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Manual de Mergulho Livre

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Manual de Mergulho Livre/ Autonomo - Marinha Americana

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Mergulho Livre e Autônomo

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CURSO DE MERGULHO LIVRE / AUTÔNOMO: Coordenação: Capitão Adilson Esquerdo

Tenente Renato Chiaparini Aires Membros do Grupo Independente Especializado de São Paulo

Compilação e Ilustração da Apostila: Tenente Renato Chiaparini. Bibliografia: Manual de mergulho da marinha americana. Sistema PROGENSI da CBPDS/CMAS. Sistema da YMCA.

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Índice: Índice:.......................................................................................................................... 3

Capítulo I - INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6

Introdução............................................................................................................... 6

Código do Mergulhador ......................................................................................... 6

Capítulo II – EQUIPAMENTO DE MERGULHO ..................................................... 7

Máscara................................................................................................................... 7

Snorkel (ou Respirador) ......................................................................................... 8

Nadadeiras .............................................................................................................. 9

Colete Equilibrador ...............................................................................................10

Cilindros.................................................................................................................11

Reguladores ...........................................................................................................12

Manômetro Submersível (MS) ..............................................................................14

Roupas de Exposição .............................................................................................14

Acessórios de Roupas de Exposição ......................................................................17

Sistema de Lastros .................................................................................................18

Capítulo III - EQUIPAMENTOS ACESSÓRIOS DE MERGULHO.........................19

Faca de Mergulho ..................................................................................................19

Bolsa de Equipamentos..........................................................................................19

Instrumentos de Mergulho ....................................................................................20

Bóias de Superfície.................................................................................................21

Bandeira de Mergulho...........................................................................................21

Lanternas para Mergulho .....................................................................................22

Log Book (Livro de Registro de Mergulho)..........................................................22

Identificação do Equipamento ..............................................................................22

Capítulo IV - ADAPTAÇÃO AO MUNDO SUBAQUÁTICO.....................................23

Visão Subaquática .................................................................................................23

Audição Subaquática.............................................................................................23

Perda de Calor na Água ........................................................................................23

Capítulo V - RESPIRAÇÃO .......................................................................................25

Eficiência Respiratória ..........................................................................................25

Exaustão Respiratória ...........................................................................................25

Controle das vias aéreas e objetivos da respiração...............................................26

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Capítulo VI - COMUNICAÇÃO NO MERGULHO ...................................................27

Sinais Obrigatórios ................................................................................................27

Sinais Complementares .........................................................................................28

Para Obter Atenção...............................................................................................29

Comunicação Subaquática ....................................................................................29

Comunicação na Superfície ...................................................................................30

Chamada Subaquática ..........................................................................................30

Capítulo VII – SISTEMA DE DUPLAS.....................................................................31

Capítulo VIII - FLUTUABILIDADE .........................................................................32

Definição ................................................................................................................32

Necessidade do controle da flutuabilidade............................................................32

Itens usados............................................................................................................32

Influência da densidade da água e do volume pulmonar .....................................32

Capítulo IX - O MUNDO SUBAQUÁTICO ...............................................................33

Espaços Aéreos Corporais e Pressão da Água......................................................33

Relação ternária: Pressão, Volume e Densidade ..................................................33

Efeitos do Aumento de Pressão .............................................................................33

Técnicas de Equalização........................................................................................34

Efeitos da Diminuição da Pressão .........................................................................34

Efeitos do Aumento da Densidade do Ar..............................................................35

Capítulo X – MANEJO DE PROBLEMAS ................................................................36

Manejo de Problemas à Superfície........................................................................36

Reconhecimento de Problemas..............................................................................36

Manejo de Problemas Sob a Água ........................................................................37

Capítulo XI - SAÚDE PARA O MERGULHO ...........................................................39

Capítulo XII – RESPIRAR AR À PROFUNDIDADE................................................40

O Ar que Respiramos ............................................................................................40

Ar Contaminado ....................................................................................................40

Oxigênio .................................................................................................................41

Narcose por Nitrogênio..........................................................................................41

Doença Descompressiva.........................................................................................41

Capítulo XIII – LIMITES DO MERGULHO.............................................................44

Mergulho Não-Descompressivo.............................................................................44

Mergulho Descompressivo.....................................................................................44

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Limites de Profundidade .......................................................................................44

Tabelas de Mergulho .............................................................................................44

Paradas de Segurança ...........................................................................................45

Mergulho em Altitude ...........................................................................................46

Vôos após Mergulhos.............................................................................................46

Mergulhos em Condições Extenuantes ou Muito Frias........................................46

Capítulo XIV - ESTILOS DE MERGULHO ..............................................................47

Estilo Snorkeling....................................................................................................47

Mergulho Estilo Livre ...........................................................................................47

Mergulho Estilo Caça Submarina.........................................................................47

Mergulho Estilo Autônomo ...................................................................................47

Como entrar na água.............................................................................................48

Capítulo XV - O MEIO AMBIENTE DE MERGULHO ............................................49

Temperatura da Água ...........................................................................................49

Visibilidade ............................................................................................................49

Correntes................................................................................................................50

Composição do Fundo ...........................................................................................50

Animais e Plantas Aquáticas .................................................................................50

Luz Solar................................................................................................................51

Água Doce e Água Salgada....................................................................................51

Capítulo XVI – CURIOSIDADES ..............................................................................53

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Capítulo I - INTRODUÇÃO

Introdução O mergulho autônomo que teve o seu desenvolvimento e disseminação após o

advento do Aqualung de Custeau e Gagnan permite que participemos de um mundo onde a gravidade quase não existe, onde as cores e referências mudam conforme a luminosidade e o movimento da água, movimento este que cria um bailado de algas, esponjas e corais em perfeita sintonia com o bailado solo dos peixes e outras criaturas marinhas, um mundo de silêncio e belezas.

Mas... Nem tudo são maravilhas. Estamos invadindo um mundo que não é o nosso, um mundo em que para sobrevivermos precisamos fazer uso de artifícios tecnológicos, onde qualquer falha pode ser grave e ter sérias conseqüências.

Este curso se propõe exatamente a torná-lo apto a utilizar esta tecnologia com tranqüilidade e segurança, tornando o seu mergulho seguro e confortável.

Código do Mergulhador 1. Mergulharei sempre dentro de minhas habilidades e conhecimentos.

2. Avaliarei sempre as condições do local antes de qualquer mergulho,

considerando minhas habilidades e conhecimentos.

3. Estarei familiarizado com meu equipamento e com a forma correta de usá-lo, antes e durante o mergulho.

4. Conhecerei o “meu dupla” e suas habilidades como a mim mesmo.

5. Aceitarei sempre a responsabilidade pela minha própria segurança em todo

mergulho que fizer.

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Capítulo II – EQUIPAMENTO DE MERGULHO

O mergulho é possível graças a equipamentos modernos e especializados, que lhe adaptam ao ambiente aquático. Os equipamentos atuais vêm numa variedade de cores e estilos, provendo conforto e funcionalidade. Veremos nesta sessão alguns equipamentos. Ao fazer a sua escolha de equipamento, solicite a ajuda de seu instrutor.

Máscara • Propósito: A máscara permite que você enxergue claramente sob a água, pois

interpõe um espaço aéreo à frente dos olhos. Como já visto, este espaço deve ser equalizado na descida. Por isto, seu nariz deve estar incluso na máscara. Óculos de natação não permitem a equalização, não podendo, portanto, ser usado para o mergulho.

• Estilos: Uma ou duas lentes. A máscara ideal deve ter pequeno volume interno e bom ângulo visual. Há máscaras com visores laterais para aumentar a visão periférica.

• Características: Ao selecionar uma máscara, considere as seguintes características:

1. Lentes de vidro temperado, mais seguras; 2. Molde confortável. Selando bem a sua face; 3. Espaço para pinçar as narinas; 4. Pequeno volume, tornando sua equalização mais fácil; 5. Tira ajustável e firme; 6. Bom ângulo de visão.

Uma característica opcional é a purga, pouco usada atualmente, pois com uma simples manobra você pode esgotar a água da máscara.

Para pessoas com problema de visão, há a opção de se fazer uma máscara com lentes corretoras. Além disto, não há problemas em se usar lentes de contato gelatinosas.

• Materiais: Podem ser feitas de neoprene ou silicone. As de silicone são mais caras, porém oferecem uma série de vantagens: são mais macias, mais duráveis e não irritam a pele, entre outras.

• Seleção: Os dois fatores mais importantes na seleção da máscara são adaptação e conforto. Para checar se uma máscara veda bem, coloque-a na face sem a tira e faça uma sucção. A máscara deve ficar firme no lugar.

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• Preparação para uso: Máscaras novas têm uma película oleosa no vidro, que deve ser removida. Se isso não for feito, haverá condensação. Para remover esta película, esfregue pasta de dente nas lentes com um pano macio (a pasta não deve ser tipo gel). Além disto lembre-se de ajustar a tira da máscara.

• Manutenção: Os três procedimentos gerais para qualquer equipamento de mergulho, inclusive a máscara, são:

1. Enxágüe bastante com água doce em abundância, após o uso, para eliminar contaminantes e corrosão;

2. Mantenha longe da luz solar, pois os raios solares podem danificar o neoprene e o silicone. Deve ainda ser seca antes de guardada;

3. Guarde num local seco e fresco. Por fim, máscaras e outros equipamentos compostos de silicone devem ser

guardados sem tocar produtos de borracha preta, para prevenir que o silicone escureça.

Snorkel (ou Respirador) • Propósito: É uma peça mandatária do equipamento, que permite a você respirar na

superfície, sem tirar o rosto d’água. No mergulho livre, permite que você veja constantemente o mundo subaquático, sem ter que tirar a cabeça da água para respirar. Já mergulhadores autônomos usam o snorkel na superfície para economizar o ar do cilindro.

• Estilos: São aparatos simples, basicamente um bucal e um tubo que se estende além da superfície.

• Características: Devem permitir uma respiração fácil, irrestrita. Um bom snorkel deve ter estas três características:

1. Bom diâmetro do tubo; 2. Medir até 45 cm de extensão; 3. Ser feito com curvas suaves.

Muitos respiradores modernos possuem mecanismos que facilitam a drenagem de água. Você verá posteriormente como é fácil esgotar a água que entra no respirador. Por isto, estes mecanismos não são fundamentais.

• Materiais: A maioria dos snorkels modernos são feitos de uma combinação de silicone ou neoprene e borracha.

• Seleção: Os pontos mais importantes na seleção são o conforto, adaptação e resistência respiratória mínima. Cheque se o bucal do snorkel fica confortável e bem

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adaptado a sua boca, sem causar fadiga da mandíbula. Respire fundo através do mesmo. Compare alguns modelos.

• Preparação para uso: Fixe o respirador do lado direito de sua máscara, com sua presilha, este deve ficar posicionado de tal forma que, ao olhar 45° para baixo, o mesmo fique na vertical. Se posicionado corretamente, os músculos da mandíbula não terão que segurar o snorkel na posição.

• Manutenção: Seguem-se os mesmos procedimentos usados para a máscara, ou seja, lavar com água doce após o uso, secar bem, manter fora da luz solar e guardar de forma em que se evite o contato da borracha com o silicone.

Nadadeiras

• Propósito: Permite o deslocamento na água com menos esforço e mais eficiência do que usando as mãos. Isso se dá, pois as nadadeiras provêm uma grande área de contato, que os poderosos músculos das pernas podem usar para nadar. Toda nadadeira tem um bolso para os pés e uma lâmina para propulsão.

• Estilos: Podem ser de tiras ajustáveis (abertas) ou com calçadeiras fixas (fechadas). As nadadeiras de tiras ajustáveis são usadas com botas de neoprene. Já as nadadeiras fechadas são preferidas em águas quentes.

• Características: Nadadeiras, especialmente as de tiras ajustáveis, tem uma série de características a escolher. As tiras devem ter presilhas que as tornem facilmente ajustáveis, com esforço mínimo. As lâminas têm designs variados para aumento de performance, incluindo: Canaletas, tubos e aletas laterais. De uma forma ou de outra, estes mecanismos reduzem a resistência à pernada ou aumentam sua potência.

• Materiais: A maioria das nadadeiras modernas é feita de uma composição de materiais. Em geral, as calçadeiras são feitas de borracha e as lâminas de termoplástico. Existem nadadeiras feitas apenas de borracha.

• Seleção: A escolha da nadadeira deve ser determinada por alguns fatores: Seu tamanho, habilidade física e área geográfica onde você mergulha. Pessoas maiores devem optar por nadadeiras de lâmina grande, que por outro lado requerem mais força. Se onde você mergulha a temperatura da água requer roupas de proteção térmica, é adequado o uso de nadadeiras abertas (de tiras ajustáveis) com botas de neoprene. Conforto e adaptação são as considerações principais na escolha das nadadeiras. Elas não devem apertar, causar cãibras ou incomodar.

• Preparação para uso: Nadadeiras de tiras devem ser ajustadas de tal forma que fiquem firmes no lugar, não apertadas. Nadadeiras novas vêm com uma substância preservativa que deve ser removida com lavagem.

• Manutenção: As nadadeiras devem ser lavadas em água doce e guardadas em local seco e fresco, fora da luz solar.

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Colete Equilibrador

• Propósito: Como visto em flutuabilidade, o Colete Equilibrador (CE), é uma bolsa que pode ser inflada ou desinflada, a fim de ajustar a sua flutuabilidade. Os CE’s modernos podem ser inflados oralmente, ou com ar do cilindro através do inflador de baixa pressão (LPI). A desinflagem é feita através de mecanismos especiais. O CE é peça obrigatória do equipamento. Permite que você ajuste sua flutuabilidade a qualquer profundidade e momento.

• Estilos: Há três estilos básicos de CE’s: O frontal (babador), o dorsal (borboleta) e o jaqueta (jacket). O CE frontal se fixa à frente do tronco, o CE dorsal fica nas costas, acoplado ao back-pack (peça responsável pela fixação do cilindro) e o CE tipo jacket é vestido como um casaco sem mangas, envolvendo todo o tronco. Atualmente, o CE tipo jacket é o mais popular, dado seu conforto e praticidade. Este tipo de colete já possui um back-pack acoplado.

• Tamanho: Experimente o colete antes de comprar. Ele não pode ficar folgado e nem justo. Os flutuadores abdominais devem estar entre a posição lateral e frontal.

• Material: Os CE’s modernos são feitos com uma ou duas bolsas. O CE de duas bolsas tem uma bolsa interna de plástico-uretano, que retêm o ar, e uma externa de nylon, que protege a primeira contra cortes, furos, etc. O bom colete é fabricado com um nylon resistente. Dê preferência ao nylon 840. Os CE’s de uma bolsa são feitos de um tecido emborrachado, o que os torna impermeáveis e resistentes. Atualmente, CE’s de uma bolsa são mais populares.

• Características: Qualquer tipo de CE deve ter cinco características elementares para o mergulho autônomo:

1. Deve conter ar suficiente para lhe dar uma flutuabilidade ampla na superfície;

2. Deve ter uma traquéia de inflagem/desinflagem larga, para que o ar possa ser liberado facilmente;

3. Deve ter um sistema de inflagem de baixa pressão, que lhe possibilite inflar lentamente o CE com ar do cilindro;

4. Deve ter uma válvula de alívio de pressão, para prevenir uma ruptura acidental do CE;

5. Deve ter um formato anatômico e confortável. O CE deve ficar o mais ajustável possível ao seu corpo. Outras características

desejáveis são bolsos, apito, prendedores de mangueiras e de acessórios. Os coletes

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modernos possuem diversas características adicionais que aumentam a segurança provêem maior conforto e praticidade. Um bom colete deve possuir as seguintes características adicionais:

o Encosto para a coluna: Os coletes com back-pack soft, acolchoados, proporcionam mais conforto do que os demais.

o Regulagem de altura: Alguns dos back-pack saem de fábrica com regulagem de altura. Se você for alto e magro, será essencial que a seu colete tenha este ajuste.

o Bolso: É muito importante que o colete tenha pelo menos quatro bolsos (sempre com tecido drenante no fundo). Sendo que dois destes com velcro. Caso contrário, será mais fácil você perder lanternas, lastros, e outros acessórios.

o Válvula de purga posterior e inferior: Elas são essenciais para controlar a flutuabilidade durante o mergulho. É preciso que tenham acesso o mais fácil possível.

o Cinta abdominal: Uma boa cinta abdominal com feixe de velcro e regulagem de tamanho é indispensável para pessoas muito magras ou muito rechonchudas.

o Tirantes peitorais: É preciso que tenham regulagem e presilhas de soltura rápida nos dois lados. Facilitam bastante no momento de se equipar e no de se desequipar.

o Tirante abdominal: Deve ter regulagem de tamanho. o Presilhas diversas: Para fixação de octopus, lanternas, carretilhas, saco de

coleta, apito, etc. o Apito: Emite sinal sonoro para chamar o barco em caso de emergência

Os coletes com um número inferior de características citadas acima são mais

baratos e geralmente usados em cursos de mergulho. • Preparação para uso: Devem ser ajustados para servir confortavelmente. CE’s

muito largos ficam rodando desconfortavelmente no corpo e CE’s muito apertados machucam, especialmente quando muito inflados. Os CE’s tipo jacket ou dorsal devem ser montados no cilindro, checando-se bem o engate do back-pack. Depois de ajustado por seu dupla, para colocar o CE, faça ajustes finais nas presilhas, afim de deixá-lo firme e confortável.

• Manutenção: Além de lavar, secar e guardar fora da luz solar, devemos ter dois cuidados adicionais:

1. Lave também a porção interna do CE, com água doce; 2. Guarde o CE parcialmente inflado.

Cilindros • Propósito: O cilindro para mergulho é um container cilíndrico de metal, usado para

guardar ar sob alta pressão. • Estilos e características: Cilindros vêm numa variedade de capacidade de ar,

dependendo de sua pressão de trabalho e volume. A capacidade de um cilindro é expresso em pés cúbicos (cubic feet - cf) de ar descomprimido. Algumas

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capacidades comuns são 50, 64 e 80cf. Mergulhos especiais requerem cilindros de maior capacidade, ou mesmo cilindros duplos. As pressões de trabalho podem variar de 1.500 Libras por Polegada Quadrada (psi), aproximadamente 102 ATM, a mais de 4.000 psi (272 ATM). Aqui, os cilindros mais comuns trabalham a 3.000 (204 ATM).

• Materiais: Os cilindros para mergulho podem ser feitos de aço ou alumínio. Ambos estão sujeitos à regulamentação por órgãos de normas técnicas (nos EUA, o órgão é o “U.S. Department of

Transportation, D.O.T.”). Estes órgãos requerem que cilindros de alta pressão recebam marcações específicas, estampadas na sua curvatura superior. Estas marcas indicam o tipo de material do qual são feitos, sua pressão máxima de trabalho, seu número de série, data dos testes hidrostáticos e marca do fabricante.

• Seleção: Depende de uma série de fatores, como seu tamanho e o tipo de mergulho

que você fará. Consulte seu instrutor para uma melhor orientação. • Preparação para uso: Além de fixar o cilindro ao back-pack, o outro preparo

requerido é ter seu cilindro cheio numa estação de recarga apropriada. • Manutenção: Dado que o cilindro e a torneira formam uma peça unitária, sua

manutenção será discutida a parte, posteriormente.

Reguladores

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• Propósito: O regulador reduz a alta pressão do cilindro de mergulho, a um nível que permita seu uso. Ele possui uma válvula unidirecional que só libera o ar quando o mergulhador inspira.

* Estilos e Características: O regulador moderno é um aparato simples e confiável, com algumas partes móveis. É composto de dois estágios: O primeiro estágio, que é acoplado ao cilindro e o segundo estágio, que contém o bucal. O primeiro estágio reduz a alta pressão do cilindro a um nível intermediário, de 100 a 150 psi acima da pressão ambiente. O segundo estágio reduz esta pressão intermediária à pressão ambiente, permitindo uma respiração fácil, essa respiração fácil é a característica mais importante do regulador. Independente de marca, todos os reguladores modernos

tem uma estrutura básica similar. O primeiro estágio contém em sua estrutura metálica, conexões para acessórios e uma abertura para entrada de ar do cilindro com um filtro, coberta por um protetor. O segundo estágio contém, basicamente, uma tampa, um diafragma, uma válvula de entrada, um bucal e uma válvula de exaustão.

Quando você inspira, o diafragma é sugado para dentro. Isto faz com que a válvula de entrada seja empurrada para baixo, liberando ar. Quando você expira, o diafragma é empurrado, fechando a válvula de entrada. Daí, a válvula de exaustão se abre, jogando para fora o ar exalado. A válvula de exaustão é unidirecional, o que impede a entrada de água. Ao regulador devem estar acoplados: O manômetro submersível, um segundo estágio extra (octopus) e a mangueira de conexão do CE. • Materiais: O primeiro estágio e feito geralmente de metal cromado e, o segundo

estágio, com peças de plástico de alto impacto, metal, ou uma combinação de ambos. O bucal é feito de silicone ou borracha.

• Seleção: O fator mais importante na seleção é a facilidade respiratória, tanto na inspiração quanto na expiração. Lembre-se também de obter junto seu octopus, ao comprar seu regulador.

• Preparação: Deve ter seus acessórios acoplados (octopus, manômetro, etc.) por um profissional. Geralmente isto é feito durante a compra.

• Manutenção: Seu regulador deve ser lavado sempre após o uso, com o resto do equipamento, mas o melhor é deixá-lo imerso em água doce antes. Tenha estes três pontos em mente:

1. Deixe o protetor firme no lugar, para evitar entrada de água no primeiro estágio;

2. Não use água sob pressão para lavar o regulador; 3. Não aperte o botão da purga durante a lavagem, pois isso permitiria a

entrada de água pela mangueira do segundo estágio. Durante a lavagem, escorra água por todas as reentrâncias do primeiro estágio

(exceto a entrada de ar do cilindro, coberta pelo protetor) e por dentro do bucal do segundo estágio.

Evite contato com areia, lama e resíduos. Ao guardar o regulador, faça as mangueiras formarem curvas grandes e suaves, sem angulações, para prevenir danos às mesmas. Evite puxá-las quando o regulador estiver conectado ao cilindro. É melhor guardar o regulador deitado, ao invés de pendurá-los por um dos estágios ou mangueiras. Um ponto importante na manutenção do regulador é a sua inspeção por

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assistência técnica autorizada, anualmente. Com imersão, lavagem, acondicionamento apropriado e inspeção anual, seu regulador funcionará adequadamente por muitos anos.

Manômetro Submersível (MS) • Propósito: O manômetro submersível (MS) lhe permite

monitorar continuamente o suprimento de ar do cilindro, durante o mergulho, da mesma forma que o marcador de combustível do carro lhe mostra o quanto deste resta. O MS dá a quantidade de ar no começo e durante o mergulho, permitindo que você o planeje, de forma a retornar com segurança ao ponto de saída, não ficando sem ar. O MS é equipamento obrigatório para qualquer forma de mergulho autônomo.

• Estilos, Características, Materiais e Seleção: Embora qualquer MS tenha a mesma função, existem alguns estilos e características básicas. Vão desde marcadores analógicos que apenas indicam a pressão do ar comprimido, até aparelhos eletrônicos sofisticados com uma série de funções (estes aparatos serão discutidos posteriormente). Solicite ajuda de seu instrutor na seleção do MS. Por ser peça obrigatória do equipamento, o MS deve ser comprado com o regulador.

• Preparação: A única preparação requerida é acoplar o MS ao regulador, o que devE ser feito na loja, quando você o compra com o regulador.

• Manutenção: O MS é um instrumento de precisão, merecendo cuidados especiais. Não o derrube ou bata e evite deitar o cilindro, ou outro objeto pesado, sobre o mesmo. Como o MS fica acoplado ao regulador, sua imersão e lavagem com este é a sua manutenção básica. Ao levar o regulador para manutenção anual, solicite também a inspeção do MS, como parte do serviço.

Roupas de Exposição

• Propósito: As roupas de exposição são usadas em todas as atividades do mergulho, e servem para redução da perda de calor e para a proteção contra ferroadas, abrasões e pequenos machucados.

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• Estilos: Existem três estilos básicos de roupas de exposição, com suas

características e nível de exposição próprios. o Roupas de Lycra: São roupas modernas de exposição, confeccionadas

normalmente de lycra ou nylon colorido. Oferecem proteção contra abrasões no corpo todo, porém pouca proteção térmica sendo por isso utilizadas somente em águas tropicais. As roupas de lycra lhe oferecem um grande conforto fora da água (protegem-no de queimaduras solares).

o Roupas Úmidas: Este é o tipo mais usado de roupa de exposição. Existem em uma grande variedade de modelos e espessuras do tecido, que as torna propícias à proteção térmica em águas de 10 a 25°C. As roupas reduzem a perda de calor de dois modos: Oferecendo uma camada de isolante térmico próximo a pele e reduzindo a quantidade de água fria que circula sobre a pele. Roupas úmidas recebem esse nome, pois se molham - a água penetra pelos punhos, pescoços e tornozelos, preenchendo o espaço entre a pele e o material isolante. Quando a água fria entra, fica retida na roupa. Está água, mais fria que sua pele, absorve o calor de seu corpo até atingir o ponto de equilíbrio. É necessário muito pouco calor corporal para mantê-la quente. Desde que não circule água por dentro desta. Caso haja circulação de água na roupa, uma grande quantidade de calor será perdida para aquecer a água que entra. É por isso que um fator crítico de uma roupa é que fique justa ao corpo.

PROTEÇÃO À EXPOSIÇÃO NÃO SIGNIFICA PROTEÇÃO AOS CORAIS Quando mergulhadores exploram o frágil ambiente a volta de corais, esponjas e outras formas de vida aquática sem proteção à exposição, tendem a serem mais cuidadosos. Com a utilização de roupas de exposição, entretanto, mergulhadores não são tão cuidadosos, e isso significa um grande dano ao ambiente. Mesmo que a maioria dos mergulhadores não bateria suas nadadeiras, nem esbarrariam intencionalmente nos recifes e nos seus habitantes, as roupas de exposição tornam menos perceptível a sensação de um contato acidental. Muitas vezes, mergulhadores não entendem que mesmo um leve toque pode danificar ou matar alguns organismos. Quebrar um pedaço de coral de apenas 25 centímetros significa destruir uma década de crescimento. Você pode minimizar danos acidentais aos recifes, utilizando técnicas simples e tomando muito cuidado neste ambiente frágil, como:

• Nade próximo ao recife. Isto evita danos feitos na parte descendente da pernada.

• Controle a flutuabilidade. Manter uma flutuabilidade neutra, evita a tendência de esbarras nos corais, onde suas pernas e pés podem causar destruição em pequena escala.

• Incline-se para o lado ao olhar por baixo de pedras. Os mergulhadores muitas vezes esquecem que o cilindro nas costas aumenta sua altura. Se você se inclinar para o lado, reduzirá a probabilidade de bater o cilindro nos corais.

Em geral, evite tocar coral vivo. Tenha em mente que só porque você está protegido contra o recife, não significa que o recife está protegido de você.

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o Roupas Secas: A roupa seca oferece isolamento térmico, mantendo o mergulhador seco. É a maior proteção térmica utilizada por mergulhadores esportivos, especialmente úteis em águas mais frias com temperaturas abaixo de 10°C. Em alguns casos veste-se abaixo da roupa seca, roupas especiais para aumentar o aquecimento. Roupas secas contêm ar e devem ser equalizadas durante a descida, do mesmo modo que outros espaços aéreos. Por isto, a roupa seca vem equipada com mecanismos de inflagem e desinflagem. Independente do tipo de mecanismo de inflagem, a maioria das roupas é cheia com ar do cilindro, via mangueira de baixa pressão similar a do CE. Mergulhar com roupa seca requer instrução especial.

• Características: Dentre os três tipos de roupa, a roupa úmida possui a maior gama de características, devido à diversidade de ambientes nos quais ela é utilizada. Suas opções mais comuns incluem comprimento, espessura do neoprene, cor, protetores para joelhos e cotovelos, bolsos e posição do zíper. Algumas destas características são também encontradas em roupas secas.

• Materiais: Como já visto, as roupas de lycra (body suits), mais simples entre as roupas de exposição, são confeccionadas de nylon fino ou lycra. As roupas úmidas e secas, por outro lado, devem ser feitas de um material isolante. As roupas úmidas são feitas de neoprene, com pequenas células internas de ar. Estas células de ar, que retêm gás dentro do neoprene, não estão interligadas. Por isto, a água não pode circular pela roupa, igual a uma esponja. Por possuir milhares de células de gás, a roupa úmida se torna bastante positiva quanto a flutuabilidade. A roupa úmida é tão positiva na superfície, que lhe fará boiar confortavelmente. É muito difícil afundar sem o uso de um sistema de lastro que a neutralize. O neoprene é um ótimo isolante. Porém, quando você afunda, a pressão da água comprime as bolhas do tecido, tornando-o mais fino. Em conseqüência, a roupa se torna menos positiva e isolante, quanto maior a profundidade. A compensação desta menor flutuabilidade é feita adicionando-se ar ao CE. Para manter um bom isolamento, escolha uma roupa com espessura adequada ao isolamento necessário à profundidade do seu mergulho. As roupas secas podem ser feitas de neoprene, mas utilizam zíperes especiais, assim como vedações no pescoço e nos pulsos, que evitam a entrada de água. O neoprene dá uma parte do isolamento térmico, com um isolamento extra feito pela camada de ar. Outras roupas secas são feitas de tecidos sintéticos revestidos e não possuem isolamento interno. Estas roupas foram desenvolvidas para serem usadas com roupas térmicas internas, e sem estas, você sentirá frio, mesmo em águas moderadas. As roupas secas são muito mais positivas que as úmidas, pois são preenchidas com ar.

• Seleção: A seleção do tipo de roupa de exposição depende basicamente do ambiente onde você vai mergulhar. As considerações mais importantes, independente do tipo de roupa são: calor, conforto e ajuste ao corpo. A roupa de exposição deve ser uma das primeiras peças a se adquirir, pois ela faz a diferença entre um mergulho frio e desconfortável e um mergulho quente, agradável e divertido.

• Preparação para uso: Roupas de lycra e roupas úmidas não necessitam de preparação especial para uso. Roupas secas requerem preparo. Consulte seu manual de instruções.

• Manutenção: Há 4 passos básicos na manutenção de roupas: 1. Lavar; 2. Secar primeiro pelo avesso;

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3. Guardar pendurada e sem dobrar; 4. Lubrificar zíperes e fechos.

A roupa de mergulho, como todo equipamento, deve ser lavada após o uso. Após isto, vire-a do avesso para secar. Guarde-a na sombra em cabide não metálico. Evite deixá-la dobrada por muito tempo. Isto faz com que as células de ar do neoprene colem, reduzindo sua habilidade de isolante térmico. Lubrifique zíperes e fechos periodicamente com spray de silicone ou outro lubrificante não derivado de petróleo.

Acessórios de Roupas de Exposição Sua cabeça, mãos e pés também necessitam de proteção, assim como o resto de seu corpo. Você obtém essa proteção através de acessórios de roupas de exposição: Capuz, luvas e botas. • Capuz: Podemos perder até 75% do calor corporal

através da cabeça, caso esta esteja desprotegida. Por esta razão, capuz é uma proteção térmica importante em águas abaixo de 21°C. O capuz dá ainda proteção contra lesões na cabeça e no pescoço. Capuzes são tipicamente

feitos de neoprene. Existem uma grande variedade de espessuras e 3 tipos básicos: capuz com aba, capuz sem aba e capuz com camiseta. A aba do capuz deve ser colocada por dentro da jaqueta. Isto cria um ajuste melhor entre a jaqueta e a nuca e, diminui a circulação de água pela nuca. O capuz sem aba é normalmente usado com roupas secas. Capuz com camiseta incorpora, uma camiseta de neoprene sem manga, o que dá uma boa vedação na nuca e um isolamento térmico maior na área do peito. Escolha um capuz justo, porém não apertado. Um capuz apertado pode causar alterações nos batimentos cardíacos, devido à compressão das artérias do pescoço. Considere conforto e ajuste apropriado durante a escolha de seu capuz.

• Luvas: Suas mãos são muito susceptíveis a perda de calor, pois não têm proteção térmica. Em águas frias, as mãos podem perder sensibilidade e destreza, se ficarem desprotegidas. Isto pode causar dificuldades na operação do equipamento e em tarefas relacionadas a segurança. Suas mãos, além disto, estão vulneráveis a objetos cortantes e alérgicos. Recomenda-se o uso de luvas em qualquer mergulho. Dependendo da água, você pode usar uma luva sem isolamento térmico, só para proteção; luvas de neoprene, para isolamento térmico e proteção, ou luvas de neoprene sem dedo, para isolamento térmico extra em águas muito frias.

• Botas: Botas de neoprene são utilizadas no mergulho por três razões: Proteção térmica em águas abaixo de 21°C, proteção à cortes, picadas e abrasões durante a entrada e a saída da água e prevenção contra abrasão causado pelas tiras das nadadeiras. As botas devem se ajustar de forma confortável, nem muito grandes, nem muito pequenas.

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Sistema de Lastros • Propósito: Contrabalançar a flutuabilidade positiva natural das pessoas e aumentada

pelo uso de roupas de exposição. Sua função não é fazer, mas sim permitir, que o mergulhador afunde.

• Estilos, características e Materiais: As peças de lastro são feitas de chumbo, com uma grande variedade de desenhos e peso por peça. Comumente, têm passagem para um cinto que as retêm na cintura do mergulhador. Alguns CE’s tem mecanismos para acoplar lastros. Independente de modelos, qualquer sistema deve ter um mecanismo de desengate rápido, sua característica mais importante. Este mecanismo deve ser operável com uma mão. As fivelas de cintos são feitas de termoplástico ou metal.

• Seleção: Vai depender do tipo de equipamento e do ambiente onde você mergulhará. Solicite instrução de seu instrutor.

• Preparação para uso: Distribua as peças de maneira simétrica entre os dois lados da cintura. Idealmente, as peças devem ficar meio para frente do abdome. Durante as aulas de piscina, seu instrutor ajudará a determinar a quantidade de lastro adequada a você.

• Manutenção: Uma simples lavagem é o necessário para cintos de lastros. Sistemas integrados podem ter requerimentos especiais, neste caso consulte o manual do fabricante. É importante ter cuidados para não deixar que o cinto caia sobre objetos ou equipamentos que possam se quebrar, ou que machuque pessoas. Existem presilhas que fixam melhor as peças de lastro ao cinto.

HIPERTERMIA As roupas de mergulho reduzem a perda de calor corporal e por isso também podem gerar aumento de calor, caso o mergulhador a coloque fora da água, em dias quentes. Existem 6 passos para evitar a hipertermia:

1. Prepare todo o equipamento antes de vestir a roupa de mergulho. Vista a roupa no último momento possível;

2. Uma vez vestido. Limite sua atividade ao mínimo; 3. Mantenha-se longe do sol o máximo que puder; 4. Não coloque o capuz, deixe-o pendurado no pescoço; 5. Mantenha o zíper de sua jaqueta aberto, até estar pronto

para cair na água; 6. Resfrie-se, jogando água uma ou mais vezes dentro da

roupa durante a sua colocação.

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Capítulo III - EQUIPAMENTOS ACESSÓRIOS DE MERGULHO No capítulo anterior você aprendeu sobre máscaras, snorkels, nadadeiras, CE’s, roupas de exposição, sistema de lastros e a unidade SCUBA. Neste capítulo você se familiarizará com fontes extras de ar, facas de mergulho, bolsa de equipamentos e instrumentos de mergulho.

Faca de Mergulho • Propósito: São ferramentas práticas, lhe dando meios

para medir, cortar, abrir, cavar, etc. A faca de mergulho não é uma arma.

• Estilos, Características e Materiais: Há uma grande variedade de modelos e tamanhos. Uma boa faca de mergulho deve, no mínimo:

1. Ser feita de aço inox; 2. Lâmina com um lado cortante e outro

serrilhado; 3. Ter bainha apropriada.

• Seleção: Além destas três características mínimas, você pode optar por facas colocáveis na perna, braço ou CE, ou ainda facas acopladas a consoles.

• Manutenção: Mesmo feitas de aço inox, as facas apresentam alguma ferrugem. Lave sua faca com água doce e, ocasionalmente, afie se necessário.

Bolsa de Equipamentos • Propósito: É essencial para

transportar e guardar temporariamente o equipamento. É fundamental para evitar confusões numa embarcação com vários mergulhadores.

• Estilos, Características, Materiais e Seleção: A sacola deve ser grande

e forte, o suficiente para carregar e proteger todo equipamento, exceto cilindro e cinto de lastro. Deve ser feita de tecido forte e impermeável, com zíper à prova de corrosão.

• Preparação para uso: O armazenamento correto é muito importante, evitando perda de tempo durante a montagem do equipamento e danos ao mesmo. Guarde por baixo os equipamentos a serem montados por último. Ao término do mergulho, habitue-se a guardar o equipamento na sacola, assim que possível.

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• Manutenção: A sacola deve ser esvaziada e lavada após o uso. Espere secar antes de guardar.

Instrumentos de Mergulho São equipamentos necessários para obtenção de dados do mergulho, bem como seu correto monitoramento. • Marcadores de Tempo Subaquáticos: Todo mergulho tem um limite de tempo,

baseado em fatores que serão discutidos posteriormente. Por isto, você deve marcar o tempo de mergulho. Há dois tipos de marcadores de tempo para mergulho: Relógios e cronômetros. Relógios podem ser usados para mergulho e no dia a dia. Já os cronômetros são específicos. Tanto relógios como cronômetros podem ser analógicos ou digitais. Alguns modelos são automaticamente ativados pela pressão. Uma boa lavagem em água doce faz a manutenção adequada.

• Profundímetros: Como discutimos no item anterior, o mergulho deve ser monitorado, levando-se em conta uma série de fatores. Um fator fundamental é a profundidade, medida por profundímetros. Também há uma grande variedade de modelos e características, entre elas marcação analógica ou digital. Trate seu profundímetro com cuidado, pois é um instrumento de precisão. Evite pancadas e lave sempre após o uso. Alguns profundímetros são danificados por variações de altitude. Para esta modalidade de mergulho, procure saber que profundímetro é adequado.

• Bússola: Sua função é determinar a direção e dar informações para uma navegação subaquática precisa. Com o uso da bússola, você consegue mergulhar numa determinada direção e voltar ao ponto de partida sem que para isso se faça necessário voltar a tona. Bússolas subaquáticas são preenchidas com líquido, o que as torna imunes à pressão. Os tipos preferidos de bússola têm uma marca de referência, chamada linha de fé e outras marcações que podem ser alinhadas com a agulha magnética. Sua manutenção requer lavagem com água doce após o uso.

• Termômetro: Embora não seja um instrumento essencial, é útil para dar informações sobre a temperatura da água, para planejamento de mergulhos futuros numa mesma área. O Manômetro Submersível - Já foi discutido antes, sendo apenas lembrado aqui que é equipamento mandatório para o mergulho.

• Console de Instrumentos: Instrumentos podem ser usados individualmente, em pulseiras ou combinados em consoles, acoplados ao MS. Consoles fornecem uma

Bússola Marcador de tempo

(Computador) Computador Profundímetro

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Bandeira de Mergulho

maneira eficiente para obtenção de referências rápidas. Evite deixar seu console solto, durante o mergulho. A maioria dos CE’s tem presilhas próprias para consoles. Ter seu console preso ao CE não vai impedir a sua monitoração, e sim vai ajudar na sua preservação e na proteção do meio ambiente.

• Instrumentos Integrados: Encontram-se alguns instrumentos integrados em um só painel, tornado o console mais compacto e conveniente. Alguns modelos integram profundidade e tempo, outros tem, além destas informações, pressão do cilindro, profundidade máxima, profundidade atual, tempo de fundo, tempo de superfície e número do mergulho no dia.

• Computadores de Mergulho: Além dos dados acima, computadores de mergulho mostram seu limite de tempo e profundidade para o momento do mergulho. Discutiremos os computadores mais a fundo posteriormente.

Bóias de Superfície São bóias carregadas pelos mergulhadores, usadas para marcação de locais, descanso, assistência a outro mergulhador ou como suporte da bandeira de mergulho. Podem ser feitas de diversos materiais, ou ancoradas em um ponto determinado, ou carregadas por todo o mergulho. De qualquer forma, uma bóia deve ter um cabo com pelo menos 15 metros de comprimento, de preferência numa carretilha.

Bandeira de Mergulho Áreas populares para mergulho são muitas vezes populares para outros esportes náuticos, como jet-ski, pesca oceânica, etc. Como é praticamente impossível que embarcações lhe vejam sob a água, você deve avisar sua presença, com uma bandeira de mergulho. Em alguns locais, bandeiras de mergulho são requeridas por lei.

Há dois desenhos de bandeiras que sinalizam a presença de mergulhadores na água: uma bandeira vermelha com uma faixa diagonal branca, ou uma bandeira branca e azul secionada (internacional). Ao mergulhar de um barco, coloque a bandeira no mastro, antena de rádio ou outro local alto e visível. Ao mergulhar da costa, carregue a bandeira numa bóia de superfície. Cada local tem sua lei própria sobre a distância que se pode passar de uma bandeira de mergulho. Por bom senso, você deve ficar dentro de um raio de 15 metros da bandeira e os barcos não devem se aproximar mais que 30 metros desta. Muito embora seja obrigatório um curso para a habilitação de qualquer condutor náutico, sabemos que muitas pessoas conduzem embarcações sem qualquer habilitação e muitas

Bandeira Alfa

Luzes

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vezes um barco não vê ou não sabe o significado de uma bandeira de mergulho, Portanto, sempre suba com muito cuidado e próximo à mesma.

Lanternas para Mergulho Além de seu uso óbvio em certas especialidades, como mergulho noturno. Lanternas são usadas à luz do dia. São úteis para se olhar em tocas e grutas e restaurar as cores. A lanterna deve ser inspecionada periodicamente e guardada sem bateria.

Log Book (Livro de Registro de Mergulho) Além da certificação que você deverá solicitar ao término deste curso, você deve documentar sua experiência, através do Log Book. Enquanto o certificado comprova a sua qualificação, o Log Book dá comprovação de experiência, geralmente requisitadas para novos níveis de curso e treinamentos, e por Resorts e Operadoras. O Log Book lhe permite guardar dados de seus

mergulhos, suas experiências e detalhes que possam ser usados futuramente. Há uma grande variedade de Log books, de muito simples a muito complexos.

Identificação do Equipamento Para uma identificação fácil, você deve marcar todo seu equipamento pessoal usando marcadores especiais. Pode-se usar tinta-esmaltada, canetas especiais ou fitas adesivas coloridas, entre outros. Muitos mergulhadores previnem frustração e confusão com equipamentos similares, de tamanhos diferentes, marcando seu equipamento. Isto pode ocorrer em barcos ou aulas de piscinas. A identificação do equipamento ajuda ainda a distinguir um mergulhador de outro, sob a água.

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Capítulo IV - ADAPTAÇÃO AO MUNDO SUBAQUÁTICO Durante o treinamento de águas confinadas, você se aventurou pela primeira vez no mundo subaquático e passou por novas sensações, como ficar sem peso e respirar sob a água. Você também deve ter notado algumas diferenças em como as coisas se parecem ou soam quando estão debaixo da água. Sendo uma criatura que respira ar, você está adaptado para a vida terrestre. Fora da água, você vê, ouve e se move de maneira familiar e confortável, pois está adaptado ao meio aéreo. Sob a água, você está num um mundo novo, onde a visão, audição, manutenção do calor e movimentação são diferentes. Isto tudo ocorre porque a água é 800 vezes mais densa do que o ar, afetando a luz, sons e calor de uma forma a qual não estamos acostumados.

Visão Subaquática A máscara providencia um espaço aéreo. Sem ela, você poderá ver objetos grandes, mas borrados e indistintos, porque seu olho não conseguirá fazer com que os raios de luz façam um ponto focal. Somente com uso da máscara, consegue-se enxergar bem. A luz viaja na água a uma velocidade diferente que no ar. Quando esta passa da água para o ar, na máscara, a mudança de velocidade causa um pequeno desvio no ângulo dos raios luminosos. Isto causa o efeito da magnificência (aumento), onde os objetos, sob a água, parecem 25% maiores e mais próximos.

Audição Subaquática O mundo subaquático não é um mundo silencioso. Você ouvirá sons novos e interessantes, como o ronco dos peixes, lagostas estalando e o barulho dos motores de barcos. O som se propaga mais intensa e rapidamente (4 vezes mais rápido) na água do que no ar, por isso podemos ouvir coisas que estão muito mais longe, do que fora da água e temos dificuldades de determinar a direção do som. Sob a água, há sensação de os sons vir de todas as direções, ao mesmo tempo. Falar sob a água é impossível, porque nossas cordas vocais não conseguem emitir sons no meio líquido. A comunicação através de sons embaixo da água se limita a atrair a atenção do outro mergulhador, batendo no cilindro com um objeto sólido, como a faca. O mergulhador poderá escutar esse som, porém não saberá dizer de onde vem.

Perda de Calor na Água O mergulho perde sua beleza quando o mergulhador começa a tremer de frio. De fato, mesmo uma pequena perda de calor corporal tem o potencial de se tornar um sério risco à saúde. Sabendo isto, é importante entender a perda de calor sob a água. No ambiente aéreo, nosso corpo perde calor através da pele para o ar, quando o calor é levado por correntes de ar ou pela transpiração, que esfria a pele através da evaporação.

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A água remove nosso calor corporal aproximadamente 20 vezes mais rápido que o ar. Isto mostra porque, numa dada temperatura, a água tem um efeito resfriatório muito maior. A água com temperatura de 23ºC parece quente, mas ela se torna fria após um certo tempo. A perda de calor na água pode levar rapidamente a uma condição séria, a não ser que se use um isolante para reduzir a perda de calor. A roupa de exposição é recomendado para mergulhos em águas à 20°C ou menos. Você deve se vestir apropriadamente para o mergulho. Para um maior conforto e prevenção de perda de calor excessiva, você deverá usar algum tipo de isolante em todos os mergulhos. Mesmo com o uso de isolamento, você pode começar a tremer após algum tempo. Tremor contínuo é sinal que a perda de calor atingiu um nível crítico. Toda vez que você começar a tremer continuamente, saia da água. Seque-se e procure se aquecer.

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Capítulo V - RESPIRAÇÃO Os peixes retiram o oxigênio necessário à sua sobrevivência, diretamente da água. Não sendo capazes disto, devemos levar nosso suprimento de ar, quando formos mergulhar. Conhecendo como respiramos, você aprenderá o método apropriado de respiração, durante o mergulho. Este é um passo importante à adaptação ao ambiente subaquático.

Eficiência Respiratória Toda vez que você respira, inala oxigênio, o gás necessário à manutenção da vida. Quando o ar atinge os pulmões, o sangue absorve o oxigênio a ser transportado para as células do corpo, e elimina gás carbônico proveniente destas. Esta troca de gases ocorre somente nos pulmões, as passagens de ar até os pulmões (boca, traquéia e brônquios) contém ar que não toma parte diretamente na troca de gases. Estes espaços são chamados "espaço morto respiratório". O regulador e o snorkel aumentam a quantidade de espaços mortos respiratórios naturais existentes no corpo, através do aumento de volume da passagem de ar dos pulmões. Ao inspirar o primeiro ar levado aos seus pulmões é aquele presente no espaço morto respiratório, que restou das respirações anteriores. Este ar é rico em gás carbônico. Se você respirar curto, cada respiração terá uma quantidade relativamente alta de gás carbônico, pois você inalará pouco ar fresco. Você estará re-inalando o ar dos espaços mortos respiratório. A respiração curta não é muito eficiente, porque apenas uma pequena quantidade do ar respirado toma parte da troca de gases, gás carbônico e oxigênio. Por outro lado, ao respirar profundamente, você inalará muito mais ar fresco. Neste caso, existe uma proporção maior de ar fresco chegando aos pulmões. Isto significa que a respiração profunda é muito mais eficiente. Lembre-se de respirar profunda e lentamente sempre que estiver usando equipamento SCUBA. Além de obter uma eficiência maior, você estará prevenindo a exaustão respiratória. Limite sua atividade ao seu grau de condicionamento.

Exaustão Respiratória Se você mantiver um alto grau de atividade durante o mergulho, como nadar contra uma corrente ou carregar um peso excessivo, poderá ficar com exaustão. Sintomas de exaustão incluem fadiga, respiração ofegante, sensação de sufocação, fraqueza, ansiedade, dor de cabeça, cãibras musculares ou tendência ao pânico. O melhor é prevenir a exaustão. Conheça seus limites físicos e nade a um ritmo compassado, para não perder o fôlego. Mova-se lentamente. Caso você apresente sintomas de exaustão sob a água, pare toda a atividade, respire profundamente e descanse. Apóie-se num objeto, se possível. Caso você tenha exaustão na superfície, estabeleça flutuabilidade e pare de se mover. Descanse e restabeleça a respiração. Quando estiver recuperado, continue num ritmo mais lento.

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Controle das vias aéreas e objetivos da respiração Não é raro haver uma pequena quantidade de água, ocasionalmente, no regulador ou snorkel, principalmente após o seu esgotamento. Normalmente isto não traz problemas, pois um controle apropriado das vias aéreas evita que você inale acidentalmente um pouco de água. O controle apropriado das vias aéreas significa:

1. Sempre inale lentamente, caso tenha entrado água no regulador, respirador ou boca, assim esta água não irá para a sua garganta;

2. Sempre inale lenta e cuidadosamente após o esgotamento do regulador ou respirador e;

3. Utilize a língua como uma barreira à entrada de água, colando-a no céu da boca.

Estes métodos e procedimentos previnem que você inale água e engasgue. Você poderá facilmente expelir a água da sua boca, regulador ou snorkel, quando exalar. Se por acaso você perder o controle das vias aéreas, e acidentalmente inalar água, mantenha o regulador ou Snorkel segurando-o com uma mão na boca e tussa através do bucal. Fique calmo. Deglutir a água inalada permitirá que você respire e retome o controle das vias aéreas. O controle durante o mergulho é facilmente aprendido e desenvolvido. Ele se torna um hábito natural com o tempo e com um pouco de experiência. Resumindo, os objetivos da respiração subaquática são:

• Respire sempre lenta e profundamente; • Desenvolva o controle das vias aéreas; • Respire continuamente durante o mergulho autônomo.

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Capítulo VI - COMUNICAÇÃO NO MERGULHO Apesar do som se propagar melhor na água que no ar, a comunicação verbal é virtualmente impossível sob a água, exceto com a utilização de elaborados sistemas eletrônicos. Devido ao custo e outros fatores, estes sistemas não são usados no mergulho esportivo. Usamos então, outras formas de comunicação, não verbais.

Sinais Obrigatórios

1. Ok! Ou Ok? 2. Ok na superfície. 3. Subir. 4. Descer.

5. Sem ar. 6. Abra minha reserva.

Ou não consigo abrir minha reserva.

7. Algo não vai bem. Ou “mais ou menos”.

8. Dificuldades, na superfície. Ou Socorro!

9. Estou na reserva.

10. Ok. Tudo vai bem. (Grandes círculos lentos).

11. Não. Algo não vai bem. (Grandes movimentos verticais rápidos com o braço esticado).

12. Os mesmo sinais diurnos, iluminados pela lanterna. (Só para perto).

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Sinais Complementares

13. Eu! Olhe para mim!

14. Você! Olhe para lá! 15. Reunir! Junte com seu dupla.

16. Parar! Atenção.

17. Indica direção. 18. Não. Negativa. 19. Ir mais devagar. 20. Acelerar. Apressar.

21. Compense! 22. Indica ignorância

ou incompreensão. 23. Vertigem. Tontura. 24. Ação de dar nó.

Apertar.

25. Estou com Frio. Hipotermia.

26. Compartilhar ar. Cachimbo.

27. Venha aqui! 28. Ouvido não compensa. Ou compensou?

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29. Estou com pouco ar.

30. Devagar! Calma! Relaxe!

31. Tudo bem. Ok. 32. Perigo.

33. Qual direção? 34. Nivelar aqui. Equalizar flutuabilidade.

35. Eu sigo você. 36. Para esta direção. Vamos para lá!

37. Não estou bem. Estou com pouco ar.

Para Obter Atenção Antes de se comunicar com outro mergulhador, você deve obter sua atenção. Toque-o gentilmente ou bata no seu cilindro com uma faca ou outro objeto duro.

Comunicação Subaquática Após obter atenção de sua dupla, você pode se comunicar, escrevendo em uma prancheta ou usando sinais manuais. Existem vários tipos de pranchetas nas lojas de mergulho. Os sinais manuais padronizados, usados sob a água, estão ilustrados nas páginas anteriores. Você deve aprender o significado de cada um destes sinais. Além disso, você deve rever os sinais manuais e outras formas de comunicação com a sua dupla antes do mergulho, para evitar desentendimentos e confusões debaixo da água.

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Comunicação na Superfície Na superfície, você pode usar sinais manuais ou sonoros. Alguns sinais manuais de superfície estão ilustrados nas páginas anteriores. Evite acenar com os braços na superfície, para cumprimentar alguém, isto é um sinal de socorro à superfície. O apito é peça obrigatória do equipamento de comunicação de superfície, porque chama a atenção com eficiência, ao produzir um som alto, sem gasto excessivo de energia (em comparação com o grito), e bem audível.

Chamada Subaquática Algumas embarcações utilizam um aparelho eletrônico de chamadas subaquáticas para chamar a atenção dos mergulhadores submersos. Quando ativado este aparelho emite um som parecido com o de uma sirene, através de um alto-falante subaquático. Ao escutar esse som durante o mergulho, suba a superfície com cuidado e procure o barco para instruções. Barcos que não possuem aparelho de chamada costumam sinalizar através de partida no motor da embarcação. Não nade em direção ao barco até que o capitão sinalize.

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Capítulo VII – SISTEMA DE DUPLAS Você deve mergulhar sempre com sua dupla, e ficar próximo deste o tempo todo. Antes do mergulho, sua dupla provê assistência geral na colocação e checagem do equipamento; durante o mergulho lhe ajuda a lembrar os limites de profundidade, tempo e suprimento de ar; e ainda lhe dará ajuda necessária, numa eventual emergência. Sua dupla deve receber essa mesma assistência de você, e ambos se sentirão mais seguros mergulhando juntos, do que separados. Mergulho é uma atividade social. Mergulhar acompanhado é mais divertido. Juntos, você e sua dupla dividirão experiências e a imensa variedade de cenas mostradas pelo mundo subaquático. Você se surpreenderá com o número de amigos que você fará através do mergulho e do sistema de duplas. Tenha em mente as três razões principais para se mergulhar em duplas:

1. Praticidade; 2. Segurança; 3. Diversão.

Você tem uma responsabilidade com seu parceiro e para que o sistema de duplas funcione, ambos devem querê-lo. Ambos devem aprender procedimentos que minimizem sua separação sob a água. Entenda a importância, necessidade e o valor do sistema de duplas e decida, desde já, usá-lo sempre que mergulhar.

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Capítulo VIII - FLUTUABILIDADE

Definição Você já deve ter se perguntado porquê certos objetos extremamente pesados, como um navio, flutuam, enquanto outros bem mais leves podem afundar. Na verdade, o que determina a flutuabilidade de um objeto é a relação entre seu peso e seu volume. Se o objeto tiver um volume que desloca uma quantidade de água mais pesada que seu próprio peso, flutuará (positivo). Se este tiver um volume que desloca uma quantidade mais leve que seu próprio peso, afundará (negativo). E se o peso da água deslocada for igual ao seu, haverá o que chamamos de equilíbrio, ou flutuabilidade neutra.

Necessidade do controle da flutuabilidade É essencial que os mergulhadores tenham um bom controle sobre a sua flutuabilidade. Este controle deve ser praticado com freqüência. O mergulhador deverá variar algumas vezes sua flutuabilidade no mergulho, ficando:

• Positivo na superfície, para economizar energia; • Neutro sob a água, ficando sem peso e evitando bater no fundo, ajudando

assim a preservar a delicada vida marinha e seu próprio equipamento.

Itens usados Os dois itens usados pelo mergulhador para controlar a sua flutuabilidade são: o Colete Equilibrador e o Cinto de Lastro. O Colete permite que você aumente ou diminua o seu volume e o Cinto contrabalanceia a flutuabilidade positiva que a maioria das pessoas têm quando equipadas.

Influência da densidade da água e do volume pulmonar Quanto mais denso o líquido, mais pesado. Em conseqüência, um mesmo objeto imerso em água doce e salgada, terá comportamento diferente, tendendo a flutuar mais na água salgada. Você notará essa diferença quando mergulhar no mar, depois das aulas na piscina. Além disso, pulmões vazios diminuem o volume, facilitando a submersão do mergulhador.

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Capítulo IX - O MUNDO SUBAQUÁTICO

Espaços Aéreos Corporais e Pressão da Água Embora não percebamos, nosso corpo recebe pressão constante pelo ar. Nosso corpo é primariamente líquido, o que faz com que esta pressão seja distribuída de maneira uniforme. O corpo possui alguns espaços aéreos (seios faciais, ouvido médio e pulmões). Como a água é muito mais densa que o ar, ocorre uma variação de pressão muito maior com a mudança de profundidade do que com a mudança de altitude.

Relação ternária: Pressão, Volume e Densidade A pressão atmosférica, ao nível do mar, é de 1 atm (1 Atmosfera). Isso corresponde ao peso de toda a camada de ar que envolve a Terra. A mesma pressão é obtida com apenas 10 metros de coluna de água. Assim sendo, temos o acréscimo de 1 atm para cada 10 metros de profundidade. Veja a tabela abaixo:

PRESSÃO Profundidade Pressão Hidrostática Pressão Absoluta Volume Pulmonar 0m 0 Atm 1 Atm 5 L 10m 1 Atm 2 Atm 2,5 L 20m 2 Atm 3 Atm 1,66 L 30m 3 Atm 4 Atm 1,25 L 40m 4 Atm 5 Atm 1 L O aumento da pressão gera uma diminuição proporcional no volume de um espaço aéreo e uma diminuição da pressão gera um aumento proporcional no volume do mesmo. A diminuição deste volume gera um aumento proporcional da densidade dentro do espaço aéreo. Para manter o volume original do espaço aéreo, deve-se acrescentar mais ar ao mesmo, de maneira proporcional. Este é o conceito da equalização. A medida que a pressão é reduzida na subida, o ar dentro do espaço aéreo expande, até atingir seu volume original, na superfície. No entanto, se algum ar adicionado a este espaço no fundo, para sua equalização, o volume irá expandir além do inicial, podendo até levar a ruptura deste espaço.

Efeitos do Aumento de Pressão Como visto, os espaços aéreos são afetados por mudanças de pressão. O mergulhador tem espaços aéreos naturais e artificiais, criados pelo uso de equipamentos. Os naturais mais perceptivelmente afetados são: Os seios da face e o ouvido médio. O espaço artificial mais afetado é o criado pela máscara. Durante a descida, estes espaços são comprimidos pela pressão. Se esta não for equilibrada, surgirá desconforto e dor progressivos, podendo levar a um barotrauma.

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Barotraumas podem ocorrer no ouvido, seios da face, dentes e pulmões. Felizmente, isso pode ser facilmente evitado pelo mergulhador. Para evitar o desconforto, deve-se igualar a pressão dentro do espaço interno à pressão do espaço externo - da água -. Isto é feito através da Equalização, isto é, acrescentar ar nos espaços aéreos à medida que se desce, antes de surgir o desconforto. A equalização dos seios da face e ouvido é feita acrescentando-se ar através de interligações com vias aéreas (ossos sinusais e tubas auditivas). Lembre-se que dentes não têm espaços aéreos naturais, podendo surgir cavitações por cáries ou obturações mal adaptadas. A única prevenção para o barotrauma dental é fazer checkups regularmente.

Os pulmões são largos e flexíveis. Como mergulhador autônomo, você equaliza a pressão nos pulmões de forma automática, ao respirar continuamente. No mergulho livre, nada acontece desde que você encha os pulmões ao descer, pois na subida, os mesmos voltam ao tamanho original.

Técnicas de Equalização Para equalizar os seios da face e os ouvidos: Tape as narinas e tente assoprar gentilmente, através das mesmas, com a boca fechada. Outra técnica que pode ser efetiva é deglutir ou movimentar a mandíbula para os lados. Lembre-se de equalizar seus espaços aéreos desde o começo e a cada metro. Se surgir desconforto, proceda como indicado abaixo:

1. Suba até o desconforto passar; 2. Tente equalizar novamente e desça lentamente; 3. Se você novamente não conseguir equalizar interrompa o mergulho.

Resfriados geram congestão e conseqüente obstrução das vias aéreas, impossibilitando a equalização. Não se recomenda o uso de descongestionantes para o mergulho. O uso de um plug de ouvido cria um espaço que não pode ser equalizado. Não use plugs. Deixe entrar água e sair ar do capuz, antes de iniciar a descida. Para equalizar a máscara, simplesmente exale pelo nariz. Se isto não for feito, você sentirá uma “sucção” na face e olhos.

Efeitos da Diminuição da Pressão Como visto anteriormente, toda vez que um mergulhador livre desce, seus pulmões são comprimidos e voltam ao tamanho inicial quando o mergulhador retorna à superfície. Já no mergulho autônomo, nada acontece ao volume pulmonar, desde que o mergulhador respire constantemente. No entanto, se o mesmo prender a respiração durante a subida, o ar irá expandir nos pulmões. Esta expansão pode gerar uma sobrepressão pulmonar, a mais séria lesão que um mergulhador pode sofrer.

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Embora seja muito séria, a sobrepressão pulmonar é também facilmente evitável. Bastando apenas que o mergulhador respire sempre. A regra mais importante do mergulho autônomo é: RESPIRE CONTINUAMENTE AO USAR AR COMPRIMIDO. Nos outros espaços aéreos, o escape de gás se faz de maneira natural, sem gerar problemas. Às vezes, o ar pode se aprisionar, gerando o que chamamos Bloqueio Reverso. Estes são raros e, geralmente, causados quando se mergulha resfriado ou o efeito de um descongestionante cessa enquanto o mergulhador está no fundo. Também pode ocorrer expansão de ar no aparelho digestivo, durante a subida, causando desconforto. É uma situação rara, que pode ser prevenida evitando-se a ingestão de alimentos fermentativos antes do mergulho. Bloqueio Reverso pode ocorrer ainda em dentes mal obturados ou que apresentam erosão interna. Este tipo de Bloqueio Reverso é prevenido com checkups dentais regulares. Ao sentir desconforto na subida, por expansão de ar, pare ou diminua a velocidade de ascensão, desça alguns metros e aguarde o escape de ar. Se você tiver bloqueios reversos com freqüência, procure um médico especializado.

Efeitos do Aumento da Densidade do Ar Uma pergunta freqüentemente feita por leigos é: “Quanto tempo se pode ficar submerso com um dado cilindro de mergulho?” Como veremos, isso depende, entre outras coisas, da profundidade do mergulho. Como visto anteriormente, é fácil perceber que à medida que a pressão aumenta, mais ar deve ser acrescentado para preencher o espaço aéreo. Aplicando este conceito a respiração, podemos dizer que o ar do cilindro é gasto mais rapidamente, a medida que mergulhamos mais fundo. Assim, seu consumo de ar a 20 metros é três vezes maior que na superfície, da mesma forma que é necessário usar o triplo de ar para preencher um espaço aéreo a esta profundidade. Além disto, quanto mais fundo você vai, mais denso é o ar respirado. Isto afeta a respiração, aumentando a dificuldade inspiratória e expiratória. Para eficiência máxima, respire profunda e lentamente, relaxe e não force o seu limite.

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Capítulo X – MANEJO DE PROBLEMAS O mergulho é uma atividade recreacional, onde você e sua dupla mergulham respeitando certos limites planejam seus mergulhos e usam técnicas de segurança. É importante que você mantenha um bom condicionamento físico e treine suas habilidades como mergulhador, tornando muito mais fácil a prevenção de problemas. No entanto, se ocorrer um problema, você saberá cuidar de si mesmo e até ajudar outro mergulhador. Discutiremos aqui alguns conceitos básicos de manejo de problemas no mergulho. Tenha em mente, que ao planejar um mergulho num local onde não há assistência secundária (paramédicos, salva-vidas, dive master ou instrutor) nas proximidades, você deve obter treinamentos adicionais, que inclui Primeiros Socorros, Reanimação Cardio-Respiratória (RCR) e procedimentos especiais para acidentes de mergulho. Se informe com seu instrutor. Neste ponto, você deve se concentrar na prevenção de problemas e ter a mão formas de contato para assistência a emergências (telefone de paramédicos e policia, e radiofreqüência da guarda costeira). Tenha ainda o telefone da Câmara de Recompressão mais próxima e de um médico especializado na área. Nos EUA, você pode contatar a DAN (Divers Alert Network) numa emergência, e em determinadas partes a Assist America, ligada a DAN.

Manejo de Problemas à Superfície A maioria dos problemas no mergulho ocorre à superfície, por mais estranho que possa parecer. Estes problemas de superfície podem ser prevenidos ou controlados assim:

1. Mergulhe dentro das suas limitações; 2. Relaxe enquanto mergulha; 3. Estabeleça e mantenha flutuabilidade positiva, enquanto estiver na

superfície. Os principais problemas de superfície são exaustão, cãibras ou engasgamento por inalação de água. Os dois primeiros já foram discutidos anteriormente. Se você inalar água, mantenha o regulador na boca e tussa através do mesmo. Engolir um pouco de água pode ajudar. Mantenha flutuabilidade positiva. Se um problema ocorrer à superfície, estabeleça flutuabilidade imediatamente, inflando o CE ou liberando o cinto de lastro. Pare, pense e aja. Não existe em sinalizar pedindo ajuda, quando você necessitar.

Reconhecimento de Problemas Antes de ajudar outro mergulhador, você precisa saber que o mesmo precisa de ajuda. Daí poderá agir imediatamente e prover a ajuda necessária. Um mergulhador com problemas, mas que está sob controle, não aparenta a situação. Você só perceberá se o mesmo sinalizar pedindo ajuda. Este terá, tipicamente, o equipamento no lugar, aparentando estar relaxado e com respiração normal.

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Já um mergulhador que perde o raciocínio lógico, troca estas ações apropriadas por gestos não pensados. O medo do afogamento o faz tirar o rosto da água, gastando muita energia. Este geralmente abandona o regulador e coloca a máscara na testa, ansioso por ar. Sua respiração é rápida e curta e ele não presta atenção a outros mergulhadores. Seus olhos estão esbugalhados. Um mergulhador com esta aparência precisa de ajuda imediata, senão continuará a se debater até tornar-se totalmente exausto e inapto a flutuar. Há quatro passos básicos na assistência a outro mergulhador:

1. Estabeleça ampla flutuabilidade ao mergulhador; 2. Acalme o mergulhador; 3. Ajude-o a estabelecer o controle da respiração; 4. Se necessário ajude-o a voltar para o barco ou costa.

O primeiro passo é dar ampla flutuabilidade ao mergulhador. Isto pode ser feito jogando-lhe uma bóia, inflando seu CE e/ou liberando seu cinto de lastro. Depois você deve acalmá-lo. Fale com ele, encorajando-o. Solicite que ele respire profunda e lentamente e, o reboque, se este não puder por si próprio, à costa ou barco.

Manejo de Problemas Sob a Água Uns raros problemas podem ocorrer sob a água e podem ser prevenidos da seguinte forma: Relaxe durante o mergulho, monitore cuidadosamente seu suprimento de ar e mergulhe dentro de seus limites. Vejamos os principais problemas que podem ocorrer sob a água:

• Exaustão Respiratória: Como já visto, a exaustão pode ser prevenida movendo-se e respirando lentamente. Além disto, se surgir exaustão, você deve parar a atividade, descansar, relaxar e respirar profunda e lentamente. Sob a água, a exaustão pode lhe dar uma sensação de fraqueza e tontura, pelo aumento da resistência respiratória do regulador, com a profundidade. Previna a exaustão evitando atividades extenuantes e sabendo o seu ritmo adequado.

• Ficar com muito pouco ou sem Ar: - Ficar sem ar é o problema de mais fácil prevenção e, uma depressão de ar por disfunção do equipamento é extremamente rara. A simples monitoração de seu MS faz a prevenção. Mas lembre-se que o MS só lhe será útil se você consultá-lo. No evento improvável de você ficar sem ar subitamente, há uma série de opções para tirá-lo desta situação sem maiores problemas: � Faça uma subida normal: Isto funcionará bem se seu cilindro não

estiver totalmente vazio, pois à medida que você sobe, o pouco ar do cilindro expande.

� Suba usando uma fonte alternativa de ar: É a maneira mais fácil de voltar à superfície, tanto usando uma fonte alternativa própria (“spare air” ou “pony bottle”) como da sua dupla. Para isto, é fundamental saber localizar, pegar e usar esta fonte. Não negligencie estes passos na checagem de segurança pré-mergulho.

� Faça uma subida livre de emergência: Se você não tiver uma fonte alternativa de ar à mão ou sua dupla estiver muito longe e em profundidade não maior que 12 metros, pode-se optar por uma subida livre de emergência. Nade para superfície exalando continuamente pelo

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regulador emitindo um som “AAA”, para prevenir uma hiperdistensão pulmonar.

� Divida o ar de um regulador (cachimbo): Se você estiver mais fundo que 12 metros e não houver uma fonte alternativa à mão, você pode ter que dividir ar de um regulador único com sua dupla, o chamado “cachimbo”.

� Faça uma subida de emergência boiada: É uma opção final que requer que você abandone seu cinto de lastro ou infle o CE, e suba exalando continuamente com um som “AAAAA”, em direção à superfície. Só deve ser usada numa opção extrema.

Lembre-se de discutir com sua dupla todas as opções numa eventual depressão de ar, antes do mergulho. Desta forma vocês estarão melhores preparados se necessário. A melhor opção ainda é a prevenção, monitorando continuamente seu suprimento de ar e da sua dupla.

• Regulador em débito contínuo: Reguladores modernos, numa eventual pane, quebram abrindo o fluxo de ar, nunca cortando, isto é chamado débito contínuo. Você aprenderá a respirar de um regulador nestas condições, tomando cuidado para não inalar em excesso, o que poderia causar hiperdistensão pulmonar. Lembre-se que se isto acontecer realmente, você deverá avisar sua dupla e encerrar o mergulho.

• Enroscos: É muito raro enroscar-se. No entanto, linhas de pesca, redes e outras coisas podem gerar enroscos sob a água. Previna enroscos, olhando atentamente sua direção, movendo-se lentamente e tendo suas peças de equipamento, especialmente os instrumentos e mangueiras presas em seus engates. Enroscar-se não é propriamente uma emergência, desde que você não se machuque. Se você se enroscar, pare, pense e tente se liberar lenta e calmamente. Solicite ajuda da sua dupla. Eventualmente você terá que remover a unidade SCUBA para se desenroscar, recolocando-a logo após.

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Capítulo XI - SAÚDE PARA O MERGULHO Mergulho é uma atividade de “relax”, se feita corretamente. Algumas vezes, entretanto, pode haver algum grau de cansaço. Por isto, você deve ter um nível de saúde e condicionamento suficientes para atividades moderadas. Isto faz parte da segurança do mergulho. Recomendações gerais de saúde com relação a alimentação e descanso se aplicam não só ao mergulho, como no dia a dia. Siga estas recomendações:

• Nunca use álcool, cigarros e medicações antes de mergulhar. Álcool e medicações podem ter seus efeitos intensificados com a profundidade e alterar sua capacidade decisória. Além disto, a ingestão de álcool previamente ou logo após o mergulho pode aumentar seu risco de ter doença descompressiva. Quanto à medicação prescrita pelo seu médico, consulte-o a respeito. Cigarros, além dos efeitos nocivos à saúde, diminuem a eficiência respiratória e circulatória durante o mergulho.

• Não mergulhe se você não estiver se sentindo bem, nem resfriado; como já visto, mergulhar resfriado aumenta as chances de um bloqueio reverso.

• Mantenha um condicionamento físico razoável e faça exame médico completo anualmente. Idealmente, você deve obter exame de um médico que conheça bem a atividade. Além disto, mantenha suas imunizações em dia, especialmente Tétano e Tifo.

• Faça uma dieta balanceada e repouso adequado antes de mergulhar. Mantenha um programa regular de exercícios.

• Esteja bem física e mentalmente. Seja um mergulhador ativo. Mantendo-se treinado nas novas habilidades de mergulho aprendidas. Aperfeiçoe essas habilidades e o seu conhecimento. Após um longo período de inatividade, procure praticar em águas confinadas antes.

• Mulheres têm algumas considerações especiais. Mergulhar no período menstrual não é um problema, desde que a mulher se sinta bem para tal. Já na gravidez, a mulher não deve mergulhar, pois pode haver efeitos sobre o feto.

Finalizando, você deve se sentir bem para mergulhar bem! Mantenha-se com boa saúde, bom condicionamento físico e mental e evite hábitos danosos.

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Capítulo XII – RESPIRAR AR À PROFUNDIDADE Através de sua experiência prévia em águas confinadas e do que vimos em aulas teóricas, você sabe que respirar ar sob a água é diferente do que respirá-lo na superfície. Além de efeitos óbvios, como aumento da densidade, respirar ar sob pressão traz alguns efeitos sutis. Felizmente, esses efeitos são compreensíveis e de fácil prevenção, como veremos a seguir.

O Ar que Respiramos O ar comprimido de seu cilindro é basicamente o mesmo que respiramos agora. Uma mistura de Nitrogênio (aproximadamente 80%) e Oxigênio (aproximadamente 20%). O oxigênio é usado para sustentação da vida e o Nitrogênio, fisiologicamente inerte (não utilizado pelo nosso corpo). Enquanto nenhum desses gases pode lhe dar efeitos adversos sobre a água, ambos podem gerar problemas, quando respirados sob maiores pressões.

Ar Contaminado Antes de discutirmos os problemas associados com os componentes normais do ar, é importante vermos problemas que podem surgir de contaminantes que não devem estar presentes no ar. O compressor que recarrega os cilindros deve ser montado e mantido corretamente para evitar a penetração de contaminantes no ar, como Monóxido de Carbono ou vapor de óleo. Ar contaminado, geralmente, tem gosto e cheiro ruins, mas também pode ser inodoro e insípido. Um mergulhador que respire ar contaminado pode apresentar dores de cabeça, náuseas, tontura e até inconsciência. Um mergulhador intoxicado por ar contaminado pode apresentar lábios e base das unhas com coloração vermelho-cereja. Deve se dar ar fresco e Oxigênio (se disponível) a uma pessoa com suspeita de intoxicação por ar contaminado. Nos casos mais severos é necessária a respiração boca-a-boca. Cuidados médicos são necessários em todos os casos. Felizmente, ar contaminado é raro desde que você faça a recarga em locais apropriados, como nas lojas de mergulho. Estas lojas sabem da gravidade do ar contaminado e fazem uma checagem freqüente da qualidade de seu ar. Se você achar que o ar tem cheiro ou gosto ruins, independente da sua fonte, não o utilize. Ao sentir-se mal ou ter dores de cabeça durante o mergulho, pare imediatamente. Se por algum motivo você suspeitar que existe ar contaminado no seu cilindro, guarde-o para análise e não o utilize para mergulhar. Para evitar ar contaminado, só carregue seu cilindro com ar comprimido filtrado, puro e seco de uma estação de recarga respeitável. Esteja alerta, porém, à intoxicação por ar contaminado, respirando-se fumaça de exaustão do barco.

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Oxigênio Embora seja necessário à vida, o Oxigênio pode ser tóxico em grandes quantidades e pressões. Se você encher o cilindro com Oxigênio puro, ao invés de ar comprimido, poderá ter problemas, mesmo em águas rasas. Por isto nunca recarregue seu cilindro com outro gás que não seja ar comprimido. Os 20% de O2 presentes no ar comprimido, também pode ser tóxico, não será desde que você não ultrapasse o limite recomendado de 30 metros para o mergulho esportivo. Nunca recarregue seu cilindro com O2 puro e nunca exceda o limite máximo de profundidade recomendado para o mergulho esportivo. Assim você prevenirá a intoxicação por este gás.

Narcose por Nitrogênio Os efeitos adversos do O2 ou do ar contaminado são raros no mergulho esportivo, mas os efeitos do Nitrogênio devem ser considerados em todos os mergulhos. Quando você respira ar a uma profundidade de trinta metros, pode sentir um efeito chamado Narcose por Nitrogênio, que é a qualidade anestésica deste gás sob pressão. Quanto mais fundo você mergulhar, maior é o efeito narcótico do N2. Um mergulhador com narcose por Nitrogênio comporta-se como se estive embriagado.

Apresenta julgamento e coordenação lentos, pode sentir uma falsa sensação de segurança e exibir falta de preocupação com esta. Além disto, pode haver ansiedade ou desconforto. Estes efeitos podem ser desastrosos, resultando numa baixa capacidade decisória do mergulhador. A narcose por N2, afeta as pessoas diferentemente. Você pode ser mais ou menos susceptível que outros mergulhadores. Além disto, o grau de susceptibilidade pode variar de dia para dia e de mergulho para mergulho. A narcose por nitrogênio some quando você atinge águas mais rasas, não deixando efeitos posteriores. Ao começar a se sentir estranho ou embriagado, suba imediatamente para uma profundidade menor para que a narcose passe. Esta, geralmente, passa rapidamente. Se sua dupla age de modo estranho, conduza-a para águas mais rasas. Prevenir narcose por Nitrogênio é fácil, simplesmente evite mergulhos profundos. A narcose por nitrogênio por si só não é perigosa, mas o julgamento lento e a falta de coordenação que ela causa podem ser muito perigosos.

Doença Descompressiva Já falamos que existem limites para os tempos e profundidades dos mergulhos, além dos limites óbvios impostos pelo suprimento de ar, frio e fadiga. Estes limites de tempo e profundidade resultam de um efeito do N2, diferente do efeito da narcose. Este efeito do N2 absorvido pelo corpo

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durante o mergulho, é talvez um dos mais significativos efeitos da respiração de ar pressurizado. Durante o mergulho, o aumento da pressão faz com que o N2 do ar respirado se dissolva nos tecidos do seu corpo. A quantidade absorvida pelo corpo num dado mergulho depende da profundidade e do tempo do mesmo, mas quanto mais fundo você for e quanto mais tempo você ficar, maior será a absorção de N2 em excesso. Quando você sobe, a pressão ambiente diminui, o N2 absolvido começa a deixar o seu corpo. Este excesso de N2 deve ser eliminado lentamente através da respiração, pois diferentemente do O2, o seu corpo não o usa. O que entra deve sair. Seu corpo pode eliminar o N2 sem complicação, desde que a quantidade em excesso esteja dentro de um limite razoável. Tabelas especiais foram desenvolvidas para estabelecer os limites necessários para uma quantidade aceitável de N2 (estas tabelas só são utilizadas para mergulhos acima de 12 metros, o que não é o caso deste curso, para mergulhos mais profundos devem ser feitos cursos e treinamentos adicionais). Se você ficar sob a água muito tempo, o N2 em excesso começará a formar bolhas na circulação e nos tecidos durante a subida, do mesmo modo quando se abre uma garrafa de refrigerante rapidamente. Estas bolhas causam uma doença séria chamada Doença Descompressiva (DD), também conhecida por “the bends”. Existem outros fatores que influenciam a absorção e a eliminação de N2 em excesso, e que contribuem no desenvolvimento da DD: Fadiga, desidratação, exercícios vigorosos (antes, durante e após o mergulho), frio, idade avançada, doenças, lesões, consumo de álcool antes ou após o mergulho e obesidade. Além disto, o aumento de altitude após o mergulho (voar ou subir a serra) pode contribuir para o aparecimento da DD. Mergulhadores esportivos devem mergulhar dentro de limites estabelecidos e usar cuidados extras caso outro fator influenciante esteja presente. Os sintomas de DD podem variar, porque as bolhas podem se formar em locais diferentes do corpo. Estes sintomas incluem: paralisia, choque, fraqueza, formigamento, insensibilidade, dificuldades respiratórias e vários graus de dor nas articulações e membros. Nos casos mais severos, inconsciência e morte. No mergulho recreacional, a DD pode ter sintomas mais sutis como: dor discreta e moderada, geralmente, mas não necessariamente, nas juntas. Pode haver formigamento e insensibilidade moderados, geralmente, mas não necessariamente, nos membros. Outros sintomas comuns de DD são fraqueza e fadiga prolongada. Os sintomas de DD podem ocorrer em conjunto ou individualmente, podem ocorrer em qualquer local do corpo e ainda podem ser acompanhados de uma leve sensação de tontura. Estes sintomas costumam aparecer de 15 minutos a 12 horas após o mergulho, porém podem surgir mais tarde. A maioria dos sintomas aparece gradual e persistentemente, porém pode ser também intermitente. Todos os casos de DD devem ser considerados sérios, independendo da severidade dos sintomas. Caso um mergulhador suspeite estar com DD, ele deve: Parar de mergulhar, procurar imediatamente ajuda médica e consultar um médico especializado. Alguns locais possuem serviços especiais para emergências de mergulho. A maioria dos casos de DD são tratados através de recompressão numa câmara hiperbárica. Sob hipótese alguma, deve-se levar um mergulhador com suspeita de DD para baixo da água. A partir do aparecimento dos sintomas, o tratamento leva horas, muito mais tempo que a resistência do mergulhador, mesmo que haja ar suficiente. Além disto, a recompressão requer procedimentos médicos e medicações. A tentativa de

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tratamento do mergulhador sob a água pode piorar os sintomas e trazer resultados desastrosos. Ao dar assistência a um mergulhador com suspeita de DD, leve-o para atendimento médico, para que se estabilize e seja transportado para uma câmara de recompressão. Primeiros Socorros para DD incluem prevenção ou tratamento do estado de choque, administrando-se oxigênio e se necessário, RCR. Um mergulhador inconsciente que esteja respirando, deve ser colocado deitado em decúbito dorsal horizontal e tratado do mesmo modo descrito para mergulhador inconsciente. Quanto mais rápido começar o tratamento, menor serão os riscos de seqüelas permanentes. Apesar da DD ser uma doença muito séria, com o tratamento adequado, ela raramente se torna fatal no mergulho esportivo. Além disso, ela é facilmente evitada, bastando apenas seguir apropriadamente os limites de tempo e profundidade estabelecidos pelo seu instrutor. É importante, também, subir devagar a uma velocidade de subida segura e fazer uma parada de segurança.

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Capítulo XIII – LIMITES DO MERGULHO Com relação à profundidade e tempo, um mergulho pode ser descompressivo ou não descompressivo. O que diferencia estes dois tipos de mergulhos é o seu grau técnico que pode tranqüilamente ser entendido como o risco. No mergulho esportivo apenas mergulhamos de forma não-descompressiva em situações normais.

Mergulho Não-Descompressivo Mergulho não descompressivo significa ficar dentro dos limites máximos estabelecidos para o mergulho esportivo, limites de tempo, profundidade e intervalo de superfície (este intervalo de superfície só é utilizado para mergulhos repetitivos, principalmente acima de 10 metros de profundidade e, não é a proposta deste curso tratar deles), podendo subir diretamente à superfície a qualquer hora durante o mergulho, sem riscos significativos de DD. O mergulho esportivo sempre é planejado como não-descompressivo.

Mergulho Descompressivo Nos mergulhos comerciais e militares, normalmente fica-se a uma dada profundidade, um tempo além dos limites de tempo do mergulho esportivo, por isso se faz necessária à técnica de mergulho descompressivo. O mergulho descompressivo é aquele onde se faz uma série de paradas difíceis e complexas durante a subida, para evitar a DD. Este tipo de mergulho requer grande apoio de superfície e preparação para emergência e está além dos objetivos do mergulho esportivo, porque pode ser muito perigoso.

Limites de Profundidade • 10 metros � Básico* • 18 metros � Novato • 30 metros � Recomendado • 40 metros � Absoluto

Tabelas de Mergulho Através da tabela de mergulho, podemos calcular para a profundidade do mergulho o tempo que podemos permanecer submersos, sem o risco de DD. Através dela, podemos também saber quanto tempo temos até a primeira parada, tempo de parada aos 3 metros, tempo total de descompressão e o grupo de repetição.

* Este é o nosso caso assim que formados.

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Para a proposta deste curso, a tabela nos servirá apenas para dar-nos o tempo de fundo, já que em profundidades de até 10 metros, não há absorção de Nitrogênio a níveis perigosos. Vejamos a tabela:

Profundidade Tempo de

Fundo Tempo até a

1ª parada Parada aos 3

metros Tempo total

descompressivo *12 metros 200 minutos - 00 minuto 00,40 minuto

210 minutos 0,30 minuto 02 minutos 02,40 minutos 230 minutos 0,30 minuto 07 minutos 07,40 minutos 250 minutos 0,30 minuto 11 minutos 11,40 minutos 270 minutos 0,30 minuto 15 minutos 15,40 minutos 300 minutos 0,30 minuto 19 minutos 19.40 minutos

*15 metros 100 minutos - 00 minuto 00,50 minuto

Paradas de Segurança Como já comentamos as paradas de segurança são utilizadas para mergulhos descompressivos para eliminar o excesso de Nitrogênio do corpo, mas também podem ser executadas em mergulhos não-descompressivos a fim de oferecer uma segurança

* O Mergulho feito dentro desses limites não oferece riscos de absorção de N2 residual. Para nosso curso a profundidade adotada é de 10 metros, então, adotaremos a referência de 12 metros na tabela.

SEJA UM MERGULHADOR S.A.F.E. (SLOWLY ASCEND FROM ECERY DIVE)

(SUBA LENTAMENTE APÓS CADA MERGULHO)

Você já aprendeu a importância de ajustar seu corpo durante a descida, o que é feito através da equalização de seus espaços aéreos corporais. Durante a subida, o seu corpo também necessita de tempo para ajustar-se. E você precisa de tempo para regular sua flutuabilidade, manter sua dupla no campo de visão e olhar os obstáculos sobre sua cabeça. É muito importante subir lentamente, não mais rápido que 18 metros por minuto. O que é mais devagar do que você possa imaginar. Como você nunca mergulhou, pode achar um pouco difícil julgar a velocidade de subida da primeira vez. Comece sempre sua subida com bastante ar para permitir uma viagem lenta à superfície. Suba de preferência ao longo de um cabo ou siga os contornos do fundo. Isto não dará uma referência visual para ajudá-lo a manter sua velocidade. Use o profundímetro para tal, particularmente durante subidas sem referência visual. Você pode levar no mínimo 10 segundos para subir de um mergulho a 3 metros de profundidade, não se preocupe com a exatidão. Desde que a velocidade não exceda 30 centímetros por segundo. Aliais, é uma boa idéia subir mais lento que 30cm/s, para uma segurança extra. Sempre que possível, pare sua subida ao atingir 4,5 metros e espere 3 minutos antes de continuar a subida, principalmente em mergulhos profundos ou mergulhos que estiverem próximo ao limite de tempo (o que não é o nosso caso). Isto é chamado de Parada de Segurança, que lhe dará uma margem extra de segurança. Pense em 18m/min como um limite máximo de velocidade para a subida. É melhor ir mais devagar, não mais rápido. Seja um mergulhador S.A.F.E. e suba lentamente após cada mergulho.

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extra, principalmente para mergulhos acima de 30 metros. Ela é feita a 4,5 metros por 3 minutos e, nela aproveitamos para ajustar nossa flutuabilidade e nos prepararmos para subir os metros restantes.

Mergulho em Altitude À medida que subimos, a pressão atmosférica (Patm) diminui. Em altitudes acima de 300 metros, há procedimentos especiais requeridos para compensar o decréscimo da Patm. Portanto, mergulhos em altitudes, requerem treinamentos especiais.

Vôos após Mergulhos Você deverá levar em conta o decréscimo da pressão atmosférica ao subir uma montanha de carro ou voar, após um mergulho. Se você planejar subir a uma altitude de 2.400 metros (pressão de cabine da maioria dos aviões comerciais) ou mais, siga estas recomendações:

• Se você fez até 2 mergulhos simples e a soma de seu tempo de fundo não exceder 2 horas, espere 12 horas para voar ou subir altitudes.

• Se você fez mais do que o descrito acima, mas ainda dentro do limite não-descompressivo, espere 24 horas.

• Se qualquer um de seus mergulhos requerer descompressão de emergência, espere pelo menos 48 horas para voar ou subir altitude.

Mergulhos em Condições Extenuantes ou Muito Frias Frio ou cansaço extremo podem fazer com que seu corpo absorva mais N2 ao final de um mergulho, do que o esperado. Ao planejar um mergulho em águas frias ou em condições mais extenuantes que as normais, considere seu mergulho 3 metros mais fundo do que o real.

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Capítulo XIV - ESTILOS DE MERGULHO No mergulho, existem quatro principais estilos, são eles: Mergulho estilo Snorkeling, Livre, Caça Submarina e Autônomo. Veremos agora, o que é cada um deles.

Estilo Snorkeling Trata-se da prática de mergulho, onde o praticante se utiliza basicamente da máscara, nadadeiras e snorkel para mergulhar. Na realidade, nesta prática o indivíduo não mergulha, apenas mantêm-se positivo e observa o mundo subaquático com o rosto submerso e respirando pelo snorkel. Esta prática é especialmente válida para pessoas que pôr motivos de saúde ou pânico não podem mergulhar.

Mergulho Estilo Livre O mergulho livre consiste em mergulhar sem utilizar nenhuma fonte de ar, ou seja, manter-se em baixo da água somente com o ar dos pulmões (em apnéia). Há mergulhadores que se utilizando dessa técnica ficam submersos pôr um período superior a cinco minutos e descem a uma profundidade superior a cem metros.

Mergulho Estilo Caça Submarina Consiste no uso das técnicas de apnéia para praticar, utilizando-se um arbanete (arpão), a caça. Por ser injustamente mal visto por alguns mergulhadores que fazem uma falsa defesa ecológica, hoje em dia utiliza-se também embora incorretamente, o nome Pesca Subaquática. Esta modalidade exige muita técnica e treino, pois além de o mergulhador ter que ficar tempo suficiente submerso para poder atingir seu alvo tem que ter uma boa “pontaria”. Este tipo de prática também deve ser feita em duplas, onde só um dos mergulhadores da dupla deverá carregar o arpão. Vale ressaltar que e expressamente proibida a caça submarina em Narquilê (utilizando-se fontes artificiais de ar), pelo fator ecológico, constituindo-se a desobediência da mesma, crime contra o meio ambiente.

Mergulho Estilo Autônomo O Mergulho Autônomo é o estilo em que se usam as fontes artificiais de ar (Cilindro ou Narquilê) para se manter submerso na água sem precisar retornar à superfície para respirar, através dos aparatos utilizados para a prática desta modalidade, o mergulhador passa a ter uma perfeita autonomia sobre o seu mergulho. Podendo assim explorar com mais atenção e riqueza de detalhes os mistérios e surpresas do mundo subaquático.

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Como entrar na água Há algumas maneiras de entrar na água, que serão demonstradas na prática. De maneira geral elas se aplicam individualmente a situações bem específicas, tais como barco pequeno, local raso etc. Estas formas são pulos, conhecidos como passo de gigante, salto em tesoura, rolamento dorsal e caranguejo, dentre outras, sendo que cada uma possui sua peculiaridade. Por exemplo, quando o mergulho entrada se dá pela costa, utilizamos a entrada caranguejo, para embarcações pequenas, sem plataforma, utilizamos o rolamento dorsal e em barcos com plataforma o passo do gigante. O salto tesoura é uma técnica de arremesso, muito utilizada para saídas de helicóptero.

Qualquer que seja a maneira escolhida para entrar na água lembre sempre: • O colete não deve estar muito inflado. • Segure sempre a máscara e o regulador com uma das mãos, enquanto a outra dá

sustentação ao cilindro ou segura a fivela do cinto de lastro e o console. • Nunca pule olhando para baixo. O impacto da máscara na água pode quebrar o vidro

ou arrancar a máscara e o regulador do lugar, machucando-o.

Passo do Gigante

Rolamento Dorsal

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Capítulo XV - O MEIO AMBIENTE DE MERGULHO Mesmo de maneira limitada, suas primeiras aulas de piscina lhe mostrarão algumas condições subaquáticas que afetam os mergulhos, como claridade e temperatura da água. Cada ambiente de mergulho terá condições diferentes, que podem variar de um momento para outro, dependendo das condições de tempo e outros fatores. Estas condições são:

1. Temperatura; 2. Visibilidade; 3. Movimentação da água; 4. Composição do fundo; 5. Vida aquática; 6. Luz solar.

Vejamos estas condições em maiores detalhes. Seu instrutor discutirá mais a fundo as condições da área dos seus treinamentos de águas abertas. Lembre-se, sempre que você for mergulhar numa área desconhecida, obtenha informação sobre a mesma.

Temperatura da Água Temperaturas naturais da água variam de -2°C, na região ártica, a mais de 30°C nos trópicos. A variação numa mesma região raramente é maior que 10°C. À medida que descemos, a temperatura diminui. Às vezes, há uma transição abrupta de temperatura para uma água muito mais fria, chamada termoclina. A variação numa termoclina pode chegar a 10°C ou mais. Além disto, pode se perceber uma distorção visual na termoclina, causada pelas misturas das camadas de temperaturas diferentes. Termoclinas podem ser encontradas a qualquer profundidade, em água doce ou salgada. Use uma roupa de exposição adequada à profundidade do mergulho.

Visibilidade Podemos definir visibilidade sob a água como a “distância horizontal que você pode ver”. Esta pode variar de 0 a mais de 60 metros. Os principais fatores que afetam a visibilidade são: Movimentação da água, tempo, partículas em suspensão e composição do fundo. Ondas, correntes e arrebentação suspendem o sedimento, reduzindo a visibilidade. Proliferações de certas plantas (algas) e animais (plâncton) podem também turvar a água. Outro exemplo é a suspensão do sedimento do fundo, pelas nadadeiras de um mergulhador ou outro movimento. Os efeitos da visibilidade limitada são óbvios no mergulho, como a perda de referência visual adequada. Para mergulhar em visibilidade extremamente limitada, fique bem próximo à sua dupla. Use a bússola para se localizar adequadamente e um cabo de referência a partir da superfície, para prevenir desorientação. Muitas vezes é preferível abortar o mergulho.

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Surpreendentemente, alguns problemas podem ser causados por águas muito limpas, como exceder limites de profundidade (pelo efeito de magnificação), ou desorientação por falta de referência. Um cabo de descida soluciona estes problemas.

Correntes Já discutimos técnicas para mergulhar relaxado, sem gasto exagerado de energia. Agora discutiremos como aplicarmos isto em mergulhos com correntes. Assim você evitará problemas e natações longas e difíceis de volta ao barco ou à costa. Correntes são movimentos de massas de água de extensão variável, causadas por:

1. Vento agindo na superfície da água; 2. Aquecimento e resfriamento desiguais da água; 3. Movimentos das marés; 4. Ondas.

Ao encontrar uma corrente moderada no local do mergulho, comece o mergulho contra a corrente. No final do mergulho, ela lhe ajudará a voltar. Evite natações de superfície prolongadas, mesmo com correntes moderadas. É sempre mais fácil nadar contra uma corrente no fundo. Se você for pego acidentalmente por uma corrente, e levado longe do ponto de saída, Nade perpendicularmente à mesma até o seu final e faça seu percurso de volta. Num mergulho de barco, pego numa corrente à superfície, estabeleça flutuação, sinalize pedindo ajuda e aguarde.

Composição do Fundo Você encontrará diversos tipos de fundo: arenoso, lodoso, coralino, rochoso, etc. Destes, os mais interessantes são os coralinos e rochosos. Alguns tipos de sedimentos suspendem muito mais facilmente que outros, como lama e areia. Seja cuidadoso mesmo em fundos coralinos e rochosos, ajudando a evitar danos ao meio ambiente. Um bom controle de flutuabilidade é fundamental para evitar suspensão de sedimentos.

Animais e Plantas Aquáticas • Interação com a vida Aquática: Sua interação com a vida aquática pode ser ativa

ou passiva. Interação ativa ocorre quando você faz contato físico com a vida aquática, mesmo que acidentalmente. Muitas vezes esta forma de interação é danosa ao meio, por exemplo, quando mergulhadores tocam corais. Raras vezes é benéfica. Interação passiva é a simples observação da vida aquática, sem ter que tocar em nada.

• Fauna Aquática: Quase todos animais aquáticos são tímidos e inofensivos. A maioria é fascinante e pouco os quais você terá que ser cuidadoso. A maioria das lesões envolvendo a vida aquática é causada por falta de cuidado dos mergulhadores. São lesões raras e, na sua maioria, sem conseqüência. As lesões mais comuns envolvem animais não agressivos. Incluem picadas de ouriços, ferroadas de águas-vivas ou similar, cortes e raspaduras em corais. Para evitar esses tipos de lesões, apenas olhe onde você toca e use roupa de exposição. Se um

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organismo não lhe é familiar, não o toque. Muito poucas espécies são realmente agressivas. Embora seja verdade que quase todo animal fica perigoso quando provocado, a incidência de lesões em seres humanos, causadas por animais aquáticos é muito baixa. Há muito mais sensacionalismo do que verdade, sobre tubarões e orcas “sedentos de sangue”. Praticamente todas lesões por animais que parecem agressivos, como moréias e raias, ocorrem quando os mesmos são molestados. Estas criaturas agem defensivamente. Se você se deparar com um animal potencialmente agressivo, fique calmo no fundo e observe suas reações. O animal pode simplesmente, deixar o local. Se este ficar na área, afaste-se calmamente pelo fundo, e saia da água. Para evitar problemas com a fauna aquática, siga estas 9 regras:

1. Trate qualquer animal com respeito. Não os provoque ou perturbe; 2. Seja cuidadoso em águas turvas, especialmente onde você põe as mãos; 3. Evite usar jóias ou objetos brilhantes, pois podem atrair alguns animais; 4. Ao praticar caça submarina, remova peixes arpoados da água; 5. Use luvas e roupa de exposição, para evitar cortes e abrasões; 6. Estabeleça flutuabilidade neutra, evitando bater no fundo; 7. Mova-se lenta e cuidadosamente; 8. Fique atento á sua direção e onde você põe as mãos; 9. Evite tocar animais desconhecidos.

• Plantas Aquáticas: Podem variar de florestas gigantes de algas (comuns na Califórnia), a pequenos leitos de musgos em rios. Estas plantas fornecem alimento e proteção para os animais aquáticos, e você pode encontrar muita coisa interessante nestas áreas. A única preocupação no mergulho é o risco de se enroscar nas plantas. Felizmente isso não é um problema sério, pois é muito fácil prevenir e se desenroscar, caso necessário. Caso aconteça, trabalhe lentamente com ajuda da sua dupla.

Luz Solar A intensidade da luz solar varia de região para região. Lembre-se que no mar, onde há menos poluição, a luz penetra mais intensamente. Por isto, não esqueça de se prevenir contra queimaduras solares quando for mergulhar, da mesma forma que faria ao ir bronzear-se.

Água Doce e Água Salgada O reino aquático tem, basicamente, dois tipos de ambientes: água doce e água salgada. Cada um tem diferentes condições, fauna, flora e considerações, que requerem técnicas e procedimentos diferentes. • Mergulho em Água Doce: Áreas de mergulho em água doce incluem lagos,

represas, rios, pedreiras, etc. Há uma série de atividades de mergulho nestes locais, mas procure obter treinamento especializado antes de participar. Os principais problemas em água doce são: Correntes, composição do fundo, visibilidade limitada, termoclinas, água fria, enroscos e barcos. Além disto, o mergulho pode ser em altitude, o que requer considerações especiais. Lembre-se que você terá menos flutuabilidade em água doce, e faça ajustes apropriados ao seu lastreamento.

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• Mergulho em Água Salgada: Podemos dividir ambientes com água salgada em três áreas: Temperadas, tropicais e árticas. A maioria dos mergulhos recreacionais ocorre em águas temperadas e tropicais. Atividades nestas áreas incluem, além de simples observação, fotografia submarina, naufrágios, mergulho noturno, etc. As principais considerações neste ambiente incluem ondas, arrebentação, marés, correntes, corais, barcos, águas profundas, vida marinha e locais remotos. Como mencionado antes, procure obter orientação local e treinamento apropriado para determinadas especialidades.

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Capítulo XVI – CURIOSIDADES

esporte do ano 2000 cativou até a loirinha Angélica. Para dar um colorido submarino no programa TV Animal, do SBT, a apresentadora e suas

Angeliquetes fizeram um curso de mergulho na ACM – Associação Cristã de Moços, em São Paulo. O instrutor Roberto Amorim Paschoal elogia a aluna, que demonstrou muito profissionalismo nas piscinas. “Ela é calma embaixo d’água e está aguardando ansiosa o dia do check out”. Pelo jeito, a loirinha vai ter que segurar um pouco essa ansiedade. Por enquanto, sua produção está tratando de escolher qual o melhor point do Caribe para seu batismo.

CARTA AOS MERGULHADORES

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