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Rosa, a assumir os gastos da família. Agnes foi educada numa escola estatal, durante os tristes anos da I Guerra Mun- dial. Tinha uma voz muito bonita e logo tornou-se solista do coro da igreja de sua aldeia. Todos perceberam seu gosto pelos ofícios religiosos, ingressando na Congregação Mariana, onde foi aperfei- çoando sua formação cristã e abrindo o coração às necessidades do mundo, ajudando os pobres em sua própria casa. Tinha uma particular impressão das cartas que os missionários da Índia es- creviam e que eram comentadas em grupo. A miséria material e espiritual de tanta gente, tocava o seu coração. Aos 18 anos mudou-se para Rathfar- nham, na República da Irlanda, onde ficava a Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto. No entanto, o seu sonho era a Índia e o trabalho missioná- rio junto aos pobres. Sabedoras desta aspiração, suas superioras decidiram que ela fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de pou- cos meses de estadia na Irlanda, partiu para a Índia. O ideal que brilhara pela primeira vez na sua vida aos doze anos, começava a concretizar-se. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colé- gio. Lá, fez a profissão religiosa, to- mando o nome de Teresa, em homena- gem a uma humilde carmelita de Lisi- eux, que ensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual. Passou a ensinar geografia no Colégio de Santa Maria, em Calcutá. Tornou-se diretora, porém, gostava de ensinar e as alunas estimavam-na porque era sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito huma- nismo nas suas pa- lavras e atitudes. Embora cercada de meninas, filhas das melhores famílias de Calcutá, impres- sionava-se com o que via quando saia à rua: os bairros de lata com cheiros “A maior de todas as doenças atuais, é o sentimento que a pessoa tem de ser in- desejada, de estar abandonada e relega- da ao esquecimento por todos. O maior de todos os males, é a falta de amor e a terrível indiferença para com o nosso semelhante.” Essa citação de Madre Teresa de Calcutá, mostra um pouco de sua nobreza de espírito e a enorme sen- sibilidade para os males que atormen- tam os mais pobres e desprotegidos. A pequena Agnes Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skoplje, na Albânia, em 26 de agosto de 1910. Skoplje vivia em constante conflito com a dominação turca. Seu pai Nicolau, lutava contra os conflitos étnicos, o que levou à sua morte em 1919, obrigando sua mãe, MUNDO Madre Teresa, o afago materno dos mais humildes 55 www.franciscanos.org.br O SEFRAS - Serviço Franciscano de Solidarie- dade, promove ações e atitudes de solidariedade com os empo- brecidos e marginalizados, contribuindo para o exercício da cidadania e inclusão social, no modo franciscano de viver. Divulgação Madre Teresa e seu amor incondicional aos pobres e as crianças. Divulgação

Madre Teresa, o afago materno dos mais humildes

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Matéria da revista “Meu sonho não tem fim” sobre a “grande sonhadora” Madre Teresa de Calcutá.

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Page 1: Madre Teresa, o afago materno dos mais humildes

Rosa, a assumir os gastos da família.

Agnes foi educada numa escola estatal, durante os tristes anos da I Guerra Mun-dial. Tinha uma voz muito bonita e logo tornou-se solista do coro da igreja de sua aldeia. Todos perceberam seu gosto pelos ofícios religiosos, ingressando na Congregação Mariana, onde foi aperfei-çoando sua formação cristã e abrindo o coração às necessidades do mundo, ajudando os pobres em sua própria casa. Tinha uma particular impressão das cartas que os missionários da Índia es-creviam e que eram comentadas em grupo. A miséria material e espiritual de tanta gente, tocava o seu coração.

Aos 18 anos mudou-se para Rathfar-nham, na República da Irlanda, onde ficava a Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto. No entanto, o seu sonho era a Índia e o trabalho missioná-rio junto aos pobres. Sabedoras desta aspiração, suas superioras decidiram que ela fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de pou-cos meses de estadia na Irlanda, partiu

para a Índia. O ideal que brilhara pela primeira vez na sua vida aos doze anos, começava a concretizar-se.

Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colé-gio. Lá, fez a profissão religiosa, to-mando o nome de Teresa, em homena-gem a uma humilde carmelita de Lisi-eux, que ensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual.

Passou a ensinar geografia no Colégio de Santa Maria, em Calcutá. Tornou-se diretora, porém, gostava de ensinar e as alunas estimavam-na porque era sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito huma-nismo nas suas pa-lavras e atitudes.

Embora cercada de meninas, filhas das melhores famílias de Calcutá, impres-sionava-se com o que via quando saia à rua: os bairros de lata com cheiros

“A maior de todas as doenças atuais, é o sentimento que a pessoa tem de ser in-desejada, de estar abandonada e relega-da ao esquecimento por todos. O maior de todos os males, é a falta de amor e a terrível indiferença para com o nosso semelhante.” Essa citação de Madre Teresa de Calcutá, mostra um pouco de sua nobreza de espírito e a enorme sen-sibilidade para os males que atormen-tam os mais pobres e desprotegidos.

A pequena Agnes Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skoplje, na Albânia, em 26 de agosto de 1910. Skoplje vivia em constante conflito com a dominação turca. Seu pai Nicolau, lutava contra os conflitos étnicos, o que levou à sua morte em 1919, obrigando sua mãe,

MUNDO

Madre Teresa, o afago materno dos mais humildes

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www.franciscanos.org.br

O SEFRAS - Serviço Franciscano de Solidarie-dade, promove ações e atitudes de solidariedade com os empo-brecidos e marginalizados, contribuindo para o exercício da cidadania e inclusão social, no modo franciscano de viver.

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Madre Teresa e seu amor incondicional aos pobres e as crianças.

Fé D

ivulgação

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www.pastoraldacrianca.org.br

A Pastoral da Criança tem por objetivo o desenvol-vimento integral das crian-ças, estando a serviço da vida, esperança, fé, amor, alegria e paz.

Um dia, dava voltas e mais voltas, à procura de uma casa, um teto para aco-lher os abandonados. Caminhou ininter-ruptamente, até que já não podia mais. Então, compreendeu até que ponto de esgotamento tem que chegar os verda-deiros pobres, em busca de um pouco de alimento, água, abrigo, remédio ou esperança.

A lembrança da tranqüilidade material de que gozava no convento, lhe veio à mente, porém, jurou não voltar atrás. Sua comunidade eram os pobres. Aque-les de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo do contágio, porque estão cobertos de micróbios e vermes, que não vão rezar, porque não podem sair nus de casa, que já não co-mem, porque não têm força para comer, que se deixam cair pelas ruas, conscien-tes de que vão morrer e ao lado dos quais, os vivos passam, sem lhes prestar atenção, que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas.

Em março de 1949, Shubashini Das, uma de suas antigas alunas, linda jo-vem, inteligente e filha de uma boa fa-mília procurou Madre Teresa, disposta a ficar com ela e a colocar sua vida a serviço dos pobres. Madre Teresa a aconselha a rezar e pensar melhor sobre essa decisão. A jovem volta para casa, pensa, reza e retorna para ser aceita na nova congregação que começava a sur-gir, escolhendo como nome para sua vida religiosa, o nome de batismo da sua antiga professora: Agnes. A esta, outras se seguiram, sem qualquer pro-paganda, atraídas apenas pelo testemu-nho daquelas que se chamariam, mais tarde, Missionárias da Caridade.

Uma vida mais regular começou então para a pequena comunidade. Abriram escolas, enquanto continuavam as visi-tas aos bairros de lata. As vocações afluíam e a casa tornou-se muito peque-na. O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidos na rua, era lavar-lhes o rosto e o corpo. A maior parte não conhecia sequer o sabão e a espuma metia-lhes medo. A intenção era que eles soubessem que haviam pessoas que os amavam verdadeiramen-

te, e ali, eles encontravam sua dignida-de, assim como a alegria, que as irmãs ofereciam em abundância.

Em agosto de 1952, abriram o primeiro lar infantil Sishi Bavan (Casa da Espe-rança) e a congregação começa a ex-pandir-se pela Índia (Ranchi, Nova De-lhi e Bombaim) e por todo o mundo.

Madre Teresa percorre como de costu-me, as ruas prestando ajuda aos mais necessitados, quando, de repente, para diante de um espetáculo horripilante: uma mulher agonizava no meio de es-combros, roída pelos ratos e formigas. Madre Teresa aproximou-se e ouviu um queixume, em voz muito tênue dizendo, ter sido o próprio filho a lançá-la ali. Recolheu-a e levou-a ao hospital mais próximo. Quando viram aquele semica-dáver, responderam que não poderiam aceitar aquela mulher. Com a insistên-cia a aceitaram, porém, a mulher mor-reu pouco depois. De regresso a casa, pensou nos moribundos como aquela mulher, que todos os dias morrem pelas ruas de Calcutá sem ninguém lhes pres-tar assistência, criando assim a “Casa do Moribundo”, a qual dedicou, impe-cavelmente, suas melhores energias físicas e espirituais.

Em 1965, fundou sua primeira casa na

nauseabundos, crianças, mulheres e velhos famélicos.

Numa viagem de trem ao noviciado do Himalaia, recebeu uma claríssima ilu-minação interior: dedicar sua vida aos mais pobres dos pobres.

Ela se referia aos pobres de Calcutá, que todas as noites morriam pelas ruas e na manhã seguinte, eram lançados para o carro da limpeza pública como se fossem lixo. Ela não conseguia habitu-ar-se a esse terrível espetáculo de pes-soas esqueléticas morrendo de fome ou pedindo esmolas pelas ruas.

Sua simplicidade, fervor e persistência convenceram o arcebispo – mesmo con-trário – de que estava perante de uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, aconselhou-a a pedir autorização à Madre Superiora, que concordou com seu desejo.

Deixou o colégio em 1948 e dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem, que julgava de imensa utilidade para a sua atividade futura.

Neste mesmo ano, obteve a nacionali-dade indiana e reunindo um grupo de cinco crianças, num bairro imundo, começou a dar aulas. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois, eram cerca de cinqüenta crianças.

Junto com o alfabeto, ela dava lições de higiene (iniciava lavando o rosto dos alunos) e de moral. Depois, ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e mãos sempre prestá-veis para qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem. Quando passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de todas as espécies gritavam, por ela com os olhos inundados de esperança e alegria. Mas, o início foi duro. Ela sen-tiu a angústia terrível da solidão e das enormes dificuldades materiais.

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O semblante sempre sereno da “mãe dos pobres”.

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“Se você não puder alimentar cem pessoas, alimente pelo menos uma”.

Madre Teresa de Calcutá

América Latina, na Venezuela e em 1967, outra no próprio coração da cris-tandade, em Roma. Em 1968, a congre-gação estende-se por outras regiões: Ceilão, Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurício, Peru e Canadá e nos anos seguintes em Londres e Gaza, na Palestina, para atender aos refugiados. Seguem inaugurações, México, Guate-mala, Alemanha Oriental, Rússia, Cuba, dentre outros.

Mesmo jamais gostando de falar a res-peito, recebe homenagens por todo o mundo, desde Skoplje, sua terra natal que a nomeia “Cidadã Ilustre”, a “Medalha Presidencial da Liberdade”, a mais alta condecoração do país mais poderoso da terra e o Prêmio Nobel da Paz, que recebe em outubro de 1979.

Em 1983, sofre o primeiro grave ataque do coração e o médico lhe diz que tem coração para mais trinta anos, ela toma isso ao pé da letra e nem febre alta a faz descansar.

Realiza um dos seus sonhos em 1989, abrindo uma casa na sua Albânia natal que, apesar de ser um dos países mais pobres, injustos e atrasados do planeta, orgulhava-se de ser o país mais ateu do mundo, o único em cuja constituição figurava paradoxalmente o ateísmo co-mo “religião do Estado”.

Em setembro de 1989, sofre um novo e mais forte, ataque do coração, recupera-se e retoma ao trabalho, com mais vigor do que antes, apesar do marcapasso.

No dia 05 de setembro de 1997, sofre sua última parada cardíaca.

Uma fila de quilômetros formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde seu corpo foi velado por mais de uma semana. O mesmo veículo que, em 1948, transpor-tara o corpo de Mahatma Gandhi, foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da querida “Mãe dos Pobres”.

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O pacote de biscoitos

Era uma vez, uma moça que estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um grande aeroporto. Como ela deveria esperar por algumas horas pelo seu vôo, resolveu comprar um livro para matar o tempo. Comprou, também, um paco-te de biscoitos.

Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz seu livro.

Ao seu lado sentou-se um homem.

Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada.

Apenas pensou: “Mas que cara de pau! Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse!"

A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um.

Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia nem reagir.

Quando restava apenas um biscoito, ela pensou: “o que será que este abusado vai fazer agora?”

Então o homem dividiu o último biscoito ao meio, deixando metade para ela.

Ah! Aquilo era demais! Ela estava bufando de raiva!

Então, ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao local de embarque.

Quando ela se sentou, confortavelmente, numa poltrona já no interior do avião, olhou dentro da bolsa para pegar uma bala, e, para sua surpresa, o pacote de biscoitos estava lá, ainda intacto, fechadinho.

Ela sentiu tanta vergonha!

Só então ela percebeu que a errada era ela, sempre tão distraída!

Ela havia se esquecido que seus biscoitos estavam guardados, dentro da bolsa.

O homem havia dividido os biscoitos dele sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, enquanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo os dela com ele.

Já não havia mais tempo para se explicar, nem para pedir desculpas...

Quantas vezes, em nossa vida, nós é que estamos comendo os biscoitos dos outros e não temos a consciência disto?

Há quem proceda de forma muito diferente da que nós gostaríamos.

Isso tira a nossa calma e nos dá a impressão de que ninguém faz nada certo.

Raciocine claramente. Antes de concluir, observe melhor!

Talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa!

Não pense o que não sabe sobre as pessoas.

O que passou, passou, converse mais!

Seja mais leve, não se preocupe...

“Amor, se multiplica quando se divide”.