43
Roberta T. S. Cury Oswaldo Carvalho Jr. Manual para Restauração Florestal 5 SÉRIE BOAS PRÁTICAS FLORESTAS DE TRANSIÇÃO

Manual Para Restauração Florestal

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Um excelente manual que descreve técnicas de restauração florestal. Muito bom mesmo.

Citation preview

  • Roberta T. S. CuryOswaldo Carvalho Jr.

    Manual paraRestaurao Florestal

    5SRIE BOAS PRTICAS

    FLORESTAS DE TRANSIO

  • Roberta T. S. CuryOswaldo Carvalho Jr.

    Canarana, junho de 2011.

    Manual para Restaurao Florestal

    Srie BoaS PrticaSVolume 5

    FlOReSTaS de TRanSiO

    O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (IPAM) uma organizao ambiental no governamental fundada em 1995 com a misso de contribuir para um processo de desenvolvimento da Amaznia que atenda s aspiraes sociais e econmicas da populao, ao mesmo tempo que preserva as funes ecolgicas dos ecossistemas da regio.

    Braslia SHIN CA 5 Lote J2 Bloco J2, salas 304 a 309, Lago Norte, Braslia (DF), 71.503-505. (61) 3468-1955 / 3468-2206

    Canarana Rua Horizontina, 104, Centro, Canarana (MT), 78.640-000. (66) 3478-3631Roberta T. S. Cury, assistente de pesquisa: [email protected] Carvalho Jr., coordenador regional: [email protected]

  • Agradecemos a participao da equipe do IPAM, na elaborao do volume 5 da Srie Boas Prticas, em especial a Janaina de Aquino, Ingrid Sinimbu pela reviso geral.

    Simone Mazer (IPAM), Ricardo Rettmann (IPAM), Eduardo dos Santos Pacfico (IPAM), Angela Idelvais Oster (IPAM), Candida Lahis Mews (IPAM), Maristela Becker (Secretaria Municipal de Canarana) e Natlia Guerin (ISA) pelas sugestes e comentrios sobre o texto, ao Renan Caldo (UEL), Natalia Guerin (ISA) e Aline Locks (AT) por terem gentilmente cedido suas fotos. Daniel Nepstad (IPAM) pelas dicas ao longo do projeto.

    Ao Grupo Andr Maggi por ceder a Fazenda Tanguro e aos proprietrios rurais da regio que contriburam diretamente cedendo suas propriedades e que indiretamente fomentaram o conhecimento explicitado neste livro.

    Aos parceiros de Governana Florestal nas Cabeceiras do Rio Xingu: Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Centro de Vida (ICV), Forum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento de MT (FORMAD) e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde (STR Lucas).

    AgrAdecIMentosManual para Restaurao FlorestalFlorestas de Transio

    srie boas prticas, volume 5

    texto

    Roberta Thays dos Santos Cury (IPAM) e Oswaldo Carvalho Jr (IPAM)

    reviso

    Janaina de Aquino e Ingrid Sinimbu

    projeto grfico e editorao eletrnicaAna Cristina Silveira

    capa

    Riacho com mata ciliar preservada na bacia do Rio Xingu. Foto de Roberta Thays dos Santos Cury (IPAM)

    apoio financeiroEsta publicao foi produzida com o apoio da Unio Europia e o seu contedo da exclusiva responsabilidade do Consrcio Governana Florestal e no pode, em caso algum, ser tomado como expresso das posies da Unio Europia.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico: 1. Restaurao florestal : Cincias florestais 634.956

    Cury, Roberta T. S.Manual para restaurao florestal : florestas de transio / Roberta

    T. S. Cury, Oswaldo Carvalho Jr. . -- Belm : IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia, 2011. -- (Srie boas prticas ; v. 5)

    ISBN 978-85-87827-26-5

    1. Florestas - Conservao 2. Meio ambiente 3. Mudas (Plantas) 4. Plantaes florestais 5. Reflorestamento I. Carvalho Junior, Oswaldo. II. Ttulo. III. Srie.

    11-07596 CDD-634.956

  • O volume 5 da Srie Boas Prticas, Manual para Restau-rao Florestal: florestas de transio, tem como prin-cipal objetivo apontar os caminhos ecolgicos viveis para restabelecer a cobertura florestal em reas degradadas. Este livro voltado ao produtor rural interessado na recuperao das matas e na preservao das guas de sua propriedade.

    Pensando em uma leitura fcil e dinmica, elaboramos o livro a partir de experincias do Instituto de Pesquisa Am-biental da Amaznia nas cabeceiras dos Rios Xingu e Ara-guaia e de outras iniciativas regionais, procurando sempre ilustr-las e exemplific-las.

    A idia central do livro que a partir de uma tabela de decises o proprietrio possa reconhecer a situao atual de sua propriedade e escolher a tcnica de restauro mais apropriada s suas condies ambientais e financeiras. Ao longo da leitura, o proprietrio observar informaes so-bre como diagnosticar a sua rea, as tcnicas de restaura-o florestal mais utilizadas, sugestes de manuteno e monitoramento da rea recuperada e estimativas de custo dessas atividades, levantadas durante os anos de 2010 e 2011 na regio.

    Boa leitura!

    APresentAo

    Para democratizar a difuso dos contedos publicados neste livro, os textos esto sob a licena Creative Commons (www.creativecommons.org.br), que flexibiliza a questo da propriedade intelectual. Na prtica, essa licena libera os textos para reproduo e utilizao em obras derivadas sem autorizao prvia do editor, mas com alguns critrios: apenas em casos em que o fim no seja comercial, citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e, no caso de obras derivadas, a obrigatoriedade de licenci-las tambm em Creative Commons.

    Essa licena no vale para fotos e ilustraes, que permanecem em copyright .

    Voc pode:

    Copiar e distribuir os textos desta publicao.

    Criar obras derivadas a partir dos textos desta publicao.

    Sob as seguintes condies:

    Atribuio: voc deve dar crdito ao autor original, da forma especificada no crdito do texto.

    Uso no-comercial: voc no pode utilizar esta obra com finalidades comerciais.

    Compartilhamento pela mesma Licena: se voc alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta, voc somente poder distribuir a obra resultante sob uma licena idntica a esta.

    Licena

  • 1. introduo ...........................................................................11 Importante desafio ........................................................................ 11 Fatores limitantes regenerao natural ............................ 12 reas que podem ser restauradas .......................................... 13 Iniciativas locais................................................................................ 17

    2. avaliao da rea .............................................................19

    3. escolha da tcnica ...........................................................23

    4. apresentao das tcnicas ............................................27 4.1 Regenerao Natural ............................................................ 27 4.2 Plantio de Mudas ..................................................................... 32 Plantio de mudas em linhas ................................................ 36 Plantio de mudas em Ilhas ................................................... 39 4.3 Plantio com sementes ou semeadura direta ............. 42 4.4 Enriquecimento ........................................................................ 48 4.5 Adensamento ............................................................................ 51 4.6 Sistemas Agroflorestais ......................................................... 52

    5. manuteno e monitoramento ....................................55

    6. custos de implantao e manuteno .....................57 6.1 Proteo dos solos ................................................................. 57 6.2 Isolamento das APPs ............................................................. 58 6.3 Plantio de mudas ................................................................... 62 6.4 Semeadura direta ................................................................... 64 6.5 Controle de espcies invasoras ....................................... 66 6.6 Preveno contra incndios ............................................. 69 6.7 Preveno contra formigas cortadeiras ...................... 72

    anexos .........................................................................................74glossrio .....................................................................................75leitura complementar .............................................................77

    suMrIo

  • 11ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    IMPortAnte desAfIo

    A preocupao com a reparao de danos provocados pelo homem aos ecossistemas no recente e atual-mente desponta como um importante desafio a ser su-perado. Neste sentido, tm sido estabelecidas plantaes florestais no Brasil desde o sculo XIX por diferentes razes. Entretanto, somente na dcada de 1980, com o desenvol-vimento da ecologia da restaurao como cincia, o termo restaurao ecolgica e suas derivaes passaram a ser mais claramente definidos.

    Atualmente, consideram-se degradadas reas que apre-sentam sintomas, tais como processos erosivos, ausncia ou diminuio da cobertura vegetal, deposio de lixo, com-pactao do solo, assoreamento dos rios , entre outros. Em

    1. Introduo

    Mata ciliar degradada

    gra

    cin

    do

    cu

    nh

    a

  • 12

    intRoduo

    ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 13

    intRoduo

    ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    2004, a Sociedade Internacional para a Restaurao Ecolgi-ca (SER, em ingls) publicou um guia com Os Princpios da SER Internacional sobre a Ecologia de Restaurao. Esse guia define a restaurao ecolgica como uma atividade intencio-nal que inicia ou acelera a recuperao de um ecossistema no que diz respeito sua sade, integridade e sustentabilidade.

    Na maioria das vezes, os ambientes que requerem res-taurao tm sido degradados, danificados, transformados ou inteiramente destrudos como resultado direto e indireto de atividades humanas. Um dos desafios para a restaurao ecolgica consiste em tornar essas reas degradadas em ambientes novamente saudveis, onde as espcies possam se manter a longo prazo.

    No entanto, uma ao de restaurao torna-se neces-sria quando a floresta perde a capacidade de se recuperar sozinha, ou seja, quando o ambiente sofre distrbios de tal modo que, pela amplitude, no consegue se recuperar at voltar ao seu estado de equilbrio, ou quando os processos do ecossistema esto vagarosos e se deseja apenas acelerar o processo de regenerao.

    fAtores lIMItAntes regenerAo nAturAl

    Em muitos casos suficiente apenas direcionar a rea a ser restaurada. Em outras palavras, isto significa dar uma fora inicial para quebrar algumas barreiras que impedem a rege-nerao espontnea da rea. So muitas as barreiras para a re-generao natural da vegetao, incluindo ausncia ou baixa disponibilidade de sementes e/ou razes para a colonizao

    do local; falhas na germinao das sementes e no crescimen-to das mudas; aumento da predao de sementes e mudas; ausncia de um clima favorvel; solos pobres e compactados; poucos animais polinizadores e dispersores de sementes; e tambm competio com espcies invasoras (capim).

    reAs que PodeM ser restAurAdAs

    Dentre as reas que podem ser restauradas, destacamos as reas de Preservao Permanente (APPs). Uma APP toda faixa de terra coberta por vegetao natural e que exer-ce a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico da fauna e flora, com a finalidade de proteger o solo e o bem estar das populaes, nos limites definidos pela le-gislao, neste caso a Lei 4.771/65.

    fotos: roberta cury

    Crrego desmatado

    Crrego assoreado

  • 14

    intRoduo

    ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 15

    intRoduo

    ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    segundo o cdIgo florestAl, consIderAM-se APPs As florestAs e deMAIs forMAs de vegetAo nAturAl sItuAdAs:

    Largura da APP Largura do Rio

    30 m de largura At 10 m

    50 m de largura Entre 10 a 50 m

    100 m de largura Entre 50 a 200 m

    200 m de largura Entre 200 a 600 m

    500 m de largura Maiores que 600 m

    A

    importante reforar que as Matas Ciliares ou formaes ribei-rinhas so insubstituveis e desempenham servios essenciais como: proteger os crregos e as nascentes, estabilizar encostas, abrigar a fauna, controlar pragas (ex.: doenas e plantas invaso-ras), entre outros benefcios. A eficincia das Matas Ciliares dependem tanto da largura quanto do seu estado conservao, e a reduo dessas matas representam uma grande perda de pro-teo para reas sensveis (SBPC e ABC, 2011).

    Represas desmatadas

    robe

    rta

    cu

    ry

    IMPortAnte Durante a redao deste livreto, uma proposta de reformulao do Cdigo Florestal estava em discusso no Congresso Nacional, portanto esses valores podem ter sofrido alteraes. Consulte a Secretaria de Meio Ambiente ou outro rgo compe-tente para certificar dos valores vigentes atuais.

    Ao longo dos rios ou de qualquer curso dgua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser:

    B Ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios dgua naturais ou artificiais;

    Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos dgua, qualquer que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50m de largura;

    No topo de morros, montes, montanhas e serras;

    Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive;

    Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

    Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100m em projees horizontais;

    Em altitude superior a 1.800m, qualquer que seja a vegetao.

    c

    d

    e

    f

    g

    H

  • intRoduo

    16 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 17

    intRoduo

    ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    As MAtAs cIlIAres trAzeM dIversos BenefcIos, coMo:

    Garantir a estabilidade do solo, evitar a sua eroso e o deslizamento de terra;

    Evitar que partculas slidas, poluentes e resduos, como defensivos agrcolas, sejam levados at os cursos de gua, provocando sua contaminao e assoreamento;

    As copas das rvores amortecem os impactos das guas das chuvas sobre o solo, evitando sua compactao;

    Garantir alimento para os peixes e outros animais aquticos;

    Contribuir para manter a estabilidade da temperatura das guas devido ao clima formado sob as copas das rvores;

    Conectar fragmentos florestais, formando corredores que servem como refgio para os animais silvestres;

    Evitar a escassez da gua e assegurar fontes duradouras, mais limpas e prprias para o consumo.

    InIcIAtIvAs locAIs

    A regio do Xingu-Araguaia, no estado do Mato Grosso, apresenta uma das mais recentes fronteiras de desmata-mento para a formao das lavouras e pastagens. Essas al-teraes na cobertura vegetal e no uso da terra acarretaram vrios nveis de degradao florestal nas matas da regio. Por outro lado j existem vrias iniciativas locais que visam restaurao florestal. Dentre estas iniciativas podemos citar a Campanha Y Ikatu Xingu* que surgiu em 2004 para atu-ar na recuperao e proteo das nascentes e cabeceiras do Rio Xingu, o programa de recuperao de reas degradadas do municpio de Canarana, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), o Cadastro de Compromisso So-cioambiental (CCS) da Aliana da Terra** que visa orien-tar o produtor rural na adequao socioambiental de sua propriedade, conciliando o equilbrio entre produo, res-ponsabilidade social e conservao ambiental e a Rede de Sementes do Xingu*** que se prope a realizar um processo continuado de formao de coletores de sementes nas cabeceiras do Rio Xingu, para disponi-bilizarem sementes da flora regional com qualidade e em quantidade.

    * y ikatu xingu: www.yikatuxingu.org.br

    ** cadastro de compromisso socioambiental do xingu: www.aliancadaterra.org.br e www.ipam.org.br

    *** rede de sementes do xingu: www.sementesdoxingu.org.br

    Moradora produzindo mudas em casa

    foto

    s: roberta cu

    ry

    robe

    rta

    cu

    ry

  • 19ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Mata ciliar

    robe

    rta

    cu

    ry

    Os projetos de recuperao florestal podem ser planeja-dos de diversas formas, mas sempre devem iniciar com uma avaliao da situao da rea degradada.

    Assim, aps realizado o diagnstico ambiental e consta-tado o estado de degradao ambiental ser mais fcil defi-nir a tcnica de restaurao mais adequada que dever ser empregada e o custo final da atividade.

    Devido diversidade de situaes existentes na rea ru-ral elaboramos uma tabela com cinco casos para auxiliar na tomada de decises, contemplando os principais aspectos e situaes de degradao ambiental baseados no uso do solo. A tabela 1 tambm aponta para o potencial que a rea degradada apresenta para a regenerao natural e as prin-cipais aes de recuperao recomendadas em cada caso.

    2. Avaliao da rea

  • aVaLiao da REa

    20 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    aVaLiao da REa

    21ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Uso do solo Potencial de regenerao natural Tcnica de recuperao

    reas de emprstimo*ou minerao

    nulo

    Controle de erosesRecuperao do solo (adubao verde, calagem, fertilizantes)Plantio de mudas de espcies tolerantes a ambientes muito degradados

    Agricultura baixo

    Controle de erosesControle de gramneas invasorasPlantio de mudas de espcies de rpido crescimento e tolerantes ao solSemeadura direta de espcies de rpido crescimento e tolerantes ao sol

    Pastagens antigas mdio

    Supresso do fogoControle de erosesDescompactao do soloControle de gramneas invasorasPlantio de espcies de rpido crescimento e tolerantes ao solSemeadura direta de espcies de rpido crescimento e tolerantes ao sol

    Fogo espordico alto

    Supresso do fogoControle de erosesControle de gramneas invasorasManejo de cipsRegenerao NaturalPlantio de enriquecimento

    reas desmatadas

    recentementealto

    Supresso do fogoControle de erosesControle de gramneas invasorasManejo de cipsRegenerao naturalConduo da regenerao natural

    tABelA 1. tCniCaS RECoMEndadaS paRa REStauRao FLoREStaL noS diFEREntES uSoS do SoLo.

    * o

    term

    o em

    prs

    tim

    o re

    fere

    -se

    reti

    rad

    a d

    a c

    am

    ad

    a su

    perf

    icia

    l do

    solo

    para

    co

    nst

    ru

    o d

    e ba

    rra

    gen

    s, a

    terr

    os,

    entr

    e ou

    tro

    s.

    Identificar os fatores de degradao e elimin-los (ex.: isolar a rea);

    Avaliar o histrico de degradao e usos do solo;

    Identificar se existe potencial para regenerao natural (ex.: ocorrncia de vegetao natural espontnea e matas preservadas prximas fontes de sementes);

    Sementes dispersas pelo vento.

    ren

    an

    ca

    ldo

    Escolher a tcnica de restauro florestal mais apropriada para APP degradada a partir das anlises realizadas.

    PAssos PArA A AvAlIAo e escolHA dA MelHor tcnIcA de restAurAo

    1

    2

    3

    4

  • 23ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Espcies frutferas

    que atraem a avifauna

    ren

    an

    ca

    ldo

    O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), in-dependente da tcnica escolhida, estabelece por meio da Resoluo no 429 que as medidas de recuperao devem observar seis requisitos necessrios:

    1. A proteo das espcies nativas mediante isolamento ou cercamento da rea a ser recuperada;

    2. Adoo de medidas de controle e erradicao de espcies vegetais exticas invasoras (ex.: gramneas africanas);

    3. Adoo de medidas de preveno, combate e controle do fogo;

    4. Adoo de medidas de controle da eroso, se necessrio;5. Preveno e controle do acesso de animais domsticos

    e/ou exticos (ex.: bovinos); 6. Adoo de medidas para conservao e atrao

    de animais nativos dispersores de sementes.

    3. escolha da tcnica

  • ESCoLha da tCniCa

    24 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    ESCoLha da tCniCa

    25ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    tABelA 2. restAurAo florestAl vIA regenerAo nAturAl: vAntAgens, desvAntAgens e recoMendAes.

    Tcnica de plantio Vantagens Desvantagens Recomendaes

    Abandono da rea

    Procedimento mais barato

    Os processos de regenerao podem ser lentos

    Excluir os fatores de degradaoConduo da

    regenerao natural

    Procedimento barato e acelera a cobertura vegetal

    H necessidade de proximidade com a mata preservada, da presena de sementes e mudas jovens, animais dispersores e polinizadores e de razes no solo

    Vamos apresentar algumas tcnicas de restaurao flo-restal, suas vantagens, desvantagens e recomendaes de tal forma que o proprietrio sinta-se livre para escolher o m-todo mais indicado para o seu caso.

    Regenerao natural

    Plantio de mudas

    tABelA 3. restAurAo florestAl vIA PlAntIo de MudAs: vAntAgens, desvAntAgens e recoMendAes.

    Tcnica de plantio Vantagens Desvantagens Recomendaes

    Planti

    o em

    linha

    Rpida cobertura do solo Alto custo de

    implantao

    Proximidade com viveiros de mudas

    Menor manuteno com capim

    Disponibilidade de espcies diferentes

    Reduo dos custos com manuteno

    Dificuldades em obter mudas

    Disponibilidade de recursos humanos e financeiros

    Planti

    o em

    ilhas

    Menor quantidade de mudas

    Cobertura lenta do solo Indicado para locais onde

    j existe regenerao natural, de difcil acesso ou com pouca mo de obra e/ou recursos

    Menor custo de implantao

    Dificuldades em operacionalizar

    Aumento nos custos com manuteno

    Aden

    same

    nto

    No necessrio diversidade de espcies

    Indicada para reas que possuem mata nativa mas que no preenchem toda a APP

    Preenche as APPs com "falhas" na cobertura

    Enriq

    uecim

    e Povoar com indivduos de diferentes espcies a APP empobrecida

    Dificuldade na obteno de mudas com diversidade

    Indicada para reas empobrecidas e que no possuem fontes de sementes prximas

  • ESCoLha da tCniCa

    26 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 27ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Em termos gerais, so indicadas as seguintes intervenes: regenerao natural, plantio direto via semeadura e plan-tio de mudas de espcies arbustivo-arbreas nativas da regio.

    4.1 regenerAo nAturAl

    Atualmente, a regenerao natural um dos mto-dos recomendados para restaurao florestal em reas de Preservao Permanente pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente e a estratgia mais indicada para reas que apresentam pequeno grau de perturbao.

    A regenerao natural ocorre atravs da substituio gradual de diferentes espcies vegetais, de tal modo que basta abandonar a rea a ser restaurada para que esta natu-

    tABelA 4. restAurAo florestAl vIA seMeAdurA dIretA: vAntAgens, desvAntAgens e recoMendAes.

    Tcnica de plantio Vantagens Desvantagens Recomendaes

    Plantio direto com plantadeira

    Baixo custo de implantao

    Alta mortalidade de sementes Disponibilidade de

    maquinrio; terrenos mecanizveis; indicada para grandes reas

    Baixo custo de manuteno

    Pouca informao sobre as espcies mais indicadas

    Plantio direto com vincn/tornado

    Baixo custo de implantao

    Alta mortalidade de sementes Disponibilidade de

    maquinrio; terrenos mais acidentadosBaixo custo de

    manuteno

    Pouca informao sobre as espcies mais indicadas

    Plantio manualPode ser associado agrofloresta

    Maior mo de obra inicial

    reas de difcil acesso; pequenas reas

    Semeadura direta

    IMPortAnte Lembrando que pode-se utilizar diferentes tcnicas de recuperao em uma mesma propriedade e que uma rea restaurada pode seguir di-ferentes caminhos durante o processo de recuperao.

    4. Apresentao das tcnicas

    Rebrota por razes

    robe

    rta

    cu

    ry

  • apRESEntao daS tCniCaS

    28 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    29ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    ralmente se recupere. Em alguns casos a recuperao ocor-rer mais rapidamente se j estiverem disponveis indivduos jovens remanescentes, banco de sementes e/ou rebrota de plantas por razes.

    Desta forma, a restaurao fcil e barata. No entanto, em alguns casos necessrio isolar a rea contra os fatores de perturbao (ex.: atravs da construo de cercas e/ou aceiros).

    Acima: fragmento florestal prximo; abaixo: presena de regenerao natural

    Regenerao natural vencendo a competio com capim

    robe

    rta

    cu

    ry

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

    IMPortAnte Nas reas abandonadas, porm sem regenerantes, ou seja, com pouca ou nenhuma cobertura vegetal, essencial saber quais so as razes pelas quais a regenerao natural no ocorre espon-taneamente. Neste sentido, diagnosticar a rea de suma importncia para auxiliar na tomada de decises e, em certos casos, preciso quebrar as barreiras que impedem e/ou dificultam a regenerao natural.

    Uma das medidas para conduzir a regenerao na-tural eliminar espcies competidoras que esto com superpopulao, como bambus e cips; e, principal-mente, combater espcies agressivas que competem com as nativas, como as leucenas e a braquiria.

  • apRESEntao daS tCniCaS

    30 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    31ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    BArreIrAs regenerAo nAturAl

    De cima para baixo: gramneas exticas dificultando a germinao das sementes; plntula sob cobertura de capim e competio entre as gramneas e a regenerao natural.

    Ausncia de regenerao natural

    robe

    rta

    cu

    ry

    ace

    rvo

    ipa

    m

    robe

    rta

    cu

    ry

    robe

    rta

    cu

    ry

    Solos compactados e/ou erodidos (reas de pastagens abandonadas, por exemplo);

    Presena de gramneas agressivas, como colonio, braquiria, capim gordura, midicula, entre outros;

    Ausncia de matas preservadas prximas que podem diminuir a chegada de sementes;

    Ausncia de banco de sementes no solo, como reas de lavoura exploradas por muitos anos;

    Ambiente desfavorvel germinao e ao crescimento das mudas, com excesso de luminosidade, pouca umidade e nutrientes no solo;

    Solos intensamente gradeados com ausncia de razes (principais fontes de regenerao natural no cerrado).

  • apRESEntao daS tCniCaS

    32 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    33ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    4.2 PlAntIo de MudAs

    As atividades de plantio de mudas envolvem diferentes etapas, como a produo e transporte de mudas, formao de uma equipe de plantio, preparo do solo, distribuio das mudas na rea e o plantio nas covas.

    As mudas devem ser encomendadas e/ou produzidas com antecedncia para adquirir as quantidades e espcies desejadas e de preferncia prximas ao local de plantio. Uma alternativa produzir as mudas na prpria fazenda* desde que se possua um funcionrio treinado disposio, pois grandes distncias encarecem o transporte e frequentemen-te prejudicam a integridade das mudas.

    As mudas produzidas em sacos plsticos devem ser reti-radas aps cortar o fundo da embalagem cuidadosamente com o auxlio de uma faca. Isto ajuda a preservar o torro e evitar danos s razes.

    * ver dicas sobre coleta e beneficiamento de sementes no livro plante as rvores do xingu e araguaia produzido pelo instituto socioambiental.

    IMPortAnte

    Os plantios devem coincidir com o incio da estao das chuvas, isso garantir que as mudas sobrevivam ao longo perodo de seca caracterstico da regio.

    A muda deve ser depositada prxima cova e nun-ca lanada. Durante o transporte, a distribuio e o manuseio devem ser feitos sempre pela embala-gem e nunca pela planta.

    Corte a parte inferior do torro ainda no saco (cerca de dois dedos), para evitar o enovelamento da raiz aps o plantio.

    Produo de mudas

    Transporte de mudas

    robe

    rta

    cu

    ry

    robe

    rta

    cu

    ry

  • apRESEntao daS tCniCaS

    34 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    35ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    A escolha das espcies fundamental para o sucesso de qualquer plantio, por isso deve-se observar quais so as es-pcies frequentes na regio e levar em considerao os dife-rentes tipos de vegetao (ex.: varjo, matas ciliares, florestas, cerrados abertos etc).

    Acima: coveamento mecanizado; abaixo: plantio de mudas em nvel

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

    IMPortAnte Durante o plantio, deve-se tomar cuidado com a disposio das espcies. interessante

    alternar as espcies e no repetir a mesma espcie sequencialmente (ex.: no plantar uma linha s de jato-

    b, uma s de baru etc.), pois a inteno formar uma futura floresta ou cerrado e no um bosque.

    A disposio aleatria das mudas e a escolha por esp-cies locais diminuem as chances de propagao de pragas e a competio por recursos, pois cada espcie tem ne-cessidades diferentes de luz, gua e nutrientes. Ademais, quando colocadas aleatoriamente, aumenta-se a relao de facilitao entre as espcies, uma vez que uma espcie cria condies para a outra se desenvolver (ex.: espcies de ings crescem rpido, o que aumenta a quantidade de nitrognio no solo e, consequentemente, ajuda o desenvolvimento do tento, que cresce na sombra).

    Os plantios com mudas podem ser planejados de dife-rentes formas, ou seja, em linhas com diferentes espaa-mentos ou em ilhas, melhor explicado nos tpicos abaixo. De modo geral esses plantios demandam alto custo inicial, mas so utilizados em larga escala devido ao seu alto ndice de sucesso.

  • apRESEntao daS tCniCaS

    36 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    37ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    PlAntIo de MudAs eM lInHAs

    Os plantios em linhas podem ser indicados para recu-perar grandes reas e tem como prioridade recobrir rapi-damente o solo desmatado e, assim, competir com a po-pulao de capim. Aps esta etapa o ambiente comea se tornar mais atrativo a fauna e favorvel ao desenvolvimen-to de outras espcies vegetais.

    A velocidade do recobrimento est diretamente relacio-nada com a determinao dos espaamentos, com a distri-buio e a escolha das espcies (veja alguns casos a seguir). O espaamento pode ser feito com vrias combinaes

    de distncias entre as linhas e as mudas (ex.: 2x3m, 3x2m, 5x5m etc) onde o primeiro nmero refere-se distncia en-tre as linhas e o segundo nmero refere-se distncia entre as mudas. Um espaamento de 3m entre linhas com 2m entre mudas permite mecanizao das atividades de limpe-za nas linhas de plantio, enquanto um espao 2m x 3m no permite. Note que ambos os espaamentos tm a mesma densidade de mudas (1.666 mudas/ha) e que as linhas de mudas seguem paralelas ao leito do rio, ou seja, em nvel.

    Plantio de mudas

    robe

    rta

    cu

    ry

    ace

    rvo

    ipa

    m

    Mudas em linhas

  • apRESEntao daS tCniCaS

    38 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    39ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    As linhas podem conter mudas intercaladas, ou seja, uma linha de preenchimento com espcies pioneiras* (es-pcies mais rsticas, de rpido crescimento e formao de copa) e outra de diversidade, com espcies no pioneiras* (espcies diversas, como frutferas, rvores de porte baixo e/ou crescimento mais lento).

    Lin

    ha

    S in

    tER

    Ca

    Lad

    aS

    Lin

    ha

    S M

    iSta

    S

    Os plantios em linhas podem ocorrer em duas etapas. Na 1a etapa, o plantio pode ser composto apenas por es-pcies pioneiras*, de crescimento rpido e formao de copa com a finalidade de sombrear rapidamente e vencer a competio com o capim. Na 2a etapa, pode ser feito um enriquecimento com o replantio, sob as copas das rvores, com espcies no pioneiras* que toleram ambien-tes sombreados.

    As linhas de plantio devem seguir as curvas de nvel, no entanto, o espaamento deve levar em considerao tanto o interesse em mecanizar os tratos culturais como a declivida-de, a pedregosidade e a suscetibilidade eroso.

    PlAntIo de MudAs eM IlHAs

    As ilhas podem ser compostas por mudas isoladas ou agregadas, de diferentes espcies e de rpido crescimento que serviro como trampolins para restaurar a conectivida-de entre os fragmentos na paisagem e como poleiros para animais dispersores de sementes.

    Com o plantio de mudas em ilhas pode-se baratear os custos das atividades de restauro devido reduo do nme-ro de mudas por hectare (15 a 30 % da rea), menor quantida-de de insumos e menor custo de implantao e de manuten-o. No entanto, o recobrimento da rea ser mais lento e o controle de capim deve ser realizado freqentemente.

    * ver tabela na pgina 74 as principais diferenas entre as espcies pioneiras e no-pioneiras

    As linhas podem ser com mudas mistas ou, ao acaso, onde as espcies arbreas pioneiras* e no pioneiras* so dispostas alternadamente na mesma linha de plantio.

  • apRESEntao daS tCniCaS

    40 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    41ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    reA 1 tratamentos: cova manual; mudas no coroadas. sobrevivncia: 54% das espcies aps o perodo de um ano.

    reA 2 tratamentos: cova manual; um coroamento manual ps-plantio. sobrevivncia: 86% das espcies aps o perodo de um ano.

    Capim alto competindo com as mudas

    Pouco capim entre as mudas

    foto

    s: a

    cerv

    o ip

    am

    foto

    s: a

    cerv

    o ip

    am

    PlAntIo eM IlHAsPlAntIo no IncIo dA estAo dAs cHuvAs

    Espcies indicadas para a produo de mudas

    Estudos realizados em florestas de transio na regio de Querncia - MT mostraram que algumas espcies nativas apresentam entre 50 a 95% de sobrevivncia, pois so mais resistentes as condies climticas locais e, portanto, mais indicadas para o uso em reflorestamentos.

    Dentre essas espcies, incluem a Hymenaea sp. ja-tob, Calophyllum brasiliense landi, Copaifera sp. copaba, Mauritia flexuosa buriti, Alibertia sp. marmelado, Tabebuia sp. ips, Tapirira guianensis tatapiririca, Sclerolobium paniculatum carvoeiro, Enterolobium schomburgkii fava-orelha, Byrsonima sp. murici, Mabea fistulifera mamoninha, Pouteria ramiflora maaranduba, Oenocarpus bacaba ba-caba, Simarouba amara marup/morcegueira e Cecropia sp. embaba.

    pLa

    nti

    o E

    M iL

    ha

    S

  • apRESEntao daS tCniCaS

    42 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    43ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    4.3 PlAntIo coM seMentes ou seMeAdurA dIretA

    O plantio por sementes ou semeadura direta uma tc-nica que supera uma das primeiras barreiras regenerao natural, isto , a ausncia de sementes. Nesta tcnica as se-mentes so lanadas diretamente no local a ser restaurado.

    O sucesso no emprego da semeadura depende de con-dies mnimas para que ocorra a germinao das sementes e, posteriormente, possibilitem que as mudas cresam e se estabeleam.

    A semeadura pode ser utilizada para o adensamento e o enriquecimento de reas degradadas, assim como para o plantio na rea toda.

    Atualmente, na regio da Bacia do Xingu, encontra-se di-fundida a tcnica de semeadura direta mecanizada, a qual foi adaptada pelo Instituto Socioambiental (ISA) e popular-mente conhecida como muvuca.

    A muvuca consiste na mistura de diversas sementes de espcies arbustivo/arbreas nativas, desde aquelas de incio de sucesso at as tardias, junto com leguminosas de ciclo de vida curto, utilizadas como adubo verde, que garan-tem a cobertura do solo do primeiro ao dcimo ms (feijo-de-porco) e do 11 ms at o terceiro ano (feijo guandu). Essas leguminosas diminuem a reocupao da rea pelo ca-pim atravs do sombreamento, descompactam e incorpo-ram matria orgnica e nitrognio ao solo, diminuindo assim a necessidade de interveno na rea.

    A semeadura da muvuca mecanizada e os plantios so realizados de acordo com as caractersticas da rea a ser reflorestada e com a disponibilidade do maquinrio pelo proprietrio, como a plantadeira e a lanadeira de sementes e fertilizantes (ex.: vincn, tornado e Jan).

    Em relao aos plantios em reas de lavoura, onde o solo j comumente preparado, recomenda-se o plantio a lano, no qual necessria uma gradagem prvia para revol-vimento do solo, ou ento o plantio direto com a planta-deira, dispensando, assim, o combate aos capins. Quando se trata de reas utilizadas anteriormente para fins de pas-tagem, o solo precisa ser preparado com trator e grade para descompactao e retirada do capim, sendo por vezes tam-bm necessrio o uso de herbicida.

    Coleta de sementes nativas

    ren

    an

    ca

    ldo

  • apRESEntao daS tCniCaS

    44 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    45ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    *sAIBA MAIs www.yikatuxingu.org.br/2010/11/24/plantio-mecanizado-de-florestas-faca-voce-mesmo/

    PrePAro dAs seMentes* oPes de PlAntIo dIreto*

    Sementes de leguminosas - feijes

    Quebra de dormncia com choque trmico

    Mistura de sementes

    Muvuca pronta para o plantio

    Semente lanada manualmente

    Semeadura com plantadeira

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

    foto

    s: roberta cu

    ry

    Semeadura com lanadeira Vincn

  • apRESEntao daS tCniCaS

    46 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    47ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Acima: linhas de plantio; abaixo: muda de tamboril entre os feijes

    robe

    rta

    cu

    rya

    cerv

    o is

    a

    O plantio mecanizado de sementes no indicado para terrenos com declividade muito alta devido ao risco de ero-so e tombamento das mquinas. Alm disso, h produto-res que no possuem equipamentos nem tratores adequados.

    Apesar das baixas taxas de germinao e do alto ndi-ce de mortalidade das mudas recm germinadas, a muvu-ca mostra-se promissora por oferecer muitas vantagens em comparao com o plantio com mudas, pois mais rpida e de baixo custo.

    Espcies indicadas para o plantio com sementes

    Alguns estudos apontam que algumas espcies so essenciais para compor a muvuca, pois apresentam altas taxas de germinao, crescimento e so mais resistentes a secas prolongadas.

    Magonia pubescens tingui, Mabea fistulifera ma-moninha, Anaderanthera macrocarpa angico-cuiabano, Hymenaea courbaril jatob da mata, Astronium fraxinifolim guarita, Simarouba vesico-lor morcegueira, Bixa orelana urucum, Copaifera sp. copaba, Solanum sp. lobeira, Dipteryx alata baru, Jacaranda micranta caroba, Tabebuia sp. ips e Oenocarpus bacaba bacaba.

  • apRESEntao daS tCniCaS

    48 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    49ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    4.4 enrIquecIMento

    O enriquecimento recomendado para reas que pos-suem poucas espcies e consiste em reintroduzir sob a copa das rvores de floresta degradada ou em recuperao algu-mas espcies de plantas que existiam originalmente.

    Com esta tcnica, nem espaamentos nem alinhamentos so definidos e podem ser utilizados mudas e/ou sementes.

    As mudas podem ser distribudas isoladamente ou agre-gadas (ilhas) e pode-se optar por uma ampla diversidade de espcies e diferentes formas de vida, como: ervas trepa-deiras, arbustos e rvores.

    Plantios de enriquecimento

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

    IMPortAnte O enriquecimento tambm pode ser empregado como uma segunda etapa nos plan-tios de reflorestamento, ou seja, alguns anos aps a primeira interveno com plantio de mudas ou se-mentes inicia-se o enriquecimento, introduzindo sob a copa das rvores estabelecidas espcies dife-rentes das usadas inicialmente.

    O enriquecimento pode ser feito com espcies frutfe-ras, madeireiras, medicinais e melferas, cujo aproveitamento pode servir de fonte de renda alternativa e at mesmo fonte de alimentao para pequenos produtores rurais.

    Enriquecimento com mudas e/ou sementes

    robe

    rta

    cu

    ry

    rena

    n cald

    o

  • apRESEntao daS tCniCaS

    50 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    51ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Uma forma de enriquecimento a alocao de sera-pilheira, a qual consiste em colher uma mistura do cho de florestas no degradadas contendo folhagens, semen-tes e solo superficial, e implant-la diretamente nas reas em restaurao.

    Para que a tcnica d bons resultados, sugere-se que seja realizada em pocas de clima favorvel (chuvoso). Uma das vantagens dessa forma de enriquecimento a possibilidade de atrair outras formas de vida, como cips e herbceas, para as APPs degradadas.

    No entanto, a alocao de serapilheira no indicada para restaurao de reas abertas devido ao excessivo res-secamento das camadas superficiais do solo causado pelo longo perodo de seca.

    Muda crescendo sobre as folhagen e sementes sobre o solo

    foto

    s: a

    cerv

    o ip

    am

    4.5 AdensAMento

    O adensamento envolve o plantio de mudas ou semen-tes de espcies de rpido crescimento no interior de capoei-ras, florestas secundrias e/ou florestas degradadas, preen-chendo os espaos vazios entre as demais espcies.

    Esta prtica usada onde se constata a ocorrncia de espcies nativas que no conseguem recobrir o solo, nem garantir os processos de regenerao natural.

    rea indicada para adensamento com mudas

    robe

    rta

    cu

    ry

  • apRESEntao daS tCniCaS

    52 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    apRESEntao daS tCniCaS

    53ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    4.6 sIsteMAs AgroflorestAIs

    O que so SAFs?

    Sistemas agroflorestais (chamados SAFs) so compostos por um consrcio de espcies arbreas e arbustivas, culturas agrcolas e at mesmo animais de um sistema de produo.Com um consrcio de espcies de portes diferentes, possi-bilita-se uma maior utilizao dos mais variados extratos da floresta tanto na parte area quanto na subterrnea. Alm disso, os SAFs imitam o ambiente de uma floresta natural. Nesse tipo de ambiente, as plantas tendem a se desenvolver de forma mais independente e rgida, ou seja, ela se sente em casa e necessita menos de fertilizantes, venenos etc.

    Os sistemas agroflorestais, no incio de sua implantao, requerem certo investimento, incluindo compra de mu-das, sementes, contratao de mo de obra para controle de espcies invasoras, entre outros. Porm, na medida em que evoluem em seu estgio sucessional, no necessitam mais de manuteno constante, exigindo apenas pequenos desbastes e, se for de interesse do produtor, colheita dos produtos produzidos. Alm disso, quanto mais diversificado o sistema, menos o produtor ter a necessidade de utilizar insumos agrcolas (agroqumicos, fertilizantes etc.), e, por conseguinte, obter maior renda lquida.

    assim, os SaFs so uma excelente alternativa para aquele produtor que deseja recuperar uma rea degradada e diversificar sua produo, garantindo renda o ano todo!

    De cima para baixo: floresta com mudas de pequi; floresta com mandioca e abacaxi e produo de abacaxi

    foto

    s: re

    na

    n c

    ald

    o

  • 55ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    As bases para sucesso da tcnica escolhida so um bom planejamento, execuo e manuteno, pois depen-dendo da estratgia de recuperao adotada, so necess-rias algumas aes para potencializar o restauro.

    Assim, umas dessas aes so as manutenes pe-ridicas, ou tratos culturais ps-plantio, que consistem no frequente controle de formigas cortadeiras e de ervas invasoras atravs de roadas e coroamentos regulares, adubao de cobertura e, eventualmente, replantio de mudas mortas.

    A Portaria n14 de maio de 2010 do IBAMA autoriza o uso de dessecantes, como glifosato, imazapir, triclopir ster butoxi etlico para uso emergencial no controle de esp-cies vegetais invasoras de florestas nativas.

    5. Manuteno e monitoramento

    Dossel florestal

    ace

    rvo

    ipa

    m

  • ManutEno E MonitoRaMEnto

    56 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 57ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Os indicadores ambientais so sinais que podem indi-car o sucesso do trabalho de reflorestamento e auxiliar no seu monitoramento. Abaixo citamos alguns indicadores de fcil identificao em campo e que podem ajudar no moni-toramento das reas em recuperao.

    BAnco de seMentes: fcil observar que aves e ani-mais voltam a circular pela rea em restaurao e que provavelmente esto trazendo sementes;

    regenerAo: para verificar se estas sementes esto germinando, basta observar se esto surgindo novos indivduos sobre o solo, o chamado banco de plntulas;

    Produo de serAPIlHeIrA: o solo tambm apre-senta sinais de recuperao pela presena de peque-nos animais que fazem a decomposio da matria morta e pelo aumento da camada de folhas, a chama-da serapilheira;

    dossel florestAl: o dossel formado pela copa das rvores e espera-se que fiquem mais fechados medi-da que as rvores crescem e que suas copas se apro-ximam. Em contrapartida, as florestas jovens possuem dossel aberto, permitindo maior passagem de luz.

    h ressalvas ao uso desses agrotxicos, pois deixam resduo qumico no solo e no devem ser usados em excesso; no devem ser aplicados sobre solos encharcados, gua de rios, lagoas e nascentes nem usados em dias com vento ou chuvosos, pois estes agentes podem carregar o herbicida at os rios e contaminar a gua.

    6.1 Proteo dos solos

    O que um solo degradado?

    o solo que sofreu perda parcial ou total de sua capaci-dade de sustentar o crescimento de plantas e outros orga-nismos. Dentre os tipos de eroso, h o ravinamento, o qual caracterizado por sulcos rasos ou profundos, contnuos e sem grandes desmoronamentos. Outro tipo de eroso so as voorocas, que consistem na formao de grandes bura-cos produzidos no terreno. Ambos so causados pelas chu-vas e pelos ventos, agravados em reas onde a vegetao escassa e no mais protege o solo.

    6. custos de implantao e manuteno

    Solo sem cobertura vegetal

    ace

    rvo

    ali

    an

    a d

    a te

    rra

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    58 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    59ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    O que preciso fazer para conter a eroso?

    Podem ser construdas cur-vas de nvel e cacimbas para a conteno de gua e entulhos. O ideal que as eroses sejam prevenidas com a plantao de rvores na beira das valas, agin-do como guarda-chuva do solo, protegendo-o contra as chuvas e os ventos, alm de evitar que o fluxo da gua leve consigo terra e sedimentos, que so retidos pelas razes dessas rvores.

    6.2 IsolAMento dAs APPs

    O isolamento das reas a serem restauradas importan-te nos casos onde h criao de animais (ex.: gado), pois, es-ses podem compactar o solo, propiciar a formao de eroso e danificar as mudas recm plantadas. Para isso necessrio a construo de cercas e de bebedouros que vo impedir es-ses animais de entrarem na rea. A opo pelo tipo de cerca depende dos animais e do tipo do terreno. A cerca eltrica apresenta algumas vantagens em relao cerca conven-cional, como menor custo de implantao e manuteno; instalao simples e rpida; maior vida til porque sofre me-nos desgaste; e evita ferir o couro e o bere do animal. Em compensao, a cerca convencional mais eficiente em re-levo acidentado ou de difcil acesso.

    Vooroca

    Ravinamento

    De cima para baixo: isolamento do gado; cerca convencional e cerca eltrica

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

    foto

    s: acervo a

    lian

    a da terra

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    60 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    61ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CeRCA ConVenCionAL CoM UM bebeDoURo

    tABelA 6. EStiMatiVa dE CuStoS paRa ConStRuo dE CERCa ConVEnCionaL, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Unidade (R$) Quantidade/Km Custos/Km

    Moures/esticador1 48,80 6 292,80

    Lascas2 10,50 250 2625,00

    Arame3 290,00 5 1450,00

    m.d.o. (km) 1000,00 1 1000,00

    Total R$ 5367,80

    CeRCA eLTRiCA CoM UM bebeDoURo

    tABelA 5. EStiMatiVa dE CuStoS paRa ConStRuo dE CERCa ELtRiCa E CEntRaL ELtRiCa, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Unidade (R$) Quantidade/Km Custos/Km

    Moures/esticador1 48,80 6 292,80

    Lascas2 10,50 250 2625,00

    Arame3 290,00 2 580,00

    m.d.o. (diria) 35,00 4 140,00

    Central eltrica* 139,5 1 139,50

    Total R$ 3637,801. Mdia de dois moures a cada km (14 a16 cm com 2,8 m de altura)2. Mdia de uma lasca a cada 4m (8 a 10 cm 2,2 m de altura)3. Cerca com cinco fios*Central eltrica

    Materiais Unidade (R$) Quantidade/Km Custos/Km

    Eletrificador 1100,00 1 1100,00

    Painel solar 1200,00 1 1200,00

    Bateria 400,00 1 400,00

    Para raio 91,00 1 91,00

    Total para 20 Km R$ 2791,00

    Total para 1 Km R$ 139,55

    1. Mdia de dois moures a cada km (14 a16 cm com 2,8 m de altura)2. Mdia de uma lasca a cada 4m (8 a 10 cm 2,2 m de altura)3. Cerca com dois fios

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    62 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    63ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    6.3 PlAntIo de MudAs

    PLAnTio De MUDAs eM LinhAs PoR heCTARe (3 x 3m)

    tABelA 7. EStiMatiVa dE CuStoS paRa REStauRao FLoREStaL Via pLantio dE MudaS EM LinhaS, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Materiais/insumos Unidade (R$) Quantidade/ha Custos/ha

    Mudas (espaamento 3x3 m)1 1,60 1111 1777,60

    Fertilizantes (kg)2 1,39 55,6 77,20

    Calcrio (kg)3 0,04 55,6 2,00

    Formicida granulado (kg) 11,50 1,2 13,80

    Dessecante ps-emergente (kg)4 15,20 2 30,40

    m.d.o. (diria)5 35,00 7,4 259,20

    Sobsolador (hora/mquina)6 120,00 0,5 60,00

    Furadeira (hora/mquina)7 120,00 3 360,00

    Pulverizadora (hora/mquina) 120,00 0,5 60,00

    Total R$ 2640,30

    1. Valores sem adicional de frete, que pode variar de R$ 1,30 a 2,70 (Km)2. 50 g de NPK por cova 3. 50 g de calcrio por cova 4. Mdia de glifosato indicado para espcies de Braquiria 5. Mdia de 150 mudas plantadas por dia 6. Equipamento acoplado com trs hastes centrais 7. Covas com at 30 cm de profundidade

    PLAnTio De MUDAs eM iLhAs PoR heCTARe

    tABelA 8. EStiMatiVa dE CuStoS paRa REStauRao FLoREStaL Via pLantio dE MudaS EM iLhaS, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Materiais/insumos Unidade (R$) Quantidade/ha Custos/ha

    Mudas (25 ilhas /ha)1,6 1,60 225 360,00

    Fertilizantes (kg)2 1,39 55,6 77,21

    Calcrio (kg)3 0,04 55,6 2,00

    Formicida granulado (kg) 11,50 1,2 13,84

    Dessecante ps-emergente (kg)4 15,20 2 30,40

    m.d.o. (diria)5 35,00 7,4 259,23

    Pulverizadora (hora/mquina) 120,00 0,5 60,00

    Total R$ 802,69

    1. Valores sem adicional de frete, que pode variar de R$ 1,30 a 2,70 (Km)2. 50 g de NPK por cova 3. 50 g de calcrio por cova 4. Mdia de glifosato indicado para espcies de Braquiria 5. Mdia de 150 mudas plantadas por dia 6. Ilhas compostas por 9 mudas e distantes 20 m umas das outras

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    64 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    65ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    6.4 seMeAdurA dIretA

    seMeADURA DiReTA MUVUCA PoR heCTARe CoM PLAnTADeiRA

    1. O custo e a quantidade so mdias das sementes indicadas para florestas com base na planilha de venda de sementes do ISA.

    tABelA 9. EStiMatiVa dE CuStoS paRa REStauRao FLoREStaL Via SEMEaduRa diREta CoM pLantadEiRa, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Materiais/insumos Unidade (R$) Quantidade/ha Custos/ha

    Sementes nativas (kg)1 15,00 30 450,00

    Sementes de leguminosas (kg) 3,50 30 105,00

    Formicida granulado (kg) 11,50 1,2 13,80

    Dessecante ps-emergente seletivo (L) 52,00 0,5 26,00

    m.d.o. (diria) 35,00 1 35,00

    Plantadeira 120,00 0,5 60,00

    Pulverizadora para dessecante 120,00 0,5 60,00

    Total R$ 749,80

    seMeADURA DiReTA MUVUCA PoR heCTARe A LAno

    1. O custo e a quantidade so mdias das sementes indicadas para florestas com base na planilha de venda de sementes do ISA.2. As grades so necessrias para diminuir a populao de braquiria.3. Equipamentos: Vincn, Tornado ou Jan. 4. Incorporar a semente no solo.

    tABelA 10. EStiMatiVa dE CuStoS paRa REStauRao FLoREStaL Via SEMEaduRa diREta a Lano, ano dE REFERnCia 2011, REgio dE CanaRana, Mato gRoSSo.

    Materiais/insumos Unidade (R$) Quantidade/ha Custos/ha

    Sementes nativas (kg)1 15,00 30 450,00

    Sementes de Leguminosas (kg) 3,50 30 105,00

    Formicida granulado (kg) 11,50 1,2 13,80

    Dessecante ps-emergente seletivo (L) 52,00 0,5 26,00

    m.d.o. (diria) 35,00 1 35,00

    1o Gradeamento2 120,00 0,5 60,00

    2o Gradeamento 120,00 0,5 60,00

    3o Gradeamento 120,00 0,5 60,00

    Semeadeira3 120,00 0,5 60,00

    Niveladora4 120,00 0,5 60,00

    Pulverizadora para dessecante 120,00 0,5 60,00

    Total R$ 989,80

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    66 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    67ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    6.5 controle de esPcIes InvAsorAs

    A caracterizao da cobertura vegetal ajuda, principal-mente, a identificar espcies invasoras que podem competir com as espcies nativas.

    Dentre as espcies invasoras que mais dificultam o es-tabelecimento da regenerao, esto as gramneas brachi-ria (Urochloa (Syn. Brachiaria) decumbens, U. humidicola e U. ruziziensis), capim colonio (Panicum maximum), capim gordura (Melinis minutiflora) e sap (Imperata brasiliensis). A braquiria rstica, resistente e se espalha com facilidade. Como de difcil controle, acabou includa na lista de esp-cies invasoras catalogadas pelo IBAMA.

    Para controlar a populao de gramneas pode-se com-binar os mtodos de controle qumico (herbicidas) e mec-nico antes e aps os plantios, principalmente logo aps a germinao das sementes das gramneas, no incio da esta-o das chuvas.

    IMPortAnte importante lembrar que no necessrio retirar a palhada morta de capim que per-manece entorno da muda, pois, esta garante maior umidade no solo e evita que novas sementes de gra-mneas germinem.

    De cima para baixo: gramneas competindo com a regenerao natural; gramneas resistentes no perodo seco e cobertura de gramneas e ausncia de regenerao.

    foto

    s: ro

    bert

    a c

    ury

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    68 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    69ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    A roada mecanizada indicada para reas planas, livres de encharcamento, pedras e com baixo potencial de regenerao natural.

    A roada manual seletiva e indicada para reas onde no seja possvel a roada mecanizada ou em locais com elevado potencial de regenerao.

    A roada qumica mecanizada entre as linhas de plantio, com o uso de herbicida, pode ser realizada com trator, acompanhado de tanque-pipa, bomba e brao de pulverizao.

    A roada qumica manual entre as linhas de plantio consiste na preparao da calda e aplicao de herbicida com bomba de pulverizao costal no entorno da muda devidamente protegida com balde ou cano de PVC.

    Proteo da muda com cano de PVC

    robe

    rta

    cu

    ry

    6.6 Preveno contrA IncndIos

    O fogo sempre foi utilizado como uma ferramenta ne-cessria para a manuteno dos campos de agricultura e pecuria. As principais perdas advindas do uso do fogo acontecem quando queimadas escapam ao controle e atingem acidentalmente reas vizinhas. Para evitar esses acidentes recomendada a construo de aceiros em vol-ta da rea a ser preservada. O aceiro uma faixa de terra sem qualquer cobertura vegetal que isola a rea de recu-perao florestal das reas vizinhas, com a finalidade de impedir a propagao do fogo.

    Roada MECanizadaCusto: 120,00 hora/mquina Rendimento: 0,22 a 2,0 ha por hora

    Roada ManuaL SELEtiVaCusto: 35,00 a diria Rendimento: 0,04 a 0,08 ha por dia

    Roada quMiCa MECanizadaCusto: 120,00 hora/mquinaRendimento: 0,33 a 1,0 ha por hora

    Roada quMiCa ManuaLCusto: 35,00 a diriaRendimento: 0,20 a 0,50 ha por dia

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    70 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    71ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Construo de aceiro mecanizada: feita com um trator agrcola acoplado uma lamina frontal que dever raspar a camada superior do solo de aproximadamente cinco metros, amontoando solo e vegetao para parte interna do talho do reflorestamento.

    Construo manual: so utilizadas enxadas e toda vegetao dever ser eliminada, retirando-se as razes ao mximo para diminuir a regenerao por rebrota.

    A palhada seca remanescente deve ser retirada para diminuir os riscos de fogo. Uma alternativa utiliz-la como cobertura em volta das mudas.

    MECanizadaCusto: R$ 120,00 hora/mquinaRendimento: 100 200 m por hora

    ManuaLCusto: R$ 35,00 diriaRendimento: 0,05 0,08 m por dia

    O aceiro deve ser construdo antes do pico de queima-das. No Mato Grosso esses picos ocorrem entre julho e agos-to, por ser o perodo de seca mais intensa. A largura do aceiro depende do porte da vegetao do entorno, no entanto re-comenda-se que tenha no mnimo 6 metros, principalmente onde o fogo utilizado como prtica agrcola recorrente, nas proximidades de rodovias e ocupaes humanas.

    De cima para baixo: incndios florestais, rvores mortas e aceiro.

    robe

    rta

    cu

    ry

    robe

    rta

    cu

    ry

    ace

    rvo

    ali

    an

    a d

    a te

    rra

  • CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    72 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    CuStoS dE iMpLantao E ManutEno

    73ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    6.7 Preveno contrA forMIgAs cortAdeIrAs

    As formigas podem causar grandes danos s mudas jo-vens, de tal modo que antes de se iniciarem os plantios re-comenda-se que os campos roados e/ou gradeados sejam vistoriados preventivamente em busca de formigas corta-deiras ao cair da tarde ou logo pela manh a fim de registrar o pico de atividade das formigas.

    Os indicadores da presena das formigas so os carrea-dores, ou seja, trilhas de fcil visualizao, e os olheiros, que so os montes de terra.

    iscas: apresenta reao em curto perodo de tempo e ideal para a fase pr-plantio durante a poca de seca. As iscas podem ser colocadas diretamente nos carreadores, sempre seguindo as recomendaes indicadas pelo fabricante.

    Formicidas de contato: so aplicados com bombas pulverizadoras diretamente nos olheiros. Estes formicidas possuem ao imediata e recomendado nas ocasies em que as mudas j foram plantadas.

    Formicidas naturais: so produtos base de componentes naturais, como a mamona e o gergelim.

    apLiCaoCusto: R$ 35,00 diriaRendimento: 2 a 6 ha por dia

    Formiga cortadeira sobre muda recm-plantada

    roberta cu

    ry

  • 74 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 75ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    AneXos

    GRUPo eCoLGiCo

    Caracterstica Pioneira (P) no Pioneiras (nP)

    Crescimento Rpido Lento ou muito lento

    Madeira Leve Dura e pesada

    Tolerncia sombra Intolerante Tolerante

    Regenerao Banco de sementes Banco de plntulas

    Tamanho das sementes e frutos dispersos

    Pequeno, geralmente dispersos pelo vento

    Grande e pesado, geralmente dispersos por animais

    Idade da 1a. reproduo Prematura, com grande produo de sementes

    Tardia (> de 20 anos), produo varivel de sementes

    Dependncia de polinizadores especficos Baixa Alta

    Tempo de vida Curto Longo

    pRinCipaiS diFEREnaS EntRE ESpCiES pionEiRaS E no-pionEiRaS paRa FLoREStaS tRopiCaiS.

    glossrIo

    reA degrAdAdA: rea que sofreu impacto de forma a impedir ou diminuir drasticamente sua capacidade de retornar ao seu

    estado original, por meio de seus meios naturais.

    AvIfAunA: conjunto de espcies de aves que vivem em uma determinada rea.

    BAnco de seMentes: conjunto de sementes dispersas dentro ou sobre o solo, em estado dormente, do qual plntulas podem

    ser recrutadas para a populao. Estoque da semente dormen-

    tes e viveis existentes no solo ou sob serapilheira.

    BIodIversIdAde: diversidade de natureza viva.

    coMPActAo: um processo decorrente da utilizao agr-cola do solo, o qual perde sua porosidade atravs do adensa-

    mento de suas partculas.

    declIve: ponto de inclinao de um terreno.

    degrAdAo: processo que consiste na alterao das caractersti-cas originais de um ambiente, comprometendo a biodiversidade.

    dIsPerso: ato de espalhar disporos (sementes, esporos, frag-mentos vegetativos de um organismo individual ou de uma es-

    pcie). Movimentos so direcionais, normalmente em pequena

    escala, resultantes das atividades dirias dos indivduos.

    dossel: conjunto de copas das arvores, topo da floresta.

    esPcIe PIoneIrA: aquela que se instala em uma regio, rea ou habitat anteriormente no ocupados por ela, iniciando a colo-

    nizao de reas desabilitadas. Apresenta rpido crescimento,

    germina e se desenvolve em pleno sol; na idade de reprodu-

    o prematura (1 a 5 anos) produz, precocemente, muitas se-

  • 76 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL 77ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    mentes pequenas, normalmente com dormncia. Alm disso,

    apresenta baixa dependncia por polinizadores e seu tempo de

    vida curto (at 10 anos).

    esPcIes eXtIcAs: espcies de animais ou vegetais que se ins-talam em locais onde no so originalmente encontradas.

    HerBceAs: plantas de baixo porte.

    MAtAs cIlIAres: so formaes vegetais que encontram asso-ciadas aos corpos dgua, independente de sua rea ou regio

    de ocorrncia.

    MelferAs: espcie arbreas que atraem as abelhas como po-linizadoras.

    recuPerAo: restituio de um ecossistema ou de uma popu-lao silvestre degradada a uma condio no degradada, que

    pode ser diferente de sua condio original.

    regenerAo nAturAl: recuperao da cobertura vegetal de determinada rea sem a interferncia do homem, visando

    a sua reconstituio. Processo espontneo de revegetao de

    reas abandonadas atravs da dinmica de sucesso natural. A

    regenerao da flora est condicionada a fontes de propgu-

    los (sementes) em fragmentos florestais adjacentes, a agentes

    dispersores (fauna) e/ou existncia de banco de sementes de

    espcies pioneiras no solo.

    restAurAo: a restituio de um ecossistema ou de uma po-pulao silvestre o mais prximo possvel do original.

    restIngA: terreno arenoso, dunas.

    serAPIlHeIrA: camada solta na superfcie do solo na floresta, constituda de folhas cadas, ramos, caules, cascas, frutos, se-

    mentes, insetos e micro-organismos.

    leIturA coMPleMentAr

    Barbosa, L.M. Manual para recuperao de reas degradadas em

    matas ciliares do estado de So Paulo. So Paulo: Instituto de

    Botnica, 2006.

    Cury, R.T.S. Limitaes para emergncia e o estabelecimento de pln-

    tulas: remoo de sementes e microclima. Dissertao de mes-

    trado apresentada a Universidade Estadual de Londrina, 2009.

    Galvo, A. P. M; SILVA, Porfrio da., V. Restaurao Florestal: Funda-

    mentos e Estudos de Caso. Colombo: Embrapa Florestas, 2005.

    Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais Reno-

    vveis, Portaria n14, de 29 de maio de 2010. Dispe sobre o uso

    de agrotxicos para uso emergencial no controle de espcies

    vegetais invasoras em reas de floresta nativa.

    Instituto Socioambiental, ISA. Plante as rvores do Xingu e Ara-

    guaia. Organizao: Eduardo Malta Campos Filho. Guia de Iden-

    tificao, vol.2, So Paulo: ISA, 2009.

    Kageyama, P.Y., Oliveira, R.E., Moraes, L.F.D., Engel, V.L. e Gandara,

    F.B. Restaurao Ecolgica de Ecossistemas Naturais. Botucatu:

    FEPAF, 2003.

    Martins, S. V. Recuperao de matas ciliares. Viosa, MG: Aprenda

    Fcil, 2007.

    Nepstad, D; Carvalho Jr, O.; Carter, J.; Moita, A.; Neu, V.; Cardinot, G.

    Manejo e recuperao de mata ciliar em regies florestais da

    Amaznia. Srie Boas Prticas, vol.1, Mato Grosso: IPAM, 2007.

  • 78 ManuaL paRa REStauRao FLoREStaL

    Resoluo CONAMA n- 429, de 28 de fevereiro de 2011. Dispe

    sobre a metodologia de recuperao das reas de Preservao

    Permanente - APPs.

    Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Fundao para a conserva-

    o e a Produo Florestal do Estado de So Paulo. Restaurao

    Florestal: da semente a muda. So Paulo: SMA, 2004.

    Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Fundao para a conserva-

    o e a Produo Florestal do Estado de So Paulo. Restaurao

    Florestal: da Muda a floresta. So Paulo: SMA, 2004.

    Secretaria estadual do Meio Ambiente. Departamento de Florestas

    e reas Protegidas. Diretrizes ambientais para restaurao de

    matas ciliares. Porto Alegre: SEMA, 2007.

    Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia (SBPC) e Academia

    Brasileira de Cincias (ABC). O Cdigo Florestal e a Cincia: con-

    tribuies para o dilogo. So Paulo: SBPC, 2011.

    Society for Ecological Restoration (SER) International, Grupo de

    Trabalho sobre Cincia e Poltica. 2004. Princpios da SER Inter-

    national sobre a restaurao ecolgica. www.ser.org y Tucson:

    Society for Ecological Restoration International.

    Universidade de So Paulo, USP. Pacto para restaurao ecolgica

    da Mata Atlntica. So Paulo: Piracicaba, 2007.

  • impresso

    Athalaia Grfica e Editora

    tiragem e distribuio3000 exemplares. Distribuio gratuita nos

    municpios da Bacia do Xingu em Mato Grosso.

  • REALIZAO ApOIO

    pARcERIA

    ConsrCio Governana Florestal nas CabeCeiras Do rio XinGu