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INSTITUTO MARX - ENGELS - LÊNIN - STALIN (biografia) VITÓRIA

LÊNIN - SUA VIDA E SUA OBRA (1)

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INSTITUTO M A RX - EN GE LS - LÊNIN - STALIN

( b i o g r a f i a )

V I T Ó R I A

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L Ê N I N( S U A V ID A E S U A O B R A )

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A presente edição brasileira foi traduzida da edição em

francês, publicada pelas Edições em Línguas Estrangeiras

(Moscou, 1946), segundo o texto russo preparado pelo

Instituto Marx-En gels-Lênin-Stálin, correspondente à edição

russa de 1945. 1

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VL AD IM IR I L I T C H

L Ê N I N( S U A V ID A E S U A O B R A )

Si

C ï

*

/ #

EDITORIAL V I T Ó R I A L IM ITADARIO DE JANEIRO—1955

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VL A D I M I R I L I T C H U L I Â N O V ( L ê n i n ) , o fu n da do r d o

bolchevismo e do primeiro Estado social ista do mundo,nasce u a 9 ( 22 ) de abr i l de 1870 na c i dade de S i m bi rsk( h o j e U l i â n o v ^ k ) , s o b r e o V o l g a .

Seu pai , I l iá Nicolaevi tch, pertencia à pequena burguesiada c i dade de Astracan . Ap ó s cursar o g i nás i o e a Uni ve rs i dadede Kazan, durante quatorze anos ensinou matemática e f í s ica

e m P e n z a e e m N í j n i - N o v g ó r o d ( h o j e G o r k i ) ; a p a r t i r d e1 8 69 , foi ins peto r <e depois direto r das escolas púb licas dap ro ví nc i a de S i m bi rsk . Po r d i re i to de ant i gu i dade , f o ram - l heco nf e r i do s t í tu l o s de no bre za . Ho m e m i nst ru í do , p ro f unda-mente russo , professando idéias avançadas, dedicara-se inte i -ramen te à obra da educação das massas pop ulare s. Tra ba lha do re perseverante , mostrava-se exigente para consigo mesmo epara com os outros, co locando os interêsses do trabalho acimade tud o. I . Ul iâ no v procurou cult ivar em seus f i lho s tôdaí

e ssas q ual i dade s . Fa l e ce u a 12 de jane i ro de 1886 .A m ãe de Lê ni n , Mar i a Al e xândro vna Bl ank, e ra f i l hade um médico . Mulher notável , instruída, de e levada cul turae de grande inte l igência , dist inguia-se por sua fôrça de von-tade e pela f i rmeza de caráter . Era versada na l i teratura russae universal , sabia muito bem o francês, o alemão e o inglês,e cul t ivava bastante a música. Tendo-se consagrado inte ira-mente à famíl ia , cuidou de fazer dos f i lhos pessoas honestas,instruídas, devotadas ao serviço de uma idéia .

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T i h I i i v (>•> I i l l ur , do s Ul i âno v f o ram re vo l uc i o nár i o s : o

l i l h o Mi.iis vi l l iu, A lex an dr e, m em br o da Naródnaia Vólia (*>(Vtml .ule t ln 1 'ovo) ; os outros, — exceto Olga, que faleceuMu l i ii i .i u l u l e — An a, V l ad i m i r , D m i tr i , Mar i a , f o ramItuii l icviquc, ,

Natureza viva e r icamente dotada, Lênin aos c inco anosjá sabia ler . Aos nove, fo i a luno do primeiro ano ginasial no<olé/ ; ío de Simbirsk. Graças à sua capacidade excepcional eà sua aplicação, realizou bri l l íantes estudos: todos os 'anosobtinh a o prim eiro pr êm io. A o sair do ginásio , conhecia bemo lat im, o grego, o f rancês e o alemão. Lênin era igualmente

versado em história e l i teratura. Apreciava principalmente asobras l i terárias cu jos heróis eram dotados de um caráter f i rme,i nabal áve l .

Lênin passou sua infância e adolescência na região doVolga, nas províncias de Simbirsk, Kazan e Samara, que eramprovíncias essencialmen te cam pone sas. Al i , observa de pert oa vida dos camponeses, a miséria e a ignorância , a servidãodesumana e a exploração feroz que re inavam no campo; esta-belece contato estre i to com os trabalhadores. Vê que a par

das massas trabalhadoras russas, são oprimidas as numerosasnacional idades: os tchuvachos, os mordvos, os tártaros, etc.

Adolescente ainda, toma ódio pela opressão das massas tra-balhadoras e pela opressão nacional .

Os anos de estudos e a juventude de Lênin coincidiramcom um dos períodos mais sombrios da História russa. Lênindirá mais tarde que fo i uma época de "reação desenfreada,incrivelmente insensata e feroz" . ( ** ) O tzarismo tr iunfa apóshaver esmagado o movMiento revolucionário da década de 70.Após o assassínio de Alexandre I I , em 1881, pelos narodo-

' *( * ) S o c i e d a d e r e v o l u c i o n á r i a s e c r e t a , f u n d a d a e m P e t e r s b u r g o

em 1 8 7 9 . A pr es en ta v a - s e com o ob je t iv o d e d er r uba r o r eg imepol í t i co d a Rús s ia , a t r a v f s d o ter r or in d iv id ua l , com a l iquid a çã od a s per s on a l id a d es d es ta ca d a s d o r eg ime a utocr á t i co c d o pr ópr iotz a r . A pós o a s s a s s ín io d e A lex a n d r e I I ( 1 8 8 1 ), a « N .V .» fo i es m a -ga d a pe lo gov er n o d o tz a r . Por ma is d e uma v ez , gr upos i s o la d osd e a d eptos d a « N.V.» r en ov a r a m s ua a çs lo ter r or i s ta . A . U l iâ n ovf oi um d os or ga n iz a d or es d a « s eçSo ter r or i s ta » d o pa r t id o d a « N.V.» ,q u e p r e p a r o u , em 1 8 8 7 , o a ten ta d o f r us t r a d o con tr a A lex a n d r e I I I .

(«"*) Lênin, t . I , pág . 267 , 4» ed. ru ssa .

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vól tzi , o governo autocrát ico apressava-se a anular mesmo asreformas espúrias da década de 60. Os camponeses estavaminte iramente entregues ao poder dos zêmskie natchálnik

da nobreza. Fôra proibida não somente a imprensa democrá-t ica , mas quase tôda a imprensa l iberal . A reação campeavaigualmente no ensino; o Ministério da Instrução Públ ica , ou,como chamá-lo-á mais tarde Lênin, o "ministério do obscure-c imento públ ico" , empenhava-se em fazer dos jovens estudantesf ié is lacaios da autocracia . O d esenfread o arbí tr io do govêrn odo tzar, a servidão absoluta e a opressão inaudita que pesavamsobre os operários e os camponeses, a monstruosa opressão

nacional , a covardia e o baixo servi l i smo dos l iberais diantedos reacionários: ta l é a imagem da vida russa desse tempo.

Desde cedo, Lênin começa a ref le t i r sôbre a vida ambiente ,a prestar atentamente ouvidos às conversas políticas dos adul-tos. Ap aixo nad o p ela le itura, " travara conh ecimen to , desde overdor de sua juventude, com tudo quanto os publ ic istasdemocratas revolucionários haviam dado de melhor na Rússia .Com a idade de 14 ou 15 anos, Lênin leu o romance deT c h e r n i c h e v s k i Que Fazer?, q ue p ro duzi u nê l e um a grandei m p re ssão . Le ra i gual m e nte as o bras de D o bro l i úbo v , de

Pissariev e outros l ivros "proibidos" na época. Conhecia afundo os poetas democratas da época de Nekrássov.

» Seu i rmã o mais velho, Ale xan dre Ul iân ov, com o qualestava l igado por só l ida amizade, exerceu sôbre o jovem Lêninuma inf luência considerável . Alexandre era um jovem sério ,ref le t ido , muito severo para consigo próprio e para com seusdeveres. Qu and o veio passar as férias em casa, no verão de1885 e 1886, trouxe de Petersburgo, onde fazia seus estudosna Facu l dade de F í s i ca e Mate m át i ca , O Capital d e M a r x .

Desde wsa época, Lênin empreende o estudo dessa obra.Bem cedo Lênin concebera um sen|jmento de host i l idadecontra o regime pol í t ico e social da Rússia tzarista . Desde osúl t imos anos do ginásio , estava penetrado de espíri to revolu-

.. ^

( "•) IWpresentantes do poder no campo, escolhidos entre an obr ez a la t i f un d iá r ia loca l . E x er c ia m os pod er es d e a d min is t r a çã o ,pol í c ia e ju s t i ç a s ôbr e a popula çã o ca m pon es a . Fu n çõ es in s t i tu íd a sem 1 88 9 e ex er c id a s a té a qued a d o tz a r i s m o r us s o , em f ev er e i r ode 1917.

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cionário . E esse estado de espíri to revelou-se em suas compo-

sições escolares. Por i sso , o diretor do colégio , devolvendo- lheo caderno de composição , disse- lhe certo dia com um tomzangado: "Que c lasses oprimidas são essas de que você fala?E que é que e las têm que ver aqui?" .

O ano de 1887 assinala uma reviravol ta na vida de Lênin,q ue to m a de f i n i t i vam e nte o cam i nho re vo l uc i o nár i o .

Ne sse ano um a grande do r se abate so bre o s Ul i âno v .Em 1« de m arço , o i rm ão de Vl adi m i r I l i t ch , Al e xandreUliânov, é prêso em Petersburgo por haver part ic ipado dospreparat ivos de um atentado contra o tzar Alex and re I I I . A omesmo tempo, é presa a i rmã mais velha, Ana, que tambémfazia seus estudos em Petersburgo.

Am i ga ínt i m a dos Ul i âno v , V . Kach kadá m o v a re la ta q ue ,tendo recebido de Petersburgo a notíc ia da prisão de Alexandre ,f o i e nco ntrar Lê ni n no co l é gi o ( ê l e t estava então no o i tavoano, úl t imo do curso ginasial ) para decidir com êle comop re p arar M ar i a Al e xân dro vn a p ara e ssa ^do l o ro sa no t í c i a .Tendo corrido os o lhos pela carta , Lênin, de sobrecenho carre-gado , m ante ve - se e m p ro l o ngado s i l ê nc i o . " Não t i nha m ai s

diante de mim — escreve e la em suas memórias — o jovem deoutrora, cheio de despreocupação e transbordante da alegriade viver , mas um adulto meditando sôbre um problema dei m p o r t â n c i a .

" é grave de fato , — disse ê le — isso pode acabar mal

p a r a S a c h a " .

T o do s o s e s f o rço s de Mari a Al e xândro vna p ara sa l var dam o rte o f i l ho m ai s ve l ho f o ram e m vão . Fo i e xe cutado naf o r ta l e za de Schl üsse l burg a 8 de m ai o de 1887 .

Ass i m q ue so ube da p r i são de Al e xandre Ul i âno v , tô da

a "sociedade" l iberal de Simbirsk afàstou-se dos Ul iânov;f o ram abando nado s m e sm o p e l o s co nhe c i do s m ai s í n t i m o s .Essa pusi lanimidade geral causou forte impressão no jovemL ên in . Sabia agora o quan to val ia a tagarel ice dos l ibera is .

A morte do i rmão inf luiu consideràveknente na decisãoque Lênin tomaria de enveredar pelo caminho da revolução.Entretanto , por maior que fôsse sua admiração pelo heroísmodo i rmão, Lênin, já nessa época, considerava o terrorismo na

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luta contra a autocracia como um caminho errado, que não

atingia o alvo . Ao saber que Alexandre f izera parte de umaorganização terrorista , Lênin disse : "Não, seguiremos outrocam i nho . Não é ê sse cam i nho q ue se de ve to m ar" .

Saindo do ginásio com medalha de ouro , Lênin matri -cu l o u- se na Facu l dade de D i re i to da Uni ve rs i dade de Kazan, a1 3 d e a g o s t o d e 1 8 8 7 .

Pouco depois , estabelecia contatos com os revolucionáriosde Kazan e tomava parte num círculo de estudantes "de ten-dência muito nociva" , segundo a def inição da Ocrana tzarista .Nesse meio estudanti l Lênin destacou-se a todos os respei tos:t inhà espíri to revolucionário , muita energia , vastas le i turas, esabia defen der com convicção sua man eira de ve r . Du ran tesua permanência na Universidade, fo i obje to de estre i ta vigi -lância por parte da pol íc ia e das autoridades universi tárias.

O govêrno do tzar tomara o cuidado de só conf iar aprofessores reacionários as cátedras universitárias, e perseguiatodas as organizações dos estudantes, sobre as quais se exerciauma vigi lância part icularmente r igorosa. Círculos e sociedades,mesmo que se propusessem prestar uma a juda material , eram

suspei tos de desígnios antigovernamentais . Os estudantes eramencarcerados por del i tos de opinião . A pol í t ica das persegui-ções pol ic iais provocava entre os estudantes protestos veemen-te s . Em 18 87 , a e ntrada e m v i go r do re ac io nár i o " e s ta tu touniversi tário de 1884" fo i o impulso direto que contribuiu paraace ntuada agi tação e ntre o s e s tudante s . Em f i ns de no ve m bro ,i rromperam tumultos entre os estudantes de Moscou, tumultosêsses que log o se estenderam à pr ov íncia . A 4 d e dezem brode 1887 , um m o vi m e nto de e f e rve scê nc i a e s ta l a tam bé m naUni ve rs i dade de Ka za n. Lê ni n to m a p ar te das m ai s a t ivas ,tanto nas conferências que prepararam a ação dos estudantes,quanto na própria ação . As autoridades administrat ivas tzaris-tas não tardam a desencadear contra os estudantes repressõessobre repressões, Na noi te de 4 para 5 de dezembro, Lêniné prêso em seu domicí l io ; são det idos ao mesmo tempo váriosoutros part ic ipantes e organizadores at ivos do movimento revo-lucionário dos estudantes.

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" — Vo cê se re vo l ta , jo ve m , m as te m um m u ro di antede você" — disse a Lênin o comissário de pol íc ia que o con-duzia à prisão .

" — U m m u r o , s im , m a s p o d r e . U m p e qu e n o e m p u r r ão ,e e i - l o p o r te rra" — re sp o nde u Lê ni n .

Encontrando-se um dia reunidos na prisão , os estudantesdebatiam a questão do que faria cada qual quando est ivesseme m l i be rdad e . Qua ndo che go u a ve z de Lê ni n e l he f o rm u l arama p e rgu nta : " E vo cê, Ul i âno v , q ue p e nsa f aze r de p o i s? " —êle respondeu que não via senão um caminho diante dêle , oda luta revolucionária .

A 5 de dezembro, Lênin é expulso da Universidade, e ,dois dias depois, em 7 de dezembro de 1887, deportado pai®aa a l de i a de Ko kúchki no , p ro ví nc i a de Kazan, so b a v i g i l ânc i asecreta da po l íc ia . Fo i a l i que veio instalar-se sua i rmã, An aIl ini tchna, cu ja deportação para a Sibéria fôra subst i tuída pelavigi lância of ic ial da pol íc ia .

Assim é que com a idade de dezessete anos Lênin recebiao bat ismo da revolução num primeiro conf l i to com a autocraciatzarista . A part i r de então , Lênin consagra sua vida inte ira-

mente à luta contra a autocracia e o capi tal i smo, à obra del ibertação dos trabalhadores do regime de opressão e dee xp l o ração . ^

A Ocrana tzarista marcou, à sua maneira , o iníc io daat i v i dade re vo l uc i o nár i a do jo ve m Lê ni n . Os ge ndarm e s i nf o r -m aram o Go ve rnado r de Kaz^n de q ue o de p o rtado de Ko kúch-kino, Lênin, tomara "parte at iva na organização de c í ro i fosrevolucionários entre a juventude estudanti l de Kazan" . A 27de dezembro de 1887, os beleguins da pol íc ia foram encarre-gados de exercer sobre ê le uma vigi lância diária . Desde êsse

m o m e nto , o o l ho da ge ndarm ari a e sp i o na i nce ssante m e nteLê n i n e tô da a f am í l i a Ul i ân o v . O m e n o r ge sto de Lê ni né o b je to de um re l a tó r i o q ue vo a ao D e p artam e nto da Po l í c i a .

Lênin passa cêrca de um ano nessa aldeiazinha perdida.Lê muito e apl ica-se na formação de seu espíri to . Já nessaépoca, revela o dom de trabalhar metodicamente , de acordo- nm um p l ano r i go ro sam e nte e s tabe l e c i do . D e sde jo ve m , o bs-

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t ina-s c cm d es envo lver cm s i p r ó p r io uma g r and e cap ac id ad e

^ ' E m p r m c í p i o s d e o u t u b r o d e 1 8 8 8 , L ê n i n f o i a u t o ri z a doa f ix ar r es id ênc ia em Kazan, o nd e s e enco nt r ava s ua mae co mos f i lhos mais moços . Mas recusam-lhe o a c e s s o a U n i -d ad e . H avend o L ênin s o l i c i t ad o aut o r izaçao p ar a i r co nt inuars eus es t ud o s no es t r ang e i r o , o Dep ar t ament o d a Po l iaa r eco -mend o u ao G o ver nad o r "não lhe co nced er p as s ap o r t e p ar a o

" ' " E m K m n , L ên i n tr av ou c on h ec im e n to c om os m e m b ro sdos diferentes c írculos revolucionár ios i legais . As obras de

M ar x , o r ig ina is o u t r ad uzid as , d o m es m o mo d o ^d e P ecâno v d i r ig id o s co nt r a o p o p ul i s m o em p a r t ia d a rNossas Divergências - e r a m l i d o s e v i v a m e n t e d . c u t i d o s n e s sc í r cu lo s . Os r e la t ó r io s d e p o l í c ia , r ed ig id o s d e aco r d o co m asinfo r maçõ es fo r nec id as p e la v ig i lânc ia s ecr e t a d e q ue L êniner a o b je t o , as s ina lavam q ue ê le t inha "u m a t end enc ia n o av a .e ma nt inh a " r e laçõ es co m ind iv íd uo s s us p ei to s . _

N o o ut o no d e 1888 , L ênin p ô s -s e a es t ud ar s er iament eO Capital d e Kar l Mar x . Ê s s e l ivr o p r o d uziu ne le uma imp r es -s ão ind e léve l . "F o i co m um ar d o r e uma animaçao ex t r emo s

_ co nt a A . Ul iânova -E l izár o va — q ue ê le me ex p ô s o s p r inc í -p io s d a t eo r ia d e Mar x , bem co mo o ho r izo nt e no vo q ue e laent r eabr ia . . . E le t r ans p ir ava s er ena co nf iança q ue s e co municavaa s eus in t er lo cut o r es . Já nes s e mo ment o co nhec ia a ar t e d e co n-vencer e d e em p o lg a r o es p í r i t o p o r sua p alavr a E nt r eg a nd o -s er a g u m a a n áH s e o u d e s c o b ri n d o u m c a m i n h o n o v o s e ri aincap az d e não p ar t i c ip á- lo ao s o ut r o s , d e nao a l iaar p ar t id ano s ^E s s e? ad ep t o s , j o vens d e es p ír it o - r evo luc io ná r io q ue t ^ b e me s t u d a v a o m a r x i s m o , ê l e l o g o o s e n c o n t r o u e m K a z a n .

N a mes ma ép o ca , L ênin ing r es s ava num d o s c í r cu lo smar x is t as d e Ka za n, o rg anizad o s p o r N F ed o s s e iev mor to

t r ag icament e no ex í l io , na S ibér ia ( 1 8 9 8 ) . D u r a n t e o s mes esq u p as so u no c í r cu lo d e F ed o s s e iev , L ênin t r a b a l h o u ob tma^damente para real izar sua própria educaçao, para ass imilar at e o r i a m a r x i s t a .

( . ) A . U l i â n o v a - E l i z á r o v a : B e c o v d a s õ e * d e L ê n i n , p á g . 3 1 , 1 9S 4,

e d . r u s s a .

IS

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O m arxi sm o , na é p o ca , abr i a cam i nho co m grande di f r

culdade através da Rússia . O popul ismo continuava a mantersob sua tenaz influência os intelectuais jde espírito revolucio-nário , const i tuindo o principal obstáculo à di fusão do marxismo.Caracterizando a geração dos revolucionários da década de80, Lênin escrevia : "Muitos dentre ê les haviam começado suaevolução revolucionária como narodovól tzi . Quase todos, desdeadolescentes ainda, haviam-se entusiasmado pelos heróis doterrorismo. Para se subtraírem à sedução dessa tradição heróica,t iveram de lutar , de romper com homens que queriam a todopreço permanecer f ié is à Naródnaia Vólia, e que êsses jovens

social -democratas muito est imavam. Essa luta obrigou-os a seinstruírem, a lerem obras i legais de todas as tendências. . . " . <°>

O número dos part idários da doutrina marxista na Rússiaera ínf imo. Lênin fo i um dêsses primeiros marxistas russos.D e sde a ado l e scê nc i a co m p re e nde ra a f a l s i dade do cam i nhopopul ista , e percebera que os métodos terroristas de luta contrao tzarismo eram vãos e nocivos. Seu espíri to penetrante , agudoe lúcido, enxergou na teoria marxista uma arma poderosa,dest inada a assegurar a vi tória na luta contra o regime deopressão pol í t ica e de exploração se lvagem das massas

p o p ul are s . ^

A ação revolucionária , animando-se em Kazan, inquietavao s ge ndarm e s . Em ju l ho de 1889 , Fe do sse i e v e ra p r f i so . Fo iigualm ente dissolvido <? c í rculo de que Lênin fazia pa tte .Dessa fe i ta , Lênin escapou a uma nova prisão , que podemter para è le conseqüências bem mais graves que t primeiraIsso porque dois meses antes da prisão em massa dos membrosdos c í rculos dir igidos por Fedosseiev, toda a famíl ia ,„Ul iânov,a 3 de maio de 18 8 9, fôra f i xa r residência na provim ia de

Sam ara . D e i n í c i o , Lê ni n v i ve u co m tô da a f am í l i a num agranja perto da aldeia de Alakaievka, a 50 verstas de Samarae , a part i r do outono de 1889, na própria c idade de Samara.Lá também os gendarmes e o curador do distr i to escolar deKazan o rgani zaram um a r i go ro sa v i g i l ânc i a e m tô rno de Lê ni ne de sua f am í l i a .

( * í q i í ê n í n : 0 b r a s £ s c o U l l d a s ' I. 1 ' Parte , pug. 806, ed. fra n-

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Lê n i n c he gou a S a m a ra c om o m a rx i s t a c onv i c t o .

Samara e ra , nessa época , um dos ba luar tes do popul i smo.

En t r e o s v i g i a dos e o s de po r t a dos (do s doc um e n t os da p o l í c ia

de pre e nd e - s e qu e ha v i a uns qu a re n t a ) do m i n a va m c om pl e t a -

mente os par t idár ios da t endênc ia popul i s ta , os in imigos do

m a rx i s m o , que nã o c om pre e nd i a m a s l e i s do de s e nvo l v i m e n t o

soc ia l . O s po pu l i s tas ju lg ava m que o capi ta l i sm o na Rúss ia

e r a um fe n ôm e n o "a c i de n t a l " , e ne ga v a m a pos s i b i l i da d e de

s eu de s e n vo l v i m e n t o . N e g a v a m o pa p e l de va n gua rda da c la s se

ope rá r i a no m ov i m e n t o r e vo l uc i oná r i o e e s pe ra va m q ue o

a dve n t o do s oc i a l i s m o r e s u l t a s s e da c om uni da de c a m pone s a .

Na da ta da chegada de Lênin a Samara , havia a l i vá r iosc í r c u l os da j uve n t ude e s t uda n t i l de e s p í r i t o r e vo l uc i oná r i o .

Um desses c í rculos mais em evidênc ia e ra o de A. Skla renko.

NC4e e ram abordados problemas de h i s tór ia , de economia e

de f i l o s o f i a , e e s t uda va -s e a que s t ã o c a m po ne s a . A o r i e n t a çã o

ge ra l e r a popu l i s t a . S k l a r e nko t a m bé m m a n t i nha r e l a ç õe s c om

os operá r ios , e pr inc ipa lmente com os fe r roviá r ios . Sob a

inf luênc ia dc Lênin , que in ic ia ra os membros dêsse c í rculo na

dou t r i na m a rx i s t a , S k l a r e nko l ogo a ba ndonou s ua s c onc e pç õe s

popu l i s t a s , pa r a t o rna r - s e m a rx i s t a .

N o c í rculo de Skla ren ko, com o nos out ro s c írculos i l ega i s

da j uve n t ud e r e vo l uc i oná r i a , Lê n i n f ê z p ro pa g a nd a do m a rx i s m oV

\J

cr i ti cou o po pu l i s m o. Fêz exp lanações sôbre o l ivro do

c o n h e c i d o p o p u l i s t a , V . V . ( V . V o r o n t z o v ) Os Destinos do

Cupitalimo na Rússia, sôbre os esc r i tos dos popul i s tas Mica i -

lovski e Iu jákov, sôbre os Esboços de Nossa Economia Social

Após a Reforma^ d o p o p u l i s ta N i c o l a u - o n ( N . D a n i e l s o n ) .

F ê z t a m bé m um a e xpos i ç ã o s ôb re o l i v ro de K . Ma rx ,

A Miséria da Filosofia. Nessas conferênc ias , deba tes e pa les -

t ras , Lênin , j á nessa época , as sombrava por seu conhec imentop r o f u n d o d o m a r x i s m o . O s m e m b r ò s d o s c í rc u lo s d e S a m a r a

diziam em suas car tas que havia nessa cidade, sob a vigi lância

da po l í c ia , um e s t uda n t e c ha m a do U l i â no v , hom e m no t á ve l

por seu espí r i to e sua e rudição .

( *> Is to ó, após a «reforma agrár ia» de 1861 , que abol ia as er v id ã o n a Rú s s ia , e a s r e f o r m a s r ea l iz a d a s pos te r ior m en te n od omín io da a d m i n i s t r a ç ã o , d a j u s t i ç a , e t c .

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Em Samara, Lênin prosseguiu com ardor no estudo das

o bras de Marx e Enge l s , p r i nc i p a l m e nte e m a l e m ão e f rancê s ,pois havia muito poucos escritos dêles traduzidos para o russo.O próprio Lênin traduziu para o russo O Manifesto do Partido

Comunista de Marx e Engels . O manuscri to da tradução, quese lera nos c í rculos de Samara, fo i destruído por ocasião debatidas pol ic iais .

Lênin estudou o passado do movimento revolucionáriorusso; discutiu êsse assunto com os populistas mais em evidên-cia que, de vol ta do exí l io , haviam f ixado residência emS a m a r a .

Lênin não concebia a teoria marxista de maneira l ivrescae abstrata . O marxismo para ê le nunca fo i um dogma morto ,mas um guia vivo para a ação revolucionária . Fazendo-a pro-p aganda da do utr i na de Marx- Enge l s , Lê ni n , e ntão co m vi nteanos de idade, empreendeu um estudo aprofundado do desen-volvim ento econôm ico e pol í t ic o da Rú ssia . »

Estudou a fundo as obras econômicas dqs popul istas.Controlou e anal isou ê le próprio todos os fatos sôbre os quais ospopul istas baseavam suas falsas deduções. Entregou-se à anál ise

da estat íst ica , assimi lou uma imensa documentação sôbre asi tuação econômica da Rússia , notadamente os dados da esta-t í st ica dos zemstvos sôbre a econom ia cam pon esa. "A s estat ís-ticas dos zemstvos <*> — escrevia êle na época — fornecem umado cum e ntação abundante e m ui to p o rm e no r i zada sô bre asi tuação econômica do campesinato . " ( **>

Era estudando do ponto de vísta teórico a economia cam-ponesa que Lênin controkva as deduções que extraía da prát ica ,do contato direto com a vida camponesa. Durante os c incov e r õ e s ( 1 8 8 9 - 1 8 9 3 ) q u e p a s s o u e m A l a k a i e v k a , L ê n i n m a n t e v ep re stas f re q üe nte s co m bs cam p o ne se s ; e s tudo u a te ntam e ntesuas condições de existência . A pedido de Lênin, Sklarenkoprocedeu a um levantamento estat íst ico em três cantões de

( * ) Ser v iço d e es ta t í s t i ca in s t i tu íd o pe los z ems tv os , ór gã os d o•f lue s e ch a ma v a a uton omia a d min is t r a t iv a loca l d a Rús s ia d e a n tesd a R e v o l u ç ã o .

( ** ) Lên in, t . I , tóg. 3 , 4« ed. ru as* .

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um distr i to de Sam ara. O próprio Lênin preparou a f icha

dê sse l e vantam e nto p o r m o radi a .As conclusões que emanavam dêsse estudo profundo e

minucioso do sistema econômico russo foram expostas porLê ni n e m se u no táve l ar t i go : " Os No vo s Mo vi m e nto s Eco nô -m i co s na Vi da Cam p o ne sa" ( e scr i to na p r i m ave ra de 1893) ,o primeiro de seus trabalhos de publ ic ista que chegou até nós.N e s s e < art igo , ê le submete a uma anál ise cr í t ica o l ivro deV . P o s t n í k o v : A Economia Camponesa da Rússia Meridional,

escrito à base da estatística dos zemstvos e das observações

pessoais do autor nas províncias de Iekaterinoslav, de Kersone de Táurida. Lênin apreciava grandemente essa obra na partee m q ue Po stn í ko v de m o nstrava , co m o auxí l i o de um adocumentação abundante e precisa , a existência de uma di fe-renciação no se io do campesinato russo . Mas Lênin repel iasuas deduções e proposições l iberal -popul istas. O art igo mostracom que profundeza e independência de espíri to o jovemLênin apl icava o método marxista na anál ise dos mais complexosproblemas da vida russa.

Em sua correspondência dêsse período, Lênin formulounestes termos as conclusões que decorriam de seu art igo :"As teses que aí estão expostas, permitem-me t i rar con-

clusões bem mais importantes e que vão muito mais longe doque fo i fe i to no próprio art igo . A di ferenciação de nossospequenos produtores (cam pone ses e: pequeno s artesãos) pare-ce-me ser um fato fundamental , essencial , que expl ica nossocapi tal ismo das c idades e nosso grande capi tal i smo, destró i omito do caráter part icular da formação econômica camponesa(al i existe , a l iás , a mesma formação burguesa, com a única

di ferença de que e la é ainda mais cercada de barre iras feudais)e obriga a ver nos pretensos "operários" , não um pequenopunhado de pessoas colocadas em condições especiais, massomente as camadas superiores dessa massa enorme de cam-poneses que já estão vivendo muito mais da venda de suafôrça de trabalho que de sua própria economia. "

( * ) C o l e t â n e a L ê n i n , t . X X X I I I , p á g s . 1 6- 16 , e d . r u s s a .

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Lê ni n p ro p unha- sc m andar p ubl i car se u ar t i go num arevista l iberal -popul ista lega l . M as a redação da revista

recusou-se a inserir um trabalho dir igido contra o popul ismo.O art igo de Lênin permaneceu nos arquivos durante tr intaanos, e só em 1923 é que fo i reencontrado e publ icado.

No outono de 1889, Lênin dese ja obter autorização paraprestar como externo seus exames de Dire i to num estabeleci -m e nto de e ns i no sup e r i o r . No p e di do ap re se ntado p o r Lê ni n ,o Min istr o da Instrução Públ ica^ De l iân ov, exa rou o seguintedespacho: " Informar-se a seu respei to junto ao curador e aoD e p artam e nto da Po l í c i a . " E o d i re to r do D e p artam e nto daPo l í c i a , D urno vo , i n f o rm o u e m re sp o sta : " Po r o cas i ão de suapermanência em Kazan, Ul iânov destàcou-se por suas re laçõescom indivíduos pol i t icamente pouco seguros, a lguns dos quaissão atualmente obje to de um inquéri to judiciáTÍo e são acusadosde crime contra o Estado." E Lênin teve pela f rente umarecusa. O govêrno do tzar proibira- lhe o acesso à Universi -dade co m o e l e m e nto " p o l i t i cam e nte p o uco se guro " . So m e ntena primavera de 1890 é que Lênin fo i , enf im, autorizado aprestar , como externo, seus exames de Dire i to na Universidadede Pe te rsburgo .

Em f i ns de ago sto de 1890 , Lê ni n di r i ge - se a Pe te rsburgopara informar-se das condições em que teria de prestar seusexames. De vol ta a Samara, ao mesmo tempo que se entregaa um e studo ap ro f undado de Marx , t raba l ha o bst i nadam e nte *no sentido de assimi lar a jurisprudência , prepara-se cong af incop ara o s e xam e s .

O jovem Lênin — êle t inha vinte anos de idade — deviaassimi lar num lapso de tempo muito curto , um ano somente ,sem nenhuma a juda, todo o programa universi tário de quatroan os. A lém disso , t inha, ao apresentar seu pedido à banca

e xam i nado ra , de juntar um a co m p o si ção so bre m até r i a deDire i to Criminal , fe i ta em casa. Durante as provas perante abanca, era preciso redigir uma dissertação sôbre um temaindicado, e prestar em seguida exames de Teoria e História doD i re i to R o m ano , D i re i to C i v i l e se u Pro ce sso , D i re i to Co m e r-cial e seu Processo , Dire i to Criminal e seu Processo , Históriado D i re i to R usso , D i re i to Canó ni co , D i re i to Públ i co , D i re i to

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o*

Internacional , Dire i to Pol ic ial , Economia Pol í t ica , Estat íst ica ,

D i re i to F i nance i ro , C i ê nc i a do D i re i to e Hi s tó r i a da F i l o so f i ado Dire i to . Para tudo isso , era preciso estudar a fundo umaquantidade enorme de l i teratura especial izada.

Ana Hi ni tchna Ul i âno va- EI i záro va re l a ta co m o Lê ni n sepreparava para os exam es. "M uit os se espantavam entã o —escreveu e la — que, expulso da Universidade, ê le t ivesse sepreparado tão bem- num ano apenas, — sem nenhu ma a juda ,sem subm eter-se a nenhu ma das provas de f im de ano ou de 'semestre — que ê le prestasse seus exames ao mesmo tempoque os outros estudantes de sua c lasse . Isso , Vla dim ir I l i tchdevia a seus dotes excepcionais , mas também a sua grandecapacidade de trabalho. "<*>

Du ran te o invern o em Sam ara e no verão na aldeia de *Al akai e vka , Lê ni n t raba l ho u se m de scanso . Em Al akai e vka ,conta Ana I l ini tchna, "ê le construiu para si um gabinete detrabalho iso lado, no fundo de uma espessa alé ia de t í l ias . . .Dirigia-se para lá carregado de l ivros, após o chá da manhã,com uma pontual idade tão r igorosa, que se poderia acredi tarque um professor severo o esperava. Al i , passava o tempo

numa sol idão completa , até as 3 horas da tarde , hora do almoço.Nenhum de nós arriscava-se a penetrar nessa alé ia , de mêdode p e r tubá- l o .

Tendo terminado seus estudos da manhã, re tornava àtarde ao seu ret i ro , com um l ivro sobre as questões sociais .Ass i m , l e m bro - m e de q ue ê l e l i a e m a l e m ão , A Situação das

Classes Trabalhadoras na Inglaterra, d e E n g e l s . D e p o i s , d ia va

um passeio, banhava-se, e após o chá da noite. . . de novoVladimir debruçava-se sobre um l ivro . " ( ** )

Em duas vêzes — na prima vera e no outono de 18 91 —Lênin prestou bri lhantemente seus exames na Universidadede Petersburgo. Doíf 33 candidatos, só ê le recebeu a mençãode "ót imo" em tôdas as matérias. A banca examinadora deD i re i to co nce de u- l he o di p l o m a co m di s t i nção .

( * ) A . U l iâ n ov a - E I iz á r o v a : Rec or d a ções d e L ên in , pá g 3 6 edr u s s a .

( * * ) I b i d .

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Quando sc real izavam os exames de primavera, umagrande dor abateu-se de novo sobre Lênin: sua i rmã caçula,Olga, estudante dos Cursos Superiores para Moças, em Peters-burgo , m o rr i a de t i f o . Lê ni n e ra m ui to l i gado a Ol ga , m ai snova que ê le ano e meio . Pouco antes da morte da i rmã, ê lecham ara a m ãe a Pe te rsburgo . D e p o i s da m o rte de Ol ga ,ê le e sua mãe regressaram a Samara.

Em Petersburgo, durante os exames, Lênin encontrara-secom certos marxistas. Estes lhe forneceram publ icações mar-xistas em russo e em alemão, que ê le levou para Samara.

Em jane i ro de 1892 , Lê ni n f o i i nscr i to co m o advo gado .

Ao m e sm o te m p o q ue se e ntre gava a um t raba l ho te ó r i cointenso , dir igia c í rculos social -democratas marxistas, redigiae fazia informes, passa a atuar, a part i r de março de 189&,como advogado de defesa no tr ibunal de distr i to de Samáfar*Seus cl ientes eram sobretudo camponeses pobres* russos e tárta-ros, que haviam conhecido na região do Volga um ano defome terrível . Seu primeiro c l iente , um camponês, era acusadode have r " o f e ndi do D e us , a V i rge m , a Sant í ss i m a T r i ndade ,Sua Majeátade o Imperador e seu herdeiro , dizendo que o tzar

não fazia bem as coisas" .. »Lên in perm aneceu em Samara m ais de quatro anos. Fo i

al i que e laborou def ini t ivamente suas concepções marxistas etravou seus primeiros combates contra os popul istas. O estudodo sistema econômico e da História da Rússia , as conferênciasque real izou nos c í rculos de Samara, formarão mais tarde abase de algumas de suas obras, inclusive o l ivro cé lebre : O Que

São os "Amigos do Povo" e Como Lutam Contra os Social-

•Democratas. Em tôrno de Lênin const i tuiu-se o primeiro c í rculo

dos marxistas de Samara, que exerceu inf luência considerávelsobre a juventude revolucionária . Lênin estabeleceu contatoscom * o s m arxi s tas de N í jn i - N o v gó ro d , V l ad i m i r , Pe te rsburgo ;correspondeu-se com Fedosseiev, que se encontrava na prisão deVl adi m i r . Ne sse s ano s l o ngí nq uo s , q uando o m o vi m e nto m ar-xista na Rússia estava apenas em seu iníc io , a região do Volga,graças a Lênin e a Fedosseiev, tornara-ae um dos principaisce ntro s dç di f usão do m arxi sm o .

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Entretanto , a propaganda das idéias do marxismo nos

círculos de Samara e as controvérsias com os populistas, nãoeram de m olde a sat isfazer Lê ni n. A vida era- lhe en fadon hanessa c idade provinciana, distante dos centros do movimentoproletário e da luta pol í t ica . Êle queria penetrar no âmagodo proletariado industrial . O estado de espíri to de Lênin naé p o ca f o i p e r f e i tam e n te i l ust rado p o r A . Ul i âno va- El i záro va ,ao evocar a impressão que produziu nêle o conto de TchécovA Cela 6, q u e ê l e t i n h a l i d o n o i n v e r n o d e 1 8 9 2 - 1 8 9 3 :"Quando ontem à noi te acabei de ler êsse conto , experimenteium se nt i m e nto co m o q ue de e sp anto . Não p o de ndo f i car no

meu quarto , levante i -me e saí . T inha a sensação de estar eumesmo encerrado na ce la n 9 6." (*>

Lênin t inha pressa em ingressar na arena de uma vastaluta revolucionária .

Em m e ado s de ago sto de 18 93 , de i xo u Sam ara . N o cam i -nho , de te ve - se e m Ní jn i - No vgó ro d: a l i , num c í rcu l o m arxi s ta ,real izou uma conferência contra o popul ismo.

A 31 de agosto de 1893, Lênin chegava a Petersburgo,ce ntro p o l í t i co da R úss i a .

( S ) A . U l iâ n ov a - E l iz á r o v a : Recoi - d acões d e L ên in , pá g . 4 5 , ed .

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