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LETRAS/INGLÊS 4º PERÍODO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Maria Olímpia Beatriz Santos Silvina Fonseca Corrêa

Livro Estrutura e Funcionamento

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LETRAS/INGLÊS

4º PERÍODO

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Maria Olímpia Beatriz Santos

Silvina Fonseca Corrêa

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ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOENSINO FUNDAMENTAL

E MÉDIO

Maria Olímpia Beatriz Santos

Silvina Fonseca Corrêa

Montes Claros - MG, 2010

Page 3: Livro Estrutura e Funcionamento

2010Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTESCampus Universitário Professor Darcy Ribeiro

s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089

Correio eletrônico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214

REITORPaulo César Gonçalves de Almeida

VICE-REITORJoão dos Reis Canela

DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕESGiulliano Vieira Mota

Andréia Santos DiasBárbara Cardoso AlbuquerqueClésio Robert Almeida CaldeiraDébora Tôrres Corrêa Lafetá de AlmeidaDiego Wander Pereira NobreGisele Lopes SoaresJéssica Luiza de AlbuquerqueREVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESAKarina Carvalho de AlmeidaMaria Leda Clementino MarquesRogério Santos Brant

REVISÃO TÉCNICAKátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira

IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTOGráfica Yago

PROJETO GRÁFICO E CAPAAlcino Franco de Moura JúniorAndréia Santos Dias

EDITORAÇÃO E PRODUÇÃOAlcino Franco de Moura Júnior - Coordenação

CONSELHO EDITORIALMaria Cleonice Souto de FreitasRosivaldo Antônio GonçalvesSílvio Fernando Guimarães de CarvalhoWanderlino Arruda

Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes

Ficha Catalográfica:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

Page 4: Livro Estrutura e Funcionamento

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a DistânciaCarlos Eduardo Bielschowsky

Coordenador Geral da Universidade Aberta do BrasilCelso José da Costa

Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesPaulo César Gonçalves de Almeida

Vice-Reitor da UnimontesJoão dos Reis Canela

Pró-Reitora de EnsinoMaria Ivete Soares de Almeida

Coordenadora da UAB/UnimontesFábia Magali Santos Vieira

Coordenadora Adjunta da UAB/UnimontesBetânia Maria Araújo Passos

Diretor de Documentação e InformaçõesGiulliano Vieira Mota

Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCHMércio Coelho Antunes

Chefe do Departamento de Comunicação e LetrasAna Cristina Santos Peixoto

Coordenadora do Curso de Letras/Inglês a DistânciaHejaine de Oliveira Fonseca

Universidade Aberta do Brasil - UAB

Page 5: Livro Estrutura e Funcionamento

AUTORAS

Maria Olímpia Beatriz Santos

Mestre em Educação e Sociedade pela Universidade Presidente Antônio

Carlos, especialização em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes

Claros, graduação em Pedagogia com habilitação em Supervisão Pedagógica

pela Universidade Estadual de Montes Claros.

Silvina Fonseca Corrêa

Formada em Pedagogia com Habilitação em SUPERVISÃO ESCOLAR DE 1º

GRAU; ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E ENSINO DAS DISCIPLINAS E

ATIVIDADES PRÁTICAS, pela Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior,

FUNM – Montes Claros – MG. Cursou SUPERVISÃO ESCOLAR DE 1º E 2º

GRAUS. Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, São Carlos, Brasil.

Especializou-se em Supervisão Educacional pela PUC/MG. Atualmente é

Mestranda em Educação e Psicanálise, gerenciado pelo Centro de

Orientação e Organização Psicanalítica - CORPO – em convênio com a

Cambridge Internacional University – External Degree of Campus –

Commonwealth Territory of British Virgin Islands – United Kingdom – e com

a Universidad de Los Pueblos da Europa - UPE, regido pela resolução

001/2001 – CNE/CES/MEC, publicada no D.O.U em 03/04/2001. É

professora universitária e diretora da empresa Instituto Pólis Montes Claros -

Assessoria e Consultoria na Elaboração de Planos, Programas Projetos e

Estatutos atuando em diversos municípios de Minas, inclusive com a

instalação de diversos Centros de Apoio e atendimento a EAD.

Page 6: Livro Estrutura e Funcionamento

SUMÁRIODA DISCIPLINA

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

Unidade I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira . . . 11

1.1 A Educação no Brasil Colônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 A Educação Brasileira no Período Republicano . . . . . . . . . . . 13

1.3 A Educação no Brasil Contemporâneo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.4 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Unidade II: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica . . . . . . . 24

2.1 Legislação educacional no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.2 Principios e fins da educação nacional na atualidade. . . . . . . 32

2.3 Objetivos da educação básica à luz da legislação vigente . . . 33

2.4 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Unidade III: A legislação e a universalização de uma escola básica de

qualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.1 O Ensino Fundamental de 09 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.2 O Ensino Médio e o Direito à Profissionalização . . . . . . . . . . 42

3.3 A Educação de Jovens e Adultos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

3.4 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Unidade IV: O plano nacional de educação e as ações articuladas e

normatizadas pelas políticas nacionais vigentes . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.1 O Plano Nacional de Educação – Antecedentes Históricos . . 57

4.2 O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a

década da educação- 2001-2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.3 O PNE e a visão sistêmica do PDE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.4 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Referências básica, complementar e suplementar . . . . . . . . . . . . . . . 87

Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Page 7: Livro Estrutura e Funcionamento
Page 8: Livro Estrutura e Funcionamento

APRESENTAÇÃO

07

Prezado (a) cursista,

Estamos iniciando o estudo sobre a estrutura e funcionamento da

Educação Básica Brasileira em seus níveis fundamental e médio. Vamos

começar questionando: você sabe como funciona a Educação Básica em

nosso país? Conhece a legislação que a orienta? E no passado, como a nossa

educação foi instituída? Com base em quais pressupostos legais?

Para responder a essas questões nos fundamentaremos na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional que apresenta os pressupostos e

fatores, que determinam e/ou norteiam a organização das diretrizes e Bases

da Educação Nacional Brasileira, dando ênfase especial para a

intencionalidade da Lei e do Planejamento Curricular. Ressaltamos que estes

pressupostos se consolidam como principais responsáveis pela formação das

identidades pessoais e sociais, significando, sobretudo, a determinação dos

modos e intenções como foi organizada a educação antes e depois da

República brasileira.

Fazendo um breve histórico da legislação brasileira, entenderemos

o antes e o depois, mas, principalmente, como ela se estrutura na atualidade,

já que o funcionamento está ainda sob a responsabilidade dos agentes

(atores) sujeitos atuais, quer sejam os que legislam, executam, dirigem,

coordenam ou ensinam, formando educadores/educandos para uma

sociedade que se pretende seja, cada vez mais, democrática, por meio do

planejamento participativo, decorrido de um diagnóstico real dos dados

educacionais, como também das expectativas e julgamentos de

critérios/indicadores tecnicamente elaborados dos perfis encontrados,

enfim da avaliação realizada.

Pretendemos que o nosso trabalho seja baseado em compromissos

e hábitos de estudos individuais, em pequenos grupos, em grupos

diversificados e/ou na coletividade, mas sempre visando à construção de um

novo conhecimento. A partir de enunciados, muitas vezes já conhecidos por

nós, mas que também sirvam de renovação de práticas educativas que

possam fazer da educação, cada vez mais, um instrumento de

desenvolvimento pessoal, ético e democrático, capaz de refletir na

qualidade social brasileira. A participação de todos será determinante para a

construção de uma educação a distância, com mérito, desde a organização e

funcionamento dessa modalidade de ensino, dentro dos parâmetros da

legislação brasileira assim, também, de parâmetros de formação de

Page 9: Livro Estrutura e Funcionamento

08

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

formadores de crianças, adolescentes e jovens, adultos e idosos, pois, no

Brasil, todos têm direito a uma educação de qualidade. Portanto a sua

participação e a do seu colega são de extrema importância para o bom

andamento das atividades e trabalhos propostos.

Acompanhe, com atenção, o estudo dos textos apresentados, as

orientações no decorrer deste estudo e faça das propostas e estratégias

momentos inovadores e desafiadores que possibilitem a construção de uma

nova prática educativa. Prática essa que lhe proporcione vivenciar

momentos de perfis profissionais diversos: coordenador ou líder de um

grupo de trabalho; mediador ou relator, exercendo sempre papéis

diferenciados no grupo de educandos etc. Essas oportunidades trarão para

sua formação novas competências e habilidades num processo de ensino-

aprendizagem e avaliação.

Atente-se para a carga horária da disciplina, o tempo previsto no

calendário do curso e se organizem para melhor aproveitar este tempo.

Acompanhe o seu tutor e preste a ele a ajuda necessária para que possa

também ajudá-lo.

A Educação a Distância requer de todos os envolvidos o

compromisso com o hábito de estudo, a sistematização dos registros e

atividades bem como o cumprimento de prazos. Não podemos nos

esquecer de que a verbalização nas discussões e debates, o uso das diversas

linguagens textuais e as pesquisas bibliográficas de enriquecimento dos

estudos constituem as diversas formas de você fazer do seu curso

oportunidade de otimização de sua formação e/ou da formação de colegas.

Evite limitar as suas características, habilidades e capacidades, mas faça delas

oportunidades de crescimento nas análises, críticas, sínteses e construções

que pretendemos seja proveitosa não só durante o curso, mas no decorrer

da carreira profissional e da vida que esperamos seja próspera e feliz.

Priorize! Evite situações indesejadas.

Aperfeiçoe, a cada dia, o seu desempenho acadêmico. Crie o

hábito de leitura diária, de seleção de leituras significativas, de

interpretações e inferências devidas, de abstração de raciocínio, de

concentração e respeito às regras, de promoção e integração entre alunos e

profissionais do curso/instituição. Colabore para encontrar e promover

medidas e projetos que possam ser elencados no rol de iniciativas do curso,

da educação como iniciativa dos acadêmicos dos polos da UAB em qualquer

canto deste grande sertão veredas.

Professora Mestra Maria Olímpia Beatriz Santos

Professora Mestranda Silvina Fonseca Corrêa

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

ORIENTAÇÕES PARA AS UNIDADES

Acadêmico (a), neste material que você está recebendo da

Disciplina “Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio”

trabalharemos com a seguinte ementa:

Os determinantes que norteiam a organização das diretrizes e bases

da educação, com ênfase especial para a intencionalidade da lei e do

planejamento curricular, como principais responsáveis pela formação das

identidades pessoais e sociais.

Para atendermos a esta ementa, o conteúdo está dividido em

quatro unidades. São elas:

UNIDADE I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira

A Educação antes da República.

Educação Brasileira no Período Republicano.

A Organização Educacional no Brasil (Constituição Federal de

1988)

UNIDADE II: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica

Legislação Educacional no Brasil.

Princípios e fins da Educação Nacional na Atualidade.

Objetivos da Educação Básica à Luz da Legislação Vigente.

UNIDADE III: A Legislação e a Universalização de uma Escola

Básica de Qualidade

O Ensino Fundamental de 09 anos.

O Ensino Médio e o Direito à Profissionalização.

A Educação de Jovens e Adultos.

UNIDADE IV: O Plano Nacional de Educação e as Ações

Articuladas e Normatizadas pelas Políticas Educacionais Vigentes

O Plano Nacional de Educação (PNE) e os seus Antecedentes

Históricos.

O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a Década

da Educação- 2001-2011.

O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso “Todos

pela a Educação” e as Ações Articuladas dos Entes Federados.

Na primeira unidade, temos o histórico da educação brasileira,

tomando como ponto principal a legislação educacional. Apresentamos

como a educação estava legalizada antes e durante o período republicano

até chegarmos à organização da Educação Nacional, a partir da nova

Constituição do Brasil em 1988.

Na segunda unidade, intitulada “Estrutura e Funcionamento da

Educação Básica”, apresentamos a Legislação Educacional no período que

antecede à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, além de

apresentarmos os objetivos, os princípios e fins da Educação Nacional, na

atualidade, de acordo com a legislação vigente.

Page 11: Livro Estrutura e Funcionamento

10

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Já na terceira unidade, o enfoque é a universalização da educação

básica e a busca de qualidade. Apresentamos o ensino de nove anos, as

considerações sobre o ensino médio atrelado à profissionalização e o direito

à educação- garantido a todos- por meio da educação de jovens e adultos.

E para finalizar este estudo, na quarta unidade - “O Plano Nacional

de Educação e as Ações Articuladas e Normatizadas pelas Políticas

Educacionais Vigentes” tratamos do Plano Nacional de Educação e como,

através da legislação brasileira, chegamos até aqui e por onde se faz o

caminhar da sociedade brasileira em busca de uma escola pública e eficaz

para todos os brasileiros.

O mais importante de tudo isso, entretanto, é que você, acadêmico

(a), faça a leitura do material e das sugestões propostas; reflita sobre o

processo legal da educação brasileira e acredite que, antes da legislação,

existe a ação de homens e mulheres empenhados em um mundo melhor.

Lembrando Paulo Freire

Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais

do que simplesmente vivendo, histórica, cultural e

socialmente existindo, como seres fazedores de seu

“caminho” que, ao fazê-lo, se expõem ou se entregam ao

“caminho” que estão fazendo e que assim os refaz

também.(1992, p.97)

Assim, torna-se necessário refletir sobre a importância da legislação

brasileira em um curso de Pedagogia e licenciaturas para que os futuros

profissionais da educação observem que fazer educação no Brasil exige de

nós um profundo conhecimento da trajetória da educação brasileira. E,

assim sendo, contribuiremos para que em todos os dias possamos refletir e

agir na busca da educação de qualidade para todos.

Page 12: Livro Estrutura e Funcionamento

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1UNIDADE 1BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Objetivo Geral

Apresentar o histórico da educação brasileira, tomando como

ponto principal a Legislação Educacional, analisando os aspectos

educacionais, antes e durante o período republicano, até chegarmos à

organização da Educação Nacional através da Constituição do Brasil, em

1988.

Introdução

No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração

pública vigentes resultam de uma construção histórica influenciada pela

tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas

orientações e práticas resultantes das correntes filosóficas positivistas e

funcionalistas, que dominavam as Ciências Sociais na segunda metade do

século XIX e na primeira metade do século XX (SANDER, 2007).

Veja no glossário ao lado a explicação sobre estas correntes

filosóficas.

Ações estratégicas para a condução possível do processo

educacional em território nacional, de alguma forma ou por algum motivo,

sempre foram executadas, pois, de acordo com Sander (2007, p.14),

“fundamenta-se na convicção de que a gestão da educação, longe de ser um

instrumento ideologicamente neutro, desempenha um papel político e

cultural específico, situado no tempo e no espaço”.

Para melhor compreender os processos que envolvem a legalização

e administração da educação brasileira, é de fundamental relevância

identificar aspectos e características dos três grandes momentos históricos:

Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo. Em cada um deles

desenvolveram-se processos e situações que possibilitam compreender a

evolução da estrutura e administração da educação brasileira, percebendo,

especificamente, o momento histórico em que deixou de ser vigente uma

concepção de administração, avançando para uma concepção de gestão da

educação.

1.1 A EDUCAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA

Como podemos imaginar a educação no Brasil colônia? Vamos lá...

A organização e administração da educação, durante o período

colonial, apresentam a influência das Correntes Escolástica e Positivista, mas

fundamentalmente manifesta um enfoque jurídico, fundamentado no

direito romano, que era interpretado em acordo com o código napoleônico.

Corrente Positivista: É uma corrente sociológica cujo

precursor foi o francês Auguste Comte (1798-1857). Propõe à

existência humana valores completamente humanos. O

método geral do Positivismo de Auguste Comte consiste na

observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à

observação (ou seja, mantém a imaginação), mas há outras

características igualmente importantes.

Corrente Funcionalista: É um ramo da Antropologia e das

Ciências Sociais que procura explicar aspectos da sociedade

em termos de funções realizadas por indivíduos ou

suas conseqüências para a sociedade como um todo.

Corrente sociológica relacionada ao pensador

francês Emile Durkheim, para quem cada indivíduo exerce

uma função específica na sociedade e sua má execução

significa um desregramento da própria sociedade. Sua

interpretação de sociedade está diretamente relacionada

ao estudo do fato social. O fato social é exterior na medida em

que existe antes do próprio indivíduo e coercitivo na

medida em que a sociedade impõe tais postulados, sem o

conhecimento prévio do indivíduo.

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Page 13: Livro Estrutura e Funcionamento

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Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

A tradição do direito romano tinha como principais aspectos o

caráter normativo e o pensamento dedutivo, o que acabou por nortear a

trajetória educacional e administrativa do Brasil. Naquele momento

histórico, a lei era considerada um ideal a ser alcançado e não apenas “um

parâmetro a ser aplicado em circunstâncias concretas” (SANDER, 2007).

No entanto, a educação, durante o Período Colonial, era um tema

de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a população

que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos

relacionados à sua administração.

Vale destacar que, apesar desse olhar desatento com a educação

brasileira naquele momento, algumas das importantes personalidades da

época desenvolveram ações em prol da valorização e melhoria da educação

nacional, especialmente a educação pública, entre eles, o grupo liderado

por Rui Barbosa. Sobre isso, Sander afirma que

estudos sobre a organização do ensino daquela época não

permitem identificar uma administração escolar capacitada

para atender às exigências mínimas das poucas instituições

educacionais para a elite governante e, muito menos, para

dirigir as escolas destinadas à educação popular. (2007,

p.20)

O enfoque jurídico que influenciava a administração da educação

acabou somado aos valores do cristianismo com a chegada da Ordem

Franciscana, chefiada pelo Frei Henrique de Coimbra, que integrava a

caravela comandada por Pedro Álvares Cabral. Porém, a grande

interferência religiosa na educação brasileira resultou do trabalho dos padres

da Companhia de Jesus, os jesuítas, sacerdotes que rapidamente

disseminaram seus ensinamentos por todo o território brasileiro,

desenvolvendo o primeiro esboço de um sistema educacional. Essa

influência permaneceu e até aumentou durante o Período Imperial e a

Primeira República.

O positivismo teve grande impacto na sociedade brasileira,

manifestando-se no funcionamento das instituições políticas e sociais da

época. Um precioso exemplo é o lema “ordem e progresso”, que consta na

bandeira brasileira.

Na educação, o positivismo manifestou-se “no conteúdo

universalista de seu currículo enciclopédico, na sua metodologia científica

de natureza descritiva e empírica e nas práticas prescritivas e normativas de

organização e gestão educacional” (SANDER, 2007, p.25).

Corrente Escolástica: É uma corrente filosófica nascida na Europa da Idade Média, que dominou o pensamento cristão entre os séculos XI e XIV e teve como principal nome o teólogo italiano São Tomás de Aquino. Máxima de São Tomás de Aquino: "Crer para poder entender e entender para crer." São Tomás de Aquino dividiu o conhecimento humano em dois. O conhecimento sobrenatural seria aquele ensinado pela fé, como a aceitação da Trindade Divina, ou seja, Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. Já o conhecimento natural viria, à luz da razão, como os teoremas matemáticos.

Fonte: WIKIPÉDIA. Enciclopédia Livre. Disponível em pt.wikipedia.org.

Código Napoleônico: originalmente chamado de Code Civil des Français, foi o código civil francês outorgado por Napoleão I e que entrou em vigor a 21 de março de 1804.Todavia, o Código Napoleônico não foi o primeiro código legal a ser estabelecido numa nação europeia. O Código Napoleónico, propriamente dito, aborda somente questões de direito civil, como o registro civil ou a propriedade. Este código baseou-se em leis francesas anteriores e também no Direito Romano, tendo seguido o Código Justiniano, o Corpus Juris Civilis, dividindo o direito civil em:a pessoa; a propriedade; a aquisição da propriedade.

(Diário Universal, 21, mar. 2007. Disponível em www.diariouniversal.com

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

1.2 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO REPUBLICANO

Agora, no período republicano, como estava a educação brasileira?

Em 1920, no Brasil, organizou-se o movimento chamado Escola

Nova. Naquele momento histórico, o mundo vivia um período de

crescimento industrial e de expansão urbana e, nesse contexto, um grupo de

intelectuais brasileiros sentiu necessidade de preparar o país para

acompanhar esse desenvolvimento.

A educação era percebida por eles como o elemento-chave para

promover a remodelação requerida. Inspirados nas ideias político-filosóficas

de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação, esses

intelectuais viam num sistema estatal de ensino público livre e aberto o único

meio efetivo de combate às desigualdades sociais da nação. Denominado de

Escola Nova, o movimento ganhou impulso na década de 30, após a

divulgação do Manifesto da Escola Nova (1932). Nesse documento,

defendia-se a universalização da escola pública, laica e gratuita.

Compreenda melhor o que significou o movimento denominado

Escola Nova e o Manifesto dos Pioneiros no glossário ao lado.

O pensamento vigente, na administração da educação brasileira,

no período republicano, divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases:

organizacional, comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada

uma delas revelava um modelo de gestão específico.

Vamos analisar cada uma destas fases?

a) Fase organizacional: início do século XX, desde a Primeira

Guerra Mundial até a Revolução de 1930. Caracterizou-se como um

período de grande efervescência pol ítica e intelectual. Esse movimento

manifestou-se, também, na educação, tendo como principais

consequências a fundação da Associação Brasileira de Educação (ABE), em

1924, e o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932. Esses

movimentos foram determinantes para a gestão da educação nacional,

impulsionando a promulgação, em 1961, da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, LDB 4024/61. Destacaram-se nessa época, entre

outros, Anísio Teixeira, Querino Ribeiro e Lourenço Pinto. (SANDER, 2007)

Nessa fase, a gestão da educação teve grande interferência dos

princípios da administração clássica, assumindo “características de um

modelo-máquina preocupado com a economia, a produtividade e a

eficiência” (SANDER, 2007, p. 30).

Apresentaremos, a seguir, um elenco das principais características

da LDB 4024/61 que foram determinantes para a gestão da educação

brasileira:

Caráter Normativo: Atos de caráter normativo, como o

próprio nome está dizendo, são instruções de caráter geral

para que todos os interessados/envolvidos

procedam de padronizada. Geralmente os atos de caráter

normativo são editados para melhor compreensão dos

procedimentos requeridos em função de um texto de Lei, Decreto etc. (LYRA, 2001)

Pensamento Dedutivo: quando, a partir de enunciados

mais gerais dispostos ordenadamente como

premissas de um raciocínio, chega a uma conclusão

particular ou menos geral. Ex: Todo homem é mortal (geral)

Pedro é homemPedro é mortal (conclusão

particular)Função básica do pensamento dedutivo: explicitar, ao longo da demonstração, aquilo que implicitamente já se encontra

no antecedente.www.esmec/wp.../2008/.../

metodo_cientifico

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Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

?obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino

primário (Art. 30);

?formação do professor para o ensino primário no ensino normal

de grau ginasial ou colegial (Art. 52 e 53);

?ano letivo de 180 dias (Art. 72);

?ensino religioso facultativo (Art. 97);

?maior autonomia aos órgãos estaduais, diminuindo a

centralização do poder no MEC (Art. 10);

?empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios

com a educação (Art. 92);

?regulamentação da existência dos Conselhos Estaduais de

Educação e do Conselho Federal de Educação (Art. 8 e 9).

b) Fase comportamental: a Segunda Guerra Mundial manifestou,

também no Brasil, a reação que já acontecia em outros países contra os

princípios e práticas da escola clássica da administração, resgatando a sua

dimensão humana. Essa fase tem como marco inicial a expansão do

movimento psicossociológico das relações humanas, deflagrado com os

estudos de Hawthorne, que foram desenvolvidos entre 1924 e 1927, e que

fundamentaram as bases teóricas da construção comportamental de

administração. Sander destaca que, a partir daí, “instalou-se, assim, o

reinado dos psicólogos e psicólogos sociais no estudo do comportamento

administrativo no setor público, na empresa e na educação”.(2007, p. 37)

Sander (2007, p. 39) afirma que “na realidade, a aplicação da

psicologia à organização e administração do ensino remonta ao

psicologismo pedagógico do início do século XIX, protagonizado por

Pestalozzi e Froebel, os quais postularam que a educação deve levar em

conta a realidade psicológica do educando com todas as exigências do seu

mundo subjetivo”.

Os ensinamentos da sociologia da educação vieram ainda

contribuir e influenciar as concepções da gestão da educação. A integração

entre a psicologia e a sociologia deu origem à psicologia social, que

influenciou os estudos da administração da educação.

Nesse período, foi intenso o movimento para superação da

utilização dos estudos da administração na área educacional, destacando-se

uma perspectiva pedagógica. Essa percepção se manifesta na gestão da

educação, em que o principal compromisso passa a ser com a “consecução

eficaz dos objetivos intrínsecos do sistema educacional e de suas escolas e

universidades” (SANDER, 2007, p. 42-43).

Escola Nova: A “escola nova”, “escola ativa” ou “escola progressiva” foi um movimento próprio do século XX, mas que se inspirou em pedagogos e filósofos do século XVIII e XIX como Rousseau (1712-1778), Pestalozzi (1746–1827), Froebel (1782–1852), Nietzsche (1844-1900), Tolstoi (1828-1910), William James (1842-1910) etc. Este movimento foi iniciado na Europa e nos Estados Unidos na transição dos séculos XIX para o XX. Na Europa, foi defendido, entre outros, por Edouard Claparède (1873-1940) e Maria Montessori (1870-1952). Nos Estados Unidos John Dewey (1859-1952) e William Kilpatrick (1871-1965) foram seus principais advogados. A “educação nova” privilegia a criança como indivíduo. Essa educação surge como resultado de um novo sentimento dos adultos em relação às crianças, que merecem cuidados especiais. (Aranha, 1996)

Para entender o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, leia-o na integra, acessando o site:http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm.

Mais a frente comentaremos sobre Paulo Freire, mas se você estiver interessado visite: www.paulofreire.org e pesquise mais sobre este grande educador.

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

c) Fase desenvolvimentista: surge com a denominada

“administração para o desenvolvimento”, período de reconstrução

econômica nas décadas de 1950-1960, resultante das consequências da

Segunda Guerra Mundial e decorrente da necessidade de organizar e

administrar os serviços de assistência e ajuda financeira no período pós-

guerra.

No que se refere à educação, o enfoque desenvolvimentista

também se inseriu no movimento internacional da economia da educação,

em que se destacam as áreas de recursos humanos, teorias do capital

humano e investimentos no ser humano, numa compreensão de que a

educação é fator estratégico para o desenvolvimento econômico.

O otimismo pedagógico, até então vigente, entra em crise diante da

constatação de que os investimentos, na área da educação, não haviam

alcançado os resultados esperados na economia e no progresso tecnológico.

Tedesco (1987, p. 85-86) afirma que “o sistema educacional deixou de ser

concebido como alavanca e motor de transformação, e o otimismo

pedagógico, que concebia a educação e o professor como fontes de

progresso, transformou-se em pessimismo e desilusão”.

Essa realidade impôs a necessidade de se reavaliar o papel da

educação nos aspectos econômicos, políticos e culturais.

d) Fase sociocultural: ao contrário da fase desenvolvimentista,

anteriormente vigente, a fase sociocultural desenvolve-se a partir dos

ensinamentos das ciências sociais.

Paulo Freire, expoente da pedagogia libertadora, foi um dos

representantes desse período, disseminando, por meio de seus estudos, a

reflexão a respeito das relações de dominação e dos ideais de libertação que

ainda se manifestavam nas relações econômicas e nas políticas

internacionais.

A eficiência da administração, inclusive a educacional,

determinava-se fundamentalmente pela atuação de um conjunto de fatores

– políticos, sociológicos e antropológicos. Essa compreensão disseminou-se,

também, no meio acadêmico, onde os cursos de pós-graduação em

educação desenvolveram suas discussões voltadas para área de política e

gestão da educação.

1.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

E agora? Chegamos à contemporaneidade. Você consegue

perceber como a educação é influenciada pelos acontecimentos políticos,

econômicos e sociais? Vamos lá então.

A história da educação brasileira, na contemporaneidade, também

participou e sofreu a interferência de inúmeros movimentos políticos e

culturais.

Manifesto da Escola Nova: ou

Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova. Foi um

documento elaborado e

assinado pelos mais destacados

expoentes do movimento de

renovação do ensino e vinha,

num primeiro momento,

responder a uma solicitação do

Governo Provisório, que

buscava subsídios para sua

política educacional. Divulgado

em 1932 é um documento

dirigido ao povo e ao governo.

Seu texto define, de forma

clara, seus pressupostos e se

apresenta com o propósito de

superar o empirismo das

reformas parciais efetuadas. O

documento diagnostica a

situação precária do ensino no

país como decorrência da falta

de organização das escolas e

reforça a ideia da necessidade

de dotar a escola e,

consequentemente, o sistema

de ensino, de estrutura

burocrática consoante com os

propósitos estabelecidos para a

educação escolarizada nessa

nova fase de desenvolvimento

do país. (Aranha, 1996)

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16

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública

(MESP), como um dos primeiros atos do Governo Provisório de Getúlio

Vargas, tendo como Ministro da Educação Francisco Campos. O ministério

foi responsável pela reforma que ocorreu na estrutura do ensino brasileiro,

organizando a educação escolar, “especialmente nos níveis secundário e

universitário e na modalidade do ensino comercial, desatendendo o ensino

primário e a formação dos professores”. (LIBÂNEO, 2005, p. 135),

A Constituição Federal de 1934 delegou ao Estado a

responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as instituições de ensino

públicas e privadas. Naquele momento histórico, até 1945, vigorava a

ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na organização da

educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em 1946, a

sociedade política brasileira – partidos de esquerda e progressistas –

retomou as principais discussões sobre a necessidade de melhorar e

democratizar a educação brasileira.

Nossa intenção é fazer alguns recortes na História da Educação

Brasileira que possibilite a você compreender o contexto atual, a partir do

entendimento das histórias construídas no passado, sendo assim, algumas

décadas não serão, por nós, reportadas.

A partir da década de 1970, até meados da década de 1990,

diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em prol da

democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de uma

sociedade impulsionada pela globalização econômica.

O contexto educacional brasileiro também sofreu essa

interferência, mobilizando-se e se transformando, muitas vezes, segundo

Sander, “numa arena de lutas em que seus diferentes atores vêm tratando de

impor suas opções políticas e suas categorias de percepção e interpretação”.

(2007, p. 70-71)

Um exemplo dessa mobilização (arena de luta) foi a manifestação

ocorrida, em 1984, em prol das eleições diretas para a presidência do Brasil.

O país e muitos de nós assistimos a uma mobilização popular sem

precedentes. Na grande maioria das cidades e em todas as capitais

brasileiras, a população manifestou seu repúdio às eleições indiretas e exigiu

o voto direto para presidente. A maior manifestação realizou-se em São

Paulo e reuniu aproximadamente 1 milhão e 700 mil pessoas.

A concretização da democracia implica mecanismos de tomada de

decisão que, na maioria das vezes, revelam a posição da maioria. É com essa

compreensão que Machado e Cavalcanti afirmam que “democratizar o

ensino pressupõe o acesso à permanência com êxito e à qualidade”.(2004,

p. 141)

Quanto à legislação educacional, a primeira LDB – a Lei nº

4.024/61 – dispõe, reproduzindo a Constituição vigente à época, que a

União, os Estados e o Distrito Federal organizem seus sistemas de ensino (art.

11). E, ao delimitar a abrangência destes sistemas, determina como

Otimismo pedagógico:

A partir de 1920, engendra-se

no campo educacional

brasileiro o movimento

eufórico que fora denominado

"Otimismo Pedagógico". Esse

movimento desencadeou por

todo o país uma série de

reforma do ensino em nível

estadual, restritas, portanto, aos

ensinos primário e normal,

visto que o ensino superior

estava a cargo do governo

federal e o secundário não

passava de uma rede de cursos

preparatórios. Podemos

destacar, com efeito, quatro

reformas que foram

fundamentais no delineamento

do ensino público no Brasil: a

primeira, em 1920, no Estado

de São Paulo, tendo como

mentor o ilustre advogado

Antônio de Sampaio Dória; a

segunda, em 1922, no Ceará,

realizada por Lourenço Filho; a

terceira, em 1927, implantada

em Minas Gerais, por Francisco

Campos e, por último, em

1928, no Distrito Federal, por

Fernando Azevedo.

(CAVALCANTE, Francisco

Leonardo dos Santos, 2004,

Disponível em

http://www.conteudoescola.

com.br/site/content/view/118/4

2/1/1/. Acesso em 03 de agosto

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Page 18: Livro Estrutura e Funcionamento

17

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

competência da União reconhecer e inspecionar as instituições de ensino

superior, particulares (art. 14) e como competência dos Estados e Distrito

Federal autorizar o funcionamento, reconhecer e inspecionar os

estabelecimentos de ensino primário e médio não pertencentes à União (art.

16), aí incluindo, portanto, as instituições estaduais, municipais e privadas.

A partir da compreensão de que a delimitação dos universos de

jurisdição dos sistemas de ensino reforça muito a delimitação das áreas de

competência de cada esfera de Governo, vagamente expressas no texto

constitucional (ROMÃO, 1997, p. 26), conclui-se que, desde a década de

1930, a educação nacional passou a contar com uma ordenação jurídica

comum.

Saviani, (1997, p. 05) diz que até a Constituição Federal de 1988, a

distribuição de competências pela educação escolar, no Brasil, atribuía à

União a responsabilidade pelo ensino superior e aos Estados e ao Distrito

Federal a responsabilidade pelos ensinos primário e secundário, ou,

conforme a legislação da época, pelo ensino de 1º e 2º graus.

Portanto os Municípios não tinham uma esfera de competência

própria (JUSTO, 1988, p. 20). Até a Constituição de 1988 o ensino municipal

era considerado um “subsistema” que se vinculava ao sistema estadual. O

Estado repartia com o Município a responsabilidade pelo ensino

fundamental numa relação em que o Município desempenhava um papel

suplementar, praticamente excluído das decisões normativas (BEDÊ apud

ARELARO, 1997, p. 5).

Apesar disto, sempre se estendeu aos Municípios a obrigatoriedade

da aplicação de percentuais mínimos da receita de impostos em educação.

Segundo a Constituição de 1946, art. 169, a União deveria aplicar

nunca menos de dez por cento e os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, nunca menos de vinte por cento da renda resultante de

impostos em manutenção e desenvolvimento do ensino.

Eliminada pela Constituição de 1967, esta vinculação de recursos

para educação foi, entretanto, reintroduzida apenas para os Municípios pela

Emenda Constitucional nº 1 de 1969, de fato, ao dispor sobre a intervenção

dos Estados nos Municípios. O art. 15, § 3º institui, na alínea “f”, que estes

últimos deveriam aplicar, em cada ano, pelo menos vinte por cento da

receita tributária municipal no ensino primário.

Em 1983, a Emenda Calmon acrescentou o § 4º ao art. 176 da

Constituição de 1969, estabelecendo que, anualmente, a União deveria

aplicar nunca menos de treze por cento e os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de

impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

Como se observa, não só sempre se estendeu aos Municípios a

vinculação de recursos para educação como, em 1969, somente a eles foi

atribuída esta obrigação. Em consequência, apesar de não existir, antes de

Constituição de 1934:

Promulgada em 16 de julho

pela Assembléia Nacional

Constituinte, foi redigida "para

organizar um regime

democrático, que assegure à

Naçao, a unidade, a

liberdade, a justiça e o bem-

estar social e econômico",

segundo o próprio preâmbulo.

Ela foi a que menos durou em

toda a História Brasileira:

durante apenas três anos, mas

vigorou oficialmente apenas

um ano (suspensa pela Lei de

Segurança Nacional). O

cumprimento à risca de seus

princípios, porém, nunca

ocorreu. Ainda assim, ela foi

importante por institucionalizar

a reforma da organização

político-social brasileira — não

com a exclusão das oligarquias

rurais, mas com a inclusão dos

militares, classe média urbana

e industriais no jogo de poder.

(WIKIPÉDIA. Enciclopédia

Livre. Disponível em

http://pt.wikipedia.org. (Acesso

em 23 jul. 2009).

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Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

1988, uma esfera de competência própria dos Municípios, esses já

desempenhavam papel suplementar aos Estados, especialmente em relação

ao oferecimento do ensino de 1º grau. Brasil (1983)

A primeira referência legal à responsabilidade dos Municípios

encontra-se na Reforma de Ensino – Lei nº 5.692/71. Ao lado dos sistemas

de ensino da União, dos Estados e do Distrito Federal previstos na Lei nº

4.024/61 e da destinação de recursos para a educação no âmbito dos

Municípios (art. 59 da Lei nº 5.692/71).

A Reforma de 1971 previu que legislação supletiva disporia sobre a

responsabilidade do Estado e dos seus Municípios no desenvolvimento dos

diferentes graus de ensino (art. 58) e, no parágrafo único deste mesmo

dispositivo, previa a progressiva passagem para a responsabilidade

municipal dos encargos e serviços da educação, especialmente do 1º grau.

A partir da década de 70, intensificou-se, no Brasil, a

municipalização do ensino, atingindo principalmente as regiões mais pobres

do país. Muitas vezes, a municipalização decorreu de iniciativas dos Estados

mais com o objetivo de diminuir seus gastos do que inserida em uma política

de melhoria da qualidade do ensino Haguette (s/d, p. 4).

1.3.1 Constituição Federal de 1988

Considerando a legislação anterior (constituições e leis de diretrizes

e bases nacionais) no art. 211 da CF (Constituição Federal) de 1988,

encontram-se as seguintes novidades:

1ª – a organização dos sistemas Municipais de ensino, ao lado dos

sistemas da União, dos Estados e do Distrito Federal (caput);

2ª – a organização dos sistemas de ensino em regime de

colaboração (caput);

3ª – a atuação prioritária dos Municípios no ensino pré-escolar e

fundamental (§ 2º).

Na Assembléia Nacional Constituinte, a municipalização do ensino

constitui-se em tema polêmico, em relação ao qual se opunham duas

posições radicais: definir a responsabilidade da União pelo 3º grau, dos

Estados pelo 2º grau e dos Municípios pelo 1º grau ou manter a

responsabilidade dos Estados pelo 1º e 2º graus.

Como resultado, no texto constitucional não há, como nas

Constituições anteriores, a definição clara de competências, e o debate

continuou a ser defendido a partir de diferentes interpretações do disposto

no § 2º do art. 211 da Constituição Federal. Para os defensores da

municipalização, os Municípios passavam a ser os responsáveis ou, ao

menos, os principais responsáveis pelo 1º grau. Para os contrários à

municipalização, a atuação prioritária dos Municípios, na oferta do ensino

fundamental, não implicava a supressão da responsabilidade principal dos

Estados pela oferta desse nível de ensino. Abreu (1998)

Constituição de 1988: A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do Ordenamento jurídico. É a sétima a reger o Brasil desde a sua Independência. Apesar das controvérsias de cunho político, a Constituição Federal de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a direitos. (WIKIPÉDIA. Enciclopédia Livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org. Acesso em 23 jul.2009)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

A indefinição do texto constitucional refletia, na verdade, a

impossibilidade de se definir no âmbito nacional, uma distribuição de

competências entre Estados e Municípios, ou seja, em relação à oferta da

educação escolar, notadamente do ensino fundamental, face à extrema

diferenciação entre as regiões brasileiras quanto à capacidade de

arrecadação tributária e de investimento na educação dos entes federados e

quanto às suas diferentes participações historicamente construídas na oferta

do ensino.

Em consequência, a Constituição de 1988 optou por não atribuir a

responsabilidade pelo ensino fundamental exclusivamente aos Estados ou

aos Municípios. Na verdade, o conflito presente na Constituinte, entre a

posição favorável e a contrária à chamada municipalização do ensino de 1º

grau, foi mediado pela introdução, no texto constitucional, do regime de

colaboração. Através dele, no caminho já apontado pela Lei nº 5.692/71,

em cada Unidade Federada, Estados e Municípios devem delimitar a

responsabilidade concorrente a eles e atribuída pela Magna Carta em

relação à oferta do ensino fundamental. Abreu (1998)

1.3.2 Emenda Constitucional nº 14/96

A Constituição de 1988 não explicita, de forma coerente, as

responsabilidades e competências de cada uma das esferas do Poder

Público. Daí, o Governo Federal apresentar como um dos objetivos da

Proposta de Emenda Constitucional enviada ao Congresso em 1996, a

definição clara de responsabilidades dos diferentes níveis da população no

que se refere à obrigatoriedade da educação fundamental.

No art. 211 do texto constitucional, a Emenda Constitucional nº 14

altera a redação do parágrafo primeiro, relativo às atribuições da União e

acrescenta os parágrafos terceiro e quarto, relativos, respectivamente, à área

de atuação prioritária dos Estados e à colaboração entre Estados e

Municípios em relação ao ensino obrigatório. Abreu (1998)

Segundo Abreu, (1998) o novo texto constitucional, emendado em

1996, utiliza-se da mesma linguagem – atuação prioritária – para a definição

das responsabilidades de Estados e Municípios. Tanto no artigo 211, como

na emenda constitucional o ensino fundamental é colocado em primeiro

lugar na sentença: antes da educação infantil, no caso dos Municípios e

antes do ensino médio, para os Estados. Abreu (1998)

Em segundo lugar, o parágrafo quarto trata de explicitar o que

estava implícito: a universalização do ensino obrigatório, ou seja, do ensino

fundamental deve ser assegurada, em conjunto, pelos Estados e pelos

Municípios que, para isso, define formas de colaboração entre seus sistemas

de ensino. (ABREU, 1998)

Para conhecer a Emenda Constitucional nº 14/94, acesse

o site:http://www.planalto.gov.br/cciv

il.../Emendas/.../emc14.htm

Função redistributiva e supletiva:

O Art. 211 da CF/88 destaca que a União tem, “em matéria

educacional, função redistributiva e supletiva, de

forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade

do ensino mediante assistência técnica e financeira aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios” (BRASIL,

1988). Através desta função fixada à União, a Constituição Federal procura a equalização

das oportunidades educacionais, tendo em vista as

desigualdades regionais, a carência de recursos

financeiros ou mesmo técnicos nos demais sistemas estaduais e

municipais. Castro (1998)

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Page 21: Livro Estrutura e Funcionamento

20

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

A Emenda Constitucional nº 14/96 substitui, na redação do

parágrafo segundo do art. 211, o ensino pré-escolar pela educação infantil,

desta forma procedendo à adequação do texto da Constituição ao debate

educacional desenvolvido no país.

Após 1988 e consubstanciado na nova LDB nº 9394/96 que, por

coerência com o disposto no art. 208, inciso VI, do texto de 1988, institui a

educação infantil como a que atende crianças, até seis anos de idade, em

creches (até três anos) e pré-escolas (de quatro a seis anos de idade)

(Callegari & Callegari, 1997, p. 16). Entretanto, igual adequação não foi

encaminhada no art. 30, inciso VI, da Constituição Federal de 1988,

segundo o qual cabe ao Município manter, com a cooperação técnica da

União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino

fundamental. Abreu (1998)

Ao mesmo tempo, ao constituir uma subvinculação para o ensino

fundamental dos recursos vinculados à manutenção e desenvolvimento do

ensino pelo art. 212 da Constituição Federal, a Emenda Constitucional nº

14/96, na nova redação do art. 60 do ADCT (Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias), determina igual percentual de recurso dos

Estados e dos Municípios para este nível de ensino. Abreu (1998)

No que se refere à União, a Emenda Constitucional nº 14/96

promove alterações na redação do parágrafo primeiro do art. 211, de forma

a tornar o texto mais preciso. Em primeiro lugar, diferencia a atribuição da

União de organizar o sistema federal de ensino e o dos Territórios da

atribuição de financiar as instituições públicas federais. O texto

constitucional de 1988, ao atribuir à União a responsabilidade de organizar

e também financiar o sistema federal de ensino, deixava margem a uma

interpretação equivocada sobre o papel do Governo Federal em relação às

instituições de ensino privadas que integram o seu sistema de ensino. Abreu

(1998)

Em terceiro lugar, o texto constitucional emendado em 1996

explicita a função redistributiva e supletiva da União em matéria

educacional e acrescenta que o objetivo da União, ao exercer esta função,

será o de “garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão

mínimo de qualidade de ensino”. Abreu (1998)

Em quarto lugar, repete o texto de 1988 ao estabelecer que a

função redistributiva e supletiva da União será implementada através de

“assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios”. Abreu (1998)

Daí, para falar de estrutura e funcionamento do ensino

fundamental e médio é necessário recorrer à fala da Secretária de Educação

Básica, Maria do Pilar Lacerda em 2008 que apresenta “A educação básica é

o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação comum

indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para

progredir no trabalho e em estudos posteriores.” Para isso, temos dois

Page 22: Livro Estrutura e Funcionamento

21

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

documentos norteadores da Educação Básica brasileira: A Lei de Diretrizes e

Bases nº 9394/96 de 20/12/1996 e Plano Nacional de Educação Lei nº

10.172/2001 regidos naturalmente pela Constituição da República

Federativa do Brasil.

1.4 CONCLUSÃO

Nesta Unidade nós discutimos:

?Sobre o processo histórico da educação brasileira, tomando

como ponto principal a legislação educacional antes e durante o período

republicano até chegarmos à organização da educação nacional através da

nova Constituição do Brasil em 1988.

?No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração

pública vigentes resultam de uma construção histórica, influenciada pela

tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas

orientações e práticas resultantes das correntes filosófica, positivista e

funcionalista. Para melhor compreender os processos que envolvem a

legalização e administração da educação brasileira, é de fundamental

relevância identificar aspectos e características dos três grandes momentos

históricos: Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo.

?A Educação no Brasil Colônia: A organização e administração da

educação durante o período colonial apresentam a influência das correntes

escolástica e positivista, mas fundamentalmente manifesta um enfoque

jurídico, fundamentado no direito romano, que era interpretado de acordo

com o código napoleônico. A educação, durante o Período Colonial era um

tema de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a

população que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos

relacionados à sua administração.

?A Educação Brasileira no Período Republicano: O pensamento

vigente na administração da educação brasileira no período republicano

divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases: organizacional,

comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada um delas

revelava um modelo específico de gestão.

?A Educação no Brasil Contemporâneo: A história da educação

brasileira na contemporaneidade também participou e sofreu a interferência

de inúmeros movimentos políticos e culturais. Em 1930, foi criado o

Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). A Constituição Federal de

1934 delegou ao Estado a responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as

instituições de ensino públicas e privadas. Naquele momento histórico, até

1945, vigorava a ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na

organização da educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em

1946, a sociedade política brasileira – partidos de esquerda e progressistas –

retomou os debates sobre a necessidade de melhorar e democratizar a

Page 23: Livro Estrutura e Funcionamento

22

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

educação brasileira. A partir da década de 1970, até meados da década de

1990, diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em prol da

democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de uma

sociedade impulsionada pela globalização econômica.

?A Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de

1996 e o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, são os

documentos norteadores da Educação Básica brasileira. Através deles está

estruturado todo o funcionamento fundamental e médio, além da educação

infantil e da educação superior.

ABREU, Mariza, Organização da Educação Nacional na Constituição e na

LDB. Ijuí: UNIJUÍ, 1998.

ARANHA, M.L. História da Educação. 2 ed.rev. São Paulo: Moderna, 1996.

ARELARO, Lisete Regina Gomes. Concepção de Sistema de Ensino no

Brasil e competências legais do Sistema Municipal. Brasília, 1997.

(Mimeo).

BRASIL. Emenda Constitucional Nº 24 (Estabelece a obrigatoriedade de

aplicação anual, pela União, de nunca menos de treze por cento, e pelos

Estados, Distrito Federal e Municípios, de, no mínimo, vinte e cinco por

cento da renda resultante dos impostos, na manutenção e desenvolvimento

do ensino.). Brasília, 1983.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília:

Senado Federal, Gráfica Central, 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96.

Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

CALLEGARI, César; CALLEGARI, Newton. Ensino Fundamental: a

Municipalização induzida. São Paulo: Editora SENAC, 1997.

CASTRO, M. L. O. de. A educação na Constituição de 1988 e a LDB – Lei de

Diretrizes e Bases da educação Nacional. Brasília: André Quicé, 1998.

HAGUETTE, André. Parceria: o Desafio do Regime de Colaboração no

Ensino Fundamental. (Mimeo).

JUSTO, Eloy Bernst. Sistemas de Ensino: concepções e aplicabilidade as

novas disposições constitucionais. Conselho Estadual de Educação do RS,

1988.

REFERÊNCIAS

Page 24: Livro Estrutura e Funcionamento

23

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

LIBANEO José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza TOSCHI,

Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2. ed.

São Paulo: Cortez, 2005.

LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito. 17 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.

ROMÃO José Eustáquio. A LDB e o Município: Sistema Municipal de

Educação. Ijuí, RS: Editora Unijuí, 1997.

SANDER, B. Administração da educação no Brasil: genealogia do

conhecimento. Brasília: Líber Livro, 2007.

SAVIANI, Demerval. A nova lei da educação. 3ed. Campinas: Autores

Associados, 1997

TEDESCO, J.C. El desafio educativo: calidad y democracia. Buenos Aires:

Grupo Editor Latinoamericano, 1987.

Page 25: Livro Estrutura e Funcionamento

24

2UNIDADE 2ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Objetivo Geral

Apresentar a legislação educacional, no período que antecede a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, destacando os

objetivos, os princípios e fins da educação nacional ao longo da história até a

atualidade.

2.1 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

“Conhecer a legislação é um ato de cidadania e que não pode ficar

restrito aos especialistas como juristas, bacharéis e advogados.” (CURY,

2000, p.16)

Como educadores precisamos conhecer a legislação do ensino

brasileiro. O que você sabe sobre a nossa legislação? A nossa educação

caminha com que base e fundamento? Vamos estudar sobre isso?

Devido à independência do Brasil, surge então a necessidade de

um Sistema Educacional Brasileiro, pois o país emancipou-se politicamente

sem, contudo, ter uma forma de organização educacional que atendesse a

esta nova realidade. Sabemos que, quando os jesuítas foram expulsos, em

1759, das terras brasileiras, também levaram com eles uma organização

educacional que, embora atendesse a uma minoria da população (e nós

veremos que isso continuará por um bom tempo), ainda era um referencial

para a população brasileira. De acordo com Xavier (1994), somente em

1772 houve a primeira iniciativa das autoridades públicas com a escola

brasileira e, mesmo assim, restringindo-se ao ensino superior.

Após a independência, justificando os princípios liberais e

democráticos, são elaborados planos, tendo como meta uma nova política

referente à instrução popular, mas, na prática, isso pouco se concretiza.

Segundo Xavier,

conforme o discurso da época, havia que se construir o

“edifício instrucional”, de que a “jovem nação” carecia para

tomar finalmente os “rumos da civilização”. Mas esse

processo foi marcado, desde logo, por um escandaloso

desajuste entre os objetivos proclamados e o

encaminhamento de projetos, assim como entre as medidas

legais definidas e as condições concretas de efetivação.

(1994, p. 61)

Ainda é possível verificar a incoerência dos debates realizados, a

época, sobre como efetivar um sistema educacional consistente e que

Projeto de Tratado de Educação para a Mocidade Brasileira e Projeto de Criação de Universidades: dois projetos elaborados em 1823 relativos à instrução pública. O primeiro projeto, apresentado à Assembléia Constituinte, em 16 de junho de 1823, objetivava “estimular os gênios brasileiros” a elaborar um tratado completo de educação física, moral e intelectual para a mocidade brasileira e o segundo, sugeria a criação de universidades.

Ensino Elementar: relativo à educação básica (ou ensino básico). É a designação dada ao nível de ensino correspondente aos primeiros anos de educação formal. Fonte: pt.wikipedia.org

Ensino Secundário: O ensino secundário ou ensino médio é um nível de ensino cuja denominação corresponde a um conjunto específico de anos de escolaridade.

Ensino Propedêutico: Ensino que serve de introdução e que prepara alguém para receber, mais tarde, ensino de nível mais alto. “Conjunto de estudos que, como estágio preparatório, antecede os cursos superiores.” (DUARTE,1986. 175 p.)

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

atendesse à educação popular quando, na Assembléia Constituinte e

Legislativa de 1823, são apresentados dois projetos para apreciação: o

Projeto de Tratado de Educação para a Mocidade Brasileira e o Projeto de

Criação de Universidades. Estes dois projetos na realidade não definiam

como deveria se organizar a educação brasileira. Eles visavam a interesses

particulares. O primeiro preocupava-se em excluir qualquer tentativa

governamental para o ensino elementar e ao segundo só interessava a

criação de duas universidades no país. Nos dois projetos, como já

afirmamos, percebia-se o descaso em construir um sistema educacional

popular e sim continuar garantindo um sistema de educação voltado para os

interesses da elite. Veja os significados destes termos no quadro ao lado.

A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a todos os

cidadãos do Império e, devido a isso, em 1826, é apresentada a proposta de

criação de escolas primárias no país, através do Projeto Januário da Cunha

Barbosa e legitimado no Decreto de 15 de outubro de 1827. Entretanto, o

projeto propunha, em sua essência, uma educação voltada para a realidade

europeia e o decreto visava a transformar a instrução pública elementar em

Escolas de Primeiras Letras e não ressaltava como deveriam ser implantadas

essas escolas e quais as condições reais que o país dispunha. Xavier (1997)

De acordo com Xavier (1997), os documentos oficiais desta época

deixam claro que, durante todo o Período Imperial, pouco se preocupou

com a criação de um sistema de instrução nacional. Ainda com o Ato

Adicional de 1834 houve a criação de sistemas paralelos de ensino em cada

província, na busca de soluções para questões que eram centralizadas pela

Coroa, anteriormente. Então começa a ter uma preocupação com o ensino

básico, continuando o poder central responsável pelo ensino superior. Essa

medida pouco modificou o quadro do ensino elementar, porque a verba

destinada às províncias, para custeio da instrução pública, era ínfima,

insuficiente para assumir tais responsabilidades. Em consequência, algumas

raras escolas particulares, sediadas na Corte e nas grandes cidades,

ofereciam ensino primário mais rico e consistente que o ministrado nas

escolas públicas.

Apesar das iniciativas de alguns teóricos e magistrados da época, a

educação brasileira caminhava lentamente e, com pouca evolução

enquanto política educacional; o ensino elementar era qualitativamente

deficiente e quantitativamente precário. O ensino secundário beneficiava

apenas diminuta parcela da população que buscava o ensino superior.

Foram criadas condições de expansão da rede privada, procurando, dessa

forma, suprir as graves lacunas do ensino público provincial. No entanto, o

Império legou à República uma tarefa imensa a ser cumprida no setor da

instrução pública, agregando-se à tal tarefa a necessidade de instalação do

ensino técnico comercial, agrícola e industrial, que praticamente inexistia no

Brasil. Aranha (1996).

Constituição Republicana de 1891: A elaboração da

constituição brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Após um

ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em 24

de fevereiro de 1891. Esta constituição vigorou durante

toda a República Velha e sofreu apenas uma alteração

em 1927.Fonte: pt.wikipedia.org

Sobre o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇAO

O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962,

durante a vigência da primeira LDB (Lei 4024 de 1961)

Um Decreto proposto no Governo João Goulart, de

iniciativa do MEC e aprovado pelo CNE, propunha metas

qualitativas e quantitativas para a educação num prazo de oito

anos.

Durante o período em que os militares estiveram no poder,

de 1964 a 1985, a concepção tecnicista de educação

transformou a ideia de um plano nacional em instrumento de racionalidade tecnocrática.

Em 1990, no inicio do Governo Collor, discutiu-se

internacionalmente (UNICEF, UNESCO, PNUD, BM) sobre

um plano decenal para os nove países mais populosos do

mundo.

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PARA REFLETIR

Page 27: Livro Estrutura e Funcionamento

26

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Qual é a diferença entre ensino elementar e ensino secundário?

Pode-se dizer que, desde o Império, com toda a precariedade dos

serviços educativos, já se percebe uma dicotomia no ensino que

espelhava a realidade da sociedade, ou seja, o ensino propedêutico para

as elites e o ensino profissional, que visava preparar o aluno para o

mercado de trabalho, era o ensino destinado às classes pobres.

E no período Republicano, quais foram as preocupações com a

educação do povo?

No período Republicano, começa a se formar um novo perfil

educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que

propõem diretrizes e critérios para o ensino primário, secundário e

superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o ensino

industrial que eram mantidos com finalidades filantrópicas e se

destinavam, primeiramente, aos órfãos e desvalidos. Ressaltamos que a

Proclamação da República em 1889, apesar de o povo simpatizar com a

causa e ter o respaldo dos intelectuais progressistas que já a reivindicavam

desde a Independência, não trouxe uma mudança significativa para a

ordem econômica nacional. Aranha (1996).

A Constituição Republicana de 1891 estabeleceu uma

república federativa e fez com que o Estado assumisse, de forma

definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de

ensino fundamental e intermediário. Em relação à educação, continuou a

tradicional divisão entre escola para a elite e escola para a população

menos favorecida.

Com a responsabilidade pela educação primária e profissional

delegada aos estados, o dever de manter as escolas secundárias e

superiores fica a cargo das autoridades estaduais e federais. Isso, de

acordo com Planck, traz as seguintes consequências:

a) o fortalecimento do papel federal na educação superior;

b) um crescimento substancial das matrículas no ensino primário

em alguns estados relativamente ricos, como São Paulo e estagnação em

outros;

c) e uma quase total falta de coordenação das políticas

educacionais dos vários órgãos envolvidos no sistema educacional. Plank

(2001)

Durante a década de 1920, com a urbanização e a

industrialização em desenvolvimento, tem como consequência a

pressão para mudanças no sistema educacional. Jovens educadores,

influenciados por educadores progressistas dos Estados Unidos e da

Europa, criam a Associação Brasileira de Educação onde publicam artigos

e livros desejando uma nova escola em todo o país. Todas estas ideias e

movimento escolanovista culminam com a públicação do Manifesto dos

Pioneiros da Educação Nacional, em 1932.

SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial é uma instituição privada brasileira de interesse público, sem fins lucrativos, cujo objetivo é ministrar cursos de formação profissional de aprendizagem industrial para indústria brasileira.

SENAC: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial foi criado em 10 de janeiro de 1946 em São Paulo.É uma instituição brasileira de educação profissional aberta a toda a sociedade. Através de diferentes modalidades de ensino a instituição se faz presente em mais de 1.850 municípios, capacitando para o mundo do trabalho cerca de 1,7 milhões de brasileiros, a cada ano. pt.wikipedia.org.

Constituição de 1946: foi promulgada em 18 de setembro de 1946. A Constituição Brasileira de 1946, bastante avançada para a época, foi notadamente um avanço da democracia e das liberdades individuais do cidadão.

Lei de Diretrizes e Bases: Lei= normas, regras; Diretrizes = direção, o que se deseja alcançar; Bases= aquilo que sustenta. Souza (1997)

Paulo Freire: um grande educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Saiba mais no Instituto Paulo Freire: www.paulofreire.org

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Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Ainda em 1930, com a Revolução, o governo nacional demonstrou

grande interesse na política social e educacional. Cria-se o Ministério da

Educação e da Saúde que se torna um marco da ação federal no campo

educacional.

A Constituição de 1934, em seu capítulo sobre a educação, exigia

que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do

Estado ofertá-lo. Surgem, portanto, as primeiras ideias de um Plano

Nacional de Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as

atividades dos estados e municípios..

Com o Golpe de Estado de Getúlio Vargas e o estabelecimento do

Estado autoritário, muitas das iniciativas foram revertidas. Enquanto a

Constituição de 1934 estabelecia o dever do Estado de prover a educação,

agora a Constituição de 1937 colocava a obrigação no Estado de prover o

ensino primário e profissional para os “menos favorecidos”; entretanto esta

ação deveria ser realizada em acordo com os órgãos privados, como a Igreja

Católica e só se esses órgãos não conseguissem atender, satisfatoriamente, é

que o Estado deveria intervir. Percebemos então que, nesta Constituição, o

Estado delega a outros órgãos a obrigação que deve ser primeiramente dele.

Durante este período, sob o governo de Vargas, são criadas as redes de

ensino depois do primário, de 5ª à 8ª séries e são favorecidos cursos

profissionalizantes (formação industrial, comercial, agrícola e magistério).

Cria-se o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o

SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que deviam

oferecer uma profissionalização a todos os brasileiros que desejavam

profissionalizar-se. Aranha (1996)

Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição

é adotada - a de 1946. Nela, os “pioneiros da educação nova” retomam a

luta pelos valores já defendidos em 1934 no qual o Estado tem como

obrigação oferecer e prover a educação a todo cidadão brasileiro. A

Constituição de 1946 obriga, também, os empresários a oferecerem

educação para os empregados e filhos dos empregados, caso este número

seja superior a cem, e restaura a determinação (ausente na Constituição de

1937) de que as autoridades públicas federal, estadual e municipal deveriam

investir percentuais de suas receitas na educação. Contudo isso era a lei, mas

cumprir esta determinação era a dificuldade.

De 1910 até 1960 podemos afirmar que foram várias as reformas

educacionais com o objetivo de resolver os problemas principais da

educação brasileira: a quantidade e a qualidade educacional. Vamos

constatar, entretanto, que essas reformas significaram pouco na conquista de

auxiliar a construçao de uma escola de qualidade para todos. Podemos

destacar as Reformas: Francisco Campos (1931-1932) e Reforma Capanema

(1942-1946). Consulte http://pt.wikipedia.org onde você encontrará

informações sobre estas reformas.

Golpe militar de 1964: O Golpe Militar de 1964 designa

o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de

1964 no Brasil e que culminaram no dia 1º de abril em um Golpe de Estado, que

interrompeu o governo do presidente João Belchior

Marques Goulart, também conhecido como Jango, que

havia sido, democraticamente, eleito vice-presidente pelo

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Depois de muita

negociação, principalmente de seu cunhado Leonel de Moura

Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a

oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual

se criaria o regime parlamentarista, passando

então João Goulart a ser chefe-de-Estado. Em 1963, porém,

houve um plebiscito e o povo optou pela volta do regime

presidencialista. João Goulart, finalmente, assume a

presidência da República com amplos poderes, o que tornou

aparente vários problemas estruturais na polÍtica brasileira

acumulados nas décadas que precederam o golpe e disputas

de natureza internacional, desestabilizando o governo. O

Golpe de 1964 submeteu o Brasil a uma ditadura militar

alinhada politicamente com os interesses dos Estados Unidos

da América, que durou até 1985, quando, indiretamente,

foi eleito o primeiro presidente civil desde 1964, Tancredo

Neves.

Fonte: WIKIPÉDIA. Enciclopédia Livre. Disponível

em http://pt.wikipedia.org Acesso em 23 jul.2009.

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Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Enquanto isso, desde 1946, acontecem os intensos debates sobre a

Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Como salienta Aranha (1996), o percurso

desse projeto é longo e muito tumultuado e se estende até 1961, data da

promulgação da lei. E durante este percurso há muitas discussões e debates

sobre a descentralização do ensino; a iniciativa privada e as obrigações do

Estado; a Igreja Católica defende uma escola baseada nos princípios

religiosos católicos; e os intelectuais, estudantes e líderes sindicais iniciam a

Campanha em Defesa da Escola Pública.

Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada após 13 anos de discussões e

quando isso acontece já se encontra ultrapassada, pois, apesar de ter sido

gestada como uma proposta avançada, para a educação a Lei “envelhece”

no decorrer dos debates e do confronto de interesses. Destacamos os pontos

principais desta Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

?não há alteração na estrutura do ensino, ou seja, mantém a

desarticulação entre os ensinos primário e o médio. Entretanto diminui-se a

rigidez do sistema e propõe a redução do número de disciplinas no ensino

secundário.

?a União dispensará recursos para a construção e reforma de

prédios escolares e equipamentos.

?cria-se o Conselho Federal de Educação (CFE) e os Conselhos

Estaduais de Educação (CEE) com a função principal de exigir recursos

financeiros do governo.

?o ensino técnico continua sem merecer uma atenção especial e

continua sendo relegado a uma população “menos favorecida”. (LDBEN,

1961)

Após a promulgação da Lei, muitos intelectuais, políticos e líderes

religiosos ficam insatisfeitos com os resultados e intensificam os movimentos

populares em defesa de uma escola para todos. Estes movimentos populares

exigem do governo uma educação voltada para os interesses dos educandos.

Baseiam suas propostas em aulas com peças teatrais (muitas vezes

apresentadas nas ruas); atividades em sindicatos e universidades;

alfabetização para a população rural e urbana marginalizada; exibição de

filmes e documentários e formação de líderes locais para uma melhor

participação política. Destaque para o grande educador Paulo Freire. Como

já dissemos anteriormente vale a pena pesquisar sobre este educador

brasileiro.

O Golpe Militar de 1964 desarticula estes movimentos de

conscientização do povo, pois são considerados subversivos e seus líderes

são logo penalizados através de exílios, desaparecimentos e até assassinatos.

O que este golpe realmente representou para a educação

brasileira?

A ditadura militar que tomou o poder em 1964 afirmou a

importância da educação e buscou adaptar o sistema educacional aos

requisitos do rápido crescimento econômico. Por ser ditatorial, o regime

Page 30: Livro Estrutura e Funcionamento

29

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

promove uma estreita “vigilância” no setor educacional, especialmente nas

escolas de grau médio e nas universidades. Mas o governo ainda estabeleceu

um setor de planejamento de recursos humanos e desenvolveu uma série de

Planos Nacionais de Educação voltados para uma política de incentivo à

melhoria da escola pública. Entretanto lembramos que isso tudo era

realizado tendo como base o terror e as ameças.

O governo militar ainda tentou promover uma reorganização da

universidade brasileira (1968) e do ensino primário e secundário (1971).

Juntamente com as reformas de organização do sistema educacional, o

governo militar diminui, de forma bem significativa, a responsabilidade dos

governos estaduais e municipais em relação à aplicação dos recursos

financeiros na educação. Como já dissemos anteriormente, no governo

militar são realizadas as reformas educacionais dos ensinos superior, médio e

fundamental.

A Reforma do 1º e 2º graus (ensinos fundamental e médio)

acontece no período mais crítico do governo ditatorial com a Lei

5692/71 que apresenta os pontos:

?extensão da obrigatoriedade para o 1º grau (1ª à 8ª séries);

?não se separa mais o ensino secundário do técnico, superando o

dualismo escolar;

?superação do ensino propedêutico com a profissionalização do

ensino médio para todos;

?as empresas devem cooperar com a educação;

?integração geral do sistema educacional: do primário ao

superior.

Para melhor compreender a Reforma do 1º e 2º graus confira as

dicas do quadro a seguir:

Conheça algumas das principais características da Lei 5692 de

1971:

Foi publicada em 11 de agosto de 1971, durante o regime

militar, pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.

Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º graus e uma

parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 4)

Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação

artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do currículo,

além do ensino religioso facultativo (art. 7)

Ano letivo de 180 dias (art. 11)

Ensino de 1º grau obrigatório dos sete aos 14 anos (art. 20)

Educação a distância como possível modalidade do ensino

supletivo (art. 25)

Lei 5692/71: Fixa as Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e

2º graus, e é revogada pela Lei 9394/96.

Direito público subjetivo: É o direito intrínseco da pessoa, ou

seja, pertence ao indivíduo a manifestação de postular ou reivindicar um direito a um

serviço, atendimento, reclamação de conduta e

outros feitos negativos cometidos por representantes

do Poder Público.

Fonte: WIKIPÉDIA. Enciclopédia Livre. Disponível

em http://pt.wikipedia.org Acesso em 23 jul.2009.

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Page 31: Livro Estrutura e Funcionamento

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Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da

1ª à 4ª séries, em habilitação específica no 2º grau (art. 30 e 77)

Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º

grau em curso de nível superior ao nível de graduação (art. 30 e 77)

Formação preferencial dos especialistas da educação em curso

superior de graduação ou pós-graduação (art. 33)

Dinheiro público não exclusivo às instituições públicas de

ensino (art. 43 e 79)

Os municípios devem gastar 20% de seu orçamento com

educação; não prevê dotação orçamentária para a União ou os estados

(art. 59)

Progressiva substituição do ensino de 2º grau gratuito por

sistema de bolsas com restituição (art. 63)

Permite o ensino experimental (art. 64)

No tocante às reformas educacionais, estas, ao longo da história da

educação brasileira, deixaram suas contribuições, embora ainda

continuemos exigindo dos governantes uma responsabilidade maior em

relação aos objetivos e metas para a educação dos brasileiros.

Na verdade, desde o início, a política educacional demonstra que a

evolução do conhecimento e a aprendizagem do indivíduo estão sempre

ancorados no que o Estado deseja e impõe. Assim, o poder prevalece e a

educação fica relegada ao segundo plano.

Chegamos à Constituição de 1988, também chamada de

Constituição Cidadã. Esta Constituição dará início às discussões sobre uma

nova LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Muitas foram

as pressões e exigências para esta Constituição onde todos queriam agora

(em um período democrático) expressar a sua voz e direitos.

De acordo com Aranha os pontos mais relevantes da Constituição

F e d e r a l d e 1 9 8 8 r e f e r e n t e à e d u c a ç ã o s ã o :

(www.planalto.gov.br/.../constituicao/constituição)

a)ensino público gratuito em estabelecimentos oficiais;

b)ensino fundamental obrigatório e gratuito e extensão do

ensino médio;

c)oferecimento de creches e pré-escolas para crianças de

zero a seis anos;

d)a educação como direito público subjetivo;

e)valorização dos profissionais do magistério e autonomia

universitária;

f)estabelece a aplicação anual de recursos obtidos com

impostos para a União, estados e municípios;

Page 32: Livro Estrutura e Funcionamento

31

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

g)obriga a elaboração de um plano nacional de educação

que tenha como metas principais: a erradicação do

analfabetismo; universalização do ensino; melhoria da

qualidade do ensino com formação para o trabalho,

formação humanística e tecnológica. (1996 p. 223)

A Constituição de 1988 aborda os principais problemas

enfrentados na educação brasileira: o acesso à educação e a qualidade desta

educaçao. E como já afirmamos, inicia-se o debate sobre a elaboração da

nova LDBEN. Contudo veremos que mesmo com a nova Lei ainda teremos

um grande caminho a percorrer na luta por uma educação de qualidade

para todos os cidadãos brasileiros.

2.2 PRINCIPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL NA ATUALIDADE

“...pessoa, cidadania e trabalho são tres conceitos que sintetizam os

fins da educação e até mesmo da ordem social.” (CURY, 2000, p.28)

Depois da aprovação da Constituição de 1988, a democratização

do país e a abertura política restava agora a elaboração de uma lei

educacional que confirmasse as mudanças agora exigidas. A lei anterior, a

LDBEN 5692/71 já não atendia aos desejos e necessidades explicitadas na

nova Constituição. Então inicia-se, a partir de 1988, a preocupação com a

nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educaçao Nacional, sancionada

em 1996 retoma os princípios e bases da Lei 5692/71 adaptando-se ao

novo contexto social, uma vez que a anterior caracterizou-se pela

centralização de decisões, excesso de burocratização e autoritaritarismo

visto que a referida Lei foi elaborada durante a ditadura militar.

Esta nova LDB de nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 é marcada

pela flexibilidade, principalmente em relação à Educação Básica,

oferecendo autonomia aos estados, municípios e procurando respeitar as

diferenças entre as localidades urbanas e rurais.

Esta Lei, entretanto, é também considerada uma síntese

contraditória de diferentes projetos politicos e pedagógicos que, por oito

anos, se confrontaram em diversas instâncias da sociedade civil e

principalmente no Congresso Nacional. Foram oito anos de idas e vindas do

projeto até tornar-se lei. Muito do texto foi modificado a partir do projeto

inicial. Ora o texto foi acusado por ser muito idealista, ora por ser vago

demais e até por privilegiar o poder Executivo, dispensando a participação

ativa da sociedade.

De acordo com a Constituição de 1988 (art. 205) e a LDB de 1996

(art. 2º), a educaçao tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para

o trabalho. Esses objetivos já se encontravam na Lei da Reforma do Ensino de

1971 em seu artigo 1º. A atual Lei de Diretrizes e Bases acrescenta ainda que

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32

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

a educação deve ser inspirada nos principios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana.

Vamos então falar dos Princípios e Fins da Educação Nacional

segundo a Lei em vigor: a LDBEN 9394/96.

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada

nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade

humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a

cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de

ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos

oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta

Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as

práticas sociais.

De acordo com o artigo 2º da LDB, a educação é dever da família e

do Estado. Embora no texto da Constituição de 88, em seu artigo 205, fica

evidente que a educação é dever do Estado e posteriormente da família.

A educação é uma função da família e do Estado e sendo assim

todos somos responsáveis por ela quer seja das crianças, dos jovens dos

adultos e idosos que não tiveram acesso à educação escolar em idade

correspondente. Podemos dizer que a sociedade é co-responsável pela

educação e deve cobrar do poder público este direito assegurado a todo

cidadão brasileiro.

Continuando, o 2º artigo da LDB 9394/96 trata ainda de três

assuntos: dever de educar (dever da família e do Estado), princípios

inspiradores da educação (inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais

de solidariedade humana), e fins da educação (pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para

o trabalho). Estes três assuntos ou pontos fundamentais dos princípios e fins

da educação nacional referem-se ao ponto primordial que nossa educação

deve alcançar: o preparo para o mercado de trabalho, mas também para a

cidadania.

Artigo 206 da Constituição Federal de 1988: Trata dos princípios da educação brasileira, também contemplados na LDB 9394/96. (BRASIL, Constituição Federal, 1988)

Principais características da LDB 9394/96 que diferenciam das anteriores.Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares (art. 3 e 15).Ensino fundamental obrigatório e gratuito (art. 4) Carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em duzentos dias na educação básica (art. 24) Prevê um núcleo comum para o currículo do ensino fundamental e médio e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 26) Formação de docentes para atuar na educação básica em curso de nível superior, sendo aceito para a educação infantil e as quatro primeiras séries do fundamental formação em curso Normal do ensino médio (art. 62) Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia ou pós-graduação (art. 64) A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público (art. 69) Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas (art. 77) Prevê a criação do Plano Nacional de Educação (art. 87)

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PARA REFLETIR

Page 34: Livro Estrutura e Funcionamento

33

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Segundo Souza e Silva, (1997, p.9) tanto o ensino fundamental,

como o médio e o superior não devem medir esforços para atender o

educando, proporcionando o seu autodesenvolvimento como ser humano e

instrumentando-o para o trabalho (o seu meio de sobrevivência) e o

exercício da cidadania (meio de sobreviver-se em uma sociedade

politicamente organizada).

Já o artigo 3º expõe, trás os onze princípios que devem reger a

organização no país e deste destacamos dois itens principais: a afirmação de

valores ligados aos ideais de liberdade, igualdade, tolerância e pluralismo

ideológico; e a definição de políticas para fortalecimento entre as relações:

família, escola sociedade e trabalho. Isso também se repete no artigo 206 da

Constituição Federal de 1988 o qual deu origem aos princípios da LDB.

Vamos nessa oportunidade conhecer algumas características que

diferem a LDB vigente das anteriores.

2.3 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA À LUZ DA LEGISLAÇÃO

VIGENTE

Conforme o Plano Nacional de Educação, o ensino fundamental é

obrigatório e gratuito e garantido na Constituição Brasileira. O artigo 208 da

Constituição Federal garante isso inclusive para todos os que a ele não

tiveram acesso na idade própria e diz ainda que se o Poder Público não o

oferecer implica em responsabilidade da autoridade competente. A Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional também ressalta em seu artigo 32

que o ensino fundamental tem que oferecer uma educação que garanta o

pleno domínio da leitura e da escrita, além de condições para o

desenvolvimento da capacidade de aprender e de se relacionar no meio

social e político. O Plano Nacional de Educação apresenta a realidade do

Ensino Fundamental do Brasil dizendo que “existe hoje, no Brasil, um amplo

consenso sobre a situação e os problemas do ensino fundamental. As

matrículas do ensino fundamental brasileiro superam a casa dos 35 milhões,

número superior ao de crianças de 7 a 14 anos, representando 116% dessa

faixa etária. Isto significa que há muitas crianças matriculadas no ensino

fundamental com idade acima de 14 anos. Em 1998, tínhamos mais de oito

milhões de pessoas nesta situação. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

A exclusão da escola de crianças na idade própria, seja por descaso

do Poder Público, seja por omissão da família e da sociedade, é a forma mais

perversa e irremediável de exclusão social, pois nega o direito elementar de

cidadania, reproduzindo o círculo da pobreza e da marginalidade e

alienando milhões de brasileiros de qualquer perspectiva de futuro.

Page 35: Livro Estrutura e Funcionamento

34

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

A consciência desse fato e a mobilização social que dela decorre

têm promovido esforços coordenados das diferentes instâncias do Poder

Público que resultaram numa evolução muito positiva do sistema de ensino

fundamental como um todo, em termos tanto de cobertura quanto de

eficiência.

O Plano Nacional de Educação ainda diz que, considerando-se o

número de crianças de 7 a 14 anos matriculadas no ensino fundamental, o

índice de atendimento dessa faixa etária (taxa de escolarização líquida)

aumentou, de 86% para cerca de 91% entre 1991 e 1996. O Plano destaca o

seguinte: “O progresso foi impressionante, principalmente se tomarmos os

dados já disponíveis de 1998: taxa bruta de escolarização de 128% e líquida,

de 95%. A taxa de atendimento subiu para 96%, na faixa de 7 a 14 anos. As

diferenças regionais estão diminuindo, pois nas regiões Norte e Nordeste a

taxa de escolarização líquida passou a 90%, portanto aproximando-se da

média nacional. Em 1998, o ensino privado absorvia apenas 9,5% das

matrículas, mantendo a tendência decrescente de participação relativa”.

(BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

Se considerarmos, por outro lado, o número de crianças de 7 a 14

anos efetivamente matriculadas em algum nível de ensino, o que inclui

algumas que estão na pré-escola, outras que frequentam classes de

alfabetização, além de uma parcela muito reduzida que já ingressou no

ensino médio, o atendimento é ainda maior e o progresso igualmente

impressionante: entre 1991 e 1998, essa taxa de atendimento cresceu de

91,6% para 95%, o que está muito próximo de uma universalização real do

atendimento. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

O PNE indica também um grave problema ocorrido no ensino

fundamental: a distorção idade-série. Essa provoca um verdadeiro inchaço

nas escolas de ensino fundamental. Segundo o PNE a distorção idade-série é

consequência dos altos índices de reprovação. “De acordo com o censo

escolar de 1996, mais de 46% dos alunos do ensino fundamental têm idade

superior à faixa etária correspondente a cada série. No Nordeste essa

situação é mais dramática, chegando a 64% o índice de distorção. Esse

problema dá a exata dimensão do grau de ineficiência do sistema

educacional do País: os alunos levam em média 10,4 anos para completar as

oito séries do ensino fundamental”. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

Tomando como referência apenas as crianças de 14 anos,

verificamos que, em 1998, dos 3,5 milhões de adolescentes nessa faixa

etária, apenas cerca de 622 mil frequentavam a 8ª série do ensino

fundamental. Além de indicar atraso no percurso escolar dos alunos, o que

tem sido um dos principais fatores de evasão, a situação de distorção idade-

série provoca custos adicionais aos sistemas de ensino, mantendo as crianças

por período excessivamente longo no ensino fundamental. A correção dessa

distorção abre a perspectiva de, mantendo-se o atual número de vagas,

ampliar o ensino obrigatório para nove séries, com início aos seis anos de

Page 36: Livro Estrutura e Funcionamento

35

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

idade. Esta medida é importante porque, em comparação com os demais

países, o ingresso no ensino fundamental é relativamente tardio no Brasil,

sendo de seis anos a idade padrão na grande maioria dos sistemas, inclusive

nos demais países da América Latina. Corrigir essa situação constitui

prioridade da política educacional.

Tendo em vista este conjunto de dados e a extensão das matrículas

no ensino fundamental, é surpreendente e inaceitável que ainda haja

crianças fora da escola. O problema da exclusão ainda é grande no Brasil. De

acordo com a contagem da população, realizada pelo IBGE em julho de

1996, são cerca de 2,7 milhões de crianças de 7 a 14 anos fora da escola,

parte das quais nela já esteve e a abandonou. Uma parcela dessa população

pode ser reincorporada à escola regular e outra precisa ser atingida pelos

programas de educação de jovens e adultos. (BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

A existência de crianças fora da escola e as taxas de analfabetismo

estão estreitamente associadas. Onde há criança fora da escola costuma-se

haver um grande número de adultos analfabetos.

Na maioria das situações, o fato de ainda haver crianças fora da

escola não tem como causa determinante o déficit de vagas, está

relacionado à precariedade do ensino e às condições de exclusão e

marginalidade social em que vivem segmentos da população brasileira. Não

basta, portanto, abrir vagas. Programas paralelos de assistência a famílias são

fundamentais para o acesso à escola e a permanência nela da população

muito pobre que depende, para sua subsistência, do trabalho infantil.

(BRASIL, Lei nº 10.172/2001).

A desigualdade regional é grave, tanto em termos de cobertura

como de sucesso escolar. Apesar do expressivo aumento de nove pontos

percentuais de crescimento entre 1991 e 1998, as regiões Norte e Nordeste

continuam apresentando as piores taxas de escolarização do País em relação

às regiões Sul e Sudeste do país.

Em relação aos objetivos da Educação Básica, a LDBEN 9394/96

tem o seguinte texto:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se

desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais.

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se

desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em

instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do

trabalho e à prática social.

A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:

Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A Educação

A autonomia das escolas tem seu fundamento na exigência ética de que a ação educativa

não se reduza ao mero cumprimento de horários e de

execução de tarefas determinadas por órgãos

exteriores à instituição. A ação educativa, tanto na sua

dimensão individual como coletiva, requer uma

consciência clara dos objetivos educacionais e dos valores a

eles ligados. Sem essa consciência não é possível

definir responsabilidades num sentido ético e social.

(MENESES, 2004)

DICAS

Page 37: Livro Estrutura e Funcionamento

36

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme

os Art. 21 e 22 da LDB.

A Educação Básica tem por objetivo formar o educando para o

exercício da cidadania e possibilitar meios para que ele prossiga sua

formação em estudos posteriores. A LDB estabelece algumas exigências

comuns para a Educação Básica. Entre estas, para os níveis fundamental e

médio, a LDB prevê a carga horária mínima de 800 horas anuais, distribuídas

em 200 dias letivos no mínimo, permite a classificação do aluno por séries,

que pode ser feita: por promoção, transferência ou avaliação feita pela

escola em vista de definir o grau de desenvolvimento do educando, além de

outras possibilidades. (BRASIL, Lei 9394/96).

2.4 CONCLUSÃO

Nesta Unidade nós discutimos sobre a legislação educacional no

período que antecede a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de

1996. Além disso, discutimos também os objetivos, os princípios e fins da

educação nacional na atualidade de acordo com a legislação atual (a LDB

9394/96), bem como do PNE.

Destacamos os seguintes pontos:

?Com a Independência do Brasil surge então a necessidade de

um Sistema Educacional Brasileiro porque o país emancipou-se

politicamente sem ter estrutura educacional organizada.

?Justificando os princípios liberais e democráticos, são elaborados

planos, tendo como meta uma nova política referente à instrução popular,

mas na prática isso pouco se concretiza.

?A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a todos os

cidadãos do Império e devido a isso, em 1826, é apresentada a proposta de

criação de escolas primárias no país através do Projeto Januário da Cunha

Barbosa e legitimado no Decreto de 15 de outubro de 1827. Os

documentos oficiais desta época deixam claro que, durante todo o período

imperial, pouco se preocupou com a criação de um sistema de instrução

nacional e a educação brasileira caminhava lentamente e com pouca

evolução enquanto política educacional.

?No período Republicano começa a se formar um novo perfil

educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que

propõem diretrizes e critérios tanto para o ensino primário quanto

secundário e superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o

ensino industrial que eram mantidos por finalidades filantrópicas e se

destinavam primeiramente aos órfãos e desvalidos.

?Ressaltamos que a Proclamação da República, em 1889, apesar

de o povo simpatizar com a causa e ter o respaldo dos intelectuais

progressistas que já a reivindicavam desde a Independência, tal fato não

trouxe uma mudança significativa da ordem econômica nacional.

Page 38: Livro Estrutura e Funcionamento

37

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

?A Constituição Republicana de 1891 estabeleceu uma república

federativa e fez com que o Estado assumisse, de forma definitiva, as rédeas

da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino fundamental e

intermediário. Em relação a educação, continuou a tradicional divisão entre

entre escola para a elite e escola para a população menos favorecida.

?Durante a década de 20, com a urbanização e a industrialização

em desenvolvimento, tem como consequência a pressão para mudanças no

sistema educacional.

?Em 1932: o movimento escolanovista culmina com a públicação

do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional em 1932. Cria-se o

Ministério da Educação e da Saúde que se torna um marco da ação federal

no campo educacional.

?A Constituição de 1934 ,em seu capítulo sobre a educação,

exigia que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria

obrigação do Estado ofertá-lo. Aqui surgem as primeiras ideias de um Plano

Nacional de Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as

atividades dos estados e municípios.

?A Constituição de 1937 coloca no Estado a obrigação de prover

o ensino primário e profissional. Cria-se o SENAI e o SENAC.

?Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova

Constituição é adotada, a de 1946. Nela os “pioneiros da educação nova”

retomam a luta pelos valores já defendidos em 1934 onde o Estado tem a

obrigação oferecer e prover a educação a todo cidadão brasileiro. Esta

Constituição obriga também os empresários a oferecer educação para os

empregados e filhos dos empregados e restaura a determinação de que as

autoridades públicas federal, estadual e municipal deveriam investir

percentuais de suas receitas na educação.

?Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada. Após a promulgação

desta Lei muitos intelectuais, políticos e líderes religiosos ficam insatisfeitos

com os resultados e intensificam os movimentos populares em defesa de

uma escola para todos.

?Em 1971, é promulgada a Lei 5692/71 que fixa as Diretrizes e

Bases para o ensino de 1º e 2º graus. Esta lei é revogada pela Lei 9394/96.

?A Constituição de 1988 dará início às discussões sobre uma nova

LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Esta Constituição

aborda os principais problemas enfrentados na educação brasileira: o acesso

à escola e a qualidade da educaçao oferecida.

?Em 1996 é promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da

educação brasileira e nela os principios e fins da educação nacional são

estabelecidos de acordo com a Constituição de 1988. A educaçao tem por

finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Page 39: Livro Estrutura e Funcionamento

38

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

?A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:

Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A Educação

Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme

os Art. 21 e 22 da LDB.

ARANHA, M.L. História da Educação. 2 ed.rev. São Paulo: Moderna, 1996.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília:

Senado Federal, Gráfica Central, 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96.

Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2001. Brasília: Diário

Oficial de 10 de janeiro de 2001.

CURY, Carlos Roberto Jamil. A legislação educacional brasileira. RJ: DP&A

Editora, 2000.

DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário brasileiro de educação. Rio de

Janeiro: Edições Antares: Nobel, 1986.

MENESES, João Gualberto (org). Educação Básica: Políticas, Legislação e

Gestão – Leituras. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

PLANK, D. Política Educacional no Brasil: caminhos para a salvação

pública. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

SOUZA, P.N.P.; SILVA, E. Como entender e aplicar a nova LDB? São Paulo:

Pioneira, 1997.

XAVIER, M.E. História da Educação: a escola no Brasil. São Paulo: FTD,

1994.

REFERÊNCIAS

Page 40: Livro Estrutura e Funcionamento

39

3UNIDADE 3A LEGISLAÇÃO E A UNIVERSALIZAÇÃO DE UMA ESCOLA

BÁSICA DE QUALIDADE

Objetivo Geral

Apresentar o ensino fundamental de nove anos, as considerações

sobre o ensino médio atrelado à profissionalização e ao direito a uma

educação de qualidade garantida a todos, inclusive na educação de jovens e

adultos.

3.1 O ENSINO FUNDAMENTAL DE 09 ANOS

O que você sabe sobre o Ensino Fundamental de nove anos? Nesta

unidade, além de tratarmos do Ensino Médio e a educação de jovens e

adultos também falaremos sobre a lei que colocou as crianças um ano antes

na escola. Vamos lá?

O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade de

aprender o domínio da leitura, da escrita, do cálculo, desenvolver a

capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos de família, de

solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. O Ensino

Fundamental pode ser dividido em ciclos e deve ser presencial, permitindo

complementação dos estudos por meio de ensino a distância.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases nº 9394 o Ensino

Fundamental passa a ser de 09 anos para que se tenha mais tempo da criança

na escola.

Vejamos o que diz a Lei:

Art. 32. O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de

09 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos

06 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica

do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de

2006)

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo

como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e

do cálculo;

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema

político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,

tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e

a formação de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de

solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se

assenta a vida social.

§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino

Fundamental em ciclos.

Ensino Fundamental de nove anos:

A Lei nº 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, institui o

Ensino Fundamental de nove anos. Antes da implementação da referida lei, a pré-escola da

Educação Infantil atendia as crianças de quatro a seis anos

de idade. www.planalto.gov.br/ccivil.../

Lei/L11274.htm

O Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva,

sancionou, em fevereiro de 2006, a Lei nº 11.274 que

amplia o Ensino Fundamental para 09 anos. A alteração

estava prevista na Lei nº 9394/96, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e no

Plano Nacional de Educação (PNE). A legislação determina

que, até 2010, todas as escolas brasileiras deverão se organizar

para receber crianças a partir de seis anos de idade.

PARA REFLETIR

PARA REFLETIR

Page 41: Livro Estrutura e Funcionamento

40

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular

por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de

progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do

processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do

respectivo sistema de ensino.

§ 3º O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua

portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a

utilização de suas línguas maternas e processos próprios de

aprendizagem.

§ 4º O Ensino Fundamental será presencial, sendo o ensino a

distância utilizada como complementação da aprendizagem

ou em situações emergenciais.

§ 5o O currículo do Ensino Fundamental incluirá,

obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das

crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no

8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da

Criança e do Adolescente, observada a produção e

distribuição de material didático adequado. (Incluído pela

Lei nº 11.525, de 2007).

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte

integrante da formação básica do cidadão e constitui

disciplina dos horários normais das escolas públicas de

Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade

cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de

proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de

22.7.1997)

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os

procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino

religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e

admissão dos professores.

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída

pelas diferentes denominações religiosas, para a definição

dos conteúdos do ensino religioso.

Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá

pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,

sendo progressivamente ampliado o período de

permanência na escola.

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas

alternativas de organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º O Ensino Fundamental será ministrado

progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas

de ensino. (BRASIL, LDB nº 9394/96)

E quais devem ser as regras para todo o Ensino Fundamental em

nosso país?

Para que o Ensino Fundamental, de acordo com a Lei 9394/96

atinja seus objetivos, deve seguir as seguintes regras:

a) O Ensino Fundamental regular deve ser ministrado em

língua portuguesa, mas deve ser assegurado às comunidades

indígenas as suas línguas maternas;

b) ter uma carga horária mínima de oitocentas horas com o

mínimo de duzentos dias letivos excluindo o tempo

Para saber mais sobre o Ensino Fundamental com duração de 09 anos, você pode pesquisar os seguintes documentos:BRASIL. Lei nº 9394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.________. Lei nº 9424, 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o fundo de manutenção e desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no Art. 60, parágrafo 7º, do ato das disposições constitucionais transitórias, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 dez. 1996.__________. Lei 10172, 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 10 jan. 2001. Disponível em: http://www.mec.gov.br>. ___________. Lei nº 11114, 16 de maio de 2005. Altera os arts. 6, 30, 32 e 87 da Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do Ensino Fundamental aos seis anos de idade. Diário Oficial da União, Brasília, 17 maio 2005. Disponível em: http://www.senado.gov.br>.

PARA REFLETIR

Page 42: Livro Estrutura e Funcionamento

41

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

___________. Lei n° 11.274, 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos Artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases

da educação nacional, dispondo sobre a duração de

nove anos para o Ensino Fundamental, com matrícula

obrigatória a partir dos seis anos de idade. Diário Oficial

da União, Brasília, sete fev. 2006. Disponível em:

http://www.senado.gov.br>.____________. Conselho

Nacional de Educação. Parecer CEB n. 020/1998. Consulta

relativa ao ensino fundamental de nove anos. Disponível em

http://www.mec.gov.br__________________.

Ministério da Educação. Conselho Nacional de

Educação. Parecer CNE/CEB n. 18/2005. Orientações para a

matrícula das crianças de 6 (seis) anos de idade no Ensino Fundamental obrigatório, em atendimento à Lei n. 11.114, de 16 de maio de 2005, que

altera os arts. 6, 32 e 87 da Lei n. 9.394/1996. Disponível em

http://www.mec.gov.br___________________.

Ministério da Educação. Conselho Nacional de

Educação. Resolução CNE/CEB n.3/2005. Define normas

nacionais para ampliação do Ensino Fundamental para nove

anos de duração. Disponível em http://www.mec.gov.br

___________________. Ministério da Educação.

Secretaria de Educação Básica. Ensino Fundamental de nove

anos: orientações gerais. Brasília, 2004.

___________________. Ministério da Educação.

Secretaria de Educação Básica. Ensino Fundamental de nove

anos: orientações para inclusão da criança de seis anos de

idade. Brasília, 2006.

reservado aos exames finais e a jornada escolar deverá ter

um mínimo de quatro horas de trabalho efetivo;

c) o currículo deve ter uma base comum e ser

complementado com uma base diversificada para assim

contemplar as características regionais e locais; e a partir do

5ª série (ou 6º ano de escolaridade) deve-se

obrigatoriamente oferecer uma língua estrangeira moderna;

d) o ensino fundamental pode ser desdobrado em ciclos;

e) o ensino fundamental só poderá ser presencial, sendo que

o ensino a distância só poderá ser utilizado como

complemento da aprendizagem ou em situação

emergencial;

f) a matricula para o ensino religioso é facultativa, entretanto

constitui disciplina dos horários normais da escola pública;

g) em relação a avaliação do aluno, a mesma deve ser

contínua e cumulativa e deve prevalecer os aspectos

qualitativos sobre os quantitativos; a classificação do aluno

poderá ser feita em qualquer série, exceto a primeira série,

independentemente da escolarização anterior. (BRASIL,

LDB nº 9394/96)

Pense bem: Qual deve ser o objetivo maior de aumentar o Ensino

Fundamental para nove anos?

O objetivo maior de aumentar o número de anos no Ensino

Fundamental é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de

convívio escolar, com maiores oportunidades de aprendizagem. Entretanto,

sabemos que aprendizagem não depende apenas do tempo de

permanência na escola, mas também da qualidade destinada a este tempo.

O Ensino Fundamental de nove anos visa principalmente privilegiar as

crianças oriundas de famílias menos favorecidas, visto que as famílias com

maior poder aquisitivo já colocam seus filhos na escola antes dessa idade,

mesmo sabendo nós que esse não se viabiliza como regra geral.

O Ensino Fundamental de nove anos traz o desafio e a

oportunidade de repensar a escola que temos na direção de um projeto de

escola que tenha como centro de sua atenção reflexão e ação das crianças

em suas características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um

projeto político-pedagógico que materialize para todos os brasileiros as

condições de aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes

áreas, interligados a linguagens, imagens, sentimentos e relações que

apresentem e coloquem em debate a realidade e a sociedade na sua

contemporaneidade e historicidade.

A universalização e a ampliação do Ensino Fundamental para nove

anos, além de garantir um maior tempo de escolarização, ainda propiciam

avaliar as possibilidades e os sentidos do trabalho da alfabetização e do

letramento, no âmbito do Ensino Fundamental.

PARA REFLETIR

Page 43: Livro Estrutura e Funcionamento

42

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

3.2 O ENSINO MÉDIO E O DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO

Como o Ensino Médio é definido na LDB de 1996? O Ensino

Médio, segundo esta Lei é considerada a ultima etapa da Educação Básica.

Então é preciso conhecer as suas características direitinho. Vamos lá?

O Ensino Médio - conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 - é

assim definido: (www.planalto.gov.br/ccivil.)

Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da educação básica,

com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos

adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o

prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do

educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz

de se adaptar com flexibilidade a novas condições de

ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana,

incluindo a formação ética e o desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos

dos processos produtivos, relacionando a teoria com a

prática, no ensino de cada disciplina.

Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na

Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:

I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão

do significado da ciência, das letras e das artes; o processo

histórico de transformação da sociedade e da cultura; a

língua portuguesa como instrumento de comunicação,

acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que

estimulem a iniciativa dos estudantes;

III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como

disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e

uma segunda, em caráter optativo, dentro das

disponibilidades da instituição.

IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas

obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído

pela Lei nº 11.684, de 2008)

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação

serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio

o educando demonstre:

I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que

presidem a produção moderna;

II - conhecimento das formas contemporâneas de

linguagem;

III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia

necessários ao exercício da cidadania. (Revogado pela Lei nº

11.684, de 2008 que estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia

como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino

médio).

Page 44: Livro Estrutura e Funcionamento

43

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

§ 2º O ensino médio, atendida a formação geral do

educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões

técnicas. (Regulamento) (Revogado pela Lei nº 11.741, de

2008 que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as

ações da educação profissional técnica de nível médio, da

educação de jovens e adultos e da educação profissional e

tecnológica).

§ 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e

habilitarão ao prosseguimento de estudos. (LDB nº 9394/96)

O Ensino Médio no Brasil é a etapa final da educação básica e deve

oferecer uma educação que prepare o cidadão para a vida adulta. A Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina, nas finalidades do

Ensino Médio, que o mesmo deve propiciar a todos os cidadãos a

oportunidade de consolidar e aprofundar os “conhecimentos adquiridos no

Ensino Fundamental”; “aprimorar o educando "como pessoa humana”;

“possibilitar o prosseguimento de estudos”; “garantir a preparação básica

para o trabalho e a cidadania” e dotar o educando dos instrumentos que lhe

permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da

“compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos” (LDB 9394/96, art. 35, incisos I a IV).

O Ensino Médio pode ser oferecido em estabelecimentos públicos

ou privados. Nos estabelecimentos públicos, a legislação educacional

determina que, prioritariamente, os sistemas de ensino estaduais devem

oferecer gratuitamente o Ensino Médio.

O Ensino Médio tem como finalidade a consolidação e o

aperfeiçoamento dos conhecimentos, possibilitando o prosseguimento dos

estudos em nível mais avançado; a preparação básica para o trabalho e a

cidadania do educando, para continuar aprendendo, numa visão

prospectiva da sociedade contemporânea, que exigirá dos indivíduos a

capacidade de adaptar-se a um mundo em constante mudança; o

aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação

ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e da consciência crítica

contribuindo, assim, para a formação do cidadão e da sociedade

contemporânea. Além disso, o Ensino Médio deve unir teoria e prática,

desenvolvendo competências cognitivas, intelectuais e de convivência

social que, sem constituir elementos de habilitação profissional, capacitem o

indivíduo para o mundo do trabalho. Meneses (2004).

A última etapa da educação básica deve ter a duração mínima de

três anos, sendo que a legislação não estabelece idade mínima para o acesso

a esta etapa. As políticas educacionais brasileiras têm direcionado,

recentemente, especial atenção à universalização do Ensino Fundamental.

Na medida em que essa meta se concretiza, a demanda pelo Ensino Médio

passa a ser impulsionada. É nesse sentido que a própria legislação prevê

progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio

(artigo 4º).

Em 1994, eram mais de cinco milhões de matriculas. Em

2000, estavam registrados mais de oito milhões de alunos. Ou seja, em seis anos, houve um

acréscimo de mais de 50% de inscritos. Em 2003, mais de

nove milhões de jovens frequentavam o Ensino Médio. Fonte: Ministério da Educação

(MEC), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Disponível em

http://www.mec.gov.br

PARA REFLETIR

Page 45: Livro Estrutura e Funcionamento

44

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Sendo assim, segundo Meneses (2004) o Ensino Médio integra-se à

escolaridade que tem como objetivo a formação comum indispensável ao

exercício da cidadania. Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem

oscilado, nas últimas décadas, entre preparação para a educação superior,

como curso propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso

técnico ou profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade,

conferindo ao Ensino Médio função de educação geral que, embora

diferenciada da educação profissional, inclui preparar para o mercado de

trabalho.

Em relação à profissionalização a Lei nº. 9394/96 aponta-nos uma

exigência. Vamos verificar qual é?

A Lei nº. 9394/96 coloca-nos a seguinte exigência no tocante à

profissionalização: (disponível no site www.planalto.gov.br/ccivil)

Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste

Capítulo, o Ensino Médio, atendida a formação geral do

educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões

técnicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,

facultativamente, a habilitação profissional poderão ser

desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de Ensino

Médio ou em cooperação com instituições especializadas

em Educação Profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008)

Art. 36-B. A Educação Profissional Técnica de nível médio

será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº

11.741, de 2008)

I - articulada com o Ensino Médio; (Incluído pela Lei nº

11.741, de 2008)

II - subseqüente, em cursos destinados a quem já tenha

concluído o Ensino Médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008)

Parágrafo único. A Educação Profissional Técnica de nível

médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008)

I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes

curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional

de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

II - as normas complementares dos respectivos sistemas de

ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos

de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008)

Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio

articulada, prevista no inciso I do caputdo art. 36-B desta Lei,

será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008)

I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o

Ensino Fundamental, sendo o curso planejado de modo a

conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível

Page 46: Livro Estrutura e Funcionamento

45

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se

matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº

11.741, de 2008)

II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino

médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas

distintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela

Lei nº 11.741, de 2008)

a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as

oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei

nº 11.741, de 2008)

b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as

oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei

nº 11.741, de 2008)

c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de

intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao

desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído

pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 36-D. Os diplomas de cursos de Educação Profissional

Técnica de Nível Médio, quando registrados, terão validade

nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na

educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Parágrafo único. Os cursos de Educação Profissional Técnica

de Nível Médio, nas formas articuladas concomitante e

subsequente, quando estruturados e organizados em etapas

com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados

de qualificação para o trabalho após a conclusão, com

aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma

qualificação para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de

2008) (LDB 9394/96 e Lei nº 11.741/08)

E continuando a Lei ainda afirma:

Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no

cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-

se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às

dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação

dada pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica

poderão ser organizados por eixos tecnológicos,

possibilitando a construção de diferentes itinerários

formativos, observadas as normas do respectivo sistema e

nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os

seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

I – de formação inicial e continuada ou qualificação

profissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

II – de educação profissional técnica de nível médio;

(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

III – de educação profissional tecnológica de graduação e

pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de

graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que

concerne a objetivos, características e duração, de acordo

com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo

Page 47: Livro Estrutura e Funcionamento

46

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei nº

11.741, de 2008)

Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em

articulação com o ensino regular ou por diferentes

estratégias de educação continuada, em instituições

especializadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento)

Art. 41. O conhecimento adquirido na educação

profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser

objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para

prosseguimento ou conclusão de estudos. (Redação dada

pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 42. As instituições de educação profissional e

tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão

cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada à

matrícula à capacidade de aproveitamento e não

necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada

pela Lei nº 11.741, de 2008). (LDB 9394/96 e Lei nº

11.741/08)

De acordo com Silva (2004 apud MENESES, 2004) falar sobre a

educação profissional exige também ter maior clareza sobre o papel do

trabalhador enquanto sujeito da história; o conhecimento produzido através

do trabalho além da importância e interferência do trabalho na vida de cada

um. Não se pode falar de exercício de cidadania sem falar de qualificação,

competência e respeito conquistados através da produção individual e em

grupo.

Para sabermos como está a situação do Ensino Médio atualmente

devemos recorrer ao Plano Nacional de Educação e é isso que iremos fazer

agora.

O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) apresenta-nos

o seguinte diagnóstico sobre a situação do Ensino Médio brasileiro:

Considerando o processo de modernização em curso no

País, o ensino médio tem um importante papel a

desempenhar. Tanto nos países desenvolvidos quanto nos

que lutam para superar o subdesenvolvimento, a expansão

do ensino médio pode ser um poderoso fator de formação

para a cidadania e de qualificação profissional.

Justamente em virtude disso, no caso brasileiro é,

particularmente, preocupante o reduzido acesso ao Ensino

Médio, muito menor que nos demais países latino-

americanos em desenvolvimento, embora as estatísticas

demonstrem que os concluintes do Ensino Fundamental

começam a chegar à terceira etapa da educação básica, em

número um pouco maior, a cada ano. Esses pequenos

incrementos anuais terão efeito cumulativo. Ao final de

alguns anos, resultarão em uma mudança nunca antes

observada na composição social, econômica, cultural e

etária do alunado do Ensino Médio.

A Contagem da População realizada pelo IBGE, em 1997

acusa uma população de 16.580.383 habitantes na faixa

Page 48: Livro Estrutura e Funcionamento

47

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

etária de 15 a 19 anos. Estavam matriculados no Ensino

Médio, no mesmo ano, 5.933.401 estudantes. Significa que,

idealmente, se o fluxo escolar fosse regular, o Ensino Médio

comportaria bem menos que metade de jovens desta faixa

etária. Isso é muito pouco, especialmente quando se

considera a acelerada elevação do grau de escolaridade

exigida pelo mercado de trabalho. A situação agrava-se

quando se considera que, no caso do Ensino Médio, os

cálculos das taxas de atendimento dessa faixa etária são

pouco confiáveis, por diversas razões. Em primeiro lugar,

porque, em virtude das elevadas taxas de repetência no

Ensino Fundamental, os jovens chegam, ao Ensino Médio,

bem mais velhos. Em segundo lugar, porque há um grande

número de adultos que volta à escola vários anos depois de

concluir o Ensino Fundamental.

Em virtude dessas duas condições, o Ensino Médio atende

majoritariamente jovens e adultos com idade acima da

prevista para este nível de ensino, devendo-se supor que já

estejam inseridos no mercado de trabalho. De fato os

6.968.531 alunos do Ensino Médio, em 1998, 54,8% - ou

seja, 3.817.688 – estudavam à noite.

O número reduzido de matrículas no Ensino Médio – apenas

cerca de 30,8% da população de 15 a 17 anos não se explica,

entretanto, por desinteresse do Poder Público em atender à

demanda, pois a oferta de vagas na 1ª série do Ensino Médio

tem sido consistentemente superior ao número de egressos

da 8ª série do Ensino Fundamental. A exclusão ao Ensino

Médio deve-se às baixas taxas de conclusão do Ensino

Fundamental, que, por sua vez, estão associadas à baixa

qualidade daquele nível de ensino, da qual resultam

elevados índices de repetência e evasão.

O Ensino Médio convive, também, com alta seletividade

interna. Se os alunos estão chegando, em maior número a

esse nível de ensino, os índices de conclusão, nas últimas

décadas, sinalizam que há muito a ser feito. Na coorte 1970-

73, 74% dos que iniciavam o Ensino Médio conseguiam

concluí-lo na coorte 1977-80, esse índice caiu para 50,8%;

na de 1991-94, para 43,8%.

Causas externas ao sistema educacional contribuem para

que adolescentes e jovens se percam pelos caminhos da

escolarização, agravadas por dificuldades da própria

organização da escola e do processo ensino-aprendizagem.

Os números do abandono e da repetência, apesar da

melhoria dos últimos anos, ainda são bastante desfavoráveis.

Desagregados por regiões, os dados da repetência e

abandono, ao lado das taxas de distorção idade-série,

permitem visualizar – na falta de políticas específicas – em

que região haverá maior percentual de alunos no Ensino

Médio, em idade pedagogicamente adequada.

Para o Ensino Médio, a idade recomendada é de 15 anos

para a 1ª série, 16 para a 2ª e 17 para a 3ª série. A 4ª série não

é incluída nos cálculos, pois apresenta características

diferentes das outras séries.

Há, entretanto, aspectos positivos nesse panorama

brasileiro. O mais importante deles é que esse foi o nível de

Page 49: Livro Estrutura e Funcionamento

48

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

ensino que apresentou maior taxa de crescimento nos

últimos anos, em todo o sistema. Apenas no período de 1991

a 1998, a matrícula evoluiu de 3.770.230 para 6.968.531

alunos, de acordo com censo escolar, o que está claramente

associado a uma recente melhoria do Ensino Fundamental e

da ampliação do acesso ao Ensino Médio, ocorridas. Nos

próximos anos, como resultado do esforço que está sendo

feito para elevar as taxas de conclusão da 8ª série, a

demanda por Ensino Médio deverá ampliar de forma

explosiva.

Entretanto, no caso do Ensino Médio, não se trata apenas de

expansão. Entre os diferentes níveis de ensino, esse foi o que

enfrentou, nos últimos anos, a maior crise em termos de

ausência de definição dos rumos que deveriam ser seguidos

em seus objetivos e em sua organização. Um aspecto que

deverá ser superado com a implementação das Novas

Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio e com

programas de formação de professores, sobretudo nas áreas

de Ciências e Matemática.

Quanto ao financiamento do Ensino Médio, a Emenda

Constitucional nº 14, assim como a Lei de Diretrizes e Bases,

atribui aos Estados a responsabilidade pela sua manutenção

e desenvolvimento. De fato, o seu surpreendente

crescimento deve-se, basicamente, às matrículas na rede

estadual. A diminuição da matrícula, na rede privada, atesta

o caráter, cada vez mais público, desse nível de ensino. A

expansão futura, porém, dependerá da utilização judiciosa

dos recursos vinculados à educação, especialmente porque

não há, para este nível de ensino, recursos adicionais como

os que existem para o Ensino Fundamental na forma do

Salário Educação. Assim, como os Estados estão obrigados a

aplicar 15% da receita de impostos no Ensino Fundamental,

os demais 10% vinculados à educação deverão ser

aplicados, nessa instância federativa, prioritariamente, no

Ensino Médio. Essa destinação deve prover fundos

suficientes para a ampliação desse nível de ensino,

especialmente quando se considera que o Ensino

Fundamental consta de oito séries e o Médio, de apenas três;

isso significa que, mesmo com a universalização do Ensino

Médio, o número de alunos matriculados será, no máximo,

35% daquele atendido no nível fundamental.

Há de se considerar, entretanto, que, em muitos Estados, a

ampliação do Ensino Médio vem competindo com a criação

de universidades estaduais. O mais razoável seria promover

a expansão da educação superior estadual com recursos

adicionais, sem comprometer os 25% constitucionalmente

vinculados à educação, que devem ser destinados

prioritariamente à educação básica. (BRASIL, Lei nº

10172/2001)

E aí? O que você achou da situação do Ensino Médio apresentada

no Plano Nacional de Educação? Apresenta algo que você desconhecia?

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o ensino médio

brasileiro será todo reformulado. Nesta reformulação está previsto um novo

Page 50: Livro Estrutura e Funcionamento

49

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

currículo e modelo pedagógico, aliado à expansão das matrículas que

permitirão a oferta de uma educação acessível e de qualidade a todos os

jovens e adultos. Em dezembro de 2008, um grupo de trabalho composto

por técnicos do Ministério da Educação e da Secretaria de Assuntos

Estratégicos da Presidência da República apresentou um estudo sobre a

reestruturação e expansão do ensino médio no Brasil. E neste estudo o

principal desafio consiste no significado da ultima etapa da Educação Básica

para o cidadão brasileiro. O Ensino Médio é visto como uma mera passagem

para o ensino superior ou inserção na vida econômico-produtiva?

Hoje a reformulação do Ensino Médio caminha para a formação

integral do estudante estruturada na ciência, cultura e trabalho. Estabelece

um significado mais amplo e reconhece na integração à educação

profissional técnica uma importante política pública, mas que precisa ser

complementada com a mudança curricular do ensino médio “tradicional”

não profissionalizante. É preciso priorizar a melhoria da escola de ensino

médio da rede estadual de educação, que mantém, segundo os dados do

MEC, mais de 85% das matrículas.

Se você quiser aprofundar ainda mais os seus conhecimentos sobre

o Ensino Médio atualmente no Brasil visite o portal do MEC

(http://portal.mec.gov.br) e acesse todo o estudo realizado sobre a

reestruturação e expansão do Ensino Médio.

3.3 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Vamos agora refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos. E você já

sabe, para isso é preciso recorrer mais uma vez à LDB/96.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de

Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos a Lei prevê

que os jovens e adultos poderão concluir os Ensinos Fundamental e Médio

através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o

Ensino Médio, por meio do Supletivo, é ser maior de dezoito anos. Os cursos

de exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para

prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica.

Vejamos o que nos fala a Lei:

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada

àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos

no Ensino Fundamental e Médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos

jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na

idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,

consideradas as características do alunado, seus interesses,

condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a

permanência do trabalhador na escola, mediante ações

integradas e complementares entre si.

Page 51: Livro Estrutura e Funcionamento

50

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,

preferencialmente, com a educação profissional, na forma

do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames

supletivos, que compreenderão a base nacional comum do

currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em

caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os

maiores de quinze anos;

II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores

de dezoito anos.

§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos

educandos por meios informais serão aferidos e

reconhecidos mediante exames. (BRASIL, LDB 9394/96 e

Lei nº 11.741/08)

Segundo Meneses (2004), a educação profissional de acordo com a

LDB/96 não é apenas um nível de ensino, mas um tipo de formação que

deve estar presente na vida do indivíduo em idade profissional

produtiva. Isso significa educação permanente ou educação continuada, na

qual o indivíduo nunca encerra o seu aprendizado, podendo assim

acompanhar as mudanças tecnológicas do nosso mundo.

A LDB/96 apresenta-nos a educação profissional de acordo com os

artigos 39, 40, 41 e 42 já especificados neste material.

O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) apresenta-nos

o diagnóstico sobre a educação de jovens e adultos:

A Constituição Federal determina como um dos objetivos do

Plano Nacional de Educação a integração de ações do poder

público que conduzam à erradicação do analfabetismo (art.

214, I). Trata-se de tarefa que exige uma ampla mobilização

de recursos humanos e financeiros por parte dos governos e

da sociedade.

Os déficits do atendimento no ensino fundamental

resultaram, ao longo dos anos, num grande número de

jovens e adultos que não tiveram acesso ou não lograram

terminar o ensino fundamental obrigatório. Embora tenha

havido progresso com relação a essa questão, o número de

analfabetos é ainda excessivo e envergonha o País: atinge 16

milhões de brasileiros maiores de 15 anos. O analfabetismo

está intimamente associado às taxas de escolarização e ao

número de crianças fora da escola.

Todos os indicadores apontam para a profunda desigualdade

regional na oferta de oportunidades educacionais e a

c o n c e n t r a ç ã o d e p o p u l a ç ã o a n a l f a b e t a o u

insuficientemente escolarizada nos bolsões de pobreza

existentes no País. Cerca de 30% da população analfabeta

com mais de 15 anos está localizada no Nordeste.

Uma concepção ampliada de alfabetização, abrangendo a

formação equivalente às oito séries do Ensino Fundamental,

Page 52: Livro Estrutura e Funcionamento

51

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

aumenta a população a ser atingida, pois, é muito elevado o

número de jovens e adultos que não lograram completar a

escolaridade obrigatória.

Embora o analfabetismo esteja concentrado nas faixas etárias

mais avançadas e as taxas tenham se reduzido, passando de

20,1% da população, em 1991, para 15,6 % em 1995, há

também uma redução insuficiente do analfabetismo ao

longo do tempo. As gerações antigas não podem ser

consideradas como as únicas responsáveis pelas taxas atuais,

pois pessoas entre quinze e trinta anos em 1997 somavam

cerca de 21,4 % do analfabetismo total. O problema não se

resume a uma questão demográfica.

Como há reposição do estoque de analfabetos, além do

fenômeno da regressão, é de se esperar que apenas a

dinâmica demográfica seja insuficiente para promover a

redução em níveis razoáveis nos próximos anos. Por isso,

para acelerar a redução do analfabetismo é necessário agir

ativamente tanto sobre o estoque existente quanto sobre as

futuras gerações. Tomado este indicador, distorções

significativas em função do gênero, estando inclusive as

mulheres melhor posicionadas nos grupos etários abaixo de

40 anos. Tomando-se o corte regional, as mulheres têm, em

todas as regiões, uma maior média de anos de estudo.

Entretanto, quando o fator verificado é a etnia, nota-se uma

distorção, a indicar a necessidade de políticas focalizadas.

(BRASIL, Lei nº 10172/2001)

As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto, vêm

exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como

atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,

como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para

conseguir um diploma. Essa realidade tem sido responsável pela criação de

diversos projetos voltados para a alfabetização e educação de jovens e

adultos.

A educação de adultos é uma necessidade tanto na comunidade

como nos locais de trabalho. À medida que a sociedade se desenvolve novas

possibilidades de crescimento profissional surgem, mas, por outro lado,

exigem maior qualificação e constante atualização de conhecimentos e

habilidades.

Analisemos a tabela de crianças e jovens matriculados no Brasil no

ano 2000.

Nível de ensino

Matriculas

Faixa etária (%)

Fundamental 35.717.948 95,5

Médio 8.192.948 32,6

Superior 2.694.245 7,6

Tabela 1: Crianças e jovens matriculados na escola (BRASIL, 2000)

Fonte: BRASIL. MEC/Inep. Censo escolar e censo do ensino superior. Brasília, 2000.

Page 53: Livro Estrutura e Funcionamento

52

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Observando esta tabela vemos que os jovens apresentam uma taxa

de exclusão maior do que as crianças. Enquanto praticamente 95,5% de

todas as crianças de 7 a 14 anos estão no Ensino Fundamental, apenas uma

pequena parcela de jovens em idade de frequentar universidades está

estudando. Em 2000, a faixa de 20 a 24 anos era composta por 16,1 milhões

de pessoas e havia 2,6 milhões de alunos matriculados no nível superior. O

ideal seria que uma parcela maior do contingente que ingressa nas séries

iniciais permanecesse por mais tempo na escola.

A política educacional voltada para a faixa de 7 a 14 anos (Ensino

Fundamental) baseia-se na ideia de que colocar todas as crianças na escola

estancaria a produção de novos analfabetos ou de pessoas com baixa

escolaridade, garantindo assim a tão esperada universalização do Ensino

Fundamental para toda a população.

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil está restrita à questão do

analfabetismo, sem relacioná-la com a Educação Básica como um todo. É

preciso entender que a alfabetização e Educação Básica são partes

indissociáveis de um mesmo processo e isso tem sido o grande desafio para a

construção de efetivas políticas públicas para a Educação de Jovens e

Adultos no Brasil. Souza (1999).

Souza analisando o analfabetismo sob o enfoque demográfico no

Brasil diz,

[...] as altas taxas observadas atualmente não estão

relacionadas apenas à presença de analfabetos de gerações

antigas na população. Além dos aspectos essencialmente

relacionados à dinâmica demográfica, há também os

relacionados à ineficiência do sistema educacional na

determinação das taxas anuais. Em outras palavras, o

analfabetismo atual é resultado tanto da insuficiência quanto

da demora da melhoria na alfabetização ao longo da

segunda metade desse século. (1999, p.17)

Sendo assim, nós educadores brasileiros enfrentamos imensos

desafios para colaborar com o país na universalização do Ensino

Fundamental. Oferecer a toda a população um ensino de qualidade é dever

e compromisso de governos e de todos os envolvidos com a questão

educacional.

Reafirmamos que, à medida que a sociedade evolui, surge a

necessidade da escolarização e a educação dos adultos favorece a educação

das crianças e adolescentes porque quanto mais os pais estudam mais

conscientes ficam da importância da educação e mais contribuirão para que

seus filhos permaneçam na escola.

Se por um lado, a educação tem assumido novos contornos em face

das mudanças ocorridas na sociedade, por outro, a educação é a

responsável pelo crescimento social, pois à medida que as pessoas vão

ficando mais escolarizadas, o nível de vida vai melhorando, as pessoas ficam

Page 54: Livro Estrutura e Funcionamento

53

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

mais conscientes, críticas e exigentes. E, com isso, vão melhorando as

condições de higiene, de alimentação, de saúde, de segurança e de

satisfação pessoal. Enfim, a educação possibilita o desenvolvimento da

sociedade.

Sabe-se que a educação é o instrumento que vai permitir às pessoas

buscarem uma melhoria de vida, capacitando-as para competir no mercado

de trabalho bem como reconhecer seus direitos.

PENSE SOBRE ISSO: Aproximadamente um terço da população é

considerada analfabeta funcional. Isso se refere a pessoas que sabem ler

e escrever, mas são incapazes de interpretar o que leem e de usar a

leitura e a escrita em atividades cotidianas. O analfabeto funcional não

consegue compreender o significado das palavras nem colocar ideias no

papel por meio do sistema de escrita. No Brasil, é considerada analfabeta

funcional a pessoa com mais de 20 que não completou quatro anos de

estudos formais. Entretanto existem países como Polônia e Canadá em

que é considerado analfabeto funcional o adulto com menos de oito

anos de escolaridade. Para a UNESCO, o analfabeto funcional é aquela

pessoa que, apesar de saber ler e escrever formalmente, por exemplo,

não consegue compor e redigir corretamente um pequeno texto.

Meneses (2004) afirma que,

Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para

Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos,

sendo que mais de um terço dos adultos do mundo não

têm acesso ao conhecimento impresso, à novas

habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a

qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se

às mudanças sociais e culturais.

Na Declaração, o analfabetismo funcional é visto como um problema

significativo para todos os países industrializados ou em

desenvolvimento.

Para saber mais sobre a Declaração Mundial sobre Educação para Todos

acesse:

www.educacaoparatodos.org/documents/declaracao_educacaoparato

dos_jomtien

Page 55: Livro Estrutura e Funcionamento

54

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

3.4 CONCLUSÃO

Na terceira unidade, apresentamos o ensino de nove anos, as

considerações sobre o ensino médio vinculado à profissionalização e à

garantia da educação para os jovens e adultos.

Destacamos os pontos:

?O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade

de aprender, o domínio da leitura, da escrita, do cálculo, visa ainda

desenvolver a capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos

de família, de solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. De

acordo com a Lei de Diretrizes e Bases 9394, o Ensino Fundamental passa a

ser de nove anos para que se tenha mais tempo da criança na escola.

?O ensino fundamental de nove anos traz o desafio e a

oportunidade de repensar a escola que temos na direção de um projeto de

escola que tenha como centro de sua atenção a reflexão e ação das crianças

em suas características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um

projeto político-pedagógico que materialize para as crianças condições de

aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes áreas, interligados

a linguagens, imagens, sentimentos e relações que apresentem e coloquem

em debate a realidade e a sociedade na sua contemporaneidade e

historicidade.

?O Ensino Médio conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 é

assim definido no art. 35: é a etapa final da educação básica, com duração

mínima de três anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

determina nas finalidades do ensino médio que o mesmo deve propiciar a

todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os

“conhecimentos adquiridos no ensino fundamental”; “aprimorar o

educando «como pessoa humana”; “possibilitar o prosseguimento de

estudos”; “garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania” e

dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam “continuar

aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da “compreensão dos

fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos” (art. 35,

incisos I a IV).

?O ensino médio integra-se à escolaridade que tem como

objetivo a formação comum indispensável ao exercício da cidadania.

Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem oscilado, nas últimas

décadas, entre preparação para a educação superior, como curso

propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso técnico ou

profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade, conferindo ao

ensino médio função de educação geral que, embora diferenciada da

educação profissional, inclui preparar para o mercado de trabalho.

?O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) em seu

diagnóstico sobre o Ensino Médio destaca que este nível de ensino no Brasil

está em expansão. Devido à melhoria no Ensino Fundamental os brasileiros

Page 56: Livro Estrutura e Funcionamento

55

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

têm apresentado mais interesse no Ensino Médio e a demanda para o

mesmo tem evoluído a cada ano.

?A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de

Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos a Lei prevê

que os jovens e adultos poderão concluir os ensinos fundamental e médio

através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o

ensino médio através de supletivo é ser maior de dezoito anos. Os cursos de

exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para

prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica. Aqui de

acordo com a LDB/96 a educação profissional não é apenas um nível de

ensino, mas uma modalidade de formação que deve estar presente na vida

do indivíduo em idade profissional produtiva. Isso significa educação

permanente ou educação continuada.

?As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto,

vêm exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como

atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,

como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para

conseguir um diploma.

?A educação de adultos é uma necessidade tanto na comunidade

como nos locais de trabalho. À medida que a sociedade se desenvolve novas

possibilidades de crescimento profissional surgem, mas, por outro lado,

exigem maior qualificação e constante atualização de conhecimentos e

habilidades. Através da educação, as pessoas têm a oportunidade de

melhorar de vida e competir no mercado de trabalho bem como reconhecer

seus direitos.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96.

Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2001. Brasília: Diário

Oficial de 10 de janeiro de 2001.

MENESES J.G. (org.). Educação Básica: Políticas, Legislação e Gestão. São

Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

SOUZA, Marcelo de Medeiros. O analfabetismo no Brasil sob o enfoque

demográfico. Brasília: IPEA, 1999. Disponível em: http://www.ipea.gov.br.

Acesso em 25 jul.2007.

REFERÊNCIAS

Page 57: Livro Estrutura e Funcionamento

56

4UNIDADE 4O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS AÇÕES ARTICULADAS

E NORMATIZADAS PELAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS VIGENTES

4 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS AÇÕES ARTICULADAS E

NORMATIZADAS PELAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS VIGENTES

‘’(...) trabalhar lucidamente em favor da escola pública, em

favor da melhoria dos padrões de ensino, em defesa da

dignidade dos docentes, de sua formação permanente

significa lutar pela educação popular, pela participação

crescente das classes populares nos conselhos de

comunidade, de bairro, de escola. Significa incentivar a

mobilização e a organização não apenas de sua própria

categoria, mas dos trabalhadores em geral como condição

fundamental da luta democrática com vistas à transformação

necessária e urgente da sociedade brasileira. (Freire, 1987)

?O Plano Nacional de Educação (PNE) e os seus antecedentes

históricos.

?O Plano Nacional de Educação e as Metas Propostas para a

década da educação- 2001-2011.

?O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso

“Todos pela a Educação” e as Ações Articuladas dos entes federados.

Objetivo Geral

Oportunizar ao acadêmico um estudo sistemático do Plano

Nacional de Educação, seus antecedentes históricos e as ações articuladas e

normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando o

compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de

qualidade e eficaz para todos os brasileiros.

E para finalizar nosso estudo da disciplina “Estrutura e

Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio”, na quarta unidade “O

Plano Nacional de Educação e as Ações Articuladas e Normatizadas pelas

Políticas Educacionais Vigentes” trataremos do Plano Nacional de Educação

e como, através da vontade popular e mobilização social, além da legislação

brasileira, chegamos até aqui. Resta-nos ainda, entender melhor por onde se

faz o caminhar da sociedade brasileira para a consolidação de uma escola

pública de qualidade e eficaz para todos a partir das experiências aqui

explicitadas.

O mais importante de tudo isso, entretanto, é que você, acadêmico

(a), faça a leitura do material e das sugestões propostas, reflita sobre o

processo de legalização da educação brasileira e acredite que, antes da

legislação, existe a ação de homens e mulheres empenhados em um mundo

melhor.

Plano Nacional de Educação – PNE: É um plano onde estão traçados os objetivos e metas para a educação brasileira. É um plano de Estado, não um plano de governo. Os governantes atuais lideram o processo de elaboração do PNE e dos Planos Estaduais e Municipais. O Plano tem vigência por dez anos. É um plano global, isto é, abrangente de toda a educação, tanto no que se refere aos níveis de ensino e modalidades de educação, quanto no envolvimento dos diversos setores da administração pública e da sociedade. Saviani (2007)

C

FE

A

B GGLOSSÁRIO

Page 58: Livro Estrutura e Funcionamento

57

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Lembrando Paulo Freire:

Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais

do que simplesmente vivendo, histórica, cultural e

socialmente existindo, como seres fazedores de seu

“caminho” que, ao fazê-lo, se expõem ou se entregam ao

“caminho” que estão fazendo e que assim os refaz também.

(1992, p.97)

4.1 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – ANTECEDENTES

HISTÓRICOS

O PNE que hora discutimos, pode ser considerado com a

Constituição Federal (CF) e com a LDB, uma das bases normativas em que se

assenta a educação do país. Reportamo-nos ao texto elaborado para

apresentação do PNE- MEC que muito bem descreve os autores sobre os

antecedentes históricos do PNE- Lei nº 10.172/ 2001, como uma leitura

básica imprescindível para o seu entendimento, nesta unidade.

Transcrevemos um trecho longo, mas de suma importância para que você

conheça a história de criação e elaboração do Plano Nacional de Educação.

Veja a História a seguir:

A instalação da República no Brasil e o surgimento das

primeiras ideias de um plano que tratasse da educação para

todo o território nacional aconteceram simultaneamente. À

medida que o quadro social, político e econômico do início

deste século se desenhavam, a educação começava a se

impor como condição fundamental para o desenvolvimento

do país. Havia grande preocupação com a instrução, nos

seus diversos níveis e modalidades. Nas duas primeiras

décadas, as várias reformas educacionais, ajudaram no

amadurecimento da percepção coletiva da educação como

um problema nacional.

Desde o movimento de 1932, "Manifesto dos Pioneiros da

Educação” quando um grupo de educadores, homens e

mulheres da elite intelectual brasileira, lançou um manifesto

ao povo e ao governo que propunham a reconstrução

educacional, de grande alcance e de vastas proporções... um

plano com sentido unitário e de bases científicas...". O

documento teve grande repercussão e motivou uma

campanha que resultou na inclusão de um artigo específico

na Constituição Brasileira de 16 de julho de 1934. O art.150

declarava ser competência da União "fixar o plano nacional

de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e

ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a

sua execução, em todo o território do País". Atribuía, em seu

art.152, competência precípua ao Conselho Nacional de

Educação, organizado na forma da lei, a elaborar o plano

para ser aprovado pelo Poder Legislativo, sugerindo ao

Governo as medidas que julgasse necessárias para a melhor

solução dos problemas educacionais bem como a

Você sabia que são 298 metas propostas pelo PNE para todos

os níveis e modalidades de ensino, importantes questões

sobre a formação de professores e o financiamento

da educação e a gestão da educação no Brasil que tem

objetivos primordiais.

Conheça o manifesto dos pioneiros da educação:

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/ /heb07a.htm

http://www.scielo.br/scielo.php?script_sci_arrttextepid=s0

101

DICAS

Page 59: Livro Estrutura e Funcionamento

58

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

distribuição adequada de fundos especiais".

Todas as constituições posteriores, com exceção da Carta de

37, incorporaram, implícita ou explicitamente, a ideia de um

Plano Nacional de Educação. Havia subjacente, o consenso

de que o plano devia ser fixado por lei. A ideia prosperou e

nunca mais foi inteiramente abandonada.

O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962,

elaborado já na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, Lei nº 4.024, de 1961. Ele não foi

proposto na forma de um projeto de lei, mas apenas como

uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura,

iniciativa essa aprovada pelo então Conselho Federal de

Educação. Era basicamente um conjunto de metas

quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de

oito anos. Em 1965, sofreu uma revisão, quando foram

introduzidas normas descentralizadoras e estimuladoras da

elaboração de planos estaduais. Em 1966, uma nova revisão,

que se chamou Plano Complementar de Educação,

introduziu importantes alterações na distribuição dos

recursos federais, beneficiando a implantação de ginásios

orientados para o trabalho e o atendimento de analfabetos

com mais de dez anos.

Com a Constituição Federal de 1988, cinquenta anos após a

primeira tentativa oficial, ressurgiu a ideia de um plano

nacional de longo prazo, com força de lei, capaz de conferir

estabilidade às iniciativas governamentais na área de

educação. O art. 214 contempla esta obrigatoriedade.

Por outro lado, a Lei nº 9.394, de 1996, que "estabelece as

Diretrizes e Bases da Educação Nacional", determina nos

artigos 9º e 87, respectivamente, que cabe à União, a

elaboração do Plano, em colaboração com os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios, e institui a Década da

Educação. Estabelece ainda, que a União encaminhe o

Plano ao Congresso Nacional, um ano após a publicação da

citada lei, com diretrizes e metas para os dez anos

posteriores, em sintonia com a Declaração Mundial sobre

Educação para Todos.

Em 10 de fevereiro de 1998, o Deputado Ivan Valente

apresentou no Plenário da Câmara dos Deputados o Projeto

de Lei nº 4.155, de 1998 que "aprova o Plano Nacional de

Educação". A construção deste plano atendeu aos

compromissos assumidos pelo Fórum Nacional em Defesa

da Escola Pública, desde sua participação nos trabalhos da

Assembléia Nacional Constituinte, consolidou os trabalhos

do I e do II Congresso Nacional de Educação - CONED e

sistematizou contribuições advindas de diferentes

segmentos da sociedade civil. Na justificação, destaca o

autor a importância deste documento-referência que

"contempla dimensões e problemas sociais, culturais,

políticos e educacionais brasileiros, embasado nas lutas e

proposições daqueles que defendem uma sociedade mais

justa e igualitária".

Em 11 de fevereiro de 1998, o Poder Executivo enviou ao

Congresso Nacional a Mensagem 180/98, relativa ao projeto

de lei que "Institui o Plano Nacional de Educação".

Page 60: Livro Estrutura e Funcionamento

59

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Iniciou sua tramitação na Câmara dos Deputados como

Projeto de Lei nº 4.173, de 1998, apensado ao PL nº

4.155/98, em 13 de março de 1998. Na Exposição de

Motivos destaca o Ministro da Educação a concepção do

Plano, que teve como eixos norteadores, do ponto de vista

legal, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, de 1996, e a Emenda

Constitucional nº 14, de 1995, que instituiu o Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e

de Valorização do Magistério. Considerou ainda realizações

anteriores, principalmente o Plano Decenal de Educação

para Todos, preparado de acordo com as recomendações da

reunião organizada pela UNESCO e realizada em Jomtien,

na Tailândia, em 1993. Além deste, os documentos

resultantes de ampla mobilização regional e nacional que

foram apresentados pelo Brasil nas conferências da

UNESCO constituíram subsídios igualmente importantes

para a preparação do documento. Várias entidades foram

consultadas pelo MEC, destacando-se o Conselho Nacional

de Secretários de Educação - CONSED e a União Nacional

dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME.

O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto final –

aprovado em 09 de janeiro de 2001, promulgado como Lei nº 10.172/

2001pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos congressos

nacionais da educação e ainda contando com a participação de educadores,

profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre outros. Embora

registra-se mais uma vez na história brasileira que apesar de toda a

participação e mobilização do povo nota-se que os interesses majoritários

do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam, como texto final, o que

lhes convém. Para saber mais sobre essa discussão leia o artigo “PNE: Plano

Nacional de Educação ou Carta de Intenção?” Do Deputado Ivan Valente e

do Prof. Dr. Roberto Romano, que está Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php .

Mesmo sendo aprovado o texto, segundo as intenções do

Congresso Nacional, cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,

com base nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes.

Ficando ainda a União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os

municípios e a sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação

periódica da implementação do referido Plano Nacional de Educação,

cabendo ao Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educação,

Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação

do Senado Federal acompanhar a execução do referido plano,

responsabilidade essa também da sociedade civil brasileira.

O que se deduz é que a luta da sociedade brasileira precisa

continuar articulada e participando de construções de propostas e projetos

que possam transformar a realidade brasileira a favor de todos nós.

Conheça a Mensagem nº 9 do Presidente da República de

09.01.2001-VETOS DO PNE. Acesse o site:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/Mensagem

_Veto/2001/Mv0009-01.htm

DICAS

Page 61: Livro Estrutura e Funcionamento

60

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Movimentos sociais, diagnóstico da realidade, dos problemas da educação

brasileira além da leitura crítica das proposições advindas dos governos

precisam ser entendidos, valorizados e viabilizados.

Já é do conhecimento dos educadores e da sociedade civil

organizada que é antiga a vontade popular da elaboração de um Plano

Nacional de Educação para definir a intervenção plurianual do Poder

Público e da sociedade, assim como sabemos ser exigência de relevantes

segmentos sociais do nosso País, agora que temos a Lei nº. 10.172/2001, que

aprova o PNE, doze anos depois de promulgada a Constituição Federal,

quando surge a norma Legislativa posta no seu artigo 214 e requerida pela

LDB 9394/96.

Já registramos também que o projeto do PNE surgiu do Fórum

Nacional em Defesa da Escola Pública, com a entrada em 10 de fevereiro de

1998, na Câmara dos Deputados, de um projeto elaborado coletivamente

por educadores, estudantes, pais, profissionais da educação nos Congressos

Nacionais de Educação I e II (CONEDS), daí o plano ter ficado conhecido

como PNE da Sociedade Brasileira.

É preciso assinalar que um plano da magnitude do PNE deve

ser assumido pelo Poder Público, especialmente pelo

Congresso Nacional, como tarefa de Estado. Ele não pode ser

reduzido às "razões" de governos que agem para conquistar

vitórias conjunturais, em proveito de seus interesses

imediatos. (VALENTE; ROMANO, 2002)

Registramos, com o histórico apresentado acima, que de um lado

tínhamos um projeto democrático e popular, expresso na proposta da

sociedade e de outro o entendimento de um plano que expressava a política

vigente.

O nosso entendimento precisa ser o de busca de fortalecimento da

escola pública de qualidade para todos e a democratização da gestão

educacional, como eixo da universalização da educação básica. Daí

entendermos que propor objetivos, metas e estratégias e meios ousados

requer, antes de tudo, a ampliação de gastos públicos para a manutenção e

desenvolvimento do ensino público.

Os autores Valente e Romano (2002) apresentam críticas ao Plano,

quanto ao seu fundamento, entendendo que ele se submete às imposições

advindas de política do capital financeiro internacional impostas pelo Banco

Mundial ao MEC conforme os exemplo do que eles chamaram de

“detalhismo e generalismo ambíguo”. Veja:

Detalhismo, ao se intensificar a centralização da política

educacional, como na meta oito: "assegurar que, em três

anos, todas as escolas tenham formulado seus projetos

pedagógicos, com observância das Diretrizes Curriculares

para o ensino fundamental e dos Parâmetros Curriculares

Nacionais";

Page 62: Livro Estrutura e Funcionamento

61

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Generalismo ambíguo na ausência de definição de prazo e

meios, ao retardar a sua implementação, como na meta 20:

"eliminar a existência, nas escolas, de mais de dois turnos

diurnos e um turno noturno, sem prejuízo do atendimento

da demanda".

Tomando como base de análise o que dispõe a Constituição no seu

artigo 214, o plano deve visar à articulação e ao desenvolvimento do ensino

em seus diversos níveis e a integração das ações do Poder Público que

conduzam à sua viabilização. Os referidos autores apresentam, no quadro

comparativo dos objetivos do PNE na Constituição, versus Lei aprovada, o

que se refere a distância entre o Plano e o que o país precisa.

4.2 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E AS METAS PROPOSTAS

PARA A DÉCADA DA EDUCAÇÃO- 2001-2011.

Observe, na tabela a seguir, algumas diferenças entre objetivos da

Constituição e do Plano.

Falta ênfase no item: erradicar o analfabetismo, como objetivo do

plano, aliás, simplesmente ele desaparece, o que se nota é um descaso dos

legisladores diante de uma das dívidas sociais brasileiras com os brasileiros,

embora vale lembrar que há explicações para a contemplação do aspecto na

seção que trata da EJA, quando metas que indicam a tarefa do combate ao

analfabetismo são contempladas, embora sem definir meios para

concretização.

Analisando outros aspectos do plano, também neste sentido, a

Universalização do atendimento escolar chega a ser substituído por

elevação global do nível de escolaridade da população, o que parece

diminuir a finalidade, à época, do Plano.

Quanto ao tema “financiamento da educação” no PNE, ficou

estabelecido a elevação para 7% do PIB como meta a ser atingida na década

de validade do plano.

Vamos comparar com atenção aspectos do texto legal aprovado e o

texto do projeto da sociedade brasileira.

Vejam as Diretrizes Gerais no PL nº. 4155/98 em comparação com

os objetivos e prioridades, item 2, da Seção I – Introdução do PNE aprovado

– Lei nº. 10172/2001 originária do Projeto de Lei nº. 4.173/98.

Atividades e ações de erradicação do analfabetismo

começaram a existir com o Programa Comunidade

Solidária, ocasião também que, com a sanção da Lei 9424/96

que cria o FUNDEF, foram vetadas ações para a

manutenção e desenvolvimento do ensino de

jovens e adultos, questão já resolvida com a Lei nº.

11.494/2007 que cria o FUNDEB.

Vale a pena você ler essa duas leis.

PARA REFLETIR

Page 63: Livro Estrutura e Funcionamento

62

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Page 64: Livro Estrutura e Funcionamento

63

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Outros aspectos conclusivos apresentados pelos autores precisam

ser considerados no nosso estudo:

O PNE aprovado pelo Congresso, assim como a LDB e a

legislação educacional, aprovadas sob a égide do pacto

conservador que atualmente controla o governo brasileiro,

traduzem a compreensão de que a política educacional deve

ser concebida e praticada hostilizando-se o pensamento, as

reivindicações, os anseios da comunidade escolar. Mais do

que isso, essa orientação materializa no Brasil a política do

Banco Mundial para os países subdesenvolvidos.

Neste sentido e até por isso, o PNE, como lei de conjunto não

contempla as propostas e reivindicações dos setores

democráticos e populares da sociedade. Ele é uma espécie

de salvo-conduto para que o governo continue

implementando a política que já vinha praticando.

(VALENTE e ROMANO, 2002)

Apresentamos as críticas e ponderações sobre o PNE feitas pelos

autores citados e embasadas em outros tantos atores do poder público e

representantes da sociedade civil. Porém apesar das críticas apresentadas,

percebemos o PNE como um avanço significativo na construção de políticas

públicas para os brasileiros.

É preciso que o PNE seja amplamente discutido nos cursos de

formação de professores e nas redes de ensino, já que se constitui em um dos

principais pilares da política educacional brasileira.

Assim, focando nossa discussão nos objetivos e metas determinados

pelo próprio PNE, com o intuito de propiciar a você as analises e as

perspectivas para o seu cumprimento, acreditamos contribuir para melhor

formar a sua consciência crítica.

Queremos aqui, destacar os objetivos e prioridades segundo o PNE:

1. a elevação global do nível de escolaridade da população;

2. a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis;

3. a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante

ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação

pública e a democratização da gestão do ensino público, nos

estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da

participação dos profissionais da educação na elaboração do

projeto pedagógico da escola e;

4. a participação das comunidades escolar e local em

conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, PNE, 2001).

Fazendo cumprir o dever constitucional com base nas necessidades

sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos financeiros e

pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer uma educação

compatível, na extensão e na qualidade, à dos países desenvolvidos é que

este plano estabelece as seguintes prioridades:

E agora, como podemos fazer uma nova leitura após

mudança de governo e passado quase uma década da

votação do PNE?

Faça uma análise sobre em que medida os objetivos e as metas propostas pelo PNE vêm sendo

alcançadas no seu município. Para fazer essa análise, leia

todo o plano e, em seguida, procure o gestor educacional do seu município e converse

com ele sobre o assunto.

Conheça o relatório: “O PNE e a Avaliação de Políticas

Públicas pelo Congresso Brasileiro”. Artigo da

Consultoria Legislativa- Câmara dos Deputados. Disponível em

http://apache.camara.gov.br/portal/arquivos/camara/interne

t/pública

PARA REFLETIR

DICAS

Page 65: Livro Estrutura e Funcionamento

64

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

1. Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a

todas as crianças de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e

permanência na escola e a conclusão desse ensino.

2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não

tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram.

3. Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino.

4. Valorização dos profissionais da educação.

5. Desenvolvimento de sistemas de informação e de

avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino.

(BRASIL, PNE, 2001)

O Plano Nacional de Educação define:

1. as diretrizes para a gestão e o financiamento da educação;

2. as diretrizes e metas para cada nível e modalidade de

ensino e;

3. as diretrizes e metas para a formação e valorização do

magistério e demais profissionais da educação, nos próximos

dez anos. (BRASIL, PNE, 2001)

Notamos nessas diretrizes a preocupação com a adequação às

especificidades locais e definição de estratégias adequadas a cada

circunstância que marcará a elaboração de planos estaduais e municipais.

Daí objetivarmos a reflexão da importância social e política do PNE

e da LDB. 9394/96, enquanto instrumentos que norteiam a educação

brasileira. Para conhecer suas principais determinações e implicações legais,

compreendendo a organização para o funcionamento da educação

nacional, a partir das ações articuladas entre as três esferas de governo e a

sociedade, é preciso tomar como base um diagnóstico local/real, realizado

pelos agentes/atores. Os princípios de equidade e inclusão são elementos

capazes de se tornar instrumento de redução das desigualdades e das

discriminações sofridas.

Além da LDB e do PNE, o Plano de Desenvolvimento da Educação

– PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências nacionais que

possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer cumprir as

políticas públicas brasileira na atualidade.

4.3 O PNE E A VISÃO SISTÊMICA DO PDE

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (2007), afirma

que os mais diferentes setores sociais: dos trabalhadores aos empresários,

dos professores aos alunos, das escolas privadas às escolas públicas, em todas

as regiões, têm reconhecido a consistência das políticas públicas voltadas

para a educação: PROUNI, Universidade Aberta - UAB, FUNDEB, Piso

Salarial Nacional do Magistério, IDEB, REUNI, IFET, entre outras iniciativas.

Muito já foi feito e muito mais temos que fazer.

Page 66: Livro Estrutura e Funcionamento

65

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

O PDE oferece uma concepção de educação alinhada aos

objetivos constitucionalmente determinados à República

Federativa do Brasil. Esse alinhamento exige a construção da

unidade dos sistemas educacionais como sistema nacional –

o que pressupõe multiplicidade e não uniformidade. Em

seguida, exige pensar etapas, modalidades e níveis

educacionais não apenas na sua unidade, mas também a

partir dos necessários enlaces da educação com a ordenação

do território e com o desenvolvimento econômico e social,

única forma de garantir a todos e a cada um o direito de

aprender até onde o permitam suas aptidões e vontade.

(BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Compreendemos o PDE como uma possibilidade de ser mais do

que a tradução instrumental do PNE.

Ao analisar a relação do PDE com o PNE, enquanto norma legal, fica

claro que o PDE pretende ser mais do que um instrumento ou plano

executivo que traduz o PNE. Este plano estabelece um conjunto de

programas que visam dar consequência e encaminhamento às metas

quantitativas estabelecidas no PNE. Ao apresentar um bom diagnóstico dos

problemas educacionais, deixa em aberto a questão das estratégias e ações a

serem executadas no sentido de garantir a melhoria da qualidade da

educação. Ressaltamos que é notória a visão sistêmica da educação, a

concepção vigente e de inter-relação entre os níveis e modalidades

educacionais bem como o contexto do ordenamento territorial e do

desenho econômico e social, que garante uma unidade geral à Nação

Brasileira.

O PDE pretende na sua concepção vencer as falsas oposições que

projetaram a educação brasileira tais como: educação básica x educação

superior; educação básica x níveis da educação infantil, ensino fundamental

e médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA;

educação regular x educação especial (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção de

educação que inspira este plano, no âmbito do MEC. Essa se volta para uma

visão sistêmica da educação,

Visão sistêmica implica, portanto, reconhecer as conexões

intrínsecas, entre educação básica, educação superior,

educação tecnológica e alfabetização e a partir dessas

conexões, potencializar as políticas de educação, de forma a

que se reforcem reciprocamente. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

A Educação é definida constitucionalmente como direito de todos e

dever do Estado e da família. Responsabilizar a classe política e mobilizar a

sociedade como condições indispensáveis da existência e execução de um

plano de desenvolvimento da educação é também dever de todos nós. Daí,

responsabilização e mobilização social serem evidentes nos propósitos deste

Plano. Elencaremos os seis pilares em que se sustentam o PDE:

a) territorialidade: Condição do que faz parte do território de

um Estado. Limitação da força imperativa das leis ao território

do Estado que as promulga. b) desenvolvimento: é um

processo dinâmico de melhoria, que implica uma

mudança, uma evolução, crescimento e avanço.

Crescimento; propagação.(HOLANDA, 1986)

c) regime de colaboração: A Constituição de 1988 no artigo

211 estabelece que a União, estados e municípios

organizarão, em regime de colaboração, os seus sistemas

de ensino. Ou seja, esse regime significa organizar a

educação em âmbito nacional e, portanto, um sistema nacional de educação.

(SAVIANI, 1997) d) responsabilização: obrigação

de membros de um órgão administrativo ou

representativo de prestar contas a instâncias

controladoras ou a seus representados. (HOLANDA,

1986) e) mobilização social: Processo

dinâmico e permanente de envolvimento, de construção e mudança de valores e atitudes

e de engajamento de pessoas e grupos sociais. A Mobilização

Social é um processo educativo que promove a participação

(empoderamento) de muitas e diferentes pessoas (irradiação)

em torno de um propósito comum (convergência). (LINO,

2008).

Disponível em www.museudapessoa.net/umm

ilhao/.../mobilizacaosocial.pdf

PARA REFLETIR

Page 67: Livro Estrutura e Funcionamento

66

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

?visão sistêmica da educação,

?territorialidade,

?desenvolvimento,

?regime de colaboração,

?responsabilização e

?mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Outro aspecto a ser considerado e de suma importância para quem

espera conquistar avanços no país pelos ideais da nossa constituição

brasileira é que ao organizar o nosso território sob a forma federativa,

organizou ainda as competências da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos municípios em matéria educacional. E aí cabe a análise, de fato, de que

os propósitos do PDE tornam o regime de colaboração um imperativo

necessário, significando compartilhamento de competências políticas,

técnicas e financeiras para a execução de programas de manutenção e

desenvolvimento da educação de forma a exigir a atenção dos entes

federados sem ferir-lhes a autonomia. (BRASIL. MEC, PDE, s/d)

Ao analisar o mandamento constitucional, segundo o qual a União

deve exercer função distributiva e supletiva, de forma a garantir equalização

de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino,

mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e

aos municípios, nota-se que, a partir do PDE, pode garantir maiores

compromissos, inclusive financeiros através de instrumentos eficazes de

avaliação e de implementação de políticas de melhoria da qualidade da

educação. Ressaltamos que, na Educação Básica Pública, ações significativas

já estão sendo concretizadas entre os entes federativos através do PAR.

4.3.1 O Plano de Desenvolvimento da Educação, o Compromisso “Todos

pela Educação” e as Ações Articuladas dos entes federados.

4.3.1.1 O PDE e o caminho para a construção do Sistema Nacional de

Educação

Descrevemos, no item anterior, nossas considerações acerca da

visão sistêmica da educação e a concretização de preceitos legais vigentes

para a nossa educação, mais precisamente para a educação básica, objeto

de estudo nessa nossa disciplina: Estrutura e Funcionamento do Ensino.

Agora queremos analisar o caminho que se pode construir a partir desta

visão para a consolidação da construção de um Sistema Nacional da

Educação, possibilitando ainda o rompimento com a visão fragmentada da

educação, sem disputa entre etapas, modalidades e níveis educacionais e

que gera incoerência e ausência de articulação de todo sistema.

Page 68: Livro Estrutura e Funcionamento

67

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Quando consideramos o caminho possível para a construção

de um Sistema Nacional de Ensino, estamos fazendo não

apenas pela análise de organização em eixos norteadores

como elos de aliança que se reforçam, mas também pelos

pilares que se fixam e seus suportes institucionais: Sistema

Nacional de avaliação, Sistema Nacional de formação de

professores e regime de colaboração e ainda duas

considerações que se entrelaçam: financiamento e

autonomia. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

Para explicar a afirmação anterior vamos recorrer a outro trecho do

PDE – MEC – Brasil.

Estudiosos da educação, em especial economistas, têm

defendido a tese de que o Brasil não precisa ampliar os

investimentos em educação como proporção do Produto

Interno Bruto. Alegam que o patamar atual, de 4%,

aproxima-se da média dos países desenvolvidos, o mesmo

valendo para a relação entre o investimento na educação

básica e o investimento na educação superior, de cerca de

quatro para um. Esta abordagem, contudo, perde de vista

dois aspectos: nosso baixo PIB per capita e nossa elevada

dívida educacional. Se quisermos acelerar o passo e superar

um século de atraso no prazo de uma geração, não há como

fazê-lo sem investimentos na educação da ordem de 6% a

7% do PIB. Neste esforço, que deve ser nacional, o PDE,

considerada a complementação da União ao FUNDEB,

acrescenta, a partir do quarto ano de seu lançamento, R$ 19

bilhões anuais ao orçamento do Ministério da Educação, ou

0,7% do PIB, apenas como contrapartida federal [...].

(BRASIL, MEC, PDE, s/d).

O regime de colaboração deve prever o aumento das

transferências automáticas de recursos às escolas e às redes

educacionais que demonstrem capacidade de avançar com

suas próprias forças e o aumento das transferências de

recursos condicionado à elaboração e ao cumprimento de

um plano de trabalho para as escolas e as redes educacionais

que necessitem de apoio técnico e financeiro. Deve-se

equalizar as oportunidades educacionais pelo aumento do

financiamento, diferenciando-se apenas o caráter do apoio,

de modo a garantir a ampliação da esfera de autonomia das

escolas e das redes educacionais. (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

4.3.2 O PDE enquanto Programa de Ação:

Apresentaremos, de forma bastante didática e resumida, os quatro

eixos norteadores que compõem o PDE enquanto plano executivo – um dos

elementos conceituais que determinam a formulação do PDE, daí os seus

programas estarem organizados em termo de educação básica, educação

superior, educação profissional e alfabetização, dentro da concepção da

educação que já discorremos anteriormente.

Você concorda que um dos objetivos da educação pública

é promover autonomia?Para você o que significa

autonomia?

PARA REFLETIR

Page 69: Livro Estrutura e Funcionamento

68

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

O nosso compromisso de educador nos impõe destacar aqui

aspectos relevantes de cada eixo. Apresentaremos os quatro eixos, mas

vamos nos ater ao primeiro eixo por se tratar da Educação Básica, objeto de

estudo da nossa disciplina.

Conheça a metodologia PDE Escola. Visite o site do MEC.

I - Educação básica, com seus respectivos colóquios:

? Formação de professores e piso salarial nacional.

?Financiamento: Salário Educação e FUNDEB.

?Avaliação e Responsabilização: O IDEB

?O Plano de metas: Planejamento e gestão educacional.

II - Educação Superior

?Reestruturação e Expansão das diversidades federais:

REUNI e PNAES

?Democratização do Acesso: PROUNI e FIES

?Avaliação como base de regularização: SINAE

III – Educação Profissional tecnológica:

?Educação Profissional e Educação Científica: O IFET

?Normatização

?EJA Profissionalizante

IV – Alfabetização, Educação Continuada e Diversidade.

(BRASIL, MEC, PDE, s/d)

4.3.3 Formação de Professores e Piso Salarial Nacional

Dentre os pontos principais do PDE está a formação de professores

e a valorização dos profissionais da educação. Primeiro é preciso registrar

que houve distinção em relação a estes profissionais com a criação do Piso

Salarial Nacional, única categoria profissional com piso constitucionalmente

assegurado, além do comprometimento determinante da União com a

formação de professores para os sistema públicos de educação básica

através da Universidade Aberta do Brasil –UAB.

A UAB e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

–PIBID, ao estabelecer uma relação permanente entre educação superior e

educação básica pôde representar o início de um sistema Nacional Público

de formação de professores, inclusive com a Fundação Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES-assumindo uma

responsabilidade que sempre foi sua. Os polos presenciais da UAB, a

exemplo do curso de vocês, é resultado de acordos de cooperação entre os

entes federados e as universidades públicas, acolhendo professores sem

formação superior ou garantindo formação continuada aos que já estão

graduados. Eis aqui também um exemplo que as diretrizes e os objetivos do

PNE abrangem: “Ampliar, a partir da colaboração da União, dos estados e

dos Municípios, os programas de formação em serviço que assegurem a

todos os professores a possibilidade de adquirir a qualificação mínina

exigida pela LDB, observando as diretrizes e os parâmetros curriculares” e

Page 70: Livro Estrutura e Funcionamento

69

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

desenvolver programas de educação a distancia que possam ser utilizados

também em cursos semipresenciais modulares, de forma a tornar possível o

cumprimento da meta anterior. No caso do PIBID, há a oferta de bolsas de

iniciação à docência, aos licenciados de cursos presenciais que se dediquem

ao estágio nas escolas públicas e que se comprometam com o exercício do

magistério na rede pública, uma vez graduados nas áreas de física, química,

biologia e matemática, prioritariamente.(BRASIL, PDE-Razões e Princípios,

s/d )

4.3.4 Financiamento da Educação

Acreditamos que um grande passo na construção de uma política

financeira para o país, na área da educação, foi dado no inicio da década de

80 quando, pela Emenda Calmon, a Constituição Federal estabeleceu um

patamar de gastos em educação mediante a vinculação de, no mínimo, 25%

das receitas dos estados e municípios e de 18% das receitas da união. Com

essa obrigatoriedade, a educação, embora contando com um montante

significativo de recursos disponíveis, nem todas as mudanças aconteceram,

especialmente as do ponto de vista qualitativos, embora já fosse previsto

por alguns legisladores, de 1972/88.

A Educação Básica, no aspecto de Valorização dos Profissionais da

Educação, com a implantação do FUNDEB, busca uma das respostas mais

esperadas, com base na gestão compartilhada entre a União, os Estados , o

Distrito Federal e os Municípios.

Embora na forma de um fundo contábil, o FUNDEB traz no seu bojo

não somente a alocação de recursos financeiros no ensino, mais que isto,

traz a possibilidade da concretização de uma luta histórica, de um sonho de

educadores comprometidos com uma formação qualificada para nossas

crianças, jovens e adultos. Esta é uma historia que remonta aos tempos de

Anísio Teixeira, liderando o Manifesto dos Pioneiros em 1932; o Professor

Florestan Fernandes na campanha a favor da escola pública, laica, gratuita e

de qualidade, na década de 50, ao lado de tantos outros educadores que

fizeram a historia da educação brasileira. Dificilmente será possível aos

brasileiros e brasileiras exercerem plenamente a sua cidadania sem a

garantia da elevação de seu nível cultural e de uma escolaridade básica

qualificada (DELGADO, 2006).

A garantia da educação básica pública – cuja responsabilidade cabe

aos Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação suplementar

da União, conforme prevê a Constituição Federal de 1988 - constitui um dos

grandes desafios esperados da política brasileira, sobretudo no que se refere

às ações de inclusão social. O que ainda se espera é que com a implantação

do FUNDEB haja a redução das diversas formas de desigualdades

educacionais existentes nesta grande Nação, equidade na distribuição dos

recursos disponíveis no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios e

Page 71: Livro Estrutura e Funcionamento

70

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

maior participação federal no repasse de recursos financeiros, de forma a

contribuir para elevar as estatísticas quantitativas e qualitativas nos diversos

âmbitos da educação.

4.3.5 O que é o FUNDEB?

O FUNDEB foi criado pela Emenda Constitucional n 53/2006 e

regulamentado pela Lei n 11.494/2007 e pelo Decreto n 6.253/2007, em

substituição ao Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo

especial, de natureza contábil e de âmbito estadual., com vigência prevista

para o período 2007/2020, tendo sua implantação iniciada em 1º de

Janeiro de 2007 e concluída no terceiro ano de vigência.

O FUNDEB é calculado sobre as seguintes fontes de impostos e de

transferências constitucionais:

?Fundo de Participação dos Estados (FPE)

?Fundo de participação dos Municípios (FPM)

?Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de

Serviços (ICMS)

?Imposto sobre os Produtos Industrializados, proporcional às

exportações (IPIexp)

?Imposto sobre transmissão causa mortis e doações de quaisquer

bens ou direitos (ITCMD)

?Imposto sobre a propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

?Impostos sobre a propriedade Territorial Rural (cota-parte dos

Municípios) (ITRm)

?Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a

LC nº 87/96

?Arrecadação de impostos que a União eventualmente instituir

no exercício de sua competência (cotas- partes dos Estados, Distrito Federal

e Municípios)

?Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos

impostos acima relacionados.

Além desses recursos, originários dos entes estaduais e municipais,

recursos federais também integram a composição do FUNDEB, a título de

complementação financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo

nacional por aluno/ano a cada Estado ou Distrito Federal, em que este limite

mínimo não for alcançado com os recursos dos próprios governos (BRASIL,

FUNDEB, Manual de Orientação-2009).

Conheça o Anexo da Lei 11494/2007: nota explicativa. Esta nota explica como são feitos os cálculos para a distribuição dos recursos do Fundeb. Conheça também o Decreto n 6.253,de 13 de novembro de 2007, que dispõe sobre o FUNDEB e regulamenta a Lei 11494 de 20 de junho de 2007 e dá outras providências (operacionalização dos FUNDOS).Disponível em www.fnde.gov.brApós ler os documentos, procure saber qual o valor mínimo nacional por aluno/ano vigente.

DICAS

Page 72: Livro Estrutura e Funcionamento

71

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

4.3.6 Utilização dos recursos pelos Estados, Distrito Federal e

Municípios:

É do nosso conhecimento que os recursos do FUNDEB só podem

ser empregados exclusivamente em ações de manutenção e de

desenvolvimento da educação básica, especialmente na valorização do

magistério, devendo ser utilizado na aplicação da seguinte forma: Parcela

mínima de 60% do FUNDEB destinada à remuneração dos profissionais do

magistério em efetivo exercício na educação básica pública, com vínculo

tanto permanente quanto temporário, tanto do regime celetista quanto do

regime jurídico específico do ente governamental. São considerados

profissionais do magistério: os professores e os profissionais que exercem as

atividades de suporte e assessoramento pedagógico à docência; direção ou

administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação

educacional e coordenação pedagógica.

?Parcela de até 40% do Fundo: Garantida a exigência mínima de

60% para a remuneração do magistério, os recursos restantes (de até 40%do

total) devem ser direcionados para despesas diversas que são consideradas

como de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), realizadas na

educação básica, conforme previsto no artigo 70 da LDB 9.394/96,

observando ainda os níveis de atendimento por ente governamental:

?Municípios: despesas com MDE no âmbito da Educação Infantil

e do ensino fundamental.

?Estados: despesa com MDE no âmbito dos ensinos fundamental

e médio.

?Distrito Federal: despesas com MDE no âmbito da educação

Infantil e dos ensinos fundamental e médio.

4.3.7 Avaliação e responsabilização: O IDEB

O PDE traz nas alterações feitas na avaliação da educação brasileira

um novo conceito, a responsabilização, e decorrente deste a mobilização

social. Até 2005 o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) era

apenas um exame aplicado a cada dois anos, a uma amostra de alunos de

cada estado, acompanhado de um questionário.

Em 2005 o SAEB foi reformulado, a partir da realização da primeira

avaliação universal da educação básica pública. Com a Prova Brasil, e com a

adesão dos estados e municípios, alunos da 4ª à 8ª série das escolas públicas

urbanas realizaram as provas e puderam mostrar seu desempenho em

Língua Portuguesa e Matemática. Com isso os dados do SAEB passaram a ser

divulgados por rede e por escola, o que pode indicar responsabilização de

todos os envolvidos: comunidade, pais, professores, dirigentes e

governantes. Neste caso, responsabilização e mobilização social fazem da

Page 73: Livro Estrutura e Funcionamento

72

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

escola cada vez mais pública e não apenas estatal. Bons resultados são

associados a boas práticas e as insuficiências poderão ser enfrentadas de

forma mais efetiva e específica. A Prova Brasil confirmou a existência de

desigualdades regionais, mesmo em redes ou sistemas comuns. Bem como a

ideia de combinar os resultados de desempenho escolar (PROVA BRASIL) e

os resultados de rendimento escolar (fluxo apurado pelo censo escolar) num

único indicador de qualidade: o Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica (IDEB) que se constitui numa sistemática que impôs inclusive

mudanças na realização de censo escolar, o que permitiu que os dados do

fluxo fossem dados individualizados sobre promoção, reprovação e evasão

escolar de cada estudante brasileiro. Brasil, programa educacenso (2006)

Interessante é que, com a Prova Brasil e o EDUCACENSO havia as

condições para a criação do IDEB expresso numa escala de Zero a 10. Com a

criação do IDEB, calculado por escola, por rede e para o próprio Pais foi

possível fixar metas de desenvolvimento educacional de médio prazo para

cada instância, com metas intermediarias de curto prazo que possibilitam

visualização e acompanhamento da reforma qualitativa dos sistemas

educacionais, conforme descrito no PDE-BRASIL (s/d). O IDEB calculado

para o país, com base na radiografia em 2005, relativo aos anos iniciais, foi

de 3,8 contra uma média estimada dos países desenvolvidos de 6,0 que

passa a ser a meta nacional para 2021. Uma das metas é alcançar a média

dos países integrantes da Organização para a Cooperação e o

Desenvolvimento Econômico (OCDE), no ano em que o BRASIL completará

200 anos de sua independência.Interessante é que o IDEB, ao permitir

identificar as redes e as escolas públicas com maior necessidade de

assistência técnica e ou financeira, com base em critérios objetivos,

permitirá o cumprimento mais justo do art.211 da CF quando esta

estabelece que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

organizarão, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino”. Cabe à

União exercer, ”em matéria educacional, função redistributiva e supletiva,

de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão

mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira

aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios” (CF, art. 211, § 1º).

4.3.8 O Plano de Metas: Planejamento e Gestã Educacional

Instrumentos jurídicos se fizeram necessários para o

relacionamento entre os entes federados para cumprir o regime de

cooperação. Surgem os Planos de Ações Articuladas (PAR): em 2006, após a

divulgação dos resultados da Prova Brasil, o MEC fez realizar nas escolas e

redes de ensino, em parceria com organismos internacionais, um estudo das

experiências e boas práticas as quais poderiam ser atribuídas ao bom

desempenho dos alunos, consideradas as variáveis sócio-econômicas. Essas

práticas foram traduzidas em 28 diretrizes que orientam as ações do Plano

Você se lembra de ter feito ou aplicado provas do SAEB e agora a PROVA BRASIL?Você conhece o IDEB da sua escola e de seu município?Se você tem resposta para essas questões, apresente-as aos seus colegas. Se não tem, faça uma pesquisa e comente com seus colegas.

PARA REFLETIR

Page 74: Livro Estrutura e Funcionamento

73

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

de Metas e Compromisso. Todos pela Educação, programa estratégico do

PDE. (BRASIL, Decreto, 6.094/2007)

Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das

conferências como espaço social de discussão da educação brasileira e de

articulação dos diferentes agentes institucionais da sociedade civil e dos

governos, em favor da construção de um projeto nacional de educação e de

uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa representa um

dos possíveis caminhos de busca para construção de uma escola pública

eficaz para todos os brasileiros. E, ao fazer a leitura do PDE e de suas

possíveis articulações, percebemos a mobilização social como espaço de

poder para a elaboração e avaliação de diretrizes para a construção de um

sistema nacional de educação que promova a efetiva cooperação entre os

âmbitos federal, estadual e municipal da educação brasileira, desde a pré-

escola até a pós-graduação.

A coordenação dessas conferências é de responsabilidade primeira

do Ministério da Educação em parceira com a Sociedade Brasileira para o

Progresso da Ciência – SBPC, a exemplo da CONAE 2010, que será a

próxima conferência nacional de educação.

Francisco das Chagas Fernandes - Secretário executivo adjunto do

MEC e coordenador da comissão organizadora nacional da CONAE, por

ocasião do lançamento da CONAE 2010, assim pronuncia: “‘Nossa

pretensão é fazer uma discussão sobre o sistema educacional de educação

de forma articulada, e determinar que diretrizes a sociedade brasileira, não

só o MEC, deve considerar para a construção desse sistema” (Matéria

publicada na edição 642 do ‘jornal da ciência’- SBPC-23.abril.2009-

A CONAE será precedida por conferências municipais ou

intermunicipais e conferências estaduais e do Distrito Federal; e os debates

serão orientados por um documento-referência, que será elaborado pela

comissão organizadora nacional.

Já que a pretensão é tratar a educação de forma articulada, em que

haja uma cooperação entre União, Estados e Municípios para desenvolver a

Educação Brasileira, é preciso que entendamos que não se trata de um

sistema único, a exemplo do que existe na saúde, para esclarecer o assunto:

[...] Quando falamos em sistema articulado não queremos

dizer um sistema único de educação. As pessoas acham que

estamos tratando da mesma coisa que o SUS (Sistema Único

de Saúde), mas não é isso [...]. Francisco Das Chagas

Fernandes (lançamento da CONAE 2010-Brasília-

23.04.2009)

Ele ressalta ainda a importância da CONAE em ser uma instância

que discute a educação como um todo ‘com a participação de todos’.

Page 75: Livro Estrutura e Funcionamento

74

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

Dentre outros objetivos da conferência, o de elaborar conceitos,

diretrizes e estratégias nacionais para a efetivação do sistema nacional

articulado da educação, a CONAE pretende ainda integrar todos os níveis da

educação.

A mobilização dos educadores, em articulação com os movimentos

sociais, a partir do conhecimento da realidade, das demandas, da

apresentação de expectativas globais e diversificadas de propostas e

projetos, continuará sendo o caminho mais emergente e profícuo para a

continuidade da luta por uma escola pública, gratuita, democrática e de

qualidade para todos no Brasil.

Os debates previstos na CONAE terão como tema central:

“Construindo o sistema nacional articulado de educação, o PNE, diretrizes e

estratégias de ação” e as discussões serão organizadas em torno de seis eixos

temáticos:

?Democratização do acesso, permanência e sucesso escolar;

?Papel do Estado na garantia do direito a educação: organização e

regulação da Educação Nacional;

?Qualidade e Avaliação da Educação Nacional;

?Formação e valorização dos trabalhos em educação

e financiamento da educação; gestão democrática;

?Fortalecimento Institucional das Escolas e dos Sistemas de

Ensino;

?Justiça Social e Educação: Inclusão, Diversidade e Promoção da

Igualdade Social.

Ainda sobre a conferência, vale registrar as considerações do

representante da SBPC na CONAE, Nelson Maculam, (2009) quando diz

que: a conferência tem grande importância por ser inédita no formato e na

amplitude, englobando discussões que vão desde a creche até o pós-

doutorado [...] o país ainda tem uma educação básica muito ruim; e mesmo

a pós-graduação, que é boa, alcança pouca gente. É preciso discutir um

pacto federativo em favor da educação, no qual seja revisto o papel dos

prefeitos e governadores. Aqui, no Brasil joga-se tudo em cima de Brasília,

como se o Governo Federal fosse o culpado de tudo, e não é verdade. “As

prefeituras e governos estaduais têm que se responsabilizarem pela

educação básica “. Maculam (2009)

Participe você também dos espaços de construção da história da

educação brasileira na sua estrutura e funcionamento, e ainda fazendo parte

de momentos democráticos de participação e definição dos rumos da

educação neste século.

Page 76: Livro Estrutura e Funcionamento

75

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Se você é um representante da sociedade civil, um agente público,

um membro de entidade de classe, um professor ou gestor, ou simplesmente

um estudante cidadão, ou ainda pai ou mãe, ou responsável por aluno você

poderá participar não apenas da CONAE 2010, mas de todos os espaços de

ações colegiadas ou de mobilização social, tanto a exemplo dos conselhos

escolares quanto dos espaços das grandes conferências nacionais.

Concluindo, precisamos que você, na condição de acadêmico de

um curso superior de licenciatura, compreenda que toda a discussão que

fizemos sobre a estrutura e funcionamento do ensino brasileiro não

cumprirá a sua missão se você não a perceber no momento atual, como

parte integrante de um mundo globalizado e contextualizado pelas

constantes transformações e muitas delas vindas da própria exigência social.

Sendo assim, efetivar uma educação escolar de qualidade demanda que

você,acadêmico, também conheça e utilize desse referencial legal, que

apresentamos nessa disciplina, como referencial capaz de embasar a

formação de cidadãos ativos, críticos e participativos em seu meio.

4.4 CONCLUSÃO

Na quarta unidade apresentamos os antecedentes históricos do

Plano Nacional de Educação além de apresentarmos também as ações

articuladas e normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando

o compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de

qualidade eficaz para todos os brasileiros.

Destacamos os pontos:

?O PNE pode ser considerado juntamente com a Constituição

Federal (CF) e com a LDB, uma das bases normativas em que se assenta a

educação do país.

?O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto

final – aprovado em 09 de janeiro de 2001 e promulgado como Lei nº

10.172/ 2001 pelo então Presidente da República, Fernando Henrique

Cardoso.

?Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos

congressos nacionais da educação e ainda contando com a participação de

educadores, profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre

outros. Embora se registre mais uma vez na história brasileira que apesar de

toda a participação e mobilização do povo nota-se que os interesses

majoritários do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam como texto

final o que lhes convém.

?Mesmo sendo aprovado texto segundo as intenções do

Congresso Nacional cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,

com base nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes,

ficando ainda a União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os

Page 77: Livro Estrutura e Funcionamento

76

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

municípios e a sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação

periódica da implementação do referido Plano Nacional de Educação.

?Objetivos e prioridades segundo o PNE: a elevação global do

nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade do ensino em

todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante

ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e

democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais,

obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na

elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das

comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Brasil,

PNE (2001)

?Fazendo cumprir o dever constitucional com base nas

necessidades sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos

financeiros e pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer

uma educação compatível, na extensão e na qualidade, à dos países

desenvolvidos é que este plano estabelece prioridades. Veja-as a seguir: 1.

Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças

de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a

conclusão desse ensino. 2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a

ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. 3.

Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino. 4. Valorização dos

profissionais da educação. 5. Desenvolvimento de sistemas de informação e

de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. Brasil, PNE (2001).

?O Plano Nacional de Educação define as seguintes diretrizes: as

diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; as diretrizes e metas

para cada nível e modalidade de ensino e as diretrizes e metas para a

formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação,

nos próximos dez anos. Brasil, PNE (2001)

?Além da LDB e do PNE o Plano de Desenvolvimento da

Educação – PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências

nacionais que possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer

cumprir as políticas públicas brasileira na atualidade.

?O PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) é um plano

que estabelece um conjunto de programas que visam dar consequência, e

encaminhamento às metas quantitativas estabelecidas no PNE. O PDE

pretende, na sua concepção, vencer as falsas oposições que projetaram a

educação brasileira tais como: educação básica x educação superior;

educação básica x níveis da educação: infantil, ensino fundamental e

médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA;

educação regular x educação especial.

?Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção

de educação que inspira este plano no âmbito do MEC, pois essa se volta

para uma visão sistêmica da educação. A Educação é definida

constitucionalmente como direito de todos e dever do Estado e da família.

Page 78: Livro Estrutura e Funcionamento

77

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

Responsabilizar a classe política e mobilizar a sociedade como condições

indispensáveis da existência e execução de um Plano de desenvolvimento

da educação é também dever de todos nós. Daí, responsabilização e

mobilização social serem evidentes nos propósitos deste Plano.

?Seis pilares em que se sustenta o PDE: Visão sistêmica da

educação; territorialidade; desenvolvimento; regime de colaboração;

responsabilização; mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d)

?Financiamento da Educação através do FUNDEB (Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). O FUNDEB foi criado

pela Emenda Constitucional n 53/2006 e regulamentado pela Lei nº

11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundef, que

vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo especial, de natureza contábil e

de âmbito estadual, com vigência prevista para o período 2007/2020, tendo

sua implantação iniciada em 1º de Janeiro de 2007 e concluída no terceiro

ano de vigência.

?O PDE ainda traz alterações na avaliação da educação brasileira

com um novo conceito: a criação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica).

?Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das

conferências como espaço social de discussão da educação

brasileira, articulado com os diferentes agentes institucionais da sociedade

civil e dos governos, em favor da construção de um projeto nacional de

educação e de uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa

representa um dos possíveis caminhos de busca para construção de uma

escola pública eficaz para todos os brasileiros. Ao fazermos a leitura do PDE

e de suas possíveis articulações, percebemos a mobilização social como

espaço de poder para a elaboração e avaliação de diretrizes para a

construção de um sistema nacional de educação que promova a efetiva

cooperação entre os âmbitos federal, estadual e municipal da educação

brasileira, desde a pré-escola até a pós- graduação.

BRASIL. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de

Educação e dá outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10

jan. 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96.

Brasília: Diário Oficial de 12 de dezembro de 1996.

BRASIL. Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007 - Dispõe sobre a

implementação do plano de metas “Compromisso Todos pela Educação”,

pela União Federal. Brasília. 2007.

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Page 79: Livro Estrutura e Funcionamento

78

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

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Educação. FUNDEB: Manual de Orientação. Brasília, 2009

CURY, Carlos Roberto Jamil. Sistema Nacional de Educação: desafio para

uma educação igualitária e federativa. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 105,

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Cultura. Brasília: Centro de Documentação e Informação, 2006. P. 23-24.

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HOLANDA, Aurélio Buarque. Novo Dicionário da Língua Portuguesa.

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SAVIANI, Demerval. A nova lei da educação. 3ed. Campinas: Autores

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VALENTE, I. Para um balanço do PNE. In: Plano Nacional de Educação. Rio

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de Intenção. Revista Educação e Sociedade, vol., 23 n. 80, Campinas, set.

2002.

Page 80: Livro Estrutura e Funcionamento

79

RESUMO

Unidade I: Breve Histórico da Educação na Legislação Brasileira

Nesta primeira unidade apresentamos o histórico da educação

brasileira, tomando como ponto principal a legislação educacional antes e

durante o período republicano até chegarmos à organização da educação

nacional através da nova Constituição do Brasil em 1988.

No Brasil, as concepções de gestão da educação e administração

pública vigentes resultam de uma construção histórica influenciada pela

tradição jurídica que caracterizou o Período Colonial, marcado pelas

orientações e práticas resultantes das correntes filosóficas positivista e

funcionalista. Para melhor compreender os processos que envolvem a

legalização e administração da educação brasileira, é de fundamental

relevância identificar aspectos e características dos três grandes momentos

históricos: Brasil Colônia, Brasil República e Brasil Contemporâneo.

A Educação no Brasil Colônia: A organização e administração da

educação durante o período colonial apresentam a influência das correntes

escolástica e positivista, mas fundamentalmente manifesta um enfoque

jurídico, fundamentado no direito romano, que era interpretado em acordo

com o código napoleônico. A educação, durante o Período Colonial era um

tema de pouca importância para os colonizadores portugueses e para a

população que habitava o país, resultando na pouca atenção aos processos

relacionados à sua administração.

A Educação Brasileira no Período Republicano: O pensamento

vigente na administração da educação brasileira no período republicano

divide-se, segundo Sander (2007), em quatro fases: organizacional,

comportamental, desenvolvimentista e sociocultural. Cada um delas

revelava um modelo de gestão específico.

A Educação no Brasil Contemporâneo: A história da educação

brasileira na contemporaneidade também participou e sofreu a interferência

de inúmeros movimentos políticos e culturais. Em 1930, foi criado o

Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP). A Constituição Federal de

1934 delegou ao Estado a responsabilidade de fiscalizar e regulamentar as

instituições de ensino públicas e privadas. Naquele momento histórico, até

1945, vigorava a ditadura de Getúlio Vargas, fato que também interferia na

organização da educação brasileira. No entanto, pouco tempo depois, em

1946, a sociedade política brasileira, através dos partidos de esquerda e

Page 81: Livro Estrutura e Funcionamento

80

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

progressistas, retomou os debates sobre a necessidade de melhorar e

democratizar a educação brasileira. A partir da década de 70, até meados da

década de 90, diferentes segmentos sociais brasileiros se mobilizaram em

prol da democracia efetiva, pois já se manifestavam as novas exigências de

uma sociedade impulsionada pela globalização econômica. A Constituição

Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 e o Plano Nacional de

Educação - Lei nº 10.172/2001 são os documentos norteadores da

Educação Básica brasileira. Através deles está estruturado todo o

funcionamento do ensino fundamental e médio, além da educação infantil e

da educação superior.

Unidade II: Legislação educacional no Brasil

Nesta segunda unidade, apresentamos a legislação educacional no

período que antecede a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de

1996, destacando os objetivos, os princípios e fins da educação nacional na

atualidade de acordo com a legislação atual. A partir da Independência do

Brasil surge então a necessidade de um Sistema Educacional Brasileiro

porque o país emancipou-se politicamente sem ter sua estrutura

educacional organizada. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a educação

brasileira ficou sem nenhum referencial. Após a Independência, justificando

os princípios liberais e democráticos, são elaborados planos, tendo como

meta uma nova política referente à instrução popular, mas na prática isso

pouco se concretiza. A Constituição de 1824 garantia a instrução primária a

todos os cidadãos do Império e devido a isso, em 1826, é apresentada a

proposta de criação de escolas primárias no país através do Projeto Januário

da Cunha Barbosa e legitimado pelo Decreto de 15 de outubro de 1827. Os

documentos oficiais desta época deixam claro que, durante todo o período

imperial, pouco se preocupou com a criação de um sistema de instrução

nacional e a educação brasileira caminhava lentamente e com pouca

evolução enquanto política educacional.

No período Republicano começa a se formar um novo perfil

educacional onde se apresentam leis, decretos e atos institucionais que

propõem diretrizes e critérios tanto para o ensino primário, quanto

secundário e superior e tentam também normatizar o ensino agrícola e o

ensino industrial que eram mantidos por finalidades filantrópicas e

destinava, primeiramente, aos órfãos e desvalidos. Ressaltamos que a

Proclamação da República, em 1889, apesar de o povo simpatizar com a

causa e ter o respaldo dos intelectuais progressistas que já a reivindicavam

desde a Independência, tal fato não trouxe uma mudança significativa na

ordem econômica nacional. A Constituição Republicana de 1891

estabeleceu uma república federativa e fez co que o Estado assumisse, de

forma definitiva, as rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas

de ensino fundamental e intermediário. Em relação à educação, continuou a

Page 82: Livro Estrutura e Funcionamento

81

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

tradicional divisão entre entre escola para a elite e escola para a população

menos favorecida.

Durante a década de 1920, com a urbanização e a industrialização

em desenvolvimento, tem como consequência a pressão para mudanças no

sistema educacional. Jovens educadores, influenciados por educadores

progressistas dos Estados Unidos e da Europa criam a Associação Brasileira

de Educação onde publicam artigos e livros desejando uma nova escola em

todo o país. Todas estas ideias e o movimento escolanovista culminam com a

publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional em 1932.

Ainda em 1930, com a Revolução, o governo nacional demonstrou grande

interesse na política social e educacional. Cria-se o Ministério da Educação e

da Saúde que se torna um marco da ação federal no campo educacional. A

Constituição de 1934 em seu capítulo sobre a educação exigia que todo

cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do Estado

ofertá-lo. Aqui, surgem as primeiras ideias de um Plano Nacional de

Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as atividades

dos estados e municípios.

Com o Golpe de Estado de Getúlio Vargas e o estabelecimento do

Estado autoritário, muitas das iniciativas para melhorar a educaçao foram

revertidas.

A Constituição de 1934 em seu capítulo sobre a educação exigia

que todo cidadão tivesse direito ao ensino fundamental e seria obrigação do

Estado ofertá-lo. Aqui, surgem as primeiras ideias de um Plano Nacional de

Educação para especificar as diretrizes curriculares e orientar as atividades

dos estados e municípios. E a Constituição de 1937 coloca no Estado a

obrigação de prover o ensino primário e profissional. Cria-se o SENAI e o

SENAC.

Em 1945, com o fim do governo autoritário, uma nova Constituição

é adotada, a de 1946. Nela os “pioneiros da educação nova” retomam a luta

pelos valores já defendidos, em 1934, onde o Estado tem a obrigação de

oferecer e prover a educação para todo cidadão brasileiro. Esta Constituição

obriga também os empresários a oferecer educação para os empregados e

filhos dos empregados e restaura a determinação de que as autoridades

públicas federal, estadual e municipal deveriam investir percentuais de suas

receitas na educação.

Dos anos 10 aos anos 60 do século XX podemos afirmar que foram

várias as reformas educacionais com o objetivo de resolver os problemas

principais, até então, da educação brasileira: a quantidade e a qualidade

educacional. Podemos destacar as Reformas: Francisco Campos (1931-

1932) e Reforma Capanema (1942-1946).

Em 1961, a Lei nº 4024 é promulgada. Após a promulgação desta

Lei muitos intelectuais, políticos e líderes religiosos ficam insatisfeitos com os

resultados e intensificam os movimentos populares em defesa de uma escola

para todos. Destaque para o grande educador Paulo Freire.

Page 83: Livro Estrutura e Funcionamento

82

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

O golpe militar de 1964 desarticula estes movimentos de

conscientização do povo, pois são considerados subversivos e seus líderes

são logo penalizados. A ditadura militar, que tomou o poder em 1964,

afirmou a importância da educação e buscou adaptar o sistema educacional

aos requisitos do rápido crescimento econômico. O governo militar

promoveu ainda uma total reorganização da universidade brasileira (1968) e

do ensino primário e secundário (Lei 5692 de 1971).

A Constituição de 1988 dará início às discussões sobre uma nova

LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A Constituição de

1988 aborda os principais problemas enfrentados, até então, na educação

brasileira.

Os princípios e fins da educação nacional são estabelecidos de

acordo com a Constituição de 1988 (art. 205) e a LDB de 1996 (art. 2º), a

educaçao tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O

artigo 2º da LDB diz que a educação é dever da família e do Estado. Já no

artigo 3º, estão os onze princípios que devem reger a organização no país.

Os objetivos da educação básica, destacados na legislação em vigor

(CF/ 88; LDB/96 e PNE), determinam que a Educação Básica tem por

objetivo formar o educando para o exercício da cidadania, possibilitando

meios para que ele prossiga sua formação em estudos posteriores.

A estrutura do ensino brasileiro está dividida da seguinte forma:

Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica é composta de

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A educação

Superior é um direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros, conforme

os Art. 21 e 22 da LDB.

Unidade III: A legislação e a universalização de uma escola básica de

qualidade

Na terceira unidade apresentamos o ensino de nove anos, as

considerações sobre o ensino médio vinculado à profissionalização e a

garantia da educação para os jovens e adultos.

O Ensino Fundamental visa desenvolver no aluno a capacidade de

aprender, o domínio da leitura, da escrita, do cálculo. Visa ainda desenvolver

a capacidade de aprendizagem, o fortalecimento dos vínculos de família, de

solidariedade e de tolerância recíproca na vida social. De acordo com a Lei

de Diretrizes e Bases 9394/96 o Ensino Fundamental passa a ser de 09 (nove)

anos para que se tenha mais tempo da criança na escola. Para que o Ensino

Fundamental, de acordo com a Lei 9394/96, atinja seus objetivos deve

seguir as seguintes regras: ser ministrado em língua portuguesa; ter uma

carga horária mínima de oitocentas horas com o mínimo de duzentos dias

letivos; currículo com base comum e base diversificada; oferecer língua

Page 84: Livro Estrutura e Funcionamento

83

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

estrangeira a partir do 6º ano de escolaridade; em relação à avaliação do

aluno, a mesma deve ser contínua e cumulativa, prevalecendo os aspectos

qualitativos sobre os quantitativos; dentre outras regras.

O ensino fundamental de nove anos traz o desafio e a oportunidade

de repensar a escola que temos na direção de um projeto de escola que

tenha como centro de sua atenção a reflexão e ação das crianças em suas

características, dimensões e necessidades concretas. Ou seja, um projeto

político-pedagógico que materialize para as crianças condições de

aprendizagem voltadas para conhecimentos de diferentes áreas, interligados

a linguagens, imagens, sentimentos e relações que apresentem e coloquem

em debate a realidade e a sociedade na sua contemporaneidade e

historicidade.

O Ensino Médio, conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, é

assim definido no art. 35: é a etapa final da educação básica, com duração

mínima de três anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

determina, nas finalidades do ensino médio, que o mesmo deve propiciar a

todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os

“conhecimentos adquiridos no ensino fundamental”; “aprimorar o

educando «como pessoa humana”; “possibilitar o prosseguimento de

estudos”; “garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania” e

dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam “continuar

aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da “compreensão dos

fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos” (art. 35,

incisos I a IV). As políticas educacionais brasileiras têm direcionado,

recentemente, especial atenção à universalização do ensino fundamental. À

medida que essa meta se concretiza, a demanda pelo ensino médio passa a

ser impulsionada. É nesse sentido que a própria legislação prevê progressiva

extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio (artigo 4º).

Sendo assim, o ensino médio integra-se à escolaridade que tem

como objetivo a formação comum indispensável ao exercício da cidadania.

Entretanto, a identidade desse nível de ensino tem oscilado, nas últimas

décadas, entre preparação para a educação superior, como curso

propedêutico, e a qualificação para o trabalho, como curso técnico ou

profissionalizante. A LDB então busca superar essa dualidade, conferindo ao

ensino médio função de educação geral que, embora diferenciada da

educação profissional, inclui preparar para o mercado de trabalho.

O Plano Nacional de Educação (Lei nº 10172/2001) em seu

diagnóstico sobre o Ensino Médio destaca que este nível de ensino no Brasil

está em expansão. Devido à melhoria no Ensino Fundamental os brasileiros

têm apresentado mais interesse no Ensino Médio e a demanda para o

mesmo tem evoluído a cada ano.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é contemplada na Lei de

Diretrizes e Bases de 1996 em seus artigos 37 e 38. Nestes artigos, a Lei prevê

que os jovens e adultos poderão concluir os ensinos fundamental e médio

Page 85: Livro Estrutura e Funcionamento

84

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

através de cursos e exames supletivos, sendo que a idade mínima para o

ensino médio através de supletivo é ser maior de dezoito anos. Os cursos de

exames supletivos são uma alternativa e uma modalidade de ensino para

prosseguimento dos estudos e conclusão da educação básica. Aqui, de

acordo com a LDB/96 a educação profissional não é apenas um nível de

ensino, mas uma modalidade de formação que deve estar presente na vida

do indivíduo em idade profissional produtiva. Isso significa educação

permanente ou educação continuada.

As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, no entanto, vêm

exigindo mais conhecimentos e habilidades das pessoas, assim como

atestados de maior escolarização, obrigando-as a voltar à escola básica,

como jovem, ou já depois de adultas, para aprender um pouco mais ou para

conseguir um diploma. Sendo assim, a educação de adultos é uma

necessidade tanto na comunidade como nos locais de trabalho. À medida

que a sociedade se desenvolve novas possibilidades de crescimento

profissional surgem, mas, por outro lado, exigem maior qualificação e

constante atualização de conhecimentos e habilidades. Através da

educação, as pessoas têm a oportunidade de melhorar de vida e competir no

mercado de trabalho bem como reconhecer seus direitos.

Unidade IV: O Plano Nacional de educação e as ações articuladas e

normatizadas pelas políticas educacionais vigentes

Na quarta unidade apresentamos os antecedentes históricos do

Plano Nacional de Educação, além de apresentarmos também as ações

articuladas e normatizadas pelas políticas educacionais vigentes, ressaltando

o compromisso da sociedade brasileira em busca de uma escola pública de

qualidade e eficaz para todos os brasileiros.

O PNE pode ser considerado com a Constituição Federal (CF) e

com a LDB, uma das bases normativas em que se assenta a educação do país.

O PNE tramitou por várias instâncias até a aprovação do texto final –

aprovado em 09 de janeiro de 2001 promulgado como Lei nº 10.172/ 2001

pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Desde a proposta inicial, elaborada a partir de 1998, nos congressos

nacionais da educação e ainda contando com a participação de educadores,

profissionais da educação, estudantes, pais de alunos dentre outros. Embora

se registre mais uma vez na história brasileira que, apesar de toda a

participação e mobilização do povo, nota-se que os interesses majoritários

do Congresso Brasileiro ou do Governo aprovam como texto final o que lhes

convém. Mesmo sendo aprovado texto segundo as intenções do Congresso

Nacional cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, com base

nesta Lei, elaborem seus planos decenais correspondentes. Ficando ainda a

União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a

Page 86: Livro Estrutura e Funcionamento

85

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

sociedade civil, responsáveis por proceder à avaliação periódica da

implementação do referido Plano Nacional de Educação.

Objetivos e prioridades, segundo o PNE: elevação global do nível

de escolaridade da população; melhoria da qualidade do ensino em todos

os níveis; redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso

e à permanência, com sucesso, na educação pública e democratização da

gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos

princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do

projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e

local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, PNE, 2001).

Fazendo cumprir o dever constitucional, com base nas

necessidades sociais, e considerando as limitações impostas pelos recursos

financeiros e pela capacidade de responder ao grande desafio de oferecer

uma educação compatível, na extensão e na qualidade, à dos países

desenvolvidos é que este plano estabelece prioridades. Veja-as, a seguir: 1.

Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças

de 7 a 14 anos, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a

conclusão desse ensino. 2. Garantia de ensino fundamental a todos os que a

ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. 3.

Ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino. 4. Valorização dos

profissionais da educação. 5. Desenvolvimento de sistemas de informação e

de avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. (BRASIL, PNE,

2001).

O Plano Nacional de Educação define as seguintes diretrizes: as

diretrizes para a gestão e o financiamento da educação; as diretrizes e metas

para cada nível e modalidade de ensino e as diretrizes e metas para a

formação e valorização do magistério e demais profissionais da educação,

nos próximos dez anos. (BRASIL, PNE, 2001).

Além do LDB e do PNE o Plano de Desenvolvimento da Educação –

PDE e o Plano de Ações Articuladas – PAR são referências nacionais que

possibilitam a articulação entre os entes federados para fazer cumprir as

políticas públicas brasileira na atualidade.

O PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) é um plano que

estabelece um conjunto de programas que visam dar consequência, e

encaminhamento às metas quantitativas estabelecidas no PNE. O PDE

pretende na sua concepção vencer as falsas oposições que projetaram a

educação brasileira tais como: educação básica x educação superior;

educação básica x níveis da educação: infantil, ensino fundamental e

médio; ensino médio x educação profissional; alfabetização x EJA;

educação regular x educação especial.

Dentre as razões e princípios do PDE vale destacar a concepção de

educação que inspira este plano no âmbito do MEC, voltada para uma visão

sistêmica da educação. A Educação é definida constitucionalmente como

direito de todos e dever do Estado e da família, responsabilizar a classe

Page 87: Livro Estrutura e Funcionamento

86

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

política e mobilizar a sociedade, como condições indispensáveis pela

existência e execução de um Plano de desenvolvimento da educação, é

também dever de todos nós. Daí, responsabilização e mobilização social

serem evidentes nos propósitos deste Plano.

Seis pilares em que se sustentam o PDE: visão sistêmica da

educação; territorialidade; desenvolvimento; regime de colaboração;

responsabilização; e mobilização social (BRASIL, MEC, PDE, s/d).

Financiamento da Educação através do FUNDEB (Fundo Nacional

de Desenvolvimento da Educação Básica). O FUNDEB foi criado pela

Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº

11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundef, que

vigorou de 1998 a 2006. Trata-se de fundo especial, de natureza contábil e

de âmbito estadual, com vigência prevista para o período 2007/2020, tendo

sua implantação iniciada em 1º de Janeiro de 2007 e concluída no terceiro

ano de vigência.

O PDE ainda traz alterações na avaliação da educação brasileira

com um novo conceito: a criação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica).

Fechando as nossas considerações, vale destacar a ideia das

conferências como espaço social de discussão da educação brasileira,

articulado com os diferentes agentes institucionais da sociedade civil e dos

governos, em favor da construção de um projeto nacional de educação e de

uma política de estado. Podemos afirmar que esta iniciativa representa um

dos possíveis caminhos de busca para construção de uma escola pública

eficaz para todos os brasileiros. E ao fazer a leitura do PDE e de suas possíveis

articulações percebemos a mobilização social como espaço de poder para a

elaboração e avaliação de diretrizes para a construção de um sistema

nacional de educação que promova a efetiva cooperação entre os âmbitos

federal, estadual e municipal da educação brasileira, desde a pré-escola até

a pós-graduação.

Page 88: Livro Estrutura e Funcionamento

87

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implementação do plano de metas “Compromisso Todos pela Educação”,

pela União Federal. Brasília. 2007.

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aplicação anual, pela União, de nunca menos de treze por cento, e pelos

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ensino.). Brasília, 1983.

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Page 92: Livro Estrutura e Funcionamento

91

ATIVIDADES DEAPRENDIZAGEM

- AA

1) Quais as novidades apresentadas pela Constituição Federal de 1988 em

relação à legislação anterior?

2) Marque a alternativa INCORRETA. O movimento denominado “Escola

Nova” defendia principalmente:

a) ( ) Defendia uma escola pública, laica e gratuita.

b) ( ) Acreditava que um sistema de educação estatal garantiria um

ensino a todos.

c) ( ) Dizia que a educação não era elemento-chave.

d) ( ) Sentia o desejo de preparar o país para acompanhar as mudanças

ocorridas em todo o mundo.

e) ( ) Defendia uma escola que combatesse as desigualdades sociais da

nação.

3) Dos onze princípios da LDB/96 para a educação, cite no mínimo 03

destes princípios.

Page 93: Livro Estrutura e Funcionamento

92

Letras/Inglês Caderno Didático - 4º Período

4) Os documentos norteadores da educação brasileira são:

a) ( ) Plano Nacional de Educação e Planos Municipais de Educação.

b) ( ) Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases.

c) ( ) Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases e Plano Nacional de

Educação.

d) ( ) Lei de Diretrizes e Bases e Plano Nacional de Educação

e) ( ) Os Planos Municipais de Educação e os Planos Estaduais de

Educação.

5) Como a Educação de Jovens e Adultos é contemplada na LDB/96?

6) Por que a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, foi considerada uma síntese

contraditória durante o seu processo de elaboração?

7) Por que a Lei 5692, de 1971, já não atendia as necessidades da educação

nacional após o período ditatorial do país?

Page 94: Livro Estrutura e Funcionamento

93

Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UAB/Unimontes

8) De acordo com os onze princípios da educação nacional comente a

responsabilidade do Estado, da família e da sociedade com a educação das

futuras gerações.

9) Para a LDB 9394/96 qual deve ser o objetivo principal para a educação

básica brasileira?

10) Por que a LDB 9394/96 propôs um ensino fundamental de maior

duração? E qual é a extensão deste desafio para a sociedade?

Page 95: Livro Estrutura e Funcionamento