Upload
leminh
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
LUSO-BRASILEIRO 2008
Instrumento Público & Instrumento Particular
Priscila de Castro Teixeira Pinto Lopes Agapito
29ª Tabeliã de Notas da Capital
ESCRITURA PÚBLICA – Art. 215 C.C
“A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento público, dotado de fé
pública, fazendo prova plena”.
Como é dotada de fé pública, significa dizer que goza de presunção de VERACIDADE,
invertendo-se por isso, o ônus da prova.
Requisitos da Escritura Pública:
1. Data e Local2. Reconhecimento da
Identidade e Capacidade de todos
3. Qualificação completa de todos
4. Clara manifestação da vontade de todos
5. Referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais
6. Declaração de leitura ante os presentes ou por eles
7. Assinatura das partes e demais comparecentes
• Assinatura a rogo;• Língua nacional• Tradutor Público• Testemunhas que
atestam a identidade
OBRIGATORIEDADE DA ESCRITURA • Art. 108 C.C.:
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem a constituição, transferência, modificação
ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país.
FATOS JURÍDICOS
Fatos Jurídicos
lato sensu
Fatos naturais (Fatos Jurídicos stricto sensu)
Fatos humanos(Atos Jurídicos em sentido amplo)
Ordinários: nascimento, morte, maioridade
Extraordinários: terremotos, raios, caso fortuito / força
maior
São ações humanas que criam, modificam, transferem
ou extinguem direitos
Atos Lícitos Atos Ilícitos
Produzem efeitos jurídicos voluntários, de acordo com
o ordenamento jurídico
Produzem efeitos jurídicos involuntários, em desacordo com o ordenamento jurídico
Dever de indenizar
A ação humana visa diretamente a alcançar um fim prático
permitido pela lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Necessidade de
vontade qualificada, sem vícios.Há escolha
(Ex.: compra e venda)
Ato Jurídico (Stricto Sensu)(ou meramente lícito)
Negócio Jurídico
Ato-Fato Jurídico
Efeito da manifestação está pré-determinado na lei, não há dose de escolha da categoria jurídica. Não há vontade qualificada, mas
simples intenção.(Ex.: notificação, reconhecimento de filho, uso, etc.) *Incapaz, p.ex.,
pode praticar
É potestativo o agente pode influir na esfera de
interesses de terceiro, quer ele queira ou não
Há uma composição de interesses, regramento
bilateral / unilateral de condutas.Ex.: contratos
Atos Lícitos
Não há vontade do agente, mas mera conduta, encarada como fato. Ex.: descoberta (tesouro) por louco
Ressalta-se a conseqüência do ato e
não a vontade do agente
1. Plano de Existência
REQUISITOS DE EXISTÊNCIA
(Faltando qualquer deles, o negócio
INEXISTE)
1.1 Declaração
de Vontade
Expressa
Tácita
(Ex. art. 111 C.C.) Silêncio
1.2 Finalidade Negocial
Vontade de criar, conservar, modificar ou extinguir direitos (sem ela é mero ato jurídico)
1.3 Idoneidade do Objeto
2. Plano de Validade:
Requisitos de
Validade
(caráter geral)
Capacidade do Agente
É a aptidão para intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário; outorgante e/ou outorgado
*Diferente da falta de legitimação
Incapacidade é suprida por representação e /ou assistência
Objeto lícito, possível,
determinado ou determinável
Lícito: É o que não atenta contra a lei, moral ou bons costumes
PossívelFisicamente
Juridicamente
Determinado ou Determinável
Forma Prescrita ou não defesa em lei
Forma Livre : é a regra no direito Brasileiro : serve qualquer manifestação de vontade
Forma Solene: é exigida pela lei como requisito de validade: Finalidade: assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a
livre manifestação de vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar sua prova
Forma Contratual: é a convencionada pelas parte
3. Plano de eficáciaPrimeiramente se analisa estarem presentes os
requisitos de existência e validade, depois verifica-se se o negócio jurídico é EFICAZ: ou seja se está
apto a produzir efeitos jurídicos.
P.Ex.: o negócio não pode estar pendente de alguma condição suspensiva, termo, etc.
Ex2.: testamento: enquanto o testador é vivo, o testamento existe, é válido, mas ainda não é eficaz.
Capacidade
Plena
Capacidade de Direito
(Aquisição de direitos)
(todos possuem)
Capacidade de Fato
(de Ação)
(de exercício dos direitos)
Capacidade é a medida da personalidade (possibilidade de figurar em uma relação jurídica)
Quem tem a penas a capacidade de direito, tem capacidade limitada e precisa de assistência e ou representação
INCAPACIDADE
Absolutamente Incapazes
1. Menores de 16 anos;
2. Os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
3. Os que, mesmo por causa transitória não puderem exprimir sua vontade.
Relativamente Incapazes
1. Menores entre 16 e 18 anos;
2. Ébrios habituais;
3. Viciados em tóxicos;
4. Os que por deficiência mental tenham o seu discernimento reduzido
5. Excepcionais sem desenvolvimento mental completo
6. pródigos
SÃO REPRESENTADOS!!!! SÃO ASSISTIDOS!!!
DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS:A vontade se manifesta com algum vício, tornando o negócio anulável:
Vícios de Consentimento
Erro
Dolo
Coação
Estado de Perigo
Lesão
Vícios Sociais
Fraude Contra Credores
Simulação
Provocam manifestação de
vontade diferente do que pensa o
agente
Vontade corresponde ao desejo mas visa
prejudicar terceiros
É causa de nulidade no C.C.
ERRO ou IGNORÂNCIA:• Erro é a falsa idéia da realidade.• Ignorância é o completo desconhecimento da
realidade• O Agente engana-se SOZINHO.• Art.138 C.C.: são anuláveis os negócios jurídicos
quando as declarações de vontade emanarem deerro SUBSTANCIAL * que poderia ser percebidopor pessoa de diligência normal, em face dascircunstâncias do negócio.
*Substancial é o essencial, escusável e real, além deser a causa do negócio.
DOLO:• É o induzimento malicioso de alguém à prática de
um ato que lhe é prejudicial, mas proveitoso aoautor do dolo ou a terceiro.
• Art.145 C.C.: são os negócios jurídicos anuláveispor dolo quando este for a sua *causa.
• É o chamado dolo principal. O acidental se dáquando a seu despeito o negócio seria realizado,mas de outro modo. Resolve-se em perdas edanos. Pode ser positivo ou negativo, mas deve ser“malus”
• Pode ser proveniente do outro contratante ou deterceiro (o outro contratante tem que terconhecimento)
COAÇÃO:• Emprego da violência psíquica para viciar a
vontade. É uma ameaça, uma pressão.
* Se violência física, inexiste o ato, por falta de vontade(ex.: aposição de digital de pessoa inconsciente)
• A vítima ou pratica o ato, ou assume asconseqüências da ameaça.
• Deve ser: a causa do ato, grave, injusta,ameaça de dano atual ou iminente à pessoaou membro da família, causar justo receio.
ESTADO DE PERIGO:• Quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se (el. Subjetivo), ou a pessoa de suafamília, de grave dano conhecido da outraparte, assume obrigação excessivamenteonerosa (el. Objetivo). Em estado denecessidade.
• É diferente da coação, pois não há ameaça deterceiro.
• O negócio é anulável, não há previsão derevisão do contrato.
LESÃO:• Quando alguém obtém um lucro exagerado,
desproporcional (el. Objetivo), aproveitando-seda inexperiência ou da situação de necessidade(el. Subjetivo) do outro contratante.
• Prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
• O contrato é anulável, independentemente doconhecimento da outra parte, que não induziu,apenas teve aproveitamento.
• Aqui pode haver a revisão (suplementação do valor)
FRAUDE CONTRA CREDORES:• É um vício social, pois visa prejudicar terceiros
(credores).
• Desfalque malicioso e substancial que o torne insolvente (eventus damni).
• O patrimônio do devedor deve responder por suas dívidas.
• Protege-se o adquirente de boa fé (só se anulará o negócio se o credor provar que o adquirente sabia). É o consilium fraudis (basta a ciência).
• O art. 159 presume a ma-fé do adquirente quando a insolvênciafor notória (vários títulos protestados, ações, etc.) ou quandohouver motivos pra ser conhecida do primeiro (parentesco, cítrico,posse dos bens continua nas mãos do vendedor, etc.)
•Hipóteses legais:art.158: transmissões gratuitas;remissão de dívidas;pagamento antecipado de dívidas vincendas econstituição de garantia a credor quirografário.
•Ação Pauliana ou Revocatória: visa ANULAR o negócio celebradoem fraude contra os credores. O C.C. não adotou a tese da ineficáciarelativa, mas sim da anulabilidade.Deve ser intentada pelos credores quirografários contra o devedorinsolvente e o adquirente.
FRAUDE CONTRA CREDORES
1. Visa à anulação do negócio
2. É defeito do negóciojurídico regulado no C.C.
3. Ainda não existem açõesou execução emandamento (pode haverprotestos)
4. Necessidade de açãopauliana
5. É preciso provar o conluiofraudulento, a menos quegratuita a alienação
FRAUDE À EXECUÇÃO
1. Visa à declaração deineficácia do negócio emface do credor
2. Incidente de processo civil
3. Pressupõe demanda emandamento, capaz de levarà insolvência o alienante(basta a distribuição)
4. Basta mera petição nosautos
5. Ma-fé sempre presumida
Simulação:• É uma declaração falsa, enganosa, da vontade,
visando aparentar negócio diverso doefetivamente desejado. Produto de conluioentre os contratantes, visando obter negóciodivergente do que aparenta.
• A vítima é estranha ao negócio (por issodiverge do dolo).
• É vício social porque visa iludir terceiros ouviolar a lei.
Simulação
Absoluta
As partes não realizam nenhum negócio. Apenas
fingem (Ex.: emissão de títulos de crédito frios, com posterior
dação em pagamento)
Relativa
As partes pretendem realizar determinado negócio,
prejudicial a terceiro ou em fraude a lei
Negócio simulado
(Aparente, destinado a
enganar)
Negócio Dissimulado ou
Oculto(Verdadeiramente
desejado)
Em ambos os casos
acarreta NULIDADE do negócio simulado
a.) interposição de pessoa;
b.) ocultação da verdade
c.) falsidade de data
Instrumento Particular:
• O art. 221 do C.C. diz:
O instrumento particular, feito e assinado,ou somente assinado por quem esteja nalivre disposição e administração dos seusbens, prova as obrigações convencionais dequalquer valor: mas, seus efeitos, bemcomo os da cessão, não se operam , arespeito de terceiros, antes de registrado noregistro público.
Eficácia do Instrumento Particular:
• Dá-se entre as partes, mas, para ocorrer em relação a terceiros, precisa ser registrada no registro público (art. 127,I da Lei 6.015/73)
• Para ter força executiva necessita da presença de duas testemunhas (585,II CPC).
• Não tem fé pública
• Prova certas obrigações, menos todas do art. 108CC e as de Direito de família
Garantias da Escritura Pública:• Presunção de veracidade e autenticidade – fé
pública• Pré-constituição de prova (da formação e dos
fatos que foram presenciados pelo notário – art. 364 CPC)
• Inversão do ônus da prova• Torna exeqüível a obrigação• Gera efeitos erga omnes• Garantia da idoneidade (sentido amplo) do
negócio
CONCLUSÃO
Considerando-se o custo benefício entre oinstrumento particular e a segurança jurídicaoferecida na escritura pública, conclui-se que,de longe, é mais vantajoso sempre optar-sepela ESCRITURA PÚBLICA. A não ser que aspartes desejem manter sigilo sobre onegócio, não vislumbro outro motivo para aescolha do instrumento particular.
CONSULTE SEMPRE UM TABELIÃO! A ORIENTAÇÃO É GRATUITA E A CERTEZA É DE
SEGURANÇA JURÍDICA E PREVENÇÃO DE LITÍGIOS.
PRISCILA DE CASTRO TEIXEIRA PINTO LOPES AGAPITO29ª tabeliã de notas da capital