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Serviço Público Federal Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Biologia Doutorado em Biologia Celular e Molecular ALTERAÇÃO NO PADRÃO DE EXPRESSÃO DE GENES ASSOCIADOS AO PERFIL LEUCEMOGÊNICO DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA INFANTIL: ANTES E DEPOIS DA QUIMIOTERAPIA DE INDUÇÃO Goiânia, 2013

Lysa Bernardes Minasi

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Page 1: Lysa Bernardes Minasi

Serviço Público Federal

Universidade Federal de Goiás

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Biologia

Doutorado em Biologia Celular e Molecular

ALTERAÇÃO NO PADRÃO DE EXPRESSÃO DE GENES ASSOCIADOS AO

PERFIL LEUCEMOGÊNICO DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA INFANTIL:

ANTES E DEPOIS DA QUIMIOTERAPIA DE INDUÇÃO

Goiânia, 2013

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Serviço Público Federal

Universidade Federal de Goiás

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Biologia

Doutorado em Biologia Celular e Molecular

ALTERAÇÃO NO PADRÃO DE EXPRESSÃO DE GENES ASSOCIADOS AO

PERFIL LEUCEMOGÊNICO DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA INFANTIL:

ANTES E DEPOIS DA QUIMIOTERAPIA DE INDUÇÃO

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação, Doutorado em

Biologia – Área de Concentração:

Biologia Celular e Molecular, do

Instituto de Ciências Biológicas, da

Universidade Federal de Goiás,

como requisito para a obtenção do

título de Doutora.

Orientanda: Lysa Bernardes Minasi, M.Sc.

Orientador: Prof. Dr. Aparecido Divino da Cruz, PhD.

Co-orientadora: Profa. Dra. Daniela de Melo e Silva

Goiânia, 2013

Page 4: Lysa Bernardes Minasi

iv

Page 5: Lysa Bernardes Minasi

v

O desenvolvimento das atividades experimentais da presente Tese contou com a

colaboração das seguintes instituições: Universidade Federal de Goiás (UFG) –

Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular do Instituto de Ciências

Biológicas (ICB); Núcleo de Pesquisas Replicon do Departamento de Biologia da

Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás); Laboratório de Citogenética

Page 6: Lysa Bernardes Minasi

vi

Humana e Genética Molecular do Estado de Goiás (LaGene/Lacen/SES-GO);

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Setor de

Imunofenotipagem do Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer de

Goiás.

Page 7: Lysa Bernardes Minasi

vii

A MINHA QUERIDA MÃE,

Pelo exemplo, incentivo e pelo amor,

DEDICO.

Agradecimentos

A realização deste trabalho só foi possível devido à colaboração de diversas

pessoas, agradeço:

À minha mãe, Heloísa Cury Bernardes Minasi, meu pai, Arivan Minasi (in

memoriam), minhas irmãs, Lays Bernardes Minasi e Lys Bernardes Minasi, e todos os

meus familiares, pelo amor, confiança e por terem sido continuamente meu alicerce,

desde o início.

Ao Prof. Dr. Aparecido Divino da Cruz, pela orientação exemplar, apoio,

generosidade, amizade e confiança ao longo destes 5 anos, sem os quais seria

impossível a finalização deste estudo. Minha eterna gratidão!

A Profa. Dra. Daniela de Melo e Silva, pela co-orientação positiva, disposição,

generosidade e pela sugestão do método utilizado. Obrigada pela amizade e carinho.

Ao Prof. Cláudio Carlos da Silva pelo apoio e sugestões. Obrigada pela amizade

e carinho.

Os meus agradecimentos especiais aos meus queridos amigos do Núcleo de

Pesquisas Replicon, agradeço pela compreensão e ajuda no desenvolvimento deste

estudo.

A grande amiga Fernanda Ribeiro Godoy pelo incentivo desde o início desta

etapa, principalmente na fase prática do estudo, sem ela tudo seria mais difícil. Aos

meus queridos amigos Alex Silva da Cruz, Emília de Oliveira Alves Costa, Thaís

Cidália Vieira, obrigada pela amizade, companheirismo e rizadas. Ao meu namorado,

Danilo Conrado Silva, pela paciência e companheirismo neste período e por sempre

estar ao meu lado.

Ao Dr. Raul Chavarria pelo grande incentivo e apoio para a realização deste

estudo.

Aos profissionais do Hospital Araújo Jorge, em especial à farmacêutica Caroline

do Setor de Imunofenotipagem e a Dr. Patrícia Carneiro do setor de Oncologia

Pediátrica.

Aos professores do Programa de Pós Graduação do Instituto de Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Goiás pela troca de experiências. Agradeço À

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela Bolsa de

Doutorado oferecida.

Page 8: Lysa Bernardes Minasi

viii

Meu cordial e afetuoso agradecimento a todas as pessoas que direta ou

indiretamente contribuíram para minha conquista.

SUMÁRIO

Instituições Participantes iii

Dedicatória iv

Agradecimento v

Lista de Figuras viii

Lista de Tabelas ix

Resumo 10

Abstract 11

1. Introdução 12

1.1 Leucemia Linfóide Aguda 12

1.1.1 Aspectos Epidemiológicos 14

1.1.2 Aspectos Moleculares 16

a) Genes ETV6 e RUNX1 (TEL e AML1) 19

b) Genes BCR e ABL1 22

c) Gene PTEN 23

d) Gene TAL1 (SCL, TCL5) 24

e) Genes BAX e BCL2 25

1.1.3 Fatores Prognósticos para a LLA 26

2. Justificativa 31

3. Objetivo 32

3.1 Objetivo Geral 32

3.2 Objetivo Específico 32

4. Material e Métodos 33

Page 9: Lysa Bernardes Minasi

ix

4.1 Delineamento do estudo 33

4.2 Caracterização das Amostras Biológicas. 33

4.3 Grupo Amostral 34

4.4 Extração de RNA 34

4.5 Transcrição Reversa e PCR Array 34

4.6 Análise Estatística 36

4.7 Considerações Éticas 36

5. Resultados 37

6. Discussão 47

7. Conclusão 59

8. Apêndice 61

9. Referências Bibliográficas 67

Page 10: Lysa Bernardes Minasi

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Frequência das alterações genéticas na LLA infantil. 18

Figura 2. Níveis de expressão dos genes investigados em associação ao perfil

leucêmico de crianças com LLA ao diagnóstico e D+28 e controles saudáveis.

40

Figura3. Comparação entre a expressão dos genes associado ao perfil leucêmico

da LLA infantil e seus controles por ocasião do diagnóstico após a normalização

dos dados referentes aos genes isolados.

41

Figura 4. Comparação entre a expressão dos genes de acordo com a leucometria ao

diagnóstico.

43

Figura 5. Distribuição dos níveis de expressão em pacientes com LLA-B, LLA-T

e CD10+.

44

Figura 6. Representação gráfica da expressão dos genes em cada grupo de

pacientes com LLA avaliados.

45

Figura 7. Dendograma indicando os graus de amplicação dos genes em cada

grupo estudado nos pacientes com LLA infantil em Goiás.

46

Page 11: Lysa Bernardes Minasi

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela I. Fatores Prognósticos associados à estratificação de risco na LLA

infantil.

28

Tabela II. Condições de ciclagem recomendadas. 35

Tabela III. Aspectos clínico-laboratoriais das crianças com LLA participantes da

investigação de genes associados ao perfil leucêmico por qPCR array em Goiânia

(Brasil), segundo o GBTLI LLA-99.

38

Tabela IV. Padrão de expressão gênica ao diagnóstico e no D+28. 40

Tabela V. Padrão de expressão gênica de crianças com LLA segundo

estratificação da idade ao diagnóstico.

42

Tabela VI. Padrão de expressão gênica em crianças com LLA segundo

leucometria ao diagnóstico.

42

Tabela VII. Padrão de expressão gênica nos imunofenótipos B e T e marcador

CD10+ na LLA ao diagnóstico.

44

Tabela VIII. Padrão de expressão gênica nos grupos de baixo e alto risco para

recaída.

45

Page 12: Lysa Bernardes Minasi

12

RESUMO

A LLA é uma desordem maligna que origina de uma célula precursora do

sistema linfo-hematopoético comprometida para o desenvolvimento da linhagem de

linfócitos B ou T. A aquisição pela célula precursora de uma série de anormalidades

genéticas, altera seu processo normal de maturação, conduzindo a parada na

diferenciação celular e vantagem proliferativa do clone leucêmico sobre as células do

tecido hematopoético. Mais de 50 alterações genéticas recorrentes tem sido

identificadas na LLA. Estas frequentemente envolvem genes com papel conhecido ou

putativo no desenvolvimento dos linfócitos e no processo da leucemogênese. Neste

estudo, a variação da expressão dos marcadores moleculares, foi analisada utilizando a

metodologia de PCR array, em 16 crianças com LLA ao diagnóstico e no final da

quimioterapia de indução. Tais pacientes foram diagnosticados no HAJ e na SCMG, no

período de maio de 2012 a janeiro de 2013. As amostras de medula óssea ou sangue

periférico foram enviadas ao NPReplicon-PUC-GO. No presente estudo foi possível

observar uma correlação negativa entre as variáveis sexo e o imunofenótipo (p = 0.016),

ou seja, pacientes do sexo feminino tem uma maior associação com o imunofenótipo B

e menor associação com o imunofenótipo T. Foi observado também uma correlação

positiva entre imunofenótipo e idade (p = 0.04), imunofenótipo e marcador CD10+ (p =

0.03), imunofenótipo e grupo de risco (p = 0.015) e marcador CD10+ e grupo de risco

(p = 0.043). Antes do tratamento o gene RUNX1 encontrou-se com um aumento da

expressão em 5,0 vezes em relação ao grupo controle e após a quimioterapia de indução

foi observado uma redução na sua expressão. O padrão de expressão do gene TAL1

apresentou significativa diminuição, com exceção da análise pós tratamento que

demonstrou um aumento da sua expressão. Uma correlação positiva foi observada entre

a expressão de BAX e BCL2 (r = 0,94 e p < 0,0001). A partir do perfil de expressão de

cada gene analisado, demonstramos no presente estudo uma diferença significativa no

padrão de expressão gênico da LLA ao diagnóstico e após a terapia de indução.

Concluímos nossa observação com relação ao perfil de expressão gênica nos pacientes

com LLA incluídos neste estudo, mas para definirmos um painel de marcadores

moleculares é necessário a avaliação de diversos outros genes que participam do

processo da leucemogênese na LLA com auxílio de outras metodologias.

Palavras chave: expressão gênica; leucemogênese; fase de indução.

Page 13: Lysa Bernardes Minasi

13

ABSTRACT

The ALL is a malignant disorder that originates from a precursor cell lympho-

hematopoietic system compromised for the development of B or T lymphocyte lineage.

The precursor cell acquisition by a series of genetic abnormalities alters the normal

process of maturation leading to cellular differentiation arrest and leukemic clone

proliferative advantage on cells of hematopoietic tissue. More than 50 recurrent genetic

alterations have been identified in the ALL. These often involve genes known or

putative role in the development of lymphocytes and in the case of leukemogenesis. In

this study, the variation in the expression of molecular markers was analyzed using PCR

methodology array on 16 children with ALL before treatment and at the end of

induction chemotherapy (D +28). These patients were diagnosed in HAJ and SCMG,

from May 2012 to January 2013. Samples of bone marrow or peripheral blood were sent

to NPReplicon-PUC-GO. In the present study we observed a negative correlation

between gender and immunophenotype (p = 0.016), females have a greater association

with immunophenotype B and less associated with immunophenotype T. We also

observed a positive correlation between immunophenotype and age (p = 0.04),

immunophenotype and marker CD10 + (p = 0.03), immunophenotype and risk group (p

= 0.015) and marker CD10 + and risk group (p = 0.043). Before treatment the gene

RUNX1 met with increased expression by 5.0 times compared to the control group and

after induction chemotherapy was observed a reduction in its expression. The

expression pattern of the gene TAL1 showed significant decrease, with the exception of

post-treatment analysis showed that an increase in its expression. A positive correlation

was observed between the expression of BAX and BCL2 (r = 0.94 and p <0.0001. We

demonstrated a significant difference in gene expression pattern of ALL at diagnosis

and after induction therapy. We conclude our observation regarding the gene expression

profile in patients with ALL enrolled in this study, but to define a panel of molecular

markers is necessary to evaluate several other genes involved in the process of

leukemogenesis in ALL with the help of other methodologies.

Keywords: gene expression; leukemogenesis; induction phase.

Page 14: Lysa Bernardes Minasi

14

1. Introdução

1.1 Leucemia Linfóide Aguda

A transformação celular maligna envolve a obtenção de uma série de alterações

genéticas e epigenéticas que modificam os programas de desenvolvimento celular

normal, resultando em um clone neoplásico com propriedades de crescimento

desregulado. Acredita-se que para as leucemias agudas o acúmulo de várias alterações

transformem uma célula hematopoética normal em uma célula leucêmica, que

apresentará parada na diferenciação celular, aumento da proliferação celular,

diminuição da apoptose, manutenção de telômeros e maior capacidade de auto

renovação. Em conjunto, estas modificações celulares resultam na geração de um clone

de células blásticas leucêmicas altamente proliferativo com uma vantagem de

sobrevivência e ilimitado potencial de replicação (Kennedy & Barabe, 2008).

A Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é uma desordem maligna que origina de

uma célula precursora do sistema linfo-hematopoético comprometida para o

desenvolvimento da linhagem de linfócitos B ou T. A aquisição pela célula precursora

de uma série de anormalidades genéticas, altera seu processo normal de maturação,

conduzindo a parada na diferenciação celular e vantagem proliferativa do clone

leucêmico sobre as células do tecido hematopoético (Ribeiro, 2001).

A etiologia da LLA ainda é objeto de ampla discussão entre os especialistas.

Alguns fatores têm sido associados à leucemogênese como: os efeitos da exposição

individual à radiação ionizante, exposição a fármacos, constituição genética e

imunológica que gera suscetibilidade individual e, finalmente, a infecção viral dos

afetados. Além dos fatores de riscos ambientais, algumas anomalias cromossômicas

constitucionais estão associadas a uma maior susceptibilidade à LLA, como síndrome

de Down, síndrome de Bloom, Síndrome de Nijmegen, Anemia de Fanconi e Ataxia-

telangiectasia (Greaves, 1997; Wiemels et al., 1999; De Oliveira et al., 2004; Greaves,

2006).

Há amplos registros na literatura que associam a LLA à Síndrome de Down

(SD). Estudos sugerem um risco aumentado de 10 a 20 vezes de leucemia em crianças

com SD, sendo a LLA presente em 1 para cada 300 crianças com SD versus 1 em 3500

crianças sem a SD (Maloney, 2011). Entretanto, a relação entre os agentes

Page 15: Lysa Bernardes Minasi

15

predisponentes e o desenvolvimento das leucemias pode apenas ser demonstrada em

uma proporção pequena dos casos. Assim, ainda permanece obscura a resposta da

maioria das questões sobre a causa das leucemias.

Os principais sinais e sintomas da LLA são atribuídos à substituição das células

hematopoéticas normais pelas células leucêmicas, assim como, pelo crescimento

descontrolado destas células no tecido linfóide e em sítios extramedulares. As queixas

mais comuns incluem fadiga, letargia acompanhada de febre e dores ósseas e

articulares. Adenomegalia também é um achado comum e geralmente é generalizada e

indolor (Lukes, 1998).

A classificação morfológica da LLA foi desenvolvida em 1976 por um grupo de

hematologistas Franceses, Americanos e Britânicos (classificação FAB), para definir os

subtipos morfológicos com base em quatro variáveis observadas ao microscópio ótico,

que são: (1) Diâmetro celular; (2) Forma do núcleo; (3) Número e protuberância dos

nucléolos e (4) Quantidade e aspecto relativos ao citoplasma (Dos Anjos et al., 2000).

Segundo a classificação FAB, a LLA possui subtipos diferenciados de acordo com o

estágio de desenvolvimento celular e foi classificada morfologicamente em: L1, L2 e L3

(Farias et al., 2004)

Com o desenvolvimento das técnicas de citometria de fluxo, o padrão de

expressão dos antígenos de diferenciação das células passou as ser utilizado. A

imunofenotipagem na LLA é bastante precisa, permitindo identificar a linhagem celular

e o nível de diferenciação em que se encontra o processo leucêmico. Além disso, a

distinção de marcadores celulares anormais permite o seguimento do paciente para

avaliação da resposta terapêutica. Na LLA, a linhagem de células B representa 80 a 85

% dos casos enquanto a de células T representa de 15 a 20% dos casos (Pui et al.,

2008).

O grupo EGIL (European Group for the Immunological Characterization of

Leukemias) simplificou a caracterização das LLA, padronizando as diferentes

nomenclaturas utilizadas por diferentes pesquisadores na área de imunofenotipagem

celular. As LLA infantil de células B são subdivididas em 4 estágios: B-I (Pró-B), B-II

(Comum), B-III (Pré-B) e B-IV (B-maduro), do fenótipo mais imaturo para o mais

maduro. O subtipo mais comum é o B-II ou LLA-comum correspondendo a 75% dos

casos e os subtipos mais raros são o mais imaturo representado por 5% dos casos

pediátrico e o mais maduro presente em 2% a 5% dos casos. As células da linhagem T

Page 16: Lysa Bernardes Minasi

16

podem ser caracterizadas em três estágios de acordo com os antígenos de superfície

celular: pré-T (T-I); T-imtermediário (T-II) e T- Maduro (T-III) (Bene et al., 1995;

Bene, 2005; Bacal et al., 2003).

O tratamento para LLA compreende três fases: indução da remissão,

intensificação ou consolidação e manutenção. A maioria dos medicamentos utilizados

foram desenvolvidos antes de 1970, no entanto, suas doses e combinações foram

otimizadas com base nas características biológicas das células leucêmicas, resposta ao

tratamento (DRM), farmacodinâmica e farmacogenômica identificadas nos pacientes,

resultando em uma alta taxa de sobrevida (Stanulla & Schrappe, 2009).

A terapia de indução da remissão compreende um período de 4 a 6 semanas,

sendo esperado a restauração (remissão completa) da hematopoese em 96 a 99% das

crianças. A quimioterapia geralmente inclui um glicocorticóide (predinisona ou

dexametasona), vincristina e asparaginase. Crianças classificadas com LLA de alto risco

ou muito alto risco recebem uma ou mais drogas adicionais incluindo antraciclina.e

ciclofosfamida, entretanto, a intensificação da terapia de indução pode levar ao aumento

da morbidade e mortalidade. Pacientes BCR-ABL positivo tem pior prognóstico, mas se

beneficiam com tratamento quando adicionado os inibidores de tirosina quinase

(imatinibi, dasatinibi, etc) (Bassan & Hoelzer, 2011).

A terapia de intensificação pós-remissão (consolidação) melhora a resposta do

paciente mesmo nos que foram classificados como de baixo risco. Os protocolos

comumente usados incluem metotrexato em altas doses com mercaptopurina diária, e

uma combinação de alta dose de asparaginase administrada por um período prolongado,

juntamente com vincristina, dexametasona ou baixa dose de metotrexato. A terapia de

manutenção normalmente tem a duração de 2 anos ou mais e compreende

principalmente, mercaptopurina diariamente e metotrexato semanal com ou sem pulsos

intermitentes de vincristina e dexametasona (Bassan & Hoelzer, 2011; Pui & Evans,

2006).

1.1.1 Aspectos Epidemiológicos

Estima-se que a incidência dos tumores pediátricos no mundo varie de 1% a 3%

do total de casos de câncer. O percentual mediano dos tumores pediátricos observados

nos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) brasileiros encontra-se próximo

Page 17: Lysa Bernardes Minasi

17

de 3% (Brasil, 2008). Como, para o Brasil, em 2012, à exceção dos tumores da pele não

melanoma, estimam-se 384.340 casos novos de câncer, depreende-se, portanto, que

ocorrerão cerca de 11.530 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até os 19

anos (Brasil, 2012).

A leucemia é o tipo mais frequente de câncer infantil na maioria das populações,

correspondendo entre 25% e 35% de todos os tipos, sendo a Leucemia Linfoide Aguda

(LLA) a de maior ocorrência em crianças de 0 a 14 anos. Na população infantil, a LLA

é cinco vezes mais incidente do que a Leucemia Mielóde Aguda (LMA), sendo a causa

de aproximadamente 3/4 de todo o diagnóstico de leucemia em crianças (Belson et al.,

2007). A LLA representa aproximadamente 15% de todas as neoplasias malignas em

indivíduos entre 1 e 15 anos de idade, 5% entre 15 a 19 anos e <10% em maiores de 20

anos (Sallan et al., 2006).

Embora a LLA possa ocorrer em qualquer idade, sua incidência é maior entre

crianças de 2 a 5 anos, numa proporção de cerca de 70% dos casos. A incidência

diminui com o avanço da idade. Entre adolescentes e adultos jovens, a incidência das

leucemias agudas é de cerca de 20%, voltando a aumentar após a sexagésima década de

vida (Farias et al., 2004). Estima-se que 6.000 novos casos (masculino: feminino

prevalência de cerca de 1,3:1) de LLA são diagnosticados anualmente nos Estados

Unidos. Os pacientes são principalmente crianças, cerca de 60% dos casos ocorrem em

pessoas com idade inferior a 20 anos (Siegel et al., 2012).

No Brasil, as últimas informações disponíveis para a mortalidade mostram que,

no ano de 2009, o óbito por neoplasias, para a faixa etária de 1 a 19 anos, encontrou-se

entre as dez primeiras causas de morte. A partir dos 5 anos, a morte por câncer

correspondeu à primeira causa de morte por doença em meninos e meninas (Brasil,

2012).

Um estudo foi conduzido em 12 países da América latina durante 25 anos (1984-

2004), com objetivo de avaliar a mortalidade em crianças menores do que 15 anos e

adultos jovens (15 a 24 anos) com leucemia. Os resultados deste estudo indicaram que a

taxa de mortalidade entre os adultos jovens apresentou um declínio, contudo menos

significativo do que o observado em menores de 15 anos. A taxa de mortalidade para

adultos jovens no México apresentou um aumento significativo para ambos os sexos.

Para os outros países (Brasil, Chile, Colombia, Cuba, República Dominicana, Equador,

Paraguai, Uruguai e Venezuela) não foi evidenciado mudanças na taxa de mortalidade

Page 18: Lysa Bernardes Minasi

18

nas últimas duas décadas. Os resultados do estudo apontaram para uma necessidade

global de avanços terapêuticos, especificamente para a população de adultos jovens,

semelhantes as melhorias ocorridas nos protocolos terapêuticos da leucemia infantil. Os

autores ainda chamaram a atenção em especial para o aumento significativo nas taxas de

mortalidade observadas no México (Curado et al., 2011).

Em alguns países em desenvolvimento, aonde a população de crianças chega a

50% da população, a proporção do câncer infantil representa de 3% a 10% do total de

neoplasias. Já nos países desenvolvidos, essa proporção diminui, chegando a cerca de

1%. A mortalidade também possui padrões diferentes. Enquanto, nos países

desenvolvidos, o óbito por neoplasia é considerado a segunda causa de morte na

infância, correspondendo a cerca de 4% a 5% de óbitos entre crianças de 1 a 14 anos,

em países em desenvolvimento essa proporção é bem menor, cerca de 1%. Estas

diferenças nas taxas pode ser explicada pelo fato de que nos países em desenvolvimento

as mortes por doenças infecciosas apresentam-se como as principais causas de óbito

infantil (Ferlay et al., 2010).

Estudo realizado em Goiânia com 263 casos de câncer infantil, no período de

1988 a 1996, envolvendo crianças menores de 15 anos, avaliou as tendências de

incidências de mortalidade por neoplasias infantis. Os resultados demonstraram que as

leucemias e linfomas ocorreram em 45,3% dos casos. As leucemias representaram as

neoplasias mais comuns, correspondendo a 27% de todos os casos de câncer infantil em

Goiânia. Em seguida os linfomas e os tumores do sistema nervoso central que

contabilizaram 18,3% dos casos. No grupo das leucemias, o tipo mais predominante foi

o da leucemia linfóide aguda (LLA), correspondendo a 66,2% de todos os casos

registrados. Em relação aos casos de mortalidade por câncer infantil em Goiânia, no

período de 1978 a 1996, 371 crianças menores de 15 anos morreram de neoplasias

malignas, representando 2,3% a mortalidade geral das crianças durante o período

referido. A maioria dos óbitos ocorreu entre os meninos menores de 5 anos (Curado et

al., 2000).

1.1.2 Aspectos Moleculares

A LLA é uma doença heterogênea com subtipos que diferem acentuadamente

em suas características celulares e moleculares, assim como na resposta ao tratamento e

subsequente risco de recidiva. Estudos genéticos têm sido utilizados para classificar a

Page 19: Lysa Bernardes Minasi

19

LLA infantil em diferentes subtipos. O desenvolvimento de tecnologias genômicas de

alta resolução tem revolucionado o campo da genética aplicada aos estudos do câncer.

Nos últimos anos, a comunidade científica tem se empenhado para identificar um

padrão de perfil genômico da LLA, por meio de metodologias de alta resolução. A

determinação de assinaturas gênicas permite uma melhor compreensão do processo de

leucemogênese que pode influenciar na responsividade terapêutica, e finalmente

poderão ser traduzidas em novas ferramentas prognósticas e identificação de alvos

terapêuticos.

Aproximadamente 75% dos casos da LLA infantil abrigam alterações

cromossômicas recorrentes detectáveis pelo estudo do cariótipo, FISH ou técnicas

moleculares (Beroukhim et al., 2010). Na LLA-B, estas alterações incluem

hiperdiploidia com ganho de pelo menos 5 cromossomos incluindo X, 4, 6, 10, 14, 17,

18 e 21, hipodiploidia com menos de 44 cromossomos, e translocações recorrentes

como, t (12,21) (p13; q22) que codifica ETV6-RUNX1, t (1,19) (q23; p13) codificando

TCF3-PBX1, t (9;22) (q34, q11) que codifica os genes de fusão BCR-ABL1, rearranjo de

MLL em 11q23 com uma gama de outros genes envolvidos e rearranjo de MYC com

genes que codificam receptores de antígenos (Campana & Pui, 2013). As principais

alterações genéticas das LLA-B e LLA-T estão apresentadas na Figura 1.

A análise por Hibridação Fluorescente in situ (FISH) tem demonstrado que a

fusão ETV6-RUNX1 é a anormalidade genética mais comum da LLA na infância, sendo

encontrada em aproximadamente 25% dos casos. A translocação está associada com

baixa contagem de leucócitos, idade entre 2 e 10 anos, início precoce da doença,

imunofenótipo da linhagem B e bom prognóstico (Artigas, 2006).

Embora a LLA hipodiplóide já esteja reconhecida como um subtipo de alto risco

para recidiva e que pode ser subdividida citogeneticamente em near-hipodiplóide (24 a

31 cromossomos), baixa hipodiploidia (32 a 39 cromossomos) e alta hipodiploidia (40 a

43 cromossomos) a base genética destas variantes foram descobertas recentemente em

um estudo utilizando metodologias para avaliação do genoma por completo e

sequenciamento de exomas. Casos near-haplóides apresentaram alterações envolvendo a

sinalização de receptores de tirosina quinase e sinalização de Ras, enquanto os casos

com baixa hipoplodiploidia demonstraram alterações nos genes TP53 e RB1 (Holmfeldt

et al., 2013)

Page 20: Lysa Bernardes Minasi

20

A LLA-T é caracterizada por mutações que levam a ativação do gene NOTCH1

e rearranjos de fatores de transcrição TLX1 (HOX11), TLX3 (HOX11L2), LYL1, TAL1,

TAL2, LMO1, LMO2 e LYL1, assim como na LLA-B rearranjos com gene MLL podem

ser observados. Outros achados recorrentes na LLA-T são a ativação constitutiva da

sinalização down-stream ao receptor de células T (TCR), independentemente do

encontro com o antígeno, devido a mutações seguintes de genes que codificam quinases

assim como ABL1, LCK e RAS. Alternativamente, deleções de genes que codificam

reguladores negativos da sinalização celular assim como fosfatases e PTEN levam a

transcrição constitutiva de genes de sobrevivência (Szczepański, 2010; Graux, 2011).

Os rearranjos envolvidos com o TCR são responsáveis pelo aumento da expressão de

protooncogenes, alguns deles estão envolvidos diretamente ou indiretamente no

desenvolvimento da leucemia de células T, são eles NOTCH1, MYB, HOXA, TAL1 e

outros (Graux 2011).

Com o surgimento de metodologias que avaliam o genoma por completo novas

alterações já foram identificadas e tem um papel importante na leucemogênese. Uma

das alterações recentemente identificadas está caracterizada pelo aumento da expressão

do gene CRFL2 em 5% a 7% dos casos de LLA-B e notavelmente presente em 50% dos

* iAMP21 (intrachromosomal amplification of chromosome 21)

Figura 1. Frequência das alterações genéticas na LLA infantil

Adaptado de Mullighan, 2012

Alterações genéticas mais frequentes na LLA-B

Novas alterações gênicas na LLA

Outras alterações genéticas na LLA-B

Alterações genéticas mais frequentes na LLA-T

Outras alterações genéticas na LLA-T

Page 21: Lysa Bernardes Minasi

21

pacientes com LLA e Síndrome de Down. Muitos destes casos apresentam

translocações envolvendo um gene tirosina quinase (JAK), e provavelmente os pacientes

necessitarão de um tratamento quimioterápico mais intenso. Outro subtipo é

denominado de LLA BCR-ABL1-like, correspondendo a aproximadamente 10% dos

casos de LLA-B e exibe um padrão de expressão gênico similar a LLA-B com alteração

em IKZF1 e BCR-ABL1 positivo (Pui & Evans, 2013).

A amplificação intra cromossômica do cromossomo 21 ocorre em 2% dos casos

de LLA-B, e foi originalmente definida, utilizando a técnica de FISH, como um ganho

de pelo menos três cópias do gene RUNX1. Estudos subsequentes demonstraram que a

região de amplificação é tipicamente grande e complexa e frequentemente acompanhada

de deleção em regiões sub-telomericas do cromossomo 21. As consequências funcionais

da amplificação ainda são desconhecidas, mas é importante identificar este tipo de

alteração, pois este subtipo está associado com pior resposta ao tratamento (Moorman et

al., 2010; Robinson et al., 2007).

Mais de 50 alterações genéticas recorrentes têm sido identificadas na LLA. Estas

frequentemente envolvem genes com papel conhecido ou putativo no desenvolvimento

dos linfócitos e no processo da leucemogênese. Geralmente os genes envolvidos

codificam reguladores do desenvolvimento dos linfócitos (PAX5, IKZF1, e EBF1),

fatores de transcrição (ETV6, ERG), moléculas de sinalização dos linfócitos (BTLA,

CD200, BLNK, VPREB1), reguladores do ciclo celular, da apoptose e supressores de

tumor (CDKN2A/CDKN2B, ATM, BCL2, BAX, RB1, PTEN,) e menos comumente,

reguladores de resposta aos fármacos (receptor NR3C1de glicocorticoides) (Mullighan,

2011).

Os genes comentados abaixo representam os genes que estão comumente

alterados na LLA infantil e que foram avaliados no presente estudo. As alterações no

perfil de expressão dos mesmos podem ser decorrentes principalmente de alterações

citogenéticas e alterações do número de cópias (ganho ou perda). As deleções são mais

comuns do que as amplificações gênicas e são normalmente focais estando relacionadas

a apenas um gene. A natureza e a frequência destas alterações estão associadas a

linhagem celular e o subtipo citogenético da LLA (Inaba et al.,2013).

a) Genes ETV6 e RUNX1 (TEL e AML1)

. O gene TEL (do inglês Translocation Ets Leukemia gene) foi inicialmente

identificado por sua fusão com o gene PDGFRβ (do inglês, platelet-derived growth

Page 22: Lysa Bernardes Minasi

22

factor receptor beta) em um paciente com Leucemia Mielomonocítica Crônica com a

t(15;12)(q33;p13) (Raimondi et al., 1997). Posteriormente, ele foi renomeado para

ETV6 (do inglês ets variant gene 6) por uma comissão de nomenclatura para evitar

confusão com a abreviação de telômero. O gene codifica um fator de transcrição da

família ETS (do inglês E-26 transforming specific), como outros membros desta

família, funciona como um regulador transcricional sequência específico de ligação ao

DNA (Wang et al., 1998).

O produto deste gene contém dois domínios funcionais: PNT (do inglês, N-

terminal pointed domain) que está envolvido na interação proteína-proteína e o domínio

C-terminal de ligação ao DNA. Embora geralmente presente em malignidades

hematopoéticas, o gene TEL está normalmente expresso em tecidos hematopoéticos e

não hematopoéticos. Estudos knockout do gene TEL em camundongos sugeriram que

ele está envolvido na hematopoese da medula óssea e manutenção da rede vascular.

Sendo, portanto, a primeira proteína transcricional necessária para a hematopoese na

medula óssea (Rubnitz et al., 1999). Estudos recentes, que relataram rearranjos

cromossômicos envolvendo 12p13 observaram associação do gene TEL em leucemias

de origem mielóide e linfóide (Irvin et al., 2003; Berna Berveloo et al., 2001),

fibrossarcomas congênitos (Knezevich et al., 1998) e carcinoma secretório análogo

mamário (Connor et al., 2012)

Uma evidência adicional de que ETV6 pode desempenhar o papel de supressor

de tumor vem de estudos in vivo e in vitro da sua função fisiológica. Rompaey et al.,

(2000) observaram que a superexpressão do gene TEL retardou a proliferação de

diversos tipos celulares pela indução da parada do ciclo na fase G1 e ainda inibiu a

transformação celular mediada por RAS. O aumento da expressão de ETV6 de células

de eritroleucemia em camundongos aumentou sua diferenciação em eritrócitos enquanto

que a introdução de um mutante dominante negativo de ETV6 bloqueou este efeito. Foi

também demonstrado que a expressão do ETV6 tem um pico durante os 3 primeiros dias

de diferenciação das células da eritroleucemia. A indução da expressão de ETV6 em

células NIH3T3 levou a um aumento na apoptose, possivelmente através da repressão

transcricional direta do promotor de Bcl-XL. Apesar de reconhecer que os níveis de

TEL excederam as da proteína endógena, o efeito inibitório descrito forneceu uma

justificativa para a presença da perda do alelo TEL em leucemias e alguns tumores

sólidos (Bohlander, 2005).

Page 23: Lysa Bernardes Minasi

23

O RUNX1 (do inglês Runt-related transcription fator), também conhecido como,

AML1, CBFA2, CBFA2, EVI-1, AMLCR1, PEBP2Ab e AML1-EVI-1 está localizado na

região do cromossomo 21q22, é essencial no desenvolvimento de todas as linhagens

celulares hematopoéticas, incluindo das células linfóides. Ele codifica um fator de

transcrição que contém um domínio Runt com 128 aminoácidos e um domíno de

transativação com 80 aminoácidos. Através do domínio Runt, RUNX1, é capaz de ligar

ao DNA de seu alvo, este domínio também permitirá a heterodimerização com CBFβ

que aumenta a atividade de ligação ao DNA da proteína RUNX1. A atividade de ligação

ao DNA com o CBFβ é crítica para a expressão tecido específica de vários genes

hematopoéticos específicos (Mavrothalassitis et al., 2000; Mikhail et al., 2002).

O RUNX1, em condições normais, se liga a sequências regulatórias

transcricionais do tipo enhancer como um heterodímero com o CBFβ, e juntos recrutam

um complexo de ativação transcricional que incluem proteínas com atividade de

acetilases histonas. Os resíduos de lisina acetilato destas proteínas nas histonas centrais,

abrem à estrutura da cromatina e levam a ativação transcricional do gene RUNX1, que

tem um papel central na hematopoese. A presença da proteína de fusão ETV6-RUNX1

resultante da t(12;21) mantem à habilidade de ligação a sequência enhancer e forma o

heterodímero com CBFβ. Diferentemente da proteína RUNX1 normal, ele recruta um

correpressor transcricional que inclui proteínas com atividade de desacetilase, que

remove os grupos acetil das histonas, resultando no fechamento da cromatina e

repressão da transcrição. Estas modificações na cascata de transcrição, mediada pelo

AML1 normal, alteram a capacidade de renovação e diferenciação da célula tronco

hematopoética (Pui et al., 2004).

Foi observado que o nível de expressão do AML1 estava significativamente

elevado nos grupos de LLA com a presença e ausência da t(12;21) quando comparado

com o grupo controle. Isto pode ser devido o fato de que a expressão de AML1 é

necessária para a proliferação, visto que o AML1 regula a transição da fase G1 para S do

ciclo celular. Estudos ainda demonstraram que a alta expressão do TEL-AML1, AML1-

TEL, e AML1 está relacionada com pior prognóstico quando existe positividade para a

t(12;21) na LLA infantil (Stams et al., 2005).

A haploinsuficiência de RUNX1 tem sido relacionada com uma forma de

desordem plaquetária familial com predisposição para leucemia mielóide aguda (LMA).

Ademais, mutações pontuais em neste gene têm sido relatadas na LMA e na leucemia

Page 24: Lysa Bernardes Minasi

24

mielóide crônica (LMC), resultando em um defeito funcional da proteína, assim como a

amplificação em tandem já foi observada em alguns casos de LLA infantil. Estas

observações fortemente sugerem que o nível de expressão de RUNX1 é crucial para a

diferenciação hematopoética, e que o aumento da expressão ou a haploinsuficiência

deste gene pode ser um importante fator que contribui para a patogênese e progressão da

LLA (Mikhail et al.,2002; Song et al., 1999).

Estudos conduzidos, com crianças portadoras da LLA, observaram uma

amplificação em tandem do RUNX1, sugerindo que a sua expressão aumentada tenha

um papel etiológico na LLA. No entanto, ainda não está muito claro se cópias

adicionais deste gene resultam na sua expressão aumentada. Utilizando-se o método de

RT-PCR, foi observado uma expressão significativamente maior em relação ao grupo

controle em 18 das 41 crianças avaliadas com LLA (43,9%). Na maioria dos casos o

aumento da expressão de AML1 estava associada com anormalidades no cromossomo

21, trissomia do 21 não constitucional ou cópias em tandem do gene no der(21).

Entretanto, parece que existem outros mecanismos que resultam na alta expressão de

AML1 sem mudanças óbvias do gene. É possível que nestes casos a atividade do seu

promotor possa estar alterada (Niini et al., 2000; Mikhail et al.,2002; Mkrtchyanet al.,

2012).

b) Genes BCR e ABL1

O gene de fusão BCR-ABL1 é resultado da t(9;22)(q34;q11). A região de quebra

no gene ABL ocorre principalmente entre os éxons a1 e a2. No cromossomo 22 a quebra

mais frequente e predominante na LLA é na minor cluster region (m-bcr) entre os éxons

e1 e e2. Porém em 1/3 dos casos de LLA Ph+, a quebra ocorre na major cluster region

(M-bcr) entre os éxons e2 e e3 ou e3 e e4. As proteínas quiméricas p210 e p190

resultam dos rearranjos M-BCR/ABL e m-BCR/ABL, respectivamente. As células

blásticas na LLA tipicamente expressam p190, mas a expressão da p210 tem sido

observada em alguns casos, principalmente em adultos. A proteína de fusão promove

uma desregulação da atividade de tirosina quinase (Scharappe et al., 1998; El-Sissy et

al., 2006; Hantschel, 2012).

O termo breakpoint cluster region (BCR) refere-se a uma área de 5.8 Kb no

cromossomo 22. O produto normal do gene BCR é de 160Kda e contem inúmeros

domínios. Estes incluem um domínio de oligomerização, domínio quinase atípico S/T,

Page 25: Lysa Bernardes Minasi

25

domínio de ligação ao homólogo de SH2, domínio GEF (guanine nucleotide 25poptóti

25popt) e um domínio GAP com atividade de GTPase (Clokie et al., 2005).

A proteína c-ABL faz parte da classe de SFKs (família Src de quinases), e é o

protótipo de uma subfamília que inclui dois membros, o c-ABL e Arg. Demonstra uma

organização modular e são caracterizadas por uma região N-terminal, seguida do

domínio SH3, SH2 e núcleo central. Está localizada em vários sítios celulares, incluindo

núcleo, citoplasma, mitocôndria, retículo endoplasmático e córtex celular. O c-ABL

nuclear modula a resposta celular induzida por danos no DNA, e participa da inibição

do crescimento celular e promoção da apoptose. O papel do c-ABL citoplasmático tem

sido relacionado à participação em cascatas de sinalização celular que são ativadas por

estímulos extracelulares (Panjarian et al., 2013).

O c-ABL interage com uma variedade de proteínas celulares, incluindo

adaptadores da sinalização, quinases, fosfatases, reguladores do ciclo celular, fatores de

transcrição e proteínas do citoesqueleto. Têm participações funcionais em intervalos de

processos celulares como regulação do crescimento e sobrevivência celular, stress

oxidativo e resposta a danos no DNA, dinâmica da actina e migração celular. Um

controle temporal e espacial da atividade de quinase do c-ABL é essencial, como uma

atividade aberrante que está associada com oncoproteína BCR-ABL que leva a

diferentes formas de leucemia em humanos. Semelhante a muitas tirosinas quinases, a

família ABL compreende uma forma oncogênica que exibe uma estrita localização

citoplasmática e uma atividade de quinase desregulada. Esta inclui a oncoproteína

retroviral v-ABL da leucemia de murinos e a fusão BCR-ABL em humanos que está

relacionada com a LMC e LLA (Hantschel & Superti-Furga, 2004).

c) Gene PTEN

O supressor de tumor PTEN (tumor homólogo de tensina e fosfatases) foi

identificado em 1997 como um gene relevante, localizado na região 10q23. Foi definido

como um candidato a supressor de tumor baseado na presença de frequentes inativações

do mesmo em tumores humanos em estágios finais. Consequentemente, PTEN se tornou

objeto de intensa pesquisa nos últimos anos (Chu & Tarnawski, 2004). O gene PTEN

contém 9 éxons e uma região open reading frame de 1,209 nucleotídeos codificando

uma proteína com 403 aminoácidos que apresentam um domínio N-terminal, um

domínio estrutural C2 e um motivo de ligação PDZ classe I ao domínio C-terminal. A

Page 26: Lysa Bernardes Minasi

26

principal função catalítica do PTEN é desfosforilar o fosfatidilinositol-3,4,5-trifosfato

(PtdIns(3,4,5)P3), que é um potente ativador da 3-fosfoinositide-kinase dependente

(PDK) e AKT. Como consequência, a perda da função do PTEN leva ao aumento dos

níveis de PtdIns (3,4,5)P3 e a uma depressão da PI3K-AKT que estimulam o

crescimento e a sobrevivência celular (Song et al.,2012).

O gene PTEN está envolvido na inibição da migração e proliferação celular e

participa da modulação do crescimento celular e apoptose. É um regulador negativo das

vias PI3K-AKT que influenciam na regulação celular e apoptose. Portanto, pode

contribuir no desenvolvimento de tumores. Está comumente deletado ou inativado em

diversos tipos de câncer incluindo próstata, mama, cérebro e malignidades

hematológicas. Sua atividade é fortemente regulada, a nível transcricional e pós

traducional, por fosforilação, oxidação e acetilação (Zhang et al., 2012).

d) Gene TAL1 (SCL, TCL5)

O gene TAL1 está localizado em 1p32, é um regulador chave no

desenvolvimento das células tronco hematopoéticas. É expresso em células progenitoras

hematopoéticas, mastócitos e progenitores eritróides e de megacariócitos. A proteína

TAL1 é um fator de transcrição do tipo helix-loop-helix de classe II (bHLH) que forma

um heterodímero com as proteínas E (bHLH classe I), que incluem TCF3/E2A e

TCF12/HEB (Tremblay et al.,2010). É caracterizado por um domínio que serve de

mediador para a ligação ao DNA e duas alfa hélices conectadas por um loop que estão

envolvidas na formação de um complexo homodimérico e heterodimérico. A

superexpressão ou ativação aberrante de fatores de transcrição bHLH, ativados por

translocações cromossômicas, é um evento oncogênico frequente na LLA-T (Kassouf et

al., 2010).

A expressão anormal de TAL1 está presente em aproximadamente 60% dos

casos de LLA-T como resultado de diferentes rearranjos cromossômicos. Em 3% dos

casos da LLA-T na infância, a translocação t(1;14)(p32;q11) coloca o gene TAL1 sob o

controle de sequências enhancer do receptor TCRA/D. Adicionalmente, 16 a 30% das

LLA-T abrigam um pequeno rearranjo intra cromossômico que coloca TAL1 sob o

controle de promotores do gene vizinho SIL1. Além disso, a superexpressão deste gene

pode ser detectada sem que haja a presença de rearranjos cromossômicos, não se

sabendo ao certo qual tipo de mutação que provocaria este fenômeno. (De

Keersmaecker et al.,2005).

Page 27: Lysa Bernardes Minasi

27

Casos de LLA-T com expressão aumentada de TAL1 demonstram parada no

desenvolvimento em estágios finais dos timócitos. O potencial oncogênico de TAL1 é

ilustrado pela indução da LLA-T em camundongos transgênicos expressando TAL1

durante o desenvolvimento dos timócitos. Nas células leucêmicas, as formas de TAL1

formam primariamente um complexo transcricional inativo que contem proteínas E e

fatores LMO, LMO1 e LMO2, resultando na diminuição da expressão dos genes alvos

da proteína E. Portanto, embora TAL1 possa estar presente em complexos

transcricionais ativando a expressão de alguns genes alvo, tem sido proposto que a

atividade oncogênica de TAL1 possa ser mediada primariamente pela redução dos

níveis da atividade transcricional de promotores normalmente controlados pelas

proteínas E (Van Vlierberghe & Ferrando, 2012).

e) Genes BAX e BCL2

Existem dois caminhos distintos que levam a apoptose. O primeiro, chamado de

via intrínseca, que é dependente de mitocôndria e é solicitado a partir de um stress

intracelular como exposição à radiação, ausência de fator de crescimento, privação de

citocinas, drogas citotóxicas e é regulado por proteínas da família BCL2. O segundo

caminho é o da via extrínseca, que funciona independentemente da mitocôndria. Esta

via é ativada por receptores de morte de superfície celular CD95 (Apo1 ou Fas)/TRAIL/

família do receptor de necrose tumoral 1 (TNF) que estão localizados na membrana

plasmática e ativam diretamente a via da caspase (Tait &Green, 2010).

O gene BCL2 foi primeiramente descrito em linfoma folicular de células B a

partir da identificação dos pontos de quebras provenientes da t(14;18). Este gene está

localizado na região cromossômica 18q21.3. A expressão aumentada da proteína BCL2

é encontrada não apenas em linfoma folicular não Hodgkin’s, mas também em tumores

hematopoéticos e tumores sólidos, independente da t(14;18) (Tsujimoto et al.,1985;

Cory & Adams, 2002).

A família da proteína BCL2 consiste em pelo menos 30 proteínas, caracterizadas

pela presença de mais de 4 motivos com sequências curtas (menos de 20 resíduos de

aminoácidos) denominados de domínios homólogos ao BCL2. Esta família é dividida

em 3 diferentes subclasses baseada nas suas características funcionais e estruturais

(Adams & Cory, 1998).

Page 28: Lysa Bernardes Minasi

28

A família anti-apoptótica inclui as proteínas BCL2, BCL-XL, BCL-W, e MCL1.

BCL2 parece inibir a apoptose pela preservação da integridade da membrana

mitocondrial com seu domínio carboxi-terminal hidrofóbico ligado à membrana externa.

BCL2 previne a oligomerização de BAX/BAK que de outra maneira conduzem à

liberação de várias moléculas apoptogênicas da mitocôndria. BCL2 liga e inativa BAX

e outras proteínas pro-apoptóticas, desse modo inibindo a apoptose (Adams & Cory,

1998; Youle &Strasser, 2008).

Como membros da família pro-apoptótica estão BAX, BAK e BOK, que

apresentam uma sequência similar aos domínios BH1, BH2 e BH3 da família acima

descrita, com exceção do domínio BH4. A proteína BAX é uma proteína monomérica

no citosol, que interage dentro da mitocôndria durante a apoptose e subsequentemente

oligomeriza, resultando na liberação de fatores apoptogênicos como citocromo c e a

ativação da cascata de caspase (Leibowitz &Yu, 2010; Petros et al., 2004).

Níveis aumentados de BCL2 podem estar associados com diminuição da

apoptose dos blastos circulantes, além de antagonizar a morte celular induzida por

fármacos. A expressão de BCL2 está relacionada com inibição da morte celular

programada de muitos tipos celulares, e esta função anti apoptóticas parece ser

modulada pela sua habilidade de heterodimerizar com outros membros da família,

principalmente o BAX. A susceptibilidade a apoptose pode, portanto, ser dependente da

razão entre as proteínas BCL2 e BAX. A expressão de BCL2 é regulada negativamente

enquanto a de BAX é regulada positivamente pela proteína p53. A relativa expressão e

função destas moléculas pode, por consequência, determinar a extensão da apoptose

(Srinivas et al., 2000).

1.1.3 Fatores Prognósticos para a LLA

Até 1980, a LLA era a causa mais comum de morte em crianças acometidas com

câncer. Desde então, com as novas técnicas de tratamento da doença, a mortalidade por

leucemia tem diminuído significativa e progressivamente. Atualmente a sobrevida para

a LLA pediátrica melhorou cerca de 90% em ensaios que utilizam a estratificação de

risco dos pacientes. O sucesso na melhora da taxa de cura é decorrente da utilização de

características biológicas das células leucêmicas, resposta ao tratamento e modificação

de tratamento com base na farmacodinâmica e farmacogenômica dos pacientes. No

Page 29: Lysa Bernardes Minasi

29

entanto, as abordagens inovadoras são necessárias para melhorar a sobrevida e reduzir

os efeitos adversos do tratamento. O prognóstico para crianças menores de 1 ano e

adultos ainda continua desfavorável, sendo importante melhorar a taxa de cura destes

indivíduos (Inaba et al., 2013; Gariochea, 2001).

Apesar das grandes descobertas genéticas, utilizando tecnologias de alta

resolução, permitirem um melhor entendimento da base genética da LLA, as abordagens

atuais para avaliação de risco na LLA ainda dependem de uma série de achados clínicos

e laboratoriais, como contagem inicial de leucócitos, idade no momento do diagnóstico

e resposta precoce ao tratamento. Crianças com a faixa etária entre 1-9 anos de idade

têm uma melhor resposta ao tratamento quando comparado a crianças com menos de 1

ano de idade e adolescentes. A leucometria é uma variável contínua, a sua diminuição

confere uma melhor resposta ao tratamento quimioterápico. São considerados critérios

mínimos para que a LLA-B de células precursoras seja classificada como sendo de

baixo risco a presença da faixa etária de 1 a 9 anos de idade e contagem de leucócitos

inferior a 50.000/mm3, entretanto estes aspectos clínicos e laboratoriais apresentam

pouco valor prognóstico para a LLA-T (Pui et al., 2011).

O impacto prognóstico da idade e contagem de leucócitos pode ser parcialmente

explicado pela sua associação com anormalidades genéticas específicas. Por exemplo,

há uma preponderância de casos com alterações genéticas favoráveis como a

hiperdiploidia (> 50 cromossomos) ou ETV6-RUNX1 em pacientes com idade entre 1-9

anos. Embora muitas anormalidades genéticas, incluindo algumas identificadas

recentemente, estejam associadas com a evolução clínica, apenas algumas são usadas

rotineiramente para estratificação de risco (Pui & Evans, 2006). A Tabela I apresenta os

fatores prognósticos comumente usados para a estratificação de risco e terapêutica em

triagens clínicas atuais.

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30

Tabela I. Fatores Prognósticos associados à estratificação de risco na LLA infantil

Fatores Favorável Desfavorável

Idade (anos) 1-9 < 1 ou > 9

Contagem de Leucócitos < 50.000/mm3 ≥ 50.000/mm

3

Imunofenótipo Células B precursoras Células T e Células B maduro

Genótipo

Hiperdiploidia (> 50

cromossomos)

ETV6-RUNX1(TEL-AML1)

Hipodiploidia (< 44

cromossomos)

BCR-ABL1 e MLL-AF4

DRM* após fase de indução < 0.01% células leucêmicas ≥ 0,01% células leucêmicas

*DRM: Doença Residual Mínima

Historicamente, crianças do sexo masculino apresentam uma pior resposta ao

tratamento em relação ao sexo feminino, mas com o uso de protocolos de tratamento

contemporâneos esta diferença de resposta ao tratamento entre os sexos não é mais

observada (Siverman et al., 2001; Pui et al., 1999) O impacto prognóstico adverso para

o sexo masculino tem sido abolido em algumas triagens clínicas cuja razão da

Sobrevida Livre de Evento (SLE) seja ≥ 80% (Pui et al., 2004a).

Alterações genéticas com prognóstico favorável associadas com precursores B

envolvem a hiperdiploidia (mais de 50 cromossomos), a fusão ETV6-RUNX1 ou t

(12:21) e as aneuploidias, em particular as que incluem as trissomias dos cromossomos

4, 7, 10, 17 e 18. A hiperdiploidia provoca maior sensibilidade dos blastos à

quimioterapia. Acredita-se que este fato esteja relacionado a achados in vitro de

apoptose espontânea destas células e à sua sensibilidade em acumular altas doses de

metotrexato. Pacientes hiperdiplóides possuem três a quatro cópias do cromossomo 21,

o qual carreia um gene que codifica a redução do transporte de folato (Friedmann et al.,

2000).

A t(1;19) (q23;q13) com fusão dos genes TCF3-PBX1, está associada a um

prognóstico ruim com doses convencionais de quimioterapia, porém, a recente

intensificação da terapia demonstrou uma melhora na sobrevida para as crianças

portadoras da translocação próxima de 90% (Pui et al., 2008).

A LLA com a presença da t(9;22) que resulta no gene de fusão BCR-ABL, foi

considerada como sendo um tipo de leucemia de altíssimo risco para os pacientes que

apresentavam este tipo de alteração genética mesmo quando o tratamento incluía o

Page 31: Lysa Bernardes Minasi

31

transplante de células tronco hematopoéticas. Atualmente, estes pacientes, que possuem

o cromossomo Ph (Philadelphia) positivo, apresentam uma grande melhoria com

relação ao tratamento instituído, ou seja, respondem mais precocemente ao tratamento,

pois recebem em conjunto com a quimioterapia padrão um inibidor de tirosina quinase

(mesilato de imatinibi) (Schultz et al., 2009).

Pacientes com a LLA de células T geralmente apresentam uma menor taxa de

sobrevida livre de eventos do que aqueles com a linhagem B, e / ou uma maior taxa de

falha na indução, recidiva precoce e recaída no Sistema Nervoso Central (SNC). Entre

os pacientes com LLA-T, é importante identificar aqueles com LLA-ETP (early T-cell

precursors), os pacientes com esta forma de leucemia têm resultados prognósticos

bastante desfavoráveis, mesmo com uso da terapia contemporânea, portanto requerem

abordagens de tratamento mais intensiva e inovadora (Counstan-Smith et al., 2009). A

LLA de células T com contagem de leucócitos >100.000/mm3 ao diagnóstico é uma

indicação para terapia direcionada mais intensa ao Sistema Nervoso Central (Pui et al.,

2004a).

A persistência de linfoblastos na medula óssea ou sangue periférico de pacientes

com LLA durante a terapia de indução de remissão indica uma resposta subótima e está

associada com um aumento significativo do risco de recaída. Portanto, a qualidade e a

rapidez da resposta ao tratamento é um dos mais importantes fatores prognósticos. A

avaliação da Doença Residual Mínima (DRM) pode ser feita através de diferentes

metodologias como, citometria de fluxo, reação em cadeia da polimerase (PCR) para

investigar transcritos de fusão, genes que codificam imunoglobulinas (Ig) e receptores

de células T (TCR). Pacientes com ≥ 1% de células leucêmicas no final da terapia de

indução da remissão estão associados com pior resposta ao tratamento. Assim como, é

indicativo de alto risco para recidiva quando se observa, após a avaliação de DRM em

qualquer fase do tratamento, mais de 1% de células residuais tumorais. Enquanto que

aqueles que atingem uma remissão molecular ou imunológica (<0,01%) apresentam

uma excelente resposta ao tratamento quimioterápico (Stow et al., 2010).

Alguns autores já relataram a associação entre os níveis de DRM durante a

terapia de indução com características genéticas da doença. Pacientes com o rearranjo

BCR-ABL1, mutações no gene IKZF1 e subtipo early T-cell precursors têm uma alta

prevalência de DRM positiva, enquanto que aqueles com fusão dos genes TCF3-PBX1 e

Page 32: Lysa Bernardes Minasi

32

ETV6-RUNX1 comumente apresentam níveis mais baixos ou indetectáveis de células

tumorais (Mullighan et al., 2009; Campana, 2008; Coustan-Smith et al., 2009).

2. Justificativa

A última década experimentou grandes avanços nas áreas dos diagnósticos

molecular e bioquímico. Diversas ferramentas foram desenvolvidas para serem

aplicadas à medicina, muitas delas são técnicas aplicadas ao diagnóstico laboratorial das

doenças e muitas podem ser usadas para se compreender a biologia e os mecanismos

oncogênicos das leucemias. Por outro lado, apesar da amplitude investigativa no

diagnóstico das leucemias, usando estratégias da genética molecular e da citogenética,

predominam as decisões clínicas e diagnósticas com base em critérios qualitativos e/ou

quantitativos, a partir de variáveis que foram identificadas e desenvolvidas há mais de

três décadas. A avaliação do prognóstico com base nestas variáveis ainda permanece

insuficiente para identificar pacientes com alto risco de recidiva que se apresentam

como de baixo risco ao diagnóstico. Atualmente, os hematologistas possuem à sua

disposição estratégias terapêuticas e de diagnósticos eficientes, que os fazem confrontar

as lições dos indicadores clássicos de prognóstico.

Page 33: Lysa Bernardes Minasi

33

Existem atualmente diferentes técnicas de diagnóstico para as alterações

celulares, imunofenotípicas e moleculares subjacentes ao processo leucêmico, que

gradativamente ganham reconhecimento e passam a ser padronizadas para serem

incluídas na rotina clínica. Os resultados destas estratégias de diagnóstico são

importantes para promover um melhor gerenciamento dos casos pelos médicos

assistentes. A inovação do presente estudo consiste em usar os dados dos resultados das

ferramentas de genética molecular para medir a variabilidade biológica da leucemia

linfóide aguda, além de oferecer potencial para a identificação de genes potencialmente

envolvidos nos mecanismos subjacentes à evolução clonal leucêmica. Confrontando os

dados a serem gerados no presente estudo, com os dados derivados dos prontuários dos

pacientes, espera-se que os resultados divulgados e discutidos possam contribuir para

ampliar a caracterização da LLA, e, assim, auxiliar na definição de estratégias clínicas e

no seguimento da doença.

3. Objetivos

3.1. Geral

Analisar a variação da expressão dos marcadores moleculares, utilizando a

metodologia de PCR array, em crianças com LLA ao diagnóstico e no final da

quimioterapia de indução.

3.2. Específicos

1. Contribuir para a elaboração de um painel de marcadores moleculares que

possam estar associados com aspectos clínicos, prognósticos e biológicos da

LLA.

2. Avaliar a distribuição do padrão de expressão das alterações moleculares ao

diagnóstico e no final da terapia de indução

Page 34: Lysa Bernardes Minasi

34

3. Explorar sistematicamente a relação entre as variáveis clínico e biológicas dos

pacientes e a potencial associação com os dados do presente estudo na

determinação do prognóstico.

4. Material e Métodos

4.1. Delineamento do Estudo

Foi realizado um estudo prospectivo conduzido no LaGene- Laboratório de

Citogenética Humana e Genética Molecular-SES/GO e no NPR- Núcleo de Pesquisas

Replicon da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, em parceria com a Santa Casa

de Misericórdia de Goiânia (SCMG) e Hospital Araújo Jorge (HAJ) da Associação de

Combate ao Câncer de Goiás (ACCG). Os casos de LLA infantil foram obtidos junto ao

Setor de Hematologia Pediátrica da SCMG e Setor de Pediatria do HAJ. De cada caso

foram obtidas amostras biológicas por ocasião do diagnóstico, anteriormente ao início

do tratamento e no 28º dia após início do tratamento (D+28) para avaliação molecular.

4.2. Caracterização das Amostras Biológicas

Page 35: Lysa Bernardes Minasi

35

Os médicos responsáveis por cada setor das Instituições colaboradoras, a época

do diagnóstico da LLA, realizaram a coleta de medula óssea ou sangue periférico para

estudo morfológico e/ou imunofenotípico. Da amostra obtida foi utilizado 1,5 mL para

o estudo molecular. No 28° dia da quimioterapia de indução, foram coletados, pelos

responsáveis de cada setor, amostras de medula óssea para realização do exame

morfológico e imunofenotípico para monitoramento da DRM, desta amostra foi retirado

1,5 mL de medula óssea para avaliação dos marcadores moleculares por PCR array.

Adicionalmente, 3 amostras de medula óssea e 3 amostras de sangue periférico de

doadores saudáveis foram incluídas no grupo controle.

A coleta foi feita utilizando-se seringas esterilizadas e com EDTA. As amostras

de sangue periférico e medula óssea foram transferidas para tubos PAX gene Blood

RNA®

(PreAnalytix, Qiagen/ BD Company) e congeladas a -20ºC até o momento da

extração do RNA. As mesmas foram transportadas refrigeradas pelo pesquisador

responsável ao Laboratório.

As amostras controle de medula óssea foram obtidas junto ao Serviço de

Imunofenotipagem do HAJ e as amostras de sangue periférico, foram obtidas de

doadores saudáveis do NPR da PUC-GO.

A inclusão de portadores da LLA no presente estudo obedeceu aos seguintes

critérios: Crianças menores de 19 anos de idade com diagnóstico de LLA, que

voluntariamente doaram amostras biológicas previamente ao início da quimioterapia,

que apresentavam tumor primário, cujos prontuários apresentavam informações como

sexo, idade. Foram excluídos amostras de crianças que não preencheram os critérios

acima mencionados e amostras com volume insuficiente para a realização da

metodologia.

4.3. Grupo amostral

Foram avaliados no total, 16 amostras de medula óssea ou sangue periférico para

LLA na infância, com idade variando de 0 a 19 anos, sendo que as amostras foram

obtidas previamente ao início da quimioterapia e no D+28 dos pacientes. A participação

individual no estudo e a doação das amostras biológicas foram voluntárias, mediante

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos pais ou

responsáveis dos participantes. Antes do início da coleta das amostras a pesquisadora

Page 36: Lysa Bernardes Minasi

36

responsável pelo estudo fez os esclarecimentos necessários para o entendimento da

proposta investigativa e os esclarecimentos necessários para a adesão.

4.4 Extração de RNA

A extração do RNA foi realizada de acordo com as instruções do fabricante do

Kit PAXgene Blood RNA®

(PreAnalytix, Qiagen/ BD Company). Após o isolamento o

RNA foi quantificado em um espectrofotômetro NanoVue PlusTM

(GE Healthcare,

EUA) e posteriormente, um gel de agarose a 3% foi usado para, avaliar a integridade do

RNA e o grau de contaminação da amostra com DNA genômico. Em seguida a solução

aquosa de RNA foi armazenada a -80ºC, para posterior reação de transcrição reversa.

Para garantir a pureza do RNA, foram avaliados os seguintes parâmetros de

absorvâncias:

A260:A 230 ≥ 1,7 (Avaliar contaminação por proteínas)

A260:A 280 = 1,8 a 2,0 (Avaliar contaminação por sais, polissacarídeos e

compostos orgânicos como fenol)

4.5 Transcrição Reversa e Real Time PCR Array

Para a síntese de cDNA foram usados os produtos do Kit RT2 First Strand

®

(Qiagen/Alemanha) e posteriormente, desenvolvido a PCR em tempo real utilizando o

kitRT2 Profiler PCR Arrays

®(Qiagen/Alemanha) em combinação com o RT

2 SYBR

Green Mastermixes®

(Qiagen/Alemanha) de acordo com instruções do fabricante. A

reação foi conduzida no termociclador Bio-Rad IQTM

5® (USA), as condições de

ciclagem da PCR estão listadas na tabela II. 25µL do mix foi adicionado em cada poço

da placa que continha o primer específico para cada gene estudado.

Cada array contém um painel de 96 poços, com 8 primers específicos dos genes

que estão sendo pesquisados e 4 poços contendo os controles que são: controle para

gene de referência (GAPDH) para a normalização dos dados, controle do DNA

genômico que detecta a contaminação do ensaio com DNA genômico não transcrito,

controle da transcrição reversa que testa a eficiência da reação de transcrição reversa e,

controle positivo da PCR que consiste em uma sequência de DNA artificial pré

dispensadas na placa, é responsável pela detecção da eficiência da PCR .

Tabela II. Condições de ciclagem recomendadas.

Page 37: Lysa Bernardes Minasi

37

Ciclos Duração Temperatura Comentários

1 10 min 95ºC

40 15 s 95ºC

1 min 60ºC

1

1 min

2 min

2ºC/min

95ºC

65º C

65º C/ 95ºC

Curva de melting

Neste ensaio foram analisados o RNA de sangue periférico ou medula óssea dos

16 pacientes selecionados. O padrão de expressão dos 8 genes selecionados (ETV6,

PTEN, RUNX1, TAL1, ABL1, BCR, BAX e BCL2) foram comparados antes e depois da

quimioterapia no D+28, e entre pacientes doentes e saudáveis.

A PCR foi realizada visando determinar a expressão relativa dos genes ETV6,

PTEN, RUNX1, TAL1, ABL1, BCR, BAX e BCL2, com o auxilio de softwares

específicos. Após a validação dos controles e avaliação da curva de melting, para

análise dos dados, os valores dos Cq (quantification cycle) foram exportados para o

software disponibilizado no site da SABiosciences (www.SAbiosciences.com

/pcrarraydataanalysis.php).

Primeiramente, os dados foram normalizados a partir dos valores do gene de

referência, o software faz então o cálculo do ΔCT e ΔΔCT. A partir destes dados, ele

comparara os valores dos grupos controles com os casos e fornece os valores da

diferença, que é o Fold-Change ou o Fold-Regulation. Ambos têm o mesmo

significado, apenas a escala numérica que é diferente. Valores de fold-change foram

utilizados na análise dos níveis de expressão neste estudo. Valores maiores do que 1

indicam que o gene possui uma regulação positiva ou uma up-regulation. Enquanto,

valores menores do que 1 indicam uma regulação negativa ou down-regulation. É

fornecido também o valor de p, calculado utilizando o teste t-Student’s das replicatas

dos valores de ΔCT para cada gene do grupo controle e grupo teste. Para a análise da

expressão, foram avaliados o valor de fold-change.

4.6. Análise estatística

Page 38: Lysa Bernardes Minasi

38

No presente estudo, todos os testes estatísticos foram realizados com um

Intervalo de Confiança de 95% e nível de significância (α) ≤ 0,05. Teste de Matriz de

correlação para verificar o grau de associação entre as variáveis. Teste Exato de Fisher

com objetivo de observar se houve diferença entre duas variáveis independentes. Para a

realização do Teste Exato de Fisher foi excluído um paciente que apresentou os valores

do fold-change bastante aumentado, pois o mesmo após a análise discriminante

demonstrou-se como um outlier. Estas análises estatística foi realizada utilizando o

BioEstat v5.0 (Ayres & Ayres, 2007).

Foi aplicada uma análise de componentes principais (PCA) com o objetivo

principal de sintetizar os dados obtidos de cada paciente. Para verificar a diferença entre

os pacientes antes e após o tratamento, foi realizado o procedimento de permutação

multi-resposta (“Multi-response permutation procedures – MRPP”). Esse é um

procedimento não-paramétrico para testar a significância de possíveis diferenças entre

grupos. A PCA e a análise MRPP foram realizadas no programa PC-ORD (versão 5;

McCune & Mefford, 2006).

4.7 Considerações Éticas

A presente proposta de estudo foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da PUC-GO. Toda a documentação referente às autorizações

institucionais, individuais e do CEP foi arquivada no Núcleo de Pesquisas Replicon da

PUC-GO e poderá ser disponibilizado sob pedido formal.

5. Resultados

Um total de 16 pacientes com idade variando de 0 a 19 anos diagnosticadas com

LLA foram encaminhados das instituições de origem, no período de maio de 2012 a

janeiro de 2013, ao Núcleo de Pesquisas Replicon/ PUC-GO.

Os critérios FAB e Imunofenotípicos foram usados para o diagnóstico dos

pacientes. As Instituições colaboradoras seguem o protocolo Brasileiro de Tratamento

da Leucemia Linfóide Aguda em Crianças (GBTLI LLA-99). As informações clínicas e

laboratoriais foram obtidas dos prontuários médicos e estão descritas na Tabela III.

Page 39: Lysa Bernardes Minasi

39

Dos 16 pacientes incluídos no estudo, 62,5% foram do sexo feminino e 37,5%

do sexo masculino. A média de idade foi de 8,4 anos (0-19 anos). Apenas um caso com

11 meses de idade. No presente estudo a faixa etária mais frequente foi de 1 a 9 anos de

idade, correspondendo a 56,3% dos casos, seguida de 37,5% para ≥ 9 anos. Na faixa

etária mais frequente da LLA, 37,5 % das crianças apresentaram idade variando de 2 a 5

anos. A estratificação dos grupos etários foi definida segundo o critério adotado pelo

GBTLI LLA-99, que são os mesmos usados para a avaliação de prognóstico. No

presente estudo, a razão entre os sexos feminino e masculino foi de 2:1.

Os imunofenótipos das amostras dos 16 pacientes foram definidos por

Citometria de Fluxo (CF), cerca de 68,7% corresponderam a LLA B e 31,3% a LLA T.

O imunofenótipo B mais frequente foi a LLA B-II, observado em 72,8% dos casos,

seguido da LLA B-III em 18,2% e LLA B-I em 9%. Os imunofenótipos LLA T-II e

LLA T-III representaram 80% e 20% dos casos T estudados, respectivamente. A

expressão do marcador CD10 estava presente em 75% dos casos. Sendo que, 83% dos

casos CD10+ estavam distribuídos na LLA-B. A ausência do marcador CD10 foi

detectado em 75% dos casos de LLA-T.

Características Nº (%)

Nº de Pacientes incluídos no estudo 16

Idade ao diagnóstico

≥1 ano e < 9 anos 9 (56,3%)

< 1 ano 1 (6,2%)

≥ 9 anos 6 (37,5%)

Sexo

Tabela III. Aspectos clínico-laboratoriais das crianças com LLA participantes da investigação de genes

associados ao perfil leucêmico por qPCR array em Goiânia (Brasil), segundo o GBTLI LLA-99.

Page 40: Lysa Bernardes Minasi

40

Feminino 10 (62,5%)

Masculino 6 (37,5%)

Leucometria ao diagnóstico

< 50.000/ mm3 7 (43,75%)

≥ 50.000/ mm3 9 (56,25%)

Envolvimento do SNC ao diagnóstico 0

Envolvimento mediastinal ao diagnóstico 1(6,25%)

Envolvimento testicular ao diagnóstico 0

Imunofenótipo

Células B 11 (68,7%)

Células T 5 (31,3%)

Antígeno Calla (CD10) positivo 12 (75%)

Antígeno Calla (CD10) negativo 4 (25%)

Doença Residual Mínima (D+28) 12

Negativa 10 (83,33%)

Positiva 2 (16,67%)

Recaídas

Medular 1(8,3%)

SNC 0

Combinadas 1

Grupos de Risco

Baixo Risco 7 (43,8%)

Alto Risco 9 (56,2%)

Rearranjos moleculares 3

BCR/ABL 1

E2A/PBX1 0

ETV6/RUNX1 2

Óbitos 3 (18,7%)

SNC: Sistema Nervoso Central

A remissão morfológica no vigésimo oitavo dia da indução (D+28) foi obtida em

todos os casos. No entanto, a Doença Residual Mínima (DRM), determinada por CF, foi

positiva em 2 casos (20%). Entre os casos, registrou-se 1 recidiva medular e 1

combinada e três crianças foram a óbito. Segundo informações contidas nos prontuários,

apenas 3 pacientes apresentavam avaliação de rearranjos moleculares (BCR/ABL,

E2A/PBX1 e TEL/AML1). Apenas 1 paciente apresentou o rearranjo BCR/ABL, sendo

este, o único paciente que apresentou recidiva medular e foi a óbito.

Page 41: Lysa Bernardes Minasi

41

O protocolo GBTLI LLA-99 prevê a estratificação dos pacientes em dois grupos

de risco de recidiva: baixo risco e alto risco, utilizando como critério a classificação do

National Cancer Institute (NCI) e resposta terapêutica in vivo avaliada no 7º, 14º e 28º

dias do tratamento de indução. No presente estudo os casos foram classificados em

grupos de risco pela equipe médica assistente logo após o diagnóstico da LLA. A

distribuição do risco de recaída entre os casos estudados foi de 43,8% e 56,2% para

baixo e alto risco, respectivamente.

Ao realizarmos o teste de Matriz de Correlação Linear foi possível observar uma

correlação negativa entre as variáveis sexo e o imunofenótipo (p = 0,016), ou seja,

pacientes do sexo feminino tem uma maior associação com o imunofenótipo B e menor

associação com o imunofenótipo T. Foi observado também uma correlação positiva

entre imunofenótipo e idade (p = 0,04), imunofenótipo e marcador CD10+ (p = 0,03),

imunofenótipo e grupo de risco (p = 0,015), marcador CD10+ e grupo de risco (p =

0,043) e marcador CD10+ e RUNX1 (p = 0,04).

Foram avaliados o padrão de expressão gênica em amostras de crianças com LLA,

antes e depois da quimioterapia de indução, e comparadas com um grupo controle

usando qPCR array. Os padrões de expressão destes genes antes e depois da

quimioterapia de indução estão listados na Tabela IV.

Genes Diagnóstico D+28

Fold Change 95% IC Fold Change 95% IC

ETV6 1,30 (0.00001, 2.86) 0,43 (0.00001, 0.97)

PTEN 1,23 (0.00001, 2.77) 0,66 (0.07, 1.16)

Tabela IV. Padrão de expressão gênica ao diagnóstico e no D+28

Page 42: Lysa Bernardes Minasi

42

RUNX1 5,00 (0.00001, 11.05) 1,01 (0.00, 1.96)

TAL1 0,10 (0.00001, 0.24) 1.09 (0.00001, 2.54)

ABL1 3,86 (0.00001, 7.91) 1,55 (0.14, 2.72)

BAX 2,12 (0.00001, 4.41) 1,51 (0.00001, 2.99)

BCL2 3,18 (0.00001, 6.91) 1,26 (0.00001, 2.68)

BCR 3,20 (0.00001, 6.06) 1,22 (0.00001, 2.56)

IC: Intervalo de Confiança

A Tabela IV e a Figura 2 demonstram que ao diagnóstico os pacientes

apresentavam cinco genes com expressão aumentada, os genes PTEN e ETV6 com

aumento discreto em relação ao grupo controle, e o TAL1 se apresentou hipoexpresso

quando comparados ao grupo controle. É digno de nota a super expressão do RUNX1,

nos pacientes com LLA antes do tratamento, cinco vezes maior que o controle, e

evidenciou-se uma diminuição em 10 vezes em relação ao grupo controle do gene

TAL1. Após a quimioterapia de indução, os pacientes apresentaram diminuição na

expressão de todos os genes que encontravam-se aumentados ao diagnóstico e aumento

da expressão apenas do gene TAL1.

Foi constatada uma diminuição do padrão de expressão dos genes ETV6 e PTEN

após o tratamento com os níveis dos mesmos inferior ao do grupo controle. Houve uma

redução na expressão do gene RUNX1 após o tratamento ao 28º dia, o nível de

expressão se equiparou ao grupo controle. Com relação aos outros 4 genes cujo padrão

de expressão também estava aumentado, após o tratamento houve uma diminuição dos

seus níveis de expressão, mas não atingiram a normalidade. Com relação ao gene TAL1,

Figura 2. Níveis de expressão dos genes investigados em associação ao perfil

leucêmico de crianças com LLA ao diagnóstico e D+28 e controles saudáveis.

Page 43: Lysa Bernardes Minasi

43

houve um aumento da expressão deste gene em 10 vezes em relação ao grupo controle.

Este aumento foi estatisticamente significativo (p < 0,00001), demonstrando que há

relação entre crianças com LLA tratados com o GBTLI LLA-99 e o nível de expressão

do gene TAL1.

A Figura 3 contém um gráfico do tipo ajuste de linha, que compara a expressão

normalizada de todos os genes dos casos ao diagnóstico com a expressão dos genes do

grupo controle. A linha central corresponde aos genes que não apresentam modificação

em sua expressão, e os limites estão representados pelas outras duas linhas externas a

linha central. Para o gene RUNX1 observou-se uma expressão aumentada, enquanto que

o TAL1 exibiu expressão diminuída.

Genes Idade (≥1 ano e < 9 anos) Idade (< 1 ano e ≥ 9 anos)

Fold Change 95% IC Fold Change 95% IC

ETV6 1,11 (0.00001, 3.61) 1,17 ( 0.00001, 2.28 )

PTEN 1,60 (0.00001, 5.00) 0,73 ( 0.00001, 1.69)

Tabela V. Padrão de expressão gênica de crianças com LLA segundo estratificação

da idade ao diagnóstico.

Figura 3. Comparação entre a expressão dos genes associado ao perfil leucêmico da LLA

infantil e seus controles por ocasião do diagnóstico após a normalização dos dados referentes

aos genes isolados.

Diagnóstico vs. Grupo Controle

Lo

g 1

0 (

Dia

gn

óst

ico

2^ -

Del

taC

t)

Log 10 (Grupo Controle2^ - DeltaCt)

RUNX1

TAL1

PTEN

BAX

ETV6 BCL2

ABL1

BCR

Page 44: Lysa Bernardes Minasi

44

RUNX1 2,75 (0.00001, 9.50) 5,70 ( 0.00001, 9.89)

TAL1 0,14 (0.00001, 0.50) 0,09 ( 0.04, 0.18)

ABL1 3,31 (0.00001, 10.16) 3,43 ( 0.39, 5.76)

BAX 1,86 (0.00001, 5.88) 1,58 ( 0.00001, 2.76)

BCL2 3,31 (0.00001, 10.87) 1,83 ( 0.00001, 4.66)

BCR 2,83 (0.00001, 7.97) 2,50 ( 0.00001, 4.57)

IC: Intervalo de Confiança

A Tabela V demonstra o padrão de expressão gênica de pacientes com LLA de

acordo com a idade ao diagnóstico, comparado ao grupo controle. Em ambas as faixas

etárias analisadas o gene TAL1 apresentou expressão significativamente diminuída

quando comparado ao grupo controle (p= 0,002). Os genes RUNX1, ABL1 e BCR

também estão superexpressos em ambos os grupos avaliados. Não sendo observado,

portanto, grandes variações na expressão destes genes nas faixas etárias avaliadas.

Genes < 50.000/mm3

≥ 50.000/mm3

Fold Change 95% IC Fold Change 95% IC

ETV6 1,48 (0.00001, 5.23) 0,93 (0.00001, 1.81)

PTEN 2,24 (0.00001, 7.51) 0,62 (0.00001, 1.34)

RUNX1 4,64 ( 0.00001, 17.20) 3,50 (0.00001, 6.91)

TAL1 0,09 ( 0.00001, 0.34) 0,14 (0.00001, 0.28)

ABL1 4,49 (0.00001, 14.70) 2,70 (0.31, 4.80)

BAX 2,70 (0.00001, 8.85) 1,20 (0.00001, 2.37)

BCL2 4,90 (0.00001, 16.51) 1,45 (0.00001, 3.10)

BCR 4,05 (0.00001, 11.01) 1,92 (0.00001, 4.08)

IC: Intervalo de Confiança

A média da contagem de leucócitos dos pacientes com LLA antes do tratamento

foi de 77.781/mm3 e após o tratamento foi de 5.125/mm

3. Ao analisar a relação da

contagem de leucócitos entre pacientes e grupo controle para cada gene descrito na

Tabela VI e Figura 4, foi possível observar uma expressão bastante elevada dos genes

RUNX1, ABL1, BCL2 e BCR no grupo onde a contagem de leucócitos é inferior a

50.000/mm3, sendo que a expressão do BCL2 neste grupo de genes altamente expressos

é o que se encontra com os maiores valores de fold-change (4,90), indicando o gene

mais expresso neste grupo. Para o grupo com leucometria ≥ 50.000/mm3, foi observado

Tabela VI. Padrão de expressão gênica em crianças com LLA segundo leucometria ao

diagnóstico.

Page 45: Lysa Bernardes Minasi

45

uma baixa expressão do gene PTEN e TAL1, e um discreto aumento na expressão dos

genes RUNX1 e ABL1. A expressão do gene PTEN neste grupo estava bastante reduzida

quando comparado com a expressão no grupo com leucometria abaixo de 50.000/mm3.

O padrão de expressão gênico observado para as leucemias de células B foi

bastante diverso com relação ao subtipo T. No imunofenótipo B houve aumento da

expressão de todos os genes, com exceção do TAL1, sendo que os genes PTEN e ETV6

apresentavam-se pouco aumentados em relação aos outros genes. O imunofenótipo T

apresentou redução na expressão do gene TAL1 e PTEN e discreto aumento na

expressão dos genes RUNX1 e ABL1. Pacientes que apresentaram positividade para o

marcador CD10 também apresentaram diminuição na expressão do gene TAL1, e

aumento na expressão dos genes RUNX1, ABL1, BCL2 e BCR como pode ser observado

na Tabela VII e na Figura 5.

Genes LLA-B LLA-T CD10+

Fold

Change 95% IC

Fold

Change 95% IC

Fold

Change 95% IC

ETV6 1,60 (0.00001, 4.20) 0,8 (0.00001, 1.70) 1.11 (0.00001, 2.97)

Log 10 (Grupo Controle2^ - DeltaCt)

Lo

g 1

0 (

Leu

com

etri

a: <

50

.000

/ m

m32

^ -

Del

taC

t)

Leucometria: < 50.000/ mm3 vs. Grupo Controle

BCR

RUNX1

TAL1

ABL1

BCL2

Figura 4. Comparação entre a expressão dos genes de acordo com a leucometria ao diagnóstico.

Tabela VII. Padrão de expressão gênica nos imunofenótipos B e T e marcador CD10+ na LLA

ao diagnóstico.

Page 46: Lysa Bernardes Minasi

46

PTEN 1,93 (0.00001, 4.87) 0,46 (0.00001, 1.34) 1.62 (0.00001, 4.11)

RUNX1 5,30 (0.00001, 14.59) 4,20 (0.39, 7.43) 3.31 (0.00001, 9.21)

TAL1 0,07 (0.00001, 0.21) 0,21 (0.00001, 0.47) 0,09 (0.00001, 0.27)

ABL1 4,82 (0.00001, 11.91) 2,37 (0.99, 3.55) 3,50 (0.00001, 8.82)

BAX 2,69 (0.00001, 6.66) 1,26 (0.49, 2.07) 1,66 (0.00001, 4.33)

BCL2 4,82 (0.00001, 12.29) 1,28 (0.33, 2.41) 2,53 (0.00001, 6.91)

BCR 3,85 (0.00001, 8.49) 2,17 (0.69, 3.64) 2,38 (0.00001, 5.57)

IC: Intervalo de Confiança

A Tabela VIII representa a distribuição dos níveis de expressão gênica entre os

grupos de baixo e alto risco para recaída. No grupo de baixo risco foi observado uma

super expressão dos sete genes avaliados, sendo que apenas o gene TAL1 apresentou

uma redução significativa em sua expressão, semelhante ao padrão de expressão

identificado no grupo com imunofenótipo B. No grupo de alto risco, destacou-se um

perfil de baixa expressão dos genes ETV6, PTEN e BAX.

Genes Baixo Risco Alto Risco

Fold Change 95% IC Fold Change 95% IC

Figura 5. Distribuição dos níveis de expressão em pacientes com LLA-B, LLA-T e CD10+.

Tabela VIII. Padrão de expressão gênica nos grupos de baixo e alto risco para recaída

Page 47: Lysa Bernardes Minasi

47

ETV6 2.30 (0.00001, 8.82) 0,55 (0.00001, 1.26)

PTEN 3.18 (0.00001, 9.96) 0,47 (0.00001, 1.05)

RUNX1 9.10 (0.00001, 28.14) 2.07 (0.00001, 5.16)

TAL1 0.08 (0.00001, 2.53) 0,15 (0.00001, 0.29)

ABL1 6.23 (0.00001, 0.33) 2,09 (0.02, 4.09)

BAX 3.79 (0.00001, 19.19) 0,92 (0.00001, 1.88)

BCL2 6.50 (0.00001, 21.04) 1,16 (0.00001, 2.51)

BCR 6.12 (0.00001, 15.43) 1,39 (0.00001, 2.97)

IC: Intervalo de Confiança

De uma forma esquemática, a Figura 6 representa a expressão de cada gene em

todos os grupos avaliados acima, sendo Grupo1 (pacientes ao diagnóstico), Grupo 2

(pós tratamento), Grupo 3 (Idade ≥1 ano e < 9 anos), Grupo 4 (Idade <1 ano e ≥ 9 anos),

Grupo 5 (< 50.000/mm3), Grupo 6 (≥ 50.000/mm

3), Grupo 7 (LLA-B), Grupo 8 (LLA-

T), Grupo 9 (CD10+), Grupo 10 (Baixo Risco) e Grupo 11 (Alto Risco).

A Figura 7 corresponde ao agrupamento dos genes e dos grupos avaliados neste

estudo. Foi possível observar a formação de grupos gênicos de acordo com seus níveis

de expressão. Os grupos gênicos ETV6 e PTEN e BCL2 e BAX formam os grupos que

apresentaram maior proximidade de expressão. O perfil de expressão do BCR foi similar

ao grupo BAX e BCL2. O gene RUNX1 apresentou um maior distanciamento no padrão

de expressão em relação aos grupos acima mencionados. O gene TAL1 foi o que

apresentou ao extremo quanto ao perfil de expressão, ele foi o único que não se agrupa,

LEGENDA

• Grupo 6 (≥ 50.000/mm3)

Figura 6. Representação gráfica da expressão dos genes em cada grupo de

pacientes com LLA avaliados.

Grupo

Controle

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Grupo 11

Page 48: Lysa Bernardes Minasi

48

pois apresentou um maior distanciamento do padrão de expressão quando comparado a

todos os outros genes.

Figura 7. Dendograma indicando os graus de amplicação dos genes em cada grupo

estudado nos pacientes com LLA infantil em Goiás.

Com relação aos grupos de estudo, o grupo 2 que é o pós-tratamento (D+28) foi o

que apresentou um padrão de expressão mais próximo do grupo controle. Este achado

indicou a responsividade dos pacientes ao tratamento. Os grupos 9, 5 e 3 (CD10+,

<50.000/mm3 e idade ≥1 ano e < 9 anos) apresentaram maior proximidade quanto ao

nível de expressão de todos os genes avaliados, e estes são os grupos considerados de

bom prognóstico. Este agrupamento também foi observado nos grupos 7 e 10 (LLA-B e

baixo risco), que também são condições que levam a um prognóstico favorável, com

menor risco de recidiva. Ambos estabelecem uma ligação de proximidade com o grupo

controle e grupo 2. Com relação aos grupos 11, 1 e 6 (alto risco, diagnóstico e ≥

50.000/mm3) o perfil de expressão destes é bem próximo, por isso foram agrupados,

assim como, os grupos 8 e 4 (LLA-T e Idade <1 ano e ≥ 9 anos). Todos estes grupos são

considerados de prognóstico ruim por apresentarem maior risco de recidiva. O que nos

chama a atenção é uma maior expressão do gene TAL1 apenas no grupo 2,

aproximando-se da normoexpressão observada no grupo controle. Para o grupo 10 que é

o grupo classificado como de baixo risco de recaída, o perfil de expressão de todos os

genes apresentaram-se hiperexpressos com exceção do gene TAL1.

6. Discussão

Gru

po 2

C

on

trole

Gru

po 5

G

ru

po 3

Gru

po 1

0

Gru

po1

1

2 Gru

po 1

G

ru

po 6

G

ru

po 8

G

ru

po 4

Gru

po 9

Gru

po 7

LEGENDA • Grupo1 (ao diagnóstico)

• Grupo 2 (pós tratamento)

• Grupo 3 (Idade ≥1 ano e < 9 anos)

• Grupo 4 (Idade <1 ano e ≥ 9 anos)

• Grupo 5 (< 50.000/mm3)

Page 49: Lysa Bernardes Minasi

49

Segundo o Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia

(RCBPGO), durante o período de 1999 a 2003, foram registrados, em Goiânia, 84 casos

de crianças menores de 18 anos com LLA. Após levantamento realizado pelo RCBPGO

para os anos de 2008 e 2009, foi notificado um total de 27 casos de LLA infantil

representativos da cidade de Goiânia e Aparecida de Goiânia. O presente trabalho

compreendeu 16 pacientes que foram incluídos no estudo no período de maio de 2012 a

janeiro de 2013, dois destes pacientes residiam na cidade de Anápolis. Portanto, o grupo

amostral do presente estudo aproximou-se dos dados catalogados pelo RCBPGO, cuja

estimativa do número de casos de LLA infantil para 2012 em Goiânia foi de 21 casos

(RCBPGO, 2013).

A LLA é o tipo mais comum de leucemia em crianças correspondendo a uma

complexa desordem proliferativa do sistema linfo-hematopoético. Desde 1980, com a

introdução da fase de intensificação do tratamento, utilizando múltiplas drogas, a LLA

deixou de ser considerada uma doença fatal e seus portadores passaram a ter uma

sobrevida por um período de cinco anos em aproximadamente 80% dos casos.

O Children Oncology Group recentemente publicou um estudo com 21.626

pacientes incluídos para triagem de LLA no período de 1990 a 2005 e demonstrou que a

sobrevida de 5 anos aumentou de 83,7% (1990-2004) para 90% (2000-2005). Dados

recentes, publicados no ano de 2012, referentes a um estudo que avaliou 6.662 pacientes

no período de 2006 e 2009, demonstraram uma sobrevida significativamente melhor de

92,3% dos pacientes (Hunger et al., 2012). Todo o avanço observado foi o resultado de

intensas pesquisas a respeito das assinaturas gênicas envolvidas no desenvolvimento da

LLA juntamente com os diversos fatores prognósticos e sua relação com a evolução da

doença, o que tem permitido a estratificação dos pacientes em grupos de risco e assim

possibilitando um maior direcionamento do tratamento quimioterápico.

Com o avanço do estudo da LLA, os pesquisadores têm apontado para a

presença de alterações genéticas que poderiam ser responsáveis pelo processo de

iniciação ou progressão celular. Atualmente, as alterações citogenéticas e moleculares

são parâmetros de grande relevância clínica, de importância diagnóstica e ainda

permitem informações prognósticas independentes na LLA. Por isso é recomendável

investigar todas as possíveis alterações presentes nas células leucêmicas para se

caracterizar os fatores biológicos envolvidos na transformação e progressão maligna, e

Page 50: Lysa Bernardes Minasi

50

para se definir as terapias alvo-específicas, que beneficiarão ainda mais os pacientes

com neoplasias.

Nossos resultados estão em desacordo com o sugerido pelo INCA (2005), que

mencionou frequência de LLA elevada para os indivíduos do sexo masculino quando

comparada com o sexo feminino. Em nosso estudo, a proporção de indivíduos foi maior

para o sexo feminino. No presente estudo 37,5% são pacientes do sexo masculino,

destes 67% corresponderam ao imunofenótipo T, havendo uma associação significativa

entre sexo e imunofenótipo (p = 0,016). Segundo Pui e colaboradores (1999) o

imunofenótipo T estaria presente com maior frequência em indivíduos do sexo

masculino. Hjalgrim e colaboradores (2003) descreveram um estudo que reuniu uma

população de 5 milhões de crianças com LLA e idade de 0 a 14 anos em países

Nórdicos (Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega). Naquele estudo os autores

relataram que a razão de incidência entre sexo masculino e feminino foi de 2,19 para a

LLA-T e foi constante para todos os grupos etários. A prevalência de LLA em

indivíduos do sexo masculino foi demonstrada por Pui e colaboradores (2004a), como

apresentando uma pior resposta às terapias, comparativamente ao sexo oposto. Por um

longo período, a variável sexo foi considerada um fator prognóstico significativo. De

uma maneira geral, a diferença de resposta entre os sexos poderia estar relacionada com

as diferenças imunofenotípicas e a ploidia nos pacientes com LLA (Pui et al.,1999).

Diversos estudos apontam maior incidência para LLA na faixa etária entre 2 a 5

anos de idade, o que divergiu com os dados do presente estudo, cuja frequência para

esta faixa etária foi de 37,5% (Farias et al., 2004; INCA, 2007; Belson et al., 2007;

Puiet al., 2008). De acordo com o estudo realizado por de Oliveira e colaboradores

(2009), com base no banco de dados dos Registros de Câncer de Base Populacional de

Goiânia e São Paulo, uma taxa elevada para LLA foi observada entre indivíduos do

sexo masculino na faixa etária de 0 a 4 anos de idade, respectivamente 7,8 e 6,2 para

100.000 meninos, respectivamente.

No presente estudo a LLA-B representou 68,7% dos casos estudados. Segundo

Brumpt e colaboradores (2000) a LLA-B foi observada em aproximadamente 85% das

LLA infantil. Conforme a descrição de Bacal e colaboradores (2003) o imunofenótipo B

mais frequente é a LLA B-II, confirmando os achados do presente estudo, que

encontrou uma frequência de 72,8% para este subtipo. A expressão do marcador CD10

foi positiva em 75% dos casos, sendo que 17% representa a positividade na LLA-T, o

Page 51: Lysa Bernardes Minasi

51

que corrobora com o estudo de Supriyadi e colaboradores (2012) e com um estudo

Brasileiro realizado por Rego e colaboradores (1996) que associou a expressão de CD10

em 16% dos casos de LLA-T avaliados.

O marcador CD10 regula a linfopoese B no sistema hematopoético. A maioria

das LLA de linhagem B expressa o CD10 e a porcentagem de células que expressam o

CD10 diminui nas células B mais maduras. Entretanto, a expressão de CD10 tem sido

relatada em outros tipos de leucemia. A presença de CD10 está associada a resposta

clínica favorável em pacientes com LLA. Ademais, a presença de baixa contagem de

leucócitos, idade mais jovens, e subtipo FAB L1 também foram associados à presença

do marcador CD10. A expressão de CD10 varia entre os subtipos de LLA, 68% a 96%

dos casos são positivos para CD10 na LLA-B e 18 % a 45% na LLA-T (Greaves et al.,

1992; Campana et al., 2000). Foi observado uma correlação positiva entre a presença do

marcador CD10 e a expressão do RUNX1 (p = 0,04). Esta relação pode estar associada

ao fato de que a positividade para o marcador CD10 e alterações no gene RUNX1 são

condições fortemente presentes na LLA com imunofenótipo B, portanto na medida em

que há positividade para CD10 poderá existir também detecção para a presença do gene.

No presente estudo foi observada uma correlação positiva entre imunofenótipo e

marcador CD10+ (p = 0,03). Pui e colaboradores (1993) e Consolini e colaboradores

(1998) encontraram que a expressão de CD10 nos pacientes com LLA-B e LLA-T, não

teve significância como fator prognóstico independente. Enquanto os resultados de

Supriyadi e colaboradores (2012) demonstraram que na presença de CD10 os pacientes

com LLA têm uma sobrevida significante melhor comparado ao CD10 negativo. A

ausência de CD10 tem valor prognóstico significante negativo especialmente na LLA-T,

enquanto na LLA-B, é apenas marginalmente significante.

Do mesmo modo, foi reconhecida uma correlação positiva entre CD10+ e grupo

de risco (p = 0.043) para os pacientes do presente trabalho, ou seja, a medida em que o

marcador CD10 modifica sua expressão é acompanhado pela mudança do grupo de

risco. Em um estudo realizado por Supriyadi e colaboradores (2012), foi observado que

o antígeno CD10 foi expresso em 148 (70%) dos 211 pacientes avaliados. A frequência

relativa para a positividade de CD10 foi significativamente maior (p<0,001) em

pacientes enquadrados no grupo de baixo risco (83%) quando comparados ao grupo de

alto risco (60%). Pacientes com CD10+ tiveram uma sobrevida global em 4 anos de

Page 52: Lysa Bernardes Minasi

52

62% ± 6%, contra CD10- 40% ± 7%. A expressão de CD10 foi associada com a

classificação de risco, p=0,037, onde a maioria dos pacientes CD10- foram classificados

no grupo de alto risco.

A presença do imunofenótipo T é uma variável prognóstica desfavorável assim

como a ausência do marcador CD10. Portanto, a maior frequência do CD10- no grupo

de alto risco estará também presente na LLA-T. Os pacientes com LLA-T, mesmo que

sejam CD10+, apresentam um prognóstico relativamente melhor. Assim, deve-se ter

uma atenção especial com os pacientes que apresentam o imunofenótipo T e não

expressam o CD10.

Alguns estudos relatam que as leucemias que tem associação com o gene

RUNX1, estão relacionados com a alteração da função do mesmo por fusão com outros

genes nas translocações ou mutações no gene que é o maior fator causador de leucemias

em humanos. Novas evidências apontam para a função do RUNX1 como um oncogene,

deixando questões a respeito do papel do RUNX1, prevenir ou acelerar a carcinogênese.

As lesões genéticas específicas neste gene que irão definir o seu real papel no processo

de carcinogênese, ou seja, se ele se comporta como um supressor de tumor ou um

oncogene (Taniuchi et al., 2012).

Segundo Stams e colaboradores (2005), a expressão do RUNX1 nas células

leucêmicas estava 2 vezes maior quando comparado ao grupo controle (P = 0,02) e não

foi observado correlação entre a expressão do RUNX1 e a sensibilidade a L-

asparaginase, predinisona e vincristina (p> 0,05). No presente estudo foi observado uma

hiperexpressão do gene RUNX1, antes do tratamento o gene encontrou-se com um

aumento da expressão em 5 vezes em relação ao grupo controle e após a quimioterapia

de indução foi observado uma redução na sua expressão, atingindo a normoexpressão.

Este padrão de expressão de RUNX1, no presente estudo, demonstra que as células

leucêmicas que apresentam uma elevada expressão deste gene podem apresentar maior

sensibilidade aos quimioterápicos utilizados pelo protocolo GBTL LLA-99 durante a

fase de indução.

Estudos prévios também têm observado a hiperexpressão do gene RUNX1 em

crianças com LLA. Utilizando o método de RT-PCR, FISH ou Microarray foi

observado na maioria dos casos um aumento da expressão de RUNX1 associado com

anormalidades no cromossomo 21, trissomia do 21 não constitucional, cópias em

Page 53: Lysa Bernardes Minasi

53

tandem do gene no der(21), dup (21) e hiperdiploidia (Coniat et al.,2001; Mikhail et al.,

2002; Harewood et al., 2003; Attarbaschi et al., 2008). O papel oncogênico do RUNX1

já foi observado em um estudo de análise de expressão gênica por microarray em

carcinoma de endométrio (Blyth et al.,2005).

Segundo Attarbaschi e colaboradores (2008) a presença da amplificação

intracromossômica do cromossomo 21, com aumento da expressão do RUNX1,

diminuiu significativamente a sobrevida dos pacientes quando foram comparados com

outros pacientes sem esta alteração, ambos tratados pelo protocolo Austrian and

German ALL–Berlin-Frankfurt-Munster (ALL-BFM). Nos casos em que a resposta ao

tratamento é demorada, estes pacientes foram encaminhados para o transplante de

medula óssea logo que atingirem a primeira remissão completa.

A partir de modelos em murinos tem se feito um questionamento se os canceres

humanos também manifestam uma superexpressão do gene RUNX de uma forma em

que estes podem ser considerados como oncogenes. Esta forte indicação está

relacionada com uma pequena parcela (3 a 5%) da LLA-B infantil com pior

prognóstico, no qual o RUNX1 é afetado pela amplificação de um grande segmento

(~10MB) do cromossomo 21q. A alta expressão de RUNX1 também tem sido

encontrada na ausência da amplificação gênica em uma proporção significante da LLA-

B, indicando que outros mecanismos eficazes de desregulação podem estar associados,

ou seja, a região promotora deste gene pode conter a alteração (Niini et al., 2000).

As observações do presente estudo reforçam a importância do cromossomo 21

no processo da leucemogênese na LLA. Parece provável que a amplificação de RUNX1

e possivelmente a modificação de outros genes próximo a ele, contribua diretamente na

etiologia da LLA. O fato do perfil de expressão deste gene, em nosso estudo, ter

modificado de hiperexpresso ao diagnóstico para normoexpresso após o tratamento,

transmiti a ideia de que apesar das células leucêmicas de pacientes com LLA ao

diagnóstico apresentarem em sua maioria níveis de expressão aumentada de RUNX1,

elas também respondem melhor ao tratamento quimioterápico, ou seja, menos serão o

número de recidivas nestes pacientes, visto que Lanciotti e colaboradores (2011)

identificaram em pacientes com LLA-B após recidiva, diminuição na expressão de

genes envolvidos na regulação transcricional e apoptose, sendo o RUNX1 um deles.

Portanto, a expressão reduzida de RUNX1 esteve relacionada com maior risco de

Page 54: Lysa Bernardes Minasi

54

recidiva em pacientes com LLA. Portanto novos estudos devem ser conduzidos com

objetivo de correlacionar os níveis de expressão deste gene com resposta ao tratamento.

O padrão de expressão do gene TAL1, no presente estudo, apresentou uma

considerável e significativa diminuição. A baixa expressão deste gene esteve presente

em todos os grupos avaliados, com exceção da análise pós tratamento que demonstrou

um aumento da sua expressão.

A presença de transcritos oncogênicos como LMO2, LYL1, TLX1, TLX3, TAL1 e

NKX2-1 são considerados como elementos de assinatura gênica para a LLA-T. Análise

por RT-PCR demonstrou níveis aumentados do TAL1 em 29 (49%) dos 59 casos de

LLA-T avaliados (Sanda et al.,2012; Ferrando et al., 2002). Para o oncogene TAL1, em

estudo realizado por Larmonie e colaboradores (2012), não foi encontrado a expressão

do mesmo em timócitos humano normais, ao contrário do que já foi observado em

timócitos de murinos.

TAL1 nas leucemias de células T, normalmente é observado a superexpressão do

gene, podendo ser resultado de rearranjos específicos que promovem a leucemogênese,

pela indução da sua expressão nas células de linhagem T. Transcritos de TAL1 estão

presentes nas células malignas de diversos pacientes com LLA-T, sendo que muitas

dessas alterações não são as mais frequentemente observadas, sugerindo que a ativação

maligna do TAL1 pode ocorrer na ausência de rearranjos estruturais grosseiros e que sua

ativação representa a maior via para o desenvolvimento da LLA-T. Já foi demonstrado,

que a alteração na expressão deste gene em pacientes com LLA-B é bastante rara (Bash

et al., 1995), como a grande maioria dos nossos pacientes apresentam o imunofenótipo

B, faz sentido a baixa expressão de TAL1 nestes pacientes. Ainda assim, os pacientes

com imunofenótipo T apresentaram expressão diminuída deste gene, isso se torna

importante, pois como TAL1 é um oncogene, podemos concluir que neste grupo de

pacientes avaliados a iniciação e a progressão da LLA não contou com a participação

deste gene, visto que ele foi encontrado com seu padrão de expressão diminuído.

A expressão ectópica de TAL1 em timócitos está associado com a parada de

maturação dos timócitos corticais. Normalmente é uma condição associada a

prognóstico desfavorável, pois os pacientes apresentam dificuldades de atingir a

remissão completa, provavelmente devido a uma maior regulação das moléculas anti

apoptóticas. Foi demonstrado nas células que tem expressão aumentada de TAL1, estes

regulam positivamente o BCL2 e outras moléculas antiapoptóticas, normalmente

Page 55: Lysa Bernardes Minasi

55

induzida pela sinalização através do receptor de células T (TCR) nos timócitos corticais,

sugerindo que possa haver diferentes mecanismos de resistência ao tratamento na

presença da expressão aumentada de TAL1 (Ferrando et al., 2002).

Uma correlação positiva foi observada entre a expressão de BAX e BCL2 (r =

0,94 e p < 0,0001). A expressão de BCL2 encontrou-se aumentada no imunofenótipo B,

contagem de leucócitos < 50.000/mm3, idade ≥1 ano e < 9 anos, CD10+ e

hiperexpressão no grupo de baixo risco. Foi observado também, que após o tratamento o

perfil de BCL2 diminuiu em 2,5 vezes em relação ao grupo antes do tratamento, mas

ainda permaneceu com um discreto aumento. Apesar desta constatação, os testes de

correlação para estas varáveis não foram significativos. O paciente que apresentou o

cromossomo Ph+ demonstrou o nível de expressão discretamente aumentado (fold

change = 1,55).

A expressão dos genes de apoptose é diferente dependendo da origem celular e

das características citogenéticas. Linfoblastos do tipo B CD10 positivos produzem altos

níveis de BCL2 e não há correlação com a expressão do BAX ou com a razão

BCL2/BAX e com outras características prognósticas como idade, sexo, cariótipo ou

leucometria no momento do diagnóstico. Finalmente, a baixa expressão da proteína

BCL2 entre os pacientes com LLA é observada em pacientes com idade maior do que

45 anos e pacientes com cariótipo alterado, como presença do cromossomo Philadelphia

(Coustan-Smith et al., 1996; Feng et al., 2010; Craig et al., 2012). Em um estudo

desenvolvido por Uckun e colaboradores (1997), nenhuma característica associada ao

grupo de alto risco apresentou correlação na presença da expressão aumentada de BCL2.

Já as células leucêmicas de pacientes no grupo de baixo risco apresentaram níveis de

BCL2 significativamente aumentados (p = 0,05), assim como foi observada no presente

estudo a hiperexpressão deste gene no grupo de baixo risco.

No presente estudo, os níveis de BAX ao diagnóstico estavam aumentados e na

fase de indução houve diminuição em 1,4 vezes em sua expressão. Em relação aos que

recidivaram, um deles possuía baixa expressão de BAX (fold change = 0,8) e um

discreto aumento na expressão de BCL2 (fold change = 1,5) e o outro paciente,

apresentou uma discreta expressão do BAX (fold change = 1,3) e uma expressão

aumentada do BCL2 (fold change = 2,4), ambos foram a óbito.

Page 56: Lysa Bernardes Minasi

56

Altos níveis da proteína BAX tem sido relacionado com um maior risco de

recidiva em crianças com a LLA e prognóstico favorável na LMA. Entretanto, ambos os

níveis de expressão de BAX e a relação BAX/BCL2 são significativamente mais baixos

em pacientes em recidiva comparados com pacientes ao diagnóstico. Além disso,

pacientes ao diagnóstico exibem espontaneamente in vivo o processo de caspase,

enquanto este é completamente ausente na recidiva. Demonstrando a contradição até o

momento da relação dos níveis de expressão da proteína BAX e risco aumentado de

recidiva (Del Principe et al., 2003; Prokop et al., 2000; Hogarth & Hall, 1999).

Numerosos estudos tem relacionado à falha na apoptose e a desregulação do

gene BCL2 com a patogênese e insucesso no tratamento da LLA. Um recente estudo

indicou uma alta frequência na super expressão do RNAm de BCL2 e uma frequência

relativamente baixa na super expressão do RNAm de BAX em LLA e LMA, que

também foi observada no presente estudo, sugerindo que a transcrição alterada destes

genes pode estar envolvida no processo da leucemogênese. Além disso, a expressão de

BCL2 foi diversa nos diferentes tipos de LLA de acordo com estágio de maturação da

célula B. Embora haja uma expressão aumentada de BCL2 em pacientes com LLA,

estudos clínicos não obtiveram correlação com a sobrevida destes pacientes (Campana

et al., 1993; Menendez et al., 2004; Aref et al., 2004; Wojcik et al., 2005). Embora Aref

e colaboradores (2004) relataram que a expressão de BCL2 ao diagnóstico está

correlacionada com responsividade à quimioterapia de indução.

A expressão aumentada de BAX foi associada com resposta desfavorável em

pacientes com LLA. Este achado paradoxo é difícil de ser explicado. Entretanto,

verificou-se que embora homodímeros de BAX promovam a apoptose, ainda é

importante a formação de heterodímeros de BAX e BCL2 para prevenir a morte celular.

Portanto, o equilíbrio na formação de heterodímeros BCL2-BAX (supressores da morte

celular) e homodímeros BAX-BAX (ativadores da morte celular) parece ser essencial na

regulação molecular da apoptose (EL-Mahallawy et al., 2001).

Uma correlação positiva foi observada entre a expressão de ETV6 e PTEN (r =

0,71 e p < 0,003). Os genes ETV6 e PTEN mantiveram-se bem próximos da

normalidade quando avaliados de forma global antes e após a quimioterapia de indução.

Mesmo após o tratamento não houve modificação da expressão para estes genes.

Entretanto, ao analisarmos a expressão destes genes nos diferentes grupos, podemos

observar que o PTEN apresentou-se hiperexpresso, nos pacientes que apresentaram

Page 57: Lysa Bernardes Minasi

57

leucometria < 50.000/mm3 (fold change = 2,24) e no grupo de baixo risco (fold change=

3,18), bem como o ETV6 (fold change = 2,30). Em contrapartida, o gene ETV6 e PTEN,

no imunofenótipo T apresentaram-se hipo expressos (fold change = 0,8) e (fold change

= 0,46), respectivamente, assim como no grupo de alto risco (fold change = 0,55) e (fold

change = 0,47), respectivamente.

ETV6 e PTEN são supressores de tumor, portanto a perda ou inativação destes

aumenta a participação destes genes no processo de leucemogênese. De acordo com a

classificação de risco, é possível inferir a relação destes genes com características

associadas a melhor ou pior prognóstico, pois a diminuição da expressão dos mesmos

está presente nos pacientes de alto risco para recidiva e na LLA-T, que também é uma

condição de prognóstico ruim.

Foi investigado a expressão do PTEN nos blastos de 8 pacientes com LLA-B

pediátrica, e foi observado uma baixa expressão do PTEN nestes pacientes. Poucos

estudos tem sido realizados com a expressão do gene e LLA-B, um estudo recente

demonstrou que a região promotora do gene estava metilada em 20% dos pacientes com

LLA, sugerindo que a ausência ou baixa expressão do PTEN pode estar relacionado

com a metilação. Nos casos de LLA-T foi observado expressão ligeiramente aumentada

do PTEN (Yang et al., 2007). Gauffin (2009) analisou por microarray e encontrou uma

alta expressão do PTEN na LLA pediátrica ao diagnóstico comparada com controle.

Curiosamente, as crianças acompanhadas obtiveram uma sobrevida livre de eventos de

5 anos, entretanto, em amostras de recidivas a expressão do PTEN estava diminuída,

sendo portanto um possível candidato para marcador de prognóstico.

Jotta e colaboradores (2010) relataram o impacto prognóstico de mutações no

exon 7 do gene PTEN em pacientes com LLA-T. A análise de sobrevida indicou que

pacientes com alguma alteração do gene tiveram uma tendência inferior de sobrevida

global (OS 48.6±14.8 versus 69.4±7.4%, p = 0.07) e a sobrevida livre de evento (SLE

48.6±14.8 versus 65.2±7.7%, p = 0.15) quando comparado com pacientes sem a lesão

genética. Foi identificado apenas associação entre leucometria > 100.000/ mm3 ao

diagnóstico (p = 0,05).

Mutações de perda de função do gene PTEN ou mutações que ativem a

sinalização da via PI3-kinase ocorrem frequentemente na LLA-T. Enquanto na LLA-B

raros são o envolvimento de deleção do PTEN. Sua inativação está presente na LMA

por mutações, metilação na região promotora ou repressão transcricional (Magee et al.,

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58

2012). Além do mais, deleções do PTEN parecem estar correlacionadas com pobre

resposta ao tratamento quimioterápico e à resistência para a inibição farmacológica do

NOTCHI. Entender os mecanismos moleculares do PTEN na patogênese da LLA e

resistência a algumas drogas é um passo importante para melhorar a resposta terapêutica

destes pacientes com LLA (Guo et al., 2011).

Um conjunto significativo de pacientes com o transcrito de fusão TEL-AML1

perdem o alelo TEL não translocado, sugerindo que a perda do alelo normal contribui

para o processo de transformação neoplásica. Adicionalmente, a deleção de um alelo

normal, tem sido frequentemente relatada na LLA infantil com ou sem a fusão TEL-

AML1. A perda de heterozigosidade do alelo TEL é também observada em outros tipos

de leucemia e em tumores sólidos, o que sugere a este gene um papel de supressor de

tumor. Mutações pontuais foram relatadas no domínio ets do alelo não rearranjado de

ETV6 em LLA-T que apresentava a fusão ETV6/ABL2 (Poirel et al.,1998; Stegmaier et

al.,1995; Bohlander, 2005). Observou-se, após análise de array, em 5 dos 11 pacientes

(45%) apresentaram deleção envolvendo o gene ETV6 que variou de 0,2 Mb a 19,4 Mb

(Zakaria et al., 2012).

Chae e colaboradores (2010) relataram um caso de LLA em adulto que

apresentou amplificação do ETV6, que já foi relatada em um caso de Síndrome

Mielodisplásica. ETV6 desempenha um papel central como um gene supressor de tumor

na leucemogênese de diferentes tipos de leucemia, não só através da fusão de cerca de

40 genes, mas também através de deleções, mutações pontuais e possíveis alterações em

seu promotor.

A expressão aumentada de ABL foi observada em praticamente todos os grupos

clínicos avaliados, apesar de não haver correlação significativa entre os mesmos. A alta

atividade de quinase citoplasmática tem sido observada em carcinomas de mama e

câncer de pulmão de células não pequenas. Um aumento nos níveis da proteína tem sido

identificado em câncer de mama e câncer de tireóide anaplásico, além do mais a super

expressão de c-abl, entretanto, não é suficiente, a atividade de quinase requer a

fosforilação da proteína. Por exemplo, a fosforilação de c-Abl induzida por Src,

aumenta a atividade de quinase citoplasmática (Sirvent et al., 2008;Panjarian et al.,

2013).

Abl quinases estão envolvidas em um grande número de anormalidades

cromossômicas em diferentes tipos de câncer que levam a expressão de proteínas de

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59

fusão, mas a presença de mutações pontuais nos genes ABL1 e ABL2 ainda não foram

identificadas em canceres humanos ou outras doenças (Hantschel, 2012).

A remoção de ABL induz a defeitos pleiotrópicos, que causam mortalidade pós

parto, assim como linfopenia e osteoporose em camundongos Knock-out, sendo,

portanto importante na homeostase celular. Segundo Kim e colaboradores (2010), uma

deleção completa do gene ABL1 na ausência do rearranjo BCR-ABL, é um fenômeno

raro, com apenas 4 casos descritos previamente. Essa deleção é rara mais é uma

anormalidade genética recorrente em pacientes com LLA-B. Novos estudos são

necessários para avaliar a extensão desta alteração sub microscópica no cromossomo 9,

com deleção de ABL1, assim como o prognóstico e a resposta ao tratamento destes

pacientes com este tipo de alteração.

O gene BCR tem um papel crucial na patogênese de duas leucemias (LMC e

LLA) quando está associado com o gene ABL resultando no cromossomo Philadelphia.

No presente estudo, a expressão deste gene mostrou-se aumentada após o tratamento, no

grupo de baixo risco e leucometria < 50.000/mm3. O aumento da expressão de BCR tem

sido relacionado com a inibição da oncoproteína BCR-ABL, a proteína endógena BCR

forma um complexo com o c-ABL em células hematopoéticas. A expressão de BCR em

células Rat-1 transformadas por proteína Mr 10,000 Abl SH2 reduziu a atividade de

tirosina quinase do c-ABL próximo dos níveis normais e reverteu o efeito oncogênico

nas células ABL1 SH2 tratadas. Foi concluído neste estudo que o BCR é o maior

inibidor da tirosina quinase do c-ABL citoplasmático e que procedimentos que

sequestram BCR, liberam a proteína c-ABL do complexo BCR/c-ABL, que leva a

ativação oncogênica do c-ABL (Ling et al., 2003).

A cura para leucemias em crianças tem aumentado consideravelmente através do

uso de agentes citotóxicos, validados em grandes triagens clínicas randomizadas.

Fatores clínicos, características genéticas da leucemia e resposta inicial ao tratamento

são atualmente utilizados na tentativa de oferecer um tratamento personalizado para

todos os pacientes envolvidos nesta patologia. Avanços na área da genômica tem

conduzido à descoberta de lesões somáticas recorrentes nas células leucêmicas que

oferecem não apenas informações prognósticas adicionais, mas também oportunidades

para a aplicação de tratamento alvo. Finalmente, o reconhecimento dos fatores chaves

que estão associados com risco para a transformação leucêmica e resposta a terapia,

provavelmente conduzirá a estratégias de tratamento mais sofisticadas no futuro.

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60

O conhecimento da LLA e suas características genéticas tem substancialmente

aumentado e é o resultado do melhor entendimento a respeito dos mecanismos

moleculares da leucemogênese. Grupos cooperativos devem encorajar os grandes

centros a participar de linhas de pesquisa, que ampliem o conhecimento molecular para

este tipo de leucemia, buscando associar conhecimentos a partir de dados citogenéticos,

expressão gênica e SNP, e porque não formar bancos de células leucêmicas que

ajudarão em estudos a posteriori. Engajar grandes e pequenos centros que acompanham

estes pacientes pode ser difícil, mas apenas a união destes serviços permitirá que

estudos difundam a relevância prognóstica de todas as variáveis e determinem uma

assinatura genética para esta leucemia, que será traduzido em novas terapias alvo.

7. Conclusão

Após a realização da técnica de PCR array em pacientes antes e depois do

tratamento, foi identificado diferenças no padrão de expressão gênica entre estes dois

grupos de estudo. Os níveis de expressão de dois genes nos chamaram a atenção, a alta

expressão do gene RUNX1 e baixa expressão do gene TAL1. A associação entre algumas

variáveis foi estabelecida de forma significativa (p< 0,05) e estes dados corroboraram

com o que está descrito na literatura, sendo elas: correlação negativa entre as variáveis

sexo e o imunofenótipo (p = 0,016), correlação positiva entre imunofenótipo e idade (p

= 0,04), imunofenótipo e marcador CD10+ (p = 0,03), imunofenótipo e grupo de risco

(p = 0,015) e marcador CD10+ e grupo de risco (p = 0,043).

A fase de indução do tratamento da LLA é considerada umas das principais

etapas para definição de prognóstico e evolução dos pacientes nas fases posteriores do

tratamento. A busca sistemática das mutações genéticas e a observação do perfil de

expressão gênica nesta fase do tratamento, além dos aspectos clínico e biológicos, pode

ajudar na decisão médica de intensificar ou não a quimioterapia. Demonstramos no

presente estudo uma diferença significativa no padrão de expressão gênico da LLA ao

diagnóstico e após a terapia de indução, sendo que na fase de indução o perfil

apresentou-se bastante próximo do padrão de expressão do grupo controle, indicando

uma boa resposta dos pacientes tratados com o protocolo GBTL1 LLA-99 na fase de

indução.

A partir do perfil de expressão de cada gene analisado, podemos perceber que

estes genes realmente tem um papel fundamental na iniciação e progressão da LLA,

portanto foi possível compreender o papel destes genes no prognóstico da LLA, e

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consolidamos alguns conhecimentos que já estavam descritos previamente. Concluímos

nossa observação com relação ao perfil de expressão gênica nos pacientes com LLA

incluídos neste estudo, mas para definirmos um painel de marcadores moleculares é

necessário a avaliação de diversos outros genes que participam do processo da

leucemogênese na LLA com auxílio de outras metodologias.

Estudos adicionais que envolvam a análise de expressão gênica em pacientes

com suspeita de LLA são importantes para definir e identificar genes que possam ser

utilizados como potenciais marcadores preditivos na LLA. Este conhecimento permitirá

o diagnóstico precoce, especialmente para os casos em que os dados clínicos e

laboratoriais não são satisfatórios. Estes achados poderiam ser utilizados rotineiramente

na prática clínica permitindo a assistência nas diversas fases médicas de diagnóstico.

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8. Apêndice

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