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Estado do Rio Grande do Sul
Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul
LEI DE LICITAES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Orientaes da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do
Sul Administrao Pblica
Porto Alegre, 2013
7
9
11
55
55
57
61
62
65
67
77
84
84
85
85
86
88
88
91
95
97
99
112
120
122
SUMRIO
APRESENTAO
INTRODUO
Captulo 1 - ATOS INICIAIS DO PROCEDIMENTO LICITATRIO
Captulo 2 - DA HABILITAO
2.1 Introduo
2.2 Habilitao jurdica
2.3 A questo das cooperativas
2.4 Regularidade fiscal e trabalhista
2.5 Certido Negativa de Dbitos Trabalhistas (CNDT)
2.6 Qualificao tcnica
2.7 Qualificao econmico-financeira
Captulo 3 - MODALIDADES DE LICITAO
3.1 Modalidades de licitao - Escolha do procedimento
3.2 Modalidade e tipo de licitao - Diferenas
3.3 Dos procedimentos
3.3.1 Classificao
3.3.2 Concorrncia
3.3.2.1 Cabimento
3.3.2.2 Procedimento
3.3.2.3 Impugnao ao edital
3.3.2.4 Ato pblico de recebimento dos envelopes
com os documentos para habilitao e proposta
3.3.2.5 Documentao relativa habilitao
3.3.2.6 Forma da apresentao dos documentos
3.3.2.7 Possibilidade de serem tomadas dilign-
cias
3.3.2.8 Inabilitao dos concorrentes - Licitao
fracassada
123
124
125
127
130
133
133
137
138
139
139
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141
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142
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147
148
149
149
151
151
154
158
162
165
172
3.3.2.9 Deciso de encerramento da fase de ha-
bilitao e divulgao dos resultados
3.3.2.10 Recurso da deciso que encerra a fase
de habilitao
3.3.2.11 Julgamento das propostas
3.3.2.12 No caso de todas as propostas serem re-
jeitadas
3.3.2.13 No caso de empate
3.3.2.14 Relatrio, divulgao e recursos
3.3.2.15 Alternativas da autoridade superior
3.3.2.16 Pr-qualificao
3.3.3 Tomada de preos
3.3.3.1 Cabimento
3.3.3.2 Procedimento
3.3.3.3 Atualizao de documentos e validade do
cadastro
3.3.4 Convite
3.3.4.1 Cabimento
3.3.4.2 Procedimento
3.3.5 Concurso
3.3.5.1 Cabimento
3.3.5.2 Procedimento
3.3.5.3 Do edital
3.3.5.4 Julgamento das propostas
3.3.6 Leilo
3.3.6.1 Cabimento
3.3.6.2 Procedimento
3.3.6.3 Julgamento das propostas
3.4 Limites para a escolha da modalidade de licitao
3.4.1 Dos limites
3.4.2 Parcelamento do objeto da licitao
3.4.3 Cuidados e critrios no parcelamento
3.4.4 Licitao por itens
173
174
176
180
180
243
249
250
279
290
301
301
302
303
304
305
306
308
321
349
372
3.4.5 Limites temporais - Exerccio oramentrio
3.4.6 Fracionamento interno
3.4.7 Reserva de cota microempresa e em-
presa de pequeno porte - Lei Complementar n
123/06
Captulo 4 - DISPENSA DE LICITAO
4.1 Hipteses de dispensas de licitao na Lei n 8.666/93
4.2 Outras hipteses de dispensa de licitao
Captulo 5 - INEXIGIBILIDADE DE LICITAO
5.1 Da inexigibilidade de licitao
5.2 Servios tcnicos profissionais especializados
Captulo 6 - JUSTIFICATIVAS NECESSRIAS S DISPENSAS E INEXI-
GIBILIDADES DE LICITAES (E AO RETARDAMENTO)
Captulo 7 - REVOGAO E ANULAO DO PROCEDIMENTO LICITAT-
RIO
7.1 Revogao e anulao - Poder de autotutela
7.2 Revogao
7.2.1 Hipteses de revogao
7.3 Anulao e convalidao
7.4 Ampla defesa e contraditrio - Procedimento
7.5 Desconstituio do certame e indenizao
7.6 Revogao e anulao do procedimento de dispensa e de
inexigibilidade de licitao
Captulo 8 - FORMALIZAO DOS CONTRATOS
Captulo 9 - ALTERAO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Captulo 10 - RESCISO CONTRATUAL E SANES ADMINISTRATI-
VAS
439
439
447
449
453
453
464
465
474
476
491
503
Captulo 11 - ALIENAO DE BENS PBLICOS
11.1 Introduo ao tema
11.2 Licitao dispensada
11.3 Requisitos para se ter licitao na alienao de bens p-
blicos
11.4 Dispensas de licitao constantes na Lei n 8.666/93
11.4.1 Imveis
11.4.2 Mveis
11.5 Procedimento
Captulo 12 - PREGO
12.1 Normas editadas sobre prego pelo Estado do Rio Grande
do Sul
Captulo 13 - REGISTRO DE PREOS
Captulo 14 - ORGANISMO FINANCEIRO INTERNACIONAL - EMPRS-
TIMO - GUIDELINES
7
APRESENTAO
Polticas pblicas implementadas pelo Poder Pblico re- clamam, invariavelmente, a aquisio de um bem ou a presta- o de um servio. Sendo assim, a atuao estatal passar, em algum momento, pelo regime jurdico das licitaes e dos contratos administrativos, fator que mostra a importncia do es- tudo sistemtico do tema.
Nesse contexto, a Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul diuturnamente fornece a orientao jurdica nes- ta matria, alcanando, ao administrador pblico, a segurana de que o procedimento licitatrio pode seguir com a correo necessria. Alis, a prpria Lei n 8.666/93 (a Lei Geral de Li- citaes e Contratos Administrativos) j percebia a relevncia da orientao jurdica prestada pela advocacia pblica, quando determina, no pargrafo nico do art. 38, que as minutas de editais de licitao, bem como as dos contratos, acordos, con- vnios ou ajustes devem ser previamente examinadas e apro- vadas por assessoria jurdica da Administrao.
Dessa forma, a partir do conhecimento jurdico acumulado ao longo dos anos, sentiu-se a necessidade de se compilar, em uma nica obra, as principais orientaes da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul, a fim de que o gestor pblico e a comunidade jurdica em geral pudessem deter em suas mos uma fonte de consulta fcil, rpida e objetiva acerca da matria.
O trabalho que ora se apresenta contm aquilo que h de mais essencial em matria de licitaes e contratos admi- nistrativos, cujo contedo posto de uma forma agradvel e sistematizada. Logo, considera-se que se trata de uma obra indispensvel a qualquer gestor pblico.
Que este livro logre plena acolhida na comunidade jurdi- ca e nos rgos de Estado.
Carlos Henrique Kaipper,
Procurador-Geral do Estado.
9
INTRODUO
As licitaes e os contratos administrativos so o con-
junto de atos que visam a dar suporte material prestao das
polticas pblicas, sendo estes institutos jurdicos considerados
um dos principais aspectos concernentes essncia da Admi-
nistrao Pblica. Na atualidade, tornaram-se um tema vital no
sistema jurdico-administrativo, obtendo-se, a partir deste con-
texto, uma produo jurisprudencial e doutrinria por deveras
intensa, no esforo de dar preciso terica e dogmtica aos
institutos legislativos que permeiam a matria.
E, se bem vistas, as licitaes e os contratos adminis-
trativos partem de um manancial de regras de extrema com-
plexidade, reclamando, para tanto, o empenho do intrprete
no sentido de dar, a este catlogo normativo, sistematicidade,
unicidade e segurana jurdica. Assim, a Procuradoria-Geral
do Estado do Rio Grande do Sul, cumprindo com um de seus
papis institucionais, a partir da exegese conferida pelos seus
pareceres e informaes, tratou de compilar, em texto objetivo
e de fcil compreenso, as principais orientaes em temas
candentes nesse segmento do Direito Administrativo.
Dessa forma, a presente obra apresenta um conjunto de
instrues e referncias no domnio prtico das licitaes e dos
contratos administrativos, em uma difcil tarefa de explorar o
tema com toda a meticulosidade e prudncia que ele impe, a
fim de abordar as situaes gerais e especficas, ocasionais e
constantes. Para tanto, o trabalho aborda, dentre outros prin-
10
cipais aspectos do procedimento licitatrio, os atos iniciais dos
certames, a habilitao dos interessados, as modalidades de
licitao, os casos de dispensa e de inexigibilidade, as justifi-
cativas necessrias a esses atos, a revogao e a anulao do
processo, a alienao de bens pblicos, os ritos do registro de
preos e do prego.
Ainda, analisam-se os temas relevantes no que concer-
ne aos contratos administrativos, como a sua formalizao, a
sua alterao, a resciso contratual e as sanes a eles aplic-
veis etc. Ao final, a presente obra, de forma indita, traa uma
abordagem sobre licitaes e contratos realizados com orga-
nismos financeiros internacionais (emprstimo, guidelines).
Assim, espera-se que este livro cumpra com o propsito
de permitir uma compreenso objetiva dos certames pblicos e
dos pactos a serem celebrados pelo Estado do Rio Grande do
Sul. Boa leitura!
Os autores.
11
Captulo 1
ATOS INICIAIS DO PROCEDIMENTO LICITATRIO
A licitao o procedimento utilizado pela Administrao
Pblica que visa aquisio de bens, obras e servios ou
viabilizao de alienaes, pelo qual se assegura a igualdade
de condies a todos os concorrentes, objetivando, ao final, a
seleo da proposta mais vantajosa. A Constituio Federal,
em seu art. 37, inciso XXI, conferiu assento constitucional ao
procedimento licitatrio ao assim dispor:
Art. 37 A administrao pblica direta e in-
direta de qualquer dos Poderes da Unio,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios obedecer aos princpios da
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficincia e, tambm, ao se-
guinte:
()
XXI ressalvados os casos especificados
na legislao, as obras, servios, compras
e alienaes sero contratados mediante
processo de licitao pblica que asse-
gure igualdade de condies a todos os
concorrentes, com clusulas que estabe-
leam obrigaes de pagamento, manti-
das as condies efetivas da proposta,
12
nos termos da lei, o qual somente permi-
tir as exigncias de qualificao tcnica
e econmica indispensveis garantia do
cumprimento das obrigaes;
Tem-se que a licitao destina-se a garantir a observn-
cia do princpio constitucional da isonomia, a seleo da pro-
posta mais vantajosa para a administrao e a promoo do
desenvolvimento nacional sustentvel. Para tanto, este proce-
dimento dever ser processado e julgado em estrita conformi-
dade com os princpios bsicos da impessoalidade, da legalida-
de, da igualdade, da moralidade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do
julgamento objetivo e dos que lhe so correlatos, consoante
estabelece o art. 3 da Lei n 8.666/93.
Desse modo, com o intuito de possibilitar o controle do
procedimento licitatrio, em especial para aferio do atendi-
mento dos princpios que lhe so correspondentes, o art. 38 da
Lei de Licitaes normatiza e sistematiza o processo adminis-
trativo referente licitao, especificando os documentos que
ali devero estar encartados, conforme se infere:
Art. 38. O procedimento da licitao ser
iniciado com a abertura de processo admi-
nistrativo, devidamente autuado, protoco-
lado e numerado, contendo a autorizao
respectiva, a indicao sucinta de seu ob-
jeto e do recurso prprio para a despesa,
e ao qual sero juntados oportunamente:
I - edital ou convite e respectivos anexos,
quando for o caso;
13
II - comprovante das publicaes do edital
resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou
da entrega do convite;
III - ato de designao da comisso de li-
citao, do leiloeiro administrativo ou ofi-
cial, ou do responsvel pelo convite;
IV - original das propostas e dos docu-
mentos que as instrurem;
V - atas, relatrios e deliberaes da Co-
misso Julgadora;
VI - pareceres tcnicos ou jurdicos emiti-
dos sobre a licitao, dispensa ou inexigi-
bilidade;
VII - atos de adjudicao do objeto da lici-
tao e da sua homologao;
VIII - recursos eventualmente apresenta-
dos pelos licitantes e respectivas manifes-
taes e decises;
IX - despacho de anulao ou de revoga-
o da licitao, quando for o caso, funda-
mentado circunstanciadamente;
X - termo de contrato ou instrumento equi-
valente, conforme o caso;
XI - outros comprovantes de publicaes;
XII - demais documentos relativos licitao.
Pargrafo nico. As minutas de editais
de licitao, bem como as dos contratos,
acordos, convnios ou ajustes devem ser
previamente examinadas e aprovadas por
assessoria jurdica da Administrao.
O procedimento licitatrio tem incio com a abertura de
um processo administrativo, devidamente autuado, protocolado
e numerado, o qual conter, necessariamente:
14
a) solicitao da unidade interessada e autorizao do
ordenador correspondente;
b) indicao sucinta do objeto a ser licitado;
c) referncia do recurso prprio para a despesa (arts. 7,
2, III, 8 e 14).
A formao desse processo administrativo, que ocorre
na chamada fase interna da licitao, ir pautar todo o procedi-
mento at a contratao. Desse modo, a formalizao e guarda
dos documentos em expediente nico possibilita melhor contro-
le e fiscalizao.
Alm da juntada dos documentos referidos no art. 38, a
Lei Complementar n 101/00 elenca, em seus arts. 15, 16 e 17,
outras exigncias que devem ser obedecidas:
Art. 15. Sero consideradas no autoriza-
das, irregulares e lesivas ao patrimnio
pblico a gerao de despesa ou assun-
o de obrigao que no atendam o dis-
posto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. A criao, expanso ou aperfeioa-
mento de ao governamental que acarre-
te aumento da despesa ser acompanha-
do de:
I - estimativa do impacto oramentrio-fi-
nanceiro no exerccio em que deva entrar
em vigor e nos dois subsequentes;
15
II - declarao do ordenador da despesa
de que o aumento tem adequao ora-
mentria e financeira com a lei oramen-
tria anual e compatibilidade com o plano
plurianual e com a lei de diretrizes ora-
mentrias.
1 Para os fins desta Lei Complementar,
considera-se:
I - adequada com a lei oramentria anu-
al, a despesa objeto de dotao especfica
e suficiente, ou que esteja abrangida por
crdito genrico, de forma que somadas
todas as despesas da mesma espcie, rea-
lizadas e a realizar, previstas no programa
de trabalho, no sejam ultrapassados os
limites estabelecidos para o exerccio;
II - compatvel com o plano plurianual e a
lei de diretrizes oramentrias, a despesa
que se conforme com as diretrizes, objeti-
vos, prioridades e metas previstos nesses
instrumentos e no infrinja qualquer de
suas disposies.
2 A estimativa de que trata o inciso I do
caput ser acompanhada das premissas e
metodologia de clculo utilizadas.
3 Ressalva-se do disposto neste artigo
a despesa considerada irrelevante, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes
oramentrias.
4 As normas do caput constituem con-
dio prvia para:
16
I - empenho e licitao de servios, forne-
cimento de bens ou execuo de obras;
II - desapropriao de imveis urbanos a
que se refere o 3 do art. 182 da Consti-
tuio.
Art. 17. Considera-se obrigatria de car-
ter continuado a despesa corrente deriva-
da de lei, medida provisria ou ato admi-
nistrativo normativo que fixem para o ente
a obrigao legal de sua execuo por um
perodo superior a dois exerccios.
1 Os atos que criarem ou aumentarem
despesa de que trata o caput devero ser
instrudos com a estimativa prevista no in-
ciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos
recursos para seu custeio.
2 Para efeito do atendimento do 1, o
ato ser acompanhado de comprovao
de que a despesa criada ou aumentada
no afetar as metas de resultados fiscais
previstas no anexo referido no 1 do art.
4, devendo seus efeitos financeiros, nos
perodos seguintes, ser compensados
pelo aumento permanente de receita ou
pela reduo permanente de despesa.
3 Para efeito do 2, considera-se au-
mento permanente de receita o provenien-
te da elevao de alquotas, ampliao da
base de clculo, majorao ou criao de
tributo ou contribuio.
4 A comprovao referida no 2, apre-
17
sentada pelo proponente, conter as pre-
missas e metodologia de clculo utiliza-
das, sem prejuzo do exame de compatibi-
lidade da despesa com as demais normas
do plano plurianual e da lei de diretrizes
oramentrias.
5 A despesa de que trata este artigo no
ser executada antes da implementao das
medidas referidas no 2, as quais integra-
ro o instrumento que a criar ou aumentar.
6 O disposto no 1 no se aplica s
despesas destinadas ao servio da dvida
nem ao reajustamento de remunerao de
pessoal de que trata o inciso X do art. 37
da Constituio.
7 Considera-se aumento de despesa a
prorrogao daquela criada por prazo de-
terminado. (grifou-se)
Com o intuito de uniformizar a matria no mbito da
Unio, a Advocacia-Geral da Unio editou a Orientao Nor-
mativa n 2/09, que apresenta o seguinte teor:
OS INSTRUMENTOS DOS CONTRATOS,
CONVNIOS E DEMAIS AJUSTES, BEM
COMO OS RESPECTIVOS ADITIVOS, DE-
VEM INTEGRAR UM NICO PROCESSO
ADMINISTRATIVO, DEVIDAMENTE AUTUA-
DO EM SEQNCIA CRONOLGICA, NU-
MERADO, RUBRICADO, CONTENDO CADA
18
VOLUME OS RESPECTIVOS TERMOS DE
ABERTURA E ENCERRAMENTO.
Por outro lado, o pargrafo nico do art. 38 estabelece
que as minutas de editais, contratos, acordos, convnios ou
ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por
assessoria jurdica da Administrao. Tal medida tem por es-
copo evitar equvocos na formulao desses instrumentos, pri-
mando pela observncia da legalidade na sua firmatura.
No Estado do Rio Grande do Sul, alm da manifesta-
o da assessoria jurdica do rgo, o Decreto estadual n
42.566/03, e alteraes posteriores, condiciona as seguintes
contrataes anlise prvia da Procuradoria-Geral do Estado:
Art. 1 - Ficam submetidos ao exame pr-
vio da Procuradoria-Geral do Estado todas
as contrataes da Administrao Direta e
Indireta do Estado, nas hipteses de:
I - dispensa de licitao, de que trata o
artigo 24 da Lei n 8.666, de 21 de junho
de 1993, quando o objeto a ser contrata-
do seja de valor superior a R$ 410.000,00
(quatrocentos e dez mil reais); (valor atua-
lizado pelo Decreto n 47.366/10)
II - inexigibilidade de licitao, de que trata
o artigo 25 da Lei n 8.666, de 21 de junho
de 1993, quando o objeto a ser contrata-
do seja de valor superior a R$ 410.000,00
(quatrocentos e dez mil reais); (valor atua-
lizado pelo Decreto n 47.366/10)
19
III - contratao de servios tcnicos espe-
cializados, definidos no artigo 13, da Lei n
8.666, de 21 de junho de 1993, relativamen-
te presena das condies para contra-
tao direta.
IV - licitao na modalidade de concorrn-
cia. (includo pelo Decreto n 42.713/03)
Art. 2 - A Procuradoria-Geral do Estado
ser chamada a se manifestar sobre os
aspectos legais de quaisquer outros pro-
cedimentos licitatrios, alm dos referi-
dos neste Decreto, por determinao do
Governador do Estado.
Art. 3 - Os procedimentos de aquisio de
medicamentos, assemelhados, produtos
hospitalares e similares pela Secretaria
da Sade, no se submetem ao disposto
no artigo 1 deste Decreto, bem como ao
DECRETO N 37.287, de 10 de maro de
1997, devendo ser realizados diretamente
por esse rgo, prioritariamente atravs
da modalidade de prego, de acordo com
o que estabelece a Lei federal n 10.520 de
17 de julho de 2002. (revogado pelo Decre-
to n 42.943/04).
Art. 3-A - So excetuados do exame e ma-
nifestao prvia da Procuradoria-Geral
20
do Estado, os procedimento licitatrios
em que (artigo includo pelo Decreto n
42.769/03):
I - sejam adotados, em sua integralidade,
os modelos de editais e de termos de con-
trato institudos pelo DECRETO N 35.994,
de 25 de maio de 1995;
II - seu objeto relacione-se com o Registro
de Preos Pesquisa de Mercado, previsto
no DECRETO N 37.288, de 10 de maro de
1997.
Pargrafo nico - Devero ser submetidos,
Equipe mencionada no caput deste ar-
tigo os procedimentos licitatrios em que
houver necessidade de substituio ou al-
terao substancial de clusula do edital
ou termo de contrato aludidos no inciso I.
Em contrapartida, diversos decretos foram editados com
o intuito de excetuar a necessidade de remessa para a Procu-
radoria-Geral do Estado, nas situaes l descritas, a saber:
Legislao estadual correlata
DECRETO N 43.776/05
Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso I,
do artigo 1, do DECRETO N 42.566, de 29
de setembro de 2003, aos procedimentos dis-
pensa de licitao promovidos pela Compa-
nhia Riograndense de Saneamento, para rea-
21
lizao de contrataes destinadas a atender
situao de emergncia, de que trata o artigo
24, inciso IV, da Lei Federal n 8.666, de 21
de junho de 1993.
Art. 2 - O exame da regularidade do proce-
dimento de dispensa de licitao, na hiptese
de que trata o artigo 1, dever ser realizado
pela Assessoria Jurdica da CORSAN.
DECRETO N 45.989/08
Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso I, do
artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29 de se-
tembro de 2003, aos procedimentos dispen-
sa de licitao promovidos pela Companhia
Estadual de Distribuio de Energia Eltrica
CEEE-D -, pela Companhia Estadual de
Gerao e Transmisso de Energia Eltrica
CEEE-GT e pela Companhia Estadual de
Energia Eltrica Participaes CEEE-Par -,
para realizao de contrataes destinadas a
atender situao de emergncia, de que trata
o artigo 24, inciso IV, da Lei Federal n 8.666,
de 21 de junho de 1993.
Art. 2 - O exame da regularidade do proce-
dimento de dispensa de licitao, na hiptese
de que trata o artigo 1, dever ser realiza-
do pelo rgo Jurdico competente do Grupo
CEEE.
DECRETO N 46.334/09
Art. 1 - No se aplica o disposto nos incisos I
22
e II, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29
de setembro de 2003, alterado pelo Decreto
n. 42.713, de 27 de novembro de 2003, aos
procedimentos de dispensa e inexigibilidade
de licitao promovidos pela Companhia Rio-
grandense de Minerao CRM-, para reali-
zao de contrataes destinadas a atender
situao de emergncia, de que trata o arti-
go 24, inciso IV, e artigo 25, da Lei Federal n
8.666, de 21 de junho de 1993. (redao dada
pelo Decreto n 46.454/09).
Art. 2 - O exame da regularidade do procedi-
mento de dispensa de licitao, na hiptese de
que trata o artigo 1 deste Decreto, dever ser
realizado pela Assessoria Jurdica da CRM.
DECRETO N 46.528/09
Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso
II, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29
de setembro de 2003, aos procedimentos de
inexigibilidade licitao promovidos pela SE-
APPA, para realizao de contrataes des-
tinadas a atender ao Programa Troca-Troca
de Sementes, de que trata o artigo 25 da Lei
Federal n 8.666, de 21 de junho de 1993.
Art. 2 - O exame da regularidade do proce-
dimento de dispensa de licitao, na hiptese
de que trata o artigo 1, dever ser realizado
pela Assessoria Jurdica da SEAPPA.
23
DECRETO N 46.864/09
Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso
I, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29
de setembro de 2003, alterado pelo Decreto
n 42.713, de 27 de novembro de 2003, bem
como o disposto no artigo 5, II, do Decreto
n 45.669, de 23 de maio de 2008, aos pro-
cedimentos de dispensa de licitao promo-
vidos pela Secretariada Segurana Pblica;
para realizao de contrataes destinadas
a atender a situao de emergncia de que
trata o Decreto n 45.927, de 7 de outubro de
2008.
Art. 2 - O exame da regularidade do procedi-
mento de dispensa de licitao de que trata o
artigo 1 deste Decreto, dever ser realizado
pela Assessoria Jurdica da Secretaria da Se-
gurana Pblica.
Pareceres da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
[...] pode-se afirmar que os modelos padres
institudos pelo decreto estadual constituem
uma instrumentalidade de segundo grau, em
homenagem s regras da boa administrao,
cujas principais finalidades imediatas so as-
segurar que os editais e contratos administra-
24
tivos estejam em conformidade com as nor-
mas da Lei n 8.666/93, especialmente com o
disposto nos arts. 38, 40 e 55, bem como dar
celeridade chamada fase interna do proce-
dimento licitatrio, dispensando o exame pr-
vio de que tratam o art. 38, nico, da Lei
de Licitaes e Contratos Administrativos, e o
Decreto Estadual ns 37.024/961.
[...] A situao ftica descrita pela consulente
caracteriza-se como irregularidade definitiva-
mente sanada pela assinatura e publicao
do Convnio n 080/99. Embora a combina-
o do disposto nos artigos 4, caput e par.
nico, 7, III, e 38, todos da Lei n 8.666/93,
revele ser indispensvel que a abertura do
procedimento licitatrio seja precedida da
indicao da fonte de recursos, tem-se que
a Administrao limitou-se a praticar os atos
preparatrios ao certame, atos pertinentes
fase interna da licitao. Esses atos me-
ramente preparatrios eram incapazes de
causar prejuzo a terceiros ou prpria Ad-
ministrao, evidenciando, assim, tratar-se
de simples defeitos procedimentais (irregula-
ridades) perfeitamente sanveis a posteriori.
(PGE-RS, Parecer n 12.739, de 19/05/2000)
25
Informaes da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
[...] Entendemos oportuno advertir o consu-
lente de que, nos termos do pargrafo nico
do art. 38 da Lei das Licitaes, as minutas
de editais de licitao devem ser previamen-
te examinadas e aprovadas pela sua prpria
assessoria jurdica ou departamento jurdico,
uma vez que o exame pela PGE no supre
aquela exigncia legal, constituindo um plus
que a ela se h de somar. (PGE-RS, Informa-
o n 003/00/PDPE, de 14/01/2000).
[...] Como de todos sabido, dito exame pr-
vio tem por fulcro identificar desconformida-
des dos instrumentos de Edital e de Contrato
com a legislao especfica, orientando o Po-
der Pblico para que os harmonizem ao orde-
namento jurdico antes de instaurado o pro-
cedimento licitatrio ou, nos casos em que a
lei excetua, previamente contratao direta.
Nesse passo, verifica-se de todo prejudicado
o exame prvio do Segundo Termo Aditivo,
haja vista estar em execuo h mais de 9
(nove) meses (26 de junho do ano transato).
O escoamento do tempo faz com que no
mais se possa insuflar eficcia Lei e ao
Decreto citados, impedindo o controle de le-
galidade prvio neles preconizado.(PGE-RS,
26
Informao n 100/08/PDPE, de 3/06/2008).
A fim de dar cumprimento ao disposto no art.
38, pargrafo nico da Lei n 8.666/93, foi o
edital de licitao (fls. 170-182) encaminhado
Assessoria Jurdica da Secretaria da Admi-
nistrao e dos Recursos Humanos, que as-
sim se pronunciou (fls. 184-185): (PGE-RS,
Informao n 031/10/PDPE de 10/03/2010).
Jurisprudncia do Tribunal de Justia
do Estado do Rio Grande do Sul
APELAO CVEL. ADMINISTRATIVO. IM-
PROBIDADE. PROCEDIMENTO LICITA-
TRIO REALIZADO PARA ESQUENTAR
ESCOLHA DE VENCEDOR PREVIAMEN-
TE FEITA. COMPETNCIA DA JUSTIA
ESTADUAL. AGRAVO RETIDO. DECISES
DO TRIBUNAL DE CONTAS E DA CMA-
RA MUNICIPAL. LICITAO MODALIDA-
DE CONVITE. LICITAO IRREGULAR E
IMPROBIDADE. JUZO DE SUFICINCIA.
RESPONSABILIDADE DO ASSESSOR JU-
RDICO E DOS MEMBROS DA COMISSO
PERMANENTE DE LICITAO. GRADUA-
O DOS SANCIONAMENTOS. 1. Compe-
tncia da Justia Estadual. Verba federal. Se
a verba federal se incorporou ao patrimnio
do Municpio, compete Justia Estadual, e
27
no Federal, julgar ao civil pblica decor-
rente de m aplicao. Em tal caso no in-
cide a Sm. 208 do STJ, e sim a Sm. 209.
Precedente especfico da Cmara. 2. Agravo
retido. Se a matria do agravo era compelir
o juzo a examinar preliminares transferidas
para a sentena, o agravo na forma retida,
permitindo o andamento do processo, foi um
recurso inxio ao fim colimado. 3. Decises
do tribunal de contas e da cmara municipal.
As decises do tribunal de contas e da cma-
ra municipal acerca das contas de determi-
nado exerccio prestadas pelo Prefeito, no
vinculam o Judicirio, ainda mais, envolvendo
improbidade administrativa, face ao art. 12 da
Lei 8.429/92. 4. Licitao modalidade convite.
Ostenta-se irregular na forma e no conte-
do a licitao modalidade convite que inicia
num dia til e termina no outro, com inclusi-
ve pagamento ao vencedor. Na forma porque
modalidade licitatria no dispensa o ato con-
vocatrio, espcie convite, que o ato disci-
plinador do certame, com divulgao normal
e data marcada para o recebimento das pro-
postas, e que no deve ser confundido com
a carta-convite dirigida a candidatos escolhi-
dos. No contedo porque realizado o procedi-
mento apenas para, dentro os que receberam
a carta-convite, apenas esquentar (dar apa-
rncia de legalidade) a uma escolha previa-
28
mente feita. Exegese do art. 21, 2, IV, do
art. 22, 3, e do art. 38, I, da Lei 8.666/93. 5.
Licitao irregular e improbidade. A licitao
irregular, mxime quando procedida apenas
para dar aparncia de legalidade a uma esco-
lha previamente feita, caracteriza ato de im-
probidade administrativa. Porm, inexistindo
prova de leso ao errio, caracterizada fica
apenas violao dos princpios da adminis-
trao pblica (Lei 8.429/92, art. 11). 6. Juzo
de suficincia. O pargrafo nico do art. 12
da Lei 8.429/92 consagra o chamado juzo de
suficincia, que no significa, porm, excluir
espcies imperativas de sancionamentos,
mas graduao das espcies existentes, ob-
servado o mnimo e o mximo, salvo quando
a prpria lei exclui a variao. 7. Responsa-
bilidade do assessor jurdico e dos membros
da comisso permanente de licitao. 7.1 O
assessor jurdico no tm funo meramente
burocrtica de examinar papis sob o ponto
de vista apenas formal. A lei determina haja
prvia aprovao por assessoria jurdica pre-
cisamente para estabelecer uma barreira pro-
tetiva da Administrao Pblica. bvio que a
importante funo, inclusive pela especialida-
de, abrange tambm o exame de eventuais
vcios de substncia. Exegese do art. 38, VI,
da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei 8.429/92. 7.2
- Os membros da comisso permanente de
29
licitao tm a obrigao preservar a higidez
dos atos licitatrios tanto no aspecto formal
quanto no substancial, pois a funo bsica
resguardar os interesses da Administrao,
haja vista que a lei exige que sejam funcio-
nrios qualificados. A Comisso existe para
constituir-se em mais uma barreira protetiva
da Administrao, s passando o que regu-
lar na forma e na substncia. Portanto, no
se exaure no exame burocrtico de papis.
Exegese dos arts. 6, XVI, e 51, caput e 3,
da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei 8.429/92. 8.
Graduao dos sancionamentos. Graduao
definida, no caso concreto, conforme a par-
ticipao de cada um, com sancionamento
mais severo para os lderes. 9. Apelaes
providas em parte.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70006204721, Pri-
meira Cmara Cvel, j. 16/06/2004).
ADMINISTRATIVO. PROCEDIMENTO LI-
CITATRIO REALIZADO APS J CON-
CLUDA A OBRA. DIRECIONAMENTO.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AO
CIVIL PBLICA CONTRA O PREFEITO, A
EMPRESA, O SCIO-GERENTE, OS AS-
SESSORES JURDICOS DO MUNICPIO E
OS INTEGRANTES DA COMISSO PER-
MANENTE DE LICITAO. PREJUZOS AO
ERRIO. RESPONSABILIDADES. CONSE-
30
QNCIAS. GRADUAO. JUZO DE SUFI-
CINCIA. AGRAVOS RETIDOS. 1. Agravos
retidos. Se na resposta apelao os rus,
vitoriosos pelo juzo de improcedncia, no
requerem a apreciao dos diversos agravos
retidos interpostos, eles no merecem conhe-
cidos (CPC, art. 523, 1). 2. Improbidade
administrativa. Realizar licitao aps j con-
cluda a obra para o fim de esquentar o paga-
mento (expresso usada pela gria especiali-
zada), obviamente direcionando o resultado
para a respectiva concorrente, caracteriza,
sem dvida, pelo menos, grave violao dos
deveres de honestidade e legalidade, e por
conseguinte improbidade contra os princpios
da administrao pblica (Lei 8.429/92, art.
11, caput). 3. Prejuzos ao errio. O art. 12
da Lei 8.429/92 classifica os sancionamen-
tos por improbidade administrativa que gera
enriquecimento ilcito (art. 9), por improbi-
dade que gera prejuzo ao errio (art. 10) e
por improbidade atentatria aos princpios da
administrao pblica (art. 11). Neste caso,
nem sempre h dano ao errio. No haven-
do, resta, quanto ao aspecto patrimonial, a
multa civil, que por sua vez nada tem a ver
com eventualmente multa criminal. Portanto,
constitui grave erro dizer que a inexistncia
de prejuzo ao errio descaracteriza a impro-
bidade, tese bem ao feitio daqueles que na
31
teoria combatem a impunidade, mas s para
fins de prosa, uma vez que na prtica vivem
abraados a ela, com a farsa de que corrupto
sempre o outro. 4. Responsabilidades. 4.1
- Incontornvel a responsabilidade do Prefei-
to, como chefe do Municpio e lder da farsa,
bem assim da empresa e seu scio-gerente.
4.2 - Incontornvel de igual modo a respon-
sabilidade dos membros da comisso perma-
nente de licitao, no s por serem funcio-
nrios da Prefeitura e moradores na pequena
cidade, sabedores, portanto, que a obra j
havia sido realizada, inclusive fazendo parte
de um dos mais importantes cartes de visita
do lugar, mas tambm por ser obrigao pre-
servar a higidez dos atos licitatrios tanto no
aspecto formal quanto no substancial, pois a
funo bsica resguardar os interesses da
Administrao, haja vista que a lei exige que
sejam funcionrios qualificados. A Comisso
existe exatamente para constituir-se em bar-
reira protetiva da Administrao, s passan-
do o que regular na forma e na substncia.
Portanto, no se exaure no exame burocr-
tico de papis. Exegese dos arts. 6, XVI, e
51, caput e 3, da Lei 8.666/92, e art. 11 da
Lei 8.429/92. 4.3 - Incontornvel igualmente
a responsabilidade dos assessores jurdicos,
no s por saberem que a licitao j no ti-
nha objeto, face s mesmas circunstncias
32
dos membros da comisso, mas tambm
porque, como estes, no tm funo mera-
mente burocrtica de examinar papis sob o
ponto de vista apenas formal. A lei determina
haja prvia aprovao por assessoria jurdi-
ca precisamente para estabelecer mais uma
barreira protetiva da Administrao Pblica.
bvio que a importante funo, inclusive pela
especialidade, abrange tambm o exame de
eventuais vcios de substncia. Exegese do
art. 38, VI, da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei
8.429/92. 5. Responsabilidades. Graduao.
Juzo de suficincia. 5.1 - O pargrafo nico
do art. 12 da Lei 8.429/92 consagra o cha-
mado juzo de suficincia, que no significa,
porm, excluir formas imperativas de sancio-
namentos, mas graduao das formas exis-
tentes, observado o mnimo e o mximo, sal-
vo quando a prpria lei exclui a variao. 5.2
- Responsabilidades e graduao definidas,
no caso concreto, conforme a participao de
cada um, com sancionamento mais severo
para o lder..
(TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio
N 70003329851, Primeira Cmara Cvel, j.
28/08/2002).
Art. 40. O edital conter no prembulo o
nmero de ordem em srie anual, o nome
da repartio interessada e de seu setor,
33
a modalidade, o regime de execuo e o
tipo da licitao, a meno de que ser re-
gida por esta Lei, o local, dia e hora para
recebimento da documentao e propos-
ta, bem como para incio da abertura dos
envelopes, e indicar, obrigatoriamente, o
seguinte:
I - objeto da licitao, em descrio sucin-
ta e clara;
II - prazo e condies para assinatura do
contrato ou retirada dos instrumentos,
como previsto no art. 64 desta Lei, para
execuo do contrato e para entrega do
objeto da licitao;
III - sanes para o caso de inadimplemen-
to;
IV - local onde poder ser examinado e ad-
quirido o projeto bsico;
V - se h projeto executivo disponvel na
data da publicao do edital de licitao
e o local onde possa ser examinado e ad-
quirido;
VI - condies para participao na licita-
o, em conformidade com os arts. 27 a
31 desta Lei, e forma de apresentao das
propostas;
VII - critrio para julgamento, com disposi-
es claras e parmetros objetivos;
VIII - locais, horrios e cdigos de acesso
dos meios de comunicao distncia em
34
que sero fornecidos elementos, informa-
es e esclarecimentos relativos licita-
o e s condies para atendimento das
obrigaes necessrias ao cumprimento
de seu objeto;
IX - condies equivalentes de pagamento
entre empresas brasileiras e estrangeiras,
no caso de licitaes internacionais;
X - o critrio de aceitabilidade dos preos
unitrio e global, conforme o caso, permi-
tida a fixao de preos mximos e veda-
dos a fixao de preos mnimos, critrios
estatsticos ou faixas de variao em rela-
o a preos de referncia, ressalvado o
disposto nos pargrafos 1 e 2 do art. 48;
XI - critrio de reajuste, que dever retratar
a variao efetiva do custo de produo,
admitida a adoo de ndices especficos
ou setoriais, desde a data prevista para
apresentao da proposta, ou do ora-
mento a que essa proposta se referir, at
a data do adimplemento de cada parcela;
XII - (Vetado).
XIII - limites para pagamento de instalao
e mobilizao para execuo de obras ou
servios que sero obrigatoriamente pre-
vistos em separado das demais parcelas,
etapas ou tarefas;
XIV - condies de pagamento, prevendo:
a) prazo de pagamento no superior a trin-
ta dias, contado a partir da data final do
35
perodo de adimplemento de cada parcela;
b) cronograma de desembolso mximo
por perodo, em conformidade com a dis-
ponibilidade de recursos financeiros;
c) critrio de atualizao financeira dos
valores a serem pagos, desde a data final
do perodo de adimplemento de cada par-
cela at a data do efetivo pagamento;
d) compensaes financeiras e penaliza-
es, por eventuais atrasos, e descontos,
por eventuais antecipaes de pagamen-
tos;
e) exigncia de seguros, quando for o
caso;
XV - instrues e normas para os recursos
previstos nesta Lei;
XVI - condies de recebimento do objeto
da licitao;
XVII - outras indicaes especficas ou pe-
culiares da licitao.
1 O original do edital dever ser datado,
rubricado em todas as folhas e assinado
pela autoridade que o expedir, permane-
cendo no processo de licitao, e dele ex-
traindo-se cpias integrais ou resumidas,
para sua divulgao e fornecimento aos
interessados.
2 Constituem anexos do edital, dele fa-
zendo parte integrante:
I - o projeto bsico e/ou executivo, com to-
36
das as suas partes, desenhos, especifica-
es e outros complementos;
II - oramento estimado em planilhas de
quantitativos e preos unitrios;
III - a minuta do contrato a ser firmado en-
tre a Administrao e o licitante vencedor;
IV - as especificaes complementares e
as normas de execuo pertinentes lici-
tao.
3 Para efeito do disposto nesta Lei, con-
sidera-se como adimplemento da obriga-
o contratual a prestao do servio, a
realizao da obra, a entrega do bem ou de
parcela destes, bem como qualquer outro
evento contratual a cuja ocorrncia esteja
vinculada a emisso de documento de co-
brana.
4 Nas compras para entrega imediata,
assim entendidas aquelas com prazo de
entrega at trinta dias da data prevista
para apresentao da proposta, podero
ser dispensadas:
I - o disposto no inciso XI deste artigo;
II - a atualizao financeira a que se refe-
re a alnea c do inciso XIV deste artigo,
correspondente ao perodo compreendido
entre as datas do adimplemento e a pre-
vista para o pagamento, desde que no
superior a quinze dias.
37
Edital o instrumento convocatrio que enuncia as con-
dies de participao na licitao. Consoante fortemente di-
fundido, o edital constitui a lei interna da licitao, vinculando a
Administrao e os proponentes s suas clusulas. O disposi-
tivo em exame est minuciosamente detalhado na lei, cabendo
destacar que o edital, obrigatoriamente, conter os itens arro-
lados nos incisos I a XVII anteriormente descritos, sob pena de
nulidade, mormente considerando o estatudo nos arts. 4 e 41
da Lei de Licitaes.
O edital dever evitar o estabelecimento de condies
ou clusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem o ca-
rter competitivo do certame. Cumpre atentar para o disposto
no art. 42 da Lei de Licitaes, o qual prev que, nas concor-
rncias de mbito internacional, o edital dever ajustar-se s
diretrizes da poltica monetria e do comrcio exterior e s
exigncias dos rgos competentes.
O Decreto estadual n 35.994/95 institui modelos de
editais de licitao, de termos de contratos e de outros atos
complementares no mbito da Administrao Pblica Estadual,
prevendo em seus anexos:
I - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-
TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE
PRESTAO DE SERVIOS CONTNUOS;
II - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-
TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE
OBRAS E SERVIOS DE ENGENHARIA;
III - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-
TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE
38
FORNECIMENTO;
IV - MODELO PADRO DE EDITAL DE LI-
CITAO E DE TERMO DE CONTRATO DE
PRESTAO DE SERVIOS EM GERAL;
V - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-
TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE
LOCAO DE BEM IMVEL;
Pareceres da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
[...] Os servios tcnicos profissionais espe-
cializados mencionados no artigo 13, incisos
I, III, IV e VI, da Lei n 8.666/93, como o
caso sub examine, normalmente no podem
ter seus objetos completamente definidos,
sendo que a busca dessa definio precisa-
mente o objeto de consultorias, planejamen-
tos, estudos tcnicos, auditorias etc.
(PGE-RS, Parecer n 12.734, de 12/05/2000)
[...] Na fixao de preos mximos a Adminis-
trao dever possibilitar a adequada exeqi-
bilidade dos servios pelo futuro contratado.
MARAL JUSTEN FILHO, na obra antes in-
dicada, pg. 370, discorre sobre o tema, res-
saltando que a idia de fixao de preo m-
ximo perfeitamente adequada. Se a Admi-
nistrao apenas pode realizar a licitao se
houver previso de recursos oramentrios,
39
inevitvel a fixao de preos mximos.
o nico meio de evitar o risco de contrata-
es destitudas de cobertura oramentria.
Ressalte-se que o preo mximo fixado pode
ser objeto de questionamento por parte dos
licitantes, na medida em que se caracterize
como inexeqvel. Fixar preo mximo no
a via para a Administrao inviabilizar contra-
tao por preo justo. () A fixao de preo
mximo est diretamente vinculada possibi-
lidade de exeqibilidade dos servios, a qual,
nos termos do art. 48, II, da Lei n 8.666/93,
no dispensa a demonstrao de que os cus-
tos dos insumos so coerentes com os pre-
os praticados no mercado. Por isso, realiza-
das as devidas estipulaes sobre a matria
na minuta de edital, eventuais necessidades
de ajustes posteriores devero observar os
parmetros supramencionados.
O edital contm previso de reajustamento
de preos, Clusula Quinta do Anexo II, en-
tretanto, no estabelece critrio para atualiza-
o monetria pelo atraso nos pagamentos,
o que obrigatrio, nos termos dos arts. 40,
XIV, c, e 55, III, da Lei n 8.666/93.
(PGE-RS, Parecer n 13.306, de 02/07/2002).
[...] A clusula ou regra do instrumento con-
vocatrio do certame que estabelece o(s)
critrio(s) de aceitabilidade do(s) preo(s)
40
essencial e obrigatria em qualquer edital
de licitao (Lei n 8.666/93, art. 40, X), cujo
descumprimento, por qualquer dos licitantes,
implica a desclassificao da proposta de
preo, consoante o disposto no art. 48, I e II,
da Lei de Licitaes. Portanto, no se est a
cuidar de mera formalidade ou de exigncia
cuja inobservncia seja incapaz de compro-
meter os princpios da igualdade e da com-
petitividade. O critrio de aceitabilidade de
preo, no caso concreto, introduziu um limite
mximo de preo global que seria, por defi-
nio, intransponvel aos licitantes, sob pena
de restarem desclassificas as propostas.
(PGE-RS, Parecer n 14.703, de 05/07/2007).
[...] A obrigatoriedade de fixao do valor m-
ximo admissvel nas licitaes no estabe-
lecido pelo ordenamento jurdico. Devem ser
desclassificadas as propostas de valor exces-
sivo e a excessividade verificada de forma
mais simples quando o edital de licitao de-
terminar o valor mximo permitido. Entretan-
to, no existe essa imposio prevista em lei,
pois o artigo 40, inciso X, da Lei n 8.666/93,
apenas autoriza a Administrao a fixar um
valor mximo no edital.
(PGE-RS, Parecer n 15.489, de 08/08/2011).
[...] Os sucessivos reclamos perante os Tribu-
nais para proteger o credor do desgaste da
41
moeda foram solidificando esse posiciona-
mento, a ponto de ser considerada obrigatria
a incluso de clusula prevendo a atualiza-
o monetria nos ajustes administrativos. A
Lei n 8.666/93, no art. 40, inciso XIV, impe a
indicao de critrio de atualizao monetria
no edital de licitao. No art. 55, III, a mesma
lei considera clusula necessria no ajuste a
que estabelea os critrios de correo mo-
netria. Assim, nulo o contrato administrati-
vo carente dessa previso essencial, nascen-
do ao contratado o direito de pleitear em juzo
a proteo preservao de seu crdito.
(PGE-RS, Parecer n 12.681, de 20/01/2000).
PREOS MXIMOS. FIXAO NO EDITAL.
1) A obrigatoriedade de fixao do valor m-
ximo admissvel nas licitaes no estabe-
lecido pelo ordenamento jurdico. Devem ser
desclassificadas as propostas de valor exces-
sivo e a excessividade verificada de forma
mais simples quando o edital de licitao de-
terminar o valor mximo permitido. Entretan-
to, no existe essa imposio prevista em lei,
pois o artigo 40, inciso X, da Lei n 8.666/93,
apenas autoriza a Administrao a fixar um
valor mximo no edital. ORGANISMO FI-
NANCEIRO INTERNACIONAL. EMPRSTI-
MO. GUIDELINES 2) No caso, tratando-se
da contratao de obras e servios para o
42
Programa de Expanso e Modernizao do
Sistema Eltrico da Regio Metropolitana de
Porto Alegre, a ser financiado com recursos
do BID, poder ser aplicado o procedimento
exigido pelo organismo financeiro internacio-
nal no que tange s regras do certame licitat-
rio, na espcie, a no fixao de preo mxi-
mo no edital, desde que a) seja indispensvel
para o financiamento; b) esteja estabelecida
nos contratos de emprstimo, devidamente
autorizados pelo Senado Federal, a obriga-
o de serem observadas essas normas e c)
o edital inclua a previso de desclassificao
das propostas desconformes ou incompat-
veis com os preos correntes no mercado,
com fundamento no artigo 43, inciso IV, da Lei
n 8.666/93.
(PGE-RS, Parecer n 15.489, de 08/08/2011).
Informaes da Procuradoria Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
[...] necessrio que a CRM explicite cla-
ramente no edital do certame quais so os
critrios de aceitabilidade dos preos, espe-
cialmente o que atine ao preo mximo, nos
termos do art. 40, X, da Lei n 8.666/93. O
preo mximo admitido dever servir de par-
metro para a desclassificao das propostas
de preo superiores, consoante a norma do
43
art. 48, II, da Lei de Licitaes e Contratos
Administrativos.
Sugere-se que a indicao do valor mximo
da proposta de preo conste do item 11 do
edital do certame, na parte em que trata da
desclassificao das propostas.
(PGE-RS, Informao n 129/09/PDPE, de
31/07/2009).
[...] Do mesmo modo, apesar da situao no
envolver uma tarifa propriamente dita, em ra-
zo das peculiaridades do caso, salienta-se a
ausncia de qualquer referncia quanto aos
critrios de reajuste e reviso que, de acordo
com a legislao, devem figurar expressa-
mente naqueles instrumentos (Lei Federal n
8.987/95, art. 18, inciso VIII, e art. 23, inciso
IV; Lei Estadual n 10.086/94, art. 6, inciso
III, e art. 9, inciso III; Lei Federal n 8.666/93,
art. 40, inciso XI, e art. 55, inciso III).
(PGE-RS, Informao n 077/09/PDPE, de
02/06/2009).
Jurisprudncia do Superior Tribunal
de Justia
ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINIS-
TRATIVO. EXTENSO DO PRAZO ENTRE
A LICITAO (OUTORGA DE RADIODIFU-
SO) E A CONTRATAO. CORREO
MONETRIA. PREVISO NO EDITAL. ART.
44
40 DA LEI N. 8.666/93. MANUTENO DO
EQUILBRIO ECONMICO-FINANCEIRO
DO CONTRATO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO.
1. certo que, na oportunidade da celebra-
o do contrato de adeso de permisso at
a data da efetiva contratao, inseriram-se
clusulas prevendo mecanismos de manu-
teno de seu equilbrio econmico-financei-
ro, como o reajuste monetrio, conforme au-
torizado pela legislao pertinente.
2. Est consolidado o posicionamento deste
Tribunal no sentido de que a correo mone-
tria no constitui um plus, sendo somente a
reposio do valor real da moeda, devendo,
portanto, ser aplicada, integralmente, sob
pena de enriquecimento sem causa de uma
das partes.
3. Recurso especial provido.
(STJ, REsp 1062672/RS, Segunda Turma, j.
14/09/2010).
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATI-
VO. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE
PRESTAO JURISDICIONAL. INOCOR-
RNCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONA-
MENTO. SMULA 282/STF. ITENS DO EDI-
TAL. INVIABILIDADE DE EXAME. SMULA
05/STJ. LICITAO. RECUSA DE ASSINAR
O CONTRATO ADMINISTRATIVO. MULTA.
45
INVIABILIDADE DA APLICAO FALTA
DE PREVISO NO EDITAL.
1. No viola o artigo 535 do CPC, nem impor-
ta negativa de prestao jurisdicional, o acr-
do que adota fundamentao suficiente para
decidir de modo integral a controvrsia posta.
2. A ausncia de debate, na instncia recor-
rida, sobre a matria tratada nos dispositivos
legais cuja violao se alega no recurso es-
pecial atrai, por analogia, a incidncia da S-
mula 282 do STF.
3. A interpretao de clusula de edital de lici-
tao no enseja recurso especial. Aplicao
analgica da Smula 05/STJ.
4.Invivel a aplicao de penalidade ao adju-
dicatrio que se recusa a assinar o contrato
(Lei 8.666/93, art. 81) sem que ela tenha sido
prevista no edital (art. 40, III, do referido diplo-
ma legal).
5. Recurso especial parcialmente conhecido
e, nessa parte, improvido.
(STJ, REsp 997259/RS, Segunda Turma, j.
17/08/2010)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATI-
VO. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE
PRESTAO JURISDICIONAL. INOCOR-
RNCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONA-
MENTO. SMULA 282/STF. ITENS DO EDI-
TAL. INVIABILIDADE DE EXAME. SMULA
46
05/STJ. LICITAO. RECUSA DE ASSINAR
O CONTRATO ADMINISTRATIVO. MULTA.
INVIABILIDADE DA APLICAO FALTA
DE PREVISO NO EDITAL.
1. No viola o artigo 535 do CPC, nem impor-
ta negativa de prestao jurisdicional, o acr-
do que adota fundamentao suficiente para
decidir de modo integral a controvrsia posta.
2. A ausncia de debate, na instncia recor-
rida, sobre a matria tratada nos dispositivos
legais cuja violao se alega no recurso es-
pecial atrai, por analogia, a incidncia da S-
mula 282 do STF.
3. A interpretao de clusula de edital de lici-
tao no enseja recurso especial. Aplicao
analgica da Smula 05/STJ.
4. Invivel a aplicao de penalidade ao ad-
judicatrio que se recusa a assinar o contrato
(Lei 8.666/93, art. 81) sem que ela tenha sido
prevista no edital (art. 40, III, do referido diplo-
ma legal).
5. Recurso especial parcialmente conheci-
do e, nessa parte, improvido. (STJ, REsp
709378/PE, Primeira Turma, j. 21/10/2008).
Jurisprudncia do Tribunal de Justia
do Estado do Rio Grande do Sul
APELAO CVEL. MANDADO DE SEGU-
RANA. LICITAO. TOMADA DE PRE-
OS. PROPOSTA INEXEQUVEL. AUSN-
47
CIA DE PREVISO DE LUCRO, APESAR
DO MENOR PREO. DESOBEDINCIA A
REQUISITOS DO EDITAL. LITISCONSORTE
NECESSRIA. Buscando a impetrante a sua
proclamao como vencedora do certame,
desclassificando-se a empresa que foi apon-
tada como tal, deveria t-la includo como li-
tisconsorte passiva necessria. Nulidade que
restar ultrapassada em razo do resultado
do writ. O art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93
afasta a possibilidade de previso de preo
mnimo, critrios estatsticos ou faixas de va-
riaes das propostas em processo de licita-
o. Aplicao do princpio da indisponibilida-
de do interesse pblico, devendo na espcie
escolhida buscar a Administrao a oferta que
lhe seja mais vantajosa. No caso, contudo, o
valor apresentado pela impetrante no certa-
me no contm estimativa de lucro, exign-
cia editalcia, sendo a proposta em montante
idntico ao seu clculo de custo da prestao
do servio, configurando-se a inexequibilida-
de reconhecida. Artigos 44 3 e 48 da Lei n
8.666/93. APELAO DESPROVIDA.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70044145449, Se-
gunda Cmara Cvel, j. 31/08/2011).
APELAO CVEL. AO DECLARAT-
RIA. LICITAO. PREGO. MENOR PRE-
O GLOBAL. JULGAMENTO OBJETIVO.
48
SANO SUSPENSA. INEXISTNCIA DE
IMPEDIMENTO PARA PARTICIPAR DA LICI-
TAO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUI-
SITOS PREVISTOS NO EDITAL. INEXIS-
TNCIA. A fixao prvia de um critrio para
julgamento da licitao constitui imposio le-
gal (art. 40, VII, da Lei n. 8.666/1993) e visa
atender ao princpio do julgamento objetivo.
No caso dos autos, a licitao na modalidade
prego previa ser a melhor proposta, o menor
preo global para a prestao dos servios de
vigilncia armada e controle de acessos dos
trens. No havia exigncia de cumprimento
de condies tcnicas. Inexistncia de impe-
dimento por parte da empresa declarada ven-
cedora de participar do certame, em virtude
da suspenso dos efeitos da penalidade por
deciso judicial. Irrelevncia das inconsistn-
cias quanto ao valor do vale-refeio e frias
na proposta financeira. Ausncia de previso
como critrio de julgamento. Demanda impro-
cedente. Apelao desprovida.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70030397772, Vi-
gsima Primeira Cmara Cvel, j. 20/01/2010).
REEXAME NECESSRIO. LICITAO E
CONTRATO ADMINISTRATIVO. CLUSULA
QUE FIXA PREO MNIMO. NULIDADE; RE-
CONHECIMENTO DA INVALIDADE PELO
ENTE PBLICO. CONFIRMAO DA SEN-
49
TENA. 1. nula a clusula editalcia que
estipula o preo mnimo a ser cobrado pelo
licitante, na explorao do servio objeto do
certame. Art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93.
Tal nulidade, alis, foi reconhecida pelo Poder
Pblico. SENTENA CONFIRMADA EM RE-
EXAME NECESSRIO.
(TJ-RS, Reexame Necessrio N
70025633876, Segunda Cmara Cvel, j.
25/02/2009)
APELAO CVEL. LICITAO E CONTRA-
TO ADMINISTRATIVO. DECLARATRIA.
RECURSO NO CONHECIDO QUANTO
QUESTO DA LEGITIMIDADE TENDO EM
VISTA QUE SE TRATA DE RAZES RE-
MISSIVAS. QUANTO AO MRITO SE CO-
NHECE DO RECURSO. INEXISTNCIA DE
ILEGALIDADE DO PROCEDIMENTO LICI-
TATRIO. OBSERVNCIA DAS DISPOSI-
ES CONSTANTES DOS ARTS. 40 E 45
DA LEI DE LICITAES. OBJETIVIDADE
QUANTO S CONDIES DE PARTICIPA-
O, OBJETO LICITADO E CRITRIOS DE
JULGAMENTO. APELO CONHECIDO EM
PARTE E IMPROVIDO.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70021319249, Pri-
meira Cmara Cvel, j. 19/12/2007)
APELAO CVEL. MANDADO DE SEGU-
RANA. CONTRATO ADMINISTRATIVO.
50
PAGAMENTO CONDICIONADO APRE-
SENTAO DE PROVA DE SITUAO
REGULAR PERANTE A SEGURIDADE SO-
CIAL. PERTINNCIA E RAZOABILIDADE. 1.
Se, no edital de licitao, constou que para
participar do certame era preciso provar a
situao regular perante a seguridade social
(Lei 8.666/93, art. 29, IV), bem assim para re-
ceber os pagamentos, a clusula constante
do contrato no ilegal, mas, ao invs, se
ostenta conforme o sistema jurdico, inclusive
a especial preocupao da Constituio Fe-
deral (art. 195, 3). Ademais, o art. 40, XIV,
da Lei 8.666/93, arrola apenas as condies
de pagamento que devem, obrigatoriamente,
constar no contrato. No exclui a possibilida-
de de haver outras, razoveis e pertinentes,
como a de exigir o no-decaimento da si-
tuao regular perante a Seguridade Social.
Noutras palavras, o rol de condies no
numerus clausus. 2. Apelao desprovida.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70018882316, Pri-
meira Cmara Cvel, j. 26/09/2007)
APELAO CVEL. LICITAO. QUALI-
FICAO TCNICA. EDITAL OMISSO NO
QUE TANGE AO CRITRIO. DELEGAO
IMPLCITA COMISSO. INADMISSIBILI-
DADE. 1. Viola o princpio do julgamento ob-
jetivo o edital que, no que tange qualificao
51
tcnica, limita-se a referir obras equivalentes
ou superiores objeto da licitao, delegan-
do, por conseguinte, de modo implcito, Co-
misso competncia para definir em concreto
o(s) critrios(s). Ainda que a quantidade de
rea, adotado pela Comisso, seja objetivo, o
problema no est no critrio, e sim na defini-
o do critrio. Ao optar pelo critrio da quan-
tidade de rea, excluindo outros existentes, a
Comisso agiu com subjetividade, e isso no
pode ocorrer. Exegese dos arts. 40, VII, 44 e
45 da Lei 8.666/93. 2. Apelao provida.
(TJ-RS, Apelao Cvel N 70016608390, Pri-
meira Cmara Cvel, j. 22/08/2007)
APELAO CVEL E REEXAME NECES-
SRIO. MANDADO DE SEGURANA. LICI-
TAO. REQUISITOS DO INSTRUMENTO
CONVOCATRIO. PRINCPIO DO CRIT-
RIO OBJETIVO. imperativo que conste do
instrumento convocatrio da licitao, entre
outros elementos, o critrio de julgamento
que ser adotado, consoante dispe o art. 40,
inciso VII, da Lei n 8.666/93. Remessa oficial
submetida ao art. 475, 2, do CPC. Cus-
tas so devidas pelo Municpio por metade.
APELO DESPROVIDO. EXPLICITAO DA
SENTENA EM REEXAME NECESSRIO.
(TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio N
70019307149, Vigsima Segunda Cmara
Cvel, j. 24/05/2007)
52
LICITAO E CONTRATO ADMINISTRA-
TIVO. MANDADO DE SEGURANA. CON-
CORRNCIA. AQUISIO DE MATERIAIS E
SUPRIMENTOS PARA INFORMTICA. DE-
CLARAO OU ATESTADO DO FABRICAN-
TE CREDENCIANDO O LICITANTE PARA
A COMERCIALIZAO DOS EQUIPAMEN-
TOS E ATESTANDO SUA SOLIDARIEDADE
(CARTA DE SOLIDARIEDADE). CABIMEN-
TO. Tratando-se de licitao para aquisio
de materiais e suprimentos para informtica,
cabvel a exigncia de declarao ou atestado
do fabricante credenciando o licitante para a
comercializao dos equipamentos e atestan-
do sua solidariedade (carta de solidariedade),
requisito especfico, observadas as peculia-
ridades da licitao, evitando riscos e preju-
zos Administrao, possuindo o fabricante
condies de, se houver necessidade, melhor
atender ao contrato, resguardando o interesse
pblico. Declaraes firmadas pelos distribui-
dores, que no suprem o requisito, autorizan-
do a denegao da segurana. Inteligncia do
art. 40, XVII, da Lei n 8.666/93. Precedente
do TJRGS. Apelao provida. Reexame ne-
cessrio prejudicado.
(TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio N
70019160514, Vigsima Segunda Cmara
Cvel, j. 13/04/2007).
53
MANDADO DE SEGURANA. LICITAO.
DESATENDIDO O PRINCPIO CONSTITU-
CIONAL DA PUBLICIDADE. ABERTURA DE
ENVELOPES. ANULABILIDADE. A indicao
do local, dia e hora para recebimento da do-
cumentao e proposta, bem como para in-
cio da abertura dos envelopes (art. 40 da Lei
8.666/93) d efetividade ao princpio consti-
tucional da publicidade. Alterado o local da
entrega dos envelopes sem que precedido de
ampla, idnea e oportuna divulgao a todos
os interessados, implica violao dos princ-
pios da isonomia e da moralidade e frauda o
procedimento, demandando sua anulao e
repetio de todos os atos a contar da. Sen-
tena confirmada.
(TJ-RS, Reexame Necessrio N
70001800226, Vigsima Primeira Cmara C-
vel, j. 06/06/2001).
Acrdos do Tribunal de Contas da
Unio
Smula n 259/2010: Nas contrataes de
obras e servios de engenharia, a definio
do critrio de aceitabilidade dos preos unit-
rios e global, com fixao de preos mximos
para ambos, obrigao e no faculdade do
gestor.
54
Smula n 269/2012: Nas contrataes para
a prestao de servios de tecnologia da in-
formao, a remunerao deve estar vincu-
lada a resultados ou ao atendimento de n-
veis de servio, admitindo-se o pagamento
por hora trabalhada ou por posto de servio
somente quando as caractersticas do objeto
no o permitirem, hiptese em que a excep-
cionalidade deve estar prvia e adequada-
mente justificada nos respectivos processos
administrativos.
55
Captulo 2
DA HABILITAO
2.1 Introduo
A habilitao pode ser conceituada como a titularidade
das condies do direito de licitar, sendo a expresso utilizada
para referir-se fase procedimental de avaliao das condi-
es de participar do certame, como a deciso proferida pela
Administrao Pblica. Ela configura-se tanto como atos reali-
zados para apurar a idoneidade e a capacidade do particular
para contratar com o Poder Pblico, como o ato administrativo
que decide estarem presentes as condies do direito de licitar.
O art. 27 da Lei n 8.666/93 apresenta a classificao
das formas de habilitao que constituem numerus clausus:
habilitao jurdica, qualificao tcnica, qualificao eco-
nmico-financeira, regularidade fiscal e trabalhista (inciso
complementado pela Lei federal n 12.440/11) e cumprimento
do disposto no inciso XXXIII do art. 7 da Constituio Fe-
deral. Trata o dispositivo:
Art. 27. Para a habilitao nas licitaes
exigir-se- dos interessados, exclusiva-
mente, documentao relativa a:
I - habilitao jurdica;
II - qualificao tcnica;
III - qualificao econmico-financeira;
56
IV regularidade fiscal e trabalhista;
V cumprimento do disposto no inciso
XXXIII do art. 7o da Constituio Federal.
Ressalte-se que os documentos apresentados pelo lici-
tante para comprovar as exigncias de habilitao no devem
estar vencidos. Isso pode ocorrer quando as certides expedi-
das tm prazo de vigncia expirado ou so antigas. Tambm
importante frisar que os documentos devem ser firmados,
quando necessrio, e exibidos por representante legal do parti-
cular com atribuio para o ato ou pessoa legalmente habilitada
com poderes para a respectiva finalidade.
Informaes da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
Por derradeiro, registre-se que se encontram
vencidos os documentos de habilitao (arts.
27 e seguintes do Estatuto das Licitaes)
constantes dos autos administrativos
(PGE-RS, PGE-RS, Informao n 050/10/
PDPE, de 16/04/10).
Os documentos apresentados no procedi-
mento da licitao precisam ser assinados
por representante legal da empresa com po-
deres para esta finalidade (o Diretor pode no
ter poderes para represent-la individualmen-
te), ou pessoa legalmente habilitada.
(PGE-RS, Informao n 080/08/PDPE, de
27/05/08).
57
Jurisprudncia do Tribunal de Justia
do Estado do Rio Grande do Sul
Agravo de instrumento. Mandado de Segu-
rana. Liminar indeferida no grau de origem.
Licitao e contrato administrativo. Edital de
convocao. Requisitos. Inobservncia. No
apresentao da documentao exigida para
a habilitao no prazo fixado. Inabilitao da
licitante. Possibilidade. Deciso interlocutria
mantida. Agravo de instrumento desprovido,
com fulcro no art. 557, caput, do CPC. (TJ-RS,
Agravo de Instrumento n 70045968856, Se-
gunda Cmara Cvel, j. 08/11/2011).
2.2 Habilitao jurdica
A habilitao jurdica relaciona-se com a comprovao da
existncia da capacidade de fato e da regular disponibilidade
para o exerccio das faculdades jurdicas pelos licitantes, j que
apenas pode formular proposta a pessoa jurdica ou fsica que
possa contratar validamente, ou melhor, praticar os atos da vida
civil. Nesse sentido, o particular no pode ser dispensado pela
Administrao de comprovar os requisitos da habilitao jurdica
elencados no art. 28 da Lei de Licitaes, citado a seguir.
Art. 28. A documentao relativa habili-
tao jurdica, conforme o caso, consistir
em:
I - cdula de identidade;
58
II - registro comercial, no caso de empresa
individual;
Sublinhe-se que, em determinadas situaes, a ativida-
de objeto da contratao caracteriza-se para o particular como
exerccio da atividade de empresa. O art. 966 do Cdigo Civil diz
que considerado empresrio quem exerce profissionalmente
atividade econmica organizada para produo ou circulao
de bens ou de servios. Sua prtica profissional realizada por
uma pessoa fsica atribui ao sujeito a condio de empresrio.
Como a inscrio do empresrio na Junta Comercial obriga-
tria, o descumprimento leva configurao de irregularidade.
Se o indivduo faz da atividade empresarial sua profisso de
forma organizada e no se inscreve no Registro de Empresas,
est em situao jurdica irregular, no podendo contratar com
o Poder Pblico.
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato
social em vigor, devidamente registrado,
em se tratando de sociedades comer-
ciais, e, no caso de sociedades por aes,
acompanhado de documentos de eleio
de seus administradores;
No que tange s sociedades, quando o objeto contratual
configurar exerccio de atividade de empresa, somente pode-
ro ser admitidas sociedades empresrias no certame. Dessa
forma, uma sociedade simples no teria a possibilidade de li-
59
citar quando a execuo do contrato configurasse exerccio da
atividade de empresa, porque a sociedade simples, ao dedicar-
se mercancia, estaria atuando de forma irregular.
O dispositivo menciona ato constitutivo, estatuto ou
contrato social. Todavia, deve-se entender a redao do inciso
como a conveno que institui a sociedade e onde se encon-
tram as regras que a disciplinam.
Quando uma sociedade por aes participar da licitao,
o edital deve exigir a apresentao da ata arquivada de assem-
bleia geral ou reunio do Conselho de Administrao na qual
conste a eleio dos administradores, com a comprovao da
publicao pela imprensa da ata arquivada.
Informaes da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
No caso de sociedades por aes, deve cons-
tar, ainda, a exigncia de apresentao de do-
cumentos de eleio de seus administradores
(art. 28, III, da Lei de Licitaes). (PGE-RS,
Informao n 065/11/PDPE, de 15/07/11).
IV - inscrio do ato constitutivo, no caso
de sociedades civis, acompanhada de pro-
va de diretoria em exerccio;
Se a atividade objeto do ajuste puder ser realizada de
forma regular por sociedade simples, impe-se que sejam re-
60
queridos os documentos que demonstrem a efetiva inscrio
no Registro Civil de Pessoas Jurdicas (estatuto e eleio da
diretoria em exerccio).
V - decreto de autorizao, em se tratando
de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no Pas, e ato de registro
ou autorizao para funcionamento expe-
dido pelo rgo competente, quando a ati-
vidade assim o exigir.
A Lei de Licitaes refere-se exigncia de registro ou
autorizao para funcionamento, quando o servio assim de-
mandar, pois a realizao de certas atividades depende de auto-
rizao da Administrao Pblica (v.g. instituies financeiras).
Informaes da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
Capacidade jurdica Incluir a exigncia pre-
vista no inciso V do art. 28 da Lei n 8.666/93
(V - decreto de autorizao, em se tratando
de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no Pas, e ato de registro ou
autorizao para funcionamento expedido
pelo rgo competente, quando a ativida-
de assim o exigir). (PGE-RS, Informao n
053/10/PDPE, de 20/04/10).
61
2.3 A questo das cooperativas
Destaque-se o teor do Ofcio Circular GAB/PGE n 2/11,
firmado pelo Procurador-Geral do Estado e direcionado aos se-
nhores(as) secretrios(as) do Estado do Rio Grande do Sul:
Encaminho em anexo cpia do Termo de
Ajustamento de Conduta n 48/2006, firmado
em 11 de outubro de 2006, pelo Estado do
Rio Grande do Sul com o Ministrio Pblico
do Trabalho. Foi assumido o compromisso,
por meio do referido Termo, de no contratar
e no manter trabalhadores por meio de co-
operativas de mo-de-obra para a prestao
de servios arrolados na clusula primeira do
instrumento firmado, tanto para a execuo de
suas atividades-fim como de suas atividades-
meio, quando o trabalho, por sua natureza ou
pelo modo como usualmente executado no
mercado em geral, demandar subordinao
jurdica, pessoalidade e no eventualidade,
quer em relao ao tomador, quer em relao
ao fornecedor de servios (...).
Com o objetivo de evitar eventuais discusses judiciais,
o Procurador-Geral do Estado recomenda, nesse documento,
que, nos termos do 2 da clusula 3 do Termo de Ajusta-
mento de Conduta, os editais de licitao que se destinem a
contratar servios de mo-de-obra disciplinados na clusula
1 do referido termo, incluam expressa meno ao Termo de
62
Ajustamento de Conduta n 48/2006, se possvel com integral
transcrio ou sob forma de anexo.
Informaes da Procuradoria-Geral do
Estado do Rio Grande do Sul
A PGE junta aos autos cpia reprogrfica de
inteiro teor do referido TAC, Procedimento In-
vestigatrio - PI N 622/2004, juntamente com
o Of. CIRC. GAB/PGE n 002/11. (PGE-RS,
Informao n 116/11/PDPE, de 18/01/11).
2.4 Regularidade fiscal e trabalhista
Na anlise da documentao relativa habilitao fiscal,
deve ser observada a regularidade do licitante perante o fisco.
A documentao a ser exigida, conforme o caso, resta elenca-
da na Lei n 8.666/93 da seguinte forma:
Art. 29. A documentao relativa regu-
laridade fiscal e trabalhista, conforme o
caso, consistir em: (Redao dada pela
Lei n 12.440, de 2011).
I - prova de inscrio no Cadastro de Pes-
soas Fsicas (CPF) ou no Cadastro Geral
de Contribuintes (CGC);
A exigncia da comprovao de inscrio no cadastro de
contribuintes pretende identificar o licitante e facilitar a demons-
63
trao de que exercita suas funes regularmente. A inscrio
configura-se obrigao tributria acessria, permitindo a fiscali-
zao de fatos tributrios e a satisfao dos tributos.
A Lei federal n 12.441/11 acrescenta o inciso VI ao art. 44
do Cdigo Civil, frisando que so pessoas jurdicas (e no pes-
soas fsicas) de direito privado as empresas individuais de res-
ponsabilidade limitada. O art. 980-A do Cdigo Civil dispe que:
A empresa individual de responsabilidade limitada ser consti-
tuda por uma nica pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que no ser inferior a 100 (cem) ve-
zes o maior salrio-mnimo vigente no Pas. Nesse caso, tratan-
do-se de pessoa jurdica de direito privado, ela deve apresentar
a inscrio no CNPJ para contratar com os entes pblicos.
II - prova de inscrio no cadastro de con-
tribuintes estadual ou municipal, se hou-
ver, relativo ao domiclio ou sede do lici-
tante, pertinente ao seu ramo de atividade
e compatvel com o objeto contratual;
III - prova de regularidade para com a
Fazenda Federal, Estadual e Municipal
do domiclio ou sede do licitante, ou outra
equivalente, na forma da lei;
IV - prova de regularidade relativa Segu-
ridade Social e ao Fundo de Garantia por
Tempo de Servio (FGTS), demonstrando
situao regular no cumprimento dos en-
cargos sociais institudos por lei. (Reda-
o dada pela Lei n 8.883, de 1994)
V prova de inexistncia de dbitos ina-
64
dimplidos perante a Justia do Trabalho,
mediante a apresentao de certido ne-
gativa, nos termos do Ttulo VII-A da Con-
solidao das Leis do Trabalho, aprovada
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
1943. (Includo pela Lei n 12.440, de 2011)
(Vigncia)
A norma admite a possibilidade de a Administrao P-
blica recusar a contratao com sujeito que se encontre em
situao fiscal irregular.
O Superior Tribunal de Justia (STJ) manifestou-se ex-
pressamente sobre a exigncia da comprovao da regularida-
de fiscal nas licitaes em julgamento de recurso especial:
[...] exigncia de regularidade fiscal para
a participao no procedimento licitatrio
funda-se na Constituio Federal, que dis-
pe no 3 do art. 195 que a pessoa jur-
dica em dbito com o sistema da seguri-
dade social, como estabelecido em lei, no
poder contratar com o Poder Pblico nem
dele receber benefcios ou incentivos fis-
cais ou creditcios, e deve ser mantida du-
rante toda a execuo do contrato, conso-
ante o art. 55 da Lei 8.666/93. (STJ REsp n
633.432/MG, Primeira Turma, j. 22/02/2005).
Na mesma linha, sublinhe-se o posicionamento da Pro-
curadoria-Geral do Estado:
65
No que diz respeito regularidade fiscal pre-
vista no artigo 29, inciso III, do Estatuto das
Licitaes, cabe apontar tambm que o docu-
mento de fl. 191 no relativo empresa que
se pretende contratar (...). A Certido Nega-
tiva de Dbitos Estaduais ali constante de
terceiro estranho a esse procedimento (...).
Desta forma, deve a consulente providenciar
o documento correto, a fim de demonstrar a
sua habilitao no procedimento de dispensa
de licitao. (PGE-RS, Informao n 049/10/
PDPE, de 15/04/10).
2.5 Certido Negativa de Dbitos Trabalhistas (CNDT)
relevante observar que a Lei federal n 12.440/11 in-
cluiu o inciso V ao art. 29 da Lei de Licitaes, determinando
que a documentao relativa regularidade trabalhista, confor-
me o caso, consistir em: V prova de inexistncia de dbitos
inadimplidos perante a Justia do Trabalho, mediante a apre-
sentao de certido negativa, nos termos do Ttulo VII-A da
Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943.
A Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) passa a vi-
gorar acrescida do seguinte Ttulo VII-A:
TTULO VII-A
DA PROVA DE INEXISTNCIA DE DBI-
TOS TRABALHISTAS
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Art. 642-A. instituda a Certido Negativa
de Dbitos Trabalhistas (CNDT), expedida
gratuita e eletronicamente, para compro-
var a inexistncia de dbitos inadimplidos
perante a Justia do Trabalho.
1o O interessado no obter a certido
quando em seu nome constar:
I o inadimplemento de obrigaes esta-
belecidas em sentena condenatria tran-
sitada em julgado proferida pela Justia
do Trabalho ou em acordos judiciais tra-
balhistas, inclusive no concernente aos
recolhimentos previdencirios, a honor-
rios, a custas, a emolumentos ou a reco-
lhimentos determinados em lei; ou
II o inadimplemento de obrigaes de-
correntes de execuo de acordos firma-
dos perante o Ministrio Pblico do Traba-
lho ou Comisso de Conciliao Prvia.
2o Verificada a existncia de dbitos ga-
rantidos por penhora suficiente ou com
exigibilidade suspensa, ser expedida
Certido Positiva de Dbitos Trabalhistas
em nome do interessado com os mesmos
efeitos da CNDT.
3o A CNDT certificar a empresa em
re- lao a todos os seus
estabelecimentos, agncias e filiais.
4o O prazo de validade da CNDT de 180
(cento e oitenta) dias, contado da data de
sua emisso.
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Constata-se que a exigncia da CNDT pretende limitar
o acesso de particulares com dbitos exigveis decorrentes de
relao de trabalho para contratar com a Administrao Pbli-
ca, porquanto a mesma lei que a instituiu modificou os arts. 27
e 29 da Lei de Licitaes.
2.6 Qualificao tcnica
A qualificao tcnica abarca a demonstrao de conhe-
cimentos e habilidades prticas e tericas para a execuo do
objeto a ser contratado com o ente pblico.
Art. 30. A documentao relativa qualifi-
cao tcnica limitar-se- a:
I - registro ou inscrio na entidade profis-
sional competente;
II - comprovao de aptido para desem-
penho de atividade pertinente e compat-
vel em caractersticas, quantidades e pra-
zos com o objeto da licitao, e indicao
das instalaes e do aparelhamento e do
pessoal tcnico adequados e disponveis
para a realizao do objeto da licitao,
bem como da qualificao de cada um dos
membros da equipe tcnica que se res-
ponsabilizar pelos trabalhos;
III - comprovao, fornecida pelo rgo
licitante, de que recebeu os documentos,
e, quando exigido, de que tomou conhe-
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cimento de todas as informaes e das
condies locais para o cumprimento das
obrigaes objeto da licitao;
IV - prova de atendimento de requisitos pre-
vistos em lei especial, quando for o caso.
1o A comprovao de aptido referida no
inciso II do caput deste artigo, no caso
das licitaes pertinentes a obras e ser-
vios, ser feita por atestados fornecidos
por pessoas jurdicas de direito pblico
ou privado, devidamente registrados nas
entidades profissionais competentes, limi-
tadas as exigncias a: (Redao dada pela
Lei n 8.883, de 1994)
I - capacitao tcnico-profissional: com-
provao do licitante de possuir em seu
quadro permanente, na data prevista para
entrega da proposta, profissional de nvel
superior ou outro devidamente reconheci-
do pela entidade competente, detentor de
atestado de responsabilidade tcnica por
execuo de obra ou servio de caracters-
ticas semelhantes, limitadas estas exclu-
sivamente s parcelas de maior relevncia
e valor significativo do objeto da licitao,
vedadas as exigncias de quantidades m-
nimas ou prazos mximos; (Includo pela
Lei n 8.883, de 1994)
II - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de 1994)
a) (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de
1994)
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b) (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de
1994)
2o As parcelas de maior relevncia tc-
nica e de valor significativo, mencionadas
no pargrafo anterior, sero definidas no
instrumento convocatrio. (Redao dada
pela Lei n 8.883, de 1994)
3o Ser sempre admitida a comprovao
de aptido atravs de certides ou ates-
tados de obras ou servios similares de
complexidade tecnolgica e operacional
equivalente ou superior.
4o Nas licitaes para fornecimento de
bens, a comprovao de aptido, quando
for o caso, ser feita atravs de atestados
fornecidos por pessoa jurdica de direito
pblico ou privado.
5o vedada a exigncia de comprovao
de atividade ou de aptido com limitaes
de tempo ou de poca ou ainda em locais
especficos, ou quaisquer outras no pre-
vistas nesta Lei, que inibam a participao
na licitao.
6o As exigncias mnimas relativas a ins-
talaes de canteiros, mquinas, equipa-
mentos e pessoal tcnico especializado,
considerados essenciais para o cumpri-
mento do objeto da licitao, sero aten-
didas mediante a apresentao de relao
explcita e da declarao formal da sua
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disponibilidade, sob as penas cabveis,
vedada as exigncias de propriedade e de
localizao prvia.
7 (Vetado). (Redao dada pela Lei n
8.883, de 1994)
I - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de
1994)
II - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de
1994)
8o No caso de obras, servios e compras
de grande vulto, de alta complexidade tc-
nica, poder a Administrao exigir dos li-
citantes a metodologia de execuo, cuja
avaliao, para efeito de sua aceitao ou
no, anteceder sempre anlise dos pre-
os e ser efetuada exclusivamente por
critrios objetivos.
9o Entende-se por licitao de alta
com- plexidade tcnica aquela que
envolva alta especializao, como fator de
extrema re- levncia para garantir a
execuo do ob- jeto a ser contratado,
ou que possa com- prometer a
continuidade da prestao de servios
pblicos essenciais.
10. Os profissionais indicados pelo li-
citante para fins de comprovao da ca-
pacitao tcnico-profissional de que tra-
ta o inciso I do 1o deste artigo devero