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XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 XI S alão de I niciação Científica PUCRS A LITERATURA COMO EXPRESSÃO DA REALIDADE SOCIAL: contribuições à ciência jurídica Rodrigo Augusto Ortiga , Beatriz Barbosa Kachiyama, Ágatha Cristine Depiné, Geremias Moretto (orientador) Curso de Direito, UNIVAL - Universidade do Vale do Itajaí, Grupo de Pesquisa e Extensão Paidéia Bolsista de Pesquisa do art. 170 da Constituição do Estado de Santa Catarina Introdução A Literatura expressa os dilemas, sentimentos e muitas vezes a realidade do homem, de maneira a explorar o raciocínio e o imaginário do leitor, transportando-o para o lugar do outro. Deste modo, a Literatura leva o leitor à análise de realidades diversas, impulsionando-o ao Conhecimento, pois trata de reflexos da história e da Realidade social de determinadas comunidades retratando a cultura, os costumes, e a organização política e social de determinada região, podendo deste modo auxiliar o Direito através de textos de ficção que expressam determinados problemas sociais e determinadas formas de expressão da sociedade, pois as obras exemplificam a situação social, política e psicológica da sociedade. Em virtude disso, esta pesquisa pretende realizar algumas considerações acerca da relação entre o Direito e a Literatura, ao asseverar que a prática jurídica se realiza mediante o constante exercício de interpretação, destacando-se que é essencial para o operador jurídico, uma vez que este não pode basear-se apenas em textos legais, devendo estar atento às transformações sociais e às informações que são transmitidas pela sociedade, através de importantes manifestações culturais, como é o caso da Literatura. Neste estudo buscou-se realizar uma análise dos aspectos de contribuição da Literatura para com o Direito, ao mesmo tempo em que contribui para uma análise da Realidade e torna possível ao operador do Direito ter melhores condições de análise acerca da perspectiva da Realidade Social. Salienta-se a importância de investigar as implicações sociais que podem ser evidenciadas a partir da relação entre a obra e o seu reflexo social, e também demonstrar que a Literatura pode influenciar num processo de interpretação da Realidade social, sendo auxiliar do Direito no processo de interpretação e análise social. 2118

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XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010

XI S alão de

I niciação Científica PUCRS

A LITERATURA COMO EXPRESSÃO DA REALIDADE SOCIAL: contribuições à ciência jurídica

Rodrigo Augusto Ortiga, Beatriz Barbosa Kachiyama, Ágatha Cristine Depiné, Geremias Moretto

(orientador)

Curso de Direito, UNIVAL - Universidade do Vale do Itajaí, Grupo de Pesquisa e Extensão Paidéia Bolsista de Pesquisa do art. 170 da Constituição do Estado de Santa Catarina

Introdução

A Literatura expressa os dilemas, sentimentos e muitas vezes a realidade do homem,

de maneira a explorar o raciocínio e o imaginário do leitor, transportando-o para o lugar do

outro. Deste modo, a Literatura leva o leitor à análise de realidades diversas, impulsionando-o

ao Conhecimento, pois trata de reflexos da história e da Realidade social de determinadas

comunidades retratando a cultura, os costumes, e a organização política e social de

determinada região, podendo deste modo auxiliar o Direito através de textos de ficção que

expressam determinados problemas sociais e determinadas formas de expressão da sociedade,

pois as obras exemplificam a situação social, política e psicológica da sociedade. Em virtude

disso, esta pesquisa pretende realizar algumas considerações acerca da relação entre o Direito

e a Literatura, ao asseverar que a prática jurídica se realiza mediante o constante exercício de

interpretação, destacando-se que é essencial para o operador jurídico, uma vez que este não

pode basear-se apenas em textos legais, devendo estar atento às transformações sociais e às

informações que são transmitidas pela sociedade, através de importantes manifestações

culturais, como é o caso da Literatura.

Neste estudo buscou-se realizar uma análise dos aspectos de contribuição da Literatura

para com o Direito, ao mesmo tempo em que contribui para uma análise da Realidade e torna

possível ao operador do Direito ter melhores condições de análise acerca da perspectiva da

Realidade Social. Salienta-se a importância de investigar as implicações sociais que podem

ser evidenciadas a partir da relação entre a obra e o seu reflexo social, e também demonstrar

que a Literatura pode influenciar num processo de interpretação da Realidade social, sendo

auxiliar do Direito no processo de interpretação e análise social.

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Metodologia O trabalho foi elaborado com base no método indutivo, utilizando-se da pesquisa

bibliográfica.

Resultados e Discussão

A Literatura é caracterizada por uma espécie de manifestação artística das palavras,

utilizando-se dessas para transmitir ao outro uma série de emoções. A Literatura evidencia

textos que procuram expressar o belo e o humano através de suas palavras. As obras literárias

são marcadas por evidenciarem aspectos artísticos, estéticos, criativos, dentre outros.

A Literatura, como forma subjetiva de expressão do homem, nos ajuda a entender

diversos contextos em que a Sociedade passa, através da interpretação da obra literária e das

palavras, podem-se, então analisar algumas das emoções e das aspirações que o autor teve ao

escrever a sua obra, ou seja, a corrente interpretativa intencionalista na Literatura, que visa

descobrir a intenção do autor ao escrever a obra, não somente entender aspirações e emoções

do autor como também, pode-se vir a compreender melhor, diversos fatores que estão

implícitos na sociedade, pois, ”Dizer que ela (a Literatura) exprime a sociedade, constitui hoje

verdadeiro altruísmo” (CANDIDO, 1973, p. 19.). A Literatura vem a ser um dos mais ricos

produtos da cultura de uma sociedade, sendo por ela, também, meio no qual um jurista, por

exemplo, pode vir a tornar a sua interpretação do Direito, tendo em vista contextos sociais,

que podem ser retirados da Literatura.

Subentende-se que o Direito é essencialmente, interpretação. Sendo assim, o Direito

torna-se político e pode ficar sujeito à subjetividade e a irredutibilidade se não houver limites

para essa criação interpretativa. Encaixa-se, portanto, o papel da Literatura para o estudo do

Direito. Uma interpretação responsável do Direito não deve ignorar a interpretação

intencionalista da lei e de seu legislador, mas não deve, no entanto, limitar-se a ela. Cabe ao

juiz encontrar o seu valor político, aplicar a lei segundo o meio em que a lei virá a

desempenhar seu papel de coordenação de disputas e de esforços sociais e assegurar justiça

entre os próprios cidadãos e o Estado.

No âmbito das ciências sociais, pode-se observar a existência de constantes teorias

preocupadas em exprimir a relação entre homem e sociedade, e a interpretação de fatos

sociais que são gerados pelas relações humanas. Como a Literatura faz parte da cultura de

uma sociedade, revela padrões sociais que foram tidas como importantes, sendo possível

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destacar as mudanças, o progresso, os modos de manifestação cultural e organizacional de

uma sociedade, sendo esta, a importante ligação entre Direito e Literatura.

Infelizmente o Direito não consegue acompanhar o ritmo de desenvolvimento e

evolução de uma sociedade, portanto o operador jurídico deve sempre utilizar-se de outros

meios para interpretação da lei, destaca-se assim, a Literatura como uma de suas auxiliadoras,

pois “é possível melhor compreender a questão da interpretação do Direito através de outros

campos do conhecimento, e em especial a Literatura” ( OLIVO, 2010), já que esta vem a ser

uma síntese de determinada sociedade.

Conclusão

Por conseguinte, observa-se a importância da Literatura em auxiliar as ciências, em

especial as sociais, pois, através de sua forma de expressão é possível evidenciar fatores

essenciais de uma sociedade como, por exemplo, problemas, costumes, organização social e

política. Vale ressaltar ainda, a importância que a Literatura exerce ao operador jurídico, pois

o auxilia na maneira de interpretação da sociedade, consagrando-se como uma forma de

melhor adequar o Direito às necessidades sociais.

Referências CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 3. ed. São Paulo: Editora Nacional, 1973. ECO, Umberto. Lector in fabula: a cooperação interpretativa nos textos narrativos. Tradução de Attílio Cancian. São Paulo: Editora Perspectiva, 1986. SÓFOCLES. Antígona. Tradução de Donaldo Schuler. Porto Alegre: L&PM, 2001. WARAT, Luis Alberto. O Direito e sua Linguagem. 2. ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1995. POSSENTI, Sírio. Discurso Estilo e Subjetividade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. OLIVO, Luis Carlos Cancellier de. O Estudo do Direito Através da Literatura. Disponível em: <http://www.ccj.ufsc.br/~cancellier/bibliografia/livro_o_estudo_do_direito.pdf> Acesso em: 22 mar. 2010.

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