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LIXO RECICLÁVEL: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM MATEMÁTICA NO PROJETO INTERDICIPLINAR Arthur Francisco Maceno de Souza Professor de Matemática da Rede Pública do Estado do Paraná, especialista em Administração de Rede de Computadores pela Faculdade de Ciências Sociais do Paraná (FESP). Rua: Teófilo Otoni, 636 Bairro: Cajuru – Curitiba – PR Telefone – (41) 3266-7724 E-mail – [email protected] Juliano Fidelis Professor Matemática da Rede Pública do Estado do Paraná. Rua: Leo de Abreu Miro, 116 Bairro: Uberaba – Curitiba – PR Telefone – (41) 3575-3044 E-mail – [email protected] Sob orientação do Professor Paulo Cesar Tavares de Souza, M.Sc.

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LIXO RECICLÁVEL: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM

MATEMÁTICA NO PROJETO INTERDICIPLINAR

Arthur Francisco Maceno de Souza

Professor de Matemática da Rede Pública do Estado do Paraná, especialista em

Administração de Rede de Computadores pela Faculdade de Ciências Sociais do

Paraná (FESP).

Rua: Teófilo Otoni, 636

Bairro: Cajuru – Curitiba – PR

Telefone – (41) 3266-7724

E-mail – [email protected]

Juliano Fidelis

Professor Matemática da Rede Pública do Estado do Paraná.

Rua: Leo de Abreu Miro, 116

Bairro: Uberaba – Curitiba – PR

Telefone – (41) 3575-3044

E-mail – [email protected]

Sob orientação do Professor Paulo Cesar Tavares de Souza, M.Sc.

Cessão de Direitos de Publicação

Os Autores abaixo assinado transferem os direitos de publicação, impressa e

online, do artigo “LIXO RECICLÁVEL: UMA APLICAÇÃO DA MODELAGEM

MATEMÁTICA NO PROJETO INTERDICIPLINAR ” à Revista Tuiuti: Ciência e Cultura, caso

ele venha a ser publicado.

Também declaram que tal artigo é original, não está submetido à apreciação de

outro jornal e/ou revista e não foi publicado previamente.

Os autores abaixo assinado assumem a responsabilidade pela veracidade das

informações contidas no referido artigo.

Curitiba, 31 de Março de 2012.

____________________________________________________ Arthur Francisco Maceno de Souza

_______________________________________________ Juliano Fidelis

LIXO RECICÁVEL : Uma aplicação da modelagem matemática em um projeto interdisciplinar

Arthur Francisco Maceno de Souza Juliano Fidelis

Orientador: Paulo Cesar Tavares de Souza, Msc.

RESUMO: As escolas têm muito a contribuir com o processo de reciclagem, pois o

destino final de todo o lixo que é produzido por cada habitante fará que tenhamos

um mundo mais saudável e conseqüentemente cidadãos conscientes. As atividades

interdisciplinares de Artes, Geografia, Ciências e Matemática levarão os alunos à

leitura e à pesquisa, culminando no objetivo central deste trabalho: a reflexão sobre

o lixo final. A aplicabilidade da proposta é levar para sala de aula das escolas

estaduais a discussão e a interação em atividades interpedagógicas. A modelagem

matemática tem aplicabilidade fundamental nesse trabalho, pois deixa o aluno à

vontade para trabalhar com o tema de coleta seletiva e de reciclagem, com isso,

haverá condições de resolver as atividades propostas.

Palavras-chave: Reciclagem; Projeto Interdisciplinar; Modelagem Matemática.

ABSTRACT : Schools have much to contribute to the recycling process, after all the

final destination of all waste that is produced by every person will help to build a

healthier world and also more conscious citizens. The interdisciplinary activities of

Arts, Geography, Science and Mathematics will lead students towards reading and

research, culminating in the central objective of this project: a reflection on the final

waste. The applicability of the proposal is to bring to public schools classrooms

discussion and interaction in inter-educational activities. Mathematical modeling has

applicability in this vital work because it leaves students free to work with the theme

of selective waste collection and recycling, thus they will be able to solve the

proposed activities.

Key words: recycling; Interdisciplinary Project; Mathematical Modeling.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente um dos maiores problemas enfrentados pelos países

desenvolvidos é a reciclagem de lixo. Entre os países que mais reciclam estão os

Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e a Holanda. O Brasil é o campeão mundial

na reciclagem de derivado de alumínio. Propor um destino ao lixo é um dos maiores

problemas da administração pública em todo o planeta. Este trabalho tem como

objetivo central mostrar que a modelagem matemática é um ótimo caminho para os

professores conquistarem a conscientização dos seus estudantes a respeito da

preservação ambiental, participando da solução de problemas e fornecendo meios

necessários para enfrentá-los. Vários países já transformaram objetos sem valor

algum num excelente empreendimento. Uma sociedade consciente e responsável

com o seu lixo tornará um planeta mais saudável para se viver. (REVISTA VEJA,

2008).

Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os

detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. É o resultado de uma

série de atividades, pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são

desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-

prima na manufatura de novos produtos. (COPAM, 1999-2011). Na busca de atingir

os objetivos propostos, que é conscientizar os estudantes quanto à importância da

reciclagem e, por conseguinte possam resolver questões matemáticas às quais

estejam imersas em um tema do seu dia-a-dia, propõem-se o uso de atividade

interdisciplinar e a seleção de dados que estão presentes, tais como: papel, vidro,

latas de alumínio, óleo, borracha, etc. Enfim, a utilização da modelagem matemática.

A interdisciplinaridade está relacionada ao conceito de contextualização

sócio-histórica como princípio integrador do currículo. Isto porque propõe uma

articulação que vai além dos limites cognitivos próprios das disciplinas escolares,

sem, no entanto, recair no relativismo epistemológico. Ao contrário, ela (a

interdisciplinaridade) reforça essas disciplinas ao se fundamentar em aproximações

conceituais coerentes e nos contextos sócio-históricos, possibilitando as condições

de existência e constituição dos objetos dos conhecimentos disciplinares. (SEED,

2008, p. 28).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A sociedade em que vivemos atualmente é totalmente consumista e a

quantidade de lixo que esta população gera é assustadora. No entanto, todos os

segmentos estão gerando algum um tipo de lixo que pode ser reciclável.

No Brasil a reciclagem de alumínio chega a 94%, ou seja, o país é campeão

nessa coleta: mais de um milhão de latinhas por hora. Cada brasileiro produz de lixo

1,1kg em média e o país deixa de reciclar aproximadamente 15 bilhões de reais por

ano. Com esse dinheiro daria para construir a cada ano casas populares para 330

mil famílias brasileiras. (PAGLIA, 2011). O Paraná possui uma Política de Resíduos

Sólidos. Essa política foi desenvolvida pela SEMA ( Secretaria de Estado do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos), através do Programa Desperdício Zero, tem como

sua principal meta, duas vertentes:

• Eliminação de 100% dos lixões no Estado;

• A redução de 30% dos resíduos gerados.

Os principais objetivos desta política são: Mudanças de atitude e de hábitos

de consumo; Minimização da geração de resíduos; Combate ao desperdício;

Inventivo a reutilização dos materiais; Reaproveitamento de materiais através de

reciclagem. (SEMA, 2008).

2.1 MUNICÍPIOS COM OS MELHORES RESULTADOS

Os cincos municípios brasileiro onde a prefeitura faz chegar o serviço de

coleta seletiva a 100% das residências, segundo um novo levantamento por

amostragem no país, são, em ordem: Curitiba (Paraná); Itabira (Minas Gerais);

Londrina (Paraná); Santo André (São Paulo); Santos (São Paulo)

FIGURA 1: Cidade de Curitiba

Fonte: http://www.fotosdecidades.com.br/fotos-de-curitiba/foto-da-cidade-de-curitiba/

Curitiba, uma das campeãs em reciclagem: a fórmula que deu certo inclui o

uso de caminhões que recolhem apenas lixo seco – sem nenhum resto orgânico. O

resultado é que o lixo fica mais limpo e acaba vendido por um preço mais alto às

indústrias de reciclagem. Isso ajuda a tornar o sistema de coleta seletiva em Curitiba

mais barato que o da maioria das cidades brasileiras. (PINHO, 2007).

FIGURA 2: Caminhão da campanha SE-PA-RE – Lixo que não é lixo

Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/fotos/album-meio-ambiente/21883

O programa “Lixo que não é lixo” faz a coleta seletiva de porta a porta em

100% do território da cidade, de uma a três vezes por semana, dependendo da

região. A Prefeitura tem ainda outros programas de incentivo à separação de lixo,

como o Câmbio Verde, que faz a troca de lixo reciclável por hortifrutigranjeiros nas

áreas mais periféricas da cidade.

O Câmbio Verde também aumentou a coleta depois que a Prefeitura

acrescentou 36 novos pontos. Atualmente são 90 locais, com a participação média

de 7.259 pessoas e coleta de aproximadamente 310 toneladas de resíduos

recicláveis por mês. A entrega de alimentos chega a 77.500 quilos.

Outro saldo positivo foi à coleta de óleo de cozinha usado, serviço de coleta

seletiva lançado em fevereiro de 2007 pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O serviço é oferecido nos 24 terminais de ônibus na coleta de Resíduos Especiais e

também no Câmbio Verde. Nos terminais, a Prefeitura recolhe 4.500 litros por ano.

No Câmbio Verde, cerca de 10 mil litros. (CURITIBA, 2012).

Óleo de cozinha é um dos alimentos mais nocivos ao meio ambiente.

Jogado no ralo da pia, ele termina contaminando rios e mares. Segue o número:

1litro de óleo de cozinha polui um milhão de litros de água. Como reciclar: colocar o

óleo em garrafas PET bem vedadas e entregá-las a uma das várias organizações

nesse tipo de reciclagem. Os principais destinos do óleo usado são as fábricas de

sabão e a produção de biodiesel. (PINHO, 2007).

Outros dados a serem destacados estão no mercado para reciclagem. O

Brasil consumiu 505.000 toneladas de resina PET na fabricação de embalagens em

2010. Atualmente, o maior mercado para o PET pós-consumo no Brasil é a

produção da fibra de poliéster para indústria têxtil (multifilamento), que vem sendo

aplicados na fabricação de fios de costura, forrações, tapetes e carpetes, mantas de

TNT (tecido não tecido), entre outras. Também muito utilizada na fabricação de

cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento). Outra parte é destinada à

produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, termo-formadores, formadores

a vácuo, placas de trânsito e sinalização em geral. Também é crescente o uso das

embalagens pós-consumo recicladas na fabricação de novas garrafas para produtos

não alimentícios. É possível utilizar os flocos da garrafa na fabricação de resinas

alquídicas, os quais são polímeros (componentes químicos) que são usados na

produção de tintas e também resinas insaturadas, para produção de adesivos e

resinas poliéster. As aplicações mais recentes estão na extrusão de tubos para

esgotamento predial, cabos de vassouras e na injeção para fabricação de torneiras.

(CEMPRE, [200-]).

Nos EUA, na Europa e na Austrália, os consumidores podem comprar

refrigerantes envasados em garrafas de PET produzidas com percentuais variados

de material reciclado. Essa aplicação poderá crescer com o avanço da reciclagem

química deste material, processo no qual o PET pós-consumo é despolimerizado,

recuperando as matérias-primas básicas que lhe deram origem. Com essa matéria-

prima recuperada é possível produzir a resina PET novamente. A tecnologia mais

conhecida é a bottle to bottle.

Foram efetivamente recicladas em 2010, 56% das embalagens pós-

consumo, totalizando 282 mil toneladas. As garrafas são recuperadas principalmente

através de catadores e cooperativas, além de fábricas e da coleta seletiva operada

por municípios. O volume de PET reciclado no Brasil seguiu crescendo em 2010. De

1994 a 2002, o percentual de reciclagem das embalagens PET pós-consumo no

Brasil subiu de 19% para 35% do total comercializado. De 2003 a 2006 subiu de

43% para 51% e desde então a alta anual tem variado de 1,5% a 2%. Em 2009, o

Brasil alcançou novamente o segundo lugar na reciclagem do PET, perdendo

apenas para o Japão que reciclou 72,1%. (CEMPRE, [200-]).

Tabela 1 - Índice de Reciclagem em 2010

País % Reciclagem

Japão 72,1

Brasil 56

Europa 55

Austrália 42,3

Argentina 34

EUA 29,1

Fonte: ABIPET, NAPCOR, ARPET,PETCORE. (CEMPRE, [200-]).

2.2 RECICLAGEM NO ENSINO

Conforme Tajra (2007, p.12) a escola e os professores devem oferecer a

seus alunos os recursos disponíveis nos seus meios, a fim de cumprirem com seu

papel de preparar cidadãos pró-ativos para um mundo cada vez mais competitivo e

repleto de desigualdades sociais. Cabe aos educadores assumirem os riscos de

novas experiências e reverem suas crenças enquanto facilitadores e coordenadores

de ambientes de aprendizagem.

Um exemplo inovador é o projeto Metamorphose, onde pesquisadores do

Institute for Research and Creation in Media Arts, no Canadá, criaram o Projeto em

que designers do mundo todo propõem online, alternativas de uso para objetos que

iriam para o lixo. Os alunos aprendem sobre sustentabilidade, interpretam dados

importantes presentes nas propriedades dos materiais e entre outros, despertam sua

criatividade. (LIXO, 2009).

2.3 MODELAGEM MATEMÁTICA

Baseado na Diretriz Curricular de Matemática, a modelagem matemática tem

como pressuposto a problematização de situações do cotidiano. Ao mesmo tempo

em que se propõe a valorização do aluno no contexto social, procura levantar

problemas que sugerem questionamentos sobre situações de vida.

A modelagem matemática é:

[...] um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da Matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade. Essas se constituem como integrantes de outras disciplinas ou do dia-a-dia; os seus atributos e dados quantitativos existem em determinadas circunstâncias (SEED, 2008, apud BARBOSA, 2001).

Por meio da modelagem matemática, fenômenos diários, sejam eles físicos,

biológicos e/ou sociais, constituem elementos para análises críticas e compreensões

diversas de mundo. Assim sendo, a modelagem matemática consiste na arte de

transformar problemas reais com os problemas matemáticos e resolvê-los

interpretando suas soluções na linguagem de mundo real. (SEED,2008 apud

BASSANEZI, 2006).

O trabalho pedagógico com a modelagem matemática possibilita a

intervenção do estudante nos problemas reais do meio social e cultural em que vive,

por isso, contribui para a sua formação critica.

Partindo de uma situação prática e seus questionamentos, o aluno poderá

encontrar modelos matemáticos que respondam essas questões. (SEED, 2008, p.

64-65).

Segundo Paulo Freire:

[...] é imprescindível, portanto que a escola instigue constantemente a curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou domesticá-la. É preciso mostrar ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera a sua

capacidade de achar e obstaculiza a exatidão do achado. [...] (FREIRE, 1996, p. 140)

Então, o que se busca com esse projeto é a utilização dos dados que serão

levantados pelos alunos através da internet, jornais, livros, artigo de revista ou

mesmo extraídos de atividades realizadas pelos mesmos. Dados esses que servirão

para a aplicabilidade da matemática.

3 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

A intervenção do professor inicia com a conscientização do aluno a respeito

da formação do ambiente em que se vive. Deve-se mostrar a evolução do ser

humano e a sua convivência com o meio.

No início dos tempos, os primeiros homens eram nômades. Moravam em

cavernas, sobreviviam de caça e pesca, vestiam-se de peles e formavam uma

população minoritária sobre a terra. Quando a comida começava a ficar escassa,

eles se mudavam para outra região e os seus lixos, deixados sobre o meio

ambiente, eram logo decompostos pela ação do tempo. O lixo faz parte da história

do homem, sua produção é inevitável. Na idade média o lixo era acumulado nas

ruas e imediações das cidades, provocando sérias epidemias e causando a morte

de milhões de pessoas. Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII,

quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em

pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos.

(DESPERDÍCIO ZERO, 2008, p. 6-7)

À medida que foi civilizando-se o homem passou a produzir peças para

promover seu conforto: vasilhames de cerâmica, instrumentos para o plantio, roupas

mais apropriadas. Começou também a desenvolver hábitos como construção de

moradias, criação de animais, cultivos de alimentos, além de se fixar de forma

permanente em um local. Naturalmente, esse desenvolvimento foi se acentuando

com o passar dos anos. A produção de lixo conseqüentemente foi aumentando, mas

ainda não havia se constituído em um problema mundial.

Reciclagem é um termo originalmente utilizado para indicar o

reaproveitamento (ou a reutilização) de um polímero no mesmo processo em que,

pôr alguma razão foi rejeitado.

O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado reciclagem,

embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para designar o conjunto de

operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as

preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente

após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica.

As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem

matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é

completamente diferente do produto inicial. (O QUE É RECICLAGEM..., [200-])

Resíduos sólidos são matérias heterogêneas, (inertes, minerais e orgânicos)

resultante das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente

ou totalmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e

economia dos recursos naturais. (DESPERDÍCIO ZERO, 2008. p. 9).

Com os professores bem informados e suas atividades planejadas, a etapa

de conscientização dos alunos é fundamental para que os mesmos estejam

sensibilizados quanto à importância da coleta seletiva e a destinação correta deste

material.

Antes mesmo dos alunos começarem a realizar as tarefas diretamente em

suas residências ou mesmo na escola com o lixo reciclável, é preciso que sejam

esclarecidos os tipos de lixo reciclável e também sobre os falsos recicláveis como:

embalagens de salgadinhos, papel celofane, espelhos, espuma, cerâmicas, etc...

Ainda sobre o manuseio dos recicláveis, vale salientar sobre o que se pode

fazer para contribuir com o processo e o que não faz diferença. O quadro seguinte

destaca estas ações:

QUADRO 1 – AÇÕES COM O LIXO RECICLÁVEL Vale a pena fazer Não vale a pena fazer

Separar o lixo seco de todos os restos orgânicos: um copo sujo de cafezinho pode inutilizar quilos de papel limpo.

Separar o lixo seco por tipo de material. As empresas e cooperativas farão uma nova triagem – estando o lixo organizado ou não.

Lavar as embalagens para retirar os resíduos dos alimentos e dos produtos de higiene e limpeza.

Amassar latas e garrafas PET ou desmontar as embalagens longa-vida. São medidas que não encurtam em nada o processo de reciclagem.

Será apresentado um plano de ação unificado, ou seja, um material didático

via web ou elaborado pelo professor, tendo como objetivo a resolução de problemas

que envolvem o lixo final, aquele que produzimos em nossas residências. Quando

pensamos em resolução de problemas, temos como premissas as seguintes razões:

o raciocínio dos estudantes, o desenvolvimento da criatividade e da aprendizagem

no trabalho em grupo, a matemática só tem sentido se é usada para resolver

problemas reais. A pesquisa ajudará na habilidade e/ou desenvolvimento nessas

resoluções, pois não é garantido que um estudante que sabe os conceitos

matemáticos e as quatro operações é um excelente resolvedor de problemas. Para

isso, ele deve ter a habilidade de usar os dados do problema juntamente com o seu

conhecimento prévio, para chegar à conclusão. (GIOVANNI, 1998).

Criado o plano de ação unificado, é importante que os alunos, ao

participarem do projeto, sejam informados claramente sobre os objetivos que cada

disciplina deseja alcançar. Essa medida faz com que os alunos mantenham o foco

nas atividades já sabendo os resultados que devem obter.

Na disciplina de matemática é esperado que os alunos consigam construir e

interpretar tabelas de dados e estabeleçam as relações entre o sistema de medidas

e as transformações de unidades, bem como a utilização de razões e proporções

entre os materiais, calcular a área e o volume de algumas formas geométricas

encontradas no lixo reciclável. Como o projeto visa o conceito da modelagem

matemática, os estudantes poderão usar os seus conhecimentos em matemática

para a resolução de problemas e encontrar as respostas durante essas atividades.

Ao se trabalhar com esse projeto interdisciplinar, têm-se objetivos

intrínsecos nas disciplinas de Artes, Geografia, Ciências e Matemática. O professor

de Artes irá estimular a criatividade dos alunos; já em Geografia, as abordagens

serão os pontos onde estão localizados os aterros sanitários e quais as

consequências sociais; em Ciências o impacto ambiental do não tratamento

adequado do lixo produzido por todos nós; e em Matemática a interpretação dos

dados apurados como também os cálculos necessários para armazenamento ou

transformação dos materiais.

4 LOGÍSTICA REVERSA – UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO P EDAGÓGICA

Um dos modos de destinação adequada dos resíduos sólidos é a chamada

logística reversa (LR). O conceito, já difundido em diversos países, tem como eixo

base fazer com que os resíduos retornem à sua cadeia produtiva. Ou seja, se um

resíduo não pode ser reutilizado, ele pode ser destinado “ao seu ciclo produtivo ou

para o de outra indústria”. Como exemplo, podemos citar a devolução de garrafas,

pilhas ou eletrodomésticos que não são mais utilizados para as fábricas que os

produziram, para que elas deem a destinação adequada aos materiais ou

reaproveitem alguns de seus componentes. Este processo é importante, pois

primeiro diminui a demanda por novas matérias-primas, segundo evita um consumo

ainda maior de energia para a preparação dessa matéria-prima e terceiro diminui a

quantidade de resíduo sólido depositado em lixões. Por isso, vale trabalhar o tema

com os estudantes e conscientizá-los a respeito dos problemas urbanos e

ambientais. (NOVA ESCOLA, [200-]).

Mostrar à turma que este processo pode ajudar a dar um “final feliz” para

boa parte do lixo que produzimos todos os dias em nossas casas e na escola.

Para trabalhar a questão do lixo com a sua turma é fundamental que os

alunos compreendam, de início, o que é um resíduo sólido e saibam diferenciá-lo de

outros tipos de resíduo. Nos primeiros momentos de contato com o lixo com uma

abordagem ecológica, é importante que as crianças reconheçam que o meio

ambiente não é representado apenas por um bosque, uma praia ou uma floresta. Os

alunos devem perceber que também são parte da natureza e que tudo o que

acontece no ambiente, seja bom ou ruim, vai afetá-los. (NOVA ESCOLA, [200-]).

A aula começa com o professor explicando à turma que o objetivo dos

próximos encontros será tratar do problema do lixo. Os alunos, juntamente com o

professor, irão discutir algumas soluções para a destinação desses resíduos. Em

seguida, será questionado aos alunos se eles sabem dizer quantos cestos de lixo

existe nas casas deles e, com base nessas informações, estimar a quantidade de

resíduos sólidos produzidos pelas crianças e suas famílias em um dia.

Depois de discutir quanto lixo se produz cada família, os alunos serão

informados que vão tratar de um típico específico de lixo: os resíduos sólidos. É

importante que os exemplos sejam concretos e façam parte da realidade das

crianças. Por isso, o professor deve levar em conta a comunidade em que sua

escola está inserida. Se necessário, uma breve conversa com os alunos já irá

esclarecer sobre quais produtos são geralmente consumidos em suas casas. Tal

investigação também serve para usar exemplos de falsos recicláveis.

Os alunos também serão informados que os resíduos sólidos são materiais

que deixaram de ter uma utilidade prática para as pessoas. Eles se originam em

casas, escolas, hospitais, indústrias e na construção civil e passam a ser

considerado lixo depois que já serviram para alguma finalidade. Mas, isso não

significa que tais materiais não possam ser mais utilizados. O objetivo da reciclagem

ou do reuso desses materiais é justamente diminuir o impacto da geração desse tipo

de lixo. A destinação adequada dos resíduos sólidos é tão importante que ganhou

uma legislação específica, a Política Nacional de Resíduos.

O professor irá auxiliar os alunos a identificar o lixo sólido em sua própria

casa. Serão orientados que objetos como embalagens de alimentos e de brinquedos

ou diversos tipos de materiais plásticos são exemplos de resíduos sólidos. Como

lição, eles irão observar o lixo produzido em casa, elaborando uma lista do que

consideram resíduos sólidos e levando alguns desses resíduos para a próxima aula.

Nesse momento é importante ressaltar que tragam os resíduos sólidos dos quatro

tipos de materiais: Metal, papel, vidro e plástico.

Os alunos irão construir uma tabela contendo todas as pessoas que moram

nas suas respectivas residências e observará o quanto cada um consome de lixo em

um dia. Com base nos dados obtidos, irão aplicar os conhecimentos para resolver

problemas que envolvem duas grandezas (regra de três), diretamente e

inversamente proporcional. Elaborar gráficos usando o plano cartesiano. Também,

gráficos no Excel em forma de pizza e colunas. Isto é uma boa maneira de fixar o

estudo de razão, pois estamos utilizando situações do cotidiano e problemas

práticos da vida escolar. Mostrando que a regra de três é utilizada como técnica de

resolução de situações-problema que envolve uma grandeza variável e sua

proporcionalidade com várias outras. (GIOVANNI, 1998).

Com o espaço adequado, seja em laboratório ou algum outro espaço amplo

da escola, fora da sala de aula, os alunos irão manipular os resíduos sólidos que

levaram para a aula. Caso seja necessário, o professor poderá providenciar luvas de

borracha para evitar o contato direto com os materiais. Para complementar os

resíduos trazidos de casa pelos alunos, o professor pode, previamente, separar

alguns resíduos produzidos na escola. Em seguida, todos irão classificar o lixo

segundo diferentes critérios – como cores, formato das embalagens, tipos de

produto, material de que são feitas as embalagens etc. O lixo também pode ser

separado de acordo com o local de origem – a casa dos alunos, a secretaria da

escola, a biblioteca, a cantina ou as áreas de lazer. Nesse momento, em grupos, os

alunos irão calcular quanto espaço esse material está ocupando, ou seja, o cálculo

aproximado da área e do volume ocupado pelos sólidos.

Com base nessa separação será introduzido o conceito de logística reversa

para a turma. Eles serão informados que desde o ano passado, o tratamento dos

resíduos no Brasil deixou de ser apenas uma boa prática para se tornar uma

obrigação legal. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado em

agosto de 2010, exige que as empresas deem uma destinação ambientalmente

correta para os seus produtos quando eles viram “lixo”. (NOVA ESCOLA, [200-]).

A logística reversa é um conceito bem amplo, previsto no PNRS, e que pode

ser compreendida como o gerenciamento do fluxo dos produtos desde o seu ponto

de venda (quando compramos uma geladeira, por exemplo) até o seu descarte

(quando a geladeira estraga e a jogamos fora). Ou seja, (PNRS) é que as indústrias

tenham o controle de todas as etapas para que encaminhem adequadamente os

resíduos sólidos que produzem e fornecem aos consumidores.

Os alunos aprenderão também que existem várias empresas que diminuíram

o tamanho das embalagens de seus produtos, sem afetar seu conteúdo, para gerar

menos lixo (como algumas embalagens de amaciante e sabão em pó em que o

líquido vem concentrado, por exemplo). Outras montam os equipamentos que

comercializam pensando na facilidade que terão em desmontá-los para a reciclagem

posteriormente. Também existem as empresas que reutilizam materiais ou

empregam materiais reciclados na confecção de novos produtos.

Após a explanação do professor, é hora de cuidar dos resíduos que foram

classificados pela turma. Os alunos deverão, em conjunto, identificar qual será o

destino desses resíduos. A turma pode sugerir para onde todo o lixo separado

poderá ser enviado. O excedente das embalagens de papel poderá ser destinado a

uma indústria de cadernos que faz capas de papel reciclado.

As garrafas PET têm sido amplamente destinadas para a indústria têxtil.

Hoje já estão sendo fabricados tecidos a partir da fibra de garrafas PET. Existem

municípios brasileiros que realizam a transformação do Politereftalato de etileno (o

material de que são feitas as garrafas PET) em fibra para a confecção de roupas. As

embalagens são compactadas e enviadas a usinas que trituram e transformam esse

plástico em flocos para a confecção de filamentos de poliéster. (NOVA ESCOLA,

[200-]).

Nesse momento o professor e os alunos usarão uma balança para pesar

cada tipo de material e estabelecer equações com essa atividade. Por exemplo, o

peso de 6 garrafas PET vazias é de 300 gramas. Se considerar o peso de cada

garrafa (em gramas) como X, temos 6.X=300. Os alunos irão pesar os 4 tipos de

materiais (Metal, papel, vidro e plástico) e em seguida, formar 4 grupos onde cada

equipe deve sugerir algo de criativo ou útil para transformar seus resíduos sólidos.

Para encerrar, o professor irá informar quais cooperativas ou empresas da

sua cidade já recebem esses resíduos sólidos e propor à turma o encaminhamento

de todo o lixo separado, mostrando aos alunos qual será o destino final dos resíduos

coletados.

4.1 AVALIAÇÃO DO PROCESSO

Há inúmeras propostas na forma de avaliar o quanto os estudantes

entenderam do assunto. Uma sugestão é propor um quadro com imagens de

resíduos sólidos e solicitar que os mesmos classifiquem os diferentes tipos de lixo

de acordo com os critérios pré-estabelecidos, bem como a associação das

embalagens e as destinações finais mais adequadas de acordo com as opções da

lista. Outra maneira de avaliação é fazer com que cada grupo elabore um relatório

final, contendo tabelas e gráficos relacionados à quantidade, peso, espaço e

sugestões de destino.

Podem ser confeccionados cartazes com textos informativos sobre a

reciclagem e a logística reversa, fixados nos murais da escola. O importante é que,

ao final da sequência didática, os alunos compreendam o processo de logística

reversa e saibam diferenciar os resíduos sólidos de outros tipos de lixo e percebam

a importância da disciplina de matemática no segmento apresentado. (NOVA

ESCOLA, [200-])

4.2 ATIVIDADES COMPLEMENTARES – DISCIPLINA MATEMÁTICA

Além da aula aplicada, poderá ser elaborada uma lista de atividades que

envolva todo o conteúdo teórico. Segue como sugestão uma lista com oito

exercícios que podem ser aplicados na disciplina de matemática, são os seguintes:

1 - Elaborar uma tabela e calcular os valores de cada composição do lixo

brasileiro.

2 - Elaborar uma tabela e calcular os valores do destino do lixo brasileiro.

3 - Elaborar um gráfico em forma de setores da composição do lixo

brasileiro.

4 - Elaborar um gráfico do destino do lixo brasileiro.

5 - Faça um levantamento de uma semana em sua residência do lixo que

pode ser separado e calcule o volume de todo esse lixo.

6 - Pesquise o volume diário de lixo que seu bairro produz.

7 - Pesquise o volume diário de lixo que sua cidade produz e vida útil do

aterro sanitário.

8 – Chorume. Quantos metros cúbicos um aterro produz por dia, sabendo

que o mesmo libera 1,8 milhões de metros cúbicos de metano por ano?

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente muito se tem feito para controlar as consequências que o lixo

tem causado no mundo todo. Soluções em reciclagem, reaproveitamento de lixo

orgânico para gerar energia, regulamentações e novas leis; são algumas das

medidas tomadas e mesmo assim a previsão não é animadora. Tratar desse

assunto de forma séria tem gerado bons resultados financeiros e ecológicos.

Quando o assunto é formação humana, a escola tem seu papel fundamental

e deve ser usada como meio de educar ambientalmente seus alunos. O projeto

interdisciplinar com lixo reciclável é uma das formas incentivadoras para que

mudanças aconteçam.

A modelagem matemática proporciona uma visão diferente da educação

matemática ao oferecer situações reais aos alunos e liberdade de raciocínio

matemático e crítico.

Projetos bem sucedidos tendem a se tornar periódicos e ampliados. O ideal

é que todo aluno tenha acesso à informação sobre a sua capacidade de colaboração

na reciclagem.

E finalmente, nas palavras de Antoine Lavoisier:

“ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”

REFERÊNCIAS

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