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19 MILITARY REVIEW Setembro-Outubro 2008 Q UINTA-FEIRA, 1º de setembro de 2005, a 2ª Brigada da 1ª Divisão de Cavalaria se colocou em posição de alerta para desdobrar-se para Nova Orleans com a finalidade de ajudar nas operações de auxílio humanitário após o furacão Katrina. A Brigada Black Jack, ao desdobrar-se depois de um ano de serviço no Iraque, havia perdido um número considerável de oficiais e soldados alistados devido às designações para novos cargos depois do seu emprego. Como resultado, grande parte dos membros do estado-maior eram novos e sem conhecimento dos procedimentos padronizados de operações. Além disso, a brigada se submetia a uma transição para tornar-se modular, a qual envolvia uma reorganização estrutural total e redistribuição de pessoal e equipamento. Não obstante, o elemento da vanguarda da brigada — o 1º Batalhão do 5° Regimento de Cavalaria — se desdobrou em três de setembro. Os elementos restantes da brigada se desdobraram totalmente na unidade de Atividade de Suporte Naval, em Nova Orleans, em seis de setembro de 2005. A brigada operava sob o controle operacional da 82ª Divisão Aerotransportada e o distrito de Algiers, da cidade de Nova Orleans, foi designado como sua área de responsabilidade. Apesar de o distrito ter sofrido graves danos devido aos vendavais e à perda de serviços essenciais, a localidade não sofreu a inundação que devastou as áreas setentrionais de Nova Orleans. Estrutura Operacional Em Bagdá, a 1ª Divisão de Cavalaria desenvolveu uma estratégia de contra-insurgência com cinco específicas linhas lógicas de operações: as operações de combate, forças de segurança iraquianas, serviços essenciais, governabilidade local e a recuperação econômica. Todas as cinco foram executadas simultaneamente e no contexto de um grande programa de operações de informação. A mesma estrutura operacional serviu como base para o conceito da Brigada Black Jack para a realização de operações de auxílio após o furacão Katrina, embora a mesma fosse modificada para que pudesse se enquadrar num ambiente interno parcialmente liberado e considerar os limites constitucionais sob o Ato 10 da Codificação Normativa dos EUA. Essa lei impede qualquer integrante das Forças Armadas (EUA) de levar a cabo operações policiais dentro do território nacional dos EUA, a menos que o presidente tenha decretado a lei marcial e suspenso a Lei de Posse Comitatus. Nenhum desses pré-requisitos necessários ocorreu; então a brigada modificou sua estrutura de acordo com esta realidade com o objetivo de incluir — • Operações de apoio. • Autoridades civis e governo local. • Serviços essenciais. O Major Michael C. Donahue é o oficial responsável pelo planejamento de operações futuras designado na 4ª Divisão de Infantaria, atualmente desdobrado em apoio à Operação Iraqi Freedom. Possui o título de Bacharel pela Academia Militar dos EUA e o de Mestrado pela Universidade de Boston e pela Escola Superior de Guerra Naval. Serviu em posições de comando e estado-maior no Iraque, Alemanha e no território continental dos EUA. Foi enviado a Nova Orleans, conjuntamente com a 1ª Divisão de Cavalaria, depois do furacão Katrina no ano 2005. Major Michael C. Donahue, Exército dos EUA FOTO: Uma porta marcada indica que, em 13 de setembro, o 505° Regimento de Pára-quedistas de Infantaria da 3ª Equipe de Combate de Brigada não descobriu nenhum morador ou animal nesta residência, localizada no distrito de Algiers, em Nova Orleans. Esta equipe foi desdobrada como parte da Força-Tarefa Conjunta Katrina, cuja missão foi de apoiar os esforços de socorro para desastres da Agência Federal para o Controle de Emergências nas áreas costeiras devastadas pelo furacão Katrina. (Força Aérea dos EUA, Sargento Jacob N. Bailey)

Major Michael C. Donahue, Exército dos EUA Q · operações de combate, forças de segurança ... então a brigada modificou sua estrutura de acordo com esta ... cabo patrulhas montadas

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19Military review Setembro-Outubro 2008

Q uinta-feira, 1º de setembro de 2005, a 2ª Brigada da 1ª Divisão de Cavalaria se colocou em posição de alerta para desdobrar-se para nova Orleans com a finalidade de ajudar

nas operações de auxílio humanitário após o furacão Katrina. a Brigada Black Jack, ao desdobrar-se depois de um ano de serviço no iraque, havia perdido um número considerável de oficiais e soldados alistados devido às designações para novos cargos depois do seu emprego. Como resultado, grande parte dos membros do estado-maior eram novos e sem conhecimento dos procedimentos padronizados de operações. além disso, a brigada se submetia a uma transição para tornar-se modular, a qual envolvia uma reorganização estrutural total e redistribuição de pessoal e equipamento. não obstante, o elemento da vanguarda da brigada — o 1º Batalhão do 5° regimento de Cavalaria — se desdobrou em três de setembro. Os elementos restantes da brigada se desdobraram totalmente na unidade de atividade de Suporte naval, em nova Orleans, em seis de setembro de 2005.

a brigada operava sob o controle operacional da 82ª Divisão aerotransportada e o distrito de algiers, da cidade de nova Orleans, foi designado como sua área de responsabilidade. apesar de o distrito ter sofrido graves danos devido aos vendavais e à perda de serviços essenciais, a localidade não sofreu a inundação que devastou as áreas setentrionais de nova Orleans.

Estrutura Operacionalem Bagdá, a 1ª Divisão de Cavalaria desenvolveu uma estratégia de

contra-insurgência com cinco específicas linhas lógicas de operações: as operações de combate, forças de segurança iraquianas, serviços essenciais, governabilidade local e a recuperação econômica. todas as cinco foram executadas simultaneamente e no contexto de um grande programa de operações de informação. a mesma estrutura operacional serviu como base para o conceito da Brigada Black Jack para a realização de operações de auxílio após o furacão Katrina, embora a mesma fosse modificada para que pudesse se enquadrar num ambiente interno parcialmente liberado e considerar os limites constitucionais sob o ato 10 da Codificação normativa dos eua. essa lei impede qualquer integrante das forças armadas (eua) de levar a cabo operações policiais dentro do território nacional dos eua, a menos que o presidente tenha decretado a lei marcial e suspenso a Lei de Posse Comitatus. nenhum desses pré-requisitos necessários ocorreu; então a brigada modificou sua estrutura de acordo com esta realidade com o objetivo de incluir — •  Operações de apoio.•  Autoridades civis e governo local.•  Serviços essenciais.

O Major Michael C. Donahue é o oficial responsável pelo planejamento de operações futuras designado na 4ª Divisão de Infantaria, atualmente desdobrado em apoio à Operação iraqi freedom. Possui o título de Bacharel pela Academia Militar dos EUA e o de Mestrado pela Universidade de Boston e pela Escola Superior de Guerra Naval. Serviu em posições de comando e estado-maior no Iraque, Alemanha e no território continental dos EUA. Foi enviado a Nova Orleans, conjuntamente com a 1ª Divisão de Cavalaria, depois do furacão Katrina no ano 2005.

Major Michael C. Donahue, Exército dos EUA

FOTO: Uma porta marcada indica que, em 13 de setembro, o 505° Regimento de Pára-quedistas de Infantaria da 3ª Equipe de Combate de Brigada não descobriu nenhum morador ou animal nesta residência, localizada no distrito de Algiers, em Nova Orleans. Esta equipe foi desdobrada como parte da Força-Tarefa Conjunta Katrina, cuja missão foi de apoiar os esforços de socorro para desastres da Agência Federal para o Controle de Emergências nas áreas costeiras devastadas pelo furacão Katrina. (Força Aérea dos EUA, Sargento Jacob N. Bailey)

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novamente, todas as linhas de operações funcionaram dentro do contexto de uma campanha de operações de informação global, que facilitou a missão e ajudou a informar líderes municipais sobre as capacidades da brigada. O estágio final desejado em nova Orleans, tal como no iraque, era um ambiente estável no qual as autoridades locais poderiam assumir o controle novamente. Somente então, poderia a brigada desdobrar-se novamente no forte Hood para realizar a transformação modular.

Objetivos Previstos e Estágios Finais

Para determinar o que significaria “missão cumprida” em algiers, a brigada Black Jack tinha que chegar a um acordo não somente com o quartel-general superior, neste caso o da 82ª Divisão aerotransportada, mas também com os funcionários municipais de nova Orleans. a relação profissional que o comandante da brigada formou com os funcionários municipais, tal como com a intendente municipal, Jackie Clarkson, provou ser crucial. O estado-maior

da brigada reuniu diariamente a intendente municipal com o Capitão David Kirsch, chefe do 4º Distrito Policial de nova Orleans (NOPD). estas reuniões permitiram aos líderes da brigada e do município desenvolver os objetivos gerais que satisfizeram os critérios de ambos.

esses objetivos incluíram:•  A  lei  e  a  ordem  instituídas  com  ajuda 

militar e, no estágio final, preservadas pelas autoridades civis.•  Principais buscas por evacuados completadas 

e, no estágio final, buscas secundárias dentro da capacidade das autoridades civis.•  Energia  restabelecida  em  100%  dos 

serviços essenciais e 75% da comunidade em geral.•  A  disponibilidade  de  água  potável  por 

todas as partes do distrito e, no estágio final, a capacidade das autoridades civis de garantir a pureza da mesma.•  Todas  as  estradas  e  infra-estruturas 

essenciais limpas de escombros.•  Descarga de  lixo  semanal e  itinerário de 

coleta em vigor.

Um Bobcat do Exército dos EUA remove os escombros produzidos pelo furacão Katrina das ruas de Algiers em Nova Orleans, em 13 de setembro de 2005.

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•  Assistência Médica de Emergência provida pelas autoridades civis e disponível aos residentes do distrito e•  A gestão cotidiana das operações do distrito 

por parte dos líderes civis.estes objetivos serviram para elaborar as

operações da brigada. O estado-maior avaliou os progressos a serem obtidos nessas oito áreas cruciais: segurança, operações de evacuação, governabilidade local e (uma vez mais recorrendo às experiências adquiridas pela brigada durante a Operação Iraqi Freedom) serviços críticos tais como esgoto, água potável, energia elétrica, eliminação de lixo e assistência médica.

a brigada, ao desenvolver uma medida para avaliar os progressos obtidos em algiers, concebeu um sistema que classificou cada área nas cores verde, amarelo e vermelho, com múltiplos subníveis de amarelo, que indicaram os diversos graus de progresso incrementado na restauração. além disso, a brigada determinou o que foi o estágio final desejado a ser alcançado dentro de cada área. em vez de exigir que se estabelecesse algiers na condição anterior ao furacão (a classificação verde), o consenso foi de, em algumas áreas, a cor amarela demonstraria progresso suficiente para permitir a retomada do comando e controle pelas autoridades civis, e líderes civis poderiam restabelecer serviços essenciais para a condição “verde” por si mesmos. naquele momento, a brigada poderia desdobrar-se para forte Hood ou ser designada a operar em outra área da cidade.

Operações de ApoioDevido aos danos limitados produzidos pelas

inundações no distrito de algiers, as autoridades locais e militares se inquietavam com a possibilidade que os residentes afetados na área pudessem participar ou se tornar vítimas em saques e crimes violentos. Conseqüentemente, a brigada dividiu algiers em quatro áreas de responsabilidade, cada uma de tamanho de batalhão, e ordenou a cada unidade que deveria estabelecer uma presença militar 24 horas por dia em sua área designada. essa presença incluiu patrulhas montadas e a pé, assim como o estabelecimento de postos de comando no escalão companhia por todas as partes de algiers.

apesar dos limites impostos à brigada pelo ato 10, a presença de mais de mil veteranos da

força-tarefa Iraqi Freedom com experiência de combate patrulhando as ruas do distrito provou ser decisivo no trato com as atividades criminais locais. Os sucessos obtidos no campo da segurança resultaram principalmente da ignorância mostrada por parte dos potenciais delinqüentes. Ou seja, propensos criminosos não sabiam das limitações impostas às tropas federais com referência à manutenção da ordem. foram dissuadidos de cometerem crimes, possivelmente devido à suposição que tropas bem armadas poderiam detê-los facilmente se fossem surpreendidos saqueando (e talvez até mesmo matá-los se cometessem um delito violento). a Brigada Black Jack, enquanto os 80 policiais do quarto distrito da nOPD se preocupavam predominantemente em proteger sítios locais contra saqueadores, incluindo Wal-Mart, Walgreens e bancos  locais,  levava a cabo patrulhas montadas e a pé, interagindo de forma contínua com os residentes de algiers durante toda a operação. isto ajudou a identificar quais eram as áreas historicamente com altos índices de criminalidade, como o Bairro fisher [moradias subsidiadas pelo governo], e permitiu a participação de líderes civis emergentes tais como o Pastor Brown, da igreja evangélica Greater Saint Mary’s Fellowship.

no curso da presença da brigada em algiers, os residentes deram parte de 18 delitos cometidos, e destes, somente três foram crimes violentos ou envolveram o uso de armas. a imensa maioria dos delitos eram saques que aconteceram antes do desdobramento da brigada e foram descobertos somente depois que a energia elétrica foi restabelecida e patrulhas foram levadas a cabo

nos domicílios em busca de potencias evacuados. Considerando que, antes do furacão, algiers era

Apesar dos limites impostos à brigada pelo Ato 10, a presença de mais de mil veteranos da Força-Tarefa Iraqi Freedom com experiência de combate patrulhando as ruas do distrito provou ser decisivo no trato com as atividades criminais locais.

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uma das mais perigosas áreas em uma das mais violentas cidades norte-americanas, se poderia concluir que as patrulhas da brigada obtiveram êxito ao impedir que delitos fossem cometidos. Sem dúvida isto é parcialmente verdade. Contudo, ainda que algiers não fosse inundada, a maioria dos residentes fugiu do distrito antes e durante o furacão. a presença de milhares de soldados mudou muito a relação entre as forças de segurança e os residentes que ficaram em algiers. a comparação estatística dos índices de criminalidade antes e após o furacão destaca essa mudança.

a brigada, ao analisar os índices de criminalidade em algiers antes e depois do furacão Katrina, descobriu que, depois que haviam patrulhado as ruas por duas semanas e protegido um número limitado de locais fixos, o índice da mesma tinha sido reduzido de maneira notável. Havia mais policiais por residentes do que nunca em algiers. além disso, os delitos cometidos foram não-violentos em sua maioria (por exemplo, o saque de casas abandonadas). uma vez que se reiniciasse a condução de patrulhas policiais ou que os

proprietários das casas retornassem, esse tipo de delito diminuiria rapidamente.

Os soldados, no curso de cada patrulha c o n d u z i d a p e l a s unidades subordinadas, fo ram des ignados p a r a i d e n t i f i c a r todos os residentes que desejavam ser evacuados de nova Orleans e mudados para locais designados para evacuação. Durante o desdobramento, a brigada identificou e evacuou 74 cidadãos de algiers. este número provavelmente teria sido maior se a brigada

e as autoridades civis não tivessem tido êxito em restabelecer os serviços essenciais. Os residentes, uma vez que as necessidades básicas estavam sendo satisfeitas, não tiveram razões suficientes para partir e aqueles que tinham partido agora tinham motivo para voltar a suas casas.

Devido aos êxitos das operações de segurança e de evacuação (sem levar em consideração o quanto as operações militares tinham a ver com esse êxito), em 14 de setembro, a brigada determinou conjuntamente, baseada nas avaliações dos comandantes, que o distrito estava suficientemente estável e que as autoridades civis poderiam manter a ordem sem a ajuda militar.

As Autoridades Civis e o Governo Local

Diferentemente do iraque, onde a coalizão formou a estrutura de governo local e nacional num lugar completamente desprovido de liderança iraquiana, a brigada em nova Orleans encontrou um abundante número de funcionários municipais, agências policiais federais, organizações não-

Soldados da Guarda Nacional do estado de Illinois do 33° Grupo de Apoio da Área transitam pela rota principal de abastecimento Longstreet em Nova Orleans em apoio aos esforços de socorro.

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Não existia nenhuma entidade que coordenasse os esforços de socorro nem planos para formar uma.

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governamentais (OnG) e agências de auxílio do governo. Cada um desses com suas próprias capacidades e limitações, assim como planos autônomos para levar a cabo as operações de socorro depois do furacão Katrina. não existia nenhuma entidade que coordenasse os esforços de socorro nem planos para formar uma.

a esse respeito, a brigada modificou métodos de planejamento militar para ajudar a concentrar os esforços de socorro em algiers. identificou os desequilíbrios informativos e operacionais, colaborou com cada agência externa e coordenou a realização de operações de ajuda por meio do espectro de OnG, assim como agências de níveis estatais e federais. Por exemplo, em uma das áreas mais pobres e de maior criminalidade de nova Orleans, o 1º Batalhão do 5° regimento de Cavalaria possibilitou o estabelecimento de um ponto da agência federal para o Gerenciamento de emergências (FEMA) para a distribuição de comida, água potável e gelo. neste mesmo lugar, a unidade, mediante uma estreita colaboração com a 82ª Divisão aerotransportada e o Comitê internacional da Cruz Vermelha, proporcionou vacinação e tratamento médico periódico aos residentes. e finalmente, a presença de tropas de cavalaria com comunicação direta com o Departamento de Polícia de nova Orleans, a Polícia estadual de Louisiana, o Serviço de imigração e Controle de alfândegas e a agência de Álcool, tabaco e armas de fogo não somente proveu um visível dissuasor para o crime, mas também um método de rápida reação de uma agência, não limitada pelo ato 10.

O aspecto mais frustrante dos esforços da brigada para desenvolver um grau de sinergia dentro de sua área de responsabilidade foi comprovado pelas restrições das atividades das agências federais, estatais e privadas impostas por seus próprios quartéis-generais superiores. O governador do estado de Maryland, por exemplo, autorizou por escrito a força-tarefa Lifeline, uma equipe de 50 técnicos em emergências médicas (EMT), para proporcionar ajuda médica a cidadãos da Paróquia Jefferson, nova Orleans. ainda que o furacão Katrina tenha causado somente poucos danos à Paróquia, não sofrendo muitas inundações ou uma considerável perda de energia elétrica (em comparação com algiers), não foi permitido que esses meios cruciais entrassem

em algiers para proporcionar ajuda médica às vítimas. Como conseqüência, não se tirou proveito dos médicos de Maryland em uma área particular de nova Orleans, enquanto centenas de residentes em torno de algiers se defendiam por si mesmos até que a Brigada Black Jack interveio e coordenou os esforços de ajuda da FEMA e da Cruz Vermelha.

num outro exemplo, a FEMA recebeu apoio logístico das unidades da Guarda nacional designadas força-tarefa Conjunta Katrina, organizada pelo ato 32 da Codificação normativa do eua. estas unidades, conjuntamente com o 33º e 213º Grupos de apoio da Área (ASG) ficaram sob uma cadeia de comando independente das forças componentes ativas regidas pelo ato 10. não foi conferida a nenhuma cadeia de comando a autoridade de estabelecer prioridades nem de determinar em quais locais o pessoal e os suprimentos da FEMA seriam designados

Um escapamento de gás natural debaixo das ruas inundadas de Nova Orleans provoca um incêndio incontrolado, ameaçando as casas vizinhas e muitos empregados de agências civis que trabalhavam nos esforços de socorro, em 7 de setembro de 2005.

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ou empregados. estas unidades operaram com gráficos operacionais diferentes dos feitos pelas forças componentes ativas, e como era o caso de algiers, em muitas instâncias dois ASG foram dados a missão de apoiar os pontos de abastecimento da FEMA na mesma área de responsabilidade. Dado que ambos ASG ocupavam diferentes posições (o 33º ASG na base aérea naval de Belle Chasse e o 213º no Campo de Basebol Zephyr), nenhuma coordenação existia entre eles. num ponto de distribuição, o ASG não fez a previsão para ter suprimentos suficientes. não havia nenhum canal pelo qual pudessem coordenar a transferência de excessos de um ponto de suprimento já estabelecido em outra área do ASG. Para vencer este obstáculo, a brigada Black Jack tomou a decisão que empregaria os recursos da brigada unilateralmente para transladar os abastecimentos excedentes da FEMA do segundo ponto de distribuição para o primeiro, em outra área da FSM. Porque a FEMA possuía recursos abundantes no teatro de operações, a brigada podia facilmente compensar o translado interno de abastecimentos entre os pontos de distribuição em algiers. esta forma de ação facilitou a provisão de necessidades da FEMA para todos os residentes de algiers, inclusive aqueles nos pontos de distribuição estabelecidos anteriormente pela FEMA com provisões escassas.

Serviços Essenciaisreconhecendo o fato que restabelecer os

serviços essenciais era tão importante em nova Orleans como no iraque, a brigada organizou suas operações para concentrar esforços naquelas tarefas que podia efetuar com o objetivo de facilitar a elaboração dos planos de restauração das autoridades civis. ao contrário do iraque, tanto as autoridades da cidade como os provedores de serviços corporativos tinham os recursos, planos, conhecimento e mão-de-obra para fazer a maior parte da restauração por si mesmos. a tarefa da Brigada Black Jack foi de facilitar e supervisionar os progressos.

Saneamento e água potável . Como mencionado anteriormente, algiers não sofreu as inundações que devastaram a maior parte de nova Orleans. Somada à boa sorte de algiers, seus abastecimentos de água estavam localizados na área sul da cidade, uma região que sofreu menos o

impacto do furacão. Como resultado, a localidade não sofreu contaminação de água nem tampouco perda dos serviços de saneamento. De fato, já em nove de setembro, a conselheira Clarkson declarou que a água de algiers era potável. Como medida de segurança, contudo, a brigada desdobrou, por todas as partes de sua área de responsabilidade, suas equipes de purificação de água do 15º Batalhão de apoio à Brigada a fim de conduzir levantamento de amostras de água aleatórias para confirmar se a água era potável. esta fácil medida assegurou aos residentes que seu abastecimento de água era seguro e manifestou o compromisso da brigada de restabelecer os serviços essenciais da comunidade. Os batalhões também protegeram as usinas de tratamento de água e eliminaram os escombros das instalações e sistemas de drenagem cruciais. estas ações ajudaram a estabelecer as condições para um oportuno restabelecimento dos serviços pelas autoridades civis. De novo, a brigada chegou com rapidez ao seu estágio final desejado sem maiores esforços operacionais.

Energia elétrica. a energia elétrica em nova Orleans é fornecida pela Entergy, uma empresa que provê gás natural e energia elétrica para mais de 2,7 milhões de residentes nos estados de Louisiana, Arkansas, Mississippi e Texas. Imediatamente após o  furacão,  a Entergy começou  seu programa de restabelecimento de energia para as regiões que não sofreram inundações em nova Orleans, incluindo algiers. Como nos serviços de saneamento e água, a brigada se encontrava numa posição difícil (e ao mesmo tempo afortunada) de ter que encontrar meios de facilitar, ao invés de executar, o plano de recuperação de uma agência externa.

a maior prioridade tanto da brigada como da Entergy era de restabelecer as  redes básicas de energia elétrica aos provedores de serviços essenciais — polícia, bombeiros e instalações médicas.

as tarefas associadas com a Brigada Black Jack eram a de eliminar os escombros das usinas e rotas como determinados pela Entergy. Embora a brigada tenha estabelecido como seu estágio final militar desejado um pleno rendimento de abastecimento de energia para os serviços essenciais  e  uns  75%  para  a  comunidade,  a Entergy restabeleceu toda a energia elétrica ao pôr em marcha seu próprio plano de restabelecimento e organização interna.

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Cada dia, a brigada verificou os progressos obtidos  pela Entergy por meio do  recebimento de relatórios de patrulhas produzidos pelas unidades subordinadas e observando, de forma contínua, o sítio da empresa na internet, que trazia atualizações diárias a cerca do número de clientes sem energia elétrica, assim como a quantidade de postes danificados, seções de fios elétricos caídos entre os mesmos e transformadores avariados.A Entergy  também  revisou  e  atualizou  os 

prazos estimados de finalização de projetos em cada área da cidade. Como resultado, verificar o restabelecimento do abastecimento de energia em algiers era relativamente fácil, e novamente a brigada conseguiu declarar que seus objetivos foram alcançados apesar de ter contribuído pouco para esse processo.

Lixo. À medida que os residentes regressaram a algiers e começaram a limpar suas casas, adicionaram lixo e entulho às grandes quantidades de escombros já espalhados pelo furacão na cidade, produzindo assim um perigo para a saúde pública. nova Orleans contratou os serviços de uma empresa privada para que coletasse e removesse o lixo. a brigada, para permitir que a companhia realizasse sua função, concentrou seus esforços em eliminar os maiores escombros das estradas. Logo, em conjunto com as unidades da 82ª Divisão aerotransportada, as unidades subordinadas eliminaram o lixo das ruas de algiers para aliviar os riscos potenciais para a saúde dos residentes até que os serviços municipais fossem restabelecidos. em algiers, a remoção de lixo continuou até segunda-feira, 12 de setembro de 2005, quando a brigada chegou à conclusão que tinha obtido o seu estágio militar final nesta área.

Assistência Médica. O objetivo de assistência médica da brigada era de assegurar que as autoridades civis fossem capazes de proporcionar tratamento médico aos cidadãos, antes que se retirasse ou fosse designada a realizar nova missão em outra área de nova Orleans. algiers, antes do furacão Katrina, possuía somente uma instalação médica em funcionamento, o Centro Médico  Jo  Ellen.  Seu  pessoal  foi  evacuado antes da chegada do furacão, e, depois da tempestade, a instalação estava sem energia elétrica e água potável. Conseqüentemente, a brigada dedicou seus esforços para facilitar o

trabalho de apoio médico das agências externas a algiers, enquanto se restabeleciam os serviços públicos e as equipes de emergência médica, bombeiros e polícia recuperavam a capacidade de cuidar das necessidades da comunidade por si mesmas. O quadro de pessoal da brigada colaborou com a Paróquia Jefferson, a FEMA e a Cruz Vermelha, para assegurar que o tratamento médico de emergência estivesse disponível e estabeleceram visitas da equipe de assistência médica periodicamente em pontos de distribuição centralizados pela FEMA.

um exemplo de tal operação foi levado a cabo no Mardi Gras World, na área de responsabilidade do 1° Batalhão do 5º regimento de Cavalaria, um ponto de distribuição designado pela FEMA. neste local, a Brigada Black Jack realizou visitas de assistência médica em dias consecutivos (14 e 15 de setembro) e proporcionou tratamento médico a mais de 475 residentes. resultados similares

Um tenente da 1ª Divisão de Cavalaria escuta um paciente antes de lhe proporcionar um tratamento médico em uma instalação médica estabelecida no Colégio Landry durante a realização dos esforços de socorro.

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foram obtidos na igreja evangélica Greater Saint Mary’s Fellowship,  no  setor  sob o  controle  do 3° Batalhão de artilharia de Campanha da 82ª Divisão aerotransportada. um plano de operações de informação detalhado, coordenado nos níveis de brigada e batalhão, foi crucial para os sucessos obtidos por esta e similares missões de tratamento médico. este plano incluiu a entrega de folhetos nos pontos de distribuição da FEMA, antes da realização das missões do Programa de assuntos Civis Médicos (MEDCAP), e o uso de equipes com alto-falantes montados em veículos para anunciar as visitas pela comunidade. a ajuda médica foi muito bem recebida pelos residentes de algiers, que reconheceram o mérito das unidades por haverem difundido o aviso com antecedência.

enquanto isso foram restabelecidos os serviços públicos, significando que o Centro Médico Jo ellen podia reabrir uma vez que as equipes de funcionários tinham regressado. O oficial de assuntos civis da brigada e o chefe da Polícia Militar constataram que as  instalações médicas vizinhas à Paróquia Jefferson estavam abertas e

recebendo pacientes e que os sistemas telefônicos que colocam os pacientes em contato com os serviços de ambulância, polícia e bombeiros estavam funcionando. Devido a estes esforços de restabelecimento, a brigada chegou à conclusão que tinha chegado ao estágio final militar planejado referente a tratamento médico.

Chegando ao Estágio Finalem 14 de setembro de 2005, o Coronel

Bryan Roberts, comandante da 2ª Brigada da 1ª Divisão de Cavalaria, deu, ao General William B. Caldwell, iV, Comandante Geral da 82ª Divisão aerotransportada e a outros funcionários locais de nova Orleans, um informe oral sobre a situação de algiers. Depois de sua apresentação, o Coronel roberts concluiu que algiers tinha obtido progressos ao ponto em que a polícia local podia manter a ordem pública, sem ajuda militar, e que se haviam restabelecido os serviços de infra-estrutura pública ao ponto em que os funcionários locais podiam retomar operações cotidianas nos níveis antes do furacão. também fez a recomendação que algiers fosse considerada uma

Um sargento faz guarda na frente do Wal-Mart em Hammond, Louisiana, para impedir o saque do mesmo, 7 de setembro de 2005.

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missão de economia de forças, com a finalidade de logo passar a um contingente de forças menor (tanto de serviço ativo como do componente de reservas) e que a brigada fosse designada para outra missão, ou seja, novamente desdobrada. em menos de duas semanas depois de chegar a nova Orleans, e ter feito relativamente pouco em comparação com as agências civis externas para melhorar as condições da cidade, a Brigada Black Jack recebeu ordens para voltar ao forte Hood. a brigada recebeu instruções de redistribuição em 15 de setembro e iniciou movimento em comboio terrestre, ônibus comerciais e por ar no dia 16. este deslocamento foi concluído no forte Hood em 18 de setembro.

As Lições Aprendidas do Katrinaembora a Brigada Black Jack tenha se

desdobrado com rapidez para nova Orleans e estabelecido uma estrutura de comando e controle que colocou quase 17.000 militares nas ruas de algiers, a Operação Cavalry Rescue acentuou diversos problemas no desdobramento de tropas federais para levar a cabo missões de ajuda interna.

empregar militares operando sob o ato 10, dentro do território nacional dos eua, para ajudar a realizar operações humanitárias de socorro ou sufocar distúrbios civis, é um assunto complicado em termos políticos. tal como foi mencionado antes, os militares operando sob o ato 10 estão impedidos de levar a cabo operações policiais sem que um estado de emergência tenha sido decretado e que o Presidente tenha suspendido o ato Posse Commitatus. as “regras para o emprego da força” publicadas e difundidas esclarecem que soldados federais somente podem usar a força sob um estrito conjunto de circunstâncias, ou quando atos criminosos interferem diretamente com a realização de uma específica missão militar. Como conseqüência, os criminosos tecnicamente estão imunes de serem detidos pelas forças militares operando sob o ato 10. Por exemplo, uma unidade que está de patrulha em nova Orleans e que passa por um Wal-Mart sendo saqueado por residentes locais não os pode deter. em resumo, as forças militares operando sob o ato 10, onde falta a suspensão do ato Posse Commitatus, em grande parte são impotentes para os papéis de segurança interna.

Os sucessos da Operação Cavalry Rescue, quanto ao tema de segurança, foram, como mencionado antes, mais o resultado de potenciais criminosos não compreendendo estas limitações do que uma positiva ação por parte dos soldados.

Líderes militares em grande parte tomam decisões de forma agressiva já que aprendem a usar a iniciativa e são condicionados a tomar ações com eficácia. Os estados-maiores e líderes subordinados em unidades militares ativas estão acostumados a trabalhar de acordo com este espírito. eles têm propensão natural de desenvolver táticas, técnicas e procedimentos necessários para obter êxito, gozando de um grau suficiente de criatividade que os permite operar nos limites das restrições constitucionais.

assim foi o caso em algiers, onde a 2ª Brigada superou os limites impostos pelo ato 10 por formar uma relação quase oficial com a força-tarefa Lonestar, um batalhão do componente de reserva da polícia militar com sede no estado de texas. Policiais militares da força-tarefa Lonestar, composta de profissionais de manutenção da ordem pública mobilizados sob o ato 32 do Código normativo dos eua (e, portanto sem as mesmas restrições das forças do componente ativo), se incorporavam nas patrulhas efetuadas por unidades subordinadas da 2ª Brigada, servindo como “assessores”. não estavam encarregados nem subordinados às tropas federais. estes assessores colaboraram estreitamente com os soldados da Brigada Black Jack, oferecendo assim

a sua capacidade de manter a ordem pública. a relação, sem dúvida, tinha que permanecer menos que oficial; se não, os assessores da força-tarefa Lonestar, devido a sua suposta subordinação à brigada, poderiam ter caído sob o controle federal e, portanto, poderiam ter tido que operar segundo os limites do ato 10. Pode-se perguntar se este acordo burlou a intenção da lei federal dos eua;

... as tropas da 2ª Brigada...estavam gravemente despreparados para enfrentar as dinâmicas aplicações das leis de governo civil e da cultura de Nova Orleans.

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sem dúvida, o batalhão do componente de reserva se desdobrou para oferecer ajuda ao distrito de algiers e não para manter a ordem pública. Desta forma, o espírito de seus esforços de operar até os limites constitucionais foi construtivo, protegendo tanto o pé da letra como a intenção do ato Posse Commitatus. Quer dizer, não foi feito cinicamente um esforço para anular os limites operacionais impostos pela Constituição.

além disso, os esforços da br igada foram frustrados pelas numerosas áreas de responsabilidade se sobrepondo umas contra as outras e as cadeias de comando independentes das unidades logísticas e táticas da Guarda nacional, agências federais de assistência e policiais assim como as OnG. Os esforços de cooperação por meio dos limites entre as diversas localidades foram bastante difíceis, mas as cadeias de comando duplos, separando os soldados do ato 10 daqueles do ato 32 complicaram as operações de socorro. além disso, ainda que a FEMA estivesse disposta a proporcionar abastecimentos, não foi capaz de entregá-los nem protegê-los no local. no futuro, deve-se estabelecer somente uma cadeia de comando, que subordine as forças do componente ativo operando sob o ato 32. tal acordo permitirá a unidade de comando. as unidades do ato 32 poderiam continuar mantendo suas capacidades policiais. então, as tropas operando sob o ato 10 poderiam coordenar mais fácil e eficazmente a entrega de suprimentos de apoio para aqueles que os necessitassem.

finalmente, as tropas da 2ª Brigada, e especialmente seus líderes, estavam gravemente despreparados para enfrentar as dinâmicas aplicações das leis de governo civil e da cultura de Nova Orleans. Mesmo nos EUA, a maioria dos militares vive em isoladas comunidades, quase que exclusivamente militares. em tais comunidades, líderes subalternos e suboficiais, que com freqüência provêm dos setores de classe média ou de média baixa, gozam de um ambiente profissional e familiar relativamente sem tensões raciais e tipicamente com um baixo índice de criminalidade. Os oficiais do exército, suboficiais e soldados estavam mal preparados para presenciar a discriminação sócio-econômica e racial em nova Orleans após o furacão Katrina. Os soldados, muito tempo depois que a polícia, armada com armas de fogo, impediu a entrada

de minorias étnicas afetadas pelo furacão nos subúrbios mais seguros e não inundados de nova Orleans, povoados em grande parte por brancos, descobriram que os líderes da polícia e governo local resistiram de maneira chocante a ajudar os cidadãos de algiers. tornou-se óbvio aos soldados que estes residentes foram discriminados simplesmente devido a sua raça. a polícia da Paróquia Jefferson vizinha bloqueou os caminhos entre a área de algiers, na maioria povoada por negros, e a Paróquia Jefferson, na sua maioria povoada por brancos. negou aos residentes de algiers acesso a lojas, hospitais e postos de socorro ainda em funcionamento no subúrbio. aqueles que necessitavam bens e serviços urgentes foram forçados a recuar, apesar de sua situação. as tropas da brigada, depois que seus soldados receberam múltiplas queixas confirmadas da população de algiers, começaram a passar as vítimas pelas barricadas em veículos HMMWV (viaturas leves). apesar dos soldados terem alertado a NOPD do 4º distrito dos crimes sendo cometidos, a polícia com freqüência ignorava as chamadas de socorro, especialmente quando os mesmos eram cometidos no humilde Bairro fisher. Os residentes com freqüência paravam os soldados e líderes da 2ª Brigada para agradecê-los, dizendo que não pediam a ajuda do NOPD porque seus oficiais eram “piores que criminosos”. assinalaram que, se necessitarem socorro no futuro, se comunicarão com o soldado mais próximo em vez da polícia. Das muitas agências policiais com as quais a 2ª Brigada cooperou em algiers, somente o NOPD local foi considerado um problema. De fato, a brigada colaborou estreitamente com o Corpo especial de intervenção da Polícia de nova Orleans, o Departamento do Xerife, o Serviço de imigração e Controle de alfândegas dos eua e a agência de Álcool, tabaco e armas de fogo, os conferindo um alto nível de respeito por seu profissionalismo. estas agências trabalharam incansavelmente para estabelecer a segurança e reagir ante a crise em todas as tarefas de recuperação.

ConclusãoSuperficialmente, o uso de forças militares

que operam sob o ato 10 parece a solução ideal para levar a cabo uma reação a desastres internos

29Military review Setembro-Outubro 2008

FURACãO KATRINA

e operações de auxílio humanitário. forças ativas dão capacidades sólidas, incluindo o comando e controle, abastecimento de energia, forças bem adestradas de segurança em grande agrupamentos assim como o apoio de transporte para a entrega de abastecimentos, mesmo sob condições adversas. estas formidáveis capacidades também acompanham os soldados que possuem atitudes íntegras.

a Brigada Jack Black, a partir do momento que chegou a nova Orleans, dedicou esforços para proporcionar socorro à população. Sem dúvida, as restrições da Constituição, limitando o uso das forças que operavam sob o ato 10, suscitam perguntas sérias em quando e como empregá-las para realizar operações internas no futuro. enquanto que a presença de tropas de serviço ativo em nova Orleans proporcionou à população norte-americana uma prova visual de que o governo federal participava ativamente nas operações de auxílio antes do furacão, na hora da verdade, a brigada tinha um impacto muito limitado já que era impotente em seus esforços de prevenir delitos. Podia somente

Engenheiros militares e civis passam pelo distrito de Algiers durante a realização de esforços de socorro do furacão Katrina, 14 de setembro de 2005.

facilitar os planos vigentes de reconstrução e restauração de agências civis. e, além de evacuar as vítimas ou buscar cadáveres depois do furacão, se limitou a participar em patrulhas de presença e na remoção de escombros. Os soldados e líderes da Brigada Black Jack rapidamente chegaram a se sentir frustrados devido a um sentimento de inutilidade por essas tarefas e que estavam lá somente para “mostrar a bandeira” em nova Orleans. Os residentes, que não compreendiam as limitações impostas pelo ato 10 contra as forças armadas, cada vez mais tinham a sensação de que as tropas não fizeram o suficiente para proteger suas vizinhanças e restabelecer serviços.

numa retrospectiva, as forças federais que participam em operações de auxílio doméstico oferecem um pouco mais que um sentido de tranqüilidade aos residentes locais e ao público norte-americano em geral. Produze-se uma melhora no estado de ânimo, a custa de complicar as estruturas de comando e controle, redes logísticas e sistemas de manutenção de ordem pública já mal definidos.MR

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