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UNIVERSIDADE DE BRASLIA (UnB) DEPARTAMENTO DE LINGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUO
Ana Lygia Gonalves de Assuno
LNGUA DE ESPECIALIDADE DO CINEMA: UM ESTUDO
TERMINOLGICO MULTILNGUE.
BRASLIA/DF
2015
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Ana Lygia Gonalves de Assuno
LNGUA DE ESPECIALIDADE DO CINEMA: UM ESTUDO
TERMINOLGICO MULTILNGUE.
Trabalho de concluso de curso
apresentado ao curso de Lnguas
Estrangeiras Aplicadas ao
Multilinguismo e Sociedade da
Informao da Universidade de Braslia,
na rea de Lnguas, Lxico e
terminologia como requisito parcial
obteno do ttulo de Bacharel.
Orientadora: Dra. Janana Soares Alves
BRASILIA/DF
2015
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Ana Lygia Gonalves de Assuno
LNGUA DE ESPECIALIDADE DO CINEMA: UM ESTUDO TERMINOLGICO MULTILNGUE.
Trabalho de concluso de curso apresentado ao curso de Lnguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e Sociedade da Informao da Universidade de Braslia, na rea de Lnguas, Lxico e terminologia como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel.
Orientadora: Prof. Dra. Janana
Soares Alves
Comisso Examinadora _____________________________________________________
Prof. Dra. Janana Soares Alves (LET/UnB)
_____________________________________________________ Prof.Me. Cesrio Alvim Pereira Filho
(LET/UnB) _____________________________________________________
Prof. Me. Charles Rocha Teixeira (LET/UnB)
Braslia, 22 de junho de2015
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AGRADECIMENTOS
professora doutora Janana Soares Alves, pela orientao deste trabalho.
Ao Bacharel em Lnguas Estrangeiras Aplicadas, LEA- MSI Lucas Henrique
Garca, grande amigo e conselheiro, que foi de grande apoio nesta etapa da minha
vida.
s minhas companheiras de curso que fizeram da minha graduao anos
maravilhosos.
Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado.
minha me e minha av que so e sempre sero os alicerces da minha vida.
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Lngua de especialidade do cinema: um estudo terminolgico
multilngue.
RESUMO
Este trabalho pretende discutir questes relativas terminologia aplicada aos
termos da linguagem cinematogrfica a partir do ponto de vista do leitor no
especializado rumo ao leitor especializado, salientando os diversos nveis que o
discurso de especialidade pode adquirir alm de explanar as dificuldades de
interpretao dos conceitos dos termos coletados em uma anlise multilngue. Para
esse fim, conduziremos esta investigao em um panorama sobre a Terminologia
fundamentada na linha terica de Cabr (1993) e Barros (2004), na teoria da
semiologia conforme Metz (2007) e nos estudos de linguagem cinematogrfica.
Palavras-chave: Terminologia, linguagem cinematogrfica, semiologia, leitor
especializado, leitor no especializado.
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Lngua de especialidade do cinema: um estudo terminolgico
multilngue.
RESUMEN
Este trabajo tiene por objetivo discutir las cuestiones relativas a la terminologa aplicada a los trminos del lenguaje cinematogrfico, partiendo del punto de vista del lector no especializado hacia el lector especializado. Relevando los varios niveles que el discurso de especialidad puede alcanzar adems de exponer las dificultades de interpretacin de los conceptos de los trminos recolectados en un anlisis multilingue. Para eso, conduciremos en un estudio sobre la Terminologa fundamentada en la lnea terica de Cabr (1993) y Barros (2004), en la teora de la semiologa segn Metz (2007) y en los estudios del lenguaje cinematogrfico
Palabras llave: Terminologa, lenguaje cinematogrfico, semiologa, lector
especializado, lector no especializado.
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................ 8
1.LXICOLOGIA E TERMINOLOGIA. ........................................................................... 9
1.1. Lnguade especialidade e Lngua geral. ................................................................ 11
1.2.CINEMA- LINGUAGEM CINEMATOGRFICA . ..................................................... 13
2.METODOLOGIA. ....................................................................................................... 17
2.1 ANLISE DOS TERMOS (DICIONRIOS DE LNGUA ONLINE) ........................... 19
2.2ANLISE DOS TERMOS (OBRAS ESPECIALIZADAS) 30
CONSIDERAES FINAIS .......................................................................................... 38
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS. ............................................................................ 40
8
INTRODUO
Este trabalho segue a linha terica da Terminologia que encontra
fundamentao nas obras de Cabr (1993) e Barros (2004). Ao se analisar termos de
uma linguagem especfica, coletam-se as unidades terminolgicas e realiza-se
primeiramente uma busca em dicionrios de lngua, partindo depois para os dicionrios
especializados. De acordo com Barros (ibidem, p. 63), os dicionrios de lngua
registram unidades lexicais em todas as suas variaes morfossintticas e em todas as
suas acepes. J os dicionrios especializados registram termos, ou seja, modelos
de realizao lexical em nvel das normas de universo de discurso especializado. A
investigao deste trabalho busca analisar o processo pelo o qual os leitores podem
passar ao entrarem em contato com textos relacionados ao cinema audiovisual, teatro
e literatura (campo temtico1). Observamos que, ao entrar em contato com um termo,
busca-se compreend-lo e depreender o seu conceito de maneira isolada. Isto , parte-
se primeiro do verbete, processo de anlise conforme a Lexicologia, e na tentativa de
entender o significado, surgem as dvidas, levando o leitor a se afastar da lngua de
especialidade, saindo do discurso especializado e assumindo as variaes possveis
dentro da lngua geral. Cabr (1993, p. 128) define como lngua de especialidade o
conjunto de subcdigos...caracterizados em virtude de umas peculiaridades especiais,
isto , prprias e especficas de cada uma dela 2 e lngua geral como sendo; o
conjunto de regras, unidades e restries que formam parte do conhecimento da
maioria dos falantes de uma lngua3.
Todavia, veremos adiante que no podemos isolar o termo totalmente de um
contexto de lngua, sob pena de extrair dele suas caractersticas culturais, como um
dos exemplos de elementos extralingusticos. Portanto, se faz necessrio compreender
as diferenas entre Terminologia e Lexicologia. Barros (2004) define a Terminologia
1 Define-se campo temtico como rea da atividade humana cujo recorte temtico
cuidadosamente delimitado, de acordo com o Manual de Terminologia (Pavel, 2002, p.115).
2 Traduo nossa. 3 Idem.
9
como sendo o estudo do lxico no nvel do discurso especializado, j a Lexicologia
estuda a unidade lexical no nvel do sistema lingustico.
Perpassarmos pelas consideraes tericas da Terminologia. Dessa forma, ao
delinearmos os estudos da linguagem cinematogrfica, com a definio de Metz (1973,
p.97) de um "Conjunto de todos os cdigos cinematogrficos, particulares e gerais,
sempre que se deixe de lado temporariamente as diferenas que os separam, e que
seja tratado como um tronco comum, por conveno, como um sistema real unitrio."
O objetivo deste trabalho fazer uma investigao terminolgica comparativa
dos termos especficos do cinema, em fontes bibliogrficas especializadas em
portugus, ingls e espanhol, analisar as denominaes e conceitos e observar como
se d a normatizao de termos tcnicos do cinema de modo a trazer maior
acessibilidade ao leitor desta rea especializada, como tambm ao pblico abrangente
sobre a interpretao de um termo que pode ocorrer de maneira equivocada simples
vista.
Na busca por termos do cinema, pode-se encontrar mais de uma entrada para
uma mesma acepo que varia nas diversas lnguas, ficando a critrio do autor o uso
dos termos na lngua ou suas respectivas tradues, sempre que estas existam. Desta
forma, possvel observar que o audiovisual e o cinema so reas de carncia de
sistematizao e normatizao de termos que evitem a ambiguidade.
1. LEXICOLOGIA E TERMINOLOGIA
Antes de analisarmos os termos coletados, apontaremos o processo terico que
levou metodologia deste trabalho. Para tal, explanaremos sobre a teoria da
Lexicologia e Terminologia. A Lexicologia a disciplina cientfica das definies, ela
possui um carter semasiolgico, processo que parte da designao para o conceito. A
Terminologia, por sua vez, a disciplina cientfica das denominaes, possui carter
onomasiolgico, que parte do conceito para chegar significao.
A Lexicologia estuda o lxico e possui dois eixos de anlise: o sintagmtico e o
paradigmtico. O primeiro diz respeito uma anlise horizontal estudada no eixo das
combinaes. J a segunda vertical, estudada no eixo das substituies. A unidade
10
lexical, tal como a unidade terminolgica, pode ser estudada em seus diferentes
aspectos (morfolgicos, lxico- semntico, e semntico- sinttico) (BARROS, 2004,
p.60).
Como definido na obra de Barros (2004) o estudo lexicolgico, e a anlise do
signo lingustico pode ser feita por duas perspectivas: a sincrnica e a diacrnica. A
primeira uma anlise do momento presente do lxico especializado e a segunda o
da evoluo do signo lingustico na histria. Saussure (2006) prope a anlise do
signo lingustico, que consiste na relao conceito e imagem acstica, mtodo usado
na Lexicologia, que estuda a unidade lexical passvel de anlise sincrnica ou
diacrnica. Nisto, se difere de Wster, criador da Teoria Geral da Terminologia (TGT),
em que a anlise da unidade terminolgica s pode ser feita atravs do enfoque
sincrnico, pois a prioridade est no conceito para posteriormente chegar a sua
denominao, consistindo, assim, em um estudo de ordem mais conceitual que
lingstica.
Outra diferena entre Lexicologia e Terminologia que a primeira leva em conta
todas as possveis significaes da unidade lexical, dentro da lngua geral. J a
segunda est centrada no termo dentro da lngua de especialidade, isto , o significado
da unidade terminolgica dentro do discurso especializado. A Lexicologia estuda a
palavra no nvel do sistema lingustico (lngua global) e a Terminologia a estuda em
nvel da(s) norma (s) de universos de discursos especializados (lnguas de
especialidade) (BARROS, 2004, p.61).
Na aplicao da Lexicologia h a Lexicografia que consiste na elaborao de
dicionrios de lngua, que analisam a unidade lexical e suas variaes morfossintticas
em todas as suas acepes, (BARROS, 2004) ou dicionrios especiais, sendo estes
ltimos dicionrios de expresses idiomticas, provrbios, grias, sinnimos. No que se
refere aplicao da Terminologia h a Terminografia que elabora os dicionrios
especializados, isto , a anlise da unidade lexical dentro da lngua de especialidade.
importante acentuarmos que este trabalho pretende analisar conceito e termo
no que diz respeito a sua relao indissocivel, levando em conta o contexto em que
ele est inserido. Assim, precisamos as diferenas metodolgicas entre a TGT e suas
11
variantes tericas, explanando a teoria da Socioterminologia, que Barros (2004) usa
como referncia em contraponto concepo tradicionalista de Wster.
A linha da Terminologia proposta por Wster a anlise prescritiva do termo.
Esse mtodo possui carter normativo, para que no haja ambiguidade na linguagem
especializada, em que o conceito possui apenas um termo, no levando em conta a
variao lingustica que esteja inserido (BARROS, 2004). Tendo em vista a limitao
deste mtodo ao longo do tempo Franois Gaudin (1993) desenvolveu a
Socioterminologia, que possui carter social. O termo analisado levando em conta o
espao social e as variaes lingusticas do discurso especializado.
1.1 LNGUA DE ESPECIALIDADE E LNGUA GERAL
Com a evoluo das teorias modernas da Terminologia no sentido de aprimorar
a TGT de Wster, Cabr (1993) apresenta uma perspectiva mais abrangente da
Terminologia no seu carter comunicativo e interdisciplinar, no desconsiderando o
conceito do contexto em que est inserido e suas variaes lingusticas.
Neste aspecto, em uma anlise terminolgica, muitas vezes confunde-se o limiar
entre a lngua de especialidade, levando em conta suas variaes lingusticas e o
contexto em que est inserido, e a lngua geral, principalmente se tratarmos de reas
que ainda no tem uma sistematizao terminolgica, dentro da assertiva em que o
cinema est incluso. Alm disso, como afirma Cabr (ibdem), a Terminologia uma
cincia interdisciplinar, os termos podem passear entre reas de especialidade
prximas. Logo, faz-se necessrio delimitar lngua geral e lngua de especialidade.
importante destacar que ainda que Cabr (ibdem) utilize o termo linguagem
para linguagem de especialidade e linguagem geral optamos pela nomenclatura lngua
proposta por Barros (ibidem), para lngua de especialidade e lngua geral.
Basicamente, como define Cabr (1993), a lngua de especialidade no um
sistema homogneo, ela possui diferentes nveis dentro do seu sistema e subcdigos
que atendem suas necessidades dialticas. Contudo, ela sofre influncia gramatical -
sistema descritivo - assim como a lngua geral. Em resumo, ela um sistema
heterogneo com variedades lingusticas e funcionais.
12
H alguns pontos que a autora utiliza para definir o que lngua de
especialidade, analisando as definies proposta por outros autores. Ela inicia com a
definio de Beaugrande de que lnguas de especialidade so cdigos de carter
lingustico diferenciados da lngua geral que consta regras e unidades
especficas(BEAUGRANDE, 1987 apud CABR, ibidem p.132). Neste aspecto,
como se a lngua de especialidade estivesse totalmente separada da lngua geral e
cada uma possusse suas prprias regras, no interferindo entre si. Desta forma, se
exclui o fato das influncias externas que a lngua de especialidade pode sofrer. Os
elementos extralingusticos e comunicativos interferem na especificidade da lngua
especializada definindo sua temtica a qual est relacionada os objetivos e condies
dela (HOFFMANN, 1979 apud. CABR, ibidem p.133)
Um segundo ponto analisado por Cabr (ibidem) na definio de Hoffmann
(1979) que a lngua de especialidade uma variao da lngua geral. Isto ,
equiparando lnguas de especialidade e usos especficos de lngua como expresses
ou grias. Uma terceira via considera as lnguas de especialidade como subconjuntos-
fundamentalmente pragmticos - da lngua entendida em sentido global (CABR,
1993, p.134)
Baseado nas definies acima, a lngua de especialidade pode ser analisada a
partir de duas formas: pela temtica, partindo do texto especializado, quer dizer, todas
as atividades desenvolvidas pelas pessoas ento inseridas no campo de especialidade
e, a mudana de uma rea de especialidade a outra ou o encontro delas faz passar
despercebida a especializao. O segundo tipo pelas caractersticas especiais nas
quais ocorre o intercmbio de informao, partindo de textos de lngua geral e, neles
perceber marcas da lngua de especialidade. Dessa forma, qualquer texto que se
afaste da lngua geral seria considerado especializado. Logo, Cabr (1993) afirma que
os critrios de anlise para definir a lngua de especialidade so: a temtica, tipo de
situao, os usurios e em que condies ela ocorre.
Ao se definir a linguagem de especialidade preciso levar em conta os nveis de
especializao. Cabr (ibidem) ao delimitar a noo de lngua de especialidade, conclui
que h nveis de especialidade na comunicao entre os especialistas da rea.
Contudo, o texto tcnico pode ser divulgado ao grande pblico, ainda que sua
13
assimilao no seja no mesmo nvel que a de um leitor especialista. Com a grande
expanso do conhecimento e o maior acesso a informao, o multilinguismo e a
multidisciplinaridade presente na atualidade reforam a divulgao e expanso do
acesso e busca por textos especializados ou tcnicos. Portanto, a Terminologia pode
ser fundamental para definir os termos que atuam nos mais variados contextos em que
eles esto inseridos. Sendo assim, as perspectivas tericas tomadas como referncia
neste trabalho levam em conta as variantes lingusticas e a comunicao a ser
realizada entre os leitores especializados e no especializados.
1.2. LINGUAGEM CINEMATOGRFICA
Este trabalho basear-se- em Martin (2013), Amount (1995), Field (1998) Metz
(2003), com nfase neste ltimo, j que sua obra um breve resumo do processo de
surgimento da linguagem cinematogrfica. Utilizar-se- tambm os dicionrios
especializados de Cardero (1989) e Amount & Marie (2003).
O cinema uma arte recente em relao s demais e que evolui com grande
rapidez devido ao seu elo direto com a tecnologia. Cada vez que o processo
tecnolgico avana, as tcnicas de cinema vo se aprimorando. Assim, as
denominaes empregadas para elas vo sofrendo mudanas conforme esse
processo. O acesso aos contedos especializados, muitas vezes, confunde o usurio
levando-o a conceitos ambguos ou denominaes que derivam de vrias outras
tornando difcil a compreenso de tcnicas ou conceitos tericos da rea.
A teoria do cinema comeou a surgir a partir de questionamentos filosficos
baseados na teoria lingustica estruturalista de Ferdinande Saussure (2006) e da
semitica por Charles Sanders Pierce (1999) buscando compreender como decodificar
a linguagem por meio de imagens e desta maneira como possvel defini-la. Pierce
(ibdem) prope a semitica em que possvel analisar os signos alm da linguagem
verbal. Na semitica pierciana o signo percebido atravs de trs etapas denominadas
por ele de Primeiridade, Segundidade e Terceiridade. Merrell (1998) resume as trs
fases da seguinte forma:
14
Primeiridade: o modo de significao do que tal como , sem
referncia a outra coisa (i.e. uma qualidade, uma sensao, um
sentimento, a mera possibilidade da conscincia de algo aparte
do eu)
Segundidade: o modo de significao do que tal como , com
relao a algo mais, mas sem referncia a um terceiro elemento
(i.e. inclui a conscincia de algum outro)
Terceridade: o modo de significao do que tal como ,
medida que traz um segundo e um terceiro elemento em relao
com o primeiro. (i.e. abarca a mediao, a sntese, das categorias
Primeiridade e Segundidade) (MERRELL, 1998 p. 52)4
Em nosso trabalho nos fundamentaremos vertente semitica relacionada ao
estudo do cinema e sua linguagem pelo vis do Metz que explanaremos mais frente.
Contudo, antes faremos um panorama histrico sobre a linguagem cinematogrfica.
Com o advento do cinema e sua popularizao, na dcada de 20, se iniciaram
os estudos na busca pela lngua do cinema. A princpio, viu-se a necessidade de criar a
lngua do cinema com o objetivo de diferenci-la das outras artes como o teatro e a
fotografia, contudo para cri-la era necessrio fazer sem que congelasse a prpria arte
do cinema em si. Como o cinema basicamente uma arte de imagens em movimento,
ele no possui as limitaes de uma linguagem verbal, como o obstculo na
comunicao entre lnguas estrangeiras. Como afirma METZ (2003), o cinema
universal porque a percepo visual, pelo mundo, varia menos que os idiomas. O
cinema transpe essas barreiras comunicativas, e mais ainda, era uma arte da
realidade, onde o espectador dentro de uma caixa poderia ter as sensaes que lhe
fossem mostradas na tela.
Por volta dos anos 20, falava-se da cine lngua, que seria universal, como uma
espcie de esperanto. Logo no incio, a busca era por uma linguagem nica que
4 Traduo nossa.
15
traduzisse o cinema de modo que o cinema fosse visto como uma arte a parte das
outras, sem que houvesse comparaes, principalmente com o teatro.
Para chegar lngua do cinema, era preciso isol-la do teatro e da literatura.
Como afirma Boris Eichenbaum:
[...] o espectador deve efetuar um trabalho complexo para ligar os planos (construo das cinefrases e cineperodos)... Afinal de contas o cinema, como todas as outras artes, e um sistema particular de linguagem figurada (Eichenbaum apud AMOUNT. 1995, 21).
Estas premissas e termos como cine lngua, cinefrases e cineperodo so os
primeiros passos na construo das gramticas do cinema.
Contudo, no haveria como analisar a linguagem do cinema dentro da premissa
de linguagem verbal, assim no haveria como existir a cine lngua assim como afirma
Amount (1995):
A lngua permite a qualquer momento a permutao dos polos do locutor e do interlocutor, o cinema no permite isso no possvel dialogar diretamente com o filme a no ser em um sentido muito metafrico. Para responder a ele preciso desenvolver uma outra unidade de discurso e essa produo ser sempre posterior a manifestao da primeira mensagem. (AMOUNT, 1995, p. 22)
Percebeu-se que para ser lngua, e ser analisada como tal, o cinema deveria
possuir a primeira articulao5, que diz respeito combinao dos termos para haver
sentido; e a segunda articulao 6 , que diz respeito aos fonemas. Para isso, era
necessrio desmembrar a palavra. Logo, a problemtica se dava em como chegar a
unidade mnima da imagem. Nos questionamentos da unidade mnima do cinema,
chegou-se a seguinte concluso como afirma Christian Metz:
Se fossem separar o filme em sua unidade mnima o mximo que se pode chegar o plano, este por sua vez no seria o equivalente a palavra pois ele um enunciado complexo de extenso indefinida (METZ 2003 p.137).
5 Curso de lingustica Geral (SAUSSURE, 2006).
6 Idem.
16
Desta forma, conclui-se que o cinema no lngua e no se encaixa como
linguagem verbal. Visto isso, a cincia que chega mais prxima da anlise abstrata e
complexa do cinema a semiologia, pois ela atende anlise da imagem, pois como
dito anteriormente, ela no equivale a uma palavra, est mais prxima a uma
equivalncia com a frase, isto :
Assim que a lingustica, graas a sua anlise da lngua, elucidando o que o cinema no , nos leva paulatinamente a perceber o que , isto no prprio movimento pelo o qual ela se coroa a si mesma como uma translingustica (semiologia). O cinema no conhece seno a frase, a assero, a unidade atualizada. (METZ 2003 P. 102)
Visto assim, o cinema foi aos poucos se estabelecendo como linguagem, e
dessa forma foram aparecendo os elementos bsicos que o compunham como: a
imagem, o movimento e o som. Por consequncia, fez-se necessrio analisar cada um
desses elementos e de que forma verificavam-se na produo flmica. Como esclarece
MARTIN (2013, p, 21):
A imagem constitui o elemento de base da linguagem cinematogrfica. Ela a matria-prima flmica e desde logo, porm, uma realidade particularmente complexa. Sua gnese, com efeito complexa marcada por uma ambivalncia profunda: resulta da atividade automtica de um aparelho tcnico capaz de reproduzir exata e objetivamente a realidade que lhe apresentada, mas ao mesmo tempo essa atividade se orienta no sentido preciso desejado pelo realizador.
Como explanado na declarao de Martin, o grande desafio do cinema d-se em
cumprir o trabalho objetivo (imagem flmica) por meio de mquinas, intermediado pela
inteno subjetiva do realizador. Portanto, a anlise sucede as prticas empreendidas,
pois a partir da busca em realizar a imagem flmica 7 surgem as tcnicas e
consequentemente os termos pertencentes a ela.
7Imagem flmica. (MARTIN, 2013. p. 21)
17
2. METODOLOGIA
A natureza da pesquisa apresentada neste trabalho qualitativa, sendo que seu
processo de coleta de dados foi baseado em anlise documental. Os dados sero
coletados atravs de glossrios de cinema em artigos acadmicos do campo temtico,
livros especializados em linguagem cinematogrfica, dicionrios de lngua online e
dicionrios de cinema especializados.
Posteriormente, buscar-se- contrastar os termos no portugus, ingls e
espanhol, comparando as acepes e as denominaes e demonstrar cada termo com
suas respectivas acepes e levantando os questionamentos sobre o uso de cada um
deles.
Ressaltamos que faremos a substituio da nomenclatura leitor leigo por leitor
no especializado devido ao que foi mencionado anteriormente em lngua de
especialidade e lngua geral neste trabalho. Cabr (1993, p. 70) menciona que os
textos especializados englobam vrios nveis de especializao e que os usurios
variam desde os especialistas da rea ao grande pblico, tendo em vista o carter
comunicativo de divulgao destes textos.
A investigao de vocabulrio cinematogrfico partiu de maneira mais
generalizada (do ponto de vista do leitor no especializado), na leitura dos termos
presentes na lngua geral, atravs do processo semasiolgico, caminhando rumo
lngua de especialidade. Acreditamos que a singularidade desse processo se d
justamente por partir do mais geral e afunilar-se ao especfico.
Por esse caminho, buscamos lxicos que esto presentes nas obras
cinematogrficas, podendo ser igualmente do conhecimento do pblico geral (leitor no
especializado), pois percebemos que o processo de anlise terminolgico parte
primeiro da identificao da unidade lexical e, posteriormente analisa o seu contedo
semntico, como afirma BARROS (2004 p. 67): O terminlogo parte do termo e
procede a uma anlise do seu contedo semntico. Seu percurso , portanto, o do
interpretante, percurso semasiolgico.
18
Nossa coletnea lexical especializada em cinema foi encontrada em artigos
acadmicos contendo glossrios em formato monolngue e bilngue. Os glossrios
estudados so formados por uma lista de palavras de carter introdutrio linguagem
do cinema e ao campo temtico. O leitor no especializado em contato com tais
vocbulos pode deparar-se com a ambiguidade dos termos devido ao conflito de
significado entre lngua geral e lngua de especialidade. Tal situao pode ser
observada na interpretao do leitor em determinadas tradues tcnicas, pois, um
termo quando traduzido inserido ao contexto da lngua alvo, que poder ampliar a
outras acepes ou levar as entradas diferentes da lngua fonte.
Percebemos, durante nossas pesquisas que, o leitor no especializado, ao
buscar as entradas no dicionrio no se limita a encontrar binmios de significados.
Uma palavra no significa outra, muito menos em espelho. Acontece uma ampliao
lexical que o leva a relacionar outros termos que representam matizes da palavra
buscada e de significados relativos ao encontrado. Portanto, o significado do signo
sofre adiamento, percebemos sua natureza atravs da relao dele de diferena com
outros signos como comenta Mastrella (2013) baseada no conceito de diffrrance de
Derrida (1991):
O que faz com o que o movimento da significao no seja possvel a no ser que cada elemento dito presente, que aparece sobre a cena da presena, se relacione com outra coisa que no ele mesmo, guardando em si a marca do elemento passado e deixando-se j a moldar pela marca da sua relao com o elemento futuro (...). (DERRIDA, 1991, apud MASTRELLA, 2013, p. 35)
Portanto, para aguar a curiosidade de possveis leitores, tratamos de
acrescentar um quadro que chamamos de palavras correlatas baseado no conceito
dediffrrance explanado por Mastrella (ibidem) na busca da entrada cinema. Nesse
anexo, localizaremos termos relacionados que possam contribuir com a leitura e o
entendimento dos vocbulos buscados em primeiro nvel.
19
Cinema: (ci.ne.ma) s.m. (Cine) 1. Arte de compor e realizar filmes
cinematogrficos. 2. Local onde se assiste projeo cinematogrfica. 3. A indstria
cinematogrfica. Cinematogrfica. (ci.ne.ma.to.gr.fi.co) adj. (Cine) Aparelho
que permite projetar numa tela cenas animadas; cinema.
Cine: (ci.ne) s.m. Abreviatura de cinema.
(DICIONRIO AURLIO, 2008, p. 305, 306)
Com a busca de cinema no dicionrio, somos levados a outros verbetes na
acepo como no quando acima cinematogrfico e cine, que contribuem para a
compresso da entrada pesquisada a princpio, logo recorremos a nova busca dos
vocbulos sugeridos. O mesmo ocorreu na investigao dos termos de cinema neste
trabalho, cada vez que consultvamos um termo nos dicionrios online ramos levados
a outro e assim sucessivamente, logo o significado era sempre adiado pois
precisvamos buscar as acepes dos termos que iam aparecendo para a melhor
compreenso deles.
2.1. Anlise dos Termos (DICIONRIOS DE LNGUA ONLINE)
A anlise dos termos nessa seo parte do possvel caminho que o leitor no
especializado tomaria ao entrar em contato com termos do cinema. Portanto,
coletamos as unidades lexicais encontradas nos glossrios em artigos acadmicos da
rea temtica e em seguida buscamos comparar as acepes nos dicionrios online de
lngua em portugus, ingls e espanhol o que estabelece o carter multilngue deste
trabalho. Logo o primeiro nvel de anlise ocorrer pelo processo semasiolgico,
partindo dos termos e verificando sua semntica.
Iniciaremos com a entrada extra que em uma de suas acepes em lngua
geral, possui o significado de adicional. Na leitura do usurio no especializado os
extras de um filme so as partes adicionais colocadas como bnus na mdia de DVD,
podendo ser o make off ou ficha tcnica.
20
Ingls
http://www.oxforddicti
onaries.com/
Espanhol
http://www.rae.es/recursos/di
ccionarios/drae
Portugus
http://www.dicionariodo
aurelio.com/
Extra Line breaks: extra adjective Added to anexisting
orusualamount or
number:theyoffered him
an extra thirty-fivecents
an houralot of extra work
is involved adverb 1[AS
SUBMODIFIER] To a
greaterextent thanusual;
especially:he istrying to
be extra good Noun 1.2A
personengaged
temporarily tofill out
acrowdscene in afilm
orplay:thefilm used
anarmy of extras
Extra (Del lat. extra). 1.pref. Significa 'fuera de'.
Extrajudicial, extraordinario. 2. pref. Significa a veces
'sumamente'. Extraplano. extra. (Del lat. extra). 1. adj.extraordinario (
aadido a lo normal). Un gasto
extra. U. t. c. s. .. 5. com. Cinem.figurante (
persona que forma parte de la
figuracin de una pelcula). 6. prep. desus.adems.
Extra de esto, ocurrieron otros
hechos.
Extra
1 Despesa acessria ou
considerada parte.
6. Que publicado ou
editado
extraordinariamente.
.
8 Pessoa que, em cinema,
televiso ou teatro,
participa com papel
decorativo ou pouco
importante, geralmente
sem falas.
Percebemos nos trs dicionrios acima a acepo comum de extra equivalente
ao sentido de adicional como mencionado anteriormente. J nas definies
relacionado ao campo temtico encontramos o verbete figurante.
O quadro a seguir ilustra a definio de figurante encontrada nos dicionrios:
http://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/add#add__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/exist#exist__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/usual#usual__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/usual#usual__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/offer#offer__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/cent#cent__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/lot#lot__12http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/extent#extent__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/usual#usual__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/try#try__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/engage#engage__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fill#fill__16http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/crowd#crowd__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/crowd#crowd__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/film#film__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/play#play__41http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/film#film__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/army#army__3http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=eTOjBHPvDDXX2tyT2G55#0_2http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=Q949PhbQdDXX2355yWIL#0_3http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=ioFVH7tf6DXX26egHsmu
21
Ingls
http://www.oxforddicti
onaries.com/
Espanhol
http://www.rae.es/recursos/dic
cionarios/drae
Portugus
http://www.dicionariodo
aurelio.com/
Figurant
1. noun (feminine
figurante fjrt)
A supernumeraryactor
who has little or nothing
to say.
Figurante
(Del ant. part. act. de figurar).
1.adj. Que figura. U. t. c. s.
2.com. *Comparsa de
teatro.
3. com. Persona que forma
parte de la figuracin de una
pelcula.
.
Figurante
1. Pessoa que, em
cinema, televiso ou
teatro, participa com papel
decorativo ou pouco
importante, geralmente
sem falas.
2. Pessoa cujo papel
insignificante ou
meramente decorativo.
3. COMPARSA
Em todas as lnguas apresentadas, a entrada figuranteest relacionada, j na
primeira acepo, ao teatro, cinema e televiso, logo possvel partir da assertiva que
figurante seria um termo mais especfico desse campo temtico, distanciando este
vocbulo das possveis variaes semnticas na lngua geral.
A entrada seguinte que buscamos foi personagem, lembrando que ela no
pertence somente ao cinema, sendo comum tambm ao campo temtico como os
vocbulos anteriores.
http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/supernumerary#supernumerary__7http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/supernumerary#supernumerary__7http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/little#little__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/say#say__5
22
Ingls http://www.oxforddicti
onaries.com/
Espanhol
http://www.rae.es/recursos/di
ccionarios/drae
Portugus
http://www.dicionariodo
aurelio.com/
Personage
1. noun 1A person
(used to
expressimportance or
elevatedstatus):it was
no less a personage
than the bishop
*character in a play or
other work:the key
explains who all the
personages in the
paintings are
*character 2. noun The mental
and moral qualities
distinctive to an
individual:running
away was not in
keeping with her
character
Person in a novel, play,
or film:the
authorscompassionat
eidentification with his
characters
A part played by an
actor:the actorsTV
character is often on
the wrong side of the
law
Personaje
1. m. Persona de distincin,
calidad o representacin en la
vida pblica.
2. m. Cada uno de los seres
humanos, sobrenaturales,
simblicos, etc., que
intervienen en una obra
literaria, teatral o
cinematogrfica.
3. m. ant. Beneficio
eclesistico compatible con otro.
Personagem
1 Pessoa fictcia de uma
obra literria ou teatral.
2 Papel desempenhado
por um ator.
http://www.oxforddictionaries.com/http://www.oxforddictionaries.com/http://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/express#express__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/express#express__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/elevate#elevate__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/elevate#elevate__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/bishop#bishop__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/play#play__54http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/explain#explain__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/painting#painting__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/moral#moral__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/distinctive#distinctive__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/individual#individual__11http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/run#run__176http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/run#run__176http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/keep#keep__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/novel#novel__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/play#play__41http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/film#film__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/author#author__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/author#author__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/compassionate#compassionate__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/compassionate#compassionate__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/actor#actor__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/actor#actor__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/actor#actor__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/wrong#wrong__44http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/wrong#wrong__44
23
Ao buscar o verbete personage, percebemos que as acepes fazem
referncia ao campo temtico e tambm literatura. Alm disso, no dicionrio Oxford
encontramos como equivalente entrada character.
possvel perceber que algumas entradas so encontradas nas trs lnguas
com grafia similar, como visto acima em figurant e figurente, personage
personagem e personaje, porm, na coleta dos vocbulos percebemos que nos
glossrios de lngua inglesa encontramos mais palavras de origem anglo-saxnicas do
que os referentes de origem latina.
Sendo assim, a pesquisa tomou por ponto de partida procurar os termos de
origem do latim, ou seja, entradas similares as do portugus e do espanhol e mais alm
fazer o caminho inverso, buscar os termos do ingls de origem latina que sejam
similares no portugus e no espanhol e comparar as acepes. Decidimos buscar nos
dicionrios em portugus e espanhol, palavras similares e analisar se encontraramos
algum novo verbete ou acepo que estivesse relacionada com o campo temtico
como as entradas analisadas anteriormente.
Na busca no dicionrio RAE encontramos a palavra caracter relacionada as
seguintes entradas:
24
V.
actor de carcter
actriz de carcter
comedia de carcter
dama de carcter
actor1. (Del lat. actor, -ris).
1. m. Hombre que interpreta un
papel en el teatro, el cine, la radio o
la televisin. 2. m. Personaje de una accin o
de una obra literaria. 3. m. Der. Demandante o
acusador.
~ de carcter. 1. m. El que representa papeles
de personas de edad.
~ de reparto. 1. m. El que desempea papeles
secundarios.
~ genrico. 1. m. El de reparto que, siendo
por lo general de edad mediana,
puede adaptarse a muy diversos
papeles.
As entradas relacionadas a caracter foram: actor/ actriz de caracter, que
referem- se aos atores que interpretam pessoas idosas. Igualmente encontramos a
entrada comdias de caracter cuja acepo apresentaremos no quadro abaixo:
1. comedia.
(Del lat. comoeda, y este del gr. , de , comediante). 2. ~ de carcter.
1. f. Aquella cuyo fin principal es el de resaltar tipos humanos.
Ao buscar em portugus a entrada carter no encontramos nenhuma acepo
similar a encontrada no ingls ou no espanhol que remetesse ao campo temtico.
http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=pht0VIHkDDXX20CUObwN#actor_de_carcter.http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=d0v1mP273DXX26SUPpgI#actriz_de_carcter.http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=JG0K51rx4DXX2A9dgGIv#comedia_de_carcter.http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=ron30ZjHbDXX2datVGu7#dama_de_carcter.
25
Atravs da pesquisa comparativa nos glossrios de cinema entre termos
cinematogrficos, entre ingls -portugus e espanhol- portugus percebemos que na
primeira lista (ingls -portugus) so escassas as ocorrncias de termos que possam
causar ambiguidade devido similaridade grfica, quer dizer, partindo dessa anlise
mais abrangente temos a assertiva que o leitor no especializado no encontrar
muitos casos em que ele ir se deparar com um termo que remeta a um vocbulo de
sua lngua materna que tome outros valores semnticos comprometendo a
compreenso. Os casos que encontramos foram os descritos acima dos vocbulos
extra, figurante. Contudo no caso da segunda lista (espanhol- portugus) foi
possvel perceber mais casos em que se encontre palavras similares, mas com
acepes distintas. Assim partimos da assertiva de que a semntica da entrada ao ser
retraduzida ao portugus pode comprometer a interpretao do leitor no
especializado.
O ponto relevante que alguns termos de significados diferentes coexistem na
mesma lngua de especialidade, por exemplo pelcula, tanto em portugus como
espanhol um termo do cinema, mas em cada lngua possui significados diferentes
dentro da lngua geral. Contudo nas duas lnguas, pelcula possui a acepo de folha
cinematogrfica e obra cinematogrfica ainda que em portugus o comum seja o uso
de Filme no lugar de pelcula. Assim como no ingls em que as duas acepes
tambm existem, mas percebemos uma maior ocorrncia nos glossrios encontrados
nos artigos acadmicos o uso de Movie.
26
Ingls http://www.oxforddicti
onaries.com/
Espanhol http://www.rae.es/recursos/di
ccionarios/drae
Portugus http://www.dicionariodo
aurelio.com/
Film 1. noun [MASS
NOUN] A thin flexible
strip of plastic or other
material coated with
light-sensitiveemulsion
forexposure in a
camera, used to
produce photographs
or motion pictures:
[COUNT NOUN]: a new
range of films and
cameras
1.1Material in the
form of a very thin
flexiblesheet
1.2[COUNT NOUN] A
thin layer covering a
surface
1.3archaic A
finethread or
filament:films of silk 2A story or
eventrecorded by a
camera as a set of
moving images and
shown in a cinema or
ontelevision. [AS
pelcula.8
(Del lat. pellicla).
1. f. Piel delgada y delicada..
4. f. Pellejo, hollejo de la
fruta.
5. f. Cinta de celuloide
preparada para ser
impresionada
fotogrficamente.
6. f. Cinta de celuloide que
contiene una serie de
imgenes fotogrficas que se
proyectan en la pantalla del
cinematgrafo o en otra
superficie adecuada.
7. f. Obra cinematogrfica.
pelcula 9
1. Pele muito fina.
2. Camada fina e
superficial.
3. Folha muito fina de
plstico transparente.
4.Folha fina de gelatina
sensibilizada que se usa
em fotografia e
cinematografia.
5. Documento ou obra
cinematogrfica.
6. Membrana muito
delgada que envolve
certos rgos.
7. Lamela muito fina que
se destaca da pele e
principalmente do couro
cabeludo.
8
Pelicula: 2. f. Capa delgada que se forma sobre algunas cosas o las recubre. 3. f. Telilla que a veces cubre ciertas heridas y lceras 8. f. C. Rica. apariencia ( cosa que parece y no es). No hagas caso a las amenazas del jefe; ese hombre es pura pelcula
9Pelicula: 2 Epiderme.
3 Membrana muito delgada, que envolve um rgo.
http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/flexible#flexible__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/plastic#plastic__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/coat#coat__16http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/light-sensitive#light-sensitive__2http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/light-sensitive#light-sensitive__2http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/exposure#exposure__15http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/camera#camera__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/photograph#photograph__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/motion-picture#motion-picture__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/camera#camera__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/material#material__14http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/very#very__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/flexible#flexible__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/flexible#flexible__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/layer#layer__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/surface#surface__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fine#fine__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fine#fine__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/filament#filament__8http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/silk#silk__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/story#story__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/event#event__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/event#event__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/camera#camera__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/cinema#cinema__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/television#television__8http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=bn3pEZLm4DXX2nWojGOF#0_3
27
MODIFIER]: a film
director
2.1[MASS NOUN]
Cinema considered as
an art or industry. verb
1[WITH OBJECT]
Capture on film as part of
a series of moving
images; make a film of (a
story, event, or book)
Em ingls a entrada referente a pelcula seria film com as duas mesmas
acepes (em negrito) do espanhol e portugus, ainda que, como dito anteriormente,
encontramos durante o processo de pesquisa nos glossrios acadmicos como os que
nos serve de pesquisa, a palavra movie.
Contudo, podemos encontrar tambm casos de palavras em que em uma lngua
um termo especfico, mas com acepo diferente na lngua de especialidade, como
no caso do espanhol o termo decorado que no portugus cenrio: Alm do que a
entrada tanto em portugus como no espanhol pode ser derivado do verbo decorar de
memorizar no modo particpio. Podemos tambm relevar o uso deste verbo no
aspecto de decorar falas comum no s ao cinema como tambm ao teatro e
televiso.
As acepes de decorar foram as seguintes encontradas no dicionrio RAE:
http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/director#director__9http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/cinema#cinema__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/art#art__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/industry#industry__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/capture#capture__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/story#story__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/event#event__3
28
Espanhol http://www.rae.es/recursos/diccionario
s/drae
Portugus
http://www.dicionariodoaurelio.com/
Decorado1. (Del part. de decorar1). 1. m. decoracin ( conjunto de
elementos que adornan). 2.m. Cinem. y Teatro Conjunto de
elementos con que se crea un lugar o
un ambiente en un escenario, un plat,
etc.
Decorado2. (Del part. de decorar2). 1. m. decoracin2.
Decorar2. (De coro4). 1. tr. Aprender de coro o de memoria
una leccin, una oracin u otra cosa. 2. tr. Recitar de memoria. 3. tr. silabear.
Decorar
1. Guarnecer com decoraes.
2. Servir de decorao a.
3. Tornar esteticamente mais
agradvel.
4. Ilustrar, honrar.
5. Aprender de maneira a guardar na
memria; aprender de cor.
Da mesma forma, podemos encontrar a entrada escenario em espanhol que se
aproxima a cenrio em portugus ou scenario em ingls ainda que neste ltimo
encontra-se a entrada set:
http://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.rae.es/recursos/diccionarios/draehttp://www.dicionariodoaurelio.com/http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=vDbbapnNTDXX2FK6Fb7u#1_3http://lema.rae.es/drae/srv/search?id=56MIQbDsADXX2Iu3JFLjhttp://lema.rae.es/drae/srv/search?id=56MIQbDsADXX2Iu3JFLjhttp://lema.rae.es/drae/srv/search?id=56MIQbDsADXX2Iu3JFLjhttp://lema.rae.es/drae/srv/search?id=ncAD1wmahDXX26VexXYR#0_1
29
Ingls
http://www.oxforddi
ctionaries.com/
Espanhol
http://www.rae.es/recursos/di
ccionarios/drae
Portugus
http://www.dicionario
doaurelio.com/
Scenario
Pronunciation:
/snr/
Definition of scenario
in English:
noun (plural scenarios)
1A writtenoutline of a
film, novel, or stage work
giving details of the plot
and individualscenes:the
scenarios for four short
stories
set 1
Pronunciation: /st/
1.2Represent (a
story, play, film, or
scene) as happening at
a specified time or in a
specified place:a
private-eyenovel set in
Berlin
Escenario.
(Del lat. scenarum).
1. m. Parte del teatro
construida y dispuesta
convenientemente para que en
ella se puedan colocar las
decoraciones y representar las
obras dramticas o cualquier
otro espectculo teatral.
2. m. En el cine, lugar
donde se desarrolla cada
escena de la pelcula.
3. m. Lugar en que ocurre o
se desarrolla un suceso.
Cenrio
1. Conjunto das vistas e
acessrios que ocupam o
palco ou o local de uma
representao teatral,
televisual ou
cinematogrfica ou de um
espetculo semelhante.
2. Plano de uma pea, de
um romance.
3. Documento escrito que
descreve cena por cena o
que ser rodado em
cinema ou televiso.
5. Desenvolvimento
programado ou previsto de
uma ao; plano de ao.
2.2. ANLISE DOS TERMOS (OBRAS ESPECIALIZADAS)
Neste momento, a investigao foi nos direcionando a fazer um recorte no
objeto de estudo do campo mais abrangente para a rea de especializao.Com a
busca em dicionrios por termos encontrados nos glossrios acadmicos de cinema
percebemos que o usurio desta ferramenta levado a vrios outros termos e entradas
ou a vrias acepes de uma mesma unidade lexical. Partimos da assertiva de que h
http://www.oxforddictionaries.com/http://www.oxforddictionaries.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.dicionariodoaurelio.com/http://www.oxforddictionaries.com/words/key-to-pronunciationhttp://www.oxforddictionaries.com/words/key-to-pronunciationhttp://www.oxforddictionaries.com/definition/english/write#write__5http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/write#write__5http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/film#film__11http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/novel#novel__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/detail#detail__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/plot#plot__6http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/individual#individual__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/individual#individual__4http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/short-story#short-story__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/short-story#short-story__3http://www.oxforddictionaries.com/words/key-to-pronunciationhttp://www.oxforddictionaries.com/definition/english/represent#represent__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/story#story__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/play#play__41http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/film#film__11http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/scene#scene__15http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/happen#happen__3http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/private-eye#private-eye__2http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/private-eye#private-eye__2http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/Berlin#Berlin__3
30
uma carncia de uma terminologia internacional aplicada rea cinematogrfica.
Assim ao se deparar com alguns termos do cinema a interpretao pode ser
prejudicada, pois muitas vezes encontramos vrios conceitos para uma mesma
definio. Logo no se sabe ao certo quais os parmetros que autores nas obras sobre
cinema utilizam para a escolha da unidade lexical adequada, de forma que o leitor ao
ter dvida sobre um termo no se sinta perdido na busca em glossrios, assim como
nos chegamos a esse ponto na investigao. Devemos levar em conta, igualmente, os
nveis de especializao do texto fonte pois como afirma Cabr (1993 p.139) o que
define a especialidade a temtica, e um texto no deixa de ser especializado quando
divulgado, ainda que seu grau de especializao e de abstrao seja inferior. 10.
Portanto, a alternativa encontrada para esclarecer as dvidas sobre as denominaes
encontradas foi busc-las em dicionrios especializados relacionados diretamente ao
cinema. O dicionrio de partida foi o Dicionrio terico e crtico de cinema Aumont &
Marie (2003).
Buscamos tambm nas obras de linguagem cinematogrfica, pois o objetivo
agora ir rumo uma anlise dos conceitos para posteriormente chegar s
denominaes que assim sero comparadas nas lnguas: portugus, ingls e espanhol.
Logo nesse nvel da anlise iniciamos pelo processo de pesquisa dos termos que
poderia ser realizado por um leitor especializado ou inserido no campo temtico,
partindo do pressuposto de investigar possveis conflitos e ambiguidades conceituais
dos termos escolhidos nas obras analisadas.
importante acentuar que na escolha dos dicionrios levamos em conta
tambm as datas de publicao, o cinema uma arte de certa forma recente e ligada
diretamente tecnologia, de acordo com a evoluo desta ltima as tcnicas e
consequentemente os termos modificam-se, dentro do parmetro de grande evoluo
tecnolgica deve ser considerada a atualizao desses termos e a apario de novos.
Na histria do processo de normalizao terminolgica h comits nacionais que
trabalham na anlise de normas nacionais para reduzir a disparidade entre termos de
uma determinada rea assim como os comits internacionais ISO determinam as
normas para que haja uma normalizao internacional dos termos. Dentro das lnguas
10
traduo nossa
31
oficiais do ISO esto o ingls, francs e o russo. Contudo o cinema uma rea de
nicho multilngue, visto que ele est relacionado com a forma com que so produzidas
suas obras, o que difere de lugar para lugar, quer dizer, est totalmente inserido ao
contexto em que aplicado no podendo ignorar a influncia cultural. Desta forma
comum encontrarmos as denominaes traduzidas de uma lngua a outra de forma que
estejam mais insertas no contexto sociocultural aplicado. Em resumo as denominaes
do cinema esto relacionadas ao modo como ele feito, as tcnicas e ferramentas
usadas podendo causar variao.
Sabemos que o ingls uma lngua referncia em termos tecnolgicos, aplicando
tambm ao cinema. Contudo o francs tambm uma lngua base nessa rea devido
aos estudos semiticos desenvolvidos por filsofos na busca de uma linguagem
cinematogrfica, assim partimos do pressuposto que essas duas lnguas so a base
desta rea. Como demonstrado nas investigaes dos termos citados neste trabalho,
percebemos que o ingls possui entradas referentes a termos especficos do cinema
de origem do latim, ela e o grego so lnguas adotadas como base para normalizao a
partir do sculo XV (BARROS,2004)
Alm da necessidade de haver um processo de escolha e adequao das
denominaes da linguagem cinematogrfica, partimos da assertiva de que a
normalizao importante no aspecto de homogeneizao dos conceitos que muitas
vezes entram em contraponto ou tornam-se rapidamente obsoletos. Como afirma
Martin (2013) h vertentes tericas sobre o que seria a linguagem cinematogrfica, se
ela se baseia pela evoluo tcnica ou por si s como arte metafrica e como ocorre
sua perspectiva de comunicao, logo a conceptualizao como os termos geridos
sofrem grande adversidade.
Esse tipo de situao pode ser percebido facilmente com certos termos ao
comparar sua denominao entre obras cinematogrficas em que percebemos uma
variao conceitual pelo seu aspecto ainda no definido (de adequao) como o caso
de cena, plano e sequncia.
A princpio, partiremos da questo sobre o conceito para depois chegarmos as
denominaes de cada um, em cada lngua, e assim ser feita a comparao e anlise
do termo escolhido em portugus, ingls e espanhol. Iniciaremos por cena que em
32
ingls scene e em espanhol escena. Basicamente eles possuem termos
equivalentes cada um em sua lngua.
No livro The five cs of cinematography motion picture film de Joseph V. Mascelli
(1965) que trata sobre as tcnicas de filmagem, a definio de cena est como lugar ou
cenrio em que ocorre a ao. O prprio autor afirma que esta definio emprestada
do teatro. Ele afirma que uma cena pode ser um plano ou uma srie de planos
representando um acontecimento contnuo. J no dicionrio de Aumont & Marie (2003)
separa-se a cena como espao dramtico e a cena como unidade de ao. No
primeiro consiste da acepo advinda do teatro da cena como rea (palco) onde ocorre
a encenao e o lugar imaginrio onde ocorre a ao. Mais adiante na cena como
unidade de ao seria o resumo dos significados de cena a partir do teatro sendo ela
uma ao unitria e totalmente contnua sem salto de plano a plano. Diferente de
Mascelli (1965) que afirma ser a cena uma sequncia de planos. Ao buscar referncias
na lngua espanhola foi encontrado o Dicionario de Trminos Cinematogrficos (1994)
Que dispe de duas acepes, a primeira o termo cena como sendo a diviso da
sequncia narrativa de um filme ou de um roteiro, a segunda sendo um conjunto de
planos que mantm uma unidade de lugar, objetos e personagens de um mesmo
cenrio e unidade temporal. Nesta acepo ele no faz equivalncia entre cena e
plano.
As definies acima sobre cena, concordam no aspecto de ela ser uma unidade
de ao em um espao e tempo definido. Contudo Mascelli (1965) afirma que existe
uma confuso entre cena e plano quando eles so usados como equivalentes na
linguagem prtica e aplicada ao roteiro em que cada um dos planos so chamados de
cena, ao passo que no formato cena mster so necessrios vrios planos para um
acontecimento inteiro. Neste caso pode-se usar um nico nmero de cenas designando
os planos por letras. Na edio traduzida (2010) por Janana Marco Antnio, h uma
nota explicando que no Brasil os planos so numerados (no separados por letras) e
que costuma- se dividir os roteiros em cenas e/ ou sequncias.
Syd Field (1998) faz um passo a passo dividindo em captulos cada elemento
tcnico do roteiro com uma estruturao mais acessvel ao usurio. Dentre os captulos
um est dedicado a cena e sequncia, ainda que ele afirme: O roteiro, enquanto
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sistema, feito de finais, incios, pontos de virada, planos e feitos, cenas e
sequncias. . Ele no separa um captulo para plano, apenas para cena e
sequncia. Como dito por Joseph, no roteiro muitas vezes utiliza-se o termo cena
no necessariamente mencionando plano. Assim percebemos uma dificuldade em
definir e separar o que uma cena e plano. possvel levantar a hiptese que cena
seria um termo mais geral que se aplica no s ao cinema como tambm ao teatro e na
rea de audiovisual de maneira geral no sentido de imagem e corte, sendo ela uma
definio mais acessvel talvez para um pblico mais abrangente, ainda que ser a
comunicao destinada ao leitor inserido em algum grau de especializao (leitores do
teatro ou do audiovisual), no sendo acessvel ao leitor no especializado (no inserido
nas reas adjacentes ao cinema ou a ele propriamente dito). Logo o plano seria um
termo mais especfico, por estar contido em fontes especializadas de carter mais
tcnico, como manuais de roteiros ou livros de tcnicas cinematogrficas. Lembrando
que com investigao dos termos apresentados e as assertivas de ambiguidades
encontradas no estamos elucidando qual seria definio ou denominao apropriada
de forma definitiva. Nosso objetivo analisar as possveis dificuldades de
interpretaes dos termos encontrados pelo leitor especializado em sua leitura.
O termo plano possui a mesma denominao em portugus e espanhol, j em
ingls o termo traduzido como shot. De acordo com Mascelli (1998) uma viso
contnua filmada por uma cmera sem interrupo em que cada plano uma tomada
(take), se h erros durante a gravao repete-se a mesma ao fazendo outras
tomadas com os mesmos elementos, se h mudana de cmera, lente, cenrio o
caso de um novo plano. Nos tpicos seguintes do livro o autor volta ao termo plano no
que diz respeito ao ponto de vista sobre o objeto ou ngulos da cmera que
explicaremos mais frente.
No dicionrio de Aumont & Marie (2003), h quatro definies possveis para o
termo, salientaremos trs delas: A primeira diz respeito ao plano de imagem que
consiste na disposio dos objetos em relao a cmera (primeiro plano ou plano de
fundo trata- se da disposio dos elementos da aproximao ou distncia em relao a
cmera.). A segunda definio est relacionada a quadro ou enquadramento que diz
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respeito unidade de filme em que a cmera (enquadramento) permanece fixa, em
resumo uma:
... imagem flmica unitria como a de um filme projetado. O plano
a tomada que resta de um filme terminado, e como ela possui
continuidade, em resumo um plano qualquer segmento de um
filme compreendido entre duas mudanas de plano. (Ibidem
2003, p.230).
Aumont & Marie (2003) segue a ltima definio explanando sobre a falta de
preciso que ela possui por no ser possvel definir sobre a questo de continuidade
devido a difcil percepo quando as passagens dos planos so muito prximas.
No dicionrio de Cardero (1989) h trs acepes na definio, escena e
enquadro, no h definio de cada uma explicando a relao com o termo plano como
nos casos acima, a terceira acepo diz respeito ao ngulo da cmera. Contudo antes
de chegar aos ngulos trataremos o conceito de sequncia. importante acentuar
que em portugus a traduo da entrada plano (como algo planejado, acepo da
lngua geral) para espanhol e ingls plan, mas no dicionrio tcnico em espanhol a
entrada para o termo plano (linguagem cinematogrfica) a mesma do portugus,
contudo encontramos tambm a entrada plan que trata da organizao como um
cronograma sobre como ser executada a filmagem.
Mascelli (1989) define sequncia (sequence) como sendo uma srie de cenas
ou planos completos em si mesmos, representando um fato de maneira contnua por
diversos planos consecutivos. Field em seu manual define como sendo uma serie de
cenas ligadas ou conectadas, por uma nica ideia [] uma unidade, ou bloco, de
ao dramtica unificada por uma nica ideia. (1998). No dicionrio de Cardero
(1989) a definio consiste em um conjunto de cenas com um mesmo propsito em
um mesmo cenrio com uma unidade de tempo que concorde com a realidade. . Nas
duas primeiras definies h uma concordncia em relao a sequncia ser um
conjunto de cenas ou planos j a ltimo s define como conjunto de cenas.
Chegamos concluso que cena e plano sero equivalentes em vrias
situaes, e que o usurio ao se deparar com eles ser motivado a pesquisar para
definir em que aspecto o autor faz uso dos conceitos apresentados acima. Contudo
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percebemos que h sempre uma dificuldade definir onde se equivalem os termos cena
e plano e onde eles se distanciaro.
Retornaremos aos planos para demonstrar as definies diferenciadas usadas
de acordo com a lngua e as fontes usadas neste trabalho. Para explicarmos cada um
falaremos um pouco sobre os ngulos. Mascelli (1989) define ngulo da cmera como
sendo a rea e o ponto de vista gravados pela lente determinado por trs fatores:
tamanho do objeto, ngulo do objeto e altura da cmera. basicamente a perspectiva
do que e quanto o pblico poder ver na cena.
H vrios tipos de planos que vo variar de acordo com a relao da cmera e
objeto, como plano geral, em que compreende toda rea de ao, plano mdio o
close e/ou primeiro plano que seria a aproximao da cmera do objeto ou plano
mdio que a posio da cmera intermedirio aos outros dois planos. Veremos
adiante que h vrios termos que podem definir o plano mdio e o close muitas vezes
tornando- se difcil distingui-los em algumas leituras.
Mascelli (1965) usa os termos plano mdio (medium shot) ou como ele afirma
achar mais adequado plano intermedirio (intermediate shot) devido ao fato de ser um
plano que est entre o geral e o close. Ele define sendo quando os atores so
filmados acima do joelho ou da cintura para baixo. Na traduo (2010) a autora faz uma
nota sobre o uso dos termos afirmando que em portugus alguns autores preferem
definir o primeiro caso em que os atores so filmados acima do joelho como sendo
plano americano e o segundo caso plano mdio ainda que muitos englobem no
ltimo termo como Mascelli. Ao buscar o conceito referente no livro de Martin
encontramos o uso de plano geral, mas ao se referir sobre a aproximao da cmera
aos objetos ou pessoas ele usa primeiro plano e primeirssimo plano este tambm
como sendo close. No Diccionrio de Trminos de Cardero (1989) h na entrada
plano, a acepo plano americano e primeiro plano (nele est a definio tanto acima
dos joelhos quanto abaixo da cintura). Por ltimo Field (2001) eles no se atm as
explicaes sobre planos pois o plano basicamente a posio da cmera, neste
aspecto trabalho do diretor decidir as posies da cmera pois diz respeito a
decupagem, ou seja a montagem da cena de acordo com o descrito no roteiro. Assim,
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Field (2001) apenas refere-se aos planos gerais (quando cobre toda a rea da cena) ou
planos especficos (que podem ser plano mdio, close,etc.)
O prximo passo analisar o uso dos termos close e planos especficos ou
descritivos, j que pelo o que podemos observar tambm h certa dificuldade em
defini-los. Comearemos no que diz respeito o close, palavra de origem inglesa tem
como definio no dicionrio Oxford Oline:
Close
Pronunciation: /kls/
adjective
1. Only a short distance away or apart in space or time:the hotel is close to the sea
Expomos a definio do verbete close no dicionrio Oxford para compararmos
a sua definio em lngua geral e sua similaridade de forma superficial definio do
termo dentro do campo terminolgico. Close, como visto acima, refere -se a perto ou
prximo, partindo desse ponto e seguindo rumo a especialidade do conceito diz
respeito a aproximao da cmera ao objeto (nos referimos tambm a pessoa) da
cena, como mencionando anteriormente na definio de Mascelli (1965) e Field (2001).
Em The Five Cs of Cinematography, Mascelli define close (close- up) como
sendo a aproximao da cmera ao objeto (que pode ser uma pessoa) quer dizer
medium close- up (close mdio) em que a cmera filma do meio do tronco do ator at
acima da cabea. Ele conclui que se no houver especificado o tipo de close,
recomendvel fazer um close da cabea ou ombro. Na traduo de Janana
Macontonio (2010) ela faz uma nota explicando que na prtica o medium close- up
no necessariamente um close e que essa posio da cmera dita pelo autor
denominado como plano prximo. Como dito anteriormente Martin no aprofunda no
termo close, eles se atem apenas ao uso de primeiro plano (ainda que use o termo
ligando ao outro termo (primeirssimo plano) percebemos em seu livro, nas descries
de cenas em que aparece o rosto do ator na tela inteira ele faz uso apenas do termo
primeiro plano o que Marcelli refere-se a close de cabea.
http://www.oxforddictionaries.com/words/key-to-pronunciation
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J o no Diccionrio de Trminos (CARDERO 1989) vemos a seguinte a
acepo:
close up 1. Encuadre cinematogrfico de gran
acercamiento a un actor o a un objeto, que abarca, en los
actores, de la parte inferior de los hombros hasta arriba de la
cabeza, dejando un espacio encima de sta; acercamiento 2
GRAN CLOSE UP Encuadre ciematogrfico que abarca el
rostro de un personaje o solamente una parte de ste; big
close up 3 Medium close Encuadre que oscila entre el close
up y el medium shot.
Podemos perceber que no Cardero (1989) e Mascelli (1965) as mesmas
acepes em relao ao close diferente de Janana (2010) que questiona o uso do
termo close mdio por no ser considerado um close de fato preferindo o uso de
plano prximo perceptvel tambm tais denominaes por Martin (2013). Contudo
importante destacar que o livro de Mascelli foi escrito em 1965, consequentemente as
ressalvas sobre a adaptao a linguagem se far necessria, como o caso das vrias
denominaes de close que faz Mascelli (1965) e que hoje so separadas apenas em
close e planos detalhes. Este ltimo Marcontonio (2010) adiciona ao subttulo de
extreme close up no livro de Mascelli (1965), contudo se pararmos para analisar a
natureza do close baseado nas acepes acima sobre o ponto de vista da cmera em
relao ao objeto, pode-se considerar de certa forma a aproximao extrema de
cmera ao objeto como close, contudo uma grande variedade de closes pode
confundir sobre a diferenciao de cada logo o uso de planos detalhes pode ajudar a
esclarecer cada tcnica. Entretanto h assertiva que ao diminuir o nmero de tipos de
close aumentaram-se os planos, o que, de certa forma, pode trazer dificuldades de
interpretao, da mesma forma, dessas tcnicas.
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CONSIDERAES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi realizar uma investigao terminolgica
comparativa dos termos do cinema em glossrios e dicionrios de lngua e dicionrios
especializados e em obras de linguagem cinematogrfica, analisando as denominaes
e os conceitos encontrados. Buscamos demonstrar como ocorre a normatizao das
unidades lexicais do cinema, trazendo assim maior acessibilidade ao leitor desta rea
especializada, como tambm ao pblico abrangente sobre a interpretao de um termo
que pode ocorrer de maneira por vezes equivocada simples vista. No processo de
anlise e coleta dos termos utilizamos como base terica da investigao a
Terminologia fundamentada em Cabr (1993) e Barros (2004) e os estudos de
linguagem cinematogrfica.
Durante a investigao nos deparamos com alguns obstculos como delimitar o
nmero de termos e quais deles usaramos para a anlise. No que se refere a
investigao das definies, encontramos alguns casos em que uma mesma unidade
lexical possua vrios conceitos, o que dificultou nossa interpretao. Outro
impedimento foi certificar o nvel de especializao das unidades lexicais analisadas e
determinar quais pertenciam somente ao cinema ou se elas poderiam ser usadas
igualmente na rea temtica.
Conclui-se que a Terminologia de grande importncia para a definio da
lngua de especialidade de uma determinada rea. Visto assim, os mtodos de anlise
terminolgicos podem influenciar profundamente na escolha dos termos adequados ao
cinema e os conceitos, a fim de que determinada rea de conhecimento se torne mais
acessvel em todos os seus nveis de especializao. Igualmente, visto o que
observamos durante a anlise das unidades lexicais em nossa investigao, partimos
da assertiva que o cinema uma rea com carncia de normalizao dos termos,
depreendemos que pesquisas embasadas na Terminologia do cinema podem
proporcionar uma maior acessibilidade ao leitor no estudo de obras da rea
cinematogrfica.
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