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Manual de Pesca Esportiva Grandes Traíras Moacyr Sacramento Pág. 1 de 74 Moacyr Sacramento P P R R E E F F Á Á C C I I O O : : Antes de tudo, gostaria de me desculpar com o amigo-pescador pelo artigo ser excessivamente longo, tão longo que eu recomendo salvar e ler como se fosse um livro (salvando o texto inteiro para que seja lido aos poucos, assim como o link ou o caminho do artigo para futuros comentários ou como backup); mas eu não consigo resumi-lo sob risco de ficar mal-explicado ou incompleto, e minha tentativa de tornar o texto de fácil compreensão o deixou mais longo ainda... O objetivo deste manual é reunir tudo quê seja conhecimento específico sobre a pesca esportiva de traíras em um só lugar ( ou ao menos, tudo quê eu sei) , sem deixar de lado o básico; não creio ser possível atingir este objetivo, mas vale a tentativa. Como eu, muitos pescadores sempre querem pegar o maior peixe que existir dentro d’água. Para um pescador esportivo que pense como eu, um peixe de dois quilos vale mais que mil peixes de um quilo. Geralmente, ao menos aqui no estado do Rio, não são muitas as oportunidades de pescar peixes de maior porte do que o alcançado por uma traíra, a não ser em um “ pesque-pague ”. Na represa onde eu costumo pescar, em Valença- RJ, são comuns as “ malditas redes ”. As redes diminuem o tamanho e quantidade das traíras ( pela sobrepesca), e que parecem fazer com que as remanescentes evitem águas livres ou os limites da vegetação. Pescar nestas condições é um desafio, principalmente se a intenção forem as grandes traíras, mas essa “ dureza ” toda me permitiu avaliar com precisão quais as condições e técnicas que funcionam melhor. Pescaria é ciência e arte! Eu procuro escrever tudo que eu aprendo, como uma forma de não ter de re-aprender... E, considerando que esse conhecimento possa ser útil a outros pescadores, decido publicar um artigo quando não mais posso melhorá-lo. Tudo pode ser melhorado, sempre falta algo, e quem sabe você leitor vai descobrir alguma coisa não abordada! Se assim for, peço-lhe não deixar de me contar! Mais do que em qualquer outro tipo de pescaria, o uso de iscas artificiais na pesca de traíras é repleto de macetes, exigindo ainda uma grande habilidade e conhecimento para seu correto uso e eficácia, principalmente se for feito à

Manual das Grandes trairas

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Informações e dicas sobre a tecnica de capiturar as grandes trairas.

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Manua l de Pesca E spo r t i v a – G r andes Tr a í r as Moacyr Sa cramen t o Pág . 1 de 74

Moacyr Sacramento

PPP RRR EEE FFF ÁÁÁ CCC III OOO :::

Antes de tudo, gostaria de me desculpar com o amigo-pescador pelo artigo

ser excessivamente longo, tão longo que eu recomendo salvar e ler como se fosse um livro (salvando o texto inteiro para que seja lido aos poucos, assim como o link ou o caminho do artigo para futuros comentários ou como

backup); mas eu não consigo resumi-lo sob risco de ficar mal-explicado ou incompleto, e minha tentativa de tornar o texto de fácil compreensão o

deixou mais longo ainda... O objetivo deste manual é reunir tudo quê seja conhecimento específico

sobre a pesca esportiva de traíras em um só lugar (ou ao menos, tudo quê eu sei), sem deixar de lado o básico; não creio ser possível atingir este objetivo,

mas vale a tentativa. Como eu, muitos pescadores sempre querem pegar o maior peixe que existir

dentro d’água. Para um pescador esportivo que pense como eu, um peixe de dois quilos vale mais que mil peixes de um quilo. Geralmente, ao menos aqui

no estado do Rio, não são muitas as oportunidades de pescar peixes de maior porte do que o alcançado por uma traíra, a não ser em um “pesque-pague”. Na represa onde eu costumo pescar, em Valença-RJ, são comuns as “malditas

redes”. As redes diminuem o tamanho e quantidade das traíras (pela sobrepesca), e que parecem fazer com que as remanescentes evitem águas

livres ou os limites da vegetação. Pescar nestas condições é um desafio, principalmente se a intenção forem as grandes traíras, mas essa “dureza” toda me permitiu avaliar com precisão quais as condições e técnicas que funcionam

melhor.

Pescaria é ciência e arte! Eu procuro escrever tudo que eu aprendo, como uma forma de não ter de re-aprender... E, considerando que esse conhecimento possa ser útil a outros pescadores, decido publicar um artigo

quando não mais posso melhorá-lo. Tudo pode ser melhorado, sempre falta algo, e quem sabe você leitor vai descobrir alguma coisa não abordada! Se

assim for, peço-lhe não deixar de me contar! Mais do que em qualquer outro tipo de pescaria, o uso de iscas artificiais na

pesca de traíras é repleto de macetes, exigindo ainda uma grande habil idade e conhecimento para seu correto uso e eficácia, principalmente se for feito à

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escuridão... Como se isto não bastasse, a traíra é um dos peixes mais

“enjoados” de pescar, pelo menos as grandes...

A “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”, por mim desenvolvida (ou ao menos, descrevendo algo de que nunca ouvi falar), foi publicada num outro artigo, também de minha autoria, intitulado como: “Grandes Traíras com Artificiais“

(que já não está mais disponível na internet) na suposição de que já houvesse uma “familiarização prévia”, por parte de quem fosse ler o artigo, com a pesca

da traíra e de iscas artificiais, acrescentando apenas mais uma técnica (a qual tem a proposta de pegar, quem sabe, a maior traíra que houver dentro d‟água) ao seu “know-how”...

Porém...; os e-mails recebidos de pessoas que leram meu artigo já

mencionado, com diversas dúvidas, me mostraram que muitos desses pescadores precisavam mais de um manual que ensinasse os fundamentos, e não apenas de uma descrição de uma técnica que bem executada é

absurdamente eficaz, apesar de sua difícil execução. Dessa forma, e até como uma forma de complementação, apresento-lhes esses conceitos e

observações a seguir, desejando a todos boas pescarias, e se possível, com bastantes traíras!

III NNN TTT RRR OOO DDD UUU ÇÇÇ ÃÃÃ OOO :::

Como a traíra, meu troféu favorito, tem fama de não muito brigar para ser retirada da água, gostaria de iniciar estas considerações expondo minha

opinião (e protesto) a esse respeito, aproveitando para iniciar o assunto proposto: A traíra é muito forte e estoura (ou corta) a linha com freqüência (se você não estiver preparado para ela, pois ela é forte e possui muitos dentes

bem afiados). Sua predileção por “enroscos” é uma dificuldade adicional, exigindo habilidade; porém, sua tendência de permanecer às margens pode

ser confundida com falta de combatividade. O pescador deverá aliar ao seu conhecimento, a correta “ leitura das águas” da forma de brigar do peixe ( isto é, saber avaliar a probabilidade de se encontrar um grande peixe no local e a

dificuldade de retirá-lo d‟água) para escolher o melhor lugar para pescar. Recomendo outro artigo de minha autoria intitulado: “CCCiiiêêênnnccciiiaaa &&& AAArrrttteee NNNaaa BBBrrr iiigggaaa”

– que também estará brevemente disponível aqui no site. Voltando às traíras, a relativa facilidade em achá-las reflete o sucesso de seu

modo de vida, tornando-se capaz de dominar diversos ambientes, especialmente os de águas lênticas (paradas). O tucunaré, por exemplo, às

vezes vem correndo de longe, tão rápido que pode passar direto , errando o ataque a uma isca artificial; mas dá meia volta e ataca de novo (já presenciei cinco ataques seguidos, com “twitchbait” ou com “zara”, até se ferroar). A traíra,

ao contrário de outros predadores, não gosta de correr atrás de sua presa, preferindo surpreendê-la! A chave de sua sobrevivência são os botes curtos,

mas explosivos e certeiros, quase nunca errando o ataque, já que num insucesso dificilmente retornam à presa. Outras habilidades da traíra são a excepcional visão noturna aliada à apurada percepção de movimento, além de

uma bocarra cheia de dentes com a qual suga e abate suas presas. Por tudo isto, a traíra tem preferencialmente hábitos noturnos, quando suas presas

estão mais vulneráveis a ataques furtivos. Seu ponto fraco é se cansar rapidamente, sempre sendo içada em menos de um minuto , por maior que seja o exemplar; exceto quando ela ganha esta rápida briga.

As maiores traíras, quase sempre são pegas apenas se a isca estiver viva, ou

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lhes parecer viva (assim como ocorre com outros predadores). Mas isso é o

suficiente? Geralmente não! É preciso “pensar” como um grande peixe se você quiser capturá-lo. Uma traíra grande é o peixe mais enjoado de pescar

que eu conheço, um grande desafio, visto que os grandes exemplares só costumam ser pegos com iscas artificiais (e, eventualmente, com isca viva). Temos que “nos virar” para que elas tentem comer nossas iscas, habilmente

colocadas dentro de sua curta janela de ação, já que ela não é de correr atrás, contrariamente a outros peixes mais fáceis de pescar, (como o tucunaré –

“peixe superesportivo”, isto é, peixe que corre de forma “super -afoita” atrás da isca, tão logo perceba sua presença). Sempre é um desafio pegar os maiores exemplares da espécie, pois afirmo que existe lugar e hora para isto

acontecer, tipo “encontro com a namorada”.

O lugar de repouso de uma traíra grande (assim conceituada de tiver peso superior a 1,3 Kg), a hora em que ela vai caçar e, portanto, onde, como e quando você deve estar com sua isca, não é uma “simples obra do acaso”!

Como são predadoras solitárias, territorialistas, e canibais, não encontraremos mais que uma grande na mesma “moita”, ou pequena entrada

na vegetação com nascente! Quanto mais favorável ao predador, maior a traíra que lá estará, pois ela expulsará uma traíra menor que lá houver. Isto

também explica porque é extremamente improvável pegar uma traíra de mais de 1,3 Kg no anzol com um lambari morto! Se ela for maior que isso, escolherá os melhores locais para “ tocaiar” suas vítimas e certamente não

será encontrada de barriga vazia, rodando atrás de comida.

Para capturá-las, sem depender da sorte, sua isca deve, pelo menos, ser tão atrativa quanto um lambari vivo; e mais fácil e oportuna de ser predada! Somente uma traíra com fome comeria algo que não esteja vivo! Pior que

isso, qualquer grande predador só ataca aquilo com que esteja acostumado a comer e que gosta muito! No caso da traíra isto é um lambari vivo, e/ou

outro peixe ou traíra de menor tamanho (ter menor tamanho não é a condição principal, essencial é estar vivo...).

Se quisermos derrotar um adversário, qualquer que seja; devemos conhecê-lo, “pensar como um peixe”, compreender seus hábitos, e antecipar seus

movimentos e ações ante uma isca. Um lambari morto, mesmo que esteja fresco, não é exatamente a definição de uma refeição gostosa para uma traíra; mas se estiver vivo (ou parecer, no caso das iscas artificiais), a coisa

muda de figura! Mesmo quando uma traíra nos escapa, infelizmente algo não tão difícil de acontecer usando iscas artificiais, podemos tentar fisgá -la

novamente, se você dominar as diversas técnicas de manuseio de iscas artificiais e souber “ler as águas” para saber onde ela estará para uma outra tentativa (e onde deveremos concentrar nossos esforços).

O que se segue, reflete o que levo em conta para acertar a hora, o local e a

traje (isca) para este “encontro”. Infelizmente, temo que essas condições para este “encontro com a namorada (TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa)” sejam meio rígidas, especialmente no que tange à escuridão absoluta (se você conseguir

enxergar algo, ainda estará claro demais). Observe que, com habilidade, se consegue pescar com qualquer situação de luz mesmo! Mas não é qualquer

hora, pois elas podem se “enlocar (se enfiar na loca)” e aí não tem jeito mesmo (a não ser enfiando a mão na loca e pegando o bicho com a mão, mas não recomendo isto a ninguém que pesque por diversão, ou que preze seus dedos).

Uma isca “apetitosa” e bem trabalhada está longe de ser o suficiente. O “quando” e o “onde” pescar são essenciais, pois não é fácil “convencer” uma

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grande traíra a atacar nossa isca. O momento mais provável e, principalmente,

o local exato do ataque deve ser previsto para que nossos esforços sejam concentrados neste local específico. Algumas capturas são trabalhosas,

especialmente as maiores, costumam dar algum trabalho para serem convencidas a atacar (pode levar horas)... E ainda assim, nem sempre se volta para casa com uma “traírona (ou com sua foto)”.

Para quem gosta de pescar esportivamente, todas as dificuldades, quantidade de

materiais e conhecimento, e até na possibilidade delas escaparem e as fisgarmos novamente, só aumentam as emoções de pescar estas enormes “dentuças”!

QQQ uuu aaa nnn ddd ooo ppp eee sss ccc aaa rrr ttt rrr aaa ííí rrr aaa sss :::

Resumidamente, podemos dizer que: calor, ausência de vento, neblina ou chuva, água limpa e escuridão são as condições favoráveis mais importantes, mas se você souber trabalhar uma isca artificial junto ou abaixo da

vegetação, qualquer hora do dia ou da noite pode ser hora. O frio do final da madrugada e os momentos que se seguem ao nascer e pôr do sol costumam

ser desfavoráveis (quando o céu esta azul, mas não temos luz direta do Sol ), não sendo considerados como os mais produtivos.

No verão, recomendo pescar entre umas 15:00 hs e o pôr do sol, e após isso, após duas horas do pôr do sol até uma ou duas da manhã . Se estiver quente

mesmo, a noite toda pode ser promissora. Como um peixe não costuma estar muito ativo ao meio-dia, devemos trabalhar os locais promissores com mais

insistência ainda, provocando-as, para pescar nestas horas de intensa luz. O pouco antes do pôr do sol, e o início da noite; são as melhores horas no

inverno: entre 16 h até uma hora do por do sol (no inverno, o sol se põe próximo às 17:20 hs;dependendo do lugar) até 20 / 22 hs. É claro que existirão sempre

as situações de excepcionalidade, mas basicamente estas seriam as recomendações mais objetivas, o que não impede que analisemos o assunto com maior profundidade.

A melhor hora para pegar as grandes traíras é a de escuridão total, isto se

você souber trabalhar no escuro; e se houver algum momento em que escureça de verdade (as “Mudanças Climáticas” fizeram com que nunca mais escurecesse aqui onde eu moro...). Uma traíra se baseia no ataque surpresa,

a escuridão a faz confiar que sua presa estará “cega”, sendo então atacada qualquer coisa que pareça apetitosa (que pareça viva), e mesmo que esteja

um pouco distante pode-se dizer que sua curta “janela de ação (distância na qual ela acredita que seu ataque será bem sucedido)” estará bastante ampliada.

Outra razão é que nestas horas elas passam a uma “busca ativa”, não apenas esperando que a presa passe na sua cara, mas patrulhando os eventuais

esconderijos dessas presas. Mesmo as “traíras machos”, pais zelosos que quase nunca negligenciam o cuidado com o ninho e a prole recém-nascida, confiam que seus rebentos estarão a salvo por estar tão escuro, e então se

permitem dar “uma voltinha” nos arredores do ninho para procurar comida. Tudo isto acontecerá quando da ausência de sol e lua, se realmente ficar

escuro. Uma grande traíra procura não gastar energia caçando em condições impróprias. Parafraseando Humberto Vito Pentagnã: “Quando está claro, peixinho vê peixão e dá no pé. Como o peixão sabe disso, ele nem se abala em

tentar comer o peixinho e espera estar bem escuro”. Na verdade, ela certamente

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achará alimento mesmo em condições desfavoráveis, mas em meio à

vegetação fechada e longe de nossas iscas. ..

Se sua intenção forem as grandes traíras e estiver quente, o ideal é a ausência de lua (ou qualquer fonte de luz que não as estrelas) no horário mais promissor de 22:00 h a 02:00 h (“TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”). Tal situação

ocorre dois dias depois da lua quarto minguante e quatro dias depois da lua nova, isto é quando a lua não aparece entre 22:00 e 02:00 h (parece-me que

o aquecimento global está interferindo na nebulosidade..., não escurece como antes, e o céu, fica azulado em vez de preto; sendo o momento mais escuro da noite por volta de 21:30 a 22 hs). Entretanto, se a isca for habilmente

colocada em baixo da vegetação, pode-se ter excelentes resultados neste horário, mesmo com lua cheia ou em qualquer horário, embora seja melhor

ainda a absoluta escuridão. Recomendo o uso de uma tábua com as horas astronômicas de nascer e pôr do sol e da lua, devendo-se estar posicionado antes de ambos se porem (procure observar se o sol e a lua se põem atrás de

morros altos, pois isto pode antecipar seus ocasos, principalmente em relação à lua, mas saiba que o clarão permanece pelo menos por 1 hora após o ocaso

astronômico).

Você já deverá estar posicionado e em silêncio quando tudo escurecer de vez! Uma forma de otimizar o tempo gasto na captura de um grande exemplar é “apoitar” o barco por volta de 21 h (tão mais cedo quanto mais frio e nebuloso

estiver o dia e a época do ano). Como a traíra estará “descansando de barriga cheia” próxima a uma nascente ou em meio à vegetação fechada, ela nem

notará sua chegada. Após a lua cheia, é no início da noite que a lua está ausente, e após a “vazia”

(nova) é no final. Às vezes, as traíras ficam se alimentando em meio à vegetação extensa e fechada, longe de nossas iscas. Por isso, no começo da

noite quando o luar estiver atrapalhando, poderá comprometer o restante do tempo (em especial se esfriar). Há contudo, uma exceção, que é quando for lua cheia ou poucos dias antes dela, quando pode ser que as traíras estejam com

fome e ataquem por volta de meia-noite apesar do luar (apenas se estiver quente, e não houver “nebulosidade” excessiva), mas use a isca embaixo ou

muito perto da vegetação e seja insistente no local que deverá ser bastante promissor.

Se você não tiver uma tábua astronômica, “quebra o galho” saber que a lua cheia é quando a lua nasce ± 18:00 hs e se põe ± 06:00 hs, e na lua nova é

quando os dois (sol e lua) nascem e se põe juntos (mais ou menos isso), já que no verão os dias são mais longos e no inverno as noites são mais longas. A lua nasce e se põe mais ou menos 49 minutos mais tarde por dia (24h / 29d

12 h 44 m 2.9 s = ± 48 m 46 s / d).

Não tenho certeza do porque, embora me pareça ser uma combinação de fatores, mas a maior incidência de ataques das realmente grandes, de peso superior a 1,3 Kg, parece ocorrer entre 22:00 e 02:00 h (ao menos quando está

quente), especialmente com as iscas artificiais certas e na escuridão absoluta.

Essa a hora para usar iscas de meia-água de sete cm, quando é comum baterem grandes traíras, desde que as outras condições aqui expostas sejam respeitadas (e às vezes apesar de uma lua cheia, como já aconteceu, mas lugar e demais

condições respeitadas).

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As grandes traíras têm facil idade em se alimentar próximo ao poente e ao

nascente do sol, afinal elas podem escolher livremente seu ter ritório, e comem os lambaris que procuram mosquitos que caiam n’água nestes

horários de revoada (de mosquitos), deixando-as de barriga cheia fora deste horário (isto explica porque delas serem tão difíceis de pescar com água fria, pois devem estar com alto metabolismo para que o lambari do pôr do sol não as

satisfaça). Talvez, esteja ligado à nebulosidade (nuvens, nevoeiro, etc) que provoca um claridade no céu, geralmente antes e depois deste horário, e

ilumina o local de pesca, principalmente se houver uma grande fonte de luz, como uma cidade próxima.

Na escuridão absoluta, é recomendável atirar a isca sempre no mesmo lugar, pois não estaremos enxergando onde a isca cai, mas as traíras serão atraídas

pelos “pops” repetitivos da isca caindo na água, também facilitando que ela se posicione para atacar (apenas na escuridão é que se deve esperar que a traíra saia de onde está para se posicionar para um bote). Chegue antes de escurecer

de vez para que você esteja treinado a fazer o lançamento quando escurecer, pois a pesca de arremesso não é muito fácil quando não se enxerga. E lembre-

se de que tudo depende da “ llleee iii tttuuurrraaa dddaaasss ááággguuuaaasss” para funcionar! Apenas como observação, lembre-se de que na escuridão absoluta é que as traíras rodam e

disputam território! Na represa onde costumo pescar, a época para pesca de traíra nas artificiais

é com pouca vegetação, e quanto mais quente melhor. A melhor época mesmo é logo após as grandes chuvas do início do verão (outubro a janeiro),

quando desce a vegetação flutuante, que começou a se acumular em maio / junho, assim que a água não estiver barrenta, combinando pouca vegetação com calor, nos meses de janeiro a abril. Quanto menos vegetação, mais

previsível e acessível “a vaga” de uma grande traíra (ao local que a abriga). Como dezembro é o principal mês de chuva, as traíras estarão desovando, ou

em meio à vegetação fechada (onde a água é mais limpa), tornando-se pouco ativas! Aqui no RJ, a alta temporada de pesca começa em final de janeiro ou fevereiro (assim que a água não esteja barrenta) e vai até mais ou menos abril.

Mas durante e após esta época, as condições vão piorando aos poucos, pois o

calor diminui, a vegetação vai aumentando (em represas, e outros locais com vegetação flutuante), a fome das traíras que reproduziram e seu territorialismo em função da proteção das ninhadas se torna passado! Poderá ser melhor

pescar no final da tarde e no início da noite com as artificiais se a época for de frio (exceto na batida ou com isca viva). Quando não está tão quente e/ou a

água está meio barrenta, pode acontecer que os lambaris não se agitem muito, e isso modifica o comportamento das traíras que atacarão a isca logo após o pôr do sol (quando estariam de barriga cheia se estivesse quente) até

quando esfriar (neblina é sintoma deste esfriamento).

Quanto menos agitados estiverem os lambaris, mais cedo elas atacam (em relação ao horário antes explicado de 22:00 hs) ! Tudo depende da fome das “dentuças”, a qual depende do comportamento dos lambaris e da temperatura.

A chuva e as cheias atrapalham as traíras por deixarem a água barrenta, embora seja boa para peixes “detritívoros” (que se alimentam de restos) como

o bagre. A água fica limpa durante menos tempo em locais de águas lênticas, com “braquiára” (tipo de vegetação aquática fixa e densa) e outras vegetações flutuantes, até mesmo pela água ser mais parada.

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Como as traíras não gostam de água barrenta, comum no alto verão após uma

boa chuva, acompanhe a previsão do tempo e prefira esperar ao menos três ou quatro dias após uma grande chuva, embora este tempo de espera possa

variar, sendo menor em locais com mais vegetação e águas mais paradas. Observe que de dezembro a fevereiro os meses são de intensa desova devido à água barrenta, com resultados melhores com a isca artificial ou viva

direcionada a uma nascente cercada de vegetação intensa (você poderá precisar de um barco). Se a vegetação do local for muito intensa, sua pescaria

pode não dar nada simplesmente por não ser possível colocar isca alguma “na cara do peixe”...

DDD iii ááá rrr iii ooo ddd eee uuu mmm aaa ttt rrr aaa ííí rrr aaa :::

Mesmo que sujeito a variações (o importante é se inteirar das condições que uma traíra levará em conta para definir quando e onde ela estará ativa ), em acordo com condições observáveis; o relato feito a seguir, baseia-se na

minha experiência e observação (nesta última principalmente). Ao menos quando está quente e a água não está barrenta (época de reprodução), as

traíras têm uma “rotina diária” de:

1 – Ao entardecer, quando percebemos que superfície da água está coalhada de lambaris, que se agitam nessas horas ao procurarem mosquitos que caem n’água, geralmente entre 15:00 h e 18:00 (depende do calor e da luz ambiente,

entre outros fatores), elas ficam nas sombras das vegetações marg inais, espreitando...

NOTA: A isca artificial “papa-black” é especialmente eficaz nestas horas por imitar um lambari, se for trabalhada bem junto ao abaixo da vegetação . Outra opção é uma isca “magrela” parecida com uma pequena traíra, que

espantará as presas e irritará a traíra “dona da vaga” e a fará atacar para defender seu território. Sem esquecer das iscas de superfície...

O início deste momento é variável, mas ocorre com uma redução da luz (não é difícil perceber este momento, e no caso de dúvida basta avaliar como está a

claridade e memorizar; ele ocorre quando a superfície da água fica com aquelas ondinhas características de peixinhos agitados) em relação ao meio dia (as traíras

vão assumindo “suas posições” sob a vegetação pouco antes deste momento). O fim deste momento é ao crepúsculo; pois as traíras têm grande facilidade em se alimentar nestas horas, já que os lambaris acabam “dando mole” ao

procurarem os mosquitos que caem n’água. Tanto é assim, que onde costumo pescar, escuta-se alguns “tibuns” de traíras atacando os lambaris (bem na

beiradinha, no geral); entre 18:00 e 19:00 hs, logo após a mosquitada se assanhar (aquela “revoada” de mosquitos querendo nos chupar o sangue).

2 – Início da noite: Este momento começa quando o Sol se põe (o céu ainda está azul, mas ele já está oculto pelo horizonte) e acaba quando o Sol deixa de

influenciar a cor do céu (1 hora, ou mais, após o pôr do Sol astronômico). Neste momento, apenas iscas colocadas embaixo da vegetação costumam ter resultado (pode ser um plug de meia-água, uma rã de silicone,...)!

Eu observei com traíras que elas evitam atacar iscas de superfície, e até iscas de meia-água (se não forem trabalhadas bem embaixo da vegetação) quando o Sol está nascendo

ou se pondo (nos momentos em que o Sol está atrás do morro, mas ainda é dia). Penso que seja para evitar "estragar o pesqueiro delas"; já que nestes momentos, as presas delas estão extremamente ativas (assim como a mosquitada)..., pois neste momento, os

pequenos estão fazendo de tudo para comer os insetos, ficando bem na beiradinha; muitas rãs acabam dando mole para a dentuça... Pode ser também que elas estejam de "barriga

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cheia"; ou que devido a esta facilidade em se alimentar; elas evitem fazer grandes esforços

em capturar uma presa...

3 – Entre 19:00 e 22:00 h, as traíras repousam de barriga cheia, mas os lambaris são obrigados a procurar um esconderijo para passar a noite, no meio da vegetação. Este momento começa com o fim da hora da mosquitada,

sendo uma boa oportunidade para as traíras que se enfiem na vegetação, mas não é bom para iscas artific iais, já que as traíras estarão ativas apenas

nos limites do capim “braquiára”, isto, se não estiverem de barriga cheia. Quem pesca de anzol poderá observar que ocorrem várias ações neste horário ou pouco depois dele, mas apenas de traíras com até 1,3 Kg que não se

alimentaram o suficiente por não conseguirem ficar nos locais mais favoráveis. Quanto maior for a traíra, maior será a chance dela estar de barriga cheia

e/ou longe de nossas iscas... Nota: Ultimamente; o momento mais escuro da noite tem costumado estar

entre 20:00 e 21:30; o que é uma desgraça, pois não mais escurece como antes... Deve ser o aquecimento global e as mudanças climáticas...

4 – Hora da “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”: Quando e se escurecer de vez (se

não houver luar, nebulosidade...), geralmente ocorria entre 21:30 e 02:00 h, até as menores traíras são obrigadas a se esconder. As grandes ficam algum tempo vendo se algum peixe pequeno que ainda não tenha se escondido

passa por ela na tentativa de alcançar a vegetação rasa e fechada. Depois elas passam à busca ativa, nadando lentamente, dando preferência às

vegetações mais densas, mas percorrendo também os lugares mais rasos do capim “braquiára” (na medida em que seu tamanho permita, pois o capim ‟„braquiára” é bem fechado). Neste momento, qualquer vítima ou isca que lhes

chame atenção será abordada com uma aproximação furtiva bem lenta (geralmente por trás, ou por baixo junto ao fundo), e com um instante explosivo,

se em algum momento a isca estiver ao alcance, através de um bote certeiro . De todos os predadores de água doce, a traíra é a que mais e melhor avalia

sua chance de sucesso antes de atacar, por isso devemos lançar no mesmíssimo lugar para “ facilitar sua vida” – apenas neste horário e se

escurecer de vez é que se deve lançar no mesmíssimo lugar, no geral devemos percorrer as margens lançando várias vezes em um lugar, partindo para outro após uns 10 minutos (ou mais tempo ainda, se o local for promissor).

NOTA: Após conseguir alguns lançamentos bem junto ou mesmo abaixo da

vegetação, no caso de não se ter um ataque ou após perder o peixe com uma isca artificial de sete cm, ela entrará novamente umas três vezes numa de meia água (tipo “papa-black”), ou após ver o pescador, a traíra mudará de

lugar se espantando neste processo de ferrar e perder. Poderá então ser capturada com uma isca “magrela” e grande (10,5 a 14 cm, dependendo do

tamanho da traíra que escapou; e se você souber dizer para onde ela foi) que imite uma traíra (neste momento ela espera encontrar a antiga dona da “vaga”, atacando-a como forma de disputar o território).

Após capturar uma traíra e acender uma lanterna, é muito difícil que se capture

outra grande (com mais de 1,3 Kg) no mesmo lugar! Talvez até por alguns dias, pois o território (ou “vaga”) deverá ser novamente disputado e ocupado por outra grande traíra! Como elas só costumam rodar na escuridão, espere

passar uma noite de escuridão absoluta para ter certeza de que haverá outra grande neste mesmíssimo local. Como andar de barco pode espantar os

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peixes, a menos que as remadas sejam cuidadosas, talvez o melhor seja ir

para casa (se você conhecer bem o local, pode ser viável mudar de lugar e continuar pescando...), até porque é raro encontrarmos duas grandes no

mesmíssimo local (elas só se unem no momento de desovar). Pescando à noite, andando a pé ou de barco, faça-o com cuidado, em silêncio, e no escuro! Isto fará a diferença!

Se houver luar e não estiver frio é quase como pescar de dia, embora seja

mais difícil enxergar para fazer um lançamento preciso! A traíra estará com sua janela de ação (distância na qual ela acredita que seu ataque deverá ser bem sucedido) um pouco alargada (em relação ao dia). Ainda assim, o melhor é

passar a isca em baixo da vegetação (é explicado adiante como fazer isso) , possibilitando um provável sucesso!

Quanto mais escuro, maior será a janela de ação (mais fácil o peixe achar que a isca está ao seu alcance e atacar) e mais difícil f ica o refugo (quando o peixe

ataca, mas no último momento ela desiste por reconhecer a isca como artificial, pois ele memorizou uma “experiência traumática anterior”). Parece que à noite, o

barco espanta menos as traíras, por ser menos visível; mas se não houver luar ou outra luz, fica quase impossível explorar mais de um lugar por não

enxergarmos nada (a menos que se conheça muito bem o local). OBSERVAÇÃO: O local deve ser bem conhecido e o pescador deve ser

experimentado para pescar com artificial à noite com bons resultados, especialmente em noites sem luar, pois fazer qualquer barulho ou mesmo

acender uma lanterna sobre ou próximo à água é suficiente para assegurar que não vai bater nada.

5 – De 02:00 a 04:00 hs parece que todos estão dormindo, sendo esta hora marcada por nevoeiro e frio (nevoeiro sempre prenuncia má pescaria, pois o local

estará iluminado difusamente se houver qualquer cidade próxima). Além disso, mesma situação que ocorre entre 20 e 22 h se repete, quando estarão novamente de barriga cheia, ou estão enfiadas na vegetação e fora de

alcance; mas..., se as condições forem boas (especialmente, falta de nebulosidade e escuridão) pode tentar que pode dar boa!

Convém salientar que o nevoeiro é que marca o início deste momento! De forma que o horário indicado é apenas uma forma didática de explicar como os momentos se sucedem...

6 – Entre 04:00 e 07:00 hs (ou melhor, entre uma hora do nascer do sol e uma

hora após), aos primeiros raios de sol, novamente os mosquitos, os lambaris (e as traíras) se agitam, embora menos, caso esteja frio. Ao fim da noite e amanhecer, o mesmo que ocorre ao entardecer se repete. Basicamente, este

horário só não é produtivo se estiver muito frio, mas como o frio é regra neste horário (dependendo da época do ano)... Quem pesca no anzol pode ter

bom proveito neste horário, pois uma traíra que iria “dormir” de barriga vazia poderá entrar. Novamente, a traíra não quer estragar seu “pesqueiro”; de forma que este

momento pode ser mais produtivo com anzol que com artificiais...

7 – De 7:00 a 10:00 hs, traíras de barriga cheia e água fria... 8 – De 10:00 a 15:00 hs: Qualquer peixe não gosta de muita luz, mas isso

não impede ações das traíras neste horário. Talvez, o pior deste horário seja a falta de expectativa de conseguir alimento por parte da traíra, que

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permanece na loca, a não ser que esteja protegendo o n inho. Nascentes

d’água (água limpa e fresca), e locais sombreados não muito rasos (mesmo sem vegetação) ou rasos com vegetação, com a água limpa e parada são seus

locais de descanso nestas horas. Locais de águas rasantes sem vegetação podem dar bons “frutinhos (geralmente “peixinho de aquário”, embora possa entrar uma grande também)” se a água estiver limpa e parada. Como a traíra é

“territorialista”, existe uma “pressão populacional” fazendo as menores traíras buscarem locais alternativos de descanso.

Durante as horas de luz, as traíras menores e que tenham sido mal sucedidas em se alimentar durante a noite (geralmente as menores) podem atacar iscas,

as artificiais em especial; mas os “refugos” são mais freqüentes, devido à visibil idade do pescador e do “encastoamento”. Nestas horas de luz, a traíra

não sairá de onde está, e por isso, quem tem de andar é você. Assim um barco não será tão interessante, por espantá-las. Se for possível remar sem fazer muito barulho, use o barco para pescar em locais inacessíveis da

margem. Pode ser usado um motor elétrico, próprio para pesca, mas o resultado não será superior ao do remo, se bem usado.

Digo e repito, um pescador que habilmente coloque uma isca artificial na cara

da predadora provavelmente terá sucesso em qua lquer hora do dia em que as traíras não estejam de barriga muito cheia (no verão, entre 19 e 22 h, e entre 7:00 e 10:00 hs) ou na loca. Nestas horas pode ser necessário fazer a

“prospecção”, isto é, fazer muito barulho e “acordar” a traíra para se conseguir um ataque de uma grande (as pequenas costumam estar com fome,

“acordando” mais facilmente). Pode-se usar iscas de superfície “barulhentas” alternadamente com uma de meia-água.

Uma grande traíra irá escolher o melhor local para caçar nestas horas em que os lambaris se agitam e saem de seus esconderijos e vão se esconder no meio

da vegetação fechada para não serem comidos, assim como no alvorecer e ao crepúsculo. Elas também podem comer (se estiverem com fome) ou escorraçar uma traíra menor que fique por perto. Sempre é mais interessante pescar antes

destes dois momentos onde os mosquitos se agitam ou ao redor da meia-noite (quando escurece; senão escurece por causa da nebulosidade, por volta de 21

h), pois é certo que estarão com fome e receptivas às iscas artificiais (também ao alvorecer se estiver quente, mas isto não é comum fora do verão).

PPP rrr eee vvv eee nnn ddd ooo aaa NNN eee bbb uuu lll ooo sss iii ddd aaa ddd eee :::

Se o céu estiver nebuloso (com nuvens, nevoeiro, ou serração) e houver grande fonte de luz (como uma cidade próxima), pode ser que continue claro demais (mesmo sem sol e lua), com a existência de um clarão no horizonte. Este

detalhe sozinho poderá frustrar a pescaria de grandes traíras, mas permite pegar as médias (peso de até aproximadamente 1,3 Kg) desde que esteja

quente e o local for favorável. Mesmo quando não esfria o suficiente para que ocorra a neblina, a luminosidade que houver se tornará difusa, prejudicando a formação de sombras, e talvez por isso, seja melhor pescar com lua cheia a

pino ou ao crepúsculo, do que pescar com neblina. É muito difícil prever se o céu estará nebuloso (ou melhor, quando não estará; pois o aquecimento global

mudou o clima desde que eu escrevi esta frase...). Para tanto, devemos compreender como a nebulosidade atmosférica se forma. Ela é resultante da condensação da umidade atmosférica.

Inicialmente, para prever a nebulosidade, é fundamental contar com uma

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previsão do tempo que inclua a umidade relativa do ar. Umidade relativa do

ar significa a quantidade de umidade dissolvida no ar, em relação ao máximo de umidade que poderia se dissolver. E esta, varia de acordo com a

temperatura. Quanto mais quente, mais água o ar pode absorver. Geralmente, a nebulosidade está associada ao frio, já que ao esfriar a umidade relativa do ar pode chegar a 100% impedindo que esta umidade

continue dissolvida. Por isso, o inverno é tão ruim para traíras. Na minha opinião, a nebulosidade e sua claridade difusa (regra no inverno) é muito pior

para a pesca, que o frio, a vigência de Lua, e os demais fatores... Um fator decisivo são os aerossóis, poluição, pequenas partículas sólidas

sobre as quais a umidade se precipita; sem elas é quase impossível termos a formação de nuvens ou nebulosidade qualquer.

As nuvens são uma condensação de umidade, formando gotículas, mas que se condensam e evaporam em ritmo semelhante, não resultando em precipitação. No caso de nuvens altas, pode haver precipitação (chuva), pois

até chegar ao chão estas gotículas se reúnem formando cada pingo de chuva. No caso de nuvens baixas, elas podem abaixar mais (nevoeiro), precipitar

como “chuva em gotículas” (serração), ou se condensar sobre objetos (orvalho). Durante o dia e o entardecer, estas nuvens baixas têm aspecto acinzentado ;

e o horizonte parece estar “enfumaçado (pode ser fumaça mesmo; pois a poluição do ar facil ita esta condensação da umidade, mas não ocorre precipitação porque esta condensação é difusa...) ”. À noite, o céu se

apresenta sem estrelas e/ou com uma cor azul diferente do preto habitual (cor de rosa no caso das terríveis luzes de mercúrio). Na prática, dá para

reconhecer quando escurece mesmo porque não dá para ver sequer a vara de pesca; mas um macete é que “não dá para ver o contorno dos morros (exceto pela falta de estrelas)”!

Sempre há alguma umidade dissolvida no ar, portanto o importante é

procurar ir pescar com uma umidade relativa de 70% ou menos (quanto menos, melhor!), quando a transparência do ar será preservada, ao menos até esfriar muito (como dito antes, quanto mais frio, menor a capacidade do ar em

dissolver o vapor d‟água).

No inverno é comum existir nebulosidade durante a noite toda, especialmente nos “meses sem R” (maio, junho, julho, e agosto) que neste aspecto são bastante cruéis! Dependendo do frio, meses anteriores ou posteriores

também podem ser. Pescando em local próximo à cidade, um teste simples é olhar uma luz de um poste e ver o halo luminoso que se forma ao redor da luz!

Quanto maior, mais nebuloso! Quando a lua é favorável (ou melhor, ausente) e o halo está pequeno ou diminuindo, e der para chegar lá até 22 h, há possibilidades! Mas se você não conhecer bem o local onde vai pescar, nem

tente! Sempre chegue lá com a luz do dia e avalie o local. Por último, cabe lembrar que existe nebulosidade associada à poluição do ar, sendo

característico o sol avermelhado quando este nasce ou se põe, ou pela cor acinzentada do ar.

Observação: As regiões centro-oeste, sudeste, e sul do Brasil; têm sido afetadas pelas mudanças climáticas e possuem, atualmente, uma

nebulosidade constante. Efeito prático disso é o céu azul (em lugar do preto, pode ser também magenta no caso das terríveis luzes de mercúrio ) durante a noite, sendo que houve uma transição gradual entre 2002 e 2007... Isto se

deve, segundo minha opinião, ao aquecimento global; mas isso é assunto para outra conversa...

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PPP eee sss ccc aaa nnn ddd ooo nnn ooo iii nnn vvv eee rrr nnn ooo :::

A isca ideal para o inverno é uma artificial de meia água (tipo papa-black) de ação bem lenta, uma isca de fundo, ou uma isca viva. Não adianta usar uma isca parecida com uma traíra, pois o territorialismo não é forte no inverno por não ser época de

reprodução! No inverno, as traíras viram “come-dormes (mais dorme que come)”, sendo absolutamente essencial prever onde e quando elas irão sair da loca para comer.

Como se satisfazem rapidamente (ou “empapuçam”), elas voltam imediatamente para a loca, e com isso, não haverá uma segunda chance! Trabalhar o mesmo lugar

insistentemente, espantando os forrageiros (lambaris e outras presas). A isca tem que ser lenta e colocada no lugar certo, prevendo o momento em que vai

escurecer (poucas vezes escurece mesmo, por causa da nebulosidade), e não faça nada que espante o predador! Um desafio! Ponderemos o assunto um pouco mais:

Todos os peixes, por serem “pecilotérmicos” se alimentam menos no inverno (sua

temperatura acompanha as temperaturas ambientes, interferindo em seu metabolismo otimizado aos 24º a 26º C), ficando “preguiçosos” ou menos ativos. Com a

traíra, isto ocorre quando a temperatura da água chega a 18º C, anulando os ataques aos 14º C (para uma temperatura considerada normal de 21º a 25º C). De noite, é normal que a temperatura da água seja superior à do ar, em até

três ou quatro graus no início da noite e dois graus na alvorada. Na maior parte das vezes, podemos negligenciar este fator, entretanto, se estivermos

em um inverno rigoroso (“meses sem R”, de maio a agosto), devemos preferir pescar no início da noite por ser mais quente. Especialmente quando está muito frio, as traíras procuram lugares rasos e sem correnteza, visto que a

água mais fria está onde é mais profundo (e com correnteza), podendo ser pegas bem na “beiradinha” dos locais mais largos do rio (neste caso,

eventualmente, com melhores resultados no anzol). Como a temperatura da água cai durante a noite, mesmo na escuridão,

podemos reconhecer o momento em que cessam as ações de traíras por estar frio demais. O uso de iscas artificiais só costuma dar bons resultados enquanto

a temperatura da água permanece acima de uns 18º ou 20º C, quanto mais quente melhor. Lembrando que é com as iscas artificiais que freqüentemente pegamos as maiores traíras. Como a melhor hora de pescar traíras é sempre na

escuridão (ou no crepúsculo, quando os lambaris agitados costumam “dar mole”), devemos estimar a temperatura da água para sabermos a melhor opção de pesca,

pois com água fria, a pesca no anzol pode ser mais produtiva (até porque elas ficam bem na “beiradinha” sob a vegetação, um lugar onde as artificiais não alcançam se houver vegetação). Somente use as iscas artificiais apenas se a mínima da

água ficar acima de 18º C (ideal seria acima de 22º). Com o frio, o uso de “shads” (isca de silicone, ou mesmo peixinhos iscados e trabalhados à semelhança

de um shad), “grubs” (minhocas), “jigs”, e isca viva é especialmente recomendável, já que podem ser consideradas as iscas mais lentas .

Proporcionalmente a seu tamanho, peixes grandes são mais velhos e crescem menos, portanto comendo menos. As melhores chances para capturá-lo

dependem da água estar mais quente. Convém observar que os limites de temperaturas apontados, que podem, ou não, ser favoráveis, não são válidos para todos os lugares. Como moro em Valença (interior do Rio, próximo a Minas

Gerais), os peixes daqui têm genética apropriada para as temperaturas

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regionais experimentadas durante o ano (extremos: 7º a 36º C); genética esta,

que varia de acordo com as temperaturas anuais registradas para o lugar.

Geralmente, o inverno é a época de encostar a tralha de pesca (ou de ir pescar muitos outros peixes...) . Como a traíra não está reproduzindo, ela se enfia em uma loca para descansar. Poucas vezes dando uma volta para

encontrar comida, já que até a digestão fica lenta, teremos raras oportunidades para capturá-la. Estas oportunidades certamente serão ao pôr

do sol, ou quando escurecer mesmo. Mas se você se considera um “expert”, vale a pena encarar este desafio de pegar uma traíra que faça vista em pleno inverno. Para tanto, toda e qualquer condição favorável ou desfavorável deve

ser levada em conta! Além de tudo que já foi dito, a principal consideração é sobre a luminosidade noturna, fator decisivo para o sucesso da pescaria, pois

quando está escuro mesmo não tem jeito, vai dar peixe (especialmente com a técnica da grande traíra)! Considerando que tudo esteja certo com os demais fatores (inclusive ausência de sol e lua), resta saber se haverá nebulosidade

suficiente para refletir a luz de uma cidade próxima e iluminar o local de pesca.

Observei que, no inverno, ocorre um fenômeno curioso em relação à pesca de

traíras (ao menos, na represa onde costumo pescar)! A falta de correnteza forte (pela ausência de grandes chuvas) favorece o crescimento da vegetação flutuante e as baixas temperaturas da água as tornam menos ativas, e com

isso as iscas artificiais podem ser inadequadas para esta situação (exceto as iscas de fundo, às vezes em trabalho vertical quando no meio da vegetação).

Inclusive, porque as traíras preferem águas quase que paradas, onde a vegetação tende a se acumular por grandes extensões, a ponto de cruzar de

uma margem a outra sem interrupção. Se isto aconteceu em algum lugar das águas onde você costuma achá-las, ou por qualquer motivo, a leitura das

águas recomenda considerar a pesca sem iscas artificiais (onde as iscas artificiais não podem alcançar), considere a forma tradicional de pescá-las, pescar na batida, ou usar verticalmente iscas de fundo (detalhes mais adiante).

Assim como nós nos enfiamos embaixo de cobertores quando as condições

ambientais não nos forem favoráveis, o mesmo ocorre com as traíras. No inverno, pesque quando e onde as condições sejam menos desfavoráveis, afinal, alguma hora e em algum lugar elas vão ter de comer (nem que seja

uma vez a cada semana ou duas), e tudo isto é previsível! É imperativo conhecer o local e o peixe para pescar nestas épocas de frio e outras adversidades,

pois o peixe se esconde (se enfia na loca, “caverninhas” no barro) e não importa o quanto se seja habil idoso, não vai dar peixe! Uma traíra só sai de lá se estiver com fome ou se as condições mudarem (principalmente se escurecer)...

Geralmente; o nível da água abaixa e a correnteza diminui no inverno, e tudo isto deve ser levado em consideração para estimar onde as traíras se

escondem... A leitura das águas pode sofrer interferência da luminosidade noturna (se estiver

frio, especialmente a claridade no começo da noite), seja por um luar ou por nebulosidade (que reflete a luz de uma cidade próxima), afetando a pesca

durante o dia também. Se permanecer claro durante a noite toda, as traíras vão preferir (bem mais que o normal) locais com vegetação intensa (onde dificilmente se alcança sem um barco), pois estes locais oferecerão melhores

chances ao predador, por ficar sempre escuro embaixo do capim “braquiára”. A pesca desembarcada com artificiais terá pouca chance de ser produtiva por não

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alcançar locais promissores, assim como a pesca embarcada será prejudicada por

“não escurecer de vez” (condição para a “técnica da grande traíra”). Tente achar um local promissor com vegetação contígua a uma grande massa verde, e abuse

de lançamentos um pouco mais longos, se for usar um barco.

As Marés E O Humor:

A influência direta da Lunação sobre o humor já foi atestada diversas vezes, inclusive por estudos

científicos, em diversas áreas do conhecimento humano. Por exemplo, o corpo de bombeiro de Los

Angeles verificou um aumento de até 3 vezes na incidência de incêndios criminosos durante as Luas

cheia e vazia; índices semelhantes foram observados com suicídios, homicídios passionais, e outras

maluquices... Quanto mais baixa a colocação do ser na escala evolutiva, maior esta influência (influencia

mais vermes e insetos que um peixe, e influencia mais o peixe que o ser humano); pois seu

comportamento terá maior proporção de instinto, em detrimento da inteligência (a força responsável por

inibir os instintos, quando estes não favoreçam o indivíduo). Insetos e vermes se agitam nestes períodos,

agitando os peixes forrageiros, que agitam os predadores... Em suma; desde a antiguidade, observou-se

quê os impulsos primitivos são mais “irresistíveis” nos períodos citados; embora tal fato ainda permaneça

obscuro em seus exatos mecanismos; portanto, pode ser mais fácil pescar um peixão ao meio dia da Lua

nova, à meia noite da Lua cheia, ou nos 3 dias ao redor destes horários. No caso de uma grande traíra,

seria na meia-noite de uma Lua nova o momento mais favorável do mês (unindo a influência da maré ao

que já aprendemos sobre traíras); e a meia-noite de Lua cheia o segundo momento mais favorável.

Porém...; entre tais impulsos primitivos está, não apenas a agressividade e a fome, mas também o

sono e o medo (de um encastoamento, de um pescador,...); portanto, outros fatores devem ser

considerados como mais importantes que este tipo de influência, pois pode ser que o estímulo de dormir

ou fugir seja reforçado por esta “maré biológica” (e não o instinto de se alimentar ou defender seu

território, como gostaríamos). Adicionalmente, predadores em geral, comem até se fartar e “vão dormir

(se enfiam na loca ou ficam pouco ativos)”; no caso da traíra, ela tende a não se expor indo aos limites da

vegetação se puder ficar de barriga cheia na escuridão em baixo da vegetação (a não ser que tudo esteja

escuro). Portanto, a maré biológica é mais importante na pesca de “peixes não-predadores”.

Admito que já peguei algumas traíras bem grandes ao redor da meia noite de Lua cheia, um

horário não tão favorável assim por causa do luar. Mas, a maior dificuldade que a traíra encontra em se

alimentar nesses dias de noites claras, pode também explicar esta receptividade à minha isca artificial

(atacada quando eu a coloco em baixo da cicuta; assim não tem muito jeito, né?).

Eu só levo em conta a maré biológica quando está no inverno; e, por desafio, resolvo ir pescar

assim mesmo. A pesca no inverno exige grande conhecimento e considerações para acertarmos o

momento mais favorável (ou menos desfavorável), sendo cada detalhe decisivo.

Antes de esgotar este assunto, vale observar que esta influência lunar obedece às mesmíssimas

regras das marés alta (a mais influente e favorável, quanto mais alta a maré melhor) e baixa; sendo uma

dica usar uma tábua das marés (no caso do local de pesca não possuir uma tábua das marés, como ocorre

no interior, use uma tábua de um local de mesma latitude; pois os horários das marés coincidirão). Se

você não tiver acesso a uma tábua das marés; lembre-se de que a Lua tem 2 vezes a influência do Sol, e

que a maré sobe quando um destes astros passa sobre o local, ou sobre o local diametralmente oposto da

Terra. A maré morta ou maré de quarto ocorre quando temos o Sol e a Lua com 90º entre si, nas luas

“enchendo” ou esvaziando”; nas Luas cheia e “vazia” suas forças gravitacionais se somam, fazendo as

grandes marés.

OOO nnn ddd eee PPP eee sss ccc aaa rrr TTT rrr aaa ííí rrr aaa sss :::

Evitando suspense, adianto-lhes que o local deve ser um rasante (extensão de

profundidade inferior a dois metros, ou melhor ainda, ao redor de 1 metro), vegetação perene margeada por “santa luzia” (cicuta – um tipo de vegetação aquática) sem espaços entre as plantas, sem correnteza. Melhor ainda se

houver uma nascente d’água por perto (onde a água é mais limpa, menos barrenta). Analisemos o assunto mais a fundo:

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Represas e lagoas são os locais ideais para a pesca de traíras, desde que a vegetação aquática não seja excessiva. Quanto menos vegetação, mais

previsível e acessível o local que abriga a grande traíra. A NASCENTE D’ÁGUA (a única vantagem que uma nascente oferece a uma traíra é

sua água limpa; se não for limpa, nada feito!) é o local favorito de descanso e desova de uma grande traíra (vegetação fechada sem nascente também pode

oferecer água limpa, embora provavelmente menos limpa), onde fará seu território (durante o inverno, como elas não desovam ou desovam pouco, e a água costuma estar limpa, elas preferem lugares rasos com ou sem nascente por perto.

Uma nascente pode representar água fria durante o inverno). Geralmente, os lugares ideais para lançar são entradas na vegetação (comuns próximas às

nascentes). Normalmente, isto só é possível usando um barco. Pode ser que esta preferência por nascentes se deva aos rasantes que habitualmente as cercam, assim como os “recortes na margem” que são locais mais facilmente

“controlados” pela traíra...

Nem sempre é fácil achar uma nascente d’água ou um rasante:

• Para começar, pergunte para alguém que viu o local em uma ocasião em que suas águas tenham abaixado muito. Isto não só indicará as nascentes, mas também os rasantes (onde a água secou antes). Embora não sejam tão

boas quanto pequenas nascentes emersas (que estão fora d‟água), nascentes imersas podem ser ótimos locais de pesca.

• Converse com quem está acostumado com o local, perguntando e ouvindo tudo, evite comentar antes da pessoa falar espontaneamente tudo que ela

tem a dizer, e então pergunte, mas apenas para mantê-la falando e obter mais detalhes. Ouvir evitando fazer maiores questionamentos, e só fazer

perguntas para obter mais detalhes, é a melhor estratégia. OBS: Uma pergunta simples, onde você, o gado (no caso de pastagens

cercarem a lagoa ou represa), cavalos, capivaras,... podem matar a sede com água limpa (nascente).

• Não despreze nenhuma dica antes de testar, e de se certificar de que a executou corretamente. “A boa prática é aquela que permite a formulação, ou

confirmação de uma teoria; e a boa teoria é aquela que funciona na prática”.

• Se a pessoa que pesca neste local usar rede, suas informações devem ser corrigidas para serem usadas em pesca esportiva. Uma rede funcionará melhor em capim “braquiára”, cercando ou próxima a um rasante ou entrada,

onde as traíras simplesmente passam, e não onde elas caçam; ou seja, se existir vegetação flutuante compacta por perto é lá que devemos pescar...

• Com estas informações em mente, parta para a observação direta do local. Observe que entradas, como que recortes nas margens da lagoa (freqüentemente

cobertas com capim “braquiára”) aparecem como áreas úmidas com um “fio d‟água”, encobertas, mas acima do nível da água da lagoa, confirmando a

nascente. Nota: Existem nascentes submersas... • A inclinação das margens pode nos ajudar a escolher o local de pesca, que

se for quase plano, pode indicar um rasante. Quando a margem é inclinada, sugere que a profundidade aumenta rapidamente a partir da margem. Um

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barranco pode ser imprevisível, mas geralmente é uma margem vertical, mas

com pouca profundidade (devido ao desbarrancamento, à queda de terra). Em outras palavras, o fundo do rio tende a seguir a inclinação da margem.

• Observe a vegetação, pois ela costuma ser de capim “braquiára” nos locais onde as margens afundam rapidamente ou em rasantes e entradas com

nascentes. Vegetação “cicuta” nos rasantes e aguapé em s ituação intermediária (tudo em função do comprimento da raiz destas plantas - qualquer

variável deve fazer parte de seu conhecimento para a pescaria). A “vitória régia”, embora ela possa dar eficiente cobertura contra a luz de cima, possui comprimento de raiz maior ainda que o de uma “braquiára”, indicando um local inapropriado para

traíras. A taboa ou taipa, embora indique um local de, no máximo, 2 metros; não oferece sombra suficiente para ser um local muito promissor...

• Em caso de dúvida sobre os loca is de supostos rasantes, dê uma volta, ao redor da lagoa. Nadar e mergulhar poderá ser útil, mas uma volta de barco

enfiando o remo dentro d’água pode ser mais produtivo. Quando estou de barco, vou enfiando o remo até definir o rasante e fico próximo ao limite do

rasante, mas antes dele e da vegetação promissora, lançando paralelamente a esta (esta dica também serve quando o local é conhecido, mas pescamos à

noite). • Um rasante conhecido pode estar repleto de vegetação, tornando -se

impossível seu proveito. Mas procure ficar lançando da margem em seu l imite, ou “apoite” o barco com seu “bico” e lance em direção a margem, se o

local do lançamento não for de profundidade excessiva. Nem preciso dizer para tentar passar a isca embaixo da vegetação (técnica descrita adiante), mas isso não é tão fácil assim. Tenha calma, vá desenvolvendo suas habilidades aos

poucos, pois a habilidade (e conhecimento) faz mais diferença que todo o resto, inclusive a sorte. O controle da profundidade deve ter sua atenção especial,

pois a idéia é passar a isca na cara do peixe tornando possível pescar em qualquer situação de luz. E só vá pescar à noite quando já souber muito bem como o fazer de dia.

• Cada espécie que se vá pescar, cada lugar em que se vá pescar, cada

técnica que se vá usar é um novo aprendizado. Tente de tudo e veja se executou corretamente a técnica antes de achar que não funciona!

Tudo começa com a “ llleee iii tttuuurrraaa dddaaasss ááággguuuaaasss”, pois as grandes traíras possuem territórios que são escolhidos e disputados segundo algumas condições

favoráveis ao predador. Você deve saber reconhecer o local onde ela mais provavelmente está, e onde (e quando) ela se sentirá à vontade para atacar.

Uma grande traíra tem um local de descanso cativo (sendo o primeiro local a “patrulhar”) e a hora em que vão “sair para dar uma volta” também (quando

escurecer de vez). Não importa o quão escuro possa estar, se a traíra não estiver com fome, à procura de parceiro (basicamente, apenas as fêmeas procuram parceiros; os machos fazem os ninhos e tomam conta deles), ou tiver

sido expulsa de seu território (ou “vaga”), ela não sairá de onde está, e este local é facilmente previsível se você souber “ ler as águas”.

A traíra desova várias vezes ao longo do ano por não ser peixe de piracema (uma grande traíra desova sem sair de onde está, em meio à vegetação fechada),

mas considerando que a água turva evita que os alevinos sejam “predados” por causa da menor visibilidade, a regra é a desova na época de calor e

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chuva quando a água está barrenta, de outubro a março. Mesmo sem ser

peixe de piracema propriamente dita, a maioria das traíras (as menores também) tende a se recolher para onde à vegetação seja mais fechada se a

água estiver suja (e aproveitando a deixa para desovar). Seu comportamento estratificado (traíras de diferentes tamanhos habitam

lugares diferentes) é explicado pelo fato das traíras serem canibais e “territorialistas” . O “ttt eee rrr rrr iii ttt ooo rrr iii aaa lll iii sssmmmooo ” se explica pela proteção às ovas, à prole

recém-nascida, e ao lugar que lhe dê melhores chances de obter alimento vivo e/ou água mais limpa (hoje, as águas barrentas, pelo desmatamento e erosão das margens, é um desastre ecológico, talvez ameaçando mais a vida dos peixes que a

poluição, na maior parte dos rios).

É fácil identificar a água limpa, pois ela é um grande criadouro de diversas espécies de peixes, e outros bichos. Se a água realmente estiver limpa e parada (lêntica), será inevitável encontrar mosquitos diversos, sanguessugas

(boa isca se iscada viva, de preferência), ovas e alevinos, e toda sorte de insetos aquáticos, pois água limpa significa vida, sempre. A cor da água

limpa sempre possui um tom de verde, desde tom quase transparente (quando pode ficar meio “barrenta”, mas apenas por ser possível ver o fundo através dela),

até um verde quase opaco, devido à profusão de algas (resultante de esgoto doméstico, mas que não representa um problema ao consumo do peixe se não for em volume excessivo; esgoto industrial que contenha “metais pesados” é

que é problemático...) .

Imagine uma traíra na sombra de uma vegetação bem compacta (“santa luzia”)! Ela estará invisível às potenciais vítimas de sua voracidade, em posição perfeita para surpreendê-las. Não existem lugares bons assim para todas as traíras!

As menores são preteridas pelas maiores e podem passar alguma dificuldade em caçar, permanecendo com fome. Isto explica porque as maiores quase

nunca batem em iscas mortas, apenas uma traíra com fome comeria um lambari morto (algo morto pode conter uma doença, um veneno, dar “dor de barriga”,...; é arriscado!), enquanto se captura até traíras de “barriga cheia”

com “iscas artificialmente vivas (quanto mais movimento, menor o risco)”. Como uma grande traíra prefere caçar no limite entre a vegetação “santa luzia” e a

água livre (ao menos antes de escurecer de vez, aí ela dá uma volta ou se enfia na vegetação), temos mais uma razão para as maiores quase sempre serem pegas com as artificiais.

Observação: A maior parte das disputas territoriais não termina em morte,

pois as traíras apenas mordiscam (apenas encaixam a boca, sem apertar mas cortando com os dentes, mostrando que poderiam arrancar um pedaço, exibindo sua superioridade, sendo comum capturar traíras com marca da arcada dentária

inteira da outra traíra )...; mas se ela estiver com fome... Por sorte, a traíra só costuma mordiscar nos acidentes (ela só quer ser deixada em paz, mas sangra

muito mesmo assim), mas ela pode “morder para valer” se tiver sido agredida (se ela achar que está lutando por sua vida, pode quase que arrancar um dedo de um pescador incauto...).

As traíras machos (principalmente as maiores que existirem dentro d‟água)

possuem um pequeno território fixo por causa de seu ninho (um pequeno buraquinho raso com uns 20 cm, onde a fêmea deposita as ovas e o macho os fertiliza), não o negligenciando enquanto seus “filhos” não eclodam (as ovas

levam dois a quatro dias para eclodir). Na verdade, as traíras machos continuam cuidando do local, que servirá para a próxima ninhada, enquanto os alevinos

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nascidos há pouco se fortalecem ainda sob sua proteção, antes de se

espalharem em meio à vegetação. Particularmente os lambaris comem ovas, sarapós (tuviras), pequenas traíras e outros peixes comerão os alevinos se

tiverem à chance. Por isso, uma pequena nascente ou um “recorte na margem” com vegetação é

sempre um bom lugar para as grandes (local mais facilmente patrulhado, controlado, dominado). Se o desejado são traíras em quantidade, ou outros

peixes, procure-os em outro canto, pois a traíra espantará deste local todos os peixes que puder (pode acontecer de um pescador incauto levar uma mordida no pé, se irritar a traíra macho por invadir seu território). Aproveitando a

oportunidade, pode-se usar uma isca alongada parecida com uma pequena traíra (como alternativa a uma isca que pareça um lambari).

Por tudo isto, para que seja possível capturar uma grande traíra “macho”, deve-se usar a “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”, pois uma vez estabelecida neste local,

ela pode nunca mais sair de lá, a não ser que seja expulsa por outra traíra maior (improvável, pois esta outra traíra macho já terá seu próprio território), ou

ocorra uma mudança drástica no local (uma seca, a poluição de um novo esgoto, aterramento do local...). É notável que todas as fases evolutivas da traíra (desde

as ovas e alevinos, amarelo-alaranjados para melhor se camuflarem em águas barrentas, até os adultos) são bem adaptadas a possível má oxigenação da água, algo freqüente em águas paradas e com cobertura vegetal.

As traíras fêmeas, grandes ou médias, assim como qualquer traíra pequena,

são mais facilmente acessíveis por rodarem mais (podendo ocupar moitas acessíveis da margem), mas este local deve ser bastante favorável (quanto mais favorável, maior a traíra), pois ainda será o local que lhe dará água limpa

e as melhores chances de conseguir alimento, tanto a água suja quanto claridade ao longo da noite pode fazê-las se enfiarem na vegetação fechada

também. Este local não deve estar cercado por redes, ou ser freqüentemente “mexido” por tarrafas, peneiras, barcos, gado... Melhor se for contíguo ou próximo a uma grande massa de capim “braquiára” (de onde virá à traíra, que

reocupará a “vaga”, e que será capturada na próxima pescaria). Nesta situação, iscas parecidas com um lambari são, de longe, as mais “apetitosas”.

Sem correnteza, águas lênticas (paradas), pois uma traíra prefere caçar parada, surpreendendo a presa e água corrente atrapalha por obrigar o peixe a

nadar, denunciando-o. Lugares sem correnteza quase sempre são mais rasos (devido à precipitação do barro nestes locais) e com vegetação (que mais

facilmente prolifera nestes locais, e que age como barreira à correnteza), o que pode explicar porque elas parecem preferir locais de menos de dois metros de profundidade. Melhor ainda se a profundidade ficar entre 60 e 140 centímetros

(e às vezes, locais com 30 centímetros de profundidade, apenas o suficiente para que seu dorso não faça ondinhas na superfície e seu ventre não levante muita

poeira do fundo, quando estiver nadando atrás de uma presa, o que a denunciaria ). Durante o dia, a principal opção de ataque da traíra é usar o fundo para se

camuflar, e nadar junto ao fundo na aproximação (um lambari costuma nadar na subsuperfície, tendo a opção de saltar para escapar de um ataque, gerando com

isso a necessidade da isca afundar um pouco mais para que a traíra “saiba” que sua presa não irá escapar deste jeito). Atacando repentinamente em trajetória ascendente e por trás de sua vítima, isto pode ajudar a explicar porque ela

marcadamente prefere lugares rasos (mas nem tanto). Se houver um local

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excessivamente raso, a maior probabilidade de ação é onde começa a afundar,

especialmente em pequenos degraus, tocas ou canaletas no fundo.

Na vegetação flutuante dominada por “santa luzia” (cicuta), a traíra ficará entre suas raízes e próxima à superfície. Uma grande traíra prefere a “santa luzia” por poder se movimentar l ivremente entre suas raízes e por este t ipo

de vegetação dar eficiente cobertura contra a luz que vem de cima. Assim sendo, a “santa luzia” será a sede do “momento zero” (leia adiante). Dessa

forma, o predador fica na sombra, imóvel e invisível aos peixes que passarem por ela.

Na figura ao lado; uma

grande massa de “santa luzia”, pouco

promissora por estar solta e

descompactada (não oferecendo

sombra tão boa, vê-se a água entre as plantas).

Observe que o verde claro é a

santa luzia adulta, e o verde médio é a

santa luzia pequena.

O “aguapé”

(gigoga) pode não oferecer sombra

tão perfeita, mas pode ser a “casa” de uma traíra

grande, principalmente se

for cercado por “santa luzia”. Na figura ao lado, o

aguapé associado ao capim

“braquiára”, e cercado por pequenas cicutas.

A “braquiára” serve de esconderijo aos pequenos, a própria grande traíra, e seu ninho; e embora seja a “casa” de uma grande traíra , quando sozinha

acaba sendo um lugar ruim para pescar por não dar sombra eficaz em seus

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limites e dificultar a movimentação de um grande peixe, que tende a ficar mais

para o fundo, ou em local mais raso e favorável. Quando denso, o capim “braquiára” assegura escuridão constante, mas longe de nossas iscas. A

“braquiára” será pródiga, pois é o esconderijo dos pequenos como um lambari, desde que a profundidade não seja excessiva, e que esteja cercada por alguma “cicuta” (ou outra vegetação flutuante) compacta. A moita de “aguapé” não é

muito boa para traíra por sua sombra não ser tão boa (se não tiver a “santa luzia” ao seu redor), mas, assim como o capim “braquiára”, pode servir de apoio para

a estabilização da “santa luzia”, ou para amarrar o barco (é melhor na braquiára). Se houverem dois locais

com muita vegetação, procure ficar onde ela for

mais densa, pois será mais escuro embaixo dela. Sempre, quanto mais

houver vegetação, menos barrenta será a água (as

raízes ou qualquer obstáculo à correnteza servem como

decantadores, limpando a água e adicionalmente, a água reduz drasticamente

sua velocidade, o quê ajuda a assentar as impurezas).

Na foto ao lado, um montão de capim “braquiára”, note à direita

um pouco de “cicuta” (“santa luzia”).

A “taboa” não é lugar de traíras grandes, pois não dá boa sombra.

Só para ver se ficou claro, não importa o tipo de vegetação (ou outra cobertura qualquer, inclusive troncos, outras vegetações ...)! Ela serve apenas de

abrigo contra a luz que denunciaria qualquer movimento da predadora.

Suas raízes devem permitir seu livre

movimento, considerando também a profundidade do local (tem de haver um

pequeno espaço livre sob suas raízes). Se esta vegetação for ou estiver compacta em seu limite com a água, dará boa

sombra e será um bom lugar para a traíra atacar.

Observe que a traíra quer se esconder entre as raízes e o fundo, portanto, ela sempre estará bem no cantinho entre as raízes e o fundo. Por isso, é

importante avaliar o comprimento das raízes das plantas e a profundidade onde se encontra esta planta!

Locais sombreados (por árvores ou pela própria vegetação aquática, por exemplo) são promissores para qualquer predador, pois ficar na sombra à espreita das

presas é um lugar comum entre predadores dentro e fora d’água. No caso da traíra, a sombra é tão importante que a posição do Sol pode influir no exato

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lugar promissor (o lugar no qual a traíra irá efetivamente atacar sua isca). A

traíra pode ter preferência por atacar de um lado só de uma moita durante o dia (e atacando para qualquer lado, e por trás, durante uma noite escura) se puder

aproveitar melhor a sombra dentro d’água, nadando junto ao fundo na aproximação. Como a sombra projetada é inclinada, nadando do lado contrário ao sol, junto ao fundo, ela chegará mais perto da vítima sem sair da sombra e

conseqüentemente, o “bote” será desferido por baixo (leia mais adiante sobre as formas da traíra atacar).

As margens oferecem vegetação que funciona como esconderijo e proteção, além de poderem ajudar a encurralar a presa. Uma das oportunidades que uma traíra

tem para se alimentar é quando um lambari, de barriga cheia após a hora da mosquitada (elas comem os mosquitos que caem n‟água) tenta alcançar o capim

“braquiára” ou outra vegetação fechada para passarem a noite, ou quando se preparam para a hora da mosquitada matutina saindo para a água livre.

Se a profundidade for maior que as raízes da vegetação flutuante, aumentam as chances do lambari “driblar” a traíra, que procurará lugar mais raso no meio

desta mesma vegetação, ficando fora do alcance de iscas artificiais, ou em outra moita. Adicionalmente, na correnteza a água tende a ser mais fria e barrenta, o

que pode ajudar a explicar porque não gostam de correnteza ou lugares profundos. O lugar, para ser bom para pesca, deve permitir que se reti re o peixe de

dentro d’água ! Este lugar escolhido não será bom se, de acordo com sua habilidade, você não conseguir tirar o peixe sem evitar que ele enrosque.

Usar uma vara um pouco mais rígida e longa, assim como um barco (o barco não deve ser percebido pela traíra), pode ajudar a evitar um enrosco. Para maiores detalhes sobre o assunto, leia meu outro artigo “CCCiiiêêênnnccciiiaaa &&& AAArrr ttteee nnnaaa BBBrrr iiigggaaa”.

Em rios ou locais com correnteza, por vezes, se pega traíras “grandinhas” com

lambari iscado morto, pois a correnteza pode tapear a traíra fazendo-a pensar tratar-se de um lambari vivo. Use bóia e um chumbo (para ancorar, use uma linha fina para poder a arrebentar se o chumbo agarrar) deixando o lambari

a uns 60 centímetros da superfície. Se o lambari estiver amarelado (passado, com as guelras esbranquiçadas) pode não funcionar. Não é comum pegar traíras

grandes deste jeito por causa da correnteza, que não é lugar de traíras grandes. Em pesque-pagues, onde não há qualquer vegetação, elas ficam ao fundo dos

locais mais rasos, sendo pegas com o uso de minhocas ou “jigs”, estes também podem ser usados junto ao capim “braquiára” ou em profundidade igual ou superior

a dois metros, já que a traíra poderá estar mais próxima do fundo. Não é comum encontrarmos as grandes no fundo, sendo esta sua segunda opção de esconderijo, ou de local de descanso. As pequenas podem ser encontradas em locais rasos.

Um fato: As maiores traíras que houver dentro d’água “moram” em lugares

de difícil acesso (não juntas, uma “vaga” para cada uma), nunca indo muito longe, embora este local seja previsível, certamente a vegetação será fechada e perene (não se vê o local sem vegetação nunca ou quase nunca; sendo

recomendável o uso de um barco). A sua captura pode ser quase impossível por causa da vegetação, mas é certo que não será um lambari morto que

despertará seu interesse. Por isso eu uso e recomendo a técnica descrita no outro artigo (“TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”) para que seja possível capturá-las também. Quem sabe uma isca viva, ou que pareça viva, desperte seu

interesse também...

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Devemos “ llleeerrr aaasss ááággguuuaaasss” todo dia, pois mesmo em locais bem conhecidos, a

vegetação flutuante pode mudar de conformação, assim como os demais fatores, e alterar os bons nichos de pesca. A “santa luzia” ou qualquer

vegetação candidata a abrigo de uma traíra deve estar compacta para servir de anteparo eficaz contra a luminosidade vinda do céu.

Se você observar espaços entre as plantas, haverá raios de luz interrompendo a sombra, e com isso, qualquer movimento do predador será

denunciado prematuramente ao bote (a presença da traíra será denunciada na aproximação, antes que ela esteja pronta para dar um bote sobre a presa). Se você não visualizou, imagine-se em um canto escuro dentro de um quarto e a cortina

tem furinhos. Agora tente se mover furtivamente, isto é, sem ser visto...

C o m o u m a t r a í r a a t a c a :

A traíra tem a sua própria leitura das águas, ou melhor, antes de tentar

comer sua presa, ela avalia a chance de “se dar mal” e evita gastar energia à toa, ainda espantando outras vítimas potenciais! Portanto, não é a toa que a

traíra é o predador que mais e melhor avalia sua chance de sucesso em um ataque, um ataque mal sucedido pode estragar o “pesqueiro da traíra”.

Quem está acostumado a pescar em um mesmo local certamente observará que a situação (o exato local, o trabalho da isca, a forma do ataque, e horário) em

que a traíra ataca é repetitiva. Tanto é assim que observei que existem basicamente quatro momentos e três formas de uma traíra atacar:

Com relação aos “MMMooommmeeennntttooosss”:

MMM ooo mmmeee nnn ttt ooo 000 (“zero”, pois esta ação não é visível) – Preparação: a traíra atenta para a possibil idade de “se dar bem” com um ataque em

determinada direção (onde sua isca passa repetidamente), se vira para este lado e nada bem devagarzinho para a beirada da vegetação onde nossa isca passou, mas pára aí. Ela se limita à espreita sem sair da

sombra que a oculta. Na cabeça do predador, a isca passando repetidamente no mesmo lugar parecerá com um cardume, e ela não

desconfia que seja apenas uma única isca. Não é comum pegar a traíra no primeiro lançamento “perfeito” (lançamento que passou onde nós planejamos, embaixo da vegetação e bem na cara da traíra), pois ela

sempre observa e se prepara para depois atacar (exceto na escuridão, quando o momento zero pode não acontecer).

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MMM ooo mmmeee nnn ttt ooo 111 – Posicionamento: a

traíra sai de onde está (escondida, oculta, “paradona” à espreita...) em

trajetória quase perpendicular à trajetória da isca, alcançando sua “zona cega” e preparando-se para a

aproximação.

Observação: a zona cega de um lambari (e de outros peixes) é atrás e abaixo deste (por causa da posição de seus olhos). Este

momento se resume na traíra ir para esta zona cega. Normalmente, ela não irá tentar

atacar uma presa se ela passar a mais de 1 metro, a não ser na escuridão absoluta, quando esta “janela de ação” pode se

alargar para uns 2 ou mais metros.

MMM ooo mmmeee nnn ttt ooo 222 – Aproximação: furtiva, lentamente a traíra se aproxima de sua presa tentando não ser vista (mantendo-se na zona cega).

MMM ooo mmmeee nnn ttt ooo 333 – Bote: a traíra desfere um ataque rápido, e morde arrancando

um pedaço da vítima, se esta não couber inteira em sua boca. Notável o uso

constante da sucção neste momento, sugando a vítima para dentro da boca.

Com relação às “FFFooorrrmmmaaasss”: FFF ooo rrr mmmaaa 111 – Simplesmente dando um bote, se sua presa passar “na cara”,

a tal distância que a aproximação seja dispensável. Este ataque ocorre quando a presa se aproxima demais, pois neste caso a traíra prefere iniciar

o ataque antes que seja percebida e sua presa inicie uma fuga. Neste caso, o ataque pode ser desferido por qualquer lado, embora exista uma clara propensão a atacar a cabeça, pois será pouco útil uma tentativa de fuga da

presa. O encastoamento pode interferir, causando uma má ferrada por fora da boca ou no “lábio” do peixe (a traíra se sacode e foge, o mesmo que ocorre com

as pequenas). Como esta forma de ataque ocorre mais durante o dia, temos mais uma razão para pescar a noite ou ao crepúsculo. O macete é evitar colocar a isca tão perto assim da traíra, comece jogando um pouco mais

longe (permitindo a traíra se preparar para atacar, o momento 0) e vá progressivamente lançando cada vez mais próximo da traíra até obter uma

ação. FFF ooo rrr mmmaaa 222 – Por baixo: Aproximação junto ao fundo, geralmente por usar a

sombra inclinada da vegetação, e o bote em direção ascendente (ligeiramente

por trás). Geralmente ocorre no lado sombreado (sombra dentro d‟água) da vegetação. Ocorre mais durante o dia (podendo ocorrer sob luar, ou em

lugares meio-profundos), aliás, esta forma de atacar se explica pela sombra inclinada da vegetação (dentro d‟água, no lado da moita oposto ao Sol ou Lua), que a traíra aproveita para evitar revelar sua presença prematuramente ao

bote (de dia, a traíra tenta se camuflar para poder se aproximar). Este ataque permite ao predador uma perfeita visão da silhueta da presa, com o céu

como fundo, mesmo que haja grande diferença de profundidade entre presa e predador (muitos peixes predadores usam este ataque pelas mesmas razões). Por ferrar apenas na garatéia ventral, pode deixar a traíra escapar (convém

usar um puçá para retirar o peixe d‟água).

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Observação: no caso da isca “papa-black”, é característico que traíras com

menos de 2 Kg se ferroem apenas na garatéia ventral. Não existe isca ideal para este ataque, assim como o anterior, por isso recomendo o uso de uma “crank bait”

(isca gorducha, melhor se parecida com lambari. “Papa-black” por exemplo, que sempre é uma isca recomendável para traíras a partir de 1,5 Kg; o segredo está em tentar usar uma isca que porte garatéias de tamanho sufic iente para retirar o

peixe ferroado apenas na garatéia ventral, além do puçá ou passaguá).

FFFooorrrmmmaaa 333 – Posicionando-se por trás. “““FFFaaassseee dddeee aaappprrroooxxx iiimmmaaaçççãããooo ””” : dirigindo-se para trás de sua presa a uma distância suficiente para não ser percebida neste nado lento (buscando ficar na zona cega de sua presa) e o “BBBooottteee ”:

quando a traíra nada na sua velocidade máxima, e abocanha (sugando) sua presa. Pode ocorrer durante o dia quando à distância para o bote é pouco

menor que a distância em que a isca passa, e quando a isca passa em profundidade considerada ótima (uns 40 a 60 cm, na cara do peixe!), e é o ataque que mais ocorre na escuridão (na escuridão, a traíra tenta fazer com

que seu ataque seja rápido, antes que a vítima se vire e olhe para trás). É a melhor forma de ataque para uma dupla ferrada (quando a traíra engole a

isca), e a isca ideal para este ataque é uma “shallow runner” (isca alongada de subsuperfície) por ser o tipo de isca mais facilmente engolida no ataque

por trás. Recomendo tentar prever como a traíra irá atacar, o local exato deste ataque, e a isca

e o trabalho que serão capazes de ensejá-lo. Isto fará a pesca muito mais produtiva!

Contando um “causo”: Não é todo dia que se vê toda a ação de uma traíra, mesmo não sendo tão grande assim, eu

tinha de botar a foto desta dentuça aí! “Sente só” a história desta foto: Em 28

de fevereiro de 2006, com lua “vazia”, peguei às 16:20 hs uma traíra fêmea de 1.925 g (de barriga vazia), pesada em boa

balança (não era “balança de pescador”!), e com 65 cm de comprimento. Acredito que

ela estivesse magra por ter desovado intensamente nos meses anteriores a sua captura; pois de uma traíra deste

comprimento, se esperaria que pesasse perto de 3 Kg. Eu usava uma “papa-

black” prata, cor 10.

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Faltava uns 50 cm de linha, quando vi a traíra sair de onde estava, se

posicionar junto ao fundo aproveitando a sombra inclinada da vegetação, se aproximar nadando rente ao fundo (sem sair da sombra), abocanhar a isca com

um bote ascendente na vertical quando eu estava com menos de 20 cm de linha. A ponta da vara estava “escondida atrás da vegetação (a ponta da vara fica em cima da vegetação de modo a não ser possível vê-la de dentro

d‟água)”, enquanto deixava a isca emergir (“boiar” de volta à superfície – quê mais eu podia fazer se a linha já tinha quase acabado e o bicho ainda não tinha se

ferroado? Parei de recolher ao perceber que puxar mais linha faria a isca subir mais rápido que simplesmente a deixando boiar).

Observação: a traíra identifica o pescador (e a isca) pelo movimento; nesta situação, o certo é ficar imóvel (principalmente, mantenha a ponta da vara

imóvel; ou escondida atrás da vegetação)! Mas a isca deve permanecer o tempo todo em movimento!

Quando finalmente a traíra se ferrou (embora não tenha levado mais de 2 segundos, pareceu-me uma eternidade; haja coração!), ela imediatamente voltou

para baixo da vegetação tomando na casa de 6 metros de linha (sei por causa do nó do líder que também sumiu embaixo da vegetação, a vara para molinete era

de 2,4 m). A linha mestra Trilon Flúor Coating 0,28 mm, muito fina, obrigou a usar a embreagem muito frouxa e quase perdi a traíra no enrosco, quando ela bateu. No reflexo, enfiei a ponta da vara dentro d’água, o que evitou que

enroscasse, e, delicadamente, fui trazendo a “bichana”... Quando o líder Super Raiglon 0,47 mm chegou no carretel, apertei a

embreagem toda, pois o bicho já estava entregue, e a retirei com o puçá (algo essencial, pois ela poderia ter escapado se eu tentasse a erguer para fora d‟água, pois estava presa por apenas 1 garatéia, a ventral).

“““MMMeeeaaa cccuuulllpppaaa””” ::: Quando um internauta, que conversava comigo no MSN, me

questionou sobre tamanho de traíra foi que me dei conta de que eu precisava de uma câmera fotográfica. Tomei vergonha na cara e comprei uma máquina fotográfica digital para poder tirar fotos dos bichos que pego, especialmente com a Técnica da

Grande Traíra”.

No mesmo dia, entre 22 e 01 h, uma de 1.070 g (a menor traíra que levei para casa neste ano), e outra de uns 500 ou 600 g (que soltei, é claro...), além de várias outras ações (uma mesma pequena traíra escapou-me 3 vezes seguidas por

não se ferrar direito, dia do peixe!). As condições de nebulosidade não eram favoráveis e, como o local de pesca fica próximo à cidade, não permitiam a

execução da técnica da grande traíra que era minha intenção inicial. Dois dias depois (tempo para que outras traíras ocupassem as “vagas”), após uma lancha com motor de 70 hp passar e bagunçar a “santa luzia” (tinha plantas até de

cabeça para baixo), não consegui sequer uma única ação nos mesmos lugares. Neste caso, como em outras situações desfavoráveis, as traíras estarão

próximas à margem, mas longe de nossas iscas por causa da vegetação (especialmente “braquiára”), as traíras “rodam” sempre bem juntinho as margens, no “rasinho”, especialmente se estiver frio.

E x e m p l o s d e “““ lll ooo ccc aaa lll mmm aaa iii sss ppp rrr ooo mmm iii sss sss ooo rrr ””” :

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Em amarelo, a área “mais promissora”.

Em vermelho, a área que é promissora, mas nem tanto...

Em verde claro a “santa

luzia”... Em verde escuro o capim

“braquiára”. Em caqui, a margem.

Como durante o dia é mais difícil conseguir uma ação, eu usaria o

lançamento representado em azul, pois assim que eu ver o bicho, ficarei imóvel, mas há o risco da

traíra me ver e acabar a festa.

Durante a noite, eu usaria o lançamento em preto, pois me afastando do “local promissor”, não há o risco de espantar o peixe.

Esta é uma representação de

uma situação real, na qual eu já

pesquei muitas grandes traíras.

O ponto vermelho é a suposta

localização do ninho em baixo da vegetação.

Com a escuridão

e um trabalho insistente, a traíra sairá do ninho e irá

atacar a isca que passa em baixo da

vegetação.

Observe que o

barco é amarrado fora do local

promissor!

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Só para lembrar que, de dia, a posição do sol pode ser determinante no

exato local muito promissor (em amarelo).

À noite, eu trabalharia o outro lado (até mesmo para reduzir o risco de

ferroar a traíra com um monte de capim “braquiára”

no caminho, além da “cicuta” atrapalhando a tirá-la da água).

Em vermelho, local promissor e suposta

localização do ninho. A seta indica o lado onde está o Sol.

Observação: Em baixo de vegetação compacta é sempre um local muito

promissor, a não ser que não haja um suposto ninho por perto, mas ainda assim dá para pegar as médias ou grandes fêmeas.

T r a b a l h o n o s l i m i t e s d o “““ lll ooo ccc aaa lll ppp rrr ooo mmm iii sss sss ooo rrr ””” :

Prefira lançar de fora do local promissor, isto evita que espantemos a traíra com nossa presença. Basicamente, o local pode ser não promissor por

ser fundo, raso demais, pela falta de vegetação, ou pela vegetação inapropriada (como a “braquiára” - “pura”, que serve para amarrar o barco).

Quando usamos um trabalho de isca que use toques de ponta de vara, devemos estar mais longe ainda deste local promissor (a traíra nos perceberá facilmente por

este movimento)!

A posição do barco é extremamente importante, devendo ficar fora do lugar considerado promissor (para que lancemos nele), e permitindo um trabalho paralelo ou abaixo da vegetação. A posição do barco também é

importante para permitir tirar o peixe sem que ele enrosque.

Quando desembarcado, ou se a situação lhe fizer tirar a isca d’água dentro do lugar promissor, deixe-a flutuar ficando imóvel por uns instantes antes de a puxar, pois uma traíra pode estar seguindo-a e atacar neste momento!

Uma vara um pouco mais longa (de até uns 8 pés) e rápida (rígida) poderá

ser muito útil na pesca desembarcada, evitando que o peixe enrosque e nos deixando um pouco mais longe do peixe, evitando que ele perceba nossa presença (cuidado com sua sombra projetada dentro d‟água, e procure ficar “atrás da

vegetação” ou imóvel, a traíra só deve ver a isca). A vara longa ajuda também a passar ou “manobrar” a isca por baixo da vegetação. A desvantagem da vara

longa é a menor precisão de lançamento, também cansando mais o braço por causa dos lançamentos repetitivos, mas dá para se habituar.

Uma vantagem da pesca desembarcada é a tendência que a traíra fisgada tem em encostar, facilitando que a tiremos da água (exceto quando ela enrosca,

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cuidado!). A briga é boa quando puxamos uma traíra para o meio da água, estando

no barco; mas isso é muito útil para evitar o enrosco.

Macete: Se estiver pescando da margem, quando sentir que a traíra está bem ferroada, “corra” recolhendo a linha (não deixe a linha frouxa por um segundo sequer) até ficar bem de frente para a traíra, espantando-a da

margem e evitando que ela enrosque (mesmo traíras grandes costumam pular quando “expulsas” da margem, por isso uma boa ferroada é essencial)... Se ela

estiver embaixo de uma moita ou você estiver “apoitado”, recolha a linha com a ponta da vara dentro d’água, na mesma altura ou mesmo abaixo da traíra, para evitar que ela enrosque em raízes de uma vegetação flutuante.

T é c n i c a p a r a a r t i f i c i a i s , c o m l u z - (diurna, sob luar, ou outra claridade

qualquer):

Andar percorrendo lentamente a margem e lançando a isca sempre na sua

frente (a isca passa onde você ainda não passou) é a melhor estratégia sempre que assim possa se fazer sem precisar de uma lanterna (a noite funciona

melhor ainda). Pode ser necessário lançar onde já passamos, por isso ande “pisando macio” (quem sabe imitando o andar de uma vaca, um som comum em

muitas margens), e se afaste um pouco da margem ao se deslocar, pois não devemos alertar “nossa presa” sobre nossa presença.

Uma traíra que seja uma boa candidata a ser capturada estará alerta, certamente de 30 a 140 cm de profundidade, e próxima à água aberta. Como a traíra é um

predador solitário, “““ ttt eee rrr rrr iii tttooo rrr iii aaa lll iii sss tttaaa ””” , e canibal, não é comum as encontrarmos próximas em um mesmo lugar, especialmente as grandes (com mais de 1,3 Kg), e por isso, mesmo um lugar pouco promissor é candidato a uma ação.

A visão do pescador ou do seu barco espanta as traíras (não é difícil capturar

traíras com menos de 1 m de linha, tanto com barco na escuridão absoluta, como desembarcado). Se você for usar iscas artificiais com luminosidade qualquer, considere que será difícil que uma traíra saia de onde está. Elas ficam

imóveis para que sua presença não seja percebida, portanto, quem tem de andar é você!

Observe que o barco não será tão vantajoso (por causa do barulho das remadas) e a pesca desembarcada pode ser melhor, embora possa ser difícil

achar um bom lugar. Um lugar realmente promissor pode só ser acessível de barco. Infelizmente, um barco mais atrapalha que ajuda durante o dia, pois é

fácil que a traíra nos perceba. Só o use com muito cuidado, com o barco fora do “llluuugggaaarrr ppprrrooommmiiissssssooorrr” (leia adiante), e se não houver opção. Cores discretas ajudam muito nesta situação...

Uma grande opção ao uso do barco é um par de botas de cano alto (existem

botas “estendidas” que cobrem até a coxa). Adicionalmente, podemos andar bem devagarzinho para dentro da vegetação aquática ou mesmo da água, ficando em posição mais favorável para ferrar o peixe e para brigar com ele, mas não

recomendo como regra para não alertar sobre nossa presença, apenas tenha a opção em mente para usá-la quando necessário (qualquer vibração dentro

d‟água será percebida pela predadora; portanto, o local deve ser trabalhado com lançamentos à distância) . Nunca entre na água no local promissor, e fique imóvel o tempo todo!

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Atenção, elas só ficam rodando quando escurece mesmo! Se houver mínima

luminosidade elas ficarão imóveis ou só se movimentarão (aproximação) sob a plena sombra de uma vegetação! Como nestas horas as traíras que batem são

de todos os tamanhos (grandes inclusive) e elas estarão paradas, sob a cobertura de “santa luzia” ou outra vegetação, esperando que algo “dê mole” para tentarem uma bocada, a melhor técnica é a pesca desembarcada

percorrendo as margens com a isca artif ic ial. I s to se a vege tação pe rm i t i r (basicamente, o quê atrapalha é a presença de capim “braquiára” ou vegetação

extensa, comum no segundo semestre do ano). Se o local for promissor, insista e tente passar a isca por baixo da vegetação algumas vezes antes de mudar de lugar (habitualmente, vale a pena voltar a trabalhar este local promissor mais

tarde).

Se a isca for grande e o peixe puder ver o encastoamento e refugar, considere usar uma linha grossa de flúor (o líder) como encastoamento ou apenas um “snap” com ou sem distorcedor, mas verifique sua integridade regularmente.

Confesso que pesco da margem mesmo quando escurece de vez (andando

como se fosse de dia), mas o local deve ser muito bem conhecido, e o pescador deve “ter pouco juízo (pouco juízo sim! Pois se tiver juízo não vai pescar à noite...

Botas de cano alto “quase” que anulam o risco de mordida de cobra, mesmo assim, cuidado com os barrancos)”. “Enxerga-se” com o conhecimento prévio do local, e imaginando as reações da isca ao nosso trabalho para saber a posição em

que se encontra. Escuta-se o barulho (“pop”) da isca caindo n’água, sente-se a pressão da linha (a direção da isca), a vibração da linha (“escuta-se” o que

ocorre com a isca, se esbarrou na vegetação, se foi atacada...), o trabalho da isca torna-se sensível ao tato conforme a isca se aproxime. Até a sensação do nó do líder chegando à ponteira da vara deve ser considerada (quando se pára de

recolher e deixa-se a isca boiar, para o caso da isca estar sendo seguida). Não é fácil, mas o resultado é garantido!

TTT ÉÉÉ CCC NNN III CCC AAA DDD AAA GGG RRR AAA NNN DDD EEE TTT RRR AAA ÍÍÍ RRR AAA :::

Basicamente, a “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa” se resume a “eleger” um local como a morada da grande traíra (vegetação densa e perene, rasante...)

identificar o local mais próximo a este que seja raso e cercado de vegetação favorável para o ataque de uma isca artificial, “apoitar” o barco (é pouco provável que este local esteja ao alcance de um lançamento da margem) em um local

desfavorável (vegetação errada como apenas o capim “braquiára”, ou fundo demais) que nos permita lançar no local do ataque. E ficar lançando até que

escureça e “o bicho” venha fazer nossa alegria. Falando desse jeito até parece fácil... Em outras palavras, a “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa” é a excelência de lugar, trabalho de isca, e momento; objetivando pescar uma traíra que, de

outra forma, estaria fora de nosso alcance.

A leitura das águas é primordial, pois de nada adianta tanto esforço se não for para botar a isca na cara do peixe. Você não vai pegar uma traíra maior ou menor do que aquela que está naquele local!

Quando escurecer de vez, a única hora em que uma traíra ficará rodando (se

houver alguma luminosidade ainda será possível que ela rode, mas só embaixo de vegetação bem fechada e na sua sombra), lançar sempre no mesmo lugar, onde for mais promissor, despertará a atenção da predadora (pelo “pop” da isca caindo

na água e pelo “rattling” – chocalho), exigindo sua atenção para uma potencial invasão de seu território, além de facilitar que ela se posicione para dar o bote.

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Isto de arremessar no mesmo local é necessário porque a traíra estará em um

local com muita vegetação e longe de nossas iscas! Temos de chamar sua atenção!

Uma outra função dos repetitivos “pops” é afastar os lambaris daquele local, forçando “nosso objetivo (a grande traíra)” procurar um pouco mais por comida.

Ajuda, portanto, se já estivermos lá antes que escureça completamente (ou mesmo ao pôr do sol, antes do fim da “hora da mosquitada”, quando os lambaris

irão se esconder na vegetação), pois estaremos treinados ao lançamento que deverá ser feito quando não mais pudermos enxergar onde estaremos lançando (se você estiver enxergando, é porque ainda está claro), e afastaremos as

potenciais presas, deixando a traíra de barriga vazia e mais receptiva à isca. Botar uma isca a 1 m (ou menos) da vegetação, reiteradamente e sem enxergar, exige

muita habilidade! É um desafio! Se chegarmos de barco depois que escurecer de vez, não acertaremos o

lançamento (a menos que você use a “força, aquela do filme Star Wars” kakakaka!) e estaremos espantando a traíra que acabou de “acordar”. Observe

que ela pode estar desacostumada a sair de baixo da vegetação, mesmo na escuridão, o que significa que lançamentos precisos e um trabalho lento

podem fazer a diferença (a velocidade ideal de recolhimento também deve ser memorizada).

Fique em silêncio, não faça nenhum barulho que permita ao peixe saber que você está lá, e evite qualquer iluminação (até mesmo um cigarro aceso, acender a

luz do relógio, objetos fluorescentes ou de cores claras...), exceto para tirar o peixe. Use roupas bem escuras para evitar que o peixe o veja e refugue. Não preciso dizer que qualquer luz, ou barulho que não seja a isca caindo na

água, denunciará nossa presença, por isso, não estrague o pesqueiro! Aprenda a trabalhar no escuro mantendo a tralha em ordem.

Para melhores resultados na escuridão absoluta, quando não estaremos enxergando (às vezes não dá nem para enxergar a vara na nossa mão),

recomendo o uso de um barco pequeno posicionado antes do momento em que tudo escureça de vez (aí, tudo deve estar parado, exceto a isca). O barco pode ter

âncora ou ser “travado” na vegetação; para isto, use o remo energicamente, com o peso para trás e sua proa ficará meio presa na vegetação, e sua popa, a melhor parte do barco para ficarmos por ser mais larga, ficará em direção a

água.

Pode-se amarrar o barco na vegetação, sendo um chumaço de capim “braquiára” a melhor amarra. Cuidado para não bater no barco. O barulho de um remo dentro d´água batendo no barco soará como um estrondo,

espantando os peixes. Posicione o barco em um local fundo o suficiente para não ser promissor (ou com vegetação inadequada, por exemplo, a “braquiára”) e

lance em direção ao local promissor, isto evita ser percebido pelo peixe. Se não tiver barco, não fique triste! As traíras costumam “patrulhar” a

vegetação (apenas na escuridão) e podem ser pegas de qualquer lugar, bastando, para isso, paciência. Novamente, atirar no mesmo lugar costuma

atrair as predadoras (processo conhecido como “prospecção, isto é, atrair o peixe para onde nós o queremos”, funciona com outros peixes predadores também ).

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Evite acender uma lanterna, a menos que seja para tirar o peixe d’água,

evite iluminar por pouco que seja o local promissor. Para quem enxe rga bem com luz de estrelas, uma lanterna...

Preste atenção ao que acontece ao seu redor! Ocasionalmente, uma grande traíra (supostamente de barriga cheia e voltando para seu local de descanso)

passa ao largo; sendo percebida pela sutil , mas característica perturbação criada na superfície da água. Ela toca gentilmente a superfície com o dorso

(especialmente em um rasante), pois nada vagarosa e distraidamente, e faz “ondinhas” que nos dizem para que direção ela esteja indo. É só jogar a isca depois dela e fazê-la passar na sua frente.

Como já foi dito, se a isca passar na sua cara (distância inferior a 1 metro) e

parecer viva e em dificuldade (uma presa fácil), ela não negará um bote. Interessante comentar que apenas após estarmos na completa escuridão por mais de uma hora, é que devemos nos abalar com esse tipo de movimento ao

largo, caso contrário, a menos que seja típico, será apenas um outro peixe qualquer, ou ainda um morcego que bebe água.

Uma das coisas que fazem essa técnica ser de difícil execução é a escolha do

momento, pois a nebulosidade (neblina) parece ter aumentado de uns tempos para cá, tornando-se regra (por causa do aquecimento global), agravado pelo uso extensivo de luzes de mercúrio (umas meio-vermelhas, que provocam clarão

ainda maior). Quanto mais quente, quanto menos nuvens, e quanto menor a umidade relativa do ar, menor será a nebulosidade.

Acompanhe o halo que se forma ao redor de uma luz de um poste (se estiver na cidade) ou o clarão no horizonte que ilumina o local de pesca (conforme

explicado anteriormente...).

Se você estiver pescando neste local de intensa vegetação e sentir uma “batidinha” (uma traíra pequena demais para se ferroar), pode se animar; pois comigo, nunca levou mais que um hora para a “ trairona” achar sua isca

(geralmente leva de 5 a 20 minutos)!

Um conselho a mais, quando o nó do líder chegar à ponteira, deixe a isca boiar antes de acabar de recolher para lançar de novo. Aprendi isso na única vez que reunia as condições para a “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa” (escuridão absoluta,

aquela escuridão de não ver a vara na mão) e voltei para casa sem peixe ou foto. Depois que a isca passou pelo local promissor, recolhi rápido para poder

lançar de novo, mas ela acompanhou a isca e, quando eu tirei a isca d’água, a “trairona” tomou aquele susto (e me deu outro) ao me perceber. Com o susto, além do desequilíbrio do barco, e sua virada para fugir, resultou numa

explosão de água a um metro de onde estava, que chegou a me respingar. Infelizmente, a “trairona” não entrou mais naquele dia! Dois dias depois, na

escuridão, entrou uma traíra macho de 1.940 g no mesmíssimo lugar (desgraçadamente, não tenho a foto).

AAA SSS III SSS CCC AAA SSS AAA RRR TTT III FFF III CCC III AAA III SSS :::

Não tenho a pretensão de relacionar todas as iscas capazes de atrair uma traíra (a princípio, qualquer isca artificial serve), mas sugerir e orientar na escolha de qual isca serve para qual situação e tamanho de traíra. O mais

importante é aprender a escolher, saber trabalhar e saber o quê esperar de cada isca, pois são tantas as iscas artificiais que nem sendo vendedor para

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conhecê-las todas. Por regra: se a isca parecer viva e em dificuldade, será

uma boa isca; e se ela puder ser colocada na cara da traíra será uma ótima isca!

Resumidamente, eu recomendo não sair de casa sem uma isca de superfície “esporrenta (barulhenta)” e uma de meia-água. Use uma isca de meia-água

se puder passá- la por baixo da vegetação, e na escuridão (na “Técnica Da Grande Traíra”); e use uma de superfície se o local for favorável mas houver

luz, se a vegetação promissora for excessiva, e quando não for possível usar uma de meia-água por baixo da vegetação.

Existe uma enorme diferença em usar uma linha de multifilamento (com elasticidade em torno de 4 – 5%; mais recomendável para uso em carretilha,

ou com molinete com guia de linha rolamentado; pois terá pouca durabil idade em molinete comum) e uma de monofilamento (22 – 30%; 5 ou 6 vezes mais elástica).

Com uma linha de multifilamento, se ferroa muito mais fácil; tornando iscas como as de superfície (que têm muitas perdas, principalmente com

monofilamento...) muito recomendáveis e com poucas perdas (quase que não se perde traíras grandes com uma pequena isca de meia-água,

independentemente da linha util izada). Iscas que ferroem fora da boca, ou de garatéias grandes; serão especia lmente beneficiadas com o uso de multifilamento! Este assunto será melhor abordado em outro artigo...

Analisemos o assunto mais a fundo:

A s i s c a s d e S u p e r f í c i e :

Uma isca de superfície é minha segunda opção (uma de meia-água é a minha primeira opção, mas apenas se for possível trabalhá-la embaixo da vegetação).

Mas existem situações em que é impossível colocar uma isca de meia-água “na cara da traíra (com sua passagem por baixo da vegetação)”, quando as iscas de superfície são muito mais promissoras que uma de meia-água. É recomendável

que haja pouco vento e os demais fatores favoráveis (é uma isca recomendável para muitas situações com luz). Iscas de superfície possuem alto índice de

perdas, tão altos como metade dos ataques quando se usa linha de monofilamento! Isto ocorre por causa da boca da traíra, que é extremamente dura e as garatéias só vão perfurar a sua boca se houver uma boa força de

ferroada; dependendo da espessura da garatéia e ferrão (a garatéia deve ser grande para evitar perder, e fininha para facilitar a penetração). Outros fatores

que ajudam a ferrar são: vara rápida, ferrar sem exagero (só firmando a vara no mais das vezes...), dar um toquinho a mais no exato momento em que a isca estiver sendo atacada por trás (com isso você expõe a garatéia traseira e ela pode ser engolida), e

garatéias fininhas (1X, ou no máximo 2X) e largas (wide gap).

Nota: o uso de um monofilamento grosso e fricção apertada; ou melhor ainda, uma linha de multifilamento, será de grande ajuda para penetrar a boca da traíra, por dar uma maior força (ou melhor dizendo, ”impacto”) de ferrada! Uma

linha de multifilamento pode quase que anular essa dificuldade em penetrar a boca da traíra...; mas eu desaconselho usar multifilamento com molinete

comum, devendo este molinete ter um guia de linha com rolamento...

Portanto, iscas de superfície são mais recomendáveis para chamar a atenção

de peixes que verdadeiramente correm atrás (como o tucunaré; que ainda tem uma “boca bem mais fina”, bem mais fácil de perfurar) por isso mesmo, sempre

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tenha a mão um “plug” de barbela curta, para os que errarem o ataque, para

os que não atacam, ou para os que escaparem por não morderem a isca direito devido ao trabalho errático (iscas de superfície têm sempre mais perdas

que os outros tipos de isca). Alguns cenários para que uma isca de superfície funcione muit íssimo bem

para traíras:

Em locais excessivamente rasos, mas ainda assim promissores. Por vezes, se vê uma traíra “dormindo” com as costas na superfície da água,

sempre bem na beiradinha e em local com vegetação marginal flutuante (“santa luzia” ou outra). Se você vir uma traíra nesta situação, recue imediatamente

antes que a traíra perceba sua presença! Como o local é muito raso e a traíra está dormindo, será necessário trocar a isca para uma de superfície bem barulhenta e lenta (popper + hélice). Comece o trabalho passando a isca de 1,5 a

2 m da traíra para não espantá-la (ela pode “cair da cama” e pensar estar sendo atacada, dê-lhe a chance de avaliar a isca antes), e então passe a isca a menos de

um metro (quando a isca será atacada com um bote, sem aproximação).

Quando se quer chamar a atenção da predadora e irritá-la (processo conhecido como “prospecção”, quando atraímos o peixe para onde se quer que ele esteja) ela pode ser a única isca capaz de provocar um ataque, quando a vegetação é

excessivamente extensa e queremos chamar a atenção das predadoras que estejam sob ela (e então, se escaparem à isca de superfície, tentar capturá-las

com uma isca de meia-água). Quando dois pescadores estão juntos um usa uma isca de superfície atraindo

as traíras, e o outro segue a isca de superfície com uma isca de meia-água.

Na completa escuridão, quando uma traíra ataca qualquer coisa que chame a atenção e não esteja muito distante (tem de trabalhar perto da traíra mesmo na

escuridão). Use, uma isca pequena (uns 5 cm) que, embora menos chamativa; ferroa muito melhor, resultando em muito menos perdas.

Antes do Sol se pôr ou com luminosidade qualquer; quando é a melhor isca para ser usada, se não for possível passar um plug de barbela curta por baixo da

vegetação!

Um macete: para evitar que a traíra morda apenas a cabeça da isca, basta dar um

“tranquinho” ao perceber o bote, pois isto tira a cabeça da isca da boca da traíra e expõe a traseira da isca ao ataque; quando a traíra ataca por trás, este toquinho a

mais se torna essencial. Um tranco também serve para ferroar a traíra que tem uma boca muito dura.

Observação: Penso eu que uma isca de superfície seja tão capaz de provocar um ataque por que sempre que uma traíra (ou outro predador) ataque uma presa na

superfície, esta se revele uma presa relativamente fácil...; seja uma rã, uma ave, um roedor,...; o lambari é uma presa bem mais difícil do que possa parecer! Tem um vídeo do site YouTube (YouTube - Traira(taraira)comendo rã,lambari e minhoca,no aquário,bote)

que mostra o que eu digo; em uma das cenas, repare como a traíra se prepara para o

bote, a velocidade deste bote, e como o lambari escapa no meio da marola (para poder ver esse vídeo, temos de aceitar um cookie-espião chamado “Double-Click”; o

exclua assim que deixar o site!): http://www.youtube.com/watch?v=DiIdSfKBgzA

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Hélice + Popper (ou outra isca “superbarulhenta”): Na escuridão, quando a

traíra estará tendendo a atacar quase tudo que perceba (no geral, ela não sai de onde está por causa de uma presa, mas a ataca se ela estiver dentro de sua

“janela de ação”; ela percebe muito e ataca pouco, de acordo com sua avaliação da presa). Se a traíra escapar, é muito difícil que ataque esta mesma isca novamente, devendo-se recorrer a “papa-black” ou outra isca (de meia-água ou

de fundo, já que qualquer dessas certamente será atacada reiteradamente).

Uma excelente idéia é transformar uma isca de hélice (melhor “hélice + popper”) em um “stick” (melhor chamada de isca “splash” por parar em 45º com a água. O “stick” pára mais na vertical ainda), mantendo as hélices funcionais. É

só aumentar o peso da garatéia traseira com chumbo em fio (enrolando na haste ou na argola da garatéia trazeira); ou melhor, aumentar a garatéia (trocá-

la por uma de maior tamanho, mas que não seja muito grossa; pode ser necessário trocar a garatéia dianteira por uma mais leve ou por um anzol). A “popper-hélice-splash” é uma das melhores iscas de superfície não apenas

para traíras! Mas insisto em afirmar que as iscas de meia água dão melhores resultados, quando for possível usá-las corretamente.

Um exemplo de isca de superfície interessante é a MORO ROBALO BAIT

POPPER TURBO (11 gramas, 8 centímetros). Com “popper” e uma hélice traseira, embora suas garatéias originais beirem ao ridículo... Ela se tornará uma excelente “splash” após serem trocadas as garatéias por outras maiores !

Se for fazer esta modif icação, observe que a isca deve boiar com o “popper” fora d’água (só o “popper” !), e que a garatéia traseira fica melhor se for

“ornada” com cabelo de boneca. Seu trabalho é de puxadinhas e paradinhas alternadas. As paradinhas são pouco mais longas do que o suficiente para a isca assumir a posição vertical (ficar parada). Pode-se alternar seu trabalho “normal”

com a “catimba ou catimbinha (meu trabalho favorito, toques curtíssimos que produzem a sensação de um bicho se afogando; este trabalho só dá certo com

um stick ou com uma splash)”. Observe que ela não é capaz de rebolar como uma “twitchbait” ou uma “zara”, pois a hélice e o popper (mesmo sem o cabelo de boneca na garatéia traseira) não o permite.

Eu considero que o trabalho do popper tem 3 formas básicas:

1. "a catimbinha (toques rápidos, ininterruptos, e bem curtinhos mesmo; como se a isca estivesse se afogando)";

2. "a catimba (toques curtos a cada 2 segundos; mas usando o movimento da isca,

enquanto ela volta a sua posição de repouso, para com o mínimo de toques manter a isca em movimento contínuo)";

3. "popper (verdadeiras “porradas” de uns 20 centímetros para que a isca faça todo barulho que pode... e deixar a isca boiar por 3 segundos antes da próxima puxada; a isca fica a maior parte do tempo em movimento)"

Observações:

qualquer destes trabalhos funciona melhor se a isca é do tipo que boia mais na vertical (pode e deve-se aumentar as garatéias, desde que se teste a flutuação da isca)...

que esta isca sempre deva ser trabalhada com toques secos, variando o recolhimento a cada toque e o intervalo entre os toques. (você tem uma

“graaande” liberdade para trabalhar...); que esta isca é uma das mais eficientes, produtivas, e "esporrentas" que

existe!

esta isca pode ter ou não uma hélice simples associada ao popper, desde que a isca não seja muito pequena (quando o peso da hélice prejudica a

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flutuação).

Atenção!!! Para poder ferroar eficazmente traíras com iscas de superfície, é

essencial usar garatéias grandes e fininhas; e também a fricção apertada (melhor se usar linha de multifilamento) , podendo dar uma boa ferrada quando perceber o ataque! Quem está acostumado a usar iscas de superfície

para tucunarés, perceberá que a boca da traíra é infinitamente mais dura e difícil de atravessar (isto se reflete nas perdas...) !

Existem outras iscas de superfície como uma zara (que possui o maior número de perdas que eu já vi, embora seja a favorita de muitos...)... O

importante é experimentar iscas diferentes, e ver com qual você se adapta melhor!

A s i s c a s d e M e i a - á g u a :

OCAMBÉ PAPA-BLACK: Não tenho dúvida alguma que a melhor isca para traíras de

mais de 1,5 Kg é a “Papa-Black” (sempre que for possível a passar por baixo da

vegetação) . Ela também permite pegar traíras menores, mas as perdas são freqüentes. As razões para usar esta isca

são seu baixo preço, sua ação que simula um lambari (tão natural que é capaz de

provocar seguidos ataques do mesmo peixe à mesmíssima isca, no caso dele escapar), e a ferrada dupla (as 2 garatéias ferrando juntas,

não escapa de jeito algum) de grandes traíras.

Com ou sem “popper” na cabeça (custei, mas agora consigo fazer o “pop”, dá-se um “tranco” no início do recolhimento, exige sensibilidade para perceber o momento exato dessa puxada, pois a isca afunda rápido enquanto estamos esticando a

linha).

Descrição: quase um “cranckbait” (gorducha, mas achatada lateralmente) de barbela curta com chocalho (isca flutuante de ação de meia-água), confeccionado em fiberglass, garatéias reforçadas. Fabricante: Artefatos

Ocambé (Curitiba – Paraná). Tamanho: 7 cm / Peso: 10 g.

Uma traíra bem grande (a menor que já ferrei nas 2 garatéias tinha 1.415 g, e a maior que já peguei ferrada só em uma garatéia tinha 1.925 g, a da foto anteriormente mostrada) pode se ferrar nas 2 (dentro da boca) que ficam para

trás mais ou menos juntas (como a garatéia ventral tem 2 argolas tem mobilidade suficiente para ser sugada junto com a outra, aliás, uma modificação

recomendável a qualquer “plug” de barbela é usar 2 argolas na garatéia ventral), além de terem tamanho razoável (recomendo atenção para que a linha não afrouxe quando ferrar o peixe, pois uma traíra de menos de 2 Kg pode escapar por

estar presa por uma única garatéia).

A isca com “popper” tem um inconveniente, já que a “frente” de uma “papa-black” afunda com o peso do distorcedor, o que não atrapalha a ação de meia-água (embora faça a isca afundar mais quando trabalhada), mas deixa o

“popper” submerso. Se realmente quiser usar o “popper”, use encastoamento e distorcedor bem leves. Na verdade, a “papa-black” tem um “ótimo

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problema”, sua profundidade de trabalho excessiva quando o encastoamento

é pesado (a frente da isca fica afundada, só aflorando a ponta do rabo da isca), mas eu sempre a uso dessa forma (exceto em lugares muito rasos, onde será

providencial a “papa-black” com “popper”), pois isto é uma excelente oportunidade para usar um trabalho interrompido (mesmo abaixo da vegetação).

A utilização dessa “papa-black” com “popper” serve também para a isca

retornar a sub-superfície ou mesmo a superfície, dando mais chance ainda da traíra atacar, ou para se obter um trabalho em maior profundidade passando a isca em baixo da vegetação. Regule o afundamento para a isca não afundar

demais ou de menos (a isca fica na horizontal) com o peso do encastoamento + snap + distorcedor.

Observação importante: as garatéias das “papa-black” são ótimas, mas relativamente delicadas (eu tolero essa “delicadeza” por serem garatéias fininhas

e que enterram fácil, evitando perder o peixe) e poderão começar a entortar se for tentado erguer uma traíra a partir de 1,5 a 2 Kg (de 2 Kg para mais, as

garatéias sempre entortam) se erguer o peixe, mas dá para tirar o peixe com segurança se usar um puçá; é só não erguer o bicho para fora d‟água; se erguer

rapidamente, só a garatéia é perdida, o peixe fica). Tenha garatéias de reserva e as troque se elas abrirem um pouco que seja (a

próxima traíra pode ser perdida se não for trocada a garatéia meio-aberta, pois ela acabará de abrir ou pode se quebrar). Se você não encontrar estas garatéias

originais à venda, pode usar outras; pois a “ flutuação” desta isca é ótima, e ela continua boiando mesmo com garatéias mais pesadas , embora possa prejudicar um pouco o trabalho.

Uma fricção muito “dura” pode entortar estas garatéias também, cuidado com

os detalhes...! Às vezes, a traíra enrosca ou a linha embola e agarra nos passadores, e se a linha não estourar, as garatéias da “papa-black” estourarão com certeza.

Em águas barrentas é opção usar uma isca que contenha o negro ou outra cor

não muito luminosa (a cor branca com cabeça vermelha é um clássico por se destacar em qualquer situação, tendo a vantagem adicional de provocar mais ataques por trás, suscitando melhores ferroadas cor: 07).

Mas águas barrentas não são bom lugar para traíras, só uma traíra desesperada

de fome (e para estar com tanta fome, deve ser pequena) para atacar nesta condição de águas barrentas (elas se recolhem para dentro da vegetação, onde a água fica mais limpa, aproveitando a “oportunidade” para reproduzir). No caso

desta isca, a opção de cor branca com cabeça vermelha é preferível a uma de dorso preto (aspecto quase natural para o peixe, mas pouco chamativo).

Na prática, eu considero suficiente apenas o uso das cores 10 (prata minha cor

favorita, especialmente para o dia ou sob luar, pois o brilho metálico somente seria visto na natureza se “o lambari” estivesse de lado por estar ferido, e a traíra sabe disto, que aliada a um “trabalho interrompido” pela isca, reforça esta impressão) e 20

(ou outra cor luminosa e chamativa, para a escuridão). A escolha da cor depende da situação de visibilidade (quanto mais turva e quanto mais escuro, mais

chamativa, mas lembre-se de que água muito barrenta não é boa para traíras ), ou seja, em águas límpidas e com boa luminosidade, use uma isca toda prateada (lateral prata, dorso e ventre prata fosca igual a um carro prata metálico referência

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da cor: 10). Use “o lambari anêmico” em qualquer situação, especialmente em

noites bem escuras: cor prata (lateral) e “superbranco” (dorso e ventre; referência da cor: 20).

Um capricho a mais é providenciar a pintura da pontinha do rabinho da “papa black” com tinta automotiva na cor superbranca, ou na cor da isca. Tornando-

a mais chamativa quando vista por trás, facilitando o ataque (“por trás” é a posição de ataque que mais resulta em dupla ferrada).

MARINE SPORTS INNA: Quando executamos a técnica para pegar a maior traíra que estiver dentro d’água (“TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa”), na completa

escuridão, usa-se também as “papa-black”, mas eu prefiro usar os plugs de barbela curta alongados (“shallow runner”). No caso da traíra, a minha isca

favorita para as realmente grandes (uso na escuridão) é uma isca MARINE SPORTS INNA 70/38, isca para meia-água, com efeito sonoro (“rattling”). Tamanho: 7 cm / Peso: 8,5g / Cor: 38 costas – preto; lateral – prata

(holográfico), ventre – branco (outras cores e outras iscas podem ser usadas também).

Esta isca parece uma pequena traíra, no tamanho exato para ser fatalmente

engolida por traíras de mais de 1,3 Kg, obtendo uma ferrada dupla (se a vítima for menor de 1,3 Kg, é quase certo que escapará por não engolir a isca e se ferrar em uma única garatéia). Por ter aspecto natural, é irresistível para uma traíra ativa

que esteja defendendo sua prole (na época de reprodução). Sua ação é oscilar para os lados de tal forma que quando olhada de lado parece mudar de cor (semelhante

a uma colher em trabalho lento), sem ter movimento excessivo, parece uma trairinha. Ela não recebe tantos “strikes” quanto uma “papa black”, mas a ferroada dupla (de traíras de mais de 1,3 Kg) é fatal, é segura mesmo, não escapa

de jeito algum!

No caso de plugs pequenos, que se pretende que sejam engolidos inteiros, use duas argolas para prender a(s) garatéia(s) ventral(is) pois isto melhora a orientação da garatéia e favorece sua ferroada, ainda melhorando o trabalho da

isca (o peso da garatéia fica mais longe da isca, deixando a isca mais livre para trabalhar). Deixe uma ponta virada para frente e duas para trás (algum leitor

poderia pensar ser necessário apenas um anzol pequeno, mas as outras duas pontas da garatéia, embora não ferroem nada, servem para que o peixe sugue esta garatéia para dentro de sua boca já que um anzol pode se virar para frente e não ferroar

nada). Ferroadas ao redor dos arcos branquiais são comuns com pequenos plugs de meia-água e, mesmo com garatéias bem pequenas, são muito difíceis de

soltar, especialmente se a ferroada for dupla, pois quando a garatéia ventral se prende, mesmo ferroando a língua, estabiliza a garatéia caudal (que está presa no arco cartilaginoso perto das brânquias), sendo inútil qualquer esforço do peixe

em se soltar (cuidado com o enrosco).

Apenas se certifique de usar garatéias reforçadas, pois elas podem abrir ou quebrar (troque qualquer garatéia que abra um pouco que seja, na próxima ela quebra)! Na foto, uma Marine Sports INNA 70/38 que já “quebrou o dente” de muitas

traíras com a “TTTééécccnnniiicccaaa dddaaa GGGrrraaannndddeee TTTrrraaaííírrraaa” (Embora esteja toda “escabufada” esta isca mantém sua holografia graças à proteção de esmalte de unha após cada pescaria,

o melhor vedante que existe):

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Usada com um pequeno girador sem “snap” (como sempre, precisa boiar). Costumo fazer um risco preto com caneta de retro-projetor em sua lateral (e

novamente coberta por esmalte de unha incolor) para dar melhor percepção de movimento. Isto pode ser feito em todas as iscas alongadas (shallow runner),

que oscilam lateralmente. Como a isca parece piscar quando olhada de lado, este risco a fará piscar duas vezes mais, além de simular melhor uma “trairinha” (o que faz esta isca ideal para uma traíra que defende seu território)! A garatéia

caudal é uma “Kenzaki 4X prateada” (a original da Aicas Class Samurai), assim usada para melhor simular a nadadeira da isca. A garatéia ventral zincada é

idêntica à original da “Ocambé Papa-Black”, como esta garatéia não faz parte da “anatomia normal” de um peixe, não deve ser chamativa (na minha opinião). Outra forma de tornar aparente a garatéia traseira é pintá-la com esmalte de

unha branco ou prateado, mas não pode pintar a ponta da garatéia para não atrapalhar a ferroada!

Como nem tudo são flores; aumentar o tamanho das garatéias, como mostrado, pode deixar a isca mais rápida (ela precisa de ma ior velocidade de recolhimento para obter o mesmo volume de trabalho). No caso da garatéia

ventral, o uso de 2 argolas compensa parte deste aumento de peso por dar a isca “mais liberdade” para trabalhar; no caso da garatéia caudal, o melhor é

manter o tamanho e/ou o peso original da isca. ISCA MARINE SPORTS INNA 70

Cores: 02 – corpo: branco (costas e ventre – branco, lateral – branco holográfico), cabeça: vermelha ;

03 – corpo: prata e costas verde limão. 34 – corpo dourado e costas (e a cara) pretas.

Para traíras pequenas, de menos de 1,3 Kg, iscas INNA de 7 centímetros não são adequadas ! Caso contrário, eu prefiro pescá-las com a “papa-black” (garatéias

maiores), com iscas grandes (como a INNA de 10,5 cm), ou com um “shad de silicone” (veja adiante em iscas de fundo), pois será difícil achar uma isca com

menos de 7 cm, que bóie com o peso do encastoamento, distorcedor, linha... Nota: A experiência diz que garatéias pequenas funcionam muito bem, desde

que pelo menos duas ferroem o peixe! Se ele não engolir a isca, possivelmente escapará!

“Plugs bem grandes de barbela curta (melhor magrelas)”, podem ser usados, com a vantagem de permitirem maior distância de lançamento por

serem mais pesados. Recomendo seu uso, em especial, quando as condições aqui expostas não puderem ser seguidas à risca (sobretudo no tocante à

escuridão absoluta), pois não se sabe se a traíra “que bater” terá condição de abocanhar a isca de 7 cm, mas estas fazem excessivo barulho ao cair na água (lance depois do local onde se espera que a traíra esteja), e terão de ter garatéias

bem grandes e fininhas para fixar o peixe fora da boca (sempre que se use garatéias grandes, é recomendável o uso de linha de multifilamento) . O peixe

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vem grudado pela barriga, não precisando usar garatéias reforçadas (que são

pesadas em relação ao seu tamanho). Prefira as grandes e bem fininhas, pois a ferrada será fora da boca (lembre-se de verificar se a isca e encastoamento flutuam

com as novas garatéias, já que as originais não são boas para este uso. Aliás, o difícil mesmo é conseguir garatéias verdadeiramente adequadas para este uso, superfininhas).

É temerário fazer longos lançamentos na escuridão (pode-se lançar no enrosco

ou até no mato). Use esta isca de dia ou com luar. Já peguei traíras de vários tamanhos, sendo uma delas menor que o dobro do tamanho da isca (que foi solta, é claro)! Outra tinha 1.825 gramas, sendo pega com a passagem da isca por baixo da

vegetação “santa luzia” (técnica descrita adiante), e o uso de barco e o indispensável puçá (ou passaguá).

Se for o caso de iscas relativamente grandes, bem “magrelas”, e de duas ou três garatéias (grandes e finas) que possam ferroar por fora da boca (a isca é

mordida entre as duas garatéias). Se realmente forem finas, quase sempre se pode obter uma ferroada dupla, que embora seja por fora da boca, é uma

ferroada segura. Ocorre que o peixe tromba com a isca quando a ataca e fica grudado nela. Habitualmente, o peixe parece se render à dor de uma ferroada

destas em sua barriga, se entregando rapidamente, pois sua luta resulta em rasgamento de locais sensíveis. O difícil neste caso é encontrar garatéias apropriadas, grandes e de haste curta (“wide gap”) superfininhas (1X). Como o

essencial é que as garatéias sejam fininhas, regule “a embreagem” para não as abrir (devido à dor causada por esta ferroada, a traíra se entrega). Se ainda assim

o peixe se ferroar dentro da boca com apenas uma garatéia, espere uma boa briga (cuidado com enroscos e “estouros das garatéias”). A isca da foto (marca X Zone, com 14 cm) já pegou traíras de 22 cm, que evidentemente foram soltas, até uma

de 1.825 g; com algumas perdas, e sempre com as mesmas garatéias (o peixe briga pouco, pois deve doer muito).

Observação: a posição da garatéia ventral, a mesma de quando se pretende

uma ferroada dentro da boca. Neste caso, quase que impede ferroadas dentro da boca, já que nenhuma traíra engole uma isca deste tamanho! Como a idéia

é o peixe morder, trombar com a isca, e ficar “grudado”, isto é benéfico! A tendência da traíra é atacar por trás, “ultrapassar” a isca, invertendo a garatéia ventral, aí fica fácil ferroar, visualizou? Atenção: a isca só servirá

para este uso se for magrela, e suas garatéias forem bem grandes e fini nhas (melhor, com linha de multifi lamento)!

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Ainda em tempo, alguém aí observou que de tanto as traíras morderem no

mesmo lugar dá para ver uma mancha marrom no lugar onde os dentes costumam pegar na isca?

ISCA ATAKY KIKY 65 (6,5 cm e 6,3 g): Não tive ainda o prazer de usá-la, mas a achei perfeita

para pescar à noite. Só deve dar algum trabalho para equil ibrar a flutuação com o peso de

encastoamento, distorcedor, e garatéias.

YO-ZURI 3D FLAT CRANK (5,5 cm; 7,5 g; cor: TM – branca): Só possui um único grave defeito que é (nas palavras do vendedor) o “sistema de “Efeito

Holográfico 3D”, sistema único de reflexão de luz natural, da à isca um aspecto incrível de vida”, sistema esse que se resume a umas lâminas

espelhadas nas laterais dentro da isca, tornando esta isca muito pesada l imitando sua “ flutuabilidade” e sua capacidade de carrear peso (o peso de garatéias reforçadas; e encastoamento, distorcedor)! Se você não entendeu o

problema, tente usar esta isca com um encastoamento leve e ela afundará. Se fabricarem esta isca “sem esta frescura” eu a recomendarei, pois não

encontro nenhum outro defeito (a não ser as delicadas garatéias originais, que poderiam ser trocadas se a isca tivesse maior “flutuabilidade”). Observe que a “papa-black” possui um “papel alumínio” (acho que é de papel alumínio) nas

laterais, e isto não prejudica a “flutuabilidade” por ser muito leve.

COTTON CORDEL BIG „O‟ (2‟ ou 5,08 cm, 2 ¼‟ ou 5,72 cm e 3‟ ou 7,62 cm): Isca totalmente gorducha (a forma mais racional de otimizar sua capacidade de

“carrear peso como garatéias e encastoamento”, limitando o volume ocupado pela isca), possui dois defeitos para traíras, ou seja, trabalha em profundidade excessiva (o que é oportuno para um trabalho interrompido), e não se parece

muito com um lambari, embora seja capaz de ferrar duplamente traíras a partir de 1 Kg (a de 5,08 cm), 1,3 Kg (a de 5,72 cm), e 1,7 Kg (a de 7,62 cm,

não recomendada para traíras). Sua vantagem é ter tamanhos diversos menores que uma “papa black”,

embora o trabalho não se pareça tanto com um lambari. Se for usá-la, evite longos lançamentos e recolha com a ponta da vara levantada para evitar que

afunde demais; ou use o recolhimento interrompido. Recomendo então trocar as delicadas garatéias originais por outras, idênticas às da INNA ou as da “papa black” (zincadas e reforçadas, em acordo com a flutuação e “encastoamento”

versus afundamento / profundidade pretendida).

Muitos não concordam comigo, mas iscas “balanceadas” (que têm uma bilha de metal, que vai para o rabo no arremesso e para frente no trabalho; embora sejam iscas da moda) não têm nenhuma vantagem sobre iscas não-balanceadas. A

isca “floating” (que flutua) deve boiar sempre, sob pena de prejudicar o trabalho, ou reduzir nosso controle sobre o afundamento da isca. Portanto,

quanto maior a “ flutuabilidade” da isca, maiores garatéias e mais pesado encastoamento esta isca poderá suportar. Isca balanceada significa isca que carrega peso morto!

Uma COLHER YANKEE MINI com ANTIENROSCO é uma boa isca para traíra,

embora não seja muito natural e não enseje muitas ações (uso eficiente apenas na escuridão), tendo a seu favor poder ser trabalhada de forma super

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lenta (a mais lenta de todas as iscas de meia água, mas depende da velocidade

para não afundar demais, use em lugar fundo e puxe assim que tocar a água para evitar que afunde muito) e antienrosco (não adianta comprar se não tiver um bom

antienrosco, e o melhor antienrosco é um arame duplo fininho que abraça a ponta do anzol), podendo dar bons resultados na hora da escur idão (quando não mais enxergamos e podemos lançar no enrosco! Em outros horários seu aspecto

prejudica sua eficácia).

Quando a vegetação de “santa luzia” está permeada por capim “braquiára”, e ficam umas “pontas de braquiára” sobrando para o meio da água, uma colher com antienrosco passa a ser a primeira escolha (opção) até porque a isca se

manterá próxima à superfície graças ao apoio dado à linha pela vegetação (também é a primeira escolha se estiver aprendendo a dominar iscas artificiais, ou

em locais não muito bem conhecidos com enrosco imprevisível). Não deixe faltar na sua caixa de iscas! Sua maior desvantagem é que ela não tensiona muito a l inha em trabalho lento, que se for enrolada “ frouxa”, acabará “embolando”...

Seu uso é mais tolerante aos erros de lançamento por não enroscar, mas o

trabalho de subsuperfície, de 30 a 60 cm de profundidade é difícil de ser alcançado e deve ser “ajustado” pelo recolhimento (observe que um “plug”

flutuante de barbela curta é mais fácil de manter na profundidade adequada). Use uma colher de anzol 4/0 ou 5/0 para traíras pequenas (uso crepuscular), e use uma de anzol 6/0 ou 7/0 para traíras grandes (uso na completa escuridão). A

colher tem a vantagem de permitir que usemos anzóis grandes por ter volume relativamente pequeno e devemos usar essa vantagem, já que uma

ferroada segura é algo mais que desejável em local com muito enrosco. A colher tem diversos formatos, o melhor é o mais largo junto ao anzol, pois

ela “nada” mais na horizontal (salvo colheres pequenas, que ficam mais ou menos na horizontal de qualquer jeito), e o peixe tende a morder uma isca qualquer

onde ela é maior ou se mexe mais. Note que uma colher não costuma precisar de encastoamento propriamente dito, uma linha de flúor grossa basta, pois ela sempre deve ter o distorcedor (que pode funcionar como

encastoamento, se tornando numa vantagem desta isca). Devido a sua tendência a girar, recomendo somente usar uma colher com um distorcedor de rolamento,

de preferência discreto e preto para não espantar, nem fazer a traíra desprezar a parte do anzol (atacando o distorcedor ou a frente da colher) e que seu trabalho mais correto é de oscilação e não de giro.

Puxe continuamente e bem devagar para evitar o giro, mas rápido o

suficiente para não afundar demais. Seu trabalho em maior profundidade pode ser útil sob vento ou chuva e em locais mais profundos. Se a colher esbarrar levemente no fundo de lugares rasos não tem problema algum (a não

ser que isto pode atrapalhar o ataque, ou simular um bagre e desencorajar o predador) e até pode ajudar a manter a profundidade. Se ela, contudo,

arrastar no fundo, troque a isca ou recolha com a ponta da vara para cima e mais rápido quando passá-la por onde isto ocorre.

Obs 1: Uma colher com um bom antienrosco é excelente isca para dourado em corredeiras (melhor que para traíra, já que a profundidadede trabalho e o

aspecto deixam de ser problemas). Tem uma colher da marca YANKEE a qual possui um excelente antienrosco, sendo a colher média (anzol 7/0) adequada para grandes traíras e a pequena (anzol 5/0) boa para traíras em geral.

Obs 2: O aspecto de uma colher é chamativo, mas artificial ! Não é difícil que

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um peixe a evite se ele estiver “acostumado com iscas artificiais”. Embora

seja uma isca de meia água, seu uso deve ser mais junto ao fundo e/ou na escuridão, tudo que ajude a disfarçar seu aspecto pouco natural (vegetação

abundante, escuridão, água barrenta...). Uma boa técnica é lançá-la sobre a vegetação “santa luzia” e puxar bem devagar (chamando a atenção da predadora). Quando ela mergulhar, mantenha a linha esticada com a menor

tensão possível por dois ou três segundos (a tensão da linha a fará o trabalho conhecido como helicóptero, assim a traíra pode atacá-la neste mergulho), e

recolha regulando a velocidade para evitar que afunde demais. Se você tiver a habilidade e materiais necessários, poderá aumentar o anzol de sua colher.

A vantagem é possuir uma colher pequena e capaz de ferrar com segurança peixes de diversos tamanhos evitando que o peixe escape por ser grande para o anzol, ou pequeno

para a colher. Deve-se começar pela reunião do material necessário! Para fazer o “antienrosco” use alicates de entortar arame (alicate de ortodontista ou técnico em prótese dentária), arame duro (rígido) de 0,35 mm (do tipo para

encastoamento vendido em lojas de pesca servirá para fazer o antienrosco da colher pequena) ou de 0,50 mm (para a colher média). Você poderá usar uma colher

de pesca a qual receberá a modificação (as primeiras colheres eram feitas de colheres de comer e nada impede de as usarmos, embora dê ainda mais trabalho!), parafuso

e porca inoxidáveis para a fixação do anzol e antienrosco, e equipamento para perfurar a colher na medida do parafuso. Daí para frente é mão de obra!

Observe que o anzol deverá ser reto (algo difícil de encontrar hoje em dia, devido à moda de anzóis tortos), o parafuso deve passar no olho do anzol, e o

antienrosco pode ser aproveitado, junto com o parafuso e anzol, de uma colher maior (o anzol que vem em uma colher maior é o ideal, por ser reto e por vir com o antienrosco já dobrado e parafuso inox com porca).

Primeiramente, o anzol deverá passar no buraco que sai na parte traseira da

colher! Alargue o buraco virando-o para cima (use um motor de dentista, técnico de prótese dentária, um motor ou uma lima de ferreiro, isto permitirá que o anzol fique o mais junto da colher possível, evitando más ferradas), e introduza o

anzol neste espaço fazendo o novo furo para colocar o parafuso numa posição em que permita o anzol ficar um pouco mais para tas (acima de onde estava o

anterior - remova as farpas da haste do anzol se estas atrapalharem). Certifique-se de que o parafuso passa justo no buraco da colher e no do olho do anzol, e de que o parafuso não sobra em excesso. Na verdade, é meio complicado...

Na imagem, apenas para exemplificar, já que esta colher foi preparada para um dourado. Em baixo,

uma colher YANKEE média com antienrosco (anzol 7/0), e acima, o ótimo resultado de uma modificação especial para dourados (anzol 14/0,

antienrosco de aço duro 0,50 mm que eu mesmo dobrei na mão). Observe a diferença entre os

anzóis util izados...

Os SPINNERS também são ótimas iscas! A isca que melhor tensiona a linha é o “spinner”, especialmente se a lâmina for do “tipo colorado” (lâmina quase

redonda, gordinha), sendo esta a lâmina de “trabalho” mais lento. São excelentes em noites de luar por trabalharem em velocidade bem baixa (traíra menos ativa, isca mais fácil de morder) e por aproveitarem a luz, gerando um

ótimo efeito visual, aliado ao vibratório que é fortemente atrativo com o girar das lâminas (só não sei com que se parece, ou o que se passa na cabeça do peixe,

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mas funciona! Deve ser o movimento que simula um peixinho ou inseto “atolado

para nadar”). Ao comprar, observe que as lâminas devem ficar próximas a garatéia evitando a possibil idade da ferroada não acontecer pela boca, pois é

nas lâminas onde o peixe tem maior probabil idade de morder. Um “spinner” modificado para ter o anzol o mais próximo possível das lâminas seria o ideal, mas ainda não consegui estabelecer essa “ forma desejada”!

O “spinner” e a colher só não são as iscas mais eficientes para traíras (na

escuridão de preferência) por trabalharem no início do recolhimento em profundidade excessiva, a mais de 80 cm (dá para controlar a imersão do “spinner” melhor que o da colher). Mas sua produtividade não deixa nada a

desejar quando a profundidade não for problema (para traíras, é!), ou se for controlada por um pescador hábil (não tem jeito, traíra na artificial sempre exige

grande habilidade). Ao lançar, por serem iscas mais pesadas dão maior distância de lançamento, comece o recolhimento imediatamente após a isca tocar a água, com a ponta da vara virada para cima e um pouco mais rápido, para que não

afunde muito.

Embora estas iscas sejam polivalentes em termos de profundidade, isto só é vantajoso para outros peixes que possam estar em profundidades maiores,

nos obrigando a controlá-la ativamente (se o lugar for profundo ou for de capim “braquiára”, a traíra pode estar mais para o fundo, embora ela possa estar mesmo em local mais favorável a ela, com vegetação flutuante). Conforme a isca se

aproxime, primeiramente diminua a velocidade de recolhimento, e quando ela chegar mais perto vá abaixando a ponta da vara. Uma forma de incrementa r

o trabalho destas iscas é quase que parar de recolher, para depois voltar ao recolhimento normal (que é lento), tanto a colher como o “spinner” afundam, mas mantendo ininterruptamente seu trabalho (só não podemos parar o

recolhimento totalmente, este trabalho é conhecido como “helicóptero”).

Teoricamente, o SPINNERBAIT seria uma grande opção nesta situação (isca super-lenta e antienrosco), mas depois que três traíras morderam as colheres, desprezando o anzol, eu desisti desta isca (todas foram pegas trocando a isca). Se

for tentar, use cores as mais luminosas possíveis, como o amarelo-limão ou branco, para que o peixe morda o lugar certo. Usar um anzol como trailer, travado

por um pedacinho de plástico, é sempre recomendável (os que vêm com iscas de luz química são ótimos, é só cortar um pedacinho e enfiar de lado no anzol principal).

O “PENACHO”, que difere de um “STREAMER (a isca de fly)” por ter um pequeno peso na frente do anzol e difere do “jig” pelo peso ser menor,

trabalha rápido demais e agarra demais para ser uma isca recomendável, mas tem pescadores que a usam mesmo assim; eventualmente com bons resultados...

A s i s c a s d e F u n d o :

Suas principais vantagens são o trabalho lento e a simulação de uma presa agonizante, ou simplesmente se alimentando do lodo no fundo. Podem e

devem ser usadas quando a traíra estiver manhosa pelo frio, e a profundidade do local não for excessiva (em termos ideais, entre 0,9 e 1,5

metro). Seu trabalho é de puxadinhas (melhor se essas puxadinhas forem para cima) e deixar a linha afrouxar em seguida (quando a isca afunda) fazendo a isca subir e descer lentamente. Pode-se jogar a isca na água, sobre a

vegetação ou na margem; e fazê-la mergulhar (altamente eficiente com o formato de rã). São iscas que dão trabalho, mas que salvam algumas

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pescarias. São elas o “grub” (minhoca), o “jig”, o “metaljig”, e o “shad”.

Os defeitos destas iscas são: serem trabalhosas (cansa o braço, assim como as

iscas de superfície), não terem “rattling” (chocalho) e tenderem a acompanhar a inclinação para o local mais fundo, saindo de baixo da vegetação se o fundo não for mais ou menos plano. Uma isca excessivamente lenta pode dar a chance do

peixe reconhecer o encastoamento e causar um refugo, de tal forma que eu não recomendo o uso de mais que o líder, ou um snap (com distorcedor, se

seu peso não atrapalhar o equilíbrio da isca) atado diretamente à isca. Seu defeito mais grave é só trabalhar bem a uma distância curta, onde o

movimento da ponta da vara irá facilmente espantar a traíra (esta é a principal razão pela qual estas iscas são minha última opção para traíras)!

Observação: Uma dica para o uso mais eficiente destas iscas de silicone é esfregar sal, ou usar molho de soja (tipo japonês, coloca-se a isca e o molho

dentro de um saco plástico) para dar a estas iscas um cheiro “salgadinho” parecido com o de sangue. Pode-se também enfiar uma pedrinha de sal

grosso dentro da isca. Como o buraquinho fica quase fechado, uma única pedrinha dá para uma pescaria tranquilamente. Temos também as essências

artificiais... O maior defeito das iscas de silicone, é que poucas das que podem ser

compradas no Brasil são verdadeiramente, molengas...; gelatinosas mesmo! Sua “falta de molejo” torna difícil seu trabalho correto a uma boa distância.

Se você tiver acesso a uma isca realmente gelatinosa (neste caso, o melhor formato é o de rã), use-a com toda a fé... e compre muitas! Elas não irão durar...

ACTION PLASTICS (JIG + SHAD) : Merece menção honrosa o “shad” (isca de

silicone em diversos formatos. Para traíra, o melhor é o de peixinho), que pode ser trabalhado como “ fundo” ou “meia-água” sem o “jig”, apenas com um anzol, independendo do fundo para determinar a profundidade de trabalho. Essa

operacionalização exige uma grande habilidade para que o pescador controle bem o afundamento e a profundidade da isca, dependendo do tempo que

damos para que ela afunde e da quantidade de chumbo usado, em relação ao volume da isca e recolhimento da linha. Parece complicado? Pois é mesmo... Para obter de um “shad”, um trabalho de meia-água é necessário fazer com

que o encastoamento seja leve, para que a isca não afunde rápido demais! O próprio distorcedor (em conjunto com o encastoamento) serve como chumbo.

No caso do trabalho de fundo, um pequeno chumbo deve ser incorporado à isca para evitar que a ponta do anzol fique para baixo, enroscando ou agarrando sujeira.

Outra opção é usar um anzol próprio para shad (o olhal fica virado para cima),

com a linha orientando a posição da isca. Não apenas traíras, mas qualquer peixe grande (mesmo os “não-predadores”) se sentirá atraído por esta isca! Em qualquer situação, o branco ou a cor de osso (nunca vi uma prateada), são

referências na escolha da cor. Se a isca for fluorescente (“glow”) deixe-a na luz antes de usar (não é a melhor escolha para usar à noite, pois sua

fluorescência dura pouco no escuro). MINHOCA: Outra isca de fundo, especialmente recomendável no inverno, é

uma minhoca (a artificial, é claro), ou um pequeno sarapó (tuvira). Já viu como se usa um sarapó para pescar dourado de água doce? Pode ser que, em meio à

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vegetação fechada, o sarapó seja alimento mais freqüente que um lambari,

sendo esta isca trabalhada no fundo, e junto à vegetação fechada.

Quanto mais escuro for o sarapó (ou minhoca), melhor isca será (não é normal sarapó branco, mas existe sarapó albino, um raro capricho da mãe natureza, sendo então uma mistura de branco e amarelo pálido).

Observe que o(s) anzol(is) pode(m) e deve(m) ser amarrado(s) ao sarapó, com

uma l inha o mais fraca possível, mas que resista ao trabalhar da isca ! As pontas do anzol devem sempre f icar ocultas (qualquer isca, de silicone ou natural, pode ser montada com a ponta do anzol escondida, sendo então “anti-

enroscante”).

No caso do sarapó (ou de qualquer isca de silicone, onde o peixe não seja capaz de diferenciar de uma isca natural), quando o predador bater, não puxe! “Se finja de morto”, abaixando a ponta da vara e afrouxando a linha esperando

que o próprio peixe puxe para se ferroar (aí, puxando bruscamente quando o peixe puxar com força, a não ser que a ponta do anzol esteja livre). Isto serve

para que o peixe engula a isca e, principalmente, para libertar o anzol da isca (o nome disto é “ferrada”, igual a que se usa com dourados; diferente de

“ferroada”, quando a ponta do anzol espeta o peixe). Iscas de silicone só não são iscas muito recomendáveis para traíras por

dois motivos: um predador “dentado” como uma traíra pode as partir com um único ataque (tenha várias se realmente quiser usá-las), e os pedaços que forem

engolidos podem engasgar, entalar, chegando a matar o peixe que escape ou seja solto, pois não é possível digerir silicone (se pode evitar a morte do peixe ladrão de iscas usando uma isca natural no lugar do “shad”, como um lambari ou

sarapó, mas as ações podem diminuir, pois uma isca artificial é mais visível e chamativa).

A melhor forma (e mais fácil) de trabalhar iscas de fundo bem lentamente é manter a vara para cima, mesmo que parada, e manivelar pausadamente,

isto é, dar curtas voltas (ou melhor, frações de volta) e aguardar uns poucos segundos antes de manivelar de novo.

Um conselho deixe para dar “tranqüinhos” na linha, quando tiver experiência suficiente e a situação exigir (quando, por exemplo, desejar um

trabalho de meia-água, ou quando estiver quente e a isca tenha de ser mais chamativa. Mas se estiver quente mesmo, é preferível usar um plug de barbela

curta).

Se a isca for leve (é só usar o anzol sem, ou com pouco chumbo) e este trabalho for mais rápido, pode-se obter um trabalho de meia-água. Aliás, cabe observar que a principal função do chumbo é favorecer o lançamento, pois

seu uso dificulta ao peixe sugar a isca, portanto, use o chumbo com parcimônia, e apenas se ele for mesmo necessário.

A chumbada também serve para manter o anzol virado para cima, sendo recomendável usá-lo com bem pouco chumbo, se for mesmo usar.

Observação: O trabalho muito lento só deve ser usado quando as condições

forem desfavoráveis, como quando estiver frio; pois ele pode “dar tempo” do peixe avaliar a isca e refugar (notadamente por causa do encastoamento). Iscas de fundo são lentas demais para trabalharem (funcionarem) com algum tipo de

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encastoamento, já que podem passar a espantar o peixe.

O b s e r v a ç õ e s s o b r e a s i s c a s a r t i f i c i a i s :

Em geral, quanto mais lenta a isca, melhor! (isca que trabalha corretamente com recolhimento lento, em baixa velocidade; ou que trabalha em alta velocidade durante

um “tranco”, mas que percorre sua trajetória lentamente). A traíra é um predador de emboscada, isto é, não costuma ficar correndo atrás de sua refeição, quase

sempre se limitando a um único e certeiro bote explosivo (o dourado e especialmente o tucunaré, por exemplo, possuem raio de ação maior, que é a distância onde ele acredita que seu ataque será bem sucedido, caso contrário não

vale a pena gastar energia – leia sobre a “““ ttt eeeooo rrr iii aaa dddaaa jjj aaannneee lll aaa dddeee aaaçççãããooo

(http://www.webpesca.com.br/peixes/curiosidades/cur_exib.asp?ART=25)””” –

os predadores tem um raio de ataque limitado, no caso da traíra, ele pode ser de menos de um metro em condições desfavoráveis como dia ou temperatura inferior à 18 graus, ou de poucos metros em condições favoráveis ! Se a isca for

lenta e de trabalho previsível, é mais fácil de ser atacada).

Se a isca parece viva, o que equivale a dizer, se ela “ rebola” como as “zaras”, “oscila” como as “colheres”, ou tem muito movimento e vibração como os

“spinners”, é uma boa e apetitosa isca. Se ela parece uma presa fácil (trabalha lentamente) e se apresenta entre 40 e 90 cm de profundidade (dependendo da altura das raízes da vegetação em questão e da profundidade do local), será uma

isca ao alcance de um bote. O grande segredo é combinar uma isca com um trabalho exuberante, o que a torna apetitosa, e um trabalho de meia -água, à

profundidade das pontas das raízes da vegetação “santa luzia” ou logo abaixo deles, o que permite colocar a isca “na cara do peixe”. Se não se puder ter as duas coisas, melhor então ter o trabalho exuberante; como ocorre com as

iscas de superfície...

Quando se pesca em competição, o trabalho errático é preferíve l por ser mais chamativo, causando maior número de “strikes (batidas)” e pegando mais peixes! Mas se a intenção são os maiores peixes, um trabalho de oscilação

fará a isca parecer ferida e uma presa fácil, ainda evitando as más ferroadas decorrentes do trabalho errático.

O uso de “trailer” (qualquer coisa que for presa ao anzol ou garatéia e lhe dê volume ou acrescente ação, tipo “um grub”, um pedaço de pano desfiado, cabelo de

boneca, outro anzol, etc.), é recomendável ao “spinner” (pois a traíra tende a morder a lâmina giratória) e em algumas iscas de superfície, como o “popper” e

a hélice, e até mesmo algumas iscas de fundo como um jig! Contudo, não é recomendável a qualquer isca que “rebole” ou oscile, pois atrapalha o movimento tornando a isca mais ráp ida ou “a matando de vez”, e nós

queremos que a isca seja bem lenta (mais fácil de ser atacada) e que “rebole” bastante...

Nunca usei iscas de “fly” (mosca), pois elas não apresentam movimento suficiente para serem consideradas como “apetitosas”, além das evidentes

dificuldades de serem usadas à noite, em meio à vegetação me fazem pensar ser mais provável capturar traíras de menor porte... Salvo por habilidade

extrema! Tem gente que usa “fly” para traíras com sucesso, mas observo que não é o mais recomendável.

O uso eficiente de qualquer isca, artificial ou não, depende da estimativa do tamanho de peixe que queremos capturar. Se o pescador conhecer o peixe

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bem, fica mais fácil esta estimativa. A traíra, embora seja um peixe

complexo, é totalmente previsível e possui situações de captura repetitivas.

Convém variar a isca, em função da estimativa de tamanho da traíra que escapou, ao tentar fazê-la atacar novamente, pois cada tamanho e cada tipo de isca serve para uma faixa de tamanho de boca (só para lembrar, devemos

obter uma ferroada dupla das garatéias para não perder peixes com os plugs pequenos; e iscas grandes demais, podem perder a traíra porque ela pode morder a

isca sem pegar garatéia alguma...). Diz a física que quanto maior a assimetria da isca, maior o “turbilhonamento”

e, conseqüentemente, o “rebolado”. Isso significa que a isca assimétrica é mais lenta. Quanto maior a simetria, mais rápida ela será (isto é, seu trabalho

correto exige maior velocidade de recolhimento), o que recomenda o uso de iscas tipo “crank bait (trabalho tipo “walking dog”, balançando o rabinho)”.

Algumas iscas alongadas “nadam” desenhando a letra “S” (as que bóiam com a frente bem para cima) ou oscilando lateralmente (o que pode ser regulado pelo

peso do encastoamento), um trabalho mais exuberante sem ser errático, e facil itam que o peixe as engula, se atacadas por trás, por serem alongadas.

Outro tipo de isca são aquelas que trabalham oscilando de lado, que quando possuem as costas pretas e lateral prata como a INNA de 7 cm cor 38, criam

a ilusão de mudar de cor ou “piscar”, quando olhadas de lado ! Quer trabalho mais exuberante que isso?

Iscas como a Big Game da MARINE SPORTS são exceções, já que o ângulo da barbela da Big Game seja próximo da horizontal (iscas com barbelas

grandes e horizontais afundam muito), ela sofre oposição do “nariz” da isca, afundando apenas uns 40 - 60 cm e expelindo a água de lado resultando em

um trabalho de oscilação combinado com um leve trabalho em “S” horizontal. Este trabalho não é o mais adequado para iscas (pequenas), em que se pretenda serem engolidas inteiras, mas é muito natural (um peixe ferido ou

nadando muito distraído), e plenamente satisfatório quando se pretende que o peixe “trombe” com a isca e fique “grudado” nela.

Ainda em tempo, uma isca que flutue com a frente para cima, quando puxada terá grande pressão hidrodinâmica na barbela, que puxa a frente da isca para

baixo, “rebolando” bem, mesmo em baixa velocidade e a pouca profundidade. Na hora de comprar um “plug”, prefira os que podem ser testados na água. Use um

“pet” (garrafa de refrigerante de 2 litros) com a boca cortada, ou um balde com água. Isso depende do vendedor, da loja e da embalagem da isca, que permita ser aberta e fechada sem ser danificada. As melhores iscas são aquelas que

flutuam com a frente bem para cima (quanto mais em pé melhor), além de ter boa parte fora d’água (quanto mais flutuante e mais em pé essa flutuação, mais pesado

pode ser o encastoamento), e lateralmente equilibrada (os dois lados na mesma altura, com um pouco de experiência, já dá para avaliar bem a isca só por esse teste). Às vezes, compro uma isca de uma marca pouco conhecida ou da

marca “marba” (mais barata!) e ela se revela “uma matadora”, só sendo levada para casa depois deste teste (que admito ser quase desnecessário para marcas

famosas; mas ainda assim, se testarmos mais de uma, uma delas se revelará superior a suas irmãs gêmeas). Já vi vendedores torcerem o nariz e outros pescadores me “zoarem (coitados, ainda não leram este artigo)”, mas prefiro ser

“cara de pau” do que comprar uma isca que nem levo quando vou pescar. Se você achou exagero, digo que já vi à venda um popper que afundou como

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uma pedra quando testado (ainda bem que testei antes de comprar), e também

comprei um “plug” de barbela curta que com o peso de um encastoamento leve não rebolava de jeito algum (ao testá-lo sem encastoamento ele ficava quase

paralelo à superfície da água, embora tivesse boa flutuação). Obs 1: Uma isca como a “papa black”, que não pode ter aberta sua

embalagem sem ser danificada, pode ser avaliada pelo “rattling” (chocalho) ! Basta comprar a que tiver o “rattling” mais agudo – o som de uma areia meio-

metálica. Obs 2: Evite usar isca de madeira para traíra ou qualquer predador dentado,

ela pode partir, ou simplesmente ser arrasada, durando pouco.

I s c a d e c o r n a t u r a l o u c h a m a t i v a ? Embora a cor da isca não pareça fazer muita diferença (podendo imitar o natural,

ou ser chamativa e contrastar com o ambiente), vale a pena fazer algumas considerações. A traíra tem uma curta janela de ação (ela só ataca iscas à curta

distância), excepcional visão (inclusive noturna) e audição.

Como águas límpidas como em uma piscina são difíceis e os peixes só enxergam poucos metros, no máximo, por serem míopes, mas o som se propaga quatro vezes mais rápido e mais longe dentro d’água (em relação ao ar), podemos tirar

três conclusões:

1 – O uso de iscas de aspecto próximo ao natural (o natural pode ser a mesma cor do ambiente e totalmente camuflada) poderia ser preferível, ao menos teoricamente e em alguns casos práticos! Em águas límpidas e sob luz

suficiente, mas com um peixe desconfiado que hesita em atacar. Porém, a prática me ensinou que as iscas devem ser de fácil visualização (chamativas),

mas sem serem muito diferentes d’aquilo que o peixe está acostumado a comer (a ação e a forma é que são importantes para um peixe diferenciar uma presa de outra, relegando à cor uma importância secundária neste aspecto), é

como se escolhêssemos uma isca camuflada, mas sempre errássemos a cor para um tom mais claro (ou mesmo para uma cor totalmente luminosa e

chamativa). A real importância da cor da isca é fazê-la visível, e, preferencialmente, ressaltar a ação (como por exemplo, uma raia horizontal em uma isca que oscile; ou uma listra vertical em uma isca que rebole).

2 – Muito cuidado para não fazer qualquer barulho, alertando o peixe quanto à

presença do pescador. A evite se movimentar, ou o faça cuidadosa e lentamente.

3 – O uso iscas barulhentas (“rattling” / chocalho) é suficiente para chamar a

atenção do predador que esteja ativo (ao menos no caso da traíra, exceto na prospecção, quando atraímos o peixe que está enfiado no meio da vegetação e

usamos uma isca mais barulhenta ainda, como uma ”popper” + hélice).

A isca ser chamativa ou natural depende de como o peixe vê a isca; se ele a

vê como branca, muito colorida, ou preta; esta será uma isca chamativa. Se o peixe vê a isca como uma isca de meios tons, especialmente em degradê,

esta deverá ser considerada como super natural (e camuflada)! Geralmente iscas chamativas funcionam melhor, simplesmente por serem mais visíveis e “facil itarem” o ataque, pois o peixe ataca pela ação e forma da isca, e não

por sua cor que, portanto, deve ser de fácil visualização.

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A traíra, assim como praticamente todos os outros peixes, enxergam os

espectros vermelho, verde, azul e ultravioleta próximo (UVA, portanto, uma visão tetracromática, parecida com a visão humana; mas com uma cor a mais). A

luz ultravioleta, a qual costuma ser refletida pelo muco (que reveste os peixes), pode não ser refletida pelas nossas iscas. Como não se tem uma forma segura de afirmar se a nossa isca também é visível sob esta luz eu

recomendo usar iscas prateadas, ou com um branco “superbranco”.

Conforme a luz ambiente diminui a níveis críticos, vão deixando de serem visíveis as cores de menor “entalpia” (energia que carregam), vermelho, verde, azul, e ultravioleta A, respectivamente. Por isso, na escuridão, sempre use

iscas o mais luminosas possível! Branco ou prata são as minhas favoritas.

Em situações de pouca visibilidade, como a escuridão ou água turva, podem ser úteis iscas brancas (chamativas), com ou sem cabeça vermelha, especialmente se houver luar ou outra luz; prefira iscas de aspecto um pouco

mais natural (prata). Em águas límpidas, de dia ou sob luar, podem-se usar cores chamativas ou degrades (com a parte escura ou colorida na frente e dorso

da isca e ventre branco, aspecto próximo ao natural, mas meio camuflado).

Uma dica prática: Embora haja poucas exceções; a quase todos os peixes enxergam as mesmas

cores fundamentais que nós humanos (vermelho, verde, e azul); e uma cor a mais, o UVA (ultravioleta próximo).

O UVA é como se fosse mais uma cor além do azul, mas como ele seria danoso à nossa retina, ele é parcialmente filtrado em nossos olhos, e não temos sua percepção (pessoas as quais tiverem implantadas lentes artificiais

sem esta proteção em lugar de sua córnea e cristalino, terão uma leve percepção desta cor, já q seu comprimento de onda é próximo ao da cor

azul). Dentro d'água, o UVA vindo do Sol penetra parcialmente (assim como as demais cores), o q somado à curta vida de um peixe (se comparada à humana), permite ao peixe "se dar ao luxo" de ver esta cor a mais.

Já o infra-vermelho, não possui "entalpia (energia)" suficiente para provocar a estimulação eficiente de uma "púrpura visual (substância química que reage

à presença daquele comprimento de onda ou cor de luz)"; de tal forma q não é percebido por olhos de qualquer animal que seja (alguns anima is como as cobras, conseguem "ver mal e porcamente" esta fração do espectro luminoso;

mas com outro dispositivo que não um olho, pois sua propriedade de produzir calor é q permite sua percepção). Dificuldade adicional é q esta cor tem

grande índice de refração; o que significa q ela é facilmente desviada ou absorvida, especialmente dentro d'água! Os peixes em geral, assim como outros animais, também possuem uma

camada de cristais de guanina atrás da retina, que reflete de volta a luz e a faz passar novamente pela retina, aumentando sua capacidade de ver quando

há pouca luz,... e causando-lhes certa intolerância à presença de luz excessiva (por isso q os peixes parecem se esconder quando há muita luz, como um Sol de meio-dia). Mas...; estes cristais reduzem a resolução visual,

de tal forma q peixes dificilmente conseguem ver detalhes de nossas iscas artificiais, como diferenciar com segurança uma garatéia de uma cauda

translúcida. Estes cristais são os mesmos q dão ao peixe a cor prateada. Temos os peixes q são capazes de enxergar luz polarizada (a mesma q é filtrada pelos óculos de luz polarizada), como a luz refletida tende a se tornar

polarizada, usando um filtro de luz polarizada os peixes (geralmente predadores como um tubarão) conseguem ver melhor peixes q possuem como

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camuflagem a cor prata (algo comum em peixes pelágicos, que vivem na

coluna d'água)... Ainda temos o efeito da escassez de luz, que faz com que os comprimentos

de onda de menor entalpia (da menor para a maior: vermelho, verde, azul, UVA) sejam progressivamente menos visíveis, sendo por isso importante para os peixes noturnos como uma traíra (minha "vítima" favorita), enxergar este

comprimento de luz a mais.

Se for o caso de usar uma isca de aspecto natural, prefira as cores que são o

branco avermelhado (branco + vermelho = cor de rosa), alaranjado, ou amarelado, pois parecerão meio-naturais, meio-chamativas ao peixe e de alta

visibil idade para nós, facil itando o controle da isca. Como a variação de cores é quase infinita, se necessário for , procure um livro de física para melhor compreender o assunto. Dentre as cores chamativas, o vermelho e o rosa são

especialmente recomendáveis; pois simulam peixes feridos! O vermelho simula um ferimento, e o rosa simula um peixinho abobado de que os outros

peixes arrancaram as escamas!

As iscas totalmente pretas (negro) devem ser evitadas, pois como o negro (ausência de luz) não é verdadeiramente visto, ele dificulta a percepção de distância por não permitir a fixação de um único ponto de observação,

podendo fazer o peixe hesitar em atacar (ao menos no caso da traíra, que é o peixe que mais e melhor avalia sua chance de sucesso)... Certo? Não

exatamente... Porque uma isca escura simula uma tuvira ou sarapó, uma presa fácil se não estiver oculta pela vegetação. Sempre, durante o dia, o preto será mais uma opção de cor de isca que simula uma presa fácil! Um

peixe preto (ou escuro) é um peixe que está ativo apenas à noite, e que se esconde durante o dia. Uma vantagem adicional do preto é sua capacidade de

se destacar em água barrenta, mas como água barrenta não é um bom lugar para pescar traíras... Exemplo de uma cor muito interessante é a cor tuvira da isca Juanita da Borboleta, marrom com o ventre preto; durante o dia, ela sempre

indica uma presa que parece ter sido escorraçada de seu esconderijo; como outra traíra, ou um sarapó.

O preto também deve ser usado em detalhes que ressaltem o movimento da isca, como em iscas que oscilam lateralmente (iscas alongadas), ou para

simular uma espécie de peixe (toda traíra tem o dorso escuro, se uma isca tiver a pretensão de imitá-la, também deveria ter o dorso escuro aos olhos do peixe).

O prateado somente é visto na natureza como uma forma de camuflagem, em peixes pelágicos (que vivem na coluna d’água); e um brilho prateado ocorre

quando o peixe está de lado (agonizando)... Imagina então se uma isca prateada é boa?

Uma curiosidade a mais: triangular o mesmo ponto com ambos os olhos é o que nos permite (dentre outros fatores como as sombras e projeções, embora não

seja provável que o peixe use isto, apenas os humanos) estimar a distância de um objeto qualquer, tendo então a noção de profundidade (se não acredita em mim; tente colocar uma linha em uma agulha com um olho tapado, e com as mãos

livres).

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Predadores dentro e fora d’água costumam ter os olhos, mais ou menos

voltados para frente, o que lhes permite a fixação de um único ponto e a estimativa de distância (e profundidade), fator fundamental para avaliar a

chance de sucesso do ataque. Presas costumam ter olhos voltados para lados opostos, pois apenas

necessitam perceber o predador para saber que devem fugir. Nos peixes, são comuns situações intermediárias, pois eles (os peixes) podem ser presas ou

predadores, dependendo da situação. Se você ficou com inveja da excepcional visão de uma traíra, saiba que ela não

permite a visualização de detalhes, também não permitindo a visão além de uns poucos metros (os peixes são míopes), mesmo em águas límpidas. Uma camada

de células com cristais de guanina, a qual reflete a luz atrás da retina, aumentando a quantidade de luz que chega aos fotoreceptores (e faz o olho brilhar com um flash), aumentando a acuidade visual em ambientes pouco

iluminados, mas causa perda de resolução visual (definição). Por isso, uma traíra pode não perceber a presença de garatéias (ou perceber apenas seu vulto,

confundindo-as com nadadeiras). Outra conclusão a que podemos chegar é que o som deve ser usado para atrair um peixe que esteja distante...

Sobre as cores para iscas artificiais; inicialmente, melhor esclarecer que a forma da isca, e acima de tudo a ação da isca; determinam que

tipo de presa o peixe vá identificar; relegando à cor uma importância secundária neste aspecto... Mas, a cor pode servir para que o peixe

identifique a isca como uma presa fácil, simular um tipo específico de peixe ou espécie,... As cores dos peixes também servem para identificar peixes de mesma

espécie e evitar o canibalismo, no caso do tucunaré (conclusão de um estudo científico; e na minha opinião, também pode ser o caso do

dourado de água doce e do robalo); portanto, iscas de meia-água para estes peixes devem ser claramente distintas das cores destes peixes! No caso do tucunaré, evitar pintas pretas, ocelos (pequenos olhos), e

particularmente a cor amarela. No caso do dourado, evitar a cauda vermelha, listras horizontais pretas, e novamente o amarelo. No caso

do robalo, é prudente evitar iscas prateadas e garatéias amarelas. Obs: se você já teve sucesso com estes peixes e sua isca tinha estas cores, provavelmente, a ação da isca denunciou que não se tratava de

um “companheiro de espécie”; como no caso de iscas de superfície, pois o peixe nem chega a ver qual a cor da isca ou com que ela se

parece... Minha cor favorita para iscas artificiais é a prateada, toda prateada; pois o predador só veria reflexos prateados em peixes que estão

inclinados de lado, por estar agonizantes (especialmente se o trabalho for com "paradinhas", e se a isca for montada com um girador que

faça a frente da isca ficar para baixo...). Outra razão é que esta cor é típica de peixes não-venenosos (como um bagre, baiacú,...), sendo seguro atacá-los. Esta cor tem o predicado de passar por natural ao

peixe (evitando refugos; quando o peixe memorizou uma “experiência traumática de ter abocanhado uma isca artificial”, reconhece a isca

como artificial e “refuga”). Considero esta cor próxima à perfeição, salvo para um robalo, por ser chamativa e indicar uma presa fácil; mas sem deixar de ser uma cor natural. Um capricho é que esta isca

prateada tenha a barriga ou o queixo pintados de rosa ou vermelho; mas sem mudar a cor original da isca.

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Durante o dia, além da cor prata; também recomendo as cores

vermelha (peixe ferido, usar sem exagero); a cor rosa (minha segunda favorita, por fazer pensar que se trata de mais um peixinho abobado,

que os companheiros atacaram e lhe arrancaram as escamas). Ou ainda cores que simulam determinada espécie (uma traíra atacará uma isca parecida com outra traíra, por pensar tratar-se de um invasor ao

seu território). Se bem que existe uma possibilidade a mais, uma isca negra ou

escura, durante o dia; sempre indica uma presa que está “fora de seu lugar”, como uma tuvira que vive escondida na vegetação ou uma traíra (o que faria um peixe destes em água aberta, se não tiver sido

atacado e escorraçado de seu esconderijo?). Sem contar que é uma isca capaz de se destacar em águas barrentas.

Qualquer que seja a cor da isca, ela deve ser visível; evitar uma isca excessivamente “natural (camuflada)” facilita o ataque, sendo mais produtivo. A não ser no caso de excesso de luz, quando as iscas devem

ser próximas ao natural. A cor “super-branca” partilha com a cor prata a característica de ser,

seguramente, visível no espectro do UVA; sendo minhas cores favoritas para pescar à noite, o super-branco se estiver escuro de

verdade. Sobre cores, uma observação: cores luminosas fazem o objeto (isca) parecer maior, mais próximo, e mais arredondado (por ilusão de

ótica); o oposto ocorrendo com iscas escuras. Observação: a cor da isca também pode servir para ressaltar a ação

desta isca... Como listras horizontais em iscas alongadas que oscilam de lado (como a Marine Sports INNA); ou listras verticais em iscas tipo cranck bait (gorduchas como a Papa Black e a Big 0).

Como eu disse, a cor da isca apenas deve fazê-la visível; mas, por que deixar o que vai passar na cabeça do peixe ao acaso?

Sobre as cores para iscas artificiais; inicialmente, melhor esclarecer que a forma da isca, e acima de tudo a ação da isca; determinam que tipo de presa o peixe vá identificar; relegando à cor uma importância

secundária neste aspecto... Mas, a cor pode servir para que o peixe identifique a isca como uma presa fácil, simular um tipo específico de

peixe ou espécie,... As cores dos peixes também servem para identificar peixes de mesma espécie e evitar o canibalismo, no caso do tucunaré (conclusão de um estudo científico; e na minha opinião,

também pode ser o caso do dourado de água doce e do robalo); portanto, iscas de meia-água para estes peixes devem ser claramente

distintas das cores destes peixes! No caso do tucunaré, evitar pintas pretas, ocelos (pequenos olhos), e particularmente a cor amarela. No caso do dourado, evitar a cauda vermelha, listras horizontais pretas, e

novamente o amarelo. No caso do robalo, é prudente evi tar iscas prateadas e garatéias amarelas. Obs: se você já teve sucesso com

estes peixes e sua isca tinha estas cores, provavelmente, a ação da isca denunciou que não se tratava de um “companheiro de espécie”; como no caso de iscas de superfície, pois o peixe nem chega a ver qual

a cor da isca ou com que ela se parece... Minha cor favorita para iscas artificiais é a prateada, toda prateada; pois o predador só veria

reflexos prateados em peixes que estão inclinados de lado, por estar agonizantes (especialmente se o trabalho for com "paradinhas", e se a isca for montada com um girador que faça a frente da isca ficar para

baixo...). Outra razão é que esta cor é típica de peixes não-venenosos (como um bagre, baiacú,...), sendo seguro atacá-los. Esta cor tem o

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predicado de passar por natural ao peixe (evitando refugos; quando o

peixe memorizou uma “experiência traumática de ter abocanhado uma isca artificial”, reconhece a isca como artificial e “refuga”). Considero

esta cor próxima à perfeição, salvo para um robalo, por ser chamativa e indicar uma presa fácil; mas sem deixar de ser uma cor natural. Um capricho é que esta isca prateada tenha a barriga ou o queixo pintados

de rosa ou vermelho; mas sem mudar a cor original da isca. Durante o dia, além da cor prata; também recomendo as cores vermelha (peixe

ferido, usar sem exagero); a cor rosa (minha segunda favorita, por fazer pensar que se trata de mais um peixinho abobado, que os companheiros atacaram e lhe arrancaram as escamas). Ou ainda cores

que simulam determinada espécie (uma traíra atacará uma isca parecida com outra traíra, por pensar tratar-se de um invasor ao seu

território). Se bem que existe uma possibilidade a mais, uma isca negra ou escura, durante o dia; sempre indica uma presa que está “fora de seu lugar”, como uma tuvira que vive escondida na vegetação

ou uma traíra (o que faria um peixe destes em água aberta, se não tiver sido atacado e escorraçado de seu esconderijo?). Sem contar que

é uma isca capaz de se destacar em águas barrentas. Qualquer que seja a cor da isca, ela deve ser visível; evitar uma isca excessivamente

“natural (camuflada)” facilita o ataque, sendo mais produtivo. A não ser no caso de excesso de luz, quando as iscas devem ser próximas ao natural. A cor “super-branca” partilha com a cor prata a característica

de ser, seguramente, visível no espectro do UVA; sendo minhas cores favoritas para pescar à noite, o super-branco se estiver escuro de

verdade. Sobre cores, uma observação: cores luminosas fazem o objeto (isca) parecer maior, mais próximo, e mais arredondado (por ilusão de ótica); o oposto ocorrendo com iscas escuras. Observação: a

cor da isca também pode servir para ressaltar a ação desta isca... Como listras horizontais em iscas alongadas que oscilam de lado

(como a Marine Sports INNA); ou listras verticais em iscas tipo cranck bait (gorduchas como a Papa Black e a Big 0). Como eu disse, a cor da isca apenas deve fazê-la visível; mas, por que deixar o que vai passar

na cabeça do peixe ao acaso?Sobre as cores para iscas artificiais; inicialmente, melhor esclarecer que a forma da isca, e acima de tudo a

ação da isca; determinam que tipo de presa o peixe vá identificar; relegando à cor uma importância secundária neste aspecto... Mas, a cor pode servir para que o peixe identifique a isca como uma presa

fácil, simular um tipo específico de peixe ou espécie,... As cores dos peixes também servem para identificar peixes de mesma espécie e

evitar o canibalismo, no caso do tucunaré (conclusão de um estudo científico; e na minha opinião, também pode ser o caso do dourado de água doce e do robalo); portanto, iscas de meia-água para estes

peixes devem ser claramente distintas das cores destes peixes! No caso do tucunaré, evitar pintas pretas, ocelos (pequenos olhos), e

particularmente a cor amarela. No caso do dourado, evitar a cauda vermelha, listras horizontais pretas, e novamente o amarelo. No caso do robalo, é prudente evitar iscas prateadas e garatéias amarelas.

Obs: se você já teve sucesso com estes peixes e sua isca tinha estas cores, provavelmente, a ação da isca denunciou que não se tratava de

um “companheiro de espécie”; como no caso de iscas de superfície, pois o peixe nem chega a ver qual a cor da isca ou com que ela se parece... Minha cor favorita para iscas artificiais é a prateada, toda

prateada; pois o predador só veria reflexos prateados em peixes que estão inclinados de lado, por estar agonizantes (especialmente se o

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trabalho for com "paradinhas", e se a isca for montada com um girador

que faça a frente da isca ficar para baixo...). Outra razão é que esta cor é típica de peixes não-venenosos (como um bagre, baiacú,...),

sendo seguro atacá-los. Esta cor tem o predicado de passar por natural ao peixe (evitando refugos; quando o peixe memorizou uma “experiência traumática de ter abocanhado uma isca artificial”,

reconhece a isca como artificial e “refuga”). Considero esta cor próxima à perfeição, salvo para um robalo, por ser chamativa e indicar

uma presa fácil; mas sem deixar de ser uma cor natural. Um capricho é que esta isca prateada tenha a barriga ou o queixo pintados de rosa ou vermelho; mas sem mudar a cor original da isca. Durante o dia, além

da cor prata; também recomendo as cores vermelha (peixe ferido, usar sem exagero); a cor rosa (minha segunda favorita, por fazer pensar

que se trata de mais um peixinho abobado, que os companheiros atacaram e lhe arrancaram as escamas). Ou ainda cores que simulam determinada espécie (uma traíra atacará uma isca parecida com outra

traíra, por pensar tratar-se de um invasor ao seu território). Se bem que existe uma possibilidade a mais, uma isca negra ou escura,

durante o dia; sempre indica uma presa que está “fora de seu lugar”, como uma tuvira que vive escondida na vegetação ou uma traíra (o

que faria um peixe destes em água aberta, se não tiver sido atacado e escorraçado de seu esconderijo?). Sem contar que é uma isca capaz de se destacar em águas barrentas. Qualquer que seja a cor da isca, ela

deve ser visível; evitar uma isca excessivamente “natural (camuflada)” facilita o ataque, sendo mais produtivo. A não ser no

caso de excesso de luz, quando as iscas devem ser próximas ao natural. A cor “super-branca” partilha com a cor prata a característica de ser, seguramente, visível no espectro do UVA; sendo minhas cores

favoritas para pescar à noite, o super-branco se estiver escuro de verdade. Sobre cores, uma observação: cores luminosas fazem o

objeto (isca) parecer maior, mais próximo, e mais arredondado (por ilusão de ótica); o oposto ocorrendo com iscas escuras. Observação: a cor da isca também pode servir para ressaltar a ação desta isca...

Como listras horizontais em iscas alongadas que oscilam de lado (como a Marine Sports INNA); ou listras verticais em iscas tipo cranck

bait (gorduchas como a Papa Black e a Big 0). Como eu disse, a cor da isca apenas deve fazê-la visível; mas, por que deixar o que vai passar na cabeça do peixe ao acaso?

O c o n t r o l e v e r t i c a l d e i s c a s d e M e i a - á g u a :

O controle da profundidade de trabalho de iscas de meia água se fundamenta

em um equilíbrio dinâmico de forças. Para uma velocidade constante qualquer, a isca irá submergir ou emergir, de forma a aproximar-se de um ângulo com a linha e a ponta da vara que é constante para dada velocidade de recolhimento.

Quer dizer que se você levantar a ponta da vara com a isca próxima, ela irá ficar tocando a superfície, e se você abaixar a ponta da vara com ela longe, ela

irá alcançar grande profundidade. Se você recolher rápido, no caso dos “plugs” de barbela (mesmo que flutuantes), eles irão afundar, e no caso das colheres e “spinner” (iscas que afundam quando não trabalhadas), eles afundarão menos.

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Em geral, a ponta da vara deve ficar próxima à linha d’água. Mas se perceber

que a entrada onde você está lançando é rasa e a isca toca o fundo, inicie o recolhimento com a vara apontada para cima e, ao passar o local onde isto

acontece, vá abaixando gradualmente a ponta da vara. Opção interessantíssima é fazer algumas “paradinhas”, quando a isca sobe e

com isso corrigimos seu afundamento! Um exemplo de isca que afunda demais e permite esta técnica é a “papa black (quando usado um distorcedor pesado)”, que

somando a sua ação de lambari, faz desta isca uma das mais produtivas para grandes traíras (a mais produtiva de todas que eu conheço, se estiver “mais ou menos quente”, se puder ser passada embaixo da vegetação, e a traíra for grande).

Para trabalhar uma isca de barbela em pouca e constante profundidade:

1. Inicie o recolhimento com a ponta da vara para cima e com baixa

velocidade (e/ou interrompendo o recolhimento e deixando a isca boiar).

2. Conforme a isca se aproxime, abaixe a ponta da vara (ou aumente a

velocidade de recolhimento). O melhor é primeiro abaixar a ponta da vara, pois é interessante manter o trabalho lento pelo maior tempo

possível.

3. Poder-se-ia cogitar colocar a ponta da vara dentro d’água para mantê-la

trabalhando nos últimos centímetros, mas isto espantaria um peixe próximo. Se estiver pescando da margem, pode ser que até o último

segundo a isca esteja em local promissor! Uma isca “ regulada para afundar um pouco mais” se torna fundamental, já que ela trabalhará melhor nestes últimos centímetros.

Um macete: recolha até restar entre 50 e 100 centímetros de linha, pare de

recolher para o caso da isca estar sendo seguida (se você vir o peixe seguindo a isca, fique imóvel ou o peixe perceberá você), e vire a vara para longe do local mais promissor antes de retirar a isca da água, pois isto evita que o peixe

veja a ponta da vara, nos dando nova chance de capturá-lo.

A forma mais recomendável de controlar a profund idade é deixar a ponta da vara junto à água (sem tocar na água), e dar

“paradinhas” para a isca “boiar” de volta à

profundidade desejada:

Aná l i se da t ra je tór ia

(teórica, já que a barbela de iscas como a

INNA sofrem a oposição do nariz da isca) de uma isca de barbela simples!

Embora não seja recomendável deixar a vara alta como no desenho, deixei o

desenho assim apenas para ilustrar como isto pode prejudicar o trabalho quando a isca estiver próxima, conforme explicado anteriormente.

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A visão da traíra, assim como a de qualquer predador, identifica objetos que estejam

em movimento! A isca sempre deve estar em movimento, mesmo que seja um lento “boiar” de volta à superfície (e você deve estar imóvel, não vá espantar o peixe!).

Em alguns casos, alterar o tamanho (e peso) das garatéias, tamanho e peso do encastoamento de uma isca pode ser muito proveitoso! Tenha essa opção em

mente! Iscas artificiais são como carros de corrida, onde tudo pode ser trocado ou regulado para uma melhor adequação a situação específica de pesca! Para obter

um trabalho em maior ou menor profundidade (até mesmo a cor de uma isca pode ser mudada, embora dê muito trabalho para ser recomendável). Regule o peso do encastoamento para regular a profundidade de trabalho da isca (Exemplo: quando

uso uma “papablack” sem “popper”, uso um distorcedor com rolamento e “snap” Marine Sports no 3 ! Com a “papablack” com “popper”, uso um pequeno distorcedor

comum). O fator principal que regula a imersão (afundamento) é o ângulo da barbela (e da isca, alterado pelo peso do encastoamento) e não a “flutuabilidade” em si como poderia parecer, embora ele dificulte a emersão e facilite a submersão

(a isca volta à superfície mais lentamente! Não deve dificultar a emersão em demasia, pois a isca precisa boiar). O que o peso determina mesmo, é a velocidade com que

a isca sobe quando não trabalhada.

Iscas para trabalharem perto do pescador devem estar reguladas para afundar mais! Pois o encurtar da linha prejudica a submersão. Exemplo prático, usando a “papa black com popper” para trabalhar de longe o local promissor (regulada para boiar

com o “popper” fora d‟água), especialmente se o local promissor for raso, pois ela afundará pouco. Quando a situação obriga a trabalhar de dentro do local

promissor (a vegetação não permite uma trajetória lançando de fora deste local com a isca passando no local promissor), usar a “papa black sem popper”, que bóie só com a pontinha do rabo para fora d’água (afundando mais, com

“paradinhas” para regular a profundidade).

“Plugs” com uma barbela curta em “L” e de ângulo próximo da vertical têm a particularidade de afundar pouco em relação ao aumento de velocidade de recolhimento, pois seu “rebolado” ou oscilação “gastam a energia” que as faria

afundar mais por empurrá-las para baixo, especialmente uma isca de barbela larga (que rebola mais a velocidade ainda mais baixa! Não confunda com barbela

longa e mais na horizontal, que afunda muito). Em outras palavras, são mais fáceis de manter na profundidade certa para traíras e trabalham lentamente:

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Iscas com barbelas em “L” (tipo a da “papa black” e da “papa todos”)

direcionam a água para os lados, sendo as iscas mais lentas (trabalham corretamente com baixa velocidade), sendo consideradas como as melhores

iscas! Elas continuam “rebolando muito”, mesmo quando a parte frontal da isca afunda com o peso do encastoamento (isca regulada para afundar, minha forma favorita de balancear a isca, exceto para trabalhar em locais muito rasos ).

Na figura, uma tentativa de representar, com teórica precisão, a trajetória de uma isca de “dupla barbela” (tipo a “papa black”) regulada para afundar (com

recolhimento contínuo em preto, ou com recolhimento interrompido em cinza) pelo uso de encastoamento e “snap” que afundam a frente da isca. Em vermelho a

trajetória de outra “papa black” (pode e deve ter o “popper”) regulada para afundar pouco (encastoamento sem distorcedor ou “snap”, fazendo a isca boiar com o popper fora d‟água).

Nota: A mesma isca, com o mesmo encastoamento, pode ser amarrada

diretamente ao líder, ou ser usada com “snap” + distorcedor atados ao líder, dependendo do afundamento pretendido.

O encastoamento, principalmente o girador, se “pesar” junto a uma isca artificial, pode a matar pela resistência que oferece ao rebolado da isca, sendo

o trabalho oscilatório o menos afetado, e o trabalho errático (“rebolando” – “walking dog”) o mais prejudicado. Teste o conjunto do encastoamento com a

isca que pretender usar, eles devem flutuar, no caso de “plugs” de barbela curta, para facilitar o trabalho de sub-superfície. Se for usar uma isca de trabalho errático, use um cabo de aço leve como encastoamento e afaste o

distorcedor da isca para que o peso do distorcedor “não mate a isca”. Como a traíra morde com muita precisão, um encastoamento de 7 a 10 centímetros

(com “snap” e distorcedor inclusos) é suficiente para traíras de qualquer tamanho. Evite usar com menos de 4 ou 5 cm para que o peso do distorcedor não

prejudique o “rebolado”. Se não houver o risco da traíra engolir a isca com encastoamento e tudo (iscas de mais de 10 cm), pode ser suficiente menos de 5

cm de encastoamento (apenas distorcedor e “snap”).

O Controle Horizontal de iscas de Meia-água :

Sempre, a maior probabilidade de ataques é junto à vegetação ou na sombra

(qualquer vegetação aquática ou sombra é melhor que nenhuma) ou mesmo embaixo dela. Atire em paralelo com a vegetação, procurando passar a isca a uma distância inferior a um metro; quanto menor a distância, melhor. O ideal

é planejar (imaginar ao observar o local) uma trajetória da isca paralela aos limites da vegetação! É comum que esta vegetação tenha uma suave “barriga”

(comum em rasantes, é como se a vegetação quisesse delimitar e mostrar o rasante para nós), ainda permitindo-nos passar a isca em baixo da vegetação.

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Usar iscas de meia água por baixo da vegetação exige habil idade para lançar, mas vale a pena;

pois se consegue pescar eficazmente em qualquer situação de luz, o peixe não tem de sair da sombra e se “anima”. A técnica para

tanto é atirar na água bem colado à vegetação de uma entrada – “santa luzia” sempre, senão

existe o risco de enroscar embaixo d‟água se você calcular mal a profundidade livre de vegetação – com a vara virada para o meio da água com a

vara em ângulo de 90º com a linha, fazê-la afundar com o recolhimento contínuo e virar a

ponta para a vegetação, sempre com a ponta da vara junto à superfície da água (ou abaixo da

superfície) e recolhimento contínuo.

Se tiver dificuldade em

executar esta técnica, comece treinando com uma colher com antienrosco

para depois fazê-la com “plugs” de barbela curta.

A linha necessariamente deve ser de um tipo que afunda lentamente (“intermediate” qualquer linha “sinking, que afunda rápido” pode causar o “slow-sinking”), copolímero de flúorcarbono de preferência. Mas cuidado para ver se

essa linha, juntamente com o “ fireline”, causa efeito “slow sinking”, que é o afundamento lento da isca que deve boiar quando não trabalhada.

Outra forma de fazer a isca passar em baixo da vegetação é o chamado “sidewinder”, quando entortamos a barbela metálica de uma isca para que ela

nade de lado, para baixo da vegetação. Essa modificação precisa ser testada, pois costuma “matar a isca” (interfere em seu trabalho), razão pela qual não

recomendo o uso rotineiro desta modificação. Para fazer a isca “nadar de lado” se pode também entortar o pitão (a argolinha

onde se amarra a linha que puxa a isca) para o lado oposto ao se quer que a isca nade! Mas, esta modificação deve ser realizada com parcimônia e testada,

pois também poderá “matar a isca”. O ideal seria uma isca que tivesse o pitão e a barbela “tortos”, mas ainda não encontrei esta isca para comprar.

Você pode fazer ajustes na trajetória da isca dependendo da direção em que aponta a vara. Se julgar que atirou longe da vegetação, recolha com a ponta

da vara apontada para a vegetação. Se julgar que atirou próximo demais, arriscando enroscar, vire a ponta para o outro lado. Se achar que a linha está

sobre a vegetação, puxões com a vara virada para a água podem resolver! Mais eficiente ainda se puxar para cima e virando a ponta da vara para água.

Recomendo, sempre que se enxergue o suficiente, dirigir a isca para que ela passe o mais junto possível da vegetação! Faça a linha passar em cada

reentrância da vegetação, vire a ponta da vara para a água para “a linha pular uma ponta” da vegetação, e recoloque a linha junto da vegetação na próxima reentrância. Não apenas a posição da linha, mas também o “afundamento da

Quando lançar, vire a vara para a água, e

recolha com a vara virada para a vegetação.

O quadradinho com um pontinho dentro significa

90º e é uma forma de aproveitar melhor o

comprimento da vara.

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isca” deve ter sua atenção, devendo ambos serem controlados ativamente.

Recomendo esta técnica como alternativa quando a vegetação emite ramificações (como ramos de capim “braquiára”, por exemplo), ou para ser

usada mesclada com a técnica da isca embaixo da vegetação “santa luzia”.

Quando executamos mal as técnicas anteriores, como última opção, podemos fazer a isca literalmente pular estes pequenos ramos de capim “braquiára”!

Deixe a isca boiar junto a uma parte que fique semi-submersa, com a ponta da vara levantada dê um “puxãozinho” suficiente apenas para ela pular este ramo, e continue seu trabalho de isca. Se tiver dificuldade, e isto de isca pular não

é tão fácil, use uma colher com antienrosco! É só puxar, que ela não agarrará (colher não funciona bem de dia).

O vento atrapalha sobremaneira a precisão do lançamento, podendo também levar a barriga da linha para cima da vegetação, nos obrigando a jogar mais

longe da vegetação (e “bagunçando” a vegetação flutuante), principalmente se estiver soprando para cima da vegetação. Se isso acontecer, vire a ponta da vara

para o meio da água e dê puxões para ver se a linha volta para a água. Os puxões podem servir também para a isca “voar” por sobre a vegetação, mas

cuidado com as garatéias! Se já enroscou, coloque a ponta da vara para cima e dê o puxão! Se continuar enroscada, uma série de “puxõezinhos” poderá resolver.

Embora seja útil abaixar a borboleta prematuramente (aquela parte do molinete que agente levanta para lançar), travando a linha e diminuindo a barriga

por esticar a linha, isto reduz a distância de lançamento. O melhor a fazer é considerar a direção do vento e ir a um lugar onde o vento empurre a linha para a água, inclusive facilitando passar a isca próximo ou por baixo da vegetação (e

também provocando menos ondas e “bagunçando” menos a vegetação flutuante, pois há uma tendência ao vento ganhar força sobre um lugar plano como uma lâmina

d‟água). Porém, a velocidade do vento não costuma ser constante, e seu barulho e

agitação criada na água atrapalham um pouco por competir com o barulho da isca e, principalmente, por mexer com a vegetação (como tudo mexe, a traíra

ficaria em destaque por não se mexer junto com as raízes). Se você tiver como obter a previsão do tempo, prefira pescar com pouco vento, e se você já estiver lá pesque com a ajuda deste macete.

Macete para vento, e utilíssimo na escuridão: Lance com o vento

empurrando a linha para a água, a isca deve cair depois de uma ponta de

Exemplo de um

trabalho eficaz em um lugar

aparentemente impraticável. As l inhas tracejadas

representam o movimento com a

l inha (usando-a como um chicote,

igual com o “fly”), e as l inhas cheias a

trajetória da isca.

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vegetação. Como não vemos onde a isca caiu, não sabemos se ela está perto

ou longe da vegetação, dê um puxão na linha, com a ponta da vara rente a água e a barriga da linha ficarão retas e coladas na vegetação (a linha bate na

vegetação junto a água; e não enrosca, pois a linha estará rente à água). Recolha e a isca passará embaixo da vegetação. Veja a ilustração:

OOO bbb sss eee rrr vvv aaa ççç ããã ooo ::: Existem situações nas quais, por mais promissor que seja o local, não é possível

passar a isca em baixo da vegetação:

Esta é a hora de usar uma isca de superfície!!!

OOObbbssseeerrrvvvaaaçççãããooo iiimmmpppooorrr tttaaannnttteee pppaaarrraaa ooosss iiinnn iii ccc iii aaannnttteeesss ::: trabalhar lentamente, o melhor tipo de trabalho para traíra e quase todos os predadores e situações, não quer dizer simplesmente recolher “superdevagar”, pois isso pode interferir na ação da

isca! Trabalho lento significa trabalho “interessante”, com toquinhos de ponta de vara ou “maniveladas interrompidas” (evitando o trabalho excessivamente errático!

O trabalho não deve ser muito errático para facilitar o ataque, especialmente no frio; evitando más ferroadas), “paradinhas”, até mesmo deixando a isca imóveis, a ponto da isca boiar só para a afundar novamente até a profundidade desejada,

e sempre reiniciar o recolhimento da isca com um pequenino “tranquinho” (para que a isca não seja rebocada sem trabalhar por um instante que seja), e puxá-la na

menor velocidade que produza trabalho eficaz. Uma importante função das “paradinhas” é fazer a isca manter a profundidade ideal. Em outras palavras, um

bom trabalho lento simula um peixe ferido ou agonizante – uma presa superfácil – e a isca trabalha (mexe, “rebola”) muito (sem ser muito errática ou imprevisível), mas a distância é percorrida aos poucos, bem lentamente.

I s c a N a t u r a l , o u I s c a A r t i f i c i a l m e n t e V i v a ?

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Pode-se pescar na batida, isto é, iscar morto em um varão de bambu e dar toquinhos de ponta de vara para atrair o peixe que pensará se tratar de isca

viva e ferida (“dando mole” para uma bocada). Uma sofisticação da batida é ir andando pela margem, batendo o lambari próximo à vegetação. É como se fosse uma isca artificial do tipo “shad”, mas os passos devem ser bem s i lenc iosos

(mais sofisticado ainda é “llleeerrr aaasss ááággguuuaaasss” e saber onde está a traíra e insistir no mesmo local até a capturar). Os índios da Amazônia pescavam tucunarés na

batida com um anzol (pedaço de osso farpado) enfeitado de penas coloridas com que eles percorriam as margens. Eles chamavam isto de “pinda-sirica”.

O lambari em um anzol pode ser usado com um “jig” ou como um “shad”, com molinete ou carretilha, com um chumbo pequeno caso se queira um trabalho de

fundo, ou apenas com o peso do anzol, se for pretendido um trabalho de meia água. Em ambos os casos, o trabalho é feito com toquinhos curtos de ponta de vara levantada intercalados com pausas. Usa-se sarapó, rã, e outros bichos

para pescar dourados de água doce, embora a correnteza se encarregue de dar ação a isca, os toquinhos também são úteis, e a idéia é a mesma. Se necessário

for, o anzol deve ser amarrado pelo “olhal” à isca, com uma linha da menor resistência que permita não arrebentar no lançamento e susceptível à abrasão.

No caso da “espera” (anzol deixado de um dia para o outro) fazer um “varal” (colocar vários anzóis amarrados na mesma linha, conhecido como “espinhel”)

possui uma vantagem inadvertida para a maioria dos pescadores (ou peixeiros?) que usam deste expediente! Quando a primeira “trairinha” ficar

presa, ela vai ficar puxando a linha e dará movimento aos demais lambaris, que parecerão estar vivos, o que permitirá pegar “as grandes”.

Aliás, pescar na batida, ou com isca viva, pode ser a única opção para pescar as grandes, quando a pesca de arremesso não funcione. ..

Em todos estes casos, o peixe ataca unicamente por achar que se trata de uma presa viva, sendo portanto; iscas artificialmente vivas aos olhos do peixe!

Portanto; a melhor resposta a ser dada a pergunta feita é que estas iscas são iscas artificialmente vivas!

TTT RRR AAA LLL HHH AAA PPP AAA RRR AAA PPP EEE SSS CCC AAA RRR CCC OOO MMM AAA RRR TTT III FFF III CCC III AAA III SSS :::

Repelente de mosquitos, roupa que proteja dos mosquitos. Mala de pescaria, casaco com capuz, jeans e botas.

Pochete, colete... Com alicates de peixe e de bico chato (para tirar anzóis), e tesoura. Fieira ou saco plástico.

Puçá: quando for usá-lo, acender a lanterna e virá-la para a água. Se o peixe for grande, ou para melhores resultados, sempre colocar o peixe pela cabeça dentro do

puçá. Lanterna e pilhas: as que possuem luz fluorescente, ou outra difusa, são melhores para a apreensão, com o uso do puçá.

Estojo com as iscas: elas devem estar em ordem, uma em cada casa, permitindo sua troca no escuro. Caso o peixe escape a uma delas é só trocar.

Alicate de corte: no caso de acidentes com anzóis e garatéias, é só cortá-los para remover. Vara de 6 a 8 pés com ação média e molinete médio para linhas de

aproximadamente 20 libras (1 libra equivale a 453 gramas). Em alguns casos, uma carretilha poderá ser muito vantajosa...

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A vara deve ser maior e o líder mais grosso para pessoas maiores e mais fortes. Nem sempre a vara maior é vantajosa, pois o quê determina a

distância de arremesso é a velocidade da isca (além dos demais fatores). O que importa de verdade é a precisão do arremesso, ou seja, quanto menor a vara, mais preciso ele será, não esquecendo que uma vara mais longa ajuda a

evitar que o peixe enrosque. Lembre-se de que poderá ser necessário arremessar centenas de vezes até pegar a “trairona”. Vara longa e

equipamento pesado podem ser extenuantes. Conheço pescadores experientes em pesca com iscas artificiais que preferem usar varas de menos de seis pés (1,83 m) de comprimento, carretilha de perfil baixo e linha verde-

limão flutuante! É questão de adaptação e gosto.

Na hora de comprar, prefira varas de boas marcas, e atente para dois detalhes: os passadores e o “blank” devem estar alinhados e o “blank” (aquela parte que prende o molinete) deve ser robusto, pois os repetidos lançamentos

forçam esta parte. Exemplos de vara “na medida” para traíras (e tucunas) são as da linha “Falcon” ou “Amazon” da MARINE SPORTS.

O molinete ou carretilha pode ser para friccionar com uma resistência de umas

5 a 7 libras apenas (usando linha mestra para 20 lb, com a embreagem regulada para 5 lb), mas não teremos a opção de quando o peixe estiver só no líder, apertar a embreagem (ou freio) para erguermos o peixe para tirá-lo d’água.

Quando uma isca com holografia for danificada, a água pode se infi ltrar,

resultando em mancha cinza escuro no local arranhado. Para evitar isso, basta usar esmalte de unha incolor com ou sem “glitter” (excelente vedante, superior à muitos produtos específicos para vedar; o que foi confirmado por testes

científicos), cobrindo o arranhão e deixe secar. Enquanto estiver secando, evite que o local esbarre no que quer que seja, água inclusive! Para tanto, basta ter

um arame em forma de gancho e pendurar a isca. Também podemos pintar detalhes na isca e cobrir com o esmalte de unha.

A linha deve ser de copolímero de 0,30 a 0,40 milímetros (uso Trilon Flúor Coating 0,33 mm \ 20 libras), com líder de 0,43 a 0,50 mm (uso 0,47 mm \ 40

lb, pela importância de se ter segurança quando se for erguer o peixe para fora d‟água, e para a linha mestra ter sua resistência preservada) e “fireline” (encastoamento flexível, tipo cabo de aço, com ou sem distorcedor melhor ainda na

cor preta, com distorcedor e snap, para troca rápida das iscas).

O uso de linha mestra monofilamento 0,30 a 0,33 mm, somente é recomendado se você for capaz de preservar a linha para que ela apresente sua máxima resistência quando estiver brigando com o peixe (para pescadores

experientes, terá de ser trocada mais freqüentemente quanto mais fina for). Linhas flutuantes de alta visibil idade são inúteis ou até prejudiciais à noite. Linhas

de multifilamento, além de serem mais finas e leves permitindo maior distância de lançamento, têm sua elasticidade em torno de 5%, que facilita aquele trabalho errático conseguido com seguidos toquinhos de ponta de

vara. As linhas de monofilamento costumam ter elasticidade de 22-30%, dificultando um pouco mais o trabalho errático (quem sabe trabalhar a isca nem

vê a diferença...). As deficiências de uma linha de multifilamento são a sua baixa resistência à

abrasão (tornando-a pouco confiável, e nos obrigando a usá-la muito aquém de sua resistência nominal); e na hora da briga, pois fica mais difícil manter a linha

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esticada.

Em molinete ou em carretilha sem freio, o uso de linhas excessivamente

macias pode resultar em cabeleiras freqüentes por abandonar o carretel muito rápido no lançamento.

AAA SSS III SSS CCC AAA SSS NNN AAA TTT UUU RRR AAA III SSS :::

Na impossibil idade de usar as iscas artificiais de meia-água (principalmente pelo excesso de vegetação, ou quando não escurece, por ser lua cheia ou pe la nebulosidade, ou por estar muito frio para usarmos as artificiais e até por

dificuldades em conseguir trabalhar o lugar mais promissor “de fora dele”, ou por falta de domínio das artificiais...), devemos usar todo tipo de isca viva, se

quisermos correr o risco de pegar uma traíra que “ faça vista”. A melhor isca é o lambari vivo (ou outros peixinhos), mas é difícil obtê-lo em

quantidade no anzol, principalmente se estiver fazendo frio... Para capturá -lo, pode-se usar uma rede própria para lambaris de uns 20 metros de malha fina

(é grande, mas os lambaris também parecem diminuir no inverno, se não for inverno uma rede de 10 metros por pescador basta). Onde eu pesco, os sarapós

(tuviras) ficam animados quando as traíras não estão (e vice-versa), e ficam roubando as iscas (por isso a quantidade de lambaris não deve diminuir, mesmo sendo inverno). Pode-se atraí-los com farelo de trigo, mas o vento deve empurrá-

los para a rede. Assim como para as traíras existe hora e lugar para capturá-las, o mesmo acontece com os lambaris. A melhor hora é a da mosquitada, pois eles se

alimentam daqueles que caiam na água. Se na alvorada estiver muito frio, a mosquitada e os lambaris (e as traíras...) estarão “desanimados”, sendo sua captura, pouco produtiva. Já ao entardecer, com temperaturas mais altas, tanto a mosquitada

quanto os lambaris estarão mais ativos, sendo pegos em maior quantidade.

Fato curioso, o lambari tende a morrer quando capturado com rede, quanto mais tempo ele ficar preso na rede pior, entre 19:00 h (no inverno) e 20:30 h (no verão, desconsiderado o horário de verão), parece que tanto os mosquitos

quanto os lambaris se escondem, sendo esta a hora de correr a rede (um acompanha o outro, se observarmos os mosquitos, saberemos se os lambaris estão

animados ou não, e as traíras também...). O melhor lugar para capturar lambaris é em locais rasos, podendo a rede ser armada

em rasantes ou paralela à vegetação. O conhecimento do local é muito útil nesta decisão, veja com quem está acostumado a pescar no local se não conhecê-lo bem.

Parece-me não fazer muita diferença se os colocarmos naqueles aquários portáteis ou num balde (grande para que maior área de ar e água se ponham em

contato). Se puder capturá-los com qualquer coisa que não uma rede (o jeito mais fácil) é melhor, pois ficarão vivos por mais tempo.

Excelente opção é a armadilha feita com garrafas plásticas de 2 litros – PET’s. Observe que a boca da garrafa deve ser cortada no talo, embora seja

necessário uma boa quantidade desta armadilha, para que se capture lambaris em quantidade suficiente para a noite (uns 15 mais ou menos). A boca do PET é

cortada, assim como o corpo da garrafa que é invertido e inserido no resto da garrafa. Esta armadilha foi originalmente concebida por índios que faziam um cesto e tampavam sua boca com palha virada para dentro. Recomendo usar

esta armadilha, assim como qualquer tentativa de capturar iscas, bem na beiradinha; pois os peixinhos parecem se concentrar na beirada!

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Se você t iver um puçá bem grande, tem um jeito muito i nteressante de capturar os lambaris! Afunde o puçá com uma pedra dentro para que ele f ique “aberto, armado” o tempo todo. Coloque, ou melhor; cole, impr ima nesta pedra uma bala do t ipo puxa -puxa (a bala da marca “Frut i tel la” é a melhor para isso ) . Os lambaris irão entrar no puçá e vão f icar por lá até que esta bala acabe (pode não demorar muito.. .) . Como os lambarís podem “ter dif iculdade” em achar a boca do puçá, uma forma de ot imizar esta armadilha é usar uma vara de lambari com isca, jogar esta isca na á gua e, lentamente, ir conduzindo estes lambaris que rodeiam a isca até a boca do puçá. Aí, ret ire a isca da água e veja os lambaris afundando e entrando no puçá! Esta é a minha forma favor ita de capturar iscas vivas, pois se captura iscas de tamanho mínimo! É só usar um anzol robaleiro bem f ininho, com um pequeno peso junto ao anzol para l im itar a possibi l idade da isca se esconder ou enroscar. Recomendo mesmo!!!

O sabikí, um “varal” de pequeninos anzóis ornados com asinhas, invenção de

japoneses, funciona muito bem. Para funcionar, recomendo adicionar pedacinhos de minhoca a cada anzol (o cheiro atrairá os lambaris), ou dar toquinhos para que as iscas se mantenham em movimento e pareçam vivas.

Opção de isca viva, superada pelo lambari ou outros peixinhos, são pequenas

rãs, embora não funcione bem no meio da vegetação (ou o bicho se afoga, ou se esconde), ao contrário do lambari. Para iscar é só passar o anzol nas suas costas e deixar sair na barriga (quanto mais no meio do bicho, melhor), mas você deve

ajudar o anzol a sair da barriga usando a unha ou algo mais apropriado para apertar a pele da barriga contra a ponta do anzol para não machucar muito o

bichinho (toda isca viva deve ser tratada com carinho para que continuem vivas por mais tempo). Introduza cuidadosamente o anzol para não ferir os órgãos internos. Quanto menor for a rã, melhor isca será. Se você tiver uma perereca

(que tem ventosas nas pontas dos dedos), você deve cortar as pontas dos dedos ou ela sairá da água quando agarrar o que quer que esteja por perto. Eu achava

que um sapo daria dor de barriga, não funcionando; mas eu fui orientado por pescadores que sapo funciona também. Sua captura é complicada, usando-se lanterna para ver o brilho de seus olhos para localizá-lo, ou em poços onde

caem e ficam presos sendo pegos com um puçá com o cabo alongado por um bambu.

Outra opção de isca viva é o “lacrau”, uma espécie de centopéia (um par de patas por segmento, e cabeça parecida com formiga), muito usado para pescar

piau. Sua mordida não é dolorida, nem perigosa (não confundir com a lacraia que possui duas forquilhas com um ferrão venenoso em cada). Sua colocação no

anzol é pelo dorso, na união da cabeça com o primeiro anel que serve de fixação para o “lacrau”, com resto do corpo se procede como se fosse uma minhoca, o anzol deve seguir o meio do corpo, sem se exteriorizar.

Um macete: A ponta do anzol deve ser alojada em uma das duas “anteninhas” que se encontram na extremidade posterior do corpo, dando

maior estabilidade à isca. Só tem três ponderações quanto a seu uso: 1. Ele é encontrado em meio a pedras úmidas próximas à água de algum rio,

2. Traíras grandes o podem desprezar, 3. Sua cor preta pode dificultar sua visualização pelo peixe, diminuindo sua

eficiência à noite.

Uma boa idéia seria usar aquelas iscas de luz química, mas não sei por que não obtive nem um ataque quando tentei, deve espantar ou ofuscar as ariscas e temperamentais traíras.

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Também podem ser usadas outras iscas como o minhocaçu, fígado e banha de

galinha, coração, rins, bolo de minhocas... Mas sua eficiência será menor! As traíras pequenas (ou melhor, os peixinhos de aquário) aceitam melhor estas

iscas alternativas. Se quisermos pegar as grandes devemos nos esforçar para que o cardápio seja o mais apetitoso possível. Sem dúvida a melhor isca natural é o lambari vivo.

UUU SSS AAA NNN DDD OOO III SSS CCC AAA SSS NNN AAA TTT UUU RRR AAA III SSS

Colocar o lambari vivo no anzol é complicado, ele é delicado e morre facilmente, mas pode-se ver que não apenas as pequenas, mas as grandes

também apreciarão seu esforço em agradá-las. Como o lambari deve ficar fora do barro do fundo, o uso de bóia é mandatório.

Existem várias técnicas, a imaginação é o limite para os ângulos e as formas de passar o anzol. Mas, a melhor que conheço é passar o anzol por seu lombo (atrás

de sua cabeça e acima de sua coluna vertebral), uma região que só tem musculatura.

A idéia é que o conjunto anzol e lambari devam ter pequenas dimensões,

facil itando que o peixe os acomode dentro de sua boca, e que o anzol seja grande o suficiente para uma ferroada segura.

A grande vantagem desta forma de iscar é a grande mobilidade da isca. Meu anzol favorito para traíras é um de tamanho 4/0, “all round (o mais adequado

para peixes de boca dura)”, encastoado com cabo de aço flexível para 30 lb, preferencialmente um anzol que tenha uma haste curta, pois a haste do anzol pode servir de anteparo à boca do peixe, fazendo-o morder o rabo e deixando

a cabeça do lambari no anzol, pela mesma razão o encastoamento deve ser flexível (usado como descrito acima, com anzol “all round” 4/0 de haste curta,

costuma ferroar bem traíras a partir de 1 Kg e até de menos). Um anzol “robaleiro” é o mais indicado para iscas vivas em geral e essencial quando a isca é pequena (para não estourar ou ferir demais a isca); mas observe que a fricção deve ser ajustada

para evitar abrir este anzol. O uso de “elastricot” (linha fininha de elastano) para amarrar a isca deve ser evitado, pois o aperto necessário para uma boa fixação

mata rapidamente o lambari. Outra opção, com o uso da bóia, é simplesmente passar o anzol na testa ou

transfixando sua boca. A grande vantagem será a grande mobilidade da isca, e sua tendência a afundar e ter que nadar para poder voltar à horizontal. Mas

como a traíra morde com precisão, esta forma de iscar não é ideal para traíras que não sejam realmente grandes (ela poderá morder a isca sem morder o anzol).

Quanto maior a vitalidade da isca, mais mobilidade ela terá, nadando e deixando o anzol virado para trás (o ideal). Adicionalmente, a traíra é forte e exige anzóis resistentes. Como estes anzóis são grossos, a isca estoura se

passarmos o anzol em sua testa e passar o anzol na boca pode matar a isca sufocada (ela não consegue fechar a boca para bombear a água por suas guelras).

As áreas pontilhadas de vermelho devem ser

evitadas para não matar ou “estourar” a isca; o “X”

azul representa o local onde se deve “enganchar” o

anzol.

Obs: Tentei várias outras formas de iscar, mas

nenhuma funcionou tão bem.

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Quando usar bóia, a isca viva pode ser “descomportada” (o peixinho teima em se esconder), e uma forma de resolver esse problema e usar a isca em meio à

vegetação é somar um pequeno peso próximo ao anzol, em um encastoamento curto e discreto, afundando a isca e evitando que ela se esconda! Não exagere no peso, só o suficiente para a isca não ir para o meio das raízes (o peso

excessivo pode dificultar que a isca se movimente ou que seja sugada pelo peixe ). Pode-se também dar uma mexida na isca de tempos em tempos, mas a isca

já pode ter enroscado, pois deve ser usada em meio à vegetação. Recomendo usar um anzol de haste curta (“all round” 2/0 a 5/0; ou um anzol

robaleiro) para iscar vivo e um anzol de haste longa (“maruseigo” 3/0 a 5/0) para iscar morto (use o bom senso para avaliar o tamanho do anzol, pois é só imaginá-

lo dentro da boca do peixe).

Quando a isca for grande, iscar morto dará melhor resultado (se o peixe não

estiver fresco, com guelras bem vermelhas, o resultado não será nada bom!

Melhor se o lambari ainda estiver vivo quando for colocado no anzol), introduza o anzol pela boca do lambari, atravesse o osso da cabeça, procure passar

o anzol através ou próximo à coluna vertebral tendo o cuidado de dobrar o peixe para que sua cabeça não estoure (se estourar, vire o peixe de forma que a haste

do anzol fique alojada no rasgo). A ponta do anzol deve ser alojada na ponta do rabo, se estourar ou o lambari for grande para o anzol, aloje a ponta em

sua barriga (não precisa “esconder” o anzol, apenas evitar que o peixe morda a isca sem morder a ponta do anzol). Novamente, as dimensões do conjunto isca e

anzol devem ser pequenas, já que a idéia é usar o maior anzol que não acrescente volume à isca, evitando que o peixe não morda o anzol ao morder a isca. Pode-se

cortar ao meio um lambari grande demais, para poder iscar morto, mas preserve ao máximo as escamas, como se ele ainda estivesse inteiro. Para jogar a isca n’água, quando pescarmos em meio à “santa luzia” compacta,

remova algumas “santas luzias”, formando um buraco de no máximo 40 cm de diâmetro, use um bambu ou coisa parecida e procure pegar a planta por baixo a

colocando de lado (até pode ser em cima da planta ao lado). Então, esticando os braços e a vara, deixamos descer até que a bóia atinja a água (tipo pescaria de festa junina). Se o buraco for menor que 30 cm, dificultará que a isca passe

pelas raízes; e se maior de 40 cm, facilita que o peixe perceba o pescador. Os melhores pontos são onde a “santa luzia” encontra o capim “braquiára”, que é

terrivelmente “enroscante”! Deixe a linha curta e esticada, de forma que a traíra não alcance a “braquiára” quando se ferroar. Também pode ser interessante ficar próximo ao encontro da água livre com a vegetação flutuante.

Uma dica: Use a isca viva cercada por iscas mortas por ambos os lados, pois

quando a traíra se aproximar, encontrará primeiro a isca morta, que ferroa mais facilmente traíras menores! Se ela rejeitar esta isca e continuar andando, encontrará a isca viva, atacando-a. Isto torna a pesca mais

produtiva, simplesmente por podermos pegar traíras de vários tamanhos.

O uso de bóia sem chumbo, é recomendável. Ela deverá deixar o anzol de 40 a 60 centímetros de profundidade, à altura dos ápices das raízes da “santa luzia”. Cuidado, a isca não deve tocar o fundo, nem ficar oculta em meio às

raízes. A profundidade do local é importante para o bom funcionamento da isca. Se for inferior a 80 centímetros, a traíra não verá a isca com facil idade

e o lambari poderá ficar na lama, morrendo rapidamente. Se superior a um

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metro e meio de profundidade, a traíra não virá pelo fundo, e sim em meio à

vegetação, dificultando que ache a isca (se é que ela virá em local tão fundo).

O lugar ideal seria aquele em que a sua vara alcance um lugar de 80 ou 90 cm de profundidade sem lançamento e que esta profund idade não supere um metro e meio! Varas longas são vantajosas, visto que melhoram o domínio

sobre o peixe na hora de içá-lo e permitem que este buraco esteja mais longe da margem. Varões de bambu também estão valendo, embora o recolher da

linha a deixando bem curta seja muito interessante. Outra opção, para locais rasos, é usar o chumbo antes da pernada, mas como o

peso do anzol tende a deixar o lambari na lama, não recomendo sem uma bóia.

Se for pescar em lugar sem muita vegetação, um macete muito produtivo é lançar rente à vegetação da margem oposta (se o lançamento

for mesmo rente à vegetação, a isca irá parar embaixo desta vegetação), de forma que a

traíra ferrada não tenha linha o suficiente para enroscar. Procure usar chumbo pesado (50

gramas ou mais), para que a isca afunde mesmo se acertar a vegetação. Procure treinar o lançamento antes de escurecer para não ter

de acender a lanterna sobre a água! Quando a traíra “se ferrar”, ela tentará escapar em

direção à vegetação próxima, o quê dobrará a ponta da vara nos avisando que o peixe nos aguarda e completa o serviço de ferrá-la. Puxe-

a rapidamente, senão ela pode afrouxar a linha (se a linha afrouxar a traíra pode escapar)...

Observação: Não tente lançar em meio à “santa luzia” compacta, mesmo que

a isca afunde, pois se pode ter extrema dificuldade em puxar o anzol, mesmo sem a traíra.

Ainda para quem for pescar em local sem muita vegetação, as traíras são atraídas por batidinhas (fraquinho mesmo) na superfície da água, bata com a

ponta de vara, com a isca... A melhor forma de obter estas batidinhas é alimentar os lambaris, preferencialmente com um alimento que flutue bem, mas que não os satisfaça com “poucas bocadas” para que os lambaris

continuem a agitação (fubá superfininho é a minha sugestão).

Recomendo usar um guiso em cada ponte de vara, pois facilita nossa vida. Quando o guiso tocar, observe se a ponta da vara verga ou se o toque do guiso é muito constante (peixe esperando). Se o guiso parar, é hora de trocar a isca. Evite, além

do barulho, iluminação próxima a estes buracos! Às vezes uso pequenas iscas de luz química presas à ponta de cada vara, elas agüentam uma noite tranqüilamente

e permitem observar no escuro se a ponta da vara verga (muitas vezes um grande peixe faz um único “plin”, mas a vara se verga completamente). Amarre o tubinho na ponta da vara passando uma linha de pesca no interior e dê uma laçada de cada

lado, quando for trocar basta retirar a “luzinha” e colocar outra.

Devido à natural violência da traíra, é pouco provável que um puxão melhore a ferroada! Se isto for possível após sua primeira mordida, ela própria puxando já terá feito o serviço com o esticar da linha. Todo o recolhimento deve ser feito

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com delicadeza, na medida do possível, não se sabe se o peixe está preso pelo

só lábio! Outra razão para evitar brutalidades é que o peixe pode trazer consigo vegetação, o que aumenta o peso sobre o anzol podendo rasgar sua boca.

Procure puxar o peixe por este mesmo buraco para evitar trazer vegetação ao recolher a linha, tentando levar a ponta da vara ao buraco na vegetação, mas recolhendo para não dar mais linha alguma para o peixe. Quando a bóia

encontrar a ponta da vara, puxe de uma só vez, delicadamente mas rápido e com força constante, jogando o peixe para longe da água (ele poderá se soltar a

qualquer momento, daí ser melhor se você já tiver planejado onde vai jogar o peixe, evitando que ele possa voltar à água ao se debater em uma margem inclinada).

Recomendo pescar “na batida”, isto é, iscar morto e dar toquinhos curtos de

ponta de vara, simulando uma presa agonizante. De vez em quando, tire a isca d’água e a deixe cair apenas para que a isca faça “tibum” ao voltar para a água ! Isto ajuda a chamar a atenção das “dentuças”. Vara de bambu é ótima para

pescar na batida, tendo apenas um macete, que é ao amarrar a linha na ponta, deixe a linha sobrando, enrole ao redor da vara e faça outro nó próximo

ao “butt” (lado oposto à ponta)! Se a vara quebrar você não perderá o peixe.

O u t r o s p e i x e s q u e e n t r a m n o a n z o l :

Em águas paradas e vegetação densa, costumamos encontrar o sarapó (tuvira),

excelente isca para dourado e que também serve para comer (desde que ao limpar se remova o couro com uso de alicate, tendo então o gosto de um bagrinho

ou um cascudo e espinhas bem fininhas e moles, não é muito gostoso). Ele parece esperar as traíras saírem de cena para atacar no frio da madrugada. Para pescá-lo uso técnica parecida, mas um anzol 1 ou 1/0 de haste longa ou curta

com pedacinhos de peixe só na ponta (o peixe não precisa estar muito fresco, ao contrário da traíra). Sua batida é característica, pois a vara desce e sobre como

que puxada por um elástico suave (a traíra dá pancadas secas, ou apenas puxa com força). Ele parece uma moréia marrom com pintinhas ou raias pretas, nadando para frente e para trás ondulando uma nadadeira ventral que percorre

quase que seu comprimento. Sua mordida não representa perigo algum, seu corpo é mole e muito escorregadio. Nessas horas podem entrar também bagres

amarelos, mandis (mais em rios) e cascudos. O bagre amarelo possui dois ferrões e o mandi três! Cuidado com eles. O encastoamento flexível evita que percamos uma traíra que possa bater também, embora ela tenha grande chance de escapar

pelo anzol pequeno, como nestas horas a chance de bater uma traíra de respeito é mínima (e você já sabe avaliar pelo exposto anteriormente, e porquê as batidas não

são típicas de traíra), usar uma linha grossa de flúor como encastoamento resolve. Durante o dia (ele não costuma entrar a noite onde tem traíras rodando, ele deve

ficar com medo de ser atacado apesar de seu tamanho), podemos tentar pegar um bagre africano se ele ocorrer no local. Sua presença é explicada por fugas de

peque-pagues, e por ele ser um bom colonizador (se adapta bem a novos ambientes, reproduzindo facilmente). Uso fígado ou o lambari morto em anzol de 5/0 a 8/0 no meio ou próximo da “santa luzia” sem me preocupar com a

profundidade ou correnteza (desde que a correnteza não seja excessiva). Ele não é nada brigador, mas gosta de enrosco, fique ligado! Observo ainda que todo

bagre, particularmente os maiores, assim como qualquer peixe de grande porte, possui alguma capacidade predatória, bastando que a presa ou isca dê “muito mole” (isca super lenta) e permita que tente um bote (isca viva, ou as artificiais

de fundo, como minhoca ou “grub”, “jig”, “metaljig”, “shad”). O difícil, no caso de um bagre, é enganá-lo com uma isca que não tem gosto ou cheiro, pois eles

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sentem o gosto antes mesmo de pôr a isca na boca (use uma isca de silicone

aromatizada, ou use isca natural que é o que funciona melhor).

T R A L H A P A R A P E S C A R N A I S C A N A T U R A L :

Barraca e outras tralhas para acampar, para seu maior conforto.

Repelente de mosquitos. Mala de pescaria.

Pochete, alicates de peixe e de bico chato; Tesoura e saco plástico (ou fieira) p/ pescado. Puçá: Ao usá-lo, acender a lanterna. Se o peixe for grande, sempre colocá-lo

pela cabeça dentro do puçá. Pode ser impossível usá-lo em meio à “santa luzia”. Lanterna e pilhas: as que possuem luz fluorescente, ou difusa, são melhores.

Alicate de corte: nos acidentes com anzóis e garatéias, cortá-los para remoção. Balde para as iscas vivas, quanto maior melhor! Dê uma renovada na água

regularmente. Um transportador de iscas, com oxigenador e tudo, é um luxo dispensável (faz barulho). O uso de samburá pode ser adequado, dependendo da

situação da vegetação... Vara de no mínimo 6 pés com ação média ou superior e molinete ou carretilha

médio/pesado (para linhas de 30 lb ou mais). ATENÇÃO: Se for pescar em meio à “santa luzia”, será necessário equipamento

mais pesado que o habitual (de 20 lb) para poder puxar peixe e vegetação para fora d’água. Recomendo o uso de guiso na ponta da vara para avisar que já

podemos ir pegar o peixe, ou mesmo para nos avisar que estão roubando nossa isca. O uso de um “finco” evita que tenhamos de ficar segurando a vara - meu favorito é um cano robusto de PVC cortado com um bisel (corte oblíquo) para

ajudar a fincar. Não é fácil de fincar (exceto na areia), mas o peixe não o arrancará, por mais forte que seja!

A linha deve ser de copolímero de flúorcarbono 0,40 mm ou superior e encastoamento de arame ou “fireline” (encastoamento flexível, tipo cabo de

aço, e opcionalmente “snap” com distorcedor).

Observação: O melhor nó para prender a linha no distorcedor é o “Palomar” (também recomendo reforçar com 6 a 8 nós simples). Sempre use saliva para lubrificar o nó a ser apertado, e tesoura ou alicate de corte para cortar as

linhas após o nó. Em geral, para pesca sem artificiais, não é necessário ou recomendável o uso de líder.

Isopor e gelo são úteis para manter frescos os lambaris que morram, mas apenas deixá-los no seco pode quebrar o galho (eles estragarão bem mais

rápido se deixados dentro d‟água).

CCC UUU RRR III OOO SSS III DDD AAA DDD EEE SSS :::

Esta parte contém conhecimento que pode parecer irrelevante, passando por

“curiosidades”, mas que poderá fazer toda a diferença...

I s c a r v i v o o u m o r t o ?

A traíra tem excepcional visão, inclusive noturna, e embora seu cérebro seja

diminuto, ela possui uma incrível habilidade para perceber movimentos, supostamente 40 vezes superior à habil idade humana (de outros predadores,

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dentro e fora d‟água, também). Se a isca se mexe, a traíra a entende como viva

e apetitosa e “mete o dente” nela (a traíra não é seletiva em seu cardápio, basta estar vivo, isto é, se mexer, e parecer caber em sua bocarra. Em sua dieta habitual,

figura em primeiro lugar os peixes menores, inclusive traíras com metade do comprimento de seu corpo - passam em sua boca. Em segundo lugar, rãs e insetos grandes e depois, se a fome bater, peixes que não passam em sua boca...).

Pode parecer que um lambari não se mexa quando colocado no anzol, mas sua

boca abre e fecha para respirar, assim como suas guelras... mesmo que estas não sejam chamativas. Como as iscas artificiais possuem movimento exuberante, barulho (“rattlin”) e cor, não é por acaso que as traíras as adoram.

Como a traíra é um predador solitário, “territorialista”, e “canibal”, não é comum encontrarmos duas delas grandes, juntas, e como ela prefere caçar nos

limites entre a “santa luzia” e a água livre (ao menos antes de escurecer de vez, aí ela dá uma volta ou se enfia na vegetação). Podemos imaginar porque as maiores geralmente são pegas com as artificiais, embora nada impeça que a

isca viva funcione com qualquer tamanho de traíra. Mesmo assim, não se esqueça de que uma isca artificial parece ainda mais viva e chamativa .

P e i x e s i n t e l i g e n t e s ? !

Os peixes, embora a maior parte de seu comportamento seja explicada pelo instinto, possuem alguma inteligência mesmo que pequena! Mesmo assim são

capazes de aprender e modificar seu comportamento se o estímulo for constante.

Veja alguns exemplos: No pesque-pague, a melhor isca sempre será ração ou massinha de ração, pois

todos os peixes que lá estão, passaram a vida toda comendo essa ração! A banha ou fígado de galinha, que funcionam tão bem em rios, não funciona bem em

pesque-pague. A melhor isca é aquilo que o peixe está acostumado a comer, e gosta muito.

Exemplo clássico do aprender dos peixes é o piau, que ao perceber o brilho de um anzol (ou mais provavelmente, sentir sua espetada) morde a isca “com

garfo e faca”! Por ser um peixe visado, desde pequeno ele aprende a roubar iscas.

Num experimento, colocaram um robalo em um aquário e um vidro invisível (invisível por ser de mesmo índice de refração que a água) dentro d’água,

separando o aquário no meio. Quando colocaram uns peixinhos no outro lado do vidro, o robalo investiu contra eles, com sua grande velocidade habitual, e violentamente, se chocou com o vidro. Após mais uma tentativa e trombada

com o vidro, ele nunca mais tentou ir àquele canto do aquário, mesmo depois que este vidro foi removido.

Os robalos costumam se enterrar na areia quando vêem uma rede se aproximando, assim evitando serem capturados por arrastões.

Uma vez, ensinaram tubarões a apertar um botão para receberem comida.

Um bagre tem sua sobrevivência assegurada por seus ferrões, pois toda vez que um predador ataca um, mesmo que o mate, o predador percebe que o

peixe não foge, mas se vira de frente para o predador e abre seus ferrões! Algum dia ele acaba aprendendo a não atacar aquele peixe, ou aprende a

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atacá-lo por trás, o que explica porque um predador ataca uma isca artificial

e escapa por se ferrar mal, mas depois volta a atacá-la e se ferroa. Ele pensa que a isca é um bagre e ataca por trás. Isto explica também porque parece

que alguns peixes predadores preferem atacar por trás, e não pela cabeça como seria de se esperar...

Uma isca como a “papa-black”, que simula um lambari, pode ser atacada pela cabeça, resultando em muito mais ferroadas na garatéia ventral, mas que

infelizmente, se trata de uma ferroada menos segura, enquanto que iscas alongadas, que podem ser “interpretadas” como uma traíra ou um bagre, geralmente são abordadas por trás (resultando em duplas ferroadas).

Especialmente os peixes mais velhos, e conseqüentemente maiores, estão

acostumados a pouca variedade de cardápio, e a uma situação onde consegue seu alimento. No caso da traíra, no limite da vegetação, as iscas artificiais são o que temos de mais parecido. Em segundo lugar, temos o lambari iscado

vivo. Por isso que as iscas artificiais de sub-superfície são superiores a tudo o mais, quer na pesca de grandes traíras, quer na de muitos outros

predadores também.

O refugo é quando a traíra, bem como outros peixes, reconhecem a isca e dão meia volta pouco antes de “bocarem” a isca! Quando um peixe ataca uma isca artificial e se dá mal, ele memoriza a situação e a evita, mas como ele é

“burro”, podemos enganá-lo facilmente, trocando apenas a cor da isca (isto, quando ele não ataca a mesmíssima isca...). Passados alguns dias ou semanas,

ele esquece do ocorrido, e se esse estímulo não for constante, volta a atacar a mesma isca. “Rattling”, encastoamento, distorcedor, cor exuberante e ação excess ivamente

errática podem ajudar o peixe a “reconhecer” a isca. Uma isca que simule um bagre ou uma traíra será abordada com mais cuidado, sendo mais fácil

acontecer um refugo! A “papa-black” é suficientemente parecida com um lambari para que uma traíra ataque seguidamente a mesma isca, mesmo sem que a troquemos; pois

como já foi dito, a “inteligência” dos peixes é bastante pequena.

P o r q u e o s p e i x e s m o r r e m l o g o n a s r e d e s ?

Já ouviu falar em “Síndrome da classe econômica”? É quando passageiros de avião

ou outros veículos sofrem trombose venosa por ficarem imóveis e desconfortáveis por longo período! Ocorre principalmente nas pernas que, pressionadas pelo peso

do corpo, são vítimas do fluxo sanguíneo mais lento, que facilita ao sangue coagular dentro das veias comprimidas. E o quê isto tem haver com pescaria? Respondo: Já viu peixe sangrando? Provavelmente não, especialmente os pequenos

como um lambari! Seu sangue é hiper-coagulável (tem grande tendência a coagular, pois dentro d‟água o sangue tem maior dificuldade em coagular, e o

cheiro de sangue atrai predadores)... Portanto, quando os peixes ficam espremidos pelas malhas da rede, ou pelo “elastricot” (aquela linha fininha de elastano, de amarrar isca viva) sofrem de embolia, morrendo logo. Além disso,

seus opérculos (as membranas que cobrem as brânquias) ficam apertados pelas malhas da rede, sufocando-os.

Pode ser impressão, mas os lambaris parecem ficar estressados, com taquiaritimia (o coração bate rápido demais, perdendo o compasso) quando os colocamos em

baldes ou aquários, podendo simplesmente morrer do coração. O mesmo pode acontecer com passarinhos engaiolados...

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CCC LLL AAA SSS SSS III FFF III CCC AAA ÇÇÇ ÃÃÃ OOO DDD EEE TTT AAA MMM AAA NNN HHH OOO DDD AAA TTT RRR AAA ÍÍÍ RRR AAA (Com balança fiel, é claro! Não servem uns “boga grip” que tenho visto por aí...):::

Peixinho de Aquário - até 30 cm (uns 550 gramas) --> Solta o bichinho!

Podem ser capturadas com quase todo tipo de isca, especialmente as com sangue.

Pequena - de 550 até 800 g - Não é pecado levar para casa, mas podia

soltar. Entram na minhoca, lacrau, e insetos diversos se estiverem vivos, podem entrar em pedaços de peixe ou carne (melhor se a carne for sangrenta).

Média - de 800 até 1.300 g - Juntamente com as traíras pequenas, são o

“normal” de pegar no anzol, pois entram no lambari morto, mas fresco.

Grande - de 1,3 até 2 kg - Só bate na artificial, ou na isca viva (não

precisa estar viva, basta ela pensar que está). Serão comuns com as iscas artificiais (melhor na escuridão, mas pega de dia também), se você fizer

tudo certo.

Enorme - de 2 até 3 kg - Ou aprendeu mesmo, ou és muito “sortudo”, pois não são freqüentes em ambiente natural. Além do mais, o problema maior de pescá-las é que só costumam ficar em locais com intensa vegetação (longe de

nossas iscas), além de serem exigentes quanto àquilo que comem (o melhor jeito de capturá-las é com a “Técnica da Grande Traíra”). Podem ser

consideradas troféus, pois não é provável existir traíra muito maior que isto dentro d’água. A última vez que olhei, o recorde brasileiro oficial estava em 2.620 g!

Estória de Pescador (1) - de 3 até 4 kg ! Cadê a foto? Empalhou?

Testemunha? A balança estava tarada? Uma vez “zoei” outro pescador dizendo que a balança dele “era de pescador”, pois ela marcava quase 1 kg, mesmo sem colocar peso algum! O cara ficou bravo...

Estória de Pescador (2) - de 4 até 5 kg - Deve ser um trairão. A língua

era áspera ou lisa? É o maior tamanho possível (improvável, mas possível) que a traíra pode atingir em ambiente natural bastante favorável!!!

Estória de Pescador (3) - na casa de 5 kg - Quase impossível! A menos que sejam alimentadas com ração desde alevinos (em pesque-pagues,

aquário,...).

OOO bbb sss eee rrr vvv aaa ççç õõõ eee sss sss ooo bbb rrr eee ttt aaa mmm aaa nnn hhh ooo :::

Traíra

A ttt rrr aaa ííí rrr aaa (Hoplias malabaricus) possui a lll ííí nnn ggg uuu aaa

ááásss pppeee rrr aaa ! A língua do ttt rrr aaa iii rrr ãããooo da Amazônia (Hoplias lacerdae - quase tudo que é dito neste manual serve para ela também) ééé lll iii sss aaa . Esta é a

forma mais segura de diferenciá-las. Para ver a língua, sempre use um alicate de peixe! Não vá

meter a mão na boca da traíra viva, até porque

Traírão

aqueles dentinhos “adoram despedaçar” qualquer coisa! Outra forma de diferenciá-las, mas sujeita a erros (em caso de dúvida, sempre olhe a língua), é

observar a parte inferior da cabeça:

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Tabelas oficiais de recordes não são referências fieis, pois a maior parte

dos peixes não é registrada, tantas são as condições a serem obedecidas! Ser associado da “sei lá o quê”, enviar o peixe congelado para ser

analisado (confirmados o peso e a espécie) “sei lá aonde”, pesar o peixe com balança certificada, fotos do peixe e da pesagem (para registro de um recorde mundial, é necessário pesar o peixe ainda na beirada do rio),

testemunhas, pagar taxa...

Traíras costumam regurgitar o conteúdo estomacal quando capturadas, mas recomendo sempre verificar se há algo em seus estômagos, até para saber o quê o bicho andou comendo e a melhor isca para a próxima pescaria.

Como os peixes crescem continuamente ao longo de sua vida, não é

possível determinar, com segurança, um tamanho máximo. Alevinos e pequenos peixes, especialmente os predadores, têm maior

dificuldade em se alimentar e crescer, limitando o tamanho máximo a quê poderão chegar em ambiente natural. Peixes de criadouros (pesque-pagues,

por exemplo) crescem mais por receberem alimentação desde alevinos.

Locais com águas lênticas, como lagoas ou represas, são mais favoráveis à traíra, que atinge tamanhos maiores.

Os peixes podem ter genética que permita tamanho maior que o normal para a espécie por sofrerem seleção genética (proposital) em peixes de cativeiro,

fugas de pesque-pagues, uma aberração fortuita (ocorre facilmente com a traíra). E podem ter genética que não permita atingirem seu tamanho normal,

começando a desovar com menor tamanho (um problema ecológico sério, já que estes alevinos serão menores e mais fracos, e terão menor chance de

sobrevivência). Existe enorme variação genética entre traíras de diferentes locais e por ser um

peixe que desova sem sair de onde está, os cruzamentos entre traíras “aparentadas” é a norma. Isto gera um sem-número de espécies e subespécies, e

grande confusão taxonômica, até aberrações de número de cromossomas, em indivíduos adultos e saudáveis, já foram detectadas de 39 a 44, o “normal” seriam 42. Um escândalo gênico! “Traíras (gênero Hoplias)” do grupo lacerdae (trairão)

somam 11 espécies (quem sabe mais); enquanto o grupo malabaricus (“traíra”) ainda não teve revisto o número de espécies conhecidas, sendo 17 ao menos.

Opostamente, peixes de piracema costumam apresentar grande uniformidade genética em toda bacia hidrográfica em questão (salvo interrupções nesta bacia hidrográf ica; como represas e quedas d’água...) .

CCC OOO NNN SSS III DDD EEE RRR AAA ÇÇÇ ÕÕÕ EEE SSS FFF III NNN AAA III SSS :::

Tudo o que apresentei, eu aprendi com inúmeras fontes, principalmente a prática e a observação, sobre como pescar as maiores traíras que puderem

ser pegas no local, de forma esportiva. Repito; é possível pegar traíras a qualquer momento e em qualquer lugar, mas será difícil pegar as grandes se

as condições, materiais, e técnicas fugirem muito ao que foi exposto. O menor tamanho de traíra que a legislação deixa levar para casa é de 30 cm

(sempre se mede o peixe da ponta do nariz até a furca caudal), isto é, uma traíra de aproximadamente 550 g. Só a leve para casa se ela passar disso (passar

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muito, de preferência). Este tamanho é o menor tamanho com o qual

podemos afirmar que uma traíra já desovou ao menos uma vez (ela atinge a maturidade sexual entre 15 e 25 cm). Respeitar este tamanho é garantir mais

alegrias nas próximas pescarias. Não passe vergonha levando peixes para o aquário, só abata se for grande mesmo!

Por fim, cuidado ao manusear uma traíra viva! Independentemente de seu tamanho, são capazes de mordidas poderosas! Atenção: não coloque a mão na

água ao soltar uma traíra, pois ela pode se virar e morder sua mão (já aconteceu com um amigo meu!).

Ninguém é tão sabido que não tenha nada a aprender; assim, se tiver algo a me ensinar, experiência para partilhar, dúvidas, comentários, sugestões, ou mesmo para “ jogar conversa

fora”, meu e-mail & MSN é [email protected]; YAHOO Messenger: [email protected]; ICQ: 404761478; AIM:

[email protected]. Para e-mail, peço usar o hotmail. Terei enorme prazer em responder as mensagens que me forem enviadas, até porque elas podem me ajudar a saber o que escrever no próximo artigo!

Agradeço ao Kid M, do “Fórum Do Biguá”; por sua valiosa contribuição para este artigo.

Boas “traíradas” à todos!