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Literatura - Pré-Vestibular Impacto - Arcadismo em Portugual - BOCAGE 2

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1CONTEDO

PROF: MICHEL

02A Certeza de Vencer

ARCADISMO EM PORTUGAL - BOCAGEJACKY16/04/08

1 - Manoel Maria du Bocage Fale conosco www.portalimpacto.com.br Poeta lrico neoclssico portugus, que tinha pretenso a vir a ser um segundo Cames, mas que dissipou suas energias numa vida agitada. Nasceu em Setbal, em 15/09/1765 e morreu em Lisboa (21/12/1805), aos 40 anos de idade, vtima de um aneurisma. Ingressou na Nova Arcdia usando o pseudnimo de Elmano Sadino, tambm conhecido como poeta obsceno e ertico na autoria de alguns sonetos satricos. Notamos em sua obra o predomnio de uma sensibilidade do poeta; ao mesmo tempo uma sensibilidade sobre a razo, valorizando o sentimentalismo, marcado por um profundo sofrimento, pelo cime e o abandono, gerando um gosto pelo lado escuro da vida e tendo como nica soluo para seus problemas a morte, o que marca de certa forma a sua chegada ao Romantismo. Compreenso textual SONETO I tranas, de que Amor priso me tece, mos de neve, que regeis meu fado! Tesouro! mistrio! par sagrado, Onde o menino algero(1) adormece! ledos(2) olhos, cuja luz parece Tnue raio do sol! gesto(3) amado, De rosas e aucenas semeado Por quem morrera esta alma, se pudesse! lbios, cujo riso a paz me tira, E por cujos dulcssimos favores Talvez o prprio Jpiter(4) suspira! perfeies! dons encantadores! De quem sois?... Sois de Vnus?(5) mentira; Sis de Marlia, sois de meusGlossrio 1- Cpido / Literalmente, algero significa rpido ligeir 2- Risonho alegre. 3- Significa rosto, muito comum na poesia clssica. 4- Deus supremo, o pai de todos. 5 - Deusa da beleza e do amor.

Comentrios:

Tal soneto exemplifica a esttica rcade. Neste, observamos a presena da natureza, bem como de figuras mitolgicas como Vnus e Jpiter. O poema construdo tomando como tema oposio beleza e o seu efeito sobre o poeta. As mos da tgide tecituram o fado do poeta e os lbios da musa tiram a sua paz. A beleza dionisaca da mulher amada demonstrada ao longo do poema e, ao final, a mulher ser comparada a Vnus (Afrodite), deusa da beleza e do amor e transparece tanto a mesma beleza, que mesmo Jpiter (Zeus) por ela suspira apaixonado. Soneto II Importuna Razo, no me persigas; Cesse a rspida voz que em vo murmura; Se a lei do Amor se fora da ternura Nem domas, nem contrastas, nem mitingas:(1) Se acusas os mortais, e os no abrigas, Se (conhecendo o mal) no ds a cura, Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razo, no me persigas. teu fim, teu projeto encher de pejo(2) Esta alma, frgil vtima daquela Que, injusta e vria, noutros laos vejo: Queres que fuja de Marlia bela, Que a maldiga, a desdenhe; e meu desejo. carpir,(3) delirar, morrer por ela. carpir,(3) delirar, morrer por ela. Glossrio 1- amansar, abrandar. 2- vergonha, pudor. 3- sofrer, chorar.VESTIBULAR 2009

Comentrios:

amores.FAO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

Nesse soneto fazem-se presentes traos do Arcadismo e tambm da esttica romntica. Marlia est em outros

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laos, este ltimo vocbulo pode receber a conotao do termo outros braos. Essa viso real, essa "Importuna Razo" persegue o eu-lrico, que, ao invs de lhe dar ouvidos, prefere apreciar sua loucura. A Razo que personificada pelo uso de iniciais maisculas, pede para o eu-lrico fuja da mulher amada, contudo, seu desejo " carpir, delirar, morrer por ela." notria neste poema a existncia de um conflito entre a razo rcade e a subjetividade romntica. SONETO III Oh retrato da morte, oh Noite amiga Por cuja escurido suspiro h tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretria antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga. D-lhes pio (1) agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto. Dorme a cruel, que a delirar me obriga. E vs, oh cortesos da escuridade Fantasmas vagos, mochos (2) piadores, Inimigos, como eu, da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu corao de horrores. Glossrio 1- piedoso. 2- espcie de coruja. Comentrios:Bocage, neste poema, anuncia a vinda do Romantismo. A morte se faz presente, confundese com a noite e amiga do eu-lrico, mais que isso, ela a "Calada testemunha" do seu pranto. Alm disso, surgem fantasmas e mochos, figuras noturnas, que tal como o poeta so inimigos da claridade. Claridade essa que no deve ser vista simplesmente como luz, mas sim como metforas da luz do conhecimento e da razo, que se ope noite, ou seja, a incerteza, aos mistrios da alma, porm, essa atmosfera romntica, que envolve o eu-lrico, no atinge a mulher amada, que alheia a tudo isso, dorme tranqilamente.

SONETO IV Meu ser evaporei na lida(1) insana Do tropel(2) de paixes, que me arrastava Ah! Cego eu cria, ah! msero eu sonhava Em mim quase imortal a essncia humana. De que inmeros sis a mente ufana(3) Existncia falaz me no dourava! Prazeres, scios meus e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si no coube No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, Deus!... Quando a morte luz me roube Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver no soube. 1- Vida 2- Grande confuso, desordem. 3- Que se orgulha de algo Comentrios: Esse soneto, de tom confessional, um dos poemas de Bocage mais reproduzidos no Brasil. Ele foi escrito pouco antes da morte de Bocage e outro exemplo do pr-romantismo, porque a emoo, mais uma vez contrada pela rigidez do verso. No poema, o eu-lrico nos mostra como a sua vida foi consumida em prazeres e amores. No ltimo terceto ele invoca Deus, arrepende-se dos erros cometidos em vida e, mostrando que est totalmente reconciliado com a religio, espera encontrar na eternidade o perdo Divino. Bibliografia: Elegia que o mais ingenuo e verdadeiro sentimento consagra deploravel morte do ill.mo e ex.mo sr. D. Jos Thomaz de Menezes, etc., seu autor M. M. B. B., Lisboa, 1790; Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina; ecloga, Lisboa, 1791; Idyllios maritimos recitados na Academia das Bellas Letras de Lisboa, pelo socio M. M. de B. du B., Lisboa, 1791; 2. edio em 1821; e 3. em 1825; Rimas de Manuel Maria de Barbosa du Bocage, tomo I, 1791 Glossrio

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