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Lisboa, 13 de Setembro de 2010

Joel Timóteo Ramos Pereira

Juiz de Direito de Círculo

Adjunto do Gabinete de Apoio do Conselho Superior da Magistratura

Quadro Legal da Regulamentação RodoviáriaQual a opção prevenção/sanção ?

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Quadro Legal Básico da Regulamentação

Rodoviária

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I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CÍVEL

CONTRA-ORDENACIONAL

PENAL

Responsabilidade civil decorrente de acidente de viação

Aplicação de coimas ou multas por violação das normas estradais

Aplicação de sanção criminal (prisão ou multa) por conduta criminosa

Além da regulamentação da instrução, sinalização rodoviária, das condições de transportes especiais, modelos de automóveis, sistemas, componentes e unidades técnicas, gestão e exploração da rede rodoviária, há 3 áreas fundamentais de intervenção “sancionatória”:

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I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CÍVEL

Responsabilidade por factos ilícitos

Artigo 487.º (incumbe ao lesado provar a culpa do autor da lesão)

Artigo 494.º (limitação da indemnização no caso de mera culpa)

Artigo 495.º (Indemnização a terceiros por morte ou lesão corporal)

Artigo 496.º (danos não patrimoniais)

Artigo 497.º (responsabilidade solidária e direito de regresso)

Artigo 498.º (prescrição: 3 anos)

Aplicação do Código Civil

Fundada na culpaculpa da produção do sinistro

Princípio geral:Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outremou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.(artigo 483.º do Código Civil)

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I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CÍVEL

Responsabilidade pelo risco

Artigo 500.º (responsabilidade comitente/comissário);

Artigo 503.º (acidentes causados por veículos)

Artigo 506.º (colisão de veículos)

Artigo 507.º (responsabilidade solidária)

Artigo 508.º (limites máximos da indemnização)

-São aplicáveis aos casos de responsabilidade pelo risco, na falta de preceitos legais em contrário, as disposições que regulam a responsabilidade por factos ilícitos.

Aplicação do Código Civil

Responsabilidade objectiva fundada no perigo especial próprio de certas coisas ou actividades, e que vincula quem as utiliza no seu interesse.

Mesmo um veículo parado pode dar origem a responsabilidade pelo risco

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I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CONTRA-ORDENACIONAL

Ultrapassagem proibida

Aplicação do Código da Estrada

Tipo

Grave 1 a 12 meses

Art.º 145.º, f) Art.º 41.º n.1 e 2 Art.º 147.º, n.º 2

Coima InibiçãoDescrição

€ 120 a € 600

Excesso de velocidade de veículos ligeiros

Tipo Coima InibiçãoDescrição (fora localidades)

Grave 1 a 12 meses€ 120 a 600> 30 ≤ 60 Km/h do limite máximo

Muito Grave 2 a 24 meses€ 300 a 1500> 60 ≤ 80 Km/h do limite máximo

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 27.º, n.º 2

n/a n/a€ 60 a 300< 30 km/h do limite máximo

Muito Grave 2 a 24 meses€ 500 a 2500> 80 Km/h do limite máximo

Art.º 145.º, n.º 1, al.b)

Art.º 146.º, al. i)

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I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CONTRA-ORDENACIONALAplicação do Código da Estrada

Utilização de luzes

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Muito Grave 2 a 24 meses€ 60 a 300Máximos a menos de 100 m de veículo que o precede

Muito Grave 2 a 24 meses€ 60 a 300Máximos durante a paragem ou detenção de marcha

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 61.º, n.º 5

Muito Grave 2 a 24 meses€ 60 a 300Utilização de máximos em cruzamento com encadeamento

Art.º 146.º, al. d)

Auto-Estradas

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Muito Grave 2 a 24 meses€ 500 a 2500Inversão do sentido de marcha (e trânsito em sentido oposto)

Muito Grave 2 a 24 meses€ 500 a 2500Marcha-atrás

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 72.º

Muito Grave 2 a 24 meses€ 250 a 1250Parar ou estacionar na faixa de rodagem

Art.º 146.º, al. a)

Grave 1 a 12 meses€ 120 a 600Paragem ou estacionamento em berma (ou no acesso)

Art.º 145.º, n.º 1, al. g)

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Art.º 146.º, al. l)

I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CONTRA-ORDENACIONALAplicação do Código da Estrada

Estacionamento

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 61.º, n.º 5

Grave 1 a 12 meses€ 60 a 300À noite, fora de localidade, na faixa de rodagem Art.º 146.º, al. d)

Desobediência a ordens das Autoridades

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 4.º, n.º 3

Muito Grave 2 a 24 meses€ 500 a 2500Desrespeito da ordem de parar por agente trânsito

Art.º 146.º, al. o)

Linha longitudinal contínua

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Art.º 147.º, n.º 2

Muito Grave 2 a 24 mesesTransposição de marca separadora de vias tráfego

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9Artigo 292.º do Cód. Penal

I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

CONTRA-ORDENACIONALAplicação do Código da Estrada

Condução sob influência de álcool ou estupefacientes

Tipo Coima InibiçãoDescrição

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 81.º, 5, al. a)

Grave 1 a 12 meses€ 250 a 1250Taxa álcool no sangue≥ 0,5 g/l < 0,8 g/l. Art.º 145.º, 1, al. l)

Art.º 147.º, n.º 2Art.º 81.º, 5, al. b)

Muito Grave 2 a 24 meses€ 500 a 2500Taxa álcool no sangue> 0,8 g/l < 1,2 g/l. Art.º 146.º, al. j)

PENALCódigo Penal

Condução sob influência de álcool ou estupefacientes

Pena Sanção AcessóriaDescrição

Art.º 69.º, n.º 1, al.a) do Cód. Penal

Inibição de conduzir de 3 meses a 3 anos

Prisão até 1 ano ouMulta até 120 dias

Taxa álcool no sangue> 1,2 gl/l

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Artigo 3.º, n.º 2 DL 2/98

I. Quadro Legal da Regulamentação Rodoviária

PENALDecreto-Lei n.º 2/98, de 3 de Janeiro

Condução sem habilitação legal

Pena Sanção AcessóriaDescrição

InaplicávelPrisão até 2 anos Multa até 240 dias

Condução na via pública sem habilitação legal

Condução sem habilitação legal e sob influência do álcool

Acórdão da Relação do Porto, de 14.04.2010Proc. 1189.9PAPVZ.1.ª

«Deve ser condenado também na pena acessória de proibição de conduzir, o condutor não habilitado que incorra na prática do crime de condução de veículo em estado de embriaguez, p. e p. pelos artigos 292.º n.º 1 e 69.º n.º1, al. a) do Código Penal».

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Qual a opção

prevenção sanção

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

A sinistralidade rodoviária tem na sua base diversos factores potenciadores

Um conceito relevante

Formação e Aprendizagem

• A formação teórica tem por desiderato a aprovação num exame e não com a aprendizagem das causas e consequências endógenas e exógenas dos sinistros.

1

Exemplos:

a) Forma de controlo dinâmico do veículo;

b) Perdas de controlo de veículos nas curvas;

c) Explicitação de formas de condução defensiva;

d) Conjugação das mudanças de direcção e do travão de pé nas alterações das condições climatéricas;

e) Conformação da condução com o formato da via e do raio mínimo absoluto das curvas.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Formação e Aprendizagem

• A formação prática, por regra, não treina os candidatos em situações adversas: défice das vias, das condições climatéricas ou de «provocação controlada» de embates, etc.

1

Exemplos:

a) Inexistência de prática para cálculo mental de situações de derrapagem e seu controlo;

b) Reduzida formação em práticas de condução defensiva;

c) Reduzida formação prática em técnicas de travagem;

d) Sujeição controlada a traçados onde se manifeste aceleração centrífuga acentuada e que permita ao condutor saber como actuar para controlo do veículo;

e) Inexistência de obrigatoriedade durante a formação, de condução nocturna ou em condições de menor visibilidade (muitos sinistros ocorrem precisamente na confluência destas situações).

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Factor Humano

• Desrespeito pela regulamentação estradal

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Exemplos:

a) Violação do determinado pela sinalização;

b) Desrespeito das regras de circulação e de prioridade;

c) Desrespeito pelos limites (máximos ou mínimos) de velocidade instantânea;

d) Ingestão de álcool, estupefacientes e outras substâncias psicotrópicas;

e) Violação das regras de ultrapassagem

f) Violação das regras de paragem e estacionamento.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Factor Humano

• Falta de civismo e bom senso (que também são violações estradais)

2

Exemplos:

a) Atitudes provocatórias no trânsito (perseguições, ultrapassagens forçadas, etc.);

b) Realização de outras acções além da condução (leituras, atendimento de telemóvel sem dispositivo de alta voz ou mãos-livres);

c) Mudanças cruzadas de faixa de rodagem;

d) Concessão de prioridade a terceiros em lugares de perigosidade acrescida (v.g., após a passagem de linha férrea, em cruzamentos com excessivo tráfego);

e) Distracção (em geral).

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Factor Humano

• Estado físico e psíquico

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• Outras situações de eventual criação de condicionamento humano

• Idade;• Cultura;

• Desconhecimento da língua em que a sinalética se encontra assinalada.

Exemplos:

a) Perturbação psíquica

b) Cansaço (stress);

c) Ergonomia e postura na condução;

d) Estados emotivos ou de ansiedade (necessidade de chegada a determinada hora).

e) Debilidade física e/ou cognitiva;

f) Reduzida experiência de condução (ou condução esporádica).

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Factor Veículo

• Estado geral do veículo

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a) Inspecções periódicas;

b) Manutenção: estado dos pneus, nível de óleo, líquido refrigerador, direcção, etc.

c) Estado de conservação;

d) Estabilidade;

e) Massa do veículo, distribuição do peso interior.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

Factor Estrada4

a) Deficiente ou indevida sinalização;

b) Mau estado da via;

c) Inexistência de homogeneidade de traçado;

d) Uso exagerado do raio mínimo absoluto;

e) Ausência de marcas rodoviárias nos pavimentos;

f) Obras permanentes e/ou sucessivas;

g) Pisos derrapantes ou sem absorção da água (pluviosidade);

h) Violação da segurança no critério da aceleração centrífuga;

i) Violação dos valores da sobreelevação;

j) Sucessão de imposição de velocidades instantâneas muito díspares;

k) Inexistência de bermas.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

O desiderato da prevenção1

Não há intervenções neutrasToda a actividade preventiva é ideologicamente orientada, pois envolve permanentemente questões de valores, determinados socialmente.

A ética comportamental subjacenteA ideologia que norteia explicitamente o rumo das intervenções programadas define os objectivos que se pretende atingir e dessa forma define a ética subjacente às acções idealizadas.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

Âmbito da prevenção2

Prevenção EducativaAs acções tomadas visam recomendar de forma activa comportamentos que convençam o indivíduo para uma atitude prudente e consciente para os perigos inerentes (v.g. acções de formação e educação orientada com exercícios)

Prevenção ConfrontativaExibição aos indivíduos da gravidade das consequências subjacentes à violação de normas gerais ou especiais (v.g., sensibilização com vídeos ou fotografias de acidentes, simulações de embate)

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

A sanção e a teoria do bem jurídico3

A dignidade do bem jurídicoO recurso ao direito sancionatório (contra-ordenacional ou penal) assenta na dignidade do bem jurídico a proteger, isto é, a existência de um consenso alargado da gravidade das lesões em causa e da necessidade da sua punição.

Incompatível com promoção de posturas éticasNão é função do direito sancionatório a promoção de posturas éticas perante interesses sociais específicos, pois àquele compete o condicionamento do comportamento externo dos indivíduos ao serviço exclusivo do respeito dos bens jurídico-penais e não a adesão a princípios éticos ou de consciência.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

A sanção e a defesa dos bens jurídicos4

A função simbólica do direitoMas se ao direito não cabe promover uma postura ética, poderá auscultar ou recolher uma determinada ética social, considerando a finalidade da aplicação das penas (ou sanções).

Possível funcionalização do bem jurídicoAssiste-se a uma legitimação dos bens jurídicos a partir de interesses que são elevados em nome de uma ordem social que se pretende ver instaurada, aferindo-se a relevância da lesão dos bens jurídicos pela danosidade social dos comportamentos.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

O fim das penas5

A finalidade na aplicação das penas pode ser:

DE RETRIBUIÇÃO:DE RETRIBUIÇÃO:

As penas são um mal que se impõe a alguém, por esse alguém ter praticado um crime: ideia de castigo.(esta doutrina não foi adoptada pelo direito português)

DE PREVENÇÃO:DE PREVENÇÃO:

a) Geral. As penas pretendem evitar que as pessoas em geral cometam infracções;

b) Especial. O direito penal, ao submeter um indivíduo a uma sanção por um crime que cometeu, pretende evitar que esse indivíduo volte a cometer crimes.

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

O fim das penas5

A Doutrina de Prevenção Especial

1) Salvaguarda a comunidade do infractor;1) Salvaguarda a comunidade do infractor;

2) Intimida o infractor com a sanção;2) Intimida o infractor com a sanção;

3) Pretende evitar a reincidência.3) Pretende evitar a reincidência.

Função PREVENTIVA UNIFICADORA (geral+especial)Função PREVENTIVA UNIFICADORA (geral+especial)

Tem por função a Tem por função a tutela necessária dos bens jurídicos:tutela necessária dos bens jurídicos:

- - Objectivo de ressociabilização do agente;Objectivo de ressociabilização do agente;

- Tendo por limite da pena, a culpa.- Tendo por limite da pena, a culpa.

O Sistema Português

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II. Qual a opção prevenção / sanção

ÉTICA COMPORTAMENTAL

Um conceito relevante

PREVENÇÃOEducativa

Confrontativa

Finalidade de evitar:

-Situação de Perigo/Risco- Infracção

Se esta ocorrer

Aplicação de

SANÇÃO

SISTEMA DEPREVENÇÃO

Geral Especial