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9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IML - Instituto Médico Legal CD - Cirurgião Dentista ATM - Articulação temporo mandibular CP - Código Penal

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS · cavidade bucal, nas áreas de competência do CD, e mostrar a necessidade de mantê-lo nos IMLs para avaliação e qualificação dessas lesões

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IML - Instituto Médico Legal CD - Cirurgião Dentista ATM - Articulação temporo mandibular CP - Código Penal

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RESUMO

Com o aumento generalizado da violência, os casos das agressões mostram

que a face é uma das regiões mais atingidas. As lesões dentárias também fazem

parte deste contexto e o cirurgião dentista é o profissional qualificado para avaliar as

lesões presentes em face e dentes. Em vista da necessidade de se tornar público a

necessidade da atuação do cirurgião-dentista (CD) nos Institutos Médico Legal

(IMLs) , o presente estudo buscou quantificar os exames de corpo de delito do

Instituto Médico Legal de Jaú, dando destaque as lesões sofridas na face e

cavidade bucal, nas áreas de competência do CD, e mostrar a necessidade de

mantê-lo nos IMLs para avaliação e qualificação dessas lesões. Desta forma foi

adotada como metodologia a coleta de dados junto aos exames de corpo de delito

realizados pelo IML de Jaú no ano de 2007, escolhidos aleatoriamente, totalizando

uma amostra de 111 laudos, e discutido os aspectos legais e éticos pertinentes ao

tema.Os resultados demonstraram que as lesões na face totalizaram 48,64%, sendo

que 51,35% atingiram outras regiões do corpo. Quanto ao órgão ou instrumento que

provocou a lesão, a maioria foi contundente com um percentual de 97,30% e quanto

ao tipo de lesão, as lesões leves lideraram com 88,29%, e quanto a formação dos

peritos todos eram médicos.

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ABSTRACT

With the generalized increase in violence, the aggressions cases show that

the face is more affected than the other bodies part. The dental injuries are also part of

this context and the dentist surgeon is the most qualified professional to evaluate the

injuries on the face and teeth. In needs of becoming public that it is necessary the

dentist surgeon action at Legal Medicine Department, in special the faces and the teeth

injuries, this assignment was done to show how important is to keep dentist surgeon at

this department in order to evaluate and to qualify the injuries. As methodology, it were

collect some pieces of informations about the bodies exams that were done in 2007 at

Legal Medicine Department in Jaú. It were chosen 111 findings randomly and it were

discussed the legal and ethical aspects of the subject. The results proved that face

injuries were 48,64% from the total and 51,35% of the rest injuries affected other bodies

part. About instruments, 97,30% of the injuries were provoked by blunt instruments and

88,29% were slight injuries. All the experts were doctors.

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1. INTRODUÇÃO

A violência tem crescido muito nos últimos anos. Acidentes de trânsito,

agressões são constantes pelos mais variados motivos como ingestão excessiva de

álcool, uso de drogas ilícitas entre outros. Em muitos desses casos lesão em face é

comum, assim como perdas dentárias.

Lesão corporal é toda ofensa causada à integridade do corpo humano. Essas

lesões necessitam de um exame chamado Corpo de Delito, pois há necessidade que

sejam avaliadas por profissionais para que caracterize os danos sofridos pela vítima.

Para Vanrell & Borborema (2007), lesões corporais são os vestígios deixados

pela transferência da energia externa ou energia vulnerante através de instrumentos ou

meios, e podem ser fugazes, temporários ou permanentes, ou também classificados

como superficiais ou profundos. Segundo os mesmos autores, o exame de corpo de

delito pode ser direto ou indireto, sendo o direto a perícia propriamente dita (lesão

corporal, autópsia, estupro, aborto, infanticídio) e exame de corpo de delito por via

indireta realizado através de ficha médica, prontuário médico-hospitalar e resultado de

exames complementares.

É muito importante que se faça um exato enquadramento legal, pois se esse

dano for corretamente classificado, a vítima pode ter direito à justa indenização e

fazer com que o agressor responda adequadamente pelo crime cometido, e o laudo

de exame de corpo de delito é geralmente o ponto de partida para uma ação civil de

reparação de dano.

De acordo com lei 5.081 de 24/08/1966, que regula o exercício da

odontologia no Brasil, no artigo 6, que diz, compete ao cirurgião dentista, inciso IV,

proceder a perícia odontolegal em foro civil, criminal, trabalhista e em sede

administrativa, e no inciso IX, utilizar, no exercício de perito odontólogo, em casos de

necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça (Brasil, 1988). Portanto o

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odontolegista é o profissional mais indicado para essa função, pois devido ao seu

conhecimento que abrange a odontologia e a parte legal saberá dar o real valor às

lesões.

A Resolução 63/2005 do Conselho Federal de Odontologia, no artigo 63,

explicita que a Odontologia Legal é a especialidade que pesquisa os fenômenos

psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem,

tanto vivo, morto, ossada e até mesmo fragmentos, vestígios, resultando lesões

parciais ou totais, tanto reversíveis como irreversíveis, e em seu parágrafo único, que a

atuação da odontologia Legal se restringe às áreas de competência do cirurgião

dentista, podendo estender-se a outras áreas se isso depender a busca da verdade, no

estrito interesse da justiça e administração.

O artigo 64, desta mesma Resolução, destaca as áreas de competência para

a atuação do especialista em Odontologia Legal, que são a identificação humana;

perícia em foro civil, criminal e trabalhista; em área administrativa; perícia, avaliação e

planejamento em infortunística; tanatologia forense; elaboração de autos, laudos,

pareceres, relatórios e atestados; traumatologia odonto-legal; balística forense; perícia

logística no vivo, morto, íntegro ou em fragmentos; perícia em vestígios correlatados,

como manchas ou líquidos vindos da cavidade bucal ou nela presentes; exames por

imagens para fins periciais; deontologia odontológica; orientação odonto-legal para o

exercício profissional e exames por imagens para fins odonto-legais. (Brasil 2005)

Ressalta-se que é necessário ter em mente que os dentes desempenham

uma tríplice função: mastigatória, estética e fonética para que se possa qualificá-las

corretamente.

Qualquer lesão que torne a aparência de uma pessoa diferente da que ela

possuía anteriormente a essa lesão, pode ser considerada como um dano estético,

sem falar nas crianças que terão ainda que conseguir um lugar na sociedade, às

vezes a partir desse dano. É necessária também a avaliação da função mastigatória,

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o quanto ela foi prejudicada, as necessidades calóricas de determinados

trabalhadores que necessitam de uma grande quantidade de calorias em sua

atividade laborial e com a mastigação comprometida podem vir a ter problemas.

Além da função estética, a função fonética pode ser comprometida com a perda de

dentes anteriores.

No quadro abaixo, Dueñas, in Beltran, apud Arbenz (1988), apresenta o

seguinte critério numérico.

PEÇA

DENTÁRIA

VALOR

ESTÉTICO

VALOR

FONÉTICO

VALOR

MASTIGATÓRIO

INCISIVO

CENTRAL

100 100 40

INCISIVO

LATERAL

90 90 40

CANINO 80 80 70

1º PRÉ-

MOLAR

70 50 60

2º PRÉ-

MOLAR

60 40 70

1º MOLAR 50 ____ 100

2º MOLAR 40 ____ 90

3º MOLAR ____ ____ ____

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Álvaro Dória, in Raimundo Rodrigues, apud Arbenz, propõe os seguintes

valores para a função estética, considerando 25% para cada hemiarco (o que totaliza

100% da função estética).

PEÇA DENTÁRIA FUNÇÃO ESTÉTICA

INCISIVO CENTRAL 6%

INCISIVO LATERAL 6%

CANINO 6%

1º PRÉ-MOLAR 5%

2º PRÉ- MOLAR 2%

1º MOLAR 0%

2º MOLAR 0%

3º MOLAR 0%

TOTAL 25% (X 4 hemiarcos = 100%)

Hentze, in Michellis, apud Penna (1994), propõe os seguintes valores para a

função mastigatória, considerando 25% para cada hemiarco (totalizando 100%).

PEÇA DENTÁRIA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA

INCISIVO CENTRAL 1%

INCISIVO LATERAL 1%

CANINO 2%

1º PRÉ-MOLAR 3%

2º PRÉ- MOLAR 3%

1º MOLAR 5%

2º MOLAR 5%

3º MOLAR 5%

TOTAL 25% (X 4 hemiarcos = 100%)

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Quando se considera o coeficiente de antagonismo como sendo um

percentual de perda em relação à função do dente que fica no sentido oposto,

reduzindo assim sua função, Moreira (in França 2004) propõe um coeficiente integral

para as lesões dos dentes chamado Índice Geral de Lesões Dentárias (IGLD).

Considera os terceiros molares, pois esses elementos, devido a novas tecnologias,

merecem destaque na preservação das arcadas dentárias e podem ser utilizados nos

casos de uso de próteses.

IGLD = 14423434 43432441

24423433 33432442

Torna-se necessário analisar corretamente as fraturas e disjunções crânio-

faciais que podem causar um dano direto, indireto, mediato ou imediato e descrever os

danos que serão temporários e os que serão permanentes é de extrema importância.

Mesmo que seja feita uma reabilitação protética é preciso ter em mente que

um dente artificial ou mesmo desvitalizado nunca será igual a um dente natural, isso faz

com que o dano não seja totalmente reparado.

Diante do exposto é necessário que se conheça os critérios ideais para a

avaliação das lesões, tanto no seu diagnóstico, como também a classificação, nexo

causal e enquadramento legal, sendo que qualquer falha, pode prejudicar tanto o

processo como as partes envolvidas.

As lesões de natureza grave, de acordo com o Código Penal (CP) (1940),

artigo 129, são aquelas que resultam (I) em incapacidade para as ocupações habituais

por mais de 30 dias; (II) perigo de vida; (III) debilidade permanente de membro sentido

ou função; (IV) aceleração do parto; e gravíssima se resultam em (I) incapacidade

permanente para o trabalho; (II) enfermidade incurável; (III) perda ou inutilização de

membro, sentido ou função, (IV) deformidade permanente ou (V) aborto.

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Ainda no CP, Parte Especial, Título I Dos Crimes Contra a Pessoa, Capítulo II

Das Lesões Corporais, artigo 129, diz que ofender a integridade corporal ou a saúde de

outrem, a pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, e conforme a Lei nº 9.099/95, em

seu artigo 88, a instauração de inquérito policial e a ação penal dependem da

representação da vítima, sendo que em Lesão Corporal de Natureza Grave, a pena é

de reclusão de 1 a 5 anos, na Lesão Corporal de Natureza Gravíssima, é de reclusão

de 2 a 5 anos e na Lesão Corporal Seguida de Morte, a pena é de reclusão de 4 a 12

anos. Segundo Mirabete (2004) manteve-se na reforma penal a distinção, agora quase

puramente formal, das penas de reclusão e detenção, espécies de penas privativas de

liberdade previstas no Código Penal(CP).

Quanto à diminuição da pena, o artigo 129 do CP no § 4º, diz que se o agente

comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio

de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir

a pena de um sexto a um terço. A substituição de pena, no § 5º, diz que o juiz, não

sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa nos

seguintes casos, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo anterior ou se as

lesões são recíprocas. Se a lesão corporal é culposa a pena é detenção de 2 meses a 1

ano, de acordo com o Código Penal.

Sobre o aumento de pena, ainda o artigo 129 do CP, no § 7º diz que a pena

aumenta-se de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do artigo 121, § 4º, que diz,

no homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de

inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, e ainda no § 8º, artigo 129,

diz que aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do artigo 121 que diz na hipótese

de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da

infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne

desnecessária.

Na violência doméstica, o Código Penal, artigo 129, § 9º diz se a lesão for

praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com

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quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações

domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, a pena é detenção de 3 meses a 3

anos.

O Código Penal, artigo 129, ainda diz em seu § 10 que nos casos previstos

nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,

aumenta-se à pena em 1/3 (um terço) e no § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a

pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de

deficiência.

Desta forma, no presente estudo realizou-se uma análise nos laudos dos

exames de corpo de delito do IML de Jaú, realizados no ano de 2007, escolhidos

aleatoriamente.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Para Introna (1964), um dano estético em uma criança, um adolescente e até

mesmo um adulto jovem, a reparação deve ser maior que no adulto, pois sua inclusão

na sociedade se tornará mais difícil a partir desse dano e que as lesões dentárias são

de difícil avaliação. Destaca ainda a função mastigatória dos dentes como essencial à

nutrição devido à apreensão, laceração, insalivação, trituração e assimilação dos

alimentos, portanto fundamental na função digestiva e de absorção. Com a perda de

um incisivo central o prejuízo mastigatório será na apreensão e corte dos alimentos e

esse prejuízo será maior nos casos onde ocorre a perda de molares, mas ressalta que

a função mastigatória não é específica dos dentes, os lábios, a língua, músculos da

face, músculos mastigatórios, articulação temporo-mandibular (ATM), mandíbula e

maxila também desempenham papel importante nessa função. O autor conclui que

quando existe um déficit funcional dos músculos da mastigação e da mímica

caracteriza-se dano estético e de fonação.

Tommasini (1964) afirma que deveriam construir parâmetros móveis para

valorizar a redução da capacidade mastigatória. Existem tabelas onde a necessidade

calórica está relacionada às diversas atividades de trabalho. Destaca ainda que

próteses fixas e móveis não tornam a vítima apta à mastigação, pois dentes artificiais,

desvitalizados não possuem o mesmo valor funcional e de durabilidade que dentes

naturais.

Montagna et al.(1966) destacam a dificuldade em estabelecer um correto

diagnóstico e prognóstico das lesões dentárias, o que é de suma importância no

enquadramento legal, pois na maioria das vezes o exame não é realizado por

odontolegistas.

Um experimento realizado por Huelke & Harger (1969) sobre o

comportamento dos tecidos duros da face durante um trauma onde utilizaram um

pêndulo para realizar as fraturas e aplicaram diferentes intensidades de força e vindas

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de diferentes direções, mostraram que as forças de tensão são mais comumente

envolvida na maior partes das fraturas faciais.

De acordo com Almeida Júnior & Costa (1974), não importa a idade, o

gênero, a condição social, todas as pessoas são iguais, o direito criminal protege o

interesse geral comum. Para os autores uma jovem mulher bonita com uma cicatriz no

rosto não fica mais deformada que um homem idoso e sem atrativos com a mesma

lesão.

Becker et al.(1978) destacou a freqüente associação entre traumatismos de

cabeça e face relacionados a maus tratos infantis, e que o percentual estava entre 30 a

50%. O autor fez a revisão de 260 casos, onde haviam registros dos sítios das lesões,

divididas em cinco categorias, lesão corporal, traumatismo de cabeça, lesão facial,

trauma intra-oral e trauma oro-facial e chegou a um resultado de 49% de trauma facial e

intra oral, sendo que no trauma facial, especificamente, 2% eram fraturas, 28%

escoriações e lacerações, 66% eram contusões e equimoses, 3% queimaduras e 1%

mordidas.

Kruger et al. (1979) observaram que as fraturas maxilares ocorrem mais

frequentemente devido a colisões automobilísticas, acidentes de um modo geral e

principalmente os industriais e lutas, e o período recomendado para uma boa reparação

da fratura é de no mínimo seis meses. Chamaram a atenção ainda da importância de

um bom exame pericial para que possíveis fraturas faciais não passem despercebidas,

e só venham a ser detestada dias depois, o que dificulta tratamento e também prejudica

a informação hospitalar que poderá ser pedida posteriormente pelo perito a fim de

suprir o laudo.

Segundo Laufer (1981) a função mastigatória não é apenas dos dentes,

existe a participação dos lábios, da língua, dos músculos da face e principalmente dos

músculos mastigatórios, ATM, mandíbula e maxila. Afirma ainda que um dano estético

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pode ocorrer e fonético pode ocorrer devido a um déficit funcional dos músculos da

mímica e da mastigação.

Deinox (1981) afirma que dentes artificiais e desvitalizados não têm valor

igual ao dos dentes naturais, seja no sentido funcional ou de durabilidade, e mesmo

que superem a estética, uma perda dentária sempre determina um prejuízo permanente

à vítima. Também chama a atenção no ponto de vista psicológico, onde mesmo a vítima

estando apta ao trabalho pode não estar no sentido psicológico, devido a alterações

estéticas e funcionais que levam um longo tempo para serem reparadas.

De acordo com Crozier (1982), os relatórios “médico-odonto-legais” são

instrumentos importantes para o esclarecimento da justiça e como meio de prova.

Chama a atenção sobre a participação de um perito odontólogo para a avaliação dos

casos de traumatismos dento-faciais, devido a sua complexidade, para que este possa

apresentar um completo perfil da lesão, além de estar preparado para estabelecer se

existe ou não um nexo causal temporal e/ou de causalidade.

Quando de trata de uma lesão em criança fica ainda mais complicado, de

acordo com Deffez & Ambrosini (1984) certas lesões são seguidas de ressentimentos

psicológicos que podem continuar mesmo após a correção do dano, pois em virtude do

crescimento a reabilitação protética definitiva é postergada e tem como conseqüência

um prejuízo estético, permanecendo por um longo período de suas vidas, enquanto que

no adulto, com as substituições protéticas o prejuízo estético pode ser diminuído mais

rapidamente.

De acordo com De Michelis (1984) a função mastigatória resulta da atuação

cinérgica de vários órgãos, e que os dentes são dotados de função específica e

insubstituível, daí órgão dentário, portanto não pode separar a lesão nos dentes da

função digestiva.

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Existem uma série de restrições quanto a colocação de próteses móveis ou

fixas, Elliott et al.(1986) afirma que a prótese parcial móvel não permite uma boa

apreensão e corte de alimentos, principalmente dos dentes anteriores, além de

alterações fonéticas devido às barras de metálicas, não disfarça o resultado final e

dificulta a higienização, podendo acarretar problemas como cáries e periodontopatias,

inclusive ocorrer perda de dentes remanescentes. Destaca ainda um componente

psicológico negativo, a pessoa se dá conta que existe um elemento estranho em sua

cavidade bucal.

Márquez et al.(1986), em uma análise retrospectiva envolvendo 263

pacientes, com diversos tipos de fraturas de ossos da face, que foram atendidos pela

equipe de cirurgia de traumatologia buco maxilo facial do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Uberlândia, no período de 1984 a 1985, observaram que o

fator etiológico responsável pelo maior número de fraturas foram os acidentes de

trânsito com um percentual de 50,2%; seguido por queda com 14,8%; briga

interpessoal, 8%; acidente esportivo, 6,8%; acidente de trabalho, 3%, coice de animal,

2,7%; arma de fogo 1,1%; sendo que 13,3% o agente etiológico não foi relatado. O

osso mais fraturado foi o da mandíbula. Destacaram também que sobre a extrema

importância das seqüelas físicas, estéticas e emocionais. Elaboraram um modelo de

ficha que apresenta inúmeras informações sobre o atendimento, e possui um campo

relativo aos tratamentos dentários, onde é permitido registrar se existe ou não trauma

em dentes, a natureza desse trauma, se houver e ainda campos com opções de fratura

coronária, avulsão e luxação intrusiva e extrusiva.

Quanto aos dentes, Grulliero et al. (1987), afirma que os incisivos superiores

são os mais atingidos devido a sua localização, proeminência, exposição, além das

características anatômicas, como possuir uma lâmina óssea muito fina e apenas uma

raiz.

Uma análise realizada por Caçador et al.(1990), em um grupo de 968

crianças com idade entre 11 e 12 anos, onde foi avaliado registros fotográficos onde

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ocorriam uma prevalência de dano acidental relacionado aos incisivos superiores, foi

observado que o trauma variava de fraturas de esmalte a descoloração ou perda do

elemento dentário, correspondendo esta variável em 15,3%. Também foi observado

que os meninos apresentaram um índice de 19,4% maior que o das meninas e 11%

correspondia a trauma nos incisivos centrais superiores.

Cardozo (1990), realizou um levantamento da ocorrência de traumatismos

faciais, em especial aqueles que atingiram dentes, para verificar quanto os acidentes de

trânsito contribuíram para esses danos. Utilizando uma amostra de 1.000 laudos

realizados pelo Instituto Médico Legal da Secretaria de Estado dos Negócios da

Segurança Pública do Estado de São Paulo, com 500 sem controle do tempo decorrido

entre o acidente e o exame, e 500 com os quais o lapso de tempo não ultrapassou 15

dias. Da amostra estudada, a maioria esteve entre 15 a 40 anos do sexo masculino,

448,2% apresentaram traumas faciais, sendo a maioria apenas em tecidos moles, com

92,3%. Em tecidos duros, a ocorrência foi mais baixa, com 2% de fraturas ósseas, 1,4%

de traumatismos dentários e 0,3% de fraturas ósseas associadas a traumatismos

dentários.

Segundo Diniz (1990) o dano estético é toda alteração morfológica do

indivíduo que, além do aleijamento, abrange deformidades, deformações, marcas,

defeitos, mesmo que mínimos, que impliquem um afeamento da vítima, consistindo

numa simples lesão desgastante ou num motivo de exposição ao ridículo e complexo

de inferioridade, mesmo não exercendo influência sobre sua capacidade de trabalho.

Como exemplo ele cita casos que ocorrem mutilações como ausência de membros

(orelhas, nariz, braços, pernas, etc), cicatrizes, mesmo que acobertáveis pela barba,

maquiagem ou cabelos, e perda de cabelos e dentes.

De acordo com Silva et al. (1991), uma perda dentária decorrente de trauma é

diferente de uma perda ocasionada por patologias como cárie e periodontopatias, pois

essas demoram um longo período, o suficiente para que ocorra uma adaptação da

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mastigação e hábitos alimentares do indivíduo, e a perda por trauma é repentina não

existindo tempo para que ocorra as adaptações orgânicas.

Um estudo feito por um período de cinco anos, Zerman & Cavalleri (1993),

avaliaram lesões traumáticas em incisivos permanentes de pacientes entre 06 e 21

anos de idade. Foi constatado que os acidentes automobilísticos foram a segunda

maior causa de traumas com 29,77% dos casos, ficando atrás apenas das quedas

acidentais com 54,45% das ocorrências.

Goldschimidt (1995) realizou um estudo retrospectivo, avaliando 109

pacientes durante o período de maio de 1991 a maio de 1993 com o objetivo de obter

detalhes sobre fratura do complexo crânio-maxilo-facial em idosos. Ele observou que

82,7% de todas as fraturas da mandíbula foram causadas por acidentes

automobilísticos e queda da própria altura, destes, 49,5% tiveram necessidade de

intervenção cirúrgica.

Montovani et al. (1995) analisaram a epidemiologia de 103 fraturas de

mandíbula, verificaram que a principal causa da fratura foram os acidentes

automobilísticos (45 pacientes), agressões físicas(24 pacientes), e quedas acidentais

(20 pacientes). Mais de 30% dos pacientes estavam alcoolizados no momento da injúria

e os autores concluíram que a maioria desses acidentes poderia ser evitada com o uso

de capacetes, cinto de segurança e não ingestão de bebidas alcoólicas.

Penna (1996) analisou o artigo 129 do Código Penal Brasileiro relativo à

gravidade das conseqüências das lesões corporais e enfatizou a importância dos

elementos dentários ao tecer considerações médico-legais sobre perdas dentárias e

outras lesões, esclarecendo que devido a sua localização os elementos dentários

anteriores são os mais atingidos nos traumas e que a perda desses elementos,

principalmente dos incisivos centrais superiores implica constrangimento ao portador e

também desconforto a quem vê.

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Em uma análise da incidência e etiologia das fraturas na região de

Araraquara Estado de São Paulo, Ambrizzi et al.(1997), no período de janeiro de 1994 a

dezembro de 1996, onde 990 pacientes foram avaliados, 509 apresentaram fraturas

faciais. O osso mais lesado foi a mandíbula, com um percentual de 35,04%; logo após o

do nariz, com 22,13%; zigoma com 19,89%; maxila com 7,24%; fraturas alvéolo

dentárias com 5%, arco zigomático com 4,34%; fraturas naso-órbito-etmoidais com

3,42%; e por último frontal com 2,89%. Em relação à etiologia, em primeiro lugar os

acidentes automobilísticos, atingindo um percentual de 65,22%; em seguida vem a

agressão física com 21,80%; esportes/quedas com 11% e acidentes de trabalho com

0,98%. Os acidentes automobilísticos foram principalmente devido a várias rodovias

que cercam a região de Araraquara, com tráfego intenso e também o excesso de

consumo de bebidas alcoólicas.

De acordo com Cardozo (in Silva, 1997), podem existir seqüelas tanto

funcionais como estéticas, sendo que as estéticas podem causar danos na reintegração

social desse traumatizado, sendo na maioria dos casos, necessária a realização de

procedimentos corretivos. Segundo o mesmo autor, os traumatismos que envolvem a

região bucal, além das ofensas que causam ao tegumento e ao músculo podem

provocar lesões no ducto de Stenon. Lesões em estruturas glandulares podem

transformar em fístula salivar que quando se comunicam com o exterior podem assumir

grande importância estética, pois ocorre perda de saliva na face principalmente na

mastigação. Diz ainda que são comum as fraturas faciais causarem defeito estético em

conseqüência de perdas ósseas com encovamento de tecido cutâneo, consolidação

viciosa da fratura, o que resulta em assimetria, anquiloses da articulação temporo

mandibular reduzindo ou até anulando a mobilidade normal da mandíbula, o que

dificulta a fonação e pode, além disso, causar uma expressão de assombro em alguns

casos.

Kawai et al. (1997) desenvolveram um estudo a fim de determinar a melhor

época para realizar exames radiográficos e remover os materiais usados na

osteossíntese, utilizando tomadas radiográficas que apresentavam sinais detectáveis

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na mandíbula durante o reparo ósseo, analisando 325 radiografias de 231 pacientes no

período de 10 anos. Observaram que tais achados eram inicialmente observados no

período de um a dois meses após a lesão em pacientes com idade abaixo de 18 anos,

que foi observado em 68% dos pacientes e entre dois a três meses após a lesão em

pacientes mais velhos, que foi observado em 84% dos pacientes, destacam ainda que a

as características de união óssea foram encontradas em 85% dos pacientes após três

meses da fratura. Os autores concluíram que o exame de acompanhamento

radiográfico para os achados clínicos de recuperação do paciente devem ser realizados

na quinta semana após a fratura em pacientes menores de 18 anos e nove semanas

em pacientes com idade superior a esta, sendo há quinta semana recomendável para a

remoção dos materiais usados na osteossíntese.

Dewhurst et al.(1998), realizaram um estudo e verificaram que 35% das

crianças em torno de 9 anos teriam sofrido algum trauma em dentes, e que estava

acontecendo um aumento na incidência de lesões nos incisivos da primeira e da

segunda dentição. Chamaram a atenção que muito se tem escrito sobre lesões

dentárias, mas existe confusão em relação ao tratamento adequado em diferentes tipos

de lesão, e destacam que a compreensão do tipo de lesão são essenciais para o

diagnóstico e tratamento, pois embora as lesões dentárias possam ocorrer

separadamente, elas envolvem uma combinação entre a lesão do dente e suas

respectivas estruturas de suporte e o diagnóstico preciso e o tratamento de emergência

apropriado, beneficiam sensivelmente o prognóstico das lesões dento-alveolares. Os

mesmos autores ainda relataram que na dentição permanente para os meninos a idade

crítica varia de 9 a 10 anos e que para as meninas não havia uma idade crítica

específica e também que o incisivo central superior é o elemento dentário mais afetado

na faixa etária entre onze e vinte anos.

Para Kushner (1998) a mandíbula é freqüentemente afetada devido a sua

proeminência dentro do esqueleto facial, sendo que o agente etiológico pode ser tanto a

agressão física como acidente automobilístico.

27

Marciani et al.(1999), realizaram um estudo um estudo sobre a freqüência de

danos no complexo maxilo-facial em acidentes de trânsito, investigando idade, gênero,

mecanismo do dano, danos faciais, danos associados e permanência hospitalar, no

período de 1º de agosto de 1995 a 1º de agosto de 1996. Concluíram que 72% dos

pacientes se enquadravam no perfil dessa pesquisa, quanto ao gênero 82% era

masculino e 18% era feminino, destes 40 pacientes necessitaram de intervenção

cirúrgica, onde 35% tiveram dano nos tecidos moles e ósseos e apenas um paciente

apresentou fratura mandibular, sendo o restante fratura de da maxila e outros órgãos da

face. O terço médio da face é o local de maior incidência de trauma em acidentes

automobilísticos.

Um estudo realizado por Frugoli (2000) onde analisou os pareceres

odontológicos resultantes de exames diretos, e os respectivos laudos médicos, de

vítimas de lesão corporal, devido a violência interpessoal, atendidas no Núcleo de

Odontologia Legal do Instituto Médico Legal da cidade de São Paulo, sede, nos anos de

1993 e 1998, chegou a conclusão de que houve um crescimento nos casos de

agressão, com predominância de vítimas do sexo masculino nos dois anos estudados.

O intervalo de idade de 20 a 30 anos, prevaleceu em ambos os sexos, sendo socos e

pontapés os principais responsáveis por lesões do complexo maxilomandibular e as

fraturas e perdas dentárias foram os danos mais comuns. Dentre as fraturas, a

mandibular foi maior que a maxilar. Em 1993 houve discordância entre os resultados

odontológicos e médicos e 29% dos casos, o que não aconteceu em 1998, onde houve

uma concordância em todos os casos.

Bazzo & Cardozo (2001) fizeram uma análise para verificação da efetividade

do uso do cinto de segurança na ocorrência de traumatismos de cabeça e face, em

usuários de veículos automotores de passeio e utilitários, vítimas de acidentes de

trânsito, na região de Presidente Prudente – SP. O estudo foi dividido em dois períodos,

sendo o primeiro período um ano antes da data de entrada em vigência da lei do uso

obrigatório de cinto de segurança (24 de janeiro de 1998) o segundo período um ano

depois da entrada da lei. Observaram a diminuição de vítimas de acidentes de trânsito

28

com lesões de cabeça e face de 387 (no primeiro período) para 182 (no segundo

período), ou seja, uma diminuição de 52,97%; vítimas de acidentes de trânsito com

lesões de interesse odontológico de 152 (primeiro período) para 82 (segundo período),

uma diminuição de 46,05% e vítimas de acidentes de trânsito com lesões dentárias de

10 (primeiro período) para 09 (segundo período), uma queda de 10,00%.

Campos (in Vanrell, 2002), destaca os prejuízos produzidos em próteses, ou

dentes desta, como dano à coisa material, interessando às questões de direito

patrimonial prejuízo econômico.

Silva et al.(2003), analisou os traumatismos faciais de acordo com as

diferentes causas externas, no decorrer do século XX, através dos laudos de corpo de

delito do IML de São Paulo, no período de 1911 a 1998, totalizando 9 décadas e 3.600

laudos, de pessoas vivas e mortas e foi observado o comprometimento ou não da face.

Quanto ao gênero, tanto nas necrópsias quanto nas lesões corporais houve uma

prevalência do sexo masculino na violência. Quanto ao número de exames de corpo de

delito, mostrou que este tem um crescimento proporcional ao da população durante o

século. O trauma da face aparece em grande parte dos laudos durante todo o século,

mas o percentual de exames que relataram lesão na face diminui com o passar do

tempo. Os exames que relataram lesão na face, a causa principal é a agressão

interpessoal. Os acidentes de transporte e atropelamentos tem destaque a partir da

década de 60 e na década de 90, surgem como causas externas de lesão em face, a

intervençäo legal e a agressäo sexual. Os autores notaram um crescimento do sexo

feminino nos exames de lesão corporal, com lesão em face causada por agressão

interpessoal.

Cintra (2004), fez uma análise nos laudos dos arquivos do IML Afrânio

Peixoto, Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2002, com uma

amostra de 837 exames. Concluiu que o sexo masculino foi o mais acometido pelas

lesões do complexo estomatognático e a faixa etária mais acometida entre 16 a 35

anos de idade. Quanto a causa das lesões, verificou que foram por socos,

29

atropelamentos, acidentes automobilísticos, dentre outros, e a área mais atingida foi a

maxila, os dentes mais envolvidos foram os incisivos superiores, em geral fraturas

coronárias, mobilidade e avulsões, e na face, equimoses e escoriações. Destaca ainda

que houve um predomínio fraturas coronárias dos elementos dentários da bateria labial,

que resultaram “debilidade permanente da função mastigatória”, associada à

“deformidade permanente”, considerada respectivamente grave e gravíssima, sob o

ponto de vista didático.

De acordo com Croce (2004), pericialmente, cerca de 80% das lesões

corporais são classificadas como de natureza leve.

França (2004), diz que as perícias quando feitas em dentes, deve com

sutileza distinguir o valor de cada peça e levar em conta a função mastigatória, estética

e fonética, de acordo com cada exame.

Rezende et al.(2007), realizou um levantamento de dados em registros e

laudos de mulheres vítimas de lesões corporais no complexo estomatognático que

foram encaminhadas pelas delegacias e/ou órgãos competentes ao IML de Belo

Horizonte, para perícia no Setor de Odontologia Legal e analisaram todos os registros

de laudos referentes às lesões corporais na região peribucal em mulheres que sofreram

agressão. O levantamento realizado abrangeu fichas e laudos arquivados durante 18

meses, compreendendo o período de janeiro de 2001 a junho de 2002, preenchidos por

funcionários que estiveram neste período desempenhando a função de odontolegista.

Concluíram que a lesão de tecido mole mais freqüente foi a laceração; a de tecidos

duros e da polpa foram as fraturas de esmalte e dentina sem complicações; a de

tecidos periodontais foi a concussão; e foram observadas duas lesões em tecidos

ósseos. Os autores destacam a necessidade de uma coleta de dados mais cuidadosa

nos exames periciais, de modo a disponibilizar informação mais detalhada; além disso,

revelou que as lesões buco-dentais são freqüentes e representam uma grande

30

demanda para os serviços odontológicos de saúde pública que prestam esse

atendimento.

31

3. PROPOSIÇÃO

a) Quantificar o número de Exames de Corpo de Delito, respectiva região do

corpo agredida e órgão ou instrumento que provocou a lesão, junto ao

Instituto Médico Legal de Jaú,

b) Classificar as lesões na face e cavidade bucal,

c) Verificar a formação do perito que examinou as vítimas,

d) Discutir os aspectos éticos e legais

32

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram analisados cerca de 111 laudos de exames de corpo de delito

realizados no ano de 2007 pelo Instituto Médico Legal de Jaú, não houve restrição de

gênero e foram encontrado laudos de indivíduos com idade entre 1 a 80 anos.

Os dados foram colocados em uma tabela, sendo analisados os exames

realizados no ano de 2007.

Os exames foram escolhidos aleatoriamente, e foram anotados o número, a

região do corpo atingida, face ou cavidade bucal, interna ou externamente, se envolveu

mucosa, dentes, ou articulação temporo mandibular, o instrumento ou órgão que

provocou a lesão, o tipo de lesão, se é leve, grave ou gravíssima.

Foi anotado também qual era a formação do perito que atendeu as vítimas,

médico ou cirurgião dentista e se este é odontolegista.

33

5. RESULTADOS Observou-se que dos 111 exames, nas lesões de face, 30,63% apresentaram

lesão em epiderme; 0,90% apresentou lesões tanto em epiderme como em cavidade

bucal interna, envolvendo fratura parcial de dois incisivos superiores; 2,70 % das lesões

atingiram cavidade bucal externa, região de mucosa; 0,90% atingiram epiderme,

cavidade bucal interna e fratura de borda livre de incisivo superior, 13,51% envolveu

cavidade bucal externa, região de mucosa, sendo que 51,35% atingiram outras regiões

do corpo, não envolvendo a face, conforme Tabela 1.

Tabela 1 Número e percentual de laudos segundo a área da face atingida ou outras áreas ÁREA ATINGIDA Nº de laudos % Epiderme 34 30,63% Epiderme e Cav Bucal interna: dentes Fratura parcial 2 IS 1 0,90% Epiderme e Cav Bucal externa: mucosa 3 2,70% Epiderme e Cav Bucal interna dentes: Fratura borda livre IS 1 0,90% Cav Bucal externa: mucosa 15 13,51% Outras 57 51,35% Total 111 100,00%

Quanto ao órgão ou instrumento que provocou a lesão; 97,30% foi

contundente; 1,80% foi corto contundente e 0,90% foram contundente e térmico, de

acordo com a Tabela 2.

Tabela 2 Número e percentual de laudos segundo o órgão ou instrumento da lesão ÓRGÃO OU INSTRUMENTO DA LESÃO Nº de laudos % Contundente 108 97,30% Corto contundente 2 1,80% Contudente-Agente térmico 1 0,90% Total 111 100,00%

34

Quanto ao tipo de lesão foi observado que 88,29% foi considerada lesão leve,

6,31% a lesão foi qualificada como grave, resultando incapacidade para as ocupações

habituais por mais de 30 dias (I), 3,6% a lesão foi considerada grave por incapacidade

para as ocupações habituais por mais de 30 dias (I) e debilidade permanente (III), e

1,80% a lesão foi gravíssima devido a deformidade permanente (IV), como mostra o

Gráfico 1.

Gráfico 1 Número e percentual de laudos segundo o tipo de lesão

88,29%

6,31% 3,60% 1,80%

0

20

40

60

80

100

120

Leve Grave I Grave I e III Gravissima IV

Tipo de lesão

Nºlaudos

35

Nas lesões na face consideradas de natureza leve, 34,69% foram em

epiderme; 1,02% atingiram epiderme, cavidade bucal interna e fratura parcial de

dois incisivos superiores; 3,06% atingiram epiderme e cavidade bucal interna, região

de mucosa; 15,31% atingiram cavidade bucal externa, na mucosa e 45,92% das

lesões leves atingiram outras áreas. Nas lesões consideradas de natureza grave,

14,29% foram devido a lesão em epiderme, cavidade bucal interna, fratura de borda

livre de incisivo superior, e teve como resultado incapacidade para as ocupações

habituais por mais de 30 dias (I) e 85,71% das lesões consideradas graves atingiram

outras regiões. Das lesões consideradas gravíssimas, 100% atingiram outras

regiões, sem envolvimento da face. Com se nota na Tabela 3.

Tabela 3 Número e percentual de laudos segundo o tipo de lesão de acordo com a área da face atingida ou outras áreas atingidas. TIPO DE LESÃO

Leve Grave I Grave I e III Gravissima IV

ÁREA ATINGIDA Nº

laudos % Nº

laudos % Nº

laudos % Nº

laudos % Total %

Epiderme 34 34,69% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 34 30,63% Epiderme e Cav Bucal interna: dentes Fratura parcial 2 IS 1 1,02% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,90% Epiderme e Cav Bucal externa: mucosa 3 3,06% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 3 2,70% Epiderme e Cav Bucal interna dentes: Fratura borda livre IS 0 0,00% 1 14,29% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,90% Cav Bucal externa: mucosa 15 15,31% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 15 13,51% Outras 45 45,92% 6 85,71% 4 100,00% 2 100,00% 57 51,35%

Total 98 100,00% 7 100,00% 4 100,00% 2 100,00% 111 100,00%

36

Quanto ao órgão ou instrumento da lesão, 97,30% foi contundente, seguido

por 1,80% corto contundente e 0,90% contundente e agente térmico, como mostra a

Tabela 4.

Tabela 4 Número e percentual de laudos segundo o tipo de lesão de acordo com o órgão ou instrumento da lesão TIPO DE LESÃO

Leve Grave I Grave I e III Gravissima IV ÓRGÃO OU INSTRUMENTO DA LESÃO

Nº laudos %

Nº laudos %

Nº laudos %

Nº laudos % Total %

Contundente 95 96,94% 7 100,00% 4 100,00% 2 100,00% 108 97,30%

Corto contundente 2 2,04% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 2 1,80% Contudente-Agente térmico 1 1,02% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,90%

Total 98 100,00% 7 100,00% 4 100,00% 2 100,00% 111 100,00%

37

Em relação aos agentes contundentes que atingiram a face, na epiderme

observamos um percentual de 30,56%; epiderme, cavidade bucal interna e fratura

parcial de dois incisivos superiores, 0,93%; epiderme, cavidade bucal externa, em

região de mucosa, 2,78%; epiderme, cavidade bucal interna e fratura de borda livre

incisivos superiores, 0,93%; cavidade bucal externa, atingindo mucosa, 13,89% e em

outras áreas do corpo o percentual foi de 50,93%. Nos agentes corto contundentes o

percentual foi de 50% epiderme, em face e 50% em outras áreas do corpo. Já os

agentes contundente e térmico não atingiram a face, foram em outras regiões do corpo.

(Tabela 5)

Tabela 5 Número e percentual de laudos segundo o órgão ou instrumento da lesão de acordo com a área da face atingida ou outras áreas ÓRGÃO OU INSTRUMENTO DA LESÃO

Contundente Corto contundente Contudente-Agente térmico

ÁREA ATINGIDA Nº

laudos % Nº laudos % Nº laudos % Total %

Epiderme 33 30,56% 1 50,00% 0 0,00% 34 30,63% Epiderme e Cav Bucal interna: dentes Fratura parcial 2 IS 1 0,93% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,90% Epiderme e Cav Bucal externa: mucosa 3 2,78% 0 0,00% 0 0,00% 3 2,70% Epiderme e Cav Bucal interna dentes: Fratura borda livre IS 1 0,93% 0 0,00% 0 0,00% 1 0,90% Cav Bucal externa: mucosa 15 13,89% 0 0,00% 0 0,00% 15 13,51% Outras 55 50,93% 1 50,00% 1 100,00% 57 51,35%

Total 108 100,00% 2 100,00% 1 100,00% 111 100,00%

38

Nas regiões atingidas por instrumento contundente, em região de face,

30,56% foram em epiderme; 0,93% atingiram epiderme, cavidade bucal interna e fratura

de dois incisivos superiores; 2,78% a lesão foi em epiderme e cavidade bucal externa,

área de mucosa; 0,93% atingiram epiderme, cavidade bucal interna e fratura de borda

livre de inciso superior, 13,89% cavidade bucal externa, região de mucosa e 50,93%

atingiram outras regiões do corpo (Gráfico 2).

Gráfico 2 Número e percentual de laudos segundo a área da face atingida ou outras atingidas por instrumento contundente.

30,56%

0,93%

2,78%

0,93%

13,89%

50,93%

0 10 20 30 40 50 60

Epiderme

Epiderme e Cav Bucal interna:dentes Fratura parcial 2 IS

Epiderme e Cav Bucalexterna: mucosa

Epiderme e Cav Bucal internadentes: Fratura borda livre IS

Cav Bucal externa: mucosa

Outras

Área atingida

Nºlaudos

39

6. DISCUSSÃO Quanto ao dano estético Introna (1964) destaca que a reparação do dano

deve ser maior na criança e no adolescente que para um adulto, que já está incluso na

sociedade, assim como Deffez & Ambrosini (1984), que defendem que devido ao

crescimento, a reabilitação protética definitiva acaba sendo postergada, causando

assim um prejuízo estético por um longo período de suas vidas, enquanto que nos

adulto é diminuído mais rapidamente. Já Diniz (1990) não diferencia adultos de crianças

e defende que o dano estético é toda alteração morfológica, mesmo mínima, que possa

tornar a pessoa feia, que a exponha ao ridículo, complexo de inferioridade, mesmo que

não exerça influência e sua capacidade de trabalho, incluindo a perda de dentes, o

mesmo que Cardozo (in Silva, 1997) e Almeida Júnior & Costa (1974) que ainda

destaca que a idade, o gênero e a condição social não importa, que o direito criminal

protege o interesse geral comum sem distinção.

Na função mastigatória, Tommasini (1964), relata que deveriam construir

parâmetros para valorizar a redução da capacidade mastigatória, destacando ainda que

as próteses tanto fixas como móveis, não tornariam a vítima apta a mastigação, pois os

dentes artificiais ou mesmo desvitalizados não tem o mesmo valor funcional e de

durabilidade que um dente natural, assim como Deinox que afirma que mesmo que

superem a estética, uma perda dentária determina um prejuízo permanente. Elliot et

al.(1986) também defende essa idéia, afirmando que as prótese tanto fixas como

móveis tem sua restrições. Mas é preciso salientar como Campos (in Vanrel, 2002) que

quando existe prejuízo uma prótese ou mesmo dente desta a questão é de direito

patrimonial.

Ainda sobre a função mastigatória, esta não é somente dentes, os lábios , a

língua, músculos da face, músculos mastigatórios, ATM, mandíbula e maxila também

tem participação, como relata Laufer (1981) e De Michelis (1984), que ainda completa

relatando que os dentes são dotados de função específica, portanto insubstituível, daí o

nome órgão dentário.

40

França (2004), destaca a importância de se distinguir o valor de cada peça

dentária. Existem tabelas como a de Dueñas que quantifica os valores estético, fonético

e mastigatório, para cada grupo de dentes, especificando um número, sendo que para o

1º molar e 2º molar não atribui valor fonético algum e o 3º molar não possui valor para

nenhuma das funções. Na tabela de Álvaro Dória, para função estética, atribui um valor

em porcentagem para cada grupo de dentes, para cada hemiarco, considerando 25%

cada, totalizando assim 100%, e o que mais chama a atenção é que ele considera 0% a

função estética do 1º M, 2º M e 3º M, diferente de tabela de Deñas que atribui um valor

estético ao 1º e 2º molares. Já na tabela de Hentze, quanto a função mastigatória,

também considerando 25% para cada hemiarco, atribui um valor mastigatório para os

molares, inclusive o 3º molar, que na tabela de Dueñas não possui um valor. Já Moreira

propôs um coeficiente integral, considerando o coeficiente de antagonismo, o que os

outros autores não levaram em conta, e considera os 3º molares dando destaque para

a preservação das arcadas e por poderem ser utilizados em prótese.

Pela análise bibliográfica não foi encontrado nenhum autor que classifica as

lesões corporais de acordo com as normas do Código Penal. Os autores apenas

atribuem coeficientes dos índices estético, mastigatório e fonético, mas que não

chegam a ser considerados na classificação da lesão. Apenas Cintra (2004), fez uma

classificação sobre o ponto de vista didático. Portanto existe uma dificuldade na

avaliação e enquadramento legal das lesões dentárias, principalmente quando não é

realizado por odontolegistas, como relata Montagna et al.(1966).

De acordo com o tipo de força que mais envolve fraturas faciais, Huelke &

Harger (1969) mostraram que a forças de tensão são as mais comuns.

Quanto a região da lesão, Kruger et al. (1979) relatou que em acidentes

automobilísticos a maior freqüência de fraturas foi na maxila, assim como Cintra (2004),

mas Márquez et al.(1986), Ambrizzi et al. (1997), Kushner (1998), Frugoli (2000)

afirmam que a mandíbula foi a região mais atingida.

41

Quanto aos dentes, os incisivos superiores foram os mais atingidos de acordo

com Grulliero et al. (1987), Caçador et al. (1990), Zerman & Cavalleri (1993), Penna

(1996), Dewhurst et al. (1998) e Cintra (2004).

De acordo com Márquez et al. (1986) o fator etiológico responsável pelo

maior número de fraturas foi o acidente de trânsito, Goldschimidt (1995) afirmou

também que as maiores parte das fraturas de mandíbula foram causadas por acidentes

automobilísticos, assim como Montovani et al. (1995). Bazzo & Cardozo (2001)

observaram que houve uma diminuição de vítimas de acidentes de trânsito com

envolvimento de face a partir da entrada da lei de24 de janeiro de 1998 que obriga o

uso de cinto de segurança.

Zerman & Cavalleri (1993) discordam afirmando que os acidentes de trânsito

foram a segunda maior causa de todas as fraturas mandibulares em idosos, já Frugoli ()

relata que socos e pontapés foram os principais responsáveis pelas lesões do

complexo maxilomandibular.

No presente estudo verificou-se que as lesões de face totalizaram 48,64%,

Becker et al. (1978) chegou a um resultado de 49% de trauma em face e Cardozo

(1990) apresentou um percentual de 48,2%.

Notou-se neste estudo que as lesões de natureza leve foram a maioria,

88,29%, assim como relatou Croce (2004), apontando que, pericialmente, 80% das

lesões corporais são classificadas como de natureza leve.

Neste estudo notou-se que o órgão ou instrumento que mais provocou lesões

foram os contundentes e que todos os exames foram realizados por médicos, uma vez

que este IML não possui um odontolegista, como a maioria dos IMLs do Estado de São

Paulo. Crozier (1982) já destacava a importância do perito odontólogo na avaliação dos

traumatismos dento-faciais, devido a complexidade dessas lesões e da necessidade de

apresentar um completo perfil da lesão.

42

A Lei 5.081 de 24/08/1966 (Brasil 1988) no artigo 6, explicita que compete ao

CD proceder a perícia odontolegal em foro civil criminal, trabalhista e administrativo,

assim como em necropsia, utilizar as vias de acesso da cabeça e pescoço. E a

Resolução 63/2005 do Conselho Federal de Odontologia, no artigo 63, que a

Odontologia Legal é a especialidade que pesquisa os fenômenos psíquicos, físicos,

químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, tanto vivo, morto ou

ossada e até mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais,

tanto reversíveis como irreversíveis, e em seu parágrafo único, que a atuação da

odontologia Legal se restringe às áreas de competência do cirurgião dentista, podendo

estender-se a outras áreas se isso depender a busca da verdade, no estrito interesse

da justiça e administração. O artigo 64, desta mesma Resolução, destaca as áreas de

competência para a atuação do especialista em Odontologia Legal, que são a

identificação humana; perícia em foro civil, criminal e trabalhista; em área

administrativa; perícia, avaliação e planejamento em infortunística; tanatologia forense;

elaboração de autos, laudos, pareceres, relatórios e atestados; traumatologia odonto-

legal; balística forense; perícia logística no vivo, morto, íntegro ou em fragmentos;

perícia em vestígios correlatados, como manchas ou líquidos vindos da cavidade bucal

ou nela presentes; exames por imagens para fins periciais; deontologia odontológica;

orientação odonto-legal para o exercício profissional e exames por imagens para fins

odonto-legais. Portanto nota-se que o odontolegista é o profissional mais qualificado

para a realização de exames desses exames devido a sua formação.

.

.

43

7. CONCLUSÃO

Pela análise dos trabalhos realizados pelos autores consultados, pela

interpretação da legislação pertinente a lesões corporais e pelos laudos dos exames de

corpo de delito realizados no Instituto Médico Legal de Jaú, podemos concluir que:

a) Quanto a região do corpo agredida, das lesões que atingiram a face, 30,63%

apresentaram lesão em epiderme; 0,90% apresentou lesões tanto em epiderme

como em cavidade bucal interna, envolvendo de fratura parcial de 2 incisivos

superiores; 2,70 % as lesões atingiram cavidade bucal externa, mucosa; 0,90%

atingiram epiderme, cavidade bucal interna e fratura de borda livre de incisivo

superior, 13,51% envolveu cavidade bucal externa, mucosa. As lesões em face

totalizaram 48,64%, sendo que 51,35% atingiram outras regiões do corpo, não

envolvendo a face. Quanto ao órgão ou instrumento da lesão, 97,30% foi

contundente, seguido por 1,80% corto contundente e 0,90% contundente e

agente térmico.

b) As lesões leves foram a maioria, 88,29%; seguida das lesões graves, resultando

incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (I), 6,31%; lesões

graves resultando incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30

dias (I) e debilidade permanente (III),3,60% e por fim as gravíssimas que resultou

deformidade permanente (IV), com um percentual de 1,80. Nas lesões de

natureza leve 34,69% foram em epiderme; 1,02% atingiram epiderme, cavidade

bucal interna e fratura de incisivo superior; 3,06% atingiram epiderme e cavidade

bucal interna, mucosa; 15,31% atingiram cavidade bucal externa, mucosa e

45,92% das lesões leves atingiram outras áreas. Nas lesões consideradas de

natureza grave, 14,29% foram devido a lesão em epiderme, cavidade bucal

interna, fratura de borda livre de incisivo superior, e teve como resultado

incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (I) e 85,71% das

lesões consideradas graves atingiram outras regiões. Das lesões consideradas

44

gravíssimas, 100% atingiram outras regiões, sem envolvimento da face. Na

literatura não foi encontrada nenhuma classificação específica para os dentes.

c) Quanto a formação do perito que examinou as vítimas, 100% foram médicos,

uma vez que não existe o cargo de odontolegista para o exercício da função

pericial.

d) De acordo com a Lei 5.081 de 24/08/1966 ,no artigo 6, compete ao CD proceder

a perícia odontolegal em foro civil criminal, trabalhista e administrativo, assim

como em necropsia, utilizar as vias de acesso da cabeça e pescoço. E a

Resolução 63/2005 do Conselho Federal de Odontologia, no artigo 63 explicita

que a Odontologia Legal é a especialidade que pesquisa os fenômenos

psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o

homem, tanto vivo, morto ou ossada e até mesmo fragmentos ou vestígios,

resultando lesões parciais ou totais, tanto reversíveis como irreversíveis e no

artigo 64 desta mesma Resolução, as áreas de competência para a atuação do

especialista em Odontologia Legal, que são a identificação humana; perícia em

foro civil, criminal e trabalhista; em área administrativa; perícia, avaliação e

planejamento em infortunística; tanatologia forense; elaboração de autos, laudos,

pareceres, relatórios e atestados; traumatologia odonto-legal; balística forense;

perícia logística no vivo, morto, íntegro ou em fragmentos; perícia em vestígios

correlatados, como manchas ou líquidos vindos da cavidade bucal ou nela

presentes; exames por imagens para fins periciais; deontologia odontológica;

orientação odonto-legal para o exercício profissional e exames por imagens para

fins odonto-legais. Portanto o odontololegista é o profissional mais qualificado

para esses exames periciais.

45

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