Liberato Vieira Da Cunha...Eternidades - Zero Hora

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Porto Alegre

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    Coluna

    Cheguei a esta cidade com seis anos, a bordo de um avio da Varig e de 38 graus de febre

    Passou o aniversr io de uma linda senhora e eu no a cumpr imentei. Porto Alegre completou 242 outonos e no a abracei, talvez

    preocupado com os tropeos do pas.

    Cheguei a esta cidade com seis anos, a bordo de um avio da Var ig e de 38 graus de febre. Tenho a vaga ideia de haver avistado nesse

    pr imeiro encontro a grande enseada que se abr ia ao sul, surrealmente de um azul turquesa, mais a escadar ia da Rua Joo Manoel, mas

    pode ser que fosse a gr ipe.

    Passei a pr imeira semana recolhido ao lei to, como se dizia ento. Minhas irms me noticiavam que, na sacada dos fundos do

    apartamento, ancoravam imensos navios, e eu acreditei nelas piamente. Foi o que fiz logo que me deram alta: correr tal sacada dos

    fundos. Com a permisso de Machado, minha alma caiu ao cho. Havia, sim, navios, bord e prata, mas passavam a centenas de metros

    dal i , para alm da chamin do Gasmetro.

    Sobravam, no entanto, outras razes de encantamento. Quando pude afinal sair rua, meu pai me apresentou ao bonde Duque. Era algo

    que suplantava minha imaginao, pois nos surgiu br i lhando em meio nebl ina. Descemos na Rua da Praia, esquina com a Marechal

    Flor iano, bem onde ficava a Casa Masson. Suas vi tr ines cint i lavam como joias na manh fr ia.

    Dali caminhamos at a Galer ia Chaves, onde me surpreendeu o vi t ral do forro, cuja imagem nunca esqueci. Meu pai comprou um

    presente para minha me, na Joalher ia Iba ez, uma Casa Masson em porte menor, mas igualmente sofist icada. Voltamos a caminhar e,

    na esquina com a Avenida Borges, fiquei admirando a troca de luzes da sinaleira, manejadas por um guarda no alto de uma guar i ta.

    Eu olhava espantado para as alturas do Sulacap e do Vera Cruz: nunca imaginara que houvesse edifcios to altos.

    Mora gente l em cima? perguntei a meu pai.

    Mora, sim disse ele. Mas alguns andares so de escr i t r ios. J te mostro.

    E levou-me pela mo at a entrada de um deles, onde me apresentou a outro fenmeno: o elevador.

    A quota de surpresas do dia ainda no estava completa. Seguimos em direo Praa da Alfndega, onde ainda t remeluziam um ou dois

    an ncios de non. Paramos diante de um prdio tambm alto, mas antigo, que ficava alm de uns quantos cinemas.

    Olha ali falou meu pai. E eu t ive o contato inaugural com a porta girat r ia do Grande Hotel.

  • Na esquina entramos na Livrar ia W. M. Jackson, onde ele ficou namorando as lombadas das obras completas do j dito Machado. Um dia

    elas ser iam nossas. So essas mesmas que me acompanham, tantas eternidades depois, nesta biblioteca em que teo esta crnica de

    saudade.

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