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Literatura – Modernismo 2ª fase Colégio São Paulo -Irmãs Angélicas
Professor: Victor Corrêa
3ª Série - Ensino Médio
MODERNISMO (2a FASE): POESIA
O que você deve saber sobre
Muitas experimentações feitas na fase heroica do Modernismo brasileiro (1a fase, 1922-1930) foram retomadas e outras foram propostas pelos poetas da 2a fase. Esses artistas também usaram formas tradicionais fixas, como o soneto, em suas produções. Nessa fase de amadurecimento literário, os poetas se voltaram para a análise social, a religiosidade, as reflexões filosóficas, etc. existencialistas, o sensualismo e a metalinguagem.
Fatos históricos ligados ao contexto do
Modernismo (2a fase)
MODERNISMO (2a FASE): POESIA
Crise de 1929
Deposição de Washington Luís, em 1930
Avanço dos regimes fascista e nazista
Revolução Constitucionalista
Estado Novo
ANL proibida em 1935
Prisão de Prestes e outros líderes da oposição
Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Poetas da 2a fase
A 2a fase modernista caracterizou-se pela consolidação
das ideias da 1a fase e pela reflexão sobre o mundo.
Carlos Drummond de Andrade
Vinicius de Moraes
Cecília Meireles
Murilo Mendes
Jorge de Lima
Henriqueta Lisboa
Mário Quintana
Dante Milano
Augusto Frederico Schmidt
Emílio Moura
Joaquim Cardozo
Dantas Mota
Guilhermino César
Mário de Andrade e Manuel Bandeira continuaram sua produção nesse período.
MODERNISMO (2a FASE): POESIA
ANGÚSTIA E REAÇÃO
Há noites intransponíveis, Há dias em que para nosso movimento em Deus, Há tardes em que qualquer vagabunda Parece mais alta do que a própria musa. Há instantes em que um avião Nos parece mais belo que um mistério de fé, Em que uma teoria política Tem mais realidade que o Evangelho. Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito; O tempo sobrepõe-se à ideia do eterno. É necessário morrer de tristeza e de nojo Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus, E ressuscitar pela força da prece, da poesia e do amor. É necessário multiplicar-se em dez, em cinco mil. É necessário chicotear os que profanam as igrejas É necessário caminhar sobre as ondas.
Murilo Mendes
O EXILADO
Meu corpo está cansado de suportar a máquina do mundo. Os sentidos em alarme gritam: O demônio tem mais poder que Deus. Preciso vomitar a vida em sangue Com tudo o que amaldiçoei e o que amei. Passam ao largo os navios celestes E os lírios do campo têm veneno. Nem Job na sua desgraça Estava despido como eu. Eu vi a criança negar a graça divina Vi o meu retrato de condenado em todos os tempos E a multidão me apontando como o falso profeta. Espero a tempestade de fogo Mais do que um sinal de vida
Murilo Mendes
Murilo Mendes (1901-1975)
Murilo Mendes foi poeta,
prosador e crítico de arte.
Escreveu para as publicações
modernistas Revista de
Antropofagia e Verde.
Da primeira fase modernista,
manteve o espírito satírico
e a ironia.
Sua produção focou o ser e o
social, a ousadia linguística,
transitando por uma temática
religiosa, especialmente em
Tempo e eternidade (1935).
Murilo Mendes, em 1971
AC
ER
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MODERNISMO (2a FASE): POESIA
Obra
Visão messiânica do mundo
Imagens Insólitas
Surrealismo
“ Um grande artista deve conciliar os opostos”
“o anjo pousa de leve no quarto onde a moça pura remenda a roupa dos pobres”
Início de uma estética concretista
Múltiplas essências
CACHIMBO DO SERTÃO - Jorge de Lima
Aqui é assim mesmo.
Não se empresta mulher,
não se empresta quartau
mas se empresta cachimbo
para se maginar.
Cachimbo de barro
. massado com as mãos,
canudo comprido, que bom!
— Me dá uma fumaçada!
- Que coisa gostosa só é maginar!
Sertão vira brejo,
a seca é fartura,
desgraça nem há!
Que coisa gostosa só é cachimbar.
De dia e de noite, tem lua, tem viola.
As coisas de longe vêm logo pra perto.
O rio da gente vai, corre outra vez.
Se ouvem de novo histórias bonitas.
E a vida da gente menina outra vez
ciranda, ciranda debaixo do luar.
Se quer cachimbar, cachimbe sêo moço,
mas tenha cuidado! - O cachimbo de barro
se pode quebrar
Era um cavalo todo feito em lavas
Era um cavalo todo feito em lavas recoberto de brasas e de espinhos. Pelas tardes amenas ele vinha e lia o mesmo livro que eu folheava. Depois lambia a página, e apagava a memória dos versos mais doridos; então a escuridão cobria o livro, e o cavalo de fogo se encantava. Bem se sabia que ele ainda ardia na salsugem do livro subsistido e transformado em vagas sublevadas. Bem se sabia: o livro que ele lia era a loucura do homem agoniado em que o íncubo cavalo se nutria.
Jorge de Lima - "Invenção de Orfeu
Jorge de Lima (1895-1953) Jorge de Lima foi poeta, fotógrafo, pintor,
ensaísta e historiador.
Sua fase inicial foi marcada pela influência
parnasiana. Explorou temas surrealistas,
religiosos, sociais e filosóficos.
Em XIV alexandrinos (1914), vemos sua
característica parnasiana.
Em Poemas negros (1937), tematiza o
folclore e a figura
sociocultural do negro. “Essa Negra Fulô”
Em Tempo e eternidade, escrito com Murilo
Mendes, a temática
é religiosa.
Em Invenção de Orfeu (1952), uma
colagem estruturada em dez cantos, a
temática é a vida, a arte e o homem.