236
\ % °c c a % > % é* r^ivw ARGAMASSAS £ 0

Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

\

% °c ca

% >

%

é*

r ^ i v w ARGAMASSAS

£ 0

Page 2: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O Autor

Diplomado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), em 1954, Antonio J.S.I. Fiorito vem se dedicando desde 1964 aos materiais de revestimento e de assentamento, bem como à sua inter-relação.

Iniciou sua carreira prof iss ional como engenheiro da Divisão de Projetos da Prefeitura do M u n i c í p i o de São Pau lo , t e n d o posteriormente participado da implantação da Divisão de Engenharia Patrimonial, anexa ao Departamento Jurídico.

Em 1962 foi contratado pela Construtora e Comercial Soberana (hoje extinta) para gerenciar obra em São Paulo, e depois na Alta Sorocabana, Alta Paulista e Campinas. Entre 1962 e 1964 foram iniciadas e concluídas 18 obras: Fóruns, Escolas Agrícolas, Escola de 1 o

grau, Ginásios Estaduais, Posto de Saúde, Posto de Sementes, Delegacias, uma Estação de Tratamento de Águas e quatro pontes em estradas vicinais.

Em 1964 foi contratado pela então Cerâmica São Caetano S.A., líder em produção e tecnologia, na época, onde permaneceu até 1973. Sua função primordial era a pesquisa sobre assentamento de revest imentos c e r â m i c o s e a p r o b l e m á t i c a d o s descolamentos, e encontrar solução para tal patologia. Nasceu daí então a idéia de colar os revestimentos eliminando, pelo menos, a influência nefasta da retração das argamassas de assentamento e, paralelamente, superar a grande deficiência quantitativa e qualitativa da mão de obra.

Page 3: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 4: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 5: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

pmr

ENG. ANTONIO J. S. I. FIORITO

MANUAL de ARGAMASSAS e REVESTIMENTOS

ESTUDOS e PROCEDIMENTOS

de EXECUÇÃO

2a edição

Page 6: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Manual dc argamassas e revestimentos : estudos e procedimentos de execução © COPYRIGHT EDITORA PINI LTDA.

Todos os direitos dc reprodução reservados pela Editora Pini Ltda.

Fiorito, Antonio J.S.I. Manual de argamassas e revestimentos : estudos e procedimentos de execução / Antonio J.S.I.

Fiorito. - 2. ed. - São Paulo : Pini, 2009.

Bibliografia. ISBN 978-85-7266-189-8

1. Argamassa 2. Revestimentos 1. Título.

09-01453 CDD-691.5

índices para catálogo sistemático:

1. Manuais : Revestimentos de argamassa : Materiais de construção 691.5

Coordenação Manuais Técnicos: Josiani Souza Diagramação e capa: Maurício Luiz Aires

Editora Pini Ltda. Rua Anhaia, 964 - CEP 01130-900 São Paulo, SP Fone: 011 2173-2328- Fax 011 2173-2327 Internet: www.piniweb.com - E-mail: [email protected]

2a edição Ia tiragem: fevereiro/2010

Page 7: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Prefácio Objetivo desta obra

Por volta de 1970, os revestimentos eram assentados com argamassas comuns de cimento e areia ou cimento, cal e areia.

Até então, nunca foi dada atenção especial ao processo de assentamento e pouco cuidado ao comportamento das argamassas que, inevitavelmente, estão presentes em qualquer revestimento, desde um simples piso cimentado ou parede rebocada, até um acabamento mais nobre com o uso de revestimento cerâmicos ou pedras naturais.

A partir de 1964 e motivado por problemas de estabilidade nos revestimentos cerâmicos, foi-me dada a oportunidade de iniciar o estudo das argamassas e sua inter-relação com os revestimentos cerâmicos. Nasceu daí a necessidade de modificar, de modo substancial, o processo de assentamento com a introdução da primeira argamassa colante no mercado consumidor nacional, o que ocorreu em 1970.

Esta longa jornada, iniciada em 1964, continua até os dias de hoje, quando prosseguem as pesquisas para o desenvolvimento e a fabricação de novos produtos destinados a situações peculiares, em que intervém os revestimentos.

Este trabalho tem por finalidade colocar a disposição do leitor toda a teoria dos revestimentos e as conclusões práticas dela advindas.

Agradeço sinceramente a minha esposa pela sua compreensão e colaboração e a meu filho Luis Fiorito, Também companheiro de profissão, que me acompanha e me encoraja, desde 1976, nesta longa jornada.

Externo os meus agradecimentos à direção da Editora Pini e toda a equipe de incansáveis colaboradores, pelo espaço que sempre me abriram para divulgar assuntos técnicos relevantes e pelo estímulo que sempre me conferiram.

São Paulo, agostc de 1994 Antonio J.S.I. Fiorito Eng. Civil -Poli/54

Page 8: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 9: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Palavras do patrocinador

" Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente."

(Henfil)

Com este prefácio, no lançamento da 1a edição deste Manual, em agosto de 1994, iniciamos esta página mostrando a indispensável necessidade das argamassas colantes face à elevada demanda de revestimentos

cerâmicos. Somente com a utilização das argamassas colantes foi possível racionalizar os serviços de assentamento de placas cerâmicas, aumentando dramaticamente a produtividade, e conferindo-lhes qualidade e durabilidade.

Toda a teoria exposta neste Manual de Argamassas e Revestimentos e sua imediata aplicação prática, foram paulatinamente absorvidas ao longo desses anos.

Finalmente, tornaram-se indispensáveis as juntas entre as placas cerâmicas -juntas de assentamento - dando ao revestimento a tão almejada estabilidade e, consequentemente, maior durabilidade, por compensarem os efeitos da EPU das placas cerâmicas; da retração das argamassas; da temperatura; e de outras solicitações.

Desde 1996 houve diversos Simpósios Brasileiros de Tecnologia das Argamassas promovidos pela ANTAC-Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - durante os quais foram apresentados e discutidos inúmeros e alentados trabalhos de alta qualidade, produzidos por pesquisadores envolvidos com as argamassas, em todo o país. As argamassas, finalmente, ocuparam um lugar de importância - que lhe era devido-na Construção Civil.

Portanto, é de se concluir que "além da intenção da semente, houve folhas, flores e frutos."

Argamassas Industrializadas MM, fabricante dos produtos MASTERCOLA® mantém a primazia e o privilégio de contar com vasta experiência no campo das argamassas colantes adquirida desde 1964. Isso nos traz a responsabilidade de fabricarmos sempre produtos de qualidade e de transmitir aos consumidores o conhecimento verdadeiramente técnico de que dispomos.

cimento colante

m A S T E R C O L f l K O Í 3

ARGAMASSAS

Page 10: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 11: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Introdução

/4s argamassas colantes começaram a ser pesquisadas nos Estados Unidos, a partir do fim da II Guerra Mundial (1.945), com a finalidade de racionalizar o$ serviços de colocação de revestimentos cerâmicos e oferecer aos consumidores uma alta qualidade nas instalações destes revestimentos a um menor custo possível.

A racionalização se fazia necessária, uma vez que o processo tradicional exigia múltiplos e simultâneos serviços, provocando indesejável lentidão. Por outro lado, como veremos no capítulo sobre tensões nos revestimentos, o método Tradicional requeria conhecimentos especiais, o que nem sempre ocorria, resultando imperfeições causadoras de vida útil relativamente curta dos revestimentos.

A partir desses objetivos surgiu o "dry-set mortar", uma argamassa colante para assentar revestimentos cerâmicos sem necessidade de imergi-los em água.

No Brasil, a pesquisa foi iniciada em 1964, motivada por problemas de descolamentos de revestimentos de pisos e paredes, causados por inesperado e elevado consumo de materiais cerâmicos que, em contrapartida, não encontrou mão-de-obra preparada e em quantidade necessária. Improvisaram-se assentadores para fazer frente aos cronogramas das obras. Argamassas muito ricas em cimento e espessas e processos de assentamento inadequados proliferaram. A pressa em concluir os serviços acabou por eliminar as tão necessárias juntas entre as peças; as juntas de movimentação; e, desconheceram-se as juntas estruturais quando existentes, passando os revestimentos sobre elas de modo contínuo.

Descuidou-se da impermeabilização dos pisos sobre terraplenos e usou-se entulho e areia unida como enchimento de lajes rebaixadas, gerando o novo problema das eflorescências, que terá também um capítulo especial.

Os conhecimentos da arte e técnica de revestir foram se perdendo e, na mesma medida, foram se multiplicando os casos de desprendimento de peças dos revestimentos.

O problema foi solucionado com um novo processo de assentamento, colando os revestimentos sobre bases já estáveis, inspirado no"dry-set mortar". Por volta de 1971, foi introduzida a primeira argamassa colante brasileira.

Page 12: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Hoje, o processo de colagem está plenamente implantado. As dúvidas iniciais em relação a custos e à segurança dos resultados estão superadas. Profissionais de colocação de revestimentos têm conhecimento razoável sobre o uso das argamassas colantes e, quanto ao treinamento de mão de obra, é louvável o esforço do SENAI na formação de profissionais cada vez mais conscientes e conhecedores de seu trabalho.

Desde o começo da década de 1970, que marca o início da existência das argamassas colantes brasileiras, foram utilizadas milhares de toneladas do produto para, praticamente, todo o território nacional e com sucesso nas mais variadas situações dos revestimentos: pisos, paredes, interiores, exteriores, piscinas, fachadas, terraços, coberturas etc.

Muitas fábricas de argamassa colante proliferaram e, devido à inexistência inicial de Especificações, nem sempre a qualidade norteou sua produção. Hoje em dia, a qualidade e diversidade de produtos vêm sendo discutidas, e, por certo, o mercado consumidor deverá se tornar mais sensível ao uso de produtos de melhor desempenho.

Por outro lado, o Método Convencional, ou Tradicional, encontra ainda seus adeptos notadamente nas regiões onde a argamassa colante ainda não conseguiu chegar ou, então, quando se trata de revestimentos de pisos. A eles será de muita valia a teoria desenvolvida neste trabalho e, principalmente, as suas conclusões práticas.

Page 13: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

C a p í t u l o 1 - A s p e c t o s g e r a i s 1.1 - Produção de revestimentos cerâmicos 17 1.2 - Argamassas convencionais 18

1.2.1 - Paredes 18 1.2.2-Pisos 18 1.2.3 - Método convencional 19

1.3 - Argamassas colantes 19 1.3.1 - Paredes 19 1.3.2 - Pisos 20 1.3.3 - Método de colagem 21

1.4 - Mão de obra 21 1.4.1 - Pelo método convencional 21 1.4.2 - Pelo método de colagem 21 1.4.3 - Cursos profissionalizantes 21

1.5 - Estimativa do mercado de argamassas colantes 21 1.6 - Interdependência das indústrias 22 Bibliografia 22

C a p í t u l o 2 - E s t r u t u r a d o s r e v e s t i m e n t o s 2.1 - Estrutura de revestimento executado pelo método convencional 23

2.1.1 - Paredes 23 2.1.2-Pisos 24

2.2 - Estrutura de revestimento executado pelo método de colagem 26 2.2.1 - Paredes 26 2.2.2 - Pisos 26

Bibliografia 27

C a p í t u l o 3 - A r g a m a s s a s c o m u n s : c o m p o s i ç ã o / u s o s , r e n d i m e n t o e c l a s s i f i c a ç ã o 3.1 - Definição, composição e usos 29 3.2 - Traço 29 3.3 - Características dos componentes 30 3.4 - Rendimento das argamassas 32 3.5 - Classificação das argamassas 35 Bibliografia 35

C a p í t u l o 4 - A r g a m a s s a s p a r a a l v e n a r i a 4.1 - Composições 37 4.2 - Propriedades físicas 39 Bibliografia 40

C a p í t u l o 5 - D i s t r i b u i ç ã o d a s t e n s õ e s q u e i n t e r e s s a m a o e s t u d o d o s r e v e s t i m e n t o s 5.1 - Aspectos gerais 41 5.2 - Revestimento sujeito à tensão de tração 42 5.3 - Revestimento sujeito à tensão de compressão 43 Bibliografia 46

Page 14: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

C a p í t u l o 6 - R e t r a ç ã o d a s a r g a m a s s a s 6.1 - Retração 47 6.2 - Ensaios para medir a retração 48

6.2.1 - Procedimentos do ensaios 48 6.2.2 - Resultados 49

6.3 - Valores da retração 54 Bibliografia 54

C a p í t u l o 7 - P r o p r i e d a d e s f í s i c a s d a s c a m a d a s q u e c o m p õ e m o s r e v e s t i m e n t o s 7.1 - Revestimentos cerâmicos 55

7.1.1 - Resistência à compressão 55 7.1.2 - Módulo de elasticidade 55 7.1.3 - Coeficiente de dilatação térmica linear 55 7.1.4 - Dilatação higroscópica 55

7.2 - Argamassas 56 7.2.1 - Módulo de elasticidade 56 7.2.2 - Retração das argamassas aos 28 dias e por secagem exclusivamente ao ar 56 7.2.3 - Coeficiente de dilatação térmica linear 56

7.3 - Concreto 56 7.3.1 - Módulo de elasticidade 56 7.3.2 - Coeficiente de dilatação térmica linear 56

C a p í t u l o 8 - T e n s õ e s n o s r e v e s t i m e n t o s e m a r g a m a s s a s , p i s o s e p a r e d e s d e v i d a s à s u a r e t r a ç ã o 8.1 - Correlação da retração das argamassas aos 7 e 28 dias 57 8.2 - Tensão de retração 57 8.3 - Tensões nos revestimentos da argamassas em paredes e pisos 58 8.4 - Evolução das tensões de retração nos revestimentos em argamassas 62 8.5 - Conclusões 63 Bibliografia 64

C a p í t u l o 9 - R e t r a ç ã o e r e v e s t i m e n t o 9.1 - Revestimentos e camada de argamassa 65 9.2 - Revestimento, camada de argamassa e suporte de concreto 67 9.3 - Tensões nas argamassas 70 9.4 - Considerações gerais 72 9.5 - Análise e conclusões 74 9.6 - Evolução das tensões nos revestimentos assentados devido à retração da argamassa de assentamento 76 Bibliografia 80

C a p í t u l o 1 0 - T e m p e r a t u r a e r e v e s t i m e n t o s 10.1 - Conceitos 81 10.2 - Temperatura e revestimentos 84 10.3 - Conclusões 91 Bibliografia 92

Page 15: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

C a p í t u l o 11 - D i l a t a ç ã o h i g r o s c ó p i c a d o s r e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s 11.1 - Conceitos 93 11.2 - Revestimento, camada de argamassa e suporte de concreto interligados 97 11.3- Análises e conclusões 100 Bibliografia 104

C a p í t u l o 1 2 - O u t r a s c a u s a s q u e o r i g i n a m t e n s õ e s e p a t o l o g i a s 12.1 - Considerações gerais 105 12.2 - Falhas construtivas 105 12.3 - Tensões de cargas acidentais em pisos 106 Bibliografia 107

C a p í t u l o 1 3 - C i m e n t o P o r t l a n d c o m o a d e s i v o n o m é t o d o c o n v e n c i o n a l 13.1 - Utilização nos assentamentos 109

13.1.1 - Revestimento em paredes 109 13.1.2- Revestimento em pisos 110 13.1.3- Pastilhas 110

13.2 - A pasta de cimento 111 13.2.1 - Aderência da pasta de cimento à cerâmica 112

13.3 - Relação água/cimento 112 13.4 - Pesquisa 113 13.5 - Conclusões 115 Bibliografia 116

C a p í t u l o 1 4 - E f l o r e s c ê n c i a : u m a p a t o l o g i a q u e p o d e s e r p r e v e n i d a 14.1 - Aspectos gerais 117 14.2 - Como se forma a eflorescência 118 14.3 - Umidade: de onde vem e como evitá-la 119

14.3.1 - Natureza do solo 119 14.3.2 - Lastro de concreto 120 14.3.3 - Contrapiso 120 14.3.4 - Limpeza com ácido 121 14.3.5 - Outras causas 121

Bibliografia 122

C a p í t u l o 1 5 - A s j u n t a s n o s r e v e s t i m e n t o s 15.1 - Tipos de juntas 123

15.1.1 - Juntas de assentamento 123 15.1.2 - Juntas estruturais 127 15.1.3- Juntas de movimentação 128 15.1.4 - Juntas especiais 130

15.2 - Quando executar o rejuntamento 130 15.3 - Materiais para rejuntamento 130 15.4 - Processo de rejuntamento e ferramentas 130 Bibliografia 131

Page 16: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

C a p í t u l o 1 6 - 0 m é t o d o c o n v e n c i o n a l o u t r a d i c i o n a l 16.1 - Definição 133

16.1.1 - Em paredes e em fachadas 133 16.1.1.1 - Chapisco 134 16.1.1.2- Prumo da superfície 134 16.1.1.3-Emboço 135 16.1.1.4 - Pasta de cimento 135 16.1.1.5- Revestimento 135 16.1.1.6 - Rejuntamento 135

16.1.2 - Em pisos 136 16.1.2.1 - Superfície da laje ou lastro de concreto 136 16.1.2.2- Pasta de cimento 136 16.1.2.3 - Nivelamento da superfície 136 16.1.2.4 - Contrapiso 137 16.1.2.5 - Contrapiso com tela metálica 137 16.1.2.6- Pasta de cimento 137 16.1.2.7- Revestimento 138 16.1.2.8 - Rejuntamento 138

Bibliografia 138

C a p í t u l o 1 7 - P a t o l o g i a s d o m é t o d o c o n v e n c i o n a l 17.1 - Aspectos gerais 139 17.2 - Falhas construtivas no método convencional 139

17.2.1 - Juntas de assentamento 139 17.2.2 - Juntas de movimentação 140 17.2.3 - Juntas estruturais 140 17.2.4 - Ligação com a laje 140 17.2.5 - Espessura das camadas de argamassa 140 17.2.6 - Traço das argamassas 141 17.2.7 - Imersão em água 141 17.2.8 - Pasta de cimento 141 17.2.9 - Expansão por umidade 142 17.2.10 - Eflorescência 142 17.2.11 - Outras patologias 143 17.2.12- Ácido muriático 143

Bibliografia 143

C a p í t u l o 1 8 - 0 m é t o d o d e c o l a g e m c o m a r g a m a s s a s c o l a n t e s 18.1 - Colar revestimentos 18.2 - Argamassa colante 18.3 - Desempenadeiras denteadas

18.3.1 - Desempenadeiras 6 x 6 x 6 mm 18.3.2 - Desempenadeiras 8 x 8 x 8 mm 18.3.3 - Desempenadeiras com aberturas semicirculares 18.3.4 - Desempenadeiras padronizadas 18.3.5 - Espessura final da camada de argamassa colante

145 147 147 147 148 148 149 149

Page 17: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18.4 - Método de colagem 151 18.4.1 - Preparo das bases 151

18.4.1.1 - Paredes-emboço 151 18.4.1.2 - Pisos - contrapiso 151

18.4.2 - Colagem dos revestimentos 152 18.4.2.1 - Projeto das juntas 152 18.4.2.2 - Cuidados preliminares 152 18.4.2.3 - Área de espalhamento 153 18.4.2.4 - Água de amassamento 154 18.4.2.5 - Revestimento cerâmico 155 18.4.2.6 - Rejuntamento 155

18.5 - Argamassas elásticas 155 Bibliografia 158

C a p í t u l o 1 9 - C o n s u m o d e a r g a m a s s a c o l a n t e e m d i v e r s a s a p l i c a ç õ e s 19.1 - Densidade aparente da argamassa colante em pó 159 19.2 - Densidade da massa fresca de argamassa colante 159 19.3 - Assentamento de revestimentos cerâmicos 160 19.4 - Pastilhas cerâmicas 162 19.5 - Assentamento de blocos de concreto leve 163 19.6 - Blocos de concreto simples 163 19.7 - Placas de borracha com cavidades na base 164 19.8 - Chapisco 165 19.9 - Assentamento de ardósia 165 Bibliografia 165

C a p í t u l o 2 0 - E n s a i o s d e a r g a m a s s a s c o l a n t e s e N o r m a s B r a s i l e i r a s 20.1 - Ensaios de argamassas colantes 167

20.1.1 - Argamassa colante em pó 167 20.1.2 - Argamassa colante quando ainda pasta 167 20.1.3 - Argamassa colante preparada e endurecida 167

20.2 - Normas brasileiras 168 20.2.1 - Observações sobre a velocidade da carga de tração e a área da superfície tracionada nos ensaios que medem a aderência 169

20.2.1.1 - Definição de uma velocidade e das dimensões do corpo-de-prova 169 20.2.1.2 - Ensaios realizados - comentários 170 20.2.1.3 - Conclusões 172

A p ê n d i c e I - E x e m p l o d e c á l c u l o d a l a r g u r a d a s j u n t a s e m ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e d o m a t e r i a l d e r e j u n t a m e n t o 1 7 3

A p ê n d i c e II - I n t e r p r e t a ç ã o d e t e s t e e x p e d i t o d e a d e r ê n c i a e m o b r a s e s u a n ã o v a l i d a d e 1 8 1

A p ê n d i c e III - U m e s t r a n h o c a s o d e " E f l o r e s c ê n c i a " 1 8 7

P r o c e d i m e n t o s d e e x e c u ç ã o c o m e n t a d o s Revestimentos/Instalação 189

Page 18: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 19: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Aspectos gerais

A produção de revestimentos cerâmicos, de argamassas convencionais e de argamassa colantes, de um lado, e a mão de obra para aplicação dos revesti-mentos, de outro, envolvem quantidades e valores alentados.

Em seguida, é realizada uma análise de cada um deste itens, à época do lançamento da argamassa colante no mercado nacional, mostrando sua importância e interdependência.

1 . 1 P r o d u ç ã o d e r e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s

Em 1972 e 1973, a produção de revestimentos cerâmicos(1> era de aproximadamente:

1 9 7 2 1 9 7 3 Azulejos 1.600.000 m2/mês 1.850.000 m2/mês

Ou 19.200.000 m2/ano 22.200.000 m2/ano Pisos 954.000 m2/ mês 1.100.000 m2/mês

Ou 11.450.000 m2/ano 13.200.000 m2/ano Totais 30.650.000 m2/ano 35.400.000 m2/ano

Dez anos depois'2', em 1982, a produção foi cerca de: Azulejos 5.113.000 m2/mês ou 61.350.000 m2/ano Pisos 5.130.000 m2/mês ou 61.560.000 m2/ano Total 122.910.000 m2/ano

A Itália sempre foi considerada líder mundial, seguida do Brasil e da Espanha que se alternavam em segundo lugar*3'. Todavia, esse panorama mudou a partir da conferência Internacional "Cerâmica Ano 2000", realizada em Modena (Itália), em 24 de junho de 1996. No evento, ficou revelado que, no ano *995, a China apareceu como uma das grandes produtoras mundiais, com a expressiva produção de 900 milhões de metros quadrados<4), quase dobrando a produção de 1993, que foi cerca de 533 milhões de metros quadrados15*.

Estima-se que a produção brasileira de revestimentos cerâmicos e de aproxi-madamente:

Page 20: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Azulejos (55 % ) 9.900.000 m2/mês Pisos (45 % ) 8.100.000 m2/mês Total 18.000.000 m2/mês

ou 216.000.000 m2/ano

Para efeito das projeções dos itens a seguir, estimamos que 15% desta produção é exportada, resultando para o consumo interno as quantidades abaixo:

Azulejos 8.400.000 m2/mês Pisos 6.900.000 m2/mês Total 15.300.000 m2/mês

ou 183.000.000 rrvYano

1 . 2 - A r g a m a s s a s c o n v e n c i o n a i s

1 .2 .1 - P a r e d e

O revestimento é constituído por: - chapisco 1:3; - emboço de regularização com 2 cm de espessura e traço 1:2:9; - argamassa de assentamento com 2 cm de espessura e traço 1:1/2:5.

Consumido por metro quadrado:

C i m e n t o (kg) C a l h i d r a t a d a A r e i a (m 3 ) Chapisco 2,92 — 0,0072 Emboço 3,24 3,24 0,0243 Assentamento 5,84 1,46 0,0243 Totais 12,00 kg 4,70 kg 0,0558

1.2.1.1 - Se todos os revestimentos cerâmicos para paredes (8.400.000 m2/ mês) fossem assentados pelo método convencional, necessitaríamos mensalmente de:

Cimento 100.800 toneladas/mês Cal hidratada 39.480 toneladas/mês Areia 468.720 m3/mês

1.2 .2 - P i s o s

O revestimento de pisos é constituído de:

Page 21: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- pasta de cimento sobre a laje para aderência da argamassa; -argamassa de assentamento 1:1/2:5 e espessura de 2,5 cm; - pasta de cimento para fixação: 1 mm.

Consumindo por metro quadrado:

C i m e n t o Ca l h i d r a t a d a Are ia 1a pasta 1,50 Kg — —

Argamassa 7,30 Kg 1,83 Kg 0,0304 m3

23 pasta 1.50 Kg — —

Totais/m2 10,30 Kg 1,83 Kg 0,0304 m3

1.2.2.1 - Se todos os revestimentos cerâmicos para pisos (6.900.000 m?/mês) fossem assentados pelo método convencional, necessitaríamos mensalmente de:

Cimento 71.070 toneladas/mês Cal hidratada 12.627 toneladas/mês Areia 209.760 m3/mês

1.2 .3 - M é t o d o c o n v e n c i o n a l

Se a totalidade dos revestimentos cerâmicos para pisos e paredes fosse assentada por este método, a demanda mensal de materiais seria de:

Cimento 171.870 toneladas/mês Cal hidratada 52.107 toneladas/mês Areia 678.480 m3/mês

- A r g a m a s s a s c o l a n t e s

1 - P a r e d e s

O revestimento é constituído por: - chapicco 1:3; - emboço (2 cm) 1:2:9; - argamassa colante.

Consumindo por metro quadrado:

Page 22: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a - Chapisco e emboço:

Cimento 6,16 Kg Cal hidratada 3,24 Kg Areia 0,0315 m3/m2

b - Argamassa colante: 5 kg/m2

1.3.1.1 - Se todos os revestimentos cerâmicos para paredes (8.400.000 m2/nês) fossem assentados pelo método de colagem, necessitaríamos mensalmente de:

Cimento 51.744 toneladas/mês Cal hidratada 27.216 toneladas/mês Areia 264.600 m3/mês Argamassa colante 42.000 toneladas/mês

2 - P i s o s

O revestimento é constituído por: - pasta de cimento sobre laje (1 mm ou 1,5 Kg/m2) para aderência da argamassa do contrapiso; - contrapiso 1:1/2:5 com 2,5 cm de espessura; - argamassa colante.

Consumindo por metro quadrado:

a - Até o contrapiso

Cimento 8,80 Kg/m2

Cal hidratada 1,83 Kg/m2

Areia 0,0304 m3/m2

b - Argamassa colante: 5 Kg/m2

1.3.2.1 - Se todos os revestimentos cerâmicos para pisos (6.900.000 m2/mês) fossem assentados por colagem, necessitaríamos mensalmente de:

Cimento 60.720 toneladas/mês Cal hidratada 12.627 toneladas/mês Areia 209.760 m3/mês Argamassa colante 34.500 toneladas/mês

Page 23: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1.3 .3 - M é t o d o d e c o l a g e m

Se a totalidade de revestimentos cerâmicos para pisos e paredes fosse assentada por este método, a demanda mensal de materiais seria:

Cimento 112.646 toneladas/mês Cal hidratada 39.843 toneladas/mês Areia 474.360 m3/mês Argamassa colante 76.500 toneladas/mês

1 . 4 - M ã o d e o b r a

Contingente de assentadores necessários para a aplicação dos revestimentos cerâmicos consumidos pelo mercado interno.

1.4.1 - P e l o m é t o d o c o n v e n c i o n a l

Total a aplicar 15.300.000 m2/mês Produção media diária por assentador 7 m2/dia/assentador Dias trabalhados por mês 20 dias Quantidade de assentadores necessários, trabalhando 110.000 todos os dias úteis e o ano inteiro, sem intervalos.

1.4 .2 - P e l o m é t o d o d e C o l a g e m

Total a aplicar 15.300.000 m2/mês Produção média diária por assentador 20 m2/dia/assentador Dias trabalhados por mês 20 dias Quantidade de assentadores necessários, trabalhando 38.250 todos os dias úteis e o ano inteiro, sem intervalos.

1.4 .3 - C u r s o s p r o f i s s i o n a l i z a n t e s

A partir destes números, podem ser projetados cursos profissionalizantes, formando mão de obra compatível com os métodos de assentamento, com conhecimento da técnica de colocação e dos materiais envolvidos nos revestimentos.

1 . 5 - E s t i m a t i v a d o m e r c a d o d e a r g a m a s s a s c o l a n t e s

Levando em conta apenas a argamassa colante destinada a assentar revestimen-tos cerâmicos, é possível, a partir da produção desses revestimentos, avaliar o mercado das argamassas colantes.

Sendo a produção mensal de revestimentos da ordem de 15,3 milhões de metros quadrados por mês, e sendo necessários cerca de 5 Kg por metro quadrado para o assentamento, teremos a estimativa de:

5 Kg/m2 x 15.300.000 m2/mês = 76.500 ton/mês

Page 24: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 . 6 - I n t e r d e p e n d ê n c i a s d a s i n d ú s t r i a s

Como dissemos no início deste capítulo, as indústrias de revestimentos; argamassas colantes, e mão de obra especializada constituem três polos interdependentes. As argamassas colantes não existiriam sem os revestimentos cerâmicos. Por outro lado, seria impossível a indústria de revestimentos ter atingido o nível de produção atual sem a existência das argamassas colantes que lhe proporcionam, graças à rapidez no assentamento, o escoamento do quanto produzido. De outra parte, cabe à mão de obra da construção civil a responsabilidade de usar adecuadamente ambos os produtos, para se obter um revestimento final de alta qualidade técnica, estética e de vida útil prolongada.

O assentamento pelo método convencional é inviável, atualmente, pela sua baixa produtividade e pelo alto risco na estabilidade dos revestimentos, dada a falta de conhecimento, por parte dos assentadores, sobre o comportamento dos materiais.

Finalizando, as quantidades estimadas neste capítulo dão a dimensão do campo de abrangência e importância da matéria exposta neste livro.

B i b l i o g r a f i a

"> IBGE - Dados de produção publicados no boletim n2 1/5 do Sindicato das Indústrias da Extração de Minerais Não-Metálicos do Estado de São Paulo - 1973.

<*> Anuário da Associação Brasileira de Cerâmica - 1987.

(3> Palmonari, C. e Timmellini, G: "Air pollution from the ceramic industry" - Bulletin o' the American Ceramic Society 68 (8) - 1989 - Revista "Cerâmica" n- 252, nov./dez./91.

<4) Jornal Pólo Cerâmico - Ano I - n° 2 - página 10 - Editado em Criciúma - SC.

(6> Revista Mundo Cerâmico - n2 26 - jun./96 - página 28.

(tt) Composições pelo TPCO - Ed. Pini.

Page 25: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Estrutura dos revestimentos

Os revestimentos de modo geral são sempre constituídos de diversas camadas de materiais diferentes ligadas entre si. Como estão intimamente ligadas, qualquer deformação em uma dessas camadas resultará no aparecimento de tensões em todo o conjunto. Tais tensões dependem da espessura, do módulo de elasticidade e, enfim, de todas as características físicas de cada camada.

As deformações a que nos referimos podem ser de causas endógenas como, por exemplo, a retração do concreto e das argamassas e a dilataçãc higroscópica dos revestimentos cerâmicos, ou causadas por esforços externos.

2 . 1 - E s t r u t u r a d e r e v e s t i m e n t o e x e c u t a d o p e l o m é t o d o c o n v e n c i o n a l

Há diversas possibilidades de construir as camadas, conforme casos específicos detalhados nos procedimentos práticos comentados no final deste trabalho.

De modo genérico, estão presentes as seguintes camadas:

2.1.1 - P a r e d e s

-Base

Chapisco

-Argamassa cie assentamento

-Pasta de cimento

-Junta

Revestimento cerâmico

máximo 2 cm se maior, executar camada de regularização

Fig. 1 - Método convencional - Revestimento de paredes

Page 26: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a - Base constituída por elementos de alvenaria, como:

- Alvenaria de tijolos maciços;

- Alvenaria de tijolos furados;

- Alvenaria de blocos de concreto;

- Alvenaria de blocos de concreto leve;

- Alvenaria de blocos silico-calcários;

- Concreto.

b - Chapisco<1), composto de argamassa de cimento e areia grossa no traço em volume de 1:3 e projetado sobre a superfície da base. O acabamento é extre-mamente áspero e irregular, criando ancoragens mecânicas para aderência de camada seguinte.

c - Camada de argamassa de regularização no traço em volumes 1:2:9 de cimen-to, cal hidratada e areia média úmida (3%). É executada sempre que há irregularidades da base a serem corrigidas e superiores a 20 mm.

d - Camada de argamassa de assentamento no traço em volumes 1:0,5:5 de cimento; cal hidratada, e areia média úmida (3%). É executada com espessura de 20 mm, diretamente sobre o chapisco, caso a base seja bem-aprumada, ou sobre a camada de regularização.

e - Camada uniforme de pasta de cimento com espessura de cerca de 1 mm, e consumo de 1,5 Kg de cimento por metro quadrado e relação água/cimento de 0,3.

f - Revestimento cerâmico.

2 .1 .2 - P i s o s

a - Laje de concreto ou lastro de concreto simples, dependendo da posição do piso, se sobre estrutura ou sobre terrapleno.

b - Camada de pasta de cimento, cuja função é de garantir a aderência entre as argamassas e a superfície da laje. A espessura é de cerca de 1 mm, e o consumo de cimento, de 1,5 Kg por metro quadrado, com relação água/cimento de 0,3.

c - Camada de argamassa de regularização no traço em volumes 1:6 de cimento e areia média úmida (3%). É executada sempre que há irregularidades da base a serem corrigidas e superiores a 20 mm.

d - Camada de argamassa de assentamento no traço em volumes 1:6 de cimento e areia média úmida (3%). É executada com espessura de 20 mm diretamente

Page 27: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

sobre a laje ou lastro, caso estas bases estejam bem-niveladas ou, ainda, sobre a camada de argamassa de regularização.

e - Camada uniforme de pasta de cimento com espessura de cerca de 1 mm e consumo de 1,5 Kg de cimento/m2 e relação água/cimento 0,3.

f - Revestimento cerâmico.

Junta de expansâo/contraçáo Camada de regularização e/ou argamassa de assentamento

Revestimento cerâmico Pasta de cimento sobre a laje Junta estrutural

Pasta de cimento Junta normal

L , . l H . , i IJ , I |'j I - . v . ' . r ••• :>.:• fr /a;./»..». .

Laje de concreto armado Revestimento do forro do andar inferior (Chapisco + Emboço + Reboco)

Fig. 2 - Método convencional - Piso sobre laje

Junta expansão/ contração

Manta impermeável

Terrapleno

Revestimento cerâmico

Pasta de cimento

Lastro de concreto simples

Argamassa de assentamento

Pasta de cimento

Junta normal

Junta estrutural

Fig. 3 - Método convencional - Piso sobre terrapleno

Page 28: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

2 . 2 - E s t r u t u r a d e r e v e s t i m e n t o e x e c u t a d o p e l o m é t o d o d e c o l a g e m

Também aqui há diversas possibilidades que serão detalhadas nos "Procedimentos Práticos" comentados na parte final deste livro.

De modo geral, estão presentes as seguintes camadas, cujas arganassas têm composições idênticas as já descritas nos itens 2.1.1 e 2.1.2.

2.2 .1 - P a r e d e s

• Baso

— Chapisco

Argamassa do regularização (omboço)

Argamassa Colante

- i * Junta

• Revestimento cerâmico

T t rriiuòfro2cm to mw. oxocuur em CAT-idít de 2 em ca cia

Fig 4 - Método de colagem - Revestimento de parede

a - Base constituída por elementos de alvenaria em 2.1.1 "a",

b - Chapisco.

c - Camada de argamassa de regularização,

d - Emboço.

e - Camada de argamassa colante com espessura de cerca de 3 a 6 mm, dependendo das dimensões da superfície da peça cerâmica.

f - Revestimento cerâmico.

2 .2 .2 - P i s o s

a - Laje ou lastro de concreto simples,

b - Camada de pasta de cimento,

c - Camada de argamassa de regularização,

d - Contrapiso.

e - Camada de argamassa colante com espessura uniforme de cerca de 3 a 6 mm, dependendo das dimensões da superfície da peça cerâmica.

f - Revestimento cerâmico.

Page 29: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Junta do oxpansâo/contraçâo Camada da regularização ou corK/apiso

Revestimento cerâmico

Argamassa colanto

A wm^S*

Pasta do cimento sobro a lajo Junta estrutural

Junta normal

lajo do concreto armado Rovostimonto do forro do andar inferior (Chapisco • Emboço + Reboco)

Fig. 5 - Método de colagem - Piso sobre laje

RcvosCmonto cerâmico Lastro do concreto simples

Argamassa colanto

Junta expansão/ contração

Contrapiso

Pasta do cimento Junta estrutural

Junta normal

TT

Manta Impermeável

L

Terraptano

Fig. 6 - Método de colagem - Piso sobre terrapleno

B i b l i o g r a f i a

(1) NBR-7200: Revestimento de paredes e tetos com argamassas. Materiais, preparo, aplicação e manutenção.

Page 30: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 31: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Argamassas comuns: composição/usos/rendimento e classificação

3 . 1 - D e f i n i ç ã o , c o m p o s i ç ã o e u s o s

As argamassas são definidas como sendo a mistura de aglomerantes e agregados com água, possuindo capacidade de endurecimento e aderência.

As argamassas utilizadas em obras são comumente compostas de areia natural lavada, e os aglomerantes são em geral o cimento Portland e cal hidratada.

Sua denominação é função do aglomerante utilizado. Assim, temos argamassa de cal, de cimento ou mista de cal e cimento.

A destinação das argamassas determina o tipo de aglomerante OL a mistura de tipos diferentes de aglomerantes.

Como exemplo, as argamassas de cimento são utilizadas em alvenarias de alicer-ces pela resistência exigível e especialmente pela condição favorável de endureci-mento. São também utilizadas para chapisco pela sua resistência a curto prazo; nos revestimentos onde as condições de impermeabilidade são exigíveis, tais como no interior de reservatórios de água e outras obras hidráulicas; ou em pisos cimentados onde se exige resistência mecânica e ao desgaste.

As argamassas de cal são utilizadas para emboço e reboco, pela sua plasticidade, condições favoráveis de endurecimento, elasticidade, e porque proporcionam acabamento esmerado, plano e regular. Encontram também aplicação no assentamento de alvenarias de vedação.

As argamassas de cimento são mais resistentes, porém de mais difícil trabalhabili-dade. Adiciona-se cal para torná-las mais plásticas e facilitar o acabamento. Tais argamassas mistas de cimento e cal são utilizadas nas alvenarias estruturais ou não, de tijolos ou blocos; nos contrapisos; no assentamento d© revestimentos cerâmicos em pisos ou paredes pelo método convencional; no preparo de paredes e pisos para receberem revestimentos cerâmicos aplicados com argamassa colante; e, especialmente, nos emboços de forros e paredes.

3 . 2 - T r a ç o

Decidido que tipo de argamassa deve ser utilizada, o segundo passo é adotar o traço. Entende-se por traço de uma argamassa a indicação das proporções de seus componentes.

Page 32: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O traço em peso nos daria segurança absoluta, quando a qualidade da argamassa e quantidades no consumo e apropriação de custos. Todavia, é impraticável no canteiro da obra.

Os traços das argamassas são tradicionalmente indicados em volumes.

Assim, uma argamassa de cimento e areia 1:3 significa que no seu preparo entra um volume de cimento para três volumes de areia. Quanlo a esta é imprescindível que se adicione a informação sobre o seu teor de umidade, ou se se trata de areia seca. E isso devido ao fenômeno do inchamento da areia em função do teor de umidade.

A própria tabela 1 da NBR-7200 indica traços em volume de argamassas para revestimentos, informando que para a areia o teor de umidade e de 2% a 5%, e seu volume não foi corrigido quanto ao inchamento.

Isso significa que, na avaliação das quantidades dos componentes, é indispensável determinar ou adotar valores para a massa específica absoluta ou real e para a massa específica aparente ou peso unitário para a areia, cimento e cal utilizados.

Para a areia caracterizada a seguir, estudamos cinco traços de argamassas, ilustrando alguns comentários sobre o rendimento em função da composição e do modo de aplicar a argamassa.

3 . 3 - C a r a c t e r í s t i c a s d o s c o m p o n e n t e s

3 .3 .1 - C i m e n t o

Usamos o cimento Portland, adotando 3,07 Kg/dm3 para sua massa específica absoluta. A literatura sobre cimento Portland sugere para sua massa específica aparente os valores da ordem de 1,50 Kg/dm3 e 35 dm3 para um saco de 50 Kg, o que eqüivale a 1,43 Kg/dm3.

No preparo das argamassa, objeto desta pesquisa, encontramos 1,20 Kg/dm3, sendo este o valor adotado.

3 .3 .2 - C a l h i d r a t a d a

Adotamos 1,80 Kg/dm3 para massa específica absoluta ou real. No preparo das argamassas pesquisadas, encontramos 0,58 Kg/dm3 para massa específica aparente.

3 .3 .3 - Are ia

A massa específica real adotada foi 2,65 Kg/dm3. A massa específica aparente para a areia seca foi determinada em 1,45 Kg/dm3.

A areia foi utilizada com 3% de umidade, sendo 1,30 seu coeficiente de inchamento. Ou seja, o volume de areia com 3% de umidade é 30% maior do que o volume seco.

Page 33: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

As medidas em volume úmido para compor as argamassas estudadas indicaram ser 1,15 kg/dm3 a massa específica aparente do agregado com 3% de umidade.

A areia utilizada apresentou a composição granulométrica do Quadre 1 .0 diâmetro máximo, sendo 2,4 mm e o módulo de finura sendo 2, classificam a areia utilizada como média-fina.

Quadro 1

Peneiras Porcentagens mm Retidas Acumuladas

4 4,8 0 0 8 2,4 3 3 16 1,2 10 13 30 0,6 20 33 50 0,3 31 64 100 0,15 25 89

soma = 202 módulo de finura = 2,02

A NBR-7211: Agregados para concreto, ao definir os limites da composição granulométrica do agregado miúdo sugere que podemos classificar a areia em fina, média e grossa. Veja Quadro 2.

Quadro 2

Peneiras % Retida acumulada n° mm Utilizável Ótima

para concreto para concreto 3/8 9,5 0 0 0 4 4,8 0 a 3 a 5 8 2,4 13 a 29 a 43 16 1,2 23 a 49 a 64 30 0,6 42 a 68 a 83 50 0,3 73 a 83 a 94 100 0,15 88 a 93 a 98

Somatória 239 325 387 Módulo de finura = MF 2,39 3,25 3,87 Dimensão Máxima Dm < 2,4 4,8 > Dm > 2,4 Dm > 4,8 característica (mm) areia fina areia média areia grossa

onde:

Módulo de finura é a soma das porcentagens retidas acumuladas, dividida por 100.

Diâmetro máximo é a abertura da malha, em milímetros, da peneira da série padrão à qual corresponde uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5%.

Page 34: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A partir destes valores a areia pode ser classificada conforme o Quadro 3 a seguir.

3 . 4 - R e n d i m e n t o d a s a r g a m a s s a s

Para verificar o rendimento das argamassas, foram compostas as argamassas da tabela do Quadro 4.

A areia foi medida em volumes aparentes, com 3 % de umidade. Os aglomerantes também foram medidos em volumes aparentes, tomando-se o cuidado de conferir sua massa.

A água foi adicionada ate obter-se uma trabalhabilidade adequada, avaliada qualitativamente.

A mistura foi feita manualmente. Visando avaliar o rendimento, espalhamos a argamassa fresca sobre uma base plana e horizontal, assegurando uma espessura uniforme de 25 mm com auxílio de sarrafos de madeira. A argamassa fresca foi apertada com colher de pedreiro e desempenada.

A seguir, medimos a área coberta e calculamos o volume resultante. No quadro 4, são indicamos os valores encontrados.

Para os traços estudados já era sabido de antemão que o rendimento, ou seja, o volume de argamassa fresca resultante, deveria ser igual para todas as composições, desde que mantido o mesmo cuidado no espalhamento e adensamento da argamassa fresca. E isto porque para os traços estudados a quantidade de areia e tal que seu volume de vazios (não confundir com os vazios de argamassa por falha de adensamento) não chega a ser ocupado pelos volumes reais do cimento e água, ou do cimento, cal hidratada e água, que entraram em sua cornsosição.

O volume de vazios da areia em questão pode ser determinado pelo coeficiente de vazios (Cv) ou pela diferença entre volume total aparente seco (Vt) e o volume de cheios (Vc), ocupados pela areia.

Inicialmente corrigimos o volume úmido aparente (Vh) para volume total aparente seco (Vt), dividindo-o pelo coeficiente de inchamento 1,30:

Quadro 3

A r e i a Fina

Média Grossa

D M ( m m ) Dm < 2,4

4,8 > Dm > 2,4 Dm > 4,8

M F MF < 2,39

3,87 > MF > 2,39 MF > 3,87

V, h 12,1 V. = = 9,3 dm3

1,30 1,30

Page 35: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Sendo a massa específica real da areia 2,65 Kg/dm3 e sua massa específica aparente 1,45, temos:

Volume de cheios:

Vc = 1 4 5 x 9,3 = 5,1 dm3

2,65 e

Volume de vazios = Vv = 9,3 - 5,1 = 4,2 dm3

A água conduzida pela areia úmida é calculada por:

Ph = dh x Vh = 1,15 x 12,1 = 13,9 kg

Pt = d, xV, = 1 , 4 5 x 9 , 3 = 13,5 kg

Água conduzida pela areia = Ph - Pt = 13,9 - 13,5 = 0,4 kg ou dm3

sendo

Volume real do cimento = massa/3,07

Volume real da cal hidratada = massa/1,8

calculamos e chegamos aos valores dos Quadros 5 e 6.

Quadro 4 Traços

c C A i a r

m I e e j Cimento Cal hidr. Areia Água VC) n h a adie. t i o d 3%

dm3 kg dm3 kg dm3 dm3 dm3

1 - 5 2,42 2,90 - - 12,1 2,17 10 - 6 2,02 2,41 - - 12,1 2,12 10

1 1/2 5 2,42 2,90 1,21 0,70 12,1 2,33 10 1 1/2 6 2,02 2,41 1,00 0,59 12,1 2,42 10 1 1/5 6 2,02 2,41 0,40 0,23 12,1 2,09 10

(•) V = Volume da argamassa fresca

Page 36: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Quadro 5 - Volumes reais para 10 dm3 de argamassa fresca, adensada a colher e desempenada

T r a ç o C i m e n t o Ca l Hidr . A r e i a Á g u a V o l u m e Vaz ios d a d a are ia a d i e . Tota l V a r g a m a s s a

1 0 - V d m 3 d m 3 d m 3 d m 3 d m 3 d m 3 d m 3

1:5 0 , 9 4 — 5 , 1 0 0 , 4 0 2 , 1 7 8 , 6 1 1 ,39 1:6 0 , 7 9 — 5 , 1 0 0 , 4 0 2 , 1 2 8 , 4 0 1 ,60 1:1/2:5 0 , 9 4 0 , 3 9 5 , 1 0 0 , 4 0 2 , 3 3 9 , 1 6 0 , 8 4 1:1 /2:6 0 , 7 9 0 , 3 3 5 , 1 0 0 , 4 0 2 , 4 2 9 , 0 4 0 , 9 6 1:1 /5:6 0 , 7 9 0 , 1 3 5 , 1 0 0 , 4 0 2 , 0 9 8 , 5 0 1 , 5 0

Os vazios indicados no Quadro 5 correspondem aos vazios não-ocupados da areia, mais os vazios oriundos do nível de adensamento na aplicação da argamassa fresca. Portanto, o modo de aplicar a argamassa fresca, é fundamental tanto na avaliação do rendimento como no nível de qualidade da argamassa quanto a sua absorção de água e permeabilidade.

Conforme a posição do revestimento a executar, o pedreiro e obrigado a comprimir (adensar) mais a argamassa, quando da sua aplicação. A mesma argamassa poderá ter um aumento de vazios à medida que é aplicada no emboço de um forro, no emboço de uma parede ou em um contrapiso. No forro, é obrigatório projetá-la e depois comprimi-la com a desempenadeira. Na parede os cuidados já são menores do que no forro.

Nos pisos, argamassa de regularização ou do contrapiso sofre maior risco de ter sua qualidade sacrificada dada a facilidade de espalhamento e sarrafeamento. Podem originar-se daí problemas construtivos, como uma maior permeabilidade da argamassa endurecida, permitindo a passagem de água em pisos não impermeabilizados adequadamente, instalando-se o processo de eflorescências sobre os revestimentos dos pisos.

Quadro 6 - Volume de vazios disponíveis na areia

T r a ç o V o l u m e a p a r e n t e s e c o d a

a r e i a

V o l u m e d o s g r ã o s

V o l u m e v a z i o

d a a re ia

V o l u m e rea l

o c u p a d o pelo cimento,

ca l e á g u a

V a z i o s n ã o -

o c u p a d o s

d m 3 d m 3 d m 3 d m 3 d m 3

1:5 9 , 3 0 5 , 1 0 4 , 2 0 3 , 5 1 0 , 6 9 1:6 9 , 3 0 5 , 1 0 4 , 2 0 3 , 3 0 0 , 9 0

1:1/2:5 9 , 3 0 5 , 1 0 4 , 2 0 4 , 0 6 0 , 1 4 1:1 /2:6 9 , 3 0 5 , 1 0 4 , 2 0 3 , 9 4 0 , 2 6 1:1 /5:6 9 , 3 0 5 , 1 0 4 , 2 0 3 , 4 0 0 , 8 0

Page 37: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A última coluna do Quadro 6 indica os vazios não ocupados pela pasta de aglome-rante total.

3 . 5 - C l a s s i f i c a ç ã o d a s a r g a m a s s a s

O nível de ocupação de vazios oferecidos pela areia nas argamassas sugere um critério de classificação descrito pelo Eng. Leonardo M. Caricchio (2) e constante do Quadro 7.

Quadro 7 A r g a m a s s a C i m e n t o : Ca l h i d r a t a d a C i m e n t o : C a l

a r e i a

1:2

a r e i a

1:1,5

hidra tada: are ia

1:3:7

1:2,5 1:2 1:3:8

A partir destas proporções

1:2,5 1:3:9

B i b l i o g r a f i a

Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n9 1.922 - dez./84.

,2> Caricchio L.M., "Construção Civil" - Vol.- li - Ed. 1955.

Page 38: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 39: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Argamassa para alvenaria

4 . 1 - C o m p o s i ç õ e s e u s o s

No início do Capítulo 3 definimos as argamassas como sendo a mistura de aglomerantes e agregados minerais com água, possuindo capacidade de endurecimento e aderência. Entendemos que esta definição é abrangente podendo ser adotada também para as argamassas destinadas às alvenarias.

Nos livros sobre construções, tabelas de composições, cadernos de encargos e literatura em geral sobre argamassas utilizadas no assentamento de elementos das alvenarias, há uma profusão de traços geralmente transmitidos pela tradição.

Não há ainda normas brasileiras específicas para argamassas utilizadas em alve-narias. Em contrapartida, encontramos na ASTM-American Society for Testing and Materials diversas Normas, entre as quais a C 270-82 sobre argamassas para Alvenaria (Mortar for Unit Masonry). Esta Norma indica, em um Anexo, quatro tipos de argamassas destinadas a alvenarias portantes e não-porlantes.

Quadro 8 - Guia para seleção de argamassas para alvenaria ( ASTM - C 270-82)

Posição Função Tipo de argamassa da alvenaria Recomendada Alternativa

Exterior de • Portante N Sou M elevação • Não-portante O (2) K ou S

• Parapeitos N S

Exterior, no nível Fundações ou abaixo do nível Muro de arrimo

do solo Poços-Galerias S(3) M ou n (3) Calçamentos

Passeios-Pátios

Interior • Portante N S ou M • Não-portante 0 S ou N

(1) Esta tabela não indica argamassas para fins especiais, como chaminés, alvenaria armada ou argamassas antiácidas. (2) Tipo "O" é recomendada para uso onde não há probabilidade de congelamento, quando saturada de água ou não há probabilidade de a alvenaria estar sujeita ã ação do vento ou outras cargas laterais significativas. (3) Alvenaria exposta ao tempo, nas superfícies horizontais, ó extremamente vulnerável às intempéries. A argamassa para tais casos deverá ser especificada com maior atenção.

Page 40: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O Quadro 8 é um guia geral para escolha do tipo de argamassa a ser utilizada conforme a finalidade da alvenaria. A escolha do tipo de argamassa poderá, tam-bém, ser baseada no tipo de elemento a ser assentado ou em normas construti-vas ou, ainda, de acordo com os esforços a serem suportados pela alvenaria. Por exemplo, a argamassa poderá ser correlacionada com o tipo ou características dos elementos a serem assentados: blocos de concreto; blocos de cerâmica: tijolos maciços: tijolos furados; placas de concreto leve etc. Assim, um elemento de alvenaria com alta velocidade inicial de absorção de água deverá ser compatível com a argamassa de alta retenção de água.

Na Tabela 1 encontramos os traços para as argamassas do Quadro 8. Os aglome-rantes são o cimento Portland, o cimento de alvenaria, a cal hidratada e a pasta de cal. As proporções de areia solta e úmida, em volume, estão limitadas entre um mínimo de 2,25 vezes e um máximo de três vezes em relação à soma dos volumes dos aglomerantes considerados isoladamente.

Tabela 1 - Proporções especificadas - ASTM - C 270-82

Aglomerantes Proporções em volume

Arga

mas

sa d

e:

Tipo

Cim

emto

P

ortla

nd

Cim

ento

de

alve

naria

Cal

hid

rata

da

ou p

asta

de

cal

Agregado medido úmido e solto (1)

M 1 _ Va 2,81 a 3,75

Cimento/cal S 1 -1/4 a 1/2 de (2,81 a 3,75) até (3,38 a 4,50)

N 1 -1/2 a 1 1/4 de (3,38 a 4,50) até (5,06 a 6,75)

0 1 - 1 1/4 a 2 1/2 de (5,06 a 6,75) até (7,88 a 10,50)

M 1 1 - 4,50 a 6,00

Cimento de S 1/2 1 - 3,38 a 4,50

alvenaria N - 1 - 2,25 a 3,00

O - 1 - 2,25 a 300

(1) O agregado medido úmido e solto não deve ter volume menor do que 2.25 vezes nem maior do que três vezes a soma. em separado, dos volumes dos aglomerantes.

Para converter os traços tabelados em volume para traços em massa, a Norma ASTM - C 270-82 sugere utilizar as seguintes massas específicas aparentes ou pesos unitários:

cimento Portland 1.505 Kg/m3

cal hidratada 640 Kg/m3

pasta de cal 1.280 Kg/m3

areia úmida e solta 1.280 Kg/m3

Page 41: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

4 . 2 - P r o p r i e d a d e s f í s i c a s

A Tabela 2 especifica as propriedades dos quatro tipos de argamassa do Quadro 8, tais como resistência à compressão, a retenção de água e ar incorporado.

Na Tabela 2, fizemos a conversão das resistências especificadas para corpos-de-prova cúbicos para corpos-de-prova cilíndricos, lembrando que, para estes últimos, o valor corresponde a cerca de 85% daquele obtido para os corpos-de-prova cúbicos.

A resistência à compressão medida em laboratório e em corpos-de-prova de formato cúbico de aresta de 2" (5cm) ou cilíndrico de diâmetro de 2" e altura de 4" (10 cm) permite avaliar esta característica da argamassa quando usada em alvenaria.

Tabela 2 - Propriedades especificadas para argamassas preparadas em laboratório ASTM - C 270-82

1 <0 </>

Mínimo de resistências à compressão aos 28 dias - corpos-de-prova: i

>< 3 0) <0 s 8> o

Cúbico 2" (5 cm) (1) Cilíndrico 2x4 (5 x 10 cm)

S i o .c

* Si .o.

£ psi MPa Kgf/cm2 psi MPa Kgf/cm2 £ V. O)

M 2.500 17,2 172 2.125 14,6 146 75 12 Cimento/cal S 1.800 12,4 124 1.530 10,5 105 75 12

N 750 5,2 52 638 4,4 44 75 14(2) 0 350 2,4 24 298 2,0 20 75 14(2)

(4) M 2.500 17,2 172 2.125 14,6 146 75 (3)

Cimento de S 1.800 12,4 124 1.530 10,5 105 75 (3) Alvenaria N 750 5,2 52 638 4,4 44 75 (3)

O 350 2,4 24 298 2,0 20 75 (3)

(1) Conforme ASTM - C780 item 4.2.6 - nota 1, para a mesma argamassa os t/alores obtidos em corpos-de-prova cilíndricos podem ser considerados iguais a 85% dos valores em corpos-de-prova cúbicos. (2) Para alvenaria armada e argamassa de cimento/cal, o máximo de ar-incorporado deve ser 12%. (3) Para alvenaria armada e argamassa de cimento de alvenaria, o máximo de ar-incorporado deve ser 18%. (4) O agregado é medido úmido e solto, e sua proporção, em laboratório, deve ser no mínimo 2,25 vezes e no máximo 3,5 vezes a soma, em separado, do volume dos aglomerantes.

Todavia, em obra, a performance da alvenaria depende de vários fatores e caracte-rísticas da argamassa e dos elementos da alvenaria, uma vez que estão intimamente ligados e trabalhando em conjunto. Tais fatores e características são: trabalhabilidade da argamassa refletida na quantidade de água de amassamento; alta ou baixa velocidade inicial de absorção de água pelo elementos da alvenaria; retenção de água da argamassa; resistência ao cisalhamento; expansão dos elementos; retração da argamassa; resistência à compressão da argamassa e do elemento da alvenaria; dilatação higroscópica dos elementos quando cerâmicos; condições climáticas etc.

Page 42: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Portanto, quando necessário, o teste feito sobre corpos-de-prova retirados da alvenarias (parte desta) ou sobre paredes experimentais é mais próximo da realidade do que aqueles feitos individualmente sobre os componentes da alvenaria.

No Quadro 9, a título ilustrativo, são indicadas as resistências preconizadas pela NBR-6136/80 para blocos de concreto, as quais poderão ser cotejadas com as resistências das argamassas que poderão ser utilizadas em seu assentamento.

Quadro 9 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural -NBR-6136/80

Resistência Umidade Absorção Bloco Alvenaria característica natural total de água

à compressão do bloco do bloco

Classe A Externa, sem / b k > 6 MPa p > 40 % a a < 10% qualquer (60 Kgf/cm2)

revestimento

Classe B Int. ou ext. com / b k > 4,5 MPa M < 40 % a a < 1 0 % revestimento (45 Kgf/cm2)

B i b l i o g r a f i a

ASTM-C 270/82 - Mortar for unit masonry.

(2) ASTM-C 780 - Preconstrution and constrution evaluation of mortars for plain and reinforced unit masonry.

,3> NBR-7184 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem função estrutural - Método de Ensaio.

w NBR-7186 - Bloco vazado de concreto simples para alvenaria com função estrutural -Método de Ensaio.

<5> NBR-6136 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural - Especificação.

<6> Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n9 2.056 - jul/87 - Ed. Pini.

Page 43: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Distribuição das tensões que interessam ao estudo dos revestimentos(3)

5 . 1 - A s p e c t o s g e r a i s

No Capítulo 2 apresentamos diversas estruturas de revestimentos, quer horizontais, quer verticais.

Todas as camadas estão intimamente ligadas, existindo maior ou menor grau de ligação (aderência) em função dos cuidados dispensados pela mão-de-obra na preparação de cada camada e na preparação das suas superfícies para receberem as camadas seguintes.

Estando as camadas ligadas, a deformação de qualquer uma delas, devido a causas endógenas ou esforços externos, resultará em tensões atuando sobre cada camada.

As tensões que atuam sobre os revestimentos são de especial interesse.

Entre as deformações podem ser citadas: a retração da argamassa que liga os elementos das alvenarias; a retração da argamassa utilizada no emboço ou no contrapiso; a deformação lenta do concreto da estrutura atuando, a dos pilares e vigas sobre os revestimentos verticais e, a das lajes, sobre os revestimentos dos pisos; recalque das fundações; as deformações originadas pela variação da umidade relativa do ar atuando sobre as argamassas endurecidas; a dilatação higroscópica dos elementos cerâmicos; as deformações originadas pela atuação de cargas acidentais sobre os pisos; e, evidentemente, as originadas por varia-ções térmicas. Em casos especiais devem ser levadas em conta as vibrações de máquinas.

As tensões assim originadas sempre existem, são extremamente variáveis e podem se compensar ou, então, somar, gerando, neste caso, uma compressão máxima no revestimento.

Exemplificando, o efeito de uma variação de temperatura é um termo do somatório de diversas causas possivelmente já presentes. Um revestimento poderá, em determinado instante, estar sujeito a uma tensão de compressão. Uma variação térmica poderá diminuir ou aumentar esta compressão. Uma seqüência de variações térmicas, para mais e para menos, poderá romper gradativamente por fadiga a ligação revestimento/suporte. Nestas condições, uma variação adicional de temperatura será o diferencial que fará o somatório das forças de compressão atingir e ultrapassar a carga de flambagem do revestimento.

Page 44: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Às causas citadas devemos, forçosamente, somar as falhas de mão-de-obra. Entre outras, como veremos nos capítulos específicos sobre tensões, citamos: o uso de argamassas espessas e ricas em cimento; a falta de cuidado na ligação íntima da argamassa de regularização ao suporte, notadamente em pisos; a falta de cuidado na ligação íntima entre toda a superfície do tardoz das peças do revestimento e a argamassa de assentamento, ou material usado no assentamento (colas, por exemplo); e, o que julgamos de importância capital, o descuido em relação às juntas entre as peças do revestimento.

Não será demais lembrar que o assentamento com juntas secas - peças encostadas umas às outras - deve ser proibido. O correto será limitar as tensões de compressão a uma só peça do revestimento. Esta, sendo rígida, não terá a possibilidade de flambar. E isso só se consegue com juntas em todo o perímetro das peças.

Igualmente, peças cerâmicas com espaçadores incorporados à sua base (spacer lugs) não devem ser utilizadas, pois criam uma pseudojunta, o que eqüivale a assentar com juntas secas e com a agravante de concentrar os esforços de compressão nos dois pontos em que se situam os espaçadores.

5 . 2 - R e v e s t i m e n t o s u j e i t o à t e n s ã o d e t r a ç ã o

Seja o trecho de revestimento da Fig. 7 que, para exemplificar, esteja a uma temperatura inicial T, passando gradativamente para uma temperatura T, > T.

(ex.:T2<T)

Fig. 7 - Revestimento solicitado à tração

Page 45: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Neste caso, as peças do revestimento (pisos ou paredes) tenderiam a se afastar umas das outras. As juntas se abririam e teríamos instalado um processo de cisa-Ihamento simples entre a base das peças (tardoz) e o material usado no assentamento (Fig. 7A). Atingida a ruptura, as peças se soltariam simplesmente da base.

Seguindo-se um encurtamento devido, por exemplo, a uma queda gradual de tem-peratura T2 < T, as peças soltas tomariam a conformação de um "V" invertido (Fig. 7B).

Tal hipótese nunca foi observada na prática. A título informativo, ensaios de ruptura ao cisalhamento mostraram valores da ordem de 10 kgf/cm2 (1 MPa) para a pasta de cimento comum, e de 12 kgf/cm2 (1,2 MPa) para a argamassa colante. São valores elevados e, antes de serem atingidos, as peças do revestimento se soltam da base devido a uma força de tração atuando perpendicularmente ao plano do revestimento, como explicado no item 5.3.

5 . 3 - R e v e s t i m e n t o s u j e i t o à t e n s ã o d e c o m p r e s s ã o

Considere a Fig. 8, onde há compressão atuando no revestimento causada pela retração da argamassa de assentamento. As peças que compõem o revestimento se aproximam e a tendência é a flambagem da placa de revestimento. Nas extremidades da placa, há tensões de cisalhamento, atuando na interface peça/ argamassa (Fig. 8B).

No centro, há tensões de compressão atuando na secção transversal das peças (Fig. 8A). A compressão dará origem a componentes verticais "p" de tração, as quais tendem a arrancar o revestimento de sua base. A elas se opõe a aderência "q" proporcionada pelo cimento portland no método convencional, ou por alguma argamassa colante utilizada na fixação do revestimento.

Para q > p haverá compressão, mas o revestimento permanece estável - Fig. 8C.

Para q < p as peças se soltam da base por tração simples causando o abaulamento da placa de revestimento e seu posterior colapso - Figs. 8D e 8E.

Enquanto o valor de "p" é máximo no centro do trecho considerado de revestimento, diminuindo uniformemente até se anular nas extremidades, os valores de "q" (aderência) são irregulares em função de defeitos construtivos maiores ou menores.

No Método Convencional, por exemplo, o espalhamento do pó de cimento e a má formação da pasta por excesso ou falta de água levam a valores irregulares e baixos para aderência "q". facilitando o colapso que ocorrerá, inclusive, em posição aleatória.

Note que, nas extremidades da placa comprimida há tensões de cisalhamento. Caso houvesse ruptura por cisalhamento na ligação da base das peças extremas com o material de assentamento, tais peças ficariam soltas, reduzindo o comprimento "d" da placa e, consequentemente, do próprio risco de flambagem, diminuindo os valores de "p"- Isto pode ser mais bem compreendido, se lembrarmos que a carga de flambagem é dada por:

Page 46: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

N „ = RT2EJ d2.

(Fórmula de Euler)

i i i i i i a — E i i i i ENCURTAMENTO 'DA BASE

(EX: RETRAÇÃO DA ARGAMASSA)

/ f " /

J ^rrrr í t f í

"Kj

WrrTT^ I \ , \ i \ i i i i i

l U Ü J ^ j j ^ n j ; jjJliLLL jsJJX

CL ®

®

7*

p < q ©

X- I i I - 1

P £ q ®

%

COLAPSO ©

Fig. 8 - Revestimento solicitado à compressão

O caso de revestimento seria o mesmo de uma barra reta prismática engastada nas extremidades onde:

Page 47: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

d „ = _d_ 2

Nn = carga de flambagem

E = módulo de elasticidade

J = momento de inércia

d = comprimento da barra

Como dissemos anteriormente, para valores menores de "d" nos afastaremos cada vez mais do risco de flambagem. Daí a necessidade de juntas entre as peças, de modo a reduzir "d" ao comprimento de uma única peça cerâmica que, sendo extremamente rígida, não é passível de flambagem.

Na prática, todavia, as peças da extremidade nunca aparecem seitas em pisos que sofreram colapso devido à compressão a que estavam submetidos. E isso é confirmado por valores medidos em laboratório.

As medidas da resistência ao cisalhamento feitas conforme o Método de Ensaio ASTM - C 482{1>, nos levaram a valores da ordem de 10 kgf/cm2 (1 MPa) para a ligação da pasta de cimento com a placa cerâmica (Método Convencional).

Na pesquisa relatada no Capítulo 9<2) "Evolution des contraintes dans les carreaux de revêtement posés", a retração de uma argamassa de cimento e areia 1:3, utilizada no assentamento de azulejos, originou tensão de compressão nos azulejos da ordem de 45 kgf/cm2 (4,5 MPa).

Este foi o maior valor encontrado e, diga-se de passagem, para uma argamassa imprópria por ser extremamente rica e não utilizada comumente em obras para o assentamento.

Supondo (Fig. 9) uma placa cerâmica com 5 mm de espessura e 15 x 15 cm de superfície, o esforço de compressão atuando em sua secção transversal é:

Fig. 9

F = A . a = (0,5 cm x 15 cm) x 45 kgf / cm2

e F = 337,5 kgf

e a tensão de cisalhamento atuando na ligação peça/material de assentamento será:

337,5 kgf = 1 5 k g f / c m 2 = 0 1 5 M p a 15 cm x 15 cm y

Page 48: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

ou seja, praticamente sete vezes menor do que a tensão de ruptura ao cisa-Ihamento encontrada nos ensaios (10 Kgf/cm2).

Portanto, as peças extremas da placa de revestimento continuarão presas à base, garantindo a indesejada compressão no centro da placa de revestimento.

B i b l i o g r a f i a

ASTM - C 482 - Bond strenght of ceramic tile to portland cement.

,2) Baudran A. A. e Aveline M. - Evolution des contraintes dans les carreaux de revétement posés - IX Congrés Internacional Céramique - Bruxelles - 1964.

<3> Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n5 1.051. 1.054. 1.058. 1.062. 1.070 1.086 e 1.087 -Ed. P in i - 1968.

Page 49: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Retração das argamassas

6 . 1 - R e t r a ç ã o

As argamassas de cimento e areia ou cimento, cal e areia são utilizadas em múlti-plas aplicações nas construções.

Assentamento de tijolos; blocos de cerâmica ou de concreto; chapisco; emboço; reboco; contrapisos; pisos cimentados; assentamento de revestimentos cerâmicos em pisos, paredes, fachadas e piscinas; pedra naturais e todo tipo de revestimento.

Sua composição e espessura, quando de sua aplicação, são muito variáveis.

Seu endurecimento é acompanhado por uma diminuição de volume, quer devido à perda de água evaporável, quer devido às reações de hidratação.

Mesmo após a secagem, e com mais de quatro meses de idade, notamos varia-ções dimensionais em função do grau higrométrico do ambiente.

Tal fenômeno, há longa data estudado para concretos, é conhecido como "retração".

Para as argamassas a retração também deve ser analisada atentamente, procu-rando extrair do comportamento e evolução da mesma, em função da idade e condições ambientes, alguns procedimentos práticos aplicáveis em obras.

Por exemplo, é prática obrigatória "cunhar" as alvenarias de elevação. Todavia, tal operação tem época oportuna para ser realizada. A alvenaria deve "assentar", o que eqüivale dizer que a argamassa de assentamento já secou e retraiu estando, então, estável. Só depois disso é feito o encunhamento. Em relação aos emboços e revestimentos com argamassas, as espessuras são limitadas a valores máximos devido a sua retração. Argamassas ricas e espessas estão sujeitas a fissuras. Outro efeito da retração já nos ocorreu observar em pisos cimentados que sofre-ram processo de destaque por flambagem.

Finalmente, é incontestável que a retração da argamassa de assentamento usada no método convencional já destruiu inúmeros revestimentos de pisos e paredes.

Na colagem de revestimento com argamassas colantes, é obrigatório aguardar que a argamassa do contrapiso ou do emboço atinja um elevado grau de sua retração antes que se processe o assentamento do revestimento.

Page 50: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

6 . 2 - E n s a i o s p a r a m e d i r a r e t r a ç ã o

A seguir, apresentamos medidas de retração feitas para a pasta de cirrento e para um grupo de seis argamassas, cujos traços estão na Tabela 3.

Tabela 3

Componentes Argamassas de cimento e areia

Volumes aparentes -Areia c/ 3% de umidade

Argamassas cimento: cal: areia

vol. apar. - areia 3% um.

Pasta de

cimento 1:3 1:4 1:5 1:6 1:1/2:5 1:3:12

Cimento Portland 481 321 341 258,5 384 133 1.000 Cal hidratada - - 81 169 -

Areia c/3% 1.253 1.255 1.335 1.350 1.576 1.313 -

Areia - Peso seco 1.216,5 1.218,5 1.296 1.310,5 1.530 1.275 -

Água da areia 36,5 36,5 39 39,5 46 38 -

Água adicionada 188 176 180 186,5 279,6 227 -

Água Total 224,5 212,5 219 226 325,6 265 300 Água / aglomerante 0,47 0,66 0,64 0,87 0,70 0,88 0,30

(1) Os valores da tabela são em gramas. (2) Os componentes foram medidos em volume e convertidos em massa. (3) Areia utilizada com 3% umidade.

A retração foi medida em barrinhas de argamassa com dimensões 25x25x280 mm, conforme ensaio ASTM - C 157 e procedimento modificado conforme item 6.2.1

As medidas da retração e massa são valores médios de três barrinhas.

6.2 .1 - P r o c e d i m e n t o s d o e n s a i o

a - Após o enchimento, as formas foram cobertas com filme plástico para garantir umidade relativa superior a 90 % até 24 horas após a adição de água.

b - Completadas 24 horas foram feitas a desforma e imersão em água durante 15 minutos antes da primeira medida e pesagem precedidas de enxugamento superficial das barrinhas.

c - As barrinhas foram estocadas ao ar ambiente e medidas seguidamente até 28 dias de idade. A umidade relativa do ambiente variou de 60% a 80%, e temperatura de 16 a 25°C.

d - Após a leitura e pesagem aos 28 dias, as barrinhas foram colocadas em estufa por 48 horas. Após retiradas e esfriadas à temperatura ambiente procedeu-se a nova medida e pesagem.

e - As barrinhas foram estocadas ao ar ambiente e novas medidas e pesagem foram feitas aos 120 dias, seguidas de imersão em água fria por 48 horas e novamente medidas e pesadas.

Page 51: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

f - Novas medidas e pesagem foram feitas além de 230 dias e até 400 dias.

g - Para as medidas, utilizamos um micrômetro Kafer com leitura direta de 0,001 mm.

6 .2 .2 - R e s u l t a d o s

As Figuras de 10A a 10G mostram a evolução da retração e variação da massa das barrinhas para cada traço estudado.

Fig. 10A

Fig. 10B

Page 52: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

o.

O RETRAÇÃO A PERDA DE PESO

Fig. 10C

Fig. 10D

Page 53: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O RETRAÇÃO PERDA DE PESO

Fig. 10E

Argamassa, cimento: cal hidratada: areia (1:3:12)

7 28 30 120 122 245DIAS

Fig. 10F

Page 54: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

CL

O R E T R A Ç Ã O

A PERDA D E P E S O

Fig. 10G

Na Fig. 11 mostramos o gráfico consolidado da evolução da retação para as seis argamassas da Tabela 3 e para a pasta de cimento.

3%.

2.5%.

i Soco 30 dias

2%. 120 dias

1.5*-

1%.

28 dias

7 dias

0.5%. 0.5%.

2 in to V)

1:3:

12

Fig. 11 - Gráfico consolidado da retração

Page 55: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Analisando os gráficos da retração das argamassas podemos, resumidamen-te, concluir.

a - A retração é aproximadamente a mesma para todas as argamassas, sendo ligeiramente menor para o traço em volumes 1:3:12 de cimento Portland, cal hidratada e areia média úmida 3%.

b - Nos gráficos da Fig. 10, as oscilações correspondem as variações da umidade relativa. Para uma umidade relativa maior, a retração cai e vice-versa.

c - Para todas as argamassas e para a pasta de cimento, a retração aos sete dias de idade é de 65% a 80% da retração aos 28 dias (secagem ao ar).

d - Considerando como retração total a medida feita aos 30 dias de idade após as barrinhas permanecerem 48 horas em estufa (ver item 6.2.1.d), verifica-se que:

- aos sete dias, já ocorreu 35% a 45% da retração total;

- aos 28 dias, ocorreu 50% a 60% da retração total; e

- aos 120 dias estocadas ao ar ambiente, as barrinhas reabsor^em umidade, e a retração passa a ser 80% a 95% da retração total.

e - Para a pasta de cimento os valores são praticamente duas vezes maiores do que para as argamassas, sendo a retração total três vezes maior.

f - Por serem mais permeáveis e conterem mais água, as argamassas perderam 80% a 90% de água evaporável já aos sete dias de idade, permanecendo com teor de umidade natural cerca de 1% a 2%. A pasta de cimento perdeu apenas 50% de água aos sete dias, permanecendo com um teor de umidade natural cerca de 5%.

g - A retração aos 28 dias por secagem ao ar é cerca de 50% a 60% da retração total.

h - É de interesse também notar que há crescimento das barrinhas após 120 dias de secagem ao ar seguida de imersão em água por 48 horas:

- A pasta de cimento se expande e a retração diminui 25% em relação à retração medida aos 120 dias de secagem ao ar. Ou seja, o aumento é de 0,5%o ou 0,5 mm/m, ou ainda 0,0005 mm/mm; e a retração passa de 0,0020 mm/mm para 0,0015 mm/mm.

- Para as argamassas mais ricas em cimento como 1:3 e 1:4, tal expansão é de 0,1 %o ou 0,1 mm/m ou, ainda, 0,0001 mm/mm.

- Para traço 1:5, é de 0,07%o ou 0,07 mm/m ou, ainda, 0,00007 mm/mm.

- Para traço 1 :6 , é de 0 , 0 5 % o ou 0 , 0 5 mm/m ou, ainda, 0 , 0 0 0 0 5 mm/mm.

Page 56: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

6 . 3 - V a l o r e s d a r e t r a ç ã o

Considerando que, em obras, as argamassas secam ao ar, e considerando os resultados obtidos por secagem ao ar aos 28 dias, podemos adotar os seguintes valores para a retração:

- argamassa em geral 0,0006 mm/mm ou 0,6 %o ou 0,6 mm/m - pasta de cimento 0 , 0 0 1 5 mm/mm ou 1 ,5 %o ou 1 ,5 mm/m

B i b l i o g r a f i a

<•> ASTM - C 157-80 - Lenght change of hardened cement mortar and concrete.

<2) Fiorito, A.J.S.I. - Retração das argamassas - Revista "Construção" n° 1.929 - jan/85 - Ed. Pini

Page 57: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 7 Propriedades físicas das camadas que

compõem os revestimentos

Nos capítulos adiante, são apresentadas expressões das tensões que atuam nos revestimentos e demais camadas em função de algumas propriedades físicas dos materiais que constituem cada camada.

A fim de podermos avaliar a ordem de grandeza destas tensões daTios, a seguir, valores médios de algumas destas propriedades.

7 . 1 - R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s

7 .1 .1 - R e s i s t ê n c i a à c o m p r e s s ã o

a rev = 800 kgf / cm2 a 1.000 kgf / cm2

ou o rev = 80 MPa a 100 MPa

7 .1 .2 - M ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e

7 .1 .2 .1 - Revestimentos cerâmicos não-esmaltados

E l = 350.000 kgf / cm2 ou 35 GPa

7 .1 .2 .2 - Esmaltados e azulejos

E l = 300.000 kgf / cm2 ou 30 GPa

7.1.2.3 - Peças de grés (absorção de água 0,07%)

E l = 700.000 kgf / cm2 ou 70 GPa

7.1 .3 - C o e f i c i e n t e d e d i l a t a ç ã o t é r m i c a l inear

a, = 0,000005 a 0,000006/°C

7.1 .4 - D i l a t a ç ã o h i g r o s c ó p i c a (moisture expansion)

ÔL = 0,0003 a 0,0007 mm/mm

Page 58: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

7 . 2 - A r g a m a s s a s

7 .2 .1 - M ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e

É extremamente variável, dependendo da composição. A seguir adotamos alguns valores para efeito de raciocínio e cálculos:

- argamassas ricas e rígidas

Ea = 140.000 kgf / cm2 = 14 GPa

- argamassas mais elásticas

Ea = 50.000 kgf / cm2 = 5 GPa

- argamassas extremamente elásticas

Ea = 10.500 kgf / cm2 = 1,05 GPa

7 .2 .2 - R e t r a ç ã o d a s a r g a m a s s a s a o s 28 d i a s e por s e c a g e m e x c l u s i v a m e n t e a o ar (ver C a p í t u l o 6 )

er = 0,0006 mm/mm ou 0,6%o

7 .2 .3 - C o e f i c i e n t e d e d i l a t a ç ã o t é r m i c a l inear

aA =0,000010 a 0,000012/°C ou

10 a 12x10'6/°C

7 . 3 - C o n c r e t o

7 .3 .1 - M ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e

EC = 210.000 kgf /cm2 ou 21 GPa

7 .3 .2 - C o e f i c i e n t e d e d i l a t a ç ã o t é r m i c a l inear

CL = 0,000010 a 0,000012/°C C ou

10 a 12x10'6/°C

Page 59: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Tensões nos revestimentos em argamassa, em pisos e paredes devidas à sua retração(1)

8 . 1 - C o r r e l a ç ã o d a r e t r a ç ã o d a s a r g a m a s s a s a o s 7 e 2 8 d i a s

No Capítulo 6, tratamos da retração de algumas argamassas e da pasta de cimento Portland durante sua secagem. Concluímos que a retração aos 28 dias e por secagem exclusivamente ao ar é da ordem de 0,00060 mm/mm, ou 0,6 %o independentemente do traço da argamassa.

No Quadro 10, detalhamos a retração aos 28 dias e aos sete dias, correlacionando estes valores.

Quadro 10

Argamassa Retração aos Retração aos sete dias 28 dias %o % o % aos 28 dias

1 : 3 0 , 6 0 7 0 , 3 9 6 6 5 %

1 : 4 0 , 6 4 8 0 , 4 3 1 6 6 , 5 %

1 : 5 0 , 6 4 9 0 , 3 7 9 5 8 , 4 %

1 : 6 0 , 6 0 1 0 , 4 7 2 7 8 , 5 %

1 : 0 , 5 : 5 0 , 6 6 1 0 , 5 1 4 7 7 , 8 %

1 : 3 : 1 2 0 , 6 4 2 0 , 4 8 9 7 6 %

Pasta cimento 1 , 4 1 6 1 , 0 1 8 7 1 , 9 %

Note-se que aos sete dias de idade, e por secagem ao ar, a retração já é da ordem de 60% a 80% do seu valor aos 28 dias.

Daí, nos procedimentos para a execução de revestimentos em argamassa, quando esta servirá de base para outras camadas de argamassa ou revestimentos colados, deve-se recomendar que se aguarde, no mínimo, sete dias para a execução das camadas ou serviços subsequentes. Com isso garantimos boa estabilidade dimensional das camadas de argamassa utilizadas como base, estabilidade essa necessária para evitar tensões de retração, como será detalhado nos itens a seguir.

8 . 2 - T e n s ã o d e r e t r a ç ã o

Quando uma barra de argamassa considerada isoladamente retrai, a distância"d" entre dois pontos quaisquer (Fig. 12) passa a ser "d / , menor do qte "d".

Page 60: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

NA

Fig. 12

O encurtamento AAr devido à retraçao er será :

AAr = £r .d

Teoricamente tudo se passa como se tivéssemos aplicado uma força externa NA

na secção transversal SA da barra de argamassa causando o deslocamento &Ar

Sendo EA o modulo de elasticidade da argamassa, a força NA é calculada com

= NA=-EASA S, d

com sinal negativo (-) pois AA( é negativo

NA=-EASA.zr

e,

Na sendo negativa, será a força teórica de compressão que causou a deformação equivalente à retração da argamassa.

Consequentemente, para voltamos ao comprimento inicial antes da retração ter ocorrido, teríamos que aplicar uma força de tração + NA na secção transversal da barra endurecida.

8 . 3 - T e n s õ e s n o s r e v e s t i m e n t o s d e a r g a m a s s a e m p a r e d e s e p i s o s

Considerando que uma camada de argamassa é sempre aplicada sobre uma parede (emboço) ou sobre uma laje (contrapiso) ou, ainda, sob uma laje (forro) com a função de regularizar e dar acabamento às superfícies, vamos calcular as tensões que advêm da retração das argamassa quando ligada a um suporte estável, por exemplo, uma base de concreto.

Sejam Sc e Ec a seção e o módulo de elasticidade da camada suporte (Fig. 13A). Considere-se a extensão "d" do suporte estável (laje ou alvenaria) que recebeu uma camada de argamassa fresca.

Devido à retração ef da argamassa haveria um encurtamento AAr caso fosse permitida sua livre e total retração (Fig.13B).

Todavia, havendo solidariedade das duas camadas obtidas, por exemplo, pelo uso de chapisco na alvenaria ou pasta de cimento no piso, o equilíbrio final

dl AAr

- e - o

Page 61: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

(Fig. 13C) é alcançado pela introdução das forças NA positiva ce (tração) na argamassa, e N c negativa (compressão) no suporte, tais que:

NA + Nc = 0 e AC = AAr + AA

ou seja, as forças estão sempre em equilíbrio e o deslocamento do suporte e igual ao deslocamento da argamassa: sendo:

d r ®

argamassa fresca 7—7—7—7

suporte estável / / / /

—desloc.

3 **r o

A A . A C .

N A M

NC(->

A C = ^ EC.SC

AAr = 8 r.d

AA=NA(d+d.er)

eáSa

resulta:

Fig. 13

EA easa

Sendo: NC=-NA e ( l + e r ) = l

NA NA — — = e r + — -ECSC easa

N eaSa

— + 1 _ECSC

N = JA A ES

.e.

1 + A^A ECSC

Page 62: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Sendo cr sempre negativo, NA será sempre positiva, ou seja, tração na camada de argamassa. Considerando uma faixa de largura unitária:

SA = c A . l c Sc = c c . l

AI = E a ' 6 a £ A F p '

onde" eA" e "ec" são as espessuras da argamassa e do suporte.

A tensão de tração na argamassa para largura unitária será:

EA G " = e T * '

Ecec

Para um suporte de concreto com:

Ec = 210.000 Kgf./cm2

e espessura ec = 7 cm tabelamos no Quadro 11 valores para tensão de traço aA na argamassa em função de sua retração:

ef = 0,00060 mm/mm

de sua espessura "eA", variando de 1 cm a 6 cm e de três valores para o módulo de elasticidade das argamassas, conforme seção 7.2.1

Page 63: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Quadro 11

Espessura da cA = tração na argamassa KgfJcm2 devido à argamassa retração C. = 0,00060 mm/mm

EA = 10.500 Kgf/cm2 50.000 Kgf/cm2 140.000 Kgf/cm2

1 cm aA = 6,25 29 76,7

Í;a= 0,00060 0,00058 0,00055

2 cm aA = 6,21 28 70,6 eA= 0,00059 0,00056 0,00050

3 cm ctA = 6,17 27 65,3 I:A = 0,00059 0,00054 0,00047

4 cm aA = 6,12 26,4 60,8 eA= 0,00058 0,00053 0,00043

5 cm aA = 6,08 25,6 56,9

cA= 0,00058 0,00051 0,00041

6 cm aA = 6,04 24,9 53,5 cA = 0,00058 0,00050 0,00038

As tensões de tração na argamassa, quando há vínculo com uma camada suporte e originadas pela sua própria retração, nos conduzem a conclusões construtivas. Nas argamassas ricas, ou muito ricas, por terem elevado módulo de elasticidade, deformam-se menos, e as tensões de tração permanecem elevadas.

No Quadro 11, verifica-se que as tensões de tração que atuam sobre argamassas muito ricas são da ordem de nove a doze maiores do que aquelas que atuam nas argamassas mais elásticas.

Portanto, nas argamassas ricas e muito ricas, há notável influência da retração e, consequentemente, essas argamassas estarão mais sujeitas a tensões de tração que causarão trincas e possíveis descolamentos de sua camada suporte à medida que sua espessura cresce.

Enquanto para as argamassas mais elásticas (menor módulo de elasticidade), as tensões de tração são baixas e praticamente constantes qualquer que seja a espessura da camada de argamassa (Quadro11). As deformações eA devido à tensão de tração aA e calculadas pela relação:

Page 64: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

são também praticamente iguais para todas as espessuras da camada de arga massa, e da mesma ordem de grandeza da retração:

não havendo, portanto, riscos de trincas ou de desprendimentos de sua camada suporte.

8 . 4 - E v o l u ç ã o d a s t e n s õ e s d e r e t r a ç ã o n o s r e v e s t i m e n t o s e m a r g a m a s s a

Os valores de aAdo Quadro 11 foram obtidos a partir do comportamento elástico das camadas, e com uma deformação igual à sua retração er para a argamassa considerada já endurecida.

Na realidade isso não ocorre exatamente assim, se lembramos que a ligação inicial entre a argamassa e o suporte é feita com aquela ainda fresca. Assim sendo, à medida que a argamassa vai secando, retrai-se, e vão aparecendo tensões crescentes nela e na camada suporte. Tais tensões, de tração na argamassa, farão com que ela sofra deformações de sentido contrário ao da retração durante a secagem bem maiores do que quando já endurecida, uma vez que seu módulo de elasticidade é inferior ao valor final.

Assim sendo, no final da fase de endurecimento da argamassa, as tensões presentes na camada suporte e na argamassa serão obrigatoriamente inferiores àquelas calculadas teoricamente (Quadro 11).

Nova redução dessas tensões aA e oc terão lugar devido, agora, à deformação lenta da argamassa endurecida sob ação de aA que passará sucessivamente a valores menores, até um estado de equilíbrio (Fig. 14)

tA = c = 0,00060 mm/mm

A

Equilíbrio Final

Tempo

Fig. 14

Page 65: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Mais uma vez as argamassas com baixo módulo de elasticidade apresentam vantagem sobre as mais ricas e mais espessas, pois sua deformação lenta terá maiores valores tendendo neutralizar os efeitos da retração er, e, conse-quentemente, as tensões oA e ac tenderão a diminuir consideravelmente, não mais afetando a qualidade do revestimento.

De modo esquemático, as tensões de tração atuando nas argamassas aplicadas sobre uma camada suporte, e originadas pela sua própria retração, vão variar em função do tempo, conforme o gráfico da Fig. 14.

8 . 5 - C o n c l u s õ e s

As argamassas serão sempre utilizadas:

a - para ligar os elementos das alvenarias;

b - como revestimento final: emboço e reboco em paredes e forros;

c - como camada de base (emboço e contrapiso) para colagem de revestimentos;

d - como camada de regularização, de proteção e/ou suporte para impermeabi-lizações, isolamento térmico e acústico;

e - para chumbamentos em geral.

É indispensável lembrar que:

8.5.1 - L i g a ç ã o d a a r g a m a s s a a o s u p o r t e

As argamassas utilizadas nos revestimentos devem estar perfeitamente ligadas ao suporte. Isto é conseguido com apicoamento da superfície do suporte; remoção de poeira de obra; umedecimento e chapisco para suportes verticais e forros; ou umedecimento e emenda com pasta de cimento para os contrapisos.

Pela sua posição geométrica, atenção especial deve ser dada aos contrapisos. Nestes, a ausência de ligação entre a camada de argamassa e o suporte (concreto) fará com que ocorra livremente toda a retração, provocando a flambagem da camada de argamassa.

Não são raros pisos simplesmente cimentados que apresentam som cavo ao trânsito de pessoas ou queda de objetos.

8 .5 .2 - M ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e

Preferir argamassas elásticas, ou seja, com teor moderado de cimento, ou mistas.

Page 66: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

8.5 .3 - E s p e s s u r a

Utilizar a menor espessura possível, especialmente nos casos em que for exigida argamassa muito rica.

8 .5 .4 - E s p e s s u r a m a i o r d o q u e 2 5 m m

Se exigidas maiores espessuras, como no caso de canalizações embutidas no piso para telefones, ou elétricas, ou ainda grandes áreas com caimentos, a argamassa do contrapiso deverá ser executada em camadas sucessivas de cerca de 25 mm.

A camada anterior deve sempre estar seca (já retraída), quando da aplicação da camada seguinte.

8 .5 .5 - T e m p o d e c u r a Quando a camada de argamassa tem função de base para outras camadas mais superficiais ou para receber revestimentos colados, é indispensável que tenha idade mínima de sete dias, ocasião em que terá boa estabilidade dimensional (60% a 80% da retração já acontecida). Fica claro, também, que com maior prazo maior será a estabilidade dimensional da camada de argamassa.

8 .5 .6 - A d i t i v o s in ib idores d a r e t r a ç ã o O prazo a que se refere o item 8.5.5 poderá ser reduzido quando verem a ser implantados aditivos para argamassas com o fim de inibir sua retração e com o fim de dar-lhes alta resistência inicial.

Cabe ao construtor optar entre o custo destes aditivos, ou argamassas já aditivadas, com ganho de tempo no cronograma da obra, ou aguardar o prazo mínimo de sete dias para a utilização correta das argamassas convencionais.

8 .5 .7 - Te la metá l i ca s o l d a d a Sempre que, por motivos construtivos, a espessura da argamassa exceder 25 a 35 mm, tanto em revestimentos verticais como horizontais, e especialmente em fachadas, há que utilizar uma tela metálica soldada de malha de 5x5 cm e fio 16 BWG (1,6mm aproximadamente) chumbada na estrutura suporte. A finalidade será absorver a retração da argamassa e como suporte do peso próprio da espessa camada de argamassa.

O chumbamento da tela é feito em quatro pontos por metro quadrado e, nos can-tos, três pontos por metro linear.

B i b l i o g r a f i a

<•> Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n5 1.936 - mar./85 - Ed.Pini.

Page 67: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 9 Retração e revestimentos

No Capítulo 8, avaliamos a influência da retração das argamassas quando estas são utilizadas como revestimentos. Porém, as argamassas poderão ser utilizadas para a fixação de revestimentos e, nesse caso, sua retração exercerá influência sobre os revestimentos de qualquer natureza, e sobre a camada suporte (laje ou alvenaria).

9 . 1 - R e v e s t i m e n t o e c a m a d a d e a r g a m a s s a

Nos pisos é muito freqüente não haver preocupação em ligar a argamassa de assentamento à laje ou a alguma camada de regularização ou de enchimento, às vezes existente. Estas e a superfície da laje, tendo sido executadas geralmente há algum tempo, apresentam grande quantidade de poeira originada pelo atrito ao qual estão sujeitas devido ao trânsito de operários e movimentação de materiais. É oportuno lembrar que as superfícies de lajes apresentam uma fina camada bastante friável dado o excesso de água que ocorre após operação de vibração ou adensamento do concreto.

Não havendo união íntima entre a argamassa e o suporte, o revestimento e a argamassa de assentamento formam apenas um conjunto de duas camadas que são solidárias.

Neste caso, considere-se uma extensão "d" de um revestimento sobre uma arga-massa de assentamento ainda fresca ( Fig.15A). A extensão "d" poderá ser fração de uma peça, ou uma peça inteira, ou diversas peças.

d

Revestimento

® Argamassa Fresca

» M

Argamassa Seca

Revestimento NL (-)

N A ( + )

-Desloc. m @

Fig. 15

Page 68: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Devido à retração ef haveria um deslocamento AA da argamassa, caso fosse permitida sua livre e total retração (Fig. 15B).

Havendo solidariedade do revestimento à argamassa de assentamento (Fig. 15C), o equilíbrio final é alcançado pela introdução das forças internas NL (de compressão) no revestimento e NA (de tração) na argamassa endurecida, tais que:

NA+NL =0 Al = AAr + AA

ou seja, as forças internas devem estar sempre em equilíbrio e os deslocamentos das duas camadas deverão ser iguais.

Sendo EL e SL o módulo de elasticidade e secção do revestimento e EA e S A o módulo de elasticidade e seção da argamassa, temos:

A EL.SL

AA, = Zr.d

Para a condição de igualdade de deslocamento, temos:

N.d . NÁd + dzr) — = d z r + — 4 - —

sendo N, =-NÁ e ( l + 8 r ) = l

obteremos

M = E i S I - e L , E, S, Er

easa

Sendo cr sempre negativo, NL será sempre negativa, ou seja, de compressão no revestimento devido à retração da argamassa de assentamento.

Para uma faixa de largura unitária,

SL = eLe SA = eA

onde "eL" e "eA" são as espessuras do revestimento e da argamassa, e a tensão de compressão no revestimento será:

Page 69: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

E, = ' é -£r l+f* EAeA

e a tensão de tração na argamassa

N. o , =

*a

onde

Na = ~ N l

A partir da expressão de oL construímos o gráfico da Fig. 16, considerando a retração er= 0,0006 mm/mm, e variando EA para três valores ou três tipos de argamassas, e considerando duas espessuras para o revestimento, a saber, 5 mm e 10 mm.

<\ = o* =

k : £ r =

=

tensão de compressão no revestimento espessura da argamassa espessura do revestimento final módulo de elasticidade das argamassas 0.0006 mm/mm módulo de elasticidade do revestimento cerâmico 350 mil kgf/cm

Fig. 16 - Gráfico das tensões de compressão no revestimento por retração da argamassa (argamassa/revestimento intimamente ligados)

9 . 2 - R e v e s t i m e n t o , c a m a d a d e a r g a m a s s a e s u p o r t e d e c o n c r e t o

Para o caso de revestimentos verticais, devido à sua posição, há obrigatoriedade de ligar bem e manter solidárias as camadas de revestimento, argamassa e supor-te. E tal solidariedade deverá ser exigida também para os pisos, a fim de minimizar os efeitos da retração das argamassas.

Neste caso, como veremos, a retração das argamassas continua existindo, porém as tensões que nela têm origem são substancialmente menores do que aquelas calculadas conforme o item 9.1, pois a retração da argamassa fresca scfrerá oposição

Page 70: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

quer do revestimento quer suporte. Na Fig. 17, esquematizamos os deslocamentos e forças internas em equilíbrio.

Neste caso, teremos:

NA + N, +NC=0

A,=AAr + AA

& d \ (1) Revestimento (1)

® . Argamassa Fresca

(2) / / / / / } * ¥ > / / / / v ,

AC = AL e

AAr=cL e,

E, • SL

A C = ^ L EC.SC

(3)

(4)

(5)

Revestimento

(6)

AA,

—r—r Suporte

/ ' / / / / A o A A

Revestimento

Argamassa Soca

•7—7—7 Suporte

/ ( /

\ N,

N ,

AA -_NÁ {d + dir)

EA • SÃ

(7)

Fig. 17

A partir destes valores e condições, chegam-se as forças e respectivas tensões que atuam nas três camadas consideradas solidárias.

Substituindo os valores de AAf (4); AL (5) e Aa (7) na equação (2), obteremos: NA

ELJSL R EASA

s e n d 0 0 + e r ) s l

(I)

Page 71: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Substituindo os valores de AL (5) e Ac (6) na equação (3), obteremos: N c

(II)

Colocando (I) e (II) na equação (1) de equilíbrio das forças internas, teremos:

ELSL

\ .N, ~{EA.SA.tr) + Ni +

ECSC-.NL l=0 l elSl

H, < E tS i EfSf 1 H ——— H —— = E A S A z r

M L multiplicando ambos os membros por r c

N, I | ! EçSç = ElSfir

Sendo K I , E i . S L E ç S c

EA$A EJ5À

Teremos N, = KELSLZr (III)

Sendo K E( St sempre positivo e ef sempre negativo, N, será sempre negativa ou de compressão no revestimento devido à retração da argamassa.

Substituindo (III) em (I) obteremos:

Na = EASA£r(K-1)

sendo 1/k sempre maior do que 1 e positivo

K será sempre menor do que um e positivo

Page 72: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

então (K - 1) será sempre negativo

Como EA Sa e sempre positivo e CF sempre negativo, a força interna que atuará sobre a argamassa e devida à sua própria retração será sempre positiva ou de tração.

Substituindo (III) em (II) obteremos: Nc = KEcScc,

Sendo K Ec Sc sempre positivo e er sempre negativo, teremos Nc que é a força interna que atua no suporte (por exemplo, concreto ou alvenaria) sempre negativa ou de compressão.

O gráfico da Fig. 18 representa a tensão de compressão no revestimanto devido à retração da argamassa e para solidariedade desta camada com o suporte.

Fig. 18 - Gráfico das tensões de compressão no revestimento por retração da argamassa (concreto/argamassa/revestimento intimamente ligados)

o .

Cr E,

= tensão de compressão no revestimento - Kgf/cm2

= espessura da argamassa - cm = espessura do revestimento — cm = módulo de elasticidade da argamassa - Kgf/cm2

= 0,6 %o retração da argamassa = módulo de elasticidade do revestimento cerâmico 350 mil Kgf/cm;

= espessura do concreto — 7 cm = módulo de elasticidade do concreto — 210 mil Kgf/cm2

9 . 3 - T e n s õ e s n a s a r g a m a s s a s

As tensões que atuam nas três camadas e para a largura unitária são calculadas a partir das expressões das forças, deduzidas como segue:

N. N. N ,

=

Page 73: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A fim de analisar as tensões de tração nas camadas de argamassa, construímos os gráficos da Fig. 19 e Fig. 20, respectivamente, para um revestimento constituído por apenas duas camadas solidárias e para um revestimento correto onde há solidariedade também com a camada suporte.

Fig. 19 - Tensões de tração nas argamassas devido à sua retração e para camada de argamassa e revestimento cerâmico (duas camadas solidárias)

Para a construção dos dois gráficos utilizados:

aA = tensão de tração na argamassa - Kgf/cm2

eA = espessura da argamassa - cm

e, = espessura do revestimento cerâmico — cm

Ea = módulo de elasticidade da argamassa - Kgf/cm2

er = retração das argamassas = 0,0006 mm/mm

E l = módulo de elasticidade da cerâmica = 350 mil Kgf/cm2

Page 74: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Para o gráfico da Fig. 20, incluímos:

ec = espessura do suporte do concreto = 7 cm

Ec = módulo de elasticidade do concreto = 210 mil Kgf/cm2

(TA kgf/cm2

100

84

50

30

6.3

E A= 50.000 e[_= 0.5 cm

E A o 10.500 6 l = 1 cm

OL= 0.5 cm

cm ©A

Fig. 20 - Tensões de tração nas argamassas devido à sua retração ( suporte/ argamassa/revestimento intimamente ligados)

9 . 4 - C o n s i d e r a ç õ e s g e r a i s

Os gráficos da Fig. 19 e Fig. 20 mostram como varia a tensão de tração na arga-massa quando é utilizada no Método Convencional para o assentamento de revestimentos cerâmicos. O gráfico da Fig. 19 foi obtido a partir da condição de não ligação da argamassa de assentamento ao suporte, o que acontece geralmente nos revestimentos de pisos. E tal condição é gerada por descuido do assentador, facilitado pela situação geométrica do piso, contrariamente ao que ocorre em um revestimento vertical onde a argamassa de assentamento é obrigatoriamente ligada ao suporte (alvenaria ou concreto chapiscado, por ex.).

Neste último caso, as tensões de tração na argamassa serão as do gráfico da Fig. 20 superiores às do gráfico da Fig. 19, devido ao fato de o suporte se opor também a retração.

Page 75: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Aqui, convém citar que as Normas Americanas recomendam, para o caso de revestimento de pisos sobre estruturas sujeitas a flexões gerando flechas, a colocação de membrana de feltro ou filme de polietileno com a nítida finalidade de impedir a transmissão de deformações da estrutura, e conseqüentes tensões, aos materiais de revestimento. Portanto, a não-ligação com a camada suporte é intencional, mas provocará maiores tensões de compressão no revestimento cerâmico devidas à retração livre das argamassas. Para minimizar os efeitos da retração das argamassas de assentamento, tais Normas especificam o uso de tela metálica soldada de bitola 16 BWG e malha quadrada de duas polegadas. Esta tela é colocada no interior da camada de argamassa de assentamento.

Os gráficos das Figs. 16, 18, 19 e 20 permitem uma primeira análise do processo convencional de assentamento, ou seja, quando se usa uma argamassa fresca, como meio de fixação de revestimentos, quer sejam revestimentos cerâmicos para pisos ou paredes, quer revestimentos de ladrilhos hidráulicos, pastilhas cerâmicas, placas de pedras naturais e, enfim, todo o tipo de acabamento.

É evidente que os quatro gráficos citados foram construídos a partir da hipótese de que revestimento/argamassa, ou revestimento/argamassa/suporte de concreto permanecem intimamente ligados, havendo transmissão de tensões entre as diferentes camadas devidas exclusivamente à retração da argamassa de assentamento durante no secagem.

Na prática, os valores muito elevados das tensões de compressão no revestimento, ou tração na argamassa, possivelmente não chegarão a ocorrer, pcis antes disso as camadas vão se separar, havendo flambagem de revestimento ou então ruptura da argamassa por tração, deixando de existir qualquer compressão no revestimento.

Todavia, estes gráficos são válidos para interpretar como evoluem as tensões nos revestimentos e argamassas em função de suas características, ensejando o estabelecimento de Normas de Procedimento para o método convencional e, principalmente, ressaltar quais os riscos deste método quanto ao resultando final.

Por outro lado, fica mais uma vez evidenciada a vantagem do uso das argamassas colantes na fixação de revestimentos, uma vez que a argamassa dexa de ser "de assentamento" para ser apenas "de regularização" de superfícies verticais (emboço) ou horizontais (contrapiso), estado completamente seca e retraída quando da colagem dos revestimentos cerâmicos.

Nesta condições a retração por secagem da argamassa nenhuma nfluência terá sobre os revestimentos. Restarão apenas os efeitos da variação da umidade rela-tiva sobre a argamassa já endurecida, da temperatura, das deformações da cama-da suporte de concreto, da dilatação higroscópica do revestimento cerâmico e outras, como será descrito oportunamente.

Page 76: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

9 . 5 - A n á l i s e e c o n c l u s õ e s

9 .5 .1 - T e n s õ e s d e c o m p r e s s ã o

A retração da argamassa de assentamento origina tensões de compressão no revestimento.

9 .5 .2 - T e n s õ e s e d i m e n s õ e s

Esta compressão no revestimento independe das dimensões da parede ou piso.

9 .5 .3 - F l a m b a g e m

Limitada a uma só peça de revestimento (azulejo, piso etc), esta compressão não poderá causar desprendimento por flambagem, dada a rigidez usual de uma peça do revestimento. Não há possibilidade de ruptura por cisalhamento, pois a resistência ao cisalhamento da ligação cerâmica/argamassa é elevada e, na prática, tal rompimento nunca foi observado. Se tal ocorresse, as peças se soltariam individualmente, ao contrário de todos os casos examinados em obras, os quais foram marcados por evidente estado de compressão de um conjunto de peças cerâmicas.

9 .5 .4 - R i s c o s na a u s ê n c i a d e j u n t a s

A ausência de juntas entre as peças (juntas secas) fará com que a compressão se transmita de uma peça para outra, aumentando o risco de flambagem. Lembramos que a carga de flambagem em uma barra prismática é dada pela expressão: Nfl = k2 EJ/d2. Quanto maior for "d", ou seja, quanto maior o número de peças encostadas, menor será Nfl.

Isto significa que a compressão NL no revestimento, devido à retração da arga-massa, poderá atingir facilmente valor superior a Nn, dependendo do tipo de junta utilizada, ocasionando o desprendimento do revestimento.

Atenção especial deve ser dada para espaçadores utilizados no assentamento, com o fim de auxiliar o alinhamento das peças. Tais espaçadores deverão ter elasticidade suficiente para se deformarem sob as tensões de compressão, de modo a não transmitir esforços de uma peça para outra.

9 .5 .5 - C o m p r e s s ã o , e s p e s s u r a e m ó d u l o d e e l a s t i c i d a d e

A compressão no revestimento devido à retração da argamassa, cresce com a espessura da camada de argamassa utilizada e também será tanto maior quanto mais rica for em cimento. Ver gráfico das Figuras 16 e 18.

9 .5 .6 - A r g a m a s s a n ã o l igada a o s u p o r t e

Quando não há ligação da argamassa ao suporte, como geralmente ocorre nos pisos, as tensões de compressão no revestimento, devido à retraçãc, são muito superiores àquelas originadas quando há o cuidado de fazer tal ligação. Compare os gráficos das Figuras 16 e 18.

Page 77: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

9 .5 .7 - E s p e s s u r a d o r e v e s t i m e n t o

É evidente que as tensões de compressão no revestimento são maiores para os revestimentos de menor espessura. Todavia, a espessura da argamassa e seu traço geram compressões de importância incomparavelmente maior. Ver Quadro 12 e gráficos das Figuras 16 e 18.

Quadro 12

Tipo de Espessura da em Kgf/cm2

argamassa EA cerâmica eL Para eA = 4 cm Para eA = 2 cm

140.000 0,5 cm 53 31 1,0 cm 49 28

50.000 0,5 cm 23 12 1,0 cm 21 11

10.500 0,5 cm 5 2,6 1,0 cm 5 2,4

9.5.8 - Por q u e a r g a m a s s a p o u c o e s p e s s a

A tração na argamassa gerada pela sua própria retração e aliada à solidariedade revestimento/argamassa, e esta ligada ou não ao suporte, é tanto maior quanto menor for sua espessura. Isto nos interessa, pois quanto maior a tração e quanto mais elástica for a argamassa, mais ela se deforma. E esta deformação tem sentido contrário ao da retração, compensando-a em grande parte. Isto significa que as tensões de compressão no revestimento diminuem à medida que a argamassa for menos espessa e mais elástica. Ver gráficos das Figuras 19 e 20 e Quadro 13.

Quadro 13 - Tração e deformação na argamassa para eL = 1 eme revestimento/ argamassa/suporte intimamente ligados - cA KgfJcm2 e cA em mm/mm

Tipo de argamassa EA Para eA = 4 cm Para eA= 2 cm 140.000 o A = 64,23 a A = 72,79

eA= 0,00046 eA = 0,00052

50.000 a A = 27,03 a A = 28,43 eA = 0,00054 eA = 0,00057

10.500 a A =6,15 a A = 6,23 = 0,00060 cA = 0,00059

9.5 .9 - Te la m e t á l i c a s o l d a d a

Em pisos, quando é exigível que o contrapiso esteja separado da estrutura de concreto; e em pisos e especialmente paredes (fachadas), quando por motivos construtivos a espessura da argamassa do contrapiso ou do emboço for superior

Page 78: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a 25 ou 35 mm, é obrigatório o uso de tela metálica soldada de malha de 5x5 cm e fio 16 BGW (aproximadamente 1,6 mm).

Sua finalidade nos pisos é a de inibir a retração.

Em paredes (fachadas), a tela será chumbada na estrutura suporte em quatro pontos por metro quadrado e, nos cantos, em três pontos por metro linear.

Sua finalidade, além de inibir a retração da argamassa, será a de suporte do peso próprio da espessa camada de argamassa do emboço.

9 . 6 - E v o l u ç ã o d a s t e n s õ e s n o s r e v e s t i m e n t o s a s s e n t a d o s d e v i d o à r e t r a ç ã o d a a r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o

As expressões deduzidas anteriormente para determinar a tensão de compressão no revestimento e a simultânea tração na argamassa, função da retração por secagem de uma argamassa utilizada no assentamento do revestimsnto, foram obtidas a partir das seguintes condições.

- comportamento elástico das camadas revestimento/argamassa, ou revestimento/ argamassa/suporte de concreto ou alvenaria;

- deformação da camada de argamassa igual ao valor da sua retração ;inal 0,0006 mm/mm ou 0,6%o, portanto, já considerada endurecida;

- para as duas alternativas apresentadas, ou seja, revestimento/argamassa e revestimento/argamassa/suporte de concreto, há perfeita ligação entre tais camadas de estrutura do revestimento.

Com relação à retração, causa do aparecimento de compressão nos revestimentos, é interessante lembrar que, no método convencional, a ligação inicial entre revestimento, argamassa e o suporte de concreto ou alvenaria é feita com a argamassas fresca e plástica. Assim sendo, à medida que a argamassa vai secando, sua retração terá valores crescentes, e seu módulo de elasticidade passará de zero a um valor final que depende do traço.

À medida que a retração aumenta, aparecerá uma compressão crescente no revestimento e no suporte, e por reação, uma tração também crescente na própria argamassa. As forças estarão sempre em equilíbrio. Estabelece-se um processo de interação entre essas forças.

Tração na argamassa significa uma deformação de sentido contrário ao de sua retração. Isso se traduz por uma redução na compressão do revestimento. Por-tanto, em função do tempo é esperado no revestimento o aparecimento de uma compressão com valores crescentes até um máximo.

A este máximo corresponde uma tração, também máxima, na argamassa agora praticamente endurecida. Tal tração ocasionará na argamassa uma deformação lenta (expansão), reduzindo a compressão no revestimento, até um equilíbrio final. Ver esquema da fig. 21.

Page 79: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Levada em conta exclusivamente à retração da argamassa, no equilíbrio final haverá compressão no revestimento. No caso limite, tal compressão seria nula se a argamassa voltasse ao seu comprimento original, quando fresca.

Todavia, na prática, outros fatores poderão se somar à retração e alterar o equilí-brio final. Uma argamassa "rica" e espessa ocasionará valores elevados de com-pressão, no revestimento e no equilíbrio final. Uma expansão endógena da arga-massa poderá levar a um equilíbrio final com tração no revestimento. Uma dilatação higroscópica do corpo cerâmico poderá resultar em tração final para uma peça isolada, ou uma compressão no revestimento se as peças estão justapostas (encostadas, sem juntas). Uma variação térmica poderá reduzir ou aumentar o valor final da tensão no revestimento. Isso, para citar algumas possibilidades.

Fig. 21 - Efeito exclusivo da retração

Em 1964, A. A. Baudran e M. Aveline (1) apresentaram trabalhos sobre a evolução de tensões em azulejos assentados. O objetivo foi analisar as tensões originadas pelo endurecimento de algumas argamassas.

Os autores recomendam extensômetros de resistência elétrica para o controle das tensões (strain-gage).

Em linhas gerais, o trabalho consistiu em colar, sobre o esmalte de cada azulejo, um extensõmetro, permitindo medir as variações das suas dimensões superficiais. Outro extensõmetro, de compensação, foi colado sobre um suporte de sílica de variações dimensionais desprezíveis, o que permitiu levar em consideração tam-bém eventuais deformações próprias dos azulejos.

A retração por secagem da argamassa coloca o azulejo em compressão, o que resulta em um encurtamento do fio resistente do extensõmetro colado sobre o azulejo. No caso inverso, um inchamento endógeno da argamassa ou do azulejo produzirá uma tração resultando em um alongamento do fio resistente do extensõmetro.

Tempo

Lenta da Argamassa

Equilíbrio Final

Page 80: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A variação do comprimento de tal fio origina uma variação da resistência elétrica, que será medida em uma ponte.

A relação entre a variação da resistência elétrica e a variação do comprimento é dada por:

AR AL = K .

R L

onde K, aproximadamente igual a 2 (dois), é o fator de sensibilidade do extensômetro (strain-gage).

Conhecida a variação da resistência, calculou-se a variação do comprimento e, através da expressão

N AL = E .

S L

chegou-se à tensão N/S que atua no revestimento cerâmico.

A aparelhagem utilizada dá uma precisão de leitura, para a variação da resistência, de ± 0,5 .10 6. Sendo o módulo de elasticidade do azulejo "E" igual a 300 mil Kgf/cm2, as tensões foram calculadas com a aproximação de ± 75 grf/cm2

O local do ensaio, com ar-condicionado, foi mantido com 20°C e uma umidade relativa de 50%.

O relatório não faz referência sobre a idade da placa de concreto que recebeu os azulejos, e também não faz referência à geometria do azulejo e à espessura da argamassa.

Antes do assentamento, os azulejos, já com os extensômetros colados, foram imersos em água durante seis horas. Uma vez retirados da água, deixou-se escorrer a água superficial durante um minuto, antes de serem assentados isoladamente sobre uma placa de concreto.

Para cada tipo de argamassa foram assentados seis azulejos. Os azu ejos utiliza-dos tinham dois anos de idade.

IJma primeira mediria foi feita antes ria imersão rios azulejos em água fria, e uma segunda foi feita assim que os azulejos foram assentados com a argamassa ainda fresca. Com isso, determinou-se o inchamento dos azulejos, ocorrido pela imersão em água durante seis horas. Tal deformação apresentou uma medida de 0,00004 mm/mm, ou 0,04 %o.

As medidas seguintes, já com azulejos assentados, foram feitas a cada hora, no primeiro dia. Uma vez por dia durante o primeiro mês e, em seguida, a cada semana.

Nos valores da Fig. 22, os autores já deduziram a deformação inicial cos azulejos devida ao seu inchamento por imersão.

Page 81: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Reproduzimos apenas os resultados obtidos com três tipos de argamassas compostas de cimento Portland, classificado pelos autores como CPA 210-325.

Os "traços" das argamassas utilizadas foram:

-250 Kg de cimento por metro cúbico de areia, ou 1:5 em volume;

-400 Kg de cimento por metro cúbico de areia, ou 1:3 em volume;

- argamassa mista com 50 % de cal e 50% de cimento num total de 250 Kg por metro cúbico de areia, ou 1:2:10 em volume.

Fig. 22 - evolução das tensões no revestimento cerâmico (azulejo)

A partir do gráfico da figura 22, podemos concluir, com exceção do período inicial de secagem, onde foi detectada tração na superfície dos azulejos, que o comporta-mento e os valores das tensões eram os esperados (ver item 9.6).

Os autores fazem referência ã tração inicial, dizendo que poderia ser atribuída a um inchamento da argamassa, mas que não encontraram menção deste inchamento na literatura que trata das argamassas.

Todavia, chamou-nos atenção o inchamento dos azulejos medidos após seis horas de imersão em água fria, e que foi da ordem de 0,00004 mm/mm.

Para módulo de elasticidade do azulejo referido pelos autores, como sendo de 300 mil Kgf/cm2, tal deformação corresponde a uma tração de 0,00004 x 300 mil Kgf/cm2, ou 12 Kgf/cm2.

Page 82: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Não nos parece que deva ser descartada a possibilidade de um inchamento suplementar do azulejo, uma vez que tal fenômeno deve ocorrer com certa continuidade, sendo improvável sua interrupção abrupta, pelo fato de se retirar os azulejos da água.

Assim, o efeito da retração da argamassa sobre os azulejos, durante os primeiros dias após o assentamento, sofre um mascaramento devido a um inchamento residual do azulejo, isso explica a tração inicial. Por outro lado, na determinação da retração de argamassas, conforme descrevemos no Capítulo 6, não foi observada qualquer expansão endógena nos corpo-de-prova de argamassa, na fase inicial de endurecimento.

B i b l i o g r a f i a

0 ) Baudram. A.A. et Aveline, M. - "Évolution des contraintes dans les carreaux de revêtement posés" - IX Congres International Céramique - Bruxelles - 1964.

<2> Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n9 1.051, 1.054, 1.058, 1.062, 1.070, 1.086 e 1.087 -Ed. Pini - 1968.

<3> Fiorito A.J.S.I. - Revista "Construção" n* 1.942, 1.944 e 1.948 - Ed. Pini -1985.

Page 83: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 10 Temperatura e revestimentos

Em todas as ocasiões que examinamos algum revestimento danificado, sempre fomos inquiridos se teria sido uma queda de temperatura a causa do colapso.

A dúvida é natural se considerarmos que uma queda ou uma elevação de tempe-ratura é algo sensível que atua sobre nós, contrariamente a outras causas que poderão estar presentes.

Já enumeramos, anteriormente, uma série de causas endógenas e esforços externos que atuam sobre os revestimentos, introduzindo tensões indesejáveis, e dissemos que uma variação de temperatura é um termo do somatório destas diversas causas.

1 0 . 1 - C o n c e i t o s

Revendo alguns conceitos, considere uma barra de material homogêneo de secção S submetida a um acréscimo uniforme de temperatura At (Fig. 23). O aumento de comprimento Ad será:

d Ad

Fig. 23

Ad = a . At . d

onde a é o coeficiente de dilatação térmica linear do material.

Para o aço, concreto e argamassa:

a = 0,000010/°C a 0,000012 / °C

Para materiais cerâmicos:

a = 0,000005 / °C a 0,000006 / °C

A força axial para impedir o deslocamento Ad será:

Page 84: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Ad N = - E . S

ou N = - a . At . E . S

e a barra estará sujeita à compressão axial:

a = - a . At . E

Por exemplo, para impedir totalmente o deslocamento de uma barra de material cerâmico, sujeita a um acréscimo uniforme de temperatura At = 1°C, sendo seu módulo de elasticidade EL = 350.000 Kgf/cm2, a submeteremos a uma compressão de:

aL = 0,000005 / °C x 1 °C x 350.000 Kgf/cm2

ou aL = • 1,75 Kgf/cm2/°C

Os revestimentos e suas camadas suportes de argamassa, de alvenaria, ou de concreto sofrem deformações térmicas diferentes devido aos seus coeficientes de dilatação e, especialmente, deformações causadas pela temperatura diferencial entre as faces superior e inferior de um piso elevado, ou entre as faces externa e interna dos edifícios ou, ainda, pela condições ambientais de temperatura. Cada caso particular deverá ser estudado separadamente.

Recomendamos a leitura do trabalho publicado em 1964 (1) sobre tensões de temperatura, no qual há o esquema que reproduzimos na Fig. 24.

No edifício, ali representado, os pilares externos estão submetidos a uma tempera-tura T0> e os pilares internos a uma temperatura T, - Fig. 24A.

A n = n a ( T i - T « ) h

To T,

nh

Interior Exterior Interior

Exterior Interior

(A)

Fig. 24 (B) (C)

Page 85: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Se não houvesse ligação entre os pilares - Fig. 24B - a diferença de altura entre cada piso seria:

A diferença de altura seria nula ao nível do chão e no andar "n" seria:

An = n . a (T, - T 0 ) . h

Porém, há ligação entre os pilares feita pelas vigas e lajes do piso, reduzindo o deslocamento diferencial total para xn (Fig. 24C).

A interligação existente introduzirá tração nos pilares externos, compressão nos internos e momentos fletores nos pilares, vigas e lajes. Nestas condições, é fácil concluir que os revestimentos de paredes e pisos ficarão sujeitos a tensões, uma vez que as variações de temperatura ocorrem também após de o edifício estar terminado e habitado.

Outras possibilidades podem ocorrer causando compressão indesejável nos revestimentos.

Por exemplo, no caso da temperatura do ambiente inferior ser maicr do que a do superior, pela existência de aquecimento no andar inferior ou ar-condicionado frio no andar superior. Dependendo das condições de apoio (Fig. 25), teremos um momento fletor positivo (compressão no revestimento) no centro da laje e negativo nas bordas (tração no revestimento).

Em fachadas, teremos compressão no revestimento, quando a temperatura externa, em época de frio, é inferior à temperatura do ambiente interno. Ou, quando após longo período de calor a temperatura cai bruscamente externa ou internamente.

Em pisos industriais, onde, por questão de higiene, os mesmos são lavados freqüentemente com água quente ou jato de vapor de água, há dilatação brusca apenas no revestimento, o qual entra em compressão.

Há também compressão nos pisos ao redor de caldeiras ou fornos, onde a temperatura é sempre elevada.

Para o caso de revestimentos cerâmicos, se lembrarmos que seu coeficiente de dilatação térmica linear é a metade do coeficiente de dilatação térmica linear da

<* . (T, - Tq) . h

Fig. 25

Page 86: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

argamassa e do concreto, haverá compressão à medida que a temperatura cai em todo o conjunto.

Os valores das tensões de compressão nos revestimentos cerâmicos, comparados àqueles devido à retração das argamassas, serão vistos no item a seguir.

1 0 . 2 - T e m p e r a t u r a e r e v e s t i m e n t o s

Consideremos, inicialmente, o caso particular de piso onde não houve ligação de argamassa de regularização (também denominada de contrapiso ou piso morto), com a laje de concreto ou lastro de concreto.

Na Fig. 26A, representamos um elemento de comprimento "d" de um revestimento intimamente ligado a uma argamassa já endurecida. Neste estudo sobre a tensão térmica, é indiferente o método utilizado no assentamento do revestimento, sendo, no entanto, admitida perfeita ligação revestimento/argamassa.

A extensão "d" do elemento considerado poderá ser fração de uma peça do revestimento, uma peça inteira, ou diversas peças.

Sejam S, a seção do revestimento; EL seu módulo de elasticidade; e aL seu coeficiente de dilatação térmica linear. Para a argamassa, SA sua secção; EA módulo de elasticidade; e, aA seu coeficiente de dilatação térmica linear.

Revestimon'.o

Argamassa Ençhxecída

| Revoslirncnlc

®|

Fig. 26

Uma variação de temperatura At uniforme nas duas camadas produzirá os deslocamentos AL, e AA, (Fig. 26B). Todavia, revestimento e argarrassa estão intimamente ligados. As forças internas NL e NA, que deverão estar sempre em equilíbrio, produzirão os deslocamentos AL2 no revestimento e AA2 na argamassa.

Os valores dos deslocamentos são:

Page 87: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

ALI = a,. . Aí. d

AA\ = QLÁ.At .d

AL2 = - (d + ALI)

AA2 = + A^l) EASA

A partir das condições

+ ^ =0

e

AL\ + AL2 = AA\ + AA2

e com a aproximação

(1 + aL At) = (1 + a^ AO = 1

obtém-se

E S L L 1 +

EASA

Sendo cxA maior do que aL, o sentido de NL dependerá de At. Assim, para uma queda de temperatura uniforme, em toda a estrutura do revestimento, haverá compressão no revestimento e tração na argamassa. E, para uma elevação de temperatura uniforme em todo o conjunto, haverá tração no revestimento e compressão na argamassa.

Para uma faixa de largura unitária: S, = e, e SA = eA , onde "eL" e "eA" são espessuras do revestimento e da argamassa, a tensão térmica no revestimento será:

£

1+ L L EAeA

Page 88: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

e na argamassa

N <5Á = —— sendo NA=- NL

eA

Quando estudamos o efeito da retração er da argamassa sobre o revestimento, obtivemos a tensão de compressão:

E , <*/ = F 8 r

L EL 1 + EA EA

Portanto, uma queda de temperatura At uniforme no revestimento e argamassa não ligada ao suporte (laje ou lastro) tem o mesmo efeito da retração da argamassa, ou seja, uma compressão no revestimento. Quantitativamente, devemos comparar os valores de er (retração) e (aA - a j . At com At negativo. No Capítulo sobre Retração das Argamassa, vimos que seu valor é da ordem de 0,0006 ou 0,6 %o para diversos tipos de argamassa e após secagem durante 28 dias ao ar ambiente.

Então, exemplificando, sendo o coeficiente de dilatação linear da argamassa aA = 0,000010/°C, e do revestimento cerâmico aL = 0,000005/°C, a queda de temperatura para ocasionar o mesmo efeito da retração deveria ser:

( a f - a J A t = er

A f _ £ r _ 0 ,0006 e ~ a A - a L ~ 0,000005

ou At = 120 °C

a partir do endurecimento da argamassa.

Para uma variação de ± 15 °C em torno da temperatura média de um determinado local e supondo o caso extremo de o revestimento ter sido executado na temperatura máxima, a maior queda possível de temperatura a que ele estará sujeito seria de 30 °C. Neste caso, o valor (aA - aL) . At seria 0,00015, ou seja, quatro vezes menor do que a retração, significando que a compressão em um revestimento cerâmico devida a uma queda de 30 °C é quatro vezes menor do que a compressão ocasionada pela retração da argamassa.

Nas Figs. 27 e 28, estão representadas as tensões de compressão no revestimento cerâmico em função da espessura da argamassa e devido a uma queda de temperatura uniforme de 10 °C. Na Fig. 27, o revestimento cerâmico foi considerado com módulo de elasticidade de 350 mil kgf/cm2, e na Fig. 28

Page 89: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

com módulo de elasticidade de 200 mil kgf/cm2. Para ambos os casos, calculamos as tensões de compressão utilizando três argamassas diferentes. Nas Figs. 27 e 28, as tensões de compressão no revest imento, ali representadas, correspondem ao caso de revestimento ligado à argamassa de assentamento, e esta não ligada à base (laje ou lastro de concreto, por exemplo). Quando há ligação também com a base, as tensões no revestimento devido a uma queda uniforme de temperatura de 10 °C são as representadas na Fig. 29. As expressões das forças internas em equilíbrio, neste caso, são:

= £ / 5 / A , t E A S A * < - * L ) + EcSc(ac-aL) EL SL + EA SA + Ec SC

NA = - E A SA ÁT. EI. SL ( A , - A J + EC SC (A,F - A R )

ET. + EA SA + EC SC

ET. SL + EA SA + EC SC

Page 90: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Fig. 27 - Revestimento ligado à argamassa e esta não ligada ao suporte

E L = 3 5 0 . 0 0 0 kgf/cm2 módulo de elasticidade do revestimento

Ea = módulo de elasticidade da argamassa

eL = espessura da cerâmica em cm

eA = espessura da argamassa em cm

Page 91: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Fig. 28 - Revestimento ligado à argamassa e esta não ligada ao suporte

E ( = 2 0 0 . 0 0 0 0 kgf/cm2 módulo de elasticidade do revestimento

Ea = módulo de elasticidade da argamassa

eL = espessura da cerâmica em cm

eA = espessura da argamassa em cm

Page 92: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O sentido destas forças depende de At, e dos valores dos coeficientes de dilatação linear do revestimento, argamassa e concreto. Para as hipóteses da Fig. 29, as tensões térmicas de compressão variam muito pouco, quer com a espessura, quer com o traço (módulo) da argamassa utilizada.

Porém, seus valores são próximos aos máximos obtidos, quando não há ligação da argamassa ao suporte de concreto.

Fig. 29 - Revestimento, argamassa e base de concreto ligados

E L = 3 5 0 . 0 0 0 kgf/cm2 - módulo de elasticidade do revestimento cerâmico

Ea = módulo da argamassa

Ec = módulo do concreto = 210.000 kgf/cm2

e, = espessura do revestimento cerâmico

eA = espessura da argamassa

ec = espessura do concreto = 7 cm

aL = 0,000005/ °C = coeficiente de dilatação térmica linear da cerâmica

aA = a c = 0,000010/ °C = coeficiente de dilatação térmica linear da argamassa e concreto

Page 93: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 0 . 3 - C o n c l u s õ e s

10.3.1 - Para uma queda de temperatura uniforme no sistema revestimento cerâmico/ argamassa intimamente ligados, mas não ligados à base (Figs. 27 e 28):

10.3.1.1 - Há compressão no revestimento

10.3.1.2 - As tensões térmicas de compressão aumentam significativamente com a espessura da argamassa

10.3.1.3 - As tensões térmicas de compressão são maiores para argamassas mais ricas

10.3.1.4 - As tensões térmicas de compressão são menores para revestimentos mais elásticos (menor módulo de elasticidade)

10.3.1.5 - As tensões térmicas de compressão são maiores para revestimentos de menor espessura. Todavia, as tensões ocasionadas com o uso de argamassas mais ricas e mais espessas são consideravelmente maiores

10.3.2 - Para uma queda de temperatura uniforme no sistema revestimento cerâmico/ argamassa/suporte de concreto intimamente ligados (Fig. 29):

10.3.2.1 - Há compressão no revestimento

10.3.2.2 - Não há variação significativa das tensões térmicas de compressão em função da espessura ou do traço das argamassas

10.3.3 - E, para ambos os sistemas, ver itens 10.3.1 e 10.3.2

10.3.3.1 — As tensões térmicas de compressão são notadamente inferiores àquelas devido à retração das argamassas

10.3.3.2 - As tensões térmicas de compressão independem do método de assentamento, seja ele o convencional ou direto com uso de argamassa colante

Page 94: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

10.3.3.3 - As juntas entre as peças do revestimento cerâmico, ou outros revestimentos rígidos, mais as juntas dividindo o revestimento em painéis e mais as juntas entre o revest imento e outros acabamentos ou sal iências, são imprescindíveis para a estabilidade do revestimento. Com elas, consegue se limitar as tensões térmicas, ou de outras origens, a uma só placa do revestimento. E esta, dada a sua rigidez, jamais sofrerá flambagem.

B i b l i o g r a f i a

(,> Weidlinger, P. - "Tensões de temperatura em edifícios altos de concreto" - Civil Engineering -ago./64 - tradução do Eng. Romeu Caiafa - Revista "Engenharia" n° 261 - mar./1935 - Biblioteca do Instituto de Engenharia de SR

w Fiorito. A. J. S. I. - Revista •"Construção" n9* 1.952 e 1.956 - Ed. Pini - 1985.

Page 95: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 11 Dilatação higroscópica dos

revestimentos cerâmicos

1 1 . 1 - C o n c e i t o s

No Capítulo 9, item 9.6, relatamos um ensaio realizado por Baucran e Aveline para pesquisar as tensões nos revestimentos cerâmicos devido à retração da argamassa. Por ocasião da imersão em água dos azulejos utilizados, durante seis horas, observou-se um inchamento de 0,00004 ou 0,04 %o.

Tal inchamento prosseguiu nos dias que se seguiram ao assentamento. A retração da argamassa foi compensando gradativamente até anular esta expansão imediata originada pela imersão em água fria. O valor máximo atingido pela tensão de tração, conforme o gráfico da Fig. 22, foi de cerca 5 kgf/cm2.

Esse inchamento que ocorre quando os revestimentos cerâmicos entram em contato com o meio ambiente logo após a saída do forno, e que prosseguem após terem sido assentados dá origem a tensões no revestimento que podem ser de importância para a estabilidade do mesmo quando em serviço.

Entre os ceramistas, tal comportamento é conhecido como "moisture expansion", dilatação higroscópica ou expansão por umidade (EPU).

A Fig. 30 ilustra o efeito da expansão provocando o gretamento do esmalte de uma louça de mesa após alguns anos de uso.

Fig. 30

Inicialmente, o esmalte está sob ligeira compressão. O inchamento do corpo cerâmico introduz gradativamente tensões de tração no esmalte compensando as ce compressão. A partir do instante em que as tensões se anulam pode se iniciar o gretamento.

A causa desta expansão é atribuída à reidratação dos minerais argilosos que compõem o corpo cerâmico. A ordem de grandeza dessa deformação é de 0,0003 a 0,0007 mm/mm após dois anos de exposição ao ar. Os valores poderão ser

Page 96: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

bem maiores ou até bem menores, ou mesmo nulos para corpos cerâmicos de absorção de água próximo a zero.

Segundo L. Contoli (1) "o defeito de gretamento do esmalte é quase certo quando a expansão do corpo cerâmico submetido a tratamento em autoclava em vapor de água por cinco horas e a 3,5 atmosferas supera o valor 0,0006 mm/mm".

Entre nós, há a tendência de adotar este valor como valor máximo para a expansão por umidade em revestimentos.

Quer nos parecer que o autor citado referiu-se a um valor limite o qual atingido, ou ultrapassado ocasionará o gretamento. Ao fazer tal afirmação não foi levada em conta a possibilidade da peça já estar assentada.

Como veremos no item 11.3.2 deste capítulo, parece-nos que o valor 0,0006 mm/mm é alto demais se considerarmos que, uma vez admitido, estaremos no limite da resistência ao cisalhamento da interface peça/argamassa e da própria argamassa.

A título ilustrativo, nas Figs. 31 e 32, são apresentados gráficos da expansão por umidade reproduzidos do trabalho de autoria de J. S. Hosking (2) para diversos produtos cerâmicos e a correlação com a temperatura de queima.

0.10

0.05

FIREBRICKS MAWMUM MEAN MNMUM

REFRACTORY BODY

UME (YEARS)

Fig. 31 - Dilatação higroscópica de materiais cerâmicos [J. S. Hosking (2)]

Page 97: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

600 800 1000 1200 700 900 1100 1300

TEMPERATURE

Fig. 6 - Variation of moisture expansion (mean for samples in the laboratory and out of doors) with temperature of firing for the seven bodies examined

Fig. 32 - Variação da dilatação higroscópica com a temperatura de queima [J. S. Hosking (2)]

Como dissemos, esta expansão se inicia assim que as peças entram em contato com o meio ambiente à saída do forno. Assim sendo, quando da instalação do revestimento, uma pequena parte dessa expansão (avalia-se no máximo em 10% de seu valor final) já ocorreu. O remanescente ocorrerá com o revestimento já assentado (Fig. 33).

Expansão

Fig. 33 (sem escala) Tempo

Page 98: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

O aumento de dimensões das peças cerâmicas, qualquer que seja seu valor, implica compressão gradativa e indesejável no revestimento, pois a argamassa fixação e o substrato tendem a impedir a expansão. O problema se agrava quando as peças cerâmicas são erroneamente assentadas sem juntas (juntas secas) encostadas umas às outras por meio do artifício, não-recomendado, de espaçadores agregados à própria peça cerâmica com a intenção de que isso possa facilitar o assentamento. Outros tipos de espaçadores, quando avulsos, devem estar dimensionados, de modo a terem uma deformação que não transmita tensões de uma peça cerâmica para outra.

Quando tratamos das tensões devidas à retração da argamassa e às tensões de temperatura, sugerimos uma série de procedimentos no sentido de minimizar as tensões que sempre atuam em qualquer tipo de revestimento.

Para prevenir o efeito da expansão por umidade, mais uma vez concluímos que um dos procedimentos básicos, quer para o método convencional, quer para o método de colagem com argamassa colante, é o estabelecimento de juntas ao redor de cada peça, com o fim de limitar as tensões a uma só peça e eliminar o risco de flambagem de todo o conjunto.

Revendo conceitos, considere uma barra de material cerâmico de secção "S" e comprimento inicial "d" que sofre um aumento "Ad", devido à sua expansão por umidade "Ô" (Fig. 34).

— O ©

Fig. 34

Ad = 8 . d

Caso o valor máximo de "6" a ser adotado for:

Ô = 0,0006 mm/ mm

A força axial para impedir o deslocamento Ad será:

d ou

N = - E.S.Ò

e a barra estará sujeita a uma compressão dada por:

a = - E . 6

Page 99: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Para um material cerâmico de módulo de elasticidade:

E = 300.000 kgf/cm2

A tensão de compressão que impede a expansão será:

a = 180 kgf/cm2

ou, de outra parte, utilizando para o assentamento um material extremamente plástico a tal ponto que a peça cerâmica teria livre expansão, o material utilizado no rejuntamento estaria sujeito à compressão de:

a = 180 kgf/cm2

Na realidade, a tensão no rejuntamento deverá ser calculada a partir das tensões determinadas conforme a teoria do item 11.2 a seguir.

1 1 2 - R e v e s t i m e n t o , c a m a d a d e a r g a m a s s a e s u p o r t e d e c o n c r e t o in ter l igados

Considere-se uma extensão "d" de um revestimento, que pode ser uma fração de peça, a peça inteira ou diversas peças consecutivas (Fig. 35).

Devido à dilatação higroscópica do material cerâmico haveria um deslocamento total AL1f caso fosse permitida sua livre e total expansão por umidade (Fig. 35B).

Havendo solidariedade das três camadas (Fig. 35C) o equilíbrio final é alcançado pela introdução das forças NL (de compressão) no revestimento: NA e N c (de tração) na argamassa e no concreto, considerados endurecidos, tais que:

a) equilíbrio das forças internas:

N l + N a + N C = 0 (1)

® Revestimento Arpamassa

Rovosflmonro

<s> A-QO^VOMO

Ali

AA A C T

Revestimento ' ÁrgcrriOJJa

.-.,• ala »« • o vá ••-• • a fia . • •

ALO

e

Fig. 35

A

Page 100: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

b) igualdade de deslocamentos:

AL, + AL2 = A^ (2)

AL, + AL2 = A c (3)

onde

AL, = 8d

A ELSL

AA NAd

EASA

a c = M ^ s L EC SC

(4)

(5)

(6)

(7)

A partir destes valores e condições chega-se às forças e respectivas tensões que atuam nas três camadas consideradas solidárias.

Substituindo (4) (5) e (6) em (2), obteremos: NA

"a = S , ^ 0 + 8) EASA E,SL

sendo (1 + 8) = 1

N a = ^ N l + E a S a 8 ( I ) ELSL

Substituindo (4) (5) e (7) em (3), obteremos: Nc

Page 101: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

NC S , NL (1 + 8)

ELSL Ec Sc

sendo (1 + ô) = 1

N c = ^ . N l + E c S c 5(11) E1. S,

Colocando (I) e (II) na equação (1) de equilíbrio das forças internas, teremos:

NL + EASA.NL

L E T S L

+ EASA 8 + EC SC. NL L E L S L

+ ECSC 8 = 0

NL = - ElSl 8. EA SA + Ec Sc Ei. SL + EA SA + Ec Sc

sendo: K = E*Sa+Ecsc El Sl + EaSa + Ec Sc

NL = -K.EL.SL.Ò (MD

sendo k sempre positivo e menor do que 1:

e (E l . S L . õ) sempre positivo,

N l será sempre negativa ou de compressão no revestimento devido à sua própria expansão por umidade.

Colocando (III) em (I), obteremos:

NA = E A . S A . ô . ( 1 - k )

sendo k sempre positivo e menor do que 1, NA será sempre positiva e de tração na argamassa.

Page 102: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Colocando (III) em (II), obteremos:

N c = E c . S c . ô . ( 1 - k )

sempre positiva ou de tração no suporte (laje ou alvenaria)

Em resumo, concluímos que a dilatação higroscópica; ou expansão por umidade; ou, ainda, "moisture expansion" dos revestimentos cerâmicos resulta sempre em:

- compressão no revestimento; - tração na argamassa; - tração no suporte (laje ou alvenaria).

Os valores das tensões para largura unitária serão:

NL A = -K.E,.8

N. a , = £ , . 5 . ( 1 - K)

NC CTc= C o c = £ c . ô . ( l - K)

onde "eL", "eA" e "ec" são as espessuras das camadas de revestimento, argamassa e concreto.

11.3 - Análises e conclusões

11.3.1 - A l g u n s v a l o r e s p r á t i c o s

Sejam:

- para concreto:

Ec = 210.000 kgf/cm2

ec = 7 cm

- para o revestimento cerâmico:

E l = 300.000 kgf/cm2

eL = 0,7 cm

= 0,0006 mm/mm

Page 103: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- para a argamassa:

eA = 2,5 cm

Calculando as forças internas para largura unitária e as tensões co-respondentes para três tipos de argamassa com módulos de elasticidade bem distintos, obtiveram-se os valores do quadro a seguir.

Quadro 14

Na Nc Kgf/cm2 Kgf Kgf/cm2

140.000 -112,96 21,72 91,24 -161,37 8,69 13,03 50.000 -111,34 8,73 102,61 -159,06 3,49 14,66 10.500 -110,49 1,94 108,55 -157,84 0,78 15,51

Obs.: os valores acima são para S = 0,0006 mm/mm e são diretamente p'oporcionais ao valor deste inchamento.

11 .3 .2 - C o r r e l a ç ã o c o m o c i s a l h a m e n t o

Note-se que a argamassa de assentamento funciona como um freio que tende a impedir a expansão por umidade.

Consequentemente, a argamassa de assentamento está sujeita a elevadas tensões de cisalhamento que poderão superar a resistência ao cisalhamento da argamassa, o que ocasionaria o seu rompimento interno.

A título ilustrativo se considerarmos a tensão:

oL = 157,84 kgf/cm2

atuando em uma peça com dimensões 10 x 10 x 0,7 cm (Fig. 36).

/ T " Fig. 36

Em sua seção atuará uma força F = o . S

F = 157,84 x 10 x 0,7 = 1.104,88 kgf

Page 104: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A tensão de cisalhamento na interface de aderência será simplificadamente:

F 1104,88 2 T = — = — = 11,04 kgf / cm A 100 ^

que é praticamente o valor da ruptura ao cisalhamento da ligação da placa cerâmica à argamassa.

Para um coeficiente de segurança igual a 2 e para a peça 10 x 10 x 0,7 cm considerada, a expansão por unidade de largura teria que ser, no máximo, a metade da utilizada no cálculo, ou seja:

Ô = 0,0003 mm / mm

11.3.3. - Argamassas elásticas e juntas de assentamento

Caso fixássemos um revestimento com um material rígido como uma resina epóxi, estaríamos inibindo praticamente toda a expansão do revestimento, o qual não sofreria gretamento mas estaria sujeito a tensões de compressão notáveis que poderiam trincar o esmalte (Fig. 37).

l l i l l l l i u

T T T T T T T T T T T

Fig. 37

O advento de argamassas elásticas, para o assentamento de revestimentos, além de compensar as movimentações usuais da estrutura suporte, permitiria a expansão parcial das peças.

Temos mais uma vez que chamar a atenção sobre as juntas de assentamento (juntas entre as peças), as quais, sob o ponto de vista da expansão por umidade, tornam-se mais do que indispensáveis.

A náo-existéncia de juntas, ou o uso de espaçadores cerâmicos incorporado às próprias peças, ou espaçadores avulsos mais rígidos, associados à expansão por umidade do revestimento, causará fatalmente a flambagem e destruição do revestimento.

11.3.4 - Material de enchimento e dimensionamento das juntas

O uso de argamassas de assentamento extremamente plásticas nos remeteria Fig. 34 e aos cálculos ali apresentados.

Page 105: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Para uma expansão Ô = 0,0006 mm/mm, calculamos, na Tabela 4, os deslocamentos Ad em função do tamanho das peças cerâmicas, os quais teriam de ser absorvidos pelo material de rejuntamento. Para peças retangulares, utilizar a maior dimensão.

Tabela 4

d (mm) expansão = Largura da e E a do material A

6 . d = Aj (mm) junta (mm) " j " da junta - kgf/cm2

50 0,0300 2 0,015 12.000 100 0,0600 2 0,030 6.000 150 0,0900 2 0,045 4.000 200 0,1200 3 0,040 4.500 300 0,1800 4 0,045 4.000 400 0,2400 5 0,048 3.750 500 0,3000 8 0,0375 4.800

Vimos que ao se deformar (Fig. 34) a peça cerâmica comprimirá o material da junta com:

O = 180 kgf/cm2

Sendo

e

onde Aj é o valor da expansão (Tabela 4) e "j" é a largura da junta, podemos calcular o módulo de elasticidade do material da junta para ter um encurtamento igual à expansão da peça cerâmica.

Os valores para os módulos de elasticidade do material da junta foram calculados a partir das larguras admitidas para as juntas e se encontram na última coluna da Tabela 4. Note-se que os valores encontrados para o módulo de elasticidade são extremamente baixos e incompatíveis com os materiais de rejuntamento comumente utilizados e com bons resultados.

Este fato reforça a conclusão de que os revestimentos cerâmicos deverão ter a menor expansão por umidade possível, e que os materiais de assentamento deverão impedir, mesmo que parcialmente, tais expansões, de tal modo a termos materiais de rejuntamento passíveis de serem fabricados e utilizados. As juntas de movimentação ou dessolidarização aliviarão acúmulos de tensões.

Page 106: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

N o t a i m p o r t a n t e :

Os cálculos para as larguras das juntas e módulos de elasticidade mais próximos da realidade deverão ser feitos a partir da teoria exposta no item 11.2 e Fig. 35B com a utilização dos valores de AA ou AC.

Fica claro que se aumentarmos as larguras das juntas o módulo de elasticidade necessário aumenta de valor e será mais compatível com os rejuntes à base de cimento. Por outro lado, há outras movimentações a serem compensadas pelas juntas devido às demais causas das quais já falamos. Assim, juntas largas serão sinônimo de melhor estabilidade dos revestimentos.

No Apêndice I, página 173, apresentamos um exemplo de cálculo mais preciso, em função da expansão por umidade (EPU) das placas cerâmicas e de um gradiente térmico.

B i b l i o g r a f i a

Contoti. L. e Brusa, A. - "Evoluzione e sviluppo delia tecnologia di fabbricazione delle piastrelle per interni dalla bicottura alia monocottura rapida" - Lab. Pesquisas SACMI - Imola - Revista "Cerâmica Informazione" n° 303 - jun./91.

<*> Hosking, J. S. e Hueber, H. V. - "Moisture Expansion of Clay Products" - VII Congresso Internacional de Cerâmica • 1960 - Londres.

<3> Fiorito, A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 1960 - Ed. Pini 1985.

Page 107: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 12 Outras causas que originam

tensões e patologias

1 2 . 1 - C o n s i d e r a ç õ e s g e r a i s

Ao falar de revestimentos temos utilizado a expressão "estrutura do -evestimento". E, na realidade, qualquer que seja a natureza do revestimento final de uma parede ou de um piso devemos sempre considerá-lo ligado e como parte co conjunto de todas as camadas suportes.

É fácil concluir que todas as camadas de um revestimento têm deformações próprias quer devido à sua secagem, como ocorre com as argamassas e concreto, quer as devido a esforços externos. E não esquecendo que os materiais cerâmicos não são totalmente estáveis, uma vez que se expandem, em menor ou maior grau, em função da umidade natural do ambiente.

Havendo ligação indispensável entre todas as camadas, fatalmente as peças que constituem o revestimento final e superficial ficam submetidas a tensões.

Pode acontecer que, com o aumento progressivo de esforços, seja atingido um estado de tensão em que as peças do revestimento se rompem ou se desagregam ou, então, antes disso, ocorra a ruptura da ligação do revestimento com a camada suporte. Neste último caso, se instalará um processo de flambaçem ficando o revestimento irremediavelmente deteriorado.

O objetivo fundamental do construtor será o de reduzir o quanto possível o efeito das tensões que atuam sobre os revestimentos, procurando conhecer intimamente os materiais utilizados, seu comportamento, e adotando técnicas construtivas seguras e racionais.

1 2 . 2 - F a l h a s c o n s t r u t i v a s

Sobre as alvenarias ou lajes de concreto podem ocorrer: uma tração axial; uma compressão axial ou excêntrica; flexão; cisalhamento; e torção. Os revestimentos fixados sobre as alvenarias e lajes estarão consequentemente submetidos aos mesmos esforços. Não são raros os casos de fissuramentos, notadamente nas alvenarias, como conseqüência da existência de tais solicitações e assinalando uma falha construtiva, embora o carregamento da estrutura esteja dentro do limite admissível.

Sabemos, por exemplo, que sobre paredes que se encontram está apoiada uma laje, e que a contribuição da carga da laje sobre estas paredes dificilmente é a mesma. Então tais paredes suportam cargas diferentes e no seu encontro, haverá uma tensão de

Page 108: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

cisalhamento. A ausência da "amarração" convencional nos cantos ou nas intersecções, geralmente em paredes de blocos de concreto comuns ou leves, eliminando um vínculo necessário que distribuiria as tensões de compressão para as duas paredes, é a causa da origem de fissuras verticais. Estas se propagam para o revestimento final.

Também não são raros os casos de vergas com apoio insuficiente, concentrando cargas excessivas sobre a alvenaria. E são comuns as ausências de contravergas nos peitoris das janelas, causando fissuramentos (Fig. 38).

Verga curta

Fig. 38

Observamos, também, a existência de vigas suportes de alvenarias que fletiram além do previsto e, embora a estrutura permaneceu estável, transmitiram, para as alvenarias e estas ao revestimento, tensões indesejáveis que provocaram o descolamento do revestimento da fachada.

1 2 . 3 - T e n s õ e s d e c a r g a s a c i d e n t a i s e m p i s o s

Para os pisos, além das tensões originadas pela deformação lenta da estrutura de concreto, é interessante notar os efeitos da sobrecarga devido ao peso próprio da camada de revestimento e o das cargas acidentais sobre o revestimento. De fato, sobre uma laje atuam, como cargas permanentes, o peso próprio da laje, do contrapiso e do revestimento. Há de se considerar também as cargas acidentais, cujos valores são fixados pela NBR-6120 e que representam a carga de pessoas, móveis, veículos, máquinas etc que a estrutura deve sustentar.

Ao ser desformada, atua sobre a laje apenas seu peso próprio (Fig. 39A), sendo oc1 a tensão de compressão no concreto. Quando da execução do piso, é espalhada uma argamassa fresca sobre a laje, que constituirá o contrapiso, e com esse ainda fresco (método convencional de assentamento) e plástico, são colocadas as peças do revestimento.

Para um contrapiso de 3 cm de espessura, por exemplo, teremos uma carga de cerca 50 kg/m2 que, somada ao peso do revestimento, deverá alcançar 70 kg/m2.

Com esse carregamento permanente, o diagrama de tensões será o da Fig. 39B, sendo cC2 a nova tensão de compressão no concreto. O diagrama de tensões não se prolonga através do contrapiso, uma vez que a argamassa de que é constituído

Page 109: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Outras causas que originam tensões e patologias

este contrapiso está ainda fresca e plástica quando de sua aplicação, deformando-se sem transmitir tensões.

Uma vez endurecida a argamassa do contrapiso, entram em ação as cargas acidentais que, para edifícios, poderão variar desde 150 kg/m2 (sala, copa, cozinha, banheiro, dormitório) até 500 kg/m (salão de dança de clubes), conforme a NBR-6120.0 diagrama de tensões correspondente apenas à ação da carga acidental é o da Fig. 39 C.

A <Tci

Lajo^^,

i i i i

Revestimento

Argamassa fresca

Revestimento

Argamassa endurecida

Revestimento

Argamassa endurecida

Fig. 39

E, aC3 Fig. 39 D será a tensão de compressão final que atuará sobre o revestimento e a_. a t ensão no concreto. C4

As tensões nos revestimentos originadas pela retração das argamassas, tensões de temperatura e da expansão por umidade do revestimento cerâmico já foram consideradas nos capítulos anteriores.

B i b l i o g r a f i a

(1) Fiorito, A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 1.960 - Ed. Pini - 1985.

Page 110: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 111: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 13 Cimento Portland como adesivo

no Método Convencional

1 3 . 1 - U t i l i z a ç ã o n o s a s s e n t a m e n t o s

No assentamento de revestimentos pelo método convencional, são utilizadas argamassas ainda frescas e niveladas e, sobre elas, uma pasta de cimento para a fixação das peças.

Resumidamente, são as seguintes as etapas dos processos corretos de assentamento:

13.1 .1 - R e v e s t i m e n t o s e m p a r e d e s (1)

Etapas:

- Chapisco sobre a alvenaria com argamassa 1:3 de cimento e areia. Aguardar até atingir resistência mecânica.

- Preparar argamassa 1:0, 5:5 até 1:1:7 de cimento, cal hidratada e areia úmida.

- Umedecer levemente o chapisco.

- A argamassa preparada deve ser aplicada semelhante ao emboço, sarrafeada e desempenada.

- Preparar pasta de cimento e, com auxílio de uma desempenadeira de aço lisa ou colher, espalhá-la sobre o emboço fresco, procurando dar uma espessura uni-forme de cerca de 1 mm.

- Após imersão em água colocar as peças cerâmicas úmidas, mas rão saturadas, sobre a pasta de cimento.

- Bater o maior número de vezes e posicionar as peças.

- Após 72 horas, no mínimo, rejuntar.

Nota importante:

É errado o processo de assentamento colocando a argamassa diretamente no tardoz e assentando as peças uma a uma. Duas são as falhas decorrentes desse procedimento:

Page 112: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a - haverá vazios atrás das peças, nos quatro cantos;

b - considerando que a peça fica apenas fixada onde houver pasta de cimento e cal, e sem aderência onde há grãos de areia, a área da superfície de fixação fica bastante reduzida, dada a proporção de areia na mistura.

13.1 .2 - R e v e s t i m e n t o s e m p i s o s (2)

Etapas:

- Limpar a superfície da laje.

- Umedecer a superfície da laje ou lastro de concreto e aplicar cimento em pó formando uma camada de aderência da argamassa à laje. Este vínculo reduzirá o efeito da retração da argamassa sobre os revestimentos.

- Preparar argamassa 1:6 de cimento e areia úmida.

- Estender a argamassa sobre a laje e apertá-la firmemente com colher; sarrafear e desempenar convenientemente.

- Sobre esta argamassa fresca polvilhar pó de cimento de modo uniforme, deixando-o cair entre os dedos e próximo à superfície da argamassa.

O cimento será hidratado pela água da argamassa. Usar colher de pedreiro para ajudar a formar uma camada de pasta que deverá ter espessura de 1 mm:

- Após imersão em água, colocar as peças cerâmicas úmidas, mas não saturadas, sobre a pasta de cimento.

- Bater o maior número de vezes, posicionando as peças.

- Após 72 horas, no mínimo, rejuntar.

1 3 . 1 . 3 - P a s t i l h a s (3)

Etapas:

- Alvenaria chapiscada e emboçada. O emboço é feito com antecedência, estando seco e curado por ocasião do assentamento.

- Preparar massa fina 1:3:9 de cimento, cal em pasta e areia fina (4).

- Umedecer o emboço e aplicar a massa fina com 5 mm de espessura como se faz com o reboco.

- Preparar pasta de cimento branco e aplicá-la no tardoz no pano de pastilhas. Esta é a camada de fixação do revestimento.

Page 113: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- Aplicar a placa sobre a camada de massa fina ainda fresca e pressionar com a palma da mão.

- Rebater com auxílio de batedor e martelo.

- Completar o rejuntamento.

1 3 . 2 - A p a s t a d e c i m e n t o

Como se nota, em todos os procedimentos do método convencional, a pasta de cimento é a camada de aderência, e é ela que garante uma ligação perfeita entre o revestimento e o substrato.

Considera-se pasta de cimento a mistura de cimento e água com teor de água de 30% em relação ao peso de cimento.

Ensaios que fizemos para medir a aderência de peças cerâmicas à pasta de cimento Portland levaram a valores da ordem de 5 kgf/cm2, ou 0,5 MPa, em corpos-de-prova com dimensões de 7,5 por 15 cm (112,5 cm2), e velocidade de aplicação da carga de 20 kgf/s.

Lobo Carneiro (5) aferiu a resistência à tração de emendas em peças de concreto correlacionando-a em porcentagem com a resistência à tração do mesmo concreto quando executado sem emendas e com idade de 28 dias, encontrando:

a - Concretagem interrompida por 24 horas. Superfície do concreto picotada, lavada e salpicada com cimento em pó: 65%.

b - Concretagem interrompida por 24 horas. Superfície do concreto já endurecida picotada e lavada, sem cimento em pó: 45%.

c - Concretagem interrompida por cerca de um mês. Superfície de concreto velho picotada, lavada e salpicada com cimento em pó: 50%.

d - Concretagem interrompida por cerca de um mês. Superfície do concreto velho não preparada: 1%.

Pelos resultados obtidos, é fácil notar a importância da pasta de cimento Portland mesmo quanto à tração simples.

Para o concreto, a relação entre a resistência à tração simples e à tração na flexão é da ordem de 0,5. E, entre a resistência à tração na flexão e a resistência à compressão, existe uma relação que é da ordem de 0,2. Assim, a relação entre a resistência à tração simples e à compressão, para os concretos é da ordem de 1/10 ou 10% da resistência à compressão (5) e (6).

Page 114: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

13.2.1 - A d e r ê n c i a d a pas ta d e c i m e n t o à c e r â m i c a

Dissemos que as peças cerâmicas devem estar úmidas, mas não saturadas, pois deverão ter ainda poder de sucção quando colocadas sobre a pasta de cimento, de modo a formar ancoragens mecânicas na interface peça/pasta.

Esta interface já foi objeto de pesquisa, não tendo sido constatada camada resultante de reações químicas entre o material cerâmico e a pasta de cimento e, portanto, não há ligações de caráter químico e influência destas na aderência peça/pasta (7).

1 3 . 3 - R e l a ç ã o á g u a / c i m e n t o

Sabe-se que a resistência da pasta de cimento está intimamente ligada à relação água/cimento e varia conforme o gráfico da Fig. 40, por analogia ao estudo de concretos.

Fig. 40

No assentamento pelo método convencional, a formação da pasta está sujeita aos seguintes riscos:

- argamassa muito úmida e placas cerâmicas excessivamente molhadas: a relação água/cimento é elevada, e a resistência é baixa;

- argamassa secando, em razão de ter sido estendida em grande área, e placas cerâmicas colocadas sem imersão prévia em água: relação água/cimento baixa e resistência baixa;

- argamassa secando e placas cerâmicas muito molhadas. A relação água/cimento poderá até ficar correta, mas o assentador usa mais água para facilitara operação de "bater" para nivelar as peças. A relação água/cimento aumentará, e a resistência será baixa;

- outras possibilidades com relação água/cimento baixa ou tendendo a crescer devido à falha de procedimento.

Page 115: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 3 . 4 - P e s q u i s a

A espessura da pasta de cimento no método convencional e a quantidade de impactos sobre cada peça foram investigadas por Balinkin, Hugh e Scholz (8), que chegaram aos valores da aderência do gráfico da Fig. 41 a partir de corpos-de-prova construídos, resumidamente, com os seguintes materiais e técnicas de execução:

- Placas cerâmicas 5 x 5 x 0,6 cm. Absorção variando de 0,5% a 2%, embora nada de notável foi encontrado quanto à absorção. As placas cerâmicas não foram imersas em água.

- Foram ensaiadas quatro placas cerâmicas para cada variável (Fig. 42, peças A-B-C-D).

- Cimento Portland comum para argamassa e pasta.

- Areia - Diâmetro máximo 1,2 mm e módulo de finura 2,5 (areia fina).

- Argamassa de assentamento de cimento e areia 1:3 em volume (rica) compactada manualmente dentro de forma 10 x 10 cm x 3.8 cm, formando um bloco sobre o qual foram assentadas as peças A-B-C-D, com uma aresta salien:e em relação ao bloco de argamassa (Fig. 42)

- Relação água/cimento igual a 0,56.

- Espessura da argamassa 1 1/2 in. ou 3,8 cm (demasiada - ver Capítulo 9).

- Pasta de cimento: camada de pó variando de zero a 1/8 in., ou seja, de zero a 3,2 mm. A hidratação se deu exclusivamente com a água da argamassa.

• Espessura da pasta de cimento mm

Fig. 41 - Variação da resistência ao cisalhamento com a espessura da pasta de cimento em mm

Page 116: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- Impactos com quantidades variando de 2-4-8-16-32-64, fazendo cair uma massa de 200 g de uma altura constante, simultaneamente, sobre o centro das quatro peças de cada corpo-de-prova (Fig. 42).

Fig. 42

- Cura dos corpos-de-prova: três dias a 100% de ÜR; dois dias a 50% de UR; e dois dias a 32% de UR. Temperatura variando entre 18 e 24ÇC.

- Mediu-se: ruptura ao cisalhamento simples, aos sete dias de idade, aplicando carga com velocidade de 1 kgf/cm2/s, sobre cada uma das quatro peças (Fig. 42).

Os autores chamam atenção sobre o significado da aderência obtida pelo ensaio, lembrando que em uma estrutura mecânica, tal qual a acima descrita, os componentes ligados são as peças, pasta de cimento e argamassa. Eles estão ligados por forças químicas de atração molecular e por ancoragem mecânica. Máxima adesão peça/pasta terá lugar quando a superfície de contato é total e quando não há tensões residuais. No ensaio, nenhuma destas condições é possível obter. O contato é parcial devido à hidratação incompleta do cimento e à presença de bolhas de ar.

Outros fatores como a desigualdade de absorção das peças, temperatura, umidade relativa e retração induzem a tensões residuais talvez suficientes para romper parcialmente a ligação, ou atuarem quando da aplicação da carga externa durante o ensaio. Portanto, o que chamamos de aderência medida no ensaio é efetivamente o diferencial entre a aderência efetiva e aquela devida às solicitações internas.

As principais conclusões de tal ensaio são:

- A aderência aumenta com o número de impactos.

- A espessura ideal da pasta de cimento é aquela compreendida entre 0,8 mm e 1,6 mm. Nessa faixa, ocorrem os maiores valores.

Page 117: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- Espessuras da pasta de cimento maiores do que 1,6 mm carecem de água suficiente para a hidratação adequada. Acrescentamos que, casc a hidratação for forçada com adição de mais água, há início de influência da retração da pasta sobre o revestimento.

- Para espessura zero de pasta e até 0,4 mm, o máximo de aderência é obtido com cerca de 20 impactos. Note que tal quantidade de impactos deverá trazer para a interface peça/argamassa a própria pasta de cimento da argamassa. A aderência é parcial devido à presença de grande quantidade de grãos de areia em contato com as peças.

- O aumento da aderência com a quantidade de impactos é devido a:

- Melhor umedecimento do pó de cimento, ou seja, melhor hidratação e eliminação de bolhas de ar (vazios e falta de contato).

- Melhor intimidade na mistura cimento/água.

- Melhor penetração da pasta nos poros abertos das placas cerâmicas, aumentando a ancoragem.

- Compactação da argamassa de assentamento com conseqüente redução da retração e diminuição das forças internas que irão comprimir o revastimento.

1 3 . 5 - C o n c l u s õ e s

Do quanto analisado, resultam as seguintes recomendações no assentamento pelo método convencional:

- Ao polvilhar o pó de cimento procurar uniformidade em sua distribuição.

- Auxiliar a formação da pasta com uma colher de pedreiro, eliminando possíveis bolhas de ar que possam reduzir a superfície de contato entre a pasta de cimento e a peça.

- A espessura da pasta deve ser da ordem de 1 mm (ou 1,5 kg de pó/m2).

- Evitar o excesso ou falta de água. É a pasta de cimento que proporciona maior aderência e não a nata de cimento ou pó mal hidratado.

- É imprescindível bater todas as peças o maior número de vezes possível.

A tarefa de "bater" não é apenas necessária para nivelar, mas sim para criar melhores condições de aderência.

Page 118: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

B i b l i o g r a f i a

(,> Fiorito. A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 2.002 - jun./86 - Ed. Pini.

<*> Fiorito. A. J. S. I. • Revista "Construção" n° 2.018 - out./86 • Ed. Pini.

<3> Fiorito. A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 2.026 - dez./86 - Ed. Pini.

<4' "Treinamento do oficial pastilheiro" - Cncarte do "Anuário Produtos e Técnicas" 1902/1903 - Cd. Tini.

<5> Lobo B. Carneiro. F. L. - "Dosagem de Concretos" - INT - 1943.

<fl> Telêmaco van Langendonck - "Cálculo de Concreto Armado" - Vol. 1 - ABCP- 1944.

<7> Provost. G. et Farges. P. - "Ladhérence de carreaux de gres Céramique et de faiance" - Revista "L'lndustrie Céramique" - Société Française de Céramique - jui l let/out./1966 - n° 587.

(8> Balinkin. Isay; McHugh. J. N. and Scholz. J. A. - "Bond Strenght of Ceramic Mosaic Tile" - University of Cincinatt i - The Amer ican Ceramic Society Bullettin march/1956.

<B> Fiorito. A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 1966 - out. /1985 - Ed. Pini.

Page 119: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 14 Eflorescência: uma patologia

que pode ser prevenida

1 4 . 1 - A s p e c t o s g e r a i s

Certamente, todos os leitores já devem ter observado, em alguna ocasião, a superfície externa dos vasos de barro das plantas que ornamentam residências ou escritórios e notado formações esbranquiçadas. Alguns outros já se detiveram na observação do aspecto, também esbranquiçado, da superfície inferior das telhas de barro nos alpendres e varandas em telha-vã.

Outros, já devem ter visto o mesmo aspecto esbranquiçado nas telhas de barro ao percorrerem os forros, durante inspeção da estrutura de madeira das coberturas ou na inspeção de caixas d'água. Nas fachadas de edifícios, notam-se, vez por outra, escorrimentos enegrecidos pelo ar poluído, sempre ao longo das juntas das placas de mármore ou granito.

Até o ano de 1970, as placas cerâmicas não eram esmaltadas como as atuais. Era muito comum o uso de ladrilhos nas cores vermelha, preta, amarela ou areia. Em algumas ocasiões, tais pisos apresentavam manchas esbranquiçadas ou, às vezes, manchas escuras que denunciavam claramente a presença de umidade excessiva.

O início do uso de revestimentos cerâmicos esmaltados para pisos, entre nós, remonta aos anos de 1970, quando os conceitos de permeabilidade e absorção dos materiais cerâmicos para pisos, se já não eram bem-entendidos, acabaram ficando mais confusos para alguns consumidores.

Naquela época, quando examinávamos pisos com manchas esbranquiçadas ou escuras, já de antemão sabíamos que havia ali uma falha construtiva intimamente ligada a uma impermeabilização inadequada ou inexistente.

A constatação era feita através de uma pequena sondagem onde eram retiradas e levadas ao laboratório amostras de revestimento cerâmico, argamassa de assentamento, lastro de concreto e solo. Todas as amostras se apresentavam invariavelmente saturadas de água.

Havia certo inconformismo do consumidor que alegava saber se o revestimento cerâmico um material impermeável. Só então se dava conta de que tal propriedade dos revestimentos cerâmicos respondia plenamente, apenas, às condições de manutenção e higiene dos ambientes onde estavam instalados, ou seja, receber água e detergentes para limpeza de sua superfície, impedindo a penetração de

Page 120: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

água suja nas camadas inferiores e a conseqüente instalação de condições propícias à proliferação de bactérias.

O revestimento cerâmico não tem a finalidade de impedir a movimentação de água no sentido inverso, ou seja, do solo para a superfície, mesmo porque ele está instalado na última camada a ser atingida nessa direção. Para tanto, há métodos e materiais apropriados que constituem barreiras à nefasta ação da água, não só sobre os materiais que revestem paredes e pisos, tais como rebocos, pinturas, revest imentos cerâmicos, tacos, assoalhos, carpetes, mas, principalmente, sobre as condições de salubridade das habitações, cuja finalidade primordial é abrigar o homem.

Como dissemos, o uso de revestimentos cerâmicos esmaltados teve seu início em 1970, aproximadamente. Também para eles os defeitos de impermeabilização se manifestavam não como manchas esbranquiçadas ou escuras, mas por afloramentos de líquido viscoso através de furos extremamente pequenos do esmalte ou, então, ao longo das juntas e onde apresentavam trincas ou falhas de preenchimento.

Se, no início de seu uso havia ocorrências desse tipo, hoje em dia parece ter diminuído sensivelmente, o que mostra melhor conhecimento do problema pelos construtores, maior e melhor divulgação do uso de impermeabilizantes e efeitos da mudança gradativa no método de assentamento, que do convencional, com uso abundante de água, passou para o método de colagem, com peças cerâmicas e contrapisos secos.

Para identificar o fenômeno do aparecimento de manchas esbranquiçadas e afloramentos descritos, adotou-se o termo "eflorescência" entre os ceramistas.

1 4 . 2 - C o m o s e f o r m a a e f l o r e s c ê n c i a

Ficou claramente demonstrado que o quadro patológico da eflorescência tem como elemento determinante a presença e a ação dissolvente da água. Não é exagero afirmar que sem água não haverá eflorescência.

Apenas para rever conceitos, lembramos que concreto, argamassa e material cerâmico são pseudossólidos. Isto quer dizer que, no interior destes materiais, encontramos cavidades, vazios, bolhas, poros abertos e fechados, bem como uma rede de canais de reduzidas e variadas dimensões.

A origem de tais espaços vazios é, em parte, devido à água usada no preparo para comunicar à massa uma trabalhabilidade desejável, além da água necessária às reações de hidratação no caso da argamassa e concreto.

A operação de misturar e amassar também é responsável pela inclusão de ar e conseqüente aparecimento de espaços vazios.

Um fluxo de quantidade apreciável de água pode ocorrer no interior destes materiais ou por capilaridade ou por pressão. No primeiro caso, estamos diante da propriedade definida por "absorção" e, no segundo, de "permeabilidade".

Page 121: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

No caso de revestimentos cerâmicos assentados em situações em que não se tomaram medidas preventivas quanto à impermeabilização pede ocorrer a passagem de água provocada pela absorção ou facilitada por uma maior permeabilidade, ou pela soma dos dois fatores.

Tal fluxo de água poderá introduzir substâncias agressivas do solo ra rede capilar do concreto e argamassa, ou dissolver e transportar certos sais solúveis que podem estar presentes no concreto, na argamassa e no material cerâmico.

Trazidos à superfície, tais sais podem se apresentar corro depósitos esbranquiçados nos poros abertos mais superficiais e na superfície do revestimento, caso as condições ambientais proporcionarem excelente evaporação.

Caso o fluxo tenha vazão superior à capacidade de evaporação, notar-se-ão bolsas de solução concentrada de sais que apresentarão alta viscosidade. Este é o caso notado em revestimentos esmaltados.

Entretanto, fica claro que absorção e impermeabilidade, em maior ou menor grau, são características intrínsecas dos materiais utilizados na estruturação dos pisos e revestimentos em geral. O mesmo ocorre em relação ao fato de esses materiais possivelmente conterem substâncias solúveis em água. Inadmissível será permitir movimentação de água através deles. Esta, sim, será uma falha construtiva.

1 4 . 3 - U m i d a d e : d e o n d e v e m e c o m o e v i t á - l a

A luta contra a umidade sempre esteve presente nos livros de construções civis. Os capítulos sobre terraplenos dos pavimentos térreos, pisos, alvenarias, materiais hidrófugos, ventilação dos ambientes, entre outros, descrevem com predsão as causas e efeitos nocivos da umidade sobre os materiais e o homem, e como evitá-los.

Alguns pontos não bem cuidados nas obras nos chamaram a atenção ao longo de nossa vida profissional. A eles reportar-nos-emos concisamente.

14.3 .1 - N a t u r e z a d o s o l o

Nos pisos apoiados sobre o terreno, há interesse em preparar o terrapleno para evitar a umidade natural do solo. Uma boa prática será proporcionar excelente permeabilidade para esta camada de solo logo abaixo do lastro de concreto.

A água não subirá por capilaridade. Isso pode ser conseguido com a retirada de camada superficial do solo pouco permeável e reaterro com o mesmo solo bem misturado com areia ou entulho da própria obra.

A execução de pisos sobre terrenos argilosos ou humíferos, que retenham energicamente a água, deve ser evitada. Para conter o fluxo de umidade, pode-se utilizar mantas impermeáveis. O uso de drenos é um caso extremo de lençol freático aflorado ou a pouca profundidade.

Page 122: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

14.3 .2 - Las t ro d e c o n c r e t o

Sobre o terrapleno preparado como acima descrito é comum colocar-se uma pequena camada de pedra britada, e sobre ela executa-se um lastro de concreto. Há certa confusão conceituai sobre este concreto, ou seja, confunde-se concreto simples com concreto magro.

Este último é indesejável dada sua alta proporção de agregados. É difícil de ser moldado, lançado e compactado. Apresenta sempre falhas e ninhos.

Não é apropriado para pisos sobre terraplenos. O correto é usar um concreto simples, bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água dada sua impermeabilidade.

14.3 .3 - C o n t r a p i s o

É constituído de argamassa de cimento e areia com impermeabilizante, ou cimento, cal e areia. É uma camada niveladora, cuja função é tirar as imperfeições da superfície do concreto simples no pavimento térreo, ou laje do concreto armado nos pisos superiores. Sua espessura varia de obra para obra.

Será mais espesso, se a superfície do concreto tiver sido mal acabada, ou se forem projetadas canalizações para tomadas elétricas ou de telefones, para piso.

Dependendo do método de assentamento adotado, se convencional ou colado com argamassa colante, o contrapiso poderá ser ou não fonte de água causadora de eflorescência. Senão, vejamos:

- Em laboratório, proporcionamos o traço 1:1/2:5 em volumes de cimento, cal hidratada e areia média com 3% de umidade. Adicionamos água para boa trabalhabilidade, de modo a ter o índice de consistência de 135 mm.

- O rendimento foi obtido, espalhando e adensando a argamassa tal como é na obra. Para 40 litros de argamassa aplicada foram medidos 9,32 litros de água total, sendo a água de amassamento mais a água do agregado. Portanto, caso o contrapiso tenha 4 cm de espessura, haverá 9,32 litros de água disponível em cada metro quadrado.

Se o processo de colocação for o "convencional", teremos que considerar a água absorvida pelo corpo cerâmico, na fase de imersão, antes do assentamento.

- Para efeito de raciocínio, podemos tomar os valores de 20 kg/m2 como massa do material cerâmico seco, e 5% para sua absorção de água. Resulta que levaremos para o piso mais um litro de água por metro quadrado. Assim, estão em jogo cerca de dez litros de água por metro quadrado de piso, caso o assentamento seja o "convencional".

Page 123: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Claro que parte desta água será destinada às reações de hidratação. Para tanto, mediu-se a perda de água por secagem da argamassa em corpos-de-prova com 175 ml e 340 g de argamassa fresca, contendo 41 g de água total.

- Houve uma perda de 10% do peso após 30 dias de cura ao ar. Isto significa que, dos 41 g de água, 34 g evaporaram e 7 g se destinaram às reações de hidratação.

Para as quantidades que vínhamos descrevendo, cerca de um litro de água foi destinado às reações de hidratação, restando nove litros por metro quadrado de piso que serão passados, por evaporação, para o meio ambiente.

- Daí se explica o aparecimento de eflorescências viscosas em -evestimentos esmaltados, mesmo quando assentados, há pouco tempo sobre lajes de concreto em pavimentos elevados. É claro que as condições de umidade relativa do ar ambiente podem acelerar ou retardar a observação do fenômeno. Sendo essa a única causa, as eflorescências tendem a desaparecer com o tempo.

- Também fica explicado o porquê da não-constatação do fenômeno, quando os revestimentos cerâmicos são assentados secos sobre um contrapiso também seco com uso de argamassa colante. Eis um processo que vem eliminar definitivamente o problema da eflorescência.

14 .3 .4 - " L i m p e z a c o m á c i d o "

O uso de revestimentos esmaltados e sua fixação com argamassa co ante parecem ter banido definitivamente das obras a utilização do ácido muriático (clorídrico). Trata-se de mais uma vantagem adicional proporcionada por estes dois materiais. Outrora, graves problemas de eflorescências foram constatados pelo uso deste ácido que, apesar de diluído, não deixava de ser um agente agressivo das juntas e argamassas.

14 .3 .5 - O u t r a s c a u s a s

Águas de chuva, durante a execução dos alicerces e terraplenos, fugas de canalizações ou água resultante de calamidades poderão ser futuras causas de eflorescências, caso não sejam corrigidas no devido tempo.

Como se vê, a simples constatação de um fenômeno, que vinha aborrecendo alguns consumidores e, estranhamente, preocupando os fabricantes de revestimentos cerâmicos por serem seus produtos diretamente observados quando em uso e sobre eles se instalar o fenômeno, levou a rever apenas conceitos e cuidados construtivos.

Produtos e técnicas de impermeabilização estão bem difundidos. E o processo de colagem de revestimentos com argamassa colante veio mais uma vez participar na resolução definitiva de outro problema construtivo.

Page 124: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

B i b l i o g r a f i a

(,) Fiorito, A. J. S. I. - Suplemento Pini de Revestimentos - ago./1984.

Idem - Revista "Construção" n° 1.970 - nov./1985 - Ed. Pini.

Leia o Apêndice III à página 187 - "Um estranho caso de eflorescência"

Page 125: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 15 As juntas nos revestimentos

Antes de iniciar a execução dos revestimentos, uma das tarefas obrigatórias é o planejamento das juntas. O projeto das juntas deve levar em conta os tipos de juntas, posicionamento, largura e materiais que devem preenchê-las (4).

1 5 . 1 - T i p o s d e j u n t a s

Nos capítulos anteriores, quando estudamos as tensões que atuam sobre os revestimentos, ressaltamos a importância das juntas entre as peças, as quais são indispensáveis por serem um elemento determinante da estabilidade dos revestimentos.

As juntas podem classificar-se em:

a - juntas de assentamento;

b - juntas estruturais;

c - juntas de expansão/contração, juntas de movimentação ou, ainda, juntas de dessolidarização;

d - juntas especiais.

15.1.1 - Juntas de assentamento

São juntas entre as peças que compõem o revestimento.

A necessidade deste tipo de juntas é em razão das causas a seguir.

15.1.1.1 - Desbitolamento dos revestimentos cerâmicos

O processo de fabricação de revestimentos resulta em lotes de peças de bitolas variáveis e que são agrupadas dentro de certos limites de tolerância formando lotes comerciáveis para serem utilizados no revestimento de uma determinada área. Ainda assim, em tais lotes, há variações dimensionais e tolerâncias dessas variações, como será visto a seguir.

As normas atuais especificam para placas cerâmicas prensadas:

Page 126: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a) Variação máxima das dimensões.

É função da área da superfície da placa cerâmica. Varia de ± 0,60% da dimensão, para placas cerâmicas de área superior a 410 cm2, até ± 1,20% da dimensão para aquelas com área da superfície até 90 cm2, passando por ± 0,75% para áreas maiores do que 190 cm-' e até 410 cm2, e ± 1,00% para áreas maiores do que 90 cm2 e até 190 cm2.

b) Desvio da ortogonalidade (diferença entre lados opostos).

Também varia com a área da superfície da placa cerâmica. É admitida, no máximo, ± 0,60% da dimensão para áreas acima de 90 cm2, e ± 1,00% para áreas até 90 cm2.

0.9 mm 0,9 mm

Fig. 43

c) Curvatura central e lateral (flecha lateral dos lados da placa cerâmica).

São admitidos valores máximos de ± 1,00% da dimensão para placas cerâmicas com área da superfície até 90 cm2, e ± 0,50% da dimensão para áreas superiores a 90 cm2.

A título de exemplo, a Fig. 43 mostra os valores máximos admitidos para o desvio de ortogonalidade para uma placa cerâmica de 150 x 150 mm e para outra de 150 x 200 mm.

A Fig. 44 mostra o desvio de ortogonalidade de valor "a" para o lado da placa cerâmica de comprimento "c".

O cálculo, em porcentagem, é dado por

— x 100 c

Note que o valor de "a" pode ser para um ângulo menor do que 90° (caso da Figura) ou para um ângulo maior do que 90°.

Para placas cerâmicas retangulares, lembre-se que deve existir uma relação entre o comprimento "C", a largura "L da placa e a largura da junta de assentamento "J" dada por

C = 2L + J

Page 127: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

a

Fig. 44

Exemplificando, para uma peça de 300 mm de comprimento, há possibilidade de encontrar um desvio de ortogonalidade de 1,8 mm.

Admitindo que as peças com bitolas extremas sejam destinadas aos cortes, as variações das dimensões e suas tolerâncias sugerem uma junta mínima de 5 mm.

Conclusão: o desbitolamento das peças cerâmicas exige juntas de assentamento entre as peças. Hoje em dia, são comuns juntas mínimas de 7 mm.

15 .1 .1 .2 - Alinhamento

Como conseqüência do item anterior, as juntas entre as peças facilitam o alinhamento.

15 .1 .1 .3 - Tensões

Conforme foi detalhadamente estudado no capítulo sobre Tensões nos Revestimentos, as juntas entre as peças e o material de enchimento das mesmas devem impedir a propagação de tensões de uma peça para outra, afastando o risco de flambagem do revestimento.

Nestas circunstâncias "não" devem ser utilizadas peças com espaçadores incorporados ao corpo cerâmico, com a intenção de facilitar o assentamento, dada sua rigidez e a transmissão de cargas concentradas em dois pontos, de uma peça para outra (Fig. 45). Ver capítulos sobre Tensões.

Igualmente não devem ser util izados espaçadores avulsos rígidos. Tais espaçadores devem se deformar sob as tensões já estudadas anteriormente, evitando transmitir tensões de compressão de uma peça para outra.

Fig. 45

Page 128: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

15.1.1.4 - Higiene

A utilização de revestimentos cerâmicos está sempre associada à higiene do ambiente. Caso as peças fossem justapostas, devido às suas variações dimensionais, mesmo dentro das tolerâncias normalizadas, haveria frestas impossíveis de serem preenchidas pelo material de rejuntamento.

Tais frestas permitiriam a penetração de água suja de lavagem dos pisos, formando focos anti-higiênicos e anulando a principal característica dos revestimentos cerâmicos: a higiene.

Sob o ponto de vista de higiene, há necessidade das juntas de assentamento para permitir a penetração perfeita do material de rejuntamento.

15.1.1.5 - Função estética

A arte de revestir deve harmonizar o tamanho das peças, o tamanho do pano e do paramento e a largura das juntas. Não é possível um acabamento esmerado sem juntas de assentamento.

15.1.1.6 - Remoção de peças

A existência de juntas de assentamento facilita a remoção de peças, caso seja necessário.

Considerando os seis pontos acima, é possível avaliar a largura mínima para as juntas de assentamento.

No Capítulo 11, item 11.3.4, calculamos o módulo de elasticidade do material de rejunte, partindo de uma largura de junta prefixada, da tensão de compressão extrema o = 180 kgf/cm2 devido à expansão por umidade máxima do revestimento cerâmico (dilatação higroscópica).

Partindo da mesma tensão de compressão, do mesmo valor máximo da expansão por umidade e adotando como rejunte um material com módulo de elasticidade da ordem de 8.000 kgf/cm2 (material extremamente elástico), teríamos a partir de:

a onde:

j = largura da junta E = 8.000 kgf/cm2 (é apenas um módulo teórico. Veja Apêndice I à pág. 173) Aj = deslocamento que tem o rejunte que deve ser igual à expansão do revestimento a = 180 kgf/cm2 = compressão máxima no rejuntamento

Obtivemos os valores da Tabela 5, para a largura da junta em função do tamanho das peças.

Obs.: Veja cálculos mais precisos no Apêndice I, na pág. 173.

Page 129: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Tabela 5

Peça d

mm 50 100 150 200 300 400 500

Expansão Ad = ô. d = Aj

mm 0,03 0,06

0,09 0,12

0,18 0,24 0,30

10,67 11 13,3 => 14

Largura das juntas

mm 1,33 =>2 2,67 => 3

4 5 , 3 3 => 6

8

No assentamento, o afastamento entre as placas cerâmicas projetado para as juntas de assentamento pode ser conseguido de diversas formas, tais como: com uso de palitos; pequenas cunhas de madeira; espaçadores plásticos deformáveis, que permanecerão no cruzamento das peças; ou por artifícios criados pelos assentadores como espaçadores removíveis de arame com bitola igual à largura de junta projetada (Fig. 46A) em forma de "V", com abertura de cerca de 6 cm e enrolado no vértice (quatro a cinco voltas) para facilitar o manuseio.

Ou mesmo um arame simplesmente dobrado como o da Fig. 46B, com bitola igual a largura da junta projetada. Naturalmente, estes dois últimos tipos só serão utilizados para juntas mais estreitas.

15 .1 .2 - J u n t a s e s t r u t u r a i s

São as juntas já existentes na estrutura de concreto. Na posição onde estiverem, devem ser mantidas e com a mesma largura, em todas as camadas que constituem o revestimento (Fig. 47).

6 cm

Fig. 46A Fig. 46B

Material noxh«i o co»npfe«.Voi rvVo adortdo ao i liana

Fig. 47

Page 130: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

15.1 .3 - J u n t a s d e m o v i m e n t a ç ã o

Denominadas também de juntas de expansão/contração ou juntas de dessDlidarização.

Devem ser projetadas em pisos e paredes revestidas:

- em todo o perímetro do piso (Fig. 48);

- em todo o encontro de paredes com o forro;

- no encontro do revestimento com pilares e vigas;

- no encontro com outros tipos de revestimentos;

- onde ocorrem mudanças de materiais que compõem a base como, por exemplo, na mesma posição em que a alvenaria de tijolos maciços encontra a viga de concreto;

- em lajes ou painéis de grandes dimensões, sujeitas à flexão e deformação lenta do concreto, estas juntas deverão ser posicionadas nas regiões onde ocorremos maiores momentos positivos e negativos, como indicado na Fig. 49;

- isolando vibrações de máquinas e motores;

- isolando o calor transmitido ao revestimento por caldeiras ou outras fon:es de calor.

Fig. 48

Fig. 49

Page 131: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

15.1 .3 .1 - P o s i c i o n a m e n t o d a s j u n t a s

O Tile Council of America (1) recomenda fracionar os revestimentos cerâmicos, de pisos e paredes, com este tipo de junta nas seguintes distâncias:

- em interiores: de 7,30 m a 11,0 m em cada direção;

- em exteriores: de 3,70 m a 4,9 m em cada direção;

- revestimentos internos expostos à luz solar ou umidade: de 3,70 m a 4,90 m em cada direção.

Acrescentamos, ainda, que em fachadas, respeitada a condição de deixar juntas de movimentação quando na base há mudança de materiais, estas juntas sejam deixadas na posição correspondente ao encontro da alvenaria de ti.olos em geral ou blocos de concreto com a viga de concreto. Tal distância é da ordem de 2,70 m para um pé-direito de 2,50 m.

15 .1 .3 .2 - L a r g u r a s d a s j u n t a s

O Tile Council of America (1) recomenda as seguintes larguras para as juntas de expansão/contração:

- exteriores e para todos os tamanhos de peças: mínimo de 3/8" (9,6 mm) para juntas distantes de 3,7 m, e mínimo de 1/2" (12,8 mm) para juntas distantes de 4,9 m;

- interiores para peças de tamanho grande: mesma largura das juntas de assentamento, mas nunca inferiores a 1/4" (6,4 mm);

- interiores para pastilhas ou revestimentos cerâmicos: preferível não ser menor do que 1/4" (6,4 mm), mas nunca inferior a 1/8" (3,2 mm).

15 .1 .3 .3 - E n c h i m e n t o d a s j u n t a s

- Preliminarmente, quando do rejuntamento das juntas de assentamento vedar as juntas de movimentação com papel, a fim de evitar que entre nelas o material de enchimento que está sendo utilizado.

- Quando do preenchimento, os lados das peças cerâmicas que definem as juntas devem estar l impos e secos para que o selante f ique bem ader ido à lateral das placas cerâmicas. O uso de prímer deve ser indicado pelo fabricante do selante flexível.

- No interior da junta e abaixo do selante, deve haver um material flexível e compressível convenientemente isolado para não aderir ao selante, quando da aplicação deste.

Page 132: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

15 .1 .4 - J u n t a s e s p e c i a i s

Em diversos tipos de indústrias e laboratórios, quando o revestimento estiver sujeito a agentes agressivos, como ácidos, bases, óleos etc, as juntas de assentamento e as demais devem ter a largura mínima de 7 mm, a fim de facilitar o perfeito preenchimento com materiais antiácidos apropriados.

1 5 . 2 - Q u a n d o e x e c u t a r o r e j u n t a m e n t o

Devido às condições de cura da base ou da argamassa colante, geralmente se recomenda rejuntar, no mínimo, após 72 horas do assentamento. Assim mesmo, em pisos, é recomendável que se usem pranchas para não pisar diretamente sobre as peças.

E isso porque pode haver peças com empeno convexo e, ao serem forçadas em uma das pontas, podem se soltar pelo efeito "gangorra".

1 5 . 3 - M a t e r i a i s p a r a r e j u n t a m e n t o

Podem ser produzidos em obra ou encontrados prontos.

A maioria dos materiais de rejuntamento é à base de cimento Portland. Podem receber adições de outros produtos para:

- serem mais elásticos;

- repelirem água;

- resistirem a fungos;

- permanecerem brancos (quando o rejunte for branco);

- terem resistência mecânica;

- serem impermeáveis;

- serem coloridos etc.

1 5 . 4 - P r o c e s s o d e r e j u n t a m e n t o e f e r r a m e n t a s

15.4 .1 - P r e l i m i n a r e s

As juntas de assentamento devem ser escovadas e umedecidas com broxa molhada em água. Isto garantirá a aderência do rejunte à lateral das peças, vedando efetivamente a junta. Há placas cerâmicas com elevada absorção e, caso a junta não seja umedecida abundantemente, há migração de água da pasta de rejuntamento para o corpo da placa cerâmica. Nesse caso, o rejunte apresentar-se-á friável e pulverulento por falta de água necessária à hidratação do cimento.

Page 133: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

15.4 .2 - P r e p a r o

Adicionar água até obter uma pasta consistente.

15 .4 .3 - A p l i c a ç ã o

- A ferramenta que deve ser utilizada é uma desempenadeira com base de borracha maciça e flexível.

Esta ferramenta vem substituindo o antigo rodo de borracha com vantagem extraordinária pela perda reduzida do material de rejunte, quando aplicado em paredes. O rodo dificulta o trabalho do rejuntador, pois a lâmina de borracha sendo muito fina acaba por dobrar, resultando o arraste do suporte de madeira sobre o esmalte, o qual ficará sujeito a riscos ou a danos nas partes decoradas.

- Não deve ser utilizada desempenadeira com base de espuma, pois retém-se pasta de cimento que, ao secar, se transforma em abrasivo para o esmalte.

- Os movimentos da desempenadeira de borracha são cruzados em relação às juntas, facilitando a penetração da pasta.

- Deixar "puxar" e remover o excesso com pano ou espuma úmida.

- Dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

B i b l i o g r a f i a

n ) Tile Council of America Inc. - "Handbook for Ceramic Tile Installation" - 1988.

,2> USA Standard Specifications for Tile Installed With Dry-Set Portland Cement Mortar • A 108.5.

,3> Fiorito. A. J. S. I. • Revista "Construção n9 1.974 - dez./85 • Ed. Pini.

<«> NBR-13753 - dez./96; NBR-13754 - dez./96 e NBR-13755 - dez./96.

Leia o APÊNDICE I - página 173 "Exemplo de cálculo das juntas e módulo de elasticidade de material de rejuntamento"

Page 134: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 135: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 16 O Método Convencional ou Tradicional

1 6 . 1 - D e f i n i ç ã o

O método convencional ou tradicional é o processo pelo qual se assentam revestimentos em pisos ou paredes com utilização de argamassas comuns relativamente espessas enquanto frescas, sendo a pasta de cimento portland o material que garantirá a ligação do revestimento à base.

No Capítulo 13 nos detivemos detalhadamente sobre a pasta de cimento à qual demos a denominação de "adesivo do método convencional".

Neste processo são exploradas as finalidades das argamassas que, na definição da antiga NBR-7200/82 (1), são a capacidade de endurecimento e aderência.

Acrescentamos que as argamassas comuns têm também como objetivo fundamental a regularização das superfícies, quer verticais, quer horizontais, definindo os planos onde serão instalados os revestimentos.

E, para atingir este objetivo, as argamassas têm também a função de camada de transição, a exemplo do chapisco e das camadas de enchimento, sendo estas últimas necessárias sempre que a espessura para atingir o plano ideal ultrapassar 20 a 25 mm.

O método convencional é um processo praticamente artesanal que exige intimidade com os conhecimentos técnicos dos materiais, suas propriedades e desempenhos.

É um processo complexo e de baixa produtividade pois, na maioria dos casos, a partir do chapisco ou da superfície da laje há a necessidade de executar de uma só vez e em um só dia todos os procedimentos corretos e necessários até a fase final de colocação dos revestimentos, incluindo os cortes das peças.

Conforme exposto nos capítulos anteriores, há os seguintes procedimentos a serem respeitados na execução dos revestimentos pelo método convencional.

16.1 .1 - E m p a r e d e s e e m f a c h a d a s

Inicialmente devem ser projetados todos os tipos de juntas, como descrito no Capítulo 15.

Page 136: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

16.1.1.1 - Chapisco

Molhar razoavelmente toda a superfície do paramento da alvenaria, qualquer que seja a natureza dos materiais que a constituem.

Preparar argamassa 1:3 de cimento e areia grossa.

Chapar a argamassa do chapisco com energia cobrindo todo o paramento, quando ainda úmido, com fina camada desta argamassa de cerca de 5 mm (praticamente o tamanho do agregado).

A intenção é obter uma superfície o mais irregular possível e com ancoragens mecânicas suficientes para perfeita aderência da camada seguinte.

Aguardar o endurecimento e resistência mecânica do chapisco.

16.1.1.2 - Prumo da superfície

Deve ser aferida e determinada a espessura necessária da argamassa da camada seguinte à do chapisco.

Caso esta espessura for de até 20 a 25 mm, executa-se a camada de emboço, como descrita no item 16.1.1.3.

Se maior, há necessidade de uma camada de enchimento também denominada de regularização.

A espessura de cada camada, qualquer que seja sua função, não deve ultrapassar 20 a 25 mm.

A antiga NBR-7200/82 (1) indicava o traço 1:2:9 de cimento, cal hidratada e areia média úmida.

Tal argamassa deve ser chapada com energia sobre o chapisco e, depois, sarrafeada, deixando um acabamento áspero para receber uma pasta de cimento e o emboço.

Aguardar, no mínimo, sete dias para a cura, lembrando que é este o prazo para ocorrer de 60% a 80% da retração da argamassa (ver Capítulo 6). Caso executarmos a próxima camada antes deste prazo, eqüivaleria a executarmos as duas camadas simultaneamente, o que implicaria espessura maior do que a recomendada e conseqüente efeito indesejável de sua retração.

Se houver várias camadas de enchimento, cada uma delas deverá ter a espessura de 20 a 25 mm, idade mínima de sete dias, e a emenda será sempre feita com pasta de cimento, como descrito no item 16.1.1.4.

Sempre que, por motivos construtivos, a espessura da argamassa exceder 25 a 35 mm, há a necessidade de se utilizar tela metálica soldada de malha de 5 x 5 cm e

Page 137: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

fio 16 BWG (aproximadamente 1,6 mm) chumbada na estrutura-suporte em quatro pontos por metro quadrado e, nos cantos, em três pontos por metro linear.

16.1.1.3 - Emboço

Caso faltar apenas 20 a 25 mm para atingir o plano ideal, então a camada de argamassa é denominada de "emboço".

O traço será 1:2:9 como anteriormente ou conforme o Tile Council (2) 1:0,5:5 ou 1:1:7 de cimento, cal hidratada e areia média úmida.

Chapar a argamassa com energia sobre a superfície da camada de regularização anterior.

Sarrafear e desempenar.

Sobre o emboço ainda fresco aplicar a camada de pasta de cimento descrita a seguir.

16.1.1.4 - Pasta de cimento

Preparar pasta de cimento. A adição de água é de cerca de 30% em relação ao peso de cimento.

Teores maiores de água resultam no que denominamos "natas", com resistência reduzida (ver também Capítulo 13, item 13.2).

Aplicar a pasta de cimento sobre a superfície do emboço ainda fresco com auxílio de desempenadeira metálica lisa formando uma camada cerca de 1 mm.

Para obter esta espessura foi avaliado em 1,5 kg o consumo de pó de cimento por metro quadrado.

16.1.1.5 - Revestimento

As placas cerâmicas devem ser imersas em água limpa, mas não devem estar saturadas quando do assentamento.

O tempo de imersão depende do "grupo de absorção" a que pertence o revestimento.

Retirar a água em excesso do tardoz da peça e assentá-la sobre a pasta de cimento.

Bater o maior número de vezes, nivelar, aprumar, posicionando definitivamente cada peça.

16.1.1.6 - Rejuntamento

Proceder como descrito no Capítulo 15 e nos Procedimentos "9" e "15" do final deste Manual.

Page 138: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

16.1 .2 - E m p i s o s

Inicialmente, projetar todos os tipos de juntas conforme descrito no Capítulo 15.

16.1 .2 .1 - Superfície da laje ou do lastro de concreto

Normalmente, nestas superfícies, há excesso de poeira originada pelo trânsito de operários e movimentação de materiais que, por atrito, desmancham a camada superficial friável do concreto. Essa camada é resultante da exudação de água na fase de concretagem, causada pela vibração ou adensamento do concreto.

Esta poeira e demais resíduos devem ser removidos.

16 .1 .2 .2 - Pasta de cimento

A superfície da laje ou do lastro deve ser umedecida e receber cimento em pó, formando uma pasta de cimento, com relação água/cimento da ordem de 0,30 (ver item 16.1.1.4 e Capítulo 13, item 13.2).

Esta camada garantirá a ligação da camada seguinte de argamassa.

Tal ligação inibirá parcialmente a retração da argamassa (ver Capítulo 9) e reduzirá o risco de flambagem do revestimento.

16 .1 .2 .3 - Nivelamento da superfície

Deve ser aferida e determinada a espessura necessária da argamassa da camada sobre a laje.

Caso esta espessura for de até 20 a 25 mm, executa-se a camada de ''contrapiso" descrita no item 16.1.2.4. Se maior, há a necessidade de uma camada de enchimento ou de regularização.

A espessura de cada camada de argamassa, qualquer que seja sua função, não deve ultrapassar 20 a 25mm.

O Tile Council (2) prescreve o traço 1:6 de cimento e areia média úmida em interiores, exteriores, pisos térreos e pisos sobre lajes.

Acrescentamos que, sobre lajes interiores, podem ser utilizados os traços 1:0,5:5 e 1:1:7 de cimento, cal hidratada e areia média úmida, pela sua melhor trabalhabilidade.

A argamassa é estendida sobre a pasta de cimento (item anterior) e sarrafeada, dando acabamento áspero, para melhor aderência da camada seguinte.

Aguardar, no mínimo, sete dias para cura, lembrando que é este o prazo para ocorrer 60% a 80% da retração da argamassa (ver Capítulo 6).

Page 139: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Executar a próxima camada, antes deste prazo, eqüivaleria a executarmos as duas camadas simultaneamente, o que implicaria espessura maior do que a recomendada e conseqüente efeito indesejável de sua retração.

Se houver várias camadas de enchimento, cada uma delas deve ter 20 a 25 mm de espessura, idade mínima de sete dias antes da execução da camada seguinte, e a emenda será sempre feita com pasta de cimento (ver item 16.1.1.4).

16 .1 .2 .4 - Contrapiso

Caso falte apenas 20 a 25 mm para atingir o nível ideal, esta última camada de argamassa é denominada "contrapiso".

Os traços são os mesmos adotados para as camadas anteriores ce enchimento (ver item 16.1.2.3)

A argamassa é estendida sobre a pasta de cimento fresca, sarrafeada e desempenada.

16 .1 .2 .5 - Contrapiso com tela metálica

Como alternativa dos itens anteriores, caso seja impossível a ligação da camada de argamassa com a laje de concreto, devido a uma situação peculiar, como em lajes de cobertura onde há camada de impermeabilização e de isolação térmica, a camada do contrapiso deverá ser provida de tela metálica soldada com malha de 2 x 2" ( 5 x 5 cm) e fio bitola 16 BWG (1,65 mm) colocada na metade da espessura da camada de argamassa, com a finalidade de conter a retração da argamassa e dar resistência ao revestimento.

16 .1 .2 .6 - Pasta de cimento

Sobre a superfície do contrapiso ainda fresco espargir cimento em pó, deixando-o cair entre os dedos e a pouca altura da superfície. Este cimento deve hidratar-se com a água da própria argamassa do contrapiso, formando uma pasta de cimento com relação água/cimento da ordem de 0,30 em peso.

Teores maiores de água resultam no que é denominado de "nata" de cimento, com resistência reduzida (ver Capítulo 13, item 13.2).

Com auxílio de colher de pedreiro, procurar hidratar o pó e formar uma camada de pasta de cimento.

Não respingar mais água nesta operação, sob pena de transformarmos a pasta de cimento em nata aguada e sem resistência à aderência do revestimento.

A espessura da camada de pasta deve ser da ordem de 1 mm, o que leva a um consumo aproximado de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

Page 140: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

16.1.2.7 - Revestimento

As peças cerâmicas devem ser imersas em água, mas não devem estar saturadas de água, quando do assentamento.

O tempo de imersão depende do "grupo de absorção" a que pertence o revestimento.

Retirar a água em excesso do tardoz das peças e assentá-las sobre a pasta de cimento ainda fresca.

Bater o maior número possível de vezes, nivelar e posicionar a peça no local definitivo.

16.1.2.8 - Rejuntamento

Proceder como descrito no Capítulo 15.

B i b l i o g r a f i a

(1) NBR-7200 - fev./1982 - ABNT - "Revestimento de paredes e tetos com argamassas. Materiais, preparo, aplicação e manutenção".

(21 Tile Council of America Inc. - "Handbook for Ceramic Tile Installation" - 1995 e Norma ANSI-A108.1.

Page 141: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 17 Patologias do Método Convencional

1 7 . 1 - A s p e c t o s g e r a i s

Quando, em 1964, iniciamos a pesquisa sobre descolamento de revestimentos cerâmicos, envolvendo argamassas, revestimentos e mão-de-obra, tivemos a oportunidade de examinar inúmeras obras onde aconteceram descolamentos e diversas obras em fase de assentamento.

Houve descolamentos ocorridos após um ou dois anos e, até mesmo, quatro anos após o assentamento, caracterizando o efeito da dilatação higroscópica (expansão por umidade) que se processa lentamente.

Também houve descolamentos ocorridos de 15 a 30 dias após o assentamento, colocando em evidência o efeito da retração das argamassas ricas e espessas.

Em todos os casos, havia falhas nos procedimentos de execução associadas aos motivos acima.

A seguir, relacionamos uma série de possibilidades de falhas construtivas ou não a que estão expostos os revestimentos quando assentados pelo método convencional e quando as propriedades dos materiais não são bem conhecidas, como seria desejável.

Apesar de a utilização da argamassa colante, hoje, ser feita em escala razoável, muitos revestimentos são assentados pelo método convencional, notadamente em pisos.

Por outro lado, gostaríamos de lembrar que há inúmeros exemplos de revestimentos assentados com argamassas comuns e pasta de cimento que sãc testemunhas apreciáveis de que, se usarmos a técnica correta, é possível conseguir revestimentos estáveis e com longa jornada em serviço.

17 .2 - F a l h a s c o n s t r u t i v a s n o M é t o d o C o n v e n c i o n a l

17 .2 .1 - J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o

Notamos que, normalmente, não existe previsão para juntas, qualquer que seja seu tipo (ver Capítulo 15).

Page 142: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A decisão é deixada por ocasião do assentamento, com o substrato pronto para receber as peças.

Comumente as peças são encostadas umas às outras, sem juntas de assentamento.

Quando são deixadas, sua largura é sempre a mínima possível, sem levar em conta as dimensões da peça cerâmica e as deformações a que está sujeito o revestimento.

Muitas vezes, a ausência de juntas de assentamento é justificada pela intenção de se obter um revestimento com aspecto monolítico, apesar de ser estranho tentar esse aspecto com peças que necessariamente estão associadas às juntas.

As juntas de assentamento entre nós contrastam com aquelas utilizadas na Europa e nos Estados Unidos, que são mais largas e bem-dimensionadas.

17.2 .2 - J u n t a s d e m o v i m e n t a ç ã o

Há um verdadeiro trauma quando se fala em juntas de movimentação.

Arrisca-se, com grande freqüência, a estabilidade do revestimento em troca de evitar a execução dessas juntas ou pelo trabalho e custo adicional, ou sob a alegação de que tais juntas não são estéticas.

Isto é constatado facilmente quando se observam, especialmente, as fachadas revestidas. Em sua quase totalidade, não há juntas de movimentação.

Se forem mais largas do que as juntas de assentamento, cabe ao arquiteto dar a solução estética que se procura.

17.2 .3 - J u n t a s e s t r u t u r a i s

Já tivemos oportunidade de constatar que não foram respeitadas, para não interromper o revestimento do piso.

Como resultado, houve destruição do revestimento em toda a região destas juntas.

17 .2 .4 - L i g a ç ã o c o m a laje

No Capítulo 9, a comparação entre os gráficos das Tigs. 16 e 10 mostram clara-mente que as tensões nos revestimentos são cerca de quatro vezes maiores se não cuidarmos de vincular a argamassa à laje.

A remoção da poeira e a emenda com a pasta de cimento a que nós nos referimos no Capítulo 16, item 16.1.2.1, raramente são executadas com rigor.

17.2 .5 - E s p e s s u r a d a s c a m a d a s d e a r g a m a s s a

A espessura máxima de 20 a 25 mm para as camadas de argamassa não é respeitada.

Page 143: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Chegamos a constatar espessura de 9 cm executada de uma só vez, em piso, sob a alegação de ter sido necessária para dar caimento ao piso.

Em fachadas, dada a repetitividade de operações para subida e descida do balancim, a aplicação de argamassa para chegar ao prumo ideal é feita, geralmente, de uma só vez e com espessuras inaceitáveis.

As tensões que atuam nas argamassas não são suportadas, havendo seu descolamento (ver Capítulos 8 e 9).

17 .2 .6 - T r a ç o d a s a r g a m a s s a s

Na pesquisa realizada em obras constatamos que, em geral, o traço das argamassas destinadas aos revestimentos cerâmicos é aleatório.

O maior problema é o uso de argamassas ricas e espessas, gerando tensões exageradas (ver gráficos das Figs. 16 e 18 do Capítulo 9).

17 .2 .7 - I m e r s ã o e m á g u a

Não há um procedimento uniforme. Alguns oficiais dizem não ser necessário, pois trabalham com argamassa "mais molhada". Outros saturam completamente as peças, deixando-as imersas em água de véspera.

Neste caso, alguns secam o tardoz, deixando escorrer o excesso de água, e outros aplicam a peça como vem quando retirada da água.

Todos estes procedimentos alteram drasticamente a relação água/cimento da pasta de cimento, que é o meio pelo qual o revestimento é ligado ao substrato (ver Capítulo 13).

Acrescentamos que, quando imersas em água, as peças cerâmicas não devem estar saturadas de água, permitindo-as que tenham ainda algum poder de sucção, quando colocadas sobre a pasta, de maneira a criar ancoragens mecânicas na ligação peça/pasta (ver Capítulo 13, item 13.2.1).

17 .2 .8 - Pas ta d e c i m e n t o

Este é o adesivo do método convencional, e sua importância foi objeto de todo o Capítulo 13.

Em obras constatamos que:

- o pó de cimento é arremessado à distância e com a palma da mão, formando sobre o contrapiso camadas irregulares quanto à sua espessura. Isso quer dizer que o cimento hidratar-se-á em maior ou menor proporção, conforme sua quantidade sobre a argamassa;

Page 144: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- o oficial assentador usa broxa molhada para tentar umedecer as regiões não-hidratadas de cimento, atingindo as regiões já hidratadas e transformando a pasta em "aguada de cimento", sem resistência;

- não é utilizada a colher de pedreiro para auxiliar na formação da camada de pasta;

- as peças são colocadas sobre essa camada irregular de "pasta", "nata" e "aguada de cimento" que simultaneamente se formaram sobre o contrapiso. Sob ação de tensões, há descolamentos do revestimento em regiões aleatórias.

17.2 .9 - E x p a n s ã o por u m i d a d e

Dedicamos o Capítulo 11 à dilatação higroscópica ou "moisture expansion". As Normas de Revestimentos Cerâmicos utilizam a nomenclatura "expansão por umidade".

Trata-se de uma propriedade dos materiais cerâmicos que tendem a inchar-se, em maior ou menor grau, com o decorrer do tempo.

Essa expansão associada à ausência de juntas adequadas (ver Capítulo 15) resultará fatalmente no descolamento do revestimento por flambagem, ou em gretamento e fissuras do esmalte.

Acreditamos que as indústrias cerâmicas, tendo em vista as novas especificações de revestimentos cerâmicos, deverão informar aos consumidores o valor da "expansão por umidade" de seus produtos. Isso facilitará a tomada de decisões quanto à largura das juntas de assentamento por parte dos construtores.

A utilização de argamassas rígidas, para fixar revestimentos cerâmicos, por um lado, é adequada, se levarmos em consideração que ela inibirá em parte a expansão das peças e diminuirá o risco de descolamento por flambagem. Mas, por outro lado, as peças impedidas de se expandir entram em compressão. Caso essa compressão atinja valores elevados, poderá causar trincas no esmalte e conseqüente deterioração do revestimento.

A utilização de argamassas elásticas não impedirá a expansão das peças, mas exigirá que se usem juntas de assentamento mais largas adequadamente dimensionadas para absorver tal expansão. Nesse caso, as juntas de movimentação serão absolutamente indispensáveis.

17 .2 .10 - E f l o r e s c ê n c i a

É originada pela presença de umidade no substrato.

A falha acontece devido à falta de drenagem e à falta de impermeabilização correta sob o revestimento.

Recomendamos ler o Capítulo 14, onde o assunto foi detalhadamente explicado.

Page 145: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

17 .2 .11 - O u t r a s p a t o l o g i a s

Há outras falhas construtivas não originadas propriamente no processo de assentamento. No Capítulo 12, citamos algumas.

17 .2 .12 - Á c i d o m u r i á t i c o

A utilização de ácido muriático (clorídrico) deve ser feita, cuidadosamente, com soluções relativamente fracas e posterior neutralização do ácido acompanhada de lavagens com água em abundância(1).

Tivemos oportunidade de presenciar, em serviço já em andamento, a utilização de ácido muriático sem estar diluído em água, o qual vinha formando uma espuma intensa pelo ataque do ácido ao cimento e à argamassa do rejuntamento. Para completar o quadro, foi feito o uso de espátulas metálicas para remover resíduos de argamassa e pasta de cimento aderidos sobre as peças. Se de j m lado estes resíduos foram removidos, por outro houve destruição parcial do rejuntamento, e o revestimento ganhou manchas amareladas e marrom, de oxido de ferro.

B i b l i o g r a f i a

( , ) Fiorito. A. J. S. I. - "Limpeza final com ácido" - TCPO 8 - pág. 794 - Ed. Pini - 1986.

Page 146: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 147: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 18 O Método de Colagem

com argamassas colantes

1 8 . 1 - C o l a r r e v e s t i m e n t o s - H i s t ó r i c o

A complexidade de tarefas em um só dia do método convencional, a demanda inesperada de revestimentos cerâmicos no início da década de 60 e a carência de mão-de-obra treinada, na época, resultaram em pesquisas e na procura de uma solução racional.

Treinar adequadamente e a curtíssimo prazo um grande contingente de assentadores e continuar com o método convencional não seria uma boa solução, oois, como já dissemos, o método convencional é por si só de baixa produtividade, tornando impossível o escoamento do quanto vinha sendo produzido em revestimentos cerâmicos.

E tal fato estaria agravado nos dias de hoje, se lembrarmos que a produção anual nos anos 60 era aproximadamente o que se produz hoje em um mès, para uma população que não chegou a triplicar.

Portanto, minimizar problemas de assentamento e facilitar o aprerdizado eram tarefas absolutamente imprescindíveis.

A solução que se apresentou foi a de colar revestimentos cerâmicos è semelhança do que já era feito com pisos vinílicos que vinham conquistando boa fatia no mercado de revestimentos.

Colar revestimentos significa dividir racionalmente os serviços de assentamento em duas fases distintas, independentes uma da outra, a saber:

1ê - Preparação do emboço aprumado ou contrapiso nivelado (ou com caimentos), conforme a posição do revestimento.

Tal serviço pode ser intercalado no cronograma da obra, de modo a aproveitar inteiramente a mão de obra disponível.

São serviços de alta produtividade e com aproveitamento de toda a jornada de trabalho, sem mudança de atividade, como exige o método convencional (preparo do substrato e assentamento).

Podem ser interrompidos em qualquer posição que se encontram no fim da jornada de trabalho.

2- - Em uma fase posterior, é apenas feita a colagem do revestimento, também durante toda a jornada de trabalho.

Pode ser interrompido em qualquer posição que se encontra no fim da jornada de trabalho, sem prejuízo do resultado final.

Page 148: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

É, também, um serviço de alta produtividade.

Restava procurar a "cola" adequada para cerâmicas.

Na época foram experimentados os produtos disponíveis, mas destinados a outros fins como a resina epóxi, de alto desempenho; emulsões asfálticas e adesivos à base de borracha sintética.

Os trabalhos experimentais de campo e os custos mostraram a inviabilidade comercial daqueles produtos para colagem dos revestimentos cerâmicos.

Estabeleceram-se parâmetros para o produto ideal, os quais são enumerados a seguir:

1 - Ser parecido com uma argamassa comum, na cor e aspecto. E, portanto, base de cimento Portland.

2 - Conter todos os componentes dosados gravimetricamente, evitando erros de composição na obra.

3 - O solvente deveria ser água, facilitando o preparo e limpeza das peças, mãos e ferramentas.

4 - Criar condições para cura adequada do cimento, para que o mesmo atingisse resistência de aderência ótima.

5 - Não ser inflamável.

6 - Não ser tóxico.

7 - Ser utilizado em pequenas espessuras (1 a 4 mm), tornando desprezíveis as tensões de retração sobre os revestimentos.

8 - Permitir acerto de irregularidades da superfície da base, ou seja, apresentar-se como uma massa consistente quando em uso.

9 - Aderir sobre qualquer superfície, mesmo relativamente lisa, como as superfícies de concreto.

10 - Ter tempo em aberto o maior possível para permit ir o ajuste das peças eventualmente desal inhadas ou desaprumadas.

11 - Ter plasticidade elevada de modo a permitir sua aplicação com espátula denteada, formando altos e baixos para facilitar o posicionamento final das peças.

12 - Resistir a ciclos de umidade, secagem e calor, sem se deteriorar, pois estes são os ciclos a que estão submetidos os revestimentos cerâmicos.

13 - Dispensar o uso de "primers", a não ser a própria água.

Page 149: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

14 - Ser utilizado por qualquer pessoa com boas noções de prumo e nível.

15 - Proporcionar grande velocidade de aplicação de placas cerâmicas, para diminuir os custos de mão-de-obra e reduzir os prazos de execução.

16 - Ter preço relativamente baixo.

Todas estas características foram encontradas no "dry-set mortaf que já estava com seu uso consagrado nos Estados Unidos e em franca expansão na Europa.

1 8 . 2 - A r g a m a s s a c o l a n t e

A argamassa colante é definida como uma mistura constituída de aglomerantes hidráulicos, agregados minerais e aditivos que possibilitam, quando preparada em obra com adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada no assentamento de peças cerâmicas para revestimentos ou pedras de revestimento.

A argamassa colante é aplicada em camada relativamente fina comparada com as espessuras das argamassas comuns.

Sua aplicação só é possível com utilização de desempenadeiras denteadas.

1 8 . 3 - D e s e m p e n a d e i r a s d e n t e a d a s

18 .3 .1 - D e s e m p e n a d e i r a s 6 x 6 x 6 m m

O primeiro e único tipo de desempenadeira utilizado quando da entrada das argamassas colantes no mercado é constituído por uma chapa de aço n9 26 (cerca de 0,5 mm de espessura) e com dimensões de 4 1/8" (cerca de 10,5 cm) por 11" (cerca de 28 cm) munida de um cabo preso no centro da chapa, para facilitar sua utilização.

Em dois lados adjacentes da desempenadeira, há aberturas quadradas de 6 x 6 mm espaçadas a cada 6 mm (Fig. 50).

y / / / / / / / / / / / / / Á

/ / / / / / /

Fig. 50

/ / / / / / / / / / / / / / Á

y / / / / / / / / / / A 6 mm 6 mm 4-

/ / / / / / / / /

v / / / / / / / / / / /

Diversos outros tipos de formato foram experimentados, como os de aberturas triangulares e trapezoidais, variando a espessura da chapa, o que resultou em excesso ou falta de pasta de argamassa colante.

Page 150: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Quanto à espessura da chapa de aço, foi sendo reduzida até chegar aos ideais 0,5 mm, pois sendo a argamassa colante muito viscosa, adere lateralmente à parede dos dentes (espessura da chapa), provocando um arrastamento do cordão de argamassa colante, diminuindo sua altura até cerca de 3 mm, insuficientes para impregnar o tardoz das placas cerâmicas.

As aberturas dos dentes das desempenadeiras são em função, também, do tamanho das placas cerâmicas.

Desempenadeiras com dentes 6 x 6 x 6 mm mostraram-se adequadas para peças com área de até 400 cm2 e com aplicação da argamassa colante apenas sobre a superfície do contrapiso ou apenas sobre o emboço, conforme o caso.

18.3 .2 - D e s e m p e n a d e i r a s 8 x 8 x 8 m m

Possuem aberturas de 8 x 8 mm espaçadas de 8 mm (Fig. 51).

/ / / / / / / 8 mm

/ / / / / / / / / / / / / / A

' / / / / / / / / / / / 8 mm

/ / / / / / / / / .

Fig. 51

Após testes, mostraram-se adequadas para peças cerâmicas com área com-preendida entre 400 cm2 e 900 cm2 e com aplicação da argamassa colante apenas sobre a superfície do emboço ou sobre a do contrapiso.

Para peças com área superior a 900 cm2, a argamassa colante deve ser espalhada e penteada tanto sobre o emboço, ou sobre o contrapiso, como no tardoz das peças.

18.3 .3 - D e s e m p e n a d e i r a c o m a b e r t u r a s s e m i c i r c u l a r e s

São aquelas cujas aberturas têm diâmetro de 20 mm, espaçadas de 3 mm (Fig. 52).

20 mm 3 20 mm

Fig. 52

Após testes, mostraram-se adequadas para peças cerâmicas com área superior a 900 cm2, somente para pisos, espalhando e penteando a argamassa colante apenas sobre a superfície do contrapiso.

Page 151: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

N o t a : Os testes a que nos referimos nos itens 18.3.2 e 18.3.3 foram realizados pDr integrantes da Comissão de Estudos da ABNT CB-02:102.46. coordenada pelo autor deste livro, em abril/1994, na Esco la S e n a i " O r l a n d o Lav ie ro Fer ra iuo lo " - Ta tuapé - S ã o Paulo. Resu l ta ram e m desempenadeiras padronizadas.

1 8 . 3 . 4 - D e s e m p e n a d e i r a s p a d r o n i z a d a s

As Normas da ABNT: NBR 13.753; NBR 13.754 e NBR 13.755 padronizam as desempenadeiras em função do tamanho das placas cerâmicas e do local da aplicação do revestimento.

A intenção será sempre a de garantir uma impregnação total do tardoz, ficando as placas cerâmicas ou de outros materiais presas à argamassa colante, sem os vazios ou falhas causados pelo empenamento das peças, ou desvios de prumo ou de nível das superfícies do emboço e do contrapiso.

18.3.5 - E s p e s s u r a f ina l d a c a m a d a d e a r g a m a s s a c o l a n t e

A argamassa colante é estendida sobre as superfícies (emboço ou contrapiso) e depois é penteada com a desempenadeira adequada às peças do revestimento. Formam-se cordões de pasta de argamassa colante.

A altura destes cordões depende do ângulo agudo formado pela desempenadeira e o plano do emboço ou do contrapiso e da velocidade de arraste. Este ângulo deve ser de cerca de 60° ou maior.

A partir do formato das aberturas entre os dentes, calcula-se a altura dos cordões e a espessura final da camada uniforme de argamassa colante sob as peças, para impregnação total.

É importante notar que os cálculos a seguir e os valores encontrados para as espessuras da pasta são teóricos. Na prática, as espessuras para o ângulo de 60° são bem inferiores devido à coesão da pasta e à sua adesão à desempenadeira, chegando, por exemplo, a cerca de 1,8 mm para a desempenadeira 6 x 6 x 6 mm.

18.3.5.1 - Desempenadeira 6 x 6 x 6 mm

6 nvn

Fig. 53

Teoricamente:

h6 = 6 mm x sen 60 = 5 mm = altura dos cordões

e6 = 2,5 mm = espessura da camada de argamassa colante

Page 152: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18.3.5.2 - Desempenadeira 8 x 8 x 8 mm

. éo' ha

8 mm

PEÇA CERÂMICA

es 13.5 mm

Fig. 54

h8 = 8 sen 60 s 7 mm = altura dos dentes

e8 = 3,5 mm = espessura da camada de argamassa colante

18.3.5.3 - Desempenadeira com aberturas semicirculares

- \ 'áo'A h /[ '.. > 20 mm 13 20 14-

v> • t

1 0

23 mm

Fig. 55

h =10 sen 60 = 8,66 mm = semi-eixo da elipse

área de 1/2 elipse = n a b 7TX20x17,32

8 8

23 mm x e = 136 mm2

resulta e = 6 mm

A Tabela 6 reúne todos os valores citados.

Tabela 6

= 136 mm'

Desempe- Aplicação Área Argamassa Ângulo de 60° nadeiras em da peça no valores teóricos*

cordões camada mm "h" mm final "e" mm

6 x 6 x 6 pisos e < 400 emboço 5 2,5 paredes contrapiso

8 x 8 x 8 pisos e >400 emboço 7 3,5 paredes < 900 contrapiso

8 x 8 x 8 pisos e > 900 tardoz 7 6 paredes emboço

contrapiso

D = 20 Pisos >900 contrapiso 8,7 6 p = 3

* Na realidade, os valores são inferiores devido à adesão da pasta à lateral dcs dentes das desempenadeiras. e à coesão da pasta.

Page 153: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18 .3 .5 .4 - Retração da argamassa colante

A argamassa colante também retrai na secagem, introduzindo tensões nos revestimentos. Sendo sua espessura reduzida, tais tensões são também reduzidas.

Todavia, convém não utilizá-la em espessuras superiores a 6 mm, sob pena de voltarmos à problemática da retração das argamassas espessas e ricas utilizadas no método convencional.

Reportando-nos ao gráfico da Fig. 18, Capítulo 9, e entrando com a espessura de 6 mm, notamos que a tensão de compressão no revestimento originada pela retração da argamassa, e para esta espessura, é da ordem de 5 kgf/cm2.

Por outro lado, espessuras maiores do que 6 mm dificultam a colocação das peças, além de elevarem os custos, dado o maior consumo de argamassa colante.

1 8 . 4 - 0 M é t o d o d e C o l a g e m

Como dissemos, é constituído por duas fases bem distintas:

1a) Preparo das bases.

2-) Colagem das peças.

18.4 .1 - P r e p a r o d a s b a s e s

18 .4 .1 .1 - Paredes - Emboço

Da superfície nua da alvenaria ou concreto até o nível superior do emboço os procedimentos são idênticos aos descritos para o método convencional, no Capítulo 16, ou seja:

-Chapisco - ver item 16.1.1.1.

-Prumo da superfície - ver item 16.1.1.2.

- Emboço - ver item 16.1.1.3.

Preparado o emboço, aguardar sua cura no mínimo por sete dias, lembrando que, nesta idade, a argamassa do emboço já retraiu cerca de 60% a 80% de seu valor final.

Este prazo poderá ser reduzido para poucas horas no futuro, quando forem implantados aditivos que venham a inibir a retração das argamassas.

18 .4 .1 .2 - Pisos - Contrapiso

Da superfície nua da laje ou lastro de concreto e até o nível superior do contrapiso os procedimentos são idênticos aos descritos no método convencional, ro Capítulo 16.

Page 154: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- Superfície da laje ou lastro de concreto - ver item 16.1.2.1.

- Pasta de cimento - ver item 16.1.2.2.

- Nivelamento da superfície - ver item 16.1.2.3.

-Contrapiso - ver itens 16.1.2.4 e 16.1.2.5.

Preparado o contrapiso, aguardar sua cura no mínimo por sete dias, lembrando que, nesta idade, a argamassa do contrapiso já retraiu cerca de 60% a 80% de seu valor final.

Este prazo poderá ser reduzido para algumas horas no futuro, quando forem im-plantados aditivos que venham a inibir a retração das argamassas.

18.4 .2 - C o l a g e m d o s r e v e s t i m e n t o s

18.4 .2 .1 - Projeto das juntas

Inicialmente, devem ser projetados todos os tipos de juntas, como descrito no Capítulo 15.

18.4 .2 .2 - Cuidados preliminares

Os antigos mestres sempre afirmavam que "a água é a cola dc pedreiro". Acrescentamos, "desde que seja usada parcimoniosamente".

Com argamassa colante não é necessário umedecer o emboço ou contrapiso. É suficiente uma limpeza para remoção do pó e outros resíduos q j e possam prejudicar a aderência. E, o auxílio moderado de água ajudará nesta limpeza.

Todavia, há situações como sol direto; dias quentes; e/ou correntes de ar que exigem o umedecimento das superfícies do emboço, a fim de não haver secagem prematura da argamassa colante, mesmo sendo esta de boa qualidade.

V

Fig. 56

Page 155: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18.4.2.3 - Área de espalhamento

Há duas características das argamassas colantes que devem ser observadas: 1e) formação de película; 2§) tempo em aberto.

1 )̂ Formação de película

Quando espalhada e penteada (dependendo das condições ambientes mais agressivas ou menos agressivas) na superfície dos cordões forma-se em menor ou maior tempo uma película que impedirá a aderência da peça à pasta de argamassa, quando a peça é simplesmente colocada sobre os cordões.

Neste caso, ainda é possível aproveitar a argamassa colante se a peça for colocada alguns centímetros fora de posição, arrastada e percutida por pouca intensidade, mas com grande freqüência. A película tende a romper-se e a argamassa colante aderirá ao tardoz das peças.

Percutir com impactos leves, mas com grande freqüência explora a propriedade de tixotropia que têm as argamassas colantes, ou seja, têm sua viscosidade diminuída sob intensa agitação. Isto facilitará a acomodação da peça em sua posição final e garantirá a aderência total com o tardoz (Fig. 56).

Hoje já estão sendo usados vibradores portáteis que, aplicados sobre a superfície de cada peça, à medida que é assentada, causam a ruptura da película eventualmente formada e garantem a impregnação do tardoz da peça pela pasta de argatiassa colante.

A verificação da formação da película pode ser feita praticamente com um toque com a ponta do dedo, o qual deverá ficar impregnado de pasta.

Caso não fique impregnado, significa que ou só a película foi fornada e, neste caso, a argamassa ainda está fresca no interior dos cordões, ou além da película o tempo em aberto, adiante descrito, foi ultrapassado. Neste último caso, não há aproveitamento da argamassa colante, a qual deverá ser retirada e desprezada.

2~) Tempo em aberto

É o tempo decorrido desde a operação de pentear até o instante que ainda é possível assentar e fazer aderir uma placa cerâmica.

Vencido este período, a argamassa não tem mais aproveitamento.

Portanto, a área de espalhamento da pasta sobre um emboco ou um contrapiso depende das condições ambientes e da prática do oficial assentador em imprimir maior ou menor velocidade aos serviços de assentamento. Normalmente a área de espalhamento poderá ser de 1 m2.

A operação de espalhamento consiste em estender a argamassa em camada lisa com o lado sem dentes da desempenadeira e, depois, pentear com ângulo cerca de 60 graus, formando cordões.

Page 156: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18.4.2.4 - Água de amassamento

É outra característica que deve ser determinada em laboratório, para cada produto.

Tal valor gira em torno de 18% a 20% de água em relação à massa de argamassa colante em pó, e para os produtos nacionais.

Na prática, apesar de os fabricantes indicarem nas embalagens uma proporção correta em litros de água por quilo de pó, em obra não há a preocupação de se fazer medidas, resultando em pastas mais fluidas ou mais consistentes, conforme critério pessoal do oficial assentador.

Todavia, em obra, a tendência é utilizar pastas com quantidade de água pouco maior do que aquela indicada pelo fabricante. Dessa forma, intuitivamente, o oficial assentador compensa de certa maneira as perdas de água devidas às condições ambientais (calor e ventilação) e às elevadas absorções de água quer da base (emboço ou contrapiso), quer das placas cerâmicas.

É de se notar que a pasta de argamassa colante mostra-se adequada para uso quando sua densidade é cerca de 1,8.

Quanto às perdas de água em obra, às quais nos referimos acima, é necessário seguir as prescrições das Normas Brasileiras de Procedimentos de execução de revestimentos (1), nas quais estão previstas condições de necessidade de umedecer quer as placas cerâmicas, quer a base sobre a qual serão assentadas, em função das condições ambientais.

A medida da consistência pelo "flow table" (mesa cadente) utilizada em ensaios de concreto apresenta duas dificuldades:

19) Dificuldade em encher e compactar a pasta de argamassa colanie na forma tronco cônica, dada a aderência da pasta às paredes da forma, e dada a alteração da viscosidade pelos impactos com o soquete, tornando a argamassa mais fluida. Assim, havendo variação da viscosidade durante o ensaio, teremos problemas de repetitividade e reprodutibilidade dos ensaios.

2-) As 30 quedas em 30 segundos novamente alteram a viscosidade diminuindo-a, dada a propriedade tixotrópica das argamassas colantes.

De um modo prático, lembramos que a proporção de água nas argamassas colantes é tal que, se colocamos pouca água, não será possível pentear a argamassa. Se a água estiver em excesso, igualmente não será possível pentear, pois os cordões fluem.

Entre uma situação e outra a variação na proporção de água é pequena, e o oficial assentador mesmo sem medir consegue chegar no "ponto" adequado.

Para peças grandes (massa maior), a argamassa é ligeiramente mais consistente, evitando seu escorregamento sobre a argamassa.

Para peças pequenas a argamassa é utilizada com menor consistência.

Page 157: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

18.4.2.5 - Revestimento cerâmico

No preparo do mesmo deve ser retirado do tardoz todo o pó mineral utilizado em sua fabricação (engobe), pois é evidente o grande prejuízo na aderência que ele causará.

As peças são assentadas sobre os cordões alguns centímetros fora de posição, podendo ou não ter cordões de argamassa em seu tardoz (ver item 18.3 e Tabela 6), dependendo de suas dimensões.

Em seguida, há arrastamento da peça (Fig. 56) e impactos leves e de grande freqüência, em sua superfície. Ou, utilizando um vibrador manual aplicado sobre a superfície da peça cerâmica. Ou, ainda, um martelo de borracha.

Quanto à impregnação do tardoz, as Normas Brasileiras de Procedimentos de execução (1) prescrevem, para qualquer dimensão das peças cerâmicas, 100% de impregnação para revestimentos em pisos internos ou externos, paredes e fachadas ou em qualquer outra situação, como os revestimentos de piscinas, câmaras frigoríficas, saunas, garagens e rampas.

18.4.2.6 - Rejuntamento

Proceder como descrito no Capítulo 15.

1 8 . 5 - A r g a m a s s a s e l á s t i c a s

Existem no mercado argamassas colantes adjetivadas como "flexíveis".

Em diversos pontos deste livro, referimo-nos a argamassas de assentamento "extremamente plásticas".

Assim, no Capítulo 11 e no final do item 11.1, quando tratamos da 'expansão por umidade" dos revestimentos cerâmicos, consideramos a hipótese extrema de que, se o revestimento fosse assentado com argamassas extremamente plásticas a tal ponto de permitirem a livre "expansão por umidade" do material cerâmico, o material do rejuntamento estaria sujeito a uma compressão de 180 kgf/cm2.

Ainda sob a mesma hipótese, nos itens 11.3.3 e 11.3.4 do Capítulo 11 exemplificamos com um cálculo teórico das juntas e módulo de elasticidade do material, comentando os riscos de utilizar, para o assentamento, materiais extremamente plásticos.

Também no final do item 15.1.1 apresentamos a Tabela 5, em que, partindo de um módulo de elasticidade teórico e extremamente baixo da ordem de 8.000 kgf/cm2, chegamos ao dimensionamento da largura das juntas. (Ver cálculo mais preciso no Apêndice I, na pág. 173.)

Page 158: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

E, finalmente, no Capítulo 17 e no final do item 17.2.9 chamamos a atenção de que a utilização de argamassas colantes elásticas não impedirá a expansão das placas cerâmicas devido à sua "dilatação higroscópica". E, sim, obrigará a adoção de juntas mais largas e preenchidas com materiais mais elásticos, sendo, então, indispensáveis criar juntas de movimentação.

O que seriam argamassas elásticas?

Para defini-las, teríamos que partir de uma argamassa padrão da qual conheceríamos seu Módulo de Elasticidade aE . " e, de acordo com necessidades padrão ' construt ivas específ icas, definir um novo Módulo de Elasticidade "Ee", evidentemente menor do que uEpadrà0", e tomá-lo como parâmetro máximo. Diríamos apenas que argamassas com Módulos de Elasticidade igual ou menor do que tal parâmetro "E0" seriam mais elásticas do que aquela tomada como padrão.

Por ora não há Norma nacional ou estrangeira sobre especificação ou Método de Ensaio para definir argamassas elásticas. Encontramos'2* apenas sugestão de definição, ensaios e valores recomendados, mas para uma lâmina de argamassa colante endurecida submetida a ensaio de tração na flexão prescrita pela UEAtc - Union Europeén pour UAgrément Technique dans La Construction em seu guia Technician Guide for the Assessment of Ceramic Tile Adhesives (anc de 1990).

Em resumo, de acordo com a recomendação da UEAtc, uma argamassa colante seria considerada flexível se uma lâmina endurecida da mesma, nas dimensões e condições descritas a seguir, se romperia e se deformaria no mínimo em 5 mm quando carregadas com P = carga de ruptura = 3 N (-300 g) concentrada no meio do vão.

Em planta

45 mm 80 mm

Corte

(2)

(1)

300 mm

3 mm

5 mm

(1) Lâmina de poliestireno expandido com densidade 15 a 20 kg/m3 e com espessura de 5 mm, largura de 80 mm e comprimento de 300 mm.

(2) Lâmina de argamassa colante moldada sobre a anterior com espessura de 3 mm, largura de 45 mm e comprimento de 300 mm.

Deformação controlada sob a carga P crescente deve ser de 2 mm por minuto.

Page 159: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A metodologia sugerida pela UEAtc, e o valor mínimo da flecha (5 mm) para a carga de 3 N (= 300 g ou 0,3 kgf) permitem avaliar o módulo de elasticidade máximo de uma argamassa colante elástica, desde que a lâmina de argamassa prescrita atenda às três hipóteses, a saber:

„ a a) Lei de Hooke (tensões proporcionais às deformações): t -— •

8

b) Hipótese de Navier: as seções se mantêm planas após a deformação;

c) Hipóstese de Bernouilli: as duas condições anteriores, a para o caso de barras retas ou com raio de curvatura grande em relação à largura 'b' da barra e da altura 'd' da barra levam a admitir a distribuição linear das tensões.

(Linha neutra)

Para os valores da figura abaixo

I P = 0.3 kgf

I I o O

L = 30 cm « — • b = 45mm

d = 3mm

A4 P L Momento fletor máximo (em L/2): M —

Momento de inércia em relação à reta que passa pelo centro de gravicade da seção:

bd}

J = 12

... J Módulo de resistência: W - —

y

sendo J7 — ~ vem W bd:

tensão máxima a = M_ W

ou G = 3 PL

2bd2

Page 160: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Com os dados da metodologia UEAtc:

L = 30 cm b = 4,5 cm d = 0,3 cm P = 300 g ou 0,3 kgf

i s P L o momento fletor máximo (em L/2) é M = — = 2,25 kgf x cm

bd3

o momento de inércia é J = = 0,010125 cm4

12 E a tensão máxima será G (resistência à ruptura da lâmina de argamassa colante endurecida à tração na flexão)

3 PL <3 = T 7 3 I = 33,33 kgf/cm2 = 3,5 MPa

Iba

O Módulo de Elasticidade da argamassa colante considerada flexível resulta da equação da linha elástica para EJ constante ao longo da lâmina de argamassa

y = — ( 3 L 2 - 4x2) 48 EJY )

L R PÚ A flecha máxima será para * = — j =

2 48EJ

A sugestão da UEAtc propõe que para P = 0,3 kgf a flecha deverá ser f = 0,5 cm

então,

EJ = 337,5 kgf x cm2 (produto de rigidez da lâmina de argamassa colante)

sendo J = 0,010125 cm4

o Módulo de Elasticidade máximo para que a argamassa seja considerada flexível, atendidas todas as condições acima, deve ser

E = 33.333 kgf/cm2 = 3,5 GPa

Note-se que para as dimensões adotadas para a lâmina de argamassa colante e para o limite mínimo da flecha f = 0,5 cm com carga de ruptura P = 0,3 kgf, teremos

E = 1000 . a

Bib l iogra f i a

"> NBR-13.753 - dez/1996; NBR-13754 - dez/1996 e NBR-13755 - dez/1996: Normas de Procedimentos de execução de revestimentos.

(2) Anais do II Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas - 1997: Flexibilidade de Argamassas Adesivas - Akiama, Solange Y.; Medeiros, Jonas S,; Sabbatini, Fernando H.

Page 161: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 19 Consumo de argamassa colante

em diversas aplicações

As argamassas colantes vêm sendo utilizadas em diversos serviços, para fixação de elementos construtivos e como camada de transição substituindo o chapisco convencional.

Assim, encontramos aplicações no assentamento de revestimentos em geral, tais como revestimentos cerâmicos em pisos e paredes; ladrilhos hidráulicos, pisos de borracha; pastilhas cerâmicas; pedras naturais, como ardósia esquadrejada; assentamento de blocos de concreto simples e concreto leve (celular); e como chapisco colante.

Todavia, sempre há dúvidas na avaliação do consumo.

Procurando esclarecer o assunto, fizemos verificação em laboratório com algumas marcas de argamassa colante, que acabaram por comprovar, com boa aproximação, os consumos encontrados em obras.

1 9 . 1 - D e n s i d a d e a p a r e n t e d a a r g a m a s s a c o l a n t e e m p ó

As argamassas colantes são fornecidas em pó, contendo todos os seus componentes. Para determinação da densidade aparente, ou peso unitário do pó, foi utilizado um frasco de 1.000 ml. De uma embalagem fechada foram retiradas porções de pó com auxílio de concha. O frasco foi enchido com duas porções de pó e, em seguida, rasado com régua metálica e pesado.

De cada embalagem foram feitas 10 determinações sem reutilizar as porções já pesadas.

As médias aritméticas levaram ao valor de 1,53 para a densidade aparente ou peso unitário do pó de argamassa colante.

1 9 . 2 - D e n s i d a d e d a m a s s a f r e s c a d e a r g a m a s s a c o l a n t e

À determinada quantidade de água foi sendo adicionado pó até obter uma pasta de boa trabalhabilidade com desempenadeira denteada.

Sobre este conceito gostaríamos de lembrar que, embora possa sugerir algo de critério pessoal e subjetivo, a trabalhabilidade é facilmente determinada pelo próprio comportamento da pasta de argamassa colante ao ser penteada com a desempenadeira denteada.

Page 162: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Como já dissemos no Capítulo 18, havendo falta de água a mistura se desagrega e cai ao solo quando o operador tenta espalhar a pasta sobre a parede com desempenadeira denteada. Havendo excesso de água, a pasta flui; desmanchando os cordões inicialmente formados pela desempenadeira.

Há uma faixa relativamente estreita da relação água/argamassa colante, para a qual os cordões de pasta formados pela desempenadeira permanecem estáveis.

Encontramos para a quantidade de água necessária o valor de 19% em relação ao peso da argamassa colante em pó.

A densidade da pasta assim obtida foi 1,8.

Assim, temos os seguintes dados para avaliar o consumo:

Pó + água = pasta 4.500 g + 855 g 5.355 g

ou, para obter 1 dm3 de pasta com densidade 1,8, calculamos:

x + 0,19 x = 1.800 1.513 g de pó + 287 g de água = 1.800 g de pasta

Lembrando que 1 dm3 de pasta eqüivale a um milímetro de espessura em um metro quadrado de emboço ou contrapiso, teremos os seguintes ccnsumos de argamassa em pó por metro quadrado:

Espessura da pasta Consumo de pó 1 mm 1,5 kg/m2

2 mm 3,0 kg/m2

3 mm 4,5 kg/m3

4 mm 6,0 kg/m2

5 mm 7,5 kg/m2

6 mm 9,0 kg/m2

1 9 . 3 - A s s e n t a m e n t o d e r e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s

Para duas superfícies perfeitamente planas, a espessura da pasta para um contato perfeito seria de 1 mm se considerarmos o diâmetro do agregado. Todavia, emboço e contrapiso são irregulares e as peças cerâmicas variam em sua espessura, mesmo dentro de limites de aceitação prescritos em Normas.

19.3.1 - Emboço e contrapiso

As Normas Brasileiras de Procedimentos consideram aceitável para o emboço um desvio de até 3 mm para um comprimento de dois metros (Figs. 58 A e B).

O mesmo critério é prescrito para o contrapiso.

Page 163: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Este desnivelamento terá de ser preenchido pela pasta de argamassa colante.

Fig. 58

19 .3 .2 - R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s pa ra p i s o s

Para placas cerâmicas, as Normas (2) consideram aceitáveis variações na espessura de 5% a 10%. Quanto ao empeno, é aceitável até ± 0,5% da medida da diagonal das peças.

Isto significa que a pasta de argamassa colante mais uma vez deverá preencher irregularidades das superfícies e, neste caso, as variações somadas da espessura e do empeno das peças.

Caso a pasta for estendida em quantidade insuficiente poderão ocorrer as situações das Figs. 59A e B. Na primeira a peça fica presa apenas pelas bordas e, ao percuti-la, ouvir-se-á um som cavo dando a falsa impressão de que a peça está se soltando. Na segunda, a peça ficará presa somente na parte central e o trânsito de operários logo após o assentamento provocará o desprendimento da peça pelo efeito gangorra.

Peça

Fig. 59

19 .3 .3 - R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s pa ra p a r e d e s

As Normas (2) consideram aceitáveis para placas cerâmicas as seguintes variações:

- na espessura: ± 10% para placas até 190 cm2, e ± 5% acima de 190 cm2;

- empeno côncavo: 1% da diagonal para placas até 90 cm2 e 0,5% para as demais;

Peça cer;

( D

Page 164: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

- empeno convexo: 1% da diagonal para placas até 90 cm2 e 0,5% para as demais.

E tais variações devem ser fatalmente preenchidas pela pasta de argamassa colante.

19.3.4 - Consumo

Consideradas as variações do emboço, do contrapiso e das placas cerâmicas, somadas, chega-se à necessidade de urna espessura média de 3 mm após as placas assentadas. Isso resulta um consumo aproximado de 4,5 kg de argamassa em pó por metro quadrado de revestimento, consideradas peças de até 400 cm2

de área da superfície.

No item 18.3.5 do Capítulo 18 calculamos espessuras das camadas de argamassa em função das áreas do tardoz das peças e das desempenadeiras adequadas para o assentamento.

Partindo daqueles valores obteremos os consumos abaixo:

a - Placas até 400 cm2

Desempenadeira 6 x 6 x 6 mm Argamassa colante sobre emboço ou contrapiso

e = 3 mm consumo 4,5 kg/m2

b - Placas de 400 cm2 até 900 cm2

Desempenadeira 8 x 8 x 8 mm Argamassa colante sobre emboço ou contrapiso

e = 4 mm consumo 6,0 kg/m2

c - Placas > 900cm2

Desempenadeira 8 x 8 x 8 mm Argamassa no tardoz e no emboço ou contrapiso

e = 6 mm consumo 9 kg/m2

d - Placas > 900 cm2

Desempenadeira semicircular D = 20 mm e p = 3 mm Argamassa só no contrapiso

e = 6 mm consumo 9 kg/m2

1 9 . 4 - P a s t i l h a s c e r â m i c a s

A argamassa colante é utilizada, neste caso, em substituição à massa fina.

As irregularidades do emboço e contrapiso são as mesmas do item 19.3.

O consumo de argamassa colante será de 4,5 kg/m2.

Page 165: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 9 . 5 - A s s e n t a m e n t o d e b l o c o s d e c o n c r e t o l e v e

Após molhar a superfície a colar, a pasta é espalhada com desempenadeira denteada 6 x 6 x 6 mm sobre as superfícies laterais dos blocos (Fig. 60).

Fig. 60

Considerando:

- blocos de 40 x 60 cm ou 4 blocos/m2 de alvenaria;

- consumo de 4,5 kg/m2 de superfície a colar.

Obteremos os consumos por metro quadrado de alvenaria da Tabela 7.

Tabela 7

Espessura "e" do bloco

cm

Superfície a colar 4(0,4+0,6).e

m2 /m2 de alvenaria

Consumo por m2

de alvenaria Kg/m2

8 0,32 1,45 10 0,40 1,80 15 0,60 2,70 20 0,80 3,60

1 9 . 6 - B l o c o s d e c o n c r e t o s i m p l e s

Sobre os blocos previamente molhados, a pasta é aplicada com funil plástico tipo confeiteiro, com abertura de cerca de 1,8 cm de diâmetro, formando cordões contínuos.

Os cordões são aplicados sobre as nervuras dos blocos da fiada já assentada e, para as juntas verticais, o bloco a ser assentado é colocado de pé, aplicando-se um cordão em cada extremidade (Fig. 61).

Page 166: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Com argamassa colante de granulometria grossa obtêm-se juntas com cerca de 6 mm.

Calculando o volume de pasta sobre as nervuras e juntas verticais, utilizando os valores do diâmetro do funil e densidade da pasta, obteve-se os seguintes consumos confirmados em obra:

Blocos Por m2 de alvenaria 39 x 19 x 19 7,3kg/m2

39 x 19 x 14 7,0 kg/m2

39 x 19 x 9 6,4 kg/m2

7 - P l a c a s d e b o r r a c h a c o m c a v i d a d e s n a b a s e

Para o preenchimento total das cavidades existentes na base das placas (1,8 litro/m2), encontramos o consumo de 3,2 kg de pasta por metro quadrado de piso, o que eqüivale a 2,70 kg de pó por metro quadrado.

Como sobre o contrapiso é necessária uma camada fina de pasta de argamassa colante para servir de contato, medimos esta quantidade encontrandc 1,95 kg de pasta por metro quadrado, equivalente a 1,85 kg de pó.

Resumindo:

Enchimento das cavidades da base 2,70 kg/m2

Camada penteada sobre o contrapiso 1,65 kg/m2

Total do consumo 4,35 kg/m2

Podemos adotar 4,5 kg de argamassa colante em pó para cada metro quadrado de piso.

Obs.: Quando da aplicação, recomenda-se apoiar a placa sobre os cordões e batê-la levemente, posicionando-a. Não bater a placa com intensidade e no seu centro, pois os cantos da placa se levantam saindo do nível e tornando impossível o acabamento.

Page 167: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 9 . 8 - C h a p i s c o

O chapisco convencional é executado projetando com energia uma argamassa de cimento e areia grossa 1:3.

O arremesso contra o forro ou o paramento de alvenaria ou concreto resulta em grande perda de material e desconforto para o oficial pedreiro.

A argamassa colante por sua facilidade de aplicação com desempenadeira 6 x 6 x 6 mm reduz as perdas a zero. Sua alta aderência (ruptura com 5 kgf/cm2) garante o suporte do emboço e reboco nos forros, que tem peso próprio total de cerca 54 kgf/m2 (espessura total de 3 cm e densidade de 1,8) eqüivalendo a 0,0054 kgf/cm2.

Portanto, com coeficiente de segurança 2, sobram cerca de 2,5 kgf/cm2 para equilibrar tensões que possam atuar no forro.

Os próprios cordões de argamassa colantes aplicados de forma aleatória sobre a superfície criam a ancoragem necessária para receber o emboço.

O consumo é da ordem de 4 kg de argamassa colante por metro quadrado de superfície, quando aplicado com a desempenadeira 6 x 6 x 6 mm.

Dada a presença de resíduos de desmoldantes na superfície de concreto, ou quando esta é muito lisa ou antiga, convém jatear areia para sua limpeza perfeita antes da aplicação da argamassa colante como chapisco. Aliás, esta observação é válida também para os chapiscos convencionais. Isto evita o dissabor de ver os revestimentos de forros se destacarem na fase final da obra.

1 9 . 9 - A s s e n t a m e n t o d e a r d ó s i a

O assentamento de ardósia apenas colocando-a sobre uma argamassa de assentamento não atende às condições esperadas de aderência e, em pouco tempo, notam-se placas soltas que são rompidas pelo trânsito de veículos.

A utilização de argamassa colante garantirá tal aderência.

O processo consiste em aplicar uma camada de pasta de argamassa colante no tardoz da pedra, pentear com desempenadeira 6 x 6 x 6 mm, e deixar endurecer em ambiente úmido e à sombra.

O assentamento é feito, então, sobre uma camada de argamassa comum de traço 1:6 de cimento e areia média úmida ou 1:0,5:5 ou ainda 1:1:7 de cimento, cal hidratada e areia média úmida.

O consumo de argamassa colante é cerca de 4 kg/m2.

B i b l i o g r a f i a

(1) Fiorito, A. J. S. I. - Revista "Construção" n° 2.082 - jan./1988 - Ed. Pini.

w NBR-13816 - abr./1997; NBR-13817 - abr./1997 e NBR-13818 - abr./1997: Placas cerâmicas.

Page 168: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 169: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Capítulo 20 Ensaios de argamassas colantes

e Normas Brasileiras

2 0 . 1 - E n s a i o s d e a r g a m a s s a s c o l a n t e s

Os ensaios para caracterizar as argamassas colantes devem levar em conta os três estágios possíveis em que elas podem se apresentar:

1§ - argamassa colante em pó;

2a - argamassa colante quando ainda pasta;

3- - argamassa colante preparada e endurecida.

Em análise às Normas Americanas e Alemãs, podemos agrupar os ensaios ali prescritos nos três grupos acima.

20 .1 .1 - A r g a m a s s a c o l a n t e e m pó

- conteúdo de água livre; -dimensão máxima; - e, acrescentamos, densidade aparente.

20 .1 .2 - A r g a m a s s a c o l a n t e q u a n d o a i n d a pas ta

- densidade da pasta (não prescrita naquelas Normas); -início e fim de pega; - tempo em aberto; -ajustabilidade; -formação de película; - deslizamento, quando aplicada em superfícies verticais; - coesão imediata após a aplicação; - impregnação do tardoz; - mancha sob vidrado transparente; - outros.

20 .1 .3 - A r g a m a s s a c o l a n t e p r e p a r a d a e e n d u r e c i d a

- retração linear; - resistência à ruptura por tração simples: - resistência à ruptura por cisalhamento; - módulo de elasticidade.

Page 170: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

2 0 . 2 - N o r m a s Bras i le i ras

Atualmente, estão em vigor três Normas Brasileiras de Procedimentos de execução em obras:

NBR-13753 - dez./1996: revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante -Procedimento.

NBR-13754 - dez./1996: revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento.

NBR-13755 - dez./1996: revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante -Procedimento.

Os textos destas três Normas Brasileiras são extremamente didáticos, claros e de fácil entendimento. Constituem um formidável passo para a melhoria e orientação de nossa mão-de-obra que, ainda hoje, não atingiu plenamente o conhecimento dos materiais envolvidos nos revestimentos.

Por outro lado, as Especificações e Métodos de Ensaio para argamassas colantes estão prescritos nas seguintes Normas Brasileiras:

NBR-14081 - abr./1998: argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Especificação.

NBR-14082 - abr./1998: argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Execução do substrato padrão e aplicação de argamassa para ensaios - Procedimentos.

NBR-14083 - abr./1998: argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Determinação do tempo em aberto - Método de ensaio.

NBR-14084 - abr./1998: argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Determinação da resistência de aderência - Método de ensaio.

NBR-14005 - abr./1990: argamassa colante industrial izada para assentamento de placas de cerâmica - Determinação do deslizamento-Método de Ensaio.

NBR-14086 - abr./1998: argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Ensaios de caracterizarão no estado anidro.

Page 171: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

É de se notar que quando citamos, relacionamos e comentamos Normas, o fazemos considerando os textos que estão em vigor em determinado instante. Isso porque as normas têm um caráter dinâmico e estão sempre sujeitas a revisões, em vista de possíveis falhas técnicas, ou devido a novas técnicas mais apuradas, quer de mão-de-obra, quer de equipamentos ou novas matérias-primas, ou simplesmente, para se adequarem cada vez mais às exigências e necessidade dos consumidores.

Assim sendo, é imprescindível consultar sempre os fabricantes de argamassas colantes e a ABNT para verificar eventuais alterações e revisões das Normas.

A seguir, faremos algumas considerações que julgamos de interesse.

No Capítulo 5, tratamos da distribuição das tensões que atuam sobre os revestimentos, ficando claro que, quando se fala em resistência de aderência, há que se medir tal aderência referida à ruptura por tração simples e não ao cisalhamento.

Quanto às dimensões do corpo-de-prova, que é parte de uma placa cerâmica, e quanto à velocidade de aplicação da carga de tração, devem ter uma definição precisa para possibilitar repetir, reproduzir e comparar os resultados dos ensaios elaborados por qualquer laboratorista (velocidade de aplicação da carga), em qualquer laboratório (dimensões da peça e velocidade de aplicação da carga) e comparação de resultados (mesma dimensão dos corpos-de-prova). E isto porque, em ensaios que efetuamos, observou-se que:

- quanto maior a velocidade de aplicação da carga, maiores serão os resultados;

- quanto menores as dimensões das peças ensaiadas (menor área sobre a qual é aplicado o esforço de tração), maiores serão os resultados.

Os ensaios a que nos referimos acima estão descritos no item 20.2.1.

20 .2 .1 - O b s e r v a ç õ e s s o b r e a v e l o c i d a d e d a c a r g a d e t r a ç ã o e a á r e a d a super f íc ie t r a c i o n a d a n o s e n s a i o s q u e m e d e m a a d e r ê n c i a

20 .2 .1 .1 - Definição de uma velocidade e das dimensões do corpo-de-prova

Apesar de prescrever a determinação da resistência ao cisalhamento, a Norma ASTM C-432-81/86 nos dá excelente subsídio quanto às dimensões da peça a ser ensaiada, e a velocidade de aplicação da carga de tração.

Entre outros procedimentos dessa Norma, é prescrito que as placas cerâmicas utilizadas nos ensaios devem ser cortadas antes do assentamento. A operação de corte após o assentamento, com serra de disco ou de copo, introduzirá vibrações, torção e tensões de cisalhamento imprevisíveis, que fatalmente provocarão a ruptura parcial na superfície de ligação. Os resultados nos darão o

Page 172: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

diferencial entre a aderência que deveria ter sido medida e a aderência após a ruptura parcial devida à operação de corte. A Norma ASTM C-482-81/ 86 prescreve:

-dimensões das peças: aproximadamente 10 x 10 cm (100 cm2)

- velocidade de aplicação da carga de tração:

200 ± 20 psi/min ou

1,4 ± 0,1 MPa/min ou

0,23 ± 0,02 kgf/cm2/s

Para o corpo-de-prova 10 x 10= 100 cm 2 , a velocidade será:

23 ± 2,3 kgf/s

20 .2 .1 .2 - Ensaios realizados - comentários

1 °) Preparamos cinco amostras de argamassa colante com composições diferentes e cujos resultados dos ensaios de tração deveriam apresentar valores lógicos em função de tais composições.

Para cada amostra foram ensaiados três corpos-de-prova.

A dimensão da área de tração foi adotada em 10 x 10 cm ou 100 cm2.

A carga de tração foi aplicada com macaco hidráulico sem controle adequado da velocidade e dependendo da sensibilidade do operador.

Os resultados obtidos não foram lógicos, conforme mostra o quadro abaixo.

N° d a a m o s t r a R e s u l t a d o s e m k g f / c m 2

5 e 2 6 ,5 4 4 , 8 1 5 ,2 3 5 ,9

As amostras foram numeradas fora da ordem esperada dos resultados, sendo que a amostra de número três deveria ter dado um resultado bem inferior às demais.

Durante o ensaio, cronometramos o tempo de duração até a ruptura, notando que para os 15 ensaios o menor tempo foi de oito segundos e o maior foi de dez segundos.

Page 173: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Avaliamos a velocidade de carregamento utilizando a média de todos os resultados (5,78 kgf/cm2) multiplicada pela área (100 cm2) e dividindo pela duração média do ensaio (9 segundos), resultando aproximadamente 60 kgf/s, ou 0,60 kgf/cm2/s.

Este resultado é cerca de três vezes maior que o prescrito na ASTM C-482-81 86, parecendo ter sido este o motivo de termos obtido resultados muito próximos e de interpretação um tanto insegura, caso não conhecêssemos de antemão as amostras ensaiadas.

2o) Preparamos mais uma rodada agora de quatro composições que deveriam levar a valores bem distintos da resistência à ruptura por tração.

Os ensaios foram sobre peças cortadas nas dimensões 50 x 50 mm (25 cm2), conforme prescrito na Norma DIN-1 8156 - parte 2, a qual também é omissa quanto à velocidade da carga de tração, dizendo apenas que "deve ser aumentada, tanto quanto possível, uniformemente" (!?).

Utilizado o mesmo equipamento de tração e mantida a velocidade média encontrada de 60 kgf/s do ensaio anterior, verificamos que a velocidade de tração sobre os 25 cm2 de superfície tracionada foi de 2,4 kgf/cm2/s, ou seja, dez vezes maior do que aquela prescrita na ASTM C-482.

Os resultados obtidos foram altos e exageradamente próximos, impedindo qualquer interpretação, conforme pode ser verificado no quadro de resultados a seguir.

A m o s t r a n° R e s i s t ê n c i a k g f / c m 2 M é d i a 1 1 0 , 9 / 1 1 , 8 / 9 , 9 10 ,9 2 1 1 , 8 / 1 1 , 5 / 9 , 2 10 ,8 3 1 2 , 7 / 8 , 6 / 1 1 , 7 11 ,0 4 1 0 , 9 / 1 0 , 4 / 9 , 5 1 0 , 3

3o) As mesmas quatro amostras de argamassa colante, anteriores foram novamente ensaiadas em corpos-de-prova de dimensões 10 x 10 cm (100 cm2) utilizando para o carregamento uma máquina de tração de aços, para garantir uma velocidade de 20 kgf/s ou, para os 100 cm2, a velocidade de 0,20 kgf/cm2/s.

Os resultados obtidos foram coerentes, conforme mostra o quadro a seguir.

A m o s t r a n c R e s i s t ê n c i a k g f / c m 2 M é d i a 1 6 , 3 5 / 8 , 7 5 / 7 , 4 5 7 , 5 2 2 7 ,10 /6 ,85 / - 6 , 9 8 3 6 , 1 0 / 6 , 1 0 / 6 , 1 0 6 , 1 0 4 3 , 7 0 / 4 , 6 0 / 4 , 3 5 4 , 2 2

Page 174: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

20.2.1.3 - Conclusões

1°) Para a argamassa preparada e endurecida, a aderência é significativa quando é medida por ensaio de tração simples.

2-) A área adequada para determinar a aderência por tração simples é de 10 x 10 cm ou 100 cm2. Lembramos que há ensaios que foram feitos desde os anos de 1970 sobre corpos-de-prova com tais dimensões. Os resultados se apresentaram com valores no entorno de 5 kgf/cm2 (0,5 MPa), valor este que poderia ser adotado como especificação, uma vez que o grande laboratório foi constituído por inúmeras obras que utilizaram milhares de toneladas de argamassa colante, desde os anos de 1970, com resultados satisfatórios.

3-) As amostras de placas cerâmicas devem ser cortadas nas dimensões 10 x 10 cm antes de serem assentadas sobre a base.

4Ô) A velocidade de tensionamento não pode ser arbitrária. Velocidade extremamente baixa pode romper o corpo-de-prova com cargas abaixo da aderência real, devido à influência da deformação lenta. Velocidades altas tendem a igualar todos os resultados e acima do valor real da aderência.

Como exemplo, se a aderência medida em corpos-de-prova 10 x 10 (100 cm2) for de 5 kgf/cm2, a carga aplicada será de 500 kgf. Se aplicarmos 500 kgf instantaneamente (alta velocidade) em corpo-de-prova 5 x 5 cm (25 cm2), a ruptura se dará com os 500 kgf e poderíamos ser levados a afirmar que a aderência é de 500 kgf/25 cm2 ou 20 kgf/cm2.

A variação da tensão de tração sobre o corpo-de-prova, em função da velocidade de aplicação da carga em kgf/cm2/s, varia conforme o gráfico da Fig. 62. A velocidade ideal no ensaio deve estar fora das faixas assintóticas.

Fig. 62

Em função dos resultados obtidos no ensaio descrito, parece-nos adequada a velocidade prescrita na Norma ASTM C-482-81/86, ou seja, 20 kgf/seg em corpos-de-prova 1 0 x 1 0 cm, ou de 0,20 kgf/cm2/s. É indispensável utilizar um aparelho de tração que garanta tal velocidade, independentemente de critério ou sensibilidade de operadores.

N o t a : Leia o Apêndice II - à página 181 - "Interpretação de teste expedito de aderência em obras, e sua não validade.

Page 175: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A P Ê N D I C E I E X E M P L O D E C Á L C U L O DA L A R G U R A D A S J U N T A S E M Ó D U L O D E E L A S T I C I D A D E D O M A T E R I A L D E R E J U N T A M E N T O

No Capítulo 11 - seção 11.3.4 (página 102); no Capítulo 15 (páginas 126 e 127); e no Capítulo 18 - seção 18.5 (página 155), apresentamos cálculo simplificado partindo da hipótese de que a placa cerâmica teria sido assentada com uma argamassa colante "extremamente plástica" permitindo que toda a expansão por umidade (EPU) da placa cerâmica tivesse livre curso. Os cálculos que levaram à Tabela 4 (página 103) e Tabela 5 (página 127) referem-se a tal hpótese e dão uma idéia aproximada da importância da expansão por umidade (EFU) das placas cerâmicas e sua influência na largura necessária mínima das juntas de assentamento e do módulo de elasticidade (E) do material de rejuntamento.

Todavia, as placas cerâmicas assentadas não têm a liberdade de se deformar totalmente devido à sua EPU ou devido a uma variação de temperatura. Há ligação íntima das mesmas com a argamassa colante; emboço ou contrapiso; e a camada suporte (alvenaria ou laje de concreto). Nessas condições as camadas sob as placas cerâmicas, devido à aderência obrigatória entre todas elas, funcionam como uma espécie de freio impedindo as placas cerâmicas de se expandirem livremente.

A seguir, apresentamos um exemplo de cálculo da largura necessária da junta de assentamento e qual deverá ser o módulo de elasticidade (E) do material de rejuntamento, em função da EPU da placa cerâmica e de um gradiente térmico ao longo da espessura de uma parede revestida.

1 - Consideremos uma alvenaria de tijolos maciços chapiscada, emboçada e com revestimento em placas cerâmicas coladas com argamassa colante.

2 - Características dos materiais das diferentes camadas:

a) placa cerâmica

Módulo de elasticidade EL = 350.000 kgf/cm2 = 35 GPa SL = seção transversal por centímetro de largura = 0,7 cm x 1 cm = 0,7 cm2

onde 0,7 cm é a espessura da placa cerâmica. Ô = expansão por umidade (EPU) = 0,0004 mm/mm a , - 0,000005/°C - coeficiente de dilatação térmica linear

b) argamassa (chapisco + emboco + argamassa colante)

Módulo de elasticidade EA = 100.000 kgf/cm2 = 10 GPa SA = seção transversal por centímetro de largura = 3 cm x 1 cm = 3 cm2

onde 3 cm é a espessura das três camadas de argamassa «A= 0,000010/^C = coeficiente de dilatação térmica linear

Page 176: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

c) suporte (alvenaria de tijolos maciços)

Módulo de elasticidade Ec = 100.000 kgf/cm2 = 10 GPa Sc = seção transversal por centímetro de largura = 15 cm x 1 cm = 15 cm2

onde 15 cm é a espessura da alvenaria de tijolos maciços ccc = 0,000005/°C = coeficiente de dilatação térmica linear

3 - Gradiente térmico

Continuando o exemplo, vamos supor que o revestimento de uma fachada, constituída pelas camadas acima caracterizadas, tenha sido executada quando os materiais de todas elas estavam a uma temperatura de +20 °C, e cue, quando em serviço e em um determinado instante, a temperatura do revestimento em placas cerâmicas atingiu +40 °C, e que a temperatura da alvenaria suporte (e do ambiente interno) ficou em +20 °C. Vamos, ainda, supor que devido a um gradiente térmico a temperatura da camada de argamassa passou para +30 °C.

Para efeito de cálculo, teremos:

variação da temperatura das placas cerâmicas:

AtL = +40 - 20 = +20 °C

variação da temperatura do chapisco + emboço + argamassa colante:

AtA = +30 - 20 = +10 °C

variação da temperatura do suporte (alvenaria):

Atc =+20-20=0 °C

4 - Compressão nas juntas devida exclusivamente à EPÜ.

No Capítulo 11, seção 11.2, onde tratamos da expansão por umidade das placas cerâmicas, calculamos as forças internas que atuam nas três camadas de um revestimento, encontrando:

NL = -k . E L . S L . Ô atuando nas placas cerâmicas

Na = EA . SA . d . (1 - k) atuando na camada de argamassa

NC = Ec . Sc . d . (1 - k) atuando no suporte

onde

. _ & A $ A + Eç SC E S + E S + E S s e m P r e positivo e menor do que 1

Substituindo os valores conforme item 2, obtemos as seguintes forças internas:

N L = - 8 6 . 2 6 kgf por centímetro de largura (compressão na placa cerâmica)

Page 177: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

NA = +14,38 kgf por centímetro de largura (tração nas argamassas)

Nc = +71,88 kgf por centímetro de largura (tração no suporte)

Note que as forças internas devem estar em equilíbrio ( I N = 0)

A tensão de compressão na placa cerâmica devida exclusivamente à EPU (expansão por umidade) será:

N L = - 8 6 ! 2 6 = _ l c w 2 L SL 0,7x1

Esta é a compressão que atua também no filete de rejuntamento entre as placas cerâmicas, devido exclusivamente â EPU da placa cerâmica.

É interessante notar que, antes de prosseguir com os cálculos da largura necessária para as juntas de assentamento e o módulo de elasticidade "E" necessário máximo do material de rejuntamento, deve-se verifica' a tensão de cisalhamento na base da placa cerâmica (ligação com a argamassa colante).

Para tanto, teremos de definir as dimensões da placa cerâmica.

Adotando uma placa de 10 cm x 10 cm, como exemplo de cálculo, teremos para a tensão de cisalhamento:

N, 86,26 2 T = — — = = 8,26 kof / cm 10x1 10

onde

N, é a força que atua na seção transversal da placa cerâmica em 1 cm de largura, e 10 cm é o comprimento da placa cerâmica na mesma direção de N (.

Os valores encontrados para "x" devem ser sempre inferiores aos valcres de ruptura obtidos no ensaio de laboratório. Caso contrário, é de se esperar que a ligação entre a base da placa cerâmica e a argamassa de assentamento romper-se-á e o revestimento sofrerá flambagem e desagregará.

5 - Compressão nas juntas devida exclusivamente a um gradiente térmico.

No Capítulo 10, tratamos da ação da temperatura sobre os revestimentos.

O cálculo das forças internas é análogo ao exposto no Capítulo 11 para a EPU. Neste caso, as forças internas são dadas por:

a) atuando na seção transversal da placa cerâmica:

Page 178: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

N = (<*A & A ~ °-L &L ) EA$A + K ~ U<L &L ) ECSC

m

ES + E S + E S • com tn = L L — - sempre positivo e maior do que 1

L L

b) atuando na seção transversal da camada de argamassas:

NÁ = (aL AtL - aA AtA ) EASA

c) atuando na seção transversal do suporte

Nc = (a, AtL - ac Atc ) ECSC + ^ • NL

Substituindo os valores conforme item 2 e item 3, obtemos as seguintes forças internas devido ao gradiente térmico:

N L = - 1 7 , 9 7 kgf por centímetro de largura (compressão na placa cerâmica)

N A = - 2 2 . 0 0 kgf por centímetro de largura (compressão nas argamassas)

Nc = +39,97 kgf por centímetro de largura (tração no suporte)

Note que as forças internas devem estar em equilíbrio ( I N = 0)

A tensão de compressão na placa cerâmica devida exclusivamente ao gradiente térmico definido no item 3, será:

NL - 17 ,97 2

SL 0 , 7x1

Esta é a compressão que atua também no filete de rejuntamento entre as placas cerâmicas devida exclusivamente ao gradiente térmico definido no item 3.

Como fizemos no item 4, antes de prosseguir com os cálculos da largura necessária para as juntas de assentamento e o módulo de elasticidade "E" necessário máximo do material de rejuntamento, deve-se verificar a tensão de cisalhamento na base da placa cerâmica (ligação com a argamassa colante).

Page 179: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Para tanto, utilizamos as mesmas dimensões (10 cm x 10cm) da placa cerâmica

NL 1 7 , 9 7 2 x = — — = = 1,8 kgf / cm

10x1 10

onde

NL é a força que atua na seção transversal da placa cerâmica em 1 cm de largura, e 10 cm é o comprimento da placa cerâmica na mesma direção de NL.

Como já dissemos, os valores encontrados para "x" devem ser sempre inferiores aos valores de ruptura obtidos no ensaio de laboratório. Caso contrário é de se esperar que a ligação entre a base da placa cerâmica e a argamassa de assentamento romper-se-á e o revestimento sofrerá flambagem e se desagregará.

6 - Ação conjunta da EPU (0,0004) e do gradiente térmico considerado.

Conforme calculado e para a estrutura caracterizada nos itens 2 e 3:

N l e p u = -86,26 kgf e NL GRT = -17,97 kgf

Na seção transversal da placa cerâmica e, consequentemente, no rejuntamento, e para 1 cm de largura, atuará a força

N = -86,26 - 17,97 = -104,23 kgf

a tensão de compressão na junta será:

N - 1 0 4 , 2 3 u o n M , , 2 CT = = — = - 1 4 8 , 9 0 kgf / cm

0 , 7 1 x 1 0 , 7

O aumento da dimensão da placa cerâmica devida à EPU é dada por

AdEPÜ= AL, + AL2

conforme Fig. 35 e seção 11.2 do Capítulo 11, onde

AL, = Sd e AL2 = ÜLMÍLA ELSL

"d" é a dimensão da placa na mesma direção de NL.

Page 180: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Analogamente, para o gradiente térmico considerado, o aumento da dimensão da placa cerâmica é dado por

A F A 1 , ^L GRT ' D

Para os valores adotados neste exemplo de cálculo:

6 = 0,0004 para a EPU da placa cerâmica

d = 10 cm para a dimensão da placa cerâmica na mesma direção de NL

NLEPÜ =-86,26 kgf

E l = 350.000 kgf/cm2 = 35 GPa

SL = 0,7 cm x 1 cm = 0,7 cm2 (0,7 espessura da placa = altura da junta)

encontraremos

Ad EPU = 0,000479 cm

Para

cxL = 0,000005/°C

AtL = 20°C

NLGRT =-17,97 kgf

d = 10 cm

encontraremos

Ad GnT = 0,000267 cm

O aumento total nas dimensões da placa cerâmica é igual ao encurtamsnto sofrido pela largura da junta entre as placas cerâmicas

Aj = 0,000479 + 0,000267 = 0,000749 cm

Neste ponto, duas são as alternativas:

fixamos a largura "j" da junta e achamos o módulo de elasticidade "E" máximo para o material de rejuntamento;

Page 181: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

ou

fixamos um módulo de elasticidade "E" máximo para o material de rejuntamento e determinamos a largura mínima da junta.

1 - Primeira alternativa.

Fixamos para a junta a largura j = 7 mm = 0,7 cm

Sabemos que a deformação V é dada por

£ = 4 / = 0 , 000746

j 0 ,7

e que o módulo de elasticidade "E" é dado por

E = — = — — = 139.681 kgf / cm2 = 14 GPa 8 0,001066

ou seja, para a largura de 7 mm atribuída à junta, o módulo de elasticidade poderá chegar a até 14 GPa.

2 - Segunda alternativa.

Fixamos um módulo de elasticidade máximo "E" para o material de rejuntamento e a partir das mesmas expressões anteriores chegamos à largura mínima da junta de assentamento

Emàx = 10 GPa = 100.000 kgf/cm2

8 = O L = J 4 8 1 9 _ = 8 9

E 100.000

Aj 0 ,000746 / min = = = 0,5 cm = 5 mm J m m 8 0 ,001489

Page 182: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 183: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A P Ê N D I C E II

I N T E R P R E T A Ç Ã O D E T E S T E E X P E D I T O D E A D E R Ê N C I A E M O B R A S C O M A Q U I N A D E C O L H E R D E P E D R E I R O O U C O M C H A V E D E F E N D A , E S U A N Ã O V A L I D A D E .

Recentemente, fui consultado por colega, o qual me perguntava como era possível descolar facilmente uma placa cerâmica de seu substrato com uma simples chave de fenda. Dizia ele:"... em outro caso interessante, se quiser retirar uma placa cerâmica de 10x10 cm fazendo um esforço normal à sua superfície, precisamos de uma força de 300, 500 ou 1.000 kgf. Mas, com uma simples chave de fenda (ou quina de colher de pedreiro) ela se solta e, em alguns casos, ela até pula".

Traduzindo os dados fornecidos acima estaríamos aplicando nas placas cerâmicas uma tensão de tração de 3 kgf/cm2 (0,3 MPa); 5 kgf/cm2 (0,5 MPa) ou 10 kgf/cm2

(1,0 MPa), respectivamente. Para analisar o "efeito da chave de fenda" vamos recordar alguns princípios de Resistência dos Materiais.

Consideremos uma barra de secção S e comprimento d sujeita a uma força de tração N.

_Ad Ela sofrerá um alongamento Ad e uma deformação dada por: £ - —r

a

_ N

e, a tensão a que ela está submetida é dada por <J - ~

Relacionando G com e temos, até certo valor de G e para materiais usuais, que a

deformação £ é proporcional à tensão G. É a Lei de Hooke, exposta pela primeira vez no ano de 1.678.

Ao coeficiente de proporcionalidade E entre G e £ é o que se denomina de Módulo de Elasticidade.

Page 184: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

placa cerâmica

N

placa cerâmica

CG

N

/ \ V / / / / / / / / / / / A v / / / / / / / / / / / / / ,

. A A A © | ©

a E = t g a = -

_N _ A d Sendo a - ~ e 8 - ——

ò a

. j Nd Temos A a = expressão que usaremos mais adiante.

Consideremos a placa cerâmica quadrada de lado a= 10 cm citado no início. A introdução da ponta da chave de tenda origina uma força vertical N na extremidade da placa cerâmica.

Do estudo das tensões, sabe-se que "quaisquer que sejam os esforços solicitantes que atuem em uma secção, podem ser reduzidas a um momento fletor e a uma força aplicada no centro de gravidade da secção". Então, a força N na extremidade da placa é equivalente à mesma força N aplicada no centro de gravidade mais o momento fletor M cujo valor é:

M = N.— 2

Trata-se de uma flexão composta, cuja tensão em uma secção é dada por:

N M * = y ± y -y 0 ) o n d e

N ~ - é a tensão devida à força normal N e

4 - M .

——y -y — — é a tensão devida ao momento M

J = momento de inércia da secção S da placa

W = módulo de resistência, e

y = metade da altura, para secção retangular

Sendo h

: ; y = y

w J -b/r r bh3

; y = - Resulta W =

Page 185: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

No nosso caso a placa cerâmica tem secção quadrada b = h = a e S = a. a = a2, igual à secção da argamassa colante que lhe é subjacente, onde atuam N e M.

Substituindo esses valores na expressão (1), temos:

N , 3 N

a' cr

N 3N _ 4N então, a tensão máxima de tração é a i - ~T + T a i ~~ 2

a cr a

N 3N 2N e, a tensão máxima de compressão é - r ~ ~

cr cr a~

P o s i ç ã o d a L i n h a N e u t r a L N

No último gráfico de página anterior temos a soma das tensões devidas a N no centro de gravidade

N _ M - — mais as devidas ao momento fletor M, C7V/ - ± —

S W

A posição da Linha Neutra LN, é obtida por semelhança de triângulos:

= f f _ 2 _ _ f resultando J ~ ~ x l

°2 a J 3

Page 186: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A r g a m a s s a c o l a n t e e a c h a v e d e t e n d a , o u c o l h e r d e pedre i ro .

A norma 14.081/2005 especifica para uma argamassa colante Tipo I uma resistência de aderência (ruptura à tração) um mínimo de 0,5 MPa, eu 5 kgf/cm2, aos 28 dias de idade.

Portanto, conforme as notações anteriores, temos que a, = 5 kgf/cm2

4N 4 NJkgf Considerando que G, = —— teremos 5 kgf/cm2 = 7 1 a2 10x10 cm2

resultando N = 125 kgf

força essa aplicada pela chave de fenda ou quina da colher de pedreiro na borda da placa cerâmica de 10 x 10 cm faz com que a tensão de aderência de 5 kgf/cm2

(0,5 MPa) seja atingida, causando a ruptura da ligação da placa cerâmica com a argamassa colante, ou a ruptura por tração da própria argamassa colante. E isso, aos 28 dias de idade da argamassa colante.

Mas, como atingir tal força de 125 kgf de tração?

No início desta exposição vimos que um deslocamento Ad causado per uma força N aplicada a um material de Módulo da Elasticidade E, e de secção transversal S, é dado por

A d = . onde ~~ = tensão de tração no centro da gravidade da área ES S

tracionada = O f , ou seja, a tensão em f/2.

a, = 5 kgf/cm' ,2

Page 187: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Conforme gráfico anterior, o valor de G. é de 2,5 kgf/cm2 e, sendo f = (2/3).a = (2/3). 10 = 6,67 cm resulta para a força de tração aplicada no centrc de gravidade da secção tracionada o valor de

N' = G. . S = 2,5 kgf/cm2 x (fx10) cm2 = 166,67 kgf.

O valor de Ad vem com

N = 166,67 kgf (esforço de tração no centro de gravidade da área tracionada);

d = espessura da camada de argamassa colante que supomos ser de 0,2 cm;

E = Módulo de Elasticidade da argamassa colante Tipo I, que supomos ser de 120.000 kgf/cm2;

S = secção de aplicação do esforço de tração = (a. f) = 10 cm . 6,67 cm ou seja, S = 66,7 cm2.

Então, A d = ] 6 6 > 6 7 k 8 Í x 0 > 2 c m = o 000004c/? ? = 0 , 0 0 0 0 4 / m *

1 2 0 . 0 0 0 kgf x 66,7cm

Portanto, por ocasião da ruptura devida a um esforço de tração de 125 kgf aplicado na borda da placa cerâmica, sendo 2 mm a espessura da argamassa colante endurecida, o alongamento Ad (não confundir com a deformação e que

A d é a relação ~~~, dada em %) será de 0,00004 mm.

Consideremos uma chave de fenda de tamanho médio com as medidas da figura

Admitindo que a ponta tenha 0,5 mm de espessura e largura de 6 mm, a secção na ponta da chave de fenda será de 0,05 cm x 0,6 cm = 0,03 cm2

Um esforço manual de apenas 3 kgf na chave de fenda para introduzi-la sob a placa cerâmica, resultará em uma tensão de compressão transmitida pela extremidade da chave de fenda á argamassa colante endurecida de

3 kgf / 0,03 cm2 = 100 kgf/cm2

Page 188: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

suficiente para destruir por compressão a camada de argamassa colante e permitir o início da penetração da ponta da chave de fenda (ou quina de colher de pedreiro) entre a placa cerâmica e o substrato. Aí se inicia a aplicação de um esforço N que tende a separar a placa cerâmica da argamassa colante.

Por outro lado, nota-se que em cerca de 8 mm a cunha passa de 0.5 mm para 2,5 mm.

Uma simples regra de três nos diz que um aumento de altura de Àd = 0,00004 mm (igual ao alongamento da camada de argamassa colante endurecida sob a ação de N = 125 kgf - ver cálculos anteriores) corresponde a uma penetração da chave de fenda sob a placa cerâmica de insignificantes 0,0001 mm no sentido horizontal

Se sobe 2,5 mm em 8 mm de comprimento

subirá 0,00004 mm em x = 0,0001 mm

Esse "desprezível" avanço de 0,0001 mm da chave de fenda sob a placa cerâmica será suficiente para gerar a nada inofensiva força N = 125 kgf de tração entre a placa cerâmica e a argamassa colante, ocasionando a tensão de ruptura de 5 kgf/cm2, ou 0,5 MPa.

Fica evidente que a placa cerâmica se solta com grande facilidade quanto introduzimos uma chave de fenda ou a quinta da colher de pedrero, próxima ao cabo.

A placa cerâmica "solta simplesmente" se o teste é feito com a argamassa colante ainda fresca e plástica, sendo sua resistência devida apenas à sua coesão. Também solta facilmente nos primeiros dias após a colagem devido à baixa resistência de aderência. E, "até pula" se o teste é feito após o 14° dia e até o 28° dia de idade, quando já há grande rapidez da mesma. Claro que o efeito que se observa neste tipo de teste tem todas as gradações possíveis, conforme o tempo transcorrido entre o estado da argamassa colante quando ainda fresca e plástica e a argamassa colante rígida aos 28 dias de idade.

Os Engenheiros de obras devem estar atentos a esse tipo de teste (ou de terrorismo?) ainda hoje utilizado por alguns mestres de obra e mesmo de ladrilhistas quando "querem provar" que uma argamassa colante, que lhes é pouco simpática, é de "baixa qualidade". Os únicos testes válidos são os preconizados pela ABNT nos Anexos A - Normativos - das Normas NBR 13.753/96; NBR 13.754/96 e NBR 13.755/96 que prescrevem como determinar a resistência de acerência em obra, e pela NBR 14.084/2004 quando em Laboratório.

Page 189: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A P Ê N D I C E III

U m e s t r a n h o c a s o d e " E f l o r e s c ê n c i a "

Nos idos de 1962, tínhamos terminado um prédio de um Grupo Escolar em uma cidade do interior paulista. Houve a entrega da obra após detalhadamente verificada a conformidade com o projeto. Houve posterior entrega à Secretaria competente e, finalmente, o início das atividades escolares.

O prédio tinha apenas dois andares: o térreo e um andar superior. As salas ficavam todas do mesmo lado da edificação e, no lado oposto, um corredor extenso de acesso às salas de aula. As salas de aula eram extremamente amplas e a iluminação feita através de três janelões (caixilhos de ferro, de correr) para cada sala. A iluminação natural era adequada e vinha pelo lado esquerdo das carteiras, como é recomendado. O primeiro janelão de cada sala correspondia ao estrado onde estavam instaladas as mesas das professoras e os quadros-negros.

Decorrido cerca de um ano de utilização do prédio a empresa para a qual eu trabalhava foi acionada pela fiscalização do Estado informando que havia surgido um problema técnico que demandava vistoria in loco, com a presença de técnicos das partes interessadas para saber as causas e, consequentemente, dar uma solução definitiva.

Viajamos sem saber ao certo qual seria o tal problema. Sabia-se. apenas, que era na fachada. No dia aprazado, reunimo-nos no jardim sob as salas de aula. Éramos quatro engenheiros. Eu, representando a empresa construtora e os demais, representando as várias repartições do Estado.

A questão era referente à fachada correspondente às salas de aula. A mesma era revestida, no geral, por emboço e reboco, este pintado. Sob cada janela, porém, havia panos da mesma largura de cada jane la e com al tura correspondente à distância entre o peitoril e a laje de piso. Coisa de mais ou menos 1 metro de altura. Tais panos eram revestidos com placas cerâmicas extrudadas imitando tijolos à vista, com juntas de cerca de 7 mm. A absorção de água de tais placas, de acordo com o fabricante, era de aproximadamente 3%, portanto razoavelmente impermeáveis.

O exame da fachada mostrava que certa região desses panos sob o primeiro, quarto, sétimo e décimo janelão, e sempre do lado esquerdo de quem observava a fachada, apresentava manchas esbranquiçadas difusas, em várias nuanças, com cerca de meio metro de diâmetro.

Imediatamente concluiu-se que seria o que hoje se identifica como "eflorescência". Mas, qual seria a causa?

Page 190: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Não havia canalizações de água potável ou de águas pluviais embutidas na parede correspondendo a tais "eflorescências", o que as justificaria por eventual vazamento.

Aliás, a simetria até justificaria tal possibilidade, mas teria que haver vazamentos coincidentemente repetitivos, o que tornou a hipótese impossível.

Houve quem tentou interpretar tal ocorrência, argumentando que a água da chuva, escorrendo pelos vidros, poderia ter penetrado sob o peitoril e alcançado a argamassa de assentamento das placas cerâmicas e, finalmente, caminhado para a superfície arrastando consigo sais solúveis. A evaporação de água teria feito aparecer depósitos dos tais sais solúveis na superfície das placas cerâmicas, sais esses provenientes da cal e do cimento utilizados na composição das argamassas de assentamento dos tijolos da parede, do emboço e da argamassa de assentamento das placas cerâmicas.

Embora tão fácil assim, sem dúvida, parecia ser uma excelente explicação. É de se notar que naquela época pouco se sabia sobre tal ocorrência que anos depois soubemos serem tratadas por "eflorescência" pelos ceramistas.

Não havendo mais o que especular a respeito, traçaram-se metas que nós, construtores, deveríamos cumprir.

Partindo do simples para o complexo, estabeleceu-se de comum acordo que, primeiramente, tentaríamos fazer uma limpeza de tais manchas, mas, antes, retiraríamos amostras do material esbranquiçado para levá-lo a análise química, a fim de confirmar a possível teoria, que parecia estar correta.

As providências incluíam, também, acionar o fabricante das placas cerâmicas visando repor as mesmas, uma vez que a absorção das placas cerâmicas parecia, no caso, ser elevada, e teria proporcionado a passagem de água; o que seria indesejável visto que umas das qualidades apregoadas pelo fabricante era justamente a baixa absorção de água e relativa impermeabilidade, qualificando tais placas cerâmicas como apropriadas para revestir fachadas. Amostras retiradas do local deveriam ser levadas a laboratório de ensaios para determinar sua absorção.

Nós, construtores, teríamos que demolir e reconstruir os panos afetados, arcando com os custos.

Encerrada a vistoria em ambiente francamente cordial, estávamos prontos para nos despedir quando nossa atenção foi chamada por batidas abafadas vindas do alto. Qual foi nosso espanto ao ver uma professora 'limpar' o pó de giz preso ao apagador batendo-o 'coincidentemente' sobre a tal mancha esbranquiçada.

Como em um passe de mágica tudo ficou esclarecido. A grande dúvida da simetria das ditas "eflorescências" nada tinha de coincidência. A única coincidência, aliás, era que estavam direcionadas com os estrados destinados às professoras e com os quadros-negros. E, se tivéssemos feito a análise química iríamos encontrar, fatalmente, sulfato de cálcio. De onde viria?

Então, cuidado com as aparências ou ilusões: nem tudo o que vemos é.

Page 191: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Revestimentos/Instalação

Devem ser consultadas as Normas Brasileiras de Procedimentos de execução: NBR-13753 - dez./1996; NBR-13754 - dez./1996 e NBR-13755 - dez/1996.

Os seus textos são extremamente didáticos, claros e de fácil entendimento.

1 - Piso sobre o terrapleno (Método Convencional) 190

2 - Piso sobre o terrapleno (Método de Colagem) 192

3 - Piso sobre laje rebaixada (Método Convencional) 194

4 - Piso sobre laje rebaixada (Método de Colagem) 196

5 - Piso sobre laje (Método Convencional) 198

6 - Piso sobre laje (Método de Colagem) 200

7 - Piso sobre laje de cobertura (Método Convencional) 202

8 - Piso sobre laje de cobertura (Método de Colagem) 204

9 - Revestimentos cerâmicos sobre alvenaria interna (Método Convencional) 206

10 - Revestimentos cerâmicos sobre alvenaria interna (Método de Colagem) 208

11 - Pastilhas sobre alvenaria interna ou externa (Método Convencional) 210

12 - Pastilhas sobre alvenaria interna ou externa (Método de Colagem) 212

13 - Placas de borracha com cavidades ou pinos sobre terrapleno (Método de Colagem) 214

14 - Placas de borracha com cavidades ou pinos sobre laje (Método de Colagem) 216

15 - Peças cerâmicas prensadas sobre alvenaria externa (Método de Colagem) 218

16 - Peças cerâmicas extrudadas sobre alvenaria externa (Método Convencional) 220

17 - Placas de ardósia sobre o terrapleno (Método semiconvencional ou semicolado) 222

18 - Placas de ardósia sobre laje de cobertura (Método semiconvencional ou semicolado) 224

19 - Piso de placas cerâmicas extrudadas sobre terrapleno (Método Convencional) 226

20 - Piso de placas cerâmicas extrudadas sobre laje de cobertura (Método Convencional) 228

Page 192: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

1 T e r r a p l e n o ( 1 ) • Preparar o terrapleno para evitar umidade natural do solo.

Esta camada deverá ter excelente permeabi l idade para que a água não suba por capi lar idade. Isso pode ser conseguido com a retirada da camada superficial de solo pouco permeável - 30 a 40 cm - e reaterro c o m o mesmo solo misturado com areia ou entulho da própria obra.

• Api loar o ter rap leno e co locar uma camada de pedra br i tada.

Atenção para pisos sobre terrenos argi losos ou humíferos, que retém energicamente a água. Para conter o f luxo de umidade utilizar mantas impermeáveis.

• Prever uso de drenos para os casos extremos de pressão negativa, e lençol freático aflorado ou a pouca profundidade.

L a s t r o d e c o n c r e t o s i m p l e s ( 1 )

• Sobre o terrapleno executar lastro de concreto simples, bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água, dada sua impermeabi l idade.

• Executar o lastro c o m caimentos necessár ios à perfeita drenagem superficial do piso acabado.

• A g u a r d a r c u r a c o m p l e t a a n t e s d a s o p e r a ç õ e s de colocação do revestimento.

S u p e r f í c i e d o l a s t r o - p r e p a r o

ü E l im ina r tudo q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a da argamassa de assentamento. Caso o lastro seja ant igo ou sua superfície muito lisa. apicoá-lo. Umedecer e aplicar

camada de c imento Port land fo rmando pasta e. sobre ela, estender a argamassa de assentamento.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o ( 2 )

• Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de projeto, for necessár io espessu ra maior, execu ta r c o n t r a p i s o s s u p e r p o s t o s t a n t o s q u a n t o s f o r e m necessár ios , de m o d o a resul tar sempre espessu ras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só S9rá executada após secagem e retração (cura completa) da camada anter ior.

• O acabamento superf icial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a s u p e r f í c i e e a p l i c a n d o c i m e n t o P o r t l a n d c o m u m formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Quant idade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do início de pega do cimento.

• Ap l icação da a rgamassa: estendè- la sobre a pasta de c imento na superf íc ie do lastro. C o m auxíl io da colher aper tá- la c o m f i rmeza, e l iminando a maior quant idade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de apl icação da argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O compr imento será tal de modo a estar concluído o assentamento antes do h íc io de pega do cimento.

Revestimento cerâmico Lastro de concreto simples

Pa sta de cimento

Ju CO

i ta expansão/ n tração

Ar. gam.

Pa

assa de assentamento

sta de cimento j

Junta normal

M f

un

EJ

ta estrutural

M

r J Manta impormcávcl —-1 -M

.'.VV : :"•;/•.• rjj/V ;'(\ v ;'r\-V ':'•}'/•.• ' s . ' s . '».. '.

. / ..«

Terrapleno

Page 193: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

J u n t a s (4 )

• Projetar antes do inicio do assentamento {ver Capitulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o

• Obrigatórias entre as peças. Variam de 2 a 10 mm em função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s

• São as da estrutura, e devem ser respeitadas em toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o

• Dependem da destinação e exposição a variações térmicas ou de umidade relativa do ar a que está sujeito o revestimento.

P a s t a d e c i m e n t o ( 3 )

• Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca, espargir cimento Portland em pó. distribuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm, o que significa o uso de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento Portland é a cola do método convencional que estamos descrevendo.

L i m p e z a

• Logo após "bater", limpar com pano úmido e da melhor forma possível.

C u r a

• Antes de rejuntar, manter o piso coberto por cerca de sete dias.

R e j u n t a r

• Aguardar o maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa de assentamento. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o

• Na fase final da obra. os pisos são submetidos a mau trato enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s ( 3 )

• Imersão em água com antecedência, de modo a estar úmidos e não saturados quando da colocação.

O tempo de imersão depende do "grupo de absorção" a que pertencem.

Leituras recomendadas: (1) Capitulo 14 • Eflorescência (2) Capitulo 09 - Retração (3) Capitulo 13 - Pasta de cimento (4) Capítulo 15 - Juntas

Atenção: quando da colocação das peças sobre a pasta de cimento, elas deverão estar úmidas, mas não saturadas de água.

Qualquer excesso de água na pasta mudará a relação água/ cimento, reduzindo sua resistência e consequentemente a aderência das peças.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de cimento, a fim de garantir contato perfeito de todo o tardoz com a pasta.

• Coberta a área preparada, repassar as "batidas" com auxílio de prancha de madeira aparelhada 15 x 30 cm e martelo. O maior número de batidas melhora a aderência.

Page 194: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Piso sobre o terrapleno (Método de Colagem) 2

• Enquanto no método convencional todas as operações devem ser executadas seguidamente e no mesmo dia com prejuízo no rendimento do serviço, este método de colagem é dividido em duas fases bem distintas e de alto rendimento de mão de obra:

a) execução do contrapiso. sua cura e secagem;

b) colagem das peças.

T e r r a p l e n o ( 1 ) ü Preparar o terrapleno para evitar umidade natural do solo.

Esta camada deverá ter excelente permeabil idade para que a água não suba por capi laridade. Isso pode ser conseguido com a retirada da camada superficial de solo pouco permeável - 30 a 40 cm - e reaterro com o mesmo solo misturado com areia ou entulho da própria obra.

• Apiloar o terrapleno e colocar uma camada de pedra britada.

Atenção para pisos sobre terrenos argilosos ou humíferos, que retêm energicamente a água. Para conter o fluxo de umidade utilizar mantas impermeáveis.

• Prever uso de drenos para os casos extremos de pressão nega t i va e lenço l f r eá t i co a f l o rado ou a pouca profundidade.

L a s t r o d e c o n c r e t o s i m p l e s ( 1 ) • Sobre o terrapleno executar lastro de concreto simples,

bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água, dada sua impermeabilidade.

• Executar o lastro com caimentos necessários à perfeita drenagem superficial do piso acabado.

• Aguardar cura completa antes da execução do contrapiso.

S u p e r f í c i e d e l a s t r o - p r e p a r o • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa do contrapiso. Caso o lastro seja antigo ou sua superfície muito lisa, apicoá-lo. Umedecer e aplicar camada de cimento Portland formando pasta e sobre ela estender a argamassa do contrapiso.

C o n t r a p i s o ( 2 e 3 ) • Também chamado piso morto, camada de regularização

ou intermediária.

• Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de projeto, for necessár io espessura maior, executar c o n t r a p i s o s s u p e r p o s t o s t a n t o s q u a n t o s f o r e m necessár ios, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anter ior.

• O acabamento superf ic ial será áspero: sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do início de pega do cimento.

• Apl icação da argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento na superfície do lastro. Com auxílio da colher apertá-la com f irmeza, el iminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

Rovostimcnto cerâmico Lastro de concreto simples

Ar gamassa colanto

Junta expansão/ contração

Cc >ntra

Pa

piso

sta de cimento j u n

Junta normal

i

ta estrutural

* Manta impermeável

1

<

Ed- S15 ff * k £ c í 5 f f *£e c i 5 8 * X e c 3 5 8 $ Xt Ç a 38 ;•»/•,• Í'.VV }•*/•.' ; ,, 'X' "'J/,' " j ' - . ' ".,,-V '"'•V • v ' V '• l ' í, ' ••'X* '.'.i

Terrapleno

Page 195: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

Cura • Antes de passar para a 2a fase (colagem) aguardar o

maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para a argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

J u n t a s (4 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças, variam de 2 a 10 mm em

função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura e devem ser respeitadas em toda a

espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar a que está exposto o revestimento.

L i m p e z a ü Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano seco.

P r o t e ç ã o ü Nunca ande sobre as peças logo após coladas. Eventual

empeno côncavo pode provocar efeito de gangorra ao p isar , so l tando a peça. A res is tênc ia máx ima da argamassa colante se dá aproximadamente aos 14 dias de idade.

R e j u n t a r • É possível rejuntar no dia seguinte, usando pranchas

largas sobre o piso.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra. os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 5 ) e (6 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempenadeira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do contrapiso. bem como do empeno das peças.

Leituras recomendadas:

(1) Capitulo 14 - Eflorescência (2) Capítulo 6 - Retração de argamassas (3) Capitulo 8 - Tensões (4) Capitulo 15 - Juntas (5) Capítulos 18 e 19 - Método de Colagem (6) NBR-13753 • dez./1996

• Espalhar a pasta em faixas de 60 cm para facilitar a colocação das peças.

• Desempenadeira: conforme tabela 1 da NBR 13.753/96

Atenção para locais ventilados e ensolarados: controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Não é necessária a imersão. Todavia, esta operação não

deve ser proibida. Um pouco de umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre os cordões.

• Deve haver esmagamento total dos cordões de pasta e contato pleno com todo o tardoz das peças.

Page 196: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

3 • As lajes rebaixadas são utilizadas para embutir canalizações

de esgoto, banheiros, lavabos, áreas de serviço etc.

Uma alternativa freqüentemente utilizada consiste em não rebaixar a laje, executando as canalizações sob a mesma. Neste caso o forro, em placas de gesso, é rebaixado, abrigando as canalizações. Esta solução é mais prática e simples, reduzindo custos de execução e, notadamente, os custo de manutenção.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o ( 1 ) ü A superfície da laje rebaixada e as paredes até a altura

do piso acabado deverão ser impermeabilizadas.

C a m a d a d e e n c h i m e n t o • Após a e x e c u ç ã o e tes te d e e s t a n q u e i d a d e das

canal izações o rebaixo será preenchido com material a b s o l u t a m e n t e seco . f o r m a n d o um las t ro p a r a o revestimento. Chamamos a atenção sobre a necessidade de u t i l i za r m a t e r i a l seco para es ta c a m a d a . Para exemplificar, se tivermos um rebaixo de 20 cm (200 l/m2

de piso) preenchido com material de densidade aparente 1(um) e com teor de umidade 2%, estaremos levando para dentro do rebaixo quatro litros de água por metro quadrado de piso. Esta água vai se manifestar ou no forro do andar inferior, ou no piso do andar superior como eflorescência (2), ou em ambos.

Os mater iais para enchimento são ti jolos furados de cerâmica, fragmentos de placas de concreto celular, agre-gado leve de argila expandida etc.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Executada sobre o material de enchimento do rebaixo. É

constituída de argamassa no traço sugerido de uma parte de cimento para cinco partes de areia média úmida e mais um impermeabilizante.

• Sua superfície terá acabamento áspero e caimentos para os ralos.

• A argamassa de assentamento só será aplicada após c o m p l e t a s e c a g e m da a r g a m a s s a da c a m a d a de regularização (3).

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o ( 2 ) (3) • Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo

de projeto, for necessár ia espessura maior, executar c o n t r a p i s o s s u p e r p o s t o s t an tos q u a n t o s f o r e m necessár ios, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superficial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a super f í c ie e ap l i cando c imen to Por t land c o m u m , formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do inicio de pega do cimento.

• Apl icação da argamassa: estendê-la sobíe a pasta de cimento na superfície da camada de regularização. Com auxílio da colher apertá-la com firmeza, eliminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação da argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O comprimento será tal de modo a estar concluído o assentamento antes do início de pegado cimento.

M r

Revestimonto corâmico

Pasta de cimento

Argamassa do assontamento

Enchimonto do robaixo com material totalmente seco

Pasta do cimento Junta normal

Camada do regularização com impermeabilizante

20 a 30 cm Rebaixo para canalizações

Impermeabilização Forro do andar inferior Laje do concreto armado

Page 197: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

J u n t a s (5 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças. Variam de 2 a 10 mm em

função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar a que está exposto o revestimento.

P a s t a d e c i m e n t o ( 4 ) • Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca,

espargir cimento portland em pó, distribuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm, o que significa o uso de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento Portland é a cola do método convencional que estamos descrevendo.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s ( 4 ) • Imersão em água, com antecedência, de modo a estar

úmidos e não saturados quando da colocação.

O tempo de imersão depende do "grupo de absorção" a que pertencem.

Atenção: quando da colocação das peças sobre a pasta de c imento , elas deverão estar úmidas , mas não saturadas. Qualquer excesso de água na pasta mudará a relação água/cimento, reduzindo sua resistência e consequentemente a aderência das peças.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de cimento, a fim de garantir contato perfeito de todo o tardoz com a pasta.

• Coberta a área preparada, repassar as "batidas" com auxílio de prancha de madeira aparelhada 15 x 30 cm e martelo. O maior número de batidas melhora a aderência.

L i m p e z a • Logo após "bater", limpar com pano úmido e da melhor

forma possível.

C u r a • Antes de rejuntar, manter o piso coberto por cerca de

sete dias.

R e j u n t a r ü Aguardar o maior tempo possível para que ocorram a

secagem e a retração da argamassa de assentamento. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra. os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Leituras recomendadas: (1) "Impermeabilização" - Suplemento P<ni - nov./1984 (2) Capítulo 14 • Eflorescência (3) Capitulo 9 - Retração (4) Capitulo 13 - Pasta de cimento (5) Capítulo 15 - Juntas

Page 198: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

4 • As lajes rebaixadas são utilizadas para embutir canalizações

de esgoto, banheiros, lavabos, áreas de serviço etc. Uma alternativa freqüentemente utilizada consiste em não rebaixar a laje, executando as canalizações sob a mesma. Neste caso o forro, em placas de gesso, é rebaixado abrigando as canalizações. Esta solução é mais prática e simples, reduzindo custos de execução e, notadamente, o custo de manutenção.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o ( 1 ) • A superfície da laje rebaixada e as paredes até a altura

do piso acabado deverão ser impermeabilizadas.

C a m a d a d e e n c h i m e n t o ( 2 ) • A p ó s a execução e tes te de e s t a n q u e i d a d e das

canal izações o rebaixo será preenchido com material a b s o l u t a m e n t e seco , f o r m a n d o um las t ro pa ra o revestimento. Chamamos a atenção sobre a necessidade de u t i l i za r ma te r i a l s e c o para es ta c a m a d a . Para exemplificar, se tivermos um rebaixo de 20 cm (200 l/m2

de piso) preenchido com material de densidade aparente 1(um) e com teor de umidade 2%, estaremos levando para dentro do rebaixo quatro litros de água por metro quadrado de piso. Esta água vai se manifestar ou no forro do andar inferior, ou no piso do andar superior como eflorescência (2), ou em ambos.

Os mater iais para enchimento são t i jolos furados de cerâmica, fragmentos de placas de concreto celular, agre-gado leve de argila expandida etc.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Executada sobre o material de enchimento do rebaixo. É

constituída de argamassa no traço sugerido da uma parte de cimento para cinco partes de areia média úmida e mais um impermeabilizante.

• Sua superfície terá acabamento áspero e caimentos para os ralos.

• A argamassa do contrapiso só será aplicada após completa secagem da argamassa da camada de regjlarização (3).

• Nota : Enquan to no m é t o d o convenc iona l t odas as operações daqu i para d iante devem ser executadas seguidamente e no mesmo dia com prejuízo no rendimento do serviço, este método de colagem é dividido em duas fases bem distintas e de alto rendimento de mão-de-obra:

a) execução do contrapiso. sua cura e secagem;

b) colagem das peças.

C o n t r a p i s o ( 4 e 5 ) • Também chamado piso morto, camada de regularização

ou intermediária.

• Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de pro je to , for necessá r i a e s p e s s u r a m a o r , executar contrapisos superpostos tantos quantos forem necessários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superf ic ial será áspero: sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do início de pega do cimento.

• Apl icação da argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento na superfície da camada de regularização. Com auxílio da colher apertá-la com firmeza, eliminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

Page 199: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

C u r a • Antes de passar para a 2 ' fase (colagem) aguardar o maior

tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

J u n t a s (6 ) • Projetar antes do inicio do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças. Variam de 2 a 10 mm em

função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar a que está exposto o revestimento.

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 7 ) e ( 8 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempenadeira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do contrapiso. bem como do empeno das peças.

• Espalhar a pasta em faixas de 60 cm para facilitar a colocação das peças.

• Desempenadeira: conforme Tabela 1 da NBR 13.753/96.

Atenção para locais ventilados e ensolarados: controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressionar uma peça sobre os cordões e retirá-la logo em seguida, sua base deverá estar totalmente impregnada de pasta fresca.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Não é necessária a imersão. Todavia, esta operação não

deve ser proibida. Um pouco de umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre os cordões.

Deve haver esmagamento total dos cordões e contato pleno da pasta com todo o tardoz das peças.

L i m p e z a • Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano seco.

P r o t e ç ã o • Nunca ande sobre as peças logo após coladas. Eventual

empeno cóncavo pode provocar efeito de gangorra ao p isar , so l tando a peça. A res is tênc ia máx ima da argamassa colante se dá aproximadamente aos 14 dias de idade.

R e j u n t a r • É possível rejuntar no dia seguinte, usando pranchas

largas sobre o piso.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunle. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Leituras recomendadas (1) "ImpermeabilizaçãoSuplemento Pini - nov./84 (2) Capitulo 14 - Eflorescência (3) Capitulo 9 - Retração e Revestimentos (4) Capítulo 6 • Retração (5) Capitulo 8 - Tensões (6) Capitulo 15 • Juntas (7) Capítulos 18 e 19 - Método de Colagem (8) NBR-13753 - dez./1996

Page 200: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

5 S u p e r f í c i e d a l a j e • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a da

argamassa de assentamento ou, se houver, da argamassa da camada de regularização ou contrapiso, que se destine a embutir eletrodutos para tomadas de piso (1) e (2). Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa, apicoá-la. Umedecere aplicar camada de cimento Portland, formando pasta imediatamente antes de estender a argamassa de assentamento ou de regularização. A emenda com pasta de cimento introduzirá um vinculo que impedirá parcialmente a retração da argamassa das camadas superiores, reduzindo as tensões de compres-são na camada de revestimento superficial (3). A a rgamassa de assentamento só será ap l icada após c o m p l e t a s e c a g e m da a r g a m a s s a d a c a m a d a d e regular ização (3), se houver.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o ( 3 ) ( 4 ) • Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo

de pro jeto, for necessá r i a espessu ra maior , executar c o n t r a p i s o s s u p e r p o s t o s t a n t o s q u a n t o s f o r e m necessár ios , de m o d o a resul tar s e m p r e espessu ras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superf icial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a s u p e r f í c i e e a p l i c a n d o c i m e n t o P o r t l a n d c o m u m formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de c imento para meia parte de cal hidratada, e para cinco partes de areia média úmida.

ü Quant idade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do início de pega do cimento.

• Ap l icação da a rgamassa: estendê- la sobre a pasta de cimento na superfície da camada de regularização. C o m auxí l io da colher aper tá- la c o m f i rmeza, e l im inando a m a i o r q u a n t i d a d e p o s s í v e l de v a z i o s . S a r r a f e a r a superf íc ie.

• Prever ca imentos para o ralo ou para áreas cont íguas onde haja ralos.

• Área de apl icação da argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O compr imento será tal de modo a estar concluído o assentamento antes do h íc io de pega do cimento.

J u n t a s ( 5 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obr igatór ias entre as peças. Var iam de 2 a 10 m m em

função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • D e p e n d e m da d e s t i n a ç ã o e e x p o s i ç ã o a v a r i a ç õ e s

térmicas ou da umidade relativa do ar a que está sujeito o revestimento.

Atenção para lajes de grandes vãos. As juntas deverão fracionar as regiões onde ocorrem os maio 'es momentos f letores posit ivos (5).

Junta de expansâo/contraçâo Camada de regularização e/ou argamassa de assentamento

Revestimento cerâmico

Pasta de cimento Pasta de cimento sobre a laje j u n t a estrutural

Junta normal

: •:•••: . • > : . • ! • • : • • : ! • • ! %>•: • • ' • • . '•"•' ' i"" '•"•' .. .'.. ..i / . . . / . . ••» a; . • : •> : ••!-.'-••: . • ! •> :

Revestimento do forro do andar inferior Laje do concreto armado (Chapisco + Emboço + Reboco)

Page 201: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

P a s t a d e c i m e n t o ( 6 ) • Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca,

espargir cimento portland em pó, distribuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm, o que significa o uso de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento Portland é a cola do método convencional que estamos descrevendo.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s ( 7 ) • Imersão em água, com antecedência, de modo a estarem

úmidos, mas não saturados quando da colocação.

Atenção: quando da colocação das peças sobre a pasta de cimento, elas deverão estar úmidas.

Qualquer excesso de água na pasta mudará a relação água/ cimento, reduzindo sua resistência e consequentemente a aderência das peças.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de cimento, a fim de garantir contato perfeito de todo o tardoz com a pasta.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e. em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o ü Na fase final da obra os pisos são suornetidos a mau

trato enérgico: respingos de t inta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

(V (2)

(3) (4) (5) (6) (7)

Leituras recomendadas: Capitulo 6 - Retração Capitulo 8 - Tensões Capitulo 9 - Retração e Revestimentos Capítulo 14 - Eflorescência Capitulo 15 - Juntas Capítulo 13 - Pasta de cimento Capítulo 16 • Método Convencional

• Coberta a área preparada, repassar as "batidas" com auxilio de prancha de madeira aparelhada 15 x 30 cm e martelo. O maior número de batidas melhora a aderência.

E f l o r e s c ê n c i a ( 4 ) • Dependendo da quantidade de sais solúveis presentes,

poderá aparecer eflorescência sob forma de exudação v iscosa em ladr i lhos esmal tados. Tal fenômeno, no entanto, é de duração f inita para pisos sobre lajes, extinguindo-se com a secagem da água em excesso na argamassa.

L i m p e z a • Logo após "bater", limpar com pano úmido e da melhor

forma possível.

C u r a • Antes de rejuntar, manter o piso coberto por cerca de

sete dias.

R e j u n t a r • Aguardar o maior tempo possível para que ocorram a

secagem e a retração da argamassa de assentamento. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

Page 202: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

6 S u p e r f í c i e d a l a j e • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a da

argamassa da camada de regular ização ou contrapiso, que se dest ine a embut i r e letrodutos para tomadas de piso (1) e (2). Caso a laje seja antiga ou sua superfície mui to l isa, ap icoá- la . U m e d e c e r e ap l icar c a m a d a de c imento Port land. formando pasta imediatamente antes de estender a argamassa de regularização.

A emenda com pasta de c imento introduzirá um vinculo que impedirá parcialmente a retração da argamassa das camadas superiores, reduzindo as tensões de compres-são na camada de revestimento superficial (3).

• Sobre a laje, poderemos ter:

a) somente uma camada de a rgamassa , c h a m a d a de regularização, ou contrapiso ou. ainda, de piso morto:

b) uma camada de argamassa de enchimento destinada a embutir canalizações de piso (tomadas, telefones etc) ou para dar caimento, ou. ainda, para corrigir irregularidades exageradas.

S o b r e es ta c a m a d a de e n c h i m e n t o s e g u e - s e a d o contrapiso.

Atenção: Cada camada não deverá ter mais do que 2 a 3 cm de espessura.

No ta : E n q u a n t o no m é t o d o c o n v e n c i o n a l t o d a s as o p e r a ç õ e s daqu i para d ian te d e v e m ser execu tadas s e g u i d a m e n t e e no m e s m o d ia , c o m p r e j u í z o n o rendimento do serviço, este método de co lagem é dividido em duas fases bem dist intas e de al to rendimento de mão de obra:

a) execução do contrapiso. sua cura e secagem:

b) co lagem das peças.

- H r

C o n t r a p i s o ( 1 ) , ( 2 ) e ( 3 ) • Também chamado piso morto, camada de regularização

ou intermediár ia.

• Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de p ro j e t o , for n e c e s s á r i a e s p e s s u r a m a o r , e x e c u t a r contrapisos superpostos tantos quantos forem necessários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamen to super f ic ia l será áspero : sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida, ou argamassa mista composta de uma parte de cimento para meia parte de cal hidratada, e para cinco partes de areia média úmida.

• Quant idade de argamassa a preparar: será tal de modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do início de pega de cimento.

• Ap l icação da a rgamassa: estendê- la sobre a pasta de cimento na superfície da camada de enchimento, ou da la je . C o m a u x í l i o d a c o l h e r a p e r t á - l a c o m f i r m e z a , e l i m i n a n d o a ma io r q u a n t i d a d e poss íve l de v a z i o s . Sarrafear a superfície.

• Área de apl icação: não há l imitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser in terrompido na pos ição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aoroveitamento da mão-de-obra é máximo.

C u r a

• Antes de passar para 2 a fase (colagem) aguardar o maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

Junta do expansão/contração

Revestimento cerâmico

Pasta de argamassa colante

Camada de regularização ou contrapiso

Paeta do cimento sobre a laje

Junta normal

Junta estrutural

V Revestimento do forro do andar inferior (Chapisco + Emboço + Reboco)

Laje de concreto armado

Page 203: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

J u n t a s (4 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo

15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças. Variam de 2 a 10 mm em

função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar a que está exposto o revestimento.

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 5 ) , ( 6 ) e ( 8 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempenadeira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do cont rap iso. bem como do empeno das p lacas de revestimento.

L i m p e z a ü Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano seco.

P r o t e ç ã o ü Nunca ande sobre as peças logo após coladas. Eventual

empeno còncavo pode provocar efeito de gangorra ao pisar, soltando a peça. A resistência máxima do cimento colante se dá aproximadamente aos 14 dias de idade.

R e j u n t a r ü É possível rejuntar no dia seguinte, usando pranchas

largas sobre o piso.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra os pisos são suornetidos a mau

trato enérgico: respingos de t inta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

• Espalhar a pasta em faixas de 60 cm para facilitar a colocação das peças.

• Desempenadeira: conforme tabela 1 da NBR 13.753/96

Atenção: para locais ventilados e ensolarados, controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressionar uma peça sobre os cordões e retirá-la logo em seguida; sua base deverá estar impregnada de pasta fresca.

Leituras recomendadas: (1) Capitulo 6 • Retração (2) Capitulo 8 - Tensões (3) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (4) Capitulo 15 • Juntas (5) Capitulo 18 • Método de Colagem (6) Capítulo 19 - Consumo (7) Capítulo 14 - Eflorescência (8) NBR-13753 - dez./1996

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Não é necessária a imersão. Todavia, esta operação não

deve ser proibida. Um pouco de umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre os cordões.

Deve haver esmagamento total dos cordões e contato pleno da pasta com todo o tardoz das peças.

E f l o r e s c ê n c i a ( 7 ) • Sendo as peças colocadas secas sobre um contrapiso,

cuja argamassa também está seca. não haverá água livre a ser passada para o meio ambiente. Assim sendo, não ocorrerá eflorescência.

Page 204: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

7 S u p e r f í c i e d a l a j e • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a da

argamassa de regular ização, notadamente resíduos de madeira presos à massa de concreto, part ículas soltas etc. Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa, ap icoá- la . U m e d e c e r e ap l i ca r c a m a d a d e pas ta de cimento imediatamente antes de estender a argamassa de r e g u l a r i z a ç ã o . A e m e n d a c o m pas ta de c i m e n t o in t roduz i rá um v íncu lo c o m a la je , i m p e d i n d o q u e a retração solte a argamassa da laje (1) e (2).

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Cons t i t u ída de a r g a m a s s a no t raço suge r i do de um

vo lume de c imento para c inco de are ia média úmida . Especial istas em impermeabi l ização indicam o traço 1:3. Caso adotado redobrar a atenção, pois é uma argamassa rica e mais sujeita aos efeitos da retração, podendo soltar da laje.

• Não adicionar hidrófugo a essa argamassa. pois haveria p re ju ízo de ade rênc ia das t in tas de imp regnação d a camada impermeabi l izante.

• A espessura máxima é de 3 cm. Caso seja necessár ia maior espessura, aplicar em camadas sucessivas e após comple tamente seca a camada anter iormente lançada. Para argamassas ricas não ultrapasse 2 cm de espessura para cada camada.

• A s u p e r f í c i e f i n a l t e r á a c a b a m e n t o á s p e r o c o m desempenadei ra de madeira.

ü Dar caimento superficial para os ralos, considerado ót imo quando entre 1.5% e 2.5%.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o • D e v e r á h a v e r p r o j e t o d a c o b e r t u r a d e t a l h a n d o

cu idadosamente os acabamen tos da impermeab i l i zação jun to aos ralos, muretas, rodapés e para todos os t ipos

de juntas de d i la tação/cont ração e estruturais (3), (4) e ( 6 ) .

C a m a d a d e p r o t e ç ã o • Consti tuída de argamassa no traço volumétrico sugerido

de uma par te de c imento Por t land comum para c inco partes de areia média úmida, c o m a finalidade de proteger a impermeabi l ização de ações mecânicas.

• Sua espessura será de 2 cm.

• C a s o n ã o houve r a c a m a d a de i so lamen to t é r m i c o / acústica sobre a camada de proteção e após sua secagem completa, será executado o assentamento do piso pelo método convencional que estamos descrevendo.

I s o l a m e n t o t é r m i c o / a c ú s t i c o • Selecionar o t ipo desejado conforme necessidade e fazer

projeto detalhado.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o ( 5 ) • Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para

cinco partes de areia média úmida.

• Espessura de 2 a 3 cm, no máximo. Para espessuras maiores, executar camadas superpos tas de 2 a 3 cm, t an tas q u a n t a s f o r e m n e c e s s á r i a s e após s e c a g e m completa da camada anterior.

• Acabamento superficial áspero.

• Quant idade de argamassa a preparar sera tal de modo que o assentamento estará concluído antes do inicio de pega do cimento.

• Apl icação da argamassa: estendê-la sobre a superfíc ie umedecida da camada de isolamento. Com auxilio de colher aper tá- la c o m f i rmeza, e l iminando a maior quant idade possível de vazios. Na metade da espessura, colocar tela

Piso cerâmico ou outro Pasta de cimento

Pa

o j

sta do cimento Im

Tela soldada

1 1 1 —

aermeabilizaçáo

L B B 1

Ar gamassa de proteção

Argamassa Juntas normais de assentamento

Isolamento térmico/ acústico

Ar de

gamassa regularização La

CO e de icreto armado

M I M I I I M i l I I P H 1 1 I I I I I I I I I I 1 I I 1 1 1 1 1 í I I I I I I I I 1

mmrnm - Caimento •: " - Y^' . v-': '•*/•:

• v i O . 6 •: •«v-:«o. -x qx= 0-;•: • i l l i

Page 205: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

metálica soldada de malha de 2" x 2" (5 cm x 5 cm) e fio bitola 16 BWG (1,65 mm) ou equivalente. Sua finalidade é inibir a retração da argamassa e seus efeitos deletérios sobre o revestimento final do piso. Completar a camada de argamassa de assentamento e sarrafear a superfície.

J u n t a s (5 ) • Projetar antes do início do revestimento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças do revestimento. Adotar juntas

mínimas com largura de 7 mm ou maiores, conforme o tamanho das peças e do aspecto estético que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e t r a b a l h o o u d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar acentuada. Em ambos os sentidos do piso. o afastamento entre tais juntas será de 3.5 m a 4.5 m no máximo (5).

P a s t a d e c i m e n t o ( 6 ) • Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca,

espargir cimento portland em pó. distribuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm. o que significa o uso de 1.5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento Portland é a cola do método convencional que estamos descrevendo.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Imersão em água. com antecedência, de modo a estar

úmidos, mas não saturados quando da colocação.

Atenção: quando da colocação das peças sobre a pasta de c imento , elas deverão estar úmidas , mas não saturadas. Qualquer excesso de água na pasta mudará a relação água/cimento, reduzindo sua resistência e, consequentemente, a aderência das peças.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de cimento, a fim de garantir contato perfeito de todo o tardoz com a pasta.

• Coberta a área preparada, repassar as "batidas" com auxilio de prancha de madeira aparelhada 15 x 30 cm e martelo.

• O maior número de batidas melhora a aderência (6).

L i m p e z a • Logo após "bater" as peças assentadas, limpar com pano

úmido e da melhor forma possível.

C u r a • Antes de rejuntar, manter o piso coberto por cerca de

sete dias.

R e j u n t a r ü Aguardar o maior tempo possível para que ocorram a

secagem e a retração da argamassa de assentamento.

• Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra, os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Leituras recomendadas: (1) Capítulo 6 - Retração (2) Capitulo 8 • Tensões (3) "Impermeabilização" - Suplemento Pni - nov./84 (4) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

• Ed. Pini • 1982 (5) Capitulo 15 - Juntas (6) Capitulo 13 • Pasta de cimento

Page 206: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

8 S u p e r f í c i e d a l a j e • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa de regularização, notadamente resíduos de madeira presos à massa de concreto, partículas soltas etc. Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa, apicoá- la. Umedecer e ap l icar camada de pasta de cimento imediatamente antes de estender a argamassa de regu la r ização. A e m e n d a c o m pasta de c imen to int roduzirá um víncu lo com a laje, imped indo que a retração solte a argamassa da laje (1) e (2).

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Constituída de argamassa no traço sugerido de um volume

de cimento para cinco de areia média úmida. Especialistas em impermeabilização indicam o traço 1:3. Caso adotado redobrar a atenção, pois é uma argamassa rica e mais sujeita aos efeitos da retração, podendo soltar da laje (2).

• Não adicionar hidrófugo a essa argamassa, pois haveria prejuízo de aderênc ia das t intas de impregnação da camada impermeabil izante.

• A espessura máxima é de 3 cm. Caso seja necessário maior espessura, aplicar em camadas sucessivas e após completamente seca a camada anteriormente lançada. Para argamassas ricas não ultrapasse 2 cm de espessura para cada camada.

• A superfície final terá acabamento áspero com desem-penadeira de madeira.

• Dar caimento superficial para os ralos, considerado ótimo quando entre 1,5% e 2.5%.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o • Deverá haver p ro je to da c o b e r t u r a de ta l hando

cuidadosamente os acabamentos da impermeabil ização junto aos ralos, muretas. rodapés e para todos os tipos de juntas de dilatação/contração e estruturais (3), (4) e (5).

C a m a d a d e p r o t e ç ã o ( 4 ) • Constituída de argamassa no traço volumétrico sugerido

de uma parte de cimento Port land comum para cinco partes de areia média úmida, com a finalidade de proteger a impermeabilização de ações mecânicas.

• Sua espessura será de 2 cm.

• Caso não houver a camada de iso lamento té rmico / acús t i ca , es ta c a m a d a de p ro teção será o p rópr io contrapiso. Armar com tela metálica como descrito abaixo e, após secar, colar as peças com argamassa colante.

I s o l a m e n t o t é r m i c o / a c ú s t i c o • Selecionar o tipo desejado, conforme necessidade, e fazer

projeto detalhado.

Nota: Enquanto no método convencional todas as operações daqui para diante devem ser executadas seguidamente e no mesmo dia, com prejuízo no rendimento do serviço, este método de colagem é dividido em duas fases bem distintas e de alto rendimento de mão-de-obra:

a) execução do contrapiso. sua cura e secagem;

b) colagem das peças.

C o n t r a p i s o ( 1 ) ( 2 ) ( 6 ) • Também chamado piso morto.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para cinco partes de areia média úmida.

• Espessura de 2 a 3 cm. no máximo. Para espessuras maiores, executar camadas superpostas de 2 a 3 cm tantas quan tas fo rem necessár ias e após secagem completa da camada anterior.

• Acabamento superficial áspero.

Piso cerâmico ou outro Pasta do cimento

Ar 1 amassa colanto Im

Tela soldada

1 . •

permeabiiizaçao Ar gam

Cc

assa de proteção

ntrapiso Juntas normais . . J . Isolamento

térmico/ acústico

Ar de

3 amassa regularização La

co. odo rx:reto armado

l i l l I l I M U I I I I I I I ;i i Í J i i i i I M M I I I I l l l l l l i i i l i v̂ V--;''." - : Caimento

pilpfPIl lPlP .V i 'o i * -

í^Êéfe

Page 207: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: estendê-la sobre a superfície umedecida da camada de isolamento. Com auxilio de colher, aper tá - la com f i rmeza, e l im inando a maior quantidade possível de vazios. Na metade da espessura, colocar tela metálica soldada de malha de 2" x 2" (5 cm x 5 cm) e fio bitola 16 BWG (1,65 mm) ou equivalente. Sua f ina l idade é inibir a ret ração da a rgamassa e seu desprendimento da camada inferior.

Comple ta r a camada de a rgamassa e sar ra fear a superfície.

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

C u r a • Antes de passar para a 2a fase (colagem) aguardar o maior

tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

J u n t a s (5 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças do revestimento. Adotar juntas

mínimas com largura de 7 mm ou maiores, conforme o tamanho das peças e do aspecto estético que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

• Juntas de trabalho ou de expansão/contração: dependem da destinação e exposição a variações térmicas ou da umidade relativa do ar acentuada. Em ambos os sentidos do piso, o afastamento entre tais juntas será de 3,5 m a 4,5 m no máximo.

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 7 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempenadeira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do contrapiso, bem como do empeno das placas de revestimento.

• Espalhar a pasta em faixas de 60 cm para facilitar a colocação das peças.

• Desempenadeira: conforme tabela 1 da NBR 13.753/96

Atenção para locais ventilados e ensolarados: controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressionar uma peça sobre os cordões e retirá-la logo em seguida: sua base deverá estar impregnada de pasta fresca.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Não é necessária a imersão. Todavia, esta cperação não deve

ser proibida. Um pouco de umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre os cordões.

Deve haver esmagamento total dos cordões e contato pleno da pasta com todo o tardoz das peças.

L i m p e z a • Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano seco.

P r o t e ç ã o • Nunca ande sobre as peças logo após coladas. Eventual

empeno côncavo pode provocar efeito de gangorra ao pisar, soltando a peça. A resistência máxima do cimento colante se dá aproximadamente aos 14 dias de idade.

R e j u n t a r • É possível rejuntar no dia seguinte, usando pranchas

largas sobre o piso.

• Antes de rejuntar. escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Leituras recomendadas: (1) Capitulo 6 • Retração (2) Capitulo 8 - Tensões (3) "Impermeabilização" - Suplemento Pni - nov./1984 (4) Caderno de Encargos • Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (5) Capítulo 15 - Juntas (6) Capítulo 9 • Retração e Revestimento (7) NBR-13753 - dez./1996

Page 208: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Revestimentos cerâmicos sobre alvenaria interna (Método Convencional) 9

T i p o d e b a s e • A base sobre a qual haverá o revest imento cerâmico

poderá ser constituída de diversos tipos de materiais, a saber:

a) alvenarias: - de tijolos cerâmicos maciços - de tijolos cerâmicos furados (baiano) - de tijolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos • de blocos de concreto - de blocos sílico-calcário - de blocos de concreto leve

b) pilares e vigas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r • A alvenaria deverá estar perfeitamente estável quando da

aplicação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da a r g a m a s s a ent re os t i jo los, e m cada f iada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revest imento for executado antes da acomodação da a lvenar ia , t ransmi t i r - se -ão t ensões às p lacas do revestimento que. somadas às de outras origens, poderão ocasionar o desprendimento do revestimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à deformação lenta da estrutura de concreto e. notadamente. as da retração das argamassas de regularização e assentamento (2, 3 e 4).

Base

Chapisco

Pasta dc cimento

Argamassa de assentamento

Placa de revestimento

Junta

máximo 2 cm se maior, executar camada de regularização

S u p e r f í c i e d a b a s e • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa. no tadamente resíduos de madeiras das fôrmas presos ao concreto, partículas soltas etc. Caso houver faces de pilares e vigas a revestir, e sendo antigas ou lisas, apicoá-las.

• Umedecer abundantemente as alvernarias. qualquer que seja a natureza dos materiais que as constituem, e aplicar uma camada de chapisco. O chap isco Doderá ser o convencional de cimento e areia grossa 1:3 ou 1:4, em volumes, ou um chapisco de cimento colante. Para este último é necessário aguardar cerca de sete dias, para que esteja suficientemente rígido e próprio para receber a camada seguinte.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Antes de iniciar o revest imento propr iamente dito, é

necessário verificar a prumada da superfície a revestir. Sempre que a espessura de argamassa necessária para el iminar i r regular idades, ou para at ingir determinado posicionamento, for superior a 2 cm, é indispensável a execução de uma camada prévia de regularização. A e s p e s s u r a das c a m a d a s de a rgamassas não deve ultrapassar 2 cm (2, 3 e 4).

• O t raço p o d e ser o m e s m o da a r g a m a s s a de assentamento.

• A a r g a m a s s a de regu la r i zação é ap l icada sobre a superfície chapiscada umedecida.

• O acabamento superficial deverá ser áspero.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o • Só será aplicada após completa secagem e retração da

camada de regularização, se houver. Ou seja, após o mín imo de oito dias de sua conclusão. Umedecer a superfície antes de chapar a argamassa de assentamento.

• Não havendo camada de regularização, a argamassa de assentamento é aplicada sobre a superfície chapiscada umedecida.

• A espessura da camada de argamassa de assentamento será de 2 cm, no máximo.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para meia parte de cal hidratada e para cinco partes de areia média úmida. Ou uma parte de cimento para uma parte de cal hidratada e sete partes de areia média úmida.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do início de pega do cimento.

Page 209: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Aplicação da argamassa: chapar fortemente com a colher sobre a superfície do chapisco (ou da camada de regula-rização) umedecida previamente. A seguir sarrafear com régua apoiada sobre as mestras já executadas. A aplicação da argamassa é feita por partes, para garantir a conclusão do revestimento antes do início de pega do cimento.

J u n t a s (5 ) • Projetar antes do início do revestimento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças. O espaçamento mínimo será

de 2 mm para revestimentos internos. Juntas mais largas são em função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar (5).

P a s t a d e c i m e n t o • Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca,

aplicar camada de pasta de cimento portland comum na espessura de 1 mm. Lembrar que a pasta de cimento comum é a cola do Método Convencional que estamos descrevendo (6).

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Imersão em água, com antecedência, de modo a estar

úmidos e não saturados quando da colocação. O tempo de imersão depende do "grupo de absorção" a que pertencem.

Atenção: quando da colocação das peças sobre a pasta de cimento, elas deverão estar úmidas.

• Qualquer excesso de água na pasta mudará a relação água/ cimento, reduzindo sua resistência e conseqüen-temente a aderência das peças.

• As peças deverão ser pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de cimento, a fim de garantir contato perfeito de todo o tardoz com a pasta. Ao bater, não utilizar o cabo da colher de pedreiro se esta tiver ponta metálica exposta. Haverá danos ao esmalte dos azulejos. O empeno máximo, côncavo ou convexo, considerado normal, é de 1 mm. Assim sendo, certificar-se que esta operação de pressionar e bater consiga maximizar a superfície de contato pasta/peça.

C u r a • Antes de rejuntar, manter o revestimento protegido de

insolação direta e ventilação durante cerca de sete dias.

R e j u n t a r • Aguardar o maior tempo possível sem rejuntar, para que

ocorram a secagem e a retração da argamassa de assentamento sem transmitir tensões de uma peça para outra. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade (2).

ü Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e, em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

Leituras recomendadas: (1) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (2) Capitulo 6 - Retração (3) Capitulo 8 - Tensões (4) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (5) Capítulo 15 - Juntas (6) Capitulo 13 - Pasta de cimento

Page 210: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Revestimentos cerâmicos sobre alvenaria interna (Método de Colagem) 10

T i p o d e b a s e • A base sobre a qual haverá o reves t imento ce râmico

poderá ser const i tuída de diversos t ipos de material , a saber:

a) alvenar ia: - de ti jolos cerâmicos maciços - de tijolos cerâmicos furados (baiano) - de tijolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos - de blocos de concreto - de blocos síl ico-calcário

- de blocos de concreto leve

b) pi lares e vigas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r

• A a lvenar ia deverá estar per fe i tamente estável quando da apl icação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da argamassa entre os tijolos, em cada fiada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revest imento seja executado antes da acomodação da a lvenar ia , t ransmi t i r -se-ão tensões aos azu le jos que, s o m a d a s às de ou t ras o r igens , pode rão ocas ionar o desprendimento do revestimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à de formação lenta da estrutura de concreto e. notadamente, as da retração da argamassa de regular ização caso a co lagem tenha sido feita antes da secagem e da retração desta camada de regularização (2. 3 e 4).

S u p e r f í c i e d a b a s e • Eliminar tudo que possa prejudicar a aderência da arga-

massa. notadamente resíduos de madeira das fôrmas pre-sos ao concreto, partículas soltas etc. Caso haja faces de pilares e vigas a revestir, e sendo antigas ou lisas, apicoá-las.

- T - V • Base

• Chapisco

•Argamassa colante

• Argamassa de regularização (emboço)

Placa de ' revestimento

• Junta

• Umedecer abundantemente as alvenarias. qualquer que seja a natureza dos materiais que as constituem, e aplicar u m a c a m a d a de chap isco . O chap i sco Doderá ser o convencional de c imento e areia grossa 1:3 e 1:4, em volumes, ou um chapisco de cimento colante. Para este último é necessár io aguardar cerca de sete dias para que este ja suf ic ientemente rígido e própr io para receber a camada seguinte.

Nota: Enquanto no método convencional todas as operações daqui para diante e até o f inal devem ser executadas seguidamente e no mesmo dia. com prejuízo no rendimento dos serviços, este método de colagem é dividido em duas fases bem distintas e de alto rendimento de mão-de-obra:

a) execução do emboço. sua cura e secagem;

b) co lagem das peças.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o - e m b o ç o • Verificar a prumada da superfície a revestir. Sempre que

a espessura de argamassa necessár ia para el iminar ir-regu lar idades. ou para at ingir de te rminado pos ic iona-mento. for superior a 2 cm, é indispensável a execução de outra camada de regularização.

A e s p e s s u r a das c a m a d a s de a r g a m a s s a não deve ultrapassar 2 cm (2. 3 e 4).

• A a r g a m a s s a d e r e g u l a r i z a ç ã o é ap l i cada s o b r e a superfície chapiscada umedecida.

• O acabamen to super f ic ia l será áspero: sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para meia parte de cal hidratada e para cinco partes de areia média úmida. O u uma parte de cimento para uma parte de cal hidratada e sete partes de areia média úmida. A NBR-7200/82 indica diversos traços para o emboço em paredes internas e para locais de grau de umidade normal de ar. Os emboços suger idos com uso de c imento e cal hidratada têm o traço de urn vo lume de cimento, dois de cal hidratada e nove de areia úmida (para ms tu ra manual) ou 11 de areia úmida (para mistura mecânica).

• Quant idade de argamassa a preparar: será tal que sua ap l i cação e acabamen to es ta rão conc lu ídos antes do início de pega do cimento.

• Apl icação da argamassa: chapar fortemente com a colher sobre a superfície do chapisco (ou da camada de regula-r ização anterior) umedecida previamente. A seguir sarra-fear com régua apoiada sobre as mestras já executadas.

máximo 2 cm so maior, executar em camadas de 2 cm cada

Page 211: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

C u r a • Antes de passar para a 2* fase (colagem), aguardar o

maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

C o l a g e m d i r e t a s o b r e a b a s e • É possível colar as peças diretamente sobre a base se

esta é constituída de elementos de superfície bem plana e assentados aprumados já prevendo a colagem direta, sem emboço, ou camada de regularização. É o caso de blocos de concreto, blocos de concreto leve ou sílico-calcário. A irregularidade das peças, se houver, será jogada para a face oposta da parede que, possivelmente, será um corredor, ou sala. ou dormitór io etc., cujas paredes levarão emboço e reboco corrigindo o prumo.

• Atenção para as instalações elétricas e hidráulicas, e posicionamento de batentes, uma vez que não haverá chapisco e emboço.

• Imediatamente antes de espalhar a parte de cimento colante sobre tais bases, molhá-las abundantemente devido à sua alta absorção de água.

J u n t a s (5 ) • Projetar antes do início do assentamento (ver Capítulo 15).

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as peças com espaçamento mínimo

de 2 mm para revestimentos internos. Juntas mais largas são em função do tamanho e formato das peças e do aspecto que se quer alcançar.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

posição e largura em toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar (5).

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 6 ) • Não é necessário umedecer o emboço. Todavia, esta

operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, re forçará a cura da pasta . Em locais vent i lados e ensolarados, convém umedecer o emboço.

• Caso a colagem for direta sobre elementos da alvenaria, molhá-los imediatamente antes de espalhar a pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempenadeira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve

ser suficiente para preencher irregularidades no prumo do emboço. bem como o empeno normal dos azulejos. Usar desempenadeira conforme tabela 1 da NBR 13.754/96

• Espalhar a pasta em faixas compatíveis com as condições locais de ventilação e insolação. Controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressionar uma peça sobre os cordões e retirá-la logo em seguida; sua base deverá estar impregnada de pasta fresca.

R e v e s t i m e n t o s c e r â m i c o s • Não é necessária a imersão em água. Todavia, sob

severas condições ambientais devem ser umedecidos.

• As peças deverão ser pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre a pasta de argamassa colante, a fim de garantir total esmagamento dos cordões e contato pleno da pasta com todo o tardoz das peças.

Ao bater, não utilizar o cabo da colher de pedreiro se esta tiver ponta metálica exposta. Haverá danos ao esmalte da peça. O empeno máximo, côncavo ou convexo, cons iderado normal , é de 1 mm. A NBR-7200/82 -revestimentos com argamassas - dá uma tolerância para o desvio da superfície do emboço em relação a uma régua retilínea: para 2 m de comprimento, o desvio não deverá ser superior a 3 mm. Assim sendo, certificar-se de que esta operação de pressionar e bater ccnsiga maximizar a superfície de contato pasta/peça.

C u r a ü Antes de rejuntar, manter o revestimento protegido de

insolação direta e ventilação durante cerca de sete dias.

R e j u n t a r • Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as

peças.

• Preencher as juntas com pasta do rejunte. Deixar "puxar" e. em seguida, limpar e dar acabamento com espuma macia, limpa e úmida.

Leituras recomendadas: (1) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

• Ed. Pini - 1982 (2) Capitulo 6 - Retração (3) Capítulo 8 - Tensões (4) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (5) Capitulo 15 - Juntas (6) NBR-13754 - dez./1996

Page 212: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Pastilhas sobre alvenaria interna ou externa (Método Convencional)

T i p o d e b a s e • A base sobre a qual haverá o revestimento com pastilhas

poderá ser constituída de diversos tipos de materiais, a saber:

a) alvenar ias:

- de tijolos cerâmicos maciços - de ti jolos cerâmicos furados (baiano) - de ti jolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos - de blocos de concreto - de blocos síl ico-calcário

- de blocos de concreto leve

b) pi lares e vigas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r • A alvenaria deverá estar perfeitamente estável quando da

aplicação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da argamassa entre os tijolos, em cada fiada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revestimento for executado antes da acomodação da alvenaria transmitir-se-ão tensões ao revestimento que. somadas às de outras origens, poderão ocasionar o seu desprendimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à deformação lenta do concreto e as da retração da argamassa do emboço. caso este não es te ja to ta lmente cu rado (eqü iva le já ter -se deformado totalmente por retração da argamassa) por ocasião da colocação das pastilhas (2) (3) (4).

S u p e r f í c i e d a b a s e • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a d a

argamassa. notadamente resíduos de madeira das fôrmas presos ao concreto, part ículas soltas etc. Caso houver faces de pi lares e vigas a revestir, e sendo antigas ou lisas, apicoá-las.

• Umedecer abundantemente as alvenarias, quaisquer que seja a natureza dos materiais que as constituem, e aplicar uma camada de chapisco. O chapisco poderá ser o convencional de cimento e areia grossa 1:3 ou 1:4. em volumes, ou um chapisco de cimento colante. Para este último é necessário

T M Í T

—A —A —A —A

Chapisco

Pasta do cirorrto branco

'/assa fina

Emboço máximo 2 cm se maior, exocutar orn camaoas oo 2 cm cada

Pastilha

• Juntas ontro pastilhas >a previstas peo fabricante

aguardar cerca de sete dias. para que esteja suficientemente rígido e próprio para receber a camada seguiite.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • A n t e s de in ic iar o reves t imen to p r o p r i a m e n t e d i to é

necessár io verif icar a p rumada da superfície a revestir. Sempre que a espessura de argamassa necessária para e l im inar i r regu la r idades , ou pa ra at ing i r d e t e r m i n a d o posic ionamento, for super ior a 2 cm. é indispensável a execução de uma camada prévia de regularização. A e s p e s s u r a das c a m a d a s de a r g a m a s s a não deve ultrapassar 2 cm (2. 3 e 4).

• O traço pode ser o mesmo da argamassa do emboço.

• A a r g a m a s s a d e r e g u l a r i z a ç ã o é ap l i cada s o b r e a superfície chapiscada umedecida.

• S e m p r e q u e por m o t i v o s c o n s t r u t i v o s a e s p e s s u r a ultrapassar 25 a 35 mm deve ser utilizada tela metál ica soldada de malha de 5 x 5 cm e fio 16 BWG (1,65 mm) chumbada na estrutura suporte em quatro pentos por metro quadrado e. nos cantos, em três pontos por metro linear, com a finalidade de absorver a retração da argamassa, tensões e peso próprio da espessa camada de argamassa.

• O acabamento superficial desta camada det/e ser áspero.

E m b o ç o • Só será apl icado após completa secagem e retração da

camada de regular ização, se houver. Ou seja, após o mínimo de oito dias de sua conclusão. Umedecer a superfície antes e chapar a argamassa do emboço.

• Não havendo camada de regularização, a argamassa do e m b o ç o é a p l i c a d a s o b r e a s u p e r f í c i e c h a p i s c a d a umedecida previamente.

• A espessura do emboço será de 2 cm no máximo (2, 3 e 4).

• O acabamento superficial será áspero.

• Traço suger ido em volume: uma par te de c imento para meia parte de cal hidratada e para cinco partes de areia média úmida. O u uma parte de cimento para uma parte de cal hidratada e sete partes de areia média úmida. A NBR-7200/82 indica diversos t raços para o emboço em paredes internas e para locais de g r a j de umidade normal do ar. Os emboços suger idos com uso de cimento e cal hidratada têm o traço de um volums de cimento, dois de cal hidratada e nove de areia úmida (para mistura manual) ou 11 de areia úmida (para mistura mecânica).

• Quant idade de argamassa a preparar: será tal que sua ap l i cação e acabamen to es ta rão conc lu ídos antes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: chapar fortemente com a colher sob re a supe r f í c i e d o c h a p i s c o (ou da c a m a d a de regularização anterior) umedecida previamente. A seguir sarrafear com régua apoiada sobre as mestras já executadas.

Page 213: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

Cura • Antes de passar para a fase de assentamento das pastilhas

com massa fina e pasta de cimento branco, aguardar o maior tempo possível paia que ocorram a secagem e a retração da argamassa do emboco. Lembrar que para as argamassas 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

• Com a execução e cura total do emboco se encerra a primeira fase de serviços do Método Convencional que estamos descrevendo.

Juntas (7) • As juntas de movimentação e estruturais devem ser

projetadas antes do assentamento.

• As pastilhas são fornecidas montadas em placas já com juntas prefixadas pelo fabricante.

• Manter a mesma largura de juntas entre as placas.

Jun tas est rutura is • Mantê-las em toda a espessura do revestimento (no

chapisco. emboço. massa fina e pastilhas) e na largura deixada na estrutura suporte.

Juntas de expansão/contração • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar acentuada. Prevê-las no encontro com outros acabamentos (7).

Massa f ina • A argamassa pode ser pré-fabricada ou composta na

própria obra.

• Caso composta na obra. é sugerido o seguinte traço em volumes (5): uma parte de cimento portland comum para nove partes de areia fina peneirada e três partes de pasta de cal.

• A NBR-7200/82 (Tabela 1 - Grupo II) sugere os seguintes traços em volumes para argamassas de reboco de cimento e cal: uma parte de cimento, para uma parte e meia de pasta de cal e para nove a 11 partes de areia fina úmida, sendo nove partes se a mistura for manual e 11 para mistura mecânica. Ou uma parte de cimento para duas de cal hidratada e para nove a 11 partes de areia fina úmida.

• Antes de apl icar a argamassa. o emboco deve ser molhado abundantemente.

• Espessura do reboco: 2 mm. A espessura máxima, não desejável, fixada pela NBR-7200/82. é de 5 mm.

• Antes da aplicação das placas de pastilhas, traçar linhas de nível e prumo. Obs.: o Manual do Pastilheiro (5) descreve detalhadamente ferramentas, materiais e cuidados no acabamento.

Pasta de c imento • Norma lmente é ut i l izado c imento por t land branco.

Preparar pasta de cimento branco.

• As placas de pastilhas são empilhadas sobre um suporte, com o tardoz voltado para cima (ou com o papel voltado para baixo).

ü Com auxílio de colher de pedreiro espalhar a pasta de cimento branco nas costas da placa de pastilhas, em espessura fina de cerca de 1 mm. Lembrar que a pasta de cimento comum é a cola do método convencional que estamos descrevendo (6).

• Aplicar placa de pastilhas, untada de pasta de cimento branco, sobre a massa fina que deverá estar ainda fresca. Caso for necessário, e devido a condições de ventilação, umedecer levemente a massa fina antes da aplicação.

• Pressionar imediatamente com as mãos.

• Após a colocação de algumas placas, alinhar as arestas e rebater com auxílio de martelo de pedreiro e um batedor de madeira aparelhado.

Re jun tamento • Remover o papel colado sobre a superfície das pastilhas

ut i l izando uma solução de soda cáustica e água na proporção de 250 g para cada cinco litros de água (5). Usar broxa na apl icação da solução sobre o papel. Aguarde que este se encharque e use a ponta da colher de pedreiro para iniciar a remoção do papel.

• Lavar com água após remover o papel ce cada pequena área.

• Rebater as pastilhas, caso for necessário ajustar nível e prumo.

Atenção: usar luvas de borracha e aplicar a solução de soda com cuidado para evitar respingos na pele. Use balde plástico no preparo da solução.

• Retirado o papel de todo o pano. prepare pasta de cimento branco comum ou de produtos pré-fabricadcs comercializados com esta finalidade. Preencher as juntas com a pasta, com auxilio de rodo de borracha passado diagonalmente. Deixar "puxar" e. em seguida, limpar com estopa.

Lei turas recomendadas: (1) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

• Ed. Pini - 1982 (2) Capítulo 6 - Retração (3) Capítulo 8 • Tensões (4) Capítulo 9 • Retração e Revestimentos (5) "Treinamento do Oficial Pastilheiro" - Encarte do Anuàrio Produtos & Técnicas - 82/83 - Ed. Pini (6) Capítulo 13 - Pasta de Cimento (7) Capitulo 15 • Juntas

Page 214: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Pastilhas sobre alvenaria interna ou externa (Método de Colagem) 12

Tipo d e base • A base sobre a qual haverá o revestimento com pastilhas

poderá ser constituída de diversos tipos de materiais, a saber:

a) alvenarias:

- de tijolos cerâmicos maciços - de tijolos cerâmicos furados (baiano) - de tijolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos - de blocos de concreto - de blocos silico-calcário - de blocos de concreto leve

b) pilares e vigas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r • A alvenaria deverá estar perfeitamente estável quando da

aplicação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da argamassa, entre os tijolos, em cada fiada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revestimento for executado antes da acomodação da alvenaria, transmitir-se-ão tensões ao revestimento que, somadas às de outras origens, poderão ocasionar o seu desprendimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à deformação lenta do concreto e as da retração da argamassa do embaço, caso este não esteja totalmente curado (eqüivale a já ter-se deformado totalmente por retração da argamassa) por ocasião da colocação das pastilhas (2) (3) (4).

S u p e r f í c i e d a b a s e

• Eliminar tudo que possa prejudicar a aderência da argamassa, notadamente resíduos de madeira das fôrmas presos ao concreto, partículas soltas etc. Caso houver faces de pilares e vigas a revestir, e sendo antigas ou lisas, apicoá-las.

• Umedecer abundantemente as alvenarias. qualquer que seja a natureza dos materiais que as constituem e aplicar uma camada de chapisco. O chapisco poderá ser o convencional de cimento e areia grossa 1:3 ou 1:4 em volumes, ou um chapisco de cimento colante. Para este último é necessário aguardar cerca de sete dias. para que esteja suficientemente rígido e próprio para receber a camada seguinte.

Base

Chapisco

Pasta tio argamassa colanto

Emboço máximo 2 cm se maior, execuiar em camadas do 2 cm cada

Pastilha

Juntas entro pastilhas ia previstas p e » fabricante

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Antes de iniciar o revest imento propr iamente di to é

necessário verificar a prumada da superfície a revestir. Sempre que a espessura de argamassa necessária para el iminar i r regular idades, ou para at ingir determinado posicionamento, for superior a 2 cm, é indispensável a execução de uma camada prévia de regularização. A espessura das camadas de argamassa não deve ultrapassar 2 cm (2, 3 e 4).

• O traço pode ser o mesmo da argamassa do emboço.

• A a r g a m a s s a de regu la r i zação é ap l icada sobre a superfície chapiscada umedecida.

• Sempre que por mot i vos cons t ru t i vos a espessu ra ultrapassar 25 a 35 mm deve ser utilizada tela metálica soldada de malha de 5 x 5 cm e fio 16 BWG (1,65 mm) chumbada na estrutura suporte em quatro pontos por metro quadrado e, nos cantos, em três pontos por metro linear, com a finalidade de absorver a retração da argamassa, tensões e peso próprio da espessa camada de argamassa.

• O acabamento superficial desta camada deve ser áspero.

E m b o ç o • Só será aplicado após completa secagem e retração da

camada de regularização, se houver. Ou seja, após o mín imo de oito dias de sua conc lusão. Umedecer a superfície antes de chapar a argamassa do emboço.

ü Não havendo camada de regularização, a argamassa do e m b o ç o é ap l i cada sobre a super f í c ie c h a p i s c a d a umedecida previamente.

• A espessura do emboço será de 2 cm, no máximo (2, 3 e 4).

• O acabamento superficial será áspero.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para meia parte de cal hidratada e para cinco partes de areia média úmida. Ou uma parte de cimento para uma parte de cal hidratada e sete partes de areia média úmida.

• A NBR-7200/82 indica diversos traços para o emboço em paredes internas e para locais de grau de umidade normal do ar. Os emboços sugeridos com uso de cimento e cal hidratada têm o traço de um volume de cimento, dois de cal hidratada e nove de areia úmida (para mstura manual) ou 11 de areia úmida (para mistura mecânica).

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal que sua apl icação e acabamento estarão concluídos antes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: chapar fortemente com a colher sobre a superfície do chapisco (ou da camada cte regularização anterior) umedecida previamente. A seguir sarrafear com régua apoiada sobre as mestras já executadas.

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aoroveitamento da mão-de-obra é máximo.

Page 215: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Cura • Antes de passar para a fase de assentamento das pastilhas

com pasta de cimento colante, aguardar o maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do emboço. Lembrar que para as argamassas 80% de sua retração se dá os sete dias de idade.

• Com a execução e cura total do emboço se encerra a primeira fase de serviços do método de colagem que estamos descrevendo. Nota: Enquanto no método convencional daqui para diante há mais duas operações lentas a serem executadas seguidamente, ou seja, massa fina e sobre ela ainda fresca a aplicação das placas de pastilhas com pasta de cimento branco no tardoz, com prejuízo do rendimento dos serviços, este método de colagem requer apenas o espalhamento da pasta de argamassa colante, cinza ou branca. E um serviço de alto rendimento, possibilitando o aproveitamento integral da jornada de trabalho.

Cojagem direta sobre a base em paredes internas • É possível colar as peças diretamente sobre a base se esta é

constituída de elementos de superfície bem plana e assentados aprumados já prevendo a colagem direta, sem emboço, ou camada de regularização. E o caso de blocos de concreto, blocos de concreto leve ou sílico-calcário. A irregularidade das peças, se houver, será jogada para a face oposta da parede que, possivelmente, será um corredor, ou sala, ou dormitório etc., cujas paredes levarão emboço e reboco corrigindo o prumo. Atenção para as instalações elétrica e hidrául ica, e posicionamento de batentes, uma vez que não haverá chapisco e emboço.

• Imediatamente antes de espalhar a pasta de cimento colante sobre tais bases, molhá-las abundantemente devido à sua alta absorção de água. Obs.: no método convencional é impossível a colocação direta sobre a base.

Juntas (7) • As juntas de expansão/contração e estruturais deverão

ser projetadas antes do assentamento.

• As pastilhas são fornecidas montadas em placas já com juntas prefixadas pelo fabricante.

• Manter a mesma largura de juntas entre as placas.

Jun tas est rutura is • Mantê-las em toda a espessura dos revestimentos (no

chapisco. emboço. argamassa colante e pastilhas) e na largura deixada na estrutura suporte.

Juntas de expansão/contração • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou da umidade relativa do ar acentuada. Prevê-las no encontro com outros acabamentos.

Pasta de argamassa colante (5) • Não é necessário umedecer o emboço. Todavia, esta ope-

ração não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta. Em locais ventilados e ensolarados convém umedecer o emboço.

• Espalhar pasta de cimento colante com desempenadeira

denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades no prumo do emboço.

• Espalhar a pasta em faixas compatíveis com as condições locais de ventilação e insolação. Controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressione algumas pastilhas sobre os cordões e retire-as em seguida; sua base deverá estar impregnada de pasta fresca.

• As placas de pastilhas são empilhadas sobre um suporte, com o tardoz voltado para cima (ou com o papel voltado para baixo).

u Com auxílio do lado liso da desempenadeira denteada forçar a pasta de argamassa colante branca nas costas de cada placa de pastilhas, preenchendo praticamente todas as juntas.

• Antes da aplicação das placas de pastilhas, traçar linhas de nível e prumo. Obs.: o Manual do Pastilheiro (6) descreve detalhadamente ferramentas, materiais e cuidados no acabamento.

• Aplicar cada placa de pastilhas sobre os cordões de pasta fresca de argamassa colante.

• Pressionar imediatamente com ambas as mãos toda a superfície da placa.

• Após a colocação de algumas placas, alinhar as arestas e rebater com auxílio de martelo de pedreiro e um batedor de madeira aparelhado.

Re jun tamento • Remover o papel colado sobre a superfície das pastilhas utilizando

uma solução de soda cáustica e água na proporção de 250 g para cada cinco litros de água (6). Usar broxa na aplicação da solução sobre o papel. Aguarde que este se encharque, e use a ponta da colher de pedreiro para iniciar a rerioção do papel.

• Lavar com água após remover o papel de cada pequena área.

• Rebater as pastilhas, caso for necessário ajustar nível e prumo. Atenção: usar luvas de borracha e aplicar a solução de soda com cuidado para evitar respingos na pele. Use balde plástico no preparo da solução.

• Retirado o papel de todo o pano. prepare pasta de cimento branco comum, ou de produtos pré-fabricados comercializados com esta finalidade. Completar o preenchimento das juntas com a pasta, com auxilio de rodo de borracha passado diagonalmente. Deixar "puxar" e. em seguida, limpar com estopa.

Lei turas recomendadas: (1) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (2) Capitulo 6 - Retração (3) Capítulo 8 - Tensões (4) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (5) Capítulos 18 e 19 - Método de Colagem (6) "Treinamento do Oficial Pastilheiro" - "Encarte Produtos

& Técnicas - 82/83 - Ed. Pini (7) Capítulo 15 - Juntas

Page 216: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Placas de borracha com cavidades ou pinos sobre terrapleno (Método de Colagem) 13

C o l a g e m • Este Método de Co lagem é dividido em duas fases bem

distintas e de alto rendimento de mão-de-obra:

a) execução do contrapiso, sua cura e secagem;

b) co lagem das peças.

T e r r a p l e n o ( 1 ) • Preparar o terrapleno para evitar umidade natural do solo.

Esta camada deverá ter excelente permeabi l idade para que a água não suba por capi lar idade. Isso pode ser conseguido com a retirada da camada superficial de solo pouco permeável - 30 a 40 cm - e reaterro com o mesmo solo misturado em partes iguais com areia ou entulho da própria obra.

• Api loar o ter rap leno e co locar uma camada de pedra br i tada.

Atenção para pisos sobre terrenos argi losos ou humíferos, que retêm energicamente a água. Para conter o f luxo de umidade utilizar mantas impermeáveis.

• Prever uso de drenos para os casos extremos de pressão positiva e lençol freático aflorado ou a pouca profundidade.

L a s t r o d e c o n c r e t o s i m p l e s ( 1 ) • Sobre o terrapleno executar lastro de concreto simples,

bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água. dada sua impermeabi l idade.

• Executar o lastro c o m caimentos necessár ios à perfeita drenagem superficial do piso acabado.

• Aguardar cura completa antes da execução do contrapiso.

S u p e r f í c i e d o l a s t r o - p r e p a r o • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a ade rênc ia da

argamassa do contrapiso. Caso o lastro seja antigo ou sua superfície muito lisa, apicoá-lo. Umedacer e aplicar camada de c imento Port land fo rmando pasta e, sobre ela, estender imediatamente a argamassa do contrapiso.

Dependendo das condições de uso, o lastro poderá ser a rmado.

C o n t r a p i s o ( 2 e 3 ) • Também chamado piso morto, camada de regularização

ou intermediár ia.

• Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de p ro je to , for n e c e s s á r i a e s p e s s u r a m a o r , e x e c u t a r contrapisos superpostos tantos quantos forem necessários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamen to super f ic ia l será áspero: sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida. Dimensionar outro traço, inclusive armadura, dependendo das condções de uso.

• Quant idade de argamassa a preparar: será tal de modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do início de pega do cimento.

• Ap l icação de a rgamassa: estendê- la sobre a pasta de c imento f resca na superf íc ie do lastro. Com auxí l io da c o l h e r a p e r t á - l a c o m f i r m e z a , e l i m i n a n d o a m a i o r quant idade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

Placas de borracha Lastro de concreto simples

Pa sta de argamas

Ju co

sa colante

ita expansão/ itração

Cc mtra

Pa

piso

sta de cimento J u n t a estrutural

• 1 K l 1

[ J Manta impermeável

1

Terrapleno

Page 217: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

C u r a • Antes de passar para 2J fase (colagem) aguardar o maior

tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

Atenção: Caso a colocação das placas seja feita antes da secagem da argamassa do contrapiso, a retração desta argamassa ainda em evolução introduzirá compres-são no revestimento denunciada por ondulações das placas, comprometendo definitivamente o serviço.

J u n t a s (5 e 6 ) • As juntas de expansão/contração e estruturais deverão

ser projetadas e previstas antes do assentamento.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser mantidas em

largura e posição em toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa (6).

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 4 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar, pasta de argamassa colante com desempena-deira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do contrapiso.

• Espalhar a pasta em faixas de 70 cm de largura para facilitar a colocação das peças. Atenção para locais ventilados e ensolarados: controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças.

• Com colher de pedreiro, ou lado liso da desempenadeira de aço, preencher totalmente com pasta de argamassa colante as cavidades ou espaços entre os pinos existentes no tardoz das placas.

• Aplicar as placas assim preparadas sobre os cordões de pasta de a rgamassa co lan te já ap l i cada sobre o contrapiso.

• Bater a placa o mais levemente possível, mas o necessário para ligar a pasta do tardoz à pasta do contrapiso.

A tenção : ba t idas enérg icas sobre a p laca causa rão deformações levantando arestas e vért ices da placa, tornando impossível quaisquer tentativa posterior de acerto de nível.

u O serviço de colagem pode ser interrompido em qualquer posição, e retomado poster iormente, mesmo no dia seguinte. Isto torna o serviço de alto rendimento devido ao aproveitamento máximo da mão-de-obra.

L i m p e z a ü Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano levemente umedecido em água limpa.

P r o t e ç ã o • Nunca ande sobre placas logo após coladas. Aguarde

cerca de três dias. A resistência máxima da argamassa colante se dá após 14 dias de idade.

• Na fase final da obra os pisos são suornetidos a mau trato enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

L e i t u r a s r e c o m e n d a d a s : (1) Capítulo 14 - Eflorescência (2) Capítulo 6 - Retração (3) Capítulo 8 • Tensões (4) Capítulos 18 e 19 • Método de Colagem/Consumo (5) Capítulo 10 - Temperatura (6) Capítulo 15 - Juntas

Page 218: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Placas de borracha com cavidades ou pinos sobre laje (Método de Colagem) 14

S u p e r f í c i e d a l a j e • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa da camada de regularização ou contrapiso. Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa. apicoá-la. Umedecer e apl icar camada de c imento Port land. fo rmando pasta imed ia tamente antes de estender a argamassa de regularização.

A emenda com pasta de cimento introduzirá um vinculo que impedirá parcialmente a retração da argamassa das camadas superiores, reduzindo as tensões de compres-são na camada de revestimento superficial (1).

• Sobre a laje poderemos ter:

a - somente uma camada de argamassa, chamada de regularização, ou contrapiso ou. ainda, de piso morto:

b - uma camada de argamassa de enchimento destinada a embutir canalizações de piso (tomadas, telefones etc.) ou para dar caimento ou. ainda, para corrigir irregu-laridades exageradas.

Sobre esta c a m a d a de ench imen to segue -se a do contrapiso.

Atenção: cada camada não deverá ter mais do que 2 a 3 cm de espessura.

Nota: Este método de colagem é dividido em duas fases bem distintas e de alto rendimento de mão-de-obra:

a) execução do contrapiso. sua cura e secagem;

b) colagem das peças.

C o n t r a p i s o ( 1 ) , ( 2 ) e ( 3 ) • Também chamado piso morto, camada de regularização

ou intermediária.

ü Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de pro jeto, for necessár ia espessura maior, que se dest ine a embutir e letrodutos para tomadas de piso, executar contrapiso superpostos tantos quantos forem necessár ios, de modo a resultar sempre espessuras i n d i v i d u a i s d e 2 a 3 cm . C a d a c a m a d a só s e r á executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superf ic ial será áspero: sarrafeado ou desempenado.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida, ou argamassa mista composta de uma parte de c imento para meia de cal hidratada, e para cinco partes de areia média úmida. Dimensionar outro traço, inclusive armadura, dependendo das condições de uso.

• Quantidade de argamassa a preparar: será de tal modo que seu espalhamento e acabamento superficial ocorram antes do inicio de pega do cimento.

• Apl icação de argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento fresco na superfície da laje. Com auxílio da colher apertá-la com f irmeza, el iminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aDroveitamento de mão-de-obra é máximo.

C u r a • Antes de passar para 2a fase (colagem) aguardar o

maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa do contrapiso. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

"Junta de expansão/contração

Placas do borracha Camada de regularização ou contrapiso

Pasta de argamassa colante sobre o contrapiso e nas cavidades

I

Pasta de cimento sobre a laje

Junta normal

Junta estruturaJ

Laje de concreto Junta expansão/ * Revestimento do forro do andar inferior armado contração (Chapisco + Emboço + Reboco)

Page 219: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Atenção: Caso a colocação das placas seja feita antes da secagem da argamassa do contrapiso, a retração desta argamassa ainda em evolução introduzirá compres-são no revestimento denunciada por ondulações das placas, comprometendo definitivamente o serviço.

J u n t a s (5 e 6 ) • As juntas de expansão/contração e estruturais deverão

ser projetadas e previstas antes do assentamento.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser mantidas em

largura e posição em toda a espessura do revestimento.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar.

P a s t a d e a r g a m a s s a c o l a n t e ( 4 ) • Não é necessário umedecer a superfície do contrapiso.

Todavia, esta operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempena-deira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades do nível do contrapiso.

• Espalhar a pasta em faixas de 70 cm de largura para facilitar a colocação das peças. Atenção para locais ventilados e ensolarados: controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças.

• Com colher de pedreiro, ou lado liso da desempenadeira de aço. preencher totalmente com pasta de argamassa colante as cavidades ou espaços entre os pinos existentes no tardoz das placas.

• Aplicar as placas assim preparadas sobre os cordões de pas ta de a rgamassa co lan te já ap l i cada sobre o contrapiso.

• Bater a placa o mais levemente possível, mas o necessário para ligar a pasta do tardoz à pasta do contrapiso.

Atenção: bat idas enérgicas sobre a placa causarão deformações levantando arestas e vért ices da placa, tornando impossível qualquer tentativa posterior de acerto de nível.

P r o t e ç ã o • Nunca ande sobre placas logo após coladas. Aguarde

cerca de três dias. A resistência máxima da argamassa colante se dá após 14 dias de idade.

• Na fase final da obra, os pisos são submetidos a mau trato enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

L e i t u r a s r e c o m e n d a d a s : (1) Capítulo 8 - Tensões (2) Capitulo 6 - Retração (3) Capítulo 9 - Retração e Revestimento (4) Capítulos 18 e 19 - Método de Colagem/Consumos (5) Capítulo 10 - Temperatura (6) Capitulo 15 - Juntas

• O serviço de colagem pode ser interrompido em qualquer posição, e retomado poster iormente, mesmo no dia seguinte. Isto torna o serviço de alto rendimento devido ao aproveitamento máximo da mão-de-obra.

L i m p e z a • Este método proporciona serviço extremamente limpo.

Eventual refluxo de pasta é retirado com pano levemente umedecido em água limpa.

Page 220: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Peças cerâmicas prensadas sobre alvenaria externa (Método de Colagem) 15

T i p o d e b a s e • A base sobre a qual haverá o revest imento poderá ser

consti tuída de diversos t ipos de materiais, a saber:

a) alvenaria:

- de tijolos cerâmicos maciços - de tijolos cerâmicos furados (baiano) - de tijolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos - de blocos de concreto - de blocos síl ico-calcário - de blocos de concreto leve

b) pilares e v igas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r • A alvenaria deverá estar perfeitamente estável quando da

aplicação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da argamassa entre os tijolos, em cada fiada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revestimento for executado antes da acomodação da alvenaria transmitir-se-ão tensões ao revestimento que, somadas as de outras origens, poderão ocasionar o seu desprendimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à deformação lenta do concreto e as da retração da argamassa do emboço, caso este não esteja totalmente curado (deformado totalmente por retração da argamassa) por ocasião da colocação das peças (2) (3) (4).

S u p e r f í c i e d a b a s e • E l im ina r tudo q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a da

argamassa. notadamente resíduos de madeira das fôrmas presos ao concreto, part ículas soltas etc. Caso houver faces de pi lares e vigas a revestir, e sendo antigas ou lisas, apicoá-las.

• Umedecer abundantemente as alvenarias, qualquer que seja a natureza dos materiais que as constituem, e aplicar uma camada de chapisco. O chapisco poderá ser o convencional de cimento e areia grossa 1:3 ou 1:4. em volumes, ou um

Baso

Chapisco

Pasta do a r g a m a s s a c o l a n t n

Emboço espessura máxima 2 cm. se maior oxocutar em camadas de 2 cm cada

Peças cerâmicas

Junta entro as peças largura mfn. 6 a 7 m m

Juntas do expansão/ contração largura 6 a 7 mm profundidade? ató o chapfcr

chapisco de cimento colante. Para este último é necessário aguardar cerca de sete dias. para que esteja suficientemente rígido e próprio para receber a camada seguinte.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • A n t e s de in ic ia r o reves t imen to p r o p r i a m e n t e d i to é

necessár io verif icar a p rumada da superfície a revestir. Sempre que a espessura de argamassa necessária para e l im inar i r regu la r idades , ou pa ra at ing i r d e t e r m i n a d o posic ionamento, for superior a 2 cm, é indispensável a execução de uma camada prévia de regularização. A espessura de cada camada de argamassa não deve ultrapassar 2 cm (2, 3 e 4).

• O traço pode ser o mesmo da argamassa do emboço.

• A a r g a m a s s a d e r e g u l a r i z a ç ã o é ap l i cada s o b r e a superfície chapiscada umedecida.

• S e m p r e q u e por m o t i v o s c o n s t r u t i v o s a e s p e s s u r a ultrapassar 25 a 35 mm deve ser utilizada tela metál ica soldada de malha de 5 x 5 cm e fio 16 BWG (1,65 mm) chumbada na estrutura suporte em quatro pontos por metro quadrado e, nos cantos, em três pontos por metro linear, com a f inalidade de absorver a retração da argamassa, tensões e peso próprio da espessa camada de argamassa.

• O acabamento superficial desta camada de»/e ser áspero.

E m b o ç o • Só será apl icado após completa secagem e retração da

camada de regular ização, se houver. Ou seja, após o mínimo de oito dias de sua conclusão. Umedecer a superfície antes e chapar a argamassa do emboço.

• Não havendo camada de regularização, a argamassa do e m b o ç o é a p l i c a d a s o b r e a s u p e r f í c i e c h a p i s c a d a umedecida previamente.

• A espessura do emboço será de 2 cm no máximo (2, 3 e 4).

• O acabamento superficial será áspero.

• Traço suger ido em volume: uma parte de c imento para meia parte de cal hidratada e para cinco partes de areia média úmida. O u uma parte de cimento para uma parte de cal hidratada e sete partes de areia média úmida.

A NBR-7200/82 indica diversos traços para o emboço em paredes internas e para locais de grau de umidade normal do ar. Os emboços suger idos com uso de c imento e cal hidratada têm o traço de um volume de cimento, dois de cal hidratada e nove de areia úmida (para ms tu ra manual) ou 11 de areia úmida (para mistura mecânica).

ü Quant idade de argamassa a preparar: será tal que sua ap l i cação e acabamen to es ta rão conc lu ídos an tes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: chapar fortemente com a colher sobre a superfície do chapisco (ou da camada cte regularização anterior) umedecida previamente. A seguir sarrafear com régua apoiada sobre as mestras já executadas.

Page 221: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aproveitamento da mão-de-obra é máximo.

Cura • Antes de passar para a 2* fase do assentamento das

peças cerâmicas, com base lisa com pasta de cimento colante. aguardar o maior tempo possível para que ocorram a secagem e a ret ração da argamassa do emboco. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

ü Com a execução e cura total do emboço se encerra a primeira fase de serviços do Método de Colagem que estamos descrevendo.

Seqüência de co locação • Nas fachadas, o revest imento é executado da parte

superior para a inferior. Mas. na altura correspondente a cada andar e a partir do mais elevado, as peças são assentadas de baixo para cima.

Juntas (5) • As juntas devem ser pro jetadas antes do in ic io do

assentamento.

Jun tas est rutura is • Mantê-las em toda a espessura do revestimento {no chapisco,

emboço, cimento colante e na peça) e na largura deixada na estrutura suporte. Preencher com mástique elástico.

Juntas de expansão/contração • Prevenindo qualquer t ipo de deformação, inclusive

térmicas (ver desenho). Deixar juntas no encontro com outros tipos de acabamentos, ou saliências, e também em distâncias horizontais e verticais de 3,50 m a 5.0 m, com largura de 6 a 10 mm respectivamente. Sugere-se deixá-las no sentido vertical a cada andar e coincidindo com a posição de encontro da alvenaria com a estrutura de concreto (viga ou laje). Preenchê-las com mastigue elástico.

• Juntas entre as peças: 6 a 10 mm, ou seja, com a mesma largura das juntas de expansão já descritas.

• Cálculo da largura exata das juntas e construção da galga. Consideremos, como exemplo, peças com dimensões 7 cm por 23 cm a serem coladas horizontalmente. A altura do pano (distância entre dois pisos acabados) é. por exemplo. 2.63 m (2.5 m de pé-direito, mais 2 cm de revestimento do forro, mais 7 cm de laje e mais 4 cm de piso). Se a junta mínima é de cerca de 7 mm. a altura de cada fiada será de 77 mm (junta mais peça) e teremos 2.630 mm/77 mm ou 34.16 fiadas. Como o número de fiadas é inteiro, teremos 2.630 mm/34 iguais a 77.35 mm. sendo 70 mm da peça mais 7,35 mm da junta. Sobre dois sarrafos aparelhados marcar com pregos as 34 fiadas de 77,35 mm. Fixar um sarrafo de cada lado do pano a revestir com pares de pregos correspondentes nivelados. Uma linha presa ao prego de cada sarrafo (galga) dará a posição nivelada das peças a colar. Lembrar que as juntas inferior e superior de cada pano coincidem com as juntas de expansão/contração.

Pasta de argamassa colante (6) • Não é necessário umedecer o emboço. Todavia, esta

operação não deve ser proibida. A umidade, se houver, reforçará a cura da pasta. Em locais vent i lados e ensolarados, como as fachadas, convém umedecer o emboço e as peças a assentar.

• Espalhar pasta de argamassa colante com desempena-deira denteada formando cordões. A quantidade de pasta deve ser suficiente para preencher irregularidades no prumo do emboco. bem como de eventual empeno das peças.

• Espalhar a pasta em faixas compatíveis com as condições locais de ventilação e insolação. Controlar a extensão da faixa, pois pode se formar película sobre os cordões, falseando a aderência das peças. Na dúvida, pressione uma peça sobre os cordões e retire-a em seguida; sua base deverá estar impregnada de pasta fresca.

Peças cerâmicas (8) • Não é necessár ia sua imersão em água. Todavia,

dependendo do "grupo de absorção" a que pertencem, podem ser umedecidas.

A peça umedecida reforça a cura da pasta melhorando a aderência.

• As peças serão pressionadas e batidas uma a uma à medida que são colocadas sobre os cordões de pasta fresca.

• Deve haver esmagamento dos cordões e espalhamento da pasta com contato pleno da mesma com todo o tardoz das peças.

Re jun tamento • O rejuntamento entre as peças é feito com argamassa

industrializada própria para esta finalidade.

• Preencher as juntas forçando a pasta com desempena-deira emborrachada.

• Limpar as superf íc ies das peças à medida que são rejuntadas e dar acabamento cora espuma macia, limpa e úmida.

• Após secagem, o revestimento (se não for esmaltado) e as juntas poderão ser protegidos com repelentes de água à base de silicone (hidrofugação).

Lei turas recomendadas: (1) Caderno de Encargos • Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini -1982 (2) Capitulo 6 - Retração (3) Capitulo 8 - Tensões (4) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (5) Capítulo 15 • Juntas (6) Capítulos 18 e 19 - Método de Colagem (7) Capitulo 10 - Temperatura (8) Capítulo 11 - Expansão por umidade (9) NBR-13755 — dez./1996

Page 222: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Peças cerâmicas extrudadas sobre alvenaria externa (Método Convencional) 16

T i p o d e b a s e • A base sobre a qual haverá o revestimento poderá ser

constituída de diversos tipos de materiais, a saber:

a) alvenaria:

- de tijolos cerâmicos maciços - de tijolos cerâmicos furados (baiano) - de tijolos cerâmicos laminados - de blocos cerâmicos - de blocos de concreto - de blocos sílico-calcário

- de blocos de concreto leve

b) pilares e vigas de concreto

C o n d i ç ã o p r e l i m i n a r • A alvenaria deverá estar perfeitamente estável quando da

aplicação do revestimento. Por exemplo, para alvenaria de tijolos comuns o encunhamento é feito após cerca de oito dias da conclusão do assentamento dos tijolos (1). Esse é um prazo mínimo para ocorrerem a secagem e a retração da a rgamassa ent re os t i jo los, em cada f iada, e a conseqüente acomodação do pano de parede. Caso o revestimento seja executado antes da acomodação da alvenaria transmitir-se-ão tensões ao revestimento que, somadas as de outras origens, poderão ocasionar o seu desprendimento. Entre tais tensões há a considerar as devidas à deformação lenta do concreto e as da retração da argamassa de regularização, caso esta não esteja totalmente curada (deformada totalmente por retração da argamassa) por ocasião da colocação das peças (2) (3) (4).

S u p e r f í c i e d a b a s e • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa, notadamente resíduos de madeira das fôrmas presos ao concreto, partículas soltas etc. Caso haja faces de pilares e vigas a revestir, e sendo lisas ou antigas, apicoá-las.

Argamassa do regularização espes-sura mAxima 2 cm So maior, oxocutar em camadas do 2 cm cada. Supcrtoo áspera O ranbjrada

Poça a sc* colocada Apôs a balida, a sobra do massa na parlo superar ó aportada, como indicado na liada do baixo

PorçSo do argamassa do reiuntamcnto

Juntas horizontal o vertical entre as poças 7 mm. rvo mínimo «risadas com forro redondo Juntos do expansão/ contração largura 7 mm o proíundidado «W o chapisco

• Umedecer abundantemente as alvenarias, qualquer que seja a natureza dos materiais que as constituem, e aplicar uma camada de chapisco. O chapisco será de cimento e areia 1:3 em volume. Aguardar até que esteja suficien-temente rígido e próprio para receber a camada seguinte.

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Antes de iniciar o revest imento propr iamente di to é

necessário verificar a prumada da superfície a revestir. Sempre que a espessura de argamassa necessária para el iminar i r regular idades, ou para at ingir determinado posicionamento, for superior a 2 cm. é indispensável a execução de camadas de regularização sucessivas sobre a anterior já curada. A espessura de cada camada de argamassa não deve ultrapassar 2 cm (2, 3 e 4).

• O traço sugerido é um volume de cimento, cinco de areia média úmida e 1/5 de cal hidratada.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal que sua apl icação e acabamento estarão concluídos antes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa a preparar: chapar fortemente com a colher sobre a superf íc ie do chapisco (ou da c a m a d a de r e g u l a r i z a ç ã o an te r i o r ) u m e d e c i d a previamente. A seguir sarrafear com régua apoiada sobre as mestras já executadas.

• O acabamento superficial será áspero e ranhurado em todas as direções, criando ancoragens para a massa de assentamento . As ranhuras serão conseguidas c o m pequeno sarrafo provido de pregos, em forma de pente.

• Área de aplicação: não há limitações. O serviço é de alto rendimento, podendo ser interrompido na posição que estiver no fim da jornada de trabalho. O aDroveitamento da mão-de-obra é máximo.

• Sempre que por mot i vos cons t ru t i vos a espessu ra ultrapassar 25 a 35 mm deve ser utilizada tela metálica soldada de malha de 5 x 5 cm e fio 16 BWG (1,65 mm) chumbada na estrutura suporte em quatro pontos por metro quadrado e, nos cantos, em três pontos por metro l inear, com a f ina l idade de absorver a re t ração da argamassa, tensões e peso próprio da espessa camada de argamassa.

• O acabamento superficial desta camada de</e ser áspero.

C u r a • Antes de passar para a 2'3 fase do assentamento das peças

cerâmicas com ressaltos na base, aguardar D maior tempo possível para que ocorram a secagem e a retração da argamassa de regularização. Lembrar que para argamassa 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade.

S e q ü ê n c i a d a c o l o c a ç ã o • Nas fachadas, o revest imento é executado da par te

superior para a inferior. Porém, na altura correspondente a cada andar e a partir do mais elevado, as peças são assentadas de baixo para cima.

máximo 2.5 cm

Page 223: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

J u n t a s (5 , 6 ) • As juntas devem ser pro jetadas antes do início do

assentamento.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • Mantê-las em toda a espessura do revestimento (no

chapisco, argamassa de regularização e assentamento e na peça) e na largura deixada na estrutura suporte. Preencher com mástique elástico.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Prevenindo qualquer tipo de deformação, inclusive térmicas

(ver desenho). Deixar juntas no encontro com outros tipos de acabamento ou saliências, e também em distâncias horizontais e verticais de 3.50 m a 5.0 m, com largura de 7 a 10 mm respectivamente. Sugere-se deixá-las no sentido vertical a cada andar e coincidindo com a posição de encontro da alvenaria com a estrutura de concreto (viga ou laje). Preenchê-las com mástique elástico.

• Juntas entre as peças: 7 a 10 mm, nos sentidos horizontais e verticais, ou seja. com a mesma largura das juntas de expansão já descritas.

• Cálculo da largura exata das juntas e construção da galga. Consideremos, como exemplo, peças com dimensões 7 cm por 23 cm a serem assentadas horizontalmente. A altura do pano (distância entre dois pisos acabados) é, por exemplo, 2,63 m (2,5 m de pé-direito, mais 2 cm de revestimento do forro, mais 7 cm de laje e mais 4 cm de piso). Se a junta mínima é de cerca de 7 mm. a altura de cada fiada será de 77 mm (junta mais peça) e teremos 2.630 mm/77 mm ou 34.16 fiada. Como o número de fiadas é inteiro teremos 2.630 mm/34 igual a 77.35 mm. sendo 70 mm da peça mais 7,35 mm da junta. Sobre dois sarrafos aparelhados marcar com pregos as 34 fiadas de 77.35 mm. Fixar um sarrafo de cada lado do pano a revestir, tendo pares de pregos correspondentes nivelados. Uma linha presa ao prego de cada sarrafo (galga) dará a posição nivelada das peças (a as-sentar). Lembrar que as juntas inferior e superior de cada pano coincidem com as juntas de expansão/contração.

P e ç a s c e r â m i c a s ( 7 ) • A imersão em água, com antecedência, depende do

"grupo e absorção a que elas pertencem".

Quando do assentamento, as peças devem estar úmidas, mas não saturadas. Qualquer excesso de água mudará a relação água/c imento da argamassa, reduzindo sua resistência e conseqüente aderência às pegas.

A s s e n t a m e n t o • A argamassa de assentamento poderá ter o traço sugerido

de um volume de cimento. 1/2 de cal hidratada e cinco de areia média úmida. Ou um volume de cimento para um de cal hidratada e sete de areia média úmida. A adição de cal melhora a trabalhabilidade por tornar a mistura mais plástica; aumenta o tempo de sua utilização; e retém água melhorando as condições de cura.

• Quantidade de argamassa a preparar: será de tal modo que o assentamento estará concluído antes do início de

pega do cimento. Não usar sobras do dia anterior mantidas sob a água, como comumente se observa em obras.

• A espessura total da argamassa mais peça será no máximo de 25 mm (ver figura).

ü Aplicar argamassa em quantidade suficiente na base da peça. Batê-la até colocá-la no prumo, alirhamento e nível. A sobra de massa na parte superior será apertada com a colher (ver figura) a fim de evitar vazios

• Restos de massa sobre as peças devem ser removidos imediatamente com pano limpo umedecido em água.

R e j u n t a m e n t o

• É executado s imul taneamente com o assentamento. Portanto, o colocador trabalha com duas argamassas: de assentamento e de rejuntamento.

• Utilizar, para rejuntar, uma argamassa de cimento e areia fina no traço em volume de um para dois. Poderá ser adicionado um impermeabilizante.

• Sobre algumas peças da fiada já assentada colocar, com aux í l io de co lher , uma po rção de a rgamassa de rejuntamento, conforme mostra a figura.

• A quantidade de massa será tal de modo a resultar a junta prevista entre as peças.

• Co locar , t a m b é m , uma porção de a rgamassa de rejuntamento na lateral de cada peça assentada, de modo a termos juntas verticais iguais às horizontais.

• Após posicionar algumas peças, frisar a argamassa da junta horizontal e vertical com ferro recondo recurvado. Esta operação deverá ser feita com cuidado, de modo a eliminar possíveis pontos de infiltração de água.

• Manter limpa a superfície das peças, à medida que são rejuntadas.

• Após secagem, o revestimento (se não for esmaltado) e as juntas poderão ser protegidos com repelentes de água à base de silicone (hidrofugação).

L e i t u r a s r e c o m e n d a d a s : (1) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (2) Capitulo 6 • Retração (3) Capítulo 8 - Tensões (4) Capítulo 9 - Retração e Revestimentos (5) Capítulo 15 - Juntas (6) Capítulo 10 • Temperatura (7) Capítulo 11 - Expansão por umidade

Page 224: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Placas de ardósia sobre terrapleno (Método Semiconvencional ou Semicolado) 17

T e r r a p l e n o ( 1 ) • Preparar o terrapleno para evitar umidade natural do solo.

Esta camada deverá ter excelente permeabi l idade para que a água não suba por capi lar idade. Isso pode ser conseguido com a retirada da camada superficial de solo pouco permeável - 30 a 40 cm - e reaterro com o mesmo solo misturado com areia ou entulho da própria obra.

ü Ap i loar o ter rap leno e co locar uma camada de pedra br i tada.

Atenção para pisos sobre terrenos argi losos ou humíferos, que retêm energicamente a água. Para conter o fluxo de umidade utilizar mantas impermeáveis.

• Prever uso de drenos para os casos extremos de pressão n e g a t i v a , e l e n ç o l f r e á t i c o a f l o r a d o ou a p o u c a profundidade.

L a s t r o d e c o n c r e t o s i m p l e s ( 1 ) • Sobre o terrapleno executar lastro de concreto simples,

bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água, dada sua impermeabi l idade.

• Executar o lastro c o m ca imento necessár io à perfe i ta drenagem superficial do piso acabado.

• A g u a r d a r c u r a c o m p l e t a a n t e s d a s o p e r a ç õ e s de colocação do revestimento.

S u p e r f í c i e d o l a s t r o - p r e p a r o • E l im ina r t u d o q u e p o s s a p r e j u d i c a r a a d e r ê n c i a d a

argamassa de assentamento. Caso o lastro seja ant igo ou sua superfície muito lisa, apicoá-lo. Na ocasião do assentamento das placas de ardósia já chapiscadas. a superfície do lastro deverá ser umedecida e sobre ela aplicar camadas de cimento Port land CP-32

f o r m a n d o pas ta . Sob re es ta pas ta será es tend ida a argamassa de assentamento.

T r a t a m e n t o p r e l i m i n a r • Umedecer a base das placas.

• Aplicar "chapisco" de argamassa colante de alta aderência e com boa antecedência. Usar "chapisco" colante de boa qual idade, cujo aglomerante seja exclusivamente o CP-32, e o agregado de granulometr ia grossa para cr iar a maior quant idade possível de irregularidades que servirão de ancoragens na argamassa de assentamento.

• A apl icação do "chapisco" de argamassa colante é feita c o m desempenade i ra den teada passada também, de maneira irregular.

• As placas só serão assentadas quando o chapisco estiver totalmente endurecido. A secagem deve ser leita à sombra.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o (2) • Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo

de projeto, for necessár ia espessu ra maior, executar contrapisos superpostos tantos quantos forem necessá-rios. de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. C a d a c a m a d a só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superf icial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a s u p e r f í c i e e a p l i c a n d o c i m e n t o P o r t l a n d c o m u m formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• É possível utilizar argamassa composta de uma parte de

Placas de ardósia

Chapisco endurecido na base das placas

Tela soldada Lastro de concreto simples

Argamassa de assentamento Juntas expansão/ contração mesma laroura das juntas entre as placas

Pasta do cimento

Junta simples, rtVmima » 7mm

Junta estrutural

Terrapleno Manta impermeável

- 1

Page 225: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

cimento colante de granulometr ia grossa {o própr io "chapisco" de que falamos anteriormente) para uma ou duas partes de areia média da obra, especia lmente quando a espessura for pequena (inferior a 2 cm).

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do inicio de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento fresca na superfície do lastro. Com auxílio da colher apertá-la com firmeza, eliminando a maior quanti-dade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação da argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O comprimento será tal de modo a estar concluído o assentamento antes do início de paga do cimento.

• Ao estender a argamassa de assentamento, e ao chegar à metade de sua espessura, será conveniente colocar tela metálica soldada de malha de 2" x 2" (5 cm x 5 cm) e fio de bitola 16 BWG (1.65 mm) ou equivalente. Sua finalidade é inibir a retração da argamassa de assenta-mento, e l im inando seus efe i tos de le tér ios sobre o revestimento.

Juntas (3) • As juntas devem ser pro jetadas antes do início do

assentamento.

Cura • Antes de rejuntar manter o piso coberto por cerca de

sete dias.

Rejuntar • Aguardar o maior tempo possível pare que ocorram a

secagem e a retração da argamassa d9 assentamento. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar, escovar e umedecer as juntas entre as peças.

• Preencher as juntas com argamassa d9 uma parte em volume de cimento para três partes de areia fina úmida, ou produtos industrializados.

• Aplicar esta argamassa entre as juntas, forçando-a com a quina da colher de pedreiro, de modo a não deixar falhas.

• Frisar com ferro redondo recurvado.

• Limpar respingos e massa com pano umedecido em água limpa.

Proteção • Na fase final da obra, os pisos são submetidos a mau

trato enérgico, respingos de t inta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega cia obra.

Juntas de assentamento

• Obrigatórias entre as placas. A largura mínima será de 7 mm.

Jun tas est rutura is • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

posição e largura. Juntas de expansão/contração • Dependem da dest inação e expos ição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar.

Lei turas recomendadas: (1) Capítulo 14 - Eflorescência (2) Capítulo 9 - Retração e Revestimento (3) Capítulo 15 • Juntas

Colocação das placas de ardósia já chapiscadas

• Quando do assentamento o chapisco aplicado na base das placas deve estar endurecido, bem rígido e áspero.

• Umedecer a base chapiscada das placas.

• Colocar as placas sobre a argamassa fresca, já estendida, conforme o título anterior.

• Bater e nivelar as peças, posicionando-as de modo a deixar juntas nos quatro lados. Certificar-se de que há contato perfeito de toda a base com a argamassa de assentamento.

• Limpar respingos de massa com pano umedecido em água limpa.

Page 226: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Placas de ardósia sobre laje de cobertura (Método Semiconvencional ou Semicolado) 18

S u p e r f í c i e d a l a j e • Eliminar tudo que possa prejudicar a aderência da argamassa

de regularização, notadamente resíduos de madeira presos à massa de concreto, partículas soltas etc. Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa, apicoá-la. Umedecer e aplicar camada de pasta de cimento imediatamente antes de estender a argamassa de regularização. A emenda com pasta de cimento introduzirá um vínculo com a laje, impedindo que a retração solte a argamassa de laje (1) e (2).

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Constituída de argamassa no traço sugerido de um volume

de cimento para cinco de areia média úmida. Especialistas em impermeabilização indicam o traço 1:3. Caso adotado, redobrar a atenção, pois é uma argamassa rica e mais sujeita aos efeitos da retração, podendo soltar da laje.

• Não adicionar hidrófugo a essa argamassa, pois haveria prejuízo de aderênc ia das t intas de impregnação da camada impermeabil izante.

• A espessura máxima é de 2,5 cm. Caso seja necessária maior espessura, aplicar em camadas sucessivas e após completamente seca a camada anteriormente lançada. Para argamassas ricas não ultrapasse 2 cm de espessura para cada camada.

• A supe r f í c i e f i na l te rá a c a b a m e n t o á s p e r o c o m desempenadeira de madeira.

• Dar caimento superficial para os ralos, considerado ótimo quando entre 1,5% e 2,5%.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o • Deverá haver projeto da cobertura detalhando cuidadosa-

mente os acabamentos da impermeabilização junto aos ralos, muretas, rodapés e para todos os tipos de juntas de dilatação/contração e estruturais (3), (4) e (5).

C a m a d a d e p r o t e ç ã o • Constituída de argamassa no traço volumétrico sugerido

de uma parte de cimento Port land comum para cinco partes de areia média úmida, com a finalidade de proteger a impermeabilização de ações mecânicas.

• Sua espessura será de 2 cm.

• Caso não houver a camada de isolação térmico/acústica sobre a c a m a d a de p ro teção e após sua s e c a g e m completa será executado o assentamento do piso pelo método que estamos descrevendo.

I s o l a ç ã o t é r m i c o / á c ú s t i c a • Selecionar o tipo desejado conforme necessidade e fazer

projeto detalhado (5).

N o v a c a m a d a d e p r o t e ç ã o • Como já descrita anteriormente, para proteção da camada

de isolação a agressões mecânicas e trânsito de operários.

Atenção: 1 - Sempre que for feito uso de argamassas. lembrar que há necessidade de aguardar a cura e a secagem antes de executar qualquer camada sobre as mesmas. Para as argamassas 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade (1) e (2). 2 - Este método faz uso de argamassa para assentar as placas de ardósia, uma vez que as mesmas apresentam espessura variável, tornando impossível o uso simples de cimento colante.

P l a c a s d e a r d ó s i a T r a t a m e n t o p r e l i m i n a r • Umedecer a base das placas.

• Aplicar "chapisco" de argamassa colante de alta aderência e com boa antecedência. Usar "chapisco" colante de boa qualidade, cujo aglomerante seja exclusivamente o CP-

Ptaca do ardósia

Chapisco oodurocido na base das placas

Tola soldada

Junta expansio/contraçâo mosma largura das juntas ontro placas

Pasta do cimento Junta ostrutural

Argamassa de assentamento

Ar jamassa do protoçüo Junta simplos. mínima7 mm

la jo do concreto armado

Argarrassa do regularização com caimento para os ratos

W f U W U W W

>..c

>-0

í Caimeno

Impermeab tizaçâo

s s

Pasta do cimento

Isolação térmlco-acústica Argarrassa do proteção

Page 227: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

32. e o agregado de granulometria grossa para criar a maior quantidade possível de irregularidades, que servirão de ancoragens na argamassa de assentamento.

• Aplicação do "chapisco" de argamassa colante é feita com desempenadeira denteada passada, também, de maneira irregular.

• As placas só serão assentadas quando o chapisco estiver totalmente endurecido. A secagem deve ser feita à sombra.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o (6 ) • Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de

projeto, for necessária espessura maior, executar contra-pisos superpostos tantos quantos forem necessários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superficial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a superfície e aplicando cimento portland comum formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• É aconselhável utilizar argamassa composta de uma parte de cimento colante de granulometria grossa (o próprio "chapisco" de que falamos anteriormente) para uma ou duas partes de areia média da obra, especia lmente quando a espessura for pequena (inferior a 2 cm).

• Quantidade de argamassa a preparar: será de tal modo que o assentamento estará concluído antes do início de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento fresca, já aplicada na superfície da camada de proteção.

• Com auxílio de colher apertá-la com firmeza, eliminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação da argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O comprimento será tal de modo a estar concluído o assentamento antes do início de pega do cimento. Atenção para a proteção da argamassa durante o assen-tamento, aos efei tos da insolação e vento, sempre presentes nas coberturas.

• Ao estender a argamassa de assentamento e ao chegar à metade de sua espessura será conveniente colocar tela metálica soldada de malha de 2" x 2" (5 cm x 5 cm) e fio de bitola 16 BWG (1,65 mm) ou equivalente. Sua finalidade é inibir a retração da argamassa de assentamento, eliminando seus efeitos deletérios sobre o revestimento.

J u n t a s (7 ) • As juntas devem ser pro jetadas antes do início do

assentamento.

J u n t a s d e a s s e n t a m e n t o • Obrigatórias entre as placas. A largura mínima será de 7 mm.

J u n t a s e s t r u t u r a i s • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

posição e largura.

J u n t a s d e e x p a n s ã o / c o n t r a ç ã o • Dependem da destinação e exposição a variações térmi-

cas ou de umidade relativa do ar.

C o l o c a ç ã o d a s p l a c a s d e a r d ó s i a j á c h a p i s c a d a s ü Quando do assentamento, o chapisco aplicado na base

das placas deve estar endurecido, bem rígido e áspero.

• Umedecer a base chapiscada das placas.

• Colocar as placas sobre a argamassa fresca, já estendida, conforme o título anterior.

• Bater e nivelar as peças, posicionando-asde modo a deixar juntas nos quatro lados. Certificar-se de que há contato perfeito de toda a base com a argamassa de assentamento.

• Limpar respingos de massa com pane umedecido em água limpa.

C u r a • Antes de rejuntar manter o piso coberto por cerca de sete dias.

R e j u n t a r • Aguardar o maior tempo possível para que ocorram a

secagem e a retração da argamassa ds assentamento. Lembrar que para argamassas expostas 80% de sua retração se dá aos sete dias.

• Antes de rejuntar. escovar e umedecer as jun:as entre as peças.

• Preencher as juntas com argamassa ds uma parte em volume de cimento para três partes de areia fina úmida, ou produtos industrializados.

• Aplicar esta argamassa entre as juntas, forçando-a com a quina da colher de pedreiro, de modo a não deixar falhas.

• Frisar com ferro redondo recurvado.

• Limpar respingos de massa com pane umedecido em água limpa.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra. os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

L e i t u r a s r e c o m e n d a d a s : (1) Capitulo 6 • Retração (2) Capitulo 8 - Tensões (3) "Impermeabilização" - Suplemento Pni - nov./1984 (4) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (5) Impermeabilização de Coberturas - Eng. Fábio A. Picchi - Ed. Pini - 1986 -(6) Capitulo 9 - Retração e Revestimentos (7) Capitulo 15 - Juntas

Page 228: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Piso de placas cerâmicas extrudadas sobre terrapleno (Método Convencional) 19

T e r r a p l e n o ( 1 ) • Preparar o terrapleno para evitar umidade natural do solo.

Esta camada deverá ter excelente permeabil idade para que a água não suba por capi laridade. Isso pode ser conseguido com a retirada da camada superficial de solo pouco permeável - 30 a 40 cm - e reaterro com o mesmo solo misturado com areia ou entulho da própria obra.

U Apiloar o terrapleno e colocar uma camada de pedra britada.

Atenção para pisos sobre terrenos argilosos ou humíferos, que retêm energicamente a água. Para conter o fluxo de umidade utilizar mantas impermeáveis.

• Prever uso de drenos para os casos extremos de pressão nega t i va , e l enço l f reá t i co a f l o rado ou a p o u c a profundidade.

L a s t r o d e c o n c r e t o s i m p l e s o u c o n c r e t o a r m a d o ( 1 ) • Sobre o terrapleno executar lastro de concreto simples,

bem dosado e adensado, próprio para servir de barreira à água, dada sua impermeabilidade.

S u p e r f í c i e d o l a s t r o o u l a j e d e c o n c r e t o - p r e p a r o • E l iminar tudo que possa pre jud icar a aderênc ia da

argamassa de assentamento. Caso o lastro seja antigo ou sua superfície muito lisa, apicoá-lo. Umedecer e aplicar camada de cimento Portland formando pasta e, sobre ela, estender a argamassa de assentamento.

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o ( 2 ) ü Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo de

pro je to , for necessá r i a e s p e s s u r a m a o r , executar contrapisos superpostos tantos quantos forem necessários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superficial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a super f í c ie e ap l i cando c imen to Por t land c o m u m formando pasta.

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Executar o lastro com caimento necessário à perfeita drenagem superficial do piso acabado.

• O empoçamento de água de chuva que normalmente contém as mais imprevisíveis substâncias em solução, a r ras tadas de te lhados ou ja rd ins , bem c o m o o empoçamento de água suja resultante da lavagem do piso, poderão ser abso rv idos pe lo mater ia l ce râmico e, especialmente, pelas juntas, originando escurecimentos com prejuízos no aspecto geral do piso. O caimento ideal para ralos ou grelhas é de 1.5% a 2,5%.

• A g u a r d a r cura c o m p l e t a an tes das o p e r a ç õ e s de colocação do revestimento.

• Para pátios ou passeios, será executado lastro de concreto simples. Para o caso de tráfego de veículos, deverá ser di-mensionada laje de concreto armado compatível com a carga a suportar.

• Quantidade de argamassa a preparar: será de tal modo que o assentamento estará concluído antes do início de pega do cimento.

• Apl icação de argamassa: estendê-la sobre a pasta de cimento na superfície do lastro. Com auxílio da colher apertá-la com f irmeza, el iminando a maior quantidade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação de argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O comprimento será de tal modo a estar concluído o assentamento antes do início de pega do cimento.

• Como alternativa, argamassa de assentamento pode ser aplicada ao longo da fiada em execução, recebendo logo a seguir as placas cerâmicas. Estas são batidas com cabo de martelo até a posição final, uma a uma e à medida que são colocadas sobre a argamassa.

Placa corámica oxtrudida

Pasta de cimento

Terrapleno

Mutila iiiiptMii>t;ável Juntas oxpansâcV contração

Lastro de concreto simples ou armado

A r g t r a u M dc assentamento

Pasta do cimor-to

! Junta ostrulural

Junta normal, mímima - 7mm Brita

V . " v V

rm vãM&wàâà&mâ

mmmm

m .

v£. / u / 1 V 7p . i i !

o ÀÒ

W / y ^ / / / ^ / ^

Page 229: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Nota importante: A argamassa de cimento e areia é áspera ao contato com a colher, e pouco plástica. Aumento excelente de plasticidade, aderência e trabalhabilidade são conseguidos com uma argamassa composta de um volume de cimento colante de boa qualidade para meio volume de areia média úmida. Neste caso fica d ispensada definitivamente a pasta de cimento citada no bloco a seguir.

Pasta de c imento (3) • Sobre a argamassa, ainda fresca, espargir c imento

Portland em pó, distr ibuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm, o que significa o uso de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento portland é a cola do método convencional que estamos descrevendo.

Obs. : a pasta de c imento pode ser p reparada em separado e, a seguir, ser aplicada com colher de pedreiro na espessura recomendada de 1 mm. Nunca ultrapasse 1,5 mm para a pasta de cimento (3).

Placas cerâmicas ext rud idas • Dependendo da absorção das peças cerâmicas reco-

menda-se a aplicação, na sua superfície, de hidrofugante ( repe len te de água à base de s i l i cone) an tes do assentamento. Com isso impermeabiliza-se a superfície da peça. facilitando sua limpeza durante o assentamento e rejuntamento, impedindo a penetração de umidade e, sendo incolor. mantém o piso com aparência sempre nova.

• Para perfeito alinhamento, em qualquer sentido, usar linha ou cordel. Para nivelamento e controle de caimentos, usar régua e nível.

• Restos de a rgamassa durante o assen tamento ou rejuntamento devem ser retirados antes que endureçam e à medida que é executado o serviço. Para tanto usar pano umedecido em água limpa.

• Preencher as reentrâncias no tardoz com a mesma argamassa de assentamento, imediatamente antes da colocação.

Juntas (4) • As juntas devem ser pro jetadas antes do início do

assentamento.

Juntas de assentamento • Obrigatórias entre as peças. A profundidade das juntas é

a própria espessura da peça. A largura mínima é de 7 mm, para faci l i tar o cor re to p reench imen to com a argamassa de rejuntar. Dependendo do aspecto estético que se deseja alcançar, a largura das juntas pode chegar até cerca de 12 mm.

• Os cortes podem ser evitados se o assentamento for precedido de cálculo simples relacionando a dimensão do

piso com a da peça e com a junta mínima. Ou, então, espalhando as peças ao longo da dimensão a ser revestida.

No primeiro caso. por exemplo:

- dimensão do piso: 5 m ou 5.000 mm - comprimento da peça: 240 mm - junta mínima: 7 mm - peça mais junta: 240 + 7 = 247 mm - 5.000/247 = 20.24 fiadas - como o número de fiadas deve ser inteiro, teremos 20 fiadas, e 5.000/20 = 250 mm

- 250 mm menos 240 mm (peça) = 10 mm para as juntas.

Juntas est rutura is • São as ela base suporte e devem ser respeitadas em

posição e largura. Juntas de expansão/contração • Dependem da dest inação e exposição a var iações

térmicas ou de umidade relativa.

L impeza • Manter as peças l impas à med ida que vão sendo

assentadas. Usar pano umedec ido em água l impa, evitando a secagem do cimento sobre as peças.

Rejuntar • Com produtos industrializados ou com argamassa no traço

em volume de uma parte de cimento para duas ou três partes de areia fina. Juntar o mínimo possível de água para formar argamassa. Não use água em excesso.

Nota importante: A argamassa de rejuntamento nunca deve ser espalhada sobre o piso. pois, assim, estaríamos impregnando a superfície das peças com nata de cimento, cuja remoção posterior seria impossível de ser feita sem destruir as juntas, devido ao uso obrigatório de solução de ácido muriático.

• A argamassa de rejuntamento será forçaca nas juntas com auxílio de colher de pedreiro pequena, de modo a preenchê-las totalmente. Aguardar alguns minutos para "puxar" e dar acabamento com pó de c imento fr isando com ferro recurvado. de modo a deixar a junta praticamente no nível das peças.

P r o t e ç ã o • Na fase final da obra os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Lei turas recomendadas: (1) Capítulo 14 - Eflorescência (2) Capítulo 9 • Retração e Revestimentos (3) Capítulo 13 -"Impermeabilização" • Pasta de Cimento (4) Capítulo 15 • Juntas

Page 230: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Piso de placas cerâmicas extrudadas sobre laje de cobertura (Método Convencional) 20

S u p e r f í c i e d a l a j e • Eliminar tudo que possa prejudicar a aderência da argamassa

de regularização, notadamente resíduos de madeira presos à massa de concreto, partículas soltas etc. Caso a laje seja antiga ou sua superfície muito lisa. apicoá-la. Umedecer e aplicar camada de pasta de cimento imediatamente antes de estender a argamassa de regularização. A emenda com pasta de cimento introduzirá um vínculo com a laje. impedindo que a retração solte a argamassa da laje (1) e (2).

C a m a d a d e r e g u l a r i z a ç ã o • Const i tuída de argamassa no traço suger ido de um

volume de cimento para cinco de areia média úmida. Especialistas em impermeabilização indicam o traço 1:3. Caso adotado, redobrar a atenção, pois é uma argamassa rica e mais sujeita aos efeitos da retração, podendo soltar da laje.

• Não adicionar hidrófugo a essa argamassa. pois haveria prejuízo de aderência das tintas de impregnação da camada impermeabilizante.

• A espessura máxima é de 2,5 cm. Caso seja necessária maior espessura, aplicar em camadas sucessivas e após completamente seca a camada anteriormente lançada. Para argamassas ricas, não ultrapasse 2 cm de espessura para cada camada.

• A superfície final terá acabamento áspero com desempe-nadeira de madeira.

ü Dar caimento superficial para os ralos, considerado ótimo quando entre 1,5% e 2,5%.

• Sua espessura será de 2 cm.

• Caso não houver a camada de isolação térmico/acústica sobre a camada de proteção e após sua secagem completa será executado o assentamento do piso pelo método que estamos descrevendo.

I s o l a ç ã o t é r m i c o / á c ú s t i c a • Selecionar o tipo desejado conforme necessidade e fazer

projeto detalhado (5).

N o v a c a m a d a d e p r o t e ç ã o • Como já descrita anteriormente, para proteção da camada

de i so lação a ag ressões mecân icas e t râns i to de operários. Atenção: Sempre que for feito uso de argamassas, lembrar que há necessidade de aguardar a cura e a secagem antes de executar qualquer camada sobre as mesmas. Para as argamassas 80% de sua retração se dá aos sete dias de idade (1) e (2).

A r g a m a s s a d e a s s e n t a m e n t o (2) • Espessura de 2 a 3 cm no máximo. Quando, por motivo

de projeto, for necessária espessura maior, executar contrapisos superpostos tantos quantos forem neces-sários, de modo a resultar sempre espessuras individuais de 2 a 3 cm. Cada camada só será executada após secagem e retração (cura completa) da camada anterior.

• O acabamento superficial dos contrapisos será áspero. As emendas, se houver, serão executadas umedecendo a superfície e aplicando cimento Portland comum formando pasta.

I m p e r m e a b i l i z a ç ã o • Deverá haver projeto da cobertura detalhando cuidado-

samente os acabamentos de impermeabilização junto aos ralos, muretas, rodapés e para todos os tipos de juntas de dilatação/contração e estruturais (3), (4) e (5).

C a m a d a d e p r o t e ç ã o • Constituída de argamassa no traço volumétrico sugerido

de uma parte de cimento Portland comum para cinco partes de areia média úmida, com a finalidade de proteger a impermeabilização de ações mecânicas.

Placa cerâmica oxlrudida Junta ««aar.jiatcríraçao mosma largura das /jitas entre placas

Argamassa de «seriamente O» >xv:vv*J Junta ramal. mnrrctrm

Jurei estrutural

/ v / N / N / m / x K ;

laje de corc-oto armado A/garrassa do roQvfcjrizaçAo com cattwrto para cs raios

• ' • Carr>onto'•

.o -.j : Irocfircaí̂ açâo

m x

Pa»ta C« cimento

Isc açâo tórmico-acústica Argamassa de p-tfeçâo

• Traço sugerido em volumes: uma parte de cimento para seis partes de areia média úmida.

• Quantidade de argamassa a preparar: será tal de modo que o assentamento estará concluído antes do inicio de pega do cimento.

• Aplicação da argamassa: estendê-la sobíe a pasta de cimento fresca, já aplicada na superfície da camada de proteção.

• Com auxilio da colher apertá-la com firmeza, eliminando a maior quant idade possível de vazios. Sarrafear a superfície.

• Área de aplicação de argamassa: o ideal será em faixas com cerca de 60 cm de largura para facilitar a colocação das peças do piso. O comprimento será de tal modo a estar concluído o assentamento antes do hício de pega do cimento.

• Como alternativa, argamassa de assentamento pode ser aplicada ao longo da fiada em execução, recebendo logo a seguir as placas cerâmicas. Estas são batidas com cabo de martelo até a posição final, uma a uma e à medida que são colocadas sobre a argamassa. Atenção: para a proteção da argamassa. durante o assentamento, aos efeitos da insolação e vento, sempre presentes nas coberturas.

Page 231: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

• Ao estender a argamassa de assentamento e ao chegar à metade de sua espessura, será conveniente colocar tela metálica soldada de malha de 2" x 2" (5 cm x 5 cm) e fio de bitola de 16 BWG (1,65 mm) ou equivalente. Sua f ina l idade é in ib i r a re t ração da a rgamassa do assentamento, eliminando seus efeitos deletérios sobre o revestimento. Nota impor tan te : A argamassa de cimento e areia é áspera ao contato com a colher, e pouco plást ica. Aumen to exce len te de p las t i c idade , ade rênc ia e trabalhabilidade são conseguidos com uma argamassa composta de um volume de cimento colante de boa qualidade para meio volume de areia média úmida. Neste caso fica dispensada definitivamente a pasta de cimento citada no bloco a seguir. A espessura suficiente desta argamassa é de 1 cm.

Pasta de c imento (7) • Sobre a argamassa de assentamento, ainda fresca, espargir

cimento portland em pó. distribuindo-o o mais uniformemente possível. A pasta resultante deverá ter espessura de 1 mm, o que significa o uso de 1,5 kg de cimento em pó por metro quadrado.

• Usar colher de pedreiro para auxiliar a formação da pasta de cimento. Lembrar que a pasta de cimento portland é a cola do Método Convencional que estamos descrevendo. Obs.: a pasta de cimento pode ser preparada em separado e, a seguir, ser apl icada com colher de pedreiro na espessura recomendada de 1 mm. Nunca ultrapasse 1,5 mm para a pasta de cimento (3).

Placas cerâmicas ext rud idas • Dependendo da abso rção das peças ce râmicas ,

recomenda-se a aplicação ou imersão de toda peça em hidrofugante (repelente de água) antes do assentamento. Com isso impermeab i l i za-se a superf íc ie da peça, fac i l i tando sua l impeza durante o assen tamento e rejuntamento, impedindo a penetração da umidade e, sendo incolor, mantém o piso com aparência sempre nova.

• Para perfeito alinhamento, em qualquer sentido, usar linha ou cordel. Para nivelamento e controle de caimentos, usar régua e nível.

• Restos de a rgamassa durante o assen tamento ou rejuntamento devem ser retirados antes que endureçam e à medida que é executado o serviço. Para tanto usar pano umedecido em água limpa.

• As reentráncias no tardoz devem ser preenchidas com a mesma argamassa de assentamento, imediatamente antes da colocação.

Juntas (8) • As juntas devem ser pro jetadas antes do início do

assentamento.

Juntas de assentamento • Obrigatórias entre as peças. A profundidade das juntas é a

própria espessura da peça. A largura mínima é de 7 mm, para facilitar o correto preenchimento com a argamassa de rejuntar. Dependendo do aspecto estético que se deseja alcançar, a largura das juntas pode chegar até cerca de 12 mm.

Os cortes podem ser evitados se o assentamento for precedido de cálculo simples relacionando a dimensão do piso com a da peça e com a junta mínima. Ou, então, espa lhando as peças ao longo da d imensão a ser revestida. No primeiro caso por exemplo: - dimensão do piso: 5 m ou 5,000 mm - comprimento da peça: 240 mm - junta mínima: 7 mm - peças mais junta: 240 + 7 = 247 mm - 5.000/247 = 20,24 fiadas - como o número de fiadas deve ser inleiro, teremos 20 fiadas, e 5.000/20 = 250 mm

- 250 mm menos 240 mm (peça) = 10 mm para as juntas.

Juntas est rutura is • São as da estrutura suporte e devem ser respeitadas em

posição e largura. Juntas de expansão/contração ü Dependem da dest inação e exposição a var iações

térmicas ou de umidade relativa do ar.

L impeza • Manter as peças limpas à medida que vão sendo assen-

tadas. Usar pano umedecido em água limpa, evitando a secagem do cimento sobre as peças.

Rejuntar • Com produtos industrializados ou com argamassa no traço

em volume de uma parte de cimento para duas ou três partes de areia fina. Juntar o mínimo possível de água para formar argamassa. Não use água em excesso. Nota importante: A argamassa de rejuntamento nunca deve ser espalhada sobre o piso, pois, assim, estaríamos impregnando a superfície das peças com nata de cimento, cuja remoção posterior seria impossível de ser feita sem destruir as juntas, devido ao uso obrigatório de solução de ácido muriático.

• A argamassa de rejuntamento será forçada nas juntas com auxílio de colher de pedreiro pequena, de modo a preenchê-las totalmente. Aguardar alguns minutos para "puxar" e dar acabamento com pó de c imento fr isando com ferro recurvado. de modo a deixar a junta praticamente no nível das peças.

Proteção • Na fase final da obra os pisos são submetidos a mau trato

enérgico: respingos de tinta, areia, trânsito de operários etc. Isso exige proteção eficaz até a entrega da obra.

Lei turas recomendavas: (1) Capítulo 6 • Retração (2) Capitulo 8 -Tensões (3) "Impermeabilização" - Suplemento Pni - nov./1984 (4) Caderno de Encargos - Eng. Milber Fernandes Guedes

- Ed. Pini - 1982 (5) Impermeabilização de Coberturas - Er.g. Fábio A. Picchi

- Ed. Pini - 1986 (6) Capitulo 9 - Retração e Revestimentos (7) Capítulo 13 - Pasta de Cimento Portland (8) Capítulo 15 - Juntas

Page 232: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A R G A M A S S A S I N D U S T R I A L I Z A D A S M M

F oi implantada em abril de 1993 na cidade de Mogi Mirim - SP. Sensível às necessidades da indústria de revestimentos cerâmicos e principalmente às de seus usuários, desenvolveu produtos de excelência para as mais

variadas aplicações em obras de construção civil; arquitetura e decoração.

Adotou para seus produtos a denominação "MASTERCOLASão eles:

• Argamassa colante MASTERCOLA® Classificada como AC II pela NBR 14081/04, ou seja, com

aderência exigivel para absorver vasta gama de tensões que poderão atuarem revestimentos de placas cerâmicas - em interiores e exteriores - em pisos, paredes e fachadas.

• Argamassa colante MASTERCOLA® flexível Destinada a assentamentos em interiores e exteriores - em

pisos, paredes e fachadas - de porcelanatos; placas padronizadas de mármore, granito, e inclusive de ardósia assentadas pelo método misto; pastilhas de vidro; blocos de vidro; placas cerâmicas de qualquer natureza em piscinas, fachadas e, inclusive, sobre painéis de gesso acartonado. Tem propriedade hidrofugante; flexibilidade e adesividade apropriada onde há solicitações importantes. Em renovações de revestimentos é possível assentar placas cerâmicas sobre vasta gama de bases antigas, desde que confiáveis, como marmorite; granilite; assoalhos; tacos; mármores; granitos; ardósia; placas cerâmicas. Sistema esse, inspirado nos procedimentos já existentes nos Estados Unidos desde a década de sessenta.

Page 233: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Argamassa Colante Mastercola flexível. • Argamassa colante MASTERCOLA® flexível Fe

Destinada a assentamentos em interiores e exteriores, em pisos, paredes e fachadas, e sobre superfícies metálicas.

• Argamassa colante MASTERCOLA* flexível HG É um produto que classificamos como HG - high

grade - destinado a assentamentos em interiores e exteriores - em pisos, paredes e fachadas - onde é exigivel elevadíssima resistência de aderência.

• MASSA FINA MM É um reboco para ser aplicado sobre emboço

(massa grossa) em revestimentos de paredes; forros e fachadas.

• REJUNTEMM Em vasta gama de cores, para o rejuntamento de

placas de revestimento em interiores e exteriores, e em pisos, paredes e fachadas.

Para maiores detalhes sobre os produtos, visite o site www.argamassasmm.com.br

Os Procedimentos detalhados de execução de revestimentos em placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante, constam deste Manual e nas Normas Brasileiras NBR 13753; NBR 13754; e NBR 13755.

Propriedade hidrofugante de Mastercola® flexível, comparada com argamassa colante comum.

r w r w ARGAMASSAS

cimento co lante

m/15TE

A R G A M A S S A S I N D U S T R I A L I Z A D A S M M LTDA. Av. Prefeito Antônio Tavares Leite, 140 - Parque das Empresas Caixa Postal 1021 - Mogi Mirim/SP - CEP 13803-330 Tel / Fax: (19) 3806 - 23331 (19) 3806-4425 CNPJ: 96.439.203/0001 -58 I N D Ú S T R I A B R A S I L E I R A www.argamas8asmm.com.br

Page 234: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02
Page 235: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

A partir de abril de 1968, iniciou uma série a l en tada de p u b l i c a ç õ e s na rev i s t a "Construção" da Editora Pini, da qual era Consultor Técnico, divulgando os estudos e pesquisas que realizou sobre o assunto, artigos estes que são o fundamento deste trabalho.

Sob seu gerenciamento técnico, em 1971 foi lançada no mercado brasileiro a primeira argamassa colante. Constituiu, em 1974, sua própria indústria de argamassas colantes, tendo nela permanecido até 1991. Em 1976 participou do XX Congresso Brasileiro de Cerâmica, com apresentação do trabalho inédito: "A Nova Técnica de Assentamento de Revestimentos Cerâmicos com a Utilização de Cimentos Colantes".

Foram inúmeras as conferências proferidas sobre o assunto, com a preocupação exclusiva de divulgar a teoria e prática correta do assentamento de revestimentos. Entre elas destacamos sua participação no encontro "Argamassas Industrializadas - Usos de Desempenhos" realizado em dezembro de 1993 no Instituto de Engenharia de São Paulo.

Transferiu-se, em 1993, para Mogi-Mirim, no interior do Estado de São Paulo, onde fundou a nova indústria Argamassas Industrializadas MM com a linha de produtos Mastercola.

Foi coordenador da Comissão de Estudos da ABNT CE-02:102.46 do CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil, a qual implantou as p r i m e i r a s N o r i r a s B ras i l e i r as de P r o c e d i m e n t o s para a e x e c u ç ã o de revestimentos: NBR-13753/96; NBR-13754/96 eNBR-13755/96.

Page 236: Manual de Argamassas e Revestimentos Ed02

Ne s t a o b r a s ã o a n a l i s a d o s o s r e v e s t i m e n t o s , a s a r g a m a s s a s c o m u n s e a r g a m a s s a s c o l a n t e s e , e s p e c i a l m e n t e , o c o m p o r t a m e n t o e m s e r v i ç o d e t o d o o c o n j u n t o i n t e r l i g a d o . A p a r t i r d e s s a a n á l i s e s ã o a p r e s e n t a d o s p r o c e d i m e n t o s p r á t i c o s d e

e x e c u ç ã o d e r e v e s t i m e n t o s e m d i v e r s a s s i t u a ç õ e s , e m i n t e r i o r e s e e x t e r i o r e s .

O c o n t e ú d o d e s t e l i v r o é d e g r a n d e v a l i a p a r a o s p r o f i s s i o n a i s d e d i v e r s a s á r e a s , t a i s c o m o :

Engenheiros e arquitetos envolvidos em projetos, custos e especificações. Engenheiros coordenadores e residentes de obras. Técnicos em edificações. Ceramistas, os quais terão acesso sobre como os revestimentos que fabricam devem ser assentados, como se comportam quando em serviço, e eventuais problemas inerentes ou advindos do assentamento. Consultores e laboratórios de pesquisas e ensaios. Professores e alunos da Cadeira de Materiais de Construção. Institutos de tecnologia. Técnicos ligados à área de normalização. Escolas do Senai, para instrutores que estão formando novos oficiais assentadores. Pesquisadores da área de construção civil. E, especialmente, aos fabricantes de argamassas para assentamento e argamassas colantes, para conhecerem intimamente os revestimentos.

ARGAMASSAS cimento colante

I H / I 5 T E

PROJETO DE DIVULGAÇÃO TECNOLÓGICA