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Curitiba, quinta-feira, 6 de maio de 2010 - Ano XII - Número 552 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Mesários ajudam a exercer cidadania Previsão é de aumento das vendas no Dia das Mães Qual a verdadeira intenção do Governo francês ao proibir a manifestação religiosa das pessoas no país? Não usar crucifixo, para um católico, é algo possível de se conviver. Entretanto, para uma mulher muçulmana, andar sem burca é uma opção? Nossa colunista analisa os desdobramentos políticos e o que pode estar por trás dessa nova realidade na França. Pág. 6 Gênero Com comentários polêmicos e que, certamente, vão render opiniões diversas por parte dos leitores, nosso colunista fala so- bre o impasse entre os princi- pais candidatos à Presidência da República. Pág. 6 Diego Henrique da Silva/ Lona Colunas Política Pág. 7 Opinião Ateu ou crente? Os desafios de cada escolha Pág. 3 Literatura comercial Os reais propósitos dos livros de autoajuda Pág. 2 Comerciantes acreditam que a movimentação vai aumentar nos próximos dias com a chegada de uma das datas comemorativas mais importantes na economia do país Pirataria prejudica locadoras Legalidade Pág. 5 Política Pág. 4

LONA 552 - 06/05/2010

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quinta-feira, 6 de maio de 2010 - Ano XII - Número 552Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Mesáriosajudam aexercercidadania

Previsão é de aumento dasvendas no Dia das Mães

Qual a verdadeira intençãodo Governo francês ao proibira manifestação religiosa daspessoas no país?

Não usar crucifixo, para umcatólico, é algo possível de seconviver. Entretanto, para umamulher muçulmana, andar semburca é uma opção?

Nossa colunista analisa osdesdobramentos políticos e oque pode estar por trás dessanova realidade na França.

Pág. 6

Gênero

Com comentários polêmicose que, certamente, vão renderopiniões diversas por parte dosleitores, nosso colunista fala so-bre o impasse entre os princi-pais candidatos à Presidênciada República.

Pág. 6

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Colunas

Política

Pág. 7

Opinião

Ateu ou crente? Osdesafios de cada escolha

Pág. 3

Literatura comercial

Os reais propósitos doslivros de autoajuda

Pág. 2

Comerciantes acreditam que a movimentação vai aumentar nos próximos dias com achegada de uma das datas comemorativas mais importantes na economia do país

Piratariaprejudicalocadoras

Legalidade

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Política

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Curitiba, quinta-feira, 6 de maio de 20102

Aceitar a vida de forma racional é a grande dificuldadepara entender o que é o ateísmo por parte daqueles que sãoreligiosos. A palavra vem do grego “a” de ausência e de “the-os” divindade. De um lado, os ateus alegam que vivem embusca de respostas. Do outro, há os religiosos que aceitam de-terminadas situações pela força da fé.

No passado, as pessoas que tentavam explicar a vida pelaciência eram condenadas e assassinadas. Atualmente, assu-mir-se ateu muitas vezes pode ser um risco de sofrer certa hos-tilidade, pois muitas pessoas veem os ateus como pessoasimorais.

Há os questionamentos sobre ética imposta, e o destinopassa a ser responsabilidade dos indivíduos e não de pre-destinação. Outro ponto é a visão diante da morte, diferentedos religiosos que colocam a morte como uma passagem parao purgatório e o céu (católicos e protestantes) ou a passagempara uma nova vida (espíritas), por exemplo, no caso dosateus a morte significa o fim de um indivíduo.

Ao longo dos anos, muitas pessoas influentes assumiramsua condição de ateus, mesclando suas ideias em obras. En-tre estes, temos na música o cantor Caetano Veloso, o guitar-rista do Pink Floyd, David Gilmour, o líder da banda Oasis,Noel Gallagher. Alguns exemplos na literatura: João Cabralde Melo Neto, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Álvaresde Azevedo, George Orwell, Ernest Hemingway, James Joyce.E outros como Friedrich Nietzsche, Auguste Comte, KarlMarx, Diderot.

O médico Drauzio Varella é alvo constante em palestrassobre sua espiritualidade. Ateu assumido, o médico afirma

Crençaversus ateísmo

que luta pela tolerância ao direito de ser ateu. Em março de2009, em uma de suas palestras afirmou que respeita as reli-giões e que espera o mesmo respeito. Para ele, a explicaçãodo surgimento da vida pelo acaso, evoluindo pela competi-ção e seleção natural, passando pelo desenvolvimento dohomem a partir do fim dos dinossauros, é muito mais en-cantador do que a visão religiosa do início da vida no pla-neta com base na religião.

A curiosidade pela força da religiosidade já é tema de pes-quisas científicas. A revista “Viver Mente Cérebro” nº 168apresenta uma reportagem discutindo “O gene de Deus”, se-gundo a qual as razões da espiritualidade podem estar ins-critas no código genético.

Neurocientistas como Mario Bearegard e Vilayanur Ra-machandaran estão estudando a fé. Chamados de neuroteó-logos, fazem pesquisas com pessoas de elevada crença, comofreiras e religiosos indianos, para entender como se compor-ta o cérebro dessas pessoas em momentos de oração. Ra-mchandaram vai mais longe e tenta entender também osateus, por que alguns sentem o chamado divino mais facil-mente enquanto outros são completamente surdos é o ques-tionamento que faz. Uma de suas hipóteses é de que senti-mentos espirituais profundos seriam somente frutos de umadescarga de neurotransmissores cerebrais, os mesmos que re-gulam os estados de ânimo. Outro fato apontado pelos cien-tistas é a existência de Deus estar relacionada ao medo damorte. Deus, segundo a reportagem, teria a função de suavi-zar a angústia diante da morte.

“O cristão comum é uma figuradeplorável, um ser que não sabe contaraté três, e que, justamente por suaincapacidade mental, não mereceriaser punido tão duramente quantopromete o cristianismo”Nietzsche

“A religião é vista pelos pessoascomuns como verdadeiras, pelosinteligentes como falsa e pelosgovernantes como úteis”Seneca

“A religião é o ópio do povo”Karl Marx

Independente das escolhas, das crenças de cada um é im-portante sempre frisar a necessidade do respeito e a tolerân-cia numa sociedade civilizada. Ser ateu é simplesmente exer-cer o seu direito de liberdade, enquanto a religiosidade tam-bém deve ter o mesmo respeito. Crer em Deus e se sentir bempela paz que a fé traz ou continuar o seu caminho cético éum direito de cada indivíduo que merece ser respeitado.

A obra de Michelangelo, “A cria-ção de Adão” (detalhe à esquerda), foiencomendada pela Igreja Católica e éconsiderada um dos grandes ícones doperíodo Renascentista. Fica localizadano teto da Capela Sistina, no Vatica-no. Segundo o historiador Rainer Sou-sa, “a representação detalhada do cor-po aparece aqui como uma preocupa-ção estética que assinala a valorizaçãoda temática humana”.Fonte: Brasil Escola

Reprodução

Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor:Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação : Renato Ca-sagrande; Pró-Reitor de Gradua-ção: Renato Casagrande; Pró-Rei-tor de Planejamento e AvaliaçãoInstitucional: Cosme Damião Mas-si; Pró-Reitor de Pós-Graduação ePesquisa e Pró-Reitor de Exten-são: Bruno Fernandes; Pró-Reitorde Administração: Arno AntonioGnoatto; Coordenador do Cursode Jornalismo: Carlos AlexandreGruber de Castro; Professores-ori-entadores: Ana Paula Mira e Mar-celo Lima; Editores-chefes: AlineReis ([email protected]), DanielCastro ([email protected]) eDiego Henrique da Silva([email protected]).

“Formar jornalistas com abrangen-tes conhecimentos gerais e humanís-ticos, capacitação técnica, espíritocriativo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsabilidadesocial que contribuam com seu tra-balho para o enriquecimento cultu-ral, social, político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratóriodiário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UPRedação LONA: (41) 3317-3044Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300– Conectora 5. Campo Comprido.Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

Eli [email protected]

As primeiras edições do Lonaestão show! Parabéns para todaa equipe que está fazendo umtrabalho impressionante. LuisaMelara, via twitter (@Lumela-ra)

Parabéns pela primeira ediçãode 2010 do @JornalLona . Óti-ma diagramação e boa colunamusical. Pena que agora é ape-nas Preto e Branco. FernandoCastro, via twitter (@fernando-emm)

O novo LONA superou minhasexpectativas. Achei que as mu-danças previstas não fossemacontecer, mas o pessoal provouo contrário! Estão todos de pa-rabéns! Amanda Fernandes,estudante

A inserção da editoria perfilcom periodicidade semanalcontribui consideravelmentepara a qualidade do conteúdodo Lona. Isso aumenta a abran-gência do público leitor, ultra-passando os limites da univer-sidade. Parabéns pela iniciati-va. Carla Rocha, estudante

Espaço do leitor

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Maria Carolina Lippi

Neste domingo, comemora-se o Dia das Mães. Datatambém comemorada pelocomércio da capitalparanaense.

De acordo com dadosdivulgados pela AssociaçãoComercial do Paraná (ACP),nos próximos dias, o aumentonas vendas será de 12%.

A data é considerada osegundo Natal dos lojistas derua e shoppings centers. E deacordo com o Datacenso, quepromoveu a pesquisa, oaumento nas compras se deveao aquecimento da economiaapós a crise financeiramundial.

Os dados da pesquisaforam analisados de acordocom as expectativas doslojistas. Eles esperam vender57% a mais que no mesmoperíodo do ano passado,quando a expectativa era de45%.

A análise também se baseianos próprios consumidores,que prometem “abrir acarteira”: 37,5% deles dizemque vão gastar 31% a mais nopresente das mães em relaçãoao ano passado. Outros 53%dizem que irão desembolsar omesmo valor. Somente 9,5%revelaram que vão diminuir em73% o valor dos preços dospresentes. A média do valor degasto dos filhos será de R$127,47.

A ACP e o Datacensotambém divulgaram que osprodutos mais compradospara homenagear as mães. Asroupas estão em primeirolugar, com 33% de preferênciados entrevistados; os perfumestêm 11% das escolhas e asflores e plantas ficaram com9% das escolhas.

Os shoppings centers dacapital apresentam umdiferencial em relação aocomércio da rua. Grande partedeles conta com promoções

Comércio esperaaumentar vendas no

Economia

Associação Comercial do Paraná divulgou dados queapontam para um crescimento no comércio de Curitiba

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Dia dasMães

para quem comprar o presenteaté domingo. Os prêmiosenvolvem desde sorteio devale-compras a carrosimportados. Um deles, oShopping Mueller, oferece umbatom para quem fizercompras acima de R$ 400. Deacordo com a assessoria deimprensa do ShoppingMueller, na última semana, omovimento aumentou 35%,principalmente nas lojas deroupas, calçados e acessórios,cosméticos e eletrônicos.

Mesmo assim há quemprefira comprar nas lojas daregião central da cidade. É oque vai fazer o estudante dePublicidade JonathanGonçalves, de 17 anos.“Prefiro no centro porque temmais opções”. Ele ainda nãosabe o que sua mãe vai ganharde presente neste ano, mas ovalor será em torno de R$ 30.“Ela sempre se lembra de mim.Desta vez não posso esquecerdela”, diz.

Neste ano, dois dos eventosmais importantes para osbrasileiros estarão separadospor apenas quatro meses. Emjunho, começa a Copa doMundo de Futebol, realizada naÁfrica do Sul. Em outubro seráa vez das eleições parapresidente, governadores,senadores e deputados em todoo país. É pensando nisso que oSESC Paraná está organizandouma série de debates eexposições sobre futebol epolítica. O evento, que aconteceno Paço da Liberdade, começouontem e irá até amanhã.

O espaço receberá shows,mostras de cinema,lançamentos de livros e mesas-redondas, em que se discutirãoas relações existentes entrefutebol e política, presentestanto no âmbito nacional,quanto no internacional. Oevento terá a participação denomes como Sócrates, ex-jogador do Corinthians e daSeleção Brasileira; LeandroFortes, jornalista da RevistaCarta Capital; e José MiguelWisnick, músico e professor deteoria literária da USP. Cadamesa de debate deverá contarcom a presença de 150espectadores. Além disso,espera-se que mais de milpessoas circulem pelo espaço acada dia.

O técnico do Paço daLiberdade Daniel Ferrareziconta que o evento discutirá asrelações entre o futebol e apolítica, de que forma isso éexplorado pela mídia durante aCopa do Mundo e,posteriormente, no período de

eleições. “Montamos umaverdadeira seleção, formada porsociólogos, ex-jogadores ejornalistas”, afirma Ferrarezi.Um dos objetivos do debate érefletir se o futebol realmentetira o foco da população daquiloque está acontecendo napolítica.

“Todos, gostando ou não,são influenciados pelo futebol.Além disso, as eleições tambémpodem ser consideradas umaespécie de Copa do Mundo”,completa.

Para o estudante dejornalismo Danilo Georgete, queacompanhou o debate deontem, os dois temasabordados chamam muito aatenção do povo brasileiro.“Esse tipo de coisa só aconteceno Brasil, onde as pessoas sãorealmente apaixonadas porfutebol”. Ainda segundoGeorgete, assim como o samba,o futebol é genuinamentebrasileiro, o que faz com que aspessoas parem o que estãofazendo para prestigiar a Copado Mundo, por exemplo.

ProgramaçãoHoje, o futebol será visto

pelo lado artístico. Integram apauta do evento discussõessobre a equipe de futebol doBarcelona e do Santos,campeão paulista de 2010. Olimite da poesia e a questão doprofissionalismo dentro doesporte serão os temasabordados. Na sexta, a estrelada mesa redonda será Sócrates.Ele e os demais convidadosconversarão sobre como ofutebol influenciou na aberturapolítica ao longo da história doBrasil.

Futebol epolítica noPaço daLiberdadeDaniel Castro

ServiçoOs debates acontecem às 19h00, e as entradas custam

R$15,00. Ao meio-dia ocorre a exibição de filmes, com entradafranca. O Paço da Liberdade fica na Praça Generoso Marques,189, centro. Fone: 3234-4200.

Cidadania

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Dia três de outubro de2010, o Campeonato Brasileironão será o acontecimento maisimportante do domingo, as cri-anças e adolescentes irão paraescola, e a cervejinha no bote-co estará proibida. Calma, nãoé o apocalipse. É o dia da co-memoração da democracia noBrasil.

As primeiras eleições datamde 1532, em São Paulo, para ele-ger o Conselho Municipal da ci-dade de São Vicente. De lá paracá muita coisa mudou, os pelou-ros (bolas de cera) foram subs-tituídos pelas urnas eletrônicas– o sistema de votação maismoderno do mundo, as mulhe-res passaram a votar...

Mas para esse direito serexercido, além de urnas, candi-datos e partidos, tem outro ele-mento que não pode faltar: osmesários. Desde 1950, quandoGetúlio Vargas voltou ao poder,José Carlos Mello Rocha, hojecom 78 anos, trabalha comomesário. Aquilo que despertadesgosto em alguns, para ele émotivo de alegria e satisfação.“Eu comecei a trabalhar na elei-ção logo depois de me tornar

eleitor, aos 19 anos”, diz orgu-lhoso.

De acordo com a chefe doCartório da Zona 176 de Curi-tiba, Viviane Stein, nas eleiçõesde 2008, cerca de 11.200 eleito-res trabalharam como mesáriosem Curitiba. Para Stein, essaspessoas são essenciais para queo processo eleitoral possa acon-tecer de forma democrática e or-ganizada. “Sem eles não háeleição, são eles que garantem atransparência das eleições e fis-calizam o andamento da vota-ção”.

Apesar da importância, al-gumas pessoas não gostariamou gostaram de servir à Justi-ça Eleitoral, o que, no entanto,vem mudando. “O trabalhonas eleições é um fator pre-

Aline Reis

Tão importantes quanto candidatos,partidos e coligações, os mesários sãoindispensáveis durante as eleições

Anfitriões da

ponderante da cidadania, o in-divíduo que trabalha estáprestando um serviço à nação.Lamentavelmente alguns des-ses indivíduos acham demaisceder um dia, aliás a cada doisanos, para as eleições. Mas sermesário é uma prova de cida-dania, de brasilidade, um ser-viço à pátria, por isso, deveriaser um prazer trabalhar naseleições. Mas eu ainda acredi-to que vai haver o tempo queeles gostarão de trabalharpara democracia”, declara seuJosé Carlos.

E a mudança parece mes-mo estar acontecendo. O estu-dante de jornalismo da Uni-versidade Positivo (UP) e deeconomia da UFPR Lucas Ko-tovicz, de 19 anos, vai votar

Fernando Scheller/ G1

democracia

“Sem os mesários não há eleição, são elesque garantem a transparência das eleiçõese fiscalizam o andamento da votação”Viviane Stein, chefe do Cartório Eleitoralda Zona 176 de Curitiba.

pela primeira vez em 2010,mas no ano passado, quandofez o título de eleitor, disseque trabalharia nas eleições.“É para ver como é. É umaexperiência. Além disso, senão tivesse mesários, ia ficarcomplicado votar, é burocrá-tico, às vezes chato, mas ne-cessário”.

Quando se comprometeucom a Justiça Eleitoral, Koto-vicz se incluiu no grupo demesários que são seleciona-dos prioritariamente: os vo-luntários. Segundo Stein, osexistem vários critérios deconvocação de eleitores paraservir a Justiça nas eleições.“Os voluntários são os pri-

meiros a serem chamados, mastambém optamos por pessoascom mais escolaridade e quejá trabalharam em eleições”,explica.

E quem “perde o domingo”sendo mesário tem alguns bene-fícios garantidos por lei, dentreos quais estão dois dias de fol-ga do trabalho remunerados e,aqui no Paraná, vale-alimenta-ção para o dia do pleito.

Mas para seu José Carlos,mais do que vales e folgas, oque importa é a satisfação dedever cumprido. “Quando aca-ba, eu fico na expectativa paraa próxima eleição. Para mim, apróxima eleição será mais im-portante!”

Aline Reis

O treinamento dos mesários

Antes de trabalhem nasseções eleitorais, todos osmesários convocados e vo-luntários passam por umtreinamento, que acontece,geralmente, com um mêsde antecedência da datadas eleições. O treinamen-

to dura uma tarde.Primeiro, há um palestran-

te designado pela Justiça Elei-toral, que mostra aos convoca-dos a composição da mesapara cada seção: presidente,primeiro mesário, segundomesário e secretário.

Cabe ao presidente da mesaverificar a urna eletrônica (como

horário, data e votos computa-dos), conferir os cadernos de vo-tação, verificar credenciais de fis-cais de partidos ou coligações,autorizar os eleitores a votarem,bem como impedir tumultos.

Ao primeiro e ao segundo me-sários, compete a função de subs-tituir o presidente, no caso de al-gum problema, além de conferir a

legitimidade dos títulos dos elei-tores — enquanto o secretáriodeve organizar a fila das pessoasque aguardam para votar, priori-zando gestantes, idosos e candi-datos. Cada mesário tem um in-tervalo para almoço, além deum kit com lanches rápidos, quepodem ser consumidos a qual-quer momento durante o pro-

cesso, claro, escolhido combom senso.

Depois de todo esse pro-cesso, os mesários receberãoum certificado que asseguradois dias de folga remunera-dos do emprego (que podemser combinados entre patrãoe empregado) pelo serviçoprestado à Justiça Eleitoral.

José Carlos Mello Rocha é o mesário mais antigo do país

Política

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Legalidade

Mayara Gomes

Hábito bastante comumnos dias de hoje, com o aces-so fácil e rápido a váriosconteúdos, é o de efetuar do-wnloads de filmes e músicaspela internet. A facilidade eo caráter gratuito são atrati-vos quase imbatíveis, fazen-do com que sete em cada dezpessoas assumam realizaressa ação.

O download, mesmo queefetuado de forma legal, temprejudicado diretamente osvideolocadores, que acabamnão tendo armas para supe-rar o produto gratuito. Sóem Curitiba, no período de2004 até agora, cerca de 50%das videolocadoras deixa-ram de existir. As locadorasque sobrevivem a essa con-corrência tentam inovar ecolocar à disposição dos cli-entes serviços de qualidadesuperior. É o caso da WF Lo-cadora, que traz um espaçoreservado ao entretenimentoinfantil.

Um aspecto muitas vezesignorado é a ligação entre osdownloads ilegais e a pirata-ria. Mesmo o aluguel baratooferecido pelas locadorasnão supera os preços dacompra de um DVD pirata.O combate à pirataria temsido uma luta constante daAssociação Paranaense deCombate à Pirataria (APCP),que busca esclarecer e mobi-lizar as pessoas sobre o as-sunto. “Tudo que é desleal éilegal. E se é ilegal, de umaforma ou de outra está liga-do ao crime organizado. E ocrime organizado tem inte-resse em que a ilegalidadeperdure, porque eles estão

ganhando dinheiro”, diz opresidente da ACPC, Rober-to Olívio.

A associação tem feitoimportante trabalho nessemovimento, que consiste emconscientizar as pessoas deque os prejuízos do comér-cio ilegal não atingem ape-nas v ideolocadoras , mastambém a população em ge-ral que deixa de contribuircom os impostos e ainda fi-nancia o crime. “Quando oc idadão pensa : ‘ é mui tocaro, por isso eu vou baixar,vou comprar o falso’, elenão se dá conta de que nósvivemos numa democraciaestabilizada, regida por leis,e que tem a finalidade deoferecer saúde, segurançapública, educação. A partirdo momento que eu deixo depraticar a legalidade, nãoestou mais preocupado como bem comum, e estou, deuma forma invisível, sendocúmplice do crime organiza-do”, frisa Roberto.

O maior concorrente daslocações de vídeo, no entanto,não é o vendedor ambulantede DVDs piratas, mas os inú-meros sites que disponibili-zam download de filmes semnenhum custo. A maioria daspessoas que efetuam os down-loads tem como principal ar-gumento o custo de compraou locação dos originais.“Além de ser gratuito é muitomais prático. Para quem gos-ta de filmes e assiste todos osdias, como eu, facilita muitopoder fazer isso direto docomputador e sem custo ne-nhum. E também existem mei-os legais, como o streaming,em que se pode assistir a fil-mes sem fazer download”,

Mayara Gomes

Locadoras enfrentam a concorrências com a pirataria oferecendo qualidade e inovações

Aumento dapiratariae de downloads leva

Um aspecto muitas vezes ignorado é aligação entre os downloads ilegais e apirataria. Mesmo o aluguel baratooferecido pelas locadoras não supera ospreços da compra de um DVD pirata

acrescenta o universitário Jo-natan Veronese, de 19 anos.

Além do trabalho das as-sociações e sindicatos, pro-jetos de combate à piratariatêm conseguido a atenção dogoverno, como é o caso doplano criado pelo Ministérioda Justiça, Brasil Livre de Pi-

era que se prendesse em fla-grante, que uns ou outros ti-vessem esse prejuízo paraamedrontar um pouco essafac i l idade. Porque, ho je ,qualquer jovem que vê apossibilidade de um resulta-do financeiro rápido acabaarriscando, porque a impu-nidade está à cara de quemquer praticar”, salienta opresidente da associação.

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prejuízoa locadoras

Opine | Você acha que as locado-ras de vídeo e DVD vão desapare-cer com o tempo? Envie sua opi-nião para [email protected]

Assistir e baixar filmes inteiros pela internet não é mais novidade

rataria, do qual Curitiba éuma das cinco capitais inte-grantes. “O que nós temosconseguido fazer é levar àsautoridades a necessidadede se fazer um trabalho efe-tivo, mas a questão de puni-ção não está a contento ain-da. O que precisaria, de fato,

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Em junho de 2009, o presidente da França, Ni-colas Sarkozy, declarou ser a favor da proibiçãodo uso de burcas em seu país. Segundo Sarkozy, ouso de tal vestimenta é “um sinal de subserviên-cia, um sinal de humilhação” e “não será bem-vin-da no território da República Francesa”.

Essa discussão sobre a burca não é novidade.Lá existe uma lei, que, desde 2004, proíbe o uso dequalquer símbolo religioso em locais públicos. Naépoca, o governo tentou proibir o uso do véu islâ-mico, mas não conseguiu. O país se desculpa ale-gando ser um estado laico, mas é preciso encararos fatos e enxergar que além do declarado laicis-mo existe a xenofobia e o preconceito.

Proibir o uso da burca é inibir que mulheres sai-am de casa. É evitar a chegada de novos mulçu-manos. É uma tentativa de acabar com uma cultu-ra que não é bem-vinda. Depois do 11 de Setem-bro, a cultura do Islã é vista com maus olhos porgrande parte do mundo, o que torna mais comunsvelhas práticas preconceituosas. Todo esse repú-dio é baseado em notícias manipuladas, julga-seaquilo que nem ao menos se conhece. O primeirosinal de ignorância é se basear no argumento deque todas as mulheres são obrigadas a usar a bur-ca. A grande maioria opta pelo uso da vestimentapor se sentirem mais seguras e confiantes. Umaquestão de vaidade, de costume.

Enquanto Sarkozy declara ser a favor da liber-dade feminina, casos polêmicos acontecem em seupaís. Como uma moça que trajava um burquíni –um macacão inteiriço que tem proteção na cabeça,muito semelhante a roupa de mergulho – e foi proi-bida de nadar em uma piscina pública. A justifi-cativa foi a de que ela não estava usando roupa

A guerra eleitoral pela Presidência começou. De um lado,estão os tucanos com Serra, buscando seu espaço pouco apouco, mas com problemas eleitorais no Norte e Nordeste,onde existe a massa dos pobres que acreditam no PT. Essamesma massa que elegeu Lula. Os tucanos apresentam umadecadência de militância, são sociais-democratas forman-do um partido de quadro eleitoreiro cheio de caciques dapolítica. Do outro lado do ringue está o PT, que possui umexército de militantes armados de idealismo e utopias.

Por trás da campanha dos petistas prevalece o golpe bai-xo: os sindicalistas fazem de tudo para conseguir a perma-nência no poder, contando com a ajuda da CUT. Tudo caiuno esquecimento, até parece mágica, como os escândaloscomo do Mensalão em 2005, envolvendo o falso herói Ro-berto Jefferson, citado como “homem-bomba” pela Veja, or-questrado pelo chefe da máfia, Delúbio Soares, do dólar nacueca, que ainda é recente na memória da população.

Em São Paulo, a guerra começou por meio das mani-festações dos professores. No mês passado, durante umapasseata de professores, a sindicalista e líder dos edu-cadores, Maria Isabel Noronha, disse em discurso que oPT deve quebrar a espinha dorsal do PSDB nas eleições.Parece que essas ameaças e golpes ferem a dignidade dostucanos, enfraquecem o poder que eles exerceram nas elei-ções passadas, como a de 1994, com a vitória de Fernan-do Henrique Cardoso.

A guerraeleitoreira

Burca na França:liberdade ou imposição?

Juliano ZimmerÉ colunista de política e escrevequinzenalmente, às quintas-feiras, para o [email protected]

Priscila SchipÉ colunista que escreve quinzenalmente sobre questõesde gênero, sempre às quintas-feiras, para o [email protected]

PolíticaGênero

Proibir o uso da burca[na França] é inibir quemulheres saiam de casa.É evitar a chegada denovos mulçumanos

Por trás da campanha dos petistasprevalece o golpe baixo. Ossindicalistas fazem de tudo paraconseguir a permanência no podercontando com a ajuda da CUT

de banho. Embora não seja um biquíni fio-dental,o burquíni é um traje de banho. A lei não existeainda, mas práticas como essa mostram que asautoridades já aplicam a proibição.

Burca humilha a mulher? Ser expulsa de umlocal público escoltada por policiais não é humi-lhante?

Em 2007, a violência contra a mulher causou166 mortes na França, uma média de uma agres-são a cada dois ou três dias. A pesquisa que di-vulgou esses dados informou também que os as-sassinatos dessas mulheres foram cometidos por

Alemar Colino/ Divulgação

Parece que o PSDB vem perdendo forças e o eleitoradonos últimos tempos, enquanto o PT vem ganhando, comesquemas políticos comprometedores, alianças feitas emtroca de interesses. É assim, amigos leitores, desde 2002.O PT querer continuar no poder. Não tem nada de errado,desde que não haja golpe sujo.

seus companheiros. Parece que o respeito não étão valorizado como Sarkozy defende. O caso émais grave, e vai bem além de uma lei que pro-move uma falsa liberdade. É uma imposição. Ar-rancar um costume cultural dessa forma é tão vi-olento quanto a submissão.

Essa lei dá margem a um pensamento apenas:o de que as mulheres deixam de ser obrigadas ausar a burca pelos seus pais, maridos e irmãos, epassam a ser proibidas de usar pelo governo. Mu-dar o opressor não é, nem de longe, resolver o pro-blema. Quando é que vão ouvi-las?

Opine! | Discordou dos nossos colunistas? Gostou? Criti-que ou elogie pelo [email protected]

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Curitiba, quinta-feira, 6 de maio de 2010 7

Cariem Lucena

Quando o americano DaleCarnegie deu origem à literatu-ra de autoajuda nos anos 1930com “Como Fazer Amigos e In-fluenciar Pessoas”, não imagi-nava que estava criando um gê-nero. Muito menos que esse gê-nero se tornaria um fenômenode vendas. A autoajuda estápresente em todas as linhas edi-toriais e se tornou uma espéciede manual de como fazer e ven-cer em determinadas situações.Nas empresas, livros como “Omonge e o Executivo”, de JamesC. Hunter, e “ Quem mexeu nomeu queijo?”, de Spencer John-son, são os best-sellers mais ci-tados e procurados por empre-sários. Livros sobre como edu-car e criar os filhos também re-cebem destaque nas listas dosmais vendidos.

Mas o que realmente atrai oleitor para esse gênero? A mai-oria dos livros de autoajuda temlinguagem fácil e acessível eapresentam exemplos práticosdo dia a dia para que o leitorpossa identificar os seus poten-ciais e como adotar uma postu-ra positiva para superar as di-ficuldades. O foco desses livrosestá em provar que todo ser hu-mano é capaz de conquistar

tudo o que quiser, basta acredi-tar em si mesmo.

A administradora de empre-sas Tais Silva, 30, conta quepassou a ler livros de autoaju-da quando entrou em depres-são e nem as sessões com o psi-cólogo apresentavam resulta-dos. Ela afirma já ter colocadoem prática alguns exemplosapresentados nos livros. “Elesrealmente funcionam”.

Existem pessoas que acredi-tam que esses livros podem aju-dar o paciente na luta contradoenças. Quando os médicosdiagnosticaram que Isaura Ba-tista, 50, autônoma, estava comcâncer no ovário, ela incentiva-da por amigos e parentes resol-veu procurar os livros de auto-ajuda.

“Foi um período difícil, nadame fazia bem, eu só pensavaque iria morrer.” Isaura come-çou a se interessar pelos temas,e encontrou neles o apoio queprecisava para encarar as difí-ceis sessões de quimioterapia.Hoje 5 anos após o início dotratamento ela está curada dadoença e diz que saiu fortaleci-da, que os ensinamentos da au-toajuda foram essenciais paraconseguir lutar pela cura.

Porém, existem aqueles quecriticam esse gênero editorial

A crise dePágina literária

Literatura de

OlgaCarlinho

&que vende milhões no mun-do inteiro. O representantecomercial Antonio Vieira, 28,leu vários títulos do gênero,mas nunca conseguiu colo-car os ensinamentos em prá-ticas.

“Eles parecem meio fanta-siosos demais, é praticamen-te impossível você ser otimis-ta 24 horas por dia, o ano in-teiro”. Ele acredita que todosdevem ser otimistas, que de-vem acreditar na capacidadede enfrentar as dificuldadese conseguir vencê-las, maspara isso não é necessáriousar manuais que ensinam aencontrar a felicidade e solu-cionar todos os problemas.

A psicóloga Anelise res-salta que todos têm proble-mas e que eles fazem partedo crescimento e do aprendi-zado do ser humano. Paraela, as pessoas não devembuscar nos livros de autoaju-da a verdade absoluta sobrecomo viver. “Todos são dife-rentes, o que pode ajudarum, nem sempre vai ajudar ooutro.” Para a psicóloga, nãoexistem soluções mágicaspara problemas reais, e pro-curar este tipo de ajuda podeser equivocada, e que o idealé o indivíduo procurar umprofissional para receber aorientação correta.

O professor de literaturaChristian Schwartz diz que avenda de autoajuda está liga-da “ao fato de o Brasil serum país semi-letrado”, e àprocura do quê ler, busca es-ses livros para “aproveitar”a leitura e resolver proble-mas. Ele afirma que ler podeser perturbador e desestabili-zador: “Normalmente é as-sim com bons livros”. Naopinião do professor, a auto-ajuda não é literatura. “Éaparentar cultura em busca,ao mesmo tempo, de consolofácil, e ilusório para os pro-blemas da vida”.

A princípio, apenas mais umromance feito por um jornalista“metido a escritor”, como o pró-prio autor do livro faz questão dese intitular. Não é o primeiro ro-mance de Felipe Pena e, ao quetudo indica, não será o último. Oautor que prima tanto pela escri-ta simples, parece ter alcançadoseu objetivo no livro “O maridoperfeito mora ao lado”, por maisque ele mesmo acredite que escre-ver fácil seja difícil. O título umtanto convidativo faz com que aleitura seja inevitável e as surpre-sas aconteçam repentinamente.

A trama envolvendo professo-res e alunos do curso de Psicolo-gia no Rio de Janeiro, a princípio,parece apenas mais uma. Mas oritmo da história, a linguagem eseus personagens fazem com queeste romance fuja de qualquercomparação com outros enredosamenos e previsíveis. O livro fazcom que a simples leitura sejatransformada em um vício que ne-cessita ser alimentado diariamen-te, com páginas e mais páginassendo devoradas em instantes.

Como não imaginar as cenasem que o diretor da faculdade seenvolve com a aluna? Um dos tra-ços marcantes de Felipe Pena,nesta obra, é a sutileza destes mo-mentos, que, porém, não deixamde ser atraentes e sedutores. O au-tor faz questão de deixar claro oquanto uma história pode ser sur-preendente até o último capítulo,mesmo quando se pensa não ha-ver outros caminhos a seguir.Olga e Nicole que o digam. Sãoas principais surpresas desta obra,

que traz o sequestro de um dosalunos da turma de futuros psicó-logos que tratam casais em suaclínica experimental na faculdade.

Como não compartilhar as do-res de Olga ao ver seu relaciona-mento com Carlinho praticamen-te terminado? E a tristeza de Ni-cole ao ver sua paixão momentâ-nea, com Pastoriza, terminar semao menos ter começado de fato.Talvez os caminhos seguidos poralguns dos personagens não te-nham agradado a todos. Mas ahistória com fortes traços é envol-vente, apaixonante e, acima detudo, sedutora - uma das caracte-rísticas que Pena procura dar aesse romance.

Pena conseguiu alcançar suameta neste romance. Trouxe a le-veza, a linguagem de fácil acesso,dinamismo e muita intensidade.No final de cada capítulo, o sus-pense – envolvendo de formaquase instantânea quem está ape-nas “assistindo” à história – éproposital e arrebatador.

O livro é traçado com detalhespertinentes e com muita simplici-dade, o que abre espaço para queleitores de diversos níveis possamdegustá-lo. “O marido perfeitomora ao lado” faz com que qual-quer pessoa que esteja em buscade novas histórias com temperosrefinados de linguagem e ação seencontre ali, em cada linha per-corrida pelos olhos e vivida pelaimaginação.

Juliane Moura

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Page 8: LONA 552 - 06/05/2010

Curitiba, quinta-feira, 6 de maio de 20108

MenuFica em cartaz até o dia 15 de maio o espetáculo “Espaço

Outro”, que é uma peça em que os atores e atrizes interagem otempo todo com o público. Pensando nessa interação, a PraçaSantos Andrade foi o cenário escolhido para o show. Quemquiser conferir a apresentação não irá desembolsar nada, pois égratuita. O “Espaço Outro” acontece até dia 15 de maio, de terçaa sábado, sempre às 16h30.

Quem gosta do estilo sertanejo de ser não pode deixar deconferir hoje, no Teatro do Paiol, a apresentação do grupo ViolaQuebrada. Além do grupo, as Irmãs Galvão também vão abrilhantara festa. O evento se repete na sexta-feira, sempre às 21h.

Música de raiz

Ida Hannemann de Campos apresenta produções de artede mais de 60 anos, entre elas, desenhos e pinturas, cerâmica etapeçaria. A artista, que tem 88 anos, é uma das mais reconhecidasna arte paranaense. Por isso, vale a pena conferir “Um olharFeminino”, que está aberto a visitações até 21 de maio, de segundaa sexta, das 9h às 18h, no átrio da Secretaria de Estado da Cultura.

Hoje, às 19h a palestra central será “Arte eprofissionalismo na era da imagem”. Comporão a mesaFrancisco Bosco, escritor, letrista e ensaísta; José MiguelWisnik, também ensaísta, músico e professor, e MarceloMendes Capraro, pesquisador do núcleo de Estudos sobreFutebol e Sociedade. O debate será mediado pelo jornalistaLauro Mesquita. Informações pelo 3234-4221. O custo é de R$30 e R$ 15.

Agenda 2010 do Paço da Liberdadesegue agitada

Aline Reis

Naiane Rossini

sobrevivênciaA luta pela

Pedreiro de dia, açougueiroà noite e “embaixador” nas ho-ras vagas. É essa a rotina deNey Ferreira, presidente do gru-po folclórico dos Congados daLapa. O homem que nuncapara já tem uma certa idade, queprefere não revelar por vaidade.

Ney é um dos Ferreira, quemantêm a cultura e fazem par-te do grupo Congada da Lapa,representante do legado cultu-ral trazido pelos negros escra-vos da África ao Brasil. Segun-do Ney, a apresentação mostrauma guerra simbólica entre osreinos do Congo e de Angola,que na verdade não passa deum mal-entendido que acabaem festa.

“São duas tribos, formadaspelo Rei do Congo e a da Rai-nha Ginga. O rei tem os fidal-gos e a rainha, que é represen-tada pelo embaixador, tem osconguinhos. A rainha manda oembaixador para a festa do rei,mesmo sem ser convidada. O reientende mal a chegada delecom soldados armados, mas aguerra nem chega a acontecer eacabam todos em paz homena-geando São Benedito”, conta.

O grupo tem 51 integrantes,que sabem desempenhar todasas funções da peça. Desses, 38são Ferreira. Todos começamcedo como conguinho e depoisvão crescendo até se tornarem orei ou o embaixador. Toda afala da peça é baseada num ca-derno escrito a mão, que está nafamília Ferreira há anos. Essematerial chegou à cidade daLapa por volta de 1820, por in-termédio de um gaúcho chama-do Zacarias, que não conseguiuimplantar a Congada no RioGrande do Sul porque a comu-

nidade negra de lá era pequena.Com a movimentação dos tro-peiros, esse livro chegou às mãodos bisavós de Ney e é guarda-do até hoje.

Na Lapa, a comunidade denegros manteve a Congada vivaao longo dos tempos, porém,por falta de apoio e recursos, oespetáculo foi perdendo força ecaindo no esquecimento. Ficoudesativado por 17 anos, retor-nando em 1997. Como não ha-via recursos, eles encenavamcomo podiam.

Mesmo diante de tantas difi-culdades, os Ferreira não desis-tiram, e em 2004, com o apoio daPetrobras e da ONG Lux, a Con-gada da Lapa foi totalmente re-vitalizada. Ganharam roupasnovas, joias, armas, equipamen-tos de som e todo um treinamen-to que resultou num belo retor-no com tudo o que o espetáculotem direito. Desde então o gru-po já se apresentou em várias ci-dades e Estados, como Rio de Ja-neiro, São Paulo e Brasília.

Na Lapa, a apresentação nodia 26 de dezembro no Santuá-rio de São Benedito é sagrada.“Em 2008, não teve apresenta-ção por um desentendimentocom o pároco e o prefeito. O pa-dre queria que nós diminuísse-mos o tempo, mas a apresenta-ção é de no mínimo uma hora”,conta Ney.

Segundo o presidente dogrupo, o custo para divulgaçãodessa cultura é grande, pois hágastos com transportes, bateri-as, roupas e outros itens que in-tegram a peça. “Penso em con-versar com alguém da Secreta-ria da Cultura para patrocinaressas viagens, para fazermosum trabalho junto às escolas.De graça não tem condições”,explica.

de uma culturaBuscando preservara culturaafro-brasileira daLapa, Ney Ferreirafaz duploexpediente paraser “embaixador” epedreiro

Na Lapa, a comunidade de negros manteve aCongada viva ao longo dos tempos, porém, porfalta de apoio e recursos, o espetáculo foiperdendo força e caindo no esquecimento

Diego Henrique da Silva/ Lona

Feminilidade paranaense

Um outro lugar...

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