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O II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário acontece de 15 a 17 de setembro de 2010, em Manaus. Nesta edição tem por mote o tema Literatura, interfaces, fronteiras, sendo uma realização da Cátedra Amazonense de Estudos Literários da Universidade do Estado do Amazonas, grupo de pesquisas certificado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa junto ao CNPq. O evento conta com a Universidade de São Paulo (USP) e a Università degli Studi di Bologna (UniBo-Itália) como co-orgamizadoras e recebe recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). LIVRO DE RESUMOS Otávio Rios (Org.) Edições II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário AMAZONENSE DE ESTUDOS LITERÁRIOS CÁTEDRA 9788578831622 ISBN: 978-85-7883-162-2

Livro de Resumos do II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário

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O II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário acontece de 15 a 17 de setembro de 2010, em Manaus. Nesta edição tem por mote o tema Literatura, interfaces, fronteiras, sendo uma realização da Cátedra Amazonense de Estudos Literários da Universidade do Estado do Amazonas, grupo de pesquisas certificado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa junto ao CNPq. O evento conta com a Universidade de São Paulo (USP) e a Università degli Studi di Bologna (UniBo-Itália) como co-orgamizadoras e recebe recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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ISBN: 978-85-7883-162-2

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LIVRO DE RESUMOS:II COLÓQUIO INTERNACIONAL POÉTICAS

DO IMAGINÁRIO

Otávio Rios(Org.)

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LIVRO DE RESUMOS:II COLÓQUIO INTERNACIONAL POÉTICAS

DO IMAGINÁRIO

Otávio Rios(Organizador)

Manaus - AM

2010

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Universidade do Estado do Amazonas

José Aldemir de Oliveira | Reitor

Marly Guimarães Fernandes Costa | Vice-Reitora

Ma das Graças V. Barbosa| Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

José Antônio N. de Mello | Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários

Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Otávio Rios | RegenteJuciane Cavalheiro | Vice-regente

Allison Leão | TitularCarlos Renato R. de Jesus | Titular

Gleidys Maia | AssociadoMarcelo Seráfico | Associado

Michele Brasil | Associado

O II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário é uma realização da Cátedra Amazonense de Estudos Literários da Universidade do Estado do Amazonas, grupo de pesquisas certificado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa junto ao CNPq. O evento conta com a Universidade de São Paulo e a Università degli Studi di Bologna (Itália) como co-organizadoras e recebe recursos da Fun-dação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Francisco Ricardo Lopes de Araújo | Projeto Gráfico

RIOS, Otávio (Org.). Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário. Manaus: UEA Edições, 2010. 21cm.

ISBN: 978-85-7883-162-2

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SUMÁRIO

Programação Geral .....................................................................09Minicursos..................................................................................12Programação das sessões de comunicação.................................13Resumos das comunicações, painéis e minicursos......................25Instituições participantes...........................................................120

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PROGRAMAÇÃO GERAL

15/09/2010

8h às 9h – Retirada de material

9h – Abertura

9h 30min – Conferência de abertura: A memória poética como patri-mônio de sofrimento. Conferencista: Dr. Roberto Vecchi – Università degli Studi di Bologna (UniBo - Itália). Apresentação e mediação: Dra. Juciane Cavalheiro (UEA)

10h 30min – Intervalo

10h 45min - Mesa Plenária: Literatura, Linguística, SemióticaParticipantes: Dr. José Luís Fiorin (USP); Dra. Juracy Saraiva (FEEVALE-RS) Palestras: Linguística e Literatura; A natureza social da linguagem e o direito à arte literáriaDebatedor: Dr. Odenildo Sena (UFAM/FAPEAM/SECT)

14h 15min às 15h45min – Literatura, Mitodologia, Psicanálise Participantes: Dr. Marcos Frederico Krüger (UFAM/UEA); Dr. Mauricio Matos (FAPEAM-CNPq/UEA).Palestras: Eros e Poesia: estudo de um poema de Castro Alves; Inves-tigação sobre a morte de Alberto Caeiro – Fernando Pessoa, Nietzsche, Freud e Aleister CrowleyDebatedor: Dr. Allison Leão (UEA)

15h 45 min – Intervalo

16h às 17h 30min – Mesa Plenária: Literatura, Retórica, MúsicaParticipantes: Dr. Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP); Dr. Márcio Páscoa (UEA)Palestras: O decoro como fundamento da teorização dos discursos na

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INSTITUTIO ORATORIA e a formação “linguística” do antigo orador; A retórica nas óperas setecentistas de Antonio Teixeira e Antonio José da SilvaDebatedor: Ms. Carlos Renato Rosário de Jesus (UEA/UNICAMP/FAPEAM)

18h30min às 22h – Comunicações temáticas e sessões coordenadas

16/09/2010 8h às 12h – Minicursos I

14h às18h – Minicursos II

16h às 18h – Exibição de documentário “O Rio São Francisco e o Ima-ginário Fantástico” (duração de 1h10min) – Apresentação Dra. Luciana Marino do Nascimento (UFAC)

18h30min às 22h – Comunicações temáticas e sessões coordenadas

17/09/2010

8h30min às 10h – Mesa Plenária: Literatura, Sociedade, Cultura Participantes: Dr. Willi Bolle (USP); Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq)Palestras: Entre a literatura de ficção e as ciências sociais: Dalcídio Ju-randir; Globalização, Homogeneização cultural e Literatura Debatedor: Dr. Marco Aurélio Paiva (UFAM)

10h – 10h 15min – Intervalo

10h 15min às 11h 45min – Mesa plenária – Literaturas Mexicana, Portuguesa e AfricanasParticipantes: Dra. Laura Padilha (UFF/CNPq); Dr. Horácio Costa (USP) Palestras: O romance angolano contemporâneo, suas cartografias e formas de deslocamento; Acerca da formação do cânone nas poesias

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portuguesa e mexicana modernas (séc. XIX e XX); Debatedor: Dra. Michele Brasil (UFRJ/UFAM)

14h às 15h30min – Mesa Plenária – Literatura, História, Memória Participantes: Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP), Ms. Otávio Rios (UEA/UFRJ/Fundação Calouste Gulbenkian)Palestras: Poesia sem templos nem manuscritos; Clio entrelaçada ou o sequestro da HistóriaDebatedor: Dra. Gleidys Maia (UEA)

15h 30min – 15h 45min – Intervalo 15h45min às 16h45min - Café LiterárioConvidados: Ana Luísa Amaral (escritora portuguesa)Apresentação e mediação: Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP)

16h 45min às 17h 30min - Espaço culturalCoordenação e apresentação: Dr. Márcio Páscoa (UEA)

17h30min às 19h – Exposição de banners Coordenação: Dr. Marcelo Seráfico (UFAM)

17h30min às 19h – Lançamento de livros e revistas (Literatura, inter-faces, fronteiras; ContraCorrente v. 1)Apresentação e mediação – Ms. Nicia Zucolo (UFAM/USP)

20h às 21h30min – Conferência de encerramento: Do sublime pre-cário: tempos/poemas; corpo(s)/vida(s). Conferencista: Dra. Ana Luísa Amaral – Universidade do Porto (UP - Portugal)Apresentação e mediação: Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq)

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MINICURSOS

16/09/2010

8h às 12h – Minicursos I Literatura e Sociologia – Dr. Willi Bolle (USP).Literatura e Cânone Literário – Dr. Horácio Costa (USP). Literatura Comparada e Estudos Culturais – Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP). Literatura e Mitologia – Dr. Marcos Frederico Krüger (UFAM/UEA). Literatura e Psicanálise – Dr. Mauricio Matos (FAPEAM-CNPq/UEA).Literaturas Africanas de Língua Portuguesa – Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq).

14h às18h – Minicursos IILiteratura, Linguística e Semiótica – Dr. José Luís Fiorin (USP). Literatura e Artes Visuais – Dra. Luciane Páscoa (UEA). Literatura e Cinema – Dr. Wilfredo Maldonado (UFPB).Literatura e outras produções artísticas – Dra. Juracy Saraiva (FEEVALE-RS).Literatura e Retórica – Dr. Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP).

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PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30minSala A: ENSSessão coordenada Filosofia e Literatura Maria do Socorro da Silva Jatobá (UFAM, coordenadora) - Palavras de mel: o estatuto dos discursos retóricos e filosóficos no Fedro de PlatãoMarilina Conceição Oliveira Bessa Serra Pinto (UFAM) - Letra e Verdade nas Confissões de Santo AgostinhoPedro Rodolfo Fernandes da Silva (UFAM) - As Cartas de Aberlado e Heloísa: entre paixão e razãoNeiza Teixeira Soares (UFAM) - Por que ler, sempre, Assim falou Zaratus-tra: um livro para todos e para ninguém

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30minSala B: ENSSessão coordenada Adaptação, tradução e a reescrita de textos literáriosCarlos Augusto Viana da Silva (UFC,coordenador) - A reescritura de Joyce no cinema Rodolfo Pereira da Silva (UFC) - A personagem Fräulein e a análise inter-semiótica de suas reescriturasSoraya Ferreira Alves (UnB) - Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan, adaptado para um curtametragem: o realismo conciso do cotidiano gro-tescoJosé Ailson Lemos de Souza (UFC) - Howards End e a tradução de per-sonagens para o cinema

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30minSala C: ENSSessão coordenada Literatura e outras artes (cinema, visuais, plásticas, cênicas)Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA, coordenadora) - Estudos contemporâ-neos de narrativa de resistência

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Veridiana Valente Pinheiro/Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA) - O Cinema na Literatura ou a Literatura no Cinema: aspectos da narrativa de resistên-cia “Em Câmera Lenta” de Renato TapajósAugusto Sarmento-Pantoja (UFPA) - Representações do trauma na lite-ratura e no cinema latino-americanoJuliene Ribeiro Silva/ Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA) - Resistência, repressão e suas conseqüências psíquicas presentes nas obras “A se-mente” e “Em câmara lenta”

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h Sala D: ENSSessão coordenada Vertentes da poéticaAuricléa Oliveira das Neves (GEPELIP, coordenadora) - Gregório de Ma-tos e a poética do louvor no Barroco brasileiro Rita Barbosa de Oliveira (UFAM-GEPELIP) - Sophia Andresen e a santi-dade do poetaSonia Maria Vasques Castro (GEPELIP) - Modernismo brasileiro: Mário de Andrade e a busca da identidade nacional

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h Sala A: ENSSessão individual 1Mirella Miranda de Brito Silva (UFRR, coordenadora) - Eros Degradado: de Escolhidos e Pobres DiabosAline Cavalcante Ferreira (IFRR) - Observações acerca do risível nos textos de ReyesMarinei Almeida (UNEMAT) - Imagem, palavra e sedução: o erotismo na e da palavra em poesias de língua portuguesa

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h Sala B: ENSSessão individual 2Rosa Maria Tavares Fonseca (UEA, coordenadora) - O excedente de vi-são em O Deus das pequenas coisas

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Francisco Alves Gomes (UFRR) - A loucura na obra AnacondaLinda Midori Tsuji Nishikido (UFAM) - Genji Monogatari – O patrimônio da literatura do Japão

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h Sala C: ENSSessão individual 3 Ingrid Nayara Duarte de Jesus (UFOPA, coordenadora) - O paradoxo como representação do universo amazônico nas canções de Nilson chavesFábio Fadul de Moura (UFAM) - Da ironia à construção do narrarYasmin Serafim da Costa (UFAM) - Um Mergulho no Profundo Espelho de Narciso em Dezembro e Floriam de Astrid Cabral.

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h Sala D: ENSSessão individual 4Alexandre da Silva Pimentel (UEA, coordenador) - Frauta de Barro: a transculturação como resposta ao ser tardioMateus Epifânio Marques (UEA-CEST) - O Inferno Verde Amazônico de Alberto RangelKigenes Simas Ramos (UFAM) - Imagens de alteridade: a Amazônia na escrita do Frei Gaspar de Carvajal e no poema Cobra Norato de Raul Bopp

Dia 15/09 – 18h 25min às 20h 05min Sala E: ENSSessão individual 5Roberto Mibielli (UFRR, coordenador) - Eliakin Rufino e a poesia didática, na didática da poética: metapoesia e estratégias de ensinar poeticamente.Edith Santos Corrêa (UFAM) - A escrita no ensino-aprendizagem do In-glês com o apoio da leitura de textosJéssica de Souza Carneiro (UFPA) - Comunidades interpretativas de au-tores e leitores de Blogs LiteráriosSuely Barros Bernardinho da Silva (UEA) - Semeando a leitura com arte e criatividade

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20h 20min às 22hSala E: ENSSessão individual 6Débora Renata de Freitas Braga (UEA, coordenadora) - A Farsa e El-Rei Junot, subversão e decadênciaDominich Pereira Cardone (UFRR) - Dandismo e flânerie em João do Rio e a relação entre a Belle Époque carioca e manauaraJuliana da Silva Morais (UFRR) - A estrutura familiar dentro das obras: o cortiço, o ateneu, quincas borba e recordações do escrivão isaias caminha.Priscila Lira de Oliveira (UEA) - Imagens decadentes na Literatura de António Patrício

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05hmin Sala F: ENSSessão individual 7Cátia Monteiro Wankler (UFRR, coordenadora) - Poesia, Ideal e Razão: uma leitura de João de Deus e Cesário VerdeArlene Fernandes Vasconcelos (UFC) - Relação da história com literatura em As minas de prataJoão Paulo Bandeira de Souza (UECE) - Tessituras Políticas e Miopia: Melancolia e Favor Num Diálogo MíticoPriscila Souza de Lira (UFPA) - Roger Chartier e a história das práticas de leitura

20h 20min às 22hSala F: ENSSessão individual 8Mariana Marques de Oliveira (UEA, coordenadora) - O Orpheu lato: a idealização do modernismo nas cartas de Sá-Carneiro a Fernando PessoaAline de Souza Muniz (UFPA/CAPES) - “A verdade se passa como tenho contado”: A recriação em o tetraneto del-rei de Haroldo MaranhãoGiselle Brandão Jaime (UFAM) - Do símbolo ao objeto: uma análise feno-menológica de Chuva OblíquaPedro Secundino de Souza Maciel (UFAM) - As palavras e os sentidos: aspestos semânticos da literatura epistolar de epicuro

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Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min Sala G: ENSSessão individual 9Rainério dos Santos Lima (UFOPA, coordenador) - Entre o drama e a épica: formas híbridas no teatro de Plínio MarcosEnrique Vetterli Nuesch (UFAM) - Phantasía e Póiesis: considerações aristotélicas sobre a criação artística em meio digitalHarald Sá Peixoto Pinheiro (UFAM/PUC-SP/FAPEAM) - Da Poética grega à mitopoética amazônicaMacário Lopes de Carvalho Júnior (UFAM) - A Literatura mística cristã do séc. IV – apontamentos para um estudo inicial

20h 20min às 22hSala G: ENSSessão individual 10Adriana Aguiar (UEA, coordenadora) - Tentações de Riobaldo no sertão: da narrativa judaico-cristã à cultura popular do nordeste.Andréia Jordânia Moreira de Araújo (UFRR) - O status da mulher do sé-culo XX nas obras: A Hora da Estrela, Grande Sertão: veredas, Angústia e MacunaímaAriana Barreto do Nascimento (UFAM) - O fantástico em Teleco, o Coe-lhinho de Murilo RubiãoJuliana Maria Silva de Sá (UEA) - Reelaborações do mal na ficção amazo-nense: histórias de submundo

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min Sala H: ENSSessão individual 11Gleidys Meyre da Silva Maia (UEA-CESP, coordenadora) - Figurações do rio-mar e as poéticas do espaço no universo lusófonoAlyni Ferreira Costa (UFC) - O Rio João Cabral e seus afluentesCarmen Véra Nunes Spotti (UERR/UFRR) - O contar histórias indígenasTiago Barbosa Souza (UFC) - Regionalismo e Intertextualidade nas práti-cas discursivas populares em as Pelejas de Ojuara: a verdadeira história do homem que virou bicho, de Nei Leandro de Castro

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20h20min às 22h Sala H: ENSSessão individual 12Nicia Petreceli Zucolo (UFAM, coordenadora) - Simulacro e alucinação, uma leitura de A Ninfa do Teatro AmazonasCristiana Mota (UEA) - A Amazônia multifacetada de Milton Hatoum: o trabalho de intelectual exiladoLuciana Marino do Nascimento (UFAC) - Imaginário amazônico na Música Monotematicidade Florestânica, de Aarão Prado-AcreMônica do Corral Vieira (UFPA) - Mulheres Choradeiras: uma análise comparada do conto de Fabio Castro com O Mito da Medusa e o Canto da Sereia

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min Sala I: ENSSessão individual 13Isaac Newton Almeida Ramos (USP/UNEMAT, coordenador) - O problema das vanguardas poéticas visuais do século XXIris de Fátima Guerreiro Bastos (UFPA) - Drummond e o Gauche: a his-tória inscrita na poética drummonianaKedma Janaína Freitas Damasceno (UFC) - Concretemas, de Pedro H. S. Leão: manifestações da poesia concreta no contexto da literatura cearensePollyanna Furtado Lima (UFAM) - A imagem da resistência em três poe-mas de A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade

20h20min às 22h Sala J: ENSSessão individual 14Kenedi Santos Azevedo (UFAM, coordenador) - Horto al bertiano de incêndioIngrid de Souza Sampaio (UFAM) - A sustentabilidade do mundo, o eixo de existências e os difíceis trabalhos em arduene, de Erasmo Linhares.Lissandra de Freitas Brandão (UFAM) - Análise Histórico–Literária do poema Áporo, de Carlos Drummond de Andrade

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Mayara Miranda de Sena (UFAM) - A esperança em A Flor e a náusea, de Carlos Drummond de Andrade

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h 30minSala A: ENSSessão coordenada Florestas de fronteira no tempo e no espaçoAlai Garcia Diniz (UFSC, coordenadora) - Das redes transatlânticas e poéticas barrocas: floresta de fronteirasMarcos Vinícius Scheffel (UFAM/UFSC) - A floresta cifrada de signos em Cobra NoratoArmando de Melo Lisboa (UFSC) - Entre arte indígena e as redes globais: uma poética comunalHenrique Finco (UFSC) - A voz do filme e a voz do outro.

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h Sala B: ENSSessão coordenada MímesisAline Magalhães Pinto (PUC-Rio coordenadora) Novas máscaras da mí-mesis: sobre o pensamento de Luiz Costa LimaVictor de Oliveira Pinto Coelho (PUC-Rio) - Luiz Costa Lima e a revisão da Mímesis.Laíse Helena Barbosa Araújo (PUC-Rio) - Mímesis-Zero e a constituição do sujeito fraturado.

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h Sala C: ENSSessão coordenada Olhares para as obras de Pereira da Silva, Astrid Cabral e Milton HatoumMaria Sebastiana de Morais Guedes (UFAM, coordenadora) - Olhares para as obras de pereira da Silva, Astrid Cabral e Milton HatoumCarlos Antônio Magalhães Guedelha (UFAM) - Trajetória lírica de Astrid CabralVictor Leandro da Silva (UFAM) - O norte impossível – a busca da iden-tidade nos romances de Milton Hatoum

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Dia 16/09 – 18h 30min às 20h 30minSala D: ENSSessão coordenada Literatura e LinguísticaMaria Sandra Campos (UFAM, coordenadora) - O alçamento das vogais posteriores tônicas do português falado em BorbaHana Ariel do Nascimento Chagas (UFAM) - A influência dos supermer-cados na variação lexical em Manaus.Gleyciane Pereira Sena (UFAM) - A realização das vogais nasalizadas na fala de Barreirinha.Ketlen Gomes Nascimento (UFAM) - O alçamento das vogais anteriores no português falado em Borba.

Dia 16/09 - 20h 20min às 22h Sala B: ENSSessão individual 15Fabrício Magalhães de Souza (UEA, coordenador) - todos os nomes (Sr. José/mulher desconhecida) e Sem nome (José Viana/protagonista au-sente): a alteridade com personagens em fuga para a constituição da subjetividade dos protagonistasJosé Hildo de Oliveira Filho (UFAM) - Sobre O Vendedor de Passados de José Eduardo AgualusaLuiz Guilherme Melo de Souza (UFAM) - História da Literatura Angolana: de 1845 A 1957 Valquíria Luna Arce Lima (UEA) - A feminina palavra muda na guerra de Um Homem: klaus klump

Dia 16/09 - 20h 10min às 22h Sala C: ENSSessão individual 16Vanéssia Pereira Noronha (UFRR, coordenadora) - A metáfora no discur-so literário: o que se esconde por trás das palavrasThyaggo Kauwhê José Leite Mesquita (UFAM) - Da origem da língua portuguesa à criação da poesia em língua portuguesaEdvaldo Manoel dos Santos Almeida (UFAM) - A imagem do Brasil no

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poema Descobrimento, de Sophia AndresenEric Venício Carvalho Mota (UFAM) - Análise mito-poética do canto I da IlíadaArlete Alves de Oliveira (IFRR) - Da Literatura para as redes sociais

Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05minSala F: ENSSessão individual 17Carla Monteiro de Souza (UFRR, coordenadora) - A “Escrita de si” como fonte para o estudo da história da cidade de Boa Vista/RRDilce Pio Nascimento (UEA-CESP) - O olhar do outro sobre nósMaria das Neves Rocha de Castro (UFPA) - Revisitando as manifesta-ções culturais de Belém do início do século XX: uma leitura das crônicas de de Campos RibeiroMary Ellen Rivera Cacheado (UFAM) - Pós-Colonialismo e Identidade em dois romances africanos

20h 20min às 22hSala F: ENSSessão individual 18Roswithia Weber (FEEVALE-RS, coordenadora) - À representação da identidade alemã na produção literária de Charles KieferKeyla Freires da Silva (UFC) - O espelho em Borges e os orangotangos eternos, de Luis Fernando VerissimoSoraya Rodrigues Madeiro (UFC) - Os matizes entre o dito e do não dito em Bartleby, Billy Budd e Benito Cereno, de Herman MelvilleHerica Maria Castro dos Santos (UFRR) - Memórias de educadores: a literatura infantil no espelho da infância

Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05min Sala G: ENSSessão individual 19Zemaria Pinto (UFAM, coordenador) - O teatro mítico de Márcio SouzaAna Cláudia Veras Santos (UFC) - Dois olhares sobre a Guerra de Canu-

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dos: a poeticidade da literatura de cordel e Os Sertões de Euclides da CunhaElaine Pastana Valério (UFPA) - História e cultura no romance A Selva, de Ferreira de Castrowanúbya do Nascimento Moraes Campelo (UFPA) - Literatura e Música: Uma análise comparada do conto “A terceira margem do rio” de Guima-rães Rosa e da música “A terceira margem do rio” de Caetano Veloso

Dia 16/09 - 20h20min às 22hSala E: ENSSessão individual 20Larissa Pollari Araújo (UFAM, coordenadora) - Corpos, Espelhos, Ima-gens: uma leitura de dançarinos na última noite, de Milton HatoumGreiciele Rodrigues da Costa (UEA-CEST) - Obras literárias como fonte para a história: as representações do Amazonas no romance Coronel de BarrancoKamila Oliveira de Lima (UFAM) - A literatura fantástica no conto “ A ninfa do Teatro” da obra A cidade Ilhada de Milton Hatoum.Werner Vilaça Batista Borges (UFAM) - A poética do espaço em Relato de um certo Oriente

Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05min Sala H: ENSSessão individual 21Karoline Fernandes Teixeira (UEA, coordenadora) - A experiência subjetiva em Ciranda de Pedra e As Meninas.Emyster Handel Vicente Gaia (UFAM) - O Apolíneo e o Dionisía-co em algumas obras literárias dos períodos modernista e pós--modernistaKevny Soares Porto (UEA) - A docência da literatura no ensino médioSuênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR) - A Literatura na sala de aula: fugindo do sistema

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Dia 16/09 - 20h 20min às 22h Sala H: ENSSessão individual 22Isadora Desterro e Silva Xavier (UEA, coordenadora) - Patrônio e Lucanor: personagens de um diálogo infinito.Adalberto Luiz da Silva Rocha Júnior (UFAM) - O amor cortês na obra de Bernal de BonavalPatrícia Soares Lima (UEA) - Os dilemas do homem moderno em A TempestadePatrícia Maria Rodrigues Maravalha (UFRR) - Romance-folhetim e o romantismo/realismo português: entre a sobrevivência e a arte

Dia 16/09 - 18h 30min às 20h 35min Sala I: ENSSessão individual 23Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA, coordenador) - O mito do Centauro no cinema de PasoliniFúlvio de Oliveira Saraiva (UFC) - Relações intersemióticas entre audiovisual e literatura em adaptações contemporâneas.Luiz Henrique Barreto de Moura Costa (UNISUL) - Star Wars: breve análise entre cinema, mito, literatura e históriaMaria Elenice Costa Lima (UFC) - Análise das transmutações em Cladestina Felicidade: conjunções e disjunções entre o curta-me-tragem e alguns textos de Clarice Lispector.Luciene Oliveira Vieira (UFC) - Eros e Tânatos: possíveis conjun-ções e disjunções na transmutação fílmica do conto “As formigas” de Lygia Fagundes Telles sob um enfoque intersemiótico

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RESUMOS

O AMOR CORTÊS NA OBRA DE BERNAL DE BO-NAVAL

Adalberto Luiz da Silva Rocha Júnior (UFAM)

Para Duby o amor cortês é um jogo, e como em todo jogo, existem regras a serem seguidas. Dessas regras duas são mais relevantes: o segredo e a distância. Nesse modelo, a mulher ocupa um lugar central e de dominação em relação ao amante. Para a realização deste, existem obstáculos. Para o trovador e a mulher amada, proibidos de concreti-zar qualquer ato carnal, amar ao estilo cortês é uma aventura. Nesse contexto encontram-se as cantigas de amor, manifestação literária do gênero lírico trovadoresco, que expressam outra sensibilidade poética diferente do que havia antes. No meio de vários autores deste momen-to, destaca-se Bernal de Bonaval, com dez cantigas de amor e nove de amigo. De suas dez canções de amor, utilizarei uma em especial, a qual apresenta uma singularidade de conteúdo face às outras. Nela o eu - líri-co pede a Deus para ver a amada e também um lugar onde com ela possa falar, o que quebraria assim as regras da distância e posteriormente do segredo.

TENTAÇÕES DE RIOBALDO NO SERTÃO: DA NARRATIVA JUDAICO-CRISTÃ À CULTURA PO-PULAR DO NORDESTE

Adriana Aguiar (UEA)

Ao estudar a cultura popular na Idade Média e no Renascimento, Bakhtin (1987) faz referência à utilização de narrativas sacras pelo universo

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profano, destacando que existiam “numerosas liturgias paródicas [...], das leituras evangélicas, das orações, [...], dos salmos, assim como de diferentes sentenças do Evangelho” (1987, p. 12). Para o teórico, cer-tas formas carnavalescas da Idade Média, “são uma verdadeira paródia do culto religioso” (1987, p. 6), e afirma que nesse período existia “uma quantidade considerável de manuscritos nos quais toda a ideologia oficial da igreja, todos os seus ritos são descritos do ponto de vista cômi-co” (1987, p. 12). Se na Idade Média a literatura popular tinha como subsídio o elemento paródico para a criação de um mundo ao revés da estrutura oficial, nas culturas modernas, o pastiche toma o espaço da criação literária. Exemplos clássicos são dados por Jorge Luis Borges, ao escrever Pierre Menard autor de Quixote, e Silviano Santiago, ao escrever Em liberdade. Assim, nossa proposta nesse trabalho é anali-sar elementos da narrativa judaico-cristã – As tentações de Cristo no deserto – aproveitadas por João Guimarães Rosa, no romance Grande sertão: veredas (1956), como elemento de pastiche que se depreende da cultura popular do nordeste.

ENTRE EROS E THANATOS: O AMOR EM SUAS MÚLTIPLAS FACETAS

Adriane Figueira Batista (UFOPA)Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA)

Este trabalho versará sobre o paradoxo mais perturbador entre tantos outros, um tema demasiadamente difícil, passional e traiçoeiro, e já por diversas vezes objeto de análises literárias: o Amor. Volúpia ou devoção – ele é protagonista na vida e no sonho de muitos –, esse “velho des-conhecido” passeia por entre as mentes e corações mais distintos e é motivo de inspiração recorrente em letras de música e textos literários. O objeto desta exposição será o Amor como se manifesta no conto “Os dragões não conhecem o paraíso”, de Caio Fernando Abreu. Sob a luz da bibliografia consultada, teorias psicanalíticas, filosóficas e de arquétipos

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extraídos da literatura, discorrer-se-á sobre as possibilidades estéticas desta forma tão peculiar de sentimento/comportamento, demonstrando dualidades e contradições, invadindo os domínios de Eros e Thanatos a fim de mapear, fazendo um recorte no terreno da literatura de Caio Fernando, algumas repostas satisfatórias, sugeridas pelo autor, aos questionamentos que geraram a curiosidade central que permeará todo este trabalho. Afinal quais são os objetivos e as dimensões que o Amor é capaz de alcançar? De que forma essas mudanças intervêm na vida e nos valores dos indivíduos que se deixam guiar por ele?

OBSERVAÇÕES ACERCA DO RISÍVEL NOS TEXTOS DE REYES

Aline Cavalcante Ferreira (IFRR)

A presente comunicação tem como finalidade analisar o risível nos tex-tos do escritor colombiano Efraim Medina Reyes, a partir da análise do livro Técnicas de masturbação entre Batman e Robin, de sua linguagem, dos modos de desconstruir a realidade, tornando-a risível, da leitura que este faz do próprio universo literário. A narrativa fragmentada e polifônica ajuda a compor um quadro de rechaço da literatura instituída, ao mesmo tempo em que propõe, via discurso irônico, uma aproximação com o leitor urbano de nível mediano. Esta análise procura se efetivar tendo como fundamentação teórica os diferentes conceitos do riso de Mikhail Bakhtin, Henri Bergson, Vladímir Propp e Alberti Verena, entre outros, que certamente contribuirão para a compreensão da vertente crítico-irônica do escritor e de seus objetivos quanto ao lugar de sua literatura, encobertos pelas situações humorísticas e satíricas.

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O RIO JOÃO CABRAL E SEUS AFLUENTES

Alyni Ferreira Costa (UFC)

A obra do poeta João Cabral de Melo Neto é complexa, sendo, portanto, grande parte de sua riqueza elaborada em entrelinhas. Por este motivo uma análise, levando em consideração sua vida e obra trará maior com-preensão da exegese literária do poeta engenheiro. A partir dos trâmi-tes teóricos da Literatura Comparada moderna, tentaremos conhecer o percurso literário resultante de suas vivências e leituras. Partindo dos preceitos da intertextualidade, buscaremos os indícios que corroboram a pertinência de uma pesquisa balizada por uma maior abrangência te-órica, que visa antes de tudo, remontar o trajeto literário do escritor, desde sua inserção no sistema literário, suas inclinações e pretensões artísticas, até a efetivação de seu projeto criativo, tendo por base seu viés crítico, sua estilística e suas atividades extra literárias. Acredita-mos com isso, que fatores geralmente postos de lado em uma perscru-tação intrínseca e hermenêutica, somam-se ao princípio de imanência dos textos do escritor, dando ao nosso estudo uma visão mais completa sobre sua poética e crítica.

DOIS OLHARES SOBRE A GUERRA DE CANU-DOS: A POETICIDADE DA LITERATURA DE COR-DEL E OS SERTÕES DE EUCLIDES DA CUNHA.

Ana Cláudia Veras Santos (UFC)

O trabalho elaborado tem a proposta de analisar os pontos de vista dos poetas populares a partir das suas representações sobre a guerra ocor-rida em Canudos, aos finais do século XIX, na Bahia - Brasil, em folhetos de cordel. Entendemos que, através desses, temos a possibilidade de reconstruir episódios fragmentados da nossa história. Nesta perspecti-

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va, as intercessões entre o popular e o erudito unem-se pela denúncia de crimes da nacionalidade, pois a outra vertente da nossa proposta visa tecer contra-pontos entre a referida poética e as considerações de Euclides da Cunha acerca de tal fenômeno, o qual imortalizou em sua obra Os Sertões. Foi utilizado como método a catalogação de cordéis a partir de fontes diversas, entre elas, as encontradas por Euclides da Cunha. Ressaltamos ainda que as fontes orais são imprescindíveis para a elaboração das histórias dos povos, independente da atitude escolhida ao retratá-las, pois se faz o registro e a possibilidade de conhecimento. Uma vez documentado em folheto, o fato espalha-se como é caracte-rística dos ditos “pliegos sueltos”, por sua facilidade de circulação e reprodução; o que faz desse veículo uma “arma” em combate contra o tolhimento às informações e imposições de verdades às populações.

DAS REDES TRANSATLÂNTICAS E POÉTICAS BARROCAS: FLORESTA DE FRONTEIRAS

Alai Garcia Diniz (UFSC)

Este trabalho tenta refletir sobre o tema da floresta em diferentes zonas fronteiriças latino-americanas com a proposta de provocar o reconhe-cimento de linhagens sobre a natureza e seus seres que circulam pela escritura. E se a selva no discurso abrange a oralidade ou a desmata. São esses produtos que se esborracham diante de caminhos cultivados ou partem de um discurso que hidrata certas poéticas que movimentam a cultura? Deste modo, produz gesto comparar o olhar ibérico de Rafael Barrett sobre a selva e seu corpus simbólico na obra El dolor paraguayo ou em Lo que son los yerbales (1910)? E se irriga no diálogo com a obra do colombiano José Eustasio Rivera La voragine (1924/25) ou em pororoca transborda leitos com A selva(1930) de Ferreira de Castro? Essas poéticas são provenientes de quais linhagens? Certamente são Los pasos perdidos(1953) que encontram na metade do século outros labirintos entre a cronologia e o silêncio de quem fala sozinho na verti-

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gem barroca do cenário. Haveria uma poética ácrata que não impede dialogar com o costumbrismo e o real maravilhoso? Em que medida essa paisagem se traduz como cicatriz da modernidade que se inscreve em imaginários cujos corpos se desnudam hoje em regaço de um hiper realismo de Sísifo?

FRAUTA DE BARRO: A TRANSCULTURAÇÃO COMO RESPOSTA AO SER TARDIO.

Alexandre da Silva Pimentel (UEA)

Partindo-se da análise de algumas leituras e interpretações sobre o “Ser Tardio” advindas das tentativas de constituição de um significado para o termo alemão “Spätzeit” desenvolvidas por Walter Moser – para o qual ambas ideias estão relacionadas –, pretende-se, através deste trabalho, dialogar com as possibilidades de interpretação da expressão “Ser Tardio”, e pensá-la a partir do antagonismo existente entre regiões periféricas e centrais que abriga em seu âmago uma tensão dicotômica entre modernidade e atraso. Esta tensão, que atinge seu ponto mais significativo na história da humanidade no momento do descobrimento do continente americano, gera, nas regiões colonizadas, um sentimento de subalternidade, de desvantagem e distanciamento em relação a uma me-trópole em posição de força. Esta modernidade, que chega de um modo tardio neste lado do atlântico, aliada aos interesses econômicos e ex-pansionistas dos colonizadores, determinará fortemente a velocidade e a espécie de desenvolvimento que caracterizaria o continente americano ao longo da história. Pressupondo a Amazônia como uma região afetada por este processo de modernidade tardia, distante do centro e, portan-to, marginal, pretende-se perceber no decorrer desta análise alguns dos efeitos nocivos gerados pela inserção aculturadora desta modernidade, bem como analisar também as possibilidades de articulação de uma res-posta criativa em forma de resistência por parte do artista local a este fenômeno. Para tanto, buscar-se-á em uma das mais significativas obras

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da lírica amazonense – Frauta de Barro, do escritor Luiz Bacellar, as res-sonâncias das noções de “Ser Tardio” e “Transculturação”, bem como a utilização deste último termo na articulação de uma resposta transcul-turadora de resgate e revalorização de uma cultura local.

“A VERDADE SE PASSA COMO TENHO CONTA-DO”: A RECRIAÇÃO EM O TETRANETO DEL-REI DE HAROLDO MARANHÃO

Aline de Souza Muniz (UFPA/CAPES)

O Tetraneto Del-Rei é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discur-sos e tece, nesse emaranhado de fios, um texto original que recria par-te de nosso período colonial questionando destrutivamente o discurso cristalizado pela história e mesmo por textos que compõe nosso cânone literário. Há que se considerar que existem dois pontos de vista pre-sentes no romance haroldiano: o do português desbravador e corajoso, reafirmador de um discurso canonizado e muito explorado pelos estudos literários, na narrativa, na voz de Jerônimo de Albuquerque por meio de suas cartas; e o de um narrador mais objetivo e imparcial, que brin-ca com o discurso do protagonista reconstruindo-o, contrariando-o, e mesmo recontando-o, o que aumenta o tom humorístico da obra e cau-sa a desestruturação do discurso construído há tempos. Dessa forma, este trabalho pretende refletir sobre a possível proposta lançada pelo escritor paraense ao criar uma obra que recria parte de nossa história partindo de nossa formação cultural engendrada pelo hibridismo étnico, bem como observar ainda a criatividade inventiva do texto composto por complexos jogos intertextuais.

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MÍMESIS, IMAGINAÇÃO E TORSÃO TEMPORAL

Aline Magalhães Pinto (PUC-Rio)

Para Costa Lima, o estudo do imaginário implica, de maneira inexorável, a exploração de sua fonte, a imaginação. Neste sentido, o retorno in-contornável à obra de Aristóteles pode ser visto como uma provocação: o que a dinamicidade inscrita pela diferença entre natura naturans e natura naturata opera? Esta pergunta abre-se como um desvio espe-culativo pelo qual se visualiza, a partir do pensamento de Luiz Costa Lima, o encontro entre mímesis, phantasia e anamnese. Apostando que o pensamento se constrói como um ponto em que é permitido discutir aquilo que, como algo que existe, está “aqui” realizado e “ali” apenas po-tencial, despontaria para a teoria contemporânea, por meio da mímesis--zero, uma chave possível para as complexas relações entre linguagem e realidade. Fazer notar tal potencialidade-hesitação e apontar, dentro do pensamento de Costa Lima, seus desdobramentos, é o intuito deste comentário-comunicação.

O STATUS DA MULHER DO SÉCULO XX NAS OBRAS: A HORA DA ESTRELA, GRANDE SER-TÃO: VEREDAS, ANGÚSTIA E MACUNAÍMA.

Andréia Jordania Moreira de Araujo (UFRR)

Os estudos feministas avançaram significativamente, ao longo da sua caminhada no século XX e incorporaram novas teorias sobre a condição da mulher na sociedade. Desse modo, o movimento feminista falou de sexismo, androcentrismo e patriarcalismo numa tentativa de explicar a condição feminina na esfera social. A categoria dos gêneros se apre-senta, hoje, como um dos últimos conceitos hermenêuticos introduzidos pelas feministas ocidentais. A compreensão dos papéis e representações adequados a homens e mulheres não têm mais, tão somente na variável

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biológica seu fator de leitura e entendimento, posto que essa variável não dá conta de explicar a complexa teia de relações, por vezes ambíguas e contraditórias, vivenciadas pelos sexos na sociedade. Nesse sentido buscamos nos aproximar de três “romances” da literatura brasileira: A HORA DA ESTRELA, GRANDE SERTÃO: VEREDAS E MACUNAÍMA, bus-cando observar que tipos e quais nuances apresentam na construção de uma imagem do feminino.

RELAÇÃO DA HISTÓRIA COM A LITERATURA EM AS MINAS DE PRATA

Arlene Fernandes Vasconcelos (UFC)

O estudo minucioso da obra histórica As minas de prata, de José de Alencar, revela o uso que o autor faz do fato histórico como instru-mento de nacionalização da literatura brasileira no século XIX. Em seu trabalho de historiador, e lidando com acontecimentos e personalida-des históricas não tão relevantes para a historiografia oficial – como o Governador-Geral do Brasil na Bahia, D. Diogo de Menezes e Siqueira e D. Diogo de Mariz, filho de D. Antonio de Mariz, de O guarani –, Alencar não pode ser identificado com um historiador tradicional de seu tempo, pois se distancia das ideias positivistas, que congelam o fato histórico e seus grandes vultos humanos, tornando-os inalcançáveis para o leitor, e aproxima-se dos ideais historiográficos de Benedetto Croce, o que pode ser observado no modo como o autor entrelaça a história com a ficção. Buscaremos, portanto, através da leitura e análise das obras históricas de José de Alencar, identificar, em As minas de prata, o seu trabalho de historiador do Brasil colonial e a relação de sua obra com as duas princi-pais correntes historiográficas de seu tempo.

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ENTRE ARTE INDÍGENA E AS REDES GLOBAIS: UMA POÉTICA COMUNAL

Armando Lisboa (UFSC)

Contemporaneamente há uma reorganização comunal dos povos indí-genas, de suas instituições de autogoverno e formas de organização do trabalho e da produção. A inserção nas redes globais de Comércio Justo é uma das faces mais relevantes do atual movimento indígena latino-americano.Este fenômeno tem dimensões continentais, com mais relevância no México, Equador e Bolívia em função da maior presença indígena nestes países. No Brasil isto se observa de forma generalizada, especialmente na região amazônica, mas também com os Pataxó, Kai-gang, Guarani. Na Amazônia se destaca o Projeto Arte Baniwa: http://www.artebaniwa.org.br/. Também no alto Rio Negro, a partir da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro, em São Ga-briel da Cachoeira/AM), surge o selo “Produto Indígena do Rio Negro”, lançado em 2009 no IV Encontro da Rede de Produtores Indígenas do Rio Negro. Trata-se do primeiro selo de identificação de origem cultural, geográfica e de comércio justo desenvolvido, emitido e monitorado por uma organização indígena. A idéia é que tenham sua origem cultural e geográfica, o processo artesanal e comercialização justa reconhecidas pelo mercado.O selo é apenas para produtos que atendam quatro crité-rios acordados na rede de produtores indígenas: a produção artesanal segundo métodos tradicionais; a produção por indígenas; a produção na região do Rio Negro; e a comercialização respeitando os critérios de comércio justo pactuados entre artesãos e os pontos de venda. Os produtos indígenas do Rio Negro são encontrados em São Gabriel da Cachoeira, na Wariró (entreposto comercial e centro cultural); em Ma-naus, na GaleriAmazônica (iniciativa voltada à valorização da arte amazô-nica localizada em frente ao Teatro Amazonas, fruto de parceira do povo Waimiri-Atroari com o ISA); e nas principais cidades do Brasil, na rede de lojas Tok&Stok. Como é sabido, a corrente de estudos pós-coloniais enfatiza esta auto-organização indígena como elemento central na que-

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bra do padrão colonial de poder vigente na América Latina. Porém, os resultados não são tão românticos e maravilhosos como podem parecer numa rápida mirada. Trata-se da produção de mercadorias voltadas para um mercado globalizado. Como alerta Quijano, estamos diante duma ar-madilha criada pelo capitalismo global, pois, se sem o mercado ninguém pode sobreviver, com ele uma crescente maioria também não pode viver.

O FANTÁSTICO EM TELECO,O COELHINHO DE MURILO RUBIÃO

Ariana Barreto do Nascimento (UFAM)

Vladmir Propp admite 31 ações constantes dos contos maravilhosos de origem popular, a que ele denomina funções. É sob a luz dessas funções que partiremos para a identificação de 5 esferas de ações:primeiro,a aspiração; segundo, a viagem; terceiro, obstáculos; quarto,mediação auxiliar e quinto, conquista do objetivo.

DA LITERATURA PARA AS REDES SOCIAIS

Arlete Alves de Oliveira (IFRR)

O trabalho que ora se propõe é resultado de atividade desenvolvida com acadêmicos do I módulo do curso de Tecnologia e Desenvolvimento de Sistemas, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima- IFRR. O objetivo que norteou a atividade foi avaliar a leitura de clássicos, normalmente exigida durante o ensino médio, mas – prin-cipalmente – a releitura desse tipo de texto, agora com emprego de novas ferramentas: a rede social Orkut. A ideia surgiu a partir de um trabalho semelhante, com a protagonista do romance Iracema, de José de Alencar, resultado de uma dissertação de doutorado. A inovação, en-tretanto, aconteceu porque não se partiu aleatoriamente na escolha das

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personagens. A história de leitura dos alunos foi o pré-requisito para o início, desenvolvimento e avaliação deste trabalho, que encerrou com a certeza de que a internet pode sim ser usada como uma ferramenta útil, atraente e eficiente no ensino-aprendizagem da leitura.

GREGÓRIO DE MATOS E A POÉTICA DO LOU-VOR, NO BARROCO BRASILEIRO

Auricléa Oliveira das Neves (GEPELIP)

Linguisticamente o discurso laudatório diz respeito a um elogio a alguém ou a um ente abstrato; literariamente, a poética do louvor se materializa em hinos, odes, salmos dentre outras fôrma poéticas que, similarmen-te, também consiste em enaltecer a uma entidade, a uma pessoa, ou mesmo a um local. Ao conteúdo expresso dessas construções literárias, denominamos de poesia encomiástica. No Barroco brasileiro, esse tipo de poética foi comum, a partir da primeira obra Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira, que exalta a pessoa de Jorge Albuquerque Coelho e seu trabalho como terceiro donatário da capitania de Pernambuco; Manuel Botelho de Oliveira eterniza a fauna e a flora brasileiras em um grande elogio, no poema A Ilha da Maré (1705), considerado como um dos pri-meiros trabalhos ufanistas sobre Brasil. Gregório de Matos, objeto da comunicação Gregório de Matos e a poética do louvor, no Barroco bra-sileiro, também foi caudatário da poesia encomiástica. No códice James Amado, essa poesia está organizada no capítulo, Pessoas muito princi-pais, dentre as quais, uma recebe a atenção especial do vate baiano, a Virgem Maria. Sua poética mariana se circunscreve no louvor religioso, reverencial e repleto de afeto à Mãe de Deus.

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REPRESENTAÇÕES DO TRAUMA NA LITERATU-RA E NO CINEMA LATINO-AMERICANO

Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA)

RESUMO: Nesse estudo desenvolvemos um conjunto de análises em tor-no de diversos conceitos que expressão o trauma como uma categoria especialmente necessária na análise de objetos artísticos produzidos em meio às atrocidades dos grandes projetos de governos ditatoriais como os ocorridos na America Latina, em especial no Brasil, Argentina e Chile. Neste sentido analisaremos como o trauma se evidencia em obras da literatura e do cinema latino Americano, como as produções cinemato-gráficas, “Kamchatka”, “Machuca” e “O ano em que meus pais saíram de férias”. Assim como as obras teatrais: “Rasga Coração”, “A Ilha da Ira” e “Calabar”.

O CONTAR HISTÓRIAS INDÍGENAS

Carmem Spotti (UERR/UFRR)Carla Monteiro de Souza (UFRR)

O presente trabalho versa sobre o contador de histórias em uma co-munidade indígena, tendo como referencial a pesquisa que vem sendo desenvolvida na comunidade Nova Esperança, localizada na Terra Indíge-na Alto São Marcos/RR. O estado de Roraima tem presença marcante da cultura indígena em sua formação populacional, haja vista os grandes conflitos gerados por demarcação de terras indígenas e o preconcei-to etno-lingüístico e sócio-econômico que envolve a sociedade regional. Destaca-se no contexto estadual a desvalorização da cultura dos povos indígenas, quer seja na língua, suas narrativas orais, músicas, comidas, arte, danças, por outro lado, verifica-se a existência de práticas que vi-sam à preservação da memória da comunidade de forma que as gerações

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futuras possam dela usufruir. Em uma perspectiva literária percebe-se que os aspectos da cultura indígena são repassados de geração a gera-ção através do personagem que possuiu conhecimento da história de seu povo e da realidade atual e que, ao mesmo tempo, atua como historiador e narrador dessa realidade.

A AMAZÔNIA MULTIFACETADA DE MILTON HA-TOUM: O TRABALHO DE UM INTELCTUAL EXI-LADO

Cristiana Mota (UEA)

A América Latina guarda em si a especificidade de ser um espaço, que embora delimitado geograficamente como unidade continental, tem por característica inerente a heterogeneidade, sendo um território onde di-versas vozes se juntam ressonando o pluralismo sociocultural da região. Nesse mosaico de tradições, costumes e conhecimentos diferentes, a Amazônia é vista como um lugar do desconhecido e do mítico. Pro-curando explorar o encanto que tal região produz e suas similaridades com o continente no qual está inserida, apresentamos por meio dessa comunicação o trabalho de um dos maiores escritores e intelectuais brasileiros, o amazonense Milton Hatoum. Tomando como apoio teórico--crítico o estudo de Edward Said sobre as representações assumidas por um intelectual e a noção de entre-lugar cunhada por Silviano Santia-go, analisamos a escritura de Hatoum, cuja obra narrativa traz a cidade de Manaus com um panorama configurado pela mistura de etnia, in-tercâmbio linguístico e discursos históricos, formando uma hibridização e uma transculturação singular. Dessa forma, Milton Hatoum dá voz às minorias marginalizadas, “aos esquecidos do passado”, citando Ray-mond Williams (2007, 164), e opera uma construção e reconstrução de identidades fragmentadas, assumindo uma das funções do intelectual: problematizar a verdade sobre o estado dos seres e sua posição ante um meio repressor que pretende invalidá-lo enquanto “o outro”.

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O IMAGINÁRIO HÍBRIDO AFROBRASILUSO N’AS PELEJAS DE OJUARA: UMA CONSTRUÇÃO DO DIABO NA CULTURA POPULAR NORDESTINA

Carolina de Aquino Gomes (UFC)

O Diabo é um personagem presente na literatura popular tradicional, assim como na literatura universal. Mesmo sendo detestado por todos, Satanás está sempre presente no cotidiano do sertanejo nordestino. Ao apresentarmos esta comunicação, buscamos reconstituir os primeiros passos dados para a construção do imaginário mítico acerca do Diabo no sertão nordestino através do romance de Nei Leandro de Castro, As Pelejas de Ojuara, que traz de modo brilhante o sertão repleto de seres fantásticos que povoam a mente dos sertanejos. Também verificamos na nossa cultura afrobrasilusa, tão ricamente trabalhada no romance pelo autor potiguar, marcas de um regionalismo que transcende as barreiras do regional para atingir o universal.

A “ESCRITA DE SI” COMO FONTE PARA O ESTU-DO DA HISTÓRIA DA CIDADE DE BOA VISTA/RR

Carla Monteiro de Souza (UFRR)Patrícia Rodrigues Maravalha (UFRR)

Esta comunicação vincula-se ao projeto Memória e História de Boa Vista na década de 1950 (apoiado pelo CNPq), que tem como objetivo expli-car e compreender as mudanças ocorridas na cidade a partir da sua elevação a capital do Território Federal do Rio Branco, criado em 1943, fato que iniciou um período de reestruração do espaço urbano, marcado pelo racionalismo e a modernidade, e por rearranjos nas relações sociais e políticas. Para tanto, o projeto incorpora ao seu corpus documental relatos escritos sobre a cidade, tendo como referencial as discussões sobre a produção e a utilização da “escrita de si” como fonte de pes-

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quisa. Esse trabalho enfoca a obra autobiográfica 1953, Ah! Anos de minha juventude, de Laucides Oliveira, levando em conta que por meio do registro das lembranças, das vivências e dos fatos passados é possível acessar imagens representações e discursos que podem conferir uma identidade a urbes estudada, individualizando a sua história. Tem como objetivo discutir o papel desse tipo de fonte no estudo de Boa Vista, des-tacando o seu potencial na configuração de uma “carga de significados” sobre a cidade situada em outro tempo, mas cuja “leitura” repercute na atualidade.

TRAJETÓRIA LÍRICA DE ASTRID CABRAL

Carlos Antonio Magalhães Guedelha (UFAM)

Uma abordagem sobre a produção poética de Astrid Cabral, mapeando os fios condutores de sua trajetória lírica, do primeiro ao último livro de poesia (uma dezena). Entre as constantes observadas, cabe destaque para a interface entre poesia e filosofia, a dicotomia transitoriedade da vida versus ânsia de perpetuação, o lirismo de coloração social – rechea-do de ironias – a metaforização do cotidiano, a dicção feminina e o apego a Manaus. Como parte das reflexões, mediante fortuna crítica e apre-ciação de poemas, advoga-se que, pela qualidade de sua obra, Astrid é um dos nomes essenciais da poesia amazonense e também da literatura brasileira contemporânea.

POESIA, IDEAL E RAZÃO: UMA LEITURA DE JOÃO DE DEUS E CESÁRIO VERDE

Cátia Monteiro Wankler (UFRR)

Friedrich Schlegel, em seus Fragmentos críticos, ridiculariza o purismo rigoroso dos gêneros clássicos e postula que a crítica da poesia seja

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feita apenas pela própria poesia, pois, por mais que se pretenda cien-tífica, toda análise teria sua origem numa “impressão” sendo, portan-to, subjetiva. Para Schlegel, um “projeto perfeito” deve ter um caráter objetivo, unindo Ideal e Real. Este trabalho pretende analisar o diálogo travado entre os portugueses João de Deus e Cesário Verde, através dos poemas Sonho e Cadências Tristes, como a expressão poética do projeto schlegeriano, na medida em que fazem convergir pontos de vista divergentes, oriundos de movimentos culturais distintos, Romantismo e Realismo — Ideal e Razão —, na medida em que os dois poetas acabam por apontar que a matéria primordial da poesia é, de certa forma, o sonho, o devaneio, permeados pela razão, pela objetividade.

A REESCRITURA DE JOYCE NO CINEMA

Carlos Augusto Viana da Silva (UFC)

A produção literária do escritor irlandês James Joyce, por sua natureza experimental, faz o leitor mergulhar num fluxo constante de experiência, que o familiariza progressivamente com o processo de associação de impressões, ideias e memória. O conto “The Dead”, do livro Dubliners (1914) e o romance A Portrait of the Artist as a Young Man (1916) são obras representativas desse universo e, devido a peculiaridades em suas estruturas narrativas, pressupõem nova postura de leitura e, conse-quentemente, mecanismos particulares de recepção. Tais textos foram traduzidos para o contexto do cinema por meio dos filmes O Retrato do Artista Quando Jovem em 1977, por Joseph Strick e Os vivos e os Mor-tos em 1987, por John Huston. Neste trabalho, levantaremos alguns pontos sobre o impacto dessas adaptações no sistema cinematográfico, considerando o caráter inovador dessas obras dentro da estética da literatura moderna e suas releituras em outro sistema de linguagem. Com base na ideia de reescritura de André Lefereve (1992), analisare-mos o processo de criação de imagens dos textos em questão para o espectador contemporâneo.

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A FARSA E EL-REI JUNOT, SUBVERSÃO E DECA-DÊNCIA

Débora Renata de Freitas Braga (UEA/FAPEAM)

Ao analisar epístolas trocadas entre Raul Brandão e Teixeira de Pascoaes, organizadas por Maria Emília Marques Mano e António Mateus Vilhena, propomo-nos a mapear o percurso genético das obras A Farsa e El-Rei Junot e, assim, explorar o teor de sub-versão da escrita brandoniana. Podemos pensar neste caráter de subversão, em princípio, na concepção de romance que o escritor do Douro desfaz, e também, assumir que este tenha rompido com a própria noção de “texto” como algo acabado. O texto não seria mais produto de um processo individual de criação, ao contrário: converter-se-ia em um fio de sociabilidade tecido entre os amigos escritores, o que pode ser observado no estudo das correspon-dências em questão, mesmo porque a obra acabada deixou de ser o único instrumento de investigação literária, cedendo espaço para um processo em círculos: da criação à obra e, desta, de volta ao processo de criação. Contudo, a narrativa de Raul Brandão ultra-passou suas próprias linhas para colocar-se como uma escrita na decadência, tendo seu lugar garantido tanto na esfera intelectual e literária de Portugal, quanto na esfera social.

O OLHAR DO OUTRO SOBRE NÓS

Dilce Pio Nascimento (UEA-CESP)

A identidade nos faz diferentes dos outros. Cada indivíduo vai sendo construído historicamente à medida que incorpora valores, crenças, pa-drões de comportamento de um determinado grupo social. No encontro

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entre culturas há, na maioria dos casos, dois pólos que se contrapõem: dominação e resistência. Denys Cuche (2002) nos faz refletir sobre o encontro com outro, ao questionar se “as culturas dos grupos domina-dos socialmente estão destinadas a desaparecer ou a imitar as cultu-ras dos grupos dominantes?”. Paes Loureiro (1995) diz que “o ‘homem amazônico’ (...) tem se abatido as mais sutis formas de preconceitos que foram potencializadas a partir do século XIX”. Portanto, é dessa forma que as narrativas dos naturalistas, cronistas e literatos do século XIX “olham” para o homem amazônico. Entre esses escritores estão: Louis Agassis (Viagem ao Brasil), Alexandre Rodrigues Ferreira (Viagem Filosófica), Henrique João WilKens com o poema épico “A muhuraida ou a conversão do gentil muhra”, Francisco Gomes de Amorim com o romance “Os Selvagens”. Todos os discursos dessas narrativas negam o direito de alteridade no processo de colonização da Amazônia. Historicamente, os portugueses e os espanhóis, imbuídos de uma visão etnocêntrica, fo-ram os principais atores do etnocídio da identidade cultural amazônica.

DANDISMO E FLÂNERIE EM JOÃO DO RIO E A RELAÇÃO ENTRE A BELLE ÉPOQUE CARIOCA E MANAUARA

Dominich Pereira Cardone (UFRR)

Discutiremos nesta comunicação o contexto de transformações urbanís-ticas e de aspiração ao luxo e requinte europeu, característicos da Belle Époque carioca, na qual se configura a obra de João de Rio; bem como as contradições presentes em sua temática que se evidenciam através do dandismo e da flânerie. Expoente da renovação literária e representativo das questões culturais do seu tempo, o escritor aborda a dinâmica do cosmopolitismo em debate com os conteúdos locais, refletindo em seus contos e crônicas as incongruências que a modernização instaurou na então capital federal. João do Rio adere às máscaras do dândi e flâneur para tornar documental e ficcional Rio fin-de-siècle, perpetuando, assim,

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a aproximação entre o ofício do repórter e a experiência literária. Cer-cada pela selva, Manaus também vive, durante o mesmo período, o seu fastígio, aqui propiciado pela riqueza do ciclo da borracha. Portanto, par-tindo da perspectiva de que o Rio de Janeiro e Manaus compartilham as glórias e desprestígios da nossa Belle Époque, tendo o ciclo da borracha promovido em Manaus o desenvolvimento de uma agitada vida cultural, esta pesquisa, ainda em andamento, propõe-se a investigar ocorrência de um (ou mais) correlato(s) de João do Rio no Amazonas.

HISTÓRIA E CULTURA NO ROMANCE A SELVA, DE FERREIRA DE CASTRO

Elaine Pastana Valério (UFPA)

História e Cultura possuem um elo que os une – a temporalidade – e a presença de uma fortalece a existência da outra, não podendo ser anali-sadas separadamente. Em “A Selva”, obra do escritor português Ferrei-ra de Castro, que embora seja português, consegue criar uma obra que represente a realidade e a cultura do povo brasileiro, mais especifica-mente, do amazônico, percebe-se tal relação, pois nela são perceptíveis essas duas relações por se tratar de uma narrativa capaz de contar a realidade da selva amazônica, tendo em vista o olhar do estrangeiro – na figura de Alberto – e o olhar do natural – sendo representado pelas ou-tras personagens que trabalham nos seringais. Além da temporalidade, as produções as quais aparecem fortemente tais temáticas estão inseri-das dentro de um contexto histórico específico. Walter Benjamin afirma que a História é também uma manifestação cultural e que a cultura não está isenta da barbárie, tampouco seu processo de transmissão, com isso, nota-se que uma está inserida na outra; não há como dissociá-las. Portanto, esta comunicação visa analisar os temas História e Cultura, presentes no romance “A Selva”.

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ANÁLISE MITO-POÉTICA DO CANTO I DA ILÍADA

Eric Venício Carvalho Mota (UFAM)

Neste artigo pretende-se analisar as personagens envolvidas nas ações do Canto I da Ilíada de Homero. A análise focará, sobretudo, dois termos e seus respectivos empregos no livro I: menin (ira) e geras (honra).As personagens analisadas envolvem o âmbito divino e o humano, pos-sibilitando uma compreensão acerca de termos como honra, espólio, orgulho, ira, cultura entre outros. O contexto é único e ressalta o com-portamento dos homens num momento que será determinante paras a gerações seguintes e para o Ocidente. São fundamentadas, ainda, as ações acerca do personagem principal da Ilíada, Aquiles. Herói de um povo e autor de grandes feitos, Aquiles, dos pés rápidos, terá seu nome marcado para sempre na história da Mitologia. Eis a relação entre ho-mens e deuses, homens e homens e deuses e deuses.

A ESCRITA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DO IN-GLÊS COM O APOIO DA LEITURA DE TEXTOS

Edith Santos Corrêa (UFAM)

Este artigo enfatiza a necessidade da aprendizagem da escrita nas aulas de inglês, considerando a importância do uso de textos literários na men-cionada língua como fonte de aquisição e enriquecimento de vocabulário e de conhecimento da estrutura sintática, pois a escrita da palavra por desligada de um contexto diminui sua carga semântica, enquanto que, no texto, principalmente no literário, seu significado é potencializado, podendo ser exercitados esses variados sentidos. Além disso, quando se trata da partida de um mundo familiar para outro desconhecido, como é o caso do aluno de línguas estrangeiras, que utiliza seu universo lin-güístico para assimilar uma nova estrutura, que evidentemente possui

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similaridades e diferenças em relação ao seu conhecimento de mundo, o texto escrito favorece a construção do sentido. A confirmação de que a escrita é uma habilidade decorrente da percepção de significado é que ela é vista como a consolidação da aprendizagem. Porém, durante o processo ensino/aprendizagem de línguas, nos últimos trinta anos, sob a ótica da abordagem comunicativa, a oralidade exerce prioridade em relação à escrita, sendo esta praticada quase que exclusivamente fora da sala de aula, como homework.

O APOLÍNEO E O DIONISÍACO EM ALGUMAS OBRAS LITERÁRIAS DOS PERÍODOS MODER-NISTA E PÓS-MODERNISTA

Emyster Handel Vicente Gaia (UFRR)

O trabalho monográfico trata de encontrar características e justificar a possibilidade de reconhecer o Apolíneo ou o Dionisíaco em algumas personagens literárias. Tem-se para isto base na teoria de Friedrich Wi-lhelm Nietzsche, filólogo e filosofo que traz em seu livro O Nascimento da Tragédia uma perspectiva teórica do Dionisíaco e do Apolíneo. Foram selecionados Angustia, de Graciliano Ramos; A Mulher que Escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar; A Paixão Segundo G. H., de Clarice Lispector; Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade; Zero, de Inácio de Loyola Brandão; e Macunaíma, de Mario de Andrade. O interesse neste traba-lho é o de encontrar a característica apolínea ou dionisíaca nos perso-nagens principais das obras citadas, estas que pertencem a diferentes períodos históricos e literários.

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LITERATURA COMPARADA E ESTUDOS CULTU-RAIS

Emerson da Cruz Inácio (USP)

Considerando a recente implantação da Cátedra Amazonense de Estudos Literários e seus bastantes objetivos, o curso vem colaborar, no âmbito das atividades deste centro de estudos, para a implementação de ativi-dades relacionadas à Literatura Comparada como estratégia de leitura capaz de favorecer as dinâmicas comuns que perpassam as literaturas lusófonas. Para além, faz-se mister, ainda, colaborar para a apresenta-ção, difusão e problematização do macrossistema literário em Língua Portuguesa, atentando para a circulação cada vez mais freqüente de repertórios estéticos e artísticos entre os povos falantes do português. Nesse sentido, o curso visa suprir tanto a demanda teórico-metodológi-ca e literária atinentes aos cursos da área de Letras e Lingüística, como também auxiliar alunos das demais áreas das Ciências Humanas tanto sobre as Literaturas contempladas, quanto para a capacidade teórica dos métodos comparatistas.

PHANTASÍA E PÓIESIS: CONSIDERAÇÕES ARIS-TOTÉLICAS SOBRE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA EM MEIO DIGITAL

Enrique Vetterli Nuesch (UFAM)

Lemos a Poética de Aristóteles em paralelo com outros tradados do mesmo, destacando o papel da imaginação e da imagem no processo que vai da mímesis à póiesis. Esta leitura conduz à metáfora enquanto modo de transposição da imagem à palavra e revela que a Poética já traz in nuce uma discussão atual acerca da criação artística em meio digital. Nossa reflexão perpassa tratados do Filósofo um tanto esquecidos na área de letras que são, porém, essenciais à compreensão do tratado so-

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bre a poética. O nosso percurso revelará a imaginação (phantasía) como o fio condutor que une a criação artística à reflexão filosófica.

A IMAGEM DO BRASIL NO POEMA DESCOBRI-MENTO, DE SOPHIA ANDRESEN

Edvaldo Manoel dos Santos Almeida (UFAM)

Neste texto propõe-se analisar o olhar que Sophia Andresen lança para o Brasil, fazendo uma analogia com a Carta de Pero Vaz de Caminha, onde ele escreve sobre suas primeiras impressões na terra recém alcançada. Para isso elege-se o poema Descobrimento, do livro Geografia, de 1967, situado na seção VI - Brasil ou do outro lado do mar, em que o Oceano Atlântico é mostrado como um ser mitológico que religa dois povos en-volvidos na história das grandes navegações para propor que o antigo encontro entre ambos seja feito novamente sob a forma de relação en-tre iguais, não mais entre colonizador e colonizado.

TODOS OS NOMES (SR. JOSÉ/MULHER DESCO-NHECIDA) E SEM NOME (JOSÉ VIANA/PROTA-GONISTA AUSENTE): A ALTERIDADE COM PER-SONAGENS EM FUGA PARA A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOS PROTAGONISTAS

Fabrício Magalhães de Souza (UEA)

Nesta análise, veremos que é ao longo dos acontecimentos que os pro-tagonistas, ao se verem e verem sua busca (ou in-solução) desenro-lando-se, vão formando sua subjetividade: o Sr. José, protagonista do romance de Saramago, após encontros, nem sempre presenciais, com outros “eus”, ao per-seguir as pistas da mulher desconhecida, vai se

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tornando “eu” na narrativa, em oposição a não-pessoa que ela - a des-conhecida – é, aos outros “eus” que vão partilhando com ele a “concha vazia”; já José Viana, protagonista do romance de Helder Macedo, após acompanhar o problema da ausente-presente (Martha Bernardo) em sua resolução, consegue expurgar os fantasmas da ausente para se sub-jetivar ao enunciar numa carta/relatório, endereçado à Júlia de Sousa.

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOS PROTAGONISTAS DOS ROMANCES SEM NOME E TODOS OS NOMES

Fabrício Magalhães de Souza (UEA)

Escolhemos para análise os romances Todos os Nomes (1997) e Sem Nome (2006), respectivamente dos escritores portugueses José Sa-ramago e Helder Macedo. Interessa-nos verificar de que forma se con-figura a subjetividade dos protagonistas dos dois romances a partir do convívio com o(s) outro(s). Nossa fundamentação teórico-conceitual sustenta-se na teoria de Émile Benveniste, segundo a qual postula que a condição de existência do homem é sempre referida ao outro na e pela linguagem, ou seja, a intersubjetividade precede e é constitutiva da subjetividade. O nosso propósito é o de verificar os modos de cons-tituição da subjetividade dos protagonistas a partir do sistema triádico benvenistiano (eu-tu-ele)

DA IRONIA À CONSTRUÇÃO DO NARRAR

Fabio Fadul de Moura (UFAM)

No conto intitulado somente a morte são encontrados dois planos narra-tivos: no primeiro, o narrador evoca a tradição da oralidade para contar uma história, engendrando um tênue fio que é estabelecido entre aquele

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que conta e o que é contado (esse fio se dá pelo desdobramento da experiência vivida, sendo responsável pelas inversões que ocorrem no texto); no segundo é desenvolvida a história de jorge, contando o evento pelo qual passa com sua burra chamada esmérdia. Nas duas movimen-tações há sutis traços de ironia que acabam por desfazer as aparências de cada personagem, revelando não somente a condição do outro, mas também a própria. Na escrita de Sanches são demonstradas as relações humanas de troca. A barganha que os homens fazem para realizar seus interesses passa a ser o elemento fundamental da narrativa. A capaci-dade de dizer pelo não dito – mostrando o que há por trás dele – é o que confere prestígio ao conto, tecendo um texto sofisticado onde o risível e o irônico coadunam-se.

A LOUCURA NA OBRA ANACONDA

Francisco Alves Gomes (UFRR)Adineia Viriato de Oliveira (UFRR)

Tatiana da silva Capaverde (UFRR)

Esta comunicação apresentará a análise dos contos da obra Anaconda, do escritor uruguaio Horácio Quiroga, observando a figura simbólica da serpente anaconda como fio condutor para a construção da atmosfera de um estado de loucura, já que este advém do contato do homem com a selva, grande responsável por engendrar as forças de atração que levarão os seus desbravadores à perda da razão. A cobra que dá título ao livro, causará uma espécie de claustrofobia, gerada da busca por sobrevivência na selva, símbolo de deslumbramento e perdição. Com a observação da presença de elementos simbólicos a nível paisagístico, será possível analisar a força simbólica da serpente na obra, representa-da e ressignificada no imaginário coletivo da comunidades da selva, tendo como base teórica o conceito de símbolo da obra Dicionário de Símbolos CHEVALIER, J. E GHEERBRANT e a loucura definida na obra Historia da Loucura de Michel FOCAULT. Os contos de Quiroga, dentro de um jogo

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em que as oposições, tais como homem e selva, representam, a um só tempo, a luta entre forças individuais e coletivas constantemente desestabilizadas pela onipresença da serpente que usufrui do ambiente natural da selva para gerar o estado de loucura. Neste sentido os perso-nagens estão a mercê da serpente, à espreita, pronta para o bote, que a todo instante procura enlaçar também o leitor. Portanto, a loucura, neste viés é evocada não só pelo ambiente selvagem, mas também pelos conflitos febris, gestados de elementos do imaginário popular, a ultra-passar barreiras geográficas e culturais, promovendo assim a formação de um olhar sobre o universo latino americano, costurado nos contos tal qual uma serpente verde e misteriosa, pronta para devorar quem ouse ultrapassar os limites impostos pela majestosa selva de dimensões amazônicas.

RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS ENTRE AUDIO-VISUAL E LITERATURA EM ADAPTAÇÕES CON-TEMPORÂNEAS

Fúlvio de Oliveira Saraiva (UFC)Fernanda Coutinho (UFC)

Procuraremos estabelecer relações entre algumas linguagens artísticas que interagem com os textos de Clarice Lispector, Ziraldo e J. K. Ro-wling. São obras em que perfis de infância surgem de maneiras diversas em linguagens também diversas como quadrinhos, audiovisual e literatu-ra. Demonstraremos alguns conceitos de tradução intersemiótica mo-dernos como uma reorganização peculiar a cada linguagem tradutora de um texto-fonte a um texto-alvo. Tendo, aqui, o texto em um sentido am-plo, ao qual se estende às produções mesmo não-verbais como a pintura ou a música, por exemplo. Objetivamos analisar implicações sociológicas e filosóficas do caminho que se segue ao texto-fonte como mercado-ria fetichizada, proporcionando infinidades de produções relacionadas, tornando-se objeto de valor fractal; caminho da defasagem de valores

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que o revestiam como objeto, a saber, o valor de uso, o de troca e o do próprio signo fetichizado. Visamos, igualmente, mapear as aparições de traduções intersemióticas que orientam a produção contemporânea e demonstrar como essa interação se dá. Junto a isso observaremos que a prova dessa transcendência sígnica é que o prolongamento não--literário do objeto literário ultrapassa toda a razão de ser da criação literária e reveste-a de um esgotamento de si mesma pela proliferação desenfreada de sua própria permanência onipresente.

A REALIZAÇÃO DAS VOGAIS NASALIZADAS NA FALA DE BARREIRINHA

Gleyciane Pereira Sena (UFAM)

Neste estudo, pretendemos mostrar a realização das vogais em con-texto nasal na fala do homem de Barreirinha. Assim sendo, vislumbra-mos identificar o(s) traço(s) que compõe(m) a variante regional e efe-tivarmos uma comparação com a variante que segue a tendência geral do português falado no Amazonas. O procedimento metodológico será aplicado dentro dos postulados instituídos pela Sociolinguística com o intuito de analisar os resultados da pesquisa através da compilação do corpus será efetivada in loco, através de gravações, com informantes, falantes do português, que tenham nascido e vivido na sede do município e com informantes da zona rural.

DO SÍMBOLO AO OBJETO: UMA ANÁLISE FENO-MENOLÓGICA DE CHUVA OBLÍQUA

Giselle Brandão Jaime (UFAM)

Segundo Fernando Pessoa, o Interseccionismo corrente literária cria-da pelo prórpio poeta (assim como o sensacionismo e o paulismo), é o

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Sensacionismo que toma consciência de cada ser na realidade, consti-tuída de diversas sensações mescladas. Sartre nos dirá em sua obra ‘A imaginação’ que as sensações são representações de objetos. Porém, a imaginação ou o objeto representado não surge “do nada”, é necessário uma determinada intencionalidade fenomenológica para despertar tais sensações; da intersecção entre objeto representado e a sensação que se apresenta o símbolo, o poema. No Interseccionismo nos são apresen-tados poemas imagéticos mesclados as sensações, tais imagens formam o objeto sobre o qual a sensação surgiu e revelando os estados de alma do poeta: “Todo estado de alma é uma paisagem. Isto é, todo estado de alma é não só representável por uma paisagem, mas verdadeiramente uma paisagem” (PESSOA. P. 101, 2007). Dessa forma, o que será apre-sentado neste trabalho é a análise do processo contrário da criação da poesia Interseccionista, do símbolo para a sensação a fim de aproximar do objeto que causou a sensação, por meio das imagens simbólicas e da fenomenologia nos seis poemas que compõem ‘Chuva Oblíqua’ de Fer-nando Pessoa.

FIGURAÇÕES DO RIO-MAR E AS POÉTICAS DO ESPAÇO NO UNIVERSO LUSÓFONO

Gleidys Maia (UEA-CESP)

O estudo das figurações do Rio-Mar no imaginário poético lusófono, numa atitude comparatista: Élson Farias, poeta amazonense, e Sophia de Mello Breyner Andresen, poeta portuguesa. O encontro dessas po-éticas das águas foi promovido tema para a formação de uma linha de pesquisa que se voltasse para a Literatura Comparada e para as Poéti-cas do Espaço. A análise das figurações do Rio-Mar tem como suporte teórico-metodológico a Antropologia do Imaginário de Gilbert Durand e a Poética do Espaço de Gaston Bachelard, além dos estudos sobre o simbólico em Paul Ricouer e Northrop Frye. Esta pesquisa constitui uma parte do Projeto Experiência e Símbolo: As trajetórias líquidas das poéti-

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cas no mundo lusófono. Este projeto é uma iniciativa de introdução de trabalho à Cátedra Amazonense de Estudos Literários, articulado à linha de pesquisa Literatura e História, cuja meta é estabelecer pontes con-ceituais entre literaturas da mesma língua. Esta pesquisa deverá consti-tuir uma pequena contribuição para os estudos lusófonos, considerando o caráter de sua especialidade dentro da Educação Superior e para os pesquisadores e estudantes de Letras. Escolhemos esse tema porque reúne e sintetiza grandes fulcros da poética do espaço e da viagem na poesia desses autores, pela presença permanente do mar com todos os seus mundos, vivências, metaforizações e alegorizações, viagens, espan-tos e esperas. Além desses motivos, a poética de Élson Farias carece de estudos sistemáticos que revelem sua importância no contexto das literaturas de língua portuguesa e, por isso, a atitude comparatista é condição para a realização dessa pesquisa. Esse encontro entre o regio-nal e o universal vai ao encontro da postura da acadêmica adotada pela Universidade do Estado do Amazonas, cujo propósito é qualificar uma educação pautada pela universalidade e pela dinamização Cátedra de Estudos Literários, núcleo de pesquisa da cultura lusófona.

OBRAS LITERÁRIAS COMO FONTE PARA A HIS-TÓRIA: AS REPRESENTAÇÕES DO AMAZONAS NO ROMANCE CORONEL DE BARRANCO

Greiciele Rodrigues da Costa (UEA-CEST)Cláudia Regina Ferreira Santos (UEA-CEST)

O presente estudo analisou o romance Coronel de Barranco, de Cláudio de Araújo Lima, que tem como temática o período áureo e a decadência da borracha, ressaltando as relações que se es-tabelecem entre os donos dos seringais e o homem trabalhador, visto como escravo, procedente quase sempre do nordeste. A obra recria também o episódio do roubo das sementes da serin-

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ga e apresenta o “Coronel de Barranco” como um homem rude, ignorante, ostentador de riquezas e acima de tudo ganancioso, que desconhece o contexto histórico local e mundial, acreditando ser tolice se interessar por qualquer coisa que não seja produzir borracha. Algo notório em sua personalidade é que ele considerava ser necessário agir com vilania, pois de outra forma poderia ter seu poder ameaçado perante os trabalhadores. Nesse sentido, po-de-se observar que a obra literária pode se configurar como uma importante fonte para a compreensão e interpretação do período, oferecendo outras perspectivas sobre a história amazonense que talvez ainda não tenham sido explorados pela historiografia, ou seja, a literatura se revela como uma importante e especial forma de conhecimento.

A INFLUÊNCIA DOS SUPERMERCADOS NA VA-RIAÇÃO LEXICAL EM MANAUS

Hana Ariel do Nascimento Chagas (UFAM)

Este estudo trata da possível mudança lexical que pode estar ocorrendo em Manaus em conseqüência do advento de supermercados oriundos de outras regiões do país. O ferramental teórico que sustentará este estudo contará com a participação de grandes expoentes do âmbito dos estudos lexicais, além de buscar guarida nos parâmetros estabelecidos pela Sociolingüística, cujos métodos são de natureza quali-quantitativo, o qual possibilitará a compilação do corpus através de entrevistas com vendedores, caixas e consumidores em feiras e supermercados de Ma-naus.

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DA POÉTICA GREGA À MITOPOÉTICA AMAZÔNICA

Harald Sá Peixoto Pinheiro (UFAM/PUC-SP/FAPEAM)

Investigar as pistas para uma possível crítica à mitopoética amazônica, tendo como contraponto as metáforas sinalizadoras que inauguram o percurso de nossa jornada interpretativa com a dialogia entre o de-sencanto do mundo e a erotização da natureza. Investigamos também a presença de uma dramaturgia que epifaniza realidade e imaginação e, com ela, passamos a identificar melhor suas categorias de análise, pois encontramos uma variedade de elementos autóctones e híbridos que confirmam a existência de homologias com a Poética clássica que se mostrou insuficiente para dar conta dos desafios de refletir sobre uma etnopoesia das culturas e sociedades tradicionais na Amazônia. Face ao retorno do paradigma dionisíaco, encontramos também pistas e corre-lações acentuadas no cenário local que manifestam o desejo incontido de transgredir e erotizar o mundo, roubando a razão e a sensatez das culturas humanas ali inseridas. Percebemos que nem todas as cate-gorias racionais elaboradas na antiguidade e na modernidade servem para pensar, compreender e intervir na complexa ambiência em que se situa os traços e contornos de nossa realidade mitopoética. Nas ações dos heróis civilizadores, deuses e seres mitológicos, coexistem razão e imaginação, bem como astúcia e inventividade criadora. Na pregnância da palavra pelo mito, (com)fundem-se todos os anacronismos e ambiva-lências, como o sublime e o horrendo, o cômico e o trágico, revelando e clamando por experiências estéticas e societais mais emergentes e fecundas. Por essa razão que muitas categorias estritamente racionais – identificadas ao longo do texto – se vêem fadadas ao fracasso na tentativa de interpretação do universo amazônico. Ao longo do trabalho mostramos a necessidade de pensar e articular um conjunto de outras racionalidades. O estilo mitohermenêutico, aqui sugerido, não está sedi-mentado somente por conceitos racionais e muito menos aprisionada a um fazer técnico e instrumental. Compreendemos as narrativas míticas como racionalidades abertas, capazes de reintegrar a visão renovadora

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e complexa da existência humana, do pensamento e da vida planetária, colocando, num só plano, natureza e cultura amazônicas como lugar e espaço privilegiado ao devaneio poético (topofilia), bem como nos situar melhor na busca por matizes do pensamento e raízes imaginárias que falam em nome de nossa ancestralidade mais profunda (arqueofilia).

MEMÓRIAS DE EDUCADORES: A LITERATURA INFANTIL NO ESPELHO DA INFÂNCIA

Herica Maria Castro dos Santos (UFRR)

Este trabalho foi desenvolvido na disciplina Memória, História e Cultura Regional no curso de Mestrado em Letras da Universidade Federal de Roraima, pensando em um projeto maior que é uma futura dissertação de Mestrado, foi realizada uma pesquisa com vários educadores atuan-tes em classes de Educação Infantil, buscando traçar um paralelo entre suas memórias de criança, de seus primeiros contatos com a Literatura Infantil e suas práticas atuais em sala de aula. O resultado foi realmente surpreendente e veio reforçar ainda mais a necessidade de políticas de formação aos professores que atuam nas séries iniciais da Educação Básica.

A VOZ DO FILME E A VOZ DO OUTRO

Henrique Finco (UFSC)

Este artigo discute as opções de linguagem utilizadas por dois diferentes cineastas, o brasileiro Vincent Carelli e o alemão Werner Herzog, sobre um mesmo tema: o impacto do avanço da sociedade capitalista sobre índios do Amazonas. Para isto, são analisados os filmes documentários “Corumbiara”(2006), de Carelli e “Then years older”(2002), de Herzog, utilizando como fio condutor o conceito de “voz”, do pesquisador norte--americano Bill Nichols.

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LITERATURA E CÂNONE LITERÁRIO: FORMA-ÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO NAS POESIAS PORTUGUESA E MEXICANA MODERNAS – UMA ABORDAGEM COMPARATIVA

Horácio Costa (USP)

A formação da tradição das poesias portuguesa e mexicana modernas, poucas vezes posta em contato, apresenta notáveis pontos de simila-ridade, já seja em função da afinidade dos processos históricos vividos em ambos os países durante o século XIX, já seja em função das estra-tégias de modernização das respectivas sociedades na segunda metade do referido século, entre as quais devem ser mencionadas as operações encetadas pela “Geração de 1870” em Portugal e as dos intelectuais reformistas sob o regime porfirista, no México, já seja em função das respostas de autores de ambos os países face às questões levantadas pelo surgimento e afirmação dos pensamentos de vanguarda nos cená-rios português e mexicano, com a geração de Orpheu, em Portugal, e com o duplo momento representado pelo Estridentismo e o grupo de Contemporáneos, no México. Nesse sentido, o estudo da produção e da recepção dos nomes mais “canônicos” das tradições em questão podem iluminar importantes aspectos que avaliem as correspondências entre produção literária nas condições sócio-culturais vigentes em Portugal e no México e correspondências sistêmicas no bojo do que se poderia chamar “civilização ibérica”. As diferentes posições que três pares de poetas – Cesário Verde e López Velarde, José Gorostiza e Camilo Pessa-nha, e Fernando Pessoa e Octavio Paz – assumem face as respectivas tradições, nos permitem entender o funcionamento das intelectualida-des portuguesa e mexicana no período assinalado. Subsidiariamente, enfatizar-se-á o surgimento da temática homoerótica nas poesias mexi-cana e portuguesa modernas (anos 20 do século passado), como forma de estabelecer um nexo mais entre o funcionamento canônico nas lite-raturas em questão, diferentemente do sucedido com a poesia brasileira do período.

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O PARADOXO COMO REPRESENTAÇÃO DO UNI-VERSO AMAZÔNICO NAS CANÇÕES DE NILSON CHAVES

Ingrid Nayara Duarte de Jesus (UFOPA)

Nilson Chaves, cantor e compositor paraense, busca sempre retratar a paisagem amazônica em suas canções. Na tentativa de representar o espaço amazônida, o compositor utiliza constantemente idéias anti-téticas ou paradoxais que, antes de atribuírem ambiguidade ao texto, contribuem para o entendimento da composição. Cria-se a noção de ‘duplo’ que conforme a concepção freudiana é encarado como duas par-tes do mesmo “eu”, embora imediatamente opostas, que causam estra-nhamento ao primeiro olhar. Este recurso está representado na canção “Cabelo Açaizal” (2005), da qual nos ocuparemos neste trabalho, em que o artista utiliza idéias completamente opostas criando um efeito metalinguístico à canção, trata-se, pois, do cidadão da Amazônia falando sobre o dilema do amazônida moderno, o autor aborda o conflito entre preservação-desenvolvimento, tradicional-moderno. A canção é uma verdadeira analogia à situação dos povos amazônicos ante a globaliza-ção, que confronta idéias até então antagônicas, como o tradicionalismo amazônico e a tecnologia do mundo moderno. Nilson Chaves busca, por-tanto, estabelecer uma ponte ligando estes extremos, utilizando-se de um recurso pós-moderno, de integração entre antigo/novo, tradicional/moderno, numa verdadeira simbiose de culturas, o que coloca o artista não apenas como um grande divulgador da cultura amazônica, mas como um grande crítico da realidade social de nossa região.

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A SUSTENTABILIDADE DO MUNDO, O EIXO DE EXISTÊNCIAS E OS DIFÍCEIS TRABALHOS EM ARDUENE, DE ERASMO LINHARES

Ingrid de Souza Sampaio (UFAM)

Com um tom profético, um aspecto de oração, o cenário constituído e todas as crenças presentes, apresenta-se este conto em que acompa-nhamos a luta de um povoado isolado para manter viva a pessoa que rege suas vidas. Arduene (o conto) pode ser compreendido de diversas maneiras: pode representar tanto o fim de um mundo, como o renas-cimento do mesmo; pode tratar de morte, como também trata do res-tabelecimento de vida; diz respeito ao sagrado, mas também pertence ao profano. O que é certo e podemos afirmar, é que este texto traz em si simbologias e sinais duos que contribuem para sua grandeza e com-plexidade. Para ilustrar e embasar estes temas intrínsecos ao texto, foram utilizados autores como Roger Caillois, Gaston Bachelard e Mircea Eliade, que nos facilitam a compreensão de tudo quanto pertença às es-feras ambíguas que estão presentes no conto. Que Arduene não morra, é nossa esperança.

DRUMMOND E O GAUCHE: A HISTÓRIA INSCRI-TA NA POÉTICA DRUMMONIANA

Iris de Fátima Guerreiro Bastos (UFPA)Lilia Silvestre Chaves (UFPA)

Drummond, poeta inscrito no modernismo brasileiro, ao mesmo tempo em que faz parte desse movimento vanguardista pós-22, destaca-se e diferencia-se de seus pares modernos. Sua poesia, ou melhor, sua poética é impregnada de lirismo, mas também apresenta um caráter documental de uma época e de uma sociedade. Seus versos contam a “história” de um país e de um mundo marcado por guerras, revoluções

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e grandes modificações na sociedade e no próprio ser humano, cidadão do século XX. Diante de um vasto mundo, muitas vezes incompreensível para ele, o poeta sente-se um ser gauche, no tempo, na vida e na poesia. Situando o poeta de nosso tempo no contexto histórico de sua época e na perspectiva do futuro (século XXI) podemos identificar que ele está à margem, na tentativa de compreender o seu “estar no mundo” e que a historicidade de seus versos representariam paradoxalmente sua ins-crição e exclusão do momento histórico no qual viveu. Esse trabalho é fruto das pesquisas iniciais da dissertação a ser apresentada ao Curso de Mestrado em Letras da UFPA.

O PROBLEMA DAS VANGUARDAS POÉTICAS VI-SUAIS DO SÉCULO XX

Isaac Newton Almeida Ramos (USP/UNEMAT)

A crítica literária brasileira costuma ter uma postura de rejeição quanto ao espírito das vanguardas. Foi assim com a Semana da Arte Moderna e, três décadas depois, com a Exposição Nacional da Arte Concreta. A diferença básica é que a primeira aconteceu apenas em São Paulo e a segunda ocorreu nos dois maiores centros brasileiros. A aceitação da primeira não demorou muito, sobretudo depois que os ânimos radicais da primeira fase modernista diminuíram. O resultado disso é que o moder-nismo se solidificou enquanto movimento. A negação da segunda deu-se em virtude de que em vez de diminuir, os movimentos que se sucede-ram ao concretismo radicalizaram ainda mais a proposta básica. E para completar não envolveu o gênero nobre do século XX: o romance. Con-templou apenas a poesia. As experimentações na execução dos poemas envolveram desde o uso da letra set, da estilização gráfico-matemática, do videopoema, da holopoesia, da poética do pixel até as mais variadas produções de poética visual. Se a poesia simbolista era obscura, difícil e tortuosa, além de ter propagado a poética do feio as poéticas visu-ais transcenderam o objeto livro e, entre outras coisas, trouxeram o poema-livro, o livro-poema e o livro de arte.

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PATRÔNIO E LUCANOR: PERSONAGENS DE UM DIÁLOGO INFINITO

Isadora Desterro e S. Xavier (UEA)

O presente trabalho tem por objetivo analisar o diálogo dos personagens Patrônio e Lucanor no livro, El Conde Lucanor, de Don Juan Manuel. O texto será construído a partir da relação dialogal desses personagens, com a finalidade de explicá-la de três formas: Primeiramente, relacio-nando-a com a época histórica, destacando a relação senhor-vassalo, presente na Idade Média. Em seguida, analisar o jogo que faz o autor para construir diálogos entrelaçados, compostos apenas pela história que conta o Conde e pelas intervenções morais de seu conselheiro Pa-trônio, fazendo, assim, um texto cíclico e infinito. Por último, mostrar como são estabelecidas as formas de diálogo em El Conde Lucanor no plano do discurso.

COMUNIDADES INTERPRETATIVAS DE AUTO-RES E LEITORES DE BLOGS LITERÁRIOS

Jéssica de Souza Carneiro (UFPA)

Neste artigo vamos discutir o conceito de comunidades interpretativas à luz dos estudos de recepção tendo em vista o grupo específico de autores e leitores de blogs literários enquanto audiência de um produto de mídia determinado. Para aquém de uma discussão mais ampla sobre o fato de os blogs virem a ser ou não um novo gênero literário, vamos nos concentrar na compreensão desse espaço como propício à manifes-tação de um discurso escritural e que, por isso, pressupõe um processo receptivo marcado por uma pluralidade de estruturas de sentido essen-cialmente mediadas. A partir da análise de textos encontrados em blogs que se propõem de crítica literária, como o “Liberal, libertário e liberti-no” e o “Todo Prosa”, pretendemos mostrar que, nessa curta tradição

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textual à qual pertencem, os blogs, desde o contexto de seu surgimento até então, estão no cerne de um processo de produção, recepção e interpretação, baseado numa relação dinâmica entre autor, leitor e obra.

TESSITURAS POLÍTICAS E MIOPIA: MELANCO-LIA E FAVOR NUM DIÁLOGO MÍTICO

João Paulo Bandeira de Souza (UECE)

Um olhar sobre o conto, Um Apólogo, de Machado de Assis, publicado na Gazeta de Notícias em março 1885, a partir da teoria do imaginário de Gilbert Durand, da teoria da complexidade de Edgar Morin, e de pen-sadores da cultura política brasileira. (DA MATTA, RIBEIRO, HOLLANDA, FAORO). Realizamos um estudo de mitocrítica (DURAND: 1989, 1996) no conto Um Apólogo, onde não apenas observamos o fluir do “trajeto antropológico”, dos “mitemas”, “enxames”, “ressonâncias”, “homolo-gias” e “semelhanças semânticas”, como empreendemos também uma “caça aos mitos”, tentando compreender as conexões entre o Favor e a Melancolia na tessitura do fazer político brasileiro. Analisamos as lições dadas, por Machado de Assis, sobre o funcionamento e fundamentos das relações humanas numa cultura política onde a análise das rela-ções da tríade: Origem Fidalga, Grossos Cabedais e Relações Pessoais nos fornecem pistas para que percebamos como criamos e recriamos uma sociedade que tem o Favor como seu “mediador quase universal” (SCHWARZ: 2000). Com a agilidade dos galgos de Diana, vamos – por intermédio dos dedos da costureira e da melancolia do professor - da sala de costura ao silencioso e barulhento, violento e glamouroso, con-ciliatório e contraditório, mundo social brasileiro, tão bem pintado nesse intenso diálogo mítico.

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HOWARDS END E A TRADUÇÃO DE PERSONA-GENS PARA O CINEMA

José Ailson Lemos de Souza (UFC)Carlos Augusto Viana da Silva (UFC)

Em Howards End (1910), E. M. Forster levanta a discussão sobre a identidade inglesa, e para abordar tal questão, recorre à construção de duas personagens de ascendência germânica, as irmãs Schlegel. É a partir da figura dessas irmãs que Forster trata de temas como a posição da mulher na sociedade inglesa, sua função intelectual, a partir da pers-pectiva feminista, e da homossexualidade no contexto de redimensiona-mentos sociais ocorridos no início do século XX. Este trabalho tem como proposta analisar a tradução destas personagens por James Ivory, no filme Retorno a Howards End (1992). Com este objetivo, partiremos de algumas considerações sobre aspectos intersemióticos entre literatura e cinema, tendo por base a teoria da tradução intersemiótica de Plaza, os estudos da adaptação de Catrysse, e o conceito de reescritura de Lefevere.

SOBRE O VENDEDOR DE PASSADOS DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

José Hildo de Oliveira Filho (UFAM)

O Vendedor de Passados de José Eduardo Agualusa apresenta uma pers-pectiva ficcional a respeito da construção do nacionalismo, da memória e identidade angolanos. Nossa análise está centrada nas personagens deste romance, nas suas construções, em seus confrontos, trajetó-rias e em como estas personagens são representadas no contexto de constituição da nação angolana. Para uma análise mais aprofundada do romance e da relação das personagens com seus passados, utilizaremos as teses sobre história de Walter Benjamin.

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LITERATURA, LINGUÍSTICA, SEMIÓTICA: ENUNCIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO TEXTO LITERÁRIO

José Luís Fiorin (USP)

As teorias do discurso precisam explicitar não só as questões relativas ao enunciado, mas também a problemática da enunciação, ou seja, a discursivização da língua e as condições de produção do discurso. Este curso tem o objetivo de estudar o problema da enunciação na constru-ção do texto literário, analisando os sentidos criados com as projeções da enunciação no enunciado (actorialização, espacialização e temporali-zação) e a semantização (tematização e figurativização) das categorias de pessoa, de espaço e de tempo.

LITERATURA E OUTRAS PRODUÇÕES: AMPLIA-ÇÃO DAS FRONTEIRAS CULTURAIS NA ESCOLA

Juracy Saraiva (FEEVALE-RS)

O minicurso propõe atividades de leitura e de escrita que transitam da literatura oral para o universo da produção artística. Parte do princí-pio de que o aproveitamento da bagagem cultural de alunos - quadras, trava-línguas, adivinhas, narrativas folclóricas – pode se constituir em rica troca de experiências entre eles e os professores. Esses produtos da oralidade cativam o leitor e valorizam seus saberes, enquanto, para-lelamente, abrem espaço para o estabelecimento de amplas correlações que abarcam textos de natureza estética, entre os quais os expressos por meio da palavra e da imagem. Resulta, dessa convergência, a possi-bilidade da instauração de um diálogo inovador entre professor e aluno – o qual consolida o reconhecimento da importância da leitura no Ensino Fundamental –, e a ampliação das fronteiras culturais dos atores em interação.

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A ESTRUTURA FAMILIAR DENTRO DAS OBRAS: O CORTIÇO, O ATENEU, QUINCAS BORBA E RE-CORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAIAS CAMINHA

Juliana da Silva Morais (UFRR/PET-Letras)Vanéssia Pereira Noronha (UFRR/PET-Letras)

É proeminente abordar sobre o modo pelos quais as relações familiares são estruturadas em determinado lugar e época. Para esse estudo é necessário entendermos o termo estrutura familiar. A família é uma ins-tituição antiga, suas origens ultrapassam a história, por isso, observá--la em determinada época e lugar não é uma tarefa fácil, pois, antes de tudo, devemos entender a importância dela para o meio social em diferentes momentos históricos. Para a compreensão dessa instituição trataremos da mesma, especificamente a nuclear, por se tratar da so-ciedade industrializada, pois reflete o século XIX, época em que ocorrem os fatos das obras: O cortiço, O Ateneu, Quincas Borba e Recordações do escrivão Isaias Caminha. Observaremos como as funções econômica, sexual, reprodutiva e educacional são retratadas nas obras citadas. Es-sas funções serão analisadas segundo o conceito que temos da família nuclear na sociedade burguesa.

REELABORAÇÕES DO MAL NA FICÇÃO AMAZO-NENSE: HISTÓRIAS DE SUBMUNDO

Juliana Maria Silva de Sá (UEA/FAPEAM)

Na reunião dos doze contos que compõem a publicação inaugural de Arthur Engrácio nas letras brasileiras permanece um mesmo mote que, servindo de elo entre as estórias narradas, concentra-se na represen-tação do horror na perspectiva do mal que os homens infligem entre si, e nos indicadores humanos da monstruosidade imaterial que repousam sobre seus personagens. À imagem do que se constituiu a prosa de

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ficção amazonense em meados do século XX, Histórias de Submundo (1960) evidencia o comportamento monstruoso do homem interiorano ora em contraste, ora em diálogo com os elementos naturais da selva amazônica, historicamente mitificados como promotores do mal em re-lação ao agente humano. Consideradas as especificidades da literatura de produção amazonense, na forma dos mecanismos empreendidos pelo autor na deflagração do mal humano, a narrativa engraciana assume seu discurso de resistência e protesto mantido em diálogo com a tradição de representação do mal da literatura ocidental. Insurgente e combativo, como se percebe em “A revolta”, Engrácio confere dramaticidade ao conto ao narrar a saga de um grupo de caboclos que, empenhados na missão de reaver honra e direitos, somam esforços na reação criminosa contra a relação de exploração à qual eram submetidos na floresta.

RESISTÊNCIA, REPRESSÃO E SUAS CONSE-QÜÊNCIAS PSÍQUICAS PRESENTES NAS OBRAS A SEMENTE E EM CÂMARA LENTA

Juline Ribeiro Silva (UFPA-Pibic)Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA)

A partir do contexto sócio-político de ditadura governamental em que os enredos da peça teatral “A Semente”, de Gianfrancesco Guarnieri, e do romance “Em Câmara Lenta”, de Renato Tapajós, estão inseridos, o presente estudo objetiva mapear em tais obras duas características pe-culiares a esse período: a repressão por parte do Estado e a resistência por parte dos movimentos esquerdistas dos operários e dos guerrilhei-ros. Bem como evidenciar em tais obras alguns aspectos que norteiam o fenômeno do trauma, tais como a memória amnésica, a fragmentação do ego, a não superação das perdas e o estado de desalento do sujeito traumatizado.

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A DESCRIÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA NA LI-TERATURA MODERNA

Kalhianne Drielli Alves Ferreira(UFRR/Pibid)Suênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR/Pibid)

Ao longo dos séculos o Brasil foi influenciado por costumes estrangeiros. Desta forma, a originalidade de nossa cultura não teve espaço para sua difusão. E como existem fortes relações entre a criação literária e a vida social, como ressaltou Goldmann (1991, p.71): “toda sociologia do espírito admite a influência da vida social sobre a criação literária,” deste modo, todo esse processo de influxo esteve presente na literatura, em romances que não fugiram das descrições de elementos estrangeiros existentes na vida social do País. Um dos períodos literários que confi-gura essa situação de retratar os influxos externos é o período Realis-ta, que, segundo muitos teóricos, é a forma literária que corresponde mais convenientemente às relações sociais, e nesse sentido, também culturais. Mas, para desconstruir todo esse sistema de inclinação aos elementos e costumes estrangeiros, surge o Movimento Modernista, que teve como um de seus principais ideais a valorização da cultura nacional. Segundo Teles (1972, p.165), a contribuição que o Modernis-mo deu à literatura brasileira resumiu-se em dois aspectos: abertura e dinamização dos elementos culturais, incentivando a pesquisa formal da linguagem coloquial e a ampliação dos pequenos e grandes temas da realidade nacional.

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A LITERATURA FANTÁSTICA NO CONTO: “A NINFA DO TEATRO AMAZONAS” DA OBRA A CI-DADE ILHADA DE MILTON HATOUM

Kamila Oliveira de Lima (UFAM)

Ao engendrarmos em um texto estamos, muitas vezes, entrando em um labirinto, no qual somos assaltados pelas múltiplas possibilidades de leitura que um texto pode nos oferecer. Este trabalho busca provar e revelar dentro do conto: “A ninfa do Teatro Amazonas” da obra A cidade ilhada de Milton Hatoum, algumas condições do Fantástico. Objetiva-se, pautado nas teorias do Fantástico Tradicional de Todorov e outras leitu-ras, analisar a presença do fantástico-estranho a partir do julgamento dado ao personagem Álvaro, mostrando que aquilo que se questiona como mitômano, soníloquo, delirium tremens, lembrança e loucura atri-buídos ao personagem, podem ser meios de justificar, ou ainda, reduzir a presença do Fantástico. A pesquisa apresenta relevância, uma vez que aponta para uma leitura singular, buscando uma outra discussão em tor-no do autor analisado, produzindo, assim, uma via de análise que procura o inusitado através da leitura relacionada ao fantástico.

CONCRETEMAS, DE PEDRO H. S. LEÃO: MANI-FESTAÇÕES DA POESIA CONCRETA NO CON-TEXTO DA LITERATURA CEARENSE

Kedma Janaína Freitas Damasceno (UFC)

O concretismo foi um movimento vanguardista bastante significativo para literatura brasileira. Surgido nos anos 50, opôs-se, principalmente, à poesia tradicionalista da Geração de 45, uma vez que rompeu com uso de formas fixas e com a predominância do verso e passou a valorizar a utilização do espaço gráfico-visual, a materialidade fônica e outros artifí-cios que possibilitassem a criação de uma poesia dotada de objetividade

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e o mais distante possível de elementos subjetivos e voltados para emo-ção. Neste trabalho, com base na obra Concretemas, de Pedro Henrique Saraiva Leão, pretende-se apresentar uma pequena amostra de como se deu a atuação da poesia concreta na literatura cearense. Analisando os poemas, percebe-se, por exemplo, que o autor valoriza o espaço em branco da página e trabalha com as palavras dispondo-as de diferentes formas, caracterizando, portanto, o uso de artifícios comuns à poesia concreta. Por outro lado, em alguns poemas, faz uso de uma temática amorosa e se contrapõe à característica concretista de não priorização da subjetividade. Contudo, embora seja inegável a grande influência exer-cida pelos concretistas do Sul, os poetas cearenses apresentam suas peculiaridades quanto à forma de fazer poesia concreta. Por isso é pre-ciso que estejamos atentos a elas para que possamos conhecer melhor as manifestações de nossa literatura regional.

O ESPELHO EM BORGES E OS ORANGOTANGOS ETERNOS, DE LUIS FERNANDO VERISSIMO

Keyla Freires da Silva (UFC)

A trama de Borges e os orangotangos eternos, de Luis Fernando Veris-simo, possui todos os ingredientes de uma novela policial comum: uma vítima, um cenário de crime pleno de pistas, vários suspeitos, uma tes-temunha-chave e uma dupla sedenta por desvendar mistérios. A nossa reflexão sobre esse romance vai além desses fatores e nos leva a pensar outros elementos de sua escrita, como o papel do espelho por exemplo. A referência ao espelho é bastante recorrente na literatura em geral e sua marcante presença nessa obra é responsável pela instabilidade dos fatos, que, por sua vez, causa sempre uma mudança brusca no rumo das investigações e do texto literário. Aliada a isso temos a distribuição de várias informações possivelmente verídicas (correspondentes ao nosso mundo real), o que resulta numa sobreposição de planos da realidade e de enunciações, uma vez que ao lado dessas informações ditas reais,

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estão outras que fazem parte somente da ficção desse romance. Temos como objetivo focalizar nosso olhar sobre o papel que o espelho desem-penha nesse romance, tecendo diálogo com as ideias de alguns filósofos e críticos, como Maurice Blanchot, Roland Barthes, Umberto Eco e Gilles Deleuze, numa perspectiva contemporânea da literatura.

HORTO AL BERTIANO DE INCÊNDIO

Kenedi Santos Azevedo (UFAM)

Este trabalho tem o intuito de fazer uma análise dos poemas de Al Ber-to, destacando a imagem do fogo, na obra Horto de Incêndio, 1997, último trabalho do poeta português; já que, a presença dessa imagem, em alguns poemas, é constante; exemplo disso verifica-se em: vestígio, outros dias, horto, inferno, fantasmas, senhor da asma, incêndio, e ou-tros; não apenas como a palavra em si – fogo -, mas também conforme campos semânticos afins, como o seguinte grupo de termos: incêndio, sarça, inferno, fósforo, cigarro, arder, acende, pólvora, labareda, quei-mada, febre, cinza, ligando todo o significado e a simbologia da palavra para um só sentido: a do renascimento e regeneração, da dualidade, destruição/renovação. Também, apresentar brevemente a vida e a obra ainda pouco conhecida e lida desse que foi um dos grandes nomes da poesia pós-moderna.

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS ANTERIORES NO PORTUGUÊS FALADO EM BORBA

Ketlen Gomes Nascimento (UFAM)

Mostrar o movimento alçado das vogais anteriores tônicas em deter-minados contextos fonológicos, recorrentes na fala do borbense. No decorrer deste estudo, estaremos verificando se o fenômeno apresenta

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resquícios do português falado no início da colonização européia, com-provando a tese da ancianidade de nossa língua. Para a recolha dos dados, será feito um estudo descritivo, fundamentado em estudos foné-tico-fonológicos e na metodologia variacionista de Labov.

A DOCÊNCIA DA LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Kevny Soares Porto (UEA)

Essa pesquisa se destina à uma reflexão acerca das práticas literárias em sala de aula no ensino médio, bem como, à uma reflexão permeada na metodologia aplicada aos discentes. Para tanto, foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2009, na Escola Estadual Professor José Bernardino Lindoso, a aplicação da proposta de Rildo Cosson inti-tulada: Letramento Literário cuja metodologia é dividida em duas etapas: a sequência básica e a sequência expandida. Esses dois procedimentos visam à elaboração de aulas mais dinâmicas, além de favorecerem a per-cepção da pluralidade semântica e semiológica que estão contidas nos textos literários. Além disso, na primeira parte do estudo, centrar-nos--emos nas discussões que norteiam o conceito da palavra Literatura.

A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA EM CIRANDA DE PEDRA E AS MENINAS

Karoline Fernandes Teixeira (UEA/FAPEAM)

O anseio de criar laços e comunicar-se parece ser, na contemporaneida-de, um fator importante que o homem encontrou para “resolver” seus problemas e, sobretudo, para retirá-lo de seu estado de desamparo. Assim sendo, pretendemos destacar o importante papel desempenha-do pela narrativa ficcional como resposta ao sujeito de fazer-se ouvir a partir de uma diferença que precisa do outro para se autorizar em sua singularidade. Centraremos a nossa atenção na cena enunciativa da

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escrita literária a partir da noção fratria, ou seja, verificaremos de que modo o sujeito-leitor suscita, por meio da sua subjetividade, mesma a representada na literatura, laços de identificação com o texto ficcional, especificamente com as personagens dos romances analisados: Virgínia (Ciranda de Pedra), Lorena, Lia e Ana Clara (As meninas). As obras ana-lisadas não narram apenas os dramas e as dificuldades de cada prota-gonista, mas também os sonhos, e é nesse ponto que se assemelham. Virgínia, de Ciranda de pedra, sonha em encontrar a si mesma, mas somente o consegue a partir do olhar do outro que a configura como eu. As três personagens de As Meninas somente conseguirão constituir sua subjetividade a partir de reconhecimento de si: Lorena, ao sonhar em viver um amor utópico, busca o seu eu no amor do outro, quando na ver-dade, somente o conseguirá se souber primeiro encontrar a si mesma; Lia e Ana Clara talvez tenham conseguido encontrar-se consigo, pois, apesar de suas ações necessitarem de outros, partem de si; enquanto a primeira quer revolucionar o seu país, a segunda vai em busca de seu crescimento pessoal.

IMAGENS DE ALTERIDADE: A AMAZÔNIA NA ESCRITA DO FREI GASPAR DE CARVAJAL E NO POEMA COBRA NORATO DE RAUL BOPP

Kigenes Simas Ramos ( UFAM)

O presente trabalho analisa comparativamente a escrita do Frei Gaspar de Carvajal e o poema cobra Norato de Raul Bopp. Ambos tratam da Amazônia, mas estão inseridos em momentos históricos específicos e pertencem a gêneros textuais diferentes, contudo, não é no nível dessas diferenças que situamos nossa leitura, o que nos propomos é entender como a alteridade enquanto limite do que pode ser nomeado nos estra-tos discursivos de cada época, problematiza as estratégias discursivas acionadas para dar conta do Outro e sua irredutível opacidade. A Amazô-nia não pode ser vista como um espaço de referência unitário onde esses

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textos se debruçariam, mas sim como um nó de tensões que coloca em evidência a rachadura com a qual temos que lidar quando nos encon-tramos diante da alteridade mais extrema. As estratégias para abarcar esse abismo são diversas, mas ao invés de elencá-las segundo uma hie-rarquia de relevância, tentaremos outra via: cartografar o espaço de dispersão em que elas se exercem.

CORPOS, ESPELHOS, IMAGENS: UMA LEITURA DE DANÇARINOS NA ULTIMA NOITE, DE MIL-TON HATOUM

Larissa Pollari Araújo (UFAM)

O horizonte latente, um jogo intenso de espelhos múltiplos tendo ao fundo uma floresta que oculta o próprio homem. No sempre presente espaço amazônico de Milton Hatoum constroem-se, a partir da sutileza e de elementos encontrados ao longo da narrativa, personagens que movimentam o conto com a mesma sinuosidade dos rios. Dançarinos na última noite traz em seu enredo uma mudança que, em seus mean-dros, revela toda a dualidade que cabe no curto espaço de dois corpos que compartilham uma vida. Com Porfíria, uma empregada doméstica de passado duvidoso, e Miralvo, um homem que se oculta, vemos quantas coisas se escondem num mesmo ser. Com elementos nada gratuitos, o conto se desenrola. O enredo segue e de costas para a floresta vemos as personagens tomarem vida num texto pleno de nuances machadianas. Dançam os corpos unidos e segue a música num curto espaço de tempo guardado na memória que pensam eles ser a vida.

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MÍMESIS-ZERO E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEI-TO FRATURADO

Laíse Helena Barbosa Araújo (PUC-Rio)

Em Mímesis: desafio ao pensamento, Costa Lima, sem aderir à procla-mada morte do sujeito, mostra a fragilidade do mito do sujeito moderno já em seu nascedouro. Como alternativa que se situa entre a concepção solar e sua aniquilação, o teórico propõe uma subjetividade fraturada, trincada pelo desejo como algo que a suplanta sem destruí-la. Inserido em uma cadeia que o ultrapassa, o sujeito é restituído à realidade e a ela se dirige, através de suas representações, em busca de sua própria constituição. Costa Lima, a partir e para além de René Girard e Borch--Jacobsen (psicanalista re-leitor de Freud), inscreve esse movimento de subjetivação em sua teoria da mímesis, lançando, neste livro, as pri-mícias do conceito de mímesis-zero, cujo desenvolvimento posterior é contemporâneo ao grupo de pesquisa de que este trabalho, que visa delinear a primeira configuração de tal conceito, é fruto.

GENJI MONOGATARI – O PATRIMÔNIO DA LITE-RATURA DO JAPÃO

Linda Midori Tsuji Nishikido (UFAM)

“A história de Genji” (Genji Monogatari) é um romance considerado pa-trimônio da literatura do Japão, pois tem seu registro no início do século XI, no período denominado Heian. Foi escrito por uma mulher de nome Murasaki Shikibu, numa época em que exercer a arte literária era privi-légio dos homens. Muitos estudiosos classificam esta obra como sendo o primeiro romance do mundo em termos de extensão, tendo em vista que o seu enredo distribui-se em 54 capítulos. Desta forma, a viagem a um passado tão longínquo através do estudo deste romance, bem como da autora, possibilitam uma aproximação a um mundo literário que,

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apesar de distante no tempo e no espaço, mostra-se tão semelhante ao nosso, na medida em que se constitui também um valioso testemunho da história do Japão.

ANALISE HISTÓRICO–LITERÁRIA DO POEMA ÁPORO, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Lissandra de Freitas Brandão (UFAM)

Este trabalho tem por objetivo analisar o poema Áporo, do livro A Rosa do Povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade, sob o ponto de vista histórico e literário. Na década de quarenta, época em que o poema foi publicado, o Brasil vivia os horrores da Ditadura Militar de Getúlio Var-gas e a criação do Estado Novo afligindo toda a população brasileira com a censura em que as liberdades individuais eram ignoradas em função de interesses políticos, levando a população a situações dramáticas. As metáforas da Ditadura Militar e a alegoria das idéias de transformação desse momento histórico-político aparecem em oposição no poema men-cionado.

IMAGINÁRIO AMAZÔNICO NA MÚSICA MONO-TEMATICIDADE FLORESTÂNICA, DE AARÃO PRADO-ACRE

Luciana Marino do Nascimento (UFAC)

Algumas imagens cunhadas pela iconografia e pelos relatos de viajantes tornaram-se tão perenes, que, muitas vezes, forma tomadas como uma única identidade e como juízo de valor sobre uma determinada região ou um povo. Assim o foi com a Amazônia, que cercada de imagens dis-

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torcidas por tais registros, foi vista como o “país da cocanha” ; terra da abundância; “ inferno verde”; “paraíso perdido”. Tais imagens ainda vigoram quando se tratam das mais diversas representações sobre a Amazônia, co m sua floresta e seus animais, mais notadamente a onça e a arara. Pretende-se mostrar nesta comunicação que para além des-se discurso hegemônico, outros discursos convivem no interior dessa mesma sociedade, nos mostrando que não só de imagens da floresta ou da onça vive a Amazônia, mas também do questionamento dessas imagens, como é caso da canção “Monotematicidade florestânica”, do músico acreano Aarão Prado.

EROS E TÂNATOS: POSSÍVEIS CONJUNÇÕES E DISJUNÇÕES NA TRANSMUTAÇÃO FÍLMICA DO CONTO “AS FORMIGAS” DE LYGIA FAGUN-DES TELLES SOB UM ENFOQUE INTERSEMIÓ-TICO

Luciene Oliveira Vieira (UFC)

O presente artigo tem como objetivo uma breve análise das disjunções e conjunções presentes na transmutação fílmica do conto “As Formigas”, de Lygia Fagundes Telles. O conto faz parte do livro Mistérios, antologia de contos que pertencem ao gênero Fantástico, foi transmutado em 2004 em curta-metragem pela cineasta cearense Verônica Guedes. A abordagem escolhida para essa análise será guiada à luz dos conceitos da semiótica greimasiana e pelas abordagens dos temas, de pulsão de vida e morte — Eros e Tânatos — tratados na psicanálise freudiana.

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HISTÓRIA DA LITERATURA ANGOLANA: DE 1845 A 1957

Luiz Guilherme Melo (UFAM)

No presente artigo pretende-se demonstrar a história da Literatura An-golana de expressão portuguesa, empregando como fundamentação o livro A Sociedade Angolana Através da Literatura, de Fernando Mourão, que a relaciona ao processo de colonização e a apresenta nas seguintes fases, das quais se discutirá as quatro iniciais: a primeira, a partir de 1845, com a publicação do Boletim Oficial; a segunda, começada em 1896, com a criação da Associação Literária Angolana; a terceira, cujo marco é 1912, com o começo da administração do general português Norton de Matos em Angola; a quarta, em 1948, com o surgimento do Movimento Vamos Descobrir Angola; e a quinta, desde 1957, com o Movimento dos intelectuais da Casa dos Estudantes do Império, es-tendendo-se até a década de setenta. Nas quatro primeiras fases, de 1845 a 1957, propõe-se ainda analisar o surgimento da mencionada literatura, seguido da tentativa de silenciá-la e a resistência decorrente da organização dos escritores e de sua divulgação fora de Angola.

STAR WARS: BREVE ANÁLISE ENTRE CINEMA, MITO, LITERATURA E HISTÓRIA

Luiz Henrique Barreto de Moura Costa (UNISUL)

O artigo objetiva breve análise de temas, modelos e arquétipos explora-dos na obra STAR WARS, de 1977, do cineasta George Lucas. Utilizar--se-ão os conceitos contidos na obra “O Poder do Mito”, de 1985, de Joseph Campbell. Através da relação entre as criações de Lucas e Camp-bell, mostrar-se-á como, nos filmes STAR WARS, a mitologia foi introdu-zida intencionalmente, de forma a contextualizar o roteiro do filme com a época de sua produção, refletindo, portanto, o mundo real como cenário

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histórico mitologizado de uma história de aventura ficcional. Implica-se, a partir da visão de Campbell, uma análise mitológica da sociedade moder-na comparada à ficção das telas: as relações de poder das personagens e suas ideias. Historicamente, tais conceitos são de natureza atempo-ral, acolhem temas universais que, com sutis diferenças provenientes das singularidades existentes nas várias culturas do mundo, refletem a riqueza de um imaginário coletivo. O mito, desde tempos imemoriais, exerce poder nos aspectos mais simples do cotidiano dos povos, seja no catolicismo romano, seja nos rituais dos índios americanos. Lucas, com STAR WARS, esboça no cinema questões pertinentes à humanidade que geram confiança e familiaridade no público; e este não percebe que seu fascínio provem do poder do mito.

LITERATURA E ARTES VISUAIS: NEO-REALIS-MO PORTUGUÊS NAS ARTES VISUAIS E SUA INTERFACE COM A LITERATURA

Luciane Páscoa (UEA)

O movimento Neo-realista em Portugal surgiu na década de 1940, po-tencializado pelos eventos relativos à II Guerra Mundial. Possuiu unidade estética na literatura e nas artes visuais, marcando a terceira geração do modernismo no país. As atividades de resistência ao regime ditato-rial português vigente tiveram grande afinidade com o Neo-realismo. Este movimento despontou primeiramente no âmbito teórico a partir de 1935, quando começou um debate ideológico sobre a concepção de uma nova arte social e humanista em revistas literárias tais como Gládio, Vér-tice e Seara Nova. A partir de 1945, o movimento ganhou maior adesão e passou a ter maior repercussão, pois os artistas e intelectuais cultiva-vam como mais alto desejo a aproximação da arte com o grande público. As experiências pessoais e poéticas destes artistas foram estimuladas por uma visão crítica do materialismo histórico, cuja postura era de en-gajamento com os problemas sociais de seu tempo. Dentre os expoentes

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do gênero estão os pintores Júlio Pomar e Marcelino Vespeira, os escri-tores, Alves Redol e Fernando Namora, que dialogaram frequentemente com artistas e tendências de diversos países como os muralistas latinos Orozco, Rivera e Siqueiros, os romancistas brasileiros Graciliano Ramos e Jorge Amado, ou o pintor brasileiro Cândido Portinari.

ENTRE LITERATOS, GRAMÁTICOS E RETÓRI-COS: A INSTITVTIO ORATORIA COMO TEORIZA-ÇÃO DA LINGUAGEM

Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP)

Repensando as relações possíveis entre as visões moderna e antiga – se existente, esta – do que seria o texto “literário”, bem como aquelas modernamente estabelecidas entre gramática e literatura, o minicurso se propõe, focalizando a obra de Quintiliano (séc. I d.C.), observar como estão nela representadas as antigas disciplinas da palavra (gramática e retórica) como instâncias teorizadoras do discurso/da linguagem (ou, ao menos, de certos usos desta) na Antiguidade clássica e sua leitura posterior.

A LITERATURA MÍSTICA CRISTÃ DO SÉC. IV – APONTAMENTOS PARA UM ESTUDO INICIAL

Macário Lopes de Carvalho Júnior (UFAM)

Este trabalho tem o objetivo inicial de lançar um olhar panorâmico sobre os escritos da mística cristã do séc. IV. A religiosidade mística é a busca pela transcendência, pelas verdades espirituais inacessíveis ao intelec-to, através da experiência pessoal. Ela aparece desde muito cedo na literatura cristã. E o século IV, momento importante de transformações religiosas, sociais e políticas, é prolífico no desenvolvimento de tal tradi-

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ção religiosa. Assim sendo, pretendo fazer um breve panorama sobre os escritores místicos do século IV, destacando aqueles em cujos escritos aparece a temática da união mística, da transcendência da experiência pessoal. Diversos eram os caminhos para alcançar tais experiências: a oração, o jejum, a contemplação e a meditação aparecem nesta literatu-ra, geralmente como relatos pessoais dos autores, ou como instruções aos que aspiravam a elas. Assim sendo, os autores enfocados inicialmen-te serão Agostinho de Hipona, Macário o Egípcio, Gregório de Nazianzo e João Cassiano. A partir deste estudo, espero lançar bases para um futu-ro aprofundamento nas questões da experiência mística nesse período.

LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA POR-TUGUESA

Mário César Lugarinho (USP/CNPq)

Considerando a Lei Federal nº 10.639/2003, que introduz o ensino de cultura africana e afro-brasileira no currículo do ensino médio e das li-cenciaturas, o mini-curso será de importância ímpar à formação do es-tudante de Letras e de outras áreas afins cuja formação não prevê tal conteúdo, apresentando-lhes a cultura e a literatura dos Palops.

LITERATURA E MITOLOGIA: PRESENÇA DE FAUSTO NA LITERATURA BRASILEIRA

Marcos Frederico Kruger (UFAM/UEA)

O mito alemão de Fausto. O Fausto de Goethe. O Fausto de Thomas Mann. A recriação de Lima Barreto. O Fausto em Guimarães Rosa.

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A FLORESTA CIFRADA DE SIGNOS EM COBRA NORATO

Marcos Vinícius Scheffel (UFAM/UFSC/FAPEAM)

Cobra Norato, publicado em 1930, é um dos livros mais significativos do primeiro Período do Modernismo Brasileiro (1922-1930). O poema composto de 33 cantos relata a viagem mágica do eu lírico na pele de uma cobra pela floresta Amazônica. Seu autor, o gaúcho e cidadão do mundo Raul Bopp, construiu o livro a partir de experiência de viagem pela Amazônia e agregou ao poema características típicas do Moder-nismo daquele período, principalmente as idéias ligadas ao primitivismo dos Manifestos Pau-Brasil e Antropófago. O presente trabalho pretende rastrear algumas influências de livros do folclore da Amazônia e da expe-riência “viajeira” de Raul Bopp na construção deste importante marco da poesia brasileira, procurando dimensionar a nova perspectiva adotada pelo autor para representar a floresta segundo as convenções Moder-nas. Desta forma, pretendo surpreender, no plano formal e expressivo, o uso de técnicas ligadas à Poesia Futurista na representação do espaço da Floresta.

REVISITANDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE BELÉM DO INÍCIO DO SÉCULO XX: UMA LEI-TURA DAS CRÔNICAS DE DE CAMPOS RIBEIRO

Maria das Neves Rocha de Castro (UFPA/CAPES)

A narrativa é entendida como uma forma de representação da reali-dade em seus vários aspectos, principalmente, sócio- culturais. Em se tratando do livro Gostosa Belém de outrora (1966), é possível se esta-belecer essa relação, tendo em vista, no contexto da obra, escrita pelo literato José Sampaio de Campos Ribeiro (1901-1980), a presença de uma vasta descrição das principais manifestações culturais ocorridas

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na capital paraense dos primeiros decênios do século XX ,que sob o viés memorialístico do cronista, são reconstituídas em forma de crônicas. Dessa forma, o presente trabalho objetiva traçar o panorama cultural de Belém a partir da leitura das crônicas “Mastros votivos de outrora” e” Oh! Noites de junho antigo”, embasando-se no escopo teórico proposto por Jacques Le GOFF (2003) acerca da memória enquanto fenômeno ligado à vida social.

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS POSTERIORES TÔ-NICAS DO PORTUGUÊS FALADO EM BORBA

Maria Sandra campos (UFAM)

Será apresentada a variante regional, provocada pelo alçamento das vogais posteriores tônicas, observada na fala dos habitantes de Borba. O falar do borbense, principalmente daqueles que habitam o vale da região, apresenta traços bastante peculiares e, igualmente, intrigantes em vá-rios níveis da gramática. O referido estudo foi resguardado teoricamente pelos pressupostos lingüísticos e sociolinguísticos, e, desta forma, sus-tenta-se, teórico-metodologicamente, em estudos fonético-fonológicos anteriores e em análise qualitativa e quantitativa dos dados (esta, em termos percentuais), de modo a considerar tantos aspectos estruturais quanto sociais na descrição do fenômeno em pauta. Seguindo os procedi-mentos ditados pela sociolinguística, constituímos um corpus que contou com dados extraídos da fala de vinte e quatro informantes, alocados em quatro grupos representativos das localidades compreendidas em todo o vale do rio Madeira. Na análise dos dados, buscou-se desvelar os fatores lingüísticos e sociais favorecedores da ocorrência do alçamento. Os resultados encontrados mostram que o fenômeno: (1) é bastante recorrente na região em investigação e se configura ao longo do rio Madeira; (2) é mais produtivo na fala de pessoas idosas, iletradas e do gênero masculino.

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PALAVRAS DE MEL: O ESTATUTO DOS DISCUR-SOS RETÓRICOS E FILOSÓFICOS NO FEDRO DE PLATÃO

Maria do Socorro da Silva Jatobá (UFAM)

O Fedro pode ser considerado como um dos mais belos diálogos de Platão. Perfeito tanto do ponto de vista literário (forma dialogal) quanto do ponto de vista filosófico, alia forma e conteúdo de modo a estabelecer um vínculo entre o conteúdo problematizado e discutido (a linguagem, a beleza, a escrita e a oralidade) e a natureza dos discursos proferidos e examinados. Diálogo que estabelece uma cisão entre os estudiosos e especialistas de Platão, os esotéricos e os exotéricos, o Fedro dis-tingue e precisa a natureza dos discursos retóricos e filosóficos a fim de estabelecer o alcance e os limites da linguagem e suas implicações tanto sobre a alma do falante quanto do ouvinte e ou do possível leitor. Examinar e precisar as definições platônicas que envolvem e configuram os dois discursos é o objetivo do presente trabalho. Para tanto, exami-naremos o que Sócrates define como “as palavras de mel”quando se re-porta ao discurso de Lísias, aí considerado como um belo representante do discurso retórico, e as condições exigidas de um discurso filosófico em contraposição e oposição direta ao discurso retórico. Dessa forma, acreditamos ser possível refletir sobre o significado do recurso a Eros e as narrativas míticas que intercalam as discussões filosóficas e a crítica feita à retórica.

OLHARES PARA AS OBRAS DE PEREIRA DA SIL-VA, ASTRID CABRAL E MILTON HATOUM

Maria Sebastiana de Morais Guedes (UFAM)

Nessa sessão coordenada serão apresentados três estudos: o primeiro, A estrutura de Poemas amazônicos, de Pereira da Silva, analisado por

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Maria Sebastiana de Morais Guedes, sobre a construção do olhar de fora para a Amazônia e os mitos amazônicos em sua relação com os mitos universais; o segundo, Trajetória lírica de Astrid Cabral, analisado por Carlos Antonio Magalhães Guedelha, mapeando os fios condutores de sua trajetória lírica, do primeiro ao último livro de poesia (uma deze-na); e o terceiro, O Norte impossível: a busca da identidade nos roman-ces de Milton Hatoum, analisado por Victor Leandro da Silva, sobre os processos de construção identitária nos romances de Milton Hatoum. em especial nos narradores, os irmãos Omar e Yakub em Dois Irmãos e Mundo em Cinzas do Norte.

ANÁLISE DAS TRANSMUTAÇÕES EM CLADES-TINA FELICIDADE: CONJUNÇÕES E DISJUN-ÇÕES ENTRE O CURTA-METRAGEM E ALGUNS TEXTOS DE CLARICE LISPECTOR

Maria Elenice Costa Lima (UFC)

O presente trabalho, vinculado à disciplina Estudos Comparados de Narrativa I, tem por objetivo analisar as transmutações realizadas pelo curta-metragem Clandestina Felicidade (1998), dirigido por Beto Normal e Marcelo Gomes, a partir da leitura dos textos “Felicidade Clandesti-na”, “Restos de Carnaval”, “Uma História de tanto amor”, “Banhos de mar” e “Medo da eternidade”, da escritora Clarice Lispector. Tomando por base os estudos realizados por Décio Pignatari, Anna Balogh, Thaïs Flores entre outros, pretende-se analisar as conjunções (semelhanças) e disjunções (diferenças) na tradução inter-semiótica dos textos cla-riceanos para o meio audiovisual, além de comprovar o surgimento de um outro objeto estético que, embora tendo vínculos com o texto de “origem”, possui sua própria autonomia.

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ORPHEU LATO: A IDEALIZAÇÃO DO MODERNIS-MO NAS CARTAS DE SÁ-CARNEIRO A FERNAN-DO PESSOA

Mariana Marques de Oliveira (UEA/FAPEAM)

Este trabalho é fruto de um estudo das cartas de Mário de Sá-Carneiro para Fernando Pessoa, no período de 1912 a 1916. Estudamos suas cartas a partir da edição crítica de Teresa Sobral Cunha. Partindo delas, veremos a importância daquele vate para o contexto político-literário do fim de século em Portugal, e por que não dizer, na Europa. A fim de mapear os pontos de sociabilidade intelectual e literária entre os dois escritores, focamos em três temas, a saber: as nuances do sen-timento finissecular, as relações de sociabilidade expostas, construção da poesia de Sá-Carneiro e, por conseguinte, a poesia modernista de Orpheu. Versando este último tema, também serão discutidos poemas sa-carneirianos publicados na revista e que foram aludidos nas cartas.

CARTAS DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO A FER-NANDO PESSOA: RELAÇÃO DE SOCIABILIDADE PARA A CONSTRUÇÃO DO MODERNISMO DE ORPHEU

Mariana Marques de Oliveira (UEA/FAPEAM)

Este trabalho é fruto do estudo das cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, no período de 1912 a 1916. Estudamos suas cartas a partir da edição crítica de Teresa Sobral Cunha. Partindo delas, veremos a importância daquele vate para o contexto político-literário do fim de século em Portugal, e por que não dizer, na Europa. A fim de mapear os pontos de sociabilidade intelectual e literária entre os dois escritores, focamos em três temas, a saber: a) as nuances do sentimento finissecu-lar; b) as relações de sociabilidade expostas; c) construção da poesia de

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Sá-Carneiro e, por conseguinte, a poesia modernista de Orpheu. Versan-do este último tema, também serão discutidos poemas sa-carneirianos publicados na revista e que foram aludidos nas cartas.

LETRA E VERDADE NAS CONFISSÕES DE SAN-TO AGOSTINHO

Marilina Conceição Oliveira Bessa Serra Pinto (UFAM)

Escrita no período de consolidação da identidade filosófica medieval, a obra “Confissões” de Santo Agostinho comporta um sentido polifônico que permite apreciá-la sob vários aspectos: é doutrinária na afirmação da fé, autobiográfica em sua atitude confessional, original na exegese, mística na construção das provas ontológicas da existência de Deus. Este trabalho pretende demonstrar o tratamento literário dado a temas e questões de interesse filosófico, a começar, na primeira parte, pelo testemunho da experiência de vida do autor, característica que confere à obra o mérito de ter sido o primeiro registro autobiográfico na história da filosofia, enquanto que na segunda e última parte observamos a expo-sição de suas teses filosóficas como síntese do pensamento tardo-antigo e das idéias religiosas da época. Marcada por fartas citações bíblicas, a obra, ao mesmo tempo em que responde a questões filosóficas clássicas consegue transportar seus leitores para o universo imaginário cristão.

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IMAGEM, PALAVRA E SEDUÇÃO: O EROTISMO NA E DA PALAVRA EM POESIAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Marinei Almeida (UNEMAT)

Pensar a imagem como o cerne fulcral da palavra poética, levando em consideração que este elemento, a imagem, “faz com que as palavras percam a sua mobilidade e intermutabilidade” (PAZ, 2003, p. 48) e nos conduz a pensar a linguagem poética como o “próprio lugar da sedução” (Moisés-Perrone: 1990, p. 13), logo uma teia pegajosa em que poe-ta e palavra se debatem prazerosamente ou arduamente ao ponto de tal embate resultar no ato de transcendência da simples materialidade lingüística. Desse jogo de sedução entre linguagem e poeta por vezes comparece o elemento do erotismo que desde a atinguidade clássica foi motivo de várias reflexões. Elemento que exerce um jogo dialético entre o sujeito poeta e linguagem, resultando na fruição capaz de reve-lar o mundo das palavras e agir sobre ele. Diante destas considerações propomos nesta comunicação a leitura de alguns poemas da Literatura Brasileira, delimitando-nos na escolha de alguns poemas do brasileiro Manoel de Barros em diálogo com poetas da Literatura Africana na esco-lha de algumas produções poéticas de Paula Tavares (Angola), Eduardo White (Moçambique). O Objetivo dessa leitura é refletir sobre a relação do erotismo na e da palavra poética por meio da rede de imagens em que a linguagem funciona como lugar de desconstrução e reconstrução capaz de seduzir criador, leitor e universo (re)criado.

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PÓS-COLONIALISMO E IDENTIDADE EM DOIS ROMANCES AFRICANOS

Mary Ellen Rivera Cacheado (UFAM)

As décadas de 60, 70 e 80 do século passado foram marcadas por processos de independência em todo o continente africano. As lutas e os conflitos do período pós-independência são temas centrais nos roman-ces “Meio Sol Amarelo” 2006 da nigeriana Chimamanda Adichie e “Bom Dia, Camaradas” 2001 do angolano Ondjaki. Ambas as estórias são nar-radas por crianças africanas, que representam suas nações novas e que decidiram contar uma parte da História de seus países, ilustradas por estórias pessoais, algumas alegres e outras tristes, algumas verídicas e outras ficcionalizadas, mas todas com muita verdade emocional e dando voz ao próprio povo africano. Tanto no romance nigeriano quanto no angolano, há a desconstrução de vários conceitos ocidentais, o que gera um olhar diferente dessas crianças sobre quem elas são e como elas compreendem as guerras e os conflitos ao redor delas. Como filhos que questionam seus pais, os dois romances pós-coloniais questionam con-ceitos e posições européias para a criação de suas próprias identidades.

O INFERNO VERDE AMAZÔNICO DE ALBERTO RANGEL

Mateus Epifânio Marques (UEA-CEST)Cláudia Regina Ferreira Santos (UEA-CEST)

Este trabalho analisa a partir da perspectiva histórica a obra literária Inferno Verde: cenas e cenários do Amazonas, do cronista, contista e historiador pernambucano Alberto Rangel. O livro Inferno Verde publi-cado em 1909 com prefácio de Euclides da Cunha e ambientado no final do século XIX, é uma obra composta por onze contos, que em muitos

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momentos parecem cenas de um grande espetáculo teatral; os cenários são os rios, os lagos, os seringueiros e alguns bairros de Manaus; os personagens são os homens, as mulheres nascidos ou naturalizados e a floresta. Assim, procurou-se verificar nesta obra como a Amazônia foi representada, especialmente o Amazonas, observando o espaço social, econômico e cultural de uma época tão rica e próspera, bem como os sujeitos representados na literatura. E desta maneira, compreender a importantíssima relação entre a história e a literatura na obra de Alber-to Rangel.

INVESTIGAÇÃO SOBRE A MORTE DE ALBER-TO CAEIRO FERNANDO PESSOA, NIETZSCHE, FREUD E ALEISTER CROWLEY

Mauricio Matos (FAPEAM-CNPq/UEA)

Ao que tudo indica, (quase) nada na criação poética pessoana fez-se por acaso ou sem uma (ao menos para ele-mesmo) justificável raciona-lidade, sobretudo no que concerne aos destinos de seus heterônimos. Se Fernando Pessoa “exilou” Ricardo Reis no Rio de Janeiro por moti-vos políticos facilmente justificáveis, igualmente terá “assassinado” por tuberculose Alberto Caeiro por razões que jamais foram investigadas a fundo. Através das interfaces que se podem estabelecer entre Pes-soa (o ortônimo) e seus contemporâneos Nietzsche, Freud e Crowley, a presente palestra pretende compreender os motivos que – dentro de sua economia poética – levaram Fernando Pessoa à morte do “mestre” Alberto Caeiro.

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A ESPERANÇA EM A FLOR E A NÁUSEA, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Mayara Miranda de Sena (UFAM)

Neste trabalho analisa-se histórica e literariamente o poema A flor e a náusea, de A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, levando em conta que, nas seis primeiras estrofes, o poeta expressa ódio e nojo da injustiça pela qual o mundo passa na década de quarenta; e que, nas três últimas estrofes, o poeta mostra o surgimento de algo novo e sur-preendente: uma flor desabrochando no asfalto, num local que não pos-sui as condições adequadas para seu nascimento. Por isso, ela é frágil, desbotada, suas pétalas ainda não abriram, e é feia. Mesmo assim, a flor fura o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio que predominam naquele tempo. Então, essa flor simboliza o despertar da esperança de transformação da repressão política no Brasil e na Europa. Partindo dessa idéia, analisa-se o poema A flor e a náusea nas seguintes partes: na primeira, relacionan-do a indignação do poeta com o momento histórico da ditadura Vargas no Brasil e com a Segunda Grande Guerra; na segunda parte, fazendo a analogia do nascimento da flor com o encontro de uma alternativa para a superação desse conturbado período da história, embora as adversi-dades impeçam essa alternativa de se desenvolver.

EROS DEGRADADO: DE ESCOLHIDOS E POBRES DIABOS

Mirella Miranda de Brito Silva (UFRR)

Nossa comunicação tem como objeto os contos de Dalton Trevisan em que o enfoque é o que definimos como reificado. Rastrearemos a questão em dois vieses: no âmbito da intimidade – relações familiares, conjugais e eróticas –, e no plano social, de forma mais ampla. É na esfera da inti-midade, da “vida interior” como define Georges Bataille, que se inscreve

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o conto “A noite da paixão”, narrativa que encerra o livro Cemitério de Elefantes, de 1965. Nossa leitura buscará rastrear, a partir de uma pa-norâmica do tema na obra como um todo e na leitura específica do conto “A noite da paixão”, as questões sugeridas pelo erotismo, tema recor-rente de Dalton Trevisan, e que emerge, a nosso ver, como a principal forma de problematização das relações entre as personagens escritor curitibano. É no rastro dessa problemática que se conduz nossa análise, seguindo, sobretudo, a perspectiva adotada por Georges Bataille em seu O erotismo, sobre as categorias interdito e transgressão, que também lançam alguma luz sobre nosso trabalho.

MULHERES CHORADEIRAS: UMA ANÁLISE COMPARADA DO CONTO DE FABIO CASTRO COM O MITO DA MEDUSA E O CANTO DA SE-REIA

Mônica Vieira (UFPA/CAPES)

Esta comunicação pretende abordar o conto Mulheres Choradeiras, de Fabio Castro, presente no livro Terra dos Cabeçudos fazendo uma análise com o mito da Medusa e o canto da sereia. O livro Terra dos Cabeçudos é composto por outros nove contos, sendo estes: “A Rua de Trás”, “O Dia Sem Noite de Um Náufrago”, “Ifigênia, a Mulher de Duas Cores”, “A Ter-ra dos Cabeçudos”, “A Tempestade”, “A Menina-Noiva”, “Rol-de-Roupa e Rum”, “A Sala dos Pássaros Perdidos” e “O Rio Dono da Terra”. Para o presente estudo, fez-se uso da literatura comparada abordando cine-ma, literatura e mitologia, utilizando como forma de investigação alguns excertos do conto de Castro e também trechos do curta homônimo de Jorane Castro, colocando-os em relação de semelhança e aproximação lógica. Neste sentido, o trabalho que escrevo tem como objetivo a com-preensão e estudo de cultura da Amazônia (e de latinoamérica), visando produzir conhecimento qualificado sobre literatura e cinema na Amazônia e suas relações com estratégias artísticas para interpretá-las.

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POR QUE LER, SEMPRE, ASSIM FALOU ZARA-TUSTRA: UM LIVRO PARA TODOS E PARA NIN-GUÉM

Neiza Teixeira (UFAM)

O propósito desta comunicação é apresentar algumas das razões que nos levariam a ler, sempre, Assim falou Zaratustra: um livro para to-dos e para ninguém, de Friedrich Nietzsche, considerada uma das obras de referência tanto do pensamento neitzscheano como do pensamento ocidental. Aqui, enfocaremos as suas ideias principais, a simbologia que nela se expressa e a influência que a mesma exerceu na filosofia, na literatura, no cinema, na música e nas demais artes. Neste Congresso, entendemos que é importante a sua presença, uma vez que o mesmo tem como núcleo a poética e o imaginário, e que, na obra nietzschea-na, os dois conceitos se fundem, mostrando que a filosofia tem muitas formas e meios de expressão, que se imiscuem em âmbitos que dela, em certo momento do seu percurso, foram distanciados. Ao final desta comunicação, teremos reforçado a sua importância, atualidade, lingua-gem poética na qual ela se expressa (Também Zaratustra é um poeta) e a necessidade da sua presença nos nossos debates, principalmente, considerando-se que ela é referencial para o pensamento posmoderno.

SIMULACRO E ALUCINAÇÃO, UMA LEITURA DE A NINFA DO TEATRO AMAZONAS

Nicia Petreceli Zucolo (UFAM/USP)

Escapando do aparente tradicional em sua narrativa, Milton Hatoum em A ninfa do teatro Amazonas, conto de A cidade ilhada (2009), conclama o leitor a uma postura ativa, ao questionamento de sua compreensão: a traição à percepção, o jogo, o engano, à medida de Borges e Machado de Assis, tolda o olhar, embaraçando a percepção. A partir dessas cons-

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tatações, tomam-se como ponto de partida para a análise deste conto questões como a diferença entre representação e mimese; disfarce e arremedo; encenação e falseamento; alienação e ostracismo, noções re-correntes nas ficções de Borges e Machado, autores intertextualizados por Milton no conto em questão.

ROMANCE-FOLHETIM E O ROMANTISMO/REA-LISMO PORTUGUÊS: ENTRE A SOBREVIVÊN-CIA E A ARTE

Patrícia Maria Rodrigues Maravalha (UFRR)Cátia Wankler (UFRR)

O objetivo deste trabalho é apresentar como o gênero Romance-Folhe-tim influenciou a Literatura Universal, em especial a portuguesa, desde seu surgimento na França no início do século XIX com o Romantismo, até a fase do Realismo/Naturalismo na transição para o século XX. O enfoque principal será apontar as semelhanças e diferenças do conteúdo dos folhetins Portugueses nas obras Viagens na minha terra de Almeida Garrett, As pupilas do senhor reitor de Júlio Dinis, A queda dum anjo de Camilo Castelo Branco e Os Maias de Eça de Queiroz, em relação aos franceses, especialmente nas questões relacionadas à (re) construção e estabelecimento da identidade nacional.

OS DILEMAS DO HOMEM MODERNO EM A TEM-PESTADE

Patrícia Soares Lima (UEA)

Sob influência de aspectos histórico-sociais, Shakespeare apresenta o olhar europeu a respeito da chegada do homem ocidental à América. A partir de então se dá a formação de uma nova concepção política,

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econômica e social européia, além da constituição de sua subjetividade. Porém, isto não acontece bruscamente, mas proveniente do entendi-mento do outro com o qual de defronta e das novas terras. Esta ocasião de encontro significa para o colonizador um momento de instabilidade, insegurança e até mesmo saudade. Tais sentimentos são expressos nos dilemas entre os personagens de A tempestade, escrita em 1611, que é o que este trabalho propõe estudar. Foi possível observar que os per-sonagens da obra desenvolvem uma relação dinâmica entre identidade e alteridade, que revelam seus impasses. Dentre estes, foram escolhidos três, devido sua aparência mais evidente e maior recorrência na obra em questão, sendo: dominação e libertação, racionalidade e irracionalidade, civilização e barbárie. Os elementos compositores dos dilemas não se opõem, mas compõem uma relação onde não se pode dizer onde termina um ou começa o outro. São elementos conflitantes, mas que Shakespe-are conseguiu apresentá-los conjuntamente.

AS PALAVRAS E OS SENTIDOS: ASPECTOS SE-MÂNTICOS DA LITERATURA EPISTOLAR DE EPICURO

Pedro Secundino de Souza Maciel (UFAM)

O trabalho pretende destacar a importância da precisão das palavras na investigação da natureza das coisas físicas e humanas, contidas nas epístolas de Epicuro (341-270 a.C.) e preservadas por Diôgenes Laêr-tios, na obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres (Livro X). A leitura atenta das cartas enviadas aos discípulos Herôdotos, Meneceu e Píto-cles mostra como o filósofo valorizava o rigor semântico no seu filosofar. Segundo ele, toda reflexão pressupõe a apreensão das ideias inerentes às palavras, uma vez que são elas que possibilitam o julgamento das opiniões ou conhecimentos investigados. Em suas epistolas, Epicuro exortava os seus amigos e discípulos a terem cuidado com o sentido das palavras, sobretudo com as polissêmicas, que poderiam confundir a

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reflexão e prejudicar o conhecimento, devido ao uso inadequado e impre-ciso das palavras.

A IMAGEM DA RESISTÊNCIA EM TRÊS POEMAS DE A ROSA DO POVO, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Pollyanna Furtado Lima (UFAM)

O movimento modernista de 30 foi marcado por um período de envol-vimento dos intelectuais em assuntos sociais. Neste contexto, Carlos Drummond de Andrade publica Sentimento do Mundo em 1940. Mas é em 1945, com A Rosa do Povo, que o poeta encontra sua afirmação da poesia e do social numa perspectiva mais conciliatória. A relevância de sua obra e a feliz articulação com questões do seu tempo são suficien-tes para justificar estudos no campo literário. Pesquisadores concordam que existem equívocos de alguns críticos, ao medir o valor de A Rosa do Povo em função de critérios estritamente ideológicos. Esta atitude prejudica a justa apreensão da obra literária. Procurando desfazer equí-vocos, Affonso Romano de Sant’ Anna, Vagner Camilo, Antonio Candido empreendem leituras mais afinadas com espírito da obra, explorando os aspectos literários, não se restringindo às ideologias do autor. Buscando dialogar com estes estudiosos, discutirei o tema da resistência e sua manifestação estética em três poemas deste livro. Assim, o que Candido chama de inquietações poéticas e Sant’ Anna de Eu menor que o mundo, chamarei de resistência poética de um autor sobre fortes tensões que o conduzem para a conciliação do social com preocupações da linguagem.

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IMAGENS DECADENTES NA LITERATURA DE ANTÓNIO PATRÍCIO

Priscila Lira (UEA/FAPEAM)

Em meio à grande evolução técnico-científica presente no século XIX, em que as correntes cientificistas e deterministas estavam presentes inclusive na literatura, o pensamento de parte da intelectualidade euro-péia contestava tais correntes. O decadentismo surge em meio a esse contexto, contrariando o que era dito pelos discursos de progresso e transmitindo para a arte os sentimentos de ruína, angústia e solidão resultantes da falta de crença na evolução da humanidade. Nos contos “Diálogo com uma Águia” e “Suze”, de António Patrício, podemos en-contrar características que remetem ao decadentismo. O trabalho tem como objetivo fazer uma leitura crítica dos contos, partindo da produção de um panorama do sentimento crepuscular do fim de século XIX para, posteriormente, buscar as formas com as quais a melancolia finissecular é transposta para os textos.

ROGER CHARTIER E A HISTÓRIA DAS PRÁTI-CAS DE LEITURA

Priscila Souza de Lira (UFPA) Resumo: O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo acerca dos aspectos fundamentais que estão inseridos na história das práticas de leitura. Para isso, será empreendida uma análise do modo como esse tema é exposto por Roger Chartier em sua obra A Ordem dos livros. O objetivo dessa investigação é identificar as práticas de leitura que se ma-nifestaram ao longo da história do livro, tentando mostrar como o autor faz uma análise dos textos e de seus usos, levando em consideração os elementos responsáveis por interferir na leitura e a relevância desses elementos para a elaboração de um novo conceito de Leitura. O estudo dos elementos que estão inseridos dentro do registro da história da lei-tura serve para aludir à uma questão importante que pode ser formulada

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do seguinte modo: qual a tarefa da história das práticas de leitura? Essa pergunta está no cerne da presente discussão e, portanto, deve nortear o presente estudo uma vez que sua resposta é capaz de indicar qual o

objeto de estudo de uma história das práticas de leitura.

AS CARTAS DE ABELARDO E HELOÍSA: ENTRE PAIXÃO E RAZÃO

Pedro Rodolfo Fernandes da Silva (UFAM)

Marcado por orgulho, glória, luxúria, razão e paixão, o romance entre Abelardo e Heloísa foi legado à posteridade pela correspondência dos amantes. Escritas na sequência dos fatos que causaram a vergonha de Abelardo e o sofrimento de Heloísa, tais cartas expressam os impulsos incontidos dos desejos e a força da razão, imperativo do foro moral in-terior. Com relação aos autores das cartas, Abelardo é conhecido por sua perspicácia lógica e ao mesmo tempo em que discorreu sobre o fundamento da fé por meio da razão - fato que lhe rendeu a crítica de muitos de seus contemporâneos – foi identificado como poeta do amor e exaltado por suas qualidades pela amada Heloísa. Esta, cuja beleza e inteligência eram elogiadas por muitos, seria a consorte ideal para um filósofo, não fosse, porém, a recusa de Heloísa em aceitar o casamento por reconhecer que tal vida é indigna de um intelectual. Retrato de uma época, a correspondência de Abelardo e Heloísa parece revelar o para-doxo paixão e razão.

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O EXCEDENTE DE VISÃO EM O DEUS DAS PE-QUENAS COISAS

Rosa Maria Tavares Fonseca (UEA)

O deus das pequenas coisas, da escritora indiana Arundhati Roy nos apresenta um mundo repleto de odores, sonhos, cores, desejos reprimi-dos e punições exemplares. A trama se passa num vilarejo da província de Kerala, na família Kochamma. Mas antes de tudo a história se passa diante dos olhares observadores dos gêmeos bivitelinos, Rahel e Estha, duas crianças que crêem que são uma só. A morte de Sophie Moll é o marco de mudanças radicais na vida dos gêmeos. Nesse dia perdem brutalmente a prima londrina, a mãe e a figura paterna representada por Velutha. A obra dá destaque a duas crianças e suas impressões sobre o mundo. Estha e Rahel são sujeitos que sabem do outro o que este não pode saber de si mesmo, ao mesmo tempo que dependem do outro para saber o que não podem de si. É a relação dos eus entre si que faz nascer o sentido. O autor-criador comenta, refuta, antecipa as respostas e objeções a uma certa situação social. Esse autor-criador propõe um ponto de vista baseado em sua relação com outros sujeitos que lhe conferem acabamento. Faz assim o papel de mediador entre o mundo representado e a apreensão social e histórica desse mundo. Este trabalho teve como proposta investigar a maneira como são constituídos os protagonistas de “O deus das pequenas coisas”. Com esse objetivo fez-se necessário verificar de que forma ocorria a relação de alterida-de entre o autor-criador e suas personagens. Tal como entendido por Bakhtin (2003), o sujeito, para se constituir, precisa, necessariamente, de um acabamento extraposto, na medida em que a consciência de si mesmo é propiciada pelo(s) outro(s).

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ENTRE O DRAMA E A ÉPICA: FORMAS HÍBRI-DAS NO TEATRO DE PLÍNIO MARCOS

Rainério dos Santos Lima (UFOPA)

Essa comunicação propõe um debate sobre a representação de per-sonagens socialmente marginais na peça Querô, uma reportagem mal-dita (1979), de Plínio Marcos, visando compreender como, no teatro brasileiro moderno, a dramatização de sujeitos ficcionais retirados das classes populares pode projetar-se como diretriz de organização formal do texto dramático. Para tanto, tomam-se três movimentos de análise: 1) A crise européia da forma do “drama”, suas tentativas de solução e, conseqüente “epicização”, através da internalização de temas e elemen-tos estéticos oriundos da lírica e da épica, como teorizada por Peter Szond, Raymond Williams e Mikhail Bakhtin; 2) a compreensão dos refle-xos dessa crise fora do seu lugar de origem, em território brasileiro, no que concerne as contradições do projeto de criação de uma dramaturgia moderna no Brasil, com intenções políticas evidentes tanto na composi-ção do texto dramático, quanto na elaboração de modelos de encenação teatral, que, conjugados, seriam capazes de atingir e mobilizar as forças populares para mudanças históricas reais; e 3) A adaptação do romance Querô, de 1976, para o texto teatral, que gera a peça de mesmo título, tomando como ponto de estruturação da dramaturgia a narrativa da formação sentimental de personagens marginais, como proposta por Walter Benjamin.

SOPHIA ANDRESEN E A SANTIDADE DO POETA

Rita Barbosa de Oliveira (UFAM-GEPELIP)

Na comunicação Sophia Andresen e a santidade do poeta pretende-se discutir o significado lingüístico-literário da palavra “santidade” no poe-ma Santa Clara de Assis, do livro No tempo dividido (1954), e no conto

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Retrato de Mônica, do livro Contos exemplares (1962). No primeiro, a mencionada palavra está relacionada com a atenção para a vida, a procura de descobrir ou experimentar a realidade e a transparência com que esses dois gestos são expressos através da arte. No segundo texto, a “santidade” corresponde ao despojamento de normas que impedem a experiência renovadora, o qual acontece quando o homem faz uma esco-lha que o torna integro. Em ambos os textos, há a proposta de interligar a poesia com a vida.

ELIAKIN RUFINO E A POESIA DIDÁTICA, NA DI-DÁTICA DA POÉTICA: METAPOESIA E ESTRA-TÉGIAS DE ENSINAR POETICAMENTE

Roberto Mibielli (UFRR)

Poetas trabalhando para ensinar através da poesia não representam novidade. Machado de Assis, segundo Lajolo & Zilberman (1999) faz isso perfeitamente, conduzindo seu leitor à condição/nível de leitura que de-seja, ou abandonando-o, em meio a sua fera ironia. A lista é imensa e merece que nela constem inúmeros poetas, mas não caberia trabalhá-la aqui. O caso de Eliakin, poeta radicado em Roraima e um dos líderes do movimento Roraimeira, não há muita diferença. Dois de seus livros publi-cados “Escola de poesia” e “Brincadeira” são dirigidos ao público escolar e visam trabalhar diretamente uma poesia que trata do cotidiano ,tanto da sala de aula, quanto do universo lúdico. O poeta, por outro lado, não permanece apenas no universo infantil, sua poesia vibra no ouvido das pessoas, em frases e terminologia que impressiona tanto pelo timbre, quanto pelo exotismo, buscando propor a construção de uma identidade referenciada na Amazônia roraimense. Sua poética, embora pareça de simples manejo, retoma algumas das questões programáticas cruciais do projeto de nossas vanguardas modernas. É nesse entrecruzamento entre uma poesia programática/ manifesta e o poeta didata que analisa-mos sua obra

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A PERSONAGEM FRÄULEIN E A ANÁLISE IN-TERSEMIÓTICA DE SUAS REESCRITURAS

Rodolfo Pereira da Silva (UFC)

A mímesis, segundo Stam (2008), constitui-se um diálogo intertextual entre artistas. Nessa perspectiva, analisaremos a tradução intersemi-ótica da personagem Fräulein do romance “Amar, verbo intransitivo” (1927), de Mário de Andrade, para sua adaptação fílmica “Lição de amor” (1976), de Eduardo Escorel; e discutiremos a semiose estabele-cida entre as reescrituras do Nu feminino presentes no corpus estuda-do. Partimos da hipótese de que a reescritura da personagem Fräulein na adaptação fílmica configurar-se-ia através da tentativa de quebra da narrativa escopofílica e do apagamento de traços expressionistas – es-tes, todavia, presentes ainda na diegese cinematográfica. A personagem literária é descrita através de reescritura ecfrástica identificável no Nu feminino e no Expressionismo alemão, em quadros de Rembrandt van Rijn, e de “O grito”, de Edvard Munch. Os Nus femininos de Bathsheba por Rembrandt são, por sua vez, reescrituras pictóricas do relato bíblico. Berger (1999) afirma que o gênero Nu feminino incorpora um especta-dor masculino. No filme, há a tentativa de libertar a personagem Fräulein do olhar voyeurista masculino e da escopofilia (prazer de olhar o corpo feminino), próprias de certas narrativas cinematográficas “patriarcais” (Machado, 2008; Mulvey, 1983). Nosso estudo fundamentar-se-á no conceito de Interpretante (Santaella, 2002) relacionado à Semiótica de C.S. Peirce.

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A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE ALEMÃ NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CHARLES KIEFER

Roswithia Weber (FEEVALE-RS)

O trabalho apresenta resultados parciais do projeto “A representação da identidade alemã na produção literária de Charles Kiefer”. Esse proje-to toma como objeto de pesquisa as manifestações culturais e produções literárias que têm como ponto em comum o tema da identidade alemã, considerando, o Rio Grande do Sul como espaço de sua emergência. O problema da investigação está centrado no confronto entre a repre-sentação da etnicidade alemã, expressa em festas alusivas à imigração, em textos historiográficos, em relatos jornalísticos – percebidos como manifestações culturais – e a produção literária de Charles Kiefer, autor sulriograndense. Verifica-se em que medida a produção literária reforça ou desfaz o postulado da unidade étnico-cultural alemã e a promoção do pertencimento a essa origem no contexto gaúcho. O projeto em desen-volvimento conta com o auxílio de bolsa recém-doutor da (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

A ESTRUTURA DE POEMAS AMAZÔNICOS, DE PEREIRA DA SILVA

Sebastiana de Morais Guedes (UFAM)

Estudo da estrutura da obra Poemas amazônicos, de Francisco Pereira da Silva. A construção do olhar de fora sobre a Amazônia. Os mitos ama-zônicos em sua relação com os mitos universais. O uso de sete máscaras (ou disfarces) pelo eu lírico desvelado na sua arte poética.

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MODERNISMO BRASILEIRO: MÁRIO DE ANDRA-DE E A BUSCA DA IDENTIDADE NACIONAL

Sonia Maria Vasques Castro (GEPELIP)

Na comunicação Modernismo brasileiro: Mário de Andrade e a busca da identidade nacional pretende-se refletir sobre a identidade nacional à luz da perspectiva de um modernista. Para tanto, além da pesquisa bibliográfica, elegeu-se como objeto de análise o poema Descobrimen-to, da obra Clã do jabuti (1927), no qual o poeta transita entre duas realidades socialmente distintas: a do vanguardista metropolitano e a do seringueiro, este mostrado na realidade de opressão em que vive, e aquele enquanto um sujeito inquieto com a necessidade de construção de uma identidade singular para a nação. Além desse aspecto, destaca--se também a questão da alteridade, uma vez que o eu invoca o outro e faz dele fundamento de toda moral e toda subjetividade para, a partir de então entrar, em cena a humanidade e a responsabilidade das quais não pode se esquivar.

UMA VELA PARA DARIO, DE DALTON TREVISAN, ADAPTADO PARA UM CURTAMETRAGEM: O RE-ALISMO CONCISO DO COTIDIANO GROTESCO

Soraya Ferreira Alves (UnB)

O presente trabalho tem por objetivo discutir a realização de um curta-metragem de ficção, adaptação da obra Uma Vela para Dario, de Dalton Trevisan, como produto da disciplina Tradução Intersemiótica, ministrada na UECE em 2009. A obra de Trevisan, em seu realismo conciso que va-loriza os mínimos incidentes de um dia-a-dia sofrido e angustiado, ilumina o real de tal forma a levá-lo á beira do cômico e do grotesco. Descreve o que se passa com Dario durante um dia em que se sente mal, morre e é roubado sem que ninguém o ajude. O curtametragem realizado con-

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centra a ação em uma praça, que pode ser de qualquer cidade e prima por valorizar e incorporar exatamente os incidentes do cotidiano, dando à história um tom tragicômico. Partindo-se de teóricos como Avellar (2007), que discute como se dá a contaminação das linguagens entre literatura e cinema; e Xavier (2003), para quem a adaptação cinemato-gráfica deve dialogar não só com o texto de origem, mas com seu próprio contexto, a apresentação será pautada, primeiramente, em considera-ções teóricas sobre a adaptação e, após a exibição de trechos do curta-metragem, serão explicitados os procedimentos para sua realização e a construção do significado.

OS MATIZES ENTRE O DITO E DO NÃO-DITO EM BARTLEBY, BILLY BUDD E BENITO CERENO, DE HERMAN MELVILLE

Soraya Rodrigues Madeiro (UFC)

Nosso trabalho tem como alvo investigar na escrita de Herman Melville os aspectos relacionados às personagens, as quais possuem destaque no título de cada obra, mas nunca são narradoras de sua história, de modo que são incapazes de ter domínio sobre ela. Nesse sentido, as per-sonagens mais insinuam do que realmente dizem, estão no limite entre o dito e o não-dito. Dessa forma, a escrita à qual Bartleby, Billy Budd e Benito Cereno dão vazão é cheia de possibilidades e não de certezas, é ainda uma escrita que parece não ter poder de negar ou de afirmar, mas que transita no limite entre a negação e a afirmação em todo o seu decorrer. Para embasar nossa pesquisa, utilizamos, principalmente, as idéias do filósofo literário francês Maurice Blanchot. Fundamenta-mos nosso trabalho, ainda, com pensamentos de outros teóricos, como Roland Barthes, Gilles Deleuze, Antoine Compagnon, Michel Foucault e Giorgio Agamben, nos quais podemos encontrar uma maior sustentabili-dade para nossos levantamentos.

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SEMEANDO A LEITURA COM ARTE E CRIATIVIDADE

Suely Barros Bernardino da Silva (UEA)

Essa comunicação pretende expor o projeto SEMEANDO A LEITU-RA COM ARTE E CRIATIVIDADE, o qual consistiu em desenvolver um trabalho de conscientização do professor sobre a importância da prática de leitura por parte dos alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Roxana Pereira Bonessi, bem como proporcionar a inte-ração da escola com o meio externo, envolvendo os pais e a comunidade. A diversidade de gêneros textuais possibilita aos indivíduos o desen-volvimento de habilidades em leitura, além de ampliar o seu conheci-mento de mundo através da informação e desenvolvimento de com-petências a partir, também, da interação nas vivências artísticas.Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (1997), após mui-tos debates e manifestações de educadores, a atual legislação edu-cacional brasileira reconhece a importância da arte, na formação e desenvolvimento de crianças e jovens, incluindo-a como um compo-nente obrigatório da educação básica. No ensino fundamental a Arte passa a vigorar como ares de conhecimento e trabalho com as vá-rias linguagens e visa à formação artística e estética dos alunos.Após a aplicação do projeto, foi observado que os alunos sentiram-se mais atraídos para a leitura e os pais passaram a ter um maior envolvi-mento nas atividades propostas pela escola e também sentiram motiva-ção pela leitura.

A LITERATURA NA SALA DE AULA: FUGINDO DO SISTEMA

Suênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR-Pibid)

Durante todo o ensino médio o aluno se vê diante de aulas de literatura que se repetem, seguindo sempre o mesmo roteiro: conhecer os contextos

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históricos das obras, identificar seus estilos e analisar suas caracterís-ticas. Deste modo, o caráter sociolinguístico e cultural da literatura é reduzido à coleta de informações sumárias. Pois, de acordo com Leahy--Dios (2000, p. 16) a literatura é sustentada por um triângulo interdis-ciplinar composto por: língua, cultura e sociologia. Assim, a literatura é essencial ao processo de educar sujeitos sociais, pois ajuda a formar opi-niões críticas na medida em que retrata a realidade, além de dar acesso a bens culturais e promover o conhecimento da língua. Desta forma, é necessário aproveitar esses aspectos da literatura para contextualizar o seu ensino. Segundo Mibielli (2009,p.136) “talvez não seja o conteúdo que importa, mas sua relação com a vida do aluno”. Diante de toda essa problemática no ensino de literatura, considero importante trabalhar a teoria literária na sala de aula, para que os alunos saibam qual é a função da literatura na educação e compreendam os vários aspectos presentes nesta disciplina.

DIÁLOGOS POSSIVEIS EM UM ANÚNCIO PUBLI-CITÁRIO: UMA ANÁLISE COM OLHAR LINGUÍS-TICO E LITERÁRIO

Suzana Pinto do Espírito Santo (UFOPA)

Este artigo objetiva analisar um anúncio publicitário de uma marca de café extraído da revista Veja, vol. 20 de 6 de dezembro de 2006, anco-rado na teoria semiótica do texto, com base em Barros (2005), a fim de perceber o percurso gerativo de narratividade que se constrói no texto verbal. O texto publicitário se vale de recursos imagéticos, por isso, verificamos algumas relações entre os signos linguísticos verbal e não-verbal que se entrelaçam produzindo efeitos de sentido com um ex-traordinário poder de persuasão, efeitos estes que nos levaram abordar os diálogos possíveis construídos numa relação intertextual, destacada no texto em análise por meio das alusões com os autores da literatura (Monteiro Lobato), nomes importantes do país como Carmem Miran-

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da e Santos Dumont. Neste estudo, ampliamos nosso olhar para uma perspectiva literária, considerando que o texto publicitário, ao utilizar-se de inúmeros recursos visuais, extrapola não só o horizonte da palavra, mas também do próprio código linguístico, neste sentido, o viés literário explora a linguagem simbólica que manifesta todo seu potencial semân-tico. Assim, mostramos que os aspectos linguísticos podem unir-se aos recursos imagéticos permitindo a liberdade de criação com traços lite-rários formando um todo significativo.

CINEMA E LITERATURA ESTUDO DA RESISTÊN-CIA POLÍTICA EM “CABRA-CEGA” E “PESSACH, A TRAVESSIA”

Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA)

A narrativa de resistência produzida no Brasil, particularmente, a narra-tiva de alguma maneira relacionada à ditadura militar de 1964, apresen-ta algumas peculiaridades que vem sendo avaliadas a partir de uma for-tuna crítica bastante profícua. Dentre essas peculiaridades destaca-se a idéia de que essas narrativas, especialmente as produzidas no interstício entre o final da década de 60 e os primeiros anos da década de 70, passa por transformações que nitidamente se colocam em diálogo e em confronto com a existência material, especialmente no que diz respeito ao desmantelamento das forças revolucionárias. Nesse contexto, nota--se que algumas inscrições estético-temáticas relativas à resistência – como conceito e como ethos – observadas no romance Pessach, a travessia (1967), de Carlos Heytor Cony e no filme Cabra Cega (2005), de Toni Venturi, pela sua recorrência, podem ser vistas como produto de um trauma não resolvido, resultante desse fundo histórico.

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DA ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA À CRIA-ÇÃO DA POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Thyaggo Kauwhê José Leite Mesquita (UFAM)

Este trabalho apresenta informações sobre as origens da língua por-tuguesa, desde a migração dos povos indo-europeus para o centro e ocidente europeus, estabelecendo dados históricos e geográficos no que diz respeito ao desaparecimento dos falares ibéricos pela imposição do Latim, com o estabelecimento do Império Romano na Península Ibérica. Também apresenta dados sobre a evolução do Latim Vulgar, ressaltan-do as contribuições estrangeiras ao Português, recebidas após a queda daquele império, expondo as etapas desse longo processo, confirmando a existência de uma literatura de cunho oral na península, que no século XII, se expressa através do Trovadorismo na literatura portuguesa por excelência, nas cantigas de amigo, juntamente com outras, as cantigas de amor e escárnio e maldizer, influenciadas pela região da Provença, no sul da França.

REGIONALISMO E INTERTEXTUALIDADE NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS POPULARES EM AS PELEJAS DE OJUARA: A VERDADEIRA HISTÓ-RIA DO HOMEM QUE VIROU BICHO, DE NEI LE-ANDRO DE CASTRO

Tiago Barbosa Souza (UFC)

Este trabalho se propõe analisar como a obra As Pelejas de Ojuara: a verdadeira história do homem que virou bicho, de Nei Leandro de Castro (1986), é de rico teor regionalista, dados os diversos fatores relacio-nados à forma de expressão cultural dos personagens e através da in-serção do enredo no ambiente poético tradicional do sertão nordestino. Para tanto, são observadas passagens da obra contendo referências a

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lendas e contos recorrentes no sertão nordestino, aos gêneros poéticos característicos da região, além de mecanismos discursivos típicos desse ambiente. E ainda, salientam-se as referências a mitos ocidentais anti-gos latentes ou explícitos na narrativa enquanto sinais de universalidade da obra, que expõe os traços contidos no imaginário sertanejo como características inerentes ao próprio homem.

O MITO DO CENTAURO E O CINEMA DE PASO-LINI

Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA)

Dentre os signos buscados por Pier Paolo Pasolini no campo caótico dos mitos que deram origem ao imaginário trágico predominante na época da criação e representação das tragédias no palco grego, o Centauro, per-sonagem do filme Medeia (1970), constitui um dos mais eficazes para a composição de um campo significativo que impressione os espectadores, para que estes passem a receber imagens e sons como sinais do conflito entre mito e lógos, mito e razão, sagrado e dessacralizado. O Centauro pasoliniano, homem e animal, mítico e humano é signo da ambiguidade que permeia o filme e que representa na tela do moderno cinema – como se fosse um palco grego – a metamorfose do ser mítico em ser huma-nizado. A missão do duplo Centauro em Corinto é lembrar a Jasão que signos míticos – o velocino e a própria Medeia – perdem o significado no mundo dessacralizado da pólis. O Novo Centauro é a força produtiva que representa a síntese resultante do embate entre as forças antigas e as modernas forças dessacralizadas. Na representação fílmica, a passagem do mundo bárbaro-mítico da Cólquida e do velocino dourado para o mun-do clássico grego leva o homem moderno da era do cinema à experiência quase catártica das metamorfoses.

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A FEMININA PALAVRA MUDA NA GUERRA DE UM HOMEM: KLAUS KLUMP

Valquíria Luna Arce Lima (UEA/FAPEAM)

No romance “Um Homem: Klaus Klump”, de Gonçalo Tavares, a guerra ocorre, e tem conseqüências, em diferentes níveis e lugares. Um desses lugares é o pensamento. Mais profundamente, encontra-se o pensamen-to feminino, que, dentro da cultura fálica da guerra, assume posições geradas por motivos completamente distintos daqueles que impulsionam os homens ao conflito. A narrativa se dá a partir de um ponto de vista masculino e as vozes das personagens femininas são pouco ouvidas ao longo do romance, apesar disso, a forma como tais mulheres se colocam e o seu poder de sinuosidade dentro desse contexto de guerra, marcam uma presença, senão maior, mais sutilmente significativa que a das per-sonagens masculinas. A análise proposta é justamente a de descobrir, na obra em questão, não o lugar da mulher na guerra, mas como a guerra toma lugar no pensamento feminino. E como as mulheres se interagem com esse contexto, no qual são vistas pelos homens primordialmente como objetos manipuláveis.

REFLEXÕES E ALTERIDADE NA PRÁTICA PEDA-GÓGICA DO ENSINO DE LITERATURA.

Vanéssia Pereira Noronha (UFRR-PETLetras)Juliana da Silva Morais (UFRR-PETLetras)

Este artigo tem por objetivo investigar os fatores condicionantes do pro-cesso de ensino/aprendizagem de Literatura na Escola de Aplicação no município de Boa Vista, estado de Roraima. É importante acrescentar que em Roraima, existem pouquíssimas escolas que têm a disciplina de Literatura no ensino médio, caso esse, que dificulta demasiadamente a compreensão desses alunos quando chegam a Universidade. A análise

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foi feita em conformidade com as observações de Prática de ensino em Literatura durante o semestre de 2010.1. Dessa forma, entendemos que a Disciplina de Literatura no ensino Médio colabora para a ampla formação do aluno em seu caráter plurissignificativo, já que, de fato, uma boa formação de leitura favorece e enriquece o raciocínio do aluno, levando-o a ter criticidade diante de sua visão do mundo. A pesquisa se deu de forma reflexiva e com alteridade, por entender que um ensino de qualidade se dá a partir de reflexões sobre a própria prática pedagógi-ca. Nesse sentido, pretende-se apresentar os resultados obtidos com a mudança metodológica em sala de aula e a relação aluno/professor em sala de aula.

A METÁFORA NO DISCURSO LITERÁRIO: O QUE SE ESCONDE POR TRÁS DAS PALAVRAS.

Vanessia Pereira Noronha (UFRR-PETLetras)

O presente trabalho pretende analisar o uso metafórico de forma implí-cito-explícita, no texto literário, no qual, percebemos mais claramente as diversas formas de linguagens atribuídas ao texto, onde o autor usa dessa função alegórica para levar o leitor às perspectivas do contexto literário. Ricoeur (2000) classifica o uso da palavra consubstanciando no discurso da seguinte forma: “... a palavra foi destinada a influenciar o povo, diante do tribunal, na assembléia pública, ou ainda para elogio ou panegírico: uma arma chamada a dar a vitória nas lutas em que o discurso é decisivo”. Dessa forma, procuraremos contextualizar as te-orias em que se enquadra o referido assunto, tendo em vista que, elas valorizam a construção do texto literário, aproximando então, autor/leitor. Para FIORIN (2001) “metáfora é a substituição de uma palavra por outra, quando houver uma relação de similaridade entre o termo de partida (substituído) e o de chegada (substituinte)”, dando assim, a eloquência do texto. Nossa análise será atribuída as Obras “A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar”; e ” A Paixão segundo G.H, de Clarice Lispector”.

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O NORTE IMPOSSÍVEL – A BUSCA DA IDENTI-DADE NOS ROMANCES DE MILTON HATOUM

Victor Leandro da Silva (UFAM)

Uma análise dos processos de construção identitária nos romances de Milton Hatoum. A afirmação da identidade tem sido um problema bas-tante discutido dentro do campo dos estudos culturais, por conta da re-cente fragmentação de seus modelos e do surgimento de diversos novos sistemas identitários ascendentes. Nos romances de Hatoum, tal pro-blema irá manifestar-se por meio da supressão do regionalismo, que dilui os referenciais de identificação, da memória, que busca a todo instante ordenar o passado, assim como também dos diversos dilemas aventados no decorrer das narrativas: a incerteza quanto à origem, a condição do estrangeiro e do imigrante, as relações familiares, os valores éticos do ocidente e do oriente, questões essas que irão incidir fundamentalmen-te nas personagens das tramas, em especial os narradores, os irmãos Omar e Yakub em Dois Irmãos e Mundo em Cinzas do Norte, para os quais os questionamentos acerca da identidade se tornarão decisivos na definição dos caminhos seguidos por eles.

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O CINEMA NA LITERATURA OU A LITERATURA NO CINEMA: ASPECTOS DA NARRATIVA DE RE-SISTÊNCIA “EM CÂMERA LENTA” DE RENATO TAPAJÓS

Veridiana Valente Pinheiro (UFPA) Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA)

Com o objetivo de observar as ressonâncias de um determinado período histórico/cultural na literatura Brasileira, nos deteremos ao estudo da ditadura militar de 1964, com o intuito de observar no trabalho em questão algumas relações entre literatura e cinema, em busca de enten-der alguns de seus efeitos, na composição do romance Em Câmera lenta (1977), de Renato Tapajós, já que este romance traz um jogo narrativo que inclui cinema na literatura ou a literatura no cinema.

LUIZ COSTA LIMA E A REVISÃO DA MÍMESIS

Victor de Oliveira Pinto Coelho (PUC-Rio)

O objetivo da comunicação é apresentar a revisão da noção de mímesis feita por Luiz Costa Lima: na mimesis está sempre presente uma tensão entre semelhança/reiteração e diferença. Começaremos pela estética da recepção alemã, com destaque para a estética do efeito de Wolf-gang Iser e mais especificamente sua última fase, em que se dedica a uma antropologia literária com a distinção entre “ficções explicativas” e “ficções literárias”. Daí, procederemos à exposição da antiga noção grega de mimesis já do ponto de vista da revisão costalimeana, ou seja, enquanto ligada ao horizonte cultural. Tal como a noção mais moderna de representação, a obra artística (representação) não se confundindo com a realidade representada (realidade que pode ser tanto material como imaterial, ligada a valores ou ao divino), a mímesis será tomada enquanto imitação na medida em que a ordem cultural não admite “fissuras”, e por

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isso impõe sua reiteração. A isto se liga a noção de controle do imaginá-rio. Já a vanguarda artístico-literária moderna (pós-“morte de Deus”), que deseja a novidade criativa e a maior subversão possível, “aceita” a mimesis enquanto imitação e visa a seu completo descarte. Mas, para Costa Lima, a diferença (dissonância) realiza-se somente mantendo-se (transgressivamente) no horizonte de semelhança.

LITERATURA E MÚSICA: UMA ANÁLISE COMPA-RADA DO CONTO A TERCEIRA MARGEM DO RIO DE GUIMARÃES ROSA E DA MÚSICA A TERCEI-RA MARGEM DO RIO DE CAETANO VELOSO

Wanúbya Campelo (UFPA/CAPES)

Esta comunicação pretende mostrar os resultados de uma análise com-parativa do conto “A Terceira Margem do Rio” presente no livro Primei-ras Estórias (1962), de Guimarães Rosa e da música “A Terceira Mar-gem do Rio”, do disco Circuladô Vivo (1992), de Caetano Veloso. Para tanto, fez-se uso da mobilidade da literatura comparada, como forma de investigação, situando os objetos analisados, colocando-os em relação e explorando o nexo entre eles além de suas especificidades. Buscou-se interrogar o texto literário de Guimarães Rosa na sua interação com ou-tra forma cultural e artística, já que para Eliot “Nenhum poeta, nenhum artista, tem sua significação completa sozinho” (1989, p. 39), é preciso situá-lo, por contraste ou comparação, para valorizá-lo. Sendo assim, percebe-se que o texto de Guimarães Rosa, é inovador por possibilitar uma outra leitura, uma revitalização da tradição instaurada, inclusive inspirando outras formas artísticas, como a música. Neste diapasão, aproximou-se a obra literária de Rosa com a musical de Caetano Veloso no intuito de interpretar questões mais gerais das quais as obras ou procedimentos literários são manifestações concretas. Para a feitura dessa análise tivemos como suporte téorico os conceitos comparativos de Tânia Franco Carvalhal, René Wellek e T.S. Eliot.

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A POÉTICA DO ESPAÇO EM RELATO DE UM CERTO ORIENTE

Werner Vilaça Batista Borges (UFAM)

O objetivo deste artigo é analisar a obra do escritor amazonense Milton Hatoum “Relato de um certo oriente” a partir da “A poética do espaço” do francês Gaston Bachelard. Este filósofo faz uma análise temática da poesia partindo do espaço, e neste, está a casa como um ser privilegiado para um estudo fenomenológico dos valores da intimidade. O “Relato de um certo oriente” pode ser considerado um relato do retorno a uma casa, esta é a de Emilie, espaço polimórfico cheio de símbolos que re-montam à infância da narradora. Assim, por meio das vozes que ecoam na narração, perscrutam-se as imagens que revelam lembranças, me-mórias, sonhos. Tal análise, portanto, vai além de simples descrições, englobando uma metafísica completa, pois será analisado tanto o cons-ciente quanto o inconsciente. Isto faz com que se compreenda certa essencialidade da obra como a complexidade das vozes que relatam, que muitas vezes parecem confusas, pois cada uma representa uma sub-jetividade que possui distintos valores interiores. Adentrar no espaço ficcional de “um certo canto do mundo” a partir de uma fenomenologia que abarca até inconsciente é o resultado desta análise.

LITERATURA E SOCIOLOGIA

Willi Bolle (USP)

O objetivo principal deste curso é transmitir uma idéia, teórica e prá-tica, da relação entre as duas disciplinas, Literatura e Ciências Sociais (Sociologia e Antropologia) através do estudo comparado da obra de um representativo cientista social com a de um destacado romancista que, ambos, focalizaram uma cidade amazônica. Trata-se, respectivamente, do estudo de Charles Wagley, Uma comunidade amazônica: estudo do

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LITERATURA, CINEMA E TELEVISÃO

Wilfredo Maldonado (UFPB)

No curso sobre Literatura, Cinema e Televisão, vamos discutir “A pedra do Reino e o Principio do Vai – e - Volta”, famosa obra de escritor Aria-no Suassuna e encenada na televisão numa adaptação dirigida por Luis Fernando Carvalho. A leitura desse diretor de cinema e TV brasileiro é considerada exemplar como transformação criativa de um texto literá-rio. Durante o curso estaremos cotejando a obra literária e os livros “A Pedra do Reino – cadernos de filmagem + anotações, de modo a ofere-cer aos alunos uma visão detalhada do processo de criação/adaptação/transformação do texto literário em texto audiovisual.

UM MERGULHO NO PROFUNDO ESPELHO DE NARCISO EM DEZEMBRO E FLORIAM DE AS-TRID CABRAL

Yasmin Serafim da Costa (UFAM)

Dezembro e floriam de Astrid Cabral é o que Gaston Bachelard descre-veria como uma fácil tentação do escritor em cair no clichê da poética imagem da flor à beira do córrego sob o sol primaveril. Assim seria se não se tratasse de mais um conto de Alameda, livro que a partir do ambientes habitados por árvores, flores e pequenos animais, transforma paisagens em personagens e fenômenos da natureza em acontecimentos singulares. A personagem do conto analisado nesta comunicação é um copo-de-leite que, à beira de um córrego, espera a chegada do sol para desabrochar, ver o mundo/ver-se e, finalmente, morrer. Além da clara relação com o mito de Narciso em várias partes do conto, analiso tam-bém a função da água como um espelho líquido, no qual tudo se transfor-ma em um reflexo idêntico e, ao mesmo tempo, destoante de si mesmo, a ponto de, por fim, discutir-se quem é reflexo e quem é objeto refletido.

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O TEATRO MÍTICO DE MÁRCIO SOUZA

Zemaria Pinto (UFAM)

Tomando como método o apontamento da ênfase onde ela se mostra mais densa, e sem preocupações cronológicas quanto à escritura ou encenação, mas buscando um nexo temático-temporal no cerne dos textos, as onze peças de Márcio Souza, publicadas em três volumes, podem ser classificadas em quatro grupos: peças míticas, tragédias amazônicas, chanchadas amazônicas e peças cariocas. A análise literária do primeiro grupo tem por finalidade mostrar as relações interculturais que se afiguram no trabalho daquele autor, pois as peças míticas reúnem os textos que tratam da mitologia indígena do Rio Negro, em cuja foz foi plantada a cidade de Manaus. Dessana representa o mito da criação do mundo, como o povo Dessana conseguiu preservá-lo. Jurupari, a guerra dos sexos baseia-se na visão Tariana do mito desse herói-civilizador, uma personagem de importância messiânica para os povos do Negro. A ma-ravilhosa história do sapo Tarô-Bequê é uma comédia que trata de lendas do povo Tucano, envolvendo bichos e gente comum; longe da condição de mito, mas não da mitologia. Sob a perspectiva de Mircea Eliade, um mito cosmogônico, um mito de origem e uma lenda – ou duas histórias verdadeiras e uma história falsa.

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UNIVERSIDADES E ORGANISMOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

Universidade do Estado do Amazonas – UEAUniversidade Federal do Acre – UFACUniversidade Federal do Amazonas – UFAMUniversità degli Studi di Bologna – UniBo ITUniversidade de Brasília – UnBUniversidade Estadual de Campinas – UNICAMPFundação Calouste Gulbenkian Lisboa - FCGConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPqCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Estadual do Ceará – UECEUniversidade Federal do Ceará – UFCUniversidade Federal Fluminense – UFFUniversidade Feevale Rio Grande do Sul – FEEVALE/RSUniversidade do Estado do Mato Grosso – UNEMATUniversidade Federal do Oeste do Pará – UFOPAUniversidade Federal do Pará – UFPAUniversidade Federal da Paraíba – UFPBUniversidade do Porto – UP PTPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RioUniversidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRRUniversidade Estadual de Roraima – UERRUniversidade Federal de Roraima - UFRRPontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SPUniversidade de São Paulo – USPUniversidade Federal de Santa Catarina – UFSCUniversidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

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INSTITUIÇÕES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAMFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESPSecretaria de Estado do Ciência e Tecnologia do Amazonas – SECT/AM

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Av. Djalma Batista, 2470Chapada - Manaus AM

CEP 69.050-010(92) 3215-2072/74

Tiregam: 250 exemplares