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CONTABILIDADE GERAL 2012 2ª edição César Augusto Tibúrcio Silva Ministério da Educação – MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Diretoria de Educação a Distância – DED Universidade Aberta do Brasil – UAB Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP Bacharelado em Administração Pública

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CONTABILIDADE GERAL

2012

2ª edição

César Augusto Tibúrcio Silva

Ministério da Educação – MEC

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

Diretoria de Educação a Distância – DED

Universidade Aberta do Brasil – UAB

Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP

Bacharelado em Administração Pública

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S586c Silva, César Augusto TibúrcioContabilidade geral / César Augusto Tibúrcio Silva. – 2. ed. reimp. – Florianópolis :

Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012.134p. : il.

Inclui bibliografiaBacharelado em Administração PúblicaISBN: 978-85-61608-99-6

1. Contabilidade. 2. Balanço (Contabilidade). 3. Sistemas de informação. 4. Educação adistância. I. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Brasil). II.Universidade Aberta do Brasil. III. Título.

CDU: 657

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071

© 2012. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados.

A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e

gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o

conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos.

A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização

expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos

1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.

1ª impressão – 2009

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DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOSUniversidade Federal de Santa Catarina

METODOLOGIA PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUniversidade Federal de Mato Grosso

AUTOR DO CONTEÚDOCésar Augusto Tibúrcio Silva

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – CAPES

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

EQUIPE TÉCNICA

Coordenador do Projeto – Alexandre Marino Costa

Coordenação de Produção de Recursos Didáticos – Denise Aparecida Bunn

Capa – Alexandre Noronha

Ilustração – Igor Baranenko

Projeto Gráfico e Finalização – Annye Cristiny Tessaro

Editoração – Rita Castelan

Revisão Textual – Claudia Leal Estevão Brites Ramos

Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

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SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................... 9

Unidade 1 – Informações Contábeis

Formas de Organização de uma Entidade............................................................ 13

Usuários............................................................................................ 16

Usuários Internos.................................................................................. 16

Usuários Externos................................................................................... 17

Atividades de uma Entidade...................................................................... 19

Comunicação com os Usuários.............................................................. 21

Demonstração do Resultado do Exercício..................................................... 22

Balanço Patrimonial................................................................................... 24

Demonstração dos Fluxos de Caixa..................................................... 31

Outras Informações................................................................................... 33

Pressupostos Básicos............................................................................. 36

Regime de Competência....................................................................... 36

Continuidade................................................................................... 37

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Unidade 2 – Sistema Contábil

Transação e Contabilidade.............................................................................. 43

Débito e Crédito.................................................................................. 49

Balancete de Verificação............................................................................... 57

Efeitos das Partidas Dobradas no Ativo e no Passivo....................................... 60

Elaborando a Demonstração dos Fluxos de Caixa............................................. 62

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Reconhecimento da Receita............................................................................... 71

Confrontação da Despesa.................................................................................... 73

Ajustes.............................................................................................. 76

Despesas Antecipadas.................................................................................. 77

Receitas Antecipadas............................................................................... 82

Despesas a Pagar............................................................................... 84

Receita a Receber............................................................................... 85

Resumo dos Ajustes............................................................................... 86

Fechamento do Exercício Social......................................................................... 92

Regime de Caixa e de Competência em Ativos Não Circulantes............................ 96

Sistema de Informação Computadorizado........................................................... 98

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

Análise Vertical e Análise Horizontal.................................................................... 105

Indicadores de Liquidez................................................................................... 109

Liquidez Corrente.................................................................................. 110

Liquidez Seca.................................................................................. 110

Liquidez Imediata.................................................................................. 111

Liquidez Geral.................................................................................. 112

Page 7: Livro de Contabilidade Geral.pdf

Indicadores de Atividade...................................................................................... 113

Prazo de Estocagem.................................................................................. 113

Prazo de Pagamento.................................................................................. 115

Prazo de Cobrança.................................................................................. 116

Ciclo Financeiro.................................................................................. 117

Índices de Endividamento e Estrutura................................................................. 119

Relação Capital de Terceiros e Capital Próprio............................................. 119

Estrutura do Endividamento.......................................................................... 120

Indicadores de Rentabilidade................................................................. 121

ROA........................................................................................................ 121

ROE........................................................................................................ 122

Margem Líquida........................................................................................... 123

Indicadores da DFC....................................................................................... 124

Fluxo sobre Receitas...................................................................................... 124

Cobertura de Investimento............................................................................. 125

Fluxo sobre Lucro........................................................................................... 126

Considerações finais................................................................................. 131

Referências.................................................................................................... 132

Minicurrículo.................................................................................................... 134

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8Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

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9Módulo 2

Apresentação

APRESENTAÇÃO

Prezado estudante!

Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Geral. Nessadisciplina você terá contato com um instrumento muito importantede informação, planejamento e controle da atividade de umaentidade, inclusive na Administração Pública.

Você irá perceber que nos últimos anos a Contabilidade temapresentado mudanças significativas. Isso decorre do processo deconvergência das normas internacionais de contabilidade.Recentemente, a base legal da Contabilidade apresentou alteraçõesimportantes por meio da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007,e de diversas resoluções do Conselho Federal de Contabilidade,algumas aprovadas ao longo de 2008 e outras que serão aprovadasnos próximos anos.

O foco desta disciplina é mostrar que a Contabilidade é umimportante instrumento para a administração. Convém destacarmosque o objetivo do curso não é ensinar você a ser um contador, masusar a Contabilidade como um instrumento de gestão, pois oadministrador deve entender todo seu potencial como principalsistema de informação de uma entidade, sem a necessidade dediscutir complexos aspectos contábeis.

Vamos começar?

Bons estudos!

Professor César Augusto Tibúrcio Silva

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UNIDADE 1

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de: Conhecer quem são os usuários das informações contábeis e suas

demandas de informação; Descrever as três atividades que são exercidas por uma entidade; Apresentar a forma como a contabilidade se comunica com os

usuários; e Apresentar os pressupostos básicos da informação contábil.

INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

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12Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

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13Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

DE UMA ENTIDADE

Caro estudante,Nesta primeira Unidade do nosso curso, você irá conhecero contexto no qual a contabilidade está inserida. Ao longodesta Unidade, vamos estudar as formas de organização deuma entidade. Posteriormente, mostraremos quais são ospotenciais usuários da informação contábil. Essa discussãopreliminar mostra que a contabilidade se ajusta ao ambientee às necessidades dos usuários.Falaremos ainda sobre as três atividades típicas de umaentidade. Essa classificação tem sido ressalvadarecentemente, até mesmo na área pública. O entendimentodessas atividades é útil para conhecer o processo deobtenção e alocação de recursos dentro da entidade.A Unidade é finalizada com alguns conceitos importantesque estão presentes na linguagem contábil e são relevantespara entendermos, por exemplo, algumas das limitaçõesdas informações contábeis.Por fim, é importante lembrarmos que a nossa disciplinafoi construída com a finalidade de mostrar a Contabilidadecomo um instrumento para a administração, não um fimem si próprio.Então, vamos lá.

As transações e os eventos econômicos que acontecem acada instante na economia podem ocorrer por meio de indivíduosou de entidades devidamente estruturadas e organizadas.Comumente, essas entidades estão classificadas da seguinte forma:

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14Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Primeiro Setor: envolve o governo, seja federal,estadual ou municipal. A finalidade é obter recursosde maneira compulsória, por meio dos tributos, eaplicá-los visando à distr ibuição de renda, àestabilidade da economia ou mesmo a prover algumbem ou serviço para a população.

Segundo Setor: incluem as entidades que visam aobter resultados financeiros para seus proprietários.No segundo setor, os proprietários estão interessadosem explorar atividades que possam produzir essesresultados.

Terceiro Setor: reúne as entidades não governamentaisque têm por finalidade fornecer algum bem ou serviço,geralmente para pessoas carentes.

O nosso curso de Administração Pública estaria, portanto,

focado no Primeiro Setor. Mas você concorda que é igualmente

importante conhecer o segundo e o terceiro setor?

A organização do Estado (primeiro setor) pode ocorrer porintermédio da Administração Direta ou Indireta. A escolha da formade atuação do Estado irá depender de uma série de fatores, como:

o setor onde vai ser a sua atuação;

a necessidade, ou não, de flexibilidade na ação;

a permissão das leis do País; e

interesses políticos, entre outros.

No que tange ao segundo setor, essa compreende asempresas com fins lucrativos. A nossa legislação permite uma sériede formas de entidades. A mais complexa é a sociedade anônimade capital aberto, que possui capital negociado na bolsa de valores.Nessas organizações a contabilidade é bastante desenvolvida,podendo ser considerada como um parâmetro para outrasorganizações.

vO estudo da

contabilidade do

Primeiro Setor será feito

na disciplina de

Contabilidade Pública, no

próximo semestre do

nosso curso.

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15Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

Já o terceiro setor compreende as denominadas Entidadesde Interesse Social, que segundo o Conselho Federal deContabilidade (2004) estão organizadas em:

Associações: são pessoas jurídicas formadas pelaunião de pessoas com objetivo comum, sem finalidadeslucrativas.

Fundações : são entes jurídicos que têm porcaracterística o patrimônio, podendo ser constituídaspara fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Para a finalidade do curso, mais importante que conhecermosas diferentes formas de como uma entidade está estruturada, e asconsequências legais dessa decisão, é entendermos como isso afetaa contabilidade.

Para cada tipo de entidade há exigências contábeisdiferentes.

Nas organizações do terceiro setor, a contabilidade estáfocada em mostrar os benefícios sociais obtidos com as suas ações.Outra função importante da contabilidade nessas entidades édemonstrar que as doações recebidas estão sendo aplicadasconforme sua finalidade.

Já uma empresa com ações negociadas na bolsa de valoresterá, por exemplo, preocupação em informar aos investidores o seuresultado. Essas organizações, conhecidas como companhiasabertas, divulgam seus resultados com uma periodicidade trimestral.

Nesta disciplina, iremos focar preferencialmente as entidades

do segundo setor. Essa escolha é por razões didáticas, uma

vez que é mais fácil compreendermos a contabilidade sob a

ótica de uma organização.

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16Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

USUÁRIOS

A finalidade da informação contábil é fornecer dados parao processo decisório, pois a Contabilidade é um sistema deinformação que identifica, registra e comunica os eventoseconômicos de uma entidade aos usuários interessados.

A forma como ocorre o processo contábil será detalhada nas

unidades seguintes. Vamos primeiro entender melhor quem

são estes usuários da informação contábil. Podemos começar?

USUÁRIOS INTERNOS

Os usuários internos da contabilidade são os administradoresque planejam, executam e controlam as atividades da instituição.Isso inclui as pessoas que decidem sobre preço, alocam recursosentre as diversas unidades, gerenciam recursos humanos, entreoutras atividades, como está mostrado na Figura 1. São as pessoasque atuam dentro da entidade.

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17Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

Figura 1: Questões do usuário internoFonte: Elaborada pelo autor

Para responder às questões da Figura 1 e a muitas outras,os usuários internos necessitam de informações, passadas e futuras,da entidade. Um ramo importante da contabilidade que auxilia ousuário interno é a contabilidade de custos. Pela contabilidade decustos o usuário interno poderá determinar qual produto é lucrativo,como melhorar o processo de produção, entre outras questões.

USUÁRIOS EXTERNOS

Existem muitos usuários fora da entidade que necessitamde informações sobre ela. Por exemplo, uma instituição financeiraque vá emprestar recursos para a entidade precisa saber a chancede recuperar os valores emprestados e os juros. Os fornecedores eclientes necessitam das informações para saber a possibilidade deestabelecer um vínculo de longo prazo. Os sindicatos queremconhecer a possibilidade de melhor remuneração. As autoridadesfiscais acompanham para determinação de padrão mais justo de

vPara conhecer diversos

estudos na área de

custos veja o congresso

da Associação Brasileira

de Custos <http://

www.abcustos.org.br/>.

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18Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

tributação. As agências reguladoras querem informações paraveri f icar se a entidade está atuando conforme as regrasestabelecidas.

Para você entender melhor, observe a Figura 2, que trazalgumas das questões interessantes que a contabilidade pode ajudara responder.

v

Para conhecer mais

sobre a legislação,

regulação e atos da CVM

acesse o sítio

<www.cvm.gov.br>.

Figura 2: Questões do usuário externoFonte: Elaborada pelo autor

É importante observarmos que o interesse de cada tipo deusuário externo pode ser divergente, criando um problema para acontabilidade da instituição em satisfazer a diferentes demandasdos mais diversos usuários.

Em algumas situações, o usuário externo tem poder de fazerexigências para a divulgação das informações. É o caso, porexemplo, das companhias abertas, que, por exigência da Comissãode Valores Mobiliários (CVM), responsável pela regulação dessasentidades, são obrigadas a divulgar para o público externo suasinformações.

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19Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

ATIVIDADES DE UMA ENTIDADE

São três os possíveis tipos de atividade em uma entidade:financiamento, investimento e operação.

Uma entidade obtém financiamentos por meio deempréstimos com terceiros ou recursos dos proprietários, que serãousados em investimentos, como prédios, máquinas e computadores,que possibilitarão a execução de suas operações. Podemos dizerque atividades de financiamento são as que correspondem àobtenção de dinheiro.

Assim, quando se faz um empréstimo com um banco, osrecursos obtidos serão considerados dentro da atividade definanciamento. Logo, uma das formas de medir o desempenho deuma entidade é mensurar o custo das formas de financiamento ecomparar com o que está sendo obtido com a aplicação dessedinheiro. Espera-se que essa relação seja favorável para a entidade.

As atividades de investimentos dizem respeito à alocaçãodo dinheiro obtido na atividade financiamento em recursosnecessários para a entidade operar. No estágio inicial da vida, umaentidade irá necessitar de muitos desses recursos, como móveis,prédios, máquinas, automóveis e computadores. Esses recursospossuem uma vida útil longa e auxiliam a entidade por vários anos.

É importante lembrarmos que os investimentos devemser úteis nas suas operações.

vNessa atividade, o ciclo

produtivo, que será

registrado pela

contabilidade, será

então dividido.

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20Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Quando falamos de operações, fazemos referência ao usodos reQuando falamos de operações, fazemos referência ao usodos recursos aplicados nos investimentos. Em uma empresacomercial, as operações consistem na compra e na venda dasmercadorias. Em uma indústria, incluem a compra de insumos, suatransformação e venda do produto final.

Diante disso, podemos afirmar que toda entidade em seu

estágio inicial da vida, provavelmente, enfrenta problemas para

gerar riqueza com as atividades derivadas das operações. Você

concorda?

Para visualizar melhor, imagine uma empresa comercial. Comcerteza é necessário um certo tempo para conquistar clientes, oque influencia diretamente nos resultados das operações. Mas nolongo prazo é crucial que uma entidade possa ter um desempenhopositivo nas suas operações.

Na sequência, ainda nesta Unidade, iremos mostrar comoisto é mensurado. Por ora, é importante afirmarmos que a Portariado Ministério da Fazenda n. 184/2008 adota a tipologia queapresentamos (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2008).

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21Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

COMUNICAÇÃO COM OS USUÁRIOS

Estudamos os usuários da Contabilidade e algumas dasquestões que eles se interessam em fazer. A Contabilidade informaaos usuários, ao final de cada período, por intermédio de uminstrumento denominado de demonstrações contábeis. As trêsdemonstrações mais importantes são:

Balanço Patrimonial: apresenta o que a entidadepossui para gerar riqueza e as obrigações atuais. Essademonstração mostra a situação em uma determinadadata, geralmente o último dia do ano.

Demonstração do Resultado do Exercício: tema finalidade de mostrar o desempenho da entidade,comparando a geração de receita com o esforçonecessário para isto. Essa comparação é feita paraum período de tempo, que pode ser um ano, umtrimestre ou até mesmo um mês.

Demonstração dos Fluxos de Caixa: mostra amovimentação financeira ocorrida durante umdeterminado período (um ano, um trimestre ou um mêsespecífico) no caixa da entidade.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa e a não Demonstraçãodo Fluxo de Caixa eram opcionais para as grandes organizaçõesno Brasil. Mas uma lei aprovada no final de 2007 (BRASIL, 2007)alterou essa situação. Isso reduziu a diferença da nossa legislaçãoem relação a de outros países, em que essa demonstração já eraobrigatória.

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22Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Para você entender melhor veja, a seguir, um detalhamento de

cada uma dessas demonstrações.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A finalidade da Demonstração do Resultado do Exercício(DRE) é mostrar como o desempenho da entidade indica qual oresultado para um determinado período de tempo. Considere oexemplo apresentado na Figura 3, da Empresa Ondas do Mar. Essademonstração começa com o nome da empresa, o nome dademonstração e a data a que se refere a informação. No exemplo, ademonstração faz referência ao exercício social* que terminouno dia 31 de dezembro de 2009. Se o exercício tiver a duraçãoanual – o que é o mais comum de ocorrer –, isso significa quetodas as informações dizem respeito ao período entre 1º de janeirode 2009 e 31 de dezembro de 2009.

Agora, vamos analisar a Demonstração que apresentamoscomo exemplo.

*Exercício Social – perí-

odo de tempo da conta-

bi l idade. Em geral o

exercício social possui a

duração de doze meses,

coincidindo com o ano

civil. Mas isso pode va-

riar conforme o país

onde a entidade atua.

Fonte: Elaborado pelo

autor.

Figura 3: Demonstração do Resultado da Empresa Ondas do MarFonte: Elaborada pelo autor

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23Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

A Demonstração começa expondo as receitas que a empresaobteve durante o ano de 2009. Você pode notar que as receitastotalizaram R$ 50 mil. Podemos observar, ainda, as despesas* daempresa, que foram de R$ 41 mil. A mais relevante é a Despesa deSalários, que está totalizada em R$ 22 mil. Aparecem ainda asdespesas com o aluguel, com seguros feitos, com depreciação (maisadiante iremos detalhar esta despesa) e com despesas financeiras,que são os juros dos empréstimos.

Na última linha da Demonstração podemos verificar acomparação entre as receitas e as despesas. Como, nesse caso, ovalor das receitas é maior que o das despesas, a empresa teve umresultado positivo, ou seja, teve lucro*. Caso a soma das despesasfosse maior que as receitas, o resultado seria negativo, ou prejuízo*.

Essa última linha é de extrema importância à empresa.O lucro é sinônimo de desempenho. Nesse exemplo, a empresaobteve um lucro de 9 mil reais.

Esse valor pode ser melhor entendido quando calculamos oseu significado em relação a outra medida, como a receita. Ouseja, se dividirmos os R$ 9 mil por R$ 50 mil, teremos uma relaçãode R$ 0,18. Em outras palavras, para cada R$ 1 de receita que aempresa gerou, ela obteve um lucro de R$ 0,18, ou 18 centavos.

Você saberia dizer como nós podemos descobrir se esse valor

é muito ou pouco?

Outra observação importante e necessária antes definalizarmos esse assunto diz respeito à Demonstração do Resultadodo Exercício. Seguindo a ordem apresentada na Figura 3, observeque ela inicia com as receitas, depois aparecem listadas as despesase termina com a diferença entre as receitas e despesas, ou seja, olucro ou prejuízo.

Veja a Figura 4, que traz um resumo dessa informação para,você, futuro Gestor Público.

*Despesa – esforço neces-

sário para gerar a recei-

ta por parte de uma enti-

dade. Fonte: Elaborado

pelo autor.

vEventualmente podem

existir algumas

pequenas variações

conforme as

características da

entidade.

*Lucro – resultado posi-

tivo que ocorre quando

as receitas são maiores

que as despesas. Fonte:

Elaborado pelo autor.

*Prejuízo – resultado ne-

gativo, ou seja, as despe-

sas são maiores que as

receitas. Fonte: Elabora-

do pelo autor.

Page 24: Livro de Contabilidade Geral.pdf

24Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 4: Demonstração do Resultado do Exercício e a DecisãoFonte: Elaborada pelo autor

BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial apresenta os ativos* e os passivos*(incluindo o patrimônio líquido*) de uma entidade em um períodode tempo específico. Em outras palavras, podemos dizer que o ativoé algo que irá contribuir para gerar riqueza. Entre os ativos maiscomuns temos terrenos, máquinas, computadores, mercadorias queserão vendidas, direitos a receber de clientes (denominados tambémde valores a receber), dinheiro e aplicações financeiras. Muitosativos foram obtidos por meio das atividades de investimentos,como os terrenos, mas alguns outros foram por meio das atividadesoperacionais.

Em algumas obras é comum encontrarmos a definição de ativo

como sendo bens e direitos. Essa é uma definição simplista,

que não corresponde à realidade. Um computador antigo, que

já não é usado, não é um ativo, apesar de ser um “bem” da

entidade. Você saberia dizer qual a razão? Volte na definição

*Ativo – representa

todo recurso, controla-

do pela entidade em ra-

zão de uma operação

que ocorreu no passa-

do, que irá gerar rique-

za futura. Fonte: Elabo-

rado pelo autor.

*Passivo – é uma obriga-

ção atual, decorrente

de um evento passado,

cuja liquidação irá re-

sultar num desembolso

de recursos. Fonte: Ela-

borado pelo autor.

*Patrimônio Líquido –

refere-se à diferença

entre os ativos e os pas-

sivos circulantes e não

circulantes. Fonte: Ela-

borado pelo autor.

Page 25: Livro de Contabilidade Geral.pdf

25Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

de ativo e verifique o que falta para este computador que não

é mais usado ser um ativo.

O potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para ofluxo de caixa da empresa é condição indispensável para um itemser classificado como ativo. Se uma conta do ativo perder essacapacidade, deverá ser transformada em despesa no momento emque se identificar essa ocorrência.

E quanto ao passivo, você saberia citar algum exemplo?

Partindo do princípio de que o passivo envolve todas asobrigações que a entidade possui atualmente e que representarão,geralmente, um pagamento, podemos classificar um empréstimoobtido no passado junto a um banco como um exemplo de passivo.Ou ainda uma compra a prazo feita pela entidade que gera umaobrigação de efetuar pagamento no futuro também é um passivo.Outro tipo comum de passivo é a obrigação com empregados(salários a pagar, por exemplo).

O passivo pode ser denominado de exigível ouexigibilidades.

Na contabilidade o passivo possui dois significados, sendoum no sentido restrito e outro no sentido amplo. No sentido amplo,o passivo representa o lado direito do balanço. O passivorepresentaria todas as fontes de financiamento de uma entidadenum determinado momento.

Já no sentido restr i to, o passivo cor responde aoscompromissos da entidade com terceiros. Nessa definição, nãoseriam considerados como passivo os recursos que foram colocadosna entidade pelos acionistas, ou o patrimônio líquido. Alguns

v

Mudanças recentes na

legislação societária,

ocorridas em 2007,

definiram que passivo

corresponde ao seu

sentido amplo (BRASIL,

2007) – conceito que

adotaremos nesta

disciplina –, já a

Estrutura Conceitual

para Elaboração e

Apresentação das

Demonstrações

Contábeis utiliza o termo

“passivo” no seu sentido

restrito (CFC, 2008a).

Page 26: Livro de Contabilidade Geral.pdf

26Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

autores, para diferenciar, usam o termo exigibilidades, ou capitalde terceiros, para passivo. Esquematicamente podemos dizer que:

A base conceitual do Balanço Patrimonial é a equaçãocontábil básica:

De acordo com essa expressão, o total dos ativos da entidadeserá igual ao passivo (inclui o passivo no sentido restrito e opatrimônio líquido). A expressão é importante, sendo observadaem qualquer situação apresentada pela entidade. No próximocapítulo iremos detalhar mais o seu funcionamento. Por hora, éimportante que você considere que numa entidade o volume derecursos existentes para gerar riqueza no futuro (os ativos) é igualàs exigibilidades existentes e aos recursos próprios.

Para melhor entendimento apresentamos um exemplo numéricode Balanço Patrimonial da Empresa Ondas do Mar. Veja a Figura 5.

Figura 5: Balanço Patrimonial da Empresa Ondas do MarFonte: Elaborada pelo autor

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27Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

Analisando com atenção essa demonstração, podemosobservar que o Balanço mostra dois lados: o lado esquerdo com oativo e o lado direito com as exigibilidades e o patrimônio líquido.Essa disposição é uma convenção histórica da contabilidadebrasileira e de alguns países com influência estadunidense na suacontabilidade. E, podemos observar ainda que o total do ladoesquerdo (ativo) é igual ao lado direito (passivo). Isso se deve àequação contábil básica.

O Ativo está dividido em dois grandes grupos. São eles:

Circulante: são o caixa ou aqueles itens que irão setransformar em caixa até o final do próximo exercíciosocial, ou seja, são as disponibilidades, os direitosrealizáveis no curso do exercício social subsequente eas aplicações de recursos em despesas do exercícioseguinte. São os ativos de curto prazo.

Não circulante: inclui os direitos de longo prazo*,os investimentos de longo prazo, o imobilizado(prédios, computadores, equipamentos, entre outros)e o intangível.

investimentos – fazem referência às participações perma-nentes em outras sociedades e aos direitos de qualquernatureza, não classificáveis no ativo circulante, e quenão se destinem à manutenção da atividade dacompanhia ou da empresa;

ativo imobilizado – diz respeito aos direitos que tenhampor objeto bens corpóreos destinados à manutençãodas atividades da companhia ou da empresa ouexercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentesde operações que transf iram à companhia osbenefícios, riscos e o controle desses bens; e

intangível – faz menção aos direitos que tenham porobjeto bens incorpóreos destinados à manutenção dacompanhia ou exercidos com essa finalidade, inclusiveo fundo de comércio adquirido. Fonte: Brasil (2007).

vEm alguns países, por

exemplo, o ativo é

apresentado em cima e

as exigibilidades e o

patrimônio líquido,

embaixo.

*Ativo Realizável a Longo

Prazo – os direitos reali-

záveis após o término do

exercício seguinte, assim

como os derivados de

vendas, adiantamentos

ou empréstimos a socie-

dades coligadas ou con-

troladas, diretores, acio-

nistas ou participantes

no lucro da companhia,

que não constituírem ne-

gócios usuais na explora-

ção do objeto da compa-

nhia. Fonte: Brasil (2007).

Page 28: Livro de Contabilidade Geral.pdf

28Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Volte à Figura 5 e analise o ativo da empresa. Observe que

existe um ativo total de R$ 42 mil, a maior parte

correspondente aos computadores. Mas como é sabido, o

computador é um bem que regularmente necessita de

investimento, em razão da defasagem tecnológica. Você sabe

o que isso significa?

Significa dizer que a empresa possui um ativo que necessitaser reposto regularmente. Existem dois outros ativos que estãoclassificados como circulante, ou seja, são de curto prazo. Caixarepresenta a moeda corrente e os valores existentes em contacorrente. Já Despesa Antecipada representa valores que a empresajá pagou, mas que terão usufruto em períodos seguintes, comoseguros, salários adiantados, aluguéis pagos antes do prazo ou atémesmo estoques.

Antes de olharmos o lado direito do balanço, é importantedestacarmos a ordem com que os itens do ativo são apresentados.Observe que o balanço inicia com o dinheiro existente em caixa.São os recursos mais líquidos – representam os recursos mais fáceisde serem usados em uma transação, ou seja, que a empresa podelançar mão quando necessitar. O Balanço finaliza com um recursoque a empresa terá dificuldade de converter em moeda corrente,que são os computadores. Essa ordem é também uma convenção,e tem suas origens na história da contabilidade.

Analisado o lado esquerdo, vamos agora observar o lado direito

do balanço?

Quando o passivo representa uma obrigação que deverá oupoderá ser quitada até o final do período seguinte, ele é classificadocomo passivo circulante. Geralmente estão classificados comocirculante as obrigações com os funcionários (salários a pagar, porexemplo), com o governo (dívidas com o fisco ou a previdência),

vNa Unidade 3, iremos

discutir sobre as

despesas.

vConheça mais sobre a

história da Contabilidade

no vídeo disponível em:

<http://tinyurl.com/

ydb3fg5>.

Page 29: Livro de Contabilidade Geral.pdf

29Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

com fornecedores ou com clientes (as receitas antecipadas, queestudaremos mais adiante na disciplina) e algumas dívidas combancos de curto prazo.

O passivo que somente irá vencer a partir do final do próximoexercício social é considerado como não circulante. O maiscomum passivo não circulante são os empréstimos de longo prazo.

Para melhor entender a distinção entre o circulante e o nãocirculante, considere uma empresa que está fazendo seu balançode 31 de dezembro de 2009. A empresa possui dois empréstimos.O primeiro irá vencer no dia 30 de outubro de 2010 e o segundosomente será quitado, contrato feito com o banco, no dia 5 de abrilde 2011. O primeiro empréstimo irá vencer até o final do próximoexercício social (31 de dezembro de 2010) e será classificado comopassivo circulante. O segundo irá vencer após o encerramento dopróximo exercício social, sendo classificado como passivo nãocirculante.

Temos ainda o patrimônio líquido, que se refere aos recursosque foram investidos na entidade pelos acionistas, ou seja, osrecursos próprios. Esses valores podem ter sido aplicados por meiode uma integralização do capital, quando os acionistas sãoconvocados para comprar ações de empresa, ou por meio doresultado obtido nos exercícios anteriores, que não foramdistribuídos.

Novamente retorne à Figura 5 e observe que o passivocirculante totaliza R$ 5.400 e incluiu dívidas com fornecedores,salários de funcionários a pagar e receitas antecipadas. Essespassivos deverão ser quitados até o final do próximo período, ouseja, até o dia 31 de dezembro de 2010 (pois o balanço foi encerradoem 31 de dezembro de 2009). Já o passivo de longo prazocorresponde aos empréstimos, no valor de R$ 7.600. Com isso,podemos concluir que de um passivo de R$ 42 mil, R$ 13 mil estãono grupo das exigibilidades (passivo no sentido restrito). Issocorresponde a 31% do total. Essa percentagem é muito usada nomundo financeiro. Representa o endividamento da empresa, isto é,quanto maior o seu valor, mais endividada estará a empresa.

Page 30: Livro de Contabilidade Geral.pdf

30Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Não podemos afirmar que endividamento é bom ou ruim.Basicamente dois aspectos são relevantes na decisão de aumentarou diminuir o nível de endividamento: o risco e o custo do dinheiro.Em geral, exigibilidades possuem mais risco, mas o seu custo paraa entidade é menor. As características do administrador, se ele éavesso ou não ao risco, podem influenciar nesta decisão. Outrasvariáveis que podem influenciar o nível de endividamento incluema situação da economia, o acesso ao mercado financeiro e aexistência de expansão na empresa.

Finalmente, o lado esquerdo encerra-se com o patrimôniolíquido. Conforme afirmamos anteriormente, esse grupo apresentaos recursos investidos pelos acionistas na empresa. Pela legislaçãobrasileira está dividido em capital social, reservas de capital, ajustesde avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria eprejuízos acumulados (BRASIL, 2007).

Para esta disciplina, iremos usar o capital social, quecorresponde, basicamente, às ações que foram subscritas; e asreservas, que correspondem a uma das possíveis destinações dolucro. As outras contas devem ser objeto de estudo em um cursomais avançado de Contabilidade.

Você deve estar se perguntando: como uti l izar essas

demonstrações contábeis?

Para usar melhor as demonstrações contábeis, é comum ocálculo de índices que representam relações entre os itens dessasdemonstrações. Já comentamos sobre uma delas na Demonstraçãodo Resultado do Exercício, a relação entre o lucro e a receita, esobre outra quando estudamos o passivo, o endividamento. Osresultados obtidos nos cálculos podem ser comparados com outrasempresas ou com a evolução ao longo do tempo.

v

Existem muitos outros

índices e você pode

encontrar uma relação

dos mais comuns na

Unidade 4 ou

consultando as

indicações apresentadas

na seção

Complementando

apresentada no final

desta Unidade.

Page 31: Livro de Contabilidade Geral.pdf

31Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

A Figura 6 apresenta o resumo da relevância do BalançoPatrimonial para o gestor.

*Caixa – Compreende o

numerário em espécie e

depósitos bancários dis-

poníveis. Fonte: CFC

(2009b).

*Equivalentes de Caixa –

Compreende o numerá-

rio em espécie e depósi-

tos bancários disponí-

veis. Fonte: CFC (2009b).

Figura 6: Balanço Patrimonial e a DecisãoFonte: Elaborada pelo autor

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração dos Fluxos de Caixa detalha amovimentação com os recursos monetários da empresa, incluindoo caixa* e os equivalentes de caixa*. A contabilidade daentidade prepara essa demonstração em razão da importância desaber sobre a movimentação desses recursos. Em outras palavras,essa demonstração está dividida em fluxos de caixa decorrentes deatividades operacionais, de investimento e de financiamento.

Antes da Lei n. 11.638/07, essa demonstração não era obrigatóriano Brasil. Com essa legislação, a Demonstração dos Fluxos de Caixasubstituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.

A Figura 7 traz um exemplo de Demonstração dos Fluxos deCaixa. Inicialmente, apresentamos os valores originários dasatividades operacionais.

Page 32: Livro de Contabilidade Geral.pdf

32Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 7: Demonstração dos Fluxos de CaixaFonte: Elaborada pelo autor

Observe que a empresa teve recebimento de clientes epagamento de salários, seguros e aluguel. Uma convenção adotadana apresentação foi de que as entradas de caixa (os recebimentos)estão com sinal positivo e as saídas (os pagamentos), com o sinalnegativo (entre parênteses). O resultado final indica que obteveR$ 15.400 nas atividades.

Esperamos que toda entidade apresente resultadopositivo nas atividades operacionais, como é o casodo nosso exemplo.

Com base na Figura 7 podemos identificar os fluxos deinvestimento (em computadores); os financiamentos, com recursosdos acionistas e empréstimos obtidos com terceiros; e que a somados fluxos corresponde a uma variação no Caixa e Equivalentes deR$ 6 mil.

Page 33: Livro de Contabilidade Geral.pdf

33Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

De uma maneira resumida, a empresa obteve recursos dasatividades operacionais e de financiamento, que foram destinadosà compra de computadores (atividade de investimento).

A Figura 8 apresenta, de forma resumida, o uso dessademonstração para a decisão do administrador.

Demonstrações Contábeis

As grandes entidades, algumas por determi-

nação legal e outras por opção própria, divul-

gam suas demonstrações contábeis na

internet. Para conhecer, basta clicar no menu

“relação com investidor” ou outro link seme-

lhante. Você poderá obter essas informações

no sít io da Comissão de Valores Mobil iários

<www.cvm.gov.br>. Uma alternativa gratuita é

o endereço da Bovespa <http://www.bovespa.

com.br>. Outra opção é comprar as informa-

ções de empresas que tornam essas informa-

ções mais “amigáveis”, sendo a principal de-

las a Economática <www.economatica.com.br>.

Saiba mais

Figura 8: Demonstração dos Fluxos de Caixa e DecisãoFonte: Elaborada pelo autor

OUTRAS INFORMAÇÕES

Apresentaremos três demonstraçõescontábeis importantes: a Demonstração doResultado do Exercício, o BalançoPatrimonial e a Demonstração dos Fluxosde Caixa. Com essas demonstrações já épossível fazer diversas análises. Existemoutras informações sobre uma empresa quepodem ser encontradas e que foramproduzidas pela contabilidade ou a partirdesta. As mais usuais são: demonstraçãodas mutações do patr imônio l íquido,

Page 34: Livro de Contabilidade Geral.pdf

34Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

relatório de administração, notas explicativas, relatório de auditoria,demonstração do valor adicionado e balanço social. Vamos, aseguir, discutir brevemente essas informações.

Demonstração das Mutações do PatrimônioLíquido: essa demonstração, conhecida como DMPL,mostra as variações ocorridas no Patrimônio Líquidoda entidade no decorrer de um exercício social.Evidencia o destino do lucro do exercício, o aumentoou a diminuição do capital, as movimentações dasreservas, entre outras movimentações. Algumasentidades costumam divulgar somente aDemonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados,que apresenta parte da DMPL.

Relatório de Administração: difere das informaçõesanteriores por duas razões: é um texto e não possuiuma estrutura rígida, previamente definida em lei ouregulamentos. Essas características fazem com que esseRelatório seja um instrumento de apresentação dosresultados, incluindo justificativas sobre o desempenhoda entidade, análise do contexto econômico e seusefeitos no resultado, perspectivas da administração,entre outros aspectos. De uma maneira geral, o textodesse Relatório é bastante otimista e favorável àadministração da empresa. Sua leitura pode indicar avisão dos administradores sobre a entidade.

Notas Explicativas: apresentam o detalhamento deinformações que estão contidas nas principaisdemonstrações contábeis. Podem ser expressas emtexto ou tabelas, mas sua linguagem é técnica. Emgrandes empresas, as notas explicativas podem ocuparinúmeras páginas. Existe uma tendência no Brasil emencurtar o Balanço Patrimonial e a Demonstração doResultado do Exercício e fazer o detalhamento nasnotas explicativas. Podem trazer também os critérios

Page 35: Livro de Contabilidade Geral.pdf

35Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

que foram usados na mensuração dos itens quecompõem estas duas demonstrações.

Relatório de Auditoria: uma entidade pode contrataruma empresa de auditoria que irá verificar se asinformações prestadas expressam a realidade e estãode acordo com a boa técnica contábil. Caso existaalgum problema com a contabilidade, a empresa deauditoria deve informar isto no Relatório de Auditoria– esse documento é uma leitura importante para sabera qualidade das informações. Devemos tomar cuidadocom as demonstrações de uma entidade cujo Relatóriode Auditoria possui ressalvas ou reprova os valoresapresentados.

Demonstração do Valor Adicionado: tornou-seobrigatória para as sociedades anônimas de capitalaberto com a Lei n. 11.638/07. Mostra a riquezagerada pela entidade e a sua distribuição entre osempregados (salários e participações no lucro),financiadores, acionistas, governo e outros. Essainformação é interessante para sabermos como ariqueza está sendo distribuída. Pode ser útil comoinstrumento de política econômica, pois mostra o queuma entidade está adicionando de valor para aeconomia. A rigor, a soma do valor adicionado de todasas empresas de um país deveria corresponder aoProduto Interno Bruto.

Balanço Social: é uma informação que apresenta acontribuição da empresa para a sociedade em termosde geração de empregos, benefícios concedidos amovimentos sociais, políticas de defesa dos direitosdas parcelas menos valorizadas pela sociedade, entreoutros aspectos. Existem alguns modelos de BalançoSocial, como o do Ibase, mas não existe uma estruturarígida. Por suas características, é um interessanteinstrumento de marketing para certas empresas.

vVeja sobre o PIB no sítio

<http://

www.ipib.com.br/

oquee.asp>.

v

Para conhecer mais

sobre o Balanço Social,

acesse o sítio <http://

www.ibase.br/

modules.php?name=

Conteudo&pid=2414>.

Outra alternativa ao

Ibase é o GRI <http://

www.globalreporting.org/

Home>.

Page 36: Livro de Contabilidade Geral.pdf

36Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

PRESSUPOSTOS BÁSICOS

A contabilidade de uma entidade é geralmente produzida edivulgada segundo dois pressupostos básicos: o Regime deCompetência e a Continuidade (CFC, 2008a).

Precisamos conhecer e entender esses pressupostos, pois issoafeta a informação que é divulgada pela contabilidade.

REGIME DE COMPETÊNCIA

Dizer que a demonstração contábil é elaborada pelo regimede competência significa dizer que os eventos são consideradospela contabilidade quando ocorrem. Considere uma entidade queefetue uma venda a prazo no mês de abril para recebimento emjunho. O registro da operação como receita ocorrerá no mês deabril, quando ocorreu, e não em junho, quando existiu o recebimento.Da mesma forma, suponha que a mesma entidade utilizou um imóvelalugado em abril, cujo pagamento do aluguel foi realizado em maio.A despesa com o aluguel irá aparecer na Demonstração do Resultadodo Exercício do mês em que houve o evento, no caso abril.

A uti l ização do Regime de Competência possibi l i tainformações melhores e mais adequadas sobre a situação de umaentidade. Com isto, as demonstrações contábeis informam nãosomente as transações passadas relacionadas ao pagamento erecebimento de caixa, mas também os passivos futuros e recursosque serão recebidos no futuro.

vNós iremos ampliar

nossa discussão sobre o

Regime de Competência

na Unidade 3 e também

na disciplina

Contabilidade Pública.

Page 37: Livro de Contabilidade Geral.pdf

37Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

CONTINUIDADE

Quando uma demonstração contábil é preparada, um dospressupostos é que a entidade continue existindo no futuro. Ou seja,não existe previsão de que irá reduzir de forma expressiva suasoperações ou até mesmo encerrar as atividades. Esse pressupostoé importante, pois reflete na forma de medir os elementos quecompõem as demonstrações da entidade. Caso exista apossibilidade de a entidade não continuar existindo no futuro, deve-se usar uma forma diferente de mensurar.

Uma entidade em dificuldades financeiras pode ter suacontinuidade questionada. Isso pode ocorrer, por exemplo, noRelatório de Auditoria. Nessa situação, a empresa de auditoriainforma que, apesar das demonstrações contábeis terem sidoelaboradas com o pressuposto da continuidade, isso talvez não sejao mais adequado.

Complementando...Para saber mais sobre os assuntos discutidos nesta Unidade, leia os textospropostos a seguir:

Contabilidade de Custos – de Eliseu Martins. Essa obra traz uma

abordagem tradicional sobre custos.

A Meta: um processo de melhoria contínua – um best-seller de Eliyahu

Goldratt e Jeff Cox. Nesse livro você encontra uma leitura mais instigantede custos.

Custos no Setor Público – de César Augusto Tibúrcio Silva. Aqui você

pode aprofundar seus estudos sobre custos no setor público.

Estrutura e análise de balanços – de Alexandre Assaf Neto.

Estrutura, análise e interpretação das Demonstrações Contábeis – de

Alexandre Alcantara.

A mensuração da Realidade – de Alfred Crosby. Nessa obra você

encontra um estudo interessante sobre a relevância da Contabilidadena sociedade ocidental.

Page 38: Livro de Contabilidade Geral.pdf

38Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

ResumindoVimos nesta Unidade que a Contabilidade comunica

ao usuário, interno e/ou externo, a situação de uma entida-

de. O conjunto dessas informações, as demonstrações

contábeis, permite ao usuário conhecer o desempenho da

entidade.

Destacamos, particularmente, o Balanço Patrimonial,

a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstra-

ção dos Fluxos de Caixa.

Na próxima Unidade, mostraremos como os números

surgem nessas demonstrações. Você irá conhecer ainda o

procedimento de contabilização.

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39Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

Atividades de aprendizagem

Confira se você teve bom entendimento do que tratamosnesta Unidade realizando as atividades propostas, a seguir.Se precisar de auxílio, não hesite em fazer contato com seututor.

1. Suponha que você vá comprar um bem (automóvel, por exemplo).

Faça uma lista de questões que você gostaria de saber sobre a

organização que está vendendo esse produto para você. Como

você acredita que isto poderá afetar a sua compra?

2. Entre no sítio de uma organização, como a Vale do Rio Doce

<www.vale.com> e acesse as suas demonstrações contábeis. Lo-

calize o ativo total, o endividamento, o lucro líquido e o fluxo de

caixa das operações.

3. Além das demonstrações contábeis, as companhias abertas de-

vem divulgar para o mercado o mais rápido possível qualquer fato

revelante que possa afetar o seu desempenho. Vá até a página da

CVM <http://www.cvm.gov.br/> e clique em Fatos Relevantes.

Escolha uma organização e procure verificar como o fato pode

afetar o seu desempenho.

4. Um dos usos mais interessantes das informações contábeis é na

criação de rankings. Existem diversas organizações que fazem isso

no Brasil, como o jornal Valor Econômico (Valor 1000), a revista

Exame (Maiores e Melhores) ou o jornal Gazeta Mercantil.

Pesquise na internet como essas publicações usam as informa-

ções contábeis.

Page 40: Livro de Contabilidade Geral.pdf

40Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Respostas dasAtividades de aprendizagem

1) Resposta individual.

2) Resposta individual.

3) Resposta individual.

4) Resposta individual.

Page 41: Livro de Contabilidade Geral.pdf

41Módulo 2

Unidade 1 – Informações Contábeis

UNIDADE 2

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de: Mostrar como a contabilidade registra os eventos por meio do

mecanismo de débito e crédito; Descrever os efeitos das partidas dobradas no ativo e no passivo; e Detalhar a elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

SISTEMA CONTÁBIL

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42Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Page 43: Livro de Contabilidade Geral.pdf

43Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

TRANSAÇÃO E CONTABILIDADE

Caro estudante,Na Unidade anterior mostramos as principais informaçõescontábeis à disposição do usuário. Agora, iremos apresentarcomo a contabilidade chega às informações que foramapresentadas na Unidade anterior. É importante que vocêacompanhe todas as etapas do processo.Inicialmente trataremos do método contábil das partidasdobradas. Esse método surgiu há mais de 700 anos e não sesabe ao certo quem o inventou. O certo é que com as partidasdobradas a contabilidade tem condições de registrar oseventos que ocorrem numa entidade e que ainda hoje sãoa base do trabalho diário do contador.A seguir discutiremos a questão do débito e do crédito eiremos mostrar o significado deles para a contabilidade.Você provavelmente já deve ter escutado estes termos nalinguagem coloquial.Vamos começar?

O sistema de informação contábil precisa de uma forma deregistrar os eventos que ocorrem numa entidade. É importante notarque nem todos eventos são registrados pela contabilidade, massomente aqueles que afetam a posição financeira. Por exemplo, opagamento de uma dívida, a compra de uma máquina e a receitaobtida com a prestação de serviço são exemplos de eventos quesão registrados.

Mas a discussão com um cliente potencial, a aprovação deum plano de contratação de novos funcionários ou a possibilidadede obter um novo empréstimo não são eventos registrados pelacontabilidade, pois ainda não afetaram a posição financeira.

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44Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Feita essa distinção, vamos relembrar a equação básica dacontabilidade:

Com base nessa equação, podemos afirmar que para cadaevento que ocorrer em uma entidade podemos verificar os efeitosna equação contábil. Assim, se um ativo aumenta, deverá existiruma redução em outro ativo ou um aumento no passivo.

Para cada evento registrado pela contabilidade, aigualdade dada pela equação básica da contabilidadedeve se manter.

Para mostrarmos como os eventos afetam a contabilidadede uma entidade, vamos considerar sete eventos da empresa FácilS/A, apresentados e analisados a seguir.

Evento 1

Investimento em Dinheiro pelos Acionistas

No primeiro dia do mês algumas pessoas decidiram criaruma empresa que recebeu a denominação de Fácil. Para isso, juntouR$ 80 mil de recursos para o seu capital em dinheiro. A novaempresa passa, a partir deste momento, a ter recursos em dinheiro(denominado de Caixa na contabilidade), indicando um aumentono ativo. Ao mesmo tempo foi investido na empresa pelos acionistaseste valor, que constitui o seu Capital Social. Desse modo, o aumentono ativo Caixa foi seguido do aumento do Capital Social, que faz partedo Patrimônio Líquido. O efeito do evento na equação básica é:

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45Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Evento 2

Obtenção de um Empréstimo

Logo após a criação da empresa, foi solicitado e obtido umempréstimo de longo prazo em um banco. Esses recursos serãousados no futuro para os investimentos da empresa. Por um lado, oevento irá aumentar o ativo Caixa, com um aumento de R$ 40 mil.Por outro lado, a empresa passa a ter um passivo do mesmo valor.O efeito na equação básica é o seguinte:

Observe que o Ativo agora tem um valor de R$ 120 mil e opassivo, que é a soma dos Empréstimos e do Capital Social, tambémtem esse valor.

Evento 3

Compra de Terrenos

A empresa utilizou os recursos existentes em Caixa paracomprar um terreno onde no futuro pretende construir sua sede.O valor de compra foi de R$ 60 mil. Essa é uma situação em queocorreu um aumento no ativo da empresa, Terrenos, e ao mesmotempo uma redução em outro ativo, Caixa, no mesmo valor. Comisso, a equação contábil permanece válida, conforme mostramos aseguir:

Assim, o ativo continua com um valor de R$ 120 mil, comR$ 60 mil no Caixa e R$ 60 mil aplicados em Terrenos. Do lado direitotemos R$ 40 mil em Empréstimos e R$ 80 mil em Capital Social.

Page 46: Livro de Contabilidade Geral.pdf

46Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Evento 4

Prestação de Serviço

A empresa prestou serviço para terceiros e recebeu R$ 18mil. Essa prestação de serviço corresponde a uma receita para aempresa. Durante um exercício social, uma empresa poderá obterreceitas, que quando confrontadas com as despesas, determinarãoa existência de lucro ou prejuízo. Esse resultado fará parte dopatrimônio líquido até que seja distribuído ao acionista sob a formade dividendo. Por essa razão, por um lado podemos dizer que areceita gerada afeta a equação básica do lado direito. Mas orecebimento aumenta o Caixa, mantendo a igualdade na equaçãocontábil, conforme mostrado a seguir:

O ativo passa a ter um valor de R$ 138 mil, sendo R$ 60 milde Terrenos e R$ 78 mil de Caixa. O passivo também possui essevalor, sendo R$ 40 mil de Empréstimo e R$ 98 mil de PatrimônioLíquido.

Evento 5

Pagamento do Aluguel de Imóvel

A empresa efetuou um pagamento de R$ 7 mil referente aoaluguel de um imóvel. Observe que esse aluguel foi usado no processode obtenção de receita, sendo portanto uma despesa da empresa.A despesa reduz o resultado da empresa e, como consequência, opatrimônio líquido. Ao mesmo tempo que esse evento reduziu olado direito da equação, ocorreu também uma diminuição do Caixa,do lado esquerdo. Com isso, a igualdade se manteve, conforme podeser notado a seguir:

Page 47: Livro de Contabilidade Geral.pdf

47Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

O pagamento do aluguel reduziu o total ativo para R$ 131mil em razão da diminuição do Caixa. O passivo também diminuiuem virtude da mudança no Patrimônio Líquido.

Você pode notar que uma conta de despesa pode reduzir,portanto, o Patrimônio Líquido de uma empresa. Na realidade,certas empresas em dificuldades podem ter um valor elevado dedespesas, em relação às suas receitas, em um ou mais exercíciossociais, que terminam por gerar um Patrimônio Líquido negativo.Essa situação é conhecida como passivo a descoberto, sendoconsiderada um sinal de fragilidade da empresa.

Evento 6

Compra de Material de Escritório

A empresa comprou R$ 4 mil de material de escritório aprazo. Isso significa dizer que, por um lado, passa a existir um novoativo, Material, e um passivo com terceiros. Essa dívida com ofornecedor do material deverá ser quitada num futuro próximo,representando um aumento no passivo. Com isso, a equação mantéma igualdade, conforme pode ser visualizado a seguir:

Observe que o ativo total aumentou para R$ 135 mil, agoradividido entre o Caixa (R$ 71 mil), Material (R$ 4 mil) e Terrenos(R$ 60 mil). Já o passivo revela que a maioria do financiamentoé com o Patrimônio Líquido (R$ 91 mil), seguido de Empréstimo(R$ 40 mil) e Fornecedores (R$ 4 mil).

Page 48: Livro de Contabilidade Geral.pdf

48Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Evento 7

Pagamento de Salários

Ao final do mês a empresa efetuou o pagamento de salários,no valor de R$ 5 mil. Isso corresponde a uma despesa e irá reduziro resultado da empresa. Com isso, o valor do Patrimônio Líquidotambém ficará menor. Ao mesmo tempo, o pagamento irá diminuiros recursos existentes no Caixa, mantendo a igualdade na equaçãocontábil:

O pagamento de salário diminuiu o ativo, de R$ 135 milpara R$ 130 mil, assim como o passivo. O Patrimônio Líquidoreduziu de R$ 91 mil para R$ 86 mil.

Para melhor entendimento, preparamos um resumoapresentando os eventos que ocorreram na empresa:

Ao longo desse exemplo, analisamos detalhadamente osefeitos no ativo e no passivo da empresa. Após cada análise,mostramos que a igualdade contábil permaneceu. Assim, a igualdadeentre o ativo e passivo, conforme consta da equação básica, serásempre verdadeira. Caso isso não esteja ocorrendo, deve ter existidoum erro na contabilidade da entidade.

Page 49: Livro de Contabilidade Geral.pdf

49Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

DÉBITO E CRÉDITO

A forma que utilizamos para explicar como considerar oseventos em termos da equação básica é muito didática, mas inviávelna prática. Imagine a complexidade do quadro em uma entidadecom muitos eventos ocorrendo diariamente e com um grandedetalhamento. Todo esse processo pode ser simplificado com omecanismo do débito e crédito.

Na linguagem contábil, débito não significa algo negativo;da mesma forma, crédito não é algo bom. Na realidade, em cadaevento, podemos responder a duas questões cruciais:

Para onde foram os recursos? Ou seja, qual o destinodos recursos?

De onde vieram os recursos? Em outras palavras, quala sua origem?

Em cada evento que ocorre na entidade e que é registradopela contabilidade, essas duas perguntas devem ser feitas. A respostada primeira pergunta “qual o destino dos recursos?” correspondeao débito. Enquanto a resposta da segunda questão correspondeao crédito. Em cada evento que ocorre em uma entidade, semprehaverá uma origem para os recursos e um destino; em outraspalavras, em qualquer evento que será registrado teremoslançamentos a débito e a crédito.

O que estamos estudando corresponde ao método daspartidas dobradas. A existência dos “dois” lados nummesmo evento conduziu a esta denominação.O lançamento contábil diz respeito ao processo emque são respondidas as questões – qual a origem equal o destino dos recursos – em termos contábeis.Além do débito e do crédito fazem parte de umlançamento o local, a data, o valor e o histórico. Oprocedimento que envolve o lançamento serámostrado mais adiante.

Page 50: Livro de Contabilidade Geral.pdf

50Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Agora, vamos mostrar como o método das partidas dobradaspode ser aplicado ao exemplo que apresentamos anteriormente. Paracada evento, iremos responder às duas perguntas e fazer oslançamentos contábeis.

São duas as formas de fazermos um lançamento, porintermédio de Livro Diário e de Razonetes. Ambas as formas nãosão excludentes e geralmente são realizadas pela contabilidademanual por uma razão prática que mostraremos adiante.

Um lançamento no Livro Diário é iniciado com o local e adata do evento. Logo a seguir, e sempre nessa ordem por convenção,vêm a conta a ser debitada e o valor do débito. Abaixo, a conta aser creditada e o valor monetário. O lançamento termina com umbreve histórico do evento. Esse histórico é opcional, mas é útil que

conste do lançamento para que no futuro se possater uma ideia precisa do que foi o evento. O textodo histórico é livre, podendo fazer referência, porexemplo, ao número do documento que comprovaa operação.

A Figura 9 apresenta um exemplo delançamento no Diário do primeiro evento doexemplo que usamos no início da Unidade.Observe a presença dos elementos local, data,conta a ser debitada (indicada por um D), contaa ser creditada (ou C), o valor do evento e umbreve histórico. Daqui a pouco explicaremos arazão de termos “debitado Caixa” e “creditadoCapital Social”. Observe também que o valor dodébito está mais à esquerda do que o valor docrédito. Essa também é uma convenção e deveser observada no lançamento.

Conta

Faz referência a um item que compõe

um ativo ou passivo específico, inclu-

sive do resultado. Na medida do pos-

sível a denominação da conta deve ser

autoexplicativa. Cada entidade possui

um conjunto de contas que serão uti-

lizadas nos lançamentos, que são or-

ganizados e definidos no Plano de

Contas. Em algumas entidades, como

é o caso das instituições financeiras

e do setor público, este Plano de Con-

tas é padronizado, para faci l itar a

comparação e o controle. Fonte: Ela-

borado pelo autor.

Saiba mais

Page 51: Livro de Contabilidade Geral.pdf

51Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Figura 9: Lançamento no DiárioFonte: Elaborada pelo autor

Quanto aos Razonetes, é importante destacarmos que elesforam uma criação da contabilidade durante a fase na qual aconferência dos lançamentos era dificultada pela ausência decomputadores. Assim, os Razonetes surgiram como uma maneirade facilitar o trabalho manual, reduzindo os erros nos lançamentose tornando mais rápida a construção das demonstrações contábeis.Nos dias de hoje, com os computadores, o lançamento por meio deDiário gera de forma automática o lançamento dos Razonetes.

Por funcionar como um auxílio no trabalho contábil,os Razonetes possuem uma estrutura mais simples que o Diário.A Figura 10 mostra um exemplo de lançamento em razonetes.

Figura 10: Lançamento no RazoneteFonte: Elaborada pelo autor

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52Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

v

Por questão didática

vamos considerar

somente o efeito do

evento que está sendo

estudado, deixando de

lado os eventos já

contabilizados.

Note que cada item que iremos usar do Plano de Contas irádar origem a um Razonete. No exemplo temos dois Razonetes, umpara o Caixa e outro para o Capital Social. Abaixo do nome apareceum “desenho” sob a forma da letra T. O débito no Caixa foi realizadodo lado esquerdo da letra T, no valor de R$ 80.000,00; do ladodireito da outra letra T – a do Capital Social – foi feito o lançamentodo crédito. Você pode observar que a Figura 10 apresenta tambémum número “1”. Colocamos esse número para fins didáticos, paraidentificar que trata do Evento 1 do exemplo que usamos.

Vamos agora mostrar como funciona isso para todos oseventos. Em cada situação, iremos novamente mostrar o efeito naequação contábil, indicar o débito e o crédito (para simplificardeixaremos de lado o Local, Data e Histórico), fazer o lançamentono Diário e no Razonete.

Agora é com você. Tente, em cada evento, acompanhar o efeito

na equação contábil, verificar o evento e as duas perguntas

(de onde vieram e para onde foram os recursos), e como foi

realizado o lançamento no Diário e nos Razonetes. Acompanhe

o processo, de acordo com as Figuras de 11 a 17, com atenção.

Figura 11: Evento 1 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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53Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Figura 12: Evento 2 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Figura 13: Evento 3 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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54Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 14: Evento 4 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Figura 15: Evento 5 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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55Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Figura 16: Evento 6 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Figura 17: Evento 7 – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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56Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Finalizamos os lançamentos contábeis dos sete eventos. Aofinal das operações, seria interessante saber quanto a empresapossui em cada um dos itens do Balanço Patrimonial. Vamosdetalhar isso a seguir na Figura 18.

Figura 18: Razonetes do ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Com os Razonetes podemos saber, para cada conta, o valordo saldo existente após o registro dos eventos que ocorreram naentidade.

As contas de resultado, receitas e despesas, sãocontas de controle, ou seja, servem para permitir oacompanhamento dos ganhos e dos gastos dasentidades, mesmo que não recebidos ou pagos.

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57Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

Na Figura 19 colocamos juntos todos os Razonetes queusamos no exemplo. Observe atentamente que a figura apresentaum resumo que permite rapidamente determinar o valor existenteao final do período para cada conta do ativo e do passivo, assimcomo ter uma ideia sobre o montante do resultado do período. Osnúmeros ao lado de cada valor permitem o vínculo com o númerodo evento.

Resumimos, mais ainda, as informações dos saldos existentesem cada conta na Figura 20. Podemos observar que, em lugar decolocar todas as movimentações, só apresentamos o saldo final.Verifique que o valor do Caixa, de R$ 66 mil, é o resultado da somade todos os eventos que significaram entrada ou saída de dinheiro.Esse valor está na coluna do débito, pois os valores debitados sãomaiores em R$ 66 mil do que os valores creditados.

Agora, verifique cada item da Figura 19 e compare com osRazonetes da Figura 18. Perceba que estamos simplificando oseventos que ocorreram na empresa por meio da Figura 19.

Figura 19: Balancete de VerificaçãoFonte: Elaborada pelo autor

Com base na Figura 19 podemos ver a listagem das contascom os saldos finais, se do lado devedor ou do lado credor. Aprimeira finalidade do Balancete de Verificação é provar que existe

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58Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

a igualdade entre a soma dos débitos e a soma dos créditos. Ométodo das partidas dobradas pressupõe que os valores dos débitossejam iguais aos valores dos créditos. Caso isso não ocorra, oprocesso contábil foi feito com algum erro.

A partir do Balancete de Verificação fica fácil fazermos aDemonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonialda empresa. Observe a Figura 20.

vA opção sobre o destino

do resultado é tomada

pela assembleia,

conforme regulamentado

em lei e no estatuto de

cada empresa.

Figura 20: Demonstração do ResultadoFonte: Elaborada pelo autor

Podemos notar que durante o período demonstrado asReceitas foram de R$ 18 mil e as Despesas, R$ 12 mil, o que resultouem um lucro de R$ 6 mil. Podemos dizer então que a relação entreo lucro do exercício e a receita é de 33%, indicando que para cadaunidade monetária de receita a empresa tem um lucro de R$ 0,33.

Esse lucro pode ter várias destinações. Uma delas éremunerar os acionistas que aplicaram na empresa. A outrapossibi l idade é reter os recursos na empresa para novosinvestimentos. Nesse caso, os valores podem aumentar o CapitalSocial ou compor as Reservas de Lucros. Nesse pequeno exemplovamos considerar que o resultado do exercício fará parte dasReservas de Lucros. Observe a Figura 21, que apresenta o BalançoPatrimonial da empresa.

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59Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Figura 21: Balanço PatrimonialFonte: Elaborada pelo autor

Claramente podemos ver que do lado do Ativo, o destaque épara a participação dos recursos em Caixa (R$ 66 mil, ou 51% doativo) e Terrenos. Enquanto do lado do passivo, o destaque está nopatrimônio líquido, que representa 66% do valor total.

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60Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

EFEITOS DAS PARTIDAS DOBRADAS

NO ATIVO E NO PASSIVO

Agora que sabemos que débito está associado ao destinodos recursos; e crédito à sua origem, vamos ver uma regra simplese útil sobre o efeito das partidas dobradas no ativo e no passivo.Para tanto, considere o primeiro evento da empresa, no qual foirealizado o aporte de recursos por parte dos acionistas. Nesse evento,debitamos o Caixa e creditamos o Capital Social, e você poderáverificar esse lançamento na Figura 11, apresentada anteriormente.Ao fazer esse lançamento, a equação contábil sofreu um aumento noativo e um aumento no passivo (grupo do patrimônio líquido).

Agora, considere o evento 7, que corresponde ao pagamentode salários, cujo detalhamento está na Figura 17, evento que reduziuo ativo Caixa. No evento 7, creditamos Caixa.

Aqui nós temos a seguinte regra geral: toda vez quedebitamos um ativo, estamos aumentando esse ativoe quando creditamos, estamos reduzindo-o.

Voltemos ao primeiro evento que corresponde ao aporte decapital. Ao creditar Capital Social, estamos aumentando o ladodireito. Observe agora o evento 7 – pagamento de salários. Esse

Esperamos que você tenha entendido o significado dodébito e do crédito para contabilidade. Em caso de dúvidas,não hesite em consultar seu tutor.

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61Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

evento teve um débito em Despesa de Salários que entrou naequação contábil com o sinal negativo do lado direito.

Agora podemos anunciar como regra geral: toda vezque debitamos um passivo, estamos diminuindo essepassivo e quando creditamos, estamos aumentando-o.

A Figura 22 é uma adaptação da Figura 5, com a expansãopara essas duas regras gerais.

Figura 22: Equação Contábil Básica e Partidas DobradasFonte: Elaborada pelo autor

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62Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

ELABORANDO A DEMONSTRAÇÃO

DOS FLUXOS DE CAIXA

Finalmente, vamos elaborar a Demonstração dos Fluxos deCaixa. Voltando à Figura 18, que apresentou os Razonetes doexemplo, podemos analisar as movimentações que afetaram o Caixada empresa: integralização de capital, no valor de R$ 80 mil;obtenção de empréstimo, em R$ 40 mil; compra de terrenos, porR$ 60 mil; recebimento de receita, de R$ 18 mil; pagamento deR$ 7 mil de aluguel; e pagamento de salários, no valor de R$ 5 mil.Agora, iremos classificar as transações, conforme os grupos queatividade estudados na Unidade 1.

Os dois primeiros eventos, integralização de capital eempréstimo, são classificados como atividades de financiamento.A compra de terrenos é um investimento e os outros eventos (receita,aluguel e salários) são atividades operacionais. Com base nessaclassificação, a Figura 25 apresenta a Demonstração dos Fluxos deCaixa do exemplo.

Analisando o exemplo, você consegue ver que a empresa gerou

caixa com as atividades operacionais e por meio de

financiamentos? Os recursos captados foram parcialmente

aplicados na compra de terrenos?

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63Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Outro aspecto interessante é comparar a Demonstração dosFluxos de Caixa (Figura 25) com a Demonstração do Resultado doExercício (Figura 20). Observe que o lucro líquido é igual ao Fluxode Caixa das atividades operacionais. Isto é uma coincidência, emrazão da simplicidade do exemplo adotado aqui. Em situaçõespráticas o normal é existir diferença.

A análise entre o resultado do exercício e os fluxos de caixaé útil para verificar a existência de variações expressivas entre oresultado contábil, expresso na DRE, e a movimentação do dinheirodas operações.

Figura 23: Demonstração dos Fluxos de Caixa – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

A existência de diferença entre o fluxo de caixa das operaçõese o resultado líquido deve-se aos denominados accruals, quecorrespondem aos ajustes em razão da adoção do regime decompetência. Esse será objeto de estudo da próxima Unidade.

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64Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

ResumindoNesta Unidade, estudamos que em cada evento res-

pondemos a duas questões: “de onde vieram os recursos?”

e “para onde foram os recursos?” A primeira pergunta diz

respeito ao crédito; a segunda, ao débito.

Aprendemos também como representar isso em ter-

mos da equação contábil, do diário e do razonete. Ao final

da Unidade, chegamos às principais demonstrações

contábeis.

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65Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Atividades de aprendizagem

Vamos verificar como foi seu entendimento até aqui? Umaforma simples de verificar isso é você realizar as atividadespropostas, a seguir.

1. Suponha que você possua uma dívida de R$ 450 com uma loja.

Como você não tem esse dinheiro, procura dois amigos e pede

R$ 250 para cada um. Com os R$ 500 que você conseguiu, você vai

até a loja e quita a dívida de R$ 450, sobrando R$ 50. Depois disso,

você deixa R$ 30 em casa e fica com R$ 20. Encontrando por acaso

com seus amigos, resolve devolver R$ 10 para cada um. Com isto,

sua dívida reduz para R$ 240 para cada um deles. Mas R$ 240 +

R$ 240 é igual a R$ 480. Como você possui R$ 30 em casa, isso

totaliza R$ 510. Isso significa que você ganhou R$ 10? Tente res-

ponder a esse enigma usando as partidas dobradas.

2. Considere uma empresa de informática que presta serviços por

R$ 300 a prazo. Como seria o lançamento contábil dessa prestação

de serviço? Suponha agora que você esteja na empresa que con-

tratou o serviço de informática. Como seria o lançamento?

3. Aproveite o exemplo numérico da questão anterior e discuta como

o método das partidas dobradas pode ser um eficiente meio de

controle. Imagine que você seja um colaborador do governo que

esteja investigando a primeira empresa. Como a contabilidade

da segunda empresa poderia ajudar no seu trabalho?

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66Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

4. No final da Unidade 1 estudamos a continuidade. Com base no que

você já estudou, você seria capaz de imaginar uma situação na

qual, por meio das demonstrações contábeis, seria possível per-

ceber que a empresa poderia ter problemas com a continuidade?

5. Considere que no exercício social seguinte, a empresa do exem-

plo teve os seguintes eventos: (a) pagamento de metade da dívi-

da com fornecedores; (b) receita com a prestação de serviços, a

prazo, no valor de R$ 15 mil; (c) despesa de salários, no valor de

R$ 10 mil; (d) compra de computadores, por R$ 20 mil. Faça os

lançamentos e elabore as três demonstrações contábeis.

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67Módulo 2

Unidade 2 – Sistema Contábil

Respostas das Atividadesde aprendizagem

1. Situação original => Um passivo de R$ 450,00 e zero de dinheiro;

Toma emprestado => Passivo de R$ 450,00 + R$ 500,00 e Caixa de

R$ 500,00; Paga para Loja => Passivo = R$ 500,00 e Caixa = R$ 50,00;

Paga R$ 20,00 a cada amigo => Passivo = R$ 480,00 e Caixa =

R$ 30,00. Sua dívida líquida é de R$ 450,00, a mesma dívida que

você tinha no início da brincadeira. Ou seja, você não melhorou

nem piorou.

2. Na própria empresa, debita Valores a Receber e credita Receita.

Na empresa que contratou, debita Despesas e credita Fornece-

dores.

3. O evento deve ser lançado na contabilidade das duas empresas.

O governo pode investigar uma empresa por meio da contabili-

dade de outra.

4. Resposta individual.

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UNIDADE 3

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de: Explicar o reconhecimento da receita e a confrontação da despesa; Descrever o processo de ajuste e o consequente encerramento

do exercício social; Diferenciar o regime de caixa e o regime de competência; e Mostrar o impacto da evolução tecnológica na contabilidade.

REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA

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70Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

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71Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

RECONHECIMENTO DA RECEITA

Você estudou, na Unidade anterior, como a contabilidadefaz o seu trabalho diário de registrar os eventos queocorrem em uma empresa e como isso se traduz nasdemonstrações contábeis, em especial no BalançoPatrimonial, na Demonstração do Resultado do Exercício ena Demonstração dos Fluxos de Caixa.Agora, nesta Unidade, iremos estudar os conceitosrelacionados com o reconhecimento da receita e aconfrontação da despesa. Com isso, também estudaremosa distinção entre o Regime de Competência e o Regime deCaixa, tema relevante para a Administração Pública.A contabilidade divide a vida de uma entidade em períodosde tempo artificiais. Essa divisão é denominada de exercíciosocial, conceito que estudamos na Unidade 1. Isso gera anecessidade de que ao final de cada período sejamrealizados ajustes contábeis. Finalizando a Unidade, vamosmostrar o processo de encerramento de um exercício social.Vamos iniciar?

O reconhecimento da receita faz referência ao momento emque a receita é registrada pela contabilidade. Para entender essefato, vamos considerar uma empresa que recebeu, no tempo 1, umaproposta de prestação de serviço para terceiros. Dias depois, foiassinado o contrato com as condições do negócio, incluindo prazoe valores. O serviço foi prestado, a seguir, no tempo 3. O recebimentopela prestação do serviço e o encerramento do contrato ocorreramno tempo 4. A Figura 24 apresenta, de forma ilustrada, essa situação.

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72Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 24: Reconhecimento da ReceitaFonte: Elaborada pelo autor

A questão é: quando a contabilidade deverá registrar a receita?

Temos, a princípio, quatro possibilidades. Pelo regime decompetência, que começamos a estudar na Unidade 1, a receitadeverá ser registrada, ou reconhecida, no momento que ocorre. Emoutras palavras, quando o serviço é executado, não quando dorecebimento. No exemplo tempo 3, a empresa deverá fazer umlançamento reconhecendo a receita. Nesse caso, a receita deveráser creditada, como fizemos no exemplo da Unidade 2, no evento 4.

Observe que apesar de não ter recebido o dinheiro ainda, aentidade possui um direito a receber no futuro. Esse direitorepresenta um ativo, conforme o conceito que estudamos. Dessaforma, seria debitado esse ativo, sob uma denominação comoValores a Receber ou Duplicatas a Receber ou outra desse tipo.O registro seria feito conforme a Figura 25.

Logo, quando ocorrer o recebimento, a entidade deve fazero lançamento creditando Valores a Receber e debitando Caixa.

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73Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

CONFRONTAÇÃO DA DESPESA

A questão da confrontação da despesa diz respeito aomomento em que ela é registrada pela contabilidade.

A regra geral é muito simples: “siga a receita”.

Em termos técnicos, a despesa deve ser confrontada com areceita.

Figura 25: Reconhecimento da Receita – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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74Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Se durante a execução do serviço a entidade utilizou mãode obra, o salário e os encargos correspondentes devem serregistrados no mesmo instante em que a receita for reconhecida.

A confrontação da despesa é a forma mais recomendadapara o registro da despesa. Quando uma entidade comercial vendeum produto, deve registrar a receita no momento da venda. O valoré o preço de venda praticado na transação. O confronto da despesa,nesse caso, refere-se ao registro do valor de custo da mercadoriageralmente denominado de Custo da Mercadoria Vendida. Umaoutra situação parecida ocorre na venda de um imóvel com lucro.

Suponha, por exemplo, uma empresa que comprou umterreno por R$ 60 mil, à vista. No momento da compra tem-se oseguinte lançamento:

Se dois meses depois a empresa vender o imóvel porR$ 70 mil, a prazo, devemos reconhecer a receita:

Como o imóvel já não faz parte do ativo da empresa,é necessário retirá-lo do Balanço, ou seja, dar baixa no ativo:

Com esses lançamentos, reconhecemos a receita e o ativo,um direito a receber. Mas o imóvel que foi vendido foi adquirido nopassado. O último lançamento confronta a despesa com a receita eretira o imóvel do ativo.

Entretanto, existem algumas situações nas quais é difícil paraa contabilidade usar a confrontação. Uma possibilidade é fazer o

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75Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

que os teóricos denominam de alocação sistemática e racional, cujoexemplo da depreciação iremos estudar ainda nesta Unidade.

Uma situação mais complicada se dá quando a imprecisãoé muito maior. Nesses casos, o reconhecimento da despesa deveser imediato. Um exemplo seriam as perdas que ocorrem em razãode um desastre natural como uma enchente ou de um sinistro comum ativo sem seguro, como um acidente com um automóvel comperda total. Nessa situação, a contabilidade deve dar “baixa” noativo por meio de um lançamento no qual se debita uma conta dademonstração do resultado e se credita a conta do ativo. A Figura26 apresenta essa discussão.

Figura 26: Reconhecimento da DespesaFonte: Niyama e Silva (2008, p. 204)

Tanto o reconhecimento da receita quanto a confrontaçãoda despesa estão vinculados ao momento em que iremos registrara receita e a despesa. Usar essas regras significa adotar o Regimede Competência.

Uma alternativa é o Regime de Caixa, em que a receita éregistrada somente quando o Caixa é recebido, e a despesa écontabilizada quando existe uma saída de caixa. Pela EstruturaConceitual para Elaboração e Apresentação das DemonstraçõesContábeis adotada no Brasil, somente devemos usar o Regime deCompetência (CFC, 2008a).

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76Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

AJUSTES

Os lançamentos de ajustes são importantes por asseguraremque o reconhecimento da receita e o confronto da despesa sejamgarantidos. Esses lançamentos são feitos na contabilidade no finaldo período contábil.

Com os ajustes, as demonstrações contábeismostrarão a real situação da empresa.

Os ajustes são necessários por diversos motivos. Em algunscasos, eles são feitos pois é muito dispendioso fazer lançamentosno momento em que ocorrem. É o caso do registro da despesa comsalários, que pela confrontação deveria ser realizado diariamente,mas por razões práticas o lançamento é realizado no ajuste. Emoutras situações, as despesas estão associadas no decorrer dotempo. É o caso do uso de prédios e de contratos de seguros.

Existem quatro tipos básicos de ajustes, que iremos estudara seguir. São eles:

despesas antecipadas;

receitas antecipadas;

despesas a pagar; e

receitas a receber.

Em todos esses casos existe uma diferença temporal entre amovimentação do caixa e o reconhecimento ou confrontação. Issosignifica dizermos que existirão pelo menos dois lançamentos: oque afeta o caixa e o que afeta o resultado.

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77Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

DESPESAS ANTECIPADAS

As despesas antecipadas (ou despesas diferidas) são aquelasem que o pagamento ocorre antes de a despesa aparecer naDemonstração do Resultado. Os exemplos mais comuns de despesasantecipadas são aluguel, seguros, estoques e depreciação.

Em todos os casos ocorre primeiro a movimentação no caixa,o pagamento a terceiros. A contrapartida para o crédito no Caixaserá o lançamento a débito em uma conta de ativo. Posteriormente,a conta do ativo será creditada, com débito em uma conta daDemonstração do Resultado.

Aluguel Antecipado

Considere o exemplo de uma empresa que fez um contratode aluguel com pagamento antecipado de R$ 3.000,00 por trêsmeses de aluguel. No momento em que é feito o pagamento, aempresa adquire o direito de usufruir do imóvel alugado pelospróximos meses. Veja a Figura 27, que mostra como seria feitoesse lançamento contábil.

Figura 27: Aluguel Antecipado – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

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78Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Nesse momento, o lançamento não afeta o resultado daempresa, somente altera o lado do ativo da equação contábil. Comoo adiantamento do aluguel se referiu a um pagamento de três meses,transcorrido o primeiro mês 1/3 do ativo Aluguel Antecipado deixade existir.

Para detalhamento, note a Figura 28, que traz o lançamentoque será realizado nos próximos dois meses, com o transcorrer dotempo, até extinguir o saldo do Aluguel Antecipado.

Figura 28: Usufruto do Aluguel Antecipado – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Seguros

Considere a situação de um contrato de seguro. A assinaturae o pagamento de uma apólice produzem um direito de, em caso desinistro, usufruir do prêmio do seguro. Quando uma empresa assinaum contrato, passa a existir um ativo. Esse ativo será consideradono resultado proporcional ao período de tempo.

Suponha um contrato de um seguro de automóvel, assinadocom um valor de R$ 1.200. No momento da assinatura, será feito oseguinte lançamento:

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79Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

O ativo se esgota com o passar do tempo.No primeiro mês de validade do seguro, serárealizado o seguinte lançamento:

Com isso, o saldo existente na conta de ativo SegurosAntecipados reduz-se de R$ 1.200 para R$ 1.100, pois já se passou1/12 do período do contrato. Nos meses seguintes o mesmolançamento será realizado, até o término do contrato.

Material de Consumo

Quando uma entidade adquire estoque, passa a ter um ativoque será usado no futuro. No final de cada mês, podemos fazeruma verificação física para determinarmos quanto do estoque foiusado e procedermos os lançamentos de ajuste.

Suponha uma empresa que comprou em um determinadomês um total de vinte cartuchos de impressoras por R$ 50 cada.O lançamento nesse momento é o seguinte:

Nós estamos supondo que a aquisição foi em dinheiro. Casotenha sido a prazo, bastaria substituir o lançamento a crédito deCaixa por Fornecedores.

Ao final do mês, podemos verificar quantos cartuchos foramusados, basta fazer uma contagem física dos cartuchos existentesem estoques. Considere que a contagem tenha revelado a existência

Passar o tempo

Pro rata tempore é uma expressão la-

tina usada para expressar o trans-

correr do tempo. Em contabilidade

é comum afirmar que o lançamento

será pro rata tempore, significando

que os valores serão proporcionais

ao passar do tempo.

Saiba mais

Page 80: Livro de Contabilidade Geral.pdf

80Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

de 15 cartuchos. Isso significa que 5 cartuchos foram usados. Comisso, é necessário fazer o lançamento do uso desses cartuchos,dando “baixa no estoque”:

Com esse lançamento o valor existente no ativo Material deConsumo é de R$ 750, que corresponde a 15 cartuchos pelo seuvalor de aquisição (R$ 50). E os cartuchos consumidos estão agoraconsiderados no resultado, pela confrontação da despesa.

O lançamento de estoques é mais complexo em empresascomerciais, onde aspectos como desconto, devolução, frete,abatimento, entre outros, são estudados. Não é o nosso objetivonesse estudo, mas é importante destacarmos que nessas empresasé feita a confrontação entre o valor de aquisição do estoque e ovalor de venda para se obter o resultado com as operações com osestoques. A contabilização aproxima-se do exemplo que fizemoscom terrenos, no início da Unidade.

Depreciação

A depreciação é a despesa antecipada mais relevante pelofato de os valores envolvidos serem significativos. Ela diz respeitoao reconhecimento de que o uso e o transcorrer do tempo podemreduzir a capacidade de geração de riqueza dos ativos permanentes.Dessa forma, a depreciação é a forma de alocar o valor de um bemutilizado nas atividades da empresa para a Demonstração deResultado como despesa.

Considere o caso de um computador. Com o passar do tempouma série de fatores, como o desenvolvimento tecnológico, reduzsua capacidade produtiva. Manter o computador na contabilidadede uma entidade como ativo pelo valor que foi adquirido não écoerente. A depreciação permite que se reconheça essa perda deprodutividade.

v

O maior problema no

estudo dos estoques é a

questão da mensuração

da Unidade que foi

vendida. Isso é afetado

pelo método de

mensurar. Para

detalhamento consulte a

obra de César Augusto

Tibúrcio Silva e Gilberto

Tristão. Contabilidade

Básica. São Paulo: Atlas,

2008.

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81Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Para o cálculo da depreciação em geral, necessitamos dosseguintes cálculos:

estimar a vida útil do ativo em meses ou anos;

determinar a possibilidade de existir um valor no finaldesta vida útil, que recebe o nome de valor residual; e

calcular o valor da depreciação mensal com base nasinformações obtidas anteriormente.

O tratamento contábil é um pouco diferente das demaisdespesas antecipadas em razão da relevância da depreciação.Vamos considerar um exemplo de um computador que foi adquiridopor R$ 3.100. Nesse momento, é feito o lançamento correspondendoà compra do ativo:

Agora suponha que esse computador terá uma vida útil decinco anos, ou 60 meses, e que ao final desse prazo estima-serevendê-lo por R$ 100, ou seja, o valor residual é de R$ 100.A última etapa é calcular a depreciação mensal por meio da seguintefórmula:

Substituindo, temos:

Isso significa que a cada mês devemos fazer um lançamentode ajuste para reduzir o valor do ativo Computador em R$ 50.Fazendo esse procedimento, ao final de 60 meses o valor docomputador no balanço terá reduzido em R$ 3 mil, restando somenteo valor residual de R$ 100.

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82Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Logo, o lançamento mensal da depreciação de R$ 50 serárealizado da seguinte forma:

Observe que o lançamento a crédito da depreciação édiferente das demais despesas antecipadas, já que não é feitodiretamente creditando em Computador, e sim em DepreciaçãoAcumulada. Como a cada mês é feito o lançamento da depreciação,a cada mês a Depreciação Acumulada será acrescida em R$ 50.Esse valor representa 1,61% do valor de R$ 3.100, que representaa taxa de depreciação de Computador.

A Depreciação Acumulada representa uma contraconta doativo. Essa conta irá aparecer no Balanço Patrimonial com o sinalnegativo, reduzindo o valor da conta Computador, conformeapresentado a seguir:

O valor de R$ 3.100 corresponde ao valor bruto docomputador, e o valor de R$ 3.050 refere-se ao valor líquido.

Existem outras contas que aparecem com o sinal negativono Balanço Patrimonial, mas nenhuma tão relevante quanto aDepreciação.

RECEITAS ANTECIPADAS

As Receitas Antecipadas acontecem quando a entidaderecebe antes de prestar o serviço ou vender um produto. Existem

vAs contracontas não

seguem a regra geral que

estudamos no final da

Unidade 2.

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83Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

várias situações práticas de entidades que possuem esse tipo delançamento, como é o caso da companhia aérea e de um jornal.Por exempo, é comum na empresa aérea o passageiro comprar umapassagem meses antes de sua viagem. Nessa situação, ocorreu umamovimentação no caixa num primeiro momento e somente algumtempo depois existirá a prestação de serviço. Já no exemplo dojornal, o assinante paga pelo produto antes de recebê-lo. Issotambém gera uma receita antecipada.

Considere uma empresa de jornal que recebeu R$ 300 deum assinante para entrega de jornal nos próximos seis meses. Noinstante em que a empresa recebeu os recursos, é realizado o seguintelançamento:

A partir desse momento a empresa passa a ter uma obrigaçãopara com seu assinante de entregar o jornal durante o semestre.Dessa forma, a Receita Antecipada corresponde a um passivo daempresa, e não uma conta de resultado.

Observe que a Receita somente aparecerá no resultado daempresa quando ocorrer a entrega do jornal. Considere quetranscorreu um mês. Nesse momento a empresa deverá reconhecera receita e efetuar o seguinte lançamento contábil:

O valor de R$ 50 corresponde à entrega de jornal duranteum mês de um total de seis meses de assinatura. Ou 1/6 deR$ 300. Nos meses seguintes o mesmo procedimento deve seradotado, até não mais existir o passivo.

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84Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

DESPESAS A PAGAR

Entre as despesas a pagar é comum encontrarmos juros,impostos e salários. Nesse caso, o ajuste é necessário parareconhecer a obrigação, algumas delas associadas ao transcorrerdo tempo. O lançamento típico de Despesa a Pagar é feito por meiodo crédito de um passivo e o débito de uma conta que afeta oresultado. Vamos exemplificar com o caso de despesas financeirase de salários.

Considere um empréstimo realizado numa instituiçãofinanceira no valor de R$ 4.500, com juro de 1% ao mês sobre oprincipal. Esse juro será incorporado ao principal, sendo pago nofinal da operação. No momento da obtenção do empréstimo, serárealizado o seguinte lançamento contábil:

Ao final do primeiro mês a empresa deve reconhecer o jurodo empréstimo, com o seguinte lançamento:

Note que a conta de Despesa Financeira é uma conta queirá afetar o resultado da empresa, reduzindo o lucro. Como o juroocorre em razão do tempo do empréstimo, a cada final de mês énecessário fazer o lançamento de ajuste. Com esse lançamento,soma-se R$ 45 ao principal de R$ 4.500, totalizando um saldo deR$ 4.545 nesse passivo.

Para entender o caso de salários, imagine uma empresa quepossui empregados com salários de R$ 3.800. A legislaçãotrabalhista no Brasil permite que a empresa efetue o pagamentodesse salário até o quinto dia útil do mês seguinte, o que geralmenteé feito na prática.

vVeja que esse

lançamento é parecido

com o Evento 2 da

Unidade 2.

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85Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Observe que o trabalhador presta serviço para a empresadurante todo o mês. Para evitar o dispendioso trabalho dereconhecer o serviço prestado pelo empregado a cada dia, érecomendado fazer um único lançamento no final de cada mês.Esse lançamento de ajuste irá contemplar, portanto, o serviço quefoi prestado no mês da seguinte forma:

Nessa situação, aumentam-se as despesas e o passivo daempresa com Salários a Pagar. Após o pagamento, é necessárioreduzir o passivo de Salários a Pagar e reduzir o Caixa da seguinteforma:

Em algumas empresas, o funcionário pode obter umadiantamento de parte do salário, por meio de um “vale”. Essasituação é um pouco diferente do salário a pagar, pois existe umadespesa antecipada. O lançamento segue a lógica que foi explicadana seção Despesas antecipadas.

RECEITA A RECEBER

O ajuste de Receita a Receber pode ocorrer quando umaentidade fez um contrato de prestação de serviço por um períodode tempo que pode ultrapassar a um mês. Em tais casos, ao finalde cada mês a entidade poderá verificar quanto do serviço já foiprestado e fazer o lançamento de ajuste.

Considere uma empresa que fez um contrato de prestaçãode serviço para um terceiro no valor de R$ 25 mil. Esse valor

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86Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

somente será pago após a conclusão total do serviço. No momentoda assinatura não é feito nenhum lançamento. Mas ao final doprimeiro mês, a empresa verificou que 30% do serviço já tinha sidoprestado. Nesse momento é necessário fazer um ajuste da seguintemaneira:

Parte da receita deve ser reconhecida agora, pois foi prestadoo serviço. Como a empresa não irá receber, mas adquiriu o direito,ela deve lançar em uma conta do ativo que demonstra esse ativo.Quando a empresa receber o dinheiro, a conta deverá ser creditada.

RESUMO DOS AJUSTES

A Figura 29 apresenta um breve resumo dos ajustesexistentes. Observe que a Depreciação é um caso específico dedespesa antecipada. Outro aspecto interessante é que um ajustecom despesa tanto pode criar um ativo (no caso de despesaantecipada) como um passivo (no caso de uma despesa a pagar).O mesmo ocorre com a receita, que pode ser um ativo (receita areceber) ou um passivo (receita antecipada).

Figura 29: Tipos de AjustesFonte: Elaborada pelo autor

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87Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

É óbvio que a ausência do lançamento de ajuste poderádistorcer o resultado apresentado por uma empresa. Vamos ilustraro processo de ajuste por meio de um exemplo mais completoapresentado no balancete de verificação na Figura 30.

Figura 30: Balancete de Verificação Antes de AjustesFonte: Elaborada pelo autor

Os ajustes necessários são os seguintes:

a empresa pagou R$ 1.200 por 4 meses de aluguelantecipado. É necessário reconhecer o ajuste do mês;

o contrato de seguros foi de R$ 7 mil por 10 meses.Você pode observar na Figura 31 que o valor de segurosantecipados é de R$ 6.600, já que uma parte do tempofoi transcorrida em períodos anteriores;

foi feito um levantamento de estoque e constatado aexistência de R$ 2 mil de material;

a depreciação é de 1% sobre o valor de Computadores;

da receita antecipada, 40% foram prestadas no mês;

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88Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

o empréstimo foi obtido no mês a uma taxa de juros de2%. As despesas financeiras deverão ser incorporadasao principal;

durante o mês a empresa fez um contrato de prestaçãode serviço no valor de R$ 12 mil. Dez por cento docontrato foi executado no mês; e

os salários do mês serão pagos no dia 4 do mês seguintee totalizam R$ 6.100.

Para cada ajuste, é necessário o lançamento que irá corrigiros valores atuais do balancete. Veja a descrição a seguir:

Ajuste – aluguel antecipado – Refere-se a uma despesaantecipada (ou diferida). Para esse ajuste, é necessárioreconhecer que o transcorrer do tempo fez com queparte do pagamento antecipado real izadoanteriormente se transformasse em despesa noexercício. O valor é obtido multiplicando ¼ pelo valorexistente na conta de Aluguel Antecipado. Olançamento é o seguinte:

Ajuste – Seguros – É necessário fazer o reconhecimentodo tempo transcorrido do contrato de seguros. Nessecaso, um mês em um total de sete; essa proporção deveser usada para reconhecer como despesa parte doseguro, que corresponde a 1/7 vezes R$ 7 mil (quecorresponde ao valor original do contrato):

Ajuste – Estoques – O valor existente na conta do ativoMaterial antes do ajuste é de R$ 3.400. Um

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89Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

levantamento físico mostrou a existência de R$ 2.000.A diferença, de R$ 1.400, foi consumida durante omês. É necessário fazer um ajuste reconhecendo esseconsumo:

Com esse lançamento, podemos identificar que oconsumo do material e o saldo da conta do ativoMaterial passam a ser de R$ 2 mil o valor dolevantamento físico realizado.

Ajuste – Depreciação – A taxa de depreciação é de1% sobre o valor do ativo a ser depreciado. Assim,o lançamento é:

Observe que a taxa deve ser aplicada sobre o valorbruto dos computadores.

Ajuste – Receita Antecipada – Nesse caso, é precisofazer o ajuste de 40% da receita antecipada, ouR$ 960, por meio de lançamento:

O lançamento reduz o valor da Receita Antecipadaem 40%, e passamos a ter o valor correto para essaconta.

Ajuste – Despesa Financeira – Nesse caso, é necessáriodeterminar o valor da despesa. Para tanto, bastamultiplicar a taxa de juros (2%) pelo valor doempréstimo (R$ 20 mil), e o valor encontrado devecompor o lançamento:

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90Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Ajuste – Reconhecimento da Receita – Como 10% deum contrato de R$ 12 mil foram executados, énecessário reconhecer a receita nesse valor, por meiodo seguinte lançamento:

Ajuste – Salários do Mês – É necessário reconhecer ossalários do mês, que serão pagos no início do mêsseguinte. Para tanto o lançamento é:

Podemos observar que os lançamentos de ajustes afetamtanto o Balanço Patrimonial quanto a Demonstração do Resultado.A Figura 31 apresenta um resumo do que fizemos.

Figura 31 : Balancete após AjustesFonte: Elaborada pelo autor

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91Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Observe que as duas primeiras colunas são uma reproduçãoda Figura 30. As duas colunas seguintes mostram o efeito doslançamentos de ajustes. Já as duas últimas representam a somadas colunas anteriores. Assim, o valor de Receita é de R$ 22.160,resultado do valor anterior (R$ 20 mil) mais os dois ajustes, deR$ 2.160.

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92Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

FECHAMENTO DO EXERCÍCIO SOCIAL

Ao final de cada exercício social, precisamos fazer o processode encerramento contábil. Esse processo envolve, além dos ajustes,a movimentação de certas contas da entidade, as Contas deResultado.

Mas, você sabe o que são Contas de Resultado?

São as contas que serão encerradas (ou zeradas) ao final doprocesso de encerramento do exercício social. Também recebem onome de Contas Temporárias. Já as Contas Patrimoniais são ascontas que não são encerradas. São conhecidas como ContasPermanentes. Essas contas ficarão com o valor existente no últimodia do exercício social.

Como o objetivo é zerar todas as contas de resultado, osvalores existentes nas contas de resultados Despesas serãocreditados e as receitas serão debitadas, conforme ilustrado naFigura 32. Os valores serão lançados em uma conta de Resultadodo Exercício cujo saldo corresponderá, conforme o nome da contadiz, ao lucro ou prejuízo apurado no exercício social. Com oslançamentos nas contas de resultados, os saldos dessas serão zero.

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93Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Figura 32: Encerramento das Contas de ResultadoFonte: Elaborada pelo autor

Agora, considere o exemplo do item anterior e observe ossaldos apresentados na Figura 33.

Figura 33: Encerramento das Contas de Resultado – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Note que precisamos fazer um lançamento de encerramentoda Receita, debitando essa conta em R$ 22.160. De igual modo,devemos creditar os valores das Despesas para zerar os saldosexistentes. Os lançamentos são mostrados na Figura 34.

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94Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 34: Encerramento do Resultado – LançamentosFonte: Elaborada pelo autor

Observe que os lançamentos zeram as contas de Despesasde Aluguel, de Material, de Seguros, de Depreciação e Financeira ea conta de Receita. Como o saldo existente na conta de Resultadodo Exercício é de R$ 3.480, do lado credor, podemos afirmar que aempresa obteve um lucro no período.

Com o encerramento do resultado podemos mostrar as duasdemonstrações contábeis da empresa. Veja a Figura 35, queapresenta a Demonstração do Resultado.

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95Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Figura 35: Demonstração do Resultado do Exercício – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Conforme podemos notar, em uma receita de R$ 22.160 aempresa obteve um lucro líquido de R$ 3.480. Esse lucro representaum bom desempenho, já que para cada receita gerada, 16% é lucro.As despesas estão concentradas especialmente em aluguel esalários. Observe melhor essa situação por meio do BalançoPatrimonial mostrado na Figura 36.

Figura 36: Balanço Patrimonial – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Do lado do ativo é destacada a grande quantidade derecursos em Caixa (65% do ativo) e Computadores. Do lado doPassivo, 55% refere-se ao patrimônio líquido e o restante ao passivocirculante, sendo 33% de empréstimo de curto prazo.

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96Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA

EM ATIVOS NÃO CIRCULANTES

A diferença entre o regime de caixa e de competência podeser considerada uma problemática nos ativos não circulantes.Vamos mostrar a importância desse ponto supondo a compra decomputadores por R$ 18 mil, à vista, no final do ano. No regime decompetência, fazemos o seguinte lançamento:

Para tal, consideramos cinco anos de vida útil, sem valorresidual. Ao final de cada exercício social devemos ter depreciado1/5 do valor, ou R$ 3.600:

No regime de caixa esse processo não seria realizado, sendoconsiderada a despesa no instante da aquisição. A Figura 37 mostraa diferença existente entre os dois regimes:

Figura 37: Diferença entre Regime de Caixa e de CompetênciaFonte: Elaborada pelo autor

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97Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Veja que o valor final é o mesmo. O que difere é a distribuiçãotemporal dos números. Ou seja, no longo prazo, o regime de caixaé igual ao regime de competência.

Então qual a importância do regime de competência que faz

com que a contabilidade o adote?

Adotar o regime de competência é mais lógico, pois consideraque o computador contribuiu com o esforço para obtenção de receitaao longo de seu uso e não somente quando foi adquirido. Ainformação produzida pela competência é mais útil que aquelagerada pelo caixa.

Os efeitos da escolha do regime sobre o processo decisório,o pagamento de impostos, dentre outros têm sido objeto de inúmerosestudos na contabilidade.

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98Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

SISTEMA DE INFORMAÇÃO

COMPUTADORIZADO

Nos dias atuais os computadores permitem uma maiorrapidez e precisão no processo contábil. É possível fazer oencerramento do exercício apertando uma tecla. Os ajustes podemser realizados automaticamente, e o sistema contábil pode estarinterligado com a folha de pagamentos, por exemplo.

Até mesmo os lançamentos mais usuais,como a venda de mercadoria em uma empresacomercial, podem ser feitos no momento em quea operação está ocorrendo na registradora daempresa.

Um exemplo de como a adoção decomputadores tem influenciado a contabilidadeé a arrecadação tributária. Nos últimos meses, aReceita Federal passou a promover a adoção dacontabilidade digital.

Contabilidade Digital

Para aprofundamento sobre o Sped –

substituição dos l ivros da escritura-

ção mercanti l pelos seus equivalen-

tes digitais – é interessante consul-

tar o sít io <http:/www1.receita.

fazenda.gov.br/default.htm>.

Saiba mais

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99Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

ResumindoNesta Unidade, estudamos as despesas a pagar, as des-

pesas diferidas, as receitas a receber e as receitas antecipa-

das. Esses são os quatro casos básicos em que existe a dife-

rença entre o Regime de Caixa e o Regime de Competência.

Estudamos também como se procede o encerramento

das contas temporárias no final do exercício social.

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100Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Atividades de aprendizagem

Agora chegou a hora de analisarmos se você estáentendendo o que estudamos até aqui! Para saber, procureresolver as atividades propostas, a seguir. Lembre-se: vocêpode contar com o auxílio de seu tutor.

1. Recentemente as duas maiores empresas aéreas usaram a propa-

ganda para destacar que possuíam a frota mais nova do País. Su-

pondo que ambas as empresas usem a mesma taxa de deprecia-

ção e considerando um valor residual igual a zero, como seria

possível verificar quem está com a razão?

2. Considere o conceito de ativo estudado na disciplina. Caso a em-

presa descubra que um ativo não possua mais capacidade de ge-

rar riqueza futura, qual seria o procedimento contábil?

3. Alguns ativos e passivos estão em outra moeda. Isso significa que

a valorização ou desvalorização do real pode ter consequência

contábil. Suponha um passivo de US$ 1.000. Considere que o câm-

bio mudou de US$ 1 = R$ 1,50 para US$ 1 = R$ 2,50. Qual o efeito

sobre o passivo?

4. Volte ao exemplo sobre Fechamento do Exercício Social estuda-

do nesta Unidade. Analise qual seria o efeito para o total do

ativo, o endividamento e o lucro caso a empresa não fizesse

todos os ajustes.

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101Módulo 2

Unidade 3 – Regime de Caixa e de Competência

Respostas das Atividadesde aprendizagem

1. Por meio da relação entre a depreciação acumulada e o valor

contábil dos aviões.

2. Dar baixa no ativo, debitando uma conta da DRE e creditando a

conta do ativo.

3. O passivo em real irá aumentar de R$ 1.500 para R$ 2.500.

4. Na tabela, se não fizer o ajuste.

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UNIDADE 4

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM

Ao finalizar esta Unidade, você deverá ser capaz de: Apresentar as principais formas de análise das demonstrações

contábeis; Discutir indicadores para análise da informação contábil; e Analisar a questão do endividameneto na prática empresarial.

ANALISANDO AS

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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Contabilidade Geral

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105Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

vQuando a análise é

realizada verificando a

evolução, denominamos

de análise horizontal.

ANÁLISE VERTICAL EANÁLISE HORIZONTAL

Nesta Unidade, vamos aprofundar a análise dasinformações contábeis. Existem muitas formas defazermos a análise das demonstrações contábeis e osinstrumentos mais tradicionais nos ajudarão nessa tarefa.Iniciaremos com a distinção entre a análise horizontale a análise vertical. Esse tipo de análise é simples,mas em muitos casos possibil ita uma boacompreensão do que está ocorrendo com a entidade.O processo seguinte consiste na análise realizada pormeio dos índices econômico-financeiros de análise.Neste momento serão estudados alguns dos índicesexistentes, que segregamos em indicadores deliquidez, de atividade, de endividamento, derentabilidade e de fluxos de caixa.Na sequência, faremos uma análise dos indicadoressetoriais dos parâmetros que podem ser usados parao processo comparativo.Por fim, veremos alguns cuidados indispensáveis paraa análise das demonstrações.Vamos começar?

Uma forma simples de analisarmos uma entidade éverificando o comportamento de um dado item da demonstraçãocontábil em termos evolutivos ou em comparação com uma outraconta.

Suponha as informações sobre as receitas e o ativo total de umaempresa nos últimos três exercícios sociais constantes na Figura 38.

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106Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Figura 38: Evolução das Receitas e do Ativo Total – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Como você pode notar, nos últimos três exercícios sociaishouve uma evolução tanto das receitas quanto do ativo total. Aanálise horizontal permite verificarmos o tamanho dessa evolução.

Contudo para fins de cálculos, é necessário escolhermos umadata-base. Essa pode ser o primeiro ano de informação, no caso asinformações do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2006.

Para melhor entendimento, acompanhe o cálculo a seguirque é simples e se baseia na regra de três da matemática, ou seja:se a receita de 31/12/2006 é igual a 100, qual seria o valor da receitade 31/12/2007? Assim, basta fazer a seguinte operação algébrica:

Assim, podemos dizer que a receita evoluiu de 100 para114,29, de 2006 para 2007. Ou ainda 14,29% no período de umano. Agora, veja na Figura 39 os cálculos e os valores finais feitosno mesmo sentido e os valores finais.

Figura 39 – Análise Horizontal – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Observe que a análise horizontal permite determinar que areceita cresceu 14,29% e 20% nos dois períodos. Ao mesmo tempo,o ativo total também apresentou crescimento, mas em um nível

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107Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

menor: 5% e 14,29%. Isso é um sinal de que a empresa estáconseguindo usar melhor seus ativos para gerar receitas.

A análise vertical corresponde usualmente à análise departicipação. Em geral utilizamos como parâmetro a receita total eo ativo total. Assim, para cada item do balanço patrimonial calcula-se sua participação no ativo total; o mesmo é feito com cada itemda Demonstração do Resultado em relação à receita.

Considere a Figura 40, no qual são apresentados os valoresda análise vertical para a empresa do nosso exemplo.

vVocê poderá verificar

que a soma dos itens do

ativo e a soma dos itens

do passivo são iguais a

100%

Figura 40: Análise Vertical – Balanço Patrimonial – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Podemos claramente ver que a Figura 40 está dividida emdois grupos: no primeiro, a composição do lado esquerdo dobalanço; no segundo, ao lado direito.

Com base nessas informações, podemos perceber que aolongo do tempo ocorreu um aumento na participação do ativocirculante sobre o valor do ativo total. No lado direito, ocorreu umaumento na dívida de curto prazo e de longo prazo, compensadopor uma redução do patrimônio líquido. Ou seja, a empresa estámais endividada. Observe a Figura 41, que mostra os valores daanálise vertical para as contas da Demonstração do Resultado doExercício.

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Contabilidade Geral

Figura 41: Análise Vertical – Demonstração do Resultado – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Ainda, considerando a análise vertical da Demonstração doResultado, podemos identificar que o lucro líquido reduziu de 14%para 11% no período de 2006 e 2007. No período seguinte o lucroaumentou, de 11% para 12%, em relação à receita. E, as principaiscontas da Demonstração do Resultado, Despesas Administrativase Salários, aumentaram sua participação em relação à receita,justificando a redução na lucratividade.

Mas é importante lembrarmos que tanto a análise horizontalquanto a análise vertical podem ser usadas para diversas situações.Contudo, é necessário fazer uma ressalva sobre uma situaçãoespecial na qual devemos tomar muito cuidado: quando no cálculoestiverem envolvidos números negativos. Em tais situações os sinaisobtidos podem levar à conclusão errônea.

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109Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

INDICADORES DE LIQUIDEZ

Nesta seção, iremos estudar apenas alguns dosindicadores. Veremos os mais comuns que podem serutilizados na análise de uma entidade.

Em alguns casos, existe mais de uma forma de cálculo, masoptamos por aquela mais usada na literatura e na prática. Emnenhuma hipótese, você, estudante, deve se iludir com regrasprontas, do tipo “quanto maior o índice, melhor”.

A rigor, uma redução da liquidez, por exemplo, podeser negativa ou não, dependendo do contexto e de umasérie de variáveis. Evite conclusões simplistas.

A liquidez diz respeito à rapidez com que a empresa conseguetransformar os recursos em moeda corrente. É um conceito muitoimportante e geralmente uma baixa liquidez está associada amaiores níveis de risco. Por esse motivo, os índices de liquidez sãomuitas vezes utilizados para previsão de falência, concessão decrédito bancário e até mesmo selecionar fornecedores.

Conheça na sequência os quatro indicadores mais comuns.

Preparado? Vamos começar?

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110Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

LIQUIDEZ CORRENTE

A Liquidez Corrente é um dos índices mais usados em análise.Seu cálculo é feito por meio da seguinte fórmula:

Esse índice mostra se os ativos de curto prazo são maioresou menores que os passivos de curto prazo. Quando o valor obtidoé superior à unidade, isso significa que o ativo circulante é superiorao passivo circulante. Caso contrário, quando o valor é inferior a1, o ativo de curto prazo é menor que as obrigações de curto prazo.

A Figura 42, na sua primeira linha, mostra os resultados daLiquidez Corrente para a empresa do exemplo. No final de 2006 aliquidez era de R$ 1,72, ou seja, a empresa possuía um ativocirculante 72% maior que o passivo circulante. Esse índiceapresentou uma redução no período seguinte, para R$ 1,58, e umpequeno aumento para R$ 1,59, no final de 2008.

LIQUIDEZ SECA

A Liquidez Seca é um índice muito parecido com a LiquidezCorrente. A diferença é que não se consideram no ativo circulanteos itens que possuem uma menor liquidez. Existe aqui umadivergência entre os autores sobre a forma de cálculo. Alguns retiramsomente as despesas antecipadas; outros, em menor número,retiram também os estoques; e existem alguns que só retiram osestoques. Iremos usar aqui a seguinte expressão para cálculo daLiquidez Seca:

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111Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

A Figura 42 também apresenta os resultados da LiquidezSeca. Conforme podemos notar, a empresa possui ativo circulantede maior liquidez superior ao passivo circulante.

Figura 42: Indicadores de Liquidez – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

LIQUIDEZ IMEDIATA

A Liquidez Imediata relaciona os recursos mais líquidos daempresa, o caixa e o equivalente de caixa, em relação às dívidasde curto prazo. Veja a seguir:

Esse índice informa quanto do passivo circulante pode serpago de imediato com os recursos existentes no caixa da empresa.Por exemplo, tomando por base a Figura 42, temos a liquidezimediata de R$ 0,20 para o final de 2008, o que nos mostra que20% do passivo podem ser pagos naquela data com o dinheiroexistente.

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Contabilidade Geral

LIQUIDEZ GERAL

A Liquidez Geral considera não somente os itens de curtoprazo, mas também os de longo prazo que possam ser transformadosno futuro em caixa. A expressão de cálculo é a seguinte:

No exemplo utilizado aqui, que pode ser observado na Figura42, temos que os ativos de curto prazo mais os direitos de longoprazo representaram 80% das dívidas com terceiros ao final de 2007e 2008.

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Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

INDICADORES DE ATIVIDADE

Os índices de atividades procuram estudar o processo deprodução da empresa. Em uma empresa industrial, por exemplo,estão vinculados à aquisição de insumos, sua transformação noprocesso de produção, à venda do produto final e ao recebimento.

A análise das atividades de uma empresa é realizada comíndices de prazos: de estocagem, de pagamento e de recebimento.Esse índices são mais usados em empresas comerciais e industriais,mas nada impede de serem também objeto de cálculo em prestadorasde serviços.

O cálculo é um pouco mais complicado que os índicesanteriores e as variáveis envolvidas são provenientes do Balanço,da DRE e da DFC.

PRAZO DE ESTOCAGEM

O Prazo de Estocagem mede quanto tempo o estoque ficouna empresa. O seu cálculo é realizado por meio da seguinteexpressão:

Considere as seguintes informações sobre o estoque dematerial de consumo da empresa do exemplo:

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Contabilidade Geral

Suponha também que a despesa com estoque seja a seguinte:

Para calcularmos o Prazo de Estocagem, é necessárioprimeiro determinarmos o valor do estoque médio. Utilizamos aquia média aritmética:

Vamos, agora, analisar as informações do Prazo deEstocagem. No exercício de 2007, o volume de estoque de materialde consumo era suficiente para 176 dias de uso. No ano de 2008,ocorreu uma redução no investimento em estoque, pois o prazodiminuiu para 164 dias.

O comportamento do Prazo de Estocagem depende de umasérie de variáveis: situação da economia, expansão futura daempresa, existência de desconto para compra de grandesquantidades, dif iculdade de abastecimento, polí t ica daadministração, custo da estocagem, entre outras. Por meio dessaanálise devemos concluir se a quantidade de estoques é excessivaou não.

Agora, o cálculo é feito usando a expressão do Prazo deEstocagem e, na sequência, esses valores são multiplicados por 360dias pelo fato de as informações serem anuais. Caso os dadosfossem mensais, seriam multiplicados por 30 dias.

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115Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

Uma forma de auxi l iar nessa análise é fazer umacomparação com outras empresas do setor. Se o prazo de estocagemda empresa estiver acima da média, isso pode ser um sinal deexcesso de estoque.

Em alguns setores, o Prazo de Estocagem reduzido podeindicar uma maior eficiência. Isso ocorre, por exemplo, nossupermercados, onde a existência de elevado Prazo de Estocagemmostra que esse ativo fica muito tempo na prateleira.

PRAZO DE PAGAMENTO

O Prazo de Pagamento diz respeito ao tempo que a empresaleva para pagar os fornecedores. Veja, a seguir, a fórmula paracalculo desse prazo:

Quanto ao valor das compras, podemos obtê-lo por meio daexpressão:

Util izando os exemplos apresentados anteriormente,podemos então calcular as compras para 2007 e 2008:

Compras 2007 = R$ 38.000 + R$ 19.200 – R$ 18.000 = R$ 39.200

Compras 2008 = R$ 44.000 + R$ 20.800 – R$ 19.200 = R$ 45.600

Para obtermos o valor do numerador da expressão do Prazode Pagamento, basta fazermos a média aritmética simples. Paraentender melhor, supomos as seguintes informações:

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116Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Com essas informações temos os seguintes cálculos:

Agora, basta substituirmos os valores na fórmula do prazode pagamento:

Com base nos cálculos, podemos afirmar que o Prazo dePagamento aos fornecedores da empresa diminuiu de 71 dias para69 dias. Esse prazo depende da quantidade de obrigações com osfornecedores, que é um passivo que não gera despesa financeira,tornando-se mais interessante que a obtenção de empréstimosbancários.

Entretanto, o volume de fornecedores depende de variáveis,como a política de crédito do fornecedor, a quantidade adquirida, afidelização da empresa, o ambiente econômico, entre outros aspectos.

PRAZO DE COBRANÇA

O Prazo de Cobrança mede quanto tempo a empresa levapara receber de seus clientes. O Prazo de Cobrança também é obtidopor meio da relação entre os valores a receber e as receitas obtidas,conforme a seguinte expressão:

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117Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

Agora, considere as seguinte informações:

Como os cálculos seguem a mesma lógica dos anteriores,faremos a demonstração dos cálculos de forma mais resumida:

Podemos observar que o prazo de cobrança aumentou, ouseja, a empresa está concedendo mais prazo nas operações com osseus clientes. Ao fazer isso, a empresa pode aumentar o volume devendas, mas isso aumenta a possibilidade de perdas com clientesque não quitam suas obrigações.

CICLO FINANCEIRO

Uma forma interessante de analisarmos a política de capitalde giro de uma empresa é verificar a relação entre os três prazosque estudamos. Considere o exemplo apresentado anteriormentepara o ano de 2008. No caso, a empresa compra material deconsumo que fica estocado por 164 dias. Com a receita produzida,leva-se 32 dias para receber. Parte do estoque é financiado pelos

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118Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

fornecedores, que concedem 69 dias para pagamento. A Figura 43mostra o que ocorre na empresa, do momento da compra domaterial de consumo até o recebimento do cliente.

Figura 43: Ciclo Financeiro – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Podemos somar o prazo de estocagem ao prazo derecebimento para termos o tempo que a empresa leva entre a comprado estoque e o recebimento dos clientes: 196 dias. Como 69 diassão financiados pelos fornecedores, restam 127 dias em que énecessário buscar recursos para o financiamento. Esse valorcorresponde ao ciclo financeiro da empresa, que pode ser obtidoda seguinte forma:

Substituindo para o exemplo, temos:

Ciclo Financeiro = 164 + 32 – 69 = 127 dias

Quanto maior o ciclo financeiro, maiores as necessidadesde recursos para financiamento de capital de giro.

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119Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

E ESTRUTURA

Utilizamos os índices de endividamento e estrutura paraestudar a composição do passivo da entidade. O interesse éverificarmos o nível de endividamento e as fontes de recursos usadas.

Nesta disciplina, vamos estudar dois desses indicadores.

RELAÇÃO CAPITAL DE TERCEIROS E CAPITAL PRÓPRIO

A Relação Capital de Terceiros e Capital Próprio relaciona ototal do capital de terceiros, representado pelo passivo circulante eo passivo não circulante, em relação ao patrimônio líquido:

Quando o valor do índice é menor que a unidade, podemosafirmar que a maioria das fontes de financiamento é provenientedo capital próprio. Para entendermos melhor, vamos considerar osdados da empresa de acordo com o exemplo a seguir:

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Contabilidade Geral

Apesar do capital próprio ser superior ao capital de terceiros,podemos perceber que a relação entre o capital de terceiros e ocapital próprio aumentou ao longo dos anos. Isso significa dizermosque a empresa está mais endividada.

Maiores níveis de endividamento representam umaumento no risco, e devem ser motivo de preocupaçãoquando estiverem acima dos valores médiospraticados por outras empresas.

ESTRUTURA DO ENDIVIDAMENTO

O índice de Estrutura do Endividamento ajuda a entendermelhor o comportamento da dívida da empresa, separando osrecursos de curto prazo dos recursos de longo prazo. O seu valor éobtido por meio da seguinte relação:

Usando os dados apresentados no exemplo, vamos calcularo índice:

CT/CP 0,90 1,02 1,02

Considerando que o endividamento da empresa tivesseaumentado no período, o índice de Estrutura do Endividamentorevelaria que metade do endividamento é de curto prazo.

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121Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

INDICADORES DE RENTABILIDADE

Os indicadores de rentabilidade estão preocupados emmensurar o desempenho da empresa em termos do seu lucro noperíodo.

Agora, vamos estudar três índices de rentabilidade. Preparado?

Podemos começar?

ROA

O ROA corresponde ao retorno sobre o ativo, ou seja, esseíndice representa a medida do lucro que foi gerado pelo ativo deuma empresa em relação ao ativo médio. A fórmula de cálculo é:

O lucro operacional corresponde ao lucro que a empresaobtém com suas operações, antes de remunerar os financiadoresda empresa. É o lucro antes das despesas financeiras, do impostode renda e da contribuição social.

Considerando as seguintes informações do exemploestudado, temos:

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122Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Observe que o valor do ativo médio é obtido pela médiaaritmética simples. Com base nesses valores, podemos calcular oROA para 2007 e 2008:

Em outras palavras, as atividades da empresa conduziram aum lucro de 35% e 41% nos dois exercícios sociais.

ROE

O retorno sobre o patrimônio líquido corresponde à relaçãoentre o lucro líquido e o patrimônio líquido médio:

Usando as informações, podemos aplicar a expressão doROE, na qual encontraremos um ROE de 35% para 2007 e 46%para 2008. A exemplo do que ocorreu com o ROA, a lucratividade,medida pelo ROE, aumentou no período.

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123Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

MARGEM LÍQUIDA

A Margem Líquida faz referência à quantia de receita que étransformada em lucro. O seu valor é obtido por meio da seguinteexpressão:

Usando os números da empresa, temos:

Logo, em 2008, para cada R$ 100 de receita, a empresagera R$ 12 de lucro.

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124Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

INDICADORES DA DFC

Até o momento usamos somente o Balanço Patrimonial e aDRE. Mas a Demonstração dos Fluxos de Caixa também pode serutilizada na análise do desempenho de uma entidade. De umamaneira geral, os índices são baseados no Fluxo de Caixa dasOperações.

Conforme destacamos anteriormente, uma entidade devegerar um Fluxo das Operações positivo a longo prazo, sob pena decomprometer sua continuidade.

Considere os dados resumidos da DFC da empresa de nossoexemplo, apresentados na Figura 44.

Figura 44: Fluxos de Caixa – ExemploFonte: Elaborada pelo autor

Note que nos dois exercícios sociais a empresa gerou caixadas operações (R$ 96 mil e R$ 103 mil). Além disso, teve de pagarfinanciamento – a maior parte foram os dividendos – e fezinvestimentos, comprando máquinas e terrenos.

FLUXO SOBRE RECEITAS

O Fluxo sobre Receitas é a relação entre o fluxo dasoperações em relação às receitas. Mede quanto de cada unidadede receita foi transformado em caixa das operações.

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125Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

Como já sabemos a receita e o fluxo das operações, podemosentão calcular esse índice:

Assim, podemos afirmar que em 2008, de cada R$ 100 dereceita, R$ 21 se transformaram em caixa das operações.

COBERTURA DE INVESTIMENTO

A Cobertura de Investimentos mostra quanto do investimentorealizado pela empresa está sendo coberto com o caixa gerado naprópria empresa. Em empresas autossustentáveis, espera-se que ovalor seja superior à unidade. Seu cálculo é o seguinte:

É importante destacarmos que o sinal na expressão do índicecorresponde ao “módulo” do número. Ou seja, desconsidere o sinaldo fluxo de investimento ao fazer os cálculos. Assim, temos oresultado superior à unidade. Logo, podemos afirmar que o fluxodas operações foi mais do que suficiente para cobrir osinvestimentos realizados pela empresa.

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126Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

FLUXO SOBRE LUCRO

O índice do Fluxo sobre Lucro usa duas medidas dedesempenho: o lucro líquido e o fluxo das operações. O índice écalculado de acordo com a fórmula a seguir:

Esse índice mede a capacidade da empresa de transformaro lucro em caixa. Nos dois anos, o valor do índice foi de 2,18 (ouseja, 96 mil por 44 mil) e 1,81 ( = 103 mil por 57 mil).

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127Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

ResumindoEstudamos nesta Unidade a forma como podemos ana-

lisar uma entidade a partir das informações contábeis. Por

meio da análise horizontal e vertical podemos verificar, de

imediato, algumas tendências importantes.

Vimos também que os índices reforçam e auxiliam a

análise, permitindo a comparação ao longo do tempo e com

outras entidades do mesmo setor. O processo de análise

deve ser feito com cautela, evitando conclusões simplistas

do tipo “quanto maior, melhor”.

Por fim, esperamos que você tenha identificado que na

prática empresarial não é possível afirmarmos que aumentar

o endividamento é ruim ou outra conclusão apressada.

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128Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Atividades de aprendizagem

Se você realmente entendeu o conteúdo, não terádificuldades de responder às questões a seguir. Se,eventualmente, ao respondê-las, sentir dificuldades, volte,releia o material e procure discutir com seu tutor.

1. Considere que a empresa do exemplo desta Unidade atue em um

setor onde a liquidez corrente média é de R$ 1,72. Além disso, o

ciclo financeiro é, em média, de 70 dias, a relação capital de ter-

ceiros/capital próprio é de R$ 1,2, o ROA é de 22% e o fluxo sobre

receitas é de 18%. Faça uma análise da empresa, utilizando as

informações do setor.

2. Do passivo circulante da empresa exemplo em 31/12/2008, cujo

valor era de R$ 59 mil, R$ 21 mil referiam-se a Fornecedores e

Salários a Pagar. Essas duas contas não geram despesas financei-

ras e estão vinculadas ao ciclo do capital de giro da empresa (Fi-

gura 44). Suponha que você decida fazer uma análise da estrutura

da empresa retirando essas duas contas e considerando somente

o passivo que gera despesa financeira. Qual seria o efeito sobre o

endividamento da empresa? Analise as vantagens e desvanta-

gens dessa nova medida.

3. Uma das dificuldades de se fazer análise é obter informações so-

bre o setor onde a empresa atua. Geralmente estão disponíveis

os índices de grandes empresas, de capital aberto. Discuta sobre

a utilização dessas informações para se fazer uma análise de de-

sempenho.

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129Módulo 2

Unidade 4 – Analisando as Demonstrações Contábeis

4. Um dos casos clássicos de análise diz respeito à empresa W.T. Grant.

Essa empresa era uma grande varejista estadunidense que faliu,

mesmo apresentando elevados índices de liquidez. Entretanto,

uma análise posterior comprovou que a empresa apresentou flu-

xo de caixa das operações negativo nos últimos anos. Você sabe-

ria explicar como esse fluxo foi decisivo para os problemas da

empresa?

5. Muitas empresas apresentam uma elevada taxa de crescimento

nas receitas por meio de uma política de crédito mais liberal. Essa

situação pode representar um problema a médio prazo. Qual o

indicador diretamente afetado nessa situação?

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130Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

Respostas das Atividadesde aprendizagem

1) Resposta individual.

2) Reduz o endividamento. Essa medida apresenta de forma mais

clara o passivo oneroso da empresa.

3) Resposta individual.

4) Resposta individual.

5) Prazo de Recebimento.

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131Módulo 2

Considerações finais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final da disciplina de Contabilidade Geral. Aolongo desta, procuramos apresentar importantes conteúdos básicosque serão de grande valia em sua formação. Contudo, ela não tema pretensão de debater todo conhecimento da área. O objetivo foique você conhecesse o que é a contabilidade e como extrairinformações dela.

Mas, importante! Não guarde dúvida alguma com você.Busque o seu tutor e seus colegas de curso para trocar experiências.Em caso de dúvidas, não hesite em consultá-los.

Continuamos à sua disposição.

Sucesso!

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132Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

�Referências

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. São Paulo:Atlas, 2006.

ALCANTARA, Alexandre. Estrutura, análise e interpretação dasDemonstrações Contábeis. São Paulo: Atlas, 2007.

BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revogadispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lein. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grandeporte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstraçõesfinanceiras. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 31 jan. 2009.

CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual deprocedimentos contábeis e prestação de contas das entidades de interessesocial. Brasília: CFC, 2004.

______. Resolução n. 1.121, de 28 de março de 2008a. Aprova a NBC T1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação dasDemonstrações Contábeis. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1121.doc>. Acesso em: 31 jan. 2009.

______. Resolução n. 1.125/08, de 15 de agosto de 2008b. Aprova aNBC T 3.8 – Demonstração dos Fluxos de Caixa. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1125.doc>. Acesso em: 31 jan.2009.

CROSBY, Alfred. A mensuração da Realidade. São Paulo: Unesp, 1999.

FUNDAÇÃO BRASILEIRA DE CONTABILIDADE. História daContabilidade. Disponível em: <http://br.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg&feature=PlayList&p=F9F1E32D5142B891&playnext=1&index=4>. Acesso em: 31 jan. 2009.

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133Módulo 2

Referências Bibliográficas

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Portaria n. 184, de 25 de Agosto de 2008.Dispõe sobre as diretrizes a serem observadas no setor público (pelos entespúblicos) quanto aos procedimentos, práticas, laboração e divulgação dasdemonstrações contábeis, de forma a torná-los convergentes com asNormas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.Diário Oficial da União. Brasília: Imprensa Nacional, 2008.

NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria daContabilidade. São Paulo: Atlas, 2008.

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134Bacharelado em Administração Pública

Contabilidade Geral

MINICURRÍCULO

César Augusto Tibúrcio Silva

Possui graduação em Administração e Conta-

bilidade. Fez mestrado em Administração pela Uni-

versidade de Brasília e doutorado pela Universidade

de São Paulo.

Atualmente é professor titular da Universi-

dade de Brasília, foi diretor da Faculdade de Economia, Administra-

ção, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação da Uni-

versidade de Brasília. Pesquisador do CNPq, atua no programa de

Mestrado e Doutorado em Contabilidade da UnB-UFRN-UFPB.

Escreveu o módulo de Contabilidade Geral e Custos do curso de

Administração da UAB. É autor/coautor dos livros Contabilidade Básica,

Teoria da Contabilidade, Administração do Capital de Giro, Balanço

Social, Exame de Suficiência em Contabilidade. Tem diversos artigos

publicados.