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8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f1
L etras de S olidão
(volume 2)
p a u l i n h a & b . p o n t o
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2011
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e f3
p a u l i n h a & b . p o n t o a l g u n s p o em a s
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“É muito melhor viver sem felicidade
do que sem amor.” (William Shakespeare)
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11131617253034444557
608183909192
98100108
í n d i c e - p a u l i n h a
Ano NovoNatalMãos DadasBreve
EscreverÁcidoSolidãoRevelaçãoSentidosTempo
LivreSentimentoHojeO CorvoPensamentoMelodia
Lembranças?PazEscuro
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í n d i c e - b . p o n t o
... quarto ...
... sem validade ...
... café della nona ...
... no fundo ...
... origem ...
... uvas verdes ...
... sem desculpas ...
... cadarços ...
... ausência ...
... doce paladar ...
18
20212327293233
3537
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... pior que a morte ...
... pelos vales das sombras ...
... ciclo ...
... queda ...
... migalhas ...
... duplo sentido ...
... hipocrisia ...
... nada pessoal ...
... engano ...
... natureza humana ...
... certo dia ...
... ilusão ...
... egoísmo ...
... um quê de john nash ...
... duras verdades ...
... auto engano ...
... recapitulação ...... o dia em que chutei bukowski
pra longe ...... eterno inverno ...... ótima idéia ... ... céu azul ...... lábios em prosa ...... mera analogia ...... sem espaço para depressão ...... sinto um poeta ...... filosofia venezuelana ...... bastam ...... canto de metal ...
... tromba d’água ...
... safe harbor ...
... inconstância ...
... diário ...
... mosca ...
... epílogo ...
... loira ...... lições de infância ...
... paraíso ...
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546167687071
72
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A n o N o v o
É inevitável negar:
O tempo de nossas vidas é marcado.
Somos, sim, reféns das datas:
Nascimento
Aniversário
Feriados (Carnaval, Páscoa, Natal)
Início (primeiro dia de aula, primeiro
dia de trabalho, primeiro dia do ano).
E, com elas: sofremos, alegramo-nos,
choramos, rememoramos, prometemos.
Não importa a marca.Se ela existe,
Cabe a nós usá-la da melhor forma:
Aceitemos o perdido.
Se algo se foi, é porque não deveria mais
fazer parte de nossas vidas.
Enterremos os mortos.
Presente que vive passado, nunca será
presente,
Será sempre passado.
Consagremos as conquistas,
É nelas que reside a força que nos moverá
para o futuro.
E alegremo-nos com o recomeço,
Pois é no marco zeroNo dia 1º de janeiro
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Que
Definitivamente:
Recomeçamos!
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N a t a l
Acordei cedinho
Todos dormiam
Desci a escada rapidamente
A mesa de jantar ainda estava com a
toalha da ceia
E as luzes da árvore de Natal permaneciam
acesas.
Sentei na ponta do sofá e esfreguei o
vidro da janela com o punho das mãos
Chovia forte lá foraMal enxergava o outro lado da rua
Voltei o rosto para a sala e respirei
profundamente ao me deparar com a árvore
Caminhei até ela e toquei levemente os
galhos altos.
Estava presa em meus pensamentos
Quando ouvi um pequeno murmurinho
Um som infantil e abafado
Girei o corpo em meu próprio eixo e
examinei a sala
Estranho
Aparentemente eu estava sozinha.
Antes que eu pudesse voltar a meus
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Deixei o choro tomar conta da minha alma
E sacudir meu corpo com seus soluços
Afinal, eu tinha reencontrado a essência,
A doçura da infância
E a crença
De que o Natal existe
Sempre
Dentro de nossos corações.
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M ã o s D a d a s
Caminhamos pela praia deserta
Era uma manhã fria de inverno
A água gelada às vezes alcançava nossos
pés
E o silêncio de nossas vozes
Guardou cada passo de nosso trajeto
Por vezes, olhávamos nos olhos
E a cada encontro,
um sorriso.
Nossos dedos entrelaçados
Aqueciam nossas mãos unidasE confiantes,
Seguíamos rumo ao destino
de nossa união.
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B r e v e
Não me pergunta que caminho é esse
Pois não sei dizer.
Não escolhi o amor,
Fui escolhida.
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. . . q u a r t o . . .
no
quarto
ao
lado
tem
luz...
a
temperatura
é
maisamena...
sei
disso
pois
o
quarto
ao
lado
é
meu.
já
esseaqui,
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não
faço
idéia.
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. . . s e m v a l i d a d e . . .
duas
voltas
no
sentido
anti-horário
bastam;
e
me
abro.
recomenda-semanter
em
local
frio
e
úmido..
especialmente,
fora
do
alcance
de
qualquer
um.
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. . . c a f f é d e l l a n o n n a . . .
boas
lembranças
do
gosto
do
café
no
leite,
aos
domingos,
nacasa
da
nonna...
frequentemente
uma
onda
de
nostalgia
me
envolve
em
bares
quaisquer,acompanhada
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de
fatias
quentes
de
pão
na
chapa.
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. . . n o f u n d o . . .
aqui
no fundo
o som
chega
baixo
e distorcido.
a água,
turva,
dificulta
minha visão,
mas sei
que está
aí em cima.
tento gritar!
o gosto
de ferro
me deixa
nauseado.
a falta
de oxigênioparalisa
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todos os músculos
do meu corpo.
tento gritar?
o medo
me impede
de lutar.
o frio
envolve
meu medo.
seique está
aí em cima.
...
por que
não estendea mão
e me tira
daqui?
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E s c r e v e r
Se você pensa que é fácil
Está enganado.
Para escrever
É preciso doer.
Cravar as unhas na carne nua
E buscar nas entranhas da alma
A triste loucura.
Se você pensa que é fácil
Está enganado.
Para escreverÉ preciso encarar o próprio conflito.
Abrir espaço para a contradição
E ter a certeza de que não se chegará
A resposta alguma.
Se você pensa que é fácil
Está enganado
Para escrever
É preciso se despir.
Permitir a invasão dos julgadores
Sabendo que jamais se será
Compreendido.
Para escreverÉ preciso escolher.
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Pois essa escolha
Representa um caminho sem volta.
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raios
elétricos.
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. . . u v a s v e r d e s . . .
o sapato
novo
me aperta
o pé;
esmaga
meus
dedos.
por que
merda
fui
jogaro velho
fora?
ele
nem
era
tão ruim,
e os
furos,
assim,
nem
tão
grandes.
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Á c i d o
Quem você pensa que é?
Que verdade é essa que esfrega no peito?
Você simplesmente não pode decidir por
mim.
Ninguém tem esse poder.
Assuma suas próprias fraquezas
E esvazia de mim a responsabilidade por
suas escolhas.
Anda, admita:
Você não sabe o que quer!
Como pode saber o que é melhor?
Melhor para você (no máximo)
Para mim, nunca!
Sou a única conhecedora de meu próprio
bem.
Vamos lá.
Levante esse corpo que parece forte
E sai uma vez do seu ilusório conforto.
Reconheça sua dificuldade.
Você não consegue ficar sozinho.
Com você.
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Se não é capaz.
Eu sinto muito.
Mas não jogue em minhas mãos.
A razão de sua própria covardia.
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. . . s e m d e s c u l p a s . . .
por
um
breve
momento
esqueci
que
você,
sozinha,
era
a única
baseque
me
sustentava
em pé.
um
erro
fatal!
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. . . c a d a r ç o s . . .
a
velhice
empurra
frustração
até
aos meus
cadarços.
outrora
fortes
eligeiros,
reclamam
hoje
de cada
movimento,
enroscando-se
preguiçosos.
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S o l i d ã o
Não se declara
Vive-se
Sozinho.
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. . . a u s ê n c i a . . .
suas
sandálias
havaianas
pequenas
largadas
ao lado
da cama.
seu
corpo
indefesoacomodado
tranquilamente
sob os
lençóis.
queria
gritar
o seu
nome
e lhe
acordar,
assim
como
toda avizinhança...
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mas
não
o fiz.
nem
virei
a fazer.
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. . . d o c e p a l a d a r . . .
mesmo
que
tentasse
sei
que
as frutas
mais
azedas,
as verduras
mais amargas,
e as pimentasmais
picantes,
todas
juntas
espremidas
sobre
minha
lingua
sensível,
jamais
ofuscariam
o gosto
que você
deixouem
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minha
boca.
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. . . p i o r q u e a m o r t e . . .
tenho
pensado
muito
na
morte
ultimamente...
e apenas
uma coisa,
e uma
coisaapenas
me
entristece:
saber,
quase
que com
certeza,
que
ela
não
está
pensando
nem umpouco
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em
mim...
(não a morte, imagine!).
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. . . p e l o s v a l e s d a s s o m b r a s . . .
dirigindo
sozinho
por
esse
vale
escuro
e desconhecido
encontro-me
frequentemente
encarando
o bancode couro
vazio
ao lado
e imaginando
o porque
de você
não
estar
ali
para me
guiar.
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. . . c i c l o . . .
sinto
a
pontada
gelada
na
pele
quando
dos
seus
olhos
escorremsaudades
sobre
meu
peito.
penso
em
declamar
baixo
uma
canção
de
roda.
permita
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que eu
durma
por
meses
e
acorde
ontem,
antes
de o
sol
nascer...
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R e v e l a ç ã o
O humano revela
O que as palavras escondem.
Nos olhos encontramos a verdade
E com ela, a covardia.
O medo não é desculpa.
Quem não sabe viver
Opta pela superficialidade.
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S e n t i d o s
Amo o sorriso doce de sua voz.
Delicio-me com sabor do seu cheiro.
Sufoco com gosto acentuado de seus
braços.
Perco-me na vista desequilibrada de seu
corpo.
E adormeço com o som aconchegante de seus
olhos.
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. . . q u e d a . . .
todos
os
meus
atos
conduzem-me
diretamente
ao
local
do
próximo
acidente.
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. . . m i g a l h a s . . .
conquistar
seu
amor
é uma
tarefa
eterna.
hoje,
porém,
me
sentiriarealizado
se
pudesse,
ao
menos,
segurar
a
sua
mão.
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. . . d u p l o s e n t i d o . . .
apodrecemos
em
uma
cesta,
duas
metades
de
frutas
distintas.
masvocê
não
entendeu
minhas
necessidades.
e eu,
não
atendi
aos
seus
anseios.
quevenham
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os
pássaros.
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. . . h i p o c r i s i a . . .
difícil
é
perdoar
aqueles
que
não
nos
perdoam.
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. . . n a d a p e s s o a l . . .
o que
a
noite
ignora
é
que
o
dia,
simplesmente,
morre
demedo
do
escuro.
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. . . e n g a n o . . .
enfim,
asas
outras
que
vazam
tristes
de
mim.
ao
fim!
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. . . n a t u r e z a h u m a n a . . .
analisando
friamente
as
consequências,
vejo
que
errar
é
desumano!
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. . . c e r t o d i a . . .
uma
força
maior
que a
gravidade
me
manteve
preso
ao
chão.
imóvel,
esperei
durante
o
dia
inteiro...
e o
seguinte.
e o
outro
dia
depoisdesse,
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mais a
próxima
semana...
e o ano,
dois,
oito...
sem
opções,
esperaria
pra
sempre,
maso meu
corpo,
mais
fraco
quemeu
desejo,
simplesmente
desistiu.
não
chorei,
mas
senti
meus
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órgãos
dissolvendo-se
internamente...
silêncio.
no
fim,
você
nunca
telefonou.
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T e m p o
Parei na frente da janela
E mergulhei na paisagem da cidade escura.
Não dormir pode ter suas vantagens.
Quem perde tempo admirando uma cidade
adormecida?
Sentei no chão e olhei para céu.
Poucas nuvens se mexiam em uma direção
qualquer.
E a lua seguia intacta,
Cumprindo seu percurso.
Não tenho tido tempo para ver.O óbvio e simples
Ritmo da vida.
O dia continua com as mesmas vinte e
quatro horas de sempre.
E o tempo não passa mais rápido.
Somos nós que o deixamos para trás.
Sem perceber o seu pequeno milagre.
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L i v r e
O segredo estava lá
Entre as farpas do seu coração.
Feri minhas mãos para buscá-lo.
Quando o toquei,
Meus dedos já estavam tomados de sangue.
Seus olhos fixos derramaram uma lágrima.
- Não faz sentido você se ferir mais.
- Estou aqui para libertá-lo de sua
culpa.
Ele tentou balbuciar alguma negativaEnquanto limpava a ferida.
Não interrompi o ritual.
Estanquei o sangue.
Fiz o curativo.
E sequei a lágrima.
- Não se preocupe.
- Sou mais forte.
O sangue em minhas mãos
É livre de culpa.
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e f61
. . . i l u s ã o . . .
existe
aquele
dia,
provavelmente
em um
começo
de
semana
ou um
final
de mês,em
que
sair
da cama,
logo
cedo
pela manhã,
se
apresenta
como
um
grande
desafio.
você
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f62
não precisa
abrir
os
olhos
para
saber
que
o quarto
ainda
está
tomado
pela
escuridão,e que
o
espaço
ao seu
ladocontinua
vazio.
nem
os pássaros
arriscam
suas
primeiras
notas.
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e f63
sentindo
o corpo
imóvel
sob
os lençóis,
torna-se
nítida
a
impressão
de
que
todo
o universo,imenso
e em
constante
expansão,
caberiacom
folga
dentro
do buraco
aberto
em seu
peito.
e
nesse
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e f64
momento,
quando
começasse
a
imaginar
que
as flores
jamais
exalariam
seus
perfumes
simplesmente
paraagradar
o seu
dia,
e que
o solnão
dissiparia
seu
calor
especialmente
para
derreter
as
calotas
geladas
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f65
envoltas
sobre
o seu
coração,
que
eu
lhe
pediria
que
mantivesse
seus
olhos
cerradospor
alguns
segundos
mais,
respirassefundo
- calmamente –
e se
lembrasse
de que,
aqui,
logo
ao lado,
alguém
acorda
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f66
feliz,
apenas
por
saber
que você
caminha,
diariamente,
sobre
essas
terras...
se
issonão é
amor,
então,
seja
eleo que
for,
não
deve
ter
a
menor
graça.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f67
. . . e g o í s m o . . .
amo
tudo
aquilo
que
não
posso
ter...
tenho
tudo
aquiloque
não
quero
amar.
“- consegue
explicar
isso
mais
devagar?”
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e f68
. . . u m q u ê d e j o h n n a s h . . .
preciso,
urgentemente,
me
especializar
em
teorias
matemáticas
para
soluções
de
cálculosavançados
na
tentativa
de,
um
dia,
fazer
com
que
o
resultado
do
somatório
deum
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e f69
e
um
seja
igual
a
dois...
para
todo
o
sempre.
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e f70
. . . d u r a s v e r d a d e s . . .
o
que
eu
mais
admirava
em
mim
era,
sem
sombra
dedúvida,
você...
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e f71
. . . a u t o e n g a n o . . .
não
é de
hoje
que
odeio
seu
sorriso
perfeito,
sua
alegria
contagiantee o
doce
perfume
dos
seus
cabelos
em
noites
frias,
como
essa...
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e f72
. . . r e c a p i t u l a ç ã o . . .
não
deveria
ser
tão
difícil
entender,
mas
explico
novamente...
mais
devagar:
dói!
muito!
... e
agora?
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e f73
. . . o d i a e m q u e c h u t e i b u k o w s k i p r a l o n g e . . .
é
foda
discordar
de
ti,
hank...
‘shove
them,
baby.’
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e f74
. . . e t e r n o i n v e r n o . . .
o
amor
sempre
esteve
guardado,
aqui
no
bolso
ao
lado,
constantementenutrido
e
alimentado.
faltou,
provavelmente,
ter
lido
um livro
diferente,
ou
um autor
mais
experiente,
emum
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e f75
momento
bem antes
do
presente.
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e f76
. . . ó t i m a i d é i a . . .
a
primeira
coisa
que
faço
de
manhã,
enquanto
encaro
meu
rostofechado
no
espelho,
é
pensar
em
novas
formas
de
continuar
fudendo
com
tudo.
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e f77
. . . c é u a z u l . . .
daqui
a
alguns
anos
meu
filho,
um
garoto
curioso
como
osdemais,
me
fará
a famosa
pergunta:
“papai,
porque o
céu é azul”?
...
como
assim,
azul?
pra
mimele
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e f78
sempre
foi
negro.
da mesma
cor
do
mar...
tão
escuro
quanto,
me lembro,
eram
osfios
de seu
cabelo.
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e f79
. . . l á b i o s e m p r o s a . . .
pode
parecer
desinteresse,
mas
quando
começa
a falar,
a contar
animadamente
suas
histórias,as
mais
variadas,
quero
participar
da
prosa,
mas
penso
somente
em
poesia,
e fica
difícil,quase
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e f80
impossível,
controlar
a vontade
grande,
que
me desconcentra,
de beijar
seus
lábios
enquanto
se movem,
e tentar,
assim,acompanhá-los.
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e f81
S e n t i m e n t o
Angústia
De que me serve esse sentimento?
Com ela
não ando,
não durmo,
não falo.
Tristeza
De que me serve esse sentimento?
Com ela
sinto dor,choro
padeço.
Inferno.
De que me serve seu fogo
se com ele não queimo?
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e f82
. . . m e r a a n a l o g i a . . .
imagino
o que
pensa,
mas
posso
lhe
assegurar
que o
sentimento
que
tenhopor
ti
sequer
enche
metade
do
plástico.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f83
H o j e
Hoje
Não tenho palavras.
Tenho apenas tristeza.
Hoje
Não tenho vontade.
Tenho apenas lágrimas.
Hoje
Não tenho amor.
Tenho apenas angústia.
Hoje
Não tenho cor.Tenho apenas o branco.
Hoje
Não tenho orgulho
Das palavras que escrevo.
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e f84
. . . s e m e s p a ç o p a r a d e p r e s s ã o . . .
um sábado
a tarde,
anos
atrás,
sou
distraído
por
leves
batidas
na porta
da frentede meu
apartamento.
levanto-me,
desconfiado,
e enquanto
caminho
pergunto
“quem bate?”.
olho
para
o sofá
de onde
euhavia
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e f85
saído
e
confirmo
que
continuam lá
meus
dois
fiéis
companheiros:
a dor
e
a solidão.
sendo
assim,
com estranheza
penso
“quemmais
poderia
ser?”.
“quem bate?”,
arrisco
novamente...
de que
uma
voz,
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e f86
rouca,
ao fundo
soa
“sou eu,
a
velha
depressão”...
obviamente
não
abri,
não
porquenão
quisesse,
mas
porque
nãohavia
mais
espaço
para
acomodá-la
no
sofá.”
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e f87
. . . s i n t o u m p o e t a . . .
o
poeta
às
vezes
se
confunde,
pois
não
faz
aquilo
que sente,mas
sente
aquilo
que
deixa
de
fazer...
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f88
. . . f i l o s o f i a v e n e z u e l a n a . . .
na
filosofia
espontânea
de
uma querida
amiga,
“tudo
está
ótimo,
caminhando
perfeitamentebem
em direção
à
iminente
desgraça...”
... uau!
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e f89
. . . b a s t a m . . .
achei
que
você
estivesse
no rol
dos
bons
entendedores...
“eu
teamo”
são
meias
palavras!
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e f90
O C o r v o
Canto suave de ave negra
Leva com seu voo tranquilo
O corpo mortalmente ferido
De um homem abandonado.
Olhos perdidos no tempo
Sustentam um coração em cacos
E as mãos suaves do homem
Afagam o pouco que lhe resta de vida.
Apoiada ao anjo silencioso do cemitério
A ave negra descansa e observa
O último suspiro do homem tristeSufocado pelo amor que não lhe
correspondeu.
Quando o silêncio se estabelece
A ave negra abre suas asas solitárias
E iluminada pelo sol pálido da manhã
Parte em busca de mais um coração
perdido.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f91
P e n s a m e n t o
E as palavras saiam de minhas mãos como
se fossem involuntárias. E eram. Não
pensei, não refleti, simplesmente deixei
fluir o sentimento. Era uma maneira de
controlar, de não largar tudo e sair
correndo de minha vida.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f92
M e l o d i a
Escorreguei levemente as mãos pelas
teclas do piano.
Sem som,
Apenas sensação.
A música ainda estava por vir.
Experimentei um som.
Percorri mais uma vez todas as teclas
E mais um som.
Fechei os olhos antes de recomeçar
E deixei a música percorrer meu corpo
Até as pontas dos dedos.E sair.
Harmônica.
Inteira.
Vinda da alma.
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e f93
. . . c a n t o d e m e t a l . . .
desperto
pelo
grito
triste
da
araponga
que
forja
seu
desejo
pordentre
os
galhos
úmidos
da
mata
em
uma
sólida
barra
de
metal.
tim, tim, tim!
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f94
. . . t r o m b a d ’ á g u a . . .
a
tromba
d’água
que
escorre,
fria,
entre
as pedras
da
cachoeira
arrastamcom
força
folhas
várias,
galhos
secos,
e
inclusive
parte
dos meus
desejos
mais
ardentes.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f95
. . . s a f e h a r b o r . . .
apenas
mais
um dia
como
outro
qualquer,
e o
espírito
voa
livre
peloimenso
céu
azul,
sem
nuvens,
sem
qualquer
obstáculo
que o
retarde,
em busca
do
ninho
entreos seus
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e f96
braços
e do
alimento
em
seu
olhar.
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e f97
. . . i n c o n s t â n c i a . . .
péssimo
costume
tem
as
coisas
de
deixarem-se
levar
ao
vento.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f98
L e m b r a n ç a s ?
Mil passos cegos pelo quarto
Círculos reprimidos e incompletos
Janelas fechadas e cortinas trancadas
Presa.
Foi assim que você me encerrou
Para o inverno mais intenso de minha
existência.
Não vi o sol.
Não participei da decisão.
Não conheci o motivo.
E não fui salva.Sobrevivi sozinha.
Arranquei cada pedaço de pele
Com os dedos despidos de sorte
E ardi a carne exposta por dias.
Lembranças?
Apenas do quarto escuro.
Palco solitário de meu próprio funeral.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
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e f99
. . . d i á r i o . . .
hoje
te amo.
te odeio.
te amo
te detesto.
te quero.
te desprezo.
te venero.
te amo.
te adoro.
te desejo.te amo.
me odeio.
tão
intensamente.
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e f100
P a z
Paz
De ser o que se é
Sem buscar agradar nada
Nem ninguém.
Paz
De se viver com a ética
Que me foi ensinada
Desde meus primeiros esboços de
consciência.
Paz
Para deitar a cabeça no travesseiroE saber que agi com respeito
E gentileza.
Paz
Por amar integralmente
Por amar sem medo
Por amar com fé
Por amar tudo
Indistintamente
Paz.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
101/114
e f101
. . . m o s c a . . .
outrora
doce
fruta
jaz
podre
sobre
a
grama...
e a
mosca
continuaa
rodeá-la.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
102/114
e f102
. . . e p í l o g o . . .o
sol,
hoje,
escondeu-se
definitivamente
por
detrás
das montanhas
e o
calor
na terra
desapareceurapidamente,
impedindo
que
as
lágrimas
se
evaporassem.
todas
as
duas..
minhas!
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
103/114
e f103
. . . l o i r a . . .
confesso
que
em
uma
breve
crise
de
solidão
cheguei
a
acenderuma
lâmpada
vermelha
no
banheiro
lá de
casa.
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105/114
e f105
. . . p a r a í s o . . .
os olhos
fechados,
deitado
de
costas
sobre
uma
enorme
pedra,
sinto
a peledo
meu
corpo
ser
aquecida
lentamente
pelo
sol
tímido
que
ressurge
por detrás
das
nuvens.o
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
106/114
e f106
suave
assovio
do
vento
leste
e o
gemido
das
cachoeiras
me
conduzem
a um
raroestado
de
tranqüilidade.
otempo
congela,
e
na mais
profunda
paz,
sinto
a
erupção
de um
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e f107
desejo
oculto,
incontrolável,
de me
reerguer
e
realmente
quebrar
a cara
de
alguém.
8/17/2019 Letras de Solidão (2011) - Poemas por b.ponto e Paulinha
108/114
e f108
E s c u r o
Encarei o céu negro acima de minha
cabeça.
Não consegui gritar
As lágrimas descontroladas de meus olhos
Sufocaram todo o som de minha voz.
Mirei o corpo sem vida em meus braços.
Cada centímetro do meu corpo doía
mortalmente.
Respirar era um sacrifício
Pois minha única vontade era morrertambém.
Estendi a mão trêmula para tocar as mãos
frias dele
Era a última vez que estaríamos juntos.
Amar o perdido
Eis meu fardo.
Marcada para viver a solidão de amar só.
Não adiantava lutar.
Era meu destino.
Retiraram de meus braços
O corpo de meu amado.
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e f109
Ninguém me estendeu a mão.
Deixaram meu corpo sem forças
Tombar no chão frio da noite.
E partiram.
Levaram o amor da minha vida
E com ele toda minha alegria
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