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- 045 - Les Nabis (Os Profetas) O movimento “Les Nabis”, se originou de um grupo de jovens estudantes de arte egressos da Academia Julian. Surgiu do então impressionista Paul Sérusier (1864-1927) a ideia de formar o grupo, cujo nome, originado do hebraico, significa “Os Profetas”. Foi ele que trouxe também para o grupo o valioso apoio do já famoso pintor pós-impressionista Paul Gauguin (1848-1903). Ker-Xavier Roussel, Édouard Vuillard, Romain Coolus, Félix Vallotton, 1899 (Commons) Quanto ao nome “Les Nabis”, ele foi cunhado pelo poeta Henri Cazalis, que traçou um paralelo entre os pintores interessados em revitalizar a pintura e os profetas do Velho Testamento, empenhados em rejuvenescer Israel, ainda mais semelhantes porque a maior parte dos artistas usava barbas e alguns deles eram judeus, reforçando o elo entre a os artistas e a religião. Além do mais, havia uma certa mística no comportamento dos novos “profetas”, que ia deste as ideias até o linguajar, propositalmente cabalístico.

Les Nabis (Os Profetas) - · PDF fileos profetas do Velho Testamento, empenhados em rejuvenescer Israel, ... transportada para o novo estilo. Nesse trabalho, Matisse faz referência

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Les Nabis (Os Profetas)

O movimento “Les Nabis”, se originou de um grupo de jovens estudantes

de arte egressos da Academia Julian. Surgiu do então impressionista Paul

Sérusier (1864-1927) a ideia de formar o grupo, cujo nome, originado do

hebraico, significa “Os Profetas”. Foi ele que trouxe também para o grupo o

valioso apoio do já famoso pintor pós-impressionista Paul Gauguin (1848-1903).

Ker-Xavier Roussel, Édouard Vuillard, Romain Coolus,

Félix Vallotton, 1899 (Commons)

Quanto ao nome “Les Nabis”, ele foi cunhado pelo poeta Henri Cazalis,

que traçou um paralelo entre os pintores interessados em revitalizar a pintura e

os profetas do Velho Testamento, empenhados em rejuvenescer Israel, ainda

mais semelhantes porque a maior parte dos artistas usava barbas e alguns deles

eram judeus, reforçando o elo entre a os artistas e a religião. Além do mais,

havia uma certa mística no comportamento dos novos “profetas”, que ia deste

as ideias até o linguajar, propositalmente cabalístico.

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Em tom de mistério, chamavam o estúdio de “ergasterium” e encerravam

suas cartas com a sigla "E.T.P.M.V. et M.P”, significando, em francês, "En ta

paume, mon verbe et ma pensée", em português, “na palma de suas mãos,

estão minhas palavras e meu pensamento”. Já se vê que não se tratava de

um grupo muito aberto à comunicação.

No período de organização, encontravam-se na própria Academia Julian.

Depois, passaram a se encontrar no apartamento do pintor Paul Ranson (1864-

1909). Pregavam que uma obra de arte é o produto final, ou a síntese

proporcionada pelo artista, contendo a natureza em metáforas estéticas

pessoais e em símbolos. Dá para entender....

Esquisitices à parte, o grupo Les Nabis abriu o caminho para o

desenvolvimento da arte abstrata e, longe de viver o passado distante, eles eram

progressistas, visionários de seu tempo mas sem perder a noção da realidade,

integrados que estavam na arte e no cotidiano das pessoas.

“Homenagem a Cézanne”, Maurice Denis, 1900 (Commons)

Quanto às técnicas utilizadas, estavam integrados a todo tipo de mídia,

usando telas ou cartões, trabalhando com têmpera ou óleo, pintando murais, ou

produzindo pôsteres, impressões, ilustrações de livros, temas para estamparia

de tecidos e criando ideias para decoração de móveis. Mesmo depois de extinto

o grupo, suas ideias foram pilares para o desenvolvimento do Fauvismo e do

Cubismo.

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Entre os artistas considerados “Os Profetas”, destaca-se Maurice Denis,

pintor e também jornalista, que ajudou a projetar as ideias do grupo, que

classificava a pintura como "uma área plana coberta de cores reunidas em

uma ordem definida" (Traduzido da Wikipedia em inglês, com apoio de outras

fontes)

Eis os nomes mais significativos do grupo “Les Nabis”, com suas

respectivas identificações:

Pierre Bonnard (1867–1947), le nabi très japonard

Pierre Bonnard, “Auto-retrato” (1889) Commons

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Maurice Denis (1870–1943), le nabi aux belles icônes

Maxime Dethomas (1869–1929)

Meyer de Haan (1852–1895), le nabi hollandais

Rene Georges Hermann-Paul (1864–1940)

Henri-Gabriel Ibels (1867–1936), le nabi journaliste

Georges Lacombe (1868–1916), le nabi sculpteur

Lugné-Poe (1869–1940)

Aristide Maillol (1861–1944)

Paul Ranson (1864–1909), le nabi plus japonard que le nabi japonard

Paul Ranson, “Nabis Landscape”, 1890

József Rippl-Rónai (1861–1927), le nabi hongrois

Ker-Xavier Roussel (1867–1944)

Paul Sérusier (1864–1927), le nabi à la barbe rutilante

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Félix Vallotton (1865–1925), le nabi étranger

Félix Vallotton, The Mistress and the Servant, 1896

Jan Verkade (1868–1946), le nabi obéliscal

Édouard Vuillard (1868–1940), le nabi Zouave

Pierre Bonnard, Les Parisiennes 1893, lithograph (Commons)

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Paul Serusier, “A Colheita”

Paul Serusier, “O Talismã”

- 051 –

Pierre Bonnard, “La Seine à Vernon”

Pierre Bonnard, “Le boxeur”

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Paul Ranson, “Les trois baigneurs”

Paul Ranson, “Arbre pomme aux fruits rouges”

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Fauvismo e a missão das “feras”

O Fauvismo foi um dos mais importantes movimentos das Vanguardas

europeias (Avant-garde), caracterizado pelo emprego provocativo da cor que,

embora de curta duração (1904-1908), teve sua origem no Pós-Impressionsmo

e na pintura do grupo “Les Nabis”, passando o bastão ao seu sucessor, o

Cubismo, que também privilegiava a cor, mas acrescentando-lhe formas

geométricas mais definidas.

Nessa transição de um movimento para outro, não houve necessariamente

uma ruptura, mas sim uma nova leitura das experiências realizadas por seus

antecessores. Bem acompanhada a evolução das Vanguardas, podemos dizer

que cada movimento contribuiu, em seu lugar e hora, para o desenvolvimento da

arte moderna, complementando, mas não contraditando, o movimento anterior.

O termo “Fauvismo” (As feras), cunhado pelo crítico de arte Louis

Vauxcelles ao conjunto de obras apresentadas no Salão de Outono de Paris

em 1905, tinha um cunho pejorativo, mas os vanguardistas o adotaram pela

consciência que tinham quanto à sua importância no desenvolvimento da arte,

naqueles primeiros anos do Século XX. O precursor foi Henri Matisse e sua maior

contribuição para a arte moderna esteve na utilização da cor em seu estado puro,

sem subterfúgios, agredindo e fascinando a um só tempo.

Henri Matisse, “A dança”, 1909

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Henri Matisse, “Luxo, Calma e Voluptuosidade”, 1904

O gabarito para a pintura fauve é a obra de Matisse “Luxo, calma e

voluptuosidade”, representando uma síntese do Pós-Impressionismo

transportada para o novo estilo. Nesse trabalho, Matisse faz referência ao lirismo

romântico do poeta simbolista Charles Baudelaire em “Convite à Viagem”,

evidenciando a autonomia das cores em relação ao objeto focalizado.

Matisse dispõe o colorido de maneira que as cores frias e intermediárias

(azul, rosa e verde) revelem a calma e tranquilidade do ambiente proposto. Isso

permite dar maior destaque às figuras, em cores quentes, como o vermelho, o

laranja e o amarelo. Note-se que, embora introduzindo a cor como elemento

fundamental da obra, ainda existe nesse quadro um resíduo de estilos anteriores,

como o Pontilhismo, bastante visível no conjunto. Foi a partir padrão citado que

os demais artistas desenvolveram seu trabalho, criando uma identidade própria,

indelével, tanto dos artistas quanto do movimento, aproveitada e melhorada

pelos movimentos que sucederam à pintura fauve.

No mesmo Salão, Matisse expõe “O Retrato da Senhora Matisse”, uma

caricatura à feminilidade e um novo enfoque na pintura de retratos, fugindo aos

padrões do Impressionismo e bem distante do academicismo. (Traduzido da

Wikipedia em espanhol, com apoio de outras fontes)

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“O Retrato da Senhora Matisse”

Entre os artistas mais conhecidos da pintura fauve, podemos citar, de

passagem, os seguintes nomes:

Henri Matisse (1869-1954), pintor e escultor francês

Louis Valtat (1869-1952), pintor francês

Georges Rouault (1871-1958), pintor francês

Henri Manguin (1874-1949), pintor francês

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Albert Marquet (1875-1947), pintor francês

Albert Marquet, “Barcos de pesca”, (1906)

Jean Puy (1876-1960), pintor francês

Maurice de Vlaminck (1876-1958), pintor francês

Kees van Dongen (1877-1968), pintor holandês

Raoul Dufy (1877-1953), pintor francês

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Charles Camoin (1879-1965), pintor francês

Othon Friesz (1879-1949), pintor francês

Andre Derain (1880-1954), pintor e escultor francês

Georges Braque (1882-1963) pintor e escultor francês

Georges Braque, “Mulher nua se penteando”, 1906. Óleo sobre tela, 61×50

cm. > O artista utiliza cores brilhantes, em vermelho e rosa, com repetição

sutil de linhas diagonais,

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Ben Benn (1884-1983), pintor russo, naturalizado americano

Bem Benn, “The Street, New York City”

Roger de la Fresnaye (1885-1925), pintor francês

Marguerite Thompson Zorach (1887-1968) pintora americana

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Roger de la Fresnaye, “Coquelicots dans un vase”

(Papoulas em um vaso), 74x58 cm, 1910

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Henri Manguin , “The Prints”, 1905, Óleo sobre tela , 81 x 100 cm

Henri Mangin, “Landscape” (Paisagem)

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Louis Valtat, “Naked woman”, 1904

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André Derain, “"Collioure: le port de pêche"”, 1906

André Derain, “Pont de Charing Cross London”, 1906

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A decomposição da imagem

em formas geométricas

O Cubismo foi um movimento artístico desenvolvido entre 1907 e 1914,

nascido na França e encabeçado por Pablo Picasso e Georges Braque, com a

participação ativa de Jean Metzinger, Albert Gleizes, Robert Delaunay e Juan

Gris, usando como base as experimentações de movimentos anteriores a ele,

mas criando fundamentos para a pintura moderna, ao romper definitivamente

com a arte acadêmica. Não foi apenas mais uma experiência modernista, mas a

pedra basilar sobre a qual se sustentaram todos os movimentos posteriores, até

os dias de hoje.

O termo Cubismo (de cubo) foi cunhado pelo crítico de arte francês Louis

Vauxcelles, o mesmo que já havia criado a expressão Fauvismo (de fauve, ou

feras), e teve como mote o quadro “L’Estaque” (abaixo), de Georges Braque,

composto, segundo ele, de pequenos cubos.

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Embora mais apropriado para a pintura, o Cubismo se desenvolveu também

na escultura e na poesia livre, em que a métrica e as rimas são abolidas e a

própria escrita ganha o contorno de figuras geométricas. O Concretismo

brasileiro na poesia da década de 1950 (exemplo abaixo) foi uma versão

modernizada do cubismo literário que teve, como seu maior expoente na França

o poeta Guillaume Apollinaire (1880-1918).

É unanimidade, nos dias de hoje, considerar o Cubismo como o ponto inicial

das Vanguardas (Avant-garde), por romper com o último estatuto

renascentista ainda vigente no Século XX, qual seja, o conceito de

perspectiva, ao tratar as formas da natureza por meio de figuras geométricas

(não necessariamente o cubo) fragmentando linhas e superfícies, trazendo o

lado obscuro do objeto para o primeiro plano e mostrando, em superfície plana,

tanto a frente como o lado e o reverso do objeto, no que foi chamado de

“perspectiva múltipla”, ou uma quarta dimensão.

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Joaquin Peinado, (1898-1975), “Bodegón Cubista”

Como é fácil de se imaginar, a obra acabada ficava, por vezes, de difícil

compreensão, necessitando de uma decomposição e análise dos elementos

nela existentes, para o espectador compreender mais claramente a visão do

artista. Tudo isso bem ao contrário da pintura tradicional, que expunha aos olhos

do espectador o objeto natural, como ele estava acostumado a ver no cotidiano.

O cubismo teve como centro nevrálgico a cidade de Paris; como seus

organizadores, Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Gris; como fonte de

inspiração, as esculturas africanas e as exposições do pontilhista Georges

Seurat realizada em 1905 e do pós-impressionista Paul Cèzanne, realizada em

1907, ambas em Paris.

Cèzanne pretendeu representar a realidade, reduzindo-a a formas

essenciais, enquanto que Seurat buscou estruturar geometricamente seus

quadros. O que Pablo Picasso e Georges Braque tomaram de Cèzanne foi obter

uma nova figuração das coisas, dando aos objetos a solidez e a densidade,

afastando-se de vez dos preceitos do Impressionismo, que colocava no âmago

de sua pintura a busca exclusiva dos efeitos de luz. Quanto às máscaras

africanas, elas eram uma novidade que só recentemente chegara à Europa,

trazida pelos conquistadores que implantaram o neo-colonialismo na África.

Africanos desconheciam a evolução da arte na Europa e vice-versa.

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A visível identidade entre uma mascara africana

e uma pintura de Pablo Picasso

Em 1909, Georges Braque e Pablo Picasso estreitaram sua amizade e

permitiram o primeiro avanço, com a criação do Cubismo Analítico (1909-

1912), criando uma pintura quase que monocromática, baseada no cinza e no

ocre (óxido de ferro). Nesse primeiro momento, desprezava-se a cor para dar

destaque maior e quase que exclusivo à forma geometrizada das pinturas.

Georges Braque, “Instrumentos musicais”

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Com o quadro “O Português”, pintado por Georges Braque surge a segunda

fase cubista que é a do Cubismo Sintético (1912-1914). Em sua obra, Braque

desenvolve um estilo mais abstrato e, como novidade, acrescenta letras,

palavras e números na própria pintura, além de realizar colagem de papéis e

recortes de jornais. A cor começa a voltar, ainda que timidamente, à pintura.

Georges Braque, “O Português”, 1911

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Em 1912, Picasso também aderiu à colagem com sua obra “Natureza

morta com cadeira de palha”, acrescentando papel oleado sobre a tela. A cor

também se torna mais visível, em relação à fase anterior.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pôs fim à fase mais criadora do

cubismo. Muitos pintores foram convocados para a guerra, entre eles Braque,

Léger, Metzinger, Gleizes, Villon e Lhote. Terminado o conflito, os artistas

retomam sua atividade artística, mas, a essa altura, o cubismo original já havia

se desdobrado em outras tendências de denominações diferentes, como por

exemplo, o Dadaismo, o Surrealismo, Neoplasticismo e Concretismo. O destino

estava traçado; apenas os caminhos em direção ao futuro é que eram diferentes.

(Traduzido da Wikipedia em espanhol, com o apoio de várias outras fontes)

Os principais artistas do cubismo foram:

Lyonel Feininger (1871-1956), pintor germano-americano

Jacques Villon (1875-1963), pintor francês

Raymond Duchamp-Villon (1876-1918), escultor francês

Kasimir Malevich (1878-1935), pintor ucraniano

Maria Blanchard (1881-1932), pintora espanhola

Patrick Henry Bruce (1881-1936), pintor americano

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Albert Gleizes (1881-1953), pintor francês

Albert Gleizes, “Femmes cousant” (Mulheres costurando), 1913

Aquarela em papel colado à tela, 30x26 cm

Natalia Goncharova (1881-1962), pintora russa

Fernand Leger (1881-1955), pintor francês

Mikhail Larionov (1881-1964), pintor russo

Henri Le Fauconnier (1881-1946), pintor francês

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Pablo Picasso (1881-1973), pintor e escultor espanhol

Georges Braque (1882-1963), pintor francês

Louis Marcoussis (1883-1941), pintor franco-polonês

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Jean Metzinger (1883-1956), pintor francês

Gino Severini (1883-1966), pintor italiano

Robert Delaunay (1885-1941, pintor francês

Robert Delaunay, “Janela”, 1912

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Roger de la Fresnaye 1885-1925, pintor francês

Henri Laurens (1885-1954), escultor francês

Andre Lhote (1885-1962), pintor e escultor francês

André Lhote, “Sevilha”, Óleo sobre papel, 1922

Alexander Archipenko (1887-1964), escultor ucraniano

Juan Gris (1887-1927), pintor e escultor espanhol

Henri Gaudier-Brzeska, (1891-1915), escultor francês

Jacques Lipchitz (1891-1973), escultor franco-lituano

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A realidade deformada para

expressar o subjetivo

O Expressionismo foi um movimento cultural surgido na Alemanha no início

do Século XX, que se firmou nas artes plásticas, literatura, música, cinema,

teatro, dança, fotografia e outros gêneros de expressão artística, mas que teve

início, mesmo, na pintura e, a par com o Fauvismo, representou a primeira

manifestação sólida e visível das Vanguardas históricas (Avant-garde).

Longe de ser um movimento unificado com características próprias, ele era

heterogêneo, aglutinando artistas de tendências diversas e de níveis culturais

muito variados. Seu surgimento foi uma reação ao Impressionismo,

defendendo a ideia de uma arte pessoal e intuitiva, em que o que mais vale é a

visão interior do artista (a expressão), ainda que contrariando a realidade visível

(a impressão).

Em síntese, o expressionismo deve ser entendido como a deformação da

realidade para expressar, de maneira mais subjetiva, a natureza e o ser humano,

privilegiando a expressão dos sentimentos, mais que a descrição objetiva do

real. Colocado desta forma, o termo pode ser aplicado não só aos artistas

contemporâneos alemães, mas a outros de qualquer época e de qualquer

lugar, como Bruegel, el Viejo (Holanda), ou El Greco e Goya (Espanha).

El Greco (Domenikos Theotokopoulos) – “Laocoön” - Google Art Project

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Para dar dramaticidade ao gênero, suas cores são violentas e os temas

recorrentes são a solidão e a miséria, representando o estado de espírito e as

contradições de uma sociedade perplexa com a desorientação política e social

que prevalecia nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial (1914-

1918) e a amargura que predominou no período entre-guerras (1918-1939).

Essa amargura provocou um desejo veemente de mudar a vida, buscar novas

dimensões à imaginação e renovar a linguagem artística. Em uma oposição

concreta ao status, o expressionismo defendia a liberdade individual, a

primazia da expressão subjetiva, o irracionalismo, a paixão e, sobretudo,

os temas proibidos, como o mórbido, o demoníaco, o sexual, o fantástico

e a perversão.

“O Grito”, de Edvard Munch

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A característica fundamental do Expressionismo era perseguir a visão

subjetiva, com a deformação emocional da realidade, cobrando uma significação

metafísica e abrindo os sentidos ao mundo interior. Era, em certo sentido, a

expressão da alma alemã no período que antecedeu a Primeira Guerra,

buscando refúgio na metafísica, para escapar à realidade, com uma visão trágica

do ser humano, seus medos e dissabores, sua preocupação com a vida e a

morte, revelando o lado pessimista da vida e o sentimento de isolamento frente

à sociedade moderna e industrializada. Assim, distorcendo a realidade,

pretendiam impactar o espectador, penetrando em seu lado mais interior e

emotivo.

Paul Klee, “Senecio”, 1922

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Como buscava a realidade para distorcê-la, o Expressionismo não foi

homogêneo, mas variou segundo os estilos que procurava distorcer: foi

modernista com Edvard Münch, fauvista com Georges Rouault, cubista e

futurista com o movimento Die Brücke, surrealista com Paul Klee, abstrato com

Wassily Kandinsky, e assim por diante. Ainda que o centro de irradiação tenha

sido a Alemanha, o mesmo sentimento se expressa em outros países, com

Amedeo Modigliani (Itália), Mark Chagall (Rússia), Chaïm Soutine (França).

Extrapolando a Europa, teve repercussão no México, com Orozco, Diego Rivera

e David Alfaro Siqueiros, e, no Brasil, com Cândido Portinari e Lasar Segall.

Wassily Kandinsky, “Moscow I”, 1916

Na Alemanha, o movimento se organizou principalmente em torno dos

grupos Die Brücke (A Ponte), fundado em 1905, e Der Blaue Reiter (O

Cavaleiro Azul), fundado em 1911, sem prejuízo de outros artistas

independentes. Após a Primeira Guerra, surgiu o movimento “Nova

Objetividade” que, embora pretendendo rechaçar as ideias expressionistas, ao

defender um caráter mais social da arte, utilizou da mesma distorção formal e do

intenso colorido, o que os tornou, a contragosto, herdeiros diretos da primeira

geração expressionista.

O termo “Expressionismo” foi usado pela primeira vez pelo pintor

francês Julien-Auguste Hervé, que utilizou a palavra “Expressionisme” para

designar uma série de quadros apresentados no Salão dos Independentes de

Paris em 1901, contrapondo-se ao termo “Impressionismo”. O movimento

alemão adaptou a expressão como “Expressionismus”, ao invés de traduzi-la

para o alemão, que seria “Ausdruck” (Expressão). Foi usado pela primeira vez

no catálogo da XXII Exposição da Secessão de Berlim em 1911, a qual incluía

não só artistas alemães como também franceses. (Traduzido da Wikipedia em

espanho, com apoio de outras fontes)

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Os principais artistas do movimento foram:

James Ensor, (1860-1949), pintor belga

Emile Antoine Bourdelle, (1861-1929), escultor francês

Edvard Munch, (1863-1944), pintor norueguês

Franz von Stuck, (1863-1928), pintor e escultor alemão

Alexei Jawlensky (1864-1941), pintor russo-alemão

Wassily Kandinsky, (1866-1944), pintor russo-francês

Kathe Kollwitz, (1867-1945) escultor e impressor alemão

Emil Nolde, (1867-1956), pintor alemão

Ernst Barlach, (1870-1938), escultor alemão

Emily Carr, (1871-1945), pintor canadense

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Lyonel Feininger, (1871-1956), pintor alemão-americano

Georges Rouault, (1871-1958) pintor francês

Alfred Kubin, (1877-1959), ilustrador checo

Gabriele Munter, (1877-1962), pintor alemão

Paul Klee, (1879-1940), pintor suiço

Jacob Epstein (1880-1959), escultor Americano-britânico

Ernst Ludwig Kirchner , (1880-1938) pintor e escultor alemão

Franz Marc, (1880-1916) pintor alemão (abaixo, “Cavalos azuis”)

Max Pechstein (1881-1955), pintor alemão

Max Weber, (1881-1961) pintor alemão-americano

Richard Gerstl, (1883-1908) pintor austríaco

Erich Heckel, (1883-1970) pintor alemão

Ivan Mestrovic, (1883-1962) escultor croata-americano

Max Beckmann, (1884-1950) pintor alemão

Ludwig Meidner, (1884-1966), pintor alemão

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Amedeo Modigliani, (1884-1920), pintor e escultor americano

Karl Schmidt-Rottluff, (1884-1976), pintor alemão

Jules Pascin, (1885-1930)., pintor búlgaro-francês

Oskar Kokoschka, (1886-1980), pintor austríaco

Jose Gutierrez Solana, (1886-1945, pintor espanhol

August Macke, (1887-1914), pintor alemão

Heinrich Campendonk, (1889-1957), pintor alemão

Georg Schrimpf, (1889-1938), pintor alemão

- 080 -

Egon Schiele, (1890-1918), pintor austríaco

Otto Dix, (1891-1969), pintor alemão

Otto Dix, “Auto-retrato com musa”, 1924

George Grosz, (1893-1959), pintor alemão

Chaim Soutine, (1893-1943, pintor lituano-francês

Gert Wollheim, (1894-1974), pintor alemão-americano

Josef Fenneker, (1895-1956), ilustrador alemão

Abraham Rattner, (1895-1978), pintor americano

Conrad Felixmuller, (1897-1977), impressor alemão

Carlos Orozco Romero, (1898-1984), pintor mexicano

Marino Marini, (1901-1980), escultor italiano

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Francis Bacon (1909-1992), pintor irlandês-britânico

Francis Bacon, “Auto-retrato”, 1969

Renato Guttuso, (1912-1987) pintor italiano

Gershon Iskowitz, (1921-1988), pintor polonês-canadense

Svend Wiig Hansen, (1922-1997), pintor dinamarquês

Bob Thompson, (1937-1966 ), pintor afro-americano

Per Kirkeby, (nascido em 1938), pintor dinamarquês

- 082 –

Expressionismo no Brasil Lasar Segall, “Maternidade”

Cândido Portinari, “Retirantes”