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MANUAL ELEITORAL 2012

MANUAL ELEITORAL 2012 - mpam.mp.br · O objetivo desta ferramenta é fornecer uma visão sistemática e panorâmica sobre os temas mais importantes do Direito Eleitoral, expondo-os

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  • MANUAL ELEITORAL

    2012

  • Rio Grande do Sul. Ministrio Pblico. Gabinete de Assessoramento

    Eleitoral.

    Manual eleitoral 2012. Porto Alegre: Fundao Escola Superior do

    Ministrio Pblico / Associao do Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul,

    2012.

    661p.

    1. Direito eleitoral Brasil legislao. 2. Legislao eleitoral Brasil.

    l. Ttulo.

    CDU 342.8(81)(094)

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca da Procuradoria-Geral de Justia

  • NOTA DE EDIO

    A presente obra composta a partir de estudos e pesquisas do Gabinete de

    Assessoramento Eleitoral do MP/RS sobre a legislao vigente, tendo como base principal as

    decises e publicaes mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral e tribunais regionais eleitorais.

    O objetivo desta ferramenta fornecer uma viso sistemtica e panormica sobre os

    temas mais importantes do Direito Eleitoral, expondo-os no mais das vezes de modo sucinto, de

    forma a propiciar ao leitor uma singela contribuio compreenso dos principais institutos

    eleitorais do ordenamento jurdico brasileiro, mas tudo sem dispensar a quem quer que seja da

    consulta obrigatria dos doutrinadores especialistas sobre a matria.

  • MANUAL ELEITORAL

    2012

    Organizao:

    Subprocuradoria-Geral de Justia para Assuntos Institucionais

    Gabinete de Assessoramento Eleitoral

    Apoio:

    Fundao Escola Superior do Ministrio Pblico

    Associao do Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul

    Porto Alegre, 2012

  • PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIA DO RIO GRANDE DO SUL

    Eduardo de Lima Veiga

    Procurador-Geral de Justia

    Daniel Sperb Rubin

    Subprocurador-Geral de Justia para Assuntos Administrativos

    Marcelo Lemos Dornelles

    Subprocurador-Geral de Justia para Assuntos Institucionais

    Ivory Coelho Neto

    Subprocurador-Geral de Justia para Assuntos Jurdicos

    Armando Antnio Lotti

    Corregedor-Geral do Ministrio Pblico

    Ruben Giugno Abruzzi

    Subcorregedor-Geral do Ministrio Pblico

    GABINETE DE ASSESSORAMENTO ELEITORAL

    Jos Francisco Seabra Mendes Jnior

    Coordenao

    Jonio Braz Pereira

    Assessoria

    Gilmar Possa Maroneze

    Rodrigo Lpez Zlio

    Colaboradores

    Projeto de capa: Assessoria de Imagem Institucional

  • SUMRIO

    ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................................. 10

    APRESENTAO ................................................................................................................................ 13

    SISTEMA DE NOTAS ........................................................................................................................... 14

    I INTRODUO LEGISLAO ELEITORAL E INSTNCIAS DA JUSTIA ELEITORAL ................ 151. Introduo ............................................................................................................................... 152. Resolues do TSE ................................................................................................................ 153. Instncias da Justia Eleitoral ................................................................................................ 15

    II O MINISTRIO PBLICO ELEITORAL COMO FISCAL DA LEI ...................................................... 171. MP Eleitoral perante o TSE .................................................................................................... 172. MP Eleitoral perante os TREs ................................................................................................ 173. MP Eleitoral perante as Zonas Eleitorais ............................................................................... 184. Fiscalizao das eleies ....................................................................................................... 185. Consultas ao Ministrio Pblico Eleitoral ............................................................................... 19

    III TTULO ELEITORAL, FILIAO PARTIDRIA E DOMICLIO ELEITORAL .................................... 201. Prazos importantes ................................................................................................................. 202. Ttulo eleitoral ......................................................................................................................... 203. Filiao partidria ................................................................................................................... 214. Domiclio eleitoral ................................................................................................................... 21

    IV CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PBLICOS EM CAMPANHAS ELEITORAIS ................. 221. Prazos importantes ................................................................................................................. 222. Abuso de poder ...................................................................................................................... 233. Proibies e respectivas excees ........................................................................................ 23

    V REGISTRO DE CANDIDATURA ..................................................................................................... 261. Prazos importantes ................................................................................................................. 262. Partidos que podem participar das eleies ........................................................................... 263. Quem pode ser candidato ...................................................................................................... 264. Convenes partidrias .......................................................................................................... 275. Coligaes eleitorais .............................................................................................................. 286. Nmero de candidatos por partido ou coligao .................................................................... 287. Pedidos de registro de candidatura ........................................................................................ 298. Condies de elegibilidade .................................................................................................... 309. Inelegibilidades ....................................................................................................................... 30

  • VI ARRECADAO E GASTOS DE RECURSOS, E PRESTAO DE CONTAS .............................. 341. Prazos importantes ................................................................................................................. 342. Arrecadao de recursos e prestao de contas ................................................................... 343. Doaes de recursos financeiros ........................................................................................... 37

    VII PROPAGANDA ELEITORAL ......................................................................................................... 391. Noo introdutria .................................................................................................................. 392. poca da propaganda eleitoral ............................................................................................... 413. Propaganda eleitoral em bens pblicos e privados ................................................................ 434. Cavaletes, bonecos e cartazes mveis, entre outros ............................................................. 435. Propaganda eleitoral em bens de uso comum ....................................................................... 446. Propaganda eleitoral no rdio e na televiso ......................................................................... 447. Debates eleitorais ................................................................................................................... 468. Propaganda eleitoral na internet ............................................................................................ 469. Propaganda eleitoral na imprensa escrita .............................................................................. 4810. Propaganda eleitoral mediante outdoors .............................................................................. 4911. Placas, faixas, cartazes, pinturas e inscries ..................................................................... 4912. Espontaneidade e gratuidade da propaganda eleitoral ........................................................ 5013. Material impresso ................................................................................................................. 5014. Comcios e reunies pblicas ............................................................................................... 5115. Camisetas, chaveiros, bons, canetas e brindes ................................................................. 5216. Gastos ilcitos com propaganda eleitoral .............................................................................. 5217. Alto-falantes, amplificadores de som, distribuio de panfletos, carreatas e caminhadas .. 5218. Dia da eleio ....................................................................................................................... 5319. Fiscalizao da propaganda eleitoral ................................................................................... 54

    VIII GARANTIAS ELEITORAIS ........................................................................................................... 551. Prazos importantes ................................................................................................................. 55

    IX AES ELEITORAIS ..................................................................................................................... 561. Ao de impugnao de registro de candidatura AIRC........................................................ 562. Ao de investigao judicial eleitoral AIJE ......................................................................... 603. Recurso contra a expedio de diploma RCED ................................................................... 624. Ao de impugnao de mandato eletivo AIME ................................................................... 645. Representao por captao ilcita de sufrgio (art. 41-A da Lei n 9.504/97) ...................... 676. Representao por condutas vedadas ................................................................................... 697. Representao por captao ou gastos ilcitos de recursos (art. 30-A, 2, da Lei n

    9.504/97) ............................................................................................................................................ 718. Representao por propaganda eleitoral irregular ................................................................. 739. Representao por pesquisa eleitoral irregular ...................................................................... 7410. Representao por doao acima de limite legal ................................................................. 7411. Representao por direito de resposta ................................................................................ 7612. Ao rescisria eleitoral ....................................................................................................... 77

  • X CRIMES ELEITORAIS .................................................................................................................... 781. Topologia dos crimes eleitorais .............................................................................................. 782. Classificao dos crimes eleitorais......................................................................................... 793. Natureza jurdica dos crimes eleitorais ................................................................................... 824. Conceito ................................................................................................................................. 835. Crimes comuns conexos aos eleitorais .................................................................................. 836. Crimes eleitorais e crimes dolosos contra a vida ................................................................... 847. Aplicao subsidiria do Cdigo Penal .................................................................................. 848. Aplicao subsidiria do Cdigo de Processo Penal ............................................................. 859. Crimes Eleitorais cometidos por meio da imprensa ............................................................... 8510. Competncia por prerrogativa de funo ............................................................................. 8511. Menores de 18 anos de idade .............................................................................................. 8612. Distribuio dos expedientes criminais onde h mais de uma Zona Eleitoral (Res.-

    TRE/RS n 168/2007) ........................................................................................................................ 8613. Inqurito policial ................................................................................................................... 8714. Aplicao da Lei n 9.099/95 ................................................................................................ 88

    XI LEGISLAO ................................................................................................................................ 891. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 ....................................................... 892. Lei Complementar n 64, de 18 de maio de 1990 ................................................................ 1323. Lei Complementar n 75, de 20 de maio de 1993 ................................................................ 1524. Lei n 4.737, de 15 de julho de 1965 .................................................................................... 1585. Lei n 6.091, de 15 de agosto de 1974 ................................................................................. 2776. Lei n 9.096, de 19 de setembro de 1995 ............................................................................. 2827. Lei n 9.265, de 12 de fevereiro de 1996 .............................................................................. 3098. Lei n 9.504, de 30 de setembro de 1997 ............................................................................. 3109. Lei n 12.034, de 29 de setembro de 2009 ........................................................................... 379

    XII SMULAS DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ................................................................... 381

    XIII RESOLUES DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL .......................................................... 3901. Resoluo n 21.538/2003 Alistamento e servios eleitorais, entre outros ........................ 3902. Resoluo n 21.841/2004 Prestao de contas dos partidos polticos e Tomada de

    Contas Especial ............................................................................................................................... 4213. Resoluo n 22.610/2007 Processo de perda de cargo eletivo e de justificao de

    desfiliao partidria ........................................................................................................................ 4394. Resoluo n 23.341/2011 Calendrio eleitoral das eleies de 2012 .............................. 4435. Resoluo n 23.363/2011 Apurao de crimes eleitorais ................................................. 4766. Resoluo n 23.364/2011 Pesquisas eleitorais ................................................................ 4807. Resoluo n 23.365/2011 Cerimnia de assinatura digital e fiscalizao do sistema

    eletrnico de votao, do registro digital do voto, da votao paralela e dos procedimentos de segurana dos dados dos sistemas eleitorais ................................................................................. 486

    8. Resoluo n 23.367/2011 Representaes, reclamaes e pedidos de direito de resposta ........................................................................................................................................... 503

    9. Resoluo n 23.370/2011 Propaganda eleitoral e condutas ilcitas em campanhas eleitorais .......................................................................................................................................... 517

  • 10. Resoluo n 23.372/2011 Atos preparatrios, recepo de votos, garantias eleitorais, justificativa eleitoral, totalizao, divulgao, proclamao dos resultados e diplomao .............. 547

    11. Resoluo n 23.373/2011 Escolha e registro de candidatos .......................................... 59512. Resoluo n 23.376/2012 Arrecadao e gastos de recursos e prestao de contas

    de campanha ................................................................................................................................... 618

    XIV INSTRUES NORMATIVAS COMPLEMENTARES ................................................................ 6441. Provimento n 10/2004, da Procuradoria-Geral de Justia-RS ............................................ 6442. Provimento n 28/2004, da Procuradoria-Geral de Justia-RS ............................................ 6473. Resoluo n 30/2008, do Conselho Nacional do Ministrio Pblico ................................... 6494. Resoluo n 214/2012, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul .................... 6525. Provimento n 30/2012, da Procuradoria-Geral de Justia .................................................. 6546. Portaria n 01/2012, da Procuradoria Regional Eleitoral-RS ................................................ 6567. Resoluo n 01/2012, da Procuradoria-Geral de Justia-RS ............................................. 660

    XV CONTATOS IMPORTANTES ..................................................................................................... 661

  • Abreviaturas e siglas 10

    ABREVIATURAS E SIGLAS

    AC Ao Cautelar

    Ac. Acrdo

    ADC Ao Declaratria de Constitucionalidade

    ADCT Ato das Disposies Constitucionais Transitrias

    ADI Ao Direta de Inconstitucionalidade

    ADI-MC Ao Direta de Inconstitucionalidade Medida Cautelar

    ADPF Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental

    Ag Agravo

    AI Agravo de Instrumento

    AIJE Ao de investigao judicial eleitoral

    AIME Ao de Impugnao de mandato eletivo

    AIRC Ao de impugnao de registro de candidatura

    BE Boletim Eleitoral

    BI Boletim Interno

    BTN Bnus do Tesouro Nacional

    c.c. Combinado com

    CC Conflito de Competncia

    CC/2002 Cdigo Civil Lei n 10.406/2002

    CE/65 Cdigo Eleitoral Lei n 4.737/65

    CF/46 Constituio dos Estados Unidos do Brasil de 1946

    CF/88 Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988

    CGE Corregedoria-Geral Eleitoral

    CLT Consolidao das Leis do Trabalho Decreto-Lei n 5.452/43

    CNH Carteira Nacional de Habilitao

    CNJ Conselho Nacional de Justia

    CNMP Conselho Nacional do Ministrio Pblico

    CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica

    CP Cdigo Penal Decreto-Lei n 2.848/40

    CPC Cdigo de Processo Civil Lei n 5.869/73

    CPP Cdigo de Processo Penal Decreto-Lei n 3.689/41

    Cta Consulta

    Dec. Decreto ou Deciso

    DJ Dirio da Justia

    DL Decreto-Lei

  • Abr

    evia

    tura

    s e

    sigl

    as

    Abreviaturas e siglas

    11

    DLG Decreto Legislativo

    DOU Dirio Oficial da Unio

    EC Emenda Constitucional

    ECR Emenda Constitucional de Reviso

    ELT Encaminhamento de Lista Trplice

    EOAB Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil Lei n 8.906/94

    Fundef Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao

    dos Profissionais da Educao

    GRU Guia de Recolhimento da Unio

    HC Habeas Corpus

    HD Habeas Data

    Ibidem A mesmo, no mesmo lugar

    Idem O mesmo, a mesma coisa

    IN Instruo Normativa

    INC-RFB/TSE Instruo Normativa Conjunta Secretaria da Receita Federal do Brasil/Tribunal

    Superior Eleitoral

    IN-RFB Instruo Normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil

    Inst. Instruo

    LC Lei Complementar

    Loman Lei Orgnica da Magistratura Lei Complementar n 35/79

    LOTCU Lei Orgnica do Tribunal de Contas da Unio Lei n 8.443/92

    LT Lista Trplice

    MC Medida Cautelar

    MI Mandado de Injuno

    MP Medida Provisria

    MS Mandado de Segurana

    MSCOL Mandado de Segurana Coletivo

    NE Nota de edio

    OAB Ordem dos Advogados do Brasil

    Op. cit. A obra citada/da obra citada

    PA Processo Administrativo

    Pet Petio

    Port. Portaria

    PP Propaganda Partidria

    Prov. Provimento

    QO Questo de Ordem

    RCED Recurso Contra Expedio de Diploma

    Rcl Reclamao

  • Abreviaturas e siglas

    12

    Res. Resoluo

    REsp Recurso Especial

    REspe Recurso Especial Eleitoral

    RFB Receita Federal do Brasil

    RHC Recurso em Habeas Corpus

    RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal

    RITCU Regimento Interno do Tribunal de Contas da Unio Res.-TCU n 155/2002

    RITSE Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral Res.-TSE n 4.510/52

    RMS Recurso em Mandado de Segurana

    RO Recurso Ordinrio

    Rp Representao

    s/n Sem nmero

    SECOM Secretaria de Comunicao Social da Presidncia da Repblica

    SRF Secretaria da Receita Federal

    STF Supremo Tribunal Federal

    STJ Superior Tribunal de Justia

    STN Secretaria do Tesouro Nacional

    Sm. Smula

    Sv. Smula vinculante

    TCE Tribunal de Contas Estadual

    TCU Tribunal de Contas da Unio

    TRE Tribunal Regional Eleitoral

    TSE Tribunal Superior Eleitoral

    Ufir Unidade Fiscal de Referncia

    V. Ver

  • Apr

    esen

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    Apresentao

    13

    APRESENTAO

    Como nas eleies anteriores, a preocupao em consolidar, num s documento, todas

    as regras vigentes e aplicveis s eleies municipais deste ano, moveu o corpo tcnico do

    Gabinete de Assessoramento Eleitoral no sentido de compilar e sistematizar importantes

    pontuaes sobre a matria eleitoral, alm das leis e resolues existentes, organizando-as de

    forma fcil e til. A publicao do desmedido trabalho, ento, foi o desafio abraado pelo setor

    vinculado Subprocuradoria-Geral de Justia para Assuntos Institucionais.

    A presente obra obrigatrio livro de cabeceira dos promotores eleitorais foi

    confeccionada com muita ateno, dedicao e atualidade. Ainda que algumas outras instrues

    eleitorais, em Braslia, possam ser editadas durante o processo eleitoral, aqui foram reunidas todas

    as regras pertinentes e necessrias para a fiscalizao e correo dos procedimentos eleitorais.

    Assim, que o Estado do Rio Grande do Sul consiga, uma vez mais, demonstrar toda a

    sua capacidade democrtica, realizando eleies livres e soberanas em 2012. Que o eleitor gacho

    de todos os rinces possa bem escolher os seus legtimos representantes. Que as pessoas de bem

    e srias possam ascender s Cmaras Municipais e, no plano do Poder Executivo, que os

    candidatos eleitos possam efetivamente bem representar seus respectivos muncipes e

    corretamente gerir as peculiares riquezas de cada municpio, assumindo o cargo e o compromisso

    de lutar por comunidades mais justas e solidrias, fraternas e estruturadas, felizes e pujantes.

    E que a presente publicao possa contribuir, de alguma forma, para o sucesso e a

    liberdade das escolhas que sero feitas! Sempre vale lembrar a necessidade de observncia aos

    princpios constitucionais da soberania, democracia, justia e paz social.

    O Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do Sul por certo cumpre a funo social e

    democrtica qual se compromete. Cabe sociedade em geral faz-la se consolidar.

    Uma tica, livre e soberana eleio municipal em 2012, o que se deseja!

    Porto Alegre, junho de 2012.

    Eduardo de Lima Veiga

    Procurador-Geral de Justia.

  • Sistema de notas 14

    SISTEMA DE NOTAS

    O critrio das notas baseia-se em dois tipos de sinais, indicados pelos seguintes

    marcadores:

    (PONTO) A nota que se segue a este marcador refere-se ao sentido geral do artigo, pargrafo, alnea ou inciso antecedente.

    Exemplo:

    Art. 1 Sero realizadas, simultaneamente em todo o Pas, no dia 3 de outubro de 2010,

    eleies para Presidente e Vice-Presidente da Repblica, Governador e Vice-Governador de

    Estado e do Distrito Federal, Senador e respectivos suplentes, Deputado Federal, Deputado

    Estadual e Deputado Distrital.

    Lei n 9.504/97, art. 1, pargrafo nico, I.

    (SETA) A nota que se segue a este marcador refere-se ao sentido especfico do termo ou da expresso grifada no artigo, pargrafo, alnea ou inciso antecedente.

    Exemplo:

    Art. 2 Todo poder emana do povo e ser exercido, em seu nome, por mandatrios

    escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos polticos nacionais,

    ressalvada a eleio indireta nos casos previstos na Constituio e leis especficas. CF/88, art. 1, pargrafo nico: poder exercido pelo povo, por meio de representantes eleitos

    ou diretamente.

    CF/88, art. 14: voto direto e secreto; e art. 81, 1: caso de eleio pelo Congresso Nacional.

  • 1. In

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    I Introduo legislao eleitoral e instncias da Justia Eleitoral

    15

    I INTRODUO LEGISLAO ELEITORAL E

    INSTNCIAS DA JUSTIA ELEITORAL

    1. INTRODUO

    O Direito Eleitoral no Brasil regulamentado pela Constituio Federal e por legislao

    especfica, que, por sua vez, composta pelo Cdigo Eleitoral (Lei n 4.737/65) e por diversas leis

    federais, dentre as quais se destacam a Lei Complementar n 64/90 (Lei das Inelegibilidades), Lei

    n 9.096/95 (Lei dos Partidos Polticos) e Lei n 9.504/97 (Lei das Eleies), entre outras.

    2. RESOLUES DO TSE

    Uma caracterstica importante na aplicao do Direito Eleitoral a expedio das

    chamadas resolues pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essas resolues so atos que

    disciplinam determinados aspectos das leis e tm aplicabilidade obrigatria, ou seja, tm fora de

    lei. Geralmente as resolues tm o objetivo de esclarecer pontos obscuros, contraditrios ou

    omissos das leis eleitorais, mas so editadas tambm com objetivos administrativos, para

    normatizar o funcionamento da Justia Eleitoral. A resoluo, para ser aplicada ao pleito

    imediatamente seguinte, deve ser expedida at 05 de maro do ano da eleio, atendendo ao

    carter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanes distintas das previstas em lei. Lei n 9.504/97, art. 105.

    3. INSTNCIAS DA JUSTIA ELEITORAL

    A Justia Eleitoral funciona em trs instncias:

    Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rgo colegiado, composto por sete ministros

    (trs ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) + dois ministros do Superior

    Tribunal de Justia (STJ) + dois advogados), com sede em Braslia/DF. o rgo

    mximo da Justia Eleitoral. Suas decises so irrecorrveis, excetuando-se as

    denegatrias de habeas corpus ou mandado de segurana e as que versarem

    sobre matria constitucional (nesse caso, ainda caber recurso ao STF). O TSE

    tem jurisdio sobre todo o pas.

  • I Introduo legislao eleitoral e instncias da Justia Eleitoral

    16

    Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), rgos colegiados compostos tambm por

    sete membros (dois desembargadores do Tribunal de Justia estadual + dois juzes

    de direito + um desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) com sede na

    capital do estado ou no DF, ou, no havendo, um juiz federal + dois advogados).

    Sediados nas capitais de cada estado da federao, eles tm jurisdio sobre o

    territrio do respectivo estado.

    Juzos eleitorais, sediados nas respectivas zonas eleitorais. a primeira instncia

    da Justia Eleitoral e composta por juzes singulares, ou seja, por um nico juiz

    eleitoral, que possui jurisdio sobre a zona eleitoral na qual atua.

    Uma zona eleitoral pode agregar vrios municpios (por exemplo, a 148. ZE, sediada em Erechim, abrange oito municpios) ou um s municpio pode conter vrias zonas eleitorais (ex.:

    Porto Alegre, Capital do Estado do Rio Grande do Sul, possui 10 zonas eleitorais).

  • 1. M

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    II O Ministrio Pblico Eleitoral como fiscal da lei

    17

    II O MINISTRIO PBLICO ELEITORAL COMO

    FISCAL DA LEI

    O Ministrio Pblico Eleitoral (MP Eleitoral) o rgo que atua na fiscalizao da

    regularidade e da lisura do processo eleitoral, zelando pela correta aplicao das leis eleitorais. Ele

    deve ser a prpria voz da sociedade perante a Justia Eleitoral, por isso, equidistante das partes

    envolvidas, buscando apenas o cumprimento fiel da lei e a imparcialidade na conduo dos atos

    judiciais eleitorais.

    Integram o Ministrio Pblico Eleitoral o Procurador-Geral Eleitoral, os Procuradores

    Regionais Eleitorais e os Promotores Eleitorais. Os Procuradores Regionais Eleitorais, o

    Procurador-Geral Eleitoral e o Vice-Procurador Geral Eleitoral pertencem ao Ministrio Pblico

    Federal (MPF); os Promotores Eleitorais pertencem ao MP Estadual e exercem a funo eleitoral

    por delegao do MPF.

    1. MP ELEITORAL PERANTE O TSE

    O Procurador-Geral Eleitoral e o Vice-Procurador Geral Eleitoral atuam perante o

    Tribunal Superior Eleitoral. So deles a atribuio para propor aes contra os candidatos aos

    cargos de presidente e vice-presidente da Repblica, bem como para dar parecer nos processos

    que so julgados pelo TSE.

    2. MP ELEITORAL PERANTE OS TRES

    Os Procuradores Regionais Eleitorais atuam perante os Tribunais Regionais Eleitorais

    nos estados e pertence exclusivamente a eles a prerrogativa de dirigir e conduzir os trabalhos do

    Ministrio Pblico Eleitoral nos estados. O Procurador Regional Eleitoral um Procurador da

    Repblica (ou um Procurador Regional da Repblica nos estados onde existem Procuradorias

    Regionais da Repblica) designado para exercer, por dois anos, renovveis por mais dois, as

    funes eleitorais no respectivo estado.

  • II O Ministrio Pblico Eleitoral como fiscal da lei

    18

    3. MP ELEITORAL PERANTE AS ZONAS ELEITORAIS

    J os Promotores Eleitorais atuam nas Zonas Eleitorais. Nas comarcas onde s existe

    uma Promotoria de Justia, o Promotor que ali atua , automaticamente, o Promotor Eleitoral. Nas

    comarcas onde existe mais de um Promotor de Justia ou onde no exista Promotor atuando, o

    Promotor Eleitoral ser previamente designado por meio de portaria expedida pelo Procurador

    Regional Eleitoral no Estado (LC n 64/90 e Res.-CNMP n 30/2008).

    4. FISCALIZAO DAS ELEIES

    No Brasil, temos dois tipos de eleio:

    eleies municipais: quando so eleitos prefeitos e vereadores;

    eleies gerais: quando so escolhidos o presidente da Repblica, deputados

    federais, senadores, governadores e deputados estaduais/distritais.

    Nas eleies municipais, as atribuies para fiscalizar e propor aes contra os

    candidatos so dos promotores eleitorais. Ou seja, a primeira instncia da Justia Eleitoral, nesse

    caso, est localizada nas zonas eleitorais. Os juzes eleitorais julgam as aes, e eventuais

    recursos contra essas decises sero julgados pelos TREs e, aps, pelo TSE.

    As eleies gerais subdividem-se em: I) estaduais e federais: a atribuio para a

    propositura de aes contra os candidatos a deputados federais, estaduais, senadores e

    governadores do procurador regional eleitoral e a competncia originria para seu julgamento

    pertence ao respectivo TRE; II) eleies presidenciais: a atribuio para propositura da ao contra

    os candidatos a Presidente e Vice-Presidente da Repblica do procurador-geral eleitoral e a

    competncia do TSE.

    Isso no significa que os promotores eleitorais no atuem nas eleies gerais. Eles

    devem fiscalizar todo o processo eleitoral, cuidando para que no haja abusos por parte dos

    candidatos. A nica diferena que no podero propor representaes ou ajuizar aes que

    importem em fixao de sano, pois essa atribuio do procurador regional eleitoral. Por

    exemplo, se determinado candidato a deputado faz propaganda irregular em um municpio do

    interior do estado, o promotor daquela zona eleitoral requer ao juiz eleitoral a retirada da

    propaganda e instaura um procedimento para colher provas, ouvir testemunhas e reunir material

    que, posteriormente, ser enviado Procuradoria Regional Eleitoral para a eventual propositura de

    representao no TRE. Cabe aos promotores investigar e acompanhar todas as irregularidades que

    acontecem na sua zona de atuao.

  • 5. C

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    II O Ministrio Pblico Eleitoral como fiscal da lei

    19

    5. CONSULTAS AO MINISTRIO PBLICO ELEITORAL

    Procuradores e promotores eleitorais no podem responder consulta sobre fatos e

    questes eleitorais. Isso significa que partidos polticos, candidatos, veculos de imprensa ou

    cidados no podem dirigir-se ao Ministrio Pblico Eleitoral para tirarem dvidas sobre como

    proceder. O MP Eleitoral pode at orientar informalmente, de maneira a evitar abusos, mas essas

    orientaes no vinculam sua atuao. Ou seja, o promotor ou o procurador regional eleitoral pode

    vir a ter um entendimento diverso daquela orientao quando tiver de agir diante do caso concreto.

  • III Ttulo eleitoral, filiao partidria e domiclio eleitoral 20

    III TTULO ELEITORAL, FILIAO PARTIDRIA E

    DOMICLIO ELEITORAL

    1. PRAZOS IMPORTANTES

    Um ano antes

    da eleio

    OUTUBRO

    151 dias

    antes da

    eleio

    MAIO

    15

    JULHO

    60 dias antes

    da eleio

    AGOSTO

    10 dias antes

    da eleio

    SETEMBRO

    2

    DEZEMBRO

    30

    DEZEMBRO

    Data limite para os candidatos filiarem-se a partido poltico e registrarem domiclio eleitoral pelo qual pretendem concorrer.

    ltimo dia para o eleitor alistar-se ou transferir o ttulo.

    Incio do prazo para o eleitor requerer sua habilitao para votar em trnsito para presidente e vice-presidente da Repblica. O prazo se encerra no dia 15 de agosto.

    ltimo dia para o eleitor que estiver fora do seu domiclio requerer a segunda via do ttulo eleitoral ao juiz da zona em que se encontrar, esclarecendo se vai receb-la na sua zona ou naquela em que a requereu.

    ltimo dia para o eleitor requerer a segunda via do ttulo eleitoral.

    ltimo dia para o eleitor que deixou de votar no 1 turno apresentar justificativa ao juiz eleitoral.

    ltimo dia para o eleitor que deixou de votar no 2 turno apresentar justificativa ao juiz eleitoral.

    2. TTULO ELEITORAL

    O ttulo eleitoral o documento de identificao do eleitor e indispensvel para o

    exerccio da cidadania. Ele obtido a partir da inscrio do requerente em seu domiclio eleitoral.

    S quem eleitor pode filiar-se a partidos polticos e candidatar-se a cargos eletivos.

    Apesar de a Lei n 9.504/97, em seu art. 91-A, exigir a apresentao de ttulo eleitoral e documento com foto para votar, o STF entendeu, mediante o julgamento da ADI n 4.467, que

    apenas a ausncia de apresentao de documento oficial de identificao com foto pode impedir o eleitor de votar.

  • 3. F

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    III Ttulo eleitoral, filiao partidria e domiclio eleitoral

    21

    3. FILIAO PARTIDRIA

    A filiao partidria condio de elegibilidade. Ou seja, para se candidatar, o

    interessado dever, como regra, estar filiado a partido poltico h pelo menos um ano antes das

    eleies. Isso significa que, se quiser mudar de partido, essa mudana tambm dever acontecer

    no mesmo prazo. Alm disso, a mudana dever ser obrigatoriamente comunicada ao partido do

    qual sai e ao juiz da respectiva zona eleitoral no dia imediatamente posterior ao da nova filiao,

    para que a filiao anterior seja cancelada.

    4. DOMICLIO ELEITORAL

    No caso do domiclio eleitoral, a interpretao jurisprudencial a mais elstica possvel. O

    Cdigo Eleitoral considera domiclio eleitoral o lugar de residncia ou moradia do requerente, e,

    verificando ter o alistando mais de uma, considerar-se- domiclio qualquer uma delas (art. 42,

    pargrafo nico). Por isso, a jurisprudncia aceita qualquer espcie de vnculo para caracterizar o

    domiclio eleitoral, seja ele familiar, econmico, social ou poltico. Assim, basta, por exemplo, que o

    eleitor adquira determinada propriedade em local distinto de sua residncia para que obtenha

    domiclio eleitoral naquela nova localidade. Segundo o TSE, o domiclio tambm pode ser o local

    onde os pais do alistando residem ou, at, o lugar em que o candidato, nas eleies imediatamente

    anteriores, obteve a maior parte da votao.

    Os Promotores Eleitorais devem fiscalizar a inscrio dos eleitores, bem como as

    transferncias de domiclio, para verificar a ocorrncia de quaisquer irregularidades. No entanto,

    como o processo de inscrio eleitoral meramente administrativo, o juiz eleitoral no est

    obrigado a enviar para a Promotoria Eleitoral todo e qualquer pedido de transferncia ou de

    alistamento que feito.

    O Promotor Eleitoral pode, contudo, a qualquer tempo, requerer vista dos processos no

    cartrio eleitoral, abrindo processo de investigao quando houver suspeita de irregularidade.

  • IV Condutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas eleitorais 22

    IV CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PBLICOS

    EM CAMPANHAS ELEITORAIS

    1. PRAZOS IMPORTANTES

    1

    JANEIRO

    180 dias antes da eleio

    ABRIL

    Trs meses antes da eleio

    JULHO

    A partir dessa data, os governos estaduais, municipais e federal no podem mais distribuir gratuitamente bens, valores e benefcios, exceto em programas j existentes e em situao de calamidade (Lei n 9.504/97, art. 73, 10).

    A data tambm marca o incio do registro dos institutos de pesquisa. S os institutos registrados nos tribunais eleitorais podem realizar pesquisas eleitorais.

    A partir dessa data, vedado aos agentes pblicos fazer, na circunscrio do pleito, reviso geral da remunerao dos servidores pblicos que exceda a recomposio da perda do seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleio (Lei n 9.504/97, art. 73, VIII).

    Os governantes, a partir dessa data, no podem fazer movimentaes funcionais, na circunscrio do pleito, inclusive nomear ou demitir servidor sem justa causa (Lei n 9.504/97, art. 73, V).

    A transferncia voluntria de recursos entre entes federados fica vedada, exceto verba destinada a cumprir obrigao formal preexistente para execuo de obra ou de servio em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situaes de emergncia e de calamidade pblica (Lei n 9.504/97, art. 73, VI, a).

    A partir dessa data, fica proibido a todos os candidatos comparecem a inauguraes de obras pblicas (Lei n 9.504/97, art. 77).

    Fica proibida, na realizao de inauguraes, a contratao de shows artsticos, pagos com recursos pblicos, (Lei n 9.504/97, art. 75).

    Os agentes pblicos cujos cargos estejam em disputa na eleio (Lei n 9.504/97, art. 73, VI, b e c, e 3), ficam impedidos:

    de autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos municipais, ou das respectivas entidades da administrao indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pblica, assim reconhecida pela Justia Eleitoral; e

    fazer pronunciamento em cadeia de rdio e de televiso, fora do horrio eleitoral gratuito, salvo quando, a critrio da Justia Eleitoral, tratar-se de matria urgente, relevante e caracterstica das funes de governo.

  • 2. A

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    IV Condutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas eleitorais

    23

    2. ABUSO DE PODER

    A utilizao da mquina administrativa ou de recursos pblicos para beneficiar

    determinado candidato configura abuso do poder poltico ou econmico. So inmeras as situaes

    em que o abuso do poder poltico ou de autoridade pode ocorrer, mas a lei reconheceu que

    algumas delas so mais graves e, por isso, fez constar expressamente da lei a sua proibio (arts.

    73 a 78 da Lei n 9.504/97), bem como as respectivas excees.

    3. PROIBIES E RESPECTIVAS EXCEES

    Condutas vedadas Excees

    Lei n 9.504/97, art. 73, I

    Ceder ou usar, em prol de candidato, partido ou coligao, bens mveis ou imveis pertencentes Administrao Pblica.

    Excluem-se da proibio:

    os bens de uso comum, como ruas, praas e parques;

    o uso de transporte oficial pelo presidente da Repblica, governadores e prefeitos que disputam a reeleio. Nesse caso, entretanto, as despesas tero de ser ressarcidas aos cofres pblicos pelo partido ou coligao;

    as residncias oficiais desses agentes polticos, desde que no sirvam como comits polticos;

    para realizao de conveno partidria; e propaganda nas dependncias do Poder

    Legislativo.

    Lei n 9.504/97, art. 73, II

    Utilizar materiais ou servios pblicos, que excedam as prerrogativas dos regimentos internos.

    O TSE decidiu igualmente proibido o desvio qualitativo das prerrogativas, ou seja, o uso de materiais ou servios com fins particulares inclusive para fins de propaganda eleitoral.

    Lei 9.504/97, art. 73, III

    Ceder ou utilizar servidor pblico do Poder Executivo para comit de campanha eleitoral.

    O servidor pode trabalhar por vontade prpria, fora do horrio do expediente.

    O servidor pode trabalhar no horrio do expediente se estiver licenciado ou em frias.

    Lei n 9.504/97, art. 73, IV

    Fazer ou permitir o uso promocional, em favor de candidato, partido ou coligao, da distribuio gratuita de bens, valores ou benefcios de carter social custeados ou subvencionados pelo Poder Pblico.

    A distribuio pode ser feita (desde que sem o uso promocional em favor de candidato) e observada a vedao do 10:

    quando for destinada a socorrer pessoas por calamidade pblica ou estado de emergncia; ou

    quando se tratar de programas sociais autorizados por lei e que j estavam sendo executados financeiramente desde o ano anterior.

    Lei n 9.504/97, art. 73, V

    Nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exerccio funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor pblico, na circunscrio do pleito,

    permitida:

    a nomeao ou exonerao de cargos em comisso ou designao ou a dispensa de funes de confiana;

    a nomeao para cargos do Poder Judicirio, do

  • IV Condutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas eleitorais

    24

    nos trs meses que o antecedem e at a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito.

    Ministrio Pblico, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos rgos da Presidncia da Repblica;

    a nomeao dos aprovados em concursos pblicos homologados at essa data (trs meses antes da eleio);

    a nomeao ou contratao necessria instalao ou ao funcionamento inadivel de servios pblicos essenciais; e

    a transferncia ou remoo ex officio de militares, policiais civis e de agentes penitencirios.

    Tambm permitido:

    realizar concurso pblico; e tomar posse e entrar em exerccio no cargo para o

    qual j tinha havido nomeao antes da data limite (trs meses antes da eleio).

    Lei n 9.504/97, art. 73, VI, a

    Transferir voluntariamente recursos da Unio aos estados e municpios, e dos estados aos municpios.

    No se probe os repasses constitucionais, como os relativos aos Fundos de Participao ou os do SUS.

    Tambm so permitidos os repasses de recursos destinados a cumprir obrigao formal preexistente para a execuo de obra ou servio em andamento e os destinados a atender situaes de emergncia e calamidade pblica.

    So permitidos os repasses a entidades privadas, como associaes e fundaes, observada a vedao do art. Art. 73, 10 da Lei n 9.504/97.

    Lei n 9.504/97, art. 73, VI, b

    Realizar propaganda institucional, na circunscrio do pleito, nos trs meses que antecedem a eleio, de atos, programas, obras, servios e campanhas de rgos pblicos.

    permitida a publicidade institucional:

    quando se tratar de propaganda de produtos e servios que tenham concorrncia no mercado; e

    em caso de grave e urgente necessidade pblica, assim reconhecida pela Justia Eleitoral.

    Lei n 9.504/97, art. 73, VI, c

    Fazer pronunciamento em cadeia de rdio e televiso, na circunscrio do pleito, fora do horrio eleitoral gratuito, nos trs meses que antecedem a eleio.

    O pronunciamento permitido quando se tratar de matria urgente e relevante, com caracterstica das funes de governo e for autorizado pela Justia Eleitoral.

    Lei n 9.504/97, art. 73, VII

    Realizar, no primeiro semestre do ano eleitoral, despesas com publicidade que exceda a mdia de gastos dos trs ltimos anos que antecedem a eleio ou do ltimo ano imediatamente anterior.

    No h excees.

    Lei n 9.504/97, art. 73, VIII

    A partir de abril e at a posse dos eleitos, fazer, na circunscrio do pleito, reviso geral da remunerao dos servidores pblicos que exceda a recomposio da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleio.

    So permitidos reajustes salariais para recomposio do poder aquisitivo e a reestruturao de carreiras, ressalvando a possibilidade de abuso de poder a ser apurado na esfera apropriada.

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    IV Condutas vedadas aos agentes pblicos em campanhas eleitorais

    25

    Lei n 9.504/97, art. 73, 10

    A partir de primeiro de janeiro do ano da eleio, fica proibida a distribuio gratuita de bens, valores ou benefcios por parte da Administrao Pblica.

    Nos anos eleitorais, os programas sociais no podero ser executados por entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida (Lei n 9.504/97, art. 73, 11).

    permitida a distribuio gratuita de bens, valores ou benefcios:

    nos casos de calamidade pblica, de estado de emergncia; e

    no caso de programas sociais autorizados em lei e j em execuo oramentria no exerccio anterior, casos em que o Ministrio Pblico poder promover o acompanhamento de sua execuo financeira e administrativa.

    Lei n 9.504/97, art. 74

    Realizar propaganda institucional com nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal, que tenha reflexos no processo eleitoral.

    No h excees.

    Lei n 9.504/97, art. 75

    Contratar, nos trs meses que antecedem as eleies, shows artsticos pagos com recursos pblicos para inauguraes.

    No h excees.

    Lei n 9.504/97, art. 77

    Comparecer a inauguraes de obras pblicas nos trs meses que antecedem as eleies.

    No h excees.

  • V Registro de candidatura 26

    V REGISTRO DE CANDIDATURA

    1. PRAZOS IMPORTANTES

    5

    JULHO

    8

    JULHO

    10

    JULHO

    8

    AGOSTO

    5

    AGOSTO

    23

    AGOSTO

    Data limite para o registro de candidatos.

    ltimo dia para os tribunais de contas divulgarem a relao dos polticos que tiveram contas rejeitadas.

    ltimo dia para a Justia Eleitoral publicar lista com a relao dos pedidos de registro de candidatos apresentados pelos partidos e coligaes.

    Caso o partido ou a coligao no tenha requerido o registro de algum candidato, ele tem at as 19 horas do dia 10 de julho para requer-lo (se tiver sido escolhido em conveno).

    ltimo dia para o registro de candidato substituto na eleio proporcional e para preenchimento das vagas remanescentes (quando as convenes no indicaram o nmero mximo previsto em lei).

    Todos os pedidos de registros originrios devem estar julgados, mesmo os impugnados, e publicadas as respectivas decises.

    Todos os recursos sobre pedidos de registro de candidatos devero estar julgados pela Justia Eleitoral e publicadas as respectivas decises.

    2. PARTIDOS QUE PODEM PARTICIPAR DAS ELEIES

    Podero participar das eleies aqueles partidos que, at um ano antes do pleito, tenham

    registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, e tenham, at a data da conveno, rgo de

    direo constitudo na circunscrio, de acordo com o respectivo estatuto.

    Lei n 9.504/97, art. 4.

    V. Res.-TSE n 23.373/2011.

    V. Cta.-TSE n 1.507/2008.

    3. QUEM PODE SER CANDIDATO

    Podero concorrer s eleies, os candidatos que possurem domiclio eleitoral na

    respectiva circunscrio pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiao

    deferida pelo partido no mesmo prazo.

    Lei n 9.504/97, art. 9, e Lei n 9.096/95, arts. 18 e 20.

    V. Res.-TSE n 23.373/2011.

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    V Registro de candidatura

    27

    4. CONVENES PARTIDRIAS

    Conveno partidria o ato por meio do qual os partidos polticos oficializam a escolha

    de seus candidatos aos cargos do Poder Executivo e Legislativo e decidem sobre eventuais

    coligaes com outras agremiaes partidrias.

    As regras das convenes so estabelecidas pelos estatutos partidrios.

    Mas, para ser vlida, a ata da reunio, com a lista dos candidatos escolhidos para os

    cargos em disputa, deve ser rubricada e lavrada pela Justia Eleitoral. Para isso, os partidos devem

    apresent-la ao juiz eleitoral (no caso das eleies municipais) ou ao respectivo TRE e ao TSE (nas

    eleies gerais).

    A escolha em conveno condio para o registro da candidatura, ressalvado os casos

    de candidatos das vagas remanescentes e substitutos.

    No Brasil, no existe a possibilidade de candidatura avulsa, dissociada de qualquer

    partido poltico.

    Segundo jurisprudncia do TSE, militar da ativa no se filia a partido poltico, bastando o

    requerimento do registro de candidatura aps sua escolha em conveno partidria.

    Por isso que, no pedido de registro de candidatura, o interessado deve apresentar cpia

    da ata da conveno em que ele foi escolhido candidato, sob pena de indeferimento do registro.

    A conveno nacional decide sobre o candidato a presidente e vice-presidente da

    Repblica e sobre as coligaes nessa eleio. A conveno estadual escolhe os candidatos a

    governador e vice, senadores e suplentes, deputados federais, estaduais e distritais. E a

    conveno municipal escolhe os candidatos a prefeito e vereador.

    No pode haver nulidade na conveno partidria, sob pena de se anularem todos os

    registros de candidatura formulados com base nela. Mas as irregularidades verificadas na

    conveno s podem ser arguidas pelo Ministrio Pblico Eleitoral ou por integrantes do partido ou

    da coligao formada por ela, nunca por partido estranho conveno.

    4.1. Perodo de realizao das convenes partidrias

    10

    JUNHO

    30

    JUNHO

    Incio da realizao das convenes partidrias Fim do prazo para a realizao das convenes

    Lei n 9.504/97, art. 8.

  • V Registro de candidatura 28

    5. COLIGAES ELEITORAIS

    Coligao partidria a unio de partidos polticos para disputarem juntos a eleio. A

    coligao deve ter nome prprio, que pode ser a juno das siglas de todos os partidos que a

    integram. Aps a sua formao, em regra, os partidos no podem mais agir isoladamente,

    ressalvada a hiptese de questionamento da validade da coligao (Lei n 9.504/97, art. 6, 4).

    Todos os atos levados Justia Eleitoral tm de ser praticados pela coligao, ou, no mnimo, por

    todos os presidentes dos partidos que a integram.

    Segundo o art. 17 da CF/88 (alterado pela EC n 52/2006), os partidos polticos detm

    autonomia para adotar os critrios de escolha e o regime de suas coligaes eleitorais, sem a

    obrigatoriedade de vinculao entre as candidaturas em mbito nacional, estadual, distrital ou

    municipal. Essa regra acabou com a chamada verticalizao, que obrigava os partidos coligados

    nas eleies para presidente da Repblica a reproduzirem a mesma coligao nas eleies para

    senador, governador, deputados federais e estaduais.

    V. Cta.-TSE n 1.735/2009.

    6. NMERO DE CANDIDATOS POR PARTIDO OU COLIGAO

    Nas eleies majoritrias (presidente da Repblica, governadores de Estados e do

    Distrito Federal e prefeitos) cada partido ou coligao s pode indicar um candidato ao cargo

    principal, e um candidato ao cargo de vice.

    Nas eleies proporcionais, entre elas as eleies para os cargos de vereador, cada

    partido que concorrer (no coligado com outro ou outros, para a eleio Cmara de Vereadores)

    pode indicar um nmero de candidatos equivalente a at 150% do nmero de lugares a preencher,

    isto , at 150% do nmero de cadeiras na Cmara de Vereadores. Exemplificando, se a Cmara

    de Vereadores tiver vinte cadeiras, cada partido que concorra isolado eleio, poder indicar um

    nmero mximo de trinta candidatos ao cargo de vereador.

    Lei n 9.504/97, art. 10, caput.

    Em caso de coligao para a eleio Cmara de Vereadores, cada uma delas (ou seja,

    cada coligao) poder indicar um nmero de candidatos equivalente ao dobro do nmero de

    lugares a preencher. Esse nmero independe da quantidade de partidos que formem a coligao.

    Exemplificando, se forem vinte as cadeiras na Cmara de Vereadores, a coligao poder indicar

    at quarenta candidatos.

    Lei n 9.504/97, art. 10, 1.

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    V Registro de candidatura

    29

    6.1. Reserva de candidaturas por sexo

    O preenchimento de vagas para as eleies proporcionais deve observar os percentuais

    mnimo e mximo de cada sexo. O 3 do art. 10 da Lei n 9.504/97, na redao dada pela Lei n

    12.034/2009, passou a dispor que, do nmero de vagas resultante das regras previstas neste

    artigo, cada partido ou coligao preencher o mnimo de 30% (trinta por cento) e o mximo de

    70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo, substituindo, portanto, a locuo anterior

    dever reservar por preencher, a demonstrar o atual carter imperativo do preceito quanto

    observncia obrigatria dos percentuais mnimo e mximo de cada sexo. O clculo dos percentuais

    dever considerar o nmero de candidatos efetivamente lanados pelo partido ou coligao, no se

    levando em conta os limites estabelecidos no art. 10, caput e 1, da Lei n 9.504/97. V. Ac.-TSE no REspe n 78.432/2010 Rel. Arnaldo Versiani.

    7. PEDIDOS DE REGISTRO DE CANDIDATURA

    Aps as convenes partidrias, os partidos devem apresentar os requerimentos de

    registro de seus candidatos que iro disputar os cargos em disputa. Os pedidos de registro de

    candidatura a Presidente so protocolados no TSE; no caso de Governador, Senador, Deputado

    (Estadual, Federal e Distrital), os registros so encaminhados ao TRE; no caso de Prefeito e

    Vereador, o pedido de registro protocolado na Zona Eleitoral.

    A data limite para apresentao dos pedidos de registro, como regra, o dia 5 de julho,

    s 19 horas, ressalvada a possibilidade de registro requerido individualmente, na forma

    estabelecida pelo art. 11, 4, da Lei n 9.504/97.

    Os pedidos de registro devem conter:

    1. cpia da ata da conveno indicando o candidato;

    2. prova de filiao partidria;

    3. declarao de bens assinada pelo candidato;

    4. cpia do ttulo eleitoral;

    5. certido de quitao eleitoral;

    6. certides criminais das Justias Eleitoral, Federal e Estadual;

    7. comprovante de escolaridade;

    8. prova de desincompatibilizao, caso o candidato ocupe cargo, emprego ou funo

    pblica;

    9. fotografia; e

    10. autorizao do candidato por escrito.

  • V Registro de candidatura 30

    O art. 27 da Res.-TSE n 23.373/2011 estabelece a documentao necessria para acompanhar

    o Requerimento de Registro de Candidatura relativo s eleies de 2012.

    8. CONDIES DE ELEGIBILIDADE

    no momento do pedido de registro que so avaliadas as chamadas condies de

    elegibilidade, previstas pelo art. 14 da Constituio Federal. Todo cidado, para ser eleito, precisa

    ter:

    nacionalidade brasileira;

    filiao partidria at um ano antes da eleio (Os militares, magistrados,

    membros dos tribunais de contas e do Ministrio Pblico devem observar as

    disposies legais prprias sobre prazos de filiao);

    alistamento eleitoral;

    domiclio eleitoral na circunscrio do pleito desde um ano antes da eleio;

    pleno exerccio dos direitos polticos;

    escolha em conveno partidria;

    a idade mnima de 35 anos para presidente da Repblica e senador; de 30

    anos para governador; de 21 anos para deputado federal e estadual e prefeito,

    e 18 para vereador; e

    quitao com a Justia Eleitoral.

    9. INELEGIBILIDADES

    As inelegibilidades esto previstas na CF/88 e na LC n 64/90, alterada pela LC n

    135/2010 (Lei da Ficha Limpa), que cria novas hipteses de inelegibilidade, para proteger a

    probidade administrativa e a moralidade no exerccio do mandato.

    Pela Constituio Federal, so inelegveis os candidatos:

    analfabetos;

    inalistveis (estrangeiros e conscritos);

    os exercentes de cargo do Poder Executivo, nas hipteses do art. 14, 5 e

    6, da CF/88; e

  • 9. In

    eleg

    ibili

    dade

    s

    V Registro de candidatura

    31

    no territrio de jurisdio do titular, o cnjuge e os parentes consanguneos ou

    afins, at o segundo grau ou por adoo, dos titulares do Poder Executivo ou

    de quem os haja substitudo dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo

    se j titular de mandato eletivo e candidato reeleio.

    Pela LC n 64/90, alterada pela LC n 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), so inelegveis:

    I) para todo e qualquer cargo (inelegibilidade absoluta):

    LC n 64/90, art. 1, inciso I.

    os inalistveis e os analfabetos;

    os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Cmara

    Legislativa e das Cmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos

    mandatos por infringncia do disposto nos incisos I e II do art. 55 da CF/88, dos

    dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituies Estaduais

    e Leis Orgnicas dos Municpios e do Distrito Federal, para as eleies que se

    realizarem durante o perodo remanescente do mandato para o qual foram

    eleitos e nos oito anos subsequentes ao trmino da legislatura;

    os detentores de mandato executivo estadual, distrital e municipal que

    perderem seus cargos eletivos por infringncia a dispositivo da Constituio

    Estadual, da Lei Orgnica do Distrito Federal ou da Lei Orgnica do Municpio,

    para as eleies que se realizarem durante o perodo remanescente e nos oito

    anos subsequentes ao trmino do mandato para o qual tenham sido eleitos;

    os que tenham contra sua pessoa representao julgada procedente pela

    Justia Eleitoral, em deciso transitada em julgado ou proferida por rgo

    colegiado, em processo de apurao de abuso do poder econmico ou poltico,

    para a eleio na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para

    as que se realizarem nos oito anos seguintes;

    os que forem condenados, em deciso transitada em julgado ou proferida por

    rgo judicial colegiado, desde a condenao at o transcurso do prazo de oito

    anos aps o cumprimento da pena, pelos crimes:

    1. contra a economia popular, a f pblica, a administrao pblica e o patrimnio pblico;

    2. contra o patrimnio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falncia;

    3. contra o meio ambiente e a sade pblica; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenao perda

    do cargo ou inabilitao para o exerccio de funo pblica; 6. de lavagem ou ocultao de bens, direitos e valores;

  • V Registro de candidatura 32

    7. de trfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;

    8. de reduo condio anloga de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organizao criminosa, quadrilha ou bando;

    os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatveis, pelo

    prazo de oito anos;

    os que tiverem suas contas relativas ao exerccio de cargos ou funes

    pblicas rejeitadas por irregularidade insanvel que configure ato doloso de

    improbidade administrativa, e por deciso irrecorrvel do rgo competente,

    salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judicirio, para as

    eleies que se realizarem nos oito anos seguintes, contados a partir da data

    da deciso;

    os detentores de cargo na administrao pblica direta, indireta ou fundacional,

    que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econmico ou

    poltico, que forem condenados em deciso transitada em julgado ou proferida

    por rgo judicial colegiado, para a eleio na qual concorrem ou tenham sido

    diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito anos seguintes;

    os que, em estabelecimentos de crdito, financiamento ou seguro, tenham sido

    ou estejam sendo objeto de processo de liquidao judicial ou extrajudicial,

    hajam exercido, nos 12 meses anteriores respectiva decretao, cargo ou

    funo de direo, administrao ou representao, enquanto no forem

    exonerados de qualquer responsabilidade;

    os que forem condenados, em deciso transitada em julgado ou proferida por

    rgo colegiado da Justia Eleitoral, por corrupo eleitoral, por captao ilcita

    de sufrgio, por doao, captao ou gastos ilcitos de recursos de campanha

    ou por conduta vedada aos agentes pblicos em campanhas eleitorais que

    impliquem cassao do registro ou do diploma, pelo prazo de oito anos a contar

    da eleio;

    o presidente da Repblica, o governador de Estado e do Distrito Federal, o

    prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da

    Cmara Legislativa, das Cmaras Municipais, que renunciarem a seus

    mandatos desde o oferecimento de representao ou petio capaz de

    autorizar a abertura de processo por infringncia a dispositivo da Constituio

    Federal, da Constituio Estadual, da Lei Orgnica do Distrito Federal ou da Lei

    Orgnica do Municpio, para as eleies que se realizarem durante o perodo

    remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos

    subsequentes ao trmino da legislatura;

  • 9. In

    eleg

    ibili

    dade

    s

    V Registro de candidatura

    33

    os que forem condenados suspenso dos direitos polticos, em deciso

    transitada em julgado ou proferida por rgo judicial colegiado, por ato doloso

    de improbidade administrativa que importe leso ao patrimnio pblico e

    enriquecimento ilcito, desde a condenao ou o trnsito em julgado at o

    transcurso do prazo de oito anos aps o cumprimento da pena;

    os que forem excludos do exerccio da profisso, por deciso sancionatria do

    rgo profissional competente, pelo prazo de oito anos, salvo se o ato houver

    sido anulado ou suspenso pelo Poder Judicirio;

    os que forem condenados, em deciso transitada em julgado ou proferida por

    rgo judicial colegiado, em razo de terem desfeito ou simulado desfazer

    vnculo conjugal ou de unio estvel para evitar caracterizao de

    inelegibilidade, pelo prazo de oito anos aps a deciso que reconhecer a

    fraude;

    os que forem demitidos do servio pblico em decorrncia de processo

    administrativo ou judicial, pelo prazo de oito anos, contado da deciso, salvo se

    o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judicirio;

    a pessoa fsica e os dirigentes de pessoas jurdicas responsveis por doaes

    eleitorais tidas por ilegais por deciso transitada em julgado ou proferida por

    rgo colegiado da Justia Eleitoral, pelo prazo de oito anos aps a deciso;

    os magistrados e os membros do Ministrio Pblico que forem aposentados

    compulsoriamente por deciso sancionatria, que tenham perdido o cargo por

    sentena ou que tenham pedido exonerao ou aposentadoria voluntria na

    pendncia de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de oito anos;

    II) para determinados cargos (inelegibilidade relativa):

    LC n 64/90, art. 1, incisos II, III, IV, V, VI e VII.

    os que no se desincompatibilizaram no prazo legal.

  • VI Arrecadao e gastos de recursos, e prestao de contas 34

    VI ARRECADAO E GASTOS DE RECURSOS, E

    PRESTAO DE CONTAS

    1. PRAZOS IMPORTANTES

    10

    JUNHO

    6

    AGOSTO / SETEMBRO

    30 dias aps as eleies

    NOVEMBRO /

    DEZEMBRO

    Oito dias antes da

    diplomao

    ltimo dia para a fixao, pelos partidos, dos limites de gastos da campanha eleitoral.

    Datas em que os partidos devem divulgar, em site criado pela Justia Eleitoral para esse fim, as receitas e gastos de campanha efetuados at esse momento (art. 28 da Lei n 9.504/97).

    As contas dos candidatos e dos partidos devero ser prestadas Justia Eleitoral at 30 dias depois da eleio.

    Nas eleies majoritrias, se houver dois turnos, as contas sero prestadas 30 dias aps o segundo turno.

    ltimo dia para a publicao, em sesso dos tribunais, da deciso que julgar as contas dos candidatos eleitos.

    2. ARRECADAO DE RECURSOS E PRESTAO DE CONTAS

    A Justia Eleitoral exerce fiscalizao sobre a escriturao contbil e a prestao de

    contas do partido e dos candidatos, devendo atestar se elas refletem adequadamente a real

    movimentao financeira, as despesas efetuadas e os recursos aplicados nas campanhas

    eleitorais. Pelas prestaes de contas, que so publicadas nos sites da Justia Eleitoral, qualquer

    cidado pode saber quem financiou a campanha de determinado candidato, qual o valor da doao

    efetuada e de quanto foi o montante total recebido por postulante.

    A transparncia das contas visa impedir o abuso do poder econmico, que se caracteriza

    pela utilizao excessiva de recursos financeiros na campanha eleitoral, o que viola a regra da

    isonomia que deve haver entre os candidatos e a legitimidade da disputa.

    Por isso que o controle comea antes mesmo da prestao de contas.

    Um dia aps a data (10 de junho) que inicia o prazo para a realizao das convenes

    partidrias, cada partido j dever ter previsto o limite de gastos de campanha para os cargos em

    disputa, comunicando tais dados Justia Eleitoral, que dar ampla divulgao.

    Lei n 9.504/97, art. 17-A.

  • 2. A

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    VI Arrecadao e gastos de recursos, e prestao de contas

    35

    Durante a campanha eleitoral, os partidos polticos e os candidatos tambm so

    obrigados a realizar prestaes parciais de contas: eles devero divulgar em duas datas, pela rede

    mundial de computadores, relatrio discriminando os recursos em dinheiro ou estimveis em

    dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral e os gastos que

    realizarem, em site criado pela Justia Eleitoral para esse fim. A indicao dos nomes dos

    doadores e os respectivos valores doados somente sero exigidos na prestao de contas final,

    que deve ser apresentada, impreterivelmente, at 30 dias aps as eleies.

    O descumprimento da obrigao de prestar contas: I) impede o candidato de obter a

    certido de quitao eleitoral at o final da legislatura; II) o candidato beneficiado pode responder

    por abuso do poder econmico; III) o partido perde direito ao recebimento da quota do fundo

    partidrio do ano seguinte ao da deciso; e IV) o candidato ainda pode responder por crime

    eleitoral. CE/65, art. 347: Recusar algum cumprimento ou obedincia a diligncias, ordens ou

    instrues da Justia Eleitoral ou opor embaraos sua execuo.

    A no-apresentao da prestao de contas de campanha, no prazo legal, impede a

    diplomao, enquanto perdurar.

    Lei n 9.504/97, art. 29, 2.

    Na prestao de contas, alm de indicar os valores recebidos e as fontes de onde esses

    valores se originaram, os candidatos e os partidos polticos tm de relacionar tambm todas as

    despesas efetuadas durante a campanha, acompanhadas das respectivas provas fiscais.

    Ao analisar a documentao apresentada, a Justia Eleitoral verificar a regularidade das

    contas de campanha, decidindo:

    pela aprovao, quando estiverem regulares;

    pela aprovao as contas com ressalvas, quando verificar falhas que no lhes

    comprometam a regularidade;

    pela desaprovao, quando verificadas falhas que lhes comprometam a

    regularidade; e

    pela no-prestao, quando no apresentadas as contas aps notificao emitida

    pela Justia Eleitoral, na qual constar a obrigao de prestar as suas contas, no

    prazo de 72 horas.

    Nenhum candidato poder ser diplomado at que as suas contas tenham sido julgadas.

    Por isso, todas as prestaes de contas dos candidatos eleitos tm de ser julgadas at oito dias

    antes da diplomao. As contas dos candidatos no eleitos tambm devem ser julgadas, mas como

    a Lei n 9.504/97 no previu prazo para esse julgamento, o TSE estipula um prazo maior,

    geralmente at o fim do segundo semestre do ano posterior ao das eleies.

  • VI Arrecadao e gastos de recursos, e prestao de contas

    36

    A rejeio das contas no impede a diplomao, devendo, em sendo o caso, ser aforada uma ao apropriada para esse fim (afastamento do eleito, com eventual cassao do diploma ou

    mandato)

    obrigatria, como regra, a abertura de conta bancria especfica em nome do candidato

    e do comit financeiro, para registro de todo o movimento financeiro da campanha, inclusive dos

    recursos prprios dos candidatos e dos oriundos da comercializao de produtos e realizao de

    eventos, sendo proibido o uso de conta bancria preexistente.

    Nas eleies de 2012, como exceo regra da obrigatoriedade dos recursos na conta

    bancria especfica de campanha, os recursos do Fundo Partidrio aplicados pelo partido poltico,

    na campanha eleitoral, devem ser movimentados diretamente na conta bancria estabelecida pelo

    art. 43 da Lei n 9.096/95.

    Res.-TSE n 23.376/2012, art. 14, 2.

    , ainda, facultativa a abertura de conta bancria especfica: I) nos casos de

    representaes partidrias municipais, comits financeiros e candidatos em Municpios onde no

    haja agncia bancria e/ou correspondente bancrio; e II) nos casos de candidato a vereador em

    Municpios com menos de 20.000 (vinte mil) eleitores.

    Res.-TSE n 23.376/2012, art. 12, 5 e Lei n 9.504/97, art. 22, 2.

    O uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos eleitorais que no provenham

    dessa conta especfica implicar a desaprovao da prestao de contas do partido ou candidato

    com exceo dos recursos do Fundo Partidrio, aplicados na campanha, que devem ser

    movimentados pela conta do art. 43 da Lei n 9.096/95.

    Res.-TSE n 23.376/2012, art. 17.

    Outras irregularidades que tambm podem resultar na desaprovao das contas:

    despesas sem os respectivos comprovantes e notas;

    recebimento de recursos de fontes proibidas;

    recebimento de recursos de origem no-identificada;

    receitas desacompanhadas dos recibos eleitorais correspondentes (todo recurso

    arrecadado, seja ele prprio ou originado de terceiros, deve ser acompanhado da

    emisso de recibo. os tales de recibos tm de ser emitidos com numerao

    sequencial); e

    realizao de despesas proibidas por lei, como o pagamento de propaganda

    eleitoral irregular.

    Os processos de prestao de contas so pblicos e podem ser consultados pelos interessados (Ministrio Pblico, candidatos ou partidos polticos), com prvia autorizao da Justia Eleitoral.

    Os gastos eleitorais para campanha eleitoral esto previstos no art. 26 da Lei n 9.504/97.

  • 3. D

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    VI Arrecadao e gastos de recursos, e prestao de contas

    37

    Conforme estabelece o art. 30, 1, da Res.-TSE n 23.376/2012, os gastos eleitorais de

    natureza financeira s podero ser efetuados por meio de cheque nominal ou transferncia

    bancria, ressalvadas as despesas de pequeno valor que so aquelas que no ultrapassa o limite

    de R$ 300,00 (trezentos reais).

    Res.-TSE n 23.376/2012, art. 30, 2 e 3.

    3. DOAES DE RECURSOS FINANCEIROS

    Os recursos utilizados pelos candidatos nas campanhas eleitorais provm de: I) recursos

    prprios; II) doaes de pessoas fsicas; III) doaes de pessoas jurdicas; IV) doaes de outros

    candidatos, partidos polticos e comits financeiros; V) repasse de recursos provenientes do Fundo

    Partidrio; e VI) receita decorrente da comercializao de bens ou realizao de eventos. O art. 18

    da Res.-TSE n 23.376/2012 prev as origens de recursos de campanha.

    Existe, no entanto, um limite mximo de gastos que podem ser realizados. Esse valor

    fixado por lei todo dia 10 de junho do ano das eleies; ausente lei especfica, cada partido estipula

    os limites de gastos.

    Lei n 9.504/97, art. 17-A.

    Para impedir o abuso do poder econmico e a corrupo, a legislao tambm

    estabelece limites para o recebimento desses recursos.

    No caso das pessoas fsicas, as doaes devem limitar-se a 10% (dez por cento) dos

    rendimentos brutos do doador, tomando-se por base o ano anterior ao da eleio.

    Qualquer eleitor pode realizar gastos totais em benefcio de candidato, respeitando o limite de R$

    1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos).

    Lei n 9.504/97, art. 27.

    O limite de 10% (dez por cento) no se aplica a doaes estimveis em dinheiro relativas

    utilizao de bens mveis ou imveis de propriedade do doador, desde que o valor da doao

    no ultrapasse R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

    Lei n 9.504/97, art. 23, 7.

    J as pessoas jurdicas podem doar o equivalente a 2% (dois por cento) do faturamento

    bruto do exerccio financeiro do ano anterior ao da eleio.

    Portanto, proibida a doao por pessoa jurdica que tenha comeado a existir no ano da

    eleio.

  • VI Arrecadao e gastos de recursos, e prestao de contas

    38

    A doao acima desses limites pode resultar na aplicao, aos infratores, de multa de 5

    (cinco) a 10 (dez) vezes o valor excedido. Se for comprovado abuso do poder econmico, ser

    cancelado o registro da candidatura ou cassado o diploma ou o mandato da pessoa beneficiada. A

    pessoa jurdica que exceder o limite de doao ficar impedida de participar de licitaes e de

    contratar com o Poder Pblico por 5 (cinco) anos.

    As doaes de recursos financeiros podem ser feitas em:

    dinheiro: os recursos recebidos em dinheiro devem ser fielmente registrados, com a

    identificao completa do doador;

    cheque: os cheques devem ser cruzados e nominais ao candidato ou partido;

    transferncias bancrias: transferncias eletrnicas bancrias, depsitos em conta

    ou por carto de dbito e/ou crdito devem ser identificadas pelo nome do doador,

    seu CPF ou CNPJ.

    Doaes proibidas

    doaes annimas;

    doaes acima dos limites legais;

    doaes em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espcie, que

    provenham de:

    I) entidade ou governo estrangeiro;

    II) rgo da Administrao Pblica Direta e Indireta ou fundao mantida com

    recursos pblicos;

    III) concessionrio ou permissionrio de servio pblico;

    IV) entidade de direito privado que receba contribuio compulsria em virtude

    de disposio legal (por exemplo: SESI e SENAI);

    V) entidade de utilidade pblica;

    VI) entidade de classe ou sindical;

    VII) pessoa jurdica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior;

    VIII) entidades beneficentes e religiosas;

    IX) entidades esportivas;

    X) organizaes no-governamentais que recebam recursos pblicos;

    XI) organizaes da sociedade civil de interesse pblico; e

    XII) sociedades cooperativas de qualquer grau ou natureza, cujos cooperados

    sejam concessionrios ou permissionrios de servios pblicos desde que

    estejam sendo beneficiadas com recursos pblicos.

    Lei n 9.504/97, art. 24.

  • 1. N

    oo

    intr

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    VII Propaganda eleitoral

    39

    VII PROPAGANDA ELEITORAL

    1. NOO INTRODUTRIA

    Considerada ferramenta importante para influenciar a opinio pblica, a propaganda tem

    papel fundamental na disputa por cargos eletivos. Tem intuito de difundir deliberada e

    sistematicamente publicidade que visa criar nos destinatrios uma imagem, positiva ou negativa do

    programa e das ideias do candidato a cargo eletivo.

    Propaganda poltica gnero, enquanto propaganda partidria, intrapartidria e

    propaganda eleitoral so espcies desse gnero.

    A propaganda partidria, em sntese, a realizada com o fim de divulgar a atuao do

    partido poltico, em mbito poltico-comunitrio,visando ao engajamento de novos adeptos. A

    veiculao de propaganda partidria em desacordo com o estabelecido com o art. 45 da Lei n

    9.096/95 importa na cassao do direito de transmisso conforme as regras estabelecidas pelo

    2 do art. 45 , sem prejuzo, quando for o caso, de multa por eventual propaganda eleitoral

    antecipada. A competncia para ajuizamento da representao por propaganda partidria irregular

    do TSE (quando se tratar de programa nacional) ou do TRE (quando se tratar de programa

    estadual), tendo por prazo final o ltimo dia do semestre seguinte em que for veiculado o programa

    impugnado ou, se a transmisso ocorrer nos ltimos 30 dias do perodo, at o 15 dia do semestre

    seguinte.

    A Lei n 9.096/95 (arts. 45 ao 49) prev o acesso gratuito dos partidos ao rdio e

    televiso semestralmente -, em rede nacional ou regional, por iniciativa e sob responsabilidade

    dos respectivos rgos de direo. As transmisses dessas propagandas partidrias so realizadas

    em bloco e em inseres de 30 (trinta) segundos e 1 (um) minuto, durante o intervalo da

    programao normal das emissoras. No permitida, no entanto, no semestre em que so

    realizadas as eleies.

    De seu turno, a propaganda intrapartidria concretizada, na esfera interna da

    agremiao, com o fim de obter a indicao do nome do candidato em conveno; havendo o

    desvirtuamento da propaganda intrapartidria, pode haver o sancionamento de multa por

    propaganda eleitoral antecipada.

    Conforme Jos Jairo Gomes1, a propaganda eleitoral elaborada com a finalidade de

    captar votos do eleitorado para investidura em cargo pblico-eletivo.

    1 GOMES, Jos Jairo. Direito eleitoral. 6 ed. ver. atual. e ampl. So Paulo: Atlas, 2011, p. 320.

  • VII Propaganda eleitoral 40

    As regras sobre propaganda eleitoral esto previstas na Lei n 9.504/97 (arts. 36 ao 57-I)

    e no Cdigo Eleitoral, embora este refira-se, equivocadamente, propaganda partidria (arts. 240

    ao art. 256), enquanto a regulamentao do TSE para as eleies de 2012 deu-se por meio da

    Res.-TSE n 23.370/2011.

    Necessrio, ento, compatibilizar as disposies desses diplomas legais, tendo-se

    sempre o cuidado de verificar se a norma do Cdigo Eleitoral no foi revogada por lei posterior,

    especialmente a prpria Lei n 9.504/97. Afora isso, no demais ressaltar que somente a Lei n

    9.504/97 comina penas pecunirias. Assim, se a restrio encontra-se apenas no Cdigo Eleitoral

    (v.g. a propaganda eleitoral que no identifica a sigla partidria), s se pode pedir Justia Eleitoral

    que determine a apreenso, ou retirada, da propaganda, sob pena de desobedincia, j que

    incabvel a multa.

    A Lei n 9.504/97, em seu art. 40-B, prev que:

    Art. 40-B. A representao relativa propaganda irregular deve ser instruda com prova da autoria ou do prvio conhecimento do beneficirio, caso este no seja por ela responsvel.

    Pargrafo nico. A responsabilidade do candidato estar demonstrada se este, intimado da existncia da propaganda irregular, no providenciar, no prazo de quarenta e oito horas, sua retirada ou regularizao e, ainda, se as circunstncias e as peculiaridades do caso especfico revelarem a impossibilidade de o beneficirio no ter tido conhecimento da propaganda.

    Res.-TSE n 23.370/2011, art. 74.

    A intimao de representao relativa propaganda irregular poder ser realizada por

    candidato, partido poltico, coligao ou pelo Ministrio Pblico, por meio de comunicao feita

    diretamente ao responsvel ou beneficirio da propaganda, devendo dela constar a precisa

    identificao da propaganda apontada como irregular.

    Res.-TSE n 23.370/2011, art. 74, 2.

    No entanto, permanece ntegra a regra da responsabilidade solidria dos partidos

    polticos insculpida no art. 241 do CE/65, que dispe:

    Art. 241. Toda propaganda eleitoral ser realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos.

  • 2.

    poca

    da

    prop

    agan

    da e

    leito

    ral

    VII Propaganda eleitoral

    41

    2. POCA DA PROPAGANDA ELEITORAL

    Com o art. 36 da Lei n 9.504/97, ficou tacitamente revogado art. 240, caput, do CE/65,

    que permitia a propaganda imediatamente aps a conveno partidria de escolha dos candidatos.

    O art. 36 estabelece que:

    Art. 36. A propaganda eleitoral somente permitida aps o dia 5 de julho do ano da eleio. (grifado)

    Dessa forma, propaganda eleitoral antecipada aquela realizada antes do dia 6 de julho

    do ano da eleio. De outra parte, o art. 36-A da Lei n 9.504/97, introduzido pela Lei n

    12.034/2009, estabelece hipteses de excluso de propaganda eleitoral antecipada.

    [...] Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, a ao poltica que se pretende desenvolver ou razes que induzam a concluir que o beneficirio o mais apto ao exerccio de funo pblica. Sem tais caractersticas, poder haver mera promoo pessoal, apta, em determinadas circunstncias a configurar abuso de poder econmico, mas no propaganda eleitoral (Ac.-TSE no REspe n 16.183/2000 Rel. Jos Eduardo Rangel de Alckmin). No mesmo sentido, v. o Ac.-TSE no REspe n 15.732/99 Rel. Jos Eduardo Rangel de Alckmin, e o Ac.-TSE no REspe n 16.426/2000 Rel. Fernando Neves da Silva.

    [...] 1. A fim de verificar a existncia de propaganda subliminar, com propsito eleitoral, no deve ser observado to-somente o texto dessa propaganda, mas tambm outras circunstncias, tais como imagens, fotografias, meios, nmero e alcance da divulgao (Ac.-TSE no REspe n 19.905/2003 Rel. Fernando Neves da Silva).

    A propaganda gratuita no rdio e na televiso, entretanto, s inicia no dia 21 de agosto de

    2012, a exatos 47 dias antes do pleito, conforme dispe a Lei n 9.504/97, em seu art. 47, caput. V. Calendrio eleitoral das eleies de 2012 da Res.-TSE n 23.341/2011.

    [...] Limitao temporal da propaganda eleitoral. Ausncia de violao liberdade de expresso do pensamento. Agravo improvido (Ac.-TSE no AAg n 2.645/2001 Rel. Ellen Gracie Northfleet).

    Consulta. Delegado nacional. Partido Progressista Brasileiro (PPB). Respondido negativamente, quanto aos primeiro e segundo itens. Quanto ao terceiro, no h marco inicial de proibio. O que a lei estabelece um marco inicial de sua permisso art. 36, caput, da Lei n 9.504/97 (Res.-TSE na Cta n 20.507/99 Rel. Walter Ramos da Costa Porto).

  • VII Propaganda eleitoral

    42

    2.1. Prazos importantes do 1 turno

    1

    JULHO

    6

    JULHO

    47 dias antes da

    eleio

    AGOSTO

    3 dias antes da

    eleio

    OUTUBRO

    2 dias antes da

    eleio

    OUTUBRO

    1 dia antes da

    eleio

    OUTUBRO

    A partir dessa data, no ser mais permitida propaganda partidria gratuita, nem qualquer tipo de propaganda poltica paga no rdio e televiso.

    Incio da propaganda eleitoral.

    Incio da propaganda eleitoral gratuita no rdio e na televiso.

    ltimo dia para:

    1) propaganda eleitoral gratuita em rdio e TV;

    2) propaganda em pginas institucionais na internet, ressalvada a realizada em sites do partido poltico ou candidato;

    3) realizao de comcios ou reunies pblicas e debates;

    4) uso de aparelhagem de som fixo.

    ltimo dia para a divulgao paga de propaganda em jornais impressos.

    ltimo dia para:

    1) propaganda com amplificadores de som, caminhadas e passeatas (at s 22h);

    2) promoo de carreata e distribuio de material de propaganda poltica (at s 22h).

    2.2. Prazos importantes do 2 turno

    15 dias antes da

    eleio

    OUTUBRO

    3 dias antes do 2

    turno

    OUTUBRO

    2 dias antes do 2

    turno

    OUTUBRO

    1 dia antes do 2

    turno

    OUTUBRO

    30

    NOVEMBRO

    Incio da propaganda eleitoral gratuita, no rdio e na televiso, relativa ao 2 turno.

    ltimo dia para a propaganda poltica mediante comcios ou reunies pblicas.

    ltimo dia para:

    1) propaganda eleitoral gratuita em rdio e TV;

    2) propaganda em pginas institucionais na internet, ressalvada a realizada em sites do partido poltico ou candidato;

    3) propaganda paga em jornais e revistas impressos;

    4) debates.

    ltimo dia para:

    1) propaganda com amplificadores de som, caminhadas e passeatas (at s 22h);

    2) promoo de carreata e distribuio de material de propaganda poltica (at s 22h).

    ltimo dia para os candidatos removerem a propaganda eleitoral, com a restaurao do bem, se for o caso.

  • 3. P

    ropa

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    VII Propaganda eleitoral

    43

    3. PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PBLICOS E PRIVADOS

    O art. 37 da Lei n 9.504/97, com a redao que foi dada pela Lei n 11.300/2006, permite

    a propaganda em bens particulares (evidentemente com a anuncia do titular do bem) e veda nos

    bens pblicos, inclusive nos cujo us