ludico laboral

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAJLIO DE MESQUITA FILHO

    INSTITUTO DE BIOCINCIAS - RIO CLARO

    BRENO ULIANA TORRES

    A IMPORTNCIA DO LDICO NAGINSTICA LABORAL

    Rio Claro2008

    BACHARELADO EM EDUCAO FSICA

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    I

    BRENO ULIANA TORRES

    A IMPORTNCIA DO LDICO NA GINSTICA LABORAL

    Orientador: Silvia Deutsch

    Trabalho de Concluso de Curso apresentadoao Instituto de Biocincias da UniversidadeEstadual Paulista Jlio de Mesquita Filho -Cmpus de Rio Claro, para obteno do graude Bacharel em Educao Fsica.

    Rio Claro2008

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    796.41 Torres, Breno UlianaT693i A importncia do ldico na ginstica laboral / Breno

    Uliana Torres. - Rio Claro: [s.n.], 200861 f.

    Trabalho de concluso (bacharelado Educao Fsica) Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biocincias deRio Claro

    Orientador: Silvia Deutch

    1. Ginstica. 2. Jogos e Brincadeiras 3. Atividadesempresariais. 4. Benefcios empresariais. I. Ttulo.

    Ficha Catalogrfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESPCampus de Rio Claro/SP

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    DEDICATRIA

    Primeiramente dedico este trabalho a Deus, pois nele que me inspiro e tiro foras, a ThaisCamprubi Brunetti, importantssima para o desenvolvimento dele e a Silvia Deutschque teve

    pacincia e me ajudou no que foi preciso para construo do trabalho.

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    AGRADECIMENTO

    Em primeiro lugar agradeo a minha ME, que me mostrou o quanto sou capaz deconquistar o que eu quiser com muito trabalho e dedicao, ao meu PAI, uma pessoa humilde

    com quem eu muito aprendi a ser sempre honesto na minha vida, meu IRMO, que apesardas brigas estamos construindo muitas coisas juntos, minha IRM, pessoa maravilhosa e

    carinhosa que sempre me ajudou nas horas dificeis, meu PRIMO, que compartilha osmomentos bons e ruins comigo e a minha TIA que ajudou bastante em minha educao.

    Aos meus grandes irmos, de faculdade, da Repblica Santa Pirikita: Daniel, Tijolo, Tobe

    Morroida, Santos, Barbacena, Thrcio, Beudo, Da Hora, Tibrcio, Yuri, Birula, Alex,Jeronimo, Neto e Tisunami. Essas pessoas entraram na minha vida e a preencheram com

    muitas coisas boas. Molecada, nunca se esqueam do carinho que tenho por vocs e da unioque sempre pregamos em nossa casa, fiquem com Deus e prosperem na vida, pois todos so

    capazes.A todos meu veteranos: Kiki (te admiro em muitas coisas e aprendi muito com voc), Samurai(gentiliza e educao foi o que mais aprendi com voc), Mauricinho e Celinho (simplesmente

    demais), Porco, Cutia, Ceso, Fabi, Bia, Thais, Sarai, Gigante, Rafinha, Pedro, Muxo,Marco, Thelma, Guaxup, Ivanzinho, Show, Dougolo, Flavio, Glauber, Lidiane, Marina,

    Cinthia, Dani, Murfi, Filipinho, Soneca, Gordao, Flavinho e Manu. Muito obrigado a todospelos ensinamentos.

    Agradeo a todos meus bixos e bixetes mais chegados e que me fizeram rir bastante.

    Especialmente agradeo a todos meus amigos e irmos de Botucatu que cresceram comigo,curtiram e curtem, at hoje, bons momentos de indomao.

    E, finalmente e especialmente, a Luiza, pessoa que me ensinou muito desde o primeiro ano de

    faculdade, com carinho e muitas broncas me transformou em um NOVO HOMEM... rs. L,passamos por muitas coisas boas e ruins durante todo esse tempo, que nos fortaleceram e nos

    fizeram crescer, voc ao meu lado meu porto seguro, no qual eu me apoio e confio.Continue sendo essa pessoa trabalhadora e dedicada que seu futuro ser brilhante. Te amo

    muito meu amor e nunca se esquea disso: ESTAMOS JUNTOS PRO QUE DER E VIER! L,vai firme que tudo vai dar certo pra voc, esse ano acaba tudo.

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    Brincar no perder tempo, ganh-lo. triste ter meninos sem escola,

    mas mais triste v-los enfileirados em salas sem ar,com exerccios estreis,

    sem valor para a formao humana.(Carlos Drummond de Andrade)

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    SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................................... 8

    2 O LDICO .......................................................................................................................... 112.1 CONCEITOS ................................................................................................................. 152.2 EDUCAO E O LDICO .......................................................................................... 17

    2.2.1 Educao Fsica e o Ldico .................................................................................. 19

    3 A GINSTICA LABORAL .............................................................................................. 23

    3.1 EVOLUO E HISTRICO ..................................................................................... 243.2 CONCEITOS .............................................................................................................. 263.3 CLASSIFICAO ..................................................................................................... 293.4 ALGUMAS DOENAS OCASIONADAS EM TRABALHADORES NO

    SEU AMBIENTE DE TRABALHO .......................................................................... 303.4.1 Estresse .................................................................................................................. 303.4.2 D.O.R.T. e L.E.R. ................................................................................................. 31

    3.5 BENEFICIOS DA GINASTICA LABORAL ............................................................ 323.6 ALGUMAS DINMICAS ......................................................................................... 34

    3.6.1. Pega-rabo .......................................................................................................... 343.6.2 Dinmica do Desafio ......................................................................................... 34

    3.6.3 Dinmica do Escravos de J ........................................................................... 353.6.4 Dinmica do Pegadinha do Animal ................................................................ 363.6.5 Dinmica: Urso de pelcia ............................................................................. 373.6.6 Caa ao tesouro .................................................................................................. 37

    4 EXPERINCIAS BRASILEIRAS COM GINSTICA LABORAL EO LDICO .......................................................................................................................... 394.1 ALGUNS ESTUDOS DE CASOS NA PRTICA DA GINSTICA

    LABORAL ..................................................................................................................... 394.1.1 Frigorfico e Abatedouro de carnes ....................................................................... 42

    4.1.2 Indstria de Construo e Montagem Techint S.A. .............................................. 434.1.3 TRF 1 Regio ....................................................................................................... 504.1.4 BNDES .................................................................................................................. 54

    4.1.4.1 Alguns depoimentos de beneficirios ....................................................... 55

    5 CONCLUSO .................................................................................................................... 57

    6 REFERNCIAS ................................................................................................................. 59

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Fatores biomecnicos, psicossociais e administrativos ........................................ 32

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    1 INTRODUO

    O ser humano, em todas as fases de sua vida, est sempre descobrindo e aprendendo

    coisas novas, por meio do contato com seus semelhantes e do domnio sobre o meio em que

    vive. Este nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se de todos os conhecimentos, e

    isso que lhe garante a sobrevivncia e a integrao na sociedade como ser participativo,

    crtico e criativo.

    Ao ato de busca, de troca, de interao, de apropriao que se d o nome de

    educao, assim, esta no existe por si s; uma ao conjunta entre as pessoas que

    cooperam, comunicam-se e comungam do mesmo saber.

    Por isso, educar no um ato ingnuo, indefinido, imprevisvel, mas um atohistrico, cultural, social, psicolgico, afetivo, existencial e, acima de tudo, poltico, pois

    numa sociedade de classes, nenhuma ao simplesmente neutra, sem conscincia de seus

    propsitos. (ALMEIDA, 1998)

    No que diz respeito sobre a educao ldica, esta est distante da concepo ingnua

    de passatempo, brincadeira vulgar, diverso superficial, Almeida (1998) nos mostra que, esta

    uma ao inerente na criana, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como

    uma forma transacional em direo a algum conhecimento, onde se redefine na elaboraoconstante do pensamento individual em permutaes com o pensamento coletivo. Estudar

    ludicamente tem um significado muito profundo e est presente em todos os segmentos da

    vida. Nesse sentido, Almeida (1998) nos exemplifica assim:

    Uma criana que joga bolinha de gude ou brinca de boneca com seuscompanheiros no est simplesmente brincando e se divertindo; estdesenvolvendo e operando inmeras funes cognitivas e sociais; ocorre omesmo com uma me que acaricia e se entretm com a criana, com um

    professor que se relaciona bem com seus alunos ou mesmo com umcientista que prepara prazerosamente sua tese ou teoria. Eles educam-seludicamente, pois combinam e integram a mobilizao das relaesfuncionais ao prazer de interiorizar o conhecimento e a expresso defelicidade que se manifesta na interao com os semelhantes. (ALMEIDA,1998, p. 14)

    A idia de desenvolver um projeto sobre A Importncia do Ldico na Ginstica

    Laboral surge quando no mbito da Ginstica Laboral, existir vrias discusses e uma delas

    a da implantao do ldico nas suas atividades dirias nas empresas.

    Muitos proprietrios de empresas de Ginstica Laboral dizem que o ldico se trata

    de apenas uma artimanha para conseguir um produto diferenciado, porm o ldico,

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    proporcionado por jogos e brincadeiras, no se trata apenas de uma artimanha comercial, mas

    sim de uma tima estratgia para a ocorrncia de muitos benefcios para a empresa como a

    proximidade entre os membros da equipe e bem-estar individual, tudo visando na maior

    produtividade da empresa.

    Afinal, uma sesso de ginstica laboral visa dar a oportunidade aos trabalhadores de

    executarem uma sries de exerccios com restrito espao de tempo, com o objetivo de entre

    outros, prepar-lo para a jornada de trabalho, relaxar aps a jornada de trabalho e compensar a

    musculatura antagonista a exigida.

    Portanto, como ser visto no decorrer deste, a Ginstica Laboral, vem a ser um

    conjunto de atividades fsicas destinadas a trabalhadores, que a partir de uma anlise e

    avaliao laboral estabelecido um programa de atividade fsica de grupo tendo por objetivopossibilitar o funcionrio executar suas atividades laborais com mais qualidade e disposio,

    visando tambm como uma das formas de preveno de LER/DORT, esse programa de

    atividade fsica inclui entre outras atividades, exerccios de compensao muscular, exerccios

    de flexibilidade, tcnicas de relaxamento, alongamento, e tambm peridicas atividades

    ldicas que visam a integrao entre funcionrios.

    Importante salientar ainda que um mito deve ser derrubado, de que a ginstica

    laboral leva necessariamente, perda de peso ou ganho de massa muscular, ningum ficamagro ou musculoso, mas incentiva as pessoas a terem uma atividade fsica, o que muito

    importante hoje, j que menos de 10% dos trabalhadores, em mdia, tm algum tipo de

    atividade fsica regular.

    O trabalho utilizar-se- do mtodo de pesquisa bibliogrfica, utilizando as fontes

    bibliogrficas, para que, desta forma, obtenha-se maiores informaes, relatos, exemplos para

    o perfeito desenvolvimento deste.

    Este trabalho tem por objetivo verificar a importncia do ldico nas aulas deGinstica Laboral bem como fazer um levantamento de jogos e brincadeiras que possam ser

    ministrados para o melhor aproveitamento destas, visando sempre eficcia do projeto no

    dia-a-dia dos funcionrios e seu desempenho ps aula.

    A justificativa deste projeto d-se na inteno da realizao de um trabalho de

    concluso de curso (TCC) realizado atravs de pesquisas exploratrias, pois, tm como

    objetivo proporcionar maior familiaridade e aprimoramento com o tema escolhido, com vistas

    a torn-lo mais explcito.

    O presente trabalho encontrar-se- dividido em captulos, iniciando pela introduo,

    seguindo para o captulo 2 onde abordaremos o ldico, seus conceitos, comparativos entre

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    educao e ldico e educao fsica e o ldico; j no captulo 3 falaremos sobre a Ginstica

    Laboral, sua evoluo, conceitos, importncia, captulo 4 com alguns exemplos de jogos e

    brincadeiras a serem utilizadas como contedo da Ginstica Laboral e finalizaremos com a

    concluso onde mostraremos a importncia do ldico na Ginstica Laboral e por fim as

    referncias.

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    2 O LDICO

    Alguns educadores, principalmente aqueles que atuam com o desenvolvimento da

    criana, apostaram na importncia do resgate do ldico, se opondo as correntes de

    pensamento, que rebaixavam o jogo categoria das atividades fteis, gratuitas, inteis e,

    passveis de serem aprendidas naturalmente, sem uma interveno educacional.

    Desta forma uma grande quantidade de educadores passaram a acreditar na

    eficincia instrumental do ldico para o desenvolvimento da inteligncia, da linguagem e da

    motricidade humana, mediante o resgate e a incluso no processo educacional da essncia

    ldica original das diversas culturas do lazer, tais como o esporte, os jogos tradicionais, a

    dana, o turismo, a literatura, as artes dramticas e visuais.Alguns, mais romnticos e utpicos, chegaram a acreditar que o comportamento

    ldico transcende o lazer e permeia fortemente outros arqutipos socioculturais, tais como a

    guerra, a religio, a poltica, os negcios, a vida amorosa, dentre outros. (PRADO, 2008)

    Assim, conforme nos apresenta Prado (2008) convencionou-se celebrar o

    comportamento ldico como privilgio, necessidade e direito exclusivos da criana.

    O jogo na vida adulta pouco considerado em se tratando de pesquisas, entretanto,

    Prado (2008) nos coloca que certamente nessa fase, pela brutalidade da vida moderna, peladeteriorao do ambiente urbano e pela ao torturante do trabalho, que o corpo humano

    sacrificado e reprimido em a sua essncia ldica.

    Segundo Oliveira (2005), a atividade ldica proporciona um encantamento em

    crianas, em adolescentes e em adultos.

    Segundo Prado (2008), o que diz respeito a este aspecto, o desafio dos educadores

    do corpo bem como dos animadores culturais a extenso e adequao para todas as idades,

    atravs de novos contedos e de novas metodologias de atividades ldicas, pois at hoje apredominncia est estruturada para a criana e o adolescente.

    Segundo Oliveira apud Chateau (1987):

    Faz parte da natureza humana o ato de brincar, com a vantagem defavorecer o desenvolvimento da criana e mesmo dos adultos. Estes serealizam plenamente, entregando-se por inteiro ao jogo. J para a crianaquase toda atividade jogo e pelo jogo que ela adivinha e antecipa ascondutas superiores. (OLIVEIRA APUD CHATEAU, 1987)

    Assim, os autores concluem que o brincar uma atividade inerente ao ser humano.

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    Em se tratando da redescoberta dos sentidos, o desafio neste aspecto o esforo

    integrado de vrias reas da educao e ao cultural para ajudar o corpo de todas as idades a

    aprender e reaprender a utilizao ldica dos sentidos, seja para aperfeioar a conscincia da

    prpria corporalidade, ou para o apuro e melhor usufruto da viso esttica, da audio

    seletiva, do paladar diversificado, do tato e do contato corporal prazeroso. (PRADO, 2008)

    Para Prado (2008), o ldico, muitas vezes, confundido com o prazer e a satisfao

    livre e gratuita dos desejos e necessidades humanas.

    Nesse sentido, Figueiredo apud Huizinga (1971) analisa esses jogos que a criana

    realiza, apontando algumas caractersticas: o prazer, o carter no srio, a liberdade, a

    separao dos fenmenos do cotidiano, as regras, o carter fictcio ou representativo e sua

    limitao no tempo e no espao.Os mesmos autores esclarecem ainda que:

    No que a brincadeira infantil deixe de ser sria, mas quando uma crianabrinca, ela o faz de modo bastante compenetrado. A pouca seriedade, a quefaz referncia est mais relacionada ao cmico, ao riso, que acompanha namaioria das vezes, o ato ldico e se contrape ao trabalho, consideradoatividade sria. (FIGUEIREDO APUD HUIZINGA, 1971)

    A construo da educao corporal pelo e para o ldico deve respeitar, segundoPrado, 2008:

    A diversidade e a legitimidade dos desejos (muitos deles so falsos einduzidos pela cultura de massa) e a necessidade de um esforo para ocorpo aprender como melhor usufruir da essncia ldica de cada atividade ecomportamento desejado. (PRADO, 2008)

    No comportamento ldico, a competio constitui uma das categorias fundamentais

    e que, segundo Cailloix, est na essncia da maioria das formas de cultura. (PRADO, 2008)

    Segundo Figueiredo (2008) nos coloca que:

    A brincadeira para a criana no representa o mesmo que o jogo e odivertimento para o adulto, recreao, ocupao do tempo livre,afastamento da realidade. Brincar no ficar sem fazer nada, como pensamalguns adultos, necessrio estar atento a esse carter srio do ato debrincar, pois, esse o seu trabalho, atividade atravs da qual ela desenvolvepotencialidades, descobre papis sociais, limites, experimenta novashabilidades, forma um novo conceito de si mesma, aprende a viver e avanapara novas etapas de domnio do mundo que a cerca. (FIGUEIREDO,2008)

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    Nesse sentido, tendo em vista que ldico segundo Huizinga (1971) significa iluso,

    simulao, ento podemos dizer, de acordo com FIGUEIREDO (2008) que:

    Ao destacar assim o objeto ldico, a criana est se destacando, isto ,simulando outro mundo s para ela, distanciando-se do mundo dos adultos,onde ela pode exercer sua soberania: pode ser rei, pai, professor, caador.Essa perspectiva analisa, assim, a sua personalidade, dando-lhe umacaracterstica marcante, e ao mesmo tempo oferecendo-lhe novos poderes.No jogo a criana cresce, liberando-se do domnio sob o qual ela era nadamais que um submisso e como se sente pequena, tenta se realizar no seumundo ldico, evadir-se. (FIGUEIREDO, 2008)

    Portanto, nenhuma criana brinca s para passar o tempo, sua escolha motivada

    por processos ntimos, desejos, problemas, ansiedades. Seguindo essa linha de pensamento,Figueiredo (2008) nos coloca que:

    O que est acontecendo com a mente da criana determina sua atividadeldica; brincar sua linguagem secreta, que se deve respeitar mesmo se noa entende ento se faz necessrio que o professor/educador fique atento,para oferecer possibilidades e situaes de jogos/brincadeiras, imprescindvel que as suas aulas sejam recheadas de atividades ldicas,para que a criana tenha a oportunidade de provar a sua superioridade, deexpressar-se, de evadir-se do mundo real, de ser sria no seu diminuto

    mundo ldico. (FIGUEIREDO, 2008)

    Para Marcellino (2008), a considerao da infncia como o reinado absoluto do

    ldico advm de uma abstrao da criana, que no a enxerga como integrante da sociedade

    concreta.

    Nesse sentido, seguindo o mesmo autor, surge uma indagao no que se refere aos

    argumentos que devem embasar a necessidade da vivncia plena do componente ldico da

    cultura das crianas. Vejamos o que nos diz Marcellino (2008):

    O primeiro e fundamental aspecto de sua importncia que o brinquedo, ojogo, a brincadeira, so gostosos, do prazer, trazem felicidade. E nenhumoutro motivo precisaria ser acrescentado para afirmar a sua necessidade,mas deve-se considerar tambm, que, atravs do prazer, o brincar contribui,de modo significativo, para sua formao como ser realmente humano,participante da cultura da sociedade em que vive, e no apenas como meroindivduo requerido pelos padres de produtividade social. A vivncia doldico imprescindvel em termos de participao cultural crtica, eprincipalmente, criativa. (MARCELLINO, 2008):

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    Por tudo isso, fundamental que se assegure criana o tempo e o espao para que o

    ldico seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base slida da criatividade e da

    participao cultural e, sobretudo, para o exerccio do prazer de viver.

    Podemos dizer que so os contedos e a forma, os produtos e o seu processo, da

    cultura das crianas, que representam o antdoto a aceitao do jogo sujo preestabelecido da

    sociedade, e mesmo camuflagem das colocaes individuais, justificando sua impotncia

    frente estrutura do mundo que receberam e que so obrigados a reproduzir.

    (MARCELLINO, 2008)

    Alguns autores acreditam que o ldico parte do pressuposto da imitao. Mesmo

    ficando explcitos a primazia da maturao para Piaget e o foco das interaes sociais para

    Wallon e Vygotsky, todos demonstram a importncia dos processos imitativos para aconstituio da representao, e, portanto, para a origem do comportamento ldico.

    (OLIVEIRA, 2005)

    De acordo com Oliveira apud Huinzinga (1996):

    A formao cultural tem um carter ldico e o conceito de jogo deve estarintegrado ao conceito de cultura. Para o autor, os animais tambm realizamatividades ldicas, independentes da ao do homem, podendo determinar adimenso natural que o jogo ocupa, quer dizer que o elemento ldico estna base do surgimento e desenvolvimento da civilizao. (OLIVEIRAAPUD HUINZINGA, 1996)

    Para Oliveira (2005) apud Benjamin, brincadeira coisa sria, sendo que a seriedade

    e a alegria da criana, movida por fora comovente, despertam naquele que olha a viso da

    culpa e da felicidade. Assim, para os autores:

    O mergulho da criana no mundo mgico no sentimental ou vago,

    resulta numa percepo precisa do cotidiano. Neste aspecto alerta que preciso no mudar o universo ldico de acordo com as preferncias doeducador, pois este fato anula a cultura infantil. (OLIVEIRA APUDBENJAMIN)

    Outra contribuio relevante a do Jean Chteau, onde ... uma criana que no sabe

    brincar ser um adulto que no saber pensar. (OLIVEIRA APUD CHTEAU, 1987, p.15)

    No que se refere ao o objeto ldico, Oliveira (2005) nos coloca que importante

    relatar tambm sobre a contribuio de Brougere (2004), um socilogo francs especialista

    em jogos e brincadeiras infantis, onde para o autor:

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    O brinquedo produto da cultura, possui dimenso e funo social,inserido em um sistema que lhe confere razo de ser. Transmite um sistemade significados, que permitem compreender determinada sociedade ecultura. No brinquedo, o valor simblico torna-se preponderante a funo, acriana manipula livremente, sem estar condicionado s regras ou aprincpios de utilizao de outra natureza, sendo a funo do brinquedo abrincadeira. Esta escapa a qualquer funo precisa e , esse fato que adefiniu em torno das idias de gratuidade e at de futilidade. Mas o quecaracteriza mesmo a brincadeira que ela pode fabricar seus objetos,desviando de seu uso normal de objetos que cercam a criana. A brincadeira livre e no delimitada e desencadeada pelo brinquedo. (OLIVEIRA,2005)

    Assim, como se pode analisar, este possui funes sociais, podendo ser suporte de

    relaes afetivas, de brincadeiras e de aprendizagem e tambm o brinquedo uma fonte de

    apropriao de imagens e de representao. Portanto, como nos mostra Oliveira (2005), o

    brinquedo utilizado e interpretado no interior da cultura de referncia da criana e nunca

    como algo separado.

    Conforme o mesmo autor na brincadeira que a criana se relaciona com

    contedos culturais que ela reproduz e transmite, dos quais ela se apropria e lhes d uma

    significao, assim podemos dizer que a entrada na cultura, tal como ela existe num dado

    momento, mas com todo seu peso histrico. (OLIVEIRA, 2005)

    2.1 CONCEITOS

    Percorrer os verbetes dos dicionrios na busca do significado do ldico uma

    experincia interessante, mas pouco esclarecedora, sobretudo se for considerado que a tarefa

    de especificar um conceito implica na restrio do uso das palavras a ela relacionadas.

    Neste sentido Marcellino (1999) nos coloca que:

    A restrio problemtica, pois mais de uma dezena de substantivos soregistrados, nos dicionrios da lngua portuguesa, no rol dos termosrelativos ao ldico. Desta forma, pelo simples significado comum daspalavras que o designam, uma concluso razovel a que se pode chegar,alm da impreciso, exatamente o carter abrangente do ldico enquantomanifestao. (MARCELLINO, 1999. p. 12)

    Ldico, vem do latim ludus, que quer dizer jogo.

    Assim, para Huizinga, a realizao do ldico se d no jogo (1971,passim), que tem

    sua essncia no divertimento (prazer, agrado, alegria) (ibid., p.5.). Tentando resumir as

    principais caractersticas do jogo, ele o destaca como:

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    ... uma atividade livre, conscientemente tomada como no sria e exterior vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador demaneira intensa e total. uma atividade desligada de todo e qualquerinteresse material, com a qual no se pode obter qualquer lucro, praticadadentro de limites espaciais e temporais prprios, segundo uma certa ordem ecertas regras. Promove a formao de grupos sociais com tendncia arodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferena em relao ao restodo mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes.(HUIZINGA, 1971, p.16).

    Outra possibilidade para a manifestao do ldico o domnio da festa. E ao

    abordar as relaes entre a festa e o jogo, Huizinga constata estreitas relaes quanto aos

    elementos comuns, eliminao da vida cotidiana, predomnio da alegria, combinao de

    regras com liberdade: em resumo, a festa e o jogo tm em comum suas caractersticas

    principais. (HUIZINGA, 1971, p.25)

    Dessa forma, na abordagem conceitual do jogo, Huizinga utiliza termos variados e

    considerados, por outros filsofos, distintos e fundamentais para a manifestao do ldico.

    (MARCELLINO, 2008)

    As contribuies de Huizinga foram criticadas e receberam adendos de Eco (1989) e

    Callois, (1988, 1990), no entanto, ainda assim, o ldico fica restrito ao universo do jogo.

    (MARCELLINO, 2008)

    Portanto, seguindo o pensar de Marcellino (1999) vemos que:

    O conceito de ldico, assim, bem mais abrangente do que o conceito delazer. As possibilidades de ocorrncia do ldico, na nossa sociedade, sobem maiores do que as do lazer, pois ele no est preso a um tempodefinido. (MARCELLINO, 1999, p. 13)

    O grande nmero de palavras, entretanto, no contribui para a sua especificao.

    Na rea das chamadas Cincias Humanas vamos encontrar, quer nos autoresclssicos, quer nos contemporneos neles baseados, tentativas de especificao conceitual

    bastante variadas.

    Devido a esse fator, os autores utilizam, num mesmo texto, vrios desses termos

    (jogo, brinquedo, brincadeira, festa) para substituir a palavra ldico.

    Assim, segundo Marcellino (1999, p. 14) o ldico tem mais condies de se

    manifestar no perodo de lazer das pessoas.

    Portanto, os jogos podem ser conceituados como sendo as atividades ldicas que

    outorgam prazer e agrado em sua execuo, so contedos fundamentais para o processo

    educativo e de aprendizagem, j que eles passam a ser incorporados a nossas experincias

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    junto com as sensaes e emoes de agrado e de prazer. Essas experincias ldicas passam a

    ser a fonte da qualidade de vida, dado que as aes dentro do jogo se constituem em uma

    experincia agradvel, a qual podemos recorrer em qualquer momento, seja para desfrutar

    novamente da ao ou simplesmente para sentir as sensaes proprioceptivas que guardamos

    em nossa memria e as levamos tona nas recordaes.

    Interessante comprovar assim a existncia de jogos e brincadeiras especficas para

    cada uma das faixas etrias ou perodos de desenvolvimento e tambm das diferentes

    conotaes que passam a ter as mesmas atividades ldicas em diferentes perodos do ciclo de

    vida das pessoas.

    2.2 EDUCAO E O LDICO

    O mundo escolar marcado pela preparao para o futuro, pela importncia das

    atividades adultas e pela homogeneizao dos sujeitos, abstrados em um ideal de futuro

    cidado. Nele imperam a racionalidade, a produtividade, a competio, a disciplina, o esforo,

    e a responsabilidade.

    Segundo Olivier apud Marcellino (1999, p. 20) o ldico definitivamente banido

    da vida das crianas. Ou, ao menos, o que se tenta fazer.A escola no sobreviveria apenas com os deveres e a disciplina que impe. Temos,

    ento, o lazer educativo, o lazer complementar e o lazer cansativo, todos com caractersticas

    utilitaristas e de obrigatoriedade, que esvaziam as atividades do elemento ldico que poderiam

    conter.

    Mas o ldico, como nos mostra Olivier apud Marcellino (1999, p. 21) que tem no

    prazer uma de suas caractersticas fundamentais, no se contenta com as migalhas que a

    escola lhe atira: ele abre suas prprias brechas. Desta maneira, expulso da escola, o prazer seexpressa em todas as atividades que no se nutrem do racionalismo e do utilitarismo que

    imperam no reino das obrigaes.

    Portanto, Olivier apud Marcellino (1999), entende o ldico como sendo:

    A alegria, a espontaneidade, a referncia no aos parmetros daracionalidade, mas a uma lgica diferente: a lgica do ser feliz agora, doconstruir o futuro (e no do preparar-se para o dia em que ele despencarsobre nossas cabeas), do revolver o velho e construir o novo. (OLIVIER

    APUD MARCELLINO, 1999, p. 21)

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    Segundo Olivier apud Marcellino (1999), o ldico deve ser considerado em seus

    aspectos fundamentais:

    1.O ldico um fim em si mesmo, ou seja, ele no um meio atravs doqual alcanamos outro objetivo: seu objetivo a vivncia prazerosa desua atividade. O ldico o gosto por que gosto que as crianas tantasvezes usam para expressar as suas preferncias (enquanto ns insistimospara que elas nos forneam explicaes mais racionais: Sim, mas vocgosta por qu? Deve haver algum motivo... O ldico no tem motivos:ele );

    2.O ldico espontneo. Difere, assim, de toda atividade imposta,obrigatria; aqui que prazer e dever no se encontram, nem no infinito,nem na eternidade;

    3.O ldico pertence dimenso do sonho, da magia, da sensibilidade; osprincpios da racionalidade no so aqui enfatizados. Est maisrelacionado com o princpio do prazer do que o da realidade e poderamosnos perguntar se muitas das mazelas atuais da humanidade no advm danfase excessiva que a psicanlise deu a este ltimo. Vivenciar os sonhose os desejos tornou-se sinnimo de imaturidade ou de inadaptao;

    4.O ldico se baseia na atualidade: ocupa-se do aqui e do agora, no dapreparao de um futuro inexistente. Sendo o hoje a semente da qualgerminar o amanh, podemos dizer que o ldico favorece a utopia, aconstruo do futuro a partir do presente;

    5.O ldico privilegia a criatividade, a inventividade e a imaginao, por suaprpria ligao com os fundamentos do prazer. No comporta regraspreestabelecidas, nem velhos caminhos j trilhados; abre novos caminhos,vislumbra outros possveis. (OLIVIER APUD MARCELLINO, 1999)

    Quando tratamos sobre imaturidade, vale ressaltar aqui o pensar de Rubem Alves

    quando cita a propsito Peter Berger: Maturidade o estado de uma mente que foi reprimida,

    chegou a um bom termo com o status quoe desistiu dos impetuosos sonhos de aventura e

    realizao. (ALVES, 1987, p. 95)Reconhecer o ldico reconhecer a especificidade da infncia: permitir que as

    crianas sejam crianas e vivam como crianas; ocupar-se do presente, porque o futuro dele

    decorre; esquecer o discurso que fala da criana e ouvir as crianas falarem por si mesmas;

    redescobrir a linguagem dos nossos desejos e conferir-lhe o mesmo lugar que tem a

    linguagem da razo; redescobrir a corporeidade ao invs de dicotomizar o homem em corpo

    e alma; abrir portas e janelas e deixar que a inclinao vital penetre na escola, espane a

    poeira, apague as regras escritas na lousa e acorde as crianas desse sono letrgico no qual portanto tempo deixaram de sonhar.

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    Segundo Frana apud Marcellino (1999) nos mostra que:

    No d, portanto, para discutir lazer sem reconhecer a instrumentalizao

    desses desejos pelo esprito capitalstico que transforma tudo emmercadoria, em bons negcios, em bem de consumo, em margens de lucro,em aumento do capital. No d para discutir lazer sem reconhecer suaconstruo histrica enquanto uma elaborao cultural do desejo do homempelo prazer, pelo gozo, pelo bem-estar, pelo ldico. No d para discutirlazer sem reconhecer suas expresses atuais e reconhecer o que aliena eanimaliza e o que humaniza. No d para discutir lazer sem reconhecer osfetiches, sem reconhecer as possibilidades histricas de humanizao, dedesalienao, que no ocorrem fora do marco de desalienao do trabalho.(FRANA APUD MARCELLINO, 1999, p. 37)

    2.2.1 Educao Fsica e o Ldico

    Sendo a educao infantil a primeira etapa para a Educao Bsica de extrema

    importncia a reflexo sobre o papel da educao fsica e do jogo no desenvolvimento da

    criana.

    Durante muito tempo, o discurso que interpor-se as bases da Educao Fsica

    Escolar e as vertentes pedaggicas que a sustentaram se respaldou em conceitos biolgicos

    que propagavam, em ltima instncia, a construo de corpos fortes, saudveis e

    disciplinados.

    Nesse sentido, Romera apud Marcellino (1999) nos coloque que:

    A valorizao do esporte se fez presente, para que, dentre outros objetivos,contribusse para que os jovens em idade escolar, por intermdio de umapropagada cultura esportiva, alcanassem um corpo saudvel e obediente sregras por ele veiculadas pelo status quo. (ROMERA APUD

    MARCELLINO, 1999, p. 73)

    Segundo Silva (2008), existe uma estreita ligao entre a atividade motora e a

    atividade cognitiva ao longo de todos os perodos evolutivos, sendo assim o substrato fsico

    da criana a matria prima da educao.

    Desta forma, podemos dizer que a educao fsica em qualquer faixa etria

    ultrapassa os limites do corpo, mas principalmente na infncia esta prtica contribui para o

    desenvolvimento de valores sociais e ticos ajudando assim para a formao do carter da

    criana.

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    Para Silva apud Puig Roig (1994): jogar no estudar nem trabalhar, mas jogando

    a criana aprende, sobretudo a conhecer o mundo que a cerca. J para os autores Garfano e

    Caveda (2002) o jogo na infncia ter um papel psicopedaggico evidente, permitindo um

    harmonioso crescimento do corpo, da inteligncia, da afetividade, da criatividade, da

    socializao, sendo a fonte mais importante de progresso e atividade. Para Silva apud Guton

    (1982) a educao fsica e o jogo tratam-se de uma forma privilegiada de expresso infantil.

    Segundo Maturana e Verden-Zller (1994):

    (...) na vida diria distinguimos como jogo qualquer atividade vivenciadano presente de sua realizao e executada emocionalmente sem nenhumpropsito exterior a ela. Ou, em outras palavras, falamos de jogo toda vez

    que observamos seres humanos ou outros animais envolvidos no prazer doque esto fazendo como se seu fazer no tivesse nenhum propsitoexterno. (MATURANA E VERDEN-ZLLER, 1994, p. 89)

    Na atualidade, o esporte continua sendo compreendido como o fazer pedaggico da

    Educao Fsica Escolar. Observa-se o carter de competitividade e seletividade prprio do

    esporte, portanto, por ele difundido e valorizado.

    Romera apud Marcellino (1999) observa que:

    Torna-se quase unnime a associao que a sociedade faz entre esporte esade, vinculando a esse o desenvolvimento de tantos outros aspectosrelativos formao do ser humano integral. (...) o esporte, enquantocontedo da Educao Fsica, proporciona apenas aspectos favorveis aoprocesso educativo. (ROMERA APUD MARCELLINO, 1999, p. 74)

    A prtica esportiva no campo da Educao Fsica Escolar compreendida como

    meio de alcanar todo e qualquer objetivo e como fim o objetivo propriamente dito, bem

    como a funo principal, da Educao Fsica, refere-se a uma abordagem do homem no que diz

    respeito aos seus aspectos fsicos, psicolgicos e sociais.

    Numa abordagem da atividade fsica, que compreende o jogo, como um elemento

    ldico da cultura, o jogar fonte de relacionamento humano em que o outro parceiro e no

    adversrio, com o qual se joga com e no contra.

    Nesse sentido Romera apud Marcellino (1999) disserta que, a Educao Fsica, esse

    rico espao para o encontro humano, tem condies de estar abordando com um outro

    enfoque a cultura corporal. (ROMERA APUD MARCELLINO, 1999, p. 79)

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    Podemos dizer ento que, na atividade fsica, o jogo est mais prximo do brincar,

    podendo proporcionar maior valorizao de elementos ldicos da cultura, alcanando uma

    formao mais crtica e criativa do homem.

    Assim, Romera apud Marcellino (1999) afirma que,

    Nessas manifestaes que apresentam carter ldico, o homem se colocade maneira mais espontnea de frente s atividades e desenvolve aspectosreferentes sua autoconfiana e autoconhecimento, uma vez que seencontra desprovido de tantas exigncias que a sociedade lhe impe.(ROMERA APUD MARCELLINO, 1999, p. 79)

    Marcellino (1990) afirma que, para reforar aquilo que acredita ser um meio pelo

    qual o homem pode estar deixando fruir sua personalidade e se afirmando como ser criativo,desenvolvendo um conhecimento de si. (MARCELLINO, 1990, p. 80)

    Nesse sentido, Romera apud Marcellino (1999) afirma, novamente,

    Que este ensaio no tem por objetivo a negao do esporte como modo deinterveno da Educao Fsica, mas sim uma maior valorizao doselementos ldicos da cultura, que possam ser propagados por meio dela.(ROMERA APUD MARCELLINO, 1999, p. 80)

    Assim, tal defesa se faz necessria por acreditar que atravs de uma maior

    introduo de contedos ldicos nas aulas de Educao Fsica, o professor desse componente

    curricular estar proporcionando um ambiente de socializao, cooperao e

    autoconhecimento a seus alunos, onde a criatividade se encontre presente no cotidiano da

    escola, transformando esse espao em um lugar de encontro humano.

    Atravs de uma pedagogia ldica, a Educao Fsica tem maior possibilidade de

    atender as necessidades de seus educandos, Romera apud Marcellino (1999) relata que:

    Uma vez que estando esses desprovidos da necessidade de competir, de sefirmar em posies de destaque, vivenciam um comportamento que os levaa se colarem de maneira natural de frente as propostas que o professorapresenta, agindo assim com naturalidade. (ROMERA APUDMARCELLINO, 1999, p. 80)

    O elemento ldico, alm de ocasionar um encontro mais espontneo entre as

    pessoas, tambm capaz de resgatar componentes da cultura infantil, a bagagem cultural que

    cada criana criou e que teve que abandonar do lado externo dos muros escolares quando deseu ingresso na escola, como afirma Romera apud Marcellino (1999, p. 80).

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    Uma pedagogia educacional que valorize o ldico encontra-se estreitamente

    vinculada valorizao do momento presente, jamais abrindo mo do prazer que deve

    acompanhar o saber.

    Ao vivenciar os elementos ldicos, propagados por uma Educao Fsica liberta dos

    valores do esporte e da competio, afirma Romera apud Marcellino (1999) que:

    O homem resgata a oportunidade de encontrar-se de frente a si prprio,reconhecendo e demonstrando seus sentimentos, emoes e destituindo-se, aomesmo tempo, dos modelos pelos quais as regras impostas pela sociedadepretendem enquadr-lo. (ROMERA APUD MARCELLINO, 1999, p. 82).

    Dessa forma, Marcellino (1990) defende alguns cuidados que se tem de tomar,

    quando da valorizao dos componentes ldicos da cultura manifestados no lazer:

    A considerao da relao entre a manifestao do componente ldico dacultura, no lazer, e na educao, transcende a aquisio de informaes, vaialm dos contedos culturais. No se trata da considerao de uminstrumento leve e eficaz para facilitar o processo de aprendizagem, para aadequao conformista do indivduo a uma inquestionvel sociedadeestabelecida. Longe disso, uma questo de participao cultural - usufruir ecriar cultura. (MARCELLINO, 1990, p. 45)

    O que se defende nesse relato uma maior valorizao dos componentes ldicos da

    cultura, dentro das aulas de Educao Fsica Escolar, em detrimento de um contedo unificado

    representado pelo esporte.

    Tal defesa respalda-se nos alertas feitos por Marcellino (1990), no que ele ressalta a

    respeito da valorizao do componente ldico da cultura, nas manifestaes do lazer, que de

    modo concordante, transfiro para o universo da Educao Fsica Escolar.

    Quando se prope a valorizao do ldico, tambm no significa dizer que as aulas

    de Educao Fsica devero se perder em meio a uma srie de brincadeiras e ou atividades

    desprovidas de um objetivo a ser alcanado.

    Portanto, a valorizar o ldico na Educao Fsica significa tambm apontar para uma

    concepo de ensino e aprendizagem que inclui variados aspectos do desenvolvimento

    (moral, afetivo, cognitivo, social e motor).

    Assim, aceitando ser esse o principal objetivo que deve traar os rumos da educao,

    a valorizao do ser humano, que estaremos conquistando uma sociedade mais humana e

    prazerosa para se viver.

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    3 A GINSTICA LABORAL

    A educao fsica brasileira foi evoluindo no decorrer dos tempos, deixando sua

    vinculao com as instituies militares e sendo enfatizada em diversos contextos, como o

    escolar, o empresarial.

    Neste captulo enfatizaremos a importncia da adoo do programa de atividades

    fsicas dentro de empresas, conhecido como Ginstica Laboral. Esse tipo de atividade j vem

    sendo efetuado em nosso pas por alguns empresrios mais esclarecidos e com idias de

    vanguarda.

    O ser humano nasceu para movimentos globais, e as condies de trabalho atuais,

    com alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza humana.Para tentar amenizar este problema, empresas lanam mo da Ginstica Laboral,

    pois acreditam que esta possa colaborar com este processo, no sentido do desenvolvimento e

    evoluo dos indivduos e organizaes, dependendo da competncia, grau de conscientizao

    e postura tica adotada pelos profissionais que a conduzem.

    Para Pena Marinho apud Polito (2002), a Ginstica na Empresa tem como objetivo

    geral:

    Suscitar, desenvolver e aprimorar as qualidades fsicas, do industririo,estimular o funcionamento de seus rgos e, como principal objetivo,desenvolver excepcionalmente certas qualidades que a natureza da profissoescolhida exige para melhor rendimento de trabalho e, melhor ainda, dar aoorganismo uma compensao, de modo tal, que as sinergias musculares,muito solicitadas durante o trabalho, possam obter para seus msculos umrelaxamento adequado, enquanto em outras, em que a solicitao foi quasenula, sejam convenientemente exercitadas, de maneira a evitar a atrofia doselementos componentes e, como conseqncia, a reduo de suacapacidade. (PENA MARINHO APUD POLITO, 2002, p. 30)

    Normalmente os trabalhadores apresentam um maior nmero de leses nos tendes

    dos membros superiores, principalmente os da mo, punho, bceps e msculo supra-espinhal.

    Movimentos normais ou repetitivos produzem luxaes (deslocamento de uma das superfcies

    articulares para fora da articulao), sobrecarga articular e degenerao de cartilagens e

    tendes.

    Sabe-se tambm que a realizao de determinados movimentos corporais por um

    perodo de tempo prolongado traz como conseqncia uma reduo no nvel de lactato e na

    concentrao de potssio nas clulas musculares ativadas, ocasionando uma diminuio na

    impermeabilizao da membrana celular.

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    Pode-se perceber a importncia disto para o trabalhador se levarmos em

    considerao que o balano potssio-sdio de suma importncia para a excitabilidade e a

    recuperao das fibras musculares.

    Perodos de repouso e exerccios leves, como os que so ministrados na Ginstica

    Laboral, so de extrema importncia para reverter o quadro de fadiga muscular. Na realidade

    exerccios leves em outros grupos musculares que no sejam aqueles j fadigados podem

    promover a recuperao de uma musculatura, sendo tambm muito importantes os exerccios

    de alongamento e relaxamento.

    As aulas de Ginstica Laboral, segundo Monteiro, devem preferencialmente serem

    ministradas por profissionais de Educao Fsica, bem como ter a participao de

    fisioterapeutas, vejamos o q a autora nos relata:

    Os profissionais de Educao Fsica so os mais indicados para ministraras aulas de G. L., pois alm do conhecimento cientfico e tcnico dasnecessidades dos participantes, tm o conhecimento necessrio das tcnicaspara motivar a participao. Os fisioterapeutas tm participao importante,juntamente com o Educador Fsico, na elaborao do diagnstico de acordocom o esforo fsico necessrio para o desempenho das tarefas dirias dajornada de trabalho, bem como atuam na reabilitao dos funcionrios queapresentam inflamaes constatadas. (MONTEIRO)

    3.1 EVOLUO E HISTRICO

    de suma importncia que saibamos um pouco do histrico dessa atividade que

    vem crescendo e ocupando lugares essenciais no corpo estrutural de uma empresa. Assim, o

    primeiro registro de Ginstica Laboral na Polnia, onde chamada de ginstica de pausa e

    destinada a operrios, isso por volta 1925. Aps alguns anos foram realizadas experincias

    tambm na Holanda. Na Rssia, 150 mil empresas, envolvendo cinco milhes de operrios,

    praticavam a ginstica de pausa adaptada a cada cargo. Outros pases que seguiram

    experincias neste sentido so Bulgria, Alemanha, Frana, Blgica e Sucia. (CAETE

    1996)

    De acordo com os autores Zilli (2002) e Mascelani (1988), a ginstica surge no

    ambiente de trabalho em 1925, sob a terminologia de ginstica de pausa. Porm, estes nos

    lembram que ainda existe divergncia a respeito da paternidade e origem da mesma.

    Segundo Caete (1996), a Ginstica Laboral, propriamente dita, teve seu incio no

    Japo onde, desde 1928, os funcionrios dos correios participavam de sesses de ginstica

    diariamente, visando descontrao e o cultivo sade.

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    Como nos mostra Caete apud Polito, (2002), foi somente aps a II Guerra Mundial

    que o Japo iniciou essa prtica, vejamos na integra:

    Aps a Segunda Guerra Mundial, este hbito foi difundido por todo o pase, atualmente, um tero dos trabalhadores japoneses exercitam-sediariamente, tendo obtido como resultados, em 1960, a diminuio dosacidentes de trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores. (CAETE APUD POLITO, 2002, p. 25)

    Podemos perceber que com a realizao dessa prtica, os japoneses conseguiram

    promover o engajamento consciente de seus empregados, o enorme crescimento de sua

    economia, sendo at hoje um dos exemplos mais importantes ao incentivo desta atividade.

    Pases como Frana, Blgica e Sucia tambm realizaram pesquisas sobre o assunto.

    Os resultados destas pesquisas tm mostrado influncias positivas da ginstica sobre

    o tempo de reao, a coordenao, a sensibilidade e a ateno, facilidade para realizar o

    trabalho, diminuio da fadiga.

    A Ginstica Laboral mais uma ferramenta disponvel dentro da ergonomia

    desenvolvida em uma empresa, no sentido de prevenir as doenas ocupacionais, contribuindo

    para melhoria da qualidade de vida dos funcionrios.

    De acordo com a Revista Proteo de abril de 1999, na Bulgria e na antiga URSSforam realizadas pesquisas comparando a produo uma hora antes e uma hora aps a

    ginstica constataram que na ltima hora cresce o rendimento, o que vem a compensar o

    tempo de pausa.

    Pesquisas na Blgica, Bulgria e URSS mostraram que a reao visomotora melhora em 42 a 65 por cento das pessoas que participam de umprograma de ginstica. Com a aplicao de um teste de acomodao visual,comprovou-se, com um grupo de mulheres executando trabalho de preciso,que os resultados obtidos com a Ginstica Laboral compensatria forammais positivos do que o simples emprego da pausa. Outros aspectos que aspesquisas revelam o aumento da ateno e concentrao. Utilizando-setestes de ateno constataram que o nmero de erros era menos elevadoentre os mecangrafos que se submetiam ao programa de Ginstica Laboralcompensatria do que os que tinham apenas repouso passivo na jornada detrabalho. A funo cardiovascular e respiratria tambm foi investigada econstatou-se um aumento que variou de 25 a 37 por cento da capacidadevital. Com a prtica regular da ginstica de pausa durante um perodoprolongado, observou-se uma reduo progressiva no aumento dafreqncia cardaca durante as sesses e uma diminuio mais rpida aps a

    pausa. Estes efeitos so considerados importantes, pois a ginstica apresentafraca intensidade. (REVISTA PROTEO, 1999, p. 48)

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    A Ginstica Laboral compensatria tem proporcionado um incremento na sade dos

    trabalhadores mediante melhorias no funcionamento do corao, pulmes, rgos internos e

    atividade do sistema nervoso central, uma vez que as pausas no trabalho, aliadas a Ginstica

    Laboral, facilitam a circulao sangnea a todos os tecidos corporais, ampliam a ao

    respiratria em funo de uma melhor oxigenao a nvel pulmonar, reduzem a congesto

    mental produzida pela concentrao e aes intelectuais persistente, contribuem para eliminar

    a tenso emocional e nervosa.

    No Brasil as empresas esto cada dia mais, abrindo suas portas para a Ginstica

    Laboral. No Rio Grande do Sul, por exemplo, segundo Kolling apud Polito (2002), houve

    uma experincia pioneira iniciada em 1973, quando foi implantado um projeto experimental

    em cinco empresas do Vale dos Sinos. O projeto foi elaborado pela Federao deEstabelecimentos de Ensino Superior (FEEVALE) e implantado em parceria com o Sesi.

    Segundo Schimitz apud Polito (2002, p. 2-3), o projeto tinha carter experimental e visava

    aprofundar estudos nesta rea, conforme informou a diretora de uma das empresas.

    De acordo com Polito (2002), aps a experincia no Vale dos Sinos, a Ginstica

    Laboral caiu no esquecimento por um longo perodo, a autora conclui assim:

    Conforme pode-se concluir, ela no evoluiu naquele perodo, devido aosobjetivos da pesquisa realizada pela FEEVALE e SESI serem apenas deestudo e de no haver, naquela poca, uma mentalidade que favorecesse aimplantao deste tipo de trabalho e tambm resultados que dessem basepara a implantao do programa em outras empresas. (POLITO, 2002, p.27)

    Foi somente na dcada de 1980 que a Ginstica Laboral comeou a ser retomada,

    ressurgindo com fora total na dcada de 1990, onde foi enfatizada a qualidade de vida no

    trabalho, condenando-se o estresse e as leses causadas pelo trabalho repetitivo.

    3.2 CONCEITOS

    Pesquisadores da rea conceituam a Ginstica Laboral de acordo com a viso

    adotada em suas pesquisas. Nesse sentido a Ginstica Laboral uma atividade fsica que

    trabalha a mente, o corpo, auto-estima, os relacionamentos interpessoais aplicados no

    ambiente de trabalho durante o expediente.

    Kolling (1980), conceitua a Ginstica Laboral como sendo:

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    um repouso ativo que aproveita as pausas regulares durante a jornada de

    trabalho, para exercitar os msculos correspondentes e relaxar os grupos

    musculares que esto em contrao durante o trabalho, tendo como objetivo

    a preveno da fadiga. (KOLLING, 1980)

    Atravs do conceito supra citado, poderemos ento definir a Ginstica Laboral como

    sendo toda atividade fsica coletiva proporcionada aos trabalhadores, que ocorrer durante a

    jornada de trabalho, seja no incio, durante ou ao final do dia de trabalho visando a melhora

    das condies fsicas do trabalhador.

    A Enciclopdia Livre conceitua a Ginstica Laboral como sendo:

    Conjunto de prticas de exerccios fsicos realizados no ambiente detrabalho (donde o qualificativo laboral), com a finalidade de colocarpreviamente cada pessoa - e todos - da equipe ou grupo de trabalho bempreparadas para o exerccio do labor dirio. Usualmente baseia-se emtcnicas de alongamento, distribudas pelas vrias partes do corpo, dosmembros, passando pelo tronco, cabea, sendo, de ordinrio, orientada ousupervisionada por um especialista no assunto ou por algum (do grupo) poresse especialista treinado. (ENCICLOPDIA LIVRE)

    Para o professor de Educao Fsica, com especializao em exerccio fsico na

    promoo da sade, Joo Daniel Rodrigues, define Ginstica Laboral como sendo o

    exerccio fsico orientado durante o horrio do expediente visando benefcios pessoais no

    trabalho.

    O professor explica que esse tipo de atividade tem como objetivo minimizar os

    impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na sade do trabalhador, onde explica

    que:

    Atravs dela temos uma diminuio nos problemas de sade dotrabalhador, produzindo um aumento na produtividade da empresa, isto sedeve ao fato de haver uma diminuio na ocorrncia de faltas ao trabalhopor motivos mdicos e uma queda nos ndices de acidentes de trabalho.Estatsticas apontam um retorno de 3 a 5 vezes sobre a verba aplicada poruma empresa em um programa de Ginstica Laboral e bons hbitos desade, considerando faltas e outros encargos que incidem sobre a folha depagamento. (RODRIGUES)

    Segundo a NESRA (Associao Nacional de Servios e Recreao para Empregados

    dos Estados Unidos), Ginstica Laboral seria:

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    A prtica voluntria de atividades fsicas realizadas pelos trabalhadorescoletivamente dentro do prprio local de trabalho durante sua jornada diriaque, por meio de exerccios especficos, tem como meta prevenir e/ouamenizar as doenas decorrentes da atividade que desempenham.

    (NESRA)

    A ginstica laboral tambm conhecida como ginstica de pausa, ginstica do

    trabalho, compensatria e atividade fsica na empresa (MASCELANI, 2001).

    Segundo Carvalho (2004), a Ginstica Laboral ou Ginstica de Pausa conceituada

    como sendo:

    A prtica da atividade fsica orientada e dirigida durante o horrio do

    expediente e no local de trabalho, isto , existe uma pausa para que possamser realizados exerccios fsicos que visam benefcios pessoais e notrabalho. Tem como principal objetivo minimizar os impactos negativosoriundos do sedentarismo na vida e na sade do trabalhador.(CARVALHO, 2004)

    Uma definio clssica tambm conhecida a do Servio Social da Indstria (SESI),

    que a caracteriza como (...) a prtica voluntria de atividades fsicas realizadas pelos

    trabalhadores, coletivamente, dentro do prprio local de trabalho, durante sua jornada diria

    (SESI, 1999 apud SOUZA, 2003).Portanto, representa um conjunto de atividades aplicadas aos problemas de trabalho,

    particularmente aos trabalhadores de qualquer tipo de atividade. praticada no ambiente de

    trabalho junto s mquinas, escrivaninhas, eventualmente no refeitrio ou espao livre, de

    conformidade com o tipo de trabalho, por um breve tempo de 10 a 15 minutos.

    Ginstica laboral ou ginstica do trabalho, como mais comumente chamada entre

    os profissionais do centro do pas (So Paulo, Rio de Janeiro, etc.) recebe esta denominao

    por ser uma atividade fsica voltada especificamente para o mundo do trabalho ou laboral

    (CAETE, 1996).

    Como forma de exemplificao podemos dizer que correspondem a exerccios

    fsicos educativos de alongamento, respirao, reeducao postural, controle corporal,

    percepo corporal, fortalecimento das estruturas no trabalhadas durante o trabalho,

    compensao dos grupos musculares envolvidos nas tarefas operacionais, respeitando o limite

    fisiolgico e vestimenta de cada colaborador.

    Um aspecto muito relevante quanto aos objetivos e efeitos da Ginstica Laboral no

    incio do turno de trabalho, que esta aula prepara os indivduos para reagirem aos estmulos

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    externos com maior rapidez. A Ginstica Laboral foi introduzida nas empresas, como meio

    para promover tanto o aumento da produtividade, como a melhoria da sade.

    3.3 CLASSIFICAO

    Segundo Monteiro, a Ginstica Laboral utilizadas pelas empresas podem ser

    classificadas em trs tipos, onde:

    1. Ginstica Preparatria: praticada antes da jornada de trabalho,objetivando a preparao e adequao do indivduo para o incio dotrabalho, servindo como forma de aquecimento. Tipo de exerccio:

    Aquecimento, ativao neuromuscular, orientao corporal no tempo e noespao. Durao de 5, 10 ou 15 minutos.2. Ginstica de pausa ou compensatria: realizada no meio do expedientede trabalho, objetiva a descontrao, a fim de se aliviar as tenses,compensando das exigncias de suas tarefas e posturas inadequadas. Tipode exerccio: Trabalhar os msculos no solicitados e relaxar os solicitados,ministrar brincadeiras e jogos no competitivos. Durao de 5, 10 ou 15minutos.3. Ginstica de relaxamento: como o nome j diz, objetiva umrelaxamento global do ser, praticada aps o expediente. Tipo de exerccio:alongamentos especficos e sesses de relaxamentos. Durao de 10 ou 15minutos. (MONTEIRO)

    Nesse sentido, Zilli (2002) tambm concorda com a classificao abordada por

    Monteiro, onde classifica em trs tipos a Ginstica Laboral ressaltando que:

    A Ginstica Preparatria ou de Aquecimento visa ativar (despertar/aquecer) o trabalhador para a jornada de trabalho, sendo assim esta realizada logo no incio do expediente, despertando e tornando o indivduomais atento durante suas atividades, evitando assim acidentes e contusesao longo de todo perodo.Outro tipo de Ginstica Laboral a de Compensao (compensatria) ou de

    Distensionamento, geralmente realizada no meio do perodo de trabalho,provocando uma pausa ativa no trabalhador, aumentando assimradicalmente seu poder de concentrao.A Ginstica de Relaxamento feita ao final do expediente e priorizarecuperar o trabalhador ao final da jornada de trabalho, diminuindo assimseu desgaste fsico e psicolgico ao retornar ao seu convvio pessoal.(ZILLI, 2002, p. 58-60)

    Seguindo o mesmo autor, bastante importante salientar que:

    A ginstica laboral faz parte de um projeto de qualidade de vida notrabalho com seus objetivos voltados sade do trabalhador e tal projeto

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    tem parmetros ergonmicos que no se restringem somente prtica daatividade fsica. (ZILLI, 2002, p. 69)

    Deste modo, necessrio compreender todo o projeto de interveno (a curto, mdio

    e longo prazo) na qualidade de vida dos trabalhadores participantes. Assim, a Ginstica

    Laboral compe uma das aes efetivas neste programa de qualidade de vida, sendo

    necessrio tambm a reeducao alimentar, orientaes ergonmicas e estruturais,

    acompanhamento mdico preventivo (sade) e estmulos ao desenvolvimento de hbitos

    saudveis, dentro e fora do ambiente de trabalho.

    Ultimamente, possvel perceber uma mudana nestes valores, devido maior

    conscientizao da populao sobre a importncia em melhorar sua qualidade de vida. Para

    tanto, o indivduo passa a procurar uma alimentao mais equilibrada, realizar atividades que

    lhe tragam prazer, iniciando ou retornando prtica de atividade(s) fsica(s) regulares. Desta

    forma, possvel prevenir enfermidades psicossomticas.

    3.4 ALGUMAS DOENAS OCASIONADAS EM TRABALHADORES NO SEU

    AMBIENTE DE TRABALHO

    As empresas esto se dando conta de que no adianta mais tratar as pessoas depoisdo problema, pois existem vrias conseqncias de ordem financeira inclusive. E que as

    mquinas e o ambiente de trabalho que devem ser adaptados s pessoas (CAETE, 1996).

    Portanto, a ergonomia associada a ginstica laboral contribui para melhorar a

    qualidade de vida do trabalhador, o que comprovadamente gera ganho em produtividade.

    3.4.1 Estresse

    A necessidade de agradar, a competitividade presente na maioria das empresas e os

    padres familiares, que exigem muito das pessoas, tm conduzido ao processo de estresse,

    resultando em tenses acumuladas que, no encontrando canal prtico por onde se extravasar,

    acabam se voltando contra o prprio organismo (BASSO, 1989).

    Segundo Nahas (2001), estresse a maneira como o organismo responde a qualquer

    estmulo que altere seu estado de equilbrio.

    Ainda com o mesmo autor, alguns sintomas associados ao estresse, so: dores decabea, dores musculares e articulares, insnia, ansiedade, irritabilidade, cansao constante,

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    sensao de incapacidade, perda de memria. Bem como essas seriam algumas doenas

    provocadas pelo estresse, vejamos: Hipertenso Arterial, Infartos Agudos do Miocrdio,

    Derrames Cerebrais, Cncer, lceras, Depresso / distrbios nervosos, entre outras.

    Importante salientar aqui, que existem ocupaes humanas que, por sua natureza,

    so mais atingidas pelo estresse. Entre essas ocupaes esto os bancrios, professores, donas

    de casa, profissionais de UTI e emergncia mdica, policiais, jornalistas, etc.

    3.4.2 D.O.R.T. e L.E.R.

    O DORT (Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), conhecida

    antigamente como LER (Leses por Esforos Repetitivos), so distrbios que acometemtendes, msculos, nervos, ligamentos e outras estruturas responsveis pelos movimentos dos

    membros superiores, das costas, regio do pescoo, ombros e membros inferiores. Eles esto

    intimamente ligados informatizao e aos novos processos industriais. Isto porque estes

    levam as pessoas a permanecerem por longos perodos em posies estticas, desempenhando

    tarefas mecnicas e repetitivas. Alm disso, a maioria das pessoas trabalha excessivamente e

    em postura inadequada.

    Portanto, segundo Pagliari (2002), as leses ocupacionais so responsveis por umgrande nmero de afastamento mdico e invalidez permanente do profissional. Assim, so

    algumas das doenas que surgem, principalmente em linhas de produo de indstrias e

    constituem-se num dos maiores grupos de manifestaes clnicas.

    Uma das causas desta verdadeira epidemia de doenas osteomusculares a falta de

    conscientizao das empresas no sentido de realmente cumprirem as micropausas para a

    ginstica laboral (GODOY, 2005).

    As L.E.R. ocorrem como, Oliveira (1998), resultado do uso abusivo dos msculos etendes, por rpidos movimentos repetitivos e de fora, em aes estticas e posturas

    inadequadas.

    Portanto a L.E.R. pode acometer as pessoas que realizam movimentos repetitivos,

    independente da classe de trabalho, sendo esta caracterizada pelos agentes fora e repetio.

    As tendinites e tenossinovites so na experincia da NUSAT/INSS-MG, as formas

    mais incidentes na populao de risco, notadamente nas situaes em que grande

    repetitividade se associa a exigncia de fora, e so hoje responsvel por 60% das doenas

    ocupacionais, conforme dados do INSS e afirmaes do professor Hudson Couto (1994), apud

    Caete (1996).

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    Porm a L.E.R no considerada como uma doena e sim uma leso que as vezes

    adquirem caractersticas de uma doena e no costumam ser graves, onde quase sempre

    curvel e diminui com tratamento, sendo que apenas alguns casos no evoluem bem

    (COUTO, 1998).

    Conforme Anderson (1998), as leses por esforos repetitivos (como a sndrome do

    tnel do carpo e a tendinite) dos punhos mos e braos aumentaram cerca de 80% desde

    1990. Relata ainda que aconteceu uma coisa singular no caminho da revoluo eletrnica.

    Muitos de ns acabamos sentados em mesas de trabalho, trabalhando em terminais de

    computadores. E isso como muitas pessoas descobriram tem seus problemas, suas

    conseqncias.

    Segundo Polito (2002), estas doenas podem ser causadas por trs tipos de fatores:biomecnicos, psicossociais e administrativos, como ser mostrado na tabela 1 a seguir:

    Tabela 1 Fatores biomecnicos, psicossociais e administrativos.

    FATORESBIOMECNICOS

    FATORESADMINISTRATIVOS

    FATORESPSICOSSOCIAIS

    Repetitividade dosmovimentos

    Movimentos manuais comuso da fora

    Posturas inadequadas

    Uso de ferramentasmanuais

    Mtodo de trabalhoimprprio, uso de

    ferramentas e equipamentosimprprios.

    Existncia ou no deatmosfera de aceitao de

    manifestaes dostrabalhadores envolvidos

    com a atividade Encorajamento do relato de

    riscos potenciais Aplicao dos

    conhecimentos de ergonomia

    no desenvolvimento dospostos de trabalho

    Presso no trabalho

    Baixa autonomia. Poucocontrole sobre seu trabalho

    Falta de ajuda ou apoiode colegas de trabalho.

    Pouca variabilidade nocontedo da atividade.

    Fonte: POLITO, Elaine. Ginstica Labora: teoria e prtica. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

    3.5 BENEFICIOS DA GINASTICA LABORAL

    Faz-se claramente necessrio que as capacidades fsicas e mentais do indivduo

    estejam equilibradas para que ele possa desenvolver-se com o mximo rendimento em todos

    os sentidos com ateno, agilidade e urgncia, qualidade, trabalho em equipe, produo,satisfao de clientes e motivao. esse equilbrio das capacidades de seus funcionrios,

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    advindo da melhora na qualidade de vida, a que as empresas visam quando implantam os

    programas de Ginstica Laboral. (MARCHESINI, 2002)

    Os programas promovem a sade mental, fsica e social do indivduo. Alguns de

    seus benefcios, segundo Pagliar (2002) so, fisiolgicos psicolgicos e sociais, vejamos:

    a.) Fisiolgicos- Provoca o aumento da circulao sangnea em nvel da estruturamuscular, melhorando a oxigenao dos msculos e tendes e diminuindoo acmulo do cido ltico;- Melhora a mobilidade e flexibilidade msculo articular;- Diminui as inflamaes e traumas;- Melhora a postura;- Diminui a tenso muscular desnecessria;

    - Diminui o esforo na execuo das tarefas dirias;- Facilita a adaptao ao posto de trabalho;- Melhora a condio do estado de sade geral.

    b.) Psicolgicos- Favorece a mudana da rotina;- Refora a auto-estima;- Mostra a preocupao da empresa com seus funcionrios;- Melhora a capacidade de concentrao no trabalho.

    c.) Sociais- Desperta o surgimento de novas lideranas;

    - Favorece o contato pessoal;- Promove a integrao social;- Favorece o sentido de grupo - se sentem parte de um todo;- Melhora o relacionamento. (PAGLIAR, 2002)

    Segundo Zilli (2002), so diversos os resultados obtidos com a introduo de um

    programa de Ginstica Laboral, vejamos alguns desses benefcios:

    Melhoria da condio de sade geral de todos os funcionrios; Melhor adaptao ao posto de trabalho; Melhoria na produo (qualitativamente e quantitativamente); Melhora no clima organizacional; Diminuio de queixas relativas dor; Diminuio na procura ambulatorial; Diminuio nos acidentes de trabalho; Diminuio no afastamento por D.O.R.T. (LER); Melhoria do atendimento ao cliente externo. (

    Monteiro nos coloca que no s o trabalhador que tem benefcios, mas a empresa

    tambm possui contribuies com o incentivo da prtica da Ginstica Laboral, assim, segundo

    a autora vejamos alguns benefcios:

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    Diminuir os acidentes de trabalho; Diminuir o absentesmo e a rotatividade; Incrementar a responsabilidade social; Prevenir e reabilitar as doenas ocupacionais.

    Portanto, importante enfatizar, segundo Couto (1995) a importncia da pausa para o

    organismo humano. Dentre os mecanismos que previnem as leses, atravs da realizao de

    pausas em atividades repetitivas, o autor destacar que:

    o fluxo de sangue normal retira as concentraes acumuladas de cidoltico muscular, evitando assim possveis irritaes nas terminaesnervosas livres; os tendes retornam s suas estruturas normais, voltando a sua formaonormal (viscoelasticidade e conformao); e lubrificao dos tendes pelo lquido sinovial, evitando atritointerestrutural. (COUTO, 1995)

    3.6 ALGUMAS DINMICAS

    A tcnica quebra gelo tem os seguintes benefcios:

    - Ajuda a tirar as tenses do grupo, desinibindo as pessoas para o encontro.

    - Pode ser uma brincadeira onde as pessoas se movimentam e se descontraem.- Resgata e trabalha as experincias.

    - So recursos que quebram a seriedade do grupo e aproximam as pessoas.

    Vejamos alguns exemplos que podem ser adaptados na ginstica laboral, retirados

    do CDOF, Dinmica de Grupo.

    3.6.1. Pega-rabo

    Convide seus amigos para brincar. Escolha um lugar onde todos possam correr sem

    quebrar objetos ou os ossos do corpo! Cada um deve ter preso ao corpo um "rabo" feito de

    jornal, leno ou corda. Quando a brincadeira comear, cada participante deve pegar o maior

    nmero de rabos. Quem perder seu rabo deve se sentar e esperar a brincadeira acabar.

    3.6.2 Dinmica do Desafio

    Material: Caixa de bombom enrolada para presente.

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    Procedimento: colocar uma msica animada para tocar e vai passando no crculo

    uma caixa (no tamanho de uma caixa de sapato, explica-se para os participas antes que

    apenas uma brincadeira e que dentro da caixa tem uma ordem a ser feita por quem ficar com

    ela quando a msica parar. A pessoa que vai dar o comando deve estar de costas para no ver

    quem est a caixa ao parar a msica, da o coordenador faz um pequeno suspense, com

    perguntas do tipo: t preparado? voc vai ter que pagar o mico viu, seja l qual for a ordem

    voc vai ter que obedecer, quer abrir? ou vamos continuar? Inicia a msica novamente e passa

    novamente a caixa se aquele topar em no abrir, podendo-se fazer isso por algumas vezes e

    pela ltima vez avisa que agora para valer quem pegar agora vai ter que abrir, Ok? Esta a

    ltima vez, e quando o felizardo o fizer ter a feliz surpresa e encontrar um chocolate sonho

    de valsa com a ordem 'coma o chocolate'.Objetivos: essa dinmica serve para ns percebermos o quanto temos medo de

    desafios, pois observamos como as pessoas tm pressa de passar a caixa para o outro, mas que

    devemos ter coragem e enfrentar os desafios da vida, pois por mais difcil que seja o desafio,

    no final podemos ter uma feliz surpresa/vitria.

    3.6.3 Dinmica do Escravos de J

    Esta dinmica vem de uma brincadeira popular do mesmo nome, mas que nessa

    atividade tem o objetivo de quebra gelo podendo ser observado a ateno e concentrao

    dos participantes.

    Em crculo, cada participante fica com um toquinho (ou qualquer objeto rgido).

    Primeiro o Coordenador deve ter certeza de que todos sabem a letra da msica que

    deve ser:

    Os escravos de j jogavam cachang;Os escravos de j jogavam cachang;

    Tira, pe, deixa o z pereira ficar;

    Guerreiros com guerreiros fazem zigue, zigue z (Refro que repete duas vezes)

    1 Modo Normal:

    Os escravos de j jogavam cachang (passando seu toquinho para o outro da direita);

    Os escravos de j jogavam cachang (passando seu toquinho para o outro da direita);

    Tira (levanta o toquinho), pe (pe na sua frente na mesa), deixa o z pereira ficar

    (aponta para o toquinho na frente e balana o dedo);

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    Guerreiros com guerreiros fazem zigue (passando seu toquinho para o outro da

    direita), zigue (volta seu toquinho da direita para o colega da esquerda), z (volta seu toquinho

    para o outro da direita) (refro que repete duas vezes).

    2 Modo:

    faz a mesma seqncia acima s para a esquerda

    3 Modo:

    faz a mesma seqncia acima sem cantar em voz alta, mas canta-se em memria.

    4 Modo:faz a mesma seqncia acima em p executando com um p.

    5 Modo:

    Faz a mesma seqncia acima com 2 toquinhos, um para cada lado.

    Dinmica da Escultura

    Esta dinmica estimula a expresso corporal e criatividade.

    2 x 2 ou 3 x 3, os grupos devem fazer a seguinte tarefa:Um participante trabalha com escultor enquanto os outro(s) ficam esttua (parados).

    O escultor deve usar a criatividade de acordo com o objetivo esperado pelo

    Coordenador, ou seja, pode buscar:

    -esttua mais engraada

    -esttua mais criativa

    -esttua mais assustadora

    -esttua mais bonita, etc.Quando o escultor acabar (estipulado o prazo para que todos finalizem), seu trabalho

    vai ser julgado juntamente com os outros grupos. Pode haver premiao ou apenas palmas.

    3.6.4 Dinmica do Pegadinha do Animal

    Entrega-se a cada participante um papel com o nome de um animal, sem ver o do

    outro. Em seguida todos ficam em crculo de mos dadas. Quando o animal for chamado pelo

    coordenador, a pessoa correspondente ao animal, deve se agachar tentando abaixar os colegas

    da direita e da esquerda. E os outros devem tentar impedir que ele se abaixe.

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    Obs: todos os animais so iguais, e quando o coordenador chama o nome do animal

    todos vo cair de bumbum no cho, causando uma grande risada geral.

    Objetivo: quebra gelo descontrao geral.

    3.6.5 Dinmica: "Urso de pelcia"

    Objetivo: mostrar que o outro importante pra nossa vida

    Material: um urso de pelcia

    Procedimento:

    Forme um crculo com todos e passe o urso de mo em mo, quem estiver com o

    urso dever falar o que tem vontade de fazer com ele. No final que todos falarem deve-sepedir para que faam o mesmo que fizeram com o urso com a pessoa do lado.

    3.6.6 Caa ao tesouro

    Objetivo: ajudar as pessoas a memorizarem os nomes umas das outras, desinibir,

    facilitar a identificao entre pessoas parecidas.

    Para quantas pessoas: cerca de 20 pessoas. Se for um grupo maior, interessanteaumentar o nmero de questes propostas.

    Material necessrio: uma folha com o questionrio e um lpis ou caneta para cada

    um.

    Descrio da dinmica: o coordenador explica aos participantes que agora se inicia

    um momento em que todos tero a grande chance de se conhecerem.

    A partir da lista de descries, cada um deve encontrar uma pessoa que se encaixe

    em cada item e pedir a ela que assine o nome na lacuna.1. Algum com a mesma cor de olhos que os seus;

    2. Algum que viva numa casa sem fumantes;

    3. Algum que j tenha morado em outra cidade;

    4. Algum cujo primeiro nome tenha mais de seis letras;

    5. Algum que use culos;

    6. Algum que esteja com uma camiseta da mesma cor que a sua;

    7. Algum que goste de verde-abacate;

    8. Algum que tenha a mesma idade que voc;

    9. Algum que esteja de meias azuis;

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    10. Algum que tenha um animal de estimao (qual?).

    Pode-se aumentar a quantidade de questes ou reformular estas, dependendo do tipo

    e do tamanho do grupo.

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    4 EXPERINCIAS BRASILEIRAS COM GINSTICA LABORAL E O LDICO

    A Ginstica Laboral vem sendo desenvolvida com sucesso nas empresas. O contato

    com a Ginstica Laboral acabou criando o hbito de praticar exerccios antes mesmo de

    iniciar o trabalho.

    Os novos postos de trabalho ocasionam dificuldade de cooperao e comunicao,

    levando ao isolamento, o que estimula o envolvimento do trabalhador com a monotonia das

    tarefas. Isso acarreta cansao, ao mesmo tempo em que lhe exigido alto grau de ateno e

    respostas rpidas. Na prtica, pessoas que no se sentem satisfeitas e tranqilas em seu

    ambiente de trabalho, e cujos nveis de tenso e insegurana so significativos, tornam-se

    mais predispostas a sofrerem acidentes de trabalho e cometerem erros. Alm disso, tendem aresistir mais aos programas de preveno (CAETE, 1996).

    Sempre que um programa de ginstica laboral implantado numa empresa, j so de

    conhecimento dos profissionais da Sade, Engenharia de Segurana do Trabalho e RH, os

    problemas que levaram a solicit-lo. Na maioria das vezes associados a prejuzo com

    absentesmo, baixa produtividade, causas trabalhistas, ou acidentes do trabalho, esses

    problemas no podem ser sanados apenas com os exerccios. Necessitam de programas mais

    amplos de Gesto de Custos Humanos no Trabalho, de preferncia aqueles que partam deferramentas diagnsticas precisas, como a avaliao ergonmica.

    Assim, se faz necessrio tratar, mesmo que superficialmente, sobre a ergonomia, que

    seria o estudo do comportamento do homem em relao ao seu trabalho. Segundo a

    Associao Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2000), a ergonomia objetiva modificar os

    sistemas de trabalho para adequar as atividades nele existentes s caractersticas, habilidades e

    limitaes das pessoas com vistas ao seu desenvolvimento eficiente, confortvel e seguro.

    De acordo com o informativo da Legislao de Segurana e Medicina do Trabalho (LSMT) eda Associao Brasileira para Preveno de Acidentes (ABPA), para avaliar a adaptao das

    condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, cabe ao

    empregador realizar a anlise ergonmica do trabalho. (NR 17.1.2, 1995)

    4.1 ALGUNS ESTUDOS DE CASOS NA PRTICA DA GINSTICA LABORAL

    Este tpico tem como finalidade a exemplificao real de empresas seja de pequeno,

    mdio ou grande porte, primeiramente ser feito algumas citaes para que em sub tpicos

    possamos relatar mais detalhadamente a utilizao e desenvolvimento em uma agroindstria

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    no ramo de frigorficos e abatedouro de carnes da regio dos campos gerais, a outra

    abordagem ser feita na indstria de construo e montagem (Techint S.A.), na seqncia a

    utilizao da Ginstica Laboral no TRF da 1 Regio, e por fim no BNDES.

    Operadores dos equipamentos de corte e manuseio de eucaliptos, da empresa

    Florestal Sul, em Capo Bonito, j garantem o seu bem estar fsico. Durante dez minutos, sob

    a orientao de um professor de educao fsica todos participam da Ginstica Laboral que

    vem sendo aplicada h dois anos entre os funcionrios. (PAGLIARI, 2002)

    A Kodak, tambm oferece a Ginstica Laboral a seus colaboradores, desde 1995, e a

    partir de ento se criou uma nova conscincia corporal, ajudando na preveno de doenas

    ocupacionais conhecidas por DORT - Distrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho.

    Na Fujiwara EPI em Apucarana/PR, aps a implantao, a dois anos, da GinsticaLaboral na empresa, foi verificado um aumento significativo na produo de calados em

    10%, um menor ndice de afastamento por LER/DORT, acidentes de trabalho e um melhor

    relacionamento interpessoal dos funcionrios.

    Uma empresa de gesto e assessoria de eventos Esportivos e Qualidade de Vida

    Empresarial foi contratada para realizar avaliaes fsicas nos departamentos da NET S.A. As

    avaliaes consistiam na medio da fora das mos e flexibilidade dos colaboradores. O

    resultado foi que 70% dos avaliados tiveram boa performance de fora, mas no teste deflexibilidade 85% dos avaliados estavam com escores insuficientes no mbito da sade. A

    pesquisa inicial foi uma enquete com os departamentos primando a acomodao e satisfao

    dos colaboradores, obtendo uma avaliao tcnica do setor (MARCHESINI, 2002). Pesquisas

    e avaliaes fsicas individuais foram realizadas com cada colaborador dos departamentos. As

    avaliaes levaram em conta a fora fsica e a flexibilidade de cada um. O incio do programa

    se deu com aulas de cinco minutos em cada perodo (manh, tarde, noite), trs vezes por

    semana, com temas tcnicos para cada aula, a fim de desenvolver uma metodologia para apreveno de DORT/LER e melhoria da qualidade de vida.

    Aps a implantao, foi feita a primeira avaliao dos resultados. Notou-se que o

    aspecto motivacional foi importante e substancial, segundo as pesquisas; 82% dos

    participantes disseram que melhorou o ambiente de trabalho; 68% disseram que diminuiu o

    stress.

    Segundo Carvalho (2003) para trabalhadores administrativos, independentemente da

    atividade exercida, possuem alguns fatores em comum: trabalham sem se movimentar

    (parados ou em p) por muito tempo, muitas vezes submetidos a cobranas e estresse.

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    O autor cita alguns exemplos de problemas decorrentes de tal ambiente sendo:

    problemas de postura, tendinites, presso alta, etc. Salienta ainda que, algumas funes podem

    ter ainda outros agravantes, como digitadores ou programadores, que utilizam

    demasiadamente determinados msculos do brao e mo para trabalhar.

    Vejamos o que nos prope Carvalho (2003) no sentido de alguns exerccios:

    Em primeiro lugar, recomendvel parar por alguns minutos pelo menos acada duas horas de trabalho e executar alguns alongamentos para grandesgrupos musculares como ombros, tronco e pernas. Isso combate a mpostura e evita formigamentos por problemas circulatrios. Movimentoscomo elevao do ombro, sua projeo para frente e para trs ajudam. Parao pescoo, flexione-o para frente e para trs, tambm de um lado para o

    outro e por fim um grande movimento circular da cabea (circunduo).Para o tronco, espreguice-se (flexo para trs), dobre-se (flexo para frente)e incline-se flexionando lateralmente. Faa os movimentos gentil elentamente.Em relao s pernas, utilize as escadas sempre que se locomover poralguns andares, promovendo uma melhor circulao. Alm dos benefcioscardiovasculares, promovidos at mesmo em pequenas distncias, vocestar aumentando seu gasto calrico, importante fator na manuteno dasade. (CARVALHO 2003)

    Importante esclarecer que para funes especficas h exerccios especficos, como

    lembra Carvalho (2003), vejamos:

    Se voc trabalha ou passa muito tempo diante de um computador, porexemplo, deve realizar uma pausa peridica para olhar e focalizar objetosdistantes, aliviando a viso. Tambm deve realizar exerccios dealongamento para as mos e antebraos, evitando sobrecarga por digitaoou utilizao do mouse: Estenda o brao frente, deixando a morelaxadamente cada para baixo. Com a outra mo, puxe gentilmente osdedos para baixo na direo do seu quadril, com as costas da mo voltadaspara a tela do computador, por 20 a 30 segundos, para alongar a

    musculatura posterior de seu antebrao. Puxe a mo relaxada agora paracima, em direo sua cabea e com a palma da mo voltada para a tela docomputador, para alongar a musculatura anterior da mo e antebrao.Repita, realizando os mesmos exerccios para o outro brao.(CARVALHO, 2003)

    Assim, nos exerccios programados devem buscar a contrao muscular antagonista

    daquela exigida durante o trabalho, provocando assim um alongamento e relaxamento desta.

    Quando as atividades de trabalho forem unilaterais, deve-se praticar tambm exerccios de

    compensao para o lado menos solicitado.

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    4.1.1 Frigorfico e Abatedouro de carnes

    Esse tpico foi retirado da XXVI ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de

    Produo), realizado em Fortaleza CE, de 9 a 11 de outubro de 2006. Tendo como rgo

    fiscalizador a ABEPRO (Associao Brasileira de Engenharia de Produo), onde a mesma

    busca assim promover o conhecimento cientfico e difundir as pesquisas da rea de

    Engenharia de Produo.

    O estudo de caso ocorreu em uma agroindstria, empresa do ramo de frigorficos e

    abatedouro de carnes na regio dos campos gerais. A empresa conta com 3.800 funcionrios e

    apresenta um programa denominado de Qualidade de Vida No Trabalho (PQVT).

    Como nos explica Defani e Xavier (2006), este programa constitudo de aes quevisam proporcionar ao trabalhador sade e bem estar. Esto inseridos no programa, aes do

    tipo, rodzio de funes, treinamentos no local de trabalho, aes psicossociais, comits

    operacionais para melhoria no ambiente de trabalho, reposio energtica, reabilitao

    motora, e as pausas para a ginstica laboral.

    Este estudo trata especificamente da manuteno do programa de ginstica laboral

    que parte constituinte do PQVT desta empresa. O programa de ginstica laboral realizado

    antes do inicio da jornada de trabalho e vrias vezes durante a jornada de trabalho dentro dosdiversos setores da industria. Existe um professor de Educao Fsica, que responsvel pelo

    programa, onde o mesmo tem um grupo de 180 funcionrios que so chamados de

    multiplicadores da ginstica laboral, que aplicam diariamente os exerccios da ginstica

    laboral para os outros funcionrios da empresa. (DEFANI E XAVIER, 2006)

    Estes multiplicadores, recebem treinamento mensal, orientados pelo professor, para

    execuo dos exerccios. Os multiplicadores recebem apostilas com exerccios, que so

    repassados para todos os funcionrios da empresa nos horrios destinados a ginstica laboral.O programa existe nesta regional desde o ano de 2001, contudo a ferramenta criada

    pela empresa para manuteno do programa tem pouco mais de 1 ano, salienta Defani e

    Xavier (2006)

    A ginstica laboral preparatria tem durao de 8 minutos, e constituda de

    exerccios de aquecimento especficos para cada setor, conforme atividade desenvolvida.

    A ginstica compensatria tem durao de 2 a 3 minutos, e aplicada a cada hora de

    trabalho.

    Como so diversos os setores da empresa e so muitos os funcionrios que

    participam do programa, a empresa criou uma ferramenta para realizar a manuteno do

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    programa de ginstica laboral. Esta ferramenta foi construda embasada em outra ferramenta

    utilizada pela empresa para avaliao o programa 5 S (Programa de Qualidade Total).

    Para preenchimento das informaes na ferramenta de avaliao do programa de

    ginstica outro grupo de funcionrios foi treinado com a finalidade de aprender os critrios a

    serem avaliados no programa de ginstica laboral. A este grupo a empresa denominou o nome

    de avaliadores da ginstica laboral. Estes avaliadores acompanham diariamentente as

    ginsticas dentro dos setores e com a ferramenta e os critrios a serem avaliados em mos

    realizam as avaliaes. (DEFANI E XAVIER, 2006)

    Os resultados apontam de uma forma geral, que o programa em 2005 andou bem, e a

    ferramenta utilizada para realizar a manuteno do programa funcionou, uma vez que

    possibilitou diagnosticar como o programa se comportou ms a ms durante um ano.Como os resultados eram mensais, a ferramenta possibilitou aos supervisores de

    cada rea e de cada setor, a criao de planos de ao para correo dos problemas detectados

    pela ferramenta. Percebe-se que a ferramenta possibilita tratar o problema de forma isolada,

    ou seja, os planos de aes elaborados pelos supervisores de rea atingiam especificamente a

    causa.

    Observou-se que esta ferramenta, pode