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UNIVERSIDADE PAULISTA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU LEUCEMIA VIRAL FELINA RACHEL COSTA ROGÉRIO DE CASTRO BELO HORIZONTE 2012

Leucemia Viral

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Page 1: Leucemia Viral

UNIVERSIDADE PAULISTA

PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU

LEUCEMIA VIRAL FELINA

RACHEL COSTA ROGÉRIO DE CASTRO

BELO HORIZONTE

2012

Page 2: Leucemia Viral

RACHEL COSTA ROGÉRIO DE CASTRO

Aluna do Curso de Especialização Lato Sensu em Clínica Médica e Cirurgia de Felinos

LEUCEMIA VIRAL FELINA

Trabalho monográfico de conclusão do Curso de Pós

Graduação Lato Sensu em Clínica Médica e Cirurgia

de Felinos apresentado à UNIP – Universidade

Paulista como requisito para obtenção do título de

Especialização em Clínica Médica e Cirurgia de

Felinos sob a orientação da Professora Dra. Kellen

de Sousa Oliveira

BELO HORIZONTE

2012

Rachel Costa Rogério de Castro

Page 3: Leucemia Viral

FICHA CATALOGRÁFICA

CASTRO, R.C.R, 2012. Leucemia Viral Felina. Rachel Costa Rogério de Castro

sob orientação da Professora Dra. Kellen de Sousa Oliveira – Belo Horizonte,

agosto de 2012. 39 p.

Trabalho monográfico de conclusão do Curso de Pós Graduação Lato Sensu

em Clínica Médica e Cirurgia de Felinos – UNIP Universidade Paulista.

1.Virus da leucemia felina 2. Felinos 3. Linfoma 4. Clínica de pequenos I. Castro, Rachel II. Título.

Page 4: Leucemia Viral

LEUCEMIA VIRAL FELINA

Elaborado por Rachel Costa Rogério de Castro Aluna do Curso de Especialização Lato Sensu em

Clínica Médica e Cirurgia de Felinos

Foi analisado e aprovado com grau: ...............................................

.

_____________________________________________________________ Prof.

_____________________________________________________________ Prof.

_____________________________________________________________ Professora Orientadora Dra. Kellen de Sousa Oliveira

Belo Horizonte

2012

Page 5: Leucemia Viral

RESUMO

A leucemia viral felina é uma enfermidade de grande importância na clínica de

felinos. O agente etiológico é um retrovírus pertencente à família Retroviridae e

ao gênero Gammaretrovirus e possui distribuição mundial, sendo transmitido

através de contato oronasal e outros, aumentando a incidência com a presença

de gatos vadios e aqueles que possuem acesso às ruas. Os sintomas clínicos

presentes são inespecíficos, caracterizados por apatia, perda de peso e

desidratação, causados pela imunossupressão. As alterações hematológicas

revelam anemia, leucopenia e trombocitopenia. O diagnóstico pode ser

realizado por vários métodos que incluem Imunofluorescência Direta, Ensaio

Imunoenzimático Direto e Reação em Cadeia Polimerase. Doenças

concomitantes como as leucemias e linfomas podem estar associadas à

infecção pelo vírus da leucemia felina e, muitas das vezes, isso torna o

prognóstico pior. A melhor maneira de prevenção é a adoção de práticas de

vacinação. O presente trabalho teve como objetivo fazer uma revisão de

literatura sobre a Leucemia Viral Felina abordando os principais aspectos

envolvidos com a enfermidade.

Palavras-chave: leucemia, felinos, retrovírus, imunossupressão, linfoma.

Page 6: Leucemia Viral

ABSTRACT

The feline leukemia virus is a disease of great importance in the clinic cat. The

etiologic agent is a retrovirus belonging to the family Retroviridae and the genus

Gammaretrovirus and has a worldwide distribution, being transmitted through

contact oronasal and others, increasing the incidence with the presence of stray

cats and those who have access to the streets. The present clinical symptoms

are nonspecific, characterized by apathy, weight loss and dehydration, caused

by immunosuppression. Hematological changes revealed anemia, leukopenia

and thrombocytopenia. The diagnosis can be accomplished by a lot of methods

including Direct Immunofluorescence, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

and Polymerase Chain Reaction. Concomitant diseases such as leukemias and

lymphomas may be associated with infection by feline leukemia virus, and

often, this makes the prognosis worse. The best prevention is the adoption of

vaccination practices. This study aimed to review the literature on the Feline

Leukemia Virus addressing the core issues involved with the disease.

Keywords: leukemia, feline, retrovirus, imunosuppresion, lynphoma.

Page 7: Leucemia Viral

LISTA DE ABREVIATURAS

AHIM – Anemia Hemolítica Imunomediada

AZT – Azidotimidina

CD4/CD8 – Cluster of differentiation – Marcadores de superfície (Linfócitos T)

DNA – Ácido desoxirribonucleico ELISA – Ensaio Imunoenzimático Direto FeLV –Vírus da Leucemia Felina FeLV-A – Vírus da Leucemia Felina subgrupo A FeLV-B – Vírus da Leucemia Felina subgrupo B FeLV-C – Vírus da Leucemia Felina subgrupo C FeLV-T – Vírus da Leucemia Felina subgrupo T FIV - Vírus da Imunodeficiência Felina IFD – Imunofluorescência Direta PCR – Reação em Cadeia Polimerase PIF – Peritonite Infecciosa Felina RNA – Ácido ribonucleico SU – Glicoproteína de superfície

Page 8: Leucemia Viral

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama esquemático de um retrovírus...........................................12

Figura 2. Exemplos de resultados de FeLV encontrados no teste de ELISA... 24

Page 9: Leucemia Viral

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 11

2.1. O vírus da leucemia felina ................................................................... 11

2.2. Transmissão e fatores de risco ........................................................... 13

2.3. Epidemiologia ...................................................................................... 15

2.4. Patogenia ............................................................................................ 16

2.5. Sinais e Sintomas Clínicos .................................................................. 19

2.6. Achados laboratoriais .......................................................................... 21

2.7. Diagnóstico ......................................................................................... 23

2.8. Tratamento .......................................................................................... 25

2.8.1. Tratamento suporte ...................................................................... 26

2.8.2. Tratamento específico antiviral ..................................................... 27

2.9. Prevenção ........................................................................................... 28

2.9.1. Manejo geral ................................................................................. 28

2.9.2. Vacinação ..................................................................................... 29

2.10. Prognóstico ...................................................................................... 30

3. CONCLUSÃO ............................................................................................ 31

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 32

Page 10: Leucemia Viral

10

1. INTRODUÇÃO

Existem várias doenças em felinos de origem viral como panleucopenia felina,

raiva, complexo respiratório felino, peritonite infecciosa felina, além de leucemia

viral felina e síndrome da imunodeficiência felina (MERCK, 2001). O vírus da

imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia viral felina (FeLV) são os

dois mais importantes agentes etiológicos de doenças virais nos gatos, pois

além de afetarem o sistema imunológico, são vírus que possuem alta

morbidade e mortalidade em seus hospedeiros (YILMAZ et al., 2000).

Trata-se de um retrovírus oncogênico e imunossupressor de distribuição

mundial que afeta felinos domésticos e silvestres. Estudos epidemiológicos

demonstram que o FeLV está disseminado em vários países e que sua

ocorrência varia de acordo com a região geográfica. No Brasil são relatados

inúmeros estudos, demonstrando a grande variação em relação à sua

prevalência (HAGIWARA et al., 1997b; SOUZA et al., 2002; TEIXEIRA et al.,

2007).

A descoberta do vírus da leucemia felina foi determinante para o avanço da

oncologia viral e os estudos acerca da sua infecção influenciam diretamente os

trabalhos que conduzem ao desenvolvimento dos retrovírus humanos

(GROTTI, 2007).

A depressão imunitária causada pelo retrovírus permite a colonização

secundária por agentes oportunistas, podendo provocar alterações secundárias

neoplasias, gastrointestinais, respiratórias, dentre outras, tendo estes vírus

uma elevada importância clínica no âmbito da Medicina Veterinária (DUNHAM

& GRAHAM, 2008).

Segundo diversas pesquisas já realizadas, alguns dos fatores associados à

infecção pelo FeLV são idade, vida reprodutiva, sexo, origem e acesso às ruas.

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11

Aparentemente, os gatos adultos jovens, de um a cinco anos de idade (média

de três anos), geralmente são os mais predispostos à infecção e esta taxa é

maior entre felinos que convivem em grupos comparada com aqueles que

vivem sozinhos (HOSIE et al. 1989; KNOTEK et al. 1999; LEVY, 2000). As

taxas mais altas de infecção têm sido encontradas em gatos machos adultos

com livre acesso às ruas, os quais, frequentemente, apresentam

comportamento agressivo. Outro fator importante é a condição de saúde do

animal (Lutz, 1990; Souza et al., 2002).

O objetivo do estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre Leucemia Viral

Felina, abordando aspectos como formas de transmissão, epidemiologia, sinais

clínicos, patogenia, diagnóstico, tratamento e prevenção, auxiliando o

profissional da área quanto ao aspecto clínico, diagnóstico e terapêutico.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O vírus da leucemia felina

O vírus da leucemia felina (FeLV), pertencente à família Retroviridae e ao

gênero Gammaretrovirus, pode infectar gatos domésticos e esporadicamente

felinos selvagens. Foi descrito em 1964, na Escócia, por William Jarrett e

colaboradores ao encontrarem partículas virais ligadas à membrana de

linfoblastos em um gato com linfoma (JARRET et al.,1964). Portanto, este

retrovírus felino está associado a uma série de doenças degenerativas ou

proliferativas, tais como leucemias e linfomas. A leucemia e o linfoma são

manifestações comuns da infecção provocada pelo FeLV nos animais

persistentemente infectados, além do desenvolvimento de anemias, doenças

neurológicas e imunodeficiências (LEVY et al., 2008; TORRES et al., 2010). O

vírus possui envelope lipoprotéico e material genético RNA fita simples. O RNA

é transcrito em DNA (provírus) pela RNA polimerase viral transcriptase reversa

(RT) e é integrado ao genoma celular (HARTMANN, 2006). Este processo é

Page 12: Leucemia Viral

12

essencial ao ciclo de vida de todos os retrovírus e constitui a base da

persistência viral que caracteriza a infecção (JARRETT, 1999).

O vírus da leucemia felina é um retrovírus (Figura 1) amplamente distribuído

que acomete gatos domésticos e selvagens. Como todo retrovírus, seu material

genético é formado por ácido ribonucleico (RNA) que é convertido em ácido

desoxirribonucleico (DNA) por uma enzima e posteriormente é interpretado e

codificado em proteínas necessárias para a formação de novos vírus. Nas

células infectadas, o RNA viral transcrito em DNA é inserido no genoma da

célula hospedeira, dessa forma, conforme a célula se divide, originando outras

que em semelhança contém o DNA viral. No momento em que essas células

iniciam a transcrição de suas proteínas, elas transcrevem o genoma viral. Os

novos vírus formados saem das células por brotamento (HARTMANN, 2006).

O FeLV foi classificado em quatro subgrupos distintos, FeLV-A, FeLV-B, FeLV-

C e FeLV-T, de acordo com diferenças nas sequências de nucleotídeos da

região N-terminal da glicoproteína de superfície (SU). Tais variações nesta

proteína provocam alterações estruturais responsáveis pela utilização de

diferentes receptores nas células hospedeiras (LEVY et al., 2008; TORRES et

al., 2010).

Os retrovirus podem-se denominar de exógenos (externos e patogênicos) e

endógenos (interno e não patogênicos). Alem disso, os retrovirus exógenos

também se classificam conforme a habilidade do provirus em replicar e formar

vírus infecciosos (replicação-competente) como o FeLV, ou em requerer algo

como mutações ou deleções para se tornarem infecciosos (LINENBERGER,

1995).

Figura 1. Diagrama esquemático de um retrovírus

Page 13: Leucemia Viral

13

Fonte: LAIRMORE, 2011

2.2. Transmissão e fatores de risco

O FeLV é um retrovírus exógenos, sendo transmitido horizontalmente entre

gatos, ao contrário dos retrovírus endógenos que são sequências de DNA

proviral no genoma celular, transmitidas pela linhagem germinativa

(HARTMANN, 2006).

Por se tratar de um vírus envelopado, o FeLV é muito sensível ao meio externo

e, detergentes e alvejantes comuns efetivamente podem eliminá-lo, reduzindo

o perigo de que os gatos podem ser expostos ao vírus nas clínicas veterinárias,

ou seja, nas salas de espera ou de exames e em gaiolas, a menos que o

contato direto é feito com o gato positivo, espalhando vírus. Logo, a

transmissão pode ocorrer por contato direto via oronasal ou acesso à saliva e

fezes de animais contaminados. (HARTMANN, 2006; FENNER, 2011).

O estudo dos fatores de risco envolvidos na infecção pelo FeLV apresentam

um importante aspecto do controle e prevenção da doença. Fatores como

acesso às ruas e densidade animal elevada devem ser evitados (ALMEIDA,

2009).

A forma de infecção mais comum do vírus ocorre através do contato oronasal

entre felinos sadios e portadores assintomáticos, que podem eliminá-lo durante

anos, antes de sucumbir das doenças relacionadas com o FeLV. Devido a esta

razão, ambientes com alta densidade populacional de felinos favorecem a

disseminação do vírus. Outros fatores de risco como sexo, faixa etária, acesso

às ruas e origem onde estão associados à infecção pelo FeLV. Animais com

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14

idade entre um e cinco anos (jovens e adultos jovens) são os mais

predispostos à infecção. De acordo com algumas pesquisas, gatos que tem

acesso às ruas apresentam risco significativamente maior de se infectarem,

comparados com gatos que permanecem no domicílio. Geralmente, os machos

são mais acometidos e a ocorrência da infecção diminui, quando se refere aos

animais castrados. Parece não haver predisposição racial para esta infecção

(ALMEIDA, 2009).

A transmissão horizontal do vírus ocorre de forma direta pelo contato íntimo

entre gatos, nas lambidelas e durante o acasalamento, ou indireta através de

fômites, partilha de comedouros, bebedouros e prateleiras infectadas (GROTTI,

2007; NELSON & COUTO, 2003). As mordidelas também podem ser uma fonte

de contagio, mas infrequente, sendo necessário um contato íntimo prolongado

para ocorrer à transmissão (KAHN, 2007). A saliva é a principal forma de

eliminação e de transmissão e a via oronasal a porta de entrada mais comum

(GROTTI, 2007; HORZINEK et al., 2007). Além da saliva, o vírus pode ser

encontrado no soro, plasma, secreções nasais e no leite e em menores

quantidades, nas lagrimas, urina e fezes de gatos infectados (NELSON &

COUTO, 2003; GROTTI, 2007; HORZINEK et al., 2007). A carga viral na saliva

é maior que no plasma e a concentração do vírus no sangue e na saliva de

gatos virêmicos saudáveis é tão alta como nos gatos virêmicos doentes

(HARTMANN, 2004). Os gatos com infecção persistente e em bom estado de

saúde são os maiores reservatórios do vírus eliminando grandes quantidades

na saliva (NELSON & COUTO, 2003).

Como o vírus não sobrevive muito tempo fora do hospedeiro, a transmissão

através das fezes, urina, fômites e aerossol é pouco provável de ocorrer, no

entanto, sobrevive se mantido em locais úmidos a 37°C (NELSON & COUTO,

2003; GASKELL et al., 2004). Além disso, existe o potencial risco de

transmissão iatrogênica como o uso de agulhas e instrumentos cirúrgicos

contaminados e a transfusão de sangue infeccioso em gatos não infectados

(HARTMANN, 2004; HORZINEK et al., 2007). As fêmeas virêmicas podem

transmitir o vírus verticalmente aos filhotes através da placenta, in utero,

Page 15: Leucemia Viral

15

resultando em reabsorção fetal, aborto ou morte neonatal (HARTMANN, 2004;

GROTTI, 2007). Os gatinhos que sobrevivem ao período neonatal, cerca de

20%, tornam-se persistentemente virêmicos. (HARTMANN, 2004). Nas gatas

com infecção latente, na qual não há viremia, não ocorre à transmissão in utero

durante a gestação, no entanto, em casos raros alguns gatinhos, filhos dessas

gatas, tornam-se virêmicos após o nascimento (HORZINEK et al., 2007). Nesta

situação a transmissão toma lugar na glândula mamária onde o vírus

permanece latente até ser reativado com a gestação, o que explica estarem

descritos casos de infecção isolada na mama em gatas sorologicamente

negativas. Outros modos de transmissão vertical são através do colostro e do

leite durante a amamentação, ou através da saliva durante os cuidados de

higiene e limpeza (HARTMANN, 2004; GROTTI, 2007; HORZINEK et al.,

2007).

2.3. Epidemiologia

Este agente encontra-se distribuído a nível mundial, sendo a sua prevalência

influenciada, sobretudo pela densidade animal, não havendo, contudo

variações geográficas expressivas (HARTMANN, 2006; COSTA &

NORSWORTHY, 2011). Estudos epidemiológicos demonstram que o FeLV

está disseminado em vários países e que sua ocorrência varia de acordo com a

região geográfica. Aparentemente, os gatos adultos jovens, de um a cinco anos

de idade, geralmente são os mais predispostos à infecção e esta taxa é maior

entre felinos que convivem em grupos comparada com aqueles que vivem

sozinhos (HOSIE et al. 1989; KNOTEK et al. 1999; LEVY, 2000). No Brasil,

estudos sorológicos realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro mostraram

que a prevalência de gatos FeLV positivo varia de 12,5 a 20,3%,

respectivamente (HAGIWARA et al., 1997; SOUZA et al., 2002). Em Minas

Gerais, um estudo sorológico realizado em abrigos de gatos em Belo Horizonte

detectou prevalência de 22,5% em fêmeas e de 10%, em machos (TEIXEIRA

et al., 2007).

Há pouca informação confiável acerca da prevalência atual da doença em

vários países. A prevalência nos gatos saudáveis é similar por todo o planeta

Page 16: Leucemia Viral

16

variando entre 1 a 8%, diferenciando-se da Imunodeficiência Viral Felina, em

que a prevalência varia significativamente com a região geográfica (JARRETT,

1999; NELSON & COUTO, 2003; ETTINGER & FELDMAN, 2005). Nos

Estados Unidos, Canadá e em alguns países da Europa, a prevalência do vírus

da leucemia felina nos gatos solitários é inferior a 1% enquanto, nos gatos que

convivem em grupo sem a implementação de medidas de prevenção, este

índice é superior a 20% (HORZINEK et al., 2007). No entanto, numa população

em que o vírus é enzoótico, a prevalência é maior cerca de 30 a 40%

(JARRETT, 1999). Ao longo dos últimos 25 anos, tem-se observado uma

diminuição da prevalência da infecção a nível mundial, em parte devido à

prática corrente de execução de testes confiáveis de diagnóstico, de programas

de remoção dos animais infectados, a melhor compreensão dos mecanismos

de patogênese e a introdução de práticas de controle e prevenção,

principalmente pela vacinação (GREENE, 2003; HARTMANN, 2004;

HORZINEK et al., 2007; LEVY et al. 2008). Em um estudo realizado por Souza

et al. (2002), os pesquisadores encontram uma percentagem de gatos positivos

pelo vírus da leucemia felina de 19% em clínicas veterinárias especializadas

em felinos no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, Costa et al. (2000)

encontraram 29,05% de amostras positivas para Leucemia Felina, dados estes

obtidos durante 8 anos. Já em São Paulo, pesquisadores obtiveram um

percentual de 12% de gatos soropositivos para a doença, dados estes

adquiridos no Hospital Veterinário da cidade. (HAGIWARA et al., 1997b).

2.4. Patogenia

A patogenia depende de vários fatores relacionados com o vírus como a dose

infectante, o grau de virulência e o tempo de exposição; e com os fatores

relacionados ao hospedeiro como as condições ambientais, as doenças

concorrentes, a idade e a resposta imunitária individual (HARTMANN, 2004;

GROTTI, 2007). As células-alvo da infecção pelo vírus são os linfócitos B e T,

os macrófagos, os monócitos, os precursores dos eritrócitos e os

megacariócitos (LINENBERGER, 1995). Após a inoculação oronasal, o vírus

Page 17: Leucemia Viral

17

replica-se no tecido linfóide local da orofaringe, nas células mononucleares das

amigdalas e nos linfonodos regionais da cabeça e pescoço, caracterizando o

primeiro estágio da infecção (HARTMANN, 2004; GROTTI, 2007; HORZINEK

et al., 2007). No segundo estágio, a infecção prolonga-se para os linfócitos e

monócitos circulantes constituindo a viremia primária, em que os antígenos

virais são detectados na circulação sanguínea (GROTTI, 2007). Depois da

primeira viremia nas células mononucleares, antes da medula óssea ficar

infectada, alguns gatos eliminam totalmente o vírus do organismo. Essa viremia

torna-se transitória, sendo que na maioria dos casos dura quatro a oito

semanas, podendo ir até os três meses e é caracterizada inicialmente por febre

e linfoadenopatia. Durante esse tempo, os gatos são infecciosos e os testes de

detecção de antígenos originam resultados positivos (HARTMANN, 2004).

Através da corrente sanguínea, o vírus de dissemina por diversos órgãos

incluindo outros linfonodos, medula óssea, baço e trato digestivo. A partir daí

ocorre uma viremia secundária no qual o vírus, presente em granulócitos e

plaquetas, infectados na medula óssea, irá atingir os tecidos glandulares e

epiteliais, afetando as glândulas salivares e mamárias, a vesícula urinária e o

intestino (HARDY, 1990; NORSWORTHY, 1998).

Acredita-se que a maioria dos animais consegue reverter para um estado

denominado avirêmico, nos quais não são detectados antígenos virais, apenas

o DNA do provírus no sangue (HOFMANN-LEHMANN et al., 2001; TORRES et

al., 2005; HARTMANN, 2006; LEVY et al., 2008). Este tipo de infecção,

denominada infecção regressiva, ocorre em cerca de 30 a 40% dos animais e é

acompanhada de uma resposta imune eficiente, em que a replicação viral é

controlada antes ou durante a infecção na medula óssea, sendo que a

replicação viral ocorre apenas ao nível do tecido linfóide da orofarínge. A

resposta imune que se estabelece, tanto humoral quanto celular, protege o

animal de exposições subsequentes, provavelmente durante anos,

caracterizando animais com baixo risco de desenvolver doenças associadas à

infecção por FeLV (HARTMANN, 2006; LEVY et al., 2008). Uma viremia

transitória caracteriza outro tipo de infecção, denominada infecção abortiva.

Page 18: Leucemia Viral

18

Neste caso, a resposta imunitária que se estabelece não é suficiente para

eliminar o vírus precocemente, sendo que este se difunde sistemicamente

através de linfócitos e monócitos da corrente sanguínea e linfática, atingindo

órgãos-alvo como timo, baço, linfonodos e glândulas salivares (HARTMANN,

2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008; LUTZ et al., 2009; COSTA &

NORSWORTHY, 2011). A viremia que se estabelece um a três dias após

infecção, é controlada em três a seis semanas, geralmente antes de o vírus

atingir a medula óssea. Muitos destes animais conseguem eliminar o vírus por

completo, havendo apenas detecção de proteínas virais, isto é, antígenos no

sangue têm baixo risco de desenvolver doenças associadas ao FeLV

(HARTMANN, 2006).

Quando o provírus persiste latente ao nível da medula óssea, mas não há

produção ativa de vírus e a presença de antígeno no sangue é apenas

transitória, estamos perante uma infecção denominada de latente, sendo estes

animais não considerados veículos de infecção para outros (TORRES et al.,

2005; HARTMANN, 2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008; HOFMANN-LEHMANN

et al., 2008; COSTA & NORSWORTHY, 2011). Este tipo de infecção poderá

explicar a imunossupressão ou alterações hematopoiéticas malignas

observadas em muitos animais negativos ao FeLV (HARTMANN, 2006). A

reativação poderá ocorrer em casos de imunossupressão ou estresse

(gestação ou lactação) o que, contudo, parece ser pouco frequente, uma vez

que este processo vai sendo cada vez mais difícil com o passar do tempo

(HARTMANN, 2006; LUTZ et al., 2009; COSTA & NORSWORTHY, 2011).

Presume-se que um ano após a infecção, esta reativação seja pouco provável,

sendo praticamente impossível ao fim de dois anos, o que poderá ser explicado

pelo tropismo do vírus por células de divisão rápida, em que a informação

genética para a produção de partículas virais se vai perdendo ao longo do

tempo (HARTMANN, 2006). Estima-se que três anos após a infecção, apenas

8% dos animais permaneçam com infecção latente, o que leva alguns autores

a considerar a latência apenas como uma fase do processo de eliminação

completa do vírus (HARTMANN, 2006; COSTA & NORSWORTHY, 2011).

Page 19: Leucemia Viral

19

Nos casos mais graves, tem-se a denominada infecção progressiva e

persistente que se estabelece quando a carga viral infectante ultrapassa a

capacidade eliminatória do sistema imune, e o animal não consegue debelar a

infecção, tornando-se persistentemente infectado. Esta ocorre quando a

viremia se estabelece por mais de dezesseis semanas, caracterizando-se por

baixo nível de anticorpos, presença persistente de antígenos no sangue e

elevada carga de provírus. Estima-se que este tipo de infecção ocorra em

cerca de 30 a 40% dos animais que entram em contato com o agente, sendo

que a maioria sucumbe num período de três anos por doenças associadas ao

vírus da leucemia felina (TORRES et al., 2005; HARTMANN, 2006;

HOFMANN-LEHMANN et al., 2008; LEVY et al., 2008).

Quando o vírus da leucemia felina se integra ao DNA do hospedeiro, este se

tornará infectado por toda a vida. Entretanto, este pode permanecer em estado

latente por vários anos sem causar doença, tornando-se ativo inesperadamente

devido a condições adversas; ou ainda pode ocorrer uma replicação defeituosa

do vírus no genoma do hospedeiro que, apesar de não produzir a enfermidade,

poderá ser transmitido através do material genético para as próximas gerações

(WHITNEY, 2003).

2.5. Sinais e Sintomas Clínicos

Os proprietários dos gatos infectados geralmente conduzem o seu animal ao

veterinário por este manifestar na maioria, sintomas inespecíficos ou sinais

clínicos associados a alterações em certos órgãos (NELSON & COUTO, 2003).

Muitos animais infectados são assintomáticos e, as principais e mais graves

manifestações de doença só ocorrem meses ou ate anos mais tarde

(HARTMANN, 2004; HORZINEK et al., 2007). A infecção segue o animal para

toda a vida, contudo, alguns gatos infectados podem viver sem sinais mínimos

de doença (RICHARD, 2005). O vírus da leucemia raramente causa doença

por si só, na maioria das vezes são as infecções secundarias oportunistas que

Page 20: Leucemia Viral

20

causam os sinais clínicos, tendo um papel fundamental na progressão da

infecção (HARTMANN, 2004). Portanto, é importante a identificação da causa

subjacente e a instauração do tratamento o mais precocemente possível

(HORZINEK, 2008).

O vírus da leucemia felina causa uma grande diversidade de sinais clínicos e a

explicação para esta variedade nos gatos virêmicos persistentes, continua uma

incógnita (HARTMANN, 2004). O curso da doença é determinado pela

combinação de fatores relacionados com o vírus e com o hospedeiro

(HORZINEK, 2007), além do que, determinadas diferenças no quadro clínico

de gatos infectados depende do subgrupo do vírus envolvido (COHN, 2006).

Os sinais clínicos podem dever-se aos efeitos diretos do vírus ou a infecções

secundárias oportunistas ocasionadas pela imunossupressão (NELSON &

COUTO, 2003; HARTMANN, 2004; COHN, 2006). Alguns dos efeitos

diretamente relacionados com o vírus são problemas reprodutivos, em gatas

infectadas, como a infertilidade, aborto, reabsorção fetal e o nascimento de

natimortos, devido à infecção através dos leucócitos maternos na placenta e da

endometrite. Os filhotes que sobrevivem ao parto rapidamente desenvolvem

doenças associadas à infecção (NELSON & COUTO, 2003). Em gatas

positivas ao vírus da leucemia felina estão descritos 68 a 73% casos de

infertilidade e 60% casos de aborto (KAHN, 2007).

O aparecimento da imunodepressão exacerbada, ainda mais pela neutropenia

e linfopenia presentes, a perda da atividade T- supressora, a deposição de

imunocomplexos por produção abundante de antígenos virais e produção

escassa de anticorpos IgG, levam ao desenvolvimento da enfermidade

(ETTINGER & FELDMAN, 2005). A supressão imune pode conduzir a

infecções causadas por agentes primários como a Salmonella spp.,

Mycoplasma haemofelis ou pelo Cryptococcus spp. e à infecções por

Toxoplasma gondii (HAGIWARA et al., 1997a; HORZINEK et al., 2007). Além

disso, predispõe-se ao aparecimento da Peritonite Infecciosa Felina (PIF), de

Page 21: Leucemia Viral

21

doenças refratárias crônicas como a estomatite, a doença periodontal, a rinite

e, que algumas entidades clínicas como os abcessos cutâneos, e crescimentos

cutâneos compostos de queratina, tendo recorrências inesperadas e que

demoram mais tempo a serem debelados (ETTINGER & FREDMAN, 2005;

HORZINEK et al., 2007). O corno cutâneo geralmente se localiza na cabeça,

escroto, região mamária e membros, podendo haver ou não lesões

concomitantes na pele dos animais (YAGER & SCOTT, 1992; SOUZA et al.,

1999). A etiologia da doença ainda não foi completamente elucidada; contudo,

acredita-se que os cornos são oriundos de papilomas, carcinomas de células

escamosas ou outras disqueratoses, sendo pouco frequentes em gatos e,

quando presentes, geralmente estão associados à infecção pelo vírus da

leucemia felina (FeLV) ou ao vírus do sarcoma felino (YAGER & SCOTT,

1992). Com isso, são comuns as infecções secundárias da pele, como os

abcessos e as piodermas recorrentes (MANSELL & REES, 2006). A rinite e a

pneumonia são devidas às infecções secundárias. Já a dispneia pode estar

associada ao linfoma mediastínico em gatos infectados, com menos de três

anos de idade. A insuficiência renal nos gatos infectados pode ser devida a

linfoma renal ou a glomerulonefrite. Eles apresentam-se geralmente a consulta

no estádio final da doença, com sinais de poliúria, polidipsia, perda de peso e

inapetência (NELSON & COUTO, 2003). As alterações neurológicas não

associadas ao linfoma do SNC ou a infecções oportunistas, mas a infecção

pelo vírus da leucemia felina são principalmente neuropatias periféricas e

incluem anisocoria, midríase, ataxia, fraqueza, tetraparesia, paraparesia,

hiperestesia e outros (HORZINEK et al., 2007).

Uma pesquisa mostrada pelo TECSA Laboratórios evidenciou a ocorrência de

92% de aparecimento de secreções ocular e nasal, 73% de frequência de

diarréias, 48% de presença de gatos com doença periodontal, 19% para otite e

também para icterícia e 4% de alterações neurológicas, mostrando uma ampla

margem de sinais e sintomas clínicos inespecíficos.

2.6. Achados laboratoriais

Page 22: Leucemia Viral

22

A maioria dos gatos infectados pelo FeLV apresenta a doença relacionada à

distúrbios degenerativos induzidos pelo vírus, com alterações hematológicas

que podem ser representadas pelas anemias, leucopenias e trombocitopenias

(ROJKO & KOCIBA,1991). Algumas doenças imunomediadas também estão

associadas à infecção pelo FeLV, incluindo anemia hemolítica imunomediada

(AHIM), poliartrites, glomerulonefrites (HARTMANN, 2006). A doença de

caráter neoplásico é representada na maioria dos casos pelo linfoma, que

acomete aproximadamente 25% dos gatos infectados (MOORE & OGILVE,

2001). Essas neoplasias podem ser classificadas de acordo com a sua

localização em linfomas metastáticos, multicêntricos, alimentares e

extranodais, sendo mais comuns os dois primeiros (HARDY, 1987; SOUZA &

TEIXEIRA, 2003). A linfopenia nos gatos infectados pelo vírus da leucemia

deve-se a uma diminuição de linfócitos T CD4+. Com isso, o número de células

T CD8+, eventualmente, é recuperado, ocorrendo uma diminuição da

proporção CD4/CD8 (THIZARD, 2002). Podem ainda ser observados achados

como perda da função normal dos linfócitos, diminuição da quantidade de

células da linhagem branca e doenças proliferativas, a exemplo do linfoma e

carcinoma (TECSA Laboratórios).

A anemia observada poderá ser ou não regenerativa, sendo que a anemia

hemolítica resulta geralmente de infecções secundárias por M. haemofelis,

linfomas, doença mieloproliferativa ou imunossupressora (HARDY et al., 1976;

HARTMANN, 2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008; LUTZ et al., 2009; COSTA &

NORSWORTHY, 2011).

Os linfomas associados ao FeLV, geralmente são do tipo T, sendo os tumores

mais frequentes em gatos, apesar de a sua incidência ter vindo a diminuir ao

longo dos anos, devido à diminuição da prevalência de FeLV (HARTMANN,

2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008; LUTZ et al., 2009). Estima-se que a

incidência de linfomas seja 888 vezes mais elevada em animais infectados com

FeLV do que em animais saudáveis (HARDY et al., 1976). Entre 75 e 90% dos

Page 23: Leucemia Viral

23

linfomas associados ao timo são observados em animais jovens infectados

com FeLV, enquanto que 25 a 30% dos linfomas alimentares ocorrem em

animais mais velhos (HARTMANN, 2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008). Os

linfomas multicêntricos são, no entanto, os mais observados, sendo que cerca

de 90% destes tumores atingem animais FeLV positivos com aproximadamente

quatro anos de idade (DUNHAM & GRAHAM, 2008).

2.7. Diagnóstico

O diagnóstico da infecção foi baseado a partir do isolamento do agente e sua

caracterização, permitindo o desenvolvimento de testes sorológicos confiáveis.

(HARDY et al. 1973). Porém, os testes baseados na pesquisa de anticorpos

não se prestam ao diagnóstico de infecção atual, pois cerca de 40% dos gatos

que se infectam com o FeLV são capazes de eliminar a infecção, tornando-se

imunes (BARR, 1998; JARRET, 1999). Assim, o título de anticorpos pode

indicar apenas uma infecção passada naqueles hospedeiros que foram

capazes de eliminar a infecção. Desta maneira, os testes empregados

atualmente baseiam-se na pesquisa de antígenos nos fluidos corporais.

A infecção pelo FeLV pode ser diagnosticada pela detecção do antígeno viral

p27 nos leucócitos, plasma, soro, lágrimas ou saliva dos animais infectados. Os

testes mais utilizados são os ensaios de Imunofluorescência Direta (IFD) e o

Ensaio Imunoenzimático Direto (ELISA) (TORRES et al., 2010). Entretanto,

testes moleculares como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), estão

cada vez mais sendo utilizados devido às vantagens sobre os testes

sorológicos, pois, além de detectarem e identificarem os agentes virais

permitem também caracterizá-los geneticamente (TANDON et al., 2008). O

ELISA baseia-se na detecção da proteína de capsídeo (p27) no soro ou

plasma, onde é encontrada em abundância em animais infectados,

constituindo-se um bom marcador para detecção da infecção e sendo um dos

métodos de eleição em uma primeira abordagem diagnóstica para a FeLV

(LUTZ ET AL., 1983; LEVY et al., 2001; HARTMANN, 2006), como

Page 24: Leucemia Viral

24

demonstrado no resultado da Figura 2, utilizando aparelhos com Kits de Testes

Rápidos.

Figura 2- Exemplos de resultados de FeLV encontrados no teste de ELISA, sendo (A) Amostra negativa para FeLV e (B) Amostra positiva para FeLV. Fonte: SILVA, 2007.

O teste detecta animais positivos a partir da quarta semana após infecção e é

recomendado como teste de triagem (JARRETT et al., 1982; FLYNN et al.,

2002; LEVY et al., 2008; LUTZ et al., 2009). Estima-se que cerca de 5 a 10%

dos animais positivos ao provírus por PCR não são identificados por ELISA

quando não há antígenos circulantes (HOFMANN-LEHMANN et al., 2001;

LUTZ et al., 2009). Contudo, é um teste altamente sensível e específico, na

medida em que nenhum dos resultados positivos à ELISA é negativo no PCR

(LUTZ et al., 2009). O teste de Imunofluorescência Direta é baseado na

observação de que, nos animais virêmicos, os granulócitos, linfócitos e

plaquetas contêm componentes do gene gag que podem ser detectados por

antígenos específicos em esfregaço sanguíneo (HARDY et al., 1973).

Entretanto, a IFD não constitui bom teste de triagem, pois esta detecção não

coincide com o aparecimento da p27 no soro ou plasma (LUTZ et al., 1980).

Este teste permite a detecção de antígenos associados a células como

A B

Page 25: Leucemia Viral

25

leucócitos e plaquetas, através do qual deverá ser realizado em sangue total ou

esfregaços de medula óssea (LEVY et al., 2001; LEVY et al., 2008; COSTA &

NORSWORTHY, 2011).

Outro método é o isolamento viral, que detecta o vírus completo, pelo que é

indicativo de viremia. É considerado o gold standard (Teste Ouro) na detecção

de FeLV mas, por questões de logística, não é utilizado na rotina (HARTMANN,

2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008; LUTZ et al., 2009).

Uma vez que nenhuma das metodologias descritas é 100% eficaz, os

resultados obtidos terão de ser interpretados de maneira cuidadosa pelo

profissional responsável. Assim, um resultado positivo num animal com baixo

risco de infecção deverá ser sempre confirmado, sobretudo quando o animal se

encontra assintomático, independentemente da sensibilidade e especificidade

do teste utilizado. Pelo contrário, considerando a baixa prevalência de FeLV na

maioria das populações, um resultado negativo é mais confiável, mesmo que a

sensibilidade e especificidade do teste utilizado não sejam as mais elevadas

(LEVY et al., 2001; DUNHAM & GRAHAM, 2008). Resultados discordantes

entre testes poderão estar presentes dependendo da fase de infecção, da

variabilidade de respostas do hospedeiro ou por questões técnicas inerentes a

cada teste (LEVY et al., 2001; HARTMANN, 2006; LEVY et al., 2008).

Visto que nenhum dos métodos descritos detecta anticorpos, a presença de

destas proteínas maternais ou vacinais, não influencia os resultados obtidos,

podendo o animal ser testado independentemente da sua idade (LEVY et al.,

2001; HARTMANN, 2006; DUNHAM & GRAHAM, 2008).

2.8. Tratamento

Não existe cura total para as retroviroses, sendo que o melhor a fazer é

detectar a infecção o mais precocemente possível para realizar um tratamento

mais adequado, antes do desenvolvimento das síndromes clínicas associadas

a estas doenças. Logo, a terapia é meramente sintomática porque não irá

Page 26: Leucemia Viral

26

reverter a doença quando os sinais clínicos estão já instaurados (COHN, 2006,

HORZINEK et al. 2007; KAHN, 2007).

2.8.1. Tratamento suporte

O tratamento inespecífico de suporte serve para controlar as infecções

secundárias e oportunistas de modo a melhorar a qualidade de vida do animal

(GROTTI, 2007). Neste tratamento inclui a fluidoterapia, a administração de

vitaminas, antibióticos, antifúngicos, antiparasitários e ainda, outros fármacos

que tratam as infecções secundarias combinados ou não com terapia antiviral

especifica (HARTMANN, 2004). O tratamento antibiótico deve ser instaurado

de forma agressiva, de longa duração e com o recurso a doses muito elevadas

(NELSON & COUTO, 2003; COHN, 2006; HORZINEK et al., 2008). Na primeira

escolha, optam-se sempre pelos bactericidas, em que devem ser usados

sempre que possível e baseados na cultura bacteriana e nos testes de

sensibilidade (GUNN-MOORE, 2008).

O tratamento da anemia associada às retroviroses especialmente a leucemia

viral costuma ser muito difícil. O uso da Vitamina B12, do acido fólico, dos

esteroides anabólicos e da eritropoietina geralmente não tem sucesso no

combate a anemia não regenerativa (NELSON & COUTO, 2003). Se a causa

específica da anemia não é determinada, deve-se incluir no tratamento a

doxiciclina, devido a uma possível infecção secundária por Hemobartonella

spp. e por Mycoplasma felis (HORZINEK et al., 2007).

As neoplasias associadas à infecção devem ser tratadas da mesma forma que

são tratadas as outras neoplasias (MORGAN et al., 2003). No caso do

desenvolvimento de linfomas deve-se instituir protocolos quimioterapêuticos

adequados, sendo bons candidatos os gatos com menos de quatro anos de

idade e negativos a infecção pelo vírus da leucemia felina (HORZINEK et al.,

Page 27: Leucemia Viral

27

2007). Os gatos infectados com esse antígeno e com linfoma estão sujeitos a

períodos de remissão clínica, mais curto que os gatos não infectados (GUNN-

MOORE, 2008).

2.8.2. Tratamento específico antiviral

O tratamento específico consiste na administração de fármacos retrovirais com

efeitos diretos sobre o vírus e de produtos imunomoduladores que estimulam

uma resposta imune protetora, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida

e aumentar a taxa de sobrevivência do animal (GROTTI, 2007). Os gatos

infectados com retrovírus respondem a terapia mesmo que apropriada, de

forma lenta, sendo o curso do tratamento longo ou intermitente. Portanto

recomenda-se que, para a imunoterapia ser eficaz, o gato deve receber pelo

menos nas primeiras três à quatro semanas de tratamento (GUNN-MOORE,

2008). Não é necessário que os gatos assintomáticos sejam sujeitos ao

tratamento específico, sendo aconselhado apenas que eles permanecerem

livres do vírus e estarem bem vacinados para minimizar os riscos de serem

infectados concomitantemente com outras doenças (MORGAN et al., 2003).

A maioria dos fármacos antivirais atuais está associada a melhorias nos sinais

clínicos e no estado imune dos gatos, mas em grande parte deles é tóxica,

causando anemia, mielossupressão e nefrotoxicidade (HARTMANN, 2004;

HORZINEK et al., 2007; GUNN-MOORE, 2008, HORZINEK et al., 2008). O uso

frequente do 3´-ácido-2´3´-dexoxitimidina (AZT), também conhecido como

azidotimidina é o antiviral mais usado no tratamento da leucemia felina, além

de ser o único que mostrou ter eficácia em gatos com infecção natural ao vírus

da imunodeficiência felina (HARTMANN, 1998). É um fármaco relativamente

seguro, no qual inibe a transcriptase reversa viral in vivo e in vitro prevenindo a

conversão do RNA viral em DNA, impedindo novas infecções, mas não a

replicação do vírus que já está presente nas células infectadas (ETTINGER &

FELDMAN, 2005; HORZINEK et al., 2007; HORZINEK et al., 2008). A

Page 28: Leucemia Viral

28

administração do AZT em gatos doentes infectados pelo FeLV melhora o

estado físico, imunológico, a qualidade de vida e aumenta a esperança média

de vida, com diminuição da carga viral e aumento da razão CD4/CD8

(ETTINGER & FELDMAN, 2005; GROTTI, 2007). Estudos feitos em gatos que

foram tratados com o medicamento durante dois anos demonstraram que é

bem tolerado, e que há apenas uma diminuição ligeira dos valores do volume

globular nas primeiras três semanas (ETTINGER & FELDMAN, 2005;

HOLZINEK et al., 2008). Quando administrado a gatos infectados

experimentalmente na dose 104 a 106 UI/kg, via SC, SID reduz a quantidade do

antígeno do FeLV no sangue. No entanto, com o aumento da dose, mais rápido

torna o aparecimento de anticorpos neutralizantes, porém o uso de altas doses

de fármacos antivirais é toxico (HARTMANN, 2004; ETTINGER & FELDMAN,

2005). Alguns sinais de toxicidade incluem a neutropenia, anorexia, vômito e a

perda de peso (GRUNN-MOORE, 2008).

2.9. Prevenção

A prevenção da infecção por FeLV nas suas diferentes vertentes e o

seguimento correto dos animais infectados, assumem-se como passos

fundamentais no controle da infecção por este agente, o que se reflete em uma

diminuição da sua prevalência, tal como se tem vindo a verificar ao longo dos

últimos anos (RODRIGUES, 2012).

2.9.1. Manejo geral

O método ideal de controle do vírus da leucemia felina consiste em evitar o

contato entre os gatos infectados com os não infectados (BAAR, 1998). Em

gatis ou gaiolas, deve-se eliminar todos os animais virêmicos, sendo o teste

repetido a cada três meses, até todos se tornarem negativos (GREENE, 1998).

Os animais infectados deverão ser separados dos animais saudáveis e ter

restrição de acesso ao exterior, de modo a evitar a transmissão do vírus e/ou

Page 29: Leucemia Viral

29

infecção por outros agentes (LEVY et al., 2001; HARTMANN, 2006; LUTZ et

al., 2009; COSTA & NORSWORTHY, 2011). Este isolamento deverá ser

também considerado em ambiente hospitalar, com o cuidado de não instalar os

animais FeLV positivos na unidade de doenças infectocontagiosas devido à

fragilidade do seu sistema imunitário (LEVY et al., 2008; LUTZ et al., 2009). A

entrada de novos animais numa habitação deverá ser precedida de um período

de quarentena de três a quatro semanas, não por risco de transmissão de

FeLV dada a sua labilidade, mas sim para a eliminação de outros agentes

potencialmente patogênicos para esses animais (HARTMANN, 2006; LEVY et

al., 2008; LUTZ et al., 2009). A integração de um animal com excreção ativa de

FeLV em uma amostra populacional de animais não infectados é

desaconselhada, mesmo que estes estejam vacinados, uma vez que nenhuma

das vacinas é 100% eficaz na prevenção desta infecção (HARTMANN, 2006).

A esterilização, além de impedir a transmissão transuterina e/ou lactogênica,

poderá também evitar conflitos entre animais que culminem na transmissão de

agentes infecciosos, sendo a cirurgia, de um modo geral, bem tolerada pelos

animais infectados (HARTMANN, 2006; LEVY et al., 2008; LUTZ et al., 2009;

COSTA & NORSWORTHY, 2011). Uma vez que o provírus tem capacidade

infectante, todos os doadores de sangue deverão ser previamente testados

para a presença de antígenos e de provírus, de modo a evitar a transmissão do

agente ao animal receptor (LEVY et al., 2001; LEVY et al., 2008; COSTA &

NORSWORTHY, 2011). Este vírus sobrevive pouco tempo fora do hospedeiro

e é facilmente inativado com detergentes, sabão, calor ou secagem podendo,

contudo, manter a sua capacidade infectante quando em atmosfera úmida e à

temperatura ambiente (HARTMANN, 2006; COSTA & NORSWORTHY, 2011).

2.9.2. Vacinação

A vacinação é indicada para aqueles animais soronegativos e com alto risco de

exposição ao vírus, como gatos vadios, os domiciliares com acesso às ruas e

aqueles que convivem com vários outros gatos (MEHL, 2001). As vacinas

Page 30: Leucemia Viral

30

disponíveis no mercado são inativadas, porém os laboratórios utilizam algumas

tecnologias de produção, adjuvantes e outras cepas diferentes. A maioria é

produzida com o vírus completo, porém existem aquelas em que as vacinas

são feitas com o vírus vivo recombinante (LOAR, 1993)

Presume-se que a proteção conferida pela vacina advenha da produção de

linfócitos T citotóxicos e não da aquisição de anticorpos anti-FeLV

(HARTMANN, 2006; HOFMANN-LEHMANN et al., 2006). Contudo, apesar de

nenhuma das vacinais atualmente fabricadas prevenir por completo a infecção,

no sentido em que existe sempre uma taxa de replicação viral mínima e

integração de provírus, assume-se que baixos níveis do antígeno não são

relevantes do ponto de vista clínico, pelo que se considera o animal como

protegido (HOFMANN-LEHMANN et al., 2006; LEVY et al., 2008; LUTZ et al.,

2009). A vacinação de animais jovens deverá ser ponderada, pois por um lado,

há a possibilidade de o seu estilo de vida se alterar e estes passarem a integrar

o grupo de animais em risco, mas também porque os animais mais jovens

desenvolvem geralmente infecção progressiva após o contato com o agente

(RICHARDS et al., 2006; LEVY et al., 2008). Apesar da associação entre o

desenvolvimento de sarcomas vacinais e a vacinação por FeLV não estar ainda

esclarecida, vários autores recomendam que a vacina seja administrada no

membro posterior esquerdo, o mais distalmente possível, de modo a permitir a

excisão cirúrgica no caso de desenvolvimento do sarcoma (HARTMANN,

2006).

2.10. Prognóstico

O prognóstico para animais com viremia persistente é reservado, sendo que o

período de sobrevivência vai de 18 meses à três anos, sendo que 70 a 90%

dos felinos desenvolvem doenças associadas à infecção por FeLV (DUNHAM

& GRAHAM, 2008; LEVY et al., 2008; LUTZ et al., 2009; COSTA &

NORSWORTHY, 2011). Nos casos em que o linfoma se encontra disseminado

pelo baço, fígado, medula óssea, sangue e órgãos não linfóides, o prognóstico

é reservado à desfavorável, e os animais não tratados sucumbem geralmente

Page 31: Leucemia Viral

31

em um a dois meses (HARTMANN, 2006; LUTZ et al., 2009). Como já dito

anteriormente, a idade do animal no momento da infecção por FeLV é o fator

mais preponderante no desfecho da infecção. Contudo, com cuidados médicos

adequados, os animais infectados poderão viver por muito mais tempo, vindo a

sucumbir apenas por causas não associadas ao FeLV (HOOVER ET AL., 1976;

HARTMANN, 2006).

3. CONCLUSÃO

O vírus da leucemia felina possui menor incidência em animais mais velhos e,

quando presente, provavelmente está associada a uma viremia transitória. Os

achados clínicos e laboratoriais muitas vezes são inespecíficos, o que

demanda cuidado redobrado do clínico veterinário responsável, muitas vezes

necessitando de exames mais sensíveis, como o ELISA. A infecção pelo FeLV

pode levar a ocorrência de doenças concomitantes como o linfoma, levando à

uma piora no prognóstico.

Pela considerável prevalência do vírus em todo o país é importante destacar o

papel do Médico Veterinário na conscientização dos proprietários quanto ao

calendário vacinal e a atenção com os seus animais, reduzindo os riscos e a

incidência da infecção.

Page 32: Leucemia Viral

32

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