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DIÁRIO d o B R A S I L Curitiba, segunda-feira, 23 de junho de 2008 | Ano IX | nº 403 | [email protected] | Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Conferência em Florianópolis debate estratégias para combater homofobia Páginas 4 e 5 Acabou ontem a conferência sobre o projeto “Mapeamento Rápido de Combate à Homofo- bia na América Latina e no Ca- ribe Hispanoparlante”. As ações discutidas visaram realizar uma análise ágil que permita identificar educadores em questões GLBT. Apesar de o combate ao preconceito aos homossexuais ter se intensifi- cado, a discriminação ainda é evidente. Segundo o projeto, educadores preparados para discorrer sobre o tema são es- senciais para que haja diminui- ção dos mais variados tipos de preconceito. Página 3 Fé movimenta Curitiba nos dias de cerimônia Por meio da oração, muitas pessoas buscam contato com uma força divina. Alguns pe- dem ajuda, agradecem ou refle- tem. Outros simplesmente pro- curam oportunidade de conver- sa e alívio. Canais de WebTV trazem programação mais diversificada A uniformidade dos progra- mas televisivos brasileiros é o que motiva cada vez mais a cri- ação de canais de TV na Web. Página 6 Doença faz com que pessoas alterem seus hábitos alimentares Conheça um pouco do dia-a- dia dos celíacos — pessoas intole- rantes aos alimentos com glúten. Página 7 Bulimia e anorexia atingem mulheres em maior número A maior dificuldade no tratamento das doenças é o reconhecimento da en- fermidade pelos pacientes. Ensaio fotográfico mostra praia pouco conhecida Página 6 A praia de Barra do Saí é marcada pela sua atmos- fera tranqüila. Página 8 Tatiana Lisboa Zabot/ LONA Amanda Ribas/ LONA

LONA 403- 23/06/2008

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, segunda-feira, 23 de junho de 2008 11111

DIÁRIO

do

BRASIL

Curitiba, segunda-feira, 23 de junho de 2008 | Ano IX | nº 403 | [email protected] |Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Conferência em Florianópolis debateestratégias para combater homofobia

Páginas 4 e 5

Acabou ontem a conferênciasobre o projeto “MapeamentoRápido de Combate à Homofo-bia na América Latina e no Ca-ribe Hispanoparlante”.

As ações discutidas visaramrealizar uma análise ágil que

permita identificar educadoresem questões GLBT. Apesar deo combate ao preconceito aoshomossexuais ter se intensifi-cado, a discriminação ainda éevidente. Segundo o projeto,educadores preparados para

discorrer sobre o tema são es-senciais para que haja diminui-ção dos mais variados tipos depreconceito.

Página 3

Fé movimenta Curitiba nos dias de cerimônia

Por meio da oração, muitaspessoas buscam contato comuma força divina. Alguns pe-dem ajuda, agradecem ou refle-

tem. Outros simplesmente pro-curam oportunidade de conver-sa e alívio.

Canais de WebTVtrazem programaçãomais diversificada

A uniformidade dos progra-mas televisivos brasileiros é oque motiva cada vez mais a cri-ação de canais de TV na Web.

Página 6

Doença faz com quepessoas alterem seushábitos alimentares

Conheça um pouco do dia-a-dia dos celíacos — pessoas intole-rantes aos alimentos com glúten.

Página 7

Bulimia e anorexiaatingem mulheresem maior número

A maior dificuldade notratamento das doenças éo reconhecimento da en-fermidade pelos pacientes.

Ensaio fotográficomostra praiapouco conhecida

Página 6

A praia de Barra do Saíé marcada pela sua atmos-fera tranqüila.

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Tatiana Lisboa Zabot/ LONA

Amanda Ribas/ LONA

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Curitiba, segunda-feira, 23 de junho de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

Expediente

Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: Renato Casa-grande; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora deExtensão:Extensão:Extensão:Extensão:Extensão: Fani SchifferDurães; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-sa:sa:sa:sa:sa: Luiz Hamilton Berton;

Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-mento e mento e mento e mento e mento e AAAAAvaliação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-tucional:tucional:tucional:tucional:tucional: Renato Casagran-de; Coordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do Cursode Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro.Pro fessores -or ientado-Pro fessores -or ientado-Pro fessores -or ientado-Pro fessores -or ientado-Pro fessores -or ientado-res:res:res:res:res: Elza Oliveira e MarceloLima; Editores-chefes: Editores-chefes: Editores-chefes: Editores-chefes: Editores-chefes: An-tonio Carlos Senkovski e Ka-rollyna Krambeck.

Luísa Barwinski

O shopping à noite, depoisque as lojas fecham, não é o me-lhor lugar para ficar. É quen-te, quieto e assustador. Pareceque os manequins vão saltardas vitrines e promover umacaçada a tudo e todos que ain-da permanecem lá. Bancos,plantas e aqueles caras de ter-no. Não, madames. Eles nãoestão ali para carregar suassacolas. Não, grupinhos. Elesnão estão ali só para seguirvocês.

Já passava das 23 h quan-do as luzes do cinema acende-ram e os créditos subiram.Cansada por dormir quasenada na noite anterior — nãosó por boemia, mas por umatentativa de esquecer queaquele era meu vigésimo 12 dejunho sem receber presentes— me levantei e fui em dire-ção à saída, pensando apenasem como minhas cobertas pa-reciam tão mais brancas eaconchegantes na minha me-mória de várias horas antes.Enquanto esperava que al-guém atendesse o telefone queeu fazia tocar, dei algumas vol-tas, olhei algumas vitrines e vique lojas de roupas femininastambém vendem laptops cor-

O desconforto do manequimde-rosa. Finalmente, alguématendeu o telefone. Ótimo. Nãoiriam demorar para chegar elogo eu estaria habitando aque-la memória de hoje cedo.

Não sou curitibana de nas-cença, mas incorporei várioshábitos desde que vim morarna capital da terra de Guaira-cá, principalmente aquele sem-blante blasé, aquele ar de “nãofalo com estranhos”. Felizmen-te, este é um hábito que estoutentando perder — com ressal-vas, afinal uma coisa que seaprende desde os cinco anos deidade não se perde em outrosdois quando se aproxima dosvinte. Lá estava eu, com os ca-belos “do dia todo”, roupa “dodia todo” e expressão “do diatodo”. O Seu Amadeus tam-bém.

O Seu Amadeus usava sapa-tos, calças, camisa, gravata, ter-no e óculos pretos. Bom de con-versa o Seu Amadeus. Conse-guiu me tirar daquela letargiada lembrança da minha cama elogo estávamos conversando.“Engraçado, tem uma meninaque eu sempre vejo no ônibus quese parece muito com você. Mes-mo jeito do cabelo, os óculos...Só que ela é bem menor quevocê”, falou o Seu Amadeus. Masele não era baixo. Contou quemedia “lá por 1,91m... ou é

1,92m... Alguma coisa assim!”.Quando falei que era complica-do para as pessoas altas acha-rem roupas que servissem, eleconcordou comigo. “Tenho1,84m, a maioria das calças quetenho não chegam a cobrir meustornozelos quando sento. A mai-oria dos meus casacos que ser-vem no ombro não cobrem meuspunhos”. O Seu Amadeus falouque com ele acontece a mesmacoisa. “Quando a gente tem quefazer a prova de uniforme aquino shopping, sempre peço o mai-or número. Já passei do 60”. Eletrabalha no shopping há maisde 12 anos e boa parte deles ànoite, quando as madames e osgrupinhos de jovens já não es-tão mais nos corredores e naspraças de alimentação.

O público dos segurançascomo o Seu Amadeus é outro.Os rapazes da manutenção, asmulheres que vão limpar ochão de mármore marcado porsolas de borracha e pontos desalto alto, os últimos especta-dores do cinema — como eu eaqueles manequins de olhosestáticos.

Negro, alto e bom de papo,o Seu Amadeus sempre faziaum comentário de tudo. “Pre-ciso de um terno grande por-que a gente que fica aqui à noi-te lida com tudo e sempre aca-

ba ajudando o pessoal a carre-gar as coisas. Se o terno forpequeno, rasga”, ou “A genteque fica de noite aqui usa me-nos casacos que o pessoal dodia. A gente não tem essa dear-condicionado” ou então“Como este ano tá correndo...Já chegamos na metade doano”. Para variar, sempre quealguém fala que o ano está pas-sando rápido, completo com“daqui a pouco vai chegar meuaniversário... Logo ali, em de-zembro!”. E é o que realmenteacontece. “E pro meu falta pou-co agora”, disse o Seu Ama-deus, emendando o assunto: “éagora em setembro! Mais umano do Amadeus...”.

Lembrando de uns anos quejá passaram, o Seu Amadeuscontou que nasceu no “nortãopioneiro” do Paraná, ali proslados de Londrina, como quemvai para Foz do Iguaçu. Reve-lei que nasci em Pato Branco.Mas, ao contrário do que eu es-perava, não ouvi o comentárioda moda “Lá em Pato Branco,daí!”, graças ao programaToma Lá, Dá Cá das noites deterça-feira da Rede Globo. Deveser porque, enquanto todas asoutras pessoas prestam aten-ção na televisão, o Seu Ama-deus está trabalhando.

Os manequins continua-

vam encarando o nada nasmesmas posições de semprepelas janelas mais conhecidascomo “vitrines”. Àquela altu-ra já estava ficando calor den-tro do shopping — fato inéditopara mim até então. Sempreque estive em um shopping,era dentro do horário comer-cial e do horário do ar-condici-onado. Aí é de se entender porque os manequins olham parafora: vestidos com roupas deinverno, trancados dentro daslojas enquanto a única espe-rança de refresco depende dasmãos do Seu Amadeus que fa-zem a porta abrir e fechar.Para os manequins, a portaque o Seu Amadeus abre e fe-cha é a única forma de venti-lação.

Além do mais, duas coisasque os shoppings não têm sãorelógios nas paredes e janelas.E cada vez mais é cada um noseu jeito curitibano de ser emque a única abertura que se dáé aquela que se faz necessáriae formal. Parece que aquelasconversas de vizinhos encosta-dos nos parapeitos de suas ja-nelas não existem mais.

A carona chegou. Despedi-me do Seu Amadeus, agradecipela companhia. Entrei no car-ro e disse “é... shopping nãotem janela mesmo...”.

Renata de Andrade

O que antes era chique,agora saiu de moda. Grandesfestas, bebida farta, trajespomposos, imensos lustres ailuminar os salões imperiais,repletos de fumaça propagadadas bocas da high society, quenão se preocupa com os malesdo tabaco, nem causa incômo-do ao próximo, admirador desua elegância. Esse é umcenário que não se encaixamais nos dias atuais.

Hoje, a proibição do fumoem locais coletivos fechados,sejam eles públicos ou priva-dos, pode dar às pessoas odireito de escolha: fuma quemquer, adoece quem deseja. Sevocê quer fumar, fume. Masfaça isso fora do alcance de

Outros aresquem quer preservar a saúde.Ninguém é obrigado a contra-ir câncer no cérebro, no colouterino e mama, doençascardiovasculares e infecçõesrespiratórias por causa dafumaça alheia.

A restrição está causandoantipatia dos fumantes com apopulação que não tolera maisser vítima do tabaco. Paciência.Ouvir desaforos por fumar emlocais fechados é bem menosgrave do que ter otite crônicapor causa da fumaça dos outrose não poder mais ouvir.

Não adianta reclamar depreconceito contra os fuman-tes. Mas se preferir, a fila dedesigualdades no Brasil égrande. É só pegar uma senhae aguardar atrás da desigual-dade social, preconceito racial,exploração infantil, abuso

sexual... E enquanto aguarda,aproveite para refletir nosmales que você e o seu cigarrocausam. Além de prejudicar asi mesmo e ao próximo, ocigarro também adoece o meioambiente. Para cada 300cigarros produzidos, umaárvore é sacrificada. Então,quem consome um maço pordia, derruba uma árvore emduas semanas.

Aproveitando o Dia dosNamorados, começo aqui acampanha “Salve uma árvo-re”. Ame, namore, troquepresentes, mas não fume apóso sexo. Se você não se preocu-pa com a sua vida e a dopróximo, pelo menos pense nanatureza. E aos que nãofumam, deixo aqui meu desejode longa vida, já aos outros,deixo novos pulmões.

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Curitiba, segunda-feira, 23 de junho de 2008 33333

Florianópolis foi sede da conferência GLBT encerrada no último domingo

Amanda Laynes

O Centro Paranaense daCidadania (Cepac), em parce-ria com a rede internacionalpara questões GLBT, a GlobalAlliance for LGBT Education(GALE), está fazendo um ma-peamento das ações educativasde combate à homofobia — ter-mo utilizado para identificara aversão ou discriminação deuma pessoa contra a homos-sexualidade.

A pesquisa está sendo de-senvolvida nas escolas, em cor-porações policiais e na saúde,em todos os países da AméricaLatina e no Caribe.

Entre os anos de 2003 e2005, foi realizado um levan-tamento em 50 países da Amé-rica Latina que demonstrou aexistência de uma vontade decompartilhar informações etrabalhar sistematicamentena capacitação dos profissio-nais de educação em questõesrelativas a GLBT.

Esta pesquisa originou aGALE, que visa promover ainclusão plena de pessoas quesão prejudicadas por causa desua orientação sexual ou iden-tidade de gênero.

Devido às diversas realida-des de cada região do mundo,foi necessária a parceria daGALE com instituições locais,que no Paraná mantêm con-tato com a Cepac, por meio doconsultor Toni Reis, que tam-bém é um dos dirigentes da en-tidade internacional.

Com o projeto “Mapeamen-to Rápido Combate à Homofo-bia na América Latina e noCaribe Hispanoparlante”, osórgãos querem realizar umaanálise ágil que permita iden-tificar educadores em questõesGLBT nos países, com pré-re-quisito para a realização dedois encontros regionais estra-tégicos, aos moldes dos já rea-lizados em outras regiões daEuropa, Ásia e África.

Segundo a diretora execu-

tiva do Cepac, Christiane Spo-de, Florianópolis foi sede deuma conferência no último fi-nal de semana. No encontro,os representantes das entida-des e os professores seleciona-dos discutiram qual a melhormaneira de tratar a questãoGLBT em sala de aula.

Para a diretora, é necessá-rio a preparação dos professo-res para a discussão do temacom os estudantes.

“Especificamente, quandoa homofobia acontece em salade aula, trabalha-se a sensibi-lização e capacitação de profes-sores e educadores, para que oparadigma educacional sejamudado e para que tais pro-fissionais consigam orientarseus alunos, sabendo lidarcom possíveis questões de pre-conceito”, declara.

Além de educadores, ongse demais entidades que desen-volvem projetos de combate àhomofobia voltados para a áreaeducacional participaram doevento.

Os convidados foram sele-cionados através de suas res-postas a um questionário de-senvolvido pelo Cepac decla-rando suas ações voltadas àeducação para o combate à dis-criminação.

Para Christiane, ações queeduquem e sensibilizem osprofissionais são de suma im-portância hoje. “A questãoGLBT ainda é tratada de ma-

neira não aberta nas escolas,envolvendo muito preconceitoe resitência de educadores”,afirma. Ela disse que a confe-rência impulsionará a realiza-ção de mais projetos voltadosao combate da homofobia emsala de aula.

O diretor do Cepac, IgoMartini, acredita que no Bra-sil há avanços significativoscomo o Programa Federal Bra-sil Sem Homofobia, que traba-lha em vários ministérios eprojetos de combate à discri-minação.

“Já existe uma política deestado que trabalha com o Mi-nistério da Educação, que aju-da os educadores a debater oassunto em classe”.

A professora de uma escolade Ensino Médio de Curitiba,Elizabete de Almeida Farias,disse que já trabalhou em salade aula a cartilha Como Lidarcom a Sexualidade na Escola,desenvolvida pelo Cepac.

“Quando se trabalha comalunos sobre sexualidade, apolêmica é inevitável, e emmuitos casos não há uma pre-paração adequada para poder-mos responder. No dia em quetrabalhei a cartilha, achei me-lhor não opinar sobre muitosassuntos devido à falta de pre-paro”, esclarece.

O funcionamento da GALEocorre de duas maneiras: atra-vés de uma plataforma virtu-al, o www. glbtlgbt-educati-on.info, que permite a comu-nicação e o intercâmbio entreos integrantes da rede de edu-cadores nos cinco continentes,e também através de reuniõespresenciais periódicas.

O Cepac foi criado em 1995com o objetivo de promover asaúde, a educação e os direi-tos humanos.

Procura sensiblizar profis-sionais da saúde e da educa-ção para questões referentes àAids e doenças sexualmentetransmissíveis, e também so-bre o respeito à diversidadesexual.

Cepac real iza conferência decombate à homofobia

Robertson Luz/LONA

A Parada GLBT 2007, em Curitiba, reuniu 20 mil pessoas

Sandro Graciano da Silva

O Breema é uma terapia cor-poral voltada para promover asaúde, entendida como um es-tado de harmonia com a vida.Não é algo para combater umadoença e sim para promover asaúde, desenvolvendo a capaci-dade que o corpo tem de se cu-rar. Pode ser praticado por to-das as faixas etárias, os resul-tados são individuais e variampara cada pessoa.

Helio Kotler é instrutor deBreema e explica que, para aprática, são utilizados apenascolchonetes ou tapetes. “Nor-

malmente, na primeira sessão,a pessoa já tem uma percepçãodo benefício em seu corpo, maspara se ter uma noção bem con-creta, são necessárias de cinco adez sessões”, diz.

Breema encara o corpo comouma unidade, na qual existemnove princípios que servemcomo a base para o caminho.“Os nove princípios são comojanelas para um mesmo jar-dim, de cada princípio se temuma visão diferente da mesmacoisa que é a arte de estar pre-sente”, explicou ele. No últimosábado, dia 21, Kotler mostroua técnica em aulas ministradasem Curitiba.

Breema : uma nova terapia corporal

Geral

No encontro, osrepresentantes dasentidades e osprofessoresselecionados vãodiscutir qual amelhor maneira detratar a questãoGLBT em sala deaula

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Expediente

Liana Suss

Tatiana Zabot

Quarta-feira em Curitiba. Aquantidade de carros estaciona-dos e circulando pelas ruas aoredor do quarteirão é imensa.Pelo caminho o que surpreendesão as barraquinhas de pipoca,doces, pastéis, flores e lembran-ças, uma verdadeira feirinha.São pessoas de todas as idades,de diferentes classes sociais,gostos e profissões, mas comalgo em comum que as une: afé. A cena acontece no Santuá-rio de Nossa Senhora do Perpé-tuo Socorro nos dias de novena.A cada ano nada menos que doismilhões de fiéisparticipam des-ses encontros.

Por meio daoração, essas pes-soas buscam umcontato com a for-ça divina, sejapara pedir ajuda,agradecer, refle-tir ou simples-mente conversare aliviar-se. Ou-tros crêem que através da ora-ção os mortais entram em con-tato com o seu íntimo, vendo ascoisas de outro modo, compre-endendo a si mesmos e se per-doando pelas injúrias que come-tem.

Toda quarta-feira, aconte-cem 17 novenas no Santuáriode Nossa Senhora do PerpétuoSocorro, mas a das 18 horas é amais disputada pelos fiéis. Sãomais de duas mil pessoas.

Fisicamente, não há lugarpara todos. Mas está claro queninguém fica incomodado, to-dos se sentem acolhidos. Uns seacomodam como podem, peloscorredores, nos cantos e atémesmo do lado de fora. Outrospoucos se apertam nos bancos.O santuário é bem iluminado etem o teto azul imitando céuaberto; nas paredes, mosaicosde espelhos com vidrilhos e or-namentos dourados refletem adivindade do ambiente.

Perto do ícone de Nossa Se-nhora do Perpétuo Socorro osdevotos esticam suas mãos e, deolhos fechados, fazem sua pre-

ce silenciosa. No altar, lado alado, pessoas ajoelham-se eoram. A demonstração de fé estáestampada nos sussurros, nosolhos apertados e nas mãos uni-das. Entre os fiéis, está TerezaGonçalves, orando para sua fi-lha entrar na universidade eagradecendo por todas as bên-çãos que diz receber a cada dia.

A poucos metros dali, tran-qüilamente sentada ao lado docarrinho de pipoca, Neide Me-loni tricota um trilho de mesa.Ela vende pipoca do lado de forado Santuário há mais de 10anos. Curiosamente, apesar doconvívio com os católicos, Nei-de é evangélica. Com muitohumor assume que ficou al-

guns anos “des-virtuada” da reli-gião, mas queagora voltou afreqüentar a igre-ja. Tereza e Nei-de oram diaria-mente, mas en-quanto Terezausa orações pron-tas escritas naBíblia e cultuadiversos santos,

Neide não acredita nos santos,orando apenas para Deus e demaneira espontânea, conver-sando, pois os evangélicos nãoacreditam na oração pronta esim nas palavras que vêm docoração.

Mas quinta-feira Neide es-quece as diferenças e acompa-nha a Missa do Santíssimo re-alizada no Santuário. As duasconcordam que é uma das mis-sas mais bonitas que já assisti-ram e que fica difícil conter aemoção. Neide conta que ape-sar da diferença de religião elase sente a vontade, já que du-rante a missa há uma abertu-ra para cada um fazer sua pró-pria oração de maneira espon-tânea, de acordo com o seu jeitoe coração. “Choro que nem umbezerro desmamado”, assume apipoqueira.

Diferentes ReligiõesPara os cristãos, a oração é

algo direcionado para fora, umcontato com Deus, seja paraagradecer ou pedir. Eles procu-ram demonstrar bondade de es-

pírito a fim de ser merecedoresda graça do seu Senhor. Ao con-trário destes, os budistas orampara o seu íntimo, a fim de acu-mular forças interiores para en-frentar a vida. Eles oram paraque sozinhos possam encontrarcaminhos e solucionar proble-mas, visando cumprir sua mis-são na Terra, ao contrário doscristãos que suplicam a Deus.

Diferente de católicos, evan-gélicos e budistas, os muçul-manos praticam um ritual nosmomentos de oração. Eles oramcinco vezes ao dia, sempre vol-tados para Meca. São recitadostrechos do Alcorão em árabe edepois pode-se fazer as súplicaspessoais. Esse ritual, chamadoSalat, é considerado um elo di-reto entre os islâmicos e seuDeus e, apesar de se aconselharfazer as orações na mesquitaem grupo, pode-se fazer as ora-ções obrigatórias em qualquerlugar.

A terapeuta e mestra emMetafísica Leonor Pereira dosSantos explica que a oraçãoocorre quando a fé seduz a ra-zão; quando há uma reflexãoprofunda do eu-homem com o

eu-Deus, independente da for-ma como se projete esse Deus.A religião é mediadora do con-tato com o transcendental, maso efeito da religiosidade é umaconstante universal e pode serobservado em todos que têm umlado espiritual, desde os quepraticam uma religião até aque-les que crêem na espiritualida-de de maneira desvinculada decrenças específicas. Hoje, é acei-ta no meio científico a idéia deque a religiosidade influencia obem-estar e a saúde das pesso-as. A ciência, a medicina e a es-piritualidade vêm tendo seu re-lacionamento fortalecido na úl-tima década.

Oração e SaúdeMuitos trabalhos atestam

efeitos positivos da oração nacura de doenças. “A oração tempoder curativo, pois o que pedi-mos e desejamos é comprovada-mente eficaz para o nosso cére-bro”, diz a metafísica. A morta-lidade por câncer é menor empessoas que oram com freqüên-cia. Problemas causados por hi-pertensão são até 70% menoresem quem cultiva uma certa es-

piritualidade. A incidência deproblemas cardíacos também émenor em quem faz orações. Es-ses estudos foram reunidos pelopsiquiatra Franklin Santana, daFaculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo.

“Há uma força cósmica queage e interage no subconscientee no consciente humano que écapaz de fazer mutações extra-ordinárias nas pessoas”, explicaLeonor. A oração libera hormô-nios que relaxam, melhoram aimunidade e proporcionam bem-estar; ela estimula o cérebro as-sim como a meditação e os pen-samentos positivos. “A gente sen-te uma coisa boa aqui dentro”,diz Tereza Gonçalves com a mãoapertada no peito, mostrando quesente na pele o efeito da oração.Neide diz que vendendo pipocaspercebe que depois da novena aspessoas ficam mais leves e sim-páticas, “até a cara delas é ou-tra”, diz a pipoqueira.

Há pouca contestação quan-to ao resultado dos estudos, masalguns médicos criticam as con-clusões. Eles acreditam que oque influencia a saúde é o com-portamento gerado pela religio-

Especial Independente da religião, a oração traz benefícios à saúde e ao bem-estar das pessoas

Oração: um bem ao corpo e à menteFotos: Tatiana Lisboa Zabot/ LONA

Fiéis tentam tocar o Icone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Curitiba

Para os cristãos,a oração é algodirecionado parafora, um contatocom Deus, sejapara agradecerou pedir

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sidade, como as relações sociaisde solidariedade e apoio, produ-zindo sentimentos e emoçõespoderosos. Outros defendemque rezar cria mentalmenteuma intenção positiva que pos-sui um efeito curativo. Já os mé-dicos cristãos conservadores,por sua vez, rejeitam os resul-tados pelo fato de afirmarem quea oração é efetiva independentede religião, o que ameaça suacrença. Outros crêem que acura é intervenção sobrenatu-ral divina e não efeito da ora-ção da pessoa.

A oração é considerada umremédio e praticamente receita-da por médicos, mas não podeser feita como uma obrigação.Segundo Jeff Levin, cientista dedestaque em estudos da relaçãoentre a práticas espirituais e asaúde e autor do livro “Deus, fée saúde”, é essencial haver amore uma intenção sincera ao orar;por isso há uma certa polêmicaquanto às orações prontas queas pessoas decoram e repetem.

Conversando com DeusO padre Pedro Vilson, da Pa-

róquia Senhor Bom Jesus emCampo Largo, enfatiza que ape-sar da Igreja Católica apresen-tar diversas maneiras de se orar,cada pessoa deve descobrir aque-la com a qual se sente melhor.“Há pessoas que têm dificulda-de de conversar e expor seus sen-timentos com clareza a Deus,então preferem seguir uma ora-ção pronta”, explica o padre. Adistração e a falta de profundi-dade na oração também são uti-lizados, pelos padres católicos,como argumento para defenderas orações memorizadas.

Já os protestantes, como a pi-poqueira Neide Meloni, têm umainterpretação diferente dos cató-licos, lembrando um versículoda Bíblia onde, antes de ensinaro Pai Nosso, Jesus diz: ”Mas, aoorares, não digas as mesmas coi-sas vez após vez, assim como fa-zem os das nações, pois imagi-nam que serão ouvidos por usa-rem de muitas palavras”. Sen-do assim, eles defendem a ora-ção espontânea, até porque, se-gundo Neide, contém mais sin-ceridade e emoção. O pastor Os-lei Nascimento, da Igreja Pres-biteriana de Curitiba, explicaque a oração deve ser uma con-versa com Deus, é nela que de-vem ser expressos os sentimen-tos e as necessidades, e que nãohá melhor maneira para fazerisso senão utilizando-se das suaspróprias palavras, com a emo-ção do momento.

Acredita-se tanto na precepelos outros que muitosgrupos e igrejas criaramserviços de oração para aspessoas que buscam ajuda.Por sites de relacionamentocomo o Orkut, e-mail, telefo-ne, cartas ou mesmo natelevisão, as pessoas entramna fila, revelando seu nome eseus problemas, para recebe-rem ajuda das preces alheias.A maioria desses serviçospertence a igrejas cristãs. AIgreja Presbiteriana doBrasil, por exemplo, ofereceserviço de oração on-line.Basta preencher os camposno site da instituição com onome de quem solicita oserviço, o e-mail e, porúltimo, o pedido. Esses e-mails são direcionados avoluntários também cadas-trados pelo site e são chama-

Segundo Leonor Pereira dosSantos, a oração beneficia nãosó aquele que pede, como tam-bém aquele que recebe. A tera-peuta destaca ainda que é com-provada a harmonia entre o serque ora e aquele que é benefici-ado pela oração. Nas missas re-alizadas no Santuário de Nos-sa Senhora do Perpétuo Socor-ro são lidas cartas dos fiéisagradecendo por suas precesatendidas. Entre elas, uma tes-temunha de que a oração pelooutro funciona: um fiel escre-veu para agradecer Nossa Se-nhora porque seu pai estavapraticamente no leito de mortee sem perspectiva de melhoraquando, depois de muitas ora-ções, ele surpreendeu a todos ea si mesmo melhorando e vol-tando à vida normal.

As pesquisas são comprova-das, mas muitas vezes o queacontece é que as pessoas nãoacreditam em seus resultadospor estarem distantes dessas si-tuações. É por esse motivo queum dos momentos mais marcan-tes das novenas de quarta-feirano Santuário de Nossa Senhorado Perpétuo Socorro é a leiturade cartas de agradecimento.

Uma das pessoas que recor-reu a essas cartas para agrade-cer e dar seu depoimento paratodos os fiéis é Cláudia Apareci-da Cordeiro Simão. Com lagri-mas nos olhos e com um terçona mão Cláudia conta que tudocomeçou quando ela sentiu uma

dormência de um lado do rostoe, depois de uma ressonânciamagnética, descobriu que tinhaum tumor na região occipital docérebro. Nessa época ela esta-va terminando uma novena deagradecimento pela saúde deseu marido e sua filha e entãopassou a agradecer pela própriasaúde, decidida a entregar o pro-blema nos braços de Nossa Se-nhora do Perpétuo Socorro quetudo ficaria bem. Com confian-

ça e fé, Cláudia passou por umacirurgia delicada e, surpreen-dentemente, 14 dias depois, gra-ças à medicina e suas orações,descobriu que seu tumor era be-nigno, estava ótima e já preten-dia voltar a trabalhar.

Não muito longe de ondeClaudia entregava sua carta deagradecimento pela graça aten-dida e orava fielmente, encon-trava-se Rafael Cabral Macedo.O estudante de medicina é ag-

nóstico, não concorda com a re-ligião, mas possui seu lado es-piritual. Rafael não ora, masmedita para entrar em seu in-terior, em seu íntimo. Ele criti-ca o pensamento de que a ora-ção tem que ser feita a um sersuperior, condenando essa prá-tica como uma escravização re-ligiosa que dá às pessoas a fal-sa impressão de que estão fa-lando com Deus.Ele argumenta que,se essas pessoas crêem numDeus onipotente e onisciente,não há motivo para orar con-tando ou pedindo as coisas a esseser, uma vez que ele tudo sabe.“Fazer de Deus uma mula deproblemas é exteriorizar e fu-gir de seus obstáculos”, criticaRafael. Ele crê que há umaconsciência universal, mas quecada pessoa tem poder sobre simesma, e deve, ao invés de orar,fazer uma viagem introspecti-va ao mais profundo do ser paraencontrar respostas, já que so-mos responsáveis pelo que nosacontece, como diz o pensamen-to existencialista.

De joelhos ou em posição delótus; na igreja, no templo ou emcasa, pedindo ou agradecendo;repetindo ou só dizendo; com ousem religião. Isso só depende daescolha individual, afinal, o serhumano é singular, mas, cadaum a seu modo, todos cultivamum ser espiritual dentro de si.Acima de tudo, Rafael, Neide,Tereza e Cláudia têm algo emcomum: a intenção. Se a buscado transcendental é verdadeira,não importa como ela é feita.

Oração a pronta entregaparte de seu Serviço deCapelania. Voluntáriosrezam pelo paciente com afamília e estão disponíveispara orar e aconselharquando solicitado portelefone. Mas esses serviçosnem sempre estão ligados àreligião. A Ordem RosaCruz, uma fraternidadenão religiosa, possui umConselho de Auxílio Espiri-tual, um trabalho realizadodiariamente às 20 horas noGrande Templo, em Curiti-ba, com o objetivo de darauxílio cósmico àqueles quenecessitam.

Além disso, qualquermembro da Ordem podecompor a comissão silencio-sa, entrando mentalmenteem sincronia com o conselhoa fim de estar a serviçodaqueles que a ele recorrem.

Devotos acendem velas na esperança de ter suas graças atendidas

dos de intercessores, que secolocam no lugar da outrapessoa e oram pela causa comoser fosse a sua própria.

Já o grupo de jovenscatólicos Despertai disponibili-za aos fiéis o SOS Oração, umdisque-oração, disponível das22 h às 5 h para responder apedidos dos que têm proble-mas com a família, saúde ououtras angústias.

No Orkut, uma comunida-de evangélica garante oração24 horas por dia para os quenecessitam de ajuda e aconse-lhamento em tempo real. Osresultados são revelados pelosmembros, que postam seustestemunhos na sua páginapessoal. Há ainda os gruposque oram pelos enfermos noshospitais. O Hospital Univer-sitário Evangélico de Curitibaoferece auxílio de oração como

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Sonner M. C.

Uma câmera digital, umprograma de edição e internet,isso é tudo que a estudante derádio e TV Nathalia Valentin,22, precisa para colocar o seuprograma no ar. “Com o míni-mo que tenho faço o máximoque posso”, exalta Nathalia.

A mesmice de algumas mí-dias convencionais foi o que mo-tivou a jovem a criar o seu pró-prio programa de WebTv. “Es-tou cansada de ver sempre asmesmas coisas, isso me irrita.No programa mostro coisasque estão na rua que as mídi-as não abordam ou não que-rem abordar”, reclama ela.

Com as teorias que apren-deu na faculdade, a apresen-tadora se sentiu apta a fazerexperimentações no campo damídia digital. “Gravamos oprograma na rua mesmo. Umamigo meu que faz jornalismofica responsável pelas filma-gens, enquanto eu fico de apre-sentadora e repórter. A gentediscute as pautas e pensamoscomo iremos fazer a ediçãopara depois vermos o que vaipara o blog. Recebemos tam-bém colaboração dos amigospara fazer quadros e a sonoplas-tia do programa”.

O resultado se intitula“Scratch! nas ruas”. “É um pro-grama voltado à arte urbanacom enfoque maior na culturahip hop. Nele abordamos detudo, desde músicos de rua atéos moleques fazendo malabaresno semáforo”, explica ela. O pro-grama de dez minutos é hos-pedado no site “YouTube” e olink fica em ane-xo ao blog pró-prio. “Criamosum blog paracentralizar asinformações. Láhospedamos osprogramas, tex-tos, fotos e linkspara outros sitesque achamos in-teressantes”.

Mas o “Scratch!” nem sem-pre ficou hospedado no site do“Youtube”, antes ele fazia par-te do canal de música eletrôni-ca “GrooveChannel”. “Saímos

de lá por uma questão de tem-po. Gravávamos o programa aovivo e depois que comecei a es-tudar não tive mais tempo. Ti-vemos que reduzir o programae perdemos a interatividade emtempo real que tínhamos como público”, explica Nathalia.

O site da GrooveChannel foio primeiro canal brasileiro deWebTv voltado à música eletrô-nica. Com uma programaçãoque possui uma grade de 20 pro-gramas semanais, o site semantém 24 horas no ar, sendoque das 18 às 23 horas funcio-na ao vivo.

O responsável para manteros programas do site no ar é opublicitário Allan Novak, 25.“Eu gravo os programas e de-pois faço uma edição para colo-cá-los para reprise”, detalha ele.

Dentro de uma sala comduas webcans, os programasfuncionam muitas vezes comparticipação ao vivo dos teles-pectadores. “A interatividadecom os telespectadores é o pon-to forte da WebTV”, ressaltaAllan.

Mas o livre arbítrio em sefazer um programa que nãotem censura pode se tornar umperigo para a sociedade. A faltade responsabilidade ao se pas-sar a informação ou mostrarum fato que possa prejudicar aimagem alheia é o maior pro-blema que a internet enfrenta.Aline Rockembar, 21, já sentiuna pele o quanto essa falta deresponsabilidade pode prejudi-car os outros.

Há dois anos, Aline partici-pou de um churrasco de facul-dade. No evento, passou umpouco do limite com a bebida e,

como elamesma dis-se, fez um“bafão” nafesta. “Erac h u r r a s c odos calouros,e eu era ca-loura. Os ve-teranos en-tupiram agente de be-

bida eu fiquei muito louca, ospiás filmaram e colocaram nainternet”, relembra ela.

O vídeo, hospedado no You-Tube, ficou rapidamente famo-

so pela faculdade da aluna, oque gerou muitas situaçõesconstrangedoras. “A faculdadeinteira viu o vídeo e não demo-rou para que os deboches co-meçassem. Passei muita rai-va e humilhação por causa deuma brincadeira de mau gos-to”, conta Aline.

O fato fez com que a estu-dante trocasse de faculdade, jáque ela não conseguia impedira divulgação do vídeo na inter-net. Casos como o de Alineocorrem direto, mas só ga-nham espaço na mídia quan-do o fato envolve celebridades,como o famoso vídeo de Danie-la Cicareli na praia. Mesmotendo apelado para a justiça,a ex-vj da MTV não conseguiuimpedir o fluxo das imagensna internet.

Quando Bill Gates inventoua internet certamente não ima-ginava que um dia ela pudes-se vir a substituir a televisão.O crescente número de aces-sos ao Youtube mostra que aWeb TV pode vir a ser a televi-são das próximas gerações.

Na França foi desenvolvidoum computador especialmente

Vídeos navegam livremente em um espaço sem lei na rede mundial de computadores

para isso, o PeerTV, que permi-te a recepção on line de váriasdezenas de canais do país, e deum grande número de canaisinternacionais, graças ao seuleitor de vídeo integrado – oMplayer – que suporta inúme-ros formatos de codificação.

O responsável pelo desenvol-vimento do equipamento esti-ma que ele possa acessar até300 canais. Entre eles, FoxNews e ESPN (EUA), ou Al Ja-zeera (Qatar).

A televisão pela internet vem crescendo a cada dia

“No programamostro coisas queas outras mídiasnão mostram”NATHALIA VALENTIN,ESTUDANTE DE RÁDIO E TV

Sonner M.C./ LONA

Web permite televisão sem censuraInternet

Punir os responsáveis pelouso indevido da Web TV, não éuma tarefa simples. Violar aconta dos usuários para conse-guir os dados do indivíduo re-quer uma autorização judiciale isso exige tempo, um proces-so lento e burocrático.

O espaço livre da internetpela difusão da informação co-meça a se tornar nocivo à soci-edade cada vez que o mau usodela aflige a moral de algumapessoa.

A chegada do Youtube noBrasil em 19 de junho de 2006fez com que muitos internau-tas brasileiros mudassem asua vida. O site que hospedauma grande variedade de ví-deos tornou-se febre entreaqueles que gostam de nave-gar na internet.

O site chega receber maisde 100 milhões de visitas pordia, mas a liberdade de pos-tar qualquer vídeo é uma facade dois gumes para a socieda-

de. Ao mesmo tempo em queé possível ver vídeos como odo atentado do 11 de setem-bro, as imagens podem dene-grir a reputação alheia comoos casos de Daniela Cicareli,Britney Spears e outros famo-sos. O site que recebeu o ape-lido de “vídeos incríveis” foicomprado pela Google em 2006por US$ 1,65 bilhão e hospe-da desde videoclipes e trailersde filme, a filmes caseiros fei-tos pelos próprios internautas.

O Efeito Youtube

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Diana Axelrud

Há cinco anos, a estudanteStephanie Wasserman, de 16anos, descobriu que era porta-dora da doença celíaca. Ela teveque se acostumar com uma di-eta totalmente isenta de glúten,a proteína não tolerada pelosque possuem a enfermidade, oscelíacos.

O glúten está presente no tri-go, na cevada, na aveia e no cen-teio. Alimentos como pizza,pães, bolos, alguns chocolates,entre outros, são proibidos paraos celíacos.

Stephanie conta que, no iní-cio, foi difícil se acostumar ànova dieta: “Foi complicado, poiseu tinha apenas 12 anos. Eu iaàs festas de aniversário e sem-pre tinha pizza, e eu só podiaolhar os outros comerem. O queeu mais sentia falta era macar-rão e pizza, mas agora já meacostumei”.

GenéticaA causa da doença celíaca é

genética, segundo a nutricionis-ta Rafaella Jugend. “O proble-ma ocorre devido a um achata-mento das microvilosidades in-testinais. Os principais sinto-mas são diarréia, fraqueza, pro-blemas de crescimento e pesoinadequado”.

A doença afeta a absorção edigestão de nutrientes, poden-do levar a conseqüências secun-dárias, como anemia e osteopo-rose. Os sintomas que levaramStephanie a descobrir a doençaforam sua baixa estatura e pesoinadequado. “Eu era muito bai-xa e magra. Fui ao médico, quepediu exames de sangue. O exa-me de sangue para doença celí-aca deu positivo. Para ter cer-teza, fiz uma endoscopia, queconfirmou o resultado. Imedia-tamente comecei uma dietaisenta de glúten”.

Hoje em dia, Stephanie con-some produtos específicos, semglúten, encontrados em algunsmercados e em lojas espe-cializadas. A família da estudan-te teve que se adaptar também.“Minha família só vai a restau-rantes de massa quando eu nãoestou junto. Eles tiveram quese privar de algumas coisas”.

Jovens lutam contra doença celíacaA deficiência, que interfere na absorção dos alimentos, exige dieta especial

IncidênciaNa Europa, a doença celíaca

pode estar presente em uma acada 300 pessoas. O glúten estápresente nos carboidratos, quesão a base da pirâmide alimen-tar, responsáveis por cerca de60% de nossa alimentação. Porisso é preciso substituí-lo por ou-tros alimentos para que nãohaja déficit nutricional. “O glú-ten pode ser substituído por ou-tros comidas, como o milho, abatata, a tapioca, o amaranto,a soja. Desse modo não haveránenhum prejuízo nutricional”.

A doença celíaca, ou entero-patia sensível ao glúten, nãotem cura. Por isso, os celíacosnecessitam sempre estar cui-dando da alimentação.

“Tenho que ler embalagensde tudo, em restaurantes tenhoque perguntar do que são feitasas coisas, e se possível peço parafazerem minha refeição separa-da”, diz Stephanie.

LactoseOutra doença do intestino,

também sem cura, é a intole-rância à lactose. Os intoleran-tes à lactose têm falta, total ouparcial, da enzima lactase, res-ponsável por digerir a lactose,que é o açúcar presente no lei-te. Os sintomas desse distúrbiosão diarréia, flatulência, incha-ço abdominal e cólicas.

Quando a causa da intole-rância à lactose é genética, cha-ma-se de causa primária. Quan-do for adquirida, por doença ce-líaca, inflamações ou outras cau-sas, é chamada de causa secun-dária.

Ao contrário do que ocorrecom a doença celíaca, a intole-rância pode ser controlada coma ingestão de cápsulas da enzi-ma lactase, permitindo ao into-lerante ingerir alimentos à basede leite. Esse distúrbio é maiscomum do que se pensa. Afetacerca de 90% dos asiáticos. Tam-bém é comuns em judeus, me-xicanos, negros e índios.

O estudante Leonardo Ro-senberg, 14 anos, está muitobem adaptado às cápsulas daenzima lactase. Ingere todos osdias e se alimenta normalmen-te. Ele descobriu há poucos me-ses que possuía a intolerância.“Demorei dois meses para des-

cobrir o que eu tinha. Nessetempo, fiquei passando mal.”.

A nutricionista Rafaella afir-ma que é difícil substituir o lei-te. “É muito complicado para onutricionista fechar um cardá-pio sem o leite, que é a maiorfonte de cálcio. Colocamos outrosalimentos para tentar supriressa necessidade. Às vezes, é ne-cessário suplementar a alimen-tação com cápsulas de cálcio.”

Para Stephanie e para Leo-nardo, o melhor a se fazerquando se descobrir que não sepode ingerir algum tipo de ali-mento, é aceitar e procurar ali-mentos que substituam o nãopermitido.

Saúde

Stephanie já está acostuma à dieta isenta de glúten

Stephanie Wasserman/ Arquivo pessoal

Rhuana da Silveira

Jovens com idade entre15 e 25 anos são os maisvulneráveis a doenças comoanorexia e bulimia. Cerca de90% são mulheres.

Dentre as pessoas quesofrem algum distúrbioalimentar, de 15% a 20%não conseguem se curar.

Os distúrbios alimenta-res não escolhem classesocial ou etnia. Mesmo coma divulgação desses dadospelo Ministério da Saúde,todos os dias, jovens fixadosem emagrecer aumentamas estatísticas dessasdoenças.

Achar a causa não é fácil.Há quem culpe a mídia e omercado da moda.

Para a medicina e profis-sionais da área sociológica,são problemas biológicos,genéticos, psicológicos,socioculturais e de estruturafamiliar.

Para a fonoaudiólogaMaria (nome fictício), quesofreu de bulimia dos 18 aos24 anos – hoje ela tem 29anos e está curada -, a culpada magreza é do perfeccio-

Distúrbios alimentares atingemmais mulheres e jovens

nismo e da insatisfaçãoconsigo própria.

Chegar à cura é umprivilégio para poucas pesso-as, isso porque as bulímicasou anoréxicas custam aassumir que são portadorasda doença.

A dentista ManoelaMendonça, amiga de Maria,conta que esta levou cercade cinco anos para assumira doença e procurar ajudade uma equipe multidiscipli-nar, composta por psiquia-tra, psicólogo, nutricionistae endocrinologista.

“A bulimia é a ansiedadepor comer. A doente comecompulsivamente, para logoem seguida vomitar”, explicaMargareth Favile, psicólogaque fez parte da equipe derecuperação.

ModeloManoela conta que Maria,

com 1,62 m de altura, chegoua pesar 34 kg, alcançando umíndice de massa corporal(IMC) de apenas 12,95. Oíndice para uma pessoasaudável varia de 18,5 a 24,5.

Para efeito de comparação,a modelo Ana Carolina Res-ton, vítima de anorexia em

2006, cuja morte foi ampla-mente divulgada pelos meiosde comunicação na época (ea última de que se tevenotícia entre os famosos),tinha 1,74 m e pesava 40 kg.Seu IMC era de 13,21.

RiscosAo saber esses dados e

constatar que seu IMC eramais baixo que o da modelofalecida, Maria desabafa:“Só não morri porque nãoera a minha hora.”

Quem assume a doençaencara um tratamento lento,que pode incluir doses deanti-depressivos e interna-ção, dependendo do nível dadoença. “As recaídas não sãoraras, e por isso muitasvezes o tratamento leva anospara ser concluído”, explicaMargareth.

“Não é de hoje que sefala em distúrbios alimen-tares. Pode não ser novi-dade para ninguém, masas doenças continuam aí,atacando cada vez maisjovens. Um alerta tem queser feito à sociedade: sermagro não dá status, masser saudável sim”, dizMaria.

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Expediente

Barra do Saí é uma praiapouco conhecida do litoral pa-ranaense. Localizada entreGuaratuba (PR) e Itapoá (SC),é banhada pelos rios Saí-Mi-rim e Saí-Guaçu, que divide osdois estados.

A tranqüilidade é marca re-gistrada dessa praia, que tam-

Sossego garantidoTexto e Fotos: Amanda Ribas

bém é local para esportes comoa pesca e o surfe.

Se durante as férias a Bar-ra não é sinônimo de muito agi-to, fora de temporada o que seencontra lá são moradores apro-veitando o fim do dia para pas-sear de bicicleta, pescar tainhasou apenas curtir o visual.

Em frente à praia está ailha Saí-Guaçu fonte de maris-cos para o comércio local.

E para quem quer conheceruma área de mata virgem, ricaem fauna e flora típicas daMata Atlântica, é só atravessaro rio, onde há uma área de pre-servação ambiental.

Ilha Saí-Guaçu