos avisto da Inspeco-geral do Trabalho.

    2. Aos contratos de aprendizagem e de estgio aplicam-se, em especial, asdisposies da seco III deste captulo e as disposies gerais sobre trabalhos demenores, se o aprendiz ou estagirio tiver menos de 18 anos.

    3. O regime dos contratos definidos neste artigo no se aplica, salvo remissoexpressa dos respectivos regimes jurdicos s situaes de aprendizagem e deformao profissional promovidas pelos servios oficiais competentes nos termos don. 2 do artigo 5..

    Artigo 26.(Contrato de trabalho a bordo de embarcaes)

    1. O Contrato de trabalho bordo deve ser celebrado por escrito e ser redigido emtermos claros, por forma a no deixar nenhuma dvida aos contratantes sobre osseus direitos e obrigaes mtuas, e deve indicar se a contratao concluda portempo indeterminado ou determinado por uma s viagem.

    2. Se o contrato celebrado por uma s viagem, deve indicar a durao previstada viagem e identificar, de forma precisa, o porto onde a viagem termina e o momentodas operaes comerciais e martimas e efectuar no porto de destino em que viagem considerada concluda.

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    3. dispensada a reduo escrito do contrato de trabalho a bordo deembarcao de pesca sempre que a durao da sada ao mar esteja prevista para at21 dias.

    4. O contrato de trabalho bordo deve indicar o servio e funes para que omarinheiro ou pescador contratado, o montante do salrio e remuneraesacessrias ou as bases do clculo do salrio ao rendimento, mesmo que seja fixadopor clculo do salrio ao rendimento, ou que seja fixado por participao no resultadoda viagem e visado pelo capito do porto competente, que pode recusar o vistoquando o contrato contenha clusulas contrrias `ordem pblica ou lei.

    5. O lugar e data do embarque do marinheiro devem ser anotadas no rol daequipagem.

    6. As condies especiais de contratao para trabalho bordo so estabelecidaspor decreto executivo do Ministro que tiver a seu cargo a Administrao do Trabalho edo Ministro dos Transportes ou do Ministro das Pescas, conforme o caso, comrespeito pelas convenes internacionais do trabalho ratificadas e pelo regulamentode inscrio Martima, e devem tratar as seguintes matrias:

    a) Regulamentao do Trabalho bordo incluindo a organizao do trabalho;

    b) Obrigao do armador no que respeita designadamente aos lugares e pocasda liquidao e do pagamento dos salrios e remuneraes acessrias e aforma de gozo ao descanso;

    c) Garantias e privilgios dos crditos aos marinheiros;

    d) Condies de alimentao e alojamento;

    e) Assistncia e indemnizaes devidas em casos de acidentes e doenasocorridos bordo;

    f) Condies eventuais de repatriamento nos casos em que a viagem termine emporto estrangeirou em porto diferente do de partida.

    7. As condies especiais de contratao devem ser postas pelo armador disposio dos marinheiros, devem ser explicadas pela autoridade martima nomomento da primeira inscrio do marinheiro no rol de equipagem e devem estarafixadas nos locais de equipagem.

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    Artigo 27.(Contrato de trabalho a bordo de aeronaves)

    O Contrato de trabalho a bordo de aeronave da aviao comercial reguladopelas disposies desta lei nos aspectos no sujeitos s normas internacionaisaplicveis aviao civil e no expressamente previstos em decreto executivoconjunto dos Ministros de Tutela do Trabalho, dos Transportes e das Comunicaes.

    Artigo 28.(Contrato de trabalho no domiclio)

    1. O Contrato celebrado por escrito complicao do disposto no n. 6 do artigo 13. visado pela Inspeco-geral do Trabalho que fica com um exemplar a fim de poderfiscalizar as necessidades regras de higiene e segurana no trabalho.

    2. O salrio fixado atravs de tarifa de rendimento que deve respeitar o dispostono n. 5 do artigo 164..

    3. equiparado ao contrato de trabalho no domiclio aquele em que o trabalhadorcompra as matrias-primas e fornece os produtos acabados ao vendedor daquelas,por certo preo, sempre que o trabalhador deva considerar-se na dependnciaeconmica do comprador do produto acabado.

    4. Todo o empregador que ocupe trabalhadores no domiclio deve colocar disposio destes um documento de controlo da actividade laboral que realizem, comindicao do nome do trabalhador, natureza do trabalho a realizar, quantidades dematrias-primas entregues, tarifas acordadas para determinao do salrio,recebimento dos arguidos produzidos e datas de entrega e de recebimento.

    Artigo 29.(Contrato de trabalho em estabelecimentos militares)

    O contrato de trabalho celebrado por trabalhadores civis em estabelecimentosmilitares fica sujeito a esta lei, sem prejuzo do que estabeleam as leis militares e oregime disciplinar aplicvel nesses estabelecimentos.

    Artigo 30.(Contrato de trabalho rural)

    1. O contrato de trabalho rural por tempo determinado no carece de ser reduzidoa escrito, sendo as situaes em que lcita a sua celebrao reguladas segundo os

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    usos da regio, salvo nos casos em que o trabalhador seja deslocado, por ter a suaresidncia habitual em regio diversa daquela onde se situa o centro de trabalho.

    2. A durao do trabalho rural no pode exceder a 44 horas semanais, calculadasem termos mdios em relao durao do contrato, se inferior a um ano, ou emtermos mdios anuais, em caso contrrio. Em funo das necessidades das culturas,actividades e condies climatricas, o perodo de trabalho normal pode ser varivel,desde que no exceda as 10 horas dirias e as 54 horas semanais.

    3. O horrio de trabalho fica sujeito, com as necessrias adaptaes, ao dispostono nmero 2 do artigo 117.

    4. As frias anuais so gozadas em data a fixar por acordo, mas sempre dentrodos perodos em que o horrio de trabalho, dentro da variabilidade referida no nmero2 deste artigo, no exceda 44 horas semanais.

    5. A pedido do trabalhador, o salrio pode ser pago, at ao limite de 50% do seuvalor, em bens produzidos ou gneros alimentcios de primeira necessidade, comaplicao do disposto nos artigos 173. e 175..

    6. O regime do contrato de trabalho rural pode ser alargado por decretoregulamentar aos trabalhadores doutras actividades, estreitamente ligadas agricultura, silvicultura e pecuria, ou pesca, desde que o exerccio de taisactividades esteja dependente das condies climticas ou seja de natureza sazonal.

    Artigo 31.(Contrato de trabalho de estrangeiros no residentes)

    O Contrato de trabalho dos estrangeiros no residentes regulado por esta lei,nos aspectos no contemplados por lei especial ou em acordos bilaterais.

    Artigo 32.(Contrato de trabalho temporrio)

    1. Contrato de trabalho temporrio o celebrado entre um empregador cujaactividade consiste na cedncia temporria da utilizao de trabalhadores a terceiros,designado empresa de trabalho temporrio e um trabalhador, pelo qual este seobriga, mediante retribuio paga pelo seu empregador, a prestar temporariamente asua actividade profissional a um terceiros, designado por utilizador.

    2. A actividade de cedncia temporria de trabalhadores s pode ser exercida porquem detenha autorizao prvia do Ministro que tiver a seu cargo a administrao dotrabalho a conceder nos termos a regulamentar.

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    SECO IIIContrato de Aprendizagem e Contrato de Estgio Profissional

    Artigo 33.(Contedo)

    1. O contrato de aprendizagem e o contrato de estgio, definidos no artigo 25,devem conter, em especial:

    a) Nome, idade, morada e actividade do empregador, ou denominao social,tratando-se de pessoa colectiva.

    b) Nome, idade, morada e habilitaes escolares ou tcnicas do aprendiz ouestagirio e o nome e morada do responsvel pelo menor, tratando-se deaprendiz.

    c) Profisso para que feita aprendizagem ou estgio

    d) Condies de remunerao e no caso dos aprendizes, de alimentao

    e) alojamento, se ficar a vier com o empregador e. Data e durao do contrato e olocal onde a aprendizagem ou estgio realizada

    f) Autorizao do responsvel pelo menor.

    1. Cpias do contrato de aprendizagem ou do contrato de estgio so enviadas,nos cinco dias seguintes celebrao, Inspeco-geral do Trabalho e ao Centro deEmprego.

    Artigo 34.(Restries)

    1. O empregador individual e o arteso s podem receber aprendizes se tiveremmais de 25 anos de idade.

    2. O empregador ou arteso solteiro, vivo, divorciado ou separado no podereceber aprendizes menores do sexo oposto, com alojamento.

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    Artigo 35.(Direitos e deveres especiais)

    1. Ao aprendiz e ao estagirio no devem ser exigidos trabalhos e serviosestranhos profisso para que a aprendizagem ministrada, nem servios queexijam grande esforo fsico ou que de alguma forma sejam susceptveis de prejudicara sua sade e o seu desenvolvimento fsico e mental.

    2. O empregador deve tratar o aprendiz ou estagirio como chefe de famlia eassegurar-lhe as melhores condies de aprendizagem e, se for o caso, dealimentao e alojamento.

    3. Se o aprendiz no tiver concluda a escolaridade obrigatria ou se se encontrarmatriculado num curso tcnico-profissional ou profissional, o empregador devefacilitar-lhe o tempo e facilidades necessrias para a frequncia dos cursosrespectivos.

    4. O empregador deve ensinar de forma progressiva e completa a profisso queconstitui objecto de contrato e no final deste deve entregar uma declaraocertificando a concluso da aprendizagem ou estgio e mencionando se o aprendizou estagirio se encontra apto para o exerccio da profisso.

    5. O aprendiz ou o estagirio deve obedincia e respeito ao empregador e devededicar toda a sua capacidade aprendizagem.

    6. O empregador pode dispor e comercializar os artigos produzidos pelo aprendizou estagirio durante a aprendizagem.

    7. Nas relaes do empregador com o aprendiz ou estagirio so aplicveis, emtudo o que no seja incompatvel com os nmeros anteriores, as disposies dosartigos 43., 45. e 46..

    8. Cpia de declarao a que se refere o n 4 remetida ao Centro de Emprego,dentro dos cinco dias seguintes sua entrega.

    Artigo 36.(Remuneraes)

    1. A remunerao do aprendiz tem como limite mnimo 30%, 50% e 75% daremunerao devida ao trabalhador da respectiva profisso, respectivamente nos 1.,2. e 3. anos de aprendizagem.

    2. A remunerao mnima do estagirio e, nas mesmas situaes, de 60%, 75% e90%.

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    Artigo 37.(Cessao do contrato)

    1. O contrato de aprendizagem e o contrato de estgio, pode cessar livremente poriniciativa de qualquer das partes, durante os primeiros seis meses da sua durao elivremente por iniciativa do estagirio ou aprendiz, depois de decorrido aquele prazo.

    2. Decorridos os primeiros seis meses de estgio ou aprendizagem, o empregadors pode fazer cessar o contrato antes do seu termo em caso de infraco grave aosdeveres estabelecidos no n 5 do artigo 35 comunicando-o por escrito ao aprendiz ouestagirio, Inspeco Geral do Trabalho e ao Centro do Emprego.

    3. No caso do aprendiz ou o estagirio vir a ser admitido no quadro de pessoal doempregador logo que concluda a aprendizagem ou estgio, o tempo da respectivadurao conta-se para efeitos de antiguidade.

    CAPTULO IIIContedo da Relao Jurdico-Laboral

    SECO IPoderes, Direitos e Deveres das Partes

    Artigo 38.(Poderes do empregador)

    1. So poderes do empregador:

    a) Dirigir a actividade da empresa e organizar a utilizao dos factores deproduo incluindo os recursos humanos, por forma a realizar os objectivos daempresa, aproveitar com eficincia a capacidade produtiva instalada, asseguraro aumento progressivo da produo e da produtividade, o desenvolvimentoeconmico da empresa e desenvolvimento econmico e social do Pas.

    b) Organizar o trabalho de acordo com o nvel de desenvolvimento alcanado, porforma a obter elevados nveis de eficcia e rendimento da capacidadeprodutiva da empresa e de aproveitamento das qualificaes tcnicas eprofissionais e das aptides dos trabalhadores, tendo em conta ascaractersticas do processo tecnolgico.

    c) Definir e atribuir as tarefas aos trabalhadores, de acordo e normas necessrias organizao e disciplina do trabalho.

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    d) Elaborar regulamentos internos e outras instrues e normas necessrias organizao e disciplina do trabalho.

    e) Fazer variar as condies de trabalho e as tarefas dos trabalhadores porrazes tcnicas, organizativas ou produtivas.

    f) Assegurar a disciplina no trabalho.

    g) Exercer o poder disciplinar sobre os trabalhadores.

    1. Os poderes do empregador so exercidos directamente por ele, pela direco epelo responsvel dos vrios sectores da empresa, dentro da delegao decompetncia a que aquele proceda.

    Artigo 39.(Organizao do trabalho)

    O poder de organizao do trabalho inclui o direito de estabelecer o perodo defuncionamento dos vrios sectores da empresa e de estabelecer os horrios detrabalho dos trabalhadores, para permitir o cumprimento dos objectivos da empresa esatisfazer as necessidades tecnolgicas, dentro dos condicionalismos estabelecidospor lei.

    Artigo 40.(Regulamento interno)

    O regulamento interno e demais instrues obedecem s normas estabelecidasna Seco III deste captulo.

    Artigo 41.(Alterao das condies de trabalho)

    1. A alterao das condies de trabalho e das tarefas dos trabalhadores respeitaos seguintes princpios:

    a) Incidncia sobre a durao do trabalho, horrio do trabalho, sistema deremunerao, tarefas dos trabalhadores e local de trabalho.

    b) Sujeio aos limites e regras estabelecidas por lei.

    2. A alterao de tarefas dos trabalhadores e do local de trabalho so reguladasrespectivamente pelos artigos 76. a 84..

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    3. Da alterao de tarefas, local e de mais condies de trabalho, no pode resultaruma alterao permanente e substancial da situao jurdico-laboral do trabalhador,salvo no sentido da sua evoluo profissional ou nos casos e condiesexpressamente regulados.

    Artigo 42.(Disciplina do trabalho)

    1. No que respeita disciplina do trabalho pode o empregador, em especial:

    a) Adoptar as medidas consideradas necessrias de vigilncia e controlo paraverificar o cumprimento das obrigaes e deveres laborais, assegurando nasua adopo e aplicao a considerao devida dignidade dos trabalhadorese tendo em ateno a capacidade efectiva de trabalho dos diminudos fsicos.

    b) Verificar, se o pretender, o estado de doena e de acidente ou outros motivosapresentados para justificao das ausncias do servio.

    1. A disciplina no trabalho respeita s disposies da Seco II deste captulo.

    Artigo 43.(Deveres do empregador)

    So deveres do empregador:

    a) Tratar e respeitar o trabalhador como seu colaborador e contribuir para aelevao do seu nvel material e cultural e para a sua Promoo humana esocial.

    b) Contribuir para o aumento do nvel de produtividade, proporcionando boascondies de trabalho e organizando-o de forma racional.

    c) Pagar pontualmente ao trabalhador o salrio justo e adequado ao trabalhorealizado, praticando regimes salariais que atendam complexidade do postode trabalho, ao nvel da qualificao, conhecimento e capacidade dotrabalhador da forma que como se insere na organizao do trabalho e aosresultados no trabalho desenvolvido.

    d) Favorecer boas relaes de trabalho dentro da empresa, atender na media dopossvel aos interesses e preferncias dos trabalhadores quando daorganizao do trabalho e contribuir para a criao e manuteno de condiesde paz social.

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    e) Recolher e considerar as crticas, sugestes e propostas dos trabalhadoresrelativas organizao do trabalho e mant-lo informado das decisestomadas em todos os assuntos que directamente lhes respeitem ou de quepossam resultar alteraes nas condies de prestao do trabalho.

    f) Proporcionar aos trabalhadores meios de formao e aperfeioamentoprofissional, designadamente elaborando planos de formao profissional eadoptando as medidas necessrias sua execuo.

    g) Tomar as medidas adequadas de higiene e segurana no trabalho, cumprirrigorosamente e velar pelo cumprimento das normas legais e das directivas dasentidades competentes sobre higiene e segurana sobre o cumprimento dasnormas e regras de higiene e segurana no trabalho e sobre medicina notrabalho e instruir constantemente sobre higiene e segurana no trabalho.

    h) Assegurar a consulta dos rgos de representao dos trabalhadores em todasas matrias em que a lei estabelece a obrigao de serem informados eouvidos e facilitar, nos termos legais, os exerccios de funes sindicais e derepresentao dos trabalhadores.

    i) No celebrar nem aderir a acordos com outros empregadores no sentido dereciprocamente limitarem a admisso de trabalhadores que a eles tenhaprestados servios e no contratar, sob forma de responsabilidade civil,trabalhadores ainda pertencentes ao quadro de pessoal doutro empregador,quando dessa contratao possa regular concorrncia desleal.

    j) Cumprir todas as demais obrigaes legais relacionadas com a organizao eprestao do trabalho.

    Artigo 44.(Formao e aperfeioamento profissional)

    1. A formao profissional destina-se de forma sistemtica a dar aos trabalhadoresformao geral terica e prtica com vista obteno duma qualificao, capacitaopara o exerccio das funes inerentes ao posto de trabalho ou aos de outros sectoresde produo e servios e elevao do seu nvel tcnico profissional.

    2. O aperfeioamento profissional ou formao profissional prtica destina-se apermitir a adaptao permanente dos trabalhadores s mudanas das tcnicas e dascondies de trabalho e a favorecer a qualificao profissional.

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    Artigo 45.(Direitos do trabalhador)

    1. Alm dos direitos fundamentais previsto no artigo 6 e outros estabelecidosnesta lei, nas convenes colectivas de trabalho e no contrato individual de trabalho,ao trabalhador so assegurados os seguintes direitos:

    a) Ser tratado com considerao e com respeito pela sua integridade e dignidade.

    b) Ter ocupao efectiva e condies para o aumento da produtividade dotrabalho.

    c) Ser-lhe garantida estabilidade do emprego e do trabalho e a exercer funesadequadas s suas aptides e preparao profissional dentro do gnero dotrabalho para que foi contratado.

    d) Gozar efectivamente os descansos dirios, semanais e anuais garantidos porlei e no prestar trabalhado extraordinrio fora das condies em que a leitorne legtima a exigncia da sua prestao.

    e) Receber um salrio justo e adequado ao seu trabalho, a ser pago comregularidade e pontualidade, no podendo ser reduzido, salvo nos casosexcepcionais previsto por lei.

    f) Ser abrangido na execuo dos planos de formao profissional, para melhoriado desempenho e acesso promoo e para evoluo na carreira profissional.

    g) Ter boas condies de higiene e segurana no trabalho, a integridade fsica e aser protegido no caso de acidente de trabalho e doenas profissionais.

    h) No realizar, durante o perodo normal de trabalho, reunies de ndolepartidria no centro de trabalho.

    i) Exercer individualmente o direito de reclamao e recurso no que respeita scondies de trabalho e violao dos seus direitos.

    j) Ser abrangido a adquirir bens ou utilizar servios fornecidos pelo empregadorou por pessoa por este indicado.

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    Artigo 46.(Deveres do trabalhador)

    So deveres do trabalhador:

    a) Prestar o trabalho com diligncia e zelo na forma, tempo e local estabelecido,aproveitando plenamente o tempo de trabalho e capacidade produtiva econtribuindo para a melhoria da produtividade.

    b) Cumprir e executar as ordens e instrues dos responsveis, relativas execuo, disciplina e segurana no trabalho, salvo se contrrio aos seus

    c) direitos garantidos por lei.

    d) Comparecer ao trabalho com assiduidade e pontualidade e avisar oempregador em caso de impossibilidade de comparncia, justificando osmotivos da ausncia, sempre que solicitado.

    e) Respeitar e tratar com respeito e lealdade o empregador, os responsveis oscompanheiros do trabalho e as pessoas que estejam ou entrem em contactocom a empresa e prestar auxlio em caso de acidente ou perigo no local detrabalho.

    f) Utilizar de forma adequada os instrumentos e materiais fornecidos peloempregador para a realizao do trabalho, incluindo os equipamentos deproteco individual e colectiva e proteger os bens da empresa e os resultadosda produo contra danos, destruio, perdas e desvios.

    g) Cumprir rigorosamente as regras e instrues de segurana e higiene notrabalho e de preveno de incndios e contribuir par a evitar riscos quepossam pr em perigo a sua segurana, dos companheiros, de terceiros e doempregador, as instalaes e materiais da empresa.

    h) Guarda sigilo profissional, no divulgando informaes sobre a organizao,mtodos e tcnicas de produo, negcios do empregador, guardar lealdade,no negociando ou trabalhando por conta prpria ou por conta alheia emconcorrncia com a empresa.

    i) Cumprir as demais obrigaes impostas por lei ou conveno colectiva detrabalho, ou estabelecidas pelo empregador dentro dos seus poderes dedireco e organizao.

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    Artigo 47.(Restries liberdade de trabalho)

    1. lcita a clusula do contrato de trabalho pela qual se limita a actividade dotrabalhador por um perodo de tempo que no pode ser superior a trs anos a contarda cessao do trabalho nos casos em que ocorram em conjunto a seguintescondies:

    a) Constar tal clusula do contrato do trabalho escrito ou de adicional ao mesmo.

    b) Tratar-se de actividade cujo exerccio possa causar prejuzo efectivo aoempregador a ser caracterizado como concorrncia desleal.

    c) Ser atribudo ao trabalhador um salrio, durante o perodo de limitao deactividade, cujo valor constar do contrato ou adicional, em cuja fixao seatender ao facto do empregador ter realizado despesas significativas com aformao profissional do trabalhador.

    2. A limitao da actividade a que se refere a nmero anterior s vlido dentrodum raio de 100km contados do local onde se encontra o centro de trabalho em que otrabalhador exercia a sua actividade.

    3. tambm lcita, desde que reduzida escrito, a clusula pela qual umtrabalhador beneficiando de formao ou aperfeioamento profissional de elevadonvel, com os custos suportados pela empregador, se obriga a permanece ao serviodo mesmo empregador durante um certo perodo a contar do termo de formao ouaperfeioamento, desde que este perodo no ultrapasse os trs anos.

    4. No caso do nmero anterior, o trabalhador pode desobrigar-se da permannciaao servio, restituindo ao empregador o valor das despesas feias, em proporo dotempo que ainda falta para o termo do perodo acordado.

    5. O empregador que admita um trabalhador dentro do perodo de limitao daactividade ou da permanncia na empresa, solidariamente responsvel pelosprejuzos causados por aquele ou pela importncia por ele no restituda.

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    SECO IIDisciplina Laboral

    Artigo 48.(Poder disciplinar)

    1. O empregador tem poder disciplinar sobre os trabalhadores ao seu servio eexerce-o em relao s infraces disciplinares por estes cometidos.

    2. O poder disciplinar exercido directamente pelo empregador ou pelosresponsveis da empresa, mediante delegao de competncia expressa.

    Artigo 49.(Medidas disciplinares)

    1. Pelas infraces disciplinares praticadas pelos trabalhadores, pode oempregador aplicar as seguintes medidas disciplinares:

    a) Admoestao simples

    b) Admoestao registada

    c) Despromoo temporria de categoria, com diminuio do salrio

    d) Transferncia temporria do centro de trabalho, com despromoo ediminuio do salrio e. Despedimento imediato

    2. A despromoo temporria de categoria com diminuio do salrio pode serfixada entre 15 dias e trs meses.

    3. A transferncia temporria de centro de trabalho com baixa de categoria ediminuio do salrio pode, conforme a gravidade da infraco, ser graduada entreum e trs meses ou entre trs e seis meses.

    4. No sendo possvel na empresa ou centro de trabalho e em virtude daorganizao do trabalho a aplicao da medida da alnea c) do n 1, pode oempregador substitu-la pela medida de reduo de 20% do salrio, pelo tempo dedurao fixada para a medida, no sendo, no entanto, possvel o procedimento desalrio inferior ao mnimo legal em vigor para a respectiva categoria profissional.

    5. No sendo possvel a transferncia de centro de transferncia, a medida daalnea d) do n. 1 substituda por despromoo com diminuio de salrio, no mesmocentro de trabalho, com elevao dos limites ao dobre dos previstos no n 3.

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    6. Se simultaneamente com a inexistncia doutro posto de trabalho onde otrabalhador possa ser disciplinarmente transferido ocorrer a situao prevista no n 4deste artigo, a media disciplinar, com os limites estabelecidos no nmero anterior,pode ser substituda por reduo de 20% no salrio durante o perodo em que sejafixada, com respeito pela garantia consagrada na parte final do mesmo n 4.

    7. Os valores do salrios no pagos ao trabalhador em virtude da reduo que sereferem os ns. 4 e 6 deste artigo, so depositados pelo empregador na conta daSegurana Social, com a meno Medidas Disciplinares e o nome do trabalhador,devendo incidir tambm sobre esse valores as contribuies do trabalhador e doempregador para a Segurana Social.

    Artigo 50.(Procedimento disciplinar)

    1. A aplicao de qualquer medida disciplinar, salvo a admoestao simples e

    a) admoestao registada, nula se no for procedido de audincia prvia dotrabalhador, segundo o procedimento estabelecido nos nmeros e artigosseguintes:

    2. Quando o empregador considere dever aplicar uma medida disciplinar, deveconvocar o trabalhador para uma entrevista, incluindo na convocatria:

    a) descrio detalhada dos factos de que o trabalhador acusado.

    b) Dia, hora e local da entrevista, que deve ter lugar antes de decorridos 10 diasteis sobre a data de entrega da carta.

    c) Informao de que o trabalhador pode fazer-se acompanhar, na entrevista, poruma pessoa da sua confiana, pertencente ou no ao quadro do pessoal daempresa ou ao sindicato em que esteja filiado.

    1. A convocatria pode ser entregue ao trabalhador contra recibo na cpia napresena de duas testemunhas ou com envio por correio registado.

    Artigo 51.(Entrevista)

    1. No decorrer da entrevista, em que o empregador se pode fazer assistir por umapessoa pertencente empresa ou organizao patronal em que se encontreinscrito, o empregador ou seu representante expe as razoes da medida disciplinar

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    que pretende aplicar e ouve as explicaes e justificativas apresentadas pelotrabalhador, bem como os argumentos apresentados pela pessoa que o assiste.

    2. A entrevista deve ser reduzida escrito.

    3. Se o trabalhador faltar entrevista mas a pessoa por ele escolhida comparecer,em funo da justificao por este apresentada, pode a entrevista ser adiada paradentro de cinco dias teis, ficando o trabalhador notificado na pessoa do seurepresentante.

    4. Se no comparecer nem o trabalhador nem o seu representante e aquele nojustificar a ausncia dentro dos trs dias teis seguintes, pode o empregador findoeste prazo, decidir de imediato a medida disciplinar a aplicar.

    Artigo 52.(Aplicao da medida disciplinar)

    1. A medida disciplinar no pode ser validamente decidida antes de decorridos trsdias teis ou depois de decorridos 30 dias sobre a data em que a entrevista serealize.

    2. A medida aplicada comunicada por escrito ao trabalhador nos cinco diasseguintes deciso por qualquer dos meios referidos no n. 3 do artigo 50., devendoa comunicao mencionar os factos imputados ao trabalhador e consequnciasdesses factos, o resultado da entrevista e a deciso final de punio.

    3. Sendo o trabalhador representante sindical ou membro do rgo derepresentao dos trabalhadores, enviada, no mesmo prazo, cpia da comunicaofeita ao trabalhador, ao sindicato ou ao rgo de representao.

    Artigo 53.(Graduao da medida disciplinar)

    1. Na determinao da medida disciplinar devem ser consideradas e ponderadastodas as circunstncias em que a infraco foi cometida, atendendo-se a suagravidade e consequncias, ao grau de culpa do trabalhador, aos seus antecedentesdisciplinares e a todas as circunstncias que agravem ou atenuem a suaresponsabilidade.

    2. No pode ser aplicada mais de uma medida disciplinar por uma mesmainfraco ou pelo conjunto de infraces cometidas at deciso.

    3. A medida disciplinar de despedimento s pode ser aplicada nos termos e com osfundamentos previstos nos artigos 225. e seguintes.

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    Artigo 54.(Ponderao prvia medida disciplinar)

    O prazo referido no n. 1 do artigo 52. da presente lei destina-se a uma reflexodo empregador ou seu representante sobre os factos que considera constitureminfraco disciplinar e sobre a defesa do trabalhador arguido, apresentada nos termosdo n. 1 do artigo 51., para enquadrar correctamente os factos, a defesa, osantecedentes disciplinares e as circunstncias que rodearam os factos e que sejamatendveis na determinao da medida disciplinar.

    Artigo 55.(Suspenso preventiva do trabalhador)

    1. Com a convocatria para a entrevista, pode o empregador suspenderpreventivamente o trabalhador, se a sua presena no local de trabalho se mostrarinconveniente, sem prejuzo do pagamento pontual do salrio.

    2. Se o trabalhador for representante sindical ou membro do rgo derepresentao dos trabalhadores, a suspenso comunicada ao rgo a qualpertence e no pode ter como consequncia impedir o acesso do trabalhador aoslocais e actividades que se compreendam no exerccio normal das funes derepresentao.

    Artigo 56.(Execuo da medida disciplinar)

    1. A medida disciplinar aplicada pelo empregador comea a ser executada a partirda sua comunicao ao trabalhador, a no ser que a execuo imediata apresenteinconvenientes srios para a organizao do trabalho, caso em que a execuo podeser adiada por no mais de dois meses.

    4. O disposto na parte final do nmero anterior no aplicvel medida disciplinarde despedimento que deve ser comunicada de imediato.

    Artigo 57.(Registo e publicidade das medidas disciplinares)

    4. Com excepo da admoestao simples, as medidas disciplinares aplicadas sosempre registadas no processo individual do trabalhador, sendo atendidas nadeterminao dos antecedentes disciplinares todas as que tenham sido aplicadas hmenos de cinco dias.

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    5. Com a mesma excepo, as medidas disciplinares podem ser objecto depublicao dentro da empresa ou centro de trabalho.

    Artigo 58.(Direito de reclamao e de recurso)

    3. Da medida disciplinar pode o trabalhador recorrer, se entender que no praticouos fatos de que acusado, quando a medida aplicada excessiva para os factospraticados ou para o grau de culpabilidade, ou que a medida disciplinar nula ouabusiva.

    4. Ao recurso aplica-se o disposto na alnea c) dos n. 1 e 2 do artigo 63. e nosartigos 307. e seguintes.

    Artigo 59.(Exerccio abusivo do poder disciplinar)

    2. Considerem-se abusivas as medidas disciplinares aplicadas pelo facto de umtrabalhador:

    a) Ter reclamado legitimamente no uso do direito que lhe confere a alnea h) doartigo 45., contra as condies de trabalho e a violao dos seus direitos.

    b) Recusar a cumprir ordens a que no deva obedincia, nos termos da alnea doartigo 46..

    c) Exercer ou ser candidato ao exerccio de funes de representao sindical ouno rgo de representao dos trabalhadores ou outras funes destasresultantes.

    d) Exercer, ter exercido ou pretender exercer outros direitos reconhecidos por lei.

    2. At prova em contrrio, presumem-se abusivos o despedimento ou a aplicaode qualquer outra medida disciplinar, quando tenha lugar at seis meses apsqualquer dos factos referidos nas alneas a), b) e d) do nmero anterior, ou at doisanos aps o termo das funes a que se refere a alnea c), ou aps a candidatura aessas funes, quando as no venha a exercer, se data dos mesmos factos otrabalhador j mantinha a relao jurdico-laboral com o empregador.

    3. Compete ao empregador iludir a presuno estabelecida ao nmero anterior.

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    Artigo 60.(Consequncia do exerccio abusivo do poder disciplinar)

    1. Nas situaes a que se refere as alienas a), b) e d) do n 1 do artigo anterior, seno for elidida a presuno da medida disciplinar aplicada ser abusiva, o empregador condenado:

    a) Se a medida for a da alnea c) do n 1 do artigo 49, em indemnizaocorrespondente a cinco vezes o valor do salrio que o trabalhador deixou dereceber nos termos dos ns. 2, 3 e 4 do mesmo artigo.

    b) Se a medida disciplinar for a da alnea d) da mesma disposio, emindemnizao calculada nos mesmo termos, acrescida da indemnizao peloexcesso de despesas ocasionado pela transferncia de centro de trabalho.

    c) Se a medida disciplinar tiver sido a de despedimento imediato, emindemnizao calculada nos termos do artigo 266 acrescida dos salrios quedeixou de receber at data da sentena.

    2. Nas situaes a que se refere a alnea c) do n. 1 do artigo anterior, aindemnizao por diminuio do salrio, a que se referem as alneas a) e b) donmero anterior aumentada para o dobro.

    3. Tratando-se de despedimento imediato, nas situaes da alnea c) do n. 1 doartigo anterior, o trabalhador tem o direito de optar entre a reintegrao imediata, como pagamento dos salrios que deixou de receber at reintegrao ou a serindemnizado nos termos da alnea c) do n. 1 deste artigo.

    Artigo 61.(Responsabilidade material ou papel concorrente com a

    responsabilidade disciplinar)

    O exerccio do poder disciplinar no prejudica o direito do empregadorsimultaneamente exigir do trabalhador indemnizao pelos prejuzos sofridos emvirtude do seu compartimento culposo ou de promover aco penal, atravs deapresentao de queixa, se o comportamento for tipificado como crime pela lei penal.

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    Artigo 62.(Responsabilidade material)

    1. A responsabilidade material do trabalhador por danos ou destruio deinstalaes, mquinas, equipamentos, ferramentas ou outros meios de trabalho ou deproduo, ou por quaisquer outros danos materiais causados empresadesignadamente por violao do dever estabelecido na alnea g) do artigo 46obedece s seguintes regras:

    a) Se os danos causados voluntariamente, o trabalhador responde por eles epelos prejuzos emergentes, na sua totalidade.

    b) Se os danos forem causados voluntariamente por vrios trabalhadores, a suaresponsabilidade solidria, podendo o empregador reclamar a totalidade dodano de qualquer deles ou de todos, em regime de proporcionalidade e ficandoo trabalhador condenado na indemnizao pela totalidade do dano com direitode regresso sobre os seus co-responsveis.

    c) Se os danos so causados involuntariamente, ou se resultarem de perda ouextravio de ferramentas, equipamentos ou utenslios de trabalho confiados aotrabalhador, para seu uso exclusivo ou da perda ou extravio de dinheiro, bensou valores por que seja responsvel em virtude das funes exercidas, otrabalhador responde apenas pelo prejuzo directo e no pelo prejuzoemergente.

    d) No caso da alnea c), a responsabilidade do trabalhador fica limitada aomontante do salrio mensal, salvo nas seguintes situaes, em que aresponsabilidade pelo prejuzo directo exigvel na totalidade: d1. Se se tratarda perda ou extravio de ferramentas, equipamentos ou utenslios ou dedinheiro, bens ou valores. d2. Se os danos forem causados em estado dedrogado ou de embriaguez. d3. Se em caso de acidente de trnsito, esteresultar de excesso de velocidade, manobras perigosas ou de maneira geral,de culpa grave do condutor.

    e) Sendo o dano involuntrio causado por vrios trabalhadores no hresponsabilidade solidria, respondendo cada um na proporo da sua culpa,modo e extenso da participao e presumindo-se iguais aos graus de culpade todos os trabalhadores participantes na produo do dano.

    2. A responsabilidade material exigida em aco civil de indemnizao, intentadano tribunal competente ou em pedido civil deduzido na aco penal, no caso de tersido instaurado procedimento criminal.

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    3. Os acordos eventualmente celebradas entre o empregador e o trabalhador sobreo montante da indemnizao por este devida ou sobre as modalidades de reparaodos danos causados, para serem vlidos, tm de ser reduzidos a escrito e submetidosa visto prvio da Inspeco Geral do Trabalho.

    Artigo 63.(Prazo de prescrio e caducidade)

    1. Sob pena de caducidade do procedimento e nulidade da medida disciplinaraplicada ou de prescrio da infraco disciplinar, o exerccio do poder disciplinar estsujeito aos seguintes prazos:

    a) O procedimento disciplinar, iniciado com o envio da convocatria a que serefere o artigo 50., s pode ter lugar dentro de 30 dias seguintes aoconhecimento da infraco e do seu responsvel.

    b) A infraco disciplinar prescreve decorrido um ano sobre a sua prtica.

    c) Recurso contra as medidas disciplinares tem de ser apresentado dentro dos 30dias seguintes notificao das mesmas medidas.

    d) A queixa-crime deve ser feita nos prazos estabelecidos na lei de processopenal.

    e) A aco de indemnizao civil deve ser intentada dentro dos trs mesesseguintes ao conhecimento da infraco e dos seus responsveis, salvo sededuzida na aco penal.

    2. Exceptua-se do disposto na alnea c) do nmero anterior o recurso contra amedia de despedimento imediato, ao qual se aplicam os prazos dos artigos 300. e301..

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    SECO IIIRegulamentos

    Artigo 64.(Regulamento Interno)

    Com vista organizao do trabalho e disciplina laboral, podem osempregadores elaborar regulamentos internos, directivas, instrues, ordem deservio e normas de trabalho em que so definidas normas de organizao tcnica dotrabalho, prestao do trabalho e disciplina laboral, delegao de competncias,definio das tarefas dos trabalhadores, segurana e higiene no trabalho, indicadoresde rendimento do trabalho, sistema de remunerao, horas de funcionamento dosvrios sectores da empresa ou centro de trabalho, controle de entradas e sadas e decirculao na empresa, vigilncia e controlo da produo e outras matrias que norespeitem directamente ao contedo da relao jurdico-laboral.

    Artigo 65.(Consulta)

    1. O regulamento interno depois de elaborado pelo empregador, com respeitopelas disposies legais ou convenes aplicveis, apresentado ao rgo derepresentao dos trabalhadores, que sobre ele se pronunciam por escrito, no prazode 15 dias sempre que trate de matria referida no n. 1 do artigo seguinte.

    2. Para esclarecimento, dentro do prazo referido do nmero anterior, pode o rgode representao dos trabalhadores pedir ao empregador a realizao da reunio que de imediato marcada.

    Artigo 66.(Aprovao da Inspeco Geral do Trabalho)

    1. Sempre que o regulamento interno ou restantes modalidades de normasprevistas no artigo 64. tratem de prestao e disciplina, dos sistemas deremunerao, de rendimento do trabalho ou de segurana e higiene no trabalho,carece de aprovao da Inspeco Geral do Trabalho, que deve ser requerida at 30dias antes da entrada do regulamento em vigor.

    2. O pedido de aprovao acompanhado de cpia do parecer do rgo derepresentao dos trabalhadores ou caso este se no tenha pronunciado em tempotil, de cpia do pedido de parecer.

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    3. A falta de comunicao do despacho de aprovao, ou no aprovao dentro doprazo de 30 dias contados da apresentao do pedido, entende-se como aprovaodo regulamento.

    Artigo 67.(Publicao)

    1. Aprovado o regulamento, ou decorrido o prazo de 30 dias sem que tenha sidorecebida qualquer comunicao, o regulamento que trate das matrias referidas no n1 do artigo anterior publicada ou afixado no centro de trabalho, em local frequentadopelos trabalhadores, a fim de tomarem conhecimento do seu contedo.

    2. O regulamento que trate de matrias que no exigem a sua aprovao pelaInspeco Geral do Trabalho est sujeita s formas de publicidade a que se refere onmero anterior.

    3. O regulamento s pode entrar em vigor depois de decorridos sete diascontados da publicao na empresa.

    Artigo 68.(Eficcia)

    O regulamento e demais normas em vigor na empresa, a que se refere o artigo64., vincula o empregador e os trabalhadores, sendo para estes de cumprimentoobrigatrio, nos termos da alnea h) do artigo 46..

    Artigo 69.(Nulidade e regime sucedneo)

    So nulas as disposies do regulamento que tratem de matrias estranhas sindicadas no artigo 64 e so substitudas pelas disposies da lei ou d convenocolectiva as que se no mostrem conforme com estas.

    Artigo 70.Regulamentos obrigatrios

    Por conveno colectiva de trabalho obrigatria a elaborao de regulamentosinternos sobre todas ou algumas matrias referidas no artigo 64, nos casos deempresa ou centro de trabalho com mais de 100 trabalhadores.

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    CAPTULO IVModificao da Relao Jurdico-Laboral

    SECO IMudana do empregador

    Artigo 71.(Situaes abrangidas)

    1. A modificao na situao jurdica do empregador e a mudana de titularidadeda empresa ou centro de trabalho no extinguem a relao jurdico-laboral e noconstitui justa causa de despedimento.

    2. Entende-se por mudana na situao jurdica a sucesso, fuso, transformao,ciso ou outra alterao jurdica sofrida pela empresa.

    3. Entende-se por mudana na titularidade o trespasse, cesso de arrendamentoou qualquer outro facto ou acto que envolva transmisso da explorao da empresacentro de trabalho ou parte deste, por negcio jurdico celebrado entre o anterior e onovo titular.

    4. Se a mudana na titularidade ou na transmisso da explorao da empresa,centro de trabalho ou parte deste resultar de deciso judicial, aplica-se o disposto non 1 deste artigo, sendo mantido o exerccio da actividade anterior e a deciso judicialo determinar de forma expressa.

    Artigo 72.(Estabilidade da relao jurdico-laboral)

    1. O novo empregador desde que mantenha a actividade prosseguida antes damudana assume a posio do anterior empregador nos contratos de trabalho e ficasub-rogado nos direitos e obrigaes daquele, resultantes das relaes jurdico-laborais, mesmo que renhiam cessado antes da mudana do empregador.

    2. Os trabalhadores mantm a antiguidade e os direitos ao servio do anteriorempregador.

    3. O disposto no n. 1 deste artigo no se aplica se os trabalhadores continuaremao servio do primeiro empregador noutro centro de trabalho, nos termos disposto noartigo 83..

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    4. Nos 30 dias seguintes mudana de empregador, os trabalhadores podemdespedir-se, tendo direito indemnizao por despedimento indirecto se provaremque da mudana podem resultar prejuzos para a relao jurdico-laboral.

    Artigo 73.(Co-responsabilidade dos empregadores)

    1. A sub-rogao nas obrigaes do anterior empregador fica limitada scontradas nos 12 meses anteriores mudana, desde que at 30 dias antes dessase efectuar, o novo empregador avise os trabalhadores de que devem reclamar osseus crditos at ao segundo dia anterior data prevista para a mudana.

    2. O aviso a que se refere o nmero anterior deve ser feito mediante informaoaos trabalhadores, afixada nos locais habitualmente frequentados por ele suaempresa ou centro de trabalho ou mediante comunicao ao rgo representativo dostrabalhadores, da data em que esta ocorre, da necessidade de serem reclamados oscrditos e da data em que termina a reclamao.

    3. Pelos crditos no reclamados e pelos vencidos em momento anterior aoreferido no n. 1 deste artigo, continua responsvel solidariamente com o novo pelasobrigaes contradas por este para com os trabalhadores nos 12 meses posteriores transmisso.

    Artigo 74.(Obrigao do novo empregador)

    O novo empregador fica obrigado a manter as condies de trabalho a que porconveno colectiva ou prtica interna estava obrigado o anterior, sem prejuzo dasalteraes permitidas nos termos desta lei.

    Artigo 75.(Comunicao Inspeco Geral do Trabalho)

    Nos cinco dias seguintes mudana, o novo empregador obrigado acomunic-la Inspeco Geral do Trabalho, com indicao da sua causa e do destinodos trabalhadores, tendo em conta o disposto no n 2 do artigo 72.

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    SECO IITransferncia para Funes Diferentes ou para Novo Posto de Trabalho

    Artigo 76.(Modificao temporria de funes por razoes

    respeitantes ao empregador)

    1. Em circunstncias de carcter excepcional em que seja necessrio evitar aparalisao da produo ou outros prejuzos graves para a empresa, ou noutrassituaes atendveis, pode o empregador transferir temporariamente o trabalhador doposto de trabalho ou encarreg-lo de servios prprios de diferentes qualificaoprofissional e categoria ocupacional, desde que da transferncia no resultemodificao substancial da situao jurdico-laboral do trabalhador.

    2. Se ao posto de trabalho ocupado temporariamente corresponder salrio maiselevado ou tramito mais favorvel, o trabalhador tem direito a esse salrio etratamento.

    3. Se a transferncia temporria durar mais de 10 meses num ano ou 15 meses emdois anos, o trabalhador tem direito a ser colocado definitivamente no novo posto detrabalho ou nas novas funes, salvo se se tratar de substituio dum trabalhadortemporariamente impedido.

    4. Se o posto de trabalho ocupado temporariamente corresponder menor salrio, otrabalhador continua a receber o salrio anterior, se for pago ao tempo ou o salriomdio dos ltimos seis meses, se for pago por rendimento, mantendo-os restantesdireitos respeitantes ao anterior posto de trabalho.

    5. Logo que cessem as razoes da transferncia e com a excepo prevista no n.3, o trabalhador regressa ao anterior posto de trabalho.

    Artigo 77.(Modificao temporria de funes por

    razes respeitantes ao trabalhador)

    1. A transferncia temporria para posto de trabalho ou funes de salrios maisbaixo tambm pode ocorrer a pedido do trabalhador por razoes srias a esterespeitantes, por razoes de doenas ou no cumprimento das medidas disciplinaresprevistas nas alneas c) e d) do n. 1 do artigo 49..

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    2. No caso da transferncia ser feita a pedido do trabalhador por razoes de doena,passa a receber o salrio correspondente ao novo posto de trabalho ou funo, pelotempo de transferncia, mas esta s pode ser autorizada pelo empregador depois deobtida a aprovao da Inspeco Geral do Trabalho, a quem requerida com junoda declarao mdica ao abrigo do disposto no n. 4 do artigo 95..

    3. Se a transferncia temporria resultar do cumprimento da medida disciplinar,aplica-se o disposto nos n.. 2 a 7 do artigo 49..

    Artigo 78.(Modificao de funes com carcter definitivo)

    1. O trabalhador apenas pode ser colocado definitivamente em posto de trabalhode salrio inferior numa das seguintes situaes:

    a) No caso de extino do posto de trabalho que ocupava.

    b) Por diminuio da capacidade fsica ou psquica, necessria ao desempenhodas tarefas inerentes ao seu posto do trabalho, seja por acidente ou outracausa.

    c) A seu pedido, justificado por razes ponderosas.

    2. No caso das alneas a) e b) do nmero anterior, a mudana do posto de trabalhotem de ser aceita pelo trabalhador, aplicando-se em relao a alnea a) o disposto naalnea b) n. 1 do artigo 83..

    3. No caso da alnea c), a transferncia s pode ser feita nos termos previstos non. 2 do artigo anterior.

    4. Na situao a que se refere a alnea b) deste artigo, o trabalhador continua areceber nos primeiros trs meses subsequentes transferncia o salriocorrespondente ao posto de trabalho anterior e a partir do 4 ms o salriocorrespondente ao novo posto.

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    Artigo 79.(Permuta de posto de trabalho)

    1. Sempre que dois trabalhadores de comum acordo e autorizados peloempregador trocarem de posto de trabalho, a permuta feita por escrito, assinadapelos trabalhadores e pelo empregador.

    2. Os trabalhadores passam a receber o salrio correspondente ao posto detrabalho que passam a ocupar e a cumprir as condies de trabalho que lhesrespeitem.

    SECO III(Mudana de Centro ou Local de Trabalho)

    Artigo 80.(Local de trabalho)

    1. Se a actividade profissional do trabalhador exercida predominantemente noexterior das instalaes da empresa, quer por trabalhar em centros de trabalhomveis ou itinerantes, quer por se tratar de actividade externa e varivel quanto aolocal da respectiva prestao, considera-se local de trabalho o centro de trabalho deque se encontra administrativamente dependente para receber instrues quanto aoservio a realizar e para prestar conta da actividade desenvolvida.

    2. O trabalhador tem direito a estabilidade no local de trabalho, sendo-lhe apenasexigvel a alterao temporria ou definitiva do local de prestao do trabalho nassituaes previstas no nmero e nos artigos seguintes.

    Artigo 81.(Mudana temporria de Local de trabalho)

    1. Por razoes tcnicas e organizativas, de produo ou outras circunstncias que ojustifiquem, o empregador pode transferir temporariamente o trabalhador para local detrabalho fora do centro de trabalho, num perodo no superior a um ano.

    2. O trabalhador temporariamente transferido tem direito ao reembolso dasdespesas de deslocao, salvo se a empresa assegurar o transporte.

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    3. Se o novo local de trabalho se situar distncia que no permita tomar asrefeies nas condies habituais, tem ainda direito ao pagamento das que devamser tomadas entre o incio e o termo do trabalho dirio.

    4. Se o novo local de trabalho se situar em local que pela sua distncia impea oregresso dirio residncia, o empregador suporta tambm as despesas dealojamento.

    5. Se pela distncia que se encontra o novo local de trabalho, o trabalhador nopode gozar o descanso semanal na sua residncia, tem direito por cada trs mesesde transferncia a quatro dias de licena para gozar na residncia acrescido do tempode durao das viagens, os quais so considerados tempo de trabalho, sendo asviagens de ida e regresso suportadas pelo empregador.

    6. Quando o trabalhador se oponha transferncia temporria, invocando justacausa, a recusa apresentada Inspeco Geral do Trabalho, sem prejuzo dotrabalhador cumprir a ordem de transferncia.

    7. A Inspeco Geral do Trabalho, ponderadas as razes invocadas pelotrabalhador e pelo empregador, decide no prazo de 10 dias, dado cumprimentoimediato sua deciso, se for no sentido do trabalhador regressar ao sem centro detrabalho.

    Artigo 82.(Mudana de local de trabalho por razoes disciplinares)

    O trabalhador pode ser transferido temporariamente do centro de trabalho emcumprimento de medida disciplinar que tenha sido aplicada nos termos do n 3 doartigo 49.

    Artigo 83.(Transferncia definitiva de local de trabalho)

    1. O empregador pode transferir o trabalhador do local de trabalho, em carcterdefinitivo, nas seguintes condies:

    a) Mudana total ou parcial do centro de trabalho para outro local.

    b) Extino do posto de trabalho, havendo noutro centro de trabalho postoadequado qualificao profissional e aptides do trabalhador.

    c) Do n. 3 do artigo 72..

    d) Por razoes tcnicas e organizativas ou de produo.

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    2. Na situao referida na alnea a) do nmero anterior, se o trabalhador noaceitar a transferncia, pode despedir-se, tendo direito indemnizao pordespedimento indirecto, salvo se o empregador demonstrar que da no transfernciaresultam prejuzos srios.

    3. Na situao da alnea b) do n. 1, se o trabalhador no aceitar a transferncia eno houver lugar aplicao do regime dos n.. 2 e 4 do artigo 78., aplica-se odisposto nos artigos 230. e seguintes.

    4. Na situao da alnea c) do n. 1, se o trabalhador no aceitar a transfernciaaplica-se o disposto nos artigos 72. a 74..

    5. Na situao da alnea d) do n. 1, o trabalhador, se no aceitar a transferncia,tem sempre direito indemnizao por despedimento indirecto.

    Artigo 84.(Direitos do trabalhador em caso de transferncia definitiva)

    Ao trabalhador transferido definitivamente, nas condies previstas no artigoanterior, so-lhe sempre assegurados os seguintes direitos:

    a) Ser compensado do excesso de despesas directamente resultantes datransferncia.

    b) Ser compensado do excesso de despesas a que a mudana de lugar obrigar,tanto prprias como dos familiares a seu cargo, nos termos acordados pelasduas partes ou, na falta de acordo, nos termos estabelecidos pelo tribunal.

    c) A uma licena remunerada de duas semanas, para tratar da mudana deresidncia e de outros problemas familiares, resultantes da transferncia, nocaso da alnea anterior.

    d) A que os seus familiares que consigo vivam em comunho de mesa ehabitao e que trabalham para o mesmo empregador, sejam tambmtransferidos, se o desejarem.

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    CAPTULO VCondies de Prestao do Trabalho

    SECO ISegurana e Higiene no Trabalho

    Artigo 85.(Obrigaes gerais do empregador)

    1. Alm dos deveres estabelecidos nesta lei, designadamente na alnea g) doartigo 43., so obrigaes gerais do empregador, no que respeita segurana ehigiene no trabalho:

    a) Tomar as medidas teis necessrias que sejam adaptadas s condies daorganizao da empresa ou centro de trabalho, para que este seja realizadoem ambiente e condies que permitam o normal desenvolvimento fsico,mental e social dos trabalhadores e que protejam contra os acidentes detrabalho e doenas profissionais.

    b) Segurar todos os trabalhadores, aprendizes e estagirios contra o risco deacidente de trabalho e doenas profissionais.

    c) Organizar e dar formao prtica apropriada em matria de segurana ehigiene no trabalho a todos os trabalhadores que contrate, que mudem deposto de trabalho, ou de tcnica e processo de trabalho que usem novassubstncias cuja manipulao envolva riscos ou que regressem ao trabalhoaps uma ausncia superior seis meses.

    d) Cuidar que nenhum trabalhador seja exposto aco de condies ou agentesfsicos, qumicos, biolgicos, ambientais ou de qualquer outra natureza ou apesos, sem ser avisado dos prejuzos que possam causar sade e dos meiosde os evitar.

    e) Fornecer aos trabalhadores roupas, calados e equipamento de protecoindividual, quando seja necessrio para prevenir, na medida em que sejarazovel, os riscos de acidentes ou de efeitos prejudiciais para a sade,impedindo o acesso ao posto de trabalho dos trabalhadores que se apresentemsem o equipamento de proteco individual.

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    f) Tomar a devida nota das queixas e sugestes apresentadas pelostrabalhadores acerca do ambiente e condies de trabalho e a adoptar asmedidas convenientes.

    g) Colaborar com as autoridades sanitrias para a erradicao de epidemias esituaes endmicas locais.

    h) Aplicar medidas disciplinares adequadas aos trabalhadores que violemculposamente e de forma indesculpvel as regras e instrues sobre asegurana e higiene no trabalho.

    i) Cumprir todas as demais disposies legais sobre segurana, higiene e sadeno trabalho que lhe sejam aplicveis, bem como as determinaes legtimas daInspeco Geral do Trabalho e demais autoridades competentes.

    2. O empregador que no cumpra o disposto na alnea b) do nmero anterior ouque tenha deixado de cumprir as obrigaes impostas pelo contrato de seguro almdas sanes a que fica sujeito, fica directamente responsvel pela consequncia dosacidentes e doenas verificadas.

    3. O organismo de segurana social incumbido da proteco em caso de acidentesde trabalho e doenas profissionais deve prestar aos trabalhadores em relao aosquais o empregador no cumpra o disposto na alnea b) do n 1 deste artigo aproteco prevista por lei, ficando neste caso o empregador obrigado a reembols-lopela importncia fixada pelo mesmo organismo, sem prejuzo da responsabilidadereferida no nmero anterior.

    Artigo 86.(Colaborao entre empregadores)

    Quando mais de uma empresa exera simultaneamente a sua actividade nummesmo local de trabalho, devem todos os empregadores colaborar na aplicao dasregras de segurana e higiene previstas nesta seco e na legislao aplicvel, semprejuzo da responsabilidade de cada um deles em relao sade e segurana dosseus prprios trabalhadores.

    Artigo 87.(Obrigaes dos trabalhadores)

    Alm dos deveres estabelecidos nesta lei, designadamente na alnea f) do artigo46., os trabalhadores so obrigados a utilizar correctamente os dispositivos eequipamentos de segurana e higiene no trabalho, a no os retirar nem os modificarsem autorizao do empregador.

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    Artigo 88.(Responsabilidade criminal)

    Sem prejuzo da responsabilidade civil estabelecida no n 2 do artigo 85, oempregador responde criminalmente pelos acidentes de trabalho ou doenasprofissionais que, por grave negligncia de sua parte, sofram os trabalhadores,mesmo protegidos pelo seguro a que se refere a alnea b) do n 1 do mesmo artigo.

    Artigo 89.(Obrigaes imediatas do empregador)

    Em caso de acidentes de trabalho ou doenas profissionais, o empregador obrigado a:

    a) Prestar ao trabalhador sinistrado ou doente os primeiros socorros e fornecer-lhe transporte adequado at o centro mdico ou unidade hospitalar onde possaser tratado.

    b) Participar s entidades competentes o acidente ou doena, desde queprovoque impossibilidade para o trabalho, no prazo e segundo o procedimentoprevisto na legislao prpria.

    c) Providenciar a investigao das causas do acidente ou da doena, paraadoptar as medidas preventivas apropriadas.

    Artigo 90.(Outras obrigaes do empregador)

    Alm dos deveres estabelecidos nesta lei, designadamente na alnea g) doartigo 43., o empregador obrigado a:

    1. Instalar aos centros de trabalho condies e instalaes sanitrias apropriadas efornecimento de gua potvel, cumprindo o que a este respeito seja estabelecido naregulamentao aplicvel.

    2. Assegurar que as substncias perigosas sejam armazenadas em condies desegurana e que nas instalaes do centro de trabalho se no acumule lixo, resduose desperdcios.

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    3. Assegurar que nos centros de trabalho onde no haja posto de sade, haja umamala de primeiros socorros, com o equipamento exigido no regulamento aplicvel.

    4. Impedir a introduo ou distribuio de bebidas alcolicas e de drogas nos locaisonde o trabalho executado.

    Artigo 91.(Competncia da Inspeco Geral do Trabalho)

    A fiscalizao do cumprimento das disposies legais regulamentares sobresegurana e higiene no trabalho compete Inspeco Geral do Trabalho, que sepode fazer assistir ou assegurar por peritos mdicos dos servios oficiais de sade oupor especialistas doutras reas, com vista ao apuramento das condies desegurana, higiene e sade de maior complexidade.

    Artigo 92.(Vistoria das instalaes)

    Os centros de trabalho de construo nova, ou em que se faam modificaesou se instalem novos equipamentos, no podem ser utilizadas antes de vistoriadaspela Inspeco Geral do Trabalho e demais servios mencionadas naregulamentao prpria.

    Artigo 93.(Comisso de preveno de acidentes de trabalho)

    1. Nos centros de trabalho onde exeram actividades industriais ou de transporte,com um volume de trabalhadores no inferior ao mnimo fixado em legislao prpriaou que preencham outros requisitos na mesma previstos, constituda uma comissode preveno de acidentes de trabalho, de composio paritria, destinada a apoiar oempregador e responsveis, os trabalhadores, a Inspeco Geral do Trabalho eoutras autoridades competncia nestas reas, na aplicao e desenvolvimento dasnormas sobre ambiente, segurana e higiene e na vigilncia da sua aplicao.

    2. A sua composio, atribuies e funcionamento so reguladas em legislaoprpria.

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    SECO IIMedicina no Trabalho

    Artigo 94.(Posto de sade e postos farmacuticos)

    1. Com base no apoio a ser prestado por parte dos servios sanitrias oficiais e deacordo com o tipo de riscos a que esto sujeitos os trabalhadores, as possibilidadesde assistncia mdica pblica e a capacidade econmica do empregador, pode esteser obrigado, por despacho conjunto dos Ministros que tiverem a seu cargo, aadministrao do trabalho, da sade sectorial, a instalar um posto de sade oufarmacutico, destinado aos seus trabalhadores.

    2. O posto de sade, quer se trate de posto mdico ou de enfermagem, deve serinstalado no centro de trabalho ou na sua proximidade e destina-se a:

    a) Assegurar a proteco dos trabalhadores contra todos os riscos para a sadeque possam resultar do seu trabalho ou das condies em que este efectuado.

    b) Contribuir para a adaptao dos postos de trabalho, das tcnicas e dos ritmosde trabalho fisiologia humana.

    c) Contribuir para o estabelecimento e para a manuteno no mais elevado graupossvel do bem-estar fsico e mental dos trabalhadores.

    d) Contribuir para a educao sanitria dos trabalhadores e para a adopo depadres de comportamento, conforme as normas e regras de higiene notrabalho.

    3. A organizao, funcionamento e meios de aco dos postos de sade sofixados por decreto complementar que igualmente define o apoio que lhes deve serassegurado pelos servios sanitrios oficiais.

    Artigo 95.(Servios mdicos)

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    1. Os exames mdicos dos trabalhadores so efectuados pelos servios de sade,sem prejuzo dos exames e cuidados especiais exigidos pelas caractersticas decertos tipos de trabalho, previstos na regulamentao aplicvel.

    2. Os trabalhadores ocupados em trabalhos insalubres ou perigosos ou namanipulao, fabrico, embalagem ou expedio de produtos alimentares paraconsumo humano devem ser submetidos periodicamente exame mdico.

    3. Os exames mdicos so feitos sem encargos para os trabalhadores.

    4. Quando por razoes mdicas, seja desaconselhado a permanncia dumtrabalhador num posto de trabalho, a empresa deve procurar transferi-lo para umposto compatvel com o seu estado de sade, sendo aplicvel o n. 2 do artigo 77..

    5. Os exames mdicos, a que se referem este artigo e outras disposies da lei,podem ser efectuados pelo servio mdico do empregador, mediante a autorizaodos servios oficiais.

    CAPTULO VIDurao e Organizao Temporal do Trabalho

    SECO IPerodo Normal de Trabalho

    Artigo 96.(Durao)

    1. Com as excepes previstas na lei, o perodo normal de trabalho no podeexceder os seguintes limites:

    a) 44 horas semanais.

    b) 8 horas dirias.

    2. O perodo normal de trabalho semanal pode ser alargado at 54 horas, noscasos em que o empregador adopte os regimes de horrio de turnos ou de horriomodulado ou varivel, em que esteja em execuo um horrio de recuperao ou emque o trabalho seja intermitente ou de simples presena.

    3. O perodo normal de trabalho dirio pode ser alargado:

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    a) At 9 horas dirias nos casos em que o trabalho seja intermitente ou desimples presena, em que o empregador concentre o perodo normal detrabalho semanal em cinco dias consecutivos.

    b) At 10 horas dirias nos casos em que o trabalho seja intermitente ou desimples presena, em que o empregador adopte os regimes de horriomodulado ou varivel, ou que esteja em execuo um horrio de recuperao.

    4. Os limites mximos dos perodos normais de t