Lingua Madeira Vento

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  • Dizeres que no voltam mais???

    Questionamentos sobre a questo da filiao dos sentidos1

    Rejane Maria Arce Vargas2Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, rS, brasil

    resumoNeste trabalho, objetivamos explorar os conceitos lngua de madeira e lngua de vento, tal como desenvolvidos por Courtine (1999, 2006) e Pcheux (2004), no que essas designaes implicam

    na circulao/funcionamento de discursos em um cenrio contemporneo de fluidez, em

    prejuzo para a filiao de sentidos e das noes a imbricadas (ideologia, formao ideolgi-ca, formao discursiva).Palavras-chave: designao, lngua, fluidez, sentido, filiao.

    abstractin this paper we aim to broach the concepts wooden language and language of wind as develo-ped by Courtine (1999, 2006) and Pcheux (2004), regarding what these designations imply in the circulation/functioning of discourses in a fluid contemporaneousness, specially related

    to the filiation of senses and the notions it carries (ideology, ideological formation, discur-sive formation).Keywords: designation, language, fluidness, senses, filiation.

    1 Reflexes preliminares oriundas de Projeto de Tese de Doutoramento em Letras/Estudos

    Lingusticos (PPGL/UFSM) intitulado Lngua em tempos de Fluidez, registrado sob o n 023164 no Gabinete de Projetos da UFSM, sob orientao da Prof. Dr. Amanda Eloina Scherer (DLCLL/UFSM).

    2 Professora Substituta do DLV/UFSM; Doutoranda em Letras/Estudos Lingusticos PPGL/UFSM/Laboratrio Corpus E-mail: [email protected]

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    Na relao entre o Poder e o Vento, as palavras assopradas que falam mais so aquelas que o poder sopra. E, como sabemos, o

    vento no se segura com as mos(orLANDi, 2005).

    Este texto versa sobre os conceitos lngua de vento e lngua de madeira, com referncia noo de discurso, pois interessa-nos a materialidade no necessariamente inscrita na ordem da lngua, mas na ordem dos discursos que circulam e produzem subjetividades no tempo presente, ou seja,

    no da lngua que se est tratando, mas de discurso, quer dizer, de uma ordem prpria, distinta da materialidade da lngua: no na ordem do gra-matical, mas na ordem do enuncivel, a ordem do que constitui o sujeito fa-lante em sujeito de seu discurso e ao qual ele se assujeita em contrapartida (CoUrtiNE, 1999, p. 16)3.

    Dessa forma, tais conceitos sero tomados, luz de Guimares (2005), como designaes, o que nos leva a compreend-los como nomes tomados

    na histria, remetidos ao real, mediante relaes lingustico-simblicas.

    O que implica tambm em uma reconfigurao da noo de referente no

    alocada em uma dimenso pragmtica, mas histrica, quer dizer, me-dida que as relaes lingustico-histrico-simblicas se estabelecem ou

    historicizam o dizer pela prtica de sentidos, estas vo apontando para um referente e no ao contrrio, pois as coisas so somente referidas en-quanto designadas/significadas. Para tanto, trilharemos um percurso cir-cunscrito pela historicidade ao invs da histria4, pautado no modo como os sentidos se discursivizam no tempo de sua circulao, todavia, levando em conta que eles tm uma determinao histrica que se estabelece por meio do jogo de foras contraditrias que produzem materialmente senti-dos para as sociedades.

    Para guiar nosso trajeto, estabelecemos como fio condutor a historici-dade em que se inscreve a Anlise do Discurso (cf. Courtine, 2006), no que diz respeito aos corpora analisados que, em um primeiro momento, esta-vam restritos a textos polticos e, contemporaneamente, ao poltico ins-

    3 Grifos no texto.

    4 referimo-nos diferena que orlandi (2004) estabelece entre historicidade e histria; na primeira, a histria tomada como constitutiva dos discursos de forma a instaurar uma tem-poralidade interna, uma relao com a exterioridade tal como esta se configura no texto

    e no fora dele; o texto , portanto, a materialidade da histria, no h histria seno pelos textos, reforando: a relao no remissiva, do texto para uma histria, mas constitutiva, a histria est no texto (no como contedo, mas como produo/arranjo de sentidos).

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    crito em quaisquer tipos de textos, polticos ou no quer dizer, hoje, entende-se poltico de outro modo. Tal reconfigurao vai implicar em

    movimentos para a teoria e para a anlise. Assim, reportaremo-nos, em nossa reflexo, noo de poltico como constitutiva dos discursos, aliada e/ou em contraponto com a de poltica correlativamente s designaes

    que so o mote deste texto.A designao lngua de madeira, conforme Pcheux (2004) e Courtine

    (1999, 2006), remete a um sistema fechado (duro como madeira) doutri-nrio, prescritivo-normativo, a exemplo da lngua da gramtica, da pol-tica, semelhante Novilngua forjada no romance 1984, de George orwell, ou mesmo no regime stalinista, ou seja, lnguas que se apresentam como sistemas lgicos, determinados, fechados, segundo uma orientao ideo-lgica e/ou funcional. Nesse mbito, estariam situadas as lnguas doutri-nrias, como aquela de escopo revolucionrio em que se arquitetavam os discursos polticos dos anos de 1960 e 1970 na Frana, assim como as de carter nacionalista-ufanista, fascista, protecionista. Alm disso, essa designao envia-nos a uma primeira poca da AD (cf. Pcheux, 1997a), quando as textualidades analisadas estavam restritas aos textos polticos e doutrinrios regidos por condies de produo estveis.

    J a designao lngua de vento (cf. Gadet; Pcheux, 2004) nos leva compreenso de discursividades pautadas na volatilidade, na fluidez

    ditadas pela instantaneidade dos sentidos, como acontece com a lngua da propaganda e da publicidade e qui, cotidianamente, com a lngua da poltica (to ligeira quanto o vento...). Elas so instveis e fluidas, confi-guram o discurso de um Mestre que no ousa dizer seu nome (Courtine, 1999, p. 16).

    Guardadas as diferenas de modo de circulao e funcionamento de ambas as designaes, tomadas enquanto discursos, pensamos que pode

    haver, em determinadas situaes ou momentos histricos, certo recobri-mento ou solidarizao entre as noes: lngua de vento e lngua de ma-deira, na medida em que

    a lngua de vento permite classe no poder exercer sua mestria, sem mestre aparente. Ela serve tampouco a seu mestre. o imperialismo fala hoje uma lngua de ferro, mas aprendeu a torn-la to ligeira quanto o vento

    (GADEt; PChEUx, 2004, p. 24).

    Diante disto, as relaes que visamos a estabelecer, sucintamente, po-dem ser colocadas da seguinte forma:

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    Lngua de madeira(poltica? poltico?)

    Filiao de sentidos (FD)?Lngua de vento

    (poltica?)

    Essas designaes carregam relaes, assinaladas no quadro acima por

    meio de interrogaes, a nosso ver, problemticas.

    Se por um lado, uma lngua de madeira prescreve/orienta um srie de dizeres, vai ao encontro da noo de formao discursiva, isto , concerne a um escopo de dizeres que delimitam o que pode e deve ser dito de acordo com o estado de uma conjuntura ideolgico-histrico-social determinada (cf. Pcheux). Por outro, tambm diz respeito aos movimentos, oriundos de prticas que desencadeiam sentidos para o social, que vo desencadear diferentes direes de sentido para um estado de coisas tomado, muitas

    vezes, como j significado/naturalizado.

    Desse modo, tal designao tambm carrega consigo as noes de po-ltico e poltica. Entretanto, como as entendemos, ambas no se estabe-lecem/funcionam indistintamente ou mesmo sempre de forma conjunta. Vale dizer, de modo sucinto, que o poltico concerne ao que constitutivo dos sentidos e a poltica aqui no recebe carter pragmtico, de aplicao de leis e etc., mas antes remete a um pr em xeque o poltico j instau-rado nas sociedades que delimita quem tem o direito de dizer/significar/

    praticar sentidos, concerne noo de governo (que impe o que ) e de

    igualdade (que insta ao que pode ser via um desentendimento do que j est posto)5.

    Para mais, se por um lado, no quadro social atual, a noo de FD impe

    que no a tomemos estritamente como foi formulada, na dcada de 1980; por outro, abandon-la, face fluidez de sentidos observada na contem-poraneidade, parece-nos ainda mais problemtico, tanto quanto adotar o conceito de interdiscurso como seu substituto, na medida em que a filia-o de sentidos atirada ao vento e tudo pode significar qualquer coisa

    quando se submerge na vastido do relativismo. Um cenrio de incertezas, de falta de referncias tem sido propugnado

    em literaturas de cunho filosfico e sociolgico de grande circulao na

    atualidade, as quais entronizam a efemeridade, a volatilidade das relaes

    sociais, das subjetividades, das ideias, das vontades e etc. Ao esteio delas e com certo deslocamento direto para a realidade brasileira, tm sido for-

    5 Formulao esboada luz do pensamento de rancire (1996, 1998).

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    jados novos conceitos para a interpretao da sociedade contempornea, dos discursos, das ideologias, da histria. No raro, vemos crucificada a

    noo de FD. orlandi adota uma perspectiva crtica, a qual nos somamos, em relao a essa conjuntura, e nos diz:

    h um progresso que traz suas ameaas. tem-se efetivamen-te como medida que o cu vazio, tanto de Deus como de ideolo-gias, de promessas, de referncias, de prescries e os indivduos

    tm de se determinar eles mesmos, singularmente e coletivamente. Este o sujeito que vemos teorizado no Velho Mundo, nos pases ricos. Que-remos ver em nossa reflexo como isto se passa no sul do planeta. Que ecos

    vivemos nos pases pobres. o que se passa com os que, por necessidade his-trica, seriam mutantes, mas que, pelas razes da dominao, da ideologia

    capitalista, no podem s-lo. Os mutantes, sem as condies favorveis do

    capitalismo, estes, que so o resto, tambm so os monstros? Como signifi-c-los em suas condies? (ORLANDI, 2007, p. 34).

    Nessas circunstncias, e em nome da assero enftica de Pcheux em um de seus ltimos textos de que: caracterizar uma formao discur-siva classificando-a, entre outras, por qualquer tipologia que seja,

    estritamente impossvel (Pcheux, 1999)6, muito se tem dito em pre-juzo dessa noo. Nosso interesse pens-la a partir da circulao dos discursos aqui no novo mundo, qui e infelizmente prdigo em proble-mas sociais que revelam um cenrio profcuo para se pensar contradies,

    embates de sentidos ou mesmo ainda sentidos estratificados(?).

    Cabe apontar que ao se tratar de FD7, preciso levar em conta que 1) ela a materialidade lingustica das Formaes Ideolgicas (o que im-plica tambm pensar no conceito de lngua e este atrelado ordem dos discursos); 2) nela imbrica-se necessariamente uma noo de ideologia e 3) ela parte de um todo que o interdiscurso e, falar em interdis-curso reclama pelos conceitos de 4) histria e ainda de 5) memria. tais noes so solidrias, necessrias, inexoravelmente, pelo modo como as

    compreendemos. Cremos ainda que, dada a configurao da AD, forjada na

    poltica, pensada inicialmente como suporte de anlise de textos polticos, tais noes devam ser levadas em conta e, nesse sentido, ocupamo-nos em

    6 Negrito nosso.

    7 chamaremos... formao discursiva, aquilo que, numa formao ideolgica dada, isto , a partir de uma posio dada, numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina o que pode e deve ser dito... (PChEUx, 1997, p. 160, grifos do texto, negrito nosso).

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    traz-las para nossa reflexo.

    Na distino tradicional entre as noes/conceitos de poltica e po-ltico, sublinha Corten (1999), a poltica recebe carter funcional de rea especializada enquanto que, o poltico, mesmo que se considere sua configurao didtico-terica, permanece em uma instncia de

    indefinio, que sobremaneira aumentada ao se falar em representao do poltico.

    Para rancire (1998), o poltico o encontro de dois processos hete-rogneos: o primeiro o de governo que consiste em organizar a reunio e o consentimento dos homens em comunidade e repousa na distribuio hierrquica dos lugares e das funes (o que o autor denomina de polcia);

    o segundo o de igualdade, que se institui mediante o jogo das prticas guiadas pela pressuposio de igualdade, de no importa o qu com o qu e pela preocupao de verific-la (processo denominado de emancipao). Desse modo, podemos compreender que, quando o poltico da organiza-o da sociedade, instituda sob um governo de legitimidade assegurada pela polcia (a quem cabe o que, como...), tem sua organizao questiona-da por uma prtica poltica de pressuposio de igualdade, processa-se, constitui-se a prpria poltica, tal como um processo de emancipao de pressuposio de igualdade de direitos, de acesso ao bem comum, etc.

    Para mais, Rancire faz trs distines importantes concernentes ao

    tema. Ele delimita o funcionamento da poltica, do poltico e da polcia pela insistncia do entrelaamento das noes. Por hora, no nos ocupa-remos em discorrer sobre polcia. interessa-nos, sobretudo, a seguinte formulao:

    Nous distinguerons alors la police, la politique et le politique. Le politique sera le terrain de la recontre entre la politique et la police dans le traite-ment dun tort. [...] La politique nest pas lactualisation du principe, de la loi ou du propre dune communaut. La politique na pas darkh. Elle est, au sens strict, anarchique (rANCirE, 1998, p. 113)8.

    Conforme se pode observar, rancire sublinha o desentendimento a ser instaurado pela poltica, na medida em que ela no se constitui ao modo de um princpio organizador (arkh), mas de forma anrquica. De modo anlogo, podemos remontar ao funcionamento do discurso (cf. or-

    8 Distinguiremos ento a polcia, a poltica e o poltico. o poltico ser o terreno de encontro entre a poltica e a polcia no tratamento de um engano [...] A poltica no a atualizao de um princpio, da lei ou do que prprio de uma comunidade. A poltica no tem arkh. Ela , em sentido estrito, anrquica (traduo e negritos nossos).

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    landi, 2004), que ditado por uma ordem (do real) e no pela organiza-o (imaginria da realidade).

    o poltico tem seu modo de funcionamento articulado pela contradi-o, pelo movimento dialtico que expe, representa uma realidade (ide-ologia) para refratar uma outra, em uma aproximao com o que rancire chama de desentendimento, desacordo sobre o que e quanto cabe a quem em uma sociedade de divises.

    Na esteira do que formula rancire (1998), dizemos que a poltica se desenrola nas bordas do poltico e este ltimo determina a primeira, mas no tributrio dela. Dito de outro modo, o que a poltica deve visar no diz respeito ao que est predeterminado, mas a uma interrupo nos efeitos naturais de uma dominao. Nesse sentido, insistimos na instn-cia dos eventos de discurso como articuladores do poltico e da poltica e no em sentidos anquilosados a uma arkh.

    Situando a questo no mbito da linguagem, do simblico, ao esteio de um mesmo parmetro de observao/anlise do cenrio contemporneo, isto , do materialismo histrico que subjaz como princpio articulador (episteme) nos trabalhos a que nos reportamos, deteremo-nos no modo pelo qual o poltico traado em AD. De acordo com orlandi:

    O poltico reside no fato de que os sentidos tm direes determinadas pela

    forma da organizao social que se impe a um indivduo ideologicamente

    interpelado [...] deve-se praticar a anlise de discurso como um dispositi-vo que permite analisar a textualizao do poltico9 o que j um passo importante na compreenso da relao entre o simblico e as relaes de

    poder (e no mais a maquinaria lingstica e os textos polticos) (orLANDi, 2005, p. 3435).

    A autora prope que se saia de um militantismo pedaggico em torno

    do confronto entre uma prtica de leitura do texto poltico e uma prtica de poltica de leitura e que se busque a anlise da prtica poltica de pro-duo do sentido, sob o aporte de uma compreenso da significao como

    prtica ideolgica (interpretativa, que reclama sentidos) (cf. orlandi, 2005, p. 34). A partir do exposto, compreendemos que a poltica re-instaura o poltico, mas no determinante deste, tampouco um pode ser tomado pelo outro, uma vez que o poltico o que constitui as prticas de sentido, a prpria formao de uma sociedade. Cremos que a anlise empreendida por rancire joga novas luzes para a compreenso do poltico/da poltica

    9 Negrito nosso. Orlandi (1999, p. 68) define como textualizao do poltico a simbolizao

    das relaes de poder presentes em um texto.

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    em AD, que pode ser ilustrada pelo pensamento de orlandi:

    o poltico o fato de que o sentido sempre dividido, tendo uma direo que se especifica na histria, pelo mecanismo ideolgico de sua constituio [...]

    A compreenso, na anlise de discurso, poltica [...] A anlise de discurso se confronta com a necessidade de abrir conjuntamente a problemtica do simblico e do poltico (orLANDi, 2004, p. 21-42 passim).

    o poltico corresponde (aqui) diviso inexorvel do sentido, cuja direo tem a ver com as injunes que derivam da forma da sociedade tomada na

    histria de um mundo que funciona entre outras coisas, pelas significaes

    (orLANDi, 2005, p. 110).

    Tais asseres nos levam a compreender que o poltico subjaz como

    constitutivo de quaisquer produes de sentido/linguagem, pois diz res-peito organizao das sociedades e tudo que se diz sobre esse real de divises vivenciado irremediavelmente construdo pela/na linguagem.

    Desse modo, interessa-nos, mais detidamente, o confronto entre o simb-lico e o poltico, na medida em que este aponta para o risco da simboliza-o (cf. orlandi, 2005, p. 208), na qual se incorre quando a textualizao do poltico se dilui na repetio de rituais10 e no mais emerge de uma interpretao, de uma metaforizao. Essa ressalta nos tem encaminhado para a seguinte reflexo: a prtica poltica est destituda de poltica,

    antes uma performance de diluio dela mesma11. Expliquemo-nos. h procedimentos, no mbito da formulao dos discursos, que visam

    tanto a dar visibilidade (ou monumentalizar) objetos simblicos quanto a fazer esquecer, fazer com que a lngua pela qual eles se materializaram vire vento ou do contrrio, fortifique-se enquanto algo que no se deve

    esquecer. Nesse nterim, intervm a memria. Courtine (1999) problema-tiza questes relativas ao estatuto da memria no campo do discurso pol-tico, por meio do episdio do chapu de Clmentis ou ainda do desapare-cimento desse sujeito de uma histria presentificada por uma imagem da

    qual ele providencialmente retirado devido a sua imagem evocar a idia

    10 Orlandi exemplifica o risco da simbolizao por meio de textualizao do corpo, isto ,

    imerso em rituais sociais, o sujeito no coloca um piercing como uma forma de se significar

    e significar o urbano, mas coloca vrios, muitos, por todas as partes do corpo, o risco da

    simbolizao, do excesso, da super-significao que se dilata e torna-se repetio, deixando

    de configurar uma interpretao, uma forma de metfora.

    11 Com diluio queremos nos reportar s reflexes que, luz de Bauman, tem pontuado

    Courtine, no que tange fluidez das relaes, das prticas de sentido, das subjetividades, o

    que aponta, para ns, deslocamentos decisivos nos modos de se pensar os conceitos de Fi e FD, por exemplo, alm de a prpria noo de ideologia e histria.

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    de traio. Clmentis empresta seu chapu de pele ao dirigente comunis-ta Gottwald, essa imagem entra em circulao de modo a ser reconheci-da. Mais tarde, Clmentis tomado como traidor e condenado forca. Ele ento se dilui das fotos, desaparece. Dele, em Gottwald, ficou o chapu.

    Contudo, Courtine assevera que

    esse processo da anulao de Clmentis, de perda referencial, recalque, apagamento da memria histrica (que) deixa, como uma estreita lacuna, a marca de seu desaparecimento, mesmo que se coloque aqui em jogo a mate-rialidade no-lingstica de um documento fotogrfico, antes de tudo, na ordem do discurso que ele produzido (CoUrtiNE, 1999, p. 1516)12.

    Para pensarmos essas questes, uma imagem se apresenta emblemti-ca (fig. 01, abaixo). Tal imagem foi objeto de observao em nosso trabalho

    de dissertao13, na medida em que a trouxemos tona para exemplifi-carmos um modo possvel de funcionamento da poltica em torno de uma designao [comunidade Nova Santa Marta] em litgio. Contudo, gos-taramos de reformular e problematizar duas noes em embate: poltica versus poltico, ao passo que, como vimos apontando at aqui, elas no se confundem (fundem), embora estejam entrelaadas. Lanaremos mo, portanto, de exemplo por ns enfocado anteriormente, que ora retoma-mos. importa destacarmos que nos reportaremos imagem como discurso (esteja associada ou no ao lingustico), isto , como materialidade icnica na qual se inscrevem sujeitos e sentidos constitudos na histria e que visa a, mediante um flash de realidade, aprisionar um sentido que ento,

    sempre tomado, em nosso modo de compreenso, pela forma como Saus-sure bem apontou-nos: por um ponto de vista que recria uma realidade que , portanto, parcial e parcelar.

    12 Negrito nosso.

    13 trabalho intitulado Ponte para o devir: um trajeto por entre saberes discursivos em que analisamos alguns aspectos dos saberes que constituem o discurso de mobilizao social na ocupao urbana Nova Santa Marta, em Santa Maria, rS. p. 24, em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1868

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    UM DizEr-MoNUMENto Ao VENto: ExEMPLo

    Figura 1 Fonte: dirio de Santa maria, 01 e 02/12/2007 [capa]

    A figura 01 ser abordada ao esteio do que Venturini (2008) chamou de

    enunciado-imagem, ou seja, uma imagem que funciona na esteira de uma enunciao que lhe prvia, em ausncia e presena de um mesmo que no se sabe como ir retornar, seja sobredeterminado pelo dizer, seja in-determinado sem ele, pois, de acordo com a autora, no intradiscurso, os enunciados-imagem tm o efeito de sentido de uma presena na ausncia, pois retomam um mesmo referente que j no significa da mesma forma

    em cada ocorrncia. Eles constituem simultaneamente a enunciao e a materialidade do suporte e significam por sua relao com a exteriorida-de, com a histria (cf. Venturini, 2008, p. 109).

    Para mais, os enunciados-imagem conjugam, na interpretao de Ven-turini luz da leitura de De Certeau, procedimentos de fazer-crer, pelo fazer-ver, ou ainda, poderamos dizer, pela monumentalizao de objetos simblicos que no discurso em circulao so alados ao status de ver-dade. Em nosso exemplo, a imagem aparece sobredeterminada pelo com-ponente verbal, o que caracteriza uma poltica monumental, tal como traamos a seguir.

    A imagem (fig. 01) remonta a histria de uma comunidade. Uma ocupa-o urbana em Santa Maria (rS) objeto de litgio ao longo de 16 anos, seja por infraestrutura, por um nome para o lugar e, mais recentemente, pela tranferncia da rea de domnio do Estado do rio Grande do Sul para o do municpio de Santa Maria a fim de efetivar a distribuio de lotes aos

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    ocupantes. Essa linearizao sumarizada da histria no faz jus ao trajeto tenso desse espao. Por ora, importa destacarmos que as demandas da co-munidade se efetivaram mediante luta, mediante embate, seja no mbito da prtica propriamente dita, seja no mbito da profuso do discurso de engajamento social.

    Enquanto a notcia/imagem notabilizou a textualidade assinada pela governadora do Estado do rio Grande do Sul como sendo um documento para entrar na histria que garantiria a transferncia da rea de proprie-dade do Estado para o municpio de Santa Maria, o que a foto monumen-talizou foi, de fato, um protocolo de intenes, alado categoria de do-cumento/verdade assegurada pela legitimidade que as letras (o discurso do direito), que a lngua de madeira da lei empresta aos textos. A propsito da monumentalizao de objetos simblicos, Foucault nos ensinou que:

    a histria, em sua forma tradicional, se dispunha a memorizar os monu-mentos do passado, transform-los em documentos e fazer falarem estes rastros que, por si mesmos, raramente so verbais, ou que dizem em silncio coisa diversa do que dizem; em nossos dias, a histria o que transforma os documentos em monumentos e que desdobra, onde se decifram os rastros deixados pelos homens, onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido, uma massa de elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjuntos (FoU-CAULt, 1995, p. 8)14.

    poca, Foucault dizia que a histria se voltava para a arqueologia,

    para a descrio do monumento. Em nosso exemplo (fig. 01), podemos di-zer que o discurso em circulao monumentaliza os fatos e os transforma em matria inerte, em discurso literal, evidente, estancando a (neces-sidade de) interpretao (que j est l, factual), ou seja, notabiliza-se o risco da simbolizao (sem metfora). o monumento impunhado como documento constri algo que deve ser lembrado.

    A rigor, somente no dia 13 de junho de 2008, por meio da Lei n 12.98215, foi quando o acontecimento anunciado se efetivou, o enunciado-imagem, contudo, data de dezembro de 2007.

    As mquinas lgicas fabricam, hoje em dia, suas prprias memrias para melhor apagarem as dos povos, e para melhor administrarem os complexos industriais, administrativos e militares que vo tomar as decises no lugar

    14 Grifos no texto.

    15 Disponvelem: http://www.al.rs.gov.br/Legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=51788&hTexto=&Hid_IDNorma=51788

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    delas. Se uma lngua fascista, precisamente essa lngua lgica, lngua metlica, sem aspecto exterior (GADEt; PChEUx, 2004, p. 23).

    Cabe lembramos ainda que:

    A lngua do direito representa, assim, na lngua, a maneira poltica de dene-gar a poltica: espao do artifcio e da dupla linguagem, linguagem de classe dotada de senha e na qual para bom entendedor meia-palavra basta. A lngua do direito uma lngua de madeira (ibid., p. 24)16.

    Vale enfatizar que a conjuntura em que se desenrolavam os fatos de busca pela regularizao da rea da Nova Santa Marta, ilustrada pela fig.

    01, concomitante quela de configurao dos candidatos ao pleito muni-cipal, de modo que duas foras antagnicas esto ali representadas17.

    Similarmente ao que ensina Courtine (1999), com referncia ao epis-dio de Clmentis, poderamos dizer sobre o evento de assinatura de docu-mento em que o prprio documento e a histria que ele recobre eclipsa-da por uma operao monumental: o evento de discurso o produto de uma histria real, mas ao mesmo tempo, produto de uma histria fictcia

    forjada a partir de efeitos de memria que constituem uma histria im-vel, em que o tempo no passa e a discursividade no se inscreve, uma vez que o tempo histrico solapado.

    Ainda Courtine (2006), em outro trabalho, ao traar um percurso hist-rico-terico para a AD, vai se reportar a dois momentos ilustrativos para a histria da anlise do discurso pertinentes para nossa reflexo. Ele traa

    um paralelo entre um primeiro momento da AD enquanto mquina de ler (e se fazer crer) os textos doutrinrios polticos arquitetados para forja-rem conscincia, que configuravam portanto, gramticas da poltica que no davam conta, certamente, dos discursos comuns, da oralidade, do discurso em circulao (no elaborados para serem polticos e sempre o sendo, pois como sublinha Courtine (ibid., p. 36), luz de barthes, o texto o objeto poltico, pois no h outro). o autor formula desse modo a passagem para uma pragmtica da poltica. h mudanas que vo ter implicaes importantes nos objetos e prticas da AD, a mensagem polti-ca no mais unicamente lingstica, mas uma colagem de imagens e uma performatividade do discurso, que deixou de ser prioritariamente verbal (Ibid., p. 85). Para mais, mediante este cenrio fluido de fim de certezas,

    dilatao das efemeridades e da instantaneidade das leis de Mercado glo-

    16 Grifo no texto.

    17 referimo-nos a dois partidos: Pt e PSDb.

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    Letras, Santa Maria, v. 18, n. 2, p. 185200, jul./dez. 2008

    Dizeres que no voltam mais???

    bal18, o tempo da pesquisa consistiria em correr atrs do acontecimento (ibid., p. 109), no anseio de uma percepo dos textos substancialmente enquanto prticas (polticas de sentido). Desse modo, a teatralizao da poltica que antes opera em favor da mesma ordem policial de distribui-o das parcelas do bem comum avultadas, estandardizadas ao modo do politicamente correto acarretam prejuzo de compreenso do dano pol-tico que dinamiza as prticas de vida. As diferenas entre poltico, polcia e poltica esboadas de maneira entrelaada (mas com rigor diferencial) por Rancire, observadas a partir do exemplo que para ns se afigurou

    produtivo (fig. 01), vo corroborar de maneira siginificativa (e elucidativa)

    para a seguinte formulao de orlandi:

    Quando, na prtica da anlise de discurso, digo que o esquecimento constitutivo da memria, estou afirmando o poltico como constitu-tivo, isto , o fato de que h uma direo nos sentidos essas direes so funo da posio do sujeito e do sentido na sociedade e na histria, funcionando pela relao do dito com o no-dito. H simbolizao das relaes de poder. o esquecimento constitui o que se sabe e o que no se sabe [...] em relao ao poltico: imprime a direo dos sentidos, o que eles recortam, instituem, pem em silncio, o que incluem, o que excluem. Para se compreender o poltico inscrito nos sentidos preciso trabalhar nossa relao com a interpretao (orLANDi, 2002, p. 51-52)19.

    Vale enfatizar que a noo de interpretao atrelada ao trabalho do analista no requer interpretar nem descrever os textos, mas explicitar o processo de produo de sentidos destes, apreender os gestos de inter-pretao que se configuram nesses objetos, de modo a impor direo para

    os sentidos, ou seja, o que compete ao analista interpretar a interpreta-o. o que nos remete necessariamente noo de ideologia, na medida em que a materialidade especfica do discurso a lngua, e o discurso

    a materialidade especfica da ideologia. pela contradio que liga ln-gua e ideologia que se produzem verdades, realidades, pelo imaginrio (cf. Orlandi, 2004). E quando no se expe o fato (imagem) histria, as

    mentiras ficam parecendo verdades, salvo o trocadilho, sabemos que a

    verdade no , nem poderia ser objeto de nossa anlise, o que h so ver-ses, produtos de discursos, significaes que forjam sujeitos, sentidos,

    lugares, poltica, cidades, vida... Essas so as reflexes iniciais e parciais de

    18 Orlandi tem desenvolvido uma concepo crtica a propsito da fluidez e da era do fim de

    tudo (ideologia, poltica, histria...), deveras salutar para essa reflexo, contudo referirmo-

    nos a ela por ora excederia o foco deste texto.

    19 Negritos nossos.

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    uma caminhada que se quer poltica. Cabe salientar que Pcheux (1983), no texto discurso: estrutura ou

    Acontecimento?, ao sublinhar a tarefa da AD a interpretao -, aponta que os dizeres reclamam interpretao, pois constituem filiaes histri-cas as quais devem ser tomadas como redes de memria e no como dize-res em interao, uma vez que as filiaes histricas nas quais se inscre-vem os indivduos no so mquinas de aprender (ibid., p. 54). Assero que orlandi (2004) refora ao dizer que no estamos nem num jogo descar-nado, ao sabor s dos significantes, nem sob a coero do social emprico,

    mas antes na historicidade. Essa uma das razes pelas quais interrogar

    os textos, em tempos de fluidez, em que os sentidos aparentemente no

    se filiam a nada ou a ningum, em que as identificaes avolumam-se ef-meras e extremamente volteis, fundamental para que as filiaes his-tricas no se esvaneam no vento e conceitos/noes antes caros, sejam

    expostos a atalhos tericos que podem servir para tudo, todos e qualquer coisa, em qualquer tempo.

    Mesmo orlandi (2007)20 ao propor a deriva de um enunciado filiado historicamente ao discurso bblico que a autora traz com referncia a Cas-toriadis, vai ento desloc-lo para outra FD: enfrentar o abismo em p hoje no remonta ao discurso salvfico, mas antes marca um estar fora

    das relaes que se apresentam como dominantes na sociedade capitalista

    de humilhao a que so expostos sujeitos situados margem e, estan-do fora, enfrentam o abismo, a seu modo (na vida errada, a do crime). Quer dizer, se hoje os dizeres no encontram um porto seguro, pois so empregados por diferentes sujeitos, nas mais diversas situaes, redese-nhando espaos de memria, regionalizando FDs, eles s poderiam estar ao vento, se no os vinculssemos historicidade que os acompanha e os realoca, mediante injuno com histrias, a do significante e a dos

    sujeitos significados com e por eles. Nesse sentido, a questo da FD atrela-da problemtica do poltico/poltica, especialmente no que concerne filiao dos sentidos, bem como no que compete s prticas de sentidos

    que mobilizam essas noes permanece como pergunta, por entre dizeres

    que se voltam contra eles prprios para se re-dizer... Eu disse? Mas, no era bem assim... Disse? Mas somente naquela conjuntura... No, no disse nada. Voc foi quem interpretou assim... Apesar disso sempre h uma histria que realoca os dizeres em um lugar, uma filiao no imutvel,

    mas que incontornavelmente os impregna de sentidos.

    Recebido em fevereiro de 2009 / Aceito em maio de 2009

    20 orlandi (2007) analisa, entre outros, o enunciado Vida do crime, do lado certo da vida errada, do livro Falco, Meninos do Trfico.

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    Letras, Santa Maria, v. 18, n. 2, p. 185200, jul./dez. 2008

    Dizeres que no voltam mais???

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