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Sedimentos da Bacia sedimentar do Paraná recobrem a oeste totalmente
as litologias do Escudo Catarinense, enquanto que junto ao litoral, a leste se
encontram sobrepostos por sedimentos fluviais e marinhos quaternários (ZANINI).
Os primeiros sedimentos estão representados por depósitos de origem
glácio-marinha profundos transgressivos, constituídos por folhetos pretos e espesso
pacote turbidítico, da formação Rio do Sul do Grupo Itararé (ZANINI).
As coberturas quaternárias são caracterizadas por aluviões atuais e
terraços subatuais, presentes nos principais cursos d’água, bem como depósitos de
talus, nas encostas, e praias ao longo da faixa litorânea, em cotas que não
ultrapassam os 50m de altitude (ZANINI).
2.5.2 Geologia Local
Na área urbana da cidade de Camboriú, a geologia local é representada
pelo Complexo Metamórfico de Brusque.
Os metamórficos do Complexo Brusque localmente são constituídos de
rochas filíticas de coloração avermelhada-marrom quando intemperizadas,
extremamente friáveis, com pontuações estiradas esbranquiçadas ao longo dos
planos de xistosidade, provável feldspatos. Outras litologias podem eventualmente
ocorrer em outras porções geográficas do município (ZANINI).
2.5.3 Subpaisagem
Através da análise realizada por (CIRAM, 1999), a ocorrência das
subpaisagens, suas características, comportamento e distribuição na área em
estudo se relacionam diretamente com os fatores formadores dos solos (material de
origem, clima, relevo, tempo e organismos), além de alguns fatores modificadores
locais selecionados e utilizados para a análise fisiográfica (declividade,
profundidade efetiva, pedregosidade, suscetibilidade à erosão, fertilidade e
drenagem). A partir de então, foi feita a sua classificação para um melhor
conhecimento da geologia do território municipal de Camboriú (Figura 06).
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Figura 06 – Mapa de Fisiografia Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano (2011)
2.5.3.1 Encostas Erosionais
Conforme dados do (CIRAM, 1999), as paisagens Colinas Erosionais-
Coluviais localizam-se nas áreas de maiores declividades das colinas e montanhas,
representando a maior porção em termos de área da bacia do Rio Camboriú.
Visualmente podem ser observados nesta subpaisagem afloramentos de
rocha e cicatrizes de desbarrancamentos nas áreas desmatadas, em função do
mau uso dado ao solo. São áreas tipicamente erosionais (perda de material),
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apresentando rampas curtas e íngremes com declividades entre 30% e 50%, em
relevo montanhoso.
As fortes declividades conferem à subpaisagem muito forte suscetibilidade
à erosão, o que praticamente inviabiliza essas áreas para uso intensivo. Convém
salientar que algumas áreas ocupadas preferencialmente com campo e em contato
direto com a subpaisagem Fundo de Vale Aluvial Coluvial se apresentam com
declividades mais amenas, porém, não mudando o comportamento e a forma que
caracteriza a subpaisagem como um todo (CIRAM, 1999).
Os solos são representados por Podzólicos Vermelho Amarelos e inclusões
de Cambissolos, sendo ambos, solos minerais. Como os materiais que originam os
solos são pobres em bases, os solos desenvolvidos a partir destes possuem baixa
fertilidade natural, alta acidez e baixa soma de bases, tendo apenas o potássio com
índices médios (CIRAM, 1999).
A ação dos processos erosivos e a proximidade da rocha matriz à
superfície condicionaram a pouca profundidade na maioria dos solos e presença
constante de afloramento de rochas e pedregosidade abundante nas áreas de
maiores declividades.
Face às fortes limitações com declividade, profundidade, suscetibilidade à
erosão e, principalmente, pedregosidade, estas terras foram enquadradas como
impróprias para uso com culturas anuais, aptidão com restrições para fruticultura e
aptidão regular para pastagem e reflorestamento.
De acordo com (CIRAM, 1999), o uso atual dessas terras se restringe,
basicamente, a florestas nativas, capoeirões e pastagens, porém, algumas
pequenas áreas se encontram sob cultivo de culturas anuais. Essas pequenas
áreas se encontram em conflito de uso. A metodologia recomenda a preservação
permanente de toda a subpaisagem e o florestamento das áreas ocupadas com
culturas anuais como forma de minimizar os problemas oriundos do mau uso do
solo. O manejo adequado do solo e a adoção de práticas conservacionistas devem
ser adotados como forma de minimizar os efeitos da erosão nos locais utilizados
com culturas anuais. Recomenda-se a substituição das áreas ocupadas com
culturas anuais por uso menos intensivo, dando ênfase ao florestamento e
reflorestamento.
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2.5.3.2 Encostas Erosional-Coluviais
Definido por (CIRAM, 1999), os processos erosivos (perdas) e coluviais
(acúmulo) que se processaram na área, é que determinaram a feição atual desta
subpaisagem. Localizada logo abaixo das Encostas Erosionais, sua forma é
bastante peculiar e ordenada face às intensas modificações ocorridas no decorrer
da formação do relevo atual. As diferentes declividades, a alternância de áreas
erosionais e coluviais associadas aos comprimentos de rampa variáveis
determinaram a forma e o comportamento desta subpaisagem.
Uma sucessão de formas convexas-côncavas denota claramente o
comportamento erosional-coluvial, que propiciou a formação de pequenos
patamares coluviais, normalmente, localizados nos terços médios das encostas e
áreas deposicionais em contato direto com o Fundo dos Vales. Esses patamares
foram enriquecidos por material importado das áreas suprajacentes, por força da
erosão pluvial, principalmente, propiciando a formação de um manto de material
espesso e, por conseguinte, solos mais profundos e com maiores possibilidades de
utilização do ponto de vista agrícola. As declividades são variáveis (20 a 35%) e as
rampas variam de curtas a longas. Convém salientar que o sentido das pendentes
não é uniforme, variando de área para área, em função da declividade, estruturação
da rocha matriz e sentido das drenagens. Este é um aspecto importante a ser
considerado quando do planejamento das propriedades, tendo-se cuidados
especiais quanto às recomendações de uso e práticas conservacionistas a serem
adotadas, uma vez que os comportamentos dessas áreas são distintos entre si
(CIRAM, 1999).
Tanto nas áreas erosionais como nas áreas coluviais, os solos dominantes
são representados por Podzólicos Vermelho Amarelos e Cambissolos. Nas áreas
erosionais, face à remoção constante de material por força da erosão, apresentam-
se solos mais rasos ocorrendo pedregosidade superficial, abundante em alguns
locais, principalmente nas áreas desmatadas, uma vez que esta prática propicia
perdas consideráveis de solo por erosão. A maior estabilidade do relevo presente
nas áreas coluviais, ocupadas pelos patamares naturais, possibilitou a deposição
de material coluvial oriundo das áreas erosionais, dando formação a perfis de solos
mais desenvolvidos e, conseqüentemente, mais profundos que nas áreas
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erosionais. Pedregosidade superficial pode ser encontrada nessas áreas, porém,
não interferindo no uso do solo.
Do ponto de vista químico, a maioria dos solos são álicos, apresentando
saturação com alumínio maiores que 50%. A aptidão de uso nesta subpaisagem é
variável, tendo o relevo e a pedregosidade como maiores fatores de limitações. Os
usos preferenciais observados nessa subpaisagem foram com pastagem e
capoeiras, seguidos por reflorestamentos. Pastagem e reflorestamento nesta classe
indicam uso sem restrições.
Os conflitos de uso nessa subpaisagem ficam por conta das áreas
utilizadas com culturas anuais. A remoção parcial do horizonte A, observada a
campo, evidencia mau uso do solo e perdas por erosão. A reposição da matéria
orgânica deve se constituir em prática imprescindível, por meio da incorporação de
esterco animal e restos vegetais. É necessária a escolha correta da cobertura
vegetal a ser utilizada nas áreas ocupadas com pastagens, dando prioridade
àquelas que produzam palhada abundante (CIRAM, 1999).
2.5.3.3 Encostas Coluvial-Erosionais
São de localização restrita às áreas compreendidas entre o final das
Encostas Erosionais e/ou Erosionais Coluviais e o início dos Fundos de Vale
formado pelos principais rios da Bacia do Rio Camboriú e seus afluentes, conforme
estabelecido por (CIRAM,1999).
Possuem larguras variáveis, forma irregular, com topografia regular, suave
ondulada (declividade entre 2 e 8%), formadas através da deposição gradual de
material de solos e fragmentos menores desprendidos por força da erosão pluvial e
erosão laminar, e encostas arrastadas abaixo por incidência da gravidade (CIRAM,
1999).
A fina estratificação que caracteriza essa subpaisagem inclui algumas
linhas de pedra e cascalhos e pode ocorrer presença de horizonte A enterrado em
função das deposições sucessivas de material em diferentes épocas.
Do ponto de vista pedológico, essas áreas não apresentam padrão
homogêneo de solos, pois o relevo, a intensidade e tipo de material depositado em
diferentes épocas variaram freqüentemente de local para local, ocasionando a
presença de solos diversos e com diferentes classes texturais.
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Os solos presentes na subpaisagem são representados por Podzólicos
Vermelho-Amarelos, Cambissolos e Solos Glei, estes ocupando as áreas mais
depressivas da subpaisagem em locais de drenagem imperfeita. A ocorrência
desses solos está intimamente relacionada à posição que ocupam no relevo.
Os Cambissolos se localizam nas áreas mais próximas ao fundo dos vales
e os Podzólicos se localizam ao final das pendentes das Encostas Erosionais e/ou
Erosionais e Coluviais, portanto, em altitudes maiores.
Os solos possuem limitações quanto à fertilidade natural (álicos e
distróficos). Os Podzólicos e Cambissolos são solos profundos e bem drenados,
exibindo cores vermelhas nos horizontes subsuperficiais. Os Cambissolos, quando
de localização muito próxima à várzea dos rios, podem apresentar problemas de
drenagem em profundidade (abaixo de 1,20m), porém, não interferindo no uso com
culturas anuais. Culturas perenes não adaptadas às condições de presença de
água nessas profundidades podem ser afetadas.
O uso da terra dominante na subpaisagem é com pastagem. As
recomendações ficam por conta do plantio direto, calagem, adubações orgânicas e
minerais e cobertura permanente do solo. O uso de motomecanização nas áreas
ocupadas com os Podzólicos pode causar compactação de camadas internas do
solo em função da presença de horizonte B textural. Apesar de economicamente
dispendiosa, a subsolagem pode ser necessária nessas áreas (CIRAM, 1999).
2.5.3.4 Fundos de Vale Coluvial-Erosionais
Resumem-se a áreas de menores declividades da Paisagem Colinas
Erosionais Coluviais em rochas graníticas das formações geológicas Valsungana e
Complexo Metamórfico de Brusque e se localizam abaixo das cabeceiras dos rios
principais da Bacia do Rio Camboriú (CIRAM, 1999).
Possuem larguras variáveis, em função do maior ou menor poder erosivo
do rio que lhe deu formação. Sob o ponto de vista fisiográfico comportam-se como
áreas coluviais-erosionais. O processo predominante e que lhes deu formação é
coluvial. As enchentes que ocorrem na região não são suficientes para que haja
uma sedimentação aluvial expressiva, uma vez que as águas dos rios voltam
rapidamente aos leitos naturais assim que cessam as chuvas. Os solos são
representados por Cambissolos em sua maioria, porém, em alguns locais próximos
ao leito do rio onde os processos de drenagem são dificultados pela presença do
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lençol freático muito próximo à superfície do solo, ocorrem inclusões de
Cambissolos Gleicos. Em função da presença desses solos, alguns cuidados
devem ser considerados quando do uso, uma vez que o excesso de umidade não é
compatível com a grande maioria das culturas anuais.
De acordo com Uberti et al. (1991) apud (CIRAM, 1999), essas terras foram
enquadradas com aptidão regular para culturas anuais.
A principal recomendação para essas áreas, devido principalmente às suas
características fisiográficas, é a preservação permanente da mata ciliar e o
florestamento das áreas mais próximas ao leito dos rios como forma de
preservação e melhoria da qualidade da água. Se usadas com culturas anuais,
recomendasse o plantio direto, a cobertura do solo na maior parte do ano,
adubação verde e recomposição da matéria orgânica através da incorporação de
esterco animal.
O conflito de uso identificado na subpaisagem se refere às áreas
cultivadas, outrora ocupadas com a mata ciliar. Nesse caso, recomenda-se a
reconstituição da vegetação natural ao longo das margens dos rios.
2.5.3.5 Fundos de Vale Aluvial-Coluviais
Conforme (CIRAM, 1999), estes são pertencentes à paisagem Sedimentos
Aluviais Atuais, se constituem na área de menor altitude e declividade da
microbacia e se resumem aos fundos de vales planos formados pelos principais
rios da bacia.
O caráter aluvial foi a ação predominante que definiu a subpaisagem,
porém, enriquecimento coluvial secundário está presente na ocorrência de material
grosseiro misturado na massa do solo e presença de horizonte A enterrado.
A sedimentação aluvial da água impulsionada por ação da gravidade em
forma de correntes fluviais é o agente principal de transporte e deposição. Este
processo é ativo e se manifesta sempre que os rios transbordam em épocas
chuvosas, depositando sedimentos em suspensão e diluídos em suas águas, dessa
forma, enriquecendo a várzea.
O trabalho geomórfico das correntes consta de três atividades
estreitamente interrelacionadas: erosão, transporte e sedimentação. Esse
transporte de sedimentos é efetuado por flutuação de material vegetal, matéria
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orgânica decomposta e materiais de baixa densidade; em solução, é representado
por sais; em suspensão, através de partículas de silte, argila, areias muito finas e
outros colóides. Areias médias e grossas podem ser transportadas por rolamento
no leito do rio e depositadas preferencialmente nas margens do mesmo. À medida
que se afasta do rio em direção ao centro da várzea, a dominância é de solos
constituídos de sedimentos mais finos e uniformes.
A baixa altitude e a proximidade dos rios determinam as condições de má
drenagem a que essa subpaisagem está submetida, sendo constantes os
alagamentos. Nessas condições há a ocorrência de solos desenvolvidos em
presença de excesso de água. O lençol freático se encontra muito próximo à
superfície (inferior a 60cm) e condicionou a formação de solos hidromórficos em
regime de redução quase permanente, traduzidos por Solos Glei, com indícios de
gleização já a partir dos primeiros centímetros do horizonte A.
Os solos são mal drenados, rasos e tendo a drenagem e a profundidade
efetiva como fatores de maiores limitações para o uso com culturas anuais, exceto
o cultivo do arroz irrigado. O relevo é plano (menos que 2% de declividade) com
ocorrência isolada de pequenas lombas, evidenciando a sistematização pretérita
dessas áreas.
Em função das limitações existentes, nessas áreas houve restrições para
uso de culturas anuais. No caso do uso com arroz irrigado, essas áreas são
consideradas adequadas.
O uso atual preferencial é com arroz irrigado e pastagem em alguns locais
que sofreram drenagem artificial, sendo que, não foi constatado conflito de uso na
subpaisagem (CIRAM, 1999).
2.5.3.6 Terraços Aluviais
Pertencentes à paisagem Sedimentos Aluviais Atuais, (CIRAM, 1999) relata
que os terraços aluviais são remanescentes de níveis anteriores de sedimentação e
nos quais e tem a corrente fluvial como conseqüência de rejuvenescimento da
paisagem. Localizam-se de ambos os lados dos planos de inundação dos rios da
Bacia do Rio Camboriú e são originados por repetidos rebaixamentos do nível de
base da erosão. Os níveis mais altos são os mais antigos e normalmente contêm
os solos mais desenvolvidos.
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Esta subpaisagem se encontra associada à subpaisagem Fundo de Vale
Aluvial Coluvial, resultante do afastamento do leito do rio que deu formação às
várzeas localizadas sempre em cotas mais inferiores. Em conseqüência disso, os
terraços, por se situarem em cotas mais elevadas, nem sempre apresentam os
problemas de má drenagem tão característicos das várzeas aluviais, apresentando
solos do tipo Cambissolos.
2.5.3.7 Terraços Marinhos
A linha de costa pode ser em qualquer fase de seu desenvolvimento,
elevada sobre o nível do mar em uma geoforma continental que não é afetada
pelas ondas e correntes litorâneas, e sim por agentes de denudação subaérea, que
produzem a meteorização de seus materiais e sua erosão. Este processo pode
repetir-se por mais de uma oportunidade, através das quais pode-se reconhecer
vários níveis de terraços separados por seus correspondentes desníveis. (CIRAM,
1999)
Em cada caso origina-se uma nova linha de costa, a qual é regularizada
prontamente pelos agentes de denudação e agregação marinhos. Estes processos,
que deram formação à subpaisagem Terraços Marinhos pertencente à paisagem
Sedimentos Aluviais Atuais, manifestaram-se, em sua maioria, ao longo da costa
pertencente à Bacia do Rio Camboriú, porém subpaisagem semelhante foi
encontrada próximo ao perímetro urbano da cidade de Camboriú.
2.6 Solo
Há o predomínio do solo do tipo Podzólico vermelho-amarelo álico, que são
solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte B textural, com nítida
diferenciação entre horizontes e derivados de rochas do período Pré-cambriano
superior. Apresentam seqüência de horizontes A, Bt, C, com profundidade e cores
bastante variáveis, sendo a identifição dos horizontes relativamente fácil, pois
possuem características morfológicas heterogêneas, tais como: diferença de cor,
textura e estrutura entre os horizontes, dentro do mesmo. Este tipo corresponde a
solos profundos e bem drenados, em camadas diferenciadas utilizados para
pastagens e culturas de subsistência (PBDEE,1999; SANTOS, 2001, ZANINI).
O solo álico possui baixa fertilidade, com altos teores de alumínio e baixos
teores de bases trocáveis, de textura argilosa e média/argilosa, em muitos casos
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com cascalho ou cascalhenta. Situam-se em relevo ondulado e forte ondulado,
exigindo práticas conservacionistas severas quando utilizados de forma intensiva
(CIRAM, 1999).
Esses solos exigem a correção através da utilização de calcário,
conferindo-lhe assim, uma fertilidade natural baixa. São utilizados principalmente
com pastagens e lavouras de subsistência. Normalmente a argila é de atividade
baixa e o solo apresenta viabilidade no manejo da terra com restrições em
determinadas extensões (Santos, 2001, ZANINI).
Solos do tipo Cambissolo álico também ocorrem, caracterizando-se pela
ocorrência de um horizonte B incipiente, definido pelo baixo gradiente textural, pela
média e alta relação/argila ou pela presença de minerais primários de fácil
decomposição. Nessas regiões situam-se cambissolos geralmente de baixa
fertilidade, de textura normalmente argilosa e em relevo forte ondulado e
montanhoso. São constituídos por classes de solos minerais, não-hidromórficos,
com horizonte B incipiente (ZANINI).
Podem ser derivados de diferentes materiais de origem e encontrados em
todas as fases de relevo. No caso em questão, sua ocorrência se dá como
subdominância nas áreas dominadas pelos Podzólicos Vemelho-Amarelos na
formação geológica Complexo Metamórfico de Brusque, situada na porção norte da
Bacia do Rio Camboriú. Incluídos nesta mesma classe de solos, porém restritos
aos terraços pertencentes à subpaisagem Fundo de Vale Aluvial Coluvial, há a
ocorrência de Cambissolos Gleicos. Esta classe de solos é desenvolvida em áreas
de drenagem imperfeita, normalmente associada a solos hidromórficos do tipo Glei.
Os Cambissolos Gleicos, além de apresentarem grande parte das características
pertinentes aos cambissolos, identificam-se por apresentarem problemas de má
drenagem em profundidade (CIRAM, 1999).
Diferenciam basicamente dos solos tipo Glei pouco úmidos distrófico, em
função de apresentarem início de gleização após os primeiros 60cm da superfície.
O lençol freático mais profundo, por conseqüência, livre de problemas de má
drenagem na superfície, enquadra estes solos em melhor classe de aptidão.
Apresentam em geral seqüência de horizontes A e Cg, argila de atividade
tanto alta quanto baixa, de baixa, média a boa fertilidade natural, ocorrendo em
relevo praticamente plano margeando rios, ou em locais de depressão, sujeitos a
inundações. (CIRAM, 1999; SANTA CATARINA, 1986).
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A principal limitação ao seu uso é a má drenagem, já que normalmente
possuem média a boa fertilidade. Usualmente são utilizados com arroz irrigado e
produção de hortaliças, cana-de-açúcar e pastagens, sendo para isso
convenientemente drenados (CIRAM, 1999).
Em relação ao potencial minerário, a região é bastante heterogênea. O
município de Camboriú tem potencialidade minerária extraordinária em relação a
rochas ornamentais e também em menor escala calcários, existindo em ambos os
casos subaproveitamento. Existem grandes empresas de grupos de fora da região
com predominância na área, o que dificulta o aparecimento de outros
empreendimentos. A concentração das áreas de mineração se dá nas localidades
Sertão dos Macacos, Rio do Meio, Cerro, tendo registro no Ministério das Minas e
Energia 36,36ha, o que corresponde a 16,8% da área do município. Os minerais
extraídos são principalmente mármore, granito e dalonito (PBDEE, 1999).
2.7 Hidrografia
A rede hidrográfica do Município é constituída pela Bacia do Rio Camboriú.
Esta Bacia é composta por três importantes sub-bacias: Macacos, Rio Pequeno e
Braço, que por sua vez são formadas por um complexo hidrológico composto pelo
Rio Gavião/ Rio do Braço, Rio Canoas e Rio Pequeno. A união destas águas se dá
próximo à cidade de Camboriú onde passam a denominar-se Rio Camboriú
(SANTOS, 2001).
A Bacia do Rio Camboriú (Figura 08) abrange uma extensão de 199,8km².
Seus afluentes são os rios: do Salto, Lageado, Caetés, Macacos, do Cedro,
Peroba, Canhanduba, e uma infinidade de riachos e ribeirões que desembocam no
Rio Camboriú, e este por sua vez, no Oceano Atlântico, que banha o município
vizinho Balneário Camboriú. (CIRAM, 1999; SANTOS, 2001)
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Figura 07 – Cascata do Encanto: localizada na localidade Macacos
(Foto: Lucas Noal de Farias, 2011)
O Rio Camboriú tem uma extensão de 40 km, da nascente à foz, e corta o
Município do oeste a leste. O volume de água é regular e tem pouca correnteza,
deslizando por entre ribanceiras, em geral elevadas. (SANTOS, 2001)
Este rio é o principal integrante da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú, de
importância estratégica para o desenvolvimento tanto do município de Camboriú,
quanto de Balneário Camboriú, pois é nele que se localiza o principal sistema de
captação, instalação para tratamento e abastecimento de água de ambas as
cidades.
Conforme o PBDEE (1999), a captação é realizada próxima à Escola
Agrícola de Camboriú, 1.500m a montante e acima da ponte de acesso a cidade,
numa altitude de 9,00m. A barragem de nível é construída com mistura de argila,
pedras, com fundação de estacas de eucalipto. Existe um canal de adução situado
na margem esquerda até a elevatória de água bruta. Adutora de água bruta com
extensão de 2.917m até o filtro russo. O comprimento do rio principal é de 20,20
km e 199,80 K m².
A disponibilidade de água para irrigação é considerada boa, podendo vir a
ser agravada a falta deste recurso em função da degradação ambiental, causada
pelo extrativismo vegetal para o aumento das áreas agrícolas; das queimadas, que
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modificam o tempo de permanência na água da bacia diminuindo a permeabilidade
do solo e acelerando o processo erosivo; da rizicultura, que gera conflitos pelo uso
da água e aplicação desordenada de agrotóxicos prejudiciais ao homem, à vida
animal e vegetal da região; a extração de granito e mármore feita nos morros e
encosta da região (CIRAM, 1999).
A bacia está desprotegida com grande possibilidade de poluição, que em
verdade já ocorre de forma acentuada principalmente a partir do município de
Camboriú, carente no aspecto de esgotamento sanitário. O município de Balneário
Camboriú, através das ligações de esgotos irregulares na rede de drenagem
pluvial, e por meio dos efluentes insuficientemente tratados provenientes das
lagoas de estabilização que pertencem ao referido município, contribui para o
comprometimento e descaracterização deste corpo hídrico (PBDEE, 1999).
Em parte desta bacia existem fazendas com atividades de bovinocultura,
granjas, desmatamentos, rizicultura, com cerca de 970 ha. de plantações de arroz.
Ainda há moradores rurais nas localidades de Morretes, Macacos, Santa Luzia,
Caetés, Alto dos Macacos e Cerro, onde há provável utilização de fertilizantes e
agrotóxicos, e estradas que cortam a bacia (PBDEE, 1999).
Em parte desta bacia existem grandes fazendas com atividades de
bovinocultura, granjas, rizicultura (970 ha), entre outras que geram desmatamentos.
A bacia também é cortada por estradas de terra, que dão acesso às populações
rurais que vivem nas localidades de Morretes, Macacos, Santa Luzia, Caetés, Alto
dos Macacos e Cerro, onde há provável utilização de fertilizantes e agrotóxicos nas
propriedades rurais (PBDEE, 1999).
TABELA 04 - Características físicas da Bacia do Rio Camboriú
Parâmetro Atributo
Área de drenagem (A) 199,8 Km²
Perímetro da microbacia (P) 94,9Km²
Coificiente de compacidade (Kc) 1,797 Km²
Comprimento axial da microbacia (La) 26,4 Km²
Fator de forma (Kf) 0,3
Ordem da microbacia 5ª
Comprimento do rio principal (L) 33,8 Km
Comprimento total dos cursos d`água (Lt) 643,9 Km
Densidade de drenagem (Dd) 3,22 Km/Km²
Extensão média do escoamento superficial (I) 0,077 Km
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Parâmetro Atributo
Distância mais curta entre nascente e foz (D) 25,7 Km
Índice de sinuosidade do curso d'água (Is) 26,03%
Declividade média (X) 25,45%
Altitude máxima (H) 735 metros
Altitude média (Hm) 163 metros
Altitude mínima (Ho) 0 metro
Tempo de concentração (Tc) 10 horas Fonte: Inventário das terras da bacia hidrográfica do rio Camboriú (Epagri, 1999)
Numa análise técnica a partir da Tabela 4 acima, CIRAM (1999) explica que
a ordem e a densidade de drenagem indicam que a área apresenta sistema de
drenagem bastante desenvolvido. O índice de sinuosidade dos cursos d’água
principais classifica-os como retos dando uma noção de homogeniedade do
embasamento rochoso e baixo grau de resistência das rochas.
Os valores de fator de forma baixo e o índice de compacidade distante da
unidade indicam áreas não sujeitas a enchentes persistentes, porém os valores de
declividade média e o tempo de concentração sugerem pouca velocidade do
escoamento superficial. Dependendo da intensidade e persistência da pluviosidade
poderá ocorrer maior concentração nos leitos fluviais e provocar cheias nas áreas
planas a suavemente onduladas (CIRAM, 1999).
TABELA 05 - Determinação da curva hipsométrica da B acia do Rio Camboriú
Cotas (m) Pto. Médio Área (ha) Área acum. (ha) Área rel. (%)
735 - 720 727,5 2,33 2,33 0,01
720 - 600 660 188,31 190,64 0,95
600 - 500 550 652,85 843,49 4,22
500 - 400 450 1098,92 1942,41 9,72
400 - 340 370 815,2 2757,61 13,8
340 - 300 320 743,2 3500,81 17,52
300 - 240 270 1650,59 5151,4 25,78
240 - 200 220 1253,7 6405,1 32,06
200 - 140 170 2190,16 8595,26 43,02
140 - 100 120 1503,88 10099,14 50,55
100 - 60 80 1863 11962,14 59,87
60 - 40 50 1155,5 13117,64 65,66
40 - 20 30 2765,54 15883,18 79,5
20 – 0 10 4095,97 19979,15 100
TOTAL 19979,15 Fonte: Centro de Informações e Recursos Naturais (CIRAM, 1999)
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Os dados acima apresentados (Tabela 5) indicam que a Bacia do Rio
Camboriú apresenta quatro situações físicas distintas. Uma delas, a das áreas
planas a suavemente onduladas, que ocorrem em cotas abaixo de 20 metros,
abrange cerca de 20% da área e declividade média aproximada de 3%. São áreas
com potencial para utilização com agropecuária, porém requerem cuidados com
relação à drenagem. Sugere-se manutenção de canais e drenos, mantendo e/ou
ampliando o fluxo natural de drenagem (CIRAM, 1999).
Outras situações encontradas são as terras entre as cotas de 20 a 40
metros abrangendo cerca de 14% da área e com declividade média ao redor de
10%. Estas também são áreas com potencial para utilização com agropecuária,
porém requerem atenção com relação à adoção de medidas que controlem a
erosão (CIRAM, 1999).
A área, que ocorre entre as cotas de 40 a 720 metros, cerca de 50%,
representa a mais crítica com relação ao processo de drenagem, como explica
(CIRAM, 1999). Os valores de declividades médias altas (30 a 40%) destas terras
indicam forte suscetibilidade ao escorrimento superficial, requerendo medidas
intensas de controle de erosão, de maneira a intensificar a infiltração das águas
pluviais, impedindo ou minimizando a ação da drenagem externa. Nestas áreas se
encontram as numerosas nascentes, merecendo especial atenção no sentido de
preservar a cobertura atual e recuperar as áreas degradadas especialmente pelo
desmatamento e exploração de pedreiras. O restante da área, ainda que,
ocorrendo em pequena proporção (0,01%), diz respeito aos divisores de água da
Bacia do Rio Camboriú, que deverá também receber as ações de recuperação e
preservação da cobertura vegetal original.
2.8 Cobertura Vegetal
A vegetação original do município classifica-se como Floresta Ombrófila
Densa Costeira, conhecida como Floresta Pluvial da Costa Atlântica ou também
Mata Atlântica (Figura 08), contendo as formações de Planícies Aluviais, Terras
Baixas, Sub-Montanha, com uma diversidade em espécies arbóreas altas,
medianas, arbustos e densas populações de Epífitas e Lianas Lenhosas,
caracterizada por variação fitogeográfica causada pelo acompanhamento do relevo
(SANTOS, 2001; ATLAS SANTA CATARINA, 1986).
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A região da Floresta Ombrófila Densa está situada na parte leste do estado
de Santa Catarina, entre o planalto e o Oceano Atlântico, constituída na sua maior
parte, por árvores perenefoliadas de 20 a 30m de altura, com os brotos foliares sem
proteção à seca. Sua área é formada por planícies litorâneas, e principalmente por
encostas íngremes da serra do Mar e da Serra Geral formando vales profundos e
estreitos. (ATLAS SANTA CATARINA, 1986; ZANINI).
Figura 08 – Mata Atlântica: Vista do Morro Pico da Pedra
(Foto: Galvão de Oliveira Loureiro Filho, 2006)
No Estado de Santa Catarina, a Mata Tropical Atlântica, ocupa cerca de 1/3
da superfície do Estado, correndo quase paralelamente ao Oceano Atlântico,
enquanto se alarga sensivelmente para o interior na altura do Vale do Itajaí, em
virtude de peculiaridade morfológica e orográfica nesta altura, através das diversas
ramificações menores da Serra Geral, até altitudes compreendidas entre 700-800
metros, alcançando uma penetração de aproximadamente 150 km. Ao norte da
costa catarinense, bem como no Vale do Itajaí, as encostas são bastante íngremes,
formando vales estreitos e profundos, cobertos por densa floresta até quase o alto.
Nos topos de morro se instalou uma vegetação típica das cristas das serras. O
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município de Camboriú inclui-se nesta área de vegetação, como Ilhota (norte) e
Luís Alves (oeste) (CIRAM, 1999).
De acordo com (CIRAM, 1999), a cobertura vegetal original de Santa
Catarina foi, na sua maior parte, descaracterizada pela ação antrópica, que desde o
período da colonização vem sendo feita, principalmente, através de exploração
descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como pela
implantação de culturas anuais, além da formação de pastagens “naturalizadas”
para a criação extensiva do gado bovino. Na área em questão, outrora florestal,
existem apenas remanescentes da vegetação original, que devido ao porte, são
confundidos com a vegetação secundária. Esta devastação sem precedentes
causou um profundo desequilíbrio nos ecossistemas com conseqüências
imprevisíveis. Em Camboriú, a Floresta Atlântica atinge a zona urbana e rural do
território municipal, tendo morros com grande massa de mata original, e ainda, em
determinadas áreas de planícies há algumas manchas de vegetação. Ainda
existem 174km² de mata nativa ou em estado de regeneração, cerca de 83% de
seu território.
A Mata Atlântica possui seu estrato arbóreo superior bastante denso,
formado por árvores de 20 a 30m de altura, com copas largas, esgalhamento
grosso e folhagem verde escura perenefoliada. Como espécies mais importantes
ocorrem comumente: a canela-preta (Ocotea catharinensis), que é a mais
freqüente, constituindo de 40 a 50% da biomassa total; a canela sassafrás (Ocotea
pretiosa), abundante nas altitudes de 500 a 900m, e que forma, por vezes,
gregarismos muito expressivos; a perobavermelha (Aspidosperma olivaceum); a
canela-fogo (Cryptocarya aschersoniana) e o óleo ou pau-óleo (Copaifera
trapezifolia) destacam-se entre as madeiras de lei. O estrato médio é constituído,
geralmente, por um número relativamente pequeno de árvores medianas, dentre as
quais se destaca o palmiteiro (Euterpe edulis), que domina praticamente em toda a
região. No estrato arbustivo predomina um pequeno número de espécies
pertencentes principalmente às Rubiáceas, Palmáceas e Monimiáceas que formam,
por vezes, densos gregarismos. O estrato herbáceo é constituído principalmente
por Heliconiáceas, Marantáceas, Pteridófitas e Gramíneas (CIRAM, 1999).
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2.9 Problemas Ambientais
Os problemas ambientais no município de Camboriú, dentre eles a
poluição, o desmatamento, reflorestamento com espécies exóticas e a erosão, são
facilmente identificáveis por abranger grandes extensões territoriais, ou por
influenciarem diretamente nas condições de qualidade de vida da população. O
reconhecimento de sua ocorrência é fundamental para a definição de ações e
políticas públicas, juntamente com a comunidade para solução dos problemas.
As causas das agressões ao meio ambiente são de ordem política,
econômica e cultural. A sociedade ainda não absorveu a importância do meio
ambiente para sua sobrevivência, pois o homem tem usado os recursos naturais
sem responsabilidade, priorizando o lucro, em função do detrimento das questões
ambientais. Essa ganância tem um custo alto, visível nos problemas causados pela
poluição do ar e da água, e no número de doenças derivadas desses fatores.
Pode ser constatado que as características históricas da ocupação em
terras do município e os avanços recentes da urbanização levaram à consolidação
de núcleos densamente povoados e ou ocupações dispersas em locais que
legalmente constituem-se em Áreas de Preservação Permanente, que configuram
grande parte do território municipal (Figura 09).
A atual tendência de ocupação das encostas tem um impacto negativo na
qualidade ambiental, não somente em termos paisagísticos como também no
aumento da poluição da rede de drenagem de água, erosão, desmatamento e
deslizamento. As encostas e as margens de rios que em sua grande maioria se
constituem legalmente em áreas de preservação e deveriam configurar-se como
áreas verdes, têm importância excepcional para a qualidade do ambiente do centro
urbano, não somente no seu aspecto paisagístico como também na redução da
poluição do ar e na influência sobre seu clima.
A ocupação em Áreas de Preservação Permanente (APP’s) por atividades
como a rizicultura (Figura 09), a exploração mineral ilegal, o reflorestamento e a
ocupação urbana, tornam-se grandes indutores da degradação ambiental
juntamente a outras ações como a abertura de novas estradas e os incêndios
florestais, o desmatamento e o movimento de terra sem orientação técnica
adequada.
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Figura 09 - Mapa da Ocupação do Solo em Áreas de Preservação Permanente (APP’s) Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano (2011)
O plantio de árvores exóticas através da cultura de reflorestamento, tem
levado à diminuição da riqueza paisagística e à destruição de importantes áreas
naturais, devido a supressão da mata nativa.
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O decréscimo populacional na área rural com o abandono de áreas
agrícolas e pastoris, agravado pela mecanização no cultivo de certas lavouras, põe
em risco a diversidade da paisagem natural. Assim, a redução da diversidade
paisagística está levando à diminuição da biodiversidade local.
A quantidade da vegetação dentro da cidade é insatisfatória, ficando
evidente a inexistência de um sistema de áreas verdes municipais, surgindo a
necessidade da adoção de políticas para implantação da arborização urbana.
A escassez de água potável devido a sua contaminação por esgotos
sanitários e pela degradação dos solos (Figura 10), e também através da perda da
biodiversidade devido ao desmatamento, às queimadas e ao mau gerenciamento
dos mananciais é outro grave problema ambiental no contexto do município.
Figura 10 – Falta de saneamento básico: no Bairro Monte Alegre
(Foto: Lucas Noal de Farias, 2011)
A poluição dos rios, sua descaracterização, o assoreamento, a densificação
da ocupação urbana, a redução de seus níveis, a degradação da mata ciliar, e a
concentração de fontes de poluição ao longo dos mesmos, chamam especial
atenção para esta crítica situação ecológica. Tais problemas encontram-se
especialmente no Rio Camboriú que abastece as cidades de Camboriú e Balneário
Camboriú, tanto para consumo humano como para a agricultura. Esta última
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interfere muito na sua qualidade através do desvio dos corpos d’água e da
utilização de agrotóxicos, principalmente pela rizicultura.
A falta de infraestrutura vem agravando os problemas e criando situações
críticas ao meio ambiente e à população. São freqüentes os alagamentos devido à
falta de uma macrodrenagem pluvial, que quando existente também recebe despejo
de esgoto; inundações das áreas próximas às margens dos rios, atingindo
ocupações e estradas; emissão de poluentes por indústrias e depósito inadequado
de lixo, separação e reciclagem dos resíduos sólidos.
A adoção de uma política ambiental mais eficiente com leis mais rigorosas,
monitoramento ambiental adequado e permanente, fiscalização, maiores
investimentos em pesquisas de solução ecologicamente sustentável para os
problemas ambientais, a criação de programas de educação ambiental’ e incentivos
fiscais a empresas, é a melhor alternativa viável para conter os danos ao meio
ambiente.
Dessa forma, fica evidente que a recuperação das matas ciliares e
iniciativas de reflorestamento com as espécies nativas, a despoluição dos rios e a
recuperação do seu potencial, devem constituir uma das estratégias ambientais
prioritárias do planejamento municipal.
3. SUBSISTEMA DOS FIXOS CONSTRUÍDOS PELO HOMEM
A seguir são apresentadas as informações municipais obtidas através da
análise da evolução histórica, do patrimônio cultural, da distribuição do uso e
ocupação do solo, da estrutura fundiária, da habitação, dos equipamentos de
ensino e de saúde, da assistência social, dos espaços públicos e de lazer, dos
equipamentos religiosos, dos cemitérios e do sistema viário.
3.1 Evolução Histórica do Município
A ocupação da região teve início com a colonização de Porto Belo e
Navegantes, no início do século XVIII, com a vinda dos portugueses.
Açorianos atraídos pela enorme quantidade de baleias da costa do litoral
norte catarinense iniciaram a colonização da região onde hoje está localizado o
município de Penha (AMFRI, 1999). Uma das primeiras construções do povoado
(1.759) foi a Capela de São João Batista, que ainda mantém sua estrutura original.
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A fundação do povoado da Armação das Baleias de Itapocorói, por volta de
1777, atraiu inúmeros moradores. Neste local os portugueses mantinham uma
espécie de quartel general destinado à captura de baleias. Desse núcleo seriam
formados os municípios de Penha e Piçarras.
Em 1817, foi feita uma concessão de terras, a Justino José da Silva, que se
propusera criar um estabelecimento pesqueiro na enseada de Porto Belo, onde
também o Ministro Vila Nova Portugal pretendera criar uma estação naval e um
estaleiro. Um ano mais tarde criou-se uma colônia de pescadores com o nome de
Nova Eriçeira. Em 1824, a mesma foi elevada à condição de freguesia.
Em 1832, a freguesia foi elevada à categoria de Vila com seus limites
municipais citados na lei que criou o município. Porém, em 1859 a referida lei foi
extinta, passando a Termo de Tijucas, assim permanecendo por todo o período da
monarquia.
O distrito de Itajaí foi criado em 1833, à margem direita do rio, junto à sua
foz, com a Paróquia do Santíssimo Sacramento, que no ano anterior passava da
jurisdição de São Francisco para a de Porto Belo.
Assim, em 1758, iniciou-se o povoamento de Camboriú, após o
desmembramento das Paróquias Santíssimo Sacramento e de Camboriú do
município de Porto Belo, por Baltazar Pinto Corrêa e Antônio Rosa, vindos daquela
localidade. Da mesma forma, a paróquia de Nossa Senhora da Penha do
Itapocorói, foi desmembrada do município de São Francisco do Sul para formar o
município denominado Itajaí.
As figuras 11, 12, 13 e 14 abaixo nos mostram a origem dos municípios da
região da Foz do Vale do Itajaí.
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Figura 11 – Origem dos municípios da região da Foz do Vale do Itajaí até 1884 Fonte: Secretaria do Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – (SDM, 1999)
Figura 12 – Origem dos municípios da região a Foz do Vale do It ajaí em 1958
Fonte: Secretaria do Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – (SDM, 1999)
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Figura 13 – Origem dos municípios da região da Foz do Vale do I tajaí em 1962 Fonte: Secretaria do Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – (SDM, 1999)
Figura 14 – Origem dos municípios da região da Foz do Vale do I tajaí em 1963
Fonte: Secretaria do Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – (SDM, 1999)
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3.1.1 A Origem de Camboriú
A origem do nome Camboriú, possivelmente provém do sinuoso curso
d’água de um rio de mesmo nome situado no extremo sul. Segundo fontes
populares, sobre a acentuada curva do rio, próximo à foz, os pescadores davam
informações aos que passavam por ali, dizendo: “camba o rio”, ou seja, “faz a
curva”. As duas palavras através da lei do menor esforço se aglutinaram formando
Camboriú. Mas a palavra também pode ser oriunda da língua tupi-guarani, onde
cambori é o nome do peixe robalo, e o sufixo “u” significa criadouro desta espécie.
O povoamento do município de Camboriú teve início em princípios do século
XVIII quando alguns colonizadores, procedentes de Porto Belo e Portugal iniciaram
um povoado que mais tarde ficou conhecido como Bom Sucesso, em virtude do
êxito que teve em sua expedição e em seus empreendimentos agrícolas para
fertilidade das terras.
Com a vinda do Frei Pedro Antonio de Agote, que chegou à Barra da Praia
de Camboriú por volta de 1820, o povo das margens do Rio Camboriú construiu um
oratório em devoção a Santo Amaro, o qual foi demolido tendo sua imagem
colocada na Igreja de Porto Belo (1909), a qual era para ter sido construída desde
1814, já que a população local tinha que se deslocar para as cerimônias oficiais até
a Igreja de São Miguel.
Assim sendo, por volta de 1826, Baltazar Pinto Corrêa, estabeleceu-se no
Morro do Canto da Praia e requereu uma sesmaria fundando o povoado do “Bom
Sucesso”, atual Bairro dos Pioneiros.
Em 1830 José Francisco Garcia, adquire extensa área de terra, onde hoje se
situa a localidade de Rio Pequeno. Mais tarde, com a chegada de seu irmão Tomas
Francisco Garcia e seus familiares, é formado o “Arraial dos Garcias”.
Em 1849 o vice-presidente da Província Dr.Severiano Amorim do Valle eleva
as margens do Rio Camboriú à categoria de Freguesia de Nossa Senhora do Bom
Sucesso de Camboriú, tendo a Barra como sede, e tendo por limites, ao Norte as
vertentes do Canto da Praia (Morro dos Corrêas – Marambaia), ao Sul o Morro do
Boi, a Leste o Oceano Atlântico e ao Oeste a Cordilheira.
Por volta de 1860, a Igreja da Barra, ainda inacabada, começou a funcionar,
seu primeiro pároco foi o reverendo João Luiz Nepomuceno de Macedo, tendo o
franciscano Antônio de Jesus Collares o substituído em 1865, o qual se preocupava
em denunciar os camboriuenses que se negavam a alistar-se como voluntários à
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guerra do Paraguai. Posteriormente a esta guerra, o referido pároco passou a
aliciar os escravos para guerra, com a promessa de libertá-los.
Em 1884, o Presidente da Província, Dr. Francisco Luís da Gama Rosa,
resolveu desmembrar o município de Itajaí, conforme a Lei n.º1076 de 05 de abril.
Sua instalação se deu na Barra, sede do município na época.
Em 1889 com a Proclamação da República mudou-se o regime e toda forma
de governar. Passou-se do império para democracia.
A sede do município através da Resolução nº. 96 de 04 de fevereiro de 1890
foi transferida para a Vila do Garcia, localizada às margens do Rio Pequeno, na
localidade de mesmo nome.
Figura 15 – Rua 7 de Setembro : atual Rua Lauro Muller em Camboriú (Foto: retirada do livro: Sem história não dá)
Em 1909 o intendente de Camboriú coronel Benjamin Vieira, inicia a
reconstrução do caminho do Morro do Boi, que passa pela localidade do Rio
Pequeno, e ligava Camboriú a Itajaí, com objetivo de escoar a safra do café e das
pedras.
O edifício municipal construído por Antônio Maria que ficava na esquina das
Ruas Getulio Vargas e 7 de Setembro, atual Lauro Muller (Figura 15), exatamente
onde está a atual sede da prefeitura municipal, foi então alugado para o
funcionamento do Paço Municipal.
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Na década de 20, mais precisamente em 1924, Camboriú completava 40
anos, apesar disso o município não dispunha mapas ou plantas do sistema viário e,
tampouco, sobre sua situação sócio-econômica. Devido a isto, o superintendente
Bittencourt não pode atender a sua solicitação pela Sociedade de Geografia e
Estatística do Rio de Janeiro. Desta forma Camboriú manteve-se anônimo do
restante do País, permanecendo isolado do progresso; fato agravado pela falta de
representatividade política local.
Neste mesmo ano a praia de Camboriú é descoberta por turistas alemães
que veraneando em Cabeçudas e passeando pelo Costão daquela praia, em
direção ao sul, despretensiosamente descobrem a bela, tranqüila e extensa praia.
Encantados, espalharam as boas novas da “descoberta da nova praia”.
Por volta de 1935 o Prefeito do município Flávio Vieira comprou o edifício
construído por Antonio Maria, no local do atual prédio da Prefeitura, e supõe-se que
para ser feita alguma reforma no prédio provisoriamente o Paço Municipal ficou
instalado na casa de Alexandrina, viúva de José Rebelo da Cunha, onde hoje se
encontra o Cartório Saut.
Figura 16 – Rua Gustavo Richard em Camboriú (Foto: retirada do livro: Sem história não dá)
Na década de 50 foi criado o Distrito da Praia de Camboriú por votação na
Câmara de Vereadores. O município de Balneário Camboriú surgiu através da Lei
Estadual n.º960 de 08 de abril de 1964, tendo para tal Camboriú reduzido sua área
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em 50 km2. No ano de 1970 foi aprovada a resolução que transfere a Comarca de
Camboriú para Balneário Camboriú, que de fato só ocorre em 1971 quando a
Comarca de Balneário Camboriú é elevada a 2ª Entrância, tendo como jurisdição
os municípios de Camboriú e Itapema.
Depois da emancipação de Balneário Camboriú, o município de Camboriú
voltou sua economia de base no desenvolvimento da agricultura, especialmente a
rizicultura ao longo dos vales formados pelos rios dos Macacos, Meio e Braço. A
população limitou-se ao uso de uma agricultura incipiente e com práticas de coivara
nos morros cobertos de Mata Atlântica.
A construção da BR 101 na década de 70 que permitiu melhores condições
de acesso entre o Sul e o Norte do país, implantada na porção central do município
de Balneário Camboriú, consequentemente facilitou o acesso ao município de
Camboriú, e auxiliou na criação de uma rede urbana local bem definida.
Com o incremento da atividade turística com reflexos na expansão da rede
hoteleira, da construção civil e do comércio em Balneário Camboriú, as
oportunidades de empregos gerados atraíram os habitantes de Camboriú. As
atividades agrícolas tornaram-se menos atrativas para a população rural, ocorrendo
um êxodo rural para as áreas mais urbanizadas (Figura16).
Conforme a lei complementar nº. 15/2008 que define o perímetro urbano e
estabelece a divisão dos bairros, os limites do município de Camboriú estão
demarcados na Figura 17.
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Figura 17: Mapa do limite urbano e limite municipal de Cambo riú
Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano (2011)
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3.1.2 O Parcelamento do Solo em Camboriú
BairrosDécada
60Década
70Década
80Década
90 2000 2010 TOTAL
Várzea do Ranchinho 0 3 1 2 0 0 6
Monte Alegre 0 9 2 3 4 1 19
Tabuleiro 0 12 8 7 5 3 35
Centro 5 17 12 13 9 5 61
São Francisco de Assis 0 3 6 2 1 1 13
Rio Pequeno 0 4 3 0 0 2 9
Cedro / Lídia Duarte 0 1 4 5 2 2 14
Areias / Santa Regina 0 6 9 11 2 3 31
Rural x x x x x 0 0
TOTAL 5 55 46 43 23 17 188
Tabela 06 –Loteamentos aprovados por década em Camb oriú
Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano (2011)
Observado a Tabela 06, constata-se o total de 188 loteamentos aprovados
em Camboriú de 1960 a 2010, com um maior número de aprovação nas décadas
de 70, 80 e 90. O número de loteamentos no centro é o mais significativo,
mantendo esse padrão em todas as décadas. Em seguida o bairro Taboleiro
aparece com um total de 35 loteamentos, seguido do bairro Areias, com 31. O
bairro Várzea do Ranchinho foi o que menos aprovou loteamentos, com um total de
apenas 6, estando desde 2000, sem nenhuma aprovação.
Assim, além da área central, constam como vetores de crescimento os
setores noroeste e sudoeste (Figura 18).