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LIGHT STEEL FRAME, HABITAÇÕES POPULARES E A SUSTENTABILIDADE.
Francisco de Assis Javarini [email protected]
Carolina de Oliveira Pinto [email protected]
RESUMO
A construção civil no Brasil se sustenta em vertentes artesanais e necessita de
cientificidade e gestão com abordagem mais produtiva e moderna, seguindo padrões
internacionais de redução de custos, valorizando e reforçando ainda, as questões
ambientais como centro de discussões mais racionais e eficazes. O sistema
construtivo Light Steel Framing, LSF, é um sistema industrializado, que proporciona a
racionalização na construção civil e se conforma como vantajoso, pois possibilita a
produção seriada de residências para conjuntos habitacionais com vertentes de
sustentabilidade. Este trabalho teve como objetivo a análise do processo construtivo
LSF em edificações populares e o nível de adequação do mesmo aos pilares da
sustentabilidade, por meio de uma revisão bibliográfica. Observou-se que neste
sistema construtivo, a construção em aço e suas diversas aplicações com o uso de
sistemas industrializados são alternativas que garantem a evolução do conceito de
qualidade, racionalidade e economia no processo da construção civil no Brasil. As
novas abordagens para a gestão de resíduos na construção, como o gesso, também
direcionam melhor a tomada de decisão e elucidam a destinação de resíduos, dentro
de uma perspectiva holística. Sendo assim, empreendimentos que se utilizam deste
tipo de construção metálica, impactam menos o meio ambiente nas questões de uso
de energia, consumo de materiais e geração de detritos, respondendo de maneira
mais adequada às questões da sustentabilidade.
Palavras-chave: Edificações populares. Construção sustentável. Resíduos. Sistemas
construtivos
ABSTRACT
The construction industry in Brazil is based on artisan aspects and needs of scientific
and management with more productive and modern approach, following international
standards cost reduction, enhancing and strengthening further the environmental
issues at the center of more rational and effective discussions. The building system
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Light Steel Framing, LSF, is an industrialized system, which provides the
rationalization in construction and conforms as advantageous because it enables the
mass production of houses for housing with sustainability aspects. This study aimed to
analyze the construction process LSF in popular buildings and the adequacy thereof
to pillars of sustainability, through a literature review. It was observed that this
construction system, steel construction and its various applications with the use of
industrialized systems are alternatives that guarantee the evolution of the concept of
quality, rationality and economy in the construction process in Brazil. New approaches
to waste management in construction, such as gypsum, also better direct the decision-
making and clarify the disposal of waste, within a holistic perspective. Thus,
enterprises that use this type of metal construction, less impacting the environment in
energy use issues, material consumption and waste generation, responding more
adequately to sustainability issues.
Keywords: Social Buildings. Sustainable construction. Waste. building systems
1. INTRODUÇÃO
A construção civil sustentável tem grande importância para a realização dos
objetivos plenos do desenvolvimento, uma vez que tem seu papel reconhecido pelo
MMA (Ministério do Meio Ambiente) ao ressaltar que este setor é o que mais consome
recursos naturais e se utiliza de energia de forma intensiva, gerando consideráveis
impactos ambientais.
Neste prisma, estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo
conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção civil (MMA,
2015), sendo que cerca de 75% dos resíduos gerados pela construção nos municípios
provêm de eventos informais (obras de construção, reformas e demolições,
geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis) (SINDUSCON, 2005).
A construção civil no Brasil se sustenta em vertentes artesanais e necessita
de cientificidade e gestão com abordagem mais produtiva e moderna, seguindo
padrões internacionais de redução de custos, valorizando e reforçando ainda, as
questões ambientais como centro de discussões mais racionais e eficazes. Conforme
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o PNUMA1, o setor imobiliário representa cerca de 10% do PIB mundial com relevante
impacto nas mudanças climáticas do planeta.
O processo de sustentabilidade envolve diversas esferas de aplicação,
conhecimento e estudo para que seja justaposto de forma correta. A sustentabilidade
em construções é uma tendência de mercado, que acaba também agregando
competitividade. Governos, consumidores, investidores e associações sensibilizam,
estimulam e pressionam o setor da construção a aliar essas práticas em seu
operacional mudando as formas de produzir e gerir as obras. Um empreendimento
sustentável deve pressupor a adequação ambiental, a viabilidade econômica; a justiça
social e a aceitação cultural.
No caso deste estudo, considerou-se o Light Steel Framing um sistema
construtivo industrializado, que proporciona a racionalização na construção civil e se
conforma como vantajoso, pois possibilita a produção em série de residências para
conjuntos habitacionais com vertentes de sustentabilidade. O objetivo se configura em
analisar o processo construtivo Light Steel Framing em edificações populares e o nível
de adequação do mesmo aos pilares da sustentabilidade.
Este trabalho, foi elaborado por meio de uma revisão bibliográfica sobre a
sustentabilidade nos processos da construção civil, dos cenários para a construção
sustentável, das condutas para a sustentabilidade e do LSF como sistema de
construção alternativo, ressalta e reafirma olhares necessários para o próprio
desenvolvimento do país e vem daí a sua relevância. A abrangência deste estudo se
limita às pesquisas feitas em sites específicos, jornais, internet, além de bibliografia
sobre construções sustentáveis e da percepção de realidades que se utilizaram desta
tecnologia no Brasil.
2. O LSF E A CONSTRUÇÃO DE MORADIAS POPULARES
Segundo dados do IBGE, 2008, o valor do segmento de obras residenciais
avançou 6,3% em termos nominais, principalmente em função do crescimento de
edificações residenciais (13,9%), produto de maior peso na construção e diretamente
influenciado pelo crédito imobiliário.
1 PNUMA é a sigla em português do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (em inglês, United Nations Environment
Programme – UNEP). Sediado em Nairóbia, no Quênia, o programmer foi criado pelas Nações Unidas em 1972, atendendo a proposta da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada naquele ano em Estocolmo, na Suécia.
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O Plano Nacional de Habitação, PLANHAB, estabelece uma necessidade de
produção de aproximadamente 28 milhões de unidades nos próximos 13 anos para
atender à demanda futura e eliminar o atual déficit habitacional, até 2023
(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009) e para que “a indústria da construção civil
cumpra a meta de liquidar o déficit habitacional em 2023, a produtividade do setor
deverá crescer cerca de 4% ao ano”. (FGV ABRAMAT, 2008).
O Brasil tem a classe social denominada C1 e C22 como um potencial
mercado consumidor, para moradias populares unifamiliares. Entidades públicas,
como a Caixa Econômica Federal, estimulam por meio de projetos sociais, como o
Programa Habitação de Interesse Social, a construção habitacional para famílias de
baixa renda, com o objetivo de viabilizar o acesso à moradia adequada em localidades
urbanas e rurais.
Conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (2008), o déficit habitacional
brasileiro é de 5,8 milhões de famílias, o que representa um índice de 9,3% de famílias
que não têm onde morar ou vivem em condições inadequadas.
O déficit habitacional no Brasil estimula ações de melhorias e modernização
no setor da construção civil e cria estímulos para o desenvolvimento de novos
sistemas construtivos e abordagens de gestão que promovam uma melhor qualidade
dos serviços e do próprio operacional da construção, maximizando resultados e
operacionalizando processos mais coerentes com as diretrizes sustentáveis.
Neste contexto, busca-se a otimização dos sistemas construtivos. Um desses
é o sistema construtivo industrializado que favorece a produção de moradias em larga
escala, com recursos humanos especializados, fundamental para a execução de
moradias dentro dos prazos estipulados pelo governo (OLIVEIRA; RODRIGUES;
SANTIAGO, 2010).
Sistemas industrializados como Light Steel Frame (LSF) surgem como tática
para prover o desenvolvimento do setor e o constante crescimento do déficit
habitacional, uma vez que representa maior rapidez de execução com redução nas
perdas; menor emprego de colaboradores em cada construção e consequente
aumento de produtividade e especialização.
“O Light Steel Framing é um sistema de construção que se estrutura em perfis
de aço galvanizado formados a frio, projetados para suportar as cargas da edificação
2 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. ABEP. Critério Brasil 2015. (Renda corrente declarada do
domicílio). C1: por volta de R$ 2.250; C2: por volta de R$ 1.350
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e trabalhar em conjunto com outros subsistemas industrializados”. (YAMASHIRO,
2011) e permite ainda, a utilização de diversos materiais flexíveis, não apresentando
grandes restrições aos projetos.
O emprego do LSF tem como objetivo a maximização da economia gerada na
edificação democratizando assim, a aquisição para a população de baixa renda no
Brasil.
Sousa e Martins (2009) pontuam que o sistema otimiza a utilização dos
recursos e gerenciamento das perdas, permitindo total controle de gastos mesmo na
fase inicial do projeto.
O uso deste sistema comporta a produção em larga escala (Figura 1) com
rapidez, o que é essencial para atingir metas de construção de habitações planejadas
pelos órgãos governamentais.
Figura 1- Construção de Residências populares em sistema LSF
Fonte: Vitrine do Design. (2015)
Conforme Guizelini (2010), o LSF chegou ao Brasil na década de 90 e foi de
início, aplicado em edificações destinadas aos padrões de renda média e alta. O
aumento na escala de produção dos materiais utilizados neste sistema propiciou uma
redução no custo final, expandindo os processos também para habitações populares.
Considerando o processo operacional do LSF, pode-se afirmar que a estrutura
(Figura 2):
Apresenta resistência exigida por normas a incêndios, pois é revestido por placas de gesso acartonado, material com elevada resistência ao fogo. A utilização do aço galvanizado ZAR230, zincado de alta resistência, com 230 MPa, com 180g/m² de liga de zinco para ambientes não marinhos e com 275 g/m² de liga
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de zinco para ambientes marinhos, garante um ótimo desempenho contra corrosão (SANTIAGO et al., 2009). Figura 2 - Estrutura Steel Frame
Fonte: Construlight (2015).
O Light Steel Framing se diferencia do convencional, por ser um esqueleto
estrutural composto por perfis leves de aço galvanizado formados a frio, que tem a
função de absorver as solicitações da edificação e, em conjunto com os outros
elementos estruturais, distribuir uniformemente as cargas para as fundações
(RODRIGUES, 2006).
Os perfis são utilizados na composição de painéis estruturais de paredes,
vigas de piso, vigas secundárias, treliças, tesouras de telhado, entre outros
componentes.
Rodrigues (2006) descreve os painéis estruturais compostos por vários perfis
parafusados e espaçados regularmente entre si, de acordo com a modulação definida
no cálculo estrutural, variando entre 400 mm e 600 mm. Essa modulação otimiza
custos, pois praticamente todos os materiais complementares e subsistemas são
enquadrados em múltiplos desse espaçamento, permitindo o controle de utilização e
a minimização de desperdício desses materiais. Em sua maioria, os painéis são
executados em fábrica, garantindo boa produtividade, qualidade e melhores
condições de trabalho, diminuindo a área de canteiro de obra. Entretanto, estes
painéis também podem ser montados no local da obra.
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Figura 3 - Detalhes da Montagem de Estruturas Figura 4 Perfil Parafusado
Fonte: (FLASAN, 2009). Fonte: (FLASAN, 2009). Figura 5 Operacional Processo Montagem.
Fonte: (FLASAN, 2009).
Figura 6 - Estrutura Montada para a Residência Popular
Fonte: FLASAN (2009)
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Figura 7 - Residência Popular Steel Frame montada
(lado A) (lado B) Fonte: FLASAN (2009).
As considerações finais do estudo de Oliveira; Rodrigues; Santiago (2010)
reafirmam que utilização do sistema Light Steel Framing para a execução de
habitações de interesse social se mostra uma alternativa viável por ser um sistema
industrializado e racionalizado, aumentando a produtividade e diminuindo o
desperdício de tempo e insumos. Mariutti (2010) reforça e relembra um estudo
comparativo feito pela ONG Iniciativa Verde, que analisou diferenças entre alvenaria
estrutural e steel frame em um projeto popular (apartamento com área de A =41,40
m²). O estudo constatou que a alvenaria estrutural necessita de três vezes mais a
quantidade de árvores para a neutralização do projeto. A atividade da construção civil
gera a massa total dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas cidades. O consumo
de materiais pela construção civil nas cidades é pulverizado. Aproximadamente 75%
dos resíduos gerados pela construção derivam de eventos informais (obras de
construção, reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários
dos imóveis).
“O poder público municipal deve exercer um papel fundamental para
disciplinar o fluxo dos resíduos, utilizando instrumentos para regular especialmente a
geração de resíduos provenientes dos eventos informais”. (SINDUSCON, 2005).
“O LSF pode contribuir para a redução do grande déficit habitacional no Brasil,
apresentando-se como uma solução tecnicamente viável, de custo reduzido, sem
perda da funcionalidade, segura e durável”. (BEVILAQUA, 2005).
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3. SUSTENTABILIDADE, CONSTRUÇÃO CIVIL E LSF.
A concepção e o conjunto das atividades relacionadas ao empreendimento
em seu ciclo de vida devem contemplar a minimização de impactos ambientais, a
maximização de benefícios sociais e a viabilidade econômica. As construções são
unidades de composição de cidades e não podem ser considerados isoladamente ou
de forma dissociada do espaço urbano. Para os objetivos de sustentabilidade, a
simbiose entre espaço urbano e projeto é essencial. (SECOVI SP, 2010).
As práticas sustentáveis nos empreendimentos residenciais proporcionam
diversas vantagens para agentes do setor, para a sociedade, para a comunidade local
do empreendimento e também para o Poder Público, nos aspectos ambiental, social
e econômico.
Conforme o Secovi SP (2010), a sustentabilidade em empreendimentos é a
aplicação do conceito do “Tripé da Sustentabilidade”, ecologicamente correto,
socialmente justo e economicamente viável, desde a escolha do território, o projeto,
as técnicas construtivas, e o operacional das atividades no uso e operação do espaço
construído, hábitos dos usuários, procedimentos de manutenção e destinação dos
materiais no fim de vida, atrelando toda a cadeia do setor.
Assim, tomando-se como base os pilares da sustentabilidade, é possível uma
análise das vantagens do LSF como processo construtivo para habitações populares.
Segundo Munck et al. (2011) o pilar ambiental, refere-se à viabilidade
ambiental, e diz respeito à prevenção dos impactos negativos gerados pela
organização nos sistemas naturais, ou seja, a conservação e manejo adequado dos
recursos naturais. Para Sachs (1993) a sustentabilidade ecológica compreende a
intensificação do uso dos potenciais inerentes aos variados ecossistemas, compatível
com sua mínima deterioração.
A natureza deve encontrar novos equilíbrios, por meio de processos de
utilização que obedeçam a seu ciclo temporal. Implica também em preservar as fontes
de recursos energéticos e naturais. O LSF gera menos resíduos e oferece melhores
condições de segurança ao trabalhador, contribuindo para a redução dos acidentes
na obra; apresenta baixa emissão de CO2 e emite aproximadamente cinco vezes
menos quando comparado ao processo construtivo convencional; proporciona a
redução do consumo de energia na construção em comparação aos sistemas
tradicionais.
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Posteriormente, traz também redução no consumo de equipamentos de
condicionamento do ar, alivia as fundações, devido ao reduzido peso e uniforme
distribuição dos esforços através de paredes leves e autoportantes. O aço é o único
material que pode ser reaproveitado inúmeras vezes sem nunca perder suas
características básicas de qualidade e resistência. Não por acaso, o aço, em suas
várias formas, é o material mais reciclado em todo o mundo.
A abordagem relativa ao pilar econômico, requer sustentabilidade em se
gerenciar algumas questões tais como custos, no caso do LSF, até 30% menor e
apresentando ainda menor prazo de execução, racionalização da mão-de-obra e de
materiais, maior produtividade, maior fidelidade ao orçamento, menor custo de
fundação por ser uma construção leve e com sistema de distribuição de cargas
uniforme e também com redução dos custos indiretos de acordo com o Centro
Brasileiro da Construção em Aço (CBCA, 2015).
A análise do ciclo vital de uma edificação feita em aço comparada a uma feita
em concreto revela uma redução de 41% no consumo de água durante a construção.
A construção em aço faz cair pela metade o movimento de caminhões na locação e
resulta em menos de 57% de detritos inertes (FRANZEN, 2011). Ao longo da vida útil
da edificação, devido a valiosas técnicas de isolamento externo, o aço possibilita
economia significativa de energia, facilidade de manutenção e adaptabilidade. Ao final
de sua via útil, é facilmente reciclável.
No sistema Steel frame (engradado/armação de aço), a alvenaria é
substituída por estrutura metálica de aço galvanizado e vedada por chapas de gesso
acartonado (vedação interna), painéis OSB, placas cimentícias, etc., portanto, “após
sua separação de outros resíduos da construção, os resíduos do gesso readquirem
as características químicas da gipsita, minério do qual se extrai o gesso”. Desse modo,
o material limpo pode ser utilizado novamente na cadeia produtiva.
Segundo Freitas e Castro (2006), os custos diretos e indiretos com a utilização
do LSD são menores e os prazos reduzidos com índice de perdas de
aproximadamente 3% em geral. O retorno do investimento fica bem mais rápido em
função da maior velocidade na execução da obra. A questão da fidelidade
orçamentária também é importante, pois, por ser um sistema inteligente, “o light steel
framing proporciona orçamento previsto igual ao realizado. Percebe-se ainda a
racionalização de materiais e mão-de-obra” (RODRIGUES, 2006).
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O LSF permite também facilidade e praticidade, “evitando os tradicionais
quebra-quebras, além da redução de custos de manutenção em 1/3 quando
comparado ao sistema convencional, devido à garantia e durabilidade dos materiais
empregados” (CASTRO, 2005). Santiago (2008) ressalta que as seções das paredes
e estruturas são mais esbeltas do que as equivalentes em alvenaria, ampliando o
espaço interno em até 4% da área útil da edificação. Por conta de suas características
naturais, o aço não sofre o ataque de cupins. “A estrutura do telhado em aço
galvanizado, portanto, elimina qualquer necessidade de tratamento e despesas de
manutenção” (CERQUEIRA, 2009). “O sistema e os perfis de aço galvanizado não
contribuem para a propagação do fogo o que reforça a segurança. Além da resistência
à corrosão, os perfis de aço galvanizado exibem maior estabilidade dimensional”.
(CASTRO, 2005)
O processo LSF segue os padrões do Código de Defesa do Consumidor e do
código de lei civil brasileira, propiciando novas trocas de conhecimento sobre
construções sustentáveis por meio de práticas mais modernas. Os Programas
Habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida”, norteiam novas possibilidades de
métodos construtivos mais modernos e viáveis. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
2015).
As grandes obras corporativas contratam empresa especializadas para
gerenciarem a emissão do LEED3 – Green Building com fiscalização constante para
acompanhamento de todos os procedimentos de medidas sustentáveis e
ecologicamente corretas, durante a construção, e posteriormente na entrega do
empreendimento. A destinação do entulho tem que ser comprovada, com emissão do
recibo CTR (controle de transporte de resíduos) assinado por uma ATT (área
transbordo e triagem).
A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) e o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) ressaltam princípios importantes sobre
construções sustentáveis, tais como o aproveitamento de condições naturais locais; a
utilização mínima do terreno com integração ao ambiente natural; a análise do
entorno; a qualidade ambiental; a adaptação às necessidades atuais e futuras dos
usuários; a utilização de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do
processo; com o consumo energético e de água; a redução; reutilização; e reciclagem
3 Leadership in Energy and Environmental Design O LEED é uma ferramenta para avaliar edifícios
desenvolvidos sob os parâmetros “verdes”. (USGBC, 2002)
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dos resíduos sólidos; as inovações tecnológicas viáveis e ainda a educação ambiental
com a sensibilização dos envolvidos no processo.
Uma premissa do Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em
Construção (CIB), considerado a principal plataforma mundial para cooperação
internacional e troca de informações na área da construção, é a sinergia entre os
diversos ambientes, natural e construída, promovendo um olhar mais digno e humano
sobre o cidadão.
Obviamente, existem alguns gargalos a serem explorados e que impactam
negativamente a utilização do LSF, barreiras estas que poderão ser mais bem
exploradas, com outro escopo de estudo, posteriormente. Numa construção comum,
uma grande fatia do custo final é a mão-de-obra. Morais (2004) afirma que em
habitações com estrutura metálica, poupando-se na mão-de-obra (redução de 14%) e
investe-se na qualidade dos materiais básicos. Existe falta de visão sistêmica dos
construtores: falta de conhecimento técnico na elaboração de projetos e treinamento
de profissionais para execução do sistema; o não conhecimento do sistema
construtivo leva a pensar que uso da técnica não é adaptado a todas às regiões –
quentes ou frias; recursos humanos ainda necessitando de capacitação e qualificação
específicas.
Sanches e Sato (2009) ressaltam que o LSF ainda é pouco divulgado e não
possui mecanismos eficazes de fiscalização e controle. As construções LSF estão
limitadas a quatro pavimentos e é importante ainda, se considerar o uso e a ocupação
desordenada do solo e ainda o baixo consumo de aço “per capita” na construção civil
brasileira.
O surgimento de anomalias comuns as construções, revela que os
paradigmas existentes já não são capazes de encontrar soluções para os problemas
colocados. E indicam um período de crise, pela proliferação de interpretações
diferenciadas. O que acontece é que a cultura das construtoras faz com que o sistema
não seja executado da maneira correta, pois o objetivo é sempre minimizar os custos.
(SANTIAGO, 2008).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho concluiu-se que institucionalizada nas organizações o Light
Steel Framing é um sistema com vantagens perceptíveis, mas a construção civil no
Brasil, ainda é em sua essência artesanal por questões culturais e ainda há uma
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grande carência em relação às informações necessárias sobre os princípios
operacionais deste método. A construção em aço e suas diversas aplicações com o
uso de sistemas industrializados são alternativas que garantem a evolução do
conceito de qualidade, racionalidade e economia no processo da construção civil no
Brasil. Quando colocados todos os fatores positivos que acompanham a construção,
a viabilidade do empreendimento é muito superior, tornando o sistema construtivo
mais interessante e atraente tanto para investidores como para futuros usuários.
Por fim, conclui-se que a utilização do light steel framing analisada neste
estudo, representa um novo paradigma para a construção civil, se apresentando como
uma solução sustentável.
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