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MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGO CULTIVADOS COM SORO HOMÓLOGO APRESENTAM GRANDE NÚMERO DE CORPOS LIPÍDICOS E AÇÃO MICROBICIDA REDUZIDA CONTRA O TOXOPLASMA GONDII LAURA AZEREDO MIRANDA MOTA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RIO DE JANEIRO FEVEREIRO 2009

MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGO … · COM SORO HOMÓLOGO APRESENTAM GRANDE NÚMERO DE ... até de noite o meu coração me ensina (Sl 16:5,7). VI ... Tem sido sugerido que

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MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGO CULTIVADOS

COM SORO HOMÓLOGO APRESENTAM GRANDE NÚMERO DE

CORPOS LIPÍDICOS E AÇÃO MICROBICIDA REDUZIDA

CONTRA O TOXOPLASMA GONDII

LAURA AZEREDO MIRANDA MOTA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO 2009

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MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGO CULTIVADOS

COM SORO HOMÓLOGO APRESENTAM GRANDE NÚMERO DE

CORPOS LIPÍDICOS E AÇÃO MICROBICIDA REDUZIDA

CONTRA O TOXOPLASMA GONDII

LAURA AZEREDO MIRANDA MOTA

“Dissertação apresentada ao Centro de Biociências e Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como requisito das exigências para a obtenção do título de Mestre em Biociências e Biotecnologia”.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO 2009

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MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGO CULTIVADOS COM

SORO HOMÓLOGO APRESENTAM GRANDE NÚMERO DE CORPOS

LIPÍDICOS E AÇÃO MICROBICIDA REDUZIDA CONTRA O TOXOPLASMA

GONDII

LAURA AZEREDO MIRANDA MOTA

“Dissertação apresentada ao Centro de Biociências e Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como requisito das exigências para a obtenção do título de Mestre em Biociências e Biotenologia”.

Aprovada em 13 de Fevereiro de 2009.

Comissão Examinadora:

_______________________________________________________________

Prof.ª Patrícia Torres Bozza (Dra. em Ciências concentração em Farmacologia)

- FIOCRUZ

Prof.ª Maura Da Cunha (Dra. em Ciência) - UENF

Prof.ª Andréa Cristina Veto Arnholdt (Dra. em Ciência) - UENF

_______________________________________________________________

Prof. Renato Augusto DaMatta (Dr. em Ciência) – UENF

(Orientador)

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IV

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual, no

Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro sob a orientação do Professor Doutor Renato

Augusto DaMatta.

Apoio Financeiro:

• Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo á Pesquisa do Estado do Rio

de Janeiro (FAPERJ);

• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq);

• Fundação de Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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V

O Senhor é a porção da

minha herança e do meu

cálice, tu és o sustentáculo

da minha sorte. Louvarei ao

Senhor que me aconselha;

até de noite o meu coração

me ensina (Sl 16:5,7).

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Dedico esta Tese a DEUS,

aos meus pais, Regina e

Odilon e ao meu amado

esposo Pedro Ivo.

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VII

Agradecimentos

A Ti, Senhor Jesus, grande em misericórdia e graça, pelo sustento e

capacitação durante toda a jornada, pelo cuidado e amor de Pai.

Ao meu amado Pedro Ivo Botelho Mota, por me ajudar e me amar em todos

os momentos, pela compreensão e paciência.

Aos meus pais, Odilon Miranda Filho e Regina Célia Azeredo Miranda, por

me ensinarem com amor a temer a Deus e andar em seus caminhos. A

enxergar mais além, a ser o que sou. Obrigada papai e mamãe. Amo vocês.

Aos meus sogros Nivaldo Borges Francisca Mota, pelo amor a mim

dispensado e por me fazer uma filha.

Aos meus irmãos Álvaro Miranda, Maria Angélica Santos e Juliana Moura

pela convivência e aprendizados que tivemos juntos, e seus respectivos

cônjuges: Fanny Miranda, Carlos Elias Santos e Saulo Moura . Amo cada um

de maneira especial.

Ao meu querido orientador Prof. Dr. Renato Augusto DaMatta, pela amizade,

carinho e atenção durante todo tempo de convivência. Por me ensinar com

paciência todas as coisas, provendo conhecimento e crescimento.

A Prof. Dra. Maura da Cunha por ter feito parte de meu crescimento me

dando suporte sempre que precisei e por mais uma vez aceitar fazer parte de

minha banca. Agradeço também por ceder gentilmente vermelho de nilo para

fluorescências e pelo auxílio na microscopia eletrônica de transmissão.

A Prof. Dra. Patrícia Torres Bozza, Dra. Heloísa da Silva Bizarro D’Ávila,

Prof. Dra. Michelle Frazão Muzitano, Dra. Andréa Cristina Vetö Arnholdt por

contribuírem de alguma maneira neste trabalho.

A minha amiga Juliana Azevedo da Silva, por estar ao meu lado neste

momento, me ajudando a carregar a carga.

Ao querido Prof. Dr. Sérgio Henrique Seabra pela obtenção do Soro

Homólogo. Pela animação e carinho com todos, sempre disposto a ajudar.

A Caroliny Samary Lobato que tanto me ajudou. Obrigada pela amizade e

ensinamentos e pelo lindo caderno de protocolo! Obrigada minha querida!

A Juliana da Cruz Padrão, uma amizade tão bonita, difícil de encontrar.

Obrigada amiga pela força e preocupação, por sempre estar me auxiliando

nesta caminhada.

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A Juliana Costa de Azevedo, João Cláudio Damasceno de Sá e todo o grupo

do LBCT e demais companheiros de bancada (Cristiane Souza Carvalho, Carla

Cristina Leite, João Roberto Neto, Carolina Torturella Rath, Luciana Lemos

Rangel da Silva, Juliana Dias, Juliana Santos), juntamente com os técnicos

(Darli Keller, Rosemary Maciel, Adriana Martins, Fábio Conceição, Beatriz

Ribeiro e Geovana Moraes).

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IX

SUMÁRIO

Resumo XI

Abstract XII

Lista de Abreviatura e Siglas XIII

INTRODUÇÃO 1

1- Revisão bibliográfica 1

1.1- Macrófago 1

1.1.1- Funções dos macrófagos 4

1.1.1.1- Fagocitose: 4

1.1.1.2- Citotoxidade celular: 5

1.1.1.3- Célula apresentadora de antígenos: 7

1.2- Corpos lipídicos 8

1.2.1- Composição do corpo lipídico 9

1.2.2- Corpo lipídico nas células 10

1.2.3- Geração de corpo lipídico 11

1.3- Toxoplasma gondii 13

1.3.1- Ciclo biológico 13

1.3.2- Transmissão do parasita 13

1.3.3- Invasão da célula hospedeira 15

1.3.4- Sucesso do parasita 16

1.3.5- Lipídios em Toxoplasma gondii 17

1.3.5.1 – Colesterol 19

OBJETIVOS 21

MATERIAIS E MÉTODOS 22

1- Obtenção e cultura de células 22

1.1- Macrófagos 22

1.2- Obtenção de soro homólogo 22

1.3- Toxoplasma gondii 22

2- Interação com Toxoplasma gondii 22

3- Ativação dos macrófagos 23

4- Preparo do material para observação em microscopia óptica 24

4.1- Observação dos macrófagos por contraste interferencial. 24

4.2- Marcação de compartimentos ácidos 24

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X

4.3- Marcação de corpos lipídicos 24

5- Preparo de material para microscopia eletrônica de transmissão para

detecção de lipídios insaturados

24

6- Microscopia eletrônica de varredura 25

7- Avaliação da produção de óxido nítrico 25

8- Avaliação da produção de prostaglandina E2 25

9- Análise estatística 26

RESULTADOS 27

1- Morfologia dos macrófagos cultivados com soro fetal bovino e soro

homólogo

27

2 - Análise da ação microbicida de macrófagos peritoneais cultivados com

soro homólogo e soro fetal bovino

34

2.1- Produção de óxido nítrico e prostaglandina E2 34

2.2- Interação com Toxoplasma gondii 36

2.3- Inibição inespecífica da via ciclooxigenase 36

3- Análise da associação entre corpo lipídico e vacúolo parasitóforo

contendo Toxoplasma gondii

37

3.1- Microscopia óptica de fluorescência e Microscopia eletrônica de

transmissão

37

DISCUSSÃO 40

CONCLUSÃO 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46

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XI

Resumo

Embora os corpos lipídicos (CL) sejam organelas presentes em muitos

tipos celulares, suas funções não são completamente entendidas. Tem sido

sugerido que CL são marcadores estruturais de células envolvidas em

processo inflamatório, responsáveis pela geração de prostaglandina E2 (PGE2).

Contudo, não se sabe como a presença desta organela altera a capacidade

microbicida de macrófago. Neste trabalho relatamos que macrófagos

peritoneais cultivados com soro homólogo (SH) apresentaram grande número

de CL, produziram menos óxido nítrico (NO), mais PGE2 e foram menos

eficientes para controlar o crescimento do Toxoplasma gondii quando

comparado a macrófagos cultivados com soro fetal bovino, controle negativo

para CL. Tratamento destas células com indometacina, inibidor da produção de

PGE2, aumentou a capacidade microbicida destes macrófagos. Além disso,

houve associação de vacúolo contendo T. gondii com CL, indicando que o

parasita pode se beneficiar diretamente desta fonte lipídica. Portanto, o cultivo

de macrófagos com SH tornou estas células menos microbicidas,

possivelmente pela maior produção de PGE2, a qual reduziu a produção de

NO.

Palavras-chave: macrófagos, corpos lipídicos, óxido nítrico, prostaglandina E2,

capacidade microbicida, Toxoplasma gondii.

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XII

Abstract

Although lipid bodies (LB) are organelles present in several cell types,

their function are not completely understood. It has been suggested that LB are

structural markers of cells involved in inflammatory process, responsible for

prostaglandin E2 (PGE2) generation. However, it is not known how the presence

of this organelle alters macrophage microbicidal capacity. Here we report that

mouse peritoneal macrophages cultured with homologous serum (HS)

presented a great number of LB, produced less nitric oxide (NO), more PGE2

and were less efficient to control Toxoplasma gondii growth when compared to

macrophages cultured with fetal bovine serum, negative control to LB.

Treatment of these cells with indomethacin, inhibitor of PGE2 production,

increased microbicidal capacity of these macrophages. Furthermore,

association of vacuole containing T. gondii with LB was observed, indicating

that the parasite may benefit directly from this lipid source. Nevertheless the

cultive of macrophages with HS turned these cells less microbicidal, possibly by

the higher production of PGE2 that reduced NO production.

Keywords: macrophages, lipid bodies, nitric oxide, prostaglandin E2,

microbicidal capacity, Toxoplasma gondii

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Lista de Abreviatura e Siglas:

• ADRP: proteína relacionada à diferenciação de adipócitos – do inglês:

adipose differentiation-related protein;

• CG: complexo de Golgi;

• CL: corpo(s) lipídico(s);

• COX: ciclooxigenase;

• DAPI: 4’, 6-diamidino-2-phenylindole;

• DMEM: Dulbecco’s modified Eagle’s medium;

• EIA: ensaio imunoenzimático;

• EL: endolisossomos;

• IFN-α, β e γ: interferona-α, β e γ - do inglês - interferon-α, β e γ;

• IL: interleucina;

• LDL: lipoproteína de baixa densidade – do inglês: low density lipoprotein;

• LPS: lipopolissacarídeo;

• MAP kinases: proteíno-quinases ativadas por mitógenos – do inglês:

mitogen activated protein kinases;

• MT: mitocôndria;

• MVP: membrana do vacúolo parasitóforo;

• NO: óxido nítrico – do inglês: nitric oxide;

• PAF: fator de ativação de plaquetas – do inglês: platelet activating factor;

• PAT: família composta por perilipina, ADRP e TIP47;

• PGE: prostaglandina E (PGE 1, PGE2);

• PI3K: fosfatidilinositol-3-quinase – do inglês: phosphatidil inositol 3-

phosphate;

• PKC: proteína quinase C – do inglês: protein kinase C;

• PLC: fosfolipase C - do inglês: phospholipase C;

• RE: retículo endoplasmático;

• SFB: soro fetal bovino;

• SH: soro homólogo (soro de camundongo);

• TNF: fator de necrose tumoral - do inglês: tumoral necrose factor;

• VN: vermelho de nilo;

• VP: vacúolo parasitóforo;

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1

INTRODUÇÃO

O macrófago é a célula mais diferenciada do sistema mononuclear

fagocitário (van Furth et al., 1972) extremamente efetivo na primeira linha de

defesa imunológica e homeostasia do organismo. Esta célula é ativada após

contato com patógeno ou moléculas provenientes desses, assim como

moléculas resposta do sistema imune. A ativação clássica aumenta a

capacidade microbicida do macrófago levando a grande produção de óxido

nítrico (NO) (Gordon, 2003).

O tecido inflamado causa muitas mudanças na função e morfologia do

macrófago, incluindo aumento no número de corpos lipídicos (CL) (Pacheco et

al., 2002; Melo et al., 2003; D’Avila et al., 2006). Macrófagos com grande

número de CL têm sido descritos em muitos locais de infecção/inflamação tais

como lavados broncoalveolares de pacientes com a síndrome da angústia

respiratória aguda (SARA) (Triggiani et al., 1995), nas juntas de pacientes com

artrite inflamatória (Coimbra & Lopes-Vaz, 1971; Bozza et al., 1996), e na

arteriosclerose (Li & Glass, 2002).

CL são organelas ricas em lipídios, altamente reguladas, presentes em

vários os tipos de células eucarióticas de plantas, algas, protozoários,

leveduras, células animais bem como em procariotos (revisto por Zweytick et

al., 2000). Esta organela consiste de um centro de lipídios neutros altamente

hidrofóbicos, formado principalmente de tri e diacilglicerol, esterol, e ésteres de

colesterol circundado por uma monocamada de fosfolipídios com composição

única de ácido graxo e com um diverso e variável conjunto de proteínas

(Tauchi-Sato et al., 2002). A função bem conhecida de CL é o estoque de

componentes necessários para a biogênese de membranas ou a formação de

componentes lipofílicos específicos como, por exemplo, hormônios esteróides

(Zweytick et al., 2000).

Além disso, CL estão envolvidos em outros processos celulares como

tráfego vesicular (Brasaemle et al., 2004; Liu et al., 2004; Fujimoto et al., 2004;

Martin et al., 2005) e função inflamatória (Weller et al., 1999; Pacheco et al.,

2002; Bandeira-Melo et al., 2002; Melo et al., 2003, 2006; Bozza et al., 2007;

D’Ávila et al., 2008). Muitos estudos relacionam a presença desta organela com

a produção de mediadores inflamatórios (Dvorak et al., 2003; Bozza et al.,

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1997, 1998; Pacheco et al., 2002), porém pouco é conhecido a respeito desta

organela e sua influência na modulação da capacidade microbicida de células.

Infecção in vivo e in vitro com patógenos intracelulares aumenta o

número de CL em macrófagos. Esta organela localiza enzimas que sintetizam

eicosanóides e seu aumento se correlaciona com maior produção destes

mediadores inflamatórios lipídicos tais como prostaglandina E2 (PGE2)

(Pacheco et al., 2002; Melo et al., 2003; D’Avila et al., 2006). PGE2 pode inibir a

resposta imune tipo Th1 e desativar macrófagos através da redução de fator de

necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) e da produção de NO (Renz et al., 1998; Betz

& Fox, 1991; Freire-de-Lima et al., 2000). Então é razoável levantar a hipótese

de que a presença de CL torna o macrófago menos microbicida.

Analisando o envolvimento da sialoadesina, um receptor que reconhece

ácido siálico, na associação de Trypanosoma cruzi à macrófagos, Monteiro et

al. (2005) confirmaram que a cultura de macrófagos peritoneais de

camundongo com soro homólogo (SH) induz não somente a expressão de

sialoadesina, mas também grande número de vesículas. Aqui relatamos esta

descoberta mostrando que estas vesículas são CL, esses macrófagos

produzem mais PGE2, menos NO, e conseqüentemente são menos

competentes no controle do crescimento do Toxoplasma gondii. Além disso, a

associação de CL com esse parasita foi observada sugerindo que esta

organela é importante fonte de lipídios para a replicação intracelular do

parasita.

1- Revisão bibliográfica

1.1- Macrófago

O macrófago tem origem a partir da célula tronca hematopoiética, sendo

a célula mais diferenciada do sistema mononuclear fagocitário (van Furth et al.,

1972). Este sistema compreende progenitores da medula óssea que se

diferenciam em monócitos. Esses migram para o sangue, circulam pelo

organismo e migram de forma constitutiva ou direcionada para os tecidos, se

tornando desta forma macrófagos. Nos tecidos essas células exercem função

fagocitária efetora na primeira linha de defesa da imunidade inata fagocitando

microrganismos. Macrófagos fagocitam também restos celulares contribuindo

para a homeostase do organismo.

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Macrófagos são uma grande população celular na maioria dos tecidos

no organismo, aumentando em número durante a inflamação, injúria e na

presença de tumores (Hume, 2006). Estas células possuem vasta distribuição

no organismo podendo ser encontrados no sistema nervoso central (microglia),

nos ossos (osteoclasto), na medula óssea, na região gastrointestinal, na

sinóvia, nos órgãos endócrinos e linfóides, no baço, no fígado (células de

Kupffer), no timo, no pulmão (macrófago alveolar), na pele, em tecido

inflamado, em tecido conjuntivo (histiócito), em cavidades serosas (macrófago

peritoneal e pleural), e em muitos outros locais (Dougherty & McBride, 1984;

Auger & Ross et al., 1992; Mosser & Edwards, 2008).

Os macrófagos podem ser residentes ou ativados. O macrófago

residente é distribuído constitutivamente através do organismo sempre na

ausência de qualquer sinal inflamatório. As heterogeneidades funcional,

morfológica e fenotípica podem refletir o ambiente em que estas células se

desenvolveram e vivem. Macrófagos residentes são adaptados ao seu

ambiente local para realizar funções específicas. Estas células funcionam

como sensores na inflamação e regeneradores de tecidos, onde há um

aumento no reconhecimento de suas interações com outras células residentes

em cada órgão.

Os macrófagos se tornam ativados após contato com moléculas

produzidas pelo sistema imune em resposta à invasores ou com moléculas de

patógenos. A superfície do macrófago possui diversas moléculas marcadoras,

muitas são receptores envolvidos na imunidade inata e adquirida, como revisto

por Taylor et al. (2005). Com um estímulo específico, o macrófago se torna

ativado (metabolismo aumentado para maior produção de substâncias de

defesa), aumentando a capacidade microbicida levando a produção de

espécies reativas de oxigênio e nitrogênio tal como NO (Gordon, 2003). A

ativação do macrófago é fundamental para conferir resistência à várias

infecções geradas por patógenos intracelulares (Mackaness, 1969, 1971),

como por exemplo, o parasita intracelular obrigatório T. gondii. A produção de

NO resulta na redução do crescimento deste parasita, indicando que o NO é

um potente agente microbicida (Adams et al., 1990). No entanto, Seabra et al.

(2002) mostraram inibição parcial da produção de NO em macrófagos ativados

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infectados por T. gondii, indicando que esta é uma das formas de escape do

parasita.

Além da produção de NO, o macrófago ativado exibe aumento em uma

ou mais atividades funcionais, tais como: no metabolismo celular, na

mobilidade, na atividade da enzima lisossomal, na capacidade citotóxica; ou

até mesmo a exibição de nova atividade funcional (Adams & Hamilton, 1984;

1992). Estas modificações aumentam a elaboração de importantes produtos

de fagócitos mononucleares, incluindo proteases neutras do lisossomo

(colagenase, elastase, angiotensina convertase, ativador de plasminogênio, e

cisteína protease – ativas em pH neutro), lipases (lipoproteína lipase e

fosfolipase A2) (Nathan, 1987), hidrolases ácidas, componentes do

complemento, inibidores de enzima, citocinas como interleucina – 1 (IL-1),

TNF-α e fatores promotores de hematopoiese. Cada macrófago possui

determinado padrão de respostas gênicas singular em relação ao estímulo por

ele sofrido, sendo, portanto, considerado único (Hume et al., 2002; 2006). Este

perfil está relacionado á natureza do conjunto de estímulos recebidos por ele,

bem como sua localização, gerando um grande potencial destrutivo (Gordon,

1995).

Outra habilidade intrigante desta célula é a de transdiferenciação.

Alguns estudos sugerem que as células do sistema mononuclear fagocitário

podem derivar de progenitores não hematopoiéticos purificados (elementos

vasculares, incluindo células endoteliais, miofibroblastos e células do músculo

liso) (Fernandez et al., 2000; Schemeisser et al., 2001; Sawano et al., 2001)

importantes no reparo de tecidos (Elsheikh et al., 2005). Além disso, a

habilidade de monócitos se transformarem em macrófagos tem aberto portas

para a discussão do caminho reverso.

1.1.1- Funções dos macrófagos

Dado a importância do macrófago no desempenho de muitas funções

no organismo destacamos algumas que chamam mais atenção:

1.1.1.1- Fagocitose: processo no qual partículas de tamanho maior que 0,5

µm estranhas ou componentes próprios do organismo como células

apoptóticas são endocitadas, através da emissão de pseudópodes. A célula é

atraída por gradiente quimiotático liberado pelas moléculas oriundas das

partículas como microrganismos invasores (Metchnikoff, 1905 apud Ian, 1973).

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A fagocitose é uma das funções mais observadas (Metchnikoff, 1891 apud Ian,

1973) e segue alguns passos. Primeiramente, há reconhecimento de

moléculas da superfície de partículas ou células através de receptores

fagocíticos (Fc, complemento, etc) do macrófago (Adams & Hamilton, 1988);

após este processo ocorre a internalização, formando o vacúolo fagocítico. A

internalização pode ocorrer com ou sem opsonização caso o antígeno possua

algum determinante em sua superfície que possa ser reconhecido diretamente

pelo macrófago, por exemplo, resíduos de carboidratos (Sung et al.,1983).

Após a ingestão, ocorre a fusão deste vacúolo fagocítico com lisossomas

gerando assim o fagolisossoma. Nesta fase o material fagocitado é digerido

parcialmente gerando epítopos (restos de antígenos na superfície celular), os

quais podem ser expostos na superfície do macrófago via moléculas MHC de

classe II (apresentação de antígenos, ver item “c” abaixo). Esta apresentação

é feita aos linfócitos T, os quais produzem linfocinas (interferona- gamma -

IFN-γ) culminando na ativação de macrófagos. Parte desta linfocina fica no

local e parte vai para o sangue estimulando, dentre muitas funções, a

diferenciação e formação de células de defesa para aumentar a fagocitose e a

produção de mediadores químicos.

1.1.1.2- Citotoxidade celular: destruição de células tumorais e/ou células

infectadas através da interação dos macrófagos com partículas estranhas

liberadas pelo patógeno ou advindas de outras fontes. Estas partículas

estranhas desencadeiam em macrófagos a produção de mediadores tóxicos

como radicais de oxigênio, serina proteases, TNF-α, NO e outros, bem como a

ativação do sistema complemento, culminando na lise celular e eliminação da

célula tumoral ou infectada (Adams & Hamilton, 1988). Macrófagos ativados

por citocinas como IFN-γ, TNF-α ou IL-1 têm grande capacidade microbicida,

quando comparado aos macrófagos não ativados (Nathan, 1987).

O metabolismo basal dos macrófagos pode ser significantemente

afetado por interações receptor-ligante (Adams & Hamilton, 1984), que

normalmente resultam no “burst” respiratório que é a liberação de radicais de

oxigênio. O envolvimento de receptores para porção Fc de imunoglobulinas,

para complemento, e receptores para glicoproteínas manose terminal pode

estimular o “burst respiratório” (Nathan & Root, 1977; Johnston, 1981).

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Fagocitose mediada por receptor para porção Fc de imunoglobulinas também

resulta na liberação de grandes quantidades de radicais de oxigênio e

metabólitos de ácido aracdônico (Klebanoff, 1988).

Neste processo, o oxigênio molecular é reduzido à água. Isto se dá

através da redução do oxigênio molecular a ânions superóxido, peróxidos de

hidrogênio e radicais de hidroxila, que são chamados intermediários de

oxigênio reativo, chegando finalmente á água. Em adição aos sistemas

citotóxicos dependentes de oxigênio, eles possuem uma variedade de

grânulos que possuem atividade microbicida através da secreção de elastase,

colagenase, lipase, desoxirribonuclease, polissacaridase, sulfatases,

fosfatases e defensinas, além de intermediários reativos de nitrogênio

(Elsbach & Weiss, 1988; Vazquez-Torres & Balish, 1997). O “burst

respiratório” requer a ativação de uma oxidase NADPH, quando o estímulo é

externo (McPhail & Snyderman, 1983), e resulta numa atividade alterada do

complexo oxidase da membrana e a redução de oxigênio molecular a

superóxido (Babior, 1984), que é rapidamente convertido a peróxido de

hidrogênio e radicais hidroxila, provendo assim atividade oxidativa e

microbicida dentro do fagossoma e no ambiente extracelular.

Uma segunda conseqüência da interação receptor-ligante é a liberação

de ácido aracdônico pela fosfolipase A2, provenientes de estoques celulares

de fosfolipídios e sua subseqüente conversão via lipooxigenases ou

ciclooxigenases (COX) a leucotrienos e prostaglandinas, respectivamente

(Pawlowski et al., 1983). Os macrófagos são a maior fonte destes produtos e

sua liberação constitui um importante aspecto na função destas células

(Bonney & Davies, 1984). Os metabólitos do ácido aracdônico incluem

prostaciclina, tromboxana, PGE2 e LTB4 (Pawlowski et al., 1983). A fosfolipase

A2 regula a disponibilidade de ácido aracdônico, pois ela é responsável pela

clivagem do ácido de sua forma estocada em reservatórios de fosfolipídios

neutros. Os níveis de lipooxigenases ou COX controlam o padrão do

metabolismo para o ácido aracdônico liberado.

A Prostaglandina E1 (PGE1) e E2 (PGE2), produto do ácido aracdônico,

possuem papel de auto-regulação. Isto é devido a regulação da participação

do macrófago na inflamação por um segundo sistema mensageiro envolvendo

cAMP. Tanto PGE1 quanto PGE2 elevam a concentração de cAMP em

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leucócitos através da ativação da adenilato ciclase, mediada por receptor

(Takenawa et al., 1986). O aumento dos níveis de cAMP atenua a ativação do

macrófago induzido por quimiocina (quimioatraentes). Algumas quimiocinas

como o MCP-1 (Monocyte Chemotactic Protein-1) também aumentam o nível

de cAMP celular, através da inibição da destruição de cAMP, mediada por

cálcio. Isto pode servir como uma ação de auto-regulação da ativação em

leucócitos, induzida por quimiocina (Chantry et al., 1998; Snyderman & Uhing,

1988).

No controle de tumores, os macrófagos agem de três maneiras: inibindo

a divisão do tumor (através da liberação de mediadores que agem em todas as

células presentes que estão proliferando), contato direto resultando em lise

tumoral (TNF-α e serina proteases são os maiores candidatos a mediadores

tóxicos, além da possível participação de intermediários reativos de oxigênio –

Adams & Hamilton 1984, 1988) e citotoxicidade celular dependente de

anticorpos (a destruição do tumor realizada pelo macrófago ocorre após

opsonização deste por anticorpos) (Adams & Hamilton 1984; 1988).

1.1.1.3- Célula apresentadora de antígenos: como as células dendríticas,

macrófagos têm também função ativa na apresentação de antígenos. Há

ingestão de partículas (próprias ou estranhas) por endocitose, processamento

(através da redução destas partículas a peptídios), e posteriormente exposição

do antígeno à superfície, via MHC, que é apresentado aos linfócitos T

(Germain & Margulies, 1993). A apresentação via MHC pode ser classe I ou

classe II. Em geral, antígenos apresentados por moléculas MHC da classe I

vêm de proteínas do citosol, enquanto antígenos apresentados por moléculas

MHC da classe II vêm de proteínas do ambiente extracelular. Após

apresentação aos linfócitos há produção de linfocinas como IFN-γ, que atua

em macrófagos aumentando suas capacidades efetoras importantes na

imunorregulação (Stark et al., 1998).

A chave de todo perfil desempenhado pelo macrófago é a presença de

diversos receptores apresentados em sua superfície, garantindo assim grande

habilidade e versatilidade de respostas frente à patógenos e às diversas

condições do organismo. São os receptores que alteram e determinam o

controle das atividades dos macrófagos como diferenciação, reconhecimento,

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endocitose, migração e secreção de moléculas envolvidas na modulação da

ativação celular e da resposta imune.

1.2- Corpos lipídicos

A formação de CL intracelulares ocorre em algum ponto do ciclo de vida

de praticamente todos os organismos incluindo plantas, mamíferos, algas,

protozoários e leveduras, bem como alguns procariotos (revisado em Zweytick

et al., 2000). Foi observado que os CL estocam lipídios neutros (ácidos

graxos) para obtenção de energia, para biogênese de membranas (ácidos

graxos e colesterol), e ou para formação de componentes lipofílicos

específicos (hormônios esteróides). Diferentes tipos celulares possuem

composições lipídicas distintas. Em vertebrados, CL de adipócitos, ricos em

triacilglicerol provêem a maior fonte de estoque de energia para o corpo,

enquanto que CL de muitas outras células ricos em colesterol fornecem

material para síntese local de membrana e reparo.

Há evidências que a formação de CL compartimentalizando enzimas é

um evento celular altamente regulado e que estas estruturas desenvolvem

papel chave no aumento da capacidade de leucócitos em gerar eicosanóides

sob condições inflamatórias (Bozza & Bandeira-Melo, 2005; D’Ávila et al.,

2008).

A composição protéica dos CL é bem heterogênea, com proteínas

estruturais (família PAT - Perilipinas, Adipofilinas – também conhecidas como

ADRP, do inglês: adipose differentiation-related protein - e TIP 47 – proteína

de interação de porção terminal de 47 kilodaltons – do inglês – tail interacting

protein of 47 kilodaltons), enzimas metabólicas, quinases (MAP quinases – do

inglês - mitogen activated protein; PI3K - fosfatidilinositol-3-quinase; PKC-

proteína quinase C) (Yu et al., 1998, 2000), proteínas da família Rab (Ozeki et

al., 2005), GTPases (Liu et al., 2004; Fujimoto et al., 2004), enzimas

relacionadas a formação de eicosanóides (Dvorak et al., 1993; Bozza et al.,

1997, 1998; Pacheco et al., 2002; Bozza & Bandeira-Melo, 2005) e caveolina

(Fujimoto et al., 2001; Brasaemle et al., 2004; Pol et al., 2004, Wan et al.,

2007; Martin & Parton, 2005). Portanto, os CL podem funcionar não somente

no metabolismo lipídico (biogênese e catabolismo), como também no tráfego

de membrana e sinalização intracelular. Funções inflamatórias e

imunorregulatórias também têm sido descritas (Weller et al., 1999; Pacheco et

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al., 2002; Bandeira-Melo et al., 2002; Melo et al., 2003, 2006; Bozza et al.,

2007). A diferente composição protéica do CL indica que este compartimento é

complexo e metabolicamente ativo (Murphy, 2001; van Meer, 2001; Tauchi-

Sato et al., 2002).

Embora a presença de CL em células e tecidos tenha sido percebida

logo nas primeiras observações de seções histológicas coradas, a elucidação

das funções e composição dos CL é relativamente recente. As primeiras

hipóteses a respeito das funções desempenhadas pelos CL datam da década

de 70 (Brown et al., 1975; Brown & Goldstein, 1976; Goldstein et al., 1974).

Estas hipóteses sugeriam que esta organela provia um mecanismo

homeostático para regular níveis intracelulares de lipídios (Greenberg et al.,

1991). Apesar das especulações de que os CL funcionavam como uma

importante fonte de colesterol para manutenção, reparo e síntese de

membranas poucos estudos direcionados à formação e dissolução destas

organelas foram realizados durante as décadas de 70 e 80. Em 1991, no

laboratório de Constantine Londos, foram identificadas as perilipinas em

adipócitos (Greenberg et al., 1991). Esta descoberta permitiu entender um

pouco a respeito do funcionamento desta organela, já que a perilipina recobre

a superfície do CL e desempenha papéis críticos na regulação do metabolismo

de lipídios neutros.

1.2.1- Composição do corpo lipídico

CL consistem de uma monocamada de fosfolipídios anfipáticos,

glicolipídios e ou esteróis que circundam um centro de lipídios neutros. Na

maioria das células a cerne de lipídios neutros contém triacilglicerol e ésteres

de colesterol. Este cerne também pode estocar ésteres de retinol e ou lipídios

da classe de diacilglicerol (Bartz et al., 2007). Esta variação na composição

lipídica está relacionada ao tipo celular e a função requerida desta organela

em determinado tecido. CL ricos em triacilglicerol funcionam como depósito de

energia sendo mobilizado para produção de ATP através da β-oxidação em

tecido muscular (Brasaemle, 2007).

CL de macrófagos podem conter ésteres de esterol, triacilglicerol e

colesterol. O colesterol requerido para a geração de CL em macrófagos é

importado de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) oxidada por radicais livres

(Ross, 1993). O influxo de partículas de lipídios oxidados pode romper o

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sistema normal para a esterificação de colesterol e a conversão em CL

citosólicos, levando a uma hiperacumulação de colesterol esterificado e não-

esterificado. A proteína responsável pela esterificação do colesterol e sua

conseqüente conversão de uma bicamada lipídica a componente de CL é acil-

CoA:colesterol acil- transferase (ACAT) (Chang et al., 1995).

Esta organela é coberta por um ou mais de 5 membros da família de

proteínas perilipina, incluindo adipofilina, TIP 47, perilipina, OXPAT ( proteína

da família PAT expressa em tecidos oxidativos, também chamada de MLDP –

do inglês – Myocardial Lipid Droplet Protein- ou LSDP5 – do inglês – Lipid

Storage Droplet Protein 5 ), S3-12, LSD1 - presentes em vertebrados - e LSD2

- presentes em insetos - (do inglês – Lipid Storage Droplet proteins 1 e 2).

Membros desta família compartilham níveis variados de seqüência de

similaridade, associação a CL e funções na estabilização do CL. Dentre estas

proteínas a perilipina possui maior representatividade (Blanchette-Mackie et

al., 1995; Servetnick et al., 1995; Brasaemle et al., 1997), sendo a mais

estudada (Brasaemle et al., 2008). Ela desempenha importantes funções na

regulação da lipólise estimulada pela regulação basal e hormonal.

A proteína ADRP parece atuar como proteína estrutural que circunda os

CL, em diferentes tipos celulares, servindo de centro de nucleação para

acumulação de lipídios e/ou agindo como âncora dentro da célula (Heid et

al.,1998; Nakamura & Fujimoto, 2003; Brasaemle et al., 2004). Esta proteína é

descrita como uma proteína marcadora específica de CL (Brasaemle et al.,

1997; Heid et al.,1998). A ADRP é considerada um eficiente transportador de

ácidos graxos livres (Gao & Serrero, 1999; Serrero et al., 2000, Atshaves et al.,

2001), apesar de se ligar com alta afinidade a colesterol para deslocar ácidos

graxos (Atshaves et al., 2001). Robenek et al. (2006) sugerem que a ADRP

está envolvida pelo menos no crescimento, senão na formação inicial de CL, já

que muitos papéis funcionais têm sido propostos para esta proteína como

empacotamento de lipídios neutros dentro de CL (Brasaemle et al., 1997) e

lançamento de substratos lipídicos para os CL (Gao & Serrero, 1999), bem

como modulação da lipólise (Larigauderie et al., 2004).

1.2.2- CL nas células

Estas organelas estão presentes em neutrófilos, eosinófilos, linfócitos,

mastócitos, monócitos/macrófagos, normalmente em número limitado (Dvorak

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et al., 1983; Galli et al., 1985; Weller et al., 1985; Weller et al.,1991 a; Weller et

al., 1991 b; Melo et al., 2006). O aumento no número e tamanho de CL em

macrófagos relacionados à doença infecciosa (Weller et al., 1999; Pacheco et

al., 2002; Melo et al., 2003; D’Avila et al., 2006), reforça a idéia da formação do

CL como um evento natural em células envolvidas na inflamação (Melo et al.,

2003), podendo funcionar como marcador estrutural de células engajadas no

processo inflamatório (Melo et al., 2006). A geração e função destas organelas

ainda não estão completamente definidas.

Algumas doenças humanas como arterioesclerose, esteatoses,

obesidade, diabetes e certos tipos de câncer (Heid et al.,1998; Murphy &

Vance, 1999; Martinez-Botas et al., 2000; Larigauderie et al., 2004; Mishra et

al., 2004) estão ligadas ao mau funcionamento do metabolismo de CL, sendo

demonstrada a presença de proteínas não esperadas na superfície de CL em

condições patológicas (Cole et al., 2002). A excessiva acumulação de CL

em macrófagos desempenha importante papel no desenvolvimento de

arterioesclerose (Xu et al, 2006). Entender a formação das células espumosas,

os caminhos para impedir o acúmulo de CL em macrófagos e os mecanismos

que aumentam a produção de eicosanóides podem ser de valor terapêutico

para prevenir a arterioesclerose e para intervenção farmacológica

antiinflamatória (Li & Glass, 2002). Várias drogas têm sido descritas como

capazes de inibir a formação de CL (Bozza et al., 1996, 2002; Vieira-de-Abreu

et al., 2005), tais como: indometacina, aspirina e outras drogas

antiinflamatórias não esteróides - salicilato de sódio, NS-398 (Bozza et al.,

1996, 2002; Vieira-de Abreu et al., 2005), porém nenhum inibidor específico foi

ainda identificado. A hipótese da inibição da formação de CL como alvo para

terapia antiinflamatória tem sido testada em diferentes modelos.

1.2.3- Geração de corpo lipídico

Os CL também se associam à diferentes organelas no interior celular.

Associações com mitocôndria, fagossomo, peroxissomo, ribossomo,

membrana perinuclear e até vesículas secretórias têm sido descritas (Wan et

al., 2007; Binns et al., 2006; Dvorak et al., 1983; Dvorak et al., 2003; D’Ávila et

al.,2006; van Manen et al., 2005). As interações melhores caracterizadas são

relativas às cisternas do retículo endoplasmático (RE) liso (Dvorak et al., 1991;

Bozza et al., 1997, Ozeki et al., 2005; Martin & Parton, 2005).

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Estudos mostram evidências consistentes que a geração de CL ocorre

no RE (Londos et al., 1999; Zweytick et al., 2000; Martin & Parton, 2005;

Coppens & Vielemeyer, 2005), o que explicaria a organização do CL, com

cerne de lipídios neutros circundados por uma monocamada de fosfolipídios

(Brown, 2001; Murphy, 2001; Tauchi-Sato et al., 2002). Os lipídios neutros são

sintetizados a partir de ácidos graxos e colesterol, por enzimas do RE. A

geração dos CL ocorre entre os dois folhetos da membrana do RE. Ao

alcançar determinado tamanho eles se desprendem levando consigo uma

monocamada de membrana. Apesar deste modelo corrente ser consistente,

Robenek et al. (2006) têm mostrado que a geração de CL pode ser diferente

dos modelos de biogênese desta organela até agora apresentados, porém a

gênese desta organela continua relacionada ao RE.

A geração de CL pode ser estimulada pela presença no meio

extracelular de lipídios agonistas como ácidos graxos cis-insaturados, ácido

oléico (Chen et al., 2002; Huang & Chen, 2006) e ácido aracdônico (van

Manen et al., 2005) (Bozza et al., 1996; Weller et al., 1989). Porém, a oferta de

ácidos graxos saturados não é capaz de induzir a formação desta organela ao

passo que estímulos de natureza protéica, como citocinas e quimiocinas o são

(Bozza et al., 1998; Bartemes et al., 1999; Bandeira-Melo et al., 2001, 2002;

Maya-Monteiro et al., 2008; Pacheco et al., 2007). Isso reflete a complexidade

e especificidade da regulação de estímulos que disparam a geração desta

organela. Além dos ácidos graxos insaturados, outros estímulos são capazes

de induzir a formação de CL. Dentre eles estão o PAF (fator de ativação de

plaquetas) (Bozza et al., 1996; de Assis et al., 2003), ativadores de PKC, como

ésteres de forbol (Bozza et al., 1996; Pacheco et al., 2002; Weller et al., 1991)

e lipopolissacarídeo (LPS) de bactérias gram-negativas (Pacheco et al., 2002,

Bozza & Bandeira-Melo, 2005).

Tem sido relatada que a incubação de macrófagos e de outras células,

envolvidas ou não na inflamação, com LDL acetilada (Greenspan et al., 1985;

Robenek et al., 2005; Klinkner et al., 1995), ou LDL oxidada (Pacheco et al.,

2002; Xu et al., 2006) dispara a geração de CL, ao passo que a LDL em sua

forma nativa não causa esta geração. A incubação de macrófagos com estas

moléculas tem sido utilizada para a geração de modelos de macrófagos “tipo

células espumosas” presentes na placa arterioesclerótica. Desta forma a

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morfologia e formação destas células têm sido estudadas. No nosso modelo, a

geração do CL se dá simplesmente pelo cultivo de macrófagos com SH, sendo

um importante modelo para análise da gênese e dos fatores indutores de CL,

assim como as prováveis mudanças funcionais desta célula.

1.3- Toxoplasma gondii

Toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose, doença que

acomete em torno de 50% da população mundial além dos outros animais

homeotérmicos (Ferguson, 2002). Este parasita pertence ao reino protista, filo

Apicomplexa, classe Conoidasida, subclasse Coccidia, ordem Eucoccidiida,

subordem Eimeriida, família Sarcocystidae, subfamília Toxoplasmatinae,

gênero Toxoplasma, espécie Toxoplasma gondii (Nicolle & Manceaux, 1908).

T. gondii é adaptado a vida intracelular e seu ciclo é dividido em 2 fases:

assexuada e sexuada (Ferguson, 2002).

1.3.1- Ciclo biológico

Há três tipos de estágios infectivos de T. gondii: taquizoítos (“tachos” =

rápido em grego), forma multiplicativa presente na fase aguda da infecção;

bradizoítos (“brady” = devagar em grego), forma replicativa lenta presente em

cistos teciduais, muito observado na fase crônica; esporozoítos presentes em

oocistos liberados por felídeos (Dubey & Frenkel, 1973; Dubey et al., 1998).

A fase assexuada do ciclo biológico do T. gondii ocorre em tecidos de

vários hospedeiros vertebrados homeotérmicos, intermediários ou definitivos. A

fase sexuada ocorre exclusivamente no epitélio intestinal de felinos,

hospedeiros definitivos, no qual os oocistos são gerados e liberados nas fezes

contaminando o ambiente e, consequentemente, outros hospedeiros (revisto

por Holliman, 1997). Normalmente, a fase assexuada gera, de forma peculiar,

dois novos parasitos a cada ciclo celular mitótico, sendo este processo

denominado “endodiogenia” (Scheffield & Melton, 1968). É no hospedeiro

definitivo que ocorre a gamogamia, diferenciação das formas replicativas em

gametas, onde após fecundação gera-se o oocisto. Os oocistos em contato

com o ar atmosférico sofrem esporogonia – esporulação (Dubey et al., 1998)

com o aparecimento de dois esporocisto contendo quatro esporozoítos.

1.3.2- Transmissão do parasita

O grande sucesso deste parasita está no fato da coexistência benigna

com o seu hospedeiro na maioria das infecções. Ademais, sua habilidade de

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interconversão, promove um metabolismo que se adequa à sua sobrevivência

e multiplicação dependendo do tipo de resposta imune de seu hospedeiro,

tendo, sobretudo, estocagem apropriada de nutrientes (Coppin et al., 2003).

A infecção deste parasita se dá mediante invasões de células

eucarióticas do hospedeiro. Isto pode ocorrer através da ingestão de água

contaminada com oocistos ou comida contaminada com oocistos ou cistos

teciduais, contato direto com taquizoítos e até por meio de contato com insetos

carreadores das formas do parasita (principalmente a barata) (Bahia Oliveira et

al., 2003). Até em mamíferos marinhos como golfinhos, baleias e outros

animais têm-se encontrado relatos acerca de infecção causada pelo T. gondii

(Dubey et al., 2003). Após ter acesso ao organismo do hospedeiro

intermediário, o T. gondii segue pelo trato digestório onde, em contato com

enzimas do suco gástrico, liberam as formas infectivas no intestino, os

esporozoítos de oocistos ou bradizoítos de cistos teciduais. Estes, por sua vez,

penetram em células do epitélio intestinal onde se diferenciam e se dividem

originando taquizoítos. Os taquizoítos invadem e se multiplicam em grande

variedade celular, podem ser convertidos em bradizoítas gerando cistos

teciduais, sendo encontrados em diversos tecidos, particularmente no sistema

nervoso central e no músculo (Dubey et al., 1998).

A persistência de cistos teciduais pode ocorrer por toda a vida de um

indivíduo, sendo que algum cisto pode se romper liberando bradizoítos, porém

são normalmente controlados pelo sistema imune. Em caso de pacientes

imunocomprometidos, os bradizoítos não são controlados se multiplicando e

invadindo diversos tecidos levando a morte do hospedeiro.

Outra forma de se adquirir a toxoplasmose é a infecção congênita ou

vertical que ocorre quando taquizoítos atravessam a placenta infectando o feto

e tecidos do embrião (Jones et al., 2001). Este tipo de infecção geralmente

resulta da infecção aguda materna durante a gravidez. Em caso de grávidas

na fase crônica da doença, a transmissão pode ocorrer devido alguma

disfunção imune que leve a reativação da doença (Remingtom et al., 1994). A

severidade da doença congênita é inversamente proporcional a idade

gestacional, sendo os primeiros três meses fatais.

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1.3.3- Invasão da célula hospedeira

Toxoplasma gondii é capaz de invadir e se multiplicar em qualquer célula

nucleada. A invasão pode ocorrer de duas maneiras, por fagocitose ou por

penetração ativa (Werk, 1985; Dobrowolski & Sibley, 1996; Dobrowolski et al.,

1997; Dowse & Soldati, 2004). Este parasita invade ativamente diversos tipos

celulares num processo dependente de um motor de actina-miosina

(Dobrowolski & Sibley, 1996; Sibley, 2003). Para isto é necessária a adesão às

células, principalmente pela região apical do parasita onde há participação de

proteínas adesivas provenientes de organelas secretoras: micronemas (Soldati

et al., 2001) e róptrias (Dubremetz, 2007; Boothroyd & Dubremetz, 2008). As

moléculas secretadas por ambas organelas são importantes para a entrada do

parasita na célula hospedeira e subversão de suas funções microbicidas

(Boothroyd & Dubremetz, 2008). O movimento da estrutura apical do parasita,

o conóide, também está relacionado com a penetração e criação de um

vacúolo contendo o parasita denominado de “vacúolo parasitóforo”. Neste

vacúolo existe um ambiente intracelular adequado para o crescimento e

desenvolvimento do parasita (Chiappino et al., 1984). Grânulos densos

(Blackman & Bannister, 2001) também são organelas secretoras do parasita.

Seus conteúdos são descarregados logo após a invasão e associam-se com a

membrana do vacúolo parasitóforo. Estas moléculas têm função na aquisição

de nutrientes da célula hospedeira (Carruthers, 2000; Denkers & Butcher,

2005). Além do mais, este processo é criticamente dependente da mobilização

de cálcio do meio extracelular e de reservatórios internos do parasito –

acidocalcisomas (Moreno & Zhong, 1996), revisado recentemente por Miranda

et al.(2008).

As róptrias auxiliam na geração da membrana do vacúolo parasitóforo

(VP), formado majoritariamente por lipídios da membrana plasmática da célula

hospedeira e somente 20% de lipídios secretados pelo próprio parasita (Suss-

Tobby et al., 1996; Coppens & Joiner, 2003). Estudos revelam que lipídios e

algumas proteínas tanto do parasita quanto da célula hospedeira são

incorporados a membrana do VP (MVP) (Coppens & Joiner, 2001; Charron &

Sibley, 2002).

A atividade de algumas enzimas dos parasitos parece também estar

envolvida no processo de invasão, incluindo uma fosfolipase A2 dependente

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de cálcio, uma fosfolipase C específica para fosfatidilcolina e uma serina

protease (Saffer & Schwartzman, 1991; Ricard et al., 1999; Conseil et

al.,1999).

Enquanto ocorre a internalização do parasita, há a formação de uma

estrutura transitória, a junção móvel (Mordue et al., 1999a). Ela permite que

proteínas da célula hospedeira sem porção citoplasmática integrem a MVP, o

que o faz diferente substancialmente das membranas endossomais, não

fazendo parte da via endomembranar escapando, assim, da fusão com o

lisossomo (Mordue et al., 1999b). A junção móvel representa também um

ponto importante, onde possivelmente ocorre conexão entre o citoesqueleto da

célula hospedeira e do parasito (Mordue et al., 1999a). O VP é um

compartimento essencial para a sobrevivência do parasita na célula

hospedeira. Ele protege o parasita do ataque da célula hospedeira enquanto

permite a utilização de componentes desta célula para sobrevivência,

crescimento e multiplicação.

1.3.4- Sucesso do parasita

O parasita possui apenas uma mitocôndria, que se mantém funcional

após a invasão e formação do VP. Depois de alcançado o meio interno da

célula hospedeira, o parasita estrutura a posição de organelas celulares, como

mitocôndrias e RE da célula hospedeira. Desta forma estas organelas se

localizam no entorno do VP se associam com a MVP, facilitando a

incorporação de elementos provenientes destas organelas, além de receber

nutrientes de baixo peso molecular por passagem passiva (Sinai et al., 1997),

permitindo assim, a sobrevivência e crescimento do T. gondii. Isto também

pode estar relacionado à incapacidade do T. gondii de sintetizar de novo

alguns fosfolipídios (Azzouz et al., 2002). Magno et al. (2005) sugerem que a

MVP sofre modificações no decorrer do processo de infecção para facilitar a

sobrevivência e a proliferação do patógeno dentro da célula hospedeira,

garantindo assim o curso da doença.

O metabolismo lipídico celular é de extrema importância para a

replicação do parasita. Coppens & Joiner (2003) mostraram que a depleção de

colesterol da membrana da célula hospedeira por processos farmacológicos

seguida de retirada de colesterol residual antes da interação com os parasitas

causou redução da taxa de invasão e formação do VP. O colesterol exógeno é

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rapidamente entregue ao VP concentrado-se no parasita. T. gondii é altamente

dependente da interceptação ativa de colesterol derivado de LDL (Coppens et

al., 2000). Em células infectadas a endocitose de LDL, mediada por

receptores, sofre aumento significativo quando comparada com células não

infectadas (Foussard et al., 1991).

Com isso há necessidade de entender como CL de macrófagos se

associam ao VP contendo o T. gondii. A presença dos CL deixariam os

macrófagos menos microbicidas contra o T. gondii?

1.3.5- Lipídios em Toxoplasma gondii

Os lipídios são de fundamental importância na manutenção de estruturas

celulares. A membrana biológica do T. gondii é composta por complexa mistura

de lipídios neutros e polares, onde 3 categorias são encontradas: lipídios

obtidos diretamente da célula hospedeira; lipídios sintetizados completamente

pelo parasita sem o auxílio da célula hospedeira; lipídios obtidos da célula

hospedeira modificados pelo parasita (transformação no parasita de lipídios

precursores da célula hospedeira em lipídios complexos). Apesar do T. gondii

ter a capacidade autônoma para sintetizar fosfolipídios, está sempre pronto a

captar precursores da célula hospedeira com o intuito de construir lipídios mais

complexos (Charron & Sibley, 2002; Gupta et al., 2005).

Toxoplasma gondii possui deficiência enzimática para a síntese de

moléculas de esterol, sendo, portanto, necessário o desvio destes lipídios,

intactos, do citoplasma da célula hospedeira para o parasita (Coppens et al.,

2000). A síntese de triacilglicerol no T. gondii é localizada no RE e o lipídio é

estocado em CL localizados no citoplasma do parasita (Quittnat et al., 2004).

Toxoplasma gondii também possui grande variedade de

glicerofosfolipídios sendo fosfatidilcolina o lipídio mais abundante (75% dos

fosfolipídios), seguido de fosfatidiletanolamina (10%), fosfatidilinositol (6%) e

ácidos fosfatídicos (1%) (Gupta et al., 2005). A síntese de fosfatidilcolina é

estimulada em resposta a invasão e replicação do parasita dentro das células

hospedeiras (Charron & Sibley, 2002). Há presença de colesterol na membrana

do T. gondii, derivado principalmente de LDL internalizado pela célula

hospedeira (Coppens et al., 2000). Este parasita também é competente para

sintetizar ésteres de colesterol graças à presença da acil-CoA: colesterol

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aciltransferases no RE. Estes ésteres de lipídios são os lipídios neutros mais

abundantes em CL do parasita (Nishikawa et al., 2005).

Glicosilfosfatidilinisitol, a maior classe de glicolipídios em T. gondii, serve

como âncora na membrana plasmática para grande número de proteínas

(Tomavo et al., 1992; Striepen et al., 1997; Zinecker et al., 2001). Sua geração

começa no RE do parasita com a transferência de N-acetilglucosamina para

fosfatidilinositol (Wichroski & Ward, 2003).

Muitos experimentos foram realizados para analisar o tráfego lipídico da

célula hospedeira para T. gondii. Para isto sondas lipídicas fluorescentes ou

radioativas foram usadas para se entender a captação e a interconversão de

lipídios exógenos. Vacúolos intracelulares de T. gondii contêm muitas

estruturas esféricas neutras positivas para vermelho nilo (Sonda et al., 2001;

Charron & Sibley, 2002; Quittnat et al., 2004), confirmando a habilidade de

estocagem de colesterol pelo parasita em CL (Nishikawa et al., 2005).

Após a entrada do T. gondii na célula há uma reorganização de

organelas da célula hospedeira. O VP rapidamente se torna fisicamente

associado à mitocôndria, RE e complexo de Golgi (CG) (Sinai et al.,1997; Sinai

& Joiner, 2001). Este posicionamento do VP próximo a mitocôndria e RE pode

representar zonas privilegiadas de troca de lipídios. Uma transferência direta

de fosfolipídios pode ocorrer da mitocôndria do hospedeiro para regiões da

membrana do VP. Perturbação das proteínas do parasito que medeiam a

retenção organelar na MVP, como por exemplo, róptrias deficientes quanto ao

seu conteúdo, resulta na falha do recrutamento da mitocôndria hospedeira pelo

VP para adquirir lipídios da célula hospedeira, induzindo a detenção do

crescimento do parasita tanto in vitro, quanto em camundongos (Nakaar et al.,

2003). Estudos morfológicos ilustram que T. gondii é equipado para desviar

grande variedade de lipídios de diferentes estruturas celulares da célula

hospedeira, como membrana plasmática (MP), CG e endolisossomos (EL). Os

lipídios obtidos diretamente da célula hospedeira são inseridos na MVP

concomitantemente à invasão do parasita, ou são internalizados pelos

parasitas para ser subseqüentemente translocados a compartimentos

específicos, incluindo MP, CG, RE, CL e róptrias.

Toxoplasma gondii, tanto intravacuolar quanto livre, é competente na

captação de vários ácidos graxos de seu ambiente (Quittnat et al., 2004).

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Parasitas extracelulares expressam receptores únicos de superfície que

seletivamente se ligam e captam lipoproteínas do meio de cultura ou da célula

hospedeira (Seghal et al., 2005).

Estudos utilizando colesterol radioativo mostram sua parcial conversão

em ésteres de colesterol, sendo estocado em CL (Nishikawa et al., 2005;

Seghal et al., 2005). Sob condições de excesso de LDL, a atividade de

esterificação de colesterol é significantemente aumentada, indicando que

parasitas controlam adaptativamente o suprimento massivo de colesterol pela

produção da forma estocada de colesterol. A esterificação do colesterol pelo

hospedeiro e parasito é essencial para ótima proliferação do T. gondii (Sonda

et al., 2001).

Apesar da segregação do VP com o sistema endomembranar da célula

hospedeira, o VP obtém lipídios exógenos ou seus precursores a partir da

célula hospedeira. Isto implica na existência de mecanismos moleculares para

translocação de lipídios através da MVP e MP do parasita, e para tráfego

regulado para compartimentos intra-parasita próprio. Coppens et al. (2006)

mostrou que vesículas endocíticas são entregues ao espaço do VP, porém de

maneira indiscriminada. Isso foi possível devido a condutos formados por

invaginações mediadas por microtúbulos (Coppens et al., 2006). Além disso, o

parasita pode também ganhar acesso a fontes potenciais de lipídios pelo

recrutamento de RE e mitocôndria da célula hospedeira que se associam ao

VP (Sinai et al., 1997). A subseqüente produção de precursores lipídicos em

lipídios complexos aponta para a habilidade dos parasitas em explorar

competentemente as reservas lipídicas da célula hospedeira.

As proteínas que são constitutivamente liberadas dentro do VP pelos

parasitas em crescimento desempenham papel instrumental na aquisição de

lipídios da célula hospedeira. Isto foi observado por Schwab et al. (1994), em

que a habilidade do T. gondii de modificar a permeabilidade da MVP permite

livre difusão de pequenas moléculas como açúcares, aminoácidos, bases

nucleares e co-fatores provenientes do citoplasma da célula hospedeira para o

espaço vacuolar.

1.3.5.1- Colesterol

Toxoplasma gondii é auxotrófico para colina e colesterol. A falta de

colina e colesterol, bem como seu bloqueio tem um efeito desfavorável para o

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crescimento do parasita. A remoção de LDL do meio resulta na detenção da

multiplicação do parasito (Coppens & Joiner, 2003) pela falta de mecanismos

compensatórios para repor colesterol. O excesso de colesterol desviado pelo

parasita é rapidamente neutralizado e estocado em CL (Sonda et al., 2001).

Este parasita desvia colesterol de derivados de LDL que tenham

transitado através de lisossomos da célula hospedeira (Coppens et al., 2000;

2006). O colesterol derivado de LDL é transportado de lisossomos para a

membrana da célula antes de sua redistribuição a vários compartimentos

celulares por mecanismos indefinidos (Haynes et al., 2000). A transferência de

colesterol de pós-endo-lisossomos para VP ocorre de maneira contrária ao

colesterol derivado de LDL, não envolvendo a membrana plasmática

hospedeira como intermediário (Seghal et al., 2005).

O movimento de colesterol para o VP requer temperatura permissiva

para transporte vesicular, energia metabólica e microtúbulos funcionais. A

presença de proteínas ligadoras de colesterol na MVP e na membrana

plasmática promove a entrega de colesterol ao T. gondii.

Células infectadas com T. gondii têm seu consumo de colesterol

aumentado em até três vezes (Coppens et al., 2000), porém, apesar do desvio

de colesterol ser alto, as membranas das organelas da célula hospedeira

contêm colesterol e CL são formados normalmente (Seghal et al., 2005).

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OBJETIVOS

Objetivo geral

Analisar o efeito do cultivo com soro homólogo de macrófagos

peritoneais de camundongos verificando ação microbicida e associação de

corpo lipídico com Toxoplasma gondii.

Objetivos específicos

• Analisar a natureza das vesículas que aparecem nos macrófagos

peritoneais de camundongos cultivados com soro homólogo;

• Estudar a ação microbicida dos macrófagos cultivados com soro

homólogo e soro fetal bovino analisando produção de óxido nítrico e

prostaglandina E2, e multiplicação de taquizoítos de T. gondii;

• Utilizar inibidores da via ciclooxigenase para bloquear a produção de

prostaglandina E2 e testar a ação microbicida destes macrófagos;

• Analisar a associação de corpo lipídico ao vacúolo parasitóforo.

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MATERIAIS E MÉTODOS

1- Obtenção e cultura de células

1.1- Macrófagos

Os macrófagos foram obtidos após lavado peritoneal em camundongos

Suíços, machos, adultos (10 ml de Hank’s por animal). Para plaqueamento em

placa de 24 poços foram usados 4 animais, e para garrafa de 25 cm2 2 animais

por experimento. A suspensão celular do lavado foi centrifugada a 500 g por 10

min a 4° C. O sedimento foi ressuspenso em 4 ml de solução de Hank’s, sendo

que para placas de 24 poços foram semeados 150 µl por poço. Após aderência

de 1 h a 37° C, atmosfera de 5% de CO2, as células foram lavadas 2 vezes e

cultivadas em Dulbecco’s modified Eagle’s medium (DMEM) com 2% de soro

homólogo (SH) ou fetal bovino (SFB).

1.2- Obtenção de soro homólogo

O SH foi obtido a partir da coleta de sangue de camundongos por punção

cardíaca utilizando seringa de 3ml e agulha 26 G. O sangue coagulou na

seringa por 6h a 25 ºC. O soro foi coletado com pipeta Pasteur, transferido para

tubos cônico e centrifugado a 600g por 10 min a 4° C, sendo posteriormente

inativado (30 min, 56 ºC), aliquotado (200 µl) e estocado no freezer a -20º C.

1.3- Toxoplasma gondii

Taquizoítos de T. gondii (cepa RH) foram mantidos por meio de

passagens na cavidade peritoneal de camundongos realizadas a cada 2 ou 3

dias de infecção. Para obtenção dos parasitas foi realizado lavado peritoneal

(5 ml de Hank’s por animal), o qual foi centrifugado a 500g por 10 min a 4 ºC.

O sobrenadante foi coletado e centrifugado a 1000g por 10 min a 4º C. Os

parasitas foram ressuspensos em 1 ml de DMEM e contados em câmara de

Neubauer.

2- Interação com Toxoplasma gondii

Interação do T. gondii com macrófagos foi realizada para determinar: a)

desenvolvimento do parasita (ação microbicida) em macrófago cultivados com

SH e SFB e b) associação dos CL dos macrófagos cultivados com SH com o

VP. Nos dois casos os macrófagos foram cultivados por 24h e a interação foi

realizada com 5 X 105 parasitas por poço. Após 1h, as células foram lavadas 2

vezes com Hank’s a 37º C para remoção dos parasitas livres.

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Para se determinar o desenvolvimento do T. gondii, os macrófagos

foram cultivados, sem lamínula, por 5 dias após a interação. Metade da placa

de 24 poços foi ativada (item 3) logo após interação. Em alguns casos 1 µg/ml

de indometacina (inibidor de COX) foi adicionado todos os dias do cultivo,

anteriormente e após a interação, visando verificar o papel da PGE2 na

capacidade microbicida dos macrófagos. Cinco dias após a interação, os poços

foram raspados com ponteira amarela, o sobrenadante homogeneizado

retirando-se uma alíquota de 10 µl, diluída 10 vezes em líquido de contagem (4

% de formalina em PBS) para quantificação dos taquizoítos em câmara de

Neubauer.

Para verificar a associação de CL dos macrófagos com o VP em

microscopia óptica de fluorescência (item 4.3), os macrófagos foram cultivados

sobre lamínulas em DMEM suplementado com SH e submetidos à interação

com T. gondii por 2 e 24 h. Após estes cultivos, os CL e os núcleos celulares

foram marcados com vermelho de nilo e DAPI, respectivamente (item 4.3), e

fotografados no microscópio Zeiss Axioplan equipado com contraste

interferencial de Normanski, iluminação epifluorescente e lâmpada de mercúrio

HBO 50. Para confirmação da associação dos CL com o VP, as células foram

processadas para observação por microscopia eletrônica de transmissão (item

5).

3- Ativação dos macrófagos

Os macrófagos foram ativados de duas formas distintas: a) para

dosagem de NO e PGE2 sem infecção do T. gondii e b) para a avaliação da

multiplicação do parasita.

Na primeira situação, os macrófagos foram cultivados por 1 (tempo de

aderência), 24 e 48 h e ativados com interferona-γ (IFN-γ), 50U/ ml, e LPS, 0,1

µg/ml, por 24 h. Após este período, os sobrenadantes foram coletados e os

níveis de NO e PGE2 avaliados (itens 6 e 7). Na segunda situação, os

macrófagos foram cultivados por 24 h, infectados e ativados com a mesma

concentração de IFN-γ e LPS. Neste caso, os níveis de NO foram avaliados

para confirmar a ativação.

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4- Preparo do material para observação em microscopia óptica

4.1- Observação dos macrófagos por contraste interferencial.

Os macrófagos foram cultivados por 24 h com os soros, lavados e

fixados em 1% de glutaraldeído em PBS. Após 1 h, as células foram montadas

sobre lâmina com 10 µl de PBS e observadas no microscópio equipado com

contraste interferêncial de Normanski. A área de superfície dos macrófagos SH

e SFB foi avaliada através da análise de 50 células digitalizadas no sistema

Sys em 3 experimentos independentes.

4.2- Marcação de compartimentos ácidos

Os macrófagos cultivados por 48 h em SH ou SFB foram lavados, e

incubados com 5 µg/ml de laranja de acridina (marcador para compartimentos

acídicos) em DMEM a 37ºC e atmosfera de 5% de CO2. Após 20 min, os

macrófagos foram lavados 1 vez com Hank’s, montados sobre lâmina em 10 µl

de DMEM e observados em microscopia de fluorescência utilizando o filtro BP

546.

4.3- Marcação de corpos lipídicos

Os macrófagos foram cultivados por 24 h em SH, fixados com 4% de

paraformaldeído em PBS por 10 min, lavados em PBS e incubados por 15 min

em 1 µg/ml de vermelho de nilo em PBS (Greenspan et al., 1985). As células

foram lavadas, montadas em 0,4µg/ml de DAPI (4’,6-diamidino-2-phenylindole)

em N-propil-galato e observados em microscopia de fluorescência utilizando o

filtro BP 468.

5- Preparo de material para microscopia eletrônica de transmissão para

detecção de lipídios insaturados

Macrófagos obtidos de lavados peritoneais foram cultivados em

garrafas conforme o item 1. Após 24h de cultivo em SH as células foram

infectadas ou não com o T. gondii, lavadas, e cutivadas por mais 8 h. As

células foram fixadas com 2,5% de glutaraldeído em tampão fosfato (0,1M, pH

7,2), lavadas uma vez em tampão fosfato e em seguida lavadas em tampão

imidazol (0,1M, pH 7,5) e pós-fixadas em 2% de tetróxido de ósmio em tampão

de imidazol por 2 h, protegido da luz. As células foram lavadas novamente,

desidratadas em série acetônica e embebidas em resina epóxi (Epon ®).

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Cortes semi-finos foram corados com acetato de uranila e fotografados no

microscópio eletrônico de transmissão Zeiss 900.

6- Microscopia eletrônica de varredura

As células foram fixadas em 2.5% de glutaraldeído em tampão

cacodilato de sódio (0,1M, pH 7,2). O material foi lavado em tampão cacodilato

de sódio e pós-fixado em tetróxido de ósmio 1% em tampão cacodilato de

sódio, por 10 min. Posteriormente, o material foi lavado em tampão cacodilato

de sódio e desidratado em série acetônica. O material foi seco pelo método do

ponto crítico, metalizado com ouro em aparelho Sputtering (SCD 050 – BAL

TEC) e observado no microscópio eletrônico de varredura, Zeiss-962.

7- Avaliação da produção de óxido nítrico

A produção de NO foi analisada indiretamente pela leitura colorimétrica

do nitrito nos diferentes sobrenadantes das culturas pelo reagente de Griess,

conforme descrito por Green et al. (1992). Foram coletados 50µl do

sobrenadante por poço, misturados na proporção de 1:1 com o reagente de

Griess (1 volume de 1% de Sulfanilamida em 5% de ácido ortofosfórico em

água deionizada com volume igual de 0,1% de N-[1- Naphthyl]

Ethylenediamida em água deionizada) em placa de 96 poços. Após 10 min, a

mistura foi submetida à leitura num espectrofotômetro para placa de 96 poços

utilizando 540 nm como comprimento de onda. A concentração foi calculada

por uma curva padrão pré-calibrada usando nitrito de sódio diluído em DMEM

como padrão (Ding et al.,1998).

8- Avaliação da produção de prostaglandina E2

Os níveis de PGE2 foram avaliados em duplicata através de ensaio

imunoenzimático (EIA) de competição, seguindo protocolo estabelecido pelo

fabricante do kit (Cayman Chemical). As placas eram pré-cobertas com IgG

monoclonal de cabra anti-camundongo. Este ensaio é baseado na competição

entre a PGE2 da amostra e a PGE2 conjugada à acetilcolinesterase, enzima

cujo substrato é acetilcolina. A forma conjugada da PGE2 compete com a

PGE2 da amostra pelos sítios de ligação nos anticorpos monoclonais.

A placa foi montada com 100 µl do EIA Buffer e 50 µl de PGE2 marcada

no controle (“branco”), e nos outros poços foram colocados EIA Buffer,

sobrenadantes de culturas diluídas 100 vezes (amostra), PGE2 conjugada, na

proporção 1:1:1 (50 µl de cada) e incubada “overnight” a temperatura

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ambiente. A placa foi lavada 5 vezes com Wash Buffer do kit, para remover

qualquer reagente não ligado, e acrescentado 200 µl por poço do reagente

Ellman (reagente contendo acetilcolina). A placa foi coberta com “parafilm” e

papel alumínio sendo submetida à agitação por 2 h até ocorrer a reação.

A intensidade colorimétrica da reação, determinada por

espectrofotometria, é proporcional à concentração de PGE2 conjugada ligada

ao anticorpo em cada poço, a qual é inversamente proporcional à

concentração livre de PGE2 presente no poço durante a incubação. Ou seja,

quanto maior a concentração de PGE2 na amostra, menor será a ligação de

PGE2 conjugada à acetilcolinesterase e, portanto, menor a intensidade

colorimétrica. Os resultados de absorbância foram convertidos em

concentrações de PGE2 por comparação dos dados gerados pela curva-

padrão construída com concentrações conhecidas de PGE2.

9- Análise estatística

As amostras foram analisadas pelo teste t de Student (P≤0,05).

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RESULTADOS

1- Morfologia dos macrófagos cultivados com soro fetal bovino e soro

homólogo

Os macrófagos cultivados com SFB e SH apresentaram diferenças

morfológicas e estruturais. O macrófago SFB apresenta em sua grande maioria

uma forma estrelada ao se aderir ao substrato enquanto o macrófago SH

apresenta forma alongada unidirecionalmente e grande número de vesículas

(Figura 1 A e B).

Para determinar se existia alguma diferença significativa na área da

superfície destes macrófagos as imagens foram digitalizadas e as áreas foram

calculadas. A área superficial de macrófagos cultivados com SH foi

significativamente (P≤0,05) maior que a área de macrófagos cultivados com

SFB (Figura 2).

Estas diferenças morfológicas foram também confirmadas por

microscopia eletrônica de varredura (Figura 1 C e D). Podemos observar

grande número de protusões na superfície do macrófago cultivado com SFB

(Figura 1 C). Uma membrana com aparência lisa na região onde o contorno

das vesículas se concentra foi observada no macrófago SH (Figura 1 D).

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Figura 1. Macrófagos cultivados com soro fetal bovino (Mo SFB – A e C) e

macrófagos cultivados com soro homólogo (Mo SH – B e D) observados por

contraste interferencial e diferencial de Normanski e por microscopia eletrônica

de transmissão cultivados por 24 (A e B) e 48 horas (C e D). Espraiamento

estrelado do Mo SFB (A e C) e alongado unidirecionalmente do Mo SH (B e

D). Além da morfologia diferenciada do MoSH pode ser notado a presença de

grande número de vesículas bem como seu contorno (B e D respectivamente -

seta). Barra: 40 µm (A e B) e 20 µm (C e D).

D C

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Figura 2. Média da área superficial dos macrófagos (µm2) cultivados com soro

fetal bovino (SFB - barra preta) ou soro homólogo (SH - barra branca).

*Valores significativamente diferentes do SFB de acordo com o teste t de

Student (P≤0,05). Área avaliada em 50 células de cada tipo de cultivo em 3

experimentos.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

Méd

ia d

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0

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SFB SH

*

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Buscando descobrir a natureza das vesículas (Figura 1 B - seta) presentes em

macrófagos cultivados com SH, macrófagos cultivados com ambos os soros

foram incubados com laranja de acridina. Esse marcador é um corante vital

que revela o pH de compartimentos exibindo fluorescência verde para

compartimentos de pH não ácidos e fluorescência laranja para compartimentos

de pH ácidos. Ambos os macrófagos apresentaram marcação de numerosas

vesículas de cor laranja-avermelhada por todo citoplasma evidenciando

grande quantidade de compartimentos ácidos (Figura 3 C e D), porém a

marcação foi negativa para as vesículas evidenciadas por contraste

interferencial (Figura 3 A e B). As vesículas observadas nos macrófagos SH

(Figura 3 B) não foram marcadas com laranja de acridina (Figura 3 D),

descartando a possibilidade dessas serem lisossomos.

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Figura 3. Macrófagos peritoneais de camundongos cultivados por 48 horas

com soro fetal bovino (SFB – A e C) e soro homólogo (SH – B e D) corados

com laranja de acridina. Microscopia de contraste interferencial de Normanski

(A e B). Microscopia de fluorescência (C e D). Pode-se observar numerosas

vesículas coradas com laranja de acridina em C e D. As vesículas

evidenciadas em B não foram coradas em D (setas). Barra: 40 µm.

Estas vesículas foram identificadas como CL após marcação positiva

para coloração de vermelho de nilo (corante fluorescente seletivo para lipídios

neutros) (Figura 4).

A B

C D

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Figura 4. Macrófagos peritoneais de camundongos cultivados por 48 horas

com soro fetal bovino (SFB – A e B) e soro homólogo (SH – C e D) corados

com vermelho de nilo. Microscopia de contraste interferencial diferencial de

Normanski (A, C). Microscopia de fluorescência (B, D). Pode-se observar

numerosas vesículas coradas em D. Estas vesículas também estão presentes

em B (seta). Barra: 40 µm.

A C

B D

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Através do uso desta sonda lipídica foi possível determinar que alguns

dos macrófagos recém-obtidos de lavado peritoneal apresentavam esta

organela em pequeno número (0h). Contudo 24 h após cultivo destas células

com SH havia grande número de CL. Também foi observado que o número de

CL aumentava de forma direta a percentagem de soro utilizada no cultivo de

macrófagos (tabela 1).

Tabela 1. Contagem do número de CL em macrófagos recém obtidos do

peritônio (0h), cultivados com soro fetal bovino (SFB) ou soro homólogo (SH)

por 24 e 48 horas com variações nas percentagens de soro.

Mo sem CL (%) Mo com CL (%) N de CL/Mo (%) Sem soro 0h 56,07 ± 5,36 43,93 ± 5,36 2 ± 0,1

2% (48h) 83,08 ± 12,43 16,92 ±12,43 1,80 ± 0,31 SFB 2% (24h) 81,33 ± 6,91 18,67 ± 6,91 2,23 ± 0,53

5% (24h) 35,77 ± 9,40 64,23 ± 9,40 5,34 ± 0,88 10% (24h) 23,63 ± 3,26 76,37 ± 3,26 11,26 ± 1,96 2% (48h) 1,28 ± 1,45 98,72 ± 1,45 16,8 ± 6,15

SH 2% (24h) 5,85 ± 5,87 94,15 ± 5,87 12,87 ± 3,2 5% (24h) 1,69 ± 1,46 98,31 ± 1,46 23,20 ± 5,13 10% (24h) 0 ± 0 100 ± 0 31,30 ± 6,74

A natureza lipídica destas vesículas foi então confirmada por análise

ultra-estrutural através da microscopia eletrônica de transmissão usando a

técnica do ósmio-imidazol (Figura 5). Podemos localizar os CL nos macrófagos

cultivados com SH (Figura 5 B) como inclusões elétron-densas evidentes.

Estas vesículas também estão presentes em macrófagos SFB, porém em

pequenas quantidades (Figura 5 A).

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Figura 5. Microscopia eletrônica de transmissão de macrófagos cultivados com

soro fetal bovino (A) e com SH (B) cultivados por 48 horas utilizando a técnica

de ósmio-imidazol. Em B podemos notar grandes corpos lipídicos, inclusões

elétron-densas (seta). Barra: 1 µm

2 - Análise da ação microbicida de macrófagos peritoneais cultivados

com soro homólogo e soro fetal bovino

2.1- Produção de óxido nítrico e prostaglandina E2

Nosso próximo interesse foi determinar como a cultura de macrófagos

com diferentes soros alterava a capacidade microbicida destas células. Devido

à presença de poucos CL em macrófagos recém-obtidos da cavidade

peritoneal de camundongos suíços adultos, cultivamos estes macrófagos com

SFB ou SH por 24 e 48 h antes da ativação para determinar a produção de NO

e PGE2. Macrófagos recém-obtidos do peritônio também foram ativados após 1

hora (período de adesão), seguindo seu cultivo por 24 horas com os soros. Os

níveis de produção destas moléculas foram avaliados 24 h após ativação

através da análise do sobrenadante. Em todos os diferentes tempos de cultivo

analisados, a produção de NO foi significativamente menor no macrófago

cultivado com SH do que no macrófago cultivado com SFB e decrescia

conforme aumentava o tempo de cultivo (Figura 6 A).

A B

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Diferentemente da produção de NO, a produção de PGE2 apresentou

um pico no macrófago cultivado por 24 h, quando os CL apresentavam maior

número (Figura 6 B). As diferenças apresentadas com relação à produção

deste mediador lipídico entre os macrófagos cultivados com SFB e SH

também foram significativas (Figura 6).

Figure 6. Produção de óxido nítrico (NO - µM) e prostaglandina E2 (PGE2 -

pg/ml) de macrófagos cultivados com soro homólogo (SH - barra branca) e soro

fetal bovino (SFB - barra preta) por 1, 24 e 48 horas. Após o período de cultivo,

macrófagos foram ativados com interferona-gama e lipopolissacarídeo.

Sobrenadantes foram coletados 24 horas após ativação e tiveram os níveis de

NO e PGE2 avaliados. *Valor significativamente diferente entre os soros de

acordo com o teste t de Student.

Tempo de cultivo

Pro

duçã

o de

óxi

do n

ítric

oP

rodu

ção

de P

rost

agla

ndin

aE

2

Tempo de cultivo

Pro

duçã

o de

óxi

do n

ítric

oP

rodu

ção

de P

rost

agla

ndin

aE

2

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2.2- Interação com Toxoplasma gondii

Além da análise da produção de NO, interações com o protozoário T.

gondii foram realizadas para corroborar a ação microbicida destes macrófagos.

Esta análise foi realizada por meio de contagens de taquizoítos do

sobrenadante de macrófagos ativados ou não, 5 dias após interação com o

parasita. Por contagem direta de taquizoítos verificamos uma quantidade

significativamente maior de taquizoítos em macrófagos cultivados com SH

quando comparados aos macrófagos cultivados com SFB (Tabela 2).

2.3- Inibição inespecífica da via ciclooxigenase

Como observado, macrófagos SH produzem elevados níveis de PGE2,

quando comparado a macrófagos SFB, com pico na produção em 24h. Estudos

têm mostrado que a alta produção de PGE2 pode levar a queda na produção

de NO (Renz et al., 1998; Betz & Fox, 1991; Freire-de-Lima et al., 2000). Com

isso nosso próximo questionamento foi se a menor produção de NO nos

macrófagos SH era causada pela alta produção de PGE2 e se isto poderia

alterar a capacidade microbicida destas células. Para isto foi acrescentado

diariamente à cultura de macrófagos peritoneais de camundongos suíços,

indometacina (inibidor inespecífico da COX). Passados 5 dias, o número de

taquizoítos foi avaliado para determinar o desenvolvimento do T. gondii.

Macrófagos cultivados com SH foram menos microbicidas quando comparados

com macrófagos cultivados com SFB, independente do estado de ativação

(Tabela 2). Como esperado, a ativação aumentou a capacidade microbicida

dos macrófagos resultando em menor crescimento do parasita (Tabela 2). A

adição de indometacina não alterou a capacidade microbicida de macrófagos

não ativados (Tabela 2). Contudo, o crescimento de taquizoítos foi menor em

macrófagos ativados e tratados com indometacina. Nenhuma diferença na

ação microbicida entre macrófago cultivado com SFB e SH foi detectada

quando a indometacina foi adicionada (Tabela 2).

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Tabela 2. Ação microbicida contra Toxoplasma gondii de macrófagos ativados

e residentes cultivados com soro fetal bovino (SFB) ou soro homólogo (SH)

com ou sem indometacina (indo).1

Indo SFB SH

Macrófago residente 8,95 ± 0,1452,* 15,6 ± 2,93

Macrófago ativado 2,47 ± 2,67* 5,55 ± 7,07

Macrófago residente + 6,55 ± 4,75* 14,5 ± 13,35

Macrófago ativado + 1,79 ± 1,26 2,17 ± 1,70

1. Macrófagos, ativados ou residentes, com ou sem indometacina, foram

infectados com T. gondii e cultivados por 5 dias. Taquizoítos foram contados na

câmara de neubauer.

2. Valores devem ser multiplicados por 105 e estão expressos como médias e

desvio padrão em triplicadas de um experimento representativo de 3.

* Diferença estatisticamente significativa (P≤ 0.05) em relação a macrófagos

cultivados com SH através do cálculo pelo teste t de Student.

3- Análise da associação entre corpo lipídico e vacúolo parasitóforo

contendo Toxoplasma gondii

3.1- Microscopia óptica de fluorescência e Microscopia eletrônica de

transmissão

Experimentos realizados com vermelho de nilo e DAPI mostraram

associação entre vacúolos contendo T. gondii e CL. Após 2 h de infecção foi

possível observar associação de CL com o parasita (Figura 7 – 2 h). Passado

24 h, rosáceas foram observadas próximas a CL (Figura 7 – 24 h). Este

resultado foi confirmado a nível ultra-estrututural em que CL foram vistos em

íntimo contato com o VP e até proximamente associado ao parasita

intracelular (Figura 8).

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Figura 7. Macrófagos cultivados com soro homólogo (SH) e infectados com

Toxoplasma gondii. Microscopia de fluorescência (A, B). Contraste

interferencial de Normanski (C). Após 2 e 24 h de infecção CL (A) e núcleo (B)

foram marcados por vermelho de nilo e DAPI, respectivamente. Note os

taquizoítos (seta) próximo aos CL.

2 h

24 h

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Figura 8. Imagens de microscopia eletrônica de transmissão de macrófagos

peritoneais de camundongo cultivados por 24 horas com soro homólogo (SH)

e infectados por 8 horas por Toxoplasma gondii (Tg) marcadas pela

citoquímica do ósmio-imidazol. Note a associação dos corpos lipídicos (CL)

com o vacúolo parasitóforo do parasito. Barra: 1 µm.

Tg

Tg

Tg

CL

CL

CL

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DISCUSSÃO

CL são organelas lipídicas altamente heterogêneas, dinâmicas e

reguladas. Sua geração ocorre em diversos tipos celulares, sendo requeridos

em processos inflamatórios e infecciosos (revisto em Bozza et al., 2007; D’Ávila

et al., 2008). Dependendo de certos estímulos, leucócitos apresentarão a

geração de CL. Esta gama de estímulos pode gerar CL com composições

lipídicas diferenciadas, resultando, portanto em diferentes funções (Bozza et

al., 2007). Neste trabalho descrevemos que macrófagos peritoneais de

camundongo cultivados com SH apresentam mudanças morfológicas e gênese

de CL. Estes macrófagos produzem mais PGE2 e menos NO. Além disso, são

menos microbicidas ao T. gondii, apresentando maior replicação de taquizoítos.

Com a inibição da PGE2, através do uso diário de indometacina, a capacidade

microbicida alcançou o nível do macrófago ativado cultivado com SFB. Estes

resultados indicam que CL induzidos pelo cultivo com SH alteram a capacidade

microbicida pela maior capacidade dos macrófagos produzirem PGE2. Este

sistema celular pode ser um bom modelo para estudar CL em macrófagos.

A primeira observação que chamou a atenção após cultivo de

macrófagos peritoneais com SH foi o grande número de vesículas. Foi

claramente demonstrada que a natureza destas vesículas não era ácida, mas

sim lipídica. Isto foi confirmado pela análise ultra-estrutural dos macrófagos por

meio da microscopia eletrônica de transmissão utilizando a técnica ósmio-

imidazol. Estas organelas apareceram como estruturas eletrodensas

características. Portanto, as “vesículas” induzidas pelo cultivo em SH são CL

típicos.

Além disso, houve clara diferença no espraiamento dos macrófagos

quando os soros foram usados. O macrófago cultivado em SFB possui um

espraiamento estrelado, enquanto o macrófago SH possui espraiamento

unidirecional. Tem sido demonstrado que macrófagos submetidos a diferentes

tratamentos têm sua capacidade de espraiamento modificada (Jenney &

Anderson, 2000). Não se tem idéia do que há no SH que possa causar

diferentes espraiamentos. Novos estudos devem ser realizados para

determinar este provável fator.

Além da morfologia e estrutura diferenciada macrófagos não ativados

cultivados com SH permanecem intactos por mais tempo em cultura, quando

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comparados a macrófagos cultivados com SFB. (dados não mostrados,

observações de rotina). Esta característica nos leva a sugerir que por serem

menos microbicidas, os macrófagos SH respondem de uma forma mais

atenuada a infecção permanecendo aparentemente intactos por mais tempo.

Isto também pode ter alguma relação com o número de taquizoítos, pois devido

macrófagos cultivados em SFB apresentarem uma resposta microbicida maior

que o macrófagos SH, se exaurem de forma a morrer mais rápido na cultura,

barrando desta forma a replicação do T. gondii. Além disso, alto nível de NO

em cultura é tóxico para célula (Brune et al., 1998). A mesma “sobrevida” dos

macrófagos cultivados com SFB é observada nos macrófagos ativados. Porém

quando esses são comparados aos não ativados eles também resistem mais a

infecção, contudo não possuem maior número de parasitos devido à produção

de níveis mais elevados de NO, agente microbicida, contribuindo para o

controle da infecção.

A influência de CL na capacidade microbicida de leucócitos não tem sido

testada sistematicamente. Está claro que a infecção por patógenos

intracelulares induz o aparecimento de CL em leucócitos como revisto

recentemente (Bozza et al., 2007 e D’Ávila et al., 2008). No modelo descrito

neste trabalho foi possível correlacionar a presença de CL com maior produção

de PGE2. Esta correlação tem sido mostrada em muitos modelos celulares

diferentes (Pacheco et al., 2002; Melo et al., 2003; D’Avila et al., 2006). Melo et

al. (2003; 2006) correlacionaram positivamente a presença de CL em

macrófagos peritoneais e cardíacos de camundongos com doença de Chagas,

à produção de PGE2. Esses resultados indicam que CL têm papel na produção

de eicosanóides observada durante a doença de Chagas (Melo et al., 2003,

2006). D’Avila et al. (2006) demonstraram recentemente que o Mycobacterium

bovis Bacillus Calmette-Guérin (BCG) induz a formação de CL durante a

infecção in vivo e que estes eram sítios predominantes de síntese de PGE2 em

macrófagos ativados. O aumento de CL durante a infecção intracelular induzida

pelo T. cruzi e M. bovis BCG foi correlacionado com a maior geração de PGE2

e localização da COX-2 dentro de CL (Melo et al., 2003; D’Avila et al., 2006).

Portanto, está claramente estabelecido que CL aumentam a produção de

PGE2, a qual inibe a resposta tipo Th1 (Renz et al., 1998; Betz & Fox, 1991;

Frei-de-Lima et al., 2000), incluindo a capacidade microbicida de macrófago.

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A ligação de TNF-α a superfície de macrófagos contribui para ativação

desta célula (Auger & Ross, 1992). Altas concentrações de PGE2 aumentam a

concentração de cAMP, que suprime a síntese de TNF-α, contribuindo para

desativação do macrófago (Renz et al., 1998). A desativação do macrófago,

neste processo, é reforçada pela inibição da produção de linfocinas de T helper

tipo Th1 pela PGE2, enquanto não ocorre inibição de células Th2, não inibindo,

portanto IL-5 e IL-4 (Betz & Fox, 1991). Tanto IL-4, quanto IL-13 são geradas

na resposta Th2, fazendo parte da ativação alternativa, em que macrófagos

passam a produzir IL-10 e são menos microbicidas (Gordon, 2003).

Demonstramos neste trabalho que a menor capacidade microbicida do

macrófago SH é devido à produção de PGE2 que provavelmente regula

negativamente a produção de NO. Quando este eicosanóide foi inibido, o

macrófago SH se tornou mais microbicida ao T. gondii, diminuindo desta forma

o número de taquizoítos. Então o possível mecanismo envolvido na menor

capacidade microbicida pode estar sendo desencadeado por algum

componente do SH que culmina na geração de CL através do disparo de uma

sinalização intracelular específica. Tem sido proposto que a geração de CL na

célula hospedeira após a infecção por patógenos pode fazer parte do

mecanismo de evasão de parasitas (Bozza et al., 2007). Esta hipótese faz

sentido e deve ser investigada.

Um dos mecanismos usados pelos macrófagos na destruição de

parasitas é a geração de espécies de oxigênio reativo (Lowenstein & Padalko,

2004) desencadeado a partir do contato e fagocitose de partículas estranhas

ou debris celulares (Adams & Hamilton, 1998). O peróxido de hidrogênio é o

principal produto gerado pelo “burst respiratório”. A fagocitose de T. gondii por

fagócitos mononucleares reduz significativamente o disparo pontual da

produção de espécies de oxigênio reativo, comparado a fagocitose de outros

patógenos (Sibley et al., 1986; DaMatta et al., 2000). Este fato pode estar

interligado a diferença no desenvolvimento de taquizoítos nos macrófagos

cultivados com SH e SFB. Isto porque a redução das espécies de oxigênio

reativo pode ser diferente em ambos os macrófagos, contribuindo para a

diferença na capacidade microbicida dos macrófagos. Em estudos futuros

pretende-se verificar possível diferença na produção destas espécies de

oxigênio reativo.

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Macrófagos cultivados com SFB produziram significativamente mais NO

do que os cultivados com SH. Como observado por Seabra et al. (2002, 2004),

a inibição da produção de NO pelo T. gondii em macrófagos não elimina a ação

microbicida deste agente, já que até mesmo em pequenas quantidades o NO

tem algum poder de ação. Isso foi observado pela redução do número de

taquizoítos em macrófagos ativados comparado com macrófagos não ativados.

Tanto o aumento na produção de eicosanóides, quanto menor produção de NO

podem ser responsáveis pela menor capacidade microbicida dos macrófagos

cultivados com SH, a qual é traduzida numa maior taxa de desenvolvimento de

taquizoítos.

A associação de CL com taquizoítos foi observada por microscopia

óptica e confirmada a nível ultra-estrutural. O contato íntimo de CL com VP

claramente estabeleceu que o T. gondii pode tirar vantagem dos lipídios

acumulados da célula hospedeira, como já verificado por Coppens et al. (2006).

Como se sabe, o VP, não-fusogênico, se torna rapidamente associado com

locais de biossíntese lipídica da célula hospedeira, o RE e mitocôndria (Sinai &

Joiner et al., 1997, 2001). Neste trabalho a associação observada do VP com o

CL não excluiu sua associação com a mitocôndria nem com RE, fazendo com

que a presença do CL funcionasse como uma fonte extra de energia. Isso é

corroborado pelo estudo de Charron & Sibley (2002) mostrando que os CL

presentes no T. gondii podem também funcionar como locais de

armazenamento de lipídios.

Em células de mamíferos, o colesterol sintetizado de novo e adquirido

exogenamente via LDL é esterificado por ácidos graxos e estocados em CL.

Toxoplasma gondii contém colesterol (Foussard et al., 1991), porém falta a

maquinaria biossintética para produzir esteróis (Coppens et al., 2000). Este

parasita desvia colesterol das células hospedeiras de mamíferos por um

mecanismo não identificado. Sob condições de excesso de LDL, a atividade de

esterificação de colesterol na célula hospedeira é significantemente aumentada

em presença do parasita. Esse fato indica controle adaptativo dos parasitas no

suprimento massivo de colesterol, estocando colesterol através da esterificação

deste. A esterificação do colesterol derivado de LDL aumenta o número de CL

no T. gondii (Coppens et al., 2000; Sharron & Sibley, 2002; Nishikawa et al.,

2005). Como T. gondii é auxotrófico para colina e colesterol, a falta ou bloqueio

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destes resulta na detenção da multiplicação do parasita (Coppens et al., 2000).

Por conseguinte, excesso de colesterol leva a multiplicação desenfreada do

parasita devido à capacidade dele desviar LDL do meio, neutralizando-o e o

estocando em seus CL, gerando assim grande número de taquizoítos. Este fato

certamente corrobora a explicação do maior número de taquizoítos

encontrados em macrófagos cultivados com SH. Nestes macrófagos a

disponibilidade de lipídios nos CL, incluindo o colesterol, pode facilitar a

sobrevivência e multiplicação do parasita. A depleção de LDL da célula

hospedeira, por sua vez, causa o progressivo consumo do material estocado

em CL do parasita (Coppens & Vielemeyer, 2005). As imagens mostradas na

figura 8 nos permitem observar ainda a presença de CL associado diretamente

ao parasita e não somente ao VP. Este fato sugere que o parasita pode estar

se beneficiando diretamente da fonte de lipídio para seu desenvolvimento.

Os resultados do presente estudo sugerem fortemente que os CL

contribuem para a sobrevivência do T. gondii no interior dos macrófagos e

diminuem o potencial de ação microbicida de macrófagos cultivados com SH

provavelmente através do aumento na produção de PGE2 e pela associação

do CL com o VP. Mais estudos estão sendo realizados para determinar neste

modelo que componente do SH está induzindo a geração de CL, como ocorre

essa gênese e qual a via de sinalização envolvida na geração desta organela.

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CONCLUSÃO

Os dados obtidos durante este trabalho e a análise conjunta de outros

trabalhos nos dão condições de sugerir algumas conclusões a respeito do que

foi tratado neste estudo.

Macrófagos cultivados com SH apresentam grande número de

vesículas, as quais ao serem caracterizadas mostraram ser CL. Estes

macrófagos são um bom modelo para estudo da gênese e função desta

organela. A presença de CL nestes macrófagos torna-os menos microbicidas,

possivelmente pela desativação celular como consequência da alta produção

de PGE2 e ou disponibilidade de suprimento lipídico, quando comparado com

macrófagos cultivados com SFB, facilitando a replicação do parasita

intracelular T. gondii. Isto pode ser corroborado pela associação existente

entre VP e CL.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adams, D.O. & Hamilton, T.A. (1984). The cell biology of macrophage

activation. Ann Rev Imm. 2:283-318. Adams, D.O. & Hamilton, T.A. (1988). Phagocytic cells. Citotoxic activities of

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