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MANIFESTO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE E PELA VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL MMA IBAMA Serviço Florestal Brasileiro/SFB Instituto Chico Mendes/ICMBio Em época de Rio+20, o governo brasileiro tem se utilizado dos números da diminuição do desmatamento, como forma de camuflar os poucos avanços da política ambiental. Todavia, é importante esclarecer que os verdadeiros responsáveis pela redução desses números sequer são lembrados: os servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, que muitas vezes correm risco de morte para garantir o cumprimento da lei, mesmo em situações precárias e regiões remotas. Muito além disso, o trabalho desse conjunto de servidores públicos federais visa resguardar o interesse coletivo, garantindo à população brasileira: 1) geração de menor impacto ambiental possível em grandes empreendimentos; 2) controle das emissões de poluentes na atmosfera; 3) plano emergencial de atendimento a acidentes ambientais; 4) proteção e manejo da fauna silvestre; 5) prevenção e combate de incêndios florestais; 6) monitoramento do desmatamento via satélite; 7) participação no processo de registro e controle de agrotóxicos; 8) gestão de mais de 310 unidades de conservação federais (cerca de 10% do território nacional) onde são prestados serviços ambientais que garantem a qualidade de vida das pessoas; 9) apoio ao extrativismo e manutenção do modo de vida das populações tradicionais, a recreação, ecoturismo e uso público, a pesquisa científica e a educação ambiental nas Unidades de Conservação; 10) conservação da sociodiversidade, biodiversidade e geodiversidade; 11) gestão sustentável do uso dos recursos pesqueiros; 12) manejo florestal nas áreas de competência da União, dentre outras. Por outro lado, o descaso dos últimos governos com a área ambiental federal tem se refletido em: condições precárias de trabalho, principalmente nas localidades do interior; sucateamento dos órgãos ambientais federais e engessamento de suas atribuições; desmonte da legislação ambiental, a exemplo da revogação do Código Florestal; e, em salários não compatíveis com a complexidade das atribuições e carreiras semelhantes no âmbito do poder executivo. Esta situação vem causando insatisfação crescente nos servidores provocando evasão para outras carreiras públicas mais estruturadas ou mesmo para o setor privado, implicando na constante carência de pessoal especializado. Desde 2002, quando a Carreira de Especialista em Meio Ambiente foi criada, a política salarial adotada pelo governo federal somente contribui para a desvalorização sistemática do salário do servidor, com perdas de quase 60% em relação à evolução do salário mínimo nos últimos dez anos. Em comparação com outros cargos de nível superior que possuem atribuições similares, nossa remuneração inicial corresponde a 49,04% da carreira de Especialista em Recursos Hídricos (ANA) e de fiscal agropecuário (MAPA) e 62,87% da carreira de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo as TABELAS DE REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS publicadas no site www.servidor.gov.br. Mais um argumento que comprova a desvalorização da área ambiental, a partir de dados da Secretaria de Orçamento Federal SOF, é a evolução do orçamento de alguns ministérios em comparação com o Ministério do Meio Ambiente no período 2000/2010, conforme o gráfico a seguir:

Manisfesto Servidores Area Ambiental 21 jun 2012

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MANIFESTO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE E PELA VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL MMA – IBAMA – Serviço Florestal Brasileiro/SFB – Instituto Chico Mendes/ICMBio

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Page 1: Manisfesto Servidores Area Ambiental 21 jun 2012

MANIFESTO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE E

PELA VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL

MMA – IBAMA – Serviço Florestal Brasileiro/SFB – Instituto Chico Mendes/ICMBio

Em época de Rio+20, o governo brasileiro tem se utilizado dos números da diminuição do

desmatamento, como forma de camuflar os poucos avanços da política ambiental. Todavia, é importante

esclarecer que os verdadeiros responsáveis pela redução desses números sequer são lembrados: os

servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, que muitas vezes correm risco de morte para

garantir o cumprimento da lei, mesmo em situações precárias e regiões remotas.

Muito além disso, o trabalho desse conjunto de servidores públicos federais visa resguardar o

interesse coletivo, garantindo à população brasileira:

1) geração de menor impacto ambiental possível em grandes empreendimentos;

2) controle das emissões de poluentes na atmosfera;

3) plano emergencial de atendimento a acidentes ambientais;

4) proteção e manejo da fauna silvestre;

5) prevenção e combate de incêndios florestais;

6) monitoramento do desmatamento via satélite;

7) participação no processo de registro e controle de agrotóxicos;

8) gestão de mais de 310 unidades de conservação federais (cerca de 10% do território nacional)

onde são prestados serviços ambientais que garantem a qualidade de vida das pessoas;

9) apoio ao extrativismo e manutenção do modo de vida das populações tradicionais, a recreação,

ecoturismo e uso público, a pesquisa científica e a educação ambiental nas Unidades de Conservação;

10) conservação da sociodiversidade, biodiversidade e geodiversidade;

11) gestão sustentável do uso dos recursos pesqueiros;

12) manejo florestal nas áreas de competência da União, dentre outras.

Por outro lado, o descaso dos últimos governos com a área ambiental federal tem se refletido em:

condições precárias de trabalho, principalmente nas localidades do interior; sucateamento dos órgãos

ambientais federais e engessamento de suas atribuições; desmonte da legislação ambiental, a exemplo da

revogação do Código Florestal; e, em salários não compatíveis com a complexidade das atribuições e

carreiras semelhantes no âmbito do poder executivo. Esta situação vem causando insatisfação crescente

nos servidores provocando evasão para outras carreiras públicas mais estruturadas ou mesmo para o

setor privado, implicando na constante carência de pessoal especializado.

Desde 2002, quando a Carreira de Especialista em Meio Ambiente foi criada, a política salarial

adotada pelo governo federal somente contribui para a desvalorização sistemática do salário do servidor,

com perdas de quase 60% em relação à evolução do salário mínimo nos últimos dez anos. Em

comparação com outros cargos de nível superior que possuem atribuições similares, nossa remuneração

inicial corresponde a 49,04% da carreira de Especialista em Recursos Hídricos (ANA) e de fiscal

agropecuário (MAPA) e 62,87% da carreira de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo as TABELAS

DE REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS publicadas no site www.servidor.gov.br. Mais um argumento que comprova a desvalorização da área ambiental, a partir de dados da

Secretaria de Orçamento Federal – SOF, é a evolução do orçamento de alguns ministérios em

comparação com o Ministério do Meio Ambiente no período 2000/2010, conforme o gráfico a seguir:

Page 2: Manisfesto Servidores Area Ambiental 21 jun 2012

fonte: www.prosaeconomica.com

Os servidores da área ambiental federal vêm negociando a reestruturação da Carreira com o

governo federal, que insiste sistematicamente em não avaliar as propostas apresentadas (2005, 2008,

2010 e 2011) e sequer apresenta contraproposta digna da importância do trabalho que é desenvolvido. O

governo se recusa, inclusive, a repor as perdas inflacionárias de 2004 a 2012, garantida pela Constituição

Federal a todo trabalhador brasileiro.

A última proposta de reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente foi enviada pela

categoria ao governo em dezembro de 2011. Desde então, já foram realizadas quatro reuniões de

negociação nas quais não houve avanço.

Dessa forma, decidimos expor à sociedade nossa insatisfação diante da incoerência entre o

discurso e a prática do governo, cuja intransigência tem levado ao aumento dos impactos ambientais

negativos das atividades produtivas. Outras consequências do descaso do governo podem refletir no

aumento do desmatamento, na aceleração da extinção de espécies/ambientes e na degradação ambiental

com diminuição da qualidade de vida da população brasileira, inclusive com reflexo na saúde humana.

Para sensibilizar as autoridades do país e exigir avanços concretos na negociação, os servidores

da área ambiental federal, no Distrito Federal, iniciaram o MOVIMENTO PROPOSTA JÁ! Desde 18 de

junho estamos mobilizados em ESTADO DE GREVE, mas apesar das dificuldades existentes e

insatisfação geral, continuaremos a não medir esforços em realizar com excelência nosso trabalho.

Cientes de nossas atribuições e responsabilidades frente à sociedade brasileira, canalizaremos nossos

esforços no atendimento das demandas de gestão ambiental, ações consideradas por nós servidores

como essenciais à conservação do meio ambiente e ao desenvolvimento realmente sustentável que

ficaram represadas em detrimento de prioridades estabelecidas pelo governo.

Acreditamos que a valorização do meio ambiente, tão alardeada pelo governo, passa

obrigatoriamente pela valorização dos servidores da área ambiental. Assim, é urgente que sejam

garantidas as condições de trabalho adequadas e se promova a reestruturação da Carreira de Especialista

em Meio Ambiente, aliada a uma política remuneratória condizente com a alta qualificação dos servidores,

importância e complexidade das atividades desenvolvidas.

A Carreira de Especialista em Meio Ambiente está completando 10 anos sem muito a comemorar.

Nós fazemos a nossa parte, quando o governo vai fazer a dele?

SERVIDORES DA ÁREA AMBIENTAL FEDERAL

MMA – IBAMA – SFB – ICMBio

ASIBAMA-DF