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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................. 4 2. A NATUREZA DO PENSAMENTO...............................5 2.1 LIGAÇÕES ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM.................5 2.2 COGNIÇÕES E EMOÇÕES...................................7 2.3 ELEMENTOS DO PENSAMENTO...............................7 2.3.1 O Pensamento é Imagem?..............................7 2.3.2 O Pensamento é ação?................................9 2.3.3 O Pensamento é Representação?.......................10 3. CONCEITOS: CONSTRUINDO BLOCOS DE PENSAMENTO............10 3.1 CATEGORIAS E EXEMPLOS.................................11 3.2 DEFININDO CATEGORIAS..................................11 3.2.1 Modelo Clássico.....................................11 3.2.2 Modelo Prototípico..................................12 3.3 O QUE AS CATEGORIAS REVELAM-NOS.......................12 3.4 RELAÇÕES ENTRE AS CATEGORIAS..........................12 4. PENSAMENTO DIRIGIDO....................................13 5. RACIOCÍNIO............................................. 13 5.1 COMPARAÇÃO COM PROTÓTIPOS.............................14 5.2 BUSCA DE EXEMPLOS.....................................15 5.3 DISPONIBILIDADE DE EXEMPLOS...........................15 5.4 CONSTRUÇÃO DE EXPLICAÇÕES.............................16 6. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS...................................16 6.1 IDENTIFICAÇÃO......................................... 17

Linguagem e Pensamento

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O presente trabalho apresenta de forma ampla o estudo da linguagem e do pensamento para compreensão do tema em psicologia.

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SUMRIO

1. INTRODUO4

2. A NATUREZA DO PENSAMENTO52.1 LIGAES ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM52.2 COGNIES E EMOES7 2.3 ELEMENTOS DO PENSAMENTO7 2.3.1 O Pensamento Imagem?7 2.3.2 O Pensamento ao?92.3.3 O Pensamento Representao?103. CONCEITOS: CONSTRUINDO BLOCOS DE PENSAMENTO10 3.1 CATEGORIAS E EXEMPLOS113.2 DEFININDO CATEGORIAS113.2.1 Modelo Clssico113.2.2 Modelo Prototpico123.3 O QUE AS CATEGORIAS REVELAM-NOS12 3.4 RELAES ENTRE AS CATEGORIAS12 4. PENSAMENTO DIRIGIDO13 5. RACIOCNIO135.1 COMPARAO COM PROTTIPOS145.2 BUSCA DE EXEMPLOS15 5.3 DISPONIBILIDADE DE EXEMPLOS15

5.4 CONSTRUO DE EXPLICAES166. SOLUO DE PROBLEMAS166.1 IDENTIFICAO176.2 PREPARAO17 6.2.1 Representaes Adequadas de Problemas17 6.2.2 Dificuldades na Representao de Problemas18 6.2.2.1 Dados Confusos e Limitaes186.2.2.2 Fatores Irrelevantes196.2.2.3 Informaes Incompletas19 6.3 SOLUO196.3.1 Estratgia do Teste de Gerao196.3.2 Anlise de Meios e Fins206.3.3 Imaginao206.3.4 Resoluo e Insight21 6.4 AVALIAO21 7. A NATUREZA DA LINGUAGEM21 7.1 FORMAS DE COMUNICAO227.2 A NATUREZA MUITO ESPECIAL DA LINGUAGEM237.2.1 Ordenao23 7.2.2 Significao247.2.3 Funo Social247.2.4 Criatividade257.3 ORGANIZAO DA LINGUAGEM257.4 ESTRUTURAS SUPERFICIAIS E SUBJACENTES26 8. FALA: PRODUZINDO E COMPREENDENDO-A27 8.1 PRODUZINDO A FALA27 8.2 COMPREENDENDO A FALA288.2.1 Empregando o Conhecimento e as Regras299. ADQUIRINDO A LINGUAGEM30 9.1 DE SONS PARA PALAVRAS309.2 DE PALAVRAS PARA SENTENAS329.3 UM PERODO SENSVEL PARA A LINGUAGEM?3310. EXPLICANDO A AQUISIO DA LINGUAGEM3410.1 TEORIA DE DISPOSITIVO DE AQUISIO DE LINGUAGEM34 10.2 TEORIA DA SOLUO DE PROBLEMAS35 10.3 TEORIA DO CONDICIONAMENTO37 10.4 UMA SNTESE3811. METACOGNIO38CONSIDERAES FINAIS40 REFERNCIAS411. INTRODUO

Apesar de o pensamento e linguagem tenham origem e percursos diferentes, se unem em determinado momento por haver uma necessidade do homem em comunicar-se. No entanto, a linguagem exerce a capacidade de organizar e generalizar o pensamento. importante frisar, que a palavra aquela que d corpo ao pensamento, e que ambas se modificam e se desenvolvem no decorrer dos tempos, dando significado ao pensamento e a linguagem.

No presente trabalho ser abordado o processo de Pensamento e Linguagem. Buscaremos esclarecer de maneira clara e concisa a compreenso das relaes entre pensamento e linguagem, demonstrando que embora exista essa ligao falaremos deles como se fossem distintos, enfatizando todo o processo que leva a formao dos mesmos.

2. A NATUREZA DO PENSAMENTONa vida cotidiana usamos a palavra "pensar" de variadas maneiras. O pensar em Penso que Berta jantar conosco hoje" transmite o significado de uma expectativa. "Estou pensando no fim de semana significa Estou sonhando com o fim de semana. O "pensar" em "Penso que Ari est certo significa "acredito". "Passei um tempo pensando nisso" transmite outro significado popular; "ponderar ou "raciocinar. Usamos essa palavra para substituir "lembrar" quando dizemos No consigo pensar no nome". Todas essas ilustraes sugerem que as pessoas usam a palavra pensar de forma muito generalizada para cobrir quase todos os processos mentais. Muitos psiclogos usam a palavra da mesma forma para se referir a uma ampla gama de funes mentais.

Os seres humanos passam grande parte da vida pensando. Na maior parte do tempo em que estamos acordados, ficamos atentos ao mundo externo. Categorizamos, comparamos, sintetizamos, analisamos e avaliamos medida que esquadrinhamos o contedo que nossos sentidos nos transmitem. Nas oito horas em que em geral estamos dormindo perdemos o contato com nosso meio. No obstante, h razo para acreditar que continuamos processando informaes. Alguns cientistas cognitivos consideram o ato de sonhar nada mais que um tipo especial de pensamento.

2.1 LIGAES ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEMNa realidade, todas as operaes cognitivas ateno, percepo, memria, pensamento e uso da linguagem - esto interconectadas. Considere o pensamento e a linguagem. Se voc no pode pensar, no consegue dominar um idioma. O mero uso de palavras uma conquista intelectual. Voc tem de representar algo - uma cadeira ou a tia Abigail, por exemplo - por meio de um som, uma imagem ou um sinal. O usurio de um idioma precisa entender regras, como aquelas que governam a juno de palavras. Alm disso, os usurios do idioma precisam aprender conceitos para poder falar sobre abstraes tais como similaridade, liberdade e beleza.

A linguagem, por sua vez, influencia o pensamento. As palavras atuam como taquigrafia para a experincia. Elas nos ajudam a contemplar o passado e o futuro, pessoas e objetos que no esto presentes, territrios que variam da sala vizinha a um continente distante e ideias abstratas.

O pensamento no requer a linguagem da forma pela qual a linguagem requer o pensamento. Investigaes das capacidades de bebs humanos e animais no humanos para a resoluo de problemas vm apoiar essa ideia.Da mesma forma que as palavras podem facilitar o pensamento, elas podem limit-lo. O linguista Beniamin Lee Whorf observou anos atrs que pessoas que falam o mesmo idioma tendem a construir os mesmos conceitos e a perceber significados semelhantes. A hiptese da relatividade lingustica de Whorf afirma que os conceitos das pessoas so limitados pela estrutura de seu idioma. Os fatos bsicos da vida no so simplesmente descobertas passadas adiante, mas invenes que so perpetuadas pela linguagem.

Poucas pessoas discordam da alegao de que a linguagem que dirige o pensamento delas quando a questo emocional. Se eu lhe disser que Helena uma "desmiolada", voc formar uma impresso dela. Se eu, ao contrrio, descrev-la como uma pessoa de espirito livre, voc formar uma imagem diferente. As palavras concentraram as suas concepes. mais difcil aceitar a alegao de que os princpios sobre tempo e espao e objetos so modelados pela linguagem. Corroboram esta ideia as anlises de acidentes feitas por Whorf para a seguradora que ele representava. Tome o exemplo do tambor de gasolina vazio que explodiu quando algum o usou como cinzeiro. Whorf raciocinou que o culpado rotulara o tambor de "vazio porque ele parecia vazio. A pessoa havia se tornado presa da metfora, ignorando os eflvios da gasolina.

Whorf reuniu tambm informaes de diferentes prticas de linguagem que poderiam modelar o pensamento em culturas diversas. Qualquer pessoa que use 12 palavras diferentes para tipos especficos de neve, como o caso de muitos esquims, est apta a pensar nas diferenas entre as nevadas. Dispondo apenas de umas poucas palavras para neve (lurry [neve acompanhada de vento] e sleet [neve acompanhada de chuva]), aqueles que falam a lngua inglesa tm menor probabilidade de notar diferenas. Da mesma forma, os hopis, que classificam suas experincias por seu tempo de durao, tendem a ter maior conscincia de durao do que os povos de lngua inglesa.

Embora todos os processos cognitivos estejam entrelaados, falaremos deles como se fossem distintos. Tenha em mente que os pesquisadores no podem isol-los, portanto nossos estudos simplesmente enfatizam um componente ou outro.2.2 COGNIES E EMOESAs cognies, alm de estarem mescladas entre si, esto ligadas a emoes ou afetos (Zajonc, 1980,1984). As percepes, por exemplo, esto frequentemente ligadas a afetos, embora possamos no estar conscientes disso. Como diz R. B. Zajonc (1980):

No vemos simplesmente "uma casa": vemos "uma casa bonita, "uma casa feia ou uma casa pretensiosa". No lemos simplesmente um artigo sobre mudana de atitude ou sobre dissonncia cognitiva ou sobre herbicidas. Lemos um "timo" artigo sobre mudana de atitude, um importante artigo sobre dissonncia cognitiva ou um artigo "insignificante" sobre herbicidas. E o mesmo se aplica ao pr-do-sol, a um raio, uma flor, onda, uma barata [...].

Pouqussimo conhecimento do objeto o bastante par despertar emoo. Gostar ou desgostar ou de alguma coisa tende a ser uma de nossas primeiras impresses. Podemos deixar de notar as caractersticas de uma pessoa recm-conhecida - se seu cabelo crespo ou se tem nariz grande ou se est usando um vestido vermelho. Mas uma das coisas que decerto notamos se nossa resposta positiva ou negativa. Exatamente o mesmo pode ser dito da memria. Embora esqueamos todos os detalhes da trama de um filme ou de um encontro com uma pessoa querida, quase certamente lembrarmo-nos da afetividade vivida, isto , se gostamos ou no.

Menos claro est se a emoo sempre acompanha atividades cognitivas como conceituao, raciocnio e soluo de problemas. Zajonc acredita que sim.2.3 ELEMENTOS DO PENSAMENTOO que est no centro do processo de pensamento?

Foram propostas trs ideias.

2.3.1 O Pensamento Imagem?Muitos cientistas cognitivos acreditam que as pessoas respondem a determinadas perguntas por meio da formao de algum tipo de imagem. Se estiver tentando descrever a aparncia fsica de seu pai, voc pode formar uma imagem visual. Se lhe pedissem para organizar um jantar, voc poderia imaginar se os sabores e aromas de brcolis e pimenta malagueta combinam. Da mesma forma, voc pode juntar mentalmente os sons caractersticos de uma banda de rock na tentativa de caracteriz-la.

Nossa pesquisa sugere que as pessoas tratam as imagens exatamente da mesma forma pela qual tratam as percepes. Roger Shepard e seus colaboradores (com Cooper, 1982, 1984) esto dentre os pioneiros da investigao da imaginao. Em uma srie de estudos, apresentaram-se alvos (dentre eles padres de pontos, rostos, sons musicais e odores diversos). Alguns participantes foram solicitados a formar imagens. Outros ficaram em contato com o alvo em si. Fosse na formao de imagem ou na percepo, as respostas das pessoas a perguntas sobre o alvo foram exatamente semelhantes. Estes e outros estudos conduzidos por Shepard e seus colaboradores de pesquisa sugerem que nossas imagens so muito detalhadas e assemelham-se a percepes.

Stephen Kosslyn (1983, 1985) e seus colaboradores demonstraram que imagens mentais so semelhantes a percepes em vrios aspectos. Da mesma forma que s podemos absorver uma quantidade limitada de informao visual em qualquer ponto do tempo, tambm nosso espao de imagem limitado. Em uma demonstrao desta ideia, Kosslyn fez com que os participantes de seu experimento, de nvel universitrio, imaginassem animais alinhados lado a lado. Kosslyn cronometrou ento o tempo que levavam para verificar detalhes. Por exemplo, eles foram solicitados a verificar se, no momento em que imaginaram um coelho ao lado de um elefante enorme ou ao lado de um mosquito minsculo, "o coelho tinha orelhas. Uma vez que elefantes ocupam tanto espao, os participantes s teriam espao para um coelho pequeno. Mas ao lado de um mosquito minsculo, eles poderiam colocar um coelho gigante. Conforme previsto, os participantes tomavam decises mais rapidamente quando o coelho era grande. Outros experimentos desse tipo sugerem que as pessoas mudam de um ponto para outro de uma imagem mental exatamente como se estivessem mudando os pontos de foco do olhar diante de um quadro ou objeto real.

Muitas tarefas problemticas podem ser resolvidas usando-se a imaginao ou a anlise, embora no necessariamente com a mesma facilidade. Se eu lhe perguntasse se pssaros tm orelhas, voc poderia visualizar um pssaro e verificar se ele tem orelhas ou consultar seu depsito de fatos. Kosslyn acredita que em geral usamos ambas as estratgias simultaneamente.

Embora alguns tipos de pensamento possam usar a imaginao, as imagens no so essenciais a todo e qualquer pensamento. Provavelmente voc no formar uma imagem se lhe pedirem para comparar dois governos ou para somar dois nmeros. Para muitas ideias - considere verdade ou justia, h poucas imagens apropriadas que poderiam ser usadas.2.3.2 O Pensamento ao?John Watson, fundador do behaviorismo, defendia que o pensamento em grande parte uma questo de ao, de conversar consigo mesmo silenciosamente. Quando as pessoas tentam resolver problemas lgicos ou aritmticos, os psiclogos observam que elas fazem pequenos movimentos com a lngua, a laringe e outras partes do aparelho da fala (Jacobson, 1932). Para comprovar o argumento, os cientistas cognitivos voltaram-se para os surdos. Quando eles resolvem problemas, os msculos dos dedos com que fazem sinais parecem estar ativos.

Mas os movimentos relacionados com a linguagem no podem ser necessrios para o pensamento. Pelo que sabemos animais no humanos no usam linguagem, mas certamente pensam em alguns casos, de modo arguto (Griffin, 1984; Roitblat Jane Goodall (1971) observou, por que os chimpanzs conceberam e passaram adiante uma sofisticada tecnologia para lavar a sujeira de batatas doces, tirar gua das rvores com a lngua e extrair cupins (uma iguaria) do solo.

Outros tipos de ao podem ser fundamentais ao pensamento? Frank McGuigan (1978) e colaboradores investigaram os processos fisiolgicos ativos quando as pessoas esto pensando. Enquanto os participantes resolviam problemas e executavam tarefas, o corpo todo mostrava grande atividade. O grupo de McGuigan concluiu que as pessoas pensam com o corpo inteiro.

Quando as crianas tentam encontrar a soluo para um problema complexo, frequentemente as observamos contorcendo-se muito, acenando com as mos, gesticulando e representando a resposta. Os adultos geralmente limitam seus movimentos a gestos aprovados: franzir o cenho, morder o lpis, coar a cabea. Todavia, h uma srie de situaes em que adultos comportam-se ativamente enquanto processam informaes. Para decifrar o que est ocorrendo em uma luta de boxe, muitos espectadores representam, no sof, suas prprias verses abreviadas - avanando, recuando e defendendo-se vigorosamente. Portanto, podemos concluir que a ao, como a imaginao, frequentemente acompanha o pensamento.

Podemos pensar sem agir? A resposta parece ser sim. Mesmo quando no h mais movimentos musculares, as pessoas relatam ainda estar pensando. O curare uma droga que paralisa todos os msculos do corpo, incluindo aqueles que controlam a respirao. Em um estudo ousado (Smith et al., 1947], o investigador recebeu uma injeo de curare e a ajuda necessria para manter-se vivo. Seus colaboradores fizeram-lhe perguntas enquanto ele estava sob a influncia da droga. A questo fundamental era: a atividade mental pararia? Quando terminaram os efeitos da droga, ele relatou ter sentido urna lucidez clara como o dia" ao longo de toda a sesso. E no s isso: tambm se lembrava de todas as perguntas que lhe haviam sido feitas. No ocorrera qualquer lapso discernvel em sua conscincia.2.3.3 O Pensamento Representao?O candidato mais atraente para o papel de componente bsico do pensamento a representao ou o conceito: uma ideia, desprovida de palavras e de imagens. Muito do pensamento envolve a representao de itens que no esto imediatamente presentes. Ao ponderar "Vou comprar kiwi" ou Gostaria de passar minhas frias em Roma" ou "Pode no dar certo", estamos representando atividades, objetos, eventos e abstraes. Sem jamais ter visto um kiwi ou Roma, podemos formar ideias a respeito. Frequentemente representamos inter-relaes, tais como "isto combina com aquilo" ou se isso, ento aquilo". Ao conversar ou escrever, compartilhamos nossos conceitos com outras pessoas.3. CONCEITOS: CONSTRUINDO BLOCOS DE PENSAMENTOUm dos tipos de conceito mais fceis de entender a categoria ou classe. As pessoas subdividem as coisas do mundo em categorias. Cadeias de fast-food, roupa suja, pssaros, animais e rvores so todos categorias. Nossas categorias abrangem uma ampla gama de itens: dentre eles, objetos concretos, seres vivos, abstraes como beleza e verdade, atividades como comer e brincar, e estados como de confuso ou irritao ou xtase. No decorrer de um dia normal, lidamos com o conceito de categoria. Estamos frequentemente tentando identificar como novas informaes entram nas categorias com as quais j estamos familiarizados (Knapp & Anderson, 1984).

3.1 CATEGORIAS E EXEMPLOSCada categoria composta de exemplos individuais. A categoria ser humano" inclui canadenses, americanos, rabes, lituanos e outros. A categoria animal inclui crocodilos, galos, tatus, porcos-espinhos, lhamas e assim por diante.

Um nico exemplo - digamos um canrio - pode pertencer a diversas categorias ao mesmo tempo. O canrio um ser vivo um pssaro e um bicho de estimao, por exemplo. Em outras palavras, algumas de nossas categorias justapem-se; por exemplo, minhoca e ser vivo, vesturio e roupa suja. Algumas categorias so mutuamente excludentes. O mesmo objeto no pode pertencer a determinadas categorias ao mesmo tempo. Rufus, o mascote da famlia, no pode pertencer a ambas as categorias de co e gato.

3.2 DEFININDO CATEGORIASHoje, os psiclogos acreditam que as pessoas utilizam-se de dois modelos clssico (exemplo) e prototpico - para categorizar. Podemos combinar aspectos dos dois modelos (Knapp E; Anderson, 1984).3.2.1 Modelo ClssicoO modela clssico afirma que todos os exemplos de uma categoria compartilham propriedades comuns que definem o conceito (Medin &. - Smith, 1984). Pesquisa recente sugere que as pessoas abordam tarefas de aprendizagem de conceito com teorias rudimentares sobre um ponto central definvel (Carey, 1982; Fried & Holyoak, 1984; Michalski, 1983). Se voc tivesse de categorizar uma coruja pela primeira vez, poderia rapidamente comparar o animal com sua noo de ave com base em caractersticas vistas em um grande nmero de pssaros; cantar; fazer ninho; ter bico e penas e ser bpede; passar muito tempo nas rvores. O modelo clssico , porm, muito criticado porque psiclogos filsofos e linguistas ainda no conseguiram atribuir caractersticas definidoras decisivas a muitas categorias.

3.2.2 Modelo PrototpicoEleanor Rosch (com Lloyd, 1978; Mervis & Rosch, 1981) e colaboradores tm sido particularmente ativos na investigao do modelo prototpico. Este modelo pressupe que as pessoas geralmente categorizam coisas examinando at que ponto algo ou algum se assemelha ao prottipo, o membro ideal da categoria em questo. O prottipo tem caractersticas comuns a outros objetos da categoria. Seu prottipo de ave pode ser algo como um pardal. Pardais voam, comem minhocas e fazem ninhos em rvores - qualidades estas comuns s aves.3.3 O QUE AS CATEGORIAS REVELAM-NOSO fato de sabermos qual a categoria de algo geralmente nos d uma srie de outras informaes. Se eu lhe disser Acabo de ganhar um filhote de gato, instantaneamente voc saber quais so algumas das categorias em que ele se enquadra algumas categorias em que ele poderia enquadrar-se e algumas categorias em que ele no pode se enquadrar. O gatinho um felino, um animal e um ser vivo. Poderia ser um amigo. Poderia ser persa. Poderia ser um animal de exposio e poderia ser um caador de ratos. De forma nenhuma ele pode ser uma planta, um morcego, um inseto ou uma pea de mobilirio.

Entender uma categoria significa conhecer as propriedades que so comuns maioria dos itens daquela categoria. Se eu lhe disser Descobri uma casa de ch tima, voc saber muitas coisas a respeito sem ter visto o lugar. Saber que h mesas e cadeiras, garons ou garonetes, cardpio e chs. Muito provavelmente haver brioches, croissants e pezinhos doces. Voc provavelmente no encontrar no cardpio semente de grama, rao para ces ou sufl.

Em geral, os conceitos permitem-nos ir alm da informao que est diante de ns. No precisamos entrar em contato direto com algo para que possamos ter muito conhecimento sobre. Esta capacidade fundamental para o pensamento.

3.4 RELAES ENTRE AS CATEGORIASAs pessoas no s sabem as propriedades das categorias, mas tambm entendem que as categorias esto inter-relacionadas. Alguns psiclogos descrevem essas relaes como uma hierarquia, um sistema no qual os membros esto posicionados um acima do outro, dependendo das classes a que pertencem (Keil, 1984; Mandler, 1983). 4. PENSAMENTO DIRIGIDO Como voc poderia plantar um total de dez cerejeiras em cinco fileiras de quatro rvores cada?

Quanto tempo voc deveria dedicar a fim de preparar-se para o exame final de ingls?

Daniel est preso em Guru. A porta tem mltiplas fechaduras. As paredes de concreto avanam trs andares abaixo do solo. O cho est imundo. A 2 metros acima h um espao em que surge um raio de luz do sol, por onde Daniel - ainda que esteja to emagrecido - passaria com muita dificuldade. Mas a cela est completamente vazia, de modo que no h algo em que possa subir e alcanar o vo. Certa noite. Daniel tem uma ideia. Ele comea a cavar, mesmo sabendo que impossvel fugir pelo tnel. Qual o plano de Daniel?

Quando analisamos perguntas como estas, temos um objetivo especifico em mente; queremos chegar a uma concluso definida. Os cientistas cognitivos chamam este tipo de atividade de pensamento dirigido. Exercemos controle sobre aquilo em que pensamos, em vez de deixarmos que a mente fique vagando. Nossas concluses podem ser avaliadas por padres externos. Dois processos relacionados ao pensamento dirigido: raciocnio e soluo de problemas.5. RACIOCNIOO raciocnio um processo no qual usamos vrias estratgias decisrias para responder a perguntas com preciso (Glass et al., 1979). Para perguntas extremamente fceis, como As rs so verdes?", as pessoas simplesmente recuperam informaes da memria, normalmente sem esforo algum. No caso de perguntas mais difceis, elas podem usar a lgica formal (Kruglanski et al., 1984). Quando algo novo para ns, somos particularmente propensos a ser lgicos (Norman, 1982). Na maior parte do tempo, porm, o ser humano utiliza atalhos. Os cientistas cognitivos acreditam que raciocinamos por exemplos e experincias (Kahneman S1 Tversky, 1982; Simon, 1983). As regras geralmente funcionam, mas podem levar a vieses significativos.

Por que as pessoas usam atalhos? Aparentemente, pela necessidade decorrente da natureza limitada de nossas memrias de curto prazo (Newell & Simon, 1972). Podemos manter apenas uma pequena quantidade de contedo na mente; at mesmo 7 bits de informao j demais para a maioria de ns. Portanto, desenvolvemos algumas prticas que funcionam bem na maior parte do tempo.5.1 COMPARAO COM PROTTIPOSAo usar uma estratgia de comparao com prottipos, as pessoas decidem se um determinado objeto membro de uma categoria especifica comparando-o com o prottipo da categoria. Suponha que eu lhe pergunte: Papagaio ave?". Provavelmente voc comparar aquilo que sabe das caractersticas do papagaio com os atributos de sua ave-prottipo: um pardal, digamos. Papagaios e pardais voam, tm bico e penas, pem ovos, fazem ninho e assim por diante. Uma vez que ambos tm muito em comum, voc concluiria que papagaio ave. Normalmente, as comparaes com prottipos so rpidas e automticas.

Quando as pessoas precisam tomar uma deciso rpida, parecem usar a comparao com prottipos. Tomamos uma ilustrao bastante divertida dos pesquisadores cognitivos [Glass et al., 1979) que pediram a um colega para responder rapidamente se todos os sapatos tm cordes. O homem respondeu Sim imediatamente, embora estivesse usando mocassim. Presumivelmente, o sapato-prottipo tem cordes. E presumivelmente o prottipo supera outras informaes quando raciocinamos rapidamente.

Usamos a estratgia de comparao com prottipos tambm em assuntos mais complexos. Suponha que voc estivesse se perguntando se passar gripe para seu amigo se passar o fim de semana juntos. Provavelmente voc pensar em experincias passadas que se assemelham situao em questo. Neste caso, voc examina situaes passadas de doenas posteriores a contato com pessoas doentes. Todas essas situaes passadas podem ser consideradas prottipos. No ms passado, sua irm pegou gripe logo depois de sua visita, (Voc pegou a gripe primeiro.) Quando seu colega de quarto estava gripado, voc acabou ficando tambm. Seu professor tossiu o ms de maro inteiro, mas voc estava timo. Como a situao corrente com seu amigo assemelha-se bastante aos prottipos de sua irm e do colega de quarto, provavelmente voc descartar o prottipo do professor.

Especialistas em geral parecem particularmente propensos ao uso rotineiro da estratgia de comparao com prottipos (Norman, 1982). Um mdico que est decidindo qual remdio receitar a um paciente X provavelmente no analisar os prs e contras de cada remdio, mas vai se recordar de casos similares e de seus resultados: quais remdios pareceram eficientes em problemas comparveis? Os novatos, por sua vez, utilizam-se da lgica formal at que tenham construdo experincia bastante para usar a abordagem de prottipos.5.2 BUSCA DE EXEMPLOSQuando as pessoas tentam verificar se uma determinada afirmao verdadeira, geralmente procuram exemplos e contraexemplos ou fazem uma busca de exemplos. Suponha que um professor diga: Todos os polticos so corruptos". Automaticamente voc pesquisar suas prprias experincias. Voc j conheceu algum poltico que parecia honesto? Em caso negativo, voc estar propenso a aceitar a afirmao.

5.3 DISPONIBILIDADE DE EXEMPLOSSuponha que eu pergunte: Quantos romances voc j leu neste ano?". Provavelmente voc ter uma resposta pronta e razoavelmente precisa em cerca de dez segundos. As pessoas parecem basear as respostas a esta pergunta na disponibilidade de exemplos, outra estratgia comum de raciocnio (Nisbett & Ross, 1980). Qual o grau de facilidade de recuperao de casos ou exemplos relevantes da categoria em questo? Alto, se a pesquisa for fcil, e baixo, se for difcil.

A estratgia de disponibilidade de exemplos ilustrada pela histria de um executivo do Estado de indiana que se gabava de que os habitantes desse estado contavam com muito mais astros e estrelas - na politica, nos esportes, em Hollywood e nos negcios. O executivo, como de resto ocorre com todos ns, ouviu falar muito dos sucessos locais e isso enviesou seu julgamento.

O impacto de eventos vividos demonstra tambm que a estratgia de busca de exemplos opera na vida cotidiana. Viagens areas, por exemplo, fazem muita gente lembrar-se de desastres. Portanto, se assim que os passageiros entrarem no avio, voc lhes perguntar sobre a probabilidade de um acidente, provavelmente eles diro que grande. Da mesma forma, as estimativas da probabilidade de ocorrncia de crimes aumentam depois que as pessoas assistem a filmes policiais na TV ou aps escutarem noticias sobre assassinatos.5.4 CONSTRUO DE EXPLICAESAs pessoas geralmente avaliam as probabilidades verificando se fcil construir explicaes causais ou cenrios. Ao tentar entender uma histria (que em geral tem muitos pontos obscuros), aparentemente avaliamos com que plausibilidade os eventos podem ser encadeados em um modelo de causa e efeito.

Suponha que voc esteja assistindo a uma comdia policial. O desajeitado heri do filme, um inspetor de polcia, vai dormir. De repente, escancaram a porta do quarto e algum grita e ataca o inspetor. Aps uma breve luta, surge a identidade do intruso: o empregado e companheiro do inspetor. Os dois homens param de lutar e a paz restaurada. Esta inslita sequncia de eventos fora o espectador a procurar uma conexo causal. Neste caso, voc poderia concluir que o empregado do inspetor est treinando seu chefe na prontido para o combate" de acordo com alguma combinao anterior qual voc no teve acesso.

A estratgia da deciso por explicao causal implica alguns problemas significativos (Kahneman & Tversky, 1982), Um deles que as pessoas acham difcil imaginar uma hiptese plausvel quando os eventos so complexos. Uma ilustrao bastante comum a conhecida sndrome do Pode acontecer com ele, mas no comigo". Adolescentes fumantes podem presumir que eles no vo desenvolver cncer de pulmo ou doena cardaca. Pensamento semelhante tm as pessoas que bebem e guiam, mas nunca sofreram um acidente.6. SOLUO DE PROBLEMASO ser humano est continuamente enfrentando problemas que vo desde os mais triviais at os mais importantes. O que vou usar? Ser que d tempo para ir at a biblioteca? Como conseguirei perder 5 quilos? Qual a minha vocao? Caso ou no caso? Resolvemos rapidamente os problemas fceis sem sequer perceber que so problemas. J questes mais complicadas podem nos absorver anos.

Durante a soluo de problemas, as pessoas tm um objetivo, enfrentam dificuldades e trabalham para superar os obstculos e atingir o objetivo (Vinacke, 1974). Embora a pesquisa de laboratrio revele modelos diversos do processo de soluo de problemas, a maioria deles compartilha de quatro elementos. Inicialmente, a pessoa que est resolvendo um problema identifica um desafio e prepara-se para ele. Trabalha para resolv-lo e depois avalia a soluo.

6.1 IDENTIFICAOProblemas podem surgir sozinhos ou as pessoas partem ativamente em busca deles. Encontrar um problema vlido para resolver parece ser um dos aspectos mais difceis da soluo criativa de problemas, Um escritor pode encontrar uma situao que merece ser explorada. Os cientistas precisam selecionar problemas de pesquisa que sejam significativos.

Quando dizemos que os problemas precisam ser vlidos, isto , que valham a pena ser resolvidos, estamos entrando em um contexto que envolve juzos de valor. Em qualquer ponto especfico da histria, as pessoas compartilham pressuposies de questes que valem a pena serem feitas, embora sejam difceis de formular. Hoje, por exemplo, poucas pessoas poderiam despender tempo em um assunto medieval clssico: quantos anjos podem danar na cabea de um alfinete?

Certas pessoas so mais propensas a procurar problemas, porem no sabemos por qu. Quando se perguntou a Albert Einstein como ele havia desenvolvido certos conceitos, ele respondeu que suas descobertas resultam de sua "incapacidade de entender o bvio".6.2 PREPARAOUm perodo de preparao, ou representao, geralmente sucede a identificao de um problema. Pode-se pensar nas representaes dos problemas como ideias gerais sobre como enfrentar um problema.6.2.1 Representaes Adequadas de ProblemasUma representao adequada a chave para entender um problema. As pessoas que esto tentando resolver um problema levam em conta quatro aspectos da situao [Glass et al., 1979): Qual a situao inicial? (Onde estou agora?) Qual o meu objetivo? (O que estou tentando fazer?) Quais so as limitaes, ou restries, daquilo que posso fazer? Que providncias ou operaes terei de executar do comeo at o objetivo final?

Considere agora um problema mais prtico; o de ser aprovado em um curso especialmente desafiador. Voc poderia atribuir sua dificuldade a qualquer uma dentre vrias condies: maus hbitos de estudo, preparo anterior insuficiente ou falta de aptido ou interesse. Cada possibilidade determina um diferente objetivo e diferentes operaes (cursos de ao). Novamente, o sucesso de seus esforos para soluo do problema depende da representao adequada do problema.

A fase de preparao para soluo de um problema requer pensamento intenso. Os psiclogos acham que pessoas que tm desempenho fraco em testes concebidos para medir capacidades intelectuais geralmente leem as instrues s por alto ou ignoram-nas completamente (Feuerstein & Jensen, 1980; Sternberg, 1982; Whimbey, 1980). Treinar a anlise de problemas geralmente melhora tanto os resultados dos testes de inteligncia quanto o desempenho acadmico.6.2.2 Dificuldades na Representao de ProblemasQuando voc tenta representar um problema, muitos obstculos podem surgir.6.2.2.1 Dados Confusos e LimitaesEm um problema bem definido, o ponto de partida, os objetivos, as limitaes e as operaes esto todos claros. Problemas simples de matemtica, como o do lpis e caderno, so tipicamente bem definidos. A informao fornecida est completa; o objetivo est definido. Voc s precisa saber matemtica. Na vida, os problemas tendem a ser muito menos definidos que isso. Considere um problema razoavelmente fcil; Que sobremesa teremos para o jantar? A informao dada no precisa. Eu poderia complement-la dizendo que pode ser o que est na geladeira ou na despensa, ou algo a ser comprado no supermercado ou na padaria, ou que eu mesma vou preparar alguma coisa. O objetivo ainda assim no est completamente claro. Talvez eu queira impressionar algum com uma sobremesa fina. Ou, se minha famlia est de dieta, posso querer servir algo com poucas calorias. Ou eu poderia estar mais interessada em algo saudvel. Sem um objetivo especfico, no posso comear a especificar as operaes.

Problemas criativos so menos definidos ainda. Suponha que voc decida escrever um conto. Os dados fornecidos so difceis de definir. Muitos escritores trabalham com os dados de suas prprias experincias, incluindo a imaginao e lembranas de livros lidos. Os objetivos tambm so obscuros. Qualquer histria serve. Ou voc s se sentir bem sucedido se o conto for publicado. Ou ento o conto dever ganhar o prmio Pulitzer.6.2.2.2 Fatores IrrelevantesProblema das meias. Na sua gaveta h meias cinza e pretas na razo de 4:5. Quantas meias voc ter de tirar para ter certeza de ficar com um nico par da mesma cor? Muitas pessoas ficam presas ideia da razo de 4:5, que irrelevante. Assim, ignoram o bvio. Se h somente meias cinza e pretas, em um grupo de trs, duas sero da mesma cor.6.2.2.3 Informaes IncompletasEm muitos testes de soluo de problemas, feitos em laboratrio, a parafernlia a ser usada para resolver o problema est toda l, ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Quando os elementos de um problema no esto simultaneamente presentes, a anlise fica prejudicada. As peas dos quebra-cabeas da vida real geralmente esto espalhadas uma aqui, outra acol. Um homem que se sente intranquilo, por exemplo, pode decidir mudar de emprego para resolver seu problema. Poucos meses depois, ele pode perceber que o verdadeiro problema era seu casamento.6.3 SOLUONo curso de tentarem solucionar, ou resolver, um problema, as pessoas geralmente planejam uma soluo, executam-na e verificam os resultados. Estas tarefas, que se misturam entre si, so normalmente chamadas de estratgias (Glass et al., 1979). Raramente os indivduos passam direto da estratgia para a soluo. Eles tipicamente adotam uma ttica pelo mximo de tempo possvel antes de mudar para uma nova ttica. Alm do raciocnio, as pessoas que esto resolvendo problemas frequentemente usam a estratgia do teste de gerao, da anlise de meios e fins e da imaginao.6.3.1 Estratgia do Teste de GeraoTente achar um legume ou verdura que comece com a letra C. Se conseguir observe-se resolvendo o problema. Provavelmente voc usar a estratgia do teste de gerao, inicialmente, voc gera solues possveis; neste caso, legumes e verduras como espinafre, ervilha, aspargo, cenoura. O passo seguinte testar cada possvel soluo para ver se funciona. Aps cada nome, voc pergunta: Comea com a letra C?". Voc pra de gerar itens assim que encontra um que passa no teste.

Quando geramos e testamos, exploramos a viabilidade de solues completas. Em muitos problemas, como palavras cruzadas, por exemplo, essa estratgia ineficiente. Quando voc preenche uma palavra correta, deu um passo para a soluo do problema inteiro. Seria tolice fazer primeiro todo o processo de gerao e depois todo o teste.6.3.2 Anlise de Meios e FinsDiante de um grande problema, as pessoas geralmente o subdividem. Depois elas trabalham em pequenos subproblemas, cada um com seu subobjetivo. Chamamos a esse processo de anlise de meios e fins. Os apreciadores de palavras cruzadas definem cada palavra como um objetivo parcial. O objetivo maior automaticamente atingido assim que forem atingidos todos os objetivos parciais.

6.3.3 ImaginaoOs psiclogos Roger Shepard (com Cooper, 1982) e Theresa Amabile (1983) reuniram descries de descobertas cientificas que dependeram da imaginao. Albert Einstein conseguia usar a imaginao para obter um melhor entendimento de algumas leis naturais fundamentais. Certa vez ele destacou que essa sua capacidade baseava-se em visualizar efeitos, consequncias e possibilidades" por meio de imagens mais ou menos claras que podem ser voluntariamente reproduzidas e combinadas". Nikola Tesla, que inventou o gerador de corrente alternada, disse que suas imagens de mquinas eram to detalhadas quanto qualquer projeto no papel. Ele testava suas mquinas imaginadas fazendo-as funcionar por semanas na mente, verificando periodicamente se apresentavam sinais de desgaste. James Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA, sentiu ocorrer-lhe subitamente uma perspectiva na forma de uma viso (de uma espiral dupla).

As pessoas usam a imaginao tambm para resolver problemas mais corriqueiros. 6.3.4 Resoluo e InsightResolver problemas s vezes depende antes de um insight do que de uma estratgia sistemtica. Robert Sternberg e Janet Davidson (1982) identificaram trs processos cognitivos amplos que levam a insights para problemas que envolvem desafio.

1. Codificao seletiva. A codificao seletiva ocorre quando percebemos um fato que no bvio, mas essencial para lidar com o problema. A codificao est ligada capacidade de pinar as informaes relevantes dentre informaes irrelevantes.

2. Combinao seletiva. Ocorre a combinao seletiva quando as pessoas descobrem que podem combinar elementos que no tm inter-relaes bvias.

3. Comparao seletiva. A comparao seletiva envolve detectar uma sutil relao entre informaes novas e antigas. Diante de imensos depsitos de conhecimento, difcil fazer a comparao certa. Descobrir modelos ou metforas em experincias anteriores pode proporcionar insights no dilema presente. 6.4 AVALIAONa soluo de problemas, as pessoas geralmente avaliam suas solues para verificar se de fato funcionam. Por vezes a avaliao ocorre durante a soluo do problema. s vezes (especialmente com problemas de imposto) a avaliao uma fase distinta.7. A NATUREZA DA LINGUAGEMVoltaremos agora nossa ateno a essa conquista tipicamente humana, a linguagem. Em todo o planeta, os seres humanos falam idiomas para comunicar seus pensamentos. Os 5.500 idiomas em uso em nosso planeta compartilham todos as mesmas caractersticas bsicas. Assim sendo, conquanto nos concentramos na lngua inglesa, o que dissermos aplica-se a outros idiomas tambm. Os psiclogos que estudam a linguagem so chamados de psicolinguistas. Eles se concentram em trs questes centrais:

1. Compreenso da Linguagem. Que processos mentais capacitam as pessoas a compreender o que as outras pessoas falam?

2. Produo da Linguagem. Que processos mentais capacitam as pessoas a falar o que falam?

3. Aquisio da Linguagem. Como as crianas desenvolvem ambas as habilidades?

Exploraremos os tpicos de todas essas reas7.1 FORMAS DE COMUNICAOA maioria dos animais comunica-se de forma reflexiva e proposital (Hebb, 1972). A comunicao reflexiva consiste em padres estereotipados que transmitem informao, mas no foram concebidos para tal finalidade. O ser humano chora naturalmente quando sente dor e sorri espontaneamente quando est feliz. Embora esses sinais forneam muita informao, no tem por finalidade a comunicao. A comunicao reflexiva comum entre os animais simples. Cadelas no cio secretam substncias qumicas que informam os machos de que esto prontas e desejosas de cruzar. A secreo informa tambm onde a fmea est.

A comunicao proposital tem por finalidade causar um efeito sobre o receptor da informao; e a resposta do receptor influencia a continuidade da comunicao. Os ces podem arreganhar os dentes e rosnar para atemorizar os inimigos. Se o adversrio intimida-se, o animal pra de se exibir; caso contrrio, o co pode intensificar o alerta de ataque. As pessoas usam gestos, expresses faciais, movimentos e sons para enviar muitas mensagens especficas. Alterando o tom da voz, voc pode expressar duas ideias diferentes com a mesma expresso, uma loucura. Voc pode dizer a frase entusiasticamente para expressar incrvel! Aquilo que me deixou muito feliz!, ou pode diz-la com sarcasmo para transmitir a mensagem Horrvel! Foi uma decepo!.

As lnguas ou idiomas so o tipo mais sofisticado de comunicao proposital. Elas sistematicamente relacionam smbolos (sons, letras ou sinais) com significados e fornecem regras para combinar e recombinar os smbolos. Conquanto todos os seres humanos utilizem idiomas, nenhum outro animal o faz naturalmente, pelo menos pelo que se sabe.

7.2 A NATUREZA MUITO ESPECIAL DA LINGUAGEMAs lnguas estruturam-se de modo ordenado, significativo, social e criativo (Gleitmari, 1981).7.2.1 OrdenaoSuponha que voc esteja escrevendo uma redao sobre perus. Poderia comear com a afirmao; "H perus de formas e tamanhos variados". Voc no comearia com Perus formas tamanhos.... As pessoas constroem sentenas de acordo com princpios gerais a que os linguistas denominam regras de gramtica. Este tipo de gramtica diferente daquele que aprendemos na escola. A gramtica escolar chamada de gramtica prescritiva ou normativa. Ela prescreve como devemos falar e escrever usando estilo apropriado e formao correta de sentenas. Por exemplo: evite gria; quando a empregar, use aspas,

As regras gramaticais prescritivas surgem quando, em uma cultura, um dialeto elevado para uso profissional ou literrio. Embora algumas pessoas aleguem que de certa forma os dialetos so mais bonitos ou melhores, impossvel sustentar tal alegao (Labov, 1970). No estamos discutindo o fato de que voc deva usar o dialeto-padro para circular vontade em meio aristocracia britnica ou publicar seus contos na Atlantic Monthly. Estamos dizendo que todas as lnguas e dialetos so igualmente regidos pelas mesmas regras.

A gramtica que interessa aos linguistas a gramtica descritiva, o conjunto de regras e princpios que informa as pessoas como criar e entender um nmero quase infinito de elocues em sua prpria lngua. Esta gramtica no pode ser descrita de forma completa nem tampouco ensinada. No obstante, todos ns aprendemos sem esforo suas leis e todos ns as usamos - independentemente do dialeto que falemos. por isso que distinguimos com tanta facilidade os agrupamentos de palavras que formam sentenas daqueles que no formam.

Embora ningum possa definir com preciso todas as regras descritivas aplicveis, ntido que todos ns as conhecemos desde a tenra idade. A linguista Jean Berko (1958) fomece-nos uma criativa demonstrao. Para mais de cem crianas de idades que variavam entre 4 e 7 anos ela exibiu figuras e pediu que completassem as sentenas. Alm do wug havia tambm um "niz", que tinha um chapu, e um homem que estava motting". Berko descobriu que as crianas aplicavam regras gramaticais a estas e outras palavras sem sentido.

Erros de fala comumente observados tambm demonstram que crianas pequenas usam regras gramaticais. Considere a supergeneralizao, a aplicao inadequada de regras. Crianas que aprenderam a formar o passado acrescentando uma terminao de verbo regular freqentemente falam cabeu", "dizeu" etc.

7.2.2 SignificaoA fala significativa. Muitas palavras referem-se a objetos e eventos. Cavalo refere-se a um animal quadrpede que pesa em tomo de meia tonelada e tem crina e um rabo comprido e balanante. Amarelo refere-se cor do canrio. At mesmo palavras desprovidas de referncias concretas (como preposies e abstraes) tm significados, embora sejam mais difceis de definir.

As combinaes de palavras transmitem significados mais complexos. A ordenao de palavras em sentenas essencial para a transmisso de pensamentos. Ratos atacam gatos" diz algo muito diferente de Gatos atacam ratos". Para decifrar o significado, as pessoas consideram os significados das palavras e a ordem das combinaes de palavras.

7.2.3 Funo SocialSe voc vivesse sozinho, provavelmente falaria muito menos do que fala. Muito do que as pessoas falam por razes sociais: para compartilhar informaes e ideias. Quando conversamos, seguimos regras sociais que aprendemos quando crianas: dentre elas, esperar sua vez, responder ativamente e adaptar afirmaes para O ouvinte (L C. Miller et al. , 1985; Shatz & Gelman, 1973). Se solicitado a "discursar" sobre a faculdade, voc falaria de uma forma para estudantes secundrios e de outra forma para estudantes de curso primrio. Para falar de maneira apropriada, aparentemente construmos perfis de nosso pblico-alvo, fazendo os ajustes adequados (Clark E1 Clark, 1977; Freed, 1980).

Ouvir um ato to social quanto falar. Para interpretar corretamente aquilo que o interlocutor diz, o ouvinte precisa analisar as circunstncias e necessidades do interlocutor. Suponha que tia Lcia diga: Voc pode me passar o po?". Voc reconhece imediatamente que ela no est inquirindo sobre sua capacidade de pegar a cesta de po e pass-la. Ela est dizendo: Quero a cesta de po". Nossas elocues tendem a deixar muito sem ser dito. Elas so compreensveis porque nossos interlocutores so capazes de inferir o significado de determinadas afirmaes.

7.2.4 Criatividades vezes as pessoas pensam na linguagem como algo semelhante a uma coleo de fitas. Palavras, frases e sentenas so ouvidas, praticadas, armazenadas e usadas mais tarde. Todavia, os seres humanos no so meras prateleiras de fitas que repetem o que foi gravado. Como define Roger Brown (com Herrnstein, 1975, p.447), "No rara a necessidade de criar frases [...]. Isso comum. Constantemente necessrio dizer s coisas que uma pessoa jamais ouviu precisamente na forma requerida e no e incomum a necessidade de dizer alguma coisa que pessoa alguma que fala a lngua jamais disse". Quando dizemos que a linguagem criativa, queremos dizer que a maioria das sentenas nova. Ao analisar 20.000 sentenas proferidas espontaneamente, James Deese (1984) descobriu que quase todas elas representavam isoladamente algum padro gramatical exclusivo. Certamente repetimos algumas frases, como, por exemplo, "Como vai voc?" e O que temos para o jantar?".

Podemos expressar esta ideia de forma um pouco diferente. Embora a linguagem seja padronizada, ela incrivelmente flexvel. O total aproximado de um milho de palavras da lngua inglesa pode ser combinado para formar mais de 100.000.000.000.000.000.000 de frases diferentes (Lindsay & Norman, 1977). Quem fala ingls consegue entender e pode falar a maioria delas. Mas no existe na face da Terra um meio de decor-las, ainda que durante um sculo se memorizasse uma nova frase a cada segundo.

7.3 ORGANIZAO DA LINGUAGEMPode-se pensar na linguagem como estando organizada em uma hierarquia. Na base da escada esto os sons bsicos, chamados fonemas, os blocos da construo. Os 45 fonemas da lngua inglesa incluem: sons de vogal (e", presente no pronome "me), sons de consoante ("sh, como em "ship"). Outras lnguas contm de 15 a 85 sons bsicos.

As lnguas combinam fonemas em unidades dotadas de significado, chamadas morfemas, o degrau seguinte na hierarquia. Os 100.000 morfemas da lngua inglesa incluem os radicais, os prefixos (un-, anti-", de") e os sufixos ("-able", "-ing". -ed", "s). Transformar fonemas em morfemas um processo definido por leis prprias, de modo que fcil reconhecer morfemas ilegtimos, tais como "btkry" ou "ftrlp.

Combinamos morfemas em palavras, o degrau seguinte na hierarquia. De novo, o processo segue leis definidas, de modo que sabemos o que e o que no uma palavra possvel. No Jogo Scrabble o jogador trapaceiro no poderia fazer pontos acrescentando ing a um substantivo, para formar gerbiling ou tomatoing porque conhecemos as regras at certo ponto.

Quase no topo da hierarquia esto s frases, definidas simplesmente como duas ou mais palavras dispostas de acordo com regras. E no topo esto as sentenas, formadas pelas frases. Regras sintticas regem a combinao de palavras em frases e sentenas. Uma vez que voc tenha escolhido uma palavra, as palavras que a seguem vo estar limitadas por essas regras. Tome a palavra 1. Voc no combinaria I" com "teacher", the ou happy. Em ingls, os verbos geralmente vm depois dos substantivos. Os adjetivos geralmente precedem os substantivos.

7.4 ESTRUTURAS SUPERFICIAIS E SUBJACENTESO brilhante linguista Noam Chomsky teoriza que todas as expresses vocais humanas operam em dois nveis estruturais distintos: superficial e subjacente. A estrutura superficial depende das frases precisas que expressam os pensamentos. A estrutura subjacente consiste de atitudes e pensamentos bsicos corporificados nas palavras.

As estruturas superficial e subjacente so caractersticas de outros atos mentais. As pessoas acrescentam muitos dados queles que so transmitidos por seus sentidos, para construir representaes acuradas do mundo externo. Aparentemente, combinamos informaes da estrutura subjacente com informaes da estrutura superficial. O mesmo princpio aplica-se memria. Geralmente nos lembramos da ideia subjacente e muito pouco dos detalhes superficiais.

8. FALA: PRODUZINDO E COMPREENDENDO-ANo campo da fala, voltamos a verificar hierarquias e regras.

8.1 PRODUZINDO A FALAComo os pensamentos so transformados em fala? James Deese (1984) estudou este tpico, gravando e analisando o que pessoas proferiam em seminrios universitrios, reunies de assembleias municipais e outros comits de trabalho. Deese observou que os palestrantes comeam com um plano geral cobrindo todas as ideias que desejam expressar; se assim no fosse, a fala seria uma confuso de livres associaes. De alguma forma, o plano determina no s a primeira sentena como tambm todas as outras. Quando falamos, de alguma forma no perdemos de vista aquilo que j foi dito e aquilo que resta dizer para que no nos repitamos. Alm disso, monitoramos os erros, os quais so comuns na fala espontnea, e corrigimo-nos espontaneamente. Autocorrees ocorriam em at 50% de todas as sentenas analisadas por Deese. As drogas tomam as pessoas menos propensas ao auto monitoramento cuidadoso e mais propensa a falar de maneira incongruente.

Certos erros na fala vm corroborar a hiptese de plano geral. Por vezes os oradores misturam duas ou mais construes gramaticais ou palavras, sugerindo que o plano da fala mudou no meio do caminho (Motley, 1985). Incios falsos (como Acho que... No, vamos colocar desta forma..."), que tambm so comuns, mostram que os planos mudam enquanto as pessoas falam.

Orador e ouvinte esto interessados na estrutura ou mensagem subjacente. Assim sendo, os ouvintes tendem a ignorar as pausas, a gramtica incorreta, as correes internas e coisas do gnero, a menos que esses problemas sejam extraordinariamente numerosos. Tanto na fala como na decifrao de sentenas, parece que nos lembramos ligeiramente da estrutura superficial. Os oradores retm precisamente aquilo que esto dizendo somente at descobrir como completar o pensamento. Ao falar, as pessoas usam sentenas curtas, provavelmente para evitar a sobrecarga da memria. Mais de 90% das 20.000 sentenas que Deese observou duraram menos de 10 segundos. Para referncia futura, armazenamos as ideias subjacentes.

8.2 COMPREENDENDO A FALADecifrar a fala to automtico que provavelmente voc no tem conscincia da real complexidade do processo. Por que deveria ser difcil entender o que as pessoas esto dizendo?

1. A fala desenvolve-se rapidamente. Quando ouvimos, temos de interpretar o que est sendo dito em um ritmo muito mais rpido do que quando lemos.

2. A fala est repleta de erros, correes internas e incios falsos. Aproximadamente 25% do discurso oral incorreto ou incompleto, em comparao aos 7% do discurso escrito (Deese, 1984).

3. A fala freqentemente ambgua ou pouco clara (Winograd, 1984). Algumas ambiguidades resultam da velocidade da fala. As pessoas falam cerca de 200 palavras por minuto. Uma vez que uma palavra mdia contm sete fonemas, os oradores esto pronunciando 1.400 fonemas por minuto. Para articular completamente cada fonema, necessrio 1/10 a 1/15 de segundo. Conseguiramos a completa articulao se estivssemos lidando com 600 a 900 fonemas. Mas como lidamos com quase o dobro, fonemas adjacentes sobrepem-se uns aos outros, confundindo-se. Assim, "l Scream" e facilmente ouvido como ice cream. Some ore" prontamente interpretado como some more". Por meio da gravao de conversas e da separao das palavras emendadas, lrving Pollack e James Pickett (1963) demonstraram que palavras faladas so ambguas. Quando os pesquisadores reproduziam as fitas com essas palavras encavaladas e pediam que as pessoas as identificassem, os ouvintes identificavam apenas cerca de 50% delas corretamente. No contexto da conversao, as mesmas palavras haviam sido identificadas.

A segmentao (isolamento das palavras de seu contexto da fala) apenas um de urna srie de fatores que contribuem para a ambiguidade da fala. Outro fator a pronncia modificada das palavras. Posso tanto dizer Como que est?" e "O que voc quer?" quanto Cum qui t?" e "O que c qu?". A estrutura profunda da elocuo tambm pode ser ambgua, conforme ilustrado pela afirmao "The chickens are ready to eat" (Os frangos esto prontos para comer), Tanto as aves podem estar prontas para se alimentar como o almoo de domingo que voc preparou pode estar pronto para ser servido.

8.2.1 Empregando o Conhecimento e as RegrasEm vista desses problemas, como as pessoas conseguem entender to bem a fala? A resposta est l atrs, no conhecimento e nas regras. Conhecemos as regras que regem a ordem das palavras (sintaxe), o significado das palavras (semntica) e os componentes de som da fala (fonologia).

No campo da fonologia, por exemplo, sabemos que certos padres de som no ocorrem em ingls. No comeo de uma sentena, voc poderia confundir This slim" com This limb. Mas voc no escutar This srock" quando algum disser This rock. Em algum nvel, todos ns sabemos que palavras em ingls no comeam com sr.

Quando deciframos a fala, recorremos a nosso conhecimento para preencher as lacunas, da mesma forma que na percepo visual. Em uma demonstrao dessa tendncia de preencher lacunas, as pessoas ouviram a sentena; Os governadores encontraram-se com os representantes do legislativo na capital do estado. (Warren, 1984; com Obusik, 1971). Quando os pesquisadores substituram o s" da palavra legislativo pelo som de tosse, os participantes da pesquisa no conseguiram dizer em que ponto da sentena havia ocorrido a tosse. Provavelmente eles haviam preenchido a lacuna do "s" e relegado tosse para segundo plano.

Frequentemente antecipamos o que ouviremos, como a pessoa inconveniente que termina as sentenas dos outros (Clark, 1983; Cole & Jakimic, 1980). Uma das pistas que usamos nosso conhecimento de combinaes provveis de sons. Se uma palavra comea com vam-", voc facilmente prev que ela terminar em "piro". Uma palavra comeando com "cran- tem a probabilidade de terminar com io". Outros sons iniciais podem ser combinados com tantas slabas diferentes que difcil de prever suas terminaes.

Nossa tendncia de preencher lacunas ajuda-nos tambm a entender os significados. Recorremos a redes de conhecimento para obter as informaes que so deixadas de fora, como neste exemplo: "Ir ao cinema com tia Edna era sempre meio traumtico. Ela insistia em levar a prpria pipoca, dava conselhos em voz alta para o heri da fita e ria sarcasticamente durante as cenas de amor" (Hayes, 1978, p. 172). Nosso esquema de cinema" nos permite entender quo irritante (ou cmica) a conduta de tia Edna.

Em resumo, a compreenso da fala um exerccio de soluo de problema, muito semelhante ao ato de tentar lembrar ou entender o tamanho real de um objeto (Marslen-Wilson & Welsh, 1978). Nos trs casos, temos pistas. No caso da percepo, h luz e sombra, textura, nvoa e coisas do gnero. No caso da memria, permanecem alguns fragmentos. Com a fala, temos os sons e conhecimentos de sons, gramtica e significado. Como a memria e a percepo, a compreenso da fala exige muita interpretao, embora no nos apercebamos de estar fazendo algum trabalho. Ao ouvir, aparentemente ativamos "palavras-candidatas" em busca de palavras que se coadunem com os fonemas iniciais falados. Eliminamos as candidatas que no atendem aos requisitos. medida que informaes adicionais sobre sons, contextos e significados tomam-se disponveis, continuamos a selecionar. O processo to rpido que frequentemente reconhecemos palavras e significados antes de o interlocutor acabar de falar.

9. ADQUIRINDO A LINGUAGEMEm tomo dos 5 anos de idade, crianas do mundo inteiro esto usando a mesma linguagem que os adultos que as rodeiam. Como isso ocorre? E por qu?

9.1 DE SONS PARA PALAVRASMuito antes de adquirir a linguagem, os bebs atentam fala e demonstram prontido para dela extrair informaes. Recm-nascidos viram a cabea em resposta a vozes (Brody et al., 1984). Com alguns dias de vida, eles sugam entusiasticamente um seio que no produz leite se o ato de sugar for recompensado por sons de vozes ou canes. Eles sugam com muito menos avidez para ouvir simplesmente msica instrumental (Butterfield & Siperstein, 1974). A audio dos bebs aguada. Com 1 ms de idade, um beb j distingue entre sons similares (Eimas, 1985).

Me e filho comeam a se comunicar sem palavras muito cedo, talvez durante as primeiras semanas de vida do beb. Quando o beb atenta me e depois a ignora, parece estar ocorrendo algum tipo de dilogo social. Com semanas de idade, o beb pode brincar de jogos de sorrir" com os pais. Aos 3 meses, os bebs j esto exercitando msculos, mandbulas, lngua, cordas vocais e lbios, como se estivessem explorando os sons que estes podem emitir (Oller, 1981).

Outro marco da vida do beb ocorre entre 6 e 8 meses, o balbucio. O balbucio mais estereotipado e rtmico do que as primeiras vocalizaes (Stark & Bond, 1983). No mundo inteiro, os bebs "balbuciam" os mesmos sons: em geral, sons que comeam com nasais, como m e n, ou com consoantes sozinhas, como "d", t ou b. Os bebs continuam balbuciando durante toda a segunda metade do primeiro ano de vida. Gradativamente, os sons que os bebs fazem comeam a se assemelhar, em tnica e tom, a linguagem daqueles que o cercam.

O balbucio surge no momento em que o beb est comeando a usar a voz para transmitir seus desejos. As primeiras tentativas de comunicar desejos geralmente envolvem olhar para o objeto desejado e chorar ou balbuciar e talvez gesticular (acenando, esticando o brao, apontando) (de Villiers & de Villiers, 1978; Lempert & Kinsbourne, 1985). Observe que a motivao subjacente da linguagem inicial- atrair a ateno de algum e obter algo 4 implica que os bebs j entendem conceitos. Eles devem saber que os objetos podem ser localizados e "possudos". Eles devem ver os adultos como um meio para chegar a um fim.

Os bebs conseguem emitir suas primeiras dez palavras lentamente, ao longo de um perodo de trs ou quatro meses, antes de atingir l meses de idade (Nelson, 1973). O vocabulrio inicial concreto e abrange tipicamente nomes de coisas que podem ser vistas, tocadas e levadas boca. mais provvel a representao de objetos mveis do que de estticos. O tamanho do vocabulrio inicial varia muito. Em tomo dos 2 anos, alguns bebs sabem centenas de palavras, ao passo que outros esto apenas comeando com 10 ou 20 palavras. Depois de aprendidas as primeiras 50 palavras (em torno dos 20 meses), o vocabulrio expande-se rapidamente. Aos 6 anos, uma criana de inteligncia mdia reconhece 13.000 palavras; aos 8, cerca de 28.000 (G. A. Miller, 1978).

O entendimento das primeiras palavras bastante limitado no princpio. Inicialmente, a linguagem no separada de um contexto social especifico (Lewis & Rosenblum, 1977). Um beb pode saber o que significa rosto se lhe pedirem que "lave o rosto", mas no conseguir apontar o prprio rosto. Alm disso, as primeiras palavras costumam ter significado geral. "Mm" pode aplicar-se a todas as mulheres. Gradualmente, os significados das palavras vo se estreitando at coincidirem com os significados adultos.

Embora os bebs usem somente palavras isoladas quando comeam a falar, parecem ter ideias completas na mente, um fenmeno chamado fala holofrstica. Pap pode significar "O papai est aqui", Venha aqui, papai ou Onde est o papai?", dependendo da situao. Muitas observaes fornecem a evidncia da ideia de que elocues de palavras isoladas so na realidade sentenas. Quando os bebs dizem uma palavra, s vezes gesticulam para completar o significado (Greenfield & Smith, 1976). Dizendo "dad", um beb pode se inclinar em direo a uma boneca, indicando "Eu quero a boneca. Mais persuasivo o fato de que bebs que falam palavras isoladas entendem a comunicao simples de diversas palavras (Moskowitz, 1978; Sachs E; Truswell, 1978). Um beb que ouve a frase "D um beijo na mame" pode fazer precisamente isso. Presumivelmente, a criana sabe algo da interligao de palavras de forma significativa.

Nossa discusso implica que a compreenso da fala e a produo da fala, dois processos que os oradores maduros coordenam, desenvolvem-se em ritmos diferentes (Clark, 1983). Onde h diferenas, o entendimento da fala - pelo menos parcial - parece vir primeiro.

9.2 DE PALAVRAS PARA SENTENASNo mundo inteiro, crianas de 18 a 30 meses comeam a combinar palavras. Combinaes de palavras provavelmente ajudam as crianas que esto dando os primeiros passos, as quais comeam a explorar seu meio e a comunicar novas observaes e ideias. O conhecimento sobre essas primeiras combinaes de palavras provm da pesquisa pioneira de Roger Brown (1972) e seus colaboradores. Eles estudaram trs crianas de classe mdia que acabavam de comear a juntar palavras em sentenas de duas ou trs palavras. Os pesquisadores visitavam os participantes do experimento a intervalos regulares e colhiam amostras de fala por meio de gravao ou anotao daquilo que era dito a cada criana e daquilo que cada uma delas dizia.

Superficialmente, as sentenas das crianas soavam como combinaes aleatrias de palavras, porm se revelavam legtimas e significativas, uma linguagem telegrfica. As crianas incluam substantivos, verbos e adjetivos na ordem correta, omitindo a maioria das outras formas de palavras (preposies, prefixos, sufixos, conjunes etc). A linguagem telegrfica era usada para numerosas finalidades, incluindo:

1. Identificar e nomear objetos (Sopa mame").

2. Pedir para repetir ("Mais suco").

3. Afirmar que algo no existe ("No sapato").

4. Expressar posse (Casaco papai).

5. Expressar localizao ("Blusa cadeira).

6. Indicar causas de uma ao ("Mame embora").

7. Indicar determinada qualidade ("Carro vermelho).

Crianas da classe operria tambm usam linguagem telegrfica (Miller, 1982).

Aos 2 anos e 6 meses, mais ou menos, as crianas ultrapassam as duas ou trs palavras. Gradativamente, elas comeam a completar as lacunas gramaticais e a aumentar suas sentenas. Aos 3 anos e meses, muitas j comeam a juntar duas a trs oraes subordinadas para formar sentenas complexas. Em qualquer campo da linguagem (digamos, formao de plural ou pronncia), as crianas dominam primeiro as regras gerais que so mais fceis de entender. Gradativamente, elas absorvem as regras dos detalhes. Para ilustrar, crianas que esto aprendendo a formar o passado simples de verbos regulares acrescentam o som da terminao "t" ("loored" olhou, helped ajudou). S mais tarde que elas adquirem as formas irregulares ("sang" cantou, "bought" comprou).

A pesquisa atual sugere que as diferenas nas taxas de aquisio de linguagem dependem tanto da hereditariedade como do ambiente (Hardy- Brown & Plomin, 1985; Roe et al., 1985). A aprendizagem rpida da linguagem est moderadamente correlacionada com a inteligncia parental e com a frequncia com que os pais imitam o que a criana diz. A ateno e o afeto dos pais (transmitidos pelo tom de voz) tambm esto ligados rpida aprendizagem da linguagem.

9.3 UM PERODO SENSVEL PARA A LINGUAGEM?Eric Lenneberg (1967) foi um dos primeiros psiclogos a falar sobre um perodo sensvel para a linguagem. Com perodo sensvel, queremos dizer um perodo relativamente breve de tempo quando a experincia tem um impacto particularmente substancial, sem similar antes ou depois. Para adquirir a linguagem, Lenneberg presumiu, a organizao do crebro precisa estar amadurecida e ser flexvel. Se somos muitos jovens (2 anos ou menos), o crebro carece da necessria maturidade. Se somos muito velhos (depois da puberdade), o crebro j est organizado.

Diversas fontes corroboram o perodo sensvel para a linguagem (entre os 2 anos e a puberdade). Uma delas so os estudos da aquisio de uma segunda lngua (Grosjean, 1982; McLaughlin, 1978). At a puberdade, absorvemos novas lnguas com relativa rapidez e falamos sem sotaque. Adultos que aprendem uma segunda lngua pela primeira vez geralmente aprendem com lentido e demonstram dificuldades com distines gramaticais sutis, pronncia e outros aspectos,

Estudo de casos de crianas pequenas vitima de graves maltratos, que no foram expostas linguagem, tambm vm corroborar a tese do perodo sensvel. Quando as autoridades descobrem essas crianas antes da puberdade e lhes do treinamento intensivo, as habilidades lingusticas so recuperadas (Davis, 1947). Naqueles tristes casos em que tais crianas s so resgatadas depois da puberdade, seu desenvolvimento lingustico muito pobre apesar de anos de rigoroso ensino (Curtiss, 1977, 1981).

10. EXPLICANDO A AQUISIO DA LINGUAGEMAnalisaremos agora trs explicaes concorrentes de como se adquire a linguagem.

10.1 TEORIA DE DISPOSITIVO DE AQUISIO DE LINGUAGEMO nome de Noam Chomsky (1957, 1975, 1983) associado teoria do dispositivo de aquisio de linguagem. (language-acquisition device - IAD). Em essncia, diz ela que as pessoas nascem com um equipamento mental (LAD) que lhes possibilita descobrir as regras para aglutinar sentenas aceitveis. As crianas so descritas como pequenos cientistas que testam suas hipteses quando expostos a uma determinada linguagem, descartando antigas e adotando novas quando necessrio.

Por que as pessoas precisam ser pr-programadas para lidar com princpios de linguagem? Chomsky alega que nosso conhecimento da linguagem to abstrato e to distante da experincia cotidiana que no pode ser inferido a partir de exemplos de fala. Quando crianas pequenas, ouvimos uma linguagem muito imperfeita. No obstante, construmos uma gramtica que nos diz o que uma sentena bem formada e como tais sentenas podem ser usadas e entendidas.

O ponto de vista de Chomsky tem muitos adeptos (Baker & McCarthy, 1981; Eimas, 1985). Alguns pesquisadores esto investigando a natureza do LAD (Clancy, 1984). Embora at o momento o EAD no seja entendido, poucos cientistas cognitivos questionam a ideia de que as pessoas tm uma propenso inata para a linguagem. H muitas observaes corroborativas:

1. Embora os detalhes variem a sequncia similar, no mundo todo, de fases na aquisio de linguagem sugere um mecanismo biolgico universal (Akiyama, 1984; Slobin, 1982).

2. A sensibilidade extremamente precoce do beb para a linguagem indica que nascemos com capacidades especiais de linguagem (Eimas, 1985).

3. O surgimento de capacidades lingusticas bsicas em bebs deficientes e retardados tambm um fator corroborativo (Goldin-Meadow, 1981; Goldin-Meadow & Mylander, 1983; Morehead & Ingram, 1976). Crianas surdas sem um histrico lingustico convencional, por exemplo, aprendem, sem qualquer treinamento, os princpios da combinao de sinais para expressar ideias.

4. A especializao dos aparatos humanos da fala e da respirao bem como do crebro coaduna-se com a ideia da existncia de sistemas inatos de processamento da linguagem.

5. Os esforos ativos da criana para dominar a linguagem fornecem evidncia adicional. As crianas so usurias entusisticas da linguagem e exercitam-na sem qualquer incitao. Os linguistas descobriram que as crianas falam muito consigo mesmas, como se estivessem praticando a linguagem (Kuczaj, 1983). Observe a repetio de negativas neste exemplo (Weir. 1962): No o cobertor amarelo/O branco/No preto/ amarelo/ amarelo/No o amarelo".

10.2 TEORIA DA SOLUO DE PROBLEMASUma implicao da ideia do LAD de Chomsky que as crianas adquirem a linguagem simplesmente por que a escutam. Mas h muito mais do que isso. A linguagem desenvolve-se no contexto das necessidades e dos desejos. Eleonara quer um biscoito. Laura quer brincar de ser jogada para o alto. O uso da linguagem uma forma de persuadir os outros a cooperar. Jerome Bruner (1978) foi um dos primeiros a propor que as crianas aprendem a se comunicar no contexto da soluo de problemas enquanto interagem com os pais.

Videoteipes de pares me-beb sugeriram a Bruner que os dois parceiros trabalhavam estreitamente juntos na aquisio da linguagem sem conscincia alguma daquilo que estavam fazendo. Quase em toda parte do mundo os pais comunicam-se em linguagem infantil (parentese ou motherese). Tal fala lenta, curta, repetitiva, em tom agudo. Exagerada, focada no aqui e agora, e simples em termos de som, vocabulrio, estrutura de sentenas e significado. Os partidrios da teoria da soluo de problemas veem a parentese como uma aula de linguagem. A entonao exagerada e aguda atrai a ateno da criana, marcando, ao mesmo tempo, aquilo que novo ou importante. A regularidade, as simplificaes e o foco no aqui e agora so apropriados capacidade cognitiva limitada da criana. Tipicamente, a parentese ajusta-se medida que os bebs adquirem novas competncias, mantendo-se em estreita sintonia. A linguagem consistente e fcil possibilita criana comear a extrair a estrutura da lngua e formular princpios gerais. O mesmo ocorre no contexto da ao conjunta, em que a parentese surge frequentemente. Nas aes conjuntas, adulto e beb concentram-se em um objeto. Depois, um deles representa ou vocaliza um comentrio sobre o objeto.

Os partidrios da teoria da soluo de problemas (como tambm os da teoria LAD) acreditam que as crianas usam um mtodo de teste de hipteses para deslindar as leis da linguagem (Clark, 1978). Eve Clark oferece este exemplo. Aps ter ouvido a palavra co pela primeira vez, um beb poderia formular a hiptese de que o som co aplica-se a objetos com cabea, corpo, quatro patas e cauda. Uma estratgia de compreenso poderia ser: "Aps ouvir a palavra "co", olhe ao redor e veja se h algo com cabea, corpo, quatro patas e cauda". Pelo fato de os adultos falarem com as crianas sobre o aqui e agora, uma estratgia de compreenso deste tipo funciona muito bem. Os bebs geram tambm estratgias de produo; Quando voc vir algo com cabea, corpo, quatro patas e cauda, diga co. Mais cedo ou mais tarde a criana encontrar problemas com vacas, cavalos e gatos, e ter de ajustar as estratgias. Com o tempo, as hipteses das crianas passam a coincidir com o uso adulto.

H considervel evidncia experimental a apoiar a teoria da soluo de problemas (de Villiers & de Villiers, 1978; Wanner & Gleitman, 1982). Pesquisadores descobriram, por exemplo, que as habilidades lingusticas progridem mais rpido quando as mes oferecem s crianas oportunidades de participar de conversas, tratam-nas como parceiras em um dilogo e usam sentenas apropriadas a suas competncias correntes (Chesnick et al., 1984).

10.3 TEORIA DO CONDICIONAMENTOO nome de B. F. Skinner est associado com a ideia de que as pessoas aprendem a linguagem exatamente da mesma forma pela qual aprendem comportamentos simples; por processos de condicionamento mecnico. Os partidrios da ideia de Skinner acreditam que as crianas imitam a linguagem que ouvem, Pouco a pouco, conforme as palavras vo sendo associadas a eventos, objetos ou aes, os bebs aprendem o que elas significam.

Os skinnerianos acreditam que a maior parte de nossas lies de linguagem provm das consequncias da fala. Em outras palavras, nossas lies de linguagem dependem de princpios do condicionamento operante. Aprendemos a usar a gramtica correta, a relatar com preciso, a fazer perguntas e a fazer pedidos porque: pedidos so atendidos, perguntas so respondidas. As pessoas ficam satisfeitas quando somos precisos e usamos corretamente a gramtica, e contrariadas quando ocorre o oposto. A linguagem generaliza-se como qualquer outro comportamento. Quando um ato repetidamente reforado, o ato em si toma-se reforador e sua probabilidade de ocorrncia aumenta. Se, por exemplo, informaes corretas so consistentemente recompensadas, a preciso torna-se agradvel e habitual.

Certas ideias de Skinner encontram fundamentao. A pesquisa sugere que os pais modelam palavras e frases e que as crianas imitam as palavras espontaneamente (Bloom et al., 1974; Miller, 1982; Moerk, 1983). Ademais, a estimulao precoce do tipo considerado importante pelos skinnerianos (modelagem de palavras e associao de palavras com objetos) apressa a aquisio normal da linguagem (Fowler & Swenson, 1979; Hardy-Brown & Plomin, 1985) e pode ser usada para treinar os mudos a falar (R. Epstein, 1981). H tambm alguma evidncia para a ideia de que os pais recompensam conquistas lingusticas (Moerk, 1983).

A explicao da aquisio da linguagem pela teoria do condicionamento no um sucesso incontestvel. Ela no oferece uma explicao aceitvel para a aprendizagem de regras. A questo que os bebs escutam sentenas muito diferentes. Porm, ao redor dos 5 anos, demonstram o domnio das mesmas regras. Se a imitao, a associao e o condicionamento fossem os principais determinantes da aprendizagem de regras, deveria haver mais variaes do que h na realidade. Tambm problemtico o fato de que os observadores raramente encontram pais que ensina gramtica (Braine, 1971; Brown & Hanlon. l970). Na verdade, tentativas deliberadas de ensinar crianas geralmente no do certo (Nelson, 1973). Os adeptos da teoria da soluo de problemas veem o ensino deliberado como contraproducente porque os pais concentram-se antes em superficialidades do que em hipteses errneas.

10.4 UMA SNTESEAs teorias de aquisio da linguagem que descrevemos abrangem diferentes aspectos do processo. Alguma faculdade pr-programada pela hereditariedade predispe as pessoas a achar a linguagem interessante, a ficar atenta e a formular hipteses sobre como ela funciona. Provavelmente adquirimos muito de nosso conhecimento da linguagem (especialmente dos princpios subjacentes) por meio do teste das hipteses enquanto interagimos com os pais. Provavelmente tambm aprendemos detalhes superficiais - como, por exemplo, palavras, significados iniciais, pronncia, regras sociais - por meio da imitao, associao e reforamento.

11. METACOGNIOAt certo ponto, os seres humanos tm conscincia de sua prpria cognio. Voc pode ter observado que aprende mais facilmente olhando do que ouvindo algo. Voc pode ter formado alguma opinio sobre sua memria comparada com a dos outros. Quando se v diante de algo, voc forma impresses sobre sua natureza: enfadonho? Fascinante? Fcil? Difcil? Sem dvida alguma voc tem suas estratgias para resolver problemas. Alm disso, voc monitora sua prpria linguagem. Todos esses tipos de conhecimentos sobre conhecimento so chamados de metacognio.

John Flavell (1977, 1980) foi pioneiro na reflexo e pesquisa sobre a metacognio. Uma das questes sobre as quais escreveu trata da razo pela qual as pessoas buscam conhecimentos sobre o conhecimento. Flavell responde que os animais que pensam, planejam, explicam e fazem previses - mas freqentemente erram Y sentem a necessidade de controlar e reger seu prprio pensamento.

As capacidades metacognitivas desenvolvem-se, ao que parece, gradativamente. Muito cedo, comeamos a monitorar nosso prprio progresso e a corrigir nossos erros (Brown et al., 1982, Clark & Clark. 1977). Vimos que as crianas, em seu primeiro ano de vida, praticam palavras que ouviram durante o dia. Crianas que esto comeando a andar trabalham ativamente para lembrar onde est um determinado brinquedo atraente. Crianas em idade de pr-escola tentam corrigir seus prprios erros de fala (Evans, 1985) e falam consigo mesmas sobre tarefas malogradas (planos e objetivos, por exemplo) (Fauenglass & Diaz, 1985). Conquanto haja menos evidncias da metacognio em adultos, h razes para acreditar que ns tambm estamos continuamente engajados no monitoramento de nossa vida mental (Lovelace, 1984; Maki & Berry, 1984). O monitoramento parece ser um aspecto "on-line e sempre presente do funcionamento intelectual humano (R. Gelman, 1983).

A pesquisa sobre metacognio fez emergir lies prticas (Forrest-Pressley et al., 1984; Leal et al., 1985). Indivduos com desempenho fraco na escola mostram s vezes pouca sofisticao metacognitiva. A possibilidade de desenvolver as capacidades metacognitivas foi mencionada quando falamos sobre programas para ensinar a soluo de problemas e sobre o pensamento. Por vezes, as pessoas so levadas a prestar ateno enquanto aprendem, para observar seus prprios processos mentais. Por vezes, elas pensam alto para mostrar como a mente delas funciona.

CONSIDERAES FINAISAo trmino do presente trabalho conclumos que a linguagem uma funo inata que permite ao indivduo simbolizar o seu pensamento e decodificar o pensamento do outro. Atravs dela facilita-se a troca de experincias e conhecimentos, interferindo na percepo da realidade. A sua origem resultado de um processo de socializao do ser humano, que estimulado pelo meio em que se vive, no qual ocorre a adequao dele e a transformao, proporcionando associaes das diferentes reas sensitivas, perceptivas e motoras.

O pensamento no se processa isoladamente, sendo influenciado por todas as outras capacidades cognitivas que o ser humano tem sua disponibilidade, nomeadamente a conscincia, a memria, a aprendizagem, a percepo e a linguagem. O pensamento no simplesmente expresso em palavras, por meio delas que ele passa a existir. Cada pensamento tende a relacionar alguma coisa com outra, a estabelecer uma relao entre as coisas. Cada pensamento se move, amadurece e se desenvolve, desempenha uma funo, soluciona um problema. Podemos dizer que o pensamento afeta a linguagem, que por sua vez afeta o pensamento num movimento relacional.REFERNCIASDAVIDOFF, Linda L. Introduo psicologia. 3. ed. So Paulo: Makron Books, 2001.PAGE