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exemplo de instabilidade de estruturas desenvolvido pelo professor Raul-PUC/RJ
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CIV 2106 -Instabilidade das Estruturas - Notas complementares de Res. Mat. II Prof. Raul Rosas e Silva 2014.2
Obs. : Como estaremos utilizando aproximações na forma de Rayleigh-Ritz para vigas em diversassituações, parece interessante fazer uma revisão das equações básicas de flambagem de vigas, utilizando otexto abaixo (vide curso de Res. Materiais na PUC-Rio).
CARGAS INDEPENDENTES DOS DESLOCAMENTOS
Este caso normalmente aparece na forma de cargas gravitacionais. Temos a equação diferencial EIwiv + Pw" = q (= 0 para estudo da carga crítica clássica). A solução da eq. homogênea toma a forma
w x( ) A Bx Csin βx( ) Dcos βx( )=
Os resultados para as diferentes condições de contorno usuais são bem conhecidos. Quando há variação de propriedades ou da carga axial ao longo da viga a solução exata não édisponível, em geral.
CARGAS DEPENDENTES DOS DESLOCAMENTOS
Há situações em que uma estrutura é sujeita a cargas proporcionais aos deslocamentos (obs.: hádissertações de mestrado sobre o assunto na PUC-Rio, de Francisco José Pereira de Almeida(1985) e Rodolfo Luiz Suanno (1987), orientadas por R. R.S.). No caso particular de vigas, pode surgir uma carga transversal proporcional ao própriodeslocamento transversal w(x). No caso em que a carga atua em sentido contrário aodeslocamento, temos o efeito de base elástica. A hipótese de Winkler admite que a reação dabase elástica provém de molas independentes. No caso em que a carga atua no sentido dodeslocamento, tendendo a amplificá-lo, temos o chamado efeito de empoçamento, já que éusualmente provindo do acúmulo de líquido.
EFEITO DE EMPOÇAMENTO ("PONDING")Analisemos a equação da viga com este efeito incluído, EI.wiv = q + c.w , onde c é umaconstante que depende da geometria e do peso específico do líquido acumulado. Para o casode uma viga suportando uma placa alongada (dimensão s na direção fora do plano), podemos fazer c = .s .
Para uma viga ( normalmente associada a uma placa na direção fora de seu plano) bi-apoiada ecom vão L, a solução não-nula da equação diferencial homogênea (i.e., com q =0) é da forma:
w x( ) An sinn π x
L
= Tal solução leva a cn4
π4
E I
L4= (como condição para
deslocamento não-nulo)
γ sπ
4 E I
L4=ou seja, na situação mais crítica, n = 1,
Considerando uma viga de altura h e largura b, vem
γ sπ
4 E b h3
12 L4
=
Esta expressão permite dimensionar a peça para que não haja empoçamento (na prática, teria que sermultiplicado por um coeficiente de segurança):
hmin
312 L4 γ s
π4 E b
=
Adotando valores para painéis sob carga acumulada de água suportados por vigas de concretoarmado de seção retangular: Obs.: Experimentar com outros valores !
γ 1.0 s 10 L 10 E 100 104 b .20 (valores em tf e m)
hmin
312 L4 γ s
π4 E b
hmin 0.395 (a ser multiplicado por um coef. de segurança)
Solução Geral
Temos uma equação diferencial linear homogênea a coeficientes constantes EI.wiv -c.w = 0 no caso de EI ek constante. Para a solução geral da homogênea, consideramos que ela tem a forma e ^(λx), o que leva à eq.característica na forma EIλ^4 - c = 0, cujas quatro raízes são apresentadas abaixo.
λ
4 cEI
1
1
i
i
=
A solução geral será a combinação de 4 funções na forma abaixo. Os expoentes β são complexos, mas asolução pode ser recombinada usando a identidade de Euler* para ficarmos com funções exponenciais etrigonométricas reais, apresentadas no vetor de 4 funções f(x).
wh g x( )1 c1 g x( )2 c2 g x( )3 c3 g x( )4 c4=
cw(x)
EI
L
* Identidade de Euler:
ea bi ea cosb i senb( )=
g x β( )
g x( )1
g x( )2
g x( )3
g x( )4
=
eβ x
e β x
sin β x( )
cos β x( )
= onde introduzimos a quantidade adimensional
β
4c L4EI
=
Funções f que descrevem o deslocamento e suas derivadas primeira df, segunda d2f e terceira d3f, emrelação a x (necessárias para imposição das condições de apoio):
dg x β( )
β eβ x
β e β x
β cos β x( )
β sin β x( )
g x β( )
eβ x
e β x
sin β x( )
cos β x( )
d2g x β( )
β2 eβ x
β2 e β x
β2 sin β x( )
β2 cos β x( )
d3g x β( )
β3 eβ x
β3 e β x
β3 cos β x( )
β3 sin β x( )
s = 10
L = 10 Painel
vigas
Exemplo: Viga biengastada
Como as condições de apoio correspondem a w(0)=w'(0)=w(L)=w'(L)=0 , devemos escrever 4 equações deforma a determinar as constantes ci nesse caso.
w wh= g x( )1 C1 g x( )2 C2 g x( )3 C3 g x( )4 C4=
dw dwh= dg x( )1 C1 dg x( )2 C2 dg x( )3 C3 dg x( )4 C4=
Esse conjunto de equações pode ser escrito mais convenientemente em forma matricial.
Vemos que T é uma matriz 4x4, C é um vetor 4x1 (constantes adeterminar). Para a condição crítica, T deve ser singular.T C 0=
Considerando painéis 10x10m: Vão: L 10 Espaçamento x peso específico (tf/m3): c 10
Variando β de modo a verificar qual o valor que torna T singular:
β 3.8 3.81 4
T β( )
g 0 β( )1
dg 0 β( )1
g L β( )1
dg L β( )1
g 0 β( )2
dg 0 β( )2
g L β( )2
dg L β( )2
g 0 β( )3
dg 0 β( )3
g L β( )3
dg L β( )3
g 0 β( )4
dg 0 β( )4
g L β( )4
dg L β( )4
3.7 3.78 3.86 3.94 4.02 4.12
0.4
1.2
2.8
4.4
6
T β( )
1018
β
Observamos do gráfico que o determinante de T se anula para β próximo de 3.9. Para obter um valor mais exatopodemos utilizar a função root(f(x),x,x1,x2) que acha o valor de x que anula f(x) no intervalo (x1,x2).
Notar a necessidade de dividir por um número muitogrande para evitar erro numérico no cálculo da raiz.deter β( ) T β( )
βcritico rootdeter β( )
1018β 3.8 4
Resultado:
βcritico 3.927 que é o valor crítico para empoçamento.
Com este resultado, podemos calcular o valor de EI (mínimo necessáriopara que não haja empoçãmento, a ser multiplicado por um fator >1)
EIminimoc L4
βcritico4 EIminimo 420.495 em tf.m2
Para uma solução mais realista, deve ser considerada a deformação sob ação das demais cargas.Naturalmente, outras formas de dimensionamento podem ser consideradas (por exemplo, dadas ascaracterísticas da seção, calcular o vão máximo permitido).
Normas de estruturas metálicas incluem procedimentos recomendados para considerar o efeito doempoçamento (inclusive dados sobre declividade mínima): Specification for Structural Steel Buildings, March 9, 2005, AMERICAN INSTITUTE OF STEELCONSTRUCTION, INC. , Appen. 2 - Design for PondingNBR 8800 - rev. 2008, itens 9.3, 11.6, 4.7.3.3, An. C, An. Q4.1.4
VIGAS EM BASE ELÁSTICA
Temos uma equação diferencial linear a coeficientes constantes EI.wiv +k.w = q no caso de EI e k seremconstantes. A solução geral é obtida da soma da solução geral da homogênea com uma particular danão-homogênea. Para a solução geral da homogênea, novamente consideramos que ela tem a forma e ^(λx),o que leva à eq. característica na forma EIλ^4 + k = 0, cujas quatro raízes são apresentadas abaixo.
λ
4 k4EI
1 i
1 i
1 i
1 i
=
A solução geral será a combinação de 4 funções na forma abaixo. Os expoentes β são complexos, mas asolução pode ser recombinada usando a identidade de Euler* para ficarmos com funções exponenciais etrigonométricas reais, apresentadas no vetor de 4 funções f(x).
wh f x( )1 c1 f x( )2 c2 f x( )3 c3 f x( )4 c4=
* Identidade de Euler:
ea bi ea cosb i senb( )=
f x( )
f x( )1
f x( )2
f x( )3
f x( )4
=
eβ x sin β x( )
eβ x cos β x( )
e β x sin β x( )
e β x cos β x( )
= onde agora definimos
β
4 k4EI
=
q
k
EI
L
A solução geral fica sendo
w wh wp= onde wp é uma solução particular.
Vamos analisar o exemplo de uma viga com diferentes condições de contorno. É mais conveniente trabalhar noMathcad com dados numéricos (os valores são em metros, megaNewtons, MPa). Vale lembrar que Timoshenko eoutros definem vigas curtas (em que a base tem pouco efeito) para βL < 0.6, longas (em que o efeito de umaextremidade mal é sentido na outra) para βL>5, e médias (que requerem a solução completa), para 0.6<βL<5.Tais limitações não são tão importantes hoje em dia, já que temos recursos computacionais.
Viga de seção retangular bxh, comprimento L: b 0.1 h 0.5 L 10
Momento de inércia em torno do eixo y: Iyb h312
Iy 1.042 10 3
Módulo de elasticidade longitudinal: E 10000
Constante de rigidez da base por unidade de área (no caso de solo, a força necessária paradeslocamento unitário de uma unidade de área de fundação - unidades em MN/m3):
kfund 10
Há uma grande incerteza nesses valores de kfund no caso de solos. Devem ser obtidosexperimentalmente em cada situação. Para se ter uma idéia, a tabela adaptada de Sussekind - Curso deAnálise Estrutural (vol. 2, p. 286, 1976) sugere valores entre 800 e 10000 tf/m3 (aprox. 8 a 100 MN/m3),enquanto Pfeil (Pontes em Concreto Armado, p. 382, 2a. ed., 1980) fornece valores entre 300 e 4000tf/m3 (aprox. 3 a 40 MN/m3) .
Como a viga tem base b, então a constante k (força necessária para um deslocamento unitário por unidadede comprimento de viga - unidades em MN/m2) é obtida por
k kfund b
k 1
O valor de é obtido pela expressãoβ
4 k4 E Iy
β 0.394 β L 3.936 (viga "média")
Abaixo, funções f que descrevem o deslocamento e suas derivadas primeira df, segunda d2f e terceirad3f, em relação a x (necessárias para imposição das condições de apoio):
f x( )
eβ x sin β x( )
eβ x cos β x( )
e β x sin β x( )
e β x cos β x( )
df x( )
β exp β x( ) sin β x( ) exp β x( ) cos β x( ) β
β exp β x( ) cos β x( ) exp β x( ) sin β x( ) β
β exp β x( ) sin β x( ) exp β x( ) cos β x( ) β
β exp β x( ) cos β x( ) exp β x( ) sin β x( ) β
d2f x( )
2 β2
exp β x( ) cos β x( )
2 exp β x( ) sin β x( ) β2
2 β2
exp β x( ) cos β x( )
2 β2
exp β x( ) sin β x( )
d3f x( )
2 β3
exp β x( ) cos β x( ) sin β x( )( )
2 β3
exp β x( ) sin β x( ) cos β x( )( )
2 β3
exp β x( ) cos β x( ) sin β x( )( )
2 β3
exp β x( ) sin β x( ) cos β x( )( )
Exemplo: Viga biengastada sob carga constante
Tomemos como exemplo uma viga biengastada sujeita a uma carga constante (tomada unitária, parasimplificar a análise do resultado). A solução particular da não-homogênea correspondente é wp = q/k.
q 1 wpqk
Como as condições de apoio correspondem a w(0)=w'(0)=w(L)=w'(L)=0 , devemos escrever 4 equações deforma a determinar as constantes ci nesse caso.
w wh wp= f x( )1 c1 f x( )2 c2 f x( )3 c3 f x( )4 c4qk
=
dw dwh dwp= df x( )1 c1 df x( )2 c2 df x( )3 c3 df x( )4 c4 0=
Esse conjunto de equações pode ser escrito mais convenientemente de forma matricial.
Vemos que T é uma matriz 4x4, c é um vetor 4x1 (constantes adeterminar) e t é um vetor 4x1 com os termos independentes,associados ao carregamento e oriundos da solução particular.
T c t=
t
qk
0
qk
0
T
f 0( )1
df 0( )1
f L( )1
df L( )1
f 0( )2
df 0( )2
f L( )2
df L( )2
f 0( )3
df 0( )3
f L( )3
df L( )3
f 0( )4
df 0( )4
f L( )4
df L( )4
O vetor solução c é obtido multiplicando-se a inversa de T pelo vetor independente t.
c T 1 t
c
1.369 10 4
0.029
1.057
1.029
Para plotar o diagrama criamos vetores de pontos para o deslocamento w, momento fletor M = -EIw" e força cortante V = - EIw"' ao longo da viga.
i 1 101
P
L
EI
K
xii 1( ) L
100
wi f xi 1 c1 f xi 2 c2 f xi 3 c3 f xi 4 c4qk
Mi E Iy d2f xi 1 c1 d2f xi 2 c2 d2f xi 3 c3 d2f xi 4 c4
Vi E Iy d3f xi 1 c1 d3f xi 2 c2 d3f xi 3 c3 d3f xi 4 c4
Para efeito de comparação, observamos também os valores do deslocamento transversal wsb (polinômiode 4o. grau), momento fletor Msb e força cortante Vsb, sem a base elástica (os valores foram obtidosmanualmente, em separado), representados em pontilhado.
wsbiq L2
24 E Iyxi 2
q L12 E Iy
xi 3q
24 E Iyxi 4
Msbiq L2
12q L2
xiq2
xi 2
Vsbiq L2
q xi
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100.5
0.2
0.10.40.7
11.31.61.92.22.5
w
wsb
x
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10108.46.85.23.6
20.41.22.84.4
6
M
Msb
x
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1054321012345
V
Vsb
x
Uma forma de checar o resultado é observar que, sendo a reação da base r = k.w, sua integralrepresenta a diferença entre as reações de apoio com e sem base elástica. Naturalmente, essadiferença depende da constante da base. Para checar, aproveitamos os valores discretos obtidospara w, executando a integração pela regra do trapézio.
Rbase k w1 w101 L
200
2
100
i
k wiL
100
Rbase 4.626
2 Vsb1 V1 4.626 OK !
Viga livre e apoiada, sujeita a carga na extremidade
Repetimos abaixo o procedimento anterior, modificando apenas a matriz T para atender às condiçõesde contorno -EIw"'(0)=-P, w"(0)=0, w(L)=0, w"(L)=0.
É interessante observar que uma viga com estas condições de apoio e sem a base elástica se tornahipostática.
P 1
T1
d2f 0( )1
d3f 0( )1
f L( )1
d2f L( )1
d2f 0( )2
d3f 0( )2
f L( )2
d2f L( )2
d2f 0( )3
d3f 0( )3
f L( )3
d2f L( )3
d2f 0( )4
d3f 0( )4
f L( )4
d2f L( )4
t1
0
PE Iy
0
0
c T1 1 t1 c
3.003 10 4
5.514 10 6
3.003 10 4
0.788
Obtemos os deslocamentos e esforços da mesma forma anterior.
i 1 101 xii 1( ) L
100 wi f xi 1 c1 f xi 2 c2 f xi 3 c3 f xi 4 c4
q 0k
Mi E Iy d2f xi 1 c1 d2f xi 2 c2 d2f xi 3 c3 d2f xi 4 c4
Vi E Iy d3f xi 1 c1 d3f xi 2 c2 d3f xi 3 c3 d3f xi 4 c4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100.1
0.010.080.170.260.350.440.530.620.710.8
w
x
Notar que não podemos obter os esforços sem a base elástica já que a viga se torna hipostática.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100.9 0.80.70.60.50.40.30.20.1
00.1
M
x
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101
0.860.720.580.440.3
0.160.020.120.260.4
V
x