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PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO LÍNGUA PORTUGUESA ELABORAÇÃO Luciane Vilar Possebom COLABORAÇÃO Ângela Cristina de Arruda Marciane Lobo Alves Roseli Borges Freitas Stefany Rocha Lachowski COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE LÍNGUA PORTUGUESA Luciane Vilar Possebom CONSULTORIA Daniele Bonamin Flores PIRAQUARA 2012

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARA

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

LÍNGUA PORTUGUESA

ELABORAÇÃO Luciane Vilar Possebom

COLABORAÇÃO

Ângela Cristina de Arruda Marciane Lobo Alves Roseli Borges Freitas

Stefany Rocha Lachowski

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE LÍNGUA PORTUGUESA Luciane Vilar Possebom

CONSULTORIA

Daniele Bonamin Flores

PIRAQUARA

2012

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LÍNGUA PORTUGUESA

A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA: A

LINGUAGEM ORAL, A LEITURA E A ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

1. HISTÓRIA DAS TEORIAS SOBRE A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Vários estudiosos na área da Psicologia e da Linguística dedicaram-se

ao estudo dos processos da aquisição da linguagem pela criança. Skinner,

Piaget, Chomsky e Vigotski são os nomes mais expressivos nessa área.

É necessário assim, explicitar brevemente as propostas desses teóricos

quando tratam dos processos pelos quais se adquire a linguagem, uma vez

que historicamente, as discussões sobre tais processos são fundamentais para

o aprofundamento dos conhecimentos linguísticos, cognitivos e psicológicos.

Skinner desenvolveu uma teoria de observação do comportamento

infantil e a respeito do “comportamento verbal”, ou seja, o comportamento das

pessoas ao usar a fala. A observação realizada por Skinner parte do princípio

da teoria comportamental, o behaviorismo1. Essa teoria cuja base é o reflexo

condicionado foi desenvolvida por Pavlov, a partir dos estudos de Darwin,

sobre a continuidade evolutiva dos animais e do homem.

As experiências realizadas com base na teoria psicológica

comportamental ou “behaviorista” possuíam pressupostos de análise

semelhantes às investigações realizadas com animais em laboratórios e, ao se

tentar transferir esses pressupostos para os seres humanos, em especial, para

compreender o comportamento verbal não se chegaram a resultados

satisfatórios, na perspectiva desta Proposta Curricular, sendo que uma das

funções do ensino da Língua é a formação de sujeitos capazes de agir sobre a

realidade e transformá-la e não apenas reproduzir discursos considerados

adequados pela classe dominante.

Um dos críticos dos trabalhos de Skinner foi Noan Chomsky, pois, para

ele os princípios behavioristas de estímulo-resposta, reforço e condicionamento

1 Do inglês behavior: comportamento, conduta, atitude, procedimento, costumes, modos...

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operante2, direcionados aos animais não teriam propósito com relação ao

comportamento humano e, em especial, com a aquisição da linguagem.

Para Chomsky, a aquisição da linguagem se daria pelo princípio

denominado por ele de language acquisition device3 – LAD – que se constitui

num mecanismo inato de aquisição da linguagem. Esse dispositivo, por sua

vez, geraria uma gramática específica da língua nativa a qual a criança seria

exposta e, assim, a aquisição da linguagem se processaria. Para esse linguista

então, a criança nasce com um dispositivo inato que permite a essa, imersa

num meio falante, adquirir a linguagem.

Chomsky propôs o estudo da aquisição da linguagem baseado na

Gramática Universal (GU). Segundo Scarpa, a Gramática Universal é “dotada

de princípios universais pertencentes à faculdade da linguagem e de

parâmetros fixados pela experiência” (2001, p. 208). Ou seja, modelos que se

adquirem pelo contato com a língua materna e componente inatos ao ser

humano que possibilitam a este a aquisição de uma língua natural.

Por outro lado, Piaget interessava-se, especialmente, pela gênese do

conhecimento humano, dedicou-se à pesquisa nesse sentido e, dentro desses

estudos abordou a questão da aquisição da linguagem.

Para esse autor a aquisição da linguagem seria resultante da

maturidade mental da criança, ou seja, para ele, sem os fatores internos do

indivíduo, que nomeou de “endógenos”, nem a aquisição da linguagem, nem as

transmissões e interações sociais seriam possíveis.

Piaget defendeu ainda, que o conhecimento da criança se desenvolve

em fases, por meio de um processo de maturação gradual e sequencial. Para

ele, é pelo contato do sujeito com o objeto que o conhecimento se processa.

Esse contato se dá pela interação da criança com o meio em que vive.

O autor defendeu que a aquisição do conhecimento se dá em estágios

de desenvolvimento por meio de graduações sucessivas, por etapas. O

desenvolvimento dessas fases dependeria da maturação (aspectos físicos) e

da maturidade (aspectos psicológicos), fatores principais para o

desenvolvimento da inteligência humana, nessa concepção. Sendo assim, para

2 A Edição Especial de julho de 2008 da revista Nova Escola trás uma reportagem sobre Skinner onde se

explicitam os conceitos elencados no texto. 3 Em português: dispositivo de aquisição da linguagem.

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Piaget a aquisição da linguagem é consequência da maturação e da

maturidade dos indivíduos.

Vigotski seguiu a linha dos estudos sócio-culturais e investigou a

respeito do aprendizado e do desenvolvimento da criança. Segundo Rego,

Vigotski baseou seus estudos na criança, pois, para ele “a necessidade do

estudo da criança reside no fato de ela estar no centro da pré-história do

desenvolvimento cultural devido ao surgimento do uso de instrumentos e da

fala humana” (REGO, 2003, p. 25)

Na psicologia histórico-cultural de Vigotski há ênfase no papel da

linguagem como propulsora do pensamento, tal abordagem se explicitará a

seguir, minuciosamente, pois a base teórica desta Proposta Curricular são os

estudos de Vigotski (na Psicologia) e de Bakthin (Filósofo da Linguagem).

2. COMO A CRIANÇA ADQUIRE A LINGUAGEM

A natureza da linguagem, a partir dos estudos de M. Bakthin e L.

Vigotski deve ser compreendida de modo dinâmico uma vez que está

relacionada à vida sócio-histórica dos sujeitos.

Bakthin (1997, 1990) discorre sobre a linguagem em movimento e

construída por sujeitos históricos contribuindo assim, para o estudo do discurso

como constitutivo do humano. Para Vigotski (1982) a linguagem é

compreendida como um elemento simbólico que está em constante

transformação e é historicamente construída. É a linguagem, para esse autor,

que constitui o pensamento e modifica a dimensão das práticas humanas ao

possibilitar o planejamento e as atividades sociais, tornando o pensamento

intencional e conscientemente orientado.

De acordo com essa abordagem as relações entre os seres humanos e

o meio ocorrem mediadas pelos produtos sócio-históricos: os instrumentos e os

signos, o sujeito e os outros.

Sendo assim a aquisição da linguagem (condição especificamente

humana) se dá na relação entre a interação com outros da sua espécie

(filogênese) e a condição genética (ontogênese). No entanto, o indivíduo

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constitui-se humano, não por seu nascimento e sim por fazer parte de um

grupo social.

Nesta Proposta Curricular analisa-se a aquisição da Linguagem na

Educação Infantil sob a perspectiva sócio-histórica, ligada aos estudos de

Vigotski, Davidov, Elkonin, Luria, Leontiev e Bakhtin.

A escolha de tais teóricos como referência se deve ao fato de que, cada

um a seu modo, analisa a aquisição da linguagem sob uma mesma base: o ser

humano se humaniza pelo viés social. Ou seja, nascemos sociais e a relação

entre os sujeitos por meio de instrumentos e signos é a responsável pelo

desenvolvimento das funções psicológicas superiores (FPS), tais como a

atenção, memória, imaginação, que, por sua vez, são estruturadas em

sistemas funcionais, cuja finalidade é organizar adequadamente a vida mental

de um indivíduo em seu meio.

VIgotski, citado por (REGO, 2002), explicita a importância da aquisição

da linguagem para o ser humano. Para ele a aquisição da linguagem só se dá

pela interação do sujeito com o meio, sempre mediada por instrumentos,

signos e pela presença do outro. Para este teórico, o desenvolvimento e o

aprendizado estão interligados e são interdependentes, há, portanto,

necessidade de um determinado grau de desenvolvimento, mas o aprendizado

(que é sócio-histórico) predomina sobre o biológico. Para ele o homem, em

princípio biológico (pelo nascimento), torna-se sócio-histórico pelo processo de

aprendizagem que ocorre ao longo do seu desenvolvimento (sempre numa

relação mediada por instrumentos e signos).

A criança, desse modo, inicialmente necessita de um adulto – mais

experiente – que a cuide, satisfaça suas necessidades básicas, mas, ao

mesmo tempo, as interações com os instrumentos e signos próprios dos seres

humanos serão determinantes na construção de seu pensamento, ou seja, a

criança se constitui individualmente pela interação social. Segundo Vigotski

(1984, p.52)

Duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimento, diferindo quanto à sua origem: de um lado, os processos elementares, que são de origem biológica; de outro, as funções psicológicas superiores, de origem sócio-cultural. A história do comportamento da criança nasce do entrelaçamento dessas duas linhas.

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Sendo assim, a inserção da criança na sociedade humana, mediada pela

condição sócio-histórica que, por sua vez, depende de instrumentos e signos,

se dá pela articulação entre o biológico e o social. Pode-se afirmar então, que o

desenvolvimento da criança ocorre mediado pelos outros e que o aprendizado

ocorre na relação desta com o mundo, pois os signos promovem a interação

entre os homens, constituindo assim a linguagem que, para Vigotski, determina

a formação das funções psicológicas superiores (FPS) – próprias apenas dos

seres humanos. Segundo Rego (2007, p.42)

Desse modo, os sistemas simbólicos (entendidos como sistema de representação da realidade), especialmente a linguagem, funcionam como elementos mediadores que permitem a comunicação entre os indivíduos, o estabelecimento de significados compartilhados por determinado grupo cultural, a percepção e interpretação dos objetos, eventos e situações do mundo circundante. É por essa razão que Vygotsky afirma que os processos de funcionamento mental do homem são fornecidos pela cultura, através da mediação simbólica.

Vale ressaltar que a linguagem é um sistema simbólico fundamental para

o ser humano, pois sua função sócio-histórica determina a formação e a

organização de estruturas mentais complexas, próprias do desenvolvimento

psíquico humano.

Com o desenvolvimento da linguagem o ser humano não necessita mais

da relação direta com os objetos e pode, pelo uso dos signos, representá-los. A

linguagem, portanto, significa os objetos e permite uma relação distanciada

destes sem que a comunicação, a expressão e a compreensão necessitem do

objeto.

É possível afirmar que a linguagem permite ao ser humano partilhar com

seus pares, representações, generalizações e situações por meio dos signos e

dos significantes, que são, por sua vez, social e historicamente construídos.

Segundo Vigotski, a linguagem possibilita um salto de desenvolvimento

que produz alterações significativas no comportamento – que se torna

particularmente humano – ao comunicar-se, analisar, representar e abstrair

objetos ausentes, situações e eventos. Oliveira (1993) afirma que os signos

não são marcas isoladas, externas ao indivíduo ou particulares e que estes são

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compartilhados por um grupo social permitindo assim, a interação entre os

mesmos.

Ainda segundo Vigotski, o indivíduo é ativo na apreensão da linguagem

e não apenas a absorve, pois os signos são carregados de significados

pessoais e partilhados pelo grupo.

Para a criança pequena duas funções da linguagem são primordiais: a

comunicação, ou seja, o desenvolvimento de condições de compartilhamento

das experiências comuns. Por exemplo, quando um adulto fala ao bebê “Cadê

o cachorro?” e este bebê olha em direção ao brinquedo de pelúcia,

estabeleceu-se um vínculo comunicativo expresso pelo bebê, ainda em

linguagem não verbal.

Outra função primordial é a do pensamento generalizante, ou seja,

segundo PIMENTEL:

O pensamento generalizante é constituído por uma rede ordenada voluntária e conscientemente, numa relação hierárquica de conhecimentos. Generalizar é essencial na construção de sínteses, decorrentes do distanciamento da experiência concreta e percepção imediata, partindo do conhecimento tácito

para superá-lo.

Sendo assim, este ocorre na medida em que uma determinada palavra

designa um objeto e permite que sua compreensão se dê através da

comparação, da exclusão e do agrupamento de outras ocorrências

semelhantes. A linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do

real e estas passam a constituir o elemento de mediação entre o sujeito e o

objeto de conhecimento. Por exemplo, o bebê que falava “au, au” para todos

os animais que via, passa a denominar apenas aqueles cuja característica é

pertinente aos cães.

3. O BERÇÁRIO – A ESPECIFICIDADE DESSA FAIXA ETÁRIA

O trabalho com as crianças do berçário requer dos educadores a

reflexão sobre as ações necessárias e apropriadas para essa faixa etária que

são, em parte, diferentes daquelas propostas aos demais.

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Para tanto é importante retomar a concepção de interdependência entre

o aparato biológico humano e a ação do social sobre o desenvolvimento do que

Vigotski nomeou de Funções Psicológicas Superiores (FPS). Compreendendo-

se que a FPS tais como a atenção, memória, imaginação, pensamento e

linguagem são sistemas que organizam e adequam a vida mental de um sujeito

ao seu meio social.

Entre os sistemas simbólicos a linguagem ocupa um papel central, uma

vez que, se a princípio, a linguagem tem a função comunicativa, para além

dessa função é decisiva na formação e na organização do pensamento. De

acordo com Martins (2007, p. 65)

Desde os momentos iniciais de vida, a criança se depara com a linguagem em sua tripla função: como meio de existência, transmissão e assimilação da experiência histórico social dos homens; como meio de comunicação ou intercâmbio de influências interpessoais que, direta ou indiretamente orientam as ações realizadas e como ferramenta do pensamento, como substrato da atividade intelectual humana, pela qual se torna possível o planejamento de atividades, sua realização e a comparação de seus resultados às finalidades propostas.

É importante salientar que a linguagem não é inata. E que, embora a

criança possua o aparato biológico e a capacidade cognitiva para adquirir a

linguagem – ao nascer – é na interação social, sob a perspectiva da interação

com os outros falantes que essa condição inicial se efetiva.

Um exemplo desse comportamento linguístico – que se humaniza pelo

contato social está no seu oposto. Ou seja, há casos cientificamente

comprovados de crianças que, tendo sido “cuidadas” por animais, tomaram

comportamentos sociais não humanos, e sim aqueles típicos da espécie da

qual fizeram parte desde a primeira infância4.

Assim, a aquisição da linguagem – fundamental para o desenvolvimento

das FPS – só se concretiza na relação da criança com os adultos à medida que

estes lhe propiciam uma nova via de generalização: o domínio da linguagem.

É imprescindível, portanto, que se estabeleçam princípios comunicativos

entre os adultos (nesse caso, o professor) e os bebês, sendo que ao adulto

cabe o ensino, em especial para os pequenos, de um dos aspectos da

4 Nesse artigo se analisa o conceito de ser humano na medida de sua interação social Ciências &

Cognição 2007; Vol 12: 178-191 <http://www.cienciasecognicao.org> © Ciências & Cognição Submetido em 24/09/2007 | Aceito em 26/11/2007 | ISSN 1806-5821 – Publicado on line em 03 de dezembro de 2007. Acesso em 14 de outubro de 2011.

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linguagem oral: a fala humana, por meio da qual o ser humano organiza e

interage com o social. Conforme afirma Elkonin (1969, p. 508):

sobre a base da convivência com os adultos, em todos os aspectos da vida, ocorre o desenvolvimento rápido da linguagem da criança. À medida que domina as ações com os objetos, e sobre a base do desenvolvimento intenso da linguagem, se formam todos os processos psíquicos e o desenvolvimento da personalidade da criança.

Compreendendo-se a importância da ação da mediação docente para o

desenvolvimento das FPS, especialmente a linguagem (a oral, mais

especificamente), a atuação docente deve priorizar, para essa faixa etária – o

berçário – a fala; entendida aqui como modo humano de comunicação,

estabelecimento de relações e uso de símbolos criados socialmente,

superando assim as concepções naturalizantes e espontaneístas que

pressupõem a simples imitação como constitutiva da linguagem (oral, gestual,

entre outras).

Embora a tentativa de imitação da fala (e dos gestos) dos adultos feita

pelo bebê (que, já nesse momento adquire ritmo, entonação e ressonâncias

próprias da fala humana) tenha uma aparente simplicidade, essa já ocorre

carregada de intenções e significados, pois segundo Vigotski (1987: p. 104)

Em qualquer idade, um conceito expresso por uma palavra representa um ato de generalização. Mas os significados das palavras evoluem. Quando uma palavra nova é aprendida pela criança, o seu desenvolvimento mal começou: a palavra é primeiramente uma generalização do tipo mais primitivo; à medida que o intelecto da criança se desenvolve, é substituída por um tipo cada vez mais elevado de processo que acaba por levar à formação de verdadeiros conceitos. O desenvolvimento dos conceitos, ou dos significados das palavras, pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais: atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade para comparar e diferenciar. Esses processos psicológicos complexos não podem ser dominados apenas através da aprendizagem inicial.

A rotina das turmas de berçário, devido à faixa etária das crianças, está

organizada basicamente em atividades voltadas para a alimentação, sono e

higiene das crianças. No passado essas atividades eram analisadas sob uma

perspectiva pautada nas fragilidades, incapacidade e imaturidade dos bebês.

Hoje reconhecemos e valorizamos as práticas de cuidado não apenas

no seu aspecto biológico, mas articuladas com o aspecto social, afetivo e

cognitivo e seu papel essencial no desenvolvimento infantil e com isso, a

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premissa de que cuidar e educar são práticas indissociáveis, uma vez que

também reconhecemos o potencial dos bebês.

Quando um bebê nasce, passa por um longo período de dependência,

para que possa sobreviver. Com isso, precisa de atenção e cuidado por parte

dos adultos, que se ocupem da satisfação das necessidades físicas,

psicológicas, emocionais e de segurança.

De acordo com Vitta (2004), essas atividades possibilitam que a criança

organize suas sensações e ações, signifique o seu cotidiano e construa uma

visão de mundo. Isso porque, essas relações que estabelece com o outro

permitem que experimente sensações agradáveis ou desagradáveis. Ou seja, o

cuidado pode proporcionar trocas afetivas, inserção social e estimulação ou

permitir apenas ações automáticas, que contribuirão pouco para o

desenvolvimento infantil.

Os bebês são sujeitos, possuem uma história de vida e direitos que

precisam ser assegurados. Decorrentes dessa história e de características

individuais possuem uma maneira de se comunicar e por sua vez, seus

familiares trazem uma forma específica de acolher as suas necessidades. Com

isso, há a necessidade de se estabelecer um diálogo próximo com os familiares

e construir um espaço de educação coletivo que ao mesmo tempo respeite as

singularidades individuais.

A rotina dos berçários está permeada por sutilezas, como o tom de voz,

o toque e o aconchego e precisa estar atrelada a uma prática pedagógica

pautada na ludicidade, brincadeira, imaginação e fantasia. O acesso a diversas

linguagens (gestual, verbal, plástica, dramática, musical e outras) possibilitam

que o bebê por meio da exploração do espaço, do toque, da observação e da

experimentação possa se apropriar da cultura e da produção humana.

4. O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL

As instituições de educação infantil constituem-se em espaços

privilegiados para o desenvolvimento da linguagem das crianças. A interação

com adultos e com outras crianças favorece o acesso a diversos modelos

lingüísticos, elemento fundamental para que a criança se torne um usuário da

língua.

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A linguagem se expressa em dois domínios articulados: o oral e o

escrito, cada qual com estrutura e normas próprias, que gradativamente serão

aprendidos e utilizados pelas crianças, constituindo-se como ferramenta

dialógica para expressão de idéias e sentimentos.

Para que as crianças possam desenvolver a linguagem, precisam

estabelecer interações sociais e participar de situações comunicativas

variadas, que favoreçam a ampliação dos seus recursos expressivos, nas quais

tenham a oportunidade de falar e escutar, ler e escrever, desenhar e cantar.

Ao brincar, conversar, ouvir histórias as crianças percebem a função social da

linguagem e as formas de utilização da língua em diversos contextos.

Essas ações precisam ser planejadas e trabalhadas continuamente nas

instituições de educação infantil. Nesse sentido, cabe ao professor refletir sobre

os objetivos que pretende alcançar e planejar a organização do espaço, as

atividades e os recursos que irá utilizar, para que possa oferecer oportunidades

nas quais as crianças possam ampliar a sua capacidade comunicativa.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação

Infantil:

A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a fala de forma cada vez mais competente em diferentes contextos se dá na medida em que elas vivenciam experiências diversificadas e ricas envolvendo os diversos usos possíveis da linguagem oral. (BRASIL: 1998, p. 134).

O trabalho intencional e planejado com a linguagem precisa estar

presente desde as turmas de berçário, pois para que uma criança aprenda a

falar, precisa participar de situações dialógicas, precisa ouvir pessoas que

falem com ela e perto dela. Isso irá proporcionar não apenas o acesso a sons,

mas a motivação para que a criança se comunique. Como considera Rosseti-

Ferreira:

Falar e pensar, portanto, não se aprende sozinho, mas na interação com outros. Assim, falar sobre as coisas com os outros ajuda a criança a pensar sobre elas e a desenvolver sua linguagem e seu pensamento. Nesse processo, nós, educadores, devemos buscar ouvi-las e dar-lhes oportunidades para que, brincando, explorando e interagindo, construam sua própria linguagem, cada uma a seu tempo (2001: p.

83) .

A compreensão da linguagem ocorre antes da criança começar a falar,

pois o bebê é muito atento às expressões faciais, mudanças na entonação da

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voz, expressão corporal. Na relação com o bebê, muitas vezes estabelecemos

diálogos imaginários, nos quais falamos e respondemos por ele. Essa

experiência proporciona à criança estabelecer-se como falante antes mesmo

de ter adquirido a linguagem oral.

Nesse sentido, há que se considerar que a aquisição da linguagem

perpassa dois domínios: a produção, ou seja, a linguagem expressiva e a

compreensão, a linguagem receptiva.

O professor da educação infantil torna-se um modelo lingüístico para a

criança, não no sentido estreito de quem mecanicamente pronuncia sons e

palavras para que a criança repita, mas como aquele que empresta a sua voz,

que ajuda a criança a se comunicar, que atribui autonomia para as crianças e

cria um ambiente no qual as crianças possam dialogar em situações

significativas e variadas. Para tanto, precisa conhecer o desenvolvimento

infantil e interagir com as crianças, ajudando-as a interpretar e a ampliar as

possibilidades comunicativas.

As situações da rotina como o banho, trocas e a alimentação precisam

vir acompanhadas de fala orientadora, que tem a função de situar a criança

sobre o que está ocorrendo. Nas atividades rotineiras, quando o professor faz

comentários sobre os objetos utilizados, sobre as suas ações e sobre as

reações do bebê, fornece subsídios para que o bebê possa responder. E nessa

relação, o bebê manifesta-se com sorrisos, gestos, expressões faciais e

vocalizações que consistem em elementos pré-verbais, que são a base para a

aquisição da linguagem oral.

Dos elementos pré-verbais expressos pelo bebê destacam-se o choro e

o balbucio. O choro é o primeiro som que a criança expressa, provoca reações

nas pessoas, que interpretam e respondem (fome= alimento, sono=dormir),

consiste em um elemento essencial para o estabelecimento de relações com o

outro.

O balbucio é caracterizado pela emissão sonora de vogais e ocorre

aproximadamente no terceiro ou quarto mês do bebê. Aos seis meses o

balbucio assume um caráter diferenciado com a combinação de consoantes e

vogais. No início, o balbucio consiste na repetição de sons e não possui função

comunicativa, mas na medida em que o adulto fala com o bebê tende a

confirmar os sons emitidos e procura relacionar essas emissões com palavras

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que fazem sentido na nossa língua. Por exemplo, se o bebê emite o som “ma”,

a mãe prontamente complementa, falando “mamãe” e assim, repete, amplia e

significa.

As oportunidades de integração com crianças de outra faixa etária se

constituem em outro elemento significativo de troca comunicativa, no qual os

bebês ouvem e se expressam segundo as suas possibilidades. Essas

situações de integração também costumam ser muito apreciadas pelas

crianças maiores, que possuem a oportunidade de interagir, de cuidar das

crianças menores e de se comunicar com outros adultos.

Aproximadamente no primeiro ano de vida a criança emite a primeira

palavra, que normalmente está relacionada com algo cotidiano. Por volta dos

16 aos 20 meses há uma significativa ampliação do vocabulário, que possibilita

o uso dos recursos comunicativos pela criança dentro e fora da instituição de

educação infantil. O domínio crescente da linguagem permite que as crianças

possam estabelecer contatos, fazer pedidos, se comunicarem com adultos e

outras crianças, manifestarem desejos e necessidades.

Entre os 18 - 20 meses, aproximadamente, há o aparecimento da fase

teleférica, período em que a criança combina duas palavras com sentido de

frase (como por exemplo: “dá água”). Nessa fase a criança ainda não utiliza

artigos e nem preposições, mas mesmo assim do ponto de vista lingüístico

consegue produzir frases com sentido. Outro fato marcante nesse período é o

emprego do nome próprio, inicialmente manifesto pela criança na terceira

pessoa, pois se trata da forma como a criança ouve os outros se dirigirem a

ela.

Assim, a criança já desenvolveu as condições lingüísticas básicas de

seu desenvolvimento e segue ampliando as suas capacidades comunicativas.

Por volta dos 24 aos 30 meses esse desenvolvimento ocorre de forma notável

e a criança nos surpreende com muitas palavras novas, tanto que esse período

é denominado de “explosão vocabular”.

Em torno de dois anos e meio a criança já emprega frases de três

palavras, manifesta o reconhecimento e diferenças entre objetos e qualidades.

No entanto, até o terceiro ano estabelece conversas muito marcadas por

monólogos paralelos, daí a importância da atuação do professor para que as

crianças consigam estabelecer diálogos, em situações comunicativas diversas.

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É ainda, a partir do terceiro ano que a criança passa a utilizar estruturas

sintáticas e morfológicas. Com essa faixa etária, normalmente já aprendeu a

maioria dos fonemas e avança em seu desenvolvimento, com a aquisição de

normas gramaticais. Segundo Aimard (1998, p. 78)

Uma criança cuja linguagem se constrói normalmente é, aos três anos, um bom interlocutor, que pode formular quase tudo o que quer e que compreende as trocas essenciais da vida cotidiana. Progride a passos de gigante. Sabe repetir uma história que lhe foi contada ou que conhece por meio dos livros. Produz frases construídas, dispõe de muitas maneiras de fazer perguntas. Tem muitas coisas a dizer, possui mais palavras para fazê-lo, mais formas de administrar essas palavras, e essas formas são mais variadas.

Na medida em que a criança vai desenvolvendo a linguagem oral, passa

a diversificar as situações comunicativas, que podem proporcionar

o exercício de comportamentos humanos como o falar/ escutar, pedir,

responder, expressar necessidades e emoções, identificar, informar,

questionar, reclamar, duvidar, explicar e narrar.

Há também que se considerar a variação de contextos, que podem

variar em interpessoais, instrutivos, normativos e imaginativos. Como por

exemplo: preparar um recital de poemas para outras turmas, elaborar as

normas de um jogo construído pela turma, criar uma história, etc.

Essas experiências possibilitarão à criança constituir-se como membro

de uma comunidade de falantes, na qual estabelece relações, expressa-se e

desenvolve a sua linguagem num ambiente apropriado para o intercâmbio de

idéias e a expressão de sentimentos.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação

Infantil:

(...) Quanto mais as crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa (BRASIL: 1998).

Partindo da premissa de que a criança aprende a língua em práticas

sociais reais e significativas, há algumas situações de ensino-aprendizado que,

se bem conduzidas, favorecem o exercício da língua articulado com suas

funções e propósitos sociais.

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5. A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A leitura é uma prática social aprendida, bem como são aprendidos seus

modos de socialização e por isso é um dos grandes elementos de civilização

do ser humano.

Para Bakthin o ato de ler é um processo abrangente e altamente

complexo de compreensão sendo essa condição típica, essencial e singular do

homem: “a capacidade simbólica de interagir com o outro pela manifestação da

palavra” (BRANDÃO: 1997).

De acordo com a afirmação acima, é importante ressaltar que ler não é

unicamente decodificar símbolos gráficos, mais do que isso, é apropriar-se de

bens culturais humanos representados pelos signos e pelos instrumentos e

pela mediação do outro. Ou seja, é também encontrar-se com a cultura, a

política e a história humana por meio dos suportes sociais de leitura, sendo que

um desses é o livro.

Pelos motivos acima apontados defende-se, nesta Proposta Curricular, a

prática de leitura para todas as faixas etárias da Educação Infantil, pois é por

meio de um processo contínuo e acumulativo que as crianças vão se

apropriando dos instrumentos e signos da sociedade humana.

Defende-se ainda que as instituições de ensino, os CMEIS, são locais

socialmente destinados e fundamentais para que se dê início ao contato das

crianças com a leitura, uma vez que esta não deve ser compreendida apenas

como prática de decifração de um código, mas que esteja articulada a uma

prática social real e que considere a criança enquanto produtora de cultura.

Tal situação justifica amplamente a existência de práticas de leitura e

contação de histórias para as crianças dos CMEIS, para que constituam-se

cada vez mais em objeto de interesse para as crianças. Embora essas ainda

não codifiquem (escrevam ortograficamente) ou decodifiquem (combinem os

elementos do sistema de escrita alfabético), os CMEIS possuem um papel

crucial na formação de leitores e de usuários da escrita.

Sendo assim o que se pretende com as práticas de leitura e contação de

histórias para as crianças pequenas não é em absoluto, a “pré-escolarização”

da leitura, ou seja, a leitura apresentada às crianças por meio de práticas

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diversificadas e mediadas pelo professor não serve para ensinar a ler, no

sentido restrito da alfabetização e sim, para revelar a elas as possibilidades

poéticas de representação da realidade que são fundamentais para a

construção da autonomia oral e a apropriação de signos carregados de

simbologia.

Ler para crianças que ainda não decodificam (e mesmo para aquelas

que já o fazem) significa estabelecer contato, mediar a aproximação dessas

com o texto de domínio literário, principalmente no seu suporte mais usual, o

livro. Esta aproximação precisa, segundo Fronckwiak e Richter (2005, p.101)

considerar: “ [...] o valor das pausas, da alteração da voz, do jogo do ritmo e

das sensações que esses elementos poderão provocar no corpo da criança

que ouve.”

Ou seja, as ações mediadas pelo professor na iniciação da leitura para

os pequenos requerem momentos de comunhão e sintonia que ocorrem a partir

da escuta das sonoridades, do manuseio auxiliado ou autônomo de páginas, a

observação de imagens e ilustrações que são dimensões importantes e

interdependentes do ato de ler.

Outro dado importante é a clareza de que cabe, também à Educação

Infantil, a tarefa de formar leitores, não, como já foi afirmado, pelo viés da pré-

escolarização da leitura e sim do ponto de vista do percurso individual do

desenvolvimento instigado pelo professor uma vez que ele, por meio do ensino

das dimensões da leitura, levará a criança a perceber que é capaz de ouvir,

manipular, expressar e admirar as possibilidades simbólicas da palavra-

imagem lida (pelo professor) e ouvida, observada, manuseada (pela criança).

Para que as percepções e elaborações da criança sobre os suportes

sociais de leitura sejam transformadas em “desejo de contato com o livro e a

leitura” a imersão dessas num ambiente leitor é fundamental. As características

desse ambiente leitor são espaços organizados, suportes adequados à leitura e

mais importante, um professor-leitor ativo e capaz de seduzir as crianças para

a leitura servindo, figurativamente, como modelo a ser “imitado" pelos

pequenos.

O manuseio de livros pelas crianças possibilita que tenham o acesso a

esses suportes textuais, que possam observar as ilustrações, recontar as

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histórias para os colegas e que sintam-se motivados a aventurar-se no mundo

da leitura e da escrita.

Quando as crianças têm acesso a práticas de leitura pelo professor e de

manuseio de livros desenvolvem o comportamento leitor. O comportamento

leitor pode ser observado pela maneira como as crianças manipulam o objeto

livro e em posturas como: a escolha dos livros, opinião sobre as histórias lidas

ou contadas pelo professor, estabelecimento de relações e autonomia para

saber onde buscar as informações que quer encontrar.

Mesmo que a criança ainda não tenha o domínio do código alfabético

podemos observar que o comportamento leitor e os aprendizados manifestos

nessas posturas servirão como uma importante base para o aprendizado da

leitura e da escrita.

Para tal é importante que o professor conheça e acesse os instrumentos

criados pela sociedade humana como suporte para a leitura e, no caso, do

domínio literário, como já foi citado, esse suporte usual é o livro.

O livro é produto social e histórico e, ao mesmo tempo, comercializável.

É destinado, portanto, a públicos diferentes, sua venda e consumo possuem

intencionalidades diversas. Por esse motivo considera-se necessário que se

explicitem algumas funções desse suporte e de seus usos nas instituições de

Educação Infantil.

Os livros didáticos caracterizam-se pela sua utilidade, pretendem,

exclusivamente, transmitir conhecimentos e informações. São instrumentos

ligados ao ensino formal e escolarizado e necessitam de constante atualização,

uma vez que o conhecimento científico está em permanente transformação.

Muitas vezes, esses livros são utilizados nos CMEIS para a pesquisa, na

elaboração de Planos de Trabalho Docente e adequação de propostas de

trabalho para o aluno, nas diversas áreas do conhecimento.

Já os livros paradidáticos ou de apoio pedagógico, embora sejam

também prioritariamente utilitários, apresentam diferentes níveis de didatismo –

alguns possuem gêneros que se aproximam muito dos presentes no livro

didático enquanto outros procuram, por meio da narrativa, tratar de assuntos

ligados à Ética, à Filosofia, etc. São comuns também as abordagens nas áreas

da História, das Ciências Naturais, da Geografia, da Matemática. É importante

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salientar que esses suportes de leitura são produzidos sempre sob o ponto de

vista do conhecimento objetivo.

Os livros-brinquedo (“pop up”, de banho, de pano) caracterizam-se pela

valorização das imagens e pelas possibilidades de seu manuseio pelas

crianças. Nesse tipo de suporte a qualidade literária comumente é substituída

pelo colorido das páginas e seu formato sendo, portanto, atraentes para as

crianças menores. O contato das crianças com esse suporte é importante para

tornar o livro (atraente), embora não tenham como objetivo o trabalho com a

palavra-arte, ou seja, os objetivos desse tipo de livro não são literários.

Ao lado dos livros-brinquedo podem-se citar os “livros para crianças”:

nesses não há como nos livros-brinquedo, objetivos literários. São livros de

preço acessível, com ilustrações óbvias e textos com pouca ou nenhuma

qualidade poética. São ideais para que as crianças os manipulem e adquiram

com isso, o comportamento leitor, ou seja, aprendam a virar páginas em certa

ordem, seguir com o olhar o texto escrito e a ilustração, realizar “a leitura a seu

modo”, entre outros; fundamentais para o acesso inicial aos objetos portadores

de cultura escrita pela criança. É importante ressaltar que, para a leitura

realizada pelo professor para as crianças, esses livros não são recomendados.

Ao contrário das funções e objetivos dos livros didáticos e de apoio

pedagógico, cuja função é a de explicar (pelo viés da cognição), a leitura

literária, cujo suporte é o livro (nesse caso, os da Literatura Infantil), pretende

representar. De acordo com Aguiar (2007, p. 11)

[...] representar é também uma forma de lidar com o mundo, de conhecê-lo. O ser humano não é apenas aquele que explica o mundo, mas também aquele que o representa: que cria histórias, que vive, de certo modo, essas histórias, que absorve essas histórias em seu comportamento e em sua consciência de mundo – mesmo sem decifrar o enigma.

A literatura é, em termos e por comparação, uma arte (oposta à ciência),

elaborada por meio das palavras que se utiliza da ficção, tem motivação

estética, ou seja, não é utilitária; recorre ao discurso poético, e assim,

preocupa-se com a qualidade da linguagem em si (sua estrutura, seu ritmo, sua

sonoridade), bem como está ligada a voz pessoal do ouvinte-leitor e pode-se,

por meio dela, brincar com as palavras e reinventá-las.

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Sendo assim, todos os tipos de suporte para a leitura, brevemente

descritos, com suas funções diversas devem estar presentes no acervo dos

CMEIS e utilizados como instrumentos de leitura em práticas conduzidas e

planejadas pelo professor no intuito de formar leitores.

Defende-se nessa Proposta Curricular que o trabalho com os gêneros

do domínio literário, portanto que lidam com a linguagem simbólica, são

aqueles que adequam-se mais coerentemente a outra possibilidade de

formação do leitor pelo viés da leitura literária: a contação de histórias.

Para que se compreenda a importância dessa prática na Educação

Infantil – não apenas nela - é necessário recorrer, mais uma vez, a Vigotski e

seus pressupostos sobre a aprendizagem típica do ser humano que constitui-

se na relação deste com os signos e com os outros. Com base nessa premissa

é importante compreender a contação de histórias como um recurso

imprescindível para a aprendizagem, também, da leitura na infância.

O ato de contar histórias para crianças, nesse contexto, deve levar em

conta que os primeiros anos da vida de uma criança marcam um “mundo” de

possibilidades do aprendizado que sustentam em nível imediato e

posteriormente o desenvolvimento desta.

Sendo assim, compreendendo as aprendizagens específicas do ser

humano, é fundamental relembrar que, para que este se aproprie dos signos

que mediam o real-social, é necessário planejar e organizar atividades de fazer

partilhado e colaborativo entre as crianças e seus pares e entre o professor e

as crianças, pois é esse “fazer com e para a criança” que promove uma

aprendizado amplo e, por conseqüência, o desenvolvimento desta.

É importante compreender que a “hora do conto ou da história” é um

momento fundamental no trabalho com as crianças pequenas. Salienta-se,

mais uma vez que, entendendo-se os primeiros anos de vida como essenciais

no processo de aquisição e aperfeiçoamento da atenção voluntária, da

memória e do pensamento; a contação de histórias é extremamente válida

como ação de ensino-aprendizado para a criança pequena.

Conforme aponta Coelho (1986), as histórias podem ser contadas a

partir dos mais variados recursos: pela simples narrativa, com gravuras,

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interferência do narrador e ouvintes, teatro indireto (fantoches, dedoches, teatro

de sombras), entre outros. 5

A duração da narrativa é flexível e depende do envolvimento das

crianças, do tempo de convívio que estas tenham com essa atividade, com a

idade e fase do desenvolvimento destas. Por isso, o ato de contar histórias

deve ser sempre planejado pelo professor considerando as questões

apontadas anteriormente.

Nessa perspectiva, o êxito da contação de histórias depende, em grande

parte, do envolvimento de todos – narrador e ouvintes – sendo que ao

professor cabe observar e ouvir as crianças para com isso, fundamentar suas

escolhas, tanto das histórias a serem contadas, quanto do uso de recursos

para a contação.

Vale ressaltar que pela análise das práticas de contação realizadas o

professor pode por meio da “ação-reflexão-ação", aperfeiçoar-se como

contador de histórias e assim mediar, de forma lúdica, o contato da criança

com a palavra-arte, inserindo-a no domínio progressivo dos signos constituintes

da linguagem humana que é carregada de sentidos construídos histórica e

socialmente.

6. A ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A linguagem escrita é um sistema simbólico de representação da

realidade humana que, ao lado dos demais signos (a linguagem oral, os

gestos, o desenho, entre outros) possibilita o desenvolvimento de formas

sociais e históricas em indivíduos singulares. Ou seja, a escrita é aprendida

pelo indivíduo na sua forma sócio-histórica, sendo um “estímulo de segunda

ordem”, ou seja, envolve operações com signos, exigindo um elo intermediário

entre o estímulo e a resposta. Esse elo intermediário é um estímulo de

segunda ordem (signo). Vigotski afirma que o signo diferencia-se do

instrumento, pois, enquanto este traduz uma relação direta com o meio, o

primeiro cria uma relação indireta e mediada, agindo sobre as pessoas e não

sobre as coisas. Os signos – nesse caso o sistema de escrita – pressupõem

5 O Caderno de Subsídios de Leitura Literária, impresso e enviado aos CMEIS em 2011, pela

Coordenação da Área de Língua Portuguesa, da SMED-Piraquara descreve didaticamente algumas possibilidades de contação de histórias.

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elementos materiais, que servem de sinal e são estes que possibilitam as

formas humanas de comunicação, uma vez que todo o signo (e também o

sistema de escrita) possui significação e esta se constitui nas relações sociais

do homem, sendo objeto mediador no processo de apropriação da realidade

social. Segundo Aguiar (2005, p. 12-13)

Para nós, pode parecer banal que digitar algumas teclas do computador represente objetos e coisas do mundo que não estão presentes, ali no momento. [...] Mas podemos imaginar que nem sempre foi assim. Que, quando não conhecia a escrita o ser humano era limitado no tempo e no espaço, assim como a sua compreensão do mundo e a sua capacidade de se referir ao que não está à nossa frente, presente, e ao que não é concreto, material.

Ou seja, é por meio da aquisição da linguagem escrita que os resultados

do desenvolvimento histórico, científico e poético são apropriados pelas

crianças, pois como afirma GONTIJO (2001b, p.59) “[...] por meio da mediação

sígnica que possibilita as relações entre as pessoas e, ao mesmo tempo,

sintetiza, cristaliza as práticas sociais humanas, traduzidas em ideias, valores,

saber, fazer, tradições, etc.” De acordo com Baptista (2010, p.3)

Como sujeitos que aspiram a novos conhecimentos, as crianças enfrentam o desafio de compreender os signos, os símbolos e os complexos sistemas de representação que circulam socialmente, dar sentido a eles e deles se apropriar. Ao interagir com os diferentes signos e com os conhecimentos que circulam socialmente, a criança o faz sob a mediação dos seus saberes e das suas experiências infantis. Dessa articulação, nascem novos saberes, conhecimentos e experiências.

Com base nesses pressupostos, é importante destacar que Vigotski

entende que o domínio da linguagem escrita promove mudanças significativas

no desenvolvimento da criança e que esta aprendizagem difere da aquisição da

linguagem oral em muitos em muitos aspectos, por exemplo: no aprendizado

da escrita há ausência de sonoridade, do interlocutor; há necessidade,

também, de substituir palavras por imagens de palavras, recriação, entre

outros.

O autor aponta que esse momento modifica, na criança, o conjunto de

condições da linguagem falada e aparece uma nova tarefa – passar de uma

função, a fala que é uma produção social para a outra igualmente produto

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social: a escrita. Para Vigotski o uso da linguagem escrita, sendo simbolismo

de segunda ordem, exige uma relação diferente daquela realizada na produção

de textos orais. Segundo Vigotski (2001, p. 312- 313)

Na linguagem escrita nós mesmos somos forçados a criar a situação, ou melhor, a representá-la no pensamento. Em certo sentido, o emprego da linguagem escrita pressupõe uma relação basicamente diversa daquela observada na linguagem falada, requer um tratamento mais independente, mais arbitrário e mais livre da situação.

Sendo assim, compreender e produzir textos escritos exigem ações

voluntárias, uma vez que esse tipo de conhecimento segundo Smolka (2003:

p.61) “[...] se processa no jogo das representações sociais, de trocas

simbólicas, dos interesses circunstanciais e políticos; é permeado pelos usos,

pelas funções e pelas experiências sociais de linguagem e de interação verbal”.

Desse modo, se compreendemos a linguagem escrita como sistema

simbólico e sua produção como resultado de práticas sociais e históricas, é

imprescindível apontar o caráter do seu ensino nas instituições de Educação

Infantil, uma vez que a sistematização do sistema de escrita alfabético, não é

tarefa dessa modalidade da Educação Básica. A função essencial da instituição

escolar é a de introduzir a criança no universo da escrita e esse aspecto não

diz respeito meramente ao domínio do código, mas ao de possibilitar que a

criança possa utilizar a linguagem para satisfazer as necessidades individuais e

sociais.

É importante destacar que o acesso da criança a linguagem escrita não

inicia no momento em que passa a frequentar a instituição de educação infantil

e o processo de alfabetização não terminará nessa etapa.

Além de exercer influência na forma como a infância se constitui na sociedade contemporânea, de ser uma ferramenta fundamental para a inserção social da criança e de ser objeto de seu interesse, a linguagem escrita pode ser trabalhada por meio de estratégias de aprendizagem capazes de respeitar as características da infância. Para isso, o trabalho com a leitura e a escrita precisa ser coerente com o universo infantil, com a forma lúdica de a criança construir significados para o que faz, para o que vê e aquilo que experimenta. O direito de ter acesso ao mundo da linguagem escrita não pode descuidar do direito de ser criança- e há muitas maneiras de se respeitarem as duas coisas. (BAPTISTA: 2010, p. 14)

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Para a Educação Infantil as tarefas de ensino-aprendizagem da

linguagem escrita concentram-se no acesso e no convívio mediado com as

funções sociais dos gêneros textuais. Ou seja, para a criança pequena isso

representa o exercício de conhecer a escrita, as respectivas funções, as

diferentes organizações linguísticas e intenções de um dado gênero.

Tais ações de ensino ocorrem de forma mediada pelo professor, pois

ele é aquele que domina a escrita, exigência que não se aplica às crianças de

nenhuma das turmas da Educação Infantil. Para isso, é necessário reconhecer

que a escrita vai muito além da decodificação de um texto e que esta, na sua

função social precisa ser apresentada à criança pequena, por meio dos

gêneros textuais e sempre mediada pelo professor.

Assim, pode-se compreender que a prioridade para a Educação Infantil

é a linguagem escrita na sua função social, função essa que depende das

intenções de quem produz, da recepção do produtor/leitor, dos suportes e dos

gêneros textuais.

A presença da leitura e da escrita na educação infantil precisa vir

acompanhada de um propósito claro: a sua necessidade social e a organização

do cotidiano, pois só terá sentido para as crianças se estiver acompanhada de

função social. Nesse sentido, os cardápios, os bilhetes, as listas, a identificação

dos pertences, os quadros de rotina e aniversariantes, as produções de texto

oral com destino escrito e escrita coletiva cumprem essa finalidade.

Dessa forma, progressivamente a criança irá perceber as

especificidades da língua falada e da língua escrita, as características e

vocabulário próprios de cada uma delas e aos poucos irá compreender os

elementos necessários para que possa se expressar por escrito.

Nesse sentido, não é prioridade nessa modalidade ensinar-avaliar de

que modo uma criança escreve o código, como traça letras ou outros

elementos do conjunto de símbolos próprios do sistema de escrita, embora o

conhecimento desse código nas tentativas de representar os sons que

compõem a escrita da língua portuguesa possa ser um exercício de

experimentação para as crianças, sempre de modo contextualizado, mediado e

orientado pelo professor. Com isso, é importante que o professor esteja atento

e ouça as hipóteses das crianças, para que possa propor desafios e realizar

mediações que permitam que a criança avance em seu desenvolvimento.

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Há que se considerar, que o processo de aquisição da leitura e da

escrita perpassa pela dimensão individual e coletiva, já que esse conhecimento

é um produto social e histórico, que possibilita a organização, intercâmbio, a

circulação de informações, de valores e comportamentos.

No processo de aquisição da escrita, a escrita do nome próprio pela

criança exerce um papel primordial, pois o nome marca a singularidade, a

identificação de características próprias e o processo de diferenciação entre o

indivíduo e as outras pessoas com as quais convive no espaço coletivo.

O nome próprio traz uma grafia específica, traz uma história, um

significado, identifica e constitui sujeitos. Embora tenha tanta importância,

muitas vezes as crianças não são chamadas pelo nome ou possuem nomes

compostos que desconhecem, pois são chamadas apenas pelo primeiro nome.

É preciso que sejam chamadas e reconhecidas pelo nome, para que possam

identificar-se, reconhecer-se e a partir daí surge o interesse pela representação

escrita.

A escrita do nome constitui-se em importante avanço para a criança,

pois o nome é modelo estável de escrita, que permite que a criança possa

refletir acerca da escrita de outras palavras. O nome próprio oferece

referências para a criança, tais como a quantidade de letras, a variedade, a

posição, a ordem.

De acordo com Cortez e Tonello (2001) o trabalho com o nome próprio é

a base para a aprendizagem da leitura e da escrita, pois:

- Se constitui em um modelo estável, tanto do ponto de vista lingüístico,

quanto do ponto de vista gráfico;

- Se refere a um único objeto, o que elimina para a criança a

ambigüidade de interpretação;

- Possui um valor de verdade para a criança, pois se refere a uma

existência, a um sujeito e esse aspecto é compartilhado pelo emissor e

receptor;

- Possui a função clara de identificar sujeitos e marcar objetos.

Ao escrever o nome próprio, a criança reflete e aprende muito sobre o

funcionamento da escrita. Nesse processo, inicialmente parece imitar o

movimento e agilidade que observa no momento em que vê os adultos

escreverem e expressa isso fazendo movimentos de ziguezague e linhas

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contínuas. Depois passam a utilizar algumas letras, que fazem parte de seu

nome ou não necessariamente. Essas tentativas de escrita podem vir

acompanhadas de pseudoletras (ou seja, letras inventadas pela criança). Na

sequência, passa a refletir sobre a quantidade de letras que irá utilizar e a

excluir as letras que não pertencem a seu nome. Enfim, realiza diversas

reflexões e tentativas para que a escrita do nome seja consolidada.

Do mesmo modo, outras tentativas de escrita das crianças devem ser

valorizadas e mediadas sem, contudo, dedicar-se mais à forma do que ao

conteúdo do que é produzido. A ênfase deve ser, nessa fase, nos processos de

letramento dos sujeitos e não aos princípios da alfabetização (no sentido

restrito de domínio das formas gráficas e suas respectivas pautas sonoras).

Além das tentativas de escrita do nome pela criança, a partir das turmas

de Maternal, é importante que ocorram as produções de texto oral com destino

escrito. Ou seja, que sejam organizados momentos nos quais as crianças

relatam e o professor registre os textos produzidos pela turma. Esses textos

podem abordar diversos gêneros textuais, tais como: expressar saberes da

turma (como por exemplo, o que sabemos sobre o uso da tinta guache), para o

registro de um reconto de uma história, para a construção de uma enciclopédia,

para a escrita de um bilhete, para a elaboração de um convite, etc. Priorizando

como já foi afirmado, a função do gênero produzido e não os símbolos (letras,

grafemas, acentos, sinais gráficos) que o compõe.

É importante salientar que, como foi afirmado no início desse texto,

adquirir a escrita é adquirir um sistema simbólico de representação que não

deve substituir ou ser supervalorizado em detrimento de outras formas de

representação: fala, gesto, desenho, entre outros; pois estes são, ao lado da

escrita, signos possuidores de significado histórico e social.

O desafio da educação infantil não é o de ensinar a desenhar e juntar letras, e sim o de oferecer condições para que as crianças possam se desenvolver como pessoas plenas e de direito e, dessa maneira, poder participar criticamente da sociedade de cultura escrita. (BRITTO: 2005, p. 20)

É nesse sentido que se organizam os conteúdos desta Proposta

Curricular, bem como se elencam abaixo sugestões de situações de ensino-

aprendizado.

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7. CONTEÚDOS DE ENSINO-APRENDIZADO BERÇÁRIO (entre 04 meses e 1 ano)

OBJETIVO PRINCIPAL

CONTEÚDO SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZADO

Utilizar linguagem (oral, corporal) como forma de expressão e relação com o outro.

IDEIA DE REPRESENTAÇÃO: FALA, GESTO.

-Conversar com as crianças – nomeando objetos, ações, reações da mesma. (“Você está com sono?”), (“Cansou de ficar no berço?”), (“Escute a canção que a professora vai cantar!”) - Ouvir músicas e canções e cantá-las para as crianças (podendo utilizar brincadeiras cantadas, cantigas de ninar, músicas folclóricas, clássicas, entre outros). - Interagir com as crianças respondendo às expressões corporais e vocalizações das mesmas. -Identificar as necessidades e nomear sentimentos expressos pelas crianças (as crianças dessa faixa etária se expressam de maneira não verbal e o adulto nomeia e atende). - Falar com as crianças durante as brincadeiras, explorando os sons (onomatopéias). -Incentivar as crianças a utilizarem gestos convencionados socialmente (dar tchau, mover a cabeça para indicar o sim e o não). -Utilizar imagens e livros para nomear e identificar elementos (gravuras fixadas em diferentes espaços, livros de imagens, livros de banho, brinquedo, de pano, livros gigantes).

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- Ofertar livros para serem manipulados pelas crianças, desenvolvendo gradativamente o comportamento leitor. (livros de imagens, livros de banho, brinquedo, de pano, livros gigantes).

MATERNAL I (entre 1 e 2 anos)

OBJETIVO PRINCIPAL CONTEÚDO SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZADO

Ampliar gradativamente o domínio da linguagem oral como forma de representação-significação em situações comunicativas diversas.

IDEIA DE REPRESENTAÇÃO: FALA, GESTO. LEITURA PARA APREENSÃO DAS IDEIAS DO TEXTO OUVIDO/ OBSERVADO

-Conversar com as crianças nomeando objetos, ações e reações das mesmas. - Ouvir músicas e canções e cantá-las crianças (brincadeiras cantadas, cantigas de ninar, músicas folclóricas, clássicas, entre outros). - Interagir com as crianças respondendo as expressões corporais e vocalizações das mesmas. -Identificar as necessidades e nomear sentimentos expressos pelas crianças, interferindo para que essas possam resolvê-los por meio da linguagem (as crianças dessa faixa etária estão desenvolvendo o vocabulário e costumam utilizar mordidas e empurrões para resolver conflitos). - Expandir as

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possibilidades de exploração do nome próprio das crianças (por meio de brincadeiras, músicas e canções, chamada) auxiliando na formação da identidade e na interação entre as crianças. - Explorar com as crianças durante as brincadeiras, sons, onomatopéias, rimas e repetições. -Incentivar as crianças a utilizarem progressivamente a linguagem oral acompanhada de gestos convencionados socialmente. -Realizar diariamente a leitura de obras literárias (textos verbais e não verbais) adequados para essa faixa etária. - Ofertar livros para serem manipulados pelas crianças, desenvolvendo gradativamente o comportamento leitor e a leitura. -Proporcionar a opção de escolha de livros, desenvolvendo a autonomia, identidade e o gosto pela leitura. - Realizar a contação de histórias utilizando os recursos necessários para essa prática pedagógica (expressão facial, gestual,

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entonação de voz, entre outros). - Utilizar imagens em diferentes formatos (livros, gravuras para apreciação, quebra- cabeça, entre outros) para enriquecer as possibilidades de verbalização, percepção e simbolização da criança.

MATERNAL II (entre 2 e 3 anos)

OBJETIVO PRINCIPAL

CONTEÚDO SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZADO

Ampliar gradativamente o domínio da linguagem oral e as demais formas de representação-significação, em situações comunicativas diversas.

IDEIA DE REPRESENTAÇÃO: FALA, ESCRITA, DESENHO, GESTO, MODELAGEM. LEITURA PARA APREENSÃO DAS IDEIAS DO TEXTO OUVIDO/OBSERVADO.

-Incentivar as crianças a utilizarem progressivamente a linguagem oral para interagir com os adultos e demais crianças (expressar necessidades pessoais, fazer pedidos, brincar e jogar, relatar fatos do cotidiano, etc.). -Identificar as necessidades e nomear sentimentos expressos pelas crianças, interferindo para que essas possam resolvê-los por meio da linguagem (a criança possui sensações que muitas vezes ainda não consegue explicar, como por exemplo, está irritado, pois tem sono, está ansioso, pois quer lanchar, etc.). - Ouvir canções e cantar junto com as crianças (brincadeiras cantadas, cantigas de roda, músicas folclóricas, diversos ritmos musicais). -Expandir as possibilidades de exploração do nome próprio das crianças (por meio de brincadeiras, músicas, canções, chamada, entre outros)

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auxiliando na formação da identidade e na interação entre as crianças. -Propiciar a participação das crianças em situações significativas de leitura e escrita (leitura pelo professor, leitura pelas crianças ainda que não saibam ler convencionalmente, escrita pelo professor, escrita, ainda que de maneira não convencional, pela criança). - Contar histórias para as crianças e propor o reconto (por meio da linguagem oral e outras idéias de representação, tais como: desenho, modelagem, gesto, etc.). -Oportunizar práticas de leitura e contação de histórias para as crianças como fonte de fruição. - Participar de situações de diálogo no contexto da sala de aula e em outros contextos (rodas de conversa, conversa dirigida, entrevistas, etc.). - Proporcionar o acesso ao gênero poema (letras de canções, trava-línguas, quadrinhas, sonetos, poemas) que pela sonoridade e ludicidade podem ser memorizados e reproduzidos, mesmo que em parte, pelas crianças. - Realizar diariamente a leitura de obras literárias (textos verbais e não verbais) adequados para essa faixa etária. - Ofertar livros para serem manipulados pelas crianças, desenvolvendo gradativamente o comportamento leitor e a

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leitura. -Proporcionar a opção de escolha de livros, desenvolvendo a autonomia, identidade e o gosto pela leitura. - Realizar a contação de histórias utilizando os recursos necessários para essa prática pedagógica (expressão facial, gestual, entonação de voz, entre outros).

PRÉ I (entre 3 e 4 anos)

OBJETIVO PRINCIPAL

CONTEÚDO SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZADO

Ampliar gradativamente as possibilidades de uso da linguagem simbólica por meio de diversas representações.

IDEIA DE REPRESENTAÇÃO: FALA, ESCRITA, DESENHO, GESTO, MODELAGEM. LEITURA PARA APREENSÃO DAS IDEIAS DO TEXTO OUVIDO/OBSERVADO. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA CONJUNTO DE SÍMBOLOS PRÓPRIOS DA ESCRITA

-Incentivar as crianças a utilizarem progressivamente a linguagem oral para interagir com os adultos e demais crianças (expressar necessidades pessoais, fazer pedidos, brincar e jogar, relatar fatos do cotidiano, argumentar, etc.). -Auxiliar as crianças a nomear sentimentos, necessidades, argumentos, a tomar decisões por meio da linguagem. - Ouvir músicas e canções e cantá-las junto com as crianças (brincadeiras cantadas, cantigas de roda, músicas folclóricas, diversos ritmos musicais). -Expandir as possibilidades de exploração do nome próprio das crianças (por meio de brincadeiras, músicas, canções chamada) auxiliando na formação da identidade, na interação entre as crianças e no reconhecimento do conjunto

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de símbolos próprios da escrita. -Propiciar a participação das crianças em situações significativas de leitura e escrita (leitura pelo professor, leitura pelas crianças ainda que não saibam ler convencionalmente, escrita pelo professor, práticas de escrita – ainda que de forma não convencional - pela criança, elaboração coletiva de textos). - Contar histórias para as crianças e propor o reconto (por meio da linguagem oral e outras idéias de representação, tais como- desenho, modelagem, gesto, etc.). -Oportunizar práticas de leitura e contação de histórias para as crianças como fonte de fruição. - Participar de situações de diálogo no contexto da sala de aula e em outros contextos (rodas de conversa, conversa dirigida, entrevistas, etc.). - Proporcionar o acesso ao gênero poema (letras de canções, trava- línguas, quadrinhas) que pela sonoridade e ludicidade podem ser memorizados e reproduzidos, mesmo que em parte, pelas crianças. - Realizar diariamente a leitura de obras literárias (textos verbais e não verbais) adequados para essa faixa etária. - Ofertar livros para serem manipulados pelas crianças,

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desenvolvendo gradativamente o comportamento leitor e a leitura. -Proporcionar a opção de escolha de livros, desenvolvendo a autonomia, identidade e o gosto pela leitura. - Realizar a contação de histórias utilizando os recursos necessários para essa prática pedagógica (expressão facial, gestual, entonação de voz, entre outros).

PRÉ II (entre 4 e 5 anos)

OBJETIVO PRINCIPAL

CONTEÚDO SITUAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZADO

Ampliar gradativamente as possibilidades de uso da linguagem simbólica por meio de diversas representações.

IDÉIA DE REPRESENTAÇÃO: FALA, ESCRITA, DESENHO, GESTO, MODELAGEM. LEITURA PARA APREENSÃO DAS IDEIAS DO TEXTO OUVIDO/OBSERVADO. FUNCIONAMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA: CONJUNTO DE SÍMBOLOS PRÓPRIOS, DIREÇÃO E FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA.

- Incentivar as crianças a utilizarem progressivamente a linguagem oral para interagir com os adultos e demais crianças (expressar necessidades pessoais, fazer pedidos, brincar e jogar, relatar fatos do cotidiano, conversar sobre assuntos diversos, relatar experiências, trocar opiniões, fazer sugestões, etc). - Planejar atividades em conjunto, partilhando opiniões, modos de organização, fazendo sugestões, etc. (exemplo: aula de campo, organização de uma festividade, elaboração de regras de jogo, etc.). - Ouvir músicas e canções e cantá-las junto com as crianças (brincadeiras cantadas, cantigas de roda, musicas folclóricas, diversos ritmos musicais) mostrando à estas o gênero na sua forma escrita.

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-Expandir as possibilidades de exploração do nome próprio das crianças (por meio de brincadeiras com a sonoridade e a forma escrita) auxiliando na formação da identidade, na interação entre as crianças e no acesso aos signos da escrita. -Propiciar a participação das crianças em situações significativas de leitura e escrita (leitura pelo professor, leitura pelas crianças ainda que não saibam ler, escrita- ainda que de forma arbitrária pela criança). - Contar histórias para as crianças e propor o reconto (por meio da linguagem oral e outras idéias de representação, tais como: desenho, modelagem, reconto oral com registro escrito, conversa sobre os personagens e histórias que conhecem, opinar sobre as leituras, etc.). -Oportunizar práticas de leitura e contação de histórias para as crianças como fonte de fruição. - Participar de situações de diálogo no contexto da sala de aula e em outros contextos (rodas de conversa, conversa dirigida, entrevistas, debates, etc.). - Proporcionar o acesso ao gênero poema (letras de canções, trava- línguas, quadrinhas) que pela sonoridade e ludicidade podem ser memorizados e reproduzidos, mesmo que em parte, pelas crianças.

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- Possibilitar situações nas quais as crianças possam brincar com os significados e fazer associações entre as palavras, por meio de jogos e brincadeiras. - Proporcionar o acesso a outros gêneros textuais, tais como- bilhetes, cartazes, folhetos publicitários, convites, receitas, histórias em quadrinhos, etc. - Realizar diariamente a leitura de obras literárias (textos verbais e não verbais) adequados para essa faixa etária (nessa etapa é comum que as crianças interrompam a leitura para fazer perguntas, essas perguntas devem ser respondidas pelo professor e expressam o desenvolvimento cognitivo da criança). - Ofertar livros para serem manipulados pelas crianças, desenvolvendo gradativamente o comportamento leitor e a leitura. -Proporcionar a opção de escolha de livros, desenvolvendo a autonomia, identidade e o gosto pela leitura. - Realizar a contação de histórias utilizando os recursos necessários para essa prática pedagógica (expressão facial, gestual, entonação de voz, entre outros).

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