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MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

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CORAÇÃO DA TRADIÇÃO HERMÉTICA

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Page 1: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

MagiA & TeurgiaTextos Sagrados � A Questão do Vinho � Magical Philosophy

Coração da Tradição Herméticawww.magick-theurgy.com Abril/Maio/Junho 2011

SeleneA Deusa Lunar Visitando

asDivindades

Os HinosSagrados

Qabalah&Dogmatismo?

EDIÇÃO 1

Page 2: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

2 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

Obra. De fato. Sempre. E duvido.Claro.

Uma idéia paira.Inicialmente tênue, e então toma

forma.Ela se agiganta e encanta,

Eu penso que a mantenho, mas elaescapa.

Ela está de volta. Fico excitada…Ela graceja e eu sorrio.

Com o meu suave pincel, eu a acari-cio e faço-a se render ao meu desejo.

Ao suave e ágil toqueEu a lisonjeio novamente.

Eu repouso-a na minha tela.Domada enfim, banhada em luze envolta em sombra, é minha.

Para sempre. Um mágico momento.Eu sonho que capturei

o indescritível espírito da eternidade.

Natasha Douliez - PiNtora

http://www.natasha-douliez.com

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3www.magick-theurgy.com

ÍNDICEMagia & Teurgia Abril/Maio/Junho 2011

Artigos

Visitando as Divindades 8Harmonização com Selenepor Sophie Watson, Roelof Weekhout& Patricia Bourin.

a Vida epicurista 17A Questão do Vinhopor Roelof Weekhout

tributo a Denning & Phillips 18por Julien Larche

Qabalah & Dogmatismo? 20por Jean-Louis De Biasi

eclésia ogdoádica 24MissãoPELO C.C.DA E.O.

Magical Philosophy 26O Turíbulopor Patricia Bourin

textos sagrados 31Corpus Hermeticum – Nova Traduçãopela Eclésia Ogdoádica.

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4 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

SEÇÕES

Carta do editor

harmonização Planetária

Prefácio

aurum solis, luz da tradição oci-dental, Os Três Pilarespela Ordo Aurum Solis

hinos sagradosTraduções originais dos HinosSagrados da Tradição Ocidental.Nesta edição: Hino para as Moiraspor Raul Moreira

símbolos da Grande obra: O Corvopor Martin Beliard

ecos dos ancestraisApuleio – Mistérios de Ísispor Irene Craig

CríticasLivros e filmes relacionados com Magia,Teurgia e as Tradições Ocidentais.

Magia & Teurgia na Webextras online

Documentos - Áudio - Vídeo

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“Magia & Teurgia” aprecia as corres-pondências dos leiTores! Por favor envie suas correspondências ecomentários para [email protected] cartas podem ser resumidas e editadaspara ficarem claras. Os editores reservam odireito de editar os materiais enviados.

@

Page 5: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

5www.magick-theurgy.com

CARTA DO EDITOR

editor-chefeJean-Louis de Biasi

editor-executivoPatricia Bourin

editor WebSimon Tamenec

diretor de arteJulien Larche

publicidadeLisa Veys

publicação no BrasilÁGORA HERMÉTICA

www.agorahermetica.com.br

Traduzido de“MAGICK & THEURGY”Copyright © 2011 Jean-Louis de BiasiPublicado pela

ACADEMIA PLATONICAP.O.Box 752371, Las Vegas,

Nevada, 89126, USA www.magick-theurgy.com

[email protected]

para conTriBuiÇÕesTodos os textos podem ser enviados no formato msword e pdf para:contributions@magick-

theurgy.com

ediÇÃo [email protected]

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noTiFicaÇÃo legalCopyright © 2011 Aurum Solis -E.O. Todos os direitos reservados.Magick & Theurgy é marcaregistrada da Aurum Solis -

Eclésia Ogdoádica

Jean-louis De BiasiEditor-Chefe

Magia & Teurgia Hoje, estamos vivendo em um momentomuito especial na história. Várias guerrasantigas que estão profundamente en-

raizadas na intolerância religiosa continuam amatar milhares de pessoas em todo o mundo emnome de Deus. É verdade que esta situação não éalgo novo. No entanto, a persistência de tal com-portamento, especialmente quando associada ao

uso de armas modernas e de meios de comunicação de ponta, naturalmenteintensifica as consequências para todos. Ao mesmo tempo, novas geraçõesde jovens homens e mulheres estão buscando mais liberdade e respeito.

Iniciados do passado eram muito frequentemente atacados (e até mesmoassassinados) pela sua insistência no direito de exercer a liberdade de pen-samento e por sua independência em relação aos dogmas do poder políticodas religiões. Os fundadores da Corrente de Ouro da Tradição HerméticaOgdoádica, que hoje é conhecida como Aurum Solis, desenvolveu umatradição fundada em Hermópolis e Alexandria (Egito). Esta linhagem foifundada há muito tempo e fornece ao buscador um caminho para a espiritu-alidade, bem como rituais e práticas que permitem que ele / ela iniciem ajornada sagrada: o retorno ao Divino. No entanto, como os Mestres fun-dadores ensinaram, esta ascensão espiritual só pode ser realizada com umbom equilíbrio entre uma obra moral interior e um ritual Teúrgico bem es-truturado. Hoje, como no passado, estes dois aspectos podem, se devida-mente apresentados e utilizados, ajudar cada Iniciado a se tornar um serhumano melhor, que fique ativamente envolvido no mundo, respeitando ascrenças dos outros, contanto que não sejam crenças fundamentalistas.

Ainda assim, é importante ressaltar aqui, que os hermetistas (tanto do pas-sado quanto do presente) nunca se esqueceram de prestar atenção ao seuscorpos. A união entre a alma e o corpo enfatiza o papel essencial da dimen-são física do nosso ser. É por esta razão que os prazeres associado à buscado Bem e do Belo em tudo, sempre têm sido uma parte real e significativadeste caminho. Você não tem que rejeitar seu corpo físico a fim de atingirmais facilmente os planos superiores. Em vez disso, você tem que tomarconsciência de seus desejos, e equilibrar os diferentes aspectos de seus cor-pos físico e energético, de modo que você seja capaz de se tornar um Inici-ado. Aumentar a sua luz interior irá ajudá-lo a desfrutar da sua vida aqui eagora!

Na Luz da Estrela Gloriosa,

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Um dos períodos mais importantes da história daTradição Hermética Ogdoádica, hoje chamadade Aurum Solis, se desenrolou em Florença, na

Itália, durante os anos de 1438 e 1439. Vários eruditosgregos, entre eles o neoplatônico Georgius GemistusPlethon (ou Pleto), viajaram para Florença e foram aco-lhidos lá durante o Concílio de Florença, o qual reuniuas Igrejas do Oriente e do Ocidente..

Esse grande filó-sofo, herdeiro da Aca-demia Platônica,entrou em contato comCosimo de Médici etransmitiu um con-junto de textos filosó-ficos e herméticos atéentão desconhecidos.Marsílio Ficino rece-beu de Cosimo aordem para traduzi-los, começando peloslivros de Hermes. Umgrupo foi constituídoem torno desse em-preendimento e colo-cado dentro dacontinuidade da antiga escola de Platão. Cosimo dôoupara tanto a Villa Careggi, que tornou-se a sede dessanova Academia Platônica.

Todos os seguidores de Platão reuniam-se para"praticar a filosofia". Tratava-se antes de tudo de dis-cussões filosóficas no espírito do « Banquete Platônico». Mas longe de se limitar ao aspecto intelectual, aTradição Hermética abrangia vários ritos e práticas denatureza teúrgica. A magia astrológica desenvolvida porFicino baseava-se na tradição das assinaturas e na afir-mação da Tábua de Esmeralda : " O que está embaixo écomo o que está em cima, e o que está em cima é comoo que está embaixo, para a realização dos milagres deuma coisa só."

Utilisando esses ritos, os hinos, a música, as cores eo conjunto de correspondências decorrentes das leis da

simpatia universal, os membros da Academia Platônicaprocuravam se elevar rumo ao mundo espiritual. Elesdemonstraram que a felicidade é possível aqui embaixo,através da rearmonização dos planos interiores do indi-víduo.

O trabalho teúrgico implica em três aspectos: - uma postura moral de pureza interior, de frater-

nidade e de amor ;- uma formação

filosófica, expressãode uma mente (es-pírito) religiosa ou Re-ligio Mentis;

- um trabalho ritu-alístico e estético fun-damentado na astrolo-gia. É nesse aspecto doantigos ensinamentosque se inspiram osritos do presente tra-balho.

O Cosmos é regidopor um padrão orde-nado e por um estadooriginal de equilíbrioharmonioso. Os plane-

tas, que se movem nas esferas celestiais, participamdesse padrão harmonioso. A cada um deles é atribuídoum caráter específico, ligado a uma Divindade corre-spondente. Desenvolvida progressivamente pelos inici-ados que estudaram as origens da humanidade, aAstrologia, em sua dimensão iniciática, tornou-se afonte de um importante sistema de correspondências quedemonstra um liame essencial entre tudo o que existeno universo. Cada planeta, cada signo, corresponde aum completo conjunto de símbolos, tais como: um som,uma cor, um perfume, etc. Essas correspondências (as-sociações) abrangem arquétipos de caráter psicológico.Assim, o universo do qual fazemos parte não consistede astros frios, estrelas mortas, mas de poderosos ar-quétipos Divinos agindo sobre nós por suas posições noCosmos e por seus deslocamentos.

(Continua na pág. 43)

6 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

Harmonização Planetária

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Sinto-me honrado, e agradecido, por escrevero Prefácio para a primeira edição de "Magia& Teurgia", como publicação oficial daAurum Solis.

Eu sou grato porque a Aurum Solis está exercendotanto um papel público quanto estotérico nestes tempostão difíceis de crescente conflito religioso e violênciapatrocinada;com extremas alterações meteorológicas eclimáticas, e até mesmo com a própria Terra tremendo;onde as funções econômicas e políticas estão em desor-dem e devem mudar - e, ainda, senão diretamente afe-tados, o público em geral parece interessado apenas emser entretidos e apoiados pelos governos, sem receitassuficientes para continuar nesse caminho sem mudançassubstanciais

E, no entanto, temos duas maravilhosas correntesoferecendo atualmente a "salvação" – a nova ciência etecnologia baseada na Física Quântica e a Magia reno-vada, o lado ativo da Sabedoria Antiga - oferecendocompreensão e solução. Ciência e Magia sempre têmmarchado de mãos dadas, apesar da aparência de con-flito que tem sua fonte na religião organizada queprocura o controle sobre os homens e mulheres.

Sempre que discutimos o papel das antigas ordens es-otéricas, é fundamental que entendamos o "sigilo". His-toricamente, o sigilo muitas vezes tem sido necessáriopara proteger tanto a ciência quanto a magia da religião,e a política de motivação religiosa, como pode ser facil-mente vista hoje como fundamentalismo sectário estánovamente atacando a liberdade de pensamento e devida. Mas, hoje, não precisamos, e não devemos, nos es-condermos. Devemos abertamente unir outra vez aMagia e Ciência para derrotar a opressão religiosa e seuconseqüente terrorismo político. A nova ciência traz acompreensão tanto da causa e quanto da solução para aterra e sua mudança climática, e as soluções para en-frentar as crises do crescimento populacional, da pro-

dução de alimentos, da carência de água, fontes de e-nergia seguras e limpas, e a eficiência e a criatividadena produção e comunicação. E a nova ciência traz acompreensão não só do universo físico, mas cada vezmais dos níveis quânticos, onde os planos astrais e osmais elevados se encontram e originam o plano físico.

Hoje, estamos no limiar da civilização global - se éque podemos superar os desafios.

A Magia tem realmente um papel neste processo?Sim, enfaticamente que sim!A Magia é realmente a ciên-cia da Vida Consciente. Magia não é apenas se vestircom robes de estilo religioso, e realizar cerimóniasaparentemente religiosas em ambientes enriquecidoscom cores e incensos. E Magia não é meramente o atode lançar encantamentos para se obter amor, sorte elucro. E Teurgia é a aplicação de fórmulas para evocare invocar as energias e inteligências do não-físico parase manifestarem no mundo físico, sob a direção damente consciente do mago.

Até então, nunca as oportunidades para o progressohumano foram tão grandes, e nunca os desafios para aprópria sobrevivência da humanidade e da civilizaçãoforam tão grandes e tão imediatos. Nunca antes - forade mitos e lendas - as Ordens Mágicas têm estado emtal posição para influenciar o resultado por meio do en-tendimento pessoal das forças de trabalho e de ação pes-soal para mudarmos a direção. É vital "espalhar apalavra" através de nossas publicações e comunicações,em versão impressa e on-line, através da educação emgrupo e individual, e através dos meios que sãoeconômicos e sociais.

A Aurum Solis pode ser o veículo para o Divino, paraoperar no Homem e na Mulher como previsto desde oPrincípio, quando a Palavra foi verbalizada pelaprimeira vez para manifestar tudo o que É. n

Conheça os livros de Carl Llewellyn Weschcke em:http://www.llewellyn.com/author.php?author_id=4861

7www.magick-theurgy.com

PREFÁCIO

por Carl Llewellyn Weschcke

Page 8: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

Genealogias Embora muitas Deusas fossem associadas com os as-

pectos lunares na Grécia antiga, Selene, irmã de Hélios(Sol) e Eos (Aurora), sozinha, representava plenamenteos tons prateados da Lua e seus deslocamentos noturnos.

Filha dos titãs Hiperion (luz) e Theia (éter), Selene tevemuitos descendentes. Pandeia (orvalho), o Horai (as es-tações), e Mousaios, famoso discípulo de Orfeu, sãodentre eles, os maisamplamente conhecidos. Eles foramgerados por Selene em suas uniões com Zeus,Helios, e,no caso de Mousaios, em associação com as Musas. Al-gumas fontes também a mencionam como a mãe doLeão de Neméia, um dos monstros contra os quais Hér-

8 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

SELENEA DEUSA LUNAR

Mitos são uma ótimamaneira de explorar,

ainda que alegoricamente,as obras e as vidas das Di-vindades imortais. isto, na-turalmente, é um conheci-mento importante para osMagos, astrólogos e alqui-mistas, cujas artes sãobaseadas em simpatias ecorrespondências.

por Sophie Watson

VISITANDO AS DIVINDADES

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cules teve que lutar, de acordo com a história mítica dosDoze Trabalhos desse herói.

Os mitos são uma ótima maneira de explorar, aindaque alegoricamente, as obras e as vidas das divindadesimortais. Genealogias, ou seja, a origem e geração deDeuses e Deusas, ou, em alguns casos, heróis e criaturasmíticas, muitas vezes nos permitem compreender asprincipais qualidades das Potênicas, relacionando umascom as outras. Isto, naturalmente, é um conhecimentoimportante para os Magos, Astrólogos e Alquimistascujas artes são baseadas em simpatias e correspondên-cias. Um breve estudo do Leão aparecerá em uma ediçãoposterior desta revista, mas eu convido os leitores a mer-gulharem nos logoi (discursos) dos grandes poetas e ameditarem sobre as gerações de Pandeia, as estações, edos Mousaios. Por que a Lua estaria relacionada com oorvalho, com os ciclos sazonais, e com a poesia oracu-

lar? Por que, em cada caso, com Zeus,Hélios, e com as Musas? Para refletirsobre esses mitos, ou recontar as históriascom uma renovada inspiração, vai ajudá-lo a compreender o lugar de Selene noCosmos, bem como em sua progressão es-piritual.

invocação Selene, como Deusa da Lua, está natu-

ralmente, relacionada com as influênciasespirituais e materiais dessa estrela, mastambém, e mais amplamente, com a fer-tilidade; com os ritmos naturais; com amagia; com a profecia; e com as cele-brações noturnas dos mistérios; com afeminilidade e a maternidade; e, comovisto em sua estreita associação com Hé-cate e Ártemis, com a natureza selvageme com os instintos.

Selene deve, portanto, ser invocada emassuntos ligados a novos começos, ferti-lidade e partos, crescimento, em prol daharmonização dos ciclos biológicos e na-turais em geral; e para nós mulheres, dociclo menstrual em particular. A Deusapode ser invocada para a clareza de visão(tanto exterior quanto interior), para o de-senvolvimento de empatia e da sensuali-dade, do instinto e da intuição, paraoperações oraculares, especialmenteaquelas que envolvem sonhos e pathwork-ing, e para qualquer tipo de solicitação, ou meditação, que envolva a memória.

9www.magick-theurgy.com

Page 10: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

símbolosVocê pode decorar o seu lararium (um

altar tradicional para as divindades e osseus próprios ancestrais) de acordo comcertos símbolos para invocar Selene. Alista é dada abaixo. Estes símbolos tam-bém podem ser usados ao se elaborar i-magens talismãnicas, móveis, ou jóiaspara a Deusa. O ato de colocar esses de-senhos em sua obra com base nesses sím-bolos específicos vai garantir contatosharmoniosos e propícios com a Lua. Elespodem ser utilizados como materiais(madeira, pedras e jóias, objetos mági-cos), ou como imagens. As formas,padrões e cores de folhas, frutos, pedrase jóias devem inspirar suas criações:

No reino vegetal: avelã, louro, todos ossalgueiros, mamão, sementes de papoula,hissopo, centeio,todos os lírios , narcisos,agrião, chás verde (genmaicha e sencha),repolho e alfaces, todas as cabaças(melões, jerimum, pepinos e abóboras),banana, ameixas,todos os feijões, ervi-lhas e lentilhas, nozes e bagas em geral.

No reino animal: Urso, cavalo, mula,boi, vaca, todos os porcos, cachorro,camelo, hiena, elefante, gato,coruja,corvo, gralha, bacurau, abutre, e da mi-tologia: Minotauro, touro alado,serpentecom cabeça de carneiro, harpia, e hidra.

No reino mineral: Prata, berilo, alexan-drita, ortoclásio (tipo moonstone), cristalde rocha, pérolas, fluorite (espatoflúor),alabastro, hialita (variedade de opala).

Outros símbolos são a Lua crescente, os chifresprateados, um véu prateado, a carruagem prateada pu-xada por cavalos brancos ou mulas, e uma tocha.

oferendas e perfumesAo se trabalhar com Selene, deve-se obter alguns dos

símbolos do reino vegetal (citados acima) como ofertasde alimento. O leite é a melhor opção dentre todas asbebidas utilizadas em rituais e orações para a Deusa. Aqueima de perfumes deve, no entanto, preceder as ofer-tas ao se trabalhar com as divindades. Você pode utilizarum turíbulo ou caldeirões (réchaud) para essas ofertasde incenso. Você pode experimentar com os perfumesde algumas das plantas e sementes mencionados acima

(cuidado para distinguir entre raízes e folhas em suasnotas), e também se deve familiarizar-se com os an-tiquíssimos perfumes associados com a Lua: cânfora,ilangue-ilangue, gálbano e óleo de jasmim são os meusfavoritos, mas artemísia,raízes de íris (lírio-florentino),e gaultéria também pode ser muito útil em invocações.Com o tempo, o seu relacionamento com Selene vai sedesenvolver, e isso vai lhe permitir reconhecer correta-mente os perfumes associados com ela. Você então serácapaz de explorar e descobrir novos perfumes relaciona-dos com a Lua, e experimentar diferentes receitas de in-censo de sua própria autoria. Símbolos, ofertas eperfumes estão aí para você descobrir o papel da Deusana Natureza, assim como em dentro de você mesmo. Di-virta-se experimentando estes aspectos, descobrindo asua própria divindade. Que a Deusa esteja contigo! n

10 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

essa estátua deÁrtemis foi encon-trada em Éfeso.

Ártemis é muitasvezes associadacom selene, comoa deusa da lua.Éfeso, localizadona modernaTurquia, foi o localonde o grandeTemplo (uma dasgrandes Maravi-lhas do Mundo) foierguido.

Page 11: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

Oprimeiro aspecto para procurar no vinho paraeste planeta é a refrescância. Um vinho "su-culento" com bastante acidez representa a

compleição aguada e frio da lua.

Em segundo lugar, um vinho com muita ex-pressão é apropriado para o planeta de sonhose imaginação. Uvas expressivas como Sauvi-

gnon Blanc (Sauvignon branca), Riesling e Gewurz-traminer vão lhe dar um aroma apropriado.

Finalmente, a cor do vinho no copo deve serbrilhante, até mesmo cintilante, como a maioriados vinhos jovens, pálidos, tendem a ser. Estes

vinhos também têm muitas vezes a acidez que estamosprocurando.

Os Vinhos que se encaixam nestes três aspectos são:- Sauvignon blanc de Marlborough (Nova Zelândia)- Riesling das áreas mais frias da Nova Zelândia, Aus-

trália, França e Alemanha- Um jovem Gewurztraminer da região de Alsácia

(França)- Rueda com uma elevada percentagem de Verdejo

(Norte da Espanha)- Chardonnay, bem seco, não envelhecido, de vinhas

mais quentes (como Chablis na França)Certifique-se de que o vinho está devidamente refri-

gerado, mas não tão frio. Aprox. 46 ° F (8 ° C) é o ideal. n

11www.magick-theurgy.com

se l e N e&

V i N h o s

Nota: o vinho pode ser usado como uma oferenda e para degustação durante a cerimônia, ou em outromomento do dia, quando você alemjar uma maneira divertida de estar em contato com esse poder divino.Lembre-se que beber pouco é bom e que o ponto principal não é ficar bêbado. Você tem que encontrar umbom equilíbrio e ser capaz de apreciar esta bebida. Então beba com cuidado. Se você não tiver a idade legalpara beber álcool, use suco; ou neste caso, leite. Sob o ponto de vista ritualístico, a conexão será perfeita.

por Roelof Weekhout

Page 12: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

Época: qualquer período do ano.Dia: Segunda-feira.altar (Bomos): no Leste.luzes: uma luminária ou uma vela violeta.outros equipamentos: Você vai precisar de

uma vela, para acender a vela do planeta a partirda chama do Bomos; incenso (se você optar porusar um); incensário (se você usar carvão vege-tal); pano branco; a representação da Divindade(ou Divindades) – isso é opcional.

Vestuário: Vestido com roupas confortáveis.Caso você utilize carvão vegetal, acenda-o

fora e depois traga-o para dentro do local de tra-balho.

Fique de pé ao Oeste do Bomos, diante doLeste, com os braços relaxados, naturalmenteaos lados.

Acenda a Luminária sobre o Bomos.

1. aBertura

Levante seus braços à sua frente de modo queas palmas das mãos fiquem voltadas para o céu.(Na sequência seguinte, você pode usar os gestostradicionais específicos, enquanto você declama

a respectiva passagem)Declame em Latim:A- Ave Lux SanctissimaB- Sol VivensC- Custos MundiD- In Corde Te FoveoE- Membris Circumamictis Gloria Tua.

http://goo.gl/vJzlP

12 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

por Patricia Bourin

HARMONIZAÇÃO

COM SELENE

uma rara estátua de selene está em exibi-ção em Villa getty, santa Monica, ca.

Basta clicar no link acima para acessar os websites, ou utilizar o seu celular/TabletPCpara scanear o código ao lado, caso você esteja lendo a versão impressa desta revista.

1o pilar:Teurgia

Page 13: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

[Tradução das palavras emLatim (não declame): A- Salve,Santíssima Luz! B- Sol Vivente;C- Guardião do Mundo; D- Eute mantenho em meu coração;E- Meus braços circundam tuaGlória].

2. CirCulus

Estenda o seu braço direitohorizontalmente, com o indi-cador apontando para frente.Mantendo o nível, gire no sen-tido horário, traçando um cír-culo de luz ao seu redor.Visualize este círculo como umabruma, uma cortina de luz queenvolve o teu templo e o isolado resto do mundo. Feche estecírculo à sua frente e então re-laxe seus braços nas laterais doseu corpo.

3. DeDiCaCio suB rosa NiGra

Depois de alguns momentos de pausa, levante osbraços com os cotovelos flexionados, de modo que osbraços fiquem na sua frente em uma posição quase ho-rizontal, girados ligeiramente para fora, os antebraços eas mãos ficam erguidas verticalmente, com as palmasdas mãos para a frente (voltada para fora), entãodeclame:Do portal da Terra ao portal do Fogo,Do portal do Ar ao portal da Água,Do centro do limbo de Poder ao limiar adamantino,que o santuário seja estabelecido aqui!

Descanse a posição e relaxe seus braços.

4. harMoNização CoM seleNe, o DiViNo ar-QuÉtiPo luNar.

Caso você tenha um sino, toque-o algumas vezes.

Coloque um pouco de incenso sobre o carvão edeclame: Ó potentes Divindades, escutem a minha voz à me-dida que ela se eleva até vós.Voltem vosso olhar para mim, enquanto vos invoco.Que este perfume se eleve em vossa direção, como a

minha oferenda para vós neste dia.Dirija para mim vossa proteção e vosso poder, e comisso eu manifestarei vossa beleza e vossa glóriaeterna em minha vida.

Caso você tenha um sino, toque-o algumas vezes.

Caso deseje, você pode agora se sentar (no chão ounuma cadeira), feche os olhos e intensifique a luz vio-leta. Visualize à sua frente a representação de Ártemis.

Matenha a visualização. Em seguida, vibrecom força o nome divino: « SELENE » -http://goo.gl/LUXi5

Intensifique a visualização da Divindade e imagineque ela está de pé à sua frente. Entoe o hino específicopara a divindade, criando um vínculo espiritual com ela:Ó Deusa soberana, escuta minha voz! Poderosa Selene traz tua luz neste local onde nos en-contramos.Tu que corres pela noite e manifesta tua presença noar que nos envolve, esteja presente entre nós!Tu, jovem filha da noite, portadora da tocha, astromagnífico, crescente e decrescente, ao mesmo tempomacho e fêmea, mãe do tempo;Tu que clareia a noite com teu brilho prateado, dirige

13www.magick-theurgy.com

Ó Deusa soberana, escuta minha voz! Poderosa Selene traz tua luz neste local onde nosencontramos. Tu que corres pela noite e manifestatua presença no ar que nos envolve, esteja pre-sente entre nós!

Page 14: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

teu olhar sobre nós e sobre nossa obra.Esplêndido contentamento da noite, concede-nos tuagraça e tua perfeição. Que teu curso celeste te guie agora a nós, ó jovemmoça tão sábia. Vem, bem-aventurada, e seja-nos propícia, fazendobrilhar tuas três luzes sobre este novo iniciado.

Sinta a Divina presence enquanto você respira pro-funda e regularmente.

Caso você esteja sentado, levante-se e executeo movimento da Lua, sentindo o seu corpo enquantovocê se move no espaço.

http://goo.gl/G5kiZRelaxe os seus braços e sinta a Divina alegria e a

Divina energia que você recebe.

5. ofereNDas

Mantenha a visualização da Divindade. Levante asoferendas que você preparou antes da cerimônia (flores,alimentos, sucos, vinho, etc) para a Divindade, para asua benção. Visualize a Divindade aceitando a sua ofe-renda. Quando sentir que é o momento adequado,recolha as oferendas e relaxe os braços. Coma ou bebaparte da oferenda, enquanto você sente a comunhão in-terior com Selene. (Nota: Você não precisa ter tudo dalista na sua oferenda. Basta ofertar o que lhe parece maisadequado para o ritual que você está executando.)

Quando sentir que é o momento propício, libere a vi-sualização da Divindade.

6. asCeNsão ao DiViNo

Abra a sua mente para as outras esferas celestiaisacima e abaixo de você. Sinta e imagine uma esfera deestrelas fixas no mais profundo azul acima de você, queestá repleto de estrelas douradas cintilantes. Adicioneincenso em honra a todas as divindades e pronuncia ohino para todos os Deuses de Proclo (hino principal daEclésia Ogdoádica):Atendei-me, Ó Deuses, vós que segurais a barra doleme da Sabedoria Sagrada, e que, ao acender nasalmas dos homens a chama do retorno, trazei-os devolta para junto dos Imortais, dando-lhes, pelas ini-ciações indizíveis dos hinos, o poder de se evadir dacaverna obscura e de se purificar. Atendei-me, potências libertadoras. Concedei-me, pela inteligência dos livros divinos eao dissipar a obscuridade que me envolve, uma luz

pura e santa, afim de que eu possa conhecer exata-mente o deus incorruptível e o homem que sou. Que jamais um Gênio malévolo extenuando-me pormales, me retenha indefinidamente cativo sob asondas do esquecimento e me distancie dos Deuses!Que nunca uma expiação aterrorizante encarcere,nas prisões da vida, minha alma caída nas ondasgeladas da geração, e que lá não quer errar pormuito tempo! Vós, portanto, ó Deuses, soberanos da deslumbranteSabedoria, atendei-me, e revelai àquele que seapressa na senda ascendente do retorno, os santosdelírios e as iniciações que estão no coração daspalavras sagradas!

7. CorPo De luz

Imagine que a dimensão do seu corpo cresce, cadavez maior, até a sua cabeça alcançar as estrelas. Abraseus braços ligeiramente, com as palmas das mãosvoltadas para cima, e declame:Eu te invoco, ó Chama Secreta que habita noSagrado e Luminoso silêncio!Que a Beleza, a Verdade e a Bondade se manifestemem mim!Que a Ordem se estabeleça sobre o Caos! Que Harmonia se expresse em mim e em todos os as-pectos da minha vida!

Volte sua mente na direção do seu corpo físico,abaixo.

8. eNCerraMeNto

Cruze seus braços, o esquerdo sobre o direito. Ima-gine que o seu tamanho diminui até retornar à dimensãonormal. Respire pacificamente. Abaixe a sua cabeçaligeiramente e declame: Que tudo que veio a ser realizado seja meu, agora esempre!

Fique em silêncio por alguns momentos, e diga: Konx Om pax!

Caso você tenha um sino, toque-o algumas vezes. n

14 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

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15www.magick-theurgy.com

OSTRÊS PILARES

1o Pilar: teurgia (Pilar Ritualístico)Teurgia é a parte fundamental da Aurum Solis. Conforme Jâmblico afirmou: “o

alvo da Arte teúrgica é a purificação, liberação e salvação da alma através dos atosdivinos dos ritos sagrados”. Esses ritos Teúrgicos inefáveis foram louvados porProclo como: “um poder maior que toda a sabedoria humana, abrangendo asbênçãos de profecia e os poderes purificantes da Iniciação”. Consequentemente,essa ascensão ao divino aumentará seu poder psíquico, apesar de isso ser uma con-sequência e não um objetivo em si.

2o Pilar: filosofia (Pilar Teórico)Filosofia é a parte teórica da Aurum Solis. Nossos ensinamentos não estão res-

tritos aos escritos de filósofos, nossas lições têm a intenção de ensinar ao estudantetodos os aspectos da Tradição Ocidental, incluindo: Cabalas Grega e Hebraica, Her-metismo, Teologia, línguas sagradas, Alquimia, Astrologia... Essas lições são sem-pre baseadas na aplicação prática desse trabalho. A leitura constante de filósofosda nossa Tradição revela, gradualmente, a verdadeira essência da Filosofia ao es-tudante, permitindo que ele se junte àqueles que amavam a Sabedoria e àquelesque foram capazes de ler e entender os Mistérios do mundo.

3o Pilar: epicurismo (Pilar Físico)Todo trabalho Teúrgico e espiritual é baseado na premissa de “ser aqui e agora”,

sem renunciar a nossos corpos. Consequentemente, nossa Tradição reconhece quea busca por Beleza, Harmonia e a habilidade de desfrutar de prazeres balanceadosde nossa vida cotidiana são fundamentos da verdadeira estabilidade interior.

Os três pilares desta tradição são: a teurgia, a filosofia e o epi-curismo. Esses três pilares foramas bases da tradição neoplatônica

em sua constituição, e são, até hoje, o corpo visível da Tradição Ogdoádica.

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16 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011www.magick-theurgy.comwww.magick-theurgy.com

Moiras eternas, filhas daobscura Noite, deusasdo céu e da terra, es-

cutem o chamado de minhaprece;Vós que residis nos rios dolago celeste, lá onde uma água

branca jorra da noite secreta, ecorre nas profundezas da caverna

rochosa, voai para a terra sem limitesdos seres vivos, onde me encontro.

Cobertas de púrpura, vós atravessais o planodos mortos em vossa carruagem gloriosa, paraavançarem rumo aos mortais, que como eu, vósatendeis com esperança.

Exceto Zeus, nenhuma outra divindade habi-tando o santuário celestial onde residem os imor-tais, observa a vida como vós. Eu vos invoco:Átropos, Láquesis e Clotó!

Escutem minha prece e sejam-me favoráveis, óDeusas.

Filhas de um pai ilustre, aéreas, invisíveis, ine-xoráveis, indestrutíveis, tudo o que vós dais a nós,vós podeis também retirar de nós.

Moiras eternas, escutem minha prece e aco-lham minhas santas libações.

Aproximem-se com benevolênciado iniciado que sou e dissipem minhas penas,tecendo o melhor destino que eu possa manifestare encarnar.

HINOS SAGRADOS

Hino para as Moirasos hinos órficos eram potentes textos utilizados para invocar e di-alogar com as divindades. Hoje, esses hinos sagrados da Tradiçãoocidental foram traduzidos de modo que você possa utilizá-los emsua vida mágicka!

Tradução portuguesa por Raul Moreira

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Ovinho tem um lugar proeminente naTradição Ogdoádica. Seu uso ocupa umaposição central em vários dos nossosritos, e é um elemento integrante do ban-

quete Platônico onde as questões filosóficas são susci-tadas em alegres discussões. Do ponto de vistaepicurista, no entanto, o vinho é uma substância quepode “armar uma cilada”. Se - como um epicurista - oseu objetivo é apreciar a essência de uma taça de vinho,para usufruir plenamente da complexidade e da harmo-nia do vinho, sem beber a garrafa inteira, você vai se en-contrar numa situação delicada. O vinho é uma vibranteessência sedutora...

O estilo europeu de fazer vinhoproduz uma paleta muito complexa.Muito frequentemente, o segundogole de uma taça de vinho será dife-rente do primeiro. Uma forma deatentar para isso é mantendo um golede vinho em sua boca por um tempo,

www.magick-theurgy.com

Quando o celebrante elevou ocálice de vinho até os seus lábios, a

expressão facial manifestou uma más-cara temporária que parecia proteger contramaus espíritos e que também evocavadionísio. (Terracota, datada em torno de 520 A.P., em VillaGetty, CA)

A QUESTÃO DO

VINHOo Vinho é um elemento inte-

grante do banquete platônicoonde as questões filosóficassão suscitadas em alegres dis-cussões.

por Roelof Weekhout

2o pilar:epicurismo

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MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 201118

degustando atentamente. Ele vai mudar de textura,primeiro liberando açúcares, depois ácidos, e final-mente, taninos (o amargo). Estes são frequentementeacompanhados por diversas e variadas sensações táteisda língua e bochechas. Os sabores detectado pelo narizvariarão também, primeiro revelando tons frutados, masmudando lentamente para sabores mais terrosos comoda madeira, da compostagem, do couro, de café e fumonos vinhos tintos e cal, calcário, feldspato e sílex emvinhos brancos. Assim que o vinho é vertido numa taça,ele começa a mudar por causa da exposição ao oxigênio,e em muitos casos, devido à temperatura ambiente maiselevada. Esses processos influenciam no sabor, noaroma e na textura do vinho. Devido a esta naturezavolátil, o vinho nos convida a prová-lo de novo para re-viver a sensação e para avaliar como ele continua mu-dando e revelando novos aspectos de sua natureza. Sevocê fizer isso, o álcool começa lentamente a fazer o seutrabalho. Dois ou três goles são suficientes para se sentiros primeiros efeitos. Os vasos capilares do seu rosto vaise dilatar, e você começa a se sentir um pouco maisquente, e muitas vezes, a se sentir mais livre. O álcoolremove algumas de suas inibições enquanto que aguçaos seus sentidos, especialmente o sentido do olfato.Como resultado, a segunda taça de vinho realmente temum gosto melhor do que a primeira, ou pelo menosparece ser mais expressiva. Neste ponto, o vinho te atraipara si, oferecendo mais de álcool em troca de mais ex-periências sensoriais ao mesmo tempo reduzindo a suaacuidade mental da realidade. Neste momento – espe-cialmente quando você gosta do sabor do vinho - vocêvai começar a desenvolver uma ligação emocional como líquido. "Uau, eu realmente adoro este vinho" é fre-quentemente ouvido nesse estágio. As sensações táteise olfativas do vinho estão agora vinculadas às referên-cias emocionais, tais como conforto, alegria, bem-estar,e até mesmo com o amor. Neste ponto, o melhor é real-mente parar de beber. Se você continuar a mergulhar noálcool, os sentidos vão começar a amainar novamente,provocando a necessidade de mais vinho, de modo a ex-perimentar as mesmas sensações incesantemente. Paraa maioria das pessoas, porém, é muito difícil parar poraqui. Assim que você realmente começa a gostar dovinho, você precisa largá-lo. Para um epicurista de ver-dade, no entanto, isto é sempre um desafio.

Da próxima vez que você levar a taça de vinho aoslábios lembre-se desse artigo e aproveite seu vinho aomáximo. Saboreie profundamente… apenas não vá tãofundo! n

por Julien Larche

Melita Denning (Godfrey Vivian) e OsbornePhillips (Leon Barcynski) são autoridadesinternacionalmente reconhecidas no

campo dos Mistérios Ocidentais, e são dois dos maisnotáveis divulgadores da Tradição Ogdoádica, a daprimeira escola Hermética cujas palavras-chave são oconhecimento e a regeneração, e cuja influência e obrassão historicamente prescutáveis por vários séculos pas-sados.

Os autores receberam sua principal formação e-sotérica na Ordo Aurum Solis, uma sociedade mágickaque se manifestou em sua forma moderna em 1897 eque continua a existir e a trabalhar em prol do bemcomum até os dias atuais.

TRIBUTO A

MELITA DENNING & OSBORNE PHILLIPS

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www.magick-theurgy.com 19

Melita Denning foi a primeira mulher Grã-Mestre daAS, de 1976 a 1987 e de 1988 a 1997 (23 de março),data de sua morte. Como Grã-Mestre, ela governou aOrdo Aurum Solis por 20 anos, o período mais longoque qualquer líder já governou na história da nossa or-ganização moderna. Num determinado momento, Vi-vian passou cerca de seis anos viajando pelo OrienteMédio e pelo Mediterrâneo reunindo conhecimentosocultos. Estes estudos, em última análise, a levaram adescobrir o trabalho da Aurum Solis durante a sua ex-ploração de matérias similares. Ela estudou psicologiaJunguiana com Buntie Wills, e foi também uma estu-dante do amigo de C.G. Jung: Toni Sussman. Ela era

também amiga, desde a adolescência, de Olivia Robert-son, fundadora da Sociedade de Ísis, uma vez que erammulheres jovens. Melita falava inglês, francês, italianoe latim.

Osborne Phillips foi o Grão-Mestre da Ordem de1997 a 2003. Aos 16 anos, ele recebeu treinamento má-gicko por parte de Ernest Page, que era tanto o Diretorda Ordo Sacri Verbi (que hoje está completamente in-tegrada à Aurum Solis) e um notável astrólogo de Lon-dres. Por algum tempo, no início dos anos 70, ele foi olíder da equipe de pesquisa psíquica da Aurum Solis.Leon foi aluno de U Maung Maung Ji, um professor defilosofias Orientais, que trabalhou com o Secretário-Geral das Nações Unidas, U Thant. Ele é um Membroda Associação Biográfica Internacional, Patrono Vitalí-cio do Instituto Biográfico Americano, e membro ho-norário da Academia Anglo-Americana. Em 2003, eletransmitiu a plena autoridade da Tradição Ogdoádica -Aurum Solis para Jean-Louis DE BIASI, consagrando-o ao mesmo tempo como Grão-Mestre vitalício (Veja adeclaração):

http://goo.gl/kqEqE.

Na história das tradições iniciáticas, constatamos quepessoas excepcionais sempre vêm à frente para ajudar adesvendar os Mistérios e para ajudar a abrir o Caminho

do Retorno para os buscadores. Honramos Melita Den-ning (Vivian Godfrey) e Osborne Phillips (Leon Bar-cynski) pela sua Grande Obra!

ProlífiCos e NotáVeis autores

Por volta de 1971, Denning e Phillipscomeçaram a trabalhar com Carl LlewellynWeschcke. Por volta de 1979 eles se mudaram

para os Estados Unidos. Juntos, eles foram os autoresde vários livros nos primórdios da Llewellyn Publica-tions, dentre os quais está a apresentação formal dafilosofia e prática da Ordem Aurum Solis sob o título:“The Magical Philosophy”.

Esta série de 5 livros em sua primeira edição levou àpublicação progressiva da três grandes volumes querevelaram uma percepção muito profunda dentro daTradição Ocidental. Pela primeira vez, Denning ePhillips relevaram a tradição Ogdoádica (Aurum Solis)para o público. Estes livros oficiais foram seguidos pos-teriormente pelo excepcional livro "Magia Planetária",amplamente reverenciado, e que será reeditado no verãode 2011, na mesma época do lançamento do próximolivro de Jean-Louis De Biasi: “The Divine Arcana ofAurum Solis” (Os Arcanos Divinos da Aurum Solis)http://goo.gl/AoDv1 n

TRIBUTO A

MELITA DENNING & OSBORNE PHILLIPS

descubra os livros de denning ephillips em: http://goo.gl/lXxKBou clique na tela abaixo.

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AQabalah é geralmente mostrada como umasenda que deve ser utilizada para ajudá-lo aentender o mundo. O diagrama da Árvore daVida oferece um padrão de ética e morali-

dade que auxilia você a achar os sinais e as orientaçõesenquanto você viaja pela vida neste grande mundo. Ape-sar de valiosa, você logo descobrirá que a Qabalah nãoé a única resposta para as questões da vida. O dogma re-ligioso, que é uma parte tão fundamental da Qabalah, éausente das práticas de Alta Magia da Teurgia. O rituale as práticas internas da Teurgia enfatizam a busca pes-soal pelo Criador do Universo e nutre a vontade de es-tabelecer e manter uma relação íntima e pessoal com oDivino.

O passo inicial na busca por um relacionamento como Criador é fazer contato com as emanações do Divinoque nossos iniciados ancestrais chamavam de “as Di-vindades”. Quando vocêusa as palavra hebraicas,gregas e egípcias depoder estritamenteequivalentes, você serácapaz de estabelecer essecontato sem as influên-cias dogmáticas que setornaram associadas àQabalah. Quando vocêcomeça usando aspalavras gregas e egíp-cias de poder (em vez de

20 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

AQABALAHDO DOGMAAO HERMETISMO

por Jean-Louis de Biasi

Page 21: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

considerar as hebraicas como uma obrigação), você,imediatamente, será capaz de sentir uma enorme dife-rença no poder que será capaz de invocar e usar. Vocêcompreenderá que tem condições de, imediatamente,aproximar-se das suas origens Divinas. Essa é aTradição Teúrgica Ogdoádica.

Os Grão-Mestres anteriores de nossa Ordem pu-blicaram uma apresentação muito completa e poderosada Alta Magia que foi essencialmente focada na abor-dagem hebraica. Seria inestimável para você ler e as-similar os livros relativos à Aurum Solis por Denning ePhillips, principalmente “A Filosofia Mágica” (“The

Magical Philosophy”) de forma que vocêpudesse perceber quão essenciais esses ensina-mentos são. Esses livros eram difíceis de acharaté recentemente; felizmente, serão reimpressos.Em breve, apresentaremos seus aspectos maisimportantes no site, a fim de ajudá-lo a entenderos princípios que ensinam. Esses livros contêmensinamentos esotéricos muito profundos. Aopasso que, algumas vezes, é difícil compreenderas diferenças do entre os ensinamentos daTradição Ogdoádica e os de algumas outrastradições mágicas (como a Golden Dawn), esseslivros facilitarão a percepção dessa diferença.De fato, há enormes diferenças entre essastradições. Conforme você também verá atravésdos meus vindouros livros da Llewellyn Publi-cations, as diferenças nos ensinamentos de nossaOrdem são frequentemente revolucionários.

É interessante notar que as formulações he-braica, latina, grega e egípcia dos rituais estãoconectadas a energias muito distintas. Os efeitosnão são exatamente os mesmos quando se alteraa pronúncia do hebraico para o grego. Cada lín-gua está conectada à história daquela cultura e,geralmente, a um momento específico. Alémdisso, os Poderes Divinos que cada língua in-voca não são precisamente equivalentes. Parailustrar essa questão, usarei um exemplo: cadatradição cria uma egrégora que existe nos planosinvisíveis. Quando você usa palavras de poder,

e/ou nomes de determinadas Divindades, você seconecta a um poder divino específico (mas uma conexãotambém será estabelecida entre você e a egrégora asso-ciada àquele poder). Por exemplo, quando você usa aspalavras de poder da Qabalah Hebraica,também éconectado à egrégora dos antigos e contemporâneosJudeus Cabalistas, à sua história, às suas memórias, aosseus textos... Se você usar as palavras sagradas gregas,também será conectado à egrégora dos Mestres Her-metistas da Corrente Dourada, às suas práticas, aosdeuses para os quais faziam preces, etc…

A brilhante apresentação proporcionada por Denninge Phillips nos seus livros (da Lewellyn Publications)revelaram esse aspecto interno e enfatizaram a necessi-dade de aprender sobre essas tradições em profundidade,afim de ser capaz de fazer significativo progresso nacompreensão e no uso das ferramentas das TradiçõesHermetista e Ogdoádica. Em “Filosofia Mágica”(“Magical Philosophy”), você descobrirá uma rara a-

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aárvore cabalística

talvez seja o símbolo mais conhecido da Qa-balah. ela pode ser vista como a parte invisívelde nossos corpos espirituais, e como um ar-quétipo útil em diversos rituais teúrgicos.

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presentação das correspondên-cias entre as palavras sagradashebraicas, gregas e neoplatôni-cas. O livro intitulado “MagiaPla-netária” (Planetary Magick)foi ainda mais fundo nessa apre-sentação do Sistema Hermetista.Denning and Phillips fornece-ram para o leitor uma rara opor-tunidade de ter acesso a umprofundo e potente entendi-mento destes aspectos do sis-tema Hermetista.

Entretanto, como eu disse an-teriormente, as egrégoras queestão associadas com as dife-rentes línguas que devem ser u-sadas nos rituais Hermetistasnão são precisamente equiva-lentes. Além disso, certas egré-goras são mais conectadas amomentos históricos específicosdos países em que se origi-naram. Para esclarecer isso,deixe-me mostrar outro exem-plo.

Durante o período da for-mação e do nascimento dos Es-tados Unidos, BenjaminFranklin acreditava que o me-lhor símbolo para o país seria oPeru selvagem. Seria difícilpara os americanos imaginarhoje um símbolo que não fossea Águia.O uso da Águia como osímbolo primário da liberdadeamericana é clara e radical-mente distinto das imagens evocadas pelo Peru sel-vagem. Períodos históricos criam egrégoras culturais desi próprios, e os símbolos ligados a esses períodosdevem ser entendidos para que sejam utilizados apro-priadamente em práticas ritualísticas. Portanto, as egré-goras Herméticas que temos discutido necessitam sercompreendidas no contexto de sua língua, da egrégoraà qual eram associadas e do perído em que se desen-volveram. Tenha em mente que a Águia foi o principalsímbolo de Zeus! Você acha que deve existir uma dife-rença entre o caráter e a egrégora de uma nação que temum candelabro (menorah) como seu símbolo primário

(como o Estado de Israel) e osEstados Unidos, que tem a estri-dente Águia (símbolo de Zeus)?A resposta deve ser um enfático“SIM”!

Durante os séculos XIX e XX,o aspecto lingüístico hebraico daQabalah esteve em uso primário.Ao mesmo tempo, os inciadosdas Tradições Ogdoádica e Her-metista, nessas gerações,preparam a consciência dosAdeptos Hermetistas para quecontinuassem fazendo a TradiçãoHermética avançar. Eles apren-deram a associar a si mesmos asegrégoras que estavam maispróximas das egrégoras originais.É fácil entender por quê.É clarohoje que as egrégoras rela-cionadas a tradições monoteístasé muito frequentemente usadapor extremsitas religiosos. Essacontribuição desequilibrada afetaprofundamente a egrégora (eaqueles que tentam usá-la empráticas ritualísticas). Mesmoque os praticantes não estejamcientes desse problema, o usodessas vibrações e dessas visua-lizações produzirá um resultadomuito diferente do de uma egré-gora mais pura, mais próxima daintenção original. Os radicais quecontribuem com a egrégoramonoteísta também têm umefeito deletério nos seus corpos

invisíveis, causando desequilíbrio. Não é possível man-ter um equilíbrio saudável e associar-se às altas e lumi-nosas influências que você deve ter esperado se você seconectar à egrégora errada. É claro que pessoas que nãotêm habilidades psíquicas podem ter dificuldade em sen-tir e ver esses desequilíbrios e efeitos deletérios, mas osefeitos danosos à sociedade são evidentes. As crises quevemos em nosso mundo cotidiano é uma ampla demons-tração disso. Em contraste, a Tradição Hermetistamostra-nos o caminho da tolerância. O Hermetismo nãopermite a superioridade de nenhuma religião ou tradiçãosobre outra. O extremismo é inexistente. Ainda mais que

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uma rara representação da Ár-vore da Vida Hermética e do posi-cionamento tradicional das partesdo cosmos. a história e uma ex-plicação completa serão apresen-tadas no próximo livro “Thedivine arcana of aurum solis”,llewellyn publications, que serálançado no 3o trimestre de 2011.

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23www.magick-theurgy.com

isso, uma sociedade, como anorte-americana, que, ex-plicitamente, exibe símbolosque são Hermetistas e pagãosdemonstra esse princí-pio de tolerância e equilíbriomuito bem (veja o livro “Se-crets and Practices of theFreemasons – Sacred Myster-ies, Rituals and Symbols re-vealed”, por Jean-Louis de Biasi,da Llewellyn Publications). Pelo fato de a América ado-taros princípios de liberdade religiosa e o direito deigualdade de todo ser humano, o uso desses potentesegrégoras será ainda mais efetivo e poderoso. Quandovocê começar essas práticas, sentirá o efeito muito ra-pidamente, depois de apenas algumas semanas. Aindaassim, devemos ser cautelosos.Eu não quero dizer queos ensinamentos e as práticas da Qabalah Hebraica de-veriam ser banidos. Nossos Mestres usaram essa sendahebraica. É um importante passo na aprendizagem. Épor isso que o 1º Grau da Aurum Solis é focado nessesistema. Apenas lembre que a Qabalah Hebraica é usadacomo uma senda e apenas como uma senda (uma sendaé algo que cobrimos com mistério e código para ajudar-nos a revelar seus segredos). A senda em si não é, deforma alguma, uma Verdade absoluta. Na verdade, comose pode ver nos livros da “Filosofia Mágica” (“MagicalPhilosophy”), a Qabalah Hebraica é usada de acordocom os princípios Hermetistas. Lembre-se disso en-quanto avança em seus estudos pelo caminho Her-metista. Isso tornará as transições entre os sistemas maisfáceis e co-locará o processo em perspectiva. No nossosite, você encontrará essa apresentação da Qabalah Her-metista. Nósfragmenta-mos a apre-sentação emseções quesão proje-tadas paraensinar osp r i n c í p i o smais impor-tantes den o s s aO r d e m .Além disso,esses artigos foram redigidos por algumas das maioresautoridades da Ordem. Eles ajudarão você a entender

por que é possível representar a Árvore Cabalística devárias formas. Também auxiliarão você a compreendera diferença entre a Árvore usada mais frequentemente ea Árvore Cabalística Hermetista usada em nossa Ordem.Conversaremos mais sobre isso na próxima parte denossa apresentação. n J. L. de Biasi G.M. da O.A.S.

acima, você pode ver representações ca-balísticas de christian Knorr von rosenroth,que foi um cabalista cristão e um expert emidiomas orientais. À esquerda, você pode ver uma represen-tação circular de robert Fludd que ilustra ocosmos de acordo com a Tradição Herméticaogdoádica.

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Na época da Renascença italiana, um filósoforeligioso bizantino chamado Gemisto Pletão(Gemiste Pléthon) dirigiu-se para Florença(Itália) e lá transmitiu os diferentes aspectos

da tradição hermetista. Ele era herdeiro da antiga re-ligião (pré-cristã) e das tradições místicas mediterrâneas.Pletão escreveu um livro intitulado "O Livro das Leis"no qual ele fornece informações sobre os rituais, astradições e os ensinamentos filosóficos associados aosantigos Mistérios. Alguns de seus livros foram queima-dos pela Inquisição Católica. .Felizmente, ele transmitiusua autoridade e seus conhecimentos aos líderes da nova

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ECLÉSIA OGDOÁDICAMISSÃO

pelo C.C. da Eclésia Ogdoádica

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Academia Platônica colo-cada sob a proteção deCosme de Médici.

Graças a essa transmissão,a sucessão religiosa e espiri-tual ficou salva. A EclésiaOgdoádica da Aurum Solis éa herdeira dessa antigatradição, assim como suamanifestação pública, e con-tinua a oferecer um serviçopúblico dessa potente e an-tiquíssima Tradição.

- Propiciar um sentido de reverência e respeito ao culto

dedicado às Divindades Imortais e aos Mistérios Sagra-dos correlacionados.

- Ajudar cada indivíduo a desenvolver a sua capaci-dade de tolerância com relação aos outros, em cada in-stante de sua vida.

- Promover e praticar os ideais da Religião Hermetista(conhecida sob o nome de Eclésia Ogdoádica) atravésdos cultos, dos serviços sociais, da educação e do en-sino.

- Esforçar-se para enriquecer a espiritualidade da hu-manidade através da assimilação dos valores contidosnas Santas Escrituras Hermetistas, e aplicá-los na vidacotidiana.

- Estabelecer e manter centros públicos com o obje-tivo de praticar atividades como: praticar os serviços re-ligiosos Hermetistas, aspectos sociais, educativos,culturais e literários, e apresentar atividades artísticasrelacionadas com os objetivos mencionados acima.

- Ensinar e organizar pesquisas nas Santas EscriturasHermetistas, que são: o Corpus Hermeticum (Corpus deHermes, incluíndo o Asclépio, e os Fragmentos de Es-tobeu) e os Oráculos Caldeus. Todos esses documentossão apresentados numa tradução validada pela E.O. (àmedida que pesquisas arqueológicas e de eruditos de-scobrirem mais textos antigos pertinentes, mais textosda Tradição Hermética podem ser adicionados ao Cor-pus principal.)

- Construir, organizar e manter templos locais (locaisde culto), tais como definidos em suas Leis e Regula-mentos, nos diferentes países onde a Eclésia Ogdoádicaestiver representada.

- Realizar serviços e cerimônias religiosas públicas(casamento; culto; consagração de estátuas; benção eproteção do lar; etc.)

- Desenvolver, promover e ensinar o respeito portodos os homens e mulheres sem distinção étnica, decor, de crença, de posição social, de orientação sexualou deficiência física. n

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ECLÉSIA OGDOÁDICA

OBJETIVOS PRINCIPAIS

da “ECLÉSIA OGDOÁDICA”

Mais informações: http://www.ecclesiaogdoadica.org

Page 26: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

Em alguns casos, como nas or-dens ocultistas européias doséculo 18 (em grupos mágickoscom os Elu-Cohens), o incenso

foi utilizado em grande quantidade paracriar uma atmosfera específica que pro-piciasse as manifestações mágicas. O ob-jetivo não era cultuar, mas ajudar o magoem ações específicas.

Ao mesmo tempo, as igrejas muitas vezesutilizavam incenso em suas cerimôniasdiferentes.

No entanto, temos que lembrar que incensáriose incenso foram utilizados em todos os rituaisoriginais da antiguidade.

Como herdeiro da Tradição Hermética Ogdoádica, aAurum Solis continuou a fornecer ensinamentos especí-ficos sobre os artefatos, os diferentes perfumes, incen-sos, ervas e seu uso nos rituais. É importante entenderque essas informações são originais, e que geralmentenão são muito conhecidas em grupos mágickos maispopulares.

Esta Tradição Hermética provém dos Mistérios e dos rit-uais greco-romanos. Como MelitaDenning & Osborne

26 MAGIA & TEURGIA - Abril/Maio/Junho 2011

O TYMIATHERIONTURÍBULOS

Todas as tradições espiritu-ais e iniciáticas estão usandoincenso em seus rituais; e con-sequentemente, turíbulos. esteartefato parece tão antigoquanto os seres humanos quecomeçaram a adorar poderesinvisíveis.

as Tradições iniciáticas oci-dentais têm utilizado extensiva-mente incensários e incenso.

por Patricia Bourin

Page 27: MAGIA & TEURGIA - 1ª Edição

Phillips esclareceram na série Aurum Solis chamada"Magical Philosophy": "Dois tipos de incensário são u-sados pela Aurum Solis: o thymiaterion ou recipientevertical (semelhante ao rechaud); e o turíbulo [um in-censário suspenso por correntes]". Esta introduçãomostra as raízes desta tradição e eu vou seguir as indi-cações fornecidas neste livro para nos aprofundarmosnos detalhes desses interessantes artefatos.

Eu vou apresentar esse estudo em três partes: 1 - os in-censários; 2 - o uso dos incensários; 3 - Incensos, per-fumes e sua utilização em rituais.

Como Denning e Phillips informaram, apalavra mais frequentemente utilizada pelosgregos para denominar os recipientes nosquais incenso e perfumes eram queimados

como oferenda aos deuses é Thymiaterion (ou Tu-miatherion). Esta palavra vem do verbo Tumian, quesignifica incensar. No entanto, os gregos usavam outraspalavras relacionadas de tempos em tempos, tais comoLibanotis (palavra para um recipiente que era muitasvezes usado para manter o incenso; incenso = Libanos)e a palavra eskaris, que é o nome de um artefato geral-mente no formato de um pequeno santuário ou fogão. OThymiaterion era feito de terracota, metal e alguns eramfeitos inteiramente de prata ou de bronze, e em seguida,prateados. Cada peça era uma obra de arte. Eles foramcuidadosamente mantidos no tesouro dos Templos Gre-gos, em Atenas, Pireu, Delfos, Epidauro, Esmirna, etc.O inven-tário deDelos listaos turíbu-los dedi-cado aA p o l ov á r i a svezes. Umdos turíbu-los que erafrequente-m e n t em e n -cionado nalista, foidado aosDeuses pora l g u é mc h a m a d oB o u l o -

maga, que nasceu como um bárbaro. Uma cidade naLíbia fora chamada Thymiaterion, talvez porque a formada cidade parecia com a de um incensário. No ImpérioRomano, a palavra Thymiaterion tornou-se Turibulum,vindo de Tus e da palavra Acerra. Pessoas carregandoturíbulos estavam presentes nas procissões religiosas.Uma constelação celeste recebeu como metáfora onome de turibulum.

Os incensários de nossos ancestrais foram deliberada-mente fabricados em diversas formas, como podemosperceber observando os artefatos que remontam à An-tiguidade, e exibidos por inúmeros museus ao redor domundo. Baixos-relevos, gravuras em edifícios antigos,pinturas em copos, etc. todos exibem diferentes tipos deincensários.

No entanto, essa evidência traz à tona um ponto impor-tante, o qual torna uma idéia equivocada, e que se tornoucomum nos tempos modernos, a de nos dias atuais

acreditarmos que incensáriosforam uma invenção Cristã;porém, os incensários eram tãobem conhecidos na antiguidadequanto hoje em dia. Os cristãosnão foram os primeiros a usarcaixinhas penduradas por uma pe-

quena corrente ou cordão e elevadas em frente dosaltares, a fim perfumarem o ar. O uso deste tipo de in-censário nos tempos antigos está bem registrado, emuito antes da introdução do incenso no mundo Oci-dental.

Taças foram descobertas em Tróia (Grécia) com furosem suas alças. Parece muito provável que estas taças es-tivessem penduradas, amarrando alguma coisa atravésdesses furos, e sendo usados como incensários. Outrosartefatos como este foram encontrados em toda a Itália.Por exemplo, os artefatos constituídos por duas tampashemisférica que podiam ser unidas para formar uma es-fera, foram encontradas em vários locais, incluindo aEtruria no noroeste da Itália. Este artefato em particulartem uma ampla haste (base)com um orifício circular naparte superior e ganchos naslaterais, onde uma corrente demetal foi inserida, através doqual o ornamento podia sersuspenso.

Parece óbvio que este artefatofoi feito para conter perfumes.

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Parece que eles se originaram no Extremo Oriente. Estetipo de artefato continuou a ser utilizado durante toda ahistória. Há pinturas de Pompéia com uma represen-tação de um turíbulo que parece ser muito similar ao in-censários em uso nos tempos modernos. O Museu deNápoles tem em exposição um incensário circular comuma tampa móvel ligada a uma corrente que permitelevantá-la da mesma forma que os incensários mo-dernos (similares aos das capelas e assim por diante).

Do Oriente, veio uma outra forma antiga de incen-sário, que era muito diferente, em aparência, do Tu-miateria ou turibula. Estes incensários sãofreqüentemente encontradas nos vestígios arqueológi-cos do antigo Egito, Assíria, Chipre, etc. Na Grécia,esta pequena caixa usada para conter incenso foimoldada em várias formas estranhas, como você podever na última página.

Na Grécia antiga, encontramos também alguns incen-sários com uma forma mais regular. Na época doParthenon, em Atenas, o Thymiaterion foi moldado naforma de um cilindro de base circular. A tampa eracônica, com furos. O perfume era queimado no vasoe a fumaça perfumada era liberada através dos furosna tampa. Este artefato se parece mais com umcastiçal do que com um incensário. A única diferençaentre um castiçal e este incensário parece ser a tampacom furos. Por esta razão (em algumas das traduçõesdos escritos sobre estes objetos), tem havido algumaconfusão entre os castiçais e os incensários (videfigura abaixo). Mais tarde na Grécia, o tumiateria e aturibula foram modificados epassaram a ter designs maiscomplicados, assim como o de-sign dos castiçais evoluiu.

No auge dessa evolução no de-sign dos turíbulos, encontramosincensários elaborados em terra-cota que têm dois andares. Atampa é usada como uma cober-tura. A parte superior continha aservas usadas para perfumar a fu-maça. As duas partes foram se-paradas por uma partição comum furo central, permitindo achama (que queimava na parteinferior) alcançar as ervas e criara fumaça perfumada. Este tipode incensário é usado ainda hoje em algumas partes da

África. Alguns membros da África enviaram para oGrão-Mestre da Aurum Solis um desses incensário.(Veja a foto, na vertical em frente a Demeter)

Outros incensários feitos durante o período romano têma forma de edifícios reais que não existem mais hoje

(destruídos há muito tempo). Ou-tros ainda têm uma forma que émuito similar a cálices. É muitodifícil saber se eles eram cálicesou incensários. Eles foramchamados de Kothos. Outros in-censários, denominados kernoi oukerchnoi, eram feitos de terracota(com furos) e foram utilizadosnos Mistérios de Elêusis (os ritu-ais realizados em Elêusis, Grécia).É muito difícil saber se eles foram

usados para queimar ervas e incenso, ou como suporte

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este turíbuloem terracota éutilizado aindahoje em algu-mas partes daÁfrica, e emvários rituaisocidentais.

É fácil con-fundir cálicese incensários.

À esquerda,outro incen-sário em ter-racota éexibido.

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para velas. No entanto, também encontramos coposmetálicos (bronze), apoiados sobre três pernas e uti-lizados como incensários. O carvão vegetal era colo-cado no copo e o incenso era colocado no carvão embrasa.

Como você pode ver, os incensários Gregos e Ro-manos são muito semelhantes aos usados hoje nasTradições Iniciáticas Ocidentais, como a AurumSolis.

É claro que a antiguidade não nos informa como usaresses incensários cerimonialmente. Felizmente, osiniciados da Corrente Dourada preservaram este co-nhecimento, de modo que possamos utilizar o incensoapropriadamente em nossos rituais, sem os erros ine-rentes aos erros de tradução inerente a muitas outrasordens ao redor do mundo.

Como você pode ler no volume 3 da obraMagical Philosophy, llewellyn Publica-tions:Aqueles que trabalham de acordo com o

sistema A.S. estão submetidos às seguintes regrasquanto ao uso do incenso (apenas os pontos-chavessão dados).

O emprego de incenso é permitido:

1. Como um meio de direcionar a mente para umamodalidade em particular.

Este é o único uso do incenso, que é invariavelmenteválido em qualquer trabalho, seja qual for. O Thymia-terion tem que ser usado.

A estabilidade deste turíbulo é usado como a base damente estável focada em uma modalidade. Alguns grãosde incenso são usados no início da obra. Nas próximasedições dessa revista, o processo invisível será explica-dos.

2. Como uma purificação simbólica, geralmente asso-ciada à lustração (limpeza simbólica).

Uma questão preparatória: limpeza e purificação damatéria, tanto dos utensílios quanto dos pretendentes.Assim como a limpeza do corredor e a purificação deum templo não consagrados, de modo prévio ao tra-balho. O turíbulo tem que ser usado.

A purificação expressa a utilização de uma energia emmovimento. Como a água, estes fluxos de energia têmque se expandir no local, e o movimento regular do

Turíbulo permite ao Magosegui-los e incrementá-los.

3. Como um adjuvante aocausar o movimento den-tro da Luz. Como ummeio de sintonizar o am-biente.

Da mesma forma, atos rit-ualísticos específicos, taiscomo o incensamento damatéria, dos utensílios,etc., em um estágio crucialem um trabalho, como ummínimo auxílio para a

modificação de substância. O Thymiaterion ou oturíbulo pode ser usado.

Dependendo da ação e do ritual, ambos turíbulos podemser usados. O ensino oral indica qual deve ser usado deacordo com a parte do ritual.

4. Para auxiliar a plena materialização de um Espíritoevocado.

Essa é uma exceção à regra quanto ao uso moderadodo incenso: reconhece-se que quantidades consi-deráveis podem ser necessários para alcançar o obje-tivo. O Thymiaterion tem que ser usado.

Esta situação é muito rara, pois está restrita a iniciadosavançados. No entanto, é bom saber que neste caso aforma do incensário é essencial.

5. Como um ato de adoração.

Uma mera oferta aos deuses. E também, a oferta de in-censo, sob a forma sacramental, para uma deidade pre-sente. O Thymiaterion ou o turíbulo pode ser usado

.

Enfatizamos o uso do plural para falar sobre os "Deuses"no presente texto. Como você verá mais adiante, aquestão do incenso associado a "Deus" é diferente. Noentanto, neste caso o uso de um incenso específico é útil.Eu posso salientar novamente que neste caso a forma doincensário é significativa. As formas têm poderes es-pecíficas e geram um determinado tipo de energia. Elaspodem estar mais conectadas à memória e ao amplo ar-quétipo do que ao próprio artefato. É por isso que cadadivindade não pode aceitar todas as oferendas prove-

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nientes de qualquer recipiente. Estamos falando de teur-gia, e símbolos são mais do que representações materi-ais. Eles são elos, pontes entre o visível e o invisível.Seria difícil invocar ou adorar Hermes com um incen-sário Cristão, por exemplo.

O emprego de incenso não é permitido:

1. Como uma forma de consagração por si só.

O incenso é um elemento ritualístico, uma ferramenta,mas não o objetivo em si mesmo. Nos rituais teúrgicos,o mago trabalha simultaneamente, e com plena cons-ciência, nos dois planos: visível e invisível. A con-sagração é o resultado de todo um processo. O uso do

incenso somente como um instrumento de con-sagração será um uso mágico, e não teúrgico. Oprocesso envolverá somente poderes externos, semrelação com o eu interior do Mago. É por isso queo incenso não é permitido.

2. Como um equivalente da unção, em quaisquercircunstâncias: por exemplo, o incensamento deutensílios efetivamente carregados, etc., no ápicedas cerimônias de consagração.

Aqui novamente o incenso não pode ser o fim emsi mesmo.

3. Ambulação de aspersão e incensamento com aintenção de limpeza e purificação de um temploconsagrado.

É uma crença estranha em alguns grupos que,mesmo um templo consagrado tem que ser purifi-cado sempre. No entanto, na tradição teúrgica, umtemplo consagrado foi, durante a cerimônia, temade uma modificação especial do seu corpo invisível.Depois disso, um templo consagrado se tornou"sagrado", o que significa "separado do mundo ma-terial." Esta é a razão pela qual não há necessidadede purificar o lugar regularmente.

4. Como uma tentativa de reforço das defesas as-trais.

Teremos oportunidade de voltar a falar sobre essanoção de defesas astrais. Hoje você pode se lembrar

que a melhor defesa astral é a elevação do eu interiorem direção ao divino, e conseqüentemente, aumentandoa luz dos corpos invisíveis. Neste caso, o mal não podeagir sobre nós

.

5. Como um ato de adoração a algo inferior aos seresdivinos .

A Tradição Hermética e Teúrgica não adora outros seresalém das divindades imortais, ou o Divino em si.

Na próxima edição da revista, terei a oportunidade deesclarecer sobre o uso dos incensários e do incense deacordo com a Tradição Ogdoádica, com trechos do“Magical Philosophy”. n

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uma maravilhosa pintura de almaTadema, mostrando uma preparaçãoritualística durante o período romano.

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Ohermetismo remonta a um passado bemremoto. A Tradição Hermética Og-doádica, que conhecemos hoje como «Aurum Solis », perpetua ensinamentos e

ritos que remontam à Suméria e ao Egito antigo, espe-cialmente no local sagrado de Hermópolis. Estatradição foi recebida e conservada pelos Mestres daCorrente de Ouro.

As Santas Escrituras Herméticas são constituídas porvários livros. O primeiro, e o mais importante, échamado de Corpus Hermeticum (Corpus de Hermes).

De acordo com alguns ensinamentos muito sagrados, antigos e secretosdesta Tradição, estes textos provavelmente foram escritos em Alexandria, porvolta do primeiro século de nossa era. Foi nesse mesmo momento que os mes-mos iniciados (aqueles que registraram os ensinamentos em texto a fim depreservar o conhecimento) desenvolveram a alquimia, a astrologia e a filosofianeoplatônica. Jâmblico, um dos Mestres teurgos de nossa Tradição (entre osséculos III e IV) e Proclo (no século V) utilizavam esses textos como sua es-critura principal.

Ao longo dos últimos séculos, os escribas e tradutores adicionaram váriaspartes que não faziam parte dos documentos originais, introduzindo numerososerros (às vezes intencionalmente) e mudando o significado das sentenças quesão fundamentais para a sua compreensão.

Nos tempos modernos os escribas e tradutores eram muitas vezes eruditosacadêmicos, que fizeram um enorme trabalho de modernização destes mate-riais sagrados, mas muitas vezes eles fizeram isso com quase nenhum entendi-mento da tradição espiritual, e sem reconhecer as partes incorretas,mantendo-as.

Por muitos anos, a Ordem Aurum Solis e a Eclésia Ogdoádica têm utilizadoesses textos em seu trabalho privado. Mas como iniciados, os Grandes Oficiaistrabalharam extensivamente nestes textos, a fim de manterem o significadoesotérico, filosófico e religioso originais.

Esta tradução será útil para qualquer um que esteja ávido para conhecer ocoração da Tradição Ocidental. Ela será progressivamente publicada nesta re-vista.

AS SANTAS ESCRITURASHERMÉTICAS

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liVro uM

PoiMaNDres

1 um dia, enquanto eu estava mergulhado em meus pensamentos, refletindo sobre a na-tureza dos seres, eu senti um torpor invadir meu corpo, como se eu mergulhasse numsono profundo, abatido por uma refeição pesada ou por uma grande fadiga. Mas estra-nhamente meu espírito se elevava pouco a pouco, pairando acima de mim, nas alturassutis. foi lá que eu vi um ser gigantesco, de uma estatura impossível de mensurar. ele seaproximou englobando a imensidão do espaço. sua voz ressoou nitidamente em meu es-pírito, dizendo: « o que tu buscas? o que tu desejas conhecer? »

2 eu respondi sem hesitação: « Mas tu, quem és? »

- eu sou Poimandres, ele respondeu; o Nôus, o soberano absoluto de todas as coisas. euestou contigo a todo instante, e eu sei o que tu buscas, mesmo que nem sempre tu possasdenominar.

3 – oh! eu busco conhecer os seres, a natureza de Deus; eu aspiro conhecer o universocom todas as forças de minha alma!

- teu desejo é justo. Mantenha-o em ti, e eu te ensinarei os mistérios de todas as coisas.

4 Com essas palavras, ele mudou de aspecto repentinamente. seu ser por inteiro tornou-se uma viva e intensa luz que me banhou num arrebatamento e com uma alegria que ja-mais tinha conhecido até então. eu não via limite para esta presença insondável, e meucoração se abria a todo instante com o benefício, amando sem restrição, unindo-me comtodas as fibras de minha alma ao que eu percebia e sentia.

Porém distante, abaixo de mim, percebi um movimento sinuoso. uma ondulação tene-brosa e assustadora se deslizava próximo ao local onde me encontrava. ela avançava,parecia uma sombria serpente que se enrolava em espirais num silêncio ameaçador.Pouco a pouco, a obscuridade tornou-se menos intensa, enquanto que o ar se carregavacom uma crescente umidade. subindo até mim, nuvens de vapor começaram a emanarcomo braços imensos e articulados, cujos movimentos geravam silvos estranhos. omundo que até então era silencioso, se animava, gritos inarticulados pareciam jorrar dofogo que preenchia o ar.

5 a luz tornou-se mais intensa e um sopro vibrante jorrou. este som que eu não com-preendi, fez vibrar meus tímpanos e desceu para se misturar com aquela estranha na-tureza em formação. No instante em que ele alcançou a obscuridade carregada deumidade, um fogo magnífico, brilhante, quase irreal, se lançou para as regiões maravi-lhosas onde eu me encontrava. as chamas se elevavam e rodopiavam conduzidas pelovento e pelo ar. essa intensa e maravilhosa dança era um verdadeiro encantamento ce-leste. abaixo, a água e a terra estavam tão intimamente misturadas uma na outra, queera impossível distingui-los em seus movimentos.

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6 e então ressou novamente a voz de Poimandres: « tu compreendes o significadodo que tu vês ? »

- Não, eu disse.

- a luz que tu contemplas é a minha, a do Nôus, eu que existia bem antes que a o-bscuridade se manifestasse, e bem antes que umidade se revelasse nela. Quanto aosopro, aquela palavra luminosa no silêncio; ele jorrou do meu coração; ele é o filhode Deus.

- eu mal compreendo essa linguagem...

- Procura ver o que te a dizer o teu próprio ser. o Verbo, o logos, ao mesmo tempofilho e luz, é a faculdade de ver e de entender. Deus, o Pai, é o teu Nôus. essas duasnaturezas jamais ficam separadas, e a tua vida depende dessa união.

- eu te agradeço, ó Poimandres.

eu senti que a sua atenção se concentrava em mim, que uma força intensa surgia noar que me circundava, e ele disse : « fixa teu olhar no cerne da luz, e que nasça emti a compreensão a qual tu aspiras. »

7 a tensão que senti aumentou de intensidade e todas as partes do meu sercomeçaram a tremer. Pareceu-me que a parte em mim que ele tinha denominadoNôus se harmonizada com o cerne da luz que eu contemplava. eu passei a ver umaluz constituída plenamente por múltiplas Potências se expandir até formar ummundo sem limites. Mas esse fogo potente era mantido por uma força ainda maiorque o sustentava solidamente, dando-lhe sua estrutura, sua estabilidade.

Completamente imerso na visão dessas Potências luminosas, eu ouvi novamente asua voz ressoar : « tu viste a forma arquetípica, o princípio primordial que existeantes mesmo do início do que não tem fim. »

- Mas, eu disse, de onde surgiram os elementos da natureza?

- Da Vontade de Deus, que contemplando a beleza do mundo arquetípico, ideal, mo-delou as almas segundo sua própria natureza.

Continuará na próxima edição...

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Os animais aparecem em grande número namitologia Grega. De acordo com poetasgregos, escultores, historiadores e filóso-fos que expressaram e refletiram sobre

seus mitos e histórias, sabemos que a carruagem deAfrodite era puxada por cisnes, Hécate era a regente doscachorros e cães de caça; Poseidon, o mestre dos cava-los; e Zeus, o grande metamorfo, foi associado com aáguia, o touro, a serpente, etc .... Conforme vários estu-dos comparativos de mitologia demonstram, essas re-lações simbólicas entre animais e divindades estão longe

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SÍMBOLOS DA GRANDE OBRA

OCORVO

corvos são frequentes nas mi-tologias mundiais. na TradiçãoHermética, as aves escuras estãorelacionados com Hermes eapolo. um estudo no simbolismorapidamente revela como o corvoé também parte de uma lin-guagem hermética sobre a re-generação da alma.

por Martin Béliard

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de serem arbitrárias; elas falam através de formas pro-fundamente enraizadas de relacionamento humano coma natureza e com a divindade.

Para se aproximar dos Deuses e das Deusas, pode-seusar oferendas e perfumes, mas imagens e símbolosmágicos também são úteis e frutíferos para se explorarmaneiras de se invocar divindades e se conectar comelas. Símbolos de animais podem ser utilizados paraesse mesmo fim, como representações em talismãs, es-tatuetas consagradas e projeções mentais. Além disso,estes símbolos não só permitem uma eficaz aproxi-mação com uma divindade, mas também constituemuma linguagem hermética mais ampla que descreve deforma viva a dinâmica da Regeneração da Alma.

Nas antigas mitologias em todoo mundo, o corvo é portadorde muitas qualidades impor-tantes. Na tradição Grega e

Romana foi essencialmente um símbolo decomunicação entre os mundos, mas tam-bém, como você verá a seguir, da escuridãoque expressa os primeiros passos da GrandeObra.

Píndaro e Ovídio escreveram sobre ocorvo. Píndaro foi um poeta grego do século5 da Era Comum, devotado a Apolo. Oví-dio, um poeta romano do século 1 da EraComum, é um dos maiores autores dahistória Ocidental, e suas obras permaneceram po-pulares e influentes na cultura européia desde a An-tiguidade até o Renascimento. Píndaro e Ovídionarraram o mito do corvo através da estória deCoronis. O primeiro o faz em seus Odes Píticos; e o se-gundo, em suas Metamorfoses.

Os dois relatos do mito são bastante similares. Ocorvo foi outrora sagrado para Apolo, seu mestre. Nestestempos, de acordo com os poetas, as penas da ave eramde uma brilhante cor branco-neve. Coronis, umaprincesa da Tessália, era amante de Apolo. O corvo teveum vislumbre dela sendo infiel ao Deus, deitando-secom outro homem. Querendo servir Apolo bem, edemonstrar a sua lealdade, o pássaro voou de volta paracontar para o seu mestre. Apolo, após ouvir o corvo, en-trou numa fúria incomum. Irritado com Coronis, ele pôsa sua lira e a coroa de louros de lado, armou o seu arco,

e atirou em sua amante.

Coronis, abatida, lentamente arrancou a flecha do seucoração, e enquanto estava morrendo, ela disse para oDeus que ele deveria ter esperado o seu filho nascerantes de se vingar da ofensa. Cheio de mágoas e ar-rependimentos por seu amor, Apolo tentou todo tipo decura e todos os segredos divinos que ele sabia para trazê-la de volta à vida, mas foi em vão. Enquanto o corpo daprincesa queimava numa pira em seu reino, Apolo final-mente conseguiu salvar o fruto de sua união, a criançaainda por nascer, seria conhecido como Asclépio, oDeus da medicina.

Apolo levou o filho para o sábio Quíron. Ele entãoolhou para o Corvo, e como puniçãopor seu zelo exces-sivo, tornou negra a sua plumagem branca.

Muitos elementos simbólicos aparecemneste breve mito. Mantendo nossosolhos no corvo, sabemos que ele foipara Ovídio Phoebeia ales, ou “a ave

de Apolo”. Além disso, o corvo era um mensageiro, eum pássaro branco que se tornou preto. Esta última car-acterística é proveitosa se considerada diante da mortee cremação de Coronis, e do nascimento de Asclépio.

Quanto a estes elementos, também devemos acres-centar que o corvo aparece em cultos Mitraicos, nosquais ele foi associado com Hermes. « Korax », ou «corvo », era a primeiro das sete iniciações Mitraicas, eestava relacionada com Mercúrio. Esta é a razão pela

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O corvo aparece em cultos Mitraicos, nosquais ele foi associado com Hermes. « Korax »,ou « corvo », era a primeira das sete iniciaçõesMitraicas, e estava relacionada com Mercúrio.

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qual, nos dias atuais, a Eclésia Ogdoádica honra Hermescom a imagem de um corvo no chão de seus templos.

As aves em geral, e especialmente aqueles deplumagem escura, eram frequentemente usadas pararepresentar as almas dos mortais na poesia e na arte daGrécia antiga. Após a morte, pensava-se que o HermesC t ô n i c oatrairia a almacom o seub a s t ã osagrado. Aalma teria aforma de umpássaro es-curo, eseguiria Her-mes noHades, e noalém. O

corvo, assim como o deus veloz e volátil, permitia a pas-sagem entre os mundos.

O corvo aparece em uma gravação interessante de umtexto alquímico do século 16, Aureum Vellus, de Tris-mosin . É apresentada ao leitor a imagem de um jovemescalando uma escada para alcançar um pássaro escon-dido em uma árvore. O que é notável é que há muitospássaros brancos na árvore, e um negro, um corvo. Este

último é exatamente o pássaro que o jovem está ten-tando alcançar.

Por que o alquimista que procura pela pedra, ou pelapanacéia, prefere o pássaro preto aos brancos? Na minhaopinião, nas estórias de Píndaro e de Ovídio, o corvotorna-se preto como um testemunho da morte de Coro-nis, assim como do nascimento de Asclépio. Na tradiçãoalquímica, proveniente da literatura clássica, o corvo éo sinal da Magnum Opus, e mais precisamente, a con-firmação de se estar no caminho do retorno. O corvo é,em outras palavras, o signo de Hermes como o mestreda magia e seus cognatos.

Na Grécia antiga, o Temenosera o espaço de um santuário,onde as divindades eram hon-radas. Nas Casas da AurumSolis, este é o nome que damosao espaço sagrado onde os ritos(1ª e 2ª moradas) da Ordem sãorealizados. No chão, ao Orientedeste espaço, encontram-se trêsdegraus. O primeiro, ao níveldo chão, é preto; o segundo,branco; e o terceiro e último,vermelho. Tenha isso em menteao refletir sobre o simbolismomágico e hermético do corvo, etambém, do processo de rege-neraçãoespiritual como um

todo. Na linguagem alquímica, diz-se que o corvoaparece no cadinho do alquimista como uma lama, massecretamente rica, uma substância escura. O apareci-mento desta substância confirma o sucesso da primeiraetapa da Grande Obra: o processo de calcinação. Esteprimeiro passo é a putrefação da prima materia, ou otema do trabalho, por um recorrente e constante fogo.Ele transforma a matéria de volta para uma terra escura,tão rica como o solo negro do Egito; do qual, como men-cionado nos Hinos Órficos, Apolo veio.

Como indicado na Tabula Smaragdina, o poder doPrimeiro Pai, ou Nôus, está perfeito quando propria-mente convertida em terra. E além do mais, ela resultana separação de dois princípios espirituais a partir destaescuridão inicial: o Mercúrio e o Enxofre. Os quais al-gumas vezes são representados por um unicórnio, e umalce (ou leão), e são ditos como sendo feminino e mas-culino. Esta separação ocorre em um mesmo cadinho (opróprio ser), o que significa que ambos princípios estão

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na linguagem alquímica, diz-se que o corvo aparece no ca-dinho do alquimista como umalama, mas secretamente rica,uma substância escura. oaparecimento desta substânciaconfirma o sucesso da primeiraetapa da grande obra: oprocesso de calcinação. esteprimeiro passo é a putrefaçãoda prima materia, ou o tema dotrabalho, por um recorrente econstante fogo. ele transforma amatéria de volta para uma terraescura, tão rica como o solonegro do egito; do qual, comomencionado nos Hinos Órficos,apolo veio.

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em uma contínua relação íntima e dinâmica durante todaa produção do remédio universal (panacéia). O caminhopara o adeptado é a harmonização adequada dessesprincípios, e a realização da sua própria divindade.

O corvo, como a criação desta substância inicial, es-cura e enlameado, é às vezes chamada de "adubo", umaidéia que se assemelha, de certa forma, com as primeiraslinhas do Poimandres quando, despertado pelo Nous,vê-se um imenso ser de luz produzindo uma substânciaescura onde os elementos são, lenta e progressivamente,harmonizados. A Meditação sobre estas passagens, sejaem relação ao simbolismo alquímico ou não, é sempreproveitosa para os teurgos.

Voltando ao Aureum Vellus, por que o aspirante aosmistérios procura por um pássaro preto em vez dosbrancos?

Bem, basta pedir o corvo. Hermes não é apenas oDeus dos segredos que sela e esconde, ele também é omensageiro dos discursos sagrados, e a chave volátilpara os nossos trabalhos. Meditemos sobre esses proces-sos. Não precisamos conhecer antecipadamente o des-tino, ou a estrada à frente, para refletir sobre o nossotrabalho. Iniciados do passado deixaram pistas no Cam-inho do Retorno, lá repousam o significado de‘Tradição’, e de símbolos. n

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as 7 Kameas (Quadrados Mágickos), 1para cada planeta, estão gravadas emouro.

elas estão disponíveisem Hebraico ou gregoem: http://goo.gl/5KjXj

AS 7 KAMEAS

Kameas, ou Quadrados Mágickos, têmsido um das mais importantes ferramen-

tas da Tradição Ocidental, desde a época daIdade Média. Geralmente elas eram escritasem pergaminhos, porém esta não é a melhorforma para utilizar em rituais. De fato, as letrasHebraicas têm um poder extremamente in-tenso, e o seu preciso design é muito impor-tante para gerar um resultado real esubstancial. Apesar de haver um efeito realgerado pela ação das formas por si só, deno-minado “o poder da Forma”, este tipo de ener-gia édefinida pela espessura das diferentesletras das kameas.

Esses quadrados mágickos, denomina-dos também como Kameas, estão em-

basados neste princípio, utilizamsimultaneamente o próprio poder das letras, opoder da combinação das letras, assim comoo poder do quadrado por inteiro, e a manifes-tação em três dimensões. Existem seteKameas tradicionais. As Kameas Planetáriasestão associadas com as Sephiroth Yesod,Netsah, Hod, Tiphéreth, Gébourah, Chesed,Binah.

Diferentes rituais utilizam os poderes dasKameas, e as invocações inscritas

nelas. Existem também meditações especiais que podem nos ajudar a aprendermos a nosconectarmos com os diferentes Sephiroth,planetas e planos divinos.

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Ísis é a antiga Deusa Egípcia da magia, da lua, efeminilidade. Inúmeras imagens coloridas daDeusa adornam a maioria dos templos egípcios.Além disso, sabemos sobre ela através de dois

mitos registrados em papiros que datam dos séculos 12e 13 antes da Era Comum : o envenenamento e a curade Rá, e a regeneração de Osíris. Estas são histórias bemconhecidas que podemos encontrar na maioria dos livrossobre mitologia. Na primeira, Ísis ludibria o seu pai Rápara revelá-la o seu nome mais secreto. Na segunda,Ísis, juntamente com Néftis, opera a regeneração de Osí-ris que tinha sido morto por Seth. Em ambas as históriasela aparece como uma das mais belas, mais sábias,emais poderosas Magas dentre as divindades Egípcias.

Popular, e de grande importância para as tradiçõesegípcias, seus mistérios eram celebrados em templos portodo o país. Durante séculos, suas bênçãos e iniciaçõesforam procuradas por Magos; e ela era invocada, junta-mente com Thoth e Hórus, em encantos e orações decura egípcias para homens e mulheres. Os gregos tam-

bém, desde cedo exaltaram Ísis, e ela muitas vezes foiassociada com Deméter e Perséfone em Elêusis. Maistarde, seu culto foi estabelecido no Império Romano,onde seus templos rapidamente se espalharam por Romae Gália. Lutetia, onde fica atualmente Paris, era o re-canto de um de seus grandes locais de culto fora doEgito.

Louvada por cerca de dois milênios em torno do MarMediterrâneo, a Deusa deixou a sua marca no mundoocidental. Iniciados Modernos Iniciados têm maneirasparticulares de invocar Ísis, celebrar seus mistérios, e deserem tocado por suas bênçãos. Arqueólogos classicis-tas, no entanto, precisam de fontes para aprofundar osseus estudos dos cultos de Ísis na Antiguidade. Uma dosmais ricos relatos que eles têm sobre o assunto é a obraAs Metamorfoses de Apuleio de Madaurus. Trechosdesse maravilhoso o romance romano são encontradasabaixo, e eu espero despertar o entusiasmo do leitor parao trabalho espiritual com a Rainha dos Céus.

Apuleio foi um Platonista da metade do século 2 daNumídia, África do Norte. Ele escreveu muitos textos ecomentários sobre a filosofia de Platão, e sobe a religiãoantiga. As Metamorfoses, também conhecido como OAsno de Ouro, é o seu trabalho mais famoso, e o únicaromance latino que chegou a sobreviver à antiguidadeem sua totalidade. A obra conta a história das extrava-gantes aventuras de Lucius, um aristocrata transfor-

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‘no século 2 da era comum surgiu um cômico romance iniciático inti-tulado As Metamorfoses. sua história é a de um homem transformadonum asno que acabaria por se tornar um sacerdote de Ísis. esta novelaé uma grande janela para os Mistérios isíacos da antiguidade.’

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mado em um Asno por sua amante. Tecida em muitosoutros contos narrados pelo protagonista, e principal-mente cómico, As Metamorfoses também pode ser lidocomo uma jornada espiritual do herói durante suas aven-turas; e a sua jornada para se tornar humano novamente,levá-o a buscar as bênçãos, e os conselhos, da Rainhados Céus. Tendo sido visitado inúmeras vezes por Ísisem sonhos, sua jornada espiritual termina quando ele setornar um sacerdote da Deusa. O trecho abaixo foi ex-traído do livro 11 de As Metamorfoses. O texto principalprovém do Projeto Gutenberg, um recurso on-line muitoútil para o estudo da tradição clássica. A atual versão foiligeiramente modificada para se adequar às sutilezasmodernas.

as Metamorfoses

Em uma noite o Grande Sacerdote apareceu-me emsonho, apresentando seu colo cheio de tesouros. Sur-preso, perguntei o que significava. Ele respondeu queele foi enviado para mim desde o país de Tessália, e queum servo meu chamado Candidus havia chegado tam-bém. Quando acordei, pensei comigo mesmo sobre oque esta visão queria dizer, considerando que eu nuncative nenhum funcionário chamado por esse nome, masqualquer que fosse o significado, na verdade eu achavaque isso era um presságio de ganho e uma oportunidadepróspera. Enquanto eu estava assim impressionado, eufui até o templo, e fiquei lá até a abertura dos portões,

então eu entrei e comecei a rezar diante da face da Deusa(Ísis). O Sacerdote preparou e arrumou as coisas divinasde cada Altar, e retirou a fonte e o vaso sagrado com asúplica solene. Então eles começaram a cantar os lou-vores da manhã. Aos poucos, eis que chegou o meuservo que eu havia deixado no país quando Photis porerro me transformou num Asno. Ele trouxe com ele omeu cavalo, recuperado por ele através de certos sinaise símbolos que eu tinha em minhas costas. Então eupercebi a interpretação do meu sonho, por que razão queao lado da promessa de ganho, o meu cavalo branco foirestaurado para mim, que era representado pelo argu-mento de Candidus, meu servo.

Feito isso, retirei-me para o serviço da Deusa na es-perança de maiores benefícios, considerando que eutinha recebido um sinal e um símbolo, por meio dosquais a minha coragem aumentava mais e mais a cadadia para usufruir das ordens e dos sacramentos do tem-plo. Eu, muitas vezes, conversava com o Sacerdote, de-sejando bastante que ele me desse a Iniciação dareligião. No entanto, ele que era um homem sério pro-telou minha afeição dia após dia, com conforto e melhoresperança, como os pais costumam refrear os desejos deseus filhos. Dizendo que o dia em que qualquer um deveser admitido em sua ordem é nomeado pela Deusa; oSacerdote, que deve ministrar o seu culto é escolhidopor sua providência, e as despesas necessárias das ce-rimônias são atribuídas por seu mandamento. O Sacer-

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ApuleiO & OS MISTÉRIOS de Ísispor Irene Craig

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dote, assim, desejou que eu atentasse com uma paciên-cia admirável, e que eu deveria tomar cuidado tambémtanto com a excessiva precipitação, como com a exces-siva negligência, considerando que havia o igual perigode: caso eu fosse chamado, me atrasar; ou não, de serprecipitado.

Além disso, ele disse que nãohavia ninguém em sua companhiacom uma mente tão desesperada,ou tão imprudente e audaciosa,para empreender algo sem o con-sentimento da Deusa. O sacerdoteconsiderou que estava sob o poderdela tanto condenar quanto salvartodas as pessoas. No entanto, sealguém estivesse a ponto de mor-rer, e no caminho para a conde-nação, fosse capaz de receber ossegredos da Deusa, estaria em seupoder, pela divina providência,redimi-lo para o caminho dasaúde, como que por um certotipo de regeneração. Finalmente,ele disse que eu deveria atender opreceito celeste, embora era evi-dente e claro que a Deusa já tinhadignado-me em me chamar e menomear para o seu ministério. Eutambém tinha que me abster daprofana e ilegal carne ilegal, damesma forma que os Sacerdotesque já tinham sido recebidos, afim de que eu pudesse chegarmais apto e puro para o conheci-mento dos segredos da Iniciação. Então fui obediente aessas orientações, e atencioso para com o sossego mansoe a provável taciturnidade, e servir diariamente no tem-plo. No final, a salutar doçura da Deusa não fez nadapara me desapontar, pois na noite em que ela apareceupara mim em uma visão, mostrando que havia chegadoo dia que eu tinha desejado por tanto tempo; ela me dissequais disposição e encargos eu deveria ocupar, e comoque ela tinha designado o seu Sacerdote principal, Mi-tras, para ser ministro comigo em seu culto. Quando euouvi esses mandamentos divinos, eu me alegrei bastantee me levantei de madrugada para falar com o grandeSacerdote, o qual, por sorte, vi saindo de sua câmara.Saudei-o, e pensei comigo mesmo em perguntar e pediro seu conselho com vigorosa coragem; mas assim que

ele percebeu a minha presença, ele começou dizendo:“Ó Lucius agora que eu conheço bem a tua arte bem-aventurada e abençoada, a qual a divina Deusa acatacom tão grande misericórdia, por que estás atrasado? Eiso dia que tu desejaste, no qual tu deverás receber porminhas mãos a Iniciação, e conhecer os mais puros se-

gredos dos Deuses”. O ancião então me pegou pela mãoe levou-me até a porta do Templo Maior, onde naprimeira entrada, ele fez uma solene celebração. Apósfinalizar os louvores matinais, ele trouxe livros que es-tavam no local secreto do templo. Eles foram em parteescritos com caracteres desconhecidos, e parcialmentepintados com figuras de animais declarando brevementecada sentença, com as cabeças e as caudas, numa dis-posição circular. Os livros eram estranhos e impossíveisde serem lidos por pessoas profanas. Lá, ele interpretoupara mim tais coisas, visto que eram necessárias e úteispara a preparação da minha Iniciação.

Continuará nas próximas edições…

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uma sequência da celebração de Ísisdurante o período romano em pom-péia, itália. Pintura no Museu de Nápoles

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DE BIASI, Jean-Louis. secrets and Practices of thefreemasons : Sacred Mysteries, Rituals, and SymbolsRevealed. Woodbury, Minnesota: Llewellyn Pub-lications, 2010. xix + 292 pp. $19.95.http://goo.gl/lN46T

Secrets and Practices of the Freemasons é um estudocompleto da história e das práticas do Ofício. O autor,Jean-Louis de Biasi, é um Mestre Maçom há muitotempo Iniciado nos Mistérios. Através de análises pre-cisas das potências expressas na arquitetura daMaçonaria, e em seus símbolos e rituais, de Biasi dis-corre sobre a história, as práticas e a filosofia oculta daMaçonaria em uma obra única. Com uma ênfase em en-sinamentos práticos, ele apresenta ao leitor as chavespara compreender os símbolos da Maçonaria, os quaisestão associados com específicas técnicas mágicas paraa própria elevação espiritual do praticante.

Este livro também é interessante pelo seu foco emsímbolos encontrados na arquitetura esotérica de Wa-shington DC. O leitor irá se deliciar neste aspecto da in-vestigação de Biasi. O Monumento de Washington, doCapitólio, do Mall, o Monumento de Lincoln, a Casa doTemplo, e muitos outros elementos da paisagem ar-quitetônica de Washington DC são analisados sob umaperspectiva esotérica. Estas análises se reportam a umariqueza de material histórico e filosófico, tais como oPlatonismo, a filosofia Pitagórica, o Mitraísmo, o Her-

metismo e Cabala, e também se embasam em décadasde experiência na prática da magia.

A façanha de De Biasi é fazer a Maçonaria ganharvida para o leitor não familiarizado com o caráter pro-fundamente mágico de suas práticas. Ao longo de todoo livro, e especialmente nos capítulos 6-8, o autor traduzem rituais, os elementos do seu estudo sobre os símbolosda Maçonaria. Através desses potentes ritos, e também,pelos princípios mágicos explicados por De Biasi aolongo de todo o livro, Segredos e Práticas dos Franco-maçons será uma leitura proveitosa para todos aquelesque estão interessados em Hermetismo, Magia, Cabalae Maçonaria.

Vídeos do livro: http://goo.gl/31dHx

Fritz Graf é mais conhecido nos círculos acadêmicos.Um historiador bem estabelecido, especializado em epi-grafia clássica, sua obra foca na história da religião emagia Gregas. Inicialmente escrito pelas Les Belles Le-ttres em 1994 sob o título Idéologie et Pratique de laMagie dans l’Antiquité Gréco-Romaine (Ideologia ePrática da Magia na Antiguidade Greco-Romana), o tí-tulo Magia no Mundo Antigo foi traduzido para o Inglêspela primeira vez em 1997. Mais amplo no escopo doque a maioria das outras publicações de Graf, ele esboçauma imagem mais ampla da Magia na Antiguidade aoredor do Mar Mediterrâneo.

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CRÍTICAS LITERÁRIAS

por Martin Béliard

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Além de ser muito bem escrito, duas coisas tornameste livro um objeto de pesquisa muito interessante, cujaleitura vale a pena: (1) a sua abordagem da história damagia; e (2) a amplitude das fontes com as quais o autorinterage. Em Magia no Mundo Antigo, as fronteirasentre magia e religião ficam obscuras. Diferente de es-tilos mais antigos de erudição, essa obra permite que amagia passe das franjas das culturas antigas para ocoração de práticas religiosas diárias, em alguns casos.Isto, naturalmente, não significa que a magia desa-parece. Pelo contrário, isso mostra como ela permea associedades Grego, Romana, Egípcia. Graf demonstraesse fenômeno cultural, interagindo com várias repre-sentações de magia e magos, filosofias ocultistas ecrenças da época, o uso de defixios, ou tabuletas demaldição, assim como documentos escritos e fragmen-tos de papiros sobre ritos de iniciação.

Eu convido os praticantes de magia para lerem Magiano Mundo Antigo, bem como livros similares de históriada autoria de Graf e de outros historiadores contemporâ-neos. Os ocultistas devem procurar estar cientes daampla variedade de material histórico - epígrafes, pa-piros, sítios arqueológicos, traduções - que temosacesso. A história é uma ferramenta valiosa para magosmodernos. Não se esqueça do parentesco que temos como passado. Assim como os gestos do homem das caver-nas desenhando cavalos nas paredes de Lascaux podemser comparados com os gestos de pintores modernosgrafitando numa tela; é da mesma forma para as nossaspalavras, símbolos e gestos que nos conectam aosmagos, aos adeptos, e às pessoas astutas das épocas maisantigas. n

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Uma gravação das chaves enoquianas pronunciadasde acordo com os ensinos da Ordo Aurum Solis. Vocêconhecerá as chaves entoadas no método cantus in-stans, e algumas no método cantus vocans. Outras aindasão declamadas na musicalidade original, e algumaspalavras sagradas enoquianas são vibradas com cantosharmoniosos. Esse CD foi gravados há 15 anos atrás numa Casa ofi-

cial da Ordem por um Grande Oficial da Aurum Solis. Você pode adquirir esse CD em:http://goo.gl/8aTCV

Hipátia de alexandria é a primeira mulherconhecida por seu papel na transmissão daTradição. O que é ainda mais notável é queela foi iniciada nos Mistérios Hermetistas e foia líder da escola platônica de Alexandria noano 400 antes de nossa era.

Leia mais e assista ao trailerem:http://goo.gl/QPEpg

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(Continuação da pág. 6)

Perceba, é literalmente verdadeiro: " o que está em-baixo é como o que está em cima ". Logo, nosso ser éum verdadeiro cosmos em miniatura. Somos constituí-dos por várias influên-cias e aspectos, tantopsicológicos quanto vi-bratórios. Alguns, maismarcianos, destacam-sepela intensa energia, pelaforça, pela coragem epela cólera; enquantooutros, mais jupiterianos,são reconhecíveis pelajustiça e às vezes peloorgulho. Assim, somosocultamente constituídospor esses astros oupotências internas. O seuequilíbrio harmoniosoestabelece em nós asaúde, a serenidade e apaz. É fácil constatar queessa alegria do coração, eessa saúde do corpo nemsempre são uma reali-dade. Infelizmente, o de-sequilíbrio, a angústia eas doenças estão bastantepresentes no cotidiano denossas vidas humanas.

Entretanto, a correção eo equilíbrio dessas insta-bilidades, requer um en-tendimento de nossa verdadeira natureza. Os aspectosinteriores de nosso caráter (dos quais somos constituí-dos) estão intimamente ligados à ordem do Cosmos porinteiro. A Astrologia torna-se dessa maneira o meio decompreendermos as potências que compõe nossa per-sonalidade. A magia celestial nos possibilita agir, afimde recriarmos a harmonia que perdemos no processodessa existência. 

Assim, ritos baseados nesses conhecimentos foramestabelecidos desde a mais alta antigüidade. Os princí-pios são simples:

- recriarmos o Cosmos num cenário ritualístico, u-sando símbolos e assinaturas;

- estabelecermos um elo entre os arquétipos celestesexteriores e as potências internas de nossa psique;

- restaurarmos o equilíbrio interior utilizando um ri-tual definido com componentes específicos (estética,

música, etc.).

A presente coletânea de artigosfornece uma versão dos Sete rituaisPlanetários baseados nas potências ar-quetípicas helenísticas. As potênciasdos planetas são representadas nestesritos pelas Divindades da mitologiagrega: Apolo, Ártemis, Ares, Hermes,Zeus, Afrodite e Cronos. Elas são per-sonalidades poderosas, capazes deagir profundamente sobre o nosso ser.

Cada personalidade (Deusas eDeuses) corresponde a um planeta e aum dia da semana, como mostra atabela abaixo:

Domingo: Planeta: Sol - Símbolo: b- Divindade: Hélios.

Segunda: Planeta: Lua - Símbolo: kDivindade: Selene.

Terça: Planeta: Marte - Símbolo: hDivindade: Ares.Quarta: Planeta: Mercúrio - Símbolo:

j - Divindade: Hermes.

Quinta: Planeta: Júpiter - Símbolo: F- Divindade: Zeus.

Sexta: Planeta: Vênus - Símbolo: m- Divindade : Afrodite.

Sábado - Planeta: Saturno - Símbolo: G - Divindade:Cronos.

A realização regular desses ritos lhe ajudará aadquirir uma maior compreensão das potências que lheinfluenciam inconscientemente. Você sentirá progressi-vamente um maior equilíbrio em sua vida, e uma ate-nuação de todas as suas angústias face à sua e-xistência.Mas não pense que tudo isso ocorrerá espontaneamente,como que por um milagre. A prática destes ritos de har-monização agirá como gotas d'água caindo regularmentesobre uma rocha dura - e acabando por quebrá-la. Dessemodo, cada prática se acrescerá às outras para deixar suamarca em você, trazendo-lhe novamente ao centro docosmos, ao centro do seu ser.

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representação do cosmos se-gundo a tradição clássica, os 4 e-lementos e as 7 esferasplanetárias. de robert Fludd.

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