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Magra Nao Gorda Em Recuperacao Pt

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AGRADECIMENTOA Deus, essa força infinita que nos guia para o

progresso, ao meu marido, aos meus filhos Arthur, Eva,Théo e Thaís (de quem sou um pouco irmã e um

pouco mãe). Aos meus pais, Geovanni e Rina Márcia, eminhas outras duas irmãs Amélia e Luana; a toda a

minha amada família. Avós, tios, tias, primos,sobrinhos, em especial a minha prima Lara queorientou pacientemente cada passo das minhas

dúvidas no decorrer do livro. Agradeço também aomeu sogro Cláudio, minha sogra Francy, sua mãe Dona

Nenem e meu cunhado João. Aos amigos da Casa doCaminho que me auxiliaram na busca do equilíbrio e

conforto espiritual, Couto, Bino, Roseni, Renato e todasas dezenas de pessoas que participam da casa. A todos

da 4midia, as amadas amigas do projeto Gordas emRecuperação, a todos que ligaram, mandaram emails,

fizeram contato pela internet, falaram comigo pelasruas e aos muitos amigos que contribuíram para a

concretização desse projeto. Um agradecimentoespecial também aos desafios e tropeços que sempre

me dão força e inspiração para partir em busca demelhores caminhos. Que Jesus abençoe a todos.

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DEDICATÓRIADedico essas páginas ao meu marido

Moisés. Companheiro que amavelmentetem sido meu grande alicerce. É através do

seu amor, carinho, apoio, paciência ededicação que tenho conseguido dar

passos importantes no trabalho constantepara me tornar uma pessoa melhor.

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APRESENTAÇÃOEsse não é um livro apenas para quem quer emagrecer.Emagrecer todo gordo emagrece. É um livro para quem

busca o caminho do controle de peso. Se temos um, dois,dez, vinte, trinta, quarenta ou cinqüenta quilos a perder, não

importa. Podemos nos tornar um gordo em recuperação.Alguém que cansou de engordar e emagrecer a vida inteira e

que agora topa o desafio de aceitar isso de frente comconsciência, disciplina e muita determinação.

O objetivo vai ser alcançado se conseguirmos olhar paradentro de nós mesmos e seguirmos em frente. Se alguém

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espera mais um milagre. Ah!!! Nós gordos sempre esperamospor um milagre. Lamento informar que o único caminho queencontrei para ficar no corpo que sempre sonhei é de muito

trabalho, humildade para reconhecer as próprias limitações eé claro, a consciência de que não importa o quanto eu pesar,

serei gorda pelo resto da vida. Uma gorda sem autopreconceito. Gorda em recuperação.

O preconceito de magros e gordos é tanto a respeito dotema que os riscos de cair em deslize novamente estão por

todos os lados. Todos olham para uma pessoa no peso ideale não conseguem ver o gordo que há por trás daquela

imagem "magrinha". Em Magra? Não, Gorda emRecuperação. Você vai aprender que é preciso ter cuidadocom o que vemos e voltar as atenções apenas para o que

somos. Se temos facilidade para engordar, vamos aprenderque não importa quantos quilos percamos, essa realidade

não vai mudar. Para uns menos, para outros mais. Nãoadianta nos focarmos no metabolismo dos outros, o único

que importa, o único que existe no mundo é o nosso. É neleque devemos manter o foco.

É em cada um que está a chave do Gordo em Recuperação.Vamos tentar parar de ter inveja de quem se acabe de comer

sem engordar e passar a ser espelho para milhares depessoas que vivem nossas dificuldades e assim como nós atéagora não conseguiram entender o que acontece. Depois desofrer, errar, fracassar a vida inteira na tentativa de ser magra

agora sei o caminho e é isso que quero dividir com cadaleitor nas próximas páginas.

Inspirada em um dos gordos mais famosos do Brasil:

Beijo da gorda.

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PEÇO LICENÇA PARA PUBLICAR NESTE LIVRO O EMAIL RECEBIDO DA MINHA PRI-MA LARA, QUE É MÉDICA ENDOCRINOLOGISTA E COM QUEM COMPARTILHEI

MESMO DE LONGE AS DÚVIDAS, INCERTEZAS, PEDI ORIENTAÇÕES, RECEBI MUI-TOS ESCLARECIMENTOS E MENSAGENS DE INCENTIVO. NA VERDADE ELA FOI A

MOTIVAÇÃO QUE ME MOSTROU FEZ DERRUBAR O TABU DE QUE EU NÃO PODE-RIA VOLTAR AO PESO DE QUANDO ERA BEM MAIS JOVEM. SEGUE O EMAIL:

As conquistas em nossas vidas chegam quando vamosfundo em nós mesmos. Apesar da extensa discussão queexiste em torno da obesidade e de reconhecer oimportante papel de estratégias terapêuticas específicas,creio que o principal é decidir e ser capaz de assumirescolhas. Ao não optar, fica a ilusão de que os problemasse resolverão por eles próprios, mas como em tudo navida, as mudanças só ocorrem quando lutamos por elas.

Ver o exemplo de superação de uma pessoa tão próximafaz com que eu me encha de orgulho e de fé nahumanidade, pois acredito que somos capazes de fazer omelhor de nós mesmos e sei que você foi muito além doque imaginou no princípio. Torço para que essa forçadescoberta não se enfraqueça e seja útil nos demaissegmentos da usa vida. Torço para que sua história possaajudar outras pessoas em suas trajetórias. Enfim, torçopara que você seja feliz e sei que felicidadecompartilhada é felicidade multiplicada.

Lara Benigno Porto

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ÍNDICECOMPREENDENDO O MEU UNIVERSO DE GORDA.......................................................................................... 12NINGUÉM É GORDO PORQUE QUER .......................................................................................... 19VAMOS EMAGRECER PRIMEIRO A NOSSA CABEÇA.......................................................................................... 27GORDA COM PRECONCEITO DE SER GORDA.......................................................................................... 35É PRECISO PACIÊNCIA PORQUE O CAMINHO É LONGO.......................................................................................... 43A OBESIDADE NÃO TEM CURA. TEM CONTROLE.......................................................................................... 49O COMEÇO DE TUDO.......................................................................................... 55MAIS REMÉDIOS. MAIS PROBLEMAS........................................................................................... 61A DIETA DOS PONTOS.......................................................................................... 67ENGORDANDO TUDO DE NOVO.......................................................................................... 73VOU ABRIR UM FAST FOOD.......................................................................................... 79UMA CASA NO MEU CAMINHO.......................................................................................... 85UMA GRÁVIDA DIFERENTE.......................................................................................... 91ADEUS AOS PRIMEIROS 10 QUILOS.......................................................................................... 97REUNINDO TODAS AS FORÇAS........................................................................................ 103CORPO EM DIA PARA A LUA DE MEL........................................................................................ 109OS ÚLTIMOS QUILOS SÃO SEMPRE OS MAIS DIFÍCEIS........................................................................................ 115QUANTA COISA PODE MUDAR........................................................................................ 121

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CAPÍTULO1COMPREENDENDO O MEU UNIVERSO DE GORDA

Sempre fui como toda pessoa gorda. Nunca quisouvir uma palavra sobre ter engordado, me ir-ritava com qualquer comentário sobre a quan-tidade que eu estava comendo e nunca, em qua-

se 20 anos de dietas, consegui emagrecer sem voltar aengordar. Fiz todas as dietas mirabolantes que conhe-ci, tomei remédios, fiquei magra, magérrima, adoeci esempre depois de cada dieta, não tinha jeito, os quilosvoltavam em dobro.

Desanimada com a cobrança de todos, marido, família,amigos, desestabilizada com a maior de todas as cobran-ças, a minha, perdi totalmente o controle e decidi engor-

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dar. Queria ficar tão gorda que todos desistissem e medeixassem em paz. Não conseguia achar os erros dasminhas dietas, não tinha forças para solucionar a ques-tão. E engordei. Engordei muito. Cheguei aos 94 quiloscom um metro e sessenta de altura. Funcionou, fiqueiobesa. Desistiram de mim. Ninguém tinha esperançasde que eu voltasse a emagrecer. Minha estratégia fun-cionou. Deixaram-me ser uma gorda em paz.

Minha mente realmente estava cansada. Por que eutinha que ser magra? Afinal, por que Deus não mefez igual aos magros que se entopem de comida semengordar um grama? E se eu for gorda, vou deixarde ser gente? Vão deixar de me amar? E que amoré esse que depende da minha aparência? Era umafase em que, já que eu não conseguia encontrar tran-quilidade para emagrecer, fiz o que me parecia maisfácil: resolvi buscar a tranquilidade para me assu-mir como gorda. Se alguém se atrevia a tocar no as-sunto eu encerrava logo: "Agora vou ser gorda. Nãoestou de dieta, não vou emagrecer."

Era necessário parar para entender o que aconteciacomigo. Afinal, onde estava o erro? Só quero ser ma-gra por vaidade? Que motivos levaram minhas inú-meras dietas ao sucesso e porque, no final, todas e-las fracassaram? Sem conseguir olhar com muita fe-licidade para o que eu era por fora, passei a olhar pa-ra dentro de mim. Descobri coisas terríveis. Alguns dosmeus defeitos mais enraizados. Entretanto foi conse-guindo me conhecer de verdade que encontrei todasas respostas.

Descobri uma pessoa orgulhosa, equivocada e cheia de fa-

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lhas e limitações que nunca soube que existiam. Já paroupara tentar descobrir quem você é? Não falo das coisasboas. É nas nossas falhas, nas coisas ruins da nossa natu-reza que está a chave de todo o nosso crescimento pes-soal. Mas é preciso ter coragem para olhar com olhos pa-ra ver. Parar de justificar cada coisa ruim da nossa perso-nalidade. Somos imperfeitos e, na busca do equilíbrio,temos que ter maturidade para assumir isso.

No caso da busca pelo corpo ideal, pode até não ha-ver nada demais em ter vaidade. Entretanto, perce-bi que eu só queria estar magra e bonita para des-pertar desejo, para arrancar elogios. É claro que nabusca para emagrecer sempre há um componentesexual. Não é à toa que as loucuras para perder pe-so começam na adolescência, juntamente com odespertar das primeiras paixões. Entretanto, hoje seique, muito melhor do que estar com o corpo emdia, é estar com o corpo, o coração e a mente empaz. Lembrar que vem da nossa alma a fonte de vi-da para conseguirmos realizar tudo em nossas vi-das. Inclusive emagrecer.

Hoje me sinto uma nova mulher. Sinto que meu ma-rido e minha família acham isso também. Não falosomente por fora, por dentro principalmente. Issoporque finalmente consegui perceber que, se Deushavia me dado essa dificuldade, esse desafio, tinhaque haver um motivo. E como Deus é infinitamentejusto e bom, é claro que ele não queria que eu fossegorda. Queria que eu parasse de pedir um milagre e fi-zesse a minha parte.

Foi o que decidi fazer. Observar, entender, encontrar as

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respostas de todas as dietas fracassadas e, é claro, acharum caminho. E achei. Emagreci trinta quilos em dez me-ses, depois perdi mais cinco quilos. Troquei o mane-quim 50 pelo 38 e sempre que uma pessoa nova meencontra na rua fica admirada: "Nossa como você es-tá magra!" Interrompo imediatamente: "Magra? Não.Gorda em recuperação."

Foram essas centenas de pessoas que me fizeramreunir tudo que observei, descobri e implantei nomeu novo estilo de vida em um livro. Não se trata denenhuma fórmula simples. Pelo contrário. Foi preci-so descobrir muitos dos defeitos que nós gordos te-mos e que nos fazem fraquejar para conseguir com-bater. Entender, aceitar e trabalhar a verdade. Semmitos, sem desculpas e com muita força de vonta-de, consciência e determinação.

Quando estava trinta e cinco quilos mais gorda nãoimaginava que seria possível. Na época em que co-mecei a emagrecer sequer conseguia imaginar quechegaria tão longe. A verdade é que todos podemoschegar onde quisermos. Podemos chegar onde tra-balharmos para chegar. Não espere que seja fácil.Todas as fórmulas e dietas que supostamente eramfáceis para emagrecer eu testei e todas foram porágua a baixo. É importante para você? Então vamosem frente. Vamos fazer acontecer.

Não esqueça: "Magra? Não. Gorda em recuperação"propõe muito mais do que uma mudança de hábitosalimentares. Propõe uma reviravolta na mente. Equilí-brio, consciência, determinação e ânimo para conse-guir ver todos os quilos que quisermos indo embora.

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CAPÍTULO2NINGUÉM É GORDO PORQUE QUER

Um dos maiores erros que se pode cometer é di-zer que uma pessoa é gorda porque quer. É de-sestimulante ouvir piadas e críticas o dia intei-ro por um problema que por si só já acaba com

a auto-estima. Quem é gordo sabe do que estou falan-do e quem é magro nem percebe que já deve ter tira-do o sossego de muito gordo por aí. Isso porque os ma-gros até podem opinar, mostrar "como é fácil" perderpeso, insistir que "basta querer". Definitivamente osmagros não têm a menor noção do que estão falando.

Vivência torna tudo diferente. No caso da obesidade, só umgordo entende um gordo. E quem não vive o problema é

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melhor não tentar ajudar com cobranças. As coisas vãopiorar. O gordo desestabilizado por completo vai comermais e o magro ainda vai sair dizendo, sem entender na-da: "Eu só queria ajudar". Por isso, pelo amor de Deus,nunca perca tempo discutindo sobre dieta com um ma-gro. É pior que discutir religião, futebol e política.

Perdi a conta de quantas vezes passei por situaçõesassim e muitas das vezes nem estava tão fora de for-ma. Cobranças exageradas não ajudam em nada.Muitas vezes esse inferno astral começa na convi-vência com a família, amigos. Pessoas que nos a-mam, que querem realmente conseguir uma solu-ção para o problema, mas não dá. Imaginem ajudaralguém que está se sentindo péssimo, feio, excluí-do dizendo que é só ter força de vontade que ele saidessa? O sentimento de impotência, de raiva, é ex-tremo. Afinal, todo gordo já emagreceu, engordou,pode até ter desistido de emagrecer, mas, se tem u-ma coisa que ele sabe, é que conseguir emagreceré muito mais complexo do que apenas querer.

Julgar é fácil. Mas, para o gordo, ser julgado é umcaminho tortuoso que aumenta a raiva e acaba coma paz de espírito. E não podemos esquecer que a"paz de espírito" é uma das peças fundamentais pa-ra quem quiser se habilitar a ser um gordo em re-cuperação. A primeira de muitas que funcionarampara mim e que podem fazer a diferença tambémna vida de muita gente que vive esse tipo de proble-ma. Pessoas são diferentes, dietas também. Disso to-do mundo sabe. Mas algumas falhas no cotidiano dosgordos são sempre iguais. É por isso que os resulta-dos de engordar e emagrecer repetidas vezes vale pa-

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ra quase todo mundo. Quer ver?

Os hábitos de quem tem tendência para engordar, os me-dos, as manias, são todos muito parecidos. Vamos co-meçar prestando atenção no nosso medo da balança.Você sabe dizer por que nós, gordos, temos sempre tan-to medo de nos pesar? Aliás, não é só medo não. É u-ma verdadeira aversão à coitada da balança. Vou lhedizer o que acontece. É mais uma fuga para podermosengordar em paz, porque não existe uma verdademaior do que a que aparece piscando naquela ma-quininha sincera. Preferimos nos enganar para poder-mos continuar achando que podemos comer o quevier pela frente. Se não sabemos quantoengordamos,fingimos que não sabemos que os quilos estãochegando.

Muito cuidado com isso, porque normalmente nãotemos uma balança em casa e só nos pesamos de vezem quando, ocasião em que temos a coragem de su-bir naquela velha balança da farmácia. E é claro queisso pode durar alguns dias, algumas semanas, me-ses... E no final nós é que vamos evitar ir até a tal far-mácia que tem a balança para não termos que nos pe-sar. Isso sempre acontece quando a gente sabe queengordou e o pior é que a gente sempre sabe. Mais doque isso. O pior é que a gente sempre engorda.

No fundo só existem duas ocasiões em que o gordose pesa e está mais magro: quando acaba de fazer u-ma dieta, ou quando adoece. Isso se for uma doençamuito braba. No meu caso, a única que me fez perderuns bons quilos foi uma catapora. Com a boca, gargan-ta e língua cheias de feridas, não tem gordo que coma.

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Se for só uma doençazinha à toa, vamos ser sinceros, per-demos o ânimo, a paciência, a disposição... o apetite,nem pensar. Nos casos de doença, os quilos voltam maisrápidos ainda, muitas vezes nem dá tempo se pesar navelha balança da farmácia uma segunda vez. E nos ca-sos de dieta, nossos eternos, costumeiros e perma-nentes casos de dieta, nunca sabemos fazer da balan-ça nossa aliada.

Essa foi uma das primeiras coisas que descobri. Odia-mos a coitada da balança. É mais ou menos assim.Normalmente estamos até indo bem na dieta, maschega um dia em que perdemos o controle. Come-mos para valer. E, quanto mais comemos, mais von-tade de comer. Compulsão. Um grande desequilí-brio toma conta dos nossos atos. Aí vem o proble-ma maior. No dia seguinte, quando deveríamos nosperdoar pela falha, reencontrar o equilíbrio e conti-nuar comendo moderadamente, fazemos o contrá-rio. Comemos mais e mais. Na nossa cabeça estásempre o pensamento equivocado: "Eu já comi on-tem mesmo."

Nesse momento começa a fuga da balança. Voume pesar, se eu sei que exagerei? Continuamos odescontrole. Não reduzimos mais a comida por-que sabemos que engordamos. Agora é que nãonos pesamos mesmo, cadê coragem? A ficha só caidefinitivamente quando alguma roupa não entramais. Agora não tem jeito, precisamos da tal cora-gem, subimos na balança e vemos o que já sabía-mos: é tarde demais. Engordamos uns 5 quilos e va-mos ter que começar tudo de novo. Nessa hora, mar-camos a dieta para segunda, adiamos para a outra se-

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gunda e, enquanto segunda não chega, largamos o paua comer porque é a despedida.

Demora, mas chega o dia. Pesamo-nos de novo porqueachamos que essa segunda vai dar certo. Meu Deus! Oscinco quilos já não são mais os cinco. Desestímulo.Roupas sem cair bem no corpo. A imagem vira terro-rismo no espelho. Voltar à velha forma agora vai levarmais tempo, exigir mais sacrifícios. A sensação de im-potência vai colocando tudo a perder de novo. Fica-mos estressados, deprimidos, paranoicos. E haja co-mer e engordar cada vez mais. Porque as pessoasnormais quando estão estressadas, deprimidas, sen-tem-se mal, perdem totalmente o apetite. Nós, gor-dos, não. Somos a única espécie de ser vivo que con-segue reverter esses sentimentos terríveis em vonta-de de comer ainda mais. Sem nos pesar, é claro. Por-que um gordo estressado não submete-se a isso.

Quando percebi que essas atitudes eram parte co-mum e frequente da minha vida, vi que tinha queencarar minha amiga balança como uma compa-nheira de todos os dias. Raciocinei que se eu tives-se uma balança no meu quarto acabaria o proble-ma. Se aumentasse cem gramas de um dia para ooutro, veria de imediato e já começaria a me contro-lar. Se tivesse perdido cem, iria vibrar com muita ale-gria. Decidi não tentar me enganar nunca mais.

Isso é importante porque na verdade engordamos nahora em que comemos. Muitos médicos e nutricionis-tas não recomendam que seus pacientes se pesem dia-riamente com medo de que eles se desestimulem. Is-so porque muitas vezes diminuímos mesmo a comida,

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fazemos tudo certo, mesmo assim a resposta na balan-ça pode não aparecer imediatamente. Muitas vezes te-mos bons resultados em uma semana. Outras vezes per-demos muito pouco. E daí? Paciência, equilíbrio. Se adieta está certa, os quilos não têm alternativa. Vão-seembora sim, senhor.

Por isso afirmo que a balança é fundamental. Com-pre hoje mesmo a sua. Pese-se todos os dias sem rou-pa ao acordar e comece a anotar. Se não tiver con-seguido ainda o equilíbrio para emagrecer, comecepelo primordial: não se permita engordar ainda mais.Conseguir manter o peso é um ótimo exercício e umimportante começo, porque nós, gordos, comemostodos os dias para engordar. Comemos muito mes-mo, mas não perdemos uma oportunidade de dizer:"Ai, eu não sei porque engordo, eu não como tantoassim." Se não paramos nem para nos pesar, seráque realmente prestamos atenção em quanto co-memos? Eu nunca soube. Nunca quis saber.

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CAPÍTULO3VAMOS EMAGRECER PRIMEIRO A NOSSA CABEÇA

Certa vez ouvi em uma palestra que o pensamen-to é a origem de todos os nossos problemas. Oque dizer então de nós, gordos, que insistimosem passar o dia inteiro pensando em comida?

Muitas pessoas se encontram comigo e perguntam: "Vo-cê fez redução de estômago?" Sorrio e respondo: "Re-dução no estômago, não. Fiz redução no juízo."

Todos acham graça, mas sabem que só é essa reduçãoque funciona. Um senhor que conheci outro dia, e cuja es-posa tinha feito a tal cirurgia, também sorriu concordan-do: "É verdade, não adianta nada se a reforma não for nacabeça." Nisso a cirurgia impõe um grande desafio, por-

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que ela acontece antes do processo mental e o caminhose torna mais difícil. Muitos conseguem estabilizar o pe-so com a cirurgia, outros voltam a engordar porque nofundo não conseguiram mudar a sintonia dos seus pen-samentos. Reduziram o estômago, emagreceram o cor-po, mas terminaram esquecendo o mais importante.

Tenho uma tia que fez a cirurgia, perdeu mais de 20quilos. Mudou totalmente a aparência, não voltou aengordar, entretanto resumiu em uma frase a luta pa-ra mudar a forma de olhar e desejar a comida. Du-rante um almoço, olhou para um dos pratos que gos-tava muito e disse que ia comer mais um pouco: "Ain-da tenho cabeça de gorda." Hoje, meses depois dotal almoço, ela ainda continua perdendo medidas ediz que, aos poucos, está conseguindo melhorar asintonia da mente também.

É a nossa cabeça de gordo que faz a gente colocartudo a perder. Antes de me tornar uma gorda em re-cuperação, se eu ia para um rodízio de pizza, nãome preocupava se estava passando o sabor de piz-za que eu gostava. Queria mesmo saber se aindaconseguiria comer a pizza que estava passando. "Ai,meu Deus, daqui a pouco não vou conseguir comermais nem uma fatiazinha." Quem danado consegueequilibrar a alimentação desse jeito?

Não importava a hora, toda vez que eu via comida, ti-nha que comer. O resto do sanduíche do meu filho,sobras de comida esquecidas na mesa, os lanches quelevávamos nas viagens, os salgados que o pessoal com-prava para lanchar na agência... Se eu estava com fo-me? O que isso importava? Via a comida e tinha que co-

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mer. Na hora do almoço, era a primeira a sentar-me àmesa para almoçar. A última a sair. E se na mesa algu-ma comida estava aparentando que ia acabar, sabe oque eu fazia? Comia mais rápido ainda para não faltarpara mim, é claro. Além de gorda, egoísta. Isso, é cla-ro que eu não deixava ninguém perceber.

Nós, gordos, somos pior do que mulher grávida. Pas-samos a vida desejando as coisas. Outro dia, umaamiga minha que também estava querendo iniciaruma dieta chegou pela manhã no trabalho e come-çou a declarar: "Estou desejando comer um churras-co, uma carne bem gostosa." Pouco tempo depois,já era uma lasanha. Isso foi por volta das 9 horas damanhã. Imagina o quanto uma pessoa que começao dia desejando comer os mais diferentes pratos vaicomer na hora do almoço, e no lanche, e no jantare nos intervalos de tudo isso?

Terminamos criando uma energia que nos induz aum impulso descontrolado para comer o que querque seja. Essa questão da variedade também é umproblema. Não conheço nenhum gordo que seja mui-to exigente com comida. Podemos até reclamar queestá ruim, mas no final limpamos o prato. Eu, desdecriança, abria a geladeira à noite e comia feijão ge-lado. Várias colheradas, bem rápido para ninguémver, sem nem engolir até conseguir encher a boca porinteiro. E não era só com feijão essa compulsão. Po-dia ser a sobra do que fosse, e é obvio que tinha jan-tado. Também não deixava resto de comida em cantonenhum. Comia para não estragar. Pode? Não permitiaque se estragasse a comida, mas estragar a mim mes-ma, tudo bem. Fala sério! Alguém já parou para pensar

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que o que comemos não vai parar no lixo, mas vai pararno esgoto? Ou seja, estraga de todo jeito. Só que engor-da antes de estragar.

Outro problema fora de controle que precisamos apren-der a policiar é parar de pedir um pouco ou um peda-ço de qualquer coisa que qualquer pessoa esteja co-mendo ao nosso lado. Só para experimentar. Na ver-dade é só para comprovar que literalmente não te-mos condições de ver comida. Se fosse para experi-mentar, necessariamente teríamos que nunca ter co-mido daquela comida. Como quase nunca é esse ocaso, vamos falar sério. Experimentar que nada. Que-remos é comer mesmo. A parte de pedir um poucoou um pedaço é só porque sabemos que a pessoanão vai dar tudo mesmo. Mas, se der, a gente comee vibra de satisfação. É um vício que literalmente ali-mentamos sem querer perceber o tempo inteiro.

Mas é possível, sim, mudar a sintonia. Devemos epodemos ter o controle de tudo que pensamos. MeuDeus, Somos nós quem pensamos! Se percebermosque estamos com pensamento de gordo na cabeça,vamos deletar! Isso mesmo. Apague na mesma ho-ra. Pare. Pense em outra coisa, respire fundo, encon-tre um pouco de paz dentro de você. Controle-se edeixe a tentação ficar para trás. É como mudar a te-vê de canal. Funciona de verdade e, com a prática,vai ficando cada vez mais fácil.

Qualquer dia, mesmo depois de ter perdido tantos qui-los, de orar pedindo forças a Deus e vigiar para melho-rar cada pensamento, as tentações ainda aparecem.Lembro-me que entrei certa tarde numa padaria e vi um

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pedaço de rocambole. Atenção, hein? Sou louca por ro-cambole. E a palavra louca define bem o que acontecequando nos deparamos com algo que gostamos. Fica-mos "loucos" para comer.

Tava desejando. Cheguei ao balcão e peguei a bande-ja ansiosa, com água na boca. Queria comer as duasfatias que estava vendo. Não queria uma apenas, que-ria as duas que estavam na bandeja. Foi quando ol-hei para baixo da vitrine e vi o rocambole inteiro. Ago-ra queria mesmo era levar o bolo todo. Aí me toquei.Jesus, sou uma gorda em recuperação! Tenho queme controlar. Então tá. Levo só as duas fatias. Pegueia bandeja. Eu me toquei de que o desejo era des-controlado. Acho que até com taquicardia a gentefica nessas horas. Precisava me controlar de verda-de. Voltei, deixei a bandeja sob o balcão e fui em-bora. Poder comer um pedaço de rocambole eu atépodia, mas com aquele desespero, não.

Aquilo não era postura de gordo em recuperaçãoera o retrato de uma gorda descontrolada. Eu mesenti vitoriosa. Nossa senhora! Consegui sair sem co-mer o rocambole! Da padaria fui direto para a agên-cia. Era um dia de provações mesmo. Dentro da sa-la, um cheiro desgraçado de pastel, era preciso con-tinuar sob controle. Colocar a comida em segundolugar. Deixei o cheiro de lado e fui trabalhar. Direcio-nei meus pensamentos para coisas mais importantes.Se não tinha comido o meu rocambole, não ia comerum pastelzinho de jeito nenhum.

E o vício de comida é bem difícil. Tem comida em todolugar. Temos que nos alimentar e, no meu caso, as ten-

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tações não são poucas. Sou sócia de um restaurante. Jan-to lá quase todos os dias. Mas, no lugar de ficar pensan-do que adoro tal sanduíche, no lugar de me focar napizza que está passando, sento e peço minha saladacom um refrigerante zero. Meu marido comendo aomeu lado filé à parmegiana, meus filhos com batatasfritas, crepes e eu simplesmente não foco minhas ener-gias naquilo ali. Não vale a pena.

No início eu me permitia uma fatia da pizza menoscalórica ou um crepe de palmito, por exemplo. Erao início da dieta, não podia ser radical. Aos poucos,fui me educando. É muito importante respeitar o nos-so ritmo. Entenda bem, o deslize não é comer. Nofundo, podemos, sim, comer de tudo, se for de for-ma moderada e controlada. Mas, se conseguirmos,não vejo nada demais em deixar aquelas gulosei-mas de lado, aos poucos. Se isso parecer paranoi-co para você, não se preocupe. Sua cabeça ainda éde gordo e, se tem mais uma coisa que percebi, éque nós, gordos, nos permitimos ser paranoicos comtudo, menos com deixar de comer.

Somos o que pensamos. Deve ser por isso que a nos-sa afirmação preferida é "comer é bom demais". Exis-te no planeta alguém que consiga emagrecer, mudaros hábitos alimentares, ou qualquer outra coisa nes-se sentido com um pensamento desses comandan-do todo o seu dia? Faça uma experiência, anote o quevocê pensa. Talvez você nunca tenha percebido, masvai precisar enxergar sua mente de frente se quiser vi-rar essa página.

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CAPÍTULO4GORDA COM PRECONCEITO DE SER GORDA

Épreciso ser forte para reconhecer e aceitar asnossas próprias limitações. Se quiser se tornarum gordo em recuperação, é preciso aprendera se despir do próprio preconceito. A maioria

dos gordos não assume que é gordo. Não dizemos queestamos gordos, já percebeu? E o pior é que ainda nosofendemos.

É. Somos assim. Só que, para emagrecer e permanecercom o controle de peso, é preciso encarar a realidade defrente. Lembro-me da velha máxima: 'a verdade dói, masprecisa ser dita'. E eu complemento: não adianta de nadaapenas dizer a verdade da boca para fora. Precisamos ser

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capazes de sentir e realizar tudo da maneira correta den-tro do nosso coração.

Para termos uma ideia, muitos gordos se ofenderamaté com o título desse livro. Quando comecei a falarsobre o assunto, senti isso na pele. Para minha surpre-sa, os magros entendiam exatamente o que o títuloqueria dizer. Os gordos se ofendiam.

Por favor, sempre que eu falar em gordos, não pen-se apenas nas pessoas muito gordas, totalmente aci-ma do peso. Na verdade, me refiro a qualquer pes-soa que tenha tendência a engordar, que engordee emagreça com frequência... Enfim, excluindoaquelas pessoas que têm a felicidade de comer tu-do que veem pela frente sem engordar, todo o res-to são os "meus gordos", ou seja, quase 100% dapopulação do planeta. Peço desculpas, é claro, pe-lo exagero dos 100%.

Pois bem, como eu dizia, os magros entenderam.Os gordos se ofenderam. É verdade. Lembro de al-guns fatos isolados que vou relatar. O primeiro de-les aconteceu com minha irmã. Depois de acompa-nhar os meus meses de dieta, ela entra na cozinhada minha casa na hora do almoço e me encontracomendo meu costumeiro prato de salada. Vendo acena, disse: "Você não precisa mais comer só sala-da. Já está muito magra." Querendo orientar a ques-tão, expliquei: "Não temos como ficar magras, somosgordas em recuperação. Se você não entender isso,vai engordar de novo."

Falei inocentemente para ela, que também havia perdi-

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do importantes quilos recentemente. Para minha surpre-sa, ela disparou: "Eu mesma, não! Não sou gorda, não!Fui magra a maior parte da minha vida! Deixe de jogarpraga." E saiu batendo a porta da cozinha. Não tinhaentendido nada e provavelmente iria continuar engor-dando e emagrecendo até conseguir perceber a com-plexidade do problema.

Não adianta ter sido magra, se o comportamento doorganismo mudou e se estamos constantemente bri-gando com a balança. Precisamos entender que es-tamos numa nova fase e que não existe retorno pa-ra a primeira sem sacrifícios, determinação e muitaconsciência. A questão não é comer para sempre sósalada, mas saber que os seus hábitos alimentaresprecisam mudar para o resto da vida. Emagreci eagora posso abandonar minha salada? Nem pensar.Lembre-se: comer e engordar, é só começar.

Outro caso foi com uma jovem da minha equipe detrabalho. Querendo perder uns quilinhos, ela falouprimeiro com meu marido sobre como eu tinha ema-grecido. E quando ela falou que também queria ema-grecer, ele deu logo a solução: "É só você se tornaruma gorda em recuperação." Quando ele me con-tou como ela se ofendeu com a frase, achei graça ecomecei a perceber que nenhum gordo quer se as-sumir como tal.

No dia seguinte, na empresa, fui abordá-la: "Você seofendeu porque precisava ser uma gorda em recupe-ração?" Ela, meio encabulada, sorriu com a simpatiahabitual e soltou: "Mulheeeeeerrrr! Não acabe comi-go, não!" Pensei: "Pronto! Como fazer as pessoas que

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querem emagrecer se assumirem como gordas? Afinal,por que querem emagrecer se não se acham gordas?"Expliquei o que era uma gorda em recuperação: "En-gordei e emagreci a minha vida toda. Ou assumo quesou gorda e que não posso comer tudo que quero, ouvou ter meus quilos todos de volta. Você também pre-cisa pensar assim para tentar se manter no peso quedeseja pelo resto da vida." Ela fez cara de que en-tendeu. Será que entendeu mesmo?

E olha que essa minha amiga deve ter uns cinco qui-linhos acima do que deseja. Não importa. Ela lutapara perder. Perde, ganha e para resolver essa ques-tão precisa conseguir se enxergar da maneira corre-ta. Com todas as limitações que sua dieta alimentarrequer, ou quem sabe, apenas reduzir os abusos ali-mentares pela ingestão de milhares de calorias to-talmente desnecessárias. Muitas pessoas, só redu-zindo os abusos, já conseguem entrar em forma. In-felizmente, esse não é o meu caso.

Aí, para completar os relatos, chega de Fortaleza u-ma das minhas tias que não me encontrava há me-ses. Para essas pessoas que me viram literalmenteno antes e no depois você deve imaginar o susto: "Mi-ra, como você está ótima, como está magra!" Aí lávou eu mais uma vez: "Magra, não, tia, gorda em re-cuperação." Ela também não entendeu: "Se você é u-ma gorda em recuperação eu sou o quê?"

De estatura baixa, um metro e cinquenta e poucos dealtura e sempre um corpinho em dia, não tem jeito, aminha tia sempre diz que engordou e que tem uns qui-linhos para perder. Nunca ficou gorda de verdade, mas

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dentro do seu processo pessoal, também vive emagre-cendo e engordando. Só que sempre toma a providên-cia mais a tempo do que eu tomava por exemplo.

Nossa tendência para engordar não tem cura, vai pio-rar a cada passar de ano quando o metabolismo donosso corpo inevitavelmente fica mais lento. Se vo-cê está nessa categoria de pessoas que engordamcom facilidade e não está a fim de rever seus há-bitos e a própria consciência, não tem para ondecorrer: vai estar sempre um pouco mais pesada nodia seguinte.

Vamos parar de dizer que "estamos" gordos: Ai, meuDeus, como eu estou gorda! Quem nunca disse es-sa frase na frente do espelho? O problema é que agente pensa no "estar gorda" como uma coisa pas-sageira. Não seria melhor dizermos o que realmen-te achamos? "Ai, meu Deus, como eu estou gorda,mas, veja bem, essa aí no espelho não sou eu." Nãoacho que ninguém precise ficar paranoico paraemagrecer. Pelo contrário. A paranoia engorda. Mas,vamos ser objetivos. Ou somos gordos e precisa-mos emagrecer ou somos magros e nem precisa-mos pensar no assunto.

Tudo bem, nós dizemos sempre que estamos gordose não que somos gordos. Podemos até ganhar unsquilinhos, mas logo fazemos uma dieta braba de unsdias, recuperamos a forma. Aí comemos descontrola-damente de novo e engordamos. Depois conseguimosemagrecer mais uma vez. Mas será que a gente ema-grece proporcional ao que engorda? Faça uma continharápida. Quanto seu peso aumentou nos últimos 10 anos?

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Nos últimos cinco? Nos últimos dois? Sem essa de dizerque não conseguimos ter o mesmo peso de antes. So-mos a mesma pessoa, temos a mesma altura e, podeter certeza, se tivéssemos comido da forma certa, é cla-ro que ainda caberíamos nas calças justas de antiga-mente. Se fosse assim todas as pessoas idosas teriamque ser obesas. Ou não? Pelo menos a minha avó dequase 90 anos continua magra. Isso posso garantir.

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CAPÍTULO5É PRECISO PACIÊNCIA PORQUE O CAMINHO É LONGO

Nesses tempos em que a cirurgia de estômagose tornou uma alternativa comum, parece queninguém mais acredita que se possa perdermuito peso sem intervenção cirúrgica. Eu mes-

ma, se pensasse em quanto precisava emagrecer, acha-va impossível. Mas emagreci. Como diz a dona Neném,avó do meu marido: "Duas arrobas."

Olhar para trás hoje pode até parecer fácil. Mas, olhando pe-lo ângulo correto, lembro da dúvida, do medo, das metasde perder três, cinco quilos. Depois mais dois... Meu Deus,se eu pensasse nos 30 quilos, não iria conseguir. Com cons-ciência, fui moldando meus pensamentos. O desespero de

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ter tantos quilos a perder se transformava na certeza deque só poderia chegar ao final se houvesse um começoe, principalmente, se eu conseguisse manter a calma.

Se você precisa perder 30, 40, 50 quilos e quer saber seé possível, hoje eu respondo: Sim é possível! É só co-meçar! Aliás, antes de começar, vamos observar me-lhor quem somos, onde começou nossa dificuldadepara emagrecer. Sabemos o valor calórico do que co-memos? A minha história é cheia de erros, dietas pe-rigosas, como a de tantas outras pessoas. Mas o pas-sado é passado. Chegou a hora de tentarmos apren-der com os nossos erros, reconhecermos nossas di-ficuldades e nossos defeitos. Vamos fazer diferente!

Com paciência e tranquilidade, se Deus me permi-tir, ainda pretendo chegar aos 58 quilos dos meus17 anos. Devagar, paciente e reunindo a experiên-cia de quase duas décadas de dietas mirabolantescom os novos conhecimentos que vou adquirindoao observar de fora para dentro o meu universo degorda. Foram muitos tabus derrubados e, volto a di-zer, coragem e determinação para encarar a verda-de de frente. Sou uma gorda em recuperação.

No longo caminho, preferi não comer as coisas pe-las quais sou "louca". Salgadinhos... um só? Pareceimpossível para mim. Então optei por nenhum. Te-mos de reconhecer que, na maioria dos casos, a ten-dência é comer compulsivamente principalmenteaquelas coisas que mais gostamos.

Fui evitando o que deu para evitar e comendo sempreum pouco daquilo que era incapaz de abrir mão. Para

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conseguir ir em frente, montei minha dieta com ali-mentos que gosto de comer. Montar um cardápio apro-priado ao nosso paladar é um desafio muito importan-te. Para mim, que como salada com prazer, é até fácil.Fico pensando nas pessoas que tento ajudar e não co-mem salada, nem fruta, nem nada. É claro que é pos-sível, mas vão comer sempre coisas mais calóricas eem porções menores.

Vou dar um exemplo. Sempre que vou a um self ser-vice almoçar com meu esposo, o meu prato, embo-ra seja muito mais leve caloricamente, é mais pesa-do do que o dele. No meu, uma concha de feijão ver-de, uma sobrecoxa de frango e muitos tipos varia-dos de saladas cruas. No dele, filé à parmegiana, ar-roz, purê e batatas fritas. Meu prato é mais pesado,custa sempre um pouco mais caro, mas, na verda-de, no prato leve dele, tem as mesmas calorias queeu levo as três refeições para poder comer.

É por isso que gostar de alimentos menos calóricosajuda muito. Se optarmos por eles, poderemos co-mer mais. E comer em boa quantidade é fundamen-tal para toda a dieta. Lanches leves nos intervalosajudam o metabolismo e a controlar a ansiedade pa-ra a próxima refeição. Muitas vezes fiquei grande par-te do dia sem comer e senti que, nessas fases, o pe-so demorava um pouco mais a baixar.

Como eram muitos quilos, fui traçando minhas metase estratégias para ganhar ânimo e disposição para ca-da etapa. Tentei corridas e caminhadas que não dura-ram muito tempo, mas ajudaram bastante na motiva-ção inicial. Fiz pacotes estéticos. A cada 6 quilos perdi-

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dos, dava uma parada e passava uns dias me alimentan-do um pouco melhor para manter o peso e dar uma en-ganada no organismo. Depois respirava fundo e seguiaem frente de novo.

A única coisa que fiz e não recomendo foi um spa de3 dias. Muito exercício, poucas calorias. Perdi peso,sim, mas fiquei desequilibrada, estressada, esgotadaa semana seguinte inteira. A vontade era sair comen-do para ver se me sentia melhor. Foram dias e sen-sações difíceis, mas não fraquejei. Busquei alimen-tos fortes para recuperar as forças,calma e oraçãopara reencontrar o equilíbrio.

Percebi que muitas das pessoas que estavam nospa emagreciam e voltava no mês seguinte como peso recuperado. É como eu vinha dizendo: umspa para a mente seria muito mais adequado.Dos exercícios, sinto falta. A perda calórica dasatividades aeróbicas é muito alta e ajuda a po-der comer um pouco mais, ou a perder mais pe-so ainda. Tenho a meta, mas ainda não conseguiiniciar uma atividade física e, com isso, precisocomer menos ainda. Seria mais saudável e bemmenos sacrificante se estivesse praticando algu-ma.

Coloque mais uma coisinha na cabeça: emagrecer ématemática e o bom das ciências exatas é que nãotêm erro. É só comermos menos do que gastamos evamos emagrecer na mesma hora. Mais na frente, de-talho um pouco da dieta dos pontos na qual assimileitodas essas verdades como regras para minha vida.

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Mas não se engane, foi difícil. Dava desespero só empensar no caminho longo a percorrer. Então eu anula-va a sensação de desespero e pensava: "Vamos lá! Cal-ma. Mais um quilo. Para chegar lá tenho que passarpor aqui. Vou conseguir!" E com um respiro fundo co-meçava novos dias de vitória.

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CAPÍTULO6A OBESIDADE NÃO TEM CURA.TEM CONTROLE

Exatamente como os dependentes químicos. Ál-cool, drogas, tanto faz. Percebi a semelhança as-sistindo a um programa sobre recuperação dedrogados. A ânsia, o desespero, o descontrole,

a compulsão. Estavam falando de mim! É claro que osestragos que as drogas causam não têm comparaçãocom os causados pela comida. A droga é um câncer so-cial que destrói rápido. A comida é um câncer pessoalque vai nos debilitando lentamente. Mas que tambémdestrói o nosso organismo.

Mas vamos pensar um pouco nas características que un-em uma coisa a outra. Isso porque acredito que os gordos

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podem aprender e muito observando as sensações, asrecaídas. Conseguindo enxergar o quanto somos vicia-dos em comida. E todo vício precisa ser combatido co-mo tal. Algumas pessoas vão pensar: "Ai, que exagero.É louca. Tá me comparando com dependentes quími-cos?" Estou sim. Não à pessoa, mas às atitudes comrelação ao desejo e à falta de controle.

E não é para ofender ninguém. É para dar uma de-monstração clara de que a obesidade não tem cura,mas pode ser controlada. Um alcoolatra não preci-sa primeiro reconhecer que é alcoolatra para ter su-cesso em qualquer tratamento de recuperação? Osgordos também. O mais difícil para nós, gordos, éque, enquanto os alcoolatras podem se privar do ál-cool para o resto da vida, nós continuaremos co-mendo para poder viver. Vamos ter que aprender aver e não comer, mesmo quando estivermos "ma-grinhos", senão volta tudo de novo.

Mas os resultados são maravilhosos. No princípio étudo muito difícil, mas o tempo e as conquistas dãoânimo, revigoram todas as forças e nos ensinam aencontrar caminhos para seguir em frente. Quandocomecei meu processo de redução de peso, tudoera muito mais complicado. Depois que consegui meassumir como uma pessoa viciada em comida, mu-dei. Lembro que eu não conseguia entender quando,às vezes, oferecia uma guloseima qualquer ao meumarido e ele dizia que não queria. "Só uma batatinha,amor!" "Não. Quero não", ele respondia.

Aquilo me incomodava demais, porque na verdade euachava que não era normal ele não querer. Será que ele

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dizia que não queria só para implicar comigo? Meus fi-lhos chegavam perto comendo cheetos e eu dividia osaco inteiro. Quanto mais comia, mais queria. Ele nemprovava. Só vi tudo isso com os olhos certos quandome tornei gorda em recuperação. Podia ser o que fos-se. Aprendi a dizer: "Não, obrigado." O que fiz para con-trolar o desejo? No começo desviava o pensamento,depois fui me tornando mais forte e passei a não de-sejar mais tudo que via pela frente.

Como na recuperação de todo vício, é preciso con-trole. Como todo viciado, sei que posso fraquejar,voltar a comer descontroladamente e engordar. Is-so fica muito claro quando me permito comer as coi-sas das quais mais gosto. Sempre bate a vontade decomer sem parar. Não se preocupe, eu também an-tes jamais veria as coisas como vejo agora. Antesnem tinha consciência de que, se quisesse ser "ma-gra", teria que ser gorda para o resto da vida. Quan-to mais capacidade de autoconhecimento, maior osucesso, porque cada um de nós vai fraquejar, emhorários diferentes, com comidas diferentes. Mas,se tivermos consciência de que podemos perder ocontrole, temos todas as chances de conseguir noscontrolar.

Como eu disse, foi assistindo a um programa sobredrogados que minha ficha caiu. Na verdade, foi nosdepoimentos daqueles que tão arduamente tentamcombater o vício e também daqueles que consegui-ram o controle. Todas as frases, as dificuldades, as re-caídas, o descontrole emocional, a discriminação. Tu-do serviu para mim. Foi nessa hora que percebi que po-deria me manter no peso ideal para o resto da vida. Foi

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nessa hora que estabeleci na minha mente: "Magra, não.Gorda em recuperação."

As pessoas que apareciam no documentário já tinhaminiciado tratamento para sair das drogas outras vezes,já tinham conseguido por um tempo, mas estavam devolta à clínica de recuperação porque tiveram uma re-caída. Eu também. Fiz diversos tratamentos. Depoisque estava bem, magra, sempre perdia o controle to-tal e voltava a engordar. Agora chega. Vou buscar se-guir em frente com consciência, disciplina, dedica-ção e controle pelo resto da vida para não ter maismeus quilinhos de volta.

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CAPÍTULO7O COMEÇO DE TUDO

Quando comecei a fazer as primeiras loucuraspara emagrecer, não era gorda. Nossa senho-ra, se alguém tivesse conseguido me ajudar aperceber isso... Não teria hoje talvez problemas

tão sérios com o metabolismo do meu organismo, nãoteria sido internada em decorrência do uso de medica-mentos para emagrecer, não sofreria tanto de prisão deventre e não teria principalmente me sentido gorda ecom vergonha do meu corpo durante tantos anos em quefui magra e não sabia. E quantas jovens não passam pe-los mesmos sintomas e terminam colocando a saúde ea vida em risco porque não conseguem ver o quanto sãobonitas na hora em que se olham no espelho.

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No veraneio de 1992, louca para perder a gordura quenão tinha para brilhar na praia com o corpinho de mo-delo que eu nunca iria ter, comecei a minha primeiradieta. Com apenas 12 anos e talvez uns dois quilinhosa mais, tinha vergonha de tirar a canga na praia. Eume sentia feia e insegura na paquera com os garotos.Gorda mesmo. E, para completar, os seios grandesnem sequer eram moda naquele tempo. A única saí-da era emagrecer.

Para solucionar o problema, lembro que minha mãepreparava todas as minhas refeições: muita salada,carboidrato e proteína em menor quantidade. Cami-nhadas na praia todo dia. Uns três quilinhos a me-nos e eu, que precisava perder só dois, continuavame sentindo feia e gorda porque, independen-temente do peso, era essa a única imagem que euvia no espelho. A primeira dieta não teve nada deerrado. Mas também seria a única politicamente cor-reta pelos próximos 10 anos.

Aos 17 anos começaram os absurdos. O primeiro de-les foi o uso de remédios para prisão de ventre. To-mava dois. Passava a noite no banheiro e amanhe-cia "magérrima". A barriga "bem sequinha". Doce ilu-são que me rende até hoje o grave problema da pri-são de ventre, que eu nunca tinha tido e que nuncamais deixei de ter. Ainda hoje dependo do uso de me-dicamentos para fazer o intestino funcionar, mas seique essa é uma etapa que ainda preciso vencer, por-que isso não faz bem a ninguém e, se minha depen-dência hoje é fruto da irresponsabilidade do passado,imagina só o que vai dar no futuro. O pior é saber queeu tinha o mesmo peso que tenho hoje (58 quilos). Ou

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seja, não era gorda coisa nenhuma.

É claro que os laxantes não emagreciam nada, era tu-do uma doce ilusão que durava até as próximas refei-ções. Continuava magra, me sentindo gorda. É assimcom a maioria das jovens dessa nova geração tam-bém. E essa falta de amor pelo corpo que Deus nosdeu infelizmente vai fazer muitas jovens desperdiça-rem tempo e sossego com um problema que, ou nãoexiste, ou não é do tamanho que elas imaginam. E oque é pior, muitas vão procurar os caminhos "fáceis"que procurei, vão cometer os erros que cometi e vãoarriscar a vida e a saúde como eu arrisquei.

Na minha vida, a busca por emagrecer era constan-te. Com a insegurança de me sentir feia e gorda, nãodeixei passar despercebida a chegada de um remé-dio que chamou muita atenção no mercado. A pro-messa era de ser natural. "Diet Forms", o nome de-le. Sem receita médica sem nada, era só chegar àfarmácia e pedir. Comecei a "dieta". Com o medica-mento, passei a me alimentar 24 horas por dia qua-se que exclusivamente de tomate. Com uma dietadessas, perder 5 quilos foi fácil, mas não demoroumuito para começar a pagar o preço. Irritação, insô-nia, nervosismo, intolerância ao mundo. Foram al-guns meses magérrima e nervozérrima e, é claro, atal droga "natural" foi retirada do mercado.

E, como eu estava magra, passei a comer sem mepreocupar. Ora, se estava magra, porque iria fazer res-trições a comer? Passei a comer e a engordar também.Fui dos 54 kg aos 63 kg. E depois que a gente experi-menta o falso "milagre" dos remédios, fica viciado mes-

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mo. Quer facilidade, quer o milagre de ficar magro de umdia para o outro. Quer conseguir ficar sem comer. Tudoisso sem ter a menor noção do mal que tudo isso faz.

Em busca do mesmo milagre da medicação, conven-ci minha mãe a me levar para um médico que recei-tava para quem quisesse a novíssima sensação domercado: Femproporex combinado com Bromaze-pan. Era uma febre. Conheço dezenas de pessoasque fizeram uso da tal combinação de medicamen-tos e emagreceram. De todas que conheço, não háuma só que com esse recurso tenha conseguidopermanecer magra. Fizeram como eu. Drogaram-se, emagreceram e engordaram muito mais do queantes.

Fico perplexa como uma jovem que não é gordaconsegue receita para tomar drogas para emagre-cer. Será que ninguém via que eu não era gorda? Seestou dizendo que nem era gorda, também não pre-ciso dizer que fiquei magra, muito magra. Dez qui-los foram embora brincando. Mas a brincadeira eraperigosa e não demorou a começarem a apareceros sintomas mais uma vez. Desta vez bem mais for-te. Irritação, descontrole, insônia.

Aquilo sim é o retrato da expressão: "Com os nervosà flor da pele". E quando as pessoas, sem suportar mi-nha falta de humor, olhavam para mim e diziam queera o remédio, aí sim, eu virava bicho de verdade. Tu-do isso foi durante a primeira campanha política quecoordenei. Estava com 19 anos. Cheia de ideias, von-tade de trabalhar e totalmente debilitada pelo uso damedicação para emagrecer.

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Trabalho, muito trabalho e tomando os remédios. Com acombinação, não foi difícil ficar uma semana sem dor-mir. Um zumbi. Precisava organizar o dia da eleição.Quanto menos dormia, menos capacidade para qual-quer coisa. Sem tempo para nada, comendo nada, vi-brava de felicidade porque amanhecia a cada dia maismagra. Apenas água e a combinação perigosa de me-dicamentos. Na apuração dos votos, a confirmaçãoda campanha vitoriosa e eu totalmente debilitada,pedindo para ser internada. Implorando que alguémme ajudasse.

Sem condições de comemorar, não fui parar no hos-pital porque eu mesma achava que não precisava,mas hoje sei, era caso de internação. Descanseicom a ajuda de calmantes que minha família tinhaem casa e fui embora de Mossoró para Natal embusca de um pouco de paz. É claro, abandonei osremédios. Não tinha condições de me manter na-quele estado.

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CAPÍTULO8MAIS REMÉDIOS. MAIS PROBLEMAS.

Achava que não ia querer saber de medicamen-tos nunca mais na vida. Mais uma vez magra,mais uma vez achei que podia comer. Mais umavez iria ver os velhos quilinhos chegando de vol-

ta. E comia o que tinha vontade, sem informação, semnoção alguma do valor nutricional dos alimentos, sementender nada sobre as velhas "calorias". E você já sa-be no que deu. De volta aos 63 quilos. Mais dez quili-nhos para somar no engorda e emagrece da longa car-reira de "gorda sem recuperação".

Meu marido acompanhou de perto todo o estica e puxadas terríveis dietas as quais me submeti. Isso sem contar

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as dietas dos líquidos, da sopa, do vinagre, o que apare-cesse de novidade era bem vindo. Desde que começa-mos a morar juntos, no início do namoro, ele era ex-pectador das minhas irresponsabilidades. No dia donosso casamento, me sentia muuuito gorda. Mais umavez, uma gorda com 63 quilos.

É impressionante como não conseguimos ver a nos-sa imagem real no espelho. Lembro com clareza davergonha que senti na hora de tomar banho de luano pacote do "dia da noiva". E ficava imaginandoque todos do salão pensavam: "Nossa, coitadinha,vai casar tão gordinha". É um verdadeiro terror u-ma cabeça gorda. Os absurdos se revezam no pen-samento a cada segundo. Ficamos observando sealguém nos olha diferente, se aparece qualquer"banha" que julgamos ter. Isso 24 horas por dia, aténos sonhos. Pois bem, tava magra, mas casei gor-da. E não existia no mundo alguém capaz de meconvencer do contrário. Podia ter me sentido lin-da, maravilhosa e não sabia.

No mesmo ano do casamento, comecei a trabalharna televisão. Nessa época, já estava proibido asso-ciar o uso dos anfetamínicos com calmantes (tudotarja preta). Imagina aí o mal que o troço não fazia.Até procurei o médico e ele mesmo disse que a com-binação havia sido proibida. Ok. Tava proibido. Mashavia outras possibilidades. Não podia combinar o me-dicamento que inibia o apetite com calmantes, masele sem calmantes era a bola da vez.

Experimentei então a anfepramona, claro, sem cal-mantes dessa vez. Aliás, vez por outra pegava uns com-

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primidos desses medicamentos controlados com dosa-gens diferentes com alguém que tinha conseguido areceita. Não importava a dose, se dava certo para mimou não. Se tinha com quem pegar, tomava sem a me-nor responsabilidade. Era assim o tempo inteiro. Setinha uma chance, buscava a tal facilidade para ema-grecer. Como tinha começado a trabalhar na TV,quanto mais magra melhor.

Com o uso da droga, voltei a perder 10 quilos e a fi-car magéeeeeerrima, quer dizer, cadavérica. Semperceber. Um dia me deparei com uma foto e fiqueiaterrorizada. Estava magra, acabada, olhos fundos.E, no trabalho, foi meu pior desempenho como apre-sentadora de telejornal. Não conseguia apresentar,não conseguia ler sequer um dia as laudas do tele-prompter sem errar. Voltavam os mesmos sintomas.O raciocínio sem funcionar, a sensação de ter fica-do burra, incompetente, irritada... Coitado do meumarido. Choro, descontrole. Dessa vez, não escapeido internamento num pronto-socorro. Lá fui eu serinternada com mais um colapso nervoso. Doente deverdade e, é claro, depois da doença, um pouqui-nho de consciência não faz mal a ninguém.

Aliás, dessa última vez tinha colocado na cabeça u-ma desculpa ótima para comer à vontade. É melhorcomer do que morrer. Ora, não era só pela falta decomida que eu estava naquelas condições. Não eraporque estava magra. Mas me dei uma boa desculpa.Daí para frente, comer e engordar mais uma vez era u-ma questão de tempo. Pizzaria, McDonald's, Bob's,Habib's... A rainha do fast food não abria mão de nenhu-ma combinação gorda. Refrigerante diet? Para quê? Su-

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co com adoçante? Não tinha nenhum tipo de cautela."Magrinha" me iludia sem pensar na volta da gordura.

Quando me dei conta, estava com 66 quilos. Pela pri-meira vez na vida chegava aquele peso. Agora me sen-tia uma baleia literalmente. Bateu um desespero. Ma-triculei-me na academia, paguei uma grana alta nu-ma clínica de estética e engravidei. Com a cabeça degorda, estava com a faca e o queijo na mão para co-mer e comi. Respondam-me: por que nós, gordos,passamos a vida procurando uma boa desculpa pa-ra nos acabar de comer?

Foi uma gravidez sem nada de enjoo. Acordava pen-sando em comer, dormia e acordava para comer. Aúnica vez que vomitei durante esta gestação foi de-pois de um rodízio de massas. Comi até não aguen-tar. No nono mês de gravidez, estava com 83 quilos.Na gravidez, por que eu não poderia engordar? Pa-ra que me controlar? Sempre me disseram que to-da grávida come por dois. Aproveitei.

A obstetra se preocupava. Recomendou-me nutri-cionista, avisou que a gordura era risco para mim epara o bebê, mas não teve jeito. Engordei 17 quilosaté o último mês. Após o parto, um bebezão de 4 qui-los e eu fiquei gorda pela primeira vez na vida. Seten-ta e sete quilos. Nem eu, nem ninguém acreditavaque pudesse voltar a emagrecer. Foi quando encon-trei a primeira orientação sobre dietas que realmentefoi importante e esclarecedora para minha vida. Umpresente dos céus. Assisti pela TV uma entrevista sobrea Dieta dos Pontos.

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CAPÍTULO9A DIETA DOS PONTOS

Meu filho Arthur já ia fazer uns 6 meses quan-do deparei-me com a entrevista do doutor Al-fredo Halpern num programa de variedades.As palavras dele soavam como luz na minha

total falta de conhecimento sobre minha própria ali-mentação. Ele falava sobre pontos que representavam,de forma simples, o valor calórico dos alimentos e queo resultado de tudo isso era emagrecer. Fiquei entu-siasmada com a entrevista. Emagrecer sem medicamen-to. Tudo fazia muito sentido.

Corri para a internet. A lista de alimentos e seus pontos iri-am ficar disponíveis uns dias no site do programa. Hoje em

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dia, já temos tudo na internet, até calcular os pontos demaneira prática e rápida. Comecei o processo de reedu-cação alimentar. Anotei tudo que eu gostava de comer,os pontos e segui a pontuação mínima recomendadapelo médico, 300 pontos. Nem queria saber o quantopodia, queria resultados e o mínimo foi o meu ideal.Peguei um caderninho e caneta para serem meus com-panheiros e comecei a anotar tudo que comia.

Tentei traçar um cardápio que possibilitasse comero que eu gostava e, na primeira semana, notei que acoisa realmente funcionava. Comer menos do queeu gasto. Os primeiros quilos sempre vão emboramais rápido e isso me entusiasmou. Zefinha, umasenhora que trabalhava na minha casa, me ajudoupara que todas as refeições funcionassem.

Como eu estava habituada a comer muito, evitavaficar olhando a comida na mesa. Pegava meu pratoe almoçava: tomate, pepino, alface, uma xícara demacarrão, uma sobrecoxa de frango assada ao for-no e uma concha de feijão. À noite, como tinha mui-ta fome, repetia a salada, o frango e duas xícaras demacarrão. Zefinha deixava tudo pronto para que, nashoras certas, eu pudesse comer sem esperar a fomechegar. Frutas nos intervalos e, no café da manhã,pão, café com adoçante, meia fatia de presunto emeia fatia de queijo com uma ponta de faca de man-teiga ou requeijão. Como o cardápio do dia não tota-lizava os 300 pontos, tinha sempre uma sobra caso ti-vesse fome no horário mais crítico, antes de dormir.

Morava em Natal nessa época e, para minha surpresa,quando cheguei à casa dos pais do meu esposo, em For-

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taleza, e falei que estava conseguindo diminuir o pesocom as dicas do tal médico, meu sogro lembrou que ti-nha ganhado um livro dele e me presenteou. O títulotambém era estimulante: "Dessa vez eu emagreço!" Naverdade, um livro que também tinha participação deum dos pacientes do médico que finalmente encon-trou o caminho para redução do peso pela dieta.

De posse do livro, mais conhecimento, mais deter-minação e os quilinhos indo embora. O bom da die-ta dos pontos é poder adaptar o cardápio ao que gos-tamos. Por exemplo, eu adoro massas. Então minhadieta sempre tinha massas. Não gosto muito de do-ces, o mínimo de doces. E descobri que o que meengordava não era o pão em si, por exemplo. Eramos três, quatro pães, recheados com requeijão, mui-to queijo, presunto, ovo, tudo junto ficava muito maisgostoso. Gostoso e calórico também.

Descobri que emagrecer é matemática e que, se euconsumir menos que gastar, vou perder medidas.Consegui ver os alimentos como números da tal ma-temática. Algumas coisas que eu amava terminei abo-lindo da dieta. Maionese, nunca mais. A carne do al-moço foi substituída por frango preparado no forno.Imagine você que um bifinho frito pode engordar maisdo que quatro sobrecoxas de frango preparadas noforno. Meu raciocínio era: para não ficar com fome equebrar a dieta, comer mais escolhendo alimentos me-nos calóricos. Deu certo. Após quatro meses, eu tinhavoltado aos 66 quilos que estava pesando antes da gra-videz. Sempre anotando, sempre somando.

Também comia as guloseimas que eu adorava, mas com

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os números na ponta do lápis. Como gostava muito deBig Mac, às vezes me permitia, mas comia só a metade.Às vezes sorvete, mas só uma bola sem casquinha. Nãoimporta: se ainda tivermos saldo no dia, podemos co-mer seja lá o que for. Como eu gosto muito de salada,sempre era fácil economizar para comer as preferên-cias do dia a dia.

Sentia-me vitoriosa por ter perdido 10 quilos sem na-da de medicamentos. Depois de ter quase perdido ojuízo tomando remédios, estava conseguindo ema-grecer sem eles. Depois de atingir os 66 quilos, a per-da de peso começou a ficar bem mais lenta. Exata-mente nessa época, comecei a coordenar mais u-ma campanha política em Mossoró. Era o auge dasibutramina. A novidade tinha conseguido destaquerecentemente no mercado e Deus e o mundo esta-vam atrás das receitas. A promessa era de uma dro-ga finalmente diferente das anteriores, que na ver-dade mudavam de nome, mas eram todas iguais.

Resolvi arriscar para chegar ao peso desejado. Nãoprecisei tomar por muito tempo. Em apenas um mês,perdi mais três quilinhos e cheguei aos 63 quilos. Nãosenti reações de nervosismo, irritação, nada. Mas jásoube que existem relatos de muitas pessoas quesentiram efeitos negativos. Eu não senti, mas comojá estava num corpo bom, não tomei mais.

Essa foi a época em que permaneci mais tempo ma-gra. O sistema de pontos tinha me ajudado a perderpeso gradativamente e isso foi muito bom. Também es-tava muito mais consciente, mas ainda não tinha enten-dido tudo que precisava saber para controlar definitiva-

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mente o peso. Como me sentia magra, fui deixando tu-do pra lá. Deixei de contar os pontos e, aos poucos, a fal-sa magreza começou a ir embora. Foi uma época difí-cil e dificuldade sempre é mais um incentivo para co-mer. Eu ainda usava muito outra frase que nós, gordos,adoramos: "Quando estou estressada, preciso comer."

Pois bem, eu havia decidido abrir uma agência de pu-blicidade em Mossoró e vivia viajando com meu pri-mogênito, Arthur, com apenas um ano, de Mossorópara Natal e Natal para Mossoró. Distância e sofri-mento para todos. No ano seguinte, Moisés deixoutodos os trabalhos em Natal e veio para Mossoró. Fi-nalmente estávamos juntos, mas como meu mari-do demorou muito tempo para se adaptar à nova ci-dade, as dificuldades ainda continuaram por umtempo. Eu continuava engordando pouco a pouco.

Falo dos problemas porque nós, gordos, sempre nosjustificamos dizendo que comemos mais quandoestamos estressados. Não seria mais correto perdera fome com o estresse? Problemas todos temos, to-dos os dias, dos mais variados tipos. Somos prova-dos a todo instante. Precisamos aprender e crescera cada desafio. Não podemos justificar nosso des-controle com mais essa válvula de escape. Lá vamosnós darmos mais uma desculpinha para poder co-mer mais do que o exagero habitual. Como falei an-teriormente, hoje recomendo a leitura da “Nova Dietados Pontos”, editora Abril. Todo bom conhecimento éimportante para um gordo em recuperação.

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CAPÍTULO10ENGORDANDO TUDO DE NOVO

Lá vamos nós de volta à casa dos 70 quilos. Ne-nhuma roupa cabia mais. Comecei a ficar total-mente desestabilizada de novo. Esqueci que sa-bia contar os pontos, não queria nem pensar nis-

so. Minha maior e melhor arma colocada de lado. Masainda tive forças para me matricular na academia.

Ia malhar todos os dias pela manhã. As atividades físicasmelhoraram muito meu condicionamento físico, mas, co-mo eu não tinha muita determinação, para reduzir a ali-mentação, não emagrecia. O bom era que comia bem enão engordava. Os exercícios físicos são muito importan-tes para quem tem tendência a engordar. Veja bem: se

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emagrecer é matemática e precisamos comer menos doque gastamos, quanto mais gastarmos, melhor podere-mos nos alimentar.

Mas, na época, esqueci de tudo isso. Com o desespe-ro, também esqueci que os remédios faziam tantomal e, mais uma vez, fui em busca das receitas. Des-sa vez, tomei mazindol, pelo que me informei, damesma família do femproporex e da anfepramona.Não importa. Quando bate o desespero, queremosresultados rápidos, resultados fáceis. E lá fui eu er-rar tudo de novo.

Como estava fazendo atividade física todos os dias,o resultado foi mais rápido ainda. Em poucas sema-nas, a silhueta foi afinando. E os velhos problemasforam voltando também. Irritação, nervosismo. Maisuma vez ficava dia após dia com os nervos cada vezmais à flor da pele. Dessa vez, cheguei apenas aos68 quilos. Comecei a sentir fortes dores de cabeçaquando fazia exercícios aeróbicos. Desisti da acade-mia. Com o controle emocional totalmente abalado,mais uma vez desisti do medicamento também. Nãoestava muito gorda, mas me sentia horrível. Às ve-zes me deparava com uma foto e pensava: "Nossa,não estou tão gorda assim", mas no espelho a ima-gem era muito diferente.

A coisa começou a desandar de verdade em junho de2006. Fomos eu, meu marido, minha irmã e meu cu-nhado para um cruzeiro marítimo no sistema "All In-clusive", ou seja: tudo incluso. Meu Deus do céu. Nu-ma situação dessas é que a gente vê o quanto tem ca-beça de gordo. O navio era uma maravilha, mas eu não

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queria saber de muita coisa. Ficava focada no que con-seguiria comer a cada duas horas que passava.

Não pagava nada. Poderíamos comer o quanto quisés-semos. A máquina de refrigerante estava lá para be-bermos o dia todo. E eu só pensava em comer o quan-to conseguisse. Eram banquetes com muita varieda-de montados para o café da manhã. Duas horas de-pois, mais um para o lanche. Depois para o almoço,lanche da tarde, jantar no restaurante principal donavio. Acho que engordei em média um quilo pordia de viagem. Perdoem-me se estiver exagerando,porque comi tanto que, depois de lá, não tive cora-gem de subir na balança.

A coisa boa foi a importância das atividades físicas que es-tava praticando. Como o cruzeiro era para Fernando deNoronha, subimos, descemos, nadamos quase a ilha to-da e, depois de três meses de exercícios sem parar, esta-va acima do peso, sim, mas com um condicionamento fí-sico que eu mesma me admirei. Fora que, pelo menos, es-se dia em Noronha deu uma aliviada no ganho de peso daviagem.

Pois bem, sem subir na balança, sabendo que tinha engor-dado, agi como gorda que sou. Passei a não ligar para o tan-to que comia porque já tinha engordado mesmo. A viagemhavia sido no meio do ano. Em dezembro, seis meses de-pois, quando nenhuma roupa cabia mais em mim e eu pre-cisava comprar, resolvi criar coragem para fazer o que eumais temia. Ir a uma farmácia saber finalmente quanto eu es-tava pesando.

Antes de tentar achar roupas que coubessem em mim,

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fui encarar a hora da verdade. Sabia que tinha engorda-do muito, mas não sabia quanto. A balança marcou 82quilos. Eu olhava sem acreditar naquilo. Estava pesan-do quase a mesma coisa de quando fui para a mater-nidade com o meu primeiro filho. Tinha engordado 14quilos em apenas seis meses.

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CAPÍTULO11VOU ABRIR UM FAST FOOD

Já citei no início do livro que sempre fui apaixo-nada por fast foods. Publicitária, numa cidade emdesenvolvimento, resolvi fazer o que eu achavaque os empresários locais deveriam ter feito, abrir

uma lanchonete nos padrões das franquias internacio-nais. Essa foi uma das decisões mais gordas da minhavida. Em sociedade com minha mãe e irmã do meio, co-meçamos o projeto. Eu fazia as pesquisas.

Precisava comer todos os tipos de sanduíches de todos ostipos de lanchonetes para provar, conhecer, elaborar o car-dápio próprio. Para um magro, provar poderia ser comerum pedaço. Para mim, gorda, era aproveitar para comer o

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que fosse possível. Mais uma boa desculpa para comerà vontade. Provar os sanduíches que, na verdade, eu jáconhecia. Já estava gorda mesmo. Por que maneirar?

Foi justamente nessa época que, cansada de não con-seguir emagrecer, comecei a assumir postura de gor-da sem recuperação. Críticas e cobranças de todos oslados, é obvio. E, a cada cobrança, mais raiva, menosforça, menos dieta, mais gordura. Foram poucos me-ses entre a ideia e o início da obra. Em julho de 2007inauguramos o Xerife's. Aí foi que comecei a comerainda mais. Mais desculpas. Precisava provar todo ocardápio, depois que provava, precisava ver se ain-da estava bom. Comia sem a menor preocupação.Já tinha decidido que ia ser gorda mesmo!

Mas essa é uma decisão na verdade muito doloro-sa. Um dia desses, depois que recuperei o peso quequeria, meu marido me perguntou: "Amor, podemesmo alguém ser feliz gordo?" Fiz um silêncio desegundos. "Meu amor, poder, pode. Se a pessoa seaceitar, se amar, pode ser feliz de qualquer jeito, masé um desafio muito grande." Na verdade eu estavame lembrando da minha falsa felicidade enquantoestava gorda. Eu dizia que estava feliz, mas, na ver-dade, estava fugindo. Dizia que não me importava,mas, na verdade, apenas queria não me importar. Nofundo, eu sofria bastante.

Sentindo-me feia, sem roupas que caíssem bem nocorpo cada vez mais gordo, fui me desequilibrando aospoucos também. Irritada, sem amor próprio, sem rou-pa para ir trabalhar, para ficar em casa. Deixei de apre-sentar o programa na televisão porque sabia que não ti-

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nha condições de uma pessoa gorda daquele jeito apa-recer na TV. Ainda apresentei uns cerimoniais com meumarido de uns projetos da nossa agência, mas não ti-nha a menor condição.

O pior de engordar não é como os outros nos veem.Como eu disse, engordei tanto que ninguém se im-portava mais. Mas eu estava em pedaços dentro demim. Lembro que uma época tive uma crise de es-tresse parecida com as que tinha quando tomava osmedicamentos fortes para emagrecer. Chorava com-pulsivamente, totalmente desestabilizada. Minhamente e corpo em total desequilíbrio. É claro que fuiparar no hospital.

O médico que me atendeu quase me mata de rai-va. Sentei na frente dele dizendo o que estava sen-tindo e ele, sinceramente, olhou para mim e falousem a menor cerimônia: "Você está acima do peso.Nessa situação, a pessoa passa a não se gostar e écomum começar a entrar em desequilíbrio." Minharespiração ia ficando mais forte. Eu olhava para ohomem sem acreditar e ficava me perguntando: "Es-se médico é doido ou médium?"

Aí eu olhava para o crachá. Tinha ido ser atendidanum setor de emergência e o crachá dizia que eleera clínico geral. Aí era que eu pensava: "Agora deu.Nem endocrinologista ele é." Misturei sentimentos deraiva e de susto. A raiva era porque eu não queria ou-vir nada daquilo ali e o susto era porque aquele senhor,que queria mesmo me ajudar, como talvez nenhum ou-tro médico tivesse tido interesse, estava falando coisasque só eu sabia. Ele estava falando da minha alma. E ti-

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nha razão em tudo que dizia. Mas é lógico que eu, mui-to orgulhosa, não aceitava.

Espírita desde os meus 17 anos, estava afastada de tu-do, dos livros, do estudo, mas sabia que aquele homemfalava pela boca de um anjo. Na verdade, eu sentia u-ma energia diferente no que ele falava, mas ainda es-tava muito perdida para aceitar. Ele me colocou emobservação, passou uns calmantes naturais e man-dou aplicar um na veia, na hora. Eu chorava muito,parecia não ter o controle da minha própria vida. Ol-hei para o meu marido. "Meu amor, eu sei do que eupreciso. É de Deus. Vai até a livraria e compra uns li-vros espíritas para mim." Ele foi e me trouxe os li-vros. Comecei a ler ainda no hospital e a leitura iarenovando minhas forças e o meu equilíbrio.

Muitas vezes, quando estamos frente aos problemasda vida, esquecemos que a maior de todas as for-ças só Deus pode nos conceder. Não importa a reli-gião, cada um de nós precisa encontrar um ambien-te em que possa estar em sintonia com os ensina-mentos do Pai maior. Eu posso dizer que a fé é umaimportante chave para o equilíbrio e o equilíbrio é achave para tudo. Para perder peso também.

Desde que havia voltado para Mossoró ainda não ti-nha procurado uma casa espírita para continuar meusestudos. Os livros me ajudaram, mas eu estava preci-sando de uma força muito maior. Algo que me ajudas-se a encontrar a paz e a força de vontade dentro domeu coração. A essa altura os problemas se multipli-cavam na minha vida. Não conseguia ser uma boa mãe,nem uma boa esposa, nem uma boa profissional. Não

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era aquela vida que eu queria para mim. Precisava acharum caminho. Não era um caminho apenas para perderpeso, eu realmente tinha decidido ser gorda. Era um ca-minho com mais equilíbrio para a minha vida. Não sa-bia ainda que uma coisa ia levar à outra.

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CAPÍTULO12UMA CASA NO MEU CAMINHO

Eu precisava de ajuda espiritual. E, graças a Deus,sabia onde encontrar. Depois de passar em fren-te a uma casa espírita localizada bem próximoda minha casa e do meu trabalho, resolvi buscar

o auxílio de que tanto precisava. Finalmente comecei aconstruir uma estrada melhor depois que passei a fa-zer parte da Casa do Caminho. Fui retomando a vida nasminhas próprias mãos, mas ainda não estava em pazpara emagrecer. Ainda não sabia que voltaria a ter maisforças do que em toda a minha vida para isso.

Era a hora de olhar para dentro de mim mesma. Nada é poracaso. Devia haver um motivo para eu estar passando por

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tudo aquilo e, independentemente de qual fosse esse mo-tivo, era preciso parar para me conhecer melhor. Olheicom olhos para ver e de repente comecei a enxergar. Avaidade, o orgulho e, principalmente, a futilidade no ob-jetivo de emagrecer. Se não fosse totalmente vazia mi-nha intenção, eu não teria repetido dietas que prejudi-cavam a minha saúde mesmo depois de ter encontra-do o controle alimentar pela dieta dos pontos.

Fui adquirindo minha paz de volta, mas nem pensar emsubir em uma balança. Já fazia mais de seis meses queeu tinha constatado os 82 quilos e continuava engor-dando. Sem saber quanto. Em meio a tantos aconteci-mentos, tomei mais uma decisão importante. Queriaengravidar novamente. Suspendi os remédios anticon-cepcionais. Moisés achava que não era o momento eaté me perguntou como eu queria engravidar se esta-va tão acima do peso, que isso era perigoso para o be-bê. Ele tinha razão. Era um risco. Mas eu estava sen-tindo que era a hora de ter mais um filho.

Certa vez, minha irmã Amélia me abordou dizendoque eu só queria ter outro filho para esconder o quan-to estava gorda. Deu raiva de ouvir. Será que era porisso? Não podia ser. Meu sentimento materno sem-pre foi muito forte, mas devo confessar que, para u-ma gorda, a gravidez é um alívio. Deixamos de sergordas e nos tornamos grávidas.

A coisa não aconteceu no tempo que eu queria. Osmeses foram passando. Ainda não sabia meu peso,mas tinha percebido que a gordura estava mais estabi-lizada. Aparentemente, eu não estava engordando maistão rapidamente, ou não estava mais engordando, não

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sei. De qualquer forma, na minha cabeça não tinha maismesmo como engordar.

Minha mãe me deu umas roupas dela para usar. Minhatia Alcione, que tinha feito a redução de estômago, man-dou várias roupas dela para mim também e eu ia mevirando. Olhava para trás e via que tinha sido magra avida inteira me sentindo gorda. Ah, se eu pudesse vol-tar atrás. Eu iria usar biquíni na praia sem ficar comvergonha. Já imaginou? Quantos anos eu perdi?

Mas não tinha jeito. Então resolvi usar biquíni gordana praia, sem sentir vergonha. Foi um desafio. Maseu estava com as ideias e os tabus bem equilibradosna minha cabeça. Não iria perder nem mais um diade praia enrolada numa canga. Na verdade, somostão vaidosos e reparamos tanto nos outros que pas-samos o tempo inteiro preocupados com o que osoutros estão pensando ou falando sobre nós. Deixa-mos de viver preocupados com nada mais, nada me-nos do que os outros, que muitas vezes nem estãovendo que a gente existe.

Lembrei que, quando eu via uma pessoa gorda napraia caminhando só de biquíni sem nenhuma preo-cupação, eu pensava: "Ai, meu Deus, como é que temcoragem?" Ou seja, eu projetava nos outros as minhasimperfeições, os meus julgamentos. Se tinha detecta-do o erro, precisava melhorar. Parei de prestar aten-ção nos outros e resolvi tirar a canga. Gorda mesmo, edaí?

Fui para a praia com meus filhos, uns amigos e nempensei em nada. Tinha que me aceitar como era. Se ti-

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nha sido escrava da gordura todas as vezes em que esta-va magra, precisava mudar gorda mesmo. Foi uma ex-periência interessante. Mas deu certo. Procurei não pen-sar se estavam olhando, falando e cuidei apenas de medivertir. Recuperar os anos perdidos com vergonha demim. Aos poucos, fui reconhecendo meus erros e der-rubando as atitudes erradas uma a uma, com muitadeterminação e equilíbrio. Deus ainda reservava amelhor de todas as surpresas para mim.

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CAPÍTULO13UMA GRÁVIDA DIFERENTE

Em janeiro de 2008, finalmente consegui engravi-dar. Já estava angustiada com a demora, mas sa-bia que Deus estava tomando conta de tudo pa-ra mim. Confirmado o resultado do teste, não ti-

nha o que fazer. Eu ia ter que subir na balança para co-meçar o pré-natal. Mais de um ano depois que me as-sustei com os 82 quilos e nunca mais quis encarar a da-nada da balança de frente.

Na primeira consulta, subi na balança sem nenhuma no-ção do resultado. Pasmem. Estava pesando 94 quilos. Maisde um quilo por mês havia engordado no último ano. Ago-ra estava com um bebê na barriga e, levando em conside-

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ração que havia engordado 18 quilos na gestação do meuprimeiro filho, precisava de muita garra para fazer tudodiferente. Minha meta foi uma só: não vou engordarmais nada nessa gravidez.

Graças a Deus, minha cabeça já estava muito diferen-te. Ainda não tinha conseguido perceber de forma maisprofunda os detalhes que fazem nós, gordos, colocar-mos tudo a perder nas nossas dietas. Mas tinha umaarma antiga que eu sabia e que podia usar com sa-bedoria para deixar o bebê bem nutrido e não engor-dar nenhum grama que fosse: a dieta dos Pontos. Nãofiz os cálculos para perder peso, mas para manter.

Você já parou para pensar que, se não está conse-guindo fazer dieta, pode pelo menos ter cautela pa-ra não engordar ainda mais? É uma estratégia queeu recomendo, porque podemos comer em boaquantidade, vamos nos livrando dos excessos e va-mos nos preparando para reduzir de forma mais drás-tica a alimentação no futuro. Nós, gordos, sempre di-zemos: "Ah! Mas eu não consigo emagrecer!" Tudobem, mas não engorde. Já é um ótimo começo.

Passei a usar o fato de ser dona de restaurante não maiscontra mim, mas em meu favor. Somava os pontos detudo que comia e, de jeito nenhum, passava do que po-dia. Ainda tive uma sorte danada porque era uma gravi-dez com enjoo. É chatinho, mas é uma maravilha. Comiapizza, crepes, saladas, às vezes um filé à parmegiana. Masnada que passasse dos meus pontos. Só para se ter umaideia de que podemos, sim, comer sem engordar.

Para não faltar nada para o bebê, muitas frutas, legumes,

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feijão. Tudo bem pensado para não cortar nutrientes jun-to com as calorias. Independentemente da gravidez, ésempre bom pensar nisso também. Quando voltei à mé-dica no mês seguinte estava pesando menos um qui-lo. Dois meses depois, estava pesando menos dois qui-los e, no terceiro mês, quando os enjoos começarama passar, eu tinha descido dos 94 quilos para os 90.

Aquilo me empolgou. Ora, esse negócio de que mu-lher grávida tem que se acabar de comer e engordaré mentira. Mais um mito derrubado. No começo pro-curei orientação até de mais de um médico para sa-ber se aquela minha redução de peso prejudicariao bebê, mas, na verdade, a obesidade era sim omaior risco que eu corria. Eu e o bebê também.

Passaram os enjoos e eu cancelei da minha menteos tais desejos. Nem pensar! Continuei somando ecomendo com muita cautela e responsabilidade.Como era para manter, foi fácil. Faltando dois me-ses para o parto, tinha aumentado apenas um quilodo peso inicial e, na última consulta, um dia antesde Théo nascer, a balança marcou 97 quilos. Apenasquatro quilos a mais do que no início da gravidez.

Meu pequeno era enorme, pesava 3 quilos e 900 gra-mas, mesmo nascendo 20 dias antes do esperado,por causa de uma alta na minha pressão. O sobrepe-so deve ter contribuído para minha pressão sair de 12por 8 pela primeira vez na vida. Mas tudo bem. Missãocumprida. Diminuindo o peso de Théo, eu realmentenão tinha engordado nada durante a gravidez. E o ga-rotão estava ali, grande, forte, para ninguém pensar queprecisamos engordar para ter filhos saudáveis.

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Na verdade, perdi muitas medidas durante a gravidez. Orosto e os braços afinaram e eu, mesmo com um barri-gão e inchada, me sentia muito mais leve e bonita. De-pois do parto, vinha a missão de verdade. Estava pesan-do 94 quilos, no entanto tinha uma certeza. Se eu tinhaaprendido a comer da maneira correta durante os 9meses da gravidez, eu ia, sim, conseguir emagrecer.Não sabia se perderia 10, 15, 20 quilos. É difícil pensarque se tem tanto a perder. A ansiedade dava sensa-ção de desespero. Eu bloqueava o pensamento e mu-dava a sintonia: "Não importa onde vou conseguirchegar, vou ter que perder um quilo de cada vez."

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CAPÍTULO14ADEUS AOS PRIMEIROS 10 QUILOS

Nada de comer demais porque estava amamen-tando ou pela desculpa que fosse. Calculei ospontos que precisava comer para emagrecer ecomecei. Nessa época, ainda não tinha perce-

bido o quanto a balança era importante para o meucontrole de peso. Ficava sem saber se estava emagre-cendo, quanto estava emagrecendo. Como estava deresguardo, com bebê novo em casa e ainda tinha quetrabalhar desde os primeiros dias, não sobrava tempopara verificar o peso na farmácia.

Mas continuei firme na reeducação alimentar. Um cardá-pio magro e saudável, sempre em quantidade suficiente

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para não ficar com fome. No começo de dezembro, doismeses depois do nascimento de Théo, já estava pesan-do 83 quilos. Como eu não tinha balança ainda, não seidizer a velocidade em que a perda de peso aconteceudurante esse período. Mas os primeiros 10 quilos fo-ram, sem dúvida, os mais fáceis. Exatamente nessaépoca, os primeiros tabus sobre engordar começarama cair e eu, que não sabia qual era minha pretensãocom a dieta, de repente tinha uma meta.

Isso foi exatamente um ano atrás. Numa viagem coma família, encontrei com minha prima Lara, comquem tinha morado um ano quando fui estudar emFortaleza para concluir o terceiro ano colegial. Naépoca, eu tinha 17 e ela, 16 anos. Ambas pesávamos58 quilos e ambas nos achávamos gordas com aque-les corpinhos de princesas. Mais do que isso. Nósduas tínhamos tendência para engordar. E reencon-trei minha prima depois de muito tempo sem nosvermos. Quando olhei de longe, não reconheci amenininha sentada na calçada. Chamou-me a aten-ção e perguntei: "Menina de Deus, quanto você es-tá pesando?" "58 quilos", ela respondeu.

Aquela resposta mudou totalmente a minha concep-ção de mundo. Deixa explicar melhor. Eu já tinha co-locado na cabeça que, como eu já tinha 30 anos, iaemagrecer, mas nunca ia ficar com o peso de 13 ou15 anos atrás. Eu sempre ouvia isso de todo mundo."Ninguém pode querer ter o peso de quando era umaadolescente". Já tinha aceitado isso cem por cento naminha cabeça. Mas, vendo a minha prima, raciocinei:"Ela tem quase a minha idade, no passado tinha as mes-mas facilidades para engordar e hoje está com o peso

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de quando era adolescente." Parei para pensar: "Mas, es-pera aí. Se somos a mesma pessoa, temos a mesma al-tura, por que não podemos ter o mesmo peso do pas-sado?"

É claro que podemos. Não quer dizer que consigamos.Afinal de contas, o metabolismo realmente vai fican-do mais lento e não temos uma cultura de cuidado eatenção com a alimentação. Mas que pode, pode. Ea Lara estava ali na minha frente para tirar qualquerdúvida. Quando fui escrever o livro, mandei e-mailpara ela perguntando como tinha conseguido a fa-çanha. Também escrevia pedindo orientação e acom-panhamento (na medida do possível) para minhadieta, já que hoje ela é médica, com especializaçãoem endocrinologia.

Ela me explicou que começou a tomar mais cuida-do desde a sua residência em endocrinologia. Se-gundo ela, no tempo da faculdade, a alimentaçãoera desregrada, sem tempo, sem local certo para co-mer. Só depois dessa fase encontrou mais equilíbriopara controlar melhor o ganho de peso. O fato deser médica também ajudou porque a tornou maisconsciente. "Sei o que estou comendo e me aperreiose acho que estou engordando." Essa frase dela émuito importante. É fundamental saber o que esta-mos comendo, mas infelizmente pouquíssimos denós buscamos acesso a esses conhecimentos que es-tão ao alcance de todos.

Pois bem, já tinha perdido 10 quilos e agora sabia quepodia chegar onde quisesse. Mas sabia que, pesando83 quilos, não podia desejar os 58. Isso iria criar uma an-

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siedade desnecessária. Ia me fazer sentir impotente, por-que com certeza não era um milagre que aconteceriade uma hora para outra. Eu sabia que podia. E só. Dei-xei a informação guardada na mente e cuidei de traçaras estratégias para atingir meus primeiros objetivos.

Comprei minha balança. É lógico. Não podia ficar semacompanhar o que estava acontecendo. Incluí a roti-na na minha vida. Todos os dias pela manhã, ao acor-dar, conferir o peso sem roupa. No começo, eu su-bia na balança o dia inteiro, mas isso não é bom por-que, na verdade, o nosso peso varia a toda hora de-pendendo do que comemos, bebemos e isso nãonecessariamente quer dizer ganho de peso. Comoeu sabia disso, não fiquei paranoica e só considera-va o peso de quando acordava. Entretanto, erammuitos quilos. Só balança e alimentação balancea-da eram pouco, iria demorar demais. Resolvi entraro novo ano com tudo.

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CAPÍTULO15REUNINDO TODAS AS FORÇAS

Estava me sentindo forte, vitoriosa. Até ali todasas metas haviam sido alcançadas e fui perceben-do que nada é impossível. Ganhava mais forças,mais determinação. Minha amiga Virgínia esta-

va querendo perder uns quilos. Combinei com ela decomeçarmos o ano fazendo caminhadas todos os diase também um tratamento em uma clínica de estética.Queria sair urgente da casa dos 80. Virgínia tinha bemmenos a perder. Sua meta eram apenas 7 quilos.

Nos primeiros dias do ano, começaram as atividades. Meumarido virou nosso personal trainner. Todas as noites, ahora que desse, íamos caminhar quatro quilômetros. Aos

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poucos, ia mesclando as caminhadas com umas corridi-nhas. Muito fora de forma, no começo terminei sofren-do um bocado. Mas, aos poucos, ia retomando o fôle-go. Uma alimentação sempre mais leve. Mas nessa épo-ca sentia muito mais necessidade de comer do quehoje. Digo isso para tentar passar a consciência de irfazendo uma adaptação gradativa para o organismose acostumar e passar a exigir menos da gente.

Lembro que, quando terminava a caminhada, já es-tava ansiosa para comer e comia um crepe de pal-mito com catupiry, por exemplo. Dava para perderpeso, mas hoje me contento bem com minha sala-da com frango. Sem passar fome. Isso é o que vale.Os resultados da atividade física são imediatos e im-portantíssimos. Basta eu dizer que, nos dias em quedava certo, era muito mais provável ter uma redu-ção de no peso no dia seguinte. Quando não cum-pria a rotina dos exercícios, ficava estagnada no mes-mo peso por mais tempo. Virgínia também estavaacompanhando as caminhadas ao redor das praçasda Avenida Rio Branco.

Também fechamos um pacote de estética. A promes-sa era perder até 10 quilos em cinco semanas. Con-sulta médica, aromas para diminuir o apetite, inje-ções de enzimas na barriga e sessões de estética commanta e infra-red. Paralelo ao pacote também resol-vi fazer umas sessões de drenagem linfática. O pontoruim dos pacotes estéticos é o preço, que é bastantealto. O ponto bom é que voltamos nossa mente aindamais para o nosso objetivo e que realmente surgem re-sultados. No começo, eu não acreditava muito. Mas,com o decorrer do tratamento, vamos sentindo princi-

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palmente o auxílio na redução de algumas medidas.

A única coisa da orientação médica que decidi não se-guir foi o tratamento com a sibutramina. Mandei fazeros remédios, mas decidi não tomar. Estava conseguin-do comer meus 300 pontos por dia sem medicamen-tos e sem sacrifícios e os resultados estavam apare-cendo. Deixei a sibutramina de lado e continuei foca-da no meu processo de emagrecimento. Outra coisaboa do tratamento estético é que hoje tenho anota-das todas as medidas do meu corpo com 20 quilosa mais. Para ajudar a observar o tamanho que eu es-tava depois da perda de dez quilos.

Comecei o processo com 83,3kg. Perdi quase trêsquilos na primeira semana, pouco mais de um qui-lo na segunda, seiscentos gramas na terceira e no-vecentos gramas na quarta. Ao todo foram cinco qui-los e meio perdidos em um mês. Não eram os dezque eu estava sonhando, mas tinha conseguido des-cer para a casa dos 70 quilos. Mais precisamente 77,8kg. Vejam que, na primeira semana, perdi muito maispeso, o que é natural em toda dieta. Na segunda se-mana, bateu um desânimo. Só seiscentos gramas?Mas mudei o foco do que tava me abatendo. Esperaaí, se perdi só isso fazendo isso tudo, imagina aí senão tivesse feito nada?

Muito ou pouco. Não importava. Comecei a contabi-lizar apenas o mais importante: estava sempre dimi-nuindo. Isso é que era importante. Os resultados de Vir-gínia foram diferentes do meu. Como eu estava maisgorda, perdi mais. Ela perdeu um pouco menos. Aprox-imou-se da redução de quatro quilos ao final do trata-

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mento. Embora 3 quilos e meio fossem menos, significa-va muito mais para ela, que precisava perder 7 quilos,do que para mim, que ainda tinha uns vinte quilos pe-la frente. Na alimentação ela também tinha seguido adieta dos pontos.

Sem achar viável financeiramente continuar com assessões estéticas, segui durante os outros meses semelas mesmo. Também não consegui continuar a ati-vidade física. Como conseqüência, precisei diminuirainda mais a quantidade de calorias ingeridas a ca-da dia. A cada mês, menos peso. Em março, um mêsdepois do final do tratamento estético, estava com75,4 quilos, dois quilos e quatrocentos gramas a me-nos desta vez.

Foi durante esse mesmo mês que decidi fazer o s-pa urbano de três dias que citei anteriormente co-mo uma experiência que não recomendo. Ao finaldo SPA, estava com 72,5 kg. Foi a única vez em quenão consegui manter o peso adquirido. Nos dois diasseguintes, voltei para a casa dos 73 quilos, onde memantive. O saldo do spa foi de menos um quilo naverdade. Pelo desgaste e estresse dos dias seguin-tes, julguei que não valia. Foram dois dias de dietascom pouquíssimas calorias.

Eu ia contando o que me davam para comer assus-tada. Eram pouquíssimas calorias. Já no segundo dia,eu não conseguia fazer os exercícios. No terceiro e úl-timo dia, estava explodindo de dor de cabeça. Depoisdo spa, pensei em comer desesperadamente pela pri-meira vez. Pedi forças e controle a Deus. Demorou unstrês dias para eu conseguir recuperar o equilíbrio. E di-

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go que só consegui evitar a compulsão de comer porquetinha total consciência do que estava acontecendo.

Tinha ido para o spa com toda a família. Mamãe, mi-nhas duas irmãs e duas tias que tinham vindo de For-taleza para participar. Uma das minhas tias passou ofinal de semana inteiro no banheiro depois de ingerirum chá preto. Ela foi uma das recordistas em perdade peso. Fiquei com aquilo na cabeça. Como podealguém não perder peso dessa forma? A questão éque o organismo vai precisar repor o líquido perdi-do e aí a mágica se desfaz. Não recomendo buscaresse ou qualquer outro tipo de alternativa que pro-ponha um emagrecimento quase milagroso. Os qui-los vão voltar mais rápido do que se imagina.

Como falei, recuperei um quilo. Fiquei chateada,mas sabia que precisava seguir em frente. No iníciode maio, três meses depois do final do primeiro tra-tamento estético, tinha conseguido chegar aos 70,7quilos. Mais sete quilos a menos e uma nova metapara acelerar um pouco mais a perda de peso parauma viagem com o maridão. Precisava estar lindapara encarar a segunda lua de mel.

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CAPÍTULO16CORPO EM DIA PARA A LUA DE MEL

Eu tinha apenas vinte dias para viajar para Gra-mado com meu amado e estava decidida: ia sairda casa dos 70 quilos. A perda de peso, é claro,vai ficando mais lenta e, como não voltei a me

exercitar, precisava cumprir uma dieta com muitas res-trições para conseguir emagrecer. O metabolismo docorpo não é dos melhores. Já deu para sentir isso sóobservando a quantidade que preciso comer para po-der emagrecer. Menos do que o que é recomendado.

Resolvi intensificar tudo de novo. De volta ao médico, acei-tei a sibutramina. Reiniciei um novo pacote estético queincluía inclusive carboxiterapia. Um gás injetado no corpo

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contra a gordura localizada que dói até na alma. Tudo nabarriga. Sentia diferença. Intensifiquei os tratamentos naregião do abdômen e, com a medicação, consegui cor-tar todos os excessos da alimentação. Mantive os nu-trientes, que já não eram muitos, mas como já estavaacostumada a comer de forma equilibrada, julgo quea sibutramina foi de certa forma uma boa aliada.

Cortei os chocolates costumeiros após as refeiçõese outras poucas guloseimas que faziam parte do diaa dia. Com o corte dessas calorias, foram emboramais dois quilos em vinte dias. Mas o que achei maisinteressante foi a redução das medidas. Com as ses-sões de estética constantes cheguei a perder muitomais medidas do que no pacote anterior, que nãopriorizava o combate a gordura localizada. Senti queesses dois últimos quilos deram uma afinada na mi-nha silhueta. Embarquei com meu marido para Gra-mado com 68,5 quilos.

Já estava muito mais perto do meu objetivo. Em pen-sar que oito meses antes eu estava com 94 quilos. Eujá era outra pessoa. As roupas do guarda-roupa fo-ram sendo trocadas aos poucos. No início, depois deperder os primeiros dez quilos, lembro que me ani-mei e fui tentar comprar uma calça jeans. Achava quejá estava usando 46. Que nada. Nenhuma calça entra-va em mim. Só se salvou uma calça 48, na seção dosobesos. É terrível tentar comprar roupa quando se es-tá com muito peso. Não existem modelos, nem opções.Temos que nos contentar com o que tiver e pronto.

Mas as coisas estavam mudando rapidamente. Agora,as calças 42 que eu havia comprado estavam ficando

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folgadas para viajar. Consegui inclusive roupas de frio depessoas magras emprestadas que couberam em mim.Nem acreditava. Contudo eu sabia que a viagem ia soarcomo um grande desafio. Como gorda em recupera-ção, eu teria que viajar e comer com consciência. Coi-sa que eu nunca tinha feito na vida. Não sei o porquê,mas para nós, gordos, viagem é sempre sinônimo deoportunidade para comer.

Sabia que seria uma prova de fogo e, o que era pior,não ia levar a balança. Seríamos apenas eu e a mi-nha consciência. A meta era voltar sem engordar ne-nhum grama. Nada de dieta, no sentido de não co-mer isso ou aquilo. Mas jamais comer só por comer.O café da manhã dos hotéis, por exemplo, é umaterrível tentação para nós, gordos. Queremos comercomo se aquela refeição fosse para garantir o almo-ço. Mas deu certo. Esqueci as coisas que eu gosto ecomi as que precisava. Salada de frutas, dois pãezi-nhos pequenos com queijo e presunto, estava bom.Não é porque o café da manhã é "de graça" que pre-cisamos comer como se estivéssemos passando fo-me, não é mesmo?

Se ia almoçar fora, tudo bem, pedia uma salada. E,com a economia de calorias, almoçava com uma ta-ça de vinho, comia chocolates... Fomos a um jantarcom rodízio de fondue, rodízio numa churrascariagaúcha... Enfim, fomos, mas eu não comi mais do queera necessário. Até um sanduíche bem calórico entrouno cardápio. Claro que comi só a metade. Lembro que,em uma das noites, Moisés pediu um filé à parmegia-na no quarto e deixou quase todo no prato. Fiquei olhan-do para a comida ali e me toquei que, se fosse em ou-

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tros tempos, eu ia sentar e comer só porque estava so-brando. Tive até vontade de provar, mas não provei. Sa-bia bem como era o gosto de um filé à parmegiana enão ia aceitar essa desculpa para comer depois de játer jantado. Ainda mais um troço calórico daqueles.

Alguns fatores me deixavam preocupada. Eu havia sus-pendido a sibutramina antes de viajar, tinha comidodurante a viagem um pouco mais do que nos mesesanteriores e estava há quatro dias sem me pesar. Eutinha tomado cuidado, mas depois de tantas taças devinhos, muitos chocolates, estava apreensiva para sa-ber se voltaria mais pesada para casa. Logo eu, quedesembestei a engordar depois de uma viagem emum cruzeiro. Moisés também já tinha me pergunta-do: "Será que você engordou, amor?" Eu, insegura,respondia: "Por quê? Você está me achando maisgorda?"

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CAPÍTULO17OS ÚLTIMOS QUILOS SÃO SEMPRE OS MAIS DIFÍCEIS

Muitas saudades das crianças. Antecipamos o vooe voltamos um dia antes. Pegamos os peque-nos em Fortaleza, na casa dos avós, e voltamospara Mossoró. Fui direto procurar minha ba-

lança. Não era a hora ideal do dia para me pesar, masprecisava saber. Tinha ou não conseguido não engordardurante os quatro dias de viagem? Se tivesse consegui-do, ia obter ainda mais força. Mas, se não tivesse conse-guido? Meu Deus! Ainda seria uma gorda sem recupera-ção. "Por que eu não contei bem direitinho os pontos doque estava comendo?", perguntava-me ansiosa.

Não havia contado as calorias, mas, na verdade, a noção e a

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soma vão ficando automáticos na nossa cabeça. Subi nabalança. 68,3 quilos. Olhei uns segundos para aqueles nú-meros para assimilar. Não acreditei. Não apenas tinha con-seguido manter o peso como estava pesando duzentosgramas a menos. Gritei como uma criança: "Amoooorr!Não engordei! Não engordei!" Meu marido achava, oumelhor, tinha quase certeza de que eu tinha engordadopelo menos um quilinho. Mesmo me vendo ter cuida-do, comer com controle, no fundo até ele tinha medo.Não mais do que eu, é claro. Aí aproveitei: "Tá vendo?Você pensando que eu tinha engordado! Bem feito pa-ra você", provoquei, sorrindo na verdade.

Essas vitórias dão uma garra danada. Nos meses se-guintes, continuei uma boa gorda em recuperaçãoe cheguei aos 59 quilos. Trinta quilos em apenas 10meses. Números tão altos que parecem brincadei-ra. Não achava que seria tão rápido. De repente, vol-tei a caber nas velhas calças 38. Finalmente estavadentro do meu peso ideal. Apenas um quilo para mi-nha meta limite. Será que precisava mesmo chegaraos 58?

Alguns pensamentos começaram a martelar minhacabeça. Será que está bom? Será que preciso conti-nuar? Como estava num peso legal, resolvi dar umatreguazinha ao meu corpo enquanto decidia. Até por-que a balança parecia ter empacado nos 63. Conti-nuava comendo as mesmas coisas, pouquíssimas ca-lorias por dia, mas nada de o peso diminuir. Mais umavez não importava. Tinha que continuar fazendo a mi-nha parte e ter paciência.

Vendo a resistência do organismo, fui mantendo o peso

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enquanto decidia. Para manter, nada de abandonar os há-bitos adquiridos. Nada de abandonar as saladas, nada deavançar nas frituras. Manter o peso sendo uma gorda emrecuperação é saber que o trabalho não acaba nunca.Conferir o peso todos os dias. E o bom era que podiacomer um pouco mais. Estava tudo indo bem, até quemeu bebê de um ano pegou minha balança e quebroujogando no chão. Não tinha mais como me pesar.

Como essa coisa de comer um pouco mais é sempreum perigo, para manter o peso é que precisamos mes-mo de fiscalização. Pois bem, certo dia ganhei umbolo e confesso que não comi ele de uma vez, mas,sempre que podia, comia um pedacinho. Percebi quehavia comido calorias a mais nos últimos dias e par-ti para comprar uma nova balança. Era recente, mas,com as últimas extravagâncias, aumentei um quilo.

Podia parecer pouco, mas da mesma forma que secomeça a perder com um, se começa a ganhar. Fo-ra de cogitação. Depois de quase três meses apenasmantendo o peso, estava decidido: voltar à dieta etentar chegar aos 58 quilos. Achei que, com o des-canso ao corpo, seria mais fácil voltar a perder pesoe estava certa. Em pouco mais de duas semanas,consegui ver o 61 aparecer na minha balança. A ca-da número que vai embora, a certeza de que, se memantiver com a consciência de que sou uma gordaem recuperação, tudo vai dar certo. Poucos meses de-pois, vi a balança marcar a casa dos 58 quilos. Meu ân-imo renovou-se com o grupo Gordas em Recuperação.Somos dez gordas em busca do peso ideal, mas isso éoutra história que vai render um novo livro com novaslições que estamos descobrindo.

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Outro dia minha mãe me indagou: "E se você voltar a en-gordar?" Tentei esclarecer: "Mãe, não digo que sou umagorda em recuperação alegando que não vou nuncamais engordar. Sou porque vou ter que enfrentar esserisco todos os dias da minha vida." A diferença é queeu sei que minha gordura não tem cura e essa cons-ciência é a única coisa que pode me ajudar a mantê-la sob controle. Tenho conseguido bons resultadosdesde que engravidei e isso já somam dois anos semganho de quilo nenhum.

Não apenas emagreci, mas há dois anos consigomanter uma outra sintonia. Essa é a maior vitória pa-ra mim. Vou concluir esse livro com o peso que ide-alizei. O peso dos meus 17 anos de idade. Minha no-va meta é conseguir tonificar a musculatura e mel-horar meu corpo sem o “milagre” das cirurgias.

Quer emagrecer com tudo que tem direito? Mexa-se. Se for impossível começar uma academia, tam-bém não vá se acomodar e dizer que está engordan-do ou que não emagrece por causa disso. Está lem-brando, né? Nós, gordos, somos experts em descul-pas para engordar e também para não conseguiremagrecer. Se nós mesmos continuarmos caindo ne-las, não vai ter jeito. Melhor do que ficar criando des-culpas para engordar é nos concentrar nas infinitasvitórias que vamos colhendo a cada quilo deixado pa-ra trás.

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CAPÍTULO18QUANTA COISA PODE MUDAR

Vergonha de sair de casa, insegurança na hora detirar a roupa na frente do marido ou namorado,falta de amor próprio, depressão. Aquele deses-pero por notar que não é mais tão fácil emagre-

cer como antigamente. Não precisamos passar o restoda vida escravizados por essas sensações. Podemos vi-rar o jogo e vamos virar. Não digo virar o jogo por con-seguir emagrecer, isso qualquer gordo sempre conse-gue. Virar o jogo por não engordar nunca mais.

Tanto faz se temos 36 quilos a perder ou três. Se cada vezque chegamos ao nosso objetivo voltamos a engordar, pre-cisamos nos tornar gordos em recuperação. Atentos, vigi-

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lantes e bem sucedidos. Comer é bom demais? É nada.Bom mesmo é estarmos confiantes, sexys, equilibrados,cheios de energia para viver. Se não sentimos nada dis-so quando engordamos, porque vamos insistir em sen-tir quando comemos?

Vamos comprar uma calça jeans justinha hoje sem ainsegurança de que ela não caiba mais amanhã. Po-demos ter o controle de nós mesmos e, com o pas-sar do tempo, o que era difícil vai se tornando cadavez mais natural. Na minha vida, muita coisa mudouem todos os aspectos. Saio de casa todos os dias mesentindo linda. Não desejo comer tudo que vejo. Nãofico sonhando ou pensando em comida o dia intei-ro e o meu marido me faz sentir a mulher mais lin-da, desejada e feliz do mundo.

Vamos colocar a cabeça no lugar e nos transformar.Jamais conseguiremos realizar esse verdadeiro mi-lagre interior por causa da cobrança das pessoas ouda vergonha de ser gorda. Mas tudo fica fácil quan-do conseguimos esquecer o mundo ao nosso redore valorizamos apenas a nossa força interior. Pode-mos tudo que queremos, mas não podemos jamaisnos iludir achando que vai ser só conseguir e pron-to. Para sermos vitoriosos, teremos de ser vigilantesquanto as nossas atitudes e pensamentos de gordoeternamente.

No meu caso, as forças que eram necessárias no co-meço, para resistir, foram dando lugar à tranquilidadepara não desejar. Não estou feliz porque consegui. Es-tou feliz porque sei que, se quiser conseguir de verda-de, não poderei desistir nunca. Vou ter que passar o res-

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to da vida observando e comendo de forma regrada? Vou.Isso me assusta? Não. É uma maravilha! Uma felicida-de! O que me assustava mesmo era o meu passado de-sequilibrado e inconstante de gorda sem recuperação.

A mudança é agora. Ela já está acontecendo. Vamospegar nossa balança, calcular o quanto podemos co-mer, anotar e somar o quanto estamos comendo eestudar o valor calórico dos alimentos. Não tem er-ro. É só comermos menos do que gastamos e come-morar os quilos indo embora. Apagar da mente ospensamentos e desejos equivocados. Começar umaatividade física, fazer um tratamento em clínica deestética, consultar um médico especialista, um nu-tricionista. Usemos todas as armas disponíveis atéaprendermos a caminhar sozinhos. Nunca nos es-queçamos de perder peso com saúde.

É muito provável que alguns comecem e fraquejem.Mas não desanimem. Nossa dieta não acaba quandofraquejamos e comemos o que não devemos. Ela sófracassa de verdade quando desistimos após fraque-jar. Sigamos determinados com todas as nossas ar-mas. Somos gordos em recuperação. Consciência, dis-ciplina e determinação pelo resto da vida ou os quilosde volta. Quem é gordo não tem outra escolha. Agoraé com você. Chegou a hora de fazer acontecer.

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EXTRAS

OS 16 MANDAMENTOS D0 GORDO EM RECUPERAÇÃO

MANDAMENTO 01 – ACEITAR QUE É GORDO.Vencer o próprio preconceito para poder aceitar evencer as limitações orgânicas que independente-mente do peso, terá pelo resto da vida.

MANDAMENTO 02 – TER CONSCIÊNCIA DE QUE AFACILIDADE PARA ENGORDAR NÃO TEM CURA.A facilidade para engordar depende de fatores di-versos que não têm cura, mas que podem ter con-trole. Quem não aceita isso perde peso, mas logovolta a engordar.

MANDAMENTO 03 – MONITORAR O PESO EM UMABALANÇA DIARIAMENTE O ganho ou perda de peso são diários por isso todogordo precisa aprender a ser amigo fiel da balança.Esperar uma semana para se pesar pode significarum quilo a mais que você podia ter controlado quan-do eram apenas alguns gramas.

MANDAMENTO 04 – ESTUDAR OS ALIMENTOS E SEUVALOR CALÓRICO PARA NÃO CAIR EM ARMADILHASConhecer os alimentos e suas calorias é fundamentalpara pararmos de dizer que engordamos sem comernada. Recomendamos a “Nova Dieta dos Pontos” livroda Editora Abril, de autoria do doutor Alfredo Halpern.

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MANDAMENTO 05 – ANOTAR O QUE COME SOMANDOO VALOR DE PONTOS DIARIAMENTENão basta ter consciência, é preciso disciplina. Em ca-derno ou agenda anote diariamente o seu peso do dia,os pontos ou calorias que ingerir, somando o valor quenão deverá ultrapassar o seu limite de pontos ou decalorias diário.

MANDAMENTO 06 – ANOTAR TODOS OS DIAS OSPENSAMENTOS E ATITUDES DE GORDO.Um gordo em recuperação precisa conhecer as ar-madilhas impostas pelos próprios pensamentos e ati-tudes. Por isso deve anotar atrás da página dos ali-mentos que ingeriu durante o dia, os seus pensa-mentos e atitudes de gordo.

MANDAMENTO 07 – ACABAR COM TODOS OS PEN-SAMENTOS DE GORDO.Depois de identificar e reconhecer os milhares depensamentos de gordo da sua vida, chegou a horade mudar a sintonia de todos esses pensamentos.Essa é uma das tarefas mais desafiadoras.

MANDAMENTO 08 – NÃO PASSAR O DIA INTEIRO IN-VENTANDO DESCULPAS PARA PODER COMER.Para um gordo tudo é desculpa para comer desespe-radamente. Está estressado, está doente, está commuito trabalho para fazer, não pode ser chato e dizeraos outros que está de dieta. Não importa. Acabe comtodas as desculpas.

MANDAMENTO 09 – NÃO DEIXAR-SE ABATER PELAS CO-BRANÇAS DAS PESSOAS COM AS QUAIS CONVIVEMOS.

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As pessoas ao nosso redor não entendem, não respeitam,nos cobram e o resultado é que elas acabam com o nossoequilíbrio. Desequilibrados, temos tendência a nos dar maisdesculpas para comer. Não absorva a opinião dos outros.

MANDAMENTO 10 – TER FORÇA DE VONTADE PARARESISTIR AOS MOMENTOS DE COMPULSÃO.A compulsão não vai embora de uma hora para ou-tra. É preciso paciência para trabalhá-la. Por isso quan-do o coração acelerar, a boca se encher de água, amente desesperadamente pensar na comida, nãocoma. Espere o desespero passar. Se acalme. Voltea ter o controle da situação.

MANDAMENTO 11 – SE COMETER UM DESLIZE, VOL-TAR IMEDIATAMENTE AO CAMINHO CERTOMuitas vezes perdemos o controle e comemos, de-pois comemos mais ainda porque já tínhamos co-mido. E a atitude vira uma bola de neve que podenos engordar bons quilos em poucos dias. Se per-dermos o controle e comermos mais do que devería-mos hoje, vamos nos perdoar e recuperar amanhã.

MANDAMENTO 12 – MUDAR OS HÁBITOS DE VIVERATRÁS DE COMIDAAbrir a geladeira, o armário, ficar mastigando o diainteiro. É preciso mudar os hábitos de ficar na colada comida. Não é fome. A vontade errada passa.

MANDAMENTO 13 – AGUENTAR O SOFRIMENTO DAABSTINÊNCIA DE COMIDAA mudança é lenta e não atingiremos o equilíbrio senão estivermos dispostos a superar o sofrimento. Pode-

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MAGRA? NÃO! GORDA EM RECUPERAÇÃO

mos chegar ao ponto de termos pena de nós mesmosporque estamos passando fome. Nessa fase ainda nãoconseguiremos distinguir fome e vontade de comer.

MANDAMENTO 14 – FAZER ATIVIDADE FÍSICA, MESMOQUE SEJA O MÍNIMO POSSÍVEL. SEM DESISTIR DEPOISDE DOIS DIAS DE FALTA.O exercício é muito importante. Meia hora que seja,os dias da semana que forem possíveis. Façamos aospoucos sem nos cobrar e vamos tendo paciência pa-ra nos adaptar. Sempre como a dieta, sem desistir.

MANDAMENTO 15 – VIVER UM DIA DE CADA VEZ, UMAVITÓRIA A CADA DIA, COM TODA A PACIÊNCIA.Umas semanas se perdem mais quilos, outras me-nos, outras nenhum. Em outras é preciso diminuirainda mais a quantidade de calorias ingeridas ouaumentar o gasto em atividades físicas. Comemorepequenas vitórias, mudanças de conduta, cada de-talhe conquistado com muita paciência é fundamen-tal para o resultado desejado.

MANDAMENTO 16 – CONTINUAR COM TODA A DE-TERMINAÇÃO MESMO DEPOIS DE TER ATINGIDO OPESO SONHADO.Nessa fase, todos dirão que você está magro, que já po-de comer um pouco mais e por isso será preciso equi-líbrio como nunca porque tudo que nós gordos quere-mos é ficar “magros” para poder voltar a comer e por is-so engordamos tudo de volta. Se você é um gordo em re-cuperação continuará se pesando, tendo controle do quecome, se exercitando, sem aumentar nem um quilinho.Não esqueça: “Magros? Não. Gordos em Recuperação.

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