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Manual de Lingua Grega.vol.1

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Waldir Carvalho

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MANUAL

DE

LÍNGUA GREGA

Autor: Waldyr Carvalho Luz

Revisor: Sabatini Lalli

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MANUAL

DE

LÍNGUA GREGA

Autor: Waldyr Carvalho Luz

Revisor: Sabatini Lalli

CASA EDITORA PRESBITERIANA Rua Miguel Teiles Jr., 382/394 - Cambuci

São Paulo - SP

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MANUAL DE LÍNGUA GREGA

Autor: Waldyr Carvalho Luz

Revisor: Sabatini Lalli

Volume I

12 Edição - 1991

CASA EDITORA PRESBITERIANA

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À CASA EDITORA PRESBITERIANA RUA MIGUEL TELES JR. 382/394 CAMBUCI - TEL. (011) 270-7099 CEP 01540 - SÃO PAULO - SP

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DEDICATÓRIA

Às cidades basilares de minha vida:

- Curitibanos, Sta. Catarina - onde nasci;

- Caçador, Sta. Catarina - onde iniciei meus estudos formais;

- Princeton, N.J. U.S.A. - onde me doutorei;

- Campinas, São Paulo - onde exerci a docência e elaborei este Ma­

nual.

Campinas, abril de 1991

Waldyr Carvalho Luz

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APRESENTAÇÃO

Depois de ter lançado a Gramática Exegética do Grego Néo-Testa- mentário, de W.A. Chamberlain, traduzida pelo Rev. Prof. Dr. Waldyr Carvalho Luz, a Casa Editora Presbiteriana, da Igreja Presbiteriana do Brasil, dá a lume este Manual de Língua Grega, da lavra do Prof. Waldyr Carvalho Luz, mestre exímio da língua materna de Homero. Este Manual é obra minuciosa e, por isso, extensa, constituída de vinte e cinco subs­tanciosos capítulos, divididos em três volumes: O Primento Volume vai do Capítulo 1 ao Capítulo 9; o Segundo Volume vai do Capítulo 10 ao Capítulo 17 e o Terceiro Volume vai do Capítulo 18 ao Capítulo 25.

Para facilitar o trabalho do estudante, além de conservarmos o índice geral de matéria, de cada capítulo, preparado pelo Autor, elaboramos, para cada volume, à medida que fazíamos a revisão, um índice bem mais minucioso que permite ao estudante localizar, na vastidão da maté­ria exposta, o assunto de seu interesse específico.

Um dos muitos pontos altos deste Manual de Língua Grega está no estudo dos Sistemas Verbais que constituem a língua grega. Além de mostrar, com os respectivos paradigmas, como se formam e quais os elementos que integram os tempos do verbo grego - e de dar, minucio­samente, as regras que permitem ao estudante reproduzir esses tempos com verbos de diferentes raízes e, também, de raízes irregulares o Professor Waldyr Carvalho Luz enriquece o seu ensino, dando-nos a Aktionsart precisa de cada tempo verbal ou, seja, dando-nos a qualidade precisa da ação punctiliar ou linear expressa pelo verbo, exemplificando a respectiva tradução de cada um dos tempos verbais focalizados.

O Dr. W.A. Chamberlain, em sua Gramática Exegética do Grego Néo- Testamentário, acima referida, falando da importância da Aktionsart (qua­lidade precisa da ação expressa no tempo verbal), diz: “Têm os traduto­res de nossas versões (inglesas) falhado mais frequentemente em de­corrência de seu conhecimento parcial dos tempos verbais que por qual­quer outra razão” (p.95). Grifo nosso. A estas palavras, acrescenta o Autor deste Manual: “A maioria desses erros resulta do hábito de visuali­zar os tempos (dos verbos) gregos como similares aos do latim, do inglês e do alemão”. Por isso, não é preciso dizer o quanto lucrará o estudante que dominar o exato sentido expresso pelo tempo verbal no texto a ser traduzido, seja ele do grego clássico ou do grego coinê.

Neste Manual, ao final de cada capítulo o Autor insere um Vocabulário àcompanhado de um Exercício. O Vocabulário apensado nos vinte e

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cinco capítulos compreende o total de 1.000 palavras gregas. Assim, na medida em que o estudante progride no estudo da língua grega, seguin­do a metodologia adotada neste Manual, terá ele, presumivelmente, lido, flexionado, analisado e traduzido todos os textos escolhidos no Novo Testamento e arrolados nos exercícios, textos em que aparecem os problemas estudados nos respectivos capítulos. O conhecimento que o estudante vai adquirindo, ao longo do seu estudo, se torna cumulativo e, por isso, vai ele sentindo o prazer, cada vez maior, de ler com real pro­veito o Novo Testamento na língua original.

A grandeza do empreendimento editorial que a publicação deste Ma­nual de Língua Grega representa só pode ser avaliada, de forma concre­ta, pelos que labutam nesta área. Para nós, Diretor Presidente e Diretor Editor, da Casa Editora Presbiteriana, a realização deste empreendimen­to constitui motivo de louvor e gratidão a Deus que, por sua graça, nos permitiu levar a cabo esta tarefa gigante, a qual, entre muitas outras realizadas durante a nossa gestão na direção da Casa Editora Presbite­riana, honra sobremaneira a Igreja Presbiteriana e constitui um marco de relevante magnitude na vida cultural de nosso País. Esta obra, publicada no final do nosso mandato, representa o ápice de um período de grande desenvolvimento e progresso na vida da Casa Editora Presbiteriana, como bem podem aquilatar os que conhecem a história desta Casa.

Queremos registrar aqui o nosso agradecimento a todos os que, de um modo ou de outro, colaboraram para o sucesso da Casa Editora Presbiteriana, especialmente nestes últimos oito anos.

São Paulo, abril de 1991

Antonio Ribeiro Soares Diretor Presidente

Sabatini Lalli Diretor Editor

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Í N D I C E

Cap. 1 - Alfabeto, consoantes, vogais ....................................... 7a) D itongos......................................... .......................... 21b) Esp írito ....................................................................... 24c) Acentuação ......................................... . .................. 28d) Pontuação................................................................. 59e) G ra f ia .......................................................................... 60f) Estilo e Vocabulário................................................. 61

Cap. 2 - 2. 1 . Gênero e Número.............................................. 672. 2. C a s o s ................................................................... 692. 3. Declinações......................................................... 962. 4. Primeira Declinação........................................... 103

a) Primeira Classe...................................... .. 107b) Segunda C lasse ............................................ 117c) Terceira C lasse .............................................. 128d) Quarta C lasse................................................. 138e) Quinta C lasse ................................................. 149

2. 5. Sinopse Tabelar................................................. 1612. 6. Tipos Característicos . ...... ............................... 1622. 7. Artigo Indefinido................................................ 1642. 8. Estudo.......................... ..................... .. ................ 1662. 9. Vocabulário.................. .. ................................... 1672.10. Exercícios.............................................................. 171

Cap. 3 - Segunda Declinação..................................................... 1733. 1. Quadro Geral de Desinências........................ 1743. 2. Paradigmas:

a) 'av0pcú'Tro<; .......................................................... 179b) X070S ............................................................... 130c) 8oí)\oç............................................................... 181d) 0eo<;................................................................. 182

3. 3. Substantivos Neutros:

I

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a) epryov ...............................................................3. 4. Tipos Característicos.........................................

a) Sufixos: |xoç .................................................TpOV.................................................................

WTKOÇ ..............................................LOV.....................................................................

e ío v .................................................o\o<;.................................................

3. 5. Declinação Á tica .................................................a) vecoç, veto, o ....................................................b) Substantivos Neutros

avaryecov, avtú-yeco, t o .................................3. 6. IH SO YS , IH SO Y , O ......................................3. 7. Elisão: Exemplos.................................................

a) Trap^ixítív................... .. ................................I V i C» /b) eç V|xaç .........................................................

3. 8. Preposições Refratárias:a) afjicpi — Trept — irpo ...................................

3. 9. Partículas Pospositivas......................................3.10. Vocabulário .........................................................3.11. Exercícios...............................................................

Cap. 4 - Terceira Declinação......................................................4. 1. Quadro de Desinências da Terceira Declina­

ção ..........................................................................4. 2. Substantivos Labiais e Guturais: Paradigmas

Em Labial: kwvcov};, kgjvcottoç, o ......................Em Gutural: acíp?, crapKoç, t\.........................

4. 3. Substantivos Linguais......................................Tipos Característicos:a) ôiKatcofxa, ô iK a iax riç .................................b) Kpifux, « p u r íç ..............................................

c) xP'n°rTOTTl‘5' XP't1°'tot't1to ' ......................d) aywyrqç, aryvoTryroç, ..............................

\ 9 1

II

185188189189190190191192192193

194196197198198

199200 202

204

207

208 218 219 221 225

228229229230

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Cap. 5

4. 4. Paradigmas:a) xapiç, Yap^TOÇ, ^ ......................................... 231b) "eXTríç, eXiuôoç, r j ........................................... 235

c) 7 ep(*)v, 7 €povro<s, o ........................... .. 244d)”ovo|xa, ovo|AotTo<;, t o ...................................... 249e) Tepaç, TepatToç, t o .......................... 254

4. 5. Tabela Geral de Desinências............................ 2594. 6. NÜ M O V E L ............................................................ 260

4. 7. MEN e AE (|xev e 8 e ) ........................................... 2624. 8. Vocabu lário ............................................................ 2644. 9. Exercícios.................................................................. 267

Adjetivo e Artigo............................................................ 2695. 1. Adjetivo-Paradigmas:

a) oryioç, oryia, oryiov........................... .. 271b) cryaOoç, a^aGirf, cryaGov........................... 275

\ C S Cr A e ✓ _ „c) €Kiov, eKOixra, c k o v ................................... 278d) |xe7aç, fA€7a\T|f ixeya ................................. 286

5. 2. Concordância Complexa................................... 290a) Concordância Sinésica................................. 291b) Concordância Predicativa e Concordância

A tributiva....................................................... 292c) Adjetivo com Função Substantiva........... 297d) Adjetivos Verbais......................................... 301

5. 3. A rt ig o .................................................................... 306a) Emprego do Artigo...................................... 309b) Com Nomes Próprios................................. 310c) Com Aposto.............................. .. .................. 312d) Com Nomes Abstratos ou Monádicos . . 312e) Com Cláusulas Temporais, Locativas e Ins­

trumentais ...................... .. ............................. 313f) Uso Pronominal............................................ 319

5. 4. Vocabulário........... ............................................. 3225. 5. Exercícios............................................................... 325

III

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Cap. 6 - Verbo: Noções Gerais e Sistema do Presente. A- gente da Voz Passiva. Sujeito do Infinitivo. Proprie­dades dos Verbos Compostos.................................... 3276. 1. Noções G e ra is .................................................... 327

a) V o z .................................................................... 329b) Modo ............................................................... 333c) Tempo e Aktionsart...................................... 336d) Forma Básica do Verbo.............................. 341

6. 2. Sistemas Verbais................................................. 343a) Sistema do Presente: Raiz, Vogal de Liga­

ção, Infixo Modal, Desinências, Acentua­ção .................................................................... 351

b) Agente da Voz Passiva................................. 445c) Sujeito do Infinitivo...................................... 447d) Pronome Pessoal Sujeito............................ 448

6. 3. Particularidades dos Verbos Compostos . . . 449a) Ordem Vocabular......................................... 452b) Vocabulário................... ............................... 453

Cap. 7 - Proclíticas, Enclíticas, Verbos em EIMI; Comple­mento Predicativo OY e MH; Preposições, Advér­bios, Conjunções e Interjeições................................. 459a) Proclíticas................................... .. ........................... 459b) Enclíticas.................................................................... 461c) Verbo eíjxi e suas inflexões................................. 471d) Complemento Predicativo .................................... 4963 / 9e) Advérbios de Negação: OY e MH (ov/ ouk/ ovx

e fxrj).............................. .. ........................................ 500f) Preposições: Natureza e Regência...................... 502g) Advérbios, Conjunções, Interjeições................. 5097. 1. Vocabulário......................................................... 5107. 2. Exercícios ............................................................ 512

Cap. 8 - Pronomes Pessoais, Demonstrativos, Reflexivos,

IV

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Redprocativo, Possessivos, Relações de Posse, Cra­se ....................................................................................... 515a) e yw ............................................................................... 515b) crv ...................................................................................... 518

3 / 3 / 1 /c) outoç, otvrx\, o t t o .................................................... 5208. 1. Pronomes Demonstrativos............................... 525

a) qcutoç, avrrj, ccwo (mesmo, mesma) . . . 525b) <oÔ€, r\he, toÔ€ (este, esta, is to )................. 528c) oirroç, qcutt|, touto (este, esta, isto) . . . . 530d) eKeivoç, €K€lvt|, iKeívo (aquele, aquela,

aquilo) ............................................................... 5368. 2. Pronomes Reflexivos........................................... 540

a) efjuxvTou, e|xcanr|<5........................................ 541b) o-eoorrou, creo ivrnç........................................ 543

. C A C A U - A _ „ „c) ectuTov, ecam]?, eam ov ................................ 546

8. 3. Pronome Reciprocativo..................................... 5522 / j! ot 3/

a) aW^X-oiv (de aW oç, aXkr\, akXo = outro,outra) .................................................................. 552

8. 4. Pronomes Possessivos........................................ 555\ 3 ' ■>' o ' ccca) ejxoç, e|XT|, €|xov.............................................. 556

b) croç, ar), crov....................................................... 558

c) T]|xeTepos, TifxeTepa, iruxeTepov.................. 559d) v|xeTepo<;, v|xeTepa, v|xeTepov................. 560

8. 5. Relação de Posse ................................................... 565a) Genitivo Regular.............................................. 565b) Genitivo do Pronome Pessoal.............. 566c) Pronome Possessivo...................................... 566

d) Verbos exw e e i f u ........................................... 5678. 6. C ra se .......................................................................... 568

a) Exemplos de C ra se ......................................... 5698. 7. Vocabu lário ............................................................ 570

8. 8. Exercícios.................................................................. 572

Cap. 9 - Nomes em Líquida N, da Terceira Declinação. Ad­

V

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jetivos Consonantais Biformes e Triformes, de Ra­dical em N. Comparativo e Superlativo. PronomesInterrogativos, Indefinidos e Relativos...................9. 1 . Nomes em Líquida N da Terceira Declinação

a) auov, auovoç, o (paradigma)......................b) "yeiTtov, 'YeiTovoç, o ......................................

9. 2. Adjetivos Consonantais Biformes de Tema Fi­nalizado pela Líquida N ...........a) cdxppcov, oxúcppov (paradigma).................

9. 3. Adjetivos Consonantais Triformes de TemaFinalizado pela Líquida N ..........a) |xeXãç, |Ae\eav&, fxeXav (paradigma) . . .

9. 4. Adjetivos Comparativos e Superlativos da Primeira C lasse....................................................a) Exemplos de Vocálicos com Penúltima

Longa ...............................................................b) Exemplos de Vocálicos com Penúltima

Breve..................................................................c) Exemplos de Consonantais Biformes Ter­

minados em cov e o v ....................................d) Exemplos de Consonantais Biformes Ter­

minados em nris e e ç ......................................e) Exemplos de Consonantais Triformes Ter­

minados em as, a, a v ...........................f) Exemplos de Consonantais Triformes Ter­

minados em vç, eia, v . ..............................9. 5. Adjetivos Comparativos e Superlativos da Se­

gunda Classe ......................................................a) Exemplos de Consonantais Triformes Ter­

minados em vç, eia, v .................................b) Exemplos de Vocálicos Triformes Termi­

nados em poç, pá, pov.................................c) Paradigma dos Comparativos da Segunda

Classe ((3a0úov, (3a0íóv)..............................

575575576 578

581583

586589

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9. 6 . Comparativos e Superlativos de Adjetivos que Fogem às Regras, Mas Ocorrem no Novo Testamento .........................................................a) Superlativo Absoluto e Superlativo Relati­

vo .......................................................................b) Outras Formas Analíticas de Comparati­

vos ....................................................................9. 7. Advérb io ...............................................................

a) Usos do Adjetivo com Função Adverbial.b) Substantivos que Assumem Função Ad­

verbial ........................... .. ................................c) Formas Comparativas e Superlativas do

Advérbio .........................................9. 8 . Pronome Interrogativo t iç , t i .........................

a) Quadro de Inflexões....................................b) Funções Adjetiva, Pronominal e Adverbial

do Interrogativo t is , t i ..............................c) Outros Interrogativos....................................d) Formas Adverbiais com Função Interroga­

tiva ....................................................................9. 9. Pronomes Indefinidos.............................. ..

a) t iç , t i ...............................................................b) aXXoç, oXXt], aXXo ......................................

. 6 A. J óc) Traç, Traaa, Trav ............................................d) ttoXvç, ttoXXt|, ttoXu ...................................

9.10. Pronomes Relativos....................................... d O cJ

a) oç, t), o .....................................................» v d & *b) OCTTIÇ, T|TIÇ, O T l .....................................

9.11. Outros Relativos:.................................................a) tjj ikoç, Tq, o v .................................................b) otoç, ã , o v .......................................................

c a -c) OTTOIOÇ, a, o v .................................................d) ooroç, in, o v ......................................................

C f O cJe) ocrye, nr e, 0 7 c ..............................................

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606610610

610

612614616

618618

619620 620 622 625 631 635 635 639 642642643 643 643 643

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VII

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f) ^cnrep, Tyrrep, orrep ..................................... 6439.12. Vocabulário......................................................... 6489.13. Exercícios............................................................... 651

VIII

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CAPÍTULO I

ALFABETO, DITONGO, ESPÍRITO, ACENTUAÇÃO E SILABIFICAÇÃO, PONTUAÇÃO, GRAFIA, ESTILO E

VOCABULÁRIO.

1. ALFABETO

1.1- Número de letras

1. Primórdios

No passado remoto, constava o alfabeto grego de 27 caracte­res ou símbolos específicos, oriundos principalmente do fenício.

2. ReduçãoA chamada reforma ortográfica euclideana de 403 A.C. san­

cionou nas escolas da Atica o uso do que se designava de alfabeto jônico, reduzido a 24 letras (7 vogais, 17 consoantes).

3. Coiné

Este alfabeto reduzido é o que vigia no período helenístico, na era do COINÉ (grego popular, a língua comum do povo, em que foram escritos os livros canônicos do Novo Testamento).

4. EnumeraçãoAs três letras que se haviam tornado obsoletas, a subisistirem

apenas como elementos de representação numérica (não se ser­viam os gregos de algarismo), eram o digama, o copa e o sampi.

5. DigamaO digama, ou gama duplo, tinha originalmente a forma de

dois gamas superpostos, donde o nome. É também conhecido co­mo ESTIGMA ou VAU. Correspondem-lhe, em forma, o nosso F, em fonética, o nosso V. A representação maiúscula eraj£ , a mi­núscula .

7

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6. Copa

0 copa, ou koppa, é o ancestral morfológico do Q e se repre­sentava, maiúsculo, por £ , minúsculo, por ou .

7. Sampi

O sampi, ou san, simplesmente, era uma forma alternativa de

quando minúsculu.

1.2 - Forma das letras

1. Uncial

Na era do coiné era a escrita grega toda em maiúsculas, letras de avantajado porte, que ocupavam todo o espaço entre as linhas, conhecidas como UNCIAIS (do latim uncialis, e, adjetivo referente a uncia, ae, ( - polegada), medida igual a 1/12 do pé linear).

2. AplicaçãoEm caracteres unciais foram escritas as obras todas da anti­

guidade clássica dos gregos e, também, os autógrafos e manuscri­tos primitivos dos documentos que integram o atual cânon néo- testamentário.

3. ProcessoEssa escrita era contínua, as letras, uma a uma, em sucessão

ininterrupta, sem separação de palavras, nem ligação entre sí, qua­se extreme de sinalização diacrítica.

4. Mudança

Ao depois, bem mais tarde, com vistas a tornar-se a escrita mais fluente e expedita, adotaram-se as letras minúsculas, de porte reduzido, grafadas em conjunto, ligadas umas às outras, lestas e rápidas, em blocos, distintas as formas ou palavras.

S, representado quando maiúsculo, e H o u T ,

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5. Cursivo

Esta, ao contrário da primitiva, era uma escrita corrente, donde denominarem-se os caracteres de cursivos (do adjetivo latino cursi- vus, a, um (= corrente), do verbo currêre (= correr). 0 designativo, é claro, se estendeu também à escrita, por isso designada de cursiva.

6. SubstituiçãoEmbora profusamente usado já por séculos em escritos pes­

soais, particulares ou informais, foi por volta do século IX da era cristã que o cursivo se impôs definitivamente ao uncial, caindo este em desuso a partir dessa data.

1.3 - Prolação e transliteração

1. VariedadeComo não poderia deixar de ser, jamais tiveram as letras gre­

gas prolação uniforme, variando-lhes grandemente a fonética no decurso do tempo e consoante as diversas regiões onde se falava a língua.

2. AssimilaçãoImpossível é, pois, estabelecer-se com precisão a exata pro­

núncia dos fonemas gregos. Temos, portanto, de articulámos nos moldes convencionais de nosso idioma, aportuguesando-os, neces­sariamente. Nem poderia ser de outra forma.

3. Prolação

No que respeita à prolação, impõe-se observar que:- O gama se pronuncia sempre como gutural forte, guê, não/ê;- O zeta soa como fonema duplo, dz, não simples z ;- O teta não tem equivalente no português, correspondendo

ao th do inglês, som línguo-dental molhado ou aspirado;- O capa e o qui se podem tomar como correspondentes ao

9

Page 21: Manual de Lingua Grega.vol.1

nosso c ou q. Todavia, quando seguidos de e ou i se não abrandam em ce e ci, preservando a prolação forte: que e qui;

- O qui é uma aspirada explosiva, sem equivalente em portu­guês, semelhante ao ch do alemão, pronúncia que muitos prefe­rem;

- 0 sigma vale sempre como ss, sibilante dobrada;- O ípsilon, exceto quando elemento final de ditongo, posição

em que vale por u, soa como o u do francês ou o ü do alemão.

4. TransiiteraçãoNo que tange à transiiteração, isto é, à representação de for­

mas gregas por letras de nosso alfabeto, poder-se-ia fazer em ter­mos de nossa ortografia simplificada. Entretanto, por amor a uni­formidade de expressão e preservação de distinções gráficas, pre­ferível será seguir-se a forma tradicional de transiiteração, obser­vada nos círculos eruditos, encontrada nas obras técnicas estran­geiras, inda que exibam ligeiras discrepâncias entre si.

1.4 - Quadro das formas

1. DiferençaAs formas atuais das maiúsculas diferem, ora mais, ora menos

pronunciadamente, das unciais primitivas. Em se tratando do alfa, do épsilon, do csi, do sigma e do ômega, as 5 letras em que a dife­rença é mais acentuada, aduz-se a forma uneial específica.

2. QuadroO quadro geral do alfabeto grego do período encontra-se na

página seguinte:

10

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NOME MAIÚSCULA MINÚSCULATRANSLI-TERAÇÃO

PROLAÇÃO

(1) Alfa ( 51 AXxpa) A, a, A, a A, a

(2) Beta (Bíyra) B P B, b B, b

(3) Gama (rá|x|xa) r 7 G, g GUÊ, guê(4) Delta (AeÁ/ra) A 8 D, d D,, d(5) Épsilon (3‘ Ei|/i\óv) E , e E ,ê E ,e

(6) Zeta (Ztjto) Z i Z,z DZ, dz(7) Eta ( ’ Htci) H ■n È,è E,e

(8) Teta(0T|Ta) 0 e,-& TH, th T, t

(9) lota ( J Iamx) I i l.i l .i(10) Capa (KairTra) K K , X K, k C, Q, c, q(11) Lambda (Aá|xj38a) A X L, 1 L, 1(12) Mü (M-u) M M, m M, m

(13) Nü (Nu) N V N, n N, n

(14) Csi (Si) a, Ê X, x CS, cs

(15) Ômicron (s' OfxiKpóv) 0 0 Õ.õ 0 ,o

(16) Pi (ITÍ) n tr P,P P,P(17) Rô ( c Pcò) p P R, r R ,r

(18) Sigma (SÍ7|xa) 2, a, <; S, s SS, ss

(19) Tau (Tcn>) T T T, t T, t

(20) ípsilon ( 3 YvjjiÁ.óv) Y •u Y.y Ü, ü(21) Fi (<pi) a> PH, ph F ,f

(22) Qui (XÍ) X X CH, ch C, Q, CH, c, q,

(23) Psi m) ■\|r PS, ps PS, ps

(24) Ômega fíljjué-ya) a (0 Õ, õ 0 , o

11

Page 23: Manual de Lingua Grega.vol.1

3. Épsilon, ípsilon0 final psilon, em épsilon e ípsilon, é o adjetivo grego iJ/iXóv,

que significa desnudo, calvo, árido (como solo sem vegetação), a de­signar forma breve, que não recebia sinal especial ao transliterar- se, em contraste com longa paralela, cuja representação translitera- da era encimada pelo macron, barra horizontal distintiva.

4. Contraste

O épsilon se contrasta com o eta. São ambos a mesma vogal básica, e, aquele a forma breve, este a longa. No caso do ípsilon, não subsiste no alfabeto forma explícita a contrastar-se.

5. Ômicron, Ômega

Em referência a ômicron e ômega, o final é o adjetivo grego ^iKpóv - pequeno - , naquele caso, fxé7 a - grande - , neste. É, tam­bém, a mesma vogal básica, o, contrastado, na grafia e no apelati­vo, em suas respectivas formas, breve e longa.

6 . E, OVê-se, portanto, que os sons vocálicos e e o, têm dupla repre­

sentação no alfabeto, distintas em valor, forma e designação.

1 .5 - Gama nasal

1 . NaturezaA letra gama (7 ) é, normativamente, gutural ou palatal, assim

devendo prolacionar-se.

2 . CircunstânciasQuatro posições há, entretanto, em que o 7 eqüivale a nasal,

soando como n e como tal podendo transliterar-se. São elas: (1)

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Quando precede a outro gama (7 7 ); (2) Quando precede a capa (7 K );

(3) Quando precede a csi (7 ); e (4) Quando precede a qui (7 %).

3. ExemplosExemplos do gama nasal nessas quatro circunstâncias ve­

mo-los em:

(1) eyyvq - perto de (Lc 19.11): 7 a preceder 7 , donde trans- literar-se como èngys ou eggys e pronunciar-se engüs, não eggüs;

(2) Òr/Kijpãç - âncoras (At 27.29): 7 a anteceder a k, a trans- literar-se como ankyrãs ou agkyrãs e ler-se ancüras, não agcüras;

(3) - castigo, repreensão (II Pe 2.16): 7 antes de £, que se translitera como èlènxin ou èlégxin e se lê: élencsin, não élegcsin;

(4) iáX.€7 xo<; - convicção, prova (Hb 11.1): 7 anteposto a x- Translitera-se como elènchôs ou élègchõs e prolaciona-se élencos, não élegcos.

1.6 -R ô

1 . Natureza

A letra rô é, a um tempo, semivogal e aspirada, o que enseja ligeiras variações morfológicas e prolacionais.

2. Inicial

Assim é que o rô a iniciar vocábulo, seguido que o tem de ser de vogal, vibra com fricatividade mais intensa, marcando-se esta pronunciada rotacidade pelo chamado espírito forte, sinal corres­pondente a vírgula revertida, que se sobrepõe à forma de minús­cula e se antepõe à porção superior da maiúscula. Nestas circuns­tâncias é o rô transliterado pelo dígrafo rh.

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3. GeminadoQuando o rô é geminado, isto é, vem repetido no corpo da

palavra, circunstância em que também assinalada é a rotacidade, de rigor seria encimar a ambos com o espírito forte. Gramáticos há, porém, que preferem colocá-lo somente no segundo, recebendo o primeiro o chamado espírito fraco, vírgula regular, sinal de ausên­cia de fricatividade. Outros, no entanto, optam por omitir esta sina­lização, transliterando-se normalmente a consoante como r, não rh.

4. ExemplificaçãoConveniente exemplificação desta particularidade do rô é a

seguinte:

a. Rô inicial minúsculoO substantivo jW||xa - palavra (Mt 12.36) se inicia pelo rô

minúsculo, por isso encimado pelo espírito forte, transliterando-se* v

a forma destarte, como rhãma, representado o rô pelo dígrafo rh, não rèmâ, r simples;

b. Rô inicial maiúsculoO substantivo próprio "PotKpou - de Rufo (Mc 15.21) - , é

iniciado pelo rô em maiúscula, pelo que se lhe antepõe, no alto, não em cima, o espírito forte. Translitera-se como Rhoúphou, o rô na forma de rh, não Roúphou, r simples;

c. Rô geminado- Em àppcifiàvâ-penho r (II Co 1.22) o rô aparece repetido,

dobrado, no corpo da palavra. Poder-se-ia grafar àppapwvá, am­bos providos de espírito forte, pelo que se transliterariam como rh, logo, arhrhabôna; ou à^papcova, espírito fraco no primeiro, transliterado como r simples, espírito forte no segundo, represen­tado pelo dígrafo rh, portanto, arrhabônà.

- Todavia, mais natural é àppotPwvá, sem marca de aspira -

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Page 26: Manual de Lingua Grega.vol.1

ção nos rôs, a transliterar-se como arrabônã, irrepresentada a rota- cidade; e

d. Rô simplesEm avrip - homem (Mt 1.19), vocábulo em que o rô não é nem

inicial nem geminado, branda, não aspirada, a prolação, não recebe ele o espírito forte, transliterando-se, pois, como r, não rh, logo: anêr, não enêrh.

1 .7 - Sigma

1. MaiúsculoComplicado era em forma o sigma e difícil de escrever-se.

Adotaram, pois, os copistas antigos o símbolo substitutivo ( , que ocorre invariavelmente nos manuscritos unciais. Destarte, preferível se fazia escrever, por exemplo, AIIO^TOAO, C - apóstolo (Rm1.1), simplificado o sigma, ao invés de AÜOXTOAOX.

2. MinúsculoA forma cursiva ou minúscula se expressa por dois caracteres

específicos: cr, usado como inicial ou mediai, ç, empregado como final de palavra.

3. ExemplificaçãoExemplificam o emprego destas modalidades minúsculas do

sigma:

a. CTo<pla - sabedoria (Mt 13.54), iniciada pela forma cr, não Não se poderia grafar <so<pta, visto que ç aparece apenas como

letra final, jamais inicial;

b. cpapicraíoi - fariseus (Mc 10.2), no meio do vocábulo se emprega a forma a, não ç. Não se poderia redigir çapiçaío i, usado o símbolo final no corpo da palavra; e

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c. Ktipioç — senhor (Jo 4.1): o sigma, final, tem a forma <s. Não haveria grafar-se KÚpioa, empregado o símbolo inicial ou me­diai no final do termo, impropriedade inadmissível.

4. Compostas

Nas palavras compostas em que o primeiro dos fatores termi­na em sigma pode-se preservar a forma final, ç, mesmo posta no corpo do vocábulo. Assim, Trpoacpopá - oferta (Rm 15.16) - pode-se grafar Trpoçcpopá, sem impropriedade, mantido o ç final, porquanto0 primeiro componente é a preposição -irpó*;, terminada em sigma.

1.8 - Classificação das consoantes

1 . Variedade

Diferentes classificações das letras consoantes adotam os gramáticos, em decorrência de critérios distintos a que se arrimam. Todavia, não conflitam em suas linhas gerais.

2. QuadroQuadro singelo, contudo, funcional, bastante para a devida

compreensão dos fenômenos lexeológicos e morfológicos registra­dos nesta obra, é o que, distribuindo-as em três grupos gerais e suas apropriadas sub-divisões, assim se configura:

1 - SEMIVOGAIS ou SEMICONSOANTES - 6

1 . Líquidas: X, p - 22. Nasais: |x, v, 7 - nasal - 33. Sibilante: ç - 1

II-M UDAS - 9A. Segundo a C LASSE

1. Labiais í -tt, p, <p - 32. Palatais ou guturais : k , 7, x - 33. Linguais ou dentais : t , 8 , 0 - 3

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B. Segundo a ORDEM

1. Brandas : tt , k , t - 32. Médias :f3,7 , 8 - 33. Aspiradas ou ásperas : <p, x> 6 - 3

III-DUPLAS - 31. Lingual ou dental : £ (ds) - 12. Gutural ou palatal : £ (cs) - 13. Labial :i|/(ps) ~ 1

3. DisposiçãoA disposição das mudas em relação à ordem é a mesma refe­

rente às classes, tomada em sentido vertical. Isto é,- as três primeiras de cada classe constituem a primeira or­

dem (brandas);e- as três centrais de cada classe formam a segunda ordem

(médias); e- as três últimas de cada classe compõem a terceira ordem

(aspiradas ou ásperas).

4. GráficoPode-se representar adequadamente esta dupla classificação

das mudas em termos do seguinte gráfico:

ordens

ClassesTT P <P -

K 7 X -

T 8 01 Brandas Médias Ásperas

5.£Técnicamente, seria a dupla £ a combinação de uma lingual ou

dental (t , 8 , 0) com a sibilante. Preferem, porém, os gramáticos em geral tomá-la como a fusão da sibilante com a lingual seqüente8 , logo, cr + 8 = £. Todavia, como fonema vale por 8 + <; fundidos.

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6 . £et|/- As duplas £ e ij/ são a resultante natural do encontro, respec­

tivamente, de uma gutural (k , 7 , x) ou labial ( ir , (3, 9 ) com a sibi- lante, em som duplo, escrito o símbolo unificado em vez dos dois caracteres adjuntos.

- Graficamente: k + s tt + ç7 + ç = £ e 0 + s = 1\fX + s <P + <5

1.9 - Vogais

1. Enumeração- Sete das letras representam vogais.- São elas: (1) Alfa ( a ) (5) Ômicron (o)

(2) Épsilon (e) (6 ) ípsilon (v)(3) Eta (y\) (7) Ômega M(4) lota (1)

2. Quantidade

a. NaturezaA duração prolacional, o decurso requerido para pronun­

ciar-se a vogal, constitui-lhe a quantidade. Ora é a vogal demorada, prolongada, extensa, ora apressada, acelerada, rápida. Naquele ca­so, recebe o designativo de LONGA, neste o nome de BREVE.

b. AplicaçãoTeoricamente, eqüivaleria a longa ao dobro da breve. Isto

era de relevância na poesia, a regular o metro e o ritmo, e, também, na prosódia, uma vez que a quantidade longa ou breve da vogal decide, em larga medida, a posição e natureza do acento da forma. Na prosa não se faz real distinção quantitativa, prolacionadas am­bas com a mesma duração geral. É, pois, distinção puramente for­mal, teórica, não observada na prática.

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c. ClassificaçãoNo que tange à quantidade, assim se distribuem as vogais:

BrevesBreves

ouLongas

Longas

ae 'H

io co

V

Isto é, e, o - são sempre breves,a , i, v - são breves ou longas, e r^co - são sempre longas.

d. Determinação- Tratando-se de e e o, de um lado, e iq e co, de outro, ne­

nhuma dúvida lhes paira quanto à quantidade, breves sempre aqueles, longos estes. Problemático, entretanto, é saber quando é que a, t, v são breves, quando é que são longos, uma vez que a forma é a mesma em ambas as situações. Dicionários e gramáticas, em geral, costumam assinalar-lhes a quantidade, mormente quan­do se lhes faz necessária explícita indicação, encimando-as da se- miluna ou bráquia (V), se breves, da barra extensional ou mácron ( “ ), se longas.

- Portanto, á, í , brevesa, l, v - longas.

- Mas, nos textos e escritos esta sinalização distintiva nãoocorre e a dificuldade permanece.

e. TransiiteraçãoNa transiiteração, assim se devem representar as vogais:

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e sempre é (breve),TI sempre ê (longo),o sempre õ (breve),to sempre õ (longo),à , l, v sempre ã, í, y (breves), ou,ã , i, v sempre ã, T, y (longos), mas,a , i, v simplesmente a, i, y (indeterminado se breves oulongos).

3. Qualidade

a. Natureza- O modo de pronunciar-se, a forma prolacional, constitui a

chamada qualidade da vogal, questão de fonética e entonação, não de extensão ou tempo.

- Daí, enquanto quantidade diz respeito a DURAÇÃO,qualidade se refere a MODULAÇÃO.

b. ProlaçãoDe natureza, deveriam as vogais soar como abertas ou fe­

chadas. As breves seriam sempre abertas, as longas seriam sempre fechadas. Entretanto, diferenciação fonética somente se explicitaria em relação aos sons de e e o (e, o abertos - é, 6; -q, co fechados - ê, ô). Não se sabe, porém, qual a real pronúncia das vogais gregas, logo, este critério se não aplica, a distinção revestindo-se de cunho apenas morfológico, não fonético.

c. ClassificaçãoSão consideradas abertas 5 das vogais, a saber: a , e, t], o, co;

são havidas por fechadas as 2 restantes: i ,u

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2. DITONGOS

2.1 - Natureza

1. ConceituaçãoO ditongo (de ôl<5 - duas vezes, duplo - e (pQóyyoç, ov, ò -

som), ou som duplo, é a associação de duas vogais contíguas pro­nunciadas em conjunto de sorte a constituírem uma e a mesma sí­laba.

2. EstruturaçãoNo típico ditongo a primeira das vogais é aberta (a, e, tj, o, co),

a segunda fechada (i, u). Uma exceção apenas há, o ditongo vt, fe­chadas ambas as vogais.

2.2 - Tipos- Dois tipos há de ditongos: REAIS e IMPRÓPRIOS.- REAIS são os ditongos em que ambas as vogais são breves

e soam distintamente (uma exceção feita, o ditongo ou, que se pro- laciona v );

- IMPRÓPRIOS são os ditongos em que a primeira das vogais é longa (à, tj, <o) e soa claramente, enquanto a segunda, sempre i, é breve e, pelo menos desde o século I A.C., não mais se pronuncia, pelo que se passou a conhecer como iota silente (i áveKcpíúvryrov).

2.3 - Enumeração- Os ditongos reais são sete: a i , ou

ei, eu ot, ou ui,

- Dois outros, raros, produzidos mercê do alongamento da vogal inicial (á e e tornam-se ti, o se faz w), se podem também adu­zir: T|u, cúu;

- Os ditongos impróprios são três: ot, r|, ío.

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2.4 - Grafia

1 . lota silente

Embora silente, continuou o iota dos ditongos impróprios a grafar-se nos textos, mesmo depois de adotada a escrita cursiva, seja como elemento ortográfico tradicional, seja como recurso con­veniente à distinção de formas dativas. Omitem-no, é verdade, certos unciais anteriores ao século VII.

2 . lota subscrito

Por volta do século XI, implantado o cursivo, passou-se a es­crever o iota silente por debaixo da vogal sonora, dominante, vindo, por isso, a chamar-se iota subscrito (do latim sub - debaixo de - e scriptum - escrito - , particípio passado de scrlbère - escrever). Se, porém, a vogal dominante assumia a forma de maiúscula, por isso a ocupar todo o espaço entre as linhas delimitantes, voltava o t à posição regular na seqüência de letras do vocábulo.

3. TransliteraçãoEm sendo transliterado, deve o iota silente ou subscrito vir

entre parênteses.

4. Exemplos

a. - 7 T| - terra (Lc 8.15): a forma está grafada em minúscu­las, o i sotoposto ao nri, vogal sonora do ditongo impróprio ti. Lê-se guê, mudo o iota e translitera-segê(7j, o iota entre parênteses;

- Representada em maiúsculas, viria o iota na posição re­gular, na linha, em seqüência às demais letras: TH I, que se lê GUÊ e translitera GÈ(I), mudo o iota;

b. f/A i8ri<5 - Hades (Ap 6 .8 ): inicia-se a forma pela vogal alfa em maiúscula, seguida da minúscula iota, que,

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Page 34: Manual de Lingua Grega.vol.1

embora em ditongo impróprio, vem na linha, não subscrito,como aconteceria, se o alfa estivesse também em minúscu- i *Ia: aÔTiç. E silente o iota. Logo, pronuncia-se Hades, não Háidps, e se translitera Hâ(i)dês, o iota entre parênteses.

2.5 - Protação do v

1. Vogal distintaQuando vogal distinta, não parte de ditongo, pronuncia-se ov

como o u do francês ou o ü do alemão e se translitera comoy;

2. Vogal ditongalQuando elemento ditongal, soa o v como o u do português e

assim também se translitera. No ditongo ou prepondera de todo, de sorte que, embora transliterado ou, soa esse ditongo como u ape­nas, não ou.

3. Exemplos

a. Tw rj — mulher (Lc 8.43): o v é vogal distinta, não com­ponente ditongal, soa como ü, pelo que se lê: günê (não guinê) e se translitera gynê;

b. cròróç — ele (Lc 8.54): o v é parte do ditongo av, soan­do, portanto, como u, não ü, donde ler-se: autós (não aütós) e trans- literar-se autós (não aytós)-, e

c. ôoí)\o<; — escravo (Lc 12.43): o v integra o ditongo ou e lhe absorve inteiramente a prolação, assim que, embora se transli- tere doulds (não doylÔs), se pronuncia dulos, não doutos, o ditongo prolacionado como se fora á vogal u apenas.

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2.6 - Diérese ou hiato

1. Natureza

Nem sempre duas vogais contíguas constituem ditongo. Po­dem soar separadamente, em emissões distintas de voz, formando sílabas diferentes. Neste caso, tem-se a diérese ou hiato, a xacr— |ACú§ta dos gramáticos. É de rigor encimar-se de trema a segunda vogal do hiato quando há formação ditongal paralela.

2. Aplicação

a. KctC|j<ct - ardor (Ap 7.16): o grupo oru é ditongal, forman­do uma sílaba comum, inclusiva;

b. 'Trpcn)<; - manso (Mt 11.29): o grupo giv é hiato, cada vogal integrando sílaba distinta. É dissilábico este adjetivo, não monossí- labo. Há trema no v, segunda vogal;

c. Mwixrrjç - Moisés (Jo 7.22): o grupo cov é hiato, as vogais não constituem uma sílaba comum, a forma é trissilábica, ao invés de dissilábica. Há trema nov, segunda vogal da seqüência;

d. ôia - através de (Mt 1.22): o grupo ia não é ditongal. É, pois, hiato, cada vogal constituindo sílaba própria, logo, forma dis­silábica. Não há trema no a, porquanto não há ditongo análogo com que se pudesse confundir.

3. ESPÍRITO

3.1 - NaturezaEspírito é o sinal diacrítico especial que aparece em toda vogal

ou ditongo inicial de palavra.

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3.2 - FunçãoServe o espírito para indicar aspiração da vogal, ora leve, ora

pronunciada, embora mais apropriado seja, na prática, o dizer-se que assinala a ausência ou a existência de aspiração.

3.3 - Uso

Emprega-se o espírito em todo vocábulo iniciado por vogal ou ditongo a que não preceda consoante na palavra. Se a forma se ini­cia por letra consoante, exceção feita de rô (p, P), não receberá es­pírito, nem o recebem vogal ou ditongo não em posição inicial. Já se viu (§ 1.6) que o rô inicial, havido por semivogal, terá sempre o sinal da aspiração forte, o que também se pode atribuir, no todo ou em parte, ao rô geminado, isto é, repetido no corpo da palavra.

3.4 - PosiçãoQuanto à colocação do espírito, há a observar-se que:

1. Em se tratando de vogal distinta em minúscula, põe-se-lhe o espírito em cima;

2. Se for vogal distinta em maiúscula, o espírito lhe virá ante­posto;

3. Se for ditongo, virá o espírito por sobre a segunda vogal, mesmo que a primeira esteja em forma de maiúscula; e

4. Se a palavra for toda escrita em maiúsculas, não se grafará o espírito, dado por implícito,

3.5 - TiposDois espíritos há:

a. Espírito fraco, dos latinos dito spiritus lenis, dos gregos

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Page 37: Manual de Lingua Grega.vol.1

Trve\)|xa vJaXóv, que assinala aspiração leve, imperceptível, pratica­mente inexistente; e

b. Espírito forte, a que denominavam os latinos de spiritus as- per, os gregos de -irveuixá Sacrtf, marca da aspiração pronunciada, real, de fato.

3.6 - Representação

Nos dias remotos do jônico e do ático, séculos antes de intro­duzido o cursivo, era a aspiração forte representada por H. Depois de 403 A.C. passou-se a usar este símbolo para expressar a forma longa do som de e, o eta do alfabeto regular, marcando-se a função aspiracional pela primeira porção do símbolo bifurcado: ff era agora o sinal equivalente ao espírito forte. Os gramáticos alexan­drinos introduziram o uso da segunda porção do símbolo, 0 , co­mo sinal ou marca da aspiração fraca. Evoluindo, vieram os edito­res modernos a representar o espírito fraco pela vírgula usual ( j ),o forte pela vírgula reversa ( e ).

3.7 - Transliteração- Ao transliterar-se a forma grega, isto é, transcrevê-la em

símbolos do nosso alfabeto, pode-se representar o espírito fraco por vírgula anteposta, ou simplesmente omiti-la. O espírito forte, entretanto, dever-se-á sempre expressar por h, na posição de letra inicial da palavra, salvo em se tratando de rô, quando se posporá ao r na transliteração: rh, não hr.

- Uma vez que não há no alfabeto grego letra correspondente ao h, será sempre este símbolo representação do espírito forte, as­sim devendo-se grafar ao verter-se o termo à forma grega.

3.8 - Exemplos

1. êv-em (Mt 2.16)- Palavra iniciada por vogal, recebe espírito;

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- Minúscula a vogal inicial, sobrepõe-se-lhe o espírito;- Espírito fraco, translitera-se a forma: hn (o espírito na forma

de vírgula normal) ou en (omitida a representação do espírito);- Posta em maiúscula a vogal, vir-lhe-ia o espírito anteposto,

não sobreposto: sEv;- Convertida a forma toda em maiúsculas, não se aporia o es­

pírito: EN , não °EN .

2. Evp-qo-eTe - achareis (Mt 7.7)- Vocábulo iniciado por ditongo, tem o espírito, posto

na segunda de suas vogais;- Espírito forte, translitera-se por h, anteposto: heuré-

sètè, não euhrésèté;- Mesmo que se converta em maiúscula a vogal inicial,

ditongo que é o grupo vocálico, permanecerá o espírito na posição normativa, logo, Eúpiío-eTe;

- Convertida, porém, a palavra toda em maiúsculas, omitir-se- á o espírito: E Y P H 2 ET E , que, todavia, se representará regular­mente na transiiteração, logo, H EU RÊSETÈ , não EU R ÊSÈTÈ .

3. ^ojjicpaíã — espada (Lc 2.35)- Palavra iniciada pela semivogal rô, recebe espírito

forte;- Minúscula a inicial, o espírito se lhe põe por cima;- Convertido o rô à forma de maiúscula, o espírito lhe

viria anteposto, não sobreposto: ‘Pofjupatà, não ^ojjupcúà;- Posta a forma toda em maiúsculas, omitir-se-á o espírito,

que, entretanto, se explicitará na transiiteração. Logo, POM— ÒA IA (sem espírito), não ‘POM ^AIA ou P0M4>AIA;

- Em transliterando-se a forma, quer toda em minúsculas, quer inteira em maiúsculas, ou maiúscula a inicial apenas, repre- sentar-se-á o espírito por h, posposto ao r. Daí, rhômphaíã (não hrõmphaíá), Rhòmphaíâ (não Hrõmphaíã) ou RHÔMPHAÍÃ (não HRÒMPHAÍÃ).

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3.9 - Y incial

1. Particularidade

- Não é a letra rô (p, P) a única incial a vir sempre marcada de espírito forte, aspirada. Também o ípsilon (v , Y) em todas as for­mas dele iniciadas através do Novo Testamento o exibem com a marca aspiracional. Não há em todo o Novo Testamento nenhuma palavra em que o ípsilon inicial tenha espírito fraco. No ditongo m estará sobre a segunda vogal, inda que transliterado sempre comoo elemento inicial.

2. Exemplos

a. vixeíç - vós (Mt 6.9)O v inicial tem o espírito forte, transliterado como h, a ante­

ceder às demais letras. Logo, hymefs; e

b. uioç - filho (Mt 7.9)Iniciada por v a integrar o ditongo vi, tem a forma espírito

forte, colocado no i, segunda vogal, transliterado como h a prece­der aos demais símbolos representacionais. Portanto, huiòs.

4. ACENTUAÇÃO

4.1 - Incidência- Os documentos mais antigos são quase extremes de sinali­

zação diacrítica. Editores e gramáticos, no correr do tempo, paula­tinamente, introduziram recursos de acentuação e pontuação no afã de tornar mais fácil a leitura e o reconhecimento das formas;

- O uso sistemático dos acentos e do espírito fraco só se im­plantou a partir do séc. VII de nossa era, embora a Aristófanes de Bizâncio, por volta de 200 A.C., se atribua a origem da acentuação grega;

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Page 40: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Presentemente, é o grego uma língua escrita em que, exce­ção feita de certos vocábulos especiais, não numerosos, toda pala­vra recebe acento explícito.

4.2 - TiposEmpregam-se na prosódia do grego os três acentos conven­

cionais, a saber:

1 .Agudo (ô£eiá 'npocrcDÔía), representado por ' ;

2. Grave ((3apelá irpocrojôía), representado por v;

3. Circunflexo (TrepurruofxeVq Trpoawôía), representado pela junção do agudo e do grave, A , ou pelo til, ** , ou pela curvilínea,

r\ •

4.3 - Transliteração

Uma vez que representam esses acentos recurso editorial mo­derno imposto à sistemática da língua escrita, transliteram-se na mesma posição e com a mesma forma em que se econtram na pa­lavra grega, no caso do circunflexo preferida a forma convencional

A

4.4 - Posição

1. No que tange à posição, segue o acento as mesmas normas do espírito, posto, contudo, somente em vogal ou ditongo, nunca em letra consoante;

2. Limita-se o espírito a vogal ou ditongo iniciais da palavra. O acento, porém, pode ocorrer em qualquer posição ou sílaba do vo­cábulo;

3. Tratando-se de vogal minúscula, o acento lhe estará em ci­ma;

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4. No caso de vogal inicial em maiúscula, antepor-se-lhe-á o acento à parte superior. Virá, pois, antes, não por cima dessa vogal;

5. Quando incidir o acento em ditongo real, repousará por so­bre a segunda vogal, se minúscula, mesmo que a primeira seja maiúscula;

6. Escrita a forma toda em maiúsculas, não se grafará o acen­to, que, entretanto, aparecerá na transliteração e se pressupõe na prolação.

4.5 - Exemplos

1. irepi TrávTcov - a respeito de todas as coisas (At 1.1).- Ambos, o acento grave em TTepi e o agudo em TrctvTcov, es­

tão postos em cima da vogal, minúscula que o é.- T ranslitera-se: peri pánton.

2 .8oG\o<; - servo (Rm 1.1).- O acento, circunflexo, vem por sobre a vogal, visto que é mi­

núscula, na segunda, por tratar-se de ditongo real.- Translitera-se: doülôs.

3. ^EfJep- Éber (Lc 3.35).- O acento, agudo (bem como o espírito), antecede, no alto, à

vogal, inicial maiúscula.^ V ,v, V

- Translitera-se: Eber ou Epep.

4. Eí/irg - diga (I Co 1.15).- Inicia-se a forma pelo ditongo real E i , cuja primeira vogal se

grafou em maiúscula, a segunda, porém, conservada em minúscu­la: o acento (e também o espírito) está posto em cima desta vogal, não antes da maiúscula.

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- Translitera-se: Eípé(i).- Transposta em maiúsculas, EIIIHI, não se grafará o acento

(e nem o espírito). Transliterar-se-á: E IP E (I).

4.6 - Coincidência

1. PosiçãoEspírito e acento não raro ocorrem na mesma vogal. Em tais

casos, antepõe-se o espírito aos acentos grave e agudo, sotopõe-se ao circunfiexo.

2. Exemplos

a. J,E(Bep e Elttt] da secção anterior: o espírito se põe antes do acento, agudo;

b. ôç - o qual (II Co 1.10): acento grave, o espírito lhe vemantes; e

c. ouv - pois (Gl 3.5): circunfiexo o acento, o espírito lhe está por debaixo.

4.7 - Acentuação

1. Função

a. PrimitivaPrimordialmente, marcaria o acento virtual o ritmo de pro-

lação, a ársis e a tésis da expressão, a sucessão de altos e baixos da vocalidade, a tonalidade cadenciada da leitura, a musicalidade da

entonação, a chamada cantilação.

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b. AtualAo depois, fixada a escrita, o interesse voltado para a lei­

tura antes que para a declamação das formas, introduzido o siste­ma de sinais diacríticos, passaram os acentos a servir a duas fun­ções básicas: TONICIDADE e DISTINÇÃO. Isto é, assinala-se a sí­laba tônica da palavra mediante acento explícito e, em casos de homógrafas e homófonas, pode-se estabelecer conveniente distin­ção das formas à base da acentuação, se diferenciável.

c. Exemplos

(1) áTTOoroXoç - apóstolo (Ef 1.1): a tônica é a antepe­núltima, fato indicado pelo acento, agudo, aí posto, a marcar-lhe a tonicidade.

(2) 8oí)\oi - servos (Fl 1.1): a penúltima é a tônica, indi­cando-o o acento, circunflexo;

(3) àòeXcpóç (Cl 1.1): o acento, agudo, está na última, as­sinalando que essa ê a tônica; e

(4) aXka - mas (I Ts 2.2) e ak ka - outros (Mt 25.16): di­ferem as formas apenas em que a primeira tem o acento, agudo em ambas, na última, enquanto a segunda o tem na penúltima. Apenas a diferente posição do acento as distingue, aquela como conjunção adversativa, esta como pronome indefinido;

- Logo, nos primeiros três exemplos está o acento a marcar TONICIDADE, no último a estabelecer também a DISTIN­ÇÃO das formas.

2. Prolação

- Teoricamente, como o indicam os próprios sinais gráficos, marcariam:

- o acento agudo ELEVAÇÃO da voz,

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- o acento grave ABAIXAMENTO,- o acento circunflexo ELEVAÇÃO seguida de ABAIXAMEN­

TO na mesma sílaba;- Na prática, isso não se dá, nenhuma elevação tonal experi­

mentando as formas em decorrência da espécie de acento. Em ou­tras palavras, os acentos não afetam a tonalidade da prolação.

3. Sílaba

a. Quantidade

(1) PrincípioTêm os vocábulos gregos tantas sílabas quantas lhes

sejam as vogais distintas ou ditongos.

(2) Aplicação- Destarte, a conjunção K a í- e (Mc 1.5) é monossilábica,

visto que, embora duas sejam as vogais inclusas, constituem diton­go: uma sílaba. Monossilábica, de igual modo, é a preposição a v v - com (Lc 7.6), por isso que, embora conste de duas consoantes, uma só lhe é a vogal;

- Já o termo Trvefyjux — espírito (Jo 1.33) é dissilábico: nele ocorrem o ditongo eu, numa sílaba, e a vogal distinta a, na outra. Duas sílabas;

- Por sua vez, pxípTupeç - testemunhas (At 1.8) é um trissílabo: três vogais distintas se contam, cada a formar sílaba pró­pria; e

- Por fim, oçetXeT^ç - devedor (Rm 1.14) é um polissí- labo: um ditongo (et) e três vogais destacadas. Quatro sílabas.

b. Divisão

(1) PrincípioO processo de divisão silábica nem sempre se evidencia

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tão simples. Todavia, fugindo-se a regras complicadas, poder-se-á sumarizar convenientemente a matéria nos seguintes pontos:

1. Toda consoante distinta formará sílaba com a vo­gal ou ditongo que lhe venha imediatamente em seguida;

2. Toda consoante final de palavra, já que não há vo­gal a segui-la, fará parte da sílaba precedente;

3. Consoantes geminadas se dividem, uma para cada sílaba contígua;

4. Grupos ou complexos de consoantes diferentes se distribuirão em termos tais que passe a formar sílaba com a vogal ou ditongo imediatos a seqüência consonantal suscetível de iniciar palavra grega (o que se pode estabelecer mediante consulta do di­cionário); e

5. Partículas que integram vocábulos compostos, as­sim preposições e advérbios, se tomam normalmente como pala­vras distintas. Portanto, as terminadas em consoante, continuará esta consoante a integrar a sílaba original, não se unirá à vogal imediata em sílaba própria. Isto se dará sempre, em se tratando de componentes monossilábicos. No caso, porém, de elementos não monossilâbicos em que se elida vogal final, passará a letra con­soante que a preceda a formar sílaba com a vogal seqüente.

(2) Aplicação Temos, assim:

1. Trveu-jxá- O grupo inicial ttv se une ao ditongo imediato ev,

formando a primeira sílaba; e- A nasal |x se agrega ao á final, constituindo a se­

gunda sílaba.

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2. |xáp-ru-pe<;- 0 |x inicial se junge ao a imediato, a que se anexa

o p do grupo pT, desmembrado porquanto não pode iniciar forma grega; 1- sílaba;

- O t se associa ao v seqüente: 2- sílaba; e- O p seguinte se integra ao e imediato, adido o ç,

por ser consoante final: 3§ sílaba.

3. Ò-(p€l-Á.e-TT)Ç- Constitui a 1- sílaba apenas o ômicron inicial, uma

vez que não tem consoante a precedê-lo;- Forma a 2- o cp, consoante distinta, mais o ditongo

ei imediato;- Integram a 3- o X, consoante individualizada, e o

épsilon seqüente, vogal distinta; e- Produzem a 4- o t , consoante destacada, eo tj, vo­

gal singular, agregado o ç, final do vocábulo.

4. Eicr—éX—0a—Te - entrai (Mt 7.13).- A preposição eiç, monossilábica, forma a 1- sílaba,

preservando o ç final, que, não fosse palavra composta, se deveria

unir ao e seqüente;- O e constituiria, sozinho, a 2- sííaba, se o grupo X0

pudesse iniciar palavra regular. Como não pode, divide-se, unindo-

se o X ao e;- O 0 do grupo desmembrado se junge ao a imedia­

to, produzindo a 3- sílaba; e- O t restante se anexa ao e final, estabelecendo a 4-

sílaba.- Logo, Ela-eX-0ot-T€, não EÍ-creX-0ot-Te.

5. Ka-Te-p-ri - desceü (Mt 7.25)- Forma verbal composta, o primeiro elemento é a

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preposição K cm i, que sofreu elisão do a da 2- sílaba, pelo que se fez KotT. Tratando-se de forma originalmente não monossilábica, esta consoante, agora final, se une à vogal seqüente, não se agrega à sílaba que a antecede.

- Assim, o k inicial se une ao a imediato (1- sílaba),o t ao e (2- sílaba) e o 3 ao r\ (3- sílaba);

- Portanto, Ka-Te-P^, não KaT-e-P^.

c. Modalidades

(1) Tipos

No tocante à natureza ou qualidade, quatro tipos há de sílabas, a saber:

1. Breves: sílabas cuja vogal é breve não seguida de dupla ou duas consoantes, ou mais;

2. Comuns: sílabas de vogal breve seguida de muda mais líquida ou nasal;

3. Longas por posição: sílabas em que a vogal, breve, é acompanhada por dupla ou duas consoantes (que não sejam muda mais líquida ou nasal), ou mais; e

4. Longas de natureza: sílabas que encerram vogalnaturalmente longa ou ditongo.

(2) Exemplos

1. av-0pü)-m)s - homem (Mt 8.9):- A 19 sílaba - òtv - é longa por posição: vogal breve á

seguida de três consoantes: v0p;- A 2- sílaba - 0pco - é longa de natureza: contém a

vogal longa ca; e

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- A 3- sílaba é breve: vogal breve o seguida apenas de ç, consoante simples.

2. T€ kvov - filho (Mt 9.2):

- A 1- sílaba - tc - é comum: vogal breve e acompa­nhada de muda, k , mais nasal, v; e

- A 2- sílaba - kvov - é breve: vogal breve o seguida de consoante simples, v.

3. ctkó-XoiJj - espinho (II Co 12.7):- A 1 - sílaba - ctko - é breve: vogal breve o acompa­

nhada de consoante simples, X.;

- A 2- sílaba - Xoij/ - é longa por posição: vogal breveo seguida de dupla, ijj;

4. e-xo-fjtev - temos (II Co 3.4) e eL-pnrj-vri - paz (Ef1.2):

- Em exo|xev as três sílabas são breves: vogal breve seguida de consoante simples.

- Em eipr|VT| as três sílabas são longas de natureza: a 19 constituída do ditongo eí, a 2- e a 3§ a encerrar a vogal longa t).

(3) Aplicação- Esta quádrupla distinção tem aplicação direta na poe­

sia, servindo à métrica e ritmo dos diversos estros.- Na prosa, a qualidade das sílabas se reveste de im­

portância apenas para a determinação da posição e natureza doacento na palavra.

- Para fins práticos, portanto, falaremos apenas em lon­gas, as sílabas que contenham vogal longa ou ditongo, e breves, asdemais (breves, comuns e longas por posição).

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d. Ditongos a i e o l

(2) Exemplos

(a) ápxaí - principados (Cl 1.16) e ápxats - aos que governam (Tt3.1).

- Em àpxaí a sílaba final termina pelo ditongo a i. É considerada breve, porquanto não está o ditongo acompanhado de consoante na sílaba; e

- Em ápxaxs a sílaba última contém o ditongo caç seguido da sibilante, pelo que retém a quantidade natural. É lon­ga.

(b) orfyeXoi - anjos (Hb 1.6) e cvyyékoiç - a anjos (Ap7.2).

- Em ayyeXoi, forma terminada pelo ditongo oi de­sacompanhado de consoante, a sílaba final é havida por breve na prosódia; e

- Em áyyéXoiç, palavra que tem o final oiç, o diton­go oi mais a sibilante, a sílaba derradeira preserva o caráter natural de longa.

(1) Particularidade- Por definição, todo ditongo é longo;- Os ditongos oa e oi, entretanto, quando terminais de

forma, se não seguidos de consoante final da sílaba, são havidos por breves para fins de acentuação;

- Apenas em inflexões do modo optativo e em formas adverbiais finalizadas por oi, tal olkoi - em casa, no país (que não ocorre em o Novo Testamento), preservam estes ditongos a natu­reza longa.

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4. Regras

a. Posição

(1) PrincípioIncidirá o acento, necessariamente, em uma das últimas

três sílabas da palavra, isto é, na última, ou penúltima, ou antepe­núltima. Jamais além desse limite.

(2) Aplicação

(a) Agudo- O acento agudo poderá cair em qualquer dessas

três sílabas, quer sejam breves, quer sejam longas.- Graficamente: - - - (antepenúltima)

- - (penúltima)- (última)

(b) Circunflexo- O acento circunflexo, que não pode incidir senão

em sílaba longa de natureza, restringe-se à penúltima ou última, apenas.

- Conseqüentemente, não poderá haver circunflexo na antepenúltima, ou além, nem tampouco em breve, ou comum, ou longa por posição.

- Graficamente:- - (penúltima, sílaba longa)- (última, sílaba longa)

(c) Grave

- O acento grave limita-se à última somente e se po­de tomar como simples inversão do agudo a incidir em sílaba final de palavra seguida de outra, também acentuada;

- Segue-se que jamais ocorrerá o grave em penúlti­ma, ou em antepenúltima, ou além, ou no termo derradeiro da fra-

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se, ou a preceder a forma átona, isto é, inacentuada.- Graficamente: - (última, seguida de forma acentua­

da)

(3) Exemplificação

(a) apYupiov - dinheiro (Mt 25.18)- Acentuada com agudo, na antepenúltima. Não se po­

deria acentuar cípTupiov, o acento posto na ante-antepenúltima, quarta sílaba a partir do fim, fora, pois, dos limites normativos;

- Esta forma, e assim todas quantas sejam acentua­das na antepenúltima, agudo o acento, denomina-se proparoxíto­na (de Trpò - antes; irapá -junto, ao lado; ô£úç, ò£eiá, ó£ú - agudo-, e tòvoç, ou, ó - tom);

(b) "Icoávvriç - João (Mc 1.6)- Tem este nome próprio acento agudo na penúltima.

De modo algum poderia ser 3/I(oawT|<;, acentuada na quarta síla­ba, a contar do final;

- Este vocábulo, e assim todos os que tenham acento agudo na penúltima, se caracteriza como paroxítono (de Trapá - junto, ao lado; o£uç, o£etá, o£u - agudo; e tovoç, ou, o - tom);

(c) I 7 eu (II Co 12.11)- É este pronome pessoal acentuado com agudo na

última;- Esta inflexão pronominal, e toda palavra cujo

acento esteja na última e seja agudo, recebe o qualificativo deox/7o- na (de ó^úç, ó£eia, ôíjú - agudo - e tóvoç, ou, ó - tom);

(d) cnnix íov - sinal, marca (II Ts 3.17)- O acento é circunflexo, posto na penúltima, sílaba

longa. Não poderia ser ctt||X€iov , porquanto não pode o circunflexo cair na antepenúltima, inda que longa, como é cnrç neste substanti­vo;

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- A este nome, como a todas as formas providas de circunflexo na penúltima, dá-se o designativo de properispômeno (de irpo - antes; Trepí - em redor; e cnTcófjievos, T|, ov - puxado, ar­rastado, particípio presente passivo de ctttá(ú-puxar, arrastar)

(e) acreftéíç - ímpios (Jd 4)

- Circunflexo é o acento, na última, sílaba longa. Não

poderia ser acêpe iç (já que o circunflexo não ocorre senão em sí­

laba longa e a e é breve), muito menos aaepe iç (o circunflexo ja­

mais aparece além da penúltima e o a está na antepenúltima);- Prosodicamente, é ào-ej3etç, e assim toda palavra

acentuada com circunflexo na última, qualificado como perispômeno (de irepí - em redor - e crmúixevoç, -q, ov - puxado, arrastado, parti­cípio presente passivo de ctttcoa-puxar, arrastar).

(f) 6700 'n-emcrrevKa - eu cri (Jo 11.27)- O acento regular do pronome, como acima se viu, é

agudo na última. Todavia, seguido que é e7tó de forma acentuada, no caso a proparoxítona TreTrícrrevKá, transforma-se-lhe o agudo

em grave. Portanto, èyo>, não mais iyát;- Nesta circunstância, caracteriza-se ey<í>, o que se

aplica a toda forma acentuada com grave, como barítono (de (3a— pv<5, papeiá, (3apij - grave, pesado, e tovoç, ou, o - tom);

- Não poderiam os termos da cláusula vir acentua­dos, por exemplo, como €70) TremoTevKá, o grave na penúltima

(€700) ou na antepenúltima (TremoTeuKá), restrito que tem de ser à última.

b. Determinação

(1) Princípio- Critérios básicos, inda que não absolutos, regulam a

posição e natureza do acento na palavra. Se não estabelecem infali­velmente onde cairá ele, precisam, ao menos, onde não poderá ocor­

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rer, além de determinarem, praticamente em cada caso, qual o tipo de acento a empregar-se;

- As regras que se referirão a seguir têm, pois, duplafunção:

1. Enunciar onde não poderá o acento cair; e

2. Fixar se o acento será agudo, grave ou circunflexo.

(2) Aplicação

(a) Última longa

1. RegrasNo caso de formas em que a última é sílaba longa de

natureza ou terminada pelas duplas £ ou i}/ três regras básicas se aplicam;

1 - Não poderá haver acento na antepenúltima- Segue-se que na flexão das proparoxítonas sempre

que o final se torne longo, terá o acento de deslocar-se da antepe­núltima, recuando para a penúltima;

- Esta regra se pode designar de regra n9 1.

2- A penúltima, se acentuada, receberá acento agudo- Quer isto dizer, portanto, que, embora seja longa

ou ditongal a penúltima, não poderá acentuar-se com circunflexo;- Esta se pode referir como regra nç2.

3- O acento posto na última é agudo em certos casos, circunflexo em outros

- A determinação de quando se emprega um ou o outro destes acentos se fará adiante, após estabelecidas certas normas regulativas;

- Esta se pode denominar de regra nç3.

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2. Exemplificação

a. Regra n9 1: impossibilidade de acento na antepe­núltima:

- ayyeXoq - um anjo (Gl 1.8) e crneXcov - de anjos (Gl3.19).

- A primeira forma - orf/eX-oç - é proparoxítona; a se­gunda - ctyyé\(úv - é paroxítona, porquanto, mudado o final o<s, breve, em c*>v, longo, não mais poderá haver acento na antepenúl­tima. Deslocou-se, pois, para a penúltima.

- Não se poderia acentuar: aYyeXxov.

b. Regra n9 2: impossibilidade de circunflexo na pe­núltima:

- ePa)|xatoç - romano (At 22.27) e ^Pcofxoaoiç - ro­manos (At 16.21).

- A primeira é properispômena, circunflexo em penúlti­ma longa. Na segunda foi o final breve oç substituído pelo grupo ditongal oiç, longo, de sorte que, embora longa a penúltima, uma vez que longa é também a última, não mais pode haver circunflexo nesta sílaba. Muda-se, portanto, o acento, que, de circunflexo, se faz agudo, passando a forma de properispômena a paroxítona;

- Não se poderia, pois, acentuar: cP cd|xgíloi<s.

c. Regra n9 3: possibilidade de agudo ou circunflexona última:

- oupavoúç - céus (Mc 1.10) e ovpavwv - de céus (Mc1.11).

- Têm ambas final longo, a primeira ditongal, ovç, a segunda vocálico, <ov. Apesar disso, entretanto, a primeira tem acento agudo, oxítona, a segunda, o tem circunflexo, perispômena, por isso que última longa acentuada receberá ora um, ora outro desses acentos.

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(b) Última breve

1. Regras

No caso de formas em que a última é breve, quatro regras básicas se impõem:

1 - Poderá haver acento na antepenúltima, sempre agu­do.

- Esta se pode chamar de regra ng4.

2- A penúltima longa, se acentuada, terá necessaria­mente o circunflexo.

- Note-se que é esta o exato oposto da regra n9 2.- Pode-se esta classificar como regra ns 5.

3- A penúltima breve, acentuada, receberá sempreacento agudo.

- O circunflexo não cairá jamais em sílaba que não seja longa de natureza, logo, não ocorrerá nunca em penúltima breve. Nem o grave, restrito que é à última.

- Esta se pode enunciar como regra ne 6.

4- A última, acentuada, se-lo-á com o agudo.

- Já que o circunflexo incide apenas em sílaba longa, não poderá ocorrer em última breve.

- Esta se pode afirmar como regra ng 7.

2. Exemplificação

a. Regra n? 4: possibilidade de acento na antepenúl­tima:

- 7 e7 pairTai - está escrito (Lc 7.27).- A última se finda pelo ditongo ca não acompanha­

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do de consoante, que se há por breve para fins de prosódia. Pode, pois, o acento cair na antepenúltima, agudo, jamais circunfiexo.

b. Regra n? 5: obrigatoriedade de circunfiexo na pe­núltima:

- à<pr|K€v - deixou (Jo 4.3).- A última contém a vogal e, é breve, portanto;- A penúltima, porém, encerra a vogal longa sobre

que paira o acento, forçosamente circunfiexo, jamais agudo;- Não se poderia acentuar ácpr|Kev, porquanto, em­

bora o agudo ocorra em sílaba longa, não o poderá nesta situação: violaria frontalmente esta regra básica. Nem tampouco a<pT)Kev, já que o grave jamais acontece em penúltima, privativo que é da últi­ma;

- As formas terminadas pelas duplas £ e vji não per­mitem acentuação na antepenúltima, inda que seja breve a vogal que as preceda na sílaba. Contudo, se essa vogal for longa e o acento incidir na penúltima, e esta contiver vogal longa ou ditongo, admitem-lhe os gramáticos o circunfiexo;

- Exemplos destas formas e sua especiosa acentua-/ção temos em ôeaixocpvXàÇ - carcereiro (At 16.27) e em Kfjpú£ - arauto (I Tm 2.7). Aquela, embora lhe seja breve a vogal da última, terminada que é por dupla, não poderia acentuar-se proparoxito- namente (ôeo-fxócpiiXáÇ); retém o acento na penúltima, que, por ser breve, somente poderá ter o agudo, paroxítona, portanto. Esta, in­da que a terminar pela dupla £, pode acentuar-se com o circunfiexo na penúltima, sílaba longa seguida de última com vogal breve, em nada influindo prosodicamente a dupla final.

c. Regra n9 6: obrigatoriedade de agudo na penúlti­ma:

- Ilérpoç - Pedro (At 1.15).- Embora a última seja breve (contém a vogal o),

também o é a penúltima (a vogal é e). Acentuada, não poderia esta

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penúltima receber circunflexo, privativo de longa, nem o grave, restrito à última..Logo, terá o agudo, obrigatório nesta situação. Portanto, néTpoç, jamais IlêTpoç ou IlèTpoç.

d. Regra n9 7: obrigatoriedade de agudo na última:- aôeXípoíT- ó irmãos (At 1.16).- É este trissílabo acentuado na última. Embora ter­

minado pelo final oi, não lhe poderá ser circunflexo o acento, já que este ditongo (e também o ditongo ai), quando não jungido a letra consoante no fim do vocábulo é havido por breve para fins de acentuação. Logo, terá o agudo, oxítona a forma. Portanto, àôeX— cpoi, não à8eX<pòí.

(c) Formas oxítonas

1. Regra- Na seqüência fraseológica sofrem os termos prece­

dentes certa deflação prolacional, reservado o impacto pleno da to- nicidade às formas finais da cláusula;

- Isto se observa mais pronunciadamente em relação às oxítonas, cujo acento, agudo, marca de elevação da voz, se fará grave, sinal da redução, sempre que se lhes seguir forma acentua­da, não interposta pontuação disjuntiva.

- Portanto, o acento agudo na última se tornará grave, se a preceder palavra acentuada.

- Esta se pode tomar como regra n58.

2. Exemplificação

Regra n? 8: obrigatoriedade do acento grave:- àôeXcpoí — ó irmãos (At 1.16) e àôeX<po\ iq|ju£)v - ir­

mãos nossos (II Co 8.23).

- No primeiro caso, o termo àôeXçoí, seguido de vírgula no texto, será necessariamente acentuado com agudo. En­tretanto, na segunda referência, seguido que é da inflexão prono-

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minai 'qixwv, tônica, não interposta pontuação disjuntiva, converte- se o agudo em grave. Portanto, não mais oxítono o substantivo: aôeXcpoi tiijuÒv, mas barítono: à 8eX.cpo\ rnxàv, dominante o acento do pronome f||Xü>v.

3. Exceção

a. CaracterizaçãoAs formas t iç , tl , inflexões monossilábicas do pro­

nome interrogativo qual, quem, quê, preservam o acento agudo em

todas as circunstâncias. Logo, não se lhes processará alteração para grave, inda quando seguidas de palavras acentuadas.

b. Exemplificação- t is ôwotTou; — quem podei (Mc 10.26).

- O interrogativo t ís é oxítono. Seguido que é de

ôwoitcw, forma verbal tônica, acentuada, dever-se-lhe-ia alterar a

prosódia, convertendo-se o agudo em grave: t is , não t ís . Tal, en­tretanto, não se dá. O monossílabo permanece oxítono, inalterado

o acento.

(d) Formas inacentuadas- Em tese, dir-se-á que toda palavra grega receberá,

explícita ou implicitamente, sinalização prosódica, o adequado

acento a marcar-lhe a posição da tônica.- Há, entretanto, embora não numerosas, certas par­

tículas que se devem tomar como átonas, isto é, ou não possuem

acento próprio ou o têm implícito o mais das vezes. São as chama­das enclíticas e proclíticas, referidas e consideradas no capítulo VI.

5. Localização

a. ProblemaEstabelecem as regras expostas, em moldes quase absolu-

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tos, os limites dentro dos quais incidirá o acento e sua natureza, se agudo, grave ou circunflexo, não, porém, em que sílaba necessa­riamente ocorrerá, e quando. Em outras palavras, fixam as regras QUAL o acento, não ONDE estará ele, precisamente.

b. Regra

A regra capital nesta matéria é que para a maioria das pala­vras só se pode ajuizar com certeza da posição em que se situa o acento mediante explícita verificação no léxicon ou dicionário. Isto é, não há, em tais casos, princípio ou norma que permita dizer de antemão onde cairá o acento. Terá de ser determinado e aprendido à base de consulta direta ao glossário, à parte de qualquer pressu­posto regulativo.

c. Exemplificação

(1) evayyekiov - evangelho (I Co 15.1).- Mostra-nos o dicionário que este susbtantivo é propa­

roxítono, acentuado com agudo na sílaba 7 c, antepenúltima;- Das regras estabelecidas, sabe-se que não poderia o

acento ocorrer nem no ditongo inicial eu, nem na sílaba cry, ime­diata, porquanto estão, como 5- e 4- sílabas a contar do final da palavra, fora do limite prosódico. Logo, não poderia ser jamais evory7 eX.iov ou evó^eXiov;

- Essas regras, entretanto, não vedariam o acento na penúltima, \i, ou na última, ov, breves, inviáveis ao circunflexo, to­davia, perfeitamente suscetíveis de agudo. Daí, a forma poder-se-ia acentuar como paroxítona, euot7 7 e\íov, ou oxítona, etxx7 7 €\ióv;

Entretanto, mercê de verificação no léxicon, dirimida estará toda dúvida e estabelecida a acentuação como proparoxíto­na.

(2) Çojtí - vida (II Co 15.1).- Forma dissilábica, não enclítica, nem proclítica, logo,

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acentuada, ambas as sílabas longas de natureza, à luz das regras estabelecidas, poderia ser paroxítona (agudo na penúltima, já que a última é longa), ou, visto que última longa permite, em tese, o cir- cunflexo ou o agudo, poderia ser perispômena ou oxítona;

- Destarte, à base das regras enunciadas, poderia ser acentuada como Çoni (paroxítona), ou Çwfj (perispômena), ou Çonj (oxítona);

- Consultado o léxicon, verifica-se, além de qualquer dúvida, que a acentuação correta é a oxítona, improcedentes as

outras.

d. Acentuação verbal(1) Princípio- A acentuação das inflexões verbais finitas, isto é, das

formas verbais que não sejam nem infinitivas, nem participiais, obedece a critério preciso, que permite sempre localizar a posição em que se fixará o acento:

- Poder-se-á enunciar este critério da prosódia verbal nestes termos: o acento nas formas verbais finitas cairá o mais longe possível da última, isto é, se a última for breve, irá para a antepenúltima, se longa, para a penúltima, agudo sempre;

- Este princípio regulador da acentuação verbal pode-se tomar como constituindo a regra nç 9;

- Dada sua característica tendência de assim distanciar- se da última, designa-se este acento de RECESSIVO (forma adjeti­va de recedère, composto da partícula re, intensivo-diretiva, e de cedêre - ceder, afastar) ou REGRESSIVO (forma adjetiva de regredi, composto da partícula re e de gradi - avançar).

(2) AplicaçãoAutomática é, pois, a acentuação das formas verbais fi­

nitas. Observe-se-lhes a última:- Se breve, ponha-se o agudo na antepenúltima;- Se longa, coloque-se o agudo na penúltima.

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(3) Exemplificação

(a) oxpéX/ricrev - aproveitou (Hb 4.2).- Trata-se de inflexão pretérita do Indicativo, logo,

forma finita, acentuação recessiva;- A última, crev, é breve (a vogal é e, seguida de con­

soante simples);

- O acento vai para a antepenúltima, cpe, necessaria­mente agudo;

- Evidentemente, não poderia ser wcpeX crev {acentoaquém da antepenúltima), nem üKpeXíiarev (a última não é longa), ou (em forma finita não cairá o acento normativamentena última).

(b) GxpeXiío-ei - aproveitará (Gl 5.2).- E forma de futuro do Indicativo, finita, pelo que o

acento será recessivo;

- A última, CTei, é longa (contém o ditongo ei);- O acento vai para a penúltima, Xti, agudo, embora

longa a sílaba tônica;

- Não poderia ser üxpeX^aei (acento fora dos limites permitidos), nem wçéXTicrei (acento na antepenúltima, longa a úl­tima), nem (oçeXTfiaeí ou coçeXrjCTel (acento na última em forma verbal finita regular).

(4) Inconformidade

Quatro modalidades há de formas verbais finitas em que o princípio de recessividade de acentuação não se aplica em sua normatividade, representando, pois, exceções ou limitações à regra geral, a saber:

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(a) Formas inextensas

1. NaturezaFormas verbais há, mormente em se tratando de te­

mas reduzidos ou monossilábicos, insuficientemente extensas para que se lhes aplique em plena extensão o princípio de recessividade. Inferior ao requerido, o número de sílabas determinará acentuação que, embora regular, não condiz com a normatividade recessiva.

2. Exemplo- crókrov - salva (Mt 8.25)- Forma imperativa, finita, portanto, acento recessi­

vo, última breve, deveria cair na antepenúltima;- A inflexão, contudo, tem apenas duas sílabas. Logo,

não pode o acento receder até a antepenúltima, inexistente. Ficará na penúltima;

- A penúltima, aco, é longa (vogal to). Terá o acento de ser circunflexo, porquanto a última é breve;

- E, pois, properispômena a forma ao invés de pro­paroxítona, porque há apenas duas sílabas, não três (ou mais);

- Não poderia, portanto, ser crtocrov (violaria a regra n9 5), nem ctcoctov (contrariaria o princípio de recessividade), muito menos croxrôv (impossível o circunflexo em sílaba breve).

(b) Formas compostas

1. NaturezaInflexões verbais há, e não poucas, de natureza com­

posta, geralmente constituídas de preposição integrante e forma verbal apensa. Em tais casos, é princípio normativo que o acento não deverá transcender os limites do componente verbal, não po­dendo, por isso, receder até a preposição. Logo, mesmo que, em função da recessividade, tenha o acento de cair sobre a preposição, tal não se dará. Reter-se-á na porção puramente verbal.

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2. Exemplo

- aTrnX.0ov - seguiram (Mc 1.20).

- Forma pretérita do Indicativo, logo, finita, trissilábi- ca, última breve, acento recessivo, deveria estar no à inicial, ante­penúltima sílaba, normativamente;

- A forma é, porém, composta da preposição d-rro, que sofre a queda do ômicron, e da inflexão T)\0ov;

- Gomo não deve o acento cair na preposição, ficará no segmento verbal, que, dissilábico, o terá na penúltima;

- Longa a penúltima (a vogal é -rj), o acento será cir­cunflexo, já que a última é breve (regra n9 5);

- Conseqüentemente, é properispômena a forma airnXOov, não proparoxítona, a'irr]A.0ov, como seria de regra, não fosse ela composta;

- Claro é que não poderia ser onrí|\0ov (violação da regra n9 5), nem arn]\0ov (transgressão do princípio de reeessivi- dade), muito menos aTrri\0ôv (circunflexo em sílaba breve).

(c) Formas contratas

1. NaturezaConsiderável contingente há de inflexões verbais em

que duas ou mais vogais contíguas se fundem, resultando em longa ou ditongo. Há, é evidente, redução do número de sílabas, o que, no mais das vezes, afeta sensivelmente a acentuação. De qualquer forma, se o acento estava em uma ou outra das sílabas que se con­traem, permanecerá este na contrata resultante, mesmo que se tor­ne agora a última da palavra.

2. Exemplo

- Oecopco - vejo (Jo 4.19).- Forma finita (presente do Indicativo), acento reces­

sivo, esperar-se-ia, já que a última é longa, no ío da penúltima, re­gularmente;

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- A inflexão original, porém, era ôecopeco, acentuada recessivamente no e da penúltima, uma vez que a última é longa, vogal co;

- Houve, entretanto, contração do e da penúltima com o co da última, desaparecendo o e , pelo que o acento se passou para a vogal remanescente, o co da última, circunflexo, uma vez que se trata de longa final;

- A forma é, pois, perispômena, Qecopco, não paroxí­tona, Gecópco, como seria regular, não fosse contrata. Não poderia ser 6 ecopcó, porquanto é cincunflexo o acento de toda sílaba final contrata e tônica;

- A violação da recessividade é, desta sorte, aparente. A acentuação obedece ao princípio normativo na forma original. Na atual, contrata, sofre simples ajustamento em face da redução do número de sílabas da forma.

(d) Formas imperativas

1. NaturezaAs formas imperativas, por força da própria expres­

são, se revestem, por vezes, de tonalidade e prosódia um tanto pe­culiares, não estritamente em conformidade com as regras estabe­lecidas. Assim, particularmente na 2- pessoa do singular, formas se encontram em que o acento ora regride além dos limites naturais, ora avança para posição incabível. Interessa, por agora, apenas a segunda particularidade porque contravém o princípio de recessivi­dade.

2. Exemplo- eWe - dize (Lc 7.40).- Forma verbal finita, dissilábica, acentuada recessi-

A

vãmente, seria properispômena, elire, já que a penúltima, tônica, é longa (ditongo e í ) e a última breve (vogal e ) ;

- Tratando-se, porém, de forma imperativa especial,

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2- pessoa singular, o acento avança para a última, breve, portanto, agudo;

- Logo, esta inflexão é oxítona, eWé, em flagrante contravenção à recessividade, não properispômena, eure, como o requereria a normalidade prosódica;

- Evidentemente, não poderia ser nem ei-ire (violação da regra n9 5), nem eVire (circunflexo em breve).

e. Acentuação nominal

(1 ) Princípio

- Enquanto as formas verbais finitas se acentuam em moldes que permitem determinar de antemão a posição precisa e a natureza do acento, as inflexões substantivas, adjetivas, pronomi­nais, infinitivas e participiais não exibem essa propriedade. Em ou­tros termos, não se pode em relação a estas formas fixar-se-lhes automaticamente ONDE lhes cairá o acento, embora não fujam às regras básicas quanto a QUAL o tipo de prosódia a empregar-se;

- Sabe-se-lhes a NATUREZA, não, porém, a LOCALI­ZAÇÃO;

- A precisa determinação de onde estará o acento nestas formas nominais e paralelas só se obterá mediante direta consulta ao léxicon ou dicionário, que registra sempre a forma base da fle­xão e sua prosódia;

- Entretanto, se, por um lado, é impossível predizer-se em que sílaba estará originalmente o acento nestas formas, por outro lado, uma vez determinada a posição, aí se conservará na fle­xão inteira, salvo se as regras prosódicas requererem alteração, mudança ou deslocamento;

- Isto posto, poder-se-á enunciar o critério aplicável à prosódia destas chamadas formas nominais nos termos seguintes:o acento das formas substantivas, adjetivas, pronominais, infinitivas e participiais continuará em toda a flexão na mesma sílaba em que se en­contre na forma base, quanto o permitam as diretrizes ou normas regu- lares de acentuação-,

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- Este princípio referente à acentuação das formas no­minais poder-se-á admitir como constituindo a regra nç 10;

- Se, com incontestável propriedade, se deve caracteri­zar o típico acento das formas verbais finitas como RECESSIVO ou REGRESSIVO, não menos procedente será designar-se de POSI- CIONAL o acento das inflexões ditas nominais;

- Em conseqüência, três modalidades prosódicas ense­jam observações a esta altura: palavras de base proparoxítona, vo­cábulos properispômenos e termos oxítonos;

- Nas proparoxítonas, deslocar-se-á o acento para a pe­núltima sempre que o final da forma tiver vogal longa ou ditongo, uma vez que não poderá haver acento na antepenúltima, se a últi­ma for longa (regra n9 1). Ademais, este acento deslocado terá de ser sempre AGUDO, porquanto, mesmo que longa a penúltima acentuada, não poderá aí aparecer o circunflexo (regra n9 2 );

- Nas properispômenas, embora nenhum princípio obrigue a deslocamento, permanecendo, pois, o acento na sílaba de origem em toda a flexão, converter-se-á o circunflexo em agudo sempre que a última vier a ter vogal longa ou ditongo (menos oi e oa, geralmente), porquanto não pode haver circunflexo em pe­núltima longa, se longa for também a última (regra n9 2 );

- Nas oxítonas permanecerá o acento na última através de toda a flexão, já que nenhuma regra obriga a deslocamento. Contudo, em certas formas com finais longos passará a ser circun­flexo, em outras continuará agudo (regra n9 3).

(2) AplicaçãoEm decorrência do exposto, conveniente síntese do

acento das formas nominais seria esta:- Se proparoxítona a forma base, mantenha-se o acento

na antepenúltima em todas as inflexões de final breve; desloque-separa a penúltima, AGUDO sempre, nas inflexões de final longo;

- Se paroxítona a forma base, mantenha-se o acento,AGUDO, na penúltima em todas as inflexões;

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Se properispômena a forma base, mantenha-se o acento na penúltima sempre, CIRCUNFLEXO nas inflexões de final breve, AGUDO nas inflexões de final longo;

- Se oxítona a forma base, mantenha-se o acento na úl­tima sempre, AGUDO quando breve a vogal. Se longa a sílaba final, ora terá o AGUDO, ora o CIRCUNFLEXO, conforme se explicitará adiante;

- Se perispômena a forma base, vocábulos contratos, em geral, o acento se manterá sempre na última, CIRCUNFLEXO em todas as inflexões, salvo casos especiais.

(3) Variação

- Este princípio de posicionalidade se aplica, a rigor, apenas às flexões parissilábicas, isto é, àquelas em que o número de sílabas permanece o mesmo nas inflexões todas. Nos vocábulos imparissilábicos, aqueles em que a quantidade de sílabas flutua nas diferentes formas, registram-se leves variações posicionais do acento, como se verá ao tratar-se da 3§ declinação (capítulo IV).

(4) Exemplificação

(a) Proparoxítonas- av0pcoTToç - homem (At 4.22).- Substantivo trissilábico de última breve, poder-

se-ia acentuar, segundo as regras prosódicas:- na última: ãvGpcoTróç (oxítono),- na penúltima: avGpômoç (properispômeno), ou,- na antepenúltima: òívGpfOTroç (proparoxítono);- Consultado o léxicon, verifica-se que a terceira pos­

sibilidade é a válida, portanto, a palavra é proparoxítona de base;- Posicionai o acento, preserva-se na antepenúltima

nas inflexões de final breve. Daí encontrarem-se-lhe expressões tais como avOpío-rrov (II Co 1 2 .2 ), avGpíoue (I Tm 6.11), avGpamoi (II Tm 3.2), em que o acento se mantém na antepenúltima, finais todos breves;

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- Nas inflexões em que o final é longo, em obediên­cia às leis prosódicas, terá o acento de deslocar-se para a penúlti­ma, agudo, naturalmente. Assim é que lhe ocorrem formas paro- xítonas, como &v0panrov (Hb 2.6), av0p<J)TT(|) (Mt 12.13), avOpcÓTicov (Mt 15.9), ávOpwTTOLÇ (Mt 19.26) e àvOpcó-ruruç (Mc 8.24), todas de final longo, impossibilitado o acento na antepenúltima (regra n9 1 ).

(b) Paroxítonas- Xóyoç - palavra (Rm 9.6).- Substantivo dissilábico, breves ambas as sílabas,

poder-se-ia acentuar Xxryóç (oxítono) ou Á.Ó7 0 Ç (paroxítono);- Consultado o léxicon, determina-se-lhe a acentua­

ção da forma base como paroxítona;- Posicionai o acento, nenhum princípio o compele a

deslocar-se para a última. Logo, manter-se-á sempre na penúltima, que, por ser breve, somente poderá receber o agudo. Portanto, paroxítona em todas as formas.

(c) Properispômenas- ôouXo<; - escravo (I Co 7.21).- Dissilábico, última breve, penúltima longa, poder-

se-ia este substantivo acentuar na última: ôouXóç (oxítono) ou na penúltima: SoíuXoç (properispômeno);

- Consultado o léxicon, evidencia-se que é a segunda possibilidade a que procede, logo, a forma tem circunflexo na pe­núltima na inflexão de base;

- Não se desloca da penúltima o acento em nenhuma das inflexões, visto que a isso não compele qualquer das regras prosódicas estabelecidas;

- Continuará o circunflexo nas formas em que a últi­ma seja breve. Daí, nos escritos néo-testamentários ocorrem infle­xões tais como SoOXov (Mc 12.2), 8ov\e (Lc 19.17) e 8oí>\oi (Jo 4.51), finais breves, properispômenos todos, já que a tônica é pe­núltima longa;

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- Converte-se o acento em agudo, em função da re­gra n9 2, nas formas em que o final é longo. Assim, paroxítonas serão inflexões tais SoúXou (Gl 4.1), SoúXo) (Ap 1 .1 ), ôoÚXídv (Ap 19.2), 8oúXoi<s (Ap 22.6) e 8oúXou<; (Mt 21.34), todas últimas longas, pelo que não pode haver circunflexo na penúltima.

(d) Oxítonas- ó8óç - caminho (Ap 16.12).- Breves ambas as sílabas deste substantivo, poder-

se-ia acentuar na última, Ô8óç (oxítono) ou na penúltima, o8oç (paroxítono);

- A luz do léxicon, patenteia-se a primeira como a forma correta: Ó8óç;

- Nenhuma regra prosódica estabelecida determina recuo do acento. Permanecerá, pois, em todas as formas na última;

- Nas inflexões de final breve o agudo persistirá, conforme a regra n9 7;

- Nas inflexões em que o final é longo, ora é oxítona, ora perispômena a forma. Assim é que nos escritos néo-testamen- tários se encontra ó8ot><; (Mt 22.10), em que o agudo se mantém nessa última longa, de par com o8ou (Lc 11.6), ó8co (Lc 12.58), óScàv (Mt 22.9) e óSoíç (At 14.16), em que ocorre o circunflexo.

(e) Perispômenas- - Jesus (At 17.3).- Trissílabo, longa a última, poderia este nome pró­

prio ser paroxítono, 3 r^craus, ou, contrato que é, de importação hebraico-aramaica, perispômeno, 5I^aouç. Não poderia ser pro­paroxítono, ^I-ntrouç, nem properispômeno, 3 Ir)crau<;, apesar de longa a penúltima, nem ainda oxítono, 3 I^oraus, contrato que é;

- Das alternativas possíveis, mostra-nos o léxicon que é a segunda a normativa. Logo, permanecerá o acento na últi­ma em toda a flexão, por isso que nenhuma regra prosódica lhe exige deslocamento, circunflexo sempre, já que se trata de última de natureza longa, contrata.

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5. PONTUAÇÃO

5.1 - Origem

Exceção feita de sinais indicativos de correções do texto (o asterisco e o óbelo, especialmente), não havia nos manuscritos an­tigos notação diacrítica. Aos poucos, a partir do século IV A.C., é que se vieram a introduzir elementos definitivos de pontuação a culminar no sistema vigente, parcimonioso, até certo ponto incom­pleto, insatisfatório, não há dúvida.

5.2 - Sinais- Quatro sinais apenas regularmente se empregam:

1. VÍRGULA, com funções praticamente idênticas às de nossa

gramática;

2. PONTO FINAL, sobre a linha, em uso correspondente ao do

nosso ponto;

3. PONTO MEDIAL, acima da linha, no alto da palavra, ora a valer pelo nossoponto-e-vírgula, ora a representar dois-pontos; e

4. PONTO-E-VÍRGULA, a eqüivaler ao nosso ponto-de-interro- gação;

- Não se emprega o ponto-de-exciamação;- Certos editores destacam as cláusulas parentéticas, em geral,

mediante inserção do travessão no início e no término. Poder-se-ia tomar como um quinto sinal de pontuação.

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6. GRAFIA

6.1 - Início de sentençaFrases e cláusulas, sentenças e períodos, parágrafos e trechos,

todos se podem iniciar por minúscula. Apenas quando visam os editores a maior destaque, ou marcada separação, ou particular ênfase, os iniciam por letra maiúscula.

6 .2 - Final de palavra

- Em tese, qualquer das vogais ou ditongos pode ser ele­mento final de vocábulo grego. O mesmo, entretanto, não se pode dizer das consoantes;

- Apenas CINCO das consoantes ocorrerão como terminal de forma tipicamente grega, a saber: v, p, ç, £ e ij/. Considerando-se que as duas duplas representam fusão de consoantes, a última das quais é sigma, esse número se reduziria praticamente a TRÊS. As outras consoantes, se finais de forma, sofrerão queda ou apócope;

- Aparente exceção seriam a preposição !k - de - e o advérbio negativo nas formas ouk e on&x - não. Entretanto, podem-se conce­ber como simples prefixos apenas tecnicamente separados do ter­mo seqüente, de sorte que os guturais não seriam propriamente fi­nais da palavra. Também, há a admitir-se que a forma original da preposição seja e£, como ainda se vê diante da vogal ou ditongo, portanto, finalizada por sigma, apocopado quando a preceder con­soante, assim como a gutural do advérbio é mero elemento ligacio- nal de eufonia;

- No texto do Novo Testamento avultado número há de vocá­bulos terminados por outras consoantes que as referidas como normativas. Trata-se, em tais casos, de nomes próprios apenas transliterados ou adaptados, formas de cunho geralmente alieníge- no.

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6.3 - Patronímicos- Praxe respeitada nas edições modernas é iniciar com maiús­

cula, qualquer que lhe seja a posição na frase, não somente os no­mes próprios, mas ainda os patronímicos, étnicos e epítetos, atri- butivos de nacionalidade, raça e agrupamento distintivo, religioso ou social;

- Praxe seguida de muitos editores, por outro lado, é conser­var em minúsculas no texto do Novo Testamento termos teológicos referentes à divindade que se deveriam tomar na acepção de no­mes próprios. Assim é que 0eó<s - Deus - Trve-0|xa - Espírito - vióq- filho (referindo-se a Cristo), KÚpioç - Senhor (tanto a designar a Deus como a Cristo), não aparecem geralmente iniciados por letra maiúscula.

7. ESTILO E VOCABULÁRIO- Não é o Novo Testamento o que se possa chamar de obra

literária ou peça de literatura, no rigor da expressão. Coleção de es­critos despretenciosos, em linguagem vulgar ou corrente, o dialeto koivtí (comum), autores longe de requintados, extremes de pom- posidade e burilamento especiosos, não prima o Novo Testamento pelo apuro estilístico ou pela riqueza peregrina de vocabulário, re­fletindo, ademais, em larga medida, palpável influência semítica de expressão, o que não é de estranhar-se, dado que os autores, com uma ou duas exceções, teriam sido todos judeus, que, mesmo se assistidos por amanuenses e revisores credenciados, não se lhes caracterizariam os escritos pela naturalidade, espontaneidade e li­berdade de quem se serve da língua nativa, que lhes não era o gre­go;

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- Forçoso é reconhecer-se, porém, que alguns dos escritos que nele se incluem, assim Lucas e Atos, Hebreus, I e II Pedro, e mesmo a epístola de Tiago, são de tal lavor que avultam o cuidado da forma, a eloqüência da expressão, a selectude dos termos;

- Por outro lado, os escritos joaninos se caracterizam pela

fluência e simplicidade, a leveza e a espontaneidade, o Apocalipse de todos o mais parco em dotes estilísticos, a contravir em acen­tuado número de casos normas gramaticais reconhecidas;

- Há em o Novo Testamento largo contingente de termos de cunho alienígena, mais de um décimo do vocabulário geral, mor­mente formas e expressões hebraico-aramaicas e latinas (desta, é verdade, não muitos modismos fraseológicos, um contingente vo­cabular que abrange uns quarenta nomes próprios e pouco mais de trinta substantivos comuns, termos jurídicos, militares, monetários e domésticos), na quase totalidade patronímicos, próprios e topo­gráficos;

- Da parcela vernácula, em cifras aproximativas, poder-se-á dizer que do ático, principal base do coiné, procedem 70% das for­mas léxicas, atribuindo-se ao jônico 2 0% e ao dórico e eólico os 10% restantes;

- O montante de vocábulos distintos, verbetes básicos, matri­zes e formas capitais, ascende em o Novo Testamento a 5.536, em termos do léxicon de Souter, oscilando esse total para pouco mais ou menos, conforme se excluam ou adotem variantes do texto. Os nomes próprios e patronímicos sobem a 574, os demais vocábulos somam 4.962;

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- 0 total absoluto de formas léxicas e inflexões registradas no texto da 25- edição do Novo Testamento Grego de Nestle é de 135.549 palavras, assim distribuídas pelos livros, em ordem decres­cente:

(1 ) Lucas 19.432 (15) Filipenses 1.631(2) Atos 18.415 (16) I Timóteo 1.588(3) Mateus 18.316 (17) Colossenses 1.575(4) João 15.634 (18) I Tessalonicenses 1.476(5) Marcos 11.254 (19) Tiago 1.342(6 ) Apocalipse 9.840 (20) II Timóteo 1.237(7) Romanos 7.108 (21) II Pedro 1.098(8 ) I Coríntios 6.834 (2 2 ) II Tessalonicenses 821(9) Hebreus 4.954 (23) Tito 658

(10) II Coríntios 4.582 (24) Judas 457(1 1 ) Efésios 2.420 (25) Filemóm 335(1 2 ) Gálatas 2.232 (26) II João 245(13) I João 2.137 (27) III João 219(14) I Pedro 1.709

- Em tomando-se os autores tradicionalmente aceitos, as cas a atribuir-se-lhes, em ordem decrescente, seriam: (palavras)

(1 ) Lucas 37.847 (6 ) Hebreus 4.954(2 ) Paulo 32.497 (7) Pedro 2.807(3) João 28.075 (8 ) Tiago 1.342(4) Mateus 18.316 (9) Judas 457(5) Marcos 11.254

- Do exposto, vê-se que é o Evangelho de Lucas o mais exten­so dos escritos néo-testamentários, enquanto o mais breve é a Ter­ceira Epístola Joanina, assim como é dos autores Judas o que de menor volume se reveste, em contraste com Lucas, de todos o mais

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alongado;- Dos capítulos, em sua divisão atual, o mais extenso é Jo

VI, que soma 1.243 palavras, a exceder por duas apenas a Mt XXVI, que monta a 1.241. O mais breve é I Tm II, com meramente 185 vo­cábulos ou formas, se bem que Mc XVI, excidindo o final contesta­do (170 palavras), se reduz a simplesmente 137;

- Em número de palavras, segundo a divisão corrente do No­vo Testamento grego, é Ap 20.4 o mais extenso dos versículos, a abranger nada menos de 58 formas distintas, enquanto os mais breves, a consistirem de somente 2 vocábulos cada um, são I Ts 5.16 e 17, observando-se que o versículo 16 consta de 14 letras, ao passo que o versículo 17 abarca 2 1 ;

- Digno de nota, por outro lado, é que 7 versículos há que, embora constantes de 3 palavras, não atingem a 21 letras em ex­tensão, um deles a acusar 14 letras, outro, ainda mais breve, so­mente 1 2 ! São eles:

8. EXERCÍCIOS

8.1 - Transliterar (representar com letras do nosso alfabeto):1.TY3>AOI, T I TAP MEIZON (Mt 23.19).2. 0EÍ2PEI 0OPYBON KAI KAAIONTA2 (Mc 5.38).3. r iE X ílN IM PA TOYS nOAAX (Lc8.41).4. TY<MÍ2N, XÍ1AÍ1N, HHPflN (Jo 5.3).5. MArON ^ EY A O n P O M T H N (At 13.6).

8 .2 - Verter em maiúsculas (representar em letras gregas):1. ouk échei éxousían (Rm 9.21).2. hína brochÒn hyrrrin èpibálõ (I Co 7.35).

(1) Lc 20.30 (12 letras)(2 ) At 15.18 (14 letras)(3) Jo 11.35 (16 letras)(4) Mt 24.25 (17 letras)

(5) Hb 13.1 (17 letras)(6 ) Mc 13.23, se reduzido às três

palavras finais (18 letras)(7) Lc 24.48 (19 letras)

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3. bárós dóxés katérgázétai (II Co 4.17).4. Ichthrai, êris, zêlòs, thymoí (Gl 5.20).5. psèphisátõ tõn arithmén (Ap 13.18).

8.3 - Transliterar:

1. cm<oç eXG ecj>'v|xà<; Trôiv aífxa ôÍKeaov (Mt 23.35).2 .7 evo|xévou aappájcru -ríp aTo 8i8ácrKeiv (Mc 6.2).3. ev T tj) ôiax(opi£ea0oa o tuto vç (Lc9.33).4. b Trar ip cpiXei, t ò v viov (Jo 5.20).5. |xeTÔt Ppaxíovoç xnJjeXoü è ryyoryev canraúq (At 13.17).

8.4 - Verter em minúsculas:

1. skeúé òrg&s katêrtisména eis apóleian (Rm 9.22).2. pèrl tês brôsêõs oün tôn eidõlythõn (I Co 8.4).3. hõs ptõchol pólloüs dè ploutízõntés (II Co 6.10).4. apÓkatalláxè(i) toús amphõtêrous (Ef 2.16).5. miâ(i) psychê(i) synathloüntês (Fl 2.27).

8.5 - Acentuar as seguintes formas verbais, justificando a posição e natureza do acento:

1. €KTUTTOti (Cl 1.16) 6. eçavepíúOiq (Cl 1.26)2. et)8oKTf]CT€v (Cl 1.19) 7. KaTcrf/eXÁ.ojJiev (Cl 1.28)3. ê m |x e v e T e (Cl 1.23) 8. TjpKev (Cl 2.14)4. €7€vofJi/Tyv (Cl 1.23) 9. avriKev (Cl 3.18)5. xotipw (Cl 1.24) 10.7 vwpurowiv (Cl 4.9)

8.6 - Justificar a natureza do acento nas seguintes formas substantivas e dizer em que outras posições poderia ocorrer e de que natureza seria:

1. TTOtpáKXTncri*; (I Ts 2.3)2. ôó\<o (I Ts 2.3)3. 0€oô(l Ts 2.4)4. evayyiX io v (I Ts 2.4)5. àv0pá>7roi<5 (I Ts 2.4)

6. à iroo ToX .o i (I Ts 2.7)7. Tpocpóç (I Ts 2.7)8. TTpócrcoTrov (I Ts 2.17)9. IlotOXo*; (I Ts 2.18)

10. 3 A0T)vat<; (I Ts 3.2)

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CAPÍTULO II

GÊNERO, NÚMERO, CASOS, PRIMEIRA DECLINAÇÃO, ARTIGO INDEFINIDO, SUGESTÕES DE ESTUDO.

1. VARIAÇÕESExperimentam os substantivos no português variações mais

ou menos acentuadas e regulares que expressam diferenciação de gênero (masculino ou feminino) e de número (singular ou plural). No grego, sofrem os nomes (e adjetivos, pronomes e particípios) alterações bem mais pronunciadas e numerosas, por isso que assi­nalam não apenas distinções de gênero e número, mas ainda de fun­ções sintáticas e padrões flexionais, os chamados casos e declina- ções.

2. GÊNERO

2.1 - EnumeraçãoTrês gêneros gramaticais admite o grego:

1. MASCULINO (àpcreviKÓv): nomes de seres do sexo mascu­lino, bem como de rios, ventos e meses, em geral;

2. FEMININO (B t Xv k ó v ): nomes de criaturas do sexo femini­no, assim como de cidades, regiões, ilhas, árvores e avultada cifra de substantivos abstratos que expressam estado, qualidade ou condição; e

3. NEUTRO (otôeTepov): nomes de objetos, coisas e seres ha­vidos por assexuados, como também das letras do alfabeto, os di- minutivos e larga variedade de vocábulos outros.

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2.2 - Determinação

- Nem sempre a simples forma ou o próprio sentido permi­tem inferir o gênero do substantivo. Entretanto, estabelece-se ele, pronta e infalivelmente, através da presença do artigo que o deter­mine.

- São os substantivos masculinos assistidos da forma articularo e suas inflexões, os femininos de tj e suas inflexões, os neutros de to e suas inflexões.

- Graficamente: o (e suas inflexões) - masculinosr| (e inflexões) - femininos to (e inflexões) - neutros

- Contudo, qual o artigo a empregar-se ou, em outros termos, qual o gênero da forma, só se pode saber originalmente através de consulta ao léxicon, por isso que ao verbete, em sua forma base, se apõe o artigo apropriado;

- Portanto, nomes que no léxicon forem seguidos de o são masculinos, de ■q femininos, de to' neutros;

- Evidente é/pois, que ao aprender-se qualquer forma subs­tantiva, deve-se-lhe também associar o artigo determinante, indi­cador seguro do gênero da palavra.

3. NÚMERO (API0MON)

3.1 - Enumeração- Três eram os números gramaticais do grego, a saber:

1. SINGULAR (eviKo'ç): a expressar ser ou objeto individuali­zado, a unidade em si, um só elemento;

2. DUAL (ôvikóç): a expressar seres ou coisas em dupla, casal ou par, unidade consorciada a outra, dois elementos; e

3. PLURAL (irXinOwTiKÓç): a expressar seres ou elementos em grupos ou complexos, unidades múltiplas, muitos elementos;

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- No coiné já se fizera obsoleto o dual, a cair em completo de­suso, tanto assim que através do Novo Testamento não ocorre uma vez sequer.

3.2 - Determinação

As chamadas variações numéricas se marcam através de ter­minações características, segundo os diferentes sistemas de flexão.

4. CASOS (IITftSEIX)

4.1 - Natureza

- Expressam-se, no português, as diferentes funções sintáticas e as diversas relações que lavram entre os termos principalmente mercê de preposições. No grego, embora desempenhem preposi­ções funções que tais, a forma própria de expressá-las é mediante variações específicas no final da palavra;

- Cada variação constitui um caso (do latim casus, us - aci­dente, queda -, do verbo cadère - cair - , equivalente a 'tttw— criç, ecos, rj dos gramáticos helenos, derivado do verbo 'TtÍ-tttíú, de igual acepção).

4.2 - Enumeração

1. Primitivos- Como no sânscrito outrora e no russo hoje, oito (ou nove, se

admitido o associativo como flexão distinta) eram os casos primiti­vamente no grego;

- Três se vieram a fundir com outros dos cinco sobreviventes, já que as variações desinenciais eram as mesmas, atribuindo-se- Ihes as funções dos casos assimilados;

- Esses três casos que se podem do ponto de vista prático ha­ver por evanescidos eram:

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a . 0 ablativo (do la tim ablafívus, ã, um, ad je tivo do tem a de

auferre - remover), d o s g reg o s ch am ad o de ('irrcòcriç) á ç c a p e T i—

Kirç (de à ç a ip e o ) - remover), ca so po r qu e se e x p re s sa v a m a s re la ­

çõ e s d is ju n t iv a s e co m p le m en to s d e p ro ven iên c ia , o r ig in a ção ou

sep a ra ção ;

b. O locativo (de locaffvus, a, um, ad je tivo do tem a de locãre- localizar), d o s g reg o s d e s ig n ad o de (t t t ü x x iç ) T o m ie r j (de t ó —

ttoç , ou , o - lugar), ca so d a s re la çõ e s a lo ca c io n a is , do c o m p le ­

m en to de lo ca liz a ção , da e x p re ssão de onde se s itua o fa to ou a ção ;

e

c. O instrumental (de instrumentãlis, e, ad je t ivo re fe ren te

a instrumentum, i - instrumento), que se pode ria c a ra c te r iz a r co m o

(TTTckriç) xoT fiaT iK if (de x p á o jx a i - usar de), ca so d a s re la çõ e s p ro ­

c e s su a is , do co m p lem en to de in s tru m en ta lid a d e , da e x p re s sã o do s

m e io s em p reg ad o s .

2. Atuais

E x c lu íd o s o s su p ra re fe r id o s , p e rm an e cem CINCO o u tro s c a ­

so s , d e s ig n ad o s po r fo rm a s p ró p r ia s d o s ad je t ivo s la t in o s d e r iv ad a s

de v e rb o s co rre sp o n d en te s , a sab e r :

a . Nominativo (nominaffvus, a, um, de nomínãre - dar nome a), do s g reg o s ch am ad o de (t t t ü x t iç ) ô v o ixcm tt ikt ) (o n o m ás tico ) , ou

op (h í (re to ), ou e u G e iá (d ire ito );

b. Genitivo (genitívus, ã, um, de gignére - gerar), co rre la to de

7ew T |T iK K Í (de 7 e w á co - gerar), do s g reg o s , p o rém , d e s ig n ad o de

7ev iK 'rf (de 7evo<;, cruç, t o - gênero, espécie), cu jo co rre sp o n d en te

la tino m e lh o r se r ia generãlis, e - geral ou especificante, títu lo qu içá

de p re fe r ir -se no p o rtug uê s ;

c . Dativo (dafívus, ã, um, de dâre - dar), ('tttcÍx t iç ) ô o t ik t Í (de

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d. Acusativo (accusafívus, ã, um, de accusãre - acusar), de­nominado pelos gregos (TTTÔjCTiç) otmaTiKTÍ (de cd/na, às, T| - causa, donde talvez melhor lhe fora o título de causativo); e

e. Vocativo (vocatTvus, a, um, de vôcãre - chamar), de alguns referido como (tttüjctiç) kX^tuct] (de KaXeco - chamar), de outros mencionado como (tttümjiç) TTpoaoryopeimKTi (de 'rrpocrcryopeúcú - dialogar), que não poucos hesitam em haver como caso real, uma vez que não lhe representa a inflexão forma de relação sintática de­finida ou regular.

3. ModernosJ\lo grego moderno demótico reduziram-se estes casos a ape­

nas três: nominativo, genitivo e acusativo, sendo que nem sempre se lhes distinguem explicitamente as formas e funções.

4.3 - Funções- Expressam estes casos múltiplas funções, algumas básicas e

fundamentais, outras secundárias ou adicionais. Conviria, de início, referir-lhes somente aquelas, deixando estas para consideração posterior. Para facilidade do estudante, apendemo-las logo em se­guida às funções capitais;

- Destarte, assinalar-se podem como funções primaciais de:

1. Nominativo

a. Enunciação apelativa- É o nominativo a forma ou caso em que aparece o subs­

tantivo quando a constituir simples nome, apelativo ou título, o verbete em seu enunciado formal, o termo como puro designativo, à parte de função sintática definida;

- Assim, termos tais como elprívr] - paz, ou morLÇ - fé, ou

ôifkofjw - dar) dos gregos;

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oxoTripía - salvação, tomados como simples formas léxicas, estão no caso nominativo;

b. Sujeito das formas verbais finitas

- E o nominativo a forma ou caso em que se apresenta o

substantivo, pronome ou infinitivo, ou equivalente, a exercer a fun­

ção de sujeito de inflexões verbais do Indicativo, do Subjuntivo, do Optativo e do Imperativo, os chamados modos finitos.

- Exemplificam este uso as cláusulas seguintes:

(1) Tf/cÍTnno ev o 0eòç tòv koct|xov - amou Deus ao mundo (Jo 3.16);

(2)6 Á.070Ç ó cròs ct\T|0eiá écmv - a tua palavra é ver­dade (Jo 17.17);

(3) ttiotòç 8e eoriv õ Kvpioç - Mas, fie! é 0 Senhor (II Ts3.3).

Na primeira destas cláusulas ocorre a forma pretérita T^a-rrriCTev - amou — e na segunda e terceira a presente átona eoriv- é, inflexões do Indicativo, logo, finitas. São-lhe sujeitos, respecti­vamente, os substantivos 0eóç - Deus - na primeira, \óyo%-pala­vra - na segunda e K-úpioç - Senhor - na terceira. Estão estes subs­tantivos todos em nominativo.

c. Complemento predicativo- E o nominativo também a forma ou caso por que se ex­

pressa o chamado complemento predicativo, isto é, o termo qualifi- cante a complementar inflexões finitas dos denominados verbos de ligação, tais e lf ií - ser, estar, inrapxco - subsistir - e 7 ivo|xai - tor­nar-se, e de tempos da voz passiva;

- Assim, na sentença segunda do item anterior o substanti­vo à\r|0e ia - verdade - e na terceira o adjetivo m orós - fiel - são

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complementos predicativos, ligados pela forma presente do Indica­tivo éoriv, pelo que se acham, ambos, em nominativo.

2. Genitivo

a. Relação atributiva

- É o genitivo a forma ou caso do adjunto adnominal, do termo que expressa atributo, qualidade ou propriedade, a corres­ponder ao adjetivo tipicamente qualificativo;

- Exemplo: na frase t ò ôpoç t w v eXoucov - o monte das oli­veiras (Mc 11.1), o binômio tcúv èXcucov, artigo mais substantivo, qualifica a opoç - monte - , assinalando-lhe característica distintiva, eqüivalendo a adjetivo em função de adjunto, pelo que está em ge­nitivo;

b. Relação possessiva- É o genitivo a forma ou caso próprio do adjunto posses­

sivo, do termo que expressa o possuidor;- Exemplo: na frase Kcrrà ôafoan-iv 0eoí> - segundo o poder

de Deus (II Tm 1.8), o termo 0eoí> - de Deus - expressa o possuidor do poder, eqüivalendo a elemento adjuntivo de posse, pelo que está em genitivo;

- Há no grego pronomes possessivos específicos, que, normativamente, ocorrem no mesmo caso do termo a que deter­minam, não obrigatoriamente em genitivo. Entretanto, a maneira predominante de expressar-se em o Novo Testamento esta relação quando pronominal é usar-se a forma genitiva do pronome pessoal em vez do possessivo correspondente;

- Exemplo: em t w v 'irpocreux&v fxot> - nas minhas orações (Fl 4): |xov é a forma genitiva singular do pronome pessoal €7 &) -e u - , a significar, literalmente, de mim. Está em lugar do pos­sessivo efjuov - minhas. É, pois, o pronome pessoal em genitivo usa­do pelo possessivo;

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c. Relação genética *

- E o genitivo também a forma ou caso específico em que ocorre o atributivo de relação de parentesco, filiação, originação, descendência, geração, expresso em teor adjuntivo;

- Exemplos:

(1) víòç (hryaTpòç cpapacó - filho da filha de Faraó (Hb11.24): OvyaTpòç e «papaco designam ambos relação genética de fi­liação, em forma atributiva, achando-se, por isso, em genitivo (em­bora, em verdade, seja indeclinável o termo <papaw);

(2) oí to ô ZepeScaou - os (filhos) de Zebedçu (Jo 21.2): a locução roí) Ze^eSaíov - deZebedeu - está em genitivo, subenten­dido o termo moí - filhos - , a expressar o atributivo de parentesco implícito na frase;

d. Relação ablativa- E ainda o genitivo a forma ou caso por que se exprimem

os chamados complementos de procedência, origem, separação ou proveniência, assistido de preposição ou advérbio adequado ao sentido, função oriunda do ablativo, obsoleto;

- Exemplo: e^eTropewvro e£w 'iroX.ewç - retiravam-se fora da cidade (Mc 11.19): t t |<; -TroXecoç - da cidade - , artigo mais substantivo, precedida, aliás, a locução pela preposição imprópria ou advérbio e£co - fora constitui complemento de procedência, indicação de onde partiam os discípulos e Jesus, achando-se, pois, em genitivo;

- Do exposto, pode-se, com justiça, inferir que as funções sintáticas em português estabelecidas mediante a preposição de, no grego, se expressam normativamente pelo genitivo:

e. Outras acepções- Além e à parte dessas funções básicas ou gerais, vasta

gama há de acepções que pode o genitivo assumir, cambiantes ou

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variações que ora representam facetas correlatas dos sentidos fun­damentais, ora constituem matizes específicos, significados adicio­nais do caso. Podemos, assim, referir ainda as seguintes modalida­des genitivas:

(1) Genitivo subjetivo e Genitivo objetivo- Quando a forma genitiva refere o agente produtor,

originador do fato ou situação expressa pelo termo qualificado, tem-se o chamado genitivo subjetivo; quando, ao contrário, assinalao objeto, o produto, o efeito ou resultado, trata-se do genitivo objeti­vo;

- Assim, em Rm 8.35, na cláusula interrogativa t£ç Xcopícrei a-rro o^cnrns tou Xpiorou; - Quem nos separará do amor de Cristo?, o genitivo Xpicrrdu será subjetivo, se a referência é ao amor que Ele nos tem, objetivo, ao contrário, se a alusão é ao amor que Lhe temos nós, naquele caso, Cristo o agente do amor, neste seu objeto;

(2) Genitivo partitivo- Retrata, nesta acepção, o genitivo o todo, conjunto ou

unidade de que o termo qualificado é parte, parcela ou integrante;- Uso não escasso através do Novo Testamento, exem­

plo se lhe encontra, entre muitas outras passagens, em I Tm 1.20, em que ocorre a cláusula âv èoriv cY|xevaíoç k o i i "ÀXeíjav— ôpoç - dos quais são (no texto é singular esta forma verbal, porque, anteposta, concorda apenas com o termo imediato) Himeneu e Ale-

A.

xandre. O relativo <ov, genitivo plural, é partitivo, porquanto refere o grupo a que pertenciam os dois indivíduos citados, parcelas suas.

(3) Genitivo adjuncional- E função típica do adjetivo expressar o adjunto quali­

tativo, o atributo de qualidade, os traços e características distintivas do objeto ou ser e sua natureza. Provável influência do linguajar hebraico-aramaico não é raro nos escritos néo-testamentários o

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em prego ao suo sianuvo no genitivo com o xermo au junu iunal em lugar do adjetivo qualificante;

Vê-se, dentre tantos outros textos, exemplo deste geni­tivo adjuncional em Lc 18.6, em que na frase o KpiT^ç t í s àôiKÍas- o juiz da injustiça - o substantivo articulado TÍjs àôiKiaç - da in­justiça - eqüivale ao adjetivo c x ô ik o ç - injusto - , a que substitui, em exato paralelismo à construção nominal hebraica, o substantivo no estado absoluto a qualificar, atributivamente, ao nome precedente em construto, em função típica de adjetivo qualificativo;

(4) Genitivo complementar- Vasto e acentuado é o uso do genitivo em função

complementar após muitos verbos, adjetivos e partículas de cunho preposício-adverbial;

- Os verbos suscetíveis de complementação genitiva, em geral, são os que se podem classificar de TACTIVOS (que signifi­cam tocar, pegar, roçar, tanger, segurar, apanhar, apreender), CO NA­TIVOS (cujo sentido é esforçar-se por, diligenciar, tentar, alcançar, conseguir), OPTATIVOS (desejar, aspirar a, apetecer, querer), IM- PLETIVOS (encher, preencher, cumprir, transbordar, estar cheio), PERCEPTUAIS (ouvir, escutar, perceber, entender, provar), MEMO- R ATI VOS (lembrar, ter em mente, rememorar, esquecer), REGULATI- VOS (governar, reger, dominar, liderar, prevalecer, impor-se, sujeitar, subjugar), AFETIVOS (compadecer-se de, apiedar-se de, cuidar que, poupar, e seus contrários: fazer pouco de, desconsiderar, negligenciar, desprezar, apoucar);

- Do numeroso elenco de tais verbos e das múltiplas ocorrências através do Novo Testamento referir-se podem:

- àKoríxo- ouvir (Mt 2.9; 17.5; 18.15; Mc 6.11,20; 7.14; 9.7;12.38; 14.58,64; Lc 2.46,47; 6.18,47; 9.35; 10.16; 15.1,25; 16.29,31; 18.36; 19.48; 21.38; Jo 3.29; 5.25,28; 6.60; 7.32,40; 9.31;10.3,8,16,20,27; 11.41,42; 12.47; 18.37; 19.13; At 3.22,23; 6.11,14; 7.34; 8.30; 9.7; 10.46; 11.7; 14.9; 15.12,13; 18.26; 22.1,7,22; 24.24; 25.22; 26.3,29; Rm 10.14; Cl 1.23; I Tm 4.16; II Tm 1.13; Hb 3.7,15; 4.7;

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12.19; I Jo 4.5,6: 5.14; Ap 3.20; 6.1,3,5; 8.13; 11.12; 14.13; 16.1,5,7;21.3);

- àfxeXeco - descurar, negligenciar (I Tm 4.14; Hb 2.3; 8.9);- ôtvéxofxai - suportar (Mt 17.17; Mc 9.19; Lc 9.41; At

18.14; II Co 11.1,19; Ef4.2; Cl 3.14; II Tm4.13; Hb 13.22);- avTexofJuxi - apegar-se a (Mt 6.24; Lc 16.13; I Ts 5.14;

Tt 1.9);- àvTiXafxpávo|xai - assistir, socorrer (Lc 1.54; At 20.35;

I Tm 6.2);- aTTTOjJim - tocar, deiongar (Mt 8.3,15; 9.20,21,29; 14.36;

17.7; 20.34; Mc 1.41; 3.10; 5.27,30,31; 6.56; 7.33; 8.22; 10.13; Lc 5.13;6.19; 7.14,39; 8.44,45,46,47; 18.15; 22.51; Jo 20.17; I Co 7.1; II Co6.17; I Jo 5.18);

- apxtú - governar, começar (Mc 10.42; Rm 15.12);- auGevTeco - dominar (I Tm 2.12);- 7 €|xl£íú - encher (Mc 15.36; Jo 2.7; 6.13; Ap 15.8);- 7 €jJuo - encher-se (Mt 23.27; Lc 11.39; Rm 3.14; Ap

4.6,8; 5.8; 15.7; 17.4; 21.9);- 'yewixca - provar, tomar o gosto (Mt 16.28; Mc 9.1; Lc

9.27; 14.24; Jo 8.52; At 23.14; Hb 2.9; 6.4);- elaaKotSa) - dar ouvidos a(l Co 14.21);- eixmíix^Xnnfxí - cumular, encher (Lc 1.53; At 14.17; Rm

15.24);- eÉjowiáÇco - exercer autoridade (Lc 22.25; I Co 7.4); -ViraKoi5<j) - responder (II Co 6.2);-VrroiKpoótoixai - dar ouvidos a (At 16.25);-ViriOvixeco - desejar, apetecer (At 20.33; I Tm 3.1);- Jem\a|x|3avofJim - tomar de, pegar (Mt 14.31; Mc 8.23;

Lc 20.20,26; At 17.19; 21.30,33; 23.19; I Tm 6.12,19; Hb 2.16; 8.9);- em\av0avo|juxi — esquecer-se de (Hb 6.10; 13.2,16);- em|xeÁ.éofJioii - cuidar de, assistir (Lc 10.34,35; I Tm

3.5);- T)7 e(iX)veí>()í) - liderar, governar (Lc 2.2; 3.1);- 0i77(ivo) - tocar (Hb 11.28; 12.20);

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- KaGaTTTO) - pespegar-se (At 28.3);- KaTotK-upie-uco - exercer senhorio (Mt 20.25; Mc 10.42;

At 19.16; I Pe 5.3);

- KaTa|xapTupeü) - testificar contra (Mt 26.62; 27.13; Mc14.60);

- KaTa<f>poveco - desprezar (Mt 6.24; 18.10; Lc '16.13; Rm 2.4; I Co 11.22; I Tm 4.12; Hb 12.2; 11 Pe 2.10);

- KaTe^owiáÇcú - exercer autoridade (Mt 20.25; Mc10.42);

- KpaTéío - agarrar, apoderar-se de (Mt 9.25; Mc 1.31; 5.41; 9.27; Lc8.54; At 27.13; Hb4.14; 6.18);

- Kupieúío - impor-se como senhor (Lc 22.25; Rm 6.9,14; 7.1; 14.9; II Co 1.24);

- KctTicrxixú - sobrepujar (Mt 16.18);- (xvriixovevío - lembrar (Lc 17.32; Jo 15.20; 16.4,21; At

20.35; Gl 2.10; Cl 4.18; I Ts 1.3; Hb 11.15; 13.7);- |XLfxv aKCD - lembrar (Mt 26.75; Lc 1.54,72; 23.42; 24.8;

At 11.16; I Co 11.2; II Tm 1.4; Hb 2.6; 8.12; 10.17; 13.3; II Pe 3.2; Jd 17);

- ò\i/yú>peú> - ter em pequena conta (Hb 12.5);- Ófxeípopuxi - desejar ardentemente (I Ts 2.8);- òpéyoixai - aspirar a{\ Tm 3.1; 6.10; Hb 11.16);- 'TrapctKovcú - desconsiderar, não dar ouvidos (Mt 18.17);- TrepiCTaeixo - sobejar, ter de sobra (Lc 15.17; Ef 1.8);- 'Trt(XTrÁ.T|[xí - encher (Mt 22.10; 27.48; Lc 1.15,41,67;

4.28; 5.26; 6.11; At 2.4; 3.10; 4.8,31; 5.17; 9.17; 13.9,45; 19.29);- ttXTipóío - preencher, cumprir (At 2.28; 5.28; 13.52; Rm

15.13,14; II Tm 1.4);

- Texpaapxeco - exercer a função de tetrarca (Lc 3.1);- nryxávco - obter, alcançar (Lc 20.35; At 24.2; 26.22; 27.3;

II Tm 2.10; Hb8.6; 11.35);- WTepéco - faltar, carecer (Lc 22.35; Rm 3.23);- cpeí8o|xca - poupar (At 20.29; Rm 8.32; 11.21; I Co 7.28;

II Co 1.23; II Pe 2.4,5):

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- De observar-se é que muitos destes verbos podem ter complemento em acusativo, mormente se a expressar pessoa ou elemento personificado. Por seu turno, os verbos perceptivos, es­pecialmente, requererão complemento em acusativo, se a ação é tomada em toda extensão, plena, completa, global, em genitivo, se apenas limitada, parcial, vaga. É o que parece refletir o verbo aKoúio - ouvir - nas três narrativas da conversão de Paulo em Atos, pois que em 9.4 Lucas, usando o acusativo 9001^ , registra que o apóstolo ouviu uma voz, no sentido de que apreendeu ele a mensa­gem celeste em seu todo, clara e integralmente, enquanto a comiti­va, ouvindo a voz (9.7), usado o genitivo Tfjç (píov^ç, apenas perce­beu o som, o ruído, ação parcial. Curioso é que no capítulo XXII, descrevendo os fatos em suas próprias palavras, Paulo emprega o genitivo (ptov s (22.7) quanto ao que ouviu, salientando o caráter sucinto, sumário, telegráfico da mensagem, longe de extensiva e ampla, que a desejaria o apóstolo, mas se serve do acusativo cpco— vr\v (22.9) em relação à experiência dos acompanhantes, que não ouviram a voz, em sua plenitude e extensão, não negado o fato de que perceberam o ruído, o som, como se declara no capítulo IX. Mas, em 26.14, assevera o apóstolo que ouviu uma voz, usado agora o acusativo cpov-rív, a salientar a apreensão plena da celestial comu­nicação, vista em seu todo, não levada em conta a brevidade do teor;

- Os adjetivos que, em geral, se complementam de ter­mo ou frase em genitivo são os que expressam participação ou co­munhão, capacidade ou possibilidade, dignidade ou valor, preço ou quantidade, separação ou distância, merecimento ou culpabilidade, aptidão ou plenitude, e seus contrários;

- Desses adjetivos são de referir-se em relação ao uso através do Novo Testamento, principalmente:

- àvaÉjios, ã, ov - indigno (I Co 6.2);- a^ioç, ã, ov - digno (Mt 3.8; 10.10,37,38; Lc 3.8; 10.7;

12.48; 23.15,41; At 13.46; 23.29; 25.11,25; 26.20,31; Rm 1.32; I Tm

1.15; 4.9; 5.18; 6.1; Hb 11.38);

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- evoxoç, ov - suscetível, incriminável (Mt 26.66; Mc 3.29; 14.64; I Co 11.27; Hb 2.15; Tg 2.10);

- fieoTÒs, -ri ov - cheio, pleno (Mt 23.28; Jo 19.29; 21.11; Rm 1.29; 15.14; Tg 3.8,17; II Pe2.14);

- £evo<s, r\, ov - alheio, estranho (Ef 2.12); e- irXrip-rjç, e<? - cheio, transbordante (Mc 8.19; Lc 4.1; 5.12;

Jo 1.14; At 6.3,5,8; 7.55; 9.36; 11.24; 13.10; 19.28).- Aparece em genitivo o termo ou frase complementar

após quase todas as quarenta e duas chamadas preposições impró­prias (enumeradas no capítulo VII), com raríssimas exceções, quan­do se lhe usa o acusativo em lugar do genitivo. Das dezoito prepo­sições reais, quatro (oévtl, onro', 4k , Trpó) são sempre seguidas de genitivo, o que se dá também, ao lado do acusativo, com cinco ou­tras (a|x<pi, ôioí, koítcí, |X€Ta e imep) e, em paralelo com o dativo e o acusativo, em mais cinco (em, Trapá, Trepí, Trpoç e vrró).

(5) Genitivo comparativo

- E o genitivo o caso por que se expressa, regularmente, o termo comparante nas cláusulas comparativas de superioridade ou inferioridade, quando assindético, isto é, não introduzido pela conjunção rf - do que;

- Assim, na cláusula comparativa fxeíÇwv %otív o Oeòç ttJç Kapôíaç tiijuov - Maior é Deus do que o nosso coração (I Jo3.20), tyjç Kapôíaç, binômio comparante, se acha em genitivo, uma vez que não o assiste a conjunção t(, circunstância em que iria para o nominativo;

(6) Genitivo temporal- E em genitivo que aparece, normativamente, o adjunto

referente ao tempo no decurso do qual se processa o fato ou ação;- Assim, na frase vuktoç Kal 'qfxepaç ep^aÇòixevoi -

trabalhando de noite e de dia (I Ts 2.9), os substantivos wktóç e Trçjjiepaç, já que expressam o tempo dentro de que se realizava o labor afirmado pelo apóstolo, assumem a forma de genitivo;

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(7) Genitivo quantitativo

- Embora, sempre que se tenha em mira o montante, a cifra, a extensão, o vulto das referências quantitativas, seja o acusa- tivo a forma preferida, poderá aparecer em genitivo o adjunto que expressa valor, preço, importância, quantia;

- E o que exemplifica esta pergunta de Jesus: oí>xi ôvo oTpauOía acraapíau rnoX-eÍTai; - Porventura, não se vendem dois pardais por um asse? (Mt 10.29 ), em que o termo àotrapíau- por um asse , está no genitivo, a expressar o importe, valor ou preço dos pardais que se vendiam;

(8) Genitivo absoluto- E o emprego do genitivo em cláusula participial de cu­

nho adjuntivo-circunstancial, em que ambos os elementos, o su­jeito e o predicado, aparecem neste caso;

- Abundante nos escritos néo-testamentários, ilustra-lhe o uso esta cláusula: ôij/íaç 8è 7 evo|xevr|ç - mas, havendo-se feito tarde (Mc 1.32), em que o 2- aoristo médio particípio 'yevoixeVrjç e seu predicativo òijaaç estão em genitivo, subentendido o sujeito tt)s f||xepa<5 - o dia - , que estaria, igualmente, neste caso, em cláu­sula circunstancial absoluta.

3. Dativo

a. Objeto indireto- Função típica do dativo é expressar o objeto indireto. Lo­

go, o termo ou frase que constitua o objeto indireto aparecerá nesta

forma ou caso;- Exemplo: raTreivotç Ôe ôíôcoaiv x<*piv — aos humildes,

porém, outorga favor (I Pe 5.5); TotTreivoiç é forma dativa, a expres­sar evidentemente o objeto indireto na cláusula;

b. Complemento locativo- Desempenhava esta função explicitamente o caso locati-

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vo. Dada a similaridade de forma para com o dativo, absorveu este, afinal, a função daquele, tido como em desuso. Daí, as típicas ex­pressões locativas, sejam espaciais, sejam temporais, passaram a expressar-se pelo dativo. Verdade, porém, é que em o Novo Tes­tamento aparece o locativo espacial quase invariavelmente preposi- cionado, preferida a preposição ev- em:

- Exemplos:

A

(1) oí 8è aXko i [xot0T|Tcti tô> TrXoiapuo T|\0ov - Mas, os outros discípulos vieram no barquinho (Jo 21.8);

(2) K a l vuv èv t ó KcxTfjuo eorTtv t |ô t | - E agora já no mundo está (I Jo 4.3); e

(3) tt| TpÍTT] T fxepa Í7ep0r|cr€Tai - ao terceiro dia res­suscitará (Mt 17.23);

- Na primeira e segunda destas sentenças ocorre o loca­tivo espacial, naquela não-preposicionado, tô> TT-Xotapta) - no bar­quinho, nesta introduzido por preposição, ev T(ô K<xr|xü> - no mundo; na terceira aparece o locativo temporal, TÍj Tpírri Tjixepa - ao ter-

L L

ceiro dia. Estão estes três complementos, locativos que são, no caso dativo;

c. Complemento instrumental- Expressava-se esta modalidade complementar, de princí­

pio, pelo caso específico, o instrumental. Como aconteceu com o locativo, e pela mesma razão, passaram-se-lhe as funções para o dativo, de sorte que por este caso se expressam agora as cláusulas que indicam instrumento, meio ou processo por que se realiza a ação;

- Exemplo: \Ó7 oi<; 'Tromqpoiç cpXmpcov T](jLa<? - invectivan- do-nos por meio de palavras maldosas (III Jo 10). A frase Xtryoiç TrovTipoL*? - por meio de palavras maldosas - expressa o instrumento

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da invectiva, seu processo de expressão, pelo que está em dativo;

d. Outras acepções- Caso extremamente versátil e multifário, admite o dativo

muitas outras acepções e usos variados, preposicionados ou puros, de que mencionados merecem;

(1) Dativo complementar- À semelhança do que se observou em relação ao geni­

tivo, pode também o dativo constituir-se o requerido caso em que aparecem adjuntos e complementos de muitos.verbos e adjetivos. O próprio sentido exige, por vezes, o dativo, o que, aliás, avulta em se tratando de verbos compostos dos quais um (ou mais) compo- nente(s) seja preposição, ainda quando desta outra seja a regência particular;

- Seguidos de complemento em dativo, nos escritos néo-testamentários são de destacar-se:

- aKoXouGeo) - seguir, acompanhar;- onreideco - descrer, desobedecer, obdurar-se;- amoréa) - ser infiel, não confiar, não acreditar;- apeaKw - aprazer, agradar;- SiaKoveco - servir, ministrar;- ôovXeaxo - servir como escravo, prestar serviços;- eyyiÇw - aproximar-se, ficar perto;- êmTi|xaot> - repreender, censurar;- èmTpÉTTOJ - permitir, consentir;.- euxapiaTeco - render graças;- XaTpevco - servir, cultuar;- (xapTupeco - testificar; dar testemunho;- TrapayYéXX.co - dar ordem, determinar;- moTeaxo - crer, acreditar;- irpoorKuveco - adorar, reverenciar;- vTretKoúa) - dar ouvidos, obedecer;

- xp&ofxai - usar, ser útil:

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- Menção especial requer o verbo Xe^w - dizer -, que, através do Novo Testamento, nos diversos sistemas e flexões, ora vem complementado pelo dativo puro, não-preposicionado, ora pelo acusativo regido da preposição irpoç;

- Dentre os adjetivos que, nos documentos néo-testa- mentários, são complementados por forma dativa cumpre referi- rem-se:

- careiGrjs, es - desobediente, incrédulo, infiel;- evavTtoç, 5, ov - contrário, oposto;- ofxoioç, ã, ov - similar, análogo;- m erros, 7], óv - fiel, leal;- CTCúTrfpioç, ã , ov - salvífico, sotérico;- (pavepoq, ã, ov - evidente, manifesto;- a>cpé\i|xo<5, ov - prestante, útil.

(2) Dativo de vantagem ou desvantagem

- Função das mais comuns e naturais do dativo, classi- camente designado de dativus commodi aut incommodi nesta acep­ção, expressa ele vantagem, interesse, benefício, lucro, proveito, ou seus opostos;

- Exemplo deste uso temo-lo na cláusula - koí 'rravreç e|xapTi)pouv a-uTw - E todos lhe davam testemunho (Lc 4.22), em que o pronome cojtco- lh e - é típico dativo de vantagem, expressando a favorabilidade inicial dos ouvintes para com a pessoa de Jesus;

(3) Dativo de posse- Aparece o dativo em cláusula cuja inflexão verbal é

forma do auxiliar et|xí - se r- , ou 7 ivo|xaL - acontecer, tornar-se, ou imapxío - subsistir - , expressando o possuidor, enquanto o ele­mento possuído é o sujeito, regularmente posto em nominativo (se finita a forma verbal);

- Exemplo deste dativo de posse dá-nos a cláusula ecr— t iv ôe aruvT|0eià vjjwv - Mas, vós tendes a praxe firmada, com que Pilatos acena a populaça, em Jo 18.39, literalmente: mas épara vós

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praxe firmada, ecmv (3- ps. pres. at. Ind. de et|xí) a forma verbal,

owiqGeict em nominativo, sujeito, a coisa possuída, e í)|xív, o pos­suidor, no dativo, em relação de posse;

(4) Dativo de agência- Embora relativamente escasso através do Novo Tes­

tamento, expressa o dativo, não-preposicionado, o agente da ação

no caso de formas passivas, especialmente se inflexões do perfeito, ou mais-que-perfeito, ou futuro-perfeito, assim como dos chama­

dos adjetivos verbais necessitários (finalizados em Teoç, T é ã , Teov);- Exemplo deste dativo de agência se pode achar em

cláusula tal CTirouôcMraTe acrmXoi kqíi àfxcoixiriToi otínà evpedi)— va i - diligenciai por que sejais por ele achados imaculados e irrepreen­síveis (II Pe 3.14), em que o pronome camo, que expressa o de quem devem os leitores da epístola ser achados inatacáveis, está no dativo, assinalando, pois, o agente. Trata-se, portanto, de agente da voz passiva expresso pelo dativo puro, não-preposicionado;

(5) Dativo de causa

- E também o dativo, puro ou preposicionado, o caso por que se expressa a razão, motivo ou causa de uma ação, curso

ou estado, isto é, presta-se o dativo para assinalar o chamado ad­junto causai;

- Exemplo deste uso do dativo oferece Rm 11.20, em que na sentença Trj a m o r ia I^eKÁ.acr0T|crav, cru ôe TTj m o re i lomriKaç - Em razão da incredulidade foram quebrados fora, tu, porém, em decorrência da fé te postas firme - , em que am cru a - incredulida­de - e m o re i - fé - estão no dativo, não-preposicionado, em acepção puramente causai. Dativo de causa, portanto;

(6) Dativo de respeito ou referência- Expressa-se o aspecto, o âmbito, a esfera em que se

afirma como situado, válido ou procedente determinado atributo, qualidade ou característica, ou título, quantidade ou relação, ora

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pelo acusativo, ora pelo dativo. Aquele se denomina acusativo de especificação, este se conhece por dativo de respeito ou dativo de re­ferência. Nos escritos néo-testamentários, ao contrário do que se dá na literatura clássica, é bem mais abundante este dativo que o acu­sativo;

- Vê-se este dativo de respeito, por exemplo, em I Co

7.34, na cláusula télica £íva t] 017101 Kai to> crcó|xaTi K a i tg) 'irvetjfjum - para que seja santa não apenas em relação ao corpo mas ainda em referência ao espírito (I Co 7.34), por isso que os dativos puros <T(ú|xaTi - corpo - e nveiJixaTi - espírito - expressam a esfera

em que se afirma a santidade inquinada à mulher não consorciada;

(7) Dativo de maneira- Pelo dativo, puro ou preposicionado, expressa-se o

adjunto de maneira, modo ou forma por que se realiza a ação ou em que se processa um estado ou situação;

- Assim, na cláusula ttX/íjv hki ira v r i Tpó-irtú, eiTe -irpo<páaet, ei/re aX^Geta, XpwTTÒç KaTayYéW eToa - bem que, de toda maneira, seja por pretexto, seja por verdade, Cristo é anunciado (Fl 1.18), os três dativos, rpomo ~ maneira, Trpocpáaei - pretexto -

e ã\T)0eía - verdade, exprimem o modo ou maneira como se exe­cuta a discutível proclamação de Cristo por parte dos adversários do apóstolo;

(8) Dativo de tempo- Ao lado do genitivo, que assinala o tempo dentro de

que, no decurso do qual, se realiza o fato, e do acusativo, que lhe re­gistra a duração ou extensão, serve o dativo para marcar o ponto,

ou instante, ou ocasião, quando tem lugar o evento ou situação, o tempo quando se dá;

- Patenteia-se este uso do dativo temporal, que o pode ser puro ou preposicionado, em Mt 12.1: 3Ev ^exeivo) tc> Koapy

eiTopev0ifi ó ^rryjovs Totç aaPPaatv ô ia t& v cnroptfxwv - A/a- quela ocasião, passou Jesus, em um sábado, pelos campos semeados

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em que os dativos Koupto - ocasião - e cRxj3PoMxiv - sábado - ,

aquele regido da preposição ev - em este não-preposicionado, marcam o tempo quando se processou o evento referido;

(9) Dativo de intensidade- Mormente em cláusulas de teor quantitativo, compa­

rativo ou extensional, comum é a forma dativa neutra singular de

pronomes intensificativos, tais ttoXuç, 'TroXXiq, ttoXv - muito(a), t t jX ik o O to ç , T iqX iKm rn ri, tt^ X lko íjto - tão grande, de tal monta, to io O to ç , to io ü3 tt|, to io u to - tal, que tal, to c to u to ç , to<tccutt|, t o —

aauTO - tanto, de tão grande porte, em função adverbial intensiva;

- De referir-se, neste aspecto, seriam as locuções ttoXXó fxaXXov - muito mais (Mt 6.30) e toctovtco KpeiTTCov - tanto me­lhor (Hb 1.4), dentre outras através do Novo Testamento, em que o dativo singular neutro 'ttoXXü) e toctotjtg) corresponde a adjunto

V U

adverbial intensivo, em cláusula comparativa;

4. Acusativo

a. Objeto direto- É o acusativo, havido pelos gramáticos, em geral, como

dos casos o mais antigo e o de mais lato uso, a forma por que se registra o objeto direto, aliás, sua função original, própria, específi­ca. Daí, o imediato complemento dos verbos transitivos, o termo, frase ou cláusula que lhe representa a natural predicação extensiva,

estará sempre em acusativo;- Exemplo: kgli eiôov aXXo ctt||jl€lov - e víoutro sinal (Ap

15.1): a frase oíXXo crr][X€Lov - outro sinal - é o objeto direto do tran­sitivo eCSov- vi. Está em acusativo;

b. Sujeito do infinitivo- Não é o infinitivo explícito modo verbal, razão por que

sustentam não poucos e renomados gramáticos a tese de que não

se lhe deve admitir sujeito. Todavia, a solução deles aventada não

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se afigura de todo procedente. Parece, pois, preferível, à luz do la­tim e do próprio português, prescrever-lhe explícito sujeito, que estará sempre na inflexão do acusativo. É, pois, o acusativo a forma ou caso por que se expressa o chamado sujeito do infinitivo;

- Exemplo: K ai ô ià to TrXiriGwGíjvca rn v ávojxíav - e em razão de multiplicar-se a iniqüidaae (Mt 24.12): o infinitivo 't:Xt)0dv-

0T]vai - multiplicar-se - tem como sujeito o substantivo articulado avo|xúxv - iniqüidade posto em acusativo. Logo, Tryp ávo|xíav está em acusativo por ser o sujeito do infinitivo irX-irçôwÔTjvai;

c. Complementos direcionais f

- E o acusativo também a forma ou caso em que ocorrem os chamados complementos circunstanciais de direção, rumo ou destino, isto é, complementos referentes ao lugar para onde se volve a ação, particularmente após verbos de movimento. Esta modali­dade complementar é introduzida, em geral, por apropriada e con­veniente preposição;

- Exemplo: kcu epxovrai 'iráÁ.iv eiç 3l€pocró\'U|xa - E volvem de novo a Jerusalém (Mc 11.27): 'IepoaóXujxa - Jerusalém -, precedido da preposição éiç - a (a indicar direção è penetração), após o verbo de movimento epxovrai - volvem - , expressa o lugar aonde se voltaram Jesus e os discípulos, portanto, complemento circunstancial de direção. Está em acusativo.

d. Outras acepções

- Outros usos admite o acusativo, funções variadas, moda­lidades particulares de expressão, matizes peculiares de fraseologia. Desta natureza, podem-se enumerar:

(1) Acusativo cognato- Freqüente é o emprego de termo complementar em

acusativo, objeto direto especialmente, e mesmo em genitivo ou dativo, em outras funções, afim ao verbo com que se associa na ex­pressão, ou dele direto derivado. Por isso, dá-se-lhe o designativo

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- Típico uso deste acusativo cognato acha-se na cláusula ocu£ei rnv av^rioxv tov Qeoí), literalmente: crescerá o crescimento de Deus (Cl 1.19), em que o acusativo aoÇrçtTiv - crescimento - è substantivo cognato do fut. av£ei - crescerá -, em função de objeto direto;

(2) Acusativo distributivo

- Raro nos escritos néo-testamentários, digno, porém, de referir-se, é o uso de termo em acusativo repetido em imediata seqüência, fraseologia mercê da qual se exprime distributividade, parcelamento, enquadramento. Importa dizer-se que esta forma de expressão não se limita ao acusativo;

- Exemplo completo deste uso dá-nos Mc 6.39-40, em que ocorrem, respectivamente, o acusativo aufxm>cria cru|XTroaia- de grupo em grupo de convivas - e o nominativo Trpaaiai TTpa— oxea, literalmente: de eito em eito, de bloco em bloco, ambos em evi­dente sentido distributivo, parcelar, grupai;

(3) Acusativo adverbial- Em função tipicamente adverbial, no acusativo apare­

cem formas substantivas e adjetivas, articuladas ou anartras, bem como locuções introduzidas por inflexão do artigo neste caso, aco- litada de frase preposicionada ou de advérbio puro. É o chamado acusativo adverbial;

- De referir-se, neste aspecto, é que assume forma acu- sativa o advérbio graduável, indo para o singular neutro a inflexão comparativa, para o neutro plural a superlativa;

- Dentre as formas singelas deste acusativo adverbial através do Novo Testamento referidas merecem os substantivos àKfATqv - ainda, todavia, mesmo agora (Mt 15.16) e ôcopectv - gratui­tamente (Mt 10.8; Jo 15.25; Rm 3.24; II Co 11.7; Gl 2.21; II Ts3.8; Ap 21.6; 22.17) e a adjetiva |xai<páv - longe, à distância (Mt 8.30; Mc 12.34; Lc 7.6; 15.20; Jo 21.8; At 2.39; 17.27; 22.21; Ef 2.13,17), esta,

de acusativo cognato;

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por vezes, regida de preposição;- Frases e locuções desta modalidade, mormente infle­

xão acusativa do artigo seguida de advérbio ou frase preposiciona- da, de assinalar-se através do Novo Testamento seriam:

- òv TpoTrov - à maneira em que (Mt 23.37), ou, a afim tov o|xoiov xpórrov - de modo similar (Jd 7);

- tt|v apxinv - desde o princípio (Jo 8.25);- Ta TroWá - vezes muitas (Rm 15.22);- tò TTXeiCTTOv - no máximo, quando muito (I Co 14.27);- tò TeXoç - finalmente, afinal (I Pe 3.8);- tò KaB^ixepav - diariamente, de cada dia (Lc 11.3;

19.47; At 17.11);- to vôv (At 24.25) e Ta vw (At 4.29) - por ora, agora;- tò KaT'e|x£- no que me concerne (Rm 1.15);- tò KaTa crápKa - no que diz respeito à carne (Rm 9.5);- tò Ka0'ei<; - individualmente, quanto a cada um (Rm

12.5);- tò ê^vixcov - quanto a vós (Rm 12.18);- Não de olvidar-se é o uso do acusativo x<*piv, inflexão

do substantivo feminino singular, em acepção tipicamente preposi­cional, geralmente precedida do termo a que rege, este em geniti­vo, na acepção de: graças a, em razão de, por causa de, através do Novo Testamento a mostrar-se em Lc 7.47; Gl 3.19; Ef 3.1,14; I Tm 5.14; Tt 1.5,11; IJo 3.12; Jd 16;

(4) Acusativo quantitativo-extensionai- Em acusativo aparecem os adjuntos e complementos

que expressam duração, quantidade, extensão, soma ou total, seja de cômputo temporal, seja de medida espacial, seja de montante numérico;

- Relativamente abundante nos escritos néo-testamen-

tários, espelha-se meridiana esta modalidade acusativa, por exem­plo, nesta cláusula temporal, em Jo 2.12: Kai €Keí eixeivav cm TroXXaç TKxepaç - e ali permaneceram não muitos dias - , em que o

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binômio TroXXàç T]|xépa<; é evidente acusativo de extensão dura- cional;

(5) Acusativo especificacional- Em paralelo com o dativo de respeito ou dativo de re­

ferência, emprega-se o acusativo para especificar o aspecto, área, esfera ou perspectiva em que se dá como situada, aplicada, enqua­drada, procedente ou válida uma atribuição, qualificação, quantifi­cação ou referência. Daí, designa-se esta modalidade casual de acu­sativo de especificação;

- Expressão deste acusativo se vê na frase 8ieç0ap— [xévcov àv0píÓTTcov t Òv v o u v - de homens corrompidos de entendi­mento (I Tm 6.5), em que o binômio t o v v o u v - a mente, o entendi­mento - especifica o aspecto ou área em que se estadeia a corrup­ção ou perversão aludida;

(6) Acusativo duplo- Não poucos verbos, particularmente os que significam

indagar, perguntar, responder, chamar, pedir, ensinar, dizer, designar, fazer, constituir, ditos verbos inquiritivos, perguntativos, denomina- tivos, petitivos, são freqüentemente complementados por dois acu- sativos, um referente à pessoa, outro à coisa, que constituem objeto da ação verbal. Acentuado é este uso quando a relação dos termos é predicativa ou apositícia, o segundo termo simples adjunto exten- sional do primeiro;

- Dentre os muitos verbos acolitados de duplo acusativo nos escritos néo-testamentários são de citar-se:

- aixeío - pedir, indagar (Mc 6.22; Lc 11.11; 12.48);- avafxifxvrjo-Kco - relembrar, recordar (I Co 4.17);- ôiôacrKío - ensinar (At 21.21);- eKÔuo) - desvestir, despir (Mt 27.31);- evômo - vestir, trajar (Mt 27.31);- emKaXew - invocar, apelidar (I Pe 1.17);- Ipcimía) - perguntar, pedir (Mt 21.24);

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- exoo - considerar, haver por (At 13.5);- KaTaKXxvü) - fazer reclinar-se, inclinar-se (Lc 9.14);- Xafxpávco - tomar por, haver (Tg 5.20);- \£yo) - dizer, chamar (Jo 10.35);- òvojxaÇco - dar nome a, denominar (Lc 6.13);- 'nrnéco - fazer, constituir (Hb 1.7);- ttoti^ío - dar a beber, dissedentar (Mt 10.42; I Co 3.2);- TrpoTi0T|fjií - propor, antepor (Rm 3.25);- cruvLcrTavto - constituir-se, firmar-se (Gl 2.18);- (popTi co - carregar, impor ou levar carga (Lc 11.46);- xpúo - ungir, untar (Hb 1.9);

(7) Acusativo objetivai

- De natureza, serão complementadas de objeto direto, posto no acusativo, inflexões das vozes ativa e média de verbos transitivos, não, porém, formas passivas, que estas não admitem transitividade direta. A despeito disso, não são raras, em escritos néo-testamentários, passagens em que inflexão passiva é comple­mentada de acusativo, em real função de objeto direto;

- Espelha-se este acusativo objetivai, após formas ver­bais passivas, em passagens tais as seguintes:

- Mt 15.5: o pronome relativo simples o - que-, acusati­vo, a complementar o aor. pass. Ind. &xpe\r|0iri<; - serías assistidQa ocorrer, de igual modo, na passagem paralela, Mc 7.11;

- Mt 16.26: o acusativo t^v - a a ma ~ a comple­mentar o aor. pass. Subj. £r|fAuo0Tj - for perdido, isto é, sofrer a per­

da de;- Lc 12.47-48: os acusativos quantitativos TroXÁ.áç -

muitas (chicotadas) e o\i7 a<; - poucas - estão a complementar ao fut. pass. Ind. ôapifcjeTai - será vergastado;

- Jo 11.44: o ptc. perf. pass. ôeôeixévoç - atado - com­plementado da frase em acusativo Tobç Tróôaç koí TÒtç xei-pas - os pés e as mãos, termos estes que se poderiam admitir como acu­sativo especificacional;

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- Rm 3.2: o aor. pass. Ind. emorevOTiaav-foramconfia­dos, complementado pelo acusativo t& \071a - os oráculos-,

- I Co 9.17: o substantivo oiKovo|xíav - um encargo - , acusativo, a complementar ao perf. pass. Ind. nemcrTevixai - fui confiado;

- I Co 12.13: o acusativo ev TTveôixa - um só espírito - a complementar o aor. pass. Ind. erroTÍcrtfriiJiev - fomos dissedenta- dos;

- II Co 6.13: a frase em acusativo rf)V a-urr v avTifxur— 0 Íav - a mesma retribuição - poder-se-á admitir como a comple­mentar o aor. pass. Imper. TrXaTÚvÔTjTe - sede dilatados;

- Gl 2.7: vem o perf. pass. Ind. 'ireirícrreufxou - fui confia­do - complementado do objeto em acusativo tò eixrfy^Xiov - 0 Evangelho;

- Fl 1.11: o substantivo KapTróv - fruto - , acusativo, está a complementar ao ptc. perf. pass. TreTrXTipío/xevoi - plenificados;

- Fl 3.8: a locução quantitativa t cl TrávTa - todas as coi­sas - , que se pode haver como acusativo especificacional, melhor se posicionará como objetivai, a complementar o aor. pass. Ind. € t](xicü8t|v - fui perdido de, isto é, sofri a perda de;

- Cl 1.9: a frase acusativa t^v èmYvtoo-iv - o real conhe­cimento - representa evidente objeto direto do aor. pass. Subj. ttXtjpoi)0tjt€ - sejais plenificados de;

- I Ts 2.4: tò etxxyYéXiov - O Evangelho acusativo, objetivai em cunho, complementa ao 19 aor. pass. Inf. mCTTevOrjvat- ter sido confiado;

- II Ts 2.15: o acusativo plural cíç - as quais - , forma do pronome relativo simples, está em função de típico objeto direto do 1 - aor. pass. Ind. eôiSaxOnriTe - fostesensinados;

- Hb 6.9: complementa ao pres. pass. Ind. 'rre'iretoi(xe0a- estamos persuadidos - a locução acusativa objetiva tò Kpeícrorova Kai éxójxeva atoTT^píaç - as coisas melhores e pertinentes a salva­ção;

- Ap 16.9: em função objetiva, está a complementar ao

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19 aor. pass. Ind. ekooj(juxtut0T|cxav - foram queimados - o acusativo cognato adjetivado kocu(jux 1x67a - grande calor;

- Naturalmente, em se tratando de verbos depoentes passivos, uma vez que já não dispõem de formas ativas, servin­do-lhes as equivalentes passivas em lugar, a despeito da forma, ati­vo o sentido, apor-se-lhes-á complemento em acusativo em função regular de objeto direto;

- Exemplifica esta modalidade de expressão o verbo

Xotipío - alegrar-se, defectivo, depoente no sistema do aoristo, de sorte que o aor. pass. se lhe reveste de sentido ativo, aparecendo, em Mt 2.10, o Ind. èxápTpxxv — alegraram - complementado pelo

acusativo cognato adjetivado xapàv [xey<xkr\v - grande alegria;- Digno de referência, neste particular, é o verbo (popeto,

que, na voz ativa, significa infundir medo, amedrontar, na média e na

passiva, acepção contrária, sentir medo, temer. Desta sorte, as infle­xões passivas não somente se traduzirão em forma ativa, serão,

ademais, regularmente complementadas de objeto direto em acu­sativo, o que transparece mais distintamente no aoristo, como se vê em:

\ o a. a- Mt 10.26 ([xt] ovv (poP^OrjTe avravq - Portanto, não os

temais);

- Mt 14.5 (ecpopT|0T| tòv oxXov- temeu a multidão);- Mt 21.46 (êcpoPriOnerai» tovç oxXouç - temeram as mul­

tidões);

- Mc 4.41 e Lc 2.9 (eço^TiOincrav cpó(3ov |Ae7av - , lite­ralmente: temeram grande temor, acusativo cognato adjetivado);

- Mc 12.12 (eçoPriGirço-av tòv oxXov - temeram a multi­dão);

- Lc 12.5 ((poPrjÔTiTe tòv ... exovTa èfjow íav - te­mei aquele que... tem poder - e toíjtov (pop-r^Te - temei a este);

- Lc 20.19 (ecpopT^GTiaav tòv Xaóv - temeram 0 povo);- Hb 11.23 (ovk ècpoPr|0T|CTav to ôiaTcr/fxa. - não teme­

ram a determinação);- Hb 11.27 (|j/r) <poPTj0elç tov 0u|xóv - não se havendo

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arreceado do furor);

- I Pe 3.14 (tov 8è cpopov avTÔv |xt| (poPT)0rjTe, literal­mente: mas o seu temor não temais);

- Ap 14.7 ((poPrj0T|Te t ò v Geóv - temei a Deus);

5. Vocativo

a. Função- E a forma vocativa a inflexão que assumem os termos, lo­

cuções e exclamações de cunho interpelativo, salutatório ou apos- trófico, as invocações, em geral:

b. Exemplos- (1) ôiôáoxaXe oryaOe - bom mestre (Mc 10.17);- (2) KpáTiore 0eó<piX.e - ilustríssimo Téofilo (Lc 1.3);- (3) (fxxpicjme nxpXé - fariseu cego (Mt 23.26);- Estas formas, substantivos e adjetivos a qualificá-las, são

todas vocativas, expressão de invocações diretas, no primeiro exemplo interpelação, no segundo saudação, no terceiro apostrofa- ção;

c. Alternativa- No coiné estava já a inflexão vocativa a obliterar-se. A

tendência acentuava-se de assumir-lhe a função o nominativo, ge­ralmente, articulado. Nos escritos do Novo Testamento isto se re­gistra com freqüência, umas sessenta vezes;

- Exemplo deste uso do nominativo em lugar do vocativo se pode achar na exalçada confissão do desvanecido Tomé, quando ante o Senhor ressurreto exclamou: 6 Kvpioç ixou koí o Oeoç |xou -m eu Senhoremeu Deus! (Jo 20.28). Ejaculatória que tal expressar- se-ia pelo vocativo Kvpié jxov kgu, 0eé |xov. O normativo, Kvptoç e 0eo<;, regido do artigo o, entretanto, é-lhe empregado em lugar,o nominativo articulado pelo vocativo;

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d. Interjeição ^

- Freqüente-era no clássico a anteposição da interjectiva (o- d - às formas vocativas. No coiné tal uso longe está de proemi­nente. Em o Novo Testamento, mostra-se relativamente raro, por isso que apenas 16 vezes se registra (Mt 15.28; 17.17; Mc 9.19; Lc 9.41; 24.25; At 1.1; 13.10; 18.14; 27.21; Rm 2.1,3; 9.20; 11.33; Gl 3.1; I Tm 6.20; Tg 2.20);

- Observe-se da relação supra que, exceção feita de apenas 4 casos, o uso da interjeição com formas vocativas se restringe aos escritos lucanos e paulinos;

4.4 - Classificação

- Designam-se, formalmente, o genitivo, o dativo e o acusati­vo de casos oblíquos ('m dxreiç T rXáy ia i), dadas as suas funções variantes, adjuntivas ou complementares, enquanto ao nominativo e ao vocativo se dá o designativo de casos retos fTTToxreiç ópGai), em virtude de sua relativa prioridade e diretude de funções.

5. DECLINAÇÕES (KAIXEI2)

5.1 - Natureza- Expressam-se as diferentes funções que pode o substantivo,

ou equivalente, desempenhar mediante variações específicas no fi­nal da forma. Tais variações, múltiplas para cada caso, se enfeixam em séries correlatas, que constituem sistemas de terminações ca­racterísticas. Cada sistema assim estruturado forma uma declinação ( k X ú t i ç ) ;

- Todavia, no uso corrente, pode-se empregar o termo decli­nação em três acepções distintas, particularidade que merece tida sempre em mente. Pode-se, pois, entender por declinação-.

1. O sistema de desinências todas que constituem a flexão de uma forma. Por exemplo, da palavra a\Tj0eux - verdade - , declina­ção, neste sentido, seria o conjunto de desinências que se lhe apen-

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dem ao tema para expressar-lhe as diferentes funções e relações;

2. O sistema específico de flexão de uma forma em distinção do sistema flexionai de outra. Assim, nesta acepção, a declinação de áX^Oeta é uma, outra, diferente, e distinta, a declinação de m o riç- fé - , por exemplo; e

3. A inflexão total da palavra, isto é, a enumeração de todas as formas assumidas nos diferentes casos do sistema. Com este signi­ficado, de aXtÍQeta e ttuttiç, por exemplo, a declinação seria a cita­ção serial da forma de cada caso, nos diferentes números, segundo as funções que representam, o tema do vocábulo acrescido das de- sinências específicas de cada caso.

5.2 - Especificação

1. Distinção- Preposições, advérbios, conjunções e interjeições não so­

frem variações flexionais, pelo que se designam de PARTÍCULAS INDECLINÁVEIS. Não se declinam, pois;

- O verbo, em suas formas finitas, exibe seriação flexionai própria, diferente da inflexão do substantivo e similares, tecnica­mente designada de conjugação. Portanto, dir-se-á que as formas verbais finitas se conjugam-,

- Os substantivos, o artigo, os adjetivos, os pronomes e os particípios, por sua vez, se flexionam em termos do que se conhece como declinação. Logo, declinam-se.

2. Restrição- Os substantivos, com raríssimas exceções, se enquadram em

um paradigma ou sistema declinativo específico, segundo o gênero e estrutura morfológica. O artigo, os adjetivos, os pronomes e os particípios, em geral, dada a pluralidade genérica envolvida e os padrões flexionais abrangidos, flexionam-se em termos de mais de

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um paradigma ou sistema declinativo. Não se podem, destarte, en­quadrar em uma declinação única;

- A rigor, pois, só se deve falar em declinação definida em re­lação ao substantivo, limitado que o é a um sistema ou paradigma único. As demais categorias declinadas, porquanto incluem mais de um padrão flexionai, não se fará tal atribuição especificante.

5.3 - Enumeração- Gramáticos de antanho estratificavam o sistema flexionai em

uma dezena ou mais de paradigmas ou padrões básicos, cada constituindo uma declinação distinta ou individual. Admitir-se-iam, pois, dez ou mais declinações;

- A partir do séc. XVII, preferiram os estudiosos aglutiná-las em termos de apenas três padrões gerais, de sorte que se reconhe­cem hoje três declinações convencionais, a saber:

1. Primeira declinação, caracterizada por final em que são do­minantes a vogal alfa (a) e sua correlata, eta (r\). Daí, é também co­nhecida como declinação em a;

2. Segunda declinação, caracterizada por terminações em que prevalecem a vogal ômicron (o) e sua paralela ômega (w). Recebe, por isso, a designação de declinação em o; e

3. Terceira declinação, caracterizada pelos radicais terminados em consoante ou vogal fechada (i, v ). Dá-se-lhe, pois, o título de declinação consonantal, em contraposição às duas outras, que, em função de seu final, se conhecem por declinações vocálicas;

- No grego moderno demótico tendem estas declinações a combinar-se, obliterando-se-lhes a individualização, fato assaz evi­denciado em que muitos substantivos têm o singular em moldes da1- declinação e o plural nas linhas da 3-.

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5.4 - Complexidade

- E a terceira das declinações a mais complexa e especiosa, daí, a mais difícil, a exibir múltiplas variações flexionais. Por outro lado, a segunda é de extrema simplicidade e regularidade, logo, de todas a mais fácil.

5.5 - Observações morfológicas

1. Genitivo plural- A desinência característica das formas de genitivo plural é

nas três declinações a mesma: cov;

2. Vocativo plural- E a forma do vocativo plural sempre a mesma do nominati­

vo plural, em qualquer das declinações;

3. Neutros- Nas palavras neutras três casos há sempre iguais em forma

entre si: nominativo, acusativo e vocativo;- Tratando-se do plural, terão estes três casos sempre a desi­

nência à, qualquer que seja a declinação;

4. Dual- No dual somente duas desinências específicas subsistiam,

embora não as mesmas nas três declinações, a saber, uma própria de genitivo e dativo, outra comum a nominativo, acusativo evoca­tivo;

5. Homoioteleutia (finais similares)- Formas desinenciais há que podem ocorrer não somente em

casos e números diferentes, mas até em mais de uma declinação, mesmo em todas, em funções e acepções diversas;

- Exemplo desta variedade de funções e posições em que po­de uma determinada desinência aparecer ter-se-á nesta seriação:

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- euôoKwx - boa-vontaae (Rm 10.1),- Kr)<p& - de Cefas (I Co 1.12),- Zotxapia - 6 Zacarias (Lc 1.13),- CKrrXa - armas (II Co 10.4),- TrpcxTKojjL(jLa - pedra de tropeço (I Co 8.9),- PaatXea- re i (At 13.21);

- Embora terminadas todas pela vogal a, ora breve, ora longa, distribuem-se por diferentes casos e declinações, conforme se vê da tabela infra:

- As primeiras três se enquadram na 1- declinação, a saber:- evSoKÍa - nominativo singular (poderia ser também vocati-

vo singular);- Rrççâ - genitivo singular; e

- Zax<*pw* - vocativo singular;- A quarta, &Tr\a, é da 2- declinação, nominativo plural (po­

deria ainda ser vocativo ou acusativo plural);- As duas últimas são da 3§ declinação, assim:- irpócTKojjipLa - nominativo singular (poderia, ademais, ser

vocativo ou acusativo singular, neutro que é o substantivo); e- Pao-iXea - acusativo singular.

6. Extensão- As formas da 1ã e 2- declinações flexionam-se com apenas

processarem-se alterações na vocalização final da palavra, mantido em toda a flexão o mesmo número de sílabas. As de 3§, temas con- sonantais, flexionam-se com receberem desinências adicionais em quase todos os casos, que implicam no acréscimo de sílaba. Por­tanto, varia o número de sílabas nas inflexões da 39 declinação;

- Em razão desse fenômeno, denominam-se as flexões da 1 - e 2- declinações de PARISSILÁBICAS (número par de sílabas), a da 3S de IMPARISSILÁBICA (número ímpar de sílabas);

5.6 - Observações prosódicas

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1. Posição

- Têm as formas declináveis (substantivos, adjetivos, prono­mes e particípios) o chamado ACENTO POSICIONAL, por isso que na flexão da palavra preservar-se-á na mesma sílaba em que ocorre na inflexão básica, o nominativo singular, quanto o permi­tam as regras e princípios de acentuação;

2. Determinação

- Não há dizer-se de antemão onde cairá o acento do nomi­nativo singular do substantivo e demais categorias declináveis, ex­ceto quando se trata de monossílabo. Tem-se, para isso, de con­sultar o léxicon, que registra a forma base e sua acentuação precisa, meio único seguro para essa determinação;

- Por exemplo, se encontrássemos inacentuada a forma •ÔTTaKOT) —obediência (II Co 10.6), desde logo saberíamos que não poderia ser ínraKori (acento além da antepenúltima), nem xmá— k o t | (acento em antepenúltima, se longa a última). Entretanto, ad­missíveis seriam ín ra K Ó T i e tnroKorj. Consultado o léxicon, decide- se a questão, evidenciada como correta a última dessas alternativas, oxítona a forma;

3. Proparoxítonos- As formas de base proparoxítona sofrerão o deslocamento

do acento da antepenúltima para a penúltima sempre que, na fle­xão, passem a ter final longo, uma vez que, segundo a regra n9 1, não poderá haver acento na antepenúltima, se for longa a última;

- Exemplo: a forma base, nominativo singular, dnnxxToXoç- apóstolo (Gl 1.1) é proparoxítona. O acusativo plural, onnxrr6A.ou<; - apóstolos (Gl 1.17), entretanto, cujo final ditongal ouç é longo, não pode continuar acentuado na sílaba tto , antepenúltima, recuando, pois, para a penúltima oro o acento;

4. Oxítonos- As formas de base oxítona, em termos da regra n9 3, quando

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passam a ter final longo, ora recebem o agudo, ora o circunflexo;- Precisando a aplicação desta regra, acrecentar-se-á que te­

rão acento circunflexo as inflexões do genitivo e dativo, tanto singular quanto dual e plural, agudo os demais casos, mesmo que longa a terminação;

- Este princípio se aplica de modo absoluto às formas de toni- cidade final da 1- e 2- declinações. Na 3- limita-se ao genitivo plu­ral, uma vez que têm os outros casos terminações breves;

- Exemplo: a forma base, nominativo singular, "yeveá - gera­ção (Mt 12.39) é oxítona. Mas, as inflexões: 7 eve&ç (Fl 2.15), geniti­vo singular, 'yevea (Hb 3.10), dativo singular, yeve&v (At 15.21), ge­nitivo plural, e 7 eveaiç (Ef 3.5), dativo plural, são todas perispôme- nas, porquanto se trata de substantivo da 1- declinação acentuado na última, sílaba longa nesses casos;

5. Monossíiabos- Há na 3- declinação, não na 1- e 2-, formas de base monos-

silábica, reduzida, que ao flexionar-se, acrescentando desinência extensiva, se tornam dissilábicas;

- Nesta classe de formas desloca-se, peculiarmente, o acento para a última no genitivo e no dativo, em todos os números, em aberta contravenção ao princípio normativo da acentuação POSI- CIONAL. Na verdade, esta prosódia excepcional não se limita aos monossíiabos extensificados, embora rara em formas de base plu- rissilábica;

- O acento nesses casos será agudo no genitivo e dativo sin­gular, bem como no dativo plural, cujas desinências são breves, pelo que não podem ter o circunflexo, que se reserva ao genitivo e dativo dual e ao genitivo plural, finais longos, naqueles oiv, neste (ov;

- Exemplos:

(1)Xe^P-m ão (I Co 12.15)- Forma feminina da 3ã declinação, monossilábica de base,

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faz-se dissilábica nas demais inflexões (menos uma, vocativo sin­gular, igual ao nominativo, monossilábico), arrastado o acento para a última nos genitivos e dativos;

- Daí, em o Novo Testamento, x^ipóç (Hb 8.9), genitivo singular, x^ipí (Cl 4.18), dativo singular, xeipwv (Ap 9.20), genitivo plural, e x6^ / em vez de xetpo-í (I Ts 4.11), dativo plural, todas formas dissilábicas em que o acento se desloca da sílaba em que está na base para a última, perispômeno o genitivo plural (final longo), oxítonos os três outros casos (terminações breves), não ri­gorosamente posicionai;

(2) yuvt) - mulher (I Tm 2.11)- Forma feminina da 3§ declinação, dissilábica de base,

embora assuma em todas as demais inflexões (excetuada a do vo­cativo singular) desinência extensificante, que as faz trissilábicas, não lhe deveria o acento deslocar-se da posição inicial, aí permane­cendo em toda a flexão. Contudo, nos genitivos e dativos todos avança para a última, nos moldes dos monossilábicos;

- Daí: 'yu va iKoç (I Tm 3.2), genitivo singular, TwaiKt (I Tm 2.12), dativo singular, yuvcuKüiv (I Pe 3.1), genitivo plural, eyuvca^í (I Tm 2.10), dativo plural;

- Em todas essas inflexões o acento, que deveria estar na sílaba voa, aparece na última, embora não monossilábico o nomi­nativo singular, forma, base, em arrepio ao princípio de posiciona- lidade da acentuação.

6. PRIMEIRA DECLINAÇÃO

6.1 - Característica- Caracteriza-se a primeira declinação por desinências em que

aparece a vogal a , ou sua correlata ti. Apenas duas inflexões fugi­riam a esta norma, isto é, o genitivo plural, em que a desinência se contraiu de awv em cov, e o genitivo singular dos masculinos, que, para diferenciação, têm a desinência cru da segunda declinação.

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6.2 - Nomes abrangidos

- Enquadram-se na primeira declinação nomes femininos, cujo nom. sing. termina por ã, i] ou â e o gen. sing. por dq ou iqç, e masculinos, de nom. sing. finalizado em ãq ou e o gen. sing. em ou, por vezes d;

- Graficamente, femininos - N .S .-ã , 'r),&G.S. - ãç, 'rçç

masculinos - N.S. - ãç,G .S .-au , ã

6.3 - Classes- Embora difiram na flexão apenas no singular, para maior fa­

cilidade de consideração das formas e sua sistematização, conve­niente é distribuirem-se os nomes desta declinação em CINCO di­ferentes classes ou grupos, a saber:

- 1- classe: nomes FEMININOS, em que o nom. sing. termina em à, o gen. sing. em ãç;

- 2- classe: nomes FEMININOS, em que o nom. sing. termina em *íi, o gen. sing. em

- 3- classe: nomes FEMININOS, de nom. sing. finalizado por à e o gen. sing. por ãç ou Tqç;

- 4- classe: substantivos MASCULINOS, cujo nom. sing. temo terminal ãç, o gen. sing. o final ou ou ã; e

- 5- classe: substantivos MASCULINOS, cujo nom. sing. temo final tjç e o gen. sing. ou;

- Graficamente, 1 - classe: N.S. ã, G.S. ãç, femininos,2- classe: N.S. -r), G.S. tt|«5, femininos 3§ classe: N.S. õt, G.S. ãç, femininos,4- classe: N.S. ã ç , G.S. au, ã, masculinos, e5- classe: N.S. tis, G.S. ou, masculinos.

6.4 - Gênero- Quanto ao gênero, observar-se-á que os substantivos de

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nom. sing. terminado por a ou ti são femininos, os de nom. sing. finalizado em aç ou T|<; são masculinos;

- Não há nomes neutros nesta 1- declinação.

6.5 - Observações morfológicas

1. Dual e Plural- No dual e no plural a desinência que em cada caso específico

se aplica a uma classe de nomes, aplica-se, de igual modo, às de­mais, sem variação. Isto é, como termina determinado caso- em qualquer das classes, assim terminará nas outras quatro, inalterada a desinência distintiva dessa inflexão;

2. Singular- No singular, ao contrário, não exibe a inflexão a mesma de­

sinência, invariada, nas diversas classes. Variará, de classe para classe, ora mais, ora menos, o final de cada caso, em geral;

3. Vocativo- A forma vocativa é sempre similar à do nominativo nas fle-

xões do dual e do plural. Não o é, porém, necessariamente no sin­gular. Assim, nos substantivos desta primeira declinação diferem sempre em inflexão nominativo e vocativo singular nos masculinos, são idênticos em forma nos femininos.

6.6 - Observações prosódicas

1. Posição

a. Princípio- Posicionai, conserva-se o acento em toda a flexão na síla­

ba em que aparece na forma base, nominativo singular, com duas exceções, apenas;

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b. Aplicação- Longa que é a última em todas estas classes, menos a ter­

ceira, terá o acento de ocorrer na penúltima ou na última, jamais na antepenúltima. Somente na terceira, por isso que a última é breve, haverá nomes acentuados na antepenúltima, proparoxítonos;

2. Genitivo plural- No genitivo plural o final da inflexão seria acov, a vogal te­

mática a seguida da desinência c*>v. O acento estaria ou no a da pe­núltima, ou no íú da última, porquanto esta, final, é longa. Con­traem-se as vogais, desaparecendo o a temático, de sorte que o acento estará no co remanescente, circunflexo, sempre;

- À vista desse fato, são perispômenos, no genitivo plural, to­dos os substantivos e flexões da primeira declinação, qualquer que lhe seja a classe.

3. Proparoxítonos

- Na 3- classe, tendem os substantivos a ser proparoxítonos. Terão, pois, o acento na antepenúltima todas as inflexões em que a última é breve;

- Todavia, nas formas em que a desinência é longa, terá o acento de recuar para a penúltima, fazendo-se paroxítonas, por­quanto, segundo a regra n9 1, não permite a última, se longa, acento na antepenúltima;

- E agudo o acento dessas formas. Entretanto, nos dissílabos de penúltima de teor longo ocorrerá o circunflexo sempre que o acento esteja nessa sílaba e o final seja breve, conforme a regra n9 5;

4. Oxítonos

- Substantivos e flexões desta declinação em cuja forma base estiver o acento na última acentuar-se-ão com circunflexo no geni­tivo e no dativo, com agudo nos demais casos, inda que de final longo.

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5. Ditongo final a i- Não complementado de consoante, é este ditongo a i, quan­

do final de substantivo nesta declinação, havido por breve para fins de acentuação.

7. PRIMEIRA CLASSE

7.1 - Característica- Caracteriza-se a primeira classe de substantivos da primeira

declinação pelo radical terminado por e, i ou p, seguido da vogal a em todas as inflexões do singular. No dual e plural têm todas as classes as mesmas desinências, não diferindo, pois, neste aspecto;

7.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se na primeira classe da primeira declinação

nomes femininos cujo nominativo singular termina e m ã e o geniti­vo singular em ãç;

- Graficamente, N .S.- ãG.S. - ãç

7.3 - Desinências

1. Tabela

- A tabela geral de desinências próprias da 1- classe desta 1- declinação é:

SINGULAR DUAL PLURAL- Nom. ã ã a i- Gen. ãç oav (OV- Dat. aL. cuv a iç- Acus. ãv ã ãç- Voc. ã ã ou

107

Page 119: Manual de Lingua Grega.vol.1

2. Observações morfológicas

a. Quantidade- Exceção feita da desinência ou, do nom. e voc. plural, tida

por breve para efeitos prosódicos, as demais são todas longas;

b. Similaridade- Da tabela supra, vê-se que, nesta 1- classe da 1- declina­

ção;

(1) É a forma do vocativo sempre igual à do nominativo, paralelas as desinências: ã , sing. e dual, a i, plural;

(2) Coincidem sempre em inflexão o genitivo singular e o acusativo plural, mesma a desinência: ãç;

(3) No dual, ponto comum a todas as classes e declina- ções, têm a mesma forma, desinências similares, de um lado, no­minativo, acusativo e vocativo (ã), de outro, genitivo e dativo (aiv);

3. Observações prosódicas

a. Posição- Posicionai, permanecerá o acento nesta 1- classe de no­

mes da 1§ declinação na mesma sílaba em que aparece na forma base, exceto que nos paroxítonos terá de deslocar-se para a última no genitivo plural;

b. Genitivo plural- Em razão de contração prévia, o acento do genitivo plu­

ral, posto sempre na última, será circunflexo, perispômena, por­

tanto, a forma;

108

Page 120: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Paroxítonos- Nos substantivos de base paroxítona cuja penúltima seja

longa ocorrerá o circunflexo nas inflexões do nominativo e vocativo plural, desinência a i, dada por breve, além do genitivo plural, ne­cessariamente perispômeno; nos demais casos, desinências longas, manter-se-á o agudo;

- Nos paroxítonos de penúltima breve, já que o circunflexo não ocorre senão em longa, terão todas as formas o agudo (menos, naturalmente, o genitivo plural);

d. Oxítonos

- Os oxítonos, acentuados que serão sempre na última, re­ceberão circunflexo nas inflexões do genitivo e dativo, agudo nas de­mais;

e. Proparoxítonos

- Não há proparoxítonos nesta classe, já que a base tem fi­nal longo, pelo que não poderá haver acento na antepenúltima;

4. Aplicação- Aplica-se este quadro de desinências à flexão de toda pala­

vra desta classe, isto é, de todo vocábulo cujo radical termine eme, t ou p e tenha por final ã no caso nom. sing. e ãç no gen. sing.

7A -F le xão- Flexiona-se qualquer substantivo desta classe, determinan-

do-se-lhe o tema (parte restante após a excisão da terminação ãç do gen. sing.) e apondo-se-lhe, em cada caso específico, a desinên­cia constante da tabela geral da classe.

7.5 - Paradigmas

1. T||xépa, |jiÉpã<;, - dia (paroxítona de penúltima breve; tema em p)

109

Page 121: Manual de Lingua Grega.vol.1

a. Estrutura- Constam as formas desta flexão, em sua estrutura, de te­

ma e desinência;- O tema é Tj|xep, o mesmo, invariável, em todos os casos;- As desinências serão as específicas desta 1 - classe da 1 -

declinação;- Finaliza-se o tema pela líquida p e as desinências exibem

todas, menos o gen. pl., a vogal a, longa no singular (característico da classe) e nos casos nom., acus. e voc. duai, breve no gen. e dat. dual e em todo o plural, excetuado o acus.;

- A vogal desinencial é, na verdade, parte do radical, vogal temática. É mais prático, entretanto, tomá-la como integrante da desinência;

b. Flexão

DUALTema Des.

N. rjfxep ã - dias (dois)G. ípép oav - de dias (dois)D. T|MÍp aiv - para dias (dois)A. -rifxép ã - dias (dois)V. Tjfxép á - ó dias (dois)

SINGULARTema Des.

Nom. Tipip a - diaGen. 'flixép ãç - de diaDat. ^ é p - para diaAcus. ififxép ÕLV -d iaVoc. 'tifxép ã - ó dia

110

Page 122: Manual de Lingua Grega.vol.1

Tema Des.

N. 'Hfxép a i - dias

G. % épA0)V - de dias

D. Tifxép ais - para dias

A. fj^ép ãç - dias

V. tjpip a i - ó dias

c. Acentuação- Base paroxítona, posicionai o acento, apenas no gen. pl.

se desloca. Penúltima breve, recebe em todas as inflexões o agu­do (não há circunflexo em sílaba breve, nem grave senão na últi­

ma);

d. Aplicação- Em forma e prosódia, declinam-se nos moldes de iiixépã

todos e quaisquer nomes paroxítonos de penúltima breve desta classe, bastando somente substituir-se o radical TÍixep pelo corres­pondente da palavra a flexionar-se, mesmas as desinências e a acentuação.

2. PacnXeíã, (BacriXeíãç, T] - reino (paroxítona de penúltima longa; tema em i)

a. Estrutura- Como na flexão de Tj|xépã, constam estas inflexões de te­

ma e desinência;- O tema é PotcriXei, terminado em i, invariável, o mesmo

em toda a flexão;- As desinências serão as próprias desta 1 - classe, as mes­

mas da flexão de rjfxepã, a vogal a aparecendo em todas (menos no gen. pl., em que desapareceu, contraída), longa em todo o sin­gular (característico da classe), nos casos nom., acus. e voc. dual e no acus. pl., breve nos restantes;

111

Page 123: Manual de Lingua Grega.vol.1

0 a da desinência é, de fato, parte do tema, que se toma como elemento desinencial, por ser assim mais prático;

b. Flexão

SINGULARTema Des.

N. PaoxXeí 6l - reinoG. PaoxXeí á<; - de reinoD. Pao-iXeí au - para reinoA. PacriXeí ãv - reinoV. (BaaiXeí á - ó reino

DUALTema Des.

N. fJaaiXeí ã - reinos (dois)G. paaiXeL aiv - de reinos (dois)D. fkxaiXeí aiv - para reinos (dois)A. PacriXet ã - reinos (dois)V. PaaiXeí ã - ó reinos (dois)

PLURALTema Des.

N. pctaiXei a i - reinosG. PacriXei còv - de reinosD. PacriXeí atç - para reinosA. PacriXeí ct<; - reinosV. pacriXet a i - ó reinos

c. Acentuação

- Paroxítona, acento posicionai, mantém-se ele na sílaba de origem em toda a flexão, menos no gen. pl., em que é deslocado para a última, em virtude de contração primitiva, forma tornada perispômena;

112

Page 124: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Penúltima longa, terá o circunflexo nos casos nom. e voc. pl., desinência tida por breve (ai), o agudo nos demais casos (ex­cluído o gen. pl.), desinências longas;

d. Aplicação- Em acentuação e flexão, como PacriXeiã se declinam to­

dos os substantivos paroxítonos de penúltima longa desta 1- classe da 1- declinação, requerendo-se apenas a substituição do tema PcMxiXei pelo equivalente da forma a flexionar-se. Desinências e acentuação serão as mesmas sempre;

e. Comparação- Comparando-se as flexões de ^|xepa e paoxXeiã, verifi­

ca-se que diferem apenas no tocante aos radicais e à acentuação de nom. e voc. pl., paroxítonos naquele, properispômenos neste.

3 .7 cveã, 7 eveáç, nq - geração (oxítona, tema em e)

a. Estrutura- Como em rj|jiepã e Paq-iXetã, compõem-se as formas

flexionais do tema e da desinência;- O tema é 7 eve, finalizado em €, inalterado em toda a fle­

xão, o mesmo em todas as formas;- As desinências serão as mesmas da flexão de T](xepa

e pacriXeía, características desta 1ã classe da 1- declinação, em to­das presente a vogal a (não mais explícita no gen. pl.), longa em to­do o singular (característica da classe), em três dos casos do dual (nom., acus. e voc.) e no acus. pl., breve nos demais;

- Este a, dado como parte da desinência, é, na realidade, elemento do tema. Preferível, porém, é considerá-lo como porção desinencial, para facilitar a matéria;

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Page 125: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULARTema

N. 7 6 veG. 7 6 veD. 7 6 veA. 7eveV. 7eve

Des.ã - geraçãoâç - de geraçãoa - para geraçãoãv - geraçãoã - ó geração

DUALTema Des./

N. 7 eve ã - gerações (duas)G. 7 eve a ív - de gerações (duas)D. 7 cve a ív - para gerações (duas)A. 7 €ve ã - gerações (duas)V. 7 eve ã - ó gerações (duas)

PLURALTema

N. 7eveG. 7eveD. 7eveA. 7eveV. 7€ve

Des.a í - geraçõescòv - de geraçõesa iç - para gerações

- gerações a í - ó gerações

c. Acentuação- Forma de base oxítona, tem as inflexões todas o acento

na última, posicionai que é, nenhuma regra prosódica determinan­do-lhe deslocamento;

- As inflexões genitivas e dativas terão acento circunflexo, as outras todas o agudo-,

114

Page 126: Manual de Lingua Grega.vol.1

d. Aplicação- Seguem todos os substantivos oxítonos desta 1 - classe da

1 - declinação, no que respeita a desinenciação e prosódia, o para­digma de 7 evecí, apropriado padrão desta modalidade de nomes;

- Declinam-se-lhe, pois, segundo o modelo, fazendo-se de mister simplesmente substituir-se 7 eve pelo tema da palavra a fle­xionar-se, mesmas as desinências, mesmos os acentos;

e. Comparação

- Diferem as inflexões de 7 eveã das paralelas de rjfxepã e fJaa-iÀeíã apenas no que tange ao tema e acentuação. As desi­nências serão as mesmas nas três flexões;

- — c4. fxva, (xvas, t) - mina (contrata, perispômena)

a. Estrutura

- Constam as inflexões deste substantivo de tema e desi­nências;

- O tema integral seria |xvà, cuja vogal terminal se funde ou contrai com a desinencial imediata, desaparecendo de todo, assi­milada na seqüente. É princípio normativo da contratibilidade que a seguido de a se faz ã, lei que se aplica irrestritamente nesta fle- xão;

- As desinências, regulares, são as típicas desta 1? classe, que, embora contraída a vogal com a temática anteposta, nenhuma alteração experimentam, exceto que assume natureza longa nas in­flexões todas a vogal a, agora resultante de contração;

- Dada como expressão desinencial, é, todavia, parte do tema a vogal terminal a. Destarte, o que se verifica é, de fato, alte­ração da porção vocálica do tema ou raiz em que apareciam, origi­nalmente, dois a sucessivos. Para facilitar-se a matéria, toma-se o segundo como parte da desinência;

115

Page 127: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULARFORMA ORIGINAL FORMA ATUALTema Des. Tema Des.

N. |xvá ã |XVA,

a - minaG. jxvá ãç |XV a ç - de minaD. jxvá a

w|XV â - para mina

£

A. |xva Qv (XV av - minaV. |xvá CL |XV à - ó mina

DUALFORMA ORIGINAL FORMA ATUAL

Tema Des. Tema Des.

N. |xvd ã |XV ã - minas (duas)

G. |xv<í oav |XV axv - de (duas) minas

D. fxvá aiv |XV aiv - para (duas) minas

A. |xvàA

a (XV a - minas (duas)\ / V. |xva

Aã |XV a - ó minas (duas)

PLURALFORMA ORIGINAL FORMA ATUALTema Des. Tema Des.

N. fxvà a i |XV a i - minas

G. (xvà (ov [|xva wv] |XV ü)V - de minas

D. |xvòí ou ç |XV aíç - para minas

A. fxv$ ã s |XV aç - minasv / ^V. |xva a i (XV a í - ó minas

c. Acentuação- Originalmente acentuadas na penúltima, sílaba em que,

breve a vogal, incidiria sempre o agudo, portanto, como em f||xepã, todas paroxftonas, salvo o gen. pl., necessariamente perispômeno, as

116

Page 128: Manual de Lingua Grega.vol.1

atuais, contratas, têm o acento posto na resultante, circunflexo em todas, daí, todasperispômenas, sem exceção;

- Alguns preferem manter nos casos nom., acus. e voc. dual o acento agudo, de sorte que seriam estas formas oxítonas. Todavia, o mais regular é tomá-las como perispômenas;

d. Comparação- Não difere dos demais paradigmas desta classe, irçfJié—

pã, (3aai\eíã, 7 eveã, esta flexão contrata, no que respeita à desi- nenciação. A acentuação, porém, segue normas próprias nos con­tratos, de sorte que, neste aspecto, não coincidem |xva e aqueles paradigmas.

8. SEGUNDA CLASSE

8.1 - Característica

- Caracteriza-se a segunda classe de nomes da primeira decli­nação pelo tema finalizado por letra que não e, i ou p, seguida da vogal longa ti em todas as formas do singular. No dual e no plural são as desinências as mesmas da 1- classe, aliás, de todas, sem ex­ceção;

8.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se na segunda classe da primeira declinação

nomes femininos de nominativo singular finalizado em u] e genitivo singular terminado em nrçç;

- Graficamente, N .S.- ^G.S. - <5

8.3 - Distinção- Constam a 1 - e 2- classes dos nomes femininos de tema longo

da 1- declinação, bem que este dado seja de relevância apenas quanto ao singular;

- Na 1- classe se enquadram os nomes femininos de tema fi­

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Page 129: Manual de Lingua Grega.vol.1

nalizado em a, precedido de e, t ou p, na 2- os femininos de tema finalizado em tj, não precedido de e, i, p. Logo, se o radical termina em e, t, p a forma é da 1 - classe, se não termina por essas letras, é da 2-;

- Ocorrem exceções, entretanto. Assim, formas haverá em que, especialmente após p, aparece iq em vez de a regular, como também, mormente se precedida de o, a aparece onde a norma se­ria T|. A preferência por a é mais pronunciada em nomes próprios.

8.4 - Desinências

1. Tabela

- Â tabela geral de desinências próprias da 2- classe da 1§ de- clinação é:

SINGULAR DUAL PLURALN. TI ã a iG. eav covD. aiv a isA. ã ãçV. ã a i

2. Observações morfológicas

a. Dual e Plural- As desinências do dual e do plural são, nesta 2- classe, as

mesmas aplicadas à 1-, aliás, comuns às classes todas, indistinta­mente;

b. Quantidade- Como na 1 - classe, apenas as desinências ditongais a i do

nom. e voc. pl. se hão por breves. As demais são todas longas;

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Page 130: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Similaridade- Da tabela geral, observa-se que, nesta 2- classe da 1- de­

clinação,

(1) É, como na 1- classe, a forma do vocativo sempre igual à do nominativo paralelo, em cada número, mesmas em desi­nências:

- tj no singular,- ã no dual, e- ou no plural;

(2) Ao contrário da 1- classe, não coincidem em forma gen. sing. e acus. pl., por isso que diferem as desinências:

- gen. sing.-^ç,- acus. pl. - ãç;

(3) Como na 1ã e demais classes, aliás, em todas as três declinações, têm no dual a mesma desinência, entre si, nom., acus. e voc., de um lado, gen. e dat., de outro;

3. Observações prosódicas- Em absoluto paralelo com o que se observou em relação à

1 - classe, assinalam-se as seguintes:

a. Posição

- Posicionai que é, mantém-se o acento em todas as infle­xões na mesma sílaba em que ocorre na base, nom. sing., menos no gen. pl. das paroxítonas, deslocado para a última;

b. Genitivo Plural

- Característico de todas as classes da 1§ declinação, em virtude de contração primitiva, é o gen. pl. sempre perispômeno, acentuado com circunflexo na última;

119

Page 131: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Paroxítonos- Os substantivos paroxítonos de base terão acento agudo

em todas as inflexões, menos o gen. pl., se a penúltima lhes for breve, visto que o circunflexo não ocorre senão em sílaba longa;

- Já os substantivos paroxítonos de penúltima longa, em­bora tenham acento agudo em todas as inflexões de desinência lon­ga, excetuado o gen. pl., perispômeno sempre, terão o circunflexo nos casos nom. e voc. pl., cuja desinência, a i, é tida por breve;

d. Oxítonos- Acentuados na última em toda a flexão, terão os oxítonos

de base circunflexo nas formas genitivas e dativas, agudo nas de­mais, mesmo que longas;

e. Proparoxítonos

- Não há, também nesta 2- classe, proparoxítonos, uma vez que, longa a última da forma base, não haveria acentuar-se na an­tepenúltima;

4. Aplicação- Aplica-se a tabela de desinências à flexão de toda forma en­

quadrada nesta classe, isto é, aos substantivos de radical finalizado por letras outras que e, i ou p, cujo nom. sing. termine em T] e o gen. sing. em T)<;.

8.5 - Flexão- Para flexionar-se qualquer substantivo desta classe requer-

se apenas destacar-se-lhe o tema (a parte da forma que resta, ex- cindida a terminação Tqç do gen. sing.) e acrescentar-se-lhe, para cada caso, a desinência específica, segundo a tabela geral da classe;

8.6 - Paradigmas

1. cr/curri, T| - amor (paroxítona de penúltima breve;radical não em e, i, p).

120

Page 132: Manual de Lingua Grega.vol.1

a. Estrutura- Consistem estas inflexões do tema á^air, sempre o mes­

mo, invariável em todas as formas, e das desinências, próprias desta 2- classe da 1 - declinação;

- Não é o tema finalizado por e, i ou p, letras por que ter­mina ele nas palavras da 1- classe;

- A vogal "ri aparece em todas as desinências do singular (característico da classe), enquanto no dual e no plural ocorre a vo­gal a, como na 1 - classe, não mais explícita, porém, no gen. pl.;

- As vogais T), no singular, e a, no dual e plural, que se to­mam como integrantes das desinências, são, na realidade, temáti­cas, terminais do radical. É mais prático, no entanto, havê-las por desinenciais;

b. Flexão

SINGULAR

N.G.D.A.V.

Tema

cr/air

eryctTr

Des.T) - amor-ris - de amorri - para amorJT|v - amor-ri - ó amor

DUAL

N.G.D.A.V.

Des.datv

- amores (dois)- de amores (dois)- para amores (dois)

erycnr

a - amores (dois)- ó amores (dois)

121

Page 133: Manual de Lingua Grega.vol.1

PLURAL

Tema Des.N. c*7 onr a i - amoresG. cryaTT

3 Óayom

âv - de amoresD. a iç - para amoresA. GL CÍTt ãç - amoresV. a^cnr a i - ó amores

c. Acentuação- Substantivo paroxítono, posicionai o acento, não se des­

loca da penúltima, exceção feita do gen. pl., forma contrata, sempre acentuada na última;

- Penúltima breve, terá necessariamente o agudo, paroxíto- nas todas as inflexões, menos o gen. pl., perispômeno;

d. Aplicação- A base de àyarrr] se declinam todos os substantivos pa-

roxítonos de penúltima breve desta classe, bastando apenas subs­tituir-se o tema ôryaTr pelo correspondente da forma a flexionar-se, conservadas as mesmas as desinências e a acentuação;

2. eíprjvnn, eípTjvTjç, - paz (paroxítona de penúltima longa; não em e, i, p o tema)

a. Estrutura- Constituem-se as formas desta flexão de tema ou raiz

e desinências, aquele, eípinv, o mesmo em todas as inflexões, inal­terado, estas as específicas da tabela da 2- classe da 1- declinação;

- O tema, eipiqv, não termina por e, i, p, letras que caracte­rizam o final temático da 1§ classe;

- As desinências são as mesmas aplicadas na flexão dea vogal iq aparecendo em todos os finais no singular (ca­

racterístico da 2- classe), enquanto no dual e no plural a é a vogal

122

Page 134: Manual de Lingua Grega.vol.1

básica das terminações, como na 1- classe, apenas no gen. pl. já

não mais explícita;- Estas vogais, 'tj, no singular, a, no dual e no plural, dadas

como desinenciais, são, de fato, terminais do tema. Concebem-se como parte da desinência apenas para fins práticos;

b. Flexão

SINGULAR Tema

N. elprjvG. elprivD. eipirívA. elpTjv■yj. €ipT|V

Des.T] -p a z nr|S - de paztj - para paz

t|v - paziq - ó paz

DUALTema Des.

N. eipViv ã - pazes (duas)

G. eipriv a iv - de pazes (duas)

D. elpriv a iv - para pazes (duas)

A. eípnqv ã - pazes (duas)

V. eiprjv ã - ó pazes (duas)

PLURALTema Des.

N. eipr]v a i - pazes

G. elprjv wv - de pazes

D. elpr)v auç - para pazes

A. elpiqv ãç - pazes

V. etp^v a i - ópazes

123

Page 135: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Acentuação- Forma de base paroxítona, posicionai o acento, permane­

ce na penúltima em toda a flexão, excetuado o gen. pl., em que, mercê de contração das vogais a e co, é deslocado para a última;

- Longa a penúltima, será circunflexo o acento do nom. e voc. pl., por isso que a última é breve (desinência ca), agudo o acento dos demais casos, porquanto, longa a última, não pode ocorrer circunflexo na penúltima;

- 0 gen. pl., como em todas as flexões e classes da 1- de­clinação, é, em razão da contração sofrida, sempre perispômeno;

d. Aplicação- Como eipryin) se declinam todos os demais nomes paro-

xítonos de penúltima longa de 1§ declinação que se enquadram nesta 2- classe, bastando simplesmente substituir-se o tema eipiriv pelo equivalente da forma a flexionar-se. Acentuação e desinencia- ção serão sempre as mesmas em todos. Só o tema é diferente;

e. Comparação- Como se observou em relação a T||xepá e (3aCTtXeíã na 1 -

classe, as flexões de ãyánrr] e elprívr], nesta 2- classe, diferem ape­nas quanto ao tema ou raiz, necessariamente distintos, e quanto à acentuação das formas do nom. e voc. pl., paroxítonas em ã^áTriq, properispômenas em eiprívr).

3. (po)VT|, cpcovT)*;, T] - voz (oxítona; tema em letra que não

e, i, p)

a. Estrutura

- Estruturam estas inflexões o tema cpwv, mais as desinên-cias próprias desta 2- classe de nomes da 19 declinação;

- Não termina o tema por e, i ou p e é o mesmo em todasas formas, inalterado;

124

Page 136: Manual de Lingua Grega.vol.1

- As desinências serão as mesmas que se aplicaram àsfle- xões de ôrycnnri e eiprivri, no singular a vogal ti a aparecer em to­das as desinências, no dual e no plural, como na 1- classe, a vogal a, não mais explícita no gen. pl., contrata que é a terminação atual;

- Embora as vogais ti, no singular, e a, no dual e no plural, se tomem como parte da desinência, são, em verdade, terminais do tema. Tratam-se como desinenciais apenas para facilitar-se a ma­téria;

b. Flexão

SINGULAR Tema Des.

N. cpwv T) - vozG. cpwv fjç -d e vozD. cptov T| - para vozA. cptov i]v - vozV. cpwv Yj - ó voz

DUALTema Des.

N. cpwv/a - vozes (duas)

G. cpwv aiv - de vozes (duas)D. cpwv aiv - para vozes (duas)A. cpwv a - vozes (duas)V. cpwv ã - ó vozes (duas)

PLURALTema Des.

N. cpwv a í - vozesG. cpwv wv - de vozes

D. cpwv a is - para vozesA. cpwv ãç - vozes

V. cpwv a í - ó vozes

125

Page 137: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Acentuação

- Substantivo oxítono de base, conserva-se-lhe o acento na última em todas as inflexões, posicionai que é;

- No gen. e dat. ocorre o circunflexo, perispômenas as for­mas, nos demais casos o agudo, oxítonas;

d. Aplicação

- Apropriado paradigma de flexão é (pcovTÍ para todos os substantivos oxítonos desta 2- classe da 1- declinação;

- Para decliná-los, bastará substituir-se o tema cpwv pelo correspondente da forma a flexionar-se; acentos e desinências se­rão sempre os mesmos, inalterados;

e. Comparação- Das flexões de ôrycnn] e eiprjvTi distingue-se a declinação

de (powi no tocante ao tema e à posição e natureza do acento. As desinências são as mesmas em todas;

- Da flexão de 7 eveá, paradigma dos oxítonos da 1 - classe, difere a declinação de çíovti somente em relação ao tema e às desi­nências do singular (em a naquele, em ^ neste). Paralelas lhes são toda a acentuação e, ainda, a desinenciação do dual e do plural.

4. oukt), oi)KT|ç, -q - figueira (contrata, perispômena)

a. Estrutura

- Consta esta flexão de TEMA e DESINÊNCIAS;- O tema real é o-ukc, a vogal e, terminal, a fundir-se com a

vogal desinencial imediata;- As desinências, típicas, seriam as da 1- classe, uma vez

que o tema se finda em e. Obedecendo ao princípio de contração de que e seguido de a se converte em ti, no singular assumem os fi­nais todos essa forma vocálica, em vez de ã, de sorte que se passa a flexão a enquadrar na 2-, não mais na 1- classe. Naturalmente, o gen. pl. terá a desinência wv, inafetada;

126

Page 138: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULAR FORMA ORIGINAL FORMA ATUAL

Tema Des. Tema Des.N. cruKe ã ctuk

AV - figueira

G. OUK€ áç cruKA

- de figueiraD. OTJK.6 aw OUK

A- para figueira

A. ow é ãv (TDK f|V - figueiraV. cruKe ã ctuk

A.- ó figueira

DUALFORMA ORIGINAL FORMA ATUALTema Des. Tema Des.

N. OUK6 ã ctukAa - figueiras (duas)

G. cruKé aiv ctuk a ív - de (duas) figueirasD. ctuk€ aiv OUK aív - para (duas) figueirasA. OTJK6 ã (Jl)K ã - figueiras (duas)V. am e a CTUK ã - ó figueiras (duas)

PLURALFORMA ORIGINAL FORMA ATUALTema Des. Tema Des.

N. crvKe a i CTUK/s

a i - figueirasG. OUKÉ

AtóV CTUK Q>V - de figueiras

D. cruKé oa<5 CTUK aíç - para figueirasA. cruKe ã<5 (TDK ag - figueirasV. OUK€ a i OTJK a í - ó figueiras

c. Acentuação- Originalmente, paroxítona de base, penúltima breve, es­

taria o acento, agudo, em todas as formas sobre o e temático, exce­ção feita do gen. pl., contrato, acentuado com circunflexo na última, forma perispômena;

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- Nas formas atuais, processada a contração do e com o a terminal, passou o acento à última, circunflexo em toda a flexão, de sorte que de paroxítonas se tornaram todas perispômenas as in­flexões;

- De observar-se é que, a despeito de longa, resultante de contração, ademais, alguns preferem acentuar com agudo as formas do nom., acus. e voc. dual, daí, oxítonas, ao invés de perispômenas;

d. Comparação- No que tange à desinenciação em nada difere a flexão de

ouktj das correspondentes dos demais paradigmas desta classe, ÕryctTrri, elprívr] e cpcovrí. Diverge-lhes, porém, quanto à acentuação que, entretanto, é a mesma da contrata da 1- classe, |xvá, |xvâç, Tj - mina.

9. TERCEIRA CLASSE

9.1 - Característica

- Caracteriza-se a terceira classe de nomes de 19 declinação por dois elementos distintos: 1 - A vogal breve a nas desinências do nom., acus. e voc. âingular, e 2- A acentuação tendentemente pro­paroxítona;

- No dual e no plural não difere esta das demais classes, mesmas as desinências e comum a prosódia. No gen. e dat. sing. seguem as formas desta 3- classe as linhas da 1 - e 2-;

- Em última instância, as inflexões da 3- só diferem das para­lelas da 1 - classe no que se refere à quantidade das vogais e à pro- paroxitonicidade das três inflexões distintivas; e da 2- no que res­peita à natureza das vogais desses três casos e sua proparoxitonici- dade;

9.2 - Nomes abrangidos

- Enquadram-se na 3- classe da 1- declinação nomes femini­nos em que o nom. sing. termina em à e o gen. sing. ora em ãç

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(tema finalizado por e, i, p), ora em ti (tema finalizado por letras

outras que e, i, p);- Graficamente, N.S. - á

G.S. - ãç (radical em e, i, p)- t|<; (radical não em e, i, p);

9.3 - Distinção- Constituem-se a 1 - e a 2 - classes dos nomes femininos de te­

ma longo da 1- declinação; a 39 formam-na os substantivos femini­nos de tema breve, se bem que esta distinção só se aplique em rela­ção aos três casos do singular em que a vogal ê breve (nom., acus. e voc.);

- No gen. e dat. sing. flexionam-se os nomes desta classe nos moldes dos temas longos, isto é, as desinências são longas, não breves, seguindo a linha da 1- classe quando o radical termina pore, i, p (gen. ãç; dat. a), da 2- quando o radical termina por letras outras que e, i, p (gen. tiç; dat. tj);

- Variações se registram, entretanto, especialmente em se tratando de nomes próprios, ti podendo aparecer nas desinências genitivas e dativas após e, i, p, ã após outras letras, além dessas;

9.4 - Desinências

1. Tabela

- A tabela geral de desinências próprias à 3- classe da 1- de­clinação é:

SINGULAR DUAL PLURALN. u

a ã a iG. ÕtÇ OU T]Ç aiv ü)VD. OL OU T| aiv a içA. ãv ã ãqV. a ã a i

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Page 141: Manual de Lingua Grega.vol.1

2. Observações morfológicas

a. Dual e plural

- As desinências do dual e do plural são as mesmas aplica­das à 1 - e à 2- classes, aliás, as mesmas em toda a 1 - declinação;

b. Quantidade

- Nesta 3§ classe é breve a desinência em um terço dos ca­sos, a saber: nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl.; longa nos demais;

c. Similaridade

(1) Como na 1 - e 2- classes, nesta 3-, também, é a forma vocativa sempre igual à nominativa paralela, fato comum, pois, às três classes, portanto, aos femininos todos da 1- declinação. As de­sinências lhe serão:

- á no singular,- a no dual,- a i no plural;

(2) Nos substantivos de tema em e, i, p coincidem em forma gen. sing. e acus. pl., como na 1- classe, desinência ãç em ambos os casos;

(3) No dual, como em todas as declinações, têm nesta 3- classe da 1ã declinação forma comum, mesma a desinência, nom., acus. e voc., de um lado (desinência ã), gen. e dat., do outro (desi­nência aiv);

3. Observações prosódicas

a. Posição- O acento será sempre posicionai, como convém aos

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Page 142: Manual de Lingua Grega.vol.1

substantivos, normativamente. Permanecerá, pois, na mesma síla­ba em que aparece na forma base, quanto o permitam as leis de acentuação;

- Nos proparoxítonos deslocar-se-á, necessariamente, para a penúltima nos casos em que as desinências forem longas, isto é, no gen. e dat. sing. e no gen., dat. e acus. pl.;

b. Genitivo plural- Como se registrou nas flexões da 1 - e 2- classes, também

nesta 3-, aliás, em todas as classes da 1- declinação, tem o gen. pl., em decorrência de contração do a temático e a longa to da desinên­cia, o acento na última, inflexão sempre perispômena nas palavras desta declinação;

c. Paroxítonos- Nos paroxítonos de penúltima breve manter-se-á o acento

sempre nessa sílaba, que, por não ser longa, somente poderá ter o agudo, apenas o gen. pl. tendo-o na última, circunflexo;

- Nos paroxítonos de penúltima longa, embora se mantenha sempre o acento nessa sílaba de base, será circunflexo nos casos em que a desinência for breve (nom., acus. e voc. sing.; nom. e voc. pl.), agudo nos demais, desinências longas, pelo que não pode haver cir­cunflexo na penúltima, inda que longa também. Naturalmente, o gen. pl. tem o acento na última, circunflexo;

d. Oxítonos- A rigor, não haverá oxítonos nesta classe. Todavia, em

admitindo-os-, não lhes diferirá a acentuação da característica des­ses nomes na 1- e 2- classes: circunflexo nos genitivos e dativos, agudo nos demais casos;

4. Aplicação- Aplica-se a tabela de desinências desta classe à flexão de to­

dos os substantivos de tema breve da 1- declinação, isto é, àqueles

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Page 143: Manual de Lingua Grega.vol.1

cujo nom. sing. termina em a e o gen. sing. em aç (radical eme, i, p) ou r\<; (radical não em e, i, p).

9.5 - Flexão

- Flexiona-se qualquer forma desta 3- classe, determinando- se-lhe o tema (parte remanescente após a excisão da terminação ãç ou ti? do gen. sing.) e aduzindo-se-lhe as desinências próprias dos diversos casos, conforme a tabela específica, no gen. sing. ãç e no dat. sing. a, quando o tema termina em e, i, p; e t], quando outra é a letra final a preceder a desinência;

9.6 - Paradigmas

1. a\TÍ0eiáf áXriOeux';, ^ - verdade (proparoxítona de tema fi­nalizado em i)

a. Estrutura

- Constam as inflexões deste paradigma do tema aX^ e i, que não varia, sempre o mesmo, e das desinências próprias da clas­se;

- Tema finalizado em i, no gen. sing. a desinência é ã ç e no dat. sing. a, o que também se verificaria, se o fosse em e ou p;

- A vogal á, característica desta 3- classe, aparece nos três casos distintivos do singular (nom., acus. e voc.);

- No dual e no plural as desinências são as mesmas aplica­das aos paradigmas da 1- classe (•fjixépã, [SaoxXeíã, "yeveà, |xv<5) e da 2- (eryáTrri, eip^vT], (ptüvrj, odk^), comuns, aliás, às classes to­das;

- A terminal a é parte do tema. Entretanto, para fins práti­cos, preferível é tomá-la como desinencial;

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Page 144: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULARTema Des.

N. aXT]0€i0a - verdade

G. aXirjOeí ãç - de verdadeD. àXTqOei <? - para verdadeA. aXiqOet Ótv - verdadeV. aXifíOei a - ó verdade

DUALTema Des.

N. aXr|0eí ã - verdades (duas)G. àX^Oeí a iv - de verdades (duas)D. àX^Oeí a iv - para verdades (duas)A. àX^Oeí ã - verdades (duas)V. àX-iqOeí <x - ó verdades (duas)

PLURALTema Des.

N. aXrj0ei a i - verdadesG. aXiqOei àv - de verdadesD. aXir]0eí aiç - para verdadesA. aXi^eí ãç - verdadesV. aX^Oei a i - ó verdades

c. Acentuação- Proparoxítona de base, posicionai o acento, preserva-

se-lhe na sílaba de origem, Xt , antepenúltima, nas inflexões em que a desinência é breve (nom., acus. e voc. sing., nom. e voc. pl.), agudo sempre;

- Nas demais inflexões, longa a desinência, desloca-se o acento para a penúltima, 0et, que, embora longa, terá o agudo, pa- roxítonas, pois;

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Page 145: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Apenas o gen. pl., forma originalmente paroxítona, tem agora, mercê de contração prévia, o acento na última, que, por ser contrata, é perispômena;

d. Aplicação

- Como áXirçGeici se declinam os demais substantivos femi­ninos proparoxítonos de tema breve da 1- declinação em que é a desinência precedida por e, i ou p, sendo de mister apenas substi­tuir-se o radical àXr|0ei pelo equivalente da forma a flexionar-se. Desinências e acentuação permanecem as mesmas;

e. Comparação

- No tocante à desinenciação, a flexão de aXrjOeiá difere dos paradigmas da 1- classe (Tjfxepã, PaaiXeíã, yeveã, \xvã) ape­nas na quantidade do a termina! do nom., acus. e voc. sing., breve em àX^Geiá, longo nesses outros; e dos paradigmas da 2- classe (orycnrrç, elp^vri, cpcovrí, oukt)), em que têm estes a vogal t] em to­das as formas do singular, enquanto áX^Geta lhes tem em con­traste a vogal a, ora breve, ora longa;

- No que respeita à acentuação, difere aX^Geià de todos esses paradigmas da 1- e 2- classes em que cinco de suas formas (nom., acus. e voc. sing., nom. e voc. pl.) são proparoxítonas, o que não pode ocorrer nesses outros paradigmas. Nos demais casos, a acentuação de ãX^Geiá é paralela à dos paroxítonos -rifxepã, |3a— criXeiã, ã y á ir í] e e Íp r|V T |.

2. 8o£á, ôó^T|ç, Tj - glória (paroxítona de tema ou radical não em e, i, p)

a. Estrutura- Compõem-se as formas desta flexão dos dois elementos

característicos: tema, neste paradigma ôo£, inalterado, o mesmo em todas as inflexões, e desinências, consoante a tabela geral da classe, aplicável aos nomes de radical não em e, i, p;

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- No singular, aparece a vogal á , distintiva desta 3- classe, nos casos nom., acus. e voc., enquanto as formas de gen. e dat. têmo final típico da 2- classe, respectivamente, ir]<; e tj;

- No dual e no plural, as desinências são as mesmas aplica­das aos paradigmas todos da 1- e 2- classes e ao proparoxítono desta, a\T)0eiá;

- As vogais á, â ou rj que figuram como integrantes desi- nenciais são, em realidade, temáticas, terminais do radical. É mais prático, entretanto, assumi-las como parte da desinência;

b. Flexão

SINGULAR Tema

N. 8ó£G. 5ò£D. Ôó£A. Só£V. 8o£

DUALTema

N. 8Ò£G. 8o£D. 8Ó£A. 80?V. 8Ó£

PLURALTema Des.

N. Só£ ca - glóriasG.

A

ÍOV - de glóriasD. m a is - para glóriasA. 5o£ ã ç - glórias

V. 56? a i - ó glórias

Des.á - glóriat)s - de glóriaT) - para glóriaáv - glóriaá - ó glória

Des.ã - glórias (duas)aiv - de glórias (duas)aiv - para glórias (duas)ã - glórias (duas)ã - ó glórias (duas)

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Page 147: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Acentuação

- Substantivo, acentuação posicionai, base paroxítona, pe­núltima breve, permanece o acento em toda a flexão na penúltima, agudo sempre (já que não há circunflexo senão em longa e grave só na última), salvo no gen. pl., sempre perispômeno nesta declinação, por força da contração do a temático e do co da desinência;

- Nas palavras em que a penúltima for longa, embora a po­sição do acento não sofra alteração, o circunflexo ocorrerá nas cinco inflexões em que o final é breve (nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl.), portanto, properispômenas;

d. Aplicação- Nos moldes de 86£á flexionam-se os paroxítonos, nomes

de penúltima breve, desta 3- classe da 1- declinação cujo radical termine por letra que não sejam e, i, p, requerendo-se apenas a substituição do radical ôo£ pelo correspondente da forma a decli­nar-se, mesma a acentuação, mesmas as desinências;

- Tratando-se de substantivos de penúltima longa ou de radical finalizado por letra outra que e, i, p, registram-se variações prosódicas e/ou desinenciaisC

e. Comparação- A flexão de 8o£a difere da paralela de aX/iqOeiá apenas

em dois pontos:19 Dissilábica, não tem formas proparoxítonas;29 No gen. e dat. sing. tem desinenciação em nr], não a;- A flexão de Ôó£á é de todo paralela aos paradigmas da 1§

^ ^ / A

classe (rj|xepã, PaoxXeiã, "yeveã, |xvã) em matéria de desinencia­ção, exceto que no singular o gen. e dat. tem tj no final em vez de a e o a do nom., acus. e voc. é breve, não longo como na 1 -;

- A flexão de 8ó£á exibe as mesmas desinências aplicadas aos paradigmas da 2- classe (dr/cnrri, eip^vrç, cpímni, ctukti), exceto em que a vocalização final do nom., acus. e voc. sing. é ã , não i) (próprio da 2-);

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Page 148: Manual de Lingua Grega.vol.1

- A acentuação na flexão de 8o£d é de todo paralela à das formas correspondentes de rj^epã e a 7 áTnr), paradigmas dos paro- xítonos de penúltima breve da 1 - e 2- classes, respectivamente.

9.7 - Flexões divergentes

1. Natureza

- Inflexões há que fogem à norma rígida dos paradigmas es­tabelecidos. Atavismo jônico, ocorrem em o Novo Testamento no­mes desta 3§ classe da 1§ declinação, radicais em i ou p, em que o gen. sing. tem a desinência tis, ao invés de ãç, regular, e o dat. sing. tq, em lugar da normativa a. O inverso também se registra: desinenciação em a, aposta a radicais não em e, i, p;

2. Exemplos

- Assinaladas merecem em o Novo Testamento as seguintes variações flexionais:

- De |xáxoap& - espada - ocorrem |xaxaípr]ç, por ixaxaípaç, gen. sing., em Lc 21.24; Hb 11.34,37; Ap 13.14, e |xaxcapir], em vez de fxaxaCpa, dat. sing., em Lc 22.49; At 12.2; Ap 13.10;

- De 'TTÂ/TÍfxpAjpá - inundação - o gen. sing. -ttXti(xjx-up-rjs, por TrXTiíXfXTjpãç, em Lc 6.48;

- De '7rpâ»pa - proa - o gen. sing. irpcop^ç, ao invés de 'rrpwpaç, em At 27.30;

- De Xonrcplpa - Safira - o dat. sing. XcnnpCpr], em lugar de Xa-rrcpipa, em At 5.1;

- De aireípa - coorte - o gen. sing. oTreipriç, quando deveria ser cnreípãç, em At 10.1; 21.31; 27.1;

- De ouvei&uíá - conhecendo também ptc. perf. at. de cru— voLÔá, o gen. sing. ouveiômiiç, que devera ser cruvei&uCãç, em At 5.2;

- Por outro lado, encontram-se os genitivos do singular A-uôôàç (At 9.38), de Av88á - Lida - , e MápGãç (Jo 11.1), 'de MctpGá- Marta - , a despeito do radical não lhes terminar em e, i, p, em que

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Page 149: Manual de Lingua Grega.vol.1

a forma regular seria, respectivamente, Avôôt]'; e MápOiqç.

10. QUARTA CLASSE

10.1 - Característica- Caracteriza-se a 4- classe de substantivos da 1? declinação

pelos seguintes elementos:

(1) Tema, assim como da 1§ classe, finalizado por e, i, p, em­bora não absoluto este ponto;

(2) Desinências, como na 1? classe, embasadas na vogal a, que aparece em todas, menos uma, ou duas, conforme o caso;

(3) Adição de ç à vogal terminal da forma base, nominativo singular;

(4) Desinência implantada no genitivo singular, ou em vez de ãç (que se prestaria a certa confusão), embora em muitos substan­tivos apareça ã;

(5) Dual e plural a exibirem as mesmas desinências encontra­das nas três classes anteriores, aliás, as mesmas que se irão aplicar na quinta classe;

- Há, contudo, nomes enquadrados nesta classe cujo radical termina por letra outra que e, i, p. É o caso de 0w|xaç - Tomé (Jo11.16), em que a vogal desinencial é precedida de |x, não e, i, p;

10.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se nesta quarta classe da primeira declinação

substantivos masculinos em que o nom. sing. termina em ãç e o gen. sing. em ou, em muitas palavras em ã;

- Graficamente, N .S.- ãç

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Page 150: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Em o Novo Testamento pouquíssimos nomes comuns há desta classe. Na realidade, contam-se apenas três:

1. veavuxç, au, ó - moço (At 7.58; 20.9; 23.17);2. TraTpoXaSãç, ou, o -parricida (I Tm 1.9); e3. |a/rçTpoX.c6ãç, ou, ó - matricida (I Tm 1.9);Há quem prefira enquadrar os últimos dois na 5- ciasse;- O impressivo contingente de substantivos desta classe con­

siste de nomes próprios, em geral adaptados do hebraico ou do aramaico, susceptíveis de certas peculiaridades morfológicas e pro- sódicas;

- A terminação genitiva ã é de cunho dórico e representa a contração de ao. Aparece especialmente em nomes próprios de tema finalizado não em e nem em i, como se vê de formasperispô- menas que ocorrem através do Novo Testamento, como:

A /- Papva(3ã, por alguns acentuada PapvafSa (At 11.30; 15.12;

Gl 2.1; Cl 4.10);- ^Tracppã (Cl 1.7);- ' I(ova(Mt 12.39,41; 16.4; Lc 11.29,32);- Kalacpã (Mt 26.3; Lc 3.2; Jo 18.13,28);- KT|cpâ (I Co 1.12);- KXtoira (Jo 19.25);- XaTavS (Mc 1.13; At 26.18; II Co 2.11; 12.7; II Ts 2.9; I Tm

5.15; Ap 2.9,13,24; 3.9);- X kcucí (At 19.14);- XTecpavã (I Co 1.16; 16.15,17), ou paroxítonas, como:- ^A^piTnrã (At 25.23);- ^Avvã (Lc 3.2);- cApeTã (II Co 11.32);- Por outro lado, a desinência regular ou se emprega, norma­

tiva, em substantivos próprios de tema finalizado por e ou i , como se espelha em exemplos tais:

- DAv8peou (Mc 1.29; Jo 1.44);- Papaxíou (Mt 23.35);

G.S. - ou ou ã;

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Page 151: Manual de Lingua Grega.vol.1

- 3 HX.ioy(Lc 1.17; 4.25);- 5 Hcratou (Mt 3.3; 4.14; 8.17; 12.17; 13.14; Lc 3.4; 4.17; Jo

12.38; At 28.25);- *Iepe|xíau (Mt 2.17; 27.9);- Awavíov (Lc 3.1);- ZaxoLpícrv (Mt 23.35; Lc 1.40; 3.2; 11.51).

10.3 - Distinção

- No que tange à flexão, corresponde esta 4- classe, substanti­vos masculinos, à 1 -, nomes femininos, distinguindo-se-lhes apenas nos casos nom. e gen. sing. as desinências;

- Em relação à 3- classe, femininos, diferem, em flexão, esses dois casos (nom. e gen. sing.) e, também, a quantidade da vogal do acus. e do voc. sing. (breve na 3-, longa na 4-), além da desinência do dat. sing. quando termina o tema em letra outra que e, i, p.

10.4 - Desinências

1 . Tabela- O quadro geral de desinências da 4- classe da 1§ declinação

0e:

SINGULAR DUAL PLURALN. ãç ã a iG. ou ou ã cav covD. a aiv Otl<5A. ãv ã ãçV. ã ã ca

2 . Observações morfológicas

a. Dual e Plural- No dual e no plural são as desinências as mesmas da 1-, 2-

e 3- classes, aliás, as mesmas em toda esta declinação;

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Page 152: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Quantidade

- Como na 1 9 e 2 - classes, são longas todas estas desinên­cias, excetuada a terminação ou do nom. e voc. pl., que, embora ditongal, se considera breve para fins prosódicos;

c. Similaridade

(1) A inflexão vocativa no dual e no plural é, nas três de­clinações, sempre igual em forma à paralela do nominativo. Logo, o é nesta classe. Entretanto, enquanto nas três classes femininas sempre coincidem as inflexões do nom. e do voc. também no sin­gular, tal não se dá nesta 4- classe. Divergem as desinências de nom. e voc. sing. São, pois, diferentes as formas. As desinências seriam:

- Dual: ã (iguais)- Plural: at (iguais)- Singular N. ãç

V. ã (diferentes);

(2 ) O gen. sing., diferentemente do que se dá na 1§ clas­se e na 3- de radical em e, i, p, não é similar em forma ao acus. pl., diferentes as desinências:

ov ou ã - gen. sing.ãç - acus. pl.;

(3) Entretanto, nesta 4- classe, diferentemente das três femininas, têm a mesma forma o nom. sing. e o acus. pl., mesma a desinência, ãç/em ambos;

(4) Vê-se, pois, que a similaridade de forma do acus. pl. é com o gen. sing. na 1- e 3- classes (nesta nos radicais em e, i, p apenas), com o nom. sing., porém, na 4-;

(5) São comuns em forma nesta classe, em todos apare-

141

Page 153: Manual de Lingua Grega.vol.1

cendo a desinência a , cinco dos casos: gen. sing. alternativo, voc. sing., nom., acus. e voc. dual;

(6 ) Como em todas as declinações, têm no dual a mesma inflexão, de um lado, nom., acus. e voc. (desinência ã), de outro, gen. e dat. (desinência aiv);

3. Observações prosódicas

a. Posição

- Posicionai, continuará o acento na flexão toda na mesma sílaba em que aparece na forma base, nom. sing., exceção feita do gen. pl. dos paroxítonos;

b. Genitivo Plural- Em decorrência da contração das vogais, o acento do gen.

pl., nesta 4-, como na 1-, 2- e 3- classes desta 1§ declinação, estará sempre na última, circunflexo-,

c. Proparoxítonos

- Longo o final da forma base, impossível o acento na an­tepenúltima, não há substantivos proparoxítonos nesta 4- classe da 1 - declinação;

d. Paroxítonos- Nos paroxítonos de penúltima breve, o acento, que se

manterá nesta sílaba em todas as formas, excetuado o gen. pl., ne­cessariamente perispômeno, terá de ser agudo sempre (não há cir­cunflexo em sílaba breve);

- Nos paroxítonos de penúltima longa, o acento, que apenas no gen. pl. estará na última, forma perispômena, será circunflexo nos dois casos em que a desinência é oa, breve (nom. e voc. pl.), agudo nos demais (porquanto, se a última for longa, não haverá cir­cunflexo na penúltima, inda que longa também);

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Page 154: Manual de Lingua Grega.vol.1

e. Oxítonos- Nesta 4- classe da 1- declinação, os nomes acentuados na

última representam, em geral, em o Novo Testamento, formas de cunho hebraico-aramaico, de tipo contrato, por isso perispômenas em todos os casos, não oxítonas, portanto;

- Estes substantivos especiosos ocorrem normativamente

só no singular;- Exemplos, além dos referidos na seção 10.2, seriam ain-

da:- 3oppaç- (vento) norte (Lc 13.29; Ap 21.13);- Koppavas - cofre de ofertas (Mt 27.6);- fxafjuovãç — riquezas (Mt 6.24; Lc 16.9,11,13);

f. Aplicação- Aplica-se este quadro de desinências à flexão dos nomes

desta classe, isto é, substantivos masculinos da 1ã declinação, cujo nom. sing. termina em ãç, gen. sing. em ov ou ã, radical normati­vamente finalizado em e, i, p, embora o possa ser por outras letras em elevado número de formas importadas.

10.5 - Flexão- Flexiona-se qualquer palavra desta classe com determinar-

se-lhe o tema (parte do vocábulo a preceder à desinência ov ou ã do gen. sing.) e aduzirem-se-lhe as desinências típicas dos diversos ca­sos, nos termos da tabela da classe.

10.6 - Paradigmas

1 . veavíãç, veavtov, o - moço (paroxítona de penúltima breve, radical em i)

a. Estrutura- Estruturam as inflexões deste paradigma o tema veaví,

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invariável, o mesmo em todas as formas, e as desinências regulares da 4- classe;

- O tema é finalizado pela vogal le o gen. sing. tem a desi­nência típica ou, não ã, que é própria dos radicais não em e ou i;

- A vogal a aparece em todos os finais, menos os genitivos sing. e pl., longa no sing., nom., acus. e voc. dual e acus. pl.;

- As desinências no dual e no plural são as mesmas aplica­das a todos os paradigmas até aqui registrados;

- A vogal a é, a rigor, porção do radical, temática. Entre­tanto, bem mais prático é tomá-la como desinencial;

b. Flexão

SINGULAR

N.G.D.A.V.

N.G.D.A.V.

N.G.D.A.V.

Temaveavtveaví,veavtveavtveav i

DUALTemaveavtveavi?

■òveavtveavtveaví

veavtveaví,veaví

Des.ã<;ou

%avã

Des.ãatvatvãã

PLURAL Tema Des.veavt atveavt tov

atçãçat

■moço■ de moço■ para moço ■moço■ ó moço

■ moços (dois)■ de moços (dois) ■para moços (dois)■ moços (dois)■ ó moços (dois)

■moços■ de moços■ para moços ■moços■ómoços

144

Page 156: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Acentuação- Paroxítona de base, posicionai o acento, conserva-se na

penúltima em todas as formas, exceção feita do gen. pl.;- Penúltima breve, que, por isso, não pode ter circunflexo, o

acento lhe é, pois, agudo;- O gen. pl., como em todas as flexões desta declinação, é

perispômeno, acentuado com circunflexo na última;- Tem, assim, este paradigma o circunflexo no gen. pl.,

o agudo nos demais casos;- Se a penúltima fosse longa, o circunflexo, em vez do agu­

do, ocorreria nessa sílaba do nom. e voc. pl., cuja desinência, a i, é prosodicamente breve;

d .Aplicaçãoví -

- Como veaviãç flexionam-se os demais nomes paroxíto­nos de penúltima breve desta classe da 1§ declinação, bastando apenas substituir-se o radical veavi pelo equivalente da forma a declinar-se. Acentuação e desinências são as mesmas em todos, apenas o gen. sing., nos radicais não em e ou i, podendo ter ã em vez de ov como desinência;

- Palavras de penúltima longa terão o circunflexo nas for­mas do nom. e voc. pl.;

- As acentuadas na última seguirão a prosódia específica, oxítonas ou perispômenas, conforme o caso ou formação;

e. Comparação- No tocante às desinências, é a flexão de veavíãç:- paralela à dos paradigmas da 1 - classe (i ixepã, potai—

Xeiã , 7 evea, |xvá) em todos os casos, menos dois: nom, e gen. sing.;

- diferente dos paradigmas da 2 - classe ((rydnrn, elprj— vt], (pwvT], oruKrj) em todo o singular;

- paralela ao paradigma dos radicais em e, i, p da 3- classe

145

Page 157: Manual de Lingua Grega.vol.1

(àX^Oeiá), exceto quanto ao final de nom. e gen. sing. e quantidade das desinências do acus. e voc. sing., breves na 3§, longas na 4-;

- No que respeita à acentuação, a prosódia de veavíáç é idêntica à dos paroxítonos de penúltima breve da 1 - classe (rifxépã), da 2- ^ a ir r } ) e 3- (8o'£à);

2 . fjia|juüva<;, |xa|xwvâ, Ó - riqueza (perispômena, de tipo con­trato, radical não em e, i, p)

a. Estrutura

- Como nos demais paradigmas declinados, constituem-se estas inflexões do tema ou radical, nesta flexão |xa(xcov (alguns edi­tores preferem |jia|x|xcóv, duplicado o segundo |x), invariável, em todos os casos o mesmo, e das desinências, neste paradigma as tí­picas desta 4- classe da 1- declinação, as mesmas de veavtãç (ex­ceto o gen. sing.);

- O radical |xa|juov não termina em e ou i, a forma é de ba­se aramaica, tipo contrato, o gen. sing. finalizado em ã ao invés de ou;

- A vogal ã ocorre em todos os finais, excetuado o gen. pl. em que foi absorvida na contração primitiva, longa em todas as terminações, mesmo ditongais;

- No dual e no plural são as desinências as mesmas aplica­das a todos os paradigmas das classes até aqui flexionados;

- A vogal a é, de fato, parte do tema, tomada, porém, como desinencial por simples conveniência prática;

b. Flexão

SINGULARTema Des.

N. (xa(xo)vA

aç - riquezaG. fJLOt|JXúV a - de riquezaD. |XGt|X(OV

A

aV

- para riquezaA. fJLCtfXGH» av - riquezaV. |jia|XG)v

A

a - ó riqueza

146

Page 158: Manual de Lingua Grega.vol.1

DUAL

Tema Des.N. fJUXfJLÍúV ã - riquezas (duas)G. |XOtfACDV a iv - de riquezas (duas)D. (xafxcov a iv - para riquezas (duas)A. |XOt|XG)V ã - riquezas (duas)V. fJUX|Xü)V ã - ó riquezas (duas)

PLURALTema Des.

N. IxafJUDvA

ca - riquezasG. fxafxtov ü)V - de riquezas

D. (xafjicovA

a içA

- para riquezasA. |xa|xo)v ãç - riquezas

V. |xa|xcovA

a t - ó riquezas

c. Acentuação- Palavra de acento na última, posicionai que é, nesta sílaba

permanece em todas as formas;- Normativamente, seriam perispômenas as inflexões ge­

nitivas e dativas, oxítonas as demais;- Tratando-se de vocábulo de cunho aramaico, em moldes

contratos, o circunflexo ocorre em todos os casos, perispômenas, portanto, as inflexões todas;

- Nos moldes dos contratos, em geral, poder-se-ia admitiro acento agudo em vez do circunflexo nas formas do nom., acus. e voc. do dual: jxafxcovã, pois, ao invés de fxa|xcovã;

d. Aplicação- Declinam-se como este paradigma os substantivos desta

4- classe da 1- declinação de radical não em e ou i, cujo gen. sing. se finaliza em ã, ao invés de em ou, acentuados na última;

- Desinenciação e prosódia são as mesmas em todos, re-

147

Page 159: Manual de Lingua Grega.vol.1

querendo-se, pois, para flexioná-las apenas substituir-se o radical fjiaixcav pelo equivalente da palavra a declinar-se, preservadas as desinências e a acentuação deste paradigma;

e. Comparação- A flexão de ixaixwvãç se distingue da declinação de vea—

víãç em três aspectos:

1 . Radical diferente;

2 . Desinência do gen. sing. (ov em veavíãç, ã em ixaixco—vas); e

3. Acentuação (veavias paroxítono, de penúltima breve; |xa|xíovãç perispômeno, última tipo contrato);

- A flexão de jjuxfjuovãç é paralela à dos paradigmas da 1- classe (rjfxépã, fJacriXeíã, ^eveã, |xvã), exceto no tocante à desi- nenciação do nom. e gen. sing. e à acentuação, que, todavia, é a mesma de |xva;

- A flexão de |jia|X (ovã<; difere dos paradigmas da 2- classe (crycnrri, dp-r^v-rj, cpwvirí, o u k t | ) na desinenciação do singular, nestes à base da vogal -rj, naquele da vogal a , bem como na acentuação geral, menos em relação a auicíj, porquanto é em ambos idêntica a prosódia de todas as formas, perispômenas nas duas flexões;

- A flexão de |jux|X(Dvãç, que é paralela aos paradigmas da 1 - e 2 - classes nó que respeita à quantidade das desinências, exce­tuados nom. e voc. pl., difere dos paradigmas da 39 classe, não so­mente quanto aos finais de nom. e gen. sing. mas ainda em que são longas as terminações de nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl. em ixafxcovãç, breves nas flexões da 3- (aX^eu^ e ôó£á). Diversa lhes é também, em natureza e posição, a acentuação geral.

148

Page 160: Manual de Lingua Grega.vol.1

11. QUINTA CLASSE

1 1 .1 - Característica- Caracteriza-se a 5- classe de nomes da 1- declinação pelos

seguintes elementos:

(1 ) Radical, como na 2 - classe, finalizado por letras outras que

e, i, p;

(2) Desinências, como na 2- classe, embasadas na vogal ^ em todo o singular, exceção feita do gen., forma divergente;

(3) Adição, como na 4- classe, de ç à vogal terminal do nom. sing., forma base, de sorte que é esse ç elemento distintivo dos masculinos da 1 - declinação, em contraste com os femininos, a que falece nos paradigmas nas três classes;

(4) Desinência ou no gen. sing. oriunda da 2- declinação, a substituir a regular para obviar confusão com o nom. sing., a mesma da 4- classe. Vê-se, pois, que esta desinência, comum às duas classes de masculinos, é elemento distintivo deste gênero de substantivos em contraposição aos femininos desta declinação;

(5) Dual e plural a exibirem as mesmas desinências assinala­das para as quatro classes anteriores, portanto, as mesmas, sem exceção, em toda palavra desta declinação primeira;

- Há, como se viu na consideração de matéria da secção pre­cedente, significativa cifra de nomes de radical não em e, i, p que se deveriam enquadrar nesta classe e, todavia, se flexionam em ter­mos da 4-. Por outro lado, formas há de radical em e, i, p que se tomam como integrantes desta, não da 4- classe.

149

Page 161: Manual de Lingua Grega.vol.1

11.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se, normativamente, nesta 5- classe da 1§ decli­

nação substantivos masculinos, cujo nom. sing. termina em e o gen. sing. em ou;

- Graficamente, N .S.-iqçG.S. - ou

1 1 .3 - Distinção

- Em matéria de flexão, lavra entre esta 5§ classe e a 2- a mesma afinidade ou paralelo que se assinalou entre a 4 - e a 1 - , as mesmas desinências nos casos correspondentes, exceção feita de nom. e gen. sing. (e, em certas formas da 5- classe, no voc. sing.);

- Correspondem, pois, flexionalmente, os substantivos mas­culinos da 4- classe aos femininos da 1- e os masculinos da 5- aos femininos da 2-, todos temas longos;

- Não há, portanto, ao contrário dos femininos, substantivos masculinos de tema breve, divergindo, assim, esta 5 - classe, mas­culinos, da 3-, femininos, em todo o singular, no tocante à natureza e quantidade da vogal da desinência, excetuadas certas formas do dativo (radicais não em e, i, p) ou do vocativo (a aparece como de­sinência de certos nomes da 5-);

- Vê-se, destarte, que na 1§ e 4- classes se enquadram, nor­mativamente, formas de radical em e, i, p, na 2 - e 5 - palavras de tema em outras que não essas letras, naquelas prevalescendo, no singular, a vogal a, nestas a vogal -q;

- Diferem a 4- e 5- classes, em matéria de flexão, não apenas quanto aos radicais, próprios de cada forma, e quanto às terminais temáticas (na 4- e, i, p; na 59 outras letras), mas ainda quanto às desinências do singular (na 4- com a, na 5- com iq), excetuado o gen. sing. em ou, comum a ambas as classes;

- No dual e no plural, são as desinências sempre as mesmas em todas estas classes, sem exceção;

- Logo, as variações desinenciais se limitam ao singular, ape­nas.

150

Page 162: Manual de Lingua Grega.vol.1

11.4 - Desinências

1 . Tabela- O quadro geral de desinências da 5- classe da 1s declinação

é:SINGULAR DUAL PLURAL

N. T)Ç d a iG. ov atv tovD. cav ai<5A. -qv d dçV. -r] ou d d ca

2 . Observações morfológicas

a. Dual e Plural- As desinências do dual e do plural são, nesta 5- classe, as

mesmas aplicadas às demais classes, logo, as mesmas em todas as formas da 1 - declinação;

b. Quantidade- Como na 1-, 2- e 4- classes, são bngas todas estas desi­

nências, menos a alternativa do voc. sing. (d) e as terminais de nom. e voc. pl. (ca);

c. Similaridade

(1) A inflexão vocativa é no dual e no plural idêntica em forma à nominativa paralela, similaridade que se verifica não só em todas estas classes da 1- declinação, mas ainda na 2- e 3? declina­ções, igualmente;

(2) A inflexão do vocativo singular é, nas três classes fe­mininas, sempre igual em forma à do nominativo singular, fato que

151

Page 163: Manual de Lingua Grega.vol.1

se não registra nem na 4-, nem na 5-. Logo, têm sempre nom. e voc. a mesma forma nos femininos desta 1- declinação, não, po­rém, nos masculinos;

(3) Têm a mesma forma do acus. pl., em todos a desi­nência ã<5, o gen. sing. da 1- classe, o gen. sing. da 3- de radical eme, i, p, e o nom. sing. da A-. Isto não se registra na 5-, diferentes asdesinências desses casos, como, também, na 2- e na 3- de radical não em e, i, p;

(4) Como na 4- classe, a forma base, nom. sing., tem o mesmo final do gen. sing. da flexão feminina paralela, isto é:

- N.S. da 4- = G.S. da "\ - - desinência ãç;- N.S. da 5- = G.S. da 2- - desinência

(5) O gen. sing. coincide desinencialmente na 5- e gran­de parcela da 4-, ov em ambas a terminação;

(6 ) O dat. sing. tem em todas estas classes o iota subs­crito, característico marcante deste caso da 1- declinação, aliás, também da 2 -;

(7) O acus. sing. tem sempre a nasal v como terminal, característico deste caso nesta, assim como na 2 - e, parcialmente, na 3- declinações;

(8 ) A desinência ^ do voc. sing. desta 5§ classe é similar à do nom. e voc. sing. da 2 -, e alternativa á é a mesma deste caso na 3- classe;

(9) Quatro dos casos têm a vogal a como desinência; voc. sing., nom., acus. e voc. dual, breve, porém, naquele, longa nestes;

152

Page 164: Manual de Lingua Grega.vol.1

(1 0 ) O nom. sing. dos masculinos tem o mesmo final (ãç, T)ç) do gen. sing. dos femininos;

(11) No dual, nesta classe, como nas demais, têm a mesma desinência, de um lado, nom., acus. e voc. (ã), de outro, gen. e dat. (aiv);

3. Observações prosódicas

a. Posição- Posicionai, o acento se mantém na flexão toda na mesma

sílaba em que se acha na forma base, nom. sing., exceto nos paro- xítonos, em que o terá recuado para a última no gen. pl., nesta, as­sim como nas demais classes desta 1 - declinação;

b. Genitivo Plural- Forma contrata, o acento originalmente no a da penúlti­

ma ou no w.da última, reduzidas as duas sílabas a uma só, estará sempre na resultante, final, perispômena, circunflexo o acento;

c. Proparoxítonos- Como na 1 -, 2 - e 4- classes, longa a última da forma no­

minativa singular, não há substantivos acentuáveis na antepenúlti­ma, isto é, proparoxítonos, nesta 5- classe da 1? declinação;

d. Paroxítonos- Nos paroxítonos de penúltima breve, o acento, que só no

gen. pl. se desloca, inflexão por isso perispômena, será sempre agudo, já que o circunflexo só em longa pode aparecer;

- Nos paroxítonos de penúltima longa, o agudo ocorrerá em todas as inflexões de desinência longa (circunstância em que não poderá haver circunflexo na penúltima), todavia, nas formas de voc. sing. em & e nas inflexões do nom. e voc. pl., casos estes em que a desinência é breve, o acento será circunflexo, properispômenas, portanto;

153

Page 165: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Acentuados na última em todas as formas, os substanti­vos oxítonos de base, como na 1§, 2- e 3- classes, terão nesta 5-,o circunflexo, perispômenas, no gen. e dat. dos três números, o agu­do, oxítonas, nos demais casos, mesmo que longos no final;

- Os substantivos de cdnho hebraico-aramaico, de tipo contrato, radicais não em e, i, p, que representariam os perispôme­nos desta classe, enquadram-se, como vimos, na 4-, preferencial­mente;

e. Oxítonos

4. Aplicação

- Aplica-se este quadro de desinências à flexão dos nomes to­dos desta 5- classe da 1- declinação, substantivos masculinos de nom. sing. terminado em T|<5 e gen. sing. finalizado em ou, radical em letras outras que e, i, p;

11.5 - Flexão

- Flexiona-se qualquer forma desta classe com determinar- se-lhe o tema (parte que precede à terminação ou no gen. sing.) e aduzirem-se-lhe as desinências constantes do quadro específico, segundo os diversos casos;

- No voc. sing. a desinência t] é a normativa do caso, em geral. Entretanto, a alternativa Ót é de rigor nas seguintes formas:

1 . Substantivos de nom. sing. terminado pela sílaba Trjç (t a preceder à desinência);

2 . Substantivos patronímicos, isto é, expressivos de nacionali­dade, etnia, relações genealógicas ou designações locativas e topo­gráficas;

3. Nomes finalizados pela sílaba tt^s, compostos de coi}; -olho,face.

Ex. kwcótttiç, ou, ó - descarado, cínico.Voc. sing.: Kuiwrrá (não kuvcottti);

4. Compostos de temas verbais, tais ixeTpéw - medir, 'iroXeco -

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Page 166: Manual de Lingua Grega.vol.1

vender e Tpí(3co - exercitar:Exs. a. 'Y€(0 }jieTpT]ç, ov, ó - medidor de terra:

Voc. sing.: "yewixlTpa (não 7 €co[xeTpTi);b. PtpX.LOTTíóXri*;, ou, o - vendedor de livros:

Voc. sing.: 0ipXiOTra)Xã (não PlPXiottwX.t]);c. TraiôoTpiP^ç, ou, o j treinador de crianças:

Voc. sing.: TTcaôoTpt(3ã (não TraiôoTpiPT]);- Destas formas de voc. sing. em ã não poucos substantivos

há em o Novo Testamento de nom. sing. terminado em tt^ç. Um só exemplo há de patronímico, a saber: SkúO^ç, ou, Ó - cita, que ocorre em Cl 3.11, todavia, não na inflexão vocativa. Dos demais ti­pos, não há representantes nos escritos néo-testamentários.

11 .6 - Paradigmas

1 . tcÁ-cov^s, tcXcovou, o - coletor de impostos (paroxítono de penúltima lònga, final não em tt^s, não patronímico)

a. Estrutura- Como nos demais paradigmas, constam as formas desta

flexão de tema, reXcov, inalterado, sempre o mesmo, e de desinên­cias, típicas da tabela desta 5- classe da 1§ declinação;

- O radical não termina em e, t, p, letras próprias do final do tema da 1 - e 4? classes;

- O gen. sing., como na 4- classe, tem a desinência ou, ca­racterística dos masculinos em contraposição aos femininos, em que seria ãs (1§ classe e 3- de radical em e, i, p) ou (2- classe ou 3- de radical não em e, i, p);

- O dat. sing. tem o iota subscrito, distintivo deste caso na1 - e 2 - declinações;

- O acus. sing. tem a desinência v, característica da inflexão nas declinações todas, embora na 3§ não apareça em todas as fle­

xões;- No voc. sing. ocorre a desinência T|, não ã, por tratar-se

155

Page 167: Manual de Lingua Grega.vol.1

de vocábulo não patronímico, nem terminado por na forma ba­se, nom. sing.;

- A vogal como na 2- classe, caracteriza as desinências todas do singular, menos a do gen., ov, divergente, importada;

- Dual e plural exibem as mesmas desinências de todas as flexões e paradigmas já estudados;

- As vogais -rj, no singular, e a , no dual e no plural, toma­das como parte da desinência, na realidade são temáticas. De con­veniência prática é, entretanto, havê-las por desinenciais;

b . Flexão

N.G.D.A.V.

SINGULARTemaTeXcóv

TeXcóv

TeXcóv

TeXcóv

TeXcóv

Des.r\s01)

- coletor- de coletor- para coletor- coletor- ó coletor

N.G.D.A.V.

N.G.D.A.V.

DUAL Tema Des.TeXcov ã

TeXcov c a v

TeXcov a i v

TeXcóv ã

TeXcóv ã

PLURAL Tema Des.T e X w v a i

TeXcov cov

TeXcóv a i ç

TeXcóv ã ç

TeXcov a t

• coletores (dois)■ de coletores (dois)■ para coletores (dois)■ coletores (dois)■ ó coletores (dois)

■ coletores■ de coletores■ para coletores■ coletores■ ó coletores

156

Page 168: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Acentuação- Paroxítona, posicionai o acento, na penúltima permane­

cerá em toda a flexão, menos no gen. pl., contrato, por isso, peris- pômeno;

- Longa a penúltima, tem o circunflexo nos casos em que a

desinência é breve (nom. e voc. pl., final at), o agudo nos demais casos, porquanto a última é longa, também;

- Fosse breve a penúltima, seria agudo o acento de todas as inflexões, excetuado o gen. pl., que em toda forma da 1 - declinação

recebe circunflexo na última, perispômeno;

d. Aplicação- Nos moldes deste paradigma se declinam os demais

substantivos paroxítonos de penúltima longa, não patronímicos, nem de nom. sing. finalizado por tt]ç, desta 5§ classe da 1 - declina­ção, que ocorrem em o Novo Testamento, bastando simplesmente substituir-se o radical TeXcov pelo equivalente do vocábulo a flexio­

nar-se. Desinências e acento serão os mesmos;- Paroxítonos de penúltima breve e oxítonos exigirão rea­

juste prosódico, patronímicos e formas de nom. sing. em tt s so­

frem substituição da desinência t] por &;

e. Comparação- Quanto à desinenciação, a flexão de Te\ohnr|s é:

& Z) f- paralela à dos paradigmas da 2 - classe (cr/otTnri, eipr^—

vt), cpoovT], oukt|) em todas as inflexões, menos nom. e gen. sing.;- diferente dos paradigmas da 1 - classe (Tj|jiepã, PaCTiXeiã,

yevea, jxvã) em todo o singular;- paralela ao paradigma dos nomes de radical não em

e, i, p da 3- classe (8o£á), excetuados nom., acus. e voc. sing.;- diferente do paradigma dos substantivos de tema em e, i,

p da 3- classe (aX.T|0eiá) e dos da 4- (veavuxç, (xajxtovctç) em todoo singular, salvo no gen., em nomes de 4- classe em que a desinên­cia é cru, não ã;

157

Page 169: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Quanto à acentuação, a prosódia de TeX.(óvT]ç é toda pa­ralela à dos paradigmas paroxítonos de penúltima longa: PacriXelá (1 - classe) e eíprjvTn <2§ classe);

2 . fxaeiqTTiç, (xaOriTov, ó - discípulo (oxítono de nom. sinq. emr r \ < s )

a. Estrutura

- Como em todos os paradigmas flexionados, dois ele­mentos estruturam estas inflexões: o tema ou radical, (xaG-r T, sem­pre o mesmo em todas as formas, e as desinências, segundo a ta­bela desta 5- classe, próprias dos substantivos de nom. sing. finali­zado em ttiç;

- Não termina o radical em e, t, p, letras que assinalam os temas da 4- classe em distinção desta (ou a 1- em contraposição à 2 a- ) ;

- O nom. sing. tem o <; final e o gen. sing. a desinência ov, ambos elementos distintivos dos masculinos em contraste com os femininos desta declinação, que têm o nom. sing. terminado pela

vogal apenas (ã, T), á) e o gen. sing. finalizado como o nom. sing. masculino (ãç,ir]<;);

- O dat. sing., como em todos os paradigmas desta e da 2 - declinação, tem iota subscrito;

- O acus. sing. termina pela nasal v, característico deste ca­so na 1- e 2- declinações e em vasta cifra da 3§;

- No voc. sing., ao contrário do que se viu na flexão de TeXcóvTiç, a desinência é á (como na 3-), porquanto o nom. sing. neste paradigma termina pela sílaba

- A vogal t], que caracteriza esta classe, como também a 2 -

no singular, nesta flexão se mostra apenas em três casos: nom., dat. e acus.;

- No dual e no plural as desinências são as mesmas dos demais paradigmas estudados, as mesmas sempre em toda forma desta 1 - declinação;

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Page 170: Manual de Lingua Grega.vol.1

- As vogais r\ e a dadas como desinenciais, são, de fato, parte do tema. Todavia, simplifica-se a matéria em tomando-as como elemento da desinência;

b. Flexão

SINGULARTema Des.

N. (xaGiqT - discípuloG. IxaGnrçT oí) - de discípuloD. xaO-r T

ATJ - para discípulo

A. |Xa0TlT Yjv - discípuloV. |XCt0T)T

K)a - ó discípulo

DUALTema Des.

N. |Xa0T]T/a - discípulos (dois)

G. |Jia0T)T a iv - de discípulos (dois)D. 1X0107] T a iv - para discípulos (dois)A. |Xa0TlT a - discípulos (dois)V. IxaG^T á - ó discípulos (dois)

PLURALTema Des.

N. |Xa0T|T a í - discípulosG. fXa0T|T w v - de discípulosD. (xaOiriT a iç - para discípulosA. )Xa0T|T ãs - discípulosV. |Xa0T|T a í - ó discípulos

c. Acentuação- Substantivo de base oxítona, posicionai o acento,

têm--se ele na última em todas as formas;

- Serão perispômenos o gen. e o dat. em todos os núrr

159

Page 171: Manual de Lingua Grega.vol.1

oxítonos os demais casos, inda quando longa a desinência, acentua­ção característica de todos os oxítonos, menos os de cunho con­trato, em todas as classes desta declinação e também na 2 -;

d. Aplicação

- A base da flexão de |xa(hyrri<; se declinam todos os no­mes oxítonos desta classe em o Novo Testamento, desde que pa- tronímicos ou terminados em tti<5 na forma do nom. sing., fazen­do-se de mister apenas substituir-se o radical fxaOiqT pelo corres­pondente da palavra a declinar-se. Desinências e acentuação serão sempre as mesmas deste paradigma;

e. Comparação

- Em matéria de desinenciação, a flexão de |jux(hynrv; é:- paralela à de TeXomjç em todas as inflexões, excetuada a

do voc. sing. apenas;- paralela à dos paradigmas da 2 - classe (ôrycnrri, eip-q—

vtj, çcúWj, owrç), menos em três casos (nom., acus. e voc. sing.);- diferente dos paradigmas da 1 - classe (f|(xépã, PacriXeíã,

7 €veã, |xvã) em todas as formas do singular, embora a vogal seja a mesma, todavia, de quantidade diversa no voc. sing. (ã na 1 -, à nesta flexão da 5ã);

- paralela ao paradigma dos nomes de radical não em fe, í, p da 3- classe (8ó£á), menos dois casos: nom. e gen. sing.;

- diferente do paradigma dos nomes de radical em e, t, p da 3- classe (aXriGeiá), em todo o singular, menos na inflexão do vocativo (a mesma desinência, a, em ambos);

- diferente dos paradigmas da 4- classe (veotvuxç, |x<xjxco— vãç) em todas as inflexões do singular, exceto que o gen. tem a mesma desinência em ambos (ou) e no voc. a terminal, embora a mesma, difere em quantidade (longa em veavláç, breve em

(xaOTiTíís);- Em referência à acentuação, observe-se que é em

|xaOT|TTÍ<; a mesma dos paradigmas oxítonos flexionados da 1 -

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classe iyeveã) e da 2 - (cpíovr)), bem como dos contratos, perispô- menos (|xvã, ouktí e ixajxcovãs) nas inflexões do gen. e dat. nos três números.

12. SINOPSE TABELAR

- A sinopse geral das desinências da 19 declinação, em função das diversas classes, é:

SINGULARFEMININOS MASCULINOS1S 2a- 3a- 4- 5?

N. ã T\Va ã s ^S

G. ã s Tl<5 ãS OU T)<5 ou ou ã OUD. <£ ■D a ou ti*• c %A. av T]V àv av T|PV. ã Tl à a TJ OU à

DUALFEMININOS MASCULINOS-|S 2a- 3a- 4- 5?

N. ã ã ã à ãG. aiv aiv aiv aiv aivD. aiv aiv aiv aiv aivA. ã ã ã St ãV. ã Õl a ã ã

PLURALFEMININOS MASCULINOS19 2 - 3a- 4- 5?

N. a i a i a i a i a iG.

/\cov COV (OV cov A.covD. a is a is a is a is a isA. ã s ã s á s ã s ã sV. a i a i a i a i a i

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13. TIPOS CARACTERÍSTICOS

13.1 - Especificação- Terminações há próprias a expressarem determinado senti­

do ou particular significado, constituindo-se, destarte, em elemen­tos característicos de grupos, conjuntos ou modalidades de pala­vras que, tendo o mesmo final, exprimem um mesmo tipo de ação ou estado;

13.2 - Enumeração- Terminais dessa natureza e sua acepção específica, relevan­

tes à 1§ declinação e suas classes, dignos de menção seriam:

1. indicativos de QUALIDADE ou ESTADO

a. Sufixo iã (paroxítono):- Nomes femininos da 1- classe, paroxítonos;- Exs. - TTapp^CTtã - ousadia (I Jo 5.14);

- aocpíã - sabedoria (Tg 3.15);- CTcoTTnpiá - salvação (Ap 7.10);

b. Sufixos e iá e oiá (átonos):- Substantivos femininos da 3- classe, proparoxítonos, deri­

vados de temas adjetivos de nom. sing. em (forma alongada do original eç) ou ooç;

- Exs. - áaOeveiá - enfermidade (Jo 11.4), derivado da for­ma adjetiva aoOevríç (por àaôeveç);

- ewoiá - boa-vontade (Ef 6.7), derivado da forma adjetiva ewooç;

c. Sufixo orw-T} (paroxítono):- Formas femininas da 2 - classe, paroxítonas, derivadas

mais freqüentemente de adjetivos consonantais de tema finalizado

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em ov, em menor escala oriundos de adjetivos de cunho vocálico, precedido, geralmente, o sufixo cru vir} da vogal de ligação o ou co;

- Exs. - CTcocppocruvT| - moderação (I Tm 2.9), derivado do tema de trcocppcov, ov - moderado, prudente, adjetivo consonantal, o a preceder ao sufixo terminal cruvri;

- ôiKaiocnjvT) - justiça, retidão (II Pe 3.13), derivado do adjetivo ôÍKaioç, ã, ov - justo - , vocálico, o a anteceder ao final oruin];

2. Indicativo de resultado de ação- O sufixo euã (paroxítono)- Vocábulos femininos da 1§ classe, paroxítonos, derivados de

temas verbais em eu;- Exs. - pacriXeíã- reino (Ap 11.15), derivado do tema verbal

(âacriXev, de (âacriXeuco- ser rei;- irpocpTyreíã - profecia (II Pe 1.20), derivado de -irpo—

qnjTeu, tema verbal, de TTpcxpTiTeixo-profetizar;

3. Indicativos de agente

a. Sufixo tt|ç

- Palavras masculinas da 5§ classe, derivadas de temas ver­bais ou de substantivos mais simples;

- Exs. - fxaOiqTrfç - discípulo (Mt 10.24), derivado da raiz jxa0 do verbo (xavGávco - aprender;

- TrpoípT|TT|ç - profeta (Tt 1.12), derivado da raiz <pá, do verbo cpiifjw - dizer - , precedida da preposição TTpò - antes de, em lugar de;

- (TTpQLTuott)ç - soldado (II Tm 2.3), derivado do substantivo arpaTui - expedição militar, exército;

b. Sufixo taaá- Substantivos femininos da 3- classe, proparoxítonos, em

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geral, oriundos de temas de masculinos correspondentes. É este sufixo forma ulterior da desinência iç, típica de femininos da 3- de­clinação;

- Ex. pao-iX-icro-à - rainha (Lc 11.31), forma proveniente do tema do masculino PaatXevç, fSaoxXécdç, ó - rei;

4. Próprio de diminutivo- O SUfixO ICTKT]

- Substantivos femininos da 2- classe de teor diminutivo, afins

a masculinos paralelos, oriundos do tema de matriz regular, mercê de sufixação característica, utkoç, para o nom. sing. masc., uctkt] para o nom. sing. fem.;

- Ex. ttouôÍctkti - moçoiia (Lc 22.56), feminino de TraiSícTKOç, diminutivo masculino que não ocorre através do Novo Testamento, formas procedentes do tema -rraiô, de W iç , 'nrnôóç, ò - rapaz, me­

diante a adição do sufixo lctkoç, masculino, kxkt], feminino.

14. ARTIGO INDEFINIDO

14.1 - Formas- Não há no grego formas explícitas de artigo indefinido, em­

bora as haja de artigo definido;- Pode-se, por vezes, usar o numeral elç (masc.), |xía (fem.),

ev (neutro) - um, uma, em simples função de artigo indefinido, por vezes o pronome indefinido t iç , t i - algum, algVma, algo, alguém, em igual função.

14.2 - Tradução- Se determina a qualquer vocábulo forma explícita do artigo

definido, segue-se que a tradução lhe deve ser em moldes definidos, explícita essa modalidade articular;

- Se, por outro lado, não houver forma articular expressa, pressupõe-se que se deve traduzir a palavra como indefinida, su-

prindo-se-lhe esse artigo na tradução;

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- Entretanto, a ausência do artigo pode implicar não apenas em que a forma é indefinida-, poder-se-á tratar de palavra anartra, isto é, destituída de qualquer articulação ou definitude;

- Logo, em não havendo artigo, a opção é alternativa, ora in­definida, ora anartra, do contexto deduzindo-se, geralmente, qual a de preferir-se.

14.3 - Exemplos

- Em Fl 1.9 ocorre a frase iq a-ycnrri, o substantivo precedido da forma articular explícita. Traduz-se definidamente: o amor.

- Em Judas, no versículo 2 , o substantivo aparece inarticula- do, à"ycnrri, não r| orycnrri. Transparece do contexto que a tradução conveniente é a anartra, daí, amor (não o amor, nem um amor)-,

- Entretanto, em Jo 15.13, o termo, que está sem artigo, em­bora bem lhe fique a tradução anartra, pode-se tomar como indefi­nido, logo, um amor, suprido o artigo implicitado.

14.4 - Extrapolação- Não há exata correspondência articular entre o grego e o

português. Quer isto dizer que há formas articyladas em grego que no português não têm artigo, enquanto outras que no grego são inarticuladas requerem o artigo em português;

- Os nomes próprios, em grego, podem vir regidos de artigo, mormente quando primeiro se mencionam na frase, embora o mais das vezes tenham de traduzir-se em forma anartra;

- Por outro lado, copiosa cifra há de locuções, expressões e cláusulas gregas desprovidas de artigo cuja tradução requer explí­cita definitude. E o caso, especialmente, de cláusulas temporais e instrumentais, de locuções estereotipadas, de termos abstratos ou genéricos, de formas personificadas, em geral;

- Exemplo de nome próprio anartro no português, contudo, comumente articulado em grego, têmo-lo no termo 0 eó<; - Deus (Cl 1.27), em seu uso em o Novo Testamento. Verdade é que a presença do artigo, geralmente, realça a unicidade, o senhorio ex-

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clusivo, a soberania própria do Deus verdadeiro em contraposição aos assim chamados e que tais não são, afinal. Aliás, esta caracte­rística se observa já no texto hebraico do Antigo Testamento em relação ao nome , designativo geral de Deus;

- Típica expressão de cláusula temporal anartra no grego, de­finida em português, vê-se na frase ev apxT) com que se inicia o IV Evangelho, por isso traduzida como no princípio, no começo, não em princípio, em começo (anartra), ou em um princípio, em um começo (indefinida).

15. ESTUDO

15.1 - Aspectos

- 0 proficiente aprendizado desta matéria, fascinante e sedu­tora que o pode ser, requer especial atenção aos seguintes ele­mentos:

1. Leitura2 . Flexões3. Construções4. Vocabulário

15.2 - Leitura

- Deve o estudioso ler cuidadosamente cada vocábulo, ou fra­se, ou cláusula, ou sentença, pronunciando-os com exatidão e acentuando-os devidamente. Nada há que impressão mais desfa­vorável cause que a prolação claudicante ou incerta, ponteada de senões léxicos e prosódicos, sempre tomada como sinal de conhe­cimento precário.

15.3 - Flexões- A medida que avança no estudo desta matéria, mais avolu­

mada se fará ao estudante a caudal de flexões. Entretanto, enqua­dram-se, com ligeiras exceções, nas linhas dos paradigmas corres­pondentes, que cumpre sempre ter presentes ao espírito;

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- 0 ideal é, para cada forma, conhecer-se-lhe com segurança a flexão inteira, inflexão por inflexão, e seu sentido;

- Tradução precisa, exata, fiel, só será possível mediante o perfeito conhecimento das formas e seus casos específicos. Logo, fazer-se a flexão de cada palavra que se encontre nos exercícios ou nos textos é labor que muito compensará.

15.4 - Construções

- O grego é uma língua extraordinariamente flexível e versátil. A estrutura sintática, a um tempo, de soberba profusão e admirável comedimento, de peregrina comunicatividade e invejável sobrieda­de, não oferece vultosa soma de construções especiosas. Na grande

maioria dos casos, não destoa do português em formas de expres­são e cunho sintático;

- Idiotismos, particularidades sintáticas, maneiras peculiares de expressão merecem especial consideração, devendo o estudante anotá-los sistematicamente, conhecê-los bem, jamais olvidá-los.

15.5 - Vocabulário

- A aquisição de razoável e pronto vocabulário é necessidade imperativa. Nada há que mais facilite o labor tradutorial, mais auxi­lie o estudioso na espinhosa tarefa de penetrar os arcanos do lin­guajar helênico, mais proficiência e confiança lhe confira na delica­da arte de fruir o sentido dos textos que o domínio de conveniente vocabulário;

- Recomenda-se, com insistência, procure o estudioso me­morizar o maior número possível de termos a seu alcance. Escolha a técnica ou processo que mais se lhe ajuste à disposição e proclivi- dades. Não há investimento que, a longo prazo, lhe haja de ser mais rentável.

16. VOCABULÁRIO

1 . àyãTW), t|ç, rj - amor, afeto, estima, afeição, repasto sagrado.

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2. ãX/rjOeiã, ã s , rj - verdade, veracidade, integridade.3. ajxapTiã, ã s , tf - pecado, erro, desvio.4. àpxt), ris, Tj - começo, princípio, governo, domínio, autoridade,

província.5. aCTTpcnrrj, t|s , rj - relâmpago, fulgor, resplendor, cintilação.6. PacriXeiã, ãs , t) - reino, domínio, soberania.I . ppovTT], -rjs, 'fj - trovão, estrondo.8. 7Xcoaaa, ris, r j - língua, dialeto, idioma, linguagem, linguajar.9 .7pa<pT|, Tjs, f| - escrito, escritura, texto.10. ôiã. Preposição:

- seguida de genitivo: - através de, mediante, por meio de, du­rante-,

- seguida de acusativo: - por causa de, por amor de, em atençãoa, em razão de;

I I . ôicxGtíkti, tis, tj - testamento, pacto, aliança, concerto, trata­do, dispensação.

12. SiKaiocruvT], t s, tj -justiça, retidão.13.8o|á, tjs, t| - glória, dignidade, renome, honra, esplendor.14. elpT)VT], tjs, r\ - paz, harmonia, bem-estar, tranqüilidade, sos­

sego.15. è£aixnã, ã s , t) - autoridade, direito, poder, influência, domínio.16. em . Preposição:- seguida de genitivo: - sobre, em, acerca de, por sobre;- seguida de dativo: - sobre, em, à base de, junto a, contra,

frente â, por;- seguida de acusativo: - sobre, para, em direção de, além de,

contra, durante, por.17. èpfXT]veíã, ã s , t} - interpretação, explicação, exposição.18. ewéfüeiã, ã s , t piedade, reverência, devoção.19. Çcdt), t]s, tí - vida, existência, vivência, viver, subsistência.20. 'ífj. Artigo definido, nom. sing. fem. - a (o).21. >HXÍãs (ou ^HXeúãs), ou, o - Elias.

22. TjfJiepã, ã s , t\-dia.23 .0ã\oMT(rã, irçs, tí - mar> oceano, pélago.

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24. Ouafca, aç, r j - sacrifício, oferenda.25. t 8ov. Interjeição. Originalmente, a forma imperativa da 2-

£ / p. sing., na voz média, de eiSov, 2 Ç aoristo do Indicativo de opaco -ver, acentuada t8ov - eis, eis que.

26. Kai- Primariamente, conjunção aditiva ou copulativa, a traduzir-se

por: e;- Aparece através do Novo Testamento em outras acepções e

funções conjuncionais, como sejam:- conjunção adversativa, cabendo-lhe a tradução de: porém,

mas, ao contrário-,- conjunção concessiva, assumindo o sentido de: (e) todavia,

(e) ainda, entretanto, contudo; ou,

- conjunção conclusiva, eqüivalendo a: de fato, em verdade, por certo, realmente, assim que, desta sorte;

- E genuino advérbio, em função intensiva, quando em senten­

ças em que não está a ligar frases ou cláusulas paralelas, simples modificador circunstancioso, na acepção de: também, mesmo, até mesmo;

- Quando repetida em sucessão, a introduzir cláusulas para­lelas (K a i ... K a i ...), é conjunção correlativa, a traduzir-se por:

- não só ... mas também;- tanto... quanto; ou,- assim ... como.27. Kapôíã, ás, r\ - coração, íntimo, sensibilidade.28. (xeaiTT|ç, ov, ò - mediador, medianeiro, árbitro.29. |XT]Tpa\(óã<; (ou (JLT]TpaXcór|<;)( au, ó - matricida.30. vòv. Advérbio de tempo ou modo: agora, presentemente,

assim, então, deste modo.31. o. Artigo definido, nom. sing. masc. - o (a).32. oiKÍã, ã ç , r| - casa, lar, família, solar, propriedade.33. atôé - Advérbio negativo-restritivo ou conjunção disjunti-

va; composto de ov - não - e 8é - mas = nem, nem mesmo, nem ain­da, ainda não.

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34. uapá . Preposição:

- segui.da de genitivo: - de, da parte de, do lado de, da direçãode;

- seguida de dativo: - ao lado de, junto a, ao longo de, entre, em, próximo a; e

- seguida de acusativo: - para o lado de, em direção a, rumo a, para com, para perto de, contra.

35. 'iraTpoXcoãs (ou iraTpoXmis), au, 6 - parricida.36. 'TrepiTOixrj, fjq, iq - circuncisão.37. 'irpoipTiTeta, <£<;, rj - profecia, vaticínio, pronunciamento.38. 'Trpo<pT)TT]s, cru, d - profeta, vidente, vaticinador, porta-voz.39. (j(0TT|pLã, ã s , t) - salvação, livramento, restauração.40. Tifxnq, rjs , t) - honra, valor, apreço.41.vjTep. Preposição:- seguida de genitivo: - por, em favor de, a respeito de, em lugar

de, por causa de, acerca de;- seguida de acusativo: - sobre, acima de, além de.42. ■utto|xov'ti, f|s , tj - paciência, perseverança, pertinácia, resis­

tência.43. qxoW|, t]<5, rj - voz, sonido, som, linguagem, dialeto.44. xctpã, ãç, rj - alegria, júbilo, regozijo.45. vJajxth, t)S, r| - vida, mente, alma, ser, pessoa, indivíduo.

17. REFERÊNCIA- Ao referir-se, em sua forma base, qualquer substantivo, seja

em vocabulários, seja em enunciações caracterizantes, devem-se mencionar em seqüência a inflexão do nom. sing., mais a desinên­cia ou inflexão do gen. sing., mais o artigo paralelo;

- A enunciação desses dois casos básicos (nom. e gen. sing.) é indispensável para determinar-se qual a declinação e classe em que se enquadra a forma e segundo qual paradigma se flexiona. Visto que há desinências similares em diferentes casos e declinações, não se citassem estas duas formas, confusões e enganos resultariam, fatalmente;

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- A inclusão da inflexão paralela do artigo é de mister para

explicitar-se o gênero do substantivo de forma segura e definida, já que nem sempre se pode estabelecer à base do simples enunciado dos casos básicos;

- Aconselha-se, pois, memorize o estudioso toda forma substantiva em termos desses três elementos, pois que, de outra sorte, terá sempre dificuldades em determinar-lhe o padrão flexio­nai e o gênero.

18. EXERCÍCIOS

LER , FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:1. Í8üu vuv rifjiepct CTíOTiqpíãç (II Co 6.2).2. [3acriXeiã em (3acriXeíav (Mc 13.8).3. ôiKaiooTJVT]v, ewe(3ei&v, a7ct7nnv, ínrofxovinv (I Tm 6.11).4. xapãç Kat eípryinqs (Rm 15.13).5. aCTTpaTTOu Kat cpamxi Kat PpovTai (Ap 4.5).

6. àXi^Betá K a i iq £coirí (Jo 14.6).7. ôò^tj Ka'i Ti(JtTj (Hb 2.7).8. TraTpoXoóaiç Ka.t p/riTpaXcoaiç (I Tm 1.9).9. O w íãç "urrèp á|JiapTiót)v (Hb 5.1).10. TrepiTOjJiTi KapÔíãs (Rm 2.29).11. ifnjXT} ÇooTjs (Ap 16.3).12. oí>8'e 2 HAíãs ouôe ó 'Trpoíprínnç (Jo 1.25).13.àpxTiS Ka\ e^ow iãç (Ef 1.21).14. acoTTipíãv i|njxwv (I Pe 1.9).15. £cot| 8 ià 8iKaiocruvT)v (Rm 8.10).16. o ÍK iã Trapa BaXaoxráv (At 10.6).17. ép|j/r]veiã ^Xcoctctwv (I Co 12.10).18. TTpoípTiTeíã 7pacpri<; (II Pe 1.20).19. 8ia0T]KTiv TrepiTOiJiTjÇ (At 7.8).20. oia0T|KTi<; fieal/r^ç (Hb 8.6).

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CAPÍTULO III

SEGUNDA DECLINAÇÃO. FLEXÃO DE IHSOYX. ELISÃO. PARTÍCULAS POSPOSITIVAS.

1. SEGUNDA DECLINAÇÃO

1.1 - Característica

- Caracteriza-se a segunda declinaçã.o por desinências em que aparece a vogal o, ou sua forma longa, ío. A esta norma fogem ape­nas as inflexões do voc. sing. dos masculinos e femininos (desinên­cia e) e o nom., acus. e voc. pl. dos neutros (desinência á).

1.2 - Nomes abrangidos

- Enquadram-se na segunda declinação.substantivos masculi­nos ou femininos (estes em reduzido número) de nom. sing. termi­nado em o ç e o gen. sing. em ou e neutros de nom. sing. finalizado em ov e o gen. sing. em ou.

1.3 - Gênero- Na primeira declinação não há nomes neutros; na segunda

há-os dos três gêneros;- Os masculinos e femininos na segunda declinação seguem

um padrão comum de flexão, as mesmas desinências aplicando-se a ambos os gêneros, distintos apenas pelo artigo respectivo;

- Os neutros, embora flexionados em linhas próprias, não di­vergem grandemente do padrão dos masculinos ou femininos.

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1.4 - Desinências

1 . Tabela

- 0 quadro geral de desinências próprias desta 2- declinaçãoé:

SINGULAR DUAL PLURALMF N MFN MF N

N. oç ov co Ol aG. 01) ou otv cov covD. Cp coL OlV OIÇ oiçA. ov OV co ous àV. e ov co 01

Kj

a

2 . Observações morfológicas

a. Diferença

- Da tabela supra verifica-se que os neutros só diferem fle- xionalmente dos masculinos e femininos em cinco das inflexões: nom. e voc. sing., nom., acus. e voc. pl.;

- Nos demais .casos, a desinência é a mesma, em paralelo, para os três gêneros, portanto, para todos os substantivos desta declinação, evidentemente muito mais simples que a primeira.

b. Similaridades

(1 ) Mascuiinos-Femininos

(a) Vocativo

- Da 1- declinação os femininos têm, nos três nú­meros, sempre a forma vocativa similar à nominativa; não assim nos masculinos, quanto ao singular. De igual modo, nesta 2- decli­nação, a forma vocativa do singular difere da nominativa nos substantivos masculinos e femininos. No dual e no plural, como, aliás, em todas as flexões, qualquer a declinação, coincidem sempre em forma, são similares;

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(b) Dual- No dual, como se observou na primeira declinação,

em todas as classes, têm a mesma desinência, similares em forma, entre si, de um lado, nom., acus. e voc. (desinência co), de outro, gen. e dat. (desinência oiv);

- São paralelas as desinências do dual na 1 - e 2 - de­clinações, distinta apenas a vogal dominante, a na 1 -, o (co) na 2 -;

Daí, 1§ 2a-NAV ã co

GD aiv OLV

(2 ) Neutros

(a) Nom., Acus. e Voc.- Exceção feita do dual, na 1 - declinação jamais coin­

cidem em forma estes três casos, isto é, no singular e no plural nunca serão similares, o que vale, também, para os masculinos ou femininos da 2 - declinação. Entretanto, os neutros, tanto nesta co­mo na 3§ declinações (não há neutros na 1 -), terão sempre estes ca­sos iguais, mesma a desinência, nos três números;

- No plural, a desinência destes três casos nos neu­tros não é da classe o mas da classe a, isto é, á (a mesma, também, para os neutros da 3- declinação);

- Graficamente, Sing. Dual Pluralov co à

(b) Dual- No dual, não apenas nom., acus. e voc. têm, entre

si, a mesma desinência (co); igual fato se dá em relação ao gen. e dat., ambos a exibirem desinência comum (oiv);

- As desinências do dual são nos neutros as mesmas dos masculinos e femininos. Portanto, na 2 - declinação, como na 1ã, todas as flexões têm no dual sempre as mesmas terminações;

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(3) 1-declinação

- Comparando-se este quadro desinencial com a tabela correspondente da 1 - declinação, as seguintes similaridades se po­dem observar:

- O final ou do gen. sing. é o mesmo dos masculinos (4- e 5- classes);

- No dat. sing. ocorre o iota subscrito, característico deste caso nas duas declinações;

- O acus. sing. tem o final v, distintivo desta inflexão em ambas as declinações (como em larga parcela da 3-);

- Onde na 1- ocorre o ditongo ca (gen. e dat. dual, nom., dat. e voc. pl.) na 2 - aparece oi (diferente apenas a primeira das vo­gais);

- O gen. pl. tem a mesma desinência, cov, nestas como na 3§ declinação, obrigatoriamente perispômeno, porém, apenas na 1-, não na 2-, nem na 3-;

- O á desinencial do nom., acus. e voc. pl. neutro é pa­ralelo à vogal desses casos no singular da 3- classe da 1ã declina­ção, bem como do voc. sing. dos masculinos da 5- classe (nomes de tema finalizado por letra outra que e, i , p);

c. Aplicação- Vê-se, pois, que as desinências da 1- e 4- colunas da ta­

bela se aplicam aos substantivos masculinos ou femininos, as desi­nências da 2- e 5- aos neutros, as da 3- a todos, igualmente;

d. Flexão- Como para com os paradigmas da 1- declinação, flexio­

na-se qualquer nome desta 2- declinação com determinar-se-lhe o tema (porção da forma que resta após a excisão do final ov do gen. sing.) e acrescentarem-se-lhe as desinências próprias do gê­nero, conforme constam da tabela específica.

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1.5 - Observações prosódicas

1 . Posição

a. Princípio- Têm as formas desta, como da 1- declinação, acento PO-

SICIONAL, isto é, acento que se conserva em todas as inflexões (excetuadas dos proparoxítonos aquelas cuja desinência é longa) sempre na mesma sílaba em que aparece na forma base, nom. sing.;

b. Aplicação

- Como na 1ã declinação, nenhum princípio há que de an­temão fixe onde cairá o acento. Entretanto, o final da forma base é sempre breve (oç, ov) nesta declinação, pelo que os termos poderão ser proparoxítonos, ou properispômenos, ou paroxítonos, ou oxí­tonos, regularmente;

2 . Proparoxítonos

- Como na 3§ classe da 1 - declinação, os substantivos de base proparoxítona desta 2 - declinação sofrem o deslocamento da tônica da antepenúltima para a penúltima nos casos de desinência longa;

- Nestes vocábulos as inflexões todas serão acentuadas com AGUDO, proparoxítonas as formas de terminação breve,paroxítonas as de final longo;

3. Paroxítonos- Nos paroxítonos, substantivos de penúltima breve, o acento

não somente permanecerá nesta sílaba em toda a flexão, como também será em todas as formas agudo (não há circunflexo senão em longa);

4. Properispômenos- Nos properispômenos, substantivos de penúltima longa, per­

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manecerá o acento, posicionai que é, sempre nessa sílaba, sem deslocamento;

- Conservar-se-á o circunflexo nas formas em que a termina­ção é breve, visto que a penúltima longa acentuada tem este acento quando é breve a última. Converter-se-á, porém, em agudo nas formas de final longo, porquanto em tais casos não pode a penúl­tima receber o circunflexo;

- Logo, as formas destes vocábulos serão acentuadas ora com circunflexo (última breve), ora com agudo (longa a última), properis- pômenas aquelas, paroxítonas estas;

5. Oxítonos- Os oxítonos desta declinação têm a mesma prosódia dos

oxítonos da 1- declinação, isto é, o acento, posicionai que o é, con- servar-se-á em todas as formas na última, circunflexo nos genttivos e dativos, agudo nos demais casos, inda quando longos;

- Portanto, as inflexões dós vocábulos acentuados na última em ambas estas declinações, 1 - e 2 -, serão perispômenas (gen. e dat.) ou oxítonas (os demais casos);

6 . Ditongo final oi- Na 1- declinação o ditongo final a i do nom. e voc. pl., não

complementado de consoante na sílaba que é, tem-se por breve para fins de àcentuação. De igual modo, o ditongo oi, nesses casos, nos masculinos e femininos desta 2 - declinação;

- Observe-se, porém, que os ditongos oiv (gen. e dat. dual) e oiç (dat. pl.), como seus paralelos oav e a is na 1 - declinação, pre­servam sua quantidade longa, porquanto vem o ditongo acompa­nhado de consoante final.

178

Page 190: Manual de Lingua Grega.vol.1

1 . Substantivos masculinos ou femininos

a. Flexões

(1 ) Nomes proparoxítonos- avGpco-Troç, avGpco-rrou, ó - homem

SINGULAR

1.6 - Paradigmas

Tema Des.N. OtvGpCOTT o s - homemG. àvGpo ím o v - de homemD. ávOpÓTT (0L - para homemA. àvOpooTT o v - homemV. avGpco-rr e - ó homem

DUALTema Des.

N. à vG p an r ü) - homens (dois)G. àvOpcÓTT OLV - de homens (dois)D. à vG p á m OLV - para homens (dois)A. ÔtvGpcóir (0 - homens (dois)V. ôtvGpüm 0) - ó homens (dois)

PLURALTema Des.

N. avOpcoTT OL - homensG. àvBpwTT COV - de homensD. oivGpáyrr OLÇ - para homensA. OtvGptÓTT OUÇ - homensV. avGpw-TT OL - ó homens

179

Page 191: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2) Nomes paroxítonos- Â.070Ç, X070V, ò - palavra

SINGULAR Tema Des.

X07 oç -palavraX07 ov -d e palavraX07 cp -para palavraX07 ov - palavraX07 e - d palavra

DUALTema Des.

^ó7 co - palavras (duas)^°7 olv - de palavras (duas)^-07 olv - para palavras (duas)

<*> - palavras (duas)•07 co - ó palavras (duas)

PLURALTema Des.X07 OL -palavrasXÓ7 COV - de palavrasX07 0L<5 - para palavrasX07 OV<5 - palavrasXÒ7 OL - ó palavras

180

Page 192: Manual de Lingua Grega.vol.1

z 6

d <

> 2: ei

d <

> z

ei d

< >

(3) Nomes properispômenos- ôouXoç, ôoúXou, ó - servo

SINGULARTema Des.ôovX oç - servoôaúX ov - de servoôaúX (J)

u - para servoôovX ov -servoôovX e - ó servo

DUALTema Des.

ôovX co - servos (dois)ôovX oiv - de servos (dois)ôoréX oiv - para servos (dois)ôaúX a) - servos (dois)ôoúX o) - ó servos (dois)

PLURAL

Tema Des.

ÔovX 01 - servos

ôaúX (OV - de servos

ôaòX OIÇ - para servos

ÔovX OVÇ - servos

ôovX Ol - ó servos

181

Page 193: Manual de Lingua Grega.vol.1

(4) Nomes oxítonos- 0eóç, 0eou, ó - deus

N.

SINGULARTema0e

Des.os -deus

G. 06A

o v - de deusD. 06

ACO - para deus

A. 0e o v -deusV. 0e é - ó deus

N.

DUALTema06

Des.

CO - deuses (dois)G. 0€ o ív - de deuses (dois)D. 06 o tv - para deuses (dois)A. 0e d) - deuses (dois)V. 0e CO - ó deuses (dois)

N.

PLURAL

Tema0e

Des.

o t - deusesG. 0e COV - de deusesD. 0e o tç - para deusesA. 06 ovs - deusesV. 0e oi - ódeuses

- Ao lado da forma 0ee aparece também, no voc. sing., a

alternativa 0eo<5, similar à inflexão do nom. sing.;

b. Estrutura- Constam estas flexões todas, da mesma forma que os

paradigmas enunciados para as diferentes classes da 1 § declinação,

destes dois elementos estruturais, básicos nos substantivos: tema

182

Page 194: Manual de Lingua Grega.vol.1

ou raiz e desinências;

- O tema, tal qual se observou em todas as flexões da 1 - declinação, permanece invariável, sempre o mesmo em todas as inflexões da forma. Nestes paradigmas seria, respectivamente, òtv0píOTr, \oy, 8ovX, 0e;

- As desinências, próprias dos substantivos masculinos e femininos desta declinação 2-, são, também, para cada caso especí­

fico, sempre a mesma em todos estes paradigmas, sem exceção;- Diferem, pois, flexionalmente estes substantivos apenas

no que tange a radical ou tema e acentuação, não quanto às desi­nências ou terminações;

- Como na 1 - declinação é a vogal a ou ti do final da forma parte do tema, logo, não propriamente desinencial, embora assim

se tome para fins práticos, também ooouw , característico das ter­minações da 2 - declinação, é temático, embora assumido como in­tegrante da desinência;

- Como na 1 § declinação, estas flexões são todasparissiiábi- cas, nenhuma variação havendo no número de sílabas das formas no decurso da declinação, em todas constituindo a desinência uma sílaba integral;

c. Acentuação

(1 ) ávÔpcúiroç, áv 0pd)TTOfu, ó

- Na flexão de avOpcoTioç, proparoxítono de base, per­manece o agudo na antepenúltima nos casos em que é breve a de­sinência; desloca-se para a penúltima nas inflexões em que a desi­nência é longa;

- Portanto, serão proparoxítonos: nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl., isto é, cinco das formas; serão paroxítonas: gen. e dat. sing., todo o dual, mais gen., dat. e acus. pl., logo, dez das in­flexões;

- Todas as formas, pois, têm acento agudo;

183

Page 195: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2 ) Xáyoç, X070V, o

- Na flexão de X&yoç, substantivo paroxítono, posicionai que o é, não se desloca o acento da posição inicial, permanecendo, pois, em todas as formas na penúltima;

- Breve a penúltima, só o agudo lhe convém, não ha­vendo circunflexo senão em longa. Logo, são paroxítonas todas as inflexões, sem exceção;

- Têm, pois, acento agudo todas as formas deste para­digma;

(3) SovXoç, SoúXou, o- Na flexão de 8ovXoç, substantivo de forma base pro-

perispômena, não se desloca o acento da posição inicial, conser- vando-se, portanto, na penúltima, na declinação toda;

- Penúltima de cunho longo, manter-se-á o circunflexo nas formas em que a desinência é breve; converter-se-á em agudo nas inflexões cuja terminação é longa;

- São, destarte, properispômenos cinco dos casos: nom.,

acus. e voc. sing., nom. e voc. pl.; são, porém, paroxítonas dez das formas: gen. e dat. sing., o dual todo, mais gen., dat. e acus. pl.;

- Logo, algumas formas deste paradigma têm acento circunflexo, outras o agudo;

(4) Geo'ç, Geov, o- Na flexão de Geòç, Geov, o, substantivos de base oxíto-

na, como nos paroxítonos (Xtryoç) e properispômenos (8òvXo<s), não se desloca o acento da sílaba em que está de início (última,

formas parissilábicas);- Serão, normativamente, perispômenas as formas geni­

tivas e dativas, seis inflexões; oxítonas as formas nominativas, acu- sativas e vocativas, nove inflexões, embora quatro dentre elas (nom., acus. e voc. dual e acus. pl.) tenham final longo (to naqueles

casos, ovç neste);- Portanto, deste paradigma formas há acentuadas com

184

Page 196: Manual de Lingua Grega.vol.1

o circunflexo, enquanto outras, a maioria, são-no com o agudo;

d. Aplicação

- Conforme estes paradigmas, declinam-se os nomes re­gulares todos, masculinos e femininos, da 2 - declinação, cada em termos do tipo prosódico de que seja expressão, mudado apenaso tema. As desinências são as mesmas em todos e a acentuação se

processará sempre nos moldes próprios do padrão seguido;

- Como av0p(OTTO<; se flexionam todos os proparoxítonos;- Como K&yoç se declinam todos os paroxítonos;- Como ôovXoç todos os properispômenos;- Como 0€oç os oxítonos todos.

e. Comparação

- Comparando-se estes paradigmas, há a observar-se que:(1) Cada forma consta de tema e desinência;

(2 ) Cada paradigma tem radical próprio;(3) As desinências são as mesmas em todos;

(4) A acentuação varia nos moldes próprios de cada padrão prosódico;

(5) A acentuação, posicionai que é, se processa nos termos determinados pelas leis e regras normativas da prosódia substanti­va.

2 . Substantivos neutrosa. Flexão- ep^ov, ep-you, ró - obra

SINGULARTema Des.

N.3/efr/ ov -obra

G.D/ep7 ov - de obra

D.•>/ep7 (0V - para obra

A. 1/ep7 ov -obra

V. J/€P7 ov - ó obra

185

Page 197: Manual de Lingua Grega.vol.1

DUALTema Des.

N.3Íep7 co - obras (duas)

G.Dlep7 OLV - de obras (duas)

D. OLV - para obras (duas)A.

oiep7 co - obras (duas)

V. ep7 co - ó obras (duas)

PLURALTema Des.

N. ep7V)a - obras

G.D/ep7 cov - de obras

D. Oíep7 oiç - para obras

A. èfryua - obras

V. & - ó obras

b. Estrutura- Como nos paradigmas todos dos masculinos ou femini­

nos desta declinação e das classes todas da 1 -, constam as formas desta flexão de tema ou radical e desinência;

- O tema é kpy, o mesmo em todas as inflexões, invariável, e as desinências são as próprias dos nomes neutros, conforme a ta­bela específica desta 2 - declinação;

- A vogal básica das terminações, o ou co, é parte do tema, propriamente. Como nas flexões da 1 - declinação e nos paradigmas dos masculinos ou femininos desta, por ser mais funcional, preferí­vel é havê-la como desinencial;

- Como em todos os paradigmas da 1- è 2- declinações estudados, as flexões são todas parissilábicas, já que as desinências constituem sempre uma sílaba integral, não havendo, portanto, va­riação na quantidade de sílabas das formas;

c. Acentuação- Acentuam-se as inflexões de ep yov, paroxítona que lhe é

186

Page 198: Manual de Lingua Grega.vol.1

a forma base, exatamente como em X.Ó7 0 Ç: não se desloca o acento da posição inicial, na penúltima sempre, agudo, em todos os casos (já que não há circunflexo em breve, nem grave fora da última);

- É, pois, ep7 ov paroxítona em toda a flexão, forma porforma;

- Naturalmente, neutros de base proparoxítona, ou prope- rispômena, ou oxítona, obedecerão ao padrão prosódico dos cor­respondentes masculinos ou femininos, isto é, acentuar-se-ão nos moldes de avQpwTroç, ou SouX-oç, ou 0eòç, respectivamente;

d. Aplicação- Como èfryov, ep7 0u, to se declinam todos os demais

substantivos neutros paroxítonos da 2 - declinação, bastando, para tanto, apenas substituir-se o radical èp7 pelo correspondente do termo a flexionar-se. Desinências e acentuação em nada variarão, as mesmas em todos;

- Tratando-se de nomes proparoxítonos, properispômenos ou oxítonos, embora as desinências sejam as mesmas da flexão de ep7 ov, tema e acentuação serão diferentes;

- Logo, todos os neutros, nesta 2- declinação, terão, para cada caso específico, sempre a mesma desinência, invariável, constante, paralela;

e. Similaridades

(1 } Nom., Acus., Voc.

- Em todas as flexões neutras, quer nesta 2- declinação, quer na 3-, serão sempre semelhantes em forma, entre si, em cada número, estes três casos: nominativo, acusativo e vocativo;

- Em ep7 ov serão: - singular - *ép7 -ov-dual - èp7 -tü- plural - ep7 -&

187

Page 199: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2) Dativo singular

- 0 dat. sing. (efryco) tem o iota subscrito característico deste caso em todas as flexões da 1 - e 2 - declinações;

(3) Genitivo plural- 0 ge. pl. (Íp7 cov) exibe a desinência ío v , comum aos

nomes da 1- declinação e aos desta (como também aos da 3-), to­davia, não necessariamente perispômeno, que é particularidade da1 - declinação apenas;

(4) Desinência a

- Têm nom., acus. e voc. pl. desinência não da classe o, característica da 2 - declinação. É ela a vogal à, própria destes três casos em todos os neutros, como se verá ainda na 3- declinação, mas se não viu na 1 que lhe falecem nomes deste gênero;

- Esta desinência é similar à do nom. e voc. sing. da 3- classe da 1- declinação, bem como à do voc. sing. de nomes da 5- classe dessa declinação, especialmente se patronímicos ou termi­nados pelo final ttjç na forma do nom. sing.;

f. Comparação- Comparada a flexão de ep7 ov, paradigma destes neutros,

com os padrões dos masculinos-femininos desta declinação, a sa­ber, &v0pünro<;, XÓ7 0 Ç, 8ou\oç, 0 eó<;, verifica-se que apenas diver­gem as desinências de nom. e voc. singular, e de nom., acus. e voc. pl. As demais são as mesmas, em paralelo, para todos os paradig­mas, isto é, para todas as flexões da 2 - declinação.

1 .7 - Tipos Característicos

1 . Especificação- Formas há na 2 - declinação, como, aliás, se observou em

referência à 1§, que exibem terminação específica, distintiva de de­terminado sentido ou tipo de ação;

188

Page 200: Manual de Lingua Grega.vol.1

2 . Enumeração- Podem-se distinguir na 2- declinação as seguintes modali­

dades sufixais a expressarem:

a. Ação

(1 ) Sufixo ixtíç (oxítono)

- Substantivos masculinos em que o sufixo se apõe di­retamente à raiz verbal ou mediante a inserção de elemento liame, normativamente, a sibilante ç ou a lingual aspirada 0;

- Exs. - 0u|xò<; - ira (Ap 15.1): do tema verbal 0u, de 0ixo- fremir -, mais o sufixo |xóç, apenso diretamente, sem liame con- sonantal;

- TTeipaCT^óç - tentação (I Co 10.13): do tema ver­bal ireipaô, de iTeipáÇco - tentar, cuja lingual final 8 se transforma em ç ante o sufixo |xoç; e

- kXou0|ao'<5 - lamentação (Mt 2.18): do tema ver­bal kXouj, mais exatamente KAAY<Í>, cujo digama se elidiu, de

KÁ.aíü) - chorar-, inserida a lingual aspirada 0, liame, a preceder ao sufixo distintivo;

(2) Sufixo TpOV

- Nomes neutros, derivados de temas verbais, acentua­ção vária, apenso o sufixo diretamente ou mercê de elemento liame;

- Exs. - áixcpípXirçaTpov - rede (Mt 4.18): do tema verbal ISXti, de @aXX(o - lançar -, anteposta a preposição áfjupí - em redor de - e aduzido o ç sindético, liame interposto entre o tema verbal e o sufixo Tpov;

- Xcrvrrpov - ablução, lavagem, água para banho (Tt 3.5, em gen., já que o nom. não ocorre em o Novo Testamento): do tema verbal Xou, de Xoúco - lavar, banhar, a que se apende, direta­mente, o sufixo Tpov;

189

Page 201: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Diminutivos

(3) Sufixo MTKOÇ

- Substantivos masculinos, paralelos aos femininos da2 - classe da 1 - declinação terminados em utkt|, derivados de matri­zes a que emprestam, geralmente, sentido diminutivo ou impri­mem cunho de afeto ou ternura;

- Exs. - veavíaKoç - rapazola (Mt 19.20), forma diminu-

tiva de veavíaç, ou, o - moço - , o sufixo toxoç aduzido ao tema substantivo veav(i);

- TroaôícTKirç - moçoila (Mt 26.69), forma diminutiva de Traiç, Trcaôoç, ó, rj, feminino de 'ttoliôiÍctkoç, substantivo alheio ao Novo Testamento, constituída do tema nominal na iô mais o su­fixo iaKOs(T]);

(4) Sufixo iov

- Nomes neutros, derivados de temas substantivos, a

que apendem o sufixo iov, diretamente ou mediante elemento lia­me, normativamente ap, i5 ou ô, a assumir feição diminutiva em largo contingente de formas;

- Exs. - iraiôíov - criança, criancinha (Hb 11.23), neutro derivado do radical substantivo Traiô, de Traiç, Traiôòç, ó, T) - fi- lho(a), aduzido diretamente o sufixo iov. Sufixação direta;

- KXivápiov - pequeno leito ou reclinadouro (At

5.15, no gen. pl., passagem única em que se usa em o Novo Testa­mento), neutro derivado do tema substantivo kXiv ^), de kXÍ— vt), T] - leito, inserido o liame ap, entre o tema e o sufixo tov. Sufixação mercê da inserção do liame ap;

- kXlvlôlov - pequeno leito ou reclinadouro (Lc

5.24), neutro derivado do tema substantivo kXiv(ti), de kXlvt|, t]*;, r\- leito, inserido o liame iô entre o tema e o sufixo iov. Sufixação mediada pelo liame 18;

- ixfrúôiov - peixinho (Mt 15.34, no acus. pl. ix&v~

ôia, como em Mc 8.6, forma única a usar-se em o Novo Testa-

190

Page 202: Manual de Lingua Grega.vol.1

mento e apenas nestas duas passagens), neutro derivado do tema substantivo txfru, de Ix^óç, Íx$wç, ò - peixe - , inserido o liame 8

entre o tema e o sufixo tov. Sufixação através do liame 8 ;- Importa não confundir-se esta espécie de substantivos

com formas adjetivas neutras substantivadas que exibem a mesma

terminação e não são diminutivas, além de considerável cifra de nomes que, embora finalizados em tov, não têm este sentido, tais

tò 8 tK a to v - o justo (Cl 4.1) e tò TeXwvtov - a alfândega (Mt 9.9),

aquele adjetivo substantivado, este nome comum. Terminam am­bos em tov, contudo, não são diminutivos;

d. Lugar, Recipiente, Receptáculo, Depósito

(5) Sufixo T T jp io v (proparoxítono)- Substantivos neutros, derivados de tema verbal, a que

se aduz este sufixo;- Exs. - (puXotKTTÍptov - filactério (Mt 23.5), composto do

tema (puXotK, de (puXctoxrw (clássico (puXcnrco) - guardar, proteger - e do sufixo tópico ou locativo Trípiov, a indicar, primariamente, o lu­gar onde se postava o guarda ou sentinela, derivativa mente, defesa, proteção, finalmente, filactério, à maneira de amuleto protetor;

- TroTT^ptov - copo (Jo 18.11), da raiz verbal iro,

base temática das flexões de ttlvcú - beber-, a que se aduz o sufixo Trfptov, a designar recipiente, logo, vasilhame em que se coloca a be­bida, o líquido potável;

(6) Sufixo etov (properispômeno)- Nomes neutros derivados de tema verbal ou substan­

tivo, aduzido, diretamente ou mediante ajuste vocálico, este sufixo

properispômeno, etov;- Ex. - |jivT]|xetov - túmulo (Jo 19.41), derivado de

|xvf|fjux, forma substantiva oriunda do verbo ixiixvtíictkcú - lembrar - , cuja raiz é fxva, alongada em fxmq, a que se apõe o sufixo etov, a designar, propriamente, memorial, lugar de lembrança, receptáculo ou

depósito onde se guarda o de lembrar-se;

191

Page 203: Manual de Lingua Grega.vol.1

e. Qualidade, Quantidade, Costume

(7) Sufixo oXoç- Substantivos tipicamente masculinos, caracterizados

pelo sufixo oXoç aduzido a tema verbal ou nominal, feitos os devi­dos ajustes vocálicos ou morfológicos;

- Ex. - á|xotprtoXoç - pecador (Rm 3.7), constituído do tema verbal Gt|xapT, do verbo aixapravco - pecar - , mais o sufixo

oXoç, alongada a vogal conectiva, a expressar a idéia de quem cos­tuma pecar, de quem se caracteriza pelo pecado, de quem peca muito, constantemente.

2. DECLINAÇÃO ÁTICA

2.1 - Natureza

- Remanescente arcaico de flexão primitiva própria do ático, admitem certos vocábulos enquadrados na segunda declinação pa­drão flexionai divergente, a fugir das normas paradigmáticas esta­tuídas. É a chamada declinação ática.

2 .2 - Características- Caracterizam esta modalidade flexionai:1. A vogal longa co a tomar o lugar da breve o em todas as de­

sinências, caindo sempre o v terminal de inflexão e tornando-se subscrito o i final;

2 . Forma vocativa sempre a mesma do nominativo paralelo;3. A desinência co a substituir o à típico do nom., acus. e voc.

pl. nos neutros; e4. A freqüente omissão do v final do acus. sing. dos masculi-

nos-femininos.

2.3 - Acentuação- Destoa dos cânones normativos a acentuação destas formas

em dois aspectos:

192

Page 204: Manual de Lingua Grega.vol.1

1. A vogal longa co na sílaba final não constitui obstáculo a que o acento ocorra na antepenúltima; e

2. As formas de genitivo e dativo acentuadas na última são oxítonas, não perispômenas;

- Há, é verdade, certa variação de uso e opinião quanto à pro­sódia destas formas.2.4 - Flexões

1 . Substantivos masculinos- vecóç, vecó, ô - templo

a. Estrutura- Constam as formas desta flexão do tema ou radical ve, in­

variável, inalterado, o mesmo em todos os casos, e das desinências próprias dos substantivos masculinos ou femininos desta modali­dade declinacional;

b. Flexão

SINGULAR

N.G.D.A.V.

Temaveveveveve

Des.coçco [co por ov]

co [co poroí] cõv có<;

- templo- de templo- para templo- templo- ó templo

DUAL

N.G.D.A.V.

Temaveveveveve

Des.có - templos (dois)cóv [cov por oív] - de templos (dois) tóv [tov por oív] -para templos (dois) co - templos (dois)<ú - ó templos (dois)

193

Page 205: Manual de Lingua Grega.vol.1

Tema Des.[<{> por oi]

(ÓV

(£<; [(ps por oiç] wç [(pç por ouç]

[cp por oi]

N.G.D.A.V.

ve

veveve

ve

- templos- de templos- para templos- templos- ó templos

c. Similaridades- Comparando-se as inflexões entre si, verifica-se que têm

a mesma forma:(1) Nom. e voc. sing. e acus. pl. = 3 casos, todos vecóç;(2) Gen. sing. e nom., acus. e voc. dual = 4 casos, todos

veto;(3) Dat. sing. e nom. e voc. pl. = 3 casos, todos veíg;(4) Acus. sing. e gen. pl. = 2 casos, ambos vecov;- Apenas três inflexões, a saber, gen. e dat. dual (vewv) e

dat. pl. (vecóç), não têm similares flexionais;

d. Acentuação- Acentuada a última, final longo em toda a flexão, esperar-

se-ia o circunflexo nos genitivos e dativos, conforme a regra nor­mativa. Entretanto, peculiaridade desta modalidade flexionai, são oxítonas as inflexões todas, agudo o acento em todos os casos.

2. Substantivos neutros- àvofyetov, ava^eo), to - cenáculo

a. Estrutura

- Consistem estas formas de tema, avorye, o mesmo em to­das as inflexões, e desinências, típicas dos neutros desta variedade declinacional;

194

Page 206: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULAR Tema Des.

N. avorye tov —cenáculoG. àvcí)7 e co [co por au] -d e cenáculoD. ava>7 € co [co por ol] - para cenáculoA. ctvü>7 € cov — cenáculoV. ãv&>7 e cov — ô cenáculo

DUAL Tema Des.

N. òtvcír/e co - cenáculos (dois)G. ávcÓ7 e cov [cov por oiv]- de cenáculos (dois)D. avd)7 e cov [wv por olv] - para cenáculos (dois)A. ctvcÓ7 e co - cenáculos (dois)V. àvcÓ7 e co - ó cenáculos (dois)

PLURAL Tema Des.

N. avúye co [co por a] - cenáculosG. avco7 € cov —de cenáculosD. avcí)7 e co? [coç por ol< ;]-para cenáculosA. avcí)7 e co [co por á] - cenáculosV. avcí>7 e co [co por èt] - ó cenáculos

c. Similaridades- Comparando-se entre si estas inflexões, patenteiam-se as

similaridades seguintes:(1) Nom., acus. e voc. sing. e gen. pl. = 4 casos, todos avco—

7 ecov;(2) Gen. sing., nom., acus. e voc. dual, nom., acus. e voc. pl.

= 7 casos todos avcí>7 eco;- Quatro das inflexões têm forma única, sem paralelas ou

195

Page 207: Manual de Lingua Grega.vol.1

similares, a saber: dat. sing. (etvcúyeoi), gen. e dat. dual (ava^eoav) e dat. pl. (àváyetoq);

- Comparando-se esta flexão com a de vetoç, constata-se

que apenas diferem as desinências nas inflexões do nom. e voc. sing. e nom., acus. e voc. pl., logo, cinco dos quinze casos, simila­

res, portanto, os outros dez (gen., dat. e acus. sing., o duai todo, gen. e dat. pl.);

d. Acentuação- A despeito do final longo, acentuam-se as inflexões todas

na antepenúltima, proparoxítonas, em aberta contravenção à posi- cionalidade estatuída para a normalidade substantiva.

3. IHXOYS, IH20Y , O - J E S U S

3.1 - Caracterização

- 3iTicroxjç, ^Itjctov, Ó é substantivo próprio adaptado do aramaico-hebraicò, declinado só no singular. Enquadra-se na 2- declinação, mas exibe formação contrata, destoando do paradigma normativo, por isso que terminam as inflexões todas pelo ditongo

ou, embora apendam o nom. e o acus. a consoante final distintiva desses casos, respectivamente, ç e v .

3.2 - Formas

- As formas inflexionais deste substantivo próprio são:N. 5 iTqaovç - JesusG. 3 lacrou - de Jesus D. s It)ctoO- para Jesus A. J Irjcrouv- Jesus V. 3 It)ctov - ó Jesus

3.3 - Estrutura

- Constituem-se estas formas do tema ou radical, mais as desi­nências. Todavia, dada a contração, que amalgamou os finais, pre­ferível é não separar esses elementos;

196

Page 208: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Realce merece o fato de que três inflexões têm a mesma

forma (gen., dat. e voc.), de que o dat. sing. não exibe o iota subs­crito característico desse caso nem aparece no voc. sing. o peculiar e final.

3.4 - Acentuação- Está o acento na última em todas as formas, uma vez que

nesta sílaba ocorre na forma base, nom. sing., e nenhum princípio lhe determina o deslocamento em toda a flexão;

- Contrata que é essa última acentuada, recebe, como é pró­prio de tais formas, o circunflexo em todos os casos, não apenas no gen. e dat.

3.5 - Comparação- Comparando-se esta flexão com os paradigmas correspon­

dentes (av0pa)7TOÇ, X070Ç, SonDXoç, 0eoç), vê-se que apenas um ca­so, o gen. sing., tem a mesma terminação, ov, em todos, enquanto dois destoam inteiramente, dat. e voc., e dois, nom. e acus., coinci­dem quanto à letra consoante final. A acentuação é também dife­rente.

4. ELISÃO

4.1 - Natureza- Sensível obumbramento sofre, via de regra, a vogal final de

um vocábulo quando seguido por outro iniciado, de igual modo, por vogal ou ditongo;

- Em certas circunstâncias, suprime-se inteiramente essa vo­

gal, bem como o acento que, porventura, lhe sobrepaire;- Esta supressão vocálica se dá particularmente em preposi­

ções, advérbios, conjunções, formas pronominais e verbais termi­nadas por vogal breve;

- A este acidente morfológico se dá o nome de elisão.

197

Page 209: Manual de Lingua Grega.vol.1

4.2 - Sinalização

- Marca-se, distintivamente, a elisão, supressão da vogal final de um vocábulo, pelo apóstrofo ( * ou 7 ), posto entre os dois termos do encontro vocálico;

- Se, porém, a elisão se registra em forma verbal composta, anexam-se simplesmente os elementos, dispensada a sinalização apostrófica. Isto é, neste caso não se usa o apóstrofo, a despeito da ocorrência da elisão.

4.3 - Muda branda

- Imperativo da eufonia, quando o segundo termo se inicia

por vogal ou ditongo com espírito forte e no primeiro é a vogal que

se elide antecedida de muda branda, converte-se esta consoante na aspirada cognata.

4.4 - Exemplificação

1.Trap'rj|xchv-denós (I Ts 2.13)- O primeiro termo é a preposição oxítona Trapa, terminada

em a, o segundo a forma pronominal inn-wv;- A frase não elidida seria Trapà t||xü)v. Processada a elisão,

cai o a final da preposição e suprime-se-lhe o acento, interpondo-

se entre os termos o apóstrofo. Daí, Trap'Ti|x&)v;

2 . ecp'x>|xás - em vós, por vós (II Ts 3.4)- O primeiro termo é a preposição oxítona em , cuja vogal fi­

nal é breve; o segundo é a variação pronominal vfxáç, iniciada por

vogal com espírito forte;- A forma não elidida seria em ú|xâ<;. Feita a elisão, supri­

mem-se a vogal breve final da preposição e o acento que lhe so- brepaira, o que daria eTr'\)|jiaç. Como é forte o espírito no prono­

me e à vogal elidida da preposição precede a muda branda tt, as­sume esta consoante a forma aspirada cognata 9 , de sorte que a

situação final é ecp^jfxaç, interposto o apóstrofo;

198

Page 210: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Graficamente, em v(xôt<; -► errNjixas -► ècp'v(ji,áç;

3. ôurywixev - levemos, vivamos (I Tm 2.2)

- E inflexão verbal composta da preposição oxítona 8iá , breve o alfa, mais o subjuntivo orycofxev;

- A forma, se não elidida, seria ôuaá^coimev, unidos os dois elementos e supresso o acento da preposição. Operada a elisão, apenas desaparece o á preposicional, não inserido o apóstrofo. Lo­go, não será Si/crycoixev, como se esperaria, mas 8ia 7 co|Jiev, não presentes o apóstrofo nem o espírito da inflexão verbal;

4.5 - Preposições refratárias- Três preposições há que, embora finalizadas por vogal bre­

ve, não sofrem elisão. São elas: à|xcpí, 'irept e irpo;

- Exs. 1. àijupievvvaiv - veste (Mt 6.30)

- Compõe-se a forma da preposição oxítona à|xcpí, bre­ve o i final, e da inflexão verbal evvixri, pres. at. Ind. com nü móvel;

- Esperar-se-ia a elisão da vogal breve final da preposi­ção, passando a forma a ser aixcpeWwtv. Tal não se dá, porquanto (5|jl0i é preposição refratária à elisão. Daí, a|jupi€vvucriv, não a|x—

cpevvwiv;2. irepi tí<; - acerca do qual (Hb 2.5)

- O primeiro termo é a preposição oxítona nepL, breve o i final; o segundo inflexão do pronome relativo;

- Natural pareceria a elisão da vogal terminal da prepo­sição, inserido o apóstrofo entre os termos conexos, logo, Trep' f)<;. Preposição em que se não obumbra essa vogal, a elisão

não se processa, preserva-se a vogal (e seu acento), não se interpõe o apóstrofo;

3. TTpò éfjicnj - antes de mim (Jo 5.7)- Consta o binômio da preposição'rrpò, monossilábica, e

da variação pronominal e|xca>;- Terminada que é a preposição por vogal breve, segui­

da de vocábulo iniciado também por vogal, a elisão pareceria im-

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Page 211: Manual de Lingua Grega.vol.1

por-se, supressos a vogal da preposição e seu acento e inserido o

apóstrofo. Logo, TTp'ê|Aüt>, tal não acontece, porém, inelidível a preposição, portanto Trpò èfioú

4.6 - Freqüência- Processa-se a elisão com freqüência maior em relação à

conjunção áXXá e às preposições cnrò, ôiá, im , |X€Tct e Trapá, par­ticularmente quando estas antecedem a variações pronominais ou

integram frases e locuções assaz comuns, de ocorrência constante;- A preposição ctvTÍ aparece elidida no curso do Novo Testa-

Amento apenas na forma av 0'cov - pelo que, por qual razão, em que

se antepõe à variação pronominal relativa cov.

5. PARTÍCULAS POSPOSITIVAS

5.1 - Natureza- É o grego uma língua de extrema flexibilidade fraseológica e

admirável maleabilidade expressional, permitindo-se aos termos

ampla liberdade de posicionamento, impostas apenas ligeiras resti- ções;

- Não há rigor generalizado quanto à ordem e colocação das palavras na sentença, deparando-se, ao contrário, variedade a mais pronunciada, nesta matéria;

- É bem verdade que elementos conjuncionais conectivos e

advérbios modificantes diretos, particularmente oí) ou jxtí - não, precedem aos termos a que se referem, o que se verifica, ademais, com as preposições em relação às formas delas regidas. Também o

artigo admite posicionamento definido, a preceder ao adjetivo, quando em uso atributivo, a suôedê-lo, se em posição predicativa;

- Há, por outro lado, certas partículas adverbiais ou conjuncio­

nais que não iniciam nunca a sentença, cláusula ou frase, vindo

sempre imediatamente após a primeira palavra ou ainda mais dis­

tanciadas desse vocábulo primeiro. A estas formas dá-se o desig- nativo de partículas pospositivas, isto é, que se colocam após (do la-

200

Page 212: Manual de Lingua Grega.vol.1

tim post - após - e positivus, a, um - colocável - , forma adjetiva do tema supino deponere - colocar, por.

5.2 - Enumeração

- Pospositivas mais encontradiças em o Novo Testamento se­riam:

- 7 dp - pois;

- 7 6 - certamente, em verdade;- 8 é - mas, porém, por outro lado;- (xév - entretento, então, porém, de um lado;- obv - portanto, conseqüentemente, assim, então; e- Te - e, também, não só.

5.3 - Exemplificação

0; /-\ ^1 . oiôa 7 àp a) TremcrTe-uKa - pois sei em quem tenho crido (11

Tm 1.12)

- A conjunção 7 áp, pospositiva que é, não pode preceder a olôá, vindo-lhe em seguida, embora na tradução se lhe deva dar o lugar primeiro;

2 . cru ôè XáXei - tu, porém, fala (Tt 2 .1 )

- A adversativa 8e é pospositiva. Não pode, portanto, vir antes de cru na cláusula. Tem de vir-lhe depois, jamais a iniciar a porção; e

3. exovTeç oi)v ápxiepéa - tendo, portanto, um sumo-sacerdote (Hb 4.14)

A- 0 advérbio ouv segue ao particípio ^xovTeç, não se lhe po­

dendo antepor, porquanto é partícula pospositiva. Logo, vem em segundo lugar na cláusula.

201

Page 213: Manual de Lingua Grega.vol.1

6. VOCABULÁRIO

46. àôeXcpií, r|<;f i] - irmã.

47. àôeXcpóç, ou, ó - irmão, íntimo, afim.48. àXXd. Conjunção adversativa, paralela a ôe, contudo, mais

incisiva e enfática, a estabelecer contraste mais acentuado - mas, ao contrário, porém, exceto.

49. áfxapTcoXoç, oí), o - pecador, pecaminoso, transviado, cor­rompido.

50. avQpcoiros, ou, o, Corresponde ao latim homo, hominis, genérico, em contraste com vir, viri, pessoal - homem, ser humano, ente, criatura.

51. aTTOoroXos, ou, ó - apóstolo, legado, enviado, mensageiro.52. ápa. Advérbio interrogativo, usado em cláusulas em que

se espera resposta negativa - porventura, acaso, então, portanto.53. "/ap. Conjunção conclusiva ou concessiva, pospositiva

- pois, então, porquanto, pois que, assim .

54. ôe. Conjunção adversativa, mais fraca do que àXXá. Pos­positiva - mas, porém, por outro lado, então, agora, e, entretanto.

55. ôuxkovoç, ou, ó - servente, servidor, ministro, diácono.56. ôiôáo-KotXoç/ou, ó - mestre, professor, ensinador.57. ôouXirç, t)<», ti - escrava, serva, serviçal.58. ôouXoç, ou, ó - escravo, servo, serviçal.59. eKKXinaíot, ãç, rj - assembléia, reunião, congregação, igreja.60. eoprn, rjç, -rj - festa, festival, celebração.61. eueiôr). Conjunção temporal ou conclusiva, composta da

conjunção V irei - quando - , mais a partícula adverbial intensiva ôt- em verdade - quando, desde que, uma vez que, visto que, porquanto.

62. T). Conjunção disjuntiva ou comparativa - ou, do que.63. 0ávaTo<;, ou, ó - morte, fim, falecimento, óbito.64. Geós, oú, d, T) - Deus, divindade, ser divinal.- Em o Novo Testamento, em forma singular articulada, re­

fere-se ao Deus único e verdadeiro em contraposição às falsas dei- dades, que não são Deus realmente;

202

Page 214: Manual de Lingua Grega.vol.1

- A forma do voc. sing. ora aparece como Oee", regular, ora como 0 eó<; similar ao nominativo, alternativa.

65. 3 IcxkcdPoç, ov, ó - Tiago.6 6 . 3 Itictovç, ov, o - Je su s .67. kXt)povo(xos, oí), o - herdeiro.6 8 . Kvpioç, ou, ó - senhor, amo, soberano, dono, proprietário,

possuidor.

69. Xaòç, oi), ó - povo, multidão, nação.70. v eo^ v iã (forma de cunho jônico) ou vovix^viá (forma de

cunho ático, as vogais da 1- sílaba contraídas), ãç, - lua nova, mês.

71. vd|xo<;, ou, ó - lei, regra, preceito, ordenança, estatuto, decre­to, edito, padrão, norma.

72. vú(xcpT|, T|ç, r\ - noiva, nora.73. wixcpíoç, ov, ó - noivo.74. òôóç, ov, rj - caminho, via, estrada, rota, roteiro, senda, jorna­

da, maneira, método, proceder, conduta.75. dlvoTTc>TT|ç, ov, ô - bebedor de vinho, beberrão, ébrio.- Composto de oivoç, ov, ó - vinho - e ttòttiç, ov, ó - bebedor,

de ttívco - beber.76. IlavXoç, ov, ó - Paulo.77. 'TTpócrcú'Trov, ov, to - face, rosto, semblante, fisiononía, pre­

sença, pessoa.- Composto da preposição Trpóç - perante, à frente de, diante -

e oSvlf, amos, - vista, visão, olho, face.78. o-áppaTov, ou, to' - sábado, descanso, repouso, semana.- No dat. pl. é freqüente em o Novo Testamento a forma

adppaai, própria da 3- declinação.79. TeXcóvT]s, ov, ó - cobrador de impostos, coletor, arrecadador.

- Não propriamente publicanus (arrematador dos impostos), mas portitor (aporcionador, arrecadador).

80. tòt€. Advérbio de tempo, composto do artigo neutro tò e da partícula intensiva Te - então, naquele tempo.

81. cpcr/os, ov, ó - glutão, comilão.

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82. cpí -oç, ov, ó - amigo, colega, companheiro.83. Xpurróç, oO, ó - ungido, Cristo.- E a forma grega por que se traduz o termo hebraico, termo que também aparece em o Novo Testamento sob a

feição de Meomãç, ov, ó, simples transliteração ajustada do origi­nal hebraico. Logo, Xpurroç e Meaaíaç são basicamente sinôni­mos.

84. x^pis. Advérbio locativo ou preposição imprópria, seguida normativamente do genitivo - sem, à parte de, fora de, além de, se­paradamente.

7. EXERCÍCIOS

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:2 1 . [xeoÍTT|<; 0eov Kai avGpámíov, av0pcom)s Xptoròç

=Iiqaovs (I Tm 2.5).22. lôov av0pa)TToç cpa^oç Kai olvottÓttiç, TeXtovwv çíXoç

Kai á(xapTCoX.ft)v (Mt 11.19).23. è-n-eiô 7 <xp ôi'àv0pWTTOv OávaToç (I Co 15.21).24. IlavXos ôovXoç Oeov, aTrócrToXoç ôè = lacrou Xpia—

TOV (Tt 1.1).25. Trapà 0ecp Kai ávOpcínroiç (Lc 2.52).26. ^ áX^0eiá 8 tà Itjctov Xpiorov (Jo 1.17).27. àpa Xpioròç afxapTÍãç Ôuxkovoç (Gl 2.17).28. Kai KÁ/rpovofxoç 8 tà Oeov (Gl 4.7).29. x<*>pis vojxov ôiKaicxrwTi Oeov (Rm 3.21).30. aTTOOTOÁ-Oi èKKÂ.T]cric!>v, 8ò£á Xpiorov (II Co 8.23).31.il o8 ò<; K a i "q á\ri0eiá koI ÇwtÍ (Jo 14.6).32. vvv 8è Xaòç Oeov (I Pe 2.10).33. oiKÍaç fj á 8 eX.(povç T| aôeXçáç (Mt 19.28).34. Kai cpcovri w|xcpíov Kai vúpxpinq (Ap 18.23).35. 3 IaKCOpos Oeov Kai K v p ío v 3 Itjctov Xpicrrov ôovXos

(Tg 1.1).36. ! 8oí> T) 8ovXt| Kvpíov (Lc 1.38).

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37. o SiôáoxaXoç Kai, o KÚpioç (Jo 13.13).38. aXXòt xnrèp òovXov àôeXcpóv (Fl 16).39. t o t € ôe irpócrtoTTOv Tipos TrpcxrcoTrov (I Co 13.12).40. eoprqç tj veo|XT|vtãç ti (raPPctTcov (Cl 2.16).

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CAPÍTULO IV

TERCEIRA DECLINAÇÃO: NOMES LABIAIS, GUTURAIS E LINGUAIS. NÜ MÓVEL. MEN E AE.

1. TERCEIRA DECLINAÇÃO

1.1 - Característica

- Caracteriza-se a terceira declinação pelo tema básico finali­zado em consoante ou vogal fechada (i, v ), enquanto na primeira e segunda declinações termina o radical em vogal aberta: a ou ti na 1§,o na 22 ;

- Em função desse final temático, apropriadamente se conhe­cem como declinação consonantal a 32, como declinações vocálicas a 12 e a 2 2 .

1 .2 - Nomes abrangidos

- Enquadram-se nesta 3 § declinação substantivos masculinos, femininos ou neutros de gen. sing. terminado pela desinência oç (em não elevada cifra ws) e nom. sing. finalizado pora, i, v, oi, v, p, ç, £ e ij/, o tema a exibir, na maioria dos vocábulos, alterações ora mais, ora menos pronunciadas.

1 .3 - Gênero- Nesta 32, como na 2- declinação, ocorrem nomes masculi­

nos, femininos e neutros, representantes, pois, dos três gêneros. Na primeira há-os apenas masculinos e femininos, não havendo, por­tanto, neutros, logo, representantes somente de dois dos gêneros;

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- Embora se possam distinguir determinadas modalidades substantivas da 3- declinação típicas de um ou outro desses gêne­ros, seguem, como na 2 -, ambos, os masculinos e os femininos, a mesma norma ou linha geral de flexão, evidenciando-se-lhes o gê­nero em função da forma articular que as determine;

- Os neutros, inda que a flexionar-se em linhas próprias, co­mo na 2 - declinação, não divergem assinaladamente dos padrões masculinos e femininos nesta 3-,

1.4 - Desinências

1 . Tabela

- O quadro geral de desinências das flexões próprias da 3- de­clinação é:

SINGULAR DUAL PLURALMF N MFN MF N

N. S ou - (não há) - (não há) e esoa

G. OS os oiv cov covD. l 01 otv u<71 ü

criA. á ou v - (não há) e &s ou vs uaV. sou - (não há) - (não há) e es

oa

2 . Observações morfológicas

a. Diferença

- Do quadro supra, patenteia-se divergirem os neutros dos masculinos e femininos, em matéria de desinências nos casos pa­ralelos, apenas em seis das quinze inflexões, a saber, nom., acus. e voc. sing. e pl.;

- Segue-se que nos demais nove casos (gen. e dat. sing., o dual todo, e gen. e dat. pl.) a mesma desinência, em paralelo, con­vém a todos os gêneros, indistintamente, coincidindo, portanto, neste aspecto os neutros com os masculinos e os femininos;

- Nos substantivos masculinos ou femininos em que nom.

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Page 220: Manual de Lingua Grega.vol.1

e voc. sing. não têm desinência explícita, a distinção para com os neutros deixa de existir também nestes dois casos;

- Apenas o gen. e o dat. têm sempre a mesma desinência, específica em cada número, nas inflexões correspondentes dos três gêneros. Isto é, em todos os substantivos da 3- declinação termi­nam sempre estes dois casos pela desinência própria da inflexão, qualquer que lhes seja o gênero;

- Na 1- e 2- declinações encontram-se desinências alterna­tivas em quatro inflexões da 1?, a saber, gen. e dat. sing. da 3- classe (ãç ou Tr]ç; a ou tj), gen. sing. da 4- (ou ou ã) e voc. sing. da 5- (t] ou

á), alternatividade que, nesta 3-, também se registra nos substanti­vos masculinos ou femininos em quatro dos casos, três do sing.: nom. (desinência <5 ou sem desinência), acus. (á ou v) e voc. (<; ou sem desinência), um do plural; acus. (aç ou vç);

b. Similaridades

(1 ) Masculinos-Femininos

(a) Vocativo- Nas três classes de femininos da 1- declinação e

nos neutros da 2 - coincidem sempre em forma os casos vocativo e nominativo, seja no singular, seja no dual, seja no plural. Em se tratando dos masculinos e dos femininos desta 3- declinação, em­bora mesma seja a forma destes casos no dual e no plural, tal não se dá necessariamente no singular, coincidindo em uns, divergindo em outros;

- Isto posto, vê-se que voc. e nom. têm sempre for­ma paralela no dual e no plural nas três declinações, nas flexões to­das, qualquer que lhes seja o gênero;

- No singular, portanto, diferem em forma voc. e nom. nos substantivos masculinos da 1- declinação, nos masculinos e femininos da 2- e em considerável cifra de masculinos e femini­nos da 3-;

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Page 221: Manual de Lingua Grega.vol.1

(b) Dual

- Apenas duas desinências se evidenciaram no dual da 1 - e 2 - declinações, uma comum ao nom., acus. e voc., outra ao gen. e dat. O mesmo se dá na 3-. Logo, em todas as declinações terão a mesma forma entre si, mesma a desinência, de um lado, nom., acus. e voc. dual, de outro, gen. e dat. deste número. Ade­mais, no gen. e dat. a desinência é a mesma na 2- e 3- declinações, diferente da paralela da 1 - apenas quanto à vogal básica do tema;

- O quadro comparativo das desinências do dual nas três declinações é o seguinte:

12 2- 32

N . ã co e

G . a i v o tv o tv

D . a i v OLV OLVA . ã co €

V . ã co e

(2) Neutros

(a) Nom., Acus. e Voc.

- Apenas no dual e nos neutros coincidem sempre em forma estes três casos, paralelamente. Logo, também nesta 3- declinação, têm os neutros similares, em cada número, entre si, estas três inflexões;

- No plural, a desinência é á ,a mesma aplicada a es­tes casos nos neutros da 2- declinação (não há neutros na 1-). Por­tanto, os neutros exibirão, todos, na inflexão do nom., acus. e voc. pl. a terminação a;

- Na 3- declinação a tabela desinencial destes três ca­sos será:

SINGULAR DUAL PLURAL- (não há) e &- Comparados os neutros da 2- e 3- no que tange às

desinências de nom., acus. e voc., paralelas, teremos:

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SINGULAR DUAL PLURAL2 - ov co á3- - (não há) e d

(b) Dual- Têm os neutros no dual as mesmas desinências dos

masculinos ou femininos não apenas na 2- declinação, também nesta 3§;

- São similares entre si nom., acus. e voc. (desinência e), de um lado, e gen. e dat. (desinência otv), do outro;

(3) Demais declinações- Têm a 1- e 2- declinações entre si claras afinidades. A

3-, entretanto, delas difere acentuadamente;- A despeito disso, são de observar-se os seguintes

pontos comuns:(a) Substantivos da 3- declinação cujo nom. sing. termi­

ne em a assemelham-se nesse caso, e no voc. sing., aos femininos da 39 classe da 1- declinação, nas inflexões paralelas, aos masculi­nos variantes da 5§ classe da 1- declinação no voc. sing. e aos neu­tros nos casos nom., acus. e voc. pl., em todos o mesmo final (á);

(b) A desinência <; do nom. sing. de larga parcela de no­mes da 3- declinação é a mesma dos masculinos (4- e 5 § classes) da 1§ e dos masculinos ou femininos da 2 -, nesse caso, eliminada a vogal temática, respectivamente, ã, tq e o;

(c) A desinência oç do gen. sing. desta 3- declinação é similar à do nom. sing. dos masculinos ou femininos da 2 §;

(d) No dat. sing. a desinência l é a mesma encontrada neste caso na 1 - e 2- declinações em forma subscrita. Logo, dir-se- á que i é o elemento caracterizante do dat. sing. nas três declina­ções;

(e) No acus. sing. a desinência á coincide com o final do nom. e voc. sing. da 3- classe da 1- declinação, femininos, e com o final do voc. sing. dos variantes da 5- classe, masculinos, da 1-

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Page 223: Manual de Lingua Grega.vol.1

declinação, além dos neutros todos no plural nom., acus. e voc.;(f) A desinência v do acus. sing. é a mesma deste caso na

1 - e 2 - declinações, de sorte que se dirá que o acus. sing. se carac­teriza na 1 - e 2- declinações e em larga porção da 3- pelo final v;

(g) No dual as desinências têm paralelo em formas da 2- declinação, a saber, o final e do nom. acus. e voc. dual é o mesmo do voc. sing. dos masculinos ou femininos, enquanto a terminação otv do gen. e dat. é a mesma nestes casos no dual de ambas as de­clinações;

(h) O gen. pl. tem a desinência <ov, a mesma deste caso nas outras duas declinações. Termina, pois, o gen. pl. nas três de­clinações pelo mesmo final, cov;

(i) Do acus. pl. a desinência òtç tem paralelo no gen. sing. da 1 - e 3- classes, femininos de radical em e, i, p, e nom. sing. da 4- classe, masculinos, bem como no acus. pl. de todas as flexões dessa1 - declinação, diferente apenas a quantidade da vogal, longa na 1§ (ãç), breve na 3- (áç);

(j) Três somente destas desinências não têm paralelos ou similares nas outras flexões, todas do plural, a saber: nom. e voc. (eç), dat. (oí) e acus. alternativa (vç); e

(k) Na 1- e 2- declinações prevalecem nas desinências vogais longas, na 3- vogais breves;

3. Aplicação- Do exposto, resulta que as desinências da 1 - e 4- colunas da

tabela se aplicam aos substantivos masculinos ou femininos, as de­sinências da 2- e 5- aos neutros, as da 3- a todos, indistintamente;

4. Casos problemáticos

- Dos casos, cinco, em geral, podem dar margem a alterações, ora mais, ora menos pronunciadas, merecendo, por isso, sempre especial atenção ao flexionarem-se formas desta declinação;

- São eles:(a) Nom. sing.-. o radical exibe variações, quer se insira a desi-

212

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nência ç, quer não haja desinência explícita;

(b) Acus. sing.: nos masculinos ou femininos haverá de fazer-

se opção entre as desinências a ou v; nos neutros o tema poderá sofrer alterações;

(c) Voc. sing.: ora é similar em forma ao nom. sing., ora não é.

Em ambas as circunstâncias podem ocorrer alterações do radical;(d) Dat. pl.: o s desinencial em encontro com outras consoan­

tes enseja variações, não poucas vezes; e(e) Acus. pl.: nos masculinos ou femininos há de optar-se por

uma ou outra das desinências alternativas (ás ou vç), além de cer­tas variações suplementares;

5. Especificação- Em relação ao nom. e voc. sing. dos masculinos ou femini­

nos convirá observar-se que:- O nom. sing. recebe a desinência s nos substantivos cujo

tema ou radical não termine em v, p, s, nem pelo grupo ovt; e- A inflexão do voc. sing. não exibe desinência, constando,

pois, do tema somente, nos substantivos em que termina ele em 18 ou, se não-oxítonos, em i, v, p ou vt;

6. Classes- Abrange a 3- declinação vasta e complexa variedade de no­

mes, passíveis de pronunciadas diferenças na flexão, não enqua- dráveis em um padrão declinacional uniforme, ao contrário do que se deu em relação às formas da 1 - e 2 - declinações;

- Preferível se afigura, nesta declinação, distribuírem-se os termos em função dos elementos finais do tema, estabelecendo-se

paradigmas específicos às diferentes modalidades assim discrimi­nadas;

- Podem-se, destarte, admitir na 3§ declinação sete classes distintas de nomes, a saber:

a. Substantivos de radical terminado em muda LABIAL

(t t , (3 , <p);

213

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b. Substantivos de radical finalizado por muda GUTURAL ou PALATAL (k , 7fX);

c. Substantivos de radical encerrado por muda LINGUAL ou DENTAL (t , 8,0);

d. Substantivos de radical em LÍQUIDA e NASAL (X, (j l , v , p);e. Substantivos de radical em SIBILANTE (ç);f. Substantivos de radical em VOGAL FECHADA ( i,v ) ; eg. Substantivos de radical em DITONGO (ou, ev, ov).

1. Flexão- Como na 1 - e 2- declinações, consistem as inflexões da 3-

destes dois elementos estruturais básicos: tema e desinência-,- Flexiona-se qualquer forma desta declinação com:19 Determinar-se-lhe o tema (que se obtém mediante a exci-

são do final oç do gen. sing., se bem que em alguns substantivos exiba este caso alteração ou irregularidade, circunstância em que se estabelece o radical em outras bases);

2- Acrescentarem-se-lhe as desinências próprias de casa caso, nas linhas específicas de classe e gênero em que se enquadra a fle­xão, segundo a tabela geral da declinação; e

39 Proceder-se às alterações porventura necessárias na ex­pressão final da flexão;

- É de ter-se em conta que na 1 - e 2 - declinações o tema se preserva inalterado, o mesmo nas inflexões todas, e permanece constante, através de toda a flexão, o número de sílabas. Na 3- de­clinação, porém, estampam-se variações do radical em certos casos e uma sílaba há a mais nas inflexões em que a desinência consiste de vogal ou inclui vogal. Daí, aquelas se designam de declinações parissilâbicas (número igual de sílabas), esta se conhece como decli­nação imparissilábica (número desigual de sílabas nas inflexões).

214

Page 226: Manual de Lingua Grega.vol.1

1.5 - Observações prosódicas

1 . Posição

a. Princípio

- Como na 1- e 2- declinações, também nesta 3- é POSI- CIONAL a acentuação, isto é, conserva-se o acento em todas as in­flexões na mesma sílaba em qua aparece na forma base do vocá­bulo, o nom. sing.;

- Este princípio sofre exceção nas proparoxítonas, seja nos casos em que se aduz desinência silábica, seja nas inflexões de final longo, e ainda no gen. e dat. dos monossiiábicos, deslocado o acento, respectivamente, para a antepenúltima naqueles, para a úl­tima (tornadas dissilábicas as formas), nestes;

b. Aplicação- Como se verificou em relação à 1 - e 2- declinações, tam­

bém nesta 3-, não há predizer-se onde estará o acento inicialmente, ao contrário do que se dá quanto às formas verbais finitas, acen­tuadas recessivamente;

- Há formas de final longo, há-as, igualmente, de final bre­ve. Daí, encontram-se na 3-, como na 2-, vocábulos proparoxíto­nos, properispômenos, paroxítonos e oxítonos, afora contratos, perispômenos;

2 . Proparoxítonos- Os substantivos de base proparoxítona terão o acento deslo­

cado para a sílaba seqüente imediata nas formas em que a desinên­cia constitui sílaba adicional (não pode haver acento na ante­penúltima ou além) e nas inflexões cujo final é longo (não haverá acento na antepenúltima, se a última for longa);

- Nestes vocábulos as inflexões receberão todas acento AGU­DO, proparoxítonas as formas de final breve, paroxítonas as formas de terminação longa;

215

Page 227: Manual de Lingua Grega.vol.1

3. Paroxítonos

- Os substantivos em que o acento na forma base, nom. sing., está na penúltima, BREVE, mantêm-no inalterado, em posição e natureza, nessa mesma sílaba em toda a flexão, ainda nos casos em que se aduz desinência silábica, excetuados o gen. e dat. dual (final oiv) e o gen. pl. (final íov), inflexões terminadas em longa, pelo que se lhes desloca o acento para a seqüente imediata;

- AGUDO é o acento em todas as formas destes substantivos, paroxítonas as inflexões a que se não apende terminação silábica ou que a têm longa,proparoxítonos aqueles casos em que se aduz desi­nência silábica breve;

4. Properispômenos

- Os substantivos em que o acento se acha, na forma base, nom. sing., em penúltima LONGA, portanto, circunflexo, preservam, como nos paroxítonos, a tônica nessa mesma sílaba em toda a fle­xão, menos no gen. e dat. dual e gen. pl. (últimas longas, obrigam a deslocamento);

- Nestas formas o circunflexo se manterá apenas nos casos em que se não aduz desinência silábica (nom. e voc. sing.), geralmente, mais o acus. sing. nos neutros), convertendo-se em agudo em todos os outros casos, inflexões em que, aduzida terminação silábica, es­tará o acento ou na antepenúltima, ou em penúltima em que é lon­ga a última, circunstâncias em que é vedado o circunflexo;

- Nos contratos, fundem-se as sílabas finais e a tônica será, normalmente, a última resultante, regularmente perispômena;

5. Oxítonos- Na 1- e 2- declinações, os oxítonos de base preservam a tô­

nica sempre nessa mesma posição, a última, perispômenas, porém, as inflexões genitivas e dativas. Na 3- as formas de base oxítona conservam o acento nesssa mesma sílaba em todas as inflexões, excetuados o gen. e o dat. dos monossilábicos, sílaba essa, todavia,

216

Page 228: Manual de Lingua Grega.vol.1

que, apensa desinência a constituir sílaba adicional, passa a ser pe­núltima, não mais a última;

- Nestes substantivos serão oxítonos, agudo o acento, apenas estes casos: nom. e voc. sing., geralmente, mais o acus. sing. nos neutros; properispômenos todos os que têm final breve, se a pe­núltima, acentuada, for longa; paroxítonas as demais formas impa- rissilábicas, se essa penúltima, tônica, for breve, ou longa a desi­nência (gen. e dat. dual, gen. pl.);

- Nos monossilábicos de base (e em alguns não-monossilábi- cos, ademais), desloca-se o acento, no gen. e dat., para a última, formas tornadas dissilábicas mercê da desinência que constitui síla­ba em si, AGUDO no gen. e dat. sing. e no dat. pl., finais breves, oxítonos; CIRCUNFLEXO no gen. e dat. dual e no gen. pl., últimas longas, perispômenos. Esta particularidade prosódica dos monossi­lábicos contravém o princípio normativo de posicionalidade até aqui observado;

6 . Perispômenos- Substantivos da 3- declinação perispômenos de base, for­

mas de tipo contrato, seguem o princípio normativo dos oxítonos no que tange à posição do acento, embora divirjam quanto à natu­reza de acentuação;

- Nos monossilábicos, desloca-se o acento para a última nas formas genitivas e dativas (oxítonos gen. e dat. sing. e dat. pl., finais breves; perispômenos gen. e dat. dual e gen. pl., finais longos); con­serva-se na sílaba de base nos demais casos {perispômenos nom. e voc. sing. e, nos neutros, também o acus. sing., properispômenos o acus. sing. dos masculinos ou femininos, além de nom., acus. e voc. dual e pl. de todos os gêneros);

- Nos substantivos não-monossilábicos na base, permanece o acento na sílaba de origem em toda a flexão, perispômenos nom. e voc. sing. e, em neutros, ainda o acus. sing., circunflexo na última; paroxítonos o gen. e dat. dual e o gen. pl., finais longos, agudo na penúltima; properispômenos os demais casos, penúltima longa acentuada, breve a última.

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Page 229: Manual de Lingua Grega.vol.1

2. SUBSTANTIVOS LABIAIS E GUTURAIS

2.1 - Característica

- Caracterizam-se as formas destas duas classes de substanti­vos da 3- declinação por:

(1) A desinência <; na forma base, nom. sing., que, entretanto, se funde com a labial (tt, p, <p) ou gutural (k, y , x) final do tema, de que resultam, respectivamente, as duplas \\> e e

(2) A desinência oç no gen. sing.

2.2 - Nomes abrangidos

- Enquandram-se nestas duas classes, paralelas em flexão, os substantivos cujo nom. sing. termina atualmente em i|/ ou £ e o gen. sing. em os, precedido de labial ou gutural no tema;

- Em o Novo Testamento, os substantivos em gutural (23 ao todo) são três vezes mais numerosos que os nomes em labial (ape­nas 7).

2.3 - Similaridade

- As normas flexionais são as mesmas para ambas estas clas­ses de substantivos, por isso que têm os nomes em labial e em gu­tural as mesmas desinências paralelas e sofrem variações análogas na flexão.

2.4 - Gênero- Os substantivos de tema em labial ou gutural são masculi­

nos ou femininos. Nestas duas classes da 3- declinação, como em toda a 1 - declinação, não há neutros.

2.5 - Flexão- A flexão regular dos substantivos destas duas classes obede­

ce ao plano geral dos masculinos ou femininos desta 39 declinação,

observado quanto aos casos problemáticos o seguinte:

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Page 230: Manual de Lingua Grega.vol.1

'\.Nom. sing.: recebe a desinência ç;

2. Acus. sing.: tem a desinência á, logo, não a alternativa v;3. Voc. sing.: é similar em forma ao nom. sing.;

4. Dat. pl.: funde-se a sibilante desinencial com a labial ou gu- tural que a precede na flexão;

5. Acus. pi.: tem a desinência aq, em vez de vs; e6 . Nos três casos em que a labial ou a gutural antecede à sibi­

lante (nom. e voc. sing. e dat. pl.), registra-se fusão dessas duas consoantes, resultando, respectivamente, as duplas i]j (labial + ç) e £ (gutural + ç).

2 .6 - Paradigmas

1 . Substantivo em labial- Kcóvcoiji, kíúvíottoç, ò - mosquito (substantivo não-monossilá-

bico)

a. Estrutura- Consistem as inflexões deste paradigma do tema kíovcott e

das desinências próprias dos masculinos ou‘femeninos da 3- decli­nação, nos moldes dos labiais ou guturais;

- Diferentemente do que se observou nas flexões da 1 - e 2- declinações, em que o radical se mantém inalterado e as desinên­cias não sofrem variação, nesta alteram-se radical e desinência em três dos casos: nom. e voc. sing. e dat. pl., fusão da muda com a si­bilante desinencial;

- Enquanto na 1- e 2- declinações é o número de sílabas constante, sempre o mesmo em todas as inflexões da forma decli­nada, logo, parissilábicas, nestes nomes labiais ou guturais, con­soante o presente paradigma, como, aliás, em todas as classes da3- declinação, a quase totalidade das inflexões tem uma sílaba a mais do que a forma base, logo, constituem flexões imparissilábi- cas;

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Page 231: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

SINGULAR

N.G.D.A.V.

N.G.D.A.V.

N.G.D.A.V.

Tema[ kcóv&jtt

KCDVOÚTT

KCOVÍOTT

KCOVCDTT

[ kcovíútt

DUALTemaKCDVtDTT

KÍOVWTT

KIOVÍOTT

K íovónr

KCÓVÍÚTT

PLURALTema

KXOVCÚTT

KCOVCOTT

[ kíovcott

KOÒVCOTT

KCÚVCOTT

Des.ç ] — koóvcmJ;

oçUlUaç] — Kwvcúvj;

- mosquito- de mosquito- para mosquito- mosquito- ó mosquito

Des.eo iv

OlV

ee

Des.eç(OV

c r i jaaçes

- mosquitos (dois)- de mosquitos (dois)- para mosquitos (dois)- mosquitos (dois)- ó mosquitos (dois)

- mosquitos- de mosquitos

kíóvíov|/Í- para mosquitos- mosquitos- ó mosquitos

c. Acentuação- Como em todo substantivo e afins a acentuação deste

paradigma é posicionai, mantido o acento na sílaba kcd, em que se acha na forma base, nom. sing., em todas as inflexões, excetuados o gen. e dat. dual e o gen. pl.;

- E agudo em todas as formas, porquanto nas dissilábicas, embora posto em penúltima longa, longa é também a última, e nas trissilábicas ora a desinência é breve, quando estará na antepenúl-

220

Page 232: Manual de Lingua Grega.vol.1

tima, ora é longa, quando se desloca obrigatoriamente para a pe­núltima;

- São, pois, paroxítonos: nom. e voc. sing., gen. e dat. dual e

gen. pl., 5 formas; são proparoxítonos: gen., dat. e acus. sing., nom., acus. e voc. dual e pl., mais o dat. pl., 10 das inflexões;

d. Aplicação- À base deste paradigma, koSvcov|í , kwvwttoç, ó, flexionam-

se os substantivos labiais ou guturais paroxítonos, todos, reque- rendo-se apenas a substituição do radical kcovcott pelo correspon­dente da forma a declinar-se. Desinenciação e acentuação coinci­dem inteiramente em todos. A fusão da muda com a sibilante obe­dece em todos o princípio estabelecido;

- Em se tratando de formas em que ou a última é breve no radical ou sobre essa última incide o acento na forma base, embora

a desinenciação e as variações flexionais sejam as mesmas regis­tradas na flexão de kíóvcov);, a acentuação será diferente, conforme

os reclamos da prosódia própria de tais formas.

2 . Substantivo em gutural- CTáp£, crapKÓç, rj - carne (substantivo monossilábico)

a. Estrutura- Estruturam as formas deste paradigma gutural, como em

todos os substantivos, estes dois elementos básicos: tema e desi­nência;

- O tema é < rapK , o mesmo em todas as inflexões, contudo, como em kcóvcoiJj, alterado em razão da fusão da gutural com a si­bilante desinencial em três dos casos: nom. e voc. sing. e dat. pl.;

- As desinências serão as típicas destas duas classes da 3- declinação, nos moldes em que ocorrem na flexão de Kíóvtoiji, kcóvíottos, ó, ligeiramente alteradas na fusão da sibilante

com a muda do tema nos casos referidos no item anterior;- Como se observou na flexão de k<óvü)i[/, característico,

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Page 233: Manual de Lingua Grega.vol.1

aliás, das formas da 3- declinação, varia o número de sílabas das diferentes formas, destarte imparissilábicas, monossilábicos o nom. e voc. sing., dissilábicos os demais casos todos, mercê da inserção da desinência a constituir sílaba adicional;

b. Flexão

SINGULARTema Des.

N. [crápK s] ~ aap^ - carneG. crapK oç - de carneD. crapK l - para carneA. arápK ü - carneV. [aápK s ] - cráp£ - ó carne

DUALTema Des.

N. c rá p K e - carnes (duas)G. aapK oív - de carnes (duas)D. c rap K otv - para carnes (duas)A. crápK e - carnes (duas)V. aápK e - ó carnes (duas)

PLURALTema Des.

N. crápK eç - carnes (duas)G. crapK (bv - de carnes (duas)D. [aapK oí] -- aap^i - para carnes (duas)A. crápK áç - carnes (duas)V. aápK eç - ó carnes (duas)

c. Acentuação

- Substantivo, a acentuação é posicionai. Monossilábico de base, acentuam-se-lhe na última, inflexões tornadas dissilábicas, o

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Page 234: Manual de Lingua Grega.vol.1

gen. e o dat. nos três números, enquanto os demais casos retêm-no na sílaba de origem, aap(K);

- É circunflexo o acento nas três inflexões cujo final é longo e acentuado, a saber: gen. e dat. dual e gen. pl., agudo, porém, nas doze restantes, já porque, ou estará sobre a vogal temática ou sobre a desinência, breves sempre, quer seja a última, quer seja a penúl­tima;

- Serão, pois, oxítonos, agudo na última: nom., gen., dat. e voc. sing. e o dat. pl., 5 formas; perispômenos, circunflexo na últi­ma: gen. e dat. dual e gen. pl., 3 formas; paroxítonos, agudo na pe­núltima: acus. sing., nom., acus. e voc. dual, nom., acus. e voc. pl., 7 casos;

d. Aplicação- Segundo a flexão de cráp£, crapKo'<;, ti se declinam todos

os monossilábicos de tema em gutural ou labial, fazendo-se de mister apenas substituir-se o radical aapK pelo correspondente da palavra a flexionar-se. Desinências e acentuação continuarão as mesmas. A fusão da muda com a sibilante nos três casos especiais processa-se nos moldes estabelecidos para cada uma dessas duas classes;

- As formas não-monossilábicas, quer guturais, quer la­biais, exibem as mesmas desinências e variações paralelas. Dife­rem, porém, quanto ao radical e a acentuação.

2.7 - Comparação

1 . Flexão

- A luz destes dois paradigmas, kwvíoiJj e o-áp£, patenteia-se que, em flexão, diferem os substantivos de tema finalizado por la­bial dos terminados em gutural apenas no que tange à dupla re­sultante nos três casos em que se fundem a muda temática e a si­bilante desinencial (nom. e voc. sing. e dat. pl.), nos labiais ijj, nos guturais Nos demais casos (1 2 ) as desinências se não alteram, as mesmas em ambas as classes, em paralelo.

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2 . Genitivo singular

- A desinência oç, própria do gen. sing. nestas flexões, é simi­lar à terminação do nom. sing. dos substantivos masculinos ou fe­mininos da 2- declinação (e do nom., acus. e voc. sing. dos neutros sigmáticos desta 3-). Daí, confundem-se essas formas, terminadas todas em oç.

3. Acusativo singular- Coincide em desinência, á, o acus. sing. destas flexões com

as seguintes inflexões de outras formas:a. Nom. e voc. sing. dos femininos da 3- classe da 1§ declina­

ção;b. Voc. sing. dos masculinos, patronímicos ou de nom. sing.

terminado pelo final tt |<; (e afins) da b- classe da 1 - declinação;c. Nom., acus. e voc. pl. dos neutros da 2- declinação; ed. Nom., acus. e voc. sing. e/ou nom., acus. e voc. pl. de certos

tipos de neutros da 3- declinação.

4. Vocativo- Como nas três classes de femininos da 1§ declinação e nos

neutros todos, coincidem em forma, nestes substantivos de tema finalizado por labial ou gutural, nom. e voc., paralelamente, nos três números, vale dizer, são sempre iguais entre si, qual o nom., tal a forma do vocativo paralelo.

5. Genitivo plural

- Tem o gen. pl. a mesma desinência, cov, deste caso nas de­clinações 1- e 2-. Logo, é evidente que nas três declinações terá sempre a forma do gen. pl. final idêntico, ou que todos os genitivos plurais terminarão em cov;

- Observe-se, porém, que somente na 1 ã declinação será sempre e necessariamente perispômeno, não na 2 -, nem na 3 -.

224

Page 236: Manual de Lingua Grega.vol.1

6 . Acusativo plural- Não levada em conta a quantidade vocálica, dir-se-á que

terminam como o acus. pl. destas flexões labiais e guturais, final aç, as seguintes inflexões adicionais, que, por isso, se podem confundir com esta forma:

a. Gen. sing. dos femininos da 1- declinação de radical finali­zado por e, i ou p, isto é, da 1 - e 3- classes;

b. Nom. sing. dos masculinos da 4- classe da 1ã declinação;c. Acus. pl. de todas as formas da 15 declinação;d. Nom. sing. (e voc. sing., geralmente) de substantivos da 3-

declinação, particularmente do masculino de particípios aoristos ativos de verbos em co ou presentes e aoristos dos verbos em fxí de tema finalizado por á;

- E de lembrar-se, porém, que no acus. pl. dos labiais e gutu­rais, aliás, nas formas da 3- declinação em que seja a desinência deste caso, a vogal é sempre breve (ás), enquanto nas demais infle­xões, quer da 1 quer participiais da 3-, é sempre longa (ãç).

3. SUBSTANTIVOS LINGUAIS

3.1 - Característica

- Caracteriza-se esta classe de nomes da 3- declinação por:(1) Nom. sing. ora a receber a desinência ç, ora a constar do

simples tema, sem desinência. Todavia, quer haja desinência, quer não haja, cairá essa lingual final, já porque não subsiste quando anteposta à sibilante, já porque palavra grega típica não terá termi­nal consoante outra que v, p, ç, £ ou iJj; e

(2) Gen. sing., como nos labiais e guturais, a receber a desi­nência oç.

3.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se nesta classe substantivos, pertencentes todos

à 3- declinação, em que o genitivo singular termina pela desinência oç precedida de lingual (t , 8 , 0 ) e o nom. sing., sempre a sofrer va-

225

Page 237: Manual de Lingua Grega.vol.1

riação no final, dada a necessária queda da lingual terminal do te­ma, se finda ora em ç, ora em vogal ou pelas consoantes v, p, £.

3.3 - Gênero

- Os substantivos labiais ou guturais são masculinos ou femi­ninos, não havendo neutros entre eles. Já os linguais podem ser de qualquer dos três gêneros, constituindo os masculinos ou femini­nos um tipo de flexão, paralela, os neutros outro, ligeiramente di­ferenciado.

3.4 - Flexão

1 . Masculinos-Femininos- Flexionam-se os substantivos masculinos ou femininos de

tema finalizado por lingual ou dental (t , 8 , 0 ) nas linhas gerais des­ses gêneros da 3- declinação, feitas quanto aos chamados casos problemáticos estas observações:

15. Nom. sing.: recebe a desinência <; em todos os nomes, ex­cetuados aqueles cujo tema termine pelo grupo ovt (a lingual t ,

precedida da nasal v, a que antecede a vogal o). Nestes, cairá o t fi­nal, consoante que não pode ser terminal de forma grega, e se alongará a vogal, compensatoriamente, de o para co;

2°. Acus. sing.: ocorrem ambas as desinências, v ou á;- Têm a desinência v os substantivos não-oxítonos em que o

nom. sing. termina em íç , caindo, porém, nesta inflexão a lingual final do tema;

- Recebem a desinência á os demais nomes linguais, masculi­nos ou femininos, mesmo os de nom. sing. terminado em tç, quan­do oxítonos;

39. Voc. sing.: nos substantivos de tema finalizado por iô ou vt

(nestes últimos executam-se os oxítonos e os de cunho ou origem participial) consta esta inflexão do simples tema, caindo, necessa­riamente, a lingual (que não pode ser terminal deforma grega típi­ca);

226

Page 238: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Nos demais nomes da classe, mesmo naqueles em que, oxítonos ou de base ou cunho participial, termina o tema pelo gru­po v t , é esta inflexão, normalmente, igual em forma ao nom. sing., casos paralelos, pois;

4e. Dat. pl.: sofre sempre a queda da lingual final do tema anteo <5 da desinência;

b-.Acus. pl.: é em todos sempre cU a desinência, não vç; e6 ?. Nas inflexões em que a lingual final do tema é diretamente

seguida de ç na desinência, o que se verifica sempre no dat. pl. e freqüentemente nos casos nom. e voc. sing., dá-se a queda dessa lingual, ensejando, ainda, as seguintes particularidades:

a. Se imediatamente precedida de vogal, na maioria das fle­xões mantém-se inalterada esta vogal, seja em natureza, seja na quantidade. Há-as, entretanto, em que experimenta ela acentuadas variações, mormente alongamento, quando breve;

b. Se precedida de gutural, funde-se esta muda com a sibi­lante desinencia! imediata, resultando, como nos substantivos da classe dos guturais, a dupla £; e

c. Se precedida da nasal v, cai também esta consoante, alon­gando-se a vogal precedente. É o que se dá nas formas de radical terminado pelo grupo ovt, que,no dat. pl., sofrem a queda de am­bas as letras consoantes e alongam o o em ou.

2. Neutros- Flexionam-se os substantivos neutros de tema em lingual

(t , 8, 0) nos moldes gerais deste gênero da 3- declinação, obser­vando o seguinte:

19. Não recebe o nom. sing. e, conseqüentemente, o acus. e voc. sing., que nos neutros lhe são sempre similares em forma, de­sinência específica, processando-se-lhes no final ora a simples queda da lingual (que não pode ser terminal de forma), ora, em menor escala, sua transmutação em p ou ç; e

2?. Sofre o dat. pl. a queda da lingual anteposta à sibilante da desinência, permanecendo imutada a vogal que, no tema, antecede a essa lingual.

227

Page 239: Manual de Lingua Grega.vol.1

3.5 - Comparação- Comparados aos substantivos de tema finalizado em labial

(-ir, {3, <p) ou gutural (k , 7 , x). dir-se-á que os linguais são em o No­vo Testamento muito mais numerosos e exibem cifra bem mais avultada de variações e particulares flexionais, embora conforma­dos na maioria das inflexões ao padrão básico da 3- declinação.

3.6 - Tipos característicos

1 . Especificação

- Duas modalidades de nomes em lingual há que, à semelhan­ça do que se observou em relação a certas formas da 1 - e 2 - decli­nações, patenteiam no final do nom. sing. sufixo característico de determinado sentido ou tipo de ação;

2 . Enumeração- Tais seriam:

a. Substantivos de nom. sing. em |xót, gen. sing. em (x&tos

(1 ) Sentido

- Nomes linguais, oriundos de tema verbal, radical ter­minando em t precedido da sílaba |xa, daí, o gen. sing. a exibir o fi­nal jjuxtoç, são sempre neutros e expressam RESULTADO ou PRO­PÓSITO da ação em contraposição direta aos substantivos de nom. sing. terminado em ctiç, femininos de tema em vogal fechada, 1, que lhe exprimem o PROCESSO;

(2) Exemplos

(a) ôiKaL(0 |xa e Sutaítoonç- Derivados do verbo ôiKoaów — justificar - , o pri­

meiro a exibir o sufixo |x<x(t ), o segundo o sufixo cris, ocorrem em

228

Page 240: Manual de Lingua Grega.vol.1

Rm 5.18 ambos estes substantivos, traduzidos normalmente pelo termo justificação;

- Entretanto, 8 iKaí(0 |xá expressa propriamente a justificação como ato, ou resultante, ou produto, enquanto ôiKaíaxríç a apresenta antes como ação, ou operação, ou processo;

- Logo, ÔiKaúo|xot diz respeito à sentença liberatória, à absolvição judicial; ôiKaí&xn*; ao processo envolvido, à ação justi- ficante no seu todo;

(b) Kpífxct e Kpícriç- Procedentes do tema Kpiv, do verbo Kpívco - julgar

- , Kpí|xa (Tg 3.1) e Kpíaíç (Ap 18.10), aquela a englobar o sufixo |xá(T), esta o sufixo ctiç, traduzem-se ambas as formas porjuizo ou julgamento;

- Contudo, Kpí|xa expressa, mais adequadamente, a sentença lavrada, o veredicto ou acórdão, enquanto Kpúrtç se re­fere ao processo, ao julgamento de que resulta a sentença.

b. Substantivos de nom. sing. em tvç, gen. sing. em Tiyros

(1 ) Sentido- Substantivos linguais, derivados de temas adjetivos, na

forma atual a exibirem na inflexão do nom. sing. o final rr]*; (em lu­gar de nqTÇ, por isso que a lingual cai quando a preceder a sibilan- te), o gen. sing. terminado pelo dissílabo temático-desinencial nn— toç; são todos femininos e expressam ESTADO, ou CONDIÇÃO, ou QUALIDADE característicos;

(2 ) Exemplos

(a) xptiotÓtt|<;, xpTiaTOTiqToç, - bondade, prestabili­dade (II Co 6 .6 )

- Formado do tema xP^cttío) do adjetivo xp^otos, tÍ, óv - útil, prestante, bom para usar-se, da raiz xp&, de xpáo|xai - usar

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Page 241: Manual de Lingua Grega.vol.1

mais o sufixo distintivo tt |(t ), ligado ao tema pela vogal eufônica o, aduzida a desinência s da inflexão nominativa, o substantivo

XP^OTÓrriç, xP^aTÓTriToç, f|, feminino, exprime a qualidade de ser útil, o estado característico de ser prestante, a condição essencial de ser bom;

(b) eryvÓTT]*;, cr/vóríiTos, r| - pureza, castidade (II Co6 .6 )

- A base do tema óryv(o) do adjetivo cryvóç, tj, óv - puro, casto, mediante a aposição do sufixo tt](t ) e das desinências próprias desses casos básicos, <; e oç, respectivamente, ligados o tema e o sufixo pela vogal eufônica o, resulta o substantivo éryvo—

ot/vÓttitoç, t|, feminino, a expressar a qualidade de ser puro,o estado característico de ser casto, a condição fundamental de ser ili­bado.

3.7 - Paradigmas

1 . Substantivos mascuímos-femininos

a. Nomes em í<j não-oxítonos, a lingual precedida de vogalbreve.

- xápiç, xápiToç, t) - graça

(1 ) Estrutura- Consistem as inflexões deste paradigma do tema ou

radical, x^ptT, e das desinências, próprias dos nomes linguais de nom. sing. finalizado por íç, não-oxítonos, masculinos ou femini­nos;

- O radical, como acontece nas flexões da 3- declinação, em sua imensa maioria, sofre alteração, ao contrário dos substanti­vos da 1 - e 2 - declinações;

- A alteração do radical, queda da lingual t , final do te­ma, se processa em quatro dos casos, a saber: nom. e voc. sing. e

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Page 242: Manual de Lingua Grega.vol.1

dat. pl. ante o ç desinencial e acus. sing. ante o v terminal;- Como se observou nos paradigmas dos labiais e gu-

turais, esta flexão é também imparissilábica, uma vez que em doze dos casos constitui a desinência silábica adicional, apenas duas in­flexões (acus. e voc. sing.) conservando a paridade silábica da base (nom. sing.);

(2 ) Flexão

SINGULARTema Des.

N. [xáptT ç] - xápte - graçaG. xáptT oç - de graçaD. XápiT í - para graçaA. [XáptT v] — xápiv -g raçaV. [XápiT <;] — xáp is - ó graça

DUALTema Des.

N. xáp^T e - graças (duas)G. Xapí,T otv - de graças (duas)

D. XapiT olv - para graças (duasA. XÓpÜT e - graças (duas)

V. xáptT e - ó graças (duas)

PLURALTema Des.

N. XáptT es - graças

G. X«piT íov - de graças

D. XáptT a í — x^pícrí - para graças

A. XápiT á<; - graçasV. XapiT eç - ó graças

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Page 243: Manual de Lingua Grega.vol.1

(3) Particularidades morfológicas

- A vista das múltiplas variações de que é susceptível esta classe de nomes, convirá observar-se que:

- Recebe o nom. sing. a desinência ç, caindo, por isso, a lingual t final do tema, inalterada, porém, a vogal precedente, í;

- Substantivo em que o nom. sing. termina em Is, não- oxítono, é no acus. sing. v a desinência, não á, caindo a lingual t,

inalterado o i temático (à maneira do nom. sing.). A forma alterna­tiva xótpiTa, com a desinência á, ocorre, entretanto, em o Novo Testamento (At 24 .2 7 ; Jd 4 );

- Substantivo de tema finalizado não em tô ou v t , a forma do voc. sing. é paralela à do nom. sing., a mesma, pois, nes­ses dois casos;

- No dat. pl. ocorre, ante o ç desinencial, a queda do t

final do tema, preservando-se, porém, inalterada a vogal prece­dente í (aspectos paralelos aos registrados nos casos nom., acus. e voc. sing.);

- No acus. pl., como nos labiais e guturais, a desinência é às, em vez da alternativa vç;

(4) Comparação- Comparada a flexão de x^pi-Ç com a dos paradigmas

Kcóvcúi}/ (labial) e cráp£ (gutural), verifica-se que:- no tocante à desinenciação, apenas no acus. sing. di­

ferem, por isso que em x^pis é v a desinência, nos labiais e gutu­rais é á; e

- no que tange à variação temática, divergem em que em xáptç a muda final do tema, t, cai, nas quatro inflexões em que se antepõe a v ou ç da desinência, enquanto nos labiais e guturais a muda se funde com a sibilante, resultando, respectivamente, as du­

plas e £;- Comparada a flexão de xápfe com os paradigmas da

1 - declinação, verificam-se os seguintes pontos comuns na desi­

nenciação:

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Page 244: Manual de Lingua Grega.vol.1

- A desinência i do dat. sing. (xápi/ri) é a mesma das flexões da 1§ declinação, embora nestas apareça em forma subs­crita (como na 2 -, igualmente);

- A terminal v do acus. sing. (xápiv) é a mesma do final das desinências deste caso em toda palavra da 1§ declinação (e da2 -, também);

- A desinência cov do gen. pl. (xotpÍToov) é a mesma neste caso em todas as flexões da 1 - declinação (como da 2 -), não peris- pômena, entretanto; e

- A desinência áç do acus. pl. (xápi/ráç) é paralela à terminação ãç que ocorre na 1 - declinação nas seguintes inflexões: nom. sing. da 4- classe, masculinos; gen. sing. da 1- e 3- classes, fe­mininos, todos radicais finalizados em e, i, p, e, ainda, acus. pl. de todas as classes, observando-se, porém, que na 3- declinação é breve o alfa, na 1 - longo-,

- Comparada a flexão de xápis com os paradigmas da2 - declinação, as seguintes similaridades se lhes destacam na desi­nenciação:

- A desinência oç do gen. sing. (xápíToç) é a mesma do nom. sing. dos masculinos ou femininos da 2 - declinação;

- A desinência i do dat. sing. (xapí/rt) é a mesma dos nomes da 2- declinação (e da 1 -), que nestas flexões aparece em forma subscrita;

- A terminal v do acus. sing. (xápív) é a mesma do final deste caso em todas as formas da 2- declinação (e da 1§, de igual modo), qualquer que lhes seja o gênero;

- A desinência e do nom., acus. e voc. dual (xápi/re) é similar à terminal do voc. sing. dos masculinos e femininos da 2 - declinação;

- A desinência oiv do gen. e dat. dual (xapiToiv) é a mesma destes casos em todos os substantivos da 2- declinação; e

- A desinência cov do gen. pl. (xotptTcov) é a mesma deste caso nas flexões todas da 2 - declinação (e da 1§, nesta sempre pe- rispômena a forma);

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Page 245: Manual de Lingua Grega.vol.1

(5) Acentuação- Substantivo, acentuação posicionai, conserva-se-lhes o

acento, a despeito da extensão silábica, em toda a flexão na sílaba X&, em que se situa na forma base, nom. sing., excetuados apenas três casos, a saber: gen. e dat. dual e gen. pl., cuja última, por ser longa, compele ao deslocamento para a penúltima imediata;

- E agudo o acento em todas as inflexões, posto sempre em sílaba breve, que tais são x<* e pí, as tônicas da forma. Aliás, apenas três dos casos (nom., acus. e voc. sing.) seriam passíveis de circunflexo, se a penúltima, acentuada, fosse longa. Os demais, ou porque a tônica é antepenúltima, ou porque a última é longa, só agudo podem ter, impossível o circunflexo nessas circunstâncias;

- São, pois, paroxitonos: nom., acus. e voc. sing. e gen. e dat. dual e gen. pl., 6 formas; proparoxítonos-, gen. e dat. sing., nom., acus. e voc. dual e nom., dat., acus. e voc. pl., 9 formas;

(6 ) Aplicação paradigmática

- Nos moldes deste paradigma, x&pí-Ç, xt*P*'T0<s» 1» Ae' xionam-se os nomes paroxítonos linguais da 3- declinação, de nom. sing. finalizado em tç, de mister fazendo-se apenas a substi­tuição do radical x<xpiT pelo correspondente da forma a declinar-se. Desinenciação e acentuação em todos coincidem inteiramente. Também a queda da lingual é em todos semelhante;

- Nos oxítonos, a desinência normativa do acus. sing. será á, em vez de v, e a acentuação se processará, quanto a posição e natureza, em linhas próprias;

- Nos substantivos de tema finalizado por tô a forma vo- cativa singular não recebe desinência, constando, pois, do simples radical, elidido o ô final do tema, que não pode ser terminal regular de vocábulo;

- Nomes iinguais de nom. sing. em íç , masculinos ou femininos de base properispômena ou proparoxítona, têm a mes­ma desinenciação deste paradigma, observada a particularidade do voc. sing., mas a prosódia obedecerá aos moldes típicos de tais po­sicionamentos;

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Page 246: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Nomes em Iq, oxílonos, de radical terminado pelo final íô, lingual precedida de vogal, breve.

- eXmç, eX.môo<5, -r) - esperança

(1) Estrutura- Constam as inflexões deste paradigma de tema ou radi­

cal, 4Xm8, e das desinências, próprias dos nomes linguais de nom. sing. finalizado em íç, oxítonos, radical terminado por 18, femininos ou masculinos;

- O radical, como em x^pte» experimenta alteração, fe­nômeno generalizado nas flexões da 3- declinação em contraste com a 1 - e 2 - declinações, em que permanece ele invariável, o mesmo em todas as formas;

- Altera-se o radical, queda do 8 final do tema, em três das inflexões, a saber. nom. sing. edat. pl., por antepor-se à sibilante desinencial, e voc. sing., porque não pode ser final de vocábulo gre­go regular;

- Como nos labiais (kccvíoi}*) e guturais (cáp^) e em xá— piç, é imparissilábica esta flexão, por isso que, exceção feita do voc. sing., as demais treze inflexões recebem desinência que representa sílaba adicional;

(2) Flexão

SINGULARTema

N. [èXlTÍSG. eXm8

D. eXm8A. eXmôV. [feXmô

Des. /ç] - eXmç - esperança o<; - de esperançaí - para esperançaol / - esperança—] — eXm - ó esperança

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Page 247: Manual de Lingua Grega.vol.1

TemaN. eXmSG. eXmSD. e\m8

A. 'eXiríôV. eXmS

PLURAL Tema

N. eXm8

G. cXttÍSD. [’eXm8

A. eXmSV. eXmS

DUALDes.e - esperanças (duas)otv - de esperanças (duas)oiv - para esperanças (duas)e - esperanças (duas)e - ó esperanças (duas)

Des. es covtrí] — èXmcriuOíS

es

- esperanças- de esperanças- para esperanças- esperanças- ó esperanças

(3) Particularidades morfológicas

- Quanto aos chamados casos problemáticos, suceptí- veis a variações que são os nomes em lingual, impoém-se as se­guintes observações:

- Nom. sing.: como em x&pte, recebe a desinência s, pelo que se elide o 8 final do tema, contudo, não se altera o í preceden­te;

-A cu s. sing.: inflexão de nome lingual de nom. sing. em ls , oxítono de base, a desinência deste caso é &. Difere, pois, neste particular de não-oxítono, desinenciado com v;

- Voc. sing.: ao contrário de x^pte, em èXirts não tem esta inflexão forma similar à do nom. sing., por isso que nos subs­tantivos de radical em 18 consta sempre este vocativo do mero te­ma, caindo a lingual, porquanto não pode ser terminal regular de vocábulo grego. A vogal precedente i não se altera;

- Dat. pl.: à maneira do nom. sing., e como em x^pts em ambos esses casos, cai a lingual final do tema ante o s desinencial, mas se não altera a vogal í que a precede;

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Page 248: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Acus. pl.: como em x^ptç, recebe a desinência áq (preterida a alternativa vç);

(4) Comparação

- Difere a flexão de èÁ/rríç da declinação de- quanto à desinenciação, apenas no acus. e voc. sing.,

paralelas as terminações dos demais treze casos; e- quanto à variação temática, somente no acus. sing., em

que se não altera o tema em èÂ/rrís mas a lingual final cai em xáp ís.

Nas demais quatorze inflexões é paralela a condição do tema, alte­rada ou intacta; /

- Difere a flexão de eXirlç dos paradigmas koòvíoiJj (la­

bial) e cráp£ (gutural):- quanto à desinenciação, apenas no caso voc. sing., em

eÂ/rriç não-desinenciado, em kíóvcdi}/ e aúp£ (como em x&pfe) a re­ceber desinência, ç, mesmas, em paralelo, as terminações dos quatorze casos restantes; e

- quanto à variação temática, embora ocorra nos mes­mos três casos, isto é, nom. e voc. sing. e dat. pl., difere em que em

eXmç se registra a queda do 8 final do tema, enquanto em kíóvcovJí e crótp se fundem o tt e o k, respectivamente, com a sibilante desi­

nencial, donde as duplas v}/ e £ resultantes;- Paralelos e similaridades para com formas da 1- decli­

nação tem a flexão de eA/rrrç as seguintes:- A desinência t do dat. sing. (èX/rríSi) é a mesma deste

casò nas formas da 1 - declinação todas (e na 2 - também), inda que

nestas apareça sempre em forma subscrita;- A desinência a do acus. sing. (èXmôa) é paralela à

terminação do nom. e voc. sing. dos femininos da 3- classe e do

voc. sing. dos masculinos patronímicos ou finalizados em ttiç na

forma base (e afins), da 5- classe, da 1 - declinação;- A desinência cov do gen. pl. (êX/nxStDv) é a mesma

deste caso em todas as flexões da 1 - declinação (e da 2 - ademais), contudo, não necessariamente perispômena a forma, como terá de

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Page 249: Manual de Lingua Grega.vol.1

ser sempre na 1 - declinação; e- A desinência ãç do acus. pl. (eXmôáç) é paralela à

terminação ãç, que na 1 - declinação aparece nas seguintes infle­xões: acus. pl. de todas as classes, e, radicais finalizados em e, i, p, ainda no gen. sing. das classes 1- e 3 ?, femininos, e nom. sing. da 4- classe, masculinos. Contudo, enquanto na 3§ declinação a vogal da desinência é breve, nas inflexões da 1 -, todas, é longa;

- Paralelos e similaridades entre a flexão de eX-ruç e os paradigmas e formas da 2 - declinação encontram-se nos seguintes casos:

- A desinência oç do gen. sing. (èXm8oç) é similar à terminação do nom. sing. dos nomes femininos ou masculinos da2 - declinação;

- A desinência í do dat. sing. (èXmôi) é a mesma dos nomes todos da 2 - declinação (e da 1 -, igualmente), não subscrito, porém, nas inflexões da 3- declinação;

- A desinência a do acus. sing. (èXiríôá) é análoga à dos casos nom., acus. e voc. pl. dos neutros da 2 - declinação;

- A desinência e do nom., acus. e voc. dual {eXiribe) é paralela à do voc. sing. dos masculinos ou femininos da 2 - declina­ção;

- A desinência oiv do gen. e dat. dual (eXmôoiv) é a mesma destes casos nas flexões todas da 2 - declinação; e

- A desinência cov do gen. pl. (éXmôcov) é, também, a mesma deste caso em todos os nomes da 2 - declinação, bem como da 1§ (nesta sempre perispômena a forma). Logo, todo gen. pl., qualquer a declinação, terminará em cov.

(5) Acentuação- Substantivo, acentuação posicionai, posto na sílaba

Tri(ç) na forma base, nom. sing., nesta sílaba se mantém em toda a

flexão, nenhum princípio de prosódia compelindo-o a deslocar-se, estando, pois, ora na última, ora na penúltima;

- Breve a tônica em toda a flexão, agudo terá de ser o acento em todas as formas;

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Page 250: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Serão oxítonos dois dos casos apenas, nom. e voc. sing.,paroxítonos os demais treze;

(6 ) Aplicação- Nos moldes deste paradigma, iXm ç, ^Xttíôoç, "q, fle­

xionam-se os nomes oxítonos linguais da 3ã declinação cujo nom. sing. termine em íç , o tema em 18, requerendo-se apenas a substi­tuição do radical eXirfô pelo correspondente da forma a flexionar- se. Desinências, acentuação e alterações, contudo, são as mesmas em todos;

- Nos substantivos não-oxítonos divergirá a acentuação, em posição e mesmo em natureza, conforme as linhas prosódicas específicas, enquanto no acus. sing. a desinência será v, não ót.

c. Nomes de radical em que é a lingual precedida de gutural, nom. sing. não em íç .

- vú£, vuktòç, 'q - noite

(1 ) Estrutura- Constituem-se as inflexões deste paradigma de tema

ou radical, vukt, e desinências, estas próprias dos linguais, masculi­nos ou femininos, em que o nom. sing. não termina em íç;

- O radical sofre, como em xápíç e èXmç, a queda da lingual t final do tema nas inflexões em que precede à sibilante de- sinencial, isto é, em três dos casos, a saber: nom. e voc. sing. e dat.

pl.;- Precedida que é a lingual t pela gutural k, nestes casos

em que se processa a queda da lingual entram em contacto a gu­tural e a sibilante, que se fundem, resultando a dupla fj, exatamente

como se viu em relação aos substantivos de tema finalizado em

gutural (paradigma aápO;- Como em kíÓvcoi];, cráp£, x^pís e èXmç, e na quase

totalidade de flexões da 3- declinação, ao contrário das formas da 1- e 2- declinações, é imparissilábico este paradigma de vú£, vtjk—

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Page 251: Manual de Lingua Grega.vol.1

tóç, Tj, monossilábicos dois casos (nom. e voc. sing.), dissilábicos treze (os demais, porquanto a desinência forma sílaba adicional).

(2 ) Flexão

SINGULARTema Des.

N. [ ia jk t ç ] - v íi£ - noiteG. VUKT ó ç - de noiteD. VUKT í - para noiteA. VÜKT & - noiteV. r|_VUKT ç ] — v u | - ó noite

DUALTema Des.

N. VÜKT e - noites (duas)G. VUKT o tv - de noites (duas)D. VUKT o t v - para noites (duas)A. VÜKT e - noites (duas)V. VUKT e - ó noites (duas)

PLURALTema Des.

N. VÜKT €<; - noitesG. VUKT &v - de noitesD. [vUKT < rí] — v u £ Í - para noitesA. VÜKT à ç - noitesV. VÜKT e ç - 6 noites

(3) Particularidades morfológicas- Em relação aos casos problemáticos, mais susceptíveis

a alterações os linguais que os labiais e guturais, cabem as seguin­tes observações:

- Nom. sing.: como em e êXirls, recebe a desinên-

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Page 252: Manual de Lingua Grega.vol.1

cia ç, caindo, então, a lingual t , final do tema, e fundindo-se a gu­tural k , que a precede, com a sibilante desinencial, resultando, por isso, a dupla £. Logo, WÍk ts -► m ç -► v$£;

- Acus. sing.: como nos substantivos linguais oxítonos de nom. sing. terminado em iç (paradigma eXiriç), a desinência deste caso é <ü. Difere, pois, deste modo, de x^pte, lingual em iç, não-oxítono, em que a desinência é v;

- Voc. sing.: é similar em forma ao nom. sing., como em Xap is, porquanto não lhe termina o radical em iô ou vt não-oxíto­no;

- Dat. pl.: exibe a mesma alteração registrada na forma do nom. sing. (e voc. sing.), isto é, queda da lingual t , fusão da gu­tural k, que a precede no tema, com a sibilante, resultando a dupla

& e- Acus. p i: como em x^pis e e\mç, aliás, em todos os

linguais (e labiais e guturais, também), a desinência é áç, preterida a alternativa vç.

(4) Comparação

- A flexão de vu£, vüktÓç , t] segue o padrão desinencial dos linguais, masculinos ou femininos, de nom. sing. terminado em íç , divergindo do paradigma x^pi-*;, x&ptToç, rj apenas no acus. sing. (desinência a em vü£, á em x^P1*;) e do paradigma k\— iríç, êXmôoç, ^ somente no voc. sing. (desinência ç em vi3£, não desinenciado em èX/iríç). Tematicamente, ligeira é a variação a re­gistrar-se: em x&ptç e êX/Tríç dá-se apenas a queda da muda, en­quanto em vti£, além de cair a lingual, há a registrar-se a fusão da gutural com a sibilante, nos casos alterados paralelos;

- A flexão de ví>£, vuktoç , ti é de todo paralela à dos paradigmas Któvcoif/ (labial) e <ráp£ (gutural), no que tange às desi­nências, coincidentes, caso a caso, nas três formas. Todavia, en­quanto o final é exatamente o mesmo em relação à flexão de oúp£, é-o diferente quanto a Kwvtmj;, por isso que, nas inflexões em que resulta a dupla, é ela i|í em Kcóvtoi}/, £ em vtí£ (como em cráp£);

241

Page 253: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Nas formas atuais, coincidem as flexões de v&; e cráp£

em toda linha, menos em matéria de tema ou radical, peculiar a ca­da forma, iguais, porém, os demais elementos: desinências, varia­ção e, visto que são ambos radicais monossilábicos, também a acentuação. O fato de terminar em ambas as flexões pela mesma dupla, £, o nom. sing. poderia induzir a engano, tomando-se os

dois tipos como expressão da mesma classe. Entretanto, em consi­derada a forma do gen. sing. dirimida ficará toda dúvida;

- Paralelos e similaridades para com formas da 1 - decli­nação, em matéria da desinenciação dos diferentes casos, são nesta

flexão de vu£, vüktóç, ti exatamente os mesmos, assinalados em/ I Ç 'relação à declinação de âX/rríç, èXTríôos, th. Ademais, tem vi>£, como nos substantivos da 1§ declinação todos, perispômeno o gen. pl. Desinências comuns a inflexões de vü£ e èX-rrCç e formas da 1- de­

clinação serão as seguintes:- í: no dat. sing. em ambas essas declinações, aliás, nas

três, em forma subscrita nas palavras da 1- e 2-;- á: no acus. sing. destas palavras da 3- declinação

(vÚKTa, èXmôà), na 1 - declinação a ocorrer nas inflexões do nom. e voc. sing. da 3§ classe, femininos, e no voc. sing. dos nomes patro- nímicos e dos que têm o nom. sing. terminado pelo final ttiç (e

seus afins) da 5- classe, masculinos;- cov: no gen. pl. de ambas as declinações, aliás, das três,

portanto, de todas as formas declináveis, neste caso; e- aç: no acus. pl. destas palavras da 3§ declinação

(vúkt&ç, eX-rríôaç) e, em forma longa (ãç), neste caso em todas as

classes da 1 - declinação, bem como, ainda, nos radicais terminados em e, i ou p, no gen. sing. da 19 e 3- classes, femininos, e nom.

sing. da 4-, masculinos;- Paralelos e similaridades, em matéria de desinencia-

ção, entre a flexão de vu£, vüktoç, tj e formas da 2- declinação, também os mesmos destacados em referência a eXuiç, eXiriôoç,

são os seguintes:- Desinência oç: no gen. sing. destas flexões da 3- decli-

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Page 254: Manual de Lingua Grega.vol.1

nação (vuktòç, IX ttíôos), na 2- declinação a caracterizar o nom. sing. dos masculinos e femininos;

- Desinência í: no dat. sing. em ambas as declinações, aliás, nas três, em forma subscrita na 1 - e 2-;

- Desinência ot: no acus. sing. destas flexões da 3- decli­nação (vúktcí, èXmSa), na 2- declinação a ocorrer nas inflexões do

nom., acus. e voc. pl. dos neutros;- Desinência e: nos casos nom., acus. e voc. dual destas

(vÚktc , eXiTÍSe) e de toda palavra da 3- declinação, na 2- declina­ção a aparecer na inflexão do voc. sing. dos substantivos masculi­

nos ou femininos;- Desinência oiv: no gen. e dat. dual dos vocábulos de

ambas, a 3? e a 2- declinações; e- Desinência cov: no gen. pl. tanto das formas da 3- co­

mo da 2- declinações (e também da 1-, logo, de todas).

(5) Acentuação- Substantivo, acentuação posicionai, dever-se-ia o

acento conservar na sílaba de origem em toda a flexão. Monossilá- bica, entretanto, a forma base, nom. sing. (e também a inflexão do voc. sing.), dissilábicas as demais (mercê da desinência a constituir sílaba adicional), o acento desloca-se para a última no gen. e dat. dos três números;

- Agudo ê o acento nos doze casos em que se sobrepõe a

vogal breve, temática ou desinencial; circunflexo nas três inflexões

de final longo e acentuado: gen. e dat. dual e gen. pl.;- São, portanto, oxrtonas (agudo na última), cinco das

formas (nom., gen., dat. e voc. sing. e dat. pl.), paivxftonas (agudo na penúltima), sete (acus. sing., nom., acus. e voc. dual, nom., acus. e voc. pl.), e perispômenas (circunflexo na última), três (gen. e dat. dual e gen. pl.);

- Certos monossilábicos, entretanto, têm paroxítonas

essas formas regularmente perispômenas. E o que se observa em:- ira is , ttouSÓ*;, ô - rapaz - gen. e dat. dual: ttoÚ8oiv

243

Page 255: Manual de Lingua Grega.vol.1

(p o r T ra iS o ív ) ; e g en . p l.: TroaSíov (po r 'rraiôtov);

- cpôç, (ptOTÓç, t ó - luz - g en . e dat. du a l: (pcoToiv (po r

cpcoToiv); e g en . p l.: ço ím ov (po r (píOTtòv);

- oí>ç, ò t o ç , t ò - ouvido - g en . e dat. d u a l: co to iv (po r

o jt o ív ); e g en . p l.: dm ov (po r om òv);

- A a cen tu a ção d e vb£ , v u k t ó ç , t | é e x a tam en te a m e sm a

de cráp£ , a a p K o ç , t |, m o n o ss ilá b ico s am b o s , da 3 - d e c lin a ção , f le ­

x õ e s im p a r is s ilá b ic a s .

(6 ) Aplicação- N o s m o ld e s d e ste p a rad ig m a , vu £ , v u k to ç , nrç, f lex io -

n a m -se o s su b s ta n t iv o s m o n o ss ilá b ic o s de rad ica l em lin gu a l p re ­

ced id a de gu tu ra l to d o s , b a stand o so m en te su b s t itu ir - se o rad ica l

v u k t pe lo eq u iv a le n te da fo rm a a d e c lin a r -s e . D e s in ên c ia s , v a r ia ç ã o

e a cen tu a ção se rão to d o s a s m e sm a s ;

- O s su b s ta n t iv o s n ã o -m o n o s s ilá b ic o s , em b o ra e x ib am

d e s in e n c ia ç ão e v a r ia ç ã o p a ra le la s às d a s in f le xõ e s p a rad ig m á tic a s ,

te rão p ro só d ia d ife ren te , d itada pe la n a tu re za da fo rm a .

d . Nomes de radical terminado pela lingual t precedida da nasal v, a que antecede a vogal breve o (o v t )

- 'yépcov, "yepovToç, Ô - velho

(1 ) Estrutura

- S u b s ta n t iv o , co n stam a s fo rm a s desta f le x ão d e tema ou radical, yepom, e desinências, p ró p r ia s desta m o d a lid ad e lin gu a l;

- O rad ica l so fre a q u ed a da lin gu a l t , fin a l do te m a , nos

do is c a so s (n o m . e v o c . s in g .) q u e não têm d e s in ên c ia e , a in d a , na

in f le xão do dat. p l., em q u e se an tepõ e a ç d e s in en c ia l;

- A vo g a l o do tem a a lo n g a - se , c o m p en sa to r iam en te ,

em d o is d e s se s c a so s , fa z e n d o -se co na fo rm a do n o m . s in g ., ou na

in f le xão do dat. p l. N ão se a lo n g a , en tre tan to , no ca so re s tan te , v o c .

s in g ., p o rq u e não é o x íto n o , nem d e cu n h o p a rtic ip ia l;

- C o m o no s p a rad ig m a s f le x io n ad o s e na q u a se to ta li­

244

Page 256: Manual de Lingua Grega.vol.1

dade de vocábulos da 3- declinação, é imparissilábica esta flexão, dissilábicos nom. e voc. sing. (inflexões não-desinenciadas, em moldes a aduzirem sílaba adicional);

(2) Flexão

SINGULAR

N.Tema[^epovT

Des.7 epcov - velho

G. 7épovT oç - de velhoD. 7 epovT t - para velhoA. 7epovT & - velhoV. fyépovT 7 epov - 6 velho

N.

DUALTema7€pOVT

Des.e - velhos (dois)

G. 7€pÓVT otv - de velhos (dois)D. 7epóvT OlV -para velhos (dois)A. 7€pOVT e - velhos (dois)V. 7 epovr e - ó velhos (dois)

N.

PLURALTema7epovT

Des.€<; - velhos

G. 7epovT (OV - de velhosD. [/yépovT o í] - 7 epaucrt- para velhosA. 7épovT

uaç - velhos

V. 7 epovr e«; - ó velhos

(3) Particularidades morfológicas

- Quanto aos casos problemáticos, esta modalidade de linguais a apresentar variações temáticas e desinenciais diferentes das observadas nos paradigmas da classe considerados até aqui, cumpre observar-se que:

245

Page 257: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Nom. sing.: nome de tema finalizado pelo grupo ovt, diferentemente de xáp iç , èXmç e vu£, não tem desinência específi­ca neste caso, caindo, por isso, a lingual, que não pode ser terminal de forma, e alongando-se a vogal precedente, de o para co;

- Graficamente: 7epovT -► 7epov -► yépoiv;- Acus. sing.: já que não é este substantivo terminado

em iç , não-oxítono, na forma do nom. sing., como o é x^pis, rece­be, à semelhança de e\mç e vú£, a desinência õt, em vez da alter­nativa v;

- Voc. sing.: substantivo de radical terminado em vt, não-oxítono, nem de cunho participial, à maneira dos nomes de tema finalizado por lô, não é esta inflexão similar em forma à do nom. sing., não-desinenciada, pelo que lhe cai a lingual terminal, mas se não lhe alonga a vogal precedente. Logo, 7€povT 76— pov (não 7ep<üv, nom.);

- Dat. pi.: como em todos os paradigmas linguais, cai neste caso a lingual t anteposta à sibilante da desinência. Todavia, peculiaridade desta espécie de nomes, cai também a nasal prece­dente, alongando-se, em compensação, a vogal que antecede, de o para ou (diferentemente do nom. sing., em que é de o para co);

- Graficamente: 7epovTcri -► 7epovcri -► 7epooí 7epouCTi;

- Acus. p i: como em todos os paradigmas linguais (e la­biais e guturais, também), a desinência deste caso é áç , em vez de v<5.

(4) Comparação-*A flexão de 7epcov, 7ep0VT0<;, ó difere da declinação

dos demais paradigmas linguais focalizados (xápts, èXmç, vu£) nos seguintes casos apenas:

- Nom. sing. dos três, em que não tem a desinência ç;

- Acus. sing. de x^P^» cuJa desinência é v, em 7epcov, como em è\mç e vti£, á ; e

- Voc. sing. de x^ptç e vi)£, porquanto em yépiúv, como

246

Page 258: Manual de Lingua Grega.vol.1

em eXmç, é diferente do nom. sing., não tendo desinência;- Logo, em matéria de desinenciação, a flexão de ydpoiv

diverge da declinação de x^piç ern três dos casos (nom., acus. e voc. sing.), da declinação de vv£ em dois (nom. e voc. sing.), da de­clinação de èXmç, apenas em um (nom. sing.);

- Em questão de alteração do tema, a variação registra­da na flexão de 7epcov é peculiar, de todo diversa do que se verifi­cou nos demais paradigmas em lingual (xápíç, èXTríç, vtf£), por­quanto se lhe alonga a vogal temática nos casos nom. sing. (o em co) e dat. pl. (o em ov), além de cair-lhe a nasal v neste último, varia­ções de que são extremes aquelas flexões;

- A flexão de 7epcov, 7epovToç, o diverge, desinencial- mente, dos paradigmas Ktovonj; (labial) e cráp£ (gutural) nos mes­mos casos e termos assinalados em relação a vv£, vvktóç, -rj, isto é, apenas quanto ao nom. e voc. sing., casos não-desinenciados em 7epcov, desinenciados em Ktovcoifi e cráp£ (a sibilante fundida com a muda, labial ou gutural). Tematicamente, a variação é de ordem diferente nestas flexões contrastadas, uma vez que em küwoi]; e oúp£ a muda (u ou k) se funde com a sibilante, resultando em dupla, iJj ou £, nos três casos afetados (nom. e voc. sing. e dat. pl.), enquanto em 7epcov cai a muda (t , 'lingual) nesses três casos, além da nasal v no dat. pl., e se alonga a vogal o, que as precede, em dois desses casos (nom. sing., para co, dat. pl., para ov);

- Paralelos e similaridades desinenciais entre formas de 7epcov, 7epovTo<;, ó e inflexões da 15 declinação ocorrem nos se­guintes casos:

- Dat. sing. de 7€p<ov e das palavras da 1 - declinação (como também da 2-), a desinência í , na 1- e 2§ declinações em forma subscrita;

- Acus. sing. de 7epcov e nom. e voc. sing. dos nomes da3- classe, femininos, e voc. sing. dos patronímicos e dos nomes de nom. sing. finalizado em ttis (e afins) da 5- classe, masculinos, da1 - declinação, em todos a desinência a ;

- Gen. pl. de 7epo>v e das flexões todas da 1 - declinação

247

Page 259: Manual de Lingua Grega.vol.1

(e da 2 -, também), a desinência cov; e- Acus. pl. de 7 epcov e de todas as classes da 1 - declina­

ção, além do gen. sing. dos femininos da 1 - e 3ã classes e do nom. sing. dos masculinos da 4- classe da 1? declinação, radicais termi­nados em €, i ou p, formas essas em que é, em todas, aç a desinên­cia, breve a vogal (aç) em 7 epcov, longa (otç) nas inflexões da 1 - de­clinação;

- Paralelos e similaridades desinenciais a assinalar-se entre a flexão de 7 epcov, "yepovToç, o e inflexões da 2- declinação seriam:

- Desinência oç: comum ao gen. sing. de yepwv e o nom. sing. dos masculinos ou femininos da 2 - declinação;

- Desinência í: comum ao dat. sing. de 7 epcov e dos no­mes da 2 - declinação (e da 1 -, igualmente), nestas duas em forma subscrita;

- Desinência a: comum ao acus. sing. de 7 epcov e ao nom., acus. e voc. pl. dos neutros da 2 - declinação;

- Desinência é: comum ao nom., acus. e voc. dual de 7 epcov e ao voc. sing. dos masculinos ou femininos da 2- declina­ção;

- Desinência oiv: comuVn ao gen. e dat. dual de7 epcov e de todas as flexões da 2 - declinação;

- Desinência cov: comum ao gen. pl. de 7 epcov e das fle­xões todas da 2 - declinação (e da 1 -, ademais); e

- O final ov do tema apocopado de7 epcov na inflexão do voc. sing. é idêntico ao desinenciado do nom., acus. e voc. sing. dos neutros da 2- declinação.

(5) Acentuação- Substantivo, acento posicionai, conserva-se ele na sí­

laba de base, ye., em todas as inflexões, exceção feita das formas do gen. e dat. dual fyepovToiv) e gen. pl. (7 epóvTcov), trissilábicas, em que, longa, a última exige se desloque para a penúltima, pov;

- E agudo o acento em todas as formas, sempre a pôr-se

248

Page 260: Manual de Lingua Grega.vol.1

sobre sílaba de vocalização breve, ye ou pov;- São, portanto, paroxítonas as duas formas dissilábicas,

nom. e voc. sing. e as três de final longo (gen. e dat. dual e gen. pl.), CINCO; proparoxítonas as demais todas, trissilábicas de final breve, a desinência a constituir sílaba extensional.

(6 ) Aplicação

- Nos moldes deste paradigma, 'yepcav, 7 epovToç, ó, fle­xionam-se os substantivos linguais todos de radical finalizado em ovt, bem como as formas do masculino e do neutro dos particípios presentes, futuros e 2° aoristos ativos dos verbos regulares, com li­geira variação vocálica nos casos nom. e voc. sing. destes particí­pios, substituído apenas o tema 7 epovT pelo correspondente da forma a declinar-se e ajustada a acentuação quando não paroxítona a base.

2. Substantivos neutros

a. Substantivos de nom. sing. finalizado em fxa, pela queda da lingual terminal t , gen. sing. a findar-se em |x&to<;.

- ó vo fxá , ô vó |xaT 0 <5, t ó - nome

(1 ) Estrutura- Substantivo, constituem-se-lhe as inflexões de tema,

ovofxáT, e desinências, próprias da flexão dos neutros, em geral, da3- declinação;

- A lingual t , final do tema, cai nos casos em que é ter­minal da forma (nom., acus. e voc. sing.) e na inflexão em que pre­cede à sibilante desinencial (dat. pl.). Portanto, em quatro das infle­xões se altera o radical. A vogal temática, entretanto, não se alonga, mantém-se inalterada, mesmo nesses casos;

- Como nos demais paradigmas flexionados, caracterís­tica da quase totalidade de formas da 3- declinação, é imparissilábi- ca esta palavra também, trissilábicos três dos casos (nom., acus. e

249

Page 261: Manual de Lingua Grega.vol.1

voc. sing.), polissilábicos os doze restantes, acrescidos de desinên­cia que lhes constitui sílaba adicional.

(2 ) Flexão

SINGULAR

N.Tema[Ô vo fx a T

Des.

o v o |x á -nomeG. ÒvÓfAOtT OÇ - de nomeD. ÒvÓfJLOiT

ul - para nome

A. [ovofjurr Do vo fx a -nome

V. [ÒV0|JUXT o v o jx à - ó nome

N.

DUALTemaOVO|XÒÉT

Des.e - nomes (dois)

G. OVOfX&T OLV - de nomes (dois)D. OVOfJUÜT OLV - para nomes (dois)A. ó v ó jx a T e - nomes (dois)V. o v o fx a T e - ó nomes (dois)

N.

PLURALTema:> / uovo|xaT

Des.ua - nomes

G. OVO|X(XT (OV - de nomesD. r3 ✓ 0

Lo vo |x a T <tl] - òvófxaaV para nomesA. OVOfXCtT

oa - nomes

V. o vo (x a T0a - ó nomes

(3) Particularidades morfológicas- Flexão menos diversificada que a dos substantivos

masculinos ou femininos desta modalidade, como em geral são as declinações neutras, enseja este paradigma as seguintes observa­ções:

250

Page 262: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Três casos, a saber, nom., acus. e voc., terminam sem­pre por final paralelo, entre si, nos três números. Como é a forma do nom., será também a do acus. e do voc., em cada número;

- O nom. sing. (e, daí, acus. e voc. sing.) não recebe de­sinência, caindo-lhe a lingual t, terminal do tema, preservada breve a vogal òt a preceder a esta lingual. Logo,?>vofA&T -► ovo[xâ;

- Visto que a desinência destes três casos é no plural òt (como nos neutros da 2 - declinação), nesta modalidade lingual coincidem quanto ao final, &, nom., acus. e voc. sing. e pl., SEIS das inflexões;

- O dat. pl. sofre a queda da lingual final do tema ao de­frontar-se com a sibilante da desinência, preservada, porém, sem alongamento a vogal á que precede à lingual. Daí, ôvó|JiaTaí -►i /• u uovo|xaor.

(4) Comparação- Comparada esta flexão paradigmática de nomes neu­

tros da 3- declinação com as equivalentes dos substantivos mascu­linos ou femininos labiais (kcúv&nJj), guturais (adp£) e linguais (x<5t—

plç, èXiríç, vú£ e ^éptov), verifica-se que em.NOVE das inflexões, a saber: gen. e dat. sing. e pl. e em todos os casos do dual, são as de­sinências, paralelamente, as mesmas em todos. Segue-se que ape­nas SEIS casos (nom., acus. e voc. sing. e pl.) diferem em desinen­ciação essas flexões;

- Todavia, é de assinalar-se que em ovo|xá é o final destas seis inflexões idêntico ao do acus. sing. desses paradigmas todos, menos x « P ^ (que tem a desinência v, não a, neste caso);

- Em matéria de alteração temática, exibe a flexão de ovofxá a variação característica dos linguais todos, isto é, queda desta muda quando final de forma e quando a preceder a sibilante desinencial. Em ovo|xa dá-se em QUATRO casos: nom., acus. e voc. sing. (final) e dat. pl. (antes de sibilante). Neste particular, tem afinidade mais pronunciada com 7 €pcov, 7 epovToç, ó;

- Comparado este paradigma, ovojxdt, óvó(xaToç, tó com

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Page 263: Manual de Lingua Grega.vol.1

as demais flexões neutras regulares da 3- declinação, verificar-se-á que apenas em TRÊS casos diferem, a saber: nom., acus. e voc. sing. Logo, coincidirão as desinências nas DOZE inflexões restan­tes, as mesmas, em paralelo, em todas as formas neutras da 3- de­clinação;

- Em relação a formas da 1- declinação, similaridades e paralelos quanto ao final ou desinências, há a destacar-se os se­guintes:

- O final, temático, do nom., acus. e voc. sing. e, desi- nencial, destes três casos no plural, ot, é similar ao nom. e voc. sing. da 3- classe, femininos, e do voc. sing. dos patronímicos e dos substantivos de nom. sing. finalizados em ttjç (e afins), masculinos, da 1 - declinação;

- A desinência í do dat. sing. (òvó|xcm) é a mesma das flexões deste caso na 1 - declinação (e na 2 -), nestas (1 - e 2 -) em forma subscrita;

- O gen. pl. em ovo|xa e em todas as flexões da 1 - decli­nação, como, aliás, em toda e qualquer palavra declinada, nas três declinações, tem uma e a mesma desinência, tov;

- Da 1- declinação, ainda, paralela ao final do nom., acus. e voc. sing. e pl. de^óvofjiá, seria, embora diferente em quan­tidade, longa, ã, a desinência do nom. e voc. sing. da 1 - classe, fe­mininos, como também do gen. sing. alternativo e do voc. sing. da4- classe, além do nom., acus. e voc. dual de todas as classes;

- Quanto a inflexões da 2- declinação, similaridades e paralelos do fina! das formas registram-se estes:

- O final, temático, do nom., acus. e voc. sing. e, desi- nencial, destes três casos no plural, a, coincide com o término do nom., acus. e voc. pl. dos neutros da 2- declinação;

- A desinência oç do gen. sing. (òvóixaToç) é idêntica ao final dt> nom. sing. dos substantivos masculinos e femininos da 2 - declinação;

- A desinência í do dat. sing. (ôvó|xóiTÍ) é a mesma neste caso nas flexões todas da 2 - declinação (e da 1 -), nestas (1 - e 2 -) em forma subscrita;

252

Page 264: Manual de Lingua Grega.vol.1

- A desinência e do nom., acus. e voc. dual (ôvó|xaTe) é a mesma da forma de voc. sing. dos substantivos masculinos ou fe­mininos da 2- declinação;

- A desinência oiv do gen. e dat. dual (Óvoixciitoiv), é,

também, a mesma destes casos em todas as flexões da 2- declina­ção; e

- A desinência cov do gen. pl. (òvo(JLaTcov) é idêntica à

desta inflexão em todas as flexões da 2- declinação (e da 1 igual­mente).

(5) Acentuação- Substantivo, acento posicionai, proparoxítona de base,

preserva-se na sílaba inicial, ô, nas inflexões que não aduzem desi­nência (nom., acus. e voc. sing.): três; desloca-se nas doze restantes, inserida a desinência, sílaba adicional, postando-se na antepenúlti­ma, resultante, vo, quando a desinência é breve (gen. e dat sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.: nove formas), na

penúltima, agora a sílaba |xa, nas três inflexões em que a desinên­cia é longa (gen. e dat. dual e gen. pl.);

- É agudo o acento em todas as formas, a pairar sempre

por sobre sílaba com vogal breve: ò, ou vo, ou |xà;- São, destarte, proparoxítonas (agudo na antepenúltima)

doze formas (as três não-desinenciadas e as demais nove, final de- sinenciado breve), são paroxítonas (agudo na penúltima) apenas três (as inflexões de final longo).

(6 ) Aplicação- Como este paradigma, ovo|xa, ovo|xaToç, to , flexio­

nam-se os demais substantivos cujo nom. sing. termine pelo final

jjloc. e o gen. sing. pelo dissílabo jaoítoç, substituído o radical òvo|xõtT pelo equivalente da palavra a declinar-se. As desinências e as varia­ções são as mesmas, e também a acentuação, se paroxítono o ter­mo. Em vocábulos não paroxítonos ajustar-se-á a acentuação, se­gundo a posição inicial e a natureza da tônica;

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Page 265: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Neutros de final diferente seguem este paradigma em toda a flexão, menos nos três casos comuns (nom., acus. e voc. sing.).

b. Substantivos de nom. sing. em a resultar de cambiamento da lingual.

- Tépòtq, TepaToç, tó -prodígio

(1 ) Estrutura

- Substantivo, constam-lhe as inflexões de tema ou radi­cal, Tepc&T, e desinências, próprias dos neutros, em geral, da 3- de­clinação, não-desinenciados três dos casos (a base, nom. sing., e seus afins, acus. e voc. sing.);

- O radicai sofre, de um lado, transmutação da lingual t ,

final do tema, em sibilante, nos três casos não-desinenciados, de outro, queda dessa muda ante a sibilante da desinência no dat. pl.;

- Como a quase totalidade das flexões da 3- declinação, ao contrário das formas da 1 - e 2 - declinações, é imparissilábico este paradigma (da mesma sorte que os demais já flexionados em labial, gutural ou lingual), dissilábicos os três casos não-desinencia­dos, trissilábicos os doze que recebem desinência.

(2 ) Flexão

SINGULARTema Des.

N. [TepciT "1 / o—J — Tepaç - prodígio

G. Tépar oç - de prodígioD. TépaT u

l - para prodígioA. r * v [TepotT —J — Tepas -prodígioV. [TépaT 1 ' u

—J — Tepas - ó prodígio

254

Page 266: Manual de Lingua Grega.vol.1

DUALTema Des.

N. TépdT e - prodígios (dois)G. Tep&T OlV - de prodígios (dois)D. Tepèhr OlV - para prodígios (dois)A. T(-pCíT € -prodígios (dois)V. t 0

TepotT € - ó prodígios (dois)

PLURALTema Des.

N. TepÒtT 0a - prodígios

G. TepaT cov - de prodígiosD. r 1 v; [TepaT cri] — Tepáai - para prodígiosA. TCpCtT

üa - prodígios

V. 1 0 TepaT üa - ó prodígios

(3) Particularidades morfológicas- Exceção feita dos chamados três casos comuns (nom.,

acus. e voc. sing.), no que respeita à desinenciação é esta flexão in­teiramente paralela à de ovo|ju$, ÒvófxaTos, to, neutras, ambas, da 3§ declinação;

- Como em ovo/xa, e todos os neutros, três casos têm sempre final idêntico ou a mesma desinência entre si, em paralelo, nos três números; nom., acus. e voc., isto é, como é a forma nomi­nativa serão também a acusativa e a vocativa;

- Exibe o nom. sing., diferentemente do que se processa em ovo|xà, a mudança da lingual final t em ç, o que se dá também nos dois casos afins (acus. e voc. sing.), característica de certo nú­mero de neutros linguais da 3- declinação;

- No dat. pl., como em todos os linguais, registra-se a queda do t final ante a sibilante da desinência, não alongado, po­rém, o a precedente. Logo, T e p c m rí -► Tepaa-Í;

- As demais onze inflexões, regulares, aduzem as desi-

255

Page 267: Manual de Lingua Grega.vol.1

nências normativas ao radical inalterado, observando-se que nos casos nom., acus. e voc. pl. a desinência é ct, como também nos

neutros da 2- declinação, portanto, em todas as flexões neutras.

(4) Comparação- Paralela é a flexão de Tepaç à de óvo|x6t em todas as

formas desinenciadas, finais idênticos, mercê das mesmas desinên­cias nos casos correspondentes. Diferem nas inflexões restantes (nom., acus. e voc. sing.), em que se trasmuta em ç a lingual final t , ao invés de cair, como acontece em ôvop,á;

- Em relação aos demais paradigmas da 3- declinação flexionados (kcdvwiJj, labial; cráp£, gutural; x^pta èXmç, e 7 épo)v , linguais) há a observar-se:

- Nom. sing. (Tepás): termina por s, como em todos

esses paradigmas, excetuado 7€pcov, embora nos labiais e guturais apareça fundido com a muda, resultando as duplas i(f e £. O final

<&<;, naturalmente, é idêntico à terminação do acus. pl. de todas es­sas flexões;

- Gen. e dat.: terminam em todos pelas mesmas desi­nências, em paralelo, seja no singular, seja no plural, assim como no dual. Idêntica é também em todos a desinência e, nos casos

nom., acus. e voc. dual, formas paralelas, portanto, nestas flexões todas;

- Acus. sing. e, também, nom., acus. e voc. pl.: são de todos diferentes, aquele não desinenciado, estes a receberem desi­nência bem outra (á);

- Voc. sing.: termina em ç temático, de sorte que tem fi­nal semelhante ao deste caso em Kcbv(oi|/, <xáp£ e vú£, assimilada a sibilante na dupla, e, ainda, em x^pis. Difere, porém, em relação

a è\mç e 7ép(ov, que terminam, respectivamente, e m i e v neste caso, dada a queda da lingual 8 ou t ; e

- Dat. pl.: embora em todos se processe alteração temá­tica, diverge Tépaç de kcòvühJ; e cráp£ em que estes sofrem fusão da muda final do tema com a sibilante desinencial, enquanto aquele,

256

Page 268: Manual de Lingua Grega.vol.1

como os demais linguais, x^P^/ c\mç, vu£ e 7 e'p<ov (além de ovo|ju&) lhe sofrem a queda;

- Em relação a formas da 1§ declinação, paralelos e si­milaridades quanto à desinenciação ou ao final de inflexões mere­cem destacados os seguintes:

- Nom., acus. e voc. sing. (xepáç), embora breve a vogal nesta flexão, longa, porém, nas formas da 1 - declinação, tem o finai idêntico ao do gen. sing. dos radicais terminados em e, i ou p da 1 - e 3- classes, femininos, e do nom. sing. da 4- classe, masculinos, bem como do acus. pl. de todas as classes;

- Dat. sing. (xepaxi): a desinência í é a mesma de todas as flexões da 1 - declinação (e da 2 -, também), nestas (1 - e 2 -) em forma subscrita;

- Nom., acus. e voc. pl. (xép<üxa): a desinência á é para­lela à do nom. e voc. sing. da 3- classe, femininos, e ao voc. sing. dos patronímicos e substantivos de nom. sing. finalizados por tt]ç (e afins) da 5- classe, masculinos, da 1- declinação; e

- Gen. pl. (xepaxcov): a desinência covéa mesma nesta e nas flexões todas da 1 - declinação, bem como da 2 -, logo, de todas as formas declinadas;

- Em relação a formas da 2- declinação, similaridades e paralelos quanto a desinências ou final de inflexões de salientar-se há os seguintes:

- Gen. sing. (xépaxoç): a desinência oç é paralela à do nom. sing. dos substantivos masculinos ou femininos da 2- declina­ção;

- Dat. sing. (xepàxí): a desinência 1 é a mesma deste ca­so nas formas‘da 2 - declinação, bem como da 1 -, nestes a aparecer subscrita;

- Nom., acus. e voc. dual (xepaxe): a desinência e é pa­ralela à do voc. sing. dos masculinòs ou femininos da 2 - declinação;

- Gen. e dat. dual ( T e p a x o iv ) : a desinência o iv é a mes­ma destes casos nas flexões todas da 2 - declinação; e

- Nom., acus. e voc. pl. (xépaxà): a desinência à é a

257

Page 269: Manual de Lingua Grega.vol.1

mesma destes casos nos neutros todos da 2 - declinação.

(5) Acentuação- Substantivo, paroxítono dissilábico, posicionai o

acento, trissilábicas, mercê da aposição de desinência que forma sílaba adicional, as inflexões todas (menos nom., acus. e voc. sing., não-desinenciadas), o acento se lhes preserva na sílaba de origem, Te , na flexão toda, excetuados três casos: gen. e dat. dual e gen. pl., em que, longa, a última obriga a deslocar-se para a imediata, pe­núltima atual, a sílaba pa;

t- E agudo o acento em todas as formas, posto sempre

em sílaba breve, Te ou pa;- São, pois, paroxítonas (agudo na penúltima) SEIS for­

mas (as três dissilábicas: nom., acus. e voc. sing. e as três de final longo: gen. e dat. dual e gen. pl.) ;proparoxítonas (agudo na antepe­núltima) as demais NOVE (trissilábicas de última breve: gen. e dat. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.);

(6 ) Aplicação- Como este paradigma, T e p a ç , Teparoç, to, declinam-

se os demais linguais neutros paroxítonos de final temático em otç da 3- declinação, requerendo-se apenas a substituição do radical Tep& ç pelo equivalente da palavra a flexionar-se, transmutado o t final em ç. Em vocábulos não paroxítonos de base ajustar-se-á a acentuação, segundo a posição inicial e a natureza da tônica;

- Neutros de final diferente conformam-se desinencial- mente a este paradigma em toda a flexão, salvo nos três casos co­muns do singular (nom., acus. e voc.);

c. Nomes em que o nom. sing. é ainda mais alterado- Não poucos substantivos linguais neutros há (e alguns

masculinos ou femininos, ademais) em que o nom. sing. (e, daí, acus. e voc. sing.) exibe alterações até mais pronunciadas, diferindo sensivelmente do radical básico;

258

Page 270: Manual de Lingua Grega.vol.1

- N e s ta c a te g o r ia e n q u a d r a m - s e s u b s t a n t iv o s ta is ,

- yá\ã, 7 á \ a K T O ç ( t o ( rad ic a l ^ a X a K T ) - leite (I P e 2 .2) ;

- 70W , 70VÒÍT0Ç, t o ( rad ic a l 70VCÍT) - joelho (R m 11.4);- crus, o j t o s , t ò ( rad ic a l orr) - ouvido (Ap 2.7);- ifôcop, u ô a x o s , t o ( ra d ic a l uôcrr ) - água (I J o 5.8);- cppéap, (p p éãTo s , t ò ( rad ic a l <ppeãT) - poço (Ap 9.2).

4. TABELA GERAL DE DESINÊNCIAS

- A esta altura, conveniente parecerá apor-se, em paralelo, o quadro geral de desinências das declinações todas, a seguir-se:

SINGULAR1ã Declinação 2- Declinação 3- DeclinaçãoI II III IV V MF N MF N

N. ã 'n0a ãs T]S os ov <5 OU —

G. ãs T]S ã s ou r s OV OU CL OV ov ov OS osD. q a ou 'Ti>- J aL Tl coL. co l

01A. ãv TjV àv av T|V ov ov a ou vV. ÍY 'n

\ja a r| ou a e ov ç ou — —

DUAL1§ Declinação 2- Declinação 3- DeclinaçãoI ii III IV V MF N MF N

N. ã ã ã ã ã co co e €G. CHV a iv a iv a iv a iv oiv OlV OlV OlVD. a iv a iv cav a iv a iv OlV OlV OlV OlVA. a ã ã a ã co co e eV. ã ã ã ã ã co co e e

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Page 271: Manual de Lingua Grega.vol.1

IN. oti G. cov D. a is A. ãs V. a i

PLURALeclinação 2 - Declinação 3 5 Declinação11 III IV V MF N MF Na i a t 061 at Ol

üa e ç ácov cov COV cov cov cov cov cova is a is a is a is o tç o iç

ü(Tl

1/cri

ã s ãs ã s ã ç OU<;0a á s ou vs á

a t a t a t a t o tua es d

5. NÜ MÓVEL

5.1 - Função

- R e cu rso ap licad o a ce rto s c a so s e c ircu n s tâ n c ia s , m e rcê do

qua l se a tenua o en con tro de vo g a is de p a la v ra s em seq ü ên c ia ou o

fina l de te rm in a is de sen ten ça em som vo cá lico ab rup to , é a in s e r ­

ção ou ap o s ição de um v e xp le tivo , e lem en to n a sa lizan te , em fu n ­

ção p u ram en te eu fô n ica .

5.2 - Designação- D e s ig n a -se este a po sitivo c ircu n s tan c ia l, não parte do tem a ,

de nü móvel, te cn icam en te co n h ec id o co m o vu ècpeXKW TiKÒ v (a d ­

je tivo d e r iv ad o do tem a de è<pé\Kco - arrastar, atrair, assumir), logo ,

nü apenso, nü caudatário.

5.3 - Emprego- D uas são a s fo rm a s com que se u sa o nü m óve l: vo cáb u lo s

te rm in ad o s pelo fina l cri e in fle xõ e s v e rb a is da 3- p. s . f in a liz a d o s

pela voga l b re ve e;

- A fo rm a i o r í , 3 - p. s . do p re s . a t . Ind . de e l | x í - ser, estar- recebe tam b ém o nü m óve l, p o rq u an to na f le xão jô n ica an ce stra l

9 /se g ra fava c o m , ao d ep o is , co n fo rm an d o -se ao á t ico , p a ssando

a êcr-rí, m an tid o , p o rém , o e lem en to eu fo n izan te de an tan h o .

260

Page 272: Manual de Lingua Grega.vol.1

5.4 - Circunstâncias

- Duas são as circunstâncias em que se deve inserir o nü mó­vel nessas formas:

1 ?. Quando seguidas de vocábulo iniciado por vogal ou diton­go qualquer; e

2°. Quando constituem o termo derradeiro, final, da sentença.

5.5 - Exemplos1 . to íç mcrrevovo-iv e is to ovofxá - aos que crêem em o nome

(I Jo 5.13); e2. Kai XpuTTÒç e-iraOev amep vpxòv - Também Cristo padeceu

em vosso favor (I Pe 2 .2 1 );- l\Io primeiro destes exemplos, a forma participial m oreu—

ovcriv recebeu o v móvel porque termina pela sílaba cri a antece­der à preposição eiç, iniciada por ditongo;

- No segundo, a forma verbal eiraOev, 3- p. s. finalizada em e, recebe o nü móvel porquanto é seguida da preposição vTT€p, que se

inicia por vogal;3. ôó£aç ôè |3\acr<pTi|xowiv - E a dignatârios apodam (Jd 8); e4. oç |xtcr0òv àô iK Íaç rpymrria-ev - o qual amou o prêmio da

injustiça (II Pe 2.15);- Ocorre o nü móvel na primeira cláusula na palavra pA.ao—

<pr||xovcriv, na segunda no termo Tpycnrrjcrev, vocábulos finais da sentença, aquele porque termina pela sílaba crí, este porque é for­ma verbal da 3- p. s. finalizada em e.

5.6 - Uso

- Não é o nü móvel de uso obrigatório. Mero recurso estilísti­co de cunho facultativo, pode-se deixar de empregar. Todavia, tão

arraigado é em o Novo Testamento que aparece mesmo onde não seria de mister, jamais deixando de ocorrer onde exigido;

- Exs. 1. EirpoçnÍTewev ôè Kai toutoiç - Mas profetizou também a estes (Jd 14);

2 . oom ovk èxovcriv tt|v ôiôaxnnv Tavr^v - quantos

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Page 273: Manual de Lingua Grega.vol.1

não têm este ensino (Ap 2.24);- Em ambas as cláusulas aparece o nü móvel onde se lhe não

requer o uso. Na primeira, na forma verbal 3Enpo(pr|T€wev, por­quanto, embora 3- p. s., a terminar em e, está seguida da conjunção Se, que se inicia por letra consoante; na segunda, em e xo w iv , vo­cábulo que, terminado pela sílaba crí, antecede à forma articular tt]v, não iniciada por vogal ou ditongo. Nem são palavra final de cláusula ou sentença.

5.7 - Sigma ephelkystikón- Paralelo ao uso do nü móvel é o emprego do chamado s

69êXkwtikÓ v, sibilante expletiva que se aduz ao final de certas formas, tais os advérbios axp i e (xéxpt - até - e oww - assim - e a preposição c k - de mormente quando antecedem a termo que se inicia por vogal ou ditongo. Daí, assumem, respectivamente, a fo r­ma axpts (Gl 3.19), jxéxpis (Hb 12.4), ovroos (Ap 18.21) e I? (Ap 21 .21 ).

6. MEN E AE6.1 - Uso correlativo

- A fraseologia grega se revestia de forma dialética. A típica sentença desse cunho constava de duas cláusulas ou porções cor­relacionadas ou contrastadas através das conjuções |xév e Se, pos- positivas, aquela na primeira parte, esta na segunda. Daí, (xev sig­nificaria: de um lado, de uma parte, Se se traduziria como: por outro lado, de outra parte;

- No coiné a bem limitadas proporções se reduziu este princí­pio estilístico. Tanto assim que em o Novo Testamento se encontra a dupla correlativa com freqüência maior em apenas treze dos escri­tos: Mt (20 vezes); Mc (4 vezes); Lc (7 vezes); Jo (7 vezes); At (18 ve­zes); Rm (12 vezes); I Co (15 vezes); II Co (5 vezes); Fp (4 vezes); II Tm (3 vezes); Hb (14 vezes); I Pe (4 vezes) e Jd (3 vezes); é relativa­mente rara em dois: Gl (2 vezes: 4.8,23) e Ef (1 vez: 4.11); é de todo

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Page 274: Manual de Lingua Grega.vol.1

inexistente nos restantes doze: Cl, I e II Ts, I Tm, Tt, Fl, Tg (em 3.17 ôe precede a |xév), Epístolas Joaninas, II Pe e Ap;

- Digno de atenção é o fato de que em o Novo Testamento 64 vezes há em que \xÀv ocorre isolado, não complementado de ôe. Entretanto, não menos de considerar-se é que (xev não ocorre de todo em nove dos documentos néo-testamentários (II Ts, I Tm, Tt, Fl, Epístolas Joaninas, II Pe e Ap);

- Todavia, tanto na expressão correlacionai quanto na singular pode-se deixar de traduzir explicitamente qualquer destas conjun­ções, por isso que representam a função de mero conectivo formal ou expletivo posicionai.

6.2 - Uso pronominal

- Tanto fxev quanto ôé, quer em correlação (usa-se, por vezes, aXXos, T|, o — outro - em lugar da conjunção ôé), quer isoladamente, aparecem em frases ou cláusulas reduzidas, constantes apenas da forma articular e da conjunção, subentendidos os demais elemen­tos a que determinaria o artigo. Paralela e equivalente é a forma de expressão em que em vez do artigo se emprega o pronome relativo simples os, tj, o -O qual, quem, que. Esta modalidade sintática é mais freqüente em nominativo;

- Na forma correlativa a tradução será: um ... outro; alguns ... outros; na individual eqüivale o artigo, originalmente demonstrati­vo, a pronome pessoal da 3- p. e assim se deve traduzir, o que vale também para o pronome relativo quando nesta função, logo; mas ele, e ele. Daí, costumam os gramáticos referir-se a esta particulari­dade fraseológica sob o designativo de uso pronominal do artigo;

- Exemplificar-se-iam estas modalidades fraseológicas nas seguintes citações néo-testamentárias:

1. ò |xèv oÍjtiús, o Ôe oírrtoç - Um deste modo, outro de modo diferente (I Co 7.7). Nesta sentença reduzida, jxév e ôé estão em uso correlativo, em incisivo contraste, precedidas do artigo 6 , a tradu­zir-se o binômio artigo-conjunção, na primeira frase porivm, na se­gunda por outro, deixadas sem tradução específica as duas conjun­

263

Page 275: Manual de Lingua Grega.vol.1

ções. Note-se que o advérbio oimoç recebe a acepção diferente na segunda cláusula apenas para acentuar-se o necessário contraste;

f \ /~s

2. oi 8e elmxv avrw - E eles lhe disseram (Mt 2.5). A forma

articular ou aparece associada à conjunção ôé, não acompanhada,

porém, de forma substantiva, ou equivalente, explícita. Reporta-seo artigo aos termos àpxiepeiç - principais sacerdotes - e 'Ypajxfxa—

Tciç - escribas - referidos no versículo anterior, sujeitos elípticos desta cláusula. Corresponde, portanto, o artigo oi ao pronome de- monstrativo-pessoal corroí e assim se deve traduzir;

3. oiis |xev SepovTeç, oúç 8è à-rroKTévvovTeç - A uns açoitan­do, a outros matando (Mc 1.25). Estão as duas conjunções, fxév e 8e, em uso correlato, precedidas da forma oúç, acusativo plural mascu­lino do pronome relativo simples, a eqüivaler ao artigo em uso pronominal, devendo-se o binômio traduzir por uns... outros.

7 . VOCABULÁRIO

85. A t0íov[/, AiBÍottos, o - etíope, abissínio.8 6 . al(xa, aíjx&Toç, to - sangue.87. ávTL. Preposição, seguida somente de genitivo - em frente

de, em lugar de, em troca de, em vez de, por, contra.

88. axpt(<s). Advérbio de tempo, lugar ou grau, por vezes, conjunção; havida também por preposição imprópria, seguida de genitivo - para, para com, até, ao ponto de.

89. PaaiXíaaot, T)s, t| - rainha, soberana.90. PpG>|xa, Ppcó|xáToç, to - comida, alimento, manjar, iguaria,

pábuio, víveres.91. 7 pá|x|xa, 7 pá|X|jiaToç, to - letra, escrito, carta.92. Turní, yuvcoko'»;, 'fj. Substantivo gutural, irregulares dois

dos casos (nom. e voc. sing., não-desinenciados e apocopados, caindo a gutural k , final do tema, e alterando-se a vocalização do nom. sing.) e a acentuação (deslocada para a última no gen. e dat., como nos monossílabos) - mulher, senhora, esposa.

93. 8wàoTT|<;, ov, Ò - potentado, dignitário, alto funcionário, prín­cipe, soberano.

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Page 276: Manual de Lingua Grega.vol.1

94. e irayyeX iã , ãç, t) - promessa, mensagem, proclamação, anúncio, comissão.

95. euvauxos, ou, ò - eunuco, oficial da corte, camareiro, mordo­mo.

96. TjXioç, ou, o - sol.97. t|xoç, au, õ - som, ruído, rumor, repercussão, eco.98. OéXiq^á, 0eXr||xaTo<;, tó - desejo, apetite, inclinação, pro­

pensão, vontade, querer.99. KavSotKirç, ti<;, t| - Candace (título dinástico da rainha dos

etíopes ou abissínios).1 0 0 . KaTa. Preposição.- Seguida de genitivo: abaixo, sob, por, entre, contra, acerca de;- Seguida de acusativo: abaixo, contra, em direção de, conforme,

segundo, entre, durante, à razão de, acerca de.101. KTjpvíj, ktípükoç, ó - Varia nos autores a acentuação do

nom. sing., preferindo uns o agudo, já porque tomam a vogal u como longa, já porque a dupla terminal não abonaria o circunflexo. Outros dão-na como breve nesse caso e não reconhecem força de alongamento de natureza na dupla final - arauto, núncio, pregoeiro, proclamador.

1 0 2 . Xw|j, Xl(3oç, o - vento sudoeste, o sudoeste.103. XÒ7 0 Ç, ou, ó - palavra, discurso, dito, narrativa, expressão,

linguagem, tema, assunto, preceito, princípio, tratado, razão, ensino.104. Xúxvoç, ou, ó - lâmpada, luzeiro, luminar.105. |xév. Conjunção, Pospositiva. - de um lado, mas, de fato,

em verdade.106. (jLepio-jxóç, ou, ó - divisão, partilha, distribuição, separação.107. [xovov. Advérbio (forma acus. sing. neutra do adjetivo

|xóvo<5, t), ov - único) - somente, apenas, unicamente, exclusivamente.108. ixóctxos, ou, ò - rebento, novilho(a), bezerro(a).109. òôoúç, òôovtoç, o - dente.1 1 0 . ovo|xcit, ôvoixaToç, to - nome, apelativo, título, designação,

fama, reputação, autondade, pessoa.A.

111. c&v. Advérbio ou conjunção; pospositiva -portanto, então,

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Page 277: Manual de Lingua Grega.vol.1

destarte, logo, assim.112 . ôcpBaXfAÓç, oí), o - olho, vista.113. 'rráXin, T|<;, ti - luta, conflito, peleja, contenda.114. Trapapárrjç, ov, ò - transgressor, infrator.115. -rrept. Preposição, seguida de genitivo e acusativo; no

clássico, também de dativo - ao redor de, acerca de, a respeito de, em torno de, concernente a, em razão de, em referência a.

116. TrXrípíOfxa, 'irX-ripítífxáToç, tò - plenitude, abundância, totali­dade, cumprimento.

117. 'Trveufjui, TTveúixaToç, tò - fôlego, sopro, vento, alma, espí­rito, têmpera, disposição.

118. 'Trófjux, TTOfxáToç, to - bebida, sorvo, hausto, libação.119. Trpoç. Preposição, a expressar, geralmente, relaciona­

mento pessoal.- Seguida de genitivo: da presença de, no interesse de, em favor

de, por, de;- Seguida de dativo: na presença de, junto a, perto, ao lado de,

em;- Seguida de acusativo: à presença de, para com, em direção de,

com referência a, para o lado de, perante, próximo,, entre, conforme.120. (!>t||x&, frnixáToç, tó - palavra, dito, declaração, expressão,

verbete, coisa, fato, evento.121. cráX/TT%7£, aáXTTiyyoç, T) - trombeta.122. crcíp£, aapKÒç, t) - carne, corpo, natureza, linhagem, paren­

tesco, individualidade.123. cnryKX^póvoixoç, cru, ó - co-herdeiro, co-partícipe, co-pro-

prietário.124. <rcò|xà, o-cóixáToç, tó - corpo, natureza, estrutura, forma, or­

ganismo, comunidade, escravo.125. tó . Artigo neutro singular - o, a.

126. Tpcryoç, ou, Ó - bode.127. uôoop, uôaToç, tó - água, linfa.128. <fx£><;, (pcoTÓç, to (O acento na forma base é circunflexo

porque se trata de inflexão contraída: de cpáoç; o gen. pl. é paroxí-

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Page 278: Manual de Lingua Grega.vol.1

tono, (pcí>TG)v, não perispômeno, qxoTeòv, que seria o regular) - luz, luminosidade, fulgor, labareda, resplendor, efulgência, fogo.

129. xápí«5, xápVroç, rj - graça, favor, encanto, formosura, bon­dade, gratidão, acolhida, aceitação, dádiva;

- O acus. sing. xctpiv aparece 9 vezes nos escritos do NT em função preposicional, na acepção de graças a, em razão de, por cau­sa de, por amor de, por motivo de (Lc 7.47; Gl 3.19; Ef 3.1,14; I Tm

5.14; Tt 1.5,11; I Jo 3.12; Jd 16), em todas menos uma (I Jo 3.12) posposta à forma em genitivo a que rege.

130. xpeíã, ãs, r\ - necessidade, falta, carência, uso.131. x^poç, ou, o - vento noroeste, o noroeste.

8. EXERCÍCIOS

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:41. KaTa Xí(3a Kai Kcrrà x<*>pov (At 27.12).42. AtGíovji ewovxoç ôwáorirç*; KavôaKTjç paoiXtcraTiç

AÍGiÓttíov (At 8.27).43. T| iraXiq npòç al|xa Kai orápKa (Ef 6.12).44. Trepi Xóyov Kai ovo|juxtcov Kai vó|xou (At 18.15).45. to irveuixa K a i r\ ijnjx^ Ka i to acòfxa (I Ts 5.23).46. to TrveOfxa Ka i tÒ vôtop Ka i to aí|xa (I Jo 5.8).47. xpeíav cpcoTÒç Xuxvou Ka i cpcoTÒç TjXuru (Ap 22.5).48. ÔcpGaXfxòv avT i òcpOaXjxoí) Ka i ôôovTa avT i ÒÔÓvtoç (Mt

5.38).49. oiKiav r j yuvaiKa T] àÔeXcpaúç (Lc 18.29).50. KTjpu Kai aTrooroXoç Kai SiSáoKaXoç (II Tm 1.11).51. IlauXoç aTroCTToXoç XpioroiJ 3 It]ctoi) ôià 0eXr)|xaToç

0eoO KaT^TTayveXiav Çorqç (II Tm 1.1).52. KX^povófxoi |xèv 0eov, anryKXiqpovofJLOi ôe Xpiorou (Rm

8.17).53. TrXrjpíopxx ow vófjuxu f| cryáTrrç (Rm 13.10).54. T) x<*pi<s KOÍl> aXr|0eia ôià 3 Iiqacn) XpuxToí) (Jo 1.17).55. ô ià 7 pafX(xaT0<? K a i TrepiTOix-rjç TrapaPcm iv vo(jlod (Rm

2.27).

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Page 279: Manual de Lingua Grega.vol.1

56. tò Ô€ Trveuixa Çüttj 5 ià ô iK a ioow rçv (Rm 8.10).57. (xóvov W t pp íú jxaa iv K a i Trójxacriv (Hb 9.10).58. cruôe ô i'à í|A aTO S Tptryoav K a i jjloctxov (Hb 9.12).59. K a i (ráX'TrL7 7 o<; tix0* Kai (pwvrj pruxaTcov (Hb 12.19).60. &xpi fxepiajxou i|a^t|s K a i 'Trvex>fxaTO<; (Hb 4.12).

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Page 280: Manual de Lingua Grega.vol.1

CAPÍTULO V

ADJETIVO, ARTIGO

1. ADJETIVO

1 .1 - Espécies e natureza- Dois tipos há de adjetivos gregos: vocálicos (radical termina­

do em vogal) e consonantais (radical finalizado em consoante ou vogal fechada: i,u).

1.2 - Linhas de flexão

1 . Quantidade- Enquadra-se, via de regra, o substantivo especificamente em

um dos gêneros, admitindo, portanto, uma flexão única, distintiva, peculiar. Já o adjetivo, por isso que serve aos gêneros todos, exibe três linhas gerais de flexão, uma para cada gênero. São, pois, trifor-mes;

- Adjetivos, entretanto, há em que se não processa flexão es­pecífica do feminino, prestando-se o quadro declinativo do mascu­lino, a um tempo, para ambos os gêneros. Tais, por isso, se dizem biformes.

2 . Padrões- Declinam-se os adjetivos vocálicos inteiramente nas linhas

da 1 - e 2- declinações:- A flexão do masculino segue o paradigma geral dos nomes

deste gênero da 2- declinação;- A flexão do feminino se processa em termos do paradigma da

1 - classe, femininos, da 1 - declinação, quando é a vogal terminal no tema precedida de e, i ou p; se outra for essa letra, conformar-se-á a flexão ao paradigma da 2 - classe;

- A flexão do neutro obedece ao paradigma dos nomes neu-

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tros da 2 - declinação;- Declinam-se os adjetivos consonantais, por seu turno, se­

gundo os padrões da 1 - e 3- declinações:- Destes, a flexão do masculino se conforma às linhas da classe

correspondente da 3- declinação;- A flexão do feminino se faz em moldes da 3- classe, femini­

nos de vogal breve, da 1ã declinação (no gen. sing. a desinência âç e no dat. sing. a, se as precede no radical e ou i ou p, e Tq, res­pectivamente, se outra é a letra terminal);

- A flexão do neutro acompanha o paradigma dos substantivos neutros da classe correspondente da 3- declinação;

- Logo, a flexão do masculino segue nos vocálicos a 2 - declina­ção, nos consonantais a 3-; a flexão do feminino segue nos vocálicos os femininos de tema extenso ou longo (1 - e 2 - classes), nos con­sonantais os femininos de tema breve {3- classe) da 1§ declinação; a flexão do neutro, paralela à do masculino, segue nos vocálicos a 2 - declinação, nos consonantais a 3-;

- Daí, o feminino do adjetivo, se explícita a flexão, como é nos triformes, se-lo-á sempre nos moldes da 1- declinação, enquantoo masculino e o neutro se conformarão à 2- ou 39;

1 .3 - Acentuação

- A acentuação nos adjetivos é posicionai, obedecendo às mesmas normas aplicadas aos substantivos, com uma limitação: nos adjetivos de cunho vocálico não-oxítonos três inflexões do fe­minino, a saber, nom., gen. e voc. pl., acompanham a posição des­sas formas no masculino, fugindo à normatividade prosódica do substantivo;

- Conseqüentemente, o gen. pl., obrigatoriamente perispôme- no em todos os substantivos da 1 - declinação, não o é no feminino destes adjetivos não-oxítonos do tipo vocálico. Assim também, in- da que paroxitona a forma base, nom. sing., no feminino destes adjetivos, poderão ser proparoxítonos nom. e voc. pl., em paralelo com a inflexão do masculino.

270

Page 282: Manual de Lingua Grega.vol.1

1 . Adjetivos vocâlicos

a. Tema eme, i, p ;tiponão-oxítono- cryioç, óiryux, «yiov - santo, santa

(1 ) Estrutura- Constam estas formas de tema ou radical, à y i (a vogal

tomada como desinencial é, em verdade, temática) e das desinên­cias, próprias desta modalidade adjetiva;

- O radical, como nos substantivos da 1- e 2 - declina- ções, cuja paradigmática seguem as inflexões deste adjetivo, não se altera, o mesmo em todas as formas. Nem sofrem variação as desi­nências, no masculino conforme a 2 - declinação neste gênero, no feminino consoante a 1 - classe, femininos, da 1 - declinação (visto que o radical tem i a preceder à desinência, o que vale também para os temas terminados em e ou p), no neutro de acordo com a 2 - declinação, neste gênero;

(2 ) Flexão

MASCULINO FEMININO NEUTROSINGULAR

1.4 - Paradigmas

Tema Des. Tema Des. Tema DesN.

Cl ocmr í 0<5 a 7 t ã éiyí

/ov

G.c Ooryi ou

C voryi ã<; « 7 1 ou

D.c óoryi co

C ò« 7 1 au ècyí 0)w

A. &yí ovC 0<ryi ãv

cl va 7 i OV

V. & 7 1 e & 71 ã 0Í71 ov

271

Page 283: Manual de Lingua Grega.vol.1

M ASCULINO FEMININODUAL

NEUTRO

Tema NAV. a y í GD. iícryi

Des. Tema< í

Des. Temac C

(ú a-yiC ú

â ctyic C

OlV oryi aiv a y i

Des.cooiv

MASCULINO FEMININOPLURAL

NEUTRO

N.G.D.A.V.

TemaC/ oa y ic lia y iâ y tí VocyiCt Vcryi

Des.oi(ÚV

oiçouçoi

Temad uoryiC lia y iC úocyiC vía^yicí ua 7 i

Des.a icavoaçãça t

Temaa 7 Üc \fa y ia y iU Ma y iCl üa y i

Des.&(ÚV

Ol<5vaVa

(3) Escrita e leitura- Recomenda-se, no caso do adjetivo, do artigo, do pro­

nome e do particípio, formas estas que abrangem mais um sistema ou linha de flexão, que se proceda, na escrita e na leitura, em senti­do horizontal, tomando-se primeiro o nom. sing. nos três gêneros, então o gen. sing., e assim por diante até o fim, embora ao princi­piante se afigure mais difícil este processo que o vertical, em que se toma, de alto a baixo, cada flexão em separado, gênero por gênero;

(4) Acentuação

- Posicionai, o acento permanece na sílaba de origem quanto o permitem as leis de acentuação, deslocamentos proces­

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sando-se nas inflexões de final longo do masculino e do neutro e avanço nas formas de final breve (nom. e voc. pl.) do feminino;

- É agudo o acento em todas as formas, no masculino e neutro porque nas inflexões de final breve estará na antepenúltima, nas inflexões de final longo, deslôcado para a penúltima, não po­derá ser circunflexo; no feminino porque a última é longa, menos nos casos de final em a i (nom. e voc. pl.), que acompanhando a prosódia masculina, o têm recuado para a antepenúltima;

- São, pois, proparoxítonas todas as formas de final breve (nom., acus. e voc. sing. masc. e neutro, nom. e voc. pl. masc. e fem., além do nom., acus. e voc. pl. neutro): TREZE; paroxítonas io­das as de final longo, inclusive o gen. pl. fem. (gen. e dat. sing. masc. e neutro, todo o fem. sing. e o dual inteiro nos três gêneros, mais gen., dat. e acus. pl. masc. e fem., bem como gen. e dat. pl.

neutro): TRINTA E DUAS;- No fem. contravêm a prosódia substantiva, acompa­

nhando a acentuação dos casos paralelos do masculino as formas do nom. e voc. pl. (proparoxítonas, não paroxítonas como o exigiria a forma base) e gen. pl. (não perispômeno como o é em todos os substantivos da *\- declinação);

(5) Comparação- A flexão do masculino, cryioç, é totalmente paralela à

de avOpüMroç, ou, Õ, exceto no tocante ao radical, mesmas as desi­nências e a acentuação. É também similar à de X0 7 0 Ç, 8ox>Xo<; e 0 eo<;f diferindo quanto ao radical e acentuação;

- A flexão do feminino, oryíã, é exatamente a mesma de 'njxepã e PaoxXeiã, mudados apenas o radical e a acentuação do nom. e voc. pl. (no adjetivo proparoxítonos, em Tip-epã paroxítonos, em PacriXeíã properispômenos) e do gen. pl. (nos substantivos perispômeno, paroxítono, porém, no adjetivo). É similar à flexão de yeveã, diferentes o radical e a acentuação toda;

- A flexão do neutro, cuyiov, é igual à de èp^ov, exceto

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Page 285: Manual de Lingua Grega.vol.1

em matéria de radical e acentuação das formas do nom., acus. e voc. no sing. e no plural, que são paroxítonas no substantivo, pro­paroxítonas neste adjetivo, enquanto os demais casos, gen. e dat. em todos os números, além de nom., acus. e voc. dual, são paroxí- tonos em ambos, ep"/ov e óryiov;

(6 ) Aplicação- Como cfyioç, oí7 tã, cryiov se declinam todos os adjeti­

vos triformes vocálicos de radical finalizado em e, i ou p, proparo­xítonos de base (nom. sing.) no masculino e no neutro, paroxítonos no feminino, mudado apenas o radical. Desinenciação e prosódia serão as mesmas;

- Adjetivos de cunho vocálico de base paroxítona, ou properispômena, ou oxítona, embora exibindo as mesmas desinên­cias, terão radical e acentuação diferentes;

(7) Tradução

- Polariza-se no substantivo, ou equivalente, a ação sintática da frase, destarte a constituir-se o centro ou eixo da ex­pressão, subordinando-se-lhe os demais elementos, qualificativos, determinantes ou modificadores. Quer isto dizer que o adjetivo ser- Ihe-á mero adjunto ou predicativo, jamais autônomo ou absoluto;

- Não tem, pois, o adjetivo (e assim o artigo), subordi­nado que é ao sentido, regência e tradução do substantivo, auto­nomia de expressão, extreme às variações relacionais e traducio- nais dos casos, aspecto que todo se centraliza na forma substantiva;

- Desta sorte, a menos que substantivado, traduz-se o adjetivo como termo paralelo em gênero e número ao substantivo de que é adjunto ou qualificativo, qualquer que lhe seja o caso. Lo­go, não há atribuir-se-lhe, nas inflexões, variação sintática própria da função do caso, enfeixada que o é no substantivo;

- Exemplo: na frase ôià TrvevjjiaTO'; &7 Íau (II Tm 1.14),o adjetivo oryíou, embora no gen. sing., não se traduz como de santo mas simplesmente santo, uma vez que ao substantivo

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Page 286: Manual de Lingua Grega.vol.1

T7vei5|xaToç assiste a axialidade da função sintática expressa pela preposição 8 ux - através de. Portanto, subentendido o artigo, a tra­dução será: através do Espírito Santo, não: através do Espírito do

Santo-,- Logo, no quadro de flexão dar-se-á às formas a tradu­

ção básica santo(s), santa(s), à parte das variações de sentido impli­cadas nos diferentes casos, afecta que é a matéria ao substantivo

regente;

b. Tema em letra,outra que e, i ou p; tipo oxítono- oryotÔoç, «7 0 0 1 ], crya0óv -bom , boa

(1 ) Estrutura

- Como na flexão de oryioç, õ, ov, constam as formas deste adjetivo de tipo vocálico triforme de tema ou radical e desinên­cias;

- O radical é 07010 , invariável, sempre o mesmo em to­das as inflexões. As desinências serão as próprias dos adjetivos vo­cálicos triformes de radical não finalizado em e, 1 ou p;

- 0 masculino, como em cryioç, ã, ov, flexiona-se em moldes paradigmáticos dos substantivos masculinos-femininos da 2- declinação;

- O feminino, diferentemente de 0 7 1 0 9 , õ, ov, flexiona- se nas linhas da 2 - classe (não da 1 -), femininos, da 1? declinação (uma vez que termina o radical em 0 , não em e, 1 ou p);

- 0 neutro, como em 0 7 1 0 9 , õ, ov, flexiona-se em ter­mos dos neutros da 2- declinação;

- A vogal básica das desinências é, na realidade, parte do tema. Toma-se por desinencial apenas por ser mais prático;

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Page 287: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2) Flexão

MASCULINO FEMININO NEUTROSINGULAR

Tema Des. Tema Des. Tema Des.N. cryaO óç crya0 TÍ crya0 óvG. àyaQ

A»OU &7a0 A oryaG A

ouD. àyaQ â)

VàyaQ

AayaQ %

A. crya0 óv ayaB Tjv orya0 óvV. trya0 e ayaQ Tl ayaQ òv

MASCULINO FEMININO NEUTRODUAL

Tema Des. Tema Des. TemaNAV. c ry a 0

iCD o rya0 Õi. c ryaG

GD. o rya0 OlV hyaü a í v c ryaO

MASCULINO FEMININO NEUTROPLURAL

Tema Des. Tema Des. Tema DesN. crya0 o í or/aO a í oryaO

tr .a

G. àyaQ COV crya© cov cryaO cov

D. ayaQ o íç àyaü at<5 a 7 a 0 o iç

A. ayaQ o ís orya0 ãç a 7 a 0V

a

V. orya0 o í ayaQ a í cr/a©vf

a

276

Page 288: Manual de Lingua Grega.vol.1

(3) Acentuação- Adjetivo, recebem-lhe as inflexões acento posicionai,

que permanece na sílaba de origem quanto o permitam as regras prosódicas;

- Oxítonas as formas de base (nom. sing.), na última estará o acento em toda a flexão, nada obrigando a deslocamento ou recuo;

- Como nos substantivos acentuados na última da 19 e 2- declinações, em termos das quais todo se flexiona este adjetivo, será circunflexo o acento nas formas genitivas e dativas, agudo nas demais, inda quando longas, aqueles perispômemos, DEZOITO ca­sos, estes oxítonos, VINTE E SETE inflexões;

(4) Comparação

- Em comparando-se a flexão de or/aOoç, nq, ov com as formas correspondentes de cryioç, ã, ov, vê-se que têm as mesmas desinências, paralelamente, as inflexões todas do masculino e do neutro e do feminino as formas do dual e do plural. Diferem, pois, desinencialmente, apenas no feminino singular, em ofytoç, radical em t, segundo a 1 - classe da 1 § declinação, em cryaOóç, radical em0 , não em e, i ou p, conforme a 2 - classe, naquele desinências em õt, neste em tv

- A flexão do masculino, oryaGo'*;, é inteiramente paralela à de Oeoç, ou, 6, diferente apenas o radical. Mesmas, porém, as de­sinências, mesma também a acentuação. Em relação aos demais paradigmas da 2- declinação, masculinos (avOpüHroç, \d7 0 s e ôoí - Xoçl, tem o adjetivo as mesmas desinências, todavia, são diferen­tes radical e acentuação;

- A flexão do feminino, ot/oíOtÍ, por seu turno, é exata­mente a mesma de cpovní, T)?,irç, tanto no que respeita às desinên­cias como à acentuação. Apenas, e necessariamente, difere o radi­cal. Em relação aos demais paradigmas da 2- classe da 1- declina­ção, orycnrri, tis, rj e eiprivri, iqç, irç, são absolutamente paralelas as desinências, as mesmas em todos, diferentes os radicais e a acen-

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Page 289: Manual de Lingua Grega.vol.1

- A flexão do neutro, a 7 ot0ov, é análoga à de ep— 70V, ou, t o , paradigma dos neutros da 2- declinação no que res­peita às desinências, as mesmas em ambos. Acentuação e radical diferem, naturalmente.

(5) Aplicação

- Segundo crya0ó<s, rj, ov são declinados os demais ad­jetivos de tipo vocálico triformes de radical não finalizado em e, 1

ou p, oxítonos de base, requerendo-se apenas a substituição do ra­dical ot7 <x0 pelo equivalente do adjetivo a flexionar-se. Desinências e acentuação permanecem as mesmas;

- Adjetivos desta modalidade, não oxítonas as formas do nom. sing., diferirão deste paradigma também prosodicamente, acentuados de conformidade com a base e sua aplicação.

(6 ) Tradução

- Como se ponderou em referência a cryioç, ã, ov, é o adjetivo simples qualificativo, extreme de distinções sintáticas, ad­junto ou predicativo do nome com que se relaciona. Daí, a tradu­ção, paralela em gênero e número à do substantivo qualificado, será, simplesmente: bom, boa, bons, boas, à parte das relações e funções expressas pelos diferentes casos na flexão, polarizadas no substantivo.

tuação;

2 . Adjetivos consonantais- Tema em t, precedido de v, antecedido de o (o v t )

- € K io v , e K o v k ra , éKÓ v (originalmente, I k ó v t , e K Ó v T ia , c k ó v t )

- voiuntário(a)

a. Estrutura- Constam as inflexões deste, como dos demais paradig­

mas substantivos e adjetivos já examinados, da dupla estrutural característica, isto é, tema e desinências;

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Page 290: Manual de Lingua Grega.vol.1

- 0 tema é Ikovt, sujeito a alterações, ora mais, ora menos pronunciadas, nos seguintes casos: nom. e voc. sing. e dat. pl. do masculino, as inflexões todas do feminino, nom., acus. e voc. sing., mais o dat. pl. do neutro, VINTE E DUAS das quarenta e cinco for­mas;

- As desinências são próprias dos adjetivos consonantais triformes de radical terminado pela lingual t , precedida da nasal v a que antecede a vogal breve o, o masculino e o neutro nas linhas e padrões dos substantivos linguais em ovt da 3- declinação, o femi­nino conforme a 3- classe, femininos, da 1? declinação, radical não em e, i, p;

b. Flexão

MASCULINO FEMININO NEUTROSINGULAR

Tema Des. Tema Des. Tema Des.N . [ I k ÓVT —] — €K(óv I k o u cra [ I k o v t —] —I k ó v

G. I k o v t 09 I kcw CTTjÇ e ( 6KOVT os

D. I k o v t01 6K0V ong I k o v t

uLA. éKOVT

ua I k o v a à v r« r

[g k o v t —J — €K0V

V. [ I k o v ti í /

—J _ €K(úV I k o v c á r c / [€K0VT

í t i —J ~ €KOV

MASCULINO FEMININO NEUTRODUAL

Tema Des. Tema Des. TemaNAV. I kÓvt e I kov a ã éKOVTGD. ckovt oív I kou am v 6KÒVT

279

Page 291: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASCULINO FEMININO NEUTROPLURAL

Tema Des. Tema Des. Tema Des.N. I kòvt eç C A

€KOU om I kovtua

G. èKOVT (OV 6 KOI) (TÍOV I kovt ÍOVD. [ I kovt o í] — eKotjcri I kítíj craiç rc i

[CKOVT crí]*€KouaíA. 6K0VT ÔÍ.S I kov <TCt<5 6KÒVT áV. I kÓvT e<; eKov a a i éKÓVT &

c. Particularidades morfológicas

(1 ) Masculino

- Flexionando-se nos moldes dos substantivos da 3 - de­clinação, em que cinco dos casos oferecem problemas de cunho morfológico, há a observar-se quanto às inflexões do masculino desta modalidade adjetiva o seguinte:

- Nom. sing.: não recebe desinência, caindo a lingual t ,

final do tema, que não pode ser terminal de forma, e alongando-se a vogal precedente o, que se faz ío. Ou, ékóvt -► ckÓv -► I kíóv;

- Acus. sing.: tem a desinência &, preterida a alternativav;

- Voc. sing.: oxítona a inflexão, é igual em forma ao nom. sing.;

- Dat. pl.: cai o grupo vt ante a sibilante desinencial e alonga-se a voga! o precedente, que, diferentemente do que se dá nos casos nom. e voc. sing., se faz ou (não ío). Ou, €kóvt(t i -*• ckòvcti -► eKoaí -► eKoucri; e

-A cu s. pl.: recebe a desinência preterida a alternativav«;;

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Page 292: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2 ) Feminino- 0 radical do feminino é, na forma atual, invariável, o

mesmo em todas as inflexões, todavia, alterado nos termos do dat. pl. masc. A terminação é precedida originalmente de um t eufônico, vogal que se transmuta em ç, pelo que a lingual t e a nasal v, pre­

cedentes, caem, alongando-se, compensatoriamente, para ov a vo­gal o, que se lhes antepõe no tema;

- A forma básica seria, de origem, eKÓvTià (i eufônico

inserido entre a lingual e o òt desinencial), que se tornaria €kóvt—

crà (mudado o i eufônico em ç), então, eKovcra (queda da lingual t), depois, IkÓctcx (queda da nasal v), finalmente, eKow á (alongadoo o em ov). Ou, graficamente: eKovTÍá —► eKÓvTcrá -► eKowá

€K(xra -► êKaíxra;

(3) Neutro- O neutro, flexionado nos moldes dos neutros da 3- de­

clinação, exibe alterações apenas nos seguintes casos:- Nom., acus. e voc. sing.: não têm desinência estes três

casos, nos neutros sempre iguais em forma, caindo a lingual termi­nal do tema, que não pode ser final de vocábulo, conservado breve, porém, o ômicron temático (diferentemente do masculino, que o tem alongado em ío nos casos paralelos); e

- Dat pl.: sofre a mesma alteração registrada na forma

paralela da flexão do masculino, isto é, queda do grupo vt ante o sigma desinencial e alongamento da vogal ômicron em ov, como

no radical atual do feminino. Esta inflexão é, pois, paralela à do masculino;

d. Acentuação- Adjetivo, acentuação posicionai, mantém-se nas inflexões

todas o acento na sílaba de origem, isto é, na sílaba em que se acha

nas formas nominativas do singular, menos no gen. pl. fem., que, seguindo a norma prosódica dos substantivos da 1 - declinação, o

tem arrastado para a última, ademais, sempre perispômena;

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Page 293: Manual de Lingua Grega.vol.1

- É circunflexo o acento em OITO das inflexões, a saber: dat. pl. masc. e neutro e nom., acus. e voc. sing., mais nom. e voc. pl. fem., posto em penúltima longa, breve a última, e gen. pl. fem., em última contrata. Nos demais TRINTA E SETE é agudo, ou por­que está em última simplesmente alongada, não contrata (nom. e voc. sing. masc.), ou porque a vogal da tônica é breve;

- São, pois, oxítonas CINCO formas (nom. e voc. sing. masc., última alongada, e nom., acus. e voc. sing. neutro, última breve),perispômena UMA (gen. pl. fem., contrata), properispômenas SETE (dat. pl. masc. e neutro, nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl. fem., penúltima longa, última breve), paroxítonas TRINTA E DUAS (gen., dat. e acus. sing. masc., gen. e dat. sing. neutro, o dual todo nestes gêneros e, assim, nom., gen., acus. e voc. pl., penúltima breve, vinte e três inflexões, além do gen. e dat. sing., o dual todo, e dat. e acus. pl. fem., longas a penúltima e a última, igualmente, no­ve inflexões);

- Cumpre notar-se que nos adjetivos triformes vocálicos não-oxítonos de base a forma do gen. pl. fem. acompanha ao mas­culino (como, aliás, também o fazem nom. e voc. pl.) em matéria de acentuação, não sendo, portanto, perispômena, enquanto nos adje­tivos consonantais, adstritos à prosódia substantiva, o será sempre;

e. Comparação

- Comparada esta flexão, típica de adjetivos consonantais e particípios congêneres de tema finalizado pelo trinômio ovt, com os paradigmas or/ioç, ã, ov e oryaôoç, tj, 6v , padrões dos adjetivos de tipo vocálico, vê-se que seguem linhas de flexão inteiramente distintas, com paralelos desinenciais não extensivos, assinaláveis, contudo, no dual e plural inteiros do fem., bem como no gen. pl. de todos, além do gen. e dat. dual, acrescido do nom., acus. e voc. pl. do neutro;

- As flexões do masculino (ckccv) e do neutro (Ikov) se­guem o padrão básico do paradigma dos nomes linguais de tema finalizado pelo grupo ovt, isto é, de yépíov, 'yepovToç, ó, observado

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apenas que no masc. a forma do voc. sing. é neste adjetivo igual à do nom. sing., por ser oxítona, enquanto no substantivo é diferente, e no neutro têm finais diferentes no adjetivo as inflexões do nom., acus. e voc. sing. (não alongado o ômicron) e nestes casos no plural (desinência a em vez de eç ou áç). Acentuação e radical diferem, evidentemente;

- A flexão do feminino ( e K o w á ) segue o exato padrão dos nomes femininos da 3- classe da 1§ declinação de radical não em e, i ou p, à base do paradigma 5ó£á, th?, t|, diferentes apenas o radical e, em parte, a acentuação (ÉKoíxTa, cuja penúltima é longa, tem circunflexo nos casos em que a última é breve: nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl., formas em que §ó£à, cuja penúltima é breve, tem o agudo);

f. Aplicação- Nos moldes de I k ío v , eKoíxra, I k o v flexionam-se os de­

mais adjetivos consonantais e particípios ativos de radical termina­do pelo grupo o v t , oxítonos na forma base do masculino e do neu­tro, properispômenos na forma base do feminino, requerendo-se apenas a substituição da parte do tema que antecede a esse final, nesta flexão Ik , pela equivalente da forma a declinar-se. Desinen- ciação, alterações e acentuação coincidem inteiramente;

- Adjetivos e particípios desta modalidade flexionai cuja acentuação esteja, nas formas de base, em posição diferente, não oxítonos, pois, no masculino e neutro, nem properispômenos no feminino, embora tenham desinenciação paralela e variações idên­ticas, acentuar-se-ão de conformidade com a posição da tônica e natureza da sílaba em que se posta o acento;

- Em o Novo Testamento há somente um outro adjetivo deste padrão flexionai, isto é, õlkcov, &Koucra, q iko v (composto da privativa a e deste adjetivo paradigmático, a vogal inicial e do adje­tivo contraída com a partícula integrante, por isso longa, ã), aliás, a ocorrer uma só vez, em I Co 9.17, na forma do nom. sing. masc., em contraposição a € koóv. Contudo, numerosos são, por outro lado,

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Page 295: Manual de Lingua Grega.vol.1

os particípios que se flexionam nestes moldes: ptcs. pres. ats. não- contratos e ptcs. 2 ? aors. ats. de verbos em co (não os equivalentes dos verbos em fü), além dos ptcs. futs. ats. de ambos os tipos ver­bais;

- Nos radicais em que a vogal que precede ao grupo final v t é ã , não ômicron, a flexão difere apenas em que nom. e voc. sing. masc. recebem desinência, s, ao mesmo tempo em que as va­riações, a processarem-se nos mesmos casos (nom. e voc. sing. masc., o feminino inteiro, mais dat. pl. masc. e neutro) e pelas mesmas razões, assumem feição diferente, por isso que o ôt se alongará em ã (não em co o u o u , como se dá com ômicron);

- Sintetizando-se a matéria de alterações do radical destas duas modalidades adjetivas consonantais, radicais finalizados por o v t ou òtvT, dir-se-á que:

19 Cai apenas a lingual t , quando final da forma; caem am­bas, a lingual t e a nasal v, que a antecede, quando precedem à si- bilante;

2- Alonga-se a vogal o em co nos casos nom. e voc. sing. masc. e em ou em todo o feminino e no dat. pl. masc. e neutro, en­quanto a vogal á simplesmente se torna ã nesses casos;

- Nos radicais em que a vogal que precede ao final vr é e, não a ou o, exibe a flexão geral ligeiras diferenças em matéria de desinências e alterações, a saber:

- Nom. sing. masc.: insere-se a desinência ç (como nas for­mas em qlvt), caindo, então, o grupo v t e alongando-se a vogal e para ei.

- Graficamente: evT Ç -► e v ç e i ç ;

- Voc. sing. masc.: nas flexões não-oxítonas, não se insere desinência, caindo a lingual t final, mantida, porém, inalterada a vogal e. Nesta modalidade não é, pois, a inflexão vocativa singular igual à nominativa, ao contrário dos oxítonos e dos participiais de final em o v t e dos radicais em Óív t , em que esses dois casos são sempre idênticos entre si. Se oxítonos, porém, mesmo os adjetivos de radical finalizado em c v t exibem voc. sing. igual em forma ao nom. sing.

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Page 296: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Graficamente (não oxítonos): cvt -► ev;- Dat. pl. masc. e neutro: caem a lingual t e a nasal v ante o

sigma desinencial, mas, ao contrário dos radicais em ovt e ávT, não se alonga a vogal precedente.

- Graficamente: evTox e w í -*■ eoi;- Feminino: o radical atual, o mesmo em todas as formas, ao

contrário dos radicais em ovt e ávT, convertida em sigma a vogal eufônica i, que se antepõe à vogal final regular, não sofre a queda

da lingual t . Assimila-se à sibilante, caindo, então, a nasal v, mas a vogal e que as antecede não se altera. A seqüência original seria

evTia (inserindo o í eufônico), mudada em evToà (convertido em

sibilante o í) , então evoxra (assimilada à sibilante a lingual t ), afinal eoTra (mercê da queda da nasal v).

- Graficamente: evTia -► evTcrà -► evotrá -**• ecrcra;- Na flexão do neutro, nom., acus. e voc. sing. não diferem

do padrão geral dos demais, radicais em ovt e dtvT, porquanto ape­nas lhes cai a lingual terminal t mas inalterada se lhes mantém a

vogal precedente. O dat. pl., por sua vez, é paralelo à forma do masculino (cai o grupo vt , permanece inalterado o e);

- Nos particípios, entretanto, as alterações se processam nas linhas dos radicais em ovt e ávT, isto é, o e temático se alonga em ei nesses casos todos, excetuados nom., acus. e voc. sing. neu­tro. Logo, dá-se esse alongamento nas inflexões do nom. e voc.

sing. masc., nas formas femininas todas e no dat. pl. masc. e neu­tro. Daí, enquanto nos adjetivos o final nas formas bases é: eiç, coroa, ev, nos particípios será: eiç, eura, ev;

g. Tradução- Adjetivo ou particípio, a não ser quando substantivado,

não lhe experimentam as inflexões conotações sintáticas diretas, variações funcionais próprias de cada caso, por isso que refluem

estas propriedades para com o substantivo regente, em termos de que afeiçoam gênero e número, em paralelo de concordância;

- Logo, Í kcóv, eKoôcrà, €kóv se traduzirá, em função atribu-

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Page 297: Manual de Lingua Grega.vol.1

tivo-predicativa, não substantivado, simplesmente como: voluntário, voluntária, voluntários, voluntárias, em consonância com o substanti­vo de que seja adjunto ou qualificativo.

3. Adjetivos de dupla raiz- fxéyãs, fJLe áXTri, |xé7 a - grande

a. Estrutura

- Estruturam as inflexões deste adjetivo os dois elementos característicos: tema e desinências;

- O tema apresenta-se neste adjetivo sob duas formas dis­tintas: n-e^á, que se enquadra na flexão dos consonantais, e |xe— 7 aXo, que segue o padrão dos vocálicos;

- O radical ixáyã, com desinenciação da declinação 3-, aparece apenas em SEIS das inflexões, a saber: nom., acus. e voc. sing. masc. e neutro. Nas demais QUARENTA (há no voc. sing. masc. alternativa de cunho vocálico) ocorre o radical |xe7 àXof com desinenciação regular dos vocálicos, em termos, pois, da 1 - e 2 - de- clinações;

- Portanto, segue a flexão deste adjetivo o paradigma dos vocálicos de radical não em e, i ou p, em todo o feminino, nas for­mas duais e plurais todas, além do gen. e dat. sing. masc. e neutro e do voc. sing. masc. alternativo;

- As desinências são próprias da modalidade envolvida.Assim,

- no masculino: nom., acus. e voc. sing. se desinenciam em função dos substantivos masculinos ou femininos da 3- declinação, os demais casos, incluída a forma alternativa do voc. sing., em ter­mos dos masculinos da 2 - declinação;

- no feminino: a flexão toda se desinencia nas linhas regu- lares da 2- classe, femininas, da 1- declinação; e

- no neutro: nom., acus. e voc. sing. seguem o padrão dos neutros da 3§ declinação, não desinenciados, os demais casos as normas desinenciais dos neutros da 2 ã declinação;

286

Page 298: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Flexão

MASCULINO FEMININOSINGULAR

NEUTRO

Tema Des. Tema Des. Tema Des,N. \xÁyã % fJL€7 <X. {Xé7 & —

G. |xe7 àX ou |xe7 a\ TIS (X€7 áX ouD. (X6 7à\ coL (jL€7 aX V fxe7 aX co

V

A. (X€7 a V jxeyáX T|V ixéyá —

V. ' 0 (xe7 a — fxeyàX *1 fxéydt —

ou|X€7 a\ e

MASCULINO FEMININODUAL

NEUTRO

GD.

Tema Des. Tema Des. Tema Des.

|X€7 cÍX co |xe7 aX ã |X€7 aX co

(xe7 <&X otv |xe7 aX atv (xe7 aX OlV

MASCULINO FEMININOPLURAL

NEUTRO

Tema Des. Tema Des. Tema Des.N. fjL6 7 aX 01 |xe7 ãX at fxe7 <ÍX

0a

G. IxeyãX cov txeyáX cov fxeyaX covD. IxeyaX otç [xeyàX atç IxeyãX oiçA. ^eyáX ovç lieyàX ã<; IxeyàX

ua

V. l^ey&X 01 IxeyaX at H>eyàXu,a

c. Particularidades morfológicas- Adjetivo de dupla raiz, flexão em moldes ora dos conso-

nantais, ora dos vocálicos, variam o radical, (xe/a em certos casos,t

[x,eyãXo nos demais, e a desinenciação, a flutuar de conformidade

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com o radical envolvido;- No masculino há a observar-se quanto aos três casos fle­

xionados nas linhas consonantais, em que é |xé7 ct o radical:-Nom. sing.: recebe desinência, ç;-A cu s. sing.: tem a desinência v (não a); e- Voc. sing.: consta do mero tema, sem desinenciação, logo,

diferente em forma do nom. sing. Há, é verdade, alternativa, de cu-/ /nho vocálico, |A€"yàX.e, o radical |xe7 aX(o)f e a desinência regular;

- Os demais casos, flexionados nos moldes vocálicos, fxe— 7 <x\o o radical, se conformam aos paradigmas oryioç e ayaOós, ex­ceto no tocante ao radical e à posição e natureza do acento, na mor parte das inflexões;

- No feminino, todo flexionado nas linhas dos vocálicos, conformam-se as inflexões inteiramente ao paradigma cryaSr), sal­vo em matéria de radical e acentuação;

- No neutro os três casos de cunho consonantal (nom., acus. e voc. sing.) não são desinenciados, constando, pois, do simples ra­dical, |xe7 a; os demais, flexionados nos moldes dos vocálicos, |A€7 a\o o radical, de todo se conformam aos paradigmas 0Í7 10V e oryotGóv, exceto quanto ao radical e à pçsição e natureza do acento, de modo geral;

d. Acentuação

- Posicionai que o tem de ser, já que nenhum princípio prosódico milita em contrário, permanece o acento, através de toda a flexão, na mesma sílaba em que está posto no radical básico, isto é, na sílaba |xe nas inflexões de tipo consonantal, na sílaba 7 a nas formas de cunho vocálico;

- Tônica de vogal breve, será agudo o acento em todas as formas, posto sempre na penúltima, logo, todas paroxítonas;

e. Aplicação- Flexão adjetivo-pronominal de dupla raiz em o Novo

Testamento apenas uma outra se depara: ttoXijç, ttoW tí, ttoXiS -

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muito, muita, paralela integral quanto à desinenciação (exceto que não ocorrem as inflexões todas), a exibir, e nos mesmos casos, os radicais 'ttoX.tj, consonantal, ttoXkó, vocálico;

f. Tradução

- Em uso adjetivo, não substantivado, condicionado ao nome de que é atributivo ou predicativo, a assumir-lhe a inflexão de gênero e número, à parte injunção de caso, traduz-se |xé— 7 ãç, [xe àX/iq, como grande, grandes, conforme os requisitos da concordância gramatical envolvida.

1 .5 - Concordância

1 . Regra geral

- Do ponto de vista gramatical, em três aspectos concordará, necessariamente, o adjetivo com o substantivo dele qualificado: em gênero, em número, em caso ;

- Logo, assumirá o adjetivo a forma do masculino, ou do fe­minino, ou do neutro, conforme o gênero do substantivo qualifica­do. Estará no singular, ou no dual, ou plural, segundo o número gramatical do nome a que se reporta. Aparecerá no caso em que estiver o termo de que é adjuntivo, em estrita homogeneidade;

2 . Exemplos

a. XÓ7 0 1Ç Troviripoíç cpXixxpcòv rj(xàç - pairando contra nós com palavras más (III Jo 10).

- A forma adjetiva TTOVTqpoiç - más - está a qualificar ao substantivo \Ó7 oi<; - palavras - , assumindo-lhe caso (dativo), gêne­ro (masculino) e número (plural);

b. eis Kptcriv ruxepãç - para 0 juízo do grande dia(Jd 6 ).

- O substantivo Tj^epã»; - do dia - está no genitivo, é sin-

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guiar, feminino. A forma adjetiva ixe-yáXirçs - grande - , que o está

qualificando, se acha igualmente no mesmo caso (genitivo), número (singular) e gênero (feminino);

c. wç epiov XeuKÓv - como branca lã (Ap 1.14).

- epiov - lã substantivo, e XeuKó v - branca - , adjetivo, se

acham ambos na forma do nominativo singular neutro, concordan­do XevKÓv, adjetivo que é, em caso, número e gênero, com o subs­tantivo epiov;

3. Concordância complexa

- O adjetivo que, a um tempo, qualifica na frase a mais de um

substantivo, repete-se, geralmente, ante cada um, especialmente se forem nomes de gêneros distintos, processando-se a concordância

parceladamente entre o adjetivo e o substantivo correlato;- Pode, entretanto, aparecer em relação global, não repetido,

qualificando a todos de uma vez. Nesta circunstância, concordará apenas com o mais próximo ou irá para o plural, observada a gra­

dação de gêneros;- Exemplos:a. Em Ap 21.1 ocorre a cláusula Kai elôov oupavòv kouvòv

Kai yr\v Kaivrjv - e vi um novo céu e uma nova terra - , em que o

adjetivo Kaivóç, r\, ov, aparece repetido, na forma Kaivóv (acus. masc. sing.) a qualificar oupavòv - céu - , na forma Kaivóv (acus. fem. sing.) a qualificar yx\v-terra - , concordando, individualmente, com o substantivo correlato, em gênero, número e caso;

b. Já em Ap 1.14 aparece a cláusula ti ôe KeçaXij a in o v Kat a i Tpíxeç XeuKaí - mas, a cabeça dele e os cabelos (eram) brancos

- , em que o adjetivo Xemoç, ti, ov - branco - , a qualificar, a um

tempo, a ambos os substantivos, KecpaXii (fem. sing.) e Tpixeç

(fem. pl.), não se repete, posto na forma do nom. pl. fem., Xem ai, em direta concordância apenas com o mais próximo, Tpíxeç, ou com os dois termos em conjunto, já que são igualmente femininos. Se o primeiro fosse masculino, poderia o adjetivo continuar inalte-

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rado, concordando com o mais próximo, ou ir para o plural mascu­lino, XeuKoí, atendida a hierarquia dos gêneros, o masculino a pre­valecer sobre o feminino. Fosse neutro, porém, o primeiro subs­tantivo, não se imporia ao feminino;

c. Em At 8.13, porém, encontra-se a cláusula Gecopwv Te crr]— (xeia Kai Swáfxeiç |xe7 aXa<; - vendo não somente sinais como também portentos grandiosos - em que parece preferível associar-seo adjetivo |xe7 a\a<; (acus. fem. pl.) a ambos os substantivos (crr]— (xeia, acus. pl. neutro, e ôwá|xeiç, acus. pl. fem.). A concordância, embora em função dos dois termos qualificados, dada a gradação dos gêneros, requererá a forma do acus. fem. pl., o neutro subordi­nado ao feminino. Logo, não se poderá o adjetivo tornar nem |xe— 7 a\á (neutro), nem fX€7 ct\oi (masculino). Invertida a posição dos substantivos, ou anteposto o adjetivo a onqixeia, poder-se-ia usar a forma neutra |xe7 á\á, feita a concordância com o mais próximo apenas;

4. Concordância sinésica (de cruveariç, eooç, r\ - junção, entendi­mento)

- Não raro, a concordância do adjetivo com o substantivo qualificado deixa de processar-se nos estritos termos da morfologia gramatical para efetuar-se em função do sentido, particularmente quando se trata de nomes coletivos, que, embora no singular, po­derão ter adjuntivos no plural. Em o Novo Testamento reflete este

uso direta influência do linguajar hebraico;- Exemplos desta concordância por sínese é a cláusula

aXXòí ó òxXoç oijtoç ... itrápaToi e ia ív - mas, esta popuiaça ... é maldita - , contida em Jo 7.49. A sintaxe normal requereria o singu­

lar, tanto no adjetivo (eTrcípaToç, não errápaToi) como no verbo

predicante (eoTÍv, não eioxv), uma vez que se reportam a

substantivo singular. Todavia, coletivo que é, pode-se a concordân­cia fazer, por sínese, donde o plural empregado: CTrapaToi e eurív.

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1.6 - Uso

1 . Natureza

- Ora expressa o adjetivo na frase traço ou qualidade já impli- citada no termo qualificado, propriedade que lhe é reconhecida, atributo que lhe pertence, ora predicado que se lhe afirma, declara ou explicita como propriedade a reconhecer-se-lhe. No primeiro caso, tem-se o uso ATRIBUTIVO do adjetivo, no segundo o cha­mado uso PREDICATIVO;

- No uso atributivo o realce é ao substantivo, de que se refere a qualidade como característica inerente; no predicativo o destaque é ao adjetivo, a expressar qualidade que se aplica ao substantivo, ca­racterística a aditar-se-lhe;

2 .'Posição- Pode o adjetivo, tanto em um como no outro desses usos,

vir antes ou depois do termo qualificado. No uso atributivo, a pos- posição se reveste de ênfase um pouco mais acentuada, enquanto no uso predicativo isto se dá em referência à anteposição;

- Particularidade de importância a ter-se em conta é que, nas frases e cláusulas definidas, precede o artigo sempre ao adjetivo quando em uso atributivo, jamais, porém, quando em uso direta­mente predicativo. Naquele caso, poderá o artigo deixar de apare­cer diante do substantivo, não, entretanto, diante do adjetivo;

- No uso atributivo as seguintes posturas se encontram, em

cláusulas definidas:1 - Adjetivo ANTES do substantivoOrdem: Artigo Adjetivo SubstantivoExemplo: o ciyaQbç avQpwTToç - o homem bom (Mt 12.35).Explicação: O adjetivo atributivo or/aôóç - bom - antecede ao

substantivo avOpwrroç - homem - e está precedido do artigo ô;2- Adjetivo APÓS o substantivoOrdem geral: Artigo Substantivo Artigo AdjetivoExemplo: t ò 'irveí)|xa t ò otyiov - o Espírito Santo (Mc 13.11).

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Explicação: 0 adjetivo atributivo cryiov - santo - está colocado depois do substantivo Trveiiixa - espírito - , o artigo to' a anteceder a ambos, repetido, pois, diante do adjetivo. A tradução literal seria: o Espírito o Santo, como quem dissesse: o Espírito, isto é, o (Espírito) Santo, expressão em que é o adjetivo mais enfático do que se esti­vesse anteposto ao substantivo;

Ordem especial: Substantivo Artigo AdjetivoExemplo: 'ywaiKeç a í cruvaKoXouGowat - as mulheres acom­

panhantes (Lc 23.49).Explicação: O particípio owaKoXouGowat - acompanhantes,

que acompanhavam, em função adjetiva, vem posposto ao substan­tivo 'yuvalKeç - mulheres - , o artigo a precedê-lo, embora não ao substantivo. A tradução literal seria: mulheres as acompanhantes, a eqüivaler a: mulheres, isto é, as (mulheres) acompanhantes, mais ex­pressiva a função do adjetivo do que se anteposto ao substantivo;

- Posicionamento raro e excepcional, haverá casos em que, embora em uso atributivo, definida a cláusula, aparece o artigo preposto ao substantivo, inarticulado, porém, o adjetivo. Exemplo é a cláusula fxe7 áXr| ttj çtovrj - com a voz alteada (At 26.24), em queo normal seria postar-se o artigo antes do adjetivo, omitindo-se diante do substantivo, logo: tt| lu^áX/rj cpü>vT|. É fraseologia espe­ciosa em que Lucas ressalta o tom de voz de Festo, nesse lance dramático, o adjetivo a sobressair-lhe na prolação, quase em feição predicativa;

- No uso predicativo as posturas em cláusulas definidas se­riam:

1 - Adjetivo ANTES do substantivoOrdem: Adjetivo Artigo SubstantivoExemplo: ttuttòç ò X070Ç - fiel (ê) a palavra (I Tm 3.1).Explicação: Está o adjetivo predicativo moroç - fiel - ante­

posto ao substantivo Xóyoç - palavra - , que recebe o artigo, en­quanto o adjetivo é inarticulado. Note-se que o verbo liame está subentendido, a simples posição dos elementos bastando para ca­racterizá-la como predicativa e determinar-lhe essa tradução.

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Ademais, anteposto o adjetivo, a ênfase é mais acentuada do que se posposto. Daí, moròç o Á.Ó7 o<; (o adjetivo anteposto ao substanti­vo) é expressão mais incisiva que ó Á.0 7 0 Ç ttwttÓç (posposto o ad­jetivo);

2- Adjetivo APÓS o substantivoOrdem: Artigo Substantivo AdjetivoExemplo: r| irpoKOTrri (pavepã rj - 0 progresso manifesto (se­

ja ) (I Tm 4.15).Explicação: 0 adjetivo predicativo (pavepã - manifesto - está

colocado depois do substantivo, 'rrpoKOTnri, que está articulado, en­quanto (pavepã é anartro. No texto, a função predicativa da cláusula se faz ainda mais evidente mercê do verbo liame t] - seja - , explí­cito. Todavia, mesmo que elíptico, a mera disposição dos termos bastaria para caracterizá-la, além de dúvida, como predicativa. É, porém, menos incisiva a expressão do que se viesse o adjetivo

J . 1 \ Ccpavepa anteposto ao substantivo TTpOKOTn]. Dai, (pavepa tj -ripo— KOTrrf é mais enfática do que o seria rj 'TrpoK.orrri cpavepa.

- Graficamente, assim se poderia resumir a matéria:1 . Posição atributiva (adjetivo sempre articulado)a. Art. + Adj. + Subst. (adj. antes, menos enfática)b. Art. + Subst. + Art. + Adj. (adj. após, mais enfática)c. Subst. + Art. + Adj. (adj. após, mais enfática)2. Posição predicativa (adjetivo sempre anartro)a. Art. + Subst. + Adj. (adj. após, menos enfática)b. Adj. + Art. + Subst. (adj. antes, mais enfática)

3. Expressão- Nos três exemplos referidos em relação ao uso atributivo, a

saber: Ò èryaOòç avOpamoç, to Trve-uixa to oíyiov e TuváiKeç ax (TuvaKoXouOoíxTai, a atenção se polariza no substantivo, em distin­ção de outros nomes, o adjetivo simplesmente a expressar-lhe qualidade admitida (que se poderia atribuir igualmente aos de­mais);

- Desta sorte, no primeiro exemplo, trata-se de av0p(*)iroç -

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homem - , não de ayyeXoç - anjo, ou de [xaOr^xTÍs - discípulo, ou

qualquer outra individualidade, a quem cabe o atributo cryaOoç - bom-,

- No segundo, caracteriza-se como ayiov - santo - , qualidade

distintiva, a Trveu|xa - espírito - , não tckvov - criança - , ou lepóv- templo - , todos passíveis do atributo supra, aqui apendido a Trvevfjux, especificamente;

- No terceiro, cruvako\ou0owai - acompanhantes - é atributo referente a Tuvaixeç - mulheres - , em distinção de, por exemplo, a 8eX<paí — irmãs, ou ôoiíXai - escravas - , ou qualquer outra figura;

- E sempre de lembrar-se que, neste uso atributivo, mais en­fática é a asserção qualificante quando vem o adjetivo posposto do

que o será quando anteposto. Assim, no segundo exemplo: tò 'Trveu|xa tò oyiov - , e, mormente, no terceiro: TuvaiKeç a í cru— vaKo\ou0ovcrai (em que é anartro o substantivo), a qualificação

expressa, respectivamente, por (tò) Ôryiov - santo - e (at) cruva— Ko\ou0aixrai - acompanhantes - , atributivos pospostos ao substan­

tivo qualificado, tem teor mais enfático do que no primeiro, o oryaOòç av0p(OTTOç, em que o adjetivo cryaOo^ se antepõe ao subs­tantivo;

- Nos dois exemplos mencionados para tipificar a disposição dos elementos na posição predicativa, isto é, m oròs ó XÓ70Ç e T) TrpoKOTrr] cpavepã, é no adjetivo que se concentra o enfoque, por isso que representa predicação de determinada qualidade em distinção de outras, o substantivo mero repositório da qualidade afirmada;

- Daí, em mcrròç ò X070Ç, está-se afirmando como traço de \c>70<s o qualificativo 7ricrTÓ<; - fiel - , em contraposição a, por exemplo, a7a0óç - boa - , ou 8í,Kaio<; - justa - , qualidades que po­deriam convir ao termo XÓ7o<;. Ressalta-se, pois, nesta asserção

predicativa, ao contrário de atributiva, o adjetivo qualificante, não o substantivo qualificado;

c / e- Em T| 'n,poKo/TTT| cpavepã, de igual modo, reitera-se que 'q

'rrpoKcnrrí - 0 progresso - seja cpavepã — manifesto - , afirmada esta

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qualificação do substantivo sobre quaisquer outras que se lhe pu­dessem, porventura, predicar. O destaque é a cpavepá, o adjetivo, não a TrpoKo-mí, o substantivo;

- Não há olvidar-se que, neste uso predicativo, diferente­mente do atributivo, mais enfática é a asserção qualificante quando está o adjetivo anteposto ao substantivo do que se lhe vem pos- posto. Destarte, moros na primeira destas cláusulas se reveste de maior força de expressão que cpavepá na segunda. Por isso, en­quanto aquela melhor se traduz por: fiel (é) a palavra, mais enfáticoo adjetivo mcrróç anteposto ao substantivo XÓ7 0 9 , mais natural e próprio é traduzir-se a segunda, em que o adjetivo cpavepá vem posposto ao substantivo TrpoKonri, por: 0 progresso (seja) manifesto - , menos enfática a expressão;

- Em conclusão: na posição atributiva enuncia-se traço ou qua­lidade do termo qualificado em distinção de outros termos aos quais poderia convir o atributo, enquanto na posição predicativa é um tra­ço ou qualidade que se afirma em distinção de outras propriedades que se podem predicar de um mesmo substantivo;

4. Verbo liame- Na cláusula predicativa, a rigor, vincula-se o adjetivo ao

substantivo mediante conveniente forma de verbo de ligação, ge­ralmente, ei|xí, - ser, estar, 7 Ívo|xai - tornar-se, ou tmápxco - sub­sistir. Todavia, o próprio posicionamento dos termos, a natureza anartra do adjetivo em cláusulas definidas, basta de si mesmo para caracterizar a função predicativa, pelo que se pode omitir o verbo liame, como se dá em mcrròç ô X0 7 0 Ç, no texto de I Tm 3.1, explí­cito, porém, na tradução;

5. Cláusulas indefinidas- Do exposto, vê-se que a distinção prática dos usos atributivo

e predicativo teve por base o artigo, a preceder diretamente ao ad­jetivo na primeira dessas funções, jamais a fazê-lo na segunda. É evidente que esse critério só se pode aplicar em relação a cláusulas

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definidas pela presença do artigo. Tratando-se, porém, de cláusulas indefinidas, não articuladas, não se aplica, é óbvio, esse princípio, somente do contexto determinando-se, em cada caso, em qual des­sas funções está o adjetivo;

- Convenientes exemplos desses usos e funções adjetivas em cláusulas indefinidas seriam:

1 . Uso atributivo- A frase €0voç c*7 iov - nação santa (I Pe 2.9). Nem o

substantivo eBvoç, nem o adjetivo ay io v precede-os o artigo. É, pois, cláusula indefinida. Em função apenas do contexto, à luz do teor geral da frase, pode-se estatuir que está o adjetivo em uso atributivo, não em uso predicativo, pelo que se tem de dar à frase a tradução: nação santa, atributiva, não nação é santa, predicativa;

2. Uso predicativo- A cláusula 'rrav KTicr|AQt O eo u K.aX.óv - toda criatura de

Deus (ê) boa (I Tm 4.4). Não articulados nem o substantivo ktut|x(x- criatura - , nem o adjetivo KaXdv - boa - , indefinida, pois, a cláu­sula, poder-se-ia tratar do uso atributivo, traduzindo-se: toda boa criatura de Deus. Entretanto, do contexto se evidencia que o sentido requer a função predicativa, subentendido o verbo liame, ècrrí. Lo­go, é o uso predicativo e a tradução tem de ser: toda criatura de Deuséboa.

1 .7 - Substantivação- Em princípio, estará sempre o adjetivo a qualificar a subs­

tantivo ou equivalente na frase, sendo-lhe, pois, simples adjunto. Todavia, assaz freqüente é a elipse do substantivo, assumindo-lheo adjetivo funcionalmente o lugar. Em caso que tais, dir-se-á que o adjetivo está substantivado, pelo que se lhe atribuirá forma nomi­nal, flexionando-se apenas no gênero específico, à maneira do substantivo;

- Sejam os seguintes exemplos:

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1 . akkà tuttoç 71VOU tüjv ttkttíúv - ao contrário, faze-te mo­delo dos fiéis (I Tm 4.12). A frase adjuntiva integral deveria ser: twv TriaTcov avOpwTrtov - dos homens fiéis. Entretanto, omite-se o

substantivo ávGpümov - de homens - , passando-se-lhe ao adjetivo

ttlotwv - fiéis - a função, pelo que vale o adjetivo por substantivo. E, destarte, adjetivo substantivado;

2. |xt| ôo)T€ to ay io v to lç k w iv - não deis aos cães o (que é) santo (Mt 7.6). Dever-se-ia seguir ao adjetivo ay io v - santo acus. sing. neutro, a forma substantiva Trpa7 |ji& - coisa. Todavia, e mor­mente no neutro, já não se faz de mister o substantivo, de sorte que o adjetivo lhe assume o lugar e as funções, valendo de si por ver­dadeiro substantivo. Portanto, cfyiov, que é de natureza adjetivo, está substantivado em função, como se substantivo fora.

1.8 - Classes especiais- Adjetivos, em considerável número, há providos de final ou

sufixação característicos de acepções definidas, precisas ou co­muns, de sorte que o sentido se estampa na própria forma ou seu terminal;

- Dentre adjetivos que tais, mencionam-se;1 . Adjetivos finalizados em eoç, eõ, eov, que podem assumir a fei­

ção contrata ouç, ãou r\, ouv.- Esta modalidade adjetiva expressa, em geral, a idéia de ma­

terial ou elemento;- E o que se vê em apyupeoç, apyupea, apyúpeov, em forma

contrata, apyupoGç, apyupfi (á, porque p precede à vogal), apYU— pow - de prata, argênteo (At 19.24) e em xpweos, xpw eã , XPv~ oeov, em forma contrata, xpwouç, XpWTl ('*1# porque não mais está a vogal precedida por e, nem pelas correlatas i ou p), xpwov v -d e ouro, áureo (Ap 1.20). Indicam ambos os adjetivos o material ou ele­mento de que eram feitos os nichos e os candelabros referidos nes­

sas passagens;2. Adjetivos finalizados em lkòç, tiorj, íkóv (oxítonos).- Cs adjetivos desta espécie, derivados de tema verbal ou pro­

cedentes de radical substantivo, designam, normativamente, capa­

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cidade, habilitação, propriedade;- Seja o adjetivo kpítikòç, KpiTiKrj, KpÍTiKÓv (Hb 4.12), da raiz

verbal Kpív, reduzida a xpí, de Kpívco -ju lgar. O sentido literal é: ca­paz de julgar, judicante, apto para discernir. No texto referido, Hb 4.12,

assinala o adjetivo que Ô XÒ70Ç toí> Oeov - a palavra de Deus - é habilitada a discernir, tem a capacidade de julgar, possui a proprie­dade de arbitrar em matéria de cogitações e pensamentos;

- Ou, TTVeV|UUXTlK()Ç, TTV€U|JUXTIKT), '7TV€-UfAO(.TlKÓv (Rm 1.11), derivado do radical TrvevfxaT, do substantivo Trvevjxá, 'rrveiú|xá—

toç, to - espírito - , logo, espiritual, isto é, que tem a natureza, ca­pacidade, propriedade, características do espírito. No texto, a quali­ficar ao termo xápurfxá - dom - , expressa-lhe o teor, capacidade, natureza e função peculiar a espírito, daí, dom de propriedade espiri­tual;

3. Adjetivos finalizados em ífxoç, tv ov, triformes, ou íjxoç, ov, bi- formes (proparoxítonos).

- Oriundos de tema verbal, expressam também estes adjeti­vos, em geral, a idéia de capacidade, habilitação, propriedade;

- Seja o adjetivo cppóvífxoç, íppovi|xir], cppóvifxov (I Co 4.10), proveniente do tema <ppov, do verbo çpovew - pensar, ter em mente, logo, capaz de pensar, caracterizado pela reflexão, prudente, sensato. No texto, expressa o adjetivo essa habilitação ou capacidade dos crentes coríntios, a quem assim caracteriza Paulo, não sem certa

ironia;- Ou, o adjetivo ôókiixoç, ôókl|xov (Rm 14.18), biforme, resul­

tante do tema verbal ôok, de ôoKéco - parecer, considerar, haver por, daí, julgado, reconhecido, considerado, confirmado, aprovado. No tex­

to, assinala a propriedade, ou capacidade, do crente como testado, habilitado, comprovado;

4. Adjetivos finalizados em ivoç, iq, ov (proparoxítonos).- Derivados de temas substantivos, indicam, geralmente, ma­

terial ou elemento de que algo é constituído;

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Page 311: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Seja o adjetivo XíOívoç, Xt0tvri, XíBívov (Jo 2.6), do tema Xí0, do substantivo Xi0oç, ou, o - pedra. Significa, literalmente, pé­treo, de pedra, expressando a substância ou matéria do objeto qua­lificado. No texto, refere o material de que eram feitas as talhas mencionadas;

5. Adjetivos finalizados em toç, íõ, tov - triformes, ou tos, tov, biformes.

- Estes adjetivos, originários de temas substantivos, geral­mente proparoxítonos, se precedida a desinência por letra con­soante, properispômenos, quando vogal é que antecede à termina­ção, vogal essa a formar ditongo com o í inicial do sufixo, expri­mem posse, propriedade, participação;

- Assim, o adjetivo triforme oupávloç, crupaviâ, crupáviov (At 26.19), em que a nasal v precede ao sufixo toç, tã, tov, daí, propa­roxítono, provindo do tema substantivo oupav, de oupavòç, oí), ó - céu - , significa, literalmente, de propriedade celestial, que possui natu­reza celeste, que participa do céu, logo, celeste, celestial. No texto, assinala a especificidade da visão paulina, possuída de característica do céu, não humana, ou terrena;

- Igualmente, o patronímico ^IouSaíoç, 3 Iouôaiã, 3 Iou— 8atov (Rm 3.29), triforme, em que a vogal a antecede ao sufixo, contraindo-se-lhe com o i inicial e formando o ditongo at, por isso properispômeno de base (nom. sing. masc.), oriundo do tema 5 Iou8a, do nome próprio J IoúSãç, ã, ô - Judâ -, significa, literal­mente, que participa de Judá, que possui natureza judaica, que é pró­prio de Judâ, logo, judeu, judaico. No texto, caracteriza o habitante da região palestina ou o elemento filiado à tradição de Israel, aquele que participava dessa identificação ou a possuía;

6. Adjetivos finalizados em pos, põ, póv (oxítonos).- À maneira dos adjetivos latinos terminados pelo sufixo bliís,

blle, designa esta modalidade plenitude ou domínio de determinada qualidade ou traço;

- Exemplo desta espécie adjetiva é 'rrovirçpoç, TTovripã, uo—

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VT|póv (Ef 5.16), derivado de ttóvoç, ou, ô - labor pesado, tormento, aflição, angústia, literalmente, pois: pleno de sofrimento, dominado de aflição, eivado de angústia, logo: aflitivo, angustioso, torturante, maléfi­co. No texto, caracteriza a natureza dos iqixepai - dias plenos de miséria, dominados de malefícios;

7. Adjetivos verbais terminados em tos, ttv tov, triformes, ou

toç, tov, biformes.

a. Natureza- Derivam-se estes adjetivos diretamente de tema verbal e

retêm ainda algo, da força de expressão do verbo, situados num estágio que sobrepaira ao adjetivo propriamente dito, contudo, não mais se equipara ao gerúndio ou gerundivo, a que se pode correla­cionar em sentido ou função;

b. Expressão- Dois tipos de ação expressa, basicamente, esta modalida­

de de adjetivos verbais:

(1 ) Ação realizada, isto é, ação vista em termos de sua realização ou efetivação, como no particípio passado latino, por­tanto, na forma de RESULTADO ou EFEITO;

(2 ) Ação possível, isto é, ação contemplada na perspecti­va de possibilidade de fruição ou atualização, nos moldes dos adje­tivos latinos terminados por bllfs, bíle, vel no português, logo, na forma de POSSIBILIDADE;

c. Exemplos

(1) Ação realizada: RESULTADO- oryoiTrriTÒç, orya-rnrçTrí, oryotTrTiTdv (I Co 4.14).- Deriva-se este adjetivo diretamente do tema verbal

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a y ã u íã ), de ayaTráíú - am ar-, a que se apende o sufixo caracterís­tico toç , tt |, tov , alongado o a terminal do tema. Corresponde, em sentido, ao particípio passado latino amãtus, a, um, em termos do qual se traduz, logo: amado, amada. No texto, expressa a forma ad­jetiva a condição de TCKvot - filhos -, em quem consumada já era a ação de amar, logo, a acentuá-la sob a perspectiva do resultado.

(2) Ação possível: POSSIBILIDADE

- Ga-ufxaoróç, GaufJiacrTTÍ, 0au|xaoTOv (I Pe 2.9).- Origina-se este adjetivo do tema Oavixctô, de OoihuÍ^cd

- maravilhar-se, admirar, acrescentado o sufixo típico, tos, ttJ, tóv ,

donde mudar-se o 8 terminal do tema em ç. Corresponde em sen­tido ao adjetivo latino admirabílís, ê (final bilis, bilè), no português admirável (final: vel), isto é, que faz maravilhar-se, produz admiração, possibilita surpresa, arrebatamento. No texto, caracteriza ao nome <po)ç - luz - como passível de deslumbrar, encantar, causar admira­ção, logo, ação em termos de manifesta possibilidade.

8. Adjetivos verbais terminados em Teoç, tcóí, t 4ov

a. Natureza

- Afins e paralelos em formação aos verbais finalizados em toç , tt], tov , derivam-se estes, de final em tÉos , Teâ, tcov , direta­mente do tema do verbo, tendo ainda mais pronunciado o teor ver- balizante, correspondendo, em larga medida, ao sentido expresso pelo gerúndio ou gerundivo latinos.

b. Expressão

Expressam estes adjetivos verbais de final tcos , Teõ, Teov, a idéia de NECESSIDADE, ou DEVER, ou OBRI­

GAÇÃO, ora sob forma passiva e pessoal, ora sob feição at(va e im­pessoal.

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c. Uso pessoal

- Caracterizam ao adjetivo desta modalidade, quando em uso pessoal, os seguintes aspectos morfológico-sintáticos:

(1 ) Teor

- No uso pessoal, têm as formas teor patentemente pas­sivo;

(2 ) Correspondência

- No uso pessoal, correspondem as formas obviamente às do gerundivo latino;

(3) Forma- No uso pessoal, emprega-se qualquer forma da flexão,

a concordar com o termo qualificado em gênero, número e caso. O mais das vezes aparecerá como predicativo;

(4) Verbo liame

- No uso pessoal, em cláusulas predicativas, ocorre ex­plícita ou subentende-se forma de verbo liame, normativamente, el|xí - ser, o adjetivo no caso nominativo, se a inflexão verbal for finita; e

(5) Agente

O agente da ação expressa pelo adjetivo, como no la­tim, estará sempre em dativo puro, não-preposicionado, que se não deve confundir com funções regulares do caso, mormente o objeto indireto;

d. Uso impessoal

- Em relação ao uso impessoal destes adjetivos, nestes as­pectos paralelos ao pessoal, há a observar-se que:

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(1 ) Teor

- No uso impessoal, reveste-se a forma de teor emi­nentemente ativo, tanto assim que, se oriunda de verbo transitivo, poderá vir seguida de objeto direto;

(2 ) Correspondência- No uso impessoal, corresponde a forma diretamente

ao gerúndio latino;(3) Forma

- No uso impessoal, ao contrário do pessoal, assume o adjetivo normativamente a forma do nominativo singular neutro, menos vezes a do plural, sendo, pois, praticamente indeclinável;

(4) Verbo liame

- No uso impessoal, a expressão terá sempre a forma de cláusula predicativa, explícito o verbo liame, geralmente eí|jú - ser -, ou elíptico, subentendido; e

(5) Agente- Como no uso pessoal, também no impessoal, assumirá

o termo que expressa o agente a forma do dativo puro, não-prepo- sicionado, que se não deve confundir com o objeto indireto ou ou­tra das funções próprias desse caso;

e. Síntese- Podem-se, pois, resumir os pontos similares ou contras­

tados destes dois usos desta modalidade adjetiva no seguinte es­quema:PESSOAL IMPESSOAL-Teor passivo -Teor ativo- Jamais tem objeto direto - Poderá ter objeto direto- Corresponde ao gerundivo - Corresponde ao gerúndio- Aparece em qualquer dos ca- - Aparece só no caso nom.

sos sing. ou pl. neutro- Pode estar subentendido o - Pode estar elíptico o verbo

verbo liame liame- O agente estará em dativo - O agente estará em dativo- Sentido de dever, necessida- - Sentido de dever, necessida­

de, obrigação de, obrigação

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Page 316: Manual de Lingua Grega.vol.1

f. Exemplificaçáo

(1 ) Uso pessoal

- Estranho é de todo ao Novo Testamento o uso pessoal desta modalidade adjetiva, caso nenhum registrando-se-lhe na li­teratura desta forma de expressão. É, porém, abundante (e ele­gante) nos autores clássicos;

- Apropriado exemplo temo-lo nesta cláusula da ME- MORABILIA (3.6.3) de Xenofonte: wcpeX/riTéã croí rj ttoXis eorí - a cidade deve ser ajudada por ti. Note-se que: o adjetivo tem o final Teã (nom. sing. fem.) característico destes verbos, o teor é passi­vo (ser ajudada), a forma é gerundiva, o verbo liame (corí) é explí­cito, o agente (croí) está em dativo puro, o sentido é de necessidade ou dever (deve ser, precisa ser, é para ser, ajudada);

(2) Uso impessoal

- Um só exemplo há deste uso impessoal dos adjetivos em T6oç, Teã, têov, verbais, em todo o Novo Testamento. Encon­tra-se em Lc 5.38, na cláusula: ÒtXka oivov veov eiç aaKovç K a i—

vauç pXiqTeov - ao contrário, deve-se (tem-se de, precisa-se) lançar vinho novo em odres novos. A tradução mais literal e espontânea se­ria: Lançar, porém, vinho novo em odres novos é necessidade (dever, obrigação)-,

- Observe-se que: o adjetivo termina em tco v , caracteri- zando-se, pois, como verbal, o teor da forma é ativo (lançar), cor­responde ao gerúndio, transitiva que é, tem objeto direto (oivov véov), está no caso nom. sing. neutro, elíptico o verbo liame e inex- presso o agente, o sentido geral é o de necessidade, obrigação, de­ver.

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Page 317: Manual de Lingua Grega.vol.1

2. ARTIGO (TO AP0PON)

2.1 - Natureza

- É o chamado artigo, no grego, em sua forma base, ô, T), to , o

elemento definidor por excelência. Na origem a exercer função ex­pressamente demonstrativa, ao lado de elementos pronominais que tais, veio a assumir, no decurso do tempo, o papel específico e único de assinalar a definitude dos termos e frases. Daí, em tese, a presença da forma articular em correlação com o substantivo ou equivalente marca-o como definido, sua ausência implica em que é indefinido ou anartro, conforme o evidencie o próprio contexto.

2 .2 - Linhas de flexão

- À semelhança do adjetivo triforme, tem o artigo (to apGpov) três linhas gerais de flexão, uma para cada gênero.

2.3 - Padrão flexionai

- Flexiona-se o artigo nos moldes gerais dos adjetivos de cu­nho vocálico de radical não finalizado em e, i ou p, à base de cryaôóç, àyaQr], or/aBóv;

- Destarte, processa-se a flexão do masculino segundo o pa­drão dos substantivos masculinos ou femininos da 2 - declinação, a flexão do feminino obedece ao paradigma dos femininos da 2 - classe da 1 - declinação, a flexão do neutro se faz em conformidade com os nomes neutros da 2 - declinação.

2.4- Formas

- A flexão geral do artigo, em que não subsiste forma expres­sa ou específica de vocativo, é a seguinte:

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Page 318: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASCULINO FEMININOSINGULAR

NEUTRO

Tema Des. Tema Des. Tema Des.N. —

c0 — C

T\ T/

oG. T

A

OU TA

TQS TA

OU

D. TA

(0w* TA

Tl TA(0U*

A. T ov T I^V T/

O

MASCULINO FEMININO NEUTRODUAL

Tema Des. Tema Des. , Tema Des.NA. T <ú t ó (t ã) T (óG D. T OLV T OLV (t aiv) T OLV

MASCULINO FEMININO NEUTROPLURAL

Tema Des. Tema Des. Tema Des,N. — 01 — c.

a i T aG. T (OV T 0)V T ÍOV

D. T OIÇ T otíç T OÍÇ

A. T OÚÇ T/OiÇ T a

2.5 - Estrutura- Como o substantivo e o adjetivo, consta o artigo em suas in­

flexões gerais, de tema, ora representado pela lingual t , e de desi-

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Page 319: Manual de Lingua Grega.vol.1

nências, próprias dos ad jetivos tr ifo rm es vocá lico s de radical não f i­

nalizado em e, i ou p, com lige iras variações que a segu ir se reg is­

tram .

2 .6 - Observações morfológicas- Nom. sing. e pl. masc. e fem.: nestas quatro fo rm as , d ife ren ­

tem ente das dem ais , não ocorre o t in ic ia l, substitu ído pelo esp írito

forte. Logo, ó, r\, o l, a l , em vez de tó , rrf , t o í , T a í ;

- Nom. sing. masc.: apocopou-se o ç fina l, de sorte que a fo r­

m a, que deveria ser oç, se reduziu a o;

- Nom. e acus. sing. neutro: com o em outros dem onstrativos,

caiu o v desinencia l, de sorte que a fo rm a éTO , não, com o se espe­

raria , to v ;

- Vocativo: não há fo rm as especificam ente vocativas no artigo .

Freqüen te , porém , é através do Novo Testam en to o uso do n om i­

nativo articu lado em função genu inam ente vocativa ; e

- Fem. dual: as fo rm as fem in inas regu lares (xá, T a iv ) , aceitas

ainda por a lguns g ram ático s, cederam lugar às equ iva len tes do

m ascu lino (tío , to iv ) , de sorte que a m esm a desinência oco rre nas

in flexões para le las do dual nos três gêneros.

2.7 -Acentuação- A s quatro fo rm as do artigo p rovidas de esp írito forte , não

in ic iadas pela lingual t , a saber: Ó (nom . sing . m a sc .) ,^ (nom . sing .

fem .), o i (nom . pl. m asc.) e a t (nom . pl. fem .), são átonas, não têm

acento p róprio , con s id e ram -se , p rosod icam ente , com o parte da

palavra que lhes vém im ed iatam ente em segu ida na frase;

- A s dem ais trinta e duas são tôn icas, acen tuadas regu la rm en ­

te, segundo a p rosódia dos oxítonos da 1§ e 2- declinações, isto é,

recebem circunflexo (perispôm enas) as in flexões gen itivas é dativas,

têm o agudo (oxítonas) as dem ais , tôn icas.

2.8 - Concordância- Com o se assina lou em relação ao ad jetivo , postu la r-se -á que

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Page 320: Manual de Lingua Grega.vol.1

também o artigo nesses três aspectos característicos concordará com o substantivo a que determine: em gênero, em número, em ca­so ;

- Traduz-se a forma articular em consonância com esses ele­mentos do substantivo, sem conotação sintática específica do caso, tendo-se em conta que não há estrita correspondência de gênero entre o grego e o português;

- Assim sendo, pode o termo ser masculino no grego, mas feminino em português e vice-versa, para nada dizer-se dos neu­tros, a que não há gênero paralelo em nossa língua. A inflexão arti­cular que determina ao substantivo receberá a tradução exigida pelo nosso vernáculo, qualquer que lhe seja o gênero no original;

- Desta sorte, acontece, por exemplo, que o oréqxxvoç (II Tm 4.8), masculino no grego, tem equivalente feminino em português, a coroa, traduzida como feminina, a, a forma articular ô, masculina. Já ' fxepã (Ap 6.17) é forma feminina no grego, masculina, en­tretanto, no português: o dia, a inflexão t] do artigo, embora femini­na, traduzida pelo masculino, o. Contudo, em ambas as línguas, como se vê desses exemplos, concordará absolutamente a inflexão articular com a do substantivo correspondente, tendo-lhe o artigo sempre o mesmo gênero, o mesmo número, e, no grego, também caso idêntico.

2.9 - Emprego- Considerando-se que a função típica do artigo é tornar defi­

nido o substantivo, ou equivalente, a que determina, dir-se-á que todo vocábulo definido deveria vir articulado e, por outro lado, que toda forma regida de artigo dever-sena tomar por definida. A au­sência de artigo implicaria em que o termo é indefinido ou anartro, suprindo-se-lhe na tradução o artigo indefinido (um, uma, uns,

umas), inexistente no grego, se a primeira dessas alternativas é a exigida pelo contexto, deixando-a sem qualquer adjunto articular, se a segunda é que se impõe;

- Assim, em Mc 4.26, ocorrem os termos paaxXeiã e av0pa)-

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Page 321: Manual de Lingua Grega.vol.1

ttoç, aquele precedido da forma articular rj, logo, definido, pelo que se traduz como o reino, o segundo sem inflexão articular, daí, indefinido ou anartro, tendo de traduzir-se por um homem (indefini­do) ou simplesmente homem (anartro). Não haveria traduzir-se iq fkwriXeíã anartra ou indefinidamente, como: reino ou um reino, nem tão pouco avOpíoiroç definidamente, como: o homem;

- Todavia, a verdade é que no grego há substantivos explici­tamente articulados que no português melhor se traduzem sem o artigo, bem como outros, inarticulados no grego, definidos, entre­tanto, em português, assim a traduzir-se:

- Não há princípio absoluto a regular essa matéria, de sorte que não se pode jamais categorizar quanto ao uso ou omissão do artigo, seja no original, seja na expressão traduzida;

- Merecem referidos os seguintes casos, já porque mais espe­ciosos, já porque oferecem subsídios práticos de valor:

1. Nomes próprios

- A não ser quando se trata de personagens ou entidades bem conhecidas, a primeira menção de um nome próprio em trecho es­crito ou narrativa, não deve, a rigor, ser articulada, pois que só a partir dessa referência é que se haverá por definida a individualida­de. Daí por diante, entretanto, cabe a inserção articular. Mas, há ampla variação em matéria de uso ou omissão do artigo em tais ca­sos;

- De particular interesse é este ponto em relação aos termos3 Irjcrovç e ©eóç em o Novo Testamento, pois que, embora no ori­ginal freqüentemente se lhes anteponha o artigo, no português preferida é a forma anartra, isto é, Jesus, Deus, não a articulada, o Jesus, o Deus;

- Quanto ao nome Geóç, a designar a deidade suprema, pro­cedente se afigura esta distinção, observada, aliás, em vasta medida no texto hebraico do Antigo Testamento: sem artigo no texto grego do Novo Testamento, refere-se ao caráter geral da divindade, à natureza essencial do ser divino, à deidade substancial, com artigo

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destaca-Lhe a unicidade ímpar, a exclusiva autoridade, a soberania absoluta e peculiar. Em outros termos, sem artigo ressalta-Lhe a natureza, com artigo a unicidade;

- Exemplo desta dupla acepção, a implicar tal distinção de sentido, temo-lo nesta expressiva ponderação do apóstolo Paulo: ^ixefo 7 ap vaòç 0eot> eafxev £ü>vtoç. koí0<j)ç eVirev 6 0eóç - pois que somos nós santuário do Deus vivo, como disse Deus (II Co 6.16). Ocorre o termo Oeós duas vezes: a primeira sem artigo, a segunda com artigo. Naquela ressalta o apóstolo que nós, os crentes, somos individualidades consagradas, qual templo votado a uma deidade viva, a um ser divinal, não a ídolos inertes, que, afinal, não são deu­se s ; neste destaca a autoridade única, a dignidade exclusiva de Deus, Que só é e falou como ninguém mais pode falar, porquanto Deus só Ele é, o único e verdadeiro. Em outras palavras, somos templo próprio da divindade (natureza), quem falou é o próprio Deus (unicidade);

- Não menos interessante é o uso do termo irveuixa — espírito - , em referência à terceira hipóstase da Trindade em o Novo Tes­tamento. Quando se trata da individualidade pessoal, do Espírito como tal, em Si mesmo, é articulado; quando se Lhe focaliza a operação, os dons e manifestações, vem sem artigo. Exceções há, determinadas por outros elementos, quais sejam preposições re­gentes e adjuntos modificativos;

- Sejam os exemplos seguintes:

a. p/q X.\nreiT€ tò 'irveu|x& tò oryiov - não entristeçais o Espírito Santo (Ef 4.30). Está o substantivo nveuixa regido de artigo. A referência é distintamente à pessoa do Espírito Santo em Si, à in­dividualidade hipostática;

b. X.ápeT6 Trvet>|xa cryiov - recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Não está o substantivo TTvev|xa regido de artigo. Do con­texto se evidencia que a referência não é a um espírito, geral e inde­finido, nem a espírito, vago e anartro, mas à hipóstase trinitária, to­

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davia, não em termos da pessoa em Si, mas de Seu poder operativo, de Seus dons especiais, de Sua operação eficaz;

2. Aposto

- Embora adjunto a nome próprio inarticulado, o aposto no­minal ou fraseológico é normativamente regido de artigo;

- Assim, títulos e onomásticos, tais 3 Icoávi^ç o Ponrriott|ç- João, o batista (Mt 3.1), Ma00aioç o TeXcmnjç - Mateus, o cobrador de impostos (Mt 10.3), 3 I^craOç ô Na£apinvc><s - Jesus, o Nazare­no (Mc 10.47), exibem nome próprio não articulado, seguido de aposto, nominal, regido de artigo;

3. Nomes abstratos ou monádicos

- Nomes abstratos e substantivos monádicos, isto é, substan­tivos que designam ser ou elemento único da espécie, bem como os unitários, isto é, substantivos que indicam unidades ou partes componentes de todos, podem aparecer inarticulados, particular­mente se assistidos de preposição, mesmo em frases e cláusulas em que evidente lhes é a definitude;

- Exemplificam esta particularidade sintática em o Novo Tes­tamento frases tais como:

a. ctkXa m oTiç ôi/orycnrriç %vep7 au(jLeVr] - ao contrário, a fé a operar através do amor (Gl 5.6). Referem-se os substantivos abstratos m o riç - fé - e ôrymnq - amor - às graças cristãs, consti­tuindo, destarte, elementos únicos em si: não se trata de qualquer tipo de fé e amor, mas das virtudes específicas da teologia bíblica. São, portanto, definidas em natureza, como o próprio contexto re­quer, mas o artigo está omitido, embora deva aparecer na tradução;

b. ws ev oupavw Kai em yfjç - como no céu, também sobre a terra (Mt 6.10). Os substantivos oupavo'? - céu -e y i\ - terra - são monádicos. Além disso, estão preposicionados. São evidentemente definidos no contexto, entretanto, não os assiste o artigo, que, to-

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davia, deve ser suprido na tradução;

4. Cláusulas temporais, locativas e instrumentais- Locuções, frases e cláusulas que, preposicionadas, expres­

sam noção de tempo, ou lugar, ou instrumento, de igual modo, es­tado ou condição, mormente quando estereotipadas, inda que defi­nidas em sentido, aparecem geralmente sem artigo;

- Exemplos há, e abundantes, em o Novo Testamento, como sejam:

- ev apxfi - no princípio (Jo 1.1);- crn^apxTjç - desde o início (Mt 19.4);- €K 8e£iá)v - à direita (Mc 10.37);- e£ apicrreptóv - à esquerda (idem);-e v^ K K X rfr ía - na igreja (I Co 14.19); v*

- €K veKptòv - dentre os mortos (Mt 17.9);- ev TrvevfAcm - peb espírito (Ef 6.18), todas expressões cla­

ramente definidas, a despeito da inexistência do artigo no grego;- A conclusão, porém, que se impõe é a de que o uso do arti­

go no grego é algo errático e flutuante, apropriada tradução de­pendendo de haurir-se em cada caso a real expressão do autor, o sentido exigido pelo contexto, a forma que mais se afeiçoa ao teor da cláusula;

- Em tese, dir-se-á que ocorre o artigo normativamente nas seguintes situações:

a. Em uso anafórico, isto é, com termos já previamente re­feridos, por isso de postulada definitude. Típicos exemplos desta articulação anafórica em o Novo Testamento vemo-los nestas pas­sagens:

- Mt 2.1,7: no v. 1 ocorre o nom. pl. |xor/oi - magos - , inarti- culado; no v. 7 recorre o termo, no acus. pl., agora articulado (tctuç ixcryovs);

- Jo 4.10t11: no v. 10 aparece, inarticulada, a expressão •udcop £cov - água viva que se repete no v. 11, anaforicamente arti-

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culada (tò vôwp tò £ü>v );

- Jo 6.9,11: no v. 9 os termos àprauç - pães - e oij>ápux - peixinhos - , aliás, determinados por numerais cardinais, não são ar­ticulados; são-no, porém, no v. 11 (tovç apTovç, twv òif/apííúv), ao

repetir-se;

- At 19.13,15: no v. 13 registra-se a forma üaíiXoç - Paulo - sem artigo, mas no v. 15 o nome do apóstolo é referido novamente, agora articulado (tÒv IlavXov);

b. Com termos genéricos, isto é, substantivos que expres­sam a classe como um todo. É o caso de ou aXcoireReç - as raposas - , em Mt 8.20, ou ó ep7(ÍTT|<; - o trabalhador - , em Lc 10.7, ou tòv

kmCTKOTTOv — o bispo, em I Tm 3.2, todos articulados, porquanto genéricos, em acepção que envolve a classe inteira neies represen­tada;

c. Em introduzindo citação, referência ou interrogativa in­direta. Não reduzida é a exemplificação deste uso em o Novo Tes­tamento. Assim, vemo-la em:

- Mt 19.18 (a introduzir série de mandamentos);- Mc 9.23 (tò et 8m>r) - se podes);- Lc 1.62 (tò t i otv 6eXoi KaXeicrGai odWá - quê desejaria

fosse ele chamado);- Lc 9.46 (tò t is av eun |xeí£cov oarraiv - quem seria deles

maior);- Lc 19.48 (to tl ttoltqctclktiv - quê fariam);- Lc 22.4 (to ttóòç carro iç Trapaôco avróv - como lho entre­

garia);- L c 22.23 (to ttiç apa eíír\-quem, porventura, seria);- Lc 22.24 (tò t íç avTtov Ôokci eivai fxeíÇoov - quem deles

parecia ser maior);- At 4.21 (tò ttws KoXáacovrat avraúç - como os castigas­

sem);- At 22.30 (to t í KaTTQ^opeiTOíL — o de que estava sendo

acusado);

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- Rm 8.26 (to yap tl Trpocrev£có|x€0á - pois quê hajamos depedir);

- Rm 13.9 (a introduzir série de mandamentos);- I Co 4.6 (to |xtj írcrep a 7e7pa'jrrai - não além do que está

escrito);- Gl 4.25 (to ôe cA 7ap - mas, Hagar);- Gl 5.14 (èv tw no, a referir um mandamento);- E f 4.9 (to ôè áve^ri - mas, subiu); e- Hb 12.27 (Tb ôè é t i cnra£ - mas, ainda uma vez);

d. Nos adjuntos apositivos e cláusulas atributivas ou predi- cativas, mormente após nome próprio inarticulado, quando se de­seja destacar a propriedade ou designativo assim expressos. E as- saz freqüente em o Novo Testamento este uso, de que adequados exemplos seriam:

- c Yfxeíç core to aXaç ttjç 7Í1Ç - Vós sois o sal da ter­ra (Mt 5.13): o substantivo cáXaç - sal - ê predicativo do pronome

pessoal c YfxeU - vós precede-o o artigo na frase;- c 0 Xúxvoç tov crtofxaTÓç ècrriv Ô ócpGaXfxoç - A lâmpa­

da do corpo é 0 olho (Mt 6.22): o substantivo Xvxvoç - lâmpada - é

predicativo do susbtantivo articulado o oç>da\ii6ç - o olho. Está as­

sistido de artigo: õ Xvxvoç;- Trepi v(x(òv tüív mroKpLTWv — acerca de vós, os hipócritas

(Mc 7.6): - o substantivo WoKpiTtúv - farsantes, hipócritas - tem ar­tigo, aposto que é ao pronome v |juúv- de vós;

- > A 7pÍTnra«; 8 pomXevç - 0 rei Agripa (At 25.13): o subs­tantivo fScMTiXevç - rei - é apositício ou atributivo do nome próprio 3A 7pí'mraç - Agripa. Embora inarticulado o nome próprio, |3a—

criXevç tem o artigo;- eo^aTov ôe TTavTíov cocmrepei tü> €KTp<o|xaTL (ocpO-r)

KotfxoL - mas, afinal, depois de todos, apareceu também a mim, como ao abortivo (I Co 15.8): - o substantivo €KTpói)|xaTi - abortivo - está em cláusula modal adjuntiva e recebe o artigo, t$), porquanto se acha em aposição ao pronome è|xoi - a mim - , em crase Kafxol (Kai

e|xoí); e

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e. Com termos e cláusulas cuja definitude se queira expli­citar, especialmente em contrastes ou oposições, ou em se tratando de elementos únicos ou singularizados na consideração. Este se pode tomar como o uso normativo do artigo, seu emprego regular;

- Por outro lado, mesmo que definido o termo ou cláusula, comum é omitir-se o artigo:

a. Nas expressões, definições, fórmulas e ditos estereotipa­dos, proverbializados, gerais;

b. Nos títulos, epítetos, saudações, designativos, de modo ;special, se expressivos de classe ou ordem ou integrados como apelativo complementar de nome próprio;

c. Nas enumerações e seqüências de termos associados ou contrastados aos pares ou em grupos, em expressão paralela ou contínua, como se vê em:

- Mc 5.5: vuktòç Kai KifjLepaç - noite e dia; em Ap 4.8, in­vertido, 'íqfxepãç Kai w kto s - dia e noite. O par associado não o precede o artigo;

- Mc 7.10b: 8 KaKo\o7 ci)v TTaTepa rj (x^Tepa - Aquele que maldisser ao pai ou à mãe. Não tem artigo o par associado TraTepa rj

IxTyrepa nesta citação de Ex 21.17, à base da Septuaginta, embora seja articulado na primeira porção do versículo, tov -iraTepa aov Kai tt|v |XT|T€pa aov, citação de Ex 20.12 e Dt 5.16, em que a ver­

são grega preservou expressa a definitude das formas do texto he­braico, no qual são definidas por sufixação pronominal as três pas­sagens;

- I Pe 4.5: ÇtòvTaç Kai veKpovç - (os) vivos e (os) mortos. O

par associado, embora virtualmente definido, não está determinado por expressa articulação;

- Ap 5.12: Xa^eiv tt]v Suvafxiv Kai ttXovtov Kai crocpíav Kai Icrxw Kai t i [xt|v koI ôo£av Kai evXoyíav - receber o poder e (a) riqueza, e (a) sabedoria, e (a) força, e (a) honra, e (a) glória, e (a) bênção. E uma seqüência em que se agrupam sete palavras em paralelo, articulpda a primeira, inarticuladas as demais;

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- Gl 5.19-21 e 22-23\ na primeira referência se alinham nada

menos de quinze substantivos e na segunda nove, seqüência de

termos em sucessão contínua, todos inarticulados, inda que virtual­mente definidos;

d. No caso de termos em que um indivíduo ou elemento

representa a classe como um todo ou é único da espécie, tais 7T| (terra), T]Xioç (sol), GáXaaaà (oceano), Oeóç (deus), koct|xoç (mundo), Kvpioç (senhor), oupavóç (céu);

e. Nos designativos dos pontos cardeais, como se pode ver das seguintes referências em que os termos avaToXrj, pop— paç, ôvo-fArí, |xeo^|x(3pLa e votoç estão sempre inarticulados, em­bora definidos de natureza:

- cnrò avaToX&v - das bandas do Oriente (Mt 2.1);- cxtto avaToXcov Kaí Swfxcov - das regiões do Oriente e do

Ocidente (Mt 8.11);- PcmtÍXuxctoí votou - a rainha do sul (Mt 12.42);- em &ucr|x&)v - sobre o poente (Lc 12.54);- oíttò avaToXwv Kaí SwfJicbv Kai ãirò (Soppa Kai votou

- do leste e oeste e do nortee sul (Lc 13.29);- KaTÒt |xeaiq|xppí,av - rumo ao sul (At 8.26); e

- aTiò avaToX^qç TqXtoTJ - do nascente do sol (Ap 7.2; 16.12);f. Nas frases ou cláusulas em que figura o numeral ordinal

ou correspondente, como o evidenciam os exemplos infra, em que,

presente o numeral, estão os substantivos inarticulados, inda que precisamente definidos:

- aTrò ôè eKTiqç wpaç ... eooç wpaç evárriç - mas, desde a sexta hora ... até a hora nona (Mt 27.45);

- irpcoTifiv cpvXaK^v Kaí ôeirrepav - a primeira sentinela e a segunda (At 12.10);

- aTrò TrpíOTTiç ^(xepaç - desde o primeiro dia (At 20.18);- ecoç TpiTov oupavou - até o terceiro céu (II Co 12.2);- ev eo^aTais f]|xepais - nos últimos dias (II Tm 3.1 e Tg

5.3); e- êv xa Lpw eaxotTw - no tempo derradeiro (I Pe 1.5);

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Page 329: Manual de Lingua Grega.vol.1

g. Nas frases e cláusulas preposicionadas, especialmente quando temporais, ou locativas, ou instrumentais, conforme se viu já;

h. Nos predicados substantivos, tipicamente quando ex­pressam a natureza ou qualidade distintiva do sujeito, não sua quantidade ou individualidade.

- O clássico exemplo deste uso é a discutida cláusula- 0eo<; tjv o Xxryoç - O Verbo era Deus, de Jo 1.1, em que o predi­cado substantivo 0 eoç está inarticulado, a expressar a substanciali- dade do sujeito articulado, Ó X6 7 0 Ç. Sua natureza divinal, não Sua individualização, donde requerer-se a tradução: divino, jamais um deus;

i. Nas frases e locuções constantes de substantivo seguido de forma genitiva, paralelo fraseológico à típica expressão hebraica em que o primeiro termo, posto na chamada posição construta, embora definido, jamais receberá artigo explícito. É assaz abun­dante esta modalidade anartra de expressão em o Novo Testa­mento, como o demonstram os exemplos infra, que, embora sem­pre evidentemente definido o substantivo qualificado, o têm a todo tempo inarticulado:

- olkou 3 Icrpar)X - da casa de Israel (Mt 10.6);- 6K KoiXiaç (ATjTpoç - desde o ventre materno (Mt 19.12);- elç oÍkov oruToov - para a casa deles (Mc 8.3);- €k TToXecoç Na£apé0 - da cidade de Nazaré (Lc 2.4);- ev pípXo) Xd cov 0 Hcraíau - no livro das palavras de

Isafas (Lc 3.4);- cnró ocp0aX(JL(òv crou - dos teus olhos (Lc 19.42);- cnrapxTi tt|ç = A a iaç - as primícias da Ásia (Rm 16.5);- vovv Kupíou - a mente do Senhor - e vow Xpicrrov - a

mente de Cristo (I Co 2.16);- ev (3i(3Xico £(x)T)ç - no livro da vida (Fp 4.3);j. Em se tratando de nomes próprios, particularmente

quando referidos pela primeira vez no contexto ou qualificados por aposto atributivo, bem como os substantivos abstratos em geral,

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especialmente se personificados, quais sejam: crycnrTi - amor àX^Geia - verdade à|xapTÍa - pecado ape rr) - virtude - , 81—Kaiocruvri - justiça KaKia - maldade vo(xos - lei m a r iç - fé-, e assim por diante.

2.10 - Uso pronominal

1 . Demonstrativo- Freqüente é o uso do artigo em cláusulas em que é elíptico o

substantivo, mormente se se interpõem adjuntos nominais ou ad­verbiais, circunstância quando eqüivale praticamente a pronome demonstrativo, aliás, a função primeira do artigo, pois que ó, tj, to e suas inflexões representam gradual evolução do sentido demons­trativo prévio para o articular de que se revestem agora;

- Apropriados exemplos constituem-nos as frases seguintes:

a. tà em toiç oupavoiç Kai Ta em tt)ç yr)<? - aquilo que (está) nos céus e aquilo que (está) sobre a terra (Ef 1.10). A forma ar­ticular Ta, acus. pl. neutro, não está seguida de substantivo explícito a que determine. A tradução literal seria, pois: as sobre os céus e as sobre a terra. Subentende-se o termo TrpcryixaTa - coisas - , que se pode explicitar na tradução: as coisas nos céus e as coisas sobre a terra. Todavia, o teor demonstrativo da inflexão articular Ta é ób­vio no contexto, donde poder-se traduzir por aquilo que ou aquelas coisas que; e

b. |xexpi T-qs crrifxepov - até hoje (Mt 11.23). Não há forma substantiva explícita nesta frase. A inflexão articular rrjs, gen. sing. fem., precede ao advérbio arjixepov, subentendido o termo T)|xépaç- dia presente, contudo, na formação do advérbio. A tradução li­teral seria: até o de hoje, ou, implícito o substantivo, até o dia de hoje. Dado, porém, o teor demonstrativo do artigo, a tradução mais fiel seria: até este presente dia;

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- Não menos digna de nota é a modalidade fraseológica em que o artigo, seguido da conjunção adversativa |xév ou 8é - mas, porém, e, elíptico o substantivo, assume função tipicamente prono­minal, eqüivalendo ao pronome pessoal da 3- pessoa, pelo que as­sim se deve traduzir. Todavia, a rigor, melhor ficariam o demonstra­tivo, quando ocorre uma ou outra destas conjunções, ou o indefinido, quando aparecem ambas, em correlação, geralmente, |xév na pri­meira cláusula, 8é na segunda. Naquele caso, traduz-se por: este, esta, neste por um(a), algum(a) a precedente, \xév, por outro(a) a conseqüente, Se;

- Exemplificam este uso especial cláusulas tais como:

a. T) 8è óm-eKpíG-Ti - E ela respondeu (Mc 7.28). A inflexão articular r| está seguida da conjunção 8 e, desacompanhada de for­ma substantiva. Subentende-se, do contexto, o nome yw-r] - mu- iher. Literalmente, traduzir-se-ia: mas a respondeu. Dada, porém, a feição pronominal que o artigo assume nesta modalidade fraseo­lógica, poder-se-ia bem representar por: mas esta respondeu, dan- do-se ao artigo o cunho demonstrativo - esta - , ou, melhor ainda; e ela respondeu, tomado o artigo como pronome pessoal: e/a;

b. oi |xèv êxXeuaÇov, ol 8 è eiTrav - uns escarneciam, ou­tros disseram (At 17.32). A inflexão articular oi é seguida da conjun­ção |xév na primeira cláusula, da conjunção 8 é na segunda, conjun­ções em uso correlato, não presente forma substantiva qualquer. Do contexto, subentende-se o termo avOpcoTToi - homens. A tradu­ção literal seria: os, de um lado, escarneciam, os, do outro, disseram. O artigo, nesta modalidade fraseológica, é de tomar-se como eqüi­valendo a um pronome indefinido, donde melhor traduzir-se por uns (ou alguns), na primeira cláusula, outros, na segunda, implicita- das as formas ou partículas conjuncionais;

- O uso correlato é abundante no clássico, menos freqüente em o Novo Testamento. Oferece variações assinaladas no quetan-

2. Pessoal ou indefinido

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Page 332: Manual de Lingua Grega.vol.1

ge aos elementos estruturantes e sua disposição, merecendo desta­que as três seguintes:

a. Nas seriações de múltiplos termos, aparece, geralmente a conjunção |xév no primeiro, Ôè nos restantes, traduzindo-se o ar tigo, naquele caso, por um(a), nestes por outro(a), não traduzidas

explicitamente as adversativas;- Exemplo: tovç fxev oiTToerToXov;, tovç Ôè n p o ^ —

to s , tov? ôe evcrfYeXicrrás, tovç ôè Troifxèvaç - a uns ;>ara apóstolos, a outros para profetas, a outros para evangelistas, a cuhos para pastores (Ef 4.11). Quatro vezes se usa a inflexão articuler tovç

nesta passagem, no primeiro membro da série, seguido da oonjun-

ção (xev, nos demais pela conjunção ôe, traduzido por uns naquele caso, por outros nos restantes, não destacadas na tradução as for­mas ou partículas conjuncionais;

b. Nestas seriações complexas pode, a partir do segundo membro, aparecer em lugar da forma articular o pronome indefini­do aXXoç, Tj, o ou èVepoç, ã, ov, que se traduzem em acepção re­gular;

- Exemplo: oí [xev 3 Icoávvrqv tov Poítttictt^v, aXXoi ôè HXíav, erepoi ôè 3 Iepe|xíav - Uns João Batista, outros, porém,

Elias, e outros Jeremias (Mt 16.14). Nesta seqüência correlata, per­siste a inflexão articular, ol, no primeiro membro; é, porém, subs­tituída por aXXoi no segundo, eTepoi no terceiro. A tradução do ar­tigo é em forma do indefinido uns, aXXoi e eTepoi têm a tradução natural;

c. Formação paralela, seriações há em que, em lugar do ar­tigo, se empregam as formas equivalentes do pronome relativo simples oç, c/- o qual, que;

- Exemplo: ovç (xev ôepovreq, ovç ôè cnroKTewovTeç - a uns espancando e a outros tirando a vida (Mc 12.5). A forma ov<;,

acus. pl. masc. do pronome relativo simples, está em lugar de tovç, inflexão correspondente do artigo. A tradução é, contudo, a mesma do uso articular.

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2.11 - Uso personificativo

- Especiosa forma de expressão, rara em o Novo Testamento, onde apenas três vezes aparece (Mc 4.10; Lc 22.49 e At 13.13, não contada a variante de Jo 11.19), é a locução perifrástica formada das inflexões plurais masculinas ou femininas do artigo, desacom­panhadas de substantivo explícito, a determinarem adjunto consti­tuído da preposição afxcpí (que em o Novo Testamento ocorre so­mente em formas compostas) ou Trepí e nome próprio ou pronome equivalente em acusativo;

- Essa locução, de início, se referia aos acompanhantes de um personagem, sua comitiva, ou séquito, ou cortejo, ou companhia, ter­mos pelos quais cabia traduzi-la. Podia incluir essa pessoa em tor­no da qual se concebiam como a circundá-la as demais, logo, o personagem e seus sequazes ou acompanhantes. Posteriormente, porém, passou a expressão a designar, em moldes enfáticos, ape­nas a individualidade central, à parte de eventuais companheiros ou associados;

- Em o Novo Testamento, em Mc 4.10, a frase ol TTepi corròv cruv to íç ôcóôeKa se refere aos que, juntamente com os apóstolos, cercavam a Jesus na ocasião, não incluído nesse número o próprio Senhor. Daí, a tradução será: aqueles que o rodeavam juntamente com os doze. Idêntico é o sentido da locução ol irepi cxvtov em Lc 22.49, a cobrir somente os que lhe estavam ao redor no instante fatí­dico do aprisionamento. Em At 13.13, contudo, a frase ol Trepl IlcaSXov designa, evidentemente, não apenas os acompanhantes do apóstolo, mas o próprio Paulo e seus companheiros. Na forma evoluída, significaria a pessoa de Paulo somente e assim se deveria traduzir.

3. VOCABULÁRIO

132. d-yaGoç, r\, óv - bom, bondoso, benéfico.133. cryaTnnTÓç, r\, óv - amado, estimado, querido, dileto, caro.134. oryioç, ã, ov - santo, separado, consagrado, dedicado.

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135. alwvios, (ã), ov - Adjetivo de cunho triforme, em o Novo

Testamento, porém, sempre biforme - perpétuo, duradouro, perma­nente, intérmino, sem fim, eterno.

136. aX^Givòs, tj, ov - verdadeiro, genuino, real, fidedigno.137. olttó - Preposição, seguida sempre de genitivo. Expressa

proximidade, aproximação, procedência, direção, vizinhança, em contraste com Ik , preposição que implica em inferioridade, pene­tração, originação, exteriorização - de, da direção de, da parte de, procedente de, das cercanias de, do lado de, desde.

138. ápvlov, ou, to - cordeiro.139. p/ApTe|xtç, 3 ApTéfjnôoç, t] - Ártemis (para os gregos),

Diana (para os latinos).140. SeoTTÓTriç, ou, Ó - senhor (particularmente de escravos),

soberano, corifeu.141. SiSacrKaXíã, ã ç , f| - ensino, doutrina, instrução, preceito.142. ôUaioç, ã, ov - justo, reto, imparcial, equânime, piedoso.143. éXmç, eXmôos, tj - esperança, expectação, confiança.144. evTaX(jia, èvTaXfxàToç, tó - preceito, injunção, manda­

mento, ordenança.145. èvToXrj, r] - ordem, determinação, injunção, preceito,

mandamento, ordenança.146. emcpáveui, ã ç , r) - manifestação, aparecimento, aparição,

surto.147. euayYeXiov, ou, tó - alviçara, notícia auspiciosa, boa nova,

mensagem, recado, registro ou documento que narra, descreve ou contém o fato ou nova, Evangelho.

148. eijapeoroç, ov - aprazível, agradável, prazeroso.149. eurrpócrôeKToç, ov - aprazível, agradável, atraente, benvin-

do. Distinguem-se eixütpecrTos, ov e eímpóaôeKToç, ov, aquele for­mado do advérbio eb - bem - e do radicai de apécmco - aprazer, agradar; este composto do mesmo advérbio prefixado, mais o radi­cal de Trpocr8Éxo|xca (composto da preposição Trpóç - na presença de - e ôéxo|xm - receber) - acolher-, em que eijapeoroç, ov chama a atenção para o prazer ou agrado resultante, enquanto eurrpóo—•

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8cktoç , ov acentua a acolhida a ser dispensada.

150. ewç - Conjunção, advérbio ou preposição imprópria, se­guida de genitivo - até, enquanto, ao ponto de.

151.0eã, ãç , t) - deusa, deidade feminina.152. lepòv, ou, tò - templo, recinto sagrado, sacrârio. Distingue-

se de vaòç, ov, ô, que se refere à nave, ao santuário, o interior do

templo, enquanto íepòv, ov, tò designa o edifício, a estrutura, a construção como um todo.

153. Iovôcaoç, ã, ov - judeu, judaico, habitante ou natural da Judéia, ou israelita, palestinense.

154. Icoáwriç, ov, Ò - João.155. XeiTovp7 Òç, ov, ò - serventuário, funcionário, oficial, minis­

tro, oficiante religioso.156. (xoíKapioç, ã , ov - afortunado, feliz, abençoado, bem-aventu­

rado.157. (xapTvpíã, ãç, tj - testemunho, evidência, depoimento, de­

monstração, atestação, reputação.

158. |x€7 aç, |xe7 ãÂ/irç, (xé^à - grande, vasto, extenso, numeroso, importante, imponente, ilustre, eminente, insigne.

159. (xexpi ou, antes de vogal ou ditongo, jxexpiç. Advérbio, conjunção ou preposição imprópria, seguida de genitivo - até, ao ponto de, para com.

160. fxiKpóç, ã , òv - pequeno, diminuto, breve, curto, reduzido, apoucado.

161. veKpóç, ã , òv - morto, defunto, inerte, sem vida, desfalecido, amortecido.

162. ÔXeBpoç, ov, ò - destruição, perdição, ruina, miséria.163. ovpavòç, ov, ò - céu, atmosfera, abóbada celeste, espaço

sideral.164. Tracrxá, tò . Substantivo indeclinável, forma helenizada

do hebraico ou aramaico - passagem,saída = páscoa, festa pascal, cordeiro pascal.

165. mcrróç, rj, òv - fiel, genuino, fidedigno, leal, veraz, digno de confiança.

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Page 336: Manual de Lingua Grega.vol.1

166. '7vv€U|XQtTÍiKC)Ç, t), òv - espiritual, sobrenatural, próprio da al­

ma ou espírito.167. /7tot€. Advérbio interrogativo - Quando? Em que tempo?

Em forma locucional^ecoç Tróre - Até quando? Por quanto tempo?168.0X7}vt], T|«;, T| - tenda, tabernáculo, cabana.169. oravpóç, ov, ò - cruz, madeiro.170. tckvov, ou, tò - criança, filho, descendente.171. TeXeioç, ã , ov - consumado, acabado, completado, experi­

mentado, maduro, perfeito, realizado.172. T úxikoç , ou, ó - Tíquico.173. tnnÍKooç, ov - obediente, submisso, atencioso.

- Nota: - Do substantivo enunciam-se como elementos carac- terizantes a forma do nom. sing. seguida da terminação do gen. sing. (que lhe explicitam a declinação em que se enquadra) e da in­

flexão básica do artigo (que lhe mostra o gênero);- Do adjetivo (e, bem assim, do artigo, do pronome e do parti-

cípio), que não tem gênero específico, abrangendo, ao contrário, os

gêneros todos, enunciam-se apenas as formas do nom. sing., que os distinguirão como vocálicos ou consonantais, triformes, bifor­mes ou uniformes.

4. EXERCÍCIOS

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:

61. tojv oryícov XeiTovp^òç Kai Trjç ok-íiv^ç rrjç aXiqGi— VT|<; (Hb 8.2).

62. eooç ttÒt€, 6 ôeoTrÒTTriç Ô cryios Kai aXrjGivo'*; (Ap 6.10).63. ó fxèv vófxoç cryioç, Kai f| I vtoXt] cryíã Kai ô iKa ía Kai

òr/aOrj (Rm 7.12).

64. to 0éXiq|xa tov Geou, tò oryaGòv Kaí evápeorov Kai TeXeiov (Rm 12.2).

65. tt]v |xaKapíav eXmôa Kai emcpaveiav rr]Ç ôó^ ç tov jxe7aXov Geov (Tt 2.13).

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66. totjç veKpoTjç, to vç p^áXouç Kai t o í)ç |xiKpaúç (Ap 20 .12).

67. aXXà K a i to t-^ç (X6 7<iXT)q Geàç 3 ApTefxiôoç íepóv (At 19.27).

6 8 . K a i T T jv T w a i K a K a i T a T C K v a K a i t o v ç aô eX cpo vs K a i

T a ç a S e X cp á ç (Lc 14.26).

69. K a T a t o e vTaX |xaT a K a i ô iÔ a o x a X ia ç tm v avGpco-

ttcúv (Cl 2.22).70. o vp av è K a i oi 0/7101 K a i 01 onróoroXoi K a i 01 TTpoqnjTai

(Ap 18.20).71. T u x ik o ç o c r/a iT T iTÒ ç aôeXcpóç K a i i t i o t Òç ô k ík o v o ç (Cl

4.7).72. to n á c r x a , t ] eopT"n tw v 3 Iau ô a ííco v (Jo 6.4).73. •utttÍkooç fxéxpi Gavcrrau, GavároD Ôe araupoí» (Fp 2.8).74. KaTa to eua77eXiov t^ç 8o£;t|ç to\> |xaKapiau Oeoí> (I

Tm 1.11).7 5 . 7 r v e T j |x a T iK à ç G w í a s e im p o a ô e K T O v ç Gew ô i à ° I ticto í)

X p ic rT o í) (I P e 2 .5 ) .

76. h Kijpios o Oebç tw v 'TrvevfxctTOív tw v Trpo<pTf]ToI)v (Ap 22.6).

77. c O vófju)? Kai 01 -rrpoípTjTai |xexpi ° Itoávvou (Lc 16.16).78. ÓXeGpov alwviov a-rrò 'irpoCTCüTirou tou Kupiau (II Ts 1.9).79. x ^ p iç 7 a p vó |xau à jx a p T ia v e K p á (Rm 7.8).80. ô ièt to a t ( j .a toO apvíau K a i ô i à to v X070V ttj<; jxapru-

píaç (Ap 12.11).

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CAPÍTULO VI

VERBO: NOÇÕES GERAIS E SISTEMA DO PRESENTE. AGENTE DA VOZ PASSIVA. SUJEITO DO INFINITIVO.

PROPRIEDADES DOS VERBOS COMPOSTOS.

1. VARIAÇÃO

- Sofre o verbo no grego, à semelhança do que se dá no por­tuguês, ampla e complexa flexão, processando-se-lhe variações em função de cinco fatores: tempo, voz, modo, pessoa e número.

2. TEMPO (XPONOS)2.1 - Natureza

- Tempo é a forma que a flexão verbal assume para expressar o TEOR da ação, sua mecânica ou processo, sua projeção ou exten­são, aquilo a que os gramáticos alemães convencionaram chamar de AKTIONSART, qualidade de ação, o COMO se dá o fato ou vi­sualiza o estado ou situação referidos;

- Três modalidades há de expressão temporal:1- O fato em si, o evento ou estado como tal, a mera ocorrên­

cia, o acontecimento simplesmente. E a chamada ação descontínua oupunctiliar, pontilear ou pontual: UM PONTO;

2- O fato como processo, o evento ou estado em seu desenvol­vimento e continuidade, a ação vista como eventuação progressiva ou prolongada, donde conhecer-se como linear, contínua ou exten­sa: UMA SÉRIE DE PONTOS ou LINHA; e

3- O fato em seus efeitos, o evento ou estado não em si, nem seu processo de operação, mas em termos dos resultados e conse­qüências continuativos, do impacto e seqüela defluentes, por isso designado de punctílio-linear ou efetuai: UM PONTO SEGUIDO DE LINHA;

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- Portanto, a noção de tempo no verbo grego não se refere propriamente ao momento em que se situa o fato ou estado, o QUANDO da ação, mas ao processo genético em sua operação e progresso, extensão ou alcance, ao COMO da ação. Mesmo nas formas em que se pode distinguir o elemento cronológico (modos indicativo e particípio), o fator preponderante é a Aktionsart, não a situação temporal propriamente dita, mero dado secundário.

2.2 - Enumeração

- Os tempos verbais no grego são em número de sete, em­bora nem todos ocorram nos diferentes modos: presente, imperfeito, futuro, aoristo, perfeito, mais-que-perfeito e futuro perfeito.

2.3 - Classificação- Classificam-se os tempos verbais em:

1. Primários

- São os tempos em que a ação ou estado se projeta em pers­pectiva de atualização, logo, presente ou futura. Por isso, desig­nam-se, também, de CONTINGENTES. Todavia, são de extrema relevância na fraseologia, predominantes nas cláusulas principais ou regentes;

- Os tempos primários são QUATRO, a saber:Presente (ação extensa, na atualidade),Futuro (ação descontínua, no porvir),Perfeito (ação efetuai, na atualidade), eFuturo Perfeito (ação efetuai, no porvir).

2. Secundários

- São os tempos em que a ação ou estado se apresenta em perspectiva pretérita, fato do passado, realizada, consumada, efe­tuada. Daí, denominam-se, também, de tempos HISTÓRICOS;

- Os tempos secundários são TRÊS, os restantes, isto é:

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Imperfeito (ação contínua ou extensa, no passado),Aoristo (ação inextensa ou descontínua, no passado), eMais-que-perfeito (ação efetuai ou resultativa, até determina­

do ponto do passado).- Esta classificação, a rigor, só é plenamente válida em relação

ao Indicativo, modo em que a distinção temporal é explícita (em­bora subalterna à Aktionsart) e a função dos tempos é distinta em alcance e relevância. Nos demais modos, nem subsistem distinções precisas de tempo, nem expressam as flexões funções absolutas e autônomas, ao contrário, exercem relações sintáticas subordinatí- cias ou dependentes.

3. VOZ (AIA0E2IS)3.1 - Natureza

- Voz é a forma que a flexão verbal assume para expressar a RELAÇÃO do sujeito para com a ação, havido como agente, pa­ciente ou ambos ao mesmo tempo.

3.2 - Enumeração- Três vozes verbais há no grego:

1. Ativa (rj evep^eTiKT) ôiaBecriç), forma de expressão em que o sujeito é o agente da ação: pratica-a, realiza-a, leva-a a efeito. A ênfase, contudo, ê ao FATO, ao evento, ao acontecimento, não propriamente ao sujeito;

2. Média (nrç |xeor) ôiáOecriç), forma de expressão em que o sujeito, como em nossa voz reflexa, é, a um tempo, agente e pa­ciente, praticando e sofrendo a ação. Entretanto, este aspecto, bási­co e original, constitui apenas diminuta faixa da funcionalidade desta voz, obumbrado por aplicações mais latas e versáteis. Des­tarte, expressa a voz média apenas o fato de que a ação deve ser vista em função do interesse, da vantagem, do envolvimento do

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agente em relação ao objeto da ação. Daí, dir-se-á que a voz média apresenta a ação na perspectiva do SUJEITO , sobre quem a ênfase repousa nesta voz. E, quanto ao objeto, age o sujeito sobre si mes­mo ou sobre algo que lhe pertence, interessa ou diz respeito. Daí, preferem gramáticos chamá-la de VOZ SUBJETIVA, já que a aten­ção se lhe volta à pessoa, ou ao interesse, vantagem, favor, pro­priedade. Em o Novo Testamento, como no coiné em geral, está a voz média a obumbrar-se, rarefeita, usada com parcimônia, não tão destacado seu colorido distintivo, no grego moderno quase de todo superada pelo predomínio da passiva, embora, do ponto de vista histórico, aquela preceda a esta, que lhe é ulterior desenvolvimento ou expressão; e

3. Passiva (t| 'rrodOrjTLKT) 8ia0eaiç), forma de expressão em que o sujeito é o paciente da ação, a receber-lhe o impacto, a so- frer-lhe o efeito, a constituir-lhe o termo. Na voz passiva a ênfase se volta ao RESULTADO, ao ESTADO, à CONDIÇÃO final assumi­da pela ação, ao aspecto resultante, à forma consumacional atingi­da;

- Em síntese, dir-se-á que:Na voz ativa: o sujeito PRATICA a ação, a ênfase é ao FATO;Na voz média: o sujeito PRATICA a ação em perspectiva pes­

soal, a ênfase é ao SUJEITO EM SEU ENVOLVIMENTO; eNa voz passiva: o sujeito SOFRE a ação, a ênfase é à RESUL-

TACIONALIDADE;- Do ponto de vista histórico, observar-se-á que a voz passiva

é posterior evolução da linguagem, a absorver as formas da voz média, que apenas no futuro e no aoristo se preservam distintas, e a alijá-las, gradualmente, do uso regular. Assim é que, em o Novo

Testamento, e no coiné em geral, já obumbrada se mostra a voz média e no grego moderno deixou praticamente de existir. No cóp- tico não há propriamente voz passiva e no sânscrito é puramente germinal.

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1. Kai eíXriçev o ayyeXoç tov Xi^avcoTov - E o anjo tomou o incensário (Ap 8.5);

- O perfeito eiX^cpev - tomou - é forma da voz ativa. O sujeito ayyeXoç - anjo - é o agente da ação verbal, quem efetua o ato refe­rido: tomar o incensário-,

- A ênfase está no fato, a ação registrada em distinção de ou­tras, isto é, ao fato de tomar, não de, por exemplo, guardar (t ê —

T^pr^Kev), ou procurar (eÇnyrriKev), ou achar (euprjKev).

2. ov TrpoéOeTo 6 0eoç tXacrnrjpiov - a quem Deus deparou

como propiciação (Rm 3.25);- O aoristo Trpo^0eTo - deparou - é forma da voz média. O

sujeito 6 Geóç - Deus - é o agente da ação, quem depara aquele que é a propiciação. Neste exemplo, o sujeito não recebe a ação, não lhe é paciente. Contudo, o fato se reveste de particular vincula- ção para com o agente, implicando-lhe o interesse, o envolvimento, a especial relação para com a provisão deparada;

- A ênfase se põe, neste caso, sobre o sujeito em função de seu direto relacionamento para com a ação, não sobre o fato em si, como na voz ativa. Destarte, poder-se-ia parafrasear o verbo em termos tais como: deparou porque Lhe aprouve, deparou em razão de Seu interesse, deparou em função da vantagem de assim fazer, depa­rou em vista do dizer-Lhe respeito de modo pessoal. Logo, o enfoque se volta não para com o fato de deparar a propiciação, mas para com o envolvimento específico de Deus nesse ato. Tem, pois, a expressão peculiar colorido subjetivo.

3. Kai l0epairev0Tf] ô Tiatç cnrò tt|Ç oípaç efceív^ç - E o me­nino foi curado desde aquela hora (Mt 17.18);

- O aoristo tOepcnreúOiri - foi curado - é forma da voz passiva. O sujeito 6 7rca<; - o menino - é o paciente da ação, quem recebe o benefício da cura registrada. Não explicita a cláusula o agente, que,

3.3 - Exemplos

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em contraste com o que se verifica nos dois exemplos prévios, o primeiro na voz ativa, o segundo na voz média, não é o sujeito;

- A ênfase, nesta forma, voz passiva, não é nem ao fato de cu­rar (expressão da voz ativa), nem ao envolvimento do agente, aliás, inexpresso, muito menos à vantagem do menino (expressão da voz média), mas ao estado resultativo do curar, à condição do ira iç be­neficiado pela cura.

3.4 - Verbos depoentes

1. Natureza

- Verbos, e não poucos, há a que faltam as formas da voz ati­va, no todo ou em parte. Nem por isso, entretanto, deixam de ex­pressar o sentido ativo. É que as inflexões paralelas da voz média ou da passiva (embora só no tempo aoristo haja clara distinção en­tre uma e outra destas vozes) se usam como ativas;

- Em tais circunstâncias, a despeito da forma, não mais sub­siste nessas inflexões o sentido original específico da voz média ou passiva, transmutado em ativo. Isto é, a forma é passiva ou média, o sentido é ativo;

- Tais verbos se conhecem como depoentes (do particípio lati­no deponens, gen. sing. depõnentis, do verbo depõnére - depor, pôr de parte, abrir mão de. Quando assim se empregam as formas da voz média são chamados DEPOENTES MÉDIOS, quando as formas da voz passiva é que se usam intitulam-se DEPOENTES PASSIVOS. Em alguns verbos a função depoente é exercida, a um tempo, por ambas essas vozes em duplicação;

- Formas depoentes há, todavia, que, em certas expressões e circunstâncias, retêm algo do colorido original, subjazendo ao sen­tido ativo matizes subjetivos ou resultativos próprios da voz:

2. Exemplos

a. oÍjtoi Xr|[jÀ|;ovTai 'irepicraoTepov K p í|x a - Estes recebe-

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rão mais severa condenação (Mt 12.40);- A forma X/rí|xi(/ovTca é inflexão futura na voz média. Care­

ce o verbo de flexão paralela ativa. Daí, a média toma o lugar da ativa, em uso depoente inequívoco. Trata-se, pois, de verbo de- poente médio;

- A ênfase paira sobre o fato de que mais séria condenação experimentarão os escribas referidos no contexto, expressão pró­pria da voz ativa. Em função genuinamente média, a ênfase estaria no relacionamento do sujeito para com a ação, no envolvimento dos escribas na condenação vaticinada;

b. oti tt) ó8w tov Kaiv feiropevGirçcrav - Porquanto trilharam a vereda de Caim (Jd 11);

- A forma ènopei&rioTtv é inflexão aorista na voz passiva. Falta ao verbo a ativa correspondente, usando-se-lhe em lugar esta inflexão, passiva na forma, ativa em sentido. E, pois, verbo de­poente passivo, donde a tradução ativa trilharam em vez da natural passiva foram trilhados;

- A ênfase não é ao resultado de trilhar-se a vereda conde­nada, à situação daí decorrente (que seria a típica expressão passi­va), mas ao fato de trilhá-la (expressão própria da voz ativa).

4. MODO (ErKAIXlX)

4.1 - Natureza- Modo é a forma que a flexão verbal assume quanto à MA­

NEIRA DE ENUNCIAR-SE o fato, estado ou condição, à natureza de sua expressão, aos termos em que se lhe pauta a elocução;

- Em síntese,- tempo diz respeito à DESCRIÇÃO do evento ou situação;- voz diz respeito à RELAÇÃO subjetivo-predicativa; e- modo diz respeito ao ENUNCIADO formal.

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4.2 - Enumeração- Seis modos se podem admitir no verbo grego, a despeito de

certa discrepância no consenso dos gramáticos, a saber:

1. INDICATIVO (rj ôpurriKT| eyKXicriç): modo em que se enuncia o fato, estado ou ação na forma de asserção incisiva, afir­mação não-qualificada, expressão taxativa. É, por isso, havido por modo da ação CATEGÓRICA;

2. SUBJUNTIVO (fj 'UTTOTtxKTLKT| eyKXwTiç): modo em que se enuncia o fato, estado ou ação na forma de proposição dependente, subalterna em função à cláusula principal, contingente em teor, a eventuação dada como possível ou provável, por vezes duvidosa ou incerta. E, em razão disso, designado de modo da ação POTEN­CIAL;

3. OPTATIVO (r) evKTtKT) e^KXicrtç): modo em que se enun­cia o fato, estado ou ação, em paralelo com o Subjuntivo, na forma de proposição dependente, complementar, acessória, hipotética em teor, a eventuação havida por vaga, indefinida, concebível, aleató­ria. É, graças a esta característica expressional, denominado o mo­do da ação CONDICIONAL. De raro uso em o Novo Testamento, registrando-se-lhe não mais de 67 ocorrências, excluem-no geral­mente os gramáticos dos paradigmas normativos do coiné;

4. IMPERATIVO (t) 'TrpooTctK.TiKTi €7 k\ioxç): modo em que se enuncia o fato, estado ou ação na forma de ordem definida, de­terminação jussiva, preceito formal, expressão tersa, direta, frontal. Daí caracterizar-se de modo da ação INJUNTIVA;

5. INFINITIVO (rj amxpefjup0ÍT0<s): forma de expressão em que se enuncia o fato, estado ou ação em moldes de um nome verbal, sem inflexão nem variações, de teor estático, geral, indefinido. Dir- se-á, pois, que é o modo da ação SUBSTANTIVA; e

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6. PARTICÍPIO (t) |xeToxVí): forma de expressão em que se enuncia o fato, estado ou ação em termos adjuntivos, qualificantes, modificadores, atributivos ou circunstanciais, em teor tipicamente adjetivo. Rotula-se, portanto, de modo da ação ADJETIVA.

4.3 - Classificação- A rigor, o infinitivo e o particípio, dada a afinidade que re­

velam para com outras categorias gramaticais, seja em forma, seja em função, seja em sentido, não se afeiçoam aos requisitos do ge­nuíno modo verbal. A despeito disso, porém, não há prejuízo em classificá-los, com a devida qualificação, entre os modos verbais;

- Poder-se-á, à vista disso, classificar esta série de modos verbais em dois blocos:

1. Finitos ou Genuínos: Indicativo, Subjuntivo, Optativo e Im­perativo: QUATRO; e

2. Complementares ou Funcionais: Infinitivo e Particípio: DOIS.

4.4 - Uso- Dos modos genuínos, dois, o Indicativo e o Imperativo, se

afirmam como autônomos, absolutos, independentes, definidos, capazes de expressar a ação de si mesma; dois, o Subjuntivo e o Optativo, se mostram subordinados, relativos, dependentes, indefi­nidos, a expressarem a ação em forma qualificada, determinada ou pendente. Daí, aqueles são os modos que aparecem, de preferência, nas cláusulas principais, estes dominantemente nas cláusulas de­pendentes;

- O Infinitivo e o Particípio, modos em que o cunho verbal é menos pronunciado, não se prestam, de natureza, às funções pró­prias dos predicados de cláusulas regentes e principais, aparecen­do, ao contrário, em cláusulas e frases complementares, adjuntivas ou circunstanciais.

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4.5 - Tempo e Aktionsart

1. Natureza- 0 elemento primacial que se sobreleva nos tempos e modos

verbais gregos é, como se viu, a Aktionsart, ou qualidade de ação, o COMO da eventuação, a forma de atualização, o modo de produzir- se. A noção de tempo, a situação cronológica, o QUANDO se dá o fato, apenas no Indicativo (em moldes absolutos) e no Particípio (em moldes relativos) subsiste evidente, contudo, mesmo nestes modos, em segunda plana;

- Segue-se que alheio é o fator cronológico aos demais mo­dos, de sorte que os tempos do Subjuntivo, do Optativo, do Impe­rativo e do Infinitivo não se revestem de tonalidade temporal explí­cita, elemento que se infere do contexto ou da própria natureza da cláusula. Logo, o presente nestes modos não exprime necessaria­

mente ação atual, nem o aoristo ou o perfeito ação necessaria­mente pretérita, ou o futuro ação pervindoura, necessariamente;

2. Modalidades

- Do ponto de vista da Aktionsart três modalidades de ação se podem distinguir:

a. Ação EXTENSA, prolongada, repetida, contínua, durati- va, habitual, a estender-se como série de pontos ou linha indefinida, a chamada ação LINEAR, característica do Presente e do Imperfei­to.

- Graficamente: ........................... ou_____________________;

b. Ação CIRCUNSCRITA, o fato em si, sem projeção nem dimensão, visto como simples evento, mero ponto, a chamada ação PUNCTILIAR ou PONTUAL, própria do Futuro e do Aoristo.

- Graficamente:

c. Ação PROSPECTIVA, projecional, continuativa, não o

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fato como tal, mas os efeitos, conseqüências ou resultados dele ad­vindos, a corresponder a um ponto seguido de linha, a chamada ação PUNCTÍLIO-LINEAR, típica do Perfeito, do Mais-Que-Perfeito e do Futuro Perfeito.

-Graficamente: ______________________

3. Aplicação- Combinados os três tipos de ação e as três enfasagens cro­

nológicas, isto é, o COMO e o QUANDO se dá o evento, ter-se-iam NOVE tempos verbais distintos, cada modalidade de ação vista nas três perspectivas de atualização: presente, passada e futura;

- Não subsistem, porém, expressão futura de ação durativa ou linear, nem presente de ação punctiliar ou inextensa. Logo, só no passado é que se encontram formas de expressão próprias de cada modalidade ou tipo de ação. E é apenas a ação punctílio-linear que se patenteia nos três enfoques cronológicos.

4. Quadro

- Isto posto, o quadro atual dos tempos verbais em função da qualidade de ação (Aktionsart) e da respectiva situação cronológica é o seguinte:

Ação Linear Ação Punctiliar Ação Punctílio-LinearPassado Imperfeito Aoristo Mais-Que-PerfeitoPresente Presente - PerfeitoFuturo - Futuro Futuro Perfeito

5. Futuro- Carece a perspectiva do presente de expressão punctiliar.

Entretanto, a perspectiva do futuro, não a retratar eventuação já realizada ou em processo de atualização, ao contrário, a enfocar fato necessariamente indefinido e impreciso quanto ao modo de ser, nem por isso exclui a possibilidade de visualização linear, exten- sional ou durativa. Portanto, de par com o teor punctiliar, pode o

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futuro admitir expressão linear, conforme o revele o próprio con­texto, dualidade que se veio a fixar distintamente no grego moder­no, com suas duas modalidades futuritivas, uma punctiliar, outra li­near.

6. Síntese- Pode-se resumir a matéria com dizer-se que o presente e

o imperfeito focalizam a eventuação como continuada (processo em continuidade), o perfeito, o mais-que-perfeito e o futuro-perfeito como completada (o evento em seus efeitos), o aoristo e o futuro como indefinida (a ocorrência em si, à parte do processo envolvido ou dos efeitos continuativos).

5. PESSOA

5.1 - Natureza

- Pessoa é a forma que a flexão verbal assume para expressar a quem se refere a ação.

5.2 - Enumeração

- Distinguem-se no verbo grego três pessoas, a saber:1ã - expressão de QUEM está a falar;2- - expressão de COM QUEM se fala; e3- - expressão de A RESPEITO DE QUEM se fala.

6. NÚMERO

6.1 - Natureza

- Número é a forma que a flexão verbal assume para expres­sar a QUANTIDADE do sujeito, o quantum de seres ou objetos de que se constitui;

6.2 - Enumeração

- Como no substantivo, no artigo, no adjetivo, no pronome e

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no particípio, assim também no verbo como tal se podem processar três expressões numéricas:

a. SINGULAR: sujeito constituído de ser ou objeto individual, único, uma unidade só;

b. DUAL: sujeito constituído de dupla, casal, par de seres ou objetos, duas unidades; e

c. PLURAL: sujeito constituído de multiplicidade de seres ou objetos, três ou mais unidades.

6.3 - Concordância- Assumirá, regularmente, a forma verbal a pessoa e número

do sujeito, aspectos em que estrita deve ser a concordância desses elementos. Logo, irá o verbo para a 1-, ou a 2-, ou a 3- pessoas, se­gundo seja a pessoa em que estiver o sujeito. De igual modo, estará o verbo no singular, ou no dual, ou no plural, qual seja o número em que o sujeito se achar;

- Nomes coletivos e sujeitos complexos ou múltiplos, plurais implícitos, inda que em forma singular, podem ter o verbo no plu­ral. Neste aspecto, é de observar-se que, ao lado de tantas outras passagens em que a concordância se processa nos moldes regula- res, têm a inflexão no plural, embora esteja no singular o substanti­vo:

- 0'xA.oç - multidão - em Mt 21.8 (ècrTpüxrav - estenderam); Mc

4.1 (^crav - estavam), 9.15 (íôávTeç - vendo e^eôafxfhíSino-av - cederam ao espanto, 'rrpoorpexovTeç - correndo ao encontro - e ^oTraÇovTo - saudavam); Lc 6.19 (eÇrjTow - procuravam); Jo 6.2 (etoptov - viam), 22 (eiôov - viram) e 24 (o pronome oíjtoi - elas - a substituir ao substantivo singular, o que, aliás, à maneira hebraico- aramaica, se verifica em muitas outras referências através do Novo

Testamento); 7.49 (iTrapaToí eícriv - são malditas); 12.12-13 (aKowavTes - ouvindo e\a|3ov - tomaram è^X0ov — saíram - e eKpcaryaÇov — bradavam), 18 ('rjKowav - ouviram) e At 6.7 (vrrr)—

kouov - obedeciam); e- 'ttXtiOoç multidão - em Mc 3.8 (aKoiWres - ouvindo -

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e T|\0ov - vieram); Lc 19.37-38 (fÍp^avTo - começaram - xaípovreç

- jubilando - e X I7ovtcç - dizendo) e 23.1 -2 (^a-yov - levaram T|p£avTo - começaram - e Xe7ovTeç - dizendo); At 5.16 (cpepovreç -

conduzindo), 21.36 (KpáÇovTeç - bradando) e 25.24 (evé-ruxov - re­correram - e 3<x*>vt€ç - vociferando). Curiosa é a fraseologia de Lc

2.13 em que aparece a locução TrXrjOoç orpaT iaç - multidão de milí­cia - seguida dos ptcs. plurais atvovvTtov - louvando - e Xe7ÓvTCúv - dizendo - , a concordarem com ambos os substantivos, verdade que

em termos do gen. oTpaTiâç. Não menos especiosa é a concordân­cia de tò TpÍTov - a terça parte - em Ap 8.9b e 9.18, na primeira

destas referências como sujeito do plural ôiecpOáprjouv - foram destruídos - , na segunda de aTreKTavO-ricrav - foram mortos;

- Por outro lado, o sujeito neutro mesmo no plural, já que se pode tomar como equivalente a substantivo abstrato, singularizado, pode ter o verbo no singular, particularidade não rara em o Novo Testamento. No caso de verbos de ligação (etfjiX, yivo\xai, im ap— Xto), o adjetivo predicativo irá regularmente para o pluraL a des­peito da singularidade do verbo;

- Seja a cláusula ev toút^o cpavepá io r iv Ta TCKva toí> Geou - Nisto são manifestos os filhos de Deus (I Jo 3.10). O sujeito, Ta Tekva - os filhos - , é plural, porém, neutro, pelo que o verbo, que deveria estar no plural, élori - são está no singular, eoriv, literalmente, é. O predicativo cpavepá - manifestos - , entretanto, está regularmente no plural, como o sujeito Ta TCKva. Somente o verbo fica no singular;

- A esta particularidade sintática do grego, em que ao sujeito plural neutro se apende inflexão verbal singular, dão os gramáticoso título de CTXTjjxa 3 Attikov - forma àtica. Afim, todavia, distinto, éo chamado oxí}|xa ÍIivôapiKov - forma pindárica associado ao nome de Píndaro (522-448), decantado vate dos helenos, que de­signa a modalidade clausular em que, a despeito de composto o sujeito, fica no singular a inflexão verbal. São dois ou mais subs­tantivos encadeados, logo, a formarem, quantitativamente, mani­festa pluralidade. Todavia, constituem um todo unificado, uma

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idéia singularizada, um conceito globacional, valendo, sintetica- mente, por forma singular, daí não assumir feição plural o verbo;

- Não é rara esta modalidade sintática nos escritos néo-testa- mentários. Estampam-na Mt 5.18 (êtos &v TrapeXGnn & ovpavos kgÍl t) - até que se PA SSE o céu e a terra)-, 6.19 (ottov crr]s Kat Ppóxrtç àçavíÇet - onde traça e ferrugem CONSOME)-, 17.3 (üKpOr] aííToiç Marixrfjç Kat s HXíaç - APARECEU-lhes Moisés e Elias)-, Mc 4.41 (kgu ô âvefxos kou ^ OaXaaaa vrraKovei aôrtó - até o vento e o mar lhe O BEDECE); Lc 2.33 (kgTi o Tran^p conov kou

n/ryrrp 0aujxcx^ovT€ç - e ESTAVA o pai dele e a mãe a maravilhar- se); Jo 1.17b (nq x a PL<? KaX r| a \r i0 e i$ ôta ? I^aca) Xpiaroí) e^eveTo - a graça e a verdade através de Jesus Cristo PROVEIO );12.22 (epxeTat 3 Avôpeaç kch OíXmtttoç - VEM André e Filipe); I Co 13.13 (vuvt 8e |xevei m crn s, eXirís, (rydnrn - mas, agora, PERM ANECE fé, esperança, amor); 15.50 (crápÇ Kat aí|xa pacrt— Xetav Geoô KXTjpovoiJLWcti ot> 8vvaTai - carne e sangue não PO­DE herdar o reino de Deus); I Tm 6.4 (ê£ íov 7tveTat <p0ó— vos, epis, pXacrcpiqfjuai, amóvoiai Trov-r^paí, ôiairapaTpipaí - de que PRO CEDE inveja, contenda, vituperações, suspeitas maldosas, longas disputas); Tg 5.3 (o xpw os uix&v Kai o apyupos KaTicoTai- o vosso ouro e a prata se REVESTIU de escória).

6.4 - Obsolescência

- O dual, pouco freqüente mesmo no clássico, já não mais aparece no texto do Novo Testamento. Por isso, preferem os gra­máticos não inclui-lo nos paradigmas flexionais. Absorveu-lhe as funções o plural.

7. FORMA BÁSICA

- Enuncia-se o verbo em português na forma do presente ati­vo Infinitivo, donde dizer-se, por exemplo, o verbo crer, o verbo sal­var, o verbo remitir, e assim por diante;

- No grego, embora não poucos autores estejam preferindo

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enunciar o verbo, como em português, pela forma do presente ati­vo Infinitivo, a norma é referi-lo em termos da 1ã pessoa singular do presente ativo Indicativo;

- Portanto, esses verbos em grego não serão mencionados como moreveiv, ctcüÇc i v , a-TroXvetv, literalmente: crer, salvar, remi- tir, no infinitivo, mas, ao contrário, como moTeúco, cro&Çco, ànroXvco, na 1§ p. s. do pres. at. Ind., logo, eu creio, eu salvo, eu remito. Por­tanto, em grego não se diz: o verbo crer, ou o verbo salvar, ou o ver­bo remitir, mas, antes, o verbo eu creio, o verbo eu salvo, o verbo eu remito;

- Naturalmente, nos verbos depoentes, a que falecem as infle­xões ativas, a forma básica terá de ser a 1 - p. s. do presente médio do Indicativo. De igual maneira, nos verbos irregulares e nos im­pessoais, a que falte a 1- p. s. do pres. at. Ind., a referência se fará em termos da forma inicial do tempo básico da flexão. Assim é que se enuncia o verbo otôa, consoante a 1- p. s. do 2- perf. at. Ind., já que só aparece nesse sistema.

8. RAIZ

- Núcleo de toda forma verbal é a raiz, o elemento estrutural básico, de que procedem as inflexões todas, mercê de processos vários de formação, e que encerra a idéia central, a noção funda­mental, o sentido essencial do termo;

- Acha-se a raiz da maioria dos verbos mediante a simples ex- cisão da vogal terminal co da forma básica (1- p. s. do pres. at. Ind.) ou, em se tratando de verbos depoentes, do final o|xai dessa infle­xão na voz média;

- Exs.: a. De moTeixo - crer - , verbo ativo, a raiz é moreu, parte remanescente após a ablação do co final da forma;

b. De TTOpeüO|xai - ir, andar, verbo depoente, a raiz é TTopev, porção que antecede ao final ofim da forma base;

- Não reduzido contingente há de verbos, entretanto, em que a determinação da raiz básica não é tão simples. Três situações, es­

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pecialmente, a complicam ou dificultam até certo ponto, nas se­guintes circunstâncias:

(1) A forma básica exibe raiz alterada, mercê da inserção ou redução de elementos temáticos ou de mudanças na estrutura da raiz. É o que se vê, por exemplo, em ôiôáoxo) - ensinar cuja raiz, ôiôax, é no presente alterada pela inserção do grupo ctk em lugar do x terminal;

(2 ) O verbo, em seu todo, engloba várias raízes distintas, pró­prias de um ou mais sistemas, ao invés de exibir em todos uma raiz única. É o que se dá, por exemplo, no verbo Xéy(ú - dizer - , que só no sistema do presente exibe a raiz Xey, nos demais ocorrendo ep ou pTj e Itt; e

(3) A verdadeira raiz não aparece na forma base, no presente, mas em outras das matrizes. É o que se registra particularmente com os verbos que têm o chamado segundo aoristo, nos quais a genuina raiz se estampa, em geral, nesta inflexão, não na forma do presente. Assim, de 7 Ívo|xai - tornar-se a raiz não é 71V, como se mostra no presente, mas 7 ev, expressa no 2 9 aoristo 6 7 evófJi/r]v.

9. SISTEMAS

9.1 - Relação- O quadro total da conjugação do verbo grego abrange nada

menos de 62 flexões e formas distintas. Não são, entretanto, ele­mentos díspares ou desconexos. Ao contrário, nítidas afinidades la­vram entre uns e outros, assim que se podem estabelecer sistemas definidos, à base de tempos primitivos, uns, outros, derivados, nu­ma como que árvore genealógica;

9.2 - Enumeração- Seis sistemas verbais se podem admitir, constituídos pelos

chamados tempos primitivos e seus derivados diretos, a saber:

1 . Sistema do Presente: consta da matriz, o presente ativo do In­

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dicativo, e seus derivados, isto é, o presente nos demais modos e vozes, bem como o imperfeito, peculiar ao Indicativo;

2 . Sistema do Futuro: consiste da matriz, futuro ativo do indicati­vo, e das formas e flexões derivadas, isto é, o futuro nos modos em que ocorre, nas vozes ativa e média (não na passiva);

3. Sistema do Aoristo: enfeixa a matriz, aoristo ativo do Indicativo, e as demais flexões e formas daí procedentes, o aoristo nos modos todos, nas vozes ativa e média (como no futuro, excluída a passiva);

4. Sistema do Perfeito: abrange o perfeito ativo do Indicativo, matriz do sistema, e seus derivados, a saber: o perfeito ativo nos demais modos e o mais-que-perfeito ativo no Indicativo. Este sis­tema se limita à voz ativa;

5. Sistema do Perfeito Médio: compreende o perfeito médio-pas- sivo do Indicativo, matriz, e os derivados, as flexões do perfeito mé- dio-passivo nos outros modos, do mais-que-perfeito médio passi­vo no Indicativo e do futuro perfeito médio-passivo nos modos em que ocorre; e

6 . Sistema do Aoristo Passivo: engloba a matriz, o aoristo passi­vo do Indicativo e seus derivados todos, isto é, o aoristo passivo nos restantes modos e o futuro passivo nos modos em que aparece;

9.3 - Correlação- E de observar-se que a voz passiva tem a mesma forma da

média em cinco dos tempos, de sorte que a mesma inflexão serve às duas vozes, indistintamente. São esses tempos: o presente, o imperfeito, o perfeito, o mais-que-perfeito e o futuro perfeito;

- Em dois dos tempos, o futuro e o aoristo, a forma passiva é sempre diferente da média e se enquadra em outro sistema;

- Por outro lado, difere a forma da voz média (e passiva,

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quando idênticas) da ativa apenas no tocante à desinenciação no presente, imperfeito futuro e aoristo. Isto é, conhecida a forma ativa desses tempos, obtém-se a média com apenas substituírem-se as desinências ativas pelas médias correspondentes;

- Em se tratando, porém, do perfeito e do mais-que-perfeito a relação supra-referida não se aplica. A forma da voz média (e pas­siva) tem estrutura diferente da ativa, enquadra-se em outro siste­ma e não se lhe deriva diretamente. 0 futuro perfeito não tem for­ma ativa em uso.

10. CLASSIFICAÇÃO

- Podem-se considerar os verbos sob diversos pontos de vis­ta, o que enseja diferentes classificações. Teremos, assim:

1. Quanto à conjugação:- Embora não seja, talvez, procedente falar-se em conjuga­

ções distintas, no aspecto flexionai duas modalidades verbais se devem admitir:

a. Verbos que exibem o final co na forma base (1- p. s. do pres. at. Ind.), a imensa maioria das flexões, que formariam a 1 - conjuga­ção, conhecidos como verbos em co; e

b. Verbos que exibem o final |xí, desinência primitiva, na for­ma base, reduzida cifra de verbos, assaz encontradiços, entretanto, e não pouco importantes, a diferirem flexionalmente dos verbos em co apenas nos sistemas do presente e do aoristo. Constituiriam a 2- conjugação. São os chamados verbos em jull;

- Desta sorte, mcrTeúoo - crer - (Jo 9.38) é verbo em co, en­quanto ei|xi - ser - (At 25.10), por exemplo, é verbo em p l, a se­guirem normas de flexão ligeiramente distintas.

2. Quanto à flexão:

- Nem todos os verbos exibem flexão completa, todos os tempos, modos, vozes, pessoas e números, já porque não se positi­

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vam muitas das formas na literatura sobrevivente, já porque sub­sistem irregularidades várias que os afetam em maior ou menor es­cala;

- Duas modalidades se distinguem de verbos de flexão in­completa, a saber:

a. Verbos defectivos, isto é, verbos a que faltam formas, desde simples pessoas em dado tempo até sistemas globais de flexão. Nesta classe incluem-se os chamados depoentes (a que faltam as inflexões ativas em algum ou todos dos sitemas) e os impessoais (limitados, geralmente, à 3- pessoa; e

b. Verbos híbridos, isto é, verbos que enfeixam inflexões de duas ou mais raízes diferentes, a formarem um todo de flexões as­sociadas mas heterogêneas;

- Assim, (pT||xí - dizer - (I Co 7.29) é um verbo defectivo, por­quanto, no coiné, carece de todo das inflexões dos sistemas aoris- tos e perfeitos, limitado que é a flexões do presente, imperfeito e futuro. No clássico subsiste, ainda, o aoristo ativo;

- Por outro lado, opaoo - ver - (At 8.23) é típico verbo híbrido, por isso que a raiz opa se limita a três dos sistemas (presente, per­feito e perfeito médio básico), enquanto no futuro, no perfeito mé­dio alternativo e no aoristo passivo provêm as inflexões da raiz ôttt e no aoristo ativo e médio da raiz tô.

3. Quanto ao radical:- Na flexão de avultada cifra de verbos o mesmo tema ou raiz

se patenteia em todas as formas, através dos sistemas sem exceção. Em outros, entretanto, registram-se alterações, ora simples e de pouca monta, ora de caráter mais complexo e assinalado;

- Neste aspecto, podem-se os verbos conceber como:a. Regulares: verbos em cuja flexão a raiz, ou tema, permanece

inalterada, a mesma em todas as formas;b. Irregulares: verbos que exibem mudanças e alterações li­

geiras ou de vulto no tema ou raiz em certas flexões ou sistemas;- Desta forma, TTepio\xetxd - abundar, exceler (I Co 8 .8 ) - êre-

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guiar, pois que em todas as inflexões se lhe conserva inalterado o tema Trepurcreu, enquanto Xa(xpávco - tomar, receber (Jo 5.34) - é irregular, por isso que a raiz real, Xá(3, se apresenta modificada na mor parte das flexões;

- Em muitos verbos a alteração do tema não somente obede­ce a princípios normativos da morfologia como também constitui característica de grupos ou classes específicas, pelo que se podem considerar regulares. É o caso de, por exemplo, oÍKoòofxew - edifi- car (I Co 8.10) cuja vogal temática final, e, altera-se em todas as formas, ora contraindo-se, ora alongando-se, em termos próprios desta classe de verbos, os terminados em ew na forma base.

4. Quanto ao sentido:- De natureza, é o verbo a forma ou categoria central da lín­

gua, a expressão por excelência de sua dinâmica, o elemento gra­matical que mais incisivamente lhe exprime o gênio e o espírito, a verve e a inspiração, a essência e o sentido;

- De conformidade com a expressão básica de que se reves­tem, dois tipos de verbos se podem admitir:

a. Ativos: isto é, verbos que exprimem atividade, ação, movi­mento, seja transitiva, seja intransitivamente;

b. Estativos: isto é, verbos que exprimem condição, estado, re­lação antes que propriamente ação;

- Assim, ttiotcUü) - crer - (Jo 9.38) e (rn-oQvrja-KW - morrer - (I Co 15.31) são ambos verbos ativos, aquele a exprimir, em moldes transitivos, a dinâmica da crença, este, em forma intransitiva, a operação da morte, enquanto írarapxco (II Co 8.17), na acepção de ser, subsistir, existir, é estativo, por isso que expressa antes um mo­do de relação, um estado ou condição, que ação como tal.

5. Quanto à função:- Presta-se o verbo a larga variedade de funções. Ora assume,

de si e em si, a plenitude da expressão, ora se converte em mero elemento de conexão de partes do discurso, ora se associa a outras

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formas em composição perifrástica, ora serve de termo comple­mentar na frase;

- Neste aspecto, podem-se distinguir as seguintes modalida­des verbais:

a. Verbos absolutos, isto é, aqueles cujas inflexões, não depen­dentes de outras, nem associadas em caráter funcional ou comple- mentativo, expressam a ação plenamente, em predicação inteira e sentido total. Tais são, em geral, os verbos ativos;

b. Verbos liames, também designados de verbos de ligação, aqueles que servem de elo ou elemento de articulação entre o su­jeito e o complemento, predicativo ou circunstancial, operando, pois, como simples fator funcional dessas partes do discurso. Tais são, em gerai, os verbos estativos e certas formas passivas;

- Três verbos se destacam em o Novo Testamento nesta fun­ção: elfxí - ser, estar; 'yívo|xai - tornar-se, vir a ser, fazer-se - e irrrapxco - subsistir, ser, existir;

c. Verbos auxiliares, aqueles que, em forma finita, integram, em associação com principal em forma participial, os chamados tempos compostos ou perifrásticos, e, na inflexão apropriada, em associação com principal em forma infinitiva, as locuções verbais ou fraseológicas;

- Em o Novo Testamento as formas finitas de el(jií - ser - é que aparecem como elemento integrativo dos tempos compostos e locuções perifrásticas, de modo especial no caso da 3- p. pl. do perf. e mqpf. médio-passivos do Indicativo dos verbos cujo tema termi­na em líquida ou muda e do perí. médio-passivo do Subjuntivo e do Optativo de qualquer verbo,

- Nas locuções verbais específicas, os verbos que, em o Novo Testamento, mais se empregam, ocasional, ou regularmente, em função auxiliar, são, entre outros, apxofxai - começar - e Swafxai- poder - , além de fxeÁÀoo - estar prestes a, pretender-, que é típico de cláusulas futuritivas permissivas ou obrigatórias;

d. Verbos complementares, aqueles que, em forma infinitiva, completam o sentido de inflexão finita de verbo principal, embora,

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a rigor, constituam cláusula complementar ou subjetiva distinta;- A cláusula infinitiva complementar eqüivale a relativa intro­

duzida pela conjunção que;- A cláusula infinitiva subjetiva constitui o sujeito básico da

forma finita, mormente das havidas por impessoais, tais sejam ôet- é necessário, importa que - e l^eoriv - épossível. O infinitivo, em

si, é, todavia, o real sujeito da inflexão finita;- Ilustram estas diferentes modalidades verbais, assaz abun­

dantes através do Novo Testamento, passagens tais como as se­guintes:

a. Verbo absoluto- ouç I 7 Ò) cryaTTco ev a\r|0eía - aos quais eu amo na ver­

dade (II Jo 1). A forma êrycnrô - amo (1- p. s. do pres. at. Ind.) ex­prime, a se, dissociada de elemento verbal coadjuvante o sentido pleno da ação: o afeto do apóstolo para com a senhora eleita e seus filhos a quem envia a epístola. Trata-se, pois, de verbo absoluto;

b. Verbo liame- OTl OÓTOl 01 \070 i TTlOTOl KCU aXT|0lVOl eloXV — POÍS

que estas palavras são fiéis e verdadeiras (Ap 21.5);- Kai outoç apx<*>v rfjç cruvor/cúTrj*; Wrfpxev - e este era

chefe da sinagoga (Lc 8.41); e- § X0 7 0 S aáp | 1 7 €V€to - O Verbo se fez carne (Jo 1.14);- As formas verbais eloxv - são (3- p. pl. do pres. at. Ind.

de etfxi), Wripxev - era {3- p. s. do impf. at. Ind. de viTapxco) e eyávero - fez-se (3- p. s. do 2- aor. méd. Ind. do depoente 7 1- vojxat) são todas expressão de verbos liames, pois que servem de mero elemento de ligação entre o sujeito (X0701 - palavras - na 1 -; avros - este - , na 2a-; e X0 7 0 Ç - Verbo - na 3-) e o complemento predicativo (respectivamente, m o ro í- fiéis e aXi^Lvoi - verdadei­ras - , na 1 -, apxwv - chefe - , na 2-; crápÇ - carne - , na 3§);

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c. Verbo auxiliar

(1 ) Tempos^perifràsticos- a í Se crò cra i v jío Geotò T C T a ^ fx e v a i elaív - Mas, as

existentes foram por Deus estabelecidas (Rm 13.1); e- eaeaGe ^àp eis aepa XaXowreç - pois estareis falan­

do ao ar {\ Co 14.9);

- As formas e la ív (3- p. p. do pres. at. Ind.) e ecreaGe (2- p. p. do fut. méd. Ind.), inflexões de e l|x í- se r- , estão associadas a particípios de verbos principais, em típica função auxiliar, no pri­meiro caso a 3- p. pl. do perf. pass. Ind. de Tcxaaot) - estabelecer - , no segundo a 2- p. pl. do fut. at. Ind. de XaXew - fa la r-, formações perifrásticas regulares. Aquela substitui a forma sintética, Te— Ta^vTai, impossível em razão da seqüência inadmissível de con­soantes (7 VT), esta se emprega em lugar da simples XaXirçaeTe, porquanto melhor se presta à expressão da ação progressiva, pró­pria do texto;

(2 ) Locuções verbais- ws Sià vo|Jiov eXeuGepías fxeXXoirreç KpíveaGai -

Como havendo de ser julgados pela lei da liberdade (Tg 2.12);- Kai ov SwaTa i a|xapTaveiv - E não pode pecar (I Jo

3.9);- As formas verbais |xéXXovTeç (ptc. pres. at. de fxéXXco),

na 1- sentença, e ôwaTai (3- p. s. do pres. méd. Ind. de ôvva|xai), na 2 -, são auxiliares, associadas, respectivamente, aos infinitivos KpíveaGai - ser julgados (pres. pass.) e à|xapTáveiv - pecar (pres. at.), naquele caso em locução verbal futuritiva promissiva, obriga­tória ou enfática, neste em locução verbal continuativa, durativa ou extensiva, em que o verbo significaria: continuar pecando-,

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d. Verbo complementar

(1) Cláusula relativa- iKeXevcrev tòv IIccuXov à x ^ v a i - E ordenou que

Paulo fosse conduzido (At 25.6);- A forma ax0Tjvoti, aor. pass. Inf. de &y(o - conduzir -,

que tem por sujeito o acusativo tov IlcájXov - Paulo - , comple­menta a EKeXewev - ordenou - em cláusula objetiva infinitiva, que melhor se traduz como relativa. Está, pois, o infinitivo &x9íivai na típica função de verbo complementar;

(2) Cláusula-subjetiva- ôéí 7 ap ccòtov fiaCTiXeveiv - pois que é necessário que

ele reine (I Co 15.25);- O pres. at. Inf. paonXeveiv - reinar - e seu sujeito,

oívtov - ele constituem cláusula complementativa ao impessoal 8 éí - é necessário. A rigor, porém, PaoxXeúeiv é o sujeito de ôei, de sorte que se poderia reverter a tradução a: pois que ele reine é necessário. Destarte, (3aaiXeijeiv não é adjunto verbal do impes­soal Sei, que valeria por simples auxiliar, mas verbo complementar em cláusula subjetiva.

11. ACENTUAÇÃO

11.1 - Normas- Têm o substantivo, o adjetivo e o pronome o chamado

acento posicionai. Não há dizer-se de antemão em que sílaba das possíveis cairá este acento. Só à base do léxicon se pode ele deter­minar com precisão. Todavia, uma vez estabelecida a posição do acento na forma base, nominativo singular, nessa sílaba permane­cerá, quanto o permitam as leis prosódicas, nas demais inflexões. Daí, a designação deposicionai;

- O verbo, porém, em suas formas finitas, isto é, nos tempos do Indicativo, do Subjuntivo, do Optativo e do Imperativo, tem o

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que se conhece como acento recessivo (do latim re - para trás - e cessivus, a, um, forma adjetiva oriunda do supino cessum, de ce- dere - retrair-se), acento que estará sempre o mais distante possível da última;

- Assim sendo, dir-se-á que o acento das formas verbais fini­tas se porá sempre na antepenúltima, quando a última for breve, na penúltima, quando a última for longa. Em tais circunstâncias será sempre agudo e jamais cairá na última;

- Isto posto, vê-se que, enquanto o acento do substantivo, do adjetivo e do pronome, é contingente ou indeterminado, o acento das formas verbais finitas é preciso, fixo, determinado;

- Formas verbais que tenham menos de três sílabas, flexões de verbos compostos em que o tema em si seja dissilábico ou mo- nossilábico, inflexões contratas e formas imperativas, especial­mente da 2 - p. s. em muitos verbos, fogem à regularidade da típica acentuação recessiva;

- Os chamados modos complementares, isto é, o Infinitivo e o Particípio, acentuam-se mais em termos posicionais que recessivos.

11 .2 - Aplicação- Ilustram estas normas prosódicas exemplos tais os seguin­

tes:

1. CTpéxeTe - corneis (Gl 5.7)- Forma finita (2- p. pl. do impf. at. Ind.), breve a última (tc ),

recede o acento até a antepenúltima, Tpe, logo, agudo, proparoxí­tona a inflexão.

2. apOiqTü) - seja afastado (Ef 4.31)- Inflexão imperativa (3- p. s. do 19 aor. pass.), o acento é re­

cessivo. Longa a última (tío), não pode incidir na antepenúltima, pelo que recede apenas até a penúltima, sílaba que, a despeito de ser longa, não pode, nestas circunstâncias, receber o circunflexo. Logo, será agudo o acento, paroxítona a forma.

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3. oíSa - sei (Fp 4.12 )

- Inflexão do Indicativo (1 - p. s. do 2? perf. at. com sentido de presente), última breve, recederia até a antepenúltima o acento. Como é dissilábica a inflexão, tal se não poderá dar, ficando, pois, na penúltima. Sílaba longa (ditongo oi não final), breve a última, será circunflexo o acento, properispômena a forma.

4. otvrjKev - convém (Cl 3.18)- Embora finita a forma (3- p. s. perf. at. Ind., impessoal) e re­

cessivo o acento, apesar de breve a última, não recede até a ante­penúltima, porquanto é inflexão composta (preposição ava , elidida, e o perfeito T|K€v) em que a porção verbal é dissilábica. Fica, des­tarte, na penúltima, sílaba que, por ser longa, recebe o circunflexo, uma vez que é breve a última, donde, properispômena a inflexão.

5. XaXovfxev - falamos (I Ts 2.4)- 19 p. pl. do pres. at. Ind. de XaXew - fa lar-, portanto, forma

finita, ademais trissilábica de última breve (jxev), esperar-se-ia fosse acentuada na antepenúltima: XáXovjxev. Trata-se, porém, de inflexão contrata, cuja expressão original era XaXéofxev, forma em que se aplicava regularmente o princípio de recessividade. Contraí­da a inflexão, permanece, obrigatoriamente, o acento na resultante (ou, fusão de e + o), circunflexo por tratar-se de penúltima diton- gal, portanto, longa, a preceder a última breve. Properispômena, evidentemente.

6 . êX0é- vem (Mt 14.29)- Dentro de normas recessivas puras, finita a forma e dissilá­

bica, esperar-se-ia acentuada lhe fosse a penúltima: eX0e. Forma imperativa (2 - p. s. do 2 - aor. at.), tem acentuação especial, na últi­ma, agudo, oxítona, pois.

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12. SISTEMA DO PRESENTE

12.1 - Natureza

- Sistema do Presente ê o todo constituído pela matriz, Pres. At. Ind., e seus treze derivados, num total de quatorze flexões dis­tintas.

12.2 - Característica- Caracteriza-se o Sistema do Presente:- Em primeira plana, pela raiz ou tema do presente, parte que

precede ao oo terminal da forma base, 1- p. s. do pres. at. Ind., a aparecer, invariável, sempre o mesmo, em todas as inflexões do sistema; e

- Secundariamente, pela vogal de ligação, variável, que liga o tema à desinência ou parte final da forma.

12.3 - Enumeração

- Consta este sistema da flexão do presente, nas três vozes e nos seis modos, mais o imperfeito, restrito ao Indicativo. Observa- se que uma só e mesma forma serve às vozes média e passiva;

- Formam, pois, este sistema as seguintes flexões:1. Pres. At. Ind. 8. Pres. MP. Imper.2. Pres. MP. Ind. 9. Pres. At. Inf.3. Pres. At. Subj. 10. Pres. MP. Inf.4. Pres. MP. Subj. 11. Pres. At. Ptc.5. Pres. At. Opt. 12. Pres. MP. Ptc.6. Pres. MP. Opt. 13. Impf. At. Ind.7. Pres. At. Imper. 14. Impf. MP. Ind.

12.4 - Presente Ativo do Indicativo

1. Estrutura- Constam as inflexões do pres. at. Ind. de:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIAS

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2. Formação

a. Raiz

(1) Natureza

- A raiz ou tema, elemento fundamental desta matriz e de todos os derivados, é a parte que precede ao o> (nos depoentes o|xat) final da 1 - p. s. da forma básica de enunciação, a aparecer in­variável, sempre a mesma, em todas as inflexões do tempo, a pri­meira das partes principais do verbo referidas nos vocabulários e léxicons;

(2) Adimplementação- A raiz do presente é, em grande número de verbos,

o tema puro, a raiz básica de todas as formas, flexões e sistemas, a geratriz de que procedem os demais tempos. Em não poucos, en­tretanto, apresenta-se modificada, alterada, reforçada, extensifica- da, em termos de processos tais os seguintes:

(a) Aposição de consoantes- Em certos casos, insere-se a nasal v, ora ligada ao

tema por vogal eufônica (ou ót, ou t, ou v) ou pelo ditongo a i, ora apenas seguida de e. Por vezes, outra nasal se intercala no tema, especialmente na forma em que o v é antecedido de a. Exemplifi­cam esta extensificação temática à base da nasal v:

- á|xapTávco - pecar (I Co 6.18): à raiz simples a|xapT aduz-se a nasal v precedida de á , pelo que o tema do presente se faz: áixapmv (ájjuxpT + à + v);

- mvco - beber (Mc 10.39): amplia-se a raiz simples tt pela inserção da nasal v antecedida de i. Logo, o tema no presente se torna t t í v (tt + i + v);

- 'rrXinOwú) - multiplicar (At 9.31): apõe-se à raiz sim­ples ttXtiG a nasal v ligada pela vogal v. Daí, o tema do presente é ttX-tiOw (TrXinQ + v + v);

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- 'TTLKpaívca - armargar (Cl 3.19): extensifica-se a raiz simples 'TTiKp mercê da inserção da nasal v, interposto o ditongo a i. O tema do presente é, destarte: micpaiv (mKp + a i + v);

- acpLKveo|xai - chegar (Rm 16.19): a raiz simplesé ik , nesta forma composta com a preposição cnro, que sofre elisão do o e aspiralização da branda tt, tornando-se, pois, àcpiK. Reforça- a a nasal v seguida de e, donde passar o tema do presente (estra­nho ao Novo Testamento) a ser àcpiKve (à<p + ik + ve);

- \a|xpávíú - receber, tomar (Jo 5.34): a raiz simples é Xàp, que, em certas formas, se alonga em X^p. No tema do pre­sente exibe a inserção da nasal v antecedida de & e, ademais, a in- terposição da nasal |x entre o a e o p temáticos, passando, pois, a ser: Xa|x(3áv (Xá + |x + p + á + v);

- Formação deste jaez estampa-se, ainda, em:

A-or/x va) - sortear (II Pe 1 .1 ): raiz Xáx;XavGtítvco - ocultar (II Pe 3.5): raiz XÒtO;|xotvQáv(ú - aprender (I Co 14.31): raiz |xa0;TTDvbavofxca - indagar (At 10.29): raiz ttu0; enryxáva) - acontecer (At 24.2): raiz tíóx;- Em outros verbos insere-se o grupo ctk, direta­

mente ou mediante vogal eufônica. Exemplos seriam:- |xe0ixrKO3 - embriagar-se (Ef 5.18), em o Novo Tes­

tamento só na voz média: a raiz simples é |xe0u, a que se acrescen­ta,- diretamente, o grupo ctk. O tema do presente é-lhe, portanto: |xe0ixTK (|xe0i> + ctk); e

- evpÍCTKío - achar (Lc 13.7): a raiz simples é eup, a que se apõe o grupo ctk, interposta a vogal de ligação í. Destarte, o tema do presente é: eupurK (eup + t + ctk);

- Verbos em que a raiz termina pela labial branda tt aduzem, por vezes, a lingual branda t , sem vogal conectiva. É o que se vê, por exemplo, em kotttco - cortar (Mt 21.8), cuja raiz simples é kott, no tema do presente extensificado pela aposição do t , logo,KOTTT (KOTT + T);

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(b) Duplicação da consoante final

- Verbos em que a raiz termina por líquida inserem, no tema do presente, um iota extensional, que, após X, geralmente, se assimila a essa líquida, por isso a aparecer reduplicada, mas so­fre metátese, antepondo-se à líquida, quando se trata de p, via de regra;

- Exemplos desta dúplice modalidade alteracionalseriam:

- fJaXXco - lançar (Ap 2.22), a cuja raiz simples, (3áX, se aduz o i extensional, que a faria 3aXi, ao depois, mercê da assi­milação processada, convertido em X, de sorte que a forma final do tema do presente é |3aXX, reduplicada a líquida.

- Graficamente: (3àX + &)-*■ (3áX + í + <oPaXX + co;

- eyéipo) - levantar, suscitar (Jo 5.21), cuja raiz sim­ples é 67ep, a que se apõe o í extensional, ao depois transposto para ANTES da líquida, de sorte que o tema do presente exibe essa inserção característica.

- Graficamente: V/ep + co -*■ €7 ep + t + co -*■€76lp + co.

(c) Substituição da consoante final- Verbos em que a raiz termina em lingual, especial­

mente 8, por vezes em gutural, geralmente 7 , inserem o t extensio­nal e sofrem a substituição de ambos, a muda temática e esse t adi­cional, pela dupla £ ou pela geminada crcr (no ático tt); em alguns verbos a gutural final do tema apenas cede ao grupo ctk , sem inser­ção do fator 1 de extensificação. Note-se que esse tema pode apre­sentar raiz já extensificada, por isso que, em muitos verbos, a lin­gual ou gutural é elemento paragógico, unido à base por vogal eu- fônica, normativamente á , í ou -tí;

- Exemplos deste processo de alteração do tema oferecem as formas seguintes: - KpáÇco- bradar (Tg 5.4): à raiz Kpay se apõe o í extensional, que a faz Kpcryí, substituindo, a seguir, ao

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final 71 a dupla £, donde o tema atuai do presente, Kpá£.- Graficamente: Kpóry + co Kp&y + 1 + o>

KpàÇ + co;

- eXmÇco - nutrir esperança (Rm 15.24): o tema seria, de início, eXm8, que, inserida a extensão í, se fez eXmôi, alfim mudado em eXm£, dada a substituição da lingual 8 e o iota se- qüente pela dupla £.

- Graficamente: eXmS + co -► eXirÍ8 + 1 + co —► %Xtt?£ + co;

- 707tv£co - murmurar (Jo 6.61): o tema ampliado 7077Ü8 receberia o elemento extensificador í , fazendo-se, pois, 70771)81, e, a seguir, cedeu lugar o final 81 à dupla £, de sorte que o tema atual do presente é 70771^.

- Graficamente: 7077W + co ► 70771)8 + í + co 7 0 7 7 + co;

- Kiqpwaco (ético KirçpÚTTCo) - proclamar (Gl 5.11): a raiz é icripüK, extensificada pelo í extensional para icrpvKi, assu­mindo, por fim, o tema do presente a forma ioripvcrcr (ático ktipvtt), o sigma geminado tomando o lugar da guturai K e o i seqüente.

- Graficamente: k t jp v k + co- k t ip v k + 1 + (o -► KT|fri3CTCT + co;

- 8i8owtkío - ensinar (I Co 4.17): a raiz simples é 81— Sax, a que se adiria o grupo extensificamente ctk, a substituir, en­fim, a aspirada terminal do tema. Portanto, no presente, a forma atual dessa raiz ou tema passou a ser SiScmtk.

- Graficamente: 8i8ctx + co -► SiScxx + ctk + co SiSacrK + co.

(d) Alongamento da vogal terminal- Em certos verbos em que breve é a vogal da raiz

processa-se, no tema do presente, o alongamento regular dessa vogal, resultando, geralmente, ditongo;

- Exemplo: Xeímo - deixar, faltar (Lc 18.22): a raiz simpies é Xltt, cuja vogal, em alongando-se no tema do presente,

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se transmuta no ditongo ei, fazendo-se, pois, Xei/rr.- Graficamente: Xl-tt — Xenr.

(e) Inserção de vogal eufônica

- Conhecem-se como verbos vocálicos aqueles em que, na forma básica, éooi final antecedido de à, e ou o, vogais que no sistema do presente se contraem com a vogal de ligação ime­diata e nos demais sistemas sofrem apropriado alongamento. To­davia, essas vogais são simples inserção eufônica, logo, não ele­mento integrante da raiz. Idêntica é a situação dos verbos em que aparece no final do tema o ditongo ev;

- Exemplos: - cryaTrao) - amar (II Co 11.11): a vogal gl que precede ao co final da forma é simples elemento extensional de eufonia, não parte integrante da raiz. Logo, a raiz real é crycnr, ex- tensificada pela aposição da vogal eufônica a, de sorte que o tema se faz, afinal, éryaTrcx (orycrjr + à);

- x<*>p€(o - alocar-se (Jo 8.37): a vogal e é extensional, logo, a raiz é x<*>p. Mercê dessa inserção vocálica de eufonia, o tema

se faz xwPe (XtóP + e);- crraupoco - crucificar (Mc 15.24): a vogal o é inserção

eufônica; a raiz, portanto, é oraup. O tema, dada essa inserção, é oroupo (oraup + o);

- 'jropewfiai - ir (Jo 11.11): o ditongo ev, a preceder ao fina! o|xai desta forma básica de verbo depoente, é elemento de eufonia, não parte da raiz real. Esta é, à vista disso, Trop, extensifi- cado o tema pela aposição do ditongo, portanto, Tropeu (irop + eu);

- Nos verbos vocálicos (à, e ou o a preceder ao <o fi­nal da forma básica) o tema do presente é-o de todos os sistemas, alongada, porém, a vogal;

(f) Reduplicação de consoante inicial- Em certos verbos, caracteristicamente verbos em

|xí, reduplica-se, no tema do presente, a letra consoante inicial da raiz, seguida de vogal, regularmente í. Alguns, é verdade, mor­

359

Page 371: Manual de Lingua Grega.vol.1

mente se iniciados por vogal, ou antepõem i com aspiração forte

ou alongam essa vogal; outros acrescentam a sílaba vu extensional à raiz simples;

- Exemplos: - 8i8a)|xÍ — dar (At 3.6): a raiz simples é 8o, alongada nesta inflexão para S<o. No tema do presente repete- se o 8 inicial seguido de í, prefixando-se essa reduplicação à raiz pura. Logo, o tema passa a ser, para todo o presente, 8180;

- uxtyiixi - postar-se (comum em o Novo Testamen­to, todavia, não em formas do sistema do presente): a raiz simples é erra, que nesta inflexão se alonga em cttt). Reduplicado, repetida a consoante inicial seguida de í, deveria o tema do presente ser ow ra . Desaparece, porém, o sigma inicial, substituído por espírito forte, pelo que se faz terra (alongado, Icmi);

- cnróXXujxt - destruir, perecer (I Co 8.11): forma composta da preposição oítto, elidida, e de oXXi>|xi, tema do pre­sente constituído da raiz ÒX e da inserção extensional aposta vu, as­similada a nasal ao X da raiz, logo, ôXXu. Portanto, a estrutura bási­ca da forma será: õrrr + oX + vu + |xt, afinal, enr + oX + Xu + jxl.

(3) Formas complexas ou anômalas- Temas verbais do presente há em que se registram

variações outras que as referidas, alterações especiais, combinadas ou multifárias. Tais casos devem ser vistos de per si;

- Exemplos de referir-se, em vista da freqüência das

formas em o Novo Testamento, seriam:- "yivoixrKü) - saber, conhecer (Rm 7.15): a raiz simples

é tvo. Dupla incrementação se lhe faz ao tema do presente: redu­plicação do 7 inicial seguido de i, como nos verbos em |xl, prefixa­da à raiz, e aposição do grupo ctk, além de alongar-se a vogal da base. Logo, o tema, em sua feição última, será 71 + yvo> + ctk, forma que assume no clássico. No coiné, porém, desaparece o 7 da raiz, de sorte que se reduz a 71 + voo + ok;

- 7 ivofxai - tornar-se, vir a ser (I Tm 6.4): a raiz pura é 76V, como aparece no 2- aoristo. No sistema do presente, como

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Page 372: Manual de Lingua Grega.vol.1

em 7 ivcú<xkoo, à maneira de verbos em jjll, reduplica-se o 7 inicial da raiz, que se antepõe à base seguido de í. Logo, o tema do pre­sente seria 7 i7ev. Suprime-se, entretanto, a vogal e, de sorte que se reduz a 717V, donde dever ser a forma base deste depoente 7Í 7V + o + fiou,, que assim ocorre no clássico. No coiné, todavia, dá-se a queda do 7 inicial da raiz, ficando, pois, o tema atual do presente reduzido a 71V, donde a 1- p. s. do pres. méd. Ind. 71V — o — [xoa;

- Graficamente: 7€v -*■ 7 i7 ev -*• 7Í 7V -*• y ív .

b. Vogal de ligação- As vogais de ligação, elemento que liga as desinências ao

tema, neste como nos demais tempos que as requerem, são as dis­tintivas do Indicativo, isto é: - o -► antes de desinências iniciadas por |x ou v,

- e -► antes de desinências iniciadas por outras letras, neste caso, ç ou t .

c. Desinências

(1) Natureza- As desinências, ou terminações, são as variações ape­

nas ao final das formas para indicar as diferentes pessoas, seu nú­mero e voz, nos tempos e modos dos vários sistemas;

- Na realidade, são essas desinências formas evoluídas ou reduzidas dos pronomes pessoais correspondentes, de sorte qüe, em última instância, constam as inflexões do tema, a porção dinâmica do termo, e da variação pronominal sufixa, a parte estática da palavra, aquele a expressar o estado ou ação (QUÊ), esta a sua atribuição ou aplicação, o agente ou paciente (QUEM);

- Neste pres. at. Ind. empregam-se as chamadas DESI- NÊNCIAS PRIMÁRIAS ATIVAS, próprias de todos os tempos pri­mários (pres., fut. e perf.), na voz ativa, neste modo, bem como nas flexões todas do Subjuntivo, nesta voz;

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Page 373: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2) Quadro

- A tabela geral das desinências primárias ativas é:

SINGULARjxta t ou ç TOV

DUAL PLURALjxev

T€U O

t i ou a t TOV VTl

(3) Aplicação- Aplicam-se estas desinências, de igual modo, aos ver­

bos emwe aos verbos em |xt, com ligeiras diferenças;- Assim, nos verbos em |xí permanece inalterada esta

desinência da 1- p. s., enquanto nos verbos em to evolui para esta

vogal, ou, melhor, dá-lhe lugar;- Ademais, aplicam-se as desinências a í da 2- p. s. e t i

da 3§ p. s. às flexões dos verbos em to, as alternativas ç da 2- p. s. e a í da 3- p. s. às flexões dos verbos em |xí;

(4) Dual- Embora não mais se deparem no coiné, e, destarte, em

o Novo Testamento, inflexões do dual, apender-lhe-emos as for­mas nas diversas flexões, para benefício de quem se defronte com textos clássicos;

(5) Alterações- Quatro das inflexões do pres. at. Ind. apresentam sen­

sível alteração no final das formas atuais, a saber:- Na 1- p. s. cai a desinência fxí, alongando-se compen-

satoriamente a vogal de ligação, que de o se faz to;- Na 2- p. s. fundem-se vogal de ligação (e) e a desinên­

cia (aí), resultando o grupo ditongal eiç;- Na 3? p. s. produz-se a mesma alteração, fundindo-se

a vogal de ligação e com a desinência t i , de que resulta o final ei; e- Na 3- p. pl. sofre a desinência, v t i , a dissimilação da

362

Page 374: Manual de Lingua Grega.vol.1

lingual t , que se transmuta em s , seguida de queda da nasal e do alongamento compensatório da vogal de ligação o, a tornar-se ou;

- Logo, o + vtÍ — o + v a i -► o + a t -► ouI ü+ ctl;

- Graficamente: 1ã p. s.: o + |xt —► w2- p. s.: e + a í —► etç3- p.s.: e + t l —►et39 p. pl.: o + vtÍ —► auaí

(6) Terminações- Tem, pois, o pres. at. Ind., nas formas atuais, as se­

guintes e características terminações:

SINGULAR DUAL PLURAL

1§ p. (0 — (xev

2a- p. eis TOV TC

3a- p. €1 TOVtl

a i

- Nas três formas do singular já não mais se dissociam

vogal de ligação e desinência, fundidas em terminação una;- Na 3- p. pl. reduziu-se a desinência, expandiu-se a vo­

gal de ligação;- No dual, ambas as formas, e, no plural, a 1- e 2- pes­

soas, não sofrem alteração a vogal de ligação e a desinência.

3. Flexão

a. Formas- De m a T e i x o - crer - , cujo tema do presente é m a T e u ,

conveniente paradigma, as formas flexionais são:

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Page 375: Manual de Lingua Grega.vol.1

FORMA ATUAL FORMA ORIGINAL

Tema VL Des. Tema VL Des.15 p. s. moreu Cú morreu 0

u[XI - creio

2a- p. s. moreu eiç moreu eu

ori -c rê s3a- p. s. morei) 61 moreu e u

Tl - crê (ele, ela)

2a- p. d. moreú e tov moreu e TOV - credes (vós dois,vós duas)

3§ p. d. moreu e tov moreu e TOV - crêem (eles dois,

1 - p. p. moreu o2- p. p. moreu e3§ p. p. moreu ou o i

(X€V TTUTTCU o

T€ mOTCU emoreu o

elas duas)

fxev - cremost€ - credesv t i - crêem (eles, elas)

b. Uniformidade

- O tema, moreu, permanece constante, o mesmo em to­das as formas, primitivas ou atuais, invariável, portanto;

- No dual, a que é alheia flexão da 1- p., são idênticas em forma as duas inflexões (ambas moreu + e + tov). Aliás, é de notar-se que terão sempre a mesma forma essas duas pessoas do dual em todas as flexões a que se apliquem desinências primárias, sejam ativas, sejam médias ou passivas;

- Em nada diferem da original correspondente as formas atuais das duas inflexões do dual e da 1- e 2- pessoas do plural, mantidos sem alteração os elementos estruturantes.

4. Acentuação

- Tempo finito, recessiva é a acentuação das formas flexionais deste pres. at. Ind., a distanciar-se quanto permissível da última;

- Desinências todas breves, recederá o acento para a antepe­núltima, apenas nas três inflexões atuais do singular ficando na pe­

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núltima, dada a alteração do final, a resultar em terminação longa;- Agudo é o acento em todas as formas, já porque está na

antepenúltima (que não admite outra espécie de acento), já porque, em estando na penúltima, a última é longa.

5. Nü móvel- A forma atual da 3- p. pl. já que termina pela sílaba oí, rece­

be geralmente o nü móvel quando seguida de palavra que se inicia por vogal ou ditongo ou quando é o termo último da sentença.

6. Sentido e tradução

- Destaca-se nas flexões verbais gregas não o tempo, QUAN­DO o fato se dá, mas a chamada AKTIONSART, ou qualidade da

ação, COMO se processa o evento, aspecto este sempre de obser­var-se;

- Expressa o presente, ao lado do imperfeito, a chamada ação LINEAR, extensa, durativa, a eventuação vista como fato específico (ação momentânea), ou evento repetido (ação costumeira), ou pro­cesso em execução (ação progressiva);

- A voz ativa, de um lado, estabelece que a ação é praticada pelo sujeito, de outro acentua a especificidade do fato em distinção de outros, não o sujeito e seu envolvimento (voz média), nem o evento como expressão realizada ou produto resultante (voz passi­va);

- O Indicativo, modo categórico, expressa o evento em termos incisivos, terminantes, inqualificados. Ademais, único a reter noção definida de temporalidade absoluta (o particípio tem-na, porém, em moldes relativizados), no presente, refere a eventuação como atual, contemporânea;

- Isto posto, dir-se-á que é o pres. at. Ind.:- tempo de ação linear (presente),-atual, presente, contemporânea (Ind., pres.),-praticada pelo sujeito (voz ativa),- expressa em termos incisivos (Indicativo),

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Page 377: Manual de Lingua Grega.vol.1

- ressaitaaa sua especificidade (voz ativa),-momentânea, repetida ou progressiva (linear);- Traduz-se, normativamente, pelo equivalente do português,

subentendidas as variantes de expressão;- Portanto, morevo) se pode, conforme o contexto, traduzir

como:

- creio (o fato presente: ação momentânea); ou,- creio (o fato repetido: ação costumeira = costumo crer); e- estou crendo (o fato em andamento: ação progressiva).

7. Aplicação paradigmática

- A base desta flexão, conjuga-se o pres. at. Ind. dos demais verbos em co com simplesmente substituir-se o tema moreu pela raiz do presente do verbo a flexionar-se, conforme se mostra ela na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação, desinências, variações e acentuação per­manecem em todos as mesmas.

12.5 - Presente Médio-Passivo do Indicativo

1. Estrutura

- Têm as inflexões do pres. mp. Ind. a seguinte composição:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz

- A raiz do pres. mp. Ind. é a mesma do pres. at. Ind., ma­triz do sistema, invariável, a mesma em todas as formas da flexão;

b. Vogal de ligação

- Também a vogal de ligação é, nesta flexão, a mesma da matriz, pres. at. Ind., isto é:

- o antes de desinências iniciadas por (x ou v,

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Page 378: Manual de Lingua Grega.vol.1

- e antes de desinências que se iniciam por outras letras, nesta flexão ç ou t ;

c. Desinências

(1) Natureza- As desinências próprias deste pres. mp. Ind. são as

chamadas primárias médias, na realidade, como se observou em re­lação às primárias ativas, formas evoluídas ou reduzidas dos pro­nomes pessoais correspondentes, donde o evidente paralelismo destas formas desinenciais médias para com as ativas equivalentes;

(2) Aplicação

- Aplicam-se estas desinências primárias médias no In­dicativo às flexões do presente, do futuro, do perfeito e do futuro perfeito, em ambas as vozes, média e passiva, e no Subjuntivo às flexões do presente, médio e passivo, e do aoristo, apenas na voz média, sejam verbos em co, sejam verbos em jxi;

(3) Quadro- A tabela geral das desinências primárias médias é:

SINGULAR DUAL PLURAL12 p. |xca — |xe0á

2a- p. o m CT0OV o-0e

3 ? p. Toa O-0OV vtou

(4) Alteração- Na flexão do pres. at. Ind. quatro formas exibem alte­

ração, que afeta vogal de ligação e desinência; na flexão deste pres. mp. Ind. uma forma apenas oferece variação: a 2- p. s, Posta entre vogais, cai a sibilante desinencial, contraindo-se, a seguir, as vogais contíguas, e de ligação e ca finais da desinência, de que resulta o

ditongo ei (preferido no clássico) ou T) (adotado no texto néo- testamentário).

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Page 379: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Graficamente: e + om -* e + a i -* eiounr].3 . Relação

- Diferem estruturalmente o pres. at. Ind. e o pres. mp. Ind. apenas no tocante à desinenciação. Tema e vogal de ligação são idênticos em ambas as flexões em sua forma original. Logo, conhe­cidas as formas originais do pres. at. Ind., obtêm-se as equivalentes do pres. mp. Ind. com simplesmente substituir-se a desinência ativa pela médio-passiva correspondente, feitos os devidos ajustes morfológicos e prosódicos.

4 . Flexãoa. Formas

- De morevto - crer - , cujo tema do presente é morev, apropriado paradigma, as inflexões do pres. mp. Ind. são:

Tema VL Des.13 p . s. moreiS o |xai - creio; sou crido(a)2? p . s. [morei5 e ctou] — mar€V ei ou- crês; és crido(a)

moreu '"J3 ? p . s. moreij e Tai - crê; é crido(a)

2a- p . d. moTetí e CT0OV - credes (vós dois,vós duas); sois cri-dos (vós dois), soiscridas (vós duas)

3§ p . d. more-u e CT0OV - crêem (eles dois,

elas duas); são cri-dos (eles dois), sãocridas, (elas duas)

19 P. P. moreu✓0 |X € 0à - cremos; somos cri-

dos(as)

2§ p . p. moTeií e 006 - credes; sois cri-dos(as)

3- p . p. moreG 0 VTai - crêem; são cri-dos(as)

368

Page 380: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Na 2- p. s. não mais ocorre a forma primitiva TricrTe-úe— om, substituída pela atual contrata, mcrTevei ou monreln), esta úl­tima preferida dos editores do Novo Testamento, aquela dos es­critores áticos;

- A 2- p. s. deste pres. mp. Ind., em sua forma mcrTeíiei, é idêntica à 3§ p. s. do pres. at. Ind., e, de igual modo, na forma ttiotéÚt) é análoga à paralela do pres. mp. Subj. e à 3- p. s. do pres. at. Subj.; e

- No dual, como no pres. at. Ind., são similares as duas formas flexionais, fato a assinalar-se em todas as flexões em que se empregam desinências primárias.

5. Acentuação

- Tempo de modo finito, as inflexões do pres. mp. Ind. são acentuadas recessivamente;

- Desinências todas breves, recede o acento até a antepenúl­tima, caindo sobre o ditongo ev, menos na 1- p. pl., em que a desi­nência |xe0à, dissilábica, o retém sobre a vogal de ligação o. As formas atuais da 2- p. s., porém, cujo final se tornou longo pela contração das vogais contíguas, têm o acento na penúltima, regu­larmente;

- Agudo tem de ser o acento nestas inflexões, posto na ante­penúltima, ou na penúltima, se a última é longa.

6. Sentido e tradução- Não difere o pres. mp. Ind. do pres. at. Ind. no que tange

a Aktionsart, tempo de ocorrência ou maneira de enunciação. Diver­gem somente em matéria de voz e ênfase, no pres. at. Ind. ação praticada pelo sujeito, a ênfase incidindo no fato específico, no pres. méd. Ind. ação praticada pelo sujeito sobre si próprio (reflexa) ou sobre algo com que se relaciona (indireta), a ênfase caindo no su­jeito e seu envolvimento na ação; no pres. pass. Ind., ação sofrida

b. Observações

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Page 381: Manual de Lingua Grega.vol.1

pelo sujeito, a ênfase posta no fato como resultante ou produto;- E, pois, o pres. mp. Ind.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito (voz média) ou dele sofrida (voz passi­

va),-atual, presente, contemporânea (Ind., pres.),- expressa em termos incisivos (Indicativo),- ressaltado o sujeito em seu envolvimento (voz média) ou o

fato em sua expressão resultante (voz passiva),- momentânea, costumeira ou progressiva (linear);- Visto que ao português é estranha a voz média, traduzem-se

as inflexões deste pres. Ind., quando em função dessa voz, pelas correspondentes ativas, subentendido que a ênfase é ao sujeito e seu relacionamento especial, não ao fato em sua especificidade. Logo, o pres. méd. Ind. tem a mesma tradução geral do pres. at. Ind., implícita a diferença de sentido básico;

- Daí, moTevoixai, forma da voz média, se pode traduzir co­mo:

- creio (o fato presente: ação momentânea); ou,- creio (o fato repetido: ação costumeira = costumo crer), ou,- estou crendo (o fato em andamènto: ação progressiva);- Quando em função da voz passiva, traduzem-se as inflexões

deste pres. Ind. pela forma regular desta voz no português, isto é, por expressão perifrástica ou composta, constituída do pres. Ind. do verbo ser e do particípio passado do verbo principal, devidamente flexionados;

- Portanto, mcrTeúofjiai, forma da voz passiva, se pode tradu­zir como:

-soucrido(a) (o fato presente: ação momentânea); ou,- sou crído(a) (o fato repetido: ação costumeira = costumo ser

crido(a); ou,- estou sendo crido(a) (o fato em andamento: ação progressi­

va).

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Page 382: Manual de Lingua Grega.vol.1

7. Aplicação paradigmática- Conjuga-se o presente médio ou passivo do Indicativo dos

demais verbos em co, à base deste paradigma, com simplesmente substituir-se a raiz moreu pelo tema do presente do verbo a fle- xionar-se, conforme se estampe na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação, desinências, alteração e acento serão os mesmos sempre, em todos os verbos em co.

12.6 - Imperfeito Ativo do Indicativo

1. Estrutura- A estruturação geral das formas do impf. at. Ind. consiste de:AUMENTO + RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Aumento (cAí Trjoxç)

(1) Aplicação- O aumento, quanto se pode pressupor, seria, de ori­

gem, forma adverbial específica dos tempos pretéritos, a marca das flexões de ação passada, o sinal distintivo das típicas inflexões se­cundárias. De qualquer modo, na estruturação atual das formas verbais, ê o elemento ou componente único de cunho especifica­mente cronológico ou temporal;

- Ocorre o aumento apenas nos chamados tempos se­cundários do Indicativo, isto é, no imperfeito, aoristo e mais-que- perfeito, uma vez que neste modo subsiste clara a noção temporal e são estes os tempos de ação genuinamente pretérita;

- Segue-se que jamais haverá aumento em formas pre­sentes, futuras, perfeitas e futuras perfeitas, nem tampouco em in­flexões do Subjuntivo, ou do Optativo, ou do Imperativo, ou do In­finitivo, ou do Particípio.

371

Page 383: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Dois tipos há de aumento: SILÁBICO, simplesmente a vogal e (encimada de espírito fraco), que se antepõe a raízes inicia­das por letra consoante, e TEMPORAL ou VOCÁLICO, alonga­mento regular da vogal inicial, que se processa no caso de temas começados por vogal simples ou ditongo real. Aparece, é verdade,o aumento silábico diante de temas iniciados por vogal, casos em que, normativamente, se excindiu o digama ou a sibilante por que eram outrora começadas tais raízes ou formas verbais. Por outro lado, preceituam gramáticos e lingüistas que o aumento vocálico ou temporal nada mais é do que a contração deste e preposto com a vogal inicial do tema, inda que nem sempre se processe esta coali­zão nos moldes absolutos das normas reconhecidas de contração regular. Destarte, no impf. at. Ind. de è'xco - te r- , o aumento seria, na realidade, a contração do e silábico e do e temático, de que re­sulta o ditongo el, donde fazer-se a raiz incrementada etx, ao invés de T|X/ expressão do puro alongamento. A contração se mostraria mais natural, admitida a raiz primitiva oex (e + crex -> e + ex -*> elx);

- A vogal breve, em alongando-se, tomará a forma cor­respondente desta quantidade. Contudo, há a observar-se que:

- a s e faz, normalmente, -rj, não ã, e- e assume, em certos verbos, a forma ditongal et, em

vez da normativa -q;

- Em raízes iniciadas por vogal longa não se altera essa vogal, havendo-se por implícito o aumento. De igual maneira, não é raro deixar-se de alongar a vogal inicial dos ditongos;

- Têm alguns verbos o chamado aumento âtico duplo, que assume a forma longa iq antes de consoante ou se antepõe na for­ma breve e à vogal alongada ou imutada do tema, transferindo- se-lhe, neste caso, o espírito;

- Exemplos deste aumento duplo se vêem em:- rjfxeWev - haveria de (Hb 11.8).A forma regular desta 3§ p. s. do impf. at. Ind. de (xeXXü)

(2) Natureza

372

Page 384: Manual de Lingua Grega.vol.1

seria qAeÁÀev (o aumento silábico ê anteposto à raiz iniciada por letra consoante). Como aparece, na forma longa Tj, é o aumento áti- co duplo; e

- ecopcov - viam (Jo 6.2).A forma regular desta 3- p. pl. do impf. at. Ind. de opaco

seria copaov, contrata copcov, a vogal breve inicial o a alongar-se em co. O e prefixado representa duplicação do aumento, a antepor-se à inicial alongada do tema e a receber-lhe o espírito. Evidente au­mento ático duplo.

(3) Quadro- A tabela completa do aumento vocálico ou temporal

assim se poderia resumir:- á se alonga em t].- e se muda em iq, por vezes ei.- í se tornai.- o se faz co.

- v ficará v.- a i se converte em -r).- av se pode transmutar em Tyu.- ei se transforma em T] ou permanece ei.- ev passa a tjv ou continua ev.- ot se extensifica em co ou se mantém ot.- ov não se altera, normalmente, ou viraria cou.- v i e os impróprios a , rj, co não se alteram.

b. Raiz

- Integrante que é do sistema do presente, o impf. at. Ind.' tem a mesma raiz do pres. at. Ind., matriz do sistema, invariável, em todas as inflexões a mesma;

- Nos temas iniciados pela líquida p, duplica-se, regular­mente, esta consoante nas formas do impf., podendo-se-lhe sobre­por espírito forte.

373

Page 385: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Vogal de ligação

- Também a vogal de ligação é neste impf. at. Ind. a mes­ma da matriz, pres. at. Ind., e do pres. mp. Ind., isto é:

- o ante desinências iniciadas por |x ou v,- e ante desinências iniciadas por outras letras, nesta flexão

ç ou T.

d. Desinências

(1) Natureza

- Tempo secundário, tem este impf. at Ind. as chamadas DESINÊNCIAS SECUNDÁRIAS ATIVAS, formas evoluídas ou re­duzidas dos pronomes pessoais correspondentes;

(2) Aplicação- Aplicam-se, ainda, estas desinências, no Indicativo, às

flexões do aoristo e mais-que-perfeito ativos e do aoristo passivo, e, no Optativo, a todos os tempos ativos, tanto de verbos em to, como de verbos em |xí;

(3) Quadro- A tabela geral das desinências secundárias ativas é:

SINGULAR DUAL PLURALV- p. V — |xev2a- p. <; TOV tc

3a- p. T TT|V v ou oáv

(4) Observações- Em relação ao quadro desinencial, há a observar-se os

seguintes cinco pontos;19 Nas flexões em que a desinência da 3§ p. pl. é v, coin­

cidirão em forma esta inflexão e a 1- p. s., mesma a desinência, comuns os demais elementos;

374

Page 386: Manual de Lingua Grega.vol.1

2- Na 3- p. s. a desinência t jamais aparece na inflexão, visto que, lingual, não pode ser terminal de vocábulo, ocorrendo- lhe, porém, no lugar, geralmente, o nü móvel;

39 No dual as desinências diferem no tocante à vogal, aocontrário das primárias, quer ativas, quer médias, em que a vogal éa mesma, ômicron, em ambas as formas;

49 As desinências da 2- p. d. (to v ), da 1- p. pl. (|xev) e da2- p. pl. (t €) são exatamente iguais às equivalentes primárias, desorte que, nos tempos ativos, não se distinguem as formas primá­rias das secundárias, nestas pessoas. Paralela similaridade se dá também nas flexões médias e passivas;

59 Em relação à 3- p. pl.:- No Indicativo dos verbos em co ocorre a desinência v

no impf. e 19 e 2- aors. ats.; a desinência cràv no mqpf. at. e no aor.

pass.;- No indicativo dos verbos em jxí aparece a desinência v

apenas no aor. at. de formação tipo em co, enquanto no impf. e 29 aor. ats. cxav é a desinência normativa, como, aliás, também no mqpf. at. e aor. pass.; e

- No Optativo, em que só se empregam desinências se­cundárias, as flexões ativas de infixo simples (í) preferem a desi­nência v, as formas de infixo extenso (nq) preferem cràv;

(5) Relação- Todas igualmente formas evoluídas ou reduzidas dos

pronomes pessoais correspondentes, têm estas desinências secun­dárias ativas assinalada afinidade para com as primárias ativas, e mesmo as primárias médias, tendo quase sempre a mesma inicial.

3. Flexão

a. Formas- De TTiorTeíxo - crer -, cujo tema do presente é m or eu,

conveniente paradigma, as inflexões do impf. at. Ind. são:

375

Page 387: Manual de Lingua Grega.vol.1

Aum Raiz_________VL Des.15 p. s. è morev 0 v -e u cria2- p. s. è moreu e <; - tu crias

3§ p. s. e morev e (t ) - ele, ela cria

2- p. d. è morei» e to v - vós (dois ou duas) crieis39 p. d. è morev

/e t t |v - eles (dois), elas (duas) criam

p. pl. e morev 0 ixev - nós criamos2§ p. pl. e moreu e Te - vós crieis3- p. pl. e morev 0 v - eles, elas criam

b. Observações- A 1 - p. s. e a 3- p. pl. têm a mesma forma: emorevov;- A 3- p. s., que deveria ser émoreveT, é, na forma atual,

êmoreve, dada a queda da desinência t , que não pode ser final de palavra grega regular. Pode, entretanto, receber o nü móvel, apare­cendo como êmorevev;

- Diferem, quanto à vogal desinencial e posição do acento, as duas formas do dual;

- A 2- p. d. e a 1- e 2- p. pl. diferem das paralelas do pres. at. Ind. apenas em que às formas do impf. se antepõe o aumento;

- Aumento (e) e raiz (moreu) são sempre os mesmos em todas as formas da flexão;

- Têm as inflexões deste impf. em comum com a matriz, pres. at. Ind., dois dos elementos estruturais: o tema (moreu) e a

vogal de ligação (o/e), diferentes as desinências, e mais o aumento; e

- Formas divergentes ocorrem na 3- p. pl., seja pela inser­ção da sílaba crà, típica do 19 aoristo, entre a vogal de ligação e a desinência, seja pela substituição do ômicron de ligação pela vogala, própria do aoristo dos verbos em líquida ou nasal;

- Tais formas, em termos de morevw, seriam: è Triorevo oxxv e e—morev—ã —v;

376

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- Em o Novo Testamento estas formas se assinalam parti­cularmente em relação ao verbo exco - ter - , pois que, em lugar de etxov - tinham - aparece eíxocrav em Jo 15.22,24 e, em certos tex­tos, eixav em Mc 8.7 e Ap 9.8,9.

4. Acentuação- Tempo de modo finito, o acento é recessivo nestas formas

de impf. at. Ind.;- Somente a 3§ p. d. tem final longo (tt|v ), pelo que o acento

estará na penúltima, a vogal de ligação e; nas demais a última é breve, donde receder o acento até a antepenúltima, a sílaba m , nas três do singular e na 3- p. pl., em que a desinência não constitui sílaba própria, o ditongo ev, na 2- p. d. e na 1- e 2- p. pl., em que a desinência forma sílaba adicional;

- E agudo o acento em todas estas formas.

5. Sentido e tradução

- Imperfeito, como no presente, a Aktionsart é extensa, dura- tiva, continuativa, LINEAR, ação vista como fato específico (mo­mentânea), repetido (costumeira) ou processual (progressiva);

- Voz ativa, o sujeito pratica a ação, acentuado o fato em sua especificidade, como processo distinto de outros;

- Indicativo, a expressão é incisiva, terminante, categórica e a projeção temporal é passada, pretérita, anterior;

- Logo, é este impf. at. Ind. paralelo em expressão ao pres. at. Ind., similar em todos os aspectos, exceto no tocante ao QUANDO a ação se dá, pois que:

- Presente - ação atual, presente,- Imperfeito - ação anterior, passada;- Sintetizando-se, dir-se-á que o impf. at. Ind. é:- tempo de ação linear (imperfeito),- pretérita ou passada (Ind., impf.),- praticada pelo sujeito (voz ativa),- expressa em moldes categóricos (Indicativo),

377

Page 389: Manual de Lingua Grega.vol.1

- a ênfase a cair sobre o fato específico (voz ativa),- momentânea, repetida ou progressiva (linear);- Corresponde ao nosso pretérito imperfeito e assim, norma-

tivamente, se traduz, respeitadas variantes de expressão e peculia­ridades do contexto;

- Daí, emcrrevov (1 - p. s.) admite as seguintes traduções bási­cas:

- eu cria (o fato anterior: ação momentânea), ou,- eu cria (o fato repetido: ação costumeira = costumava crer); e- eu estava crendo (o fato em andamento: ação progressiva);- Basicamente, projeta o impf. a ação como inacabada, pro­

cesso em desenvolvimento, eventuação a estender-se em perspec­tiva passadd, determinando-se do contexto o sentido final, passível de ampla variedade de traduções possíveis e cabíveis;

6. Peculiaridader

- E o impf., como também o mqpf., tempo peculiar ao Indica­tivo, alheio, pois, aos demais modos;

7. Aplicação paradigmática- Conjuga-se o impf. at. Ind. dos demais verbos em co em

termos deste paradigma, requerendo-se apenas a substituição do tema moreu pelo correspondente do verbo a flexionar-se, confor­me se mostra na primeira das partes principais, e a adaptação do aumento, se iniciado o verbo por vogal ou ditongo;

- Vogal de ligação, desinências e acentuação continuarão as mesmas para todos os verbos em co;

- Assim, de âxouco - ouvir - , tema do presente cxkou, o impf. at. Ind. é, na forma base, t^kov—o—v, vocálico ou temporal o au­mento (alongada a vogal inicial á para -ri), não o silábico. Fosse lon­ga essa vogal, não se alteraria, incapaz de ulterior alongamento. Ter-se-ia o aumento por implícito em tal caso.

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Page 390: Manual de Lingua Grega.vol.1

12.7 - Imperfeito Médio-Passivo do Indicativo

1. Estrutura- A estrutura geral das formas deste impf. mp. Ind., similar à

do impf. at. Ind., é:AUMENTO + RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Aumento- É o aumento, neste impf. mp. Ind., o mesmo do impf. at.

Ind.: silábico (I), se o tema se inicia por letra consoante, vocálico ou temporal (alongamento), quando a raiz começa por vogal ou diton­go;

b. Raiz- Também a raiz no impf. mp. Ind. é a mesma do impf. at.

Ind., aliás, a mesma do pres. at. Ind., matriz de todas as flexões deste sistema verbal, raiz que se conserva inalterada em todas as inflexões deste, como dos demais tempos;

- Como se observou em relação ao impf. at. Ind., nos ver­bos em que o tema se inicia pela líquida p duplica-se, regularmente, esta semiconsoante nas inflexões deste impf. mp. Ind., podendo- se-fhe sobrepor espírito forte;

c. Vogal de ligação- Não menos que o aumento e a raiz, é a vogal de ligação

meste impf. mp. Ind. a mesma do impf. at. Ind., aliás, a mesma da matriz, pres. at. Ind., e do pres. mp. Ind.;

- Logo, o ante desinências iniciadas por |x ou v,e ante desinênc ias outras, in ic iadas por ç ou t ;

379

Page 391: Manual de Lingua Grega.vol.1

d. Desinências

(1) Natureza

- Tempo secundário, médio e passivo, tem o impf. mp. Ind. as chamadas DESINÊNCIAS SECUNDÁRIAS MÉDIAS, como as demais desinências, formas evoluídas ou reduzidas dos prono­mes pessoais correspondentes, donde a nítida afinidade e o direto paralelismo destas para com as outras, mormente para com as primárias médias;

(2) Aplicação

- Estas desinências secundárias médias se aplicam, não apenas ao impf., mas ainda, no Indicativo, ao aoristo médio e ao mqpf. médio e passivo; no Optativo, ao pres., ao fut. e ao fut. perf. nas vozes média e passiva, e ao aor. na voz média, quaisquer que sejam os verbos, em ío o u fu;

(3) Quadro- A tabela geral das desinências secundárias médias é:

SINGULAR DUAL PLURAL12 p. — fX€0á2a- p. <TO CT0OV O"0£3a- p. TO O"0T|V VTO

(4) Observações

- Cinco pontos merecem ser destacados em relação a este quadro desinencial:

1? A desinência da 1§ p. s. tem vogal longa (ixirçv), dife­rindo, pois, neste aspecto, da 1- p. pl. ativa, cuja vogal é breve (|xev);

2- Como no pres. mp. Ind., a sibilante inicial da desinên­cia da 2- p. s., posta entre vogais, cairá, contraindo-se, em seguida, as vogais contíguas, e de ligação e o desinencial, resultando o di­tongo ou.

380

Page 392: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Graficamente: e + cro -* e + o -* ou;3- Como no impf. at, diferem as desinências do dual no

tocante à parte vocálica, o na 2- p., tj na 3-;4- Três destas desinências são iguais em forma às equi­

valentes primárias médias, a saber: cr0ov (2- p. d.), (xe0dt (1§ p. pl.) e CT0e (2- p. pl.), de sorte que nestas inflexões não se distinguem, neste aspecto, os tempos secundários dos primários;

59 Iniciam-se estas desinências pela mesma consoante ou grupo consonantal das correspondentes primárias médias, ex­pressões fragmentárias que são dos mesmos pronomes. Por outro lado, têm a mesma inicial as desinências secundárias ativas e mé- dio-passivas da 2- e 3§ p. s. e 1§ e 3- p. pl., diferentes no caso da 1 - p. s., 2- e 3- p. d. e 2- p. pl.;

e. Relação- Diferem em estrutura o pres. at. e o pres. mp. Ind. apenas

quanto à desinenciação, os mesmos os demais elementos (raiz e vogal de ligação). Logo, conhecidas as formas do pres. at., obtêm- se as equivalentes médio-passivas com apenas substituir-se a desi­nência, ativa pela médio-passiva paralela, feitos os ajustes prosódi­cos e morfológicos necessários;

- Idêntica relação prevalece entre o impf. at. e o impf. mp., cuja estrutura, constante dos mesmos elementos, apenas diverge em matéria de desinenciação. Comuns lhes são aumento, raiz e vo­gal de ligação;

- Portanto, à base das formas ativas, obtêm-se as das vo­zes média e passiva, com apenas substituir-se a desinência ativa pela médio-passiva correspondente, ajustada a acentuação onde se requer.

3. Flexão

a. Formas- De moTeúoo - crer - , tema no impf. o mesmo do pres.,

381

Page 393: Manual de Lingua Grega.vol.1

isto é, maTeu, as formas do impf. mp. Ind. são:

Aum Tema VL Des.15 p. s. 3€ moreu

/o fATlV - eu cria; era

crido(a)2- p. s. Lé TTMTTeÓ e ao] —► e moreu- -ou - crias; eras cri-

do(a)3- p. s.

>€ maTeu e TO - ele, ela cria;

era crido(a)

2a- p. d.■>e m oretí e a9ov - vós (dois,

duas) crieis;éreis cri-dos(as)

35 p. d. € TTUTTeU e aO^v -e le s (dois),elas (duas)criam; eramcridos(as)

1§ p. pl.>€ moreu

/0 |xe0á - criamos; éra­

mos cridos(as)25 p. pl. € moreu e a0e - crieis; éreis

cridos(as)35 p. pl. e TTWTTeií 0 VTO - criam; eram

cridos(as)

b. Observações

- Na 2- p. s. a forma original, imoreuecro, evoluiu, mercê da queda da sibijante desinencial e contração das vogais de ligação e terminal, para emaTewu, que é a forma atual e useira;

- No dual, característica das flexões em que se empregam as desinências secundárias, diferem as formas em matéria da vogal breve, o, na 25 p., longa, r\, na 3§;

- Diferem as formas da 2? p. d. e da 12 e 2a- p. pl. das equi­

382

Page 394: Manual de Lingua Grega.vol.1

valentes do pres. mp. Ind. em que, no impf., há, a mais, o aumento(I);

- Aumento (ê) e raiz (moreu), como no impf. at. Ind., per­manecem constantes, os mesmos sempre em todas as formas da flexão, enquanto vogal de ligação e desinência variam de pessoa para pessoa; e

- Da matriz (pres. at. Ind.) têm estas formas a raiz (-moTeu) e a vogal de ligação (e, o), diferentes as desinências, adicional o aumento.

4. Acentuação- Tempo de modo finito que é o impf. mp. Ind., são-lhe as

formas acentuadas recessivamente;- Três inflexões têm final longo (1- p. s., 2- p. s. atual e 3§ p.

d.), pelo que o acento estará posto na penúltima;- Seis das formas (2- p. s. primitiva; 3§ p. s.; 2- p. d. e as três

do plural) têm desinências breves, logo, vai-lhes o acento para a antepenúltima;

- É agudo o acento em todas as formas.

5. Sentido e tradução- Pres. e impf. são tempos de Aktionsart durativa, extensa,

prolongada, continuativa, LINEAR, a ação expressa sob a forma de fato específico (momentânea), repetido (costumeira) ou processual (progressiva), aquele na perspectiva da atualidade, este na projeção do pretérito;

- Não difere o impf. mp. Ind. do impf. at. Ind. quanto a quali­dade da ação (Aktionsart), tempo em que se processa o evento ou forma de expressão do fato. Divergem apenas em relação à voz e ênfase: - no impf. at. Ind. o sujeito praticando a ação e a ênfase caindo sobre o fato (não o sujeito, nem a expressão resultativa), - no impf. méd. Ind. o sujeito praticando a ação sobre si mesmo (re­flexa) ou algo com que se relaciona (indireta), posta a ênfase no sujeito e seu envolvimento; - no impf. pass. Ind. o sujeito a receber

383

Page 395: Manual de Lingua Grega.vol.1

ou sofrer a ação, a ênfase posta na eventuação resultacional;- Forma do Indicativo, a expressão é taxativa, categórica, inci­

siva, terminante;- Em síntese, dir-se-á que é o impf. mp. Ind.:- tempo de ação linear (impf.),-pretérita ou passada (impf. Ind.),- praticada pelo sujeito (voz média) ou dele sofrida (voz passi­

va),- expressa em termos categóricos (Ind.),- ressaltado o sujeito em seu envolvimento (voz média) ou o

fato em sua projeção resultacional (voz passiva);- momentânea, costumeira ou progressiva (linear);- Corresponde ao nosso pretérito imperfeito e assim se tra­

duz, em geral, observadas cambiantes de expressão e particulari­dades contextuais;

- Estranha que é ao português a voz média, traduz-se o impf. méd. Ind. pela voz ativa, subentendidos o sentido específico e a ênfase peculiar;

- Portanto, emoreixjfji/riv, como forma da voz média, se tra­duz como:

-eu cria (o fato do crer: ação momentânea), ou,-eu cria (o fato repetido: ação costumeira = costumava crer); e- eu estava crendo (o fato em processo: ação progressiva);- Em função da voz passiva, traduzem-se as inflexões deste

impf. pela forma regular desta voz no português, isto é, por expres­são composta ou perifrástica formada do impf. Ind. do verbo ser e do particípio passado do verbo principal, ambos devidamente fle­xionados;

- Logo, emCTTevoixiryv, como forma da voz passiva, se tradu­zirá como:

- eu era crido(a) (o fato do ser crido: ação momentânea); ou,- eu era crido(a) (o fato repetido: ação costumeira = eu costu­

mava ser crido(a); ou,

- eu estava sendo crido (o fato em andamento: ação progressi­

384

Page 396: Manual de Lingua Grega.vol.1

va).

6. Aplicação paradigmática- A base deste paradigma de moretxo se flexiona o impf. mp.

Ind. dos demais verbos em to, bastando para isso apenas substituir- se a raiz morreu pela correspondente da matriz do sistema do pre­sente do verbo a flexionar-se, conforme se vê na primeira das par­tes principais, e ajustar-se o aumento, silábico ou temporal, segun­do as normas próprias das várias modalidades de tema verbal;

- Vogal de ligação, desinências, acentuação e alteração da 2- p. s. são, basicamente, as mesmas em todos.

12.8 - Presente Ativo do Subjuntivo

1. Estrutura

- Exibem as formas do pres. at. Subj. a seguinte estrutura geral, paralela à do pres. at. (e mp.) Ind.:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz- Integrante que é o sistema do presente, o pres. at. Subj.

tem a mesma raiz do pres. at. Ind., matriz geral de todas asflexões presentes e imperfeitas;

- Esta raiz se mantém constante, inalterada, sempre a mesma em todas as inflexões deste, como dos demais tempos do sistema;

b. Vogal de ligação- A vogal de ligação é, virtualmente, a mesma do pres. e

impf. Ind., contudo, em forma longa, isto é:- co antes de desinências iniciadas por (x ou v,- iq antes das demais (desinências iniciadas por <; ou t );

- Estas vogais de ligação longas são o traço marcante das

385

Page 397: Manual de Lingua Grega.vol.1

formas subjuntivas, presentes em todas as flexões deste modo, ati­vas, médias ou passivas;

t

- E de notar-se que, em não poucas formas, estas vogais de ligação longas, típicas do Subj., é que as distinguem das parale­las ou equivalentes do Ind. e do Imper., iguais os outros elementos estruturantes;

c. Desinências

(1) Natureza- As desinências do pres. at. Subj. são as mesmas da

matriz do sistema, pres. at. Ind., isto é, as chamadas PRIMÁRIAS ATIVAS, sujeitas a alterações nas mesmas formas em ambas as fle­xões, embora em termos ligeiramente diferentes;

- Estas desinências ocorrem em todos os tempos ativos do Subj., bem como no aor. pass. Subj. e tempos primários ativos do Ind.;

- As alterações que se processam no final de formas do pres. at. Subj. são as seguintes:

- Na 1- p. s. dá-se a queda ou apócope de desinência |xt, de sorte que a forma termina pela vogal de ligação w, longa, inal­terada, final idêntico ao desta forma do pres. at. Ind.;

- Na 2- p. s. funde-se a vogal de ligação tj com a desi­nência, cri, resultando o grupo ditongal paralela ao Ind. eiç;

- Na 3- p. s. ocorre fusão similar da vogal de ligação t| com a desinência t i, de que resulta o grupo ditongal ^ (no Ind. ei); e

- Na 3- p. pl. dissimila-se o t desinencial em ç e cai a lí­quida v, passando, pois, a desinência de vtl para a í, conservada sem alteração a vogal ligacional w, longa que é.

- Graficamente: 1§ p. s. co + |xí = oo2- p. s. ^ + a í = TJÇ3- p. s. r\ + t i = T)3- p. pl. (O + vtl = «o + a í

386

Page 398: Manual de Lingua Grega.vol.1

(2) Quadro- Portento, a tabela final de terminações atuais do pres.

e demais tempos ativos do Subj. é:

SINGULAR DUAL PLURALI a- p. to — |X€V

2a- p. TOV Te

dCOI00

Tl TOVu

cri

(3) Observação- Vê-se, pois, que nas três formas do singular já não

mais se distinguem vogal de ligação e desinência, reduzidas ou fundidas que estão. Por outro lado, a 3- p. pl. sofreu redução desi­nencial mas se manteve distinta e inalterada a vogal de ligação; nas demais pessoas (2- e 3- p. d. e 1? e 2- p. pl.) nenhuma variação ocorreu;

- Comparadas estas terminações com as equivalentes do Ind., verifica-se que apenas a 2- e 3- p. s. diferem, as demais são inteiramente similares, as mesmas;

d. Similaridade

- A luz do exposto, verifica-se que diferem pres. at. Ind. e pres. at, Subj. apenas no tocante à vogal de ligação, mesmas a raiz e as desinências. Logo, à base do pres. at. Ind., obtém-se o pres. at. Subj. com simplesmente alongar-se a vogal de ligação (na 3- p. pl. substituído ov por to) e ajustarem-se as desinências da 2- e 3- p. s.

3. Flexão

a. Formas- As formas flexionais do pres. at. Subj. de moreóto - crer

raiz do sistema moreu, são:

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Page 399: Manual de Lingua Grega.vol.1

FORMA ATUAL FORMA ORIGINALTema__________VL Des. Tema VL Des.

1§ p. s. m o r e u (0 m o r e t f (0u

|Xl

2a- p. s. m o T e u T]S m o T e iJ Tll/

O l

3? p. s. m o T e u D m o T e u Tl T t

2- p. d. m o r e u 'n TOV ■moTeií Tl TOV

3§ p. d. m o T e u y\ TOV m o T e t ) TI TOV

19

2-39

p. p. p. p. p. p.

TTUTTeÚ

TTUTTeii

-m o reu

co

Tl

(0

(xevTe

u

O l

m OT€TJ

m o re it f

m o T e u

0)

Tl

(0

(xevTe

V

V T l

b. Observações- O tema, moreu, permanece constante, o mesmo sempre,

em todas as formas, originais e atuais;- Quatro das oito inflexões exibem, na forma atual, diferen­

ça para com a equivalente original, a saber: as três do singular (na1 - apócope da desinência; na 2- e 3- fusão de vogal de ligação e de­sinência) e na 3- p. pl. (redução da desinência). As demais (2- e 3- p. d. e 1§ e 2- p. pl.) preservam inalterada a forma original;

- A 1 - p. s. (moreúco) coincide em forma com a equivalente do pres. at. Ind.; as demais diferem apenas no tocante à vogal de li­gação (longa no Subj., breve no Ind., salvo na 3- p. pl., ou em vez de o), se bem que na 2- e 3- p. s. o final é também distinto (no Subj. o ditongo impróprio ijç eTj, respectivamente; no Ind. o ditongo real eiç e et);

- A forma atual da 3- p. s. (moTevr)) é idêntica à contrata da 2- p. s. do pres. mp. Ind.;

- No dual, como no pres. at. e mp. Ind., desinências primá­rias, coincidem em forma as duas inflexões (moTeú—T)—tov tanto2- como 3- p.);

- Da matriz (pres. at. Ind.) têm estas formas a raiz e as de­sinências, em estrutura paralela, diferente a vogal de ligação.

388

Page 400: Manual de Lingua Grega.vol.1

4. Acentuação- Tempo finito, é este pres. at. Subj. acentuado recessivamen­

te, posto o acento o mais distante possível da última;- Nas formas atuais têm as três pessoas do singular final lon­

go, pelo que o acento estará na penúltima, paróxítonas, portanto;- As inflexões do dual e do plural, e todas as originais, exibem

final breve. Logo, o acento recede até a antepenúltima, formas pro­paroxítonas, destarte; e

- O acento é agudo em todas as formas, porquanto ou está na antepenúltima (sílaba que não admite outra modalidade de acento) ou na penúltima, longa a última (circunstância em que não pode ocorrer o circunflexo, muito menos o grave).

5. Nü móvel

- Terminada que é pela sílaba ox, pode a 3§ p. pl. (mcrrevtoox) receber o nü móvel, quando final de sentença ou se a preceder a vocábulo iniciado por vogal ou ditongo.

6. Relação

- Derivado do pres. at. Ind., paralelo lhe é‘o pres. at. Subj. em estrutura geral e formação, diferindo apenas quanto à quantidade da vogal de ligação (breve na matriz, longa na derivada), mesmas a raiz e as desinências;

- Teoricamente, na forma original, conhecidas as inflexões do pres. at. Ind., obter-se-ão as equivalentes do pres. at. Subj. com

apenas alongar-se a vogal de ligação. Na forma atual, leves ajustes se fazem de mister na 2- e 39 p. s. (final) e na 3- p. pl. (vogal de li­gação).

7. Sentido e tradução- Presente, a Aktionsart é durativa, extensa, delongada, conti-

nuativa, LINEAR, a ação expressa em função de fato ou evento es­pecífico (monentânea), ou repetido (costumeira), ou processual (progressiva);

389

Page 401: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Voz ativa, a ação é apresentada como praticada pelo sujeito, a ênfase posta no evento em distinção do sujeito ou da resultativi- dade;

Subjuntivo, modo dependente ou subalterno, a expressar o fato em moldes potenciais, não categóricos, alheia toda e qual­quer noção temporal, a ação não se enuncia em moldes incisivos, nem se situa explicitamente na atualidade. Do contexto se infere o QUANDO se dá e o teor que assume na expressão, o que lhe condi­ciona a forma de tradução em cada caso;

- Em síntese, é o pres. at. Subj.:- tempo de ação linear (presente),- sem noção precisa de quando se dá (Subjuntivo),- passível de tradução presente, passada ou futura (contexto),-praticada pelo sujeito (voz ativa),- ressaltado o fato ou eventuação (voz ativa),- expressa em moldes potenciais (Subjuntivo),- momentânea, repetida ou costumeira, ou progressiva (li­

near);- Como todas as formas subjuntivas e optativas, não têm as

inflexões deste pres. at. Subj. tradução explícita, determinada que é pela natureza da cláusula em què se encontre a forma. Daí, não apendemos à flexão tradução específica, estereotipada, própria, como nos tempos do Indicativo (e do Imperativo).

8. Aplicação paradigmática- Nos moldes deste paradigma de moTeíxú se conjuga o pres.

at. Subj. dos demais verbos em co, requerendo-se apenas a substi­tuição da raiz ttutt€v pela raiz do presente do verbo a flexionar-se, conforme se apresenta na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação, desinências, acentuação e alterações são as mesmas em todos.

390

Page 402: Manual de Lingua Grega.vol.1

1. Estrutura

- A estrutura geral do pres. mp. Subj., paralela à do pres. at. e mp. Ind. e do pres. at. Subj., exibe:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz

- Integrante do sistema do presente, a raiz neste pres. mp. Subj. é a da matriz (pres. at. Ind.);

- Esta raiz, neste, como nos demais tempos do sistema, permanece inalterada, constante, a mesma em todas as inflexões;

b. Vogal de ligação- Forma subjuntiva, tem esta flexão vogal de ligação longa,

típica deste modo, como no pres. at. Subj., isto é:co ante desinências iniciadas por |x ou v,

- Tj ante as demais desinências (nesta flexão iniciadas por çou t );

c. Desinências- As desinências neste pres. mp. Subj. são as mesmas do

pres. mp. Ind., isto é, as PRIMÁRIAS MÉDIAS, características, aliás,

de todas as flexões médio-passivas do Subj., excetuado o aor. pass. (desinências ativas);

- Na 2- p. s., como se verificou no pres. mp. Ind., a sibilante desinencial, posta entre vogais, cai, fundindo-se, por isso, as vogais contíguas (t) + at), resultando o ditongo impróprio tj.

- Graficamente: nr} + c a i -♦ ti + a i -► T|.

d. Similaridade- Do exposto, vê-se que o pres. mp. Subj. é estrutural­

12.9 - Presente Médio-Passivo do Subjuntivo

391

Page 403: Manual de Lingua Grega.vol.1

mente similar ao pres. mp. Ind., mesma a raiz e mesmas as desi­nências, diferente apenas a vogal de ligação (longa no Subj., breve no Ind.). De igual modo, acentuação e variação (na 2- p. s.) são as mesmas nas duas flexões.

3. Flexão

a. Formas

- A flexão do pres. mp. Subj. de moreuto - c r e r tema do presente moreu, é:

RAIZ VL DESINÊNCIAS1 - p. s. morev to |JUXl2- p. s. moreu 'n om — moreu—rj3§ p. s. moreu TI Tai

2- p. d. moreu 'n (T0OV

3- p. d. moreu ti CT0OV

1 - p. pl. moreu to |xe0à2- p. pl. moreu 'n tr0e3- p. pl. moreú to vTai

b. Observações- O tema, moreu, se não altera, sempre o mesmo em to­

das as formas;- Diferem estas formas das paralelas do pres. at. Subj. so­

mente em relação às desinências e das inflexões do pres. mp. Ind. apenas quanto à quantidade da vogal de ligação;

- A forma atual, reduzida, da 2- p. s. (moreuri) coincide com a 35 p. s. do pres. at. Subj. e com a 2- p. s. do pres. mp. Ind. alternativa;

- No dual, como em todas as flexões em que se empregam desinências primárias, têm a mesma forma as duas inflexões, desi­nência similar (ctGov);

392

Page 404: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Três das desinências, crBov (2- p. d.), jxeGà (1 - p. pl.) e aOe (2- p. pl.) são idênticas às do impf. mp. Ind., de sorte que nessas pessoas não diferem desinencialmente os tempos primários e os secundários;

- Como se observou em relação ao pres. mp. Ind., as mes­mas formas podem ser médias ou passivas também neste pres. Subj., do contexto estabelecendo-se a distinção;

- Da matriz (pres. at. Ind.) têm estas formas a raiz e as vo­gais de ligação (embora longas nesta flexão, breves naquela);

4. Acentuação- Tempo de modo finito, recebe o pres. mp. Subj. acentuação

recessiva, a cair o mais longe possível da última;- Desinências todas breves, posta-se o acento na antepenúlti­

ma, exceto na 2- p. s. atual (morevr]) em que o final, contrato, se tornou longo, por isso acentuada a forma na penúltima;

-Agudo em todas as inflexões, está sobre a sílaba final do te­ma, no ditongo ev, menos na 1§ p. pl., cuja desinência, jxeOdt, dissi­lábica, retrai o acento para sobre a vogal de ligação to (antepenúlti­ma da inflexão).

5. Relação- Uma vez que diferem as formas do pres. mp. Subj. das cor­

respondentes do pres, at. Subj. originais, apenas em matéria desi- nencial, conhecida a flexão básica da voz ativa, obtêm-se as equi­valentes médio-passivas com apenas-substituir-se a desinência da­quela voz pela paralela desta;

- Por outro lado, a diferença estrutural entre as formas deste pres. mp. Subj. e as inflexões do pres. mp. Ind. reside apenas na quantidade da vogal de ligação, longa no Subj., breve no Ind. Por­tanto, conhecidas as formas originais do Ind., conseguem-se as equivalentes do Subj. com simplesmente alongar-se a vogal de li­gação, mesmas a raiz e as desinências, a acentuação e a alteração da 2- p. s.

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Page 405: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Tem o pres. mp. Subj. o mesmo sentido geral do pres. at. Subj., contudo, em função de vozes diferentes, e ênfases distintas;

- Presente que é, a Aktionsart é extensa, durativa, continuati- va, linear, momentânea (a eventuação), costumeira (a continuidade) ou progressiva (o andamento ou processo);

- Na voz média, o sujeito pratica a ação sobre si mesmo (re­flexa) ou sobre algo com que estreitamente se relaciona (indireta), a ênfase posta no sujeito e seu interesse, vantagem ou envolvimento na ação;

- Na voz passiva, recebe o sujeito a ação, caindo a ênfase so­bre o evento em sua expressão resultacional, a ação vista como re­sultante ou produto final;

- Subjuntivo, inexiste nas formas noção temporal expressa ou definida, de sorte que não se referem necessariamente à atualidade, podendo designar ação presente, pretérita ou futura, dado que se aufere do contexto;

- Ademais, subalterno que é o Subjuntivo, a ação se não ex­pressa em moldes incisivos ou categóricos (próprios do Ind.), masem teor potencial, dependente, relativo;

i

- Não têm as formas subjuntivas tradução específica, definida, característica, dependendo do tipo de cláusula em que apareçam o sentido a atribuir-se-lhes;

- Assumirão, na voz média, a expressão ativa, já que ao por­tuguês falece essa voz, subentendido sempre o colorido particular da forma, enquanto, na voz passiva, traduzir-se-ão pela expressão normativa desta voz;

- Em síntese, é o pres. mp. Subj.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito (voz média) sobre si mesmo ou sobre

algo com que se relaciona intimamente, ou,- recebida pelo sujeito (voz passiva),- sem explícita noção de tempo (Subjuntivo),

6 . Sentido e tradução

394

Page 406: Manual de Lingua Grega.vol.1

- expressa em teor potencial (Subjuntivo),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- ressaltado o sujeito e seu envolvimento (voz média), ou,- a ação como resultante ou produto (voz passiva).

7. Aplicação paradigmática

- A base deste paradigma se conjuga o pres. mp. Subj. dos demais verbos em ío, requerendo-se apenas a substituição da raiz moTeu pela equivalente do verbo a flexionar-se, conforme se exibe na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (-rj, w), desinências (primárias médias), al­teração (2- p. s.) e acentuação (recessiva) são as mesmas em todos.

12.10 - Presente Ativo do Optativo

1. Estrutura- Compõem-se as formas deste pres. at. Opt. dos seguintes

elementos estruturantes em seqüência regular:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + INFIXO MODAL + DESI­

NÊNCIA

2. Formação

a. Raiz- Integrante do sistema do presente, a raiz é no pres. at.

Opt. a mesma da matriz (pres. at. Ind.), como das demais flexões até aqui estudadas (pres. mp. Ind., pres. at. e mp. Subj.);

- Como em todos os tempos do sistema, permanece inva­riável esta raiz em todas as formas da flexão;

b. Vogal de ligação

- Embora não a preceder a fx ou v, é a vogal de ligação neste pres. at. Opt., como em todas as flexões em que ocorre esta vogal neste modo (pres. at. e mp., fut. at., méd. e pass., 2- aor. at. e méd., perf. at., fut. pf. mp.) a breve o;

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Page 407: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Infixo modal

- 0 infixo modal, elemento característico do Optativo, é a vogal breve í (na 3- p. pl. dos tempos ativos extensificada em ic);

- Contrai-se esta vogal infixal com a vogal de ligação o, re­sultando o ditongo oi, sinal distintivo das formas deste modo em que há vogal de ligação;

- Poder-se-á dizer que se distingue o Indicativo pela vogal de ligação breve (e, o), em geral; o Subjuntivo pela vogal de ligação longa {'rj, to); o Optativo pelo infixo í, que se contrai com a vogal prévia (ót, e, o), produzindo os ditongos a i, ei, oi;

d. Desinências

(1) Natureza

- No Ind. têm os tempos primários (pres., fut., perf. e fut. pf.) as chamadas DESINÊNCIAS PRIMÁRIAS; têm os tempos secundários (impf., aor. e mqpf.) as DESINÊNCIAS SECUNDÁ­RIAS;

- No Subj. somente DESINÊNCIAS PRIMÁRIAS se em­pregam;

- No Opt., ao contrário do Subj., não ocorrem senão DESINÊNCIAS SECUNDÁRIAS;

- Logo, as desinências neste pres. at. Opt. serão as S E ­CUNDÁRIAS ATIVAS, próprias desta voz;

(2) Particularidades- São de observar-se as seguintes particularidades:1§ Na 1- p. s. a desinência normativa v cede lugar à pri­

mitiva |xí;2- Na 3- p. s. cai a desinência t , já que lingual não pode

ser letra final de forma, como se viu já na flexão do impf. at. Ind. (que, entretanto, pode receber o nü móvel);

3- N.o dual divergem quanto à vogal as desinências, em­

396

Page 408: Manual de Lingua Grega.vol.1

bora se trate de flexão do presente; e4- Na 3- p. pl. emprega-se (como no impf. at. Ind.) a de­

sinência v, não a alternativa v à v (própria do aor. pass. Ind., do mqpf. at. ind. e, ainda, nos verbos em jxt, do impf. e aor. ativos); e

5- A desinência v da 3- p. pl. forma sílaba com a vogal e, extensificante, do infixo modal;

(3) Tabela- Isto posto, a tabela final de desinências aplicáveis ao

pres. e demais tempos ativos do Opt. é a seguinte:

15 p.2a- p. 3a- p.

SINGULAR DUAL|XL —

<5 TOV

(t ) TT|V

PLURAL|xevT €

V

3. Flexão

a. Formas- De mcrréuü) - crer raiz do presente moreu, as formas

deste pres. at. Opt. serão:

RAIZ VL IM DESINÊNCIA1 - p. s. morev 0 1 |XL

2a- p. s. TTUTTei) 0 1 ç3a- p. s. TTMXT€Tl> 0 1 (t )

2a- p. d. TruTTeiJ 0 1 TOV

3 p. d. moreu 0rl TT|V

1 - p. pl. TTUXTeU 0 l (xev

2- p. pl. moreu 0 l T6

3- p. pl. TTWTTeiJ 0 16 V

397

Page 409: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Observações

- Quanto à desinenciação, diferem estas formas do pres. at. Opt. das correspondentes do impf. at. Ind. apenas na 1§ p. s., por isso que naquele a desinência é jxí, neste v;

- Não coincidem em forma nesta flexão a 1- p. s. e a 3- p. pl., diferentes as desinências, em contraste com o que se dá no im­pf. at. Ind.;

- Na 3§ p. s. cai o t final, lingual que é, e o ditongo final 01 , ao contrário do que se observou na 2- declinação, é mantido longo;

- No dual diferem as formas, em que na 2- p. é breve a vo­gal desinencial (o), na 3- p. é longa (i));

- As desinências são secundárias, embora se trate de flexão do presente, característica das formas do Optativo; todavia, três coincidem com as primárias paralelas (tov da 2- p. d., |xev, da 1- p. pl. e Te da 2- p. pl.);

- A vogal de ligação é o, embora não a preceder a |x ou v, e se funde com o 1 do infixo modal, formando o ditongo ot, distintivo das flexões optativas providas de vogal de ligação;

- A raiz, mcrreu, própria de todo o sistema do presente, mantém-se inalterada, a mesma em todas as formas.

4. Acentuação

- Tempo de modo finito que é o pres. at. Opt., tem acentuação recessiva, a distar o acento o mais possível da última;

- Três das formas (2- e 3- p. s. e 3- p. d.) têm final longo, pelo que se põe o acento na penúltima, paroxítonas, pois;

- As cinco restantes (1- p. s., 2- p. d. e as três do plural) têm final breve, caindo-lhes, portanto, o acento na antepenúltima, pro­paroxítonas;

- Agudo é em todas as inflexões, posto na sílaba final do te­ma, sobre o ditongo ev, sempre, menos na 3- p. d., em que a desi­nência longa rr}v o arrasta para sobre o ditongo 01 da penúltima.

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Page 410: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. Relação- Da matriz, pres. at. Ind., tem o pres. at. Opt. a raiz e a vogal

de ligação, se bem que na forma o, não a preceder a |a o u v ;- Do impí. at. Ind. tem as desinências, exceção feita da 1- p. s.,

em que é |xt, não v; e- Elemento específico do Opt., contudo, é o infixo modal i,

que ocorre em todas as formas associado em ditongo à vogal de li­

gação o;- Portanto, à base da 1- p. s. do pres. at. Ind. pode obter-se

a flexão toda deste pres. at. Opt. com simplesmente acrescentarem- se à raiz seguida da vogal de ligação o o infixo modal i (na 3- p. pl. le), mais as desinências secundárias ativas como se apresentam no impf. at. Ind. (menos na 1 - p. s. em que se tem jxt em vez de v).

6. Sentido e tradução- Como os demais integrantes do sistema, é o pres. at. Opt.

tempo de Aktionsart durativa, continuativa, extensa, linear, a ação vista como eventuação momentânea„ fato costumeiro ou processo

em andamento (ação progressiva);- Voz ativa, o sujeito pratica a ação, a ênfase a incidir sobre

o fato como tal, em distinção de outros eventos;- Optativo, modo subalterno, dependente, relativo, extreme,

ademais, de explícita conotação temporal, aspectos em que é se­melhante ao Subjuntivo, não expressam estas formas a ação em tom categórico e absoluto, como no Indicativo, nem situam o evento explicitamente na atualidade. Do contexto se infere o quando se dá o fato, que pode, assim, ser passado, presente ou futuro;

- O Optativo apresenta a expressão em moldes hipotéticos, condicionais, possíveis, em distinção do Subjuntivo que a exprime em moldes potenciais, como provável;

- Como se observou em relação às inflexões do Subjuntivo, acentuar-se-á que, de igual modo, não têm tradução específica, de­finida, estereotipada, as formas do Optativo, em qualquer de seus tempos. Determina a tradução o tipo de cláusula em que ocorra a forma;

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Page 411: Manual de Lingua Grega.vol.1

- 0 futuro do pretérito é o tempo que, de modo geral, mais se aproxima do sentido e expressão do pres. at. Opt.;

- Em síntese, dir-se-á que é o pres. at. Opt.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito (voz ativa),- sem precisa noção de tempo (Optativo),- expressa em moldes hipotéticos ou condicionais (Optativo),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- ressaltada a eventuação (voz ativa),- a tradução determinada pela natureza da cláusula (Optativo).

7. Aplicação paradigmática

- Conjuga-se o pres. at. Opt. dos demais verbos em co segun­do o exato padrão desta flexão paradigmática, necessário sendo apenas substituir-se a raiz do presente, ttutt€u, pela correspon­dente do verbo a conjugar-se, conforme se mostra na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (o), infixo modal (í, na 3- p. pl. te) e desi­nências (secundárias ativas, |xí em vez de v na 1 - p. s.), bem como a acentuação, em todos os mesmos, não variam, comuns a todos.

12.11 - Presente Médio-Passivo do Optativo

1. Estrutura

- Tem o pres. mp. Opt. a mesma estrutura geral do pres. at Opt., isto é, compõem-se-lhe as formas de:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + INFIXO MODAL + DESI­NÊNCIA

2. Formação

a. Raiz

- Como nos demais tempos do sistema, a raiz neste pres. mp. Opt. é a mesma da matriz, pres. at. Ind., de que se deriva;

400

Page 412: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Destarte, é a raiz nesta flexão a mesma da forma ativa, pres. at. Opt.;

- A raiz permanece inalterada, a mesma sempre, através de

toda a flexão;

b. Vogal de ligação- A vogal de ligação, a mesma do pres. at. Opt., é em todas

as formas o, embora não a preceder a |x ou v, diferentemente do

que se observou no Ind.;

c. Infixo Modal- Elemento característico do Optativo, o infixo modal é, em

todas as formas, a vogal breve í;- Funde-se esta vogal infixal com a vogal de ligação o, re­

sultando o ditongo oi, distintivo dos tempos do Optativo em que há vogal de ligação (pres. e fut. nas três vozes, o 2° aor. nas vozes ativa e média, o perf. at. e o fut. pf. mp.);

d. Desinências

(1) Natureza- Como em todos os tempos médios e passivos do Op­

tativo, excetuados o aor. pass. e o perf. mp., tem este pres. mp. Opt. as chamadas DESINÊNCIAS SECUNDÁRIAS MÉDIAS, tais quais se exibem no impf. mp. Ind.;

(2) Particularidades- Na 2- p. s., fato característico desta pessoa em todas as

flexões em que se usam desinências médias, exceção feita do perf. e mqpf. Ind., cai o <; desinencial, posto entre vogais, não se regis­trando, porém, contração do ditongo ot e vogal desinencial o.

- G raficamente: o—i—ao o—i—o;- No dual, embora se trate do presente, uma vez que são

secundárias as desinências, diferem as formas flexionais no tocante

401

Page 413: Manual de Lingua Grega.vol.1

desínencial, breve, o, na p., longa, tt|, na 3- p.

3. Flexão

a. Formas

- De moreuco - crer raiz no sistema do presente moreu, as formas do pres. mp. Opt. são:

RAIZ VL IM DESINÊNCIAS1 a p. S. TTUTT€U o

✓i p,T]V

2§ p. s. moreu o i (cr)o3? p. s. moreu 0 i TO

2- p. d. TTioreO o i CT0OV

3a- p. d. moreu 0/i aÔ-qv

1§ p. pl. -moreu o/i |xe0á

2- p. pl. moreu o i cr0e3a- p. pl. moreu 0 i VTO

b. Observações- A 2- p. s., originalmente moreiíouxo, mercê da queda da

sibilante desinencial, é, na forma atual, moreúoio;- Desinencialmente, são estas formas de todo paralelas às

equivalentes do impf. mp. Ind., exceto em que na 2- p. s. não se contrai a vogal terminal com o ditongo que a antecede;

- Em todas as formas uma é a vogal de ligação, o, que, aliás, se contrai com o infixo modal í, formando o ditongo ot, ca­racterístico desta flexão do Optativo e das demais em que se aplica vogal de ligação neste modo;

- Embora flexão do presente, como é próprio do Optativo, as desinências são secundárias, não primárias (próprias do Ind. e do Subj.), pelo que, ademais, diferem em forma as inflexões do dual;

- A 2- p. d. e a 1- e 2- p. pl. têm desinências similares às

402

Page 414: Manual de Lingua Grega.vol.1

dos demais tempos médios, primários ou secundários. Logo, todas as flexões médio-passivas, nestas três pessoas, terminarão sempre de modo paralelo;

- Da matriz, pres. at. Ind., têm estas formas a raiz (morev) e a vogal de ligação (o), invariáveis, as mesmas em todas as infle­xões.

4. Acentuação- Modo finito que é o Optativo, tem esta flexão do pres. mp.

Opt. acentuaçãp recessiva, a distanciar-se da última quanto o per­mitem as leis da prosódia;

- Na 1 - p. s. e na 3- p. d., desinências longas, respectivamente, ix^v e a0T]v, posta-se o acento na penúltima, nas demais formas, desinências breves, recede até a antepenúltima;

- É agudo em todas as inflexões, a cair no ditongo oi na 1 - p. s., na 3- p. d. e na 19 p. pl. (nesta, porque a desinência, embora bre­ve, é dissilábica); no ditongo ev nas demais (2- e 3- p. s., 2- p. d., 2- e 3- p. pl.).

5. Relação- Da matriz (pres. at. Ind.) têm estas formas a raiz (moreu).

Logo, para formarem-se estas inftexões, à base da matriz, bastará tomar-se a raiz e acrescentar-se-lhe a seqüência formada da vogal de ligação o, o infixo modal í e a desinência secundária média;

- Difere esta flexão da correspondente do pres. at. Opt. apenas no que tange às desinências, mesmos a raiz (moreu), a vogal de li­gação (o) e o infixo modal (í). Logo, conhecidas as formas do pres. at. Opt., obtêm-se as equivalentes do pres. mp. Opt. substituindo- se a desinência ativa pela médio-passiva correspondente, ajustada a acentuação e o infixo modal da 3- p. pl. ativa;

- À base das formas ativas, de modo similar, obtêm-se as in­flexões médio-passivas paralelas em todos os tempos, menos o perf. e o mqpf., além do fut. pf., que não ocorre em forma ativa.

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Page 415: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Tem o pres. mp. Opt. o mesmo sentido geral do pres. at. Opt., exceto no que respeita à voz e ênfase correspondente;

- Presente, a Aktionsart é extensiva, continuativa, durativa, li­near, a expressar a eventuação específica (ação momentânea), o fato em sua repetitividade (ação costumeira) ou o processo em seu andamento (ação progressiva);

- Na voz média, expressam as formas ação praticada pelo su­jeito a operar sobre si próprio (reflexa) ou sobre algo que lhe é de vantagem, interesse ou relação (indireta), a ênfase a cair sobre o sujeito e seu envolvimento na ação;

- Na voz passiva, sofre o sujeito a ação, posta a ênfase na eventuação como resultante ou produto final;

- Flexão do Optativo, a ação é expressa em termos hipotéti­cos, relativos, condicionais, como possível, não categórica e defini­da como no Indicativo, nem potencial e provável como no Subjun­tivo;

- Como no Subjuntivo, extreme é esta flexão, Optativa, de qualquer conotação temporal explícita, não se referindo, pois, a evento dado como de necessidade atual ou presente. Do contexto se infere quando se dá o fato, pretérito, contemporâneo ou pervin- douro;

- A maneira das formas do Subjuntivo, não têm estas infle­xões do pres. mp. Opt. tradução própria, direta, explícita, estereoti­pada, ditada que o é sempre pela modalidade de cláusula em que ocorre a forma. Quando em função da voz média, traduzem-se pela ativa (porque não há voz média no português), subentendido o sentido específico da voz; quando em função da voz passiva, a tra­dução é a regular desta voz;

- O futuro do pretérito é, em termos gerais, o tempo que mais se lhe aproxima em sentido e expressão;

- Em síntese, diremos que é o pres. mp. Opt.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito sobre si mesmo ou sobre algo com

6 . Sentido e tradução

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Page 416: Manual de Lingua Grega.vol.1

que de perto se relaciona (voz média), ou,- dele recebida (voz passiva),- sem precisa conotação temporal (Optativo),- expressa em moldes hipotéticos ou condicionais (Optativo),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- ressaltado o sujeito e seu envolvimento (voz média), ou,- salientada a eventuação resultacional (voz passiva),- a tradução determinada pela modalidade clausular (Optati­

vo).

7 .Aplicação paradigmática- Em termos desta flexão paradigmática se conjuga o pres.

mp. Opt. dos demais verbos em a>, bastando apenas substituir-se a raiz morev pela equivalente do verbo a flexionar-se, conforme se encontra na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (o), infixo modal (t), desinências (secundá­rias médias), acentuação (recessiva) e alteração da 2- p. s. são os mesmos em todos.

12.12 - Presente Ativo do Imperativo

1. Estrutura- Constituem-se as formas do pres. at. Imper. de:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÁO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz

- Tem o pres. at. Imper. a mesma raiz do pres. at. Ind., matriz do sistema do presente, a ocorrer em todas as flexões que o integram;

- Esta raiz é constante, invariável, a mesma em todas as in­flexões;

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Page 417: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Vogal de ligação

- A vogal de ligação neste pres. at. Imper. é a mesma do pres. e impf. Ind., isto é:

o ante desinências iniciadas por |x ou v, e ante outras (nesta flexão iniciadas por s ou t );- Portanto, Ind. e Imper. têm as mesmas vogais de ligação;

c. Desinências

(1) Natureza- Embora modo finito, não exibe o Imperativo as desi­

nências, primárias ou secundárias, normativas do Ind., Subj. e Opt.;- Têm, pois, as flexões imperativas desinências próprias

deste modo, quer para a voz ativa, quer para a médio-passiva;- Ocorrem neste pres. at. Imper. as chamadas DESI­

NÊNCIAS IMPERATIVAS ATIVAS, como as primárias e secundá­rias consideradas, formas parceíares ou evoluídas dos pronomes pessoais correspondentes;

(2) Quadro- A tabela geral das desinências imperativas ativas é a

seguinte:

SINGULAR DUAL PLURAL2- p. 01 TOV T€3- p. TO) TCOV VTCOV OU TCOCTOCV

(3) Aplicação- Prestam-se estas desinências à flexão das formas im­

perativas ativas (e do aor. pass. Imper. também), tanto de verbos em co quanto de verbos em |xi;

406

Page 418: Manual de Lingua Grega.vol.1

(4) Particularidades- Não ocorre no Imperativo, de modo explícito, a 1! p.,

expressando-se-lhe a correspondente função pelo Coortativo, uso especial do Subj. restrito a essa pessoa;

- A desinência da 2- p. s., 0í, provável forma de cunho adverbial de origem, cai em todas as flexões, exceto no aor. pass. imper.;

- As desinências do dual, de modo similar ao que se ob­servou em relação às secundárias, diferem entre si no tocante à vo­gal, breve na 2- p., o, longa na 3-, co;

- Duas destas desinências (to v , da 2- p. d., e T € , da 2- p. pl.) coincidem em forma, seja com as primárias equivalentes, seja com as secundárias correspondentes da voz ativa. Logo, em todas as flexões finitas ativas terão estas duas pessoas sempre a mesma desinência, paralelamente;

- Na 3- p. pl. aparecem duas desinências: vtcov , própria das flexões clássicas, mormente do ático, alheia, por isso, ao Novo Testamento, e T w a à v (composta da desinência tco da 3- p. s., mais a secundária aàv), que, embora do período antigo, prevaleceu no helenístico, vale dizer no coiné, desde o terceiro século antes de Cristo, a forma que se encontra nos escritos néo-testamentários.

3. Flexão

a. Formas- De TTiCTTevco - crer -, raiz do presente moreu, as formas

deste pres. at. Imper. são:

407

Page 419: Manual de Lingua Grega.vol.1

RAIZ VL DES.2- p . s. mcrTev e — - crê tu3? p . s. TTMTTei)

/e TO) - creia ele, ela

2a- p . d . mcrrev e TOV - crede vós (dois, duas)3a- p . d . mcrTev

✓e TCOV - creiam eles (dois), elas (duas)

2- p . p l. iriaTÊV e Te - crede vós3- p . p l. mCTT€V *

0 VTÍOV - creiam eles, elasou

TTcorev e T to c rav

b. Observações

- A raiz, mcrrev, permanece constante, a mesma através de toda a flexão, em todas as formas, invariável;

- A 2- p. s. deveria ser maTeú — e — 0Í, aduzida a desi­nência. Todavia, omite-se este elemento, de sorte que a inflexão atual, moreve, termina pela vogal de ligação e, sem desinência ex­plícita, que, aliás, não mais influi na acentuação da forma;

- Embora flexão do presente, diferem na quantidade da vogal desinencial as formas do dual, breve na 2- p. (more-tf — e — tov), longa na 3§ (morev — e — tíov);

- Têm a exata forma das paralelas do pres. at. Ind. a 2- p. d. (mcrTev — e — tov) e a 2- p. pl. (TrujTev — e — Te), o que requer particular atenção na tradução de textos;

- Na 3- p. pl. há duas formas: mcrTev — ó — vtcúv, própria do clássico, morev — e — Toxrav, distintiva do coiné, esta a nor­mativa do Novo Testamento;

- Estruturas paralelas, diferem estas formas das corres­pondentes do pres. at. Ind. apenas em matéria de desinências e al­terações finais, mesmas a raiz, a vogal de ligação e a acentuação básica;

- A forma mcrrev — ó — vtíov da 3- p. pl. coincide intei­ramente, morfológica e prosodicamente, com a inflexão do gen. pl. do pres. at. ptc., de que importa distinguir cuidadosamente na tra­

408

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dução.

4. Acentuação- Modo finito, que o é o Imperativo, são estas inflexões todas

acentuadas recessivamente, distanciando-se-lhes, pois, o acento o mais possível da última;

- Na 3- p. s., na 3- p. d. e na 3- p. pl. clássica, desinências lon­gas, posta-se o acento, necessariamente, na penúltima, formas paroxítonas, portanto;

- Nas demais inflexões (2- p. s.; 2- p. d.; 2- p. pl. e 3§ p. pl. coiné), finais breves, recede o acento até a antepenúltima, formas proparoxítonas; e

- Agudo é o acento em todas as formas, a cair na sílaba ttl na2- p. s. (antepenúltima), no ditongo ev na 2- p. d. e na 2- p. pl. (an­tepenúltima) e na vogal de ligação (e/o) na 3- p. s.; 3- p. d. e 3- p. pl. ática (penúltima breve) e 3- p. pl. coiné (antepenúltima).

5. Relação- Da matriz (pres. at. Ind.), em sua forma primitiva, têm estas

inflexões do pres. at. Imper. a raiz e a vogal de ligação, diferentes apenas as desinências, que, entretanto, na 2- p. d. e 2- p. pl. são também as mesmas em ambos os tempos;

- Logo, à base das formas originais do pres. at. Ind., obtêm-se estas inflexões imperativas com simplesmente substituírem-se as desinências primárias ativas pelas imperativas correspondentes, ajustada a acentuação onde de mister.

6. Sentido e tradução- Presente, aAktionsart é continuativa, extensa, durativa, linear,

ação vista em função do fato (momentânea), de sua repetitividade (costumeira) ou do processo de atualização (progressiva);

- Voz ativa, o sujeito pratica a ação, ressaltado o evento em contraposição ao envolvimento do sujeito ou a resultatividade da

eventuação;

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- Flexão do Imperativo, a ação se expressa em moldes jussi- vos ou injuncionais, na forma de ordem, preceito ou determinação;

- Como o Subjuntivo e o Optativo, não tem o Imperativo ex­plícita noção temporal, ressaltado apenas o como, não o quando se processa o fato, estado ou ação. Logo, o pres. at. Imper. não se re­fere, necessariamente, a eventuação atual, presente, contemporâ­nea, do contexto inferindo-se a projeção temporal, embora, de na­tureza, não deva ser pretérita, o mais das vezes futuritiva;

- Traduzem-se estas inflexões, regularmente, pelas corres­pondentes do nosso presente do Imperativo, subentendida sempre a conotação linear da Aktionsart;

- Em síntese, é o pres. at. Imper.:- tempo de ação linear (presente),-praticada pelo sujeito (voz ativa),- sem precisa noção temporal (Imperativo),- ressaltado o fato ou evento (voz ativa),- expressa em moldes injuncionais (Imperativo),- momentânea, repetida ou progressiva (linear),-traduzida em função do nosso presente do Imperativo;- Traduz-se, portanto, mo-Teve por:- crê tu (ação momentânea: o fato distintivo), ou,- crê tu (ação costumeira: o fato repetitivo = costumam crer), e- está crendo (ação progressiva: o fato em seu processo ou

andamento).

7. Aplicação paradigmática- Nas linhas deste paradigma de TrurTcuco conjuga-se o pres.

at. Imper. dos outros verbos em co, fazendo-se necessária apenas a substituição da raiz moreu pela correspondente do verbo a flexio- nar-se, conforme vista na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (e, o), desinenciação (imperativa ativa), acentuação (recessiva) e alteração (2- p. s.: queda do 0il desinencial) são em todos as mesmas;

- Quando dissilábica a forma da 2- p. s., naturalmente, acen­

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tuar-se-lhe-á a penúltima, que terá agudo, se breve; circunflexo, se longa (a última sempre breve, finalizada que é pela vogal de ligação

e).

12.13 - Presente Médio-Passivo do Imperativo

1. Estrutura- Estrutura paralela à do pres. at. Imper. (e, também, do pres.

at. e mp. Ind., de que difere apenas em matéria desinencial), cons­tam as formas deste pres. mp. Imper. de:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz- A raiz, nesta flexão, é, como em todos os integrantes do

sistema do presente, a da matriz (pres. at. Ind.), a mesma, aliás, das formas ativas do Imperativo neste tempo;

- Esta raiz permanece constante, invariada, a mesma em todas as inflexões;

b. Vogal de ligação

- Têm as formas imperativas que a incluem na estrutura a mesma vogal de ligação encontrada nas flexões do Indicativo. Em outras palavras, a vogal de ligação é a mesma, e em moldes para­lelos, em ambos os modos, o Ind. e o Imper.;

- Têm, pois, as formas deste pres. mp. Imper. a mesma vo­gal de ligação da matriz do sistema (pres. at. Ind.), sempre e, por­quanto precede a desinências iniciadas por ç, em nenhum caso por (x ou v (que requereriam o);

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c. Desinências

(1) Natureza- Como na voz ativa, têm as formas deste pres. mp. Im­

pe r. não as desinências, primárias ou secundárias, típicas dos de­mais modos finitos (Ind., Subj. e Opt.), mas, ao contrário, desinên­cias próprias do Imper. nesta voz;

- Ocorrem, pois, neste pres. mp. Imper. as chamadas DESINÊNCIAS IMPERATIVAS MÉDIAS, que se aplicam, de igual maneira, às três flexões médias deste modo (pres., aor. e perf.), como todas as desinências, expressão fragmentária dos pronomes pessoais correspondentes;

(2) Quadro- A tabela geral de desinências imperativas médias é:

SINGULAR DUAL PLURAL2- p. ao ct0ov a0e3- p. ct8cú a0(ov a0cov ou a0axrav

(3) Aplicação

- Aplicam-se estas desinências à flexão das formas im­perativas médias e passivas, excetuado o aor. pass., que as tem ati­vas, tanto dos verbos em <o quanto dos verbos em |xt;

(4) Particularidades- Na 2- p. s. a sibilante desinencial, como se registrou

em todos os tempos médio-passivos até aqui flexionados (pres. Ind., pres. Subj., pres. Opt. e impf. Ind.), posta entre vogais cai, de­terminando nesta forma a fusão das vogais e (de ligação) e ômicron (desinencial), contíguas, resultando o ditongo ov;

- Graficamente: e + ao -► e + o -►ov;- Esta desinência imperativa média, ao, é similar à da 2-

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p. s. dos tempos secundários médios, como se viu no impf. mp. Ind. e se verá no 19 aor. e perf. méd. e nas flexões médias do Optativo;

- A desinência (70g>, da 3- p. s., difere da correspondente dual e plural clássica somente em que têm estas a nasal v terminal (aOwv) e da 3- p. pl. coiné, em que a esta se aduz o final cr&v (crOoxráv);

- No dual, como na voz ativa e nos tempos secundários, diferem as desinências no tocante à vogal, breve (o) na 2- p., longa (to) na 3-;

- As desinências ctGo v (2- p. d.) ecrôe (2- p. pl.) coinci­dem inteiramente com as equivalentes primárias ou secundárias médias, de sorte que nessas duas pessoas terminam todas as fle­xões pelo mesmo final;

- 3ã p. d. e 3- p. pl. ática são, também, iguais em forma;- Como na voz ativa, duas são as desinências da 3- p. pl.:

<x 0 ü>v , de cunho clássico, especialmente ático, e aOoxrav, de feição

mais ao talante do coiné, em que prevaleceu, sendo a forma que se encontra nos escritos néo-testamentários;

3. Flexão

a. Formas- A flexão do pres. mp. Imper. de maTevc)- cre r- , raiz do

presente morev, é:

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RAIZ VL DESINÊNCIA2- p. s. [mcrTev3- p. s. maTev

ێ

ao] TriCTTev/ov - crê tu; sê tu crido(a) ct0cd - creia ele, eia; seja crido(a)

2- p. d. TTlCTTelj

3- p. d. TTWTTeV

e

e

ctBov - crede vós (dois, duas);sede vós (dois) cridos; se­de vós (duas) cridas

or0cov - creiam eles (dois), elas(duas); sejam eles (dois) cridos, sejam elas (duas) cridas

2- p. pl. m orei)

3- p. pl. TTUTTeV

TTUTTeV

e

/eou

4.

ct0€ - crede vós; sede vós cri-dos(as)

ct0cdv - creiam eles, elas; sejameles cridos, sejam elas

crOcocrav cridas

b. Observações

- Como nas demais flexões até aqui examinadas e nas res­

tantes deste sistema, a raiz, m orev, permanece constante, inaltera­da, a mesma sempre, em todas as formas;

- Na 2- p. s. o <; desinencial, posto entre vogais, cai, con­traindo-se, a seguir, as vogais e, de ligação, e o, terminal, resultan­do o ditongo ov (como no impf. mp. Ind.).

- Graficamente: e + cto -► e + o —*• ov;- Logo, a forma atual será m orev — ov em lugar da primi­

tiva ttutt€v — e — cto;- A 2- p. s., tanto na forma original (m arev — e — cto),

como na atual (mcrTev — ov), difere da correspondente do impf. mp. Ind. apenas em que lhe falta o aumento, próprio dos tempos secundários do Indicativo. Raiz, vogal de ligação, desinência, acen­tuação e alteração são as mesmas em ambas as inflexões;

- Embora não flexão de cunho secundário, diferem entre si

414

Page 426: Manual de Lingua Grega.vol.1

as duas inflexões do dual na quantidade da vogal da desinência, na 2- p. s., moreu — e — crGov, breve, o, na 3- p., moreu — e — crGcov, longa, ío;

- Coincidem em forma a 3- p. d. e a 3- p. pl. ática, ambas moreu — é — a0cov, a diferir, por seu turno, da 3- p. s., moreu — e — cr0(o, apenas em que a esta falece o v final;

- Duas destas inflexões, a 2- p. d., morei) — e — a0ov, e a2- p. pl., moreu — e — cr0e, são exatamente iguais em forma às equivalentes do pres. mp. Ind., de que importa distingui-las. O mesmo paralelismo verificou-se, nestas pessoas, na flexão ativa;

- Das formas alternativas da 3§ p. pl., moreu — e — ct0cov é a dominante no clássico, moreu — e — a0coaáv é a que prevale­ceu no coiné, daí, normativa em o Novo Testamento;

- Da matriz, pres. at. Ind., e, de igual modo, do pres. mp. Ind. e do pres. at. Imper. têm estas formas a raiz e a vogal de liga­ção, diferindo somente quanto à desinenciação. Acentuação e alte­rações de formas, naturalmente, obedecem aos padrões específi­cos, não os mesmos em todas.

4. Acentuação- O imperativo é, como o Indicativo, o Subjuntivo e o Optati­

vo, modo finito, pelo que têm seus tempos acentuação recessiva, a incidir o mais longe possível da última;

- Na 2- p. s. original, na 2- p. d., na 2- p. pl. e na 3§ p. pl. coi­né, uma vez que as desinências destas formas são todas breves, posta-se o acento na antepenúltima, inflexões proparoxítonas, portanto;

- Na 2- p. s. contrata, na 3- p. s., na 3- p. d. e na 39 p. pl. clás­sica, desinências longas, fica o acento na penúltima, formas paro­xítonas, destarte;

- Agudo em todas as inflexões, está no ditongo eu na 2- p. s., original e atual, na 2- p. d. e na 2- p. pl., na vogal de ligação e na 3-p. s., na 3- p. d. e na 3- p. pl., ambas as formas.

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5. Relação

- Da matriz (pres. at. Ind.), em sua forma original, têm as in­flexões deste pres. mp. Imper. a raiz e a vogal de ligação, diferen­tes, pois, apenas as desinências. Logo, à base das formas primitivas do pres. at. Ind., obtêm-se as equivalentes desta flexão imperativa com simplesmente substituírem-se as desinências primárias ativas pelas imperativas médias, ajustada a acentuação e feitas as altera­ções específicas;

- Idêntica relação prevalece entre as formas deste pres. mp. Imper. e as equivalentes do pres. mp. Ind. e pres. at. Imper., mes­mas a raiz e a vogal de ligação, diferentes as desinências apenas. Portanto, conhecidas essas formas, para flexionarem-se as do pres. mp. Imper. requer-se a simples mudança de desinências, o ajuste da acentuação, onde necessário, e a alteração na 2- p. s. nos moldes específicos. E de lembrar-se que a 2- p. d. e a 2- p. pl. têm a mesma forma no pres. mp. Ind. e neste pres. mp. Imper.

6. Sentido e tradução

- Tem o pres. mp. Imper. o mesmo sentido geral do pres. at, Imper., exceto no tocante à expressão da voz e à ênfase próprias de flexão;

- Presente, é tempo de Aktionsart extensa, durativa, continua- tiva, Hneart ação vista em função da eventuacão (momentânea), de sua repetitividade (costumeira), do processo de atualização (pro­gressiva);

- Voz média, a ação é praticada pelo sujeito sobre si próprio (reflexa) ou sobre algo com que se relaciona de modo especial (in­direta), a ênfase a incidir sobre o sujeito e seu envolvimento na ação;

- Voz passiva, sofre o sujeito a ação, a ênfase posta no evento em sua expressão resultacional, o fatp visto como resultante ou produto;

- Tempo do Imperativo, reveste-se a expressão de teor injun- tivo ou jussivo, na forma de ordem, preceito, determinação, man­dado;

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Page 428: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Como no Subjuntivo e no Optativo, e também no Infinitivo, não há nas flexões do Imperativo explícita noção temporal, ressal­tada simplesmente a qualidade da ação, sua Aktionsart. Daí, não as­sinala este pres. mp. Imper. ação necessariamente contemporânea ou atual. Do contexto se deduz o quando se processará o evento, de natureza, não pretérito, geraimente futuritivo;

- Traduzem-se estas formas, regularmente, pelas inflexões do nosso presente do Imperativo, subentendida a conotação linear da Aktionsart, eventual, costumeira ou progressiva. Inexistente a voz média em português, as inflexões se traduzem pelas ativas corres­pondentes, subentendidas a expressão e ênfases subjetivas da voz média, enquanto as formas passivas se traduzem pela expressão regular desta voz;

- Em síntese, é o pres. mp. Imper.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito sobre si próprio ou sobre algo com

que de perto se relaciona (voz média), ou,- sofrida pelo sujeito (voz passiva),- sem explícita noção de tempo (Imperativo),- ressaltado o sujeito e seu envolvimento (voz média), ou, a

eventuação como resultante (voz passiva),- expressa em teor injuncional,- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- traduzível em termos do nosso presente do Imperativo, ativo

(voz média) ou passivo (voz passiva);- Daí, 'TruTTewu, na voz média, se traduz como:- crê tu (ação momentânea: o fato distintivo), ou,- crê tu (ação costumeira: o fato repeticional = costuma crer),

ou,- está crendo (ação progressiva: o fato como processo em an­

damento);- Ou, na voz passiva:- sê tu crido(a) (o evento distintivo: ação momentânea); ou,- sê tu crido(a) (o fato repetido: ação costumeira = costuma ser

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Page 429: Manual de Lingua Grega.vol.1

crido(a); ou,

- está sendo tu crido(a) (o fato como processo em andamento: ação progressiva);

- Assim, as demais inflexões.

7. Aplicação paradigmática

- Nos termos desta flexão paradigmática de morevoo conju- ga-se o pres. mp. Imper. de outros verbos em to, requerendo-se apenas a substituição do tema mcrreu pelo correspondente do ver­bo a conjugar-se, visto sempre na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (e, o), desinências (imperativas médias), acentuação (recessiva) e alteração (2? p. s.: queda do ç e contração das vogais e + o em ov) são, em todos os verbos, as mesmas.

12.14 - Presente Ativo do Infinitivo

1. Estrutura

- Estrutura paralela à do pres. at. e mp. Ind. e pres. at. e mp. Imper., destas a divergir apenas desinencialmente, apresenta a forma do pres. at Inf. esta seqüência constitutiva:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz- A raiz é neste pres. at. Inf. a mesma do pres. at. Ind., ma­

triz de que derivam este elemento as flexões todas que integram o sistema do presente;

b. Vogal de ligação- A vogal de ligação, nesta forma a preceder a e, é, como

no pres. e impf. at. e mp. Ind. e pres. at. e mp. Imper., bem como no pres. mp. Inf. e, ainda, no 2- aor. at. e méd. Ind., Imper. e Inf. e no fut. at. e méd. Ind. e Inf., quando não antes de |x ou v, a breve e;

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- Logo, esta vogal de ligação e serve, de igual modo, a formas dos tempos do Ind., do Imper. e do Inf. neste sistema e nos sistemas do 2- aoristo e do futuro;

c. Desinência

(1) Importância- Poder-se-á dizer que do Ind. o elemento caracterizante

por excelência é a raiz ou tema, associado à vogal de ligação; do Subj. é-o a vogal de ligação longa-, do Opt. o infixo í associado à vo­gal precedente; do Imper. e do Inf. são as terminações ou desinên­cias específicas;

- Distingue-se, pois, qualquer forma infinitiva, essen­cialmente, pela desinência;

(2) Enumeração- Há, para a voz ativa, duas desinências específicas de

Inf., uma a servir a certas formas, a outra às demais. São elas: ev e vai, prováveis resquícios de final de formas dativas ou locativas primordiais;

- A desinência infinitiva típica das formas da voz média e da passiva (exceção feita do aor. pass. Inf.) é a0ai;

- Graficamente: ativas -► ev e voamédio-passiva -*■ cr0oa;

(3) Aplicação- A desinência ev aplica-se, de preferência, aos verbos

em to, aparecendo-lhes nas formas infinitivas ativas do pres., do fut.e do 29 aor., enquanto a terminação vai predomina absoluta nos verbos em |xi, a ocorrer-lhes nos infinitivos ativos do presente e do aoristo (29);

- Os infinitivos ativos do 1? aor. e do perf. também te­riam sempre a desinência vai, naquele alterada, em conjunção como infixo, em om. O aor. pass. Inf., por seu turno, tem sempre a de-

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sinência vai, seja nos verbos em co, seja nos verbos em |xi;- Portanto, a desinência no pres. at. Inf. é ev;

(4) Particularidades

- Cumpre ter-se em conta estas particularidades:1- O infinitivo, na origem, ao que parece, forma subs­

tantiva no dativo ou locativo, já não mais admite variação em ter­mos de pessoa, gênero e número, flexionando-se apenas em fun­ção de tempo e voz. Logo, as formas infinitivas são fixas, invariá­veis, extremes de variações parcelares, característica dos tempos dos modos finitos; e

2- Neste pres. at. Inf. (como no fut. e no 2- aor. ats. Infs.) funde-se a vogal de ligação e com o e desinencial, resultando o di­tongo ei, de sorte que e + ev passa a ser eiv, final este que se faz o traço mais distintivo das formas infinitivas ativas do presente e do 2- aoristo dos verbos em co e do futuro de qualquer das duas con­jugações.

- Graficamente: e + ev —► eiv; e3- Preferem não poucos estudiosos a tese de que, nas

formas dialetais de antanho, o final do inf. ativo seria efxevai, no jônico apocopado em e|xev e no ático, mercê da queda da nasal jx e fusão das vogais justapostas, reduzido a eiv. Evolução paralela, mediante a aférese da porção inicial, daria a alternativa vai. Parecer menos controverso é o que toma o final ev ou eiv como terminação locativa original (evi) evoluída, e as formas alternativas finalizadas em a i (as ativas va i e crai, esta no 19 aor., e a médio-passiva cx0ai) como inflexões de dativo primordial.

3. Forma- De m c rT e v c o - crer - , raiz no sistema do presente morTe-u,

a forma do pres. at. Inf. é:ATUAL ORIGINALTEMA VL DES. TEMA VL DES.morei} eiv morei) e ev - crer

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4. Acentuação

- Das onze formas infinitivas regulares, quatro (19 aor. at. e pass. e perf. at. e mp.) têm acentuação posicionai, o acento sempre na penúltima que, breve a desinência, a terminar sempre pelo di­tongo ou, terá circunflexo, quando longa, ou o agudo, quando breve;

- Portanto, as sete outras terão acentuação recessiva, o acento a incidir na antepenúltima, uma vez que as desinências infinitivas, quer as ativas, quer a médio-passiva, são todas breves. Contudo, é de ter-se em mente que as formas desinenciadas com va i são sempre acentuadas na penúltima, paroxítonas ou properispôme- nas, jamais proparoxítonas;

- O 2- aor., por sua vez, tem acentuação especial no infinitivo, sempre perispômena a forma ativa, paroxítona a média;

- Logo, este pres. at. Inf. tem acento recessivo, na forma ori­ginal a postar-se na antepenúltima, na forma atual na penúltima, uma vez que da contração vocálica resultou a terminação ditongal eiv, longa em natureza. É agudo, naturalmente, em ambas as for­mas.

5. Relação

- Da matriz (pres. at. Ind.), em sua forma original, tem esta in­flexão infinitiva raiz e, quando a vogal de ligação é e, também esta vogal;

- Logo, à base dessas formas do pres. at. Ind. pode-se obter este infinitivo com simplesmente substituir-se a desinência primá­ria ativa pela infinitiva ev e efetuar-se a contração vocálica (e + ev = eiv);

- Idêntica é a relação desta forma infinitiva para com as infle­xões do pres. mp. Ind. e do pres. at. e mp. Imper., por isso que têm todas em comum raiz e vogal de ligação. Dada, porém, a contração referida, na forma atual, apenas a raiz se preserva a mesma, inal­terada. Portanto, conhecidas quaisquer dessas formas, como, aliás; qualquer inflexão deste sistema, obtém-se o pres. at. Inf. com acrescentar-se à raiz o final eiv, acentuada a penúltima.

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6. Sentido e tradução

- Presente, é esta forma infinitiva tempo de Aktionsart exten­sa, durativa, continuativa, linear, a ação expressa em moldes de pro­cesso momentâneo, costumeiro ou progressivo;

- Voz ativa, o sujeito pratica a ação, a ênfase incidindo na eventuação como fato distintivo, o acontecimento em distinção de outros;

- Forma infinitiva, modo substantivai, a que, à semelhança do Subj., do Opt. e do Imper., falece explícita conotação temporal, não expressa este pres. at. ação necessariamente contemporânea ou atual, podendo, conforme o indique o próprio contexto, referir-se a evento pretérito ou pervindouro;

- Considerado que é o Inf., em última análise, como substanti­vo verbal, a ação não é expressa em moldes categóricos (Ind.), ou potenciais (Subj.), ou hipotéticos (Opt.), ou injuntivos (Imper.), mas, em ünhas substantivas ou nominais, mais estáticas do que dinâmi­cas. Vale, assim, por um substantivo de cunho verbal;

- Traduz-se, regularmente, esta forma pelo nosso Infinitivo presente ativo, abstraída a noção de tempo definido, de contem- poraneidade ou atualidade, prevalecendo somente a noção de li­nearidade, a Aktionsart, como, não quando, se realiza o fato;

- Em síntese, é o pres. at. Inf.:- tempo de ação linear (presente),-praticada pelo sujeito (voz ativa),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- expressa em teor substantivo (Infinitivo),- sem explícita noção de tempo (Infinitivo),- ressaltado o fato como evento distintivo (voz ativa),- a traduzir-se em moldes do nosso pres. at. Inf.;- Portanto, TTicrreúeiv se pode traduzir como:- crer (ação momentânea: o fato específico), ou,- crer (ação costumeira: o fato repetitivo = costumar crer), ou,- estar crendo (ação progressiva: o fato processual ou em an­

damento).

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7. Aplicação paradigmática

- Obtém-se a forma do pres. at. Inf. de outros verbos em (o com simplesmente substituir-se a raiz moreu deste paradigma pela correspondente do verbo a flexionar-se, conforme se acha ela na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (e) e desinência (ev), contração (e + ev = eiv) e acentuação (recessiva, paroxítona) são as mesmas em to­dos.

12.15 - Presente Médio-Passivo do Infinitivo

1. Estrutura- Estrutura paralela à do pres. at. Inf. e, também, à do pres. at.

e mp. Ind., assim como do pres. at. e mp. Imper., de que difere apenas em matéria desinencial, a seqüência de elementos formati- vos neste pres. mp. Inf. é:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Raiz- Como se dá em todas as flexões que se enquadram no

sistema do presente, é a raiz nesta forma de pres. mp. Inf. a mesma da matriz, isto é, do pres. at. Ind., de que derivam todas este ele­

mento;

b. Vogai de ligação- A preceder a desinência iniciada pela sibilante, a vogal de

ligação é, nesta forma, a breve e;- Também esta vogal de ligação é a mesma da matriz (pres.

at. Ind.), ante desinências não iniciadas por fx ou v;- Ver-se-á que esta vogal de ligação e ocorre no pres. e

impf. mp., no fut. at., méd. e pass. e no fut. pf. mp. Ind. e no pres.

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at. e mp. Imper., ante desinências iniciadas por <; ou t , nas formas do pres. at. e mp. Inf., naquela antes de e, nesta anteposta a ç. Igualmente, no 2o- aor. at. e méd. Ind., Imper. e Inf.;

c. Desinência

(1) Natureza

- A desinência neste pres. mp. Inf. é cr0at, elemento ca­racterístico de todas as formas infinitivas médias ou passivas, ex­cetuada a inflexão do aor. pass. Inf., que tem a ativa vai;

- O ditongo final da desinência, a i, é havido por breve para fins prosódicos, princípio que apenas nas flexões ativas do Optativo encontra exceção;

(2) Aplicação- Esta desinência, CT0ai, se aplica, de igual modo, às

formas infinitivas tanto de verbos em co, quanto de verbos em |xí;

3. Forma

- De iricrTeuco - crer raiz do sistema maTev, a forma do pres. mp. Inf. é:

TEMA VL DESINÊNCIATHcrTeTJ e crBoti - crer, ser crido(a);

4. Acentuação

- E o pres. mp. Inf. (como o pres. at. Inf.) uma das sete formas infinitivas regulares de acento recessivo, a cair o mais distante da última;

- Visto que o final ou é dado por breve para fins prosódicos, o acento recede até a antepenúltima, o ditongo ev, nesta forma;

- E, pois, agudo o acento, proparoxítona a inflexão.

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5. Relação

- Da matriz (pres. at. Ind.), em sua forma original, tem esta in­flexão infinitiva raiz e vogal de ligação, nas inflexões em que não é ela e, diferente apenas a desinência. Logo, à base dessas formas do pres. at. Ind., pode-se obter esta inflexão de pres. mp. Inf. com simplesmente substituir-se a desinência primária ativa pela infiniti­va ctOoíi;

- Idêntica é a relação morfológica desta forma infinitiva mé- dio-passiva para com a original ativa: mesmas a raiz e a vogal de li­gação, diferente a desinência. Logo, conhecida a forma original do pres. at. Inf. (ttwttcv — e — ev), obtém-se a inflexão do pres. mp. Inf. (iTwrreíj — e — ctO ow ), trocando-se o ev da ativa pelo <70a i da médio-passiva, preservada a prosódia proparoxítona;

- Igual relação e o mesmo princípio valem, também, em refe­rência às inflexões do pres. mp. Ind. e do pres. at. e mp. Imper., porquanto em todos estes tempos ocorrem a mesma raiz e, ante as desinências não iniciadas por |x ou v, a mesma vogal de ligação, e. Daí, mudada a desinência de qualquer dessas formas para a0ai, tem-se esta inflexão infinitiva,

6. Sentido e tradução- Tem o pres. mp. Inf. o mesmo sentido geral do pres. at. Inf.,

divergindo apenas quanto à voz e à ênfase específica;- Presente, é forma de Aktionsart durativa, continuativa, ex­

tensa, linear, processo de cunho momentâneo (ação específica), re- peticional (ação costumeira) ou progressiva (ação em andamento);

- Forma da voz média, o sujeito executa a ação, sobre si mesmo (reflexa) ou sobre algo que lhe interessa, ou é de vantagem, ou lhe diz respeito de modo particular (indireta), a ênfase posta no sujeito e seu envolvimento especial na eventuação;

- Forma da voz passiva, recebe o sujeito a ação e a ênfase es­tará no fato como resultante, na eventuação em termos de sua ex­pressão consumada, o produto do processo;

- Infinitivo, carece de explícita noção temporal, dado que se apura à luz do contexto;

425

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- Não quando se dá o evento, ao contrário, como se processa ele, é o elemento expresso pelas formas infinitivas (e, também, subjuntivas, optativas e imperativas);

- Não se refere, pois, o pres. mp. Inf. a ação necessariamente contemporânea ou atual, por isso que pode ser pretérita ou futura;

- Ademais, não se reveste de teor categórico (Ind.), ou poten­cial (Subj.), ou hipotético (Opt.), ou injuntivo (Imper.); tem caráter tipicamente substantivo, porquanto é o Infinitivo, em última análi­se, um substantivo verbal;

- Traduz-se esta forma, em função da voz média, inexistente em português, pelo nosso Inf. pres. at., subentendida a especifici­dade de voz e ênfase, e abstraída a noção de tempo; em função da voz passiva, representa-a o Inf. pres. pass., em sua conotação nor­mativa, à parte de definitude temporal;

- Em síntese, é o pres. mp. Inf.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito sobre si próprio ou sobre algo com

que se relaciona de modo especial (voz média), ou,- dele sofrida (voz passiva),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- em teor substantivo (Infinitivo),- sem explícita noção de tempo (Infinitivo),- acentuado o sujeito e seu envolvimento (voz média), ou,- o fato em sua expressão resultacional (voz passiva),- a traduzir-se pelo Inf. pres. at. (voz média) ou o Inf. pres.

pass. (voz passiva);- Portanto, moTeveCT0ai se traduzirá, como forma da voz

média:- crer (ação momentânea: o fato específico), ou,- crer (ação costumeira: o fato repetitivo = costumar crer), ou,- estar crendo (ação progressiva: o fato como processo em an­

damento);- Como forma da voz passiva:- ser crido(a) (o fato de crer: ação momentânea), ou,

426

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- ser crido(a) (o crer em seu teor repeticional: ação costu­meira = costumar ser crido(a); ou,

- estar sendo crido(a) (o crer como processo em andamento: ação progressiva).

7 . Aplicação paradigmática- À base deste paradigma de moTeúü) obtém-se a forma do

pres. mp. Inf. de qualquer verbo em w com simplesmente substi- tuir-se a raiz moreu pela equivalente do verbo a flexionar-se, conforme se estadeia ela na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação (e), desinência (oOoa) e acentuação (reces­siva, proparoxítona) são em todos as mesmas, inalteradas.

12.16 - Presente Ativo do Particípio

1. Estrutura- A seqüência de elementos formativos do pres. at. ptc. ou, se

se prefere, ptc. pres. at., é:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + INFIXO MODAL + DESI-

NÊNCIAS

2. Formação

a. Raiz- Integrante do sistema do presente que é, tem este ptc.

pres. at. a mesma raiz do pres. at. Ind., matriz de que deriva este

elemento;- Esta raiz, básica e distintiva, aparece inalterada, sempre a

mesma, em todas as formas da flexão inteira;

b. Vogal de ligação- Visto que precede à nasal v, a vogal de ligação nas formas

originais desta flexão é, como nos tempos que a têm ante ja ou v, no Ind. (pres., impf., fut. e 29 aor.) e no Imper. (pres. e perf.), a bre-

427

Page 439: Manual de Lingua Grega.vol.1

ve o, sujeita a alterações em certas inflexões, a mesma típica do pres., fui. e perf. (at.) do Opt.;

- Também esta vogal de ligação deriva-a o pres. at. ptc. da matriz, pres. at. Ind., de que tem, portanto, dois elementos básicos: raiz e vogal de ligação;

- Vê-se, pois, que esta vogal de ligação o aparece do Ind. no pres., impf. e fut. nas três vozes; do Opt. no pres. e fut. nas três vozes e no perf. at. e fut. pf. mp.; do Imper. no pres at.; do Ptc. no pres. e fut. nas três vozes, e no perf. at. e fut. pf. mp. E, de igual modo, no 2- aor. at. e méd. Ind., Opt. e Ptc., assim como na flexão ativa do Imper.;

- De notar-se é que, enquanto no Inf. apenas e pode ocor­rer como vogal de ligação, no Opt. e no Ptc. esta função se restrin­ge ao ômicron;

- Esta vogai de ligação aparece, nas formas atuais, alonga­da em co nos casos nom. e voc. sing., masc. e em ov no dat. pl. masc. e neutro e em todo o feminino;

c. Infixo modal

- Pode-se dizer que do Ind. o característico básico é a raiz, do Subj. a vogal de ligação longa, do Opt. o infixo modal í a constituir ditongo com a vogal á, e ou o que o precede, do Imper. e do Inf. as desinências específicas;

- Do Ptc. o elemento distintivo por excelência é o infixo mo­dal, nas flexões ativas (e no aor. pass.) o grupo v t , suscetível de al­terações em certos casos;

- De fato, este infixo se reduz à nasal, sofrendo a queda do t , sempre que terminal de forma, já que lingual não constitui letra final de vocábulo regular. Isto se dá nos casos nom. e voc. sing. masc. e nom., acus. e voc. sing. neutro;

- Ademais, de todo se omite, caindo ambas, a nasal e a lin­gual, sempre que a anteceder a desinência iniciada pela sibilante. É o que acontece no dat. pl. masc. e neutro e em todo o feminino;

428

Page 440: Manual de Lingua Grega.vol.1

d. Desinências

(1) Natureza- É o particípio, em parte, verbo, em parte, adjetivo, exi­

bindo elementos estruturantes de ambas essas categorias;- Destarte, as desinências neste pres. at. ptc. são as dos

adjetivos consonantais triformes, o masculino e o neutro nas linhas

da 3§ declinação, o feminino em termos da 3§ classe da 1- declina­ção;

- A flexão do masculino se processa nos moldes dos substantivos masculinos-femininos em lingual t precedida da nasal v, antecedida de o, conforme 'yepcov, 7epovroç, Ò;

- A flexão do feminino obedece ao padrão dos nomes femininos em que o radical não termina por e, i ou p, segundo 8o—

£á, in;- A flexão do neutro segue, também, o paradigma de

nomes linguais da 3§ declinação, neutros, à base de ovofxa, ôv6— (xaToç, tó;

- Em síntese, a flexão geral do ptc. pres. at. é análoga à

do adjetivo consonantal triforme éKcáv, èKoíxrá, I kov, perfeito pa­ralelo, exceto no que respeita à raiz e à acentuação;

(2) Aplicação- Estas desinências se aplicam uniformemente aos ver­

bos em to, neste e no fut. e 2- aor. at. ptcs., exibindo variações, po­rém, nos verbos em (xí, que, a rigor, seguem moldes um pouco di­versos (conforme o padrão do 1? aor. at. ptc.);

(3) Observações

(a) Masculino- Uma vez que a flexão do masculino se processa em

termos da 3- declinação e nesta declinação cinco dos casos ensejam

reparos, convém isto observar-se-lhes a respeito:

429

Page 441: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Nom. sing.: não recebe desinência, caindo, por isso, o t do infixo, porquanto lingual não deve ser letra final de palavra regular, e alongando-se, compensatoriamente, a vogal de ligação, que de o passa a ser to;

- Graficamente: o + v t -* o + v -► co + v ;

-A cu s. sing.: tem a desinência á (em vez de v);- Voc. sing.: é igual em forma ao nom. sing.;- Dat. pl.: caem, ante a sibilante desinencial, a lingual

t e a nasal v do infixo modal, alongando-se, em compensação, a vogal de ligação o, que se transmuta no ditongo ou;

-- Graficamente: o + vt + cri —► o + v + a i —► o + a i —* ov + cri;

-A cus. pl.: exibe a desinência áç (em vez de vç);

(b) Feminino

- Experimenta o radical feminino acentuada altera­ção, que se verifica em todas as formas e tem em todas a mesma feição. E, pois, radical alterado, mas uniforme, na flexão toda;

- Precede à desinência a vogal eufônica í , auxiliar, que se converte em <;, pelo que caem ambos os integrantes do infi­xo modal vt e se alonga a vogal de ligação o nos moldes do dat. pl. masc. (e neutro), isto é, torna-se ou;

- Nas formas atuais do feminino, portanto, não mais se estampa o infixo modal v t , característico dos particípios ativos (e do aor. pass.).

- Graficamente: o + vt + íá —► o + vt + a à —► o + v + c a —► o + a á —► ov + cra;

- Logo, distingue-se o pres. at. ptc. no feminino pelo final avCTa e suas variações flexionais;

(c) Neutro- O neutro, cuja flexão se processa nas linhas gerais

da 3- declinação, acompanha de perto as formas do masculino, sendo-lhe de observar-se quanto aos casos o seguinte:

430

Page 442: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Nom., acus. e voc. sing.: não há nestes três casos (em qualquer dos números sempre idênticos em forma) desinência explícita, caindo, pois, a lingual terminal t , mas, ao contrário do que se assinalou em relação ao nom. e voc. sing. masc., permanecendo sem alongar-se a vogal de ligação o;

- Graficamente: o + v t -*■ o + v;

- Dat. pl.: exibe a mesma variação registrada neste caso na flexão do masculino: queda do grupo vt e alongamento do ômicron de ligação para a forma ditongal ou.

3. Flexão

a. Formas- De moreixú - crer -, raiz do presente morev, o pres. at.

ptc., cuja forma básica seria originalmente: morei) — o — vt, morev — o — v t — íá , morev — o — v t , evoluídas, respec­tivamente, para: morei» — co— v, morei) — ou — ctÓí, morei) — o— v, assim se declina:

MASCULINO

NS. m orei) o VT — — moreu| co V

GS. m orei) o VT osDS. -moreu 0 VT

ulAS. TTIOT6U o VT

oGL

VS. m orei) 0 VT — — moreu| (0 V

NAV/D. mcrreu 0 VT eGD/D. m o r eu

/o VT otv

NP. TTUTTeU o VT eçGP.DP.AP.

m o r eu m oreí) m o r eu

ooo

VT

VT

VT

fa)Vo

(T lVa ç

— m orei) ou I| (XI

VP. m oreu o VT es

431

Page 443: Manual de Lingua Grega.vol.1

FEMININOTEMA VL DES.

NS. TTUTT€V

GS. t t u t t c v

DS. TTMXTeV

AS. m a T e v

VS. m a T e i í

OU

OV

OV

OU

OV

ucTaa -r jç

cnQa á v

a á

NAV/D. TTiaTCV

GD/D. TTWTTev

OV

0 6a ãa a i v

N P. TTUTT6V

GP. TTUTTeV

DP. t t u t t€ v

AP. TTUTTeV

VP. TTUTTeV

ov o v

oé 0 ú ou

a a i

a co v

a a i ç

a ã ç

a a i

NEUTROTEMA VL IM DES.

NS. TTiaTev 0 VT — — TTiaTev | o V

GS.DS.

TTiaTEVTncneó

o0

VT

VT

oç«Jl

AS. maTev 0 VT — — TTiaTev] o V

VS. TTiaTev 0 VT — — TTiaTev | 0 V

NAV/D.(

TriaTev o VT eGD/D. TTiaTev t0 VT OlV

NP. TTiaTev o VToa

GP.DP.AP.

TTWTTevTTiaTevTTiaTev

/o00

VT

VT

VT

covVa i

oa

— TTiaTev ov 1 [ CTl

VP. TTiaTev o VT &

432

Page 444: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Atenção merecem os seguintes pontos nesta flexão:(1) O infixo modal v t sofre a queda da lingual nos casos

não-desinenciados (nom. e voc. sing. masc., nom., acus. e voc. sing. neutro), porquanto não pode essa muda ser terminal regular de vo­cábulo;

(2) De todo desaparece o infixo modal v t nas formas em que vem seguido de ç desinencial, o que se verifica no dat. pl. masc. e neutro e em toda a flexão do feminino;

(3) A vogal de ligação o sofre alongamento nos casos nom. e voc. sing. masc., em que se torna to, e no dat. pl. masc. e neutro e em todo o feminino, em que assume a forma ditongal ou;

(4) A inflexão evoluída do dat. pl. masc. e neutro ('irwrTeú - ou - aí) coincide em forma e acentuação com a 3- p. pl. atual do pres. at. Ind., a despeito da diversidade estrutural básica; e

(5) A raiz, ttuttcu, como nas demais flexões do sistema, permanece constante, invariável, a mesma em todas estas infle­xões;

4. Acentuação- Em matéria de acentuação do ptc., como o infinitivo, modos

não finitos em essência, não se caracterizam pela recessividade. Preferível é ter-lhes o acento por posicionai, o que se coaduna com

a natureza em parte adjetiva do ptc.;- Tem, pois, este pres. at. ptc. acento que se deve tomar como

posicionai, a cair nas formas bases (nom. sing.), na penúltima no masculino e no neutro, na antepenúltima no feminino;

- No masculino e no neutro conserva-se o acento na sílaba em que se acha na base, nom. sing., em todas as formas, exceção feita do gen. e dat. dual e gen. pl., cujas desinências, longas, o lv e wv, respectivamente, requerem se desloque o acento para sobre a vo­gal de ligação, porquanto não haverá acento na antepenúltima, se longa a última;

b. Observações

433

Page 445: Manual de Lingua Grega.vol.1

- No feminino, por sua vez, apenas no acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl. continua na sílaba de origem, formas em que a de­sinência é breve (a e ai); nos demais casos, longa a desinência, desloca-se para a sílaba seguinte, penúltima, sendo que no gen. pl., dada a contração prévia da vogal á com o ío desinencial, aparece na última, circunflexo;

- E, pois, agudo o acento em todas as formas atuais, posto na antepenúltima ou na penúltima (se longa a última), excetuados o nom., acus. e voc. sing. neutro (penúltima longa, última breve) de verbos em que é longo o tema, e o gen. pl. fem. (última contrata acentuada), que têm o circunflexo. Nom. e voc. sing. masc. na for­ma original também terão acento circunflexo, na penúltima, se lon­go o final do tema;

- São, portanto, proparoxítonos: do masculino gen., dat. e acus. sing., nom., acus. e voc. dual e do plural nom., dat., acus. e voc.; do feminino: nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl.; do neutro: gen. e dat. sing., nom., acus. e voc. dual, nom., dat., acus. e voc. pl.;

- São paroxítonos: do masculino o nom. e o voc. sing., gen. e dat. dual e gen. pl.; do feminino gen. e dat. sing., o dual todo, o dat. e acus. pl.; e do neutro gen. e dat. dual e gen. pl.;

- São properispômenos: nom., acus. e voc. sing. neutro (e nom. e voc. sing. masc. originais);

- É perispômeno: o gen. pl. feminino;- De pXerrío, por exemplo, cujo tema termina em vogal breve,

seguida, embora, de consoante, as formas do nom., acus. e voc. sing. neutro (e assim também as originais do nom. e voc. sing. masc.) são paroxítonas, pXe-rr — o — v, não properispômenas, como em TTMTTCxkú (moTeí) — o — v), impossível o circunflexo em vogal breve;

5. Relação- Da matriz, pres. at. Ind., têm estas formas a raiz e a vogal de

ligação, aquela imutada, esta alterada em bom número de casos; dos ptcs. ativos (e do aor. pass.) têm o infixo modal v t ; dos adjeti­

434

Page 446: Manual de Lingua Grega.vol.1

vos consonantais triformes de radical finalizado em o v t , as desi­nências;

- Pode-se, pois, à base das formas do pres. at. Ind., obter qualquer inflexão deste pres. at. ptc. com tomar-se-lhes a raiz, jun- gir-se-lhe a vogal de ligação o e acrescentarem-se o infixo v t e a desinência própria do caso, operando-se as alterações necessárias;

- Por outro lado, paralela que é a flexão deste ptc. pres. at. à declinação do adjetivo 4 ko )v , eKowa, êxov, o radical € k o v t corres­pondendo à raiz, mais a vogal de ligação o, mais o infixo modal v t

do ptc., mesmas as alterações em ambos, basta substituir-se o gru­po €K do adjetivo pela raiz do ptc. e têm-se-lhe as inflexões, haven­do-se de mister ajustar apenas a acentuação.

6. Sentido e tradução

- Como em todo tempo verbal, o elemento saliente neste, co­mo em todos os demais particípios, é a Aktionsart, isto é, a qualidade da ação, o COMO se processa ela. Todavia, como no Indicativo, presente é neste modo complementar a noção de tempo QUANDO o fato se dá, inda que apenas relativo, isto é, polarizado para com o verbo principal de que dependa. Quer isto dizer que, enquanto no Ind. a projeção temporal é absoluta, própria da forma em sua defi- nitude, no ptc., é subalterna, a expressar conotação cronológica re­lativa ao verbo dominante, de que é caudatária a forma participial;

- Presente, é este pres. at. ptc. tempo de Aktionsart extensa, durativa, continuada, linear, ação focalizada em termos do fato co­mo processo momentâneo (ação específica), repetitivo (ação cos­tumeira) ou progressivo (ação em andamento);

- Formas da voz ativa, expressam estas inflexões ação prati­cada pelo sujeito, acentuada a eventuação como fato distintivo, à parte de outros;

- Particípio, a ação se apresenta em moldes adjetivos, adjunti- va ou atributiva, circunstancial ou modificativa, polarizada para com o substantivo ou equivalente a que substitui, qualifica ou modifica;

- Nos tempos participiais, como nas flexões do Indicativo,

435

Page 447: Manual de Lingua Grega.vol.1

embora ocupe a Aktionsart a plana primária, subsiste noção cro­nológica, isto é, de quando se dá o evento. Verdade é que no Ind. este dado tem expressão absoluta, designando passado, presente ou futuro como tais, definidamente, enquanto no ptc. este elemento é de teor relativo, subordinada a referência temporal ao enfoque do verbo principal, portanto, secundária;

- Destarte, o pres. at. ptc. refere a ação como contemporânea à do verbo principal, qualquer que seja a projeção temporal deste: presente, passada ou futura. Logo, os ptcs. aoristos e perfeitos ex­pressarão ação anterior à do verbo dominante e os ptcs. futuro e futuro perfeito eventuação posterior, em qualquer desses três enfo­ques do verbo de base;

- Traduzem-se, pois, estas inflexões participiais, conforme a função exercida na sentença, ora como substantivo, ora como particípio presente ou cláusula relativa adjuntiva, ora como gerún- dio ou cláusula circunstancial;

- Em síntese, é o pres. at. ptc.:- tempo de ação linear (presente),-praticada pelo sujeito (voz ativa),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- ressaltado o fato ou evento (voz ativa),-em moldes adjetivos (particípio),- contemporânea à do verbo regente (particípio, presente),- a traduzir-se, ora como substantivo, ora como particípio

presente ou cláusula relativa, ora como gerúndio ou cláusula cir­cunstancial (particípio);

- Portanto, mcrreiJCDv, moTemucrá, mcrrevov se traduz, em função verbal, pelo gerúndio, invariável em forma, quaisquer que lhe sejam em português gênero, número e caso, logo:

- crendo (ação momentânea: o fato específico), ou,- crendo (ação costumeira: o fato repetido = costumando crer),

ou,- estando crendo (ação progressiva: o fato como processo em

andamento);

436

Page 448: Manual de Lingua Grega.vol.1

- em função propriamente adjetiva, a qualificar o substantivo, claro ou implícito, variável em caso, gênero e número na versão portuguesa, eqüivalerá a:

- que crê (ação momentânea), ou,-que crê (ação repetida = que costuma crer), ou,- que está crendo (ação progressiva);- em função explicitamente substantiva, traduzir-se-á por:- crente (implícitos os três aspectos qualitativos da ação).

7. Aplicação paradigmática- Nos termos deste paradigma de 'irurrevco declina-se o ptc.

pres. at. dos demais verbos em to, requerendo-se a simples substi­tuição da raiz moTeu pela correspondente do verbo a flexionar-se, dada na primeira das partes principais;

- Vogal de ligação, infixo modal, desinências, alterações e

acentuação continuarão os mesmos em todos, elementos estes que ocorrem, na mesma ordem e na mesma forma, também nos ptcs. futuros e 2 - aoristos ativos, com uma variante apenas: a acentuação do ptc. 2 - aor. é oxítona na forma base do masc. e do neutro, pro- perispômena no feminino.

12.17 - Presente Médio-Passivo do Particípio

1. Estrutura

- A sucessão de elementos estruturantes é, no pres. mp. ptc., ou, se preferido, ptc. pres. mp., paralela à do pres. at. ptc.:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO -I- INFIXO MODAL + DESI­NÊNCIAS

2. Formação

a. Raiz- Tempo enquadrado no sistema do presente, deste pres.

mp. ptc. a raiz é derivada da matriz, pres. at. Ind., a mesma, obvia­mente, do ptc. pres. at.;

437

Page 449: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Conserva-se esta raiz invariável, constante, a mesma, em todas as formas de fiexão deste ptc.;

b. Vogal de ligação

- Como no pres. at. ptc., a preceder a nasal, naquele caso v, neste |x, a vogal de ligação é o;

- Esta vogal deriva-a o pres. mp. ptc. da matriz, pres. at. Ind., assim como a raiz, à maneira do pres. at. ptc.;

- Tem, pois, esta flexão da matriz dois elementos: raiz e vogal de ligação, elementos comuns às flexões ativa e médio-passi- va deste ptc. pres.;

- Diferentemente do que se observou em certas formas do pres. at. ptc. (nom. e voc. sing. e dat. pl. masc.; todo o feminino; nom., acus. e voc. sing. e dat, pl. neutro), não se altera em nenhuma inflexão esta vogal o, em todas as formas;

c. Infixo modal- Elemento distintivo por excelência das formas participiais

é o infixo modal, nas ativas (e nas aoristas passivas) o grupo v t ,

que em certas formas perde a lingual final, em outras de todo se suprime;

- O infixo modal dos particípios médios e passivos, exce­tuado o aor. pass. ptc., é o grupo jxev, que se não deve confundir com a desinência homógrafa da 1 - p. pl. dos tempos ativos, primá­rios ou secundários;

- Como a vogal de ligação, este infixo modal conserva-se inalterado, sempre o mesmo, em toda a flexão, ao contrário do infi­xo vt nos ptcs. ativos;

d. Desinências

(1) Natureza- Enquanto o ptc. pres. at. segue as normas da flexão

dos adjetivos consonantais triformes, logo, em termos da 3- declina­ção (masculino e neutro) e da de tema breve, 3- classe (femini-

438

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no), o pres. mp. ptc. acompanha a declinação dos adjetivos chama­dos vocálicos triformes, portanto, o masculino e o neutro em função da 2- declinação, o feminino consoante a 2- classe da 1- declinação, femininos de radical não terminado em e, i, p (o ptc. exibe v a pre­ceder à desinência);

- Conseqüentemente, declina-se o masculino deste ptc. nos moldes de av0pco'rro<;, ou, ó, o feminino em função de eípi]— vt|, T|<;, r\, o neutro de conformidade com ep7 ov, ov, to , quanto respeita à desinenciação;

- Em síntese, a flexão geral do ptc. pres. mp. é paralela à do adjetivo chamado vocálico triforme, à base de oryaOoç, nrf, ov, mesmas as desinências em exata correspondência. Diferem a acentuação e a raiz;

(2) Aplicação

- Aplicam-se estas desinências vocálicas e o infixo mo- dal (xev que as precede, a formar as terminações características ixevoç, fxevT], jxevov e suas inflexões regulares, a todos os ptcs. médios e passivos (excetuado o aor. passivo), tanto de verbos em o> como de verbos em jxi;

(3) Observação- Enquanto no pres. at. ptc. assinaladas e numerosas são

as alterações a afetarem vogal de ligação e infixo modal, neste pres. mp. ptc. nenhuma variação se registra, regulares os elementos es­truturais todos na flexão inteira.

3. Flexão

a. Formas- A flexão do pres. mp. ptc. de morevo) — c r e r cuja raiz é

neste sistema todo morev, exibe as seguintes formas:

439

Page 451: Manual de Lingua Grega.vol.1

FEMININOTEMA VL IM DES.

NS. i r u r r e u 0/

|A€V 'nGS. m o r e u o f ie v 'n sDS. m c r r e v o (Xev DAS. m o r e u o |A€V T)V

VS. m o r e u 0 |X€V T\

NAV/D. m o r e u 0/

|xev ãGD/D. ITUTTeU o |xev o u v

NP. TTlCTTet)/

0 |xev ou

GP. m o r e u 0 |xev ÍOV

DP. m o r e u 0 jx e v a i ç

AP. ITUTTeV o |xev ã ç

VP. m o r e u✓

0 |xev ou

MASCULINOTEMA VL IM DES.

NS. 'TTUTTÊV7----

o (xev o ç

GS. TTlCTTeU 0 fJL€V o vDS. m o r e u o |xev <í>AS. m o r e u o |xev o v

VS. 'iru rTev o |xev e

NAV/D. TriCTTCU 0 ixev Ctí

GD/D. TTWTT€t) 0 (xev OLV

NP. m o r e uf

o OIGP. i r i o r e u o fxev COV

DP. ITWTTeV 0 |xev o i ç

AP. mOTCU 0 |xev 01) Ç

VP. TTKTTet) 0 fxev OL

440

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NEUTROTEMA VL IM DES.

NS. morreut0 |xev ov

GS. moreu 0 p,ev ouDS. TTlíTTeU 0 jxevAS. moreu 0 (xev ovVS. moreu

/0 |JL€V ov

NAV/D. moreu o p-ev 0)

GD/D. morreu 0 jxev oiv

NP. moreu 0 jxev &

GP. moreu 0 jxev (OV

DP. moreu 0 p-ev OIÇ

AP. moreu/

0 |xev a

VP. TTU7T6Uf

0 jxev a

b. Observações(1) A raiz TTurTev, a vogal de ligação o e o infixo modal |xev

preservam-se os mesmos, inalterados em forma, através de toda a flexão, variando apenas a desinência;

(2) Do pres. at. Ind., matriz do sistema, e do ptc. pres. at., paralelo flexionai, têm estas formas de ptc. pres. mp. a raiz (mo— T e u ) e a vogal de ligação (o), e dos adjetivos triformes vocálicos de raiz não terminada em e, i, p as desinências;

4. Acentuação- Embora não rigorosamente recessivo o acento nas formas

participiais, devendo-se ele tomar antes como posicionai, nestas in­flexões todas conforma-se ao princípio normativo de recessividade, por isso que se distancia sempre o mais possível da última;

- Nas formas básicas, nom. sing., está na antepenúltima no masculino e no neutro, desinências breves (oç, ov), na penúltima no feminino, desinência longa (t));

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- Ocorre o acento, pois, na antepenúltima em todas as infle­xões de final breve, na penúltima nas formas terminadas em sílaba longa;

- Destarte, é agudo o acento em toda a flexão, proparoxítonos nom., acus. e voc. sing. masc. e neutro e nom. e voc. pl. masc. e fem., bem como nom., acus. e voc. pl. neutro; paroxítonos gen. e dat. sing. masc. e neutro, todo o singular feminino, o dual inteiro, gen., dat. e acus. pl. masc. e fem. e gen. e dat. pl. neutro;

- Cabe notar-se que o feminino obedece à norma prosódica dos adjetivos de cunho vocálico, não ao princípio que rege a acen­tuação dos nomes da 1- declinação, isto é, não é perispômeno o gen. pl., nem paroxítonos o nom. e o voc. pl., casos estes que se acentuam nos moldes dos paralelos do masculino;

- Todos os ptcs. de final fxevoç, |xevr|, jxevov, exceção feita do perf. mp. ptc., cujas formas são todas paroxítonas, acentuam-se como este pres. mp. ptc., logo, em moldes praticamente recessivos;

5. Relação

- Uma vez que têm as formas deste pres. mp. ptc. em comum com as inflexões originais do pres. at. Ind., matriz de que os deri­vam, a raiz e a vogal de ligação (quando se inicia a desinência por fx ou v), bastará tamarem-se estes elementos das inflexões da matriz e acrescentar-lhes o final constituído do infixo modal |xev e da de­sinência dos adjetivos vocálicos própria do caso e ter-se-á a forma deste ptc.;

- De igual modo, à base do pres. at. ptc. obtêm-se as inflexões deste pres. mp. ptc., substituindo-se o infixo modal v t pelo corres­pondente jxev e a desinência consonantal pela vocálica equivalente, ajustada a acentuação;

- Ademais, partindo-se de oryaGoç, r\, ov, ou qualquer outro adjetivo de cunho vocálico triforme, radical não terminado por €, i ou p, obter-se-á a forma paralela deste ptc. pres. mp. substituindo- se o tema do adjetivo pelo radical (raiz + vogal de ligação o + infixo modal |xev) do ptc.

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- Como o ptc. pres. at., expressa este pres. mp. Ptc. ação con­temporânea à do verbo com que se relaciona, uma vez que subsiste nos ptcs. a noção de tempo, embora polarizada para com o verbo principal, relativa, pois;

- Presente, a Aktionsart é continuada, extensa, durativa, linear, a projeção do fato vislumbrada como processo momentâneo (ação específica), ou evento repetitivo (ação costumeira), ou ocorrência em andamento (ação progressiva);

- Em acepção média, como é próprio desta voz, a ação se ex­pressa em função do sujeito, que a pratica, sobre si mesmo (reflexa) ou sobre algo com que se relaciona de modo particular (indireta), a ênfase posta no sujeito e seu envolvimento (vantagem, interesse, conexão) no fato;

- Em acepção passiva, como o implica esta voz, sofre o sujeito a ação, ressaltando-se o evento em sua expressão resultacional, não o evento específico ou distintivo;

- Participial, apresenta-se o fato em moldes adjetivos, a quali­ficar, ou modificar, ou representar o substantivo de que é adjunto ou atributo, complemento ou modificador;

- Traduzem-se, pois, estas inflexões participiais, segundo a função desempenhada na frase, ora como substantivo, ora como particípio presente na forma de cláusula relativa adjuntiva, ora co­mo gerúndio ou cláusula circunstancial;

- Quando expressão da voz média, traduz-se a forma como se fora ativa (já que não há modalidade média no português), suben­tendidas a especificidade da voz e sua ênfase subjetiva;

- Como expressão da voz passiva, traduz-se pela forma regu­lar desta voz, paralelo o sentido ao das vozes ativa e média, embora diferentes a função do sujeito e a ênfase em cada voz;

- Em síntese, é o pres. mp. ptc.:- tempo de ação linear (presente),- praticada pelo sujeito sobre si próprio ou sobre algo com

6. Sentido e tradução

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que se reiaciona de modo especial (voz média), ou,- sofrida pelo sujeito (voz passiva),- momentânea, costumeira ou progressiva (presente),- ressaltado o sujeito e seu envolvimento (voz média), ou,- a eventuação em sua expressão resultacional (voz passiva),- em teor adjetivo (particípio),- contemporânea à ação do verbo principal (particípio, pre­

sente),- a traduzir-se como substantivo, particípio presente = cláu-

sula relativa, ou gerúndio = cláusula circunstancial (particípio);- Logo, Trurreuoixevoç, t], ov, em função explicitamente verbal,

traduz-se pelo gerúndio, invariável em forma, qualquer que lhe seja o gênero, ou o número, ou o caso na inflexão grega, quando ex­pressão da voz média; traduz-se pelo particípio passado, variável em gênero e número, quando expressão da voz passiva;

- Daí:- Ação momentânea: o fato específico:- crendo (voz média),-crido, crida (voz passiva);- Ação costumeira: o evento repetitivo:- crendo = costumando crer (voz média),- crido, crida = costumado(a) ser crido(a) (voz passiva);- Ação progressiva: o processo em andamento:- estando crendo (voz média),- estando sendo crido(a) (voz passiva);- Em acepção propriamente adjetiva, a qualificar o substantivo,

claro ou implícito, variando em gênero, número e caso, na versão portuguesa a eqüivaler a cláusula relativa, a tradução será:

- Ação momentânea: o fato específico:- crente; que crê (voz média),- crido, crida; que é crido, que é crida (voz passiva);- Ação costumeira: o evento repeticional:- crente, que crê, que costuma crer (voz média),- crido(a), que é crido(a), que costuma ser crido(a) (voz passiva);

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- Ação progressiva: o processo em andamento:- crente, que está crendo (voz média),- crido(a), que está sendo crido(a) (voz passiva);- Em conotação tipicamente substantiva, a tomar o lugar do

nome qualificado, correspondendo a ptc. presente substantivado (voz média) ou a ptc. passado em teor nominal, terá de ser:

- (o) crente, (a) crente (voz média: nos três enfoques),- (o) crido, (a) crida (voz passiva: nas três posturas).

7. Aplicação paradigmática- Declina-se o ptc. pres. mp. dos demais verbos regulares em

to, à base deste paradigma de moreixo, bastando substituir-se a raiz morev pela correspondente do verbo a flexionar-se, vista na primeira das partes principais, conservados os demais elementos;

- Vogal de ligação (o), infixo modal (|xev), desinências (vocáli- cas triformes) e acentuação (praticamente recessiva) são em todos, em seqüência e forma,, sempre os mesmos,13. AGENTE DA VOZ PASSIVA

1. Expressão- Nas vozes ativa e média o sujeito é o agente da ação expres­

sa pelo verbo. Não assim na passiva, por isso que a sofre ele, rece- be-a, é-lhe o natural objeto;

- Expressa-se, destarte, o agente mediante adjunto adverbial característico, modalidade fraseológica distintiva, construção típica

deste elemento sintático;- A maneira regular de expressar-se o agente da voz passiva é

mercê de frase introduzida pela preposição ínró seguida de genitivo do termo que representa o agente. Daí, chama-se também esta modalidade complementar genitivo de agente-,

- Outras preposições podem ocorrer em lugar de vrró, mor­mente se a ênfase é dada à origem, ou fonte, ou procedência da ação, antes que ao agente propriamente dito. Tais são àiro, ev, Trapa e Trpoç;

- No clássico, se a forma verbal era inflexão do perfeito ou do

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mais-que-perfeito, geralmente, ou dos chamados adjetivos verbais

terminados em toç, tov ou Teoç, Teâ, tcov, poder-se-ia expressaro agente da voz passiva pelo dativo puro, isto é, não-preposiciona-

do. Em o Novo Testamento este uso é até mais generalizado, não restrito, ademais, a esses tempos e formas;

2. Exemplos

a. avToç ôe VTr'ou8evòç avaKpíveTai - Mas, ele próprio por ninguém é julgado (I Co 2.15).

- A inflexão verbal oivaKpíveTou - é julgado - está na voz pas­siva (pres. Ind.). O sujeito, oívtoç - ele próprio - é o objeto da ação judicatória negativa expressa pelo verbo. O agente, quem exerce o juízo, se expressa pela frase vn^ouSevo^, constituída pela preposi­ção vrrd (que sofre elisão da vogal terminal) e da forma genitiva singular do pronome indefinido ovôeiç - ninguém-,

b. orrauôácraTe aam Xoi kqél oi}juú|at|to i outo) evpeG^vai ev eipTivri - Diligenciai por que sejais por ele achados em paz, inculpâveis e irrepreensíveis (II Pe3.14).

- A forma evpe0T|vai - ser achados - é passiva (aor. Inf.), o sujeito virtual, o mesmo do verbo principal CTTrovôofcrcrre (19 aor. at. Imper.) - diligenciai - seria o pronome pessoal "U|xeí<; - vós - , quem

diligenciaria e quem seria achado, naquele caso a praticar a ação (diligenciar), neste a sofrê-la (ser achados);

- Quem acha, o agente da ação expressa pela forma passiva evpe0r|vai — ser achados - é, no texto, Deus, representado pelo da­tivo avTw, em função de pronome pessoal. Logo, o agente da voz passiva, nesta passagem, se expressa pelo dativo puro, não-prepo- sicionado, oivtco, em vez do normativo •íhr,a'UTov (a preposição "STro seguida do genetivo);

- Exemplos adicionais desta modalidade alternativa de ex­pressar-se o agente da voz passiva pe*lo dativo puro em o Novo Testamento se encontram em:

- Lc 23.15 (eoriv TreTrpcr/ixevov ourw - foi praticado PORELE ;

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- II Co 12.20 (eupe0ü) v|xív - seja eu POR VÓS achado); e- I Tm 3.16 (o)(p0T| otyyéXoiç - foi visto POR ANJOS).- É de notar-se que na primeira destas referências ocorre o

perf. pass. perifrástico, nas outras duas o aor. pass.

14. SUJEITO DO INFINITIVO

- Ao enumerarem-se, de início, as funções dos casos, esta­tuiu-se que o sujeito das formas verbais finitas (Ind., Subj., Opt. e Imper.) se expressa, normativamente, pelo nominativo, enquanto o sujeito das inflexões infinitivas aparecerá n o acusativo;

- Exemplo: o J I^aouç CKeXewev orirròv ax0Tjvai Trpòs avTÓv - Jesus ordenou fosse ele conduzido à sua presença (Lc 18.40);

- Duas são as inflexões verbais desta sentença: eKeXewev - ordenou - , forma finita (1- aor. at. Ind.), cujo sujeito está em nomi­nativo (o nome próprio articulado 3 Prçcrouç - Jesus), e t*x0rivai, forma infinitiva (aor. pass.), cujo sujeito, o demonstrativo ocutov em função pessoal, equivalente a ele, está no acusativo;

- Portanto, o sujeito do infinitivo estará n o acusativo, não em nominativo, como é próprio das formas do Ind., do Subj., do Opt. e do Imper.;

- Arrimados no caráter manifestamente substantivo, em ori­gem e função, das formas infinitivas, desprezando-lhes o teor ver­bal imanente, categorizam gramáticos de nomeada que é injustifi­cável improcedência atribuir-se-lhes sujeito, elemento este que apenas a genuinas formas verbais convém, não a substantivos ou equivalentes, a que falece a natureza modal. Taí é, a seu ver, o infi­nitivo, mera forma substantiva, não expressão modal do verbo;

- Destarte, preferem esses gramáticos tomar o acusativo havi­do como expressão do sujeito da forma infinitiva como adjunto de referência, isto é, como complemento restritivo a enunciar o as­pecto em que se situa ou a que se refere o estado, condição ou fato designado pelo verbo. Seria, pois, acusativo de especificação, não acusativo de sujeito;

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- Assim, no exemplo dado, o demonstrativo enrróv não seria propriamente sujeito do infinitivo ótxô^vai, mas adjunto especifi- cante, equivalente a: no que se refere a ele, quanto a ele, no que lhe concerne, a expressar a referência a que aplicar-se ou afirmar-se a ação de ser conduzido;

- Tal sendo o caso, traduzir-se-ia a sentença, mais literal e apropriadamente, por: Jesus ordenou fosse conduzido à sua presen­ça no que respeitava a ele (o cego de Jericó, antecedente do prono­me no contexto)... fraseologia especiosa, não há dúvida.

15. PRONOME PESSOAL SUJEITO

15.1 - Uso

- Nos tempos finitos do verbo grego, tal qual se verifica no português, as próprias terminações de si bastam para precisar a pessoa e o número da inflexão. Logo, não se faz de mister a pre­sença do pronome pessoal sujeito;

- Emprega-se, pois, o pronome pessoal sujeito, isto é, a forma normativa, apenas para fins de ênfase ou vivacidade de expressão, fato que se deve levar em conta na tradução, particularmente na exegese.

15.2 - Exemplosa. oiJK€Ti Xe yco vfxaç ôoúX.ou<; - Nem tampouco vos chamo

servos (Jo 15.15).- Da estrutura da forma vê-se que 'Xéyoi é inflexão do pres. at.

Ind. Embora não explicito o pronome pessoal sujeito I 7 Í0 - eu - , de pronto se reconhece tratar-se da 1 - p. s., à vista da terminação w, característica desta pessoa e número. É, pois, desnecessário o uso do pronome pessoal sujeito, já que o próprio final da forma é sufi­ciente para a determinação da pessoa verbal;

- Aliás, da mera terminação se determinam, além da pessoa (1§) e do número (singular), também, corroborativamente, a voz (a- tiva) e o tempo (primário);

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b. Ta prffjLaTa a I 7 0 ) Xeyoi upJÍv - As palavras que eu vos digo (Jo 14.10).

- A forma verbal é a mesma da sentença anterior, inflexão do pres. at. Ind., à luz da terminação co, sem o concurso do pronome pessoal sujeito, evidenciada como 1 - p. s.;

- Entretanto, embora desnecessário, precede-a o pronome eyú , nominativo singular, obviamente em função enfática, deven­do, por isso, destacar-se na tradução;

- Naquele caso, o que se ressalta é o novo status daqueles que já não mais se situam na faixa de servos, secundária a noção de quem assim os declara; neste, porém, Jesus acentua Sua pessoa: é Ele quem diz tais palavras, não outrem, o destaque a caber não a piffiaTa - o que diz, mas a €7 (6 - quem as diz, logo, explicitado nesta o pronome, enfático, ausente naquela.

16. PARTICULARIDADES DOS VERBOS COMPOSTOS

16.1 - Natureza- Em sua forma simples, constam os verbos de uma raiz, que

pode sofrer várias alterações, redução ou expansão, e de outros elementos acessórios à estrutura flexionai;

- Há, entretanto, vultoso contingente de verbos compostos, isto é, de verbos a cuja raiz básica se associam outros elementos modificativos ou juncionais, mormente preposições que se lhe pre­fixam, ora em função intensiva ou geral, ora a ditar acepções parti­culares ou especiais;

- Assim, epxojxai - ir, vir (Mc 12.18) - é verbo simples, por isso que à raiz não se lhe associam elementos de composição. Já, por outro lado, etcepxofjiai - entrar (Lc 1 0 .8 ) - é verbo composto, por­quanto se antepõe ao tema simples a preposição e!<; - para, para dentro -, a influir-lhe na acepção, conferindo-lhe sentido diferente (ir PARA DENTRO);

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- Em relação aos verbos compostos merecem observadas as seguintes particularidades:

1. Elisão

- Se o verbo simples se inicia por vogal ou ditongo e o ele­mento prefixado termina em vogal breve, processa-se, normal­

mente, a elisão desta vogal, exceto em se tratando das preposições otfjupí, Trepi e irpo', que a retêm sempre;

- E o que se vê, por exemplo, em Sidpxeo-Qai- atravessar (Jo 4.4), composto da preposição 8tá e do simples epxecr0ai (pres. méd. Inf.). A forma regular, não elidida, seria Staepxeo^at. Toda­via, uma vez que o tema verbal se inicia por vogal, e, e a preposição termina em vogal breve, òt, elide-se esta, absorvida na prolação re­gular da forma.

2. Acentuação

- Princípio prosódico basilar é que, nas formas finitas, recedeo acento até a antepenúltima, quando a última é breve, até a penúl­tima, se a última for longa;

- Norma estabelecida, no entanto, é que nas formas verbais compostas não ultrapasse o acento os limites do tema e seu au­mento. Em outras palavras, não cairá o acento sobre a preposição integrante, mesmo que, breve a última, constitua ela a antepenúl­tima, ou, longa, a penúltima;

- Ex. eiarjXGov - entraram (At 1.13)- E forma verbal composta da preposição integrante etç e da

3- p. pl. do 2- aor. at. Ind. t)\0ov, de epxoixai;- Trissilábica, última breve, deveria o acento receder até o di­

tongo et, inicial da preposição, antepenúltima que é;- Entretanto, tratando-se de inflexão composta, não devendo

o acento ultrapassar as fronteiras da raiz e seu aumento, permane­ce ele na penúltima, sobre o ti do tema alongado, não recedendo, pois, até a preposição;

16.2 - Particularidades

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- Deixa de vigorar este princípio restritivo apenas em três cir­cunstâncias:

1 - Quando o elemento verbal é forma enclítica, logo, não pos­suída de acentuação própria;

2- Quando o elemento prefixado já de tal modo se integrou ao tema verbal que não mais se lhe distingue; e

3- Quando se trata de forma imperativa, mormente da 2- p. s., que, em decorrência da expressão, exibe a tônica recuada; e

3. Aumento e reduplicação

- O aumento, inserção do prefixo e ou alongamento da vogal inicial do tema nos tempos secundários do Indicativo, e, bem assim, a reduplicação, repetição de parte da raiz verbal ou inserção do prefixo e ou do ditongo el nos tempos dos sistemas dos perfeitos, processam-se, também, na raiz verbal, não na preposição ou ele­mento prefixado. Portanto, aumento e reduplicação, como se dá com o acento, não ultrapassam, normalmente, os limites do tema verbal;

- Assim, na forma eíarrjX0ov, do exemplo considerado no item anterior, visto que se trata da inflexão do 2 - aoristo do Indicativo,

ocorre o aumento. Não fora composta a forma, esse aumento se processaria no ditongo ei inicial, que se poderia fazer r|. Nesse ca­so, aumentada, tornar-se-ia: YjcreX0ov (o acento no tema, não na preposição). Entretanto, uma vez que se compõe da raiz eX(v)0, re­duzida, e da preposição eiç, anteposta, como não deve o aumento recair na preposição, mas nos limites do tema, alonga-se a vogal inicial da raiz kk(v)Q, não o ditongo preposicional, e a forma terá de ser: eíar]X0ov;

- De igual modo, na forma KaTeiX^çevai - haver alcançado (Fp 3.13), perf. at. Inf. de KaTaXa|xpávco, composta da preposição intensiva Korrá e da raiz Xct(3, alterada em Xiqç. Como todas as in­flexões de perfeito, mais-que-perfeito e futuro perfeito, receberá a reduplicação distintiva de tais tempos. Neste caso, consiste a re­duplicação do ditongo ei, que se não antepõe à preposição, o que

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daria a forma eÍKOíTaX.Ti<p€vca, mas à raiz, donde KaieiX^cpemi te­ndido o a final da preposição).

17. ORDEM VOCABULAR

- É o grego literário língua de extraordinária flexibilidade e expressividade soberba, longe de rígida e formal em sua taxeolo- gia, podendo-se os termos distribuir na sentença com ilimitada li­berdade, em multifária variedade de posições. Quer isto dizer que o sujeito não antecede necessariamente ao predicado, nem vêm os adjuntos e complementos obrigatoriamente pospostos;

- A colocação dos termos na frase obedece à preferência e retoricidade dos autores, aos reclamos de ênfase e expressão, aos princípios de eufonia e estilística, em admirável versatilidade e viva­cidade sem par;

- Sofrem certa limitação posicionai, é verdade, determinadas formas e vocábulos, em certas situações ou circunstâncias, decor­rência da particular natureza da palavra ou da função específica em que se ache. E o caso das chamadas partículas pospositivas (que não podem iniciar cláusula ou sentença), ou dos adjetivos nos usos atributivo ou predicativo (ora a seguir-se ao artigo, ora dele distan­ciados), ou do advérbio de negação (a precederão verbo modifica­do), ou das preposições e conjunções em relação aos elementos vinculados (a que se têm de antepor, embora outros termos se pos­sam entre eles intercalar);

- Portanto, ao traduzir-se um trecho ou porção, não é tanto a ordem ou seqüência dos termos que importa observar-se, mas o relacionamento sintático, a correlação de função e sentido;

- Nos livros históricos do Novo Testamento, como sejam os Sinóticos, verifica-se, em geral, taxeologia menos variada do que nos escritos didáticos, tais as porções paulinas. Isto se deve, por certo, ao fato de que estes se revestem de maior retoricidade, aqueles refletem a influência de estilística hebraico-aramaica, me­nos flexível e versátil;

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- Todavia, não há olvidar-se que a posição de maior ênfase éo princípio ou o final da cláusula ou sentença.

18. VOCABULARIO

174. crf/eÂ-oç, ou, Ô - Anjo, enviado, mensageiro.175. ttKotTcxTT<xx)Toç, nr], ov. Composto da partícula privativa a ,

mais a preposição intensiva koítcí, mais a forma adjetiva do tema de iraiíoixai - cessar - Incessante, incontido, irrestringível.

176. OíKOVÜ), OtKOWíD, T | K O w á , OdKTffKOa, T]KOlXT(JLOtL, T ]K O W 0T|V

-ouvir, escutar, dar ouvidos.177. avoryivcÓCTKO), ava7vci>ao|xai, aveTvcov, to>€7va>—

Ka, otve7Vü)CT|xai, aveywooSTfiv. Composto da preposição gradati­va avá e de ivcóokcú - saber - Ler, reconhecer, discernir.

178. à£íioç. Advérbio de modo - Dignamente, convenientemen­te, de modo condigno.

179. aTTocpôeyyoiAai, onrocpGe^opm, à'ire<p0e7£á|x'irçv,, cnre<p0€7x0Triv. Composto da preposição externativa clttó e de

ç 0€77O|xai - prolacionar - Proferir, pronunciar, declarar, sentenciar.180. 7 tvo|xai, 7€VT]CTO(xat, €7evó|XTrçv, yéyova, yeyévy]—

|xai, e7ein]0T)v - Tornar-se, vir a ser, existir, fazer-se, ocorrer, acontecer.

181. 7 ivtiXTKü), 7vtóao|xai, ctvíov, eVvooKCt, e^vaxr—

fxat, €7V(tío-0Trjv - Conhecer, saber, entender, apreender, perceber, discernir.

182. ôaifioviov, ov, to - Demônio, espírito maligno, deidade pa- gâ, ser maléfico de natureza sobrehumana.

183. 8(iaKpXvtú, òiaKpivü), òiéKpívâ, òiaKCKpLKa, ôiaKCKpí— |xai, ôieKpÍ0Tqv. Composto da preposição intensiva 8iá e de xpivo)- julgar - Discriminar, discernir, distinguir, diferençar, julgar, hesitar, du­vidar.

184. ôiôáaKío (por ôiôáxoKco, raiz 8i8axj, 8i8á£(o, eSi8á —

£a, 8e8í8axá, 8e8í8ot7 |xoa, eSiSaxO^v - Ensinar, instruir, dar a co­nhecer.

453

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185. ôigSkw, ôiíú ío, éôioo dt, ôeSíwxá ou ôeôítoKá, ôeôíü)7 [xai, eôicóxGiriv - Perseguir, acossar, pressionar, ir-se após, seguir, conde­nar.

186. eyetpío, eyepcò, íj^eipa, I^rj^epKa, ^Tj^ep^ai, TpyepO-iqv- Elevar, erigir, levantar, erguer, suspender, ressuscitar, restaurar, des­pertar, excitar, insurgir-se.

187. ex<*>, ou (rx^aco, ecrxov, èoxnKa' eoxnixai, coxeO-r v. A raiz é aex» logo, o pres. at. Ind. deveria ser aéxw, que evoluiria para exw, alfim exw. No impf. o alongamento do e é para ei, não in,

/N 1daí, eixov (não fjxov) - Ter, possuir, manter, sustentar, assenhorear- se de.

188. TjS-rç. Advérbio de tempo - Já, agora, por fim.189. 0oa)fxct£co, Oavfxáaco, e0aú|xacrct, T€0aiJ|xaKá, T€0<xu—

fxaa|xai, eOa-ujxácrôinv - Admirar-se de, maravilhar-se, surpreender- se com, fascinar-se ante.

190. KeqxxÀT], t)S, rj - Cabeça, cimo, topo, chefe, autoridade, co-rifeu.

191. KTjpixraco, Kirpü íú, eKTjpã^a, KeKr[pvxa, K€KT)pí>7— fxai, Ik-tipüxOtiv - Proclamar, publicar, anunciar, pregar.

192. KoiXiã, ãç, iq - Ventre, abdómem, estômago, barriga.193. fxe^aXwío, |X€7aXwa), lfX€7 aXw à, fxe(xe7 cxX\)Kcí, fxe—

fxe7 ctXt)((x)fxai, efxe7aXxí(v)0iqv - Engranaecer, exalçar, magnificar, aumentar, ampliar, exaltar.

194. fxeXXco, jxeXXirçoxo, ifjiéXXinaá, ixeixéXXTrjKá, ixefxéXXTj— fxai, eixeXXTqOiryp. Verbo usado especialmente como auxiliar futuri- tivo, em expressão composta enfática, ou promissiva, ou de imi­nência - Estar para, estar prestes a, pretender, ter em mira, haver de.

195. (xêcttÓs, t\, óv - Cheio, pleno, repleto.196. |X€toÚ Preposição. Seguida de genitivo - Com, juntamente

com, em companhia de, entre. Seguida de acusativo - após, depois, atrás, além.

V S U U «£

197. fxoixaXíç, (xoixaXíôoç, r\ - Adúltera, disposição aduiterina, sensualidade, adultério.

198. Óti. Conjunção causai ou relativa - Que, porque, por causa

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de, porquanto.199. ocpeíXo), ocpeiXrjao), üxpeiX^cra e oxpeXov, üxpeiXirç—

kcl, wcpeíXT](xotL( íocpeiXrjGiqi' - Dever, convir, ter obrigação de.200. TrXávoç, th, ov (triforme) ou TrXávoç, ov (biforme) - Er­

rante, enganoso, ilusório, vagueante, errático.201. TroXiTetKo, TroXiTeixrco, eiroXiTewa, 'ireiroXí/revKa, are—

ttoXít€U|acu, èiroXiTevÕTiv - Ser cidadão, administrar, proceder, com­

portar-se, agir, atuar.202. Trpoaexw, TTpoae to e TrpocrxTjcrcú, Trpocréaxov, TTpocreo—

X^Ka, 'irpoaearx'n|xai, 'TrpoaécrxéOTiv. Composto da preposição Trpóç - junto a - e ix<*> - ter - Apegar-se a, aproximar-se de, atentar para, cuidar que, assentir a, ceder a, dar atenção a, seguir, devotar-sea, guardar-se de, acautelar-se.

203. irpü>TO<;, r|, ov. Numeral ordinal de cunho superlativo- Primeiro, principal, eminente, primário, básico, fundamental, mais im­portante.

204. ctkiõ, ã ç , - Sombra, penumbra, escuridão.205. OTreípíú, cnrepw, ecnreipà, ecnropá, eWapfxai, IcTráp^v

- Semear, disseminar, espalhar, difundir.206. otoíppoawTi, t) - Sobriedade, moderação, prudência,

equilíbrio, harmonia, sensatez, bom senso.207. Tpdfxoç, ov, ô - Tremor, agitação, inquietude, temor, reve­

rência, respeito.208. •uttoíkotíxo, •üTraKcnkrc*), VTnrfKowá, •mraKTÍKoa, tnrr)—

Kowfxat, VTTTiKOfucrGTiv. Composto da preposição tnro - sob - e oíkoxxo - ouvir - Dar ouvidos a, acatar, escutar, aceitar, obedecer.

209. inrepfJoXrj, rjç, 'rç. Composto da preposição vrrò - acima, além -, e da forma substantiva PoXtj, rjç, rj, - de (3áXXco - lançar - Descomedimento, excesso, destaque, preeminência, arrojo, transcen­dência, excelência,

- Comum é a locução KOiOSnrepPoX-rív - superlativamente, por excelência, desmedidamente, em demasia, sem conta.

210. cpaívo), cpavco, ècpT|vá, 7recpr|và ou -rrccpa^Ká, -rvcípao— (xai, €cpàvTjv ou ecpávOiQv - Refulgir, brilhar, luzir, deslumbrar, exibir,

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mostrar.

- Na voz passiva ou média: - aparecer, parecer, revelar-se, exi­bir-se, mostrar-se.

211. (pófios, ov, ó - Medo, temor, horror, reverência, respeito.212. ijnjxLKoç, r f , ov - Natural, terreno, animal, sensual, psíquico,

mental.

- Observação: - 0 verbo, inda que complexo, se deve enunciar em termos dos componentes básicos de sua sistemática flexionai. Isto é, referir-se-lhe devem as chamadas matrizes, formas de que auferem tempos derivados sua raiz e outros elementos estruturan- tes. Seis matrizes há, bases de outros tantos sistemas, conhecidas como partes principais:

- Em função da 1- p. s., ponto de partida, essas seis partes principais, referidas em seqüência no enunciado do verbo, são:

1. Pres. At. Ind. 4. Perf. At. Ind.2. Fut. At. Ind. 5. Perf. MP. Ind.3. Aor. At. Ind. 6. Aor. Pass. Ind.;- Verbos depoentes e verbos defectivos não têm essas seis

matrizes todas. Nos vocabulários assinalaremos a inexistência de qualquer dessas partes, substituindo-a por um traço alongado na enumeração das formas ou matrizes.

19. EXERCÍCIOS

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:81. oí.Tro ttjç irpá)TT|<; Tjjxepaç axpi T0 v v (Fp 1.5).82. Tà |3piD|xaTa tt] KoiXia Kai rj KoiXía to iç Ppwjxaoxv (I

Co 6.13).83. dípetXei Twf] ê^owíav êxeiv êm Trj<; KeçaXrjç ôià

touç a 7 7 eXou<; (I Co 11.10).84. o ow vo^oç KaTct tcov eTrayyeXicov toO Geov (Gl 3.21).85. toÍ) KvpCou tò 0eXT|jxa 7Lvecr0w (At 21.14).86. otl Ka0'tnrepPoXTiv eôúóKov Tiqv èKKXriaiIav toô 0eou

(Gl 1.13).

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87. ix aK áp io s õ àvcry ivtíx rK íov K a i 01 a K a i5o v re ç to ò s Xó"—

"/ovs t t iç Trpocp^Teíaç (Ap 1.13).

88 . t ò |xèv TTpòcrwTTOV t o u o vp avo v 'YivüHTKeTC S ia K p í—

v e iv (M t 16.3).

89 . |aòvov a^w os to u evayyeXíav t o v X p u xTo v iro X iT e v e aG e

(Fp 1 .27).

90 . K a i e jxe^ aXuveTO t o o vo |x a t o v Kvpíov 2 I tjítoO (A t

19.17).

91 . ocpBaXfxovs e x o v re ç (xecrrovç jJ u u x a X iô a ç K a i a K a T a —

T ra v a T o v ç a jx a p T Ía ç (II P e 2 .14 ).

92 . KTipvoxrwv r q v P a o rX e C a v t o v 0 e o v koTi 8 i8 ácrK (o v T à

i r e p i t o v K vp ío v 3 I tjctov X p io r o v (A t 28 .31 ).

93 . TrpoCTexovreç T rv e v jx a a iv T rX á v o iç K a i ô iô a a K a X C a iç

8 a i|x o v ico v (I T m 4 .1 ).

94 . a X X à a X ^ B e ia ç Ka i oxoçpoo-vvnqç p r ífx a T a aTrotpôe^—

7 0 |x a t (A t 26 .25 ).

95. O l 8 o vX o i, VTTaKOV€T€ TOIÇ K ttT a a á p K a KVpiO lÇ (JL€Ta

(pópov K a i Tpo"[xov (Ef 6.5).

96 . a i r e íp e T a i CTtójxa vjn^xi-KÓv, e^yeipeTai a tb |x a TTvev |xaT i—

k Óv (I Co 15.44).

97 . K a i e^ ovcríav e'xm xjLV €<TrL t w v v ô a T ío v (A p 11.6).

98 . K a i t o (pois t o aX T ]0 ivò v (p a ív e i (I J o 2 .8 ).

99 . K a i i0 a v jx a £ o v e r r i t o iç X ó^ o is t t )ç x<*PlTO<; (L c 4 .22 ).

100. CTK iàv "/ap extDv ô vó jxo s t w v |xeXXòvT(ov crya0â>v (Hb10.1).

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CAPÍTULO VII

PROCLÍTICAS. ENCLJTICAS. VERBO EIMI. COMPLEMENTO PREDICATIVO. OY E MH.

PREPOSIÇÕES. ADVÉRBIOS, CONJUNÇÕES E INTERJEIÇÕES.

1. PROCLÍTICAS

1.1 - Especificação- Apresenta-se-nos a escrita grega inçada de acentos, por­

quanto é de rigor acentuar-se a tônica dominante de todo vocábu­lo, exceção feita de duas classes de palavras, consideradas átonas, portanto, destituídas de acentuação própria. Apenas em circunstân­cias especiais exibirão acento, meramente ocasional;

- Essas duas classes átonas são as chamadas proclfticas e as enclíiicas.

1.2 - Natureza

- Proclfticas (de Trpò - antes, em frente de - e kXitikòç, rj, óv, forma adjetiva do tema de kXivcú - inclinar-se) são partículas mo- nossilábicas átonas que, do ponto de vista da acentuação, se devem tomar como se foram parte do vocábulo seqüente imediato;

- Dir-se-á, pois, que a proclítica se inclina para a frente, encos­

tando-se na palavra que lhe vem após.

1.3 - Enumeração- São as proclíticas DEZ em número, assim distribuídas:

- Um advérbio: oí>, ou ouk, ou oux (não).- Duas conjunções: e l (se), coç (como).- Três preposições: elç (para), ck (de), ev (em).- Quatro formas do artigo: Ó, ti, ol, a i (o, a, os, as).

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1.4 - Acentuação

- De natureza, não tem acento a prociítica;- Duas circunstâncias há, entretanto, relacionadas com pecu­

liar posição na frase, em que virá a prociítica encimada de acento, sempre agudo, a saber:

1. Prociítica seguida de enclítica

- Se o termo que vem após a prociítica é uma enclítica, forma igualmente átona, incapaz de suster a acentuação implícita na posi­ção da prociítica, estabelecida seqüência demasiado extensa de sí­labas inacentuadas, requer-se a interposição de acento, que incidirá na prociítica, sempre agudo;

- Se a prociítica vier seguida de outra prociítica, entretanto, deixará de ocorrer-lhe o acento; e

2. Prociítica isolada- Se a prociítica vier isolada, não seguida de outros termos na

frase, fato corriqueiro nas interpelações e citações, uma vez que não há seqüente a que associar-se prosodicamente, receberá acento, agudo, especial.

1.5 - Exemplos

1. Prociítica seguida de vocábulo tônico:- ovk avTiTcxcnreTa.1 v/xív - não se vos contrapõe (Tg 5.6);- O advérbio ovk - não - é proclítico. Segue-o, imediato, o

pres. méd. Ind. avTiTáo-aeTai - contrapõe-se - , forma tônica, da qual se concebe o advérbio como componente prosódico. Portanto, ovk, forma prociítica, não recebe acento próprio, incorporado que é à acentuação do termo seqüente;

- E como se os dois termos formassem uma palavra só, uma unidade prosódica integrada, tal ovKavTiTáorreTca;

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2. Proclítica seguida de enclítica:- e í Ttveç onreiGovcriv tg) Áxryco - Se alguns desobedecem à

palavra (I Pe 3.1).

- A conjunção proclítica ei - s e - está seguida do pronome in­definido Tiveç - alguns enclítico, logo, inacentuado. Dadas a lon­ga seqüência de sílabas átonas e a insuficiência da enclítica Tiveç

como base prosódica à proclítica c l, esta recebe acento, agudo, daí,

ei TLves (acentuada a proclítica eí), não et Tiveç (ambas sem

acento);

3. Proclítica seguida de proclítica:- irá<s o ev avTw [xevcov - todo aquele que nele permanece (I

Jo 3.6).- A forma articular o está seguida da preposição ev, ambas

proclíticas. Correlacionam-se, prosodicamente, uma e outra, com o pronome aim o, de que funcionam como parte integrante para fins de acentuação, como se fora uma palavra só: Òevaxmo;

- Não recebe acento a proclítica 6, visto que está seguida de

outra proclítica, nem a preposição ev, a preceder a forma tônica, ctvT(ú; e

L

4. Proclítica isolada:- koíI aireKpiQirç. ov - E respondeu: não (Jo 1.21).- O advérbio de negação ou, proclítico, seria acentuado em

função da palavra seqüente na frase. Resposta elíptica, reduzida ao advérbio, que, assim, ocorre isolado, não tem outro termo em que arrimar-se. Daí, terá acento próprio, agudo.

2. ENCLÍTICAS

2.1 - NaturezaO / / /

- Enclíiicas (de ev - em - e kX itlkoç, tj, ov, forma adjetiva do

tema de kXívco - inclinar-se) são partículas monossilábicas ou dissi- lábicas átonas que, em matéria de acentuação, se concebem como

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parte ou extensão da palavra precedente;

- Neste particu lar são o exato oposto das p roclíticas, já que

estas se inclinam para a frente, un indo -se ao term o que vem após, enquanto aque las , as enclíticas, se inclinam para trás e se unem ao

term o que lhes vem antes;

2.2 - Enumeração

- A s enc líticas, bem m ais num ero sas que as p roclíticas, assaz

freqüen tes nos escrito s néo -testam entá rio s , são , p rin cipa lm ente , as

segu in tes:

- Pronome pessoal: as fo rm as átonas do singu la r dos casos

ob líquos do p ronom e da 1- e 2- pessoas;

- Pronome indefinido: as fo rm as da flexão regu lar de t i s , t i -

algum(a), certo(a);

- Verbos: as in flexões do p res. at. Ind. de e i/x í - s e r - e (p-rjjAi - d izer-, excetuada a 2- p. s ., sem p re tôn ica , a liás , perispôm ena ;

-Advérbios indefinidos, destacadam ente :

- ttot€ - em qualquer tempo;- ttov - em qualquer lugar;- tt(ú - ainda, e- ttcüç - de certo modo; e- Partículas intensivas, tais:

- 7 6 - realmente, certamente, pelo menos;- irep - então;- T e - tanto; e- t o i - então, de fato, em verdade;- N ote-se que irep e t o i não oco rrem iso ladas. A parecem

apenas em fo rm as com postas ou em locuções;

2.3 - Acentuação

- Com o as p roclíticas, de natu reza , não têm acento as enc líti­

cas. A pênd ices p rosód icos do term o que as precede, funcionam

com o extensão ou p ro longam ento desse vocábu lo , devendo pro-

nun c ia r-se -lh e em con junto , com o se fo rm assem um a palavra só;

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- Constitui, pois, a enclítica uma unidade virtual de acentuação com o termo precedente. Destarte, na frase v^ctiov Se t i imo— SpafxóvTeç - passsando, porém, abaixo de certa ilhota (At 27.16) -, acentua-se t i - certa -, enclítica, em função da conjunção Sé - mas -, formando ambas como que um só termo, paroxítono, pronun­ciadas juntas - Sen -, não separadas, logo, déti, não dé ti;

- Entretanto, já porque não deve no grego ocorrer seqüência demasiado longa de sílabas inacentuadas, já porque particularida­des de posição e de sentido o requerem, circunstâncias há, em nú­mero de CINCO, em que recebe acento a enclítica;

- Dado que em tais circunstâncias terá a enclítica acento explí­cito, preferível será nas flexões e vocabulários apresentá-las devi­damente acentuadas, lembrado, porém, o fato de que tal acento é puramente eventual, jamais essencial;

2.4 - Regras prosódicas- Pode-se regulamentar a questão toda da prosódia das enclí-

ticas em termos das seguintes NOVE regras explícitas:

1. Oxítonas- Se é oxítono o termo que antecede à enclítica, não receberá

ela acento explícito, nem se tornará grave o agudo final da forma precedente;

- Ex. - oí» 7 <ip ecTe mro vò(xov - pois que não estais sob a lei (Rm 6.14). A enclítica dissilábica eore - esta is- , precedida que é pela conjunção 7 ap - pois que - , oxítona, mantém-se inacentuada, enquanto o acento agudo de 7 otp, que, seguido de palavra tônica, se faria grave, permanece agudo.

2. Paroxftonas- Se é paroxítona a forma que se antepõe à enclítica, nenhuma

alteração experimentará essa forma, nem receberá acento a enclíti­ca, se monossilábica; recebe-lo-á, porém, se dissilábica, sempre na

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última, agudo, quando breve esta sílaba, circunflexo, quando longa;- Exs. - 5 Iovôaioiç T€ Kai EX.A.irçoxv - não só a judeus mas

ainda a gregos (I Co 1.24); e

- r| 'yàp Kavx'Tlo'i'<5 avnrj eorív - pois que a nossa jac-tância é esta (II Co 1.12);

- Nestes exemplos ocorrem, no primeiro, a enclítica monossi- lábica Te - não só - , no segundo, a enclítica dissi lá bica eoriv — é -, ambas a seguir a formas paroxítonas, respectivamente,3 Iouôaíois- a judeus - e aamq - esta - , vocábulos que não sofrem qualquer alteração prosódica. Das enclíticas, T€, por ser monossilábica, deixa de receber acento, enquanto a dissilábica Icttiv o tem, na última, agudo, porquanto é breve esta sílaba. Fosse longa, receberia o cir­cunflexo.

3. Proparoxítonas- Se é proparoxítono o termo que precede à enclítica, inacen-

tuada continuará ela, mas aquele receberá acento adicional na últi­ma, agudo, que se não torna grave. Terá, pois, dois acentos essa forma, primário, básico, na antepenúltima, secundário, circunstan­cial, na última, agudos ambos;

- Neste, como em todos os demais casos, pronunciar-se-á a enclítica em estrita ligação com o termo precedente, como se lhe fora parte integrante ou extensão silábica;

- Ex. - áureos avoTjToí laxe - sois tão faltos de entendimentol (Gl 3.3). Precede à enclítica Io-tê - sois - a forma proparoxítona ávoT|Toi - faltos de entendimento. Não se acentua a enclítica, logo, éaTe não tem acento. Apõe-se, entretanto, acento adicional, agudo, na última do termo proparoxítono precedente, que, duplamente acentuado, passa a grafar-se avo^Toi.

4. Perispômenas- Se o termo que vem antes da enclítica se acentua com cir­

cunflexo na última, nenhuma alteração se registrará: não terá acento a enclítica, inalterada ficará a acentuação do termo que a precede;

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- Ex. - ws Sei |xe XaXijom - como se me faz preciso falar (Ef6.20). A forma pronominal enclítica (xe - me - está precedida da in­flexão ôeí - é preciso -, perispômena. Não recebe acento a enclítica jxe, nem sofre qualquer alteração a perispômena ôeí.

5. Properispômenas- Se é a enclítica antecedida de forma properispômena, como

no caso das proparoxítonas, não se acentuará a enclítica; adicionar- se-á, porém, um acento secundário, agudo (que se não torna grave) à forma properispômena, que, assim, terá dois acentos;

- Tratando-se, porém, de vocábulos de final em dupla £ ou i|j, mesmo que longa a penúltima e breve a última, preferem os gra­máticos havê-los por paroxítonos, de sorte que não recebem o acento agudo secundário, agudo, na última, acentuando-se, por is­so, a enclítica seqüente, se dissilábica;

- Ex. - tovto fxoi a-Trop-rjo-eTcu eis crwrripíav - isto me re­dundará em livramento (Fp 1.19). O pronome enclítico (xoi - me, a mim - é precedido da forma demonstrativa tovto - is to - , properis­pômena. Recebe tovto acento agudo adicional na última, acento que se não faz grave. A enclítica jjioi (e qualquer que fosse, mesmo dissilábica) fica sem acento.

6. Elisão- Quando a forma que antecede à enclítica sofre elisão, isto é,

perde a vogal breve final obumbrada por vogal seqüente, acentuar- se-á, normativamente, a enclítica, a receber acento agudo, na últi­ma, circunflexo, se forma do genitivo plural;

- Ex. - áXVeícriv ws otyyekoi - mas, ao contrário, são como anjos (Mc 12.25). A conjunção oxítona aXXá - mas, ao contrário sofreu elisão do ot final ante o ditongo ei da enclítica e k r iv - são - , perdendo, também, destarte, o acento. A enclítica eicriv, que sem a elisão não teria acento (aXXot eíoxv), passa a tê-lo, agudo na últi­ma, que, por seu turno, se converte em grave, porquanto seguido de ws, proclítica, integrada à prosódia de 01776X01 , forma tônica.

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7. Inicial

- Quando é a enclítica o termo inicial da frase ou cláusula, não tendo, pois, forma antecedente a que arrimar-se, recebe acento, agudo, que se converte em grave, se seguida de palavra tônica. Será circunflexo, quando forma do gen. pl.;

- Ex. - Tiveç 8e e£ aimòv eímxv - Mas, alguns dentre eles disseram (Lc 11.15). A enclítica Tiveç - alguns - , inicia a cláusula,

não tendo vocábulo a precedê-la, a cuja acentuação amoldar-se. Terá, pois, de ser acentuada. Recebe acento agudo, na última, logo, Tiveç, não Tiveç, que se torna, por fim, Tiveç, grave o acento, uma vez que está seguida de forma tônica, neste exemplo a conjunção 8e.

8. Enclítica seguida de enclítica- Quando ocorrem em sucessão duas ou mais enclíticas, a úl­

tima não terá acento explícito; as antecedentes o terão, geralmente breves, o agudo, que se não fará grave, ou o circunflexo, se forma de gen. pl.;

»- E de observar-se que, se a enclítica vem seguida de proclíti-

ca, não receberão acento, nem uma, nem a outra, correlacionadas prosodicamente aos termos próximos, antecedente no caso da en­clítica, seqüente em se tratando da proclítica;

- Ex. - Ka0coç (paaív Tiveç T)fjuxç Xe^eiv - como afirmam al­guns que nós dizemos (Rm 3.8). Estão em imediata seqüência as en­clíticas cpaaiv - afirmam - e Tiveç - alguns - , aquela a preceder a esta. Daí, cpaoxv, precedente, a anteceder a forma átona, recebe na

última acento agudo, que se não torna grave, logo, <paoxv, não (pcwriv, nem <pacriv; Tiveç, não Tiveç ou Tiveç.

9. Ênfase- Quando objeto de ênfase ou destaque especial, qualquer que

lhe seja a posição na frase, recebe acento a enclítica, normativa- mente o agudo, salvo se forma de genitivo plural, que requer o cir­cunflexo;

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- Ex. - aXXa Io tÈ crujjnroXÍToa tcov ciryuov - sois, ao contrá­rio, concidadãos dos santos (Ef 2.19). A enclítica ecrre - sois - , está precedida da conjunção oxftona aXXa - ao contrário pelo que não deveria ter acento, nem fazer-se grave o agudo da conjunção. Es- perar-se-ia, pois, a seqüência aXXá eaTe. Admitindo-se que res­salta o apóstolo a presente condição de seus leitores e o faz com destaque e ênfase, dever-se-á acentuar a enclítica. Recebe ela o agudo, na última, portanto, caTe”. Seguida de forma tônica, oujxTToXÍTai - concidadãos -, converte-se-lhe o acento em grave, o que se dá também com o agudo da conjunção aXXa. Daí, a forma final aXXà eore ao invés de aXXa core ou aXXà lo re .

2.5 - Síntese- Do que se expôs, verifica-se que:19 E acentuada a enclítica em CINCO circunstâncias:- Após paroxítona, a enclítica dissilábica;- Após forma elidida;- Quando inicial;- Quando seguida de outra enclítica; e- Quando objeto de ênfase ou destaque;2 ° Não se acentua a enclítica em SETE situações:- Após forma oxítona;- Após forma paroxítona, a enclítica monossilábica;- Após forma proparoxítona;- Após forma perispômena;- Após forma properispômena;- Quando antecede a proclítica; e- Quando final de série de enclíticas;39 Não se altera prosodicamente a forma que antecede à en­

clítica, em TRÊS casos, isto é, se:- Oxítona (não se faz grave o acento);- Paroxítona; ou- Perispômena;49 Recebe acento adicional, na última, agudo, que se não faz

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grave, a forma que antecede à enclítica, em DUAS circunstâncias, isto é, se:

- Proparoxítona; ou,- Properispômena;59 Torna-se grave o acento de:- Tônica oxítona seguida de enclítica acentuada; e- Enclítica acentuada seguida de forma tônica;69 Não se faz grave o acento de:- Tônica seguida de enclítica inacentuada; e- Enclítica seguida de enclítica; e7- Forma enclítica de genitivo plural, se acentuada, receberá

circunflexo, não agudo.

2.6 - Contraste- Em três aspectos se podem as enclíticas contrastar com as

proclíticas:

1 Em extensão- São monossilábicas todas as formas proclíticas; as enclíticas

há-as também dissilábicas;

2. Em quantidade- São as proclíticas DEZ apenas; as enclíticas compreendem

cifra bem mais numerosa; e

3. Em acentuação- Acentuam-se as proclíticas em termos da palavra seqüente,

pendem para diante; as enclíticas se acentuam em função da palavra precedente, pendem para trás.

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2.7 - Formas compostas

1. Natureza

- Palavras, não poucas, há que se constituem de dois ou mais elementos justapostos ou aglutinados. São vocábulos compostos. Não raro, proclíticas e enclíticas se contam entre esses componen­tes de tais formas.

2. Acentuação

- Essas formas, todas tônicas, obedecem às normas prosódi- cas regulares aplicadas aos termos simples. Todavia, é de observar-

se que as enclíticas geralmente não influem na acentuação da for­ma que se lhes anteponha, de sorte que, se o acento cair na penúl­

tima longa resultante da junção de última breve, será agudo, não

circunflexo. Por outro lado, se tiver circunflexo o primeiro elemento

e acrescentar-se-lhe enclítica dissilábica, o acento, embora posto em antepenúltima, não se fará agudo, continuará circunflexo.

3. Exemplos

a. tócrre oí I k moTeíúç evXo^owTai - de sorte que os da fé

são abençoados (Gl 3.9);- A partícula conjuncional cúcttc - de sorte que - é formada

da proclítica wç e da enclítica tc . Acentuada nos moldes destas, a proclítica wç» seguida da enclítica tc , recebe acento agudo, logo, wore;

- Temos, pois, penúltima longa, acentuada com agudo,

apesar de ser breve a última, o que discrepa do princípio de acen­tuação das tônicas, que requereria o circunflexo neste caso, oxrTe,

_ c/ ,nao íocTe, como é;

- É de notar-se que, no exemplo supra, aparecem em su­cessão imediata a forma articular oí - os - e a preposição ck - de - , proclíticas, ambas acentuadas em função da tônica seqüente mor—

Tetoç — fé - , pelo que não recebem acento explícito;

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b. €710 7 ctp ejxaGov ev o U eífjix ctuTcípKTiç e iv a i - pois eu aprendi a ser auto-suficiente (nas circunstâncias) em que estou (Fp 4.11);

- Nesta soberba declaração de Paulo, traduzida com estrita literalidade, ocorre a locução ev ois - em que - , o pronome relativo simples no dativo plural. Poder-se-ia usar, com sentido mais com­preensivo e intensivo, a forma correspondente do relativo indefini- do ó o t iç , TjTtç, o t i , composto do relativo simples oç, ti, o e do in­definido t i ç , t i , aquele tônico, este átono, enclítico. Neste caso, a forma seria oumoxv - em quaisquer que - , a exibir circunflexo na antepenúltima, a inflexão perispômena do relativo seguida da dis- silábica enclítica do indefinido;

- Embora sejam assaz numerosas as ocorrências deste composto em o Novo Testamento, não se lhe usam as formas oblí­quas regulares, apenas a alternativa otou (relativo simples mais ge­nitivo articular), como se vê em Mt 5.25; Lc 12.50; 13.8; 22.16; Jo 9.18.

3. TÔNICAS SEM ACENTO

- Formas acentuadas na última, susceptíveis de elisão, quando se lhes elide a vogal terminal, perdem, ao mesmo tempo, o acento, porquanto, a despeito do apóstrofo, se hão por integradas prosodi- camente na palavra seguinte;

- Ex. - aXVev ttXg^Iv Kapôicaç crapKivoaç - mas, ao contrá­rio, em tábuas de carne, corações (II Co 3.3). A conjunção a\\á - mas, ao contrário - , tônica, oxítona, sofreu elisão do á final ante o e da preposição e, assim, perdeu também o acento, convertendo-se praticamente em átona. Como a preposição é proclítica, daí, ina- centuada, concebem-se ambos os elementos, ciKX e ev, como inte­grantes prosódicos da tônica seqüente Tr\a|tv - tábuas.

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4. VERBO EIMI - SER, ESTAR

4.1 - Natureza- O verbo eí|xí - ser, estar - é bem a forma pivotal da língua

grega, considerada a essenciaiidade da função que lhe desempenha na expressão, liame por excelência, ontológico e relacionai único;

- De uso extremamente abundante, vastas e profundas varia­ções lhe sofreram as formas, de sorte que as flexões exibem múlti­plas irregularidades. Aliás, é verbo assinaladamente defectivo, a carecer de não poucos dos tempos normativos. Em face disso, me­lhor lhe é não tentar padronização paradigmática e focalizar cada tempo subsistente em termos próprios;

- A expressar estado, condição, relação, não ação ou ativida­de, mais lógico será considerar-se o verbo ei|xi como estativo, não procedente, a rigor, o falar-se-lhe em voz ativa. Todavia, em aten­ção à forma, abstraída esta especificidade de sentido, manteremos esse dado nas epígrafes flexionais.

4.2 - Presente Ativo do Indicativo

1. Flexão- As formas do pres. at. Ind. de eijxi - ser, estar - são:

TEMA DES.1 - p. s. el fxú - sou, estou

2- p. s. ei — - és, estás

3- p. s. ecr t i - é, está

2- p. d. ecr tov - sois, estais (vós dois, vós duas)

3- p. d. Icr tov - são, estão (eles dois, elas duas)

1s p. pl. ecr fxev - somos, estamos

2 - p. pl. ècr 're - sois, estais

3- p. pl. ei cri - são, estão

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2. Estrutura

- Nos verbos em oo constam as inflexões do pres. at. Ind. de três elementos estruturantes, em seqüência: Raiz + Vogal de liga­ção + Desinências. Neste, assim como nos demais verbos em (xt, não ocorre vogal de ligação. Logo, consistem-lhe as formas sim­plesmente de:

RAIZ + DESINÊNCIA

3. Formação

a. Raiz

- A raiz, originalmente êç, sofre ulterior redução do ç em

três das inflexões, a saber: 1 - e 2- p. s. e 3- p. pl., que, entretanto, a compensam alongando a vogal e, a assumir a forma ditongal ei, não a normativa T);

b. Desinências- Como seria de esperar-se, tempo primário ativo, tem este

pres. at. Ind. as chamadas DESINÊNCIAS PRIMÁRIAS ATIVAS, todavia, em função dos verbos em jxí, não dos verbos em co;

- Alterações se verificam em três das inflexões, a saber:- Na 2- p. s. a desinência s de todo se obumbra (ea +

<; -•> eç -h» et);- Na 3- p. s. a desinência a í sofre o endurecimento da sibi-

lante, que se torna t (ea + a í -♦ ea + t i) ; e-■ Na 39 p. pl. processa-se a mesma redução desinencial re­

gistrada nos verbos em w, isto é, abranda-se o t em ç e cai a sibi- lante que a precede, logo, converte-se de v t Í em a í ( ia + v t í -*■€ + VTl -► € + vat -♦ € + crt —♦ €1 + CFl).

4. Acentuação

a. Geral $- A 2- p. s., et, é forma tônica, de cunho contrato, dotada

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de acento próprio, circunflexo-, as demais todas são átonas, enclíti- cas, susceptíveis de acento, agudo, em circunstâncias especiais;

b. Particular- A forma da 3- p. s., eo ri, quando em função de enclítica

regular e acentuada, recebe agudo na última: éo ri (oxítona);- Pode, entretanto, esta inflexão comportar-se como forma

verbal tônica, finita, acentuada, com agudo, na penúltima, recessi-

vamente: eo ri (paroxítona);- Três são as circunstâncias em que se aplica esta acentua­

ção especial, paroxítona a forma:

(1) Quando é o termo inicial da frase.

- Ex. - eoriv §è TTopiCTjxòç fxe-yas - é, porém, grande lu­cro (I Tm 6.6). A forma verbal inicia a cláusula. Recebe, pois, acento especial, na penúltima, ao invés de tê-lo na última, que lhe seria a acentuação normal como enclítica. Logo, eoriv , não I cttCv ;

(2) Quando tem o sentido ontológico de existir, ou o poten­cial de ser possível.

- Ex. - cm ^cttiv - que existe (Hb 11.6). Afirma o verbo nesta passagem a necessária realidade da existência de Deus que tem o crente de admitir preliminarmente, donde dever-se traduzir

como existe. Nesta acepção, acentua-se a inflexão na penúltima, lo­go, eoTiv, paroxítona, em contraste com êoriv , oxítona, prosódia regular da enclítica, em função geral;

(3) Quando a precedem elementos e partículas, tais o ad­vérbio ovk - não ou conjunções, como sejam eí - se - Kai - e, e â>ç - como se, bem como o demonstrativo touto - isto - e a adver-sativa conjuncional enfática aXXá - ao contrário quando elididos

f 0/ ^ \ \ / ^ f t o u t e<TTL, a X X e o r r i .

- Ex. - ovk ecttlv avTr] T] CTocpía c/vü)0€v KaTepxo|X€Vr]- Não é esta a sabedoria advinda de cima (Tg 3.15). Antecede à infle­

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xão I c t t i - é - o advérbio ouk - não. Por esta razão, tem a forma verbal acentuação especial, na penúltima, paroxítona, em distinção da regular o vk Io t t lv , em que a proclítica (otjk) recebe acento, agu­do, a enclítica é inacentuada.

5. Nü móvel

- A inflexão da 3- p. pl., evoluída, eítrí, em decorrência do fi­nal a í, faz jus ao nü móvel nas circunstâncias normativas;

- Assim também se dá com a inflexão da 3- p. s., eori, por­quanto originalmente o final era cri, não t i , resultando a mudança do endurecimento da sibilante desinencial ou da imposição da al­ternativa t l , própria dos verbos em to. Daí, seria etx — txí, alterada em etx — t l ;

- Conseqüentemente, ambas essas inflexões, se terminais de cláusula ou a anteceder palavra começada por vogal ou ditongo, devem grafar-se laT iv (3- p. s.) e ela ív (3- p. pl.).

6. Tradução

- Presente, a Aktionsart é linear, durativa, extensa, a expressão momentânea, costumeira ou progressiva;

- Ativas quanto à forma, estativas em sentido, expressam es­tas inflexões não ação ou atividade, mas relação, condição, estado, em função de complemento predicativo, ao sujeito, porém, caben­do a predicação e ao fato relacionai a ênfase;

- Indicativo, a expressão é categórica, incondicionada, incisiva, em termos da atualidade, uma vez que neste modo subsiste a no­ção temporal;

- Traduzem-se estas formas pelas correspondentes de nosso presente ativo Indicativo, portanto, el(xt eqüivale a:

- sou, estou (relação momentânea), ou,- sou, estou (relação costumeira = costumo ser, costumo estar),

ou,- estou sendo (relação progressiva).

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4.3 - imperfeito Ativo do indicativo

1. Fiexão- Do impf. at. Ind. de eifxt - ser, estar - o quadro total de in­

flexões é:

A+T Des. A+T Des. A+T Des.

1 9 p . s . T)

2- p . s . ^3- p . s . t Í

V OU T]■3:Ç OU T)

V

— ou V| fx^v - eu era, estava cr0á - tu eras, estavas

- ele, ela era, es­tava

25 p . d . T|

3§ p . d . r\

t o v ou iqcr

r r iv ou y\o

t o v - vós (dois, duas) éreis, es­táveis

t t )v - eles (dois), elas (duas) eram, estavam

1- p . p l .^

2§ p . p l.T J

3- p . p l . 1

fxe v ouT € OU T O"

c r a v

(xeGá - nós éramos, estávamos T 6 - vós éreis, estáveis

- eles, elas eram, estavam

2. Estrutura- Como no presente, fenômeno característico dos verbos em

|xí, não ocorre nas formas deste impf. at. Ind. de eifxí a vogal de li­gação;

- Consta, portanto, a seqüência estrutural desta flexão de três elementos apenas: AUMENTO + RAIZ + DESINÊNCIA;

- Diverge, pois, estruturalmente, o impf. at. Ind. dos verbos em yX da flexão paralela dos verbos em co em que àquele lhe falta a vogal de ligação, presente sempre nesta.

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3. Formaçãoa. Aumento

- Formas iniciadas por vogal, o aumento é o temporal ou vocálico, simples alongamento regular da vogal incial do tema, que de e passa a ser xi;

b. Raiz

- A raiz, a mesma do pres. at. Ind., em cujo sistema se en­quadra o impf., é a primitiva eç, cuja sibilante se conserva apenas em três das inflexões (as alternativas do dual e da 2- p. pl.), caindo nas demais doze;

c. Desinências

- Tempo secundário do Indicativo, forma ativa, as desinên­cias terão de ser as SECUNDÁRIAS ATIVAS, observando-se, po­rém, que:

(1) Em duas das inflexões (1- p. s. e 1§ p. pl.), ao lado da forma ativa, há também alternativa useira em que a desinência é secundária média, respectivamente, (jltiv e (xe0á;

(2) Na 1 - p. s., de par com a forma regular fiv, há a reduzida ir], nao-desinenciada na expressão atual;

(3) Na 2- p. s. há forma alternativa, em que a desinência é a arcaica o-0a;

(4) Na 3- p. s. em vez da desinência regular t , que se não manteria, por ser lingual, aparece a nasal v, compensatória, forma que coincide com a normativa da 1- p. s.;

(5) Na 3- p. pl. a desinência é a típica dos verbos em fxí, isto é, ctcxv, em lugar de v, característica dos verbos em co;

(6) Exceção feita da 3- p. s. e da 3- p. pl., as demais exibem todas forma alternativa, sendo, por isso, duplas. A 1- p. s. é, aliás, tripla, constando de três formas paralelas;

(7) No dual diferem as inflexões no tocante à vogal desi- nencial, breve na 2- p. (o), longa na 3- p. (t]), o que é próprio dos tempos em que são secundárias as desinências; e

(8) A raiz, alongada, retém o ç original apenas na 2- e 3§ p.d. e na 2- p. pl., em que, portanto, aparece comoT)ç; nas restantes, mercê da excisão da sibilante, se reduziu a

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4. Acentuação- As formas do pres. at. Ind. de eíjjw, todas, exceção feita da 2-

p. s. ei, são átonas, enclíticas, suceptíveis de acento agudo, oxíto- nas, em determinadas circunstâncias;

- As inflexões deste impf. at. Ind. de eifxi, por seu turno, são tônicas, acentuadas recessivamente, observando-se que têm circun­flexo as formas de cunho monossilábico (1§ p. s. regular e reduzida; 2- p. s. atual e 3- p. s.) e as dissilábicas de final breve (2- p. s. arcai­ca, 2- p. d. reduzida e extensa, 1- p. pl. ativa, 2- p. pl. reduzida e extensa, e 3- p. pl.), longa a penúltima acentuada, última breve, en­quanto é agudo o acento nas formas dissilábicas de final longo (1§ p. s. média e 3- p. d., reduzida e extensa), longas não só a penúlti­ma acentuada, como também a última, e a trissilábica (1- p. pl. mé­dia), última breve.

5. Tradução- Imperfeito, a Aktionsart é extensa, durativa, linear, em pers­

pectiva do momento, ou de continuidade repeticional, ou de pro­cesso em andamento;

- Inflexões ativas em forma, estativas em sentido, expressam condição, relação ou estado, atribuídos ao sujeito, dada ênfase do fato relacionai, não ao sujeito propriamente, nem à resultatividade emergente;

- Tempo do Indicativo, a expressão é tersa, incisiva, categóri­ca, em perspectiva pretérita, já que neste modo a noção temporal é explícita e o imperfeito é tempo de ação passada ou anterior;

- A tradução regular destas formas será a do nosso pretérito imperfeito, estado ou relação vistos como processo durativo ou extenso. Todavia, não há flexão específica de aoristo, isto é, de tempo pretérito de ação punctiliar ou única neste verbo e, por isso, as formas deste impf. se podem empregar em função do aoristo, devendo-se, nesses casos, traduzir pelo nosso pretérito perfeito;

- Portanto, f|V, f| ou se pode traduzir por:- eu era, estava (relação momentânea), ou,

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- eu era, estava (relação costumeira = costumava ser), ou,- eu estava sendo (relação progressiva); ou,- eu fui (em acepção punctiliar, aorista).

4.4 - Futuro Médio do indicativo

1. Especificação- As flexões do pres. e do impf. têm a forma ativa; o fut., po­

rém, assume forma de voz média, inexistente a ativa. É, pois, flexão e sistema depoentes: as formas são médias, o sentido é ativo, ou, melhor, empregam-se as inflexões médias em lugar das ativas.

2. Flexão- Do fut. méd. Ind. de €Í|jli - ser, e star-, depoente, as formas

flexionais são:

TEMA IT VL Des.15 p. s . %

2? p. s . [e

3 § p. S. €

CT

crCT

Oe

um - serei, estarei*1 3/ I I g/| 1omJ-*e|cr Iti ou eiCTl ei - serás, estarás

Tai - será, estará

2§ p. d . e CT 6 ct0ov - sereis, estareis (vós dois, vós duas)3? p. d . e CT e CT0ov - serão, estarão (eles dois, elas duas)

V- p. pl. e CT 6 |xe0á- seremos, estaremos2- p. p l . e CT e cr0e - sereis, estareis3- p. pl. e CT 0 vra i - serão, estarão

3. Estrutura

- Excetuada a 3- p. s., a que falta a vogal de ligação, constam estas inflexões, da mesma seqüência de fatores estruturantes desta flexão nos verbos em co, isto é, de:

RAIZ + INFIXO TEMPORAL + VOGAL DE LIGAÇÁO + DE­SINÊNCIA

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4. Formação

a. Raiz- A raiz nesta flexão é a mesma do presente, reduzida, em

todas as formas, à parte vocálica, ou, seja, a e, em vez de eç, primi­tiva;

b. Infixo temporal- Caracteriza-se o futuro, salvo nas formas atuais dos ver­

bos em líquida, pelo infixo temporal específico, a sibilante, inserida entre a raiz e a vogal de ligação em todas as inflexões do tempo.

c. Vogal de ligação- Característica dos verbos em |xí é a ausência de vogal de

ligação nos tempos que formam os sistemas flexionais do pres. e do 2- aor., ressalvado o Sub]., que a retém. No futuro, entretanto,

seja nos verbos em eo, seja nos verbos em j j l i , subsiste esta vogal conectiva;

- A vogal de ligação neste fut. méd. Ind. é a típica dos tem­pos do Ind. que a exigem (pres., impf., fut., 2- aor. e fut. pf.), isto é:

- o antes de desinências iniciadas por (x ou v,- e ante as demais, desinências iniciadas por ç ou t ;

- Na 3- p. s. (e — a — tou ) já não se assinala esta vogal, supressa inteiramente. A forma regular, assincopada, seria: e — a— e — Tai; (ecreTai).

d. Desinências- Têm estas inflexões a desinenciação própria de futuro,

nesta voz (média) e neste modo (Ind.), isto é, as DESINÊNCIAS PRIMÁRIAS MÉDIAS;

- Na 2- p. s., como se dá em todas as flexões desta voz, acentuados o perf. e o mqpf., a sibilante desinencial, posta entre vogais, cai, contraindo-se, daí, as vogais contíguas, resultando o

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ditongo tq ou ei. Logo, a forma atual desta inflexão é: e — a — yi (preferida no coiné) ou e - a - ei (própria do clássico);

— Graficamente; e oxxi e — a i Ti ou ei;- No dual têm as formas desinência similar, de sorte que

coincidem em forma as duas inflexões, característica de todos os tempos em que são primárias as desinências.

5. Acentuação- Tempo finito, acentuam-se as formas deste fut. méd. Ind.

recessivamente. São as desinências todas breves, ou porque encer­ram vogal breve (o, á, e), ou porque se findam pelo ditongo a i, da­do por breve para fins prosódicos (menos em formas do Optativo). Logo, recuará o acento até a antepenúltima, a raiz I , salvo na 1- p. pl., cuja desinência é dissilábica, donde ficar sobre a vogal de liga­ção o;

- Nas duas inflexões reduzidas (2- e 3- p. s.) estará o acento na penúltima, porquanto se tornaram dissilábicas, paroxítonas, já que é breve essa sílaba tônica;

- Têm, pois, as inflexões todas acento AGUDO.

6. Tradução- O fut., admissível expressão evoluída do 2? aoristo em pro­

jeção pervindoura, por isso sempre a reter, explícita ou implícita, a noção temporal futuritiva, embora, por vezes, expresse estado ou fato inextenso, visto em si, sem dimensionalidade, nem continuida­de;

- Formas da voz média, esperar-se-ia expressem o estado ou relação em função do sujeito e seu envolvimento, sobre que recairia a ênfase natural. Depoentes que são, entretanto, eqüivalem às ati­vas inexistentes, de sorte que a ênfase é ao fato ou relação, antes que ao sujeito e seu particular interesse, vantagem ou propriedade;

- Tempo do Indicativo, não só a expressão é tersa, incisiva, categórica, mas ainda subsiste noção temporal, a referência sendo à futuridade;

- Destarte, dir-se-á que o pres. e o impf. são lineares, en-

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quanto o fut. é punctiliar, todos, porém, neste modo, com perspecti­va temporal explícita:

- o pres. a situar a relação na atualidade (contemporânea);- o impf. a pô-la no passado (pretérito);- o fut. a projetá-la no porvir (pervindoura);- Traduzem-se estas formas, pois, pelas correspondentes do

nosso futuro do presente, de sorte que ecro|xai, médio em forma, ativo em acepção, se pode representar por: - serei, estarei, haverei de ser, haverei de estar;

- Atentando-se, porém, para o caráter indefinido das situa­ções futuritivas, sua imprecisabilidade, não se lhes excluirá o teor li­near, continuativo, extenso, duracional, em feição momentânea, costumeira ou progressiva, frisado o processo antes que o fato. Nesta acepção, traduzir-se-ão por:

- serei, estarei (ação momentânea), ou,- serei, estarei (ação costumeira = costumarei ser, costumarei

estar); ou,- estarei sendo, estarei estando (ação progressiva).

4.5 - Presente Ativo do Subjuntivo1. Flexão- O pres. at. Subj. de e l|x t- ser, e sta r-, as formas atuais fruto

de assinalada evolução, tem a seguinte flexão:

FORMAS ATUAIS FORMAS ORIGINAISTEMA + VL DES.___________ TEMA VL DES.

à 1 31 ã p . S . ót>

2a- p . S.

32 p . s. r\

— e— e— e

(0

V

|JllLi

CTl

T l

2- p . d . rj3 - p . d . T)

3/tov e

olTOV €

'n'n

TOV

TOV

1- p . p l. to

2 a- p . p l. T)

3- p . p l. o í

X|xev e T€ e a i e

0)

TH(0

|xevtc

üVTl

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Page 493: Manual de Lingua Grega.vol.1

2. Estrutura

- Em sua feição primitiva, a seqüência de elementos formati- vos neste pres. at. Subj. de el|xi, típica desta flexão em qualquer verbo simples e regular, em w ou (xl, é:

RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + DESINÊNCIAS

3. Formação

a. Raiz- A raiz neste pres. at. Subj. é a mesma da matriz, pres. at.

Ind., reduzida à expressão vocálica, e, que, alfim, se assimila à vogal de ligação seqüente, tornando-se elíptica, logo, implícita;

b. Vogal de ligação

- Característica dos tempos do Subjuntivo é a vogal de li­gação longa. É a mema do Indicativo, em exato paralelo, alongada, porém;

- Logo, neste pres. at. Subj. a vogal de ligação será:- co antes de desinências iniciadas por |x ou v;- T| antes das demais, isto é, iniciadas por ç ou t ;

c. Desinências

- As desinências nesta flexão, como em todos os tempos ativos neste modo, são as chamadas PRIMÁRIAS ATIVAS;- Nesta flexão processam-se as mesmas alterações desinenciais as­sinaladas na formação do paradigma regular, pres. at. Subj. de mCTTeúco - crer;

- Destarte, as três inflexões do singular e a 3- p. pl. se apre­sentam alteradas no final da seguinte forma:

- Na 1 - p. s. cai a desinência |xí,- Na 2- p. s. fundem-se vogal de ligação e desinência,

que é ctl, resultando a forma ditongal r|<;;- Na 3- p. s., de igual modo, fundem-se a vogal de ligação

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r| e a desinência t í , resultando a forma ditongal -q; e- Na 3- p. pl. reduz-se a desinência de v t í para ox, mercê

do abrandamento do t em ç e a queda da nasal.- Graficamente: - 19 p. s. d> + jjlíl. ü>

/\- 2- p. s. TJ + cri rjç- 3? p. s. f) + TÍ tf

O 3 1 ^ 1 v ü- 3- p. pl. o> + vti cocri;- No dual as duas inflexões coincidem em forma, primárias

que são as desinências.

4. Relação- Estas formas, em seu estado atual, eliminados espírito e

acento, coincidem inteiramente com o final do pres. at. Subj. de to­do verbo regular, excindida a raiz. Logo, para obter-se o pres. at. Subj. de qualquer verbo, suficiente será antepor-se a estas infle­xões de eljjLi, escoimadas do espírito e do acento, a raiz do presen­te, ajustando-se, necessariamente, a acentuação;

- Duas das inflexões, a 2- p. d. titov e a 2- p. pl. -r re são simi­lares às formas paralelas do impf. at. Ind. deste verbo e duas ou­tras, a 2- p. s. T|«; e a 3- p. s. diferem-lhe, respectivamente, da 2- p. s. e da 1§ p. s., paralelas, apenas em que no Subj. têm iota subs­crito, alheio ao impf.

5. Acentuação- Tempo finito, acento recessivo, desinências todas breves,

proparoxítonas seriam as formas originais, trissilábicas;- Contratas, são todas as formas atuais acentuadas com cir-

cunflexo, perispômenas as três do singular, properispômenas as formas duais e plurais.

6. Tradução- Presente, a Aktionsart é extensa, durativa, linear, relação

vista sob o aspecto de momentaneidade, repetitividade ou progres­sividade;

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- Ativas em forma, expressam estas inflexões estado atribuído ao sujeito, a ênfase a incidir sobre o fato da relação;

- Formas de Subjuntivo, apresentam a relação em moldes de­pendentes, subalternos, condicionados, em teor potencial, não cate­górico, extreme de toda e qualquer projeção temporal expressa;

- Não têm os tempos do Subjuntivo tradução específica, defi­nida, precisa como as flexões do Indicativo, dada a natureza com­plementar deste modo, quase que exclusivamente limitado a cláu­sulas dependentes, cujo sentido determina-o a modalidade fraseo- lógica ou sintática da construção. Portanto, traduzir-se-ão estas in­flexões do pres. at. Subj. nos termos exigidos pela espécie de cláu­sula em que apareçam.

4.6 - Presente Ativo do Optativo

1. Flexão- A flexão do pres. at. Opt. de et|xt - ser, estar - é:

FORMA LONGA FORMA BREVETEMA IM DES. TEMA 1M DES.

1? p. s. 2? p. s. 3? p. s.

€ee

vLKl0/MlOiITj

V

s(t ) —

2? p. d. e TOV ou eA0l TOV

3a- p. d. e iti TTjV ou c l TTqv

p. pl. e wn |xev ou e-st |xev

2? p. pl. e0)ir\ T € ou € t

"3-T €

35 p. pl. e01«''n crav ou e te V

2. Estrutura-- Constam as formas deste pres. at. Opt. de elfxi da seguinte

seqüência de elementos estruturais:RAIZ + INFIXO MODAL + DESINÊNCIA

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Page 496: Manual de Lingua Grega.vol.1

3. Formação

a. Raiz

- A raiz destas formas seria a da matriz, pres. at. Ind., evo­luída até a expressão final I , que assim ocorre em toda a flexão, verdade é que contraída sempre em junção com o iota imediato, sob a forma do ditongo ei;

b. Infixo modal- Característico do Optativo é o infixo modal í, a aparecer,

puro e simples, nas chamadas formas breves no dual e no plural, e alongado, mercê da extensão iq, nas formas ditas longas, nos três números;

- Temos, pois, o infixo em duas formas: simples, a vogal í; composto, o grupo i/rj, diérese ou hiato;

- Simples ou composto, o infixo sofre contração da vogal í, com a raiz e, resultando sempre o ditongo ei;

- Na 3- p. pl. breve o infixo é extensificado mediante a in­serção de e, aparecendo, por isso, na forma te, hiato, não ditongo;

c. Desinências- Têm estas formas do pres. at. Opt. de eí|xí, a despeito do

tempo, primário de base, desinências SECUNDÁRIAS ATIVAS, característico, aliás, de todas as flexões ativas deste modo, ao con­trário do que se registra no Subj., em que todas terão desinências primárias;

- Na 3- p. s., cuja desinência é t , não subsiste esta muda, porquanto lingual não pode ser terminal regular de forma grega;

- Na 3? p. pl. tem a inflexão longa a desinência alternativa crotv, a breve e comum v;

- No dual, como acontece sempre que as desinências são secundárias, diferem as inflexões quanto à quantidade da vogal, breve, o, na 2- p., longa, ti, na 3-. Logo, não são idênticas, ao con-

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trário do que se dá no Ind. e no Subj.

4. Acentuação

- Tempo finito, acentuação recessiva, está na penúltima nas formas dissilábicas, na antepenúltima nas trissilábicas, excetuada a 3- p. d., cujo final longo não permite avance o acento até esta síla­ba;

- São de observar-se os pontos seguintes:1? O espírito se desloca do e da raiz para sobre o í do infixo,

porquanto, fundidas, passam essas vogais a constituir ditongo, que requer espírito e acento sobre a segunda das vogais, não sobre a primeira;

2- Em todas as formas, excetuada a 3- p. d., que o tem sobre o Tf) infixal, está o acento posto sobre o i do ditongo;

39 Nas formas de infixo longo (i/r)) é agudo o acento em todas, porquanto ou está na antepenúltima ou, se na penúltima, será lon­ga a última, posições que não permitem o circunflexo, a despeito de tratar-se de tônicas longas; e

49 Nas formas de infixo breve é circunflexo o acento, já que a penúltima, acentuada, é longa, breve a última, feita uma única ex­ceção: 3- p. d., cuja última é também longa, pelo que tem de ser agudo o acento na penúltima.

5. Relação- Estas inflexões do pres. at. Opt. de ei|xC escoimadas do es­

pírito, retido, porém, o acento, são exatamente como o final das formas do aoristo passivo Optativo, excluídos a raiz e o 0 do infixo temporal no caso do 19 aor., excindida apenas a raiz, em se tratan­do do 2 - aor.

6. Tradução- Presente, a Aktionsart é extensa, durativa, linear, a relação

focalizada como estado momentâneo, costumeiro ou progressivo;- Voz ativa, o sujeito polariza a relação, vista, pois, em função

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desse elemento da frase, a ênfase posta no fato da relação, não no sujeito e seu envolvimento (voz média), nem na expressão como resultante (voz passiva);

- Optativo, modo dependente, subalterno, condicional, comoo é o Subjuntivo, estas inflexões expressam a relação em moldes hipotéticos, não categóricos (Ind.), nem mesmo potenciais (Subj.), sem projeção temporal precisa, nem sentido ou tradução específica;

- Do contexto imediato e da própria natureza da cláusula in­ferem-se a perspectiva temporal a admitir-se e o sentido e tradução convenientes à forma. De qualquer maneira, o nosso futuro do pretérito é a tradução que mais se presta à expressão desta modali­dade flexionai.

4.7 - Presente Ativo do Imperativo

1. Flexão- As formas do pres. at. Imper. de etfxi - ser, estar - são as

seguintes:

TEMA DES.2- p. s. \<s

3- p. S. €CT

of

■n

0t - sê, está (tu)tío - seja, esteja (ele, ela)

ouTÍO

2- p. d. ecr

3- p. d. ecr

to v - sede, estai (vós dois, vós duas) tcov - sejam, estejam (eles dois, elas duas)

2- p. pl. ecr

3? p. pl. e a

•>/ecr

Te - sede, estai (vós)tíov - sejam, estejam (eles, elas)

ou| T ío a av

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2. Estrutura

- Destituídas de vogal de ligação, fato que caracteriza as fle- xões deste sistema do presente, excetuados o Subj. e o Ptc., cons­tam estas inflexões destes dois elementos apenas:

RAIZ + DESINÊNCIA

3. Formação

a. Raiz

- Como os demais integrantes do sistema, este pres. at. Im- per. tem a mesma raiz básica da matriz, pres. at. Ind., nestas infle­xões em sua forma primitiva, eç, salvo na 2- p. s., em que aparece como tç, e na alternativa da 3- p. s., em que é alterada, longa, f|;

b. Desinências

- As desinências, próprias das flexões ativas e do aor. pass. neste modo, são as chamadas IMPERATIVAS ATIVAS, devendo-se observar que:

19 Na 2- p. s., ao contrário do que se dá nos verbos em co, não se omite a desinência, de sorte que termina a forma em 0i;

2 - Na 3- p. pl. a forma clássica deveria ser ec — vtcov, que, mercê da queda da inicial v da desinência, dada a contigüidade des­sa nasal com a sibilante do tema, se faz eor — tcov;

3 9 No dual, como se verifica em todas as flexões imperati­vas, diferem as duas formas no que respeita a vogal de desinência: breve, o, na 2- p., longa, ío, na 3-;

4? Na 3- p. s. ocorrem duas formas, ambas a exibir a mes­ma desinência, tco, a primeira, eorot), de cunho ático, a segunda, :>/T|Tío, de formação dórica. De igual modo, têm a mesma desinência, Tcov, a 3- p. d. regular e a 3 - p. pl. clássica, alterada, ambas «rrcov, em sua forma atual.

4. Acentuação- Tempo de modo finito, acentuação recessiva, têm as formas

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dissilábicas acento na penúltima, a trissilábica (3- p. pl. coiné) na antepenúltima;

- E agudo o acento em todas as inflexões, posto sempre em sílaba breve (ur, éa), ou, no caso da 3- p. s. de cunho dórico, t)tco,

em que é longa a penúltima, seguida, porém, de última igualmente longa.

5. Relação

- Duas destas inflexões, a 2- p. d. I cttov e a 2- p. pl. êore, são similares em forma às equivalentes do pres. at. Ind., diferindo ape­nas a acentuação, por isso que no Ind. são átonas, enclíticas, acen­tuadas em casos especiais, na última, oxítonas, enquanto no Imper. são tônicas, sempre acentuadas na penúltima, paroxítonas.

6. Tradução- Presente, a Aktionsart é durativa, extensa, linear, injunção

expressa em moldes momentâneos (a relação como fato específi­co), ou costumeiros (a relação vista como fato repetido ou habitual), ou progressivos (a relação focalizada como processo em anda­mento);

- Voz ativa, a relação se polariza no sujeito, a ênfase posta na situação como tal, não no sujeito e seu envolvimento (voz média), nem na expressão final resultante (voz passiva);

- Imperativo, ao contrário do Subj. e do Opt., modo de ex­pressão definida, tersa e segura, expressam estas inflexões a rela­ção, estado ou condição em moldes injuncionais, jussivos ou pre- ceptuais, como ordem ou mandado terminante, inda que lhes faleça noção temporal, alheia a este modo, como também ao Subj., ao Opt. e ao Inf.;

- Do contexto infere-se o quando da situação, presente (ime­diata) ou futura (pervindoura), não concebivelmente passada, di­mensão estranha a determinações imperativas;

- Traduzem-se estas formas regularmente pelas do nosso presente imperativo, subentendidas cambiantes de tempo e ex­

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pressão;- Logo, lo-01 se deve traduzir por:- s ê , está (fato momentâneo), ou,- sê, está (fato costumeiro = costuma ser, costuma estar), ou,- está sendo (fato progressivo).

4.8 - Presente Ativo do Infinitivo

1. Forma

- A forma do pres. at. Inf. de eífxí, invariável e única, é:TEMA DESINÊNCIA

A

ei I va i, originalmente, Ict I va i - s e r , estar;

2. Estrutura

- Dois elementos apénas constituem a seqüência estrutural desta forma infinitiva, isto é:

RAIZ + DESINÊNCIA

3. Formação

a. Raiz

- Como é próprio de todos os integrantes deste sistema, este pres. at. Inf. tem a mesma raiz básica da matriz, pres. at. Ind., alongada, porém, a vogal, que assume a feição ditongal ei, com­pensação à queda da sibilante que precederia à nasal inicial da de­sinência;

b. Desinências

-N o s verbos em oo a desinência do pres. at. Inf. é a ativa ev cuja vogal se contrai com o e ligacional, resultando a terminação evoluída eiv;

- Nos verbos em |xt a desinência é a alternativa vai, que aparece também no aor. at. Inf., e, em ambas essas modalidades conjugacionais, ainda no perf. at. Inf. e no aor. pass. Inf.;

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c. Vogal de ligação

- Característica dos verbos em |xí é a ausência de vogal de ligação nas flexões do sistema do presente (e do 2? aor.), exceção feita do Subj. e, em et(xí, também do Ptc. Logo, na estruturação deste pres. at. Inf., eivai, não ocorre a vogal de ligação.

4. Acentuação- Nos verbos em co pode-se tonrar o acento como recessivo

nas formas infinitivas do presente. Aliás, apenas quatro infinitivos o têm necessariamente posicionai, a saber: aor. at. e pass., perf. at. e mp.:

- Nos verbos em fxt, porém, a forma ativa do pres. Inf. tem acento posicionai, na penúltima;

- Como o ditongo final at, não fechado de consoante, é havi­do sempre por breve para fins prosódicos, exceto no Opt., e a pe­núltima, acentuada, é longa neste pres. at. Inf. de eí|xt, é properis- pômena esta forma, circunflexo o acento;

5. Tradução

- Presente, a relação é vista como extensa, durativa, linear, na perspectiva de fato momentâneo, de situação repeticional ou cos­tumeira, de processo em progressão;

- Voz ativa, a relação se focaliza em função do sujeito, a ênfase dada ao fato subsistente, não ao sujeito e seu envolvimento, nem à expressão resultacional;

- Infinitivo, modo que melhor se toma como substantivo ver­bal, expressa esta forma a relação, estado ou situação em moldes de um nome invariável em gênero, número e caso, sem pessoa de­finida, nem conotação temporal explícita. O quando a relação se processa infere-se do contexto, não o exprime a forma. Logo, este pres. at. Inf. não retrata relação necessariamente contemporânea, podendo ser pretérita ou futura, esta mais comumente;

- Traduz-se, pois, e ivai pelo nosso infinitivo presente ativo, isto é:

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- ser, estar (fato momentâneo), ou,- ser, estar (fato costumeiro = costumar ser, costumar estar),

ou,- estar sendo (fato progressivo).

4.9 - Presente Ativo do Particípio

1. Flexão

- A flexão do ptc. pres. at. de eijxi - ser, estar - , cuja forma original do nom. sing. seria ovt, ovticí, ovt, evoluída para còv, ovcra,3/ xov, é:

MASCULINO FEMININO NEUTRO

NS. [o v t ]GS. 0 VTDS.

flfo VT

AS. 0 VTVS. r

Lo v t ]

NAV/D. o GD/D. o

NP.GP.DP.AP.VP.

wo0 /o

[o»/o<3

JM

VT

VT

VT

VT

VT

VT

VT

CO V

os01a

VL

aSI v

eoiv

eçcova í]&seç

OV CTl

ov>r

ov9Íovovov

a/ov:>/

OV

❖OV

oèaiiOliç

ov

DES. VL IM DES.o

CTQL

airis

crávaá

aaaa iv

[S3/O3/

O

[o[o

o/o3/o

a a iawvaa içaàsaca

oof

o

v t ]

VT

VT

v t ]

v t ]

VT

VT

VTVT

VT

VT

VT

OSVl

eOlV

■1— O IV

O IVJ/1 o v

covat]à

9 | ^ov |ai

2. Estrutura- A seqüência estrutural básica das formas deste ptc. pres. at.

de eí|x í - ser, estar - consiste dos seguintes quatro elementos:RAIZ + VOGAL DE LIGAÇÃO + INFIXO MODAL + DESI­

NÊNCIA

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3. Formação

a. Raiz

- Teria este pres. at. ptc. a mesma raiz do pres. at. Ind., matriz de que auferem este elemento as flexões todas do sistema;

- Como no Subj., já não subsiste explícita a raiz nas formas atuais, havendo-se por implícita na vogal de ligação básica das in­flexões;

b. Vogal de ligação- Seguida que é da nasal v , a vogal de ligação no pres. at.

ptc. é, também, a mesma da matriz em circunstâncias paralelas, isto é, ômicron, susceptível de alterações em certas formas;

- Sofre alongamento esta vogal de ligação o nas formas do nom. e voc. sing. masc., em que se torna w, e no dat. pl. masc. e neutro e em todas as inflexões femininas, em que se faz ou

- Graficamente: NS. e VS. MASC.-* co,

FEM. e DP. MASC. e NEUTRO ov.

c. Infixo modal- O in f ix o m o d a l é , c o m o em to d o s o s p tc s . a ts . (e o a o r .

p a s s . , t a m b é m ) , o g ru p o v t , a s o f r e r a s a lt e r a ç õ e s a s s in a la d a s em

r e la ç ã o a o p a ra d ig m a 'iru rreú oo v , m o r e ú o u c r á , T ricrTeO ov;

- Destarte, cai a lingual t sempre que final da forma, visto que lingual não pode ser terminal regular, o que se dá nos casos nom. e voc. sing. masc. e nom., acus. e voc. sing. neutro; e o grupo todo se omite sempre que a defrontar-se com a sibilante, o que se verifica no dat. pl. masc. e neutro e em todo o feminino;

- Estas mudanças do infixo modal é que determinam o alongamento compensatório da vogal de ligação, que, portanto, se altera em paralelo com essas variações do infixo modal, salvo nos três casos singelos (nom., acus. e voc. sing.) do neutro, em que a alteração se processa no infixo apenas, inafetada a vogal de ligação;

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- Tem este ptc. at, pres. de e.í|xi as desinências normativas desta modalidade participial, isto é, as típicas dos adjetivos conso­nantais triformes de radical terminado em vr precedido de o, como I kòSv , ejcoucrá, I kov, as mesmas do paradigma regular m o— Tcixov, moT€w\xro, morevov.

d. Desinências

4. Acentuação- Posicionai é a acentuação das formas participiais ativas,

neste ptc. pres. at. de eí|xí permanecendo o acento em toda a fle­xão na sílaba em que se acha na forma base (nom. sing.) com uma só exceção: o gen. pl. fem. oiktüjv, em que, longa a desinência, não poderia situar-se na antepenúltima, deslocando-se, por essa razão, para sobre o a da penúltima (ovcrctíov), dada a contração sofrida, alfim a cair no co terminal (ovoxov);

- São acentuadas na última seis das inflexões: nom. e voc. sir(g. masc. e nom., acuè. e voc. sing. neutro, todos monossilábicos, mais o gen. pl. fem., dissílabo contrato; as demais trinta e nove têmo acento na penúltima;

- Agudo é o acento em todas as inflexões do masculino e do neutro (menos no dat. pl.) e nas formas do feminino cuja desinência é longa (gen. e dat. sing., o dual todo, mais dat. e acus. pl.);

- E circunflexo o acento no dat. pl. masc. e neutro e nas infle­xões do feminino em que a desinência é breve: nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl.;

- Logo, é:-perispômena UMA forma: gen. pl. fem.;- properispômenas SETE formas: dat. pl. masc. e neutro; nom.,

acus. e voc., sing., mais nom. e voc. pl.íem.;- oxítonas CINCO formas: nom. e voc. sing. masc., nom., acus.

e voc. sing. neutro; e- paroxítonas TRINTA E DUAS formas: os demais casos.

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5. Relação- Teoricamente, deveriam estas formas diferir das correspon­

dentes do paradigma moreixov, mcrTeúowâ, mcrTeuov, apenas no tocante à raiz, os mesmos os demais elementos: vogal de ligação, infixo modal e desinências, mesmas as alterações de formas e a acentuação;

- Como não subsiste nestas inflexões explícita a raiz, dir-se-á que as formas deste pres. at. ptc. de e!|xí correspondem ao final do ptc. paradigmático e dos demais ptcs. presentes ativos de verbos em co, excindida a raiz, inserido o espírito e ajustada a acentuação;

- Portanto, para formar-se o ptc. pres. at. de qualquer verbo em (*), bastará antepor-se a estas inflexões de eifxí a raiz do pre­sente do verbo a flexionar-se, excindido o espírito e ajustada a

acentuação.

6. Tradução- Presente, a relação expressa é vista como durativa, extensa,

linear, em perspectiva de fato momentâneo, ou repeticional, ou progressivo;

- Voz ativa, a relação se projeta em função do sujeito, inda que a ênfase incida no fato da relação, não no envolvimento do sujeito (voz média) ou na expressão resultual (voz passiva);

- Particípio, modo que se investe de teor adjetivo, a ação ex­pressa em moldes adjuntivos, as inflexões deste pres. at. ptc. apre­sentam a relação como contemporânea à do verbo principal a que se associam, por isso que no ptc., como no jnd., de par com a Ak- tionsart, subsiste a noção de tempo, embora secundária;

- Em sua tríplice função, ora se reveste o ptc. de teor verbal, traduzindo-se regularmente, sem variações de pessoa, gênero e número, pelo nosso gerúndio, ora assume a natureza do adjetivo, a sofrer variações de caso, gênero e número, traduzindo-se pelo ptc. pres. at. ou cláusula relativa correspondente, ora eqüivale a típico substantivo, que se pode traduzir por ente, existente, ou nos termos do uso adjetivo: cláusula relativa ou ptc. pres. at. do português;

- Assim, tov, oixra, ov se traduzirá por:

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a. Uso verbal

- sendo, estando (fato momentâneo), ou,

- sendo, estando (fato costumeiro = costumando ser, costu­mando estar), ou,

- estando sendo (fato progressivo);

b. Uso adjetivo- que é, que está (fato momentâneo), ou,- que é, que está (fato costumeiro = que costuma ser, que

costuma estar), ou,

c. Uso substantivo- ente, existente,

- como no uso adjetivo, as mesmas acepções substantiva­das.

5. COMPLEMENTO PREDICATIVO

5.1 - Natureza

- Os verbos estativos e os verbos liames, porquanto expres­sam estado, condição ou relação, ou servem apenas como ele­mento ligacional entre o sujeito e o predicado, equiparando-os em correlação copulativa, não são complementados por objeto direto ou indireto, próprio dos verbos ativos, verbos que exprimem ação;

- O complemento desses verbos não projeta o limite, a exten­são, o alcance, o objeto ou as circunstâncias que circunscrevem a ação verbal, mas, ao contrário, a natureza, as qualificações e carac­terísticas, as prerrogativas e atributos do sujeito. Daí, a designação desta modalidade: COMPLEMENTO PREDICATIVO.

5.2 - Forma

- Extensão qualificante do sujeito, vai-lhe o complemento predicativo para o mesmo caso. Temos, desta forma, este comple­mento expresso pelo:

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a. NOMINATIVO, quando é finita a forma verbal, isto é, quan­do se trata de inflexão do Ind., do Subj., do Opt. ou do Imper., tem­pos que requerem o sujeito em nominativo; ou,

b. ACUSATIVO, quando se trata de forma verbal no infinitivo;ou,

c. QUALQUER CASO, quando a forma verbal é inflexão do particípio, amoldados ambos, sujeito e predicado, ao caso exigido pela modalidade de cláusula em que apareçam.

5.3 - Determinação- Postos ambos no mesmo caso, pode, por vezes, pairar certa

dificuldade em determinar-se qual o sujeito, qual o predicativo;- Em o Novo Testamento, quando em ambas as posições

ocorrem substantivos, um anartro, o outro articulado, este será o sujeito, aquele o predicativo, uma vez que o artigo define, assinala, marca o elemento qualificado, a forma anartra expressa o atributo, a qualidade, o elemento qualificante. Logo, o substantivo articulado exprime a UNIDADE a que predicar-se o teor do substantivo anar­tro, que, portanto, expressa a NATUREZA da UNIDADE qualifica­da;

- Cláusulas em que integram ao binômio sujeito-predicativo formas pronominais ou inflexões participiais fogem ao preceituado no parágrafo anterior, a chamada lei de Colwell, o gramático ilustre a quem se atribui a explicitação desse princípio;

- Se ambos os elementos se constituem de substantivos anartros ou se o artigo a ambos define, só o sentido geral da cláu­sula ou o teor do contexto facultarão a desejada discriminação fun­cional.

5.4 - Exemplos

1. ovtoi eícriv 7rrnai avuôpoi - são estas fontes sem água (II Pe 2.17).

- Correlacionados pelo verbo liame elcriv - são - , pres. at.

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Ind., estão o demonstrativo plural ovtoi - estes - e o substantivocomum TrTyyai- fontes nominativos, ambos anartros. Entretanto,do teor da própria cláusula se evidencia que o substantivo Trryyaí-fontes - e seu adjunto òívuôpoi - sem água - expressam a natureza

/£■ * figurada do sujeito outoi, sendo-lhe, pois, o predicativo. E verdadeque o demonstrativo é definido de natureza, implícito o artigo, oque daria a Tn^aí, anartra, a condição necessária de predicativo;

- E, destarte, irr^ a i c/vuôpoi o predicativo do sujeito oircm, posto no mesmo caso deste, nominativo',

2. ufxeíç ôe Tiva |xe XeyeTe eiva i - Vós, entretanto, quem me dizeis ser? (Mt 16.15). /\

- Mercê do pres. at. Inf. e iva i - ser - se correlacionam Tiva — quem - , pronome interrogativo, e |xe - me - , pronome pessoal, am­bos em acusativo, dos quais um será o sujeito, o outro o predicati­vo;

- Do teor da cláusula evidencia-se que o pronome pessoal |xe- me - é o sujeito, donde ser-lhe, necessariamente, o interrogativo Tiva - quem - o predicativo. Jesus dirige aos discípulos tersa per­gunta polarizada na questão de quem era Ele e qual Sua natureza, elementos que o interrogativo encerra, predicativamente;

- Visto que eivai é infinitivo, |xe, o sujeito, está em acusativo e, dada a condição de verbo liame, tem o predicativo no caso do sujeito, logo, também no acusativo;

3. ôw ApowiXXi] tt| lô ía yuvaiKi owrj ° Iouôaía - com sua própria esposa, Drusiia, que era judia (At 24.24).

- 0 ptc. pres. at. tnxnj - que era - liga ApowíXXT) - Drusiia - e 3 Iouôaía - judia. Aquele, nome próprio, desde logo se indivi­dualiza como o sujeito, de que o patronímico, necessariamente o predicativo, expressa a nacionalidade, a natureza étnica;

- Assistido da preposição crúv - com está ApowíXXTg no da­tivo, pelo que nesse caso se acham também o liame, por ser parti- cipial, e o predicativo 3Iovôaía, como o requer esta modalidade

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omplementar. Aliás, a concordância do ptc. e do patronímico em

relação ao sujeito qualificado se processa não apenas em caso, mas ainda em gênero e número;

- Temos, pois, dada a natureza da cláusula, o predicativo em dativo, correlacionado que é a sujeito nesse caso;

4. t| 'ireTpa ôè t|v o Xpioroç - E a rocha era Cristo (I Co 10.4).- Junge o impf. at. Ind. f|v - era - , verbo liame, aos dois

substantivos Trérpoi - rocha - e Xpurroç - Cristo - , articulados, em nominativo;

- Fosse um desses substantivos anartro, de pronto se deveria tomar como o predicativo, cabendo ao outro, articulado, a função de sujeito. Ambos providos de artigo, a expressão é um tanto vaga e ambivalente. Todavia, o sentido, que requer expresse o predicati­vo a natureza do sujeito, evidencia ser Ó Xpurroç- Cristo - o sujei­to, T| TT€Tpoí - a rocha - o predicativo;

- Forma verbal finita, o sujeito, Xpioros, está em nominativo e, nesse caso, como é próprio do predicativo, também f| Trérpa;

\ £ C /5. Geoç t|v o Xo^oç - O Logos era divino (Jo 1.1).

A

- Também nesta cláusula, liga i\v dois substantivos na relação sujeito-predicativo: Geóç - Deus anartro, e Xtyyoç - palavra - , ar­ticulado, ambos em nominativo;

- Da própria fraseologia se verá que o substantivo anartro não tem acepção quantitativa, a individualizar, mas, ao contrário, quali­tativa, a qualificar, exatamente o oposto do termo articulado. Logo, 0eo<; é o predicativo, ó Xcryoç o sujeito;

- Destarte, o predicativo Geóç não está a destacar a pessoa do X0 7 0 Ç mas a expressar-lhe a natureza. Em outras palavras, Geós não está individualizando ó X0 7 0 Ç, dizendo-o UM DEUS, mas indi- cando-lhe a essência divinal, qualificando-o como DIVINO;

- Nesta modalidade, o elemento anartro é o predicativo, o ar­ticulado o sujeito, aquele a especificar a natureza deste.

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6. O Y E MH

6.1 -- Especificação

- Dois são os advérbios básicos de negação: ov (que se faz ovk , se a anteceder a forma iniciada por vogal ou ditongo encima­dos por espírito fraco, ovx, se esse espírito fôr áspero ou forte) e fxr|, traduzidos ambos como não;

- Podem estes advérbios aparecer em forma composta, mercê da aposição de elemento intensivo, enfático ou paragógico, sujei­tos, por isso, a variações de sentido mais ou menos acentuadas, sempre, entretanto, na acepção negativa básica;

6.2 - Uso

- Empregam-se ov e seus compostos, preferencialmente, com os tempos do Indicativo, negação de teor mais definido, objetivo, terminante, categórico, logo, mais ao talhe deste modo;

- Por outro lado, |xrj e seus compostos se usam, mais apro­priadamente, com os outros modos, não categóricos e incisivos em expressão, negação mais subjetiva, atenuada, indefinida, optativa;

- Poder-se-á, pois, adequadamente distinguir o uso destes advérbios com dizer-se que:

- ov nega o fato, fjnq a idéia;- ov é absoluto, fxrj é relativo;- ov final, fjt/rj contingente;- ov categórico, usado quando a asserção é inequívoca; \xrc\du-

bitativo, de preferir-se quando se não deseja ser demasiado taxativo ou dogmático, asserção condicionada ou dependente;

- À vista disto, vê-se que \xx\, e seus compostos, é que se em­pregam, normativamente:

- Nas cláusulas que traduzem injunção, preceito, desejo ou

proibição, expressas por formas do Ind., do Subj., do Opt. ou do Imper.;

- Nas interrogativas dubitativas (Subj.);- Nas cláusulas subordinadas temporais, concessivas, finais

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e relativas de cunho hipotético; e- Nas cláusulas infinitivas e participiais típicas (excetuado o

discurso indireto);

- O ptc. admite uma e outra destas negativas, contudo, |ultí impiica em negação virtual, ou em negação factual, aquele possibili­dade prevista, este realidade afirmada;

- Em o Novo Testamento, ou ocorre modificando forma parti- cipial, mais assinaladamente na literatura paulina (12 vezes: Rm 8. 25; I Co 4.14; 9.26; II Co 4.8 (repetido), 9 (repetido); Gl 4.27 (repeti­do); Fp 3.3; Cl 2.19; I Ts 2.4), na lucana (3 vezes: Lc 6.42: At 7.5; 17.27) e na petrina (3 vezes: I Pe 1.8; 2.10; II Pe 1.16). Aparece, ain­da, em Hb (2 vezes: 11.1,35), em Mt (1 vez ao menos, 22.11) e em Jo (1 vez: 10.12). Não se encontra, porém, em Marcos, Tiago, Epístolas Joaninas e o Apocalipse. Portanto, prevalece ijuyÍ avantajadamente neste uso. No grego moderno fxi] é a negativa das formas partici­piais, com exclusividade;

- Especial destaque merece o uso enfático dos dois advérbios, ou seguido de a modificarem, associados, particularmente a formas aoristas do Subj., em função futuritiva ou jussiva, e a for­mas do fut. Ind.

6.3 - Exemplos

1. ou fxeTafxeA.o(jLai - não me arrependo (11 Co 7.8).- Asserção absoluta, categórica, expressa por forma do Ind.

(pres. méd., 1 - p. s.), a negativa é ou, não |j/iq;

2. cxXka Tore |xèv ouk etôoTeç 0eov eôouXeuoxtTe tolç cpwei fjLTi ouctiv 0eoí<; - Mas, naquele tempo, visto que não conhe- cíeis a Deus, servistes aos que, de natureza, não são deuses (Gl 4.8).

- Os dois advérbios, ou e ixtí, ocorrem a modificar a formasparticipiais, ouk negativando a eíôoTeç - conhecendo - , ptc. perf.

/ com acepção presente, a negativar a ouoxv - sendo, são -, ptc.pres. de el|Jii - ser,

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- ovk assinala o fato de que desconheciam os gálatas no pas­sado ao Deus verdadeiro, ix-rj expressa a virtualidade dos ídolos, pseudos deuses, aparência, não realidade. Tem-se, no uso de ovk, matéria de fato, no emprego de (x apenas matéria de cogitação;

3. ov jxt) co ra i om tovto - Isto não te sobrevirá D E MODO ALGUM (Mt 16.22).

- Está o fut. méd. Ind. c o ra i- se rá - , traduzível por sobrevirá, negativado por ov e irí, em seqüência, os dois advérbios associa­dos. E o uso enfático desses advérbios de negação conjugados em conexão com forma do fut. Ind., a expressar com vigor a apaixona­da expostulação de Pedro voltado a dissuadir a Jesus;

4 , k g Íj imúviihv a a p m ov jlit ) l ã é u w - t o desejo dat / * / t ( j

carne DE MODO ALGUM consumareis (Gl 5.16).- Negativa a dupla adverbial ov (xrj a TeXétrryrc, 2- p. pl. do 19

aor. at. Subj. em cláusula visivelmente enfática, de teor claramente futuritivo;

- E o uso enfático dos dois advérbios negativos em conjunção a modificarem forma aorista do Subj. em função futuritiva e jussiva, em que se acentua que o viver regido pelo Espírito não dá absolu­tamente azo à satisfação das pecaminosas proclividades do ser.

7. PREPOSIÇÕES

7.1 - Natureza

- Preposições são partículas, outrora formas adverbiais, oriundas de casos substantivos ou de origem pronominal, inaltera­das, evoluídas ou afeiçoadas, que ligam termos ou frases em ad­juntos e complementos, estabelecendo diferentes relações sintáti­cas típicas desses acidentes gramaticais.

7.2 - Regência

- As preposições, seja pela natureza da cláusula, seja pela fun­

502

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ção que desempenham, servem de conectivo de palavras ou frases em casos específicos, para com o termo com que se relacionam como adjunto ou complemento;

- Apenas os chamados casos oblíquos (gen., dat. e acus.) ad­mitem esse preposicionamento. Segue-se que jamais se encontrará forma nominativa ou vocativa precedida de preposição regente, pois que são estes casos retos;

- Das preposições regulares algumas há que são sempre asso­ciadas a UM caso único; outras podem associar-se a DOIS (gen. e acus.); outras, afinal, aos TRÊS (gen., dat. e acus.);

- Contendem gramáticos de índole mais estrita que o caso dos vocábulos na frase preposicionada não resulta da direta regência da preposição, mas, antes, da própria natureza da função sintática en­volvida, associada a preposição como elemento paralelo, concomi­tante, advérbio funcional, não propriamente fator regulativo ou determinante real;

- Deste ponto de vista, é impropriedade condenável o falar-se em regência preposicional, por isso que, na verdade, não influi a preposição na forma ou caso dos termos correlacionados. Não será a preposição que requer determinado caso; este é que exige aquela na expressão da relação estabelecida, como o demonstraria a fun­ção primitiva da partícula na frase, puro advérbio, mero modifica- dor, portanto;

- Vezes haverá em que faremos uso da linguagem tradicional,o que não deve significar insistamos na pressuposta função regente das preposições.

7.3 - Enumeração- DEZOITO são as preposições normativas, assim distribuídas

quanto ao caso com que se empregam:

- QUATRO seguidas sempre de GENITIVO: avT i, oltto, I k ,

Trpó;- DUAS a regerem somente DATIVO: ev, auv;- DUAS associadas unicamente ao ACUSATIVO: avoí, eiç;

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Page 515: Manual de Lingua Grega.vol.1

- CINCO a pedirem ora GENITIVO, ora ACUSATIVO: á|x— (pi, ôia, KotTa, |x€Ta, xnrép; e

- CINCO a admitirem qualquer dos três casos: GENITIVO, DATIVO e ACUSATIVO: èm , irapá, TrepC, Trpoç, urro;

- Quanto ao uso e ocorrência destas preposições em o Novo Testamento, convirá observar-se que:

- Todas, embora em diferentes proporções, nele ocorrem, apupi, contudo, apenas em formas compostas;

- Trepí e Trpo' não aparecem em o Novo Testamento seguidas de dativo, limitadas, portanto, ao genitivo e ao acusativo, dois em vez de três dos casos;

- Trpoç quase que se restringe ao acusativo, associada que é UMA vez somente ao genitivo (At 27.34) e SEIS ao dativo (Mc 5.11; Lc 19.37; Jo 18.16; 20.11,12; Ap 1.13), cifra quase CEM vezes inferior à registrada em relação ao acusativo;

- ev, e dativo, é a preposição que maior número de vezes aparece nos escritos néo-testamentários, para isto concorrendo, sem dúvida, a influência da fraseologia hebraico-aramaica, ev a corresponder não poucas vezes à preposição -D, paralela;

- em é a única a empregar-se mais avultadamente com os

três casos, sobressaindo, é verdade, o uso com acusativo;- eis, com acusativo, tão relevante em o Novo Testamento,

é forma de cunho eólico, evoluída, de ev, que, primeiro, apende a sibilante, depois sofre a queda da nasal, finalmente o alongamento da vogal, extensificada em et, ditongo.

- Graficamente: ev evç èq —- eiç;- Em Tucídides e nos autores jônicos e dóricos a forma en-

contradiça é a inextensa es, que no ático sobrevivia ao lado de eis, que de todo a suplanta, afinal;

- Em síntese, o quadro gera! das preposições, casos a que re­gem e número de ocorrências em o Novo Testamento, respeitadas variações decorrentes de diferenças textuais, seria:

1. Com GENITIVO: com (22), crira (638), ôux (382), I k (914), em (216), KaTa (73), [xeTcí (361), Trapcí (78), Trepí (291), Trpó (48),

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Page 516: Manual de Lingua Grega.vol.1

irpoç (1), vjrep (126), vjtò (165), logo, 13 preposições, 3315 ocorrên­cias;

2. Com DATIVO; ev (2698), %m (176), Trapá (50), irpóç (6), crw (129), portanto, 5 preposições, 3059 ocorrências; e

3. Com ACUSATIVO: avá (13), 8tá (279), eU (1743), em (464), K«Ta (391), (xeTa (100), Trapá (60), irepí (38), irpòç (679), virep (19), vtto (50), dai, 11 preposições, 3836 ocorrências;

- Nos escritos néo-testamentários, destarte, apenas TRÊS preposições aparecem nos três casos: em, Trapa e Trpóç, enquanto SEIS se encontram em dois (gen. e acus.): S iá, Kara, jxeTa, Tre—

/ c / a tpi, wrep e viro;

- No grego moderno é o acusativo o caso único a sobreviver associado a preposições.

7.4 - Sentido- Prestam-se as preposições, em geral, a larga variedade de

relações, o que lhes impõe, necessariamente, avultada multiplicida­de de acepções e sentidos;

- Todavia, de base e natureza, dir-se-á que expressam:- O genitivo preposicionado: SEPARAÇÃO, PROCEDÊNCIA,

PROVENIÊNCIA, ORIGEM;- O dativo preposicionado: LOCALIZAÇÃO, POSIÇÃO, AM-

BIÊNCIA; e- O acusativo preposicionado: DIREÇÃO, PENETRAÇÃO,

MOVIMENTO;- Ou, em outras palavras, poder-se-á sintetizar a noção básica

dos adjuntos preposicionados com dizer-se que indicam o:-G EN IT IV O - DE ONDE- DATIVO - ONDE- ACUSATIVO - PARA ONDE;- Exemplifica essa especificidade de função e sentido a prepo­

sição Trapá em frases como estas:1. Trapa tü>v 7 €(op7 wv - DA PARTE DOS lavradores (Mc 12.2):

a preposição Trapa está seguida de genitivo, expressando ORIGEM

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Page 517: Manual de Lingua Grega.vol.1

ou PROCEDÊNCIA, isto é, DE ONDE proviriam os frutos buscados da vinha da parábola referida;

2. Trapà to> 0ecb - JUNTO A Deus (Lc 1.30); a preposição Trapá é acompanhada de dativo, a indicar LOCALIZAÇÃO, ou, seja, ONDE a fonte da graça conferida a Maria; e

3. Trapà QáXaarrav - PARA O LADO DO mar (At 10.6): a pre­posição Trapa está associada a forma acusativa, agora a assinalar DIREÇÃO, RUMO, logo, PARA ONDE ficava a residência do curti­dor Simão;

- Todavia, nem sempre e nem todas as preposições se reves­tem de sentido posicionai, locativo, procedencial ou diretivo. Outras relações desempenham, em acepções várias e distintas, que fogem a representação gráfica ou esquemática evidente. Mas, o sentido básico, ou geral, se pode ilustrar objetivamente no quadro da pági­

na ao lado.

7 .5- Preposições impróprias

1. Natureza- As chamadas preposições reais são nada mais do que primi­

tivas formas adverbiais que se cristalizaram na expressão de de­terminadas relações e se vincularam a casos específicos, típicos dessas funções;

- Vultoso número de partículas desse jaez que não chegaram à plena condição de preposições, embora já não mais façam jus à situação de advérbios. Não são propriamente preposições, uma vez que lhes sobressai o aspecto modificacional antes que o relacionai. Por outro lado, fogem à conceituação adverbial em que se asso­ciam, à maneira das preposições, a caso explícito ou regência preci­sa, seguidos normativamente de genitivo, em raros casos de acusa­tivo;

- Preferem os gramáticos, em geral, cognominar estas partí­culas algo indefinidas de PREPOSIÇÕES IMPRÓPRIAS.

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Page 518: Manual de Lingua Grega.vol.1

-e

com, em com panhia de

após, depois de (acus.)

jun to com, entre, em m eio a (gen.)

507

sobre

Page 519: Manual de Lingua Grega.vol.1

- QUARENTA E DUAS partículas há, através do Novo Testa­mento, que se podem haver como preposições impróprias. São elas:

ajjtot - juntamente com, ao mesmo tempo,

otve-u - sem, à parte de.

êxvTiKp-us - do lado oposto, justo em frente.

àvTÍTrepa - do lado contrário, oposto.

aT revavT i- em oposição a, diante de, perante.

aTep - sem, à parte de, exceto,

óíxpií*») ~ até, até onde, até que.

e y yú ç - perto, próximo, na vizinhança de.

e k t Óç - fora, de fora, fora de, exceto.

€|ATrpocr0ev - em frente de, perante, diante de.

êvavTÍov - em face de, ante, diante de.

evcK& - por causa de, em razão de.

év€K€v ou eívcKev - por causa de, em razão de.

evTÓç- dentro de, no interior de, internamente,

èvwmov - à face de, diante de, perante, aos olhos de.

e£w - fora, no exterior de, de fora.

^co0ev - de fora, do lado de fora.

€ttc£vcú - sobre, acima, por sobre, mais do que. além.

2. Enumeração

1 2

345678 9 0 1 2345678 9

(20

(21(22(23(24(25(26(27(28(29(30

€TT€K€lVa

èao) - dentro, internamente, no interior de.

ecos - até, até que, enquanto.

K aTÉvavT i- em frente de, para com, ante.

KaTevoíWriov - perante, diante de, em face de.

kuk\ó0€v - em derredor de, ao redor de, em torno de.

ktjkXo) - em torno, em derredor, ao redor de.

(xecrov- no meio de, em meio a.

|X€Taiju - entre, por entre, no meio de.

fxéxpMs) - até, até que, enquanto.

ÔttÚhj) - atrás, por detrás, após.

OTTia0ev- atrás, detrás, por detrás.

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(31) óij/é - depois, após, tardiamente.(32) TraponrXrjoTov - à maneira de, próximo a, como.(33) irapeKTÓç - fora, à parte de, exceto, sem.(34) Trepav - do outro lado, além.(35) ttXtÍv - exceto, salvo, à parte de, mas, não obstante.(36) ttXtjctÍov - perto, próximo, junto.(37) VTrepcmo - acima, por sobre, mais alto.(38) ■farepekeiva - além, distante, longe.(39) vrrepeKTrepiCTOov - mui excessivamente, demasiadamen­

te, sem conta,(40) VTTOKaTCú - debaixo, em baixo, sob, por baixo,(41) xctpiv (posposta ao termo relacionado) - graças a, por

amor de, em razão de, por causa de.(42) xíopíç - à parte de, sem, separadamente.

8. ADVÉRBIOS, CONJUNÇÕES, INTERJEIÇÕES

- Ao lado das preposições, representam advérbios, conjun­ções e interjeições as chamadas categorias inflexionáveis, invariá­veis, indeclináveis, formas estereotipadas, com funções precisas, que não reclamam atenção morfológica além do aspecto mera­mente vocabular e uso específico. Daí, não lhes faremos considera­ção extensiva, global, completa, o que, aliás, foge ao propósito ge­ral desta obra, limitando-nos a referências ditadas pelo contexto imediato ou reclamadas pela matéria em discussão;

- Nos vocabulários, em ocorrendo estes elementos, far-lhes- emos as observações atinentes ao uso e função, sentido e aplicação. Todavia, não lhes daremos lista ou relação completa e classificada. É bem verdade que os advérbios, em sua variedade ampla e vasta gama de acepções, modificadores circunstanciais que são, e, mais até, as próprias conjunções, na multiplicidade de cláusulas que in- troduzem e na complexidade de funções a que se prestam, mere­cem focalizados em maior alcance e extensão, o que melhor fica a tratado sintático especializado. Já as interjeições, meros expletivos,

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a lé m d e e s p o r á d ic a s e c a s u a is , d is p e n s a m t r a t a m e n to m a is , lo n g o

ou e x a u s t iv o .

9. VOCABULARIO

213. a£v|jio<;, ov. Composto da privativa a - sem - e de £v— jxri, ir]s, r\- fermento - Asmo, sem fermento, não levedado.

214. aBeoç, ov. Composto da privativa à - sem - e de 0eoç, üí>, 6 - deus - Ateu, sem Deus, alienado de Deus.

215. òtKpoãTfjç, ov, Ô - Ouvinte, escutador, que dá ouvidos.216.&pTi. Advérbio de tempo - Agora, presentemente, alfim.217. f$orn-Tur|xá, (BaTTTiafxáToç, tò - Batismo, ablução, lavacro,

banho, mergulho, imersão.

218. PcnrTiCTTTÍs, ov, o - Batista, batizador, que batiza.219. |3iá£(o, (Bidato, èp íaaá, 3e0iai<a, pepíaafxai, èptáatynv

- Forçar, premir, constranger, apoderar-se pela força, tomar com vio­lência.

220. ôu). Advérbio ou conjunção conclusiva, composta da pre­posição ôict, elidida, a do relativo neutro b - que - Portanto, pelo que, em razão disso, conseqüentemente.

221. ôókijxoç, Tj, ov - Aprovado, reconhecido, genuino, aceitável.222. ôvvaTÓç, T), ov - Poderoso, capaz, eficaz, válido, possível.223. €7 7 i£co, €7 7 1 0x0 ou €771*0 , 1^77 ura, 1Í7 7 1 KCÍ, ^7 7 1 0—

fxcu, T)77La0iriv - Aproximar-se, avizinhar-se, acercar-se, estar pró­ximo.

224. eí. Conjunção condicional simples: prociítica - Se.225. eljxí, fut. earojjim, impf./aor. r)v - Ser, estar, existir.226. etç. Preposição, sempre seguida do acusativo; prociítica;

contrasta-se com Ik , expressando sentido diametralmente oposto: interiorização, penetração, movimento para dentro de - Para, para dentro de, para com, ante, em, até, na presença de, a fim de, em relaçãoa.

227. €K. Preposição, sempre seguida do genitivo; prociítica; diante de vogal ou ditongo recebe ç, pelo que assume a forma

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Page 522: Manual de Lingua Grega.vol.1

De, de dentro de, fora de, dentre, a partir de, para fora de.228. eXev0eptã, ãç, - Liberdade.229. eXevOepoç, ã, ov - Livre, desobrigado, isento, desimpedido,

desembaraçado.

230. ev. Preposição, sempre seguida de dativo; proclítica; em

formas compostas geralmente se converte o v em 7 , quando ante­cede a 7 , k , £ ou x; em |x, se a preceder a (3, (x, tt e <p; em X ante ou­tro X, variações que se registram, de igual modo e nos mesmos termos, com a preposição cruv - com - Em, com, por, dentro, durante, entre, diante de.

231. ivXo7 ia , ãç, f| - Louvor, apreço, encômio, elogio, lisonja, bênção.

232. KaTa77éX\a>, KGtTcrfyeXüj, KcmforyeiXa, KQtTrj77eX—

Ka, KaTrj7 7 eX|xai, Karr^éX-riv ou Karr^eXô^v. Composto da preposição kcítcí, cujo â final se elide, e de àyyéXku) - anunciar- Proclamar, divulgar, anunciar abertamente, declarar de público, dizer à larga, celebrar, louvar, pregar.

233. kòct|x o ç , ov, o - Mundo, orbe, universo, humanidade; ordem, harmonia, decoração, enfeite, ornamento, adorno.

234. Xe7 co, èpco, enrov, elíp^Ka, e^pruxai, eppiíOTjv ou eppe0ir]v- Dizer, falar, referir, mencionar, nomear, relatar, narrar, expressar, de­signar, declarar, chamar, explicar, propor, responder.

235. ixaO-íiT^ç, ov, 6 - Discípulo, aluno, aprendiz.236. |xtí}. Advérbio de negação; usado com formas subjuntivas,

optativas, imperativas e participiais, em geral, e assim infinitivas- Não, nem, para que não, de modo algum.

237. |xi|x TTj<;, ov, o - Imitador, adepto, seguidor.238. vTiCTTevü), vTjcrTevcG), ev^o-Tevc#, vevrícrrevKa’, veinjo—

Tev|xai, emqaTevôirjv - Jejuar, abster-se de alimento.239. ov. Advérbio de negação, usado preferencialmente com

formas do Indicativo, por vezes do Particípio; recebe a gutural k no final, o v k , se o segue vocábulo iniciado por vogal ou ditongo enci­mados por espírito fraco, recebe x» se esse espírito é forte

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Page 523: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Não, nem, de modo algum.240. naiôiCTicTi, ^s, 'fj - Moçoila, garota, jovem, escrava, serva,

empregada.

241. mícrxco (originalmente TT&0 — ctkíd; a raiz ora é TTa0, ouTTOV0), 'rreíaofxai, €7rá0ov, -ireTrovOà, , - Sofrer, padecer, su­portar, agüentar.

242. mcrTeixo, maTetxrü), erríoTewot, 'TremoTevKá, 'TreTTío— Tevfxai, emoTe-óGnriv.

- Quando tem complemento em dativo ou acusativo não pre- posicionados - Acreditar em, dar crédito a.

- Quando tem complemento preposicionado, introduzido por èv (dativo), ou It t í (dativo ou acusativo), ou elç (acusativo) - Crer, confiar.

- A regência com eis é a mais expressiva e enfática em o No­vo Testamento quanto ao objeto da fé.

243. crnixeiov, ov, to - Sinal, marca, indício, evidência, portento, prodígio, milagre.

244. CTUva7(D7T|,T|s, ^ - Sinagoga, ajuntamento, reunião, conven­ção, assembléia, congregação.

245. awep^ós, ov, o - Colaborador, cooperador, coadjutor, com­

panheiro de trabalho.

246. Te. Partícula conjuntivo-adverbial enclítica - E , então,

também, juntamente com.- Em correlação com kcu (tc ... kou) - Não só, tanto, assim .

247. víós, ov, o - Filho, rebento, descendente, criança.

248. cpapiCToaos, ov, ô - Fariseu.

249. cpópiriTpov, ov, to - Prodígio, portento, coisa que infunde es­panto ou causa terror.

250. ws. Advérbio ou conjunção, proclítica - Como, assim co­mo, quanto, cerca de, aproximadamente, quando, enquanto, que, de sorte que, logo que, assim que, na medida que.

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10. EXERCÍCIOS

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:

101.7iveo-0€ ouv fxi|j/r)Toa Tot) Oeou, cos t 6kvoí à y a T t r y r á (Ef5.1).

102. ó TrurTetkov e is to v m òv e x e i £cot|v auovtov (Jo 3.36).

103. eis ttjv eXevGepiav rfjs 8ó£ris tcov tckv ío v tou

GeoO (Rm 8.21).104. KGti tco apvúo evXcyyía K a i tj t i |x^ K a i t| 8ó£a (Ap

5.13).105. o v y à p oi aKpoaTal vófxou Síxaio i Trapa tÔ GeÇ) (Rm

2.13).106. eXmôa jatj exovres Kai cfôeoi èv T<g koctijuo (Ef 2.12).107. K a i ouvep7 Òv toO Oew èv to> eva7 7 eXíço tou Xpicrrau

(I Ts 3.2).108. euapeoros tco Oeco K a i 8o k i |xos t o is avGpanrois (Rm

14.18).109. cnrò 8 e tcov ^(xepojv ° Icoávvou tot) Paimcrrou ecos

apTi iq (âaoxXeía tw v ovpavojv |üiá£eTai (Mt 11.12).110. K a i r\v ôtôáaKtov tò K aô^ jxep av ev t<£> tepw (Lc 19.47).111. Kmri7 7 e\ov tov X0 7 0 V tou 6 eai> ev Tais cruvaua^ais

tw v 3 lovôauov (At 13.5).112. K a i Tjaav o l ^aQ^Toà ^Icoávvov K a i 01 ç ap ic ra io i

VTjcrreiiovTes (Mc 2.18).113. aXX'el Kai iTacrxoiTe S ia ôiKatooTJvriv, fxaKcxpioi (I Pe

3.14).114. tj 7 ap fxapTupía 3 Iiqcroí) Icrnv to irveí^a t t |S Tipo—

çnryreías (Ap 19.10).115. çópTiTpá Te K a i aTr'ovpavau oT)[xeía |X€7 aXa ecrra i

(Lc 21.11).116.1Íti K a i eK vcKpcòv e7 e ip e iv SuvaTos o Geós (Hb 11.19).

117. to PaTTTia(xa to d Icoávvou ê£ aupavov T)V t| è£ avGpanrcov (Mc 11.30).

118. iforyiÇev 8 e ^ eopnn tcov a£u|xcov T| Xe7 0 |A€VT| irao—•

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Page 525: Manual de Lingua Grega.vol.1

119. et eorTtv crcojxa ifruxtKov, eartv K a i TrvevfxaTtKÓv (I Co 15.44).

120. 8to, aôeXcpot, o v k eafxèv TT a tô taK ^ ç T C K v a aXka ttjç eXe-u0epaç (Gl 4.31).

X« (Lc 22.1).

514

Page 526: Manual de Lingua Grega.vol.1

CAPÍTULO VIII

PRONOMES PESSOAIS, DEMONSTRATIVOS, REFLEXIVOS, RECIPROCATIVO, POSSESSIVOS.

RELAÇÃO DE POSSE. CRASE.

1. PRONOMES PESSOAIS (IÍPOTOTYIIO I H nPO X íl- IIIKA I ANTÍ1NYMIAI)

1.1 - Natureza- Pessoais são os pronomes que constituem as chamadas pes­

soas gramaticais, formas que substituem o nome dos entes ou per­sonificações na frase e lhe assumem o gênero, o número e o caso.

1.2 - Enumeração- Os pronomes pessoais, singular, dual e plural, concebíveis

como aspectos de uma flexão heterogênea (menos na 3- p.) mas integrada, são:

- 1 - p.: - SING. - eydb-eu-D U A L -v w - nós (dois, duas)- PLURAL - Tifxeiç - nós

- 2 a- p .:-S IN G .-c rú - ííi- DUAL - ct<p<*> - vós (dois, duas)- PLURAL - -ujxeíç - vós

-3 - p .:- SING. - carros, oarrrí, carro - ele, ela

- DUAL - corroí), oanã, corra) - eles (dois), elas (duas)- PLURAL - avTOÍ, av ra í, orírrá - eles, elas

1.3 -e7 (ó (1§p.)

1. Flexão- As formas do pronome pessoal da 1§ p., integrados singular,

dual e plural, são:

515

Page 527: Manual de Lingua Grega.vol.1

NS.3 /

e co - euGS. €|XOt), JAOU - de mimDS. 6|X0l, |XOl - para mimAS. €|xe, ixe - me

ND. VCÚ - nós (dois, duas)GD. V(pv - de nós (dois, duas)DD. V($v - para nós (dois, duas)AD. VÍO - nos (dois, duas)

NP. e /\

'nfxeiç -n ó sGP. TIIXCOV - de nósDP. T)|XIV - para nósAP. C A

rj|xa<; -no s

2. Observações morfológicas

a. Linha de flexão- Tem este pronome apenas uma série de formas ou linha

de flexão, que servem, a um tempo, a ambos os gêneros, masculi­nas ou femininas;

- É, pois, pronome uniforme no que respeita à flexão.

b. Padrão flexionai- Embora predominem no singular e no dual finais típicos

da 2- declinação, as formas do plural fogem à normatividade das declinações regulares, assumindo feição algo divergente, alheia a padrão específico ou estereotipado.

c. Tema- Não exibem as formas deste pronome tema único, regu­

lar, preciso, embora no singular e no plural se possa admitir a base €|x, naquele caso com espírito fraco, neste com espírito forte, longa a vogal inicial;

516

Page 528: Manual de Lingua Grega.vol.1

- No dual o tema é inteiramente diverso.

d. Formas- Não há formas explícitas de vocativo, como no artigo,

usado o nom. em seu lugar;- Nos casos oblíquos do singular aparecem duas formas,

uma dissilábica e tônica, outra monossilábica e átona; e- Divergem sensivelmente entre si as formas dos diferentes

números, como a procederem de três pronomes básicos e distintos.

e. Acentuação- As formas tônicas do singular têm todas espírito fraco, as

inflexões do plural levam todas o espírito forte, enquanto as átonas do singular e as formas do dual, não iniciadas por vogal ou ditongo, carecem do espírito;

- Têm as inflexões tônicas o acento sempre na última, ob­servando-se que é circunflexo, perispômenas as formas, no gen. sing., no gen. e dat. dual e em todo o plural: SETE inflexões; agudo, porém, em CINCO, formas oxítonas: nom., dat. e acus. sing., mais nom. e acus. dual;

- São inacentuadas, átonas, as TRÊS inflexões alternativas, monossilábicas, do singular (gen., dat. e acus.), enclíticas de nature­za, logo, havidas como acentuadas em função do termo que as pre­cede, imediato.

3. Gênero

- Estas formas pronominais são estritamente pessoais, restri­tas ao masculino e ao feminino. Logo, não há expressão neutra neste pronome.

\A-<sv(2 § p.)

1. Flexão

- Do pronome pessoal da 2- p., integrados como partes de

517

Page 529: Manual de Lingua Grega.vol.1

uma flexão única o singular, o dual e o plural, as formas ou infle­xões são:

NS. (TU -tuGS. crov ou crov - de tiDS. croí ou om - para tiAS. crê ou cre - te

ND. CTCpíó - vós (dois, duas)GD. orcpqiv - de vós (dois, duas)DD. acpcov - para i/ds (dois, duas)AD. CTCptó - vos (dois, duas)

NP.c A

vfxeiç - vósGP. VfAÍDV - de vósDP. VfJtlV - para vósAP. Vfxáç - vos

2 . Observações morfológicas

a. Linha de flexão

- Como se observou em relação a €706, é também este pro­nome uniforme do ponto de vista flexionai, constituído de uma sé­rie única de formas, comuns aos dois gêneros, masculinas ou femi­ninas;

b. Padrão flexionai

- Não se enquadram as inflexões deste pronome nos mol­des específicos de qualquer dos padrões declinacionais regulares, embora no singular e no dual sejam os finais, com leves exceções, os típicos da 2 - declinação;

- São as inflexões de cní perfeito paralelo às equivalentes de eyú), excetuada a forma do nom. sing., única em que o final é diferente;

518

Page 530: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Tema- Como em €700, não exibem as formas deste pronome te­

ma único, diferente para cada número, assim que no singular se re­duz a ç, no dual assume a forma do grupo acp, no plural se apre­senta como ft|x;

d. Formas- Como em €716, não há formas específicas do vocativo,

suprindo-lhes 0 lugar as inflexões nominativas;- No singular, como em eyá , têm os chamados casos oblí­

quos, ao lado das formas tônicas regulares, inflexões homógrafas átonas, alternativas;

- O ç temático das formas do singular representa abran­damento de t original, encontradiço em formas dialetais primitivas, a refletir, assim, direta afinidade para com o equivalente latino e português tu-, e

- Divergem assinaladamente entre si as formas dos dife­rentes números, como a provirem de três temas pronominais dis­tintos;

e. Acentuação- A acentuação é paralela à das formas de €706, de sorte

que é circunflexo no gen. sing., no gen. e dat. dual e em todas as in­flexões do plural, SETE inflexões perispômenas, agudo em CINCO: nom., dat. e acus. sing. e nom. e acus. dual; e

- As TRÊS formas átonas (gen., dat. e acus. sing.), não- acentuadas, alternativas, são enclíticas, associadas, prosodicamente, ao termo que as anteceda, imediato.

3. Relação- Os seguintes paralelos se podem enumerar entre as flexões

de €7 0 ) e onr

519

Page 531: Manual de Lingua Grega.vol.1

a. Desinências

- Completo paralelismo se observa quanto ao final de cada caso nos dois pronomes, exceção feita do nom. sing., único em que há diferença;

b. Alternativas

- Exibem os dois pronomes, nos mesmos casos, os oblí­quos do singular, formas tônicas e formas átonas, alternativas, es­tas de cunho monossilábico, enclíticas, a diferirem apenas quanto à inicial, na 1 - p. a nasal t>, na 2- a sibilante ç;

c. Dativo singular

- Em ambos os pronomes o ditongo oi, final do dat. sing., é havido por breve para fins de acentuação, donde acentuar-se oxi- tonamente, ao invés de perispomenamente: €|xol (não ê|xoi), om (não om); e

d. Plural

- As inflexões do plural só diferem entre si no tocante à vo­gal inicial, r\ nas formas do pronome da 1- p., v nas inflexões do pronome da 2- p.;

- Espírito (forte), finais e acentuação (circunflexo na última) são os mesmos em ambos os pronomes;

4. Gênero- Como se ponderou em relação às formas do pronome da 19

p., são estas inflexões do pronome da 2- p. estritamente pessoais, restritas ao masculino e ao feminino, alheia, pois, a expressão neu­tra;

- Portanto, não há formas para o neutro nestes dois prono­mes pessoais.

1.5 - avròç, aín-rj, avro (3§ p.)

520

Page 532: Manual de Lingua Grega.vol.1

1 . Especificação

- Não é otvróç, aim), «vto genuino pronome pessoal. Torna­ram-se obsoletas as formas do pronome da 3- p., passando a usar- se-lhes em lugar as inflexões correspondentes deste demonstrati­vo.

2 . Flexão- As formas de avrrj, cdjTÓ, demonstrativo usado como

pessoal, são:

Masculino Feminino NeutroTEMA DES.TEMA DES.TEMA DES.

NS. orírr oç outA

olvty0 - ele, ela

GS. avT 01) avrA *>avr 0\) - dele, dela

DS. olvt/V

olvtA.

OLVT tí> - lhe, a ele, a elaAS. airr óv avr irfv OLVT

/0 - 0 , a

ND. oivt (0 avr>*ã OLVT

/(0 - eles (dois), elas (duas)

GD. avr otv avr atv avr oív - deles (dois), delas

DD. a\n oív a v r aív£>

a v r oív(duas)

- lhes (a eles dois, a elas

d<oarr

/(0 avr

/

a OLVT/

(0duas)

- os (dois), as (duas)

NP. airr OL OCVT✓

a i OLVT/a - eles, elas

GP. avr CÚV avrA

(OV OLVT (OV - deles, delasDP.AP.

avravr

Ol<5OÚ<5

OLVTavr

a íçã ç

OLVToarr

o iç4OL

- lhes, a eles, a elas- os, as

3. Observações morfológicas

a. Linhas de flexão

- Diferentemente de £7 (0 e <ru, pronomes que exibem ape­nas uma série de inflexões, logo, uniformes, avTÓç, avnrf, cam> é triforme, possuindo três linhas de flexão, uma para cada gênero;

521

Page 533: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Padrão flexionai- Processa-se a flexão de outoç, cavrifj, avTÒ nos moldes tí­

picos dos adjetivos vocálicos triformes de radical não terminado por e, i ou p, exatamente como cryaOoç, tífyaBrj, cryaGóv, observa­das duas diferenças apenas:

(1) Não há formas específicas de vocativo; e(2) Nom. e acus. sing. neutro não têm a nasal final da desi­

nência, reduzida, portanto, à vogal o;- Seguem, pois, essas linhas de flexão:- No masculino: - a 2- declinação, masculinos;- No feminino: - a 2- classe da 1 - declinação, femininos; e- No neutro: - a 2- declinação, neutros;

c. Estrutura e formação

- Constam estas inflexões todas destes dois elementos bá­sicos de estruturação, em seqüência regular:

RAIZ + DESINÊNCIA;- O tema é, em todas as inflexões, sempre o mesmo, inva­

riável, cnrr;- As desinências, também, são as mesmas dos adjetivos

vocálicos triformes de radical não finalizado em e, t ou p, excluída forma específica de vocativo e, no neutro, supressa a nasal final da desinência do nom. e acus. sing. neutro;

d .Acentuação- Posicionai, posto na última na forma base (nom. sing.),

permanece o acento nesta sílaba em toda a flexão, invariavelmente;- Conforme se salientou em relação aos nomes das decli-

nações primeira e segunda, serão perispômenas as formas geniti­vas e dativas, oxítonas as demais, nominativas ou acusativas, inda quando longas;

- Logo, a acentuação destas inflexões pronominais é a mesma do adjetivo paradigmático, isto é, de oryaBóç, r\, ò:

- agudo - nas formas de nom. e acus.;- circunflexo - nas formas de gen. e dat.;

522

Page 534: Manual de Lingua Grega.vol.1

e. Gênero- Enquanto €706 e otj têm caráter estritamente pessoal, li­

mitados em aplicação aos gêneros masculino e feminino, orô—

tò<5, t), o é mais compreensivo, abrangendo também o neutro.

4. Tradução- Insistem os gramáticos, em geral, em que apenas os chama­

dos casos oblíquos se usam em função pessoal. Logo, não admitiria esta função o nominativo, jamais pessoal, apenas demonstrativo ou

intensivo;- Passagens há do Novo Testamento, entretanto, em que o

sentido pessoal é o que mais parece conformar-se ao teor da frase, de sorte que preferível será tomá-lo nesta acepção mesmo no caso nominativo;

- Destarte, em função pessoal, as inflexões de olutóç, Trç, ó se

traduzirão pelas formas apropriadas das variações pronominais da 3- p.: ele, ela, eles, elas; dele, dela, deles, delas; lhe, lhes; 0, a, os, as.

1.6 - Uso

1 . Formas nominativas- As inflexões verbais, mercê das próprias desinências, em

geral formas evoluídas ou reduzidas dos pronomes pessoais cor­respondentes, são de si suficientes para indicar o sujeito. Logo, não

se usa, via de regra, o pronome em nominativo para este fim;- Quando, pois, ocorre na sentença, explícita, a forma nomi­

nativa do pronome, é-o, normativamente, para fins de ênfase ou vi- videz de expressão, ou, então, se deve a peculiaridades estilísticas,

preferência e gosto do autor;- Ex. - -u|xei<; 8è oux ovtcoç efjux0€Te tòv Xpioróv - Mas, vós

não assim aprendestes a Cristo (Ef 4.201. A desinência tc , de si, basta para evidenciar que a forma do 29 aor. at. Ind. è|xa0€Te está na 2- p. pl., pelo que se traduzirá por: aprendestes, desnecessário o pro­nome sujeito claro. Usado, entretanto, o nominativo 'òfxets - vós

523

Page 535: Manual de Lingua Grega.vol.1

é-o, como se vê do contexto, para acentuar a ênfase de Paulo aos destinatários, os crentes de Éfeso, em vivido contraste com outros, pretensos discípulos de Cristo;

2. Formas àtonas

- Exibem os pronomes da 1- e 2- p. no singular, no gen., dat. e acus., a um tempo, formas tônicas, acentuadas, e formas átonas, enclíticas;

- Dessas formas, as átonas se empregam de preferência às tô­nicas, a não ser quando haja ênfase ao pronome ou seja ele regido de preposição, circunstâncias estas em que se impõe o uso das tô­nicas;

- Comum, entretanto, é em o Novo Testamento a ocorrência da forma átona |xe em conjunção com a preposição Tipos a antece­dê-la, o que também se dá com o genitivo átono fxou após os ad­

vérbios ou preposições impróprias e|XTrpoa0€v - antes de evcó— ttiov - em frente de - e ornara) - após, depois de;

- Exempios dessas normas vemo-los em:(1) f) moTtq cxou aeoxoKev a e - A tua fé te pôs curado (Lc

8.48). Não regidas de preposição, nem a receber notória ênfase, são átonas as duas inflexões do pronome pessoal da 2- p., cr ou e a e ,

usadas em vez das tônicas aoO e a e ;

(2) è|xo\ yap to £rja> XpiaW ç - Pois para mim o viver é Cris­to (Fp 1.21). Objeto de destacada ênfase, a assinalar Paulo que para ele, mesmo que o não fosse para outros, o viver se resumia em

Cristo, a inflexão pronominal usada é a tônica è(xoi - para mim não a enclítica, átona |xoi;

(3) ctcnraÇovTaí ae oE |xeT'e|xoí> TrávTeç - Saúdam-te os que estão comigo todos (Tt 3.15). Regida da preposição |xeTá, elidida, a inflexão pronominal é, normativamente, a tônica eixot) em vez da

átona |xov. Não enfática, nem preposicionada, ao pres. méd. Ind. aa-TTctÇovTai - saúdam - segue-se a forma enclítica ae - te - , não a

tônica ae; e(4) [xt] Ka)X'ueTe ocmá èX9étv irpos (xe - Não as impeçais de

524

Page 536: Manual de Lingua Grega.vol.1

virem a mim (Mt 19.14). Embora preposicionada, por tratar-se de irpoç, a inflexão pronominal é a átona jxe invés da tônica £|xe, parti­cularidade característica desta locução em que se associa à preposi­ção a forma enclítica, não a tônica, dissilábica, do pronome pessoal.

2. PRONOMES DEMONSTRATIVOS (AEIKTIKA I AN- TÍ1NYMIAI)

2.1 - Natureza- Pronomes demonstrativos (SeiKTiKOtl avTcovufjwai) são os

que se prestam a indicar a posição ou situação dos seres e objetos

em relação às diferentes pessoas gramaticais;

2.2 - Enumeração- Os pronomes demonstrativos típicos se podem considerar

estes:1. carros, oívtt), cojto - mesmo, mesma.2. oôe, y]he, tóôc - este, esta, isto.3. oírros, cojtt], Toíko - este, esta, isto.4. êicelvoç, eKeíviq, eKeivo - aquele, aquela, aquilo.

2.3 - carros, oonrí, avró

1. Morfologia e prosódia- Usado em função do pronome pessoal da 3§ p., tornado ob­

soleto, tratou-se da matéria referente a estrutura, flexão, particula­ridades morfológicas e acentuação deste demonstrativo na consi­deração dos pronomes pessoais na parte anterior deste capítulo

(seção 1.5);

2. Funções- Três funções, distintas e assinaladas, desempenham as for­

mas e inflexões de oruTÓç, onrrrí, otutó, a saber:a. Demonstrativa,

525

Page 537: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Intensiva, ec. Pessoal;- Distinguem-se estas funções pela posição em que na frase

aparece a forma em relação a outros termos, bem como pelo senti­do específico assumido no contexto;

3. Posições

a. Demonstrativo- Em função demonstrativa, aparecerão as inflexões deav—

toç, rj, o sempre em posição atributiva, isto é, se definida a cláusula, precedê-las-á o artigo, quer venham antes, quer venham depois do substantivo ou termo a que determinem;

b. Intensivo

- Em função intensiva, estará a inflexão de cruTÓç, t|, 6 sem­pre em posição predicativa, isto é, mesmo que definida a cláusula, não antecederá ao pronome a forma articular, quer se anteponha, quer se posponha ao substantivo ou termo determinado;

c. Pessoal- Em função pessoal, a forma de orírróç, ó ocorre em po­

sição autônoma ou isolada, não em relação adjuntiva, nem correlata a inflexão do artigo, ao contrário, em típica situação de pronome pessoal, como o evidenciará o próprio contexto.

4. Sentidos

- Diferentes acepções admitem as inflexões de avToç, r\, o, conforme a função em que se achem e a posição que ocupem;

- Em função demonstrativa traduzem-se por mesmo, mesma; em função intensiva por próprio, própria; em função pessoal por ele,

ela, lhe, o, a , isto é, atribui-se-lhes o sentido de pronome pessoal da3- p., traduzindo-se pela forma apropriada ao caso, gênero e nú­mero em que estejam.

526

Page 538: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. Síntese

- Graficamente, assim se pode a matéria sintetizar:FUNÇÁO POSIÇÃO SENTIDODemonstrativa Atributiva Mesmo, mesmaIntensiva Predicativa Próprio, própriaPessoal Autônoma Ele, ela

6. Exemplos

a. K a i 'irávTeç to ouro Trvev|xaTiKÒv eutov ttÓ|ju x - E todos beberam a mesma bebida espiritual (I Co 10.4).

- Anteposta ao substantivo TTOfjux - bebida - e precedida do artigo to, está a forma onuró em cláusula definida, em posição atri­butiva, em função demonstrativa, pelo que se tem de traduzir por MESMA;

b. tò ouro cppov€LT€ - Tende o mesmo pensar (II Co 13.11).- Embora não anteposto a substantivo ou equivalente na cláu­

sula, é ouro precedido do artigo to, de sorte que está em posição atributiva, logo, em função demonstrativa, donde dever-se traduzir por MESMO;

c. axrrà t<í ep7 a a ttoicü - As próprias obras que faço (Jo5.36).

- Está a inflexão ouro anteposta ao substantivo ep"ya - obras -, contudo, não precedida do artigo Ta, que, destarte, determina ao substantivo, não, porém, ao pronome;

- Cláusula definida, o artigo não a preceder à forma avrá , trata-se de posição predicativa, portanto, função intensiva, por isso a traduzir-se por PRÓPRIAS;

d. toutov T]0É\T|o-ev ó IlavXo*; ctw ccutco ê£e\0eív - A este quis Paulo que com ele partisse (At 16.3).

- A inflexão aimo, regida da preposição crvv - com - , não é nem precedida nem sucedida de forma articular ou substantiva, o que se não coaduna com as funções demonstrativa e intensiva, a requererem, respectivamente, as equivalentes posições atributiva e predicativa;

527

Page 539: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Por estes fatores e do próprio contexto, vê-se que avro) está em posição autônoma, em típica função de pronome pessoal, de­vendo-se assim traduzir: ELE.

2.4 - tiôe, r|ôe, Toôe

1. Flexão- As formas deste demonstrativo são:

Masculino Feminino NeutroART. PART.ART. PART.ART. PART.“ I T VZ} I Z | 7 | ^

NS. o GS. toÍ) DS. Tü>

AS. TÓv

ÔeSeôe

ôe

Cl

\TTjO-TT)

TT)V

ôeôeôe

ôe

/TOTOTJTOÍ

u

ôe - este, esta, isto ôe - deste, desta, disto ôe - para este, para esta,

para isto Ôe - este, esta, isto

ND. tíÓ

G D. toiv

DD. toiv

A D. to>

ôe

ôe

ôe

ôe

Ttú

TOLV

TOLV

TCÓ

ôe

ôe

ôe

ôe

TCd

TOIV

TOIV

Tíó

ôe - estes (dois), estas (duas)

ôe - destes (dois), destas (duas)

ôe - para estes (dois), para estas (duas)

ôe - estes (dois), estas (duas)

NP. o fGP. TCÜV DP. Totcr

AP. toúcr

ôeôeôe

ôe

et/OLlTCOVTaCa

TttO"

ôeÔeôe

ôe

TttTWVTOICT

T CL

ôe - estes, estas, isto ôe - destes, destas, disto ôe - para estes, para estas,

para isto ôe - estes, estas, isto

2. Estrutura e formação

- Constituem-se estas formas da inflexão do ARTIGO própria

528

Page 540: Manual de Lingua Grega.vol.1

a cada caso, mais a PARTÍCULA adverbial demonstrativa enclítica 8e, justapostas;

- Tal sendo a estrutura, variável o artigo, invariável a partícula 8e, para obter-se esta flexão, em qualquer de suas formas, bastará tomar-se a inflexão correspondente do artigo e aduzir-se-lhe a partícula, ajustando-se a acentuação nos quatro casos em que a forma do artigo é átona, proclítica, neste pronome tônica, acentua­da com agudo;

3. Unhas de flexão- Como o artigo, tem este demonstrativo três linhas específi­

cas de flexão, uma para cada gênero, o masculino e o neutro em função da declinação segunda, o feminino conforme a segunda classe de femininos da primeira declinação;

- Observe-se que, à maneira do artigo e dos demais demons­trativos, não há formas específicas de vocativo.

4. Acentuação- Inacentuada a partícula ôe, aliás, enclítica monossilábica, não

influi sobre a acentuação das inflexões em que a forma articular é tônica, inflexões que preservam, inalterada, a acentuação própria do artigo;

- Nas quatro inflexões (nom. sing. e plural do masculino e do

feminino) em que a forma articular não tem acento, proclítica, rece­be ela neste demonstrativo acento agudo, como convém à proclítica seguida de enclítica;

- Posto, desta sorte, na inflexão do artigo, está o acento em toda a flexão na penúltima, circunflexo no genitivo e dativo, agudo

nos demais casos;- Dado o fato de que o segundo componente (a partícula 8e) é

enclítico, as inflexões articulares que são acentuadas com agudo, inda que longas, não o terão convertido em circunflexo, exibindo, pois, penúltima longa paroxítona, não properispômena, em formas em que a última é breve; e

529

Page 541: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Esta peculiaridade prosódica se mostra em DOZE inflexões (nom. e acus. íem. sing.; nom. e acus. dual nos três gêneros, e nom. e acus. pl. masc. e fem.), em que é agudo o acento da penúltima longa, embora breve a última.

5. Tradução

- Refere-se este demonstrativo a elemento próximo, em rela­ção direta e íntima, eqüivalendo a este aqui, esta aqui, isto aqui;

- Traduzem-se, regularmente, as formas de oôe, ij8e, TÓôe pelas correspondentes de este, esta, isto, embora se tenha de atri­buir tradução semelhante às inflexões de oí)ros, ocÚtt), tovto, como se verá na seção próxima.

6. Uso através do Novo Testamento- Não é abundante através do Novo Testamento o uso deste

demonstrativo. Em verdade, é raro, porquanto somente DEZ ocorrências se lhe registram e estas em apenas QUATRO dos li­vros, OITO das quais na forma plural neutra raôe (At 21.11; Ap 2.1,8,12,18; 3.1,7,14), DUAS em casos outros (Lc 10.39 = ríjôe, dat. fem. sing., e Tg 4.13 = Tr vôe, acus. fem. sing.).

^ c A2.5 - outos, oárrq, touto

1. Flexão

- De ovros, av rri, tctuto, que, em contraposição a I k êl—

vos, eKeívT], ckcCvo , se conhece como DEMONSTRATIVO PRÓ­XIMO, porquanto se refere a ser ou objeto mais achegado, menos distante, as inflexões serão:

530

Page 542: Manual de Lingua Grega.vol.1

Masculino Feminino Neutro TEMA DES.TEMA DES.TEMA DES.

NS.GS.DS.

AS.

A

o u t

TOUT

TOUT

TOVT

OV

<?>

o v

íta v T

TOÍVT

TOttJT

t o i 5t

*1TIS

D

T|V

TOVT

TOVT

TOVT

TOVT

0

OV

(0L.

0

- este, esta, isto- deste, desta, disto- para este, para esta,

para isto- este, esta, isto

ND. TOUT (0 TO&T CO TOVT (0 - estes (dois), estas (duas)

GD. TOÓT o iv TOVT o iv TOVT OlV - destes (dois), destas (duas)

DD. TOVT 0LV TOVT OlV TOVT OlV - para estes (dois), para estas (duas)

AD. TOVT 0) TOVT CO TOVT CO - estes (dois), estas (duas)

NP. ot)T 01A

a v T a i TOíVT & - estes, estas, isto

GP. TOVT (OV TOVT (OV TO\)T COV - destes, destas, disto

DP. TOVT OIÇ TCtVT a iç TOVT OIÇ - para estes, para estas, para isto

AP. TOVT ovç TOíVT ãç TOÍVTu

a - estes, estas, isto

2. Estrutura- Compõem-se as inflexões deste demonstrativo de:RADICAL + DESINÊNCIA

3. Formação

a. Radical- O radical, porção que precede às desinências, é neste de­

monstrativo segmento variável, a assumir na flexão ora a forma orn­ou tovt , ora avr ou th vt ;

531

Page 543: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Desinências- As desinências são as típicas dos adjetivos chamados vo­

cálicos triformes de radical não finalizado em e, i, p, nas linhas do artigo, exceto quanto ao nom. masc. sing. no demonstrativo pre­sente a sibilante final da desinência, alheia à forma do artigo.

4. Observações morfológicas

a. Início

- Iniciam-se as inflexões deste demonstrativo, regular­mente, pela lingual t , menos em quatro das formas nominativas, em que a muda cedeu lugar ao espírito forte;

- Essas formas nominativas, no presente, se iniciam por ditongo:

- ov em se tratando do nom. sing. e pl. masc.;- av em se tratando do nom. sing. e pl. fem.;- Observe-se que as inflexões deste demonstrativo se ini­

ciam em estrito paralelo com as formas equivalentes do artigo: on­de no artigo ocorre t inicial, assim também no demonstrativo; onde tem o artigo iniciai vocálica, da mesma sorte o demonstrativo, a mesma vogal em ambos, menos na forma do fem. sing., por isso que no artigo é T], no demonstrativo a;

b. Penúltima

- Peculiaridade destas formas é que na penúltima ocorre o ditongo ov, sempre que na última se registra o som de o ou cog- natos; aparece o ditongo av, se a última exibe a ou T|, ou correlatos;

c. Padrão flexionai

- Acompanha este demonstrativo as linhas flexionais bási­cas do artigo, isto é, conforma-se ao padrão declinacional dos adje­tivos triformes vocálicos de radical não finalizado em e, i ou p, pa­drão de que difere, em paralelo com o artigo, nos seguintes pontos apenas:

532

Page 544: Manual de Lingua Grega.vol.1

(1) Não há formas específicas de vocativo;(2) No neutro não têm o nom. e o voc. sing. a nasal v final,

característica dessa flexão; e(3) No dual as formas do feminino se conformam às do

masculino e neutro, ao invés de seguirem linhas próprias, de sorte que a mesma forma serve aos três gêneros;

- Conforma-se, assim, este demonstrativo no masculino ao paradigma dos substantivos masculinos da 2- declinação, no femi­nino ao paradigma da 2- classe da 1- declinação (menos no dual) e no neutro ao paradigma dos neutros da 2- declinação, com a ligeira alteração assinalada para o nom. e acus. sing.

5. Acentuação- Pronome, o acento é posicionai, posto em todas as formas na

penúltima, sobre a segunda vogal do ditongo;- Ditongal, longa de natureza, portanto, é esta penúltima

acentuada com o circunflexo nas OITO formas em que a última é breve (nom. e acus. sing. masc. e neutro; nom. pl. dos três gêne­ros e acus. pl. neutro), com o agudo nas VINTE E OITO inflexões restantes, em que a última é também longa.

6. Relação- Do considerado, vê-se que tem ovtoç, otvnrç, tovto estreita

afinidade com o artigo ó, r|, to, evidenciada nos seguintes pontos:

a. Inicial- Iniciam-se-lhes as inflexões paralelas pela mesma letra, a

lingual t ou as vogais o e a, exceção feita apenas do nom. fem. sing. no artigo "t}, não a;

b. Espírito- Tanto no artigo quanto no demonstrativo os quatro casos

iniciados por vogal ou ditongo (nom. masc. e fem. sing. e pl.) são encimados pelo mesmo espírito, forte; e

533

Page 545: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Paralela é a flexão deste demonstrativo à do artigo, simi­lares em ambos os finais das formas correspondentes, com uma única diferença: no artigo o nom. sing. masc. se reduziu à vogal o, evanescido o ç terminal da desinência oç, presente no demonstrati­vo.

7. Posição

- Característica deste demonstrativo é aparecer sempre em posição predicativa, mesmo se a exercer função atributiva;

- Não vem, pois, precedido de artigo, que, portanto, antece­derá diretamente ao substantivo, não ao demonstrativo, venha-lhe este posposto ou anteposto;

- Casos, raros, há em que se omite o artigo, embora, de na­tureza, seja definida toda cláusula em que ocorra o demonstrativo;

- Ex. - ev to iç KXijxaai totjtois - nestas regiões (Rm 15.23). Não precede o artigo tò iç diretamente ao demonstrativo tov—

tolç , interposto entre ambos o substantivo ká.Í|xomti - regiões - , de ambos determinado. Está, pois, o demonstrativo em posição predi­cativa. A função, como o requer o próprio sentido, é, porém, atri­butiva. Poderia o demonstrativo vir antes do substantivo. Nesta cir­cunstância, pospor-se-lhe-ia o artigo e a seqüência ficaria sendo: Iv toutoiç Totç K\i|xaCTiv, inalterado o sentido;

- E de notar-se que em o Novo Testamento, a posposição do demonstrativo é três vezes mais freqüente que a anteposição. De

c* c I Afato, ocorrem as inflexões de outoç, oom], tovto 296 vezes em o Novo Testamento após o termo a que determinam, mas apenas 98 vezes antes.

8. Tradução

- Demonstrativo próximo, a enfocar objeto ou ser visto na perspectiva da pessoa que fala, é ovroç, avnrç, tovto praticamente sinônimo de o8e, T]8e, TÓÔe, tendo-lhe, pois, a mesma tradução: este, esta, isto;

c. Flexão

534

Page 546: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Entretanto, diferem, mesmo que sutilmente, estes dois de­monstrativos nos seguintes aspectos:

a. oi)to<5, oaírr], tovto expressa mais propriamente PROXIMI­DADE ou CONTIGÜIDADE, <i8e, líôe, TÓSe LOCALIZAÇÃO ou PO­SIÇÃO;

b. o-utoç, ctvTT|, tovto se refere ao que já se mencionou, oSe, Toôe ao que se está para mencionar; e

c. outos, oárrri, touto estabelece relação não tão íntima, direta e incisiva quanto o faz oôe, TÍôe, To8e;

- Passagens há em o Novo Testamento em que se reveste o uso deste pronome de acentuado tom de óbvio desprezo, ou mar­cante ironia, ou visível mordacidade, a transparecer do contexto (Mt 26.61,71; Mc 2.7; Lc 15.2,30; 18.11; Jo 6.42; 9.24; 12.34; At 5.28; 7.40; 19.26; 28.4).

9. Cognatos- F o rm a s p ro n o m in a is c o m p o s t a s , d a s q u a is é e s te d e m o n s ­

t ra t iv o u m d o s in te g ra n te s , o c o r r e m a t r a v é s do N o vo T e s t a m e n to ,

q u a is s e ja m :

a . t t |Á . ik 0u to s , T T ]\ iK ax rrr) , t t | X ik o v t o - tão grande, de tal por­

te, de tal monta, que tal;- É e s te c o m p o s to fo rm a in te n s iv a d e t t iX l k o ç , th, o v - tão

g rand e ;

- A p e n a s 4 v e z e s a p a re c e e s te c o r r e la t iv o em o N o v o T e s t a ­

m e n to (II C o 1.10; Hb 2.3; T g 3.4; A p 16.18);b. t o io u t o '5, t o i o ú t t i , t o io v t o (o u t o io v t o v ) - tal, que tal, de tal

sorte.- É f o rm a in te n s iv a d e t o l o ç , ã , o v - tal, qual;- N ad a m e n o s q u e 57 v e z e s a p a re c e n o s e s c r ito s n é o - te s ta -

m e n tá r io s ;

c . T o a o O ro ç , tocto ítjtti, T o a aÒ T o (ou t o c t o v t o v ) - tanto, tão

grande, de tal monta.- É fo rm a in te n s iv a d e TÒcroç, T|, o v - tanto;

535

Page 547: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Ocorre 19 vezes em o Novo Testamento;- Estes correlativos todos se flexionam nas linhas característi­

cas de outoç, com], touto quanto ao final, omitido sempre o t ini­cial deste componente, invariável a parte prefixada.

- Outro correlativo a mencionar-se é toloctôc, Toiaôe, toiovôc

- tal, tal como este, tal como se segue.

- Compõem-se as formas deste pronome das inflexões de Toíoç, ã, ov - tal, qual - e da partícula indeclinável, enclítica, 8e, su­fixada;

- Flexiona-se este correlativo nas linhas típicas dos adjetivos triformes vocálicos de tema em e, i, p, às inflexões regulares do pronome integrante aposta a partícula invariável;

- Apenas 1 vez se encontra este pronome em o Novo Testa­mento (II Pe 1.17).

2.6 - eKCLvoç, eKeívT], eKetvo

1. Flexão

- Deste pronome, que, em distinção deouroç, oívtt], touto, se conhece por demonstrativo remoto, visto que se refere a objeto ou ser mais distante, menos achegado, a flexão é:

536

Page 548: Manual de Lingua Grega.vol.1

Masculino Feminino NeutroTema Des.Tema Des.Tema Des.

NS.GS.DS.AS.

ètceív

I k c lv

I k c lv

€K€ IV

oç01)

COV-ov

éKClV

6K61V

c kc lv

€K€Í,v

'T|<5

T]V

€K€LV

èKCÍV

€K€LVO A€K€IV

o - aquele, aquela, aquilo ov - daquele, daquela, daquilo co - àquele, àquela, àquilo o - aquele, aquela, aquilo

ND. I k c Ív CO eKeiv CO} , 6K6LV co - aqueles (dois), aquelas

(duas)

GD.2 / €K€LV OLV €K€LV 01V €K€LV olv - daqueles (dois), daquelas

(duas)

DD.0 r6K61V otv I k ê Ív OLV 6KCLV olv - àqueles (dois), àquelas

(duas)

AD. 6K61V CO €K€LV CO 6KCLV co - aqueles (dois), aquelas (duas)

NP.> A€K€LV 01 ckccv a i €Ke iv à - aqueles, aquelas, aquilo

GP. 6K6LV cov c k c lv cov 6K6LV cov - daqueles, daquelas, da­quilo

DP. €K€LV olç 6K6LV a iç 6K6LV ols - àqueles, àquelas, àquilo

AP. €K€LV ouç 6K61V ã ç €K€LV à - aqueles, aquelas, aquilo

2. Estrutura- Constam as inflexões deste demonstrativo de: RADICAL + DESINÊNCIA

3. Formação

a. Radical- O radical, invariável neste pronome, o mesmo para todas

as formas, é a porção que precede às desinências, isto é, I k c iv ;

- Em cxutoç, oolrr], touto o radical se mostra variável, as­sumindo quatro formas: o vt , to v t , o ívt , tolvt ; em exeívoç, e K e i—

VT], CKeivo, em contraste, não varia, é sempre o mesmo, èiceiv;

537

Page 549: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Desinências

- As desinências neste demonstrativo são as mesmas, em? cf

paralelo, aplicadas na flexão de ovtoç, avrr], touto , logo, as típicas dos adjetivos triformes vocálicas de radical não finalizado em e, i

ou p, com três ligeiras diferenças:(1) Não há formas específicas de vocativo;(2) Nos casos nom. e acus. sing. neutro não subsiste o v fi­

nal próprio da desinência adjetiva; e(3) No dual a flexão feminina se processa em termos da

masculina, portanto, consoante a 2-, não a 1- declinação;

c. Padrão flexionai

- Do exposto, vê-se que a flexão deste demonstrativo se processa:

- No masculino, conforme a 2- declinação, substantivos masculinos, sem forma vocativa explícita;

- No feminino, de acordo com a 2- classe da 1- declinação, nomes femininos, sem forma vocativa, o dual em termos do mas­culino, isto é, da 2- declinação; e

- No neutro, consoante a 2- declinação, nomes neutros, nos casos nom. e acus. sing. apocopado o v final da desinência e omitida forma vocativa.

4. Acentuação- Quer em posição, quer em natureza, é a acentuação das for­

mas de eKeivoç, CKetinj, eKeívo exatamente a mesma aplicada às inflexões paralelas de outos, oo4ty}, touto;

- É, portanto, posicionai o acento destas formas, posto em to­das na penúltima, que, ditongal, daí, longa, o tem circunflexo nos OI­TO casos em que a última é breve (nom. e acus. sing. masc. e neu­tro; nom. pl. dos três gêneros e acus. pl. neutro), agudo nos VINTE E OITO restantes, porquanto a última é longa, também.

538

Page 550: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. Relação- T ê m o v t o s , otvTT|, t o v t o e e K e ív o s , eK e ív in , eKeívo em c o ­

m u m a d e s in en c ia ção e a a cen tu a ção , a s m e sm a s em am b o s , em

pe rfe ito p a ra le lo de f le x ão . Lo g o , d ife rem ap en a s q u an to ao rad ica l.

P o rtan to , co n h ec id a q u a lq u e r fo rm a de um d e sse s p ro n o m e s , o b ­

té m -s e a eq u iv a le n te do ou tro com ap en a s su b s t itu ir - se o rad ica l;

- S e g u e , po is , a f le x ão de e ic e ív o s , e x e iv r i , I k c Í v o , co m o sec/

o b se rvo u em re la ção a o v t o s , a v n q , t o v t o , a s lin h a s d e c lin a c io n a is

do a rt ig o , ex ce to em qu e tem o d em o n stra t ivo a s ib ila n te fina l da

d e s in ê n c ia do no m . s in g . m a sc ., au sen te no a rt ig o .

6. Posição- Tem, neste aspecto, eKeívos, eKeívTi, eKeivo a mesma pro­

priedade já assinalada em relação a o v t o s , a v r iq , t o v t o : aparecer sempre em posição predicativa, mesmo que seja atributiva a função;

- É , po is , ca ra c te r ís t ica d e ste s d o is d em o n stra t iv o s a não s e ­

rem p re ced id o s de a rt ig o d e te rm in an te , logo , ja m a is po sto s em p o ­

s ição a tr ib u tiv a , m e sm o qu e se ja e ssa a fu n ção em que se a ch em ;

- E x . - OTt T)T€ tcd K a ip w eKC ivo ) XpuTTOu - Porqueestáveis naquele tempo sem Cristo ( E f 2 .12 ): en qu an to o su b s tan tivo

Kaipo> está d e te rm in ad o pe lo a rt ig o t íd , o d em o n stra t ivo êiceivo ),

po sp o s to , não o e s tá , pe lo qu e se en co n tra em po s ição p red ica tiva ,

ap e sa r de s e r a tr ib u tiv a a fu n ção . M esm o que se an te p u se sse ao

su b s ta n t iv o , não o p re ced e ria o a rt ig o . T e r ia de s e r I k € ivco t íoA - A s A L

K a ip ú ), nao tcú e ice ivo ) K a ip íj) ;

- C o m o se dá com o d em o n stra t iv o p ró x im o o v t o ç , a v —

t t |, t o v t o , em o N ovo T e s ta m en to a p o sp o s ição de e K e i—

v o s , eK e ívT |, c k c Cv o , é d u a s v e ze s e m e ia m a is freq ü en te qu e a

an te p o s içã o , po r isso q u e 104 v e ze s vem após o su b s ta n tivo , a p en a s

40 v e ze s antes.

7. Tradução

- D em o n stra t ivo rem o to , a d e te rm in a r ob je to ou se r v is to na

p e rsp e c t iv a da p e sso a de quem se fa la , t ra d u z -se c k c c v o s , e K e t—

539

Page 551: Manual de Lingua Grega.vol.1

vt], eKeivo apropriadamente por aquele, aquela, aquilo;

- Não subsiste no grego demonstrativo intermédio, próprio da pessoa com quem se fala, função que, por isso, se tem de atribuir a eKeívoç, iKeiVr], eKeivo, donde, segundo o imponha o próprio contexto, ter-se, por vezes, de traduzir por esse, essa, isso;

- Mais de causar espécie é o uso de eKeívoç em frases em que se esperaria ovtoç, fruto da extrapolação do sentido. Nestas cir­cunstâncias, melhor lhe fica a tradução este, esta, isto;

- Exemplo deste uso extrapolado tem-se em cláusula tal como esta: I k€lvoç ôe UXeyev irepí tov vaov tov ató|xaToç avTov - ESTE , porém, falava acerca do santuário de seu corpo (Jo 2.21). Re- fere-se o evangelista a Jesus em contraposição aos judeus que dis­putavam com Ele. O demonstrativo próximo, oótoç, é que, eviden­temente, conviria ao caso. Entretanto, já que a referência próxima é aos opositores de Jesus, preferiu o autor o remoto eKeívoç. A tra­dução, a despeito do caráter do demonstrativo, ajustada, terá de ser este, não aquele. Aliás, nesta, como em outras passagens, preferível seria traduzir-se o demonstrativo em termos do pronome pessoal da 3- p., mais natural em sentido;

- Em certas passagens do Novo Testamento, como se obser­vou a respeito de ovtoç, avTT|, tovto, revestem-se as formas de eKeivos, eKeívrç, eKeivo de inegável tom de desprezo e ironia, mordaz, pejorativo, depreciante o sentido.

3. PRONOMES REFLEXIVOS (ANTANAKAA2TIKAI ANTONYMIAI)

3.1 - Natureza

- Os chamados pronomes reflexivos (ávTavaKÂ.aoTiKa\ avTcow|xíai) são formas compostas, sintéticas ou analíticas, que intensificam a expressão do pronome pessoal mediante a combina­ção desse pronome com forma demonstrativa adjuvante, a ação polarizada no próprio sujeito.

540

Page 552: Manual de Lingua Grega.vol.1

3.2 - Enumeração- Os pronomes reflexivos, enunciados à base do genitivo sin­

gular, porquanto lhes falece a forma nominativa, englobados o sin­gular e o plural, são:

1 - p. - e|xavToí>, ep.corrrj<s - de mim mesmo, de mim mesma;2 - p. - creoorroí», creoa;TTjç — de ti mesmo, de ti mesma;3 - p. - écorrov, ecarrrçs, ecarrov — dele mesmo, dela mesma.

3.3 - è|xcarrau, e|xcarrrjç

1 . Flexão- As formas do pronome reflexivo da 1- p. são:

MASCULINO FEMININOPess. Demons.Pess. Demons.

GSep, DS €|x

AS e|x

corroí)corra)

ccvtóv

9eu-

ep.

corri} ç - de mim mesmo, de mim mesma carrí| - para mim mesmo, para mim

mesmaoarrryv - a mim mesmo, a mim mesma

GPt||XCl>V gtutcov

|-M-> CA D ADP-rjfxiv avTotç

APT)|xàs avToúç

tj(xwv a-uTcov - de nós mesmos, de nós mes­mas

T)|xtv av ra iç - para nós mesmos, para nós mesmas

r|(xas carros - a nós mesmos, a nós mesmas

2. Observações morfológicas

a. Estrutura- Constam as formas deste reflexivo, sintéticas ou analíti­

cas, de:PRONOME PESSOAL + PRONOME DEMONSTRATIVO

541

Page 553: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Formação

(1) Pronome pessoal

- 0 pronome pessoal é, naturalmente, o da 1 - p., no sin­gular, formas sintéticas, a aparecer no acusativo singular tônico í \jà , que sofre elisão do e final e conseqüente perda do acento; no plural, inflexões analíticas, a assumir a forma própria de cada caso;

(2) Pronome demonstrativo- O demonstrativo é cdrro'<s, aí$Trj, carro - mesmo, mesma

flexionado regularmente nos diferentes casos, no singular unidoà inflexão do pronome pessoal, no plural dela separado;

c. Formas

(1) Nominativo e Vocativo

- Ocorre este reflexivo somente nos casos oblíquos, de sorte que não aparecem na flexão formas correspondentes ao no­minativo e ao vocativo. Daí, toma-se o gen. sing. como base de re­ferência e enunciação;

- Aparece, entretanto, o nominativo €700 precedido do demonstrativo auxiliar c a rro s em função tipicamente reflexiva (Rm 7.25; 9.3; 15.14; II Co 10.1-; 12.13), o que se dá, aliás, também com ' jjLeíç (Rm 8.23);

(2) Neutro

- Estritamente pessoal, não tem este reflexivo formas próprias do neutro, gênero a que é alheia esta modalidade relacio­nai;

(3) Dual

- Carece este reflexivo de formas explícitas de flexão dual, limitado, pois, ao singular e ao plural.

542

Page 554: Manual de Lingua Grega.vol.1

3. Acentuação

- No singular, formas sintéticas, a acentuação se processa em função do demonstrativo apenas, de sorte que são perispômenas as inflexões de gen. e dat., oxítonas as do acus.;

- No plural, formas enclíticas, acentuam-se ambos os ele­mentos formativos individualmente, perispômenos o pessoal nos três casos, e assim o demonstrativo no gen. e no dat., oxítono, po­rém, no acus.

4. Tradução- Traduzem-se estas formas em termos do reflexivo do por­

tuguês, em inteira consonância e equivalência.

3.4 - cremnoi), aeavrnç

1 . Flexão- Tem o pronome reflexivo da 2- p. a seguinte flexão:

MASCULINO FEMININOPess. Demons.Pess. Demons.j _ j ,

GScre■i......... ^corroí)

\cre

'CXVTTIÇ - de ti mesmo, de ti mesma

DS cre a v r ç cre OtVTTj - para ti mesmo, para ti mesma

AScxe awóv cre aUTT|V - a ti mesmo, a ti mesma

G P vixwv5 <■>

mncov VfJLWVo A

OCUTCúV - de vós mesmos, de vós mes­mas

DP v|xív avTÒis€ ^ V|XIV avT a íç - para vós mesmos, para vós

mesmasAPU|XOí<S

9 tavrovç

C /Sv|xaç

3 /oarraç

i- a vós mesmos, a vós mesmas

2 . Observações morfológicas

a. Estrutura-T em este reflexivo composição similar à do reflexivo da

543

Page 555: Manual de Lingua Grega.vol.1

1 - p., isto é, constam-lhe as inflexões de:PRONOME PESSOAL + PRONOME DEMONSTRATIVO

b. Formação

(1 ) Pronome pessoal- O pronome pessoal é o da 2 - p., nas inflexões do sin­

gular, sintéticas, sob a forma do acus. sing. tônico ôe, cujo acento se omite; nas inflexões do plural, analíticas, na forma própria de cada caso, distintamente;

- O demonstrativo é, como no reflexivo da 1 - p . , c o i ­

to »;, qtutt|, avTo - mesmo, mesma - , flexionado regularmente em

cada caso, no singular jungido à inflexão do pronome pessoal, no

plural dela separado;

c. Formas

(1 ) Nominativo e Vocativo- Como no reflexivo da 1 - p., somente os casos oblíquos

ocorrem, não havendo, portanto, inflexões específicas de nom. e voc. Por isso, também este se refere em termos do gen. sing.;

- Encontra-se, entretanto, o nominativo plural "uixeiç precedido do demonstrativo avroí em uso tipicamente reflexivo (Jo 3.28; I Ts 4.9);

(2 ) Neutro- À maneira de efxomToíi, eixcnrrrjç, reflexivo da 1- p., é

este reflexivo da 2 - p. aplicado apenas em relação a antecedentes pessoais, pelo que lhe falecem as formas do neutro;

(3) Dual- Também neste reflexivo, como em efxauTou, efJtoarríiç,

não subsistem formas-explícitas de flexão dual, constando, por isso, apenas das inflexões do singular e do plural;

544

Page 556: Manual de Lingua Grega.vol.1

(4) Contração

- A semelhança do que se verifica no singular do reflexi­vo da 1- p., em que se elide a vogal e do final do acusativo ejxe, po­de-se elidir, em todas as formas do singular do reflexivo da 2 - p., a vogal do acusativo 8e, resultando alternativas reduzidas ao lado das normativas extensas;

- Destarte, a flexão do singular, contrata, poderá tam­bém ser:

MASCULINO FEMININOPESS. DEM. PESS. DEM.

GS. <T OfUTOU cr carnesDS. <T COJTCOw cr out^AS. cr COJTOV a CtVTTJV

3. Acentuação- A acentuação deste reflexivo é paralela à de lixou—

tou , eixonrrnç, tanto em posição quanto em natureza;- No singular, sintéticas as formas, prevalece o acento do de­

monstrativo auxiliar, inacentuado o integrante pessoal, logo, são perispômenas as formas de gen. e dat., oxítonas as do acus.;

- No plural, analíticas as formas, acentuam-se, individual­mente, ambos os elementos formativos, sendo perispômenas todas as inflexões do pronome pessoal, nos três casos, e do demonstrati­vo as formas do gen. e dat., oxítonas as do acus. (avrouç, otuTotç);

4. Relação

- São e|xavTov, e|xca)Trjs e creavrou, «recorri]ç flexões intei­ramente paralelas no que respeita à forma do demonstrativo inte­grante e à acentuação, diferindo somente quanto ao componente pessoal. Todavia, mesmo as formas deste componente exibem real paralelismo, no plural distinguindo-se apenas pela vogal inicial (t| na p.,-u na 2 a-).

545

Page 557: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. Tradução

- A tradução deste reflexivo, como do anterior, se processa nos exatos moldes do correspondente do português; inteiras a con­sonância e equivalência.

3.5 - eavrou, eaurrjç, lavrou

. 1. Flexão- Do reflexivo da 3- p. a flexão é:

MASCULINO FEMININO NEUTRO Pes. Dem. Pes. Dem. Pes. Dem.

GS.eDS.e

AS.e

OfUTOU

OUTü)

oorrov

ce£e

ce

cnrrr|çOUTT|

avrrív

cece

ce

ourouavro)

u

ainó

- de si mesmo, de s i mesma- para s i mesmo, para si

mesma- a si mesmo, a si mesma

GP.è avTüjvce awcòv

ce airrwv - de si mesmos, de s i mes­

masDP.e OCUTOtS

£e corrais

ce auTÒiç - para si mesmos, para si

mesmasAP.e oruTaúç

ce

/airrãs

ce

via u ra - a si mesmos, a si mesmas

2. Observações morfológicas

a. Estrutura- Como os reflexivos da 1- e 2- p., compõem-se as formas

de coutou , eoarrT|ç, ècamn) de:PRONOME PESSOAL + PRONOME DEMONSTRATIVO

b. Formação

(1) Pronome pessoal- O pronome pessoal é o da 3- p., na forma primitiva

546

Page 558: Manual de Lingua Grega.vol.1

obsoleta e, que, ao contrário do que se verifica nos reflexivos da 1- e 2- p., não se limita às inflexões do singular apenas, ocorrendo também nas formas do plural, todas sintéticas;

(2) Pronome demonstrativo- O demonstrativo, comum aos três reflexivos, e na

mesma forma, é cojtoç, ocutt], avTÓ, devidamente flexionado, em

todas as inflexões justaposto ao integrante pessoal invariável;

c. Formas

(1) Nominativo e Vocativo- Como nos reflexivos da 1- e 2- p., faltam à flexão de

eavTou, lauTr^s, êcnrrov os chamados casos retos (nom. e voc.), de sorte que nos três pronomes só os oblíquos (gen., dat. e acus.) se empregam;

- Não havendo forma nominativa, referem-se estes re­flexivos em termos do gen. sing., forma base de enunciação e fle­xão;

(2) Neutro- Os reflexivos da 1- e 2- p. são pronomes estritamente

pessoais, pelo que não exibem flexão referente ao neutro. O refle­xivo da 3- p., por outro lado, não se restringe ao uso pessoal, re­portando-se, de igual modo, a seres, objetos e coisas, donde en- corporar também formas para o neutro;

(3) Dual- Faltam a este reflexivo, como aos demais, formas es­

pecíficas da flexão dual, donde concluir-se que os três pronomes desta classe só se declinam no singular e no plural;

(4) Plural- São no plural dos reflexivos da 1- e 2- p. analíticas as

547

Page 559: Manual de Lingua Grega.vol.1

formas, separados os pronomes componentes, cada flexionado se­gundo os moldes próprios do caso. No reflexivo da 3- são sintéticas as inflexões todas, o pronome pessoal aparecendo no plural, como no singular, sempre na forma invariável e de acus. sing.;

- Há, contudo, embora obsoletas, formas analíticas, es­pecificamente pessoais, análogas em estrutura e formação às equi­valentes dos relfexivos da 1- e 2- p., restritas ao masculino e ao fe­minino, a saber:

MASCULINO FEMININO PESS. DEM. PESS. DEM.

GP. CT<pü)V

DP. o x p ú riv

AP. CTcpâç

av T còv

aVTOLÇ

ai)TOÚ<5

crcpòv

cnp ícrivArrcpaç

a v T w v - de si mesmos, de si mesmas a v r a t ç - para si mesmos, para si mesmas a v r a ç - a si mesmos, a si mesmas

(5) Contração- A maneira das formas sintéticas dos reflexivos da 1? e

2- p., pode-se elidir o i do componente pessoal, passando-se-lhe o espírito forte para o ditongo av seqüente. Deste modo, têm-se, ao lado das extensas, alternativas reduzidas, que se distinguem das formas comuns do demonstrativo pelo fato de terem espírito forte;

- Portanto, a flexão do reflexivo da 3- p. se pode, ainda, apresentar nos seguintes moldes:

MASC. FEM. NEUT.GS. auTou DS. avTü)VAS. atnróv

avTT]saVTT)avTrfv

avTOÍ)aiiTO)avTÒ

- de si mesmo, de si mesma- para si mesmo, para si mesma- a si mesmo, a si mesma

GP. avTwv DP. auroíç AP. auTouç

avTcüvavTaíç

c -íavraç

avTíòvavTotsG ^avxa

- de si mesmos, de si mesmas- para s i mesmos, para si mesmas- a si mesmos, a si mesmas

3. Acentuação- Paralela é, em posição e natureza, a acentuação deste refle-

548

Page 560: Manual de Lingua Grega.vol.1

xivo à dos outros dois, €|juxvtov, e aeavrov, rjç, exceção feita dodat. pl. CTcpÍCTiv do integrante pessoal, acentuado na penúltima, agudo o acento;

- Nas formas sintéticas, extensas ou reduzidas, singular ou plural, acentuadas todas na última, ocorre o circunflexo nas infle­xões de gen. e dat., o agudo nas inflexões de acus.;

- Nas formas analíticas, é circunflexo o acento no gen. e acus. do integrante pessoal e no gen. e dat. do componente demonstrati­vo; agudo no dat. do integrante pessoal e no acus. do componente demonstrativo.

4. Relação

- Tem este reflexivo em comum com os dois outros:- a estrutura geral (pessoal + demonstrativo);- as formas do componente avrós; e- a acentuação (menos no dat. pl. analítico);- Deles difere em relação a:- o integrante pessoal;- a flexão neutra adicional;- as formas sintéticas do plural; e- a acentuação do dat. do integrante pessoal no plural analíti­

co.

5. Tradução- Como nos dois outros reflexivos, traduzem-se as inflexões

de lavrou, eavrrjç, êoarrov pelas equivalentes dessa modalidade pronominal no português, neste caso as formas do reflexivo da 3-

p-;- Em o Novo Testamento empregam-se, mormente no plu­

ral, as inflexões deste reflexivo da 3§ p. em lugar das correspon­dentes da 1- e 2-, traduzindo-se, pois, em função destes reflexivos, a despeito da forma;

- Gramáticos há que preferem tomar as inflexões do plural de ecamn), 'rçç, ov como normativas dos três reflexivos, que, destarte,

549

Page 561: Manual de Lingua Grega.vol.1

seriam todos iguais em forma na flexão do plural;- Em certas passagens o sentido real não é tanto o reflexivo

quanto o reciprocativo, cabendo traduzir-se em função deste, não daquele;

- Ilustrariam esta matéria os exemplos seguintes:a. aXX'Íva èoruroúç twtov ôw|xev -ufxív - para que, porém, a

nós mesmos vos demos por modelo (II Ts 3.9). 0 acus. pl. èa-uroúç do reflexivo da 3- p. está em lugar do correspondente Tjfxaç auToúç do reflexivo da 1- p., daí traduzido por a nós mesmos, não a si mesmos, que o seria, literalmente;

b. acp'eairroí) oi) t o w o Xéyeiç - isto dizes tu de ti mesmo? (Jo 18.34). A expressão regular seria olttò creavrov em lugar de ácp'éavTou. Todavia, a inflexão do reflexivo da 3- (kaxnov) aparece pelo singular correspondente do reflexivo da 2- (o-ecamru). A tradu­ção, porém, é em termos da 2- p., em função do contexto;

c. Kai eXe^ov Trpòç ecarráç - E diziam umas às outras (Mc 16.3). O acus. pl. eairráç, em acepção puramente reflexiva, dever- se-ia traduzir por: a si mesmas. Nesta passagem, entretanto, o sen­tido é evidentemente reciprocativo: as mulheres a falarem umas às outras, não consigo mesmas. Logo, a tradução que se impõe é a re- ciprocativa, não a reflexiva;

- O sentido reciprocativo é de preferir-se em umas quinze outras passagens do Novo Testamento, a saber: Mt 21.38; Mc 10.26; 12.7; Lc 20.5; 22.23; Jo 7.35; 12.19; I Co 6.7; Ef 4.32; 5.19; Cl 3.13,16; I Ts 5.13; I Pe 4.8,10;

- Monta a cerca de 67 a cifra de ocorrências em o Novo Tes­tamento de formas do reflexivo da 3- p. em função das equivalen­

tes da 1 - e 2- p., conforme o atestam as seguintes passagens:- Em lugar da 1ã p. pl.: At 23.14; Rm 8.23; 15.1; I Co 11.31; II

Co 1.9 (duas vezes); 3.1,5 (duas vezes); 4.2,5 (duas vezes); 5.12; 6.4; 7.1; 10.12,14; I Ts 2.8; II Ts 3.9; Hb 10.25,1 Jo 1.8, um total de 21 ca­sos;

- Em lugar da 2 - p. s.: Jo 18.34 e I Co 10.29, um montante de 2 vezes; e

550

Page 562: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Em lugar da 2- p. pl.: Mt 3.9; 23.31; 25.9; Mc 9.50; 13.9; 14.7; Lc 3.8; 12.1,33,57; 16.9; 17.3,14; 21.30,34; 22.17; 23.28; Jo 5.42; 6.53; 12.8; At 5.35; 13.46; 15.29; 20.28; Rm 6.11,13,16; 11.25; 12.16,19; I Co 6.19; II Co 7.11; 13.5 (três vezes); Fp 2.12; Hb 3.13; 10.34; Tg 1.22; 2.4; I Jo 5.21; II Jo 8; Jd 20.21, num todo de 44 ocorrências.

3.6 - Pontos comuns- Comuns aos três reflexivos são os seguintes pontos:

1. Formação- Consistem as inflexões destes reflexivos da justaposição do

demonstrativo oam>ç, o' ao pronome pessoa!, no singular formas sintéticas, no plural analíticas, naquelas o pessoal no acus. sing., o demonstrativo nos casos específicos, nestas ambos flexionados consoante os moldes de cada caso;

- O reflexivo da 3- p. tem no plural, ao lado das analíticas, ra­ras, as sintéticas, comuns, formação paralela ao singular (acus. sing. do pronome pessoal jungido à flexão específica de oomSç, r\, o);

2. Casos- Apenas os chamados casos oblíquos (gen., dat. e acus.) sub­

sistem na flexão normativa, ausentes os retos (nom. e voc.);

3. Gênero- Especificamente pessoais, limitam-se os reflexivos da 1- e 2-

p. ao masculino e ao feminino. Entretanto, o reflexivo da 3- admite, por extensão, a flexão adicional do neutro;

4. Número- Em nenhum dos reflexivos subsiste explícita a flexão típica

do dual, presentes apenas singular e plural;

5. Contração- A forma integrante do pronome pessoal sofre ou pode so­

frer, nas formas sintéticas, a contração da vogal, e, como 0 ditongo

551

Page 563: Manual de Lingua Grega.vol.1

av seqüente, resultando a elisão dessa vogal;

6. Acentuação- Em posição e natureza, com a só exceção da forma oxpúriv,

dat. pl. do pessoal da 3- p., uma e a mesma é a acentuação das in­flexões todas dos reflexivos;

7. Tradução- Traduzem-se estes reflexivos pelos exatos correspondentes

do português, em perfeita consistência e equivalência;

8. Demonstrativo- Assume o demonstrativo, em cada caso específico, a mesma

inflexão nos três reflexivos, que não divergem neste aspecto;- De notar-se é que o reflexivo da 3- p., em sua forma reduzi­

da, em que se elide o integrante e, permanecendo-lhe o espírito no ditongo seqüente, se faz semelhante ao demonstrativo avTÓç, av— Trj, avTÒ, nesses casos, distinguindo-se apenas no tocante ao espí­rito; fraco no demonstrativo, forte no reflexivo;

9. Afinidade

- Embora indiscutível afinidade haja de estruturação e forma entre esses três pronomes, mais estreito é o paralelismo entre os reflexivos da 1§ e T- p., apresentando o da 3 - aspectos que distin­guem ou distanciam um tanto dos outros dois.

4. PRONOME RECÍPROCATIVO (AMOIBAIA AN - TftNYMIAI)

4.1 - Natureza

- Recriprocativo é o pronome que expressa interação simultâ­nea, mutualidade de ação, ambivalência de relação.

4.2 - Flexão

- As formas deste pronome, que, de natureza, não ocorre no

552

Page 564: Manual de Lingua Grega.vol.1

singular, usado em o Novo Testamento não menos de uma centena de vezes, são:

MASCULINO FEMININO NEUTROTema Des Tema Des Tema t)es

GD.aXXT]X OlV àXXr|X a iv àXXr)X oiv - um do outro, uma da outraDD. ctXX-rjX OlV aXX-ríX a iv àXXrjX oiv - um para o outro, uma para a

aXXr|Xoutra

AD. àXXr|X ÍO ã àXXriX ío -um ao outro, uma à outra

GP. ótXXTfjX (í)V àXX-qX (OV àXXrjX tov - uns dos outros, umas das outras

DP. aXXT)X Oiç áXXriX a iç áXXinX 019 - uns para os outros, umas para as outras

AP. àXXr|X OU<5aXX^X ãç aXX^X á - uns aos outros, umas às outras

4.3 - Observações morfológicas

1. Estrutura- Constam as inflexões reciprocativas de:TEMA PRONOMINAL + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Tema- É o reciprocativo, na realidade, forma duplicada ou repe-

ticional do indefinido aXXoç, aXXr|, otXXo - outro, outra - , eqüiva­lendo, de modo geral, à seqüência aXXos ('rj, o) K a i aXXos (f\, o) - um e outro, uma e outra -, obviamente condensada na feição atual em aXX-rjX, por áXXaX, radical este que é o mesmo em todas as in­flexões;

b. Desinências- As desinências são as regulares dos adjetivos triformes

553

Page 565: Manual de Lingua Grega.vol.1

vocálicos, no masculino e no neutro em termos da 2- declinação, no feminino, já que o tema não termina em e, t, p, em função da 2- classe da 1 - declinação, feminina;

c. Formas

(1) Singular- Envolvendo dois ou mais elementos em interação,

natural é não exiba este reciprocativo formas puramente singulares. Daí, no clássico registravam-se-lhe apenas inflexões próprias do dual e do plural, em o Novo Testamento restritas às do plural, uma vez que lhe é estranho o dual;

(2) Nominativo e Vocativo

- À maneira dos reflexivos, limita-se o reciprocativo às inflexões dos casos oblíquos (gen., dat. e acus.), falecendo-lhes, pois, as formas nominativas e vocativas;

(3) Forma base

- Carecendo das formas nominativas e inexistindo-lhe o singular, refere-se este reciprocativo no clássico em termos do gen. dual (aXXr)Xoiv, aXXrjXaiv, aXXriXoiv), em o Novo Testamento à base do gen. pl. (àXXrjXcov, tov, wv).

4.4 - Acentuação

- Tem a forma do acus. pl. neutro o acento na antepenúltima, evidência de que proparoxítono deveria ser o nominativo virtual;

- Posicionai, dever-se-ia este acento manter, através da fle­xão, na mesma sílaba em que ocorreria na forma base primitiva;

- Desinências longas, não permitem continue o acento na an­tepenúltima, pelo que se desloca ele para a penúltima, agudo em todas as formas.

554

Page 566: Manual de Lingua Grega.vol.1

4.5 - Relação

- Relaciona-se o reciprocativo com os adjetivos triformes vo­cálicos .em que lhes tem as desinências específicas nos casos em que se flexiona;

- Mais direta é-lhe a relação, porém, com o indefinido a k— Xoç, tj, o, não somente no que respeita à estrutura, formação e flexão, mas ainda no que tange ao sentido.

4.6 - Tradução

- Traduzem-se as formas deste reciprocativo pelas locuções pronominais apropriadas do português, correspondentes em senti­do;

- A despeito da forma, nas expressões em que a interação é de elementos singularizados, poderá a tradução assumir essa fei­ção;

- Traduzem-se-lhe, pois, as formas por locuções singulares ou plurais, conforme o requeira o próprio contexto: UM DO OU­TRO, UMA DA OUTRA, UNS DOS OUTROS, UMA DAS OUTRAS, DE UM E OUTRO, DE UMA E OUTRA, DE UNS E OUTROS, DE UMAS E OUTRAS, e assim por diante.

5. PRONOMES POSSESSIVOS (KTHTIKAI ANTÍ1NY— MIAI)

5.1 - Natureza- Os chamados pronomes possessivos (ktt)tikoíi avTtow—

|xíca) são os pronomes que expressam as relações de pessoa, gê­nero e número, e caso entre o possuidor e o objeto possuído.

5.2 - Enumeração- Quatro pronomes possessivos específicos há, a saber:- Para a 1 - p. s.: efxo'»;, e(xr), i\xóv - meu, minha;- Para a 2- p. s.: cróç, ctt], crov - teu, tua;- Para a 1- p. pl.: fuxérepoç, rjixeTepã, Tifjtérepov - nosso,

Page 567: Manual de Lingua Grega.vol.1

nossa;- Para a 2- p. pl.: \)|JL€Tepoçf v|xeTepã, vixérepov- vosso, vos­

sa.

5.3 - Linhas de flexão- Flexionam-se estes possessivos todos nas linhas dos adjeti­

vos triformes vocálicos, logo:- o masculino, segundo os nomes da 2- declinação, masculi­

nos;- ç) feminino, conforme os femininos de tema longo da 1 - de­

clinação, 4sto é, da 1 - e 2- classes; e

- o neutro, consoante os neutros da 2- declinação.

5.4 - Padrão flexionai- Quanto à desinenciação e à acentuação, flexionam-se os

dois possessivos do singular (efxoç, eixi], e|xóv e otíç, or|, crov) nos exatos moldes do paradigma vocálico triforme cryaBóç, T), óv, dife­rente apenas o tema;

- De igual modo, tanto em matéria desinencial quanto no as­pecto prosódico, declinam-se os dois possessivos do plural (ruxe—

_ • O /Tepoç, a , ov e vixeTepoç, a , ov) nos exatos termos do paradigma

s ' C/vocálico triforme or/ioç, ot, ov, diferente apenas o tema ou radical;

\ — No feminino, seguem os possessivos do singular (êjJL-TQ, cnq) a flexão dos nomes da 2- classe da 1 - declinação, nomes em tj, uma vez que o tema não termina em e, i ou p;

- Os possessivos do plural, por sua vez, têm o feminino (iq{xeTepa, -u|xeTépã) flexionado conforme a 1 - classe da 1 ? declina­ção, nomes em ã , porquanto o tema lhes termina em p.

5.5 - Flexão

1 . ê|xóç, €|jit|, e|xóv - meu, minha

a. Estrutura

556

Page 568: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Constam as formas deste possessivo de:RADICAL + DESINÊNCIA

b. Formação

(1) Radical- O radical é ep-, derivado do tema do pronome pessoal

da 1- p. s., invariável em toda a flexão, sempre o mesmo em todas as formas;

(2) Desinências- As desinências, regulares, são as típicas dos adjetivos

triformes vocálicos de radical não terminado em e, i ou p, como em òr/cx0 — óç, oryaô — rj, a-yaS — óv;

c. Quadro- A flexão de ep,óç, ep/rj, ep.óv é, pois:

MASCULINO FEMININO NEUTRORAD. DES. RAD. DES. RAD. DES.

NS. èp, ós ep. TÍ ep, óvGS. êp.

AOI) èp.

AT|S ep,

AOU

DS. êp.A(0 êp,

A

TI èp,ACOb-

AS.o

€|X óv06 fX r\v k[X ov

VS. ep. € €fX ep, ov

MASCULINO FEMININO NEUTRO

RAD. DES. RAD. DES. RAD. DES.

ND. êp. (ó ép. ã ep, (0

GD. êp. oív èp, atv èp. OlV

DD. IfX OlV ép. a ív èp. OlV

AD.>e p .

/CO 6fX ã ep, CO

VD. €|X ÍO èp, ã ep. CO

557

Page 569: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASCULINO FEMININO NEUTRORAD. DES. RAD. DES. RAD. DES.

NP. 01•3e\x a í e . à

GP. k\x ó)V cov9e , cov

DP. €|A Ol<5 è|x a t ç eH> Ol<5AP.

De , OVÇ

?e[i a<;

0ep. a

VP. ejx 01 ey. a i €|X a

2. cróç, crr), oròv - teu, tua

a. Estrutura

- Como em ifióç, r\, óv, consistem as formas deste posses­sivo de:

RADICAL + DESINÊNCIA

b. Formação

(1) Radical

- Deste possessivo o radical, derivado do pronome pes­soal da 2- p. s. crií, é ç, invariável, em todas as inflexões o mesmo;

(2) Desinências

- As mesmas de e|xóç, e|xr|, e(xói>, as desinências neste possessivo da 2- p. s. são as específicas dos adjetivos triformes vo- cálicos, radical não finalizado por e, i ou p, como em aya0 — oç, crya0 — y\, <*7 a 0 — óv;

c. Quadro

- O quadro flexionai de croç, crrí, ctov é exatamente o mes­mo de efióç, êp/q, e^óv, trocado o grupo efx pela sibilante. Desi­nências e acento permanecem os mesmos, comuns a ambos os possessivos.

558

Page 570: Manual de Lingua Grega.vol.1

3. (xerepos, Tj|X€T€pã, ^[xeTepov - nosso, nossa

a. Estrutura- Como em ê|xos, rj, ov e ctoç, (nf, ctov, possessivos do sin­

gular, estruturam as formas deste possessivo da 1- p. pl. os dois elementos básicos, em seqüência:

RADICAL + DESINÊNCIA

b. Formação

(1) Radical- O radical deste possessivo, derivado do pronome pes­

soal correlato da 1- p. pl., ^p-ets, acrescido do incremento próprio dos comparativos Tep, é fj|xeTep, que não varia, em toda a flexão o

mesmo;

(2) Desinências- As desinências neste possessivo, regulares, são as típi­

cas dos adjetivos triformes vocálicos de tema finalizado por e ,i ou

p, como em cryi — os, oryí — ã, oryi — ov;

c. Quadro- O quadro de inflexões deste possessivo é, portanto:

MASCULINO RADICAL DES.

FEMININORADICAL DES.

NEUTRORADICAL DES.

NS. |X6Tep os |X€Tép á ^|x€Tep ov

GS. T)|XeT€p ov T]|A€T€p as "qixeTep ov

DS. Tj|xeTep 0) Tj|X€Tép a T|jxeTep (0uAS. ^(xeTep ov ^(xeTep ãv Tl|X€T€p ov

VS. rjfxeTep e 'nixeTep a iqixéTep ov

559

Page 571: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASCULINO RADICAL DES.

FEMININORADICAL DES.

NEUTRORADICAL DES.

ND. TuxeTep (0 TifxeTep à T||JieTÉp (0GD. TijxeTep OlV Tl(xeTep oav Tiixerep OLVDD. iHM-eTep OlV TiIxeTep aiv T||X€T€p OlVAD. (XCTép CO TruxcTep a TiixeTep (0VD. |X€T€p to TiixeTep ã iq^eTep CO

MASCULINO FEMININO NEUTRORADICAL DES. RADICAL DES. RADICAL DES.

NP. T)|X€T€p 01 fjlxeTep a i ^IxeTep KfaGP. ^IxeTep COV Tf||xeTep cov f||X€Tép covDP. TlixeTep oiç TiixeTep a is TqjxeTep OIÇAP. "TifxeTep auç T^xeTep aç Tj|XeT€p aVP. f)|xéTep OL [xeVep a i T |X€T€p a

4. "UfxeTepoç, •uixeTepa, v|xeTepov - vosso, vossa

a. Estrutura- Como nos demais possessivos, formadas são as inflexões

de 'u^eTepoç, ã, ov destes dois elementos constantes, em seqüên­

cia: RADICAL + DESINÊNCIA

b. Formação

(1) Radical

- Derivado do pronome pessoal correspondente da 2- p.pl„ acrescido do incremento característico das formas com­parativas, em geral, isto é, o final Tep, é o radical deste possessivo •ü|x€Tep, que não varia na flexão toda, constante, o mesmo em to­das as inflexões;

(2) Desinências

- Como em ^ixeTepoç, ã , ov, são as desinências deste

560

Page 572: Manual de Lingua Grega.vol.1

possessivo as típicas dos adjetivos triformes vocálicos de tema fina­lizado em e, i ou p, à base de oryi — o<5, oryi — à, &yi — ov;

c. Quadro- Como tem cróç, o^, crov as mesmas formas de Ifxóç, efxtí,

èfxóv, trocado o tema è|x por ct, assim é o quadro de inflexões o mesmo de T^xeTepoç, ã, ov, mudada a vogal inicial t) para “Ô. O res­tante do tema, as desinências e a acentuação são os mesmos nos dois possessivos;

5.6 - Acentuação- De natureza, pronomes que são, têm estes possessivos

acento posicionai, que deve permanecer na sílaba de origem quanto o permitam as leis da prosódia;

- Nos dois possessivos singulares, e|xos, t\, ov e aós, ctt], ctov,

está pósto na última na forma base, sílaba em que se conserva em toda a flexão, perispômenas as inflexões genitivas e dativas, oxítonas as demais (nominativas, acusativas e vocativas), consoante a pro­sódia dos nomes oxítonos da 1- e 2- declinações;

- Nos dois possessivos plurais, 'nixeTepoç, ã, ov e v|X€Tepoç, ã, ov, em cuja forma base está o acento na antepenúltima no masc. e no neutro, na penúltima no feminino, conserva-se na antepenúlti­ma nas inflexões em que a desinência é breve, desloca-se para a penúltima, nas formas em que é longa a desinência, no masculino e no neutro, enquanto no feminino continua na penúltima, breve, em todas as inflexões, excetuados o nom. e voc. pl., cuja acentuaçãosegue ao masculino, como é próprio dos ajetivos de cunho vocálico,tfato que se verifica, ainda, no gen. pl., por isso não perispômeno. E, pois, agudo o acento em todas as inflexões destes dois últimos pos­sessivos.

- Graficamente:

Modalidade Posição do acento Natureza do acento Singulares Última Circunflexo: gen. e dat.

Agudo: nom., acus. e voc.

561

Page 573: Manual de Lingua Grega.vol.1

Plurais Antepenúltima Agudo: masc. e neutros: final brevefem.: nom. e voc. pl.

Penúltima Agudo: masc. e neutros: final longofem.: sing., dual e gen., dat.

e acus. pl.

5.7 - Relação

- Relacionam-se estes possessivos com os pronomes pessoais correlatos em que lhes derivam o tema ou radical, assim:

- ejuís, r\, ov: o tema i|x provém do acus. sing. e|xé do pessoal da 1 - p. s.;

- oxís, i \ , ov: o tema s provém do radical de ov, pessoal da 2-p. s.;

- TifxeTepoç, ã , ov: o tema T||xeTep provém do radical Tj|xe, do

pessoal da 1- p. pl., acrescido do infi.xo Tep; e

- VfxeTepoç, 5 , ov: o tema vixexep provém do radical v|xe, do

pessoal da 2- p. pl., acrescido do infixo Tep;

- Relacionam-se entre si estes possessivos em que todos obe­decem ao padrão flexionai dos adjetivos triformes vocálicos, se bem que os singulares tenham maior afinidade um com o outro, ambos flexionados conforme os adjetivos de tema não finalizado em e, i ou p, e, de igual modo, os plurais, ambos flexionados se­gundo os adjetivos de tema finalizado em e, i, p;

- Desta sorte, enquanto €|xós, eixi , ê|xóv e o òs, cnq, aov têm estreita relação com o paradigma oryaOo , rf, óv, de que diferem somente quanto ao tema, têm-na T)|xeTepos, à, ov e v^xére— poç, a , ov com cryios, ã, ov, diferente apenas o tema;

- Difere a flexão de efxós, r|, ov da paralela de aos, arj, cróv somente no tocante ao radical ou tema: êfx num, a no outro; assim, também, rj|xeTepos, ã, ov e vfxeTepos, ã, ov, cujas formas apenas se distinguem quanto à vogal inicial, rj num, v no outro, o mesmo, porém, o espírito, forte em ambos;

- Formas há do possessivo similares às equivalentes do pes-

562

Page 574: Manual de Lingua Grega.vol.1

soai correlato. É o que se vê quanto a:- efxoí): gen. sing. masc. e neutro do possessivo = gen. sing.

do pessoal da 1- p. s.;- €|xoí: nom. e voc. pl. masc. do possessivo = dat. sing. do

pessoal da 1 - p. s.;- è|xe: voc. sing. masc. do possessivo = acus. sing. do pessoal

da 1?;

- orou: gen. sing. masc. e neutro do possessivo = gen. sing. tô­nico do pessoal da 2- p. s.;

- om: nom. e voc. pl. masc. do possessivo = dat. sing. do pes­soal da 2- p. s.; e

- oré: voc. sing. masc. do possessivo = acus. sing. do pessoal da 2- p. s.

5.8 - Posição

- Quanto ao posicionamento, comportam-se os possessivos como os adjetivos em geral, isto é, salvo se em função predicativa, aparecerão nas cláusulas definidas sempre em posição atributiva, portanto, precedidos de artigo;

- Exemplo: o Kotipoç ó Ifxoç ovttco Trapeoriv — O meu tempo ainda não é chegado (Jo 7.6). Precede ao substantivo Kaipóç - tempoc *- o artigo o - o. E, pois, definida a cláusula. Posposto eo substanti­vo está o possessivo l|xo'ç - meu - , a que também antecede o artigoo, repetido, logo, em evidente posição atributiva. Anteposto ao substantivo, o possessivo seria menos enfático.

5.9 - Tradução- Correspondem estes possessivos aos correlatos do portu­

guês, donde traduzir-se-lhes, em inteira equivalência, como tais.

5.10 - Concordância- Ambivalente é a concordância do possessivo, por isso que,

de um lado, se refere ao possuidor, de outro, ao elemento possuí­

do;

563

Page 575: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Com o possuidor concorda quanto à pessoa, com o elemento possuído concorda em gênero, número e caso;

- Ex. oí ôè om |xa0T]Tai ov vticttevowiv - Mas, os discípulos teus não jejuam? (Mc 2.18).

- O possessivo om - teus - reporta-se, no contexto, ao inter­locutor a quem se dirige e pergunta, ^ItictoÍç, que recebe o trata­mento da 2- p. s., pelo que assume o possessivo, concordante- mente, a forma possessiva desta pessoa;

- Por outro lado, está o possessivo om no masculino, plural, nominativo, em direta concordância com o substantivo |xa0inTca - discípulos - , elemento possuído, com que, portanto, está a concor­dar em gênero, número e caso;

- Se, em vez de fxa0T]Taí - discípulos - , outro fosse o termo, tal ôoúXt] - escrava - , assumiria o possessivo a forma crrj, precedi­da do artigo 'q (2- p. s., mas em nom. fem. sing.), ou 'yuvaÍKeç - mulheres - , tornar-se-ia om a forma possessiva (2- p. s., em nom. fem. pl.);

- Se a pessoa fosse a 1- s., a referência a discípulos meus, a forma do possessivo seria i|xoí (1- p. s., em nom. pl. masc.), se a 1ã p. pl., discípulos nossos, rnxeTepoi seria a forma do possessivo (1- p. pl., nom. masc. pl.), se a 2- p. pl., discípulos vossos, apareceria i)|xeTepoi (2- p. pl., nom. masc. pl.).

5.11 -3 - pessoa

- Obsoleto se fez o pronome pessoal da 3- p., pelo que se lhe passaram as funções ao demonstrativo aiJTÒç, avrrj, eturo. De igual modo, não subsiste pronome possessivo específico da 3- p., seja singular, seja plural, expressando-se a relação possessiva, dentre outras maneiras, principalmente pela forma genitiva do demons­trativo personalizado, isto é, por avrov (dele), can-iqç (dela), avnov (deles, delas);

- Ex. ev Taíç ^ixèpcaç atrrrjç - nos dias dela (Lc 1.18). Está o demonstrativo ovtt|<;, forma equivalente ao genitivo singular femi-

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nino do pronome pessoal da 3- p., em função tipicamente possessi­va, podendo-se, a um tempo, traduzir por dela (pessoal) ou seus (possessivo). Eqüivale, pois, o demonstrativo ao inexistentepossessivo da 3- p., cuja função representa e em termos do qual se pode apropriadamente traduzir;

- Forma pessoal, concorda apenas com o possuidor, na frase o antecedente yuvr) - mulher (de Zacarias), de que recebe o gênero (feminino), o número (singular) e a pessoa (3-). O caso (genitivo) é fixo, determinado pela função sintática;

- Fosse o antecedente forma da 3- p. ms., outoO seria a infle­xão do demonstrativo; fosse da 3- p. pl. masc. ou 3- p. pl. fem. se­ria, evidentemente, odrr&v, mantido sempre o caso genitivo, ajusta­das as variações de gênero, número e pessoa.

6. RELAÇÃO DE POSSE

6.1 - Modalidades

- CINCO maneiras distintas há de expressar-se a relação de posse no grego, a saber:

1. Genitivo regular;2. Genitivo do pronome pessoal;3. Pronome possessivo;

4. Verbo exw; e5. Verbo et|xu

6.2 - Genitivo regular

- Em tratando-se de frases em que os termos relacionados são substantivos, a maneira mais natural e comum de expressar-se o possuidor é pela forma do genitivo do substantivo que o repre­senta, a assumir, destarte, o teor de adjunto adnominal do termo qualificado, que exprime o objeto possuído;

- Ex. oí thrr]peTai twv 5 Iouôaicov - Os serviçais dos judeus - (Jo 18.12): o possuidor, twv 3 IovÔcacov - dos judeus -, substantivo articulado, está em genitivo, em função de adjunto adnominal do

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nominativo definido ol -mr^péTai - os serviçais, elemento possuí­do. E a relação de posse expressa em termos do substantivo em genitivo;

6.3 - Genitivo do pronome pessoal

- Assaz abundante é através do Novo Testamento esta moda­lidade, preferida quando o possuidor se expressa em função de pronome pessoal. Aparece este sempre no genitivo, a determinar ao elemento possuído, que assume a forma e caso que a função impuser;

- Ex. -TT-poç tovç TTQtTepas vfjuov - aos vossos pais (At 28.25):o possuidor expressa-o o pronome pessoal vpxov, literalmente, de vós, em genitivo, a determinar ao substantivo mrrepas - pais o elemento possuído. Corresponde o pessoal v|xü)v ao possessivo vfxeTepovç, que, a concordar com -iraTepaç em gênero (masculino), número (plural) e caso (acusativo), se traduz por vossos. É, pois, tí­pico exemplo da relação de posse expressa pelo genitivo do pro­nome pessoal;

6.4 - Pronome possessivo

- Mais natural e simples, quando o possuidor se mostra em forma pronominal, é o uso do pronome possessivo adjunto, em po­sição atributiva, a concordar com o antecedente em pessoa, com o objeto possuído em gênero, número e caso;

- Ex. T| |xèv euôoKia tt)ç Kapôíaç - Mas, o beneplácitode meu coração (Rm 10.1): o possessivo em posição atributi­va, expressa o possuidor (Paulo), na forma da 1§ p., ao mesmo tempo que determina ao objeto possuído (Kapôíaç - do coração), com que está a concordar em gênero (feminino), número (singular) e caso (genitivo). É a relação de posse expressa mediante o prono­me possessivo;

- Em o Novo Testamento não é freqüente esta modalidade. Todavia, reveste-se, normalmente, de acentuada ênfase, explícita, de modo mais direto, nos dois pronomes do plural (TjiJieTe—

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poç, ã , ov e v(xérepo<;, ã , ov), que exibem, mercê do sufixo Te— poç, ã , ov, a característica formação de comparativo, de que ênfase e contraste avultam como noções básicas.

6.5 - Verbo ex<*> - ter- Expressar-se pode a relação possessiva mediante verbo

apropriado, sobressaindo neste uso ex^ - ter. É a chamada FORMA ATIVA. O possuidor é representado pelo sujeito, o elemento pos­suído, já que o verbo é transitivo, expressa-se na forma de objeto direto;

- Ex. r||xei<; ôe vow Xpiorov exo|xev - Nós, porém, temos mentalidade de Cristo (I Co 2.16): o pres. at. Ind. 4'xofxev - temos -

expressa a relação de posse, o possuidor, Tjixeíç - nós - , nominati­vo, enfático, na função de sujeito, o objeto possuído, vow - mentali­dade - , nome em acusativo, na forma do objeto direto;

6.6 - Verbo e lp i

- Expressa-se ainda a relação de posse mediante formas do verbo eí|xí - ser - , em cláusula em que o elemento possuído assu­me a função de sujeito, em nominativo quando é finita a forma ver­bal, o possuidor a aparecer no dativo não preposicionado, como objeto indireto, donde chamar-se esta modalidade DATIVO DE POSSE, construção idêntica à do latim;

- Pode-se conceber esta modalidade como conversão da FORMA ATIVA, substituindo-se a inflexão de ex<*> pela correspon­dente de €i|xí, passando o objeto direto daquele a funcionar como sujeito deste e, de igual modo, transformado o sujeito do primeiro em objeto indireto do segundo;

- Destarte, a cláusula r^xeis ôè vow Xpioroí) exo|xev, passa­da da forma ativa ao dativo de posse, far-se-ia vovs ôè XpicrTou r\viv eoriv, o sujeito da ativa, inixeiç, nominativo, mudado, como objeto indireto, em Tijuv, dativo não preposicionado, enquanto vow, objeto direto da ativa, agora a funcionar como sujeito, se pas­sou do acusativo para o nominativo, vovç;

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- Portanto, no dativo de posse, o possuidor aparece como

objeto indireto, enquanto o objeto possuído é o sujeito;- Ex. Kai ouk fjv avToiç tckvov - E não tinham eles filho (Lc

1.7): a tradução literal seria: e não era para eles filho - , a preservar a estrutura original, em que tckvov - filho - é sujeito e outoÍç - para eles - é o objeto indireto. Transpondo-se para a forma ativa, ao esta-

tivo íp - era - corresponde o ativo eíxov - tinham - , ao dativo otv— Toi<; - para eles - o nominativo atnm — eles - , como possuidor, e

ao nominativo tckvov - filho - , objeto possuído, o acusativo homó- grafo;

- Além de ei|xi, podem também funcionar como verbos lia- mes nesta modalidade fraseológica ínrápxw - existir, subsistir, se r- e 7 ivofxai - tornar-se, vira ser.

7. CRASE

7.1 - Natureza- Afim à elisão, é a CRASE (Kpâaiç, Kpáaetoç, "q - mistura, fu­

são - , do verbo Kepávvu|xi - misturar, fundir), fusão de dois vocá­bulos sucessivos que se passam a grafar como se foram uma pala­vra só, mercê da alteração da seqüência vocálica ou da contração de vogais contíguas. E o resultado do encontro de dois termos, o pri­meiro finalizado por vogal ou ditongo e o segundo assim iniciado;

- Marca-se a crase pela conservação do espírito do segundo termo a encimar a vogal ou ditongo resultante do encontro, sinal que, neste caso, se designa de corônis (Kopcovúç, Kopwvíôoç, T| - gancho, traço recurvado no final de capítulo ou tomo);

7.2 - Elementos- O primeiro termo na crase é, geralmente:- ou forma do artigo;

- ou forma do pronome relativo simples (próprio do clássico, estranho ao coiné do Novo Testamento);

- ou a conjunção Kai.

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- 0 segundo termo é, dentre outros:- ou fo rm a do p ro n o m e p e sso a l da 1- p. s .;

- ou fo rm a do s d e m o n s tra t iv o s o u t o ç , f j , ó e e K e iv o ç , t ] , o;

- ou inflexão do indefinido otXXoç, t |, o ;

- ou advérbio, tais ckeC - aqui, ali - e evavríov - em frente, ao contrário-,

- ou, mesmo, substantivo ou adjetivo.

7 .3 - Acentuação

- Omite-se o acento do primeiro termo, prevalecendo, assim, regularmente, o do segundo.

7 .4 - Exemplos

1. Tow o fjux 3 IcooTicp - José, o nome (M t 27 .57 ): T c n W |x a é

fo rm a re su lta n te da c ra se da in f le xão t o do a rt ig o seg u id a do

su b s ta n t iv o o vo |x a , fu n d id a s as v o g a is c o n t íg u a s , o f in a l do a rt ig o

e o in ic ia l do su b s ta n t iv o , re su lta n d o o d ito ng o ou , a q u e e n c im a o

co rô n is .

- P o rtan to , Tò v vo |xa po r tò o vo fxa ;

2 . T o w a v T io v ôè e iO u ryauvTeç — Ao contrário, porém, bendizen­do (I Pe 3 .9 ): é T o u v a v T Ío v a re su lta n te da c ra se da in f le xão t o do

a rt ig o seg u id a do ad v é rb io e v a v T io v , c o n tra íd a s a vo g a l o fina l do

a rt ig o e o e in ic ia l do ad v é rb io , p ro d u z in d o : se o d ito ng o ou , a qu e

en c im a o e sp ír ito do a d v é rb io , d ito co rô n is .

- L o g o , T o w a v T io v po r to e v a v T io v ;

3 . K0Í.K6 LV0 V à '7T€KT€ ivav — É a este (aquele) mataram (M c 12.5):

re su lta a fo rm a K a K e iv o v da c ra s e da co n ju n çã o Koa e do d e m o n s ­

tra t ivo rem o to e K e iv o v (aqu i m e lh o r tra d u z id o pe lo p ró x im o este), m ercê da su p re s s ã o do i fin a l da co n ju n ção e do e in ic ia l do d e ­

m o n stra t iv o , fa to a s s in a la d o pe lo co rô n is po sto so b re o a s u b s is ­

ten te .

- D a í, K a K e iv o v em ve z de K a i eK e tvo v .

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4. Ktry“ a^airrícrco a-urov - E eu o amarei (Jo 14.21): provém a

forma Koryoó de crase da conjunção kqií e do nominativo do prono­

me pessoal iyó), em que se suprimem o i final da conjunção eo e inicial do pronome, fato que do corônis se assinala.

- Conseqüentemente, Kcryco em lugar de «a í eya).

8. VOCABULÁRIO

251. otKáGapToç, ov. Adjetivo biforme vocálico - Impuro, imun­do, indecente, vil, mesquinho.

252. aXXríXcav, wv, wv. Pronome reciprocativo, triforme - Um do outro, uns dos outros, de um e outro, de uns e outros.

253. ctTro8iopí£ío, àiroSiopícrco, aTreSiópicrá, am )8e8iópi—

Ka, airo8e8iopia|xai, onreôiopuxOriv. Composto da preposição à iro - de - e do verbo ôiopíÇco (ôiá - através de - e òpí£a> - limitar)- estabelecer fronteiras = Separar, distanciar, fazer distinção, criar bar­reiras.

254. acrrráÇofxai, aamkrofxca, T)a7Taact(XTiv,___ , ria-rrao—|xai, T|aTráCT0Tiv - Saudar, cumprimentar, dar boas vindas, abraçar, prestar respeitos, congratular.

255. ctUToç, cakrj, airró.- Pronome demonstrativo: o mesmo, a mesma,- Pronome intensivo: o próprio, a própria,- Pronome pessoal: ele, ela.256. páWío, f3a\(o, e(3a\ov, (BepXiiKa, p e^ X ^ a i, epXr)0T|v-

Atirar, lançar, arremessar, precipitar, derramar, deitar, colocar, deposi­tar, avançar.

257. ôiôáxTÍ, % , T) - Ensino, instrução, doutrina, doutrinação.

258. 8utto(xo<s, ov. Adjetivo de cunho vocálico, biforme, com­posto do numeral adverbial 8iç - duas vezes, duplo - e do substan­

tivo adjetivificado crró|xá, ctt6|x(xtos, to - boca - Bigume, bifronte, de duas bocas ou faces.

259. ecorroí), eceurfjç, eavTov. Pronome reflexivo da 3- p.- Dele mesmo, dela mesma; dele próprio, dela própria.

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260. e^w. Pronome pessoal da 1 - p. s. - Eu.261. eKeívoç, eKeívirç, ckccvo. Pronome demonstrativo remoto

- Aquele, aquela, aquilo; esse, essa, isso .262. èKÁ.€KTÓç, éKXeKTT), I kXcktov - Seleto, escolhido, eleito,

aprovado, precioso.

263. ejJKXuroij, eixavrnç. Pronome reflexivo da 1- p. - De mim mesmo(a); de mim próprio(a).

264. e|xò<;, e|a/rí, è(xóv. Possessivo da 1 - p. s. - Meu, minha.265. e£w. Advérbio ou preposição imprópria, seguido de geni­

tivo - Fora, exterior, do lado de fora.266. eCT0íw ou ecrGci), eSo|xai ou cpóryofiai, e<pa70V, e8x|8o—

kíx, €§T)8o(JLai ou e8T(8ea(xai, T)8ea0T|v - Comer, consumir, nutrir- se, alimentar-se, devorar.

267. fixe is . Pronome pessoal da 1- p. p\.-Nós.268. TjixeTepoç, f||xeTepã, ^ixeTepov. Possessivo da p. pl.

- Nosso, nossa.269. tXaajxóç, ou, o - Propiciação, satisfação, sacrifício expiató­

rio, expi ação.270. Ka0túç. Advérbio de modo (composto da preposição

«a ra - conforme - e da conjunção <Sç - como) - Assim, assim como, conforme, segundo, consoante, tanto quanto, de conformidade com.

271. KaXóç, KaXrj, KaXov - Belo, formoso, lindo, nobre, bom, ex­celente, digno, proveitoso, útil.

272. KaTep7a^o|xai, KaTep7ácro[xai, KaTeip7aaa|xr)v,

KaTeíp7aCTfJLai, KaTetp7ácr0,riv. Verbo composto da preposição KaTct, intensiva, e do simples ep7a£o|xai - laborar - Levar a cabo, operar, efetuar, realizar, produzir, consumar, executar, fazer.

273. Kpífxa, Kpí|xaTo<;, t o - Sentença, acórdão, veredicto, juízo, decisão judicial, condenação.

21 A. vaóç, vaaü, o - Nave, santuário, templo.275. o8e, T)8e, TÓ8e. Pronome demonstrativo, composto do ar­

tigo o, r|, to, mais a partícula intensiva enclítica 8e - Este, esta, isto.276. oÍKoSofjiin, oiko8o|xtis, t\ - Edifício, construção, prédio, edi­

ficação.

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277. oXos, oXt], oXov. Adjetivo, usado, como os demonstrati­vos ovros, oívtt), tovto e eKeivos, eKeivT], Í kcÍ vo, em posição pre- dicativa, embora em função atributiva - Inteiro, total, todo, completo, integral.

278. ovros, oívtt}, tovto. Pronome demonstrativo próximo- Este, esta, isto.

279. mvto, mofxai ou movfjuxi, emov, 'ireTTíOKa, TTeiro— fxai, ÍttÓGttiv - Beber, sorver, tomar, embeber-se, abeberar-se.

280. irpopaTov, irpoPotTov, to - Ovelha.281. tttcd)(Ós , 'tttcoxtÍ, tttcoxov - Pobre, necessitado, indigente,

mendigo.

282. pofxcpaiã, pofxcpaíãs, r\ - Espada, gládio, cutelo, angústia, guerra.

283. crós, orrí, aòv. Pronome possessivo da 2- p. s. - Teu, tua.284. <nr€p|xá, CT-rrepixaTos, to - Semente, descendente, progê-

nie, prole, posteridade, produto, remanescente.

285. oTpoiTKúTTjs, orpaTUOTov, o Soldado, miliciano, militar.286. ctv. Pronome pessoal da 2- p. s. - Tu.287. v(xeís. Pronome pessoal da 2- p. pl. - Vós.288. vjxeTepos, v|xeTépã, v|xeTepov. Pronome possessivo da

2 - p. pl. - l/osso, vossa.289. vtto. Preposição.- Seguida de genitivo - sob, debaixo, abaixo, por.- Seguida de dativo - por sob, embaixo, em.- Seguida de acusativo - para debaixo de, para baixo, sob, em

tempo de.

9. EXERCÍCIO

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:121. kqw eXe7ev avTois ev tt| ô iSaxU avTov aKOveTe (Mc

4.2-3). L L

122. |xti to 0eXTifxcí fxov àXXà tò aòv 7 ivea-0ü> (Lc 22.42).123. 'yivá>o’K€T€ 7<xp tt)v x<*piv tov Kvptov tjixcov Ivaov

Xpicrrov (II Co 8.9).

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124. Koà èv rf| owa^coyri ^v avGpayrroç exwv Trvev|xa 8ai|xovíov aKa0ápTOV (Lc4.33).

125. ó yàp é(T0i(Dv Kai itivíúv Kpí|xa eavTw èaGíei Kai m —

vei |at| ôiaKpivíúv to o-w|xa (I Co 11.29).126. ôiSaoxcov ev Ta iç onnwywvaiç avTWv Kai kt puctctíúv

tò evayyéXiov rrjç (UaoxXeiaç (Mt 9.35).127. ápa ovv TÒt elpT)VT|ç 8uÓK(0|xev Kai Ta t^ç oIko—

ôoix-rjs t t |<5 elç áXXVjXovç (Rm 14.19).128. ovtoí eW iv ol áTro8iopí£ovTeç, ijn^iKoí, Trvevjxa ia/q

IxovTeç (Jd 19).129. ou "yàp I ocvtovç KirçpvoxTOfjiev aXXà Xp iaròv 5 I t ctow

Kvpiov, eavrovç 8è ôovXovç vjxwv 8 ià 3 Ivaovv (II Co 4.5).130. owriráÇeTaí ae Ta T€Kva ttjs a8eX<pT)<s aov rrçç

eKXeKTVjç (II Jo 13).131. exeívoç 8è eXe7ev nepl tov vaov tov oxojxaTos av—

tou (Jo 2.21).132. TaSe Xe^ei Ô ex<ov tt v po|xcpaíav rrjv 8íoro|xov (Ap

2.12).133. Kai ^àp €7<o avGpíúTTÓç ei|xí vrrò i£ovoxav, exwv

mr'e|xavTÒv crrpaTiGúTas (Mt 8.9).134. Ta TrpdpaTa Ta ejxa rq<; <pü)vr)<; |xov aKOvaixriv, Kayiú

7 ivcÍ>ctkü) a v rá (Jo 10.27).135. |xaKapioi ol tttooxol, ò't i v(xeTepa I o t iv r| fteuriXeía

tov Geoí) (Lc 6.20).136. |A€Ta cpópov kol Tpójxou Tqv eavTcov acúT^píav Ka—

T€p7aÇeo-0e (Fp 2.12).137. kol alyròç lXaa|xóç êo riv Trepl Ttov a|xapTicòv

tj{xcúv, ov Trepi Ttov Tj|xeTeptúv 8e jxóvov aXXà Kai irepi oXov TOV K<XT|XOV (I Jo 2.2).

138. Ô aneípcov to KaXòv auepixa êoriv ó vlòs tov avOpamov (Mt 13.37).

139. Ka0ü)<; eKeivoç eo riv Kai ^(Jteiç eajxev ev t u kckj(jlco TOVTO) (I Jo 4.17).

140. (pófioç otk Io t iv ev tt) aycnrr\, aXX'^ TeXeía a^aTrrj e ío páXXei tov cpó^ov (I Jo 4.17-18).

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CAPÍTULO IX

NOMES EM LÍQUIDA N DA TERCEIRA DECLINAÇÃO. ADJETIVOS CONSONANTAIS BIFORMES E

TRIFORMES DE RADICAL EM N. COMPARATIVO E SUPERLATIVO. PRONOMES INTERROGATIVO,

INDEFINIDOS E RELATIVOS.

1. NOMES EM LÍQUIDA N DA TERCEIRA DECLINAÇÃO

1.1 - Característica- Caracterizam-se os substantivos desta classe por:1. Radical terminado em v precedido de vogal, ora breve, ora

longa; e2. A desinência oç no genitivo singular.

1.2 - Nomes abrangidos- Enquadram-se nesta classe os nomes da 3- declinação em

que termina o nom. sing. pela líquida v antecedida de vogal breve ou alongada e o gen. sing. exiba o final os.

1.3 - Gênero- São masculinos ou femininos os substantivos de radical finali­

zado pela líquida v precedida de vogal.

1.4 - Flexão- Flexiona-se esta classe de nomes consoante os moldes ge­

rais dos substantivos masculinos ou femininos da 3- declinação, valendo quanto aos casos especiosos as seguintes observações:

- Nom. sing.: não recebe desinência específica, alongando-se, compensatoriamente, a vogal terminal do tema, quando breve;

- Acus. sing.: tem a desinência á;- Voc. sing.-. - é igual em forma ao nom. sing. nos oxítonos;-

consta do mero radical nos substantivos não acentuados na última;

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- Dat pl.: exibe a queda do v final do tema ante a sibilante da desinência, a í; e

- Acus. pl.: recebe a desinência àç.

1.5 - Paradigmas

1. Vogal temática longa, imutável- aícov, aíwvoç, o - era (oxítono)

a. Estrutura e formação- Constam as inflexões deste paradigma de:TEMA + DESINÊNCIA- O tema é aícov, que permanece invariável, o mesmo, em

toda a flexão, exceto que no dat. pl. cai a líquida ante o ç desinen- cial. A vogal temática co, longa, não se altera, imutável;

- As desinências são as da 3§ declinação em termos desta classe, atendidas as observações próprias aos chamados casos pro­blemáticos.

b. Formas- A flexão de aícov, alcovoç, o é, pois:

TEMA DES.NS.

o /aícov — -e raGS. aíw v oç - de era

DS.= Aaicov v>l - para era

AS. aíóòvV/a - era

VS. aícov — - ô era

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TEMA DES.ND. aícov e - eras (duas)

GD. aicóv otv - de eras (duas)

DD. aícov OlV - para eras (duas)

AD. alcov e - eras (duas)

VD. ala>v e - ó eras (duas)

TEMA DES.NP. ai(ov eç -e ra s

GP. aícov cov - de eras

DP. aícô\í

<j i - para eras

AP. aícov áç - eras

VP. aícov eç - ó eras

c. Observações morfológicas(1) É longa, co, a vogal última do tema e, por isso, não se

altera em nenhuma das inflexões. Fosse breve, far-se-ia longa, ne­cessariamente, em dois casos: nom. e voc. sing. (este é igual em forma àquele quando o acento cai na última);

(2) Cai a líquida v, final do tema, no dat. pl., a defrontar-se com a sibilante da desinência;

(3) São formas similares entre si, respectivamente:- nom. e voc. sing. (alcov),- nom., acus. e voc. dual (oawve),- gen. e dat. dual (alcovotv), e

- nom. e voc. pl. (alcoveç), similaridade normativa em todas as flexões em se tratando das últimas três destas quatro séries;

d. Acentuação- Substantivo, o acento é POSICIONAL, permanecendo na

mesma sílaba em que se acha na forma base, nom. sing., sobre o (o temático, em toda a flexão;

- Têm acento AGUDO as inflexões não-desinenciadas, em

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que está na última (nom. e voc. sing.), e as formas em que a desi­nência é longa (gen. e dat. dual; gen. pl.); CINCO dos casos; aque­les, pois, oxítonos, estes paroxítonos;

- Têm acento CIRCUNFLEXO as formas em que a desinên­cia é breve (gen., dat. e acus. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.); DEZ casos, todosproperispômenos;

e. Aplicação

- Conforme este paradigma se flexionam os demais subs­tantivos de tema finalizado pela líquida v, de vogal temática longa, oxítonos, bastando simplesmente substituir-se o tema aítov pelo correspondente da palavra a declinar-se;

- Desinências, queda da líquida, acentuação, permanecem as mesmas em todos;

- Nos substantivos oxítonos de vogal temática breve alon­ga-se essa vogal nos casos nom. e voc. sing. e o acento será em to­das as formas agudo, na última nesses dois casos, não-desinencia- dos, a despeito do alongamento da vogal, na penúltima, breve, portanto, incapaz de circunflexo, nos demais.

2. Vogal temática breve, alongada no caso base, nom. sing.- "/eiTtov, 7€ltovo<;, o - vizinho (paroxítono)

a. Estrutura e formação- Compõem-se as formas desta flexão de:TEMA + DESINÊNCIA- O tema é "yeiTov, porção remanescente após a excisão da

desinência oç do gen. sing., tema este que exibe o alongamento da vogal final o em w na forma básica de referência, nom. sing., e a queda da líquida v ante a sibilante da desinência no dat. pl.;

- As desinências são as típicas desta classe, as mesmas aplicadas a auóv, aiwvoç, ó, paralelas em toda linha;

b. Formas- As formas da flexão de 7 etT(ov, "yeÍTovos, ò - são:

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TEMA DES.NS. 7€ÍT(OV GS. 761TOV DS. 76LTOV AS. 76UTOV VS. 761TOV

— - vizinho oç - de vizinhoi - para vizinho a. - vizinho— - ó vizinho

TEMA N D. 7€iTov GD. 7eiTÓv DD. 761TOV AD. 7eiTov VD. 76ÍTOV

DES.e - vizinhos (dois) olv - de vizinhos (dois) oiv - para vizinhos (dois) e - vizinhos (dois) e - ó vizinhos (dois)

TEMA N P. 76ÍTOV GP. 761TOV DP. 76ÍTO AP. 76ÍTOV VP. 761TOV

DES.€<; - vizinhos íov - de vizinhos o-i - para vizinhos áç - vizinhos es - ó vizinhos

c. Observações morfológicas(1) E breve, o, a vogal última do tema e, por isso, alonga-se

no caso nom. sing., não, porém, nos demais, nem mesmo no voc. sing., porque não é oxítona a forma;

(2) Diferem, pois, ao contrário do que se observou em altóv, aícovoç, ó, as formas de nom. e voc. sing., naquele alongada a vogal final do tema, neste breve, imutada;

(3) Exibe o dat. pl., como em auov, atcovoç, Ó, a queda da líquida v ante a sibilante desinencial desse caso; e

(4) São casos similares entre si nesta e em todas as flexões regulares desta modalidade:

- nom., acus. e voc. dual tyeírove),- gen. e dat. dual fyei/róvoiv), e- nom. e voc. pl. t y e iT o v e ç ) ;

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Page 591: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Substantivo, é POSICIONAL o acento, conservando-se na sílaba de origem, 7 ei, conforme se mostra na forma base, nom. sing., nos DOIS casos não-desinenciados, dissilábicos, e nos DEZ que recebem desinência breve, trissilábicos;

- Nos TRÊS casos (gen. e dat. dual e gen. pl.) em que é longa a desinência, não pode o acento continuar na posição origi­nal, por isso que não haverá acento na antepenúltima quando fôr longa a última. Desloca-se, pois, para a penúltima, a sílaba to ;

- UMA inflexão só, voc. sing., tem acento CIRCUNFLEXO, porquanto é a penúltima, acentuada, "/ei, longa, a última, to v , bre­ve; as demais QUATORZE têm acento AGUDO;

- São proparoxítonas as DEZ formas trissilábicas de final breve (gen., dat. e acus. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.);

- São paroxítonas a forma base, nom. sing., dissilábica de final longo, e as TRÊS inflexões trissilábicas (gen. e dat. dual e gen. pl.) em que é longa a desinência;

s- E properíspômena uma forma: voc. sing., última breve,

acentuada a penúltima, sílaba ditongal;

d. Acentuação

e. Comparação- Têm estes dois paradigmas, aíwv, auovoç, o

e 7€ltü)v, 'yeiTovoç, ó, a mesma flexão básica, absolutamente paralelas a desinenciação e a queda da líquida final do tema no dat.

pl.;- Diferem quanto a:- tema específico: auov e 7 € ito v ;

- vogal temática final: longa em alwv, breve em 7 €ltcov,

- acentuação: aícov, oxítona de base; 7 €lt(ov, paroxítona; e- forma do voc. sing.: igual ao nom. sing. em aíwv, dife­

rente èm 7 eLTíov (não oxítona);

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Page 592: Manual de Lingua Grega.vol.1

f. Aplicação- É a flexão de ^eircov, "/eí/rovos, o apropriado paradigma

aos demais nomes de tema finalizado pela líquida v, paroxítonos de vogal temática breve, bastando para ter-lhes as inflexões apenas substituir-se o tema 7 eiTov pelo correspondente do substantivo a declinar-se;

- Alongamento da vogal temática na forma base, desinen- ciação, queda da líquida v final do tema no dat. pl., acentuação, continuam os mesmos em todos;

- Se oxítono o substantivo, o alongamento da vogal final do tema se estenderá também à inflexão do voc. sing., igual, des­tarte, em forma ao nom. sing.;

- Se paroxítono o substantivo, e longa de origem a vogal temática, será agudo o acento do voc. sing., uma vez que é longa

também a última.

2. ADJETIVOS CONSONANTAIS BIFORMES DE TEMA FINALIZADO PELA LÍQUIDA N

2.1 - Natureza- Tema finalizado pela líquida v, precedida da vogal o, isto é,

terminado por letra consoante, estes adjetivos se classificam como CONSONANTAIS, não vocálicos. Os chamados vocálicos têm o tema finalizado pelas vogais o, ã , rj, havidas, para fins práticos, co­mo parte das desinências, em geral;

- Ao contrário dos vocálicos, normativamente triformes, e de outros consonantais, falta a esta classe flexão específica do femini­no, que o seria em termos da 3- classe da 1 - declinação, nomes em á. São, pois, BIFORMES estes adjetivos, não triformes.

2.2 - Unhas de flexão- Apenas duas (em vez de três) linhas básicas de flexão tem

esta classe de adjetivos: uma a servir, a um tempo, ao masculino e ao feminino, outra própria do neutro. Ambas em termos da 3- de-

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Page 593: Manual de Lingua Grega.vol.1

clinação.

- Seguem estes adjetivos o padrão flexionai dos nomes de tema finalizado pela líquida v, com leves ajustes em cinco ou seis formas do neutro: nom., acus. e voc. do singular (mantida breve a vogal temática) e do plural (imposta a desinência á , típica do neutro nestes casos).

2.3 - Padrão flexionai

2.4 - Observações morfológicas

1. Flexão do masculino-feminino- Nom. sing.: não recebe desinência específica, donde alongar-

se, compensatoriamente, a vogal temática, to, portanto, em vez de o;

-A cu s. sing.: tem a desinência á;- Voc. sing.: não oxítona a forma, consta do mero tema, dife­

rente, pois, do nom. sing., uma vez que não se alonga a vogal te­mática;

- Dat. pl.: sofre a queda da líquida v final do tema ante a sibi- lante da desinência, mantida sem alongar-se a vogal o precedente;

-A cu s. pl.: recebe a desinência á<s.

2. Flexão do neutro- Casos similares: como em todas as flexões neutras, acus. e

voc. serão iguais em forma ao nom. do mesmo número. Logo, nos três números, qual a forma do nom., tal a de acus. e voc., a coinci­direm flexionalmente os três casos;

- Nom., acus. e voc. sing.: não recebem desinência específica, nem se lhes alonga a vogal o, temática;

- Dat. pl.: exibe a mesma alteração processada na flexão do masculino-feminino, queda da líquida v ante a sibilante desinencial, conservada sem alongar-se a vogal temática o; e

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- Nom., acus. e voc. pl.: como em todos os neutros, recebem a desinência característica, á.

2.5 - Paradigma- acocppcov, aáxppov - sensato

1. Estrutura e formação- Consistem as inflexões deste paradigma de:TEMA + DESINÊNCIA- O tema é acocppov, que se mantém inalterado em toda a fle­

xão, com apenas duas ligeiras variações: alongamento da vogal o do final, a tornar-se co, no caso nom. sing., e queda da líquida ter­

minal no dat. pl. de ambas as linhas flexionais;- As desinências, próprias desta classe de adjetivos, são as

mesmas aplicadas aos nomes de tema finalizado pela líquida v, à base de aícóv, aícovos, o e 'yépcov, 7 epovTo<;, ô, não desinenciada a forma do acus. sing. neutro e substituídas as desinências masculi­nas pela neutra a nos casos nom., acus. e voc. pl. desta linha de fle­xão.

2. Formas- A flexão geral deste adjetivo é, pois:

MASC.- FEM. TEMA DES.

NEUTROTEMA DES.

NS. CTíóíppCOV — aáçpov —

GS. (TüXppOV oç acocppov OÇ

DS. aCOCppOV l acocppov i

AS. CTCíXppOVVJa awcppov —-

VS. CTCÜCppOV acocppov.

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Page 595: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASC .-F E M . NEUTROTEMA DES. rTÉMÃ DES.

ND. CTCOCppOV e CTtóçpoV €GD. <X(ú(ppOV oiv awcppov OLVDD. crcocppov OLV CTWCppoV OLVAD. CTCOCppOV e aaxppov eVD. crcocppov e acocppov e

M ASC.-FEM . NEUTROTEMA DES. TEMA DES.

NP. CTCOCppOV es crcocppov Va

GP. CTüXppOV COV a axppov covDP. crcocppo cri crcocppo

uCTL

AP. crcocppov a ç acocppov aVP. CTCOCppOV eç crcocppov á

3. Relação- Flexões baseadas no mesmo padrão geral, em termos da 3-

declinação, apenas em cinco dos casos difere a forma neutra da paralela do masculino-feminino, a saber:

- Nom. sing.: quantidade da vogal temática (longa, co, no masc.-fem., breve, o, no neutro);

- Acus. sing.: desinência (á no masc.-fem., não desinenciado o neutro);

- Nom. e voc. pl.: desinência (eç no masc.-fem., á no neutro); e-A cu s .p l.: desinência (masc.-fem. àç, à no neutro);- Coincidem em forma, inflexões absolutamente paralelas, as

demais DEZ (gen., dat. e voc. sing., o dual todo, gen. e dat. pl.).

4. Acentuação- Adjetivo, o acento é POSICIONAL, conservando-se na sílaba

crco, em que aparece na forma base, nom. sing., em todas as infle­xões, menos nas três formas trissilábicas de final longo (gen. e dat. dual, gen. pl.), que não podem reter o acento na antepenúltima,

584

Page 596: Manual de Lingua Grega.vol.1

quando é longa a última, pelo que o têm recuado para a penúltima, <ppo;

- E circunflexo o acento apenas em quatro das trinta formas, a saber, no voc. sing. masc.-fem. e nom., acus. e voc. sing. neutro, inflexões dissilábicas não desinenciadas, de penúltima longa acen­tuada e última breve, portanto properispômenas;

- É agudo nas demais vinte e seis formas, já porque está em penúltima longa, quando longa é também a última (nom. sing. masc.-fem.) ou a penúltima breve (gen. e dat. dual e gen. pl.), QUATRO inflexões PAROXÍTONAS, já porque se acha em antepe­

núltima, que não recebe normativamente o circunflexo, nas VINTE E DUAS formas restantes, trissilábicas todas com desinência breve (PROPAROXÍTONAS, portanto).

5. Comparação- Absolutamente paralelas são a flexão do masculino-femini-

no oxoçpcov e a do substantivo paradigmático "/citíov, ^êltovoç, Ó, que diferem apenas no tocante ao tema específico, os mesmos os demais elementos, a saber:

- desinências;- alongamento da vogal do final do tema na forma base, nom.

sing.;- queda da líquida v no dat. pl.; e- acentuação;- Em relação ao paradigma oucov, aíwvoç, Ô, persiste o parale­

lismo supra em dois aspectos apenas: desinenciação e queda da lí­quida v no dat. pl.; diferem as flexões quanto ao tema específico e à quantidade da vogal terminal do tema, bem como em matéria de acentuação;

- A flexão do neutro aaxppov, do adjetivo, por seu turno, ofe­rece paralelo à flexão de 7€Ítcov, "yeí,Tovoç, ó quanto a:

- desinenciação e acentuação do gen., dat. e voc. sing., de to­do o dual e do gen. e dat. pl., diferindo estes aspectos nos demais casos; e

585

Page 597: Manual de Lingua Grega.vol.1

- queda da líquida v no dat. pl.;- Em relação à flexão de aloov, aíwvoç, ô o neutro do adjetivo

oferece paralelos apenas quanto à indesinenciação do nom. e voc. sing. e ao final do gen. e dat. sing., de todo o dual e gen. e dat. pl., assim como à queda da líquida no dat. pl. Quantidade da vogal te­mática, tema específico, acentuação e desinências do acus. sing. e nom., acus. e voc. pl. são aspectos de diferenciação.

6. Tradução- Adjetivo, mero adjunto qualificante, sem autonomia de ex­

pressão, não se traduzem as inflexões de CTükppwv, acàíppov de si mesmas, dependentes que são do substantivo qualificado, expresso ou virtual, que lhes impõe as variações de gênero, número e caso e dita o sentido ou expressão, afinal.

7. Aplicação- E a flexão de crüxppcov, o-cocppov apropriado paradigma aos

demais adjetivos consonantais biformes de tema finalizado em v precedido de o, de penúltima longa acentuada, bastando, para ob- ter-se-lhes as inflexões, substituir-se o tema aoxppov pelo equiva­lente do adjetivo a declinar-se;

- Alongamento da vogal o do final cio tema na forma do nom. sing. masc.-fem., desinenciação geral, queda da líquida v, terminal temática, no dat. pl. de ambas as linhas de flexão e acentuação se­rão os mesmos em todos;

- Adjetivos de penúltima breve ou não acentuados na penúl­tima requererão ajustes prosódicos e temáticos.

3. ADJETIVOS CONSONANTAIS TRIFORMES DE TEMA FINALIZADO PELA LÍQUIDA N3.1 - Natureza

- Tema finalizado pela líquida v, portanto, por letra consoante, estes adjetivos, também, se enquadrarão na classe dos CONSO-

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Page 598: Manual de Lingua Grega.vol.1

NANTAIS;- Ao contrário dos consonantais em que é a líquida v final do

tema precedida de o, a que falece flexão feminina distinta, por isso BIFORMES, os adjetivos desta modalidade, a líquida v precedida de á, têm flexão específica de feminino, sendo, portanto, TRIFORMES, não biformes.

3.2 - Linhas de flexão- Tem esta modalidade adjetiva três linhas distintas de flexão,

uma para cada gênero;- Como em todo adjetivo consonantal, flexionam-se o mascu­

lino e o neutro em termos da 3- declinação, enquanto o feminino segue a 3- classe de femininos da 1 - declinação, tema finalizado por letras outras que e, i, p.

3.3 - Padrão flexionai- Flexiona-se o masculino desta modalidade adjetiva nos

moldes do paradigma ^eiTtov, -yeÍTOvos, Ô, com uma variação a re­gistrar-se: aduz o nom. sing. a desinência s, que leva à queda da lí­quida final do tema e ao alongamento da vogal á precedente;

- Flexiona-se o feminino à base de 8ó£á, t|, uma vez quenão se finda o tema por e, i ou p, sem nenhuma discrepância ou variação;

- Flexiona-se o neutro nas linhas próprias dos nomes conso­nantais de tema finalizado pela líquida v, conforme eÍTtov, "yeí/ro— vos, ó, com as seguintes diferenças:

-Nom. sing. \ não se alonga a vogal terminal do tema;- Acus. sing.: não recebe desinência, constando do tema sim­

plesmente;- Nom., acus. e voc. pl.: têm a desinência característica destes

casos nos neutros, á, em lugar da típica dos masculinos e femininos da 3- declinação, es (nom. e voc.) ou ás (acus.).

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Page 599: Manual de Lingua Grega.vol.1

3.4 - Observações morfológicas

1. Flexão do masculino

- Nom. sing.: recebe a desinência ç, cai a líquida v, alonga-se a vogal á precedente, convertida em ã;

-A cu s. sing.: a desinência é á;- Voc. sing.: não aduz desinência; consta do mero tema, não

alongada a vogal, portanto, forma diferente da inflexão do nom. sing.;

- Dat. pl.: sofre a queda da líquida v final do tema ante o sigma desinencial, como na forma do nom. sing., mas a vogal temática se não alonga; e

-A cu s. pl.: a desinência é áç.

2. Flexão do feminino- Não se registram anomalias desinenciais nesta flexão, con­

forme que é de todo ao padrão da classe (3- da 1- declinação, tema em letra outra que e, i ou p), exceto que se insere, em todas as for­mas, entre o tema e a desinência a vogal auxiliar í, que sofre hi- pértese, passando a antepor-se à líquida ao invés de preceder à vo­gal desinencial;

- No singular, aparecerá o á característico nos três casos dis­tintivos (nom., acus. e voc.), enquanto será r) a vogal desinencial do gen. e dat.;

- Dual e plural têm as típicas desinências dos nomes todos da 1- declinação, properispômeno o gen. pl.;

3. Flexão do neutro- Casos similares: como em todas as flexões neutras, terão

sempre a mesma forma três casos: nom., acus. e voc., estes dois a assumirem a inflexão daquele;

- Nom., acus. e voc. sing.: não recebem desinência, nem so­frem alongamento da vogal ã do final do tema;

- Nom., acus. e voc. pl.: como em todas as flexões neutras, têm

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Page 600: Manual de Lingua Grega.vol.1

a desinência característica, á; e

- Dat. pl.: exibe a mesma alteração assinalada para o masculi­no, isto é, cai a líquida v terminal do tema ante a sibilante desinen- cial, permanecendo inalterada a vogal á precedente.

3.5 - Paradigma- fxéXãs, [JieXaiva, [xéXav - negro, escuro

1. Estrutura e formação- Constam as inflexões deste paradigma de:TEMA + DESINÊNCIA- O tema básico é imeXav, finalizado pela líquida v precedida

de á, que no masculino perde a líquida em dois casos (nom. sing., em que também se alonga o a , e dat. pl.) e no neutro em um (dat. pl.), enquanto através de todo o feminino insere, por transposição da desinência, a vogal auxiliar i, que se funde em ditongo com o á precedente;

- As desinências são as típicas dos adjetivos consonantais tri­formes, próprias desta modalidade líquida, observadas as peculia­ridades morfológicas assinaladas de início.

2. Formas- A flexão deste adjetivo paradigmático é, portanto:

MASCULINO FEMININO NEUTROTEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.

NS. |xeXa S |xeXaiv à (xéXáv —

GS. |xé\av os fxeXoav T)S |xéXáv osDS. fji-eXav i fxeXaív T) jxéXàv lAS. fxeXav a fxéXaiv OLV |xéXáv —

VS. (xéXav — fxeXaívJa p-éXáv

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TEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.ND. |xéXav e fxeXaív ã p-éXàv eGD. (jieXàv OlV jxeXaLV aiv |xeXãv OLVDD. |xeXàv OLV (jceXaív aiv (xeXáv OlV

AD. IJiéXàv e fxeXaív ã (xéXáv eVD. |xéXáv e (xeXaív ã fxeXáv e

TEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.

NP. |xéXãv eç jjiéXaiv a i |xeXáv ã

GP. fjieXãv cov IxeXaivA(OV (xeXãv (OV

DP. (jiéXãu

a i fxeÁmv a iç (xéXao

cri

AP. |xeXavIxeXav

uaç jjteXaív ãç fxéXãv

0a

VP. eç (xéXaLv a i |xéXáv a

3. Relação- Difere esta modalidade de adjetivos consonantais triformes

de tema finalizado pela líquida v dos biformes desta classe em que:a. Nos biformes a vogal que precede à líquida v final do tema

é o, nos triformes é ã;b. Nos biformes não tem o feminino flexão própria, servindo

as inflexões do masculino para ambos esses gêneros; nos triformes há flexão específica de feminino, nas linhas da 3- classe da 1? decli- nação, como é próprio dos consonantais; e

c. Nos biformes não tem desinência o nom. sing. masc., con­servada a líquida v final do tema; tem-na, porém, nos triformes, ç, caindo, por isso a líquida. Em ambas as espécies alonga-se, neste caso, a vogal do final do tema, o, que se faz co, nos biformes, á, que se torna ã , nos triformes.

- Baseadas no mesmo padrão geral, 3- declinação, diferem as formas neutras das paralelas masculinas, como nos biformes, ape­nas em cinco dos casos, a saber:

- Nom. sing.: desinência, líquida final, vogal temática prece­

dente (neutro: não desinenciado, inalteradas a líquida e a vogal á;

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Page 602: Manual de Lingua Grega.vol.1

masculino: desinência s, queda da líquida, alongamento da vogal á, que se faz ã );

-A cu s. sing.: desinência (não-desinenciado o neutro, desinên­cia à no masculino);

- Nom. e voc. pl.: desinência (á no neutro; eç no masculino); e-A cu s. pi.: desinência (neutro: à; masculino: áç);- Inflexões de todo coincidentes, a mesma forma em paralelo

têm os demais DEZ casos (gen., dat. e voc. sing.; o dual todo, gen. e dat. pl.).

4. Acentuação- Adjetivo, tem |xé\ãç, (x^Xaivá, (xeXáv acento POSICIONAL,

posto, na forma base, nom. sing., na penúltima no masculino e neutro, dissílabos, na antepenúltima no feminino, trissílabo de úl­tima breve;

- Mantém-se na sílaba de origem, |xe, em todas as inflexões não-desinenciadas (voc. sing. masc.; nom., acus. e voc. sing. neutro: 4 formas), ou providas de desinência não silábica (nom. sing. masc.:1 forma) ou breve (10 formas do masculino: gen., dat. e acus. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.; 5 do feminino: nom., acus. e voc. sing.; nom. e acus. pl.; e 9 do neutro: gen. e dat. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.), num total de VINTE E NOVE formas;

- Desloca-se para a sílaba Xá, no masculino e no neutro, Xai no feminino, em QUINZE das formas trissilábicas em que a desi­nência é longa, porquanto não pode haver acento na antepenúlti­ma, se longa a última, a saber: 3 formas do masculino (gen. e dat. dual; gen. pl.), 9 do feminino (gen. e dat. sing.; o dual todo, mais dat. e acus. pl.) e 3 do neutro (gen. e dat. dual e gen. pl.), todas pa­roxítonas;

- O gen. pl. fem., como em todos os adjetivos consonantais triformes, recebe acento CIRCUNFLEXO na última, em razão de contração prévia que arrasta o acento da penúltima para a final re­sultante;

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Page 603: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Ocorre, pois, o circunflexo em UMA forma apenas, nas qua­renta e quatro outras o agudo. São PAROXÍTONAS vinte inflexões (5 do masculino: nom. e voc. sing., gen. e dat. dual; gen. pl.; 9 do feminino: gen. e dat. sing., o dual todo, mais dat. e acus. pl. e 6 do neutro: nom., acus. e voc. sing., gen. e dat. dual; gen. pl.); PROPA­ROXÍTONAS vinte e quatro (10 do masculino: gen., dat. e acus. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.; 5 do femi­nino: nom., acus. e voc. sing.; nom. e voc. pl.; e 9 do neutro: gen. e dat. sing.; nom., acus. e voc. dual; nom., dat., acus. e voc. pl.); PE- RISPÔMENA uma (gen. pl. fem.).

5. Comparação

- São as flexões do masculino (xéXãç e do neutro fxeXáv, co­mo acocppwv, crakppov, paralelas às dos paradigmas altov, cdwvoç, o e -yeÍTcov, 7€Ítovos, ó, mesma a desinenciação, exceto quanto ao nom. sing. masc., em que |xé\aç tem desinência, ç, enquanto aícov e 'YeÍTwv, como awcppíov, não são desinenciados;

- Ademais, têm ainda em comum |xeX.Sç, aaxppcoov, aioív e 7 €Ít<ov a quantidade longa da vogal final do tema (ã, naquele; a>, nestes) na forma base, nom. sing., e a queda da líquida v ante a si- bilante desinencial no dat. pl.

6. Tradução

- Adjetivo, não têm as inflexões de ixeXã*;, ixeXcnvá, |xé\av tradução autônoma, condicionada que lhe é a expressão ao subs­tantivo qualificado, de que assumem gênero, número e caso e a que aduzem apenas o teor de atributivo, o mero sentido vocabular, à parte de funções distintivas e funcionais.

7. Aplicação

- Em estrito senso, é |xé\ãç, |xé\ouvá, |xeÁ.<iv único da classe em o Novo Testamento. Outros adjetivos, não finalizados em líqui­da v precedida de òt, há que seguem a mesma norma flexionai, di­ferentes apenas o tema básico, alterações especiais de casos e, conforme a posição, também a acentuação.

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Page 604: Manual de Lingua Grega.vol.1

4. COMPARATIVO E SUPERLATIVO (2YNKPITIKON KAI YÜEP0ETIKON)

4.1 - Natureza- Em seu uso comum, expressa o adjetivo atributo ou quali­

dade sem conotações quantitativas, comparativas ou contrastati- vas. Quando, porém, serve para estabelecer relacionamento de su­perioridade, igualdade ou inferioridade, como fulcro de compara­ção ou contraste entre dois termos que se contrapõem, um o com­parado, outro o comparante, aparecerá o adjetivo no chamado GRAU COMPARATIVO. Caracteriza-o nesta forma, seja desinência ou sufixo distintivo, seja advérbio específico;

- Quando, por outro lado, expressa o adjetivo o atributo ou qualidade em amplitude, extensão ou alcance máximo, em moldes absolutos ou relativos, isto é, sem termo de comparação ou em re­lação a elemento comparado, estará ele no chamado GRAU SU­PERLATIVO. Caracteriza-se também esta forma por desinência ou sufixo específico ou por advérbio distintivo;

- Portanto, expressa o adjetivo:- Na forma simples: qualidade não quantificada;- Na forma comparativa: qualidade em grau maior ou menor

em um termo em contraste com outro com que se compara ou contrasta; e

-N a forma superlativa: qualidade em grau máximo, tomado em moldes absolutos (sem termo de relação) ou relativos (em função de termo de relação).

4.2 - Característica- Pode o adjetivo expressar a idéia comparativa ou superlativa

sem alteração de forma, assistido de advérbio apropriado, como se dá no português;

- A forma característica de comparativo e superlativo, porém, se distingue pela terminação, desinência ou sufixo específico aduzi­do à forma simples ou comum do adjetivo.

593

Page 605: Manual de Lingua Grega.vol.1

4.3 - Classes

- Duas classes, tipos ou modalidades gerais há de comparati vo e superlativo, a saber:

- 7- classe: em que se caracterizam as formas de:

- comparativo', pela desinência Tepoç, Tepã, Tepov;- superlativo: pela terminação tcxtoç, tcítt|, tcítov;- 2- classe : em que se distinguem as formas de:- comparativo: pelo final icúv,Tov;- superlativo: pelo sufixo uttoç, icttt], iotov .

4.4 - Formação

1. Primeira classe

a. Vocálicos- Tratando-se de adjetivos de cunho vocáíico, formam-se

comparativo e superlativo com simplesmente aduzirem-se ao tema

ou radical do adjetivo, mantida a vogal o de ligação, respectiva­mente, as desinências Tepoç, Tepã, Tepov e to tos, toitt], tcítov;

- Essa vogal de ligação permanecerá inalterada, quando a penúltima do adjetivo, em seu grau simples ou normal, fôr LONGA,

seja por posição, seja de natureza; alongar-se-á, porém, tornando- se cú, se a penúltima do adjetivo fôr BREVE.

- Graficamente:- Penúltima longa: radical + o + desinência (t€—

poç, ã , ov; tcítoç, tj, ov);- Penúltima breve: radical - w + desinência (idem);

b. Consonantais- Tratando-se de adjetivos consonantais, as desinências serão as mesmas aplicadas aos vocálicos, isto é, Tepoç, Tepã, Tepov para a forma comparativa, tcxtos, TaTiq, t« tov para a forma su­perlativa, mas o elemento de ligação ou é diferente ou inexiste;

- Assim, nos biformes de nom. sing. terminado em wv no

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masculino-feminino e ov no neutro, insere-se entre o radical e a desinência o infixo ligacional eç, enquanto nos biformes de nom. sing. finalizado em nrçç (masculino-feminino), es (neutro) e nos tri- formes em que termina esse caso, respectivamente, em ãç, &, civ ou vç, eiá, v , acrescentam-se as desinências diretamente ao tema ou radical, sem elemento de ligação;

- Graficamente:- Biformes de nom. sing. masc. em tov: radical + e<5 + desi­

nência (Tepos, S, ov; TaToç, t|, ov);- Biformes de nom. sing. masc. em tjç: radical + desinência

(idem);- Triformes de nom. sing. masc. em ãç: radical + desinên­

cia (idem);- Triformes de nom. sing. masc. em vs: radical + desinên­

cia (idem);

c. Exemplos

(1) Vocálicos em que é longa a penúltima:- Normal: icrxvpò*;, íoxvpã, Wxüpóv - severo;- Comparativo: urxüpÒTepoç, taxüpoTépã, ioxúpÓTepov

- mais severo-,- Superlativo: lax^pÓTaTOÇ, lax^poTárir}, lax^pÓTaTOV

- muito severo, severíssimo.- Longa a penúltima, a vogal temático-ligacional o

manteve-se breve, presente às formas ou inflexões todas, a prece­der à lingual t inicial das desinências;

(2) Vocálicos de penúltima breve:- Normal: a£íos, a£íã , a£iov - digno;- Comparativo: a^iwTepoç, á^uoTepã, à£ío!>Tepov - mais

digno;- Superlativo: a icÓTcrroç, a^iorraTT), a^iamxTov - muito

digno, digníssimo.

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Page 607: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Penúltima breve, alongou-se a vogal o de ligação, an­teposta à lingual t inicial das desinências, por isso mudada para ío;

(3) Consonantais biformes de nom. sing. terminado em(ov, ov:

- Normal: croikpptov, cráçpov - sensato;

- Comparativo: crüxppoveCTTepoç, craxppoveoTepã, crco— cppovebrepov - mais sensato;

- Superlativo: CTíúcppovécrTaToç, CTCocppoveaTáTT], ctw— cppoveoraTov - mui sensato, sensatíssimo.

- Biforme de nom. sing. finalizado por wv, ov, inseriu-se o infixo eç, entre o tema crcocppov e as desinências típicas do grau;

(4) Consonantais biformes de nom. sing. finalizado emTT5, eç:

- Normal: àX^Giríç, àX^Oeç - verdadeiro;

- Comparativo: aX/riOéoTepoç, aXr|0e(TT€pà, aXir^ecr— Tepov - mais verdadeiro;

- Superlativo: aXT]0ecrTaToç, aXx|06CTTcrrr|, otX.T)0eo'Tot— tov - mui verdadeiro, verdadeiríssimo.

- Biforme de nom. sing. terminado em T]ç, eç, aduziram- se as desinências de grau diretamente ao radical ou tema simples, aXirç0eç, sem elemento de ligação;

(5) Consonantais triformes de nom. sing. terminado emãç, á , áv:

- Normal: |xeXãç, fxeXaivá, p,éXáv- preto;- Comparativo: fxeXávTepoç, ixeXavTepã, |xeXávTepov -

mais preto;

- Superlativo: fxeXctvTaToç, ixeXavTárri, (xeXavTctTov - muito preto, pretíssimo.

- Triforme de nom. sing. masc. em ãç, apõem-se as de­sinências de grau diretamente ao radical simples, (xeXáv, sem infixo ou vogal de ligação.

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Page 608: Manual de Lingua Grega.vol.1

(6) Consonantais triformes de nom. sing. finalizado em

- Normal: (Bapús, (3apeià, papv-pesado;- Comparativo: (BapvTepoç, Papnrrepá, (3apvT€pov -

mais pesado;

- Superlativo: |3apUToiTos, (3apuTaTin, PapuTaTov - muito pesado, pesadíssimo.

- Triforme de nom. sing. masc. em vç, são as desinên- cias de grau acrescentadas ao tema simples |3apu, diretamente, sem elemento ligacional;

d. Uso em o Novo Testamento- Restringe-se a forma superlativa da 1- classe em o Novo

Testamento a três adjetivos apenas: a^ios, a , ov - santo - , aKpi— Ptjç, eç - rigoroso - e tl|aioç, ã , ov - precioso, valioso de que as seguintes inflexões se registram:

- Em At 26.5: rf]v àKpifteoTárriv - a mais estrita;- Em Jd 20: a^iwTcmi “ mui santa-,- Em Ap 18.12: t i |x i<j)t<xtou - mui valiosa; e- Em Ap 21.11: TijxiíOTaTco - preciosíssima;- A forma superlativa da 2- classe, caracterizada pelo final

mttoç, icttov na forma base, nom. sing., é um pouco maisfreqüente nos escritos néo-testamentários;

2. Segunda classe

a. Espécie- Reduzido número de adjetivos, via de regra qualificativos

de nom. sing. masc. finalizado em v<; ou poç (grupo a que precede

consoante no tema), consonantais aqueles, vocálicos estes, tem

formação comparativa e superlativa em bases diferentes, consti­tuindo o que se convenciona chamar de segunda classe;

- Nestes adjetivos a desinência comparativa, para o nom. sing., é: uov, Xov, e a superlativa wrroç, icmn, icttov, que se aduzem

v<5, e tá , v:

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diretamente ao radical, eliminada a terminação nominativa, vs ou pos.

- Graficamente: Nom. sing. masc. em vs ou pos: radical apocopado (excisão do final vs ou pos) + desinência (líov,Xov; lo­tos, t|, ov);

b. Exemplos

(1) Consonantais triformes de nom. sing. finalizado emvs, eiot, v:

- Normal: |3a0vs, PaGeíot, paQv-profundo;- Comparativo: Pct0lcov, pá0iov - mais profundo;- Superlativo: paOuxTos, PaGícmr}, páGiorov - mui pro­

fundo, profundíssimo.- Formação típica da 2 - classe, aduzem-se as desinên-

cias de grau, sem elemento conectivo, diretamente ao radical apo­copado, excindida a terminação vs do nom. sing. masc., logo, fkx0;

(2) Vocálicos triformes de nom. sing. terminado em pos, pã, pov (precedido de consoante):

- Normal: atcrxpós, aicrxpã, aíaxpóv - indecente;- Comparativo: aiaxlíov, cacrxíov - mais indecente;- Superlativo: aícrxtoros, oucrxwrTri, aícrxiorov - mui

indecente, indecentíssimo.

- Formação própria da 2- classe, acrescentam-se as de- sinências de grau ao tema apocopado, excindido o final pos do nom. sing. masc., logo, reduzido a otlox, diretamente, sem ele­mento de ligação.

4.5 - Flexão- Flexionam-se nos moldes dos adjetivos TRIFORMES VO­

CÁLICOS as formas do comparativo da 1- classe e de ambas as es­

pécies de superlativos, aquele segundo os adjetivos de tema eme, t, p (feminino em a), estes conforme os adjetivos de tema em le­

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Page 610: Manual de Lingua Grega.vol.1

tras outras que essas (feminino em iq);- Do comparativo da 2- classe a flexão obedece ao padrão dos

adjetivos CONSONANTAIS BIFORMES de radical finalizado em v precedido de o, conforme crüxppoov, crwcppov, observando-se que há formas contratas alternativas no acus. sing. masc. e nas inflexões todas do nom., acus. e voc. pl.;

4.6 - Acentuação

- Como adjetivos que são, receberiam comparativo e superla­tivo acento POSICIONAL. Todavia, como se fora recessivo, cai o mais distante possível do final, de sorte que, nas formas em que é longa a desinência, estará na penúltima, PAROXÍTONAS, nas for­mas em que breve é a desinência, achar-se-á na antepenúltima, PROPAROXÍTONAS;

- Note-se que nas SETE formas contratas estará o acento na penúltima, sobre o X desinencial, formas estas paroxítonas, já que o final, contrato, é sempre longo.

4.7 - Paradigma do comparativo da 2 - classe- PaGíwv, pá0íov - mais profundo

1. Estrutura e formação

- Em termos gerais, dir-se-á que as inflexões deste compara­tivo consistem de:

RADICAL + DESINÊNCIA- Na verdade, o radica! consta do tema fkx0 mais a desinência

típica deste grau nos adjetivos desta classe, melhor concebida como infixo comparativo especial, o dissílaboXov, cujo ômicron se alonga em to na forma do nom. sing. masc. e cuja líquida final v cai no dat. pl., em ambas as linhas flexionais, e nas inflexões alternativas con­tratas. Nestas, o ômicron experimenta variação e combinações de forma;

- As desinências são as típicas dos consonantais biformes de nom. sing. terminado em cov, ov, à base de croíkppwv, crwcppov, em

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Page 611: Manual de Lingua Grega.vol.1

absoluto paralelo;- As formas alternativas contratas representam inflexões pa­

ralelas em que a sibilante assume o lugar da líquida v do fim do ra­dical, cai ao depois e enseja a contração das vogais contíguas, a sa­ber;

- o + á = co (acus. sing. masc.-fem. e nom., acus. e voc. pl. neutro);

- o + e = ou (nom. e voc. pl. masc.-fem., a que, por analogia, se conforma o acus. pl. masc.-fem., por isso que exibe o final ov em vez de co: Pa0iov<; por PaGícoç);

2. Formas* /- E, pois, o quadro flexionai de (3a0ícov, [3a0Xov, paradigma

dos comparativos da 2- classe, o seguinte:

MASCULINO-FEMININO NEUTROTEMA

NS. 0a0 GS. (3ot0 DS. 0a0 AS. |3a0 VS. 0á0

INF./MOV

xovüovlov

lov

DES.

oç\Jl

á ou (3a0 | ico

TEMA INF. DES. Pá0 lo v — (3a0 lov o<; 0á0 Xov i (3á0 Xov — (3a0 íov —

TEMA INF. DES. TEMA INF. DES.ND. pa0 Xov e 0a0 Xov eGD. (3a0 10V oiv (3a0 Xov OLV

DD. 0a0 XÒV olv Pa0 íov OLV

AD. PaO lov e 0a0 LOV eVD. 0a0 lov e (3a0 Xov e

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TEMA INF. DES. TEMA INF. DES.NP. (k*e lov eç ou (3a0 Pa0 lov á ou (3a0 ÍÍO

GP.pa0 >

IOV ÍOV (3a0 IOV covDP. (3a0 10

oo% (3a0

L10

ocr l

AP. (3a0 10V aç ou (3a0 icruç Pa0 lov á ou pa0 ICO

VP. pa0 io v eç ou (3a0 IOVS Pa0 LOV á ou PaO 1(0

3. Comparação- Segue (3a0ía)v, páGlov a exata flexão de crwcppíov, cTüxppov,

paradigma este dos adjetivos consonantais biformes de tema finali­zado pela líquida v precedida de o, tendo em comum:

- desinências (as mesmas, em paralelo);- alongamento da vogal terminal o na forma do nom. sing.

masc., que se faz oo; e- queda da líquida v no dat. pl. de ambas as linhas de flexão;- Diferem as duas flexões em relação a:- tema ou radical específico;- acentuação (posição e natureza em muitas das formas); e- formas alternativas (inexistentes em crwcppwv, ov).

4. Aplicação- Segundo este paradigma flexionam-se, regularmente, as

formas comparativas da 2- classe, bastando apenas substituir-seo radical (3a0íov pelo correspondente do adjetivo a declinar-se;

- Desinenciação, alongamento da vogal na forma do nom. sing. masc., queda da líquida v no dat. pl., contrações e acentuação permanecem os mesmos, constantes, em todos.

4.8 - Formações peculiares- Uns poucos qualificativos e indefinidos se registram através

do Novo Testamento cuja formação comparativa e superlativa foge, em grau, por vezes mais, por vezes menos acentuado da normati- vidade expressa. Ora exibem radicais diversos, ora admitem plura­lidade de formas, ora preferem desinências opostas às da classe em

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Page 613: Manual de Lingua Grega.vol.1

que se deveriam regularmente enquadrar;- Dada a freqüência ou importância de que se revestem, me­

recem referidos:

NORMAL 1. àyaQ ó ç , T), ov

(bom)

2. KCtKÓÇ, T \ , OV

(mau)

3. KaXos, ti, ov

(nobre)

4. fxe-yãç, ixe-yáX-r], ixe^a (grande)

C ' ' - '5. ixiKpoç, a , ov (pequeno)

6. oXryoç, T|, ov (pouco)

7. TToXuç, TroXXrí, ttoXv (muito)

4.9 - Uso

COMPARATIVO— aixeívcov, a|xeivov— peXTÍwv, peXTÍov— Kpeíaaoav,

Kpeiaaov

— KOíKLCOV, KÓtKlOVd 4

— T)TT(OV, T|TTOV

Xeipwv, XeLP0V

— KaXXtcov, kcíXXIov

— (xei tov, |xeí£ov

SUPERLATIVO apioroç, , ovpéXTlOTTOÇ, T], OV

KpCXTUXTOÇ, T|, OV

KÍXKLCTTOÇ, T), OV

TjKLCTTOS, T), OV

Xeipioroç, T|, OV

KáXXiaToç, T|, ov

IJl^ lOTOÇ, T|, OV

|XÍKpÓTaTOÇ, T), OV

eXáxio-Tos, T], ov

TrXeiCTTOÇ, T], ov

— (XLKpoTepoç, a , ov

— (xeiwv, (xeiov

— eXáoxrcov, eXaaaov

— TrXeícov, -TíXeiov— TrXeíov, TrXéov

1. Comparativo (oiryKpiTiKÒv)

a. Função- Presta-se o uso comparativo à expressão de três modali

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dades de relação entre os termos correlacionados, a saber: igualda­de, inferioridade, superioridade;

- A relação comparativa de igualdade se pode expressar mediante fraseologia geral, não estereotipada, ou pelo grau normal do adjetivo, modificado por advérbio conveniente, na maioria das vezes wç;

- As relações comparativas de inferioridade ou superioridade se expressam através da forma do grau comparativo do adjetivo, de seu sentido específico estabelecendo-se a natureza da relação, uma ou a outra dessas modalidades;

b. Complemento- Consta a cláusula comparativa de dois termos correlacio­

nados pelo adjetivo: o elemento comparado, antecedente da com­paração, e o elemento comparante, conseqüente da relação, a as­sumir a forma de complemento do adjetivo correlacionante;

- Esse termo complementar do adjetivo pode-se-lhe apen- der de duas maneiras:

^ /- sindeticamente, isto é, mediante a conjunção r) - que, do

que - , assumindo o termo complementar o mesmo caso do antece­dente comparado; ou,

- assindeticamente, sem conjunção conectiva, indo o termo comparante para o genitivo.

- Graficamente: - sindético -t t] + caso do antecedente,- assindético -► genitivo;

c. Exemplos

(1) Sindético- Túpw Kai Xiôwvi àveKTOTepov ècrTai ev T||X€pa

Kpúrecos ^ vfjdv - A Tiro e Sidóm mais tolerável será no dia do juízo do que a vós (Mt 11.22). O termo comparado é Tvpco Kai X lôw vl-

A Tiro e Sidóm -, o termo comparante é o pronome pessoal v|xiv - aOÍ

vós. A correlação é sindética, marcada pela conjunção t . Daí, apa­

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Page 615: Manual de Lingua Grega.vol.1

rece v jx ív , termo comparante, no mesmo caso do antecedente Tupü) koíl X iô td v i, dativo;

(2) Assindético (sem r\)- ix e í^ to v T o tjrco v aXkr\ I v t o X t ] o u k e t r r i v - Maior do

que estes outro mandamento não há (Mc 12.31). A correlação é assin- dética, ausente a conjunção tj. O termo comparado é aXXt] cvtoXtÍ- outro mandamento - , sujeito do finito ecriv , portanto, em nomina­tivo, enquanto o termo comparante, toútoov - estes - está em ge­nitivo. Fosse sindética, t o ú t ío v apareceria na forma cnhm, precedi­da de íí, no mesmo caso, nominativo, do antecedente.

2. Superlativo (xnrepQeTiKÓv)

a. Funções- Duas modalidades há de expressão superlativa: uma ab­

soluta, em que se afirma a qualidade sem termo de limitação, a ou­tra relativa, em que se enuncia a qualidade limitada por termo de relação. Designa-se aquele de superlativo absoluto, este de super­lativo relativo;

- Em o Novo Testamento aparece o superlativo mais fre­qüentemente no chamado uso elativo, isto é, em função enfática, a realçar a qualidade, eqüivalendo a adjetivo modificado pelo ad­vérbio de quantidade muito, donde traduzido em moldes analíticos. Assim, a^uÓTotToç, nesta acepção elativa, corresponde a mui santo, sumamente santo;

b. Complemento- O superlativo absoluto, dada sua natureza, não admite

complemento limitante; o superlativo relativo, por outro lado, o re­quer necessariamente;

- Como no caso do comparativo assindético, virá o termo complementar sempre em genitivo;

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Page 616: Manual de Lingua Grega.vol.1

c. Exemplos

(1) Superlativo absoluto- ávct^ioL eare KpiTrpitov eXaxicrToov - incompetentes

sois para causas trivialíssimas? (I Co 6.2). O superlativo èXaxLOTOv - trivialíssimas - é absoluto; não o limita complemento restritivo; ex­pressa o atributo no grau máximo, à parte de relacionamento rela- tivizante;

(2) Superlativo relativo- €7 tò yáp eljxi ô èXáxuTTOç twv á-iTOOTÓXwv - pois eu

sou o mais insignificante dos apóstolos (I Co 15.9). O superlativo eA-áxioroç - mais insignificante - é relativo, limitado que é pela frase complementar twv aTroaTÓXoov - dos apóstolos - , em genitivo. A qualidade é expressa em seu grau máximo, tadavia, restrita à esfera da relação limitante, no caso, o círculo apostólico.

3. Variantes- Expressam-se ainda através do Novo Testamento as rela­

ções comparativas e superlativas mediante outras formas, além das normativas, estilizadas, padronizadas, ora referidas;

- Nada menos de três outras maneiras se podem enunciar de expressar-se a noção comparativa ou superlativa em o Novo Tes­tamento, a saber:

a. A forma simples ou normal do adjetivo a assumir teor con- textual próprio destes graus, comparativo ou superlativo;

b. A forma do comparativo usada em acepção própria do su­perlativo; e

c. A chamada forma analítica, isto é, a locução composta da inflexão adjetiva precedida de advérbio, (xàXXov - mais -, para o grau comparativo, fiáXicrra - muito - , para o superlativo. Esta construção é mais comum quando a correlação se faz não em ter­mos de adjetivo específico, mas de cláusula equivalente;

- Exemplos destas formações variantes em o Novo Testa­

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Page 617: Manual de Lingua Grega.vol.1

mento temo-los nos seguintes:

a. KaXov 6CTTLV CT€ €lCTeX0eív €IÇ TT|V GO V X<*)XÓv, T) TOÚÇ bvo 'Tróôaç exovTa pXiqO^vai elç tt)v "yeevvav - Melhor te é entrar na vida aleijado que, tendo os dois pés, seres lançado na Geena (Mc 9.45). É evidente sentença comparativa sindética, o termo compa­

rado, ae eiaeX0eív eis ttjv Çarqv x^Xov - entrares tu na vida alei­jado - correlacionando ao comparante pXtiSirivai eíç ttjv 7eevvav

- seres lançado na Geena - mediante o adjetivo KaXov, que deveria estar na forma comparativa: a|xetvov, ou péXTiov, ou Kpeícrcrov - melhor. E, pois, o típico uso da forma normal ou comum do adjetivo em função claramente comparativa, donde traduzir-se KaXov não por bom mas, como o requer a função, melhor,

- Por outro lado, vezes há em que a forma expressa de com­parativo corresponde simplesmente à normal, sem noção de grau

* v !superior. E o caso de to e^coTepov - as (trevas) exteriores, de Mt 8.12, em que essa inflexão, comparativa na forma, apenas eqüivale

ao advérbio ou preposição imprópria e£oo - fora, fora de - , ou à lo­cução adjuntiva to e£o> - as (trevas) externas. De igual modo, a forma do comparativo irepl TrXeióvoov, em Lc 11.53, eqüivale sim­plesmente ao normal Trepi uoXXwv - acerca de muitas ('não mais) coisas e TrXeíocriv, em At 2.40, corresponde a iroXXoíç - muitos (não mais), grau normal, não comparativo, a despeito da forma;

- Reflexo da sintaxe semítica em o Novo Testamento, o adjeti­vo ixe^ãç - grande - em Mt 5.19 vale pelo superlativo absoluto

(jL€7iaTos - máximo -, requerido em contraposição ao superlativo eXáxuTToç - mínimo que ocorre na parte precedente do versículo. Também o feminino li^áXirç corresponde, em Mt 22.36, evidente­mente, ao superlativo ixe-yiarr);

- Expressão literal de formação superlativa hebraica é a frase (tò) êryiov (t&v ) cr/ícu» - (o) santo de (os) santos - (Dt 26.33; Ez

41.4), que, na Septuaginta, designa o sacratíssimo recesso do Ta- bernáculo e do Templo, eqüivalendo ao superlativo tò ór/uoTaTov- o santíssimo;

b. |xei£a>v 8é tovtwv t| o cxTrr) - destas, porém, maior é o

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amor (I Co 13.13). Obviamente, |xeí£ü>v - maior- está em função de superlativo relativo. Portanto, deveria a forma ser jxe^Mrrrç, não |x€i£cdv, comparativa. E, pois, o uso do comparativo pelo superlati­vo;

c. ixaKapiov eoTiv fxaXXov ôtôovai r\ Xa|x(Mv€tv - mais bem-aventurado é dar que receber (At 20.35). A expressão comparati­va regular, em ordem e formação direta, seria: ôiôóvai eoriv IxaKapioÓTepov r| Xafx(3áveiv. No texto, contudo, ocorre o normal ixampiov - bem-aventurado - , modificado pelo advérbio compara­tivo (xâXXov - mais. É, portanto, o uso da forma analítica, adjetivo mais advérbio comparativo, em lugar da forma sintética, no caso |juxKaputíT€pov, inflexão regular do comparativo;

d. àôeXçòv QryaTTT|TÓv, (xótXiaTa êfxoíT — irmão amado, supina- mente a mim (Fl 16). Literalmente, a cláusula seria: aôeXcpbv éirya— TíTjTÓv, tt otTTTjTOTcxTov éjjLol - irmão amado, amadíssimo a mim. O advérbio ixaXicna, como se vê, tomou o lugar do superlativo ^a-mqTOTaTov, absoluto;

- A tendência final veio a ser de suplantar de todo a formação comparativa à superlativa. É o que se vê em At 17.22, onde ôeiox— Saiixovearépouç, comparativo, está pelo superlativo absoluto ôet— criôai(xovecrTctTouç, que, por isso, se deve traduzir por muito religio­sos, não mais religiosos. Idêntico é o uso do comparativo cnrou— ôaiÓTepoç em II Co 8.17, por isso que está em lugar do superlativo

absoluto CTTTouôotLOTCtToç, donde dever-se traduzir por mui zeloso, não, literalmente, mais zeloso. Outras passagens do Novo Testa­mento em que a inflexão comparativa corresponde à superlativa seriam: Mt 18.1 (p,eí£oov por |X€7 iaTOÇ - máximo), 18.4 (ó fxeiÇíov por o fieyurToç - o maior)-, Mc 9.34 (|xeí£ot>v por (xe^iaroç - máxi­mo); Lc 9.48 (ô jxiKpÒTepoç por Ó fiLKpÓTaToç - o menor);

- Refletem ttpíotoç, T|, ov e^éo^aToç, t], ov formação superla­tiva, procedendo aquele da preposição -n-po, este da preposição ck , a referirem-se, respectivamente, ao primeiro e ao último componen­tes de uma série. Em o Novo Testamento preservam, por vezes, es­sa acepção original (Mc 12.6: ^oxcxtov; 12.28: ,rrpdí)TT)); em muitos

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casos, porém, funcionam em sentido evidentemente comparativo apenas (Mt 21.18: TrpíüTw; 27.64: coxcm^, Trptím]<;; Jo 1.15: 'TrpcÔToç;1.30: TTpü>TO<;; 15.18: TrpwTov);

- Hiperbólicas ou pleonásticas, expressões há redundantes em que o intensificador de grau aparece duplicado, e até triplicado. As­sim, o verbo TrepuxcreixD, que já de si encerra a idéia comparativa de superioridade, a traduzir-se por exceder, superabundar, ser mais abundante, aparece em Mt 5.20 intensificado pelo comparativo TT\etov - mais - e em I Ts 4.1,10 pelo comparativo |xaXXov - mais -, advérbio este que em Fp 1.9 se acha reduplicado: ixaXXov Kcti IxaXXov - mais e mais - e em II Co 3.9 se reforça do dativo de quantidade ttoXXçú - muito\ De igual modo, o verbo Siaçepw - valer mais - , em que é implícita a noção comparativa de superioridade, tem em Mt 6.26 e Lc 12.24 o advérbio |xaXXov a modificá-lo. Curio­sa é a redundância de Fp 1.23, em que é a inflexão comparativa Kpeícraov - melhor - precedida do advérbio ixáXXov - mais - , por seu turno, antecedido do dativo quantitativo ttoXXw - muito - , don­de, literalmente: muito mais melhor\ Aliás, as formas ttoXv (acusati- va) e 'iroXXoi) (dativa) se empregam freqüentemente a intensificar formas comparativas;

- Digno de atenção é, por certo, o plural comparativo oí nXeíoveç (e suas inflexões). Literalmente, significa: os mais. Toda­via, em muitas passagens do Novo Testamento melhor se traduz por: a maioria (At 19.32; 27.12; I Co 10.5; 15.6; Hb 7.23) ou o maior número possível (I Co 9.19; II Co 2.6; 4.15; 9.2; Fp 1.14). Aliás, tradu­ção idêntica exige também a forma normal correspondente oi ttoXXol (e suas inflexões);

- É de observar-se que outros elementos sindetizantes se usam em lugar da conjunção após adjetivos no grau normal ou na inflexão comparativa, tais preposições como:

- Trapá (Lc 13.2: áfjiapTcoXoi irapa - pecadores além de, isto é: mais pecadores do que; Lc 13.4: ocpeiXeTai ... Trapá - devedores ... além de - , isto é: mais devedores do que)',

- Trpos (Rm 8.18: ovk a£ ia ... 'Trpóç - não de valor ... acima

608

Page 620: Manual de Lingua Grega.vol.1

de, isto é: de mais valor que); e- xmép (Hb 4.12: TOfAcorepoç v irep- mais cortante sobre, isto é:

mais cortante do que).

4. Súmula- Poder-se-á sumarizar o uso geral do comparativo e do su­

perlativo em o Novo Testamento com dizer-se que:a. Assim se podem expressar:(1) Ora pela forma regular, o tema adjetivo sufixado pelas de­

sinências correspondentes icov, iov ou Tepoç, ã, ov para o grau comparativo, uxtoç, tt|, ov ou tcxtoç, t], ov para o superlativo;

(2) Ora por formas irregulares em estrutura ou mediante fra­seologia em que determinados elementos se combinam ou ajus­tam;

(3) Ora pela forma adjetiva modificada pelo advérbio |xáX— Xov (comparativo) ou ixáXurra (superlativo); e

(4) Ora por forma de linguagem em que somente o próprio contexto evidencia o teor comparativo ou superlativo, como se vê

de Lc 15.7, em que a noção de grau se expressa pelo substantivo Xapà - alegria - , a traduzir-se por mais alegria, combinado com o futuro ecrrai - haverá - e a conjunção r\-do que;

b. A frase ou cláusula complementar do comparativo aparece:(1) Ora assindética, sem conectivo, posto o termo comparante

no genitivo (Mt 27.64: Trjç irpcímis; Jo 20.4: toÍ> IleTpau; I Co 1.25: twv ávOpanríov);

(2) Ora sindética, vinculada ao termo comparado pela conjun-Ação t} - do que posta no mesmo caso desse termo (Mt 10.15: tt j TTÓXei ÉKeivTq, dativo; Jo 3.19: to (pcoç, acusativo; Jo 4.1: ^ I— íoávvTis, nominativo), ou pelas preposições Trapa - além de (Lc13.2), Trpóç - acima de (Rm 8.18) ou xnrep - sobre (Hb 4.12);

c. A noção primordial do comparativo é a de contraste, não propriamente de diferença de grau, de sorte que implica essencial­mente em dualidade ou binaridade dos termos em comparação, se­cundária a noção de superioridade ou inferioridade;

609

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d. 0 superlativo relativo, explícito o termo limitante, sempre posto no genitivo, ou implicitado, é de uso assaz reduzido, en­quanto o superlativo absoluto, mormente em teor elativo, é mais freqüente. Não é rara a ocorrência da inflexão comparativa em fun­ção tipicamente superlativa.

5. Advérbio

a. Natureza

- Comum é o emprego de forma adjetiva em função adver­bial. Ademais, grande é o número de formas adverbiais derivadas diretamente de inflexão adjetiva;

- Dos casos aquele que mais se presta ao uso adverbial éo acusativo. Todavia, embora mais raramente, genitivo e dativo também servem a esta função;

- Exs.:(1) epxo(JiaL toíxu - venho rapidamente (Ap 3.11); o advérbio

Ta\v - rapidamente, sem demora - é apenas a forma do acusativoneutro singular do adjetivo Tax *»# Taxeià, Tax^ ~ rápido - , usadotem função adverbial. E, pois, o adjetivo usado como advérbio, no caso acusativo; e

(2) riKoXcúGiqaav avTO) ire^íi à-rrò tuv ttoXccov - segui­ram-no a pé das cidades (Mt 14.13): a forma adverbial TTe£r| - a p é - é simplesmente a inflexão dativa singular feminina do adjetivo -ireÇóç, Tf}, óv - pedestre. Logo, é o uso do adjetivo como advérbio, no caso dativo;

- Substantivos também há cuja inflexão do acusativo sin­gular veio a assumir teor adverbial, à maneira do adjetivo, suben­tendida a preposição Ka-ró - conforme, segundo - com que era de início associada, explícita ou virtualmente. Desta ordem, destacam- se através do Novo Testamento:

- oiKfArjv - ainda agora (Mt 15.16), forma do acus. sing. do substantivo aK|xr|, rjs, ^ - ponta, aresta-,

- ôcopectv - gratuitamente (Mt 10.8; Jo 15.25; Rm 3.24; II Co

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Page 622: Manual de Lingua Grega.vol.1

11.7; Gl 2.21; II Ts 3.8; Ap 21.6; 22.17), acus. sing. de ôwpeã, dç, r\ - dádiva, presente;

- fxdíTiQv - em vão (Mt 15.9; Mc 7.7), acus. sing. de fxá—

tt|, xjs, t| - falha, tolice;- tt|v àpXTÍv - desde o princípio (Jo 8.25), forma articulada

do acus. sing. de «px í# *5» y\-princípio; e- tò TeXoç - finalmente (I Pe 3.8), acus. sing. articulado de

TeXoç, cais, to' - fim, final;- Referência especial merece a forma acusativa feminina

singular fxaKpáv, do adjetivo |xaKpoç, a , ov - longo, extenso - , re­manescente de adjunto adverbial elíptico, a assumir a acepção ad­verbial de longe, distante - , usada nada menos de 10 vezes nos es­

critos néo-testamentários (Mt 8.30; Mc 12.34; Lc 7.6; 15.20; Jo 21.8;

At 2.39; 17.27; 22.21; Ef 2.13,17);- A forma adjetiva de que mais abundantemente se origi­

nam advérbios é, regularmente, o gen. pl. neutro, mudado o v ter­minal em ç. Contudo, não poucos advérbios se derivam direta­

mente do radical ou de inflexões outras que o gen. pl.;

- Exs.:(1) 0oa»|xá£(jo o ti oirrwç Taxewç (X€TaTÍ6eaGe - aamiro-me

de que assim insopitadamente vos passais (GI1.6). Duas formas ad­verbiais aqui ocorrem, derivadas ambas, no sentido lato, de infle­xão do gen. pl. neutro de base adjetiva: otjtíoç - assim - de ovtcov,

por tovuov, inflexão do demonstrativo oirros, cxutti, tqÍíto - este, esta, isto - e Taxecos - insopitadamente de Taxecov, inflexão do

adjetivo Taxúç, Taxetá, Taxu - rápido mudado o v final do gen. pl. neutro em ç;

(2) Táx<* "yctp Sià touto €xwpícr0T) - pois talvez por isso se distanciou (Fl 15): o advérbio tc^ oí - talvez - é forma derivada do

y a /

tema tcxx, do adjetivo Tctx *?/ Taxeia , Taxu;- Observe-se que deste adjetivo três formas adverbiais

procedem: 'rayy, Taxew<S/ T<*Xa>

611

Page 623: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Comparativo e superlativo

- Estes advérbios oriundos de formas adjetivas admitem flexão comparativa e superlativa, fixa, indeclinável, estereotipada;

- A forma do comparativo adverbial é, regularmente, a do acus. sing. neutro do comparativo do adjetivo;

- A forma do superlativo adverbial é, normativamente, a do acus. pl. neutro do superlativo do adjetivo.

- Graficamente:- comparativo do advérbio = acus. sing. neutro do com­

parativo do adjetivo.- superlativo do advérbio = acus. pl. neutro do superlativo

do adjetivo.- Exemplo desta comparatividade da forma adverbial se vê

C í \ \

em: o aXXoç |xa(hynr)ç Trpoéôpafxev Taxiov tou IleTpou - o outro discípulo correu à frente mais depressa do que Pedro (Jo 20.4). O ad­vérbio Taxiov (que pode aparecer também na forma Taxeiov)- mais depressa - está no grau comparativo, na exata forma do

J. / /acus. sing. neutro de Taxtwv, Taxiov, comparativo de Taxvç, Ta— X e tá , Taxú - rápido;

- Exemplo da superlatividade da forma adverbial temo-lo em: iva <S<s Taxio ra eX0a>aiv 'irpòç aírróv - para que fossem com ele ter o mais rapidamente possível (At 17.15). O advérbio Taxurra - mui rapidamente - , intensificado pelo modificativo coç - tão, quão -, donde a tradução dada ao texto, é superlativo, na exata forma do acus. pl. neutro de TaxwrToç, t], ov, superlativo de Taxvç, Ta— X e tá , T a x ú - rápido;

c. Variações- Registram-se em relação a estas formas adverbiais com­

parativas e superlativas variações paralelas às assinaladas em refe­rência aos adjetivos;

- Assim é que:(1) Aparece a inflexão do comparativo em lugar da forma

do superlativo, como o evidenciam:

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Page 624: Manual de Lingua Grega.vol.1

. m m I- acraov - mais perto - em funçao de cryKicrTa - muito perto,

bem junto - em At 27.13;- kqíXXiov - melhor - em lugar de KáXXiora - muito bem -

em At 25.10; e- peX-Tiov - melhor - por peA/rurro - muito bem - em II Tm

1.18;(2) A inflexão comparativa pode eqüivaler ao simples grau

normal, alheia a noção de escalonamento (tÚxlov, que em Hb 13.19 exibe o apropriado teor comparativo; mais depressa - , e em Hb

13.23 se pode tomar como em função superlativa: mui prontamente, em Jo 13.27 não parece requerer mais do que o sentido singelo: depressa, logo);

(3) Podem-se expressar as inflexões comparativas e super­lativas adverbiais, respectivamente, pelo comparativo |xaXXov - mais, acima de, antes -, acus. sing. neutro, e pelo superlativo |jux— Xicrra - muitíssimo, especialmente, maxime - , acus. pl. neutro, graus adverbiais do simples obsoleto jxctXa, de si mesmas ou a modifi­carem elementos da frase;

- A inflexão comparativa é bem mais freqüente em o Novo Testamento que a superlativa, reforçando-a o dativo de quantidade ttoXXü) - em muito - em 11 passagens (Mt 6.30; Lc 18.39; Rm 5.9,10,15,17; I Co 12.22; II Co 3.9,11; Fp 1.23; 2.12), o simples ttoXv — muito - em 2 (Hb 12.9,25) e, 9 vezes, o dativo de intensidade ttóctci)- quanto (Mt 7.11; 10.25; Lc 11.13; 12.24,28; Rm 11.12,24; F! 16; Hb 9.14);

- Finalmente, de referir-se é, ainda, a locução adverbial in­tensiva em que é o superlativo do advérbio modificado pelo quan­titativo wç que o precede e lhe infunde a idéia de extensão ou al­cance vista no limite da possibilidade, eqüivalendo, pois, a tanto quanto possível, o mais possível. Aparece esta expressão idiomática em At 17.15: iva wç Taxurra eX0a>aiv - literalmente: para que viesse quanto depressíssima, em que o superlativo adverbial tcx— Xurra, modificado pelo anteposto w<5, realmente corresponde a: tão depressa quanto possível - , ou: o mais depressa possível;

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Page 625: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. PRONOME INTERROGATIVO TI2, T I - QUAL? QUEM? QUE?

5.1 - Estrutura- Constam as formas deste interrogativo de:TEMA + DESINÊNCIA

5.2 - Formação

1. Tema

- O tema é tiv , que sofre a queda da líquida final v nas SETE formas em que:

- segui-la-ia a sibilante: nom. e voc. masc.-fem. sing. e dat. pl. masc.-fem. e neutro: 4 formas; ou,

- seria final, não desinenciada a inflexão: nom., acus. e voc. sing. neutro: 3 formas;

2. Desinências- As desinências todas são as próprias dos adjetivos conso­

nantais biformes de tema finalizado em v, logo, em termos da 3§ declinação;

5.3 - Linhas de flexão- Apenas duas linhas gerais de flexão tem este interrogativo:

uma a servir ao masculino e ao feminino, comum a ambos os gê­neros, outra própria do neutro;

5.4 - Padrão flexionai- Segue a flexão de t iç , t i o padrão geral de craxppíov, aw—

cppov, paradigma básico dos adjetivos consonantais biformes de tema finalizado em v, com uma simples alteração: no interrogativo recebem nom. e voc. sing. masc.-fem. a desinência ç, caindo, por isso, a líquida temática;

- A acentuação é diferente, dados o posicionamento e nature­

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Page 626: Manual de Lingua Grega.vol.1

za da tônica.

5.5 - Observações morfológicas

1. Masculino-feminino- Quanto aos casos passíveis de problemas, cinco, há a obser­

var-se que:- Nom. sing.: recebe a desinência ç, pelo que não permanece

o v terminal do tema;-A cu s. sing.\ tem por desinência á (ao invés de v);- Voc. sing.: é igual em forma ao nom. sing.;- Dat. p i: sofre a queda do v final do tema ante a sibilante ini­

cial da desinência, mantida sem alongar-se a vogal temática; e-A cus. p i: afixa a desinência áç (em vez de vç);

2. Neutro- Quanto ao neutro duas observações há:a. Nom. sing. e, paralelos nos neutros, acus. e voc. sing.: não

são desinenciados, caindo a líquida v, terminal do tema; eb. Dat. p i: sofre a mesma alteração registrada em relação ao

masc.-fem., isto é, cai o v final do tema ante a sibilante desinencial, mas se mantém breve a vogal temática i;

3. Formas alternativas- Registram-se no genitivo e dativo, tanto no singular quanto

no plural, em ambas as linhas de flexão, formas aternativas, as mesmas em estrutura, formação e acentuação desses casos no arti­go.

5.6 - Formas

- A flexão total do interrogativo t U , t i - qual, quem, que - é,pois:

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Page 627: Manual de Lingua Grega.vol.1

MASCULI NO- FEMININO NEUTROTEMA

N S .t í GS. t ív

DS. TLV

AS. TLV

VS. TL

DES.S0<5, TOV

L , TÍOv va

s

TEMATL

TLV

TLV/

TL

TL

DES.

OÇ, TOV^ AL ,TO)

TEMAND. TLV

GD. TLV

DD. TLV

AD. TLV

VD. TLV

DES.eOLV

OLV

€e

TEMATLV

TLV

TLV

TLV/TLV

DES.eOLV

OLV

ee

TEMANP. TLV

G P. TLV

DP. TL

AP. TÍV

VP. TLV

DES.eç

CDV, TCQV

CTL, TOLÇ

a ç

es

TEMATLV

TLV

TL

TLV/TLV

DES.V

a

0)V, TOOV

O L, TOLÇuaí>a

5.7 - Acentuação- Pronome, o acento é posicionai. Todavia, duas particularida­

des são de observar-se:1 - O acento se mantém na sílaba t i em todas as formas, con­

trariando a regra especial dos monossílabos, que obrigaria ao des­locamento para a última nas inflexões dissilábicas do genitivo e do dativo; e

2- As inflexões de cunho monossilábico retêm o acento agudo em todas as circunstâncias, deixando de tornar-se grave quando seguido na frase por vocábulo tônico, acentuado;

- São, portanto, oxítonas as cinco formas de cunho monossilá­bico (nom. e voc. sing. masc.; nom., acus. e voc. sing. neutro), não

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Page 628: Manual de Lingua Grega.vol.1

somente porque é breve o i temático, mas ainda porque, mesmo que longo fosse, não são inflexões de gen. e dat.; são paroxítonas, acentuada a penúltima, breve, as dissilábicas, sem exceção, vinte e cinco inflexões (gen. e dat. sing., o dual e o pl. completos., de ambas as linhas, mais o acus. sing. masc.-fem.);

- As formas alternativas, por seu turno, como no artigo, são todas perispômenas.

5.8 - Relação- Têm a mesma forma das paralelas mascuiino-femininas do

neutro as inflexões do genitivo e do dativo nos três números, mais nom., acus. e voc. dual, todas formas coincidentes, similares entre si;

- São, pois, diferentes, uma a forma do masculino-feminino, outra a do neutro, somente nom., acus. e voc. sing. e pl.;

5.9 - Comparação- A flexão geral de t i s , t i , à parte os aspectos do tema especí­

fico e da acentuação, necessariamente diferentes, segue as linhas dos paradigmas dos nomes finalizados em v, a ic ó v , auovos, o e 7€Íto>v, '■yeiTovoç, ô, com apenas as seguintes ligeiras diferenças:

- Tem o interrogativo na forma do nom. e voc. sing. masc.- fem. a desinência s, alheia a esses paradigmas, fato que acarreta a queda da líquida final do tema nessa inflexão; todavia, não leva ao alongamento da vogal temática; e

- Na flexão do neutro não se alonga a vogal temática do nom. sing., nem há desinência no acus. sing., além de que no plural rece­bem nom., acus. e voc. a típica desinência neutra desses casos, isto é, á , em lugar de es e ás dos paradigmas citados.

5.10 - Tradução- Têm as inflexões deste interrogativo a tradução natural das

formas, segundo a função na frase e conforme o dite a situação contextual, em termos de: qual?, quem?, que?

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Page 629: Manual de Lingua Grega.vol.1

5.11 - Uso

- Ocorrem as formas deste interrogativo nas seguintes fun­ções:

1. Adjetiva, quando a determinar a substantivo explícito na fra­

se. E o que se vê em: T iva ovv Kapiròv eix^Te totc - que fruto, portanto, tfnheis, então? (Rm 6.20). O interrogativo Tiva - que? - de­termina ao substantivo explícito Kaprrov - fruto - , assumindo-lhe gênero (masculino), número (singular) e caso (acusativo), em uso tipicamente adjetivo;

2. Pronominal, quando a substituir a substantivo virtual, implí-t /cito ou subentendido, não explícito na frase. E o que se dá em: t iç 'n-apotoxemaeTca etç 'TroÂ.eixov - quem se preparará para a batalha? (I Co 14.8). Não há na cláusula substantivo explícito. Assume-lheo lugar o interrogativo t iç , por isso traduzido: queml, em manifesta função pronominal; e

3. Adverbial, uso peculiar à forma do acus. sing. neutro t i a funcionar como advérbio interrogativo, na acepção de: por que? As­sim, em tl ouv ó vofxoç - Portanto, por que a le il (Gl 3.19), o inter­rogativo t í , não a concordar em gênero com o substantivo vo|jloç,

masculino, evidentemente na forma de acus. sing. neutro, está em/

uso adverbial, daí, a tradução: por quel E de notar-se que o acento de t i nesta cláusula, como também o de tlç na anterior, não se fez grave, embora seguido de palavra tônica, acentuada, peculiaridade

destas inflexões do interrogativo.

5.12 - Outros interrogativos (ávT(ovu|xícu epcynqTtKoa)- Vários outros interrogativos há. De mencionar-se, neste

ponto, seriam:

1. Pronomes correlativos- Formas correlativas há de pronomes relativos caracterizadas

pela anteposição do prefixo tt, designativas de qualidade, quantidade ou número e grau, que funcionam como partículas interrogativas. Tais seriam:

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Page 630: Manual de Lingua Grega.vol.1

a. 'mnÀLKoç, T], ov - Quão? De que porte?b. 'ttoloç, ã , ov - Qual? De que natureza?c. ttoctos, T|, ov - Quanto? Quão grande? De que tamanho?- Estas mesmas formas, anteposto o prefixo o, servem de in­

terrogativos indiretos. Em o Novo Testamento, porém, ocorre so­mente Ôttoloç, ã, ov;

- Correlativo interrogativo locacional, não de olvidar-se é TroTotTróçy rí, ov, forma evoluída de Troôcnroç, r\, ov, que, no clás­sico, significava: de que região, de que lugar, e nos escritos néo-tes- tamentários eqüivale a Troioç, ã, ov - De que natureza? Qual? Que?

- Observe-se que, através do Novo Testamento, o quadro de freqüência destes correlativos é o seguinte:

- 'irriX.ikoç, Tq, ov: 2 vezes apenas (Gl 6.11; Hb 7.4);- ttoioç, á , ov: 33 vezes, metade deste número em interrogati­

vas indiretas;- ttoctoç, t|, ov: 27 vezes, das quais 9 (Mt 7.11; 10.25; Lc 11.13;

12.24,28; Rm 11.12,24; Fl 16; Hb 9.14) na locução intensivo-compa- rativa -ttocto) [xàXÂ.ov;

- iroTonroç, r), ov: 6 vezes (Mt 8.27; Mc 13.1; Lc 1.29; 7.39; II Pe 3.11; I Jo 3.1); e

- Órroíos, ã , ov: 5 vezes (At 26.29; I Co 3.13; Gl 2.6; I Ts 1.9; Tg 1.24).

2. Advérbios- Não poucas formas adverbiais se usam interrogativamente.

Referidas merecem:a. fjnrí - não - , advérbio de negação, que pode aparecer tam­

bém em forma composta, mais enfática e incisiva, mercê da justa­posição de várias partículas. Traduz-se, mais apropriadamente, nesta função por: É MESMO? PORVENTURA?

b. TTÓGev, originativo: DE ONDE?c. ttotc, temporal: QUANDO?d.TTov, locativo: ONDE?e. Trais, modal: COMO?

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Page 631: Manual de Lingua Grega.vol.1

3 . Conjunções- Em determinadas circunstâncias conjunções há que se usam em explícita função interrogativa. Salientam-se, neste uso:

£a. a p a , properispômena, que se não deve confundir com a ila-

tiva a p a , paroxítona. É intensiva, enfática;b. ei, condicional átona, usada em cláusulas elípticas, pressu­

postas formas introdutórias de Xéyco - dizer; ec. t), disjuntiva, usada como simples expletivo;- Nesta função, preferível é não atribuir-se-lhes tradução ex­

plícita, tomando-se como elementos caracterizantes de cláusulas interrogativas enfáticas, apenas.

6. PRONOMES INDEFINIDOS (ANTONYMIAI AO- PI2TAI)

6.1 - Natureza- Enquanto os pronomes interrogativos assim se denominam

porque são elementos determinantes de cláusulas interrogativas, perguntas e questões, os indefinidos assim se chamam porquanto determinam ao substantivo, ou lhe eqüivalem, sem estabelecer de- finitude ou precisar-lhe a identidade específica, referindo-o de mo­do vago ou impreciso.

6.2 - Enumeração- A consideração se impõem, em razão mesmo das particula­

ridades de flexão:1. t i s , t i - algum, alguma, alguém, algo;2 . a X X o s , a X À T ), a X X o - outro, outra, outrem;

A A_ j A3 . i r a s , T ra c ra , T ra v - todo, toda, tudo; e4 . iroX -ús , 'TroXÂ.T], tíoXv - muito, muita.

6 .3 - TIS.- t l

1. Estrutura, formação e flexão

620

Page 632: Manual de Lingua Grega.vol.1

- No que respeita à estrutura básica, à formação geral, às al­terações específicas, à desinenciação característica, em nada difere esta flexão da paralela do interrogativo t i s , t í ;

- Diferem apenas quanto à acentuação e em que ao indefinido falecem formas alternativas vigentes;

- Logo, as formas deste indefinido são as mesmas do interro­gativo, excluído o acento e omitidas as alternativas articulares;

2. Acentuação

- As inflexões todas deste indefinido são átonas, destituídas de acento próprio nas circunstâncias normais, enclíticas;

- Receberão acento apenas nas poucas situações em que o ditam as circunstâncias especiais da prosódia das enclíticas. Neste caso, serão oxítonas, salvo o gen. pl., longo, perispômeno.

3. Relação- Estreitíssima é a relação deste indefinido para com o inter­

rogativo Ttç, t i , por isso que têm ambos as mesmas formas flexio- nais, estruturação paralela, flexão similar, diferentes apenas o sen­tido e a acentuação;

- Logo, em matéria de paradigmas substantivos e similarida­des e diferenças entre as linhas genéricas de flexão, coincidem as observações com o que se assinalou quanto ao interrogativo.

4. Tradução- Típico indefinido, o sentido geral de Ttç, t i é algum, alguma,

alguém, algo; certo, certa, ajustado aos diversos casos, consoante a função correspondente e conforme o requeira o imediato contex­to, em tradução normativa, regular.

5 .U so- Ocorre este indefinido, ora em função adjetiva, determinan­

do a substantivo claro na frase, a que geralmente se pospõe, salvo se enfático, ora em função pronominal, omitido o substantivo, a

621

Page 633: Manual de Lingua Grega.vol.1

que o indefinido corresponde e substitui;

- Exemplo do uso adjetivo se vê em frases tais: et t is àpern

Kai eí t is cttouvos - se (há) alguma virtude e se (há) algum louvor (Fp 4.8). Está o indefinido t is , enfático, em ambas as ocorrências a determinar a substantivo explícito: aperrí - virtude - e erraivos - louvor. Trata-se, portanto, do uso adjetivo do indefinido, a concor­

dar em gênero (feminino, masculino), número (singular) e caso

(nominativo) com os substantivos determinados;- Exemplo do uso pronominal oferece cláusula como: eav t is

-irpós Tiva ex l |xo|xcpT)v - Se alguém tem motivo de queixa contra al­guém (Cl 3.13). Não há substantivo claro a que determinem as infle­xões do indefinido, t is , nominativo singular, e Tiva, acusativo sin­gular. Estão, pois, ambas em função estritamente pronominal, donde traduzidas por alguém, subentendido substantivo masculino, enquanto na anterior o foi por alguma, algum, como determinante

dos substantivos claros apenrí e enmvos.

6.4 - aXXos, aXXr), aXXo - outro, outra, outrem

1. Estrutura- Consistem as inflexões deste indefinido de:TEMA + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Tema- 0 tema é aXX, invariável, o mesmo, inalterado, em todas

as inflexões;

b. Desinências- As desinências deste indefinido são as típicas dos adjeti­

vos triformes vocálicos de radical não em e, i ou p, com duas ligei­ras diferenças:

(1) Elide-se, como nos demonstrativos oírros, oomi, tov— to; eKeivos, eKeív-rç, eicelvo e carros, carn^, avró, bem como no

622

Page 634: Manual de Lingua Grega.vol.1

artigo, o v finai da desinência do nom. sing. neutro (e, portanto, do acus. sing. neutro); e

(2) Não há formas específicas de vocativo.

3. Linhas de flexão- Flexão nos moldes dos adjetivos triformes vocálicos, radical

não finalizado por e, i, p, admite este indefinido três linhas flexio- nais, uma para cada gênero, o masculino e o neutro em termos da2- declinação nesses gêneros, o feminino consoante a 2 - classe de femininos da 1 - declinação.

4. Padrão flexionai- Flexiona-se aXXoç, aXX^, íxkXo nas exatas linhas de au—

to<5, au rrj, carro, mesmas as desinências, em paralelo, diferentes apenas o tema e a acentuação geral.

5. Formas- A flexão total deste indefinido é:

MASCULINO FEMININO NEUTROTEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.

NS. a\\ 0<5 aXX 'n otXX 0

GS. aXX ov aXX TIS ètXX ou

DS. aXX CO aXX Tl a XX <9AS. aXX ov a XX T|V aXX o

TEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.

ND. a XX (0 aXX ã ôtXX CO

GD. a XX OLV a XX aiv âxx OLV

DD. aXX OLV aXX aLV aXX OLV

AD. aXX CO aXX ã aXX CO

623

Page 635: Manual de Lingua Grega.vol.1

TEMA DES. TEMA DES. TEMA DES.NP. olXX 01 aXX a i ocXX aGP. &XX (OV aXX cov aXX tovDP. a XX 01 <5 aXX aiç aXX Ol<5AP. aXX ovç aXX Sç aXX u

a

6. Acentuação- Pronome, o acento éposicionai.- Dissilábicas as inflexões todas, conserva-se o acento na po­

sição em que está na forma base, nom. sing., isto é, na penúltima na flexão inteira, mesmo no gen. pl. fem., perispômeno sempre nos substantivos e nos adjetivos consonantais, não, porém, nos vocáli­cos não acentuados na última;

- Penúltima simplesmente longa por posição, não de nature­za, o acento é AGUDO em todas as formas, sem exceção, logo, to­das paroxítonas.

7. Relação- Embora, como um todo, maior seja a afinidade deste indefi­

nido para com o demonstrativo c o jtó ç , t | , o', mesma a desinenciação de ambos, no que tange à queda do v final da desinência do nom. e acus. sing. neutro e à falta de formas vocativas, não apenas com avroç, t\, o se afaz o indefinido, mas ainda ao artigo e aos demons­trativos o u t o ç , m rrr ç , t o v t o , próximo, e è K C Ív o ç , iq, o , remoto. Aliás, com estes últimos dois o paralelo se estende também à posição do acento, embora diversa a natureza, em razão da diferença de quan­tidade da penúltima.

8. Tradução- Em função adjetiva, receberá o indefinido a inflexão de gê­

nero e número própria do substantivo explícito. Em função prono­minal, de igual modo, tem-na do substantivo subentendido ou vir­tual, traduzindo-se, pois, sempre em correlação com o nome, em forma e função.

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Page 636: Manual de Lingua Grega.vol.1

9. Sentido- Tem a mesma acepção geral de aXXoç, tj, o o triforme vocá-

lico eTepoç, ã, ov. Em o Novo Testamento nem sempre se mostram precisas as distinções de sentido. Todavia, aXXos, T|, o é basica­mente quantitativo, enquanto c repos, ã, ov é essencialmente qualita­tivo, isto é, a rigor, otXXoç, Tq, o significa outro, da mesma natureza, um dentre outros, ao passo que ^Tepoç, ã, ov designa outro, de na­tureza diferente, um diverso dos demais;

- Embora em muitas passagens não transpareça esta diferen­ça básica, outras há em que importa levá-la em conta. Uma destas é Gl 1.6, em que verbera Paulo a estranha mudança de posição dos crentes da Galácia, culminando com a apóstrofe: elç eTepov evorf/eXiov, o ovk Icttiv aXXo - para outro evangelho, o qual não é outro. Isto é, estavam a passar-se a €Tepov exkry-veXiov, um evan­gelho de natureza diferente (ressaltada a qualidade), que não podia ser êtXXo, um evangelho adicional, já que só um poderia haver (res­saltada a quantidade).

6.5 - ira»;, Trãaà, ttolv - todo, toda, tudo

1. Estrutura- Deste indefinido compõem-se-lhe as inflexões de:TEMA + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Tema- O tema deste indefinido é TrávT, que, na flexão, sofre as

alterações seguintes:(1) Queda da lingual t final nos casos em que se não insere

desinência, já que a lingual não serve de terminal de vocábulo re­gular: nom., acus. e voc. sing., TRÊS casos; e

(2) Queda do grupo vt quando a anteceder à sibilante desi- nencial: nom. e acus. masc. sing. e dat. pl. masc. e neutro, a flexão

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Page 637: Manual de Lingua Grega.vol.1

feminina inteira, QUATORZE formas;

- A vogal temática à se alonga, compensatoriamente, fa­zendo-se ã , em todos esses casos em que se registra a queda do grupo vt e mesmo naqueles em que apenas a lingual se suprime;

- Destarte, verifica-se que o tema -rrávT só aparece inalte­rado em TREZE formas, SETE do masculino (gen., dat. e acus. sing.; nom., gen., acus. e voc. pl.) e SEIS do neutro (gen. e dat. sing.; nom., gen.; acus. e voc. pl.);

b. Desinências- As desinências neste indefinido são as típicas dos adjeti­

vos consonantais triformes de radical terminado em vt precedido de á.

3. Linhas de flexão- Flexão consoante os adjetivos consonantais triformes, três

linhas flexionais admite este indefinido, uma para cada gênero, as­sim que:

- o masculino segue os substantivos masculino-feminino da3- declinação;

- o feminino obedece ao padrão dos femininos da 3- classe da1 - declinação, tema não finalizado em e, i, p; e

- o neutro acompanha os nomes neutros da 3- declinação.

4. Padrão flexionai- A flexão de iràs, irao-á, Trãv, tema finalizado em vt precedi­

do de a, processa-se nas linhas desinenciais de I kíóv, I kov— crâ, €kov, paradigma dos adjetivos em vt antecedido de o, diferindo apenas quanto ao nom. e voc. sing. masc., em que se lhe apõe a de­sinência ç, estranha à flexão de ckcóv, eKoíxrá, I kov;

- Naturalmente, diferentes lhes são o tema específico, a forma do alongamento vocálico e a acentuação.

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Page 638: Manual de Lingua Grega.vol.1

5. Observações morfológicas

a. Masculino- Quanto aos casos problemáticos, é de observar-se:- Nom. sing.: recebe a desinência ç, pelo que se lhe registra

a supressão da lingual t e da líquida v finais do tema, alongando- se, em compensação, a vogal temática á, convertida em a.

- Graficamente: iravTS—► ttoívç —*■ -rras —► Trãç;-A cu s. sing.: recebe a desinência á;- Voc. sing.: é igual em forma ao nom. sing., como é de re­

gra nos vocábulos acentuados na última;- Dat. pl.: à maneira do nom. e voc. sing., sofre a queda do

grupo vt e o alongamento da vogal á, temática, diante da sibilante da desinência.

- Graficamente: tto:vtctí —* 'TT&vctl —► Trom —♦ n ã—a í; e

- Acus. pl.: tem por desinência a dominante àç, que vç é de uso assaz limitado;

b. Feminino- No feminino, o tema é uniforme, em todas as inflexões o

mesmo, Trã, forma alterada de Trávr, mercê da sibilantização do í eufônico inserido entre o tema e a desinência normativa e a conse­qüente queda do grupo vt e o alongamento da vogal temática á,

compensada para ã.- Graficamente: Tràvríá —► TravTcrà —»• Travcrà —*■

Tracrá —* Trãcrâ;

c. Neutro- Duas observações se impõem:(1) O nom. (e, daí, o acus. e o voc.) sing. sofre a queda do t

final do tema, alongando-se a vogal temática á para à , particulari­dade deste indefinido, não característico do neutro, em geral; e

(2) O dat. pl. exibe a mesma alteração verificada no mascu-

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Page 639: Manual de Lingua Grega.vol.1

Uno: queda do grupo vr ante o ç da desinência e alongamentoU —

compensatório da vogal temática, mudada de a para a.

6. Dual- Dado o teor pluralista de que se reveste este indefinido

quando não empregado em sentido puramente singular, falecem- lhe, porquanto redundantes, formas específicas do dual.

7. FormasA A, u Cl

- De TTãç, Traça, Trai» — todo, toda, tudo - a flexão, em sua for­ma atual, é:

MASCULINO FEMININÍD NEUTROTEMA

NS. -ira GS. Trávr DS. TTavT AS. TrávT VS. Tra

DES.<5Óç/

la<5

TEMAA

-rra7ráTTã

A

n ãTra

DES.<ráo-risctti

a ã va à

TEMATTãVTrávTTTavTTTãV

A

Trãv

DES.

óçl

TEMA N P. TravT GP. TravT DP. Tra AP. TravTVP. ttovt

DES.eçcovj

cri\ja<;eç

TEMATraTTã

/

Tra/TraTTã

DES.a a iCTWVo-aiça ã çcrai

TEMA/

TrávTTravT

A

Tra/

TrávTTTÒíVT

DES.•ja(OV

í i

aua

8. Acentuação- Pronome, o acento de Trdç, Traca, Trav deveria ser normati-

vamente posicionai, permanecendo na mesma sílaba em que se acha nas formas básicas, nom. sing., em todas as inflexões;

- Uma vez que do masculino e do neutro é monossi|ábico o nom. sing., deveria o acento avançar para a última no gen. e dat., o que se dá no singular, não, porém, no plural;

- O nom. sing. masc. e neutro (e, daí, os demais casos homó-

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Page 640: Manual de Lingua Grega.vol.1

grafos: voc. sing. masc. e acus. e voc. sing. neutro) tem acento cir- cunflexo, como é próprio de formas contratas;

- O gen. pl. fem., como é normativo nos adjetivos consonan­tais, é acentuado nos moldes dos substantivos da 1 - declinação, isto é, tem circunflexo na última, decorrência de contração;

- Os demais casos obedecem às normas regulares;- Portanto,- 6 inflexões são perispômenas'. nom. e acus. sing. masc.; gen.

pl. fem.; nom., acus. e voc. sing. neutro;- 4 são oxítonas: gen. e dat. sing. masc. e neutro;- 7 são properíspômenas: dat. pl. masc. e neutro; nom., acus. e

voc. sing. e nom. e voc. pl. fem.;- 13 são paroxftonas: acus. sing. e nom., gen., acus. e voc. pl.

masc.; gen. e dat. sing. e dat. e acus. pl. fem.; e nom., gen., acus. e voc. pl. neutro.

9. Relação- Diferem as flexões do masculino e do neutro, já que se en­

quadram ambas nas linhas gerais da 3- declinção, em SEIS dos ca­sos (nom., acus. e voc. sing. e pl.), distintas as desinências;

- Coincidem em forma dessas flexões os QUATRO casos res­tantes (gen. e dat. sing. e pl.);

- Flexão em termos de outra declinação, 1-, não 3-, não coin­cidem em forma as inflexões femininas com as equivalentes, para­lelas, masculinas ou neutras, com exceção do gen. pl., mesma a de­sinência, (ov, diferente a acentuação, e do acus. pl., terminado em aç tanto no fem. como no masc., diversa, entretanto, a quantidade (breve no masc.; àç; longa no fem.; ãç).

10. Tradução e usos- Traduz-se Traç, Traca, Trâv, normativamente, como todo, to­

da, tudo, seja em função adjetiva (determinando a substantivo ou equivalente claro na frase), seja em função pronominal (não pre­

sente substantivo explícito a que determine o indefinido);

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Page 641: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Embora nem sempre se estabeleça precisa distinção, justo é reconhecer-lhe três usos específicos, a facultarem tradução dife­rente, a saber:

1. Em posição predicativa, a acentuar a quantidade de elemen­tos englobados na unidade total, ressaltada a multiplicidade de com­ponentes, na acepção básica de todo, toda;

- Ex. TravTa tcü péXi] tou Trovripoí) - todos os dardos do Ma­ligno (Ef 6.16): o indefinido 'jtqlvtoí está na posição predicativa (nãoo precede o artigo), o aspecto saliente da expressão é o da quantida­de de péXir] - dardos - , ressaltado, portanto, o número de elementos constitutivos da unidade, a tradução apropriada, todos;

2. Em posição atributiva, a acentuar a unidade global dos ele­mentos de que o todo consiste, ressaltada a totalidade dos compo­nentes, a traduzir-se por inteiro, inteira;

- Ex. ó "yàp -rràs vófioç ev evi X0 7 0 ) TreTTXiqpcoTai - pois a lei inteira em um só termo se mostra cumprida (Gl 5.14): o indefinido irás está em posição atributiva (precede-o o artigo o), a determinar ao substantivo vòfxoç - lei tomado em sua totalidade, ressaltada, portanto, a globalidade da lei, não a quantidade de seus fatores, lo­go, apropriada a tradução inteira (nem sempre natural em muitas passagens); e

3.Anartro, mais normativamente no singular, a acentuar a ge­neralidade individualizada do termo determinado, ressaltada a dis- iributividade da ação. Não 0 número de elementos integrantes do to­do, nem a totalidade resultante dos componentes se acentuam neste caso; salienta-se a distribuição do fator. A tradução preferível é cada ou qualquer. De levar-se em conta é que em o Novo Testamento não poucas vezes o indefinido anartro tem acepção própria dos usos atributivo e predicativo;

- Ex. vouGeToxJvTeç irávTa av0panrov - admoestando a cada (qualquer) homem (Cl 1.28): o indefinido TrávTa, singular, é anartro (não o rege forma do artigo), salienta-se a distributividade do ter­mo avQpctíTrov - homem - , preferível a tradução cada ou qualquer;

- Em síntese:

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USO DESTAQUE TRADUÇAOPredicativo Pluralidade Todo, todaAtributivo Unidade Inteiro, inteiraAnartro Distributividade Cada, qualquer

11. Aplicação£ £ O £ - x

- Exatamente como iraç, Tracra, irav, exceto no que respeita a acentuação, se flexiona o indefinido intensivo, composto, coraq, airão-a, airãv - inteiro, completo, global, total, todo - , em ab­soluto paralelismo desinencial;

- Paralela é-lhe também a flexão, que inclui formas duais, do ptc. 19 aor. at. dos verbos em co (m arew ãç , moreíkrãcra, mo— Tevcráv), bem como do pres. e 2° aor. ats. ptcs. deiarriix í (respec­tivamente: LCTTãç, ucrTãaá, ío ráv e aTãç, aTãcra, cttol v ) , assinala­das as diferenças de quantidade da vogal temática do final do nom. (e acus. e voc.) sing. neutro e da acentuação destes ptcs.

6.6 - ttoXxjs, ttoXXti, ttoXij - muito, muita

1. Estrutura- As inflexões deste indefinido se constituem de:TEMA + DESINÊNCIA

2. Formação

a. Tema- É este indefinido, como o adjetivo fxe7 ãç, fxe7 áXrj, iié^á

- grande pronome de dupla raiz. Associam-se-lhe na flexão os temas ttoXi ), consonantal, a aparecer em SEIS dos casos (nom., acus. e voc. sing. masc. e neutro), e ttoXXó, vocálico, presente nas demais VINTE E QUATRO inflexões, isto é, em todo o feminino e do masculino e do neutro no gen. e dat. sing. e em todas as formas do plural;

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Page 643: Manual de Lingua Grega.vol.1

b. Desinências

- Nas formas em que o radical é 7roXu as desinências são as típicas dos adjetivos consonantais, em termos da 3 - declinação, já que são masculinas ou neutras;

- Nas formas em que o radical é ttoXXó são elas as típicas dos vocálicos, logo, nas linhas da 2- declinação para as inflexões masculinas ou neutras, da 1- declinação, 2 - classe, para as femini­nas;

3. Linhas de flexão

- Três linhas de flexão tem este indefinido, uma para cada gê­nero;

- Flexiona-se o masculino em termos dos substantivos mas­culinos da 3- declinação nos casos nom., acus. e voc. sing., em fun­ção dos masculinos da 2- declinação nos demais;

- Flexiona-se o feminino inteiramente nos moldes da 2- classe da 1- declinação (não terminado o tema em e, i, p), nomes femini­nos;

- Flexiona-se o neutro, tal o masculino, segundo a 3- declina­ção nos casos nom., acus. e voc. sing., conforme a 2- nos restantes, paradigmas neutros.

4. Padrão flexionai

- Segue ttoXuç, 'iroXXií, -iroXú, em paralelo, a exata flexão de |X€"yã<;, (jL€7áX'Tif |xe"yá, mesma a desinenciação e similar o padrão declinacional, inexistindo, porém, neste indefinido a forma alterna­tiva do voc. sing. masc. de tipo vocálico;

- Tema básico e acentuação, naturalmente, não são os mes­mos.

5. Oservações morfológicas- As formas ou inflexões que obedecem ao padrão flexionai

dos adjetivos de tipo vocálico de todo regulares, em nada desvian- do-se dos paradigmas básicos;

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Page 644: Manual de Lingua Grega.vol.1

- As formas flexionadas nas linhas dos adjetivos consonantais dão margem às seguintes observações:

a. Nom. sing. masc.: recebe a desinência ç;b.A cus. sing. masc.: tem a desinência á; ec. Voc. sing. masc. e nom., acus. e voc. sing. neutro: não aduzem

desinência específica, constando, pois, do tema simplesmente.

6. D uai- Como Traq, Trãaà, -rrav, em decorrência do próprio sentido,

não tem 'iroXvç, -ttoXXtÍ, TroXú inflexões próprias do dual.

7. Formas- De ttoXt;';, 'rroWrj, ttoXtj a flexão geral é:

MASCULINO FEMININO NEUTROT E M A D E S . T E M A D E S . T E M A D E S .

N S . TToXlJ Ç TTOXX T\ TToXlJ —

G S . TToXXa

ou TTOXX T\<5 TToXX ou

D S . 'TToXX ô) TToXXAV TToXX ti)

A S . TToXlL) V TToXX T)V ttoX i 3

V S . 7TOÁV — TTOXX T) TToXlJ —

T E M A D E S . T E M A D E S . T E M A D E S .

N P . TToXX o í TToXX a í TToXX àG P . TToXX 0 )V u o X X ó)V TTOXX â>vD P . TTOXX OÍ<5 'TToXX a í ç TTOXX o íçA P . TToXX OTJÇ 'TToXX ã ç TToXX àV P . TTOXX OÍ TToXX a í TToXX

óa

8. Acentuação- Flexão adjetivo-pronominal, de TroXite, ttoXXtÍ, ttoXú posi­

cionai é a acentuação, conservando-se-lhe o acento em todas as in­flexões na mesma posição e sílaba em que se acha na forma base, nom. sing.;

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Page 645: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Estará, pois, o acento na última em todas as formas, circun- flexo nas inflexões genitivas e dativas, como é próprio dos nomes de base oxítona da 1- e 2- declinações, prosódia que é também a deste indefinido; agudo nos demais casos, nom., acus. e voc., tanto do singular, quanto do plural, mesmo se longa a desinência;

- São, portanto, perispômenas DOZE das formas, oxítonas DEZOITO.

9. Relação

- Flexões em termos do mesmo padrão geral, 2- e 3- declina­ções, têm masculino e neutro deste indefinido CINCO dos casos paralelos em forma (gen, dat. e voc. sing.; gen. e dat. pl.), CINCO diferentes, seja porque ao neutro faltam as desinências (nom. e acus. sing.), seja porque são elas diversas (nom., acus. e voc. pl.);

- Das inflexões femininas, uma vez que se flexionam em mol­des distintos das masculinas e neutras, aquelas consoante a 2- clas­se da 1- declinação, estas em termos das declinações 2- e 3-, ape­nas UM caso é em tudo idêntico nos três gêneros: gen. pl. (ttoX— Xmv). Os demais diferem no tocante à vogal temática dominante e/ou à desinência específica.

10. Comparação- Particular afinidade flexionai há entre ttoX-uç, ttoXXtj, ttoXij

e fxéyãq, ixeyáXir], ixéyá., ambos a exibirem dupla raiz e paralelos em desinenciação, exceto que no voc. sing. falta ao indefinido a al­ternativa de tipo vocálico.

11. Tradução- Este indefinido, assaz freqüente em o Novo Testamento, ora

em função pronominal, ausente substantivo explícito a que deter­mine, ora em caráter adjetivo, a determinar a substantivo claro na sentença, traduz-se, normativamente, por muito, muita, e suas infle­xões, conforme o requeira o imediato contexto ou a relação fra- seológica;

- Tradução especial requer, geralmente, a forma articulada do

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Page 646: Manual de Lingua Grega.vol.1

indefin ido em função p ronom ina l, m orm ente o plural m ascu lino oí ttoXXo i , que sign ifica a maioria, grande número, em contraposição

à fo rm a anartra , que p reserva o sentido natu ra l, muitos, e suas in ­

flexões de gênero , núm ero e caso ;

- Exs.:1. Kod ô ia Tavnris |xiav0(«xnv oi ttoXXoi - e através desta

seja contaminado grande número (ou, a maioria) (Hb 12.15): o indefi­nido ttoXXoi está em função pronominal, precedido do artigo, ot. A tradução de preferir-se é: a maioria, grande número, avultada cifra;

2. eícriv "yàp ttoXXo i avwrÓTO íKToi - pois há muitos insubordi­nados (Tt 1.10): o indefinido ttoXXo í , em função pronominal, é anartro, não o precede o artigo. A tradução apropriada é a normati­

va: muitos (nom. pl. masc.);- Freqüente é, ademais, o uso adverbializado dos acusativos

ttoXv e iroXXá, anartros, ou articulados, tò ttoX-u e Tà noXXá, na acepção de muito, grandemente, o mais das vezes, em geral.

7. PRONOMES RELATIVOS (ANA4»OPIKAI ANTÍ1NY— MIAI)

7.1. - Natureza- Relativos se designam os pronomes que estabelecem corre­

lação, como conseqüentes, para com termo antecedente, explícito

ou virtual, na mesma cláusula ou em cláusula subalterna.

7.2. - Enumeração- Dois pronomes se podem tomar como os típicos relativos,

característicos e importantes:1. òs, rj, ò'- o qual, quem que; e2. octtis, t)t i<;, Ò t i - quem quer que, o que quer que, qualquer

que.

7.3 - os, r\. o -o qual, quem, que

1. Estrutura

635

Page 647: Manual de Lingua Grega.vol.1

- Constariam as inflexões deste pronome, conhecido como RELATIVO SIMPLES, do binômio básico:

TEMA + DESINÊNCIA

2. Formação

- Embora se devesse tomar a parte vocálica embasante como expressão temática, de conveniência é havê-la por elemento desi- nencial, simplificada, destarte, a noção do processo flexionai. Logo, parecerão as inflexões deste relativo consistir apenas de desinência, subentendido o tema básico;

- As formas deste relativo simples serão, pois, a exata repre­sentação das desinências típicas das declinações primeira (segunda classe, feminino) e segunda (masculino e neutro).

3. Linhas de flexão

- A flexão deste relativo apresenta-se nas três linhas genéri­cas: masculino, feminino e neutro, nos termos gerais dos adjetivos triformes vocálicos de radical não em e, i ou p, de sorte que se­guem:

- masculino: 2- declinação (substantivos masculinos);- feminino: 1 - declinação, 2- classe (nomes femininos); e- neutro: 2- declinação (nomes neutros).

4. Padrão flexionai

- Flexiona-se este relativo segundo o padrão flexionai dos adjetivos triformes vocálicos de tema finalizado em letras que nãoe, i, p, observadas três leves diferenças:

a. No neutro não têm nom. e acus. sing. o v final da forma, alteração que se verifica também no artigo, nos demonstrativos otrros, avTT|, toxjto, eKeívoç, ckcCvi], eKeivo e avróç, aírn í, carro, bem como no indefinido aXXoç, aXX-T], aXXo;

b. Não se assinalam formas específicas de vocativo;c. No dual, à maneira do que se processa no artigo e nos de­

monstrativos, menos odrrdç, T], 6 , não tem o feminino inflexões dis­tintas, específicas do gênero, valendo para tanto as típicas do mas­

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Page 648: Manual de Lingua Grega.vol.1

culino, a que são similares as do neutro. Logo, as mesmas formas servem aos três gêneros;

- É o artigo, de todas as flexões, a de que mais se aproximam as formas deste relativo simples, em paralelo. Três diferenças ape­nas se realçam:

(1) Não ocorre no relativo o t inicial das formas articulares, substituído por espírito forte;

(2) Todas as formas do relativo são tônicas, acentuadas; e(3) Tem o nom. sing. masc. a sibilante desinencial, de que ca­

rece o artigo nesse caso.

5. Formas- Deste relativo simples, o<5, "n, o, as inflexões são as seguintes:

Masculino Feminino NeutroNS.oç %

c 1 0 - o qual, a qual

GS. ov T)<5A

oh/ \ - do qual, da qual

DS. ^ ü)V- - para o qual, para a qual

AS. ov T VCl0 - (a)o qual, à qual

Masculino Feminino NeutroND.ü)

c lCO & - os quais (dois), as quais (duas)

GD.olv otv olv - dos quais (dois), das quais (duas)

DD. oiv•£

OlV otv - para os quais (dois), para as quais(duas)

AD. ü>c/(0

c lCd - (a)os quais (dois), às quais (duas)

Masculino Feminino NeutroNP. oi

cla i ot - os quais, as quais

GP. èiV iÚV-í-ÍOV - dos quais, das quais

DP. oíç'o

at<;á-

OIÇ - para os quais, para as quais

AP. oik á<5 Ôt - (a)os quais, às quais

637

Page 649: Manual de Lingua Grega.vol.1

6. Acentuação

- Pronome, o acento éposicionai;

- Inflexões todas monossilábicas, acentuadas, nesta sílaba única estará o acento;

- Acentua-se este relativo conforme os substantivos de últimatônica da 1- e 2 - declinações, isto é, gen. e dat. terão o circunflexo,os demais casos, nom. e acus., terão o agudo;

/

- E de observar-se que há QUATRO formas do relativo que só pela presença do acento se distinguem de inflexões homógrafas do artigo, a saber:RELATIVO ARTIGOo (nom. e acus. sing. neutro) Ó (nom. sing. masc.)TI (nom. sing. fem.) ri (nom. sing. fem.)ot (nom. pl. masc.) oi (nom. pl. masc.)a í (nom. pl. fem.) a i (nom. pl. fem.)

- DEZOITO das inflexões, metade do número total, são peris­pômenas (gen. e dat. sing., dual e pl. nos três gêneros), emquanto as outras DEZOITO (nom. e acus. sing., dual e pl. dos três gêneros) são oxítonas.

7. Relação- Flexões nos moldes de uma e a mesma declinação, a segun­

da, em apenas QUATRO dos casos diferem entre si as formas do masculino e do neutro: nom. e acus. sing. e pl. Nos demais OITO coincidem inteiramente;

- 0 feminino, flexionado em função de declinação diferente, a primeira, em termos de sua segunda classe, embora exiba afinidade e paralelismo de formas em seu final, apenas em CINCO dos casos lhe coincidem as inflexões com as equivalentes ou paralelas do masculino e do neutro: as quatro formas do dual e o gen. pl.

8. Comparação- São as formas deste relativo, desinencialmente, similares às

equivalentes ou paralelas do artigo, eliminado o t inicial, com a adi­

638

Page 650: Manual de Lingua Grega.vol.1

ção de s ao nom. sing. masc. Prosodicamente, coincidem também as inflexões paralelas, com a exceção das QUATRO formas proclíti- cas do artigo (nom. sing. e pl. masc. e fem.), no relativo dotadas de acento, oxítonas;

- Em comum com o artigo, os demonstrativos todos e o inde­finido a\\o<5, t i , o, tem este relativo a queda do v final da desinência nos casos nom. e acus. sing. neutro e a inexistência de formas es­

pecíficas de vocativo, e, excluído o demonstrativo crirró*;, rj, o, tam­bém a identidade das formas paralelas no dual dos três gêneros.

9. Tradução- Relativo que é, traduz-se oç, t), o, em suas inflexões, na

acepção requerida pelo contexto, pessoal ou comum, como: quem, o qual, que, e suas variações de gênero, número e função.

7.4 - Ôcttiç, o t i - quem quer que, o que quer que

1. Estrutura e formação- É e s t e p r o n o m e f o r m a c o m p o s t a , cu jo p r i m e i r o e l e m e n t o é

o re l a t i v o s i m p l e s oç , tj, ó e o s e g u n d o o in d e f in id o t iç , t i;- A estrutura, pois, assim se expressa:PRONOME RELATIVO SIMPLES + PRONOME INDEFINIDO- As inflexões regulares consistirão, pois, das formas destes

dois integrantes justapostas, em flexão paralela;- Há, também, formas alternativas nos casos genitivo e dativo

do masculino e do neutro, formas estas constituídas do acus. sing. neutro o do pronome relativo simples mais a inflexão típica do arti­go própria do caso, além de forma especial do nom. e acus. pl. neutro;

2. Linhas de flexão- Dada a própria formação, consta este relativo indefinido de

três linhas de flexão, uma para cada gênero. É, pois, triforme.

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3. Padrão flexionai

- Flexionam-se as formas típicas deste relativo nos exatos moldes de seus elementos constituintes, isto é, do pronome relativo simples, os, t{, o, e do pronome indefinido t is , t i , justapostas, em paralelo;

- Por seu turno, as formas alternativas flexionam-se nas li­nhas do artigo aposto à inflexão do acus. neutro singular do relati­vo simples, o', invariável, a mesma em todos os casos, excetuada a forma especial do nom. e acus. pl. neutro, a rra , em que registra leve variação formacional.

4. Observações morfológicas- Particularidades que requerem destaque e ensejam particu­

lar observação seriam as seguintes:a. Nom. e acus. sing. neutro: grafam-se dissimiladamente os

dois elementos formativos, de sorte a evitar-se confusão com a conjunção relativo-causal 0V 1 - que, porque - , em que se agregam esses dois componentes;

b. Vocativo: não há formas específicas deste caso; ec. Nom. e acus. pl. neutro: há a forma alternativa cÍttqi, duplica­

do o T.

5. Formas- A flexão total de octtis, t|tis , o t i - quem quer que, o que

quer que - , pronome relativo indefinido composto, é:

MAS CULINO FEM NINO NEUTROREL.

NS. £6cr GS. ov DS. % AS. <Sv

IND.TIÇ

TIVOS, 0 TOU

TIVl , C6 T(ú

T iva

REL.

S'TIO-íT)

iND.TIS

TIVOSTIVl

T iva

REL.cl0

OV£(0u-cl0

IND.Tl

TIVOS, 0 TOVTIVL , 0 TÍOuTl

640

Page 652: Manual de Lingua Grega.vol.1

REL. ND. w GD. otv DD. otv AD. co

IND.TiveTLVOLV

TLVOIV

Tive

REL.oiOlV"2

OLVClCO

IND.TiveTLVOIV

TLVOLV

Tive

REL.Cl0)AOLVí

OlVC-ico

IND.TiveTLVOIV

TLVOIV

Tive

REL. NP. OL

GP. wv DP. oíor AP. OIXT

IND.Tiveç

«/TLVCOV, 0 TCOV TLCTl , 0 TOLÇ Tivaç

REL.al'ê>v

c*aiorCla a

IND.TiveçTIVCOV

TLCTL

Tivaç

REL.acov?

OICTC la

IND. c/Tiva , aTTa

</TLVCOV, O TCOVTlCTl , 0 TOLÇ

dTiva , aTTa

6. Acentuação- Destas formas» compostas, o segundo elemento, seja o pro­

nome indefinido t iç , t i , e suas inflexões, sejam as formas típicas do artigo nas alternativas, é sempre átono, enclítico, jamais acentuado;

- Vale dizer, pois, que a acentuação se perfaz em termos e nos moldes do primeiro élemento, o relativo simples oç, 8, e suas in­flexões, tônico, sempre acentuado;

- Portanto, estará o acento, em todas as inflexões deste pro­nome relativo indefinido, básicas ou alternativas, sempre no pri­meiro integrante, a forma do relativo simples, e, uma vez que o se­gundo elemento é sempre enclítico, em nada influindo prosodica- mente, a acentuação será tal qual à do relativo simples;

- Dada essa peculiaridade de acentuação, em aparente viola­ção das leis prosódicas normativas, formas haverá de penúltima longs ccsntuada com agudo, embora breve a última, bem como in­flexões em que aparecerá circunflexo na antepenúltima;

- Terão, pois, o circunflexo as formas regulares de gen. e dat. nos três números, num total de DEZOITO formas, enquanto as demais inflexões, inclusivè as alternativas todas, num montante de VINTE E OITO formas, exibirão o agudo.

641

Page 653: Manual de Lingua Grega.vol.1

7. Relação

- Seguem as formas do masculino e do neutro o mesmo pa­drão flexionai, em ambos os elementos, quer as regulares, quer as alternativas, coincidindo, por isso, em estrutura e expressão em to­dos os casos, menos QUATRO: nom. e acus. sing. e pl.;

- O feminino, no que respeita ao segundo componente, o in­definido t lç , t i , é paralelo, em toda a linha, à flexão do masculino e em CINCO dos casos (as quatro inflexões do dual, mais o gen. pl.) é similar em forma às equivalentes masculinas e neutras.

8. Comparação

- Formas compostas, são as inflexões deste relativo indefinido exatamente as mesmas dos componentes, isto é, do pronome rela­tivo simples oç, r\, o seguidas das peralelas do indefinido t l ç , t l , em se tratando das regulares, mantida a acentuação de origem; ou do acus. sing. neutro do relativo simples, o, seguido da forma inacen- tuada paralela do artigo, em se tratando das alternativas.

9. Tradução /

- E este relativo indefinido mais geral, amplo e compreensivo que o relativo simples, revestindo-se-lhe, por isso, a tradução de teor menos preciso e definido. Daí, convêm-lhe acepções tais como: quem quer que, o que quer que, qualquer que-,

- Nos escritos néo-testamentários, em verdade, raramente se evidencia nítida distinção de sentido entre os dois relativos. Em outras palavras, tem o relativo indefinido a mesma acepção do re­lativo simples, comum a tradução.

7.5 - Outros relativos

1. Enumeração- Quatro outros relativos os chamados derivativos ou corre-

lativos, merecem referidos, a saber:a . t^Xl k o s , "q, o v , re la t iv o d e grau, na a c e p ç ã o d e de que tama­

nho, quão grande, de que porte - , q u e a p e n a s 3 v e z e s o c o r r e a t r a v é s

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Page 654: Manual de Lingua Grega.vol.1

do Novo Testamento: Cl 2.1 e, 2 vezes, em sentido contraposto ou contrastado, em Tg 3.5. Em certos mss. (o papiro 46, o uncial B e o cursivo 33) aparece, variante pouco provável, ainda em Gl 6.11;

b. oloç, ã , o v , re la t iv o d e qualidade, a t r a d u z ir - s e na a c e p ç ã o

d e : tal que, tal qual, como, igual a que, u s a d o 14 v e z e s n o s e s c r ito s

n é o - te s ta m e n tá r io s ;

c. ÔttoÍoç, ct, ov, relativo de qualidade, na acepção de: tal como, tal que, de tal molde que, de natureza tal que, encontrado 5 vezes em o Novo Testamento (At 26.29; I Co 3.13; Gl 2.6; I Ts 1.9; Tg 1.24); e

d. oícoç, iq, ov, relativo de quantidade, cujo sentido é: tanto, quanto, tão grande que, tanto quanto, assaz freqüente em o Novo Testamento, por isso que 110 vezes lhe aparece no texto;

- Alheios ao Novo Testamento, dois outros relativos há a re- gístrar-se, que são nada mais do que o relativo simples em forma composta, em função intensiva indefinida, sufixado pelas partículas conjuntivo-adverbiais enfatizantes *ye e irep, enclíticas;

- São, pois:- ocr/e, 'ípye, o-ye;- Óorrep, T Ttep, OTTep (em Mc 15.6 registra-se a variante im­

provável ov-Trep, acus. sing. masc., encontrada em alguns poucos mss., entre eles os Códices Ephraem e Koridethi).

2. Flexão- E m te s e , f le x io n a m - s e e s te s r e la t iv o s to d o s n o s m o ld e s d o s

a d je t iv o s t r i fo rm e s v o c á l ic o s , is to é , a s f le x õ e s d o m a s c u l in o e do

n e u tro s e fa z e m em te rm o s d o s n o m e s d e s s e s g ê n e ro s d a 2 - d e c l i ­

n a ç ã o , e n q u a n to o f e m in in o , e m b o ra s e m p re s e g u n d o a 1 - d e c l in a ­

ç ã o , o ra o s e rá c o n fo rm e a 1 § c la s s e (o ío ç , o u x , o to v e ô iro u v s ,

o T to íã , o tto lo v , r a d ic a l f in a l iz a d o em i ) , o ra c o n fo rm e a 2 - (t |\ i k o s ,

■f)XtKT|, t )X Ík o v ; o cro s , o o r | , Ócto v ; ( k r y e , tW c , cr/e e

ocrTTep, 'tyrrep, o W p , ra d ic a l n ão t e rm in a d o p o r e , u ou p);

- Seguem, pois, todos no masculino a exata flexão dos nor­mativos or/aGóç e ôÍkquoç e no neutro os paradigmas correspon­dentes cryaGov e ôtKcaov, exceto no tocante à acentuação e, ainda, em que nos dois últimos, compostos do relativo, ocorrem as varia­

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Page 655: Manual de Lingua Grega.vol.1

ções típicas desse pronome (inexistência de formas específicas de vocativo e queda do v final do nom. e acus. sing. neutro);

- O feminino obedecerá ao paradigma or/aOrj, em se tratando de t Xiko ç , 7], ov; octoç, t), ov; otrye, ifye, 0 7 c e cknrep, Tyirep, o-rrep, exceto no aspecto prosódico, diferente a acèntuação, e na inexis­tência de formas específicas de vocativo nos dois compostos de oç, tj, o. Segue o paradigma ôiKcaã a flexão do feminino de oloç, à, ov e Óttoioç, ã, ov, tanto em matéria desinencial quanto prosódica;

- Naturalmente, a flexão de ocrye, Tyye, cíye e o cr—c / c l

irep, TíyTTep, o-rrep é tal qual à do relativo simples, seguido, em cada forma, da partícula enfatizante, -ye ou Trep, indeclinável, inva­riável, inalterada, a mesma sempre em todas as inflexões.

3. Acentuação

- Pronomes,-é em todos posicionai a acentuação. Posto na pe­núltima na forma base, nom. sing., em todos, nos três gêneros, nesta sílaba se conserva em toda a flexão. Em outros termos, o acento estará sempre na penúltima;

- Na flexão de ^Xlkoç, t], ov e c>o-o<;, ov, cuja penúltima é breve, o acento posto sempre nesta sílaba, será agudo em todas as formas;

- Na flexão de oloç, ã , ov e ottoioç, ã , ov, cuja penúltima, di­

tonga!, é longa, ocorrerá o acento agudo nas formas em que longa é também a desinência (do masculino o gen. e dat. sing., o dual todo e do plural gen., dat. e acus.: 10 formas; do feminino as inflexões todas do sing. e dual e gen., dat. e acus. pl.: 13 formas; do neutro gen. e dat. sing., o dual todo e gen. e dat. pl.: 9 formas, num total de 32 inflexões), enquanto circunflexo terá de ser o acento nos TREZE casos cuja desinência é breve (nom., acus. e voc. sing. e nom. e voc. pl. do masculino; nom. e voc. pl. do feminino e nom., acus. e voc. sing. e pl. do neutro);

- Por sua vez, oaye, r\ye, oye e ocrrrep, Tyirep, oirep, compos­tos de relativo tônico e partícula átona, enclítica, esta em nada a in­fluir no processo prosódico, acentuam-se em termos do compo-

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nente dominante, logo, na exata forma das inflexões regulares do relativo indefinido octtiç, oti, observado que não há nestes nem formas alternativas, nem trissilábicas;

- Portanto, destes dois relativos compostos, acentuados como os substantivos de tonicidade na última da 1- e 2- declinações, são properispômenas DEZOITO das inflexões (todas as formas genitivas e dativas, nos três gêneros, em todos os números), paroxítonas as DEZOITO restantes (nom. e acus. dos gêneros e números todos).

7.6 - Concordância- Polarizados para com o termo a que se reportam e que re­

presentam na cláusula, por isso designado como antecedente, com ele concordam os relativos no que tange a número egênero e se lhe reportam à mesma pessoa. Dele independem, porém, quanto ao caso, determinado que é este pela função exercida na frase;

- Portanto, podem antecedente e relativo aparecer em casos diferentes, embora sempre, normativamente, no mesmo gênero e número;

- Exemplo desta concordância genérico-numérica e da auto­nomia de caso temos em sentença como: koí ovtx} êaTiv t) TrappTjcría rjv exofxev 'rrpòç carróv - E esta é a confiança que temos diante dele (I Jo 5.14);

- A forma relativa simples r\v - que, a qual - tem por antece­dente o substantivo Trappinaía - confiança - , feminino, singular, pelo que também o relativo, conseqüente que é, se acha nesse gê­nero e número. Todavia, enquanto Trapp^aía, sujeito de forma verbal finita, está em nominativo, T)v, objeto direto do transitivo exo|xev - temos - se acha em acusativo;

- Logo, está a concordar o relativo r\v com o antecedente TTOtppT|crLO£. em gênero (ambos femininos) e número (ambos no sin­gular), mas a divergir quanto ao caso (irapp^cría em nominativo, rjv no acusativo), já que exercem funções sintáticas diferentes.

7.7 - Atração- Não raro é assumir o relativo conseqüente, quando deveria

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estar no acusativo, a forma do genitivo ou do dativo, se em qual­quer destes casos está o antecedente. A esta variação dá-se o de- signativo de atração, visto que é o relativo atraído para a forma, in­flexão ou caso do antecedente. O inverso pode dar-se também, embora bem menos comum: o antecedente atraído para a forma casual do conseqüente;

- Ilustram esta dupla modalidade de atração exemplos tais os seguintes:

1. fxvTijjLoveijeTe tov \070v ov €70) eVuov v |x iv - lembrai-vos da palavra que eu vos falei (Jo 15.20). O relativo ov - que - objeto direto que é de elirov - eu falei - , deveria estar na forma acusativa, Òv. Como, porém, o antecedente \070v - palavra - , mercê da re­gência do imperativo |xvT||xov€veTe - lembrai-vos - está em geniti­vo, para este caso se transmutou, por efeito de atração do antece­dente, a forma do conseqüente, donde, ov em vez de ov. É o acusa­

tivo do conseqüente atraído para o genitivo do antecedente;c 1 /\ ^

2. ev copa r| ov 7iva>CTKei - em hora que não conhece (Mt 24.50). Transitivo, 7ivaxxKei requer objeto direto, pelo que o relati­vo T), nessa função, deveria estar no acusativo. Entretanto, atraído pelo antecedente, wpa, que está em dativo, para este caso se pas­sou o relativo. E o acusativo do conseqüente atraído para o dativo do antecedente;

3. Ái0ov ov aneôoKL|xaorav 01 oiKoôoixovvTeç, oíÍtoç eye— vTj0T| et? KccpaXriv 7CJviaç - A pedra que os edificadores rejeitaram, esta se tornou em chave de construção (Mc 12.10). Nesta citação do Salmo 118, versículo 22, segundo o texto da Septuaginta, XÍ0ov - pedra - é o sujeito virtual da forma finita è7 evr|0Ti - tornou-se - , aor. pass. Ind. Deveria, por isso, achar-se em nominativo, o que, aliás, é ainda mais de esperar-se uma vez que o sujeito atual, o demons­trativo ovtoç - este - , alheio ao texto hebraico, redundante, se acha nesse caso. Atraído, porém, pelo caso do conseqüente, o relativo ov- que - assumiu a forma do acusativo. É, pois, a atração do nomi­nativo do antecedente para o acusativo do conseqüente.

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- Nem sempre vem explícito o antecedente. Comum é o tipo

de cláusula em que apenas o termo conseqüente, o relativo, se faz claro, omitido ou implícito o antecedente, de sorte que enfeixa esse pronome, a um tempo, virtualmente, ambas as funções. Tem-se, nestas circunstâncias, a chamada elipse do antecedente;

‘3’ /- Exemplo desta elipse do antecedente vê-se em ápa 7c

7 ivcxtk€i<s a avcryivwaKeiç - entendes, porventura, o que estás a lerl (At 8.30). O relativo a - que - é objeto direto de àvoryivíocrKeiç- estás a ler. Deveria ocorrer-lhe antecedente, que seria objeto di­

reto de 7 ivcóorK€i<s - entendes - , a corresponder ao integrativoo da tradução. Tal poderia ser o demonstrativo éiceiva (aquilo, aquelas coisas) ou o artigo Ta, subentendido o substantivo plural neutro 'irpa7 |xaTá - coisas. Logo, a sentença completa, presente esse ele­mento, seria: àpá 7c 7 ivüxxKei<; eKeíva a avor/ivcocrKeiç; ou: apa 76 7 iv(octk€l<; Ta ('irpofyixaTá) ct ava7 ivwcrKei<;. Houve, pois, no

texto, elipse deste antecedente;- Modalidade combinada de atração e elipse subsiste em cer­

tas locuções adverbiais de tempo reduzidas, ora a espelhar apenas forma adverbial ou preposicional seguida do relativo simples no gen. sing. neutro o-u, em lugar do dativo co, atraído para aquele caso pela frase antecedente tov xpóvov - 0 tempo - , que sofreu elipse;

-T a is seriam:1 . a(p'ov, forma reduzida de ano tov xPovoru (ev) & - desde

o tempo em que;2. àxpi(<5) ov, forma reduzida de axpt tov xpovov (ev) w - até,

até o tempo em que;3. ecoç ov, forma reduzida de ecos tov xpovov (ev) & -a íé , até

0 tempo em que; e4. |xe'xpi(ç) ov, forma reduzida de |xéxpi tov xpóvov (ev) w -

até, até o tempo em que;- Similar será a locução êv á> - enquanto ou até, em que o pro-

nome está no dativo, não tanto porque associado à preposição ev,

mas em razão da atração do antecedente, ora elíptico, tw XPovt£'

7.8 - Elipse

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/ o ^Eqüivale, pois, a ev tw xpówo (ev) 6), explicitados todos os ele- U, t-

mentos;A

- Paralela é a locução conclusivo-causal av0'ó>v - donde, por-/\que, pelo que - , em que o relativo o>v teria por antecedente a frase tü>v Trpa fjuxTcov - as coisas - em genitivo, como exige a preposi­ção ãvTi - em lugar de -, cuja vogal final se elide e a lingual t , se­guida de aspiração forte, se faz 0. Portanto, completa, a expressãoseria: avTi twv 'npcryixcmov cov (o relativo atraído pelo antece­dente).

8. VOCABULÁRIO

290. cxôikos, ov - Injusto, falso, enganoso, perverso, iníquo, ímpio.291. aipto, ápoi, Tjpá, -rçpKa, ^p|xai, Tip0T]v - Erguer, elevar,

suspender, levantar, carregar, remover, levar, tirar, retirar, matar, des­truir.

292. aící)v, alwvoç, o - Era, período, dispensação, século, mun­do, eternidade.

293. aXXoç, oXKt], aXXo - Outro, outrem.

- Contrasta-se com eTepoç, ã, ov, que indica normativamente diferença de QUALIDADE, enquanto aXXoç, nq, o aponta para dife­rença de QUANTIDADE, aquele distinção EM NATUREZA, este distinção EM NÚMERO.

294. a|xvò<;, oí), 8 - Cordeiro.295. amoToç, ti, ov - Incrédulo, infiel, falso, pérfido, traiçoeiro.296. aTrocrToXrj, % , f) - Apostolado, múnus apostólico, nunciatu-

ra, embaixada.297. apx<*>v, apxovros, Ô - Chefe, líder, comandante, potentado,

governador, magistrado, dignitário, príncipe, administrador.298. pXé-TTü), pXevJ/co, epXeiJíá, pépXetpôt, pépXejxfxai, e|3Xé—

cp0Tiv - Ver, olhar, perceber, enxergar, observar.299. ye . Partícula pospositiva adverbial intensiva, enclítica,

enfatizante - De fato, realmente, assim, em verdade, destarte, certa­mente.

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300. eXáxLcrToç, tj, ov. Superlativo de 0XÍ70Ç, t], ov - pouco, reduzido, pequeno - Mínimo, menor, pouquíssimo, pequeníssimo, apou- cadíssimo.

301. erravpiov. Avérbio de tempo, composto da preposição

em , mais a forma adjetivo-adverbial avpiov - Amanhã, seguinte, imediato (referindo-se a dia).

302. errei. Conjunção temporal, concessiva ou conclusiva- Quando, então, porque, desde que, visto que, uma vez que, pois que.

303. eiTipaívco, êmpr|CTO|Jiai, eTrefhjv, empeP^Ka, em|3é— (Uafxai, è-TrepáG^v. Composto da preposição erri e de [3aív<o - ir - Subir, ascender, entrar, embarcar.

304. €7riKÒtXvfx|xa, êmKa\v|X|jiaTo<;, to - Coberta, cobertura, revestimento, capa, véu, pretexto.

305. ep7ov, ou to - Obra, trabalho, labor, ação, atividade, produ­to, feito, encargo, tarefa, empreendimento.

306. epxofxoti, e\evCTO|xai, ^X-Gov, eX.TjX.v6a , , , - Ir, vir,passar.

307. ÇiÇáviov, ov, to - Cizânia, joio.308. Xôe. Interjeição; propriamente, a 2- p. s. do 2- aor. at. Im­

pe r. de o pato - ver; acentuada, também, na última: lôe - E is .309. €IepoaóXv|xá,cIepoaoXvjxaT(ov, Ta. Nome próprio plural.

Aparece também com espírito fraco. Duas outras formas ocorrem, ademais: cIepocró\vfxá c Iepocro\vfji/Tis, ^ (feminina da 3- classe da1 - declinação) e IepovaaArfix, indeclinável - Jerusalém.

310. iva . Conjunção final ou conclusiva - Para que, a fim de que, de sorte que, assim que.

311. KaKia, ã s , y\ - Maldade, perversidade, malignidade, ruinda­de, depravação, calamidade, mal, doença.

312. KaKos, t], ov - Mau, ruim, maldoso, perverso, maligno, de­pravado, corrupto, indigno, prejudicial.

313. (xxxTTrjpiov, ov, to - Segredo, mistério, arcano, fato oculto, questão secreta, coisa desconhecida.

314. va i. Advérbio de afirmação - Sim, de fato, em verdade, realmente.

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315. o s , 1, Ò'. Pronome^elativo simples- O qual, quem, que.- O gen. sing. neutro ou, adverbializado, significa: onde.316. ocms, Tyris, o tu Pronome relativo indefinido, composto

do relativo simples os, t], o, mais o indefinido t is , t i — Quem quer que, o que quer que, qualquer que.

317. otjkctu Advérbio de negação, composto de ov - não ~ (in­

serida a gutural k antes de vogal com espírito fraco) e de e r i - ainda- Não mais, nem ainda, não além.

£ \j £318. iras , Troara, irav. Pronome indefinido - Todo, toda, tudo;

inteiro, total; cada, qualquer.

319. ttoA/us, ttoXXtq, ttoXu. Pronome indefinido - Muito, muita.- O plural oi ttoXXoi significa - a maioria, a massa, considerável

número.

320. TrovTipos, ã , ov - Mau, perverso, maligno, corrupto, ímpio, maldoso, maléfico, malévolo, desumano, cruel.

321. TTpcüTÓTOKos, ov, de alguns acentuado na penúltima: Trp<üT0TdK0S, ov. Composto de TrpcòTos, T|, ov - primeiro - e to— kos, ov, Ó - de tÍktcd - dar à luz, parir - Primogênito, filho mais ve­lho, primeiro nascido, morgado.

322. oxppõryis, acppcryíôos, t) - Selo, sinete, carimbo, impressão, prova.

323. tls , tl . Pronome indefinido; enclítico - Algum, alguma, al­guém, algo; um certo, uma certa.

324. t is , tu Pronome interrogativo - Qual? Quem? Que?- 0 acus. sing. neutro t í aparece em função de advérbio in­

terrogativo, na acepção de: por que?325. Toiotrros, TotavTTj, toujuto(v ). Pronome indefinido cor-

relativo ou demonstrativo - Tal, tal que, de molde tal que, de tal tipo, de tal espécie.

326. vrrcryü), W r^a^ov, anríixol w ryy|xa i, 'Omíxô^v.Composto da preposição tnro mais o verbo 0/7(0 - conduzir - Levar, retirar, partir, sair, ir-se, afastar-se.

327. v 7ToXa(xpáv(0, imoXr)((x)v}jo|xai, vrreAapov, vrreíXT]—

(pá, vTreiXT]|JL|xai, WeXnr fAjcpGTqv. Composto de xnró, preposição,

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e Xa|xf3ávco - verbo tomar - Lançar mão de, apropriar-se de, receber, acolher, assumir, supor, imaginar, pensar, responder.

328. vi}/io to<;, t}, ov. Forma de cunho superlativo - Altíssimo, supremo, climático, sumo, elevadíssimo, excelso, augusto.

329. o)ctt€. Conjunção conclusiva; composta da conjunção cSç, proclítica, e da conjunção Te, enclítica, donde acentuar-se a proclíti- ca, embora longa, breve a última, com agudo - De sorte que, de mo­do que, portanto, destarte, assim, conseqüentemente.

- Pode funcionar como conjunção final - A fim de que, paraque.

9. EXERCÍCIO

LER, FLEXIONAR, ANALISAR, TRADUZIR:141. o t i ê£ ccvtov kou ô i'a im n) Ka i eis avTov t à TvávTa

avTW rj 8o£a eiç touç a ííú vaç (Rm 11.36).142. 8iòt t i (xeTa tcov TeXoovôv Ka i a|xapT(oXóí)v e a B ie i ô

ÔiôácrKaXoç 'UjJLtov (Mt 9.11).143. ei 8é t i s Trvevixa X p io r o v ovk e x e i , ovtoç ovk €cttlv

avTov (Rm 8.9).144. ei aXXoiç ovk eifxi aTTÓoroXoç, aXXa ye vfxív eljxi

^àp acppa7 Íç |xov Tfjs àTTooToXrj*; v|xeiç eore ev Kvpíço (I Co9.2).

145. o t i ttoX X o i 8 i 'a v T Ò v v - ir r^ o v T< u v " Io v8 a ícü v K a i e m a —

T e w v e i s T o v l^ a o w ( J o 12.11).146. ovtoi oi avGpwTTOL 8ovXoi tov 0eov tov 'õij/íoTov elcriv,

oiTives KaTaTvéXXovaiv vfxiv ôôòv crampías (At 16.17).147. Ka i o t i ovtoç ecT iv ó Xp lo to s , ò l^aot)?, ov Í 70) Ka—

Ta77eXXco vjjllv (At 17.3).148. ó moròç ev eXa ío Tco Kai ev ttoXXcú ttlotós ecr—

tlv , Kai ó êv èXaxioTío a 8 iK0 S Kai ev iroXXtó aôiKÓç èariv (Lc

16-10)-149. e i ôè x<*pLTi, 0VK6TL è£ ep7cov, è i r e i “f j x^pis ovkcti

7 iveTa i xápi'<5 (Rm 11.6).

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150. mcrròç ôe o 0eòç otl o XÓ7 0 Ç t||xü)v ó Trpòç v|xa<; ovk

ccttiv va i Ka i ou (II Co 1.18).151. to |xucmrípiov tovto 1x67a I cttiv, €7ò) ôè \áyo> eíç

Xpioròv K a i eíç tt)v eKKÂ.T)Oxav (Ef 5.32).152. Ka l avTÒç èo r iv r| KecpaXrj tov orwfAaToç, tt jç ckkXti—

criaç oç ecrnv àpXT|, 'H'Píototoko'5 ck tüjv veKpàv (Cl 1.18).153. ô ôè Ktipioç to 'irvevfxa ccttiv. ov ôè to Trveífjxa Kvpíov

èXev0epía (II Co 3.17).154. á)ç èXev0epoi, Kai |xt| toç èmKaXv|A|xa èxovTeç ttjç

Ka K ia ç tt |v èXev0epiav, àXX'wç Geov ôovXoi (I Pe 2.16).155. Tfi CTravpiov ^Xeiret tÒv*It]ctovv Ipxófxevov Trpòç av—

tov, K a i Xe^ei. lôe ó á|xvòç tov 0eov Ó aipwv tt^v afxapTÍav

TOV KOCTjXOV (Jo 1.29).156. oiTiveç tç> ílavXcp eXe7 ov ôtà tov Trvev^aTos jXT]

emfSaiveiv eíç IepocroXvfxa (At 21.4).157. oí 7 ctp apxovTeç ovk euxiv cpopoç tcú cryaOco ep—

70a, aXXà Tw KaKío (Rm 13.3).158. axTTe aí, 7 Xíí)crCTai eiç cnrjixeíóv elcriv ov to íç ttictt€—

VOVCTIV àXXà Tolç ámOTOLÇ, T) ôè TTpOCp^Teta OV TOIÇ a-mOTTOlÇ

áXXà TÒiç TTtCTTevovCTiv (I Co 14.22).159. inixeiç ovv ôcpeiXofJiev vrroXajxpavetv tovç toiov—

Tovs/tva CTVvep7 0 i 7 ivoófxe0a tt} aXTjOeúj (III Jo 8 ).160. tò ôè KaXòv CTTrepjxa, oôtol euxiv oí vioi Trjç Pacu—

Xeiaç.Ta ôè £i£ávia eícriv o í vioi tov Trovripov (Mt 13.38).

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