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Associação de Futebol de Santarém Congresso do Futebol 2003 Santarém, 21 e 22 de Junho de 2003 Santarém Corinthia Hotel

Livro congresso futebol_2003

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Associação de Futebol de Santarém

Congresso do Futebol 2003

Santarém, 21 e 22 de Junho de 2003Santarém Corinthia Hotel

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FICHA TÉCNICATÍTULOCongresso do Futebol 2003

TEXTOSAlexandre Figueiredo

RECOLHA DE INFORMAÇÃOAlexandre FigueiredoNuno NetoSusana Sousa

COORDENAÇÃO EDITORIAL E GRAFISMOAlexandre Figueiredo

REVISÃO DE TEXTOSAlexandre Casaca Ferreira

FOTOGRAFIAS

LOGOTIPO CONGRESSO DO FUTEBOLFilipe Batista

EDIÇÃOAssociação de Futebol de Santarém

TIRAGEM1.000 Exemplares

IMPRESSÃO E ACABAMENTOSNormagrafe – Santarém

DEPÓSITO LEGAL203619/03

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ÍNDICE

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MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CONGRESSO DO FUTEBOL 2003

No contexto actual a capacidade organizativa em realizar iniciativas que contribuam para o desenvolvimento desportivo, desta região e não só, constituem mais uma das apostas da Associação de Futebol de Santarém. Com este evento é nossa intenção poder discutir e encontrar soluções que de algum modo possam enriquecer a reestruturação desportiva, temas sempre discutidos, mas que tardam em ser colocados na prática.Este parece-nos o momento oportuno, já que o adiamento destas soluções poderá originar a degradação desportiva muito receada e já sentida ao nível do futebol amador.Com os conhecimentos do excelente grupo de prelectores que nos honram com os seus conhecimentos, cuja colaboração desde já agradecemos, com o interesse manifestado por todos os congressistas, a Associação de Futebol de Santarém, que hoje inicia as festividades dos seus 80 anos, espera dar um valioso contributo para a melhoria da prática desportiva neste novo século.A todos os convidados, congressistas, prelectores e aos que tornaram pos-sível mais esta iniciativa, o nosso reconhecimento.

O Presidente da Associação de Futebol de Santarém

Rui Manuel Carreira Manhoso

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COMISSÃO DE HONRA DO CONGRESSO DO FUTEBOL 2003

Secretário de Estado da Juventude e do DesportoDr. Hermínio José Loureiro Gonçalves

Presidente do Instituto Nacional do DesportoDr. José Manuel Constantino

Presidente da Federação Portuguesa de FutebolDr. Gilberto Parca Madaíl

Governador Civil do Distrito de SantarémDr. Mário da Silva Coutinho Albuquerque

Presidente da Associação de Futebol de SantarémSr. Rui Manuel Carreira Manhoso

Presidente da Associação de Municípios da Lezíria do TejoDr. José Sousa Gomes

Presidente da Associação de Municípios do Médio TejoDr. António Paiva

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O FUTEBOL DO FUTURO, SEUS DESAFIOS E PERSECTIVA

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Carlos QueirósTécnico Principal do Real Madrid

Carlos Queirós, o actual técnico principal da equipa de futebol profissio-nal do Real Madrid, pautou a sua intervenção no Congresso do Futebol 2003, por uma abordagem estrutural ao fenómeno futebolístico.Citando Raynus Mitchell “os desafios do futuro são mais fáceis de traba-lhar, quando todos trabalham em harmonia”, Carlos Queirós salientou a importância fundamental e basilar de três vectores/”pipelines” que deve-rão ter como objectivo comum, trabalhar em conjunto no desenvolvi-mento do futebol.Na perspectiva de Carlos Queirós, existem, portanto, três vectores que constituem a “coluna vertebral” do futebol, sendo os dois últimos os mais importantes e, simultaneamente, aqueles onde as deficiências e os proble-mas são verificados com maior acuidade, são eles:- Técnico- Administrativo- Directivo

Da harmonia existente na relação entre estes três pilares estruturantes dependerá grande parte do sucesso de qualquer iniciativa, sendo certo que se torna imprescindível a existência de uma ideia de base, sólida e que seja, igualmente capaz de agregar e unir as pessoas em torno do pro-jecto, assim como servir de pólo aglutinador de esforços no alcançar dos objectivos pretendidos.No fundo, a ideia para a qual remete o discurso de Carlos Queirós, tem que ver com a necessidade de identificar de um modo claro qual o ponto de partida, isto é, a situação inicial, e, do mesmo modo, qual a situação

CARLOS QUEIROZ

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final que se pretende atingir, ou seja, os objectivos da acção/projecto.Fundamental e incontornável no êxito dessa iniciativa, a existência de uma liderança forte e credível, capaz também de mobilizar e motivar todos os diversos públicos envolvidos.Em suma, terão que existir ideias, visão estratégica e liderança, em que as pessoas acreditem e nas quais se revejam.A Federação Portuguesa de Futebol deve aqui desempenhar um papel primordial, motivando todas as partes, assumindo-se como o motor impulsionador do futebol em Portugal criando, de igual modo, ligações estreitas entre os clubes e colectividades.A exposição de Carlos Queirós, não ignorou, todavia a abordagem a algu-mas das principais enfermidades de que padece o futebol português, dei-xando algumas críticas às estruturas dirigentes nacionais. “Mais do que alterar mentalidade, é preciso mudar os homens”, afirmou, numa clara alusão aos dirigentes existentes e aos poderes instituídos.“Inviabilizámos candidaturas como a de Artur Jorge e Guilherme Aguiar e acabou-se numa lista única, constituída à base de amizades, compadrios e interesses e que foi eleita sem que se conheçam quaisquer propostas, ou sequer o que pensam do futebol português”.Carlos Queirós lembrou ainda que “os problemas do futebol português de hoje são os mesmos de há 20 anos atrás. Já então existia falta de campos e de bolas para os miúdos treinarem e salários em atraso nas equipas. Continuo, infelizmente, ainda hoje a ler notícias idênticas. O problema não é continuarmos a ter as mesmas dificuldades de falta de recursos financeiros, mas sim insistirmos em abordar esses constrangimentos do mesmo modo”.Também a planificação geográfica (ou, neste caso a ausência da mesma), da Fase Final do Campeonato de Futebol 2004 que terá lugar entre nós, mereceu do professor alguns reparos, nomeadamente a distribuição alta-

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mente assimétrica dos dez estádios pelo território nacional.Neste particular, Carlos Queirós apresentou o exemplo da malha de está-dios que constitui a rede Leiria, Coimbra, Aveiro, porquanto estamos em presença de infra-estruturas com capacidade para 30.000 espectadores, mas que apenas registam em termos médios menos de um terço dessa capacidade instalada, situação agravada ainda mais pela reduzida distân-cia geográfica, na ordem dos 100/120km. entre estas três cidades Euro.O facto de o interior do país e a Região Autónoma da Madeira, ou mesmo o Sul (abaixo de Lisboa apenas foi contemplado o complexo desportivo de Faro-Loulé), terem sido por completo negligenciados neste processo são factores que mereceram também o reparo de Carlos Queirós que, todavia, ressalvou os doze meses que ainda distam do início da prova e que podem ser aproveitados no sentido de “ainda se corrigir o que se puder”.

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JOSÉ GUILHERME AGUIAR

Data de Nascimento: 01 de Setembro de 1952

Naturalidade: Vila Nova de Gaia

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito.

Principais Actividades: Advogado.Presidente do Conselho de Administração da Gaianima, EM.Presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo – Vila Nova de Gaia.

Actividades Desempenhadas:Director Executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.Membro da Comissão de Futebol Profissional da UEFA.Membro do Grupo Jurídico UEFA/FIFA – Comissão Europeia.Membro da Comissão Regulamentação da Lei de Bases do Sistema Des-portivo.Vice-Presidente do Futebol Clube do Porto.

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Integrado no painel da sessão inaugural do Congresso do Futebol 2003, José Guilherme Aguiar, ex-director executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, fez na sua comunicação revelações surpreendentes, algumas delas mesmo polémicas.Guilherme Aguiar começou por salientar que ao nível das infra-estruturas desportivas e, de um modo mais particular, daquelas que se destinam à prática do futebol subsistem actualmente em Portugal muitas carências e insuficiências. Aliás, para o orador, a crise que hoje se vive no futebol é resultante da falta de um projecto estruturado e de uma política global e concertada para a modalidade.Com efeito, desde a excessiva concentração das infra-estruturas despor-tivas no litoral do pais aliada a uma muito deficiente ligação entre o des-porto escolar e a sua vertente federada constitui uma das maiores, se não a maior dificuldade para o desenvolvimento desportivo em Portugal.Relativamente ao Euro 2004, José Guilherme Aguiar manifestou e par-tilhou com os presentes as suas preocupações quanto ao destino e ren-tabilização da maioria dos dez estádios propositadamente construídos ou reabilitados para o evento, o qual, constituindo embora um aconteci-mento da maior relevância desportiva e social do país, se esgotará no dia seguinte à disputa da final se a dinâmica que actualmente se verifica não vier a ser continuada e, sobretudo, constituir semente para o renascer do espectáculo futebolístico.O orador transmitiu o seu receio de que alguns desses estádios possam vir a servir apenas de excelentes palcos para concertos musicais ou outros espectáculos, dado o notório afastamento do público nos jogos de futebol e, ainda mais, dos estádios onde eles ser verificam. Como exemplo refe-riu que a média dos espectadores presentes nos estádios que acolhem a Superliga, com excepção dos “três grandes” raramente é superior a duas mil pessoas.

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Por outro lado, lamentou a existência de parques desportivos sobredi-mensionados face à procura de praticantes, acrescida dos elevados custos de manutenção daí decorrentes. Como exemplo, apontou o complexo desportivo de Melgaço, cujo custo ultrapassou os dez milhões de euros e se destinam a uma população que não ultrapassa os quinze mil habitantes e a um universo de utilizadores de muito poucas centenas. Esta perspectiva acabou por corroborar as opiniões de Carlos Queiroz quando se referiu à falta de planeamento na distribuição de equipamentos e concentração das equipas desportivas, maioritariamente no litoral norte do território nacional.Já durante o período de intervenções do público, Guilherme Aguiar, con-trariou o princípio de que a fase final do Euro 2004 fora atribuída a Por-tugal porque este pais apresentou um projecto, prevendo a utilização de dez estádios para o evento.Guilherme Aguiar defendeu que o Euro 2004 só foi atribuído a Portugal devido ao desaparecimento súbito e inesperado da candidatura austro-húngara motivado pela prisão do Presidente da Federação Húngara, dei-xando apenas como concorrente a candidatura espanhola que nunca mereceu o apoio e a preferência por parte da UEFA.Mais adiante José Guilherme Aguiar manifestou a opinião de que o Euro 2004 pudesse vir a ser o último grande acontecimento futebolístico a ser jogado em Estádio com relva natural. Segundo informou a própria UEFA já decidiu que a partir da época 2004/2005 os jogos da Liga dos Campe-ões se possam vir a realizar em campos de relva sintética. Aliás, segundo contou, a própria UEFA disponibilizou-se a custear a instalação em Por-tugal de seis pisos sintéticos para a disputa de jogos da segunda Liga desde que fosse aprovada regulamentação adequada. Porém, “o futebol profissional rejeitou a proposta”.O orador defende que devido à qualidade actual e notória evolução pisos

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de relva sintética, esta seria a opção correcta a tomar pelas autarquias na construção/investimento em estruturas desportivas, tendo em contas os incomensuravelmente inferiores custos de manutenção decorrentes da opção por este tipo de solução.

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FERNANDO SEARA

Data de Nascimento:

Naturalidade:

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito.

Principais Actividades: Presidente da Câmara Municipal de Sintra.Vice-Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa.

Actividades Desempenhadas:Presidente do Conselho Superior de Desporto.Membro do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.Presidente Adjunto da Associação de Futebol de Lisboa.

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Fernando Seara, na altura Presidente do Conselho Superior de Desporto, funções que acumulou com a Presidência da Câmara Municipal de Sintra foi, a par com Carlos Queirós um dos intervenientes mais críticos, quanto ao actual momento do dirigismo desportivo português.A sua reflexão funcionou como que uma síntese, mas também um com-plemento, de duas intervenções que o antecederam, sem contudo deixar de apresentar a sua visão pessoal em relação aos dirigentes e às estruturas que gerem o futebol português.Fernando Seara abordou a problemática da organização das estruturas directivas e dos delicados equilíbrios e jogos de poder que se estabele-cem.Estes jogos de poderes, para os quais remeteu o discurso de Fernando Seara, estão directamente relacionados com a organização e com o poder interno (clubes e associações), com o delicado e nem sempre pacífico equilíbrio de poderes entre a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes de Futebol Profissional, e também com a questão financeira e nela o valor dos direitos de transmissão televisiva dos jogos de futebol, situação que mereceu aliás da sua parte o seguinte comentário: “Alguém acredita que nos próximos dois anos iremos ter jogos em canal aberto todos os fins-de-semana? Eu não!”.Foram também os poderes instituídos que, na opinião do orador, impedi-ram que o projecto que Carlos Queirós (e que visava a redução do número de clubes) apresentou para o futebol profissional português pudesse ser efectivamente implementado.Nesta perspectiva, Fernando Seara deixou em Santarém as sementes para uma futura discussão e debate acerca do poder, no sentido de se introdu-zir uma efectiva regulação e distribuição de poderes, com vista à modifi-cação e modernização das actuais estruturas dirigentes, adoptando-se um novo figurino organizativo, com “áreas de poder” bem definidas, a saber:

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poder sindical, poder desportivo, poder empresarial.Defende o orador que é necessário e urgente uma profunda reformula-ção das estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais. Segundo o próprio, nos últimos dez anos pouco se alterou neste particu-lar.E, face ao contexto actual, Fernando Seara não consegue perspectivar grandes alterações no panorama desportivo nacional nos próximos dezoito meses, uma vez que o futebol português, devido ao Euro 2004 subiu às nuvens e por lá se manterá nos próximos tempos. Só após este evento e depois de se “voltar a descer à Terra”, e com a progressiva e constante diminuição de receitas, o aumento da fiscalização e à medida que os mecanismos de licenciamento da UEFA se vão fazendo sentir de forma mais incisiva, poderemos esperar por um novo quadro ao nível da organização do futebol português.E, conclui, lançando o repto para que após o regresso à Terra do futebol português, se volte a reunir o Congresso do Futebol…

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MODERADOR DO PAINEL

RUI Manuel Carreira MANHOSO

Data de Nascimento: 07 de Julho 1942 Naturalidade: SantarémEstado Civil: CasadoHabilitações Literárias: 2º Ciclo do Ensino Básico.

Principais Actividades:Presidente da Associação de Futebol Santarém desde Outubro de 1987.Vice-Presidente do Conselho Fiscal dos Bombeiros Voluntários de San-tarém.

Actividades Desempenhadas:Chefe de Serviços Administrativos.Presidente da Direcção da União Desportiva de Santarém durante 4 anos.Secretário-Geral da Associação de Futebol de Santarém entre Janeiro de 1982 e Outubro de 1987.Membro da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Santarém durante 6 anos.Membro da Direcção do Centro Paroquial Pró-Infância de Santarém, durante 2 anos. Vogal do Departamento de Futebol da União Desportiva de Santarém durante 4 anos.Assessor da Câmara Municipal de Santarém para o Desporto.Director do Grupo de Futebol dos Empregados do Comércio durante 2 anos.Integrou a Junta de Freguesia de Marvila durante 4 anos.Exerceu funções nas Comissões da Feira Nacional de Agricultura.

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DIRIGENTES, ESTRUTURA E

ORGANIZAÇÃO DOS CLUBES

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HORÁCIO ANTUNES

Data de Nascimento: 05 de Março de 1946

Naturalidade: Covilhã

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Professor do Ensino Básico.

Principais Actividades: Presidente da Associação de Futebol de Coimbra.

Actividades Desempenhadas:Coordenador do Desporto Escolar.Treinador de Futebol.Presidente da Direcção do C.D. Lousanense.Presidente da Câmara Municipal da Lousã, 1982-1999.Governador Civil de Coimbra 1999-2002.

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Horácio Antunes principiou a sua intervenção no Congresso do Futebol 2003 apresentando uma tese em que defendeu a imperiosa necessidade de se proceder a uma profunda reformulação/reestruturação dos quadros competitivos do futebol em Portugal.No âmbito das modificações equacionadas por Horácio Antunes, des-taca-se, a alteração da Lei de Bases do Sistema Desportivo, uma situação que terá que, forçosamente, passar pelo Ministro que tutela o desporto.Neste quadro, torna-se ainda importante proceder à criação de um regime jurídico que regule o funcionamento/actividade das associações de pro-moção do desporto, neste caso concreto, aquelas que visam o fomentar do futebol.Outra área abordada pelo representante da Associação de Futebol de Coimbra, diz respeito à necessidade de “profissionalizar mais e melhor os clubes desportivos em Portugal”. Só concretizando uma efectiva pro-fissionalização destas entidades será possível assegurar a continuidade e viabilidade destes projectos desportivos, face ao avolumar de dificulda-des e desafios que quotidianamente se colocam aos dirigentes e, restantes agentes desportivos, em sentido mais amplo.Nas palavras de Horácio Antunes, a profissionalização das estruturas des-portivas, nomeada e concretamente as dos clubes é imprescindível, no sentido de poderem ser obviadas situações que começam a ser recorren-tes, e que têm a ver com a falência dos mesmos, (como são o caso, a título meramente exemplificativo, do Farense e do Campomaiorense), situa-ções directamente decorrentes das dificuldades financeiras que os clubes atravessam, e que, na perspectiva deste palestrante, constituem um pro-blema deveras preocupante.Para que este tipo de situações negativas para o futebol possam ser erra-dicadas, urge partir para um novo modelo organizativo das Associações e Clubes a nível distrital até como forma de resposta a uma maior e

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mais incisiva fiscalização que se tem vindo a verificar junto dos clubes da 3ª Divisão e dos campeonatos regionais, com vista à resolução dos problemas identificados ao nível das irregularidades detectadas com as contribuições obrigatórias para a Segurança Social e no respeitante ao pagamento de impostos.

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José Luís Rodrigues JACINTO

Data de Nascimento: 29 de Dezembro de 1958

Naturalidade: Torres Novas

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas.

Principais Actividades: Adm. das Empresas Pec Tejo, SA; Matsel, SA; Cultura de Sabores, SA.Director da Caixa de Crédito Agrícola do Ribatejo Norte, C.R.L..Presidente da Assembleia-Geral do C.A. Riachense; Club Fundo do Centro e Sociedade Columbófila de Riachos.

Actividades Desempenhadas:Treinador das equipas jovens do Clube Atlético Riachense.Director do C.A.R..Jogador de Futebol (Atlético Club Portugal, U.D. Leiria, U.D. Santa-rém, C.D. Fátima e C.A. Riachense).Presidente da Assembleia-Geral Columbófila do Distrito de Santarém.

Outras Informações Relevantes:Curso de Treinadores de Futebol da A.F. de Santarém.Campeão Nacional de Fundo da Fed. Portuguesa de Columbofilia.Ex-Atleta Federado das modalidades de Futebol e Ténis.Atleta Federado na Federação Portuguesa de Columbofilia.

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José Luís Jacinto abriu a sua intervenção afirmando que, “o futebol é uma organização e, nada mais”.Nesta óptica, o orador deixou claro que uma correcta abordagem da área de gestão é primordial em qualquer organização desportiva. As suas fun-ções passam essencialmente pela planificação de toda a actividade da entidade, pelo controle dessa mesma actividade, pela organização formal e estrutural da entidade e pela direcção de todas as acções do clube.Numa abordagem ao fenómeno desportivo que se pode classificar de mais teórica e formal, José Luís Jacinto, explicou ainda que é necessário proceder à definição dos vários níveis de gestão que, de acordo com a sua opinião, são, fundamentalmente, três: institucional, intermédio, ope-racional. Se, no primeiro caso, estamos perante um nível de gestão que se ocupa da direcção e gerência global e total do clube, definindo objec-tivos e acções formais, no terceiro nível já nos encontramos perante uma acção de gestão que pode ser considerada mais próxima da gestão de “terreno”.Absolutamente necessário na elaboração de qualquer plano de gestão, a definição clara da missão central da entidade, os objectivos a que se propõe mas, essencialmente, o tipo de estratégia a ser utilizada no sentido de concretizar a missão, assim como os objectivos.Analisando mais detalhadamente cada um destes aspectos, cumpre escla-recer que, ao nível da missão o clube/entidade deverá ser capaz de comu-nicar e transmitir a sua imagem, esclarecendo e justificando a razão de ser da sua existência, qual a finalidade a que se destina, que serviço(s) presta, quais os mercados e região a que se dirige, no fundo e, estabele-cendo aqui de alguma forma um paralelismo com a linguagem teórica do Marketing, temos que, o clube deve, face ao mercado em que se insere, publicitar o seu posicionamento, os targets aos quais se dirige e, vender/promover junto destes o seu produto, bem, ou benefício.

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Ao nível da definição de objectivos, José Luís Jacinto, estabeleceu como fundamental o traçar de objectivos realisticamente atingíveis, até porque, como o próprio esclarece, “um clube não pode fazer tudo ao mesmo tempo”. Necessária é também a definição de uma hierarquia de objec-tivos segundo prioridades e graus de importância para a actividade do clube.Os objectivos definidos deverão ainda ter em linha de conta a sua consis-tência e adequação face à realidade existente, assim como serem alvo de uma calendarização no tempo, o que possibilita a atempada detecção de eventuais desvios face ao delineado e abre caminho aos devidos reajus-tamentos, no sentido de uma permanente avaliação de se a actividade do clube se encontra ou não, em conformidade com o previamente progra-mado.José Luís Jacinto, na análise que efectuou às estruturas do futebol, iden-tificou ainda os clubes de acordo com a sua tipologia, caracterizando-se cada um deles em função da sua missão.Deste modo, são três, os prin-cipais tipos de entidades desportivas que podemos encontrar, de acordo com a sua organização/estrutura formal e objectivos, a saber:a) generalista. Regra geral, representa uma determinada localidade e visa a satisfação dos associados e população local;b) formação. Têm por finalidade a formação de recursos humanos para o futebol, nas suas variadas vertentes/níveis. Ao nível do produto (jogadores), do quadro (técnicos e massagistas). Os seus objectivos passam por um processo continuado de formação de jogadores e, simul-taneamente pela melhoria do quadro técnico existente. A estratégia deste tipo de organizações/entidades visam, essencialmente, a constituição de escolas de futebol ou de protocolos com as estruturas escolares locais e por um processo de qualificação geográfica. c) Espectáculo/alto rendimento. Este tipo de entidades estão voca-

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cionadas para outras áreas que não exclusivamente a desportiva. Dota-das de uma forte organização e estruturas profissionais este tipo de clubes procura explorar todas as oportunidades extra-desportivas, nome-adamente, e com maior incidência as componentes comercial, de marke-ting e merchandising. A sua missão é traduzida em espectadores e na exposição/reconhecimento mediático da marca que operam junto dos potenciais targets.Os seus objectivos visam o aspecto lucrativo, o aumento da quota de mercado, a remuneração do capital de mercado. A forma de actuação (estratégia) deste tipo de entidades dotadas de organização e estruturas empresariais, é diversificada e polivalente, tendendo a adaptar-se cons-tantemente mediante o feed-back/estímulos recebidos por parte dos diver-sos públicos com que interage. O modo de se relacionarem com os seus sócios/accionistas é directamente decorrente do tipo de estrutura interna da organização/instituição.Quanto à estrutura os clubes podem ainda classificar-se segundo a ordem anteriormente identificada:Os clubes de formação são, geralmente, constituídos por três órgãos: assembleia-geral, conselho fiscal e direcção, da qual estão dependentes os departamentos de comunicação e marketing, de prospecção, técnico, desportivo, pedagógico, de futebol internacional, de formação de outros agentes desportivos, etc..Os clubes de alto rendimento, são constituídos numa estrutura descen-dente que parte do clube fundador e se divide numa SGPS profissiona-lizada à qual compete a gestão da SAD, do departamento de formação, das estruturas comerciais e de todas as outras estruturas empresariais que lhe estão agregadas. A assembleia-geral, o conselho fiscal e a direcção completam o grupo de órgãos directivos da entidade.

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VASCO APARÍCIO

Data de Nascimento: 28 de Março de 1956

Naturalidade: Alcanena

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Economia (ISE).MBA em Gestão Estratégica.

Principais Actividades: Director Financeiro da Peltéci – Manufacturas de Pele e Tecidos, SA.Administrador da Constantino e Mota, SA.Presidente dos Conselho Fiscal da AUSTRA (Associação de Utentes do Sistema de Tratamentos de Águas Residuais de Alcanena).Presidente do Conselho Fiscal do CTIC (Centro Tecnológico das Indús-trias do Couro).Presidente da Direcção da APIC (Associação Portuguesa das Indús-trias de Curtumes).Presidente da Direcção do Grupo Desportivo e Recreativo de Mon-santo.

Actividades Desempenhadas:Professor do Ensino Secundário.Presidente do Conselho de Administração do CTIC.

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Na comunicação que apresentou à plateia assistente do Congresso do Futebol 2003, Vasco Aparício, presidente do Grupo Desportivo e Recre-ativo de Monsanto, lançou três temas para reflexão.A primeira problemática tem que ver com a crise que se vive presente-mente nos grupos desportivos distritais e que é essencialmente decorrente de um modelo de organização dos clubes caduco e decadente, situação que conduz a um preocupante e, potencialmente, letal afastamento dos sócios da vida desportiva dos clubes, e que explica igualmente a pro-funda letargia que se vive ao nível da reformulação das estruturas despor-tivas.Neste particular, Vasco Aparício, é apologista de uma profunda mudança de mentalidades que possa conduzir nos clubes a uma adaptação à reali-dade e aos desafios que hoje o mercado e a sociedade civil, em sentido amplo, colocam às estruturas desportivas.Só um processo de evolução de mentalidade e atitudes poderá desenca-dear o re-aproximar entre sócios e clubes, situação sobre a qual repousa grande parte da sustentabilidade e futura viabilidade destes últimos.Essencial neste particular, segundo a perspectiva apresentada por Vasco Aparício, a profissionalização destas estruturas, o que implica maiores e mais estreitos apoios por parte dos organismos públicos locais, nomea-damente por meio do auxílio e colaboração de especialistas e detentores de formação qualificada específica para a manutenção de equipamentos desportivos e para a exploração de outra tipologia de oportunidades que, existem por exemplo no quadro das Câmaras Municipais mas que, por falta de condições financeiras, não poderão existir nunca nos clubes des-portivos de âmbito local.A segunda temática explorada por Vasco Aparício na sua apresentação, tem que ver com as relações entre clubes e associações. Neste particular, o orador entende como imprescindível a necessidade de existir um maior

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diálogo e nível de colaboração entre os dirigentes dos diversos clubes e entre estes e as associações que os representam, nomeadamente ao nível da informação acerca de apoios e incentivos às entidades desportivas, entre outros tipos de relações/parcerias que poderiam ser desenvolvidas e exploradas com inegáveis benefícios para todas as partes envolvidas.Por último, o terceiro problema identificado pelo presidente do Grupo Desportivo e Recreativo de Monsanto está directamente relacionado com as dificuldades com que os clubes amadores se debatem no seu quoti-diano desportivo.Vasco Aparício alertou uma vez mais para o crescimento dos clubes, e para a tendência das colectividades viverem perpetuamente acima das suas reais possibilidades. O direito à formação desportiva, fundamentalmente pelas inúmeras fun-ções socais e pedagógicas que lhe é inerente constitui outra das ideias defendidas pelo prelector.Vasco Aparício defendeu ainda a criação/definição de limites jurídicos e um melhor enquadramento legal da actividade dos clubes amadores, quando efectivamente o são, assim como salientou o carácter urgente da resolução dos problemas fiscais dos clubes.

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JOÃO Carlos SIMÕES DE MORAIS

Idade: 41 anos.

Estado Civil: Casado. Tem três filhos.

Habilitações Literárias:Licenciatura em Direito (1992).Pós-Graduação em Direito Desportivo (1998).Pós Graduação em Direito e Economia do Desporto (2001).Programa Avançado de Management Desportivo (2003).

Principais Actividades:Advogado e Empresário.Vice-Presidente da Assembleia-Geral da Associação de Futebol de Lisboa.Conselheiro Municipal de Segurança de Oeiras.Conselheiro Municipal de Educação de Oeiras.Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Real Sport Clube.Comissão Executiva das Associações Distritais e Regionais de Futebol.

Actividades Desempenhadas:Membro da Direcção da Associação de Futebol de Lisboa (2000-2003).Membro do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa (1994-2000).Membro da Comissão de Reformulação dos Quadros Competitivos de Futebol Sénior (2001).Membro da Comissão de Revisão dos Regulamentos de Arbitragem (2001).

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Outras Acções Relevantes:Elaboração do Regulamento do Árbitro Jovem.Elaboração do Projecto de Revisão do Regulamento de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol.Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos (2001).Participação no Simpósio “O Desporto e o Mercado de Emprego: Bene-fícios Sócias e Económicos” (2002).Participação no Simpósio “Jornadas de Direito do Desporto” (2002).Organização do 1º Encontro de Dirigentes Desportivos da Associação de Futebol de Lisboa (2002).Redactor do Relatório de Fiscalidade no Futebol Amador (2002).Prelector no Seminário sobre “Fiscalidade no Desporto” (2002).Redactor do Projecto de Reformulação dos Quadros Competitivos e Revisão das Leis Desportivas (2003).Prelector nas Jornadas Nacionais de Treinadores e Agentes Desportivos (2003).Prelector do Congresso do Futebol (2003).Participação no Simpósio da Confederação do Desporto de Portugal (2003).

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A comunicação do representante da Associação de Futebol de Lisboa, João Morais, incidiu sobretudo na apresentação de um novo modelo/estrutura para o clube/actividade desportiva em sentido amplo, embora, neste caso, devidamente enquadrado no contexto específico do futebol.A tese defendida por João Morais assenta em 4 premissas base:a) reformulação dos quadros competitivosb) reforma legislativac) actuais problemas vividos pelos clubes distritaisd) novo modelo de clube

No respeitante à primeira ideia, o prelector entende que a necessária reformulação dos quadros competitivos que urge concretizar deve partir de uma iniciativa conjunta da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clubes de Futebol Profissional, contando, naturalmente, com a cola-boração e auxílio do Conselho Superior de Desporto.Esta é uma condição indispensável para uma real melhoria da prática futebolística em Portugal e, sobretudo, dos níveis competitivos das nossas provas oficiais, factor que tem merecido críticas de alguns sectores liga-dos ao desporto, e que é geralmente apontado como sendo um dos facto-res que, provavelmente, mais contribuiu para o divórcio que se verificou entre o público e o fenómeno desportivo, com todas as consequências/efeitos conhecidos, sendo a notória e acentuada quebra de receitas aquela que suscita junto dos agentes desportivos maiores sinais de fundada preocupação/apreensão.A reforma legislativa, a par com a medida acima abordada, constitui outros dos pilares fundamentais na revolução que é necessário operar nas estruturas do futebol português, com vista à sua modernização, à sua maior competitividade, o que permitirá, numa fase posterior, a recupera-ção do público e por inerência, de receitas.

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Neste particular, João Morais, entende como imprescindível a reformula-ção da Lei de Bases do Sistema Desportivo e, paralelamente a revisão do Regime Jurídico das Federações.Ao nível dos actuais problemas/dificuldades vividas pelos clubes distri-tais, João Morais, destaca três: dívidas fiscais, dívidas à Segurança Social e algum descontrolo por parte dos clubes ao nível da gestão de remune-rações e da massa salarial auferidos pelos seus quadros de atletas.A concluir a sua intervenção, o representante da Associação de Futebol de Lisboa, apresentou a sua doutrina quanto a um novo modelo de clube que será necessário construir e que, na sua perspectiva, deverá assentar nu binómio de cooperação/responsabilização entre o Estado e os próprios clubes.Ao primeiro, caberia estimular o associativismo, promover um acom-panhamento equilibrado dos clubes, proceder a uma reforma legislativa adequada ao contexto e realidades existentes e, por último, participar financeiramente na viabilização destas entidades com funções social-mente meritórias, intervindo, contudo, eficazmente, quando assim se impusesse e não optando pelo habitual distanciamento e primando pela auto-desresponsabilização.Aos clubes, neste novo enquadramento das estruturas desportivas cabe-riam as tarefas de reformulação organizativa interna, a adequação, defini-ção e adequado dimensionamento da sua estrutura, promoção de acções de captação de dirigentes mas, também, uma definição de objectivos rea-lista e consentânea relativamente à missão e às disponibilidades e possi-bilidades do clube.

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ALEXANDRE José C. CASACA FERREIRA

Data de Nascimento: 15 de Abril de 1948

Naturalidade: Santarém

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Frequência do Curso de Gestão de Empresas - ISCTE.

Principais Actividades: Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Paraque-dismo.Vice-Presidente da Associação de Futebol de Santarém.Sócio Gerente de uma empresa de Desportos de Aventura.

Actividades Desempenhadas:Várias relacionadas com as funções de Oficial Superior das Forças Armadas.Director do Clube de Paraquedismo Nacional “Os Boinas Verdes” - 14 anos.

Outras Acções Relevantes:Possui o Curso de Oficial Superior do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea.

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COMUNICAÇÃO SOCIAL

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É difícil falar sobre a relação dos jornalistas com o futebol, uma vez que vivemos um período crítico. Paralelamente, este é, também, o país dos blackouts, quando a informação de que a Comunicação Social faz eco não é consentânea com os interesses pontuais de cada clube. Outro factor que não deve ser negligenciado, e que foi referido por José Marinho, é a propensão/tendência que os treinadores portugueses têm para ser servirem da comunicação social como arma propagandística.Perante o cenário traçado por José Marinho, impõe-se a questão: qual o distanciamento crítico que um jornalista deve ter com as suas fontes?Não há uma fronteira muito nítida entre a informação e a manipulação, uma vez que as informações que são passadas, não passam, na maioria dos casos de pura manipulação/propaganda.Simultaneamente, o orador esclarece que “o pior inimigo do jornalismo é a imaginação dos próprios jornalistas, porque há uma necessidade de informar e por vezes deparamos com barreiras que necessitam de ser ultrapassadas”.“O futebol é uma indústria”, reconhece José Marinho e, como tal, “para mim é difícil adaptar-me a este novo mundo que os clubes inventaram. Chegámos à situação perversa que a dada altura imaginação substitui a informação”.As relações entre a comunicação social e os clubes de futebol não são transparentes, não existe, por exemplo, uma corrente constante de fluxos comunicacionais sérios e isentos. As relações que se estabelecem são, não raras vezes, mais pessoais do que propriamente profissionais ou institucionais. Estas são relações muito complexas porque os clubes não conhecem quais limites até onde podem chegar, isto é, desconhecem o tipo de informação que podem veicular. A reflexão de José Marinho parece aqui aludir, ainda que, de forma implícita, a um tipo de situações que, por

JOSÉ MARINHO

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vezes, são aproveitadas por profissionais e órgãos de comunicação social pouco escrupulosos que, no sentido de se adiantarem à concorrência esquecem os deveres éticos e deontológicos a que estão estatutariamente vinculados.

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José Manuel Delgado começou por, baseado na sua própria experiência pessoal, revelar que dispõe de um benefício acrescido sobre jornalistas e dirigentes. “Tenho a vantagem de ter estado em ambos os lados, tenho a noção do dirigismo e do seu perigo”. Mas o editor executivo do jornal desportivo “A Bola”, fez também notar que a “Comunicação social ligada ao desporto é diferente de todas as outras”, pois, como faz questão de frisar, “nada se compara com as pes-soas que são movidas por paixões e emoções estratégicas”, situações que são a regra e marcam o quotidiano dos agentes desportivos.Numa lógica de mercado comunicacional desportivo, em que “os jornais desportivos dedicam 75% ao futebol, têm de identificar o que é essencial e o que é acessório”. Os jogadores são, neste contexto, um “produto” bastante procurado por força do seu protagonismo/projecção mediática. Esta preponderância do desportista sobre os demais intervenientes/agentes desportivos nas solicitações de que são alvo por parte dos jor-nalistas, não implica necessariamente que os dirigentes não tenham o seu peso ou espaço próprio no contexto da imprensa desportiva. Toda-via, as pessoas (públicos) não pagam para os ver, mas sim aos jogadores pois são eles quem, por direito próprio e na qualidade de protagonistas/intérpretes do desporto-rei deverão ter o privilégio de estar nas páginas dos jornais, “tudo isto a bem do futebol”.Igualmente importante numa realidade presente em que pontifica a impe-riosa necessidade dos clubes necessitarem de realizar receitas, tem que ver com a qualidade e as condições do espectáculo oferecido. Para que possa existir una evolução positiva no volume de receitas o espectáculo futebolístico terá que se nivelar por padrões de qualidade superiores. No fundo, para que se possam realizar maiores receitas terá que se motivar os públicos, isto é, as pessoas têm que querer assistir aos jogos e esse é

JOSÉ MANUEL DELGADO

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um factor directamente decorrente e indissociável de uma boa prática de futebol.“Parece-me que é fundamental que os dirigentes metam na cabeça que têm de vender um bom espectáculo. A realidade do país diz-nos que não é necessário existirem 18 clubes na primeira liga, 10 chegavam”, defende José Manuel Delgado. “Não há interesse no nosso campeonato e, os jornais não podem ir a reboque dos clubes, pois estes confundem informação com propaganda, a única coisa que, na realidade, nos dão. Enquanto que os jornais têm o direito de serem imparciais os clubes têm o dever de ser parciais. Os jornais não devem, nem têm de inventar e construir notícias ou aconteci-mentos. Não vale a pena enganar os leitores”, sustenta o editor executivo de “A Bola”, deixando algumas críticas veladas no seu discurso à actual organização e relações entre Clubes e Comunicação Social. A intervenção de José Manuel Delgado deixou ainda entender algum des-contentamento face à tipologia de informação emitida pelos clubes para os órgãos de imprensa, que caracterizou como sendo de índole propagan-dística e, alguma posterior falta de sentido crítico da parte destes últimos na organização e veiculação dessa informação sob a forma de notícias e acontecimentos para os públicos, apenas porque “vende”.Outra das ideias deixadas para reflexão pela intervenção do orador foi a relação que pode ser estabelecida entre os sucessos desportivos e as vendas. Neste particular, há muito para evoluir nos contactos entre os clubes e os jornais. Poder-se-ia chegar a soluções interessantes a este nível mas isso será sempre a pior forma pois, seguindo a lógica actual esse tipo de iniciativas só será expectável quando os clubes estiverem com a corda no pescoço.Em jeito de conclusão e seguindo a mesma linha de intervenção da gene-ralidade dos prelectores convidados pela Associação de Futebol de San-

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tarém para o Congresso do Futebol 2003, José Manuel Delgado, destacou a revolução no modo abordagem aos problemas e nas políticas directi-vas que terão necessariamente de se verificar, afirmando que, “quanto ao jornal “A Bola” vai trabalhar para que haja uma evolução de mentalida-des”.

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VALTER Mateiro da Graça MADUREIRA

Idade: 22 anos

Naturalidade: Almeirim

Estado Civil: Solteiro

Habilitações Literárias: Estudante Universitário.

Principais Actividades: Director de Desporto do Grupo RCA-Ribatejo (Rádio Ribatejo e Rádio Bonfim).Colunista do Jornal “O Remate”.Editor de Desporto do Jornal “O Almeirinense”.Colaborador do Jornal “Record”.

Actividades Desempenhadas:Percurso Radiofónico iniciado aos 12 anos.Director de Desporto desde os 17 anos.Colaborador do Jornal “O Ribatejo”.

Outras Informações Relevantes:Praticante de Andebol durante 10 anos.Paixão pelo jornalismo, em particular pela Rádio.Várias acções de formação e reciclagem pelo CENJOR.

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A realidade que Valter Madureira, coordenador de Desporto do Grupo RCA-Ribatejo, trouxe ao Congresso do Futebol é substancialmente dife-rente das perspectivas anteriormente abordadas, até porque a área de intervenção e acção da imprensa regional desportiva, além de operar numa escala infinitamente mais restrita do que os primeiros –o próprio conceito, organização, estrutura e públicos-alvo não são iguais, diverge em muito da actividade da comunicação social especializada nos assun-tos desportivos de âmbito nacional/internacional. Desde logo, como explicou Valter Madureira, a crise latente na imprensa regional tem-se vindo a agravar de modo progressivo. “Mas, estou con-victo de que podemos mudar isso” garantiu ainda o prelector. Os problemas identificados pelo coordenador de desporto do Grupo RCA- Ribatejo não se circunscrevem unicamente aos dirigentes despor-tivos pois, como o próprio adianta, a nível distrital, são frequentes, por exemplo, a intervenção e a ingerência do poder político nas actividades desportivas.“O ideal será conseguirmos fazer um trabalho idêntico ao desenvolvido pelos grandes meios de comunicação social. Temos, porém, de tomar consciência que não podemos trabalhar da mesma maneira que as rádios e os meios de âmbito nacional, visto os recursos humanos, técnicos e financeiros serem vincadamente diferentes”. Este tipo de constrangimentos à acção do jornalista desportivo regional, assim como a própria estrutura dos meios de informação regionais, levam não só ao desenvolvimento de um fenómeno propagandístico ainda mais acentuado do que nos casos anteriormente analisados mas, também, a que por vezes sejam os dirigentes a beneficiar da promoção pública con-ferida (mesmo que de forma não premeditada) pelos órgãos informativos e não os clubes ou os atletas como sucederia numa situação ideal.Segundo Valter Madureira a imprensa regional tem responsabilidades

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acrescidas no processo de mudança de mentalidade e evolução da cul-tura desportiva. Contudo essa situação não se verifica porque, segundo o mesmo explica “não temos comentadores habilitados para tal”. Na ver-dade, são muitos os “profissionais”/colaboradores que podem ser encon-trados no exercício das funções de jornalista ou repórter com ligações pessoais muito estreitas com as estruturas dos clubes que acompanham, relações que fomentam a promiscuidade e nada contribuem para a credi-bilização das estruturas desportivas. Outra lacuna importante a este nível e que pode ser explicada pela insu-ficiência de recursos financeiros dos órgãos de comunicação social, tem que ver com a escassez de profissionais do jornalismo e da comunicação com formação específica nesta área, o que, por inerência abre as portas aos “carolas” que acompanham os acontecimentos por amor à camisola, ainda que as suas competências pessoais para o exercício da actividade não sejam as mais desejáveis. Em jeito de conclusão, Valter Madureira deixou ainda alguns recados. “Lanço um desafio que é juntarmo-nos e unir o sistema desportivo. Defendo um projecto de união harmoniosa entre a imprensa e os agentes do futebol. Temos potencialidades humanas na nossa região para imple-mentar uma iniciativa deste género. Precisamos é de unir esforços e tra-balhar para tal!”, defende.

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ANTÓNIO Luís Santa Rita F. MAGALHÃES

Idade: 40 anos

Naturalidade: Lisboa

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: 12º Ano de Escolaridade.

Principais Actividades: Director-Adjunto do Record.

Actividades Desempenhadas:Editor da Secção de Desporto do Correio da Manhã.Chefe de Redacção em A Bola.

Outras Informações Relevantes:Inicio da carreira em 1983 no Off-Side. Segue-se a Gazeta dos Despor-tos, Correio da Manhã, A Bola e Record.

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António Magalhães, director adjunto do jornal desportivo “Record”, começou por lançar algumas críticas aos clubes de futebol e à forma como estes gerem a sua actividade e a projecção mediática da mesma. Na perspectiva do jornalista, “os clubes não têm sabido vender o seu pro-duto, nem sabem utilizar os media como parceiros de negócio”. O marasmo em que se tem vivido neste domínio, assim como a perver-são por parte da maioria das instituições futebolísticas nacionais da figura do assessor de imprensa/director de comunicação, mereceram também os reparos de António Magalhães, porquanto no segundo caso, pese embora a criação de figuras que deveriam mediar a relação clubes/comunicação social, a verdade é que não raras vezes, a acção destes agentes é pautada pela sonegação e filtragem de informação e não pela facultação da mesma aos jornalistas. “Os clubes pouco têm investido em matéria de relações com a comu-nicação social. A sua preocupação consiste em não passar informação. Criou-se a figura do assessor de imprensa, mas não existe nos clubes uma efectiva e voluntária politica de comunicação”, sustentou o director-adjunto do “Record”. Ainda assim António Magalhães transporta para a classe dos profissio-nais da comunicação algumas das responsabilidades pelo actual estado do jornalismo desportivo. Segundo defendeu, devido aos inúmeros cons-trangimentos colocados pelos clubes e respectivos dirigentes no acesso dos jornalistas aos jogadores de futebol, estes sim, os verdadeiros artis-tas, o espectáculo acaba por ser promovido por uma necessidade de pro-tagonismo latente em alguns dos nossos dirigentes, cuja incontinência verbal alimenta diariamente a polémica e monopoliza as manchetes dos jornais desportivos. Estes factores acabam por conduzir a uma perversão, porquanto a promoção da modalidade, ao invés de se fazer por meio dos atletas, faz-se à custa da perpetuação de polémicas entre dirigentes.

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Marco Domingos, jornalista da publicação regional “Bancada”, começou por deixar um apelo, em jeito do justo reconhecimento que é necessário fazer-se de todos os agentes que intervêm na base do sistema desportivo e que, na maioria dos casos, trabalham em função de um “amor à cami-sola”, no sentido de uma motivação contínua deste tipo de intervenientes: “esta gente que vive do futebol regional precisa também de ser reconhe-cida nos media locais. O trabalho de formação é muito importante, é preciso apostar nas pessoas que trabalham directamente com o futebol”, sublinhou o orador. Marco Domingos, reconhece, de igual modo, o carácter ainda embrio-nário no respeitante às relações que se estabelecem entre os órgãos de comunicação de âmbito local e regional e os clubes/associações despor-tivas. “Ainda estamos a dar o primeiro passo na comunicação regional e no seu contacto com os clubes”. A imprensa regional é, na perspectiva do jornalista da “Bancada”, “o retrato fiel do que é o futebol regional. O futebol regional necessita de levar uma volta. No entanto o exemplo tem de vir de cima.” Os dirigentes da Associação de Futebol de Santa-rém têm de ter coragem de tomas decisões e de as levar até ao fim”, justi-fica, referindo-se à urgência que existe em repensar todas as estruturas do futebol, alterar comportamentos e concretizar uma efectiva mudança de mentalidades, face aos novos desafios que se colocam quotidianamente. “A imprensa regional também precisa de voz”, defende o prelector. “Pre-cisamos uns dos outros”, explica, sustentando que devem ser estabe-lecidas parcerias e desenvolvidas sinergias entre os diversos agentes desportivos, fundamentalmente os que estão ligados ao futebol, no sen-tido de se encontrarem soluções úteis e que permitam defender o espec-táculo das dificuldades que continuamente vão surgindo. E, conclui, formulando um desejo: “Espero que o nosso futebol distrital tenha equipas sólidas no futuro”, disse.

MARCO DOMINGOS

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MODERADOR DO PAINEL

JOÃO PAULO NARCISO

Data de Nascimento: 29 de Abril de 1966 (37 anos)Naturalidade: SantarémEstado Civil: Casado

Habilitações Literárias: 12º Ano.

Principais Actividades: Director do jornal “Correio do Ribatejo”.

Actividades Desempenhadas:Funcionário Público durante 4 anos.

Como Jornalista: Rádio Piranha. Rádio Pernes.Correspondente do jornal “Público” durante 5 anos.Correspondente do jornal “O Jogo” durante 4 anos.

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TREINADORES E O

DESENVOLVIMENTO DO JOGO

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CARLOS SILVA

Data de Nascimento: 23 de Abril de 1954Naturalidade: LisboaEstado Civil: Divorciado

Habilitações Literárias: Curso Geral de Mecânica.

Principais Actividades: Técnico de Manutenção de Aeronaves.Seleccionador Nacional de Futsal Feminino.Treinador do Grupo Cultural e Desportivo Del Negro.

Actividades Desempenhadas:Jogador de Futebol (S.L. Benfica e Estrela da Amadora).Assessor do Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Lisboa.Treinador da Selecção de Futsal da Associação de Futebol de Lisboa.

Outras Informações Relevantes:4 Títulos nacionais de seniores femininos.7 Títulos distritais de seniores femininos – A.F. Lisboa.4 Títulos distritais juniores femininos – A.F. Lisboa.1 Título distrital de juvenis masculinos – A.F. Lisboa.1 Título distrital de iniciados masculinos – A.F. Lisboa.5 Taças Femininos – A.F. Lisboa.

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A intervenção de Carlos Silva, seleccionador Nacional de Futsal, no Con-gresso do Futebol 2003, justifica-se pela necessidade de não esquecer uma modalidade que, nascida do futebol tradicional, se poderá afirmar no futuro como uma das práticas desportivas mais atractivas e que, simulta-neamente, poderá congregar maiores apoios e cativar maiores volumes de públicos devido às condições especiais que lhe estão associadas.De notar ainda que o Futsal é uma modalidade que se encontra ainda a dar os primeiros passos no nosso país e onde os custos de actividade são moderados, por força de gastos inferiores com instalações e infra-estruturas que decorrem das especificidades características desta variante do tradicional futebol de 11.Verifica-se ainda que o Futsal foi a modalidade desportiva que nos últi-mos anos mais cresceu em Portugal beneficiando, naturalmente, da con-dição de desporto novidade, facto que, não deverá, contudo, deixar de constituir motivo de reflexão e de regozijo pelos níveis de desenvol-vimento alcançados, havendo já quem, inclusive perspective o Futsal, como o grande desporto de massas do século XXI.Na reflexão partilhada com os restantes participantes nos trabalhos do Congresso do Futebol 2003, Carlos Silva defendeu que aos treinadores de Futsal cabe também a tarefa de contribuir no processo evolutivo da modalidade. Todavia, o seleccionador nacional de Futsal, acrescentou também que deveria existir um maior esforço na tentativa de compreensão do Futsal e na transmissão de alguns conhecimentos próprios desta modalidade para o futebol de 11, sinergias que poderiam também resultar interessantes para ambas as modalidades.Carlos Silva sustentou, igualmente, a tese de crise associada ao Futsal devido, essencialmente, à escassez de espectadores, situação que é, para-doxalmente, motivada pelo reduzido interesse suscitado por uma moda-

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lidade que constitui novidade e com as consequentes dificuldades de penetração num mercado desportivo onde o futebol de 11 é “rei e senhor”. As equipas femininas poderiam, na perspectiva do orador, ajudar no pro-cesso de implementação e consolidação do Futsal no contexto desportivo português.O seleccionador nacional de Futsal entende ainda que, por ser uma moda-lidade com relativamente pouco tempo de actividade não existe ainda uma efectiva consolidação ao nível dos métodos de trabalho nesta prática. O treinador deve, por isso, ser capaz de se adaptar muito mais rapida-mente às transformações e evoluções que vão acontecendo face aos seus homólogos do futebol de 11, onde os métodos de trabalho já estão muito mais consolidados e explorados. No fundo, a ideia veiculada no discurso de Carlos Silva é a de que o Futsal vive ainda de alguma imaturidade característica da sua juven-tude estrutural, o que necessariamente implica um maior esforço de adaptabilidade/sensibilidade dos treinadores e responsáveis técnicos para se ajustarem a novas metodologias de trabalho e treino que surgem cons-tantemente, por oposição aos do futebol de 11, onde já (quase) tudo foi inventado.Também o mito acerca de um pretenso excesso de treinadores de Futsal foi de alguma forma desmontado por Carlos Silva que explicou que essa ocorrência apenas se verifica ao nível das equipas de topo. O técnico é ainda defensor de um processo de aprendizagem dos treina-dores de Futsal que compreenda todos os escalões de formação, pois, apenas deste modo, será possível transmitir gestos técnicos, para que a qualidade técnica e adaptação seja, posteriormente, notada ao nível dos escalões competitivos mais altos.Por último, o seleccionador nacional de Futsal defendeu ainda a existên-cia e a disponibilização de maiores incentivos para a criação de equipas

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de Futsal feminino visto a elevada qualidade técnica destas atletas, o que poderia servir também de plataforma de desenvolvimento e lançamento da modalidade no sentido de uma maior promoção e visibilidade desta variante do tradicional futebol de 11.

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NUNO Miguel Minderico Ferreira PRESUME

Data de Nascimento:

Naturalidade:

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Educação Física e Desporto – Opção Futebol, pela Universidade Lusófona.Curso de Nível III da Federação Portuguesa de Futebol.

Principais Actividades: Professor Requisitado pela Câmara Municipal do Cartaxo, exercendo as funções de Técnico Superior de Desporto.Treinador de Futebol.

Actividades Desempenhadas:Professor do Quadro de Nomeação Definitiva na Escola Secundária de Tábua – CAE de Coimbra.Formador do Curso de Nível II, promovido pela Associação de Futebol de Santarém no ano de 2003.

Outras Informações Relevantes:Coordenador do Futebol Juvenil do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas de 1994/1995, 1995/1996, 1996/1997 e 1999/2000.Treinador Principal do Sport Lisboa e Cartaxo nas épocas de 1995/1996, 1996/1997 e 2000/2001.

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Treinador Principal da Associação Desportiva do Carregado na época de 1997/1998.Treinador Principal da União Desportiva de Santarém na época de 1998/1999.Treinador Principal do Clube Atlético Riachense na época de 2001/2002.Treinador Principal do Centro Desportivo de Fátima nas épocas 2000/2001 e 2002/2003.

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A comunicação preparada por Nuno Presume que, na época transacta orientou a equipa de futebol profissional do Desportivo de Fátima, para a plateia participante no Congresso do Futebol 2003, versou sobre a carac-terização do futebol e do jogo e, de um modo mais particular acerca da evolução do treino e da evolução do treinador. O técnico de futebol começou por apresentar de forma genérica as principais características do futebol actual, nomeadamente, as elevadas implicações sociais, culturais e económicas, o enormíssimo impacto e dimensão dos interesses em “jogo”, os conflitos e pressões que neste âmbito se geram e a imperiosa necessidade que decorre da rentabiliza-ção de todos os produtos do futebol (clube, equipa, técnicos, jogadores, etc.).De um modo mais aproximado, Nuno Presume, referiu-se ainda aos diversos constrangimentos que hoje ocorrem no planeamento desportivo, sobretudo o reduzido período preparatório por oposição a um período competitivo mais longo, (com exigências competitivas elevadas, onde a manutenção de um rendimento elevado e constante se irá prolongar por toda a época), o processo de treino e de jogo que deverá ser mantido orientado visando o desenvolvimento e trabalho das diversas componen-tes do jogador: técnico-táctica e cognitiva.Após esta contextualização inicial, Nuno Presume debruçou-se mais especificamente sobre as características de jogo no âmbito do futebol de alta competição, mormente ao nível das exigências de jogo e relati-vamente ao esforço. No respeitante ao primeiro tópico, o técnico refe-riu-se aos conceitos de superioridade numérica, à maior polivalência dos jogadores e ao mais elevado índice de participação nas tarefas de ataque/defesa que lhes são exigidas, no sentido de ser obtida uma maior pressão do e sobre o adversário em diferentes zonas do terreno de jogo. Para que estas premissas possam ser objectivamente cumpridas, as tarefas indi-

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viduais e colectivas terão de ser definidas antecipadamente, atendendo também a ritmos de jogo cada vez mais elevados e variados.Quanto aos desafios que se colocam ao nível do esforço, Nuno Presume, destacou o aumento do número de intervenções, um maior número de deslocamentos e intensidades máximas e sub-máximas, a redução do tempo e espaço para pensar e executar as tarefas, a importância da dis-puta de bola em zonas determinantes, e o número crescente deste tipo de “lances” em situação de confronto directo com o adversário.Outra temática a merecer a reflexão de Nuno Presume, diz respeito à pla-nificação do processo de treino, onde foram abordadas duas variantes dis-tintas.Uma primeira, a convencional, que visa uma actividade de treino diri-gindo e orientando os estímulos a aspectos muito particulares e isolados.Esta forma de planificação caracteriza-se ainda pela simplificação dos diversos factores de rendimento (tácticos, técnicos, físicos, psicológicos e complementares), pela preponderância dos aspectos físicos sobre os demais, pela importância do período preparatório para toda a época des-portiva, pela sua orientação para a criação de “picos” de forma (com base nos efeitos retardados das cargas), pelo seu carácter pouco específico, pela sua abordagem analítica da recuperação do atleta, associada à carga e quantidade do treino.Ao nível das vantagens e desvantagens, destacam-se, do lado dos aspec-tos positivos uma mais fácil direcção das cargas de treino a capacidades isoladas, a melhor determinação das cargas, e o fácil controlo daí decor-rente. Como aspectos negativos destacam-se as melhorias verificadas que acontecem isoladamente e fora do contexto, a dificuldade em garantir a adequação do plano aos objectivos pretendidos, o facto de ser mais irreal e, consequentemente, mais monótono.A segunda forma de planificação identificada por Nuno Presume, a tác-

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tica, consiste em, partindo da competição treinar os factores que determi-nam a sua eficiência.Na perspectiva táctica as periodizações e planificações devem convergir para o modelo de jogo adaptado e o modelo de jogo da equipa deve ser tomado como referência para a construção do exercício de treino. O prin-cípio da especificidade, a integração dos factores isolados e a aquisição de um nível de alta forma desportiva associada ao desempenho e qua-lidade, são outros dos elementos característicos desta filosofia de plani-ficação de treino. As principais vantagens são, sobretudo, a sua maior especificidade e realismo, o ser mais diversificado e, por inerência, mais motivador para o atleta. Destacam-se, como desvantagens a difícil direc-ção a alguns factores, a menor definição das cargas e também a maior dificuldade de controlo dos diversos aspectos do treino.A concluir a sua apresentação, Nuno Presume, reflectiu acerca das prin-cipais qualidades que um bom treinador de futebol deverá reunir, por oposição ao treinador/ditador prepotente e detentor da verdade absoluta.Para o orador o treinador deverá dominar os conhecimentos e técnicas de intervenção nas mais variadas áreas (desde a metodologia do treino à dinâmica de grupos), deverá aderir a um processo de formação con-tínua assumindo a relatividade do conhecimento e o carácter evolutivo do mesmo, deverá adquirir a sensibilidade necessária à compreensão da especificidade de cada realidade, identificando os factores condicionan-tes e sendo capaz de encontrar as soluções mais apropriadas a cada con-texto situacional específico. Uma sólida formação humana e desportiva, assim como uma elevada capacidade organizativa e de gestão, são outras qualidades consideradas fundamentais pelo técnico.A intervenção de Nuno Presume fechou com uma citação do treinador do momento, José Mourinho, que terá em determinada situação afirmado que “o jogador português não gosta de treinar, ...mal!”.

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AGOSTINHO Vieira de OLIVEIRA

Data de Nascimento: 05 de Fevereiro de 1947

Naturalidade: Póvoa de Lanhoso - Braga

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura (Faculdade de Letras – Porto)

Principais Actividades: Treinador Adjunto da Selecção Nacional A.

Actividades Desempenhadas:Seleccionador Nacional (todos os escalões).Seleccionador Nacional Interino (2002-2003).

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A comunicação/reflexão trazida por Agostinho Oliveira aos participantes do Congresso do Futebol foi essencialmente marcada pela exploração e análise de questões téorico-práticas do futebol e foi estruturada numa lin-guagem essencialmente técnica e dirigida a este tipo de profissionais que, no fundo, constituíam a maioria da plateia presente.iNa parte introdutória da sua exposição o ex-seleccionador nacional de futebol abordou um pouco superficialmente o trabalho desenvolvido pelos diversos profissionais ao serviço do Departamento Técnico da Federação Portuguesa de Futebol, o que resultou numa notória evolução do futebol formativo nacional, o que se reflecte não só no êxito que as nossas selecções dos escalões jovens têm alcançado (recorde-se a título meramente indicativo as recentes prestações das selecções de Sub-17 Sub-19 nos respectivos Campeonatos Europeus), mas que pode ser igual-mente aferido pela presença de inúmeros jogadores portugueses nos prin-cipais clubes dos mais competitivos campeonatos da Europa.Agostinho Oliveira reportou-se à estrutura/modelo de jogo das selecções, nas suas diversas vertentes, e a forma como “historicamente” o mesmo evoluiu, apresentando o diagnóstico das várias possibilidades, a análise e opção por uma determinada solução e, por último a implementação da técnica clássica do 4x3x3. O ex-seleccionador lembrou ainda a importância da correcta e clara defi-nição dos pontos-chave da estrutura de uma equipa em fase adaptativa, nomeadamente através da articulação dos vários sectores/elementos e também por meio dos sistemas de compensações.Ao nível das articulações possíveis, Agostinho Oliveira, expôs combina-ções e várias soluções possíveis, desde aquela que compreende 1 ou 3 avançados, ou uma outra montada em torno de 2, tendo também concreti-zado uma abordagem/caracterização dos jogadores em relação aos posi-cionamentos base de cada articulação.

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Por último, no que concerne aos aspectos acima discutidos, Agostinho Oliveira salientou a necessidade de fixar e cimentar a estrutura/modelo de jogo, através dos processos e sessões de treino.A modelação/planificação das sessões de treino em função da estrutura da equipa (seja esta em 4x3x3 ou em 3x4x3, sistemas que Agostinho Oli-veira descreveu com algum pormenor, assim como os movimentos e fun-ções que cada atleta deverá desempenhar em cada função), foi também uma temática explorada pelo técnico. Neste particular, Agostinho Oli-veira, concretizou uma abordagem ao conceito de sistematização das acções de base do treino e o modo como estas se poderão reflectir pos-teriormente no jogo, destacando a importância dos trabalhos inter-secto-riais, a primazia que deve ser conferida ao trabalho nas alas, a mobilidade atacante que deverá ser conseguida, a polivalência de todos os atletas que deverão jogar de forma semelhante e continuada de área a área e, sobre-tudo, o desenvolvimento/exploração de esquemas e metodologias de tra-balho que dêem prazer/alegria, estimulem e motivem os jogadores para o desempenho igual tanto nas acções ofensivas como nas tarefas defensi-vas.A fechar, Agostinho Oliveira, deixou aquelas que na sua perspectiva constituirão os principais elementos técnico-tácticos do futebol e do atleta de amanhã:1 – reagir rapidamente à tentativa de reequilíbrio defensivo do adversá-rio;2 – jogar (através do passe) em profundidade, isto é, recorrer ao passe como forma de encontrar e criar espaços onde se possa jogar;3 – o jogador que dá profundidade ao jogo deverá ser rápido e desequili-brador;4 – como enfrentar a pressão do adversário (o anti-pressing);5 – a importância do talento individual e a criatividade do atleta;

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6 – a qualidade paciência/espera de uma equipa para levar a efeito acções de desequilíbrios colectivos fortes;7 – a capacidade de reacção colectiva da equipa às diversas incidências particulares do jogo;8 – a definição e implementação de tácticas responsáveis e flexíveis;9 – a importância dos duelos 1x1;10 – as características dos atacantes de amanhã – rapidez, dinamismo, capacidade de drible, movimentados e tacticamente fortes/evoluídos;

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ARBITRAGEM, REGULAMENTOS E DISCIPLINA

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LUÍS Manuel Blanco Rocha GUILHERME

Data de Nascimento: 31 de Julho de 1955 Naturalidade: BombarralEstado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Curso Industrial de Montador Electricista.

Principais Actividades: Bancário.Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Actividades Desempenhadas:Bancário.Árbitro de Futebol.Dirigente do Núcleo de Árbitros de Loures.Secretário e Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Árbi-tros de Futebol (2 mandatos).Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

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A participação do Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga Portu-guesa de Futebol Profissional (LPFP) ficou marcada pelas críticas endos-sadas aos dirigentes desportivos, uma vez que, como Luís Guilherme afirmou, “a arbitragem anda ao sabor das vontades dos dirigentes”. Além do mais, como refere ainda o orador, “os debates de fundo não têm grande receptividade junto dos dirigentes por que o seu impacto mediá-tico é quase nulo”. Luís Guilherme defendeu ainda a criação, com carácter urgente, do Plano Estratégico para a Arbitragem, e uma maior articulação entre o desporto escolar, o desporto federado e a arbitragem, uma vez que, a este nível, nada existe.Outra ideia defendida pelo prelector que aceitou o desafio da Associa-ção de Futebol de Santarém para colaborar nesta iniciativa de reflexão acerca dos problemas que afectam o futebol português é a de que “deve-mos pegar nos modelos de organização de outros países que funcionam e transportá-los, devidamente adaptados, para a nossa própria realidade.Outra situação que mereceu o oportuno reparo de Luís Guilherme foi apenas em Julho de 2002 se ter conseguido aprovar e inscrever nos regu-lamentos da Federação Portuguesa de Futebol, um diploma referente à arbitragem onde se prevê que os jovens possam ser jogadores e árbitros de futebol em simultâneo, embora, com a condicionante de não poderem arbitrar jogos da categoria na qual estão inscritos na qualidade de atle-tas.Luís Guilherme defende a existência de um único Conselho de Arbitra-gem, com 3 secções diferentes: uma primeira destinada ao futebol de âmbito nacional, a segunda dedicada ao futebol profissional e uma ter-ceira dirigida ao futebol de formação.Outra das ideias lançadas pelo orador diz respeito à notória falta de lide-rança que existe no sector da arbitragem, o que provoca que os juízes

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não se reconheçam ou mesmo revejam nos seus líderes, até porque, como o próprio fez questão de afirmar, “somos confrontados com dirigentes que nada percebem de arbitragem e que, muitas vezes confessam estar no cargo não para ensinar e transmitir a sua experiência, como de resto deveria acontecer numa situação normal, antes sim, para aprender”, o que segundo Luís Guilherme constitui um sério handicap.Ao nível do futebol profissional, na Liga de Clubes e, fruto de uma maior independência do sector da arbitragem das restantes estruturas face à existente no seio da Federação Portuguesa de Futebol, assim como, também, de uma estrutura organizativa mais ligeira, o Conselho de Arbi-tragem tem funcionado melhor.A concluir, Luís Guilherme deixou para reflexão a ideia de que é pre-ciso que a arbitragem do futebol profissional e não profissional sejam encaradas de forma diferente, ainda que, o regulamento deva ser, na pers-pectiva enunciada pelo Presidente do Conselho de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, um único.

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A primeira ideia lançada por Arnaldo Marques da Silva para debate pela plateia presente nos trabalhos do segundo dia do Congresso do Futebol 2003 é ilustrativa da linha seguida pela sua comunicação: “a indisciplina existe é nos regulamentos”.O Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol é contrário à existência de dois regulamentos/instrumentos dis-tintos para ajuizar acerca da disciplina. No entender deste orador não é de excluir na existência de dois órgãos. Contudo, defende, o regulamento deverá ser um só e único.Paralelamente, Arnaldo Marques na Silva é defensor de uma estrutura em que o Conselho de Disciplina deveria ser dividido em 3 departamentos com atribuições distintas no juízo de casos de disciplina necessariamente diversos e decorrentes de contextos desportivos e competitivos divergen-tes, a saber: um orientado para o futebol profissional, outro voltado para o futebol amador ou não profissional, e um terceiro a quem caberia a res-ponsabilidade de se pronunciar e julgar as ocorrências relacionadas com o Futsal.Enquanto não for colocada em prática a solução considerada como a mais realista e ideal pelo orador, e que consiste na existência de um único regulamento de disciplina, Arnaldo Marques da Silva entende que, existindo regulamentos diferentes, deveriam verificar-se reuniões perió-dicas entre os Conselhos de Disciplina da LPFP e da FPF, no sentido de poderem ser obviados casos que persistentemente grassam no futebol português, e que são directamente decorrentes de alguma promiscuidade causada pela existência de dois regulamentos que depois criam situações polémicas e confusas, como os casos Leça, Sá Pinto, Capucho e Dani, apontadas pelo orador a título meramente exemplificativo e ilustrativo de que é necessário rever procedimentos e uniformizar modos de actuação.

ARNALDO MARQUES DA SILVA

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ORLANDO Filipe da Silva MENDES

Data de Nascimento: 07 de Setembro de 1959Naturalidade: SantarémEstado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito

Principais Actividades: Advogado.Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de San-tarém.Membro da Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Fute-bol.Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Associação Forense de Santarém.Presidente da Mesa da Assembleia-Geral de várias Instituições do con-celho de Santarém.

Actividades Desempenhadas:Membro do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Fute-bol.Praticou futebol federado durante onze (11) épocas).

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O Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Santarém começou por defender na exposição apresentada a necessidade de uma maior e mais real autonomia para o sector da disciplina, até porque, como o próprio afirmou, “se os regulamentos existentes não per-mitem uma disciplina efectiva então, há que os repensar”.Na perspectiva apresentada por Orlando Mendes, a disciplina ou, em muitas ocasiões, a falta dela, dependem de algumas condições essen-ciais e basilares. O factor individual é, desde logo, o principal. Todavia, a inserção do jogador no contexto do clube, as situações concretas aos níveis social e económico associadas ao meio ao qual o intérprete está agregado e, por fim, a falta de formação pessoal e individual dos interve-nientes, foram outros dos factores que Orlando Mendes apresentou como fulcrais, no sentido de uma maior disciplina.Estabelecendo um paralelismo em que é recuperado um dos clichés/chavões mais conhecidos de Octávio Machado (“Trabalho, trabalho, tra-balho!”), Orlando Mendes diz que “é preciso formar, formar, formar!”.Na sua comunicação, o dirigente da Associação de Futebol de Santarém deixou ainda três linhas de força quanto à temática em epígrafe que orga-nizou em: o dirigismo e a disciplina, fair-play e formação das camadas jovens, e os agentes externos ao espectáculo.No que ao primeiro item lançado diz respeito, Orlando Mendes, entende que grande parte dos episódios de indisciplina que grassam no futebol português se devem a uma grave lacuna existente ao nível das estruturas desportivas nacionais, comum a todas as modalidades desportivas, e que consiste na falta de órgãos/entidades orientados para a formação especí-fica de dirigentes desportivos. “Muitas vezes os presidentes dos clubes de menor dimensão são indivíduos que durante toda a sua vida pessoal e profissional se habituaram a vencer e superar todos os obstáculos que se lhes apresentam e, ao chegar aos clubes tentam incutir nestas organi-

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zações o mesmo espírito vencedor”. O problema aqui reside, segundo a visão de Orlando Mendes, “no facto de se querer ganhar a qualquer custo e não olhando a meios para atingir os fins”.Na opinião do Presidente do Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Santarém, falta a cultura do fair-play no futebol português. E, recuperando o exemplo anterior, questiona o orador “se essas pessoas/dirigentes desportivos desenvolveram este tipo de cultura e espírito como é que, partindo destes pressupostos, podem formar e incutir as noções básicas de fair-play nos atletas das camadas jovens? Não existindo dirigentes com formação própria e específica, adequada ao contexto particular e restrito do fenómeno desportivo, o espírito que irá ser adquirido pelo praticante dos escalões de formação será o mesmo”, concluiu.A segunda reflexão proposta por Orlando Mendes diz respeito ao fair-play e formação que deverá existir nas camadas jovens.Os dirigentes terão que forçosamente incutir nestes praticantes o espírito de lealdade, deverão fazer notar às crianças e adolescentes que os outros são colegas, deverão insistir no respeito pelo adversário como tal e numa conduta de efectivo fair-play.Outra questão importante neste aspecto é o respeito pelo árbitro e o res-guardo que deverá imperar, ainda que perante um juízo grosseiramente errado, decoro esse e contenção que deverão começar nos comportamen-tos evidenciados pelos próprios dirigentes desportivos. Condição “si ne qua non” para um comportamento disciplinar e de fair-play exemplares e que prime pela máxima lisura é o respeito e o decoro por todos os agentes desportivos e não só, que intervêm no espectáculo/fenómeno futebolístico.O último tópico avançado por Orlando Mendes prende-se com a influ-ência dos agentes externos ao jogo, mas cujo comportamento poderá

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influenciar decisivamente o desenrolar da acção no interior das “quatro linhas”.Os espectadores têm, neste particular, um papel preponderante no desem-penho e estado de psicológico de árbitros, treinadores, jogadores e demais intervenientes, e, não raras vezes o seu comportamento e postura pouco próprias resultam na subversão do espírito e da qualidade do espectáculo e decorrem do desconhecimento das regras elementares do jogo.Também por esta razão, na ideia/proposta de reflexão com que Orlando Mendes concluiu a sua intervenção, o orador referiu a necessidade da realização de mais iniciativas e acções que visem a discussão e promo-vam a divulgação das leis e regulamentos do futebol junto de todos os agentes sejam eles internos, ou externos.

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ANDRÉ Miguel Furtado Alves GRALHA

Data de Nascimento: 06 de Maio de 1976Naturalidade: Vila Nova da BarquinhaEstado Civil: Solteiro

Habilitações Literárias: 12º ano de escolaridade (incompleto).

Principais Actividades: Árbitro de Futebol.Presidente Adjunto do Núcleo de Árbitros Ribatejo Norte.

Actividades Desempenhadas:Árbitro do Inatel (épocas de 1990 a 1992).Árbitro Estagiário (época de 1992/1993).Árbitro da 2ª Categoria Distrital (época de 1993/1994).Árbitro da 1ª Categoria Distrital (épocas de 1995 a 1999).Árbitro da 3ª Categoria Nacional (época de 1999/2000).Árbitro da 2ª Categoria Nacional (épocas de 2000 a 2003).Árbitro da 1º Categoria Nacional (época de 2003/2004).

Outras Informações Relevantes:Participação em várias acções de formação de árbitros de Futebol.Participação no Torneio Lopes da Silva organizado pela FPF.Participação no Torneio Regional Inter-Associações Sub-15 2002.Participação no XIVº Encontro de Núcleos de Árbitros de Futebol em Almada, em 2002.Participação no Torneio Internacional de Futebol do Vale do Tejo.

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A reflexão do recém promovido árbitro, André Gralha, à primeira cate-goria da actividade principiou por uma abordagem contextual e muito pessoal à infinita teia de encruzilhadas e decisões que um jovem tem que tomar no seu percurso desportivo e, mais concretamente, naquelas que respeitam à opção entre a carreira de futebolista e a da arbitragem.“Começa-se por se jogar futebol, porque gostamos de jogar futebol. Porém, por volta dos dezoito anos há a necessidade de se optar pela car-reira de futebolista ou abraçar o percurso da arbitragem”, explica o pró-prio.André Gralha é da opinião que pouco ou nada se tem feito no intuito de motivar e sensibilizar os jovens para a prática desta actividade.E, prossegue, questionando também as recentes modificações introduzi-das nas competições de escolas e que consistiu na passagem do futebol de 11 para o futebol de 7, porquanto entende que esta não foi uma alteração positiva para a arbitragem uma vez que não dá a oportunidade aos jovens árbitros (estagiários) de terem consigo um colega mais experiente que os possa auxiliar e orientar na condução do jogo e no solucionamento das incidências mais polémicas e problemáticas que eventualmente possam surgir.André Gralha mostrou-se por isso favorável a um sistema que possibilite e promova a integração dos jovens noutras equipas de arbitragem com o objectivo de os motivar e de lhes permitir a aquisição de experiência e à-vontade em termos de direcção de partidas de futebol.Os núcleos de arbitragem são, de acordo com o testemunho do juiz os principais responsáveis no processo formativo dos jovens árbitros, desempenhando, neste particular um papel fulcral e central na aprendiza-gem e motivação destes principiantes.Neste contexto e, no sentido de conseguir motivar de uma forma mais eficaz os futuros árbitros, o núcleo ao qual André Gralha pertence (Riba-

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tejo-Norte), criou um impresso/formulário que se destina a aferir o grau de evolução e progressos registados pelo árbitro, apenas com intuitos formativos e meramente pedagógicos, que desempenha uma acção com-plementar aos instrumentos comuns de avaliação. Nas palavras do pró-prio orador, “esta é uma forma de motivar os árbitros, porque avalia e dá aos jovens a oportunidade de terem uma ideia da sua apresentação, com-portamento e desempenho global”, percepcionando deste modo que são acompanhados num processo extra-avaliação e isso, porque contraria a ideia de abandono e de desinteresse que é comum verificar-se, é positivo e motivador, porque o jovem sente que as pessoas se interessam. Outra das questões que mereceu a reflexão oportuna do recém promovido juiz, prende-se com a cada vez mais notória e crónica escassez de árbi-tros. “Neste momento, é possível um árbitro chegar ao final da tarde de Domingo, depois de ter apitado cinco jogos. Tendo presente que existem muitos de nós que são, simultaneamente, estudantes universitários e que em muitos casos estão fora de casa toda a semana, este tipo de situações deixa pouco espaço e tempo para a vida pessoal de cada um, o que pode conduzir ao abandono da actividade em virtude de se terem que efectuar escolhas, facto que, poderá conduzir à perda de potenciais futuros bons valores”, explica André Gralha.A reflexão do árbitro não se circunscreveu, todavia, apenas a estas temá-ticas. Apesar de reconhecer a utilidade e validade dos apoios existentes para a aquisição de equipamentos, mormente por meio de um protocolo existente entre a Federação Portuguesa de Futebol e a marca oficial for-necedora dos equipamentos para árbitros (que cede a título gratuito um equipamento aos novos árbitros), André Gralha, refere que este apoio é, por vezes, manifestamente insuficiente atendendo às condições sócio-económicas de alguns jovens árbitros que não lhes permitem o investi-mento em equipamentos desportivos.

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O orador convidado pelo Congresso do Futebol para reflectir acerca das questões directamente relacionadas com a arbitragem, sugeriu ainda a realização pontual de sessões de esclarecimento promovidas pela Asso-ciação de Futebol de Santarém e/ou outras entidades/estruturas organi-zativas competentes nesta matéria, junto dos órgãos de Comunicação Social, no sentido de formar e sensibilizar estes profissionais para que a crítica/avaliação do trabalho do árbitro seja construtiva e não destrutiva, como habitualmente sucede.A concluir a sua reflexão, André Gralha, lembrou também o papel impor-tante que os técnicos/treinadores poderão desempenhar junto dos seus jogadores motivando-os e alertando-os para a necessidade de reduzir o número de faltas, a bem da qualidade do espectáculo. “Porém, aquilo a que se assiste é que os treinadores estão mais preocupados com os resul-tados finais dos jogos e não tanto com o espectáculo em si ou os índices qualitativos do mesmo”, salientou.

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FRANCISCO António Maia JERÓNIMO

Data de Nascimento: 05 de Junho de 1954

Naturalidade: Torres Novas

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Engenheiro Civil.

Principais Actividades: Director do Departamento de Obras Municipais da Câmara Municipal de Santarém.Consultor Técnico na avaliação de imóveis para a Banca.Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA).

Actividades Desempenhadas:Membro da Comissão Organizadora (Fundador) do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.Sócio-Gerente da TRIVIL - Engenheiros Associados, Lda.

Outras Informações Relevantes:Membro da Direcção da Associação de Futebol de Santarém.Presidente do Conselho Fiscal do Círculo Cultural Scalabitano.Sócio-Fundador da Casa da Europa do Ribatejo.

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AS AUTARQUIAS E OS CLUBES

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José Joaquim Gameiro de SOUSA GOMES

Data de Nascimento: 24 de Outubro de 1940

Naturalidade: Almeirim

Estado Civil: Casado. Tem duas filhas.

Habilitações Literárias: Bacharelato em Contabilidade e Administração.

Principais Actividades: Presidente da Câmara Municipal de Almeirim.Presidente do Conselho de Administração da AMLT.Presidente do Conselho de Administração da RESIURB.Presidente do Conselho de Administração da ALDESP.

Actividades Desempenhadas:Chefe dos Serviços Administrativos de uma empresa.Professor entre 1974 e 1989.Vereador da Câmara Municipal de Almeirim entre 1976 e 1985.Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Almeirim entre 1986 e 1989.Dirigente do União Futebol Clube de Almeirim.Presidente do União Futebol Clube de Almeirim durante três anos.Presidente da Direcção do Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim.

Outras Informações Relevantes:Foi candidato a Deputado por Santarém por duas vezes.

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José Sousa Gomes, Presidente da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo, começou por salientar as diferenças de relacionamento que exis-tem entre os clubes desportivos e as Câmaras Municipais, atribuindo essas diferenças à dimensão do próprio clube/entidade. Enquanto que no caso dos clubes de maior dimensão o distanciamento que se verifica é mais notório e o relacionamento existente é mais do foro institucional, não só pelo carácter altamente profissional de algumas destas institui-ções, como também devido à própria estrutura orgânica e burocrática destes, no caso dos clubes mais pequenos a proximidade com as autar-quias é muito maior e o contacto é permanente.José Sousa Gomes reforçou também a ideia de que os dirigentes deverão ser cautelosos, criteriosos e altamente selectivos quanto aos investimen-tos que realizam nos clubes, embora reconheça que muitas vezes esses investimentos resultam em virtude do esforço e da total entrega dos diri-gentes à causa.O Presidente da AMLT defendeu ainda que os clubes substituem as autarquias na promoção da actividade desportiva, uma atitude salutar e de saudar e que, por seu lado, as autarquias não só apoiam os clubes das mais variadas formas, como apostam fortemente na subsidiação das camadas jovens.

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António Paiva, Presidente em exercício da Associação de Municípios do Médio Tejo, destacou por seu lado a necessidade de concretizar uma efectiva e transparente distinção entre equipamentos desportivos das autarquias (públicos) e aqueles que são propriedade dos clubes (não-públicos), no sentido de obviar situações e relações pouco claras ou promíscuas na gestão/exploração deste tipo de infra-estruturas que são, naturalmente, pouco desejáveis.Neste âmbito, António Paiva entende que cada clube deveria apostar em soluções próprias na criação de complexos desportivos para a promoção do desporto e para a concretização dos seus projectos desportivos.Por outro lado, sustenta o presidente da AMMT que, na sequência das premissas atrás estabelecidas, clubes e autarquias deveriam posterior-mente concretizar um pacto/compromisso que regulasse e estabelecesse as condições de gestão e utilização destes equipamentos. A este nível, António Paiva, referiu-se ainda à necessidade da formação dos jovens ser ministrada por técnicos qualificados, o que levanta problemas acrescidos e que consiste na inevitabilidade dessa formação ter que ser suportada em termos financeiros pelos pais dos beneficiários.Outra das ideias avançadas pelo presidente da AMMT e colocadas à dis-cussão junto dos participantes no Congresso do Futebol 2003 prende-se com a exploração de acordos e parcerias entre os clubes de interior e os grandes clubes, no sentido de poderem ser aproveitados com maior rigor os recursos investidos.No actual quadro, não existe retorno dos investimentos realizados nos escalões de formação. As dificuldades e constrangimentos que se colo-cam à actividade dos dirigentes, pois são sacrificados e muitas vezes injustiçados em nome do “amor à camisola”, deveriam ser também alvo de alguma descompressão/alívio.Por último e a concluir a sua comunicação, António Paiva, sustentou

ANTÓNIO PAIVA

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ainda a necessidade de existência de mais sócios interessados e partici-pativos relativamente à gestão dos clubes a que pertencem, isto é, terá que existir uma re-aproximação dos sócios relativamente aos seus clubes, re-aproximar esse que passará, necessariamente, por um maior grau de envolvimento e motivação destes para todo o quotidiano da instituição desportiva.

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MODERADOR DO PAINEL

JOSÉ MIGUEL Correia NORAS

Nasceu na freguesia de Póvoa da Isenta (em 1956) e iniciou a sua vida profissional como funcionário da Estação Zootécnica Nacional (EZN) onde, aliás, seu pai já trabalhava. Em 1983, recebeu o “diploma de honra de colaborador excepcional”, por proposta do Professor Vaz Portugal. Sempre como trabalhador-estu-dante, concluiu o Curso Superior de Gestão de Empresas. Foi técnico de contas nas horas livres. Tem especial paixão pela História e gosto pela Numismática. Mercê dos trabalhos publicados nesta área, foi admitido nas Sociedades Numismáticas de Portugal, de Espanha e do Brasil e dis-tinguido como membro extraordinário da A|P|H (Associação de Profes-sores de História).Em 1989 foi eleito primeiro vereador da Câmara Municipal de Santa-rém e quatro anos mais tarde ganhou as eleições para a presidência da mesma autarquia, com o melhor resultado político de sempre neste con-celho. Em 1997, repetiu a maioria absoluta alcançada em 1993.Exerceu, ainda, as funções de Presidente da Assembleia Distrital de San-tarém, de Deputado da Assembleia da República e de Presidente do Movimento dos Municípios para a Paz, Ambiente e Cooperação.Hoje, acumula a liderança da Assembleia Municipal de Santarém com as funções de Director-Geral da revista Centros Históricos. É membro do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas. Simultaneamente, presta consultadoria a diferentes instituições empresariais e culturais.Os resultados do trabalho da equipa que liderou durante oito anos, enquanto presidente da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, valeram-lhe o título de membro honorário desta asso-ciação nacional e a respectiva “Medalha de Mérito” (deliberação de 3

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de Maio de 2002).Realizou numerosas missões culturais, no país e no estrangeiro, aprofun-dando, designadamente, o intercâmbio entre Portugal e o Brasil. Parti-cipou em diferentes acções promovidas pela UNESCO e pelo Conselho da Europa sobre Património Cultural.O Presidente da República Portuguesa, Doutor Jorge Sampaio, atribuiu-lhe, em 1997, a Ordem do Infante D. Henrique, enquanto que a Socie-dade Brasileira de Heráldica lhe outorgou (em 2000) a Grã-Cruz do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral. O Presidente da República Federativa do Brasil, Professor Doutor Fernando Henrique Cardoso, distinguiu-o, em 2002, com a Ordem de Rio Branco.

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COMEPETIÇÕES E DESENVOLVIMENTO DE

JOGADORES

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LUÍS FILIPE Santana JÚLIO

Idade: 38 anos

Naturalidade: Santarém

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciado em Educação Física e Desporto.Mestre em Psicologia do Desporto.

Principais Actividades: Realização de Tese de Mestrado em Treino de Alto Rendimento.Aluno do 2º Ano da Licenciatura em Psicologia da Faculdade de Psico-logia da Universidade de Lisboa.Orientador de Estágio Universitário.

Actividades Desempenhadas:Professor de Educação Física e Desporto no Ensino Secundário.Orientador de Estágio Pedagógico da Licenciatura em Educação Física. Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santarém.Prelector do Curso de Formação de Agentes Desportivos.

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O enquadramento competitivo como factor de desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol foi a problemática destacada por Luís Filipe Júlio, à data Coordenador Técnico da Associação de Futebol de Santa-rém, na comunicação que apresentou à plateia de assistentes do Con-gresso do Futebol 2003.Com base nas interacções entre o jogador, a família, o clube e a escola, Luís Filipe Júlio partiu em seguida para uma abordagem e reflexão acerca do contributo da Associação de Futebol de Santarém para a evo-lução do futebol juvenil distrital, traduzido na reformulação dos quadros competitivos, levada a efeito no início da pretérita época desportiva (2002/2003).A implementação de um modelo que considera duas fases competitivas com uma fase inicial curta, que origina posteriormente um campeonato efectivo mais longo com a distribuição das equipas por dois níveis com-petitivos diferentes, (A e B), foi a solução encontrada. Com estas alte-rações estruturais foi possível evoluir para um verdadeiro equilíbrio competitivo entre os jovens jogadores e equipas ultrapassando as conhe-cidas limitações dos modelos que consideram apenas um nível competi-tivo (grave desequilíbrio de capacidades) ou a existência de duas divisões (onde a competitividade é artificial).As vantagens decorrentes da adopção deste modelo organizacional esten-dem-se ainda ao prolongamento do período competitivo e à consagração do princípio da proximidade geográfica a par da adaptação do jogo às idades dos jogadores, com a introdução do futebol de sete no escalão de infantis.As conclusões que se podem retirar desta reestruturação levada a efeito pelo Gabinete Técnico da Associação de Futebol de Santarém são por isso extremamente positivas, uma vez que, com base na inscrição e par-ticipação voluntária dos clubes foi também possível aumentar o número

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de clubes em todos os escalões etários: de 39 para 55 nos Infantis; de 32 para 37 nos iniciados; de 28 para 32 nos Juvenis e de 24 nos Juniores.Luís Filipe Júlio prosseguiu, destacando a originalidade deste modelo e da reestruturação efectuada, que é absolutamente pioneira no contexto do nosso país, colocando a Associação de Futebol de Santarém na primeira linha de uma moderna perspectiva de desenvolvimento dos jovens joga-dores de futebol. É por isso, com satisfação que se confirmaram as pers-pectivas optimistas da Associação de Futebol de Santarém e dos Clubes que aprovaram em Assembleia Geral, por unanimidade e em boa hora este modelo competitivo.Luís Filipe Júlio terminou, abordando sumariamente algumas limitações e aspectos críticos encontrados, de onde se destacam: a existência de campeonatos demasiadamente longos para as equipas com recursos mais limitados que têm dificuldade em manter as suas equipas em actividade durante muito tempo, um agudizar das dificuldades que derivam da cró-nica escassez de árbitros e, a perversão do modelo competitivo levada a cabo por alguns clubes que possuem mais do que uma equipa no mesmo escalão, com a utilização das equipas A em competições inicialmente dis-putas pelas equipas B, no sentido de se alcançarem melhores resultados o que provocou uma alteração da verdade desportiva e alguns desequilí-brios competitivos nas fases finais de apuramento do campeão.Será, assim imprescindível uma maior atenção e vigilância da Associa-ção de Futebol de Santarém para estas limitações de forma a promover os necessários ajustes e alterações futuras neste modelo competitivo do futebol juvenil, garantido o seu efectivo e original papel de base no desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol.

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JOSÉ VASQUES

Data de Nascimento: 02 de Agosto de 1963

Naturalidade: Mirandela

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Educação Física.Discente do Mestrado de Treino de Alto Rendimento.

Principais Actividades: Professor efectivo da Escola 2,3 José – Cartaxo.Treinador do Abrantes Futebol Clube.Professor da Universidade Lusófona – Futebol – 1º ano.

Actividades Desempenhadas:Coordenador Técnico Distrital da Associação de Futebol de Santarém.Treinador Adjunto na Segunda Liga – Académico de Viseu.Treinador Principal no C. D. Torres Novas, C. D. Fátima, C. Oriental (2ª Divisão B).Prelector da cadeira Técnico-Táctica – 1º e 2º níveis – Cursos de Trei-nadores.

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O último técnico campeão da Primeira Divisão do Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Santarém, José Vasques, treinador do Abran-tes Futebol Clube começou por concretizar uma breve reflexão acerca do estatuto desportivo de um jovem questionando até que ponto “um joga-dor é potencial ou não?”. Inicialmente, todos os futebolistas são, potencialmente, futuros pratican-tes da modalidade, sustentou. Todavia, a vida futura acaba por determinar que, grande parte destes praticantes, por força da sua vida pessoal, estu-dos, ou mesmo por imperativos resultantes das suas responsabilidades profissionais, acabem por nunca passarem de potenciais jogadores. A política dos clubes, e a qualidade dos treinadores nestes escalões de formação, acabam também por, em muitos casos, ser responsáveis pela desmotivação e abandono do futebol por parte dos desportistas.Na mesma linha do pensamento anterior, José Vasques, destacou igual-mente a necessidade de criação de todo um enquadramento emocional entre os clubes e os seus atletas, não só pela preservação dos relacio-namentos afectivos dos jovens, como também pelo desenvolvimento da cultura clubística, o sentimento para com o clube, o “amor à camisola”, a defesa do clube, em suma, deve ser promovido junto dos desportistas dos escalões etários de formação uma cultura que promova o estabeleci-mento de laços afectivos estreitos e fortes entre os jovens praticantes da modalidade e os clubes que representam.Outra das ideias lançadas por José Vasques para discussão com os parti-cipantes no Congresso do Futebol 2003 tem que ver com os níveis de qualidade das estruturas técnicas, físicas e humanas que deveriam existir nos clubes, assim como o grau de intervenção destes no processo forma-tivo dos praticantes. Para que estas premissas possam ser cumpridas terá que existir uma polí-tica integrada e uma planificação do clube para com os diversos escalões,

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versando as especificidades características e próprias de cada categoria, nas componentes técnica e táctica.O ajustamento dos quadros competitivos é também fundamental para os jogadores, uma vez que existem mais treinos e mais jogos. O desenvolvi-mento do jogo no treino deve ser outro aspecto a merecer plenas e cons-tantes preocupações pelos responsáveis técnicos dos clubes, que deverão ainda observar o tempo de treino e a qualidade de trabalho, como factores de inegável influência na motivação e melhoria das potencialidades dos atletas.

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MANUEL Augusto Fonseca Pires BENTO

Data de Nascimento: 12 de Junho de 1961 (42 anos)

Naturalidade: Entroncamento

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Geologia.

Principais Actividades: Presidente da Direcção do Clube Atlético Ouriense (entre 1997 e 2003).Professor do Ensino Secundário (Assessor de Direcção do Centro de Estudos de Fátima).Sócio-Gerente de uma empresa promotora de actividades desportivas e recreativas.Formador do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Actividades Desempenhadas:

Outras Informações Relevantes:Oficial do Exército entre 1982 e 1988.Sócio Fundador do Livro Clube de Ourém.Pertence aos Corpos Sociais de várias Associações.Foi atleta federado nas modalidades de Remo, Karate e Ténis.

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O pensamento introdutório apresentado por Manuel Bento, presidente do Clube Atlético Ouriense ao Congresso do Futebol, aponta para a neces-sidade de se investir e trabalhar mais e melhor no sector da formação. Contudo, esclarece que, “os resultados obtidos a nível nacional (selec-ções) demonstram claramente que o trabalho tem sido realizado de forma positiva.No processo de formação de desportistas adquirem importância basilar a própria personalidade/formação humana dos jogadores e o contexto envolvente, nomeadamente o treinador.No entender de Manuel Bento os clubes e os dirigentes devem ser res-ponsáveis pela passagem e transmissão de valores éticos e morais ele-vados aos jogadores. O dirigente tem uma função cívica, seguindo e acompanhando, por exemplo, os jogadores e deverá ainda pautar a sua conduta pessoal e pública pela máxima responsabilidade e auto-crítica, no sentido de que os valores transmitidos e as atitudes tomadas não entrem em antagonismos.Além da formação pessoal e humana dos jogadores de futebol, o presi-dente do Clube Atlético Ouriense, destacou ainda o papel do árbitro, na qualidade de agente desportivo, como um elemento que poderá assumir um papel preponderante no percurso formativo e educativo do jovem.

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AUGUSTO PARREIRA

Data de Nascimento: 22 de Agosto de 1959 – 44 anosNaturalidade: Mértola. Residente no Cartaxo.Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Educação Especial.

Principais Actividades: Professor do 1º Ciclo.Professor de Educação Especial.Autarca (Vereador da Câmara Municipal do Cartaxo).Dirigente Associativo.

Actividades Desempenhadas:Professor (desde 1980).Autarca (desde 1994).

Outras Informações Relevantes:Nutre especial interesse pelo fenómeno desportivo em geral e pelo fute-bol em particular. Defensor incondicional do futebol distrital – sénior e jovem.

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A visão defendida por Augusto Parreira é substancialmente divergente da apresentada pelo orador anterior, porquanto, é deixada logo na nota intro-dutória um alerta no sentido de prevenir e evitar a repetição dos mesmos erros do passado.Numa comunicação pontificada por uma visão altamente pragmática e ainda muito rica e densa no conteúdo o representante do Sport Lisboa e Cartaxo enumerou os objectivos principais da formação desportiva dos jovens. Desde logo, fomentar o espírito de equipa, como arma de com-bate ao individualismo. De igual modo, como forma de combate à ocio-sidade e ao sedentarismo, através de uma ocupação de tempos livres motivadora e positiva que impeça simultaneamente o desvio dos jovens para comportamentos e modos de vida pouco benéficos ao seu processo de evolução e de crescimento pessoal e humano.A exploração das práticas desportivas em sentido amplo e, particular-mente, a do futebol visa substituir e complementar a acção do Estado no seu papel de evolução e formação de todos os cidadãos nacionais.Paralelamente a prática desportiva pode ainda incentivar e promover o desenvolvimento da vida social e escolar. A componente do fair-play ao nível do jogo, mas que serve também como lição para a vida, é outro dos objectivos a considerar neste processo.Em suma, o orador sustenta que o rigor e uma gestão criteriosa por parte dos responsáveis directivos dos clubes são condições indispensáveis que deverão presidir ao processo de escolha e selecção dos agentes técnicos dos escalões de formação/camadas jovens. Outra das linhas de força dei-xadas para reflexão por Augusto Parreira tem que ver com a motivação e um maior empenhamento/acompanhamento dos jovens por parte dos pais.Por último, a capacidade de visão estratégica, cultura desportiva e pla-neamento em sentido amplo que terão necessariamente que constar do

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leque de qualidades dos dirigentes desportivos, foi outra das condições fundamentais apresentadas por Augusto Parreira, no sentido de uma efec-tiva melhoria das condições para a prática da modalidade assim como dos resultados obtidos com os investimentos realizados na formação des-portiva.

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MESA REDONDAREFLEXÃO FINAL

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PAULO Manuel Marques LOURENÇO

Data de Nascimento: 21 de Maio de 1961Naturalidade: AbrantesEstado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Direito.

Principais Actividades: Administrador da Euro 2004, SA.Consultor Fiscal da Federação Portuguesa de Futebol.

Actividades Desempenhadas:Director da Divisão de Impostos da BDO.Assessor do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.Jurista da Direcção Geral dos Impostos.Assistente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa.

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RUI Pedro de Sousa BARREIRO

Data de Nascimento: 20 de Agosto de 1965Naturalidade: SantarémEstado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Licenciatura em Engenharia Zootécnica.

Principais Actividades: Presidente da Câmara Municipal de Santarém.

Actividades Desempenhadas:Vereador da Câmara Municipal de Santarém em regime de permanência entre Fevereiro de 1995 e Junho de 1997.Adjunto do Governador Civil do Distrito de Santarém entre Setembro de 1997 e Maio de 1998.Director Regional de Agricultura entre Maio de 1998 e Dezembro de 1999.Director Geral do Desenvolvimento Rural entre Dezembro de 1999 e Janeiro de 2002.

Outras Informações Relevantes:Presidente da Direcção da Associação de Basquetebol de Santarém.

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VÍTOR MANUEL Matos Fernandes

Data de Nascimento: 12 de Agosto de 1952

Naturalidade: Abrantes

Estado Civil: Casado

Habilitações Literárias: Bacharel em Gestão de Empresas (ISCAC).

Principais Actividades: Treinador de Futebol.

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PAULO Jorge Rodrigues CINTRÃO

Data de Nascimento: 24 de Fevereiro de 1967

Naturalidade: Santarém

Estado Civil: Solteiro

Habilitações Literárias: 12º Ano.

Principais Actividades: Jornalista da TSF.

Actividades Desempenhadas:Chefe de Redacção da Rádio Pernes.Colaborador da RDP Centro.Chefe de Redacção da Rádio Comercial de Leiria.Jornalista do Departamento de Desporto da Rádio Comercial.Colaborador dos jornais “O Ribatejo”, “Correio do Ribatejo” e “O Mirante”, e revistas “É Ribatejo” e “Revista Mundial”.

Outras Informações Relevantes:Cobertura da apresentação de Carlos Queiroz como Treinador do Real Madrid.Cobertura do Mundial de Futebol Coreia Japão 2002.Cobertura do Euro 2000 na Holanda e Bélgica.Cobertura do Mundial de Futebol de 1998 em França.Cobertura de 7 Finais da Taça de Portugal em Futebol.

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FOTO

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O CONGRESSO DO FUTEBOL 2003 VISTO PELA IMPRENSA

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EURO 2004 CEGOU-NOS!

Carlos Queiroz não tem dúvidas. “Mais do alterar mentalidades é preciso mudar os homens”. Disse-o no Congresso do Futebol que ontem come-çou em Santarém, organizado pela associação distrital local, que reuniu no primeiro dia cerca de 150 participantes. Fê-lo escudado na sua longa experiência de técnico federativo desde as camadas jovens até ao mais alto nível.O agora treinador-adjunto do Manchester United surpreendeu mesmo, quando apontou os novos estádios de Aveiro, Coimbra e Leiria – “três de 30 mil lugares para médias de 12 mil espectadores por jogo, separados por 100/120km” – como exemplo da falta de planificação geográfica.“O Euro cegou-nos!”, disse. “A Madeira não foi contemplada com nada e o Interior foi simplesmente esquecido, mas ainda há 12 meses para apro-veitar o evento e corrigir o que se puder”, acrescentou, lembrando que “três filas de bancada em cada estádio dava para fazer um relvado novo”. E eles são dez, numero que, ainda há poucos dias, foi apresentado por José Sócrates como argumento decisivo para a vitória da candidatura por-tuguesa, mas que José Guilherme Aguiar contestou, afirmando de forma desensombrada: “Só ganhamos porque o presidente da federação hún-gara foi preso!”.Em defesa da sua tese, Queiroz do argumento explicitado anteriormente por Fernando Seara, para quem os problemas do futebol residem na orga-nização, ou na falta dela, e no que ele apelidou de “lógica do poder”, que faz também com que a vertente desportiva seja discutida “em função de votos e de estratégias” e não da realidade. Para Seara é também essa lógica que “define o número de clubes”.E, de novo o desassombro, agora na voz de Queiroz. “Ao contrário do que se diz, quando apresentei o meu projecto, falei com todos os pre-sidentes da I Divisão e querem saber uma coisa? Dois presidentes dos

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três grandes, disseram-me que o ideal seriam 12 e três dos cinco maio-res, defendiam 14. Questionados posteriormente sobre o assunto, houve quem dissesse desconhecer o projecto”, afirmou.

In “A Bola”, 22 de Junho de 2003, última página.

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CONGRESSO DISCUTE FUTURO DO FUTEBOL

Decorre este fim-de-semana, em Santarém, o Congresso do Futebol 2003, organizado pela Associação de Futebol da cidade ribatejana, no qual personalidades nacionais ligadas à modalidade discutem o futuro da mesma.O dia de ontem foi marcado pela participação de Carlos Queiroz, trei-nador-adjunto do Manchester United, que defendeu a existência de três vectores essenciais para o bom funcionamento do futebol – técnico, administrativo e directivo. Por sua vez, Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra defendeu a necessidade de reorganizar as estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais.O papel da comunicação Social na promoção do futebol foi um dos temas que preencheu a tarde, nomeadamente através do enunciado de António Magalhães, director adjunto de Record. “Em vez de serem os clubes a promover o futebol, são os meios de Comunicação Social que o fazem”, defendeu António Magalhães, acrescentando que o jornalista acaba por ser, hoje, uma figura indesejável. Nesta sessão estiveram ainda José Marinho e José Manuel Delgado, da Sport TV e “A Bola”, respecti-vamente.O dia terminou com uma conferência sobre “Os treinadores e o desenvol-vimento do jogo”, onde esteve presente Agostinho Oliveira, ex-treinador adjunto da selecção nacional.O dia de hoje será marcado pelo polémico tema da arbitragem. O painel de oradores será composto por Luís Guilherme e Pinto de Sousa, líderes da arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e pelo árbitro Jorge Coroado. Entre os temas a abordar estará a indisciplina dentro dos relva-dos.

Luísa Castanheiro com Valter MadureiraIn “Record” 22 de Junho de 2003.

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GUILHERME CRITICA DIRIGISMO

Chegou ontem ao fim o Congresso do Futebol 2003, organizado pela Associação de Futebol de Santarém.No último dia do certame, o tema “Arbitragem regulamentos e disci-plina” dominou a parte da manhã, apensar da ausência de Pinto de Sousa. Luís Guilherme, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga evi-denciou um certo descontentamento com o actual estado da arbitragem, abordando algumas soluções.“A arbitragem anda ao sabor das vontades dos dirigentes, os debates de fundo não têm receptividade e é necessário um plano estável para o sector, até porque falta liderança na arbitragem. Sou a favor de um só Conselho dividido em três secções: nacional, profissional e formação”, referiu. Por seu turno, Arnaldo Marques da Silva, presidente do Conselho de Disciplina da Federação, ressalvou a ideia de “poderem existir dois órgãos, devendo apenas haver uma regulamentação”. Assim, de acordo com o dirigente, “deveriam realizar-se reuniões periódicas entre Liga e Federação, para que não se repitam casos como Leça, Sá Pinto ou Dani”.No resto da sessão, foi debatida a relação entre clubes e autarquias, bem como o tema “Competição e desenvolvimento de jogadores”. Os interve-nientes destacaram a importância do papel dos clubes para promover as autarquias, sobretudo através do futebol juvenil, o aumento dos períodos competitivos em termos regionais e adaptações específicas aos escalões etários, para reestruturar os quadros competitivos.

Valter MadureiraIn “Record”, 23 de Junho de 2003.

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SERÁ O EURO 2004 O ÚLTIMO A UTILIZAR RELVA NATURAL?

“O Euro 2004 pode ser o último a utilizar relva natural”. A frase, sem dúvida surpreendente, pertence a José Guilherme Aguiar, ex-director executivo da Liga, e foi proferida durante o Congresso do Futebol, pro-movido pela Associação de Futebol de Santarém, que se iniciou ontem naquela cidade ribatejana. Perante uma vasta plateia de convidados, José Guilherme Aguiar acrescentou ainda que alguns jogos da próxima edição da Liga dos Campeões “já se deverão realizar em campos com relva sin-tética” um dado assegurado pelos membros da Comissão Executiva da UEFA.Mas as revelações de Guilherme Aguiar não se ficaram por aqui. Segundo este, o organismo que superintende o futebol europeu disponibilizou-me mesmo a financiar a colocação de pisos sintéticos em seis campos do nosso país para a disputa de jogos da II Liga, mas, disse, “o futebol pro-fissional rejeitou…” Em relação à atribuição do Euro 2004 a Portugal, Guilherme Aguiar voltou a ser polémico garantindo: “Nós só ganhámos o Euro porque o presidente da federação húngara foi preso! Isto foi-me dito por um membro da UEFA”.Fernando Seara, presidente do Conselho Superior de Desporto, foi um dos oradores mais críticos do dia em relação ao futebol português, recor-dando, por exemplo, que “o projecto Carlos Queiroz” não foi para a frente por causa do poder”. Seara abordou também a questão das trans-missões televisivas afirmando: “Alguém acredita que nos próximos dois anos iremos ter jogos em canal aberto todos os fins-de-semana? Eu não!”.Carlos Queiroz, treinador-adjunto de Alex Ferguson no Manchester United, foi outro dos oradores presentes. Na sua intervenção, o ex-selec-cionador nacional lamentou que “haja clubes que franqueiem as portas ao público”, uma atitude que considera ser “a antítese do que deve ser

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o futebol profissional”. Queiroz foi igualmente caustico em relação às altas esferas do futebol nacional, afirmando não acreditar na mudança de mentalidades. “É necessário, isso sim, mudar as pessoas!”, concluiu.

Pedro Miguel SilvaIn “O Jogo”, 22 de Junho de 2003.

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O BENFICA, O EURO 2004 E A LUTA POR UM REGULAMENTO UNIFORME

Não será um dado novo, mas ontem, durante o Congresso do Futebol organizado pela AF Santarém, o nome do Benfica veio à baila por moti-vos, desta vez, relacionados com a propalada dívida fiscal. O tema foi ontem aflorado na fase de rescaldo do colóquio e um dos prelectores, Paulo Lourenço, afirmou mesmo que, face à situação vivida em 1997, o clube encarnado “só não fechou as portas porque o país não quis”. “Na altura todos os clubes apresentaram até 31 de Maio a documenta-ção tributiva menos o Benfica. Tal como aconteceu recentemente com o Mónaco também o Benfica poderia ter descido à II divisão”, recordou o jurista e administrador da Sociedade Euro 2004.O Euro 2004 voltou a ser um item amplamente discutido, mormente durante a tarde. A localização dos estádios, por exemplo, com clara pre-dominância no litoral, foi entendida por Paulo Lourenço como “natural”, em face da “inferior densidade populacional das regiões do interior”. “Todos os estádios devem ter, no mínimo, 30 mil lugares, pelo que cons-truir estádios em locais com pouca população seria pouco rentável”, acrescentou.A manhã foi, entretanto, ocupada pela discussão em torno da arbitragem, representada por Luís Guilherme, presidente do CA da Liga, que, uma vez mais, se mostrou favorável a um único conselho com três secções (futebol nacional, profissional e de formação), assim como à uniformiza-ção do regulamento de arbitragem. O dirigente revelou ainda que a FIFA decidiu alargar de 45 para 48 anos o limite de idade dos árbitros interna-cionais.Arnaldo Marques da Silva, que lidera o Conselho de Disciplina da FPF, apoiou, por seu lado, a existência de dois órgãos disciplinares (para o futebol amador e profissional), mas apenas um regulamento. Focou o

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permanente conflito de competências entre os dois conselhos de disci-plina (Liga e FPF) e a diferente aplicação de penas para clubes da Liga e os sob a jurisdição da FPF.

Pedro Miguel SilvaIn “O Jogo” 23 de Junho de 2003.

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CONGRESSO DO FUTEBOL 2003 ”…o futebol regional precisa de levar uma volta…”

Não poderia ter sido mais feliz e pleno de oportunidade a realização deste Congresso do Futebol 2003, evento a que a Associação de Futebol de Santarém deu corpo e cujos trabalhos decorreram no Hotel Corinthia em Santarém, entre 21 e 22 do corrente.O Presidente do Instituto Nacional do Desporto, José Manuel Constan-tino, confirmou essa oportunidade na sessão de encerramento do Con-gresso ao dizer que “este congresso decorre em tempo de mudança”, referindo a elaboração e breve discussão de um “projecto de desenvol-vimento estratégico do desporto para os próximos 10 anos”. Anunciou também que a proposta de Lei de Bases do Sistema Desportivo será deba-tido na próxima 5ª Feira na Assembleia da República.O Congresso que reuniu cerca de 150 participantes de todos os sectores ligados ao futebol, teve um dos seus pontos altos na sessão de abertura. Os oradores presentes, Carlos Queiroz, Guilherme Aguiar e Fernando Seara, eram só por si garantia de qualidade do debate “O futebol do futuro, seus desafios e perspectiva”.A citação inicial de Carlos Queiroz, “Os desafios do futuro são mais fáceis de trabalhar quando todos trabalham em harmonia”, foi o mote para explanar a sua concepção da coluna vertebral do futebol, divi-dindo-as três: Técnico, Administrativo e Directivo. Partindo de uma ideia base e sólida que consiga arrastar todos a congregar esforços para atingir o objectivo pretendido, sendo para isso necessário uma liderança forte. Para atingir esse(s) objectivos, disse ser necessário ter ideias, visão e concepções em que as pessoas acreditem. Relembrou o papel importante que a Federação Portuguesa de Futebol deverá ter como motor impulsio-nador e a necessidade de criar ligações estreitas com os clubes.Guilherme Aguiar incidiu o seu discurso na falta de infra-estruturas para

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a prática do desporto, especialmente o futebol. Focou a falta de projectos e de uma política concertada; a crise que se vive no futebol e a locali-zação das infra-estruturas no litoral. Em relação aos relvados existentes ou a construir, criticou a falta de visão dos responsáveis, alertando para os elevados custos de manutenção dos relvados naturais em comparação com o sintético. Quanto ao Euro 2004, colocou a dúvida no retorno finan-ceiro para o país e inclusive se haverá público suficiente para os dez está-dios a construir.Já Fernando Seara foi um pouco mais específico e polémico. As suas declarações complementaram as dos dois oradores anteriores, mas lem-brou que o futebol tem duas vertentes: Organização e Poder, definindo em seguida os diversos poderes existentes, não só a nível directivo, como económico. Frisou que o poder económico comanda todos os outros. As suas “provocações provocantes”, como disse, foram lançadas em diver-sas direcções, não poupando instituições e estruturas de poder que per-manecem inalteráveis, apelou para uma maior regulação do Poder e o seu debate pelas pessoas e instituições, sobretudo no sentido de mudar as estruturas no aspecto Sindical, Desportivo e Empresarial.No debate sobre comunicação social foi patente uma tónica comum entre todos os oradores: A dificuldade do profissional desta área no exercício da actividade jornalística e a sua isenção enquanto veículo de transmis-são entre os acontecimentos.José Marinho da Sport Tv referiu que não há uma fronteira muito nítida entre a informação e a manipulação e que o pior inimigo do jornalista é a sua própria imaginação, dado a necessidade de informar e as barreiras que tem de ultrapassar. A relação entre clubes e comunicação social não é transparente, dado que para os clubes “o futebol é uma indústria” e isso torna a nossa adaptação difícil.José Manuel Delgado de “A Bola” recordou a sua experiência de estar

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em ambos os lados. Reconheceu a especificidade da comunicação social desportiva, especialmente no futebol, em que as pessoas são movidas por paixões e emoções. Os jornais desportivos dedicam 75% ao futebol, procurando dar o protagonismo aos artistas (jogadores). Sugeriu que os clubes devem proporcionar bom espectáculo para poderem obter receita, pois os espectadores gostam de assistir a bom futebol.Disse ainda que a realidade do país não comporta mais de 10 ou 12 clubes na I Liga. Por outro lado, referiu que os jornais têm o direito de serem imparciais, os clubes têm o dever de ser parciais. Há necessidade de evo-luir entre os clubes e os jornais. Em relação à “A Bola” disse que vai trabalhar no sentido da evolução de mentalidades.Valter Madureira da RCA falou sobre a realidade da imprensa regional. Fez notar a inexistência de condições, embora esperançado na sua altera-ção. Como ideal apontou o desejo de fazer um trabalho idêntico ao dos grandes meios e melhorar a cultura desportiva. Apelou à união dos meios de comunicação e o futebol, referindo que a região tem potencialidades humanas para o fazer.António Magalhães do “Record” apresentou a constatação de que os clubes não têm sabido vender o seu produto, não sabendo utilizar os media como parceiros. Acusou os clubes de não terem política de comu-nicação e admitiu que também a comunicação tem cometido erros.Marco Domingos do “Bancada” avançou noutro sentido, a formação. Apelou para o apoio às pessoas que trabalham no futebol regional. Entende que a comunicação social regional ainda está a dar os primeiros passos no seu contacto com os clubes. Referiu ainda que a imprensa regional é o retrato fiel do que é o futebol regional. Inferiu que o futebol regional precisa de levar uma volta, mas o exemplo terá que surgir de cima. Os dirigentes, sobretudo da Associação de Futebol de Santarém, têm que ter coragem de tomar decisões e levá-las até ao fim. A finalizar,

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acrescentou que a imprensa regional também precisa de voz e formulou votos para que o futebol distrital tenha equipas válidas no futuro.No debate sobre Dirigentes, Estrutura e Organização dos Clubes, os pontos mais importantes apresentados pelos diversos oradores foram a necessidade da reformulação/reestruturação dos Quadros Competitivos, a Reformulação da Lei de Bases, a problemática da falência de clubes, o modelo de organização dos clubes, as dificuldades dos clubes amadores.No debate sobre Treinadores e o Desenvolvimento do Jogo, foi patente as explicações dos aspectos técnicos, por parte de Agostinho Oliveira em relação à Selecção Nacional e Nuno Presume quanto a outros conceitos técnico/tácticosEm referência a Arbitragem, Regulamentos e Disciplina, é de salientar a afirmação de Luís Guilherme (da LPFP) de que a arbitragem anda ao sabor da vontade dos dirigentes, apontando ainda várias necessidades para este sector.Foram ainda debatidos outros temas, como As Autarquias e os Clubes; Competições e Desenvolvimento de Jogadores.A reflexão final foi uma amálgama dos assuntos tratados ao longo dos dois dias de congresso e espelhou um trabalho meritório e que em muito poderá contribuir para o futuro do futebol português, assim os congres-sistas e entidades envolvidas o assumam, que no aspecto técnico, quer organizacional.

Eduardo SantosIn “Bancada”, 24 de Junho de 2003.

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Promovido pela Associação de Futebol de SantarémCONGRESSO DO FUTEBOL FOI UM ÊXITO

O Congresso do Futebol que decorreu em Santarém nos passados dias 21 e 22 de Junho, organizado pela Associação de Futebol de Santarém, foi considerado pela generalidade dos congressistas um êxito de organiza-ção, tendo sido muitos dos palestrantes a pedir já para o próximo ano uma segunda edição do evento que reuniu em Santarém, durante dois dias, mais de uma centena de congressistas.Destaque no primeiro dia para a sessão de abertura que contou com a pre-sença do treinador adjunto do Manchester United, Carlos Queiroz, que abordou as três “condutas” que, em seu entender, constituem a “coluna vertebral” do futebol: “a técnica, administrativa e directiva”. Para que se consigam estas três condutas, têm de “existir ideias, uma visão e uma concepção em que as pessoas acreditem”, defendeu Carlos Queiroz no Congresso de Santarém.Ainda na sessão inaugural usaram da palavra José Guilherme Aguiar sobre a “crise que hoje se vive no futebol”, tendo ainda referido o elevado custo de manutenção dos relvados naturais por parte de clubes e autar-quias, em vez da opção pelos sintéticos.Fernando Seara falou da organização e dos diferentes tipos de poder no futebol em Portugal e Arnaldo Silva, presidente do Conselho de Disci-plina da Federação Portuguesa de Futebol substituiu Gilberto Madaíl, impossibilitado por doença.Rui Manhoso, presidente da Associação de Futebol de Santarém numa mensagem dirigida a todos os congressistas salienta que é objectivo da AF Santarém “discutir e encontrar soluções que de algum modo possam enriquecer a reestruturação desportiva, no momento oportuno”, conside-rando que o constante adiamento de decisões poderá levar à “degradação desportiva muito receada e já sentida ao nível do futebol amador”.

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O Congresso marcou o inicio das comemorações dos 80 anos da Asso-ciação de Futebol de Santarém.

Seis mesas de trabalho

O Congresso do Futebol organizado pela Associação de Futebol de San-tarém decorreu em seis painéis, durante os dois dias em que decorreram os trabalhos no Hotel Corinthia, em Santarém.No primeiro dia, juntaram-se à mesma mesa José Marinho (Sport TV), José Delgado (“A Bola), António Magalhães (“Record”), Valter Madu-reira (RCA Ribatejo) e Marco Domingos (“Bancada”).Para José Marinho, “o pior inimigo do jornalismo é a imaginação dos próprios jornalistas” e concluiu que “chegámos à situação perversa que a dada altura imaginação substitui a informação”.José Delgado defendeu dez clubes na I Liga e reconheceu que os jornais em Portugal dedicam 75% das suas edições ao futebol, deixando um recado aos dirigentes dos clubes: “Os clubes neste momento querem rea-lizar receitas mas para isso têm de dar um bom espectáculo, as pessoas têm de querer assistir aos jogos e isso só acontece com uma boa prática de futebol”.Valter Madureira apresentou uma “realidade bem diferente” do contexto nacional, lamentando que por vezes se promovem mais os dirigentes e menos os clubes, defendendo que os órgãos de comunicação regionais devam fazer “um trabalho idêntico ao dos grandes meios”.António Magalhães entende que os clubes “não têm sabido vender o seu produto” e “não sabem utilizar os média como parceiros do seu negó-cio”.Marco Domingos concluiu que “o futebol regional necessita levar uma volta no entanto o exemplo tem de vir de cima”.

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Ainda no primeiro dia, noutra sala, foi debatida a estrutura e a organiza-ção dos clubes, com as presenças de Vasco Aparício, José Luís Jacinto, João Morais, e Horácio Martins, numa mesa moderada pelo vice-presi-dente da AF Santarém Alexandre Casaca Ferreira.Em traços largos foi defendida a “reformulação/reestruturação dos Qua-dros Competitivos no Futebol em Portugal” e a “Reforma Legislativa”, bem como a criação de “um novo modelo” de clube. Foram também abordados aspectos relativos aos actuais problemas vividos pelos clubes dos distritais, nomeadamente, os problemas com a Segurança Social, as falências e as dificuldades financeiras que atravessam.No último painel do dia 21 intervieram os treinadores Agostinho Oli-veira, Nuno Presume e Carlos Silva, tendo sido abordadas questões téc-nico ou tácticas do treino.

Congresso não esqueceu Futsal

Carlos Silva, seleccionador nacional de futsal, modalidade em grande expansão no país e no distrito, em particular, participou neste Congresso, tendo deixado a mensagem de que esta é uma modalidade com poucos anos e na qual o treinador “deve-se adaptar às transformações muito mais rapidamente do que no futebol de 11.”“Fala-se de excesso de treinadores de futsal, mas na realidade, isso só se passa nas equipas de topo”, afirmou, acrescentando ainda que “neste país a qualidade das atletas é muito boa, por isso deveria haver um maior incentivo para a criação de equipas femininas”.Já no domingo, dia 22, numa das salas do Congresso debateu-se a arbi-tragem, regulamentos e disciplina, com as presenças de Luís Guilherme, Orlando Mendes, Arnaldo Silva e André Gralha.Luis Guilherme (Presidente do Conselho de Arbitragem da LPFP) admi-

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tiu em Santarém que “a arbitragem anda ao sabor das vontades dos diri-gentes”, defendendo a criação urgente de um “plano estratégico para a arbitragem”. Lamentou ainda a inexistência de articulação entre o des-porto escolar e o federado e a arbitragem. Luis Guilherme é favorável a um único conselho de arbitragem com três secções: futebol nacional, profissional e formação.Arnaldo Silva (Presidente do Conselho de Disciplina da FPF) defendeu a realização de reuniões periódicas entre o Conselho de Disciplina da FPF e LPFP, para que não se repitam os casos “Leça, Sá Pinto, Capucho e Dani”, enumerou. Orlando Mendes (Presidente do Conselho de Disciplina da AF Santarém) disse que “se os regulamentos (disciplinares) não permitem uma disci-plina efectiva, então há que os repensar”. Focalizou a sua intervenção em três linhas de força: o dirigismo e a disciplina; fair-play e formação das camadas jovens; e os agentes externos.André Gralha, árbitro de Santarém recentemente promovido ao futebol profissional da I e II Ligas foi outro dos oradores, tendo explicado a orgâ-nica de funcionamento do Núcleo de Árbitros do Ribatejo Norte, ao qual pertence. André Gralha deixou a mensagem de que seria importante os técnicos motivarem os jogadores para a redução do número de faltas nos jogos.Á mesma hora, mas noutra sala do congresso, discutiu-se o tema “As autarquias e os clubes”, com as presenças de António Paiva, presidente da Associação de Municípios do Médio Tejo e Sousa Gomes, presidente da Associação de Municípios da Lezíria e Vale do Tejo.António Paiva fez a distinção entre equipamentos desportivos das autar-quias e dos clubes, propondo mesmo um “pacto” entre estas entidades no que respeita à utilização dos referidos equipamentos desportivos.A questão da formação foi bastante discutida, concluindo António Paiva

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que se “gasta na formação e não há retorno desse esforço”.Sousa Gomes alertou para a necessidade de os investimentos por parte dos dirigentes deverem ser “cautelosos”, acrescentando que “as autar-quias não apoiam só os clubes, mas apostam fortemente também no sub-sídio e formação das camadas mais jovens”.Outro painel discutiu as “competições e desenvolvimento dos jogado-res”, composto por treinadores e dirigentes de clubes.O Director Técnico da AF Santarém, Luis Filipe Júlio expôs os princípios da organização do quadro Competitivo, falou de modelos dominantes dos jovens jogadores e a forma como decorreram os campeonatos das cama-das jovens na AF Santarém.José Vasques, treinador do Abrantes falou dos potenciais dos jogadores, da política desenvolvida nos clubes e a importância no tempo de treino e qualidade de trabalho, sobretudo nos escalões jovens.Manuel Bento, presidente do Clube Atlético Ouriense, aconselhou mais trabalho junto das camadas jovens, valorizou a importância da formação humana nos jogadores, a importância da família e do treinador nesse processo. Defendeu que o dirigente deverá sempre assumir uma “função cívica” e ter “uma postura auto- crítica e responsável”. Augusto Pereira, presidente do SL Cartaxo defendeu uma gestão crite-riosa na escolha dos técnicos das camadas jovens, o fomento do envol-vimento dos pais e a necessidade da capacidade de visão dos dirigentes desportivos.Antecedendo a sessão de encerramento, realizou-se uma mesa de reflexão final deste Congresso do Futebol que incluiu Paulo Lourenço, Alfredo Melo Carvalho, Rui Barreiro, Manuel Abreu e Vítor Manuel.A Sessão de Encerramento do Congresso do Futebol foi presidida por José Constantino, presidente do Instituto Nacional do Desporto, em representação do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Her-

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mínio Loureiro e contou ainda com as presenças na mesa de encerra-mento dos trabalhos, do representante do Governador Civil do distrito, António Oliveira; de José Sousa Gomes, presidente da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo; do presidente da Câmara de Santarém, Rui Barreiro e do vice-presidente da AF Santarém, Casaca Ferreira.

João Paulo NarcisoIn “Correio do Ribatejo”, 26 de Junho de 2003

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QUEIROZ FOI A “ESTRELA” DO CONGRESSO DO FUTEBOL

Os principais problemas do futebol português foram debatidos em San-tarém no último fim-de-semana, durante o Congresso do Futebol, que reuniu perto de duas centenas de congressistas no Hotel Corinthia.Ao longo de dois dias, os participantes puderam assistir a vários debates temáticos relacionados com o desporto rei, abrangendo tópicos como a formação de jovens futebolistas, a arbitragem ou a relação entre os clubes e as autarquias.Numa das intervenções mais aguardadas do congresso, o treinador-adjunto do Manchester United, Carlos Queiroz, falou na sua experiência à frente de selecções e clubes nacionais e estrangeiros e começou por identificar três pilares fundamentais para o desenvolvimento da modali-dade: o técnico, o administrativo e directivo.É nos dois últimos que o técnico reconhece os maiores problemas do nosso futebol, que precisa de ideias, e de uma concepção e visão em que as pessoas acreditem. “Há que ir ao futebol português, sem medo de apontar aspectos que estão mal, mesmo que para isso, se aponte indirec-tamente para A, B ou C”, disse o treinador.“Obtemos bons resultados com clubes ultimamente, temos boas selec-ções, jogadores em vários campeonatos mas do outro lado estão os salá-rios em atraso e uma medida que apelido de contra-natura: permitir que se abra um estádio de futebol gratuitamente ao público numa competição profissional como se afirma a Super Liga. É como abrir o supermercado às pessoas e deixá-las levar tudo para dizer que tem clientes”, continuou o técnico, alertando para a necessidade de melhores quadros competiti-vos e de reconquistar o público que se tem perdido ao longo dos anos.Neste capítulo, um dos problemas identificado por Carlos Queiroz prende-se com os jovens que cada vez mais preferem o jogo de futebol na consola em vez de ir jogar à bola. “Oitenta por cento do parque des-

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portivo escolar em Portugal encerra sexta-feira ás 17 horas e reabre na segunda-feira de manhã”, criticou.Abordando depois um tema que se repetiu ao longo do congresso – o Euro 2004 – Carlos Queiroz disse que a competição ”cega-nos pelo des-lumbramento dos dez estádios. Há um erro de cálculo ao fazer três está-dios em Aveiro, Coimbra e Leiria, separados por 120 quilómetros e com médias de dois mil espectadores. A Madeira, com duas equipas profissio-nais não mereceu um estádio e entre Lisboa e Faro também não se esta-beleceu um equilíbrio, além de todo o interior do país”, concluiu.José Guilherme Aguiar, antigo director executivo da Liga, Fernando Seara, autarca e ex-comentador desportivo, Luís Guilherme, presidente do Conselho de Arbitragem da Liga, e o árbitro recém promovido à primeira categoria, André Gralha, foram outros dos participantes no Congresso, organizado pela Associação de Futebol de Santarém e que mereceu elogios da generalidade dos intervenientes.

In “O Mirante”, 26 de Junho de 2003

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Congresso em Santarém

POR UMA REVOLUÇÃO NO FUTEBOL

“O futebol do futuro, seus desafios e perspectivas” foi o tema de aber-tura do Congresso do Futebol, organizado no fim de semana passado pela Associação de Futebol de Santarém (AFS). Para comentar o futuro do futebol, o Congresso contou com as participações de Carlos Queiroz, Fernando Seara e Gilberto Madail, sob a moderação de Rui Manhoso, presidente da AFS.“A Associação de Futebol de Santarém está de parabéns por esta inicia-tiva, pois fazem falta espaços de diálogo aberto, frontal e institucional que permitam desenvolver ideias e conceitos, sendo que habitualmente esse papel é apenas desempenhado pela comunicação social”, declarou Carlos Queiroz.

20 anos depois... ...os mesmos problemas

O adjunto do treinador do Manchester United e já apontado como futuro treinador do Real de Madrid defende que “os problemas do futebol em Portugal são basicamente os mesmos de há 20 anos atrás”, quando ini-ciou a sua carreira cm pequenos clubes como o Estoril, o Olivais e depois no Belenenses. “Já então havia falta de campos e de bolas para os miúdos treinarem e salários em atraso nas equipas e ainda hoje leio nos jornais que esses problemas existem”. Na sua opinião. “o que é mau não é termos os mesmos problemas da falta de dinheiro, mas sim continuarmos a abordar os problemas da mesma forma”. Recorda que o projecto que iniciou na década de 80 com o fute-bol juvenil teve a Associação de Santarém como apoiante da primeira hora. Um projecto que deu frutos na década de 90 com a conquista de

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dois campeonatos do mundo pela selecção de Juniores. Um modelo que ainda hoje se mantém válido.

Falta liderança com projectos

Para Carlos Queiroz, “há razões para termos esperança no futuro do fute-bol, em Portugal, mas para melhorarmos o nosso futebol é preciso que haja harmonia e objectivos comuns aos três vectores essenciais ao bom funcionamento do futebol - os sectores técnico, administrativo e direc-tivo”. Elogiou os êxitos alcançados no plano técnico pelo futebol por-tuguês e defendeu a necessidade de uma liderança criativa, persistente, com ideias mobilizadoras para os desafios que se colocam ao futebol por-tuguês’’.

Compadrios e interesses dominam o futebol

Quanto à estrutura directiva do futebol, Carlos Queiroz não deixou pedra sobre pedra: “Inviabilizam-se candidaturas como a de Artur Jorge e Gui-lherme Aguiar e acaba-se numa lista única, constituída à base de amiza-des, compadrios e interesses, e que foi eleita sem que ninguém saiba as propostas e o que pensam do futebol português.”.Na sua opinião, para mudar este estado de coisas, “é preciso mudar as pessoas e as lideranças”.No plano técnico, Carlos Queiroz afirma que são tremendos os desafios que se colocam aos treinadores na Europa. “Em Moçambique, atiramos uma bola a uma dúzia de miúdos e eles jogam futebol, mesmo sem botas, ou só com uma meia, e até com o campo incli-nado. Na Europa, os miúdos preferem sentar-se em frente ao computador a jogar com o Beckham, o Figo e as maiores estrelas do futebol mundial, do que ir para o quintal jogar uns com os outros”.

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É preciso mudar as lideranças

Depois há ainda a “crise do crescimento urbano, sem espaço nem tempo para as crianças jogarem e movimentarem-se livremente”. Carlos Quei-roz defende a necessidade de harmonizar e articular os interesses de todas as partes, dos clubes com falta de infra-estruturas e das escolas onde as crianças passam a maior parte do tempo, passando pelas autar-quias e pelo poder político e pelas federações desportivas. “Não consigo compreender como é que um país com recursos limitados e falta de capa-cidade financeira, cada um quer ter a sua piscina, o seu campo de futebol, o seu pavilhão desportivo!? E depois temos 80 % das instalações despor-tivas, nas escolas, encerrados das 18 às 8 horas...”.

Estádios do Euro 2004 óptimos para concertos

José Guilherme Aguiar referiu que há dois anos atrás Portugal ocupou o 7° lugar entre 52 países nas receitas televisivas do futebol, interro-gando-se sobre “o que foi feito dessa riqueza?” Mesmo acreditando que houve investimentos em infra-estruturas, apontou o exemplo de Melgaço, concelho com 15 mil habitantes que construiu um complexo desportivo de 2 milhões de contos, actualmente utilizado por 70 praticantes...Quanto aos estádios do Euro 2004, Guilherme Aguiar afirma “vamos ter 10 estádios de 30 mil lugares, para uma média de 2 mil espectadores por jogo. Estes estádios vão ser óptimos para concertos...” E o pior vão ser os custos de manutenção destes estádios, todos em relva natural, numa altura em que a tecnologia dos relvados sintéticos já dá provas de ser muito mais económica.

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E depois do Euro 2004?

Fernando Seara defendeu a necessidade de reorganizar e reformular as estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais. “Nos últi-mos 10 anos nada aconteceu por causa do poder económico, e nos próxi-mos 18 meses vamos estar na transição para o campeonato europeu de 2004, como um pequeno avião a voar sobre as nuvens, mas depois vamos aterrar e o futebol regressa à terra”.Para Fernando Seara, “este congresso marca o arranque de um debate que se vai tomar mais actual, à medida que as receitas diminuírem, a fiscali-zação aumentar e os mecanismos de licenciamento da UEFA se façam sentir”. Deixou o desafio para voltar a reunir este congresso em Julho do próximo ano, “quando voltarmos à terra”.

Dois dias de intenso debate

Ao longo dos dois dias, o Congresso movimentou centenas de jogadores, técnicos, dirigentes, árbitros, jornalistas, autarcas e adeptos de futebol. Debateram-se os mais diversos temas, como a arbitragem, a organização dos clubes, a comunicação social, os treinadores e o desenvolvimento do jogo, as autarquias e os clubes, entre outros.

João BaptistaIn “O Ribatejo”, 26 de Junho de 2003

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FUTEBOL DISCUTIDO EM SANTARÉM

A presença de figuras como as de Carlos Queirós, Agostinho Oliveira, Fernando Seara, Guilherme de Aguiar e outras era razão mais do que suficiente para suscitar o interesse dos agentes desportivos do distrito no “Congresso do Futebol 2003”, louvável iniciativa da Associação de Fute-bol de Santarém que marcou o arranque das comemorações do seu 80º aniversário.Infelizmente deveriam ter sido mais os agentes ligados ao desporto-rei a marcar presença, até no sentido de provar que num distrito sem clubes no futebol profissional existe a capacidade de realizar algo parecido com o que há pouco mais de três meses a Federação Portuguesa de Futebol tentou pôr de pé, tendo que desistir da ideia, perante as dificuldades de organização que encontrou.O tema “Dirigentes, Estruturas e Organização dos Clubes” abordou a crise por que passa o associativismo, o afastamento dos sócios dos clubes e os modelos de organização e formação dos dirigentes. Também acon-teceu a análise das relações entre as instituições desportivas e os profis-sionais da informação o papel da comunicação social na promoção do futebol, com vivas intervenções de José Manuel Delgado (“A Bola”) e António Magalhães (“Record”).Os trabalhos do segundo dia foram sobre “Arbitragem, regulamento e disciplina”, com o debate em torno do problema da falta de árbitros e as razões por que tal acontece, a formação dos homens do apito e funciona-mento dos conselhos de arbitragem.

In “O Templário”, 26 de Junho de 2003, página 17.

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Congresso de Futebol 2003 decorreu em Santarém

UMA MODALIDADE EM REFLEXÃO Com organização da Associação de Futebol de Santarém, decorreu no passado fím-de-semana, em Santarém, o Congresso de Futebol 2003. De acordo com os painéis que compunham este evento, estiveram presentes personalidades nacionais ligadas ao futebol, que discutiram o futuro do mesmo.

“O Futebol do Futuro, seus desafios e perspectiva”

Foi o painel de abertura deste congresso e teve como prelectores Carlos Queiroz, Guilherme Aguiar e Fernando Seara. Carlos Queiroz defendeu entre outras coisas a existência de três vectores essenciais para o bom funcionamento do futebol – técnico, administrativo e directivo. Mas não se ficaria por aqui o adjunto do Manchester Uníted, ao congratular-se pela realização destes eventos, já que “é nestes espaços que se evitam os desvios porque aqui é o lugar ideal para se discutir o futebol pelo simples facto de estarem representados os vários sectores do futebol: a arbitra-gem, os treinadores, dirigentes, árbitros e comunicação social” – afirmou Carlos Queiroz.Mais à frente diria ainda ter “esperança de que o futebol português ainda poderá ser melhor, há motivos de esperança, pesem embora todas as difi-culdades”. Falando da tão propalada crise, Carlos Queiroz afirmou que não se lembra de ter vivido alguma vez numa abundância económica, rematando que “em 80 já havia salários em atraso. No futebol não pode-mos ser megalómanos, mas sim realistas e honestos. É contra natura abrir os campos de futebol aos espectadores, gratuitamente, só para ter espec-tadores, é como um supermercado abrir as suas portas e oferecer os seus

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produtos só para ter clientes lá dentro”. Depois de uma explanação dema-siado rica pelos problemas equacionados e colocados a nu perante todos, Carlos Queiroz referiria, em jeito de remate que “se quisermos ser hones-tos com as análises que fazemos, é preciso levar em consideração que não é mau ter problemas, mau é termos sempre os mesmos problemas”.

Guilherme Aguiar apontou os problemas que ainda existem em Portugal, nomeadamente nas infra-estruturas para a prática do desporto e em parti-cular no futebol. Abordou ainda o problema da falta de projectos e de uma política concer-tada, bem como a crise que se vive hoje no futebol. Antes de terminar a sua alocução, Guilherme de Aguiar ainda teve a oportunidade para uma crítica ao Euro-2004, falando da localização das infra-estruturas excessi-vamente no litoral e deixando quase desertas outras zonas do Pais, bem como a falta de visão de futuro relativamente aos campos relvados natu-rais e o seu elevado custo de manutenção por parte dos clubes e autar-quias, em vez da opção dos sintéticos. Afirmaria, ainda, que muito em breve teremos a UEFA e a FIFA e obri-gar que os grandes jogos internacionais de competição sejam feitos em relvados sintéticos. Terminaria deixando no ar duas questões: “Haverá possível retomo a nível financeiro para o país, devido à constru-ção dos 10 estádios para o Euro-2004 e haverá público para os estádios após a realização do mesmo?”

Por sua vez, Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, defendeu a necessidade de se reorganizarem as estruturas desportivas, incluindo associações e ligas nacionais. A sua reflexão complementou os outros oradores e centrou-se nas questões de organização e poder.

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Comunicação social

O papel da comunicação social na promoção do futebol foi um dos temas que preencheram a tarde, através de algumas intervenções, nomeada-mente a de António Magalhães, director -adjunto de “Record” que afir-maria que “em vez de serem os clubes a promover o futebol, são os meios da comunicação social que o fazem”, acrescentando que “o jornalista acaba por ser, hoje, uma figura indesejável.Nesta sessão também estiveram presentes José Marinho, da Sport TV e José Manuel Delgado, director executivo do jornal “A Bola”. José Mari-nho afirmou que “é difícil falar sobre a relação dos jornalistas com o futebol, vivemos um período crítico. Este é o país dos blackouts, os trei-nadores usam a comunicação social como propaganda. Qual o distan-ciamento crítico que um jornalista deve ter com as suas fontes? Não há fronteira muito nítida entre a informação e a manipulação, aquilo que é veiculado é pura manipulação. O pior inimigo do jornalismo é a imagi-nação dos próprios jornalistas, porque há uma necessidade de informar e por vezes deparam-se-nos barreiras que necessitamos de ultrapassar”. José Marinho terminou afirmando que “as relações entre a comunicação social e os clubes de futebol de futebol não são transparentes, não existe corrente. É uma relação complicada porque os clubes não sabem até onde podem chegar, não sabem o tipo de informação que podem veicular. Che-gámos à situação perversa que a dada altura a imaginação substitui a informação”.

Treinadores e desenvolvimento do jogo

O primeiro dia terminaria com uma sessão em que esteve presente, entre outros, Agostinho Oliveira, ex-treinador adjunto da selecção nacio-

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nal. Entre outras afirmações, disse que “um treinador de futebol deveria passar por todos os escalões de formação, pois deve-se saber ensinar os gestos técnicos para que nos escalões mais altos se denote alguma quali-dade, uma melhor adaptação.

Arbitragem, regulamentos e disciplina O segundo dia do congresso tinha início com o polémico tema da arbitra-gem. O painel de oradores prometia um bom debate, tanto mais que iria estar em destaque a indisciplina dentro dos relvados, mas a ausência de Pinto de Sousa tirou algum brilhantismo à sessão.Luís Guilherme, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga mani-festou algum descontentamento com o actual estado da arbitragem, afir-mando, a determinado momento, que “a arbitragem anda ao sabor das vontades dos dirigentes e é necessário um plano estável para o sector, porque falta liderança. Sou a favor de um só Conselho dividido em três secções: nacional, profissional e de formação”.Marques da Silva, presidente do Conselho de Disciplina da Federação, ressalvou a ideia de “poderem existir dois órgãos, devendo apenas haver regulamentação. Deveriam realizar-se reuniões periódicas entre Liga e Federação para que não se repitam casos que têm abundado no nosso país”.

As autarquias e os clubes

Noutros painéis falou-se ainda da relação entre autarquias e clubes e da competição e desenvolvimento dos jogadores. Todos os intervenientes destacaram o papel importante dos clubes na promoção das autarquias, principalmente através do futebol juvenil, o aumento dos períodos com-

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petitivos e a adaptação específica aos escalões etários, para reestruturar os quadros competitivos.Numa análise muito generalista a este Congresso, verifica-se que a Asso-ciação de Futebol de Santarém foi feliz por promover um evento desta natureza apesar de, ao mesmo tempo, ter assumido um risco, atendendo ao momento conturbado que se vive no futebol português.Há, no entanto, que registar alguns factos que ressaltaram neste evento. Em primeiro lugar, a ausência dos mais altos responsáveis que passaram ao lado de uma estupenda ocasião de se poderem aproximar dos muitos e muitos agentes desportivos, quer a nível regional, como também a nível nacional. Depois e se recuarmos no tempo e olharmos para uma orga-nização similar da Federação que acabou por não se efectuar devido à ausência de prelectores e congressistas e confrontarmos a grande afluên-cia neste congresso da Associação, talvez consigamos perceber o porquê de tanta ausência federativa.Se por vezes criticamos a Associação de Futebol de Santarém por tudo o que de menos bom faz, desta vez teremos de lhe endereçar os parabéns, não só pela coragem de levar por diante um evento desta natureza, mas também pelo conteúdo dos temas e a qualidade dos prelectores, Existem algumas dúvidas se em tempo algum a Associação teve o privilégio de juntar à sua volta tantos agentes desportivos.

Filipe dos SantosIn “Jornal Torrejano”, 26-06-2003

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EURO 2004 CEGOU-NOS!

Carlos Queirós não tem dúvidas. “Mais do alterar mentalidades é preciso mudar os homens”. Disse-o no Congresso do Futebol que ontem come-çou em Santarém, organizado pela associação distrital local, que reuniu no primeiro dia cerca de 150 participantes. Fê-lo escudado na sua longa experiência de técnico federativo desde as camadas jovens até ao mais alto nível.O agora treinador-adjunto do Manchester United surpreendeu mesmo, quando apontou os novos estádios de Aveiro, Coimbra e Leiria – “três de 30 mil lugares para médias de 12 mil espectadores por jogo, separados por 100/120km” – como exemplo da falta de planificação geográfica.“O Euro cegou-nos!”, disse. “A Madeira não foi contemplada com nada e o Interior foi simplesmente esquecido, mas ainda há 12 meses para aproveitar o evento e corrigir o que se puder”, acrescentou, lembrando que “três filas de bancada em cada estádio dava para fazer um relvado novo”. E eles são dez, numero que, ainda há poucos dias, foi apresentado por José Sócrates como argumento decisivo para a vitória da candida-tura portuguesa, mas que José Guilherme Aguiar contestou, afirmando de forma desensombrada: “Só ganhamos porque o presidente da federação húngara foi preso!”.Em defesa da sua tese, Queirós do argumento explicitado anteriormente por Fernando Seara, para quem os problemas do futebol residem na orga-nização, ou na falta dela, e no que ele apelidou de “lógica do poder”, que faz também com que a vertente desportiva seja discutida “em função de votos e de estratégias” e não da realidade. Para Seara é também essa lógica que “define o número de clubes”.E, de novo o desassombro, agora na voz de Queirós. “Ao contrário do que se diz, quando apresentei o meu projecto, falei com todos os pre-sidentes da I Divisão e querem saber uma coisa? Dois presidentes dos

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três grandes, disseram-me que o ideal seriam 12 e três dos cinco maio-res, defendiam 14. Questionados posteriormente sobre o assunto, houve quem dissesse desconhecer o projecto”, afirmou.

In “O Almonda”, 27 de Junho de 2003, página V (suplemento desportivo), citando

“A Bola” 22 de Junho de 2003, última página.

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OS SPONSORS/PARCEIROS DO CONGRESSO DO FUTEBOL 2003

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GRUPO LENAGente de valores

Fundado no ano de 1974, o Grupo Lena é actu-almente um dos maiores grupos empresariais do país.Na sua origem e na administração do Grupo, encontramos o seu fundador, António Vieira Rodrigues e os seus filhos António Barroca Rodrigues e Joaquim Vieira Rodrigues, como vice-presidentes.Fundada a 15 de Março de 1974, a “Construtora do Lena, S.A.” pretende dar continui-dade à actividade de Obras Públicas, iniciada por António Vieira Rodrigues na década de 50. A forma de crescimento do grupo baseou-se em dois critérios fundamentais: por um lado complementar o negócio já existente (através da extensão a novas áreas de negócio complementares às inicialmente existentes), por outro lado diluir o risco de concentra-ção na actividade de Obras Públicas.Actualmente composto por mais de 60 empresas, as actividades do Grupo Lena esten-dem-se pelas obras públicas e construção civil, mediação imobiliária, manutenção, alu-guer e comercialização de automóveis, comércio de produtos petrolíferos, comunicação social e turismo, até ao gás natural.Presentemente, o Grupo Lena cuja missão é representar o conjunto das parcerias exis-tentes, transmitindo uma cultura empresarial comum e um estilo de gestão próprio, que permitam a satisfação dos parceiros internos e a promoção de uma imagem favorável junto dos públicos externos. Conta com cerca de 5000 colaboradores directos e indirec-tos.Apostando numa organização eficiente e na uniformização característica e reveladora do espírito Lena, o Grupo Lena constituiu sete Conselhos Estratégicos, nos quais inte-gra as diferentes empresas consoante a sua área de actuação: Lena Construções, Lena Indústria, Lena Imobiliária, Lena Complementares, Lena Automóveis, Lena Serviços, Lena Comunicação, Lena Gás Natural, Lena Consulting, Lena Ambiente e Lena Inter-nacional. As Obras Públicas estão integradas no sector estratégico da Lena Construções e repre-sentam o início daquele que é, actualmente, o Grupo Lena, cujo destaque é a participa-ção em importantes parcerias para a realização de grandes obras, como é exemplo a participação de 20% na empresa Autoestradas do Atlântico (Concessões de Autoestra-das).O Sector Industrial do Grupo Lena integra empresas que produzem tintas, betão, arte-factos de cimento e transformam vidro e alumínio. Destaque para a Lenobetão, S.A., na produção de betão pronto, como a 5ª maior empresa do sector em Portugal e para a Road Paint com o pioneirismo a nível nacional na produção de termoplásticos, destinados à pintura de vias rodoviárias.Para apoio à construção o Grupo desenvolve um conjunto de actividades Complemen-tares como as impermeabilizações, comércio e aplicação de tintas e planeamento, exe-cução e manutenção de espaços verdes.

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O Grupo Lena está também na Comunicação desde 1996 e hoje é o maior grupo nacio-nal de comunicação social regional escrita não diária.Nos Serviços, a aposta no lazer tornou-se um destaque com a Rota 39, agência de via-gens e turismo, e a Eventura com actividades outdoor e eventos . O Lena Ambiente tem a nível nacional uma posição de destaque! Através da Solurbe, S.A., principal empresa do sector, o Grupo Lena opera na gestão e exploração de aterros sanitários (Resíduos Sólidos Urbanos - RSU’s, Resíduos Industriais Banais - RIB) e no tratamento de águas residuais. A Consultoria é outra área de aposta e dela destaca-se a Segilink, mediadora de seguros e a Liz Online, responsável pelo desenvolvimento de projectos de comunicação e inter-net, destacando-se o portal regional www.orelhas.pt.Na Lena Automóveis sobressai a LPM, S.A., empresa que representa a marca Peugeot, como o maior concessionário desta marca na zona centro do país. Mais recentemente, o Grupo Lena é também concessionário da Opel.O Gás Natural é um sector em forte expansão no Grupo Lena, cujo desafio se iniciou com a participação de 20% no capital social da concessionária para a distribuição de gás natural para o Vale do Tejo, a Tagusgás, e hoje conta já com duas empresas da área, a Criagás e a GCC.A aposta do Grupo Lena na Internacionalização surge em 1997, com a entrada no Brasil. Actualmente expande-se à Roménia, Moçambique e Bulgária e Angola.O Grupo Lena detém participações estratégicas minoritárias em diversas empresas, nomeadamente: 1) A “Oesterota, S.A.” e “Autoestradas do Atlântico” juntam-se, em 10,95% e 20% res-pectivamente, ao universo das empresas do Grupo.2) 20% da União de Leiria SAD;3) 25% da TVT, S.A. (Terminal do Vale do Tejo);4) A actividade de construção estendeu-se à Roménia com a Romport, na qual a partici-pação das empresas do Grupo é de 47%;5) B.P.N. – Banco Português de Negócios, S.A., o Grupo Lena detém 1,88% da SLN (Holding do Grupo BPN), sendo o 12º accionista da referida Holding.6) Recentemente o Grupo Lena estendeu a sua área de negócios à Biotecnologia, com a participação de 20% na Biocodex, uma incubadora de empresas sediada no Porto.O Grupo Lena detém também 20% da União de Leiria SAD e 25% da TVT, SA (ter-minal do Vale do Tejo) e estendeu a sua actividade de construção à Roménia, com a “Romport”, na qual a participação das empresas do Grupo é de 47%. No âmbito de uma parceria com o “B.P.N. – Banco Português de Negócios, S.A.”, o Grupo Lena detém 1,88% da SLN (Holding do Grupo BPN), sendo o 12º accionista da referida Holding. Recentemente, o Grupo Lena estendeu a sua área de negócio à Biotecnologia, com a participação de 20% na Biocodex, uma incubadora de empresas sediada no Porto.Mais de 25 anos volvidos desde o seu início, o Grupo Lena, com o seu ritmo de franco crescimento, tornou-se hoje no maior Grupo Empresarial da zona centro do país, sobressaindo com um volume de negócios que supera, em 2002, os 300 milhões de euros. Um Grupo onde a garantia de qualidade é, desde sempre, uma grande aposta para concretizar com os valores de sempre: Rigor e Solidez!Para mais informações, visite-nos em www.grupolena.pt.

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