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MANUAL
INTERNO DE
SEGURANÇA
FBA/FCF/USP 2020
MANUAL INTERNO DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO
Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental – FBA Faculdade de Ciências Farmacêuticas – FCF Universidade de São Paulo – USP
Esse é um material disponível apenas para treinamento interno e consultas no FBA/FCF/USP, direcionado a docentes, funcionários, alunos e visitantes. Não substitui outros manuais de segurança ou outros documentos relacionados adotados pela FCF. Quaisquer alterações nos procedimentos devem ser comunicadas aos organizadores.
Organização da primeira edição online: Luciene Lauer ([email protected], 11 3091-3007)
Redação
Capítulos 1 a 7: Luciene Lauer ([email protected])
Capítulos 1 a 4: Fabiana Lima ([email protected])
Capítulo 7: Aline de Oliveira ([email protected])
Avaliação de aproveitamento
Capítulo 3 e revisão geral: Rosa Maria Cerdeira Barros ([email protected])
Capítulo 4: Fabiana Lima ([email protected])
Capítulo 5: Renato Heidor ([email protected])
Capítulo 6: Alexandre Pimentel ([email protected])
Capítulo 7: Tania Shiga ([email protected])
Revisão
Elias Araújo ([email protected])
Katia Leani ([email protected])
Rosângela Pavan ([email protected])
Prof. Chris Hoffmann ([email protected])
Prof. Uelinton Pinto ([email protected])
Aprovação
Profa. Dra. Inar Castro Erger ([email protected])
É proibida a reprodução total ou parcial, salvo pequenos trechos com citação da fonte.
Ficha Catalográfica
Elaborada pela Divisão de Biblioteca e
Documentação do Conjunto das Químicas da USP .
Bibliotecária responsável pela orientação de catalogação da publicação:
Marlene Aparecida Vieira - CRB - 8/5562
Lauer, Luciene
L372 Manual interno de segurança em laboratório / Luciene Lauer (Org.),
Fabiana Lima, Aline de Oliveira. - - São Paulo : Faculdade de Ciências
Farmacêuticas, 2020.
93p. PDF
Manual para tre inamento em segurança de usuários dos labora tór ios do
Depar tamento de Alimentos e Nutr ição Experimenta l (F BA) da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) da Univers idade de São Paulo (USP).
1 . Segurança em laboratório. 2 . Biossegurança. 3. Produtos químicos.
4. Emergências em laboratório. 5 . Boas práticas de laboratório. I . T ítulo .
I I . Fabiana, Lima. I I I . Olive ira , Aline de
ÍNDICE
ÍNDICE ................................................................................................................................................... 5
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 1
2. CONTATOS ÚTEIS .............................................................................................................................. 1
3. SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS .................................................................................................... 2
3.1 Boas práticas de laboratório ....................................................................................................... 2
Normas de conduta ...................................................................................................................... 2
Boas práticas de laboratório – um sistema de qualidade ............................................................. 4
Direitos e Responsabilidades dos alunos e funcionários dos laboratórios ................................... 5
3.2 Prevenção de riscos .................................................................................................................... 5
Risco X Perigo ................................................................................................................................ 5
Gerenciamento de riscos .............................................................................................................. 6
Medidas de controle do risco ....................................................................................................... 6
Classes de riscos ambientais ......................................................................................................... 7
3.3 Equipamentos para Proteção Coletiva ....................................................................................... 7
Capela de exaustão de gases e vapores químicos ........................................................................ 8
Cabine de segurança biológica...................................................................................................... 8
3.4 Equipamento para Proteção Individual .................................................................................... 10
Proteção da cabeça, face e/ou crânio......................................................................................... 10
Proteção respiratória .................................................................................................................. 11
Proteção auditiva ........................................................................................................................ 12
Proteção do tronco ..................................................................................................................... 12
Proteção dos membros Superiores ............................................................................................. 12
Proteção dos membros inferiores .............................................................................................. 13
3.5 Higienização nos laboratórios ................................................................................................... 13
Agentes desinfetantes ................................................................................................................ 13
Procedimento geral e periodicidade ........................................................................................... 13
Cuidados especiais ...................................................................................................................... 14
4. AGENTES BIOLÓGICOS E BIOSSEGURANÇA ..................................................................................... 15
4.1 Biossegurança e agentes biológicos em geral .......................................................................... 15
Conceito ...................................................................................................................................... 15
Classes de risco de agentes biológicos ........................................................................................ 15
Níveis de biossegurança para manipulação de agentes biológicos ............................................ 16
4.2 Biossegurança com organismos geneticamente modificados .................................................. 17
Regulamentação de trabalho com OGM .................................................................................... 17
Classificação do risco de OGM .................................................................................................... 17
Níveis de biossegurança para manipulação de OGM ................................................................. 18
Legislação em OGM .................................................................................................................... 19
5. SEGURANÇA COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS .................................................................. 21
5.1 Sistema de classificação de perigos .......................................................................................... 21
Perigos à saúde humana ............................................................................................................. 22
Toxicidade aguda ........................................................................................................................ 22
Perigos ao ambiente aquático .................................................................................................... 27
Toxicidade aguda ........................................................................................................................ 27
Toxicidade crônica ...................................................................................................................... 27
Perigos físicos .............................................................................................................................. 28
Substâncias e misturas corrosivas para os metais ...................................................................... 33
5.2 Rotulagem de Produto Químico ............................................................................................... 33
Produto químico classificado como perigoso ............................................................................. 34
5.3 Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico ........................................................ 36
5.4 Incompatibilidades entre produtos químicos ........................................................................... 53
Mistura de substâncias químicos ................................................................................................ 54
Armazenamento ......................................................................................................................... 56
6. DESCARTE DE RESÍDUOS ................................................................................................................. 60
6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) ............................................. 60
6.2 Classificação e gerenciamento dos RSS .................................................................................... 61
Grupo A: resíduo biológico ......................................................................................................... 61
Grupo B: resíduo químico ........................................................................................................... 63
Grupo C: rejeitos radioativos ...................................................................................................... 64
Grupo D: resíduo comum ............................................................................................................ 64
Grupo E: resíduo perfurocortante .............................................................................................. 65
6.3 Etapas do Manejo de RSS ......................................................................................................... 65
Segregação, acondicionamento e identificação ......................................................................... 65
Coleta e transporte interno ........................................................................................................ 67
Armazenamento interno, temporário e externo ........................................................................ 67
Coleta e transporte externos ...................................................................................................... 68
Destinação .................................................................................................................................. 68
6.5 Protocolo para descarte de RSS na FCF .................................................................................... 69
Resíduo sólido não-perigoso ....................................................................................................... 69
Resíduo líquido perigoso ............................................................................................................. 70
Resíduo sólido perigoso .............................................................................................................. 72
6.4 Segurança ocupacional aplicada ao descarte ........................................................................... 73
7. GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIA ............................................................................................... 74
7.1 Primeiras ações em emergências ............................................................................................. 74
7.2 Plano de Abandono .................................................................................................................. 75
7.3 Suporte básico da vida realizada por leigos .............................................................................. 75
Contato com o sistema de emergência ...................................................................................... 76
Ressuscitação cardiorrespiratória ............................................................................................... 77
Uso do desfibrilador .................................................................................................................... 78
7.4 Incêndio .................................................................................................................................... 79
Sequencia básica de ações de emergência contra incêndio ....................................................... 80
Classes de incêndio .................................................................................................................... 80
Tipos de extintores de incêndio e suas aplicações ..................................................................... 81
7.5 Queimaduras ............................................................................................................................ 81
Queimaduras térmicas ................................................................................................................ 82
Queimaduras elétricas ................................................................................................................ 82
Queimaduras químicas ............................................................................................................... 83
7.6 Outras emergências comuns em laboratórios .......................................................................... 83
Cortes ou perfurações................................................................................................................. 83
Contaminação com material biológico infectante ...................................................................... 83
Contaminação com produto químico perigoso .......................................................................... 84
Derramamento de liquidos criogenicos ...................................................................................... 84
Derramamentos de produtos químicos ...................................................................................... 85
7.7 Crises convulsivas ..................................................................................................................... 85
1
1. APRESENTAÇÃO
O Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental (FBA) da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP) realiza pesquisa em diversos campos da
Ciência dos Alimentos, cujos ensaios experimentais expõem os pesquisadores, entre alunos,
funcionários e docentes, a agentes nocivos físicos, químicos e/ou biológicos.
A publicação deste Manual Interno de Segurança em Laboratório visa direcionar estratégias
relacionadas à segurança e uniformização dos procedimentos nesse departamento, propondo-se
como material de apoio, referência, treinamento e consulta, adequado às características específicas
da infraestrutura laboral disponível, material e humana.
2. CONTATOS ÚTEIS
Em caso de qualquer emergência, comunique imediatamente o professor responsável pelo
laboratório e/ou pela pesquisa e o técnico do laboratório. Tenha seus contatos sempre à mão.
Na FCF
Secretaria do FBA/FCF: 3091-3656/3657
Chefia de segurança da FCF: 3091-3676
Portaria da FCF: 3091-3685
Comissão interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): [email protected]
Núcleo dos Direitos Humanos: [email protected]
Ouvidoria: [email protected]
Na USP
Serviço de Ambulância/Segurança da USP: 3091-3222/4222
Energia Elétrica da USP: 3091-4961/4962
Informações HU – SAME da USP: 3091-9327
Hospital Universitário (HU): 3091-9200
Externos
SAMU: 192
Corpo de Bombeiros: 193
Polícia Militar: 190
CEATOX: 0800 014 8110
2
3. SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS
3.1 Boas práticas de laboratório
NORMAS DE CONDUTA
Nos laboratórios do FBA/FCF adotam-se normas de conduta, apresentadas a seguir, para garantir a
segurança e bom andamento dos trabalhos de pesquisas aqui realizados.
Preparando-se para entrar no laboratório:
Acesso restrito e controlado somente às pessoas autorizadas por funcionários e professores;
Alunos matriculados e treinados em segurança de laboratório podem solicitar cadastro da sua
biometria para acesso aos laboratórios;
É fortemente recomendado não trabalhar sozinho no laboratório;
Planejar atividades para horário comercial, no período de jornada dos técnicos e professores;
Quando, extraordinariamente, realizar experimentos à noite, finais de semana ou feriados,
combine com um colega de estarem juntos, e providencie autorização para a dupla, assinada por
seus orientadores;
Utilizar calçados fechados, impermeáveis, confortáveis, com solado liso e antiderrapante;
Trajar roupas que cubram toda a extensão das pernas;
É proibido uso de jaleco fora do laboratório, como em copa, banheiro, escritório ou biblioteca, a
não ser que você esteja transitando de um laboratório a outro;
Quando planejar somente fazer uso de notebooks (não estiver realizando experimentos), não
ocupar bancadas, mas usar áreas de escritório existentes nos laboratórios, ou mesas para estudo
alocadas no corredor do piso superior, ou ainda salas de informática (graduação e pós-graduação)
localizadas no Bloco 13A e bibliotecas do campus;
Visualize quais saídas podem ser usadas em caso de emergência.
Conheça a localização dos equipamentos de emergência, nos corredores:
Lava-olhos e chuveiros de emergência;
Carrinho cor de laranja com vermiculita, material absorvente para derramamentos;
Máscaras, luvas, botas e material de contenção (armário verde);
Informe-se sobre o espaço e as pessoas designadas em caso de emergências (quadro CIPA):
Veja a quais riscos você será exposto no Mapa de Riscos;
Conheça a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes);
Saiba quem compõe a Brigada de Incêndio e Primeiros Socorros.
Quando estiver dentro do laboratório:
É obrigatório usar jaleco de algodão, fechado na frente,
com mangas longas preferencialmente ajustadas nos
punhos, sempre que estiver dentro do laboratório,
mesmo que não esteja realizando experimentos;
Lentes de contato devem ser substituídas pelos óculos de grau;
Cabelos compridos devem estar sempre presos;
Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/adornos, como brincos, pulseiras e relógios;
Fazer silêncio e não dispersar a atenção enquanto você e/ou outro colega trabalham;
3
Não correr;
É expressamente proibido fumar em qualquer dependência do departamento;
Não usar fones de ouvido para que possa estar alerta ao sinal de qualquer emergência;
Manter áreas de circulação desobstruídas.
Ao realizar um experimento:
Planejar-se para os ensaios antecipadamente, com previsão e reserva de material e reagentes;
Usar as agendas (online ou em papel) para reserva de equipamento e salas;
Observar os princípios básicos higiênico-sanitários, além de lavar as mãos antes e após qualquer
procedimento e após retirar as luvas, não mascar chicletes, nem ingerir, armazenar ou preparar
alimentos e bebidas dentro do laboratório, não tocar a boca ou o rosto com as mãos ou objetos;
Usar EPIs adequados ao risco do procedimento, tais como luvas, óculos de proteção e máscaras;
Usar luvas de procedimentos adequadas ao tipo de substância que está trabalhando, evitar tocar
com elas em objetos de uso comum, como maçanetas, canetas e computadores, e trocá-las ao
menor sinal de deterioração;
Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às atividades experimentais;
Caso planeje usar nitrogênio líquido ou reagentes inflamáveis, como o acesso é exclusivo aos
técnicos e professores, solicite a eles com antecedência;
Pipetar com a boca é expressamente proibido;
Ter em mãos os procedimentos para o ensaio que realizará e para os equipamentos que usará;
Identificar adequadamente todos os frascos que contenham reagentes, com a indicação do
nome do produto, grau de diluição e
solvente, data de preparo, nome de quem
preparou, validade, e outras informações
relevantes, como toxidade do produto,
condições de armazenamento, etc.;
O manuseio de produtos químicos voláteis
e/ou perigosos, ácidos e bases corrosivos
e/ou fumegantes, deve ser realizado em
capela de segurança química.
Evitar a dispersão de aerossóis ou respingos, e caso seja inevitável, utilizar capela, como em
procedimentos de trituração, homogeneização, agitação vigorosa, ruptura por ultrassom,
abertura de frascos com pressão interna maior que a ambiente, etc.;
Manipular substâncias inflamáveis com cuidado, longe de fontes de energia elétrica e de calor;
Atenção ao manipular o material perfurocortante, como agulhas, lâminas, pipetas de Pasteur de
vidro, tubos capilares e bisturis;
Não manipular vidraria quebrada com a mão, mas removê-la por meios mecânicos, como
vassoura e pá de lixo, ou pinça, e para descartá-la em caixa apropriada;
Não recapear as agulhas usadas, nem dobrar, quebrar ou remover da seringa, e descartar o
conjunto de seringa e agulha em caixa adequada para material perfurocortante;
Respeitar os requisitos de segurança para o trabalho com agentes biológicos, utilizando os meios
de contenção específicos para a sua classe de risco;
Centrifugar material que possa conter organismo biológico patogênico ou geneticamente
modificado em frascos lacrados, em centrífugas identificadas para esse fim;
Manusear, transportar e armazenar materiais (biológicos, químicos e vidrarias) de forma segura
com atenção, usando recipientes secundários resistentes, como bandejas, ou baldes com tampa.
Nome: Álcool Iodado a 1 % .
Preparado por: Ana Silva .
Data: 01/07/2020 – Validade: 1 semana . Obs.: Manter em frasco âmbar, protegido de luz e calor, perigoso à saúde e ao meio ambiente
4
Observar os critérios de compatibilidade para o armazenamento de produtos químicos,
respeitando a disposição em instalações apropriadas para o risco apresentado;
Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de material biológico
disseminado, pode-se empregar, para a descontaminação do local: álcool a 70% ou solução de
hipoclorito de sódio a 1%, deixando agir por 30 minutos e após remover com papel absorvente.
Finalizando um experimento:
Organizar o espaço utilizado e guardar reagentes, material e equipamentos no lugar correto;
Descontaminar adequadamente a bancada de trabalho ao final de cada turno;
Os EPIs descartáveis devem ser desprezados em descarte apropriado para o resíduo
correspondente, e os reutilizáveis guardados em recipientes exclusivos para esse fim, devendo
ser descontaminados após o uso e antes do reuso;
Assegurar que resíduos biológicos patogênicos sejam descontaminados por método químico
(hipoclorito ou formaldeído, entre outros) ou físico (autoclave) e então sejam descartados
conforme o risco presente e/ou natureza física (se orgânico, líquido, sólido, perigoso, etc.);
Transferir o resíduo químico perigoso para recipiente identificado, fazendo uso de capela e EPIs
adequados, checando antes a compatibilidade com o conteúdo e com o material do recipiente;
Todos os resíduos devem ser descartados segundo as normas vigentes e em cumprimento ao
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) da FCF/USP.
Preparando-se para sair do laboratório:
Deixar ar condicionado ligado durante a noite somente quando há essa instrução;
Conferir se os equipamentos e lâmpadas estão desligados se for o último a sair;
Checar se os bicos de Bunsen e saídas de gás estão devidamente fechados;
Trancar as portas ao final do expediente, ou sempre que todos se ausentarem;
Dentro ou fora do laboratório:
Respeitar a organização administrativa de seu laboratório, seguindo as instruções do técnico;
Trabalhar com bom senso de convivência coletiva, sendo solícito e empático;
Preservar postura profissional e evitar conflitos pessoais.
BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO – UM SISTEMA DE QUALIDADE
Muito mais abrangente do que as Normas de Conduta apresentadas acima, as Boas Práticas de
Laboratório (BPL) são um conjunto de normas que visam garantir a qualidade, a confiabilidade e a
integridade dos estudos, o relato de conclusões verificáveis e a rastreabilidade dos dados, com foco
no processo organizacional e nas condições sob as quais estudos são planejados, realizados,
monitorados, registrados, arquivados e relatados.
Em termos normativos, para fins de registro de produtos, a conformidade com as BPL é exigida pelos
órgãos regulamentadores, de instalações que realizam testes para avaliar o risco à saúde humana e
ao meio ambiente, de produtos agrotóxicos, farmacêuticos, aditivos de alimentos e rações,
cosméticos, veterinários, produtos químicos industriais, e organismos geneticamente modificados
(OGM). Nenhuma instalação de teste pode reivindicar legitimamente a conformidade com as BPL se
não tiver implementado e não estiver em conformidade com o conjunto completo das regras das
BPL.
5
O conteúdo completo das Boas Práticas de Laboratório pode ser encontrado nos seguintes links:
Norma da OMS: Handbook – Good Laboratory Practice;
Norma do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia: INMETRO, nº NIT-Dicla-35.
DIREITOS E RESPONSABILIDADES DOS ALUNOS E FUNCIONÁRIOS DOS LABORATÓRIOS
3.2 Prevenção de riscos
RISCO X PERIGO
Perigo é a situação ou a condição que pode causar
lesão física ou danos à saúde das pessoas, por
ausência de medidas de controle. Risco é a
probabilidade de ocorrência de determinada
situação ou evento potencialmente nocivo à
integridade física do trabalhador, às instalações
e/ou aos equipamentos do ambiente de trabalho,
em decorrência da exposição ao perigo.
Assim, o perigo é a causa e o risco, o seu efeito.
O vídeo aqui será bastante útil para esse
entendimento.
Em resumo:
Direitos Deveres
Usar EPI e EPC adequadamente, para garantir a segurança sua e de seus
colegas de trabalho.
Seguir as orientações e respeitar a supervisão das atividades experimentais
que você desenvolve.
Ler atentamente e seguir as instruções dos POP e FISPQ, antes de realizar
exprimentos.
Trabalhar somente quando sentir-se capacitado a fazê-lo de forma segura, atenta, e de acordo com as normas.
Equipamentos de segurança disponíveis para proteção contra riscos, e treinamento para o seu uso.
Orientação de técnico e/ou docente para que você trabalhe de forma segura e
obtenha resultados de qualidade.
Acesso aos procedimentos operacionais padrões (POP) e fichas de informação de segurança de produtos químicos (FISPQ).
Treinamento em todos os procedimentos de rotina no laboratório, como análises,
armazenamento e descartes.
6
GERENCIAMENTO DE RISCOS
A gravidade do dano causado pela exposição a uma condição perigosa é tanto menor quanto maiores
forem as medidas de segurança adotadas. As normas regulamentadoras relativas à segurança e
medicina do trabalho estabelecem a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) por parte do empregador, visando à preservação da
saúde e da integridade dos trabalhadores. Esse conjunto de atitudes para eliminar ou minimizar os
efeitos da exposição a um perigo chama-se Gerenciamento do Risco:
MEDIDAS DE CONTROLE DO RISCO
A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos
trabalhadores quanto os procedimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as
eventuais limitações de proteção que ofereçam. Quando comprovado pelo empregador ou
instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não
forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em
caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à
hierarquia de efetividade como apresentada na figura a seguir, o que significa que as medidas de
proteção coletiva devem ser priorizadas.
Medidas primárias de proteção
coletiva
Medidas secundárias
-EFETIV
O
+EFETIV
O
1. Eliminação ou redução dos agentes prejudiciais à saúde
2. Prevenção de liberação ou disseminação
3. Redução nos níveis no ambiente de trabalho
4. Controle administrativo ou de organização do trabalho
5. Utilização de equipamento de proteção individual - EPI
7
CLASSES DE RISCOS AMBIENTAIS
Os riscos ambientais dividem-se em 5 grupos (Tabela 1), cada um caracterizado por uma cor:
Tabela 1. Classificação dos riscos ambientais
Grupo Risco Cor de Identificação
Definição Exemplos
1
Físi
co
Diversas formas de energia Ruído, vibração, pressão anormal, radiação ionizante e não ionizante,
material cortante e pontiagudo, temperatura extrema, ultrassom.
2
Qu
ímic
o
Substâncias que possam ser absorvidas pelo organismo através da pele, ingestão ou
respiração.
Radioativos, ácidos, vapores orgânicos.
3
Bio
lógi
co Agentes capazes de provocar danos à saúde
humana, causando infecções, efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes ou a formação de neoplasias e malformações.
Bactérias, fungos, vírus, parasitas.
4
Ergo
nô
mic
o
Qualquer fator que possa causar desconforto ou afetar a saúde.
Levantamento manual de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada
de trabalho.
5
Aci
den
tes Qualquer fator que coloque em situação de
perigo e possa afetar a integridade, bem-estar físico e moral.
Máquina sem proteção, probabilidade de incêndio, arranjo físico inadequado, armazenamento
inadequado, piso escorregadio.
Assegurar a segurança em ambiente laboratorial requer o relativo conhecimento. Na nossa realidade
acadêmica, temos uma grande variedade de formação e experiência dentre os alunos, assim, os
professores e técnicos são os “niveladores”, que devem ser sempre consultados, para dar
treinamentos e tirar dúvidas, baseados não somente nesse manual de apoio, mas na legislação
vigente, seja municipal, estadual ou federal, específica ao tipo de trabalho desenvolvido.
Como já vimos, para reduzir ou até eliminar esses riscos, basta controlar a exposição aos perigos.
Nos laboratórios, esse controle pode ser feito por meio do uso de equipamentos de proteção coletiva
e individual.
3.3 Equipamentos para Proteção Coletiva
Focaremos esse subcapítulo nos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) mais utilizados em nossa
infraestrutura laboratorial: os sistemas de exaustão, que eliminam gases, vapores ou poeiras
contaminantes.
Mas vale saber que os EPC também podem ser, por exemplo: enclausuramento de máquina que
elimine barulho excessivo, comando que mantenha as mãos fora da zona de perigo durante o ciclo
de uma máquina, ou cabo de segurança que contenha equipamentos suspensos sujeitos a esforço.
8
CAPELA DE EXAUSTÃO DE GASES E VAPORES QUÍMICOS
A capela é o principal equipamento de segurança para proteção coletiva em qualquer laboratório
que manipule produtos químicos. A seguir listamos algumas práticas para o uso adequado da capela
de exaustão de gases e vapores químicos:
As operações envolvendo produtos químicos potencialmente prejudiciais para a saúde, como
tóxicos ou voláteis, devem ser realizados dentro da capela, bem como qualquer manipulação
passível de ocasionar reação perigosa, com geração de calor, partículas, vapores ou gases.
Manter distância mínima de 20 cm ente o contaminante e o vidro da capela;
Não apoiar na capela ou
colocar a cabeça em seu
interior quando em uso
com contaminantes;
Não usar a capela como
local de segregação de
descartes de resíduos;
Não armazenar vidraria ou substâncias químicas na capela de exaustão;
Manter o vidro da capela com abertura máxima de 45 cm, quando em funcionamento;
Manter as aberturas, incluindo a boca do duto (abertura no
fundo da capela), livres e desobstruídas de equipamentos e/ou
recipientes;
Devem-se colocar equipamentos de grande dimensão afastados
das paredes, sobre um suporte, para permitir a passagem do ar
pela parte inferior do equipamento e garantir o bom
desempenho;
Não remover painéis ou mesmo o vidro da capela, uma vez que
estes influenciam decisivamente o sistema de exaustão;
Dentro da capela de exaustão de gases não é permitida
nenhuma tomada elétrica;
Caso se perceba o fluxo de ar alterado, interrompa o trabalho e
informe a manutenção;
A avaliação técnica especializada da capela de exaustão deve
ser feita semestralmente.
CABINE DE SEGURANÇA BIOLÓGICA
A cabine de segurança biológica (CSB) é o mais importante equipamento de contenção no trabalho
com agentes biológicos, cuja principal finalidade é proteger tanto o usuário quanto o ambiente,
podendo também assegurar um ambiente asséptico para a manipulação do material, evitando
contaminações.
Dependendo das características de construção e aplicações específicas, as cabines são classificadas
em três tipos: classes I, II (subdividida em A1, A2, B1 e B2) e III, cujas características estão
apresentadas na Tabela 2.
Ótimo Bom Ruim
9
Tabela 2. Características das Cabines de Segurança Biológica
Classe Proteção oferecida
Fluxo do ar
Filtração do ar
Recirculação do ar
Produtos
I
Protege o usuário e o ambiente,
mas não o produto.
Fluxo de ar frontal, como uma capela
química.
Possui um filtro HEPA* na exaustão
para a sala. 0%
Exclusivamente biológicos: níveis de
biossegurança 1, 2 e 3.
II
A1
O fluxo vertical forma uma
barreira,
protegendo o usuário, o
ambiente e o produto.
O ar ambiente entra frontalmente e junta-se ao ar contaminado
do fluxo vertical, seguindo para uma
câmara com pressão positiva.
Possui 1 filtro HEPA* para esterilização do ar que sai da câmara de ar contaminado.
70% do ar filtrado retorna
para a superfície de trabalho e
30% é exaurido diretamente para a sala.
Exclusivamente biológicos: níveis de
biossegurança 1, 2 e 3.
A2
Similar a CSB II-A1, porém com maior
velocidade de influxo de ar, e a câmara de ar
contaminado está dentro de uma câmara com pressão negativa,
como dispositivo de segurança contra
vazamento.
Possui 2 filtros HEPA*, um para
filtração do ar que segue para a superfície de
trabalho e outro para filtração do ar
que é exaurido diretamente para a
sala ou para fora dela através de duto.
70% do ar é filtrado e retorna
à superfície de trabalho, e os
outros 30% do ar contaminado segue para o
segundo filtro para exaustão.
Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2 e 3;
Substâncias químicas
voláteis em baixa concentração e
quantidades traço de radionucleotídeos
(manipular no fundo da superfície de trabalho), somente se a exaustão do ar for feita para fora da sala através de duto.
Igual à CSB II-A2. B1
O mesmo que para a CSB II-A2, sendo que o
ar contaminado é puxado para câmera
sob pressão negativa.
Quase igual à CSB II-A2, mas tem um
duto exclusivamente dedicado à exaustão
para fora da sala através de duto
rígido.
70% do ar é filtrado e retorna
à superfície de trabalho, e 30%
segue para filtração e exaustão.
B2
O ar é sugado por uma ventoinha e, após
esterilização através de filtro HEPA, passa
diretamente sob fluxo vertical para a
superfície de trabalho.
O ar contaminado é extraído da região de trabalho por pressão negativa, esterilizado
por filtro HEPA* e diretamente
exaurido por duto.
0%; há renovação total
do ar.
Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2 e 3;
Químicos; Radionucleotídeos.
III
Máxima proteção ao usuário e ao
ambiente, contra agentes
altamente infecciosos e substâncias
perigosas. Luvas afixadas na
frente da cabine impedem o
contato direto com o material
biológico.
A cabine tem ventilação própria, é totalmente vedada
hermeticamente, e seu interior é mantido sob pressão negativa por
um sistema de exaustão dedicado. Todo o ar que entra
pelo sistema de ventilação é esterilizado.
O sistema é exaurido diretamente para o
exterior da sala através de 2 filtros
HEPA* em sequência, ou 1 filtro
seguido de incinerador.
0%; há renovação total
do ar.
Biológicos: níveis de biossegurança 1, 2, 3 e 4;
Químicos; Radionucleotídeos.
* High Efficiency Particulated Air
Todos os tipos de CSB devem ter como acessório uma lâmpada ultravioleta (UV), pois a radiação UV
(254nm) possui grande atividade germicida, letal para bactérias, esporos, vírus, fungos e algas,
embora as doses inativantes sejam variáveis. A UV-C é absorvida por materiais orgânicos, mas sua
penetração é baixa, por isso é necessária a limpeza das superfícies antes da exposição à luz UV-C.
10
Veja aqui como funciona o fluxo de ar em uma CSB.
Não se confunda CSB com Capela de Fluxo Laminar.
Esta última protege o material manipulado de
contaminações, mas não oferece proteção ao
usuário e ao ambiente, sendo usada, por exemplo,
para técnicas de PCR.
3.4 Equipamento para Proteção Individual
Equipamento para Proteção Individual (EPI) é definido como todo dispositivo ou produto, de uso
individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho. Para ser comercializado, todo EPI deve ter Certificado de
Aprovação, emitido por órgão público competente.
Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
em conjunto com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e trabalhadores usuários,
recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.
Cabe ao responsável pelo laboratório:
Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
Exigir seu uso;
Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;
Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
Registrar o seu fornecimento ao trabalhador em livros, fichas ou sistema eletrônico.
Cabe ao funcionário ou aluno:
Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;
Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
A seguir estão apresentados alguns dos tipos de EPIs especificados nas normas regulamentadoras
brasileiras, que podem ser utilizados nos nossos laboratórios:
PROTEÇÃO DA CABEÇA, FACE E/OU CRÂNIO
Óculos, protetor facial, ou máscara de segurança para
proteção de olhos e/ou face contra impactos de partículas,
luminosidade intensa, radiação infravermelha, radiação
ultravioleta (óculos ou máscara de solda) e contra respingos
de produtos químicos (óculos ou protetor facial).
11
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
A proteção respiratória pode ser de 3 tipos:
Respiradores de adução de ar
O respirador adutor de ar pode ser do tipo linha de ar comprimido, ou tipo
máscara autônoma, ou ainda as máscaras purificadoras de ar motorizadas.
Esse tipo de EPI atende situações de emergência, quando seu uso será
realizado por pessoas treinadas, como é o caso da Brigada de Incêndio e
Primeiros Socorros da FCF.
Respiradores purificadores de ar
São máscaras que contém capacidade de filtração para diversos tipos de
contaminantes. São dois tipos de máscara, cuja diferença principal é a
possibilidade de reutilização:
Peça Facial Filtrante (PFF): é descartável e o filtro é o próprio material
de que é feita a máscara e pode conter válvula de exalação, por onde
é dissipado o ar quente e úmido;
Máscara semifacial ou facial inteira: substituem-se somente os filtros
(P) acoplados à máscara, sendo toda a estrutura que se afixa à face
reutilizável e passível de higienização e manutenção.
A classificação da capacidade de proteção respiratória das máscaras (por
exemplo, o código PFF2-VO-S) agrupa informações sobre:
Classe do filtro mecânico:
Classe 1: contra poeiras e névoas, que são aerodispersóides
gerados mecanicamente, sólidos e líquidos, respectivamente;
Classe 2: contra poeiras, névoas e fumos (aerodispersóides gerados
termicamente, como fumos plásticos ou metálicos);
Classe 3: contra poeiras, névoas e fumos, inclusive tóxicos, e
radionucleotídeos, que não deve ser utilizado contra poeiras
altamente tóxicas.
Presença de filtro químico contra partículas e gases emanados de produtos químicos
específicos, como gases ácidos (GA), vapores orgânicos (VO), amônia/metilamina (AM),
ozônio (OZ), fluoreto de hidrogênio (HF), dióxido de enxofre, mercúrio e formaldeído, entre
outros, em concentrações abaixo do nível de ação (metade do limite de tolerância);
Resistência a aerossóis a base de água (S) ou de água e óleo (SL).
Presença de capacidade de retenção microbiológica para redução da exposição a aerossóis
contendo agentes biológicos patogênicos (máscara cirúrgica não é classificada como EPI);
Respiradores de fuga
O respirador de fuga tipo bocal protege contra gases, vapores e/ou material
particulado em condições de escape de atmosferas imediatamente perigosas
à vida e à saúde, ou com concentração de oxigênio menor que 18 % em
volume.
Peça Facial Filtrante
Máscara Semifacial
Máscara Facial Inteira
12
PROTEÇÃO AUDITIVA
Protetor auditivo de inserção, concha ou semi-auricular contra níveis elevados de pressão sonora.
PROTEÇÃO DO TRONCO
Vestimentas de segurança que ofereçam proteção contra riscos de origem
química, térmica, mecânica, radioativa e/ou meteorológica, e umidade
proveniente de operações com uso de água.
Recomenda-se que o avental ou jaleco seja de material não sintético,
preferencialmente de algodão, ajustado na cintura e nos punhos, com
comprimento até o joelho.
PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
Luva, manga, braçadeira e/ou dedeira de segurança para proteção das
mãos, braços e/ou antebraços. Há
luvas específicas para cada caso:
proteção contra material
perfurocortante ou escoriante, contra
choques elétricos, vibrações ou
radiações ionizantes, e contra agentes abrasivos, luvas térmicas específicas para o uso com
nitrogênio líquido, para manuseio de material em ultrafreezeres, e também para contato com alta
temperatura, como no uso de estufa e mufla. A variedade de luvas de procedimento existente é
devida a resistência contra diferentes agentes químicos (Tabela 3).
Tabela 3. Resistência química de luvas
Material Uso
Borracha butílica Bom para cetonas e ésteres; ruim para os demais solventes.
Latex Bom para ácidos e bases diluídas; péssimo para solventes orgânicos.
Neoprene Bom para ácidos, bases, peróxidos, hidrocarbonetos, álcoois e fenóis; ruim para solventes halogenados e aromáticos.
PVC (vinil, transparente) Bom para ácidos e bases; ruim para a maioria dos solventes orgânicos.
PVA Bom para solventes aromáticos e halogenados; ruim para soluções aquosas.
Nitrila (azul ou roxa) Bom para ácidos e bases e uma grande variedade de solventes orgânicos.
Viton Excepcional resistência a solventes aromáticos e halogenados.
13
PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Calçado de segurança para proteção dos pés e/ou pernas contra impactos de quedas de objetos
sobre os dedos dos pés, choques elétricos, umidade proveniente de
operações com uso de água, agentes perfurocortantes, térmicos,
abrasivos, escoriantes e contra respingos de produtos químicos.
Calçados que cubram todo o pé, feito de material impermeável e solado
antiderrapante, são obrigatórios no laboratório.
3.5 Higienização nos laboratórios
AGENTES DESINFETANTES
Higienização é o processo de remoção de sujidades, ou limpeza, seguida da desinfecção que pode
acontecer por meio de agentes físicos, como calor ou radiação ultravioleta, ou por meio de agentes
químicos, como apresentado na Tabela 4.
Tabela 4. Agentes químicos desinfetantes
Desinfetante Preparo em laboratório
Bac
téri
as
Fun
gos
Esp
oro
s
Vír
us
Amônia Quaternária Cloreto de benzalcônio a 2%; Cloreto de trimetilamônio a 2%. -
Compostos de cloro Hipoclorito de sódio a 1% aquoso; Gluconato de clorexidina a 4% em etanol a 4% ou a 70%. -
Compostos de Iodo Iodopovidona a 10% em água ou solução alcoólica; Iodo a 1% em Iodeto de potássio aquoso a 2% (Lugol). -
Formaldeído Formaldeído 1 a 10% em sabão de potássio a 20% (lisofórmio).
Glutaraldeído Glutaraldeído a 2% em água com ajuste de pH entre 8 e 9.
Álcool Etílico Etanol a 70% em água (com 2% de glicerina: lavagem de mãos) (Vale saber: °INPM = % em massa e °GL = % em volume) -
Muito potente; pouco potente
PROCEDIMENTO GERAL E PERIODICIDADE
A Higienização das superfícies de equipamentos, bancadas, capelas, pias, pisos, lixeiras e afins, deve
acontecer conforme periodicidade indicada na Tabela 5.
14
Tabela 5. Periodicidade de higienização
Superfície Frequência da higienização
Cabines de segurança biológica (fluxos), capelas e bancadas
Imediatamente após o uso, quantas vezes por dia forem usadas
Pias e pisos Diária, ou imediatamente após derramamento de
contaminante químico ou biológico
Equipamentos em geral, como autoclaves, banhos-maria, centrífugas e rotores
Semanal ou imediatamente após exposição a material biológico ou químico
Estufas de cultura e incubadoras Mensal ou imediatamente após verificada
contaminação
Lixeiras Mensal
Freezers e refrigeradores Trimestral
Filtro do ar condicionado Semestral
Procedimento geral de limpeza:
1. Limpar a superfície com papel absorvente, flanela, pano ou esponja, não abrasivo, limpo e
umedecido com água e opcionalmente sabão ou detergente;
2. Desinfetar com Hipoclorito de sódio a 1%, usando papel absorvente ou pano limpo;
3. Finalizar a assepsia com papel absorvente embebido com Etanol a 70%.
Em casos de contaminação biológica, deixar a superfície a ser limpa de molho com solução de
hipoclorito de sódio a 1% por 30 minutos, imediatamente após a contaminação, antes de realizar o
procedimento geral.
CUIDADOS ESPECIAIS
Deve-se manter formulário de registro da realização do procedimento, exposto em local de próximo
acesso, onde deve constar nome de quem realizou a limpeza, qual o procedimento utilizado e a data
da higienização, juntamente com cópia física do Procedimento Operacional Padrão (POP) de
higienização.
Alguns cuidados devem ser tomados na execução da higienização: ler sempre o rótulo do produto
ou material de limpeza antes de usar; verificar a resistência da superfície ao produto usado; não
misturar produtos de limpeza, pois eles podem reagir gerando compostos prejudiciais à saúde,
como cloraminas e gás cloro.
Atenção especial deve-se ter na higienização de ambientes assépticos, como por exemplo, a nossa
sala de cultura celular, para se evitar a ocorrência de contaminação cruzada. O material e produtos
de limpeza devem ser de uso exclusivo nesses ambientes.
Para detalhes acerca dos procedimentos de higienização e uso dos equipamentos comuns a todos os
laboratórios, como centrífugas e microcentrífugas, pipetadores, autoclaves, estufas, banho maria,
agitadores, termocicladores, vórtex, balança analítica e semi-analítica, capelas de exaustão, fluxos
laminares, ultrafreezeres, freezers e refrigeradores, entre outros, consulte o POP do equipamento.
15
4. AGENTES BIOLÓGICOS E BIOSSEGURANÇA
4.1 Biossegurança e agentes biológicos em geral
CONCEITO
Há duas maneiras de se compreender o termo “Biossegurança”, sendo mais abrangente a definida
pela ANVISA, que é aplicada a qualquer agente biológico:
“Condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a
prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que
possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”.
Uma outra forma de se interpretar este termo é adotada no Brasil, no contexto regulatório, onde
“Biossegurança” refere-se à análise criteriosa do risco à saúde humana e ao meio ambiente, visando
a utilização segura, de produtos oriundos de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que
são organismos (microrganismo, animal ou vegetal) cujo genoma (DNA ou RNA) tenha sido
modificado por qualquer técnica de engenharia genética, excluindo-se, portanto, os provenientes de
técnicas de fusão celular, clonagem e mutação (natural ou induzida por agente natural).
Para se estabelecerem medidas de biossegurança, uma completa avaliação do risco deve ser
realizada previamente, pela caracterização dos agentes biológicos, da infraestrutura necessária para
a pesquisa (instalação física e equipamentos de proteção) e pelo gerenciamento efetivo do trabalho
a ser realizado. Para tanto, deve-se detalhar os seguintes critérios: origem do agente biológico – se
é humano, vegetal ou animal, como e onde foi coletado; concentração e volume – considerar que
quanto maior concentração, maior o risco; medidas de inativação – conhecer os métodos de
inativação do agente biológico; tipo de ensaio realizado – assegurar o controle do risco em processos
críticos; e fatores referentes ao indivíduo – idade, susceptibilidade, gravidez, vacinação, doença
preexistente, treinamento na atividade a ser desenvolvida.
CLASSES DE RISCO DE AGENTES BIOLÓGICOS
A elaboração e atualização da classificação dos agentes biológicos com potencial risco à saúde
humana, animal e ao meio ambiente é de responsabilidade do Ministério da Saúde, que os distribui
em quatro classes de risco, como definidas na Tabela 6. O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista
completa (veja aqui) desses agentes biológicos em cada classe de Risco.
Tabela 6. Classes de risco dos agentes biológicos
Classe Risco ao
indivíduo Risco para a comunidade
Infectividade Propagação Profilaxia e
terapia Exemplos
1 Baixo Baixo Não causam
doenças - -
Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis
2 Moderado Limitado Provocam infecções Limitada Conhecida
e eficaz Schistosoma spp. e vírus da rubéola
3 Alto Moderado Causam doenças
com potencial letal Transmissíveis, em especial
por via respiratória Existe
Bacillus anthracis e HIV
4 Alto Alto Causam doenças humanas de alta
gravidade
Transmissíveis, em especial por via respiratória, ou de transmissão desconhecida.
Não há Vírus Ebola e vírus
da varíola
16
NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA PARA MANIPULAÇÃO DE AGENTES BIOLÓGICOS
O laboratório é classificado no Nível de Biossegurança (NB) do agente biológico de maior classe de
risco envolvido na pesquisa. Cada classe de risco está relacionada a um pacote de requisitos de
segurança, por exemplo, um laboratório que cumpre os requisitos de NB-1 pode manipular agentes
biológicos da classe de risco 1. Tais requisitos estão resumidamente relacionados na Tabela 7.
Tabela 7. Principais requisitos para os níveis de biossegurança laboratorial
Requisitos NB
1 2 3 4
Infraestrutura
Isolamento do laboratório N N S S
Sala completamente vedada para a descontaminação N N S S
Áreas de escritórios fora das instalações de biocontenção N N S S
Local para objetos pessoais fora das áreas de biocontenção R S S S
Refeitório fora da área de biocontenção S S S S
Símbolo de risco biológico afixado na porta de entrada N S S S
Símbolo de risco biológico afixado nas áreas de manipulação S S S S
Execução das atividades laboratoriais em dupla N N R S
Circuito interno de imagem N N R S
Registro pelas autoridades sanitárias nacionais N N S S
Roupas de proteção com pressão positiva e ventilação N N N* S
Uso EPIs S S S S
Cumprimento das BPLs S S S S
Entrada com porta dupla N N S S
Sistema de portas com travamento mecânico ou automático N R S S
Câmara de vácuo (pressão negativa na área de biocontenção) N N S S
Câmara de vácuo com ducha N N N S
Antecâmara N N S -
Antecâmara com chuveiros/duchas N N S N
Tratamento dos efluentes R R S S
Incineração dos resíduos após a esterilização N N N S
Pia para lavagem das mãos com acionamento mecânico ou automático S S S S
Chuveiro de segurança e lava-olhos S S S S
Ventilação
Adução de ar N R S S
Sistema de ventilação controlada N R S S
Exaustor com filtro HEPA (High Efficiency Particulated Air) N N S S
Autoclave
In loco N R S S
Em área separada, nas dependências do laboratório N N R S
Contendo duas portas N N R S
Cabines de Segurança Biológica
Classe I R R - -
Classe II R S S -
Classe III - - R S N - Não é mandatório; S - Mandatório; R - Recomendado. *Se houver risco de produção de aerossóis, é exigido o uso do traje de pressão positiva e ventilação associado à utilização de CSB classe II. Adaptado de PENNA et al. (2010).
17
4.2 Biossegurança com organismos geneticamente modificados
REGULAMENTAÇÃO DE TRABALHO COM OGM
A maioria dos países invocam o Princípio da Precaução, assim, quando há razões para suspeitar de
ameaças à biodiversidade ou de riscos à saúde humana, a falta de evidências científicas não deve ser
usada como razão para postergar a tomada de medidas preventivas. No Brasil, o marco regulatório
da Política Nacional de Biossegurança culminou na Lei 11.105/2005, que estabelece normas de
segurança e mecanismo de fiscalização de atividades que envolvam OGM e seus derivados. O
organograma criado a partir do marco legal e a função de cada órgão, são os seguintes:
As instituições que desenvolvem atividades com OGM e seus derivados, devem ter o Certificado de
Qualidade em Biossegurança (CQB), que constitui-se no credenciamento concedido pela CTNBio. Os
portadores do CQB devem ter ao menos um pesquisador (técnico principal) formalmente autorizado
pela CTNBio, com exceção dos ambientes de Nível de Biossegurança 1, que podem ser autorizados
diretamente pela CIBio.
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE OGM
O potencial patogênico do organismo doador e do receptor, a(s) sequência(s) nucleotídica(s)
transferida(s), a expressão desta(s) no organismo receptor, o OGM resultante, e seus efeitos
adversos à saúde humana, animal, vegetal e ao meio ambiente são considerados para a classificação
dos OGM. São quatro classes de risco, de critérios similares àqueles considerados para os agentes
biológicos em geral, como se segue:
Classe de Risco 1 (baixo risco individual e baixo risco para a coletividade): OGM que contém
sequências de ácido desoxirribonucleico (DNA, sigla em inglês) ou de ácido ribonucleico (RNA, sigla
em inglês) de organismo doador e receptor que não causem agravos à saúde humana e animal e
efeitos adversos aos vegetais e ao meio ambiente;
Classe de Risco 2 (moderado risco individual e baixo risco para a coletividade): OGM que contém
sequências de ADN/ARN de organismo doador ou receptor com moderado risco de agravo à saúde
CNBS
OERF
CIBio
CTNBio
Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS):
análise socioeconômica e interesse nacional
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio):
apoio técnico consultivo e de assessoramento ao
Governo Federal
Órgãos e entidades de registro e fiscalização (como ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Comissão Interna de Biossegurança: vigilância e monitoramento das atividades de transporte, produção e manipulação genética de OGM, manutenção do cumprimento das regras de biossegurança.
18
humana e animal, que tenha baixo risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos vegetais
e ao meio ambiente;
Classe de Risco 3 (alto risco individual e risco moderado para a coletividade): OGM que contém
sequências de ADN/ARN de organismo doador ou receptor, com alto risco de agravo à saúde humana
e animal, que tenha baixo ou moderado risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos
vegetais e ao meio ambiente;
Classe de Risco 4 (alto risco individual e alto risco para a coletividade): OGM que contém sequências
de ADN/ARN de organismo doador ou receptor com alto risco de agravo à saúde humana e animal,
que tenha elevado risco de disseminação e de causar efeitos adversos aos vegetais e ao meio
ambiente.
NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA PARA MANIPULAÇÃO DE OGM
As atividades e projetos envolvendo OGM e seus derivados deverão ser precedidos de uma análise
detalhada e criteriosa de todas as condições experimentais, devendo-se utilizar infraestrutura
compatível com o nível de biossegurança (NB) adequado à classe de risco do OGM de maior risco
que esteja envolvido no ensaio. São quatro os níveis de biossegurança, NB1 a NB4, crescentes em
grau de contenção e complexidade do nível de proteção, de acordo com a classe de risco do OGM.
Seguem-se os requisitos necessários para NB1 e NB2 existentes FCF:
NB-1 – para a manipulação de OGM da Classe de Risco 1:
Representa um nível básico de contenção, que se fundamenta na aplicação de normas básicas de
segurança em laboratório. Não é necessário que as instalações estejam isoladas, mas devem ser
planejadas de modo a permitir fácil limpeza e descontaminação. O trabalho é conduzido em biotério,
ou em bancada cuja superfície seja impermeável à água e resistente a ácidos, álcalis, solventes
orgânicos e a calor moderado, limpa após o trabalho com OGM ou sempre que ocorrer
contaminação.
Os OGM serão manipulados em áreas sinalizadas com o símbolo universal de risco biológico com
acesso restrito à equipe técnica e de apoio ou de
pessoas autorizadas. Deve-se adotar um Manual de
Biossegurança, adequado às especificidades das
atividades realizadas, e todos os usuários das
dependências devem ser treinados nesses
procedimentos, e sempre trabalhar sob a supervisão
do técnico principal.
Todo resíduo, material ou equipamento que tiver
entrado em contato com o OGM só pode ser retirado
das instalações em recipientes rígidos e à prova de
vazamentos, e deve ser descontaminado antes do
descarte e descaracterizado de forma a impossibilitar
seu reuso ou consumo. Deve ser mantido um
programa de controle de insetos e roedores.
19
Deve-se manter registro de cada atividade ou projeto desenvolvidos com OGM e/ou derivados.
Qualquer outra atividade que ocorra concomitantemente e nas mesmas instalações deve respeitar
a classificação de risco do OGM.
NB-2 – para manipulação de OGM da Classe de Risco 2:
Para o trabalho em NB-2 deve-se atender aos requisitos de NB-1, além da necessidade de que no
interior das instalações exista cabine de segurança biológica classe I ou II, e autoclave para
descontaminação de todo o resíduo antes de ser retirado desse ambiente.
As instalações credenciadas para trabalho em NB-2 devem ter aviso na porta de entrada, onde se
sinalize o Nível de Biossegurança, a identificação do agente biológico do OGM, o nome do Técnico
Principal e seu telefone, contato da CIBio, e a indicação da paramentação e EPIs obrigatórios.
Toda a equipe técnica e de apoio, inclusive de serviços gerais terceirizada, deve apresentar
comprovante de vacinação contra os agentes infecciosos relacionados aos experimentos
conduzidos nas instalações NB-2. A CTNBio pode solicitar exame médico
periódico para os trabalhadores, incluindo avaliação em consideração às
medidas de proteção e prevenção. Cabe ao Técnico Principal a
responsabilidade estabelecer políticas e procedimentos de segurança,
provendo ampla informação sobre o potencial risco das atividades ali
conduzidas.
LEGISLAÇÃO EM OGM
Todas as pessoas que trabalham com OGM devem conhecer toda a normativa pertinente. A seguir,
encontram-se links para acesso à legislação que está disponível no site da CTNBio.
Leis e decretos:
“Lei da Biossegurança”: Lei nº 11.105/2005
Regulamentação de dispositivos da Lei 11.105/2005: Decreto nº 5.591/2005
Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança: Decreto nº 5.705 /2006 e Decreto nº 6.925/2009
Plantio de OGM em unidades de conservação: Lei nº 11.460/2007 e Decreto nº 5.950/2006
Regulamentação do direito à informação quanto a alimentos e seus ingredientes de consumo
humano ou animal que contenham ou sejam produzidos de OGM: Decreto nº 4.680/2003
Resoluções Normativas (RN):
Instalação e funcionamento das CIBios, e critérios e procedimentos para CQB: RN nº 1/2006,
alterada pela RN nº 11/2013 e pela RN nº 14/2015
Classificação de riscos de OGM e os níveis de biossegurança a serem aplicados nas atividades e
projetos com OGM e seus derivados em contenção: RN nº 18/2018
Normas para uso comercial de OGM microrganismos e seus derivados: RN nº 21/2018
Normas para liberação comercial e monitoramento de OGM e seus derivados: RN nº 24/2020
Normas para atividades de transporte de OGM e derivados no território nacional: RN nº 26/2020
Estabelecimento de requisitos técnicos para apresentação de consulta à CTNBio sobre as Técnicas
Inovadoras de Melhoramento de Precisão: RN nº 13/2014
Classificação do nível de risco das atividades econômicas sujeitas a atos públicos de liberação da
CTNBio: RN nº 25/2020
20
Milho geneticamente modificados e sua progênie: RN nº 3/2007 e RN nº 4/2007
Liberação planejada no meio ambiente de OGM – de origem vegetal e derivados: RN nº 6/2008,
de origem animal com classe de risco 1 e microrganismos, e derivados: RN nº 7/2009, de classe
de risco 1 que já tenham obtido aprovações anteriores da CTNBio para fins de avaliações
experimentais em liberações planejadas (incluindo eventos combinados cujos eventos simples já
tenham sido aprovados): RN nº 23/2019, citros: RN nº 10/2013, cana-de-açúcar: RN nº 12/2014,
sorgo: RN nº 13/2014, eucalipto: RN nº 22/2019.
Listas de classificação de risco dos agentes biológicos para fins de enquadramento nos Níveis de
Biossegurança para trabalho em contenção com OGM:
Classificação de risco dos agentes biológicos: Portaria nº 2.349/2017
Relação de Pragas Quarentenárias Presentes no Brasil: Instrução Normativa nº 38/2018
Relação de Pragas Quarentenárias Ausentes no Brasil: Instrução Normativa nº 39/2018
21
5. SEGURANÇA COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS
Na rotina laboratorial, além dos perigos intrínsecos dos produtos químicos, que serão abordadas
nesse capítulo, é de grande importância a capacitação para fazer uso deles de forma segura, e para
isso serão abordados como se faz a identificação dos perigos, o armazenamento, compatibilidade
entre substâncias, e ainda como identificar o perigo que certas misturas resultam.
Parte desse capítulo baseia-se na norma brasileira ABNT
NBR 14725 – Produtos químicos: Informações sobre
segurança, saúde e meio ambiente – que estabelece
critérios para a classificação dos perigos de substâncias ou
misturas, e é a aplicação do Sistema Globalmente
Harmonizado para a Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos (GHS, sigla em inglês de Globally Harmonized
System of Classification and Labelling of Chemicals) da
Organização das Nações Unidas (ONU), o Purple Book (veja aqui), que foi embasada pelas seguintes
premissas básicas:
A necessidade de fornecer informações sobre produtos químicos perigosos relativas à segurança,
à saúde e ao meio ambiente;
O direito do público-alvo de conhecer e de identificar os produtos químicos perigosos que
utilizam e os perigos que eles oferecem;
A utilização de um sistema simples de identificação, de fácil entendimento e aplicação, nos
diferentes locais onde os produtos químicos perigosos são utilizados;
A necessidade de compatibilização deste sistema com o critério de classificação para todos os
perigos previstos pelo GHS;
A necessidade de facilitar acordos internacionais e de proteger o segredo industrial e as
informações confidenciais;
A capacitação e o treinamento dos trabalhadores; e
A educação e a conscientização dos consumidores.
5.1 Sistema de classificação de perigos
A parte 2 da norma ABNT NBR 14725 estabelece critérios para o sistema de classificação dos perigos
de produtos químicos, sejam eles substâncias ou misturas. Os ensaios necessários para tal são
preconizados preferencialmente por normas internacionais, como as Diretrizes para Ensaios de
Produtos Químicos (veja aqui) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(sigla em inglês: OECD). Para a classificação quanto aos perigos físicos, é adotado o Manual de Testes
e Critérios (veja aqui), parte das Recomendações para Transporte de Produtos Perigosos da ONU, o
Orange Book.
Para a rápida identificação dos perigos, cada um deles é representado por um PICTOGRAMA DE
PERIGO, que é um símbolo em preto com fundo branco, inserido num quadrado vermelho apoiado
sobre um dos vértices, e uma palavra de advertência, PERIGO ou ATENÇÃO.
Dica:
A comunidade USP pode acessar as normas da ABNT pelo portal Target GEDWeb (veja aqui).
22
A norma NBR ABNT 14725-2 também apresenta denso material sobre como fazer a estimativa do
perigo de misturas, e deve ser consultada sempre que produtos químicos perigosos forem
misturados para fazer, por exemplo, soluções de reagentes de trabalho.
PERIGOS À SAÚDE HUMANA
Os perigos das substâncias químicas e misturas à saúde humana são determinados e classificados
por meio da avaliação de suas propriedades toxicológicas a partir de: estudos epidemiológicos de
casos cientificamente válidos, ou de experiências apoiadas em elementos estatísticos; efeitos
toxicológicos classificados conforme os sintomas observados em seres humanos; efeitos sinérgicos,
de potenciação ou aditivos, na classificação de misturas, quando a avaliação convencional levar a
uma subestimação dos perigos toxicológicos, ou o mesmo também para efeitos antagônicos
superestimados. A toxicidade de misturas estima-se com base no conhecimento toxicológico dos
ingredientes presentes, e uma nova avaliação deve ser feita sempre que for modificada sua fórmula.
Toxicidade aguda
Classifica-se (Tabela 8) pelos limites aproximados de
exposição a partir dos valores de toxicidade aguda oral,
dérmica ou inalatória, que são dose (DL50) ou
concentração (CL50) que causa morte de 50% dos
organismos-teste.
Tabela 8. Categorias de perigo para toxicidade aguda
Categorias 1 2 3 4 5
Lim
ites
su
per
iore
s
de
DL 5
0 e
CL 5
0
Oral (mg/kg peso corpóreo) 5 50 300 2000 5000 (Toxicidade baixa, mas que pode
apresentar perigo para populações vulneráveis)
Dérmica (mg/kg peso corpóreo) 50 200 1000 2000
Inal
ató
ria Gases (μL/L) 100 500 2500 5000
Vapores (mg/L) 0,5 2 10 20
Poeiras e névoas (mg/L) 0,05 0,5 1 5
Palavra de advertência Perigo Perigo Perigo Atenção Atenção
Pictograma de perigo
-
Corrosão e irritação da pele
A corrosão da pele classifica-se pelo tempo de exposição
até o início dos efeitos e pela duração destes (tempo de
observação), e a irritação da pele pela severidade e grau
de reversibilidade das reações, como se vê na Tabela 9:
Relativa à substância que causa efeitos maléficos após
ÚNICA EXPOSIÇÃO.
CORROSÃO é um dano irreversível e IRRITAÇÃO é um
dano reversível à pele.
23
Tabela 9. Categorias de perigo para corrosão e irritação da pele
Categoria Perigo Tempo (t) dos efeitos Palavra de
advertência Pictograma
Exposição Observação
1A Corrosivo
para a pele
t ≤ 3min t ≤ 1h
Perigo
1B 3min ≤ t ≤ 1h t ≤ 14dias
1C 1h ≤ t ≤ 4h t ≤ 14dias
2 Irritante para
a pele
Eritemas, escaras ou edema mais graves (score 2,3 a 4) e inflamação persistente durante a observação.
Atenção
3 Irritante leve para a pele
Eritemas, escaras ou edema mais leves (score 1,5 a 2,3).
Atenção -
Lesões oculares graves e irritação ocular
A lesão ocular grave é classificada (Tabela 10) com base
em dados epidemiológicos (humanos ou animais),
relação entre estrutura e atividade/propriedade, pH
ácido (≤2) ou alcalino (≥11,5), ensaios in vitro, ou ensaio
do potencial de corrosão para a pele. Em último caso são
realizados ensaios em animais. A irritação ocular é classificada pelo tempo para reversão das lesões.
Tabela 10. Categorias de perigo para corrosão e irritação ocular
Categoria Perigo Palavra de
advertência Pictograma
1 Lesões oculares graves, como opacidade da córnea
(score ≥ 3) e/ou irritação da íris (score > 1,5), que não se revertem num período de observação de 21 dias.
Perigo
2A Irritação ocular, como opacidade leve da córnea, irritação da íris, vermelhidão da conjuntiva e/ou
edema da conjuntiva, que regridem em até 21 dias. Atenção
2B Irritação ocular leve, cujos efeitos são revertidos
completamente em até 7 dias. Atenção -
Sensibilização respiratória ou da pele
A classificação dos produtos químicos sensibilizantes
(Tabela 11) é baseada em evidências em humanos ou
ensaios com animais. Essas evidências podem ser
reações como rinite, asma, conjuntivite ou alveolite,
cujos sintomas tem caráter clínico de reação alérgica.
LESÃO GRAVE é um dano irreversível e IRRITAÇÃO é um
dano reversível aos olhos.
SENSIBILIZANTES causam reação de hipersensibilidade
ou resposta alérgica.
24
Tabela 11. Categorias de perigo para sensibilização respiratória e da pele
Categoria Sensibilizante respiratório Sensibilizante dérmico
Palavra de advertência Perigo Atenção
Pictograma
Mutagenicidade em células germinativas
Os critérios para classificar
uma substância química
como mutagênica estão
descritos na Tabela 12.
Tabela 12. Categorias de mutagenicidade hereditária em células germinativas humanas
Classe Perigo Critérios Palavra de
advertência Pictograma
1A Conhecido indutor
de mutações. Evidência epidemiológica positiva de
estudos em humanos. Perigo
1B Considerado indutor de mutações.
Positivos em ensaios in vivo em células germinativas de mamíferos, com
hereditariedade demonstrada ou não, ou combinados com evidência de
genotoxicidade em células somáticas.
Perigo
2 Há possibilidade
de causar mutações.
Evidência positiva de ensaios in vivo com células somáticas de mamíferos, ou ensaios de genotoxicidade in vitro
corroborado por mutagenicidade in vitro.
Atenção
Carcinogenicidade
Os critérios para a classificação de uma substância
química como mutagênica estão descritos na
Tabela 13.
Tabela 13. Categorias de perigo para carcinogenicidade.
Classe Perigo Critérios Palavra de
advertência Pictograma
1A Efeito carcinogênico
conhecido. Evidência epidemiológica positiva em
humanos. Perigo
1B Efeito carcinogênico
presumido. Evidência positiva de estudos em
animais. Perigo
2 Suspeito de ser carcinogênico.
Evidência positiva, mas insuficiente, de estudos em humanos e/ou animais.
Atenção
MUTAGÊNICO é o produto químico que induz MUTAÇÕES em células germinativas que podem causar
CÂNCER ou transmitir-se para gerações futuras.
CARCINOGÊNICO é o produto químico capaz de causar CÂNCER.
25
Toxicidade à reprodução e lactação
As classes de perigo de
um produto químico à
reprodução ou lactação
estão apresentadas na
Tabela 14.
Tabela 14. Classes de perigo para toxicidade sobre a capacidade reprodutiva ou ao desenvolvimento
de seres humanos, e para toxicidade via lactação.
Categoria Perigo Critérios Palavra de
advertência Pictograma
1A Tóxico reconhecido para a reprodução
Evidência obtidas em estudos com humanos.
Perigo
1B Tóxico
presumido para a reprodução
Prova clara de toxicidade não secundária em estudos com animais.
Perigo
2 Suspeito de ser
tóxico à reprodução Evidência positiva, mas não suficiente, em estudos em humanos ou animal.
Atenção
Categoria adicional
Efeito tóxico sobre ou através da
lactação
Biodisponibilidade no leite, evidências em estudos em animais de efeito
adverso por meio do leite materno ou na qualidade dele, ou evidência
epidemiológica em seres humanos.
- -
Toxicidade sistêmica para órgão-alvo específico por exposição única
As classes (Tabela 15) de toxicidade aos órgãos-
alvo/sistemas específicos em exposição única
são definidas a partir de relatos de casos com
humanos, estudos epidemiológicos, ou estudos
com animais de experimentação.
Tabela 15. Classes de perigo para toxicidade sistêmica a órgão-alvo específico em exposição única.
Categorias 1 2 3
Val
ore
s d
e re
ferê
nci
a (c
) Oral (mg/kg peso corpóreo) c ≤ 300 2000 ≥ c > 300
Os valores indicativos não se aplicam.
Efeito passageiro
(narcóticos e irritação das vias respiratórias)
Dérmica (mg/kg peso corpóreo) c ≤ 1000 2000 ≥ c > 1000
Inal
ató
ria
Gases (μL/L) c ≤ 2500 5000 ≥ c > 2500
Vapores (mg/L) c ≤ 10 20 ≥ c > 10
Poeiras/névoas/fumos (mg/L) c ≤ 1 5 ≥ c > 1
Perigo de efeito tóxico Dose baixa Dose moderada
Palavra de advertência Perigo Atenção Atenção
Pictograma de perigo
Relativa à substância que causa EFEITOS MALÉFICOS sobre a capacidade REPRODUTIVA (função sexual ou fertilidade)
ou sobre o DESENVOLVIMENTO dos seres humanos, ou efeitos adversos aos descendentes pela lactação.
Substância que causa efeitos maléficos sobre ÓRGÃO-ALVO ou SISTEMA
específico após EXPOSIÇÃO ÚNICA.
26
Toxicidade sistêmica para órgão-alvo específico por exposições repetidas
As classes de toxicidade (Tabela 16) a órgãos-
alvo ou sistemas específicos, por exposições
repetidas, são definidas a partir de relatos de
casos com humanos, estudos epidemiológicos,
ou estudos com animais de experimentação.
Tabela 16. Classes de perigo de toxicidade sistêmica a órgão-alvo específico em exposições repetidas
Categorias 1 2
Val
ore
s in
dic
ativ
os
de
refe
rên
cia
(c)
Oral (mg/kg peso corpóreo/dia) c ≤ 10 10 ≤ c < 100
Dérmica (mg/kg peso corpóreo/dia) c ≤ 20 20 ≤ c < 200
Inal
ató
ria
Gases (μL/L/6h/dia) c ≤ 50 50 ≤ c < 250
Vapores (mg/L/6h/dia) c ≤ 0,2 0,2 ≤ c < 1
Poeiras/névoas/fumos (mg/L/6h/dia) c ≤ 0,02 0,02 ≤ c < 0,2
Perigo Ação tóxica
com dose baixa Efeito nocivo com
dose moderada
Palavra de advertência Perigo Atenção
Pictograma de perigo
Aspiração
Na Tabela 17 estão apresentados os
critérios para classificação do perigo da
toxicidade por aspiração.
Tabela 17. Categorias de perigo para toxicidade por aspiração
Categoria 1 2
Perigo Toxicidade por aspiração
reconhecida. Provável toxicidade por aspiração.
Critérios
Dados experimentais confiáveis e consistentes para o homem,
ou, se hidrocarboneto, viscosidade cinemática (40°C)
≤ 20,5 mm2/s.
Dados experimentais em animais, em conjunto com informações como tensão
superficial, solubilidade em água, ponto de ebulição, volatilidade, ou, se hidrocarboneto,
viscosidade cinemática (40°C) ≤ 14 mm2/s.
Palavra de advertência
Perigo Atenção
Pictograma
Substância que causa efeitos maléficos sobre ÓRGÃO-ALVO ou SISTEMA
específico após exposições REPETIDAS.
A toxicidade por aspiração inclui EFEITOS AGUDOS SEVEROS, como pneumonia, lesões pulmonares e aspiração seguida de morte.
27
PERIGOS AO AMBIENTE AQUÁTICO
Os perigos ao meio ambiente associados aos produtos químicos são avaliados por meio de ensaios
ecotoxicológicos e toxicológicos em organismos aquáticos e de suas propriedades físico-químicas.
Toxicidade aguda
São três categorias de toxicidade aguda (Tabela 18),
definidas com base somente nos dados de toxicidade aguda:
concentração que causa morte de 50% dos organismos (CL50-
96h, para peixes), ou concentração que causa efeito agudo a
50% dos organismos-teste (CE50-48h, para crustáceos, ou e
CEr50-72h, para algas e plantas aquáticas).
Tabela 18. Categorias de perigo para toxicidade aguda ao meio aquático
Classe Perigo aos
organismos aquáticos Critérios
(c = CL50, CE50 ou CEr50) Palavra de
advertência Pictograma
1 Muito tóxico c ≤ 1 mg/mL Atenção
2 Tóxico 1 < c ≤ 10 mg/mL -
3 Nocivo 10 < c ≤ 100 mg/mL -
Toxicidade crônica
A classificação (Tabela 19) para a toxicidade crônica integra
as informações de toxicidade aguda (CL50, CE50 ou CEr50), de
toxicidade crônica, pela concentração na qual não se
observam efeitos (NOEC), e de impacto ambiental, como
potencial de degradação e de bioacumulação, que se verifica
quando o fator de bioconcentração, que é a razão entre as
concentrações de equilíbrio de uma substância tóxica num organismo e no seu ambiente (sigla em
ingês: BCF) é ≥ 500, ou, na sua falta, pela lipofilicidade, ou coeficiente de partição (Log10Kow) ≥ 4.
Tabela 19. Categorias de perigo para toxicidade crônica ao meio aquático
Classe Perigo aos
organismos aquáticos Critérios
(c = CL50, CE50 ou CEr50) Palavra de
advertência Pictograma
1 Muito tóxico, com
efeitos duradouros. c ≤ 1 mg/mL + biodegradação lenta e/ou
potencial bioacumulativo Atenção
2 Tóxico, com efeitos
duradouros.
1 < c ≤ 10 mg/mL + biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se NOEC
≤ 1mg/mL -
3 Nocivo, com efeitos
duradouros.
10 < c ≤ 100 mg/mL + biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se
NOEC ≤ 1mg/mL - -
4 Pode ser nocivo, com efeitos duradouros.
Sem toxicidade aguda, baixa solubilidade, biodegradação lenta e/ou potencial bioacumulativo, se NOEC ≤ 1mg/mL
- -
Relativa à propriedade de um produto químico causar
DANOS a organismos aquáticos com exposição
de CURTO PRAZO.
Relativa à propriedade de um produto químico causar
DANOS ambientais com EFEITOS DURADOUROS.
28
PERIGOS FÍSICOS
Os perigos físicos associados às substâncias e suas misturas são avaliados por meio da análise das
suas propriedades físico-químicas.
Aerossóis inflamáveis
Um aerossol é inflamável se tiver mais de
1% de ingredientes inflamáveis e calor de
combustão >20kJ/g. Outros ensaios
levam à classificação dos aerossóis em
duas categorias (Tabela 20):
Tabela 20. Categorias de perigo de aerossóis inflamáveis
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
1 Extremamente inflamável Perigo
2 Inflamável Atenção
Substâncias, misturas e artigos explosivos
Os produtos químicos explosivos
(Tabela 21) são classificados por
meio de critérios de explosividade,
sensibilidade e estabilidade térmica,
em seis divisões:
Tabela 21. Categorias de perigo de substâncias, misturas e artigos explosivos
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
Divisão 1.1 Explosivo: perigo de explosão em massa. Perigo
Divisão 1.2 Explosivo: grave perigo de projeção. Perigo
Divisão 1.3 Explosivo: perigo de incêndio, de onda
explosiva e de projeção. Perigo
Divisão 1.4 Explosivo: perigo de incêndio e de projeção. Atenção
Divisão 1.5 Explosivo: perigo de explosão em massa em
caso de incêndio. Perigo -
Divisão 1.6 Contém substâncias detonantes: sem perigo de explosão em massa, incêndio ou projeção.
- -
EXPLOSIVO é o material que por si só é capaz de produzir gás, por reação química, a
temperatura, pressão e velocidade tais, que provoque danos a sua volta.
AEROSSOL é um recipiente contendo gás, que é munido de dispositivo que ejeta seu
conteúdo como partículas sólidas ou líquidas em SUSPENSÃO NO GÁS.
29
Gases inflamáveis
Os gases quando a 20°C e pressão normal
(101,3 kPa), dependendo da quantidade de ar
necessária para a inflamabilidade, são
classificados (Tabela 22) em duas categorias:
Tabela 22. Categorias de perigo de gases inflamáveis
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
1 Gás extremamente inflamável Perigo
2 Gás inflamável Atenção -
Gases sob pressão
Os gases sob pressão,
pelas suas características,
são classificados em
quatro grupos como se vê
na Tabela 23:
Tabela 23. Categorias de perigo de gases inflamáveis
Categoria Perigo Critérios Palavra de
advertência Pictograma
Gás comprimido
Pode explodir com o aquecimento.
Gás que quando envasado sob pressão é inteiramente gasoso
a -50°C.
Atenção
Gás liquefeito Pode explodir com
o aquecimento.
Gás que quando envasado sob pressão é parcialmente líquido
em temperatura > -50°C.
Gás líquido refrigerado
Pode provocar queimaduras ou
lesões criogênicas.
Gás que quando envasado sob pressão encontra-se parcialmente
líquido devido à baixa temperatura.
Gás dissolvido
Pode explodir com o aquecimento.
Gás que quando envasado sob pressão está dissolvido num
solvente em fase líquida.
Gases oxidantes
Há apenas uma única categoria
para a classificação de gases
oxidantes e suas misturas,
apresentada na Tabela 24:
Um produto INFLAMÁVEL tem facilidade para entrar em combustão, ou seja, de queimar, produzir chamas.
A LIBERAÇÃO SÚBITA de gases sob pressão podem causar SÉRIOS DANOS às pessoas ou ao ambiente,
independente de outros perigos que o próprio gás possa representar.
São gases COMBURENTES, ou que CONTRIBUEM MAIS DO QUE O AR PARA A COMBUSTÃO de outro material, pela liberação de oxigênio.
30
Tabela 24. Perigo de gases oxidantes
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
1 Pode provocar ou agravar um incêndio;
comburente. Perigo
Líquidos inflamáveis
Um líquido inflamável deve ser classificado em uma das categorias descritas na Tabela 25.
Tabela 25. Categorias de perigo para líquidos inflamáveis
Categoria Perigo Critérios Palavra de
advertência Pictograma
1 Líquido e vapores
extremamente inflamáveis. Ponto de fulgor < 23°C e ponto de ebulição ≤ 35°C
Perigo
2 Líquido e vapores muito
inflamáveis. Ponto de fulgor < 23°C e ponto de ebulição > 35°C
Perigo
3 Líquido e vapores
inflamáveis. Ponto de fulgor ≥ 23°C e ≤ 60°C
Atenção
4 Líquido combustível. Ponto de fulgor > 60°C e ≤ 93°C
Atenção -
Sólidos inflamáveis
Substâncias e misturas dessa classe de
perigo são classificadas (Tabela 26) em
uma das duas categorias, com base em
ensaios de tempo de combustão (t) ou
velocidade de combustão (v).
Tabela 26. Categorias de perigo para sólidos inflamáveis
Categoria Critérios Palavra de
advertência Pictograma
1 Pós metálicos: t ≤ 5 min;
Outros sólidos: zona umedecida não impede a propagação da chama, t < 45s ou v >2,2 mm/s.
Perigo
2 Pós metálicos: 5 < t ≤ 10 min;
Outros sólidos: zona umedecida impede a propagação da chama por ao menos 4min, t < 45s ou v >2,2mm/s.
Atenção
Sólidos inflamáveis são substâncias que podem entrar imediatamente em
COMBUSTÃO ou contribuir para o fogo POR MEIO DE FRICÇÃO.
31
Substâncias e misturas que apresentam auto-aquecimento
A classificação para essa classe de risco
(Tabela 27) dá-se com base no tamanho da
embalagem na qual o produto químico será
acondicionado, e nos testes de auto-
aquecimento em que amostras cúbicas de
diferentes comprimentos de aresta, são
expostas a diferentes temperaturas.
Tabela 27. Categorias de perigo para produtos químicos que apresentam auto-aquecimento
Categoria Perigo Critérios
(teste de auto-aquecimento) Palavra de
advertência Pictograma
1 Aquece-se
espontaneamente e pode inflamar-se.
Positivo para 25mm a 140°C. Perigo
2
Aquece-se espontaneamente
em grandes quantidades e
pode inflamar-se.
Negativo para 25mm a 140°C, e: Positivo para 100mm a 100°C e
embalagem > 3m3, ou Positivo para 100mm a 120°C e embalagem > 450L,
ou Positivo para 100mm a 100°C.
Atenção
Líquidos ou sólidos pirofóricos
São duas classes de perigo separadas, sólidos
e líquidos, mas são igualmente classificadas
com única categoria de risco cada classe
(Tabela 28).
Tabela 28. Perigo de sólidos ou líquidos pirofóricos
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
1 Inflamam-se espontaneamente em
contato com o ar. Perigo
Produtos químicos auto-reativos ou peróxidos orgânicos
São duas classes de perigo
separadas, auto-reativos
ou peróxidos orgânicos,
que são igualmente
classificadas em sete
categorias de perigo cada
classe (Tabela 29):
AUTO-AQUECIMENTO é a capacidade de um produto químico, quando
aquecido, GERAR CALOR ADICIONAL, pela EXPOSIÇÃO AO AR.
Os sólidos ou líquidos pirofóricos INFLAMAM-SE EM MENOS DE 5 min,
quando EXPOSTOS AO AR.
São compostos TERMICAMENTE INSTÁVEIS, sujeitas a combustão espontânea, propensos a sofrer uma
DECOMPOSIÇÃO FORTEMENTE EXOTÉRMICA com o perigo de explosão. Os peróxidos orgânicos ainda são
sensíveis a choque e atrito ou podem reagir violentamente com outras substâncias.
32
Tabela 29. Categorias de perigo para produtos químicos auto-reativos ou para peróxidos orgânicos
Categoria Perigo Palavra de
advertência Pictograma
Tipo A Explosivo sob efeito de calor, quando envasado, tem
detonação e deflagração rápida. Perigo
Tipo B Explosivo sob efeito de calor, quando envasado, que não
apresenta detonação ou deflagração rápida. Perigo
Tipo C Explosivo, que se envasado, não apresenta detonação,
deflagração rápida ou explosão sob efeito de calor. Perigo
Tipo D Detonação parcial ou lenta com deflagração lenta e sem reação violenta ao calor, ou reação moderada ao calor,
sem detonação nem deflagração, sob confinamento. Perigo
Tipo E Reage fracamente ou não reage ao calor sob
confinamento, sem detonação ou deflagração. Atenção
Tipo F Reage fracamente ou não reage ao calor sob
confinamento, com poder de explosão baixo ou nulo, sem detonação em estado de cavitação ou total deflagração.
Atenção
Tipo G Não reage ao calor sob confinamento, com poder de
explosão nula, sem detonação em estado de cavitação e sem deflagração.
- -
Substâncias e misturas que, em contato com água, desprendem gases inflamáveis
Estas substâncias e misturas são classificadas em três categorias de perigo (Tabela 30):
Tabela 30. Categorias de perigo para produtos químicos que, em contato com água, desprendem
gases inflamáveis
Categoria Perigo Palavra de
advertência Pictograma
1 Forte reação com a água em temperatura ambiente
desprendendo gases espontaneamente inflamáveis, ou gases inflamáveis em quantidade ≥ 10L/min/Kg do produto.
Perigo
2 Reação imediata com a água em temperatura ambiente desprendendo gases suscetíveis de se inflamarem em
quantidade ≥ 20L/h/Kg do produto. Perigo
Reação lenta com a água em temperatura ambiente
desprendendo gases suscetíveis de se inflamarem em quantidade ≥ 1L/h/Kg do produto.
Atenção
33
Líquidos oxidantes ou sólidos oxidantes
São duas classes de perigo diferentes, sólidos e
líquidos oxidantes, mas que são igualmente
classificados em três categorias de perigo (Tabela
31) para cada classe, com base em resultados de
testes de tempo de combustão em mistura com
celulose, em comparação com substâncias-padrão
comburentes.
Tabela 31. Categorias de perigo para líquidos oxidantes ou para sólidos oxidantes
Categoria Perigo Palavra de
advertência Pictograma
1 Muito comburente, pode provocar incêndio ou explosão. Perigo
2 Comburente, pode agravar um incêndio. Perigo
3 Comburente, pode agravar, em menor escala, um incêndio. Atenção
Substâncias e misturas corrosivas para os metais
Produtos químicos com
essas características são
classificadas em uma única
categoria (Tabela 32):
Tabela 32. Perigo de substâncias e misturas corrosivas para os metais
Categoria Perigo Palavra de advertência Pictograma
1 Pode ser corrosivo para os metais. Perigo
5.2 Rotulagem de Produto Químico
O fornecedor de certo produto químico deve assegurar que sua identificação com rótulo, no qual
devem estar relatadas as informações essenciais quanto aos riscos à segurança, à saúde e ao meio
ambiente.
O público-alvo é responsável por agir de acordo com uma avaliação de riscos, observando as
recomendações de uso e finalidade do produto químico, por tomar as medidas de precaução
necessárias quanto aos seus perigos, bem como é responsável por preservar as informações do
rótulo do produto químico até sua destinação final adequada.
Nesse subcapítulo, ao citar-se a palavra “norma”, trata-se da parte 3 da ABNT NBR 14725, que
especifica critérios para a rotulagem de produtos químicos. O foco é a rotulagem de produtos
É um COMBURENTE, que tem potencial de AUMENTAR A TAXA OU A INTENSIDADE DA QUEIMA
de um material combustível, quando misturados.
A substância ou mistura que, por AÇÃO QUÍMICA, pode CAUSAR DANOS materiais ou mesmo DESTRUIR
METAIS, é classificada como CORROSIVA.
34
químicos perigosos, mas determina também o conteúdo de rótulos de produto químico não
classificado como perigoso, que deve ser:
a. Identificação do produto;
b. A frase “Produto quimico não classificado como perigoso de acordo com a ABNT NBR 14725-2”;
c. Recomendações de precaução, quando exigidas e/ou pertinentes;
d. Outras informações.
PRODUTO QUÍMICO CLASSIFICADO COMO PERIGOSO
O rótulo de produto químico classificado como perigoso deve conter as informações a seguir.
Identificação do produto e telefone de emergência do fornecedor:
Deve conter o nome comercial, o nome técnico do produto e o número de telefone de emergência
do fornecedor, que deve oferecer suporte para situações de emergência, fornecendo informações
sobre segurança, saúde (incluindo informações toxicológicas) e meio ambiente.
35
Composição química:
Deve conter o nome comum de todos os ingredientes ou impurezas que contribuem para o perigo,
e, caso seja segredo industrial, o fornecedor fica desobrigado de identifica-los, e pode declarar como
“Informação confidencial retida”, “Segredo industrial” ou “Informação confidencial”. Mas ainda
assim devem informar os perigos relacionados a todos os ingredientes, mesmo daqueles cujos nomes
não foram revelados, de forma que não comprometa a saúde e a segurança dos trabalhadores ou
consumidores, e a proteção do meio ambiente.
Pictogramas de perigo:
Os pictogramas de perigo do GHS (previstos na norma ABNT 14725), devem estar presentes no
rótulo, sendo cada imagem relacionada a um ou mais perigos à saúde, ao meio ambiente ou perigos
físicos. A embalagem externa pode ter só o pictograma do transporte, para não ocorrer duplicidade
para uma mesma informação de perigo.
Se duas classes de perigo remetem ao uso de um mesmo pictograma, ele só será empregado uma
vez. Nos perigos para a saúde, aplicam-se os seguintes critérios de prioridade: se o símbolo do crânio
com ossos cruzados se aplica, não se usa o ponto de exclamação; se o símbolo de corrosivo se aplica,
o ponto de exclamação não pode ser utilizado quando for usado para irritação aos olhos e pele; e se
o símbolo de perigo à saúde for empregado para sensibilização respiratória, o ponto de exclamação
não pode ser aplicado quando usado para sensibilização à pele ou para irritação aos olhos e pele.
Palavra de advertência:
As palavras de advertencia são “Perigo”, para as categorias mais graves de perigo, e “Atenção” ou
“Cuidado”, para as menos graves, devendo constar no rótulo somente a que represente o maior
perigo presente. Cada categoria de perigo à saúde, ao meio ambiente, ou perigo físico, tem já pré-
definida uma palavra de advertência, segunda a norma.
36
Frases de perigo:
As frases de perigo são textos padronizados listados na norma, que descrevem o perigo oferecido
pelo produto químico. Para evitar redundância de informação, caso duas frases de perigo apareçam
conjuntamente representando um mesmo perigo, deve-se usar somente a frase que represente o
nível mais grave do perigo.
Frases de precaução:
Deve conter no máximo seis frases de precaução, de acordo com as categorias de perigo,
propriedades específicas do produto e a utilização pretendida, e compreendem informações frases
de precaução gerais, apropriadas aos rótulos dos produtos químicos destinados ao consumidor final
para uso próprio, como “Se for necessário consultar um médico, tenha em mãos a embalagem ou o
rótulo.”, “Mantenha fora do alcance das crianças.” e “Leia o rótulo antes de utilizar o produto.”,
frases de precaução de prevenção, frases de precaução de resposta à emergência, frases de
precaução de armazenamento e frases de precaução de disposição final.
Outras informações:
Deve conter a seguinte frase: “A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Quimicos deste
produto químico perigoso pode ser obtida por meio de…”. Além disso, outras informações de
segurança relevantes podem ser fornecidas, desde que não impeçam a identificação clara das
informações previstas na norma, como por exemplo, as frases suplementares sobre perigos e
precauções, também incluídas na norma.
5.3 Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico
A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é um meio de o fornecedor
transferir informações essenciais ao usuário sobre os perigos de uma substância ou mistura, sobre
transporte, manuseio, armazenagem e ações de emergência, possibilitando a ele tomar as medidas
necessárias relativas à segurança, saúde e meio ambiente. Em inglês, essa ficha é chamada de Safety
Data Sheet (SDS).
A elaboração da FISPQ é regulamentada pela parte 4 da norma ABNT NBR 14725, que define o as 16
seções obrigatórias, seu modelo geral de apresentação, numeração e a sequência das seções e as
informações a serem preenchidas e as condições de sua aplicação ou utilização. Essa ficha não é um
documento confidencial, assim, os perigos relativos a qualquer componente da fórmula, mesmo
sendo ela confidencial, devem ser informados.
Veja agora um exemplo de uma FISPQ do produto químico Metanol, da marca Sigma-Aldrich:
48
A seguir estão descritas todas as seções que devem compor a FISPQ, cujos títulos-padrão, numeração
e sequencia não podem ser alteradas:
Seção 1 – Identificação:
Alternativamente, esse titulo pode ser “Identificação do produto e da empresa”, que deve conter o
nome do produto e o código interno utilizado pela empresa, conforme aparecem no rótulo, além de
alguns dos principais usos recomendados, podendo incluir também breves descrições, como
“retardante de chamas” ou “oxidante”, e restrições especificas. Devem ser informados aqui também
os dados do fornecedor: nome da empresa, endereço, número de telefone de contato e telefone
para emergências.
Seção 2 - Identificação de perigos:
Subseção 2.1: Classificação das substâncias ou mistura, constando classe e categoria de cada perigo,
incluindo a diferenciação dentro de uma mesma classe de perigo, que resulte em frases de perigo
diferentes, como por exemplo, a via de exposição.
Subseção 2.2: Elementos de rotulagem do GHS, incluindo as frases de precaução, as frases de perigo,
palavra de advertência e os pictogramas e perigo, em colorido ou em preto e branco.
Subseção 2.3: Outros perigos que não resultam em uma classificação, mas que contribuem para a
periculosidade geral do produto, como formação de contaminantes do ar, perigo de asfixia ou
congelamento, ou perigos para organismos que vivem no solo.
Seção 3 - Composição e informações sobre ingredientes:
Nessa seção informa-se se o produto químico é uma substância ou uma mistura, o que abrange a
identificação das impurezas e aditivos que contribuem para o perigo.
Substâncias: devem ser identificadas com o nome químico comum ou nome técnico e eventuais
sinônimos, o número de registro no Chemical Abstract Service (número CAS), da mesma forma que
qualquer impureza e/ou aditivo perigoso.
Misturas: devem ser identificadas com o nome químico comum ou nome técnico e eventuais
sinônimos, o número CAS e os valores das concentrações ou a faixa de concentração, em ordem
decrescente, de todos os ingredientes perigosos que estejam presentes em valores superiores aos
de corte/limites de concentração (Tabela 33), ou que possuam limites de exposição ocupacional
estabelecidos. Opcionalmente podem ser listados todos os ingredientes, inclusive os não perigosos.
O fornecedor pode omitir o nome e número CAS, quando for segredo industrial, mas a classificação
de perigo e sua faixa de concentração devem ser informadas, e nesse caso, deve constar uma frase
informativa, como “Informação confidencial” ou “Segredo industrial”.
49
Tabela 33. Valores de corte/limites de concentração as classes de perigo à saúde e ao meio ambiente
Classe de perigo Limite de concentração
Toxicidade aguda ≥ 1,0 %
Corrosão/Irritação da pele ≥ 1,0 %
Lesões oculares graves/irritação ocular ≥ 1,0 %
Sensibilização respiratória ou da pele ≥ 0,1 %
Mutagenicidade: categoria 1 ≥ 0,1 %
Mutagenicidade: categoria 2 ≥ 1,0 %
Carcinogenicidade ≥ 0,1 %
Toxicidade à reprodução e lactação ≥ 0,1 %
Toxicidade sistêmica a certos órgãos-alvo – exposição única
≥ 1,0 %
Toxicidade sistêmica a certos órgãos-alvo – exposição repetida
≥ 1,0 %
Perigo por aspiração: categoria 1 ≥ 10 % de ingredientes da categoria 1 e
viscosidade cinemática ≤ 20,5 mm2/s a 40°C
Perigo por aspiração: categoria 2 ≥ 10 % de ingredientes da categoria 1 e
viscosidade cinemática ≤ 14 mm2/s a 40°C
Perigoso ao meio aquático ≥ 1,0 %
Seção 4 - Medidas de primeiros-socorros:
Aqui a FISPQ deve tratar das medidas de primeiros socorros que podem ser aplicadas por pessoas
sem treinamento específico, sem uso de equipamentos de adequados e sem dispor de uma ampla
seleção de medicamentos. As instruções sobre primeiros-socorros devem ser fornecidas em função
das vias de exposição pertinentes, usando-se subtítulos para indica-las: inalação, contato com a pele,
contato com os olhos e ingestão. Deve-se fornecer instruções sobre se a atendimento médico deve
ser imediato e se são esperados efeitos retardados após a exposição, se é recomendável remover a
pessoa exposta para um local ventilado, ou remover roupas e calçado, ou se os socorristas precisam
usar EPI, ou outras medidas de proteção, além das subseções a seguir:
Subseção 4.1: Sintomas e efeitos mais importantes, agudos ou tardios, após a exposição.
Subseção 4.2: Notas para o médico, quando apropriado, sobre ensaios clínicos, monitoramento,
antídotos e as contraindicações.
Seção 5 - Medidas de combate a incêndio:
Subseção 5.1: Meios de Extinção, informações sobre meios apropriados de extinção, e, indicação dos
meios de extinção inadequados.
Subseção 5.2: Perigos específicos da substância ou mistura, como produtos perigosos oriundos da
decomposição térmica ou da combustão, indicando, por exemplo, “pode produzir fumos tóxicos de
50
monóxido de carbono, em caso de incendio”, ou produz óxidos de enxofre e de nitrogenio, em caso
de combustão”.
Subseção 5.3: Medidas de proteção da equipe de combate ao incêndio, como “mantenha os
recipientes resfriados com água”.
Seção 6 - Medidas de controle para derramamento ou vazamento:
Recomendam-se nessa seção as medidas que devem ser tomadas em caso de derramamento,
vazamento, fuga ou perda, inclusive medidas de intervenção em função do volume do vazamento
(grande ou pequeno) quando este influencia a magnitude do perigo que se apresenta.
Subseção 6.1: Precauções pessoais, equipamentos de proteção e procedimentos de emergência, que
são 1) Para o pessoal que não faz parte dos serviços de emergência: utilização equipamento de
proteção adequado para impedir qualquer contaminação da pele, olhos ou roupa, necessidade de
eliminar as fontes de ignição, propiciar ventilação suficiente, evacuar a área de risco, ou consultar
um especialista, e 2) Para o pessoal do serviço de emergência: material adequado da roupa de
proteção (por exemplo, material adequado: butileno; não adequado: PVC).
Subseção 6.2: Precauções ao meio ambiente, como “manter afastado de águas superficiais e
subterrâneas”.
Subseção 6.3: Métodos e materiais para a contenção e limpeza, como barreira de proteção,
fechamento do sistema de coleta de água/esgoto e instalação de revestimento para a contenção, e
técnicas de neutralização e descontaminação, aspiração ou material absorvente para a limpeza.
Seção 7 - Manuseio e armazenamento:
Deve indicar práticas seguras com ênfase nas precauções em função do uso previsto e das
propriedades específicas da substância ou mistura.
Subseção 7.1: Precauções para o manuseio seguro, prevenção do manuseio de produtos
incompatíveis e minimização da liberação do produto no meio ambiente, além de recomendações
gerais de higiene, como “proibido comer, beber ou fumar nas áreas de trabalho”, “lave as mãos após
o uso do produto”, e “remova a roupa e o equipamento de proteção contaminados antes de entrar
nas áreas de alimentação”.
Subseção 7.2: Condições de armazenamento seguro, incluindo qualquer incompatibilidade, sendo 1)
como evitar atmosferas explosivas, condições corrosivas, perigos relacionados com a
inflamabilidade, armazenamento de produtos incompatíveis, condições de evaporação e fontes de
ignição, 2) necessidade de controle efeitos de condições climáticas, pressão ambiente, temperatura,
luz solar, umidade e vibrações, 3) como manter a integridade do produto mediante o emprego de
estabilizantes ou antioxidantes, e 4) outras recomendações, como requisitos para ventilação ou para
salas/reservatórios de armazenamento, limite de quantidade de armazenamento (se aplicável) e
embalagens compatíveis.
51
Seção 8 - Controle de exposição e proteção individual
Subseção 8.1: Parâmetros de controle, ou limites de monitorização ambiental e biológica, quando
disponíveis, com referências e de acordo com legislações nacionais, para cada substância ou
componente da mistura, inclusive contaminando do ar formados pela utilização do produto.
Subseção 8.2: Medidas de controle de engenharia, como por exemplo, “manter as concentrações do
produto no ar abaixo dos limites e exposição ocupacional”, “utilizar sistema de ventilação geral ou
exaustor local”, “utilizar somente em sistema fechado ou hermético”, “manusear mecanicamente
para reduzir o contato das pessoas com o produto”, ou “usar medidas de controle para poeiras com
caracteristicas explosivas”.
Subseção 8.3: Medidas de proteção pessoal, ou EPI, necessário para minimizar o potencial de danos
à saúde, devido à exposição ao produto, o que inclui proteção de olhos/face, proteção da pele,
proteção respiratória e proteção contra perigos térmicos. Exigências especiais, quando pertinentes,
devem ser claramente especificadas, como por exemplo, luvas de PVC ou luvas de borracha nitrílica,
espessura e tempo de desgaste do material da luva, ou especificações de máscaras.
Seção 9 - Propriedades físicas e químicas
Deve apresentar as seguintes informações empíricas da substância ou dos produtos, de acordo com
o Sistema Internacional de Unidades:
a) Aspecto (estado físico, forma, cor, etc.)
b) Odor e limite de odor
c) pH
d) Ponto de fusão/ponto de congelamento
e) Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição
f) Ponto de fulgor
g) Taxa de evaporação
h) Inflamabilidade
i) Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade
j) Pressão de vapor
k) Densidade de vapor
l) Densidade relativa
m) Solubilidade
n) Coeficiente de partição – n-octanol/água
o) Temperatura de autoignição
p) Temperatura de decomposição
q) Viscosidade
Seção 10 - Estabilidade e reatividade
Subseção 10.1: Reatividade, específicos da substância, ou dados genéricos sobre a classe ou família
a que pertence quando a representarem adequadamente, e incompatibilidades, considerando o
produto, recipiente e possíveis contaminações.
Subseção 10.2: Estabilidade química, indicando em que condições normais de temperatura e
pressão, durante armazenagem ou manuseio, o produto é estável ou instável, com a descrição de
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estabilizantes que possam ser usados e indicação de qualquer mudança na aparência física que seja
importante, do ponto de vista da segurança.
Subseção 10.3: Possibilidade de reações perigosas, se o produto reage ou polimeriza, e em quais
condições, liberando excesso de pressão ou calor, ou gerando outras condições perigosas.
Subseção 10.4: Condições a serem evitadas, como calor, pressão, choque, impacto, atrito, luz,
descarga estática ou vibrações.
Subseção 10.5: Materiais incompatíveis, listados por classes de substância químicas com as quais há
risco de reação que produza alguma situação perigosa, como explosão, liberação de produtos tóxicos
ou inflamáveis ou liberação de calor excessivo.
Subseção 10.6: Produtos perigosos de decomposição, conhecidos e razoavelmente previstos,
resultantes de manuseio, armazenagem e aquecimento (exceto produtos de combustão).
Seção 11 - Informações toxicológicas
Essa seção é utilizada principalmente por profissionais médicos, toxicologistas e profissionais da área
de segurança do trabalho, assim, deve-se fornecer uma descrição concisa, completa e compreensível
dos vários efeitos toxicológicos, bem como os dados disponíveis para identificar esses efeitos, para
cada uma das classes de perigo à saúde. Se informação em alguma dessas classes de perigo não
estiver disponível, deve-se mencionar “não disponivel”.
Para cada classe de perigo à saúde que seja relacionada, deve-se indicar as vias de exposição
(ingestão, inalação e/ou exposição dérmica), sintomas relativos às características físicas, químicas e
toxicológicas, efeitos tardios e imediatos e também efeitos crônicos de curto e longo períodos de
exposição, dados numéricos de toxicidade (como estimativas de toxicidade aguda) associados a
sintomas e efeitos, efeitos de interação (como adição, potenciação, sinergia ou antagonismo), dados
químicos específicos, classificação das misturas em comparação com a classificação dos ingredientes
separadamente, e outras informações pertinentes.
Seção 12 - Informações ecológicas
Deve-se fornecer informações para avaliar o impacto ambiental do produto químico, quando
liberado no meio ambiente, que auxiliam em casos de vazamentos e derramamentos, bem como nas
práticas de tratamento de resíduos. Deve-se indicar claramente as espécies, o meio, as unidades, as
condições e a duração dos ensaios. Se a informação não estiver disponível, deve-se mencionar.
Subseção 12.1: Ecotoxicidade, informações fornecidas através de dados de ensaios realizados em
organismos aquáticos e/ou terrestres, como toxicidade aguda e crônica para diversos organismos, e
quando houver efeito inibidor de micro-organismos, deve ser mencionado o possível impacto em
estações de tratamento de esgotos.
Subseção 12.2: Persistência e degradabilidade, com base em dados como tempo de meia vida de
degradação, indicando se foi obtido por mineralização ou por degradação primária.
Subseção 12.3: Potencial bioacumulativo, com referência para ensaios de coeficiente de partição n-
octanol/água (Kow) e fator de bioconcentração (FBC ou BCF).
53
Subseção 12.4: Mobilidade no solo, a partir de resultados de estudos de adsorção e lixiviação, como
coeficiente de partição solo/água (Koc), ou dados preditivos, sem prevalência sobre os reais.
Subseção 12.5: Outros efeitos adversos, como danos ambientais, potencial de diminuição da camada
de ozônio, de formação de ozônio fotoquímico, de perturbação do sistema endócrino ou de
contribuição com o aquecimento global.
Seção 13 - Considerações sobre destinação final
Alternativamente esse título-padrão pode ser “Considerações sobre tratamento e disposição”.
Subseção 13.1: Métodos recomendados para destinação final, informações seguras e
ambientalmente aprovadas e regulamentadas, para produtos e embalagens usadas, como
coprocessamento, incineração ou reciclagem.
Seção 14 - Informações sobre o transporte
Deve conter informações sobre códigos e classificação de acordo com regulamentações nacionais e
internacionais, diferenciadas pelo meio de transporte, se terrestre (ferrovias e rodovias), hidroviário
(marítimo, fluvial, lacustre) ou aéreo, sendo indicados, para cada um desses modos, o número ONU,
o nome apropriado para embarque, a classe/subclasse de risco principal e subsidiário, se houver, o
número de risco, o grupo de embalagem e o perigo ao meio ambiente. Se qualquer informação não
estiver disponível, deve-se mencionar.
Seção15 - Informações sobre regulamentações
Alternativamente esse título-padrão pode ser “Regulamentações”, onde se descreve qualquer outra
regulamentação que ainda não tenha sido citada, como de substâncias sujeitas a proibição ou
restrição, e exigências do Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério
do Exército, Departamento de Polícia Federal, Acordo Mercosul, Convenção de Armas Químicas,
Convenção de Estocolmo, Convenção de Rotterdam, Protocolo de Montreal, Protocolo de Kyoto, etc.
Seção 16 - Outras Informações
Deve fornecer outras informações importante, como necessidades especiais de treinamento ou
dados do fabricante, além das referências bibliográficas, legendas e abreviações usadas na FISPQ.
5.4 Incompatibilidades entre produtos químicos
Produtos químicos incompatíveis são substâncias que quando combinadas, produzem reações muito
exotérmicas que podem ser violentas, explosivas, ou que podem liberar substâncias tóxicas,
geralmente gases. Para saber como pode ser o armazenamento de forma segura dos produtos
químicos e os riscos de eventuais misturas podem ocasionar, quando não se tem pleno
conhecimento sobre quais são as funções químicas, deve-se consultar a literatura, inclusive a
indicada nos links deste texto, e buscar auxílio dos técnicos e docentes.
54
MISTURA DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICOS
Tabela de Compatibilidade de Misturas:
A mistura de reagentes no preparo de soluções e principalmente no momento do descarte, pode
provocar reações com uma série de consequências adversas, que em alguns casos podem ser
perigosas. Para se prever qual é o risco que misturas binárias entre produtos químicos perigosos
pode representar, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (sigla em inglês, EPA)
elaborou uma Tabela de Compatibilidade de Resíduos Perigosos (veja aqui), com base em grupos de
características químicas similares (Tabela 34).
Tabela 34. Tabela de compatibilidade de resíduos perigosos (misturas binárias)
#
1 1
2 2 H
3G
H3 F
4 HH
F
H
P4 G
5H
P
H
P
H
P5 Gt
6 HH
Gt6 Gf
7 HH
Gt
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PH 7 E
8H
G
H
Gt
H
G
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GH 8 P
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G
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Gt
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Gt
Gf
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12H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H F
GfU
H
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F
H
GH 13
14 HH
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15 Gt Gt Gt 15
16H
F16
17H
Gt
H F
Gt
H
Gt
H
G
H
GtH 17
18H
G
H F
Gt
H
G
H
P
H
P
H
G
H
Gt
H
GU 18
19 HH
F
H
G
H
GtH 19
20Gt
Gf
H F
Gt
H
GH H H 20
21H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H
Gf
H F
Gf
H F
Gf
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H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H
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Gf
H
Gf
H
Gf
H21
22H F
Gf
H F
Gf
G
F
H F
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H
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H
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H
H F
Gf22
23H F
Gf
H F
Gf
H F
G
H
F 23
24 S S S S S S 24
25H F
Gf
H F
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H
Gf
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H
GfU
H
GU
H
Gf
H
Gf
H
Gf
H
GfU
H
Gf
H
GfE 25
26H Gt
Gf
H F
GfH U
H
PS
H
Gf26
27H F
GtH
H
E
H E
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H E
Gf27
28 HH
FH
H
E28
29 H F 29
30H
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H
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H
G
H
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Gt
H E
Gt
H F
Gt
H
EH E
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G
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H P
Gt
H
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31 HH
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H
G
H
P
H
Gf
H
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32H
Gt
H
GtU
H
EH U 32
33Gt
Gf
H F
GfGt H E H
H
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34H
P
H
P
H
P
H
P
H
P
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P
H
P
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H
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P
H
P
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P
H
P
H
PU
H
P34
101H
G
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H F
G
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102H
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H
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H
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H
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H
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H
P
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P
H
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H
P103
104H
Gt
H
Gt
H
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H
F
H
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Gt
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Gt
H E
Gt
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Gt
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Gt
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H F
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H
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H F
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H F
Gt
H
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H
F
H
F
H
Gt
H
F
H F
Gt
H F
Gt
H F
Gt
H F
Gt104
105 H
Gf
H F
T
H
Gf
H F
Gf
H F
Gf
H
Gf
H
Gf
H
G
H
Gt
H
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H
E
H
Gf
H
Gf
H
Gf
H
Gf
H
E
H
E
H
Gf
H Gt
GfH
H
Gf
H
F
H P
Gf
H F
E105
106 H H GH
Gf
H
Gf
H
GfS
H
Gf
Gt
Gf
Gt
Gf
Gt
Gf106
107 107
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 101 102 103 104 105 106 107
LEGENDA
COMPATÍVEL
CALOR
COMBUSTÃO/FOGO
GÁS INÓCUO E NÃO INFLAMÁVEL
GÁS TÓXICO
INFLAMÁVEL
EXPLOSÃO
POLIMERIZAÇÃO VIOLENTA
SOLUBILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS
DESCONHECIDO
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX EXTREMAMENTE REATIVO - NÃO MISTURAR COM NENHUMA OUTRA SUBSTÂNCIA QUÍMICA XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Font
e: U
nite
d St
ates
Env
iron
men
tal P
rote
ctio
n A
gen
cy, E
PA-6
00/2
-80-
076
55
Essa ferramenta prática lista numericamente 41 grupos de reatividade (Tabela 34), dos quais os
grupos 1 a 34 são classificados por classes químicas ou grupos funcionais, e os outros 7 são baseados
em reatividade química geral, denominados grupos 101 a 107, como apresentado na Tabela 35:
Tabela 35. Número de grupo de reatividade (NGR) e o grupo químico correspondente
NGR Nome do Grupo
1 Ácido mineral não-oxidante
2 Ácido mineral oxidante
3 Ácido orgânico
4 Álcoois e Glicóis
5 Aldeídos
6 Amidas
7 Aminas alifáticas e aromáticas
8 Azo-compostos, diazo-compostos e hidrazinas
9 Carbamatos
10 Cáusticos
11 Cianetos
12 Ditiocarbamatos
13 Ésteres
14 Éteres
15 Fluoretos inorgânicos
16 Hidrocarbonetos aromáticos
17 Orgânicos halogenados
18 Isocianatos
19 Cetonas
20 Mercaptanos e outros sulfitos orgânicos
21 Metais alcalinos e alcalinos terrosos, elementais e ligas
22 Outros metais, elementais e ligas, na forma de pó, vapor ou poroso
23 Outros metais, elementais e ligas, em folhas, lascas, barras, gotas, etc.
24 Metais tóxicos e seus compostos
25 Nitritos
26 Nitrilas
27 Nitro-compostos
28 Hidrocarbonetos alifáticos insaturados
29 Hidrocarbonetos alifáticos saturados
30 Peróxidos e hidroperóxidos orgânicos
31 Fenóis e Cresóis
32 Organofosfatos, fosfotioatos e fosfoditioatos
33 Sulfitos inorgânicos
34 Epóxidos
101 Materiais combustíveis e inflamáveis
102 Explosivos
103 Compostos polimerizantes
104 Agentes oxidantes fortes
105 Agentes redutores fortes
106 Água e misturas contendo água
107 Substâncias que reagem com água
56
Procedimento para uso da Tabela de Compatibilidade para Misturas
Para a combinação binária de quaisquer grupos de reatividade, basta utilizar as Tabelas 34 e 35, com
o Número do Grupo de Reatividade (NGR) das duas substâncias químicas que serão verificadas, e
seguir o passo a passo a seguir:
ARMAZENAMENTO
Há uma série de regras gerais para o armazenamento de produtos químicos em pequenas
quantidades, como é o caso dos reagentes de uso geral em nossos laboratórios:
Produtos químicos não devem ser estocados por ordem alfabética;
Separar todos os reagentes em grupos quimicamente compatíveis;
Manter grupos incompatíveis distantes um do outro, de preferência em armários diferentes;
Separar líquidos de sólidos, para evitar um meio propício a reações, no caso de quebra de frascos;
A distância da separação entre frascos em uma prateleira deve ser o suficiente para prevenir a
mistura de incompatíveis no caso de queda e quebra dos recipientes. Para isso, quando dispostos
lado a lado, deve-se intercalar os produtos químicos perigosos com reagentes inertes;
Os produtos químicos deverão ser armazenados com seus rótulos originais intactos, ou, no caso
de rótulo deteriorado ou de fracionamento do reagente, deve ser preparada a rotulagem de
acordo com a norma NBR ABNT 14725-3;
O local de armazenamento dos reagentes, salas ou câmaras e armários, geladeiras ou freezers,
deve ser previamente definido e sinalizado, inclusive com referência aos perigos.
Devem ser organizados de forma que sejam localizados com facilidade, por exemplo, usando um
sistema de codificação interna do laboratório;
A lista dos reagentes do laboratório deve ser bastante detalhada, contendo dados sobre a
quantidade armazenada e indicação precisa da localização (por exemplo: armário X, prateleira Y);
Mesmo que a lista de reagentes possa ser acessada de forma digital, obrigatoriamente deve haver
uma cópia impressa e mantida próxima à área de armazenamento, pois é um importante material
de consulta em caso de derramamentos ou vazamentos.
Os seguintes grupos de produtos químicos devem ser separados um do outro:
Ácidos e bases;
Ácidos orgânicos (tem cadeias carbônicas) e ácidos inorgânicos;
Agentes oxidantes (cloratos, cromatos, dicromatos, peróxidos, ácido nítrico, nitrato, etc.) e
agentes redutores (amônia, carbono, metais, hidretos metálicos, fósforo, enxofre, etc.);
Pesquise na Tabela 35 qual é o NGR correspondente aos compostos que serão avaliados
Encontre o NGR do primeiro composto na primeira coluna da Tabela 34
Encontre o NGR do segundo composto na diagonal dos últimos quadrados das linhas
Percorra a tabela até encontrar o quadrado da intersecção entre os dois NGR
Veja na legenda o que significam as siglas dos efeitos que podem ocorrer nessa reação
1
2
3
4
5
57
Ácido Perclórico, Ácido Nítrico e Ácido Fluorídrico devem ser separados entre si e isolados de
todas as outras substâncias.
Além disso, há grupos de produtos químicos altamente perigosos, que devem ser segregados
distante de todos os outros grupos e que devem ser armazenados em local e em armários com tipo
de construção planejada para que atenda aos requisitos de segurança. São eles:
Materiais potencialmente explosivos
Materiais que reagem com água
Substâncias pirofóricas
Materiais formadores de peróxidos
Materiais que sofrem polimerização
Gases tóxicos sob pressão
Produtos químicos que envolvam perigo: inflamáveis, tóxicos e carcinogênicos.
Quando possível, deve-se organizar isoladamente todos os grupos de armazenamento em armários
separados. Se o espaço não permitir, pode-se seguir o
diagrama sugerido ao lado para combinar diferentes
grupos. O uso de um recipiente secundário é
recomendado para prevenir que projeções de um
produto atinja o frasco de um outro material
incompatível no mesmo armário.
Os grupos de armazenamento são os seguintes:
A) Bases orgânicas compatíveis;
B) Pirofóricos e produtos químicos que reagem com
água compatíveis;
C) Bases inorgânicas compatíveis;
D) Ácidos orgânicos compatíveis;
E) Oxidantes, incluindo peróxidos, compatíveis;
F) Ácidos inorgânicos compatíveis, sem incluir
oxidantes e combustíveis;
G) Produtos químicos não reativos, não inflamáveis
e não combustíveis;
X) Incompatíveis com todos os outros grupos de
armazenamento.
Casos específicos precisam de atenção especial no atendimento das seguintes regras:
Produtos inflamáveis, como solventes orgânicos e metais reativos, nunca devem ser
armazenados em geladeiras comuns, pois há perigo de explosão, mas sim em armários
metálicos, com porta corta-fogo e anti-explosão, apropriados para esse risco, separando os
inorgânicos dos orgânicos e obedecendo os critérios de compatibilidade entre os grupos
A G L
L G
G
G
D
C E
F E
Prateleira 1
Prateleira 2
Prateleira 3
Prateleira 4
X B Isolados de
todos os outros Isolados de
todos os outros
58
químicos; há armários desse tipo disponíveis na sala de estoque de reagentes inflamáveis, no piso
inferior do Bloco 14, para os quais somente os técnicos devem ter acesso;
Produtos químicos com facilidade de evaporação devem ser mantidos sempre sob temperatura
controlada e afastados de fontes de calor, como insolação direta.
Produtos químicos tóxicos e carcinogênicos devem ser estocados em armários isolados, em
armários trancados, sob controle de acesso do técnico do laboratório;
Materiais muito tóxicos ou perigosos, e mercúrio metálico, devem também ser acondicionados
em frascos resistentes, dentro de recipiente secundário, como bandeja, caixa plástica
organizadora ou dessecador de material resistente;
Reagentes com odor muito forte devem ser colocados em recipientes secundários bem fechados.
Na Tabela 36 apresentam-se as principais incompatibilidades químicas entre substâncias:
Tabela 36. Tabela de incompatibilidade química
Substância Incompatível com
Acetileno Cloro, Bromo, flúor, Cobre, Prata, Mercúrio
Ácido acético Ácido crômico, ácido perclórico, peróxidos, permanganatos, ácido nítrico, etilenoglicol
Acetona Misturas de ácidos sulfúrico e nítrico concentrados, Peróxido de hidrogênio
Ácido crômico Ácido acético, naftaleno, cânfora, glicerol, turpentina, álcool, outros líquidos inflamáveis
Ácido hidrociânico Ácido nítrico, álcalis
Ácido fluorídrico anidro, fluoreto de hidrogênio
Amônia (aquosa ou anidra)
Ácido nítrico concentrado
Ácido cianídrico, anilinas, óxidos de cromo VI, sulfeto de hidrogênio, líquidos e gases combustíveis, ácido acético, ácido crômico
Ácido oxálico Prata e mercúrio
Ácido perclórico Anidrido acético, álcoois, bismuto e suas ligas, papel, madeira
Ácido sulfúrico Cloratos, percloratos, permanganatos e água
Alquil alumínio Água
Amônia anidra Mercúrio, cloro, hipoclorito de cálcio, iodo, bromo, ácido fluorídrico
Anidrido acético Compostos com hidroxil tais como etilenoglicol, ácido perclórico
Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio
Azida sódica Chumbo, cobre e outros metais
Bromo e Cloro Benzeno, hidróxido de amônio, benzina de petróleo, hidrogênio, acetileno, etano, propano, butadienos, pós-metálicos
Carvão ativo Dicromatos, permanganatos, ácido nítrico, ácido sulfúrico, hipoclorito de sódio
Cloro Amônia, acetileno, butadieno, butano, outros gases de petróleo, hidrogênio, carbeto de sódio, turpentine, benzeno, metais finamente divididos, benzinas e outras frações do petróleo
Cianetos Ácidos e álcalis
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Cloratos, percloratos, clorato de potássio
Sais de amônio, ácidos, metais em pó, matérias orgânicas particuladas, substâncias combustíveis
Cobre metálico Acetileno, peróxido de hidrogênio, azidas
Dióxido de cloro Amônia, metano, fósforo, sulfeto de hidrogênio
Flúor Isolado de tudo
Fósforo Enxofre, compostos oxigenados, cloratos, percloratos, nitratos, permanganatos
Halogênios (Flúor, Cloro, Bromo e Iodo)
Amoníaco, acetileno e hidrocarbonetos
Hidrazida Peróxido de hidrogênio, ácido nítrico e outros oxidantes
Hidrocarbonetos (butano, propano, tolueno)
Ácido crômico, flúor, cloro, bromo, peróxidos
Iodo Acetileno, hidróxido de amônio, hidrogênio
Líquidos inflamáveis Ácido nítrico, Nitrato de amônio, óxido de cromo VI, peróxidos, flúor, cloro, bromo, hidrogênio
Mercúrio Acetileno, ácido fulmínico, amônia
Metais alcalinos Dióxido de carbono, tetracloreto de carbono, outros hidrocarbonetos clorados
Nitrato de amônio Ácidos, pós-metálicos, líquidos inflamáveis, cloretos, enxofre, compostos orgânicos em pó
Nitrato de sódio Nitrato de amônio e outros sais de amônio
Óxido de cálcio Água
Óxido de cromo VI Ácido acético, glicerina, benzina de petróleo, inflamáveis, naftaleno,
Oxigênio Óleos, graxas, hidrogênio, líquidos, sólidos e gases inflamáveis
Perclorato de potássio Ácidos
Permanganato de potássio
Glicerina, etilenoglicol, Ácido sulfúrico
Peróxido de hidrogênio Cobre, Cromo, Ferro, álcoois, acetonas, substâncias combustíveis
Peróxido de sódio Ácido acético, Anidrido acético, benzaldeído, etanol, metanol, etilenoglicol, Acetatos de metila e etila, furfural
Prata e sais de Prata Acetileno, ácido tartárico, ácido oxálico, compostos de amônio.
Sódio Dióxido de carbono, tetracloreto de carbono, outros hidrocarbonetos clorados
Sulfeto de hidrogênio Ácido nítrico fumegante, gases oxidantes
60
6. DESCARTE DE RESÍDUOS
Os resíduos são definidos segundo sua origem e classificados de acordo com o seu risco em relação
ao homem e ao meio ambiente em resíduos urbanos e resíduos especiais. O resíduo urbano é
também conhecido como lixo doméstico, gerados nas residências, no comércio ou em outras
atividades desenvolvidas nas cidades, como lixos de varrição. O resíduo especial é aquele gerado em
indústrias ou serviços de saúde, que, pelo perigo que representa à saúde pública e ao meio ambiente,
exige maior cuidado no seu acondicionamento, transporte, tratamento e destinação final.
Como classificar os resíduos?
Por sua natureza física: seco e molhado;
Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos ou não-inertes.
De acordo com a norma NBR 10.004/2004 da ABTN, os resíduos são classificados em:
Classe I - Perigosos:
Apresentam perigos ao meio ambiente ou à saúde pública associados às suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, que portanto, exigem
tratamento e disposição especiais;
Classe II – Não perigosos:
- Classe II A – não inertes:
Tem propriedades como solubilidade em água, biodegradabilidade ou combustibilidade;
Classe II B – inertes:
Não tem nenhum de seus constituintes solúveis em concentrações superiores aos padrões
de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Abordaremos nesse capítulo com mais detalhamento o gerenciamento dos resíduos perigosos,
sendo que a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, como estabelecimento de ensino e
pesquisa na área de saúde, está sujeita à aplicação da norma da ANVISA RDC nº 222/2018 (veja aqui),
que regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).
6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde
A norma RDC 222 estabelece que, para a obtenção de licença sanitária, todo serviço gerador deve
dispor de um Plano de Gerenciamento de Resíduo de Serviço de Saúde (PGRSS), em conformidade
com as ações de proteção à saúde pública, do trabalhador e do meio ambiente, com a
regulamentação sanitária e ambiental e com as normas de coleta e transporte dos serviços locais de
limpeza urbana. Esse plano, cuja elaboração, implantação e monitoramento é de responsabilidade
do gerador, deve contemplar:
Procedimentos relacionados a geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento, disposição final ambientalmente adequada e, quando
for o caso, logística reversa dos RSS;
61
Ações para situações de emergência e acidentes decorrentes do gerenciamento dos RSS;
Medidas preventivas e corretivas de controle integrado de vetores e pragas urbanas;
Estimativa da quantidade de RSS gerado;
Programas de capacitação para todas as unidades geradoras e setor de limpeza e conservação;
Apresentação de documentos comprobatórios de treinamentos, de operação de venda ou de
doação dos RSS destinados à recuperação, à reciclagem, à compostagem e à logística reversa, e
cópia do contrato e da licença ambiental da empresa prestadora de serviços contratada para a
destinação final de RSS.
6.2 Classificação e gerenciamento dos RSS
GRUPO A: RESÍDUO BIOLÓGICO
O grupo A é identificado, no mínimo, pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco,
desenho e contornos pretos, acrescido da expressão RESÍDUO INFECTANTE.
São RSS com possível presença de agentes biológicos que podem apresentar risco de infecção.
Subgrupo A1:
Culturas e estoques de microrganismos, meios de cultura e instrumentos utilizados para
transferência, inoculação ou mistura de culturas, resíduos manipulação genética e de fabricação
de produtos biológicos (exceto de medicamentos hemoderivados).
Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, que podem ser
descartadas diretamente no sistema de coleta de esgotos após o tratamento, e recipientes ou
material que os contenha, além de bolsas de sangue ou de hemocomponentes rejeitadas;
RSS de atividades de vacinação com microrganismos vivos, atenuados ou inativados, incluindo
frascos e seringas, quando desconectadas. As agulhas ou o conjunto seringa-agulha não
desconectado, deve atender às regras de manejo dos resíduos perfurocortantes;
RSS resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais com
suspeita ou certeza de contaminação por agente biológico de classe de
risco 4.
Os RSS desse subgrupo devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final, para a redução ou eliminação da carga microbiana, na própria unidade geradora, para o caso de microrganismos das classes de risco 3 e 4, ou também fora dela, para classes 1 e 2, após acondicionados de forma compatível com o tratamento.
Subgrupo A2:
Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a
processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações, e
os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância
62
epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo
anatomopatológico ou confirmação diagnóstica.
Os RSS desse subgrupo devem ser tratados, dentro (microrganismos de alto risco) ou fora da unidade geradora, antes de serem encaminhados para disposição final. Após o tratamento, devem ser acondicionados em saco branco leitoso, identificado com a inscrição “PEÇAS ANATÔMICAS DE ANIMAIS”. Se outra solução for necessária, em função do porte do animal, deve haver autorização prévia dos órgãos de saúde e ambiental competentes.
Subgrupo A3:
Peças anatômicas humanas (membros) e feto sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas
ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não
tenham valor científico ou legal e não tenham sido requisitados pelo paciente ou seus familiares.
Os RSS desse subgrupo devem ser destinados para incineração, acondicionados em sacos identificados como "PEÇAS ANATÔMICAS", ou para cremação ou sepultamento.
Subgrupo A4:
Sobras de amostras e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de
pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes classe de risco 4;
Cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos;
Kits descartados de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores;
Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento
médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;
Resíduos de tecido adiposo proveniente de cirurgias como lipoaspiração ou lipoescultura;
Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue
ou líquidos corpóreos na forma livre;
Peças anatômicas (órgãos e tecidos), incluindo a placenta, e outros resíduos provenientes de
procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos e de confirmação diagnóstica;
Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
Os RSS desse subgrupo devem ser devem ser acondicionados em saco branco leitoso e encaminhados para a disposição final ambientalmente adequada.
Subgrupo A5:
Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos e os materiais resultantes da atenção à saúde de casos
suspeitos ou confirmados de alta infectividade para príons.
Os RSS desse subgrupo devem ser devem ser encaminhados para incineração, segregados e acondicionados em saco vermelho duplo (barreira de proteção) e contidos em recipiente exclusivo e identificado.
63
GRUPO B: RESÍDUO QUÍMICO
O grupo B é identificado por meio de símbolo e frase de risco associado à periculosidade do resíduo
químico, e outros símbolos e frases do GHS também podem ser utilizados.
São RSS contendo produtos químicos que apresentam periculosidade à
saúde pública ou ao meio ambiente, por sua quantidade e por suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade. Nesta classe
incluem-se produtos farmacêuticos, resíduos de saneantes, desinfetantes ou
desinfestantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para
laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes, efluentes de processadores de
imagem (reveladores e fixadores), efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises
clínicas, ou demais produtos considerados perigosos.
Os RSS do grupo B com características de periculosidade, se sólidos, devem ser dispostos em aterro para resíduos perigoso, se líquidos, devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final, pois é proibido a disposição final de líquidos em aterros sanitários;
Os RSS do grupo B que não apresentem periculosidade à saúde pública ou ao meio ambiente não necessitam de tratamento, podendo ser submetidos a processo de recuperação ou reutilização;
Para o acondicionamento antes do descarte, as incompatibilidades das substâncias químicas e das misturas, como visto no Capítulo 5 desse Manual, devem ser observadas;
Quanto às embalagens e material contaminado, devem ser submetidos ao mesmo manejo do produto químico que os contaminou; as embalagens vazias podem ser utilizadas para acondicionamento de RSS do grupo B observada a compatibilidade química, ou são consideradas rejeitos, e somente embalagens vazias de produtos sem periculosidade podem ser enviadas para reciclagem;
A RDC 222 da ANVISA ainda estabelece normas para diversos tipos de descartes, como pilhas e baterias, várias classes de medicamentos e suas embalagens, resíduo radiológico e rejeitos contendo metais pesados, como por exemplo, o Mercúrio na forma elementar líquida, que deve ser descartado sob selo d’água;
A NBR 10.004 da ABNT lista uma série de fontes de resíduos, identificando nelas os constituintes perigosos e as características de periculosidade (anexos A e B da norma), bem como lista as substâncias que conferem periculosidade aos resíduos (anexo C), agudamente tóxicas (anexo D), ou tóxicas (anexo E), cuja consulta pode auxiliar na identificação do perigo do resíduo que se queira descartar.
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GRUPO C: REJEITOS RADIOATIVOS
O grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante, o trifólio
de cor magenta ou púrpura em rótulo de fundo amarelo, acrescido da
expressão MATERIAL RADIOATIVO, REJEITO RADIOATIVO ou RADIOATIVO.
É qualquer resíduo que contenha radionuclídeo em quantidade superior aos
níveis de dispensa especificados em norma da Comissão Nacional de Energia
Nuclear.
Os rejeitos radioativos devem ser segregados de acordo com o radionuclídeo ou natureza da radiação, estado físico, concentração e taxa de exposição, e devem ser armazenados em condições adequadas para o tipo de descarte (por exemplo, se orgânico ou perfurocortante);
Deve ser armazenado por tempo suficiente para o decaimento do elemento radioativo, até atingir o limite apropriado para a dispensa, quando o rótulo de "REJEITO RADIOATIVO" deve ser retirado, após medição da radiação, permanecendo a identificação dos demais riscos presentes, seguindo então para disposição final adequada.
GRUPO D: RESÍDUO COMUM
O grupo D deve ser identificado conforme definido pelo órgão de limpeza urbana. São resíduos que
não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser
equiparados aos resíduos domiciliares, como papel de uso
sanitário, fraldas, absorventes higiênicos, peças descartáveis
de vestuário, gorros e máscaras descartáveis, resto alimentar
de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia
de venóclises, luvas de procedimentos que não entraram em
contato com sangue ou líquidos corpóreos, equipo de soro,
abaixadores de língua e outros similares não classificados
como grupo A1, sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resto alimentar de refeitório,
resíduos provenientes das áreas administrativas, de varrição, flores, podas e jardins, de gesso
provenientes de assistência à saúde, forrações de animais de biotérios sem risco biológico associado,
pelos de animais, ou resíduos recicláveis sem contaminação biológica, química e radiológica
associada.
Os RSS do grupo D, quando não encaminhados para reutilização, recuperação, reciclagem, compostagem, logística reversa ou aproveitamento energético, devem ser classificados como rejeitos, e dispostos conforme as normas ambientais vigentes;
Artigos e materiais utilizados na área de trabalho, incluindo vestimentas e EPI, desde que não apresentem sinais ou suspeita de contaminação química, biológica ou radiológica, podem ter seu manejo realizado como RSS desse grupo;
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Só podem ser destinados para compostagem forrações de animais de biotérios que não tenham risco biológico associado, os resíduos de flores, podas de árvores, jardinagem, sobras de alimentos e de seu pré-preparo, restos alimentares de refeitórios e restos alimentares de pacientes que não estejam em isolamento.
GRUPO E: RESÍDUO PERFUROCORTANTE
O grupo E é identificado pelo símbolo de risco biológico, com rótulo de fundo branco, desenho e
contorno preto, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE
ou somente PERFUROCORTANTE.
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como todos os utensílios
de vidro quebrados no laboratório, ponteiras de micropipetas, lâminas e
lamínulas, espátulas, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lancetas, tubos
capilares, lâminas de barbear, brocas, limas endodônticas, pontas
diamantadas, lâminas de bisturi, e outros similares.
O material perfurocortante deve ser descartado em recipientes identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, substituídos de acordo com a demanda ou quando o nível de preenchimento atingir ¾ da capacidade, sendo proibidos seu esvaziamento manual e seu reaproveitamento;
Os RSS do grupo E, quando contaminados por agentes biológicos, químicos e substâncias radioativas, devem ter seu manejo de acordo com cada classe de risco associada, e o recipiente de acondicionamento deve conter a identificação de todos os riscos presentes;
É permitida a separação do conjunto seringa agulha com auxílio de dispositivos de segurança, sendo vedada a desconexão e o reencape manual de agulhas.
6.3 Etapas do Manejo de RSS
SEGREGAÇÃO, ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
Os RSS devem ser segregados no momento de sua geração, conforme a classificação por Grupos,
e em função do risco presente, observadas as incompatibilidades;
A lista a seguir apresenta materiais que devem ser segregados e acondicionados separadamente:
- Ácidos
- Asfixiantes
- Bases
- Brometo de etídio
- Carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos
- Corrosivos
- Criogênicos
- De combustão espontânea
- Ecotóxicos
- Explosivos
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- Formalina ou formaldeído
- Gases comprimidos
- Líquidos inflamáveis
- Materiais reativos com a água
- Materiais reativos com o ar
- Mercúrio e compostos de mercúrio
- Metais pesados
- Mistura sulfocrômica
- Óleos
- Orgânicos halogenados
- Orgânicos não halogenados
- Oxidantes
- Resíduo fotográfico
- Sensíveis ao choque
- Soluções aquosas
- Tóxicos
Os RSS no estado sólido devem ser dispostos em saco de material impermeável e resistente a
ruptura ou vazamento, respeitando os limites de peso do saco e de 2/3 de sua capacidade, sendo
proibido seu esvaziamento ou reaproveitamento;
Os RSS químicos sólidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material rígido,
resistente e compatível com as características do produto químico acondicionado;
O coletor (lixeira), no qual o saco é colocado, deve ser de material liso, lavável, resistente à
punctura, ruptura, vazamento ou tombamento, com cantos arredondados e tampa provida de
sistema de abertura sem contato manual, exceto para casos quando a substituição do saco seja
imediata após a realização de um procedimento, quando não há necessidade de tampa;
Os RSS líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível
com o líquido armazenado, de material resistente, rígido, estanque, com tampa que ofereça
vedação suficiente para garantir a contenção do RSS; os produtos a seguir não devem ser
envasados em embalagens de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), pois reagem com eles:
- Ácido butírico
- Ácido nítrico
- Ácidos concentrados
- Álcool benzílico
- Anilina
- Bromo
- Bromobenzeno
- Bromofórmio
- Butadieno
- Ciclohexano
- Cloreto de amila
- Cloreto de etila
- Cloreto de tionila
- Cloreto de vinilideno
- Cresol
- Dietilbenzeno
- Dissulfeto de carbono
- Éter
- Fenol / clorofórmio
- Nitrobenzeno
- o-diclorobenzeno
- Óleo de canela
- Óleo de cedro
- p-diclorobenzeno
- Percloroetileno
- Solventes bromados e fluorados
- Solventes clorados
- Tolueno
- Tricloroeteno
- Xileno
Os sacos, os coletores (lixeiras) e os recipientes, os carros de coleta e os locais de armazenamento
que contém os RSS, devem ser identificados com o símbolo, expressões, cores e frases do grupo
do rejeito, em local de fácil visualização, de forma clara e legível, com adição de outras exigências
relacionadas à identificação de conteúdo e à periculosidade específica do rejeito;
A identificação dos sacos para RSS deve estar impressa, sendo vedado o uso de adesivo;
Os RSS do Grupo A, biológicos, que não precisam ser tratados ou após descontaminação, devem
ser acondicionados em branco leitoso, substituídos ao atingirem o limite de 2/3 de sua
capacidade ou a cada 48 horas independentemente do volume, ou no caso de resíduos de fácil
putrefação, a cada 24 horas, e em algumas regiões do país, pode ser exigido que rejeitos tratados
sejam acondicionados em sacos vermelhos, como é obrigatório para o grupo A5;
Os RSS do Grupo D, comum, devem ser acondicionados de acordo com as orientações dos órgãos
locais responsáveis pelo serviço de limpeza urbana, em sacos que não precisam ser identificados.
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COLETA E TRANSPORTE INTERNO
O transporte interno dos RSS deve ser realizado atendendo a rota e a horários previamente
definidos, em coletor devidamente identificado;
O coletor utilizado para transporte interno deve ser constituído de material liso, rígido, lavável,
impermeável, provido de tampa articulada, cantos e bordas arredondados;
Os coletores com mais de 400 litros de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.
ARMAZENAMENTO INTERNO, TEMPORÁRIO E EXTERNO
O armazenamento interno é a segregação do resíduo dentro da área de trabalho, o armazenamento
temporário é a segregação dos coletores de RSS, em ambiente próximo aos pontos de geração,
visando agilizar a coleta no interior das instalações e otimizar o deslocamento entre os pontos
geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa, e o armazenamento externo é a
segregação dos coletores de resíduos em ambiente exclusivo, com acesso facilitado para a coleta
externa.
No armazenamento de RSS temporário e externo é obrigatório manter os sacos acondicionados
dentro de coletores com a tampa fechada;
A coleta e o transporte externo devem seguir o plano municipal de gestão de resíduos sólidos e
as demais normativas aplicáveis, e os procedimentos para o armazenamento interno devem ser
descritos e incorporados ao PGRSS da instituição;
O abrigo temporário de RSS deve:
- Ser provido de pisos e paredes revestidos de material resistente, lavável e impermeável;
- Possuir ponto de iluminação e de água, tomada elétrica alta e ralo sifonado com tampa;
- A área de ventilação deve ser dotada de tela de proteção contra roedores e vetores;
- Ter porta de largura compatível com as dimensões dos coletores; e
- Estar identificado como "ABRIGO TEMPORÁRIO DE RESÍDUOS".
O abrigo externo do grupo A, na FCF, fica próximo à rua em frente ao bloco 13B, onde também
são depositados os RSS do grupo E e do grupo D. Esse local é de fácil acesso aos caminhões
responsáveis pela coleta municipal desse tipo de resíduo. Há também o abrigo temporário
exclusivo para os RSS do grupo B, localizado no piso térreo do bloco Semi-industrial, de onde são
facilmente transportados pela empresa contratada para a destinação final desse grupo de RSS;
Os RSS perecíveis devem ser submetidos a método de conservação, como refrigeração ou
congelamento, em caso de armazenamento por período superior a vinte e quatro horas;
É proibido o armazenamento dos coletores em uso fora de abrigos;
O abrigo externo deve:
- Permitir fácil acesso às operações do transporte interno e aos veículos de coleta externa;
- Ser dimensionado com capacidade de armazenagem mínima equivalente à ausência de uma
coleta regular, obedecendo à frequência de coleta de cada grupo de RSS;
- Ser construído com piso, paredes e teto de material resistente, lavável e de fácil
higienização, com aberturas para ventilação e com tela de proteção contra vetores;
68
- Ser identificado conforme os grupos de RSS armazenados;
- Ser de acesso restrito às pessoas envolvidas no manejo de RSS;
- Possuir porta com abertura para fora, provida de proteção inferior contra roedores e
vetores, com dimensões compatíveis com as dos coletores utilizados;
- Ter ponto de iluminação;
- Possuir canaletas para o escoamento dos efluentes de lavagem, direcionadas para a rede de
esgoto, com ralo sifonado com tampa;
- Possuir área coberta para pesagem dos RSS, quando couber;
- Possuir área coberta, com ponto de saída de água, para higienização e limpeza dos coletores;
- Respeitar a segregação das categorias de RSS químicos e incompatibilidade química;
- Estar identificado com a simbologia de risco associado à periculosidade do RSS químico;
- Possuir caixa de retenção a montante das canaletas para o armazenamento de RSS líquidos
ou outra forma de contenção validada;
- Possuir sistema elétrico e de combate a incêndio, que atendam aos requisitos de proteção
estabelecidos pelos órgãos competentes.
COLETA E TRANSPORTE EXTERNOS
Os veículos de transporte externo dos RSS não podem ser dotados de sistema de compactação
ou outro sistema que danifique os sacos contendo os RSS, exceto para os RSS do Grupo D.
O transporte externo de rejeitos radioativos, deve seguir normas da CNEN.
DESTINAÇÃO
Os RSS que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico podem ser encaminhados
para reciclagem, recuperação, reutilização, compostagem, aproveitamento energético ou
logística reversa, ou devem ser encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;
Sempre que não houver indicação específica, o tratamento do RSS pode ser realizado dentro ou
fora da unidade geradora, e os RSS tratados são rejeitos, e não podem ser reaproveitados;
Após o tratamento, o símbolo de identificação relativo ao risco que foi tratado deve ser retirado;
O tratamento dos RSS que apresentem múltiplos riscos deve obedecer à seguinte sequência:
- Na presença de risco radiológico, primeiro armazenar para decaimento da atividade do
radionuclídeo até que o nível de dispensa seja atingido;
- Na presença de risco biológico, contendo agente biológico classe de risco 4, encaminhar para
tratamento; e
- Na presença de riscos químico e biológico, o tratamento deve ser compatível com ambos os
riscos associados.
A RDC 222 da ANVISA ainda estabelece normas para segregação, coleta e destinação, especiais para
outros tipos de rejeitos, como medicamentos e suas embalagens, e resíduo radiológico.
69
6.5 Protocolo para descarte de RSS na FCF
O Fluxograma de decisão a seguir pode auxiliar no encaminhamento que pode ser dado ao resíduo
gerado. Além disso, os técnicos e docentes estão disponíveis para ajudar nessa análise.
Na FCF, a Comissão de Segurança Química e Biológica é responsável pela elaboração do PGRSS, e,
enquanto esse documento está com sua atualização em andamento, adotaremos os procedimentos
apresentados a seguir, para realizar o descarte dos resíduos no FBA.
RESÍDUO SÓLIDO NÃO-PERIGOSO
O RSS do grupo D (classe II), conforme as normas municipais, devem ser separados em secos e
úmidos. O município de São Paulo tem o programa Recicla Sampa (veja aqui), que é uma iniciativa
para sensibilizar as pessoas e ampliar a conscientização acerca da importância de tratar, com mais
responsabilidade, os resíduos que geramos, cujos objetivos estão totalmente integrados às políticas
nacional e municipal de resíduos sólidos. No site do programa podemos encontrar muitas
informações úteis, como por exemplo, listas de quais materiais podem ser reciclados em cada
categoria (plásticos, vidros, metais ou papéis) e de quais se enquadram como lixo comum, além das
localizações dos pontos de coleta de lixo reciclável.
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O coletor de cor azul é para o resíduo reciclável, e marrom, cinza ou preto, para o comum.
RESÍDUO LÍQUIDO PERIGOSO
Como saber se um descarte líquido deve ser segregado como resíduo perigoso? Pode-se encontrar
todas as informações necessárias para essa decisão na FISPQ de cada produto químico, como qual é
o perigo que oferece.
Cuidado! Nunca misture descartes desconhecidos!
Não misture resíduos diferentes sem ter certeza de que não reagem entre si!
Os resíduos líquidos perigosos devem sempre ser segregados observando-se as incompatibilidades
entre as substâncias químicas, e para isso, além da FISPQ, deve-se consultar as tabelas 34 e 36 deste
documento. Certificar-se disso sempre antes de adicionar um resíduo líquido num recipiente que já
contenha algum resíduo, para evitar qualquer reação que possa gerar perigos. Mais uma vez, se tiver
qualquer dúvida, pergunte aos técnicos ou professores.
Há também regras para se estimar o perigo de misturas de produtos perigosos, que podem ser
consultadas na norma NBR 14725-2. Substância muito perigosas, aquelas que encontram-se com
classificação de perigo no grau máximo nas categorias de perigo à saúde e de perigos físicos devem
ser segregados separadamente de outros descartes menos tóxicos.
Jornais, revistas, papelão e embalagens de suco e leite.
Garrafas PET, copos descartáveis e peças.
Garrafas e cacos.
Latas e ferragens.
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Estes descartes líquidos perigosos devem ser acondicionados em bombonas plásticas resistentes e
compatíveis com todos os componentes do rejeito, com tampa e de preferência
com capacidade não superior a 5 litros. A segregação interna tem local específico
definido em cada laboratório. Informe-se sobre isso.
O transporte para o abrigo temporário de resíduos químicos, que fica no piso
térreo do bloco Semi-industrial, é realizada pelos técnicos na manhã da primeira
quarta-feira dos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro.
Uma empresa especializada é contratada para recolher esses descartes, que, na FCF, são
identificados em 4 categorias: clorado, não-clorado, combustível e outros, como apresentado à
frente. Esta separação é necessária para que a destinação final realizada por essa empresa, seja feita
por meio de tratamentos adequados, por exemplo, com a correta escolha do tipo de forno ou
presença de filtros específicos para os gases gerados.
Todos os recipientes que contém descartes químicos perigosos, sejam líquidos ou sólidos, devem ser
identificados conforme a recomendação da Comissão de Segurança Química e Biológica da FCF, com
a Ficha para Descarte de Resíduo e Vidraria preenchida e afixada.
Clorado:
“Clorados” são solventes orgânicos que contenham átomos de qualquer halogênio, seja Cloro (Cl),
Flúor (F), Bromo (Br) ou Iodo (I) ligado covalentemente em sua molécula, como clorofórmio,
diclorometano, tetracloreto de carbono, tricloroetano e bromofórmio. Isso exclui qualquer
substância cuja molécula tenha halogênio na forma de íon, como cloretos, fluoretos e iodetos,
iodatos, brometos ou bromatos. Soluções aquosas de íons orgânicos que contenham átomo de
halogênio ligados covalentemente também estão inclusas nessa classe, como é o caso, por exemplo,
de ácido tricloroacético e ácido trifluoracético.
Não-clorado:
“Não-clorados” são todos os outros solventes orgânicos, que não tenham halogênios em suas
moléculas. Nessa categoria não se incluem soluções aquosas de nenhuma espécie. São exemplos
dessa categoria os hidrocarbonetos (como pentano, hexano, octano, tolueno, benzeno, ciclohexano,
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xileno), os éteres (como éter etílico, éter terc-butil etílico e éter de petróleo), os ésteres (como
acetato de etila), os aldeídos (como aldeído acético), as cetonas (como acetona) e os álcoois (como
metanol, etanol, álcool isopropílico e álcool butílico).
Combustível:
“Combustiveis” são substâncias que podem alimentar chamas, como é o caso de agentes oxidantes,
como iodo, permanganato de potássio, água oxigenada e ácido nítrico. Grande parte dos solventes
também são combustíveis. Essa categoria pode ser marcada mesmo se o descarte já estiver
enquadrado em qualquer outra das categorias.
Outros:
“Outros” são todas as outras substâncias perigosas que não se enquadram nas categorias anteriores,
respeitadas as características de compatibilidade entre os descartes num mesmo recipiente.
RESÍDUO SÓLIDO PERIGOSO
Os resíduos sólidos perigosos (classe I) devem ser gerenciados conforme o capítulo 6 desse Manual,
sobre gerenciamento de RSS, observando cuidadosamente a correta identificação, com os símbolos
e expressões obrigatórias a cada grupo de resíduo, e o acondicionamento de forma segura. Os
resíduos são armazenados inicialmente em locais previamente definidos dentro dos laboratórios.
Não temos nesse departamento a geração de resíduos do grupo C (radioativos).
Os resíduos do grupo A (biológicos), após tratamento de descontaminação quando este for
necessário, são recolhidos pelos técnicos ou auxiliares de laboratório a cada 48 horas e transportados
para o abrigo externo que fica próximo à calçada em frente à garagem da FCF. O resíduo biológico
que pode sofrer putrefação deve ser levado ao abrigo externo pelo próprio gerador, seja aluno,
funcionário ou docente, assim que o procedimento for finalizado. Há serviço de coleta municipal que
recolhe esse tipo de resíduo.
Os resíduos sólidos do grupo B (químicos) são transportados pelos técnicos na manhã da primeira
quarta-feira dos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro, até o abrigo
temporário de resíduos químicos, que fica no piso térreo do bloco Semi-industrial. Uma empresa
especializada é contratada para recolher esses descartes e encaminhá-los para sua destinação final,
como por exemplo, aterro sanitário para resíduos perigosos (classe I). Quando esses resíduos são
acondicionados na caixa, imediatamente deve ser preenchida e afixada uma ficha de identificação,
chamada Ficha para Descarte de Resíduo e Vidraria, conforme será detalhado mais à frente, no
tópico de Resíduos Líquidos Perigosos.
Os resíduos do grupo E (perfurocortantes) são divididos em 2 grupos, em função do
encaminhamento que é dado a eles:
1) Seguem para o abrigo temporário de resíduos perigosos, os vidros inteiros ou quebrados:
a) Limpos, ou que já passaram por tratamento para descontaminação de resíduo biológico, ou
b) Contaminados com produto químico perigoso
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2) Seguem para o abrigo externo de resíduos biológicos, os vidros inteiros ou quebrados com
resíduo biológico não patogênico ou qualquer material perfurocortante que não seja de vidro,
como por exemplo, agulha com ou sem seringa e lâminas de bisturi.
A tabela 37 apresenta os resíduos sólidos perigosos mais comuns gerados nesse departamento:
Tabela 37: Segregação dos principais RSS sólidos perigosos.
Material Grupo Acondicionado em: Identificados como:
Frasco de reagente limpo e seco
D Caixa de papelão resistente “Frascos de reagente limpos”
Vidro quebrado sem resíduos
E Caixa de papelão resistente “Vidros quebrados limpos”
Frasco com resíduo de produto perigoso
B Caixa de papelão resistente “Vidros contaminados com
produtos químicos perigosos” + símbolos dos riscos associados
Produto químico vencido ou
contaminado B Caixa de papelão resistente
“Passivo” + nome do produto químico e
quantidade descartada.
Vidro quebrado contaminado com produto perigoso
E + B/A
Caixa de papelão resistente ou “caixa amarela” para perfurocortante
“Perfurocortante” + símbolo de Infectante
+símbolo do risco associado.
Ponteiras ou agulhas com ou sem seringa
E Caixa de papelão resistente ou “caixa
amarela” para perfurocortante “Perfurocortante”
+ símbolo de Infectante.
Carcaça de animal ou meio de cultura
A Saco branco para resíduo biológico “Residuo Biológico”
+ símbolo de Infectante.
6.4 Segurança ocupacional aplicada ao descarte
A instituição deve garantir que a saúde ocupacional de seus trabalhadores seja avaliada
periodicamente, seguindo a legislação específica, mantendo registros desta avaliação.
Além disso, deve manter um programa de educação continuada para todas as pessoas envolvidas
nas atividades de gerenciamento de resíduos, mesmo os temporários, que contemplem os seguintes
temas: 1) Sistema adotado para o gerenciamento dos RSS; 2) Prática de segregação dos RSS; 3)
Símbolos, expressões, padrões de cores adotadas para o gerenciamento de RSS; 4) Localização dos
ambientes de armazenamento e dos abrigos de RSS; 5) Ciclo de vida dos materiais; 6)
Regulamentação ambiental, de limpeza pública e de vigilância sanitária, relativas aos RSS; 7)
Definições, tipo, classificação e risco no manejo dos RSS; 8) Formas de reduzir a geração de RSS e
reutilização de materiais; 9) Responsabilidades e tarefas; 10) Identificação dos grupos de RSS; 11)
Utilização dos coletores dos RSS; 12) Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva
(EPC); 13) Biossegurança; 14) Orientações quanto à higiene pessoal e dos ambientes; 15)
Treinamento em proteção radiológica quando houver rejeitos radioativos; 16) Providências a serem
tomadas em caso de acidentes e de situações emergenciais; 17) Visão básica do gerenciamento dos
resíduos sólidos no município; 18) Noções básicas de controle de infecção e de contaminação
química; e 19) Conhecimento dos instrumentos de avaliação e controle do PGRSS.
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7. GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIA
Um acidente pode acontecer a qualquer momento. Para que se possa minimizar ao máximo os danos
causados por qualquer emergência, uma estrutura de equipamentos e material precisa existir e ser
mantida sob manutenção preventiva, bem como procedimentos e conhecimento dessa estrutura e
como utilizá-la, como por exemplo, os extintores de incêndio, do tipo correspondente ao risco
apresentado no local, as saídas de emergência ou menor rota para a saída, o quadro de chaves de
eletricidade, os chuveiros de emergência e lava-olhos e a vermiculita.
7.1 Primeiras ações em emergências
Avise um brigadista ou a portaria da FCF, relate detalhadamente o
ocorrido e siga suas orientações, e avise também seu orientador e o técnico do laboratório;
A Brigada de Incêndios e Primeiros Socorros é a equipe de funcionários que atua no combate ao
princípio de incêndio, na prevenção de situações que causem esse risco, na
evacuação da edificação em caso de emergência e nos primeiros socorros;
ela será acionada pela portaria e imediatamente iniciará a execução de uma
sequência de ações, após ser comunicada sobre uma emergência;
A Brigada irá acionar o serviço de emergência, mas esteja junto para fornecer todas as
informações solicitadas sobre a ocorrência;
Observe os riscos, e garanta primeiro a sua segurança, antes de tomar qualquer providência.
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7.2 Plano de Abandono
Plano de Abandono é a evacuação emergencial do edifício, quando da ocorrência de uma emergência
que possa colocar em risco a saúde e segurança das pessoas presentes, ou que possa afetar a
estrutura da edificação. Sua execução pode ser necessária em uma variedade de situações, como por
exemplo, derramamento de produto químico perigoso, deslocamento (por equipe especializada) de
produto químico explosivo para descarte, e principalmente, incêndios.
Num plano de abandono, é muito importante que se sigam as seguintes recomendações:
Siga rigorosamente todas as ordens dos Brigadistas ou dos Bombeiros, atendendo à voz de
comando, que indicará a necessidade de abandono do edifício;
Interrompa imediatamente o que estiver fazendo, sem pegar seus pertences pessoais, e deixando
onde está qualquer material, como equipamento, reagente, caderno ou amostra;
Caminhe de forma ordeira, sem gritarias e empurrões, formando uma fila única;
Conduza à rota de fuga, os visitantes que estiverem no seu local de trabalho;
Mantenha a calma e caso não consiga acalmar pessoas em pânico, avise um brigadista;
Siga até o ponto de encontro de emergência, que fica no gramado em frente ao Bloco 13B,
próximo à calçada;
Não fique na rua, pois há grande risco de
atropelamento, maior ainda pois o incidente
pode distrair motoristas que passam pela via;
Não fique na área pavimentada que dá acesso
aos prédios, por onde transitarão veículos de
atendimento à emergência;
Durante e após o abandono, nunca retorne para apanhar pertences e objetos;
Retorne ao local de trabalho somente após autorização da Brigada ou Bombeiros.
7.3 Suporte básico da vida realizada por leigos
Ao se encontrar uma pessoa desacordada, ela pode estar em parada cardiorrespiratória (PCR), que
se reconhece pela verificação da ausência de pulso carotídeo ou presença de gasping (padrão
respiratório caracterizado por respiração agônica, ineficaz, com movimentos de curta duração,
respiração ruidosa ou espasmos respiratórios). O Suporte Básico da Vida (SBV) é uma sequência de
ações de início imediato a partir da detecção de uma PCR, e pode ser realizada por pessoas comuns,
que tenham informação suficiente para executar a seguinte sequência de ações:
Contato com o sistema de emergência (SAMU – telefone 192);
Ressuscitação cardiorrespiratória (RCP);
Uso de desfibrilador.
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A seguir, a sequência de ações do SBV, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (veja aqui):
As três etapas fundamentais do SBV no adulto são detalhadas a seguir:
CONTATO COM O SISTEMA DE EMERGÊNCIA
Leigos devem imediatamente ligar para o serviço médico de emergência (SAMU – telefone 192), caso
encontre uma vítima que não responde, que dará orientações para a identificação da respiração da
vítima e como realizar as compressões torácicas. Caso o socorrista esteja sozinho, ele pode acionar
o serviço de emergência por meio do celular, colocando-o no viva-voz para seguir as orientações do
atendente do serviço médico de emergência.
Legenda:
DEA: desfibrilador automático externo SME: serviço médico de emergência RCP: ressuscitação cardio-pulmonar SAV: serviço avançado de vida (atendimento médico de urgência)
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RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA (RCP)
Nos primeiros minutos de uma PCR, as ventilações não são importantes como são as compressões.
A realização de compressões torácicas contínuas aumenta substancialmente a sobrevida dos
indivíduos, e sua prioridade deve-se à necessidade imediata de gerar fluxo de sangue, além de se
evitar atrasos pelas tentativas de ventilações adequadas. Além disso, se a vítima possui uma via aérea
patente, ocorre a chamada ventilação passiva durante as compressões torácicas. Se o socorrista leigo
for treinado, pode realizar ventilações na relação de 30 compressões e 2 ventilações.
Os aspectos principais a serem observados nas compressões torácicas são a frequência, a
profundidade, o retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima do procedimento.
Passo a passo para a realização das compressões torácicas:
1. Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus
joelhos com certa distância um do outro, para que
tenha melhor estabilidade;
2. Afaste ou corte a roupa da vítima para
deixar o tórax desnudo.
3. Coloque a região hipotenar de uma mão
na metade inferior do esterno da vítima e a outra mão
sobre a primeira, entrelaçando-a;
4. Estenda os braços e mantenha-os
perpendiculares (cerca de 90°) acima da vítima;
5. Comprima na frequência de 100 a 120 compressões por minuto (cerca de 2 por segundo);
6. Comprima com profundidade de, no mínimo, 5 cm, e não mais que 6 cm;
7. Não apoiar-se no tórax da vítima, permitindo seu retorno completo após cada compressão;
8. Minimize interrupções e pause as compressões no máximo 10 s para fazer duas ventilações;
9. Reveze com outra pessoa a cada 2min, para evitar cansaço e compressões de má qualidade;
As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto quando a vítima se movimentar e quando
ocorrer exaustão do socorrista, ou durante a fase de análise do ritmo cardíaco pelo desfibrilador ou
durante o posicionamento de via aérea avançada pelo serviço avançado de vida (SAV).
As ventilações são aplicadas após 30 compressões torácicas durante a RCP. Independentemente da
técnica utilizada para aplicar ventilações, é necessária a abertura de via aérea, que pode ser realizada
com as seguintes manobras:
Inclinação da cabeça e elevação do queixo.
Ou, se houver suspeita de trauma, Elevação do ângulo da mandíbula.
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Socorristas leigos, que se sintam confiantes em realizar ventilações, podem realizar a manobra de
inclinação da cabeça e elevação do queixo para vítimas sem suspeita de lesão medular. Caso haja
suspeita de trauma, indica-se a imobilização manual da coluna cervical.
Devem ser realizadas em uma proporção de 30 compressões para duas ventilações, com duração de
apenas 1 segundo cada, fornecendo quantidade de ar suficiente para promover a elevação do tórax.
A hiperventilada é contraindicada, pois pode aumentar a pressão intratorácica, comprometendo a
sobrevida. Há ainda o risco de hiperinsuflação gástrica, que pode provocar vômitos, broncoaspiração
e limitação da mobilidade do diafragma. Evidências de contaminação com a realização de ventilação
boca a boca são mínimas, mas é indicado que o socorrista utilize mecanismos de barreira − por
exemplo, máscara de bolso ou Bolsa-Válvula-Máscara, mais conhecida como “Ambu”, cujo uso
requer prática e deve ser feito na presença de dois
socorristas, um responsável pelas compressões e outro por
aplicar as ventilações com o dispositivo.
A vítima que não respira ou respira de forma ineficaz
(gasping), porém apresenta pulso palpável, encontra-se
em parada respiratória. Nesses casos, realize uma
ventilação a cada 5 a 6 segundos (10 a 12 ventilações por
minuto) para vítimas adultas. O pulso deve ser checado a cada 2 minutos, com a finalidade de
verificar se a parada respiratória progrediu para uma PCR, necessitando de RCP.
USO DO DESFIBRILADOR
Desfibrilação precoce é o tratamento para vítimas fibrilação
ventricular ou em taquicardia ventricular sem pulso, que
apresentaram colapso súbito em ambiente extra-hospitalar. A
desfibrilação pode ser realizada com um equipamento manual ou o
desfibrilador automático externo (DEA). Este último pode ser utilizado por qualquer pessoa, assim
que o equipamento estiver disponível. O tempo ideal para a aplicação do primeiro choque
compreende os primeiros 3 a 5 min da PCR.
O DEA é um equipamento portátil, capaz de interpretar o ritmo cardíaco, selecionar o nível de
energia e carregar automaticamente, cabendo ao operador apenas pressionar o botão de choque,
quando indicado. Recomenda-se que se continue com a DEA esteja pronto para analisar o ritmo.
Então o socorrista, se estiver sozinho, deve parar a RCP para conectar o aparelho à vítima. Porém, se
houver mais de um socorrista, o segundo socorrista manuseia o DEA e, nesse caso, a RCP só é
interrompida quando o DEA emitir um alerta verbal como: “analisando o ritmo cardiaco”, “não toque
o paciente” e/ou “choque recomendado, carregando, afaste-se do paciente”.
Os passos para utilização do DEA são descritos a seguir:
1. Ligue o DEA, apertando o botão on-off (alguns dispositivos ligam automaticamente ao abrir a
tampa). Isso ativa os alertas verbais que orientam todas as etapas subsequentes;
2. Conecte as pás (eletrodos) ao tórax desnudo da vítima, observando o desenho contido nas
próprias pás para o posicionamento correto (selecionar pás do tamanho correto para o
tamanho/idade do paciente e remover o papel adesivo protetor das pás);
3. Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho;
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4. Quando o DEA indicar “analisando o ritmo cardiaco, não toque no paciente”, solicitar para que
todos se afastem efetivamente;
5. Se o choque for indicado, o DEA emitirá a frase: “choque recomendado, afaste-se do paciente”.
O socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar para a todos se afastem;
6. Pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar o choque, o qual produz uma contração
repentina dos músculos do paciente;
7. A RCP deve ser reiniciada pelas compressões torácicas, imediatamente após o choque, caso a
vítima não retome a consciência;
8. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás não devem
ser removidas ou desconectadas até que o serviço médico de emergência (SME) assuma o caso;
9. A cada 2 minutos, o DEA analisa o ritmo e pode indicar novo choque, se necessário;
10. Se não houver suspeita de trauma, e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o socorrista
pode lateralizar a vítima, para colocá-la em posição e descanso, porém deve permanecer no local
até que o serviço médico de emergência chegue.
As situações especiais a seguir podem exigir que o socorrista
tenha cautela na colocação das pás ao usar um DEA:
Excesso de pelos no tórax deve ser removido, somente da região onde são posicionadas as pás;
Se o tórax da vítima estiver molhado, secar por completo; se ela estiver em uma poça d’água não
há problema, porém se essa poça envolver o socorrista, remover a vítima para outro local;
Se um marca-passo ou Cardioversor Desfibrilador Implantável estiver na região onde é indicado
colocar as pás, afaste-as ou opte por outro posicionamento das pás;
Remover adesivo de medicamento se estiver no local onde são aplicadas as pás do DEA;
Utilizar o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de carga em crianças com até 25 kg; se o kit
DEA possuir somente pás de adulto, está autorizada a utilização delas, porém se o tórax for
estreito, pode ser necessária a aplicação de uma pá na região anterior do tórax (sobre o esterno)
e outra na região posterior do tórax (entre as escápulas), para que não se sobreponham; as pás
infantis não devem ser utilizadas em adultos, pois o choque aplicado é insuficiente.
Há pessoas da Brigada de Incêndio e Primeiros Socorros treinadas para o uso do DEA.
7.4 Incêndio
Algumas das causas mais comuns de incêndio em laboratório são:
Circuito elétrico sobrecarregado por instalação elétrica sem avaliação da capacidade da rede;
Manutenção precária do sistema elétrico, por exemplo, cabos mal conservados;
Vários aparelhos ligados na mesma tomada em adaptadores do tipo T (benjamim);
Uso inapropriado de equipamentos, como geladeiras comuns para produtos inflamáveis;
Equipamentos ligados continuamente sem supervisão;
Presença de chamas vivas, tais como as obtidas com o bico de Bunsen;
Encanamentos de gás com defeito e mangueiras de gás não apropriadas;
Manipulação ou armazenamento inadequados de inflamáveis, explosivos, oxidantes ou reativos;
Erro na separação de produtos químicos incompatíveis;
Aparelhos que produzem faíscas na proximidade de substâncias ou vapores inflamáveis;
Ventilação inadequada ou insuficiente.
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SEQUENCIA BÁSICA DE AÇÕES DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIO
A Brigada de Incêndio ou o Corpo de Bombeiros liderarão a seguinte sequência de ações:
Alerta: identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa pode alertar através dos meios
de comunicação disponíveis, os ocupantes do local e os brigadistas. Nossa portaria (3091-3685) tem
um alarme de incêndio;
Análise da situação: após o alerta, a brigada deve analisar a situação; havendo necessidade, acionar
o Corpo de Bombeiros (193) e apoio externo, e desencadear os procedimentos a seguir, que podem
ser priorizados ou realizados simultaneamente, de acordo com o número de brigadistas e os recursos
disponíveis no local;
Primeiros socorros: atender as possíveis vítimas, mantendo ou restabelecendo suas funções vitais
com SBV e RCP até se obtenha o socorro especializado;
Corte de energia: cortar, quando possível ou necessário, a energia elétrica da área ou geral;
Abandono de área: proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme
comunicação preestabelecida, removendo para local seguro, a uma distância mínima de 100 m do
local do sinistro, permanecendo até a definição final.
Confinamento do sinistro: evitar a propagação do incêndio e suas consequências.
Isolamento da área: isolar fisicamente a área, de modo a garantir os trabalhos de emergência e
evitar que pessoas não autorizadas adentrem ao local.
Extinção: eliminar o fogo (ver instruções de uso de extintores abaixo).
Investigação: levantar as possíveis causas do sinistro e suas consequências e emitir relatório para
discussão nas reuniões extraordinárias, com o objetivo de propor medidas corretivas para evitar a
repetição da ocorrência.
CLASSES DE INCÊNDIO
Classe A: incêndios causados por materiais sólidos, como papel, madeira, tecidos, algodão e madeira,
que deixam resíduos, como carvão e cinzas.
Classe B: incêndios causados por materiais líquidos, gases inflamáveis ou sólidos que se tornam
líquidos, como gasolina, querosene, óleo, parafina, tinta e graxa.
Classe C: incêndios que envolvem equipamentos elétricos que estejam energizados, como
geradores, quadros e cabos de força, computadores e transformadores.
Classe D: incêndios causados por metais pirofóricos, como metais que em partículas finas podem
entrar em combustão facilmente, como zinco, titânio, urânio e lítio.
Classe K: incêndios que envolvem óleo de cozinha e gorduras.
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TIPOS DE EXTINTORES DE INCÊNDIO E SUAS APLICAÇÕES
Extintor com carga de água: à base de água potável pressurizada, com uso recomendado para
apagar fogos da classe A, por resfriamento e abafamento, por sua capacidade de vaporização.
Extintor com carga de espuma mecânica: carga constituída por detergente concentrado (LGE), que
quando misturada com a água e o ar, durante o choque mecânico que ocorre com a saída dela,
produz-se a espuma, formando uma película sobre o fogo, abafando e resfriando a chama, sendo
mais indicado para incêndios de classe B e A, pois resfria rapidamente, graças ao efeito manta, que
impede a chama de se propagar ainda mais.
Extintor com carga de dióxido de carbono (CO2): o CO2 abafa a chama e corta o suprimento de
oxigênio, além de resfriar, com a vantagem de não conduzir corrente elétrica, sendo então utilizado
para fogos classe C, quando há eletricidade envolvida e também para combater incêndios classe K;
o CO2 pode ser asfixiante, por isso, não é recomendado o uso em ambientes pequenos e fechados.
Extintor com carga de pó químico BC: seu componente principal é o bicarbonato de sódio, que atua
resfriando rapidamente o calor e interrompendo a reação de combustão, além de também não
conduzir corrente elétrica, sendo indicado para incêndios das classes B e C, líquidos, sólidos e gases
inflamáveis, além de equipamentos elétricos.
Extintor com carga de pó químico ABC: à base de monofosfato de amônia siliconizado, que derrete
e adere à superfície dos materiais do tipo A, recomendado para combater incêndios industriais,
residenciais e comerciais, pois abafa a reação em cadeia, além de também não conduzir corrente
elétrica, controlando incêndios de classe B e C.
Extintor de halon: com carga de halogenados que interrompem a reação em cadeia do fogo e, em
seguida, o abafa, impedindo sua propagação, não danificando equipamentos eletroeletrônico e
indicado para incêndios das classes A, B e C.
Extintor da classe D: à base de cloreto de sódio, utilizado apenas para os incêndios da classe D, pois
isola o metal pirofórico da atmosfera, impedindo um maior alastramento do fogo; possui aplicador
longo para alcançar o metal mantendo-se distante, evitando o contato com o gás emitido durante a
queima.
Extintor da classe K: base alcalina que ao entrar em contato com a gordura saturada, formada pelo
óleo em alta temperatura, causa reação de saponificação, criando espuma que abafa o fogo,
exclusivo para incêndios da classe K, que são extremamente difíceis de apagar.
7.5 Queimaduras
Apague as chamas nas roupas ou nos cabelos abafando o fogo com um avental de algodão ou
cobertor para este fim. Caso não haja nada à mão para abafar o fogo, role a vítima no chão para
eliminar o fogo. Leve a pessoa até um chuveiro de segurança ou outra fonte de água. Procure
assistência medica para administrar os primeiros socorros e relate o incidente para o responsável do
laboratório ou para o técnico responsável.
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Queimaduras são lesões produzidas no tecido de revestimento do organismo por agentes térmicos,
fontes elétricas, produtos químicos, irradiação ionizante, etc. As queimaduras podem ser divididas
em graus, de acordo com a profundidade:
QUEIMADURAS TÉRMICAS
São provocadas por fontes de calor muito quente ou muito fria. Em caso de queimaduras térmicas
quentes deve-se:
Apagar as chamas;
Molhar e retirar as roupas em brasa;
Imergir a área afetada em água potável fria ou colocar compressa fria;
Encaminhar a vítima ao pronto socorro.
Jamais aplique alguma substância ou gelo nas lesões.
Em caso de queimaduras térmicas frias (Ex. Nitrogênio líquido) deve-se:
Lavar imediatamente a área atingida com água corrente por pelo menos 15 minutos;
Em caso de congelamento, molhar com água morna (abaixo de 41°C) por pelo menos 15 minutos;
Em caso de grande exposição, remover as roupas enquanto banha a vítima com água morna;
Encaminhar imediatamente a vítima ao pronto socorro.
Não utilizar aquecimento seco, e não pressionar ou esfregar a área afetada.
QUEIMADURAS ELÉTRICAS
É ocasionada por corrente elétrica que passa pelos tecidos. Diferem das térmicas por ter a tendência
de acometer uma superfície corporal relativamente pequena, mas causando lesões em estruturas
profundas. Deve-se antes de qualquer coisa, desligar a corrente elétrica enquanto chama por
socorro, para então verificar os sinais vitais da vítima e encaminhá-la imediatamente ao pronto
socorro. É muito importante não tocar a vítima enquanto houver corrente elétrica e não entrar em
áreas onde equipamentos elétricos foram expostos a água ou umidade.
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QUEIMADURAS QUÍMICAS
São provocadas, geralmente, por ácidos ou bases. O grau de queimadura depende da natureza do
agente químico, da sua concentração e da duração de contato com a pele. Em caso de queimaduras
químicas deve-se:
Utilizar proteção universal para evitar o contato com o agente químico;
Identificar o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico;
Avaliar a concentração, o volume e a duração de contato;
Remover as roupas e retirar o excesso do agente causador;
Remover o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó;
Diluir a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos;
Irrigar exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares;
Encaminhar imediatamente a vítima ao pronto socorro.
Jamais tentar neutralizar a reação.
Recomendações gerais: nunca colocar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra
substância sobre a queimadura; nunca tocar a queimadura com as mãos; nunca furar bolhas; nunca
tentar descolar tecidos das queimaduras; nunca considerar uma queimadura como um acidente sem
importância.
7.6 Outras emergências comuns em laboratórios
CORTES OU PERFURAÇÕES
A utilização de material cirúrgico, como lâminas de bisturi, ou mesmo a quebra acidental de vidraria,
ou o manuseio de vidro quebrado, pode causar cortes, muitas vezes, profundos. Em caso de
pequenos cortes, a área afetada deverá ser lavada com água e sabão. Após secagem, deverá ser
aplicado um curativo.
Se houver sangramento intenso, a área afetada deverá ser pressionada levemente com papel ou
pano limpo e seco. Se necessário, eleve a extremidade que está sangrando para diminuir o fluxo
sanguíneo. O acidentado deve ser encaminhado para atendimento no Hospital Universitário, e ele
ou um acompanhante deve informar ao médico se há contaminação química ou biológica no
ferimento. O acidente deverá ser comunicado ao responsável pelo laboratório.
Nos laboratórios que realizam experimentos com animais, há o risco de mordeduras que podem
causar perfuração. Nesses casos, embora possa não haver um grande sangramento, a lesão pode
infeccionar, e devem também ser examinadas por um médico.
CONTAMINAÇÃO COM MATERIAL BIOLÓGICO INFECTANTE
Uma pessoa que sofre contaminação com produto biológico do qual não se tenha completa certeza
de não estar contaminado por qualquer agente infeccioso, deve imediatamente ser encaminhada
para atendimento médico, relatando o máximo de informações pertinentes, principalmente quais
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são os possíveis agentes infectantes, e qual é o material biológico, indicando os tratamentos aos
quais ele foi submetido, como por exemplo, se sofreu adição de produtos químicos.
Para se evitar que o usuário se contamine, os recipientes de vidro quebrados contaminados com
material biológico devem ser cobertos com panos ou papel absorvente, que deverão ser encharcados
com hipoclorito de sódio à 2% por pelo menos 30 minutos, então os fragmentos de vidro deverão
ser manipulados com pinça e descartados apropriadamente.
CONTAMINAÇÃO COM PRODUTO QUÍMICO PERIGOSO
Se houver suspeita de envenenamento ou intoxicação com produto químico, entrar em contato com
os Centros de Assistência Toxicológicas (CEATOX), no telefone 0800 014 8110, e seguir suas
instruções.
Procurar socorro médico imediatamente em todos os casos de inalação ou ingestão de produto
químico perigoso, por menor que seja a quantidade. Encaminhar a pessoa ao Pronto Socorro do
Hospital Universitário, de preferência acompanhada. É importantíssimo consultar a FISPQ e leva-la
aos cuidados do médico, bem como o máximo possível de informações sobre a ocorrência.
Em caso de liberação de produto químico no ar, por evaporação, volatilização, por formação de
aerossol ou qualquer outro mecanismo, interromper os experimentos, fechar os recipientes, abrir as
janelas e remover as pessoas para uma área ventilada. Em situações de maior inalação, colocar a
vítima coberta em área ventilada livre do contaminante, deitada de lado, até que ela seja levada ao
atendimento médico. Se o laboratório não possuir um sistema central de exaustão do ar, a entrada
deve ser retardada por período suficiente para que não haja maiores risco de exposição ao agente.
No caso de contato de produto químico corrosivo com a pele, se não houver sinal de queimadura,
lavar a área afetada com sabão em água corrente, repetindo a lavagem da área afetada, caso a dor
persista. Se houver derramamento desse tipo de produto sobre a pessoa, é essencial que as
providências sejam tomadas com rapidez: remover as roupas molhadas com o contaminante e
encaminhar-se ao chuveiro de emergência e lavador de olhos mais próximo, lavando a área afetada
abundantemente com água corrente por pelo menos 15 minutos. Remover joias, relógios, ou
apetrechos que possam conter resíduos. Caso a sensação de queimação na pele persista, procurar
auxílio médico. Se o produto químico for tóxico além de corrosivo, é imprescindível encaminhar-se
o mais rápido possível ao Pronto Socorro.
DERRAMAMENTO DE LIQUIDOS CRIOGENICOS
O contato de líquidos criogênicos com a pele causa queimadura pela formação de cristais de gelo na
área superficial e nos tecidos mais profundos. O procedimento de primeiros socorros inclui o
reaquecimento da área afetada o mais depressa possível por imersão em água morna. O tecido
afetado não deve ser esfregado, nem aquecido com água quente ou com lâmpadas, e as bolhas
formadas não devem ser estouradas. A área afetada deve ser coberta com material estéril e deve-se
procurar assistência médica imediatamente. Os derramamentos de grandes quantidades de líquidos
criogênicos em áreas fechadas podem deslocar o ar respirável causando sufocamento e
inconsciência instantânea nas pessoas presentes. Nesse caso, retirá-las para uma área externa
ventilada e chamar pelo atendimento médico de emergência.
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DERRAMAMENTOS DE PRODUTOS QUÍMICOS
Os fabricantes de produtos químicos utilizados em laboratório devem fornecer instruções sobre a
maneira de proceder em caso de derramamento. Manter as FISPQ em local de fácil acesso e consultá-
las antes de utilizar qualquer produto químico.
Ao se fazer a contenção de derramamentos, seguir as seguintes recomendações:
1. Alertar as pessoas da área onde ocorreu o derramamento;
2. Consulte a FISPQ para recomendações;
3. Avaliar a toxicidade, inflamabilidade, e outras propriedades perigosas dos produtos químicos
bem como o tamanho e localização do derramamento;
4. Aumente a eficiência de exaustão, ligando a capela e abrindo portas e janelas;
5. Consulte a FISPQ e o plano de emergência do laboratório;
6. Utilizar EPIs adequados (óculos, avental, avental de borracha, luvas, sapatos adequados);
7. Adicionar material absorvente inerte ao produto derramado (vermiculita), trabalhando das
margens para o centro da poça;
8. O resíduo neutralizado ou o material usado na absorção deve ser acondicionado, identificado
e descartado conforme o perigo apresentado pelo material derramado;
9. Após remoção do produto derramado, lavar a superfície atingida.
7.7 Crises convulsivas
Diversas condições clínicas podem levar a crises convulsivas, como epilepsia, envenenamento,
trauma crânio-encefálico, febre alta, entre outros, que podem levar a contrações involuntárias,
bruscas, mal coordenadas, generalizadas ou localizadas, que podem ser dividas em clônicas (há
alternância de contração e relaxamento muscular), e tônicas (a contração muscular é mantida
imobilizando as articulações). No caso de presenciar uma crise convulsiva, proteja o indivíduo de
queda, afaste todos os objetos ao redor do local para não machucá-la. Mantenha a vítima em
decúbito lateral se for possível; libere as vias aéreas e proteja a cabeça; afrouxe as roupas. Tente
evitar que a vítima se machuque sem restringir seus movimentos.